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Ministério da Educação e do Desporto Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto Departamento de Engenharia de Minas Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral A DINÂMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO ALUMÍNIO NO ESTADO DO PARÁ: UMA ANÁLISE DE INSUMO-PRODUTO Ellen Claudine Cardoso Castro Ouro Preto 2011

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Ministério da Educação e do Desporto

Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto Departamento de Engenharia de Minas

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral

A DINÂMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO ALUMÍNIO NO ESTADO DO PARÁ: UMA ANÁLISE DE INSUMO-PRODUTO

Ellen Claudine Cardoso Castro

Ouro Preto

2011

Ministério da Educação e do Desporto

Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto Departamento de Engenharia de Minas

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral

A DINÂMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO ALUMÍNIO NO ESTADO DO PARÁ: UMA ANÁLISE DE INSUMO-PRODUTO

Ellen Claudine Cardoso Castro Orientador: Prof. Dr. Wilson Trigueiro de Souza

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral do Departamento de Engenharia de Minas da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto, como parte integrante dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Engenharia de Minas. Área de Concentração: Economia Mineral.

Ouro Preto / julho de 2011

Ficha cartográfica

C279d Castro, Ellen Claudine Cardoso.

A dinâmica da cadeia produtiva do alumínio no estado do Pará [manuscrito]: uma análise de insumo-produto / Ellen Claudine Cardoso Castro. – 2011.

xiii, 129 f.: il.; color.; grafs. ; tabs.; mapas.

Orientador: Prof. Dr. Wilson Trigueiro de Sousa. Co-orientador: Prof. Dr. Ivo Eyer Cabral.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Minas. Departamento de Engenharia de Minas. Programa de Pós-graduação em Engenharia Mineral.

Área de concentração: Economia Mineral. 1. Economia mineral - Pará - Teses. 2. Desenvolvimento regional - Pará-

Teses. 3. Bauxita - Teses. 4. Alumínio - Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto.

II. Título. CDU: 622.013 (811.5)

A teoria econômica não oferece um corpo de conclusões estável imediatamente aplicável à formulação de políticas publicas. É um método, mais do que uma doutrina; um aparato da mente que ajuda seu possuidor a alcançar conclusões corretas.

Jonh Maynard Keynes

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela sua imensa sabedoria, que certamente se faz presente

neste trabalho;

À minha filha, Maitê, que apesar de bebezinha, foi a principal

incentivadora na conclusão deste estudo;

À minha mãe, que apesar das dificuldades nunca deixou de me apoiar

nos estudos;

Aos meus pais, meus irmãos, tias e primos (Marcela e Marcio) que me

acompanharam durante todo o processo de construção deste trabalho;

Aos meus amados sobrinhos (Kayky Luis e Nicoly Luiza), que apesar de

crianças, tiveram uma participação ativa neste estudo;

Ao meu eterno e sempre amado José Guilherme Paes Barreto Jr., pelo

apoio nos momentos mais precisos;

Uma homenagem especial ao Professor Orientador Dr. Wilson Trigueiro

de Sousa que nos momentos mais difíceis, foi preciso em suas argumentações

e sempre me incentivou para a finalização deste trabalho, me fez acreditar que

tudo é possível;

À Dra. Gisalda Carvalho Filgueiras, co-orientadora, pela competente

orientação sempre disposta a me ajudar;

À coordenadora Marli Matos por todo apoio, pelas idéias e pelos

aconselhamentos.

Ao Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará

– IDESP – Peter, Sergio, Silvia Nunes, Marcos, Rafael, Nelma, Tânia e a Mari.

Em especial aos meus amigos Mário Jorge, Daniela Monteiro, Anaíza

Pimentel, Gláucia Pacheco, Alencar Costa, Rocha, Ana Claudia, Marcília e

Nanety Santos que me apoiaram para a realização deste trabalho;

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a minha

realização profissional, meus agradecimentos e gratidão.

v

RESUMO

O crescimento do consumo global de alumínio excedeu o de qualquer

outro mineral importante neste século. O Estado do Pará é extremamente

privilegiado pelo seu subsolo que abriga a terceira maior reserva mundial de

bauxita, e as características ambientais e físicas específicas do setor e dos

locais de ocorrência da bauxita permitem sua extração e processamento

lucrativo e sua exportação competitiva atraindo investimentos privados para a

indústria de mineração regional. Nesse contexto, é de suma importância

analisar em que medida este setor pode impulsionar o desenvolvimento,

através dos encadeamentos com os demais setores da economia do Estado do

Pará. O objetivo dessa dissertação foi analisar o setor bauxita-alumina-alumínio

primário, para avaliar a importância dos seus encadeamentos na economia

paraense em termos de geração de produto, emprego e renda, além de

identificar se este setor é chave. Os dados da pesquisa são secundários e

utiliza-se como instrumento metodológico a matriz de insumo do produto (MIP),

correspondente ao ano de 2003. Os resultados mostraram que o setor bauxita-

alumina-alumínio primário é caracterizado por um alto poder de encadeamento

com os demais setores, principalmente os relacionados a montante na cadeia

produtiva. Conclui-se que, no sentido de Hirschman, o setor bauxita-alumina-

alumínio primário pode ser classificado como setor-chave, dinâmico pela sua

capacidade de responder a impulsos exógenos e, por conseqüência, com alto

poder de encadeamento intersetorial.

Palavras-chave: Insumo-produto, análise intersetorial, setor bauxita-alumina-alumínio primário, economia regional.

vi

vii

ABSTRACT

The global cosume of aluminum has a increase in other important

mineral this century. The Pará Estate is advantaged because its subsoil

shelters greatest third global bauxite reservation. The specific environmental

and physic characteristics and the bauxite localization allow its extraction and a

lucrative process to exportation atracting private investiments to regional mine

industries. It's important to analyse the power of this sector to push on

development to other economy sectors to Pará Estate. The objetive's paper

was to analyse bauxite - alumina - aluminum primary sector to evaluate the

importance to Paraense economy about products generation, employment,

income and to identify is this sector is the one. The research data are

secundary and use it like methodologic tool to Update Source Product (USP),

correspondent to 2003. The results show that bauxite - alumina - aluminum

primary sector is caracterized by a high linkage with other sectors, principaly

with connections to bauxite - alumina - aluminum primary sector. Concluding in

Hirschman's sense the bauxite - alumina - aluminum primary sector was

classified like the one sector, dynamic for it capacity to respond to external

impulses and high power to linkage with other sectors to paraense economy.

Keywords: input - output, intersector analysis, bauxite -alumina- aluminum primary sector, regional economy.

SUMÁRIO AGRADECIMENTOS...........................................................................................v

RESUMO.............................................................................................................vi

ABSTRACT........................................................................................................vii

LISTA DE FIGURAS............................................................................................x

LISTA DE TABELAS..........................................................................................xii

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS............................................................xiii

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................1

1.1 PROBLEMA E JUSTIFICATIVA....................................................................2

1.2 OBJETIVOS...................................................................................................4

1.2.1 Objetivo geral............................................................................................4 1.2.2 Objetivos específicos...............................................................................4 1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO................................................................5

2. A EVOLUÇÃO DA INDUSTRIALIZAÇÃO DA BAUXITA-ALUMINA-ALUMÍNIO

PRIMÁRIO E O CASO DO PARÁ........................................................................6

2.1 BREVE HISTÓRICO DA METALURGIA DO ALUMÍNIO...............................6

2.2 A BAUXITA NA AMAZÔNIA..........................................................................7

2.3 PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA CADEIA PRODUTIVA

DA BAUXITA NO PARÁ......................................................................................9

2.3.1 Atividade mineral da bauxita.................................................................12 2.3.2 Estratégias da cadeia produtiva da bauxita.........................................15 3. CARACTERÍSTICAS DA ATIVIDADE MINERAL PARAENSE......................17

3.1 RESERVAS MINERAIS DO PARÁ..............................................................17

3.2 PRODUÇÃO MINERAL DO PARÁ..............................................................18

3.3 IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE MINERAL NO PIB PARAENSE...............22

3.4 EMPREGOS GERADOS PELA ATIVIDADE MINERAL NO ESTADO DO

PARÁ.................................................................................................................26

3.5 INVESTIMENTOS MINERAIS NO PARÁ....................................................27

3.6 ARRECADAÇÃO TRIBUTÁRIA – CFEM.....................................................29

3.7 EXPORTAÇÃO DO SETOR MINERAL DO PARÁ ......................................30

viii

ix

4 DINÂMICA E INTEGRAÇÃO DA CADEIA DO SETOR BAUXITA-ALUMINA-

ALUMÍNIO PRIMÁRIO NO ESTADO DO PARÁ...............................................33

4.1. A PRODUÇÃO DE BAUXITA.....................................................................34

4.1.1 As operações da MRN............................................................................39 4.1.2 As operações da Vale.............................................................................41 4.1.3 As operações da Alcoa..........................................................................42 4.2. A PRODUÇÃO DE ALUMINA.....................................................................43

4.3. A PRODUÇÃO DE ALUMÍNIO PRIMÁRIO.................................................45

5. REFERENCIAL TEÓRICO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...........................49

5.1 A TEORIA DOS EFEITOS EM CADEIA......................................................49

5.2 A TEORIA BÁSICA DE INSUMO-PRODUTO.............................................55

5.2.1 Trabalhos relacionados com a análise insumo-produto....................58 6. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS......................................................61

6.1 FONTE DE DADOS.....................................................................................61

6.2 O MODELO DE INSUMO-PRODUTO DE UMA ECONOMIA REGIONAL..62

6.2.1 Esquematização simplificada da Matriz de Insumo Produto..............65 6.2.2 Tratamento matemático do modelo de insumo-produto....................67 6.3 EXTENSÕES AO MODELO DE INSUMO-PRODUTO................................72

6.3.1 Multiplicadores........................................................................................72 6.3.3 Efeitos de interligação setorial..............................................................75 7. ANÁLISE E DISCUSSÕES DOS RESULTADOS..........................................77

7.1 ANÁLISE DA MATRIZ DOS EFEITOS DIRETOS.......................................77

7.2 ANÁLISE DO EFEITO GLOBAL OU DE IMPACTO DE

LEONTIEF.........................................................................................................80

7.3 ANÁLISES DOS EFEITOS MULTIPLICADORES ECONÔMICOS.............84

7.3.1 Multiplicador do produto........................................................................84 7.3.2 Multiplicador da renda e impostos líquidos.........................................86 7.3.3 Multiplicador do emprego......................................................................88 7.4 EFEITOS DE ENCADEAMENTOS PARA FRENTE E PARA TRÁS...........90

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................93

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................96

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Comercialização dos bens minerais por Estado da Região

Amazônica, 2006 e 2007 ................................................................ 19

Figura 2 - Produção e comercialização dos principais bens minerais no Estado

do Pará, 2008 .................................................................................. 21

Figura 3 - Participação dos bens minerais no valor comercializado do Estado do

Pará (em %)..................................................................................... 22

Figura 4 - Evolução do crescimento real do PIB do Brasil, região Norte e Pará

2003-2006 (Ano base: 2002 = 100) ................................................. 23

Figura 5 - Municípios com maiores participações (%) no PIB da extração

mineral Estado do Pará, 2006.......................................................... 26

Figura 6 - Distribuição do emprego no setor dos bens metálicos, 2006........... 27

Figura 7 - Distribuição da CFEM por UF, 2007 ................................................ 29

Figura 8 - Arrecadação da CFEM por município R$, 2008 .............................. 30

Figura 9 - Evolução do saldo da balança comercial do Estado do Pará: 1990-

2008 ................................................................................................. 31

Figura 10 - Apresentação esquemática da cadeia produtiva do alumínio........ 34

Figura 11 - Localização dos principais depósitos de bauxita no mundo (em

bilhões de toneladas) ....................................................................... 35

Figura 12 - Localização das reservas de bauxita no Estado do Pará .............. 37

Figura 13 - Estágios da extração de bauxita .................................................... 39

Figura 14 - Processo de produção da bauxita da MRN ................................... 41

Figura 15 - Principais estágios do refino da bauxita......................................... 44

Figura 16 - Composição acionária da Alunorte ................................................ 45

Figura 17 - Etapas do processo da redução da alumina.................................. 46

Figura 18 - Representação das três sub-matrizes da MIP de Leontief ............ 63

Figura 19 - Modelo Simplificado da Matriz Insumo Produto............................. 65

Figura 20 – Efeitos Diretos (coluna) da Economia do estado do Pará, 2003... 78

Figura 21 – Efeitos Diretos (coluna) do setor extrativista mineral da economia

do estado do Pará, 2003.................................................................. 78

x

Figura 22 – Efeitos Diretos (coluna) do setor alumina alumínio primário da

economia do estado do Pará, 2003 ................................................. 79

Figura 23 – Efeitos Diretos (linha) da economia do estado do Pará, 2003 ...... 80

Figura 24 – Efeitos de impacto de Leontief (coluna) da economia do estado do

Pará, 2003 ....................................................................................... 81

Figura 25 – Efeitos de impacto de Leontief (linha) da economia do estado do

Pará, 2003 ....................................................................................... 82

xi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Principais reservas minerais metálicos do Estado do Pará, 2006... 18

Tabela 2 - Produção de bens minerais primários beneficiados e transformados

do Estado do Pará, 2007 ................................................................. 20

Tabela 3 - Produto Interno Bruto a preços de mercado corrente por unidades da

federação, em ordem de valor decrescente, 2005 e 2006 ............... 24

Tabela 4 - Valor adicionado bruto, Participação e Crescimento Real das

Atividades Econômicas – Estado do Pará, 2006 ............................. 25

Tabela 5 – Atividade Mineral-Investimento realizados na Região Norte em 2007

......................................................................................................... 28

Tabela 6 - Produtos minerais exportados pelo Estado do Pará, 2003 a 2008 . 32

Tabela 7 - Insumos para produzir uma tonelada de alumina – 2006 ............... 43

Tabela 8 - Principais insumos para a produção de uma tonelada de alumínio

primário a partir da alumina no Estado do Pará – 2006................... 47

Tabela 9 – Efeitos dos Multiplicadores Econômicos do Estado do Pará, 2003 85

Tabela 10 - Multiplicadores de renda e impostos líquidos e seus respectivos

efeitos (diretos e indiretos) extraídos da MIP do Estado do Pará,

2003 ................................................................................................. 87

Tabela 11 - Multiplicador de empregos, diretos e indiretos de vinte e dois

setores econômicos da MIP do Estado do Pará, 2003 .................... 89

Tabela 12: Efeitos em cadeia para trás e para frente dos setores econômicos

do Estado do Pará, 2003 ................................................................. 91

xii

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

Albrás Alumínio Brasileiro S.A.

Alcan Aluminium Limited of Canada

ALCOA Aluminium Companhy of America

Alumar Consórcio de Alumínio do Maranhão

Alunorte Alumina do Norte do Brasil S.A.

AMB Anuário Mineral Brasileiro

BASA Banco da Amazônia S.A.

BHP Broken Hill Proprietary Company

CAIMA Companhia Agroindustrial de Monte Alegre

CAP Companhia de Alumina do Pará

CBA Companhia Brasileira de Alumínio

CFEM Compensação Financeira pela Exploração dos Bens Minerais

Chalco Aluminum Corp of China

Cosipar Companhia Siderúrgica do Pará

CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

CVG Corporación Venezolana de Guayana

CVRD Companhia Vale do Rio Doce

DEMBA Demerara Bauxite Company

DIPAR Diretoria de Planejamento e Arrecadação do Pará

DIPEM Declaração de Investimentos em Pesquisa Mineral

DNPM Departamento Nacional da Produção Mineral

Eletronorte Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A.

FGC Ferro Gusa Carajás S.A.

GSM Globe Specialty Metals Inc.

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBRAM Instituto Brasileiro de Mineração

IRCC Imerys Rio Capim Caulim S.A.

JAIC Japan Alunorte Investment Co.

MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

xiii

xiv

MIP Matriz Insumo-Produto

MRN Mineração Rio do Norte S.A.

NAAC Nippon Amazon Aluminum Corporation

PAC Plano de Aceleração do Crescimento

PDA Plano Nacional de Desenvolvimento da Amazônia

PGC Programa Grande Carajás

PIB Produto Interno Bruto

PND Plano Nacional de Desenvolvimento

Polamazônia Programa de Pólos Agropecuários e Agrominerais

PPSA Pará Pigmentos S.A.

ROM Run-of-Mine

SEPOF Secretaria de Planejamento, Orçamento e Finanças do Estado do Pará

Sidepar Ibérica do Pará e a Siderúrgica do Pará S.A.

SIGMINE Sistema de Informações Geográficas da Mineração 

SIUP Serviços Industriais de Utilidade Pública

SPVEA Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia

SUDAM Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia

USGS United States Geological Survey

Usimar Usina Siderúrgica de Marabá S.A.

VAB Valor Agregado Bruto

Valesul Valesul Alumínio S.A.

VBP Valor Bruto da Produção

VPM Valor da Produção Mineral

1. INTRODUÇÃO

O alumínio vem progressivamente substituindo outros metais como

insumo de diversos ramos industriais, ganhando espaço na indústria de

materiais de transporte, na construção civil e, assim como na indústria de

embalagens. O crescimento do consumo global de alumínio excedeu o de

qualquer outro mineral importante neste século. É o terceiro metal em

abundância na crosta terrestre, encontrado no estado natural na forma de um

minério chamado bauxita. Suas especificidades justificam amplo uso no âmbito

doméstico, comercial e industrial, principalmente, por possuir propriedades de

condutibilidade, resistência à corrosão, impermeabilidade, leveza, resistência

mecânica, aparência agradável em diversas aplicações, moldabilidade e, por

último, a reciclabilidade. Esta última característica o difere de outros metais já

que os produtos fabricados em alumínio podem ser reciclados infinitivamente

sem perder suas qualidades (BUNKER, 2000). A produção do alumínio primário passa pelas seguintes etapas: a

extração do minério (bauxita), o qual, através do processo Bayer, é dissolvido,

sedimentado e filtrado, obtendo-se a alumina. Posteriormente, pelo processo

Hall-Hérould (redução por corrente elétrica), a alumina é transformada em

alumínio primário. Apesar das dificuldades de sua extração e do uso intenso de

energia no seu processamento, o alumínio é considerado um metal barato.

No decorrer das últimas décadas, a mineração vem despontando como

o setor mais dinâmico da economia do Estado do Pará. O crescimento da

exploração de bauxita tem sido determinado principalmente por interesses e

fatores exógenos, sendo resultado do comportamento do mercado

internacional de commodities minerais (SILVA, 1993). A extração, o

beneficiamento primário e a transformação industrial de minerais acalentaram

expectativas de rápida industrialização de áreas da Amazônia oriental brasileira

que abrange os Estados do Pará, do Maranhão e do Amapá. Naquele contexto

implementaram-se ações estatais para que minérios oriundos de reservas,

descobertas no final dos anos de 1960, no Estado do Pará, tivessem a sua

cadeia de transformação industrial estabelecida regionalmente (MONTEIRO,

1998).

O Brasil detém 3,5 bilhões de toneladas das reservas mundiais de

bauxita (11%), das quais 97% encontram-se no Estado do Pará (INFORME

MINERAL, 2008), onde o setor bauxita-alumina-alumínio primário é favorecido

pela ocorrência da bauxita em locais que permitem sua extração e

processamento lucrativo, e sua exportação competitiva.

Nesse contexto, o Governo Federal contribuiu para desenvolver o setor

com efeitos para trás, notadamente pela dependência da hidroeletricidade e

pela relação com outros setores produtivos. Muitos trabalhos discutem os

desafios que o setor mineral enfrenta (tecnológicos e ambientais) e a

importância da cadeia de produção do alumínio para o desenvolvimento da

região. Daí o interesse de estudar e investigar os encadeamentos do setor com

os demais setores da economia do Estado do Pará.

Partindo-se de uma avaliação qualitativa do setor bauxita-alumina-

alumínio paraense, procede-se em seqüência, a uma avaliação quantitativa das

relações inter setores observadas ao longo da cadeia da bauxita. Para tanto,

empregou-se o modelo da matriz de insumo-produto (MIP) ao caso da

economia paraense e do setor mineral em particular. A MIP permite captar a

intensidade e a magnitude relativa dos efeitos econômicos de encadeamentos

gerados, direta ou indiretamente, “para frente” (forward linkages) e “para trás”

(backward linkages), através dos elos da primário cadeia produtiva do alumínio.

Conforme a metodologia, delimita-se o setor bauxita-alumina-alumínio

primário a partir do enfoque da teoria dos efeitos em cadeia proposto pelo

economista Albert O. Hirschman e das atividades econômicas mínero-

industriais desenvolvidas ao longo de dois segmentos, caracterizados pelo forte

grau de inter-relação: a indústria extrativa mineral (bauxita) e a indústria de

transformação mineral (alumina e alumínio primário).

1.1 PROBLEMA E JUSTIFICATIVA

Partindo-se do minério de bauxita até chegar ao alumínio primário e aos

bens de consumo, várias etapas são requeridas agregando-se, em cada uma

2

delas, considerável valor. A produção de uma tonelada de alumínio requer a

extração de cerca de cinco toneladas de minério de bauxita, que beneficiado e,

transportado até uma planta produtora de alumina, são transformados através

do método de processamento Bayer, em duas toneladas do óxido de alumínio

ou alumina. Na planta de alumínio primário, essa alumina é processada por

eletrólise (método Hall-Hèrould) dá lugar a uma tonelada de alumínio metálico.

Nesse sentido, a competitividade do preço do setor bauxita-alumina-

alumínio primário depende também de vantagens locacionais. Em primeiro

lugar, a produção de alumina deve estar localizada o mais próximo possível

das reservas de bauxita e de portos bem estabelecidos para navios de médio e

grande porte. Em segundo lugar, a planta industrial de alumínio (smelters) deve

estar localizada em áreas com boa disponibilidade de energia a preços

competitivos. Contudo, os setores são totalmente interligados enfocando

sempre a maior integração possível da cadeia produtiva para se minimizar

riscos através da participação acionária de diferentes segmentos e contratos de

suprimentos de longo prazo.

Em função disso, o setor produtivo de alumínio no Brasil está

concentrado no noroeste e nordeste do Estado do Pará, e as plantas industriais

onde acontece o refinamento e a redução estão localizadas no mesmo

município, Barcarena, situado a cerca de 40 km em linha reta de Belém.

Dado o caráter privilegiado do uso do alumínio, presente em quase

todos os bens de consumo, além do fato de ser infinitamente reciclável,

acredita-se que o Estado do Pará, que desfruta de vantagens locacionais

evidentes, deve realizar investimentos direcionados à produção e à

verticalização do setor bauxita-alumina-alumínio primário. Assim, alimenta-se à

expectativa do Pará se tornar o maior produtor de alumínio do mundo com

complexos industriais com capacidade suficiente para irradiar seus efeitos em

cadeia para outras atividades da região, destacando-se como um setor-chave

da economia e atraindo novas indústrias por meio dos efeitos de

encadeamento para trás e para frente.

No que se refere aos encadeamentos à montante, ressalta-se que o

maior consumidor individual de energia do Brasil é a indústria de Alumínio

3

Brasileiro - Albrás, que representa 1,5% de todo o consumo nacional de

energia, mas o setor bauxita-alumina-alumínio primário paraense ainda

depende somente da presença de uma única fonte de energia elétrica na

região.

Neste contexto, o setor bauxita-alumina-alumínio primário se revela

importante economicamente, pois gera impactos econômicos na região,

criando efeitos multiplicadores sobre as demais atividades, em termos de renda

e emprego. Daí surge a necessidade de conhecer qual a magnitude do setor

bauxita-alumina-alumínio primário em relação aos outros setores da cadeia

produtiva no Estado do Pará. Enfim, sendo de considerável importância

entender o impacto da dinâmica da cadeia produtiva do setor bauxita-alumina-

alumínio primário escolheu-se este tema para o presente trabalho.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Analisar a estrutura do setor bauxita-alumina-alumínio primário, para

mensurar, através da Matriz Insumo Produto – MIP do ano de 2003, a

importância econômica desse setor no Estado do Pará.

1.2.2 Objetivos específicos

a) Mensurar o grau de integração do setor bauxita-alumina-alumínio

primário com os demais setores, assim como revelar a extensão de

seus encadeamentos produtivos com a economia regional.

b) Estimar para o setor bauxita-alumina-alumínio primário os efeitos

multiplicadores de produção, emprego e renda para cada unidade

monetária produzida para a demanda final.

c) Determinar os índices de ligações para frente e, índices de ligações

para trás do setor bauxita-alumina-alumínio primário, em 2003, a fim

de verificar se este setor é uma atividade-chave.

4

1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Além desta seção, esta dissertação está estruturada em sete outras

seções. A segunda seção aborda um breve histórico da evolução da

industrialização da bauxita-alumina-aluminio primário mundialmente e

regionalmente. A terceira seção caracteriza a atividade mineral paraense,

apresentando as reservas, a produção, participação da atividade mineral,

empregos gerados, arrecadações e a exportações do setor. Na quarta seção

apresenta a descrição da cadeia do setor bauxita-alumina-alumínio primário no

estado. Na quinta seção ressalta a teoria dos efeitos em cadeia, assim como a

descrição da Mariz de insumo-produto - MIP. Na sexta seção detalha a

descrição do modelo de Leontief ressaltando sua estrutura, a álgebra que o

acompanha e as extensões ao modelo. A sétima, por sua vez, nos mostra os

principais resultados obtidos da aplicação da MIP referente aos

encadeamentos intersetoriais do setor bauxita-alumina-aluminio primário com

os demais setores da economia paraense. A última seção fecha o trabalho com

as considerações finais da pesquisa.

5

2. A EVOLUÇÃO DA INDUSTRIALIZAÇÃO DA BAUXITA-ALUMINA-ALUMÍNIO PRIMÁRIO E O CASO DO PARÁ

2.1 BREVE HISTÓRICO DA METALURGIA DO ALUMÍNIO

A bauxita, principal minério de alumínio, foi descoberta em 1821 por

Pierre Berthier na localidade Lex Baux, no sul da França. O material

descoberto era argiloso, desprovido de sílica, e as análises mostraram que o

material continha 52% de alumina, 27% de óxido férrico e 20% de água, e, em

1847, foi denominado de “bauxite”, por A. Dufrènoy.

Segundo o boletim do Perfil Analítico do Alumínio (RAMOS, 1982),

Em 1825, Hans Christian Oersted, químico e físico dinamarquês, foi o primeiro a produzir o metal [...]. Em 1827, Friedrich Wohler, químico alemão, produziu alumínio pela reação direta do potássio, sobre cloreto de alumínio anidro. Em 1845, ele foi capaz de produzir quantidades maiores do metal, determinando algumas características físicas do elemento. Em 1854, H. Saint Clair Deville, aprimorou o método de Wohler, usando o sódio, mais barato que o potássio. Foi o primeiro processo comercial praticado na França e, em vários outros países, (embora considerado com custos altos), até o advento dos processos eletrolíticos. Ainda em 1845, Robert Wilhelm Von Bunsen mostrava que o metal podia ser produzido por eletrólise, mas como a bateria era a única energia disponível, o desenvolvimento do processo foi inviável (RAMOS, 1982, p. 14).

