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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS EM SAÚDE
Eletrocondicionador para Enurese Noturna:
descrição de desempenho e de resposta terapêutica
Dissertação de Mestrado
Alcina Teles de Loureiro Maior
Salvador-Bahia
2014
1
Eletrocondicionador para Enurese Noturna:
descrição de desempenho e de resposta terapêutica
Dissertação apresentada ao curso de
Pós-graduação em Tecnologias em
Saúde da Escola Bahiana de
Medicina e Saúde Pública para
obtenção do título de Mestre em
Tecnologias em Saúde.
Autor: Alcina Teles de Loureiro Maior
Orientador: Profª Drª Patrícia Lordêlo
Salvador-Bahia
2014
2
Ficha Catalográfica elaborada pela
Biblioteca Central da EBMSP
M 217 Maior, Alcina Teles de Loureiro
Eletrocondicionador para enurese noturna: descrição de desempenho e de resposta
terapêutica. Alcina Teles de Loureiro Maior. – Salvador. 2014.
66 f. il.
Dissertação (Mestrado) apresentada à Escola Bahiana de Medicina e Saúde
Pública. Programa de Pós-Graduação em Tecnologias em Saúde.
Orientador: Profª Drª Patrícia Virgínia Silva Lordêlo Garboggini
Inclui bibliografia
1.Enurese noturna. 2.Tratamento. 3. Estimulação elétrica nervosa transcutânea.
4. Inovação. I. Título.
CDU: 616.62
3
FOLHA DE APROVAÇÃO
Nome: MAIOR, Alcina Teles de Loureiro
Título: Eletrocondicionador para enurese noturna: uma descrição de desempenho e de resposta
terapêutica.
Dissertação apresentada à Escola Bahiana de Medicina e Saúde
Pública para obtenção do título de Mestre em Tecnologias em Saúde.
Aprovada em: 28 de março de 2014.
Banca Examinadora
Prof. Dr: Ubirajara Barroso Junior
Titulação: Doutor em Urologia pela Universidade Federal da Bahia.
Instituição: Professor Adjunto da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública.
Profª Drª: Josiane Dantas Viana Barbosa
Titulação: Doutora em Ciência e Engenharia de Materiais pela Universidade Federal
de Campina Grande.
Instituição: Professora Colaboradora da Escola Bahiana de Medicina e Saúde
Pública.
Prof. Dr.: Abrahão Fontes Baptista
Instituição: Professor Adjunto da Universidade Federal da Bahia.
Titulação: Doutor em Ciências Morfológicas pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro.
4
Dedico esse trabalho a todas as crianças e
adolescentes com enurese noturna e às suas
famílias, que são sempre os maiores
impulsionadores para que busquemos
alternativas melhores de tratamento.
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AGRADECIMENTOS
Gostaria de fazer um agradecimento muito especial à minha querida mestra,
irmã mais velha, mãe de profissão, amiga e orientadora, a Profª Drª Patrícia
Lordêlo, por ter me pego pela mão desde o meu último ano de graduação,
quando me tornei sua monitora, continuando como colegas de profissão,
passando pela minha especialização e chegando a esse momento da orientação
no meu mestrado. Já são oito anos. É uma profissional exemplar, inquieta,
curiosa, uma pesquisadora inata, que contagia todos ao seu redor com o desejo
de saber sempre mais e poder oferecer o que há de melhor a quem mais importa:
os nossos pacientes. Sei que sem ela na minha vida profissional provavelmente
não estaria aqui hoje, porque a maior incentivadora para que eu assumisse esse
desafio foi ela. Obrigada por hoje e sempre.
Também gostaria de agradecer profundamente ao Prof Dr Ubirajara Barroso,
que é o mestre da minha mestra e assim, por conseguinte, também é o meu
mestre. E o meu maior agradecimento foi por ter confiado a mim um trabalho
que sei que é extremamente importante para ele: o primeiro resultado de um
projeto grande e inovador, pensado e iniciado há alguns anos e que se
materializou com esse primeiro estudo. Obrigada de verdade. Sinto-me honrada
por ter podido participar intensamente de uma parte disso tudo.
Outra pessoa que teve uma importância fundamental nesta etapa da minha vida
profissional foi a Profª Drª Kátia Sá. Primeiro por estar coordenando a Pós-
Graduação desta Instituição e por ter concebido um projeto tão bom que foi o
Mestrado de Tecnologias em Saúde. Foi realmente acima das minhas
expectativas todo o aprendizado e amadurecimento enquanto pesquisadora que
tive. Em segunda instância, pelo seu apoio e incentivo pessoal em tornar
possível a minha participação no programa. Muito obrigada também por ser uma
professora, uma fisioterapeuta e uma pessoa tão especial, que eu tive a sorte de
ter por perto tanto na minha graduação quanto agora na Pós-Graduação.
E, por último, gostaria de agradecer a Daniel Maior, por ter sido uma fonte de
inspiração por tanto tempo e um grande estimulador para que eu galgasse
sempre novos desafios e voos mais altos. Obrigada.
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INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS
EBMSP-Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública
FBDC-Fundação Bahiana para Desenvolvimento das Ciências
FONTES DE FINANCIAMENTO
FAPESB – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia
Miotec – Empresa de Produtos Biomédicos
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EQUIPE:
Alcina Teles, mestranda e fisioterapeuta do CEDIMI.
Patrícia Lordêlo, orientadora, fisioterapeuta e coordenadora do CEDIMI.
Ubirajara Barroso Jr, urologista pediátrico e coordenador do CEDIMI.
Thaís Calazans, enfermeira do CEDIMI que auxiliou na fase de coleta de dados.
Maria Izabel Weibel, enfermeira do CEDIMI que auxiliou na fase de coleta de dados.
Maria Luiza Veiga, fisioterapeuta do CEDIMI que auxiliou na fase de coleta de dados.
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RESUMO
ELETROCONDICIONADOR PARA ENURESE NOTURNA: DESCRIÇÃO DE
DESEMPENHO E RESPOSTA TERAPÊUTICA. Objetivo: descrever o desempenho e a
segurança e testar a resposta terapêutica do eletrocondicionador em pacientes com enurese
noturna. Casuística, Material e Métodos: Trata-se de um estudo fase I, com uma série de
casos prospectiva de pacientes com enurese noturna, que fizeram uso domiciliar diário do
eletrocondicionador, por até seis meses, associado às orientações comportamentais. A
descrição do desempenho foi realizada através do relato ou observação de problemas/falhas
técnicas (ativação falsa do alarme, falha em acordar a criança e acordar outras pessoas da
casa) e de problemas/falhas de manuseio (colocação inadequada dos eletrodos, manipulação
inadequada dos eletrodos, lavagem inadequada do sensor de umidade, ativação do botão
errado). Já a descrição da segurança foi desenvolvida através do relato de efeitos colaterais
(lesão de pele, dor, choque, medo). O critério para avaliação da resposta terapêutica foi a
diminuição do número de noites por semana com episódios de enurese. Resultados: a amostra
foi composta por nove pacientes, sendo seis meninos, com idade média de 10,4±3,9 anos, oito
deles apresentavam enurese noturna monossintomática e seis, enurese primária. Em relação ao
desempenho, houve relato de falha do alarme, ativação falsa do alarme, falha em acordar a
criança, acordar outras pessoas da casa, manipulação inadequada dos eletrodos, lavagem
inadequada do sensor de umidade e ativação do botão errado; em relação à segurança, um
paciente relatou medo. A frequência mediana de episódios de enurese por semana antes do
tratamento foi 6(3-7) vezes e depois do tratamento foi de menos de um episódio [0,7(0,1-1,5)
vez], sendo que dois paciente ficaram secos. Conclusões: Todos os pacientes apresentaram
resposta terapêutica com o uso do eletrocondicionador, havendo relato e observação de
problemas ou falhas técnicas e humanas, que foram importantes para o aprimoramento do
aparelho na busca do modelo ideal, e não apresentando efeitos colaterais que prejudicassem a
segurança do tratamento.
