elayne cristina da silva costa marcos da silva … · sisnama: sistema nacional do meio ambiente...

70
UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR SUL DO MARANHÃO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS ELAYNE CRISTINA DA SILVA COSTA MARCOS DA SILVA CAVALCANTE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS: ESTUDO DE CASO DE UMA CONSTRUTORA DE GRANDE PORTE Imperatriz 2009

Upload: dinhhanh

Post on 08-Nov-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR SUL DO MARANHÃO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

ELAYNE CRISTINA DA SILVA COSTA MARCOS DA SILVA CAVALCANTE

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS: ESTUDO DE CASO DE UMA CONSTRUTORA DE GRANDE PORTE

Imperatriz 2009

ELAYNE CRISTINA DA SILVA COSTA MARCOS DA SILVA CAVALCANTE

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS: ESTUDO DE CASO DE UMA CONSTRUTORA DE GRANDE PORTE

Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Ciências Biológicas da Unidade de Ensino Superior do Sul do Maranhão - UNISULMA, como requisito para obtenção do grau de Licenciado em Ciências Biológicas. Orientador: Profº. Esp. Jullys Allan Guimarães Gama

Imperatriz 2009

ELAYNE CRISTINA DA SILVA COSTA MARCOS DA SILVA CAVALCANTE

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS:

ESTUDO DE CASO DE UMA CONSTRUTORA DE GRANDE PORTE

Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Ciências Biológicas da Unidade de Ensino Superior do Sul do Maranhão - UNISULMA, como requisito para obtenção do grau de Licenciado em Ciências Biológicas.

Aprovada em: ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________

Prof. Jullys Allan Guimarães Gama (Orientador) Especialização em Educação Ambiental pela Universidade Estadual do Maranhão.

Especialização em Auditoria e Perícia Ambiental pela Universidade Gama

____________________________________________________ Profº. Iane Paula Rego Cunha

Msc. em Biologia Vegetal pelo Instituto Botânico de São Paulo. Dotouranda em Ciências Biológicas

____________________________________________________ Profº Milena Pupo Raimam

Msc. em Microbiologia Ambiental da Universidade Estadual de Londrina PR.

Aos nossos pais e irmãos, pelo apoio,

carinho e dedicação.

AGRADECIMENTOS

A Deus que proporciona-me tudo, especialmente durante esta etapa da

minha vida, que socorreu-me espiritualmente, dando-me serenidade e forças para

continuar.

Ao Professor e orientador, Jullys Allan Guimarães Gama, pelos

ensinamentos, e importante colaboração na discussão do trabalho, dosando as

críticas com comentários de incentivo.

À minha família; Elias de Andrade Costa, Maria dos Santos Barbosa da

Silva (pais), Elle Mayara da Silva Costa e Elanderson da Silva Costa (irmãos). Ao

meu namorado, Rodrigo Lima de Sousa; aos amigos e companheiros que estiveram

presente durante todo o curso e formação acadêmica, agradecer seria pouco, com

eles compartilho a realização deste trabalho, porque eles têm sido co-autores dos

momentos mais importantes da minha vida.

Aos companheiros de trabalho: Josélia Borsatto, Ridelma Barbosa e

Wainey Teixeira, pela cobertura direta ou indireta, que deram-me nesse último

período da faculdade. Devo dizer-lhes que aprendi com vocês a generosa

solidariedade e o carinho desprendido.

Elayne Cristina da Silva Costa

Em primeiro momento, agradeço a Deus por ter aberto as portas deste

curso.

Aos meus pais: Bernardo Alves Cavalcante e Raimunda Nonata da Silva,

pelo apoio incondicional, pela ajuda financeira, pelas palavras de motivação, enfim,

por tudo que sou e serei.

A todas as pessoas que estiveram ligadas diretamente com a realização

desse trabalho monográfico, entre elas minha parceira e verdadeira amiga, Janeth.

Ao nosso orientador, professor Jullys pela paciência, confiança,

perseverança e compreensão que teve durante o tempo de realização do mesmo.

Àqueles que estiveram presente nas horas boas e nas horas ruins, com

certeza não iriam faltar meus colegas de turma, obrigado pelo respeito, convivência

e carinho que tiveram com a minha pessoa.

À Instituição e aos professores em geral, pois cada um, com seu

ensinamento, tiveram seu papel de importância até o presente momento.

À minha companheira de guerra na construção desse trabalho, muito

obrigado pela cumplicidade e compromisso, Elayne!

E por fim, agradeço novamente a Deus, pela benção de concluir essa

última etapa do curso e por realizar-me pessoalmente.

Marcos da Silva Cavalcante

,

“Na verdade, não são os avanços científicos e industriais que ameaçam o homem e a natureza, mas sim a maneira errada e inconsciente como a humanidade aplica as suas conquistas tecnológicas”.

(Jacques Yves Cousteau)

RESUMO

A construção civil é reconhecida como um dos setores mais importantes para o desenvolvimento econômico e social do país, porém consiste numa atividade impactante devido ao grande consumo de matéria-prima, a modificação da paisagem e a grande geração de resíduos que, em sua grande maioria, são disponibilizados de forma indiscriminada. O município de Imperatriz, situado no estado do Maranhão, não dispõe de uma estrutura apropriada para a disposição final dos seus resíduos, inclusive os de construção civil. Portanto, faz-se necessário o gerenciamento e a reutilização estrutural destes resíduos que tomam importância não apenas ambiental, mas também legal. O presente estudo foi desenvolvido em uma construtora de grande porte com o objetivo de caracterizar e analisar o gerenciamento dos resíduos sólidos da obra, através da aplicação de questionários aos colaboradores, levantamento das fontes geradoras, classificação e destino final dos resíduos gerados pela referida empresa. A partir dos resultados alcançados com esta pesquisa, constatou-se que é possível implementar e gerenciar resíduos sólidos de construção civil de grande porte, mesmo que a cidade em que está localizada não disponha de estrutura para ampará-la.

Palavras chave: Resíduos. Disposição final. Construção civil.

ABSTRACT

The construction industry is recognized as one of the most important sectors for economic and social development of the country, but consists of an impacting activity due to the large consumption of raw materials, the change of scenery and great generation of waste, mostly, are available indiscriminately. The city of Imperatriz, located in the state of Maranhao, lacks a proper infrastructure for the final disposal of their waste, including construction. Therefore, it is necessary to design, management and reuse their structural residues that take importance not only environmental but also legal. This study was conducted in a large construction company aiming to characterize and analyze the management of solid waste site, through the application of questionnaires to employees, a survey of the sources, classification and disposal of waste generated by that company. From the results achieved with this research, we found that it is possible to implement and manage solid waste from construction of large, even though the city where it is located does not have structure to support them.

Key words: Solid waste. Construction. Management.

LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas

CAEMA: Companhia de Água e Esgoto do Maranhão

Cm: Centímetros

CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente

DD: Dificilmente Degradáveis

EPI: Equipamento de Proteção Individual

ETE: Estação de Tratamento de Esgoto

EUA: Estados Unidos da América

FD: Facilmente Degradáveis

Hab: Habitantes

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPT: Instituto de Pesquisas Tecnológicas

ISO: Organização Internacional para Padronização

Kg: Quilograma

Km: Quilômetro

MD: Moderadamente Degradáveis

ND: Não Degradáveis

NOx: Dióxido de Nitrogênio

NBR: Norma Brasileira

RCC: Resíduos de Construção Civil

RCD: Resíduos de Construção e Demolição

SISNAMA: Sistema Nacional do Meio Ambiente

SOx: Dióxido de Enxofre

Ton: Toneladas

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01: Vista aérea do canteiro de obras da construtora “A”. .........................42

Figuras 02 e 03: Coletores de resíduos distribuídos no canteiro de obras. .........48

Figuras 04 e 05. Baia utilizada para a segregação dos resíduos. .......................48

Figura 06: Entulhos de construção sendo reaproveitados nas estradas de

serviços. ...............................................................................................

49

Figura 07: Resíduos de aço gerados na obra, sendo recolhidos pela

empresa responsável. ..........................................................................

49

Figuras 08 e 09: Transportes utilizados no recolhimento ................................ 50

Figuras 10 e 11: Funcionários com EPI’s na coleta dos resíduos da

empresa. .....................................................................................

50

Gráfico 01: Tempo de Trabalho na empresa ........................................................52

Gráfico 02: Participação em treinamentos de coleta seletiva pela empresa ........53

Gráfico 03: Implantação da coleta seletiva no empreendimento ..........................54

Gráfico 04: Existência de coletores padronizados e suficientes na empresa .......55

Gráfico 05: A coleta seletiva na opinião dos participantes da pesquisa. ..............55

LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Tempo de Sobrevivência de Microorganismo Patogênicos nos

Resíduos Sólidos (em dias) ...............................................................

21

Tabela 02: Enfermidades relacionadas com os Resíduos Sólidos,

Transmitidas por Macro Vetores e Reservatórios. ..............................

22

Tabela 03: Relação incineração x co-processamento: Vantagens e

Desvantagens .....................................................................................

34

Tabela 04: Setores da Construtora “A” com os respectivos resíduos sólidos

gerados...............................................................................................

46

Tabela 05: Análise qualitativa dos resíduos da construção civil gerado pela

Construtora “A”, segundo a Resolução CONAMA N° 307 (2002) e

NBR 10004 (2004). .............................................................................

47

Tabela 06: Disposição final dos resíduos gerados da Construtora “A” ................. 51

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................14

2 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................16

2.1 Resíduos sólidos ................................................................................................16

2.2 Classificação dos resíduos.................................................................................18

3 RESÍDUOS NO MUNDO .......................................................................................23

3.1 Resíduos no Brasil ..............................................................................................24

3.2 Resíduos na Cidade de Imperatriz-MA ...............................................................25

4 RESÍDUOS SÓLIDO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL ........................27

4.1 Classificação dos resíduos sólidos da construção civil ................................28

4.2 Impactos ambientais associados ao gerenciamento inadequado dos RCC ................................................................................................................

29

4.3 Alternativas para redução do impacto ambiental ................................ 30

5 PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ................................32

5.1 Métodos de tratamento e destinação final .........................................................33

5.1.1 Processos térmicos ................................................................................................33

5.1.2 Processos físicos ................................................................................................35

6 DIRETRIZES PARA GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL ...........................................................................................

