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ELEANE APARECIDA DE SOUZA
O CONSELHO DE CLASSE E O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM
APUCARANA - PARANÁ
2012
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O CONSELHO DE CLASSE E O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM
1Autora: Eleane Aparecida de Souza 2Orientador: Prof. Edmilson Lenardão
Resumo
Este artigo contém a descrição de um trabalho desenvolvido no Colégio Estadual Polivalente de Apucarana, por meio de Grupo de Estudos, envolvendo professores da Rede Pública Estadual, do Ensino Fundamental e Médio, Pedagogos e Gestores, com o objetivo de refletir sobre a prática pedagógica e a finalidade do Conselho de Classe, levando-se em conta que este é o momento de se discutir coletivamente os resultados obtidos e até onde essa retomada tem promovido o desencadeamento de novas ações, visando à efetivação da aprendizagem. Para isso, foram utilizados textos de vários autores que possibilitaram o aprofundamento teórico acerca dos aspectos fundamentais para a concretização de uma proposta de Conselho de Classe com princípios mais democráticos, que possa efetivamente auxiliar no processo ensino e aprendizagem.
Palavras-chave: Gestão Democrática; Avaliação da Aprendizagem; Conselho de Classe.
1Professora Pedagoga da Rede Pública Estadual do Paraná. Pós-graduada em Didática e Metodologia do Ensino. Participante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE – Apucarana - PR, vinculada à Universidade Estadual de Londrina – Paraná. 2 Orientador, Graduado em Pedagogia, Mestre em Educação e Professor do Departamento de Educação da Universidade Estadual de Londrina - PR.
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1 Introdução
O presente artigo é parte das atividades do PDE - Programa de
Desenvolvimento Educacional, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná,
que tem como objetivo a formação continuada dos professores em parceria com as
Instituições Públicas de Ensino Superior.
O tema O Conselho de Classe e o Processo de Ensino e Aprendizagem
partiu da necessidade de se possibilitar estudos e discussões à comunidade escolar,
tendo em vista os questionamentos frequentes acerca desse órgão colegiado, que
representa a gestão democrática, sendo o responsável pelo acompanhamento e
avaliação do processo educacional no interior da escola.
A busca por uma gestão escolar pautada nos princípios democráticos tem
sido constante nas escolas públicas do Estado do Paraná, o que pressupõe a
participação coletiva no processo de tomada de decisões, a formação da cidadania
para a autonomia e posicionamentos críticos diante da realidade que se apresenta.
Nessa perspectiva o trabalho desenvolvido buscou, por meio de Grupo de
Estudos, envolvendo Professores do Ensino Fundamental e Médio, Pedagogos e
Gestores, oferecer fundamentação teórica sobre a gestão democrática e a avaliação
da aprendizagem, com o objetivo de refletir sobre a prática pedagógica e a finalidade
do Conselho de Classe, visto como um momento de discussão coletiva e de
articulação de ações e encaminhamentos, que visam reavaliar e nortear a ação
pedagógica e refletir a respeito da função social da escola e suas formas de
concretizar os objetivos, na busca de um aprendizado significativo e crítico. Essa
reflexão acerca dos resultados alcançados deve ser contínua.
2 Aspectos teóricos
A LDB 9394/96 em seu artigo 3º, inciso VIII ampara as ações
educacionais sistematizadas nos princípios da gestão democrática. Partindo deste
princípio, repensar a prática do Conselho de Classe, pressupõe o envolvimento de
toda a comunidade escolar, atuando de forma consciente de suas responsabilidades
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no processo de busca por um ensino de qualidade. A construção do Projeto Político
Pedagógico é o começo de uma atividade coletiva, pois é o instrumento que define
o “ser” da escola, a sua identidade, o modelo pedagógico que é aplicado, o perfil do
aluno que deseja formar, as estratégias de ensino e de avaliação, contemplando a
diversidade em todos os seus aspectos.
Na elaboração do Projeto Político Pedagógico, instrumento de construção
coletiva e eixo norteador da ação educativa, deve-se definir que tipo de educação se
deseja instituir, conforme assinala Veiga (1996, p.157):
[...] a primeira ação que me parece fundamental para nortear a organização do trabalho é a construção do projeto pedagógico assentado na concepção de sociedade, educação e escola que vise a emancipação humana. Ao ser claramente delineado, discutido e assumido coletivamente, ele se constitui como processo. E, ao se constituir como processo, o projeto político pedagógico reforça o trabalho integrado e organizado da equipe escolar, enaltecendo sua função primordial de coordenar a ação educativa para que ela atinja o seu objetivo político-pedagógico.
