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ELIANDRA DETOFANO PAULO SCHLICH TELLES AVALIAÇÃO DO PADRÃO OCLUSAL DE PACIENTES TRATADOS ORTODONTICAMENTE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de cirurgião- dentista do Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí Orientador: Prof. Casimiro Manoel Martins Filho Itajaí SC, 2006

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ELIANDRA DETOFANO

PAULO SCHLICH TELLES

AVALIAÇÃO DO PADRÃO OCLUSAL DE PACIENTES

TRATADOS ORTODONTICAMENTE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de cirurgião-dentista do Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí Orientador: Prof. Casimiro Manoel Martins Filho

Itajaí SC, 2006

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AGRADECIMENTOS

A vida que nos foi concedida com muito amor e sabedoria.

Aos nossos pais, pelas lutas diárias incansáveis, abdicando de seus sonhos para

sonhar os nossos, acreditando a cada instante sem ao menos duvidar.

As condições financeiras que a principio eram poucas e junto com muito estudo e

esforço nos fortaleceu da maneira que somos hoje.

Ao Casimiro, mestre, sábio, conselheiro e amigo que nos guiou por este

percurso, para realizar este trabalho.

E aos pacientes que tornaram este estudo possível, permitindo a avaliação e a

publicação das informações por nós encontradas.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 04

2 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................. 06

3 MATERIAIS E MÉTODO........................................................................................ 14

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................... 16

5 CONCLUSÃO......................................................................................................... 21

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1 INTRODUÇÃO

O tratamento ortodôntico é um dos tratamentos odontológicos mais realizados

atualmente, devido à crescente valorização da estética e a necessidade de melhor

funcionamento da mastigação. Tão importante quanto à estética é a manutenção da

estabilidade oclusal e a harmonia do sistema estomatognático porque, geralmente, a

maloclusão é a causadora dos principais distúrbios mastigatórios e dor orofacial.

A movimentação dentária decorrente do tratamento ortodôntico tem como

objetivo corrigir a posição dos dentes nas arcadas, estabelecendo um padrão oclusal

adequado para o paciente.

O padrão oclusal, preconizado pela ortodontia, estabelece apenas uma relação

dentária estática. A oclusão ideal é aquela em que a cúspide mesiovestibular do

primeiro molar superior oclui no sulco vestibular do primeiro molar inferior e os outros

dentes estão alinhados no arco. Obtida a oclusão ideal, considera-se o objetivo do

tratamento ortodôntico alcançado e encerrado.

Este padrão define apenas o aspecto estético da relação dentária sem

considerar a função. O aspecto neuromuscular da relação maxilomandibular que

envolve obrigatoriamente a função, nem sempre, é considerado e relações importantes,

como a relação cêntrica e movimentos excêntricos, na maioria das vezes, sequer são

avaliados.

Como o sistema mastigatório, durante a função, utiliza posições e movimentos

mandibulares dentro de um contexto de envolvimento de estruturas, tais como

músculos, nervos, ligamentos e articulações, grandes são as possibilidades de

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insucesso nesses tratamentos que consideram apenas a posição dentária.

Portanto, avaliar o padrão oclusal de pacientes tratados ortodonticamente, dentro

de um contexto na qual, as posições e os movimentos mandibulares devem estar em

harmonia com o sistema neuromuscular, passa a ter importante significado, pois poderá

servir como base de orientação para tratamentos em fase de planejamento como

também antes da remoção de aparelhos na fase final do tratamento, evitando

problemas de recidiva ou mesmo instalação de disfunções temporomandibulares.

O objetivo desse estudo foi avaliar o padrão oclusal de pacientes tratados

ortodonticamente, analisando a relação cêntrica (RC) com desprogramação sempre

que necessário, analisando também os movimentos lateroprotrusivos e protrusivo da

mandíbula e as respectivas guias de desoclusão.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

ASH e RAMFJORD (1987) descreveram a oclusão como um relacionamento

funcional ou não de um sistema integrado de dentes, estruturas de suporte, articulações

e componentes neuromusculares, incluindo aspectos psicológicos e fisiológicos.

