elias leal lima · infraestrutura aeroportuária 2. modelos de gestão de aeroportos 3. concessões...
TRANSCRIPT
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
Elias Leal Lima
Estudo de Viabilidade de Expansão de Infraestrutura: Modelos
de Privatização, Investimento e Financiamento de Aeroportos
Trabalho de Graduação
2013
Civil
CDU:629.73.08:656.7
Elias Leal Lima
Estudo de Viabilidade de Expansão de Infraestrutura: Modelos de
Privatização, Investimento e Financiamento de Aeroportos
Orientadores Prof. Dr. Alessandro Vinícius Marques de Oliveira (ITA)
Engenharia Civil-Aeronáutica
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
2013
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) Divisão de Informação e Documentação
Lima, Elias L. Estudo de Viabilidade de Expansão de Infraestrutura: Modelos de Privatização, Investimento e
Financiamento de Aeroportos / Elias Leal Lima. São José dos Campos, 2013.
78f.
Trabalho de Graduação – Engenharia Civil-Aeronáutica – Instituto Tecnológico de Aeronáutica, 2013. Orientadores: Prof. Dr. Alessandro Vinícius Marques de Oliveira.
1. Infraestrutura Aeroportuária 2. Modelos de Gestão de Aeroportos 3. Concessões dos Aeroportos Brasileiros I. Instituto Tecnológico de Aeronáutica. II. Estudo de Viabilidade de Expansão de Infraestrutura: Modelos de Privatização, Investimento e Financiamento de Aeroportos
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
LIMA, Elias L. Estudo de Viabilidade de Expansão de Infraestrutura: Modelos de Privatização, Investimento e Financiamento de Aeroportos. 2013. 78f. Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação) – Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos.
CESSÃO DE DIREITOS
NOME DO AUTOR: Elias Leal Lima TÍTULO DO TRABALHO: Estudo de Viabilidade de Expansão de Infraestrutura: Modelos de Privatização, Investimento e Financiamento de Aeroportos TIPO DO TRABALHO/ANO: Graduação / 2013
É concedida ao Instituto Tecnológico de Aeronáutica permissão para reproduzir cópias deste trabalho de graduação e para emprestar ou vender cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta monografia de graduação pode ser reproduzida sem a autorização do autor.
_____________________ Elias Leal Lima Rua Sigefredo Pinheiro, 481 – Fátima CEP 60415-160 – Fortaleza – CE
Dedico esse trabalho aos meus pais, Marco e Lúcia,
e aos meus irmãos, Liana e Isaías,
por todo apoio, paciência e ensinamentos compartilhados
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pelas forças e bênçãos concedidas por toda minha vida.
Aos meus pais, pela confiança e as oportunidades que me proporcionaram.
Aos meus amigos, por todas as vezes que viramos a noite estudando, tentando acabar o
projeto e fazendo banquetes pelas madrugadas no H8.
Aos meus amigos do 301, do 133 e 130 e a CIVIL-13, que fizeram esses 5 anos de
ITA mais agradáveis.
Ao professor Alessandro que me orientou com muito conhecimento nesse trabalho
Ao professor Anderson, que além de relator, foi um grande orientador.
Aos demais professores da CIVIL, pelos ensinamentos e dedicação notória.
“An investment in knowledge pays the best interest”
Benjamin Franklin
RESUMO
Esse trabalho de graduação tem como objetivo escolher o melhor modelo de gestão
para os grandes aeroportos do Brasil, a partir do estudo dos modelos possíveis e das
características do cenário brasileiro.
A expansão aeroportuária brasileira tem estado na pauta do governo federal nos
últimos anos, devido a crescente demanda por viagens aéreas e a necessidade de expansão da
infraestrutura aeroportuária, principalmente com o aumento de renda dos últimos anos e com
os eventos (Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016) que o país será sede. Como parte
desse esforço, o governo federal, por meio da ANAC, realizou concessões públicas de 3 dos
maiores aeroportos brasileiros: Guarulhos, Brasília e Viracopos, tirando da Infraero a
responsabilidade de gestão, mas a deixando como minoritária nos contratos de longo-prazo.
Havendo diversos outros modelos possíveis, alternativas devem ser consideradas e
ponderadas por suas características, buscando adequá-las ao cenário brasileiro de
desestatização de infraestrutura aeroportuária. Para isso, foi utilizado o método AHP (Analytic
Hierarchy Process), aplicado com especialistas selecionados, para eleger o melhor modelo de
gestão, baseando-se em critérios pré-estabelecidos. O modelo foi aplicado com representantes
do setor governamental, companhias aéreas, operadores aeroportuários das concessões atuais,
professores e pesquisadores universitários e consultores, para buscar o ponto de vista de cada
um no processo decisório.
Dos 28 especialistas acessados, 12 responderam a pesquisa (42,9%), 8 deles elegeram
como melhor alternativa a concessão por longo-prazo, indo ao encontro dos programas
governamentais de desestatização da infraestrutura aeroportuária.
ABSTRACT
This graduate work intends to choose the best management model for the largest
airports in Brazil, by studying the existing models and the characteristics of the Brazilian
scenario.
The expansion of Brazil’s airport system has been in the federal government’s agenda
for several years, mainly due to the upsurge in air traffic volume, the lack of airport capacity,
the real growth in disposable income in the past years and the upcoming international events
(2014 FIFA’s World Cup and 2016 Olympic Games). To accomplish this objective, the
federal government agreed to the concession of three major Brazilian airports: Guarulhos,
Brasília and Viracopos, relinquishing its managing role, but remaining as a shareholder.
The consideration of all possible models should be done and weighed using all their
features, in order to better suit the most important airports. Therefore, to achieve this goal, the
Analytic Hierarchy Process was put forth to some selected experts in order to elect the best
management model, based on some predetermined criteria. Composing the list of participants
were primarily officials from government, airline companies, airport operators, professors,
researchers and specialized consultants, hence reaching various groups of stakeholders.
Of all 28 contacted experts, 12 have answered the research (42,9%) and 8 of those
have chosen the long-term concessions as the best option for Brazilian airports. This result
was straightly aligned with the governmental program to privatize the Brazilian airport
infrastructure to support the expansion needed.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Organização Institucional da Aviação Brasileira (Fonte: SAC, 2012) .................... 14
Figura 2 - Passos para escolha do modelo de privatização (Fonte: Transportation Research
Board, 2012) ............................................................................................................................. 31
Figura 3 - Volume de passageiros entre os três principais hubs do país (Fonte: Mckinsey &
Company) ................................................................................................................................. 39
Figura 4 - Principais Origens e Destinos no Brasil (Fonte: Mckinsey & Company) ............... 39
Figura 5 - Projeção de Passageiros no Aeroporto de Guarulhos (Fonte: SAC, 2011) ............. 41
Figura 6 - Projeção de Passageiros no Aeroporto de Viracopos (Fonte: SAC, 2011) .............. 41
Figura 7 - Projeção de Passageiros no Aeroporto de Brasília (Fonte: SAC, 2011) .................. 42
Figura 8 - Projeção de Receitas Tarifárias do Aeroporto de Viracopos (Fonte: SAC, 2011) .. 43
Figura 9 - Projeção de Receitas Não Tarifárias do Aeroporto de Guarulhos (Fonte: SAC,
2011) ......................................................................................................................................... 43
Figura 10 - Utilização na hora-pico para pista ou pátio e no ano para o TPS (Fonte: McKinsey
& Company) ............................................................................................................................. 44
Figura 11 - Matriz de priorização dos aeroportos (Fonte: McKinsey & Company) ................ 45
Figura 12 - Modelo Societário Proposto (Fonte: SAC, 2012) .................................................. 46
Figura 13 - Fases da Realização (Fonte: ANAC) ..................................................................... 47
Figura 14 - Sumário dos Resultados da Modelagem (Fonte: SAC, 2012) ............................... 48
Figura 15 - Composição do VPL do Aeroporto de Viracopos (Fonte: SAC, 2012) ................. 49
Figura 16 - Composição do VPL do Aeroporto de Guarulhos (Fonte: SAC, 2012) ................ 49
Figura 17 - Composição do VPL do Aeroporto de Brasília (Fonte: SAC, 2012) ..................... 50
Figura 22 - Estrutura Hierárquica do Modelo AHP ................................................................. 56
Figura 23 - Grupo de Critérios ................................................................................................. 58
Figura 24 - Relação entre critérios e alternativas ..................................................................... 61
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Oportunidades, Forças, Fraquezas e Riscos dos Contratos de Serviço ................... 22
Tabela 2 - Oportunidades, Forças, Fraquezas e Riscos dos Contratos de Gerenciamento ....... 23
Tabela 3 - Oportunidades, Forças, Fraquezas e Riscos dos Contratos de Desenvolvimento ... 26
Tabela 4 - Estratégias de privatização total .............................................................................. 28
Tabela 5 - Oportunidades, Forças, Fraquezas e Riscos de uma Privatização Total ................. 29
Tabela 6 - Comparação entre modelos de privatização ............................................................ 31
Tabela 7 - Fatores para potencial geração de valor .................................................................. 33
Tabela 8 - Total de passageiros nos aeroportos mais movimentados da América Latina ........ 37
Tabela 9 - Ranking por Movimento de Carga Áerea + Correiros ............................................ 38
Tabela 10 - Resultado do Leilão de Guarulhos, Brasília e Viracopos ...................................... 50
Tabela 11- Escala Fundamental de Saaty ................................................................................. 53
Tabela 12 - Critérios de comparação dos modelos de gestão ................................................... 54
Tabela 13 - Alternativas escolhidas para hierarquização no método AHP .............................. 55
Tabela 14 - Entrevistadores Selecionados ................................................................................ 57
Tabela 15 - Matriz de resposta para as comparações paritárias de critérios ............................. 58
Tabela 16 - Matriz de cálculo dos auto-vetores e autovalores ................................................. 58
Tabela 17 - Random Consistency Index (RI) ............................................................................ 59
Tabela 18 - Pesos relativos dos critérios para cada participante .............................................. 59
Tabela 19 - Índices de consistências para os critérios .............................................................. 60
Tabela 20 - Priorização de alternativas quanto ao Nível de Controle do Governo sobre o
Aeroporto .................................................................................................................................. 62
Tabela 21 - Priorização de alternativas quanto à Eficiência Operacional e Segurança do
Aeroporto .................................................................................................................................. 63
Tabela 22 - Priorização de alternativas quanto ao Investimento na Infraestrutura do Aeroporto64
Tabela 23 - Nota final de cada alternativa ................................................................................ 65
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13 1.1 Gestão dos Aeroportos Brasileiros ................................................................................. 13 1.2 Motivação ....................................................................................................................... 15 1.3 Estrutura do Trabalho e Contribuição Adicional ........................................................... 16
2 ALTERNATIVAS PARA GESTÃO DE AEROPORTOS ................................................. 18 2.1 Concessões e Parcerias Público-Privadas no Brasil ....................................................... 18 2.2 Modelos de Gestão e Desestatização dos Aeroportos .................................................... 19 2.2.1 Contratos de Serviços ............................................................................................... 21 2.2.2 Contratos de Gerenciamento .................................................................................... 22 2.2.3 Contratos de Desenvolvimento ................................................................................. 24 2.2.4 Privatização Total ..................................................................................................... 27 2.2.5 Comparação entre os modelos .................................................................................. 30 2.2.6 Questões Políticas ..................................................................................................... 34
3 DESESTATIZAÇÃO DE AEROPORTOS ......................................................................... 36 3.1 1ª Rodada de Concessões no Brasil ............................................................................... 36 3.1.1 Características dos Aeroportos Concessionados ...................................................... 36 3.1.2 Características da Oferta ........................................................................................... 45 3.1.3 Resultados da Oferta ................................................................................................. 48
4 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA AHP ........................................................................ 51 4.1 Método AHP .................................................................................................................. 51 4.2 Elaboração do Método ................................................................................................... 53 4.3 Aplicação do Método e Resultados ................................................................................ 56
5 CONCLUSÕES ................................................................................................................... 67
ANEXO A ................................................................................................................................ 71
13
1 INTRODUÇÃO
Esse trabalho de graduação estuda os detalhes de cada modelo de gestão de aeroportos,
para definição daquele que seja mais adequado para a realidade dos maiores aeroportos
brasileiros. Os modelos são estudados individualmente, analisando-se suas vantagens e
desvantagens, características principais, riscos, possíveis ganhos e dificuldades de
implementação. Em seguida, com a caracterização dos primeiros aeroportos concessionados e
do primeiro leilão, à luz das características de cada modelo, visa-se encaixar a realidade
aeroportuária brasileira, aos aspectos principais de cada modelo. Ao mesmo tempo, alguns
especialistas são selecionados para darem suas opiniões na construção do método AHP,
tornando possível facilitar o processo decisório do modelo de gestão a ser aplicado nos
maiores aeroportos brasileiros.
1.1 Gestão dos Aeroportos Brasileiros
A aviação brasileira possui três grandes órgãos: Secretaria de Aviação Civil da
Presidência da República (SAC-PR), Agência Nacional da Aviação Civil (ANAC) e Empresa
Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).
A mais antiga delas, a Infraero, fundada em 1973, nos termos da Lei nº 5.862, 12 de
dezembro de 1972, é uma empresa pública vinculada à Secretaria de Aviação Civil da
Presidência da República e se destina a realizar implantação, administração, operação e
exploração da infraestrutura aeroportuária e prestação de consultoria e assessoramento nas
suas áreas de atuação e na construção de aeroportos.
A ANAC, criada pela Lei nº 11.182, em 27 de setembro de 2005, também vinculada à
Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, é uma agência independente que
substituiu o Departamento de Aviação Civil (DAC) como autoridade de aviação civil e
regulador do transporte aéreo no país. É função do órgão adotar todas as medidas para atender
o interesse público e desenvolver a nação, seguindo as diretrizes e políticas estabelecidas pelo
governo federal.
A regulação feita pela ANAC é feita de duas formas: técnica e econômica. A
regulação técnica busca garantir a segurança dos passageiros e usuários da aviação civil. A
15
sendo aplicado em projetos de desenvolvimento e fomento da infraestrutura aeroportuária e
aeronáutica civil. Após o fim da concessão os aeroportos voltam a ser controlados pelo Poder
Público, podendo ser concedidos em novos processos.
A Infraero que operava 66 aeroportos que concentravam 97% do movimento de
passageiros no Brasil continua operando os demais aeroportos com 67% do movimento de
passageiros. Além disso, a Infraero é acionista das três concessões, com 49% do capital social
de cada uma e participa da governança dos aeroportos na proporção de sua participação
acionária nas concessionárias, com poder de decisão em temas relevantes, que foram
estabelecidos em acordos de acionistas firmados entre as partes.