Palavras-chaves: 1. Enurese noturna. 2. Tratamento. 3. Estimulação elétrica nervosa
transcutânea. 4. Equipamento. 5. Inovação.
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ABSTRACT
ELETRICAL CONDITIONG FOR NOCTURNAL ENURESIS: A DESCRIPTION OF
PERFORMANCE AND THERAPEUTIC RESPONSE. Objective: To describe the
performance and security of and therapeutic response to the electroconditioner in patients
with nocturnal enuresis. Design and Methods: This was a phase I study of a prospective
case series that included patients with nocturnal enuresis who used an electroconditioner at
home for periods of up to six months. Counseling was provided on diet and micturition. The
criteria used to describe performance consisted of reported or observed technical problems as
failure of the alarm to go off, false alarm, failure of the alarm to wake the child up and the
alarm waking up other people in the house; handling problems such as improper placement
and use of the electrodes and the humidity sensor; and side effects or adverse events such as
dermatitis, skin lesions, pain, shock, fear. The criterion used to evaluate therapeutic response
was the reduction in the number of nights per week on which episodes of enuresis occurred.
Results: The sample consisted of nine patients (six boys) with a mean age of 10.4±3.9 years.
Eight had monosymptomatic nocturnal enuresis and six had primary enuresis. There were
reports of failure of the alarm to go off, false alarm, failure of the alarm to wake the child up
and the alarm waking up other people in the house, improper placement of and use of the
electrodes and the humidity sensor and one patient reported fear. The median number of
episodes of enuresis per week prior to treatment was 6(3-7) compared to less than one after
treatment [0.7(0.1–1.5)]. Conclusions: All the patients responded to treatment with the
electroconditioner; there were reports of technical and human problems, all of which will be
taken into consideration when improving the design of the device in an attempt to perfect the
model, and there weren’t side effects that undermine the safety of the treatment.
Keywords: 1. Nocturnal enuresis. 2. Treatment. 3. Transcutaneous electrical nerve
stimulation. 4. Medical equipment. 5. Innovation.
11
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Vista externa do eletrocondicionador. 23
Figura 2: Vista externa do sensor de umidade. 23
Figura 3: Vista externa dos eletrodos de superfície posicionados na região perianal de
um paciente do sexo masculino.
23
Tabela 1: Dados demográficos e aspectos clínicos da enurese noturna na amostra. 28
Tabela 2: Descrição e Comparação da capacidade vesical esperada para a idade e do
volume máximo urinado no diário miccional.
29
Quadro 1: Apresentação detalhada de cada paciente acerca do tempo de uso do
parelho, do desempenho e da segurança do eletrocondicionador e de seus acessórios,
das dificuldades e falhas no manuseio do aparelho, da resposta clínica e da
recomendação do tratamento a outras pessoas.
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LISTA DE ABREVIATURAS
ADAB: Ambulatório Docente Assistencial da Bahiana
CEDIMI: Centro de Distúrbios Miccionais na Infância
CNS: Conselho Nacional de Saúde
CVE: Capacidade Vesical Esperada para a Idade
DDAVP: medicamento à base de acetato de desmopressina
DVSS: Dysfunctional Voiding Scoring System
EBMSP: Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública
EN: enurese noturna
ENM: enurese noturna monossintomática
FBDC: Fundação Bahiana para Desenvolvimento das Ciências
ICCS: International Children’s Continence Society
TCLE: termo de consentimento livre e esclarecido
TDAH: transtorno de déficit de atenção com hiperatividade
TNT: tecido não tecido
VMU: Volume Máximo Urinado
13
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 14
2. REVISÃO DA LITERATURA 16
2.1. IMPACTO PSICOSSOCIAL DA ENURESE NOTURNA 16
2.2. FISIOPATOLOGIA DA ENURESE NOTURNA 17
2.3. TRATAMENTO PARA ENURESE NOTURNA
2.4. ALARME PARA ENURESE NOTURNA NO BRASIL
18
19
2.5. IDEALIZAÇÃO DO ELETROCONDICIONADOR PARA
ENURESE
20
3. OBJETIVOS
3.1. PRIMÁRIO
3.2. SECUNDÁRIO
21
21
21
4. METODOLOGIA, MATERIAL E MÉTODO 22
4.1. ASPECTOS GERAIS 22
4.2. ANÁLISE ESTATÍSTICA 24
4.3. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS 26
5. RESULTADOS 27
6. DISCUSSÃO 32
7. LIMITAÇÕES E PERSPECTIVAS 34
8. CONCLUSÕES 35
REFERÊNCIAS 36
APÊNDICES 40
ANEXOS 45
14
1. INTRODUÇÃO
A enurese noturna (EN) é definida como incontinência intermitente durante o sono1 e
a sua importância decorre tanto da sua incidência quanto, principalmente, do seu impacto
negativo na qualidade de vida das pessoas acometidas e de seus familiares. Atinge cerca de
15% das crianças aos cinco anos de idade, apresenta resolução espontânea de 15% ao ano2 e,
ainda assim, chega a estar presente em 2% dos jovens adultos.3,4
Apesar de ser um acometimento que não traz riscos físicos à saúde, a enurese leva a
um estigma social e emocional, resultando em estresse e em situações inconvenientes para o
acometido e seus familiares.5 Essas crianças e adolescentes tendem a experimentar a censura
dos pais e a provocação dos irmãos, o que afeta o relacionamento deles com sua família,
assim como as falhas recorrentes aos tratamentos tendem a levar à baixa autoestima.6 Isso
tudo propicia o isolamento social, sendo esses impactos mais expressivos a partir dos sete
anos de idade.7
O tratamento da enurese noturna é baseado em tratamento medicamentoso e
comportamental e deve ser iniciado a partir dos seis anos de idade8 em crianças que
apresentam pelo menos um episódio de enurese por semana.3
Os tratamentos medicamentosos mais utilizados são à base de antidiuréticos,
anticolinérgicos e antidepressivos tricíclicos, representados pela desmopressina, oxibutinina e
imipramina, respectivamente. Entretanto existem inconvenientes como a baixa taxa de cura no
longo prazo, a necessidade de ingestão diária de remédios por parte das crianças - que muitas
vezes os recusam -, a possibilidade de alta dosagem, o risco de cardiotoxicidade e de
hiponatremia e eventual alteração do humor.3 Dos medicamentos, a desmopressina é o
tratamento de primeira linha de escolha, apresenta menos efeitos colaterais e ocasiona
diminuição do número de episódios de enurese de maneira rápida, mas tem um custo elevado
e baixa taxa de cura depois de suspenso o seu uso.8
O alarme para enurese também é um tratamento de primeira linha para a enurese
noturna, apresentando como vantagem a maior taxa de cura de longo prazo e o baixo risco de
efeito colateral que afete a saúde física do acometido.3,9 É um tipo de tratamento
comportamental, composto por um sensor de umidade conectado a um aparelho sonoro que
emite um alarme após a sua ativação com a urina.3 Com isso, em teoria, a criança acordaria e
terminaria a micção no vaso sanitário e começaria a desenvolver a percepção de plenitude
vesical durante o sono, evitando assim os episódios de enurese.