Segundo OKESON (1992), as atividades funcionais do sistema estomatognático,

não dependem somente da posição dentária, mas também do relacionamento entre

dentes antagonistas, sendo que uma oclusão funcional ideal obedece aos seguintes

fatores: durante o fechamento da boca os côndilos posicionam-se na região mais

ântero-superior da cavidade glenóide, tendo contatos posteriores bilaterais e

homogêneos e leves contatos nos anteriores; todos os contatos promovem carga ao

longo eixo do dente; quando há movimentos lateroprotusivos há guias de contato no

lado de trabalho com desoclusão no lado de balanceio, sendo mais aceitável a guia

canina; no movimento de protusão há contatos dos dentes anteriores desocluindo os

posteriores; em máxima intercuspidação habitual (MIH) os contatos dos dentes

posteriores são mais fortes que nos dentes anteriores.

De acordo com ASH e RAMFJORD (1996), a oclusão ideal está baseada em

uma avaliação neuromuscular e não uma posição de molares como a relacionada pela

ortodontia na Classe I. Uma oclusão ideal imaginária é raramente vista na civilização ou

até mesmo alcançada ortodonticamente. A oclusão de Classe I é considerada normal

ortodonticamente, porém, nessa relação de molar com os dentes ocluídos, pode-se ter

uma discrepância entre a maxila e a mandíbula no seu relacionamento. A alteração da

posição dos dentes e outras alterações desfavoráveis podem influenciar numa

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desarmonia de forças ultrapassando a capacidade adaptativa do indivíduo, podendo se

manifestar como trauma oclusal. A posição dental é determinada pelos contatos

oclusais e forças funcionais. Essas forças oclusais influenciam no tratamento

ortodôntico e a retenção dental após a terapia. O ajuste oclusal após o tratamento

ortodôntico, ajuda na estabilização dos dentes, remanejando as áreas de impacto

oclusal em RC como nas guias.

DENG e FU (1995) avaliaram contatos oclusais antes e após tratamento

ortodôntico, em um grupo de adolescentes jovens com disfunção temporomandibular.

Foram confeccionados modelos de estudo e realizados registros oclusais em duas

etapas do tratamento. O primeiro registro, uma hora antes da instalação do aparelho e

o segundo uma hora após a remoção desse aparelho ao ser concluído o tratamento.

Concluíram os autores que o tratamento ortodôntico tem efeito positivo qualitativa e

quantitativamente na distribuição dos contatos oclusais, podendo contribuir na redução

dos sinais e sintomas de disfunções temporomandibulares.

HWANG e BEHERNTS (1996) estudaram o efeito do tratamento ortodôntico na

discrepância em relação cêntrica de 36 pacientes. Foi usado como grupo controle de 30

pacientes que nunca tiveram histórico de tratamento ortodôntico e apresentavam

relação de classe I de Angle. Dos pacientes tratados, 20 foram submetidos a extrações

dos 04 pré-molares com tratamento completo em 03 meses antes de participar do

estudo. Todos esses pacientes analisados no estudo foram tratados sem nenhum tipo

de conceito de oclusão funcional. A oclusão cêntrica (OC) e a RC foram registradas e

os modelos montados em articulador semi-ajustável (ASA), para avaliar as mudanças

na posição do côndilo em RC para OC. Comparando o número de prematuridades em

cêntrica, no grupo tratado ortodonticamente 58,3% dos sujeitos tinham prematuridade

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enquanto 86,7% dos sujeitos no grupo controle mostraram prematuridade. O número de

pessoas com 02 prematuridades ou mais foi maior no grupo tratado ortodonticamente

(36,1%) enquanto no grupo controle apenas 13,3% . O grupo tratado mostrou ainda

mais prematuridades bilaterais. Não houve diferenças entre os 02 grupos, considerando

os dentes removidos em relação às prematuridades em cêntrica. Considerando a parte

anatômica do dente envolvido com as prematuridades em cêntrica, a vertente triturante

da cúspide palatina superior e vertente triturante da cúspide vestibular inferior foram as

mais envolvidas em ambos os grupos. Não houve diferença na quantidade ou direção

do deslize em cêntrica entre os dois grupos, indicando que o tratamento ortodôntico

geralmente não resulta num aumento da discrepância cêntrica.