37

6.1 Norma Brasileira para Gestão de Resíduos ......................................................37

6.2 Princípios legais................................................................................................37

6.3 Competências ................................................................................................38

6.4 Política Nacional do Meio Ambiente ................................................................38

6.5 Resolução CONAMA 307/02 ................................................................................39

6.6 Lei Orgânica do Município de Imperatriz-MA ....................................................39

6.7 Legislações aplicáveis a Construção Civil ........................................................41

7 METODOLOGIA ................................................................................................42

7.1 Área de Estudo ................................................................................................42

7.2 Delineamento da Pesquisa ..................................................................................43

8 RESULTADOS E DISCURSSÕES ................................................................45

8.1 Gerenciamento na Construtora “A” ................................................................45

8.1.1 Geração de Resíduos ............................................................................................45

8.1.2 Acondicionamento................................................................................................47

8.1.3 Coleta e transporte................................................................................................49

8.1.4 Disposição final ................................................................................................51

8.2 Questionários aplicados aos colaboradores da Construtora “A” 52

9 CONCLUSÃO ................................................................................................57

REFERÊNCIAS ................................................................................................59

APÊNDICE ................................................................................................ 62

ANEXOS ................................................................................................................64

14

1 INTRODUÇÃO

Com o advento da Revolução Industrial e o crescente processo de

urbanização, a natureza passou a sofrer fortes intervenções em sua estrutura,

tornando-se, ao longo dos anos, motivo de preocupação em todo mundo,

principalmente, no que diz respeito aos países subdesenvolvidos. As agressões

ambientais, a exploração predatória dos recursos naturais e a falta de controle no

lançamento de resíduos sólidos e líquidos no ambiente, são alguns exemplos

básicos dos problemas ambientais enfrentados atualmente.

Com o crescimento acelerado da população, conseqüentemente houve

um aumento na produção de bens e serviços. Estes, por sua vez, acarretam uma

geração cada vez maior de resíduos, que, por conseguinte, são coletados, na maior

parte das vezes, inadequadamente, trazendo significativos impactos à saúde pública

e ao meio ambiente.

Segundo o IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas (2000), no Brasil,

são produzidas em torno de 100 mil toneladas de resíduos sólidos por dia, relativas,

portanto, a uma fração bastante significativa da produção urbana, constituídas,

basicamente, por materiais orgânicos fermentáveis e resíduos sólidos, tais como:

papel e papelão, trapos, palhas, folhagens e tecidos celulares (TCHOBANOGLOUS;

THEISSEN; ELIASSEN, 1993).

Por outro lado, a destinação final desses resíduos, no Brasil, é muito

problemática. Várias formas já foram e continuam sendo utilizadas para esconder

rejeitos da sociedade. O método de dispor os resíduos sólidos, inclusive os de

construção civil, de forma inadequada, a céu aberto sobre o solo, na forma de

“lixões”, é pratica da maioria dos brasileiros.

Da mesma forma, a atividade industrial da construção civil é considerada

uma das maiores geradoras de resíduos, com características que necessitam de

disposição final adequada. Por apresentar riscos de poluição ambiental e de saúde

pública, a destinação dos resíduos deve ocorrer em áreas preparadas, gerando o

mínimo de impacto sobre o ambiente e a saúde humana.

Diante disso, o presente trabalho, desenvolvido no município de

Imperatriz-MA, teve como objetivo, caracterizar e analisar o gerenciamento dos

resíduos sólidos de uma construtora de grande porte, através da aplicação de

15

questionários aos colaboradores, levantamento das fontes geradoras, classificação e

destino final dos resíduos gerados, visto que a cidade em que está localizada a

empresa, não dispõe de estrutura para ampará-la, por falta de um aterro industrial

controlado.

Assim, esta pesquisa justifica-se pela necessidade de avaliação da

eficácia dos programas de gerenciamento de resíduos sólidos, implantados em

empresas geradoras de rejeitos, a exemplo da construção civil, que podem ser

prejudiciais e causadores de grandes impactos ao ambiente, comprometendo os

seres vivos, que já nasceram e os que pertencerão às futuras gerações.

16

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Resíduos Sólidos

A problemática que envolve o homem e o ‘lixo’ é tão antiga quanto a sua

própria existência, contudo, a sua capacidade de geração de resíduos era bastante

limitada se comparada com os dias atuais.

Para ilustrar esse fato, pode-se verificar em vários relatos nas escrituras

sagradas que citam o comportamento do homem primitivo em relação aos seus

rejeitos. Na cidade de Jerusalém, por exemplo, animais que eram sacrificados

tinham suas peles, carnes e excrementos incinerados.

Entretanto, a origem da palavra lixo é obscura, não se pode afirmar com

precisão qual a sua procedência exata. Para Rocha (1993), o vocábulo ‘lixo’ deriva

do latim lix, que significa cinza ou lixívia, ou ainda, seria uma derivação do verbo

lixare, do latim medieval, que indica o ato de polir. Já na mitologia greco-romana, a

palavra ‘lixo’ é nome próprio, refere-se a um dos filhos de Egito casado com

Cleodora e não guarda relação com o significado em nossa língua.

Segundo Bidone e Povinelli (1999), o termo resíduo sólido, que muitas

vezes é sinônimo para lixo, deriva do latim residuu e significa sobras de substâncias,

acrescido de sólido para diferenciar de resíduos líquidos ou gasosos.

O conceito de lixo e resíduo, de acordo com Calderoni (1998), varia

conforme a época e o lugar, sendo que também depende de fatores econômicos,

jurídicos, ambientais, sociais e tecnológicos, pois o termo ‘lixo’, na linguagem

corrente, é sinônimo de ‘resíduo’. Nos processos produtivos industriais geralmente

utiliza-se ‘resíduos’ como significado de ‘rejeitos’ ou ‘refugos’.

Os resíduos sólidos são materiais heterogêneos, (inerte, minerais e

orgânicos) resultantes das atividades humanas e da natureza, os quais podem ser

parcialmente utilizados, gerando, entre outros aspectos, proteção à saúde pública e

economia de recursos naturais. Os resíduos sólidos constituem problemas sanitário,

econômico e principalmente estético.

Com base em Lima (2001), considera-se que os resíduos sólidos são

constituídos de substâncias:

17

Facilmente Degradáveis (FD): resto de comida, sobra de cozinha,

folhas, capim, casca de frutas, animais mortos e excrementos;

Moderadamente Degradáveis (MD): papel, papelão e outros produtos

celulósicos;

Dificilmente Degradáveis (DD): trapo, couro, pano, madeira, borracha,

cabelo, pena de galinha, osso, plástico;

Não Degradáveis (ND): metal não ferroso, vidro, pedras, cinzas, terra,

areia, cerâmica.

Contudo, sua composição varia de comunidade para comunidade, de

acordo com os hábitos da população, número de habitantes local, poder aquisitivo,

variações sazonais, clima, desenvolvimento, nível educacional, variando ainda para

a mesma comunidade como as estações do ano.

Os resíduos sólidos apresentam grande diversidade e complexidade. As

suas características físicas, químicas e biológicas variam de acordo com sua a fonte

ou atividade geradora. Fatores econômicos, sociais, geográficos, educacionais,

culturais, tecnológicos e legais afetam o processo de geração dos resíduos sólidos,

tanto em relação à quantidade gerada, quanto à sua composição qualitativa. Uma

vez gerado o resíduo, a forma como é manejado, tratado e destinado pode alterar

suas características de maneira, que em certos casos, os riscos à saúde e ao

ambiente são potencializados. A ABNT, através da norma NBR 10.004/ 2004 define

resíduos sólidos como: Resíduos nos estados sólidos e semi-sólido que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos, cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções, técnica e economicamente, inviáveis em face à melhor tecnologia disponível (CASTILHOS JR, et al., 2006, p. 01).

Nesta definição observa-se as varias fontes ou atividades geradoras de

resíduos, como também, a possibilidade do resíduo apresentar-se em diferentes

estados físicos como os lodos de estações de tratamento de água e esgoto. Esta

norma classifica os resíduos quanto a sua periculosidade à saúde pública e ao meio

ambiente. O grau de periculosidade dos resíduos depende de suas propriedades

físicas, químicas e infecto-contagiosas.

18

2.2 Classificação dos resíduos

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define pela NBR

10004 (NBR 10004/2004, p.3) que os resíduos são classificados em:

a) resíduos classe I – Perigosos;

b) resíduos classe II – Não perigosos;

c) resíduos classe II A – Não inertes;

d) resíduos classe II B –. Inertes

Os resíduos classe I, considerados pela norma como perigosos, são

aqueles que apresentam periculosidade ou características como:

a) Inflamabilidade;

b) Corrosividade;

c) Reatividade;

d) Toxicidade;

e) Patogenicidade.

Segundo a ABNT (NBR 10004/2004, p. 5), os resíduos classe II não

perigosos, são descritos pela norma como, por exemplo:

a) Resíduo de restaurante (restos de alimentos);

b) Sucata de metais ferrosos;

c) Resíduo de madeira;

d) Bagaço de cana.

Os resíduos classe II A – Não-inertes, são classificados pela ABNT (NBR

10004/2004, p. 5), como aqueles que não se enquadram nas classificações de

resíduos classe I – Perigosos ou de resíduos classe II B – Inertes, nos termos desta

Norma. Os resíduos classe II A – Não-Inertes podem ter propriedades, tais como:

biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade quaisquer resíduos que,

quando amostrados de uma forma representativa, segundo a NBR 10007 (apud

IETEC, 2003 [online]), e submetidos a um contato estático ou dinâmico com água

destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, conforme NBR 10006, não tiverem

nenhum em água.

Já os resíduos classe II B – Inertes são de seus constituintes

solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água,

excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.

19

De acordo com o Ambiente Brasil (2009), os resíduos podem ser

classificados quanto às características físicas como:

- Seco: papéis, plásticos, metais, couros tratados, tecidos, vidros,

madeiras, guardanapos e tolhas de papel, pontas de cigarro, isopor, lâmpadas,

parafina, cerâmicas, porcelana, espumas, cortiças;

Molhado: restos de comida, cascas e bagaços de frutas e verduras,

ovos, legumes, alimentos estragados, etc.

Quanto à composição química:

- Orgânico: composto por pó de café e chá, cabelos, restos de alimentos,

cascas e bagaços de frutas e verduras, ovos, legumes, alimentos estragados, ossos,

aparas e podas de jardim;

- Inorgânico: composto por produtos manufaturados como plásticos,

vidros, borrachas, tecidos, metais (alumínio, ferro, etc.), isopor, lâmpadas, velas,

parafina, cerâmicas, porcelana, espumas, cortiças, etc.

Quanto à origem:

- Domiciliar: originado da vida diária das residências, constituído por restos

de alimentos (tais como cascas de frutas, verduras, etc.), produtos deteriorados,

jornais, revistas, garrafas, embalagens em geral, papel higiênico, fraldas

descartáveis e uma grande diversidade de outros itens, pode conter alguns resíduos

tóxicos;

- Comercial: originado dos diversos estabelecimentos comerciais e de

serviços, tais como supermercados, estabelecimentos bancários, lojas, bares,

restaurantes, etc.