Em 1886, Charles Martin Hall e Paul L. T. Héroult descobriram,

praticamente na mesma época, embora em países diferentes (um nos Estados

Unidos e outro na França), o processo eletrolítico ou uso da corrente elétrica. O

processo desenvolvido por eles passou a ser denominado de processo Hall-

Héroult e a alumina disponível foi usada na produção de alumínio metálico. Na

época Hall fundou a Pittisburg Reduction Company (mais tarde Aluminium

Companhy of America - ALCOA) enquanto Héroult associou-se à Aluminium

Industrie A.G (mais tarde a Swiss Aluminium Company).

Dois anos após da descoberta do processo Hall-Héroult, em 1888, o

químico austríaco Karl-Joseph Bayer desenvolveu o método para produzir

alumina em grande escala, que ficou conhecida como processo Bayer de

refino, e, em 1890, foram produzidos os primeiros lingotes de metal primário na

França (GONÇALVES, 1996).

6

Desde o final do século XIX, a indústria do alumínio evoluiu de um

monopólio da Alcoa, para um duopólio formado pelas empresas Alcoa e Alcan1

e mais tarde se tornou um oligopólio formado por seis empresas: Alcoa, Alcan,

Kaiser, Reynold, Pechieney, Alusuisse-Lonza, denominadas as “seis irmãs” do

alumínio. Ainda no século XIX inicia-se a exploração de novas minas de

bauxita através de estratégias de empresas e Estados nacionais exportadores

e importadores de bauxita.

Simultaneamente, aquelas empresas buscaram nações menos

desenvolvidas, porém, ricas em matérias primas e potencial energético, para

abrigarem, em seus territórios, indústrias químicas e metalúrgicas

responsáveis, respectivamente, pela transformação da bauxita em alumina, e

da alumina em alumínio primário. Já as atividades mais próximas ao final da

cadeia produtiva, de maior valor agregado, e de maior realização de lucros,

permaneceram nas grandes empresas do ramo nos países mais ricos

(BUNKER, 2000, p. 6).

2.2 A BAUXITA NA AMAZÔNIA

Para Coelho e Monteiro (2003) o cenário de crises energéticas dos anos

1970 contribuiu para a valorização da bauxita na região da Amazônia oriental.

A maioria dos depósitos de bauxita tri-hidratada estava localizada nos trópicos,

em regiões de clima tropical ou quente, chuva abundante e com longos

períodos de estiagem, ficando claro o motivo pelo qual o Brasil e a Austrália

foram os países escolhidos para as expansões de produção do metal.

Na década de 1950, pesquisas dirigidas à localização de bauxita na

Amazônia foram realizadas pela empresa Kaiser Aluminum and Chemical

Corporation, uma das maiores produtoras mundiais de alumínio. A área de

estudo foi a foz do rio Amazonas e os resultados desanimadores

desestimularam a continuidade das investigações (MACHADO, 1985 apud

MONTEIRO, 2000).

1 A Alcan foi formada através da desagregação das propriedades da Alcoa fora dos EUA, por

força da lei anti-truste norte-americana na década de 1940 (GONÇALVES, 1996).

7

Somente em 1963 a Aluminium Limited of Canada (Alcan) descobriu a

primeira reserva comercial de bauxita entre o rio Nhamundá e o Trombetas, no

município paraense de Oriximiná. A sua descoberta foi concedida à empresa

Bauxita Santa Rita Ltda, uma das subsidiárias da canadense Alcan, instalada

na região.

A Alcan, no mesmo ano da descoberta, criou a Mineração Rio do Norte

S. A. (MRN), com o objetivo de obter o maior número possível de alvarás do

Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM), garantir as pesquisas de

bauxita na área e depois efetivar o projeto da mineração.

Em 1972, a Alcan paralisou o Projeto Trombetas justificando que o

produto estava desvalorizado no mercado mundial. Mas na visão de Monteiro

(2000), a Alcan não tinha urgência em realizar investimentos importantes em

outro país da América Latina.

Esta mudança de atitude da Alcan decorreu, certamente, da constatação de que a continuação do suprimento de bauxita para sua unidade industrial de Arvida não corria risco, mesmo com a nacionalização, em julho de 1971, da Demerara Bauxite Company - DEMBA na Guiana, pois o suprimento da bauxita da Guiana para Arvida passou a ser feito pela empresa estatal que substituiu as associadas da Alcan e da Reynolds naquele país (COELHO; MONTEIRO, 2003, p. 33).

Em decorrência da falta de interesse da Alcan, o governo brasileiro

escala a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) para reativar o projeto em troca

de apoio fiscal e creditício para a CVRD, que representou 44% dos US$300

milhões necessários, na época, à implantação do projeto. A CVRD tornou-se,

assim, a maior expressiva acionista da MRN, com 46% das ações. O restante

das ações foram distribuídas entre outras seis grandes consumidoras de

bauxita: a canadense Alcan (19%); a Companhia Brasileira de Alumínio (10%),

vinculada ao Grupo Votorantin; uma subsidiária de empresas holandesas, a

Mineração Rio Xingu (5%); a Reynolds Alumínio do Brasil, uma subsidiária da

empresa norte-americana Reynolds (5%); uma subsidiária da norueguesa

Norsk Hydro (5%); e a Alumina Española (5%). Por volta de 1979, a MRN

efetuou o primeiro embarque da bauxita para a Alcan, no Canadá.

8

2.3 PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA CADEIA PRODUTIVA DA BAUXITA NO PARÁ

De meados do século XVII até a descoberta da borracha no século XIX,

a Amazônia tinha como principal meio produtivo o extrativismo (pesca e

agricultura). O ciclo da borracha proporcionou, para a região, altos índices de

crescimento econômico, se comparados ao crescimento de outras regiões do

país. Porém, a economia da borracha entrou em declínio com a queda do

preço do produto borracha no mercado mundial, e, com isso, a Amazônia

entrou em estagnação (FERREIRA, 1989).

As primeiras manifestações políticas nacionais voltadas para a

valorização mineral no Estado do Pará aconteceram na década de 1950,

quando foi instituído o Plano de Valorização Econômica da Amazônia e criada

uma Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia -

SPVEA, para sua execução, no período Vargas. Preconizava-se o

aproveitamento dos recursos minerais da região, a industrialização das

matérias primas de produção regional para o abastecimento do mercado

doméstico e externo, o desenvolvimento de infraestrutura de transportes,

energia e comunicação, o desenvolvimento bancário regional, entre outros

(FERREIRA, 1989).

Foi assim que a SPVEA, entre 1954 a 1960, criou caminhos para o

processo de ocupação e desenvolvimento, atraindo investimentos privados e

concedendo incentivos fiscais para os setores produtivos. Através de

convênios, promoveu levantamentos para identificar ocorrências de minerais,

estimulou estudos e pesquisas geológicas e mineralógicas, e foi em grande

parte, responsável pela identificação e avaliação do diversificado potencial

mineralógico hoje conhecido na Amazônia. Em 1966, a SPVEA foi extinta

dando lugar à Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) e

a criação do Banco da Amazônia (BASA), além de outros mecanismos que

ofereciam, às empresas privadas, incentivos fiscais e oportunidades de

investimentos em todos os setores da economia. Posteriormente, na década de

1970, dentre as ações direcionadas ao fomento e à criação de projetos na

Amazônia criou-se, em 1974, o Programa de Pólos Agropecuários e

9

Agrominerais (Polamazônia). O Estado criou vários pólos de desenvolvimento

na Amazônia brasileira, ligados à agropecuária, à extração madeireira e à

produção mineral (FERREIRA, 1989).

Para Carvalho (2006), no período, o Governo Federal adotou um padrão

de desenvolvimento regional com o objetivo de induzir o surgimento de

complexos industriais capazes de gerar os efeitos de encadeamento para trás

e para frente, cabendo à Sudam a função de planejamento e coordenação das

ações da estratégia de desenvolvimento regional.

Para Brum (2002), o governo Geisel (1973-1979) tinha plano de

transformar o Brasil em potência mundial emergente, através de várias metas,

destacando;

[...] implantar um novo padrão de industrialização, baseado na expansão da indústria de bens de produção. As grandes prioridades da política industrial passavam a ser: a indústria básica, ou seja, produção de bens de capital (máquinas, ferramentas, equipamentos, aparelhos), a eletrônica pesada e a produção de insumos ou matérias-primas básicas (aço, alumínio, papel e celulose, petroquímica, fertilizantes [...]; a grande mineração, objetivando melhor aproveitamento dos recursos minerais do país (exploração do minério de ferro da Serra dos Carajás, no sul do Pará, extração da bauxita – minério de alumínio – através da Albrás e da Alunorte, em associação com capitais japoneses etc.); e a expansão do setor energético, compreendendo a construção de grandes hidrelétricas, como a de Itaipú – PR, Sobradinho - BA, Tucuruí – PA [...]. Com isso completar o processo de substituição de importação (BRUM, 2002, p. 361).

Com relação ao esgotamento do chamado “milagre econômico

brasileiro” e com a tentativa de sustentar o ritmo acelerado do crescimento

atraves do II PND, o mesmo autor destaca:

A ação dos governos militares, no plano econômico [...] criar e assegurar condições para um crescimento econômico acelerado, [...] através da expansão industrial e da indústria de bens de consumo duráveis. A economia apresentou um crescimento acelerado, caracterizando a fase do chamado “milagre brasileiro”. Esse período estendeu-se de 1968 a 1973. Todavia, o país não teve condições de sustentar por longo tempo esse alto desempenho econômico. A partir de 1974, o crescimento do PIB, passou a apresentar tendência

10

declinante. E, em 1981, o país entrou em crise profunda (BRUM, 2002, p. 322.)2.

Nesse contexto, a SUDAM elaborou o II Plano Nacional de

Desenvolvimento da Amazônia (PDA), no qual passou a constituir um capítulo

do II PND 3. Segundo Santana (1997), o II PND direcionava planos de

ocupação e desenvolvimento para a Amazônia, que visavam desenvolver a

mineração e as indústrias eletrolíticas, através do Polamazônia. Em seguida

surgiram novas políticas de ocupação mantendo os mesmos objetivos, como o

incentivo à colonização e à implantação de grandes programas de

investimentos nas atividades de exploração e de exportação das riquezas

naturais da região, principalmente o minério e a madeira.

Para Monteiro (2005a, p.189), nos anos 1970, o governo federal

planejou a valorização das reservas de bauxita do Trombetas, através da

viabilização de sua extração como também a implantação de estratégias para

realizar a sua transformação em alumina e alumínio primário na própria região.

Com isso, foi necessário a instalação de plantas químicas para a produção da

alumina e a edificação de plantas metalúrgicas para a produção do alumínio,

no entanto não era possível proceder sem grande disponibilidade de energia

elétrica.

Infelizmente, ao assumir as obras de infraestrutura o governo se

deparou com a crise econômica, no início dos anos de 1980, gerando

conseqüências negativas no montante de recursos que eram transferidos ao

Polamazônia. Essa redução dos recursos e a necessidade do governo agilizar

a instalação e o início da operação dos projetos mínero-metalúrgicos, entre os

quais o Projeto Ferro Carajás e o de produção de alumínio, levaram-no a criar,

em 1980, o Programa Grande Carajás (PGC).

2 Sobre a crise do milagre o livro “Desenvolvimento econômico brasileiro”, de Argemiro J. Brum,

mostra de forma sucinta os fatores que levaram à crise. 3 O II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND) (1975-1979) tinha em seu âmbito um novo padrão de desenvolvimento, tendo a indústria pesada de meios de produção como o meio responsável pela acumulação do capital, assim direcionando investimentos para as indústrias básicas de bens minerais.

11

Monteiro (2005 a) destaca que o PGC almejava coordenar a execução

dos projetos já existentes na área e captar ainda mais recursos estatais,

inclusive os oriundos de incentivos fiscais e creditícios, permitindo a instalação

na região, de empresas voltadas à produção de alumina e alumínio primário.

2.3.1 Atividade mineral da bauxita

O alumínio por ser resistente ao processo de ferrugem e conduzir

eletricidade, compete com o cobre e o estanho nos mercados em rápida

expansão, que foram ate então dominados por esses metais cuja metalurgia é

realizada há tempos. Entretanto, sua redução por meio de eletrólise consome

mais energia que qualquer outro metal primário. A despeito disto, mesmo

representando 40 a 50 % dos custos de processamento, a energia era

suficientemente barata durante os primeiros 80 anos da indústria, quando o

preço do alumínio esteve em geral abaixo do preço do cobre (BUNKER, 2000,

p. 9).

A crise energética na década de 1970 contribuiu para o aumento dos

custos e dos preços da produção de alumínio, mas a urgência em substituir

metais pesados por metais leves, quando os preços do petróleo aumentavam,

fez crescer a demanda ainda mais rapidamente. Assim, Bunker (2000) destaca:

Custos de produção crescentes, novas economias de escala – que aumentaram imensamente o investimento por indústria –, instabilidade de preços, demanda expandida e o surgimento do nacionalismo em relação aos recursos de muitas nações pobres, porém, ricas em minerais, reduziram a capacidade e a vontade dos seis maiores e mais importantes produtores, todos situados na Europa e na América do Norte, de continuarem dominando as fontes, regulando ofertas e conduzindo mercados (BUNKER, 2000, p. 10).

A necessidade de construir refinarias e smelters4 em locais onde havia

suprimento de energia elétrica de baixo custo e pouca distância das fontes de

bauxita foi a estratégia dos grandes grupos para solucionar o problema da crise

energética. Assim, o governo brasileiro aproveitou as condições criadas pela

crise e articulou a criação de uma joint-venture entre a CVRD e empresas 4 Termo utilizado para descrever uma unidade produtiva de alumínio primário através da

redução eletrolítica da alumina.

12

japonesas para a produção de alumina e alumínio, e também energia

hidrelétrica.

Ressalta-se que antes mesmo de 1973 o Japão tinha iniciado a procura

de fontes externas seguras de alumínio por vários motivos. Primeiro, pelas

condições limitadas do potencial hidrelétrico do país e o grande crescimento

populacional, o que aumentou o consumo interno mais do que em qualquer

outra nação. Segundo, os custos de produção internos do alumínio eram mais

altos que os do mercado internacional. Um terceiro motivo foi o aumento do

custo da energia gerada de forma térmica levando ao fechamento da maioria

das usinas de alumínio do Japão. E por último, um quarto motivo, foi à

dependência do fornecimento de alumínio do controle dos oligopólios

estabelecidos na Europa e nos EUA durante a primeira metade do século XX, o

que gerou a necessidade de transferir a redução e a transformação do

alumínio, com seus custos altos, para fora do Japão.

A instalação de usinas de alumínio distantes, caras e exigentes gerou dificuldades maiores do que as estratégias anteriores para assegurar o acesso ao cobre e ao ferro. A única maneira para resolver esse problema era procurar parcerias em países com reservas de bauxita e grande potencial hidrelétrico, com condição favorável para o desenvolvimento industrial, facilidade de acesso ao crédito para investir e administrar as operações da usina. O Brasil, a Venezuela e a Indonésia despertaram interesse dos japoneses por serem todos parcialmente industrializados e com receitas significativas de outros recursos naturais exportáveis e de fácil acesso ao crédito (BUNKER, 2000, p. 10).

Logo, a estratégia do Japão foi a de criar alternativas para garantir

estabilidade de abastecimento para as empresas japonesas e quebrar o

monopólio das seis empresas que regulavam até a década de 1960 o preço e

controlavam os mercados, ou seja, Alcoa, Alcan, Kaiser, Reynold, Pechieney e

Alusuisse-Lonza. Os japoneses serviram-se de grandes empresas e Estados

nacionais, negociando a formação de empresas com capital compartilhado

(joint-venture) com objetivo de explorar recursos minerais (MONTEIRO, 2000).

No caso do Pará, a joint-venture, era composta por um consórcio de

fundidores e fabricantes japoneses de alumínio, bancos e companhias

comerciais, com investimentos de 800 milhões de dólares para construir a

13

usina de redução eletrolítica, com uma capacidade inicial de 800 mil toneladas

por ano. Para tanto, precisaria planejar a usina hidrelétrica com uma

capacidade superior daquela exigida para a fundição do metal, pois essa

energia adicional estimularia o desenvolvimento industrial na região, inclusive o

beneficiamento da bauxita-alumina-alumínio primário.

Sendo importante citar Bunker (2000, p. 14):

O tamanho da usina depende das políticas, e das condições físicas e técnicas da redução e transformação competitiva do alumínio. Para justificar os altos custos de capital, a dívida e o deslocamento social5 causado pelo estabelecimento de uma usina de alumínio, os Estados nacionais prometem um desenvolvimento associado, baseado em efeitos para frente, utilizando eletricidade.

Assim, em 1973, as empresas japonesas e a CVRD estudaram a

viabilidade da produção do alumínio primário na região. Entretanto, os

japoneses, em 1975, devido aos elevados custos referentes à participação na

construção da usina hidrelétrica de Tucuruí e na montagem da infraestrutura

para dar suporte aos projetos, passaram a não mais compartilhar os custos da

construção da hidrelétrica.

Os sócios recuaram, não somente em relação ao investimento na hidrelétrica, mas também exigiram e conseguiram (a) um preço máximo para eletricidade, vinculado ao preço do alumínio, (b) uma cidade para operários, financiadas com dinheiro público e (c) um porto também construído com dinheiro público (BUNKER, 2000, p. 35).

Segundo Monteiro (2000) o governo brasileiro, com o intuito de manter a

participação do capital japonês voltado à produção da alumina e do alumínio,

assumiu os custos referentes à construção da Usina Hidrelétrica de Tucuruí,

assim como os encargos relativos à linha de transmissão de energia da

hidrelétrica até as instalações industriais em Barcarena (PA), a infraestrutura

urbana (company town – Vila dos Cabanos) e portuária (Terminal Portuário de

Vila do Conde).

Mesmo dentro da CVRD, existia uma resistência significativa à realização do projeto. O governo Geisel simplesmente prosseguiu

5 A população, os animais e outras economias são transferidos para áreas distantes e

arborizadas antes mesmo da inundação, sendo uma operação muito cara.

14

com o projeto, que na realidade deveria ter sido arquivado por todos os critérios econômicos, desde 1976. Os japoneses insistiram depois em reduzir a fábrica da Albras para menos da metade da capacidade inicialmente planejada, de 800 para 640 e depois para 320 mil toneladas por ano (BUNKER, 2000, p. 26).

Consolidando-se em 1978, a Alumínio Brasileiro S. A. (Albras), uma

joint-venture criada como associação entre a CVRD e a Nippon Amazon

Aluminum Corporation (NAAC), um consórcio de empresas japonesas que

participou com 49% do empreendimento, cabendo os restantes 51% à CVRD.

Já para a produção da alumina criou-se a Alumina do Norte do Brasil S. A.

(Alunorte).

Com energia elétrica subsidiada pelo governo, a Albras instalou-se no

município paraense de Barcarena, iniciando sua operação em 1985. Já a

instalação da Alunorte foi paralisada pela NAAC, parceira da CVRD, e sua

conclusão só ocorreu em 1995, quando a lavagem química, em território

paraense, da bauxita do Trombetas, transportada por quase mil quilômetros em

navios graneleiros até chegar ao terminal portuário de Barcarena, garantiu o

abastecimento da Albras (MONTEIRO, 2000).

2.3.2 Estratégias da cadeia produtiva da bauxita

Os Planos de Desenvolvimento do Governo Federal e Estadual teriam

se baseado na teoria do desenvolvimento desequilibrado concedendo ao

Estado a responsabilidade de alocar recursos escassos para as atividades

produtivas. Destaca-se neste ponto a tese do desenvolvimento desequilibrado

de Hirschman, que considera que os investimentos devam ser realizados em

atividades chaves, desencadeando o seu próprio crescimento e o de outras

atividades através dos efeitos de ligação para frente e para trás.

As políticas do Governo Federal delimitaram áreas que deveriam ser

direcionadas para concentrar capitais, receber maiores incentivos fiscais e

creditícios e de aporte à infraestrutura, assim, designando o município de

Barcarena como “pólo”, ou seja, como território industrial destinado à

transformação da bauxita em alumina e em alumínio primário. Com isso

criaram em 1973, a Centrais Elétricas do Norte do Brasil S. A. (Eletronorte)

15

com o objetivo de viabilizar a implantação de usinas para aproveitar o potencial

hidrelétrico da região, insumo estratégico para a transformação industrial da

alumina em alumínio. Em 1978, criaram-se em Barcarena as empresas

Alumínio Brasileiro S.A (Albras) e a Alumina do Norte S. A. (Alunorte). Sob tais

condições, a Albras foi implantada em duas fases, cada uma com capacidade

para produzir 160 mil toneladas por ano de alumínio. A primeira fase iniciou-se

em 1985 e a segunda, em 1991.

Ainda nos anos de 1990, o Governo Federal, sem os recursos

financeiros dos anos 1980, anunciou o plano “Brasil em Ação” (1996-1999) e o

“Avança Brasil” (2000-2003) com o objetivo de gerar bases para o

desenvolvimento regional, com a atividade relacionada ao alumínio inserida

nesses planos federais.

E por último, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em seu “Plano

Plurianual 2004-2007, priorizou políticas para as atividades exportadoras,

destacando as empresas mínero-metalúrgicas, com destaque para ampliação

da fábrica da Alunorte em 25 de fevereiro de 2006. E mais tarde, no Plano de

Aceleração do Crescimento (PAC) em seu segundo mandato (2007), as obras

de Barcarena foram destacadas como prioridade em termos nacionais

contribuindo para o desenvolvimento da indústria de alumínio (MONTEIRO,

2007, p. 90).

16

3. CARACTERÍSTICAS DA ATIVIDADE MINERAL PARAENSE

Atualmente o Estado do Pará é caracterizado como uma economia

voltada para o setor mineral exportador, dado seu patrimônio mineral

expressivo com depósitos de classe mundial em fase de produção e

comercialização. No período de 2002 a 2008 a indústria paraense de base

mineral apresentou um crescimento médio anual de 26,5%, aproximadamente

US$7,9 bilhões.

Conforme Magalhães (2005), as atividades de produção mineral, no

Pará, agrupam-se em cinco pólos mínero-metalúrgicos, onde se localizam as

minas e usinas de tratamento e beneficiamento: pólo de Trombetas (exploração

de bauxita metalúrgica); província mineral de Carajás (exploração de ferro,

manganês e ouro); pólo aluminífero (produção de alumina e alumínio primário);

pólo caulinífero (produção de caulim) e províncias auríferas.

Apesar do considerável volume de minerais produzidos e

comercializados no Estado, destaca-se a baixa agregação de valor no

beneficiamento e na transformação desses minerais na região, com exceção

do ferro e da bauxita, os únicos metais que possuem maior agregação de valor

no beneficiamento e na transformação. Ressalta-se ainda que a produção

mineral paraense é voltada para o mercado externo, tendo como principais

consumidores os Estados Unidos, a União Europeia e a Ásia. Essa expansão

deve-se aos investimentos que estão sendo realizados no setor, com a entrada

de novos projetos minerais no Estado.

3.1 RESERVAS MINERAIS DO PARÁ

As reservas minerais paraenses possuem grande diversidade em

relação às substâncias minerais produzidas na Região Amazônica, e

constituem um portfólio de investimentos e de negócios para o Estado.

Segundo estimativas do Departamento Nacional da Produção Mineral - DNPM,

o Pará abriga vinte substâncias minerais significativas, com destaque para os

minerais metálicos: a bauxita metalúrgica, o ferro, o ouro, o manganês, o cobre

e o níquel. Em relação aos não-metálicos, destacam-se a bauxita refratária, o

caulim, o calcário, a gipsita e a água mineral.

17

As reservas minerais estimadas e os volumes significantes produzidos

revelam um horizonte de exploração mineral para o Estado por várias décadas.

Conforme o último Anuário Mineral publicado pelo DNPM em 2006, entre as

principais reservas minerais paraenses, as de ferro e as de bauxita são as mais

significativas (Tabela 1).

TABELA 1 - PRINCIPAIS RESERVAS DE MINERAIS METÁLICOS E NÃO METÁLICOS DO ESTADO DO PARÁ, 2006.

Reservas Classe/substância Un.

Medida Indicada Inferida Bauxita metalúrgica t Bx 1.356.085.588 653.601.474 589.493.861

Bauxita refratária t Bx 84.498.615 30.223.058 1.490.200

Cassiterita primária Kg Sn 2.186.628 - -

Cassiterita secundária Kg Sn 3.166.184 281.225 176.620

Cobre t Cu 5.383.741 6.937.698 6.204.427

Ferro t Fe 3.404.738.762 1.385.777.000 12.175.427.000

Manganês t Mg 53.348.448 17.279.742 -

Níquel t Ni 798.120 381.035 321.160

Ouro primário Kg Au 295.055 381.381 325.486

Ouro secundário Kg Au 339 43 30

Prata primária Kg Ag 1.222.972 1.867.793 1.488.928

Tungstênio t WO3 778.208 1.078 909

Zinco t Zn 12.977 33.691 38.044

Fonte: Anuário Mineral Brasileiro - DNPM (2006).

Frente à extensão das ocorrências minerais, e como os depósitos

encontrados possuem jazidas de grande porte e alto teor, compreendem-se,

nesse contexto, algumas das razões da implantação dos grandes projetos de

mineração já citados na seção anterior.

3.2 PRODUÇÃO MINERAL DO PARÁ

O Pará se destaca em relação aos outros estados na região Norte pelo

valor gerado na comercialização do minério, sendo, a maior parte da produção

comercializada para fora do estado (inclusive exportação) com exceção dos

minerais utilizados na construção civil. Na Figura1, pode-se observar a

comercialização dos bens minerais por unidade federativa da Região

Amazônica, 2006 e 2007.

18

Ac AM AP PA RO RR TO2006 2,30 173,63 347,18 7.874,23 107,91 3,03 45,43 2007 2,20 280,51 438,40 8.507,49 106,01 5,35 36,60

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

7.000

8.000

9.000M

ilhõe

s R$

FIGURA 1. COMERCIALIZAÇÃO DOS BENS MINERAIS POR ESTADO DA REGIÃO AMAZÔNICA, 2006 E 2007. Fonte: DNPM (2008).

O volume da produção de base mineral (extrativa e de transformação) e

as respectivas empresas de beneficiamento e de transformação do Pará estão

descritas na Tabela 2. A produção concentra-se nos minérios metálicos com

destaque para o ferro, o cobre e o manganês produzidos pela Vale6, a bauxita

metalúrgica pela MRN e ainda o ouro produzido nos garimpos.

Quanto aos minerais não metálicos, no ano de 2007, tem-se o caulim

lavrado comercializado pela Imerys Rio Capim Caulim S. A. (IRCC) e pela Pará

Pigmentos S. A. (PPSA), o calcário produzido pela Companhia Agroindustrial

de Monte Alegre (CAIMA) e a água mineral engarrafada e comercializada por

diversos produtores.

Têm-se ainda os minerais metálicos que sofrem processamento com

grau de agregação, a hematita e a bauxita, que resultam, respectivamente na

produção de ferro gusa pelas seguintes empresas: Companhia Siderúrgica do

Pará (Cosipar), Usina Siderúrgica de Marabá S. A. (Usimar), Siderúrgica

Marabá (Simara), Terra Norte Metais Ltda., Ibérica do Pará e Siderúrgica do

6 Em 2008 a Companhia Vale do Rio Doce deixou de usar a sigla CVRD, passando a usar o

nome fantasia Vale.

