ele foi e é o nosso adelino

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Testemunhos em homenagem a Adelino Amaro da Costa.

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ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Capa: Fotografia e título da primeira página da Folha do CDS, edição

especial de Dezembro de 1980.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Nota editorial

No ano em que o CDS-PP comemora os 40 anos,

tantos quantos tem a democracia em que vivemos,

faz sentido relembrar os que lutaram e se

entregaram para o fortalecimento dos seus

alicerces. Uma dessas pessoas inevitavelmente foi

o Engº. Adelino Amaro da Costa.

Há 34 anos atrás, aquele que para muitos

representava a esperança e a força do CDS

entregava a sua vida na tragédia de Camarate,

juntamente com Francisco Sá Carneiro e todos os

que os acompanhavam naquele avião. Adelino

marcou incontornavelmente uma geração e

alimentou ideários futuros.

Logo após essa fatídica noite de Dezembro de

1980, a folha do CDS fez uma edição especial

recolhendo testemunhos de personalidades suas

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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contemporâneas, que viveram e compreenderam de

maneira diversa Amaro da Costa. Da iniciativa

resultou um documento único revelador do seu

forte e vincado carácter, numa “homenagem

sentida” por todos aqueles que deram o seu

contributo.

Ao reeditar a publicação, da responsabilidade do

Departamento de Opinião Pública (DOP) do CDS,

quisemos perpetuar esses testemunhos para que não

se perdessem no tempo. Tentou-se por isso ser o

mais fiel possível ao documento original, editado

em formato de jornal, apresentando já alguns sinais

de degradação. A opção pela edição eletrónica

pareceu-nos a melhor forma de divulgar e guardar

para memória futura esses “testemunhos”.

Queria agradecer o apoio a todos os que se

envolveram neste projecto, nomeadamente o

António Miguel Lopes, André de Soure Dores,

António Reis Faria e Alexandra Benitez no apoio

que deram na edição, composição e revisão dos

textos.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Espero que apreciem e disfrutem de um documento

único que pretende prestar homenagem a um

grande homem que “foi e é o nosso Adelino”.

Nuno Serra Pereira

Editor e coordenador da 2ª Edição. (Dezembro de 2014)

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Excerto da Intervenção em

homenagem a Adelino Amaro da

Costa1

Paulo Portas Presidente do CDS-PP

Eu não faço parte da geração que conviveu

pessoalmente com o Engº. Adelino Amaro da

Costa, mas faço parte da geração que aprendeu a

gostar de política, no sentido de serviço nobre a

uma causa, com o Engº. Adelino Amaro da Costa.

É uma honra muito grande presidir a um Partido

que teve entre os seus fundadores vitais o Engº.

Adelino Amaro da Costa. No percurso destes

quarenta anos, eu lembro sempre que,

independentemente das mudanças e oscilações, é

1 Sessão evocativa de Adelino Amaro da Costa, na sede do IDL no dia 07/12/2012.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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ao conjunto dos fundadores do CDS que nós

devemos a existência do CDS.

É ao núcleo duro desses fundadores que nós

devemos a resistência contra os que queriam

eliminar o CDS. Não tendo convivido

pessoalmente, para além do cumprimento furtivo,

da admiração de um jovem como muitos outros por

um extraordinário dirigente político, eu queria

apenas dizer aqui hoje aquilo que no CDS se diz e

se pensa sobre o Engº. Amaro da Costa, seja qual

for a geração e seja qual for a perspectiva.

O Engº. Amaro da Costa é recordado como um

militante de extraordinária proximidade com os

outros. Ele viveu um tempo em que a política tinha

muitos riscos, incluindo riscos de vida. E nunca a

circunstância da importância que ele tinha - dizem

todos os militantes que o conheceram - lhe deu

qualquer espécie de arrogância perante os outros e,

pelo contrário, o Eng. Amaro da Costa era um

homem de uma extraordinária proximidade - e eu já

ouvi contar histórias absolutamente extraordinárias

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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e verdadeiras sobre a sua disponibilidade para os

outros e para os outros que não conhecia.

Esta é a primeira característica que eu gostava de

lembrar. Ele era fundador. Era o número dois

porque queria ser o número dois. E era de uma

enorme simplicidade e proximidade, como são os

homens grandes e as almas maiores.

A segunda forma como ele é recordado é como

dirigente. Como é normal na vida de um partido

democrático, há sempre sensibilidades, há sempre

diferenças que são democraticamente resolvidas

pela forma adequada. Foi sempre um político

unificador no Partido e acho que sempre contribuiu

para diminuir as divergências e aumentar as

convergências. Ele é recordado como um homem

de união do Partido.

O terceiro elemento que eu considero essencial é

lembrá-lo como muito provavelmente os seus

adversários o lembram e respeitam: Amaro da

Costa, porventura um dos maiores estrategos

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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políticos que o sistema democrático português

conheceu.

Foi em grande medida Adelino Amaro da Costa

que concebeu e ajudou a traduzir a estratégia do

CDS, um Partido que a facção sectária da

Revolução queria ilegalizar: o Partido que teve a

coragem de votar contra uma constituição

socialista. Foi o Engº. Amaro da Costa que ajudou

a conceber a estratégia de como é que um Partido

que tinha esta firmeza podia ser reconhecido e

aceite como um dos partidos de Governo para o

futuro de Portugal. E foi ele que concebeu a então

pouco compreendida aliança, em circunstâncias de

emergência nacional, que, aliás, foi breve e

precária, quando o CDS esteve pela primeira vez

no Governo. E hoje, muitos anos passados, toda a

gente percebe que esse foi o selo de legitimação de

que o CDS precisava para ser um dos partidos de

Governo.

O Engº. Amaro da Costa foi essencial a conceber a

ideia de que Portugal era governável sem a

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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esquerda, e, se necessário, contra a esquerda,

através da aliança entre o CDS e o PSD, formando

uma frente para reformar o País e o livrar de

perigos maiores. E essa ideia, comungada por Sá

Carneiro e Freitas do Amaral - é preciso,

evidentemente, salientá-lo e reconhecê-lo -,

transformou completamente a vida política a partir

de 1979.

Lembro também Amaro da Costa, o parlamentar,

porventura um dos mais brilhantes parlamentares

que o País conheceu. A alegria, a humanidade, a

ironia, a inteligência, a resposta pronta, a

capacidade de admitir as ideias dos outros, a

argumentação sólida - num tempo em que muitas

vezes não se usava gravata no Parlamento, e ainda

se fumava no Plenário, e onde a Assembleia da

República corria o risco de dia sim dia não estar

cercada, porque havia sempre gente que achava que

tinha mais poder e autoridade do que autoridade e o

poder que o povo tinha dado àqueles que lá

estavam.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Amaro da Costa, se quiserem, o doutrinário,

manifestamente um homem confortável com uma

ideia social cristã da vida, do País e do mundo, para

quem valores como a liberdade de educação - a que

ele dedicou muito tempo -, a liberdade de escolha -

a que ele dedicou muita energia -, a empresa e a

família - a que ele entregava muita convicção -, a

tolerância e o saber vencer os outros por termos

melhores ideias, sem precisar de ofender quem quer

que seja, são marcas que ficaram para sempre do

Engº. Amaro da Costa.

Ilustração 1 - 24 de Outubro de 79 – Conferência de imprensa para apresentação do programa da A.D. Amaro da Costa, Freitas do Amaral e Sá

Carneiro, três pedras basilares do espírito que nos uniu.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Índice O colaborador directo ...................................................... 14

Instituto Adelino Amaro da Costa .................................... 21

Homenagem da Assembleia da República a Adelino Amaro

da Costa ........................................................................... 22

Sindicato dos Jornalistas .................................................. 28

Perda irreparável ............................................................. 30

Homem de Fé ................................................................... 36

Tive o privilégio de aprender com Amaro da Costa ......... 41

Um homem muito próximo de cada um de nós .............. 44

Fazia-nos esquecer os aborrecimentos............................ 48

Manteve-se sem mácula no sujo mundo da política ....... 52

Na morte de um vencedor ............................................... 56

Obrigado Adelino! ............................................................ 62

Homem Grande ................................................................ 67

O seu trabalho será continuado....................................... 72

Exemplo vivo para todos nós ........................................... 75

Indicava-nos por onde ir .................................................. 80

Não teria havido CDS sem ele .......................................... 81

Simplicidade cristã ........................................................... 84

Um grande amigo............................................................. 87

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Aplauso e incentivo para a Juventude ............................. 94

Exemplo do Adelino triunfará .......................................... 97

Deus Quer o homem sonha, a obra nasce ..................... 101

Gostaria de ser igual a Amaro da Costa ......................... 103

O arquitecto discreto ..................................................... 106

Quem era Manucha? ..................................................... 111

Uma Homenagem … ...................................................... 113

A voz dos outros ............................................................. 115

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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O colaborador directo Diogo Freitas do Amaral

(Editorial)

Conheci o Adelino Amaro da Costa, em 1967,

quando entrámos na Marinha para aí prestarmos o

nosso serviço militar. Foi aí que se criou, entre nós,

uma forte amizade que nunca mais deixou de

existir.

Pode mesmo dizer-se que foi nesse ano de 1967

que o CDS, que um partido centrista, democrata-

cristão, europeu, moderado e personalista, começou

a nascer.

Sete anos ainda faltavam para o dia 19 de Julho de

1974, em que um conjunto de determinado de

fundadores contraiu a responsabilidade de lançar o

Centro Democrático Social.

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Mas foi a partir daquele ano de 1967, num contacto

permanente que nunca deixámos de manter, que

foram ganhando corpo as ideias e o espírito que

haviam, depois, de enraizar o nosso partido.

Amigos na Marinha, nunca mais deixámos de nos

reunir regularmente, convivendo com amizade, mas

analisando também a evolução política de Portugal,

comungando das mesmas apreensões quanto ao

futuro, debatendo questões universitárias do nosso

tempo.

Assim formámos e consolidámos a nossa

solidariedade profunda e fomos alargando, a pouco

e pouco, um grupo de amigos que vieram, mais

tarde, alargando-se mais ainda, a construir os

primeiros fundamentos do CDS.

Foi um contacto longo e permanente, marcado

também pelo jornal universitário TEMPO, que o

Adelino dirigia e que igualmente pude colaborar.

Depois … depois, em 1974, foi a hora do CDS. E

muito do que, então formámos, encontramos

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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justamente em textos do Adelino Amaro da Costa,

quer em três artigos magistrais que, então, escreveu

no “Diário Popular”, quer sobretudo na nossa

própria Declaração de Princípios, de que ele foi o

redactor e para cuja leitura chamo de novo a

atenção.

Aí encontramos, afinal aquela que era uma das

características mais conhecidas do Adelino. O

Homem de doutrina e de síntese política, capaz de

resumir, em cada momento, com o maior rigor,

aquilo que, na verdade, importava ser dito e

merecia ser sublinhado. Uma característica que

marcou toda a sua vida política e que todos nele

apreciávamos, quando redigia comunicados,

manifestos, documentos de orientação, que são

outros tantos marcos relevantes da evolução

política do CDS, na Aliança Democrática e do País.

O Adelino era, porém, muito mais que isso. O meu

“braço-direito”, colaborador permanente e directo

de todos os momentos, porque nos unia, além de

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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uma amizade total, uma inteira solidariedade e

identificação política.