Adicionalmente, em 20 de dezembro de 2012, foi lançado o “Programa de
Investimentos em Logística: Aeroportos” que tinha como um dos principais objetivos a
concessão dos aeroportos do Galeão (RJ) e de Confins (MG), ampliando e aperfeiçoando a
infraestrutura aeroportuária brasileira, promovendo melhorias no atendimento e nos níveis de
qualidade dos serviços prestados aos usuários do transporte aéreo no Brasil. Semelhante à
Guarulhos, Viracopos e Brasília, a Infraero será acionista das concessionárias com 49% do
capital social.
1.2 Motivação
Desde que o Governo Federal demostrou o interesse em realizar as concessões nos
aeroportos brasileiros, houve a discussão de qual seria o modelo de concessão e de gestão que
pudesse trazer um melhor resultado para o governo, para a sociedade e para os investidores.
Segundo McKinsey & Company, a demanda por transporte aéreo deve seguir crescendo
rapidamente, de forma que o Brasil precisará mais que dobrar a capacidade de seus aeroportos
até 2030.
Os aeroportos que já foram concessionados, ou que estão em processo, (Guarulhos -
SP, Brasília - DF, Viracopos - SP, Confins - MG e Galeão - RJ) representaram, segundo o
Anuário Estatístico Operacional de 2012 da Infraero, em conjunto, 44,2% da movimentação
de passageiros, além de estarem, juntamente com os aeroportos de Congonhas – SP e Santos
Dumont – RJ, entre os 7 aeroportos que mais movimentaram passageiros naquele ano. Além
de já estarem entre os maiores aeroportos brasileiros, a consultoria sinalizou que os aeroportos
envolvidos nas concessões precisariam de níveis críticos de investimentos para suportar a
demanda crescente de passageiros.
16
Ainda segundo o estudo, outros aeroportos também já demonstravam uma lacuna entre
a capacidade instalada e a demanda de passageiros por ano, precisando de níveis críticos de
investimentos, entre eles estão os aeroportos de: Porto Alegre – RS, Salvador – BA, Fortaleza
– CE e Vitória – ES.
Dessa forma, há a necessidade de estudar os modelos de gestão existentes em
aeroportos e que outras formas podem ser aplicadas aos maiores aeroportos do Brasil
possibilitando os investimentos, de modo a suportar o crescimento da demanda dos próximos
anos.
1.3 Estrutura do Trabalho e Contribuição Adicional
Com o objetivo de estudar profundamente cada um dos modelos e escolher o melhor
para a realidade brasileira, esse trabalho está organizado da seguinte forma:
No Capitulo 2, é estudada a legislação de parcerias público-privadas e das concessões,
analisando as diferenças entre elas. Em seguida, são analisados os aspectos ligados à
desestatização, com as possíveis vantagens e desvantagens, e cada um dos modelos de gestão
progressivamente ao grau de privatização, sendo comparadas as visões de outros trabalhos
sobre o tema e agregando uma visão econômica a um tema extremamente técnico que é o da
infraestrutura e gestão aeroportuária. Cada um dos modelos é estudado profundamente,
levantando-se as características, forças, oportunidades, fraquezas e riscos, alguns exemplos e
modalidades de aplicação e resultados obtidos por cada tipo. Além disso, é apresentada uma
metodologia de escolha do modelo de gestão com base nas características que os diferenciam,
nos objetivos do operador aeroportuário e do governo, passando passo-a-passo pela escolha
do modelo. Por fim, são analisados o pontos críticos de uma privatização sob a ótica
aeroportuária.
No Capítulo 3, para obter uma maior visualização do tipo de aeroporto que o trabalho
se propõe a analisar, são abertos os dados de operação, receitas e investimentos dos
aeroportos concessionados na primeira rodada (Guarulhos, Brasília e Viracopos). São
analisadas as características desse tipo de aeroporto, quais os possíveis ganhos projetados pelo
governo, a necessidade que eles têm de investimentos para atender a demanda que já existe,
bem como outras projeções que justifiquem o interesse governamental em realizar a
concessão e o interesse privado de se tornar o concessionário do aeroporto. Os aeroportos
passados servem de espelho, para imaginar para onde os próximos aeroportos grandes do país
devem ir e como deve ser o crescimento da demanda, das receitas e da necessidade de
17
investimentos. Em seguida, são analisados os aspectos do leilão, levantando os valores
propostos e as condições estabelecidas pelo governo. Essas características sã fundamentais,
pois estão diretamente ligadas a operacionalização da concessão e da viabilidade para o
operador privado. Finalmente, são apresentados os resultados obtidos nos leilões e as
empresas que saíram vencedoras, mostrando o sucesso, em termos de ágio sobre o preço
mínimo, que foi o leilão para os cofres públicos.
No Capítulo 4, há o detalhamento do método AHP, objetivando a escolha do melhor
modelo de gestão para os grandes aeroportos brasileiros. São abordados 12 participantes,
todos envolvidos em alguma ponta do setor aeronáutico (companhia aérea, aeroporto,
governo/regulação, universidade, consultoria, etc), para obter uma amostra completa e
representativa de todos os stakeholders. Com a participação de todos esses sub-setores, os
resultados se mostram consistentes, somados ao fato da convergência das respostas para 2
alternativas, com a predominância de uma delas. Assim, inicialmente, o método é introduzido,
justificando sua escolha e utilização no trabalho, por se tratar de uma análise com mais de um
fator e com diversas alternativas possíveis. Em seguida, a aplicação do método é detalhada,
passando pela construção da hierarquia, dos critérios e das alternativas, até a coleta de
informações de cada participante, tratamento confome o método e análise das respostas e
consistências dos julgamentos.
Houve, por parte de todos os entrevistados, marcações de preferências que se
mostraram julgamentos inconsistentes, mostrando que não foi utilizado o mesmo critério na
atribuição das notas aos parâmetros. Mesmo assim, os resultados são válidos e mostram
algumas tendências:
1. Os entrevistados julgaram Eficiência Operacional e Segurança do Aeroporto e
Investimento na Infraestrutura do Aeroporto mais importantes que Nível de Controle do
Governo sobre o Aeroporto.
2. Entre todas as alternativas apresentadas, a Contratação de um Operador Privado e a
Concessão por Longo-Prazo se mostraram preferencia da maioria dos participantes, em todos
critérios avaliados.
3. A preferência final dos entrevistados também se situou nessas duas alternativas
citadas anteriormente, com uma maior prevalência da Concessão por Longo-Prazo
(preferência final de 8 de 12 entrevistados).
18
2 ALTERNATIVAS PARA GESTÃO DE AEROPORTOS
2.1 Concessões e Parcerias Público-Privadas no Brasil
Até os anos 70, houve a constituição de grandes empresas estatais nos setores de
mineração, siderurgia, petróleo e eletricidade, havendo algumas concessões isoladas no setor
de transporte (ferrovias e linhas de ônibus). Além disso, houve um aumento de empresas
estatais e a transferência para as mãos do setor público de empresas em dificuldade financeira.
No início dos anos 80, 31,6% das 500 maiores empresas brasileiras eram estatais (Ribeiro,
2008).
Em 1981, com o Decreto 86.215 e a criação da Comissão Especial de Desestatização,
houve o início formal do programa brasileiro de privatização. Seguido do Programa Nacional
de Desestatização (PND) e da Lei das Concessões (Lei nº 8.987 de 13 de Fevereiro de 1995),
na década de 1990. Em 2004, foi estabelecido um mecanismo específico para gerir as PPPs, a
Lei Federal nº 11.079/2004.
A concessão comum é uma concessão de serviços públicos ou fornecimento de bens
pela iniciativa privada com a cobrança de tarifas aos usuários, sem que haja qualquer tipo de
pagamento do parceiro público ao privado. Os investimentos em infraestrutura devem ser
feitos pelo parceiro privado, como uma das contrapartidas pela concessão (Carvalho, 2011).
Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), as Parcerias Público-Privadas são
contratos de concessão em que o parceiro privado faz investimentos em infraestrutura para
prestação de um serviço, cuja amortização e remuneração são viabilizadas pela cobrança de
tarifas dos usuários e de subsídio público ou são integralmente pagas pela Administração
Pública.
A legislação brasileira estabelece que um contrato de PPP deva ser de, no mínimo R$
20 milhões e o ter o prazo de 5 a 35 anos, já incluindo eventuais prorrogações. Além disso,
possibilita algumas medidas importantes que aumentam a atratividade desse tipo de parceria
para ambas as partes:
• Abertura das propostas técnicas antes da habilitação, aumentando a flexibilidade no
processo licitatório (art. 12, inciso I e art. 13);
• Emprego de mecanismo privado de resolução de disputa durante a execução contratual
(art. 11, inciso III);
• Repartição dos riscos entre as partes pública e privada (art. 5º, inciso III);
19
• Fornecimento de garantias de execução pelo poder público (art. 5º, inciso VIII);
• Compartilhamento com a Administração Pública dos ganhos econômicos efetivos do
parceiro privado, decorrentes da redução dos riscos de crédito dos financiamentos.
2.2 Modelos de Gestão e Desestatização dos Aeroportos
Os aeroportos são recursos que têm um papel-chave no transporte de pessoas e bens e
no comércio regional, nacional e internacional. Eles são os locais em que os sistemas de
aviação se conectam com os outros modais de transporte, e onde o controle federal de tráfego
do lado ar se intersecta com os sistemas de aeroportuários do lado terra.
Segundo o Transportation Research Board (2012), os benefícios potenciais da
privatização identificados para aeroportos são os seguintes:
• Acesso a capital privado para desenvolvimento;
• Monetização do ativo com a retirada de valor mais cedo;
• Estímulo da melhoria serviços prestados pelas empresas aéreas e da concorrência entre
elas;
• Introdução de mais criatividade e inovação, incluindo pensamento empreendedor para
desenvolvimento de receitas não ligadas ao serviço aéreo;
• Melhora nos níveis de serviço;
• Transferência de risco da dívida, do desenvolvimento e da operação para o setor
privado;
• Acelerar a entrega do projeto e redução de custos de produção;
• Despolitização da gestão aeroportuária.
Poole (1996) indica como potenciais benefícios da privatização de aeroportos:
a) Aumento da Eficiência Operacional
Um dos benefícios mais comuns na substituição do controle público pelo privado é o
ganho em eficiência operacional. Esse ganho se deve, principalmente, à diferenciação entre
incentivos recebidos por funcionários privada e públicos por seus desempenhos, e pela gestão
pública ter diversas restrições de operação como o funcionalismo público (dificulta
recompensar bons funcionários e dispensar aqueles com baixo desempenho) e a regulação de
licitações (estende os prazos de execução e aumenta o custo de aquisição de equipamentos e
serviços). Além disso, o setor privado pode se beneficiar de economia de escala, uma vez que
20
o mesmo operador pode ser responsável por vários aeroportos, ganhando na centralização das
compras, contabilidade, pessoal, entre outros serviços suporte para a atividade aeroportuária.
Ainda, dependendo do tipo de privatização, o operador pode ter participação nas
receitas/custos do aeroporto, por isso pode ter o incentivo de diminuir os custos operacionais,
alcançar melhores margens de lucro e ter um maior retorno financeiro.
b) Receitas Operacionais Adicionais
Os aeroportos têm apresentado grande potencial para gerar receitas de atividades
diferentes das tradicionais. É possível fazer com que a receita do aeroporto cresça
aproveitando a cobrança das taxas de operação das empresas aéreas de acordo com a média de
mercado, mas também por meio de novas oportunidades de negócio dentro do aeroporto.
Tem-se considerado o desenvolvimento de centros de varejo, das praças de alimentação e
aluguel de espaços para desenvolvimentos comerciais (ex. hotel). Embora tais ganhos não
sejam exclusivamente conseguidos pelo setor privado, essas atividades requerem
conhecimento especializado e motivação empreendedora para que sejam executadas.
c) Melhorias no Serviço ao Cliente
Empresas privado mostram uma forma diferente de conduzir os negócios no que diz
respeito ao desenvolvimento comercial nas instalações do aeroporto. Usualmente, em
aeroportos privatizados, encontra-se mais espaço destinado ao varejo, com um número maior
de lojas, com a presença de marcas nacionais ou internacionais e com preços semelhantes aos
cobrados em outros centros comerciais ou shopping centers. Com essas características, as
vendas desses operadores de varejo tendem a serem maiores, beneficiando-os e se
transformando em um maior pagamento de aluguel ao aeroporto.
d) Redução dos riscos de “elefantes brancos”
Com a transferência do controle ou da decisão de investimento do aeroporto para a
iniciativa privada, é possível evitar que os governos façam investimentos em que o custo seja
muito superior às receitas geradas. Como o risco de desenvolvimento e operação passa do
setor público para o privado, este realiza uma diligência profunda, revisando o projeto, os
custos de construção e operação, a projeção de demanda e de receitas do aeroporto. A
privatização, de certa forma, dá uma garantia que as decisões de projeto sejam feitas com
bases financeiras e econômicas, e não políticas.
e) Proventos da venda ou da concessão
21
Com a terceirização da administração do aeroporto, é possível reduzir ou eliminar o
prejuízo operacional, no entanto mesmo sendo superavitário, pode ser legalmente inviável de
usar os recursos do aeroporto em outros projetos devido a restrições federais para o uso das
receitas do aeroporto. Por uma venda ou concessão do aeroporto, o governo pode, então,
acessar esse capital previamente e realizar outros investimentos.
Existem diversos modelos desestatização para os aeroportos. Esses modelos podem ser
resumidos em duas grandes categorias: Privatização Parcial ou Total.
A Privatização Parcial é a estratégia em que o controle parcial e, ao menos parte do
direito de propriedade permanece com o poder público. Ela pode ser dividida em 3 tipos
principais: Contratos de Serviços, Contratos de Gerenciamento e Contratos de
Desenvolvimento.
A Privatização Total é a estratégia em que o controle completo e/ou a operação de um
aeroporto é passado para iniciativa privada, por meio de um contrato de longo-prazo ou de
uma venda.
Por fim, há possibilidade de o aeroporto ser totalmente desenvolvido, construído e
operado pela inciativa privada. Não se trata de uma privatização, pois não há uma
transferência de controle do setor público para o privado.
2.2.1 Contratos de Serviços
Rotineiramente, os aeroportos contratam o setor privado para obter eficiência
terceirizando serviços não ligados à atividade aérea. Alguns exemplos comuns são:
• Serviço de manutenção (ex. limpeza de terminais e banheiros);
• Manutenção de equipamentos (ex. escadas rolantes e elevadores);
• Sistemas mecânicos e aeronáuticos (ex. sistemas de bagagens, ar-
condicionado);
• Operação do estacionamento;
• Operação de ônibus para acesso ao aeroporto;
• Planejamento e assessoria financeira;
• Desenvolvimento de projetos técnicos (ex arquitetônico, estrutural)
• Gerenciamento e planejamento de construções;
A Tabela 1 mostra oportunidades, forças, fraquezas e riscos desse tipo de contrato
levantados pelo Transportation Research Board (2012).