19

Pará S. A. (Sidepar), e na produção da alumina pela Alunorte e do alumínio

pela Albras (CPRM, 2008, p. 266).

TABELA 2. PRODUÇÃO DE BENS MINERAIS PRIMÁRIOS BENEFICIADOS E TRANSFORMADOS DO ESTADO DO PARÁ, 2007.

Empresa Produto Produção7 (t) Valor8 (103

US$)

Albras Alumínio 455.000 1.200

Alunorte Alumina 4.300.000 1.400

MRN Bauxita 18.000.000 500

PPSA Caulim 714.000 94

IRCC Caulim 955.000 148

Alubar Vergalhão e Cabo de Alumínio

40.000 50

Vale - Carajás Ferro 91.700.000 2.800

Vale - Sossego Cobre 118.000 900

Vale - Carajás Manganês 1.102.836 50

Vale - Paragominas Bauxita 1.900.000 65

Garimpo Ouro 4,4 130

Globe Speciality Metais (GSM)

Silício metálico 35.000 47

Cosipar/Usimar/Simara/Terra Norte/Ibérica/Sidepar

Ferro-gusa 1.760 550

Fonte: CPRM (2008).

A Tabela 2 enumera a alumina (4.300.000 t) produzida pela Alunorte, o

alumínio (455.000 t) produzido pela Albras, o silício metálico (35.000 t)

produzido pela Globe Specialty Metals Inc. (GSM), e o ferro gusa (17.601

milhões t) pelas empresas ali indicadas (CPRM, 2008, p. 266).

A Figura 2 descreve ainda a produção e a comercialização dos principais

bens minerais no Pará 2008 (base-2007). Segundo o Informe Mineral do DNPM

(2008), o aumento no ritmo de produção é observado em praticamente todos

os bens minerais, com exceção do manganês, que apresenta variações

negativas,58,7% na produção e 25,0% na comercialização. A extração de

minério de ferro seguido do minério de alumínio (bauxita) e ouro, são

7 Produção da Indústria de Base Mineral do Pará – 2007. 8 Valor da produção mineral comercializada do estado do Pará – 2007.

20

responsáveis pelo bom desempenho da produção mineral, que juntos

contribuíram com mais de 90% da produção mineral do Estado, em 2007.

91.689.000

19.916.339

4.410.116

1.580.404

1.195.622

1.102.836

438.448

81.759.000

17.750.302

2.914.000

1.561.440

1.093.327

2.670.298

433.987

80.495.000

19.916.339

4.410.115

1.545.322

1.093.327

1.394.859

416.448

66.666.000

16.500.000

3.752.000

1.531.886

861.671

1.860.241

405.980

0 20.000.000 40.000.000 60.000.000 80.000.000 100.000.000

Ferro

Bauxita

Ouro

Caulim

Calcário

Manganês

Cobre

Tonelada

Bem

Min

eral

2006

2007

2006

2007

FIGURA 2. PRODUÇÃO E A COMERCIALIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS BENS MINERAIS NO PARÁ 2008 (BASE-2007). Fonte: DNPM (2008).

Na Figura 3 apresenta-se a participação dos bens minerais no valor

comercializado no Pará, que atingiu o recorde de R$ 8,2 bilhões em 2007, avançando 14% em relação ao ano anterior. Observa-se ainda que o minério

de ferro liderou o ranking, com 60,4% do total de minérios produzidos no Pará,

seguido pelo cobre 15,9% e a bauxita 15,1%, e assim contribuindo com 91,5%

(US$ 7,3 bilhões) do valor da produção mineral total (Figura 3).

21

60,43

15,89

15,16

5,85

2,10

0,34

0,23

60,54

17,51

12,67

5,88

1,30

1,88

0,22

0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00

Ferro

Cobre

Bauxita

Caulim

Ouro

Manganês

Calcário

Participação

Bem

Min

eral

2006

2007

FIGURA 3. PARTICIPAÇÃO DOS BENS MINERAIS NO VALOR COMERCIALIZADO DO ESTADO DO PARÁ (EM %). Fonte: DNPM (2008).

3.3 IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE MINERAL NO PIB PARAENSE

Segundo a Secretaria de Planejamento, Orçamento e Finanças do

Estado do Pará (SEPOF), o Produto Interno Bruto9 (PIB) do Estado do Pará em

2006, cresceu 7,11%, valor superior ao do ano anterior (em 2005 cresceu

3,16%), sendo a terceira maior variação real entre os estados brasileiros. Este

incremento foi superior à taxa do País de 3,97%, e maior do que o da região

Norte (4,79%), que desde 2002 com a nova base, vem apresentando

crescimento superior a do Brasil (Figura 4).

9 A SEPOF e o IBGE calculam o PIB sempre com dois anos de defasagem, procurando

considerar os resultados das pesquisas estruturais do IBGE.

22

1,15

5,66

3,163,97

5,9

8,6

6,59

4,79

6,42 7,23

4,17

7,11

0123456789

10

2003 2004 2005 2006

Cres

cim

ento

Rea

l (%

)

Anos

Brasil

Reg. Norte

Pará

FIGURA 4. EVOLUÇÃO DO CRESCIMENTO REAL DO PIB DO BRASIL, REGIÃO NORTE E PARÁ 2003-2006 (ANO BASE: 2002 = 100). Fonte: SEPOF/IBGE (2008).

A partir da Tabela 3, verifica-se que o valor do PIB do Estado do Pará foi

de R$ 44,3 bilhões em 2006. Diante desse resultado, o Pará elevou sua

participação no PIB nacional de 1,82% em relação a 2005, para 1,87%, em

2006, mantendo a mesma colocação no ranking do PIB brasileiro.

O PIB paraense é representado pela estrutura produtiva dos grandes

setores definidos: serviços, que contribuiu com 57,45%, com um Valor

Adicionado de R$ 22,885 bilhões e incremento de 5,80% em 2006; a indústria

que no ano de 2006 teve participação de 33,35%, agregando R$ 13,285

bilhões e apresentando entre os setores o maior crescimento (10,17%); e a

agropecuária, com participação de 9,20%, gerando R$ 3,664 bilhões, sem

apresentar expansão no período (SEPOF, 2008).

23

TABELA 3. PRODUTO INTERNO BRUTO A PREÇOS DE MERCADO CORRENTE POR UNIDADES DA FEDERAÇÃO, EM ORDEM DE VALOR DECRESCENTE, 2005 E 2006.

Estados 2005

(milhões R$)

Part. % Ord. Estados

2006 (milhões

R$) Part.

% Ord.

Brasil 2.147.239 100 Brasil 2.369.797 100

São Paulo 726.984 33,86 1º São Paulo 802.552 33,87 1º

Rio de Janeiro 247.018 11,50 2º Rio de Janeiro 275.363 11,62 2º

Minas Gerais 192.639 8,97 3º Minas Gerais 214.814 9,06 3º

Rio Grande do Sul 144.218 6,72 4º Rio Grande do Sul 56.883 6,62 4º

Paraná 126.677 5,90 5º Paraná 136.681 5,77 5º

Bahia 90.919 4,23 6º Bahia 96.559 4,07 6º

Santa Catarina 85.316 3,97 7º Santa Catarina 93.173 3,93 7º

Distrito Federal 80.527 3,75 8º Distrito Federal 89.630 3,78 8º

Goiás 50.534 2,35 9º Goiás 57.091 2,41 9º

Pernambuco 49.922 2,32 10º Pernambuco 55.505 2,34 10º

Espírito Santo 47.223 2,20 11º Espírito Santo 52.782 2,23 11º

Ceará 40.935 1,91 12º Ceará 46.310 1,95 12º

Pará 39.121 1,82 13º Pará 44.376 1,87 13º

Mato Grosso 37.466 1,74 14º Amazonas 39.166 1,65 14º

Amazonas 33.352 1,55 15º Mato Grosso 35.284 1,49 15º

Maranhão 25.335 1,18 16º Maranhão 28.621 1,21 16º

Mato Grosso do Sul 21.651 1,01 17º Mato Grosso do Sul 24.355 1,03 17º

Rio Grande do Norte 17.870 0,83 18º Rio Grande do Norte 20.557 0,87 18º

Paraíba 16.869 0,79 19º Paraíba 19.953 0,84 19º

Alagoas 14.139 0,66 20º Alagoas 15.753 0,66 20º

Sergipe 13.427 0,63 21º Sergipe 15.126 0,64 21º

Rondônia 12.884 0,60 22º Rondônia 13.110 0,55 22º

Piauí 11.129 0,52 23º Piauí 12.790 0,54 23º

Tocantins 9.061 0,42 24º Tocantins 9.607 0,41 24º

Acre 4.483 0,21 25º Amapá 5.260 0,22 25º

Amapá 4.361 0,20 26º Acre 4.835 0,20 26º

Roraima 3.179 0,15 27º Roraima 3.660 0,15 27º

Fonte: SEPOF/IBGE (2008).

24

TABELA 4. VALOR ADICIONADO BRUTO NOMINAL, PARTICIPAÇÃO E CRESCIMENTO REAL DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS – ESTADO DO PARÁ – 2006.

Atividades Valor Adicionado 2006 (milhões R$)

Part. % no Pará

Crescimento Real % (2006/2005)

Agropecuária 3.664 9,20 -0,10 Pecuária e pesca 2.455 6,16 1,49 Agricultura e exp. vegetal 1.209 3,04 -3,24

Indústria 13.285 33,35 10,17 Indústria de transformação 5.498 13,80 11,65 Extrativa mineral 3.000 7,53 8,70 Construção 2.647 6,64 6,05 SIUP* 2.140 5,37 14,95

Serviços 22.885 57,45 5,80 Administração pública 6.852 17,20 4,82 Comércio 4.820 12,10 8,79Ativ. imobiliárias e aluguel 4.054 10,18 2,88 Intermediação financeira 1.185 2,97 13,94 Serv. prest. às empresas 937 2,35 9,05 Serviços de informação 822 2,06 4,31 Serv. prest. às famílias 669 1,68 6,04 Alojamento e alimentação 649 1,63 8,66 Saúde e educação 576 1,45 0,72 Serviços domésticos 500 1,26 -1,31 Transportes 1821 4,57 5,32

Total 39.835 100,00 7,11 * Serviços Industriais de Utilidade Pública-SIUP. Fonte: SEPOF/IDESP (2008).

A indústria extrativa mineral teve, em 2006, um crescimento explicado

pela expansão da produção do minério de ferro 14,77%, bauxita 3,13%,

calcário 26,88% e o cobre 7,69%. Essas quatro substâncias minerais se

somados à fabricação de aço e derivados, e a metalurgia de metais não-

ferrosos, representam aproximadamente 14% do PIB estatal.

Neste sentido, a Figura 5 indica os municípios com maior participação na

atividade mineral no Estado, em que Parauapebas, Canaã dos Carajás e

Oriximiná respondem por 93,05% do PIB da extração mineral do Pará.

25

Parauapebas 65,54%

Canaã dos Carajás 17,03%

Oriximiná 10,48%

Breu Branco 2,33%

Almerim2,24%

Outros1,26%

Ipixuna do Pará 1,11%

FIGURA 5. MUNICÍPIOS COM MAIORES PARTICIPAÇÕES (%) NO PIB DA EXTRAÇÃO MINERAL ESTADO DO PARÁ, 2006. Fonte: SEPOF/IBGE (2008).

Entre aqueles municípios alguns se destacam, pelos maiores PIB per

capita do Estado, a saber, Canaã dos Carajás (R$ 50.488), Barcarena (R$

46.851), Parauapebas (R$ 31.320), Tucuruí (R$ 23.667) e Marabá (R$ 13.055),

cujos valores estão bem acima da média do PIB per capita do Estado (R$

6.241). Como se observa, nestes municípios, localizam-se importantes

indústrias de extração mineral (ferro, bauxita e cobre), de transformação

(alumina, alumínio e ferro gusa) e a Hidrelétrica de Tucuruí.

3.4 EMPREGOS GERADOS PELA ATIVIDADE MINERAL NO ESTADO DO PARÁ

Em 2006, a atividade mineral no Pará empregou 13.168 pessoas,

devendo atingir 13.500 em 2007, porque as empresas do setor atingiram ou

estão atingindo seus limites de capacidade instalada após algumas expansões,

como foi o caso da empresa MRN, produtora de bauxita (DNPM, 2008).

Assim sendo, na perspectiva do curto e médio prazo prevê-se um

aumento na geração de empregos para o setor. Principalmente, devido a

expansão da capacidade da Vale para 5 milhões de toneladas de minério de

ferro em 2005 e 10 milhões de toneladas a partir de 2009. Na Figura 6 mostra-

26

se a distribuição da mão-de-obra por setor (minerais metálicos), com a cadeia

do alumínio empregando aproximadamente mais de 2.119 trabalhadores, e o

total destes cinco metais respondendo por 84% da geração de emprego do

setor mineral (11.061), o restante dos empregos estando no setor dos não

metálicos.

Alumínio19,27%

Cobre4,56%

Ferro64,03%

Manganês10,52%

Ouro1,63%

FIGURA 6. DISTRIBUIÇÃO DO EMPREGO NO SETOR DOS BENS METÁLICOS, 2006. Fonte: Informe Mineral, DNPM (2008).

3.5 INVESTIMENTOS MINERAIS NO PARÁ

A contribuição da atividade mineral para o crescimento econômico

estadual decorre dos investimentos empresariais centrados na expansão de

minas operativas e na implantação de novos empreendimentos minerários.

Segundo o DNPM em 2008, os investimentos no Estado, estão

avaliados em US$ 30,07 bilhões e cerca de 70.800 novos empregos estariam

previstos nos mais de 20 projetos em fase de instalação ou expansão, entre

2007 e 2012, considerando o desenvolvimento de novos depósitos e

reavaliação ou expansão dos já existentes. Com base nos dados da Revista

Minérios e Minerales, segundo Oliveira (2008, p.23), em 2007, pode-se

observar através da Tabela 5 como o Estado do Pará se destaca em relação

aos outros Estados amazônicos no volume de investimentos realizados.

27

TABELA 5. ATIVIDADE MINERAL - INVESTIMENTOS REALIZADOS NA REGIÃO NORTE EM 2007. UF Total de investimentos Principais substâncias R$

Bauxita 1.993.983

Ouro 1.226.074 AM 4.028.999

Diamante 534.483

AP 11.883.069 Ouro 11.640.633

Níquel 50.920.741

Ouro 50.111.180

Bauxita 27.511.630

Prata 1.454.493

Berílio 1.024.463

Cobre 8.731.081

PA 142.225.949

Tântalo 858.495

RR 85.052 Níquel, ouro, cobre, fosfato e tântalo Diamante 12.951.909 Cassiterita 1.552.000 RO 16.780.319 Cobre 964.425

Totalização (R$)

Região Norte (*) 169.562.433

Brasil 485.932.519

Fonte: Revista Minérios & Minerales (2008). (*) Excluindo TO, MT, MS e MA (Total de R$ 71.559.650).

Já Oliveira (2008) destaca que os investimentos estão voltados para as

operações de pequeno, médio e grande porte, principalmente de ouro no

Tapajós, a conclusão das eclusas da hidrelétrica de Tucuruí e a ampliação do

Porto de Vila do Conde, em Barcarena. Além da lavra de grande jazidas de

minérios de alto teor para a produção de alumínio, ferro-gusa, silício-metálico,

cimento e calcário, o planejamento do novo pólo siderúrgico e o

desenvolvimento do setor de gemas, jóias e artesanato mineral. Destacando, a

aprovação recente do DNPM da exploração da jazida de 500Mt de níquel que,

junto às existentes, pode tornar o Brasil o maior produtor mundial desse

minério.

Conforme o artigo publicado na Revista Minérios e Minerales:

As minas exploradas no Estado são aquelas que foram descobertas, quase ao acaso, como Carajás. Os depósitos de sub-superfície e em profundidade ainda são pouco conhecidos, por falta de pesquisa mineral. Entretanto, serão necessários investimentos em pesquisa, cada vez mais detalhadas. O governo precisa investir mais em conhecimento geológico básico com o objetivo de atrair mais

28

investimentos. Para tanto, é necessário que a regulação ambiental deva ser relacionada com a sustentabilidade da atividade e não inibir esse setor produtivo da economia nacional (AQUINO, 2008, p 23).

3.6 ARRECADAÇÃO TRIBUTÁRIA – CFEM

No início dos anos de 1990 foi implementada no Brasil a Compensação

Financeira pela Exploração dos Bens Minerais (CFEM), estabelecida pela

Constituição de 1988, em seu art. 20, § 1.º, com a finalidade de

contraprestação pela utilização econômica dos recursos minerais em seus

territórios. A CFEM é distribuída a Estados, Distrito Federal, municípios e

órgãos da administração da União. É creditada automaticamente, em contas

correntes específicas, no sexto dia útil que sucede ao recolhimento por parte

das empresas de mineração.

O fato gerador da CFEM é a saída por venda do produto mineral das

áreas de jazida ou mina. Cabe ao DNPM baixar normas e exercer a

fiscalização da arrecadação. A utilização dos recursos é destinada a projetos

que, direta ou indiretamente, revertam em prol da comunidade local, na forma

de melhoria da infraestrutura, da qualidade ambiental, da saúde e da

educação. A utilização desses recursos para o pagamento de dívidas ou para o

pagamento do quadro permanente de pessoal da União, dos Estados, Distrito

Federal e dos municípios está vetada (Decreto nº 01, de 11/12/1991).

Minas Gerais 52,42%

Pará27,76%

Outros Estados 19,82%

FIGURA 7. DISTRIBUIÇÃO DA CFEM POR UF, 2007. Fonte: DNPM (2008).

29

Conforme a Figura 7, o Estado do Pará, dada a variedade de

substâncias lavradas e comercializadas, possui a segunda maior arrecadação

do país, sendo responsável por R$ 238,12 milhões de um total de $ 857,81

milhões arrecadados em 2007, ficando atrás de Minas Gerais, que é o primeiro

Estado em valor arrecadado (R$ 449,68 milhões).

Considerando a arrecadação por municípios paraenses (Figura 8), o

recolhimento da CFEM no ano de 2007, destacam-se Parauapebas, com R$

134,29 milhões (minério de ferro) e R$ 22,13 milhões (manganês), seguido

pelos municípios de Canaã dos Carajás com R$ 26,89 bilhões (cobre),

Paragominas com R$ 5,4 bilhões (bauxita) e Ipixuna do Pará com R$ 10,38

bilhões (caulim).

Parauapebas ; 156.482.202,22

Oriximiná; 27.166.809,27

Canaã dos Carajás ; 26.898.958,85

Ipixuna do Pará; 10.381.544,48

Marabá; 9.453.692,06

Paragominas; 5.435.165,27

Itaituba; 322.248,71

Capanema; 147.663,71

FIGURA 8. ARRECADAÇÃO DA CFEM POR MUNICÍPIO EM R$, 2007. Fonte: DNPM (2008).

3.7 EXPORTAÇÃO DO SETOR MINERAL DO PARÁ

A implantação dos empreendimentos conforme o potencial mineral das

principais reservas paraenses dinamizou a economia paraense que passou a

ser intensamente estimulada pelo setor mineral. Se em 1975 as exportações de

minerais não chegavam a atingir 1% da pauta de exportações, em 2007 já

30

representavam cerca de 80% do total exportado pelo Estado (IBRAM

AMAZÔNIA, 2008a).

A exportação mineral representou 22% da exportação mineral total do

Brasil e 49% do total da Amazônia em 2008. A indústria extrativa e de

transformação mineral contribuíram para o superávit comercial brasileiro com

um saldo setorial equivalente a 93% do saldo total nacional. Na Amazônia, o

saldo mineral isoladamente foi 48% maior que o saldo total da região. Cabe

ressaltar que o saldo total é reduzido pela importação de produtos de outros

setores, tal como a importação de máquinas, que também é realizada pela

indústria mineral.

0

2.000.000

4.000.000

6.000.000

8.000.000

10.000.000

12.000.000

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

10 6

US

$ FO

B

EXPORTAÇÃO

IMPORTAÇÃO

SALDO

FIGURA 9. EVOLUÇÃO DO SALDO DA BALANÇA COMERCIAL DO ESTADO DO PARÁ: 1990-2008. Fonte: MDIC, Sistema Aliceweb (2008).

A Figura 9 descreve as exportações da indústria extrativista e de

transformação mineral no Estado do Pará, ao longo do período de 1990 a

2008. Em 1990, as exportações líquidas foram de US$ 1,34 bilhões, e em

2003, da ordem de US$ 2,38 bilhões (crescimento de 77,68%), levando o

Estado a ocupar a 6º posição no ranking de classificação dos Estados

brasileiros superavitários. Observa-se que as exportações líquidas aumentaram

cada vez mais, de US$ 3,53 bilhões em 2004 até um montante de US$ 9,67

31

bilhões em 2008 (crescimento de 173,43%) e o Estado do Pará passou a

ocupar a 2ª posição no ranking nacional.

O bem mineral paraense mais exportado durante o período de 2003 a

2008 foi o ferro. Ressalta-se ainda, o crescimento sustentado das exportações

de alumínio, da alumina, caulim e ferro-gusa, que apresentam crescimento

médio anual de 3,63%, 1,44%, 1,11% e 1,40%, respectivamente. Vale destacar

também o início da exportação do cobre a partir de 2004 (Tabela 6).

TABELA 6. PRODUTOS MINERAIS EXPORTADOS PELO ESTADO DO PARÁ, 2003 A 2008.

Produtos minerais2003

US$mil F.O.B

2004 US$mil F.O.B

2005 US$mil F.O.B

2006 US$mil F.O.B

2007 US$mil F.O.B

2008 US$mil F.O.B

Alumínio 553.089 719.823 76.847 1.139.339 1.130.776 1.064.142

Alumina 247.269 307.515 420.956 922.257 1.129.598 1.348.161

Bauxita 92.316 158.558 185.947 143.891 187.235 213.341

Caulim 204.445 229.254 224.082 267.778 301.088 351.168

Cobre 0 171.343 299.237 502.554 241.949 688.560

Hematita 88.052 215.864 353.205 4.811.729 550.294 898.023

Ferro-gusa 733.010 1.007.502 1.442.931 1.982.937 2.309.013 3.840.796

Manganês 38.737 8.623 99.032 1.463 97.747 579.254

Fonte: MDIC, Sistema Aliceweb (2008).

Segundo o IBRAM AMAZÔNIA (2008a), em 2010 o setor mineral

paraense terá tendência de crescimento, elevando a produção para US$ 14,2

bilhões, em função da implantação dos novos projetos, bem como a expansão

de outros já existentes e resultantes da classe mundial das reservas minerais

em lavra.

32

4 DINÂMICA E INTEGRAÇÃO DA CADEIA DO SETOR BAUXITA-ALUMINA-ALUMÍNIO PRIMÁRIO NO ESTADO DO PARÁ

Uma cadeia produtiva ou filière, na abordagem do Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC, no seu programa

Fórum de Competitividade, corresponde ao “[...] conjunto de atividades que se

articulam progressivamente desde os insumos básicos até o produto final,

incluindo distribuição e comercialização, constituindo-se em elos de uma

corrente [..]” (MDIC, 2002, p.2).

Ainda para o MDIC (2002), a utilização do conceito de cadeia produtiva

permite identificar fraquezas e potencialidades nos elos; motivar articulação

solidária dos elos; identificar gargalos, elos faltantes e estrangulamentos;

identificar os elos dinâmicos, em adição à compreensão dos mercados, que

trazem movimento às transações na cadeia produtiva.

No âmbito da economia nacional, as possibilidades acima revestem-se

de estratégica importância para o planejamento das articulações intersetoriais,

tendo em vista o nível de competitividade do país no contexto mundial, desde

quando, conforme o MDIC (2002), a competição internacional se faz entre

cadeias.

Para Haguenauer e Prochnik (2000) a cadeia produtiva é o conjunto das

atividades que participam das diversas etapas de processamento ou montagem

que transformam matérias-primas básicas em produtos finais.

Já conforme Dantas, Kertsnetzky e Prochnik:

As cadeias produtivas resultam da crescente divisão do trabalho e maior interdependência entre os agentes econômicos. Por um lado, as cadeias são criadas pelo processo de desintegração vertical e especialização técnica e social, Por outro lado, as pressões competitivas por maior integração e coordenação entre as atividades, ao longo das cadeias, ampliam a articulação entre os agentes. [...] Cadeia produtiva é um conjunto de etapas consecutivas pelas quais passam e vão sendo transformados e transferidos os diversos insumos. (DANTAS, KERTSNETZKY e PROCHNIK, 2002, p. 36-37).

Os autores destacam ainda dois tipos principais de cadeias, a primeira é

a produtiva empresarial, onde cada etapa representa uma empresa, ou um

conjunto de poucas empresas que participam de um acordo de produção. Este

33

tipo de cadeia é utilizada para a realização de análises empresariais, estudos

de tecnologia e planejamento de políticas locais de desenvolvimento. A

segunda é a cadeia do tipo produtiva setorial, onde as etapas são setores

econômicos e os intervalos são mercados entre setores consecutivos. Este

conceito de cadeia produtiva setorial adapta-se aos objetivos da presente

dissertação, pois os dados da matriz de insumo-produto estudada são

agregados em setores econômicos.

A cadeia produtiva do alumínio é a sequência das operações

necessárias para transformar a bauxita (extração) em alumina (refino), a

fundição da alumina em alumínio primário (redução) e, por último, a obtenção

de produtos finais (Figura 10). No caso dos bens finais, o emprego do alumínio

como bem intermediário depende ainda de vários processos independentes e

realizados em diferentes plantas industriais. O controle da cadeia do alumínio

no Pará é exercido por grandes empresas multinacionais como Alcoa, Alcan,

BHP - Billiton, Vale e NAAC. A MRN, a Vale, a Albras e a Alunorte são as

empresas que formam a cadeia produtiva do alumínio primário no Estado do

Pará.

FIGURA 10. APRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA CADEIA PRODUTIVA DO ALUMÍNIO.

Bauxita (Mineração)

Óxido de alumina (Refino)

Alumínio primário

(Fundição)

Produtos finais

(Downstream)

Fonte: Elaboração própria (2008).

4.1. A PRODUÇÃO DE BAUXITA

Conforme a United States Geological Survey (USGS), em 2005, as

reservas mundiais de bauxita foram estimadas em 25 bilhões de toneladas

chegando em 2006 a aproximadamente 32 bilhões, todas adequadas para

atender a demanda mundial. Os principais depósitos de bauxita estão

localizados na Guiné, Austrália, China, Brasil, Jamaica e Índia todos do tipo

trihidratadas (Figura 11). Bauxitas com essas características apresentam

34

custos mais baixos em sua transformação em alumina, pois requerem pressão

e temperatura mais baixas do que as bauxitas do tipo monohidratadas,

encontradas, por exemplo, na França, Grécia e Hungria (USGS, 2005 apud

SIQUEIRA, 2008).

FIGURA 11. LOCALIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS DEPÓSITOS DE BAUXITA NO MUNDO (EM BILHÕES DE TONELADAS). Fonte: USGS, 2005 apud SIQUEIRA (2008).