O estudo de CORDRAY (1996) relatou que o tratamento ortodôntico pode

produzir uma oclusão funcional aceitável apenas se os dentes são movimentados para

posições que acomode e não interfira com os movimentos mandibulares. Se for

estabelecida como meta do tratamento a coordenação de dente com a função

mandibular então a etapa do diagnóstico ao tratamento passa a ser o fato mais

importante. Portanto, existem razões para que atualmente os modelos de estudo

ortodônticos sejam montados em relação cêntrica. Uma delas é a oportunidade do

diagnóstico correto previamente à realização do tratamento. Se os modelos de estudo

não são montados em relação cêntrica algum detalhe pode ser perdido na relação

oclusal desse paciente, levando ao equívoco no diagnóstico e tratamento.

GAITHER et al. (1997) estudaram a discrepância entre a oclusão cêntrica e

relação cêntrica em três períodos diferentes da evolução do tratamento ortodôntico.

Primeiro: antes da colocação dos aparelhos ortodônticos; segundo: com 12 semanas

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depois da remoção dos aparelhos; terceiro: depois de um tempo durante a fase da

contenção ortodôntica. O critério para a seleção dos pacientes incluía o seguinte:

avaliação do crescimento nos três períodos; sem sinais e sintomas

temporomandibulares; crescimento mandibular durante o período de tratamento

ortodôntico e verificação radiográfica durante o tratamento. A amostra consistiu de 24

pacientes. A média de idade no início do tratamento foi de 12,5 anos. A média de

duração do tempo do pré-tratamento do pós-tratamento foi de 1,9 anos. A média de

duração para a remoção do aparelho até a coleta do registro pós-tratamento foi 3,8

semanas. Os resultados da discrepância entre RC-OC nos três períodos de tempo

foram: lado direito, T1: 0,51-3,30 mm; T2: 0,11-4,40mm; T3: 0,45-3,10 mm. Lado

esquerdo: T1: 0,13-3,60 mm; T2: 0,09-5,70 mm; T3: 0,08-5,41 mm. As diferenças nas

medidas obtidas podem ser resultados das mudanças RC-OC, da variação de

examinador ou da combinação de ambos.

CLARK e EVANS (1998) examinaram alguns parâmetros da oclusão funcional

num grupo de pacientes após tratamento ortodôntico. A oclusão desses pacientes foi

considerada satisfatória na posição de intercuspidação habitual, sendo o resultado do

tratamento ortodôntico considerado bom. Os modelos foram montados em ASA na

posição de RC. O deslize de RC para a posição de MIH foi medido no sentido

anteroposterior, na direção vertical e lateral aproximadamente a 0,5mm do nível incisal.

A maioria dos pacientes teve contato unilateral em RC, sendo que esses contatos eram

mais freqüentes nos segundos molares. A maioria dos pacientes apresentou guia

canina nas posições laterais e no lado de balanceio tiveram contato nos segundos

molares. Em relação ao deslize de RC para MIH na dimensão ântero-posterior a maioria

teve deslize menor que 1mm. Na direção vertical maior parte dos pacientes, teve

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deslize menor que 1 mm. Na avaliação do componente lateral do deslize de RC para

MIH observou-se que a maioria não teve deslize lateral detectável. O tratamento

ortodôntico atualmente é utilizado por adolescentes, sendo que ao término do

tratamento a maior parte possui um considerável potencial de crescimento; além disso,

após a remoção dos aparelhos, pequenos movimentos dentais podem ocorrer num

processo descrito como acomodação. Estes fatores alteram as relações da oclusão

funcional com o tempo, mostrando que em longo prazo podemos ter contatos

desfavoráveis, dependendo de como a dentição muda após a retirada do aparelho,

como foi mostrado neste estudo. É esperado que essa população, sendo acompanhada

por um determinado tempo, apresente efeitos dos contatos da oclusão funcional

desfavorável, e também possam ser determinados os efeitos da acomodação dentária a

partir da retirada do aparelho.