22
Tabela 1 - Oportunidades, Forças, Fraquezas e Riscos dos Contratos de Serviço
Oportunidades
! É possível reduzir despesas operacionais devido ao menor custo com funcionários;
! Acesso a expertise do setor privado para funções especializadas;
! Aplicação de técnicas do setor privado para acelerar a entrega de projetos e reduzir
custos de construção.
Forças
! Possibilita potencial aumento na eficiência e cortes nos custos;
! Mantém os aeroportos na supervisão dos contratos, garantindo o cumprimento das
metas;
! Reduz os custos e os riscos do aeroporto com funcionários;
! Envolve baixos riscos e pouca complexidade na implantação
! Permite que o aeroporto mantenha o foco nas suas atividades principais e
estratégicas
! Permite manter o controle sobre o uso do terreno e das instalações do aeroporto.
Fraquezas e Riscos
! Pode envolver rupturas organizacionais (ex. realocação ou desligamento dos atuais
funcionários);
! Pode haver resistência para proteger e aumentar os empregos públicos
! Requer um acompanhamento cuidadoso, podendo ser necessário dedicar custos e
tempos relevantes;
! Pode haver um conflito de interesses com a terceirização – o contratado tem o
objetivo de gerar mais lucro, enquanto o aeroporto quer cortar custos.
Fonte: Transportation Research Board (2012)
2.2.2 Contratos de Gerenciamento
Nesse tipo de contrato, é feita a terceirização da gestão do estacionamento, da
operação dos terminais ou, até mesmo, de todo sistema aeroportuário, normalmente, sem o
aporte de capital. A iniciativa privada é, então, recompensada por uma taxa de administração
fixa ou variável, é reembolsada por suas despesas e tem o objetivo de melhorar a eficiência
operacional e financeira das atividades pelas quais são responsáveis. Os contratados
gerenciam os sistemas do aeroporto, segundo políticas e direcionamento do proprietário do
23
aeroporto durante um período de tempo. Além disso, o orçamento operacional e as decisões
de investimentos continuam a ser controladas pelo aeroporto. Alguns exemplos de contratos
de gerenciamento mais comuns são:
• Contratos de gestão do terminal de passageiros (Atlanta Hartsfield International
Airport e Orlando Sanford International Airport);
• Contrato de gestão do estacionamento;
• Contrato de gestão dos serviços no aeroporto (Pittsburgh International Airport);
• Contratos de gestão da operação do aeroporto (Indianapolis International Airport,
Harrisburg International Airport).
A Tabela 2 apresenta as oportunidades, forças, fraquezas e riscos dos contratos de
gerenciamento, segundo Transportation Research Board (2012).
Tabela 2 - Oportunidades, Forças, Fraquezas e Riscos dos Contratos de Gerenciamento
Oportunidades
! É possível reduzir despesas operacionais devido ao menor custo com funcionários;
! Pode ou não liberar o contratante da realização de licitações;
! Pode simplificar e melhorar certos processos, especialmente na negociação com
contratos de serviços não aeronáuticos;
! Acesso a expertise de empresas privadas em funções especializadas e
desenvolvimentos comerciais;
! Fornece imposições contratuais para o atingimento das metas;
! É uma oportunidade de ganhar expertise operacional.
Forças
! Dá oportunidade de o aeroporto ser gerido e operado como um negócio;
! Facilita o processo de tomada de decisão no dia-a-dia;
! Potencializa a redução de despesas e a melhoria da eficiência na operação
! Dá ênfase no aumento das receitas e no desenvolvimento comercial e econômico
! Reduz os custos com funcionários, principalmente com aposentadoria pública;
! Dá maiores incentivos para os gestores e funcionários melhorarem seus
desempenhos;
! Dá mais liberdade comercial e operacional para o contratante.
Fraquezas
! Envolve tempo e esforço considerável no processo de licitação;
24
! Pode envolver compensação aos funcionários públicos existentes;
! Dificuldade de medir os ganhos em eficiência para justificar a compensação
financeira;
! Requer acompanhamento cuidadoso dos contratos, podendo exigir bastante tempo;
! Torna-se cada vez mais difícil atingir novas melhorias, uma vez que as metas
iniciais de eficiência sejam atingidas.
Riscos
! Identificar que funções o aeroporto que r manter o controle;
! Identificar que nível de serviço se quer atingir;
! Escolher entre os contratos de gestão e as concessões para balancear o atingimento
das metas operacionais, a compensação financeira e a alocação de risco;
! Desenvolver um contrato forte que consiga manter o contratado no objetivo de
melhorar a qualidade e o nível de serviço;
! Tratar as questões trabalhistas dos funcionários públicos existentes;
! Avaliar as propostas e escolher o vencedor;
! Negociar os termos dos contratos;
! Supervisionar a transição entre o poder público e o privado;
! Monitorar o desempenho do contratado.
Fonte: Transportation Research Board (2012)
2.2.3 Contratos de Desenvolvimento
Contratação de empresas privadas para desenvolvimento, operação, manutenção e,
algumas vezes, financiamento de atividades aeroportuárias, por meio de contratos de longo-
prazo ou concessões. Nesse tipo de contrato, as empresas privadas são responsáveis pela
injeção de capital para o desenvolvimento da infraestrutura, sendo recompensadas pelo fluxo
de caixa gerado pela operação do projeto. É nessa categoria em que as parcerias público-
privadas estão inseridas.
Tradicionalmente, as autoridades aeroportuárias são responsáveis pelas reformas,
ampliações e outras melhorias na infraestrutura. No entanto, diversos modelos de contratos
para o desenvolvimento da infraestrutura dos aeroportos estão sendo usados, entre eles:
• Construção com custo fixo: metodologia em que o construtor é contratado com um
preço fixo para o desenvolvimento de uma obra, estando risco de aumento nos custos
de construção com o contratado;
25
• Concessão para o desenvolvimento de serviços nos terminais: o contratado é
responsável por desenvolver e gerenciar as concessões no terminal e as atividades de
varejo, incluindo propagandas, lojas, praça de alimentação, entre outros. As receitas
são compartilhadas entre o contratante e o contratado de acordo com as fórmulas nos
contratos;
• Concessão do estacionamento: O contratado é responsável pela operação no dia-a-dia
do estacionamento e é recompensado com uma porcentagem das receitas, repassando a
outra parte para o aeroporto. Nesse tipo de contrato, o operador assume mais riscos de
menores receitas de estacionamento, mas tem um potencial maior para ganhos com o
crescimento das receitas;
• Design-Build-Operate-Maintain (DBOM): um único contratado é responsável por
desenvolver, construir, operar e manter as instalações do aeroporto com financiamento
assegurado pelo aeroporto. A autoridade aeroportuária mantém controle e propriedade
consideráveis sobre as atividades do aeroporto, e o contratado assume
responsabilidade sobre aumentos nos custos de construção e sobre os custos de
operação;
• Build-Operate-Transfer (BOT): o contratado constrói instalações com as
especificações passadas pela autoridade aeroportuária, opera o aeroporto por um
determinado período de tempo e o transfere para o contratante no fim do contrato.
Nesse tipo de contrato, parte do financiamento para o projeto vem do aeroporto, parte
do contratado;
• Design-Build-Operate-Maintain and Finance (DBOM/F): Nesse tipo de contrato, o
contratado é responsável também pelo financiamento do projeto. A maioria das
parcerias público-privadas se encaixa nesse tipo de categoria.
Deve ser feita uma ponderação de fatores para se considerar a utilização desse tipo de
contrato, pesando os atributos positivos e os negativos. Esse tipo de transação preserva a
capacidade financeira do aeroporto para outros desenvolvimentos essenciais ao aeroporto e
pode acelerar o prazo de desenvolvimento e redução de custos dos projetos, contando com a
rapidez e menor complexidade da iniciativa privada. Além disso, ao mesmo tempo em que
são evitados riscos com a implantação da infraestrutura, a autoridade aeroportuária tem menos
controle sobre os desenvolvimentos e as instalações do aeroporto e tem menor participação
num potencial aumento das receitas aeroportuárias. A Tabela 3 mostra as oportunidades,
forças, fraquezas e riscos dos contratos de desenvolvimento.
26
Tabela 3 - Oportunidades, Forças, Fraquezas e Riscos dos Contratos de Desenvolvimento
Oportunidades
! Redução da dependência do capital público e preservação dos investimentos para as
áreas em que a verba pública é a única alternativa;
! Transferência dos riscos de estouros de obra, atrasos e pagamento de dívida para o
setor privado;
! Potencial redução de despesas e aumento da eficiência operacional devido ao setor
privado não precisar realizar licitações formais e ter mais motivação e incentivo;
! Acesso a expertise de empresas privadas em funções especializadas e
desenvolvimentos comerciais;
! Acesso às mais novas práticas técnicas e gerenciais em projetos de infraestrutura;
! Aplicação das técnicas usadas pelo setor privado para acelerar o projeto e reduzir
custos;
! Potencial aumento nas receitas comerciais;
! Criação e retenção de empregos locais.
Forças
! Preservação da capacidade de dívida e investimento do aeroporto para suas
atividades essenciais;
! Preservação de o aeroporto assumir riscos desnecessários;
! Rapidez na entrega do projeto e na redução dos custos de construção;
! Possibilidade de os aeroportos focarem em assuntos e ativos estratégicos.
Fraquezas
! Necessidade de tempo e esforços consideráveis no processo de negociação dos
termos dos contratos e no prévio planejamento;
! Necessidade que o projeto tenha receitas suficientes para repagar as dívidas;
! Menor controle sobre o projeto e a gestão de suas instalações pelo aeroporto;
! Pode envolver compensação aos funcionários públicos existentes;
! Menor controle sobre o desenvolvimento do aeroporto e da sua capacidade futura.
Riscos
! Estrutura mais complicada, pois deve ser desenvolvida de modo a satisfazer as
condições dos financiadores dos projetos, dos reguladores, do Tribunal de Contas da
União, entre outros;
27
! Altos custos da transação e das licitações;
! Necessidade de tempo considerável para preparação da transação;
! Em caso de dificuldade financeira, o aeroporto pode ser levado a intervir, mesmo
sem ser contratualmente obrigado, para preservar a capacidade de operação;
! Exposição a riscos políticos, legais, operacionais e financeiros.
Fonte: Transportation Research Board (2012)
2.2.4 Privatização Total
Nesse tipo de transação, a autoridade aeroportuária assume um contrato de longo-
prazo ou vende sua participação para uma empresa privada que irá operar o aeroporto. Nos
contratos de gestão de longo-prazo (ou contratos de concessão), o detentor da posse do
aeroporto cede a gestão completa e o controle sobre o desenvolvimento do aeroporto para a
iniciativa privada e abre mão do fluxo de caixa, recebendo, em compensação, o pagamento do
valor presente do fluxo do período de contrato descontado. Já na venda, a autoridade
aeroportuária transfere a propriedade do aeroporto para o operador privado, com a restrição de
que ele continue a ser usado para propósitos aeroportuários.
As concessões ou contratos de longo-prazo dão a oportunidade para o governo de
reassumir o controle sobre o aeroporto, de não transferir a propriedade de um ativo de
interesse nacional para a iniciativa privada nacional ou internacional, de manter o controle de
determinadas áreas ou funções que considere estratégicas (ex. decisões de investimento, nível
de serviço exigido, decisões tarifárias, etc) e de participar de um potencial sucesso financeiro
e econômico que o aeroporto possa ter com o tempo.
No que diz respeito à venda, os governos tem preferido a transação por leilão em
detrimento de uma oferta pública de ações, pois têm obtido sucesso em receber altos valores
pelos aeroportos. Entre as razões para isso, estão:
• O comprador por leilão, normalmente, é tem experiência no mercado e faz uma
extensa diligência sobre o ativo, estando mais ciente dos riscos associados, enquanto o
comprador por IPO não se aprofunda tanto na análise;
• O comprador por leilão está disposto a pagar um prêmio pelo controle;
• Compradores por leilão podem desenvolver e implementar estratégias que acreditem
que possa gerar valor, enquanto compradores de cotas por IPO, que normalmente não
são controladores, são dependentes das estratégias e da competência dos gestores;
28
• Compradores por leilão podem aplicar estruturas de financiamento mais complexa
para financiar a aquisição e aumentar o preço possível de ser pago.
A Tabela 4 apresenta um resumo dos modelos mais comuns e relevantes na
privatização total de um aeroporto.
Tabela 4 - Estratégias de privatização total Modelos Descrição
Contrato de longo-
prazo
Contrato que transmite o aeroporto para uma entidade por
um período de tempo.
Concessão de longo-
prazo
Contrato que transfere os direitos de gerenciar e operar um
aeroporto por certo período de tempo, normalmente sem
direito de propriedade.
Venda por leilão Venda competitiva do aeroporto por meio de um processo de
leilão que normalmente resulta no controle por uma única
empresa.
Venda por oferta
pública de ações
Venda de ações de um aeroporto para individual ou
investidores pelo mercado de capitais ou por outro veículo,
mas sem que o controle do aeroporto seja alterado.
Fonte: Transportation Research Board (2012)
Alguns aeroportos são melhores candidatos à privatização, pois apresentam um maior
potencial de ganhos e de geração de valor. Aeroportos bem gerenciados e com bons
resultados, apesar do menor risco de operação, têm a tendência de apresentar menores ganhos
em eficiência financeira e operacional. Além disso, aeroportos que já tenham grande nível de
dívida, em relação à geração de caixa, são menos atraentes, pois, além de haver menos espaço
para um maior endividamento, o valor a ser pago à autoridade aeroportuária é mais alto, ou
seja, a presença de dívida não costuma diminuir o valor a ser pago na mesma quantidade.
Há duas questões importantes na transferência do controle do aeroporto, seja contratos
de longo-prazo ou venda, do setor público, para o privado:
• Garantir que o interesse público no aeroporto e seus serviços sejam protegidos
• Garantir que para atingir os retornos do setor privado, as tarifas não aeronáuticas não
se tornem um fardo muito relevante.
29
A Tabela 5 mostra as oportunidades, forças, fraquezas e riscos de uma privatização
total.
Tabela 5 - Oportunidades, Forças, Fraquezas e Riscos de uma Privatização Total
Oportunidades
! Potencial desenvolvimento da economia local;
! Garantia alívio orçamentário por um pagamento prévio ou pagamentos anuais
(monetização do ativo);
! Obtenção de capital privado para os investimentos em expansão e modernização da
infraestrutura, reduzindo a necessidade de investimentos públicos;
! Potencial melhoria da eficiência operacional das instalações do aeroporto;
! Potencial introdução de novas tecnologias e de gestão mais experiente;
! Potencial introdução de uma filosofia de gestão mais profissional, voltada para
geração de valor.