Saviani (1991) reforça a necessidade de se adotar a pedagogia crítica
como princípio teórico que dará direção ao pensar e ao fazer pedagógico. Assim
define a teoria crítica:
Uma pedagogia articulada com os interesses populares valorizará, pois, a escola: não será indiferente ao que ocorre no seu interior; estará empenhada em que a escola funcione bem; portanto, estará interessada em métodos e ensino eficazes. [...] favorecerão o diálogo dos alunos entre si e com o professor mas, sem deixar de valorizar o diálogo com a cultura acumulada historicamente. (SAVIANI, 1991, p. 79).
O Conselho de Classe, nesse contexto, pressupõe a discussão pelo
grupo, das dificuldades existentes, a valorização das diferenças e que se
estabeleçam estratégias de ação a serem desenvolvidas por todos.
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Acredita-se que o compartilhar em convergência e sintonia permitirá a compreensão do processo de produção do conhecimento sobre a relação pedagógica e, conseqüentemente, ações educativas mais efetivas. (DALBEN, 2004, p.78).
Como descrito no Regimento Escolar do Colégio Estadual Polivalente de
Apucarana:
O Conselho de Classe é órgão colegiado de natureza consultiva e deliberativa em assuntos didático-pedagógicos, fundamentado no Projeto Político-Pedagógico da escola, com a responsabilidade de analisar as ações educacionais, indicando alternativas que busquem garantir a efetivação do processo ensino e aprendizagem.
O Conselho de Classe faz parte do processo de gestão político-
pedagógica da escola, por meio do seu eixo central, que é a avaliação do processo
de ensino e aprendizagem, devendo fazer parte do plano de ação do gestor como
estratégia de organização e busca pela melhoria da qualidade de ensino.
Ao Conselho de Classe, enquanto processo auxiliar de aprendizagem
cabe refletir a respeito da ação pedagógico-educativa, verificar se os objetivos,
processos, conteúdos, procedimentos metodológicos avaliativos e relações
estabelecidas na ação pedagógico-educativa estão coerentes com o referencial de
trabalho pedagógico, sendo uma forma de avaliação e de controle da realização da
proposta pedagógica.
Vasconcellos afirma que:
Os conselhos de classe podem ser importantes estratégias na busca de alternativas para a superação dos problemas pedagógicos, comunitários e administrativos da escola. São organizados em reuniões durante o ano onde devem participar na medida do possível todos os membros da comunidade escolar (professores, equipe pedagógica, direção, representantes de alunos e pais) a fim de ter uma visão do conjunto e o seu enfoque principal deve ser o processo educativo. Nessa reunião devem ser
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avaliados todos os aspectos da escola e não apenas os que dizem respeito aos alunos. As decisões tomadas devem ser registradas e avaliadas no conselho de classe seguinte. (2005, p.92-93).
Libâneo (2004, p. 303) assim define Conselho de Classe:
O conselho de classe é um órgão colegiado composto pelos professores da classe, por representantes dos alunos e em alguns casos, dos pais. É a instância que permite acompanhamento dos alunos visando a um conhecimento mais minucioso da turma e de cada um e análise do desempenho do professor com base nos resultados alcançados. Tem a responsabilidade de formular propostas referentes à ação educativa, facilitar e ampliar as relações mútuas entre os professores, pais e alunos, e incentivar projetos de investigação.
Atualmente, no Estado do Paraná a Deliberação 16/99 do CEE, normatiza
o Conselho de Classe presente nos estabelecimentos de ensino. Assim estabelece:
Art. 30 – O Conselho de Classe é um órgão colegiado de natureza consultiva e deliberativa em assuntos didático- pedagógicos, com atuação restrita a cada classe, tendo por objetivo avaliar o processo ensino-aprendizagem na relação professor-aluno e os procedimentos adequados a cada caso. Art.31 – O Conselho de Classe tem por finalidade: - estudar e interpretar os dados da aprendizagem, na sua relação com o trabalho do professor, na direção do processo ensino-aprendizagem proposto pelo plano curricular; - acompanhar e aperfeiçoar o processo de aprendizagem dos alunos, bem como diagnosticar seus resultados e atribuir-lhes valor; - analisar os resultados da aprendizagem na relação com o desempenho da turma, com a organização dos conteúdos e com o encaminhamento metodológico; - utilizar procedimentos que assegurem a comparação com parâmetros indicados pelos conteúdos necessários de ensino, evitando a comparação dos alunos entre si;
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- responder a consultas feitas sobre assuntos didáticos - pedagógicos, restritas a cada turma deste estabelecimento de ensino; Art.32- O Conselho de Classe é constituído pelo Diretor, pela Coordenação Pedagógica e por todos os Professores que atuam na mesma classe.