- Público e de Serviços de Saúde: originados dos serviços de limpeza

urbana, incluindo todos os resíduos de varrição das vias públicas, limpeza de praias,

galerias, córregos, restos de podas de plantas, limpeza de feiras livres, etc,

constituído por restos de vegetais diversos, embalagens, etc.

- Hospitalar: descartados por hospitais, farmácias, clínicas veterinárias

(algodão, seringas, agulhas, restos de remédios, luvas, curativos, sangue

coagulado, órgãos e tecidos removidos, meios de cultura e animais utilizados em

testes, resina sintética, filmes fotográficos de raios X). Em função de suas

características, merece um cuidado especial em seu acondicionamento,

20

manipulação e disposição final. Deve ser incinerado e os resíduos levados para

aterro sanitário;

- Portos, Aeroportos, Terminais Rodoviários e Ferroviários: resíduos

sépticos, ou seja, que contém ou potencialmente podem conter germes patogênicos.

Basicamente originam-se de material de higiene pessoal e restos de alimentos, que

podem hospedar doenças provenientes de outras cidades, estados e países.

- Industrial: originado nas atividades dos diversos ramos da indústria, tais

como: o metalúrgico, o químico, o petroquímico, o de papelaria, da indústria

alimentícia, etc. O lixo industrial é bastante variado, podendo ser representado por

cinzas, lodos, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras,

borracha, metal, escórias, vidros, cerâmicas. Nesta categoria, inclui-se grande

quantidade de lixo tóxico. Esse tipo de lixo necessita de tratamento especial pelo

seu potencial de envenenamento.

- Radioativo: resíduos provenientes da atividade nuclear (resíduos de

atividades com urânio, césio, tório, radônio, cobalto), que devem ser manuseados

apenas com equipamentos e técnicos adequados;

- Agrícola - resíduos sólidos das atividades, agrícola e pecuária, como

embalagens de adubos, defensivos agrícolas, ração, restos de colheita, etc. O lixo

proveniente de pesticidas é considerado tóxico e necessita de tratamento especial.

- Entulho: resíduos da construção civil: demolições e restos de obras,

solos de escavações. O entulho é geralmente um material inerte, passível de

reaproveitamento.

Quanto às características físicas:

- Composição gravimétrica: traduz o percentual de cada componente em

relação ao peso total do lixo;

- Peso específico: é o peso dos resíduos em função do volume por eles

ocupado, expresso em kg/m³. Sua determinação é fundamental para o

dimensionamento de equipamentos e instalações;

- Teor de umidade: esta característica tem influência decisiva,

principalmente nos processos de tratamento e destinação do lixo. Varia muito em

função das estações do ano e da incidência de chuvas;

- Compressividade: também conhecida como grau de compactação, indica

a redução de volume que uma massa de lixo pode sofrer, quando submetida a uma

21

pressão determinada. A compressividade do lixo situa-se entre 1:3 e 1:4 para uma

pressão equivalente a 4 kg/cm2. Tais valores são utilizados para dimensionamento

de equipamentos compactadores.

- Chorume: substância líquida decorrente da decomposição de material

orgânico.

Quanto às características biológicas:

Segundo Lima (2001), a massa dos resíduos sólidos apresenta agentes

patogênicos e microorganismos prejudiciais à saúde humana. A tabela 01 apresenta

o tempo de sobrevivência (em dias) de microorganismos patogênicos presentes nos

resíduos sólidos.

Tabela 01: Tempo de Sobrevivência de Microorganismo Patogênicos nos Resíduos Sólidos (em dias)

Microorganismos Doenças R.S. (dias)

Bactérias - -

Salmonella typhi Febre Tifóide 29-70

Salmonella paratyphi Febre Paratifóide 29-70

Salmonella sp Samoneloses 29-70

Shigella Desinteira Bacilar 02-07

Coliformes fecais Gastroenterites 35

Leptospira Leptospirose 15-43

Mycrobacterium tuberculosis Tuberculose 150-180

Vibrio chelerae Cólera 1-13

Vírus - -

Enterovírus Poliomelite (Polivírus) 20-70

Helmintos - -

Ascaris lumbricóides Ascaridíase 2000 – 2500

Trichuris trichiura Trichiuríase 1800**

Larvar de ancilóstomos Ancilostomose 35**

Outras larvas de vermes - 25-40

Protozoários - -

Entamoeba histolytica Amebíase 08-12 Fonte: Lima (2001 p. 34)

22

A Tabela 02 apresenta a forma de transmissão de enfermidades

transmitidas por Macro Vetores e Reservatório relacionados com os resíduos

sólidos.

Tabela 02: Enfermidades relacionadas com os Resíduos Sólidos, Transmitidas por Macro Vetores e Reservatórios.

Vetores Forma de Transmissão Enfermindades

Rato e Pulga Mordida, urina, fezes e picada. Leptospirose

Peste Bubônica Tifo Murino

Mosca Asas, patas, corpo, fezes e saliva.

Febre Tifóide Cólera

Amebíese Desinteria Giardíase

Ascaridíase

Mosquito Picada

Malária Febre Amarela

Dengue Lechimaniose Febre Tifóide

Cólera Barata Asas, patas, corpo e fezes Giardíase

Gado e Porco Ingestão de carne contaminada. Teníase Cisticercose

Cão e Gato Urina e fezes Toxoplasmose Fonte: Lima (2001 p. 34)

23

3 RESÍDUOS NO MUNDO

O homem é certamente a espécie que mais modifica o meio em que vive

devido a sua alta capacidade de inteligência e raciocínio, o que vem acarretando um

grande desequilíbrio da biosfera.

Vivemos em uma sociedade moderna onde adotou-se um modelo de

desenvolvimento que gera um elevado padrão de produção e consumo devido ao

acelerado crescimento populacional, o que resulta em um processo de urbanização

intenso e desordenado, gerando sérios problemas de ordem ambiental e de saúde

pública (BELI et al., 2005).

Neste momento de grande desenvolvimento tecnológico em que vivemos

surge a necessidade de estudos e projetos para solução do lixo que está

intimamente ligada à sua composição qualitativa, assim como suas características

físico-químicas e biológicas.

De acordo com Oliveira (2009), a população mundial, é hoje mais de 6

bilhões de habitantes e esteja gerando 570 milhões de ton/ano, sendo que os

maiores geradores são: Estados Unidos da América - EUA com 210 milhões ton/ano

, Japão 100 milhões ton/ano, Inglaterra 40 milhões ton/ano, França 30 milhões

ton/ano e Alemanha 30 milhões ton/ anos (todos pesos aproximados).

Observa-se que os maiores geradores são países altamente povoados e

com economias desenvolvidas. Estes países têm o gerenciamento de resíduos,

onde a seletividade dos mesmos é alta, ocorrendo principalmente em países

europeus e no Japão. Nos países desenvolvidos, há uso de incineração do lixo para

gerar energia (Inglaterra e Alemanha). Nos EUA 50% do lixo é destinado a aterros

sanitários adequados e o restante em forma de incineração, reciclagem,

compostagem e outros. (OLIVEIRA, 2009).

24

3.1 Resíduos no Brasil

O tratamento dado aos resíduos sólidos no Brasil pode ser bem avaliado

a partir da própria dificuldade em obter informações confiáveis e detalhadas sobre o

tema. Os dados existentes sobre o assunto são escassos, falhos e conflitantes, a

começar das estimativas sobre a quantidade de resíduos gerados (JURAS, 2009).

A realidade sobre a produção, tratamento e destino dos resíduos

precisam ser conhecidos de forma integrada para que soluções adequadas sejam

propostas. Nos dias atuais, os resíduos continuam sendo considerados como

importantes fontes de contaminação do ambiente, ocasionando um efeito

bumerangue para o próprio homem. É o que se sabe até o momento. Talvez outros

efeitos só possam ser descobertos no decorrer dos anos, ou sentidos nas gerações

futuras.

A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico de 2000, realizada pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2008) revelou que o lixo

produzido diariamente no Brasil chegava a 125.281 toneladas, sendo que 47,1%

eram destinados a aterros sanitários, 22,3% a aterros controlados e apenas 30,5% a

lixões. Ou seja, mais de 69% de todo o lixo coletado no Brasil apresentava um

destino final adequado, em aterros sanitários e/ou 18% controlados. Todavia, em

número de municípios, o resultado não é tão favorável: 63,6% utilizavam lixões e

32,2%, aterros adequados (13,8% sanitários, 18,4% aterros controlados), sendo que

5% não informaram para onde vão seus resíduos.

Os números da pesquisa permitem, ainda, uma estimativa sobre a

quantidade coletada de lixo diariamente, onde, nas cidades com até 200.000

habitantes, são recolhidos de 450 a 700 gramas por habitante; nas cidades com

mais de 200 mil habitantes, essa quantidade aumenta para a faixa entre 800 e 1.200

gramas por habitante.

25

3.2 Resíduos na cidade de Imperatriz-MA

O município de Imperatriz localiza-se no oeste do Estado do Maranhão,

na microregião 38ª, tendo como limites os municípios de Cidelândia, São Francisco

do Brejão, João Lisboa, Davinópolis, Governador Edilson Lobão e com o Estado do

Tocantins. “Está Situada a 639 quilômetros da capital com as coordenadas

geográficas 5°31’32”; latitude; 47º26’35” longitude, com altitude média de 92 metros

acima do nível do mar e área geográfica de 1.538,21 km², que corresponde a 0,46%

do Estado (333.365,6) km² (VELOSO et al., apud SILVA, et al., 2009).

A população da cidade de Imperatriz apresenta em torno de 236.311

habitantes, segundo dados coletados no Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE, 2008).

Segundo dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente,

Infra-estrutura e Transporte de Imperatriz/MA, há uma produção diária de resíduos

sólidos estimada em 280 toneladas, que equivale a 0,82 kg por habitantes dia,

sendo maior que a média nacional que está próxima dos 0,65kg/hab. (SILVA, et al.,

2009).

Observou-se a inexistência de legislações específicas para a

regulamentação gerencial de resíduos sólidos no município, no entanto, faz uso do

código de postura municipal (Lei n° 850/97) como única referência local

(IMPERATRIZ, apud SILVA et al., 2009).

Um dos pontos que inclusive ainda nem saiu do papel e, que fora

elemento de destaque dentro do Plano Diretor de Imperatriz, fora àquele que diz

respeito à construção de um aterro sanitário para a cidade. O objetivo era promover

uma melhor e mais adequada destinação final para os resíduos sólidos produzidos

pela cidade de Imperatriz-MA. Todavia apesar dos já 06 (seis) anos de aprovação do

Plano, todo o lixo produzido em Imperatriz-MA, continua sendo despejado a céu

aberto (Lixão Municipal).