Forças
! O aeroporto pode ser desenvolvido, gerenciado e operado como um negócio, com o
objetivo de gerar valor;
! O setor privado pode inovar, aumentar a eficiência operacional e criar novas fontes
de renda, maximizando a utilização das instalações existentes e as receitas não
aeronáuticas;
! Despolitização das operações do aeroporto;
! Flexibilização da estrutura e ajuste da dívida para as necessidades de investimento
em infraestrutura e a capacidade de repagamento do aeroporto.
Fraquezas
! Considerável tempo, esforços e desembolso de capital para preparar a transação,
tanto do setor público, como do setor privado;
! Perda do controle da autoridade governamental sobre decisões do aeroporto;
! Necessidade de vários níveis de aprovação (federal, estadual e municipal);
! Restrições se houver contratos de uso ou de locação vigentes;
! Limitação no aumento nas tarifas aeronáuticas, aumentando a dificuldade de
aumentar os retornos sobre o investimento;
! Decisão de privatização pelos governantes, objetivando o embolso prévio do capital,
ao invés de entender as implicações de longo-prazo para o aeroporto;
! O custo do capital é maior para o capital privado do que para a verba pública, pois o
retorno exigido é maior pelo setor privado e as garantias para os bancos que
30
financiam a operação são mais fracas, logo o custo da dívida é maior;
! Pode envolver compensação financeira para os funcionários públicos existentes;
! Necessidade da autoridade aeroportuária de supervisionar o desempenho do
operador privado por um longo-prazo;
! Menor controle do nível de serviço e preços praticados no aeroporto, mesmo que
medida de desempenho do operador envolva esses itens.
Riscos
! Superdimensionamento das instalações a serem instaladas, utilizando mais capital
privado;
! Desistência do licitante que pode querer sair da transação, vendendo-a para outro
operador;
! Perda de controle sobre o aeroporto pela autoridade aeroportuária;
! Necessidade de renegociação dos termos do contrato devido a mudanças nas
condições de mercado;
! O operador privado pode passar por problemas financeiros, criando riscos políticos,
legais, operacionais e financeiros;
! Incerteza da responsabilidade sobre atos terroristas ou acidentes aeronáuticos, dado
que é provável que o setor privado não tenha a mesma soberania legal do público;
! Se os locatários das lojas do aeroporto estiverem com taxas subsidiadas, eles podem
apresentar dificuldades se o operador privado começar a cobrar taxas de mercado;
! No caso de controle privado estrangeiro, pode representar um risco a segurança
nacional.
Fonte: Transportation Research Board (2012)
2.2.5 Comparação entre os modelos
Cada aeroporto tem diferentes razões para escolher algum dos modelos, por isso é importante
colocar esses objetivos no contexto de cada um, para escolher o melhor modelo para cada ele.
Transportation Research Board (2012) utiliza uma metodologia que envolve um processo em
vários passos. A Figura 2 mostra os passos dessa metodologia. Além disso, a determinação de
objetivos faz parte de um exercício de planejamento interno, dessa forma, é possível
identificar que modelo torna os objetivos atingíveis. A Tabela 6 - Comparação entre modelos
de privatização apresenta alguns objetivos comuns aos aeroportos e em que modelos,
normalmente, eles podem ser atingidos.
31
Figura 2 - Passos para escolha do modelo de privatização (Fonte: Transportation Research Board, 2012)
Tabela 6 - Comparação entre modelos de privatização
Objetivos Contratos
de Serviço
Contratos de
Gerenciamento
Contrato de
Desenvolvimento
Privatização
Total
Manutenção do
controle da operação
do aeroporto e decisão
de investimento
" "
Assegurar eficiência
operacional " " " "
Introduzir formas
inovadoras de
melhoria das receitas
" " " "
Eliminar subsídios aos
aeroportos " " "
Reduzir custos das
empresas aéreas "
Utilizar melhor
instalações pouco
utilizadas
" " "
Despolitizar decisões
nos aeroportos " " "
Abordar deficiências
na gestão do aeroporto " "
Tratamento de
condutas impróprias
(ex. corrupção)
" "
Acesso a capital
privado " "
32
Acelerar entrega do
projeto " "
Reduzir custos de
construção " "
Transferir os riscos de
construção " "
Minimizar
rompimento
organizacional
"
Pagamento da dívida
do aeroporto " "
Fonte: Transportation Research Board (2012)
Para definir o modelo de privatização mais apropriado, o primeiro passo é identificar
os objetivos e metas da autoridade aeroportuária e as questões a serem tratadas. Isso permitirá
definir se a privatização é a melhor opção, e, em sendo afirmativo, as alternativas que mais se
adequem a situação.
Há diversas questões a serem tratadas para alinhar os objetivos do aeroporto e os
modelos de privatização. Um deles é o interesse do setor público de extrair mais valor
financeiro. No caso de contrato de longo-prazo ou concessão, quanto maior a duração do
contrato, maior o pagamento potencial. Em outra ponta, se o objetivo é reduzir os custos das
empresas aéreas, mantendo o máximo de controle possível, devem-se considerar os contratos
de prestação de serviço. Nos contratos de gestão, as empresas contratadas para gerenciar o
aeroporto podem não ter que realizar licitações públicas, sendo isso um motivador para
esforços de desestatização.
O tamanho do aeroporto (em termos de passageiros, número de aeronaves ou receitas)
é mais um fator a ser considerado, pois o processo envolve custos significantes de
estruturações, como honorários e custos a bancos e advogados. Muitos aeroportos pequenos
não são sustentáveis financeiramente, embora haja alguns exemplos de superavitários é menos
natural para a iniciativa privada investir em pequenos aeroportos deficitários. No entanto, isso
se apresenta como uma oportunidade de uma reviravolta na gestão e na geração de lucro.
Além disso, aeroportos maiores têm menos riscos operacionais e de gestão, por isso
conseguem financiar seus investimentos futuros mais facilmente e com custos mais baratos.
33
Segundo Transportation Research Board (2012), outro ponto importante na avaliação dos
modelos é estimar o valor potencial para ambos os lados, público e privado, determinando se
a recompensa financeira é suficiente para cobrir os esforços e riscos da transação. A
desestatização pode gerar valor de diversas formas, como:
• Aumento nas receitas não aeronáuticas;
• Melhor uso das instalações, levando a redução dos custos;
• Adequação dos investimentos, prevenindo construções em excesso;
• Eficiência nas licitações e compras;
• Aplicação de práticas comerciais do mercado;
• Alinhamento das ações do aeroporto com as necessidades de diferentes segmentos do
mercado das empresas aéreas;
• Redução de influência política e lobista na gestão do aeroporto;
• Adoção de estratégias de longo-prazo na gestão do aeroporto.
Como cada aeroporto é diferente, cada modelo terá diferentes forças e fraquezas. Por
exemplo, um pequeno hub tem menos espaço para desenvolver um grande plano de receitas
não aeronáuticas do que um grande aeroporto internacional. Em aeroportos com
predominância de viagens curtas, os passageiros gastam menos que em aeroportos com
viagens mais longas, pois eles tendem a chegar com menos antecedência e permanecer menos
tempo no terminal, consumindo menos nas lojas e restaurantes do aeroporto. A Tabela 7
mostra alguns fatores da avaliação do aeroporto e como o potencial de geração de valor de
cada uma.
Tabela 7 - Fatores para potencial geração de valor
Fator Potencial Geração de Valor
Receitas Aeronáuticas
! Tarifas de operação
! Aluguel dos terminais
Baixo potencial – Normalmente, sujeito a
regulamentação, com limites de preço
Diretamente proporcional ao crescimento das
operações
Receitas Não Aeronáuticas
! Lojas
! Praça de Alimentação
! Duty Free
! Estacionamento
Alto potencial – oportunidades para inovação
Promover os gastos discricionários dos
usuários do aeroporto
Negociação de acordos comerciais favoráveis
Desenvolvimento comercial proativo
34
! Desenvolvimento
Comercial
! Aluguel de carros
Operação e manutenção
! Pessoal
! Materiais e
Equipamentos
! Contratos de Serviço
Médio potencial – normalmente sujeito a
restrições
Redução limitada nos gastos com pessoal
Oportunidade para melhoria na eficiência e na
produtividade
Potencial terceirização e renegociação dos
contratos de serviço
Fonte: Transportation Research Board (2012)
2.2.6 Questões Políticas
Segundo Poole (1994), há uma série de questões a serem endereçadas durante o
processo de privatização de um aeroporto, dentre elas:
a) Perda do controle público
É sabido que os aeroportos são recursos da sociedade que prestam um serviço público,
por isso a perca do controle é uma importante questão a ser tratada. Quando é feita a
contratação de um operador privado, ou quando é realizada uma concessão de longo-prazo do
aeroporto, o setor público não perde direito de propriedade sobre o ativo, apesar de se afastar
de gestão e/ou investimentos do aeroporto. Nesses contratos existem diversas metas a serem
atingidas e algumas formas do governo recuperar o aeroporto, no entanto no processo de
venda os mecanismos são mais complexos. O contrato de venda pode prever que o aeroporto
deve permanecer com os propósitos aeronáuticos por um grande período de tempo, ou incluir
a chamada Golden share que dá o direito de veto ao governo em determinados temas. Outra
possibilidade é fazer da venda, uma concessão por tempo infinito desde que sejam respeitados
os termos do contrato.
b) Regulação econômica
Os aeroportos são comumente vistos como bens públicos como eletricidade, telefone e
água. Como esses outros serviços, para o desenvolvimento da infraestrutura aeroportuária é
preciso de muito capital e, assumindo que haja monopólio na parte aérea em diversas cidades
do Brasil, nas quais não há outras opções viáveis de se chegar de carro/ônibus/trem a outro
aeroporto, surge a questão do monopólio regulado versus a livre concorrência como uma
35
questão a ser tratada durante o processo de privatização. Deve-se ressaltar que os serviços não
ligados ao lado aéreo, como lojas, restaurantes e locadoras de carro, sofrem competição com
fornecedores fora do aeroporto, por isso esses serviços não são candidatos a regulação.
Possíveis medidas para remediar a situação no mercado são: usar os órgãos reguladores para
controlar as tarifas praticadas pelo operador privado, mantendo-a justa e razoável; submeter o
aeroporto privado a regulação econômica antitruste, impedindo-o de praticar discriminação e
ajuste de preço; além disso, os serviços aéreos internacionais estão sujeitos a acordos
bilaterais que protegem as empresas aéreas (e passageiros) de preços discriminatórios.
Há duas alternativas mais flexíveis de proteção que são o modelo britânico de preço
máximo regulado e o modelo usado em algumas rodovias de admitir um teto na taxa de
retorno. O modelo britânico marcava a taxa de inflação do ano como o máximo reajuste
possível, enquanto o modelo das rodovias fixava um limite máximo para a taxa de retorno
anual, de modo que lucros acima dessa taxa seriam repassados a um fundo governamental
com destino específico.
Como regra geral, qualquer forma de regulação econômica explícita implica em custos
e reduz a atratividade do aeroporto para potenciais investidores. Deve ser cuidadosamente
ponderado os possíveis problemas causados pelo monopólio versus formas menos restritivas
de ligar com isso.
c) Segurança
Apesar da privatização, a segurança não deve ser afetada devido a alguns fatores
como: qualquer operador, público ou privado, deve respeitar as leis federais e os órgãos
reguladores sobre segurança; a aparência de insegurança pode reduzir a demanda naquele
aeroporto; o acordo de privatização pode incluir penalidades específicas (incluindo
reintegração pública) no caso de não cumprir metas de segurança.
d) Ruído
O ruído da atividade aeronáutica é uma característica inerente a qualquer aeroporto e é
uma barreira importante para o seu desenvolvimento. A iniciativa privada pode, como medida
de redução de ruídos, criar tarifas para operação de aeronaves mais antigas e ruidosas, com
isso, além de diminuir ruídos, é possível agregar uma receita a esses esforços.
e) Passageiros e Aviação Executiva
Para passageiros e para a aviação executiva há uma balança bem clara com a melhoria
no serviço de um lado e aumento nos preços do outro. Para os passageiros, o aumento das
opções de lojas e de praças de alimentação é bastante positivo. Para a aviação executiva, a
36
melhoria nas instalações do aeroporto e nos serviços prestados, acompanhados de preços
compatíveis se torna um grande atrativo.
f) Contribuintes
A privatização dos aeroportos pode trazer benefícios para os contribuintes de algumas
formas. A privatização de um aeroporto pequeno, deficitário, pode reduzir os recursos
públicos destinados para fechar as contas. A privatização de aeroportos médios e aeroportos
grandes, que já sejam superavitários, podem diminuir o endividamento do governo, reduzir
necessidade de aumentar os impostos e, principalmente, possibilitar o investimento outros
interesses públicos, como saúde e educação.
g) Funcionários do aeroporto
Naturalmente, os funcionários dos aeroportos têm receio pelos seus empregos quando
há uma privatização. Mesmo que o governo exija que o operador privado mantenha o
emprego estável daqueles que queiram continuar, a iniciativa privada tende a ter condições de
trabalho mais exigentes e benefícios mais ligados ao desempenho. Dessa forma, a transação já
pode prever incentivos para encorajar funcionários a se demitir ou se aposentar e garantir
estabilidade por determinado tempo aos funcionários existentes no aeroporto, podendo a
iniciativa privada contratar ou demitir baseando-se no desempenho, definindo salários e
benefícios conforme suas próprias políticas.
3 DESESTATIZAÇÃO DE AEROPORTOS
3.1 1ª Rodada de Concessões no Brasil
3.1.1 Características dos Aeroportos Concessionados
Os aeroportos selecionados para serem concessionados eram, em 2010, três dos
maiores aeroportos da América Latina. Guarulhos e Brasília se destacavam pelo número de
passageiros e o Viracopos pelo transporte de carga. A Tabela 8 mostra a posição dos três
aeroportos entre os mais movimentados da América Latina em relação ao total de passageiros
e a Tabela 9 mostra o ranking dos aeroportos brasileiros por movimento de carga aérea.