A prática do Conselho de Classe está atrelada à concepção que
Professores, Gestores e Equipe Pedagógica têm de avaliação, bem como a de
processo educacional. Essa concepção deve estar muito clara para todos os
envolvidos, para que esse momento coletivo não seja utilizado como instrumento de
análise exclusiva do aluno. Paro (2001) fala sobre a importância da constante
avaliação do processo ensino-aprendizagem:
Em educação, é pela realização de um bom processo que se podem aumentar as probabilidades de realização de um bom produto; daí a importância constante e adequada avaliação desse processo. (p.39) (...) a razão de ser da avaliação educativa não é a classificação ou a retenção de alunos, mas a identificação do estágio de compreensão e assimilação do saber pelo educando, junto com as dificuldades que este encontra, bem como fatores que determinam tais dificuldades com vista à adoção de medidas corretivas de ação. (p.40)
Para avaliar é preciso que o professor tenha clareza dos objetivos que
pretende atingir ao ensinar determinado conteúdo, que ao escolher o instrumento a
ser utilizado tenha bem definido que critérios serão observados ao analisar os
resultados obtidos. Esse processo exige que o plano de trabalho docente do
professor esteja articulado à proposta curricular da disciplina e o projeto político
pedagógico da escola.
Vasconcellos (2005, p.56) justifica a importância da clareza dos objetivos
ao ensinar determinado conteúdo:
Um posicionamento fundamental quando se fala de avaliação é relativamente aos objetivos da educação escolar, pois deles é que
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derivarão os critérios de análise do aproveitamento. A avaliação escolar está relacionada a uma concepção de homem, de sociedade (que tipo de homem e de sociedade queremos formar), ao Projeto Pedagógico da Instituição. É justamente aqui que encontramos uma distorção: de modo geral, não se percebe a discrepância entre a proposta de educação e a prática efetiva. Em parte, isto ocorre em função de uma prática de planejamento meramente formal, levando a que os professores simplesmente “esqueçam” quais foram os objetivos propostos. Temos que superar esta contradição através da reflexão crítica e coletiva sobre esta prática.
Avaliar o processo de ensino e aprendizagem não requer uma aplicação
restrita somente ao aluno. Numa perspectiva de gestão democrática, todos os
envolvidos no processo devem ser avaliados e as mudanças necessárias devem ser
discutidas no coletivo.
No Paraná, a Deliberação 16/99, do Conselho Estadual de Educação,
assim prescreve: “Art. 4º - A comunidade escolar é o conjunto constituído pelo corpo
docente e discente, pais de alunos, funcionários e especialistas, todos protagonistas
da ação educativa em cada estabelecimento de ensino”.
O Conselho de Classe momento de avaliação do processo de ensino e
aprendizagem, também tem como atribuição propor a retomada de conteúdos
essenciais, mudanças de estratégias metodológicas e do processo de avaliação,
quando necessário. O aluno deve ser sempre o foco no processo, porém o
professor ao avaliar o aluno também se autoavalia.
O Conselho de Classe, visto como espaço de reflexão sobre a prática
pedagógica, requer de todos os envolvidos o comprometimento com a melhoria da
aprendizagem, pois dessa forma torna-se um momento de rever as práticas
avaliativas e o fazer pedagógico, possibilitando o surgimento de estratégias
inovadoras visando à superação dos problemas existentes. Importante ressaltar
que, quando as ações são traçadas no coletivo, todos passam a ser responsáveis
pela aplicação, cada qual na sua função.
Esse processo amplo e complexo envolve mudanças de atitude,
desconstrução de muitas práticas e, acima de tudo, compromisso com os aspectos
pedagógicos. Outrossim, é importante refletir e repensar os modelos de Conselhos
de Classe que se resumem à análise de dados quantitativos em que as estratégias
utilizadas ao final das discussões se limitam a uma relação de alunos a serem
convocados pela coordenação, face ao baixo desempenho. Nesse processo, é
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comum a constatação de que os alunos citados nos conselhos realizados ao final de
cada bimestre por apresentarem dificuldades de aprendizagem são os mesmos
que, no Conselho de Classe Final, têm como resultado a reprovação. Dalben
contribui:
O que busca, quando se discute a transformação da escola, é um novo posicionamento diante do conhecimento produzido no decorrer dos processos de avaliação de modo a ajudar o aluno a aprender mais. Busca-se um novo espaço escolar, com novas relações estabelecidas entre gestores, professores, alunos e comunidade em geral, que favoreçam um processo de formação coletiva, construído com base na interação e no diálogo entre sujeito e o conhecimento da própria dinâmica escolar. (2008, p. 70).