15
O alarme apresenta eficácia em cerca de 50 a 70% dos casos que se adaptam a esse
método de tratamento e apresenta desvantagens como a) a necessidade da participação intensa
dos pais e, por isso, estes não se mostram, por vezes, estimulados a seguir com o método;10 b)
devido à dificuldade em despertar que as crianças com enurese apresentam,9 a princípio
apenas os familiares acordam com o alarme; c) são os pais que, num período de dias ou de
semanas, têm que levar os seus filhos para o banheiro ao alarme ser ativado;3 d) a criança
pode persistir por semanas ainda apresentando episódios de enurese;11 e) isso tudo pode
causar tensão no ambiente familiar, com possível redução da capacidade de trabalho dos
responsáveis da criança em razão do estresse noturno.10 Por todas estas dificuldades, a taxa de
desistência do tratamento com o alarme varia de 10% a 30%.12
Devido às razões acima descritas, foi criado este novo dispositivo terapêutico – o
eletrocondicionador de enurese - que visa permanecer com os benefícios do alarme para
enurese, superando as suas desvantagens e, ainda, obter uma taxa de cura igual ou maior à
obtida com essa terapêutica.
16
2. REVISÃO DA LITERATURA
A enurese noturna já vem sendo estudada há muitos anos e é sabido que ela apresenta
uma etiologia multifatorial, sendo hoje aceitas três causas principais, que podem aparecer
associadas ou não: a) a poliúria noturna, b) a hiperatividade detrusora e c) o aumento do
limiar para despertar do paciente enurético, sendo a hereditariedade um fator de risco
importantíssimo, além da sua forte associação com a constipação intestinal e o transtorno de
déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). E, devido ao seu impacto psicossocial, é
mandatório que seja oferecido o melhor tratamento para o binômio paciente-família. Como os
tratamentos da atualidade apresentam eficácia, mas também diversas desvantagens, sentiu-se
a necessidade de desenvolver um tratamento que fosse eficaz e mais vantajoso do que os
correntes; e assim surgiu o eletrocondicionador para enurese, um dispositivo terapêutico
inovador e promissor.
2.1. IMPACTO PSICOSSOCIAL DA ENURESE NOTURNA
A enurese noturna leva a um grande impacto na vida cotidiana dos seus acometidos e
limita muito as suas experiências sociais,13 apresentando estas crianças um maior risco para
desenvolverem medo social e sensação de tristeza/depressão.14 Acredita-se, por isso, que
essas crianças tenham diminuição da autoestima. Apesar de existirem diversos estudos que
afirmam isso, alguns outros não encontraram diferença entre enuréticos e não enuréticos15 e a
única revisão sistemática sobre o assunto conclui que as evidências são insuficientes para
afirmar o real impacto da enurese sobre a autoestima.16
Quanto mais velha for a criança e maior for a frequência dos episódios de enurese,
parece haver um pior impacto na autoestima desses pacientes.13 Para crianças enuréticas, o
episódio de enurese é o terceiro pior evento da vida e para os adolescentes é o segundo pior,
perdendo apenas para o divórcio e para brigas estridentes entre os pais.17
Mas o impacto psicológico não acontece apenas no paciente; acontece também com a
sua família. Mães de crianças enuréticas apresentam pior qualidade de vida, no que concerne
à sensação de ansiedade, de depressão e de maior intensidade de dor; são menos tolerantes e
mais punitivas em relação aos filhos; e tendem a se sentir mais desamparadas devido à crença
de que a enurese é uma condição interna, estável e incontrolável.13 E os pais relatam que essas
17
crianças apresentam mais problemas comportamentais e psicológicos do que a percepção que
elas mesmas têm sobre si.14,15
2.2. FISIOPATOLOGIA DA ENURESE NOTURNA
Já está bem estabelecido que os cromossomos 8, 12 e 13 têm relação com a
hereditariedade da enurese noturna, mas a sua localização genética é heterogênea.18 Ao
avaliar esse impacto hereditário, sabe-se que quando um dos pais tiver sido enurético, o filho
tem 44% de chance de apresentar enurese também, e se ambos os pais tiverem história de
enurese, o risco sobe para 77%.19 Em um estudo recente, foi observado que quando a história
de enurese for materna, o filho tem um risco 3,6 vezes maior de apresentar enurese severa,
classificada como dois ou mais episódios por semana.20
No quadro da poliúria noturna, ocorre uma desregulação do ritmo de liberação do
hormônio antidiurético (a vasopressina), o que acarreta um nível hormonal abaixo do normal,
levando ao aumento na produção noturna de urina, à sua baixa osmolaridade e consequente
enurese.21 Apesar desse racional teórico, sabe-se que nem sempre a poliúria noturna é
causada por deficiência de vasopressina, mas outra razão ainda não foi descoberta.22
Outra etiologia da enurese é a hiperatividade detrusora, que já foi detectada tanto
durante o dia quanto durante a noite, mesmo em crianças com enurese noturna
monossintomática (ENM).23 A avaliação urodinâmica para detecção da hiperatividade
detrusora só tem sido realizada para estudar pacientes resistentes a tratamentos de primeira
linha e a prevalência das contrações não inibidas do detrusor nesse grupo varia de 49% para
ENM a 79% para a enurese não monossintomática.24
Estudos avaliando crianças enuréticas adormecidas detectaram alterações no seu padrão
do sono,9,25,26 demonstrando que elas passam mais tempo no sono superficial e menos tempo
no sono profundo do que crianças não enuréticas e que apresentam maior limiar para
despertar, sendo que algumas não chegam nem a superficializar o sono a partir do estímulo de
distensão vesical.9,26 Isso pode denotar uma imaturidade do sistema nervoso – do tálamo, da
ponte ou do sistema periférico, a depender do quadro - para acordar o paciente antes ou
durante o episódio de enurese.27
A International Children’s Continence Society (ICCS) recomenda que a constipação
intestinal seja avaliada em todas as crianças que apresentam enurese noturna e que o seu
tratamento deve acontecer antes de qualquer outro voltado para a enurese, porque, ao tratar a
constipação, muitos pacientes melhoram da enurese.28,29 Uma possível explicação para essa
18
associação é o efeito da pressão das fezes no reto ou no cólon sigmoide que desencadearia a
contração do detrusor.30
2.3. TRATAMENTO PARA ENURESE NOTURNA
Os tratamentos disponíveis para a enurese noturna são os comportamentais, que incluem
o alarme para enurese, as gratificações para o reforço positivo e as orientações alimentares e
miccionais, e os medicamentosos, que incluem substâncias antidiuréticas, anticolinérgicas e
antidepressivas tricíclicas. Os tratamentos com nível 1a de evidência e recomendação são o
alarme para enurese e o antidiurético desmopressina.