Diariamente, são encaminhados para o lixão municipal todos os resíduos

produzidos pela cidade (lixo doméstico, industrial e hospitalar, etc.), sem qualquer

preocupação ou tratamento aparente; isso apesar do Plano de Lei 002/2004 frisar

enfaticamente a necessidade primordial por um tratamento adequado aos resíduos

sólidos aqui produzidos (reciclagem e reutilização como insumo nas cadeias

26

produtivas), isso apesar de destacar este mesmo Plano, a necessidade emergencial

de construção de um aterro sanitário para atender a demanda urbana de Imperatriz,

o que até o presente momento também não fora feito (VALADARES, 2009).

27

4 RESÍDUOS SÓLIDOS NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL

A macroestrutura da indústria da construção civil, atividade também

denominada de construbusiness, que envolve desde o setor de materiais, a

construção propriamente de edificações e a construção pesada como, por exemplo,

construção de hidroelétricas, de estradas, até a atividade imobiliária, são conhecidas

como uma das mais importantes atividades para o desenvolvimento econômico e

social do Brasil (BRASIL, 1996).

O construbusiness é um ramo da atividade industrial que gera uma

grande quantidade de empregos e absorve um expressivo contingente de mão-de-

obra dos mais diversos tipos e, em especial, os profissionais menos qualificados e

socialmente mais dependentes. Além disso, é um setor que gera mais empregos a

um custo baixo (BRASIL, 1996).

De outra forma, a cadeia produtiva da construção civil consome entre 14 e

50% de recursos naturais extraídos do planeta; no Japão corresponde a cerca de

50% dos materiais que circulam na economia e nos Estados Unidos, o consumo de

mais de dois bilhões de toneladas representam cerca de 75% dos materiais

circulantes (JOHN et al., 2000).

Os Resíduos de Construção e Demolição (RCD), em sua maioria,

apresentam natureza mineral (como por exemplo: concretos, argamassas, rochas,

solos, e cerâmicas). Eles são responsáveis pelo esgotamento de áreas de aterros

em cidades de médio e grande porte uma vez que eles correspondem a mais de

50% dos resíduos sólidos urbanos. Além disso, os mesmos geram altos custos

sócio-econômicos e ambientais nessas cidades em função das deposições

irregulares (ÂNGULO, 2005).

No Brasil os RCD também atingem alevadas proporções da massa dos

resíduos sólidos urbanos: variam de 51 a 70% (PINTO, apud SCHNEIDER, 2003

[online]). Essa grande massa de resíduos, quando mal gerenciada, degrada a

qualidade da vida urbana, sobrecarrega os serviços municipais de limpeza pública e

reforça no país a desigualdade social, uma vez que escassos recursos públicos são

continuamente drenados para pagar a conta coleta, transporte e disposição de

resíduos depositados irregularmente em áreas públicas, conta essa que, na

realidade, é de responsabilidade dos geradores.

28

De acordo com Brasil (2009), o Brasil no ano de 2002, passou a destacar-

se, o estabelecimento de políticas públicas, normas, especificações técnicas e

instrumentos econômicos, voltados ao equacionamento dos problemas resultantes

de manejo inadequado dos resíduos da construção civil. Este conjunto de políticas,

normas e instrumentos econômicos colocam o país em destaque entre os situados

no Hemisfério Sul. E, por outro lado, possibilita que os agentes envolvidos na cadeia

dos resíduos desenvolvam iniciativas dos processos de gestão.

Existe hoje um grande número de construtoras que, capitaneadas por

suas instituições setoriais em diversas unidades da Federação, instituem sistemas

de gerenciamento em seus canteiros de obra. Há, ainda, um interesse expressivo de

empreendedores privados para a abertura de novos e rentáveis negócios nas

atividades de triagem e reciclagem.

São ações que vem de encontro ao esforço crescente dos municípios,

principalmente os que se posicionam como pólos regionais, de dar cumprimento às

diretrizes do CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente.

4.1 Classificação dos resíduos sólidos da construção civil

A preocupação com os resíduos sólidos é cada vez maior e, desta forma,

são buscados meios de melhor estudá-los. Uma maneira de fazer isto é através da

sua classificação. O Art. 3° da Resolução 307/2002, Conama (2002) classifica os

resíduos da seguinte forma:

I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados,

tais como:

a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de

outras obras de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações:

componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.)

argamassa e concreto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em

concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;

II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais

29

como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;

III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas

tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua

reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso;

IV - Classe D - são os resíduos perigosos oriundos do processo de

construção, tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados

oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações

industriais e outros.

Segundo essa Resolução, os resíduos da construção civil os provenientes

de execução, reforma, reparo e demolição de obras de Construção Civil, e os

resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: blocos cerâmicos,

concretos em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e

compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros,

plásticos, tubulações, fiação elétrica, vulgarmente são chamados de entulhos de

obras, caliça ou metralha.

4.2 Impactos ambientais associados ao gerenciamento inadequado dos RCC

Juntamente com a grande importância da indústria da construção civil

como alavanca para o desenvolvimento social e econômico do país, este setor

também vem, na mesma intensidade, gerando impactos negativos para o meio

ambiente.

Todas as etapas do processo construtivo, tais como: extração da matéria-

prima, produção de materiais, construção, utilização e demolição, causam impactos

ambientais que afetam direta ou indiretamente os seguintes aspectos:

A saúde, a segurança e o bem-estar da população;

As atividades sociais e econômicas;

A biota;

As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

A qualidade dos recursos ambientais.

De acordo com Cassa, Carneiro e Brum (2001), são várias as

30

conseqüências negativas causadas pelo fluxo irracional e descontrolado do grande

volume de Resíduos de Construção Civil - RCC gerado nos municípios. Dentre os

problemas causados por este ineficaz gerenciamento desses resíduos, que foi

denominado por Pinto (apud SCHNEIDER, 2003) de gestão corretiva, podemos

destacar o impacto ambiental e o econômico.

Os impactos ambientais causados pela má gestão dos RCC são devido a

não captação compromissada dos resíduos da construção civil, a inexistência de

políticas públicas que disciplinem a destinação dos resíduos. Tudo isso associado a

um ineficaz gerenciamento ambiental de alguns agentes ligados à gestão dos RCC,

impõe-se à população um expressivo número de áreas degradadas denominadas,

conforme Pinto e Gonzáles (2005), de bota-foras clandestinos ou de deposições

irregulares.

Essas duas áreas estão quase sempre localizadas nas periferias das

cidades onde há maior número de áreas livres. Vizinhas a estas áreas, encontra-se

a população mais carente, a qual é mais afetada pelos problemas causados pela

disposição incorreta dos RCC.

A disposição inadequada dos resíduos, além de ocasionar transtorno à

população, demanda de vultosos investimentos financeiros, o que coloca a indústria

da construção civil o centro de discussões na busca de desenvolvimento sustentável

nas suas diversas dimensões.

4.3 Alternativas para redução do Impacto Ambiental

Os profissionais da indústria da construção civil vêm buscando a

implementação de processos, desenvolvimento de pesquisas e de ensino, e devem

ser capacitados a divulgar as mudanças necessárias e dispostos a derrubar os

paradigmas existentes no setor da construção civil brasileira.

De acordo com John (et al., 2000), no ano de 1999, foi publicada pelo

International Council for Research and Innovation in Building and Construction (CIB)

uma Agenda 21 para o setor da construção civil, denominada de Agenda 21 on

Sustainable Construction. Este documento aponta como base para a

sustentabilidade da indústria da construção civil, os seguintes critérios:

31

Redução do consumo energético e da extração dos recursos minerais;

Conservação das áreas naturais e de biodiversidade;

Manutenção da qualidade do ambiente construído.

Baseado nestas idéias, John (et al., 2000) propuseram uma Agenda 21

para a indústria da construção civil brasileira, a qual baseava-se nas seguintes

propostas:

Redução das perdas de materiais com o melhoramento dos processos

construtivos;

Reciclagem dos resíduos da indústria da construção civil, para que

estes sejam empregados como materiais de construção; e

Durabilidade e manutenção de edificações.

Segundo Vásquez (2001), a indústria da construção civil sustentável deve

investir numa produção baseada na redução de geração de resíduos,

desenvolvendo tecnologias limpas, utilização de materiais recicláveis, reutilizáveis

ou secundários e na coleta e deposição de inertes.

O setor da construção civil começou a participar das discussões a

respeito do controle e da responsabilidade pela destinação de seus resíduos sólidos,

através da Resolução nº. 307/2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA).

Atualmente, o que tem sido observado é que as empresas que atuam no

setor da construção civil têm apresentado uma conduta ambiental mais responsável,

por exemplo, as que buscam a certificação da Organização Internacional para

Padronização - ISO 14001.

32

5 PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

O Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil conforme a

Resolução 307/2002, Conama (2002), é o sistema de gestão que visa reduzir,

reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas,

procedimentos e recursos para desenvolver e implementar as ações necessárias ao

cumprimento das etapas previstas em programas e planos.

O Projeto de Gerenciamento deve, de forma sumária, seguir às

exigências das seguintes etapas da Resolução CONAMA nº 307/2002.

No Art. 9º da Resolução 307/2002, Conama (2002), os Projetos de

Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil deverão contemplar as seguintes

etapas:

I - caracterização: nesta etapa o gerador deverá identificar e quantificar

os resíduos;

II - triagem: deverá ser realizada, preferencialmente, pelo gerador na

origem, ou ser realizada nas áreas de destinação licenciadas para essa finalidade,

respeitadas as classes de resíduos estabelecidas no art. 3º desta Resolução;

III - acondicionamento: o gerador deve garantir o confinamento dos

resíduos após a geração até a etapa de transporte, assegurando em todos os casos

em que seja possível, as condições de reutilização e de reciclagem;

IV - transporte: deverá ser realizado em conformidade com as etapas

anteriores e de acordo com as normas técnicas vigentes para o transporte de

resíduos;

V - destinação: deverá ser prevista de acordo com o estabelecido na

referida Resolução.

No Art. 10° da Resolução 307/2002, Conama (2002), os resíduos da

construção civil deverão ser destinados das seguintes formas:

I - Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de

agregados, ou encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil,

sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura;

II - Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a

áreas de armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua

utilização ou reciclagem futura;

33

III - Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em

conformidade com as normas técnicas especificas;

IV - Classe D: deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e

destinados em conformidade com as normas técnicas especificas.

Dessa forma, é preciso que exista a implantação de um Plano de

Gerenciamento de Resíduos, a fim de que seja feito dentro dos padrões

estabelecidos.