37
Tabela 8 - Total de passageiros nos aeroportos mais movimentados da América Latina
Posição
em 2010 Cidade (Aeroporto)
Total de
passageiros (em
milhões) (a)
Variação
média anual
2000-2010 2000 2010
1 São Paulo (Guarulhos), Brasil 13.743 26.849 6,9%
2 Cidade do México, México 21.043 24.131 1,4%
3 São Paulo (Congonhas), Brasil 10.537 15.499 3,9%
4 Bogotá, Colômbia ND 14.968 -
5 Brasília, Brasil 5.235 14.347 10,6%
6 Cancun, México 7.745 12.439 4,9%
7 Rio de Janeiro (Galeão), Brasil 5.043 12.338 9,4%
8 San Juan, Porto Rico 8.567 10.444 2,0%
9 Santiago, Chile 5.778 10.315 6,0%
10 Lima, Peru 4.506 10.233 8,5%
11 Guadalajara, México 6.507 9.291 3,6%
12 Caracas, Venezuela 6.660 8.970 (b) 3,4%
13 Buenos Aires (Ezeiza), Argentina 5.690 7.910 (b) 3,7%
14 Rio de Janeiro (Santos Dumont),
Brasil 4.883 7.823 4,8%
15 Salvador, Brasil 3.285 7.696 8,9%
16 Belo Horizonte, Brasil ND 7.261 -
17 Porto Alegre, Brasil 2.519 6.676 11,4%
18 Havana, Cuba 2.497 6.633 (b) 10,3%
19 Buenos Aires (Jorge Newberry),
Argentina 7.038 6.449 (b) -1,0%
20 Recife, Brasil 2.472 5.959 9,2%
21 Curitiba, Brasil 2.167 5.775 10,3%
22 São Paulo (Viracopos), Brasil 713 5.430 22,5%
(a) Passageiros embarcados e desembarcados
(b) Dados de 2009 e variação média anual relacionados aos anos de 2000 a 2009
Fonte: Estudo de Viabilidade Brasília
38
Tabela 9 - Ranking por Movimento de Carga Áerea + Correiros
Posição
em 2012 Cidade (Aeroporto)
Total Carga +
Correios
(toneladas)
Participação
na Rede
Infraero (%)
1 São Paulo (Guarulhos) 544.931 33,4%
2 São Paulo (Viracopos) 246.229 15,1%
3 Manaus 156.147 9,6%
4 Rio de Janeiro (Galeão) 142.708 8,7%
5 Brasília 62.085 3,8%
6 Congonhas 60.345 3,7%
7 Curitiba 51.732 3,2%
8 Fortaleza 51.327 3,1%
9 Salvador 47.504 2,9%
10 Recife 46.600 2,9%
Fonte: Anuário Infraero 2012
O aeroporto de Viracopos foi o que apresentou o maior crescimento no período de
2000 a 2010, como mostra a Tabela 8, no entanto, apesar do crescimento, o aeroporto tem
relevância nacional e regionalmente pelo tráfego de carga aérea (Tabela 9). O tráfego de
passageiros do aeroporto está diretamente ligado com a população e a economia de São Paulo.
Segundo os Estudos de Viabilidade de Guarulhos, Brasília e Viracopos, dos 5,4 milhões de
passageiros que Viracopos movimentou em 2010, 80% tinham origem ou destino na região de
São Paulo. Além disso, Viracopos é o polo doméstico da Azul Linhas Aéreas, sendo
responsável, em 2009, por 40% do total de assentos regulares da Azul.
O Aeroporto Internacional de Brasília se localiza na região central do país e oferece
apoio ás atividades de negócios e turística na região de Brasília. Essa vantagem geográfica
natural faz com que ele seja, juntamente com os Aeroportos de Guarulhos e Congonhas, os
principais hubs do país (McKinsey & Company). A Figura 3 mostra que a maioria das origens
e destinos das conexões nesses aeroportos é para outros em voos domésticos e a Figura 4
mostra a o polo de São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro como os principais hubs do país.
40
movimentado do Brasil. Ele apresentou um crescimento médio anual de 10,6% ao ano, indo
de 5,2 milhões de passageiros transportados em 2000, para 14,3 milhões em 2010. Ele
representa a principal porta de entrada para a capital do país, mantendo rotas regulares com 24
estados brasileiros, dos 26 (excluindo o Distrito Federal). Apenas Amapá e Roraima não
tinham rotas regulares em 2010 que os ligasse à capital devido sua localização no extremo
norte do país. Essa pluralidade de rodas e ligações se torna notória ao comparar outros 2
grandes hubs, Guarulhos e Congonhas, pois os dois aeroportos apresentaram, em 2010,
apenas, ligação com 21 e 13 estados, respectivamente.
O Aeroporto Internacional de Guarulhos, localizado na região metropolitana de São
Paulo, serve como importante polo concentrador e difusor de voos no Brasil, como já
mostrado nas Figuras Figura 2 e Figura 3. Segundo os Estudos de Viabilidade de Guarulhos,
Brasília e Viracopos, a base de passageiros do aeroporto está relacionada com a população da
Grande São Paulo e da força da economia do estado de São Paulo e do Brasil, sendo que cerca
de 85%, dos 26,8 milhões de passageiros, de 2010, tiveram origem ou destino na Grande São
Paulo. Além de ser o principal aeroporto de São Paulo com 56% dos passageiros do estado,
ele é o principal aeroporto do país, estando em primeiro lugar, como aeroporto mais
movimentado da América Latina.
A ANAC encomendou a projeção de demanda desses aeroportos, mostradas nas
Figuras Figura 5, Figura 6 e Figura 7. Percebe o rápido crescimento que todos devem
apresentar, destacando a curva mais acentuada de Viracopos, que cresce mais acentuadamente
com a estagnação de Guarulhos, que apresenta os menores CAGR’s (Compound Annual
Growth Rate – Taxa de crescimento médio anual), pois já tem a maior base de passageiros e
tem limitações físicas que impedem o aumento da capacidade de pista.
41
Figura 5 - Projeção de Passageiros no Aeroporto de Guarulhos (Fonte: SAC, 2011)
Figura 6 - Projeção de Passageiros no Aeroporto de Viracopos (Fonte: SAC, 2011)
42
Figura 7 - Projeção de Passageiros no Aeroporto de Brasília (Fonte: SAC, 2011)
Juntamente com a projeção de demanda, foram projetadas as receitas tarifárias e não
tarifárias dos três aeroportos. A Figura 8 apresenta as receitas tarifárias projetadas para
Viracopos, a quebra por tipo de receita e o valor presente dessas receitas descontadas à taxa
usada para precificação dos aeroportos, e a Figura 9 apresentam o análogo para as receitas não
tarifárias. Inicialmente, percebe-se uma alta correlação entre o aumento da movimentação de
passageiros com a receita tarifária, por isso, enquanto Viracopos deve crescer 348% ao longo
do período de concessão, Guarulhos cresceria 24% e Brasília, 123%, seguindo a mesma
ordem do crescimento da demanda. Esse mesmo padrão se apresenta nas receitas não
tarifárias, no entanto, até mesmo Guarulhos mais que dobra as suas receitas não-tarifárias.
Nesse caso, além do crescimento das receitas pelo aumento do número de passageiros, a
gestão privada pode extrair mais valor de outras frentes, como estacionamento, aluguel de
mais espaços para lojas e praças de alimentação, entre outros, aumentando, assim, as receitas
não tarifárias.
43
Figura 8 - Projeção de Receitas Tarifárias do Aeroporto de Viracopos (Fonte: SAC, 2011)
Figura 9 - Projeção de Receitas Não Tarifárias do Aeroporto de Guarulhos (Fonte: SAC, 2011)
Em contraste com esse crescimento projetado da demanda, McKinsey & Company
mostrou que a capacidade instalada nos aeroportos não era suficiente nem para a demanda
atual, menos ainda para a futura. A Figura 10 mostra a situação Lado Ar e Lado Terra de cada
44
um dos maiores aeroportos brasileiros, quanto a necessidade de investimento para aumentar a
capacidade. Percebe-se que os três aeroportos apresentavam sinais de que necessitariam de
investimentos no curto/médio-prazo.
Figura 10 - Utilização na hora-pico para pista ou pátio e no ano para o TPS (Fonte: McKinsey &
Company)
Finalmente, com o objetivo de identificar os aeroportos que deveriam ser priorizados,
McKinsey & Company criou a matriz, mostrada na Figura 11, que cruza o nível de saturação
dos aeroportos com o volume de passageiros, mostrando que Guarulhos e Brasília se
encontram na zona de mais desconforto, enquanto Viracopos está fora, mas bem próximo da
fronteira. Isso indicaria quais aeroportos deveriam ser priorizados para receberem
investimentos na melhoria da infraestrutura.
45
Figura 11 - Matriz de priorização dos aeroportos (Fonte: McKinsey & Company)
3.1.2 Características da Oferta
Segundo SAC (2012), O leilão das concessões dos aeroportos de Brasília, Guarulhos e
Viracopos foi realizado em fevereiro de 2012 e foi aberto a pessoas jurídicas brasileiras ou
estrangeiras, entidades de previdência complementar e fundos de investimento, mas foi
limitado que empresas aéreas e suas coligadas, isoladamente, ou em consórcio, tivessem
participação final igual ou superior a 1%. O modelo societário proposta foi conforme a Figura
12.
46
Figura 12 - Modelo Societário Proposto (Fonte: SAC, 2012)
Os interessados em participar do leilão deveriam garantir a proposta com dinheiro,
títulos da dívida pública federal, seguro-garantia ou fiança-bancária nos seguintes valores:
• Guarulhos: R$ 47,71 milhões
• Viracopos: R$ 62,74 milhões
• Brasília: R$ 22,12 milhões
Além disso, instituições financeiras interessadas em financiar o projeto deveriam
atestar que examinou o edital, o plano de negócio e a proposta econômica, que considera que
a proposta econômica e o plano de negócio têm viabilidade econômica, que considera viável a
concessão de financiamento necessário ao cumprimento das obrigações da futura
Concessionária, além de ter patrimônio líquido superior a R$ 1 bilhão de reais e não ser do
grupo econômico participante da concessão.
Durante a Sessão Pública do Leilão, foram abertas as propostas econômicas e
classificadas em ordem decrescente do valor total de contribuição fixa para cada aeroporto.
Participariam do leilão em viva-voz os 3 melhores classificados em cada aeroporto e todas os
demais proponentes cujos valores fossem no máximo 10% inferiores ao valor da melhor
oferta. Dessa forma, o leilão ocorreu simultaneamente para os 3 aeroportos, podendo o
mesmo proponente concorrer nos três leilões, mas só poderá ganhar 1 aeroporto.
47
Para celebração do contrato com o ganhador, seria necessária a constituição de uma
Sociedade de Propósito Específico (SPE) e integralização de capital social correspondente a
necessidade de capital próprio para o 1º ciclo de investimentos (aproximadamente R$ 82
milhões, R$ 126 milhões e R$ 192 milhões, para Brasília, Campinas e Guarulhos
respectivamente), além do reembolso dos estudos prévios ao leilão.
Estão como objeto da concessão os seguintes serviços:
• Serviços de infraestrutura aeroportuária
o Embarque e desembarque de passageiros
o Pouso e permanência de aeronaves
o Armazenagem e capatazia
o Manutenção de todo o Complexo Aeroportuário
• Disponibilização de serviços acessórios
o Lojas, Duty Free, bancos, restaurantes e outros
o Locação de áreas, automóveis, estacionamento e outros
o Transporte, telefonia, acesso à internet e outros
• Realização dos investimentos para atender a demanda
o Atendimento dos Indicadores de Qualidade de Serviços (IQS)
As fases de realização são definidas como apresenta a Figura 13.
Figura 13 - Fases da Realização (Fonte: ANAC)
48
As contribuições ao governo são divididas em duas: fixa e variável. A contribuição
fixa deve ser paga anualmente e reajustada pelo IPCA, conforme apresentado no leilão, e a
contribuição variável deve ser paga anualmente e será calculada como um percentual da
receita bruta da concessionária.
3.1.3 Resultados da Oferta
Os resultados da modelagem e dos estudos prévios encontram-se sumarizados na
Figura 14. As Figuras Figura 15, Figura 16 e Figura 17 apresentam a composição do VPL de
cada um dos projetos.
Figura 14 - Sumário dos Resultados da Modelagem (Fonte: SAC, 2012)
49
Figura 15 - Composição do VPL do Aeroporto de Viracopos (Fonte: SAC, 2012)
Figura 16 - Composição do VPL do Aeroporto de Guarulhos (Fonte: SAC, 2012)
50
Figura 17 - Composição do VPL do Aeroporto de Brasília (Fonte: SAC, 2012)
Como resultado do leilão ocorrido em Fevereiro de 2012, a Infraero continuou com
participação de 49% e obteve valores bem maiores que o lance mínimo para os três
aeroportos. A Tabela 10 - Resultado do Leilão de Guarulhos, Brasília e Viracoposapresenta os
resultados obtidos nos leilões do três aeroportos.
Tabela 10 - Resultado do Leilão de Guarulhos, Brasília e Viracopos
Aeroporto Guarulhos Brasília Viracopos
Consórcio
Vencedor
Invepar (OAS e
Fundos de Pensão) –
90%
ACSA (África do
Sul) – 10%
Infravix (Engevix) –
50%
Corp. America
(Argentina) – 50%
Triunfo – 45%
UTC – 45%
Egis (França) -
Preço Final R$ 16,21 bilhões
(374% de ágio)
R$ 4,51 bilhões
(673% de ágio)
R$ 3,82 bilhões
(160% de ágio)
Receita Variável 10% da Receita
Bruta 2% da Receita Bruta 5% da Receita Bruta
Estimativa de
Investimentos R$ 4,6 bilhões R$ 2,8 bilhões R$ 8,7 bilhões
Fonte: SAC, 2012
51
4 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA AHP
Além do estudo e da escolha qualitativa do modelo de gestão que mais seja adequado
para a realidade brasileira, é possível aplicar métodos de auxílio à tomada de decisão para
selecionar uma alternativa e tornar possível uma comparação entre os resultados, dessa forma
será aplicado o método AHP (Analytic Hierarchy Process).
O problema será estruturado de forma hierárquica, definindo inicialmente o objetivo:
“Escolher o modelo de gestão de aeroportos mais adequado para realidade dos maiores
aeroportos do Brasil”. Em seguida, devem ser definidos os critérios que serão utilizados para
chegar nesse objetivo. Os critérios devem cobrir os pontos mais relevantes do problema, para
avaliarem as alternativas. Estas são o último elo da hierarquia, sendo definidas de modo que
realmente sejam alternativas de se atingir o objetivo, se for escolhida dados os critérios.
Com a hierarquia pronta, devem ser realizadas comparações paritárias entre os itens,
com o intuito de definir o quanto um é mais importante, ou tem mais prioridade que o outro.
Dessa forma, os critérios devem ser avaliados quanto ao objetivo e as alternativas devem ser
avaliadas quanto a cada um dos critérios. A partir dessas respostas, é possível verificar se
houve consistência nos julgamentos e calcular a preferência final de cada entrevistado
selecionado.
Nesse trabalho, o método não foi aplicado apenas uma vez, mas sim 12 vezes, cada um
individualmente com os participantes selecionados. Isso gerou a participação de todos os
subsetores (Companhia Aérea, Aeroporto, Governo/Regulação, Universidade, Consultoria,
etc.) do setor aeronáutico, criando uma base relevante de respostas e com opiniões de cada um
desses subsetores. Além disso, por se tratarem de pessoas extremamente heterogêneas, sem
um objetivo em comum, ou antecedentes semelhantes, os resultados são tratados
individualmente, para que se tenha uma noção das diferentes respostas dos participantes de
subsetores diversos.