Em relação ao alarme, já foram testados e estudados diversos modelos: o alarme sonoro;
alarme com variação do volume para mais alto ou mais baixo, associado à presença ou
ausência de luz; alarme com o objetivo de acordar a criança ou que acordasse apenas os pais;
alarme duplo, associando o som de sino e de alarme; o alarme associado à vibração e à
descarga elétrica;12 sendo o alarme sonoro sozinho o mais difundido e utilizado até hoje.
Com qualquer um dos tipos de alarme, o objetivo principal durante o tratamento é fazer
o paciente despertar quando estiver começando a urinar, ao invés de permitir a micção
completa durante o sono. Sabe-se, porém, que na prática a criança pode persistir por semanas
ainda apresentando episódios de enurese11 e devido a essa e outras questões já abordadas, a
taxa de desistência do tratamento com o alarme varia de 10% a 30%.12
Devido ao mecanismo de ação do alarme, poderia se esperar que os pacientes enuréticos
transformassem-se em pessoas noctúricas, mas observa-se que muitos deles passam a dormir a
noite toda após o tratamento.31,32 Isso pode ser decorrente do aumento da concentração da
urina e diminuição do seu volume noturno, que acontece tanto por causa do aumento da
liberação de vasopressina quanto pela melhora do transporte de água através do urotélio.33
Esse conjunto de fatores é responsável pela eficácia deste tratamento em, aproximadamente,
dois terços dos pacientes e o condicionamento de fazê-los acordar antes do episódio de
enurese, depois da finalização do tratamento, parece ser eficaz em metade dos pacientes.12
Em 1938, foi publicado o primeiro estudo sobre o uso do alarme para tratar a enurese
noturna, sendo que, nessa versão inicial, o sensor de umidade ficava na cama, necessitando de
um grande volume urinário para desencadear a ação do aparelho.2 Em 1950, foi lançado o
primeiro alarme em que o sensor de umidade se localizava na roupa íntima da criança e
disparava uma descarga elétrica suave na sua região torácica ou na parede abdominal,33 na
tentativa de fazê-la acordar, o que acontecia com dificuldade no tratamento com o alarme
sozinho. Mas essa modalidade de alarme deixou de ser testada na década de 80, por efeitos
19
colaterais, como medo, queimaduras e outras lesões na pele, que foram relatados como
inaceitáveis pelos pais e pacientes.12
A desmopressina, análogo sintético da vasopressina, é uma droga que reduz o número
de episódios de enurese através da diminuição da produção de urina e, para tanto, deve ser
administrada à noite. O seu efeito rápido de reduzir um a dois episódios de enurese por
semana demonstra o seu bom resultado no curto prazo, com 19% das crianças ficando secas
quando comparado a tratamento placebo. Porém, muitas voltam a ter episódios de enurese
quando o uso do medicamento é suspenso. No longo prazo, avalia-se que 35% dos pacientes
permanecem secos após o tratamento com a desmopressina, enquanto após o uso do alarme a
taxa de cura é de 54%.34 Além da eficácia clínica, na análise de custo-efetividade o uso do
alarme ou da combinação do alarme com a desmopressina é mais vantajoso do que o uso
isolado da desmopressina.35
A desmopressina é indicada para pacientes que apresentam poliúria noturna, que sejam
refratários ao tratamento com alarme ou que não tenham indicação de usá-lo.8 Dos
medicamentos, ela é a que apresenta menor taxa de efeitos adversos (5%), tendo como
principal orientação a ingestão máxima de 240 mililitros (ml) de líquido à noite para evitar o
risco de intoxicação por água, que pode levar ao quadro de hiponatremia e convulsão.8,34
2.4. ALARME PARA ENURESE NO BRASIL
No Brasil, existe apenas um alarme para enurese de produção nacional, denominado
Pipi-Stop, que está no mercado há 10 anos e apresenta um custo de aproximadamente
R$240,00. Não sendo ele escolhido para realização do tratamento, se faz necessária a
importação de alarmes ou a aquisição no exterior.
Nos Estados Unidos, existem opções de alarmes que variam de US$20 a US$100 e na
Holanda, por exemplo, os seguros de saúde cobrem os custos com esse tipo de tratamento.
Apesar de ser reconhecidamente o tratamento com melhor eficácia de longo prazo para a
enurese noturna, o alarme não é tão difundido no Brasil - e em outros países em
desenvolvimento - como nos países desenvolvidos, especialmente devido a questões
econômicas e da falta de acesso a uma variedade maior de produtos.
Em alguns serviços de urologia pediátrica do Sistema Único de Saúde (SUS), é possível
fornecer ao paciente o alarme para enurese na forma de empréstimo. Esses serviços possuem
uma quantidade de aparelhos que podem ser disponibilizados e que, ao final do tratamento,
devem ser devolvidos para que sejam oferecidos a novos pacientes. Mas essa não é a
20
realidade da maioria dos ambulatórios assistenciais nacionais, limitando a utilização deste
tratamento na saúde pública.
Para a economia nacional, é de extrema importância que novas tecnologias e produtos
sejam desenvolvidos e produzidos no Brasil e, pensando em saúde pública, é fundamental que
a população possa ter acesso a um tipo de tratamento preconizado mundialmente.
2.5. IDEALIZAÇÃO DO APARELHO
No ciclo miccional normal, sumariamente, o comando voluntário de iniciar,
interromper ou adiar a micção ocorre através da ação do nervo pudendo, com a ativação ou
relaxamento do esfíncter uretral externo. Ao realizar a contração do assoalho pélvico, o
reflexo inibitório da bexiga é desencadeado, mantendo o detrusor relaxado e o esfíncter
uretral interno contraído.36
Estudos em gatos e macacos demonstram que a eletroestimulação do esfíncter uretral
externo suprime a contração vesical.37,38 Em humanos, também, a eletroestimulação perineal
tem sido usada para inibir a contração vesical.39 Tendo-se o objetivo de estimular a contração
muscular rápida e forte, as frequências de corrente terapêutica que melhor desempenham esse
papel encontram-se na faixa de 50-150Hz.40 Portanto, não é novo utilizar correntes elétricas
com frequência de 50Hz para contrair o esfíncter e melhorar a função do trato urinário
inferior,39 mas é nova a associação dela com o alarme para enurese.
Assim, o eletrocondicionador foi idealizado com o objetivo de diminuir - em curto
espaço de tempo - o volume dos episódios de enurese, interrompendo o fluxo de urina assim
que o paciente iniciasse a micção durante o sono, através da eletroestimulação do esfíncter
externo uretral, que levaria à inibição da contração vesical.