5.1 Métodos de tratamento e destinação final

O aproveitamento dos resíduos gerados pode trazer benefícios

interessantes, tanto do ponto de vista ambiental, segundo (SISTEMA FIRJAN, 2006)

como também econômicos:

Na redução da criação e utilização de aterros;

Nos gastos com acondicionamento e transporte;

Na redução da utilização dos recursos naturais;

Na diminuição dos riscos ambientais proporcionados por esses

resíduos.

Do ponto de vista econômico, essas soluções são atrativas tanto na

redução de custos de transporte e da disposição legal do aterro, quanto na redução

dos custos globais das matérias-primas.

A escolha dos métodos de tratamento e disposição final deve considerar

fatores técnicos, legais e financeiros.

A seguir estão descritos os principais métodos de tratamento e disposição

final.

5.1.1 Processos térmicos

Existe uma grande variedade de técnicas de tratamento baseadas na

aplicação de calor aos resíduos, os chamados processos térmicos. Os produtos

34

resultantes do emprego dessas técnicas dependem da quantidade de calor utilizada.

De acordo com (SISTEMA FIRJAN, 2006), os processos térmicos mais

usuais incluem:

Incineração:

O processo de incineração utiliza a combustão controlada para degradar

termicamente materiais residuais. Os equipamentos envolvidos na incineração

garantem fornecimento de oxigênio, turbulência, tempo de residência e temperatura

adequados e devem ser equipados com mecanismos de controle de poluição para a

remoção dos produtos da combustão incompleta e das emissões de particulados, de

Dióxido de Enxofre - SOx e Dióxido de Nitrogênio - NOx.

É necessária a correta disposição dos resíduos sólidos resultantes

(cinzas) após a incineração. As cinzas devem ter sua composição analisada para

que seja determinado o melhor método de disposição, que normalmente são

utilizados aterros industriais. Observa-se na tabela 03, as vantagens e desvantagens

dos processos térmicos de incineração.

Co-Processamento:

O co-processamento consiste no reaproveitamento de resíduos nos

processos de fabricação de cimento. O resíduo é utilizado como substituto parcial de

combustível ou matéria-prima e as cinzas resultantes são incorporadas ao produto

final, o que deve ser feito de forma controlada e ambientalmente segura.

Esta é uma alternativa de baixo custo freqüentemente utilizada para

tratamento térmico de grande variedade de resíduos. Observa-se na tabela 03, as

vantagens e desvantagens dos processos térmicos de co-processamento.

Pirólise:

A pirólise consiste na decomposição química do resíduo orgânico por

calor na ausência de oxigênio. Os resíduos selecionados devem ser triturados e

enviados a um reator pirolítico onde os compostos orgânicos são volatilizados e

parcialmente decompostos.

A pirólise é um processo muito eficiente de destinação final de resíduos

sólidos. Porém, por ser ainda custoso no que tange à sua manutenção, necessita de

maior aprimoramento tecnológico.

35

Plasma:

O plasma é o gás ionizado por meio de temperaturas superiores a 3000

ºC, tornando-se uma forma especial de material gasoso que conduz eletricidade. A

característica de alta energia e temperatura do plasma permite um tempo de reação

curto em relação ao incinerador clássico, permitindo uma velocidade de destruição

mais alta e a construção de reatores menores.

5.1.2 Processos físicos

Os processos físicos são normalmente empregados como pré-tratamento

para que os resíduos sejam posteriormente encaminhados para tratamento e/ou

disposição final.

Os processos físicos de tratamento de resíduos englobam: Centrifugação;

Separação gravitacional e Redução de partículas.

Disposição final em aterros:

Aterro Industrial

Nos Aterros Industriais, os resíduos são confinados em grandes áreas

especialmente projetadas para receber os tipos de resíduos que estão sendo

dispostos. Existem aterros para resíduos classe I e classe II (classificação segundo a

norma NBR 10004), que diferem entre si no sistema de impermeabilização e

controle necessário.

36

Tabela 03: Relação incineração x co-processamento: Vantagens e Desvantagens

INCINERAÇÃO

VANTAGENS DESVANTAGEM Degrada completamente os resíduos, quebrando as moléculas dos componentes perigosos.

Gera cinzas, que devem ser corretamente dispostas de acordo com a sua composição.

Tecnologia aceita pelos órgãos ambientais, desde que em instalações licenciadas.

Gera emissões atmosféricas, que devem ser controladas.

Aplicada a grande número de tipos de resíduos. Alto custo.

CO-PROCESSAMENTO

VANTAGENS DESVANTAGEM Resíduos podem ser reaproveitados energeticamente

Necessita controle de emissões atmosféricas

Baixo custo

Alguns resíduos perigosos não podem ser co-processados devido à sua composição

Não gera cinzas, pois toda a matéria queimada é incorporada ao produto final

De acordo com a Resolução CONAMA 264 de 1999, é proibida a destinação via co-processamento dos resíduos: “domiciliares brutos, os resíduos de serviços de saúde, os radioativos, explosivos, organoclorados, agrotóxicos e afins”.

Fonte: Sistema Firjan (2006 p. 21)

37

6 DIRETRIZES PARA GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO

CIVIL 6.1 Normas Brasileiras para a Gestão de Resíduos

Segundo Pasqualotto Filho et al. (2007), diversos são os instrumentos

normativos que disciplinam a questão dos RCC, tendo como suporte os princípios de

competência administrativa e legal envolvida com os RCC; normas jurídicas que

disciplinam a conduta dos geradores dos RCC e administradores públicos; e

instrumentos aplicáveis em caso de violação dos direitos difusos.

6.2 Princípios legais

Dentro dos princípios que orientam a gestão dos RCC, destaca-se: o

princípio do poluidor pagador, que sujeita o agente degradador do meio ambiente à

obrigação civil de fazer, ou de pagar, além de imposição de sanções administrativas

e penais, de acordo com o disposto no § 3º do artigo 225 da Constituição Federal.

A declaração do Rio, elaborada a partir do Rio-92, determina em seu

princípio 16 que os países devem criar mecanismos para que os poluidores

internalizem os custos advindos dos danos causados ao meio ambiente para a

produção e/ou prestação de serviços, corrigindo as distorções ambientais impostas à

sociedade, em proveito de poucos.

Quanto ao princípio da prevenção e precaução, ambos norteiam para o

sentido de reduzir ou obstar a prática de atividades ou a produção de matérias que,

ainda que potencialmente, possam vir a causar detrimento dos recursos naturais,

flora, fauna, saúde humana, degradação visual da paisagem urbana. Nada justifica a

displicência com que os RCC são tratados e tolerados (PASQUALOTTO FILHO, et

al. 2007).

38

6.3 Competências

Há competência material comum da União, estados, distrito federal e

municípios no assunto proteção do meio ambiente de acordo com o artigo 23 da

Carta Magna de 1988, podendo cada um dos entes federativos fiscalizar e

regulamentar condutas para a adequada gestão dos resíduos em estudo.

Contudo, de forma específica o artigo 30, inc. V da Constituição Federal

disciplina que compete aos municípios, a organização e prestação dos serviços

públicos de interesse local, entre eles o gerenciamento dos resíduos urbanos

(PASQUALOTTO FILHO, et al. 2007).

6.4 Política Nacional do Meio Ambiente

A Lei nº 6.938/81, denominada de Política Nacional do Meio Ambiente, é

de grande relevância, uma vez que busca a preservação, melhora e recuperação do

meio ambiente nacional, tendo instituído, para tanto, o Sistema Nacional do Meio

Ambiente (Sisnama), que representa o conjunto de órgãos, entidades e normas de

todos os entes federativos União, estados, distrito federal e municípios,

responsáveis pela gestão ambiental, assim como princípios e conceitos

fundamentais para a proteção ambiental, estabelecendo ainda objetivos e

instrumentos até então inexistentes na legislação pátria. O Conselho Nacional do

Meio Ambiente (Conama) é seu órgão central (PASQUALOTTO FILHO, et al. 2007).

Há destaque à questão dos RCC, uma vez que sua finalidade é estudar e

propor diretrizes e políticas públicas para a preservação do meio ambiente,

deliberando sobre as formas de controle ambiental por meio de resoluções, que são

normas técnicas e administrativas com força de lei (tema controvertido), voltadas

para a execução das diretrizes abstratas constantes na lei nº 6.938/81.

No âmbito municipal, é instrumento para a implementação da gestão de

resíduos da construção civil o Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da

Construção Civil, a ser elaborado pelos municípios e pelo distrito federal, o qual

deverá incorporar o Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da

39

Construção Civil; e Projetos de Gerenciamento de Resíduo da Construção Civil

(PASQUALOTTO FILHO et al., 2007).

6.5 Resolução Conama 307/02

A Resolução 307, de 2002, do Conselho Nacional do Meio Ambiente

Conama, estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos

da construção civil, disciplinando as ações necessárias à minimização dos impactos

(efeitos) ambientais, levando em conta a política urbana de pleno desenvolvimento

da função social das cidades e da propriedade urbana.

Na referida Resolução é definido que os geradores de resíduos da

construção civil (entulhos) devem ter como objetivo principal a não-geração de

entulhos e, em caráter secundário, a redução, reutilização, reciclagem, bem como a

responsabilidade pela destinação final de tais materiais, levando em conta que os

mesmos não podem ser dispostos em aterros de resíduos domiciliares, em “bota-

fora”, encostas, corpos de água, lotes vagos, bem como em áreas legalmente

protegidas por lei (caso, por exemplo, dos manguezais). Para tal exigência da

referida Resolução, cada município deve obrigatoriamente desenvolver e implantar o

Plano Municipal de Gestão dos Resíduos da Construção Civil.

A Resolução foi muito clara ao definir um prazo máximo de dezoito

meses, contados a partir de 5 de julho de 2002, para que todos os municípios

deixem de fazer a disposição de resíduos de construção civil em aterros domiciliares

e em áreas de “bota-fora”, o que não ocorre na realidade (PASQUALOTTO FILHO,

et al. 2007).

6.6 Lei Orgânica do Município de Imperatriz-MA

A Lei Orgânica da Câmara Municipal de Imperatriz promulgada em 06 de

abril de 1990, estabelece no preâmbulo do Capítulo VIII, dos Serviços de Obras

Públicas do Art. 115 que o Município promove programas de saneamento básico

40

destinados a melhorar as condições sanitárias e ambientais das áreas urbanas e o

nível de saúde da população (IMPERATRIZ, 1990).