Em 2006, o Brasil passou a ocupar a terceira posição no ranking de

reservas do tipo trihidratado de bauxita do mundo, com aproximadamente 3,5

bilhões de t de reservas de bauxita (10,6% das reservas mundiais), distribuídas

nas regiões: Norte, Sudeste e Sul do País. Portanto, as reservas brasileiras se

enquadram nos padrões exigidos pelo mercado mundial, tanto de grau

metalúrgico para a produção de alumina e quanto de grau não-metalúrgico ou

refratário.

O Pará, desde 2003, detém 95% das reservas de bauxita brasileiras e é,

atualmente, o maior produtor do país, devido suas especificidades em relação

à disponibilidade de energia hidrelétrica.

As principais empresas produtoras de bauxita no mundo são: Comalco,

Alcan, Alcoa, Rio Tinto e Billiton-BHP na Austrália, Aluminum Corp of China

(Chalco) na China, Corporación Venezolana de Guayana (CVG) na Guiné e a

MRN no Brasil. Em 2008, a produção mundial foi de 205 milhões de toneladas,

35

destacando a Austrália como líder em produção, com 33% da produção global,

seguinda da China com 17% e do Brasil com 13%.

No Brasil, a produção de bauxita em 2008 foi de 22 milhões de

toneladas e a produção paraense atingiu 19,9 milhões (R$ 1,1 bilhão em valor), sendo a MRN no Pará o maior produtor nacional, respondendo por 18 milhões

de toneladas seguida da Vale com 1,9 milhões (DNPM, 2008).

Os processos de laterização que ocorreram sobre a cobertura

sedimentar areno-argilosa paleógena (ou cretácea) deram origem a extensos

depósitos de bauxita. A Figura 12 mostra que as reservas paraenses estão

concentradas no médio Amazonas no distrito de Trombetas e Juruti, no baixo

Amazonas nos distritos de Almeirim e na plataforma Bragantina e de

Paragominas-Tiracambu. Constata-se que nos municípios de Oriximiná,

Almerim e Paragominas estão concentrados praticamente 80,6% das reservas

brasileiras, e essas reservas minerais respondem pelo terceiro maior potencial

em bauxita do mundo, superados apenas pelos da Austrália e da Guiné

(CPRM, 2008, p. 264).

36

FIGURA12. LOCALIZAÇÃO DAS RESERVAS DE BAUXITA NO ESTADO DO PARÁ. Fonte: DNPM/SIGMINE (2008).

O conhecimento geológico dos depósitos paraenses ainda é limitado,

devendo-se investir em pesquisas geológicas para reunir as informações

necessárias para expandir as jazidas existentes e para a descoberta de novas

jazidas de bauxita (inclusive o inventário da quantidade e da qualidade do

minério) e para se analisar as características físicas, químicas entre outras do

recurso mineral descoberto para futuramente investir na lavra da mina e da

usina.

Nos próximos anos, graças aos investimentos relativos a novos projetos

e pesquisas geológicas, o conhecimento do potencial de reservas de bauxita,

deverá ser ampliado. Além disto, em breve o Estado passará a produzir 30 Mt

ocupando assim posição de destaque no ranking mundial. Entretanto, os

investimentos ainda são insuficientes diante da demanda projetada no mercado

internacional, e a China continua sendo o mais importante consumidor.

37

Os principais investimentos e novos projetos até 2012 são:

1. Projeto Paragominas III – investimento de US$478 milhões para a

expansão da capacidade produtiva (14,85 Mtpa) para atender a

Alunorte conclusão prevista em 2011.

2. Projeto Juruti - com implantação da mina, planta industrial, ferrovia e

o porto. As reservas são estimadas em 700 Mt, com produção ROM

(Run-of-mine) inicial de 2,6 Mtpa contando com R$1,7 bilhão de

investimentos - início em 2006 e a operação em 2009.

3. Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) na cidade de Paragominas

realizará pesquisa mineral estimada em 500 Mt - período de

execução de 2007 a 2016.

4. A MRN, em 2007, realizou R$ 78,9 milhões de investimentos e, em

2008, R$ 104,5 milhões, voltados para o controle ambiental, a

pesquisa geológica, a expansão e tecnologia de equipamentos, entre

outros. Atualmente essa empresa investe em projetos de exploração

de bauxita nas cidades de Oriximiná e Terra Santa com o objetivo de

manter a capacidade produtiva de 18 Mtpa de bauxita, além dos

investimentos em infraestrutura na região de exploração e

implantação de estrada de 2 km e sistema de drenagem ligando o

platô à planta de beneficiamento Platô Bela Cruz (em exploração

desde o início de 2009); implantação de estrada de 17,4 km ligando o

platô à planta da mina; construção de oficinas de manutenção e

escritórios, Platô Monte Branco (início de exploração previsto para

2012): instalação de linha de britagem, transportadores de correia e

oficinas. Realização de pesquisa mineral da bauxita nas áreas de

todos os platôs de Porto Trombetas.

5. Em relação à alumina, a Vale/Hydro Aluminum no projeto CAP

(Companhia de Alumina do Pará) na cidade de Barcarena iniciou em

outubro de 2008 a expansão de sua planta de produção em 2011 (1º

módulo). A produção inicial será de 1,8 Mtpa de alumina utilizando a

38

expansão da Mina de Paragominas com investimento de US$2,2

bilhões.

6. A Alunorte/Vale também na cidade de Barcarena concluiu em agosto

de 2008 a expansão da empresa com o objetivo de produzir 6,3

Mtpa.

Assim, as empresas atualmente responsáveis pela extração da bauxita

no Estado do Pará são: MRN, localizada no complexo mínero-industrial de

Porto Trombetas, no município de Oriximiná, a Vale, no noroeste do Pará no

município de Paragominas e Alcoa, no oeste paraense no município Juruti.

4.1.1 As operações da MRN

As operações da MRN em Porto Trombetas consistem na extração do

minério, beneficiamento, transporte ferroviário, secagem e embarque em

navios. Atualmente, a MRN está operando nas minas Saracá, Almeidas e

Avisos, onde o minério encontra-se a uma profundidade média de 8m, coberto

por vegetação densa e uma camada estéril, composta de solo orgânico, argila,

bauxita nodular e laterita ferruginosa (MRN, 2008).

FIGURA 13. ESTÁGIOS DA EXTRAÇÃO DE BAUXITA. Fonte: ALCOA apud ANDREU (2007).

A Figura 13 ilustra as etapas do processo de mineração da bauxita,

dependente de mecanização, e envolvendo as operações de desmatamento e

decapeamento (retiradas de camadas superficiais do solo). O minério é

encontrado próximo à superfície com uma espessura média de 4,5 m e sua

extração é geralmente realizada a céu aberto com o auxílio de

retroescavadeiras. Depois da extração, o minério é transportado até a estação

de britagem (redução do tamanho) para depois ser beneficiado (lavagem e

secagem).

39

O minério de bauxita, com 70 a 75% da massa, pode ser comercializado

tanto úmido quanto seco. Depois de beneficiada, a bauxita é transportada da

área da mina até o porto por uma ferrovia de 28 km de extensão. No porto, o

material pode ter dois destinos: parte vai para os três fornos secadores e parte

segue úmida para o pátio de estocagem. O produto seco é exportado e

embarcado com umidade de 5%, enquanto o produto úmido fica no mercado

interno e tem 12% de umidade (MRN, 2008).

O porto oferece infraestrutura para receber navios com capacidade

aproximada de 60 mil toneladas. As condições de navegação no rio Trombetas

potencializam a capacidade de escoamento da produção. Cerca de 60% do

minério de bauxita produzido em Trombetas é destinado à Alunorte em

Barcarena. O canal fluvial é o mais sinalizado da região Norte, com 63 sinais

luminosos em 110 milhas náuticas navegáveis e totalmente mapeadas

permitindo que os navios trafeguem (CPRM, 2008).

A Figura 14 ilustra o processo de produção da bauxita pela MRN, desde

a extração até o embarque de navios. A produção de bauxita compreende as

seguintes atividades, primeiro a lavra a céu aberto, que utiliza o método de

tiras, depois o beneficiamento e o transporte do minério. A lavra, ou seja, a

produção de bauxita é inteiramente mecanizada, sem uso de explosivos e

prevê não apenas a recomposição da área lavrada, com reposição do solo

retirado, mas também o reflorestamento, com plantio de espécies nativas

(MRN, 2006, apud, INSTITUTO OBSERVATÓRIO SOCIAL, 2008, p.21,).

40

FIGURA 14. PROCESSO DE PRODUÇÃO DA BAUXITA NA MRN. Fonte: MRN 2006 apud, INSTITUTO OBSERVATÓRIO SOCIAL (2008).

O beneficiamento corresponde à lavagem da bauxita bruta para remover

minerais de argila que são descartados como rejeito, e cerca de 70% a 75% da

massa retida como produto.

4.1.2 As operações da Vale

Na Mineração de Bauxita de Paragominas, empreendimento da Vale

para extração de bauxita no Pará, o refino da bauxita é realizado em duas

etapas. A primeira, perto da mina, separa a argila e a areia fina contidas no

minério. A segunda, na empresa Alunorte, em Barcarena, isola o óxido de

alumínio dos demais componentes da bauxita.

A bauxita produzida em Paragominas é transportada na forma de polpa

(50% em sólidos) para a Alunorte por um mineroduto de 244 km. Na Alunorte, a

bauxita é desaguada, até 12% de umidade, através de filtros hiperbáricos

(filtros a discos inseridos dentro de uma câmara pressurizada).

O minério de bauxita de Paragominas possui teores médios de 50% de

alumina aproveitável, 4% de sílica reativa, granulometria abaixo de 65#" e

umidade de 12 a 13%. A produção compreende três atividades: a lavra que é a

extração da bauxita do local onde está depositado, o beneficiamento, ou seja, o

processo de preparação da bauxita (britagem, lavagem, classificação, moagem

e a recuperação da água) e o transporte, que é conduzido por um mineroduto

41

até a Alunorte, em Barcarena. A polpa (bauxita e água) apresenta 50% de

minério moído e 50% de água, sendo bombeado, através do mineroduto

subterrâneo com meio metro de diâmetro, atravessando sete municípios

paraenses (Paragominas, Ipixuna do Pará, Tomé-Açu, Acará, Moju,

Abaetetuba e Barcarena).

A produção de Paragominas atenderá à demanda da Alunorte, podendo

expandir de 4,5 a 9,0 milhões de toneladas/ano de bauxita. Os grandes

desafios superados pela empresa foram o mineroduto de 244 km que liga a

mina até a refinaria em Barcarena e a linha de transmissão de 230KV, ligando

a mina à subestação de Vila do Conde, da Eletronorte.

Em 2008 a produção de bauxita no Pará, alcançou novo recorde, de

11,6 Mt, registrando aumento de 27,6% comparado ao recorde anterior de 9,1

Mt, em função do empreendimento de Paragominas.

4.1.3 As operações da Alcoa

Na mina de Juruti, oeste paraense, empreendimento desenvolvido pela

Alcoa, o trabalho de mineração foi iniciado em 2008, as áreas a serem

recuperadas seguirão as mesmas práticas de excelência adotadas em Poços

de Caldas (MG) e nas operações similares.

O beneficiamento de bauxita é realizado nas instalações industriais

situadas a cerca de 60 quilômetros da cidade de Juruti nas proximidades do

platô Capiranga. O terminal portuário de Juruti terá capacidade para acomodar

navios de 75 mil toneladas. O porto está localizado a dois quilômetros do

centro do município e fica à margem do rio Amazonas. A ferrovia terá

aproximadamente 50 quilômetros de extensão e operará com 40 vagões, cada

um com capacidade de 80 toneladas. Longos trechos da ferrovia serão

construídos paralelamente à rodovia estadual PA-257, que também ganhará

melhorias como asfalto e ciclovias, nos trechos que atravessam áreas

habitadas.

A Alcoa também possui 8,5% de participação nas atividades da MRN,

em Porto Trombetas, Oriximiná (PA). A partir da bauxita minerada em Poços de

42

Caldas (MG) e na MRN, a Companhia produz alumina nas refinarias de São

Luís (MA) e Poços de Caldas. A maior parte desse material passa pelo

processo de redução nessas mesmas unidades, sendo transformado em

alumínio.

4.2. A PRODUÇÃO DE ALUMINA

Depois de minerada a bauxita é transportada para a fábrica, chega em

seu estado natural, com impurezas que precisam ser eliminadas, iniciando-se a

primeira reação química da série que vai viabilizar a obtenção da alumina.

Para produzir alumina necessita-se de bauxita, combustíveis energéticos

e outros insumos, cuja quantidade consumida varia com a qualidade de bauxita

utilizada. Na Tabela 7 são descritos os parâmetros de consumo da alumina.

TABELA 7 – INSUMOS PARA PRODUZIR UMA TONELADA DE ALUMINA - 2006. INSUMO QUANTIDADE

Bauxita 1,85 a 3,4 t/t Cal 10 a 50 kg/t Soda cáustica 40 a 140 kg/t Vapor 1,5 a 4,0 t/t Óleo combustível (calcinação) 80 a 130 kg/ t Floculante sintético 100/1000g/t Energia elétrica 150 a 400 kw/t Produtividade (homem hora/t) 0,5 a 3,0 Hh/t Água 0,5 a 2,0 m3/t

Fonte: ABAL - Associação Brasileira do Alumínio (2008).

A etapa do refino da bauxita ocorre a partir de cinco estágios principais:

moagem, digestão, filtração/evaporação, precipitação e calcinação. Parte

desse processo é realizada na chamada área vermelha (entrada da bauxita) e

parte na área branca (entrada do licor rico). A Figura 15 mostra os principais estágios do refino. Inicialmente, a

bauxita é moída com solução cáustica e cal em moinhos conjugados, formando

uma polpa de bauxita. Em seguida, a polpa e a solução pré-aquecida de soda

cáustica são transferidas aos digestores, onde o hidrato de alumina é

dissolvido, formando o licor de aluminato de sódio e impurezas. A solução que

43

contém o aluminato de sódio e os resíduos de bauxita em suspensão é

transferida para os espessadores onde, com auxílio de agentes floculantes, os

resíduos são separados por sedimentação, formando uma lama densa, a “lama

vermelha”. Essa é então lavada e filtrada para recuperar o residual de soda,

sendo transferida com baixo teor de umidade para o depósito de rejeitos.

FIGURA 15. PRINCIPAIS ESTÁGIOS DO REFINO DA BAUXITA. Fonte: Alunorte (2009).

O Brasil é o quarto maior produtor mundial de alumina e possui a maior

fábrica de alumina do mundo - a Alunorte, refinaria criada para produzir e

comercializar alumina no Estado do Pará, cuja planta industrial está localizada

no município de Barcarena. A empresa entrou em operação, em 1995, com

duas linhas de produção e capacidade para 1,1 Mt/ano de alumina, contando

com 455 funcionários diretos e 100 indiretos, uma produtividade média de 2,1

mil t por funcionário.

Nos anos subsequentes a capacidade foi ampliada e atingiu 1,6 Mt/ano

de alumina com o objetivo de torná-la a maior refinaria de alumina do mundo.

De 2000 a 2003 foi realizada a primeira expansão da fábrica, com a construção

da terceira linha de produção, ampliando novamente a capacidade de produção

de 1,6 Mt para 2,5 Mt/ano de alumina. Neste mesmo ano a segunda expansão

foi aprovada e foram iniciadas as obras.

A conclusão da segunda expansão terminou no primeiro semestre de

2006, elevando a capacidade de produção para 4,4 Mt/ano de alumina,

44

consolidando a Alunorte como a maior produtora de alumina do mundo. Em

2008, a Alunorte concluiu as obras da terceira expansão, atingindo 6,26 Mt/ano

de alumina. Para tanto, a empresa precisou investir 2,2 bilhões de reais em três

anos.

Atualmente a Alunorte tem entre seus acionistas as seguintes empresas:

Vale e Companhia Brasileira do Alumínio (Brasil); Norsk Hydro (Noruega);

NAAC, Japan Alunorte Investment Co. - Jaic e Mitsui (Japão). Sua composição

acionária atual está distribuída conforme a Figura 16.

Vale 57,03%NORSK HYDRO 

ASA; 34,03%

CBA 3,62%

NAAC 2,43%

MITSUI1,47% JAIC 

0,77%

FIGURA 16. COMPOSIÇÃO ACIONÁRIA DA ALUNORTE. Fonte: Alunorte (2009).

A produção da Alunorte é comprada pelos acionistas, de forma

proporcional à sua participação. A maior fatia fica com a Vale, que detém 57%,

e o restante distribuídos entre os sócios minoritários. Aproximadamente 85%

da produção da Alunorte são destinadas para a Europa, América do Norte e

Ásia. O restante abastece as produtoras nacionais de alumínio primário Valesul

(RJ) e Albras em Barcarena.

4.3. A PRODUÇÃO DE ALUMÍNIO PRIMÁRIO

A única empresa produtora de alumínio primário no Pará é a Albras,

empresa que foi criada em 1978 pela NAAC (49%) e a Vale (51%) instalada no

45

município de Barcarena, mas suas operações iniciaram-se apenas em 1985.

Essa empresa tem a maior capacidade de produção instalada do Brasil. A

composição acionária é formada pela associação da Vale e da NAAC – Nippon

Amazon Aluminium Co. Ltdo., consórcio de empresas japonesas e o Japan

Bank for International Cooperation.

O minério de alumínio das reservas bauxitíferas do Pará foi o

responsável e o motivador maior para a construção da Hidrelétrica de Tucuruí,

objetivando atender aos complexos de produção de alumina-alumínio da

Alunorte e da Albras, no município de Barcarena, e do Consórcio de Alumínio

do Maranhão (Alumar), em São Luís (MA). De todos os processos industriais, a

conversão da bauxita em alumínio primário é o que mais consome energia.

A produção do alumínio primário é realizada em três etapas: a primeira

da mineração da bauxita (4,5 toneladas para uma tonelada de metal), a

segunda da indústria química de produção de alumina (2 toneladas para 1 de

metal) e, finalmente, a fase metalúrgica, e de redução eletrolítica, consumidora

intensiva de energia elétrica.

O alumínio é obtido através da redução da alumina. Os principais

insumos para a produção de alumínio durante a redução são alumina e energia

elétrica. A Figura 17 mostra o processo completo da redução.

FIGURA 17 - ETAPAS DO PROCESSO DE REDUÇÃO DA ALUMINA. Fonte: ABAL (2008).

Portanto, os principais insumos desta última fase da cadeia produtiva da

bauxita são a alumina e a energia elétrica (Tabela 8), sendo esta responsável

por mais de 40% do custo da produção do alumínio primário, o que justifica a

localização das refinarias em áreas abundantes em energia elétrica.

46

TABELA 8 - PRINCIPAIS INSUMOS PARA A PRODUÇÃO DE UMA TONELADA DE ALUMÍNIO PRIMÁRIO A PARTIR DA ALUMINA NO ESTADO DO PARÁ – 2006.

Insumo Quantidade

Alumina 1920 Kg

Energia elétrica 15,0 KWhcc

Criolita 7,4 kg

Fluoreto de alumínio 19,7 kg

Coque de petróleo 0,38 kg

Piche 0,117 kg

Óleo combustível 44,3 kg

Fonte: ABAL (2008).

A redução da alumina em alumínio primário consiste na dissociação

eletrolítica da alumina dissolvida num banho de criolita fundida a baixa tensão.

A alumina se decompõe em oxigênio, que combina com o carvão do anodo,

desprendendo-se sob a forma de gás, e em alumínio líquido, que se precipita

no fundo da cuba. Nessa etapa, realizada em cubas eletrolíticas com

temperaturas que chegam a quase 1000ºC e banho de criolita fundida, a

alumina é transformada em alumínio metálico através do chamado processo

Hall-Héroult, no qual ocorrem as reações de eletrólise. A voltagem de cada

uma das cubas, ligadas em série, varia de 4 a 5 volts, dos quais apenas 1,6

volts são necessários para a eletrólise propriamente dita. A diferença de

voltagem é necessária para vencer resistências do circuito e gerar calor para

manter o eletrólito em fusão.

São necessárias de quatro a cinco toneladas de bauxita para produzir

duas toneladas de alumina, que ao ser reduzida, produz uma tonelada de

alumínio primário. A alumina é um termo químico específico para definir óxido

de alumínio (Al2O3). Porém, na prática comercial, existe uma grande variedade

de aluminas que recebem uma série de adjetivos, tais como calcinada, baixa

soda, hidratada, gama, tabular, eletrofundida e outras.

O alumínio metálico é apresentado sob a forma de lingotes, placas ou

tarugos (alumínio primário), formas que facilitam o transporte. No restante da

cadeia produtiva, as indústrias metalúrgicas fabricam os produtos semi-

acabados como chapas, bobinas, fios e cabos, e depois os produtos acabados,

47

geralmente vinculados aos setores de máquinas e equipamentos, bebidas,

farmacêutico, indústria química, automotiva, construção civil, transmissão e

distribuição de energia elétrica. A última etapa da cadeia produtiva é a

reciclagem de alumínio. O alumínio possui características físicas que

favorecem a sua utilização: é um metal resistente, anticorrosivo, muito leve e

maleável, além de excelente condutor de calor e eletricidade.

No caso do alumínio primário, a produção em 2008 caiu ligeiramente, de

551,0 kt em 2007 para 543,0 kt, face à redução de 8,0 kt na Valesul. O

alumínio é atualmente o terceiro maior negócio no portfólio da Vale.

48

5. REFERENCIAL TEÓRICO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Nesta seção apresenta-se o arcabouço teórico da pesquisa a “Teoria

dos efeitos em cadeia”, com o intuito de sistematizar um modelo (premissas ou

pressupostos teóricos) que sustente a interpretação dos dados e a revisão

bibliográfica ampla e detalhado sobre o desenvolvimento da cadeia produtiva

da bauxita-alumina-alumínio primário no Estado do Pará. Nesta seção, se

descreve o arcabouço teórico da economia do Insumo-Produto, baseada no

pensamento do Wassily Leontief, que desenvolveu as técnicas de aplicação da

matriz insumo-produto (MIP) voltados para o planejamento e o

desenvolvimento econômico.

5.1 A TEORIA DOS EFEITOS EM CADEIA

A teoria dos efeitos em cadeia surgiu no âmbito do diagnóstico do

subdesenvolvimento proposto pelo economista Albert O. Hirschman (1976).

Essa teoria trata mais precisamente de como buscar o desenvolvimento

econômico dos países subdesenvolvidos, sendo considerada uma grande

contribuição para as teorias do desenvolvimento econômico e para a economia

em geral.

Segundo Silva (2005), Hirschman considera que o desenvolvimento dos

países subdesenvolvidos depende de investimentos consecutivos a serem

realizados dentro da própria estrutura produtiva. A seleção daquela sequência

recairia sobre aquela que promovesse o maior desequilíbrio, proporcionando o

aparecimento de investimentos induzidos.

A existência de uma cadeia é definida pela origem de pressões para

uma sequência de investimentos promovida pelo desequilíbrio das relações de

insumo-produto dando origem a novas atividades. A partir de duas

possibilidades, a derivada dos efeitos dos encadeamentos para trás e a

derivada dos efeitos dos encadeamentos para frente.

Surgiu nesse contexto o conceito de “encadeamento para frente e para

trás” (backward and forward linkages). Hirschman definiu:

[...] efeitos em cadeia de uma dada linha de produto como forças geradoras de investimentos que são postas, através das relações de

49

insumo-produto, quando as facilidades produtivas que suprem os insumos necessários à mencionada linha de produto ou que utilizam sua produção são inadequadas ou inexistentes (HIRSCHMAN, 1976, p. 11-12).

Os “efeitos para trás”, “efeitos em cadeia retrospectivos” ou “efeitos a

montante” seriam novos investimentos no setor de fornecimento dos insumos

(input-supplying) para uma determinada linha de produto, ou seja, quando esta

não existe ou é ineficiente para suprir o fornecimento dos insumos, a pressão

exercida pela demanda por insumos induziria a formação de indústrias

fornecedoras de insumos.

Os “efeitos dos encadeamentos para frente”, “efeitos prospectivos” ou

“efeitos a jusante” levarão a novos investimentos no setor da utilização da

produção (output-using), ou seja, quando as instalações produtivas inexistisem

ou fossem insuficientes para demandar a produção.

A indústria e a industrialização foram referências para o conceito de

efeitos em cadeia, pois geram efeitos em cadeia retroativos e prospectivos de

variedade e profundidade consideráveis (HIRSCHMAN, 1976). Portanto, estes

conceitos tiveram aplicabilidade também nos setores de produção primária,

identificando a relação existente entre a tese do produto primário de exportação

(staple thesis) e o conceito de efeitos em cadeia.

Através dos estudos aprofundados da versão original da staple thesis de

Horold Innis realizados por economistas e historiadores econômicos

canadenses, tentou-se mostrar a experiência do crescimento econômico de um

país novo que seria influenciado pela exportação dos produtos primários

específicos para os mercados internacionais.

Essa contribuição de Horold Innis para Hirschman:

É uma tentativa para descobrir em seus pormenores como uma coisa leva à outra por meio das exigências e influências do produto primário de exportação, de facilidades de transporte a modelos de acordos, e à criação de novas atividades econômicas (HIRSCHMAN, 1976, p. 12).

Hirschman considera que os rendimentos gerados pela produção e

exportação dos produtos primários podem ser gastos inicialmente em

importação, tendo essas atingido um volume suficiente, poderiam ser

50

substituídas por indústrias domésticas. Esse mecanismo indireto em que

indústrias substitutivas de importação são criadas em consequência das

implicações do produto primário de exportação foram denominados “efeitos em

cadeia do consumo” (consumption linkages), contrastando com os “efeitos em

cadeia da produção” gerados a partir das repercussões retroativas e

prospectivas de mecanismo mais direto (HIRSCHMAN, 1976, p. 12).

Outro efeito indireto gerado da influência do produto primário de

exportação é o efeito em cadeia fiscal, gerado pela habilidade do Estado em

regular o fluxo de rendimento gerado pelo produto primário de exportação e

que o direciona para investimentos produtivos para diversas facções e grupos,

particularmente proprietários de minas e latifúndios.

Como citado por Hirschman (1976, p. 13), as atividades petrolíferas e de

mineração tiveram forte impacto dos efeitos fiscais, pois tem características de

“enclave”. O enclave é definido como a ausência de envolvimento com o

restante da economia e ausência de outros tipos de elos em cadeia.

A situação de enclave é adequada para o governo promover efeitos em

cadeia fiscais devido à ausência de elos. Como o enclave é um corpo estranho,

frequentemente de propriedade de estrangeiros, com o fim exclusivo de tirar

proveito de uma situação local favorável, o Estado tem autoridade para se

apropriar de parte do fluxo de rendimentos, originário do enclave, para seus

próprios objetivos (HIRSCHMAN, 1976, p. 13-14).

Alvarenga (2006) destaca que na região caracterizada como enclave, a

atividade de mineração não tem ligações em cadeia com os outros setores e

não desfruta de um desenvolvimento auto-sustentável. O enclave submete a

região, que se torna dependente da atividade mineral. Ainda, de acordo com

Pereira (1998), a formação de economias de enclave no Brasil expressa o

processo histórico do desenvolvimento regional brasileiro no qual predominam

setores controlados por grupos econômicos nacionais e internacionais.