Não chegando a molhar a cama, o paciente acordaria através dessa contração e/ou do
alarme e terminaria a micção no vaso sanitário ainda com a bexiga repleta, sendo isso também
um reforço positivo, que poderia deixá-lo mais motivado a continuar o tratamento. Ou a
possibilidade da contração perineal, ao desencadear o reflexo inibitório da bexiga, condicionar
o paciente a nem apresentar o episódio de enurese e conseguir dormir initerruptamente a noite
inteira.
O eletrocondicionador é o primeiro dispositivo terapêutico para enurese noturna que
combina o alarme com a estimulação elétrica nervosa transcutânea para contração do esfíncter
uretral externo no momento do episódio de enurese, tendo o intuito de superar as dificuldades
existentes no tratamento comportamental de primeira linha da atualidade.
21
3. OBJETIVOS
3.1. PRIMÁRIO:
Descrever o desempenho e a segurança do eletrocondicionador e testar a sua resposta
terapêutica em pacientes com enurese noturna.
3.2. SECUNDÁRIO:
Apresentar o relatório técnico do eletrocondicionador para enurese.
22
4. METODOLOGIA, MATERIAL E MÉTODO
4.1. ASPECTOS GERAIS
Trata-se de um estudo fase I do desenvolvimento de um inovador aparelho terapêutico,
realizado em uma série de casos prospectiva de nove crianças e adolescentes com queixa de
enurese noturna atendidos no Centro de Distúrbios Miccionais na Infância (CEDIMI), sediado
no Ambulatório Docente Assistencial da Bahiana (ADAB), pertencente à Fundação Bahiana
para Desenvolvimento das Ciências (FBDC), Salvador, Bahia, no período de janeiro de 2012
a julho de 2013.
Os critérios de inclusão foram pacientes de seis a 18 anos de idade, com queixa de
enurese noturna, com pelo menos dois episódios de enurese por semana, sem alterações
neurológicas ou anatômicas do sistema urinário, responsáveis e pacientes que aceitassem
participar do estudo e pais que assinassem o termo de consentimento livre e esclarecido
(TCLE).
Os critérios de exclusão foram pacientes que apresentassem alterações psiquiátricas, que
estivessem em outro tipo de tratamento para a EN, ou que tivessem diagnóstico de TDAH.
Os pacientes foram submetidos a uma avaliação inicial, quando foi preenchida a ficha
de avaliação de EN (Apêndice 1), o questionário Dysfunctional Voiding Scoring System41
validado para o português42 (Anexo 1) para avaliar a presença de outros sintomas do trato
urinário inferior e o questionário Critério de Roma III43 para crianças e adolescentes,
traduzido e publicado pelo Consenso Brasileiro de Constipação Intestinal Induzida por
Opióides44 (Anexo 2) para avaliar a constipação intestinal. Também foi orientada a realização
do diário miccional (Apêndice 2) por três dias consecutivos para avaliação da frequência
urinária média, do volume urinado máximo, do volume urinado médio e da presença de
incontinência urinária diurna; e do diário noturno sol/chuva (Apêndice 3), realizado durante
todo o tratamento, para demonstrar a presença ou a ausência de episódios de enurese noturna,
desenhando-se o sol, caso não houvesse episódio, ou a chuva, em caso de enurese. Após a
avaliação inicial, os pacientes e seus responsáveis foram convidados a participar da pesquisa,
leram o TCLE (Apêndice 4), tiraram suas dúvidas e, no caso de aceitarem, assinaram-no.
Quando o paciente retornava ao ambulatório com os diários preenchidos, o terapeuta
calibrava a intensidade da corrente (acionando o botão “prev” e regulando a intensidade
através do botão “stim”) para cada criança, individualmente, até o limiar motor dela, ou seja,
23
até que se atingisse a contração dos músculos do assoalho pélvico, sem causar dor ou
desconforto. O responsável foi orientado e treinado a manipular o aparelho e os eletrodos,
recebendo também um guia passo-a-passo impresso (Apêndice 5), sendo então
disponibilizado para o uso domiciliar. À noite, antes de dormir, o eletrocondicionador (Figura
1) deveria ser colocado na criança de modo que o sensor de umidade (Figura 2) ficasse
posicionado na região anterior do assoalho pélvico, por dentro da roupa íntima, assim como
os dois eletrodos de superfície autoadesivos fixados na região perianal (Figura 3), acionando-
se apenas o botão “on/off”.
Figura 1: Vista externa do eletrocondicionador.
Figura 2: Vista externa do sensor de umidade.
Figura 3: Vista externa dos eletrodos de superfície na região perianal de um paciente do sexo masculino.
Além da utilização diária do aparelho, os pacientes e responsáveis deveriam seguir as
seguintes orientações: fazer o diário noturno sol/chuva, urinar regularmente durante o dia,
urinar antes de dormir, diminuir a ingestão noturna de líquido e aumentá-la durante o dia, os
responsáveis deveriam evitar acordar a criança para urinar,8 além de evitar alimentos
irritativos para a bexiga como refrigerantes, frutas cítricas e alimentos que contivessem
cafeína. Na ocorrência de enurese e na ação do eletrocondicionador, foi orientado que os
24
pacientes terminassem de urinar no vaso sanitário, tendo sido eles acordados pelo aparelho ou
pelo responsável após o alarme sonoro. A reavaliação ambulatorial deveria ser semanal.
O eletrocondicionador de enurese é constituído por um dispositivo eletrônico portátil –
alimentado por uma bateria de lítio CR123 com tensão de 3 volts (V) - capaz de detectar
presença de urina por meio de um sensor de umidade que é ligado aos conectores que
transmitem a informação ao equipamento. A partir da detecção da umidade, o aparelho gera
um sinal elétrico com forma de onda quadrada, unidirecional, com frequência de 50 Hertz
(Hz) e largura de pulso de 350 microssegundos (μs), com intensidade de corrente ajustável de
0,35 miliamperes (mA) a 3,5 mA, a depender do limiar motor do paciente, por 20 segundos.
Essa corrente é transmitida à região perineal através de eletrodos autoadesivos, que são
conectados ao aparelho por seu devido conector, e a passagem de corrente faz com que haja
contração do esfíncter uretral externo.
A ativação do esfíncter levaria à interrupção da micção, evitando a EN, podendo,
inclusive, acordar o paciente e este terminar a micção no toalete. Caso o paciente não
despertasse com a contração muscular e desligasse o aparelho, o alarme soava 20 segundos
depois do início da eletroestimulação, sendo que o sinalizador acústico possui um circuito
interno para a geração do tom de áudio de 2,5 quilo-hertz (kHz) com pressão sonora de 78
decibéis (dB) a 10 cm de distância. Dessa forma, pode-se dizer que o eletrocondicionador
oferecia aos pacientes três estímulos no momento da enurese: o estímulo sensitivo e motor –
ambos através da eletroestimulação - e o estímulo auditivo – através do alarme sonoro,
reforçando a possibilidade da criança acordar com o episódio de enurese.
4. 2. ANÁLISE ESTATÍSTICA:
Hipótese Científica:
O uso do eletrocondicionador diminui o número de noites por semana com enurese
noturna e o aparelho tem uma aplicação prática como prevista na teoria.
