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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA
CURSO DE GRADUAÇÃO E LICENCIATURA EM ENFERMAGEM
ELIZIA MORAES RAMOS
O PAPEL DO ENFERMEIRO NO USO DA MASSAGEM PARA ALÍVIO DE CÓLICAS E
GASES EM RECÉM-NASCIDOS
NITERÓI 2013
ELIZIA MORAES RAMOS
O PAPEL DO ENFERMEIRO NO USO DA MASSAGEM PARA ALÍVIO DE CÓLICAS E
GASES EM RECÉM-NASCIDOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do título de Enfermeira Licenciada.
Orientador: Profª. Dra. LILIANE FARIA DA SILVA
Niterói 2013
R 175 Ramos, Elizia Moraes. O papel do enfermeiro no uso da massagem para alívio
de cólicas e gases em recém-nascidos / Elizia Moraes Ramos. – Niterói: [s.n.], 2013.
73 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Enfermagem) - Universidade Federal Fluminense, 2013. Orientador: Prof. Liliane Faria da Silva. 1. Cólica. 2. Lactente. 3. Flatulência. 4. Recém-nascido.
5. Massagem. 6. Enfermagem. 7. Cuidado do lactente. I. Título.
CDD 610.736
ELIZIA MORAES RAMOS
O PAPEL DO ENFERMEIRO NO USO DA MASSAGEM PARA ALÍVIO DE CÓLICAS E
GASES EM RECÉM-NASCIDOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do título de Enfermeira Licenciada
Aprovada em 30 de julho de 2013.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________________
Prof. Dra. Liliane Faria da Silva – Orientadora
Universidade Federal Fluminense/EEAAC
_____________________________________________________________
Prof. Dra. Emília Gallindo Cursino – 1º Examinador
Universidade Federal Fluminense/EEAAC
____________________________________________________________
Prof. Msc. Maria Estela Diniz Machado - 2º Examinador
Universidade Federal Fluminense/EEAAC
Niterói
2013
Dedico este trabalho ao meu pai, que fez de mim uma pessoa muito melhor. Você é a minha melhor
parte! TE AMO! Saudades eternas.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, pela minha vida, minha família, meus amigos e por sempre me mostrar luz, quando eu só via a escuridão. Obrigada, Deus, pela força e coragem para
prosseguir.
Ao meu pai, Joaquim, por ter sempre estado ao meu lado, por ter me ensinado o que é alegria de viver, força, coragem, determinação e ter me mostrado o quanto a fraqueza do corpo é
aliviada com um olhar nos olhos e palavras de carinho. Sem dúvida você fez e fará de mim uma Enfermeira muito melhor. Saudades eternas!
À minha mãe, Sandra, por sempre ter enfrentado e enfrentar até hoje tudo para o meu bem. Sem você eu não estaria aqui! Obrigada por estar comigo, me incentivando, dando asas a
minha imaginação e não ter me deixado desanimar mesmo nos piores momentos. Obrigada pela sua dedicação e amor por mim.
Às minhas madrinhas (Zeny, Erika e Ilka) e ao meu padrinho (Adilson) por fazerem de tudo para que eu sempre me sentisse a pessoa mais especial e inteligente do mundo inteiro. Vocês
são demais! Verdadeiramente, vocês sãos meus “segundos pais”. Eu amo vocês muito!
Ao meu afilhado Pedro e ao meu sobrinho Gabriel que mesmo pequenos toleraram por tantas vezes a minha ausência na vidinha deles. A Dinda/Tia ama muito vocês!
À minha tia Ivone e ao meu tio Delfim por todo amor e por nunca terem deixado me faltar nada, e além de tudo por terem me dado oportunidade de estar sempre estudando e ter
chegado até aqui. Vocês fazem parte da minha história!
A todos os meus familiares por entenderem a minha ausência em muitos momentos e mesmo assim nunca deixaram de apoiar todas as minhas decisões. Vocês são minha base!
À minha querida orientadora Liliane, que é um exemplo que eu quero seguir! Obrigada por acreditar em mim, me auxiliar na construção desse trabalho e ter sempre tanta paciência,
disposição, calma e palavras sábias nos momentos certos. Foi um prazer imenso ter você ao meu lado nessa jornada.
À minha prima do coração Natália que sempre me apoia e que está ao meu lado, me aconselhando e me motivando ao dizer que quando ela crescer quer ser igual a mim, além de
aturar minhas crises existenciais. Eu te amo!
À minha amiga Monyque que está junto comigo desde o terceiro período! Você é a melhor dupla! Obrigada por sempre me ajudar em tudo ao longo desses anos. Muito obrigada
amiga! Sei que não foi fácil me aturar tanto tempo!
A minha equipe: Beatriz Peres, Carla Silva, Juliana Brandão, Monyque Silva, Priscila Guiducci e Isis Sueiro, por tantos bons momentos juntas, tantos aprendizados, tantos
obstáculos, tantas vitórias. Sem a companhia e ajuda de vocês, eu não teria sido tão feliz.
Aos outros amigos(as)que a Universidade Federal Fluminense me deu: Ana Laura, Luana, Vanessa, Aline Coca, Matheus, Camila, Gabriela e tantos outros que posso ter esquecido por
um momento, mas tenham certeza: levarei vocês para sempre em meu coração!
A todos os amigos que a vida me trouxe e sempre torceram pelo meu sucesso e me ajudaram a chegar até aqui o meu agradecimento por todo apoio!
Aos enfermeiros que passaram no meu caminho, que me ensinaram e mostraram o que é ser Enfermeiro! Vocês foram determinantes e essenciais na minha formação! Obrigada por tudo!
Aos meus anjinhos de quatro patas Floquinho, Mel, Princesa e Tasha pelo apoio durante a elaboração desse trabalho, pela companhia nas longas noites de produção! A presença de
vocês me deu muita inspiração! Amo vocês!
Agradeço a Professora Dra. Emília Gallindo Cursino e a Prof. Msc. Maria Estela Diniz Machado pela prontidão em terem aceitado o convite para participar da banca examinadora
e terem colaborado de forma tão significativa para a construção deste trabalho. Muito obrigada!
Agradeço a todos os pacientes que confiaram a mim os seus cuidados, vocês fazem parte da minha formação profissional. Vocês farão de mim uma profissional bem melhor. Obrigada.
Agradeço a todos que de certa forma estiveram e estarão sempre comigo me ajudando a evoluir enquanto pessoa. Serei sempre grata a vocês.
A todos aqueles que não foram citados aqui, mas que com certeza eu carrego no coração: Obrigada!
EPÍGRAFE
“... Um menino caminha
E caminhando chega no muro
E ali logo em frente
A esperar pela gente
O futuro está...
E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar
Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar... ”
(Toquinho – Aquarela)
RESUMO
Com ocorrência frequente e por múltiplas causas, a cólica é o maior motivo de as mães procurarem atendimento médico antes dos três meses de idade da criança. A cólica é uma síndrome na qual a criança demonstra sinais de irritabilidade, agitação ou choro, durante pelo menos três horas por dia, mais de três dias na semana por pelo menos três semanas. Quando mãe e bebê vão para casa, o recém-nascido ocasionalmente poderá apresentar cólicas e gases. A utilização da massagem como alternativa inicial para alívio de cólicas e gases colabora de forma significativa para um consumo reduzido de medicações, já que tem potencial para solucionar o desconforto sofrido pelo bebê. Neste sentido, este estudo tem como objetivos identificar os métodos que as mães conhecem para alívio de cólicas e gases em recém-nascidos e analisar a possibilidade de uso da massagem para alívio de cólicas e gases em recém-nascidos pelas mães, após a demonstração da técnica de massagem clássica. Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, com abordagem qualitativa que teve como cenário o alojamento conjunto de um Hospital Universitário do Estado do Rio de Janeiro. Os sujeitos da pesquisa foram 10 mães que durante o período de coleta de dados encontravam-se internadas neste setor. A coleta de dados foi realizada através de entrevista semiestruturada. A análise temática dos dados foi realizada após a transcrição da fala dos sujeitos, quando emergiram as seguintes unidades temáticas: os métodos conhecidos e utilizados pelas mães para alívio de cólicas e gases em recém-nascido e a (im)possibilidade do uso da massagem pelas mães após a demonstração da técnica de massagem clássica. Emergiram ainda as seguintes subunidades: métodos conhecidos para alívio de cólicas e gases em recém-nascido; métodos utilizados para alívio de cólicas e gases em recém-nascido; o uso da massagem para alívio de cólicas e gases em recém-nascidos; a possibilidade do uso da massagem para alívio de cólicas e gases em recém-nascidos, a possibilidade do uso da massagem associada às medicações para alívio de cólicas e gases em recém-nascidos e a impossibilidade do uso da massagem para alívio de cólicas e gases em recém-nascidos. Conclui-se que a demonstração da técnica para aprendizado pelas mães torna-se válido à medida que é eficaz e benéfico ao bebê. Durante a permanência no alojamento conjunto, onde a mãe começa a aprender como cuidar e lidar com o seu filho, é uma oportunidade que deve ser aproveitada pelos profissionais, em especial o enfermeiro, para o ensino da técnica de massagem para alívio de cólicas e gases em recém-nascidos.
Descritores: Cólica, Lactente, Flatulência, Recém-nascido, Massagem, Enfermagem, Cuidado do lactente.
ABSTRACT
Colic has a frequent occurrence and multiple causes and it is the biggest reason for mothers search medical attention before three-month-old child. Colic is a syndrome that shows signs of irritability, fussing or crying for at least three hours per day, more than three days per week for at least three weeks. When mother and baby go home, the newborn may occasionally produce flatulence and colic. The use of massage as alternative to initial relief of flatulence and colic contributes significantly to reduced consumption of medication, as it has the potential to solve the discomfort suffered by the baby. Thus, this study aims to identify the methods that mothers know to relieve colic and flatulencies in newborns and consider the use of massage to relieve colic and flatulence in newborns by mothers after the demonstration of classical massage technique. This is a descriptive study with a qualitative approach that had as rooming scenario of a University Hospital in Rio de Janeiro State. The subjects were 10 mothers during the data collection were interned in this sector. Data collection was conducted through semi-structured interviews. Thematics analysis was performed after the speech was transcribed and analyzed, so emerged the following thematic units: the methods known and used by mothers to relieve colic and flatulence in newborn and the (im)possibility of using massage by mothers after the demonstration of the technique of classical massage. Subunits have emerged: methods known to relieve colic and flatulence in newborn; methods used to relieve colic and flatulence in newborns; the use of massage for relieving colic and flatulence in newborns; the possibility of the use of massage for relief colic and flatulence in newborns; the possibility of the use of massage associated with medications for relief of colic and flatulence in newborns and the impossibility of the use of massage to relieve colic and flatulence in newborns. Conclude that the demonstration of the technique for learning by mothers becomes valid as it is effective and beneficial to the baby. During the stay in rooming where the mother begins to learn how to care and handle your child is an opportunity that can be used by professionals, in special nurses, for teaching massage technique for relieving colic and flatulence in newborn.
Keywords: Colic, infant, Flatulence, Newborn, Massage, Nursing, Infant Care
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – A técnica de massagem nos pés do bebê, p. 26
Quadro 2 - A técnica de massagem nas pernas do bebê, p.27
Quadro 3 - A técnica de massagem no quadril do bebê, p.28
Quadro 4 - A técnica de massagem na barriga do bebê, p.29
Quadro 5 - A técnica de massagem no tórax do bebê, p.30
Quadro 6 - A técnica de massagem nas mãos do bebê, p.31
Quadro 7 - A técnica de massagem nas costas do bebê, p.32
Quadro 8 - A técnica de massagem na cabeça do bebê, p.33
Quadro 9 - A técnica de massagem para alívio de cólicas e gases, p.34
Quadro 10 - Apresentação das unidades temáticas e divisão das subunidades temáticas, p.44
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Bonecas utilizadas durante a coleta de dados, p.40
Figura 2 – Mãe realizando a primeira manobra da técnica de massagem, p.40
Figura 3 – Mãe realizando a segunda manobra da técnica de massagem, p.40
Figura 4 – Mãe realizando a terceira manobra da técnica de massagem, p.40
LISTA DE SIGLAS
CEP - Comitê de Ética e Pesquisa
LILACS - Literatura Latino- Americana em Ciências da Saúde
SCIELO - Biblioteca Eletrônica Científica Online
TCC - Trabalho de Conclusão de Curso
TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UTI Neonatal - Unidade de Terapia Intensiva Neonatal
SUMÁRIO
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS, p.16
1.1. QUESTÕES NORTEADORAS, p.18
1.2. OBJETIVOS, p.18
1.3. JUSTIFICATIVA, p.19
2. REVISÃO DE LITERATURA, p.21
2.1. O RECÉM-NASCIDO, p.21
2.2. CÓLICAS E GASES, p.22
2.3. MASSAGEM TERAPÊUTICA, p.23
2.4. A TECNICA DE MASSAGEM CLÁSSICA VOLTADA PARA O BEBÊ, p.25
2.5. A TÉCNICA DE MASSAGEM CLÁSSICA VOLTADA AO ALÍVIO DE CÓLICAS
E GASES, p.33
2.6. A ENFERMAGEM E O USO DA MASSAGEM CLÁSSICA, p.35
3. METODOLOGIA, p.36
3.1. TIPO DE PEQUISA E MÉTODO, p.36
3.2. CENÁRIO DA PESQUISA, p.37
3.3. SUJEITOS DA PESQUISA, p.38
3.4. COLETA DE DADOS, p.39
3.5. ANÁLISE DOS DADOS, p.41
3.6. ASPECTOS ÉTICOS, p.42
3.7. CRITÉRIOS PARA ENCERRAMENTO DO TRABALHO DE CAMPO, p.43
4. DISCUSSÃO E RESULTADOS, p.44
4.1. APRESENTAÇÃO DAS UNIDADES TEMÁTICAS, p.44
4.1.1. OS MÉTODOS CONHECIDOS E UTILIZADOS PELAS MÃES PARA
ALÍVIO DE CÓLICAS E GASES EM RECÉM-NASCIDO, p. 45
4.1.1.1. Métodos conhecidos para alívio de cólicas e gases em recém-nascido, p.45
4.1.1.2. Métodos utilizados para alívio de cólicas e gases em recém-nascido, p. 48
4.1.1.3. O uso da massagem para alívio de cólicas e gases em recém-nascido, p.49
4.1.2. A (IM)POSSIBILIDADE DO USO DA MASSAGEM PELAS MÃES APÓS A
DEMO
4.1.2.1. A possibilidade do uso da massagem para alívio de cólicas e gases em
recém-nascidos, p.53
NSTRAÇÃO DA TÉCNICA DE MASSAGEM CLÁSSICA, p. 53
4.1.2.2. A possibilidade do uso da massagem associada às medicações para alívio
de cólicas e gases em recém-nascidos, p.55
4.1.2.3. A impossibilidade do uso da massagem para alívio de cólicas e gases em
recém-nascidos, p.56
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS, p.59
6. OBRAS CITADAS, p.62
7. OBRAS CONSULTADAS, p.66
8. APÊNDICE, p.67
8.1. APENDICE 1: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO, p.68
8.2. APENDICE 2 - ROTEIRO DA ENTREVISTA, p.69
9. ANEXO, p.70
9.1. PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA, p.71
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Minha aproximação com a temática desse estudo veio da minha trajetória pessoal, pois
desde pequena sempre gostei de bebês, principalmente dos bem novinhos, e do ato de cuidar e
proteger seres tão pequenos e delicados me encantava. Esta simpatia por eles aumentou com o
nascimento do meu primo e posteriormente do meu afilhado, e assim pude acompanhar seu
desenvolvimento desde o período intrauterino até os dias de hoje. Especialmente dos seus 0-6
meses de vida estive ativamente ao seu lado, auxiliando em seus cuidados, e tive a certeza que
cuidar de bebês é uma prática que exige carinho, amor e muita dedicação.