3 Relato da Experiência
A proposta foi desenvolvida no Colégio Estadual Polivalente de
Apucarana, no período de setembro a dezembro de 2011, na forma de Grupo de
Estudos, perfazendo um total de 64 (sessenta e quatro horas), entre atividades
teóricas e práticas.
De acordo com os estudos realizados, a proposta de intervenção
pedagógica pretendia ofertar fundamentação teórica aos Pedagogos, Professores e
Gestores a respeito dos aspectos fundamentais para a compreensão do processo
educacional: a prática pedagógica, a avaliação da aprendizagem e o processo de
Conselho de Classe visto como um espaço interdisciplinar de reflexão, discussão,
estudo e tomada de decisão acerca do trabalho pedagógico desenvolvido na escola.
Para a efetivação dos estudos, foram organizados encontros aos
sábados, com duração de quatro horas cada, assim desenvolvidos:
1. Na abertura tivemos a oportunidade de contar com a presença do
Orientador deste trabalho, Prof. Edmilson Lenardão, que proferiu palestra sob o
tema: “Função Social da Escola”, com o objetivo de motivar os professores e reforçar
o compromisso e responsabilidade da escola em transmitir o conhecimento
científico.
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2. Levantamento de concepções de avaliação e Conselho de Classe
apresentadas pelo grupo em discussão sobre as práticas existentes nas escolas
onde atuam. Observou-se que, apesar desse tema ser muito discutido nos encontros
de formação continuada e dos esforços da Equipe Pedagógica em encaminhar
discussões além dos aspectos comportamentais, o momento do Conselho de Classe
e da avaliação da aprendizagem ainda são vistos exclusivamente como instrumentos
de análise dos alunos.
3. Partindo dessa discussão, foram selecionados textos que
oportunizaram discussão sobre a gestão democrática, reforçando a importância do
envolvimento do coletivo na busca por um ensino de qualidade.
Um dos textos discutidos foi “A utopia da gestão escolar democrática”
(Paro, 2008), que possibilitou refletir sobre a transformação do sistema de
autoridade e a distribuição do trabalho no interior da escola. A atuação das
instâncias colegiadas na articulação com os interesses da comunidade escolar. A
participação da comunidade escolar na tomada de decisões deve ser gradativa,
consciente, refletindo a respeito dos obstáculos encontrados e buscando novos
caminhos de concretização dos objetivos.
Observou-se no grupo que a escola avançou muito nesse sentido, mas a
atuação do Conselho Escolar na tomada de decisões se limita às questões de
estrutura física, na aprovação de projetos e programas e cursos técnicos ofertados
pela SEED. Outra instância presente na escola é o Grêmio Estudantil que, apesar
dos avanços, quase sempre está voltado para a promoção de eventos que buscam a
socialização e o lazer.
4. A avaliação da aprendizagem deve ser vista como centro do processo
de Conselho de Classe. A prática do Conselho de Classe está atrelada à concepção
que Professores, Gestores e Equipe Pedagógica tem de avaliação, bem como a de
processo educacional. Muito se discute sobre a avaliação e ainda podemos
considerá-la um entrave no interior da escola. Nesse momento, não poderia deixar
de ser o tema mais abordado nas discussões. Foram quatro textos lidos pelo grupo,
nas atividades presenciais e a distância, contemplando vários autores: Luckesi,
Vasconcellos, Veiga e Dalben. Também foram apresentados vídeos com recortes de
filmes, experiências positivas de escolas da rede pública e privada.