Caracterização das Variáveis:
Nesta fase do estudo, foram descritos o desempenho e a segurança do aparelho e foi
avaliada a resposta terapêutica do paciente ao tratamento com o eletrocondicionador.
O desempenho do aparelho foi descrito a partir da observação e relato de: a)
problemas/falhas técnicas como falha do alarme, ativação falsa do alarme, falha em acordar a
criança, acordar outras pessoas da casa causando estresse familiar; b) problemas/falhas
25
humanas de manuseio como colocação inadequada dos eletrodos, manipulação inadequada
dos eletrodos, lavagem inadequada do sensor de umidade, ativação do botão errado. A
segurança foi descrita a partir da observação e relato de efeitos adversos ou colaterais como
dermatites, lesão de pele, dor, choque e medo12
A resposta terapêutica foi definida como sendo a diminuição do número de noites com
enurese noturna por semana, e não a obtenção de resposta completa.
a) Variável Dependente: número de noites com episódios de EN por semana, sendo,
portanto, uma variável numérica;
b) Variável Independente: período antes e depois do tratamento, sendo, portanto, uma
variável categórica.
Na última avaliação, foi questionado aos responsáveis se eles indicariam o tratamento a
outras pessoas e se voltariam a fazer o tratamento, se fosse necessário.
Planejamento Estatístico:
Os dados foram tabulados e analisados no software Statistical Package for Social
Sciences (SPSS) para Windows, versão 14.0. Como os grupos foram pareados e as variáveis
apresentaram uma distribuição não normal (avaliada através do teste Shapiro-Wilk), foi
utilizada como medida de dispersão para a variável dependente mediana e intervalo
interquartil.
Por se tratar de uma análise descritiva, as variáveis numéricas foram apresentadas por
média e desvio padrão (idade e frequência urinária) e por mediana e intervalo interquartil
(tempo de uso do aparelho, volume urinado máximo, volume urinado médio), e as variáveis
categóricas (sexo, hereditariedade, constipação intestinal, classificação da enurese noturna, se
o paciente desperta após o episódio de enurese, se alguém o acorda para urinar e se já realizou
algum tratamento para enurese noturna) por percentual. Foi realizada também a comparação
da capacidade vesical esperada para idade, de acordo com a fórmula [(idade*30)+30]45 para
crianças de até 12 anos, com o volume máximo encontrado no diário miccional dos pacientes,
para saber se eles apresentavam diminuição da capacidade vesical.
Ainda na análise descritiva, foram demonstrados os efeitos colaterais e adversos, os
problemas técnicos, as dificuldades de manuseio e as falhas humanas apresentadas por cada
paciente individualmente.
26
4. 3. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS:
O TCLE está em consonância com a Resolução do Conselho Nacional de Saúde CNS
nº 196/96, já que ele foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa antes da sua atualização
em 2012. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola Bahiana de
Medicina e Saúde Pública (EBMSP), sob protocolo 088/09 (Anexo C).
27
5. RESULTADOS
A amostra foi composta por nove pacientes com enurese noturna, com idade média de
10,6 ± 3,8 anos, com predominância do sexo masculino - sendo seis (67%) no total, quatro
(44%) pacientes apresentavam história de hereditariedade de enurese e cinco (56%)
apresentavam constipação intestinal, sendo as três meninas classificadas como constipadas
(Tabela 1).
Em relação às características clínicas da enurese, oito (89%) pacientes apresentavam
enurese noturna monossintomática e seis (67%), enurese primária; a maioria - oito (89%) no
total - não despertava após o episódio de enurese, cinco (56%) eram acordados
frequentemente pelos pais para urinar e cinco (56%) já haviam sido submetidos a algum
tratamento para a enurese noturna (Tabela 1).
28
Tabela 1: Dados demográficos e aspectos clínicos da enurese noturna na amostra.
Variáveis N(%) Distribuição n=09
Idade em anos - 10,6±3,8*
Sexo Masculino 6(67%) -
Hereditariedade
Mãe
Outros
3(33%)
1(11%)
-
Constipação intestinal 5(56%) -
Enurese monossintomática 8(89%) -
Classificação quanto à causa
Primária
Secundária
Não sabe
6(67%)
2(22%)
1(11%)
-
Não desperta após episódio de enurese 8(89%) -
É acordado à noite para urinar 5(56%) -
Realização de tratamento anterior para enurese 5(56%) -
Diário Miccional
Realizado N(%)
Volume urinado máximo (ml)
Volume urinado médio (ml)
Frequência urinária (vezes por dia)
4(44%)
-
-
-
-
185(162-387)**
76,6(64-190)**
5,4±1,3*
*M±DP: média e desvio padrão; **
MD(IQ): mediana e intervalo interquartil; N(%): número de pacientes e a
representação em porcentagem.
Na comparação da capacidade vesical esperada para idade com o volume máximo
encontrado no diário miccional dos pacientes, não foi detectada alteração da capacidade
vesical em nenhum dos quatro pacientes que realizou adequadamente o diário miccional; não
foi possível avaliar o diário dos outros cinco (Tabela 2).
29
Tabela 2: Descrição e Comparação entre a capacidade vesical esperada para a idade e o volume máximo urinado
no diário miccional.
Idade (em anos) CVE* (em ml) VMU§ (em ml)
6 210 -
6 210 -
7 240 200
10 330 160
11 360 -
11 360 -
13 >390 170
14 >390 450
17 >390 -
*CVE: Capacidade Vesical Esperada para a Idade (fórmula para até 12 anos de idade: 30+(30*idade)) §VMU:
Volume Máximo Urinado
Em relação à descrição do desempenho do dispositivo, houve alguns relatos sobre
problemas/falhas técnicas como desregulação da emissão do estímulo elétrico e do estímulo
sonoro, alteração da sensibilidade dos sensores de umidade e desregulação do comando de
ligar e desligar do aparelho; e outros acerca de problemas de manuseio como colocação
inadequada dos eletrodos, manipulação inadequada dos eletrodos e lavagem inadequada do
sensor de umidade. Em relação à descrição da sua segurança, houve um relato acerca de um
efeito adverso ou colateral, caracterizado pela demonstração de medo na regulação da
intensidade da eletroestimulação perineal. Todos os responsáveis disseram que
recomendariam o tratamento para outra pessoa e/ou o fariam novamente (Quadro 1).
Dos nove pacientes, apenas dois fizeram o tratamento completo. Um desses pacientes
utilizou o eletrocondicionador por um mês e quinze dias e interrompeu o seu uso por não mais
apresentar o quadro de enurese e o outro o utilizou por seis meses, sendo que no último mês já
não apresentou mais nenhum episódio de enurese. Todos os outros sete pacientes
interromperam o tratamento por questões relacionadas ao aparelho e/ou por questões pessoais,
como responsáveis que adoeceram ou começaram a trabalhar e não puderam continuar a fazer
as reavaliações regulares (Quadro 1). Assim, o tempo mediano de utilização do
eletrocondicionador foi de 6(3-10,5) semanas.