Ele foi, sem dúvida, ao longo de todos estes anos,

que não posso deixar de recordar com mágoa e

saudade, o meu apoio principal. Um organizador

imaginativo, um militante empenhado, um

estratega notável, um ânimo persistente e alegre,

uma vontade determinada de alcançar o objectivo.

Nestas ironias que o destino tem, é curioso como o

conheci ligado à vida militar, em serviço na

Reserva Naval e todos o perdemos, de novo ligado

à instituição militar – servindo agora como

Ministro da Defesa Nacional.

E este, que foi o último posto da sua rápida e

brilhante carreira política, é o posto de que nos fica

a memória e que muito serve, aliás, para

recordarmos a sua inteligência, a sua capacidade, o

seu enorme sentido político.

Ao primeiro ministro civil da Defesa Nacional, em

governos constitucionais, ficam o País, as Forças

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Armadas e a democracia a dever serviços

assinaláveis.

Quando assumiu essas funções, muitos punham

alguma desconfiança no bom êxito da sua missão.

Era um civil, as Forças Armadas não estavam na

dependência do Governo e tratava-se justamente de

preparar o terreno para esse futuro de normalização

democrática.

Mas o facto é que o Adelino o conseguiu, não se

perturbando sequer, nem deixando que o seu

trabalho fosse minimamente perturbado por um

clima desagradável de “conflito institucional” que

se desenvolveu e tornava ainda mais delicada e

espinhosa a sua tarefa.

Na verdade, conseguiu. Desenvolveu uma política

de respeito profundo pela instituição militar,

lançando as bases legislativas da orgânica futura do

Ministério da Defesa Nacional, ultimando a lei da

Defesa a propor ao Parlamento, orientando a

racionalização dos métodos de colaboração do

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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orçamento das Forças Armadas – preparando em

tudo, com uma capacidade e um senso político

notáveis, o caminho em que, num quadro

democrático normal, as Forças Armadas venham a

inserir-se na dependência do Governo.

E também no plano internacional, nas relações com

os outros países da Aliança Atlântica, os progressos

que conseguiu foram assinaláveis, confirmando um

singular sentido estratégico no crítico momento

internacional dos nossos dias, como a participação

pela primeira vez em Portugal nas reuniões do

NPG 2 e a aceitação para o nosso País da

presidência do EUROGRUPO bem demonstram.

Essa presidência, que muito honra Portugal, está

ainda disponível para Portugal vir a assumi-la –

numa atitude que homenageia certamente o

Ministro Amaro da Costa, a que se destinava e que

a assumiria precisamente apenas quatro dias depois

do trágico acidente em que veio a morrer.

2 Grupo de Planeamento Nuclear (da NATO).

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Dirigente dedicado, parlamentar brilhante,

governante competente e atento – todos, assim, o

ficámos a conhecer e admirar no País. Porém, a

mim, coube-me, além de tudo isso, privilégio

único: o de conhecer como colaborador directo e

imediato e de com ele privar como amigo – e quase

mesmo como um irmão.

Ilustração 2 - Amaro da Costa um dos principais fundadores do CDS integra o grupo de personalidades que a 13 de Janeiro de 1975 apresentou no Supremo Tribunal de Justiça, mais de seis mil e duzentas assinaturas para a

legalização do Partido.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Instituto Adelino Amaro da Costa

O Instituto Democracia e Liberdade, ligado ao

CDS, passou a designar-se por Instituto Adelino

Amaro da Costa, por decisão do respectivo

Concelho Directivo, ao aprovar por unanimidade

uma proposta apresentada por Ribeiro e Castro.

A proposta presta homenagem à “inteligência,

capacidade criadora no profundo sentimento

doutrinário, ao trabalho dedicado ao esforço

persistente de Amaro da Costa”.

Recorde-se que Adelino Amaro da Costa foi, em

1975 um dos fundadores do Instituto Democracia e

Liberdade, tendo sido presidente do Conselho

Directivo até 3 de janeiro de 1980, lugar que

deixou em virtude do cargo ministeriável que

ocupava.

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Homenagem da Assembleia da

República a Adelino Amaro da Costa

A Assembleia da República dedicou a sessão de 10

de Dezembro último à evocação de Francisco Sá

Carneiro, Adelino Amaro da Costa e António

Patrício Gouveia, tendo estado presentes, além dos

deputados, os membros do Governo e os filhos

mais velhos daquele que foi Primeiro-Ministro em

Portugal.

Nessa sessão de homenagem aos homens que tanto

lutaram pela democracia em Portugal ficou patente

que de um lado, mesmo reconhecendo-se

adversários dos políticos desaparecidos, tiveram

coragem de enaltecer a sua inteligência e a sua

militância ao serviço de um ideal. Do outro, os que

aproveitaram uma vez mais para o baixo ataque

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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político a chicana, mesmo naquela sessão, de

homenagem póstuma. Em Portugal nem todos são

portugueses …

O deputado social-democrata Pedro Roseta

referiu-se àquele que foi o líder carismático do seu

partido, traçando a sua carreira política e tendo

afirmado que “nós continuaremos a sua obra”.

Aludindo à figura de Amaro da Costa, o deputado

social-democrata salientou a sua competência

profissional, o seu êxito nas lides jornalísticas, o

elevado nível do especialista em problemas da

educação e, sobretudo, um conjunto impressionante

de qualidades humanas e políticas: a inteligência, a

capacidade de trabalho, a simpatia esfusiante e a

abertura ao diálogo.

“Ele foi o político integral na oposição e no

Governo – assim o definiu Pedro Roseta – e foi

também um dos máximos entusiastas do projecto

da Aliança Democrática”.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Por seu turno o líder do Grupo Parlamentar do

CDS, Francisco Oliveira Dias disse que “a

Aliança Democrática perdeu dois dos seus

criadores, dos seus dirigentes mais aptos e mais

experientes, dois dos mais notórios e mais

populares garantes da sua capacidade de acção”.

Segundo o deputado democrata-cristão, o CDS

perdeu alguém que foi, desde o início, a incarnação

do entusiasmo criador, do realismo e da capacidade

de fazer com que as dificuldades fossem apenas

obstáculos que é preciso superar.

“O Governo, a Assembleia da República e Portugal

sofreram rudes golpes com a morte de governantes

e parlamentares brilhantes e superiormente dotados

com provas que o povo português teve

oportunidade de apreciar”, referiu Oliveira Dias.

Em nome do PPM falou Ferreira do Amaral que

salientou, em relação a Adelino Amaro da Costa,

que era, todo ele, um político cheio de vida, um

deputado pleno de brilhantismo, um governante de

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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profunda ponderação e um amigo de muita

simpatia. “Para nós – disse – importará para além

da digna tarefa de evocar a sua memória, colher a

lição de como se pode ser adversário sem ser

inimigo, debater vigorosamente ideias e pontos de

vista sem perder precisamente o irrecusável

respeito pelo homem”.

Um dirigente dificilmente substituível

Mário Soares, secretário-geral do PS referia que

“hoje, encontramo-nos perante um grande vazio

político”. Depois de recordar um pouco a vivência

política que teve com Sá Carneiro e Amaro da

Costa, o dirigente Socialista salientou: “Ao

contrário do que muitas vezes se disse, as nossas

relações, apesar de todas as sólidas divergências,

ficaram marcadas sempre por uma acentuada

solidariedade e por uma real e efectiva simpatia

mútua”.

Ao referir-se a Amaro da Costa, considerou-o um

dirigente dificilmente substituível, “tendo-se

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|26

caracterizado como um homem de conciliação e

compromisso, de arranjos subtis e sobretudo de

imaginação política”. Parlamentar até à medula,

dir-se-ia, no entender de Mário Soares, que os

sobressaltos da política o encantavam e o divertiam

caso “não conhecêssemos a primazia das suas

convicções políticas”.

No final da sua intervenção, como homenagem

póstuma a Sá Carneiro, Amaro da Costa e os seus

acompanhantes, o dirigente socialista foi aplaudido

pelas bancadas da Aliança Democrática e FRS.

O reconhecimento da coragem política

Bastante aplaudido foi também o discurso proferido

pelo dirigente da UEDS, Lopes Cardoso, tendo

sublinhado que “adversários do Dr. Francisco Sá

Carneiro e do Engº. Amaro da Costa, não é isso que

nos impede de reconhecer a sua coragem política, a

inteligência e a militância que demonstraram no

combate pelas suas ideias que marcaram

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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profundamente a vida política portuguesa dos

últimos anos”.

E acrescentou: “para além das suas indiscutíveis

qualidades de inteligência foi clareza com que

souberam assumir o seu próprio projecto que deu a

verdadeira dimensão política àqueles que foram

Primeiro-Ministro e Ministro da Defesa de

Portugal”.

E já a terminar, reafirmou Lopes Cardoso: “Clareza

que nem todos os dirigentes políticos portugueses

se podem reclamar e que para todos ficará como

exemplo sobre o qual talvez valha a pena meditar”.

Ilustração 3 - O grande parlamentar. O tom firme que imprimia nos seus discursos está bem presente nesta intervenção por ocasião da votação na

A. R. da lei eleitoral e do Recenseamento.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Sindicato dos Jornalistas

A direcção do Sindicato dos Jornalistas lamenta o

trágico acidente que vitimou personalidades de

relevo da vida política e, associando-se ao pesar

geral pelo falecimento de todos eles, expressou um

voto de sentidas e especiais condolências pela

memória do Engº. Adelino Amaro da Costa. Ao

fazê-lo, ciente de traduzir o sentimento da classe

dos jornalistas portugueses, a direcção do sindicato

dos jornalistas recorda os serviços que

desinteressadamente ele prestou a este sindicato e a

óptima relação que soube manter com os

profissionais de informação com que contactava,

mostrando uma compreensão, infelizmente pouco

comum, entre os políticos portugueses, da missão

dos jornalistas.

O Engº. Amaro da Costa foi colaborador da revista

“Jornalismo”, órgão oficioso do Sindicato dos

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Jornalistas, participou nos trabalhos da comissão

para o estudo de um projecto de ensino do

jornalismo em Portugal e foi professor no curso

organizado pelo Sindicato dos Jornalistas em

1968/1969.

Director do jornal católico universitário “Tempo”,

que se publicava antes do 25 de Abril e colaborador

de alguns jornais, Amaro da Costa sempre dedicou

aos problemas da informação uma especial atenção.

Nos seus contactos com os jornalistas, já como

dirigente partidário do CDS, como Ministro da

Defesa, Amaro da Costa sempre demonstrou ter a

perfeita consciência do que é a missão de informar.

Ilustração 4 - Junho de 78 – Amaro da Costa no 1º Encontro Nacional de

Quadros de Informação e Propaganda.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Perda irreparável

Vasco de Sousa

Presidente do Secretariado Nacional da FTDC

A Federação dos Trabalhadores Democrata-

Cristãos (FTDC) sente, muito especialmente, a

perda irreparável de Adelino Amaro da Costa, pelas

razões que consideramos nosso dever salientar.

Adelino Amaro da Costa foi dos principais

mentores da Federação decerto um dos nossos

maiores amigos. Tivemos sempre da sua parte

palavras de encorajamento, pois estava no seu

espírito a imperiosa necessidade da nossa

existência, como representantes dos Trabalhadores

Democrata-Cristãos, da nossa utilidade para o

movimento sindical e para o CDS.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Compreendia que uma FTDC activa é uma via

desejável de congregação de simpatizantes,

possíveis militantes do CDS.

