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ELABORAÇÃO DOS PLANOS DE GESTÃO E DE MARKETING DA GERMINADORA DE STARTUPS DO LABGN2 DA UFRJ Lucca Brandão de Mello Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadora: Maria Alice Ferruccio da Rocha, D.Sc. Rio de Janeiro Setembro de 2018

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ELABORAÇÃO DOS PLANOS DE GESTÃO E DE

MARKETING DA GERMINADORA DE STARTUPS

DO LABGN2 DA UFRJ

Lucca Brandão de Mello

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia de Produção da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos necessários

à obtenção do título de Engenheiro.

Orientadora: Maria Alice Ferruccio da Rocha,

D.Sc.

Rio de Janeiro

Setembro de 2018

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III

Mello, Lucca Brandão de

Elaboração dos Planos de Gestão e de Marketing

da Germinadora de Startups do Labgn2 da UFRJ/

Lucca Brandão de Mello – Rio de Janeiro: UFRJ/

Escola Politécnica, 2018.

XII, 75 p.: il.; 29,7 cm.

Orientadora: Maria Alice Ferruccio da Rocha, D.Sc.

Projeto de Graduação – UFRJ/POLI/Curso de

Engenharia de Produção, 2018.

Referências Bibliográficas: p. 75-77

1. Empreendedorismo nas universidades. 2. Plano

de Gestão. 3. Plano de Marketing. I. da Rocha, Maria

Alice Ferruccio II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, UFRJ, Curso de Engenharia de Produção. III.

Elaboração dos Planos de Gestão e de Marketing da

Germinadora de Startups do Labgn2 da UFRJ.

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IV

AGRADECIMENTOS

Por mais que a imposição da síntese não me permita expor plenamente a minha

gratidão por todos os listados aqui, gostaria de dedicar um espaço especial para os que

contribuíram de forma mais relevante para a elaboração deste trabalho e que impactaram de

maneira mais positiva esta longa jornada que foi a graduação.

Antes de qualquer outra palavra, gostaria de agradecer a minha companheira de

vida, Marina. Obrigado pela paciência, pela sabedoria e, sobretudo, por ter dividido comigo

os momentos mais desafiadores da minha vida sempre com tanta disposição e parceria. Te

agradeço, ainda, por ter me obrigado a evoluir em níveis que eu jamais poderia

compreender e por ter trazido tantos ganhos para a minha pessoa. Obrigado por trazer a

todo esse caos algum sentido.

Agradeço também aos meus familiares por terem sido sempre tão incríveis comigo e

por terem me propiciado um ambiente de muito carinho e suporte. Em especial, dedico esse

trabalho aos meus pais, meu irmão, e meu avô Newton, por terem sempre me apoiado nas

minhas escolhas de forma incondicional e por terem oferecido toda a assistência e incentivo

que necessitei ao longo desses anos.

Não poderia deixar de agradecer também a Prof. Maria Alice por ter me orientado no

desenvolvimento deste trabalho e por ter contribuído para a minha formação acadêmica

desde os primeiros períodos (passando pela iniciação científica e pela coordenação do

projeto de extensão) até o trabalho de conclusão de curso. Obrigado por ter me oferecido a

oportunidade de apresentar o Labgn2 e a Germinadora para a Academia.

Gostaria de agradecer também a todos aqueles que fizeram da minha vivência na

Austrália algo tão inacreditavelmente incrível. Obrigado por todas as lições e por terem

compartilhado comigo essa enriquecedora experiência de autoconhecimento e de

crescimento pessoal, e por terem contribuído de forma tão importante para que me tornasse

quem sou hoje.

Por fim, gostaria de agradecer aos amigos da UFRJ, em especial os da Engenharia

de Produção e do futebol de campo: obrigado por terem transformado essa longa e

desgastante caminhada em um emaranhado de lembranças divertidas e em incríveis

histórias a contar. Certamente não teria chegado aqui sem vocês.

Todos os demais que participaram de alguma maneira da minha formação merecem

o meu agradecimento e o mais profundo respeito. É com um enorme sentimento de orgulho

que chego ao fim desta etapa da minha trajetória acadêmica e profissional.

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V

“A ship in the harbor is safe, but that is not what ships are built for.”

(John A. Shedd)

“Opportunities don’t happen, you create them.”

(Chris Grosser)

“If everything seems under control, you're not going fast enough.”

(Mario Andretti)

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VI

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.

ELABORAÇÃO DOS PLANOS DE GESTÃO E DE MARKETING DA

GERMINADORA DE STARTUPS DO LABGN2 DA UFRJ

Lucca Brandão de Mello

Setembro/2018

Orientador: Maria Alice Ferruccio da Rocha, D.Sc.

Curso: Engenharia de Produção

O Brasil ocupa posição de destaque em algumas estatísticas mundiais relacionadas ao

empreendedorismo, sobretudo no que diz respeito ao número de negócios criados. No

entanto, os produtos e serviços oferecidos por esses empreendimentos são caracterizados

por baixo grau de ineditismo e de inovação. Dentro das universidades, não existe um

ambiente forte de fomento do empreendedorismo e da inovação. O presente projeto busca

fornecer uma análise do atual cenário do empreendedorismo no Brasil, em especial nas

universidades, identificando os principais desafios do ensino empreendedor no país hoje.

Em seguida, os pontos levantados por este diagnóstico são aplicados no estudo de caso de

um projeto de desenvolvimento de startups universitárias – a Germinadora de Startups –

através da elaboração de um Plano de Gestão e de Marketing para o mesmo. A elaboração

destes planos contará com o emprego de ferramentas de análise consagradas na literatura

como Porter (1980) e Kotler (2011), e outras mais recentes como Osterwalder (2011) e

Ferruccio (2015), e permitirá sugerir estratégias e programas de ação para o projeto.

Palavras-chave: Empreendedorismo, Plano de Gestão, Plano de Marketing, Estratégia,

Novos Negócios, Startups, Germinadora.

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VII

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Industrial Engineer.

ELABORATION OF MANAGEMENT AND MARKETING PLANS FOR UFRJ

LABGN2’S GERMINADORA DE STARTUPS

Lucca Brandão de Mello

September/2018

Advisor: Maria Alice Ferruccio da Rocha, D.Sc.

Course: Industrial Engineering

Brazil stands on a prominent position when it comes to some statistics related to

entrepreneurship around the world, especially in terms of the number of businesses created.

However, the products and services offered by these enterprises are characterized by a low

level of innovation. Also, the Brazilian university environment does not foster

entrepreneurship and innovation in a proper way, in general. This project seeks to provide an

analysis of the current scenario of entrepreneurship in Brazil, mostly within its universities,

identifying the main challenges of entrepreneurship education in the country today. Then, the

insights originated from this diagnosis will be applied in the case study of a project for

university start-ups development called ‘Germinadora de Startups’, through the elaboration of

a Management and Marketing Plan. The elaboration of these plans will rely on the use of

traditional analytical tools such as Porter (1980) and Kotler (2011), and more recent ones

such as Osterwalder (2011) and Ferruccio (2015). Finally, the project suggests strategies

and action programs for the future development of the project.

Keywords: Entrepreneurship, Management Plan, Marketing Plan, Strategy, New Business,

Start-ups, Germinadora.

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VIII

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Estrato da população empreendedora por níveis de escolaridade. ....................... 30

Figura 2: Logotipo do Labgn2. ............................................................................................. 35

Figura 3: Projetos desenvolvidos pelo Labgn2. .................................................................... 36

Figura 4: Público-alvo da Germinadora. ............................................................................... 38

Figura 5: Timeline da Germinadora 2018. ............................................................................ 39

Figura 6: Ordem de apresentação dos temas da Germinadora 2018. .................................. 41

Figura 7: Business Model Canvas........................................................................................ 45

Figura 8: Quantidade de aceleradoras fundadas no Brasil por ano (2016) ........................... 50

Figura 9: Índice de Cidades Empreendedoras 2017 ............................................................ 51

Figura 10: Modelo de Cinco Forças de Porter ...................................................................... 53

Figura 11: Matriz SWOT ...................................................................................................... 57

Figura 12: Processo de planejamento estratégico de unidades de negócios ....................... 57

Figura 13: Segmentação de Mercado .................................................................................. 61

Figura 14: Estágios de desenvolvimento mais aceitos pelas aceleradoras no Brasil (2016) 63

Figura 15: Primeiro logotipo da Germinadora. ..................................................................... 64

Figura 16: Segundo logotipo da Germinadora...................................................................... 65

Figura 17: Notícia a respeito da Germinadora no site do Parque Tecnológico ..................... 68

Figura 18: Pesquisa por "germinadora de startups" na ferramenta de buscas Google ......... 68

Figura 19: Cadeia de Valor e processo básicos da Germinadora......................................... 71

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IX

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Indicadores do cenário empreendedor das principais economias do mundo. ....... 26