Os efeitos fiscais em cadeia estão relacionados com a ausência de

efeitos em cadeia de produção (ou físicos) e de consumo, e vice-versa. No

entanto, o surgimento dos efeitos fiscais em cadeia favoráveis depende da

capacidade dos governos nacionais em taxar ou requerer uma participação nos

51

proventos originados de atividades do tipo enclave. Acredita-se que uma

atividade produtiva com muitos elos e efeitos em cadeia retrospectivos e

prospectivos, dificilmente seria alvo de efeitos fiscais em cadeia.

O efeito de repercussão fiscal depende da prontidão e da habilidade dos governos nacionais em taxar ou reivindicar uma participação nos proventos originados das operações de mineração e outras similares de tipo enclave (HIRSCHMAN, 1976, p. 14).

Um enclave é mais fácil de ser taxado do que atividades que impliquem

numa densa renda de efeitos. Como os efeitos fiscais ocorrem em maior

probabilidade se os enclaves forem estrangeiros, as empresas estrangeiras

estão mais vulneráveis a impostos do que as empresas nacionais, que não

teriam influência sobre o governo (HIRSCHMAN, 1976, p.15).

Dificilmente a habilidade de taxar o enclave é suficiente para atingir o

crescimento econômico, para tanto é necessário que os efeitos fiscais sejam

combinados com a habilidade de investir produtivamente nos demais setores. A

combinação das habilidades de taxar e investir seriam o ponto fraco dos efeitos

fiscais comparados com os efeitos diretos (HIRSCHMAN, 1976, p. 15).

Já os efeitos físicos e de consumo, principalmente este último, possuem

a vantagem de indicar as medidas a serem tomadas de acordo com a

substituição das linhas de produção existentes (ou da importação). O resultado positivo dos efeitos de taxação é difícil de ser alcançado,

porque não depende da velocidade e da capacidade do governo em taxar o

fluxo de renda originado pelo produto primário de exportação. De tal modo:

[...] isso acontece não porque os fundos que acabam nas mãos do governo sejam sistematicamente “desperdiçados”, porém, porque os empreendimentos assumidos pelos governos através dos efeitos fiscais são intrinsecamente mais difíceis do que os assumidos, frequentemente por capital privado, em conjunto com os efeitos físicos e de consumo HIRSCHMAN (1976, p. 15).

Para Hirschman (1976), não é aconselhável o Estado promover

habilidade de tributar e de investir para que os efeitos fiscais sejam um

mecanismo eficaz. Devido à probabilidade da ocorrência e do uso de

crescimento desequilibrado, nesse caso o melhor caminho seria examinar os

problemas e vantagens comparativas das trajetórias do crescimento

52

desequilibrado. Hirschman (op. cit.) distinguiu dois modelos de trajetórias do

crescimento desequilibrado:

[...] a trajetória desequilibrada é mais ordenada quando a habilidade de tributação se desenvolve anteriormente à habilidade para investir: os proventos fiscais são recolhidos antes que as autoridades tenham preparado um judicioso programa de projetos de investimento, adequados aos recursos disponíveis. Em casos extremos dessa falta de equilíbrio, a maior parte dos proventos fica acumulada na forma de reservas de divisas, como acontece frequentemente nos pequenos países que são grandes produtores de petróleo (HIRSCHMAN, 1976, p. 16).

E ainda existem situações em que a desproporção da renda crescente e

a habilidade de investi-la podem ampliar a burocracia, serviços sociais e gastos

públicos improdutivos, que podem continuar a se expandir por longo tempo por

falta de pressão no governo.

Por outro lado, se o governo motivar o desenvolvimento de outro setor

da economia ao invés do produto primário de exportação não terá a habilidade

de taxar os exportadores. A consequência é a inflação induzida pelo déficit ou

expansão do crédito gerando recursos fiscais e a solicitação de financiamento

estrangeiro. Esta trajetória desequilibrada é característica de países nos quais

o produto primário de exportação é controlado com eficiência nacional em

resistir à taxação.

Portanto segundo Hirschman (1976, p. 17):

[...] as cadeias de repercussões fiscais são restritas à participação direta do Estado no fluxo de renda gerado pelo setor exportador. Os investimentos das repercussões fiscais indiretas são provenientes da cobrança de direitos alfandegários de produtos primários, utilizados como esteio das finanças públicas. Em relação às repercussões fiscais diretas são utilizados para diversificar a economia tornando-a menos dependente do produto primário de exportação.

Finalmente, Hirschman (1976) sugere um conceito mais amplo e uma

nova subdivisão dos efeitos em cadeia, através das características ligadas às

atividades produtivas já desenvolvidas. Na medida em que essas atividades

impulsionam os agentes econômicos a dirigirem para uma nova atividade,

estamos em presença de efeito em cadeia. Todos os efeitos em cadeia

previamente mencionados cabem dentro desta definição.

53

A partir do conceito exposto, Hirschman considera dois tipos de efeitos

em cadeia. O primeiro é o “efeito em cadeia interior” em que os operadores

econômicos já comprometidos com a atividade em andamento (estão dentro da

situação) são impelidos a assumir a atividade adicional. Em segundo lugar o

“efeito em cadeia exterior” através de elementos externos, ou seja, as novas

atividades são assumidas tanto por aqueles envolvidos na atividade em

andamento como por estrangeiros ou pelo Estado.

Excluindo os efeitos fiscais, os quais são do tipo “exterior” por definição,

a nova subdivisão abrange todas as categorias anteriores de efeito em cadeia.

Efeitos em cadeia prospectivos e retrospectivos (exemplo de integração

vertical) podem ser tanto exteriores como interiores. As novas categorias dos

efeitos em cadeia constatam as vantagens e as desvantagens

desenvolvimentistas, em que o efeito em cadeia exterior tem vantagem de

mobilizar novos agentes e impedir concentração do poder econômico e a

vantagem dos efeitos em cadeia interior é de desenvolver iniciativas produtivas

dos empresários mais tradicionais (HIRSCHMAN, 1976, p. 21).

No entanto, na concepção de Hirschman, uma cadeia existe sempre que

uma atividade em andamento dá origem a pressões econômicas ou de outra

natureza que levam ao surgimento de uma nova atividade. No conceito mais

amplo de efeito em cadeia é possível também definir uma nova atividade como

aquela que passa a ser praticada num local diferente do anterior embora

resulte ainda no mesmo produto.

A cadeia interior existe quando algumas características da atividade em

andamento atraem seus operadores a mudarem para outro local, mesmo se

estes não planejam, ao menos de início, dedicar-se a uma nova atividade.

Dependendo das circunstâncias sociais, demográficas e políticas a iniciativa

para um desenvolvimento cumulativo (se ocorrer), o desenvolvimento depende,

ao contrário de uma cadeia externa.

Em relação à repercussão em cadeia do tipo exterior que se inicia no

produto primário e vai até a ação do Estado destacam-se duas funções: a

primeira é quando o Estado assume a função de ofertar infraestrutura

garantindo um serviço quando os produtores não têm capacidade para fazê-lo

54

por conta própria ao invés de somente taxar os produtos primários. Outra

repercussão em cadeia exterior é a da estabilização dos preços dos produtos

tropicais através das políticas cambiais. Por outro lado, enclaves minerais e de

petróleo são atividades com menor probabilidade de obter assistência de

estabilização de preços, porque respondem às baixas nos preços através de

cortes na produção.

Para Hirschman (1976), a relação dos países periféricos com o centro

capitalista através da exploração de produtos primários pode gerar o

empobrecimento da população e o esgotamento de seus recursos naturais.

Isso acarreta o desaparecimento da indústria doméstica devido somente ativar

efeitos em cadeia prospectivos que dependem de tecnologia estrangeira ao

invés de efeitos de repercussão de consumo e fiscal. Espera-se que através da

teoria da estratégia do desenvolvimento em cadeia produtiva pode-se salientar

essa contribuição e entender a formação dos efeitos em cadeia da mineração,

mais precisamente da cadeia produtiva do alumínio em região subdesenvolvida

– o Estado do Pará.

5.2 A TEORIA BÁSICA DE INSUMO-PRODUTO

O economista francês François Quesnay contribuiu para formar as

primeiras idéias do modelo de insumo produto. Em 1758, publicou o Tableau

Économique (Quadro Econômico), a primeira sistematização do encadeamento

dos fatos econômicos que mostrou a circulação do excedente entre as

atividades, a partir da agricultura. O modelo descrevia a interdependência das

relações econômicas: os processos de produção, a circulação da moeda e das

mercadorias, e a distribuição da renda entre três classes sociais. Na sua

análise, figuram as relações econômicas entre a classe produtiva (capitalistas e

trabalhadores voltados à produção agrícola), a classe estéril (capitalistas e

trabalhadores ligados à indústria) e a classe ociosa (os donos de terras que

consumiam o excedente produzido pela classe produtiva). (HUNT, 1981, p. 58).

Mais tarde, em 1874, Léon Walras publica a obra Elements d’ économie

politique pure ou théorie de la richesse sociale, na qual desenvolveu a Teoria

do Equilíbrio Geral, demonstrando que o preço de uma mercadoria dependia

55

do preço de todas as outras mercadorias (TOSTA; LIRIO; SILVEIRA, 2004, p.

244). Segundo Mochón e Troster (1999, p. 150), Walras pretendia formular um

processo mediante o qual se poderia estabelecer um equilíbrio “geral”, isto é,

um processo que levasse em conta a interrelação de todas as atividades

econômicas, empregando um sistema de equações simultâneas, susceptíveis

de uma solução matemática determinada.

Dadas as equações do equilíbrio geral de Walras e a noção de

interdependência econômica de Quesnay, na década de 1930 destacou-se a

grande contribuição do economista russo Vassily Leontief, para o

desenvolvimento da teoria insumo-produto.

Uma economia funciona, em grande parte, para equacionar a demanda e a oferta dentro de uma vasta rede de atividades. O que o economista W. Leontief, fundador da análise de insumo-produto, conseguiu realizar a construção de uma “fotografia econômica” da própria economia, pela qual ele mostrou como os setores estão relacionados entre si, ou seja, quais setores suprem os outros com serviços e produtos e quais setores compram de quais. O resultado foi uma visão única e compreensível de como a economia funcionar como cada setor se torna mais ou menos dependente dos outros (GUILHOTO E SESSO FILHO, 2005b, p. 11).

O interesse de Leontief pela economia do insumo-produto remonta à sua

mocidade e seu aprofundamento lhe garantiu o Prêmio Nobel de Economia em

1973.

O método de insumo produto pode ser então, considerado uma

adaptação da teoria neoclássica do equilíbrio geral para o estudo empírico da

interdependência quantitativa entre atividades econômicas interrelacionadas

com uma solução mais rápida dos problemas através da simplificação de

equações, tornando mais reduzido e inteligível o sistema de Walras.

Para Guilhoto e Sesso Filho (2005), as relações fundamentais de

insumo-produto através da matriz mostram que as vendas dos setores podem

ser utilizadas dentro do processo produtivo pelos diversos setores compradores

da economia e podem ser consumidas pelos diversos componentes da

demanda final (famílias, governo, investimentos, exportações).

Um conjunto de equações lineares determina todas as transações

agregadas em termos de insumo-produto dentro da economia, ou seja,

56

retratam uma economia complexa com várias transações de bens e serviços

entre os agentes econômicos, e permitem a análise “interindustrial” ou de

“insumo-produto”.

Na verdade, o modelo considera o padrão relativamente estável do fluxo

de bens e serviços entre os componentes da economia analisada, com o

objetivo de gerar um quadro estatístico bem detalhado do sistema, com

condições de assegurar a análise da teoria econômica.

Os princípios do método são as transações agrupadas em grandes

setores de produção, distribuição, transporte e consumo, organizados numa

matriz (linhas e colunas). As linhas mostram os valores da distribuição da

produção de cada setor da economia entre os outros setores e as colunas

mostram como cada setor obtém dos outros os insumos necessários de bens e

serviços. Cada valor de qualquer linha é também um valor numa coluna, e a

produção de cada setor é mostrada como o insumo de outro (LEONTIEF,

1983).

Leontief (op. cit.) considerou que essa contabilidade de partidas

dobradas da tabela de insumo-produto revelava o tecido de nossa economia,

costurado pelo fluxo comercial que vincula cada ramo e indústria a todos os

outros. Esse tipo de tabela pode ser elaborada com maior ou menor detalhe,

segundo a disponibilidade de dados e os propósitos do trabalho.

Sandroni (2001, p. 344) destaca que

cada setor absorve insumos de outros setores, além de produzir bens e serviços que serão utilizados, por sua vez, por outros setores, para serem processados ou para o consumo final. E com o uso desse quadro, é possível detectar as consequências que uma mudança num setor da economia trás para outros setores e para o conjunto.

Desde a primeira publicação da primeira tabela de insumo-produto nos

Estados Unidos até hoje, essa técnica tem mostrado a sua eficácia em estudos

de sistemas econômicos de uma economia nacional, durante um determinado

período de tempo, aplicada à um número crescente de países. Pode ser

utilizada em estudos de sistemas econômicos menores, como uma área

metropolitana, ou até em uma grande empresa individual integrada, e na

análise das relações econômicas internacionais.

57

A tabela de insumo-produto é construída em termos de valor dos fluxos

intersetoriais, são medidos em unidades físicas, e pode ser interpretada como

um sistema de contas nacionais. Todas as entradas dessa tabela representam

quantidades dos bens e serviços específicos. E quanto mais desenvolvida a

economia, mais a sua estrutura interna se assemelha aquela de outras

economias desenvolvidas.

O modelo de insumo produto é baseado em duas hipóteses

fundamentais segundo Santana (1997): a hipótese de coeficientes fixos e a

hipótese de agregação. A primeira implica que a tecnologia permanece

inalterada no tempo, que não há substituição de fatores, mesmo quando

mudam os preços relativos, e que não há economias ou deseconomias

externas. A segunda está relacionada aos erros de agregação ao combinar

indústrias dentro de um determinado setor. Considerando que as indústrias

dentro de um mesmo setor são homogêneas e diferentes somente das

indústrias de outros setores. A primeira hipótese pode ser aceita em um

horizonte de curto prazo e a segunda pode ter seus efeitos reduzidos, a medida

que a economia é estruturada de modo mais desagregado.

5.2.1 Trabalhos relacionados com a análise insumo-produto

A teoria e as aplicações de insumo-produto até hoje continuam

considerando as idéias do seu formulador, Wassily Leontief. Nesta seção,

apresentamos uma breve resenha e alguns trabalhos que utilizaram o modelo

de insumo-produto para a economia brasileira e regional (Estado do Pará).

Montoya e Finamore (2005) identificaram e delimitaram agrupamentos

produtivos que configuram o complexo lácteo gaúcho. Para tanto, empregaram

as informações estatísticas das relações intersetoriais contidas na matriz de

insumo produto e verificaram que a produção de leite natural é quase que

integralmente destinada para a demanda intermediária, em particular para a

indústria gaúcha de leite beneficiado e outros laticínios.

Já Guilhoto e Sesso Filho (2005) estudaram a estrutura da economia da

Região Amazônica baseando-se na teoria insumo-produto. Através dos fluxos

58

de bens e serviços, dos indicadores econômicos, dos multiplicadores de

produção, e emprego, e dos índices de relações intersetoriais de Rasmussem-

Hirschmam (puros totais normalizados) identificaram a estrutura produtiva e

setores-chave heterogêneos e dependentes do resto do Brasil, ainda que o

fluxo de bens e serviços seja maior entre a região e os outros estados de

dentro da própria Amazônia Legal. No entanto, com a análise da decomposição

dos multiplicadores setoriais verificou-se que o aumento de produção setorial

em qualquer dos Estados da Amazônia, influencia mais fortemente o restante

do país do que a Região Amazônica.

Por outro lado, Filgueiras et al. (2006), analisaram a agroindústria animal

no Estado do Pará, em relação à geração de produto, emprego e renda e

também para identificar se este setor é chave na economia estadual

considerando dados secundários e utilizando como metodologia a matriz de

insumo-produto, correspondente ao ano de 1999. Concluiu que tal setor tem

grande valor para a economia paraense, uma vez que as relações intersetoriais

são fortes à montante, isto é, em relação às atividades fornecedoras de

insumos e serviços. Em relação ao multiplicador de emprego, das atividades

em análise, a agroindústria animal registrou o maior potencial em geração de

emprego. Também destacou-se que a agroindústria animal é uma atividade

chave na economia regional, devido a seus efeitos de linkagens para trás e

para frente serem superiores à unidade ou muito próximos de um.

Outro estudo regional partiu de Pereira (2007), utilizando a matriz de

insumo-produto dos anos de 1999 e 2002, analisou as relações intersetoriais

do setor de energia elétrica sobre os demais setores econômicos do Estado do

Pará. Como resultado da pesquisa, o setor energético é um importante setor

para gerar emprego, renda e produto, consolidando-se como um setor chave

no crescimento da economia paraense. Conclui-se que no sentido de

Hirschman o setor energético foi classificado como setor-chave, dinâmico pela

sua capacidade em responder aos impulsos exógenos e, por conseqüência,

desencadear um grande impulso em toda a economia paraense.

No âmbito dos minerais, Pereira (2004) teve como objeto de

investigação o setor produtivo dos minerais não metálicos da região Norte.

59

Destacando a investigação e a análise dos impactos gerados no setor sobre

outras atividades econômicas de sua cadeia produtiva setorial, através das

suas ligações intersetoriais para trás e para frente e seus multiplicadores da

renda e do emprego sobre a região analisada. Utilizando a matriz de insumo-

produto identificou que o desenvolvimento do setor produtivo dos minerais não

metálicos depende das importações de insumos e de bens de capital de outras

regiões, e da demanda dos demais setores regionais por seus produtos.

Carvalho (2006) também desenvolveu estudo setorial comparativo da

mineração não metálica com abordagem da MIP e MCS para os anos de 1985

e 1999, com objetivo de averiguar até que ponto a indústria dos minerais

metálicos pode ser, ainda, considerada uma economia de enclave mineral ou

caminha para se tornar uma indústria-chave para a economia da Amazônia.

Concluindo que o desenvolvimento integrado do setor produtivo dos minerais

metálicos depende das importações de insumos estratégicos e de bens de

capital de outras regiões e a demanda por seus produtos depende do

desenvolvimento dos demais setores regionais.

Recentemente, Girard (2010), analisou o encadeamento intersetorial que

a mineração metálica desempenha com os demais setores da economia do

estado do Pará com base na matriz de insumo-produto (MIP) de Leontief, nos

anos de 1999 e 2003. Como resultado da pesquisa, apontou que o setor de

mineração metálica tem baixa capacidade de irradiar seus efeitos

multiplicadores de emprego na economia regional. Portanto, o setor mineração

metálica no estado do Pará apesar de apresentar multiplicadores de produção

e renda significativos, esses efeitos não são perceptíveis ao desenvolvimento

regional em razão de sua característica de economia de enclave de exportação

pela ausência de elos à jusante na economia paraense.

60

6. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para alcançar os objetivos que este estudo se propõe, a presente seção

tem por objetivo apresentar a metodologia do insumo produto. Embora existam

várias aplicações da teoria insumo-produto para realizar análises estruturais,

serão aqui considerados apenas os desenvolvidos baseados nos trabalhos de

Guilhoto e Sesso Filho (2005), Tosta, Lirio e Silveira (2004) e Santana (1997).

6.1 FONTE DE DADOS

Para tornar possível a análise do impacto do setor bauxita-alumina-

alumínio, trabalha-se com a matriz desagregada inter-regional de insumo-

produto do Estado do Pará que foi estimada para o ano de 2003 pelo professor

Antônio Cordeiro de Santana10, que se baseia na última matriz de insumo-

produto da Amazônia Legal, no ano de 1990, desenvolvida pelos consultores

Joaquim José Guilhoto e Umberto Sesso Filho para o Banco da Amazônia

(GUILHOTO & SESSO FILHO, 2005b). Tal matriz representa as relações

intersetoriais do Pará, descrevendo a estrutura produtiva. Os dados originais

estavam distribuídos entre os 90 setores da economia, de forma análoga ao

nível de agregação das tabelas de recursos e usos divulgadas pelo IBGE. Em

função disso, o presente trabalho se limita ao ano de 2003, devido à

indisponibilidade de dados atuais, ou seja, a MIP atualizada. Por outro lado,

existem projetos em andamento de órgãos de pesquisa estaduais para

atualizar a matriz para anos subseqüentes ao de 1999, por se tratar de um

instrumental analítico importante para o planejamento econômico.

Finalmente, para o estudo, agregaram-se os 90 setores em 22, sendo

necessário à desagregação do setor bauxita-alumina-alumínio primário, para

melhor representação do comportamento deste setor na economia paraense (o

apêndice apresenta a agregação aqui empregada).

10 D.Sc. em Economia Rural, Professor Adjunto da Ufra. Email: [email protected].

61

6.2 O MODELO DE INSUMO-PRODUTO DE UMA ECONOMIA REGIONAL

Segundo, Montoro (1994), a Matriz Insumo-Produto (MIP) é um

instrumental de grande valia para o planejamento, previsão e avaliação de

impactos sobre a economia de uma região, estado e/ou país. Portanto, através

do método, o planejador possui amplo conhecimento das relações econômicas

para reordenar a produção de um setor de bem ou serviço e ter o

conhecimento do impacto gerado, ou seja, graças ao aumento da produção de

um único setor, pode-se estimar as necessidades dos demais setores.

A MIP representa uma radiografia da estrutura da economia, pois

registra o que cada setor compra e vende para outros setores, considerando

bens e serviços intermediários (ou intersetoriais) e permite a identificação dos

“gargalos” e deficiências do setor. Dessa forma, tem sido amplamente utilizada

em todas as partes do mundo, graças à sua operacionalidade enquanto

poderoso instrumento econômico de resultado.

Metodologicamente o modelo se baseia na teoria do equilíbrio geral,

desenvolvido para o estudo empírico da interdependência quantitativa entre as

atividades econômicas inter-relacionadas. Para tal, são descritos, por um

conjunto de equações lineares, que representam os fluxos de bens e serviços

na economia e a estrutura do processo de produção de cada setor, em dada

unidade política-administrativa ou geográfica (TOSTA, et al, 2004).

Segundo Santana (1997), o modelo matemático desagrega a produção

nos fluxos de transações intermediárias (ou demanda intermediária) e final (ou

demanda final) entre n setores de produção considerados. As informações

contidas nas colunas indicam todas as transações de compra de bens e

serviços intermediários de outros setores, além do valor agregado. Por outro

lado, as linhas mostram a desagregação das vendas de insumos para outros

setores, em nível de transação intermediária, mais as vendas aos

consumidores finais ou demanda final. O autor destaca ainda que a matriz de

insumo-produto representa o tecido da economia, costurado pelo fluxo

comercial que conecta cada setor aos demais.

62

Com base nesses princípios, a MIP opera dividida em três sub-matrizes

visualizadas na Figura 18 e, definidas a seguir: a primeira representa a

demanda intermediária, a segunda se refere ao valor agregado bruto e a

última, a sub-matriz da demanda final, e é denominado de modelo aberto, pois

não há interação direta entre valor adicionado e demanda final (SANTANA,et.

al 2006).

depreciação

Sub-matriz desagregada do valor agregado bruto

Desagregação por setores dos

pagamentos a fatores de produção, títulos e

depreciação

Sub-matriz desagregada

da demanda final

Sub-matriz desagregada da demanda intermediária

Destino dos bens finais

Destino dos bens intermediários

Origem dos bens intermediários

Origem dos bens finais

FIGURA 18 - REPRESENTAÇÃO DAS TRÊS SUB-MATRIZES DA MIP DE LEONTIEF. Fonte: Pereira (2004).

A sub-matriz da demanda intermediária refere-se aos fornecimentos e

aquisições de insumos de cada setor em relação a si próprio (intra-setorial) e

aos demais setores (intersetorial), revelando o grau de interdependência de

cada setor em relação àqueles que adquirem sua produção e àqueles que

fornecem os insumos de que necessita para realizar sua produção. Na linha o

63

produto de cada setor entra como insumo para o outro (na coluna) que efetiva

a compra. Por exemplo, o produto gerado no setor primário é vendido na

proporção x11 para o próprio setor (primário), x12 para o setor secundário e x13

para o setor terciário. As colunas, indicam as compras que cada setor efetua

dos demais. Deste modo, o setor primário compra a quantidade x11 do próprio

setor, x21 do setor secundário e x31 do setor terciário. Portanto, xij é o valor do

consumo intermediário do i-ésimo produto indispensável à produção de uma

unidade monetária do j-ésimo produto. Quanto maiores forem esses balanços,

maiores são as ligações intersetoriais da economia (SANTANA et al. 2006, p.

8).

A matriz de demanda intermediária permite a definição de duas outras

matrizes de suma importância para análise, são elas: a matriz de coeficientes

técnicos (ou efeitos diretos) que mostra as relações entre os diferentes setores

revelando a origem dos insumos por unidade de valor bruto da produção,

indispensáveis a cada setor para realizar a sua produção e a matriz de

coeficientes diretos e indiretos (ou efeitos globais e ou de impactos de Leontief)

que apresenta as repercussões totais das necessidades de insumos em toda a

economia, ocasionadas das alterações quantitativas unitárias em quaisquer

dos componentes da demanda final.

Por outro lado, a sub-matriz do valor agregado bruto (VAB) é constituída

pelas remunerações dos fatores de produção na forma de salários (S), juros

(J), aluguéis (A), lucros (L) e impostos líquidos – impostos diretos e indiretos

menos transferências e subsídios (T) e depreciação (D), gerados por setor

durante a utilização dos insumos.

Ainda para Santana et al. (2006, p. 8), na sub-matriz do VAB as linhas

representam a oferta dos fatores de produção para os setores da economia e,

as colunas indicam os pagamentos desses fatores, existindo um balanço entre

oferta e demanda no mercado de fatores produtivos. Deste modo, VA1

representa o pagamento dos fatores produtivos que o setor primário realiza VA2

os pagamentos realizados pelo setor secundário e VA3 os efetuados pelo setor

terciário.

64

A sub-matriz da demanda final compreende os gastos de consumo (C)

das famílias, os investimentos (I) realizados na formação de capital fixo pelas

empresas e pelo governo, e as exportações (E) de bens e serviços para o resto

do mundo. Assim, a quantidade de produto do setor primário que excede a

demanda intermediária (X11+X12+X13) é vendida para a demanda final,

destinando C1 para o consumo das famílias e do governo, I1 para a formação

bruta de capital e E1 para as exportações Santana et al. (2006, p. 8). Por último,

o valor bruto da produção (VBP) representa a soma da demanda intermediária

e da demanda final.

6.2.1 Esquematização simplificada da Matriz de Insumo Produto

Compras

Demandas intermediárias (ou intersetoriais) Demanda final Setores

Setor 1 Setor 2 Setor 3 Subtotal C G I E Total

VBP

Setor 1 X11 X12 X13

C1 G1 I1 E1 Y1 V1

Setor 2 X21 X22 X23

C2 G2 I2 E2 Y2 V2

Setor 3 X31 X32 X33

C3 G3 I3 E2 Y3 V3

Total

T T1 T2 T3

VAB VA1 VA2 VA3

M M1 M2 M3

Venda

s

Xj X1 X2 X3

FIGURA 19. MODELO SIMPLIFICADO DA MATRIZ INSUMO PRODUTO. Fonte: SANTANA (1997; 2005) e GUILHOTO (2001) com adaptações.