4.1 Método AHP
Segundo Saaty (1987), o AHP (Analytic Hierarchy Process) é um método geral para
realizar medições. Ele pode ser usado para estabelecer medições para eventos objetivos e
subjetivos, criando uma hierarquia, ou uma estrutura de rede, que represente o problema e
comparações entre pares de alternativas para estabelecer as relações dentro da estrutura. Um
52
modelo hierárquico típico deve se iniciar de um objetivo geral, passando pelos critérios, pelos
subcritérios, chegando às alternativas possíveis para a solução do problema. Ele converte as
preferências individuais em uma escala de proporções de pesos, que pode ser convertida numa
medida para cada alternativa, e permite que sejam feitas comparações ranqueando as
alternativas, de modo a auxiliar a tomada de decisão.
O método AHP foi criado por Thomas Saaty, enquanto ensinava na Wharton School,
para ajudar as pessoas comuns a tomarem decisões. Segundo, Forman e Peniwati (1998), o
método tem como funções principais a estruturação de problemas complexos, a medição
numa escala de proporções, criando os pesos dentro da hierarquia de critérios, e a síntese de
decisões cruciais e complexas. Dessa forma, o AHP é usado, juntamente com outros métodos,
em diversas situações complexas em que seja necessário realizar a estruturação, medição e
síntese do problema.
O método de Saaty é definido, basicamente, por três axiomas e baseia-se em uma
estrutura matemática bem definida de matrizes consistentes e seus autovalores associados que
geram os pesos para as comparações. Os axiomas são os seguintes:
1. Reciprocidade: Na comparação dos elementos A e B com relação a C, PC(EA,EB)
representa quantas vezes A é superior ou mais importante que B. Então, PC(EB,EA) =
1/ PC(EA,EB).
2. Homogeneidade: Os elementos comparados não devem diferir excessivamente um do
outro, ou então poderá haver muito erro no julgamento.
3. Hierarquia: O julgamento dos elementos numa hierarquia não pode depender dos
níveis mais baixos, ou seja, os pesos dos critérios não podem depender das
alternativas, pois elas estão num nível mais baixo de hierarquia.
4. Entendimento: Os indivíduos que tem entendimento sobre o assunto profundamente
procuram que suas ideias estejam representadas nas alternativas e critérios de acordo
com suas expectativas.
Segundo Saaty (2008), para a tomada de uma decisão de maneira organizada com
prioridades, é necessário seguir os seguintes passos:
1. Definir o problema e determinar o tipo de conhecimento solicitado;
2. Estruturar a decisão hierárquica, a partir do nível mais alto, o objetivo, passando pelos
níveis intermediários, os critérios, até os níveis mais baixos, as alternativas;
3. Construir matrizes para realização de comparações paritárias. Cada elemento de um
nível superior é usado para comparar os elementos dos níveis inferiores;
53
4. Uso das prioridades obtidas pelas comparações para ponderar as prioridades de níveis
inferiores, dessa forma as prioridades finais de cada elemento no níveis mais inferior
será obtido.
Como mostra o primeiro axioma, da reciprocidade, a escala de comparação indica
quantas vezes mais um elemento é mais importante ou dominante que outros de acordo com
um critério, por exemplo. A Tabela 11 apresenta a escala proposta por Saaty.
Tabela 11- Escala Fundamental de Saaty
Intensidade da
Importância
Definição Explicação
1 Igual Importância As duas atividades contribuem igualmente
para o objetivo
3 Importância pequena
de uma para outra
A experiência e o julgamento favorecem
levemente uma atividade em relação à outra
5 Importância grande
ou essencial
A experiência e o julgamento favorecem
fortemente uma atividade em relação à outra
7 Importância muito
grande ou
demonstrada
Uma atividade é muito fortemente
favorecida em relação à outra
9 Importância absoluta A evidência favorece uma atividade em
relação à outra com o mais alto grau de
certeza
2,4,6,8 Valores
intermediários
Quando se procura uma comparação
intermediária
Fonte: Saaty, 1987
4.2 Elaboração do Método
Com o objetivo de “Escolher o modelo de gestão de aeroportos mais adequado para
realidade dos maiores aeroportos do Brasil”, utilizou-se o método AHP, analisando 4
alternativas à luz de 3 critérios.
54
A Tabela 12 apresenta os critérios utilizados na escolha do modelo de gestão. Esses
critérios foram escolhidos para caracterizar de forma abrangente cada modelo, levando em
consideração aspectos regulatórios, econômicos, financeiros, legais, sociais e operacionais.
Tabela 12 - Critérios de comparação dos modelos de gestão
Ci Critério
C1 Nível de Governança do Governo sobre o Aeroporto
C2 Eficiência Operacional e Segurança do Aeroporto
C3 Investimento na Infraestrutura do Aeroporto
1. Nível de Governança do Governo sobre o Aeroporto: É o critério utilizado para
avaliar o quanto governo e os reguladores aeroportuários terão de controle sobre o aeroporto
em cada um dos modelos de gestão. Apesar de poder haver uma grande variedade de aspectos
legais, há diferenças fundamentais em cada um dos modelos que os diferenciam entre si.
2. Eficiência Operacional e Segurança do Aeroporto: Representa o quanto pode
haver de ganho em eficiência no uso de instalações e na operação, em rentabilidade e na
segurança do aeroporto. Pode haver ganhos nesse sentido com a profissionalização dos
serviços do aeroporto, desenvolvimento comercial, implementação de medidas de segurança
mais eficientes, entre outras medidas.
3. Investimento na Infraestrutura do Aeroporto: Consiste na avaliação da
capacidade financeira, legal e técnica para realizar investimentos na infraestrutura do
aeroporto de acordo com a necessidade e a demanda de cada aeroporto. Inclui a possibilidade
de captação de financiamento e a responsabilidade por gerenciar de forma otimizada a
construção e a necessidade de investimentos.
Uma vez determinados o objetivo e os critérios, foram levantadas as alternativas para a
gestão dos maiores aeroportos brasileiros. Segundo Poole (1994), existem três principais
alternativas para fazer uso da estratégia de privatização no contexto de um aeroporto já
existente, além da manutenção do controle do governo.
Totalmente Público: Manutenção do governo com o controle do aeroporto, sendo
responsável pela operação, manutenção e investimentos para seu desenvolvimento.
Contratação de um operador privado: Contratação de um operador privado, mas
sem perder controle sobre o aeroporto e responsabilidade sobre os investimentos em
infraestrutura. Usualmente, orçamento operacional é proposto pela empresa contratada e
aprovado pelo governo, os recursos necessários para as atividades orçadas são fornecidos pelo
governo e aplicados pelo operador privado. As taxas e encargos são pagos diretamente ao
55
governo, e o operador recebe uma taxa de administração, fixa ou variável, da autoridade
aeroportuária, baseado no seu desempenho. Contratos como esse, normalmente, têm duração
média de cinco anos.
Concessão por longo-prazo: A concessão por longo-prazo se diferencia da
contratação de um operador, pois é usado quando há necessidade de um desenvolvimento de
infraestrutura no curto-prazo, para transferir parte do risco de desenvolvimento do setor
público para o privado. A duração do contrato está diretamente ligada com o tempo necessário
para o operador privado ter retorno sobre o capital investido nas novas instalações. Nesse tipo
de contrato, além da responsabilidade sobre o investimento, o operador privado recebe o
controle da operação e desenvolvimento do aeroporto e das suas instalações, dessa forma os
usuários e empresas pagam suas taxas e encargos diretamente para o operador, e não para o
governo. Tipicamente, o operador deve repassar parte de suas receitas para o governo, além
do desembolso inicial para obter o direito da concessão.
Venda do Aeroporto: A venda da totalidade ou de parte do aeroporto para iniciativa
privada, normalmente, está ligada ao objetivo de diminuir sua dívida ou investir em outros
segmentos da economia. Retendo uma participação acionária, o aeroporto pode garantir que
ainda terá algum direito de voto sobre a gestão do aeroporto.
A Tabela 13 sumariza as alternativas para gestão aeroportuária consideradas para a
hierarquização no modelo AHP e dá uma descrição resumida de cada uma delas.
Tabela 13 - Alternativas escolhidas para hierarquização no método AHP
Alternativas Descrição
Totalmente
Público
Manutenção do Controle, Gestão e Investimento em
Infraestrutura como responsabilidade do Governo
Contratação de um
operador privado
Contratação de um operador privado, mas sem que o governo
perca controle sobre o aeroporto e responsabilidade sobre os
investimentos em infraestrutura
Concessão por
longo-prazo
Concessão por um longo-prazo, com o governo perdendo
controle, gestão e responsabilidade de investimento por um
determinado período de tempo
Venda do
aeroporto
Venda do aeroporto para a iniciativa privada, perdendo o governo
direito de propriedade e sobre a gestão
57
correspondendo a uma taxa de 42,9% de retorno. O questionário aplicado encontra-se no
Anexo A. A Tabela 14 apresenta como foram divididos esses especialistas entre os setores de
interesse e como se formou o espaço amostral das respostas.
Tabela 14 - Entrevistadores Selecionados
Setor Abordados Respostas
Governo 8 3
Aeroporto 5 3
Companhia Aérea 6 1
Universidade/Consultoria/Outros 9 5
Total 28 12
Fonte: autor (cálculos próprios), baseado na amostra coletada dos questionários.
Depois de estabelecida a hierarquia do modelo, os critérios devem ser avaliados em
pares para determinar a importância relativa entre eles e seus pesos relativos para o objetivo
global de: “Escolher o modelo de gestão de aeroportos mais adequado para realidade dos
maiores aeroportos do Brasil”.
A avaliação se inicia determinando o peso relativo dos critérios (Figura 19). Para cada
participante foi obtida uma matriz de comparação como a apresentada na Tabela 15. Daí, cada
elemento da matriz foi normalizado com a soma da coluna, foram determinados os
autovetores e o autovalor máximo da matriz, mostrados na Tabela 16.
59
De acordo com Saaty (1987), os autovetores da matriz recíproca normalizada
representam o peso relativo de cada critério e o autovalor máximo indica a consistência dos
julgamentos naquela matriz. O índice de Inconsistência CI (Consistency Index) é dado por
�� = (�!"# − �)/(� − 1), em que �!"# é o autovalor máximo da matriz e � é a ordem da
matriz.
Saaty (1987) sugere que o índice de consistência seja comparado com um valor RI
(Average Random Consistency Index) obtido aleatoriamente de uma amostra de matrizes
recíprocas. A Tabela 17 apresenta os valores de RI para cada ordem de matriz.
Tabela 17 - Random Consistency Index (RI)
n (ordem da
matriz) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Random
Consistency
Index (RI)
0 0 0,58 0,90 1,12 1,24 1,32 1,41 1,45 1,49
Fonte: Saaty, 1987
O CR (Consistency Ratio) é, então calculado pela divisão do CI pelo RI. Segundo
Saaty (1987), valores de CR menores que 10% indicam que o julgamento foi consistente.
A Tabela 18 sumariza os resultados com os pesos relativos que cada participante
atribuiu e a Tabela 19 apresenta os índices de consistência calculados com base em cada
matriz de resposta.
Tabela 18 - Pesos relativos dos critérios para cada participante
Participante Setor
Nível de
Controle do
Governo sobre o
Aeroporto
Eficiência
Operacional e
Segurança do
Aeroporto
Investimento
na
Infraestrutura
do Aeroporto
1 Universidade/
Consultoria 5.3% 47.4% 47.4%
2 Governo 6.3% 45.8% 47.9%
3 Universidade/
Consultoria 5.5% 74.2% 20.3%
4 Aeroporto 4.6% 71.1% 24.3%
60
5 Aeroporto 5.9% 45.1% 49.0%
6 Governo 6.3% 45.8% 47.9%
7 Universidade/
Consultoria 5.2% 74.9% 19.8%
8 Companhia
Aérea 5.3% 47.4% 47.4%
9 Aeroporto 4.8% 76.1% 19.1%
10 Outros 57.1% 14.3% 28.6%
11 Universidade/
Consultoria 7.3% 42.7% 50.0%
12 Governo 4.6% 71.1% 24.3%
Fonte: autor (cálculos próprios), baseado na amostra coletada dos questionários.
Tabela 19 - Índices de consistências para os critérios
Participante Setor CI (Consistency Index) CR (Consistency Ratio)
1 Universidade/
Consultoria 0.0% 0.0%
2 Governo 0.1% 0.2%
3 Universidade/
Consultoria 21.8% 37.6%
4 Aeroporto 14.7% 25.4%
5 Aeroporto 0.4% 0.6%
6 Governo 0.1% 0.2%
7 Universidade/
Consultoria 10.9% 18.7%
8 Companhia
Aérea 0.0% 0.0%
9 Aeroporto 16.4% 28.2%
10 Outros 25.0% 43.1%
11 Universidade/ 1.2% 2.1%
62
Com base nas respostas dos participantes nos questionários, foram montadas tabelas,
como a Tabela 15, para cada participante, na avaliação da cada um dos 3 critérios.
Analogamente a análise dos critérios, foram calculados os autovetores e o autovalor da matriz
recíproca para a definição das prioridades e para a análise de consistência dos julgamentos. As
Tabelas Tabela 20, Tabela 21 e Tabela 22 apresentam os resultados da priorização de
alternativas e a análise de consistências com CR e CI calculados. As alternativas com maiores
pesos relativos de cada critério e para todos os participantes estão indicadas na cor azul.
Tabela 20 - Priorização de alternativas quanto ao Nível de Controle do Governo sobre o Aeroporto
Participante Setor
Alternativa
1
Alternativa
2
Alternativa
3
Alternativa
4 CI CR
1 Universidade/
Consultoria 8.0% 65.0% 22.0% 5.0% 18.5% 20.5%
2 Governo 7.5% 27.6% 57.3% 7.5% 8.3% 9.2%
3 Universidade/
Consultoria 4.0% 8.5% 69.0% 18.5% 26.8% 29.8%
4 Aeroporto 10.6% 40.9% 45.5% 3.0% 19.5% 21.7%
5 Aeroporto 7.5% 22.5% 67.5% 2.5% 44.4% 49.4%
6 Governo 6.7% 30.9% 50.0% 12.4% 18.2% 20.2%
7 Universidade/
Consultoria 8.4% 65.8% 22.7% 3.0% 34.3% 38.1%
8 Companhia
Aérea 2.8% 21.9% 69.2% 6.1% 33.5% 37.2%
9 Aeroporto 3.8% 66.1% 22.1% 8.0% 37.2% 41.3%
0 Outros 28.7% 53.7% 14.0% 3.6% 16.6% 18.4%
11 Universidade/
Consultoria 13.6% 38.1% 43.7% 4.6% 29.8% 33.1%
12 Governo 2.7% 8.5% 60.5% 28.3% 33.5% 37.2%
Fonte: autor (cálculos próprios), baseado na amostra coletada dos questionários.