Somos o veículo dos interesses dos Trabalhadores

Democrata-Cristãos que desgarradamente, sem

apoio nem poder, se batem ingloriamente no campo

sindical.

Há importantes metas a atingir-se para os

Trabalhadores Democrata-Cristãos, através do

papel que a FTDC quer desempenhar no campo

sindical.

Assim, temos como vital obter, do próprio CDS, a

audição que tanto nos tem sido negada,

principalmente porque muitos elementos do partido

não estão informados sobre a nossa actividade e

valor, como estava o Eng.º Adelino Amaro da

Costa.

Temos como prioridade maior, necessidade de

conhecer quantos somos, onde estamos, e o que

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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cada um de nós tem para oferecer das suas ideias e

saber.

No âmbito sindical, é urgente que possamos

desempenhar papel moderador, que trave as lutas

que se adivinham entre as tendências Socialistas-

Social Democrata pela hegemonia da UGT, que tão

claramente se está definindo.

Somos dos que, sem ambições políticas, lutam no

campo sindical pelo ideal Democrata Cristão, sem

esperar contrapartida, a não ser o reconhecimento

do nosso justo valor, do esforço e do trabalho que

temos desenvolvido, apesar das extremas

dificuldades de ordem logística com que nos

debatemos.

Dificuldades que teremos que superar, apesar de

nos sentirmos neste momento mais pobres do que

nunca, com o desaparecimento de Adelino Amaro

da Costa, não iremos desfalecer; somos

sindicalistas e como tal vamos lutar pelos nossos

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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direitos, cônscios dos nossos deveres, conforme

seria seu desejo.

A FTDC é o órgão coordenador de diversas

Associações sectoriais – de Seguros, Bancária, de

Professores, Hotelaria, Função Pública, etc.,

representando pela sua acção os Trabalhadores de

Tendência Democrata-Cristã, não podendo

confundir-se com sindicatos ou centrais sindicais,

mas sim pretendendo nestes ser porta-voz dos

Democrata-Cristãos.

Das nossas carências salientamos a necessidade

primária de instalações próprias, que em nenhuma

circunstância nos confundissem com o partido, pois

somos, na nossa acção, totalmente independentes

daquele.

Como se compreende, esta falta, agravada pela

circunstância de não haver ainda sequer local de

trabalho, sala de reuniões, etc., etc., têm impedido a

nossa implantação e provocado nalguns casos

alguma desmotivação.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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No entanto, esperamos a breve trecho ultrapassar

estas dificuldades, para enfim podermos aguardar

colaboração activa de todos os Trabalhadores

Democrata-Cristãos, para assim termos maior

capacidade de intervenção no campo sindical.

Avizinha-se em 30, 31 de Janeiro e 1 de Fevereiro

o Congresso da UGT, e contamos já com um

número apreciável de delegados ao Congresso, para

assim colaborarmos activamente na estabilidade e

dinamização da UGT, pois defendemos ser esta a

única representante dos Trabalhadores Democratas

e para tal, torna-se imperioso que nos reconheça

por direito próprio.

Não é legítimo que se lamente a actuação da Inter-

Sindical se nada fizermos que contrarie os

processos antidemocráticos de uma Central

Sindical que, nesta altura, não sabemos

concretamente o que representa e que se encontra

enfeudada ao PCP.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Dado que toda a acção planeada contava com o

apoio do Engº. Adelino Amaro da Costa, tão

infelizmente desaparecido, não é de mais

salientarmos que a nossa vontade de prosseguir não

esmoreceu, muito pelo contrário, mas que somos

dependentes daqueles que no CDS queiram

compreender a importância que temos e daquilo a

que nos propomos, dando-nos o indispensável

apoio, conselhos e indicações como tanto fez o Sr.

Engº. Adelino Amaro da Costa, cuja perda é para

nós irreparável.

Ilustração 5 - Dezembro 79 – No 2º Encontro da Federação dos Jovens

Trabalhadores Democratas-Cristãos em Viana do Castelo.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Homem de Fé Pedro Vasconcelos

A notícia da morte do Engº. Adelino Amaro da

Costa caiu sobre nós com tal brutalidade que parece

ter parado o nosso tempo.

Ainda hoje nos é difícil acreditar.

A morte é a coisa mais certa e mais comum da

vida. Mas também é a mais misteriosa.

Para um católico, há sempre uma mensagem na

vida e na morte. Por mim, porém, ainda não

consegui compreender os desígnios de Deus ao

levar Adelino na força da sua capacidade e no

momento em que todos mais precisávamos dele.

Não compreendo, mas acato, na fé.

Faço-o, além do mais, porque o Adelino era um

homem de fé, que acreditava. Acreditava em Deus,

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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acreditava em Portugal e nos portugueses, na

Democracia Cristã, no CDS, em nós e muito

particularmente, acreditava nele próprio.

Tinha fé e tinha uma vontade sobre-humana.

Para ele tudo era possível.

E por ele muito foi possível.

Daquele punhado de mulheres e homens que

fundaram o CDS em Julho de 1974 saiu um Partido

que está agora no Governo pela segunda vez, que

alcançou o poder e o exerce conforme a sua

doutrina. Um partido fresco, vivo, diferente, coeso,

implantado, forte, cheio de nobreza, de capacidade

e de ideais, muito particularmente, um partido

capaz de encaminhar Portugal pelo melhor

caminho.

Ele assim o quis e assim o conseguiu.

Não esteve só, mas deve-se-lhe muito. Devemos-

lhe muito. O Partido deve-lhe muito.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Teve, sobre os seus ombros, quantas vezes ao

mesmo tempo, um sem número de tarefas e

responsabilidades.

Além de fundador, foi Secretário-Geral, Presidente

do Grupo Parlamentar, Vice-Presidente e

Presidente da Comissão Directiva do Partido.

Foi Presidente da Direcção do IDL.

A Juventude Centrista, o MCDS 3 , a FTDC 4 , a

FJTC5, o CDS dos Açores, o CDS da Madeira, o

GAMA 6 , o GATIMOR 7 , as organizações

partidárias para emigrantes e retornados, qualquer

Distrital, qualquer Concelhia, guardam a marca

profunda e alegre da sua iniciativa.

A Democracia 76, a Folha CDS, cada jornal e cada

jornalista muito se dessedentaram em tão rica fonte.

Era incansável com a comunicação social.

3 Mulheres do Centro Democrata Social 4 Federação dos Trabalhadores Democrata Cristãos 5 Federação da Juventude dos Trabalhadores Cristãos 6 Gabinete de Apoio a Macau 7 Gabinete de Apoio a Timor

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Era também um impenitente manobrador, um

estratega de fundo, um táctico sempre adaptado.

Lembram-se dos seus famosos “golpes de rins”?

Quantos almoços, jantares, reuniões, conversas,

artigos, entrevistas, viagens, quilómetros,

madrugadas e mais que tudo, quantos cigarros …

E assim influiu decisivamente na vida do Partido e

dos portugueses.

Para todos nós, a sua acção e a sua presença eram

uma espécie de tranquilizante, um convite ameno à

lassidão.

Hoje deixou de ser assim.

Talvez seja esta a mensagem da sua morte:

despertar da lassidão e sermos nós, todos nós, a

repartir e tomar em mãos as generosas tarefas a que

Adelino metera ombros.

De qualquer modo, faço minha uma tal mensagem

e, como Presidente da Mesa do Congresso, a todos

vós apelo, neste momento em que o nosso tempo

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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parece parado e é mais viva dentro de nós, a

solenidade da vida e da morte, para que se

coloquem à disposição do Partido e dos

portugueses, em torno de Diogo Freitas do Amaral,

para tentarmos, todos juntos, dar corpo aos ideais

por que morreu o Adelino.

Ilustração 6 - Em Julho de 78, Amaro da Costa intervém no Encontro

Nacional sobre a Família.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Tive o privilégio de aprender com

Amaro da Costa Luís Queiró

Pedem-me umas breves palavras sobre o Engº.

Adelino Amaro da Costa.

Que dizer, que não seja a mera repetição do muito

que sobre ele, antes e depois da sua trágica morte,

se escreveu?

Foi alguém que conheci recentemente. No princípio

deste ano, começava uma semana de trabalho na

Juventude Centrista, quando recebi o recado

urgente de que o recém-empossado Ministro da

Defesa Nacional queria falar comigo. Até àquele

momento tinha tido apenas breves e formais

contactos com o Engº. Amaro da Costa.

Recebeu-me com uma simplicidade e uma

informalidade que normalmente se guardam só para

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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os velhos amigos e perguntou-me se queria

trabalhar com ele no Ministério. Logo ali tive o

privilégio de aprender com Adelino Amaro da

Costa. Aprender simplicidade, humildade,

confiança nos outros.

Começaram assim onze meses de actividade no seu

gabinete. Onze meses em que nada me foi exigido,

para além da colaboração jurídica a que me

comprometi. E voltei a aprender com Amaro da

Costa. Aprender, agora, a isenção e honestidade

política.

Ilustração 7 - Amaro da Costa não podia deixar de estar presente no 2º

Congresso da Juventude Centrista em Maio de 1977.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Ilustração 8 - 1º Encontro Nacional dos estudantes centristas em Maio de

78.

Ilustração 9 - Setembro de 1979 – Seminário do DEMYC. A presença de Amaro da Costa era sempre solicitada e preferida nos encontros da

juventude.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Um homem muito próximo de

cada um de nós Maria Laura Pinheiro

Perante o pouco tempo que me foi dado, para pôr

numas linhas qualquer coisa que me ficou dos anos

de relacionamento com o Adelino, vou tentar fazê-

lo – com muito orgulho.

Dá-me jeito falar daquele Adelino muito humano,

muito próximo de cada um de nós – da sua

grandeza de alma, da sua firmeza de carácter, da

sua abertura para com todos, da sua capacidade de

chegar a todos.

Deixarei para os políticos a oportunidade de

falarem do Adelino e da sua actuação e

participação da vida partidária e política; presto-lhe

entretanto, a minha maior homenagem (sentindo-

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|45

me honrada por ter sido um dos nossos) pela

determinação com que sempre se bateu.

Conheci o Adelino em Julho de 74, altura em que

algo de muito importante se gizava e tentava

construir – aquilo a que, na manhã do dia 19

apareceu nos órgãos de Comunicação Social, como

partido do Centro Democrático Social, o C.D.S.

Na sequência dos encontros realizados, é

interessante salientar aquele, na única sala limpa e

decente do Largo do Caldas nº 5, onde o Adelino,

em mangas de camisa, diante de um quadro branco,

com um marcador e um ponteiro na mão, expunha,

da maneira mais brilhante, qual a mensagem nova

que lhe ia ser apresentada.

Empenhou-se a fundo na transmissão dessa

mensagem e levou-nos consigo.

Recordo o Adelino nos primeiros comícios do

C.D.S., nos acontecimentos do 4 Novembro de 74,

no Congresso do Porto – com que aprumo e

dignidade respondia às agressões pessoais e aos

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|46

ataques ao Partido, às ameaças que muitas vezes

um povo em fúria dirigia a todos aqueles que se

atreviam a falar de democracia, paz, justiça social,

progresso e liberdade.