Ao refletirmos sobre as práticas de avaliação, ainda observamos um
despreparo de grande parte dos professores e a necessidade de estudos sobre o
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tema, para melhorar a atuação em sala de aula. É muito grande a rotatividade de
Professores e, por mais que a Equipe Pedagógica se empenhe no sentido de
orientá-los, muitos ainda apresentam dificuldades quanto:
-Desconhecimento do PPP da escola, por estarem de passagem,
substituindo outro professor e não terem participado do processo de construção;
- Alguns apresentam dificuldades em organizar o seu Plano de Trabalho
Docente e definir critérios de avaliação para cada conteúdo trabalhado, acabam
copiando de outros professores da mesma disciplina para entregar para a
coordenação, e não o utilizam para organizar a prática em sala de aula;
Devido à grande rotatividade de professores e à necessidade de
diversificação de instrumentos no processo de avaliação da aprendizagem, apesar
de contraditório aos estudos apresentados, a escola, após discussão com os
professores, optou por utilizar um sistema de avaliação padrão para todos os cursos,
na tentativa de aproximação de uma avaliação processual. A nota é dividida em
duas partes: avaliação diversificada valor 5,0 (o professor deve dividir em no mínimo
dois instrumentos diferentes) e a prova com valor 5,0 aplicada no final do bimestre,
intercalando 1º e 3º bimestres com questões discursivas e 2º e 4º bimestres com
questões objetivas. Há um acompanhamento das pedagogas no sentido de orientar
os professores quanto à elaboração desses instrumentos de avaliação.
Durante as discussões com o grupo, no sentido de avaliar este sistema
adotado pela escola, observou-se que a maioria o aprova, porém encontra
dificuldades quanto ao processo de recuperação dos conteúdos. Para os
Professores, o tempo é insuficiente para garantir a retomada de conteúdos sempre
que necessário e muitas vezes essa prática se resume à aplicação de outra prova.
A concepção de avaliação, como instrumento de acompanhamento do
estágio de compreensão em que o aluno se encontra, é de conhecimento do grupo.
Sabe-se também que a avaliação deve ser contínua e processual, servindo como
ponto de partida para as intervenções necessárias a garantir uma aprendizagem
significativa. Porém há uma angústia por parte dos professores que devido ao
desinteresse de muitos alunos pelas aulas e apesar dos esforços em diversificar a
prática pedagógica, não conseguem atingir os resultados esperados.
Vasconcellos (2005) traz algumas linhas de ação para uma avaliação
processual que foram destacadas pelos professores: usar as atividades de sala de
aula como instrumentos de avaliação; superar calendários de prova; diversificar os
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instrumentos utilizados; elaborar instrumentos dando opção de escolha de questões
por parte do aluno; estabelecer critérios de avaliação, pois o aluno deve saber o que
vai ser exigido dele; não vincular reuniões de pais à entrega de notas, aproveitar
esses momentos para formação dos pais.
Ao pensar numa proposta de Conselho de Classe que contemple a
participação de todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem foram
lidos alguns textos e durante as discussões alguns pontos foram observados:
- Para muitos professores, a condição de ter sua prática pedagógica
avaliada incomoda muito, é como se o seu “poder” fosse ameaçado;
- Alguns professores afirmam que o aluno não tem maturidade para
avaliar o processo;
- Há também os professores que se sentem preparados, seguros para
participar do processo e ter sua prática avaliada, ficando abertos a mudanças
necessárias para melhorar a aprendizagem dos alunos.
- A troca de experiências sobre as práticas realizadas pelos professores;
No quinto encontro do processo de implementação, tivemos a
oportunidade de contar com a presença da Profª. Rosangela Volpato (UEL), que
contribuiu muito ao discutir o tema Ética e Educação, levando-nos a refletir sobre
autonomia e liberdade em nossas ações.
4 Considerações Finais
Refletir sobre avaliação e Conselho de Classe é relevante e tende a ser
um tema inesgotável, uma vez que não conseguiremos sanar as dificuldades
existentes na escola que interferem na aprendizagem dos alunos.
A reflexão é uma tentativa de superar os obstáculos para que a educação
se aproxime de seu objetivo, que é melhorar os resultados do processo de ensino e
aprendizagem.
Com persistência e compromisso com a qualidade do nosso trabalho
conseguimos alguns avanços, mas ainda temos muito a caminhar. Precisamos de
mudanças de concepção e referência teórica por parte dos Professores, Equipe
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Gestora e Pedagógica, bem como maior receptividade desses profissionais em
buscar novas práticas, quando necessário.
É preciso que o professor conscientize-se da responsabilidade que tem,
pois quando entra na sala de aula é lá que deve fazer as ações propostas serem
efetivadas, apesar das dificuldades que enfrentamos (número de aulas insuficiente,
classes numerosas, ausência da família, violência, etc.). Quando todos estão
envolvidos no processo, cada qual atuando com responsabilidade na função que
desempenha, nos fortalecemos. Precisamos encontrar estratégias para envolver a
família nesse processo e aumentar o comprometimento do aluno com o seu
desempenho.
Oportunizar momentos de estudo e discussão acerca de temas que
norteiam a prática pedagógica é sempre válido entre os profissionais da educação. A
troca de experiências contribui para uma atuação profissional mais qualificada.
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Referências
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