Tabela 2: Taxas e estimativas a respeito do empreendedorismo segundo o estágio dos

empreendimentos criados no Brasil (2017) .......................................................................... 27

Tabela 3: Distribuição de empreendedores iniciais e estabelecidos de acordo com o número

de empregos gerados. ......................................................................................................... 28

Tabela 4: Motivação dos empreendedores iniciais em relação a PEA. ................................ 29

Tabela 5: Descompasso no ensino empreendedor brasileiro ............................................... 32

Tabela 6: Temas dos encontros da Germinadora 2018. ...................................................... 40

Tabela 7: Análise CAGMPEST ............................................................................................ 49

Tabela 8: Comparativo entre o modelo da Germinadora e dois outros presentes no Brasil . 62

Tabela 9: FCS Comparativo ................................................................................................. 63

Tabela 10: Ocupações e funções de acordo com a CBO do MTE ....................................... 70

Tabela 11: Síntese das propostas de melhorias para a Germinadora .................................. 72

Tabela 12: Descrição das variáveis individuais utilizadas pelo GEI...................................... 81

Tabela 13: Descrição das variáveis institucionais utilizadas no GEI ..................................... 82

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X

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AMECO – Annual Macro-Economic database of the European Commission's

CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados

CBO – Classificação Brasileira de Ocupações

COPPE – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia

FMI – Fundo Monetário Internacional

GEI – Global Entrepreneurship Index

GEM – Global Entrepreneruship Monitor

IBQP – Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

Labgn2 – Laboratório de Empreendedorismo e Novos Negócios da UFRJ

MIT – Massachusetts Institute of Technology

MTE – Ministério do Trabalho e Emprego

OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

PIB – Produto Interno Bruto

RON – Razão Oportunidade/Necessidade

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

TI – Tecnologia da Informação

UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro

UNU – Universidade das Nações Unidas

WEF – Fórum Econômico Mundial

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XI

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 13

1.1 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................ 13

1.2 QUESTÃO NORTEADORA ....................................................................................... 14

1.3 HIPÓTESES ............................................................................................................. 14

1.4 OBJETIVOS .............................................................................................................. 14

1.4.1 Objetivo geral ........................................................................................................ 14

1.4.2 Objetivos específicos ............................................................................................. 14

1.5 CONTRIBUIÇÃO ACADÊMICA ................................................................................. 15

1.6 DESCRIÇÃO DAS PARTES ..................................................................................... 15

2 METODOLOGIA DA PESQUISA ................................................................................. 16

2.1 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ................................................................................... 17

3 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 18

3.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES ................................................................................... 18

3.1.1 Empreendedorismo ............................................................................................... 18

3.1.2 Empreendedorismo por oportunidade e por necessidade ...................................... 19

3.2 A IMPORTÂNCIA DO EMPREENDEDORISMO NO MUNDO ................................... 20

3.2.1 Global Entrepreneurship Monitor ........................................................................... 22

3.2.2 Revisão da literatura empírica ............................................................................... 23

3.3 EMPREENDEDORISMO NO BRASIL ....................................................................... 26

3.4 EMPREENDEDORISMO NAS UNIVERSIDADES .................................................... 31

3.4.1 Descompasso entre oferta e demanda por conhecimento ..................................... 32

3.4.2 Ciclo de aprendizado incompleto ........................................................................... 33

3.4.3 Ecossistema deficiente .......................................................................................... 33

3.4.4 Baixo dinamismo e ambição tímida ....................................................................... 33

3.4.5 Distância do mercado ............................................................................................ 34

4 APRESENTAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO ............................................................ 35

4.1 O LABGN2 ................................................................................................................ 35

4.2 A GERMINADORA DE STARTUPS .......................................................................... 37

4.2.1 Histórico ................................................................................................................ 37

4.2.2 Público Alvo ........................................................................................................... 38

4.2.3 Processo de seleção ............................................................................................. 38

4.2.4 Programação ......................................................................................................... 40

5 PLANO DE GESTÃO ................................................................................................... 42

5.1 DESCRIÇÃO DO NEGÓCIO ..................................................................................... 42

5.1.1 Missão ................................................................................................................... 42

5.1.2 Visão ..................................................................................................................... 43

5.1.3 Valores .................................................................................................................. 43

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XII

5.1.4 Estrutura Organizacional ....................................................................................... 44

5.1.5 Quadro do Modelo de Negócios – Business Model Canvas ................................... 44

5.2 ANÁLISE CAMGPEST .............................................................................................. 49

5.2.1 Cultural .................................................................................................................. 50

5.2.2 Ambiental .............................................................................................................. 50

5.2.3 Mercadológico ...................................................................................................... 50

5.2.4 Geográfico ............................................................................................................. 51

5.2.5 Político/Legislativo ................................................................................................. 52

5.2.6 Econômico ............................................................................................................. 52

5.2.7 Social..................................................................................................................... 52

5.2.8 Tecnológico ........................................................................................................... 53

5.3 CINCO FORÇAS DE PORTER ................................................................................. 53

5.3.1 Rivalidade entre concorrentes ............................................................................... 54

5.3.2 Ameaça de novos entrantes .................................................................................. 55

5.3.3 Ameaça de produtos substitutos ............................................................................ 55

5.3.4 Poder de barganha dos fornecedores .................................................................... 55

5.3.5 Poder de barganha dos clientes ............................................................................ 56

5.4 MATRIZ SWOT ......................................................................................................... 56

5.4.1 Forças (Strenghts) ................................................................................................. 58

5.4.2 Fraquezas (Weakness) .......................................................................................... 58

5.4.3 Oportunidades (Opportunities) ............................................................................... 59

5.4.4 Ameaças (Threats) ................................................................................................ 59

5.5 SEGMENTAÇÃO DE MERCADO ............................................................................. 60

5.6 FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO COMPARATIVO (FCS) .................................. 61

6 PLANO DE MARKETING ............................................................................................. 64

6.1 MARCA ..................................................................................................................... 64

6.2 OS 7 P’S DO MARKETING ....................................................................................... 65

6.2.1 Produto .................................................................................................................. 66

6.2.2 Preço ..................................................................................................................... 66

6.2.3 Praça ..................................................................................................................... 66

6.2.4 Promoção .............................................................................................................. 67

6.2.5 Pessoas ................................................................................................................. 69

6.2.6 Processos .............................................................................................................. 70

6.2.7 Público Alvo ........................................................................................................... 71

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................... 72

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 75

ANEXOS ............................................................................................................................. 78

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13

1 INTRODUÇÃO

Em diversos países ao redor do mundo, centenas de universidades já reconheceram

o papel e o poder da educação empreendedora sobre a inovação e seu impacto no

desenvolvimento econômico nacional. Segundo artigo da Universidade das Nações Unidas

(UNU), “o desenvolvimento mundial está entrando em uma fase na qual o

empreendedorismo vai desempenhar um papel cada vez mais importante” (NAUDÉ, 2013).

Seguindo a mesma perspectiva, o Massachusetts Institute of Technology (MIT) –

universidade frequentemente citada como entre as melhores do mundo – ofereceu aos seus

alunos, no período entre 2014 e 2015, 60 cursos relacionados a empreendedorismo, além

de cursos intensivos de viés práticos e um programa de aceleração para empreendedores,

entre outros projetos. Como resultado dessa iniciativa, 30 mil empresas fundadas por ex-

alunos do MIT estavam ativas no mercado em 2014, empregando 4,6 milhões de pessoas e

faturando anualmente valores superiores a US$ 1,9 trilhões1 (ROBERTS, MURRAY e KIM,

2015).

O Brasil – país reconhecido por possuir expressivo número de empreendedores

mesmo diante da pesada burocracia existente – apresenta, no entanto, dificuldades no que

diz respeito a educação empreendedora de seus universitários. Um projeto desenvolvido

pelo Laboratório de Empreendedorismo e Novos Negócios (Labgn2) da Universidade

Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que será o objeto de estudo central desta monografia,

tem como objetivo principal contornar esse problema.

Os subitens expostos a seguir têm como objetivo apresentar de maneira sucinta as

razões que motivaram a pesquisa em questão bem como apresentar os principais pontos

abordados ao longo do trabalho, qualificando-os. Vários destes tópicos serão retomados e

expostos com maior riqueza de detalhes em capítulos subsequentes, de maneira a dar

maior profundidade à análise realizada e justificar as conclusões apresentadas.

1.1 JUSTIFICATIVA

O empreendedorismo tem se mostrado cada vez mais presente não só no Brasil,

mas também nas grandes economias do mundo, revelando ser uma das mais valiosas

ferramentas para o desenvolvimento econômico e social de um país. A educação

empreendedora nas universidades brasileiras, entretanto, exibe ainda alguns desafios.