Outro momento marcante foi após o início da Graduação em Enfermagem, quando
tive que estar ao lado do meu pai em um longo período de sua internação hospitalar, onde nas
horas vagas visitava o andar do berçário e via o quanto os bebês são dependentes de cuidados.
Tais cuidados são inicialmente provenientes da equipe multidisciplinar e posteriormente
realizados pela mãe e outros familiares.
No 6º período da minha Graduação em Enfermagem, cursei uma disciplina chamada
Introdução às Terapias Naturais em Saúde, na qual tive a oportunidade de ampliar minha
visão para além da curativa e medicamentosa. Durante o curso da disciplina, foi-me
apresentada ações em saúde alternativas ao uso de medicamentos como massagens, toques
terapêuticos, uso de chás naturais, de cores, dentre muitas outras. No decorrer das aulas, vi
que meu interesse só aumentava e decidi naqule momento que o meu Trabalho de Conclusão
de Curso (TCC) seria voltado para essa área.
Posteriormente, tive a oportunidade de realizar estágio não obrigatório em uma
Unidade de Pronto Atendimento 24 horas, vi o quanto alguns bebês eram trazidos pelas mães
com sinais e sintomas comuns como cólica e gases e percebi que as doses necessárias de
medicamentos para o efeito esperado eram maiores que as preconizadas, talvez pelo uso
indiscriminado desse medicamento em casa pelas mães.
17
Desta forma, o delineamento da temática desse estudo, se deu por motivação pessoal e
acadêmica, nele busquei aliar duas áreas de interesse: cuidados com bebês e terapias naturais.
Entre as possibilidades de terapias naturais que podem ser utilizadas com bebês, neste
estudo dei enfoque à massagem clássica, que tem sido reconhecida na América há alguns
anos. Suas principais manobras são o deslizamento superficial e profundo, onde as mãos de
quem realiza a massagem vão deslizar e tocar determinado segmento corporal. Além disso,
esta modalidade pode ser empregada para o alívio dos principais problemas apresentados
pelos bebês após a alta hospitalar, quando fica sob os cuidados de sua família, especialmente a
mãe (CRUZ e CAROMANO, 2005).
Segundo Brêtas (1999, p. 91) “A massagem nasceu do conceito de contato físico e
existe há vários milênios como parte das medicinas orientais. Massagem implica tocar com as
mãos. É uma forma íntima de contato entre duas pessoas”.
A massagem pode ser uma grande aliada no processo de adaptação à nova realidade da
mãe e do bebê, além de promover um conhecimento acerca da subjetividade envolvida com os
cuidados diários do recém-nascido, tais como a diferenciação de expressões utilizadas pelo
mesmo. Tem sido demonstrado que crianças que são massageadas regularmente desenvolvem
maior autoconfiança e tornam-se mais amorosas e dedicadas (NIELSEN, 1989).
A diferenciação de expressões pode ser auxiliada com o conhecimento e uso da Escala
de Brazelton, que foi desenvolvida por T. Berry Brazelton e colaboradores e tem como
objetivo auxiliar na identificação e diferenciação das expressões utilizadas pelos bebês, de
modo que possa se deteccar possíveis alterações comportamentais mais precocemente
possível. Esta escala considera sempre a melhor resposta do bebê e não deve ser utilizada
após grandes manipulações ou eventos estressantes. A escala de Brazelton é constituída de 28
itens de avaliação comportamental, 18 itens de avaliação reflexa neurológica além de itens de
avaliação complementar. (BRAZELTON, 1995)
A cólica do recém-nascido é um evento doloroso no qual necessita de intervenção.
Desta forma, é preciso que a equipe de enfermagem saiba o manejo adequado para a
identificação e alívio da dor do recém-nascido. O reconhecimento dos sinais de dor ou
desconforto não é claro, então se faz necessário que profissionais de saúde disponham de
instrumentos que “decodifiquem” a linguagem da dor. Atualmente a avaliação da dor é feita
através de escalas que avaliam parâmetros fisiológicos e comportamentais isolados ou
associados, ajudando a determinar a necessidade (ou não) de intervenção específica
(PRESBYTERO, COSTA e SANTOS, 2010; CRESCÊNCIO, ZANELATO e LEVENTHAL,
2009).
18
Na alta hospitalar, quando mãe e bebê vão para casa, o recém-nascido ocasionalmente
poderá apresentar cólicas e gases, que num primeiro momento pode causar situações de
estresse materno. Neste sentido, o enfermeiro pode intervir orientando quanto à identificação
de sinais de dor e a interveção com o uso de métodos alternativos para minimizar as cólicas.
Com o conhecimento de métodos alternativos, as cólicas e gases podem ser resolvidos
num primeiro momento, sem o uso de medicações. De acordo com AUCKETT 1
1.1 QUESTÕES NORTEADORAS
(1983 apud
BRÊTAS e SILVA, 1999) “[...] a massagem para bebês proporciona alívio contra cólicas,
acalma o bebê, produz relaxamento, reduz os efeitos da separação, reforça o vínculo mãe-
filho a partir do forte vínculo físico que proporciona.”.
Complementando o afirmado anteriormente, CRUZ et al. (2008) afirmam que
“massagem para bebês é um recurso terapêutico que pode ser aprendido e praticado por
leigos. É de baixo custo e produz efeitos fisiológicos e comportamentos benéficos para saúde
da criança e do cuidador.”
Desta forma, o uso da massagem clássica com frequência regular como alternativa
inicial à utilização de medicações, pode ser orientado pela enfermagem para que as mães a
realize em suas casas, de modo que proporcione alívio para o bebê e torne-se um momento de
afeto, carinho e fortalecimento de laços familiares.
Sendo assim, a presente pesquisa tem como objeto de estudo o uso da técnica da
massagem clássica pela mãe para o alívio de cólicas e gases em recém-nascidos.
- Quais os métodos que as mães conhecem para alívio de cólicas e gases em recém-
nascidos?
- As mães conseguem compreender que o uso da técnica de massagem clássica pode ser
utilizada para alívio de cólicas e gases em recém-nascidos?
1.2 OBJETIVOS
- Identificar os métodos que as mães conhecem para alívio de cólicas e gases em recém-
nascidos.
- Analisar a possibilidade de uso da massagem para alívio de cólicas e gases em recém-
nascidos pelas mães, após a demonstração da técnica de massagem clássica.
1 AUCKETT, A.D. Massagem para bebê. Rio de Janeiro: Livro Técnico. 1983. 75p.
19
1.3 JUSTIFICATIVA Com o objetivo de aproximação com a temática de estudo, foi feita uma busca na base
de dados LILACS (Literatura Latino- Americana em Ciências da Saúde) e na biblioteca
virtual SCIELO (Scientific Eletronic Library Online) com os seguintes descritores:
massagem, recém-nascido, enfermagem, cólicas, com o operador boleano “AND” entre as
combinações.
Foram utilizadas as seguintes combinações: massagem AND recém-nascido resultando
um total de 9 artigos na LILACS e 6 na SCIELO; enfermagem AND massagem resultando
em um total de 522 artigos na LILACS tendo esses sido filtrados pelo idioma português,
resultando num total de 27 artigos na LILACS e 4 na SCIELO; recém-nascido AND cólica
resultando em 10 artigos na LILACS e 1 na SCIELO; além da combinação dos descritores, as
referências bibliográficas dos artigos utilizados também foram analisadas de forma a
enriquecer o trabalho. Os critérios de inclusão foram texto na íntegra, em português, sem
recorte temporal. As publicações duplicadas foram excluídas de uma das bases, e mantida
naquela de maior quantitativo selecionado.
A busca em base de dados resultou em 57 artigos nos quais somente 15 (sendo 4 da
Scielo e 11 da LILACS) foram selecionados devido à maior proximidade com o tema a ser
abordado, além de seguir os critérios de inclusão.
Com a análise das publicações, pode-se perceber que a grande maioria é proveniente
de livros. Outro meio de busca por publicações relativas ao tema de estudo, foi através das
referências utilizadas pelas 15 publicações selecionadas inicialmente, e assim com base nelas,
foram incluídos na pesquisa uma dissertação de mestrado e mais 7 artigos que estavam
disponíveis online, totalizando 22 artigos na íntegra que puderam ser utilizados no decorrer do
estudo.
BRÊTAS e SILVA (1998, p.60) já afirmaram que:
No Brasil a produção científica sobre o tema é escassa, talvez pelo estigma de procedimento alternativo que a massagem recebe, por simples preconceito construído pela visão cartesiana de ciência ou pelo tabu que envolve as atividades do toque.
Os estudos provenientes dessa busca foram analisados e identificou-se que eles foram
redigidos por profissionais de diversas áreas da saúde (enfermeiros, fisioterapeutas, pediatras),
demonstrando que a prática de massagem é uma terapia multiprofissional, não devendo ser
20
estimulada por uma área especificamente. Cabe a cada profissional dentro de sua área de
atuação, buscar os benefícios da massagem terapêutica e aplicar em sua rotina de trabalho.
Após a leitura de todos os estudos encontrados, foi possível perceber que a massagem
clássica não é o é amplamente utilizada para tratamento de cólicas e gases em recém-nascidos.
Visualiza-se assim uma lacuna de conhecimento onde a enfermagem pode consolidar noções
e saberes acerca da massagem clássica, de forma a favorecer sua assistência e auxiliar nos
cuidados da mãe após a alta hospitalar.
Saavedra et al. (2003), destacaram que “em torno de 10 a 50% dos lactentes sadios e
bem alimentados apresentam cólicas, independente do seu sexo, peso de nascimento e classe
social.” A etiologia da cólica no recém-nascido continua pouco esclarecida. Alguns estudos
sobre a cólica do lactente apontaram alguns fatores que determinam ou contribuem para a
manifestação da cólica. Dentre elas destacam-se imaturidade do trato intestinal,
hipertonicidade congênita, alergias, tensão dos pais e meio-ambiente (KOSMINSKY e
KIMURA, 2004).
Então se pode notar que a ocorrência de distúrbios intestinais como cólicas e gases
ocorrem independente de classe social, sexo ou peso ao nascer. Logo, o uso da massagem
clássica como prevenção ou tratamento inicial pode ser utilizada, caso o cuidador do bebê
esteja apto à realização de forma adequada.
Este estudo contribui de forma significativa para a assistência, ensino e pesquisa já que
faz necessário um maior estudo acerca da temática de forma a verificar a possibilidade do uso
da massagem clássica pelas mães em situações iniciais de cólicas e gases, já que por vezes as
mães utilizam métodos não seguros para o cuidado da cólica de seus filhos, adotando
comportamento de risco para a saúde do bebê. O enfermeiro como educador em saúde deve
ser o responsável pela orientação das mães no manejo adequado em situação de cólica e gases
após a alta hospitalar.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 O RECÉM-NASCIDO
Ainda na vida intrauterina, o bebê encontra-se confortavelmente envolto em líquidos
maternos a uma temperatura e luminosidade constante (SILVA e NASCIMENTO, 2001). Os
estímulos, principalmente táteis, estimulam o feto durante todo o tempo vida intrauterina. Ao
nascimento, o bebê tem que se adaptar as mudanças ambientais e aos diferentes estímulos que
farão parte da sua nova rotina.
O bebê pode ser afetado pelo estresse antes mesmo do nascimento em decorrência de
níveis de hormônio relacionados ao estresse presente na corrente sanguínea da mãe, que
atravessam a placenta (SILVA e NASCIMENTO, 2001).
Durante os primeiros meses de vida o bebê estará conhecendo a sua nova rotina e se
acostumando com os novos hábitos. Essa fase de mudança pode ser facilitado pela adaptação
gradual, através da permanência de fatores já conhecidos pelo bebê, tais como a estimulação
tátil. Mercati 2
Dentro deste contexto, sabe-se que a utilização de massagem pelas mães favorecerá o
relaxamento do recém-nascido além de estabelecer um forte vínculo entre mãe-bebê
proporcionado pelo simples ato de tocar. A massagem tem benefícios não só físicos, mas
também emocionais, de modo a propiciar completo bem-estar ao bebê (WALKER, 2000).
(1999 apud SILVA e NASCIMENTO, 200, p.108) refere que:
O sentido do tato, o mais desenvolvido ao nascer, está ligado ao sistema consciente, emocional e neurológico autônomo, de modo que, além de tranquilizar e confortar, o toque carinhoso também tem um efeito positivo no desenvolvimento físico e mental do bebê.
2 MERCATI, M. Tui na Massagem para uma Criança Mais Saudável e Mais Inteligente. São Paulo: Manole. 1999.
22
Ser tocado amorosamente durante a massagem diária dá ao bebê um sentimento de
equilíbrio entre o stress e o relaxamento (NIELSEN, 1989).
Nos primeiros meses de vida o bebê se recupera da sua posição fetal. Para que isso
ocorra é essencial que estiquem os músculos, abram as articulações e coordenem os
movimentos (WALKER, 2000). Logo, a massagem é importante nesta fase já que auxiliará o
bebê nesta fase de recuperação e coordenação dos movimentos.
2.2 CÓLICAS E GASES
A cólica é definida como uma síndrome na qual a criança demonstra sinais de
irritabilidade, agitação ou choro, durante pelo menos três horas por dia, mais de três dias na
semana por pelo menos três semanas, em crianças saudáveis. O recém-nascido chora
vigorosamente, apesar de todos os eforços para consolá-lo. Esse problema pode vir a surgir na
segunda semana de vida e seu alívio é gradual, tendo desaparecido por volta do terceiro mês
de vida (SAAVEDRA et al., 2003).
Murahovschi (2003, p.101) acrescenta que: O termo cólica se refere a uma dor abdominal aguda, espasmódica. A cólica típica se manifesta como um ataque paroxístico de choro forte, agudo, estridente. O lactente se estica, fica vermelho, vira a cabeça para os lados, as mãos ficam crispadas, as coxas flexionadas sobre o abdômen; com frequência ocorre a eliminação de gases, o que parece trazer alívio temporário. Com breves pausas, o choro pode se prolongar por horas; o choro é inconsolável, o que traz aos pais sentimentos de frustração e impotência.