No parágrafo único deste artigo fica claro que, a ação do Município

deverá orientar-se para:

I – formular a política municipal de saneamento básico, participando

ativamente na formação da política regional e estadual de saneamento básico;

II – promover a limpeza das vias e logradouros públicos, a remoção, o

tratamento e o destino do lixo domiciliar e de outros resíduos de qualquer natureza;

III – regulamentar e fiscalizar a geração, acondicionamento,

armazenagem, coleta, transporte e tratamento do destino final de resíduos de

qualquer natureza;

IV – regulamentar e fiscalizar o transporte, a instalação e a utilização de

fontes radioativas empregadas em finalidades de cunho medicional e de pesquisa no

Município, prevenindo seus efeitos sobre a população. (IMPERATRIZ, 1990).

Contudo, dentre os princípios que regulamentam a gestão dos resíduos

de forma específica, o Art. 116 dos serviços de coleta, transporte, tratamento e

destino final de resíduos sólidos, líquidos e gasosos, qualquer que seja o processo

adotado, deverão ser executados sem qualquer prejuízo para a saúde e o meio

ambiente, observando-se dentre outros os seguintes preceitos:

I – preservação, na forma da lei, da boa qualidade das águas superficiais

e subterrâneas, impedindo-se sua poluição;

II – reaproveitamento, no que couber, de resíduos sólidos, líquidos e

gasosos, especialmente com a finalidade de economia de recursos naturais e

energéticos;

III – obrigatoriedade de recuperação de áreas degradadas pela exposição

de resíduos sólidos e/ou líquidos. (IMPERATRIZ, 1990).

Baseado no Art. 117 nos termos desta lei, o Município exige da fonte

geradora, que seja executado o prévio tratamento ou acondicionamento de resíduo

produzido. No Art. 118, no caso de estabelecimentos industriais, de serviços de

saúde, comerciais e de outros serviços de médio e grande porte, o Município exige

que os resíduos, bem como os entulhos de obras de construção civil, sejam por eles

próprios caracterizados, tratados e depositados em locais adequados sob

permanente supervisão, controle e fiscalização do Município.

41

6.7 Legislações aplicáveis a Construção Civil

Além da CONAMA 307/2002 e NBR 10004/2004, outras legislações

referentes a resíduos também são aplicáveis a Construção Civil. (Anexo A)

42

7 METODOLOGIA

7.1 Área de Estudo

A empresa escolhida como estudo de caso para esta pesquisa foi uma

construtora “A”, considerada de grande porte e que possui seu canteiro de obras

localizado no município de Imperatriz-MA, com uma área de 37 000 m², como mostra

a Figura 01. A empresa executa a obra da Ponte sobre o rio Tocantins e seus

acessos, ligando a cidade de Imperatriz-MA ao município de São Miguel do

Tocantins-TO.

Figura 01: Vista aérea do canteiro de obras da construtora “A”. Fonte: Construtora CONSTRAN S/A (2009)

Em junho de 2007, a empresa havia contratado média de 600

funcionários para atender alta demanda de trabalho na obra, o que vinha

acarretando o grande volume de resíduos gerados e a dificuldade para a destinação

destes materiais produzidos, a solução foi o estabelecimento de parcerias entre a

construtora “A” e as empresas licenciadas pelos órgãos ambientais para que

pudessem efetuar o recolhimento e dar destinação final aos resíduos, visto que o

município de Imperatriz-MA, não possui aterro sanitário em operação, e sim um lixão

sem gerenciamento, dificultando a implementação de um sistema de coleta seletiva

eficiente pela construtora “A”.

43

Com o objetivo de efetuar o recolhimento dos resíduos e atender as

especificações ambientais adequando suas atividades em padrões que minimizem

os danos ambientais gerados pela construção civil foram feitas parcerias, tais como:

empresa de reciclagem RECIMAR (papéis, plásticos, sacos de cimento e marmitas

aluminizadas), localizada no município de Imperatriz-MA; empresa de incineração

SERQUIPE (não recicláveis e contaminados por óleos, graxas e de ambulatório),

localizada na cidade de São Luis-MA; Sucata Mayara (metais diversos), localizada

em Imperatriz-MA; empresa de refinaria LWART (óleo e diesel), localizada no estado

do Pará. A limpeza das fossas existentes no canteiro de obras e o recolhimento dos

dejetos dos banheiros químicos para serem despejados na Estação de Tratamento

de Esgoto - ETE da CAEMA (Companhia de Água e Esgoto do Maranhão), eram

realizados pelas empresas COIMBRA e BIG JATO, respectivamente. Ambas com

sede em Imperatriz-MA.

7.2 Delineamento da Pesquisa

O presente trabalho foi realizado no período de janeiro a junho de 2009,

dividido em duas etapas: pesquisa bibliográfica e trabalho de campo.

O método utilizado foi o crítico dialético, e do ponto de vista dos objetivos,

trata-se de uma pesquisa quali-quantitativa, de natureza descritiva, o que para

Triviños (1987), permite ao investigador a capacidade de elaborar significados e

interpretações dos fenômenos sociais, ressaltando a idéia do comportamento

humano e os fatos pelos quais se manifesta. A pesquisa crítico-dialética questiona, fundamentalmente, a visão estática da realidade. Esta visão não esconde o caráter conflitivo, dinâmico e histórico da realidade. Sua postura marcadamente crítica expressa a pretensão de desvelar, mais que o “conflito das interpretações”, o conflito dos interesses. Essas pesquisas manifestam um “interesse transformador” das situações ou fenômenos estudados, resgatando sua dimensão sempre histórica e desvelando suas possibilidades de mudanças. As propostas nelas contidas caracterizam-se por destacar o dinamismo da práxis transformadora dos homens como agentes históricos. Propõe além da formação da consciência e da resistência espontâneas dos sujeitos históricos nas situações de conflito, a participação ativa na organização social e na ação política (TRIVIÑOS, 1987, p. 45).

44

O trabalho de campo consistiu em visitas as dependências da Construtora

“A”, para levantamento de dados junto à empresa responsável pela fiscalização no

empreendimento e aplicação de questionário (Apêndice A), para os colaboradores

de todos os setores da obra em estudo. Além disso, foi realizada a análise

qualitativa dos resíduos sólidos gerados conforme sua classificação determinada

pelas Resoluções CONAMA N° 307/2002 e NBR 10004/2004.

45

8 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com o objetivo de verificar mais de perto a realidade da empresa

pesquisada denominada de construtora “A” foi realizada uma pesquisa de campo,

em que foram aplicados questionários fechados com múltiplas opções aos

colaboradores, onde foi possível fazer-se um levantamento das fontes geradoras,

bem como a classificação e destino final dos resíduos gerados pela a referida

empresa.

8.1 Gerenciamento na Construtora “A”

8.1.1 Geração de Resíduos

Os resíduos da construção civil da Construtora “A” foram resultantes do

tipo de empreendimento que a empresa realiza, sendo neste caso, a construção de

uma ponte estaiada com seus acessos.

O levantamento das fontes geradoras dos setores de escritório, refeitório,

almoxarifado, usinagem de concreto, oficina mecânica, borracharia, ambulatório e os

respectivos resíduos sólidos estão contemplados, conforme Tabela 04.

46

Tabela 04: Setores da Construtora “A” com os respectivos resíduos sólidos gerados.

Fontes Geradoras Resíduos Gerados

Escritório

Papel Plástico Metais Lâmpada Pilha Bateria Vidro Material não reciclável Lixo orgânico comum

Refeitório Papel Plástico Lixo orgânico comum

Almoxarifado

Metais Lâmpada Pilha Bateria Madeira Vidro

Usinagem Metais Material contaminado

Oficina mecânica Metais Material contaminado Óleo lubrificante

Borracharia

Pneus Metais

Material contaminado Carpintaria Madeira Obra Entulhos de construção civil Ambulatório Resíduo de ambulatório

Fonte: Pesquisa de campo/2009.

A preocupação da empresa atualmente é o levantamento quantitativo dos

resíduos gerados pelo processo de construção civil, isto deve-se, principalmente

com disposição final que os mesmos irão receber, a fim de otimizar os custos.

Devido à empresa praticar a política dos R’s (reduzir, reutilizar e reciclar)

foi possível realizar o levantamento quantitativo de alguns resíduos durante o

período da pesquisa.

Segundo esse levantamento, realizado no período de janeiro a junho de

2009, houve a produção de 13.696 Kg de papel, 754 Kg de plástico, 1.040 Kg de

47

material contaminado e 3.200 L de óleo lubrificante, conforme notas fiscais e

declarações de recolhimento e venda dos resíduos apresentadas no anexo B deste

trabalho.

Na tabela abaixo, há a qualificação dos resíduos segundo a Resolução

CONAMA N° 307 (2002) e NBR 10004 (2004).

Tabela 05: Análise qualitativa dos resíduos da construção civil gerado pela Construtora “A”, segundo a Resolução CONAMA N° 307 (2002) e NBR 10004 (2004).

RESÍDUOS CLASSES

CONAMA Nº 307 NBR 10004

Papel B Classe II – Não perigoso Plástico B Classe II – Não perigoso Sucatas de metais ferrosos e não ferrosos B Classe II – Não perigoso

Lâmpada C Classe I – Perigoso Pilha C Classe I – Perigoso Bateria C Classe I – Perigoso Vidro B Classe II – Não perigoso Lixo orgânico comum .............. Classe II – Não perigoso Madeira B Classe II – Não perigoso Material contaminado D Classe I – Perigoso Óleo lubrificante D Classe I – Perigoso Pneus B Classe II – Não perigoso Entulhos de construção A Classe II B – inertes Resíduo ambulatório C Classe I – Perigoso

Fonte: Pesquisa de Campo, 2009

8.1.2 Acondicionamento

Foi analisado que, o acondicionamento é realizado de maneira eficiente.

Dentro de cada setor da empresa há transportadores e coletores padronizados, de

acordo com a Resolução CONAMA nº 275/2001 que escabele o código de cores:

azul: papel/papelão; vermelho: plástico; amarelo: metal; preto: madeira; laranja:

resíduos perigosos; branco: resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde; marron:

resíduos orgânicos; cinza: resíduo geral não reciclável ou misturado, ou

48

contaminado não passível de separação (Figuras 02 e 03).

Figuras 02 e 03: Coletores de resíduos distribuídos no canteiro de obras.

Fonte: Pesquisa de campo, 2009

Os resíduos como papel, plástico, alumínio, madeira, ferro, materiais

contaminado, e óleo usado ficam dispostos na baía - central de resíduos, localizada

no canteiro de obra, padronizada quanto à identificação, sinalização e provida de

base com material impermeabilizante; é um galpão coberto, arejado e dotado de

equipamentos para prevenção e combate a incêndios e derramamento de resíduos

líquidos.