Permitir que jovens de diferentes cursos e backgrounds tenham acesso a noções de

gestão empreendedora pode contribuir significativamente para o desenvolvimento de novos

negócios no país, inclusive aumentando a possibilidade dessas novas empresas serem

1 Em relação a este valor, vale lembrar que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2015 de acordo com o Banco Mundial foi de aproximadamente 1,8 trilhões de dólares.

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14

incubadas ou receberem aportes de investimento no futuro e de fato prosperarem, gerando

emprego e renda.

1.2 QUESTÃO NORTEADORA

A principal questão que motivou esta pesquisa é a percepção de que há um número

crescente de jovens empreendedores na UFRJ (de cursos de diferentes áreas) com

crescente demanda por conhecimento a respeito do empreendedorismo, hoje não atendida

satisfatoriamente. O projeto da Germinadora de Startups busca justamente preencher essa

lacuna na formação dos empreendedores e esta monografia visa auxiliar o projeto a atingir

este objetivo da melhor maneira possível.

1.3 HIPÓTESES

As hipóteses centrais que motivaram a criação da Germinadora serão expostas

abaixo. Essas também correspondem às hipóteses que nortearam a monografia e já

pretendem introduzir os objetivos da mesma. São elas:

1. O empreendedorismo está cada vez mais presente no Brasil e no mundo,

mostrando-se uma relevante ferramenta para o desenvolvimento socioeconômico;

2. Há um número crescente de novos empreendedores na UFRJ, provenientes dos

mais distintos cursos e com diferentes formações;

3. Há uma lacuna no aprendizado destes jovens em disciplinas relativas à gestão,

marketing, estratégia, etc. – essa situação não é exclusiva da UFRJ;

4. O Labgn2 tem uma proposta interessante para suprir essa lacuna e auxiliar o

desenvolvimento destes empreendedores: a Germinadora de Startups;

5. Por ser composta de estudantes da graduação de períodos iniciais da Engenharia de

Produção e por possuir escassos recursos (tempo e capital), a Germinadora pode se

aproveitar bastante de um plano de gestão e de marketing elaborados por um

graduando.

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo geral

Elaborar um plano de gestão e um plano de marketing para a Germinadora,

auxiliando o projeto a atacar o problema acima descrito de maneira mais bem estruturada, e

indicar possíveis estratégias que facilitem o desenvolvimento do projeto.

1.4.2 Objetivos específicos

Explorar o cenário empreendedor do Brasil, compreender como se dá o estudo de

empreendedorismo nas universidades do país (sobretudo relacionando as expectativas dos

estudantes com a realidade encontrada por eles), entender como a Germinadora gera valor

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15

para a Universidade e para a sociedade e, por fim, incentivar o desenvolvimento futuro da

Germinadora.

1.5 CONTRIBUIÇÃO ACADÊMICA

Em termos de contribuição a academia esta monografia visa primeiramente permitir

que a Germinadora de Startups atinja mais empreendedores e de forma mais estruturada,

auxiliando no desenvolvimento do projeto e contribuindo positivamente para a formação dos

estudantes participantes no mesmo. Além disso, pretende-se apresentar à comunidade

acadêmica a iniciativa da Germinadora, permitindo que o caso seja estudado por outros e

possa evoluir cada vez mais. Não obstante, a monografia se propõe também a expor um

modelo que possa ser replicado em outras universidades pelo país, possibilitando uma

disseminação maior do empreendedorismo pelos centros acadêmicos brasileiros.

1.6 DESCRIÇÃO DAS PARTES

O trabalho se dividirá em: Revisão Bibliográfica, onde será apresentado brevemente

o cenário atual do empreendedorismo no Brasil e em suas universidades, justificando a

escolha do tema; Apresentação do Objeto, que permitirá ao leitor maior familiaridade com o

projeto estudado (dado que não é um caso de domínio público), suportando as análises

apresentadas na sequência; Plano de Gestão e Plano de Marketing, cada um com o

emprego de ferramentas específicas de análise; Considerações Finais, que sintetizará as

propostas de capítulos anteriores e definirá propostas de ação para o futuro próximo, além

de concluir o trabalho de maneira geral.

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16

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

O presente relatório corresponde a uma pesquisa exploratória a respeito do

desenvolvimento de empreendedores nas universidades, especificamente através do estudo

de caso da Germinadora de Startups, projeto do Laboratório de Empreendedorismo e Novos

Negócios da UFRJ. O objeto de estudo será apresentado em detalhes no Capítulo 4.

Para possibilitar a análise do caso, seguindo a metodologia proposta por Prodanov

(2013), primeiramente foi realizado um estudo bibliográfico (abordagem qualitativa e

quantitativa) a respeito do cenário atual do empreendedorismo no Brasil e no mundo,

explicitando o impacto do empreendedorismo na economia e no desenvolvimento social, de

forma a entender a realidade na qual a Germinadora está inserida. Em seguida, buscou-se

compreender como se dá hoje a formação de empreendedores dentro das Universidades do

país e entender as lacunas existentes nessa formação.

O trabalho foi elaborado com base nos diversos estudos, pesquisas e base de dados

disponíveis sobre economia e empreendedorismo no Brasil e no mundo, sobre o mercado

de trabalho e sobre a educação empreendedora. Alguns exemplos são pesquisas

elaboradas pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE),

pela Endeavor e os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED).

Sempre que possível, buscou-se também utilizar dados internacionais, visando a

comparação internacional, tais como: os dados do Banco Mundial, da Organização para a

Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), do Global Entrepreneurship Monitor

(GEM) e o Global Entrepreneurship Index (GEI). Foram consultados também outros estudos

e outras fontes de informações sobre o tema, presentes na bibliografia.

Além disso, durante os meses de julho, agosto e setembro de 2018, o graduando

acompanhou in loco o planejamento e a realização do 3º ciclo da Germinadora, participando

das atividades propostas e de sua preparação, de forma a levantar pontos de melhoria e

elucidar questões importantes para a elaboração dos planos aqui expostos.

Esta análise presencial foi acompanhada de entrevistas com os membros do projeto,

com a coordenação do grupo e com os participantes (desta edição e de edições anteriores),

permitindo não só maior compreensão a respeito do caso estudado, mas também validação

das propostas elaboradas. O conteúdo apresentado nos capítulos subsequentes

corresponde justamente a análise e interpretação dos dados obtidos através da pesquisa

exploratória supracitada.

Por fim, antes da elaboração dos planos de marketing e gestão, foi realizada uma

revisão bibliográfica a respeito das ferramentas e técnicas a serem aplicadas no estudo de

caso em questão (aplicando os conhecimentos adquiridos ao longo do curso e aliando

inclusive o uso das ferramentas tradicionais às mais recentes).

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2.1 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

Mesmo havendo a apresentação breve do atual cenário do empreendedorismo no

Brasil (justificando a relevância do tema em si e do trabalho) e alguns aspectos do ensino

empreendedor nas universidades, a pesquisa não pretende abordar outros grupos que

desempenhem funções semelhantes as deste laboratório. Os planos apresentados,

delineados pelas conclusões sobre o diagnóstico do estudo elaborado, correspondem

apenas a uma proposta de alternativa possível dentre um extenso leque de possibilidades.

O estudo a respeito do cenário do empreendedorismo será enxuto, sendo pesquisado o

necessário para prosseguimento do trabalho com razoabilidade, uma vez que este tipo de

estudo aprofundado demanda tempo e capital não disponíveis para esse trabalho.

É importante ressaltar também que não é intuito do relatório analisar as “empresas

incubadas” pela Germinadora, isto é, analisar especificamente o caso dos empreendedores

participantes do projeto. A pesquisa se limitará especificamente ao projeto como um todo e

não as particularidades dos modelos de negócios idealizados pelos participantes. No

entanto, algumas características gerais do público participante poderão ser utilizadas para

justificar propostas estratégicas apresentadas no relatório.

Não será apresentado neste relatório um plano operacional para a Germinadora,

descrevendo por exemplo a localização, instalações físicas e equipamentos necessários

para o bom funcionamento do projeto. É, sem dúvida, interessante para o projeto

compreender suas operações e estimar qual a sua “capacidade produtiva” (isto é, estimar

quantos participantes consegue atender por ciclo, além de traçar quantos membros serão

necessários para viabilizar tais operações, assim como as tarefas de cada um). Entretanto,

foi decidido que esta definição ficará a cargo da Coordenação do Labgn2, devendo ser

revista periodicamente para que se adeque a realidade do grupo e aos objetivos traçados.