Segundo Silva Filho3
Nesse contexto, “a massagem estimula o sistema gastrointestinal, libera a tensão
acumulada e ajuda o bebê a relaxar, diminuindo desta forma as cólicas, comum em bebês, e
ajudando na liberação de gases” (McCLURE
(2001 apud MAZON, 2002, p.5) “[...] as cólicas são um
acontecimento natural, decorrentes da imaturidade do intestino do bebê e agravados pela
ingestão de ar durante a mamada. Esta imaturidade refere-se a fenômeno adaptativo da
capacidade de contração do intestino, os chamados movimentos peristálticos”.
4
A etiologia da cólica em lactentes ainda não foi bem esclarecida. Diferentes causas
podem ser apontadas podendo ainda ser divididas em causas gastrointestinais e causas não
, 1996 apud MAZON, 2002, p.5).
3 SILVA FILHO, L. V. Cólicas do lactente. São Paulo, nov. 2001. Disponível em: http://www.clubedobebe.com.br. 4 McCLURE, V. S. Massagem infantil: um guia para pais carinhosos. Trad. Ana Maria Sarda. Rio de Janeiro: Record, 1996.
23
gastrointestinais. A cólica pode estar relacionada com uma imaturidade fisiológica e tem seu
pico com 6 semanas de vida, tanto em bebês prematuros quanto bebês a termo
(MURAHOVSCHI, 2003).
A alimentação do bebê é fator determinante no aparecimento de cólicas e gases.
Estudo comparativo entre um grupo de bebês que recebeu leite materno exclusivo com um
grupo cujos bebês receberam fórmula láctea verificou-se que o pico da cólica varia
juntamente com o tipo de alimentação recebida pela criança. Nos bebês que receberam
fórmula láctea, o pico da intensidade do choro ocorria mais precocemente, por volta da 2ª
semana de vida quando comparado ao grupo de bebês que recebeu leite materno, tendo
apresentado pico de choro na 6ª semana de vida (LUCAS e JAMES-ROBERTS5
A pele é o maior órgão sensorial do nosso corpo, e o sentido do tato é acionado logo
cedo, uma vez que os bebês estão cercados e acariciados por tecidos e líquidos mornos desde
o inicio da vida fetal (KLAUS e KLAUS
, apud
KOSMINSKY e KIMURA, 2004).
A cólica do lactente é uma condição transitória, sem riscos de mortalidade e que não
interfere no crescimento da criança. Entretanto, além de ser uma situação extremamente
estressante para a família e para a equipe de saúde, pode gerar insegurança nos pais e como
alguns estudos demonstram, pode gerar sensação de incompetência nos cuidadores, discórdia
entre o casal e aumenta o risco de abuso e violência doméstica (SAAVEDRA et al., 2003).
2.3 MASSAGEM TERAPÊUTICA
6
Logo, o estímulo tátil é iniciado ainda na vida intrauterina. Austregésilo
, 2001 apud SILVA E NASCIMENTO, 2001). 7
Desta forma, a massagem nasceu do conceito de contato físico e existe há vários
milênios como parte das medicinas orientais. Massagem implica em tocar com as mãos e é
uma forma íntima de contato entre duas pessoas. A massagem tem sido apresentada no
Ocidente como forma de terapia alternativa e seus efeitos terapêuticos têm sido amplamente
salientados (BRÊTAS, 1999).
(1998 apud
Brêtas, 1999, p.17) conceitua massagem como “a linguagem do tato. E podemos defini-la
como sendo um conjunto de toques exercidos sobre o corpo com fins terapêuticos,
desportivos, estéticos, emocionais, lúdicos ou sexuais.”.
5 LUCAS, A.; JAMES-ROBERTS I. Crying, fussing, and colic behaviour in breast-and bottle-fed infants. Early Human Development, Amsterdam 1998 Nov;53(1):9-18. 6 KLAUS, M ; KLAUS, P. Seu surpreendente recém nascido. Porto Alegre: Artmed, 2001. 7 AUSTREGÉSILO, A.S.B. Curso de massagem oriental – a linguagem do tato. Rio de Janeiro: Ediouro, 1988. P,13.
24
A massagem, após o nascimento, é a continuação do contato íntimo que a gestação
proporcionou à mãe e ao bebê, não devendo ser considerado então uma alternativa
exclusivamente terapêutica (SILVA e NASCIMENTO, 2001).
Cruz e Caromano (2005) caracterizam em seu estudo três tipos de massagem para
bebês que são utilizadas e divulgadas: A Shantala, a massagem clássica e a massagem do Sul
da Ásia. Todas as modalidades utilizam as manobras da massagem clássica, e sua diferença
está no local por onde se iniciam os movimentos, no tipo, na intensidade e na direção das
manobras.
Na massagem clássica, as manobras mais utilizadas para os bebês são o deslizamento
superficial e profundo, e com menor frequência o amassamento, a fricção e tapotagem
(SILVA e NASCIMENTO, 2001).
Segundo Cassar (2001, p.76-77), “o deslizamento é uma manobra básica usada no
começo de todas as rotinas de massagem e tem diversas aplicações, mas talvez a mais
importante seja o contato inicial que propicia com o paciente”. O mesmo autor descreve os
efeitos gerais do deslizamento da seguinte maneira:
1. Efeitos mecânicos. O efeito mecânico do deslizamento é direto. Ele movimenta o sangue ao longo dos vasos sanguíneos e, também de modo direto, empurra os conteúdos dos órgãos ocos, como os do sistema digestivo. 2. Redução da dor: Este é um efeito muito importante da técnica de deslizamento, que envolve mecanismos tanto mecânicos quanto reflexos. O aumento no fluxo de sangue venoso ajuda a remover agentes inflamatórios, que são uma fonte comum de dor. O edema também é reduzido pela manobra de deslizamento da massagem. Um acúmulo de fluidos aumenta a pressão dentro dos tecidos e causa estimulação nos nociceptores (receptores da dor), e a drenagem do edema com técnica de deslizamento da massagem linfática ajuda a aliviar a pressão e a dor. Além disso, a massagem tem o efeito de bloquear os impulsos dolorosos que percorrem a coluna e de estimular a liberação de endorfinas (analgésicos naturais). 3. Efeitos reflexos. Um efeito reflexo do deslizamento relaciona-se aos receptores sensoriais dos tecidos superficiais. Esses terminais nervosos são estimulados pelas manobras de massagem, exercendo um efeito benéfico indireto sobre outras regiões do corpo. A conexão se dá por um trajeto reflexo que envolve o sistema nervoso autônomo. O deslizamento tem um efeito reflexo adicional: melhora a contração dos músculos involuntários da parede intestinal (peristaltismo). 4. Redução da disjunção somática ou da dor referida. Como ocorre com todas as manobras de massagem, o deslizamento também pode ser aplicado em áreas de disfunção somática ou de dor referida. O efeito é a redução da sensibilidade e de outras perturbações nos tecidos e, assim, a melhora da função das estruturas ou dos órgãos relacionados.
O deslizamento pode ser subdivido em superficial e profundo. O deslizamento
superficial é comparado a um carinho, e é utilizado para reduzir o nível de estresse do
paciente/cliente. Já o deslizamento profundo é usualmente mais utilizado, pois o paciente acha
25
que a pressão exercida por este tipo de manobra tem um maior efeito relaxante (CASSAR,
2001).
Na massagem clássica, esses movimentos de deslizamento, tanto os superficiais
quanto os profundos, podem ser feitos em dois sentidos: 1. Centrípetos: da periferia em
direção ao centro do corpo e 2. Centrífugos: do centro à periferia do corpo (CASSAR, 2001).
Segundo Fritz 8
8 FRITZ, S. Fundamentos da massagem terapêutica. 2ªed. Barueri: Manole, 2002. 698p.
(2002 apud SILVA e NASCIMENTO, 2001) “durante a realização da
massagem, os movimentos superficiais lentos são calmantes e os superficiais rápidos são
estimulantes, e se a pressão é profunda e a aplicação mais lenta o efeito será mais mecânico”.
A manobra de amassamento se difere dos deslizamentos superficial e profundo por os
tecidos serem levantados e afastados das estruturas subjacentes, ao invés de serem rolados
sobre elas. O amassamento é aplicado entre os dedos de uma mão e o polegar da outra, e os
tecidos são simultaneamente erguidos e retorcidos de leve, no sentido horário ou anti-horário
(CASSAR, 2001). Desta forma, percebe-se a pouca utilização desta manobra da massagem
clássica em bebês, já que será de difícil execução e pode causar pequenas equimoses pela
forma de estimulação.
Segundo Silva e Nascimento (2001), “a fricção é uma manobra onde a pele é
tracionada em diferentes direções. [...] A tapotagem é a impressão de ondas vibratórias a
partir de batidas rítmicas realizadas com a palma da mão no formato de concha”.
2.4 A TÉCNICA DE MASSAGEM CLÁSSICA VOLTADA PARA O BEBÊ
A massagem em bebês deve ser realizada com as mãos abertas para que o máximo de
contato tátil possa ser estabelecido. A rotina de massagem deve ser iniciada aos poucos, de
forma que seja um momento de prazer para ambos: tanto para a mãe, quanto para o bebê. As
sessões terão seu tempo de duração e pressão do toque aumentado ao longo do tempo,
conforme o bebê for criando gosto pela massagem (WALKER, 2000).
Walker (2000) diz que “a massagem deve ser acompanhada de muitos beijos, abraços;
cante, fale com o bebê e desfrute de tudo isso.” Antes de começar a massagem, a mãe deve
procurar estar calma e relaxada, pois através do toque transmitirá todas as sensações dela ao
bebê. Caso o bebê não reaja bem na primeira tentativa, deve-se insistir, já que bastam de três a
quatro sessões para que o bebê comece a gostar da massagem. Os bebês que mais resistem à
massagem são os que mais precisam dela (NIELSEN, 1989; WALKER, 2000).
26
A massagem deve acontecer num local tranquilo, onde possa ser realizada sem ser
interrompida; devem ser retiradas todas as joias, anéis, pulseiras que possam arranhar a pele
do bebê; o bebê deve estar deitado numa superfície macia e quentinha; cante e fale com o
bebê; procure manter contato visual com ele; pare toda vez que o bebê chorar, a massagem
deve ser feita com o bebê e não contra ele (WALKER, 2000).
Segundo Cruz e Caromano (2005, p.48):
A massagem completa dura de 20 a 30 minutos e pode ser acompanhada de exercícios passivos de 5 a 10 minutos. Deve ser realizada de cima para baixo ou de baixo para cima (dependendo do autor) e de maneira simétrica em ambos hemicorpos; inicia com um deslizamento superficial e depois um deslizamento profundo (de acordo com o bebê), amassamento e fricção. Para bebês abaixo de quatro semanas (inclusive prematuros) a duração aproximada é de 10 minutos.
Durante a realização da massagem, é indicada a utilização de óleo corporal para que as
manobras sejam facilitadas e diminua o atrito com a pele do bebê que é mais sensível. Este
óleo pode ter essências de diversos óleos diluídos no óleo base para que ajude no processo de
relaxamento do bebê, mas seu uso é opcional (CRUZ e CAROMANO, 2005; CASSAR, 2001;
WALKER, 2000; NIELSEN, 1989).
De acordo com o Walker (2000) a massagem é iniciada pelos pés, e esta técnica
auxiliará o equilíbrio e postura na medida em que ajuda abrir e alongar os dedinhos,
calcanhares e pés.
1. Unte as mãos com óleo(opcional). Amasse e
friccione levemente o peito do pé do bebê com
as mãos.
3. Agora puxe suavemente todo o pé, alternando as mãos, ao longo de suas palmas.
2. Em seguida, role cada dedinho do bebê entre o polegar e o indicador,
separando cada um deles até que se abram
ligeiramente.
4. Flexione o tornozelo do bebê, virando o pé para fora com uma das
mãos enquanto fricciona a panturrilha com a outra.
Quadro 1 - A técnica de massagem nos pés do bebê Fonte das imagens: Walker, Peter. A arte e a prática de massagem em bebês. São Paulo: Editora Pensamento. 2000.
27
Depois dos pés, inicia-se a massagem nas pernas. A massagem nas pernas irá
contribuir para promover o desenvolvimento da coordenação, fortalecer a parte inferior das
costas e manter a flexibilidade dos joelhos e tornozelos (WALKER, 2000; NIELSEN, 1989).
1. Segure as duas perninhas do bebê e solte-as um pouco, fazendo-as pedalarem devagar, dobrando e
estirando alternadamente.
2. Em seguida ponha a mão esquerda no alto da perna direita do bebê e faça-a deslizar, alternando as mãos, correndo as palmas ao longo
de toda a extensão da perna até chegar ao pezinho.
3. Segure o tornozelo direito do bebê com sua mão direita e massageie-lhe a coxa com a
esquerda. Massageie a frente e, em seguida, a parte de trás da coxa.
4. Agora, puxe novamente a perna toda, desde a coxa ao pé, alternando as mãos.
5. Sacuda as pernas do bebê e pouse as mãos na parte interior das coxas. Vire as mãos para fora e
corra-as pela parte posterior dos joelhos e panturrilhas. Continue deslizando as mãos pelas partes anterior e posterior das pernas do bebê.
Quadro 2 - A técnica de massagem nas pernas do bebê Fonte das imagens: Walker, Peter. A arte e a prática de massagem em bebês. São Paulo: Editora Pensamento. 2000.
Aos quadris, a massagem irá ajudar a manter a flexibilidade dessas articulações.
Possibilitará o bebê a manter a vasta possibilidade de movimentos e adquirir uma boa postura
pra sentar e ficar de pé, além de que promove relaxamento dos músculos da base da coluna e
dos músculos que circundam o reto. (WALKER, 2000; NIELSEN, 1989).
28
1. Deite o bebê de costas e segure as perninhas pelos tornozelos. Verifique se as pernas estão
relaxadas fazendo-as “pedalarem” algumas vezes dobrando-as e
estirando-as ritmicamente uma após a outra.
2. Agora junte as plantas dos pés do bebê e deixe que os joelhos
se dobrem para fora.
3. Com a mão direita, leve o pé direito do bebê até a barriguinha,
deixando o joelho dobrar, e segure delicadamente o pé sobre o umbigo.
Mantenha a mão direita nessa posição enquanto aperta e fricciona levemente o glúteo direito e a parte
posterior da coxa com a mão esquerda. Faça isso por 30 seg. e
então sacuda lenta e suavemente a perna do bebê até estirá-la por
completo.
4. Segure ambas as pernas do bebê pelos tornozelos e faça-o dar algumas pedaladas. Em seguida, junte-
lhe as plantas dos pés. Empurre ambos os pezinhos em direção à barriga. Segure delicadamente os dois pés nessa posição com a mão esquerda. Coloque a direita sob a parte inferior das costas e massageie
em torno da base da coluna.