Recordo, com muita saudade, as suas passagens

pela minha casa onde, desde as reuniões da maior

responsabilidade, à preparação de intervenções na

televisão, à simples conversa de profunda amizade,

não é fácil apagar a sua presença.

Admirei sempre no Adelino, a sua força interior, o

vigor na defesa da verdade, a coerência de vida –

apoiado numa grande Fé e Confiança em Deus;

esse mesmo Deus que cedo lhe abriu as portas do

eterno, preservando-o da vida dura e difícil que ele

se propunha viver.

Recordo o Adelino no dia do seu casamento (penso

que foi uma das poucas vezes em que não chegou

atrasado!); dia em que, com a Manucha

comunicava Felicidade e Alegria – viveram em

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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“lua-de-mel” durante um ano e um mês que só

terminou porque terminaram as suas vidas.

O País perdeu uma extraordinária Personalidade

Política, o CDS perdeu um excepcional Dirigente e

eu, perdi tudo isso e … um grande Amigo.

Ilustração 10 - 18 de Outubro de 79 – bem longe da tragédia Manucha e Adelino Amaro da Costa com Filipa Melo e Castro e António Corte Real,

seus mais directos colaboradores nos últimos anos.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Fazia-nos esquecer os

aborrecimentos Fernando Borges

Pediram-me para escrever, a título póstumo, sobre

Adelino Amaro da Costa.

Como posso eu fazê-lo se ainda não acredito que

aquele que eu conheci há mais de seis anos e que

me habituei a admirar e a respeitar, não pertence já

ao mundo dos vivos.

Vou assim, vagueando pelo caminho do

imaginário, fingir que acredito nesse facto

consumado e tentar dizer algo que vai mais

profundo da minha alma.

Tive a honra e o prazer de conhecer Adelino

Amaro da Costa em Setembro de 1974 quando

comecei a colaborar nos serviços administrativos

do CDS.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Se há pessoas que interessa conhecer, Adelino

Amaro da Costa contava-se nesse número de

pessoas. Afável no trato, companheiro e amigo nas

horas boas e más, habituou-nos a todos à sua

compreensão e eu pessoalmente via nele mais do

que um chefe, mais do que um líder incontestado

no meu Partido um amigo que tinha sempre uma

palavra de ânimo, uma graça muito sua para por

vezes disfarçar os maus momentos e fazer-nos

esquecer as adversidades porque todos passámos

nos tempos difíceis do CDS em 1974 e 1975.

Acompanhei-o na sua dor quando dos selváticos

assaltos à nossa Sede em 04/11/74 e 11/03/75 e

com ele, lado a lado, percorri nos dias imediatos a

esses assaltos às nossas instalações andando sobre

tapetes de papéis e documentos rancorosamente

lançados para o chão, vendo máquinas e utensílios

destroçados, em suma, constatando a raiva

esquerdista à nossa razão, à nossa ideologia ao

nosso humanismo personalista.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|50

Com ele chorei lágrimas de desgosto pelo

espectáculo deparado. Dele ouvi, no meio da dor,

uma palavra de esperança e fé na implantação do

CDS.

Nestes seis anos acompanhei a sua ascensão quer

como parlamentarista brilhante quer como político

competente e dificilmente substituído. Nele vi

sempre humildade, vontade de bem servir sem

vaidades, sem falsas modéstias, sem complexos de

superioridade.

Para mim Adelino Amaro da Costa está e estará

sempre PRESENTE.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|51

Ilustração 11 - 1º Grande Comício do CDS no Campo Pequeno em Fevereiro de 76. O CDS tinha vencido a primeira batalha pela sua implantação como grande Partido. Amaro da Costa tinha de estar presente.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Manteve-se sem mácula no sujo mundo da política

Comandante Costa Santos

Muito se tem escrito sobre o Eng.º Amaro da Costa

focando as suas qualidades humanas, a sua elevada

qualidade intelectual, a sua enorme capacidade de

trabalho, a sua total dedicação ao partido que

criara, a sua extrema lealdade e amizade por Diogo

Freitas do Amaral. Por isso, neste breve

apontamento, gostaria de referir apenas três

aspectos que pude observar ao longo do tempo em

que, com ele, tive o privilégio de colaborar.

O primeiro tem um carácter pontual e diz respeito

ao modo como soube encarar e desempenhar as

funções de Ministro da Defesa Nacional, funções a

que foi chamado como sinal percursor da prevista e

desejada subordinação das Forças Armadas (F.A.)

ao poder político civil e como preparador das

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|53

condições necessárias àquela subordinação. Ao ser

convidado a proferir no ISDM uma conferência

sobre temas de Defesa Nacional menos de trinta

dias depois da sua posse, poucos esperariam que

ele pudesse revelar ideias tão claras e “arrumadas”

tanto no quadro da Defesa a nível internacional

como no especificamente inerente ao nosso País.

As suas respostas às numerosas perguntas que

então lhe foram dirigidas desde logo

impressionaram muito positivamente a audiência

militar à qual se dirigia pelo misto de

conhecimentos e rapidez de claro raciocínio que

demonstraram. A sua acção à frente daquele

Ministério conquistou o respeito e admiração dos

sectores das F.A. com que mais directamente

trabalhava e o futuro se encarregará de demonstrar

não ser fácil a qualquer civil impor-se, no campo da

Defesa Nacional, à consideração e respeito da

Instituição Militar.

O segundo aspecto que referi diz respeito à sua

evolução como homem público, podendo talvez

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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constituir alguma surpresa e afirmação de que o

Eng.º Amaro da Costa que desapareceu brutalmente

a 4 de Dezembro estava já muito longe, neste

aspecto, do que era alguns anos atrás. Embora

aparentemente a sua imagem fosse a de sempre,

brilhante e multifacetada, a experiência vivida

aliada a um trabalho permanente de reflexão e

estudo como que foram criando e desenvolvendo

uma disciplina mental interior das pessoas ou seja

por um lado o conjunto daqueles princípios que

estão na base da sua posição face à vida e por

outro, a capacidade e força existente (se existirem)

para a sua preservação.

O Eng.º Amaro da Costa, conhecedor como poucos

de tudo o que de pouco limpo existe em redor da

política, quer no plano moral quer no plano

material, contudo e com todos lidava sem que a

muita porcaria sujasse um pouco que fosse. Creio

bem poder dizer-se que tal como água duma

represa se mantém limpa sobre o lodo imundo

assim também Amaro da Costa se manteve sem

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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mácula no sujo mundo da política que tão bem

conhecia e tanto influenciava.

Ilustração 12 - Em Janeiro de 1980, Adelino Amaro da Costa, aos 36 anos toma posse do difícil cargo de Ministro da Defesa Nacional do Iº Governo

da Aliança Democrática.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Na morte de um vencedor João Mattos e Silva

O “Diário Popular” de Junho de 1974 publicava,

com muito realce, um artigo de Adelino Amaro da

Costa – “O Governo Centrista e Democrático” –

em que o conhecido activista católico e qualificado

técnico de Educação, defendia, no auge da

manipulação ideológica marxista, “o ter-se esbatido

o primado do próprio fenómeno ideológico como

repositório da acção política” e que “uma base

doutrinal mais ampla – de raiz acentuadamente

personalista – e, por isso, bem mais rica e

complexa, passa a fecundar e a legitimar os

programas políticos … na Europa Ocidental”.

Numa sociedade que, em plena revolução marxista

em marcha, se polarizara no maniqueísmo dos

socialistas (a esquerda) e dos fascistas (a direita) a

defesa do centrismo” – que não é ideologia, mas

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|57

uma plataforma aberta às ideologias que rejeitam

qualquer forma de transpersonalismo … que é um

contraste entre o centro-direita e o centro-esquerda”

– O artigo de Amaro da Costa foi uma pedrada no

charco.

A resposta à pergunta que finalizava esse artigo

“Esse centrismo … onde está em Portugal? Quem o

interpreta? Quem o proíbe como atitude

fundamental de Governo? e ao desafio de que “sem

ambiguidades urge preenchê-lo”, veio de imediato

com a fundação do Partido do Centro Democrático

Social – CDS, de que foi um dos pilares, um dos

obreiros, um dos entusiastas, um dos melhores, um

dos mais puros, um dos mais fiéis, sem dúvida o

que maior sacrifício por ele ofereceu.

Cinco anos depois, em 1980, o primeiro Governo

centrista, proveniente de uma coligação de partidos

do centro esquerda e do centro direita, entrava em

funções e ficava para trás um combate duro por

uma ideia agora realidade e um socialismo e uma

esquerda que não tinham nada a ver com este

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Portugal, com estes portugueses e com esta Europa

Ocidental. Adelino Amaro da Costa viu concretizar

o seu objectivo para a sociedade portuguesa. Foi

um vencedor.

O que foi o combate do Adelino, todos os sabemos:

a sua luta foi a vida do próximo partido de que foi

fundador, primeiro Secretário-Geral e primeiro

Vice-Presidente. Foi a coragem no Congresso do

Porto e dos comícios boicotados pela violência

totalitarista que se fizera filosofia e prática política;

foi a afirmação do pensamento Democrata-Cristão

e do centrismo em todas as circunstâncias e contra

todos os ventos e marés, todos os recuos, todos os

oportunismos; foi a pedagogia da democracia

pluralista, contra todas as tentações totalitárias; foi

a fecunda formação política em inúmeros artigos

publicados na imprensa nacional e partidária.

O sector da informação e da opinião pública

mereceu sempre o maior carinho e o maior

interesse de Adelino Amaro da Costa. Foi, no CDS

o seu maior impulsionador, o seu mais interessado

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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coordenador, o seu mais sensível colaborador. Os

órgãos partidários – a Democracia 74, a

Democracia 76 e a folha CDS – devem-lhe a

criação, o crescimento, o entusiasmo de renovação,

artigos, ideias, arranjos gráficos, orientações. E se

mais não foi feito e se nem todas as ideias tiveram

continuidade, não foi porque o seu interesse, a sua

criatividade, a sua luta por mais e por melhor

deixaram alguma vez de manifestar-se, mas porque

o próprio CDS se foi forjando nas dificuldades

financeiras, nas depredações do seu património e

nos boicotes à divulgação do seu ideário, que

tiveram expressão também neste sector.

Recordar, num órgão de informação partidário,

Adelino Amaro da Costa, é recordar o seu

contributo … ciência doutrinária, ideológica e

política se alargasse e abrangesse um de cada vez

maior número de concidadãos; o semeador que

lançou a semente e viu-a germinar.

Recordar aqui Amaro da Costa é, também, recordar

a palavra de confiança, de apoio ou crítica, a

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|60

ternura que punha em tudo, a generosidade que o

fazia esquecer-se de si próprio para, sem dormir ou

sem comer, escrever um artigo ou uma entrevista,

corrigir um texto, ouvir sugestões ou viabilizar

projectos, definir estratégias, animar desilusões ou

acalmar exaltações. Recordar aqui – Amaro da

Costa, é recordar, com uma saudade dolorida, o

amigo, o homem, o português, o democrata-cristão,

o centrista. Mas é sobretudo recordar o vencedor.

Morreu Adelino Amaro da Costa. Morreu o nosso

amigo, o nosso irmão, o nosso companheiro de luta

– da luta que continua e de que temos de saber ser

dignos -, o que acreditava, como Miguel de

Unamuno, que “Filho o Homem Filho;/Tu, Cristo

deste com a tua morte/finalidade humana ao

Universo/e foste, por fim, a morte da própria

morte”. Por isso o Adelino Amaro da Costa

permanecerá connosco!