Em relação ao plano financeiro: como será apresentado no Capítulo 4, a

Germinadora é um projeto sem fins lucrativos. As atividades (mentorias, treinamentos,

palestras, etc.) são oferecidas sem custo para os empreendedores participantes e a equipe

responsável não é remunerada pela participação nas mesmas. Dada a estrutura e o

propósito do projeto, não faria sentido analisar aspectos como fluxo de caixa, necessidade

de capital de giro, estimativa de faturamento, viabilidade financeira (...) e apresentar um

plano financeiro para este projeto específico. É importante ressaltar que – como em

qualquer atividade – as operações do projeto trazem consigo alguns custos (mesmo que

reduzidos), que hoje são cobertos a partir de permutas e parcerias/patrocínios. De toda

maneira, embora haja elementos que permitam o estudo dos demais planos, de acordo com

o que foi exposto acima esta pesquisa se limitará à apresentação apenas dos planos de

gestão e de marketing da Germinadora, não apresentando assim o plano financeiro, jurídico

e de operações relativos a mesma.

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18

3 REFERENCIAL TEÓRICO

O empreendedorismo de maneira geral já é há anos tema de inúmeros estudos

científicos e acadêmicos, estando também fortemente presente na mídia (tanto na

especializada e quanto na de massa) e nas discussões político-econômicas. Podemos

afirmar que hoje o senso comum já vê no empreendedorismo um motor econômico com

grande potencial.

Não é intuito dessa pesquisa explorar detalhadamente todas as maneiras pelas quais

a atividade empreendedora gera riquezas ao redor do mundo, tampouco apontar razões

pelas quais alguns países são mais empreendedores que outros. Este capítulo terá como

objetivo apenas ressaltar através de dados oficiais o quão relevante esta atividade é para a

economia mundial, de forma a corroborar a necessidade de realização contínua de estudos

acadêmicos que possam estimular o desenvolvimento do empreendedorismo no nosso país.

Além da exposição não exaustiva a respeito do empreendedorismo no Brasil e no

mundo, serão apresentadas também algumas definições básicas importantes para a

compreensão dos demais capítulos do relatório – como por exemplo o que se entende por

“empreendedorismo” e as diferenças entre empreendedorismo por necessidade e

empreendedorismo por oportunidade.

3.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES

3.1.1 Empreendedorismo

Os primeiros registros do termo “empreender” que se tem notícia datam do século

XVII, sendo usado para determinar um indivíduo que assume o risco de criar um novo

negócio. O termo só se popularizou, no entanto, a partir de 1945, ao ser empregado pelo

economista tcheco Joseph Schumpeter – segundo o qual empreendedor é aquele que

“possui habilidades técnicas para lidar com o capital, reunir recursos financeiros e produzir

riquezas, organizando operações internas e realizando vendas de sua empresa, ou seja, um

profissional totalmente versátil” (CASTOR e ZUGMAN, 2009).

Uma revisão histórica a respeito da literatura empreendedora sugere que este termo foi citado pela primeira vez em teorias econômicas, em seguida sendo adotado por cursos e teorias de outros campos das ciências humanas (DUKE, 2004).

O empreendedorismo de forma mais ampla pode ser entendido como “a renovação

das estratégias e a transformação das organizações” (GUTH e GINSBERG, 1990),

“explorando novos mercados e os processos dinâmicos de criação de riqueza nos mesmos”

(DUKE, 2004). Segundo Kuratko (2009), “empreendedorismo é um processo dinâmico de

missão, criação e transformação”. De acordo com essas bases teóricas, podemos concluir

que o “empreendedor nasce da combinação de oportunidades existentes na área em que

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19

estão com as características pessoais necessárias para identificar e perseguir essas

oportunidades, atingindo resultados específicos” (MARTIN e OSBERG, 2007).

A definição de “empreendedor”, citada abaixo, segue esta mesma linha. Essa é

especialmente importante para esta pesquisa pois será a definição adotada pelas propostas

para a Germinadora, isto é, a pesquisa leva em consideração que ao pretender formar

empreendedores o projeto se propõe a auxiliar na formação de pessoas com o perfil descrito

abaixo.

Empreendedor é aquele que faz as coisas acontecerem. Por ter visão de futuro, antecipa-se aos fatos e identifica oportunidades para criar novos negócios. É curioso, atento a informações, valoriza o conhecimento e assume riscos calculados. (Labgn2, 2018)

Várias dessas definições são, de certa maneira, atemporais. No entanto, o papel do

empreendedorismo na economia foi sendo modificado com o passar do tempo. “Hoje em dia

o empreendedorismo, um dos principais motores econômicos de qualquer sociedade

moderna, é considerado uma ferramenta para enfrentar o novo cenário competitivo e as

rápidas mudanças estruturais do mundo” (SASCHA e ILKKA, 2009). De acordo com

Bahrami (2012), companhias que desejam se manter competitivos no mundo atual de

crescimento acelerado consideram o empreendedorismo como um requisito comportamental

e funcional indispensável aos seus membros.

3.1.2 Empreendedorismo por oportunidade e por necessidade

Um novo empreendimento pode surgir de duas formas distintas, dependendo da

motivação inicial do empreendedor. Pode ser “por oportunidade” ou “por necessidade”. A

natureza da motivação para a abertura da empresa é importante, pois indica o grau de

maturidade econômica do país, seu desenvolvimento empresarial, o investimento e apoio do

Governo em novos negócios e, em última instância, o grau de inovação desses negócios.

Dornelas (2005) define (e diferencia) esses tipos da seguinte maneira:

A primeira seria o empreendedorismo de oportunidade, em que o empreendedor visionário sabe onde quer chegar, cria uma empresa com planejamento prévio, tem em mente o crescimento que quer buscar para a empresa e visa a geração de lucros, empregos e riqueza. Está totalmente ligado ao desenvolvimento econômico, com forte correlação entre os dois fatores. A segunda definição seria o empreendedor de necessidade, em que o candidato a empreendedor se aventura na jornada empreendedora mais por falta de opção, por estar desempregado e não ter alternativas de trabalho.

Desta forma, conclui-se que empreendedores por necessidade geralmente partem

para negócios autônomos por falta de oportunidade de emprego e para poder manter uma

renda familiar, não exatamente por uma vocação empreendedora. Sua motivação primária é

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financeira. O surgimento deste tipo de empreendedorismo depende muito da conjuntura

econômica do país e da taxa de desemprego.

Por outro lado, a taxa de empreendedorismo de oportunidade reflete o ‘lado positivo’

da atividade empreendedora nos países. Representa a porção de empreendedores que

observou uma oportunidade específica de mercado e iniciou sua atividade para melhorar

sua condição de vida através dessa oportunidade (GLOBAL ENTREPRENEURSHIP

MONITOR). É o tipo de empreendedorismo mais visionário, motivado pela percepção de um

nicho de mercado em potencial, a busca da realização profissional e a vontade de

independência de ter seu próprio negócio. É importante fazer esta distinção não só para que

se possa entender melhor alguns dos dados expostos nas seções a seguir, mas também

para uma boa compreensão do mercado alvo da Germinadora: o projeto é focado

exclusivamente em empreendedores de oportunidade.

Outros conceitos relevantes para a análise do cenário empreendedor de um país

podem ser encontrados no Anexo A.

3.2 A IMPORTÂNCIA DO EMPREENDEDORISMO NO MUNDO

“O empreendedorismo e a inovação têm uma enorme capacidade de estimular o

crescimento econômico e social” (SAPPIN, 2016). Superficialmente, o motivo por trás dessa

capacidade parece intuitivo: empreendedores criam negócios, negócios criam empregos e

pessoas empregadas consomem mais produtos e serviços, além de fortalecerem a

concorrência e aumentarem a produtividade no geral. No entanto, este não é um tema que

deva ser analisado de forma superficial. Esta seção se propõe a esmiuçar, de maneira um

pouco mais profunda, alguns meios pelos quais a atividade empreendedora (por

oportunidade) contribui para o desenvolvimento da sociedade. A revisão da literatura

empírica de estudos relativos ao impacto do empreendedorismo no crescimento econômico

encontra-se na seção seguinte.

Primeiramente, ao criarem negócios inovadores em resposta às necessidades e

demandas não satisfeitas do mercado (aproveitando a oportunidade de fornecer um produto

ou serviço que não existe atualmente ou se encontra indisponível), empreendedores

contribuem para a elevação do bem-estar social. A disponibilização destes novos produtos à

população somada a criação de novos empregos aumenta a qualidade e o padrão de vida

no geral. Além disso, esse desenvolvimento tende a criar um ciclo vicioso de abertura de

novos empreendimentos, inclusive de outros setores.

Um exemplo desse tipo de ciclo (para não citar o Vale do Silício) é o ocorrido na

Índia. Nos anos 1990, algumas empresas fundaram a indústria de Tecnologia da Informação

(TI) como um hub2 de programadores de back-end 3. Em pouco tempo, a indústria ganhou

2 Núcleos relativamente pequenos concentradores de semelhantes (pessoas, informações, companhias...).

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21

ritmo no domínio de seus próprios programadores, ganhando relevância mundial. Este ano,

a Tata Consultancy Services (TCS) tornou-se a primeira empresa de TI indiana a atingir

valor de mercado superior a 100 bilhões de dólares4 – e há várias outras muito relevantes

internacionalmente. Mas o mais importante: vários outros setores se beneficiaram dessa

iniciativa do hub. Empresas de setores associados, como operações de centrais telefônicas,

empresas de manutenção de rede e provedores de hardware, floresceram no local. Os

institutos de educação e treinamento criaram uma nova geração de funcionários de TI que

receberam ofertas de trabalho ainda melhores e com altos salários. Empresas de

construção civil e até mesmo as imobiliárias capitalizaram esse crescimento à medida que

os trabalhadores migravam para núcleos de empregos buscando uma vida melhor.