5. Sacuda ligeiramente as duas perninhas do bebê, dobrando-as. Finalize acariciando a parte anterior das pernas, dos quadris e pés, usando o peso das
mãos relaxadas.
Quadro 3 - A técnica de massagem no quadril do bebê Fonte das imagens: Walker, Peter. A arte e a prática de massagem em bebês. São Paulo: Editora Pensamento. 2000.
Na barriga, a massagem ajuda a relaxar o bebê. O relaxamento do abdômen facilita a
digestão e pode, além disso, aliviar as cólicas e a constipação (WALKER, 2000; NIELSEN,
1989). Tal medida pode ser eficiente no alívio sintomático das cólicas sofridas pelos bebês,
além de evitar o uso indiscriminado de medicações.
29
1. Usando apenas o peso da mão relaxada, massageie a barriga do bebê com movimentos circulares feitos no sentido horário, que é o mesmo sentido da
comida quando passa pelo sistema digestivo.
2. Coloque a mão em concha sobre a barriga do bebê, no sentido transversal. Empurre-a delicadamente de um lado a outro da barriga, entre os quadris e
as costelas inferiores.
3. Massageie o lado esquerdo do corpo do bebê, alternando as mãos, entre o quadril e as costelas inferiores. Faça movimentos de cima para baixo e de
um lado para o outro, logo abaixo do umbigo
4. Repita a primeira parte da massagem pondo a mão em concha em torno da barriga do bebê, no sentido horário. Desta vez, quando a mão deslizar sobre o osso púbico, sob o umbigo, levante os dedos, de forma que a base de sua
mão, junto ao punho, aplique um pouco mais de pressão ao movimento. Esse é o local em que estão a bexiga e a parte inferior do cólon. Nesse
momento é possível que o bebê urine e/ou elimine gases.
Quadro 4 - A técnica de massagem na barriga do bebê Fonte das imagens: Walker, Peter. A arte e a prática de massagem em bebês. São Paulo: Editora Pensamento. 2000.
Walker (2000) afirma que “o oxigênio é o espírito da vida – quanto mais
profundamente respiramos, melhor nos sentimos.” A massagem no tórax e braços mobiliza o
peito e a caixa torácica do bebê através da massagem, permitindo que o bebê respire com mais
profundidade e eficácia (NIELSEN, 1989).
Portanto, ao massagear a caixa torácica do bebê, estamos auxiliando que este tenha
uma melhor troca gasosa, de modo que seu processo respiratório – inspiração e expiração –
seja mais eficiente e profundo, de modo a renovar o ar presente nos pulmões. (NIELSEN,
1989)
30
1. Coloque o bebê no chão deitado à sua frente e coloque as mãos relaxadas no
meio do peito do bebê
5. Do alto do peito deslize as mãos para cima e para fora dos ombros e
de volta ao centro.
2. Usando a base das mãos relaxadas,
massageie de cima para baixo e de dentro para fora em torno da parte inferior da caixa torácica trazendo as mãos de volta para o
meio do peito do bebê.
6. Deixe as mãos deslizarem para cima e
para fora dos ombros do bebê e então puxe-lhe
suavemente os bracinhos para baixo, ao longo do
corpo, com as palmas das mãos. Mantendo o
contato tátil, volte com as mãos à parte superior do
peito.
3. Coloque as mãos no meio do peito do bebê
e massageie-lhe os ombros de baixo para cima e de dentro para fora, trazendo as mãos de volta novamente ao
meio do peito
7. Partindo da parte superior do peito, deslize
suas mãos sobre os ombros de bebê, num
movimento de dentro para fora, e delicadamente puxe-lhe os bracinhos
para cima até a altura dos ombros. Deslize as mãos de volta ao alto do peito.
4. Com as mãos em concha, dê leves tapinhas na parte
superior e nas laterais do peito do bebê.
8. Somente depois que o bebê acostumar com os três passos anteriores é
que se pode passar a este. Coloque as mãos nas
laterais do peito do bebê, sob os braços, e puxe-os delicadamente para cima,
com as palmas de suas mãos, até colocá-los
acima da cabeça do bebê. Mantenha as mãos sobre a pele do bebê e deslize-as levemente de volta ao
peito.
Quadro 5 - A técnica de massagem no tórax do bebê Fonte das imagens: Walker, Peter. A arte e a prática de massagem em bebês. São Paulo: Editora Pensamento. 2000.
Walker (2000) diz que a massagem na mão do bebê, assim como no adulto, produz
relaxamento e ajuda a abrir os dedos. É importante lembrar que após o término da massagem,
31
as mãos do bebê precisam ser limpas para que o bebê não faça a ingestão do resíduo do óleo,
caso este tenha sido usado, visto que está constantemente levando as mãos à boca.
1. Comece abrindo a mão do bebê e friccionando-a entre as palmas das suas.
2. Massageie a palma e o dorso da mão do bebê com seus polegares e indicadores. Trabalhe partindo do pulso até os dedos, apertando
suavemente para frente e para trás.
3. Abra os dedinhos do bebê, puxe-os lentamente, um por um, com seu polegar e indicador.
4. Agora, friccione a mão novamente com a palma das mãos
Quadro 6 - A técnica de massagem nas mãos do bebê Fonte das imagens: Walker, Peter. A arte e a prática de massagem em bebês. São Paulo: Editora Pensamento. 2000.
Durante as suas primeiras semanas de vida, o bebê já começa a preparar o seu corpo
para a postura ereta. Mas os músculos das costas só ganharão força quando o bebê conseguir
ficar de bruços e levantar a cabeça. A massagem durante esse preparo natural do corpo irá
auxiliar, já que tornará as costas e a coluna do bebê mais flexível, além de promover um
alongamento da parte dianteira do corpo, proporcionando-lhe um ritmo respiratório mais
profundo e maior relaxamento do abdômen. (CRUZ, 2008; WALKER, 2000)
32
1. Com o bebê deitado de bruços, massageie as costas alternando as mãos. Comece pelos ombros e prossiga ao longo da coluna. Faça carícias firmes e
prolongadas, mas mantenha a mão relaxada.
2. Com as mãos ligeiramente fechadas, dê tapinhas firmes nas costas e ombros do bebê, repetindo o processo ao longo da extensão da coluna, de
cima para baixo e vice-versa.
3. Quando o bebê já conseguir apoiar o peso nos bracinhos, a massagem poderá ser ampliada: segure o peito do bebê com uma das mãos. Em
seguida, deslize essa mesma mão pela frente do ombro esquerdo e ao longo da extensão do braço umas duas vezes, tendo o cuidado de manter o ombro
na linha do peito, sem levantá-lo para trás.
4. Coloque ambas as mãos no peito do bebê e puxe-lhe delicadamente os ombros para trás, a fim de abri-los ao máximo possível, sem incomodar o
bebê. Prossiga com movimentos até puxar, com a palma das mãos os braços do bebê para trás. Mantenha-os alinhados ao corpo e depois solte lentamente. O bebê conseguirá manter essa posição sem ajuda até que os
braços caiam pra frente, fazendo-o baixar os ombros.
Quadro 7 - A técnica de massagem nas costas do bebê
Fonte das imagens: Walker, Peter. A arte e a prática de massagem em bebês. São Paulo: Editora Pensamento. 2000.
A cabeça do bebê é a parte mais fácil de ser massageada visto que para transportá-lo
ou o simples fato de colocá-lo no colo faz-se necessário apoiar a cabecinha. Portanto, é um
local que sempre está sendo tocado. A massagem nessa região é extremamente calmante e
relaxante e pode ser feita praticamente a toda hora, em qualquer lugar. O bebê não precisa
estar nu, nem é necessário o uso do óleo (WALKER, 2000; NIELSEN, 1989).
33
1. Comece massageando levemente o alto da cabeça do
bebê com movimentos circulares feitos com as pontas
dos dedos.
2. Em seguida, acaricie em torno do “cocuruto” do bebê com um
movimento circular feito com o peso dos dedos e da palma da
mão relaxada.
3. Agora, usando o peso de toda a mão relaxada, acaricie a parte posterior da cabeça do bebê com
um movimento circular.
4. Amplie o movimento até atingir toda a cabeça do bebê. Acaricie-a desde a parte posterior até a testa em
torno do “cocuruto”.
5. Agora acaricie o pescoço e os ombros do bebê, massageando suavemente a parte posterior do
pescoço com as pontas dos dedos.
Quadro 8 - A técnica de massagem na cabeça do bebê Fonte das imagens: Walker, Peter. A arte e a prática de massagem em bebês. São Paulo: Editora Pensamento. 2000.
Pode-se perceber que a técnica de aplicação da massagem é de fácil realização, tanto
leigos treinados, quanto profissionais estão aptos para a realização, o que possibilita o
aprendizado pelas mães de forma a massagem ser incluída no rol de cuidados do bebê.
2.5 A TÉCNICA DE MASSAGEM CLÁSSICA VOLTADA AO ALÍVIO DE CÓLICAS E GASES
Walker (2000) afirma que “todos nós ingerimos ar enquanto comemos e bebemos.
Porém devido à imaturidade do sistema digestivo do bebê o ar retido no estômago ou nos
intestinos pode formar um incomodo bolsão de gás”.
É importante para os bebês que estão em aleitamento materno exclusivo que a mãe
avalie sempre quais os tipos de alimentos que ingere e quais deles podem estar facilitando a
34
formação dos gases. Afinal todo alimento ingerido pela mãe, acarretará efeitos fisiológicos
benéficos ou não no bebê.
A massagem para o alívio dos gases não deve ser feita com o bebê recém-alimentado,
nem com o bebê com fome. Uma boa oportunidade de fazê-la é na hora da troca de fraldas.
Além disso, permitir que o bebê fique de bruços enquanto está acordado, evita episódios de
refluxo, gases, cólicas e constipação já que alonga e relaxa o abdômen (WALKER, 2000).
Antes de iniciar a massagem deve-se avaliar como está o abdômen do bebê, como
Walker (2000) afirma: “caso a barriga do bebê estiver muito rígida, faça-lhe cócegas primeiro
e depois simplesmente deixe a mão atravessada sobre ela por alguns instantes antes de
começar a massagem”.
1. Deite o bebê no chão e com o peso da mão inteira, massageie o lado direito do abdômen do bebê, alternando as mãos de
cima para baixo. Comece entre o quadril e a costela inferior e prossiga até abaixo
umbigo. Faça igualmente do lado esquerdo.
2. Ponha a mão em concha transversalmente sobre a barriga do bebê. Comprima-a suavemente e aperte-a de um
lado a outro. Não empurre a mão para baixo, pois o bebê resistirá e contrairá a
barriga. Procure dar um tom de brincadeira ao movimento para que a
barriga dele relaxe.
3. Agora, com o peso da mão em concha, massageie a barriga do bebê com
movimento circular no sentido horário, da esquerda para direita.
Quadro 9 - Técnica de massagem para alívio de cólicas e gases no bebê
Fonte das imagens: Walker, Peter. A arte e a prática de massagem em bebês. São Paulo: Editora Pensamento. 2000.
A massagem como recurso terapêutico para o alívio de cólicas intestinais e gases exige
pouco recursos, boa vontade e tempo. Desta maneira, favorece sua utilização pelas mães com
seus bebês nos primeiros meses de vida como alternativa inicial ao uso de medicamentos
destinados a esse fim.
35
2.6 A ENFERMAGEM E O USO DE MASSAGEM
Segundo Collière9
(1989 apud SILVEIRA e LEITÃO, 2003), “o cuidado é parte
integrante da vida, de modo que nenhuma espécie pode subsistir sem cuidado”.
No cumprimento do seu papel de educador e cuidador em saúde, o enfermeiro deve
sempre buscar alternativas para que o cuidado prestado seja sempre o melhor e mais adequado
para o paciente. Na realidade do cuidado à recém-natos, como diz Passos e Sadigusky (2011,
p.602) “a família é o primeiro cuidador [...] e a sua participação nas atividades de cuidado é
de fundamental importância, para tanto é preciso orientá-la e ensiná-la sobre o cuidado no
hospital e no domicílio após a alta”.
Portanto, esses cuidados devem ser ensinados ainda durante a hospitalização, na qual o
enfermeiro durante suas orientanções possa assumir com a família e /ou cuidador uma relação
de cooperação e apoio, além de após ensinar poder observar se as orientações passadas foram
aprendidas e apreendidas com sucesso (PASSOS e SADIGUSKY, 2011).
Cabe ao enfermeiro, ter criatividade para que consiga adaptar o tratamento necessário
à realidade trazida pelo paciente. Por muitas vezes, algumas ações não medicamentosas como
pequenas mudança de hábitos propostas podem ser fatores determinantes quanto à prevenção
de agravos à saúde.
Nesta perspectiva, a Enfermagem pode atuar junto às mães e aos cuidadores de recém-
nascidos, promovendo oficinas, onde ensinem as mães a massagem para o alívio das cólicas e
gases no recém nascido, já que a técnica de massagem é de fácil aprendizado e de simples
realização, além de beneficiar ambos com o vínculo que pode ser estabelecido entre mãe e
bebê.
9 Collière, F.M. Promover a vida. 3ªed. Lisboa: Sindicato dos Enfermeiros; 1989.385p.
3. METODOLOGIA
3.1 TIPO DE PESQUISA E MÉTODO Foi realizada uma pesquisa do tipo descritiva e exploratória, com abordagem
qualitativa que teve como objetivos identificar os métodos que as mães conhecem para alívio
de cólicas e gases em recém-nascidos e analisar a possibilidade de uso da massagem para
alívio de cólicas e gases em recém-nascidos pelas mães, após a demonstração da técnica de
massagem clássica.
A pesquisa qualitativa segundo Minayo e Sanches (1993) “realiza uma aproximação
fundamental e de intimidade entre sujeito e objeto, uma vez que ambos são da mesma
natureza: ela se volve com empatia aos motivos, às intenções, aos projetos dos atores, a partir
dos quais as ações, as estruturas e as relações tornam-se significativas”.
Ainda segundo Minayo (2004) esse tipo de metodologia permite desvelar processos
sociais ainda pouco conhecidos referentes a grupos particulares, propicia à construção de
novas abordagens, revisão e criação de novos conceitos durante a investigação. Caracteriza-se
também pela empiria e pela sistematização progressiva de conhecimento até a compreensão
lógica interna do grupo ou do processo em estudo. Pode ser utilizada para a elaboração de
novas hipóteses, construção de indicadores qualitativos, variáveis e tipologias. Figueiredo e
Souza (2008) acrescentam que o método qualitativo configura-se através de um participante
ativo que interage com todo o processo, compreendendo e analisando todos os dados
coletados.
De acordo com Gil (2008), as pesquisas descritivas possuem o objetivo de descrever
as características de uma população, fenômeno ou de uma experiência. Já para Andrade
(2002), a pesquisa descritiva preocupa-se em observar fatos, registrá-los, analisá-los,
classificá-los e interpretá-los, e o pesquisador não interfere neles.