De acordo com POLING et al. (1999) o pré-ajuste tem melhorado a eficiência e a

efetividade do ortodontista em alcançar bons resultados no final do tratamento.

Entretanto, a ortodontia está limitada em alcançar excelentes resultados, considerando

variação individual bem como a habilidade do ortodontista para colocar o aparelho de

forma precisa. Neste sistema, o ortodontista considera múltiplos aspectos tais como, a

estética, a oclusão, a função, a saúde periodontal, o alinhamento da raiz e a

estabilidade. Cada um desses aspectos será examinado e as mudanças desejadas

serão anotadas num formulário detalhado, resultando em plano escrito que guia o

ortodontista a alcançar um resultado excelente. Essa forma escrita pode agir como uma

lista de checagem final da obtenção dos objetivos do tratamento ortodôntico. Esse

sistema de finalização pode melhorar a eficiência individual do ortodontista e ajudar na

comunicação das práticas multidisciplinares.

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CAPOTE et al. (2002), avaliaram 75 pacientes de ambos os sexos que

apresentavam de 24 a 32 dentes totalmente erupcionados. Os pacientes foram

divididos em dois grupos, um de 38 pacientes que haviam sido tratados

ortodonticamente com o tratamento concluído e o segundo grupo de 37 pacientes que

nunca foram submetidos a tratamento ortodôntico. A amostra foi avaliada quanto ao tipo

de guia lateral e à presença ou ausência de disfunção temporomandibular (DTM). O

grupo tratado ortodonticamente, apresentou maior taxa de desoclusão pelos caninos,

sendo que na guia em grupo e guia atípica houve maior freqüência dos indivíduos não

tratados. Em relação à disfunção temporomandibular (DTM), a maioria que manifestou

DTM ou DTM leve, apresentou guia canina, na DTM moderada apresentou guia parcial

e em grupo, nenhum apresentou DTM severa.

Segundo CORDRAY (2002) a RC é uma posição mais superior e anterior, sendo

mais estável, confortável, reproduzível que deve ser utilizada para o diagnóstico. A

maioria da população apresenta uma prematuridade oclusal nos dentes posteriores,

sendo que os estudos ortodônticos não relatam esse fato. Na posição de RC o

diagnóstico para o tratamento ortodôntico é aumentado, quando é executada a

eliminação da programação muscular, a qual, não eliminada, dificultará a captação da

RC clinicamente; por esta razão, o que é visto na boca, pode não ser exatamente o que

está sendo tratado. Essa posição é o único ponto de referência válido para a

comparação dos efeitos do tratamento ortodôntico sendo que a posição de MIH possui

erros inerentes como um ponto de referência, por causa da necessidade de se saber a

magnitude da mudança da função mandibular presente antes e depois do tratamento.

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SULTANA et al. (2002), estudaram a força oclusal e área de contato oclusal e

respectivas mudanças funcionais durante o tratamento ortodôntico em pacientes que

tinham extraído os primeiros pré-molares, segundo pré-molares ou mesmo combinação

de extrações dos primeiros e segundos. Esta avaliação foi realizada durante o uso do

aparelho em torno de 2 anos e após a remoção desse aparelho. A força oclusal e a

área de contato aumentaram significativamente ao longo do tratamento de acordo com

a sua evolução em toda a arcada dentária. Durante o primeiro ano de tratamento não

houve considerável aumento na força oclusal na área de contato oclusal mas, após um

ano, houve um grande aumento na força e na área de contato oclusal, mantendo-se

depois da remoção do aparelho, e sendo maior que no grupo tratado.

Para FERREIRA NETO et al. (2003) os dentes posteriores não são apropriados

para receber forças geradas nos movimentos excêntricos. Desgastes são realizados

para que somente os dentes anteriores façam a desoclusão bilateral dos dentes

posteriores.