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Ilustração 13 - Julho 80 – Na conferência de Imprensa de apresentação do

programa do Congresso da União Europeia Democrata- Cristã.

Ilustração 14 - 5º Aniversário do CDS – Julho de 79 – Missa na Capela da Sede Nacional.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|62

Obrigado Adelino! Luiza Raposo M.C.D.S.

Falar de Adelino ainda é bem difícil! Ele está tão

presente, a sua personalidade marcou-nos tanto,

não conseguimos ter aquele distanciamento que nos

levaria a poder fazer uma análise do que foi a sua

vida.

O primeiro contacto que tive com o Eng.º Adelino

Amaro da Costa foi através dos brilhantes cursos de

formação política, organizados por ele, no Largo do

Caldas, em princípios de Novembro de 74, já o

CDS começava a ter vida dura. Depois foi o Iº

Congresso do CDS e tudo o que se seguiu.

Foi ele um dos primeiros a pensar na utilidade de

uma organização feminina no Partido, tendo

sempre havido uma palavra sua de encorajamento,

para o nosso trabalho. Nunca poderei esquecer a

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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sua simpatia e alegria, chamando-me um dia para

me dizer que tinha encontrado a definição certa

para a actuação do MCDS: “Cabe-nos também

sublinhar, com não menos alegria o trabalho

discreto mas eficaz, que o MCDS tem desenvolvido

por todo o País, com uma coragem e uma

persistência que honraram as melhores tradições da

Mulher Cristã Portuguesa” (3º Congresso do CDS –

Porto/78).

Foi para nós o exemplo e a prática de um

cristianismo actuante e destemido, deu-nos a

dimensão do que um cristão pode fazer no mundo

actual e dentro da complicada vida política do

nosso País.

De o ter acompanhado, mais que uma vez a

Congressos Internacionais, era brilhante nas suas

análises, quando expunha os problemas de Portugal

e lançava o grito de alarme para o que se passava

no País.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|64

Mais de uma vez foi-me dado apreciar como o

ouviam eminentes políticos cheios de experiência.

Foi ele um dos grandes obreiros das relações

internacionais do CDS.

Não posso também de deixar de lembrar a sua

permanente disponibilidade em serviço de Partido.

Se algumas vezes tinha de recusar pedidos feitos

para intervir nas nossas reuniões a nível nacional,

sentia-se que era um desgosto de não poder estar

em dois sítios ao mesmo tempo.

Esteve no nosso Iº Congresso em Janeiro passado,

já era ministro da Defesa. Lamento imenso que o

seu improviso não tenha ficado gravado por ter sido

extraordinariamente nova a sua tese sobre Política

de Defesa Nacional e o papel de um Ministro da

Defesa civil. Falou muito directamente às Mulheres

e de forma como ele encarava o nosso papel na

construção da Paz.

Entre os apontamentos tomados citarei alguns que

julgo devem ficar gravados no nosso coração:

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|65

“Só as Mulheres conseguem ter o verdadeiro

sentimento de Pátria gravado no seu coração,

porque o conceito de Pátria é o conceito de

Maternidade”.

“Na qualidade de Ministro da Defesa Nacional eu

teria de lhes agradecer por isso, seja qual for a

relação do ministro com as Forças Armadas, pois

não há Defesa Nacional que não se alicerce na

noção de Pátria”.

Deixo também outra nota do mesmo discurso que

calou bem fundo em todas nós e que ficará como

fecho deste meu muito modesto depoimento:

“A Política da Família diz respeito não só à

Mulher, mas também ao Homem. A Família ou

aceita que tem um papel político a desempenhar na

sociedade Portuguesa ou estará a cavar a sua

própria sepultura.

Não sejamos tímidos covardes ou ineptos, só assim

poderemos alcançar a vitória. Não seremos

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|66

derrotados enquanto o espírito do MCDS

permanecer!”.

Obrigado Adelino!

Ilustração 15 - Julho de 1978 – 4º Aniversário do CDS, os bons momentos

com Amaro da Costa serão inesquecíveis.

Ilustração 16 - Sempre acarinhado pelos militantes e simpatizantes do partido, Amaro da Costa dá autógrafo a uma jovem por ocasião do 2º Aniversário do CDS em Mangualde.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|67

Homem Grande Francisco Lucas Pires

Quando se recorda o Adelino, um problema é saber

por onde começar. É aliás, no sentido de ser um

homem que não acaba que ele, aliás, resiste à

morte.

O Adelino chegava sempre e agora não chega mais,

mas chegou sempre tão longe que está por toda a

parte, dentro de nós próprios. Não sei se era a sua

sensibilidade que estava à medida da sua

inteligência, se era a sua inteligência que estava à

medida da sua sensibilidade e ambas criavam um

ambiente dentro do qual os outros se moviam.

Havia um estilo, um ambiente, um método que

dentro do Largo do Caldas era particularmente

notório e visível. Entre todos os acontecimentos e

pessoas o Adelino era uma força de junção e

movimento, tão serena quanto interrogante.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|68

E, no entanto, o Adelino era um homem fiel,

nomeadamente ao partido e ao seu presidente. Pode

até parecer, excessivamente, um homem do partido.

Mas depois vinha a abertura. Gostava, porém, do

partido-família, da própria vida doméstica do

partido. Discutia-se com ele mas ninguém se

zangava como nas zangas de família. O que não

impedia que fosse um homem de poder e de

influência, neste aspecto tendo parecido tantas

vezes, como o enorme órgão de comunicação de

massas do seu partido. Homem múltiplo mas fiel e

límpido.

Era um homem caloroso, tocante e expansivo, no

que traduzia um enorme respeito dos outros. A

atenção e a dádiva por igual intensa em relação aos

outros eram um apanágio da sua personalidade.

Sabia ouvir e sabia falar às pessoas, como que

numa atitude de respeito, curiosidade e empenho

permanente e activos.

O Adelino era um corredor de fundo. Não caía.

Lembrou-me às vezes os candeeiros transmontanos

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|69

a que os meus avós chamavam “teimoso” e estão

sempre em pé. Com um sorriso, sem arrogância,

passava por tudo, tudo vivendo até à última gota e

por vezes até ao limite de resistência física.

Homem de Paz e de alegria também. O seu sorriso

é um clássico. O Adelino aliava toda a carga

dramática que a política tem. Nunca ninguém o viu

furibundo. Homem de Paz e pacificador, neste

aspecto “ministro da defesa” onde quer que

estivesse – não da guerra mas da Paz pois! A Paz

do CDS e AD devem-lhe muito.

Homem vivo até à medula. Vivendo tudo por

dentro, sabia reproduzir com minúcia, às vezes

fazendo até gostosamente como os “imitadores”

para os amigos, as conversas, os pormenores, os

tiques. Homem de memória, pois, também, mas

sempre de agulha na mão, a continuar os factos, a

tecer os fios de que se faz a História, procurando

cerzir as razões que alguém viesse fazer da sua

malha.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Homem grande em suma! Homem, sobretudo, e

por isso mesmo nunca teve sentido o que se

chamou o “adelinismo” ou o “amarismo”. A

redução total dos “ismos” com que se simplificam

os grandes carácteres para os pôr ao nível de uma

compreensão mais geral, não chega para abarcar

este quem profundo e largo que é o Adelino Amaro

da Costa.

Homem grande porque ficou, ao mesmo tempo, no

nosso coração, na nossa memória e na nossa

sensibilidade … e para sempre.

Ilustração 17 - 25 de Abril de 1980 – Na sessão solene realizada na

Assembleia da República.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Ilustração 18 - Encontro PSD/CDS em Junho de 79 no edifício da Assembleia da República.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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O seu trabalho será continuado

Basílio Horta

O desaparecimento de Adelino Amaro da Costa

constituiu para todos quantos o conheceram e com

ele mantiveram um profundíssimo desgosto.

Nos nossos corações permanecerá a saudade

enorme por alguém que, ao longo de tempos

difíceis, sempre nos deu com generosidade total o

muito que a sua amizade, o seu talento, a sua

inteligência tinham para nos oferecer.

Nesta hora de homenagem é, sobretudo e antes de

mais, o Amigo que cumpre recordar. O Amigo no

conselho sempre avisado, na palavra adequada dita

no momento próprio, na compreensão generosa dos

problemas humanos de cada um, na dedicação

levada ao sacrifício, na presença corajosa em todas

as horas e situações difíceis.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Além do Amigo, desapareceu também o Político. O

homem que, tanto no campo da actividade

partidária como no plano da política nacional

desempenhou um papel de enorme relevo,

manifestando brilhantemente a sua riquíssima

personalidade de político ao longo de seis difíceis e

fecundos anos de vida do C.D.S., na preparação do

grande projecto nacional da A.D., em tantas

intervenções memoráveis no Parlamento, em

inúmeros artigos de análise e pedagogia política

publicados na Imprensa, na sua presença sempre

tão apreciada em meios internacionais e,

ultimamente, como ministro da Defesa Nacional,

empenhado com rara inteligência em instituir o

princípio fundamental da democracia nesse

importante sector da vida pública, ou seja, a

subordinação do poder militar ao poder civil.

Toda essa intensa actividade desenvolvida ao

serviço do C.D.S., da Democracia e de Portugal.

Por isso, nós no C.D.S. afirmamos que o exemplo

de Amaro da Costa será seguido e o seu trabalho

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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será continuado. E também, porque recordar com

fidelidade a memória do Adelino é prosseguir com

entusiasmo a sua obra.

Ilustração 19 - Na Assembleia da República quando se discutia o Programa

do 1º Governo Constitucional.

Ilustração 20 - Freitas do Amaral, Amaro da Costa e Basílio Horta com os membros do CDS que participaram no IIº Governo Constitucional.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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Exemplo vivo para todos nós Ruy G. de Oliveira

Morreu o Amaro da Costa! Dolorosa notícia que a

família democrata-cristã recebeu e que aturdiu,

deixando-a destroçada, desmoralizada e

profundamente magoada pela marca da injustiça

que ela aparentemente continha. Perder um tão

querido amigo, deixar de sentir a sua forte,

insinuante, sã e acalentadora presença ao nosso

lado é algo difícil de aceitar e muito mais de

suportar.

Jovem de corpo e de espírito, rico de inteligência e

saber, fonte inesgotável de ideias, dotado de uma sã

moral e de sentimentos nobres que lhe davam a

condição de homem de excepção, o Adelino era

generoso e bom até ao limite do sobre humano,

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

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dedicado até ao sacrifício, como aconteceu, à

defesa das causas justas e ao amor entre os homens.

Dotado de uma extraordinária centelha para a coisa

política, serviu a Pátria, o Partido e a comunidade

internacional de uma forma brilhante, com

humildade, por vezes bem na sombra, sofrendo

incompreensões e agravos, que só um ser superior é

capaz de admitir, sem rancor nem desmotivação.

Homem de uma só fé e um só querer, estabeleceu a

sua linha de rumo, definiu objectivos, marcou

tempos e metas e, indómito, suave e serenamente,

foi vencendo todas as barreiras a caminho do êxito

que sempre alcançou.

Foi um homem vitorioso, porque nunca teve

necessidade de se trair e de pôr em causa carácter e

princípios para atingir os fins que tinha em vista.