37
As pesquisas exploratórias buscam proporcionar uma visão geral de determinado fato,
do tipo aproximativo. É realizada, principalmente, quando o tema escolhido é pouco
explorado e torna-se difícil formular hipóteses precisas e operacionalizáveis (GIL, 1999). E
ainda, para o mesmo autor (2008) ela proporciona uma familiaridade, uma aproximação maior
com o problema com o objetivo de torná-lo explícito ou formular hipóteses.
São finalidades primordiais das pesquisas exploratórias: proporcionar maiores
informações sobre o assunto que se vai investigar; facilitar a delimitação do tema de pesquisa;
orientar a fixação dos objetivos e a formulação de hipóteses; ou descobrir um novo tipo de
enfoque sobre o assunto (ANDRADE, 2002).
3.2 CENÁRIO DA PESQUISA
A pesquisa foi realizada no setor da Maternidade, no alojamento conjunto que fica
situado no 8º andar de um Hospital Universitário vinculado a uma Universidade Federal. Este
hospital destina-se ao ensino, assistência e pesquisa; e oferece atendimento em nível
ambulatorial e de média e alta complexidade, abrangendo áreas como puericultura,
acompanhamento ambulatorial de patologias crônicas, consultas de enfermagem e diversas
especialidades médicas, além de internações, cirurgias e outros serviços.
Após aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa – CEP do hospital cenário da
pesquisa, o responsável pelo setor do Alojamento Conjunto foi procurado e os objetivos da
pesquisa foram explicitados e discutidos. As dúvidas que porventura surgiram, foram sanadas.
Posteriormente à autorização do responsável e um acordo de horários foi iniciada a
visitas nas enfermarias e era explicado às mães como seria a pesquisa, destacando seus
objetivos, como seria realizada e o resultado esperado assim como os aspectos contidos no
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE (Apêndice 1). Posteriormente foi feito o
convite para participarem como sujeitos da pesquisa.
A enfermaria é composta por 21 leitos: sendo 3 reservados para intercorrências, 6 para
gestantes e 12 para puérperas/alojamento conjunto. Possui dois banheiros, que é para o uso de
todas as mulheres ali internadas. Possui dois postos de enfermagem: um para os leitos de
gestantes e intercorrências e outro para os leitos das puérperas/alojamento conjunto.
Há no centro duas grandes mesas onde os médicos, enfermeiros, técnicos e
acadêmicos utilizam para registro de prontuário e discussão de casos clínicos.
38
No mesmo andar ainda há um posto do cartório civil para registro das crianças
nascidas ali. Ainda há também a UTI neonatal, a sala de parto (partos normais) e o centro
cirúrgico da mulher (para a realização de cesarianas e grandes procedimentos invasivos).
Neste cenário, a etapa de coleta de dados foi realizada no alojamento conjunto, onde as
mães estavam internadas com seus filhos. A entrevista foi realizada individualmente,
respeitando a privacidade da mãe, já que a enfermaria tem muitos leitos e nem todos são
utilizados, as mães ficam bem distribuídas de forma que a entrevista pudesse ocorrer sem que
outras pessoas ouvissem o que era falado.
3.3 SUJEITOS DA PESQUISA
Os sujeitos envolvidos na pesquisa foram 10 mães de recém-nascidos, que estavam
internadas no alojamento conjunto do hospital escolhido durante o período de coleta de dados.
O motivo de as mães serem escolhidas é pelo fato que majoritariamente elas cuidam dos seus
bebês nos primeiros meses de vida, quando os bebês têm mais episódios de cólicas e gases.
Os critérios de inclusão foram: a) mães de idade igual ou superior a 18 anos; b) mães
que fiquem a maior parte do dia com seus filhos;
Os critérios de exclusão foram: a) bebês que tenham malformações congênitas em que
a técnica possa apresentar riscos; b) bebês em quadro instável em que grandes manipulações
apresentem risco iminente de morte.
Foram realizadas 10 entrevistas com as mães internadas no alojamento conjunto
juntamente com seus bebês. Para caracterizar esta população foram levados em consideração
os seguintes itens: idade, escolaridade, número de gestações e número de filhos.
Quanto à idade as mães entrevistadas tinham entre 18 e 40 anos, sendo das 10
entrevistadas, uma (10%) possuía 18 anos; uma (10%) possuía 22 anos; duas (20%) possuíam
24 anos; uma (10%) possuía 25 anos, uma (10%) possuía 30 anos, uma (10%) possuía 31
anos, uma (10%) possuía 33 anos, uma (10%) possuía 37 anos e a última (10%) possuía 40
anos.
Tal variedade de idades enriquece o trabalho à medida que com o passar dos anos as
mulheres ganham maturidade e principalmente tendem a ter um número maior de filhos, o que
neste trabalho é relevante, já que com um número maior de filhos há perspectiva de maior
contato com cólicas e gases em recém-nascidos.
39
O nível de escolaridade também foi amplo, variando desde ensino fundamental
incompleto (2 mães), ensino fundamental completo (2 mães), ensino médio incompleto (3
mães) e ensino médio completo (3 mães).
O número de gestações variou de uma única gestação até 5 gestações e o número de
filhos variou de 1 a 4 filhos, estando distribuídas da seguinte maneira: duas mães (2/10) eram
primíparas, quatro mães (4/10) já tinham tido duas gestações, duas mães (2/10) já tinham tido
três gestações sendo que uma delas já tinha perdido um filho; uma mãe (1/10) já tinha tido
quatro gestações e uma mãe já tinha tido cinco gestações e esta já havia perdido dois filhos.
3.4 COLETA DE DADOS
Para coleta de dados foi utilizada a entrevista semiestruturada. Este tipo de entrevista
segundo Minayo, Deslandes e Gomes (2007) combina perguntas estruturadas (ou fechadas) e
abertas, onde quem é entrevistado tem a possibilidade de falar sobre o tema proposto, sem
respostas ou condições prefixadas pelo pesquisador, enriquecendo a análise do pesquisador.
Ainda sobre este tipo de entrevista, Gil (1999) afirma que “a entrevista semi-
estruturada é um método de investigação em que os indivíduos podem expressar-se através de
questões abertas e fechadas, sendo possível conhecer suas opiniões, valores, crenças,
situações vivenciadas, sentimentos e expectativas”.
A coleta de dados ocorreu nos dias 28 e 30 de maio de 2013 e dias 5,11, 13 e 14 de
junho de 2013, e foi operacionalizada em três etapas.
Na primeira etapa foi feita a primeira parte da entrevista semiestruturada individual, na
qual o roteiro entrevista contendo perguntas abertas e fechadas (Apêndice 2), foram utilizadas
as seguintes perguntas: Quais os métodos que você conhece para alívio de cólicas e gases?
Quais os métodos você utiliza para alívio da cólica e gases de seu bebê? Você já utilizou a
massagem alguma vez? Nesta etapa atendemos ao primeiro objetivo da pesquisa: identificar
os métodos que as mães conhecem e utilizam para alívio de cólicas e gases em recém-
nascidos.
Após essas perguntas foi realizada uma demonstração da técnica de massagem
clássica, individualmente com cada mãe com o auxílio de bonecas com o corpo de pano, com
a finalidade de se aproximar ao máximo da realidade.
Para a demonstração da técnica, foram utilizadas duas bonecas de corpo de pano, onde
uma ficava com a mãe (fotos) e a outra com a pesquisadora. O passo a passo da massagem foi
realizado juntamente com as mães e tinha duração de oito minutos aproximadamente. Ao final
40
da demonstração era pedido que as mães repetissem a técnica sozinha na boneca, para que
houvesse correção de possíveis falhas e/ou erros.
Figura 1- Bonecas utilizadas durante a coleta de dados
Figura 2 - Mãe realizando a 1ª manobra da técnica de massagem para alívio de cólicas e gases
Figura 3 - Mãe realizando a 2ª manobra da técnica de massagem para alívio de cólicas e gases
Figura 4 - Mãe realizando a 3ª manobra da técnica de massagem para alívio de cólicas e gases
41
Depois da demonstração da massagem, dava-se continuidade a entrevista com o uso
do instrumento de roteiro de entrevista, onde continha as seguintes perguntas: Fale um pouco
sobre essa técnica que eu demonstrei? Você acredita que é possível usar a massagem em casa?
Por quê? Como que o uso da massagem pode ajudar/aliviar os cólicas e gases do bebê em
casa? Você acha que vai usar? Em que momento? Nesta etapa buscamos atender o segundo
objetivo da pesquisa: analisar a possibilidades de aplicação da técnica de massagem clássica
para alívio de cólicas e gases pelas mães, após a demonstração da técnica de massagem
clássica.
Para o melhor aproveitamento das respostas e registro integral dos dados, as
entrevistas foram gravadas com auxílio de um gravador, após autorização e assinatura do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice 1). O anonimato dos participantes foi
garantido durante todo o tempo.
Neste estudo, cada mãe foi identificada por um número, de acordo com a ordem que
foi entrevistada.
3.5 ANÁLISE DOS DADOS Os dados provenientes da transcrição das falas dos sujeitos foram analisados através
da análise temática. Este tipo de análise procura ouvir o autor, aprender, sem intervir, no
conteúdo de sua mensagem (SEVERINO, 2007).
Minayo (2004) propõe as seguintes etapas para proceder à análise temática dos dados:
1ª) Pré-análise, que inclui a leitura flutuante através do contato exaustivo com material, e a
constituição do corpus pela organização do material a fim de alcançar a validade do estudo;
2ª) Exploração do material, que se inicia com a delimitação de unidades temáticas através de
recortes no texto; 3ª) Tratamento dos resultados obtidos e interpretação, na qual o pesquisador
interpreta os dados a partir do seu quadro teórico, ou ainda suscita questões que possam
emergir da própria leitura do material, e expressa suas conclusões.
Para realização das fases da análise temática, depois das entrevistas transcritas, todo o
material foi organizado inicialmente e a leitura do material realizada com o objetivo de
conhecer o conteúdo do mesmo.
Depois da leitura exaustiva do material, as falas dos profissionais foram classificadas a
partir de cores, onde palavras e expressões com o mesmo sentido foram coloridas com a
mesma cor. As cores respeitaram os objetivos da pesquisa e foram usadas as seguintes cores:
verde claro para destacar os métodos conhecidos para alívio de cólicas e gases em recém-
42
nascido; vermelho para métodos utilizados para alívio de cólicas e gases em recém-nascido;
amarelo para o uso da massagem para alívio de cólicas e gases em recém-nascidos; azul claro
para a possibilidade do uso da massagem para alívio de cólicas e gases em recém-nascidos;
verde escuro para a possibilidade do uso da massagem associada às medicações para alívio de
cólicas e gases em recém-nascidos e rosa para a impossibilidade do uso da massagem para
alívio de cólicas e gases em recém-nascidos.
Depois de colorir as falas, os dados foram agregados em quadros, e essa agregação
levou a especificidade do tema, surgindo então, as seguintes unidades temáticas: os métodos
conhecidos e utilizados pelas mães para alívio de cólicas e gases em recém-nascido e a
possibilidade do uso da massagem pelas mães após a demonstração da técnica de massagem
clássica.
A partir dessa categorização, foi feita a análise das repostas, de modo que a
compreensão acerca das falas fosse a melhor possível.
3.6 ASPECTOS ÉTICOS A pesquisa seguiu as determinações propostas da Resolução nº196/96 do Conselho
Nacional de Saúde, sendo submetido a uma avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP).
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Universitário
onde foi realizado. A aprovação tem número de parecer 225.660 com data de 05/04/2013
(Anexo 1).
Nesse sentido, os sujeitos da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE), do qual constava o título do projeto, identificação dos responsáveis pelo
projeto, o objetivo da pesquisa, os procedimentos necessários à realização e os benefícios que
poderiam ser obtidos. Destacamos que os sujeitos assinaram duas cópias do TCLE, uma ficou
com o pesquisador e outra com o sujeito da pesquisa (Apêndice 1).
Foi garantido o anonimato dos participantes da pesquisa, com a substituição dos seus
nomes pela palavra “mãe”, seguido de um número de acordo com a ordem das entrevistas.
O material proveniente da transcrição das falas dos sujeitos estará sob a guarda da
primeira autora por um período de cinco anos, eles ficarão arquivados no computador e após o
período de cinco anos o arquivo será excluído definitivamente.
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Os dados obtidos nessa pesquisa foram utilizados para produção do trabalho de
conclusão do curso de graduação em Enfermagem, bem como poderão ser utilizados para
elaboração e publicação de artigo científico e apresentação de trabalhos em eventos
científicos.
3.7 CRITÉRIOS PARA ENCERRAMENTO DO TRABALHO DE CAMPO Destacamos que o número de participantes foi definido no decorrer do trabalho de
campo, já que para Duarte (2002), na metodologia qualitativa o número de sujeitos
participantes da pesquisa dificilmente pode ser definido inicialmente, pois o que se busca é a
qualidade, profundidade, recorrência e divergência das informações obtida no depoimento de
cada sujeito.
Enquanto estavam surgindo dados que poderiam levar a novas perspectivas, as
entrevistas continuaram. Foi muito importante a organização dos depoimentos no decorrer do
trabalho de campo para que, assim, pudesse identificar o “ponto de saturação”, ou seja, a
existência de recorrência de idéias, padrões de comportamento, práticas e visões de mundo.
Para Fontanella, Ricas e Turato (2008, p.17) o “ponto de saturação”, é definido como:
a suspensão de inclusão de novos participantes quando os dados obtidos passam a apresentar, na avaliação do pesquisador, uma certa redundância ou repetição, não sendo considerado relevante persistir na coleta de dados. Noutras palavras, as informações fornecidas pelos novos participantes da pesquisa pouco acrescentariam ao material já obtido, não mais contribuindo significativamente para o aperfeiçoamento da reflexão teórica fundamentada nos dados que estão sendo coletados.
Assim sendo, quando foram encontradas recorrências de respostas no material
empírico que estava sendo coletado deu-se por encerrado com um total de dez entrevistas o
período de coleta de dados.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. APRESENTAÇÃO DAS UNIDADES TEMÁTICAS
Com o processo de análise do material produzido através das respostas das mães,
emergiram as seguintes unidades e subunidades temáticas (Quadro 10) que serão
desenvolvidas ao longo deste capítulo:
UNIDADE TEMÁTICA SUBUNIDADES TEMÁTICAS
Os métodos conhecidos e utilizados pelas
mães para alívio de cólicas e gases em
recém-nascido
Métodos conhecidos para alívio de cólicas e
gases em recém-nascido
Métodos utilizados para alívio de cólicas e
gases em recém-nascido
O uso da massagem para alívio de cólicas e
gases em recém-nascido
A (im)possibilidade do uso da massagem
pelas mães após a demonstração da técnica
de massagem clássica
A possibilidade do uso da massagem para
alívio de cólicas e gases em recém-nascidos
A possibilidade do uso da massagem
associada às medicações para alívio de cólicas
e gases em recém-nascidos
A impossibilidade do uso da massagem para
alívio de cólicas e gases em recém-nascidos
Quadro 10 - Apresentação das unidades temáticas e divisão das subunidades temáticas
45
4.1.1. OS MÉTODOS CONHECIDOS E UTILIZADOS PELAS MÃES PARA
ALÍVIO DE CÓLICAS E GASES EM RECÉM-NASCIDO Para que houvesse um melhor encaminhamento da entrevista e noção sobre o
conhecimento das mães acerca dos métodos que são utilizados para o alívio de cólicas e gases
em recém-nascidos, as primeiras perguntas do roteiro da entrevista foram direcionadas para o
conhecimento sobre métodos no geral, a utilização destes métodos e se havia algum
conhecimento acerca da utilização de massagem para alivio de cólicas e gases.