No que diz respeito ao nível de controle do governo sobre o aeroporto, as alternativas
2 (Contratação de um operador privado) e 3 (Concessão por longo-prazo) foram as mais
63
escolhidas, com isso os dois extremos, alternativas 1 (Totalmente Público) e 4 (Venda do
aeroporto), não tiveram as maiores notas na amostra utilizada. Sendo Totalmente Público, o
aeroporto tem seu controle totalmente, ou em sua maioria, nas mãos do setor público,
enquanto que numa venda, o governo estaria transferindo esse controle para o setor privado
em algum grau (pois deveria manter algum tipo de controle, como com as agências
reguladoras).
Esse resultado mostra que os participantes preferem o controle que o governo teria
sobre o aeroporto contratando um operador, ou seja, saindo do dia-a-dia da operação, e
fazendo uma concessão por longo-prazo, ou seja, além de sair da operação do dia-a-dia,
transfere a responsabilidade de desenvolvimentos quaisquer para o concessionário.
Na avaliação das alternativas em relação a esse critério, apenas o participante 2 obteve
CR menor que o máximo de 10% estabelecido por Saaty (1987). Isso mostra que os
avaliadores não foram suficientemente consistentes na atribuição de notas entre os pares de
alternativas avaliados.
A avaliação quanto à Eficiência Operacional e Segurança do Aeroporto teve mais
variação que a anterior, mas as principais alternativas continuaram sendo a 2 e a 3, como pode
ser visto na Tabela 21.
Tabela 21 - Priorização de alternativas quanto à Eficiência Operacional e Segurança do Aeroporto
Participante Setor
Alternativa
1
Alternativa
2
Alternativa
3
Alternativa
4 CI CR
1 Universidade/
Consultoria 4.8% 52.8% 29.1% 13.3% 4.7% 5.2%
2 Governo 8.0% 41.5% 41.7% 8.9% 0.5% 0.6%
3 Universidade/
Consultoria 3.0% 18.5% 70.0% 8.5% 28.4% 31.6%
4 Aeroporto 8.8% 27.3% 61.1% 2.7% 31.4% 34.9%
5 Aeroporto 7.5% 22.5% 67.5% 2.5% 44.4% 49.4%
6 Governo 5.9% 62.3% 25.6% 6.2% 10.3% 11.5%
7 Universidade/
Consultoria 61.0% 26.2% 9.8% 3.1% 31.4% 34.8%
8 Companhia
Aérea 2.6% 22.2% 68.3% 6.8% 39.3% 43.6%
9 Aeroporto 3.3% 66.3% 22.3% 8.1% 31.6% 35.1%
64
0 Outros 42.2% 44.6% 9.0% 4.1% 7.4% 8.2%
11 Universidade/
Consultoria 14.4% 41.2% 40.2% 4.2% 14.7% 16.4%
12 Governo 2.7% 8.5% 60.5% 28.3% 33.5% 37.2%
Fonte: autor (cálculos próprios), baseado na amostra coletada dos questionários.
De maneira inesperado, o participante 7 indicou que a melhor alternativa nesse critério
seria o controle totalmente público. Diversos autores sustentam que a desestatização
proporciona uma melhoria, principalmente, na eficiência operacional. No entanto, por estar
sendo avaliada juntamente com a segurança do aeroporto, o resultado pode ter desviado do
esperado.
Novamente, a alternativa da venda do aeroporto não foi preferida por nenhum dos
participantes. Isso pode indicar que, com a venda, o aeroporto ficaria, de alguma forma, livre
para operar da forma mais conveniente, podendo apresentar mais risco à segurança e à piora
do nível de serviço oferecido ao usuário e/ou às companhias aéreas.
Nessa avaliação, os participantes 1,2 e 9 apresentaram consistência nos julgamentos,
continuando, a maioria, inconsistentes segundo o critério definido por Saaty.
A Tabela 22 mostra que todas as alternativas foram consideradas pelos participantes
na avaliação das alternativas quanto ao Investimento na Infraestrutura do Aeroporto. Os
participantes 5 e 12 tiveram como principal alternativa a venda do aeroporto, enquanto o
participante 10 indicou que a melhor alternativa seria o controle totalmente público. O
restante dos participantes indicou as alternativas 2 e 3 como as mais adequadas levando esse
critério em consideração.
Tabela 22 - Priorização de alternativas quanto ao Investimento na Infraestrutura do Aeroporto
Participante Setor
Alternativa
1
Alternativa
2
Alternativa
3
Alternativa
4 CI CR
1 Universidade/
Consultoria 3.2% 67.1% 22.8% 6.9% 31.0% 34.5%
2 Governo 9.1% 38.6% 43.2% 9.1% 0.2% 0.2%
3 Universidade/
Consultoria 2.9% 7.7% 69.1% 20.3% 34.1% 37.9%
4 Aeroporto 7.3% 24.7% 65.3% 2.7% 34.1% 37.9%
65
5 Aeroporto 2.8% 9.8% 27.4% 60.0% 28.4% 31.6%
6 Governo 6.0% 24.3% 63.7% 6.0% 14.2% 15.8%
7 Universidade/
Consultoria 10.6% 51.9% 28.3% 9.2% 105.5% 117.2%
8 Companhia
Aérea 2.6% 22.2% 68.3% 6.8% 39.3% 43.6%
9 Aeroporto 10.8% 60.7% 21.7% 6.8% 57.3% 63.6%
10 Outros 69.5% 21.2% 6.2% 3.1% 28.4% 31.6%
11 Universidade/
Consultoria 24.8% 20.0% 50.7% 4.5% 28.8% 32.0%
12 Governo 2.8% 9.2% 33.3% 54.7% 27.1% 30.1%
Fonte: autor (cálculos próprios), baseado na amostra coletada dos questionários.
Novamente, os participantes não apresentaram a consistência necessária nos
julgamentos, sendo apenas o participante 2 suficiente consistente, segundo o critério de CR
máximo 10%.
O cruzamento das avaliações das alternativas e dos critérios determina a prioridade
final de cada projeto em relação ao objetivo estabelecido. O mecanismo para calcular a
prioridade final é a soma dos produtos do peso de cada critério pelo peso da alternativa. Dessa
forma, a Tabela 23 apresenta, para cada participante, as notas finais de cada alternativa. A
alternativa com maior prioridade, para cada participante, está indicada em cada linha pela cor
azul.
Tabela 23 - Nota final de cada alternativa
Participante Setor
Totalmente
Pública
Contratação de
Operador
Privado
Concessão
por longo-
prazo
Venda do
Aeroporto
1 Universidade
/ Consultoria 4.2% 60.2% 25.7% 9.9%
2 Governo 8.5% 39.2% 43.4% 8.9%
3 Universidade
/ Consultoria 3.1% 15.7% 69.8% 11.4%
4 Aeroporto 8.5% 27.3% 61.4% 2.8%
5 Aeroporto 5.2% 16.3% 47.9% 30.7%
66
6 Governo 6.0% 42.1% 45.4% 6.5%
7 Universidade
/ Consultoria 48.2% 33.4% 14.1% 4.3%
8 Companhia
Aérea 2.7% 22.2% 68.3% 6.8%
9 Aeroporto 4.7% 65.2% 22.2% 7.9%
10 Outros 42.3% 43.1% 11.1% 3.5%
11 Universidade
/ Consultoria 19.5% 30.4% 45.7% 4.4%
12 Governo 2.7% 8.7% 53.9% 34.7%
Fonte: autor (cálculos próprios), baseado na amostra coletada dos questionários.
Os resultados individuais de cada participante mostram que há uma clara divisão entre
a Contratação de um Operador Privado (25% dos participantes) e a Concessão por longo-
prazo (66,7% dos participantes), tendendo para essa última. Apenas o participante 7
demonstra ter preferência pelo controle Totalmente Público do aeroporto, enquanto nenhum
participante preferiu a Venda do Aeroporto.
Sob o ponto de vista de subsetor de atuação, 100% dos participantes do Governo e o
único participante de Companhia Aérea preferiram a Concessão por longo-prazo como melhor
alternativa. Os participantes de Aeroportos ficaram divididos, com 1/3 preferindo Contratação
de um Operador Privado e 2/3 preferindo a Concessão. O grupo mais heterogêneo foi o de
Consultoria/Consultoria/Outros, pois 20% preferiu o controle totalmente público, 40%
escolheu Contratação de um Operador Privado e, os 40% restantes, escolheram a Concessão.
A preferência pela Concessão por longo-prazo coincide com a estratégia adotada nas
concessões de Guarulhos, Viracopos, Brasília, Confins e Galeão, em que a Infraero transfere o
controle para a empresa vencedora do leilão por determinado, mas continua com participação
de 49% tanto nos investimentos, como nos retornos que o aeroporto proporcionar.
67
5 CONCLUSÕES
O objetivo fundamental do trabalho é estudar profundamente os modelos de gestão
para os aeroportos e escolher o melhor modelo para a realidade brasileira. Para isso, são
analisados aspectos relacionados à desestatização, características de cada modelo,
metodologias para escolha qualitativa de cada modelo e características do modelo aplicado no
Brasil na primeira rodada de concessão com Guarulhos, Brasília e Viracopos. Finalmente, são
abordados 12 especialistas no setor de aviação para aplicação da metodologia AHP com o
objetivo de escolher o melhor modelo de gestão para os aeroportos do Brasil, havendo ou a
privatização.
É dado que o governo brasileiro tem preferido as concessões com longo-prazo,
passando a responsabilidade de investimento e operação para o concessionário por diversos
anos, mas permanecendo com a propriedade do recurso aeroportuário e participação
minoritária nesse contrato. No entanto, os diversos autores sustentam a menor participação do
Estado nos aeroportos como um fator de melhoria perceptível no nível de serviço e eficiência
operacional.
A aplicação do método AHP para definir o melhor modelo de gestão para os maiores
aeroportos do Brasil mostrou que, independente do setor de atuação do entrevistado, a
concessão por longo-prazo foi a alternativa preferida pela maioria. Além disso, mostrou que
há uma segunda corrente que prefere a contratação de um operador privado e há uma fraca
tendência para permanência do controle dos grandes aeroportos totalmente pública, enquanto
a venda do aeroporto não foi indicada como preferência de nenhum dos entrevistados.
Apesar de apresentar um resultado que vai ao encontro das atuais políticas de
desestatização adotadas pelo governo federal para os grandes aeroportos que necessitam de
expansões, as comparações paritárias apresentaram, em sua maioria, a índices de
inconsistência (CR) maiores que o considerado aceitável por Saaty. Para obter a consistência
necessária, alguns procedimentos como a reaplicação da pesquisa, dando mais informação os
resultados dessa primeira rodada, poderiam ser feitos.
No entanto, a análise individual de cada entrevistador possibilitou que as diferentes
opiniões não fossem perdidas dentro do grupo. Foi possível observar a homogeneidade dos
participantes que representaram o governo, optando pela Concessão por longo-prazo
unanimemente, e a heterogeneidade de grupos como de Consultoria/Universidade/Outros com
3 alternativas escolhidas.
68
Os quatro principais modelos de gestão dos aeroportos adotados na aplicação do
método têm diferenças fundamentais que os qualificam. Considerando a análise qualitativa
dos modelos de gestão e a análise das respostas por meio do método de tomada de decisão
AHP, pode-se afirmar que ambos não levam a verdades absolutas. É possível que as decisões
sobre os modelos de gestão tenham sido enviesadas pelo embasamento ideológico (liberalista
ou não, por exemplo), ou pelo lado em que o avaliador se encontra (aeroporto, governo,
companhia aérea, enfim).
Esse trabalho supre uma demanda de estudos que analisem as concessões dos
aeroportos com viés quantitativo, baseado nos conceitos de governança aeroportuária, nos
exemplos internacionais e na adaptabilidade à realidade brasileira. No entanto, há bastante
espaço para novas abordagens do tema, pois novas concessões estão sendo feitas e planejadas
pelo governo federal brasileiro e é válida a atualização das premissas e a reaplicação da
pesquisa quando os resultados das primeiras concessões de Guarulhos, Viracopos e Brasília já
estiverem sólidos e visíveis.
69
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Literatura:
Estudo do Setor de Transporte Aéreo do Brasil: Relatório Consolidado. Rio de janeiro:
McKinsey & Company, 2010
FIUZA, E., PIONER, H. Estudo Econômico sobre Regulação e Concorrência no Setor
de Aeroportos, Rio de Janeiro, 2009
CARVALHO, R. M. P., Análise dos modelos de parceria público-privada em
projectos de alta velocidade ferroviária em Portugal e no Brasil, Lisboa, 2011
GRAHAM, A., Managing Airports: An International Perspective, Oxford: Elsevier.
2008
POOLE, R. W., Jr. (1994). Guidelines for airport privatization. Reason Public Policy
Foundation. (How to guide No. 13)
ACRP Report 66: Considering and Evaluating Airport Privatization. Washington,
D.C.,Transportation Research Board, 2012
SAATY, T. L. (1980). The Analytic hierarchy process, New York: McGraw-Hill
SAATY T. L. & VARGAS L. G. (1987). Inconsistency and rank preservation; Journal
of Mathematical Psychology, 28, 205-214
TRIANTAPHYLLOU, E., and MANN, S.H. (1995). Using The Analytic Hierarchy
Process For Decision Making In Engineering Application: Some Challenges. International
Journal of Industrial Engineering: Applications and Practice, Vol. 2, No. 1: 35-44
SAATY, T. L. (1991). Some Mathematical Concepts Of The Analytic Hierarchy
Process, Behaviormetrika, 29, 1-9
VARGAS, R. V. (2010). Using The Analytic Hierarchy Process (AHP) to Select and
Prioritize Projects in a Portfolio. PMI Global Congress 2010 – North America.
SAATY, R.W., The analytic hierarchy process—what it is and how it is used,
Mathematical Modelling, Volume 9, Issues 3–5, 1987, Pages 161-176
Decision Making with the Analytic Hierarchy Process, Int.J. Services Sciences, Vol. 1,
No. 1, 2008
FORMAN, E., PENIWATI, K., 1998, Aggregating individual judgements and
priorities with the Analytic Hierarchy Process, European Journal of Operational Research,
Vol. 108, pp. 165-169
70
Internet:
INFRAERO: http://www.infraero.gov.br/, consulta em 06 de outubro de 2013
ANAC: http://www.anac.gov.br/, consulta em 06 de outubro de 2013
Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República (SAC-PR):
http://www.aviacaocivil.gov.br/, consulta em 06 de outubro de 2013
“Concessão Aeroportos: Guarulhos, Viracopos e Brasília”, Secretaria de Aviação Civil
da Presidência da República. Brasília, 13 de outubro de 2011, disponível em
http://www.aviacaocivil.gov.br/arquivos/tcu13outubro
RIBEIRO, M. P., “A Lei Federal de PPP: Contextualização e Principais
Características”, Curso de Desenvolvimento de Parcerias Público-Privadas, Brasília, 2008.