CAPOTE et al. (2004) avaliaram o padrão oclusal registrando os contatos

oclusais em 38 pacientes que receberam tratamento ortodôntico fixo e analisado em até

2 anos após a finalização do tratamento e, como grupo controle, 37 indivíduos que

possuíam oclusão do tipo Classe I e ausência de má-oclusão. Nos 2 grupos foi

analisada a quantidade de contatos oclusais; o número de contatos do lado direito e do

lado esquerdo, sendo avaliados na posição deitado e sentado pelo teste de t-Student e

Qui-quadrado de Person e a relação da RC com MIH. Constataram os autores que os 2

grupos não apresentaram diferença entre a quantidade de contatos do lado direito e

esquerdo, e observaram que os pacientes tratados ortodonticamente apresentavam

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perfil mais harmonioso por possuírem um maior número de contatos oclusais e nenhum

dos 2 grupos apresentou a RC coincidindo com a MIH.

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3 SUJEITOS E MÉTODO

A amostra usada nesse estudo consistiu de 15 pacientes que tinham sido

submetidos a tratamento ortodôntico com aparelho fixo, sendo selecionados entre os

alunos do curso de graduação em Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí, os

quais, após terem sido informados sobre a pesquisa, assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido.

Inicialmente foi realizado a anamnese detalhada, registrando o maior número de

informações sobre o tratamento realizado assim como registro de sinais e sintomas

antes da realização do tratamento ortodôntico e atualmente.

Em seguida, foi realizado o exame físico com registro das condições estruturais

dos tecidos moles e duros assim como características de coloração e textura.

Na realização da análise oclusal, foram observados detalhadamente posição e

movimentos mandibulares. A manipulação do paciente em RC foi precedida de

desprogramação neuromuscular através de um JIG de Lúcia, sempre que se fizer

necessário para o correto registro da relação cêntrica.

Para a análise dos movimentos mandibulares, foram avaliados os tipos de guias

e o processamento dessas guias.

Os dados coletados foram registrados em formulário próprio, analisados, e

processados juntamente com as informações obtidas na anamnese e dados do exame

físico, submetidos em seguida à análise percentual e reproduzidos através de gráficos

do tipo coluna.

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Os resultados do estudo foram informados ao paciente principalmente no que se

refere à presença de discrepância oclusal que eventualmente possa causar algum dano

ao sistema mastigatório, com o objetivo de encaminhamento a profissional habilitado

para tratamento.

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4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observou-se nesse estudo que a oclusão dos pacientes avaliados difere do que

foi preconizado na literatura por alguns autores em estudos anteriores. OKESSON

(1992) e ASH e RAMFJORD (1996) reforçaram esta idéia ao dizer que uma oclusão

ideal raramente é encontrada na civilização e mesmo alcançada ortodonticamente.

Ainda citaram ASH e RAMFJORD que uma oclusão de classe I é considerada normal

ortodonticamente, porém, nesta relação de molar com os dentes ocluídos, pode-se ter

uma discrepância de relacionamento entre a maxila e a mandíbula. Nenhum paciente

da amostra apresentou todas as características necessárias para ser classificado como

possuidor de uma oclusão ideal. Contatos dentários desfavoráveis podem ocorrer e

depende de mudanças que se processam na dentição ao longo do tempo, efeito

causado pela acomodação dentária após a retirada do aparelho (CLARK: EVANS,

1998). Na amostra analisada no presente estudo observou-se em 93,2% dos casos,

contato unilateral na posição de relação cêntrica (gráfico 1), sendo 66,6% dos contatos

localizados no lado esquerdo e 26,6% localizados no lado direito (gráfico 2), sendo que

50% desses contatos estavam localizados em pré-molares e 50% em molares. O

contato bilateral foi observado em 6,8% dos pacientes (gráfico 1). Este resultado foi

relatado também por CLARK e EVANS (1998) que registraram a maior presença de

contato unilateral na posição de RC, porém, se diferenciou no local onde ocorreram os

contatos. Para os autores a maioria deles ocorria em segundos molares. Em

contrapartida DENG e FU (1995) citaram que o tratamento ortodôntico tem efeito

positivo qualitativo e quantitativo na distribuição dos contatos oclusais. No estudo de