Neste sentido, com base no material empírico produzido nas entrevistas, nesta unidade
temática houve desdobramento para três subunidades temáticas: métodos conhecidos para
alívio de cólicas e gases em recém-nascido; métodos utilizados para alívio de cólicas e gases
em recém-nascido; e o uso da massagem para alívio de cólicas e gases em recém-nascidos.
4.1.1.1. Métodos conhecidos para alívio de cólicas e gases em recém-nascido Quando foi feita a primeira pergunta “quais os métodos que você conhece para alívio
de cólicas e gases?”, oito mães (8/10) falaram sobre os métodos que conheciam para alívio de
cólicas e gases em recém-nascidos, e duas (2/10) falaram não conhecer nenhum método.
Entre as mães que conheciam algum método, a maioria (7/10) citou o método
farmacológico, como o uso de Luftal® e Buscopam®. Além de terem destacado tais
medicações, que segundo elas todo mundo usa, ainda citaram a funchicórea (2/10) e os chás
(1/10).
Foi citada ainda pelas mães, a posição barriga com barriga (4/10), massagem na
barriga (2/10) e movimentação das pernas (3/10) do recém-nascido, para simular as pedaladas
da bicicleta, como métodos que auxiliam no alívio das cólicas e gases.
Ah! Só os remédios que todo mundo usa: luftal, buscopam. E sei também de colocar a barriguinha do bebê junto com a minha.” (MÃE 3) Ficar mexendo nas perninhas do bebê, pra ajudar a soltar o pum e luftal. (MÃE 4) Remédio (o luftal), massagem na barriga e colocar a barriga da criança na minha barriga. (MÃE 5) Só luftal e buscopam, mas é porque uso em mim mesma. (MÃE 6)
46
Aqueles remedinhos de sempre né? Luftal, aquele pozinho da chupeta, colocar a barriguinha na nossa barriga, essas coisas. (MÃE 7) Remédio... Acho que o nome é luftal né? (MÃE 8) Colocar o bebê de barriga comigo e ficar fazendo bicicletinha nas perninhas dele. (MÃE 9) Remédio, chá, massagem na barriga e perninhas e funchicória. (MÃE 10)
Segundo Maia e Silva (2012), os recém-nascidos são mais vulneráveis aos costumes e
crenças populares, já que se trata do período em que é totalmente dependente do cuidado
materno. Os medicamentos, Luftal® e Buscopam®, por serem comumente utilizados pelas
próprias mães, por vezes podem ser oferecidos à criança sem que tenham prescrição médica,
configurando-se assim uma prática denominada de automedicação.
A automedicação é uma prática que pode ser definida como a utilização de
medicamentos (industrializados e/ou fitoterápicos) por indivíduos ou seus respectivos
responsáveis para tratar doenças ou aliviar sintomas. É importante salientar que tal prática
pode trazer danos à saúde, principalmente se tratando de crianças, tais como reações adversas,
erros na dose, intoxicação ou até mesmo agravamento da doença (OMS, 1998;
BECKHAUSER et al, 2010).
Em um estudo realizado em 2010, com o objetivo de conhecer a automedicação em
crianças moradoras de uma cidade da região Sul do Brasil, com idade entre zero e 14 anos, foi
possível identificar que a automedicação era uma prática frequente na população estudada,
sendo geralmente mais comum em crianças até sete anos, e as principais responsáveis pela
administração eram as mães. Neste sentido, foi sugerida a necessidade de promover educação
em saúde que vise à promoção do uso racional de medicamentos (BECKHAUSER et al,
2010).
Durante a rotina de cuidados da mãe com a criança, ao adotar o uso da medicação sem
orientação do profissional adequado, ela assume uma atitude de risco, devido aos diversos
fatores envolvidos, como afirma Beckhauser (2010): erros na dose, reações adversas,
possíveis alergias aos componentes da fórmula.
Outro estudo demonstrou que as principais situações que motivam a automedicação
são sintomas relacionados às situações gastrointestinais: diarreias, má-digestão, cólicas
abdominais e gases (PEREIRA, et al, 2007).
Com ocorrência frequente e por múltiplas causas, a cólica do lactente é o maior
motivo de as mães procurarem atendimento médico, antes dos três meses de idade da criança.
Há estudos que se propuseram a avaliar a eficácia do uso de medicação para alívio
47
sintomático das cólicas. Destaca-se que todos tiveram o mesmo resultado: não é possível
afirmar que o uso de qualquer medicamento possa eliminar ou mesmo diminuir a cólica
abdominal do lactente (ASSENCIO-FERREIRA, 2001).
Outro método apontado pelas mães foi o uso da “funchicórea”. A apresentação desde
produto é em forma de pó, onde pode ser diluído na mamadeira ou então colocado no bico da
chupeta. É um medicamento fitoterápico, composto do extrato de chicória, ruibarbo em pó
(um tipo de raiz), a essência da planta chamada “funcho”, sacarina e carbonato de magnésio.
Destaca-se que uso da funchicórea foi proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
– ANVISA – em fevereiro de 2012 sendo justificado pelo fato de seus efeitos terapêuticos não
serem comprovados. (BRASIL, 2012)
Uma mãe apontou o uso de chás para alívio de cólicas e gases. Quanto a isso, em um
estudo realizado em cidades ribeirinhas no Amazonas, foi identificado que ocorre ampla
utilização de chás medicinais para diversas intercorrências na rotina do bebê, dentre os chás,
eles destacaram o de hortelã, mucuracaá e cravo. Das mães entrevistadas no referido estudo,
50% afirmaram usar chá quando seus filhos apresentam cólicas. Algumas delas ainda
relataram o uso do chá do próprio coto umbilical, como uma crença local utilizada há algumas
gerações (MAIA e SILVA, 2012).
Em outro estudo, realizado na cidade de Cambé, no Paraná, mães adolescentes foram
entrevistadas quanto à rotina de cuidado dos seus filhos, e foi evidenciado o uso rotineiro de
chás de diferentes ervas tanto para o alívio quanto para a prevenção de cólicas. As mães
afirmaram que oferecer o chá aos filhos, fazia parte da cultura de sua própria família, ou era
adquirida com a família do esposo (TOMELERI e MARCON, 2009).
Outro método citado por algumas mães é o contato físico, em que referem como
“colocar barriga com barriga”. Tal método acalma o bebê pela proximidade com a mãe, o que
traz segurança, além de promover o relaxamento que pode temporariamente diminuir o choro
e o estresse relativo à dor (GOMES, 2007).
O contato físico promovido pela mãe para o seu bebê segue a mesma linha de
pensamento da massagem: o toque e o estímulo tátil. Na massagem, a mãe utiliza as mãos no
ventre do bebê. Na posição “barriga com barriga” é a pele do abdômen do bebê que entrará
em contato com o abdômen da mãe. Esse contato é importante, já que o toque materno é
reconhecido pelo bebê, e além de ser prazeroso, também estimula a integração sensorial
(VENÂNCIO e ALMEIDA, 2004; SILVA, 2003).
Outro método que foi citado, que também se baseia no contato físico, é o movimentar
das pernas do bebê simulando as pedaladas na bicicleta. Em seu livro, Nielsen (1989) diz que
48
este tipo de movimento vem em complemento à massagem completa do estômago, sendo a
última manobra a ser realizada: flexão de joelhos e hiperextensão das pernas. Este mesmo
autor, afirma que a massagem completa do estômago ajuda a curar gases e constipação, pois
estas manobras auxiliam nos movimentos intestinais.
Corroborando com as ideias já explicitadas, Walker (2000) diz que esta manobra do
tipo “bicicletinha” contribui para promover o desenvolvimento da coordenação motora, além
de estimular a flexibilidade dos joelhos e tornozelos.
4.1.1.2. Métodos utilizados para alívio de cólicas e gases em recém-nascido
Na segunda pergunta da entrevista “quais os métodos que você utiliza para alívio de
cólicas e gases?”, oito (8/10) mães afirmaram que utilizam ou já utilizaram algum método
para alívio de cólicas e gases, duas (2/10) afirmaram nunca utilizaram nenhum método.
Dentre as oito mães que afirmaram já ter utilizado, houve distribuição quanto aos
métodos: duas (2/10) afirmaram utilizar somente o método farmacológico, duas (2/10)
somente “barriga com barriga”. Houve ainda duas (2/10) que afirmaram usar o método
“barriga com barriga” associado com a medicação, uma (1/10) que utiliza medicação com
massagem. Destacamos que uma das mães (1/10) disse já ter usado de quase tudo, mas não
especificou qual, apesar de ter sido perguntada.
Observa-se a ampla utilização do método farmacológico nas respostas, seguido da
utilização do contato físico “barriga com barriga”, além do uso da massagem. Colocar a barriga dele(a) com a minha, ficava ninando. (MÃE 2) No meu outro filho, eu usei muito de colocar a barriga dele com a minha, se não funcionasse aí só depois eu dava o remédio. (MÃE 3) Nesse agora eu não usei nenhum, mas no outro eu dava logo remédio. (MÃE 4) Geralmente eu uso o remédio e às vezes a massagem. (MÃE 5) Nos outros eu sempre usava o remédios e colocar a barriga na nossa barriga. (MÃE 7). Só os remédio mesmo. (MÃE 8) Colocar ele no colo, virado de barriga pra mim. (MÃE 9) Eita! Já usei de quase tudo. (MÃE 10)
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Nota-se que existe uma urgência na utilização de medicação, onde seu uso pode
anteceder ao de métodos de alternativos para o alívio do desconforto do bebê. Nesta
perspectiva, Pina et al (2012) afirma que “no que diz respeito ao consumo de medicamentos,
esse fator está diretamente ligado às necessidades das pessoas de se sentirem bem, o que
garante satisfação emocional, pois esses produtos provocam alívios e sensação de segurança.”
Em dois estudos feitos em estados diferentes, São Paulo e Santa Catarina foram
constatados a mesma tendência: a prática de automedicação pelas mães e avós. Tal evidência
pode estar relacionada ao fato de a mãe e/ou avós participarem mais ativamente dos cuidados
diários dos bebês (BECKHAUSER et al, 2010; PEREIRA et al, 2007).
Vê-se que colocar a barriga do bebê contra a barriga da mãe também é um meio
utilizado, sendo ele empregado de forma isolada ou associado ao uso de medicação. Como
afirma Sato e Nascimento (2000) “através do toque, o recém-nascido desenvolve mudanças
significativas no seu bem-estar físico, psíquico, emocional e social.” Então, em seu uso
isolado ou em conjunto, o contato pele a pele diminui a tensão do bebê, aliviando o estresse e
o choro através do tato.
Durante a estadia no alojamento conjunto, a mãe pode ser orientada quanto à
utilização da massagem no bebê; o estímulo ao uso da massagem pode partir da equipe, como
forma de auxiliar no cuidado domiciliar desse bebê. A massagem não traz somente beneficios
fisiológicos, mas também promove o fortalecimento do vínculo entre mãe e bebê. Sato e
Nascimento (2000) afirmam que “cabe ao enfermeiro do alojamento conjunto a
responsabilidade de promover e implementar o vínculo, agindo como elemento intermediador
desse processo.”
4.1.1.3. O uso da massagem para alívio de cólicas e gases em recém-nascido
Ainda na primeira etapa da entrevista, antes da demonstração da técnica de massagem
para alívio de cólicas e gases, as mães foram questionadas se já haviam utilizado alguma vez a
massagem, independente dos tipos e variações.
A maioria das mães (6/10) afirmou ter utilizado a massagem, enquanto as outras
quatro (4/10) disseram nunca ter utilizado este método para alívio de cólicas e gases
anteriormente. Das seis que já fizeram uso da massagem, uma (1/10) disse ter feito a
massagem associada ao medicamento. Duas (2/10) disseram que acreditavam no resultado da
massagem. Uma (1/10) afirmou que já usou, mas não tem o hábito. Uma (1/10) afirmou que
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no outro filho ficava apertando a barriga e uma (1/10) disse que já fez a “bicicletinha” uma
vez.
Essa massagem de massagear a barriga? Só na filha da minha vizinha... Era gases que ela tinha, eu achei que funcionou porque ela soltou muitos gases depois. (MÃE 1) Não, só no meu filho do meio que eu já utilizei, mas nela ainda não. Apertando a barriguinha, só apertar mesmo. (MÃE 2) Já usei com minha outra filha, mas não tenho o hábito. (MÃE 5) Já tentei algumas vezes, mas nem sei se deu resultado. Porque eu dei o remédio junto, então não sei se foi o remédio ou a massagem, entendeu? (MÃE 7) Só a bicicletinha, uma vez no meu primeiro filho. (MÃE 9) Não sei se pode chamar de massagem o que eu fiz, eu fazia umas coisas tipo: eu ficava apertando a barriga, dobrando as perninhas, às vezes funcionava. (MÃE 10)
Para completo bem estar do bebê, o cuidado materno deve se constituir de um
conjunto de ações que permitam à criança desenvolver-se bem. Neste sentido, a mãe tem
papel fundamental reconhecendo e interpretando corretamente os sinais que o recém-nascido
emite (TERRA e OKASAKI, 2006).
O bebê com cólica segue um padrão regular de alterações comportamentais. Tais
alterações podem ser explicadas para as mães como forma de ajudar na identificação do
descoforto sofrido pelo bebê. Entre as manifestações do bebê quando sente cólica, detaca-se o
choro súbito, inexplicado e inconsolável. Além disso, ele se estica, fica vermelho, vira a
cabeça para os lados, as mãos ficam crispadas, as coxas fletidas sobre o abdome. Na prática, a
cólica é frequentemente caracterizada apenas pelo choro sem motivo aparente
(MURAHOVSCHI, 2003).
Após a identificação da cólica, as mães podem ser orientadas a intervir com a
utilização da massagem, já que autores como Nielsen (1989), Walker (2000), Mazon e Araújo
(2002), Cruz e Caromano (2005) e Motter et al (2010) são unanimes ao afirmar que a
massagem ajuda o bebê a relaxar, e desta forma diminui as cólicas, além de contribuir
também na liberação de gases intestinais.