Com sua instalação é possível separar e estocar os resíduos produzidos

na obra até a destinação final, para reciclagem, reprocessamento, incineração,

encaminhamento ao lixão municipal, ou qualquer outra ação necessária. (Figura 04

e 05).

Figuras 04 e 05. Baia utilizada para a segregação dos resíduos. Fonte: Pesquisa de campo, 2009

Em relação o acondicionamento de material inerte constatou-se que a

empresa não possui uma central de resíduos de concreto no canteiro de obra. A

49

disposição destes materiais (entulhos de construção) é realizada em local

improvisado e os resíduos são reaproveitados na recuperação das estradas de

serviço. (Figura 06)

Figura 06: Entulhos de construção sendo reaproveitados nas estradas de serviços.

Fonte: Pesquisa de campo/2009

8.1.3 Coleta e transporte

A empresa dispõe de um Programa de Coleta Seletiva que segue em fase

de implantação há um ano e meio.

Diariamente é realizada a limpeza nas frentes de serviço em operação e

nas áreas administrativas, os resíduos recolhidos são segregados e encaminhados à

baia de resíduos de acordo com sua origem. Para posteriormente serem recolhidos

para sua destinação final por empresas licenciadas para este serviço (Figura 07).

Figura 07: Resíduos de aço gerados na obra, sendo recolhidos pela empresa responsável.

Fonte: Pesquisa de campo, 2009

50

Para o transporte destes resíduos dentro da obra a Construtora

disponibiliza diariamente um carrinho adequado para a coleta seletiva. Além disso, a

empresa possui um transporte apropriado que auxilia no transporte dos entulhos

gerados nas frentes de serviço, sendo que, sua freqüência é a cada dois dias,

distribuídos na semana (Figura 08 e 09).

Figuras 08 e 09: Transportes utilizados no recolhimento

Fonte: Pesquisa de campo, 2009

Atendendo às determinações de segurança, as equipes envolvidas no

recolhimento dos resíduos gerados pela obra de construção civil utilizam

equipamentos de proteção Individual – EPI’s de acordo com a necessidade, tais

como: luvas, botas, capacetes, máscaras e coletes (Figura 10 e 11).

Figuras 10 e 11: Funcionários com EPI’s na coleta dos resíduos da empresa

Fonte: Pesquisa de campo, 2009

51

8.1.4 Disposição final

Na tabela 06 observa-se a destinação final dos diferentes resíduos sólidos

gerados.

Tabela 06: Disposição final dos resíduos gerados da construtora “A”

RESÍDUOS CLASSIFICAÇÃO NBR 10004

DESTINO FINAL

Papel Classe II – Não perigoso Reciclagem Plástico Classe II – Não perigoso Reciclagem Sucatas de metais ferrosos e não ferrosos Classe II – Não perigoso Reciclagem

Lâmpada Classe I - Perigoso Incineração Pilha Classe I - Perigoso Incineração Bateria Classe I - Perigoso Incineração Vidro Classe II – Não perigoso Reciclagem Lixo orgânico comum Classe II – Não perigoso Lixão

Madeira Classe II – Não perigoso Reuso – aquecimento nos fornos das cerâmicas.

Material contaminado Classe I - Perigoso Incineração

Óleo lubrificante Classe I - Perigoso Empresa especializada – rerrefino

Pneus Classe II – Não perigoso Reciclagem Entulhos de construção Classe II B - inertes Reuso Resíduo ambulatório Classe I - Perigoso Incineração

Fonte: Pesquisa de campo, 2009

Na construtora “A, os resíduos Classe I – Perigoso (lâmpada, pilha,

bateria, material contaminado, resíduos de ambulatório) são destinados a empresa

licenciada para a incineração. O óleo lubrificante é coletado e enviado a empresa

especializada em rerrefino, processo industrial que transforma o óleo usado em óleo

básico, principal matéria prima da fabricação do lubrificante acabado.

A maioria dos resíduos Classe II - Não perigoso (papel, plástico, sucatas

de metais, vidro, pneus) são reciclados por pequenas empresas recicladoras da

região. A madeira usada na obra é vendida para ser reutilizada no aquecimento de

fornos de cerâmicas. E o lixo orgânico comum, como restos de alimentos são

52

destinados ao lixão da cidade.

Quanto os entulhos de construção Classe IIB – inerte, são reaproveitados

pela empresa, utilizados na recuperação do nivelamento das estradas de serviço e

na recuperação dos taludes do acesso maranhense, afetados pelas chuvas.

8.2 Questionários aplicados aos colaboradores da Construtora “A”

Considerando o efetivo atual de 120 colaboradores na obra, foram

entrevistados 48 colaboradores nos diferentes setores representando 40% deste dos

entrevistados. A seguir estão comentados os resultados obtidos com aplicação dos

questionários nos setores de segurança, transporte, administrativo, terraplanagem,

carpintaria, meio ambiente, fiscalização, manutenção, limpeza, que foram analisados

mediante a elaboração de gráficos, visando facilitar a compreensão dos mesmos.

O Gráfico 1 apresenta o tempo de trabalho dos colaboradores na

Construtora “A”. Dos entrevistados, 41,88% trabalham a mais de um ano na

empresa e 8,37% estão na empresa a menos de seis meses.

8,37%

20,44%

41,88%

29,31%

1 a 6 meses

6 meses a 1 ano

1 a 2 anos

Mais de 2anos

Gráfico 01: Tempo de Trabalho na empresa

Fonte Pesquisa de campo, 2009

53

Quando indagados sobre a participação em treinamentos e ou palestras

de conscientização sobre a coleta seletiva ofertada pela Construtora “A”, 93,75%

dos entrevistados (Gráfico 02) afirmaram participar com freqüência destas ações.

Isto porque, além da construtora realizar palestras durante os DDC’s (Diálogos

Diários de Conscientização), existe ainda, os treinamentos realizados pela

Consultoria responsável pela gestão ambiental do empreendimento.

93,75%

6,25% Sim

Não

Gráfico 02: Participação em treinamentos de coleta seletiva pela empresa

Fonte: Pesquisa de campo/2009

Quanto à implantação da coleta seletiva no empreendimento pela

Construtora “A”, 46,30% dos contemplados na pesquisa consideraram ótima e

38,97% boa. Apenas o pequeno percentual de 14,73% avaliou como regular (Gráfico

03).

54

46,30%

38,97%

14,73%Ótima

Boa

Regular

Gráfico 03: Implantação da coleta seletiva no empreendimento

Fonte: Pesquisa de campo/2009

No que confere à existência de coletores de resíduos padronizados e

suficientes para a coleta seletiva, 95,84% dos entrevistados afirmou a existência

destes e em quantidade satisfatória por cada setor, conforme apresentado no

Gráfico 04. No entanto, percebe-se que apesar da existência dos coletores, há

resistência em colaborar na implementação deste processo. O índice de 4,16% foi

obtido na frente de terraplenagem da obra, área de acesso livre à população

interceptada pelo empreendimento, acarretando no desaparecimento freqüente dos

coletores disponibilizados pela Construtora “A”.

55

95,84%

4,16% Sim

Não

Gráfico 04: Existência de coletores padronizados e suficientes na empresa

Fonte: Pesquisa de campo/2009

Na opinião dos entrevistados, 30% deles acham que a redução do

acúmulo de lixo na obra, possibilita, principalmente a reciclagem de materiais que

iriam para o lixo (25%) e melhora a limpeza e a higiene nas dependências da obra

(26%) e gera emprego e renda (19%).

30%

25%

26%

19%

Reduz o acúmulo de lixo naobra

Possibilita a reciclagem demateriais que irão para o lixo

Melhora a limpeza e a higienedas dependências da obra

Gera emprego e renda

Gráfico 05: A coleta seletiva na opinião dos participantes da pesquisa.

Fonte: Pesquisa de campo/2009

Levando-se em consideração os aspectos demonstrados acima, pode-se

56

inferir que a coleta seletiva é um trabalho de conscientização e mobilização

permanente para a adoção de atitudes baseadas na aplicação dos princípios da

política dos 3 “Rs”, que deve envolver a todos na busca da preservação do meio

ambiente e da qualidade de vida, tanto na Construtora “A” em estudo, quanto na

comunidade em geral.

57

9 CONCLUSÃO

O gerenciamento adequado dos resíduos produzidos pelas empresas

inclui a sua redução, reutilização e reciclagem, tornando o processo construtivo mais

rentável e competitivo, além de mais saudável.

Além da gestão de resíduos, deve-se buscar o uso racional de água, de

energia, de recursos naturais e promover a educação ambiental. Também é

necessário que ocorra regulamentação e fiscalização eficientes, e principalmente

uma mudança cultural para o setor da construção civil.

Conclui-se que a Construtora ora estudada, possui um adequado

gerenciamento de resíduos sólidos, pois se preocupa com a questão sócio-

ambiental. Porém, esta empresa pode optar pela melhoria contínua buscando

reduzir os resíduos gerados, através de adaptações no processo, assim como

procurar outras formas de destinação aos resíduos perigosos investindo em práticas

e tecnologias que promovam a minimização destes resíduos.

Quanto aos resíduos inertes, observou-se que os mesmos não atendem a

NBR 15113/2004, que trata da solução adequada para disposição dos resíduos

classe A, apesar das insistentes solicitações realizadas pela fiscalização técnica. A

disposição destes materiais (entulhos de construção) incluindo também os

resultantes da lavagem dos caminhões betoneiras, é realizada em local improvisado

e os resíduos são reaproveitados na recuperação das estradas de serviço.

Sugere-se ainda, como forma de destinação ambientalmente adequada

para o lixo orgânico gerado nos refeitórios, a doação para fins agrícolas.

A coleta seletiva, ainda em fase de implementação, pela construtora em

estudo, encontra obstáculos na segregação e utilização dos coletores, o que

possivelmente pode estar relacionado ao aspecto cultural observado na população

do município, em não dar o tratamento correto ao lixo produzido no dia-a-dia.

A partir dos resultados alcançados com esta pesquisa, constatou-se que é

possível implementar e gerenciar resíduos sólidos de construção civil de grande

porte, mesmo que a cidade em que está localizada não disponha de estrutura para

ampará-lo.

Ainda que sejam importantes a reciclagem e a destinação dos RCC,

verificou-se que a questão deve ser tratada como um todo, globalmente, e que

58

iniciativas como a executada por esta construtora, não sejam apenas casos

isolados, mas que tornem-se uma prática comum no dia-a-dia da empresa.

59

REFERÊNCIAS

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas, International organization for standardization. NBR ISO 14001: Sistemas de gestão ambiental - Especificação e diretrizes para uso. Rio de Janeiro, 1996.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10.004: Classificação dos Resíduos Sólidos – 2004.