Foi e será um exemplo vivo para todos nós, seus

amigos devotados e companheiros, nesta luta sem

cartel que vimos travando para salvar e reanimar

Portugal.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|77

Ariete da democracia-cristã entre nós, desde o

tempo da sua não longínqua juventude, foi um dos

mais influentes fundadores do nosso Partido, o

grande obreiro da sua organização e arranque, o

alimentador por excelência de iniciativas que o

tornaram uma peça imprescindível da vida política

nacional e um dos partidos mais prestigiados nas

organizações internacionais a que está vinculado.

Afirmativo, sempre apoiou todos aqueles que

tinham algo para oferecer e realizar a favor da

causa a que se tinha entregado de alma e coração.

A sua alegria contagiante e a fé ardente que

destilava, foram o bálsamo e o motor para muitos

de nós que, a seu lado, menos sólidos, por vezes

desmoralizávamos.

Bem hajas, querido Amigo, pelo muito que a todos

deste em tão curto período da tua breve mas

decisiva passagem pelo mundo dos vivos.

Não serás esquecido, tão forte foi a herança que nos

deixaste. Tudo faremos por merecer os valores sem

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|78

conta que nos ofereceste, preservá-los-emos e

embora com dificuldades vamos procurar aumentá-

los, honrando-te e compensado o sacrifício sem

preço que por todos fizeste – o de dares a tua vida e

o da querida Manucha a que, como tu, adorávamos.

A tua presença pairará sempre sobre nós, o que

bem desejamos, pelo que não nos despedimos de ti,

antes diremos – até já, pois estou seguro de que em

cada acção que venhamos a realizar ela terá a tua

marca, o teu compromisso, a tua inspiração.

Que o Céu te tenha recebido em alvoroço e alegria.

Acolheu no seu seio um grande espírito, um grande

coração, um grande homem.

Lisboa, 10 de Dezembro de 1980.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|79

Ilustração 21 - Setembro de 1977 – Convívio em Corelhã, Ponte de Lima.

Ilustração 22 - Em Junho de 79, no comício do Pavilhão dos Desportos em Lisboa. Amaro da Costa, como sempre, empolgou a multidão – o CDS lançava publicamente o seu repto contra a maioria de esquerda.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|80

Indicava-nos por onde ir

Victor de Sá Machado

Dele nos sentíamos mais que companheiros irmãos

– beneficiários dessa fraternidade solidária e atenta,

capaz de infinitas delicadezas. E todos lhe ficamos

devedores desse seu jeito descomprometido e

afável de nos indicar por onde ir, sobretudo

quando, como nos tempos da perversão totalitária

da revolução, o horizonte nos parecia fechado e

sem esperança: a sua inteligência fulgurante, o seu

optimismo generoso, a confiança nos valores que

servíamos, a sua espantosa coragem, aí estavam,

como luzeiros, iluminando o caminho.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|81

Não teria havido CDS sem ele Adriano Moreira

A morte do engenheiro Adelino Amaro da Costa

pareceu, nas circunstâncias dramáticas que a

rodearam, em completa harmonia com a sua breve

mas fecunda vida. Não teria havido CDS sem ele, e

todavia não disputou proeminências; não teria

havido coligação com o Partido Socialista, por

imperativo do interesse nacional de então, sem a

sua argúcia, e todavia não reivindicou qualquer

notoriedade; não teria havido Aliança Democrática

sem o seu entusiasmo, e todavia foi alheio a

qualquer triunfalismo; a tragédia que explodiu

sobre o país seria mais sem esperança, se não

ficasse o exemplo dessa persistente vontade de

servir sem alardes escusados. Não era um homem

de segundo plano, era sim uma energia sem a qual

nenhum projecto parecia viável, uma pedra de

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|82

alicerce. Recordo-me das suas participações de

jovem nos colóquios em que se discutiam os

difíceis problemas nacionais agudizados na década

de sessenta, e que a sua geração teve de enfrentar

na década seguinte. Parecia esperar sempre, com

modéstia, que a luz aparecesse noutra boca, mas

finalmente, socrático na atitude, contribuía para

alargar a meditação e a pesquisa como uma série de

perguntas que mais eram respostas. Ligeiramente

cético como convém aos políticos, irónico como é

útil aos polemistas, cortês como é indispensável aos

homens públicos, era também firme como é próprio

dos crentes, tolerante por amor ao próximo,

pluralista por espírito comunitário, institucionalista

por formação. As pequenezes da vida política não

pareciam afectá-lo de maneira apreciável, talvez

porque a formação cristã o ensinara a contar sem

surpresa com as debilidades humanas. Combatia

pela boa causa, mas parecia não esquecer, em

qualquer momento, que o Reino em que acreditava

é deste mundo.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|83

Ilustração 23 - Ilustração 38 - Com a habitual jovialidade, Amaro da Costa troca impressões com candidatos às autárquicas locais no Encontro

Nacional realizado em Setembro de 1976.

Ilustração 24 - A juventude de Amaro da Costa esteve sempre em primeiro plano, podemos vê-lo na recepção duma delegação de Jovens

Conservadores Noruegueses em Maio de 78.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|84

Simplicidade cristã Luiz de Azevedo Coutinho

Conheci o Engº Adelino Amaro da Costa quando

conheci o CDS.

Recordar-me-ei sempre do primeiro encontro que

tivemos no Caldas em Agosto de 1974. Adelino era

o único dirigente do partido presente nesse dia;

conversámos durante mais de uma hora.

Convenceu-me… e a partir desse instante iniciámos

uma amizade que sempre se reforçou.

Não falarei do Adelino como político, como

deputado, como dirigente do Partido.

Para mim, foi muito mais do que isso. Adelino foi

um Homem, com um coração tão grande que todos

lá couberam. De uma generosidade sem … apagar-

se para que outros fossem poupados. De uma

grandeza de alma e de uma coragem reflectida que

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|85

o levaram sempre a tomar as atitudes mais

decididas.

De uma simplicidade cristã, que o fazia estar alegre

e confiante, quando tudo parecia ruir.

Tantas vezes ficávamos em minha casa,

conversando até altas horas fazendo projectos,

tecendo críticas, abrindo perspectivas, buscando

soluções…

Tantas horas amargas e de desilusão, que sempre

acabavam por se transformar em esperanças com

firme convicção de nada aceitar como facilidade!

Adelino alargou a sua amizade à minha família.

Tocava piano, contava histórias, vivia a vida de um

homem simples.

E tantas vezes sentíamos lá em casa, como ele

precisava dos amigos, como confiava neles.

E depois, encontrou a Manucha!

Adelino Amaro da Costa, tinha finalmente a seu

lado, a todas as horas, alguém que com o seu amor,

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|86

a sua firmeza de carácter, a sua inteligência, o

completava.

Nada se alterou nas suas amizades. Continuou a

distinguir aqueles em quem desde a primeira hora

confiou.

E teve razão. Esses como a minha mulher, como eu

e como tantos outros lembrar-se-ão sempre de

Adelino Amaro da Costa como um dos nossos

maiores amigos com quem gostávamos de estar.

Com ele continuaremos, com ele lutaremos, com

ele aguentaremos, com ele completaremos a missão

do CDS.

Ilustração 25- Julho de 1977, 3º Aniversário do CDS, em Lamego. Amaro da Costa sempre procurado pela sua simpatia e “charme” pessoal, rodeado por militantes do partido.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|87

Um grande amigo Teresa Costa Macedo

Adelino Amaro da Costa, o homem que amava e

que nos fazia acreditar, que pensava e nos fazia

agir, que sonhava e nos fazia cheios de esperança.

Projetado no futuro de um país, dimensionado a um

projecto que para ele ambicionou, Adelino Amaro

da Costa foi tudo o que já tantos disseram e muito

mais impregnado em tantos actos e ideias que

tantos não conhecem!

Homem à medida de um mundo que queria

transformar; político à medida de um povo que

queria libertar; é também aquele que tantos de nós

encontrámos no dia-a-dia de um combate ou em

horas de tranquila e divertida intimidade, sempre

grande, a alargar-se em cada conversa, projecto ou

estratégia.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|88

Quanto dói, hoje, falar ou escrever de quem como

ninguém falou ou escreveu.

Quanta saudade de quem viveu cheio de alegria,

inteligência, certeza. Para nós que o admirámos,

que com ele nos identificámos é uma permanência

e um exemplo, uma mesma luta, ideal a defender.

É um Homem na História de Portugal. É um

homem no devir do CDS a quem deu tanto e tão

plenamente.

Olho para trás e vejo o Adelino em Anadia a pedir-

me opinião sobre assuntos relacionados com a

política de segurança social que então, estávamos

em 1975, se praticava em Portugal.

Logo ali soubemos que as mesmas ideias, um

mesmo sentido da política, eram para nós o

princípio de uma grande e perene amizade. Depois,

pela sua mão, comecei a colaborar na “Democracia

76”. Pela sua mão, comecei uma luta, a luta pelos

valores fundamentais que o povo português via

destruídos dia a dia, e que o CDS, Diogo Freitas do

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|89

Amaral e Adelino Amaro da Costa, assumiam na

grandeza da sua certeza e da sua esperança.

Diogo Freitas do Amaral, em quem desde tão nova

acreditava viesse a pertencer ao futuro do nosso

país, que desde sempre sentia, e sentíamos todos os

que éramos seus amigos, viria a ser alguém que

seguiríamos porque era competência e confiança,

foi com o Adelino, um motor histórico da viragem

essencial de um País à procura de si próprio. Falar

do Adelino é pensar no Diogo e olhar o dom

maravilhoso da amizade, da lealdade e de uma

solidariedade absoluta e sem falhas.

Ter comungado, na pequena parte que me coube,

neste projecto de vida, que foi ao mesmo tempo

projecto político e projecto social, será imperativo

para continuar, para nunca ter a tentação de desistir

ou desanimar.

Adelino sabia o que valia e o que os outros valiam.

Sabia os riscos que devia correr e aqueles que os

outros deviam correr por uma causa eterna, que

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|90

para ele e para nós era a causa da liberdade, da

justiça, do progresso, que víamos cada vez mais

longe dos nossos filhos. Adelino acreditava nos

outros quando sabia que eles eram capazes de dar

tudo na medida das suas capacidades. Fazia-os

partir. Eram as suas certezas e as suas esperanças

que nos guiavam.

Lembro quanto ele soube a hora fundamental em

que uma política de família teria de começar a ser

definida em Portugal, para que o valor que esta

representa no progresso de um país, fosse tida em

conta pelas forças e grupos sociais nele existente.

Foi ele que, através do IDL, hoje Instituto Adelino

Amaro da Costa, mais apoios e incentivos deu

àqueles, tantos, que até sem filiação partidária mas

comungando os mesmos princípios, iniciavam o

militantismo familiar, pioneirismo de que fez parte

integrante.

Criou quadros, deu possibilidades a uma maior

competência técnica neste domínio como noutros,

procurou que um eficaz intercâmbio se delineasse

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|91

ao nível das Democracias Cristãs europeias e

internacionais e doutros movimentos que a nós

militantes familiares nos deram uma autêntica

dimensão de modernidade.