Por vezes as mães realizam a massagem, sem caracterizar o ato como massagem. Esta
situação foi percebida na fala de três mães (3/10), elas afirmaram terem “apertado a
barriguinha” do bebê e duas (2/10) dessas mães que afirmaram ter feito a intervenção
acreditam que tenha funcionado.
51
Cruz et al (2008) classifica os efeitos da massagem em 3 categorias: efeitos
fisiológicos (facilitação do desenvolvimento neurológico, aumento da resistência às doenças,
auxílio da respiração, na circulação e na digestão, diminuição de dores e relaxamento); efeitos
psicomotores (facilitação da percepção corporal, da função motora e habilidade de
coordenação) e efeitos comportamentais (benefício da relação do bebê com os pais e
familiares, auxílio nas situações de tensão e ansiedade e, ainda, proporciona calma e
tranquilidade para a criança e seu cuidador).
Somado a todos os benefícios supracitados (fisiológicos, psicomotores e
comportamentais), a utilização da massagem como alternativa inicial para alívio de cólicas e
gases colabora de forma significativa para um consumo reduzido de medicações, já que tem
potencial para solucionar o desconforto sofrido pelo bebê. Tal idéia é confirmada pela mãe
que afirmou que a massagem funcionou, já que a criança “soltou muitos gases depois”.
Através do tato, tem-se a oportunidade de tocar com carinho, de realizar massagens, de
promover conforto até no simples ato de segurar as mãos. O toque terapêutico, as massagens
nas mãos, nas costas e na região sacra, pode e devem ser utilizados para alívio da dor
(SILVEIRA E LEITÃO, 2003). Uma mãe ressaltou que não sabia se pode classificar como
massagem o que realizou com seu filho, mas afirmou que mexeu na barriga, nas pernas e
manteve contato tátil. Neste sentido, ela forneceu o conforto através do toque.
É nesta perspectiva que o uso da massagem como alívio para cólicas e gases é
importante. Pois é uma prática simples, não invasiva, sem riscos e sem custos. Para a
realização basta tempo, disposição, paciência e conhecimento da técnica, além de ser uma
ótima oportunidade de fortalecimento do vínculo mãe-bebê.
Algumas mães (4/10) afirmaram que nunca utilizaram a massagem, e apresentaram
justificativas diferentes para tal fato: esquecimento, medo de machucar, desconhecimento, ou
não ter tido necessidade.
Já vi pessoas fazerem, mas nunca fiz. Acho que tenho medo de machucar. (MÃE 3) Nunca usei, eu esquecia, dava sempre logo o remédio. (MÃE 4) Nunca usei não, ele ainda não teve gases. (MÃE 6) Não, nem sabia que massagem resolvia gases. Funciona? (MÃE 8)
52
Segundo Sato e Nascimento (2000) “o enfermeiro deve observar o contato olho a olho
entre a mãe e o bebê, se a mãe toca o seu filho, sorri para ele, conversa com ele, preocupa-se
com ele, atende suas necessidades com rapidez e presteza”. É neste momento em que o
enfermeiro pode e deve estimular a aprendizagem da técnica de massagem.
Assim como a mãe que afirmou esquecer-se de usar a massagem e dar logo o remédio
para a criança, as mães que optam por não utilizar a massagem em seus bebês estão expondo
seus filhos a possíveis riscos, já que podem recorrer ao uso de métodos menos seguros, como
o uso de medicação sem orientação profissional adequada. Nesta situação podemos voltar a
citar os erros da dosagem, reações adversas, além da ocorrência de possíveis alergias aos
componentes da fórmula do medicamento (BECKHAUSER et al, 2010).
Em estudo realizado por Piccinini et al (2012), com objetivo de investigar o
envolvimento materno/paterno nos cuidados do bebê aos três meses de vida, foi constatado a
insegurança de manipulação do bebê devido ao medo de machucá-lo. Tal fato também pode
ser observado na resposta de uma mãe, que afirmou que tem medo de utilizar a técnica de
massagem, pois acha que irá machucar o bebê.
Por vezes, pode-se observar que a não utilização da massagem é devido ao
esquecimento ou desconhecimento da técnica. Desta forma, é necessário que as ações de
enfermagem sejam eficazes a ponto de as mães se sentirem motivadas e seguras quanto à
utilização de tal alternativa após a alta hospitalar.
Motter et al (2010), em uma pesquisa quanto ao uso de massagem em bebês
semanalmente, descreveu como ponto de fragilidade do seu trabalho a falta de assiduidade
dos pais quanto à realização das massagens domiciliares, o que dificultava a intervenção da
pesquisa, já que as crianças não reconheciam o toque como algo prazeroso, devido ao pouco
contato que tinham com a situação. Tal pesquisa fortalece a ideia de que sem o envolvimento
dos pais, a massagem não será algo prazeroso e benéfico, e se tornará um momento
desgastante tanto para os pais quanto para a criança.
Com relação à mãe que afirmou que não teve a necessidade de usar a massagem para
alívio de cólica e gases, destaco que além de auxiliar na eliminação de gases intestinais e
diminuição de cólicas intestinais, outros benefícios são atribuídos ao uso constante da
massagem, tais como: facilitação de ganho de peso, facilitação da resistência às doenças,
estimulação da digestão, estimulação da circulação sanguínea periférica, relaxamento, além de
proporcionar maior contato entre pais e o bebê (CRUZ e CAROMANO, 2005; WALKER,
2000; NIELSEN, 1989).
53
4.1.2. A (IM)POSSIBILIDADE DO USO DA MASSAGEM PELAS MÃES APÓS A
DEMO
Na segunda etapa da entrevista, após a demonstração da massagem com as bonecas,
foi pedida a opinião das mães acerca da técnica demonstrada e se elas achavam que poderiam
utilizar no domicílio.
Com base no material empírico produzido nesta segunda etapa da entrevista, emergiu
a unidade temática: a possibilidade do uso da massagem pelas mães após a demonstração da
técnica de massagem clássica, com desdobramento em três subunidades: a possibilidade do
uso da massagem para alívio de cólicas e gases em recém-nascidos, a possibilidade do uso da
massagem associada às medicações para alívio de cólicas e gases em recém-nascidos e a
impossibilidade do uso da massagem para alívio de cólicas e gases em recém-nascidos
NSTRAÇÃO DA TÉCNICA DE MASSAGEM CLÁSSICA
4.1.2.1. A possibilidade do uso da massagem para alívio de cólicas e gases em recém-nascidos
Dentre as mães entrevistadas, a metade (5/10) avaliou o uso da massagem
positivamente e afirmaram que utilizaria/utilizará em casa após a alta hospitalar, em sua rotina
de cuidados domiciliares. Algumas já tiveram a experiência de usar com outros filhos, mas o
fizeram de forma diferente, uma delas disse que achou a técnica completa. Além disso, as
mães acharam fácil de usar em casa, e vão procurar utilizar porque é uma forma de fazer
carinho no bebê e reduzir o uso de medicamentos.
Bom, ainda não experimentei nela (na filha), mas depois que eu experimentar, se funcionar eu vou fazer sempre, né? É possível usar em casa antes do banho. (MÃE 1) Já usei de outro jeito no meu filho do meio e funcionou, então essa deve funcionar também (...) É fácil de usar, dá pra usar em casa. (MÃE 2) Na verdade vou continuar usando, porque com a minha outra filha eu já usava, mas era de um jeito diferente, agora vou usar nesse do jeito que você me ensinou (...) Achei a técnica boa, bem completinha (...) Acho que dá pra usar em casa sim, porque durante os cuidados com o bebê a gente quer mais é estar juntinho, fazendo carinho, e essa massagem pode ajudar a ter esse momento. (MÃE 5) Bem interessante mesmo. Eu mesma que vou fazer na minha filha, poxa muito legal. Vou usar em casa sim, fazer nela e ver se ela melhora (...) gostei que eu não preciso encher a menina de remédio, porque criança tem cólica pra caramba. (MÃE 8)
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Ajuda porque melhora como o bebê solta pum e faz o coco. Vou usar sim porque eu que cuido dos meus filhos e fico com eles, e eu gosto de fazer essas coisas, tentar de tudo antes de dar o remédio(...) Dá pra usar enquando a gente cuida do neném, a gente faz que nem sente (...) não gosto de ficar dando muito remédio não, depois fica todo mundo viciado em qualquer coisinha a dar remédio. Não é? (MÃE 10)
A massagem tem muitos benefícios, ela estimula diretamente vários sistemas, como os
sistemas músculoesquelético, nervoso e circulatório, afetando, dessa forma todos os processos
regulados também por esses sistemas. Além disso, tem sido usada para melhorar ou evitar
uma variedade de problemas de saúde, não somente nos bebês, mas em todos os grupos
etários (SATO e NASCIMENTO, 2000).
Como foi identificado na fala das mães, o uso da massagem é de fácil realização,
colabora para a aproximação entre mãe e bebê, pois pode proporcionar um momento de afeto,
e evita o uso indiscriminado de medicação, visto que cólicas e gases são uma ocorrência
comum em recém-nascidos.
Tendo em vista os benefícios da massagem e a receptividade das mães com relação ao
aprendizado da técnica de massagem evidencia-se que durante o atendimento do binômio
mãe-bebê no ambiente do alojamento conjunto, o enfermeiro pode realizar ações de educação
em saúde. Tais medidas educativas devem ser voltadas para auxiliar as mães na utilização da
massagem de modo que colabore de forma adequada para o cuidado do bebê em casa,
contribuindo para a promoção da saúde da criança.
A educação em saúde é atualmente compreendida como um processo complexo que
unindo um conjunto de saberes e práticas diversas, busca proporcionar às pessoas o mais alto
nível de saúde; além disso, se constitui como instrumento para a promoção da qualidade de
vida de indivíduos, famílias e comunidades por meio da articulação de saberes técnicos e
populares (SOUSA et al, 2010).
O enfermeiro é um profissional que tem como uma das suas principais funções a
educação dos pacientes, logo este profissional pode transformar o serviço de saúde em local
propício para a aprendizagem, através de ações educativas em saúde. O importante é que
diferentes estratégias de educação em saúde sejam utilizadas e criem situações que abordem
conteúdos que contribuam para a aprendizagem do paciente e possibilitem alguma
transformação pessoal e social (SOBRAL e CAMPOS, 2012).
A atuação da enfermagem é reconhecida como uma estratégia determinante no
enfrentamento dos múltiplos problemas de saúde que afetam as populações e seus contextos
sociais. O enfermeiro tem destaque, já que é o principal atuante no processo de cuidar por
meio da educação em saúde (SOUSA et al, 2010).
55
Com a atitude de conscientizar o paciente – neste caso as mães – o enfermeiro dará
subsídios para o empoderamento das mães quanto aos cuidados do seu filho em domicílio.
4.1.2.2. A possibilidade do uso da massagem associda as medicações para alívio de cólicas e gases em recém-nascidos
Duas mães (2/10) afirmaram que usariam a técnica em casa, mas uma (1/10) disse que
a utilização da técnica ocorreria juntamente com a medicação já conhecida por ela, e a outra
mãe (1/10) que seria uma alternativa, caso não tenha o remédio à disposição.
Ah, é um jeito se faltar o remédio né? Vou tentar usar (...). (MÃE 3) Acho que vou usar até, mas não sozinha, vou dar o remédio junto. É bom que o efeito vai ficar mais rápido. Vou usar sempre que der e que eu lembrar também né? (MÃE 4)
A fala dessas mães nos remete de volta à tona a questão da automedicação, já que elas
afirmam que usariam em conjunto, além disso, também reafirma a resistência de certas mães
em aceitar que o uso da massagem, isoladamente, pode resolver o desconforto proporcionado
pelas cólicas e gases.
Volto a salientar o que Assencio-Ferreira (2001) diz: “alguns estudos que se
propuseram a avaliar a eficácia do uso de medicamentos para cólicas em lactentes, convergem
na mesma opinião: não é possível afirmar que qualquer droga possa eliminar ou aliviar a
cólica do lactente.”.
Como comprovação da eficácia da técnica de massagem para o alívio de cólicas e
gases, no estudo de Mazon e Araújo (2002) em que eles acompanharam um bebê durante dois
meses e ensinaram à mãe como realizar a massagem no bebê e em intervalos regulares os
autores concluíram que “quanto às cólicas, conforme constatação da mãe, a massagem
possibilitou a abolição do uso de medicamentos, tornando-se desta forma um instrumento
para o alívio das dores do bebê, servindo assim de incentivo para ela dar continuidade à
massagem”.
Tendo em vista os estudos realizados, a utilização da massagem é comprovadamente
eficaz enquanto que a medicação há estudos que questionam a sua eficácia. Mesmo diante do
exposto, as mães são resistentes quanto ao uso isolado da massagem, ainda que durante a
demonstração (estratégia utilizada para a orientação em saúde,) elas tenham a oportunidade de
56
praticarem a técnica previamente em bonecas e sanarem qualquer eventual dúvida que possa
surgir.
Portanto, faz-se importante a avaliação constante da eficiência da estratégia que está
sendo utilizada para educação em saúde. Souza et al (2010) diz que o papel do enfermeiro
passou do simples ato de orientar ou de impor, para o de favorecer a conscientização das
pessoas a respeito da situação em que vivem e das consequências de suas escolhas para sua
saúde. Neste sentido, não basta ensinar a técnica, é preciso avaliar se os meios utilizados estão
sendo adequados para o alcance dos objetivos traçados.
Entendendo que o principal objetivo da educação em saúde é promover a saúde para
que o indivíduo viva com qualidade e seja capaz de se responsabilizar pelo seu autocuidado, o
processo educacional utilizado deve contemplar uma relação igualitária entre educando e
educador. Há, assim, a necessidade de incorporar o empoderamento de indivíduos e
comunidades, tornando-os mais autônomos para fazer escolhas informadas (SOUZA et al,
2010).
A ação educativa deve promover a reflexão e compreensão das mães, e outros
familiares, de como eles poderão atuar de forma determinante na rotina de cuidados da
criança, utilizando seus conhecimentos e experiências para reconhecer sinais de desconforto
no bebê que mereçam intervenções adequadas.
4.1.2.3. A impossibilidade do uso da massagem para alívio de cólicas e gases em recém-nascidos
Mesmo após a demonstração da técnica, algumas mães (2/10) mostraram-se inseguras
para utilizar a técnica em casa. Elas temem fazer algo errado, pois acharam que a realização
da técnica é difícil e afirmaram ainda que precisariam de mais tempo para treinar.
Ela é bem simples, e parece que ajuda mesmo o bebê. Não sei se usaria em casa, porque sozinha acho que eu vou ficar com medo de fazer errado. (MÃE 3) É bem legal o jeito de fazer, mas achei um pouco difícil. Não sei se usaria em casa, e se eu erro? Fico insegura, mas vou tentar, prometo (...) Vou precisar treinar mais, mas é legal o jeito de fazer. (MÃE 6)
O profissional de saúde necessita compreender a mulher e o seu contexto para ajudá-la
no cuidado direcionado ao seu filho, ou seja, o enfermeiro não pode desconsiderar o cuidado
cultural materno e suas experiências passadas, como, também, não devem considerar-se o
57
detentor do saber técnico e científico, e sim articular essas vertentes com objetivo de tornar
benéfico o cuidado ao recém-nascido (MAIA e SILVA, 2012).