AMBIENTE BRASIL. Resíduos tóxicos/Características Físicas do Lixo. Disponível em:<http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./residuos/index.php3&conteudo=./residuos/residuos.html>. Acesso em: 02 mai. 2009.

ÂNGULO, Sergio Cirelli. Caracterização de Resíduos de Construção e Demolição. Suporte ao Projeto de Instalação de Reciclagem e Controle da Qualidade. Tese (Doutorado em engenharia). Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Departamento de Construção e Engenharia Civil, São Paulo. 2005

BELI; Euzébio et al. Recuperação da área degradada pelo lixão Areia Branca de Espírito Santo o Pinhal-SP. 2005. Disponível em: <http://www.unipinhal.edu.br/ojs/engenhariaambiental/include/getdoc.php?id=77&article=35&mode=pdf> Acesso em: 12 mai. 2009.

BIDONE, Francisco Ricardo A.; POVINELLI, Jurandyr. Conceitos Básicos de Resíduos Sólidos. São Paulo: EESC/USP, 1999. 109 p.

BRASIL. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental. Panorama dos resíduos de construção e demolição (RCD) no brasil. Disponível em: http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/9/docs/rsudoutrina_24.pdf Acesso em: 25 de Mai. de 2009.

BRASIL. Republica Federativa do Brasil. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Relatório das principais atividades indústriais do Brasil (1996) Disponível em: <http://www.desenvolvimento.gov.br>. Acesso em: 25 mai. 2009.

CALDERONI, Sabetai. Os Bilhões Perdidos no Lixo. 2. ed. São Paulo: Humanitas, 1998. 348 p.

CASSA, José C.; CARNEIRO, Alex. P. ;BRUM, I. A. S. Reciclagem de entulho para produção de materiais de construção: projeto entulho bom. Salvador: EDUFBA: Caixa Econômica Federal, 2001.312 p.

CASTILHOS JR., Amado. B. et al. Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos com ênfase na Proteção de Corpos d’água: prevenção, geração e tratamento de lixiviados de aterro sanitário. Rio de Janeiro: Ed. Abes, 2006.

CONAMA – Conselho Nacional do meio Ambiente. RESOLUÇÃO Nº. 307, 5 DE JULHO DE 2002. Disponível em

60

http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res02/res30702.html. Acesso em: 27 mai. 2009.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estimativas das populações residentes, em 01.07.2008. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br. Acesso em: 03 fev. 2009.

IETEC. Resíduos sólidos: Como se classificam quanto ao seu potencial poluidor. Revista Banas Qualidade, nº 135 - Agosto 2003. Disponível em: <http://www.ietec.com.br/site/techoje/categoria/impressao_artigo/145> Acesso em: 16 de mai. De 2009

IMPERATRIZ. Lei Orgânica do Município, Promulgada em 06 de abril de 1.990. Disponível em http://www.imperatriz.ma.gov.br/pmi/legislacao/leiorganica.php. Acesso em 05 jun. 2009.

IPT. Instituto de Pesquisas Tecnológicas. Lixo municipal: Manual de gerenciamento integrado, IPT/CEMPRE, 2ª Edição Revista e Ampliada, São Paulo, 2000. 370p.

JOHN Vanderley M. et al. Reciclagem de resíduos na construção civil: Contribuição à metodologia de pesquisa e desenvolvimento. Tese de livre docência da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2000.

JURAS, Ilídia da A. G. Martins. Destino dos resíduos sólidos e legislação sobre o tema. Consultora Legislativa da Área XI. Disponível em:www.mp.ba.gov.br/.../residuos/destino_dos_residuos_solidos_e_legislacao_sobre_o_tema.pdf Acesso em 04 jun. 2009.

LIMA, José Dantas de. Gestão de Resíduos Sólidos no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Abes, 2001.

OLIVEIRA, Ana Batista de. Projeto gerenciamento de resíduos sólidos na comunidade Jocum. Disponivel em: <http://br.monografias.com/trabalhos/projeto-residuos/projeto-residuos.shtml> Acesso em: Acesso em 10 jun. 2009.

PASQUALOTTO FILHO, Renato et al. Gestão de resíduos da construção civil e demolição no município de São Paulo e normas existentes, Revista Técnica IPEP, São Paulo, SP, v. 7, n. 1, p. 55-72, jan./jun. 2007. Disponível em: http://www.ipep.edu.br/portal/publicacoes/revista/rev07_01/art6_gestao.pdf. Acesso em: 21 jun. 2009.

PINTO, Thais. P.; GONZÁLES, J. L. R. (Coord.).Manejo e gestão dos resíduos da construção civil. Volume 1 – Manual de orientação: como implementar um sistema de manejo e gestão nos municípios. Brasília: CAIXA,2005.

ROCHA, A. Almeida. história do lixo. In: Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Coordenadoria de Educação Ambiental. Resíduos Sólidos e Meio Ambiente no Estado de São Paulo. São Paulo, 1993. 130 p.

SCHNEIDER, Dan Moche. Deposições Irregulares de Resíduos da Construção Civil na Cidade de São Paulo. São Paulo, 2003. Disponível em: <

61

http://www.reciclagem.pcc.usp.br/ftp/Schneider_Deposi%C3%A7%C3%B5es%20Irregulares%20de%20Res%C3%ADduos%20da%20Constru%C3%A7%C3%A3o.pdf> Acesso em: 15 jun. 2009.

SILVA, Dany Geraldo Kramer Cavalcanti e. Lixo Hospitalar: na Estrutura Curricular de Cursos Superiores de Saúde na Cidade De Imperatriz, MA. 2009. disponível em: < http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=686&class=02> Acesso em: 23 de Mai. de 2009

SISTEMA FIRJAN. Manual de Gerenciamento de resíduos: guia de procedimento passo a passo. 2ª ed. Rio de Janeiro: GMA, 2006.

TCHOBANOGLOUS, George; THEISEN, H; ELIASSEN, R. Solid Wastes: Engineering principle and management issues. New York: McGraw-Hill Book Company, 1993. 621p.

TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo S. Introdução á pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

VALADARES, Leideane. IMPERATRIZ - MA: Plano Diretor e os desafios para a construção de uma cidade sustentável. 2009. disponível em: < http://www.webartigos.com/articles/13593/1/imperatriz---ma-plano-diretor-e-os-desafios-para-a-construcao-de-uma-cidade-sustentavel--------------------------------------------/pagina1.html> Acesso em: 07 de Jul. de 2009.

VÁSQUEZ, Edgar. Introdução. In: CASSA, J. C.; CARNEIRO, A. P. ;BRUM, I. A. S. (Organ.). Reciclagem de entulho para produção de materiais de construção: projeto entulho bom. Salvador: EDUFBA; Caixa Econômica Federal, 2001. p.22-25.

62

APÊNDICE

63

Apêndice A: UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR DO SUL DO MARANHÃO –

UNISULMA CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Município: ____________________________________________________ Entrevistador: __________________________________ Data: ___/___/___ Entrevistado: __________________________________Setor:___________ QUESTIONÁRIO APLICADO AOS COLABORADORES DA EMPRESA X

1. Há quanto tempo trabalha na empresa? a. ( ) 1 a 6 meses b. ( ) 6 meses a 1 ano c. ( ) 1 a 2 anos d. ( ) Mais de 2 anos 2. Já participou de treinamentos e / ou palestras de conscientização sobre a

coleta seletiva ofertada pela empresa? a. ( ) Sim b. ( ) Não 3. Como você considera a implantação da coleta seletiva no empreendimento? a. ( ) Ótima b. ( ) Boa c. ( ) Regular d. ( ) Ruim 4. No seu setor existem coletores de resíduos padronizados e suficientes para a

coleta seletiva? a. ( ) Sim b. ( ) Não 5. Em sua opinião, a coleta seletiva: a. ( ) Reduz o acumulo de lixo na obra; b. ( ) Possibilita a reciclagem de materiais que irão para o lixo; c. ( ) Melhora a limpeza e a higiene das dependências da obra; d. ( ) Gera emprego e renda; e. ( ) Não traz beneficio algum

Obrigada pela sua colaboração.

64

ANEXOS

65

Anexo A: Legislações aplicáveis a Construção Civil

Além da CONAMA 307/2002 e NBR 10004/2004, outras legislações

referentes a resíduos também são aplicáveis a Construção Civil. São elas:

Resolução CONAMA 257:1999 – Dispõe sobre a destinação final de

pilhas e baterias usadas

Resolução CONAMA 258:1999 – Coleta e destinação final adequada aos

pneus inservíveis

Resolução CONAMA 275:2001 – Estabelece o código de cores para os

diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na coleta seletiva

Resolução CONAMA 001-A:86 – Dispõe sobre transporte de produtos

perigosos em território nacional

Portaria ANTT nº 420, de 12 de Fevereiro de 2004 –

Instruçõescomplementares ao regulamento de transporte terrestre de

produtosperigosos.

Portaria ANP nº 127, de 30 de julho de 1999 – Estabelece a

regulamentação para a atividade de coleta de óleo lubrificante usado ou

contaminado a ser exercida por pessoa jurídica sediada no País.

ANVISA RDC 342, de 13 de dezembro de 2002 – Institui e aprova o

Termo de Referência para elaboração dos Planos de Gerenciamento de Resíduos

Sólidos a serem apresentados à ANVISA.

NBR 7503:2001 – Ficha de emergência e envelope para o transporte

terrestre de produtos perigosos

NBR 13.221:2000 – Transporte de Resíduos

NBR 11.174:1990 – Armazenamento de Resíduos classe II (não inertes) e

classe III (inertes)

NBR ISO 14001: Sistemas de gestão ambiental - Especificação e

diretrizes para uso.

NBR 15112: Resíduos da construção civil e resíduos volumosos -Áreas

de transbordo e triagem - Diretrizes para projeto, implantação e operação.

NBR 15113: Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes -

Aterros - Diretrizes para projeto, implantação e operação.

NBR 15114: Resíduos sólidos da construção civil - Áreas de reciclagem-

66

Diretrizes para projeto, implantação e operação

NBR 15115: Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil

- Execução de camadas de pavimentação

NBR 15116: Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil

- Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural -

Requisitos.

Lei Estadual nº 7.058/02 – Dispõe sobre a fiscalização, infrações e

penalidades relativas à proteção ao meio ambiente.

Lei Federal nº 9.605/98 – Lei de Crimes Ambientais

Art. 54 – Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que

resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a

mortandade de animais ou a destruição significativa da flora

67

Anexo B: Documento de saída de Resíduos de sucatas

68

Anexo C: Nota fiscal da saída de óleo da LWART LUFRICANTES LTDA

69

Anexo D: Nota fiscal da saída de Resíduos contaminados SERQUIP