Além disso, empreendimentos geram novas riquezas: empresas já estabelecidas

podem permanecer confinadas ao escopo dos mercados a que pertencem e podem atingir

um certo limite em termos de faturamento. Novos e melhores produtos, serviços ou

tecnologia de empreendedores permitem que mercados alternativos sejam desenvolvidos e

que mais riquezas sejam criadas. Através da oferta de novos bens e serviços, os

empreendedores contribuem para a redução da dependência da sociedade de sistemas,

tecnologias e produtos obsoletos. Por exemplo, o suprimento de água em uma região com

escassez da mesma, por vezes, forçará as pessoas a pararem de trabalhar para coletar

água. Isso afetará seus negócios, produtividade e renda. Imagine uma bomba inovadora,

automática, de baixo custo e baseada em fluxo, capaz de encher os recipientes de água das

pessoas automaticamente. Esse tipo de inovação garante que as pessoas possam se

concentrar em seus trabalhos sem se preocupar com uma necessidade básica, como a

água. Mais tempo para se dedicar ao trabalho se traduz em crescimento econômico – isso

sem contar no imensurável aumento de qualidade de vida provido por esse tipo de serviço.

Para um exemplo que se relacione melhor com as chamadas economias

desenvolvidas podemos citar smartphones e aplicativos, que revolucionaram o trabalho e o

lazer em todo o mundo (não só nos países mais ricos). Esse tipo de revolução promove

mudanças sociais importantes. No mais, a globalização da tecnologia possibilita que

empreendedores em países menos desenvolvidos tenham acesso às mesmas ferramentas

que suas contrapartes nos países mais ricos. Eles também podem ter, dependendo do caso,

a vantagem de um custo de vida mais baixo, de modo que um jovem empreendedor de um

país subdesenvolvido pode assumir o poder de um produto de relevante valor de mercado

existente em um país desenvolvido.

3 Em TI, desenvolvedores back-end são os que trabalham na parte de “trás” da aplicação, isto é, na parte da aplicação que não interage diretamente com o usurário. Este tipo de programador é o responsável, em termos gerais, pela implementação da regra de negócio na aplicação. 4 Notícia publicada em 23 de abril de 2018, disponível em <www.ndtv.com/business/tcs-makes-history-as-first-indian-company-with-100-billion-dollar-market-value-1841277>, acesso em julho de 2018.

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Não obstante, o aumento do emprego e os rendimentos mais elevados em um país

contribuem para o aumento da renda nacional, o que eleva (ou ao menos tende a elevar) a

arrecadação de impostos e permitir maiores investimentos do governo – dinheiro que pode

ser usado em outros setores em dificuldades e em capacitação de capital humano.

Além de promover ganhos expressivos em eficiência (o que por si só traz inúmeros

benefícios para a população), novas tecnologias e inovações também são cruciais quando

se trata de enfrentar os enormes desafios ambientais que enfrentamos hoje: combater a

mudança climática, reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa e preservar a

biodiversidade no meio ambiente. O acesso confiável a essas inovações (como tecnologia

de irrigação, eletricidade e infraestrutura urbana) aumenta a produtividade e melhora o

desenvolvimento econômico, assim como o bem-estar social.

Por fim, empreendedores tendem a inspirar a criação de negócios de outros

indivíduos com ideias semelhantes, fortalecendo a comunidade. Ao investirem em projetos

comunitários e fornecerem apoio financeiro às instituições de caridade locais, possibilitam

um maior desenvolvimento além de seus próprios empreendimentos.

3.2.1 Global Entrepreneurship Monitor

Vários dados apresentados ao longo das seções seguintes foram retirados 5 do

Global Entrepreneurship Monitor (GEM), o mais importante estudo mundial focado em

empreendedorismo. Antes de apresentar e interpretar os dados selecionados, é interessante

caracterizar o GEM6, qualificando-o para o leitor não familiarizado com o mesmo.

Através de um amplo esforço coordenado internacionalmente de coleta de dados, o

GEM é capaz de fornecer informações de alta qualidade, relatórios abrangentes e histórias

interessantes, que aumentam muito a compreensão do fenômeno empreendedor – mas é

mais do que isso. Como a própria pesquisa se define, “é também uma comunidade

crescente de crentes nos benefícios transformadores do empreendedorismo”.

Convém ressaltar de pronto que o objetivo central do GEM é aprofundar a

compreensão sobre o papel que a atividade empreendedora cumpre para o

desenvolvimento econômico e social dos países, e, com base nos conhecimentos, obtidos

permitir que os responsáveis por políticas e programas voltados ao empreendedorismo

possam cada vez mais aperfeiçoá-los com foco nas realidades identificadas e apreendidas

por meio dos dados e informações produzidos.

Ao longo dos últimos 19 anos, mais de 100 países já participaram da pesquisa. Em

2017 – último ano com dados completos – 54 países fizeram parte do projeto, sendo que o

5 Diretamente por essa pesquisa ou indiretamente pelas pesquisas citadas. 6 Assume-se que as outras fontes utilizadas, como o Banco Mundial por exemplo, dispensam introduções e qualificações dado o seu renome.

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conjunto desses países representa mais de 70% da população e do Produto Interno Bruto

(PIB) globais.

O GEM distingue-se de outros estudos que têm foco no empreendedorismo

sobretudo pelo fato de que o objeto central de sua investigação está no sujeito

empreendedor (fonte primária de informação) e não no empreendimento propriamente dito.

Com isso se quer salientar que o empreendedor, para o GEM, é “aquele indivíduo que

realizou esforços concretos na tentativa de criação de um novo empreendimento, como por

exemplo uma atividade autônoma, ou uma empresa, seja ela formalizada ou não, bem como

a expansão de um negócio já existente”. Assim sendo, é o sujeito que empreende que

apresenta à pesquisa suas características (idade, escolaridade, renda familiar...), manifesta

suas expectativas (como a criação de postos de trabalho ou inserção internacional) e

descreve o negócio com o qual está envolvido (porte, estágio, inovação e segmento de

atuação).

O Brasil iniciou a sua participação no GEM no ano 2000 e desde então está presente

em todas as edições da pesquisa. No país, a coordenação do projeto está sob a

responsabilidade do Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP), com o suporte

técnico e financeiro do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Tendo feito essa apresentação inicial a respeito do GEM, acompanhada das

ressalvas necessárias, seguiremos para a exposição dos dados analisados e das

interpretações cabíveis, de forma a compreender melhor o impacto do empreendedorismo

nas economias centrais do mundo.

3.2.2 Revisão da literatura empírica

O artigo de Stan e Stel (2009) investiga os efeitos do empreendedorismo sobre o

crescimento econômico nos 36 países participantes do GEM 2002 e traz como contribuição

importante a comparação desses efeitos nos diferentes níveis de desenvolvimento nacional

(países de alta renda, transição e de baixa renda). Além dos dados extraídos do GEM,

utilizou-se também a base do Fundo Monetário Internacional (FMI) e Fórum Econômico

Mundial (WEF). Os resultados indicam que a presença de empresários por oportunidade

parece ser mais importante para alcançar o crescimento econômico do que

empreendedorismo geral. Por fim, as análises sugerem de forma empírica que o

empreendedorismo em si não tem efeito definido sobre o crescimento econômico em países

de baixa renda. Não é o que se constatou, no entanto, nos países de transição e de alta

renda: nestes, tanto o empreendedorismo geral como o orientado por oportunidades

parecem contribuir fortemente para o crescimento macroeconômico nacional.

Observando um conjunto de dados do Banco Mundial sobre 77 países para o ano de

2005, o estudo de Smith (2010) explora a posição do empreendedorismo no contexto do

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crescimento econômico. A análise estatística examina seis fatores econômicos distintos,

sendo eles: crescimento econômico, empreendedorismo, trabalho, capital, conhecimento e

políticas governamentais pró-mercado. Os resultados da pesquisa confirmam que o

empreendedorismo tem um impacto significativo sobre o crescimento econômico, e que a

presença do empreendedorismo em uma sociedade não pode ser completamente explicada

pelos fatores neoclássicos tradicionais que influenciam o crescimento económico. Desta

maneira, conclui que o empreendedorismo deve ser incluído como um fator independente no

modelo neoclássico de crescimento econômico para uma análise atual precisa.