65

Na Figura 19 a economia descrita está dividida em n setores de

produção. Supondo três setores de atividades, a matriz é disposta como se

segue, contendo as seguintes nomenclaturas:

a) Nos vetores-linhas tem-se:

= fornecimento de produtos intermediários de cada setor i destinado a

cada setor j;

= soma dos fornecimentos de produtos intermediários das n

indústrias i, destinadas as n indústrias j;

= fornecimento de bens de consumo da indústria i destinado ao

consumo final;

= o fornecimento de bens de capital da indústria i destinado ao

investimento;

= fornecimento dos bens exportáveis da indústria i destinado ao

exterior;

= total do consumo;

= total do gasto do governo;

= total do investimento;

= total das exportações;

= total da demanda final atendida pela indústria i para o consumo

pessoal e do governo, os investimentos privado e do governo, e mais as

exportações;

= valor bruto da produção da indústria i representado pela soma da

demanda intermediária com a demanda final;

b) Nos vetores-colunas tem-se:

66

= produtos intermediários adquiridos por indústria j originados de

cada indústria i;

= soma dos produtos intermediários adquiridos pelas indústrias j

com origem nas indústrias i;

= total dos produtos intermediários adquiridos pelas indústrias j

com origem nas indústrias i;

= valores agregados brutos das indústrias j;

= total dos valores agregados brutos das indústrias j;

= fornecimento dos bens intermediários importados do exterior e

comprados pelas indústrias j;

= soma do fornecimento de produtos intermediários importados do

exterior comprados pelas indústrias j;

= valor bruto da produção, ou seja, total de insumos (receitas).

6.2.2 Tratamento matemático do modelo de insumo-produto

Para a manipulação matemática da matriz, deve-se colocá-la na forma

de um sistema de equações. De forma simplificada, e supondo apenas três

setores da economia regional, como apresentado na Figura 18, tem-se o

sistema de equações específicas:

X1 = x11 + x12 + x13 +Y1 X2 = x21 + x22 + x23 +Y2 (1) X3 = x31 + x32 + x33 +Y3 ...................................

Xw = xw1 + xw2 + xw3 +Yw XL = xL1 + xL2 + xL3 +YL (2)

XM = xM1 + xM2 + xM3 +YM XT = xT1 + xT2 + xT3 +YT

67

Xi = + Yi

(3)

Y = C + I + E (4) Sendo:

C = Cf + Cg I = Ip + Ig

E = X – M Em que:

Xi = valor bruto da produção do setor )

Xw = valor da remuneração do fator trabalho do setor j (j = 1,2,3 ... n); XL = valor da remuneração do fator capital do setor j XT = valor do imposto líquido recolhido do setor j; Yi = valor da demanda final do produto i.

xij = valor do fornecimento de produtos do setor i para o setor j,

necessário para produzir Xj;

Xwj = valor do fornecimento de trabalho do setor j para produzir Xj;

XLj = valor do fornecimento de capital do setor j para produzir Xj;

=Y valor da demanda final;

=C valor do consumo final;

Em que:

C (Consumo total) = Cf (Consumo das famílias) + Cg (Consumo do

governo);

I = valor da formação bruta de capital fixo;

Em que: I (Investimento total) = Ip (Investimento privado) + (Investimento

do governo).

E = valor das exportações líquidas.

As equações descrevem dados estatísticos de insumos e produtos dos

três setores que compõem o sistema econômico num determinado período de

tempo. Admita-se que a equação (1) revela o valor das vendas (igual ao valor

bruto da produção – VBP) dos setores da economia dado pela soma das

demandas intermediárias (ou intersetoriais) com as demandas finais, como a

seguir:

68

xi = xn1 + xn2 + xn3... xnn+Yn

Esses vetores correspondem à desagregação do valor bruto da

produção de cada setor sob a ótica da soma dos fornecimentos dos bens e

serviços intermediários destinados à demanda intermediária com a dos bens

finais destinados à demanda final, tal que:

n

n

jiiji YXX += ∑

=1,

a) Matriz de efeitos diretos

Leontief estabeleceu o coeficiente técnico (ou efeito direto) de produção

representado por aij, para expressar quanto o setor j precisa do produto do

setor i para realizar suas produções são os coeficientes fixos da equação (5).

No modelo é admitido que cada produto seja produzido através de um

processo único, em proporções fixas, a partir de certa quantidade de fatores

produtivos e do consumo intermediário de outros produtos.

Os coeficientes diretos são derivados da matriz de fluxos intersetoriais,

assumindo-se que a relação entre as compras de insumo e o valor bruto da

produção de um setor qualquer é linear. Sendo assim:

xij = aij Xj (5)

Conforme Santana (1997) e Leontief (1983), o coeficiente técnico fixo aij

é a taxa de aquisição do produto oriundo do setor i pelo setor j dividido pelo

valor bruto da produção, ou seja, o montante de insumo necessário por dado

setor para produzir o equivalente a uma unidade monetária de seu produto

bruto. Neste sentido, este coeficiente mede o grau de interdependência entre

os setores (i,j) da economia. Matematicamente o coeficiente técnico fixo pode

ser obtido dividindo-se cada um dos fornecimentos intermediários (xij) pelos

respectivos valores brutos da produção Xj do sistema de equações (1), tal que:

j

ijij X

xa = (6)

( nji ,...,2,1, = )

69

Destaca-se que a cada aij, tem-se a dependência direta do setor i por

unidade monetária do produto do setor j. E, se considerarmos os fornecimento

dos bens intermediários, pode-se expressar a matriz central, que reproduz os

cruzamentos das origens e dos destinos dos insumos dos setores 1,2,3...n

dispostos numa matriz quadrada da seguinte maneira:

;;;;

;;;;

;;;;

2

22

1

11

22

2

2222

1

2121

11

2

1212

1

1111

n

nnnn

nn

nn

n

nn

n

nn

Xx

aXx

aXx

a

Xx

aXx

aXx

a

Xx

aXx

aXx

a

===

===

===

L

M

L

L

(7)

Segundo Santana (1997) A = [aij] é a forma matricial de base para a

solução geral do modelo de insumo-produto. Mostra, portanto, a primeira

rodada da mudança unitária nos componentes da demanda final de um setor

sobre as demandas intermediárias de insumos dos vários setores da economia

que estão inter-relacionados. Essa matriz será estável se pelo menos uma de

suas colunas somar um valor menor do que um e nenhuma de suas colunas

somar um valor maior de que um. Essas considerações são fundamentais para

a obtenção da matriz de efeitos globais. O desenvolvimento algébrico da matriz

de insumo-produto, daqui por diante, ser apoiará em Santana (1997).

b) Matriz de efeitos diretos e indiretos ou de efeitos globais

Para ilustrar a matriz de efeitos globais primeiramente substituímos os

valores do sistema de equações (1) com três setores pelos seus respectivos

valores xij = aij Xj da equação (5), tal que:

nnnnnnnn

nn

nn

XYXaXaXaXa

XYXaXaXaXaXYXaXaXaXa

=+++++

=+++++=+++++

L

M

L

L

332211

222323222121

111313212111

(8)

Isolando-se em cada vetor-linha, , e pondo-se em evidências

os fatores comuns do sistema de equações, obtém-se:

nYYY ...,, 21

70

YXaXaXaXa

YXaXaXaXaYXaXaXaXa

YXaXaXaXa

nnnNN

nn

nn

nn

=−+−−−−

=−−−+−=−−−−+=−−−−−

)1(...

...)1(

...)1(...)1(

3322111

3333232131

2323222121

11313212111

M

(9)

Estruturando-as na forma matricial, tem-se:

⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

=

⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

−−−−

−−−−−−−−−−−−

nnnnnnn

n

n

n

Y

YYY

X

XXX

aaaa

aaaaaaaaaaaa

LK

L

M

L

L

L

3

2

1

3

2

1

321

3333231

2232221

1131211

.

1

11

1

(10)

A primeira matriz do sistema (10) é indicada por (I - A) e a segunda e

terceira matrizes colunas por X e Y. E esse produto de matrizes pode ser

expresso da seguinte maneira:

[ ] YXAI =− . (11)

Em que:

I = é uma matriz identidade;

A = é a matriz de coeficientes técnicos;

X = é a matriz-coluna de valores brutos da produção de cada setor;

Y = é a matriz-coluna de demanda final.

Assim, o cálculo da matriz de efeitos globais é feito subtraindo-se a

matriz de coeficientes técnicos A da matriz identidade I. O resultado da inversa

dessa matriz é exatamente a matriz de efeitos globais da economia. Mas, como

o objetivo é achar os valores brutos da produção resultantes dos efeitos globais

de determinada expansão da demanda final, podemos resolver a equação

matricial (11) isolando a matriz-coluna X. Para isso, basta multiplicar os dois

membros da expressão (11) por [ ] 1−− AI e assim obter:

[ ] [ ] [ ] YAIXAIAI ... 11 −− −=−− (12)

Em que:

[ ] YAIX .1−−= (13)

71

Ou ainda, sempre que o vetor-coluna Y, que representa a demanda final,

variar de , dado que os coeficientes técnicos da matriz inversa, ,

são fixos, o vetor-coluna X, que representa o valor bruto da produção dessa

economia, irá variar de

YΔ [ ] 1−− AI

XΔ . Pode-se expressar, portanto, esses efeitos globais

da seguinte maneira:

[ ] YAIX Δ−=Δ − .1

(14)

Este resultado é possível e estável somente se [ ] 1−− AI existir. Para

tanto, os menores principais da matriz [ ]AI − devem ser todos positivos. A

matriz de efeitos globais capta, portanto, os sucessivos rounds das transações

intersetoriais da economia. Então:

[I – A] -1 = I + A +A2 + A3 +...+Na (15)

consequentemente, da seguinte expressão geral

x = [I – A] -1 .Y (16)

Logo temos que o produto total é dado por:

[I + A +A2 +...+An] .Y (17)

Ou por uma sequência

[Y + AY +A2Y +...+AnY] (17)

Então, Y é a demanda final, AY é o produto necessário para produzir Y,

A2Y é o produto necessário para produzir AY e assim por diante. A expressão

17 demonstra como o valor bruto da produção de cada um dos setores

produtivos de uma economia é gerado passo a passo.

6.3 EXTENSÕES AO MODELO DE INSUMO-PRODUTO

Nesta subseção, apresenta-se a extensão do modelo de insumo-produto

clássico, explorando os conceitos de multiplicadores econômicos e da

determinação de setores-chaves, segundo o pensamento de Hirschman, no

contexto de crescimento econômico de um País, Região, Estado ou economia

local.

72

6.3.1 Multiplicadores

As matrizes de coeficientes técnicos descrevem a rede de ligações

intersetoriais de uma economia. Por meio desses coeficientes, vários cenários

podem ser criados a partir de mudanças verificadas nas demandas exógenas

ou mesmo em outras variáveis autônomas dos setores. Tais multiplicadores

mostram as mudanças notadas nos setores produtivos, sendo resultado das

variações na renda, no emprego e na produção.

Então, a necessidade de gerar um dado montante de demanda final é

importante para a programação do crescimento econômico de um setor

produtivo, de uma região ou de uma economia. Esses prognósticos sobre o

crescimento de um dado setor da economia ou mesmo do conjunto da

economia podem ser obtidos com base nos indicadores que captam os efeitos

multiplicadores do produto, da renda e do emprego (SANTANA, 1994 e 1997).

Sendo assim, tem-se que:

Multiplicador do produto ( )jMP : É obtido da soma dos coeficientes de

impactos diretos e indiretos dos vetores colunas da matriz de efeitos globais-

- e este representa o efeito bruto de cada atividade produtiva a estímulos

exógenos, ou seja, mede a mudança no produto total de todos os setores

produtivos em resposta à mudança de uma unidade monetária de demanda

final dos produtos daquele setor (é a soma dos multiplicadores da coluna).

Matematicamente se dá:

gM

(18)

Multiplicador da renda ( )jMR : mede a mudança total na renda, de uma

dada economia, resultante da variação de uma unidade na renda de um setor

produtivo. Para isso, o efeito direto e o efeito global são utilizados para o

cálculo de multiplicador de renda. O efeito direto de renda é igual ao montante

de renda agregada (salário e, ou lucro) que são apropriados pelo consumidor.

73

O efeito global indica a variação da renda total como resultado da

alteração de uma unidade de demanda final. Esse efeito é medido pela

variação no produto de cada setor resultante de uma variação de uma unidade

na demanda final e, como o produto muda, a renda também muda como

consequência. O efeito direto para o setor bauxita-alumina-alumínio primário é

calculado, por exemplo, considerando a renda-trabalho do seguinte modo:

j

jj r

RMR = (19)

Em que: )33()31()31( . xgxjxj MrR =

Em relação aos efeitos diretos e indiretos de renda são calculados

transpondo-se a matriz de efeitos globais e multiplicando-a pelo vetor-coluna

de efeitos diretos de renda. A notação é a seguinte:

(20)

Em que:

ri1 = é o efeito direto e indireto da renda para o setor produtivo I. O

multiplicador de renda é obtido pela divisão do efeito direto e indireto pelo efeito

direto de renda, tal que:

(21)

Em que Rj é o multiplicador de renda do setor j. Esse multiplicador

representa, portanto, a renda gerada direta e indiretamente por unidade

monetária injetada diretamente no setor j.

Multiplicador do emprego ( )jMR : é definido como a mudança no

emprego total, resultante de uma mudança unitária na força de trabalho

empregada em tal setor produtivo. O cálculo desse multiplicador é similar ao

processo utilizado no multiplicador de renda. O efeito direto (ej) é obtido pela

74

divisão do número de homens-ano empregados em cada setor pelo produto

total obtido por esse setor produtivo. Os efeitos diretos e indiretos de emprego

são calculados multiplicando-se a transposta da matriz de efeitos pelo vetor-

coluna de efeitos diretos de emprego. Assim, temos:

(22)

Em que:

ei1 = é o efeito direto e indireto de emprego do setor i. O multiplicador de

emprego é computado dividindo-se os efeitos diretos e indiretos pelos efeitos

diretos de emprego.

Ej = é o multiplicador de emprego do setor j, associado a cada homem-

ano empregado nesse setor produtivo.

(23)

6.3.3 Efeitos de interligação setorial

Seguindo SANTANA (1994) a partir do modelo básico de Leontief, e

seguindo Rausmussem (1956) e Hirschman (1958), consegue-se determinar

quais seriam os setores com maior poder de encadeamento dentro da

economia, ou seja, pode-se calcular tanto os índices de ligação para trás, que

fornecem quanto tal setor demandaria dos outros, quanto os de ligações para

frente mostrando a quantidade de produtos demandada por outros setores da

economia do setor analisado.

O efeito de interligação setorial para trás, , é uma medida do grau

de dependência de cada setor produtivo com os seus fornecedores de insumos

sabendo-se que representa os coeficientes da matriz inversa de Leontief

)( jU

ijb

75

[ ] 1−− AI (SOUZA, 1987; SANTANA, 1994 e 1997), este índice pode ser

calculado da seguinte maneira:

=

== n

jiij

n

jj

j

nb

nbU

1,

2

1

/

/ (24)

Se isto significa que o setor considerado da economia regional

apresenta uma baixa capacidade de responder aos estímulos da demanda

final. Ou seja, o setor produtivo considerado tem baixo poder de propagar sua

influência aos setores situados à montante da cadeia produtiva via demanda de

bens intermediários. Se , então isso significa que o setor considerado tem

uma alta capacidade de propagar sua influência aos setores localizados à

montante de sua cadeia produtiva.

,1<jU

1≥jU

O efeito de interligação setorial para frente, , mede a capacidade

que tem cada setor produtivo da matriz para atender às mudanças unitárias da

demanda final da economia, ou seja, é uma medida de interligação de um setor

com os seus compradores, podendo ser calculado do seguinte modo:

)( iU

=

== n

jiij

n

ji

i

nb

nbU

1,

2

1

/

/ (25)

Neste caso, se , isto quer dizer que o setor da economia regional

tem alta capacidade para responder aos estímulos da demanda final. Ou seja,

o setor tem alto poder de influência à jusante da sua cadeia produtiva mediante

a oferta de matérias-primas. No caso de 1<iU , então o setor industrial

considerado tem baixa capacidade de responder aos estímulos da demanda

final por seus produtos11.

11 Um setor ou uma indústria para ser considerada setor-chave ou indústria-chave tem de

gerar, para as demais atividades de uma economia, forte efeitos de interligação para trás ( ) ou para frente ( ). 1>jU 1>Ui

76

Os setores que apresentarem valores superiores à unidade para esses

índices estão, portanto, acima da média, logo, são considerados setores-

chaves para o crescimento da economia.

Conforme Santana (1994) este método de calculo dos efeitos

prospectivos ou para frente deve-se a L.P. Jones (1976). Então utiliza-se a

inversa da matriz de coeficientes de produto, ao invés da matriz de insumo

como proposto por Rasmussem (1956), para que se mensure adequadamente

esse indicador de influencia sendo este método recomendado atualmente.

77

7. ANÁLISE E DISCUSSÕES DOS RESULTADOS

Nesta seção, apresentam-se os resultados da matriz de efeitos diretos

ou matrizes de coeficientes técnicos, da matriz de efeitos diretos e indiretos ou

de efeito global, dos multiplicadores econômicos (salário, lucro, renda e

emprego), assim como dos efeitos de encadeamento para frente e para trás do

setor bauxita-alumina-alumínio primário no Estado do Pará, no ano de 2003.

Inicialmente, parte-se da interpretação dos coeficientes técnicos, que

permite a visualização de como o valor bruto da produção de cada setor é

alocado na aquisição de inputs dos demais setores, formando a demanda

intermediária, os pagamentos aos fatores de produção (valor adicionado), o

imposto líquido e a importação de insumos de bens de capital. Diante destes

indicadores, é possível perceber a magnitude das ligações de insumo-produto

entre os setores da economia, permitindo, assim, uma análise sistêmica dos

encadeamentos para trás, por meio da compra e os encadeamentos para

frente, através das vendas.

7.1 ANÁLISE DOS EFEITOS DIRETOS

Os efeitos diretos são determinados pela razão entre o valor das

aquisições de insumos de um dado setor produtivo e o Valor Bruto da

Produção (VBP) correspondente.

O conceito do coeficiente técnico é definido como sendo o montante de

insumo requerido de cada indústria a fim de elaborar um produto, no valor de

uma unidade monetária. Em outras palavras indicam as necessidades diretas

de insumos dos diversos setores que estão a montante, logo, fornecedores de

insumo (FILGUEIRAS et. al, 2006).

Iniciando a análise pela coluna (a montante) do extrativismo mineral,

tem-se que para cada unidade monetária despendida do VBP, deste setor,

gasta no seu próprio setor em compras com insumos 6,9% (Figura 20). Outros

setores mais demandados pelo setor do extrativismo mineral são de serviço

(7,4%), transporte e comunicação (4,5%), comércio (3,6%) e o setor de

produção e distribuição de energia (3,6%).

78

FIGURA 20. EFEITOS DIRETOS (COLUNA) DA ECONOMIA DO ESTADO DO PARÁ, 2003. Fonte: Elaborada a partir da MIP do Estado do Pará-2003.

Quanto ao setor da alumina e alumínio primário gastou 22,8% em

insumos básicos do próprio setor, 4,8% no setor de produção e distribuição de

energia, 3,7% no setor do comércio, 3,7% na matéria prima principal a bauxita

(setor do extrativismo mineral), 2,0% em transporte e telecomunicação, 1,8%

em serviços e por último 1,2% em produtos do setor químico (Figura 20).

FIGURA 21. EFEITOS DIRETOS (COLUNA) DO SETOR EXTRATIVISTA MINERAL DA ECONOMIA DO ESTADO DO PARÁ, 2003. Fonte: Elaborada a partir da MIP do Estado do Pará-2003.

79

Na Figura 21, mostra que em termos de insumos adquiridos na região, o

setor do extrativismo mineral depende tanto dos insumos importados do Brasil

quanto do mundo (28,5%). Ao empregar e combinar os insumos o setor do

extrativismo mineral realiza a remuneração dos fatores de produção, sob forma

de salários, lucro, renda, mão de obra empregada e impostos líquidos. Este

setor, do total do VBP, gerado em 2003, demonstrado na Figura 21, destinou

uma parcela para o pagamento desses fatores, 8,7% aos salários dos

trabalhadores e 27,5% aos lucros das empresas. Em relação ao imposto

líquido pago temos, para cada unidade monetária do VBP deste setor, o

recolhimento é de 7,3%.

FIGURA 22. EFEITOS DIRETOS (COLUNA) DO SETOR ALUMINA ALUMÍNIO PRIMÁRIO DA ECONOMIA DO ESTADO DO PARÁ, 2003. Fonte: Elaborada a partir da MIP do Estado do Pará-2003.

No ano de 2003, o setor da alumina e do alumínio primário apresenta

efeitos diretos menores quando comparados com o setor do extrativismo

mineral. Ou seja, de cada unidade monetária do VBP, gerado em 2003, o setor

destinou 3,3% aos salários dos trabalhadores e 23,0% aos lucros das

empresas que, somados, representam 26,3% do VBP. O setor contribuiu com

7,3% do VBP no pagamento de imposto liquido.

80

Os dados da Figura 20 também mostram a interdependência do setor do

extrativismo mineral com o setor de alumina e do alumínio primário e demais

setores situados à jusante, ou seja, agora vistos pelo lado das vendas de

matérias-primas para si próprio e para outros setores a título de transação

intermediária que compõe o setor bauxita-alumina-alumínio primário.

Sob a ótica das vendas (a jusante) aqueles coeficientes refletem a

intensidade das transações comerciais que as empresas estabelecem com os

seus clientes, conforme mostra a Figura 23. Com isso, do total de produção em

2003, para o setor do extrativismo mineral, para cada milhão de reais do VBP,

fornece para o próprio setor 6,9%, a fabricação e tratamento do aço 2,0%, para

o setor mineral não metálico 1,8% e para o setor alumina e do alumínio

primário 3,7%, para 1,6% para as indústrias diversas. Assim, os setores que

mais se destacam com produtos ofertados do setor do extrativismo mineral

para gerar o montante do VBP foram o próprio setor e o da alumina e do

alumínio primário.

FIGURA 23. EFEITOS DIRETOS (LINHA) DA ECONOMIA DO ESTADO DO PARÁ, 2003. Fonte: Elaborada a partir da MIP do Estado do Pará-2003.

81

O setor da alumina e do alumínio primário também apresenta

interdependência com os demais setores situados a jusante. Em 2003, o setor

forneceu para o próprio setor o valor de 22,8%, para o setor de outros

metalúrgicos 4,3%, para outras diversas indústrias 2,2%, para o setor de

máquinas, equipamentos e veículos 1,8%, para o setor da construção civil

0,8% e 0,7% para o setor de fabricação e tratamento do aço.

7.2 ANÁLISE DO EFEITO GLOBAL OU DE IMPACTO DE LEONTIEF

O efeito direto e indireto ou de impacto de Leontief é outro indicador

fundamental extraído da matriz de insumo-produto do Estado do Pará no ano

de 2003. Esses resultados derivados consideram as inter-relações setoriais

observadas na matriz de coeficientes técnicos calculados no sub-item anterior.

A matriz de efeitos globais mede o impacto de uma unidade monetária na

demanda final de determinado setor sobre todos os setores que possuem

algum tipo ligações entre si.

FIGURA 24. EFEITOS DE IMPACTO DE LEONTIEF (COLUNA) DA ECONOMIA DO ESTADO DO PARÁ, 2003. Fonte: Elaborada a partir da MIP do Estado do Pará-2003.

82

Posto desta forma, os dados das colunas (compras) da matriz dos

efeitos diretos e indiretos da Figura 24, permitem analisar o crescimento da

produção setorial, em 2003, proporcionado pelo incremento de uma unidade

monetária (R$1,00 milhão) na demanda final do setor referente à sua coluna.

Sendo assim, para atender ao incremento de R$1,00 milhão na

demanda exógena, o setor de extração mineral deve incrementar sua compra

em R$ 74,6 mil, no setor de serviços em R$ 99,6 mil, no setor de produção e

distribuição de energia elétrica em R$ 60,0 mil, no setor transporte e

comunicação R$ 58,8 mil, no setor de comércio em R$ 44,7 mil e por fim o

setor de saneamento em R$ 10,1 mil, demonstrados na Figura 24.

De acordo com os dados, os setores que darão maiores respostas

para atender ao estímulo exógeno de demanda final pelo produto do setor de

extrativismo mineral são: serviços, produção e distribuição de energia,

transporte e comunicação, seguidos pelo comércio.

FIGURA 25. EFEITOS DE IMPACTO DE LEONTIEF (LINHA) DA ECONOMIA DO ESTADO DO PARÁ, 2003. Fonte: Elaborada a partir da MIP do Estado do Pará-2003.

83

Na linha da matriz do setor de extração mineral teremos os efeitos

diretos e indiretos para frente (clientes) em respostas a mudanças unitárias na

demanda pelos produtos do setor extrativista mineral (Figura 25). Assim, para

atender ao incremento de R$1,00 milhão na demanda pelo produto do setor de

extrativismo mineral, o próprio setor necessita gerar um incremento líquido no

VBP de R$ 74,6 mil, o setor da alumina e do alumínio primário R$ 51,5 mil, o

setor de fabricação e tratamento do aço, R$32,8 mil, o setor de minerais não

metálicos, R$ 22,1 mil, o setor de indústrias diversas, em R$19,5 mil e ainda no

setor de outros metalúrgicos, R$12,9 mil.

Aqueles resultados demonstram que dentro dos limites da estrutura

produtiva da economia paraense, o setor de extrativismo mineral apresenta

capacidade de impulso a montante (efeitos para trás). Mas, a mudança unitária

na demanda final pelo extrativismo mineral exigiria incrementos consideráveis

em apenas cinco setores, na magnitude dos valores expressos na coluna do

setor extrativista mineral.

Por outro lado, no caso do setor da alumina e do alumínio primário,

incremento de R$1,00 milhão na demanda exógena, levaria o próprio setor a

gerar um incremento líquido no seu VBP de R$296,4 mil, na produção e

distribuição de energia de R$96,2, no comércio, de R$54,9 mil, no extrativismo

mineral, de R$51,5 mil, no setor de serviços, de R$41,8 mil, no setor de

transportes e comunicação, de R$35,3 mil, no setor de químicos e fármacos,

de R$17,0 mil e no setor de saneamento, de R$16,1 mil (Figura 25). Sendo

válido destacar, que a mudança unitária na demanda final pelo setor da

alumina e do alumínio primário exige incrementos simultâneos em muitos

setores, principalmente, na produção do principal insumo (setor de extrativismo

mineral) e no setor de produção e distribuição de energia.