Disponível em
http://www.planejamento.gov.br/hotsites/ppp/conteudo/eventos/cursos/arq_down/cdp_3_Lei_
PPP_Mauricio_Portugal.pdf
“Aviação Comercial no Brasil: Serviços e Infraestrutura Aeroportuária”, Secretaria de
Aviação Civil da Presidência da República, 25 de Junho de 2012 – disponível em:
http://www.lidebr.com.br/images/clipping/2012.06.25%20-%20Almoco-
Debate%20Lide%20final.pdf
Tribunal de Contas da União: www.tcu.gov.br/controleregulacao, consulta em 20 de
julho de 2013
Relatórios Anuais da Infraero – disponíveis em http://www.infraero.gov.br/, consulta
em 16 de setembro de 2013
Estudos de Viabilidade Guarulhos, Brasília e Viracopos – disponíveis em
http://www2.anac.gov.br/gru-vcp-bsb/, consulta em 21 de maio de 2013
“Plano Nacional de Desestatização – Sucessão e Desafios” – disponível em
http://www.amchamrio.com.br/srcreleases/martha_seillier.pdf, consulta em 12 de setembro de
2013
71
ANEXO A
QUESTIONÁRIO APLICADO
72
Pesquisa para Trabalho de Graduação do ITA 2013 Prezado,
Essa pesquisa foi criada como parte do Trabalho de Graduação no Instituto Tecnológico de
Aeronáutica com tema Investimentos na Infraestrutura de Aeroportos. Seu objetivo é escolher a
melhor alternativa para gestão dos maiores aeroportos do Brasil que ainda estão sobre gestão da
Infraero, por isso foi formado um painel de especialistas de modo a auxiliar na tomada de decisão.
Como metodologia, será usando o AHP (Analytic Hierarchy Process). Esse método é usado
para comparar as alternativas de gestão de aeroportos em pares sob a ótica de cada critério, de
forma que seja dada uma nota de preferência de uma alternativa sobre a outra em relação aquele
critério especificamente. Depois de atribuídas notas a todas as comparações, será constituída a
nota geral de cada alternativa, ponderada pela nota de cada critério. Dessa forma, será escolhida a
melhor alternativa para gestão dos aeroportos do Brasil.
Em cada comparação entre alternativas, será possível atribuir a seguinte escala de notas:
Intensidade
da
Importância
Definição Explicação
1 Igual Importância As duas atividades contribuem igualmente para
o objetivo
2 Valor Intermediário
3 Importância pequena
de uma para outra
A experiência e o julgamento favorecem
levemente uma atividade em relação à outra
4 Valor Intermediário
5 Importância grande ou
essencial
A experiência e o julgamento favorecem
fortemente uma atividade em relação à outra
6 Valor Intermediário
7 Importância muito
grande ou demonstrada
Uma atividade é muito fortemente favorecida
em relação à outra
8 Valor Intermediário
9 Importância absoluta A evidência favorece uma atividade em relação
à outra com o mais alto grau de certeza
As alternativas serão avaliadas pelos 3 seguintes critérios:
1. Nível de Controle do Governo sobre o Aeroporto
2. Eficiência Operacional e Segurança do Aeroporto
3. Investimento na Infraestrutura do Aeroporto
Por fim, as alternativas a serem avaliadas são as seguintes:
1. Totalmente público - Manutenção do Controle, Gestão e Investimento em Infraestrutura
como responsabilidade do Governo
73
2. Contratação de um operador privado, mas sem que o governo perca controle sobre o
aeroporto e responsabilidade sobre os investimentos em infraestrutura
3. Concessão por um longo-prazo, com o governo perdendo controle, gestão e
responsabilidade de investimento por um determinado período de tempo
4. Venda do aeroporto para a iniciativa privada, perdendo o governo direito de propriedade
e sobre a gestão
A seguir, se encontra o formulário.
Qualquer dúvida, por favor, entrar em contato com Elias Lima.
(12) 9-8112-0099
Obrigado pela contribuição.
Aponte o seu campo principal de atuação profissional:
□ Companhia Aérea
□ Aeroporto
□ Governo
□ Universidade/Consultoria
□ Outros
Ponderação dos Critérios
Por favor, avalie o quanto um critério é mais importante que outro, no que diz respeito ao
objetivo de escolher o melhor modelo de gestão para os maiores aeroportos do Brasil. A idéia dessa
etapa é criar pesos no modelo para definir quais critérios são mais importantes na análise das
alternativas de gestão de aeroportos.
1. Qual critério é mais importante e o quanto ele é mais importante que o outro? *
□ Nível de Controle do Governo sobre o Aeroporto
□ Eficiência Operacional e Segurança do Aeroporto
□ Mesma Importância
1. E o quanto ele é mais importante? *
(1 = Igual Importância / 9 = Importância muito grande/absoluta)
2. Qual critério é mais importante e o quanto ele é mais importante que o outro? *
□ Nível de Controle do Governo sobre o Aeroporto
□ Investimento na Infraestrutura do Aeroporto
□ Mesma Importância
2. E o quanto ele é mais importante? *
(1 = Igual Importância / 9 = Importância muito grande/absoluta)
3. Qual critério é mais importante e o quanto ele é mais importante que o outro? *
□ Eficiência Operacional e Segurança do Aeroporto
74
□ Investimento na Infraestrutura do Aeroporto
□ Mesma Importância
3. E o quanto ele é mais importante? *
(1 = Igual Importância / 9 = Importância muito grande/absoluta)
Nível de Controle do Governo sobre o Aeroporto
Por favor, avalie o quanto uma alternativa é preferível a outra, no que diz respeito Nível de
Governança do Governo sobre o Aeroporto
4. Qual alternativa é preferível levando em consideração o Nível de Controle do Governo
sobre o Aeroporto *
□ Totalmente Pública
□ Contratação de Operador Privado
□ Mesma Importância
4. E o quanto ele é preferível? *
(1 = Igual Importância / 9 = Importância muito grande/absoluta)
5. Qual alternativa é preferível levando em consideração o Nível de Controle do Governo
sobre o Aeroporto *
□ Totalmente Pública
□ Concessão por longo-prazo
□ Mesma Importância
5. E o quanto ele é preferível? *
(1 = Igual Importância / 9 = Importância muito grande/absoluta)
6. Qual alternativa é preferível levando em consideração o Nível de Controle do Governo
sobre o Aeroporto *
□ Totalmente Pública
□ Venda do Aeroporto
□ Mesma Importância
6. E o quanto ele é preferível? *
(1 = Igual Importância / 9 = Importância muito grande/absoluta)
7. Qual alternativa é preferível levando em consideração o Nível de Controle do Governo
sobre o Aeroporto *
□ Contratação de Operador Privado
□ Concessão por longo-prazo
□ Mesma Importância
7. E o quanto ele é preferível? *
(1 = Igual Importância / 9 = Importância muito grande/absoluta)
8. Qual alternativa é preferível levando em consideração o Nível de Controle do Governo
sobre o Aeroporto *
□ Contratação de Operador Privado
□ Venda do Aeroporto
75
□ Mesma Importância
8. E o quanto ele é preferível? *
(1 = Igual Importância / 9 = Importância muito grande/absoluta)
9. Qual alternativa é preferível levando em consideração o Nível de Controle do Governo
sobre o Aeroporto *
□ Concessão de longo-prazo
□ Venda do Aeroporto
□ Mesma Importância
9. E o quanto ele é preferível? *
(1 = Igual Importância / 9 = Importância muito grande/absoluta)
Eficiência Operacional e Segurança do Aeroporto
Por favor, avalie o quanto uma alternativa é preferível a outra, no que diz respeito a
Eficiência Operacional e Segurança do Aeroporto
10. Qual alternativa é preferível levando em consideração a Eficiência Operacional do
Aeroporto *
□ Totalmente Pública
□ Contratação de Operador Privado
□ Mesma Importância
10. E o quanto ele é preferível? *
(1 = Igual Importância / 9 = Importância muito grande/absoluta)
11. Qual alternativa é preferível levando em consideração a Eficiência Operacional e
Segurança do Aeroporto *
□ Totalmente Pública
□ Concessão por longo-prazo
□ Mesma Importância
11. E o quanto ele é preferível? *
(1 = Igual Importância / 9 = Importância muito grande/absoluta)
12. Qual alternativa é preferível levando em consideração a Eficiência Operacional do
Aeroporto *
□ Totalmente Pública
□ Venda do Aeroporto
□ Mesma Importância
12. E o quanto ele é preferível? *
(1 = Igual Importância / 9 = Importância muito grande/absoluta)
13. Qual alternativa é preferível levando em consideração a Eficiência Operacional e
Segurança do Aeroporto *
□ Contratação de Operador Privado
□ Concessão por longo-prazo
□ Mesma Importância
76
13. E o quanto ele é preferível? *
(1 = Igual Importância / 9 = Importância muito grande/absoluta)
14. Qual alternativa é preferível levando em consideração a Eficiência Operacional e
Segurança do Aeroporto *
□ Contratação de Operador Privado
□ Venda do Aeroporto
□ Mesma Importância
14. E o quanto ele é preferível? *
(1 = Igual Importância / 9 = Importância muito grande/absoluta)
15. Qual alternativa é preferível levando em consideração a Eficiência Operacional e
Segurança do Aeroporto *
□ Concessão de longo-prazo
□ Venda do Aeroporto
□ Mesma Importância
15. E o quanto ele é preferível? *
(1 = Igual Importância / 9 = Importância muito grande/absoluta)
Investimento na Infraestrutura do Aeroporto
Por favor, avalie o quanto uma alternativa é preferível a outra, no que diz respeito ao
Investimento na Infraestrutura do Aeroporto
16. Qual alternativa é preferível levando em consideração os Investimentos em
Infraestrutura do Aeroporto *
□ Totalmente Pública
□ Contratação de Operador Privado
□ Mesma Importância
16. E o quanto ele é preferível? *
(1 = Igual Importância / 9 = Importância muito grande/absoluta)
17. Qual alternativa é preferível levando em consideração os Investimentos em
Infraestrutura do Aeroporto *
□ Totalmente Pública
□ Concessão por longo-prazo
□ Mesma Importância
17. E o quanto ele é preferível? *
(1 = Igual Importância / 9 = Importância muito grande/absoluta)
18. Qual alternativa é preferível levando em consideração os Investimento em Infraestrutura
do Aeroporto *
□ Totalmente Pública
□ Venda do Aeroporto
□ Mesma Importância
18. E o quanto ele é preferível? *
77
(1 = Igual Importância / 9 = Importância muito grande/absoluta)
19. Qual alternativa é preferível levando em consideração os Investimentos em
Infraestrutura do Aeroporto *
□ Contratação de Operador Privado
□ Concessão por longo-prazo
□ Mesma Importância
19. E o quanto ele é preferível? *
(1 = Igual Importância / 9 = Importância muito grande/absoluta)
20. Qual alternativa é preferível levando em consideração os Investimentos em
Infraestrutura do Aeroporto *
□ Contratação de Operador Privado
□ Venda do Aeroporto
□ Mesma Importância
20. E o quanto ele é preferível? *
(1 = Igual Importância / 9 = Importância muito grande/absoluta)
21. Qual alternativa é preferível levando em consideração os Investimentos em
Infraestrutura do Aeroporto *
□ Concessão de longo-prazo
□ Venda do Aeroporto
□ Mesma Importância
21. E o quanto ele é preferível? *
(1 = Igual Importância / 9 = Importância muito grande/absoluta)
FOLHA DE REGISTRO DO DOCUMENTO
1. CLASSIFICAÇÃO/TIPO
TC
2. DATA
25 de novembro de 2013
3. REGISTRO N°
DCTA/ITA/TC-095/2013
4. N° DE PÁGINAS
77 5. TÍTULO E SUBTÍTULO:
Estudo de viabilidade de expansão de infraestrutura: modelos de privatização, investimento e financiamento de aeroportos. 6. AUTOR(ES):
Elias Leal Lima 7. INSTITUIÇÃO(ÕES)/ÓRGÃO(S) INTERNO(S)/DIVISÃO(ÕES): Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA 8. PALAVRAS-CHAVE SUGERIDAS PELO AUTOR:
1. Infraestrutura Aeroportuária 2. Modelos de Gestão de Aeroportos 3. Concessões dos Aeroportos. 9.PALAVRAS-CHAVE RESULTANTES DE INDEXAÇÃO:
Aeroportos; Infraestrutura(transporte); Gestão de configurção; Planejamento estratégico; Administração de empresas; Administração financeira; Planejamento de aeroportos; Segurança; Prevenção de acidentes; Engenharia aeroportuária; Transporte aéreo; Engenharia aeronáutica. 10. APRESENTAÇÃO: X Nacional Internacional
ITA, São José dos Campos. Curso de Graduação em Engenharia Civil-Aeronáutica. Orientador: Prof. Dr. Alessandro Vinícius Marques de Oliveira; coorientador: Prof. Frederico Turolla. Publicado em 2013. 11. RESUMO:
Esse trabalho de graduação teve como objetivo escolher o melhor modelo de gestão para os grandes aeroportos do Brasil, a partir do estudo dos modelos possíveis e das características do cenário brasileiro. A expansão aeroportuária brasileira tem estado na pauta do governo federal nos últimos anos, devido a crescente demanda por viagens aéreas e a necessidade de expansão da infraestrutura aeroportuária, principalmente com o aumento de renda dos últimos anos e com os eventos (Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016) que o país será sede. Como parte desse esforço, o governo federal, por meio da ANAC, realizou concessões públicas de 3 dos maiores aeroportos brasileiros: Guarulhos, Brasília e Viracopos, tirando da Infraero a responsabilidade de gestão, mas a deixando como minoritária nos contratos de longo-prazo. Havendo diversos outros modelos possíveis, alternativas devem ser consideradas e ponderadas por suas características, buscando adequá-las ao cenário brasileiro de desestatização de infraestrutura aeroportuária. Para isso, foi utilizado o método AHP (Analytic Hierarchy
Process), aplicado com especialistas selecionados, para eleger o melhor modelo de gestão, baseando-se em critérios pré-estabelecidos. O modelo foi aplicado com representantes do setor governamental, companhias aéreas, operadores aeroportuários das concessões atuais, professores e pesquisadores universitários e consultores, para buscar o ponto de vista de cada um no processo decisório. Dos 28 especialistas acessados, 12 responderam a pesquisa (42,9%), 8 deles elegeram como melhor alternativa a concessão por longo-prazo, indo ao encontro dos programas governamentais de desestatização da infraestrutura aeroportuária.
12. GRAU DE SIGILO:
(X ) OSTENSIVO ( ) RESERVADO ( ) CONFIDENCIAL ( ) SECRETO