Afghah et al. (2014) também busca verificar o efeito do empreendedorismo no

crescimento econômico, mas a partir da visão de Schumpeteriana. A pesquisa utiliza dados

de 50 países entre 2004 e 2012 extraídos do GEM e FMI. Os resultados obtidos utilizando a

abordagem de dados em painel desequilibrado com efeito fixo indicam que o

empreendedorismo tem efeito positivo e significativo no crescimento econômico: o aumento

de uma unidade percentual na variável empreendedorismo7 resultará acréscimo de 0,074%

no crescimento econômico.

Marques (2014) em sua tese avalia a contribuição do empreendedorismo no

crescimento econômico dos países da OCDE, a partir dos dados do GEM e da Annual

Macro-Economic database of the European Commission's (AMECO) para o período de 2001

a 2007. Os resultados sugerem que o empreendedorismo contribuiu em média

aproximadamente 0,3 pontos percentuais da taxa de crescimento do produto real, através

do crescimento da eficiência do trabalho. Esse resultado sugere que existe uma relação

positiva entre o nível de empreendedorismo e sua contribuição absoluta para a taxa de

crescimento do produto, mas também que essa relação se torna ambígua ao considerar as

contribuições relativas, sobretudo no conjunto dos países onde o empreendedorismo fica

abaixo de 10%. A pesquisa sugere que cada economia obtém diferentes benefícios de um

mesmo nível de empreendedorismo, podendo depender de outros fatores como a frequência

de criação de novos conhecimentos.

Rocha (2014) aborda a importância dos dois tipos de empreendedorismo para o

crescimento e desenvolvimento econômico. Os resultados empíricos indicam que a razão

entre empreendedorismo por oportunidade e necessidade (RON) pode explicar cerca de

24% da variação total do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), e que a variação de

cada unidade positiva da RON poderá aumentar em 0,015 o IDH, confirmando a hipótese

levantada de que uma razão maior entre empreendedorismo por oportunidade e

necessidade influencia positivamente o IDH dos países. Além disso, segundo a pesquisa o

empreendedorismo por oportunidade atua positivamente no desenvolvimento econômico

7 A pesquisa utiliza a TEA como variável para o empreendedorismo, incluindo, portanto, empreendedores por necessidade e por oportunidade.

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dos países. O autor ressalta ainda que, apesar de vários estudos não apontarem relação

significativa entre o empreendedorismo por necessidade e o crescimento econômico, este

ainda tem um papel importante como fonte geradora de emprego e auto emprego.

Há também estudos em sentido contrário ao apresentado acima. Gezer e Cardoso

(2015) têm como objetivo analisar a influência do nível de atividade empreendedora e o grau

de empreendedorismo por oportunidade na competitividade e no desenvolvimento social e

econômico dos países. A pesquisa estabelece duas hipóteses básicas e estima 4 modelos

econométricos para tal. Os resultados mostram que um aumento em um ponto percentual

taxa de empreendedorismo diminui a renda per capita em -1.054 a um nível de significância

de 0,01%, confirmando a primeira hipótese levantada de que há uma relação negativa entre

empreendedorismo e o desenvolvimento econômico, social e competitividade de um país.

Por outro lado, verifica-se uma relação positiva, com significância estatística de 0,01% entre

o nível de empreendedorismo por oportunidade e a renda per capita, corroborando com a

hipótese 2 de que há uma relação positiva entre empreendedorismo por oportunidade e

desenvolvimento econômico, social e competitividade de um país.

Bartolomeu (2015) analisa o crescimento econômico e a sua correlação com o

empreendedorismo, globalização, investimento direto estrangeiro e o comércio internacional,

comtemplando 92 países no período de 2000 a 2012. Os resultados obtidos por ela a

respeito da atividade empreendedora foram considerados ambíguos.

Abdesselam et al. (2017) visa propor uma classificação do empreendedorismo dos

países da OCDE em relação ao crescimento do PIB, taxas de desemprego, níveis de auto

emprego e a taxa de crescimento do trabalho independente, usando uma base de dados

cobrindo o período de 1999 a 2012, implementando uma análise de dados multivariada e

evolutiva. Os resultados sublinham o grande impacto da crise financeira na dinâmica

empresarial e levaram a distinção de três subperíodos para estudar o comportamento

empreendedor: o período pré-crise (1999-2008), a crise (2009) e o período pós-crise (2010 –

2012). O primeiro período é caracterizado pelo elevado crescimento do PIB, altos níveis de

auto emprego e baixa taxa de desemprego. É um período de crescimento favorável ao

empreendedorismo. Os efeitos da crise financeira são visíveis após um atraso em 2009;

este ano caracteriza-se por uma taxa de crescimento do PIB e uma taxa de crescimento do

emprego por conta própria significativamente inferior às registadas no período global. O

período de 2010–2012 mostra uma forte desaceleração na atividade empreendedora; a crise

parece ter impactado significativamente a dinâmica do empreendedorismo. A pesquisa

permite observar que no subperíodo após a crise que a taxa de desemprego é

significativamente maior que a média de todo o período e o nível de auto emprego é

significativamente menor.

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3.3 EMPREENDEDORISMO NO BRASIL

Tendo explorado brevemente a literatura empírica a respeito do impacto do

empreendedorismo no crescimento econômico pelo mundo, a pesquisa se voltará agora ao

cenário observado no Brasil. As análises iniciais abaixo descritas serão baseadas nos dados

expostos na Tabela 1, que concentra algumas das variáveis analisadas pela pesquisa GEM

2017 e GEM 2016 – a definição dos conceitos expostos na tabela pode ser encontrada no

Anexo A. Serão analisados apenas os dados relativos às dez maiores economias do mundo

(em função de seu PIB, no ano de 20178), de forma a entender como o Brasil se posiciona

em relação a elas. A tabela foi dividida em duas para permitir a leitura em uma única página

de impressão.

Fonte: elaborado pelo autor a partir dos dados do GEM 2017 e GEM 2016.

Na tabela, a coluna ‘Média Global’ corresponde ao valor médio de todos os países

participantes da pesquisa do passado em questão, não apenas dos países expostos na

tabela. Valores próximos a média global (valor de referência) possuem coloração mais

amarelada. A tonalidade das cores é proporcional à distância do valor observado em relação

à média daquele ano: quanto mais verde mais o índice é superior à referência, e o inverso

para os vermelhos.

As cinco variáveis expostas (entre as 15 principais analisadas pelo GEM) foram

selecionadas de forma a permitir simultaneamente uma comparação – mesmo que

relativamente breve – tanto qualitativa como quantitativa do cenário empreendedor dos

países em questão. As duas primeiras variáveis dizem respeito às taxas de atividade

empreendedora, tendo caráter mais quantitativo. A terceira, também uma taxa de atividade,

8 De acordo com os dados do Banco Mundial para o ano de 2017. Dados disponíveis em <data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.MKTP.CD>. Acesso em julho de 2018.

2017 2016 2017 2016 2017 2016 2017 2016 2017 2016 2017 2016

Média Global 5. Reino Unido4. Alemanha3. Japão2. China1. EUA

Total Early-Stage Entrepreneurial Activity (TEA) 12,46 12,33 13,67 12,63 9,87 10,29 4,68 3,83 5,28 4,56 8,40 8,80

Established Business Ownership Rate (EBOR) 8,50 8,05 7,75 9,20 6,83 7,50 6,34 7,18 6,05 7,00 6,67 6,10

Entrepreneurial Employee Activity Rate (EEAR) 3,30 3,35 7,59 7,00 1,36 1,20 2,76 1,10 5,67 5,10 7,98 7,00Activ

ity

High Job Creation Expectation Rate (HJCER) 19,67 21,31 38,61 34,20 24,32 26,70 28,72 27,08 21,95 21,50 23,39 28,40

Innovation Rate (IR) 26,50 26,38 35,93 37,10 25,51 28,80 24,68 25,27 23,74 24,70 27,06 33,00

2017 2016 2017 2016 2017 2016 2017 2016 2017 2016 2017 2016

Média Global

Impa

ct

6. França 7. Índia 9. Itália8. Brasil 10. Canadá

Total Early-Stage Entrepreneurial Activity (TEA) 12,46 12,33 3,92 5,32 9,28 10,59 20,30 19,56 4,28 4,42 18,75 16,72

Established Business Ownership Rate (EBOR) 8,50 8,05 3,58 4,30 6,22 4,60 16,50 16,90 5,95 5,20 6,18 6,80

Entrepreneurial Employee Activity Rate (EEAR) 3,30 3,35 3,87 3,60 0,21 2,50 0,74 1,50 2,41 2,10 8,16 5,90Activ

ity

High Job Creation Expectation Rate (HJCER) 19,67 21,31 27,86 21,20 5,20 9,52 3,05 4,40 13,96 18,40 20,32 15,90

Innovation Rate (IR) 26,50 26,38 48,63 33,90 25,60 28,00 13,91 12,40 28,22 26,90 43,18 40,90Impa

ct

Tabela 1: Indicadores do cenário empreendedor das principais economias do mundo.