Escrever sobre este grande projecto que foi apoiar e

dinamizar as Associações Familiares, para que elas

neste país assumissem o lugar fundamental que era

e é o seu, e a função social que lhes cabe, não é só

lembrar o Adelino que o avalizou, o sentiu como

essencial, lhe deu meios; é lembrar conjuntamente

o Zé Ribeiro e Castro, que conheci por intermédio

do Adelino, e que o complementava através da sua

competência e dinamismo, e que o Adelino

descobriu, motivou e acreditou, como aconteceu

com tantos de nós.

Diogo Freitas do Amaral, Adelino Amaro da Costa

e Zé Ribeiro e Castro hão-de perdurar, cada um na

sua própria dimensão, mas num todo de dinâmica

vivência partidária e nacional.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|92

É com o coração que recordo o Adelino e por isso o

faço com a simplicidade que a sua lembrança me

traz.

De um dirigente de que todos gostávamos, de uma

alegria e um humor que a todos encantava, de uma

profundidade que a muitos espantava.

Se a amizade é um dom, a alegria também o é. E o

poder da amizade e da alegria perduram para todo o

sempre: Contar esse poder, é contar o Adelino.

Passadas as horas mais tristes de uma falta

irrecuperável, depois de termos ouvido quanto o

Adelino representava para tantos, só quero dizer

simplesmente que Adelino era, para além de tudo,

um grande amigo.

É por isso que vejo nele a dimensão do Homem que

ama os princípios e os homens e por isso os faz

acreditar e os faz seguir, a dimensão do político que

pensa para agir e faz os outros agirem, a dimensão

do cristão cuja fé é envolvente, cuja esperança

contagiante, cujo sonho é a realidade do futuro.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|93

Em todos nós deixou uma afirmação de verdade e

de verticalidade, e certeza de que um político pode

ser um “Homem bom”.

Ilustração 26 - Almoço de aniversário de Filipa, secretária de Amaro da

Costa.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|94

Aplauso e incentivo para a

Juventude

Francisco Cavaleiro Ferreira

Morreu o Eng. Adelino Amaro da Costa.

Mais do que relembrar aqui a sua vida, devemos

talvez reflectir sobre o seu exemplo.

Foi indiscutivelmente um dos políticos mais hábeis.

Porque era um homem extraordinariamente

trabalhador e dedicado.

Foi um político agressivo e rápido. Porque era um

homem de uma inteligência viva e transbordante.

Foi um negociador dificilmente igualável. Porque

era um homem simultaneamente sereno e de uma

alegria contagiante.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|95

Deixou em todos os recantos do partido que fundou

um risco personalizado do seu trabalho, um toque

da sua alegria – a dor da sua ausência.

Neste momento de luto, em que respeitosamente

nos curvamos diante da sua imagem, não podemos

deixar de salientar esta característica rara nos

políticos que vamos conhecendo.

Foi um homem amigo e afável mesmo quando o

político estava determinadamente discordante.

Nessas alturas nunca deixou de nos dar um

conselho, uma palavra de ânimo, ou um pouco de

boa disposição. Na sua última aparição na RTP,

exactamente no dia do acidente, Amaro da Costa

acabou o seu discurso com palavras de aplauso e de

incentivo para a Juventude.

Aceitamo-las com o respeito e determinação que se

devem às últimas vontades.

Adelino Amaro da Costa restaurou o prestígio do

político, honrando as virtudes da tolerância e da

firmeza, da tolerância dos homens e da firmeza dos

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|96

princípios, cultivando o risco das situações e a

elegância dos modos, resistindo à tentação do

conforto.

Morreu!

Ao nosso profundo respeito pela sua inconfundível

personalidade veio juntar-se a forma trágica e

inesperada como encontrou a morte.

Com o seu espírito. A sua presença torna-se mais

fácil, mais fluída e o seu pensamento mais

permeável e mais penetrante.

Exista ou não exista, Amaro da Costa sobre existe,

existindo-nos, fazendo-nos existir.

Ilustração 28 - Em Dezembro de 1978 é reeleito no Congresso do Porto Vice-Presidente do CDS. O seu contributo está presente na estratégia do

partido nos últimos 2 anos.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|97

Exemplo do Adelino triunfará Alexandre Sousa Pinto

Não há palavras que resumam, nem elogios

suficientes para descrever o que Adelino

representou para o CDS, para o País e para o

momento internacional da Democracia Cristã na

Europa. Só recolhendo depoimentos de muitas

pessoas, desde muitos eleitores modestos que ele

contactava e contagiava com o seu entusiasmo, até

aos políticos europeus que o admiravam nas suas

claríssimas exposições doutrinárias, até aos seus

colegas no Eurogrupo de Ministros da NATO que

quereriam eleger seu presidente, todos terão uma

achega a dar, uma faceta para ilustrar a

personalidade viva e brilhante do Adelino Amaro

da Costa. O professor Freitas do Amaral

testemunha privilegiada da sua acção política

prometeu já dar-nos em tempo oportuno, uma

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|98

descrição de como o viu e aguardamos com

impaciência esse depoimento fundamental.

Porém, a riquíssima personalidade multifacetada do

Adelino tinha aspectos particulares susceptíveis de

mais profundamente influenciar cada um de nós e

nesse sentido é que poderei apresentar um

depoimento, sem a preocupação de contemplar

todas as suas muitas qualidades humanas.

Admirava no Adelino em especial a sua

“endurance” isto é, a sua enorme capacidade de

manter intactas as suas faculdades de raciocínio

claro, de palavra viva, alegre, colorida, mas exacta,

forte e acutilante quando necessária, de presença

comunicativa, independente das circunstâncias

favoráveis ou desfavoráveis que o rodeavam.

Moderado e equilibrado no triunfo, o Adelino

mantinha exactamente o mesmo rigor combativo

nos momentos em que tudo parecia correr contra

nós. Não se deixava inebriar pela vitória como não

se deixava deprimir pela derrota. Era um lutador

que ficada sempre de pé, respeitando o adversário,

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|99

não subestimando o inimigo, mas não receando

nem se deixando deprimir por ele.

Quem não se lembra da grandeza com que o

Adelino aceitou o que toda a comunicação social –

que ele tanto prezava – descreveu erroneamente

como sendo a derrota da sua estratégia no Terceiro

Congresso do CDS? Quem não se lembra de o ver

na televisão, no dia seguinte a esse Congresso,

manter todo o seu brilho, todo o seu entusiasmo,

toda a sua clareza de exposição e de raciocínio sem

estremecer, pouco que fosse, com críticas que

imerecidamente lhe dirigiam?

O Adelino tinha uma enorme força interior que não

deixava abater em circunstâncias, por mais

adversas que fossem. Essa força vinha-lhe de uma

completa identificação entre as suas palavras, as

suas obras e as suas convicções. Ele era acima de

tudo sincero e honesto consigo próprio, como era

com os que o escutavam. A sua sinceridade ter-lhe-

á trazido uma ou outra antipatia, mas trouxe-lhe

também uma total serenidade em todas as

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|100

circunstâncias, a certeza de que a sua verdade

triunfará e a tranquilidade perante os revezes que

nunca considerou se não como curtos incidentes de

um percurso que não pode conduzir senão à vitória

final.

O exemplo de Adelino triunfará: nenhuma batalha

perdida nos desviará do rumo certo para a vitória.

Ilustração 29- Abril 80 – Visita de cortesia a uma esquadra holandesa no Tejo.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|101

Deus Quer o homem sonha, a obra

nasce

Nuno Gonçalves

“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”. Só

quem da Política tem a concepção aristotélica, só

quem conhece que tem de ser a meta política a

enformar a política, só quem sabe que no modelo

civilizacional que perfilhamos, a Cidade se constrói

na permanente prospeção da articulação

harmoniosa entre as várias componentes do todo

social – a Cultura, a Arte, a Economia, a Educação,

o Sindicalismo – poderá compreender a dimensão e

o sentido do sonho e da obra de Adelino Amaro da

Costa em prol de um determinado projecto de vida

para Portugal, projecto que é também o que motiva

os membros da Federação dos Trabalhadores

Democrata-cristãos.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|102

Morreu um Amigo: deixa-nos a chama do seu

exemplo. Com ele a obra nasceu. Sem ele, e

também em sua intenção, a obra continuará.

Ilustração 30 - Na assembleia da república quando se discutia o Programa do 1º Governo Constitucional.

Ilustração 31 - Novembro 79 – Amaro da Costa, ao lado de Sá Carneiro, discursa num comício na Campanha Eleitoral para a Assembleia da

República.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|103

Gostaria de ser igual a Amaro da Costa

Jeannete Fonseca e Silva

Se fosse figura pública gostaria de ser “igual” ao

Engº. Amaro da Costa. Inteligente, sabedor,

ponderado, honesto e sincero, audaz e autêntico,

respeitador dos outros e das suas ideias.

Brilhante. A melhor homenagem que posso prestar-

lhe é dizer que, em tais condições pretendia

assemelhar-me a ele.

Como militante-colaboradora do CDS pude seguir

a sua carreira desde a fundação do Partido em

1974, tendo o grande prazer de com ele conviver

muito de perto no dia-a-dia do trabalho, então em

condições muito difíceis. Era nessa ocasião

necessária muita perseverança e força de ânimo

para difundir o Partido e a sua doutrina, coragem

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|104

para enfrentar a intolerância, a incompreensão, a

injúria e mesmo a violência que outros mal

formados contra nós usavam.

Entre os bravos lutadores de primeira linha, cheio

de dinamismo, optimismo e aceitação dos outros,

estava o nosso Engenheiro.

A força do seu carácter a sua jovialidade e humor

nessas horas duras eram para todos nós motivo de

boa disposição e de renovação da vontade de

prosseguir sem desfalecimentos.

Em qualquer tarefa aparecia a nosso lado como um

“colega” amigo e pronto a dar uma ajuda,

acamaradando com todos, sem distinção.

Sempre assim se manteve ao longo do melhor

tempo que, progressivamente foi chegando, sem

que o muito trabalho e preocupações lhe roubassem

o dito ou a graça própria, para cada um de nós.

Quando os “jovens” do DOP se reuniam havia que

o “AMAC” (assim o tratávamos com ternura,

usando a forma sincopada da sua rubrica) para que

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|105

com a sua alegria e enorme graça, fizesse das

reuniões momentos altos.

É esta imagem que dele quero guardar.

Homem de espírito vivo e elevado,

extraordinariamente perspicaz na vida, como na

política, com o dom da resposta pronta e acertada,

ficará para sempre nos nossos corações, como

exemplo a seguir de um lutador pelas ideias

democratas cristãs.

Se fosse figura pública gostaria de ser “igual” ao

Engenheiro Amaro da Costa.

.

Ilustração 32 - Outubro de 79 – o casal Amaro da Costa com um grupo de

colaboradores do Departamento de Opinião Pública.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|106

O arquitecto discreto

José Ribeiro e Castro

Durante algum tempo, foi corrente na Imprensa

designar o Eng.º Amaro da Costa de o “arquitecto

discreto”, uns elogiando-o, outros procurando

ridicularizar essa designação. Ora, a verdade é que,

naquilo que tem a ver com a fundação do CDS, o

seu crescimento, a sua consolidação, o Eng.º

Amaro da Costa – o nosso Adelino – foi sempre o

“arquitecto” de passos sucessivos, no êxito do

nosso caminho, até à Aliança Democrática em que

nos encontramos. E “discreto” também nessa sua

influência decisiva e permanente, porque, mau

grado ser um destacado dirigente e serem muitos os

aspectos em que conhecemos a sua presença, a

discrição foi sempre uma característica dominante

da sua acção, quer pela humildade que o

caracterizava pessoalmente, quer por conhecer o

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|107

valor que a humildade tem também, quantas vezes,

para a própria eficácia política dos

comportamentos.