30
Quadro 1: Apresentação detalhada de cada paciente acerca do tempo de uso, do desempenho e da segurança do
eletrocondicionador e de seus acessórios, das dificuldades e falhas humanas no manuseio do aparelho, da
resposta clínica ao tratamento e da recomendação do tratamento a outras pessoas.
Caso Sexo Idade Tempo de
Uso
Segurança do
Aparelho
Desempenho do
Aparelho
Dificuldade e falhas
de manuseio
Resposta
Terapêutica
Recomen-
dação do
tratamento
1 F 6 anos 2 semanas - Nas três últimas
noites parou de
alarmar e de enviar
estímulo elétrico.
Indisponibilidade de
tempo para visitas
fora da cidade onde
mora.
Sim
Antes:
7x/semana
Depois:
2x/semana
Sim
2 M 6 anos 3 meses e 1
semana
- Sensores muito
sensíveis à
umidade, acionando
o aparelho com
suor.
Uso inadequado do
aparelho: partiram os
cabos do eletrodo, do
aparelho e os fios do
sensor de umidade
durante lavagem.
Sim
Antes:
6x/semana
Depois:
2x/semana
Sim
3 M 7 anos 1 mês e 15
dias
1º aparelho:
relatou medo
do estímulo
elétrico;
1º aparelho: envio
continuo do
estímulo elétrico; 2º
aparelho:
desligando sozinho
depois de alarmar;
3º aparelho: criança
não despertava.
Indisponibilidade de
tempo para continuar
as visitas;
Responsável
insatisfeito com o
resultado.
Sim.
Antes:
7x/semana
Depois:
5x/semana.
Sim
4 F 9 anos 1 mês - Não estava
alarmando e foi
diagnosticado
defeito dos sensores
de umidade.
Após a troca dos
sensores, a
responsável adoeceu e
não pôde continuar.
Sim.
Antes:
5x/semana.
Depois:
3x/mês.
Sim
5 M 9 anos 2 meses - Contração perineal
não foi suficiente
para interromper o
fluxo urinário
durante o episódio
de enurese.
Indisponibilidade de
tempo para continuar
as visitas;
Responsável já
satisfeito com o
resultado.
Sim.
Antes:
2x/semana
Depois:
1x/mês.
Sim
6 M 11 anos 2 meses - Contração perineal
não suficiente para
interromper fluxo
urinário durante
episódio de enurese
ou acordá-lo.
Responsável adoeceu
e não pôde continuar
o tratamento.
Sim.
Antes:
7x/semana
Depois:
1x/mês
Sim
7 M 13 anos 1 semana - 1º aparelho:
enviando,
ininterruptamente,
estímulo elétrico;
2º aparelho:
receberam, mas não
testaram.
Paciente passou as
férias fora de casa e
não quis usar o
aparelho.
Sim.
Antes:
5x/semana
Depois:
3x/mês
Sim
8 M 14 anos 1ª vez: 1
mês
2ª vez:
usou por 5
meses
- 1ª VEZ: na 3ª
semana – aparelho
desligando sozinho.
2ª VEZ: aparelho
não parou de
alarmar;
reposicionaram a
bateria e voltou a
funcionar bem.
-
Sim
Antes:
3x/semana
Depois:
nenhum.
Sim
9 F 17 anos 1 mês e 15
dias
Sensores pouco
sensíveis à
umidade. -
Sim.
Antes:
7x/semana,
Depois:
nenhum.
Sim
31
Em relação à resposta terapêutica à utilização do eletrocondicionador, o número
mediano de noites por semana com enurese antes do tratamento foi de 6(3-7) vezes - variando
de duas a sete vezes por semana - e, depois do tratamento, 0,7(0,1-1,5) vez - variando de um
episódio no mês a cinco episódios por semana, sendo que duas crianças ficaram secas.
Os pacientes que mantiveram de dois a cinco episódios de enurese por semana foram
as três crianças mais novas da amostra, com seis e sete anos de idade e uma delas utilizou o
aparelho por apenas duas semanas, por ele ter parado de alarmar e de enviar o estímulo
muscular. Os dois pacientes mais velhos, de 14 e 17 anos de idade, foram os dois que ficaram
secos, sendo que a mais velha utilizou o eletrocondicionador por um mês e quinze dias e
obteve resposta completa ao tratamento. As outras quatro crianças, de nove a 13 anos de
idade, ficaram com uma frequência de um a três episódios de enurese no mês.
32
6. DISCUSSÃO
Todos os pacientes apresentaram resposta terapêutica com a redução do número de
noites por semana com episódios de enurese noturna utilizando o eletrocondicionador, mesmo
sem que a maioria tenha conseguido completar o tratamento. Em relação à descrição do
manuseio e da segurança do aparelho, aprimoramentos precisam ser realizados para
minimizar os efeitos adversos e colaterais desencadeados por ele e as dificuldades e falhas
apresentadas.
A resposta terapêutica apresentada pelos pacientes pode reforçar a ideia de que a
maturidade do sistema nervoso (tálamo, ponte e sistema nervoso periférico) desempenha um
papel importante e decisivo no tratamento da enurese noturna27, já que os resultados foram
melhores à medida que os participantes eram mais velhos. Outra análise que pode ser
realizada é a de que os pacientes que ficaram curados apresentaram aparelhos que
funcionaram adequadamente e não desistiram do tratamento antes da cura ou do tempo
máximo de uso.
O tempo mediano de utilização do eletrocondicionador no atual estudo e o tempo de
utilização do alarme dos estudos descritos na literatura foi parecido, sendo que os últimos
variaram de duas a mais de 12 semanas.12 A provável razão para que isso tenha acontecido
nesta fase do estudo se deve principalmente a fatores ligados à falha humana em uso e de
desempenho do dispositivo, decorrentes do funcionamento intrínseco do dispositivo e do uso
inadequados do aparelho e de seus acessórios. Com o aprimoramento do dispositivo, existe o
potencial de diminuição do tempo necessário de tratamento com este aparelho.
Em alguns momentos e/ou aparelhos, foi observado que o eletrocondicionador parou
de alarmar e de enviar o estímulo elétrico, fato decorrente da mudança de posição da bateria
do seu local de origem no dispositivo portátil. Para evitar novos problemas relacionados a
esse deslocamento, o posicionamento da bateria foi modificado e no atual modelo ela está
soldada na placa. A escolha da bateria de lítio ocorreu devido ao seu tamanho, à sua
durabilidade, à sua capacidade de armazenamento de energia superior a outras e por ser, na
atualidade, a bateria de primeira escolha para dispositivos portáteis.
Um aparelhou ficou enviando initerruptamente o estímulo elétrico e esse problema
aconteceu porque o botão “prev” ficou preso sob a capa do aparelho, já que este era em baixo
relevo. Assim, o sinal de acionamento do circuito elétrico ficou ativo como acontece no
momento de calibração da intensidade do aparelho, realizada no ambulatório. Para sanar este
33
problema, foi desenvolvido um novo modelo que apresenta um botão único, diferenciando a
ação do “prev” e do “on/off” através do tempo de pressionamento deste mesmo botão em alto
relevo.
Alguns sensores de umidade apresentaram alteração no limiar de sensibilidade à urina.