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permite análises dos dois tipos. E as duas últimas analisam de forma mais qualitativa o

impacto do empreendedorismo nas economias dos países em questão.

Como destacado na tabela, de acordo com o Global Entrepreneurship Monitor, em

2017 a taxa total de empreendedorismo9 observada no Brasil foi de 36,8%, o que significa

que de cada 100 brasileiros adultos10 , 36 deles estavam conduzindo alguma atividade

empreendedora, quer seja na criação ou aperfeiçoamento de um novo negócio, ou na

manutenção de um negócio já estabelecido. A Taxa de Empreendedorismo Inicial (TEA)

chegou a 20,30%, ficando o Brasil na 8ª colocação no grupo dos 42 países classificados

como “impulsionados por eficiência”11 e na 10ª colocação geral dos 54 países pesquisados

no ano passado.

Em números absolutos isso representa dizer que é de quase 50 milhões 12 o

contingente de brasileiros que já empreendem e/ou realizaram, em 2017, alguma ação

visando a criação de um empreendimento em um futuro próximo – número próximo por

exemplo à população de países como Argentina, Coréia do Sul e Espanha.

Fonte: elaborado pelo autor a partir de dados do GEM Brasil 2017.

É possível, portanto, afirmar que as taxas de empreendedorismo no Brasil são

consideradas relativamente altas, superiores por exemplo às vistas em países como

Argentina, México, os BRICS (Rússia, Índia, China e África do Sul) e em todas as 10

principais economias do mundo (de acordo com o PIB).

Além disso, ao combinar as informações da Tabela 2 com as da Tabela 3, exposta a

seguir, é possível concluir que os empreendedores iniciais, em 2017, empregavam formal ou

informalmente mais de 8 milhões de brasileiros, e os empreendedores estabelecidos,

aproximadamente 11 milhões. Não é possível, assim, desprezar a relevância do

9 Valor correspondente a soma da TEA com a EBOR. 10 A pesquisa considera como “adultos” os cidadãos, homens e mulheres, com idades entre 18 e 64 anos. 11 De acordo com a classificação do GEM, baseada em relatório elaborado pelo WEF. Para mais detalhes, consultar o Anexo B. 12 Estimativa calculada a partir de dados da população brasileira de 18 a 64 anos para o Brasil em 2017: 135,4 milhões. Fonte: IBGE/Diretoria de Pesquisas. Projeção da população do Brasil e Unidades da Federação por sexo e idade para o período 2000-2030 (ano 2017).

ESTÁGIO TAXA (%) ESTIMATIVA

Iniciais (TEA) 20,3 27.486.200

Estabelecidos (EBOR) 16,5 22.341.000

Total 36,8 49.827.200

Tabela 2: Taxas e estimativas a respeito do empreendedorismo segundo o estágio dos

empreendimentos criados no Brasil (2017)

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empreendedorismo para a geração de empregos e para o desenvolvimento econômico e

social do país atualmente.

Fonte: elaborado pelo autor a partir de dados do GEM Brasil 2017.

Entretanto, por mais que a quantidade de empreendedores no país seja expressiva,

é importante destacar que, ainda segundo o GEM 2017, a ‘qualidade’ desse contingente de

empreendedores é inferior à dos demais países, quando considerados itens como, por

exemplo: o baixo grau de inovação dos produtos (13,91%) 13 e sua baixa

inserção/competitividade internacional. A maioria dos pequenos negócios brasileiros hoje

oferece produtos muito simples, principalmente, voltados ao atendimento das necessidades

básicas do mercado interno. É possível observar também essa qualidade mais baixa dos

empreendimentos abertos na Tabela 1: de todos os países selecionados, o

empreendedorismo brasileiro é o que possui menor impacto na alta expectativa de criação

de empregos. O cenário fica muito claro dado o código de cores: há número expressivo de

empreendedores, mas o impacto destes é baixo.

O Global Entrepreneurship Index (GEI) 14 , que mede a ‘qualidade do

empreendedorismo’, assim como a extensão e a profundidade do ‘ecossistema’ que dá

suporte às atividades empreendedoras, reforça esse aspecto da baixa qualidade dos nossos

novos negócios, ao classificar o país na 98ª colocação em um ranking de 137 países. Outros

estudos produzidos no Brasil mostram também problemas nessa área. Estudos do IBGE

sobre o tema, por exemplo, sugerem que os produtos e serviços oferecidos pelos

empreendedores carecem de sofisticação tecnológica e ineditismo. Esse baixo grau de

sofisticação e de ineditismo tende a contribuir negativamente para o potencial de geração de

emprego e renda e de desenvolvimento econômico.

13 Dado disponível na Tabela 1. 14 Variáveis que compõe o GEI estão dispostas no Anexo C.

Tabela 3: Distribuição de empreendedores iniciais e estabelecidos de acordo com o número de

empregos gerados.

INICIAIS ESTABELECIDOS

Não informou 20,7 0,3

Nenhum empregado 58,3 68,4

1 empregado 14,5 18,5

2 empregados 3,4 6,1

3 ou mais empregados 3,1 6,7

Total 100,0 100,0

NÚMERO DE EMPREGADOSTAXA DE EMPREENDEDORES (%)

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Ainda em relação à ‘qualidade’ do empreendedorismo local, outra questão merece

destaque: a motivação ao empreender. No geral, acredita-se que embora o Brasil conte com

um expressivo contingente de empreendedores (exposto acima), a maior parte destes

seriam, na verdade, pessoas que não obtiveram alocação no mercado formal e acabaram

abrindo negócios próprios por necessidade15. No entanto, não é essa a realidade que os

dados nos mostram.

A taxa de empreendedorismo de necessidade chegou a apresentar crescimento

expressivo por seguidos anos, é verdade (reflexo da crise econômica, fazendo com que

muitos encontrem no empreendedorismo uma forma de lucrar mesmo em períodos de

recessão). No entanto, ao analisarmos a RON é possível perceber que o Brasil empreende

sobretudo por oportunidade. Em 2016, para cada empreendedor inicial por necessidade

havia 1,4 empreendedores por oportunidade. Em 2017, essa relação foi de 1,5. Dito de outra

forma, 59,4% dos empreendedores iniciais empreenderam por oportunidade e 39,9% por

necessidade (há um percentual de pessoas que optou por não responder a esta questão).

Fonte: elaborado pelo autor a partir dos dados do GEM 2017 e GEM 2016.

Como previamente mencionado, esse número pode se distanciar um pouco da

percepção do senso comum de que o Brasil é um país empreendedor majoritariamente por

necessidade. Na verdade, mesmo com as mudanças recentes na economia do país e o

aumento da informalidade do trabalho, ainda é possível afirmar que o brasileiro é um povo

empreendedor por oportunidade, principalmente.

Outra análise possível a partir dos dados refere-se ao nível de escolaridade dos

empreendedores. Ao observarmos os estratos da população que se destacam pelos níveis

mais altos de atividade empreendedora em estágio inicial e em estágio estabelecido,

percebe-se que os mais ativos em cada estágio são os que possuem apenas o ensino

15 Se fosse esse o caso, o baixo grau de sofisticação e inovação apresentados seriam explicados diretamente.

TAXA (%)PERCENTUAL DA

PEA (%)ESTIMATIVAMOTIVAÇÃO

Oportunidade 12,1 59,4 16.383.400

Necessidade 8,2 39,9 11.102.800

Total 20,3 99,3 27.486.200

Razão Oportunidade/Necessidade (RON)

2017

1,5

Oportunidade 11,2 57,4 14.996.800

Necessidade 8,3 42,4 11.113.700

Total 19,5 99,8 26.110.500

Razão Oportunidade/Necessidade (RON)

2016

1,4

Tabela 4: Motivação dos empreendedores iniciais em relação a PEA.

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fundamental completo e ensino fundamental incompleto, respectivamente. Os menos ativos

para os dois casos são, respectivamente, os que possuem o ensino superior completo e

ensino fundamental completo. Os estratos da população empreendedora podem ser

observados na Figura 1, abaixo. As taxas específicas encontram-se em percentuais e as

estimativas em milhões de pessoas e os dados referem-se aos observados no Brasil em

2017.

Fonte: GEM 2017.

É possível perceber também que, em termos relativos, a população com maior grau

de escolaridade do país é menos empreendedora. Claro, é verdade também que possuir

curso superior completo (em tese) facilita a alocação no mercado de trabalho formal, o que

poderia reduzir a participação destas pessoas em atividades empreendedoras (sobretudo

por necessidade). No entanto, como exposto anteriormente, dois terços dos

empreendedores do país decidiram empreender por observar uma oportunidade de mercado

e não por necessidade. Além disso, um estudo da Endeavor sobre empreendedorismo nas

universidades (que será exposto em mais detalhes na próxima seção) realça o pouco

dinamismo dos empreendedores universitários.