Há muitos aspectos em que o País e

particularmente os militantes democrata-cristãos,

não terão dificuldades em identificar o nome de

Amaro da Costa. Mas a verdade é que são muitos

mais ainda os pormenores, os elementos, as linhas

de crescimento político do nosso partido e da

evolução política do nosso País, em que o dedo de

Amaro da Costa se manifestou de forma decisiva e

determinante, sem que a maioria disso se desse

sequer conta.

Uma personalidade política decisiva no CDS, que

rapidamente se tornou numa personalidade política

central também da Aliança Democrática, do seu

projecto, do seu Governo. Arquitectando sempre o

nosso crescimento e a nossa vitória, com eficácia,

dedicação e discrição assinaláveis. E sobretudo

portador ainda de um exemplo humano de

perseverança e tenacidade, nunca deixando cair os

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|108

braços diante de qualquer adversidade ou percalço

e tendo a imaginação de transformar mesmo estes

em novos trampolins para novos avanços, sem

nunca os encarar como fonte de desânimo e fosso

de derrota.

Um homem que vivia mais as paredes-mestras de

um projecto doutrinário, profundamente

personalista, do que o mero encantamento e a

ostentação banal de acenar às janelas. E um homem

que, mesmo quando aparecia à janela, o fazia

apenas na estrita medida em que fossem já seguras

as paredes e as traves do edifício.

Foi assim que nos habituámos a conhecê-lo e a

respeitá-lo. Tenaz, alegre, determinado,

imaginativo, empenhado no serviço de valores. E

que aprendemos também a admirar e a estimar o

seu exemplo humano, de quem conhecia que a vida

e a política se fez com homens que são pessoas,

credoras sempre de respeito e não apenas

devedoras de serviços.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|109

Esse é o Adelino Amaro da Costa que conheci. Um

Homem que sabia que a política precisa de uma

bandeira, mas que conhecia sobretudo que a

bandeira flutua mais alto e por tanto mais tempo,

quanto mais extenso e mais sólido for o mastro que

a segura. Um Homem que sabia como, na vida, a

bandeira é mais olhada que o mastro, mas que sem

o mastro, que é a solidariedade efectiva das pessoas

e o trabalho discreto da organização, da estrutura,

dos mecanismos de base, seria a própria bandeira

que não flutuaria em parte nenhuma. E um Homem,

enfim, que nunca se importou – antes apreciava –

fazer o trabalho duro, cansativo e discreto do

“mastro”, mesmo quando aí não era o palco, as

palmas se ouviam menos e as luzes não

iluminavam tanto

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|110

Ilustração 33 - Conselho Nacional do CDS em Maio de 76. Discutia-se a questão presidencial. Adelino Amaro da Costa conversa com Ribeiro e Castro.

Ilustração 34 - Março de 80 – Nas III Jornadas Parlamentares do CDS.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|111

Quem era Manucha?

Maria Manuela Pires da Costa, para os amigos

simplesmente “Manucha”, era jovem encantadora

esposa de Adelino Amaro da Costa.

Casada com aquele que foi o vice-presidente do

partido, em 3 de Novembro de 1979, “Manucha”

era natural de Lourenço Marques, tendo apenas 28

anos. Era doutorada em Química e lecionava como

assistente na Faculdade de Ciências de Lisboa. Era

filha do comandante Gustavo Pires e de Manuela

Simões Vaz.

Ao que consta, a jovem esposa de Amaro da Costa

tinha receio de viajar de avião, pelo que raramente

acompanhava o marido nas suas frequentes

deslocações. Nesta ida ao Porto, “Manucha” teria

decidido, entusiasticamente, fazer a viagem.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|112

Uma viagem curta. Fatal. Uma viagem onde

“Manucha” quis estar com Amaro da Costa, para

todo o sempre.

Figura 35 – Manucha e Adelino Amaro da Costa em Outubro de 1979, no almoço na Sede Nacional do partido. Avizinhavam-se dias de alegria para o

jovem casal.

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|113

Uma Homenagem … Luiz Pinto Gonçalves

(Coordenador da Edição Especial da Folha do

CDS)

“ … Toda a acção impõe uma doutrina; mas o

cristão não pode admitir a que implique uma

filosofia materialista e ateia, e não respeite a

orientação religiosa da vida para o seu último fim, a

liberdade e dignidade humana. Mas garantidos

esses valores, é admissível e, até certo ponto útil,

um pluralismo de organizações, contando que

projetam a liberdade e exaltem a dignidade… É

com toda a nossa Alma, que prestamos

homenagem, a quem quer que, por este meio,

trabalha, servindo desinteressadamente os seus

irmãos” – é também, a nossa homenagem a

Adelino Amaro da Costa, um exemplo de espírito,

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

|114

ainda bem vivo entre nós, do que trabalhou, lutou e

sacrificou-se em luta de um ideal, ideal esse que

tinha como fim a liberdade e a dignidade humana.

Adelino Amaro da Costa morreu! Mas só o seu

corpo está reduzido a cinzas…; pelo contrário, o

espírito, a luta, os ideais e a dignidade de Amaro da

Costa, são em nós um exemplo bem vivo, onde o

seu espírito é agora a nossa consciência, onde a sua

luta é o nosso alimento, onde os seus ideais

constituem o nosso modelo de vida, onde a sua

dignidade é o nosso objectivo.

Não há palavras que consigam adjectivar o que foi

o exemplo de Amaro da Costa… ANOSSA

HOMENAGEM A SI SR. ENG.º!

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A voz dos outros

Francisco Oliveira Dias

Porque é que os adversários do CDS admiravam

ADELINO AMARO DA COSTA e respeitam

como respeitam a sua memória?

Porque o ADELINO fazia aquilo que se deve fazer

no CDS – e também nisso deve ser exemplo vivo

para nós. Distinguia os erros daqueles que erram.

Ninguém mais frontal, mais corajoso, mais

brilhante, mais arguto do que ele a desmascarar e

combater o erro. Ninguém mais compreensivo,

mais aberto, mais cordial para aquele que caiu no

erro, que apenas o repetiu ou mesmo o engendrou.

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Manuel Alegre (Dirigente do PS)

Presto a minha homenagem a Adelino

Amaro da Costa, com quem convivi mais de

perto, homem cordial que gostava da vida e

que era, sem dúvida um dos mais brilhantes

políticos da cena política nacional.

Mota Pinto (Primeiro-Ministro do IV Governo

Constitucional)

Adelino Amaro da Costa foi um político

hábil e competente, parlamentar

brilhantíssimo, dirigente esfuziante de

vivacidade e capacidade de galvanização.

Alfredo Barroso (Director do jornal “Acção

Socialista”)

A morte de Adelino Amaro da Costa – que

tive o privilégio de conhecer pessoalmente

em 1978 – chocou-me profundamente:

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tratava-se, sem dúvida, de um político de

excepcional talento, que indiscutivelmente

se tornou um dos mais notáveis

parlamentares da história ainda breve do

regime democrático após o 25 de Abril.

Jaime Gama (Deputado do PS)

Adelino Amaro da Costa, que recordo desde

os tempos da universidade, era um notável

político. Brilhante parlamentar e governante

não menos eficaz, Amaro da Costa

conseguia aliar a uma sólida formação

democrática-cristã um precioso sentido de

negociação política e um salutar espírito de

diálogo com os outros partidos. Fiz com ele

uma viagem à China Popular e negociámos

em conjunto os acordos políticos tendentes

à formação do IIº Governo. No mais aceso

da controvérsia política, não se apagou

entre nós uma amizade de aí gerada.

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Gonçalo Ribeiro Teles (Líder do PPM e da AD)

A morte em circunstâncias trágicas de

Francisco Sá Carneiro e Adelino Amaro da

Costa suscitou, por parte da grande maioria

dos políticos nacionais e estrangeiros,

diversas manifestações de pesar.

Muitos deles adversários políticos, nesta

hora de luto, e dor nacional baixaram-se

perante a memória dos dois estadistas

prestando-lhes a homenagem devida

aqueles que souberam entregar-se com

determinação e tenacidade à defesa dos seus

ideais.

Em jeito de homenagem póstuma,

recolhemos diversos depoimentos através

de órgãos de comunicação social, de

políticos que directa ou indirectamente

conviveram e trabalharam com aqueles que

pereceram no auge de uma intensa luta

política.

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O desaparecimento de Adelino Amaro da

Costa constitui perda insubstituível para o

País, para o seu partido, para o Governo.

Desempenhava um importantíssimo papel

na consolidação das nossas instituições

democráticas. É com imenso pesar que vejo

desaparecer um amigo com quem

estabeleci, desde que o conheci, as mais

leais relações.

Vaz Portugal (Ministro do Governo de Mota Pinto)

Com a morte de Adelino Amaro da Costa, o

parlamentarismo, o Estado e o CDS,

perdem uma figura de notável capacidade.

Recordo com imensa saudade a vivacidade

da sua inteligência e a coragem da sua

determinação.

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Salgado Zenha (Dirigente do PS)

São uma tragédia para Portugal e para a

democracia as mortes de Francisco Sá

Carneiro e Adelino Amaro da Costa.

António Ramalho Eanes (Presidente da

República)

Desapareceram brutalmente homens que

dedicaram toda a sua vontade, toda a sua

determinação à defesa de Portugal e dos

interesses dos portugueses. Como

Presidente da República quero prestar a

homenagem sentida e exprimir o

testemunho de respeito profundo que todos

devemos àqueles que colocaram acima de

tudo a missão de orientar a nossa vida

política.

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Ilustração 36 - Posse do Presidente da República em 1976.

Ilustração 37 - Em 14 de Setembro de 1976 Amaro da Costa felicita Carlos Assumpção pela assinatura do acordo CDS com a Associação para a Defesa dos Interesses de Macau (ADIM).

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Ilustração 38 - Primeira Cimeira CDS/PSD em Maio de 1977. Amaro da Costa com Sousa Franco, Sá Carneiro e Freitas do Amaral.

Ilustração 39 - Acordo do Governo PS/CDS em 19 de Dezembro de 1977. Na Sede Nacional, reunião com o Partido Socialista. Amaro da Costa tem a perfeita noção do que é o interesse nacional.

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Ilustração 40 - 10 de Agosto de 79 – Cimeira PSD/CDS/PPM na sede do

PSD.

Ilustração 41 - Apresentação pública da candidatura do General Soares

Carneiro.

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Edição Original:

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

Folha do CDS especial

Edição do Departamento de Opinião Pública do CDS

Orientação e coordenação

João Guerra Tavares

Luis Pinto Gonçalves

Orientação gráfica

Henrique de Queiroz e Lima

Fotografia

António Ortigão Ramos

Composição e Impressão

Mirandela & Cª

Travessa Condessa do Rio, 7-9

Tiragem

80.000 Exemplares

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2ª Edição (4 de Dezembro de 2014):

ELE FOI E É O NOSSO ADELINO

Edição

CDS Notícias - Publicações

Editor e coordenador

Nuno Serra Pereira

Colaboradores

António Miguel Lopes

André de Soure Dores

António Reis Faria

Alexandra Benitez

Email

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