É nesta perspectiva que o ensino da massagem para alívio de cólicas e gases em
recém-nascidos visa promover saúde dos mesmos após a alta hospitalar, então se torna
fundamental saber orientar a mãe da forma adequada, utilizando meios para que essa
orientação seja eficaz. A avaliação da efetividade da orientação feita merece destaque neste
contexto, já que as duas mães afirmaram ter medo de realizar as manobras da massagem
sozinhas. Sato e Nascimento (2000) ressaltam que “a massagem não é um protocolo rígido que
os pais devem aprender e executar sem alterações. Ao contrário, eles precisam entender que o
objetivo principal da massagem é o contato regular, mutuamente apreciado, com o seu bebê.”
A técnica que é demonstrada para a mãe segue três passos: 1. Deslizamento das mãos
entre a borda inferior do gradio costal e crista ilíaca superior em ambos os lados; 2.
Abarcamento do abdomên da criança, com leve pressão feita pela ponta dos dedos e 3.
Amassamento do centro do abdomên, onde a cicatriz umbilical deve ficar posicionada no
centro da palma da mão. Essas manobras devem ser repetidas por 15 a 20 minutos, ou até que
a criança suporte (WALKER, 2000).
Durante a explicação, o passo a passo é ensinado e demonstrado, porém como já foi
exposto, a massagem não é um passo a passo rígido em que alterações não podem ser feitas. A
massagem deve ser inserida aos poucos na rotina do bebê, e deve ser um momento de prazer e
não de tortura. Cabe cada mãe decidir o melhor jeito e momento para fazer a massagem no
seu próprio filho, de modo que seja prazeroso para ambos.
Outro fator que foi citado como dificuldador para a realização da massagem é a volta
da mãe ao trabalho.
Quando dá eu uso sim, mas nem sempre porque eu vou voltar a trabalhar e ele não vai ficar comigo direto, mas se der eu vou fazer, claro. (MÃE 9)
Deve-se atentar ao fato de que todas as mães têm direito à licença maternidade
(Aprovada na Constituição Federal de 1988, no capítulo II, art. 7º e inciso XVIII, a licença
concede 120 dias de afastamento da nova mãe sem prejuízo ao emprego e ao salário), porém
nem todas são contribuintes da previdência social ou tem contrato regulamentado, o que é pré-
requisito para que se consiga a licença remunerada (BRASIL, 1988). Tal fato pode ser o
58
determinante para a volta da mãe ao emprego antes do tempo previsto, o que interfere
diretamente no tempo que a mãe dispensará no cuidado do seu filho.
Em casos em que a mãe não será quem passará a maior parte do tempo com seu filho,
as práticas educativas em saúde podem ser ampliadas ao seu círculo social e se estender a
quem ficará responsável pelo cuidado da criança.
Para que a educação em saúde seja efetiva, é de fundamental importância que a
realidade em que o indivíduo está inserido seja levada em consideração, como afirma Alves e
Aerts (2011) “a educação popular é aquela que reconhece que os educandos são sujeitos
construtores de seus conhecimentos e que essas construções partem, necessariamente, de suas
vidas e da realidade em que estão inseridos.”.
Portanto, como medida para incentivar a maior utilização da massagem no cuidado
domiciliar, é importante envolver as outras pessoas que participarão dos cuidados do bebê
durante a demonstração da técnica de massagem tais como avós, tias, irmãs e outros que
podem estar auxiliando no cuidado do recem-nascido.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo deste estudo de caráter descritivo e exploratório com abordagem qualitativa,
foi possível identificar os métodos conhecidos e utilizados pelas mães para alívio de cólicas e
gases em recém-nascidos e a (im)possibilidade do uso da massagem pelas mães após a
demonstração da técnica de massagem clássica.
A utilização da entrevista semiestruturada realizada com as mães internadas no setor
do alojamento conjunto juntamente com seus filhos em um Hospital Universitário do Estado
do Rio de Janeiro apontou quais métodos eram conhecidos, quais eram utilizados, entre eles a
massagem, e ainda permitiu analisar a possibilidade de utilização da massagem para alívio de
cólicas e gases em recém-nascidos pelas mães após a demonstração da técnica.
O conhecimento das mães acerca de métodos para alívio de cólica e gases foi
diversificado. A utilização de medicamentos demonstra a forte cultura quanto ao uso de
medicamentos, por muitas vezes, sem a orientação adequada. Além disso, também foi
evidenciado o uso de chás, funchicórea, posicionamento da barriga do bebê com a barriga da
mãe, e ainda o uso de movimentação das perninhas do bebê com movimentos de
“bicicletinha”.
Quanto ao uso de métodos, foi destacado o uso de medicação, colocar a barriga do
bebê com a barriga da mãe, a associação de medicação e posição barriga com barriga, além da
associação de massagem com medicação. O uso da medicação pelas mães era priorizado em
relação à tentativa de técnicas menos prejudiciais à saúde do bebê. Tal fato demonstrou a
resistência das mães em aceitarem que a massagem por si só é capaz de resolver as cólicas e
gases de seu bebê, dispensando assim o uso de medicamentos destinados a tal finalidade.
A prática de massagem (de modalidades diferentes) foi evidenciada no cuidado
materno, no qual as mães acreditam em sua resolutividade quanto ao uso da técnica para
alívio de cólicas e gases. É sempre válido lembrar que o uso da massagem colabora para um
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consumo reduzido de medicações já que a demonstração, aprendizado e uso da técnica
pelas mães são eficazes e não traz danos ao bebê.
Foi possível perceber que as mães conhecem a massagem. A massagem é de fácil
utilização e basta que a mãe seja estimulada, tenha incentivo e orientações adequadas para
aumentar as possibilidades de que a técnica seja aprendida e utilizada de forma a ser inserida
na rotina de cuidados maternos com o bebê.
Com a demonstração da técnica de massagem, constatou-se ainda que as mães foram
receptivas ao aprendizado da técnica, portanto é sugerido que exista um profissional
capacitado a realizar orientações e guiar o aprendizado da mãe relativo à técnica de
massagem.
Como fatores que podem impossibilitar a utilização da massagem para aliviar as
cólicas e gases foram citados o esquecimento, o medo da manipulação do bebê. Desta forma,
é evidenciada a importância de a orientação em saúde ser feita de forma minuciosa e eficaz de
modo que as mães possam ao final da orientação se sentir seguras quanto a uso domiciliar da
técnica. O profissional que guia o aprendizado do o uso da técnica deve estar apto e
disponível para sanar todas as dúvidas das mães referentes ao uso da massagem.
Ainda outro fato foi citado como obstáculo à utilização da massagem: a volta da mãe
ao trabalho. Tal fato reforça que as orientações de saúde não devem ser restritas ao paciente, e
devem se estender ao acompanhante, cuidadores e círculo social do paciente para que a
orientação feita possa ser desfrutada ao máximo por todos.
O enfermeiro tem capacidade científica e técnica necessárias para apropriar-se dos
conceitos da massagem para bebês e desta forma auxiliar as mães no manejo adequado às
situações adversas em que o recém-nascido pode estar inserido no seu dia a dia.
Os enfermeiros e outros profissionais de saúde que atuam nos cuidados das mães
durante o pré-natal, puerpério e puericultura podem inserir durante orientações educativas em
saúde o ensino da massagem para as mães. A massagem é relaxante e resolutiva, desta forma
alivia o desconforto desse bebê, trazendo benefícios para ambos (mãe e bebê) com a sua
utilização.
Durante a permanência da mãe no alojamento conjunto, onde esta começa a aprender
como cuidar e lidar com o seu filho, é uma oportunidade que deve ser aproveitada pelos
profissionais, em especial o enfermeiro, para o ensino da técnica de massagem para alívio de
cólicas e gases para as mães.
Neste sentido, como contribuição desde estudo para a Enfermagem fica a proposta da
utilização da técnica de massagem pelas mães em domicílio antes da utilização da medicação
61
para alívio de cólicas e gases, onde o ensino da técnica seria feito pelo Enfermeiro que atua no
pré-natal, e principalmente pelo Enfermeiro que acompanha esta mãe no puerpério e
puericultura, já que este profissional tem contato também com o bebê e auxilia diretamente
em seus cuidados.
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WALKER, P. A arte e a prática da massagem em bebês. São Paulo: Pensamento, 2000.
7. OBRAS CONSULTADAS
BERTOLDI, M. E.; CURVACHO, D. Shantala como facilitador de holding do laço mãe-bebê: o início do amor. Convenção Brasil/Latino-América. Curitiba: [s.n.]. 2008. BRASIL. Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos. Conselho Nacional de Saúde. Resolução 196/96.
COSTA, G. A. et al. Programa de massagem terapêutica Shantala em crianças pré-escolares. Revista Movimenta, v. 3, n.2, p. 96-100, 2010. FREITAS, O. M. et al. Massagem no recém-nascido pré-termo: é um cuidado de enfermagem seguro? Revista Portuguesa de Saúde Pública, v. 28, n.2, p. 187-198, 2010. HOFFMANN, A. Efeitos da shantala em bebês de um a seis meses da projeto de extensão "Shantala - massagem para bebês", Tubarão, 2005. Disponivel em: <http://www.fisio-tb.unisul.br/Tccs/AlanaHoffman/tcc.pdf>. NASCIMENTO, M. A. G. D.; SILVA, C. N. M. D. Rodas de conversa e oficinas temáticas: experiências metodológicas de ensino-aprendizagem em geografia. In: X Encontro Nacional de Prática de Ensino em Geografia- ENPEG, Porto Alegre, v. Anais Eletrônicos, Disponível em:. Acesso em: 21 de setembro de 2011. 2009. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE. Pró-Reitoria de Assuntos Acadêmicos. Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação. Apresentação de trabalhos monográficos de conclusão de curso. 9ª. ed. Niterói: EdUFF, 2007. VICTOR, J. F.; MORAES, L. M. P.; BARROSO, L. M. M. Shantala, Massagem Indiana para Bebês: um relato de experiência utilizando oficinas com mães primíparas. Revista Nursing, v. 75, n.7, p. 21-26, Agosto 2004. VICTOR, J. F.; MOREIRA, T. M. M. Integrando a família no cuidado de seus bebês: ensinando a aplicação da massagem shantala. Acta Scientiarum, Maringá, v. 26 n.1, p. 35-39, 2004.
8. APÊNDICES
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8.1. APÊNDICE 1 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Título do Projeto: O USO DA MASSAGEM PARA ALÍVIO DE CÓLICAS E GASES EM RECÉM - NASCIDOS: contribuições da enfermagem. Pesquisador Responsável: Liliane Faria da Silva e Elizia Moraes Ramos Instituição a que Pertence o Pesquisador Responsável: Universidade Federal Fluminense Telefone para contato: (21) 91928931 e (21) 7969-3559 Nome do voluntário: _________________________________________________________ Idade: ________ anos R.G. ____________________________ O(A) Sr. (ª) está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa “O USO DA MASSAGEM PARA ALÍVIO DE CÓLICAS E GASES EM RECÉM-NASCIDOS: contribuições da enfermagem”, de responsabilidade da pesquisadora Profª Drª. Liliane Faria da Silva. Os objetivos da pesquisa são: 1) Identificar os métodos que as mães conhecem e utilizam para alívio de cólicas e gases em recém-nascidos e 2) Analisar a possibilidades de aplicação da técnica de massagem clássica para alívio de cólicas e gases pelas mães. Apresento como justificativa a escassez de relatos da atuação de enfermagem nessa prática, sendo então uma lacuna de conhecimento onde a enfermagem pode estar consolidando noções e saberes acerca da massagem terapêutica de forma a favorecer sua assistência e auxiliar nos cuidados da mãe após a alta hospitalar além de que a ocorrência de distúrbios intestinais como cólicas e gases podem ocorrer independente de classe social, sexo ou peso ao nascer. Logo, o uso da massagem terapêutica como prevenção ou tratamento inicial pode ser amplamente utilizado, caso o cuidador do bebê esteja apto à realização de forma adequada. Serão realizadas entrevistas semi estruturadas que serão gravadas através de um gravador de áudio. Todo o material gerado (gravação de voz e transcrição das falas) que será utilizado nesta pesquisa ficará arquivado sob a guarda do pesquisador por 5 (cinco) anos, em sua própria residência, em uma pasta de arquivo pessoal destinada para essa finalidade e após esse período do material será incinerado. Esta pesquisa não produzirá danos ou riscos a você, seu filho e sua família. Quanto aos benefícios, esta pesquisa visa como contribuição o aprendizado de uma técnica simples que pode ser utilizada a qualquer momento para o alivio inicial de cólicas e gases intestinais, dispensando num primeiro momento a utilização de medicamentos. E também ajudará o enfermeiro como uma nova forma de cuidado a ser utilizado no dia-a-dia dos cuidados de enfermagem. Caso necessite, poderão ser marcados encontros para respostas ou esclarecimentos de qualquer dúvida acerca da pesquisa. A retirada do consentimento e permissão de realização do estudo pode ser feita a qualquer momento, sem que isso traga prejuízos, visto que a participação é voluntária. Os resultados da pesquisa serão tornados públicos em trabalhos e/ou revistas científicas. Será mantido o caráter confidencial de todas as informações relacionadas à privacidade do participante da pesquisa. Este documento será elaborado em duas vias, sendo uma retida pelo representante legal do sujeito da pesquisa e uma arquivada pelo pesquisador.
Eu,_________________________________________________, RG nº _________________ declaro ter sido informado e concordo em participar, como voluntário, do projeto de pesquisa acima descrito.
Niterói, _____ de ____________ de _______
Participante da pesquisa-voluntário) (Responsável por obter o consentimento)
(Testemunha) (Testemunha)
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8.2. APÊNDICE 2 – ROTEIRO DA ENTREVISTA
IDENTIFICAÇÃO Nome da mãe: Idade: Pseudônimo: Escolaridade: Numero de Gestações: Número de filhos: PERGUNTAS:
ANTES DA DEMONSTRAÇÃO DA MASSAGEM
1. Quais os métodos que você conhece para alívio de cólicas e gases?
2. Quais os métodos você utiliza para alívio da cólica e gases de seu bebê?
3. Você já utilizou a massagem alguma vez?
APÓS A DEMONSTRAÇÃO DA MASSAGEM
4. Fale um pouco sobre essa técnica que eu demonstrei? Você acredita que é possível usar a
massagem em casa? Por quê?
5. Como que o uso da massagem pode ajudar/aliviar os cólicas e gases do bebê em casa?
Você acha que vai usar? Em que momento?
9. ANEXO
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9.1. PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA
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