Isso aconteceu devido à impedância do tecido que os envolvia que esteve maior em alguns
exemplares e menor em outros, o chamado tecido não tecido (TNT). Foi criado um novo
sensor de umidade que é uma placa flexível não mais costurada dentro do tecido. O sensor é
envolvido por um saco leve e fino de filtro de nylon que é fechado na extremidade por um
velcro, evitando que o contato com a umidade da pele ative o sensor, mas mantendo-o
sensível o suficiente para detectar o início da micção.
Uma das maiores dificuldades na adesão dos pacientes e da família ao tratamento com
o alarme é o tempo que a criança continua urinando na cama, até que o tratamento comece a
dar resposta.46 Nesse estudo inicial, dois adolescentes conseguiram diminuir o volume de
urina durante os episódios de enurese e acordar com a estimulação muscular e com o alarme,
mas os outros sete não. Isso fez com que fossem discutidas duas novas possíveis estratégias
para as fases futuras do estudo: aumentar o volume do alarme sonoro e fazer a calibração da
corrente elétrica de acordo com a intensidade ótima para interromper o fluxo urinário, sem
causar dor ou desconforto ao paciente. Para a ativação muscular através da eletroterapia, foi
escolhida a frequência de 50Hz devido à sua ativação principalmente de fibras fásicas, que
realizam contração muscular rápida e forte.40
Ainda em relação à segurança e manuseio do dispositivo, apenas uma criança referiu
medo à eletroestimulação no momento da regulação da intensidade da corrente, mas isso não
a fez – ou ao responsável – querer desistir do tratamento. E este foi o caso em que o botão
“prev” ficou ativado continuamente.
Em estudos anteriores, que utilizaram o alarme de enurese com a estimulação elétrica
na forma de choque suave para estímulo sensitivo na pele do paciente (em região supra
púbica, torácica e lateralmente ao abdômen), sem o objetivo de contração muscular, foram
descritos efeitos colaterais relatados como inaceitáveis pelas crianças e pelos responsáveis
como medo, queimaduras e outras lesões na pele.47-49 No atual estudo, todos o responsáveis
afirmaram que recomendariam o tratamento para outra pessoa e/ou o fariam novamente.
34
7. LIMITAÇÕES E PERSPECTIVAS
Por se tratar do primeiro estudo em pacientes com este novo dispositivo terapêutico,
aconteceram alguns problemas técnicos com os aparelhos e alguns problemas de manuseio da
família, o que limitou a aplicação terapêutica adequada e planejada e demonstrou que a sua
utilização ainda precisa ser aprimorada. Como essas questões foram sanadas no novo
protótipo, no estudo sequente, de fase II, a eficácia terapêutica poderá ser mensurada e o
desempenho e a segurança continuarão a ser avaliados, objetivando alcançar o modelo ideal
para que se obtenha uma resposta terapêutica completa com a minimização das dificuldades
encontradas no alarme de enurese tradicional. Além destas questões técnicas, deverá ser
avaliado o estresse dos pacientes e dos seus familiares com a utilização desta modalidade
terapêutica.
35
8. CONCLUSÕES
Todos os pacientes apresentaram resposta terapêutica com o uso do
eletrocondicionador, tendo havido relato e observação de dificuldades de manuseio e
problemas técnicos, que foram importantes para o aprimoramento do aparelho na busca do
modelo ideal, e não apresentando efeitos colaterais que prejudicassem a segurança do
tratamento.
36
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43
APÊNDICE 4 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
ELETROCONDICIONADOR PARA ENURESE NOTURNA: UMA NOVA
ABORDAGEM TERAPÊUTICA
Gostaríamos de convidar você e o/a seu/sua filho/filha a participar da pesquisa intitulada
“Eletrocondicionador para enurese noturna: uma nova abordagem terapêutica”, que tem como
objetivo testa a efetividade de um novo aparelho em crianças que fazem xixi na cama. Vocês
participarão do estudo por, no máximo, 06 (seis) meses, utilizando este aparelho em casa,
todas as noites, e seguindo as orientações alimentares e comportamentais. Vocês treinarão
conosco como utilizá-lo e voltarão ao ambulatório do CEDIMI uma vez por semana, com as
anotações sobre o comportamento da criança em relação ao xixi na cama. Toda noite, você
deverá colocar dois adesivos próximos às nádegas da criança (como treinado com o
terapeuta), colocar o sensor de umidade por dentro da roupa íntima dela e ligar o aparelho.
Quando ela começar a urinar dormindo, o aparelho vai estimular a região dos adesivos,
interrompendo o xixi, e, se o aparelho não for desligado, 20 segundos depois soará o alarme
para tentar acordar a criança. É extremamente importante que ela termine de urinar no vaso
sanitário. Nós emprestaremos a vocês o aparelho e seus acessórios e lhes daremos um guia
passo-a-passo, um diário noturno e um diário sol/chuva a serem preenchidos diariamente. Ao
final do tratamento, vocês deverão devolver o aparelho ao CEDIMI. Vocês não pagarão nada
para participar deste estudo, assim como não receberão nenhuma ajuda em dinheiro. A
qualquer momento, vocês podem parar de participar do estudo, sem que isso lhes traga
nenhum prejuízo; vocês poderão continuar sendo atendidos no CEDIMI normalmente. Para
qualquer outro esclarecimento, pode perguntar aos pesquisadores e/ou se dirigir ao Comitê de
Ética em Pesquisa da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Fundação Bahiana para
Desenvolvimento das Ciências, na Av. Dom João VI, 275, Pavilhão II, 2º andar, Brotas, CEP
40.9000-000, Salvador-BA, telefone 3276-8200.
Após ter lido e esclarecido minhas dúvidas, aceito participar do estudo.
Nome do pesquisador e telefone: Alcina Teles 71 8201-0088
Assinatura do pesquisador: _____________________________________________
Nome do responsável: _________________________________________________
Assinatura do responsável: _____________________________________________
Nome da criança: _____________________________________________________
Impressão digital do responsável
47
ANEXO 3 - Ofício do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Fundação Bahiana para
Desenvolvimento da Ciência, aprovando a investigação.
49
ANEXO 5: Certificado de apresentação de pôster no VI Encontro Nordestino de Fisioterapia
na Saúde da Mulher.
50
ANEXO 6: Certificado de apresentação de pôster no I Congresso Internacional de Fisioterapia
Pélvica.
55
ANEXO 11: Certificado de apresentação oral no VII Encontro Nordestino de Fisioterapia na
Saúde da Mulher.
56
ANEXO 12: Certificado de premiação de 3º lugar na apresentação de tema livre no VII
Encontro Nordestino de Fisioterapia na Saúde da Mulher.
58
ANEXO 14: Comprovante de Submissão de Artigo Científico.
Título: A new device and a new concept for treating nocturnal enuresis. The preliminary
results of a phase one study.
Periódico: Journal of Paediatric Urology
Situação: submetido em 22/02/2014
59
ANEXO 15: Publicação de Artigo Científico
Título: Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea na Dismenorreia Primária: uma revisão
sistemática.
Periódico: Revista Pesquisa em Fisioterapia
Situação: publicado na edição de abril de 2014