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CAPOTE et al. (2004) foi verificado que os contatos localizados no lado direito e

esquerdo nas posições de RC e MIH não eram diferentes entre os pacientes tratados e

não tratados ortodonticamente. Já HWANG e BEHRENTS 1996 registraram diferenças

nos contatos como segue: 33,3% dos contatos ocorreram no lado direito, 38,9% no lado

esquerdo e 27,8% apresentaram contato bilateral. Essa diferença pode ter ocorrido pelo

fato dos autores terem utilizado uma metodologia e uma amostragem diferente da

usada no presente estudo. Os modelos de estudo ortodônticos devem ser montados em

RC para um diagnóstico correto antes do tratamento; caso esses modelos não sejam

montados em RC algum detalhe pode ser perdido na relação oclusal levando ao

equivoco no diagnóstico e no tratamento (CORDRAY, 1996). CORDRAY (2002)

complementou que a posição de RC deve ser utilizada para o diagnóstico e para o

tratamento ortodôntico. Essa posição é o único ponto de referência para comparação

dos efeitos do tratamento ortodôntico, já que a posição habitual (MIH) possui erros

inerentes a ela e não serve como um ponto de referência. Em relação ao tipo de guia

não houve predominância de guia canina ou em grupo entre os pacientes observados

no estudo. No lado direito 46,6% dos pacientes apresentaram guia canina e 46,6% guia

em grupo. No lado esquerdo 60% dos pacientes apresentaram guia canina e 33,3%

guia em grupo. Já a ausência de guia foi observada em 13,5% dos pacientes avaliados

(gráfico 3). CAPOTE et al (2002) apontaram para a necessidade de uma guia canina,

afirmando em seu estudo que os pacientes que possuíam guia canina manifestaram

disfunção temporomandibular (DTM) ou disfunção temporomandibular leve e pacientes

com guia em grupo apresentavam disfunção moderada. FERREIRA NETO et al. (2003)

reforçaram a importância de uma guia canina, pois os dentes posteriores não são

apropriados para receberem as forças geradas nos movimentos excêntricos. Foi

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observado nos pacientes que participaram da amostra que apesar de terem recebido

tratamento ortodôntico 26,6% deles não apresentaram guia anterior enquanto 73,3%

apresentaram guia anterior normal (gráfico4). Nesses casos, desgastes serão

necessários nos dentes posteriores para que somente os dentes anteriores façam a

desoclusão bilateral dos dentes posteriores (FERREIRA NETO et al., 2003).

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93,2%

6,8%

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Contato unilateral Contato bilateral

Gráfico 1: Distribuição da freqüência relativa de sujeitos avaliados, segundo o tipo de contato em posição de Relação Cêntrica (RC).

26,6%

66,6%

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Contato unilateral direito Contato unilateral esquerdo

Gráfico 2: Distribuição da freqüência relativa de sujeitos avaliados, em relação ao lado do contato unilateral em RC.

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73,3%

26,6%

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Guia anterior Ausência de guia anterior

Gráfico 3: Distribuição da freqüência relativa de sujeitos avaliados, quanto à presença ou a ausência de guia anterior.

46,6% 46,6%

60%

33,3%

13,5%

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Guia canina

lado direito

Guia grupo

lado direito

Guia canina

lado esquerdo

Guia grupo

lado esquerdo

Ausência de

guia

Gráfico 4: Distribuição da freqüência relativa de sujeitos avaliados, segundo o tipo de guia de desoclusão ou a ausência de guia nos movimentos laterais.

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5 CONCLUSÃO

Com base nos dados analisados nesse estudo concluiu-se que:

! Nenhum paciente apresentou uma oclusão ideal;

! Grande maioria dos pacientes apresentou contato unilateral esquerdo;

! Observou-se a presença da guia canina e da guia em grupo com freqüência

semelhantes, com uma pequena prevalência da guia canina no lado esquerdo;

! O registro de interferências oclusais que impediam o processamento das guias

laterais foi baixo;

! A presença de interferências no movimento de protrusão, com impedimento do

processamento da guia foi considerada significativa;

Concluíu-se, portanto, que o tratamento ortodôntico tem conseguido mais o

alinhamento dental e, com isso, o efeito estético, do que, a estabilidade do sistema

estomatognático e sua funcionalidade.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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