Na linha, tem-se a resposta do setor da alumina e do alumínio primário

às mudanças unitárias e simultâneas em todos os setores da economia. Logo,

se houver um incremento de R$1,00 milhão na demanda pelo produto naquele

setor, o crescimento da produção em relação ao valor bruto da produção em

2003 será de R$ 296,4 mil no próprio setor, no setor de outros metalúrgicos, de

R$ 60,5 mil (setor com maior crescimento), no setor das indústrias diversas, de

84

R$ 28,9 mil, no setor de máquinas e equipamentos, de R$ 26,3 mil e ainda no

setor de fabricação e tratamento do aço, de R$ 13,4 mil. Nesse sentido, o setor

de outros metalúrgicos será aquele que mais demandará insumos do setor da

alumina e do alumínio primário. Observando-se que os efeitos de

encadeamento para frente são menos intensos que os efeitos de

encadeamento para trás.

7.3 ANÁLISES DOS EFEITOS MULTIPLICADORES ECONÔMICOS

Os multiplicadores setoriais são indicadores obtidos a partir da matriz

inversa de Leontief [I-A]-1. Somando-se os vetores-coluna dessa matriz, obtêm-

se os multiplicadores econômicos de cada setor que indicam as mudanças

observadas nos setores produtivos e seus impactos na variação na renda,

emprego e produção. A interpretação desses indicadores refere-se à

capacidade que cada setor possui de responder a um incremento nele

realizado. Logo, quanto maior for esse incremento, maior será a atratividade

desse setor para ações incrementais na produção.

Os resultados dos multiplicadores podem ser bastante úteis para nortear

políticas de desenvolvimento regional, uma vez que eles podem ser entendidos

como sendo o impacto de um aumento unitário da demanda final do j-ésimo

setor sobre qualquer uma das três variáveis consideradas (produto, renda e

emprego) de todos os setores ligados direta e indiretamente com o setor j.

Assim, os multiplicadores maiores são aqueles que conseqüentemente

deverão servir de alvo para políticas expansionistas. Num ambiente econômico

caracterizado pelas limitações na disponibilidade de recursos para

investimentos em determinados setores, o investimento deve ser voltado para

aqueles setores que geram o maior impacto sobre empregos, renda e

produção, juntos.

7.3.1 Multiplicador do produto

O multiplicador de produto para um dado setor produtivo mede a

variação do produto total de todos os setores produtivos da economia, em

85

resposta às variações de uma unidade monetária na demanda final dos

produtos de um setor específico. Por sua vez, indica o quanto se produz para

cada unidade monetária gasta no consumo final.

O cálculo do multiplicador de produto analisado foi obtido através da

soma dos coeficientes diretos e indiretos da cada coluna, isto é, o quanto o

setor pode crescer em resposta a um incremento de uma unidade monetária na

demanda final pelos produtos do setor.

TABELA 9: EFEITOS DOS MULTIPLICADORES ECONÔMICOS DO ESTADO DO PARÁ - 2003.

Descrição MIP Multiplicadores - 2003Produto Salários Lucros Renda Emprego

Agroind. Animal 1,8261 4,0350 5,4633 8,2819 13,9975Fabricação e trato. Aço 1,7383 3,2671 2,5931 5,7488 6,2384Outros metalúrgicos 1,6884 2,8186 2,3042 4,9816 5,1211Alumina-alumínio primário 1,6386 2,0533 1,7145 4,1841 4,8999Prod. distr. Energia 1,6026 1,8848 1,7138 3,6040 4,0726Saneamento 1,5951 1,7754 1,5988 3,4507 2,4618Agroindustria vegetal 1,4813 1,7153 1,5823 3,3898 2,4024Bebidas 1,3977 1,6272 1,5658 3,3742 1,9585Indústrias diversas 1,3728 1,5910 1,3489 2,9993 1,6639Extrativismo mineral 1,3703 1,5496 1,3431 2,9548 1,6277Mineral não metálico 1,3308 1,5226 1,3365 2,7433 1,5308Textil, vest. 1,3180 1,4671 1,3316 2,7376 1,4992Indústria da madeira 1,3132 1,4469 1,2907 2,6855 1,4769Transp e comunicação 1,2976 1,4170 1,2761 2,6786 1,3222Maq equip 1,2523 1,3385 1,2396 2,6354 1,3202Serviços 1,2457 1,3038 1,2115 2,6350 1,2770Químicos e fármacos 1,2265 1,2998 1,1684 2,6123 1,2645Construção civil 1,2113 1,2822 1,1521 2,5500 1,1998Pecuária e Pesca 1,1860 1,2692 1,1358 2,5126 1,1436Agricultura 1,1680 1,2218 1,1293 2,4506 1,1296Comércio 1,1181 1,1637 1,1124 2,3739 1,0634Atividade florestal 1,1142 1,1551 1,0513 2,2844 1,0509Média 1,3860 1,7366 1,6210 3,3576 2,7146

Fonte: Elaborada a partir da MIP do Estado do Pará – 2003.

Os dados da Tabela 9, mostram que o multiplicador do produto para o

setor de extrativismo mineral é da ordem de 1,3703, indicando que para um

aumento de R$ 1,00 milhão da demanda final, o setor extrativista mineral

respondeu com um aumento de R$ 1.370,3 mil de VBP para atender a esse

aumento da demanda exógena final por minérios do setor extrativista. Nesse

ano, o multiplicador do setor extrativista mineral apresentou o coeficiente

próximo a média do multiplicador do produto.

86

No setor da alumina e do alumínio primário, o multiplicador de produto

foi de 1,6386, indicando que para um aumento de um milhão de reais de

demanda final por alumina e alumínio primário, o setor respondeu com um

aumento de R$1.638,6 mil de VBP, para atender a esse aumento de demanda

exógena. Nesse ano, apresentou o quarto maior coeficiente entre os 22 setores

da economia paraense.

7.3.2 Multiplicador da renda e impostos líquidos

O multiplicador de renda é um importante indicador de poder de compra

em uma economia, assim, pode-se averiguar a capacidade que cada um dos

setores possui em distribuir renda, em termos de salário e lucro e também

recolher impostos junto ao Estado.

A Tabela 10 revela a capacidade que cada setor tem, ao responder as

demandas exógenas, de gerarem rendas (salários e lucros) e recolherem

impostos. Os efeitos diretos e indiretos são utilizados para o cálculo do

multiplicador de renda.

O efeito direto da renda é o montante de renda (salário) que vai para o

trabalhador. O efeito direto e indireto de renda indica a mudança total na renda

como um resultado da alteração unitária na demanda final. Já o multiplicador

de renda é a capacidade que tem um dado setor de multiplicar os salários em

reposta a mudanças exógenas unitárias. Enquanto que o multiplicador de

impostos indica quanto cada setor recolhe de impostos a cada unidade

produzida para atender um R$1 milhão de demanda exógena.

Os resultados da Tabela 10 mostram que o setor extrativista mineral,

apresenta o multiplicador de renda 3,3898, indicando que para atender a uma

demanda exógena de uma unidade monetária (R$ 1,00 milhão), a massa de

salários e lucros deve crescer 3,38 vezes o valor original como resultado da

reação interna e das repercussões dos demais setores interligados. Observa-

se que o efeito multiplicador da renda é inferior ao de seis outros setores.

87

TABELA 10: MULTIPLICADORES DE RENDA E IMPOSTOS LÍQUIDOS E SEUS RESPECTIVOS EFEITOS (DIRETOS E INDIRETOS) EXTRAÍDOS DA MIP DO ESTADO DO PARÁ, 2003.

Descrição MIP Multiplicador de renda

Efeito direto da

renda

Efeito Indireto da

renda

Multiplicador de imposto

líquido

Efeito direto do imposto

líquido

Efeito Indireto do imposto

líquidoAgricultura 2,6350 0,6725 0,7685 1,4467 0,0149 0,0215Pecuária e Pesca 2,4506 0,6151 0,7273 1,4844 0,0107 0,0159Atividade florestal 2,6786 0,7003 0,7611 1,2825 0,0205 0,0263Extrativismo mineral 3,3898 0,3623 0,5469 1,3180 0,0731 0,0963Mineral não metálico 2,7433 0,4820 0,6388 1,2676 0,0897 0,1137Fabricação e trato. Aço 5,7488 0,3371 0,6230 1,7664 0,0600 0,1060Alumina-alumínioprimário 4,9816 0,2628 0,5013 1,6258 0,0727 0,1182Outros metalúrgicos 3,6040 0,3696 0,6359 1,6074 0,0719 0,1156Maq equip 2,3739 0,6623 0,7764 1,2414 0,0673 0,0836Indústria da madeira 2,6123 0,5586 0,7342 1,2460 0,0690 0,0860Químicos e fármacos 2,5500 0,5310 0,6561 1,2578 0,0385 0,0484Textil, vest. 2,6354 0,4814 0,6351 1,2810 0,0715 0,0916Agroindustria vegetal 4,1841 0,2286 0,4788 1,2862 0,0741 0,0953Agroind. Animal 8,2819 0,1286 0,5765 1,3460 0,0635 0,0854Bebidas 2,9993 0,3981 0,6011 1,2855 0,0776 0,0998Indústrias diversas 2,9548 0,5361 0,7317 1,3031 0,0700 0,0912Prod. distr. Energia 3,4507 0,4450 0,7359 1,5365 0,0935 0,1436Saneamento 3,3742 0,3985 0,6658 1,5273 0,0936 0,1429Construção civil 2,6855 0,5668 0,6719 1,2135 0,0673 0,0817Comércio 2,2844 0,4405 0,5026 1,1016 0,0657 0,0724Transp e comunicação 2,7376 0,4321 0,5881 1,2724 0,0589 0,0750Serviços 2,5126 0,6986 0,8431 1,3487 0,0339 0,0457Média 3,3576 0,4685 0,6546 1,3657 0,0617 0,0844

Fonte: Elaborada a partir da MIP do Estado do Pará – 2003.

Ainda de acordo com a Tabela 10, o multiplicador de renda para o setor

da alumina e do alumínio primário foi de 4,9816, indicando que para um

aumento de um milhão de reais de demanda final por alumina e alumínio

primário, o setor respondeu com um aumento de renda em 4,98 vezes. O

multiplicador de renda do setor da alumina e do alumínio primário apresenta-

se,portanto, mais elevado do que o setor extrativista mineral.

Em relação aos impostos líquidos, para atender uma demanda exógena

de R$ 1,00 milhão, o setor de extrativismo mineral deve incrementar em termos

de recolhimento de impostos 1,31 vezes do valor original. Em termos de

recolhimento direto correspondeu a 7,31 vezes e indiretos 9,63 vezes. No total,

direta e indiretamente, o imposto recolhido pelo setor de extrativismo mineral,

em 2003, foi de 16,94 vezes do valor original para cada unidade de demanda

agregada dos seus produtos.

88

7.3.3 Multiplicador do emprego

O multiplicador de emprego indica a capacidade de gerar empregos ao

ser demandado por seus produtos exogenamente. Para tal, é necessária a

geração de emprego e, conseqüentemente, de renda, sobretudo em se

tratando de condições de emprego favoráveis capazes de absorver grande

parte da mão-de-obra regional local.

Nesse sentido, em 2003, a média do multiplicador de emprego foi de

2,7146 para os vinte e dois setores da economia paraense, isto é, para atender

à demanda exógena de R$ 1,00 milhão, seriam gerados em média 2,7146

vezes o número de empregos inicial.

O emprego indireto, por sua vez, é criado em função do impacto que

aquele emprego direto exerce sobre a cadeia produtiva. Isto ocorre por que,

para se produzir um bem final, faz-se necessária a produção de todos os

insumos que o constituem. O emprego direto em um setor, portanto, cria as

condições para gerar externalidade positiva na forma de aumento do nível de

emprego daqueles setores que pertencem à cadeia produtiva do produto final.

Tomando o setor extrativista mineral na Tabela 11, tem-se que em 2003,

para atender a cada demanda unitária exógena de R$ 1,00 milhão, teve que

ocupar 1,95 vezes o número de pessoas, logo insignificante quando

relacionada com os setores que mais geraram emprego como a agroindústria

animal, produção e distribuição de energia e fabricação e tratamento do aço.

Sendo assim, para atender um aumento de R$ 1,00 milhão na venda de seu

produto final, o setor extrativista mineral teve que ocupar direta e indiretamente

3,03 mil pessoas, das quais 1,02 mil diretamente e 2,01 mil indiretamente.

89

TABELA 11 - MULTIPLICADOR DE EMPREGOS, DIRETOS E INDIRETOS DE VINTE E DOIS SETORES ECONÔMICOS DA MIP DO ESTADO DO PARÁ, 2003.

Descrição MIP Multiplicador de emprego

Efeito direto e indireto do emprego

Emprego direto

Emprego indireto

Agricultura 1,1436 0,0912 0,0425 0,0487Pecuária e Pesca 1,1296 0,1406 0,0660 0,0746Atividade florestal 1,0509 0,1684 0,0821 0,0863Extrativismo mineral 1,9585 0,0303 0,0102 0,0201Mineral não metálico 1,3222 0,0574 0,0247 0,0327Fabricação e trato. Aço 5,1211 0,0110 0,0018 0,0092Alumina-alumínio primário 4,8999 0,0119 0,0020 0,0099Outros metalúrgicos 1,4992 0,0393 0,0157 0,0236Maq equip 1,4769 0,0268 0,0108 0,0160Indústria da madeira 1,3202 0,1080 0,0466 0,0615Químicos e fármacos 4,0726 0,0099 0,0020 0,0080Textil, vest. 1,2770 0,0979 0,0430 0,0549Agroindustria vegetal 2,4618 0,0396 0,0114 0,0281Agroind. Animal 13,9975 0,0491 0,0033 0,0458Bebidas 2,4024 0,0311 0,0091 0,0220Indústrias diversas 1,6639 0,0490 0,0184 0,0306Prod. distr. Energia 6,2384 0,0080 0,0011 0,0069Saneamento 1,6277 0,0762 0,0290 0,0472Construção civil 1,2645 0,0539 0,0238 0,0301Comércio 1,0634 0,1073 0,0520 0,0553Transp e comunicação 1,5308 0,0445 0,0176 0,0269Serviços 1,1998 0,1040 0,0473 0,0567Média 2,7146 0,0616 0,0255 0,0361

Fonte: Elaborada a partir da MIP do Estado do Pará – 2003.

No caso do setor alumina e do alumínio primário, o multiplicador de

emprego foi de 4,89, em 2003, portanto maior que do setor extrativista mineral

ficando em quarto lugar no ranking. Isso significa que para um aumento de R$

1,00 milhão da demanda final, este setor tem que ocupar 4,89 vezes o número

de pessoas, logo superior a média regional (Tabela 13).

Por mais que o setor alumina e do alumínio primário apresente um

multiplicador de emprego elevado (4,89) a capacidade de geração de emprego

direto e indireto é de 1,19 mil novos empregados somente. Por outro lado,

tomando o setor extrativista mineral, esta relação fica mais interessante, pois

embora o extrativismo apresente um multiplicador de emprego relativamente

baixo (1,95), quando comparado ao setor alumina e alumínio primário, é um

setor com grande capacidade de ocupar a mão-de-obra, que após a

multiplicação pelo pessoal ocupado consegue gerar 3,03 mil novos empregos

diretos e indiretos. Por conseguinte, pode-se inferir que o setor alumina e do

alumínio primário é muito mais concentrador de renda.

90

7.4 EFEITOS DE ENCADEAMENTOS PARA FRENTE E PARA TRÁS

Outro indicador importante para a gestão e o planejamento obtido da

MIP é o que define os setores-chaves da economia. Esse indicador é relevante

em virtude da associação à idéia de estabelecer prioridades na alocação de

recursos e nas estratégias de promoção setorial. Nesse aspecto, os principais

índices utilizados para calcular os setores chave de uma economia são os

índices de Rasmussem-Hirschman, por meio dos quais se podem estabelecer

os setores que possuem maior encadeamento dentro da economia, também

denominados “índices de ligações para frente e, índices de ligações para trás”,

ou poder de dispersão.

Sendo assim, os altos índices de ligações intersetoriais indicam grande

importância como ponto de ligação dentro do sistema produtiva, comprando ou

vendendo insumos. A regra geral é que cada efeito, tanto para trás como para

frente, seja igual ou superior à unidade.

Os resultados da Tabela 12 revelam que dos vinte e dois setores

produtivos da economia paraense, nove apresentaram, em 2003, efeitos para

frente superior a unidade (Ui > 1) e oito com fortes efeitos para trás (Uj > 1).

Examinando-se os dados específicos do setor extrativista mineral, em 2003, o

índice de ligação para trás foi de 0,9887, portanto próximo da unidade. Isso

significa que o setor extrativista mineral possuía capacidade de irradiar seus

efeitos para outras atividades à montante da cadeia produtiva setorial.

Por outro lado, nota-se que o índice em cadeia para frente do setor

extrativista mineral (0,8886) é menor que a unidade. Tal situação revela que

este setor apresentava, em 2003, menor capacidade para responder aos

estímulos da demanda por seus produtos junto aos demais setores produtivos

a jusante que a montante.

91

TABELA 12: EFEITOS EM CADEIA PARA TRÁS E PARA FRENTE DOS SETORES ECONÔMICOS DO ESTADO DO PARÁ, 2003.

Descrição MIP Efeito para trás Efeito para frenteAgroind. Animal 1,3175 1,4961Fabricação e trato. Aço 1,2541 1,4793Outros metalúrgicos 1,2182 1,4041Alumina-alumínio primário 1,1822 1,3291Prod. distr. Energia 1,1562 1,2486Saneamento 1,1508 1,1602Agroindustria vegetal 1,0687 1,1402Bebidas 1,0084 1,1040Indústrias diversas 0,9905 1,0391Extrativismo mineral 0,9887 0,9129Mineral não metálico 0,9602 0,8886Textil, vest. 0,9509 0,8777Indústria da madeira 0,9474 0,8448Transp e comunicação 0,9362 0,8254Maq equip 0,9035 0,8157Serviços 0,8988 0,8079Químicos e fármacos 0,8849 0,7997Construção civil 0,8739 0,7910Pecuária e Pesca 0,8556 0,7682Agricultura 0,8427 0,7651Comércio 0,8067 0,7597Atividade florestal 0,8039 0,7424

Fonte: Elaborada a partir da MIP do Estado do Pará – 2003.

Por seguinte, o setor alumina e do alumínio primário, em 2003,

apresenta outro comportamento em relação a importância dos efeitos em

cadeia para frente e para trás. Na Tabela 12, constata-se que o índice de

cadeia para trás foi de 1,1822, portanto maior que a unidade, sinalizando que

este setor apresenta maior capacidade de irradiar os seus efeitos em cadeia

para trás para outras atividades à montante da cadeia produtiva setorial, em

outras palavras possui maior encadeamento com fornecedores de matérias-

primas.

Além disso, nota-se que o índice em cadeia para frente do setor alumina

e do alumínio primário (1,0391) também foi superior a unidade. Sendo assim, o

índice revela que o setor deve ser estimulado para dinamizar a cadeia

produtiva e fortalecer os inter-relacionamentos com os demais setores a

jusante da produção alumina e alumínio primário. Em outras palavras, em

2003, este setor tinha poder de impactar positivamente sobre os setores

situados a sua jusante via oferta de matérias-primas. Destaca-se, portanto que

92

o setor em 2003, possui maior encadeamento à montante do que na cadeia a

jusante, logo, que agregam valores ao produto, embora tenham índices muito

próximos de um.

Estes resultados confirmam a hipótese de que o setor bauxita-alumina-

alumínio primário paraense, no ano de 2003, foi um setor chave. Portanto

estratégico para alavancar o crescimento econômico do Estado do Pará.

Por fim, considerando a importância dos efeitos em cadeia para frente e

para trás, o setor analisado da economia paraense pode ser enquadrado, com

base no critério de Rasmussem-Hirschman, como setor-chave do Estado do

Pará, que ao ser estimulado pode desencadear um big push no crescimento da

economia.

93

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A teoria insumo-produto permite mensurar os fluxos de bens e serviços e

calcular indicadores econômicos que tornam possível identificar as atividades

econômicas com maior capacidade de geração de produção, emprego e

ligações intersetoriais. A identificação dos setores-chave pode direcionar as

políticas públicas, beneficiando atividades que possam proporcionar maior

impulso para o desenvolvimento econômico e social de uma determinada

região.

Este trabalho teve o objetivo de analisar o setor bauxita-alumina-

alumínio primário paraense, com base nos multiplicadores de produto, emprego

e renda, assim como verificar se este setor pode ser considerado como setor-

chave na economia paraense. Portanto, utilizou-se como modelo analítico a

matriz de insumo produto, correspondente ao ano de 2003 para a economia

paraense.

Através dos fluxos intersetoriais obteve-se a estrutura de

interdependências do setor de extrativismo mineral e do setor alumina e

alumínio primário com os seus fornecedores e clientes (aquisição de insumos

para produzir). Em 2003, o setor de extrativismo mineral apresentou

encadeamentos fortes à montante com os fornecedores de insumos

destacando o setor de serviço, transporte e comunicação, comércio e o setor

de produção e distribuição de energia. Assim, apresenta interdependência com

os setores que ofertam matérias-primas do setor extrativista mineral, assim

destaca-se somente o próprio setor e o de serviço como os principais setores

ofertantes de insumos. Este setor apresentou-se dependente na compra de

insumos internos como dos externos. Em relação aos encadeamentos a

jusante, ou seja, setores demandantes do setor extrativista mineral apresentam

encadeamentos também significantes. Justificando assim, a interdependência

deste setor com o setor de alumina e do alumínio primário e demais setores

situados a jusante.

Por outro lado, o setor da alumina e do alumínio primário apresentou

encadeamentos a montante maiores comparados com o setor extrativista

94

mineral Portanto, o próprio setor e o de produção e distribuição de energia

apresentaram maior interdependência. Com relação à importação de insumos,

este setor não apresenta forte dependência de insumos internos. Este

resultado é justificado, pois, a região possui a 97% das reservas de bauxitas

brasileiras e a 3º região maior produtora mundial. Por último, os setores

situados a jusante não apresentam interdependência significativa com o setor

da alumina e do alumínio primário revelando a baixa agregação de valor dos

produtos deste setor.

A construção de multiplicadores contribui para o processo decisório dos

policy makers no momento de definir as políticas publicas de desenvolvimento

regional. Assim, com relação ao multiplicador do produto, o setor alumina e do

alumínio primário apresentara coeficiente acima da média do produto dentre os

demais setores da economia.

O setor de bauxita-alumina-alumínio primário é também grande

multiplicador da renda, pois mostra um importante poder de aumentar a massa

de salário e lucro da economia paraense. Pôde-se verificar que os

multiplicadores de renda do setor extrativista mineral e do alumínio primário

apresentaram-se elevados em 2003, sugerindo que os gastos realizados por

parte do trabalhador desses setores geraram um aumento mais que

proporcional no nível de renda do trabalhador paraense.

Em termos de multiplicador de emprego, dos vinte e dois setores

analisados, o setor de extrativista mineral foi relativamente baixo em relação ao

setor alumina e alumínio primário. Por outro lado, tomando o setor extrativista

mineral, esta relação fica mais interessante, pois embora o extrativismo

apresente um multiplicador de emprego relativamente baixo (1,95), quando

comparado ao setor alumina e alumínio primário, é um setor com grande

capacidade de ocupar a mão-de-obra, que após a multiplicação pelo pessoal

ocupado consegue gerar 3,03 mil novos empregos diretos e indiretos. Por

conseguinte, pode-se inferir que o setor alumina e do alumínio primário é muito

mais concentrador de renda.

No que se refere a identificação dos setores-chave na economia

paraense,conforme Hirschman, o setor bauxita-alumina-alumínio primário é

95

uma atividade chave no Estado, uma vez que seus efeitos de linkages para trás

e para frente dos setores que compõem este setor (setor extrativista mineral e

o setor alumina e do alumínio primário) foram superiores à unidade ou muito

próximo de um. Portanto, o setor é caracterizado por um alto poder de

encadeamento com os demais setores, principalmente os relacionados a

montante do setor bauxita-alumina-alumínio primário.

Por fim, a principal contribuição desse estudo consiste em servir de

instrumento para a atuação do governo e empresários para melhor utilizarem

os recursos escassos e fornecer ao formulador de política informações acerca

do setor bauxita-alumina-alumínio, no sentido de direcionar os esforços nos

setores que (seja para criar empregos, ou aumentar a produção) têm maior

capacidade de resposta. A partir desse entendimento do setor e do seu

posicionamento perante os demais, é possível traçar e implementar políticas de

desenvolvimento que visem corrigir os problemas regionais detectados e

dinamizar as vantagens competitivas regionais.

96

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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103

104

ANEXOS

Anexo I: Matriz de insumo-produto do estado do Pará em 2003 (R$ 1.000,00).

Descrição do produto / Setor Agricultura Pecuária

PescaAtividade Florestal

Extrativ. Mineral

Mineral Não

Metálico

FabricaçãoAço

Alumina Alumínio Primário

Outros Metalúrgicos Máquinas Indústria

MadeiraQuímicos Fármacos Têxtil Agroind.

VegetalAgroind. Animal

Agricultura 170.289 324.006 17.319 1.463 0 0 0 0 0 20 8.317 568 98.016 9.415PecuáriaPesca 2.064 210.841 203 0 0 0 0 0 0 0 10 64 2.387 931.154AtividadeFlorestal 337 4.352 1.003 110 642 5.764 1.457 4 1 91.664 60 3 1.012 111ExtrativismoMineral 4.140 6.559 213 217.858 5.614 12.083 113.013 67 15 363 156 6 614 547MineralNãoMetálico 1.029 1.585 58 9.530 26.455 2.004 6.509 212 268 1.338 446 9 1.239 266FabricaçãoAço 9 8 7 41 3.589 192.061 6.015 8.631 1.481 999 179 2 9 11AluminaAlumínioPrimário 4 4 3 15 5 4.100 701.773 1.499 1.068 1.082 76 1 4 5OutrosMetalúrgicos 27 24 8 97 58 810 4.739 598 1.327 121 74 25 55 27Máquinas 494 808 208 5.079 359 744 9.255 128 1.393 815 124 63 317 830IndústriaMadeira 1.444 1.707 864 10.040 2.047 1.207 7.013 384 624 93.909 999 776 4.700 4.490QuímicosFármacos 32.515 3.332 2.895 2.628 1.154 1.276 35.779 148 233 1.759 8.744 206 1.082 358Têxtil 64 32 12 169 12 37 269 9 45 553 56 7.179 199 2.052Agroind.Vegetal 514 1.162 92 232 20 26 352 2 6 233 660 30 44.611 985Agroind.Animal 22 71 16 41 3 3 30 0 1 20 43 867 3.837 166.566Bebidas 174 227 18 21 2 2 36 0 0 8 4 1 80 19IndústriasDiversas 249 410 91 1.076 95 945 6.485 42 26 1.005 83 44 122 235Prod.Distr.Energia 10.404 17.659 4.014 112.883 8.387 15.044 146.099 618 359 21.096 1.400 753 6.140 17.784Saneamento 1.720 2.992 690 19.399 1.325 2.377 25.045 106 61 3.709 231 126 1.052 3.019ConstruçãoCivil 63 58 46 9.309 442 461 3.870 55 59 1.562 107 52 543 2.533Comércio 78.718 68.849 33.751 114.220 9.072 10.650 114.577 1.141 1.626 52.691 2.757 2.526 34.464 69.937TransporteComunicação 35.434 33.756 26.306 142.579 10.338 12.787 60.797 714 814 28.405 1.575 1.057 13.244 56.239Serviços 29.825 28.947 21.121 232.233 5.480 8.728 55.023 597 875 25.876 2.211 970 13.578 36.276Salários 131.360 341.624 50.390 274.722 38.091 11.638 100.617 7.471 11.074 282.630 15.611 13.717 67.943 96.283Lucros 1.643.638 2.452.304 765.470 863.515 109.301 189.703 706.823 5.384 27.271 442.984 66.969 16.845 68.566 163.036Impostos-subsídios(IL) 39.221 48.745 23.866 229.535 27.427 35.835 223.397 2.502 3.899 89.630 5.989 4.538 44.240 127.917Importações do Resto do Brasil 381.202 891.631 133.085 776.144 50.824 62.338 628.792 4.181 4.890 130.662 37.308 11.868 180.054 305.015Importação Resto Mundo 74.368 100.225 83.323 120.158 5.077 26.570 116.616 287 479 25.773 1.316 1.186 9.022 20.816Valor da produção 2.639.327 4.541.919 1.165.072 3.141.525 305.821 597.192 3.072.924 34.778 57.897 1.298.906 155.504 63.481 597.131 2.015.925Pessoal Ocupado 112.277 299.961 95.655 32.179 7.564 1.072 6.208 546 627 60.486 305 2.729 6.828 6.602

Anexo I: Matriz de insumo-produto do estado do Pará em 2003 (R$ 1.000,00) (Continuação).