Promover a capacitação de empreendedores no ambiente universitário – que é

justamente a proposta de valor da Germinadora de Startups – pode não só possibilitar uma

maior taxa de sucesso a estes empreendimentos, mas também favorecer o aumento da

participação dessa parcela da população em atividades empreendedoras.

Não obstante, ainda em relação a pesquisa GEM 2017, “educação e capacitação”

foram citadas por mais de 40% dos especialistas entrevistados como um dos tópicos que

Figura 1: Estrato da população empreendedora por níveis de escolaridade.

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mais precisa sofrer intervenções a fim de efetivamente favorecer a atividade empreendedora

no país. A inclusão de disciplinas (principalmente no ensino médio e superior de ensino) que

incentivem o empreendedorismo, assim como aumento de apoio financeiro e políticas

governamentais para os novos empreendedores (principalmente de pequenos e médios

negócios) estão entre as principais sugestões para estimular o empreendedorismo no Brasil.

Esse dado corrobora a importância da contribuição de trabalhos como o da Germinadora.

Finalmente, pode-se concluir em relação ao cenário do empreendedorismo no Brasil

de maneira sucinta a partir dos dados expostos e das análises realizadas que:

1- O número de empreendedores no Brasil é muito expressivo, levando-se em conta

os números mundiais;

2- A maioria dos empreendedores brasileiros decidiu empreender por observar uma

oportunidade de mercado, e não por necessidade;

3- A qualidade do empreendedorismo brasileiro é baixa, em relação aos padrões

internacionais. Falta inovação e ineditismo;

4- Ainda sobre a qualidade, o empreendedorismo brasileiro tem impacto menor na

geração de empregos do que o de outros países;

5- O número de empreendedores com ensino superior completo é relativamente

baixo, em comparação com os demais extratos da população.

Tendo explorado rapidamente as diferenças entre a realidade empreendedora do

Brasil e as observadas nas outras nove maiores economias do mundo, assim como a média

global do GEM 2017, será apresentada em seguir uma breve análise específica a respeito

do cenário empreendedor universitário brasileiro. Alguns dos dados expostos serão

retomados na definição do tamanho do mercado da Germinadora de Statups.

3.4 EMPREENDEDORISMO NAS UNIVERSIDADES

Tendo explorado o atual cenário do empreendedorismo no Brasil, inclusive

posicionando-o em relação a outros países do mundo, o relatório abordará agora o

panorama do empreendedorismo nas Universidades do país – contrapondo principalmente a

expectativa dos alunos empreendedores com a realidade encontrada pelos mesmos. Neste

sentido, faz sentido pontuar que após a leitura do Capítulo 4 (em especial o item 4.2, que

caracteriza e qualifica o objeto de estudo) será possível perceber de maneira mais concreta

de que forma a Germinadora procura atacar alguns dos problemas enfrentados pelo

empreendedorismo nas universidades brasileiras hoje. Os dados expostos nesta seção

foram retirados, em sua maioria, do trabalho “Empreendedorismo nas Universidades

Brasileiras 2016”16, realizado pelo SEBRAE e pela Endeavor Brasil.

16 A quarta (e mais recente) edição da pesquisa entrevistou 2.230 alunos e 680 professores, de mais de 70 instituições de ensino superior do país, com o objetivo de direcionar as estratégias das universidades e das

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Segundo os dados da pesquisa, aproximadamente 6% dos universitários do país já

empreende hoje e outros 21% pretende fazê-lo no futuro. Ou seja, aproximadamente um em

cada quatro estudantes tem um negócio ou pretende abrir um no futuro. Comparando a

média global, não é um dado ruim. No entanto, o dado não é tão promissor se lembrarmos

que mais de um terço da população brasileira conduze atividades empreendedoras.

Em relação ao estudo do empreendedorismo no ambiente universitário, de acordo

com a pesquisa, 61,5% dos professores afirmaram que sua universidade oferece alguma

disciplina sobre o tema e 50% dos cursos de engenharias e ciências sociais aplicadas

(administração e outras) possui tais disciplinas17. De certa maneira, esta informação poderia

inclinar o observador a concluir que o empreendedorismo tem sido um tema bem abordado

nas universidades brasileiras de maneira geral. No entanto, uma análise mais profunda

revela que não é este o caso.

3.4.1 Descompasso entre oferta e demanda por conhecimento

Entre os principais resultados do trabalho, concluiu-se que existe hoje um relevante

descompasso entre o que os alunos demandam nessa área e o que as universidades estão

oferecendo – o que pode explicar em parte o quadro pouco dinâmico do empreendedorismo

na maioria das universidades brasileiras apresentado. A Tabela 5 abaixo apresenta um

resumo dessa divergência.

Fonte: elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa “Empreendedorismo nas Universidades

Brasileiras 2016”

lideranças que trabalham com o tema no Brasil, sejam professores, reitores ou formuladores de políticas públicas. 17 Cursos de outras áreas de conhecimento têm oferta bem mais baixa deste tipo de disciplina. Ciências agrárias, da saúde, biológicas e humanas possuem aproximadamente 30% de oferta, por exemplo.

UNIVERSIDADES

(oferta de conhecimento)

UNIVERSITÁRIOS

(demanda por conhecimento)

23% das universidades oferecem iniciativas

como programas de acesso a investidores e

mentores

52% consideram essencial a existência de

programas de acesso a investidores e

mentores, mediados pela universidade

65% dos professores estão satisfeitos com

iniciativas de empreendedorismo existentes na

universidade

36% dos universitários estão satisfeitos com

estas mesmas iniviativas

39% das universidades oferecem iniciativas

que fomentam o empreendedorismo, como

disciplinas, incubadoras e eventos

56% dos estudantes acreditam que disciplinas

específicas, incubadoras e eventos são

essenciais para prepará-los para a jornada

empreendedora

Tabela 5: Descompasso no ensino empreendedor brasileiro

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É possível verificar, primeiramente que a maior parte dos professores universitários

(65%) está satisfeita com as iniciativas existentes, enquanto o nível de satisfação entre

alunos é de apenas 36%. Mais da metade dos alunos empreendedores demandam também

iniciativas tais como incubadoras, eventos e programas de acesso à investidores, mas a

maior parte das universidades não oferece estes tipos de atividades. E, por fim, observa-se

que 52% dos alunos que são empreendedores desejam programas de acesso a

investidores, mas só 23% das universidades oferecem este tipo de serviço. Essas duas

informações são muito relevantes para o estudo de caso da Germinadora, que será

apresentado posteriormente.

3.4.2 Ciclo de aprendizado incompleto

O estudo aponta também que a maioria (54%) das disciplinas sobre o

empreendedorismo se fundamenta, principalmente, na ‘inspiração para empreender’. Já os

programas que proporcionam maior visão e viés inovadores, como criação de novos

negócios, gestão de pequenos negócios, franquias e inovação e tecnologia, estão presentes

em somente 6,2% das instituições. Ou seja, “a universidade possui disciplinas que motivam

os alunos a darem o primeiro passo, mas deixa a desejar ao não os ajudar nos passos

seguintes”. Este problema também pode ser identificado a partir dos dados da Tabela 5: a

minoria das universidades propicia ao aluno acesso a incubadoras, investidores e mentores.

3.4.3 Ecossistema deficiente

A falta de estratégia e institucionalização dos programas de empreendedorismo

alimenta o problema apresentado acima, já que estimula a criação de iniciativas isoladas e

tem sua continuidade dependente do professor ou do aluno fundador. Em média, há apenas

um centro em cada universidade responsável pela produção e disponibilização de atividades

e programas de empreendedorismo, sendo que 44% são as próprias faculdades de negócio

e administração que não têm necessariamente uma visão integral das necessidades da

universidade como um todo. Portanto, segundo o estudo, as universidades deveriam adotar

programas mais completos e integrados e seria importante a presença de entidade interna

que institucionalize as ações ligadas ao empreendedorismo (algo presente em apenas 18%

das universidades).

Como possível consequência da falta de diálogo entre a universidade e as

necessidades dos alunos, surge um outro problema: estes não veem o professor como

ponto de apoio na jornada empreendedora – 48,5% não conversam sobre seu negócio com

professores ou com outros profissionais da sua universidade.

3.4.4 Baixo dinamismo e ambição tímida

Além do fato de o número de universitários que pretende empreender (ou já

empreende) estar abaixo da média da população brasileira, há ainda, outro dado alarmante.

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Entre os que já empreendem, predominam negócios muito pequenos: 30% não possuem

qualquer funcionário e só 7% possuem mais de dez empregados. Isso, em tese, poderia ser

justificado pelo fato de que a maioria destes empreendimentos é recente (criados há menos

de 5 anos). No entanto, o fator