Descrição do produto / Setor Bebidas Indústrias

DiversasProdução

Distr.Energia Saneamento Construção Civil Comércio Transporte

Comunicação Serviços Consumo final

Formação bruta de

capital fixo

Exportação Resto do

BR

Exportação Exterior

Demanda final

Agricultura 12.449 0 0 0 0 1 1 70.500 912.387 71.232 1.177.230 77.729 2.950.940PecuáriaPesca 277 8 40 1 0 0 0 9.359 2.240.249 0 1.351.295 6.834 4.754.784AtividadeFlorestal 4 16 517 11 280 0 0 3.515 68.544 51 986.130 5.173 1.170.764ExtrativismoMineral 369 210 289 1 6.404 22 32 257 367 9 224.730 2.002.037 2.595.974MineralNãoMetálico 3.512 126 276 0 181.609 23 801 9.185 13.424 25 67.687 100.829 428.447FabricaçãoAço 5 69 11 0 26.249 14 21 1.199 471 53 118.630 204.714 564.479AluminaAlumínioPrimário 1 277 4 0 33.627 5 465 1.498 116.298 25 583.027 1.627.877 3.072.744OutrosMetalúrgicos 3 38 254 3 1.985 31 57 520 16.677 55 0 5.498 33.114Máquinas 118 21 8.088 30 1.160 1.097 1.125 6.072 12.728 776 6.869 1.495 60.195IndústriaMadeira 2.440 359 2.006 96 72.649 8.990 11.617 69.079 84.424 18.742 339.358 557.999 1.297.962QuímicosFármacos 486 107 528 20 733 28.935 2.019 8.545 20.246 355 63.182 157.177 374.443Têxtil 7 113 301 2 114 65 296 3.975 14.507 70 17.526 12.421 60.083Agroind.Vegetal 1.471 12 222 2 27 431 2.486 30.598 306.457 489 123.476 82.644 597.242Agroind.Animal 961 8 23 0 9 28 67 40.723 1.031.489 125 689.364 4.565 1.938.883Bebidas 9.339 0 11 0 5 170 29 48.994 121.276 96 0 320 180.829IndústriasDiversas 34 134 1.575 60 3.268 182 665 1.649 2.383 413 0 99 21.370Prod.Distr.Energia 2.555 87 562.549 438 5.492 22.674 12.864 108.558 408.953 206 117.414 0 1.604.432Saneamento 481 18 34 10.808 1.067 4.340 2.500 20.558 81.240 51 6.744 0 189.696ConstruçãoCivil 173 14 7.907 168 148.872 3.509 14.220 54.876 129 3.145.287 0 1.051 3.395.367Comércio 11.956 474 14.438 290 122.347 31.113 63.492 228.278 1.112.994 103.935 428.220 417.027 3.129.542TransporteComunicação 4.673 276 7.786 166 54.938 60.576 252.132 170.376 1.371.062 10.406 206.402 191.915 2.754.755Serviços 5.115 1.248 81.383 1.724 71.390 56.642 158.563 1.259.296 10.439.525 38.346 258.000 235.088 13.068.059Salários 31.523 1.796 215.000 5.787 303.902 471.953 434.664 5.964.969Lucros 40.473 5.022 565.559 8.361 2.231.584 578.208 529.052 1.818.782Impostos-subsídios(IL) 14.040 891 163.976 3.323 301.149 156.569 131.391 377.740Importações do Resto do Brasil 50.050 1.288 85.208 3.827 827.404 937.830 496.041 652.729Importação Resto Mundo 1.069 132 36.135 388 77.684 20.413 115.740 170.681Valor da produção 180.854 12.720 1.754.119 35.508 4.473.669 2.383.822 2.230.340 11.142.511Pessoal Ocupado 1.654 234 1.935 1.029 106.540 123.996 39.238 526.967 Fonte: SANTANA (2007).

Anexo II – Matriz de efeitos diretos da economia do Estado do Pará, 2003.

Descrição do produto / Setor AgriculturaPecuáriaPe

scaAtividadeFlo

restalExtrativis

moMineralMineralNão

MetálicoFabricação

Aço

AluminaAlumínioPri

mário

OutrosMetalúrgicos Máquinas

IndústriaMadeira

QuímicosFármacos

Agricultura 0,0645 0,0713 0,0149 0,0005 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0535PecuáriaPesca 0,0008 0,0464 0,0002 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0001AtividadeFlorestal 0,0001 0,0010 0,0009 0,0000 0,0021 0,0097 0,0005 0,0001 0,0000 0,0706 0,0004ExtrativismoMineral 0,0016 0,0014 0,0002 0,0693 0,0184 0,0202 0,0368 0,0019 0,0003 0,0003 0,0010MineralNãoMetálico 0,0004 0,0003 0,0000 0,0030 0,0865 0,0034 0,0021 0,0061 0,0046 0,0010 0,0029FabricaçãoAço 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0117 0,3216 0,0020 0,2482 0,0256 0,0008 0,0012AluminaAlumínioPrimário 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0069 0,2284 0,0431 0,0184 0,0008 0,0005OutrosMetalúrgicos 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0002 0,0014 0,0015 0,0172 0,0229 0,0001 0,0005Máquinas 0,0002 0,0002 0,0002 0,0016 0,0012 0,0012 0,0030 0,0037 0,0241 0,0006 0,0008IndústriaMadeira 0,0005 0,0004 0,0007 0,0032 0,0067 0,0020 0,0023 0,0110 0,0108 0,0723 0,0064QuímicosFármacos 0,0123 0,0007 0,0025 0,0008 0,0038 0,0021 0,0116 0,0043 0,0040 0,0014 0,0562Têxtil 0,0000 0,0000 0,0000 0,0001 0,0000 0,0001 0,0001 0,0003 0,0008 0,0004 0,0004Agroind.Vegetal 0,0002 0,0003 0,0001 0,0001 0,0001 0,0000 0,0001 0,0001 0,0001 0,0002 0,0042Agroind.Animal 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0003Bebidas 0,0001 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000IndústriasDiversas 0,0001 0,0001 0,0001 0,0003 0,0003 0,0016 0,0021 0,0012 0,0005 0,0008 0,0005Prod.Distr.Energia 0,0039 0,0039 0,0034 0,0359 0,0274 0,0252 0,0475 0,0178 0,0062 0,0162 0,0090Saneamento 0,0007 0,0007 0,0006 0,0062 0,0043 0,0040 0,0082 0,0030 0,0011 0,0029 0,0015ConstruçãoCivil 0,0000 0,0000 0,0000 0,0030 0,0014 0,0008 0,0013 0,0016 0,0010 0,0012 0,0007Comércio 0,0298 0,0152 0,0290 0,0364 0,0297 0,0178 0,0373 0,0328 0,0281 0,0406 0,0177TransporteComunicação 0,0134 0,0074 0,0226 0,0454 0,0338 0,0214 0,0198 0,0205 0,0141 0,0219 0,0101Serviços 0,0113 0,0064 0,0181 0,0739 0,0179 0,0146 0,0179 0,0172 0,0151 0,0199 0,0142Salários 0,0498 0,0752 0,0433 0,0874 0,1246 0,0195 0,0327 0,2148 0,1913 0,2176 0,1004Lucros 0,6227 0,5399 0,6570 0,2749 0,3574 0,3177 0,2300 0,1548 0,4710 0,3410 0,4307Impostos-subsídios(IL) 0,0149 0,0107 0,0205 0,0731 0,0897 0,0600 0,0727 0,0719 0,0673 0,0690 0,0385Importações do Resto do Brasil 0,1444 0,1963 0,1142 0,2471 0,1662 0,1044 0,2046 0,1202 0,0845 0,1006 0,2399Importação Resto Mundo 0,0282 0,0221 0,0715 0,0382 0,0166 0,0445 0,0379 0,0082 0,0083 0,0198 0,0085Valor da produção 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000Pessoal Ocupado 0,0425 0,0660 0,0821 0,0102 0,0247 0,0018 0,0020 0,0157 0,0108 0,0466 0,0020

Anexo II - Matriz de efeitos diretos da economia do Estado do Pará, 2003 (Continuação).

Descrição do produto / Setor TêxtilAgroind.Ve

getalAgroind.Ani

mal BebidasIndústriasDi

versasProd.Distr.E

nergiaSaneament

oConstrução

Civil ComércioTransporteComunicaçã

oServiços

Agricultura 0,0089 0,1641 0,0047 0,0688 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0063PecuáriaPesca 0,0010 0,0040 0,4619 0,0015 0,0006 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0008AtividadeFlorestal 0,0000 0,0017 0,0001 0,0000 0,0013 0,0003 0,0003 0,0001 0,0000 0,0000 0,0003ExtrativismoMineral 0,0001 0,0010 0,0003 0,0020 0,0165 0,0002 0,0000 0,0014 0,0000 0,0000 0,0000MineralNãoMetálico 0,0001 0,0021 0,0001 0,0194 0,0099 0,0002 0,0000 0,0406 0,0000 0,0004 0,0008FabricaçãoAço 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0054 0,0000 0,0000 0,0059 0,0000 0,0000 0,0001AluminaAlumínioPrimário 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0218 0,0000 0,0000 0,0075 0,0000 0,0002 0,0001OutrosMetalúrgicos 0,0004 0,0001 0,0000 0,0000 0,0030 0,0001 0,0001 0,0004 0,0000 0,0000 0,0000Máquinas 0,0010 0,0005 0,0004 0,0007 0,0017 0,0046 0,0008 0,0003 0,0005 0,0005 0,0005IndústriaMadeira 0,0122 0,0079 0,0022 0,0135 0,0282 0,0011 0,0027 0,0162 0,0038 0,0052 0,0062QuímicosFármacos 0,0032 0,0018 0,0002 0,0027 0,0084 0,0003 0,0006 0,0002 0,0121 0,0009 0,0008Têxtil 0,1131 0,0003 0,0010 0,0000 0,0089 0,0002 0,0001 0,0000 0,0000 0,0001 0,0004Agroind.Vegetal 0,0005 0,0747 0,0005 0,0081 0,0010 0,0001 0,0000 0,0000 0,0002 0,0011 0,0027Agroind.Animal 0,0137 0,0064 0,0826 0,0053 0,0006 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0037Bebidas 0,0000 0,0001 0,0000 0,0516 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0001 0,0000 0,0044IndústriasDiversas 0,0007 0,0002 0,0001 0,0002 0,0105 0,0009 0,0017 0,0007 0,0001 0,0003 0,0001Prod.Distr.Energia 0,0119 0,0103 0,0088 0,0141 0,0069 0,3207 0,0123 0,0012 0,0095 0,0058 0,0097Saneamento 0,0020 0,0018 0,0015 0,0027 0,0014 0,0000 0,3044 0,0002 0,0018 0,0011 0,0018ConstruçãoCivil 0,0008 0,0009 0,0013 0,0010 0,0011 0,0045 0,0047 0,0333 0,0015 0,0064 0,0049Comércio 0,0398 0,0577 0,0347 0,0661 0,0373 0,0082 0,0082 0,0273 0,0131 0,0285 0,0205TransporteComunicação 0,0166 0,0222 0,0279 0,0258 0,0217 0,0044 0,0047 0,0123 0,0254 0,1130 0,0153Serviços 0,0153 0,0227 0,0180 0,0283 0,0981 0,0464 0,0486 0,0160 0,0238 0,0711 0,1130Salários 0,2161 0,1138 0,0478 0,1743 0,1412 0,1226 0,1630 0,0679 0,1980 0,1949 0,5353Lucros 0,2654 0,1148 0,0809 0,2238 0,3948 0,3224 0,2355 0,4988 0,2426 0,2372 0,1632Impostos-subsídios(IL) 0,0715 0,0741 0,0635 0,0776 0,0700 0,0935 0,0936 0,0673 0,0657 0,0589 0,0339Importações do Resto do Brasil 0,1869 0,3015 0,1513 0,2767 0,1012 0,0486 0,1078 0,1849 0,3934 0,2224 0,0586Importação Resto Mundo 0,0187 0,0151 0,0103 0,0059 0,0104 0,0206 0,0109 0,0174 0,0086 0,0519 0,0153Valor da produção 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000Pessoal Ocupado 0,0430 0,0114 0,0033 0,0091 0,0184 0,0011 0,0290 0,0238 0,0520 0,0176 0,0473 Fonte: Elaborada a partir da MIP do Estado do Pará – 2003.

Anexo III - Matriz Impacto de Leontief da economia paraense, 2003.

Descrição do produto / SetorAgricult

uraPecuáriaPesca

AtividadeFlorestal

ExtrativismoMiner

al

MineralNãoMetálico

FabricaçãoAço

AluminaAlumínioPr

imário

OutrosMetalúrgicos Máquinas

IndústriaMadeira

QuímicosFármacos

Agricultura 1,0701 0,0803 0,0163 0,0015 0,0006 0,0008 0,0014 0,0008 0,0006 0,0017 0,0617PecuáriaPesca 0,0009 1,0488 0,0003 0,0003 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0004AtividadeFlorestal 0,0002 0,0011 1,0010 0,0005 0,0031 0,0146 0,0011 0,0048 0,0014 0,0762 0,0010ExtrativismoMineral 0,0018 0,0018 0,0002 1,0746 0,0221 0,0328 0,0515 0,0129 0,0026 0,0005 0,0014MineralNãoMetálico 0,0006 0,0005 0,0001 0,0039 1,0951 0,0058 0,0035 0,0086 0,0058 0,0014 0,0035FabricaçãoAço 0,0001 0,0000 0,0000 0,0003 0,0192 1,4751 0,0049 0,3731 0,0477 0,0014 0,0021AluminaAlumínioPrimário 0,0000 0,0000 0,0000 0,0002 0,0003 0,0134 1,2964 0,0605 0,0263 0,0013 0,0008OutrosMetalúrgicos 0,0000 0,0000 0,0000 0,0001 0,0003 0,0021 0,0022 1,0183 0,0240 0,0001 0,0006Máquinas 0,0003 0,0003 0,0003 0,0022 0,0017 0,0024 0,0047 0,0048 1,0250 0,0009 0,0010IndústriaMadeira 0,0011 0,0007 0,0013 0,0052 0,0089 0,0043 0,0046 0,0141 0,0130 1,0787 0,0079QuímicosFármacos 0,0144 0,0021 0,0033 0,0018 0,0051 0,0042 0,0170 0,0070 0,0055 0,0025 1,0608Têxtil 0,0000 0,0000 0,0000 0,0001 0,0001 0,0002 0,0002 0,0004 0,0009 0,0006 0,0005Agroind.Vegetal 0,0004 0,0004 0,0002 0,0005 0,0003 0,0003 0,0004 0,0003 0,0003 0,0004 0,0050Agroind.Animal 0,0001 0,0001 0,0001 0,0004 0,0002 0,0002 0,0002 0,0002 0,0001 0,0002 0,0004Bebidas 0,0002 0,0001 0,0001 0,0005 0,0002 0,0002 0,0002 0,0002 0,0001 0,0002 0,0001IndústriasDiversas 0,0001 0,0001 0,0001 0,0005 0,0005 0,0025 0,0029 0,0021 0,0007 0,0009 0,0006Prod.Distr.Energia 0,0075 0,0072 0,0063 0,0600 0,0480 0,0594 0,0962 0,0480 0,0154 0,0280 0,0159Saneamento 0,0012 0,0012 0,0011 0,0101 0,0074 0,0092 0,0161 0,0078 0,0026 0,0048 0,0026ConstruçãoCivil 0,0003 0,0002 0,0004 0,0046 0,0025 0,0021 0,0029 0,0029 0,0016 0,0020 0,0011Comércio 0,0338 0,0194 0,0314 0,0447 0,0373 0,0321 0,0549 0,0471 0,0342 0,0488 0,0230TransporteComunicação 0,0179 0,0110 0,0272 0,0588 0,0457 0,0404 0,0353 0,0379 0,0209 0,0309 0,0149Serviços 0,0169 0,0107 0,0242 0,0996 0,0324 0,0360 0,0418 0,0365 0,0237 0,0317 0,0213

Anexo III - Matriz Impacto de Leontief da economia paraense, 2003. (Continuação).

Descrição do produto / Setor TêxtilAgroind.Vegetal

Agroind.Animal Bebidas

IndústriasDiversas

Prod.Distr.Energia

Saneamento

ConstruçãoCivil Comércio

TransporteComunicaçã

oServiços

Agricultura 0,0122 0,1910 0,0463 0,0803 0,0020 0,0007 0,0008 0,0003 0,0011 0,0011 0,0090PecuáriaPesca 0,0094 0,0085 0,5282 0,0049 0,0014 0,0003 0,0003 0,0001 0,0001 0,0003 0,0032AtividadeFlorestal 0,0012 0,0026 0,0009 0,0013 0,0038 0,0007 0,0008 0,0016 0,0004 0,0006 0,0010ExtrativismoMineral 0,0002 0,0016 0,0012 0,0030 0,0195 0,0003 0,0001 0,0032 0,0000 0,0001 0,0001MineralNãoMetálico 0,0004 0,0027 0,0005 0,0227 0,0115 0,0007 0,0005 0,0461 0,0002 0,0009 0,0015FabricaçãoAço 0,0003 0,0002 0,0001 0,0005 0,0097 0,0005 0,0003 0,0100 0,0001 0,0002 0,0003AluminaAlumínioPrimário 0,0002 0,0001 0,0001 0,0001 0,0289 0,0003 0,0002 0,0103 0,0001 0,0004 0,0003OutrosMetalúrgicos 0,0005 0,0001 0,0000 0,0001 0,0032 0,0004 0,0002 0,0005 0,0000 0,0001 0,0001Máquinas 0,0013 0,0008 0,0007 0,0010 0,0021 0,0070 0,0014 0,0005 0,0006 0,0007 0,0008IndústriaMadeira 0,0156 0,0102 0,0037 0,0166 0,0325 0,0027 0,0052 0,0190 0,0047 0,0073 0,0081QuímicosFármacos 0,0048 0,0056 0,0020 0,0053 0,0103 0,0008 0,0012 0,0010 0,0132 0,0017 0,0015Têxtil 1,1276 0,0005 0,0013 0,0001 0,0102 0,0003 0,0002 0,0001 0,0001 0,0002 0,0005Agroind.Vegetal 0,0007 1,0810 0,0009 0,0095 0,0015 0,0005 0,0003 0,0001 0,0004 0,0017 0,0035Agroind.Animal 0,0169 0,0077 1,0902 0,0064 0,0013 0,0003 0,0004 0,0001 0,0001 0,0004 0,0046Bebidas 0,0001 0,0003 0,0002 1,0547 0,0006 0,0004 0,0004 0,0001 0,0002 0,0004 0,0053IndústriasDiversas 0,0009 0,0003 0,0002 0,0003 1,0108 0,0014 0,0025 0,0009 0,0001 0,0004 0,0002Prod.Distr.Energia 0,0219 0,0201 0,0193 0,0264 0,0181 1,4738 0,0279 0,0065 0,0153 0,0118 0,0175Saneamento 0,0036 0,0034 0,0032 0,0048 0,0034 0,0004 1,4379 0,0011 0,0028 0,0022 0,0032ConstruçãoCivil 0,0015 0,0017 0,0021 0,0019 0,0023 0,0074 0,0077 1,0349 0,0020 0,0081 0,0061Comércio 0,0490 0,0722 0,0504 0,0779 0,0466 0,0150 0,0149 0,0328 1,0155 0,0355 0,0260TransporteComunicação 0,0245 0,0337 0,0419 0,0371 0,0321 0,0096 0,0100 0,0187 0,0301 1,1306 0,0213Serviços 0,0253 0,0369 0,0328 0,0430 0,1208 0,0789 0,0820 0,0236 0,0310 0,0928 1,1318 Fonte: Elaborada a partir da MIP do Estado do Pará – 2003.

Anexo VI: Tabela dos setores e produtos do IBGE e da MIP do Estado do Pará. IBGE MIP do Pará (2003)

01 Agropecuária Café em coco Cana-de-açúcar Arroz em casca Trigo em grãos Soja em grão Algodão em caroço Milho em grão Outros produtos agropecuários Bovinos e suínos Leite natural Aves vivas e ovos frescos Outros produtos agropecuários

Agropecuário (1)

02 Extrativismo mineral Minério de ferro Outros minerais

Extrativismo mineral (2)

03 Petróleo e gás Carvão e outros

04 Mineral não-metálico Mineral não-metálico (3)

05 Siderurgias Produtos siderúrgicos básicos Laminado de aço

Siderurgias (4)

06 Metalurgia de não-ferroso Metalurgia de não-ferroso (5) 07 Outro metalúrgico 08 Máquinas e equipamentos Tratores e maq. Terraplenagem Fabric. e mant de maq e equip

09 Material elétrico 10 Equipamentos eletrônicos 11 Automóveis, caminhões e ônibus 12 Peças e outro veículo

Outro metalúrgico (6)

13 Madeira e mobiliário 14 Celulose, papel e gráfica 15 Indústria de borracha

Madeireiro (7)

16 Elementos Químicos Álcool de cana e cereais Elementos químicos não petroquímicos

17 Refino do petróleo Gasolina pura

Químicos (8)

IBGE MIP do Pará (2003) Óleos combustíveis Outros produtos de refino Produtos petroquímicos básicos Resinas Gasoálcool

18 Químico diversos Adubos e fertilizantes Tintas Outros produtos químicos

19 Farmácia e veterinária Produtos farmacêuticos e perfumaria

20 Artigos plásticos 21 Indústria têxtil Fios têxteis natural Tecidos naturais Fios têxteis natural Tecidos artificiais Outros produtos têxteis Indústrias diversas

22 Artigo do Vestuário 23 Fabricação de calçados

Vestuário e art. Em couro (9)

24 Indústria do café 25 Beneficiamentos de outros prod. Vegetais Arroz beneficiado Farinha de trigo Outros produtos alim. beneficiados

26 Abate de animais Carne bovina Carne de aves abatidas

27 Indústria de laticínios Leite beneficiado Outro laticínios

28 Fabricação de açúcar 29 Fabricação de óleos vegetais Óleo vegetal em bruto Óleo vegetal refinado

30 Outros produtos alimentares Rações e outros produtos alimentares Bebidas

Indústria Alimentar (10)

31Construção civil Construção civil (11) 32 Comércio Comércio (12)

IBGE MIP do Pará (2003) 33 Transportes 34 Comunicação 35 Instituições financeiras Seguros Serviços financeiros 36 Serviços prestados às famílias Saúde e educação mercantis Alojamento e alimentação Outros serviços Serviços industriais de utilidade pública 37 Serviços prestados às empresas 38 Aluguel de imóvel Aluguel de imóvel Aluguel imputado 39 Administração pública Saúde pública Educação pública Administração pública 40 Serviços privados não-mercantis

Serviços (13)

Anexo V - Agregação setorial da MIP do ano de 2003 utilizada no estudo. 1. Cana-de-açúcar2. Soja3. Milho4. Fruticultura5. Outras culturas6. Aves7. Bovinos8. Suínos9. Outros da pecuária12. Extrativismo animal (Pesca)10. Extrativismo vegetal11. Silvicultura13. Extrativismo mineral14. Petróleo e outros15. Gás natural16. Carvão mineral17. Mineral não-metálico18. Siderurgia19. Metalurgia de não-ferrosos20. Outros metalúrgicos21. Máquinas e implementos agrícolas22. Outras máquinas e equipamentos23. Material elétrico24. Equipamentos eletrônicos25. Automóveis26. Caminhões e Ônibus27. Peças e outros veículos28. Indústria da madeira29. Indústria do mobiliário30. Fabricação de celulose e pasta mecânica31. Fabricação de papel, papelão e artefatos32. Indústria editorial e gráfica33. Indústria da borracha34. Álcool35. Outros elementos químicos36. Refino de petróleo37. Adubos e fertilizantes38. Químicos diversos39. Farmácia e veterinária40. Artigos plásticos41. Indústria têxtil42. Artigos do vestuário43. Fabricação de calçados44. Indústria do café45. Beneficiamento de outros prod. vegetais50. Fabricação de açúcar51. Fabricação de óleos vegetais53. Outros prod. alimentares46. Abate de aves47. Abate de bovinos48. Abate de suínos e outros49. Indústria de laticínios52. Rações54. Bebidas

(1) Agricultura

(4) Extração mineral

(6) Fabricação e tratamento do aço(7) Alumina e alumínio primário

(3) Atividade florestal

(2) Pecuária e pesca

(5) Mineral não-metálico

(15) Bebidas

(8) Outros metalúrgicos

(13) Agroindustria vegetal

(14) Agroindustria animal

(12) Textil, vestuário e calçados

(11) Químicos e Fármacos

(10) Madeira e mobiliário

(9) Máquinas, veículos e equipamentos

55. Indústrias diversas56. Prod. de energia elétrica hidráulica57. Prod. de energia elétrica óleo combustível58. Prod. de energia elétrica carvão59. Prod. energia elétrica óleo diesel60. Prod. de energia elétrica gás natural61. Prod. energia outras fontes62. Distribuição de energia elétrica63. Saneamento e abastecimento de água64. Coleta e tratamento de lixo65. Construção civil66. Atacado67. Comércio varejista de combustíveis68. Comércio varejista de veiculos, peças e acessórios69. Supermercados70. Outros do varejo71. Transporte rodoviário72. Transporte aéreo73. Transporte ferroviário74. Transporte aquaviário75. Atividades auxiliares dos transportes76. Serviços de telefonia móvel77. Serviços de telefonia fixa78. Correios79. Instituições financeiras80. Saúde Mercantil81. Educação Mercantil82. Serviços de alojamento e alimentação83. Outros serviços prestados à família84. Serviços prestados à empresa85. Aluguel de imóveis86. Saúde pública87. Educação pública88. Segurança pública89. Outros da administração pública90. Serviços privados não-mercantis

(16) Indústrias diversas

(21) Transporte e comunicação

(22) Serviços

(17) Prod. e distribuição energia outras fontes

(18) Saneamento e tratamento

(19) Construção civil

(20) Comércio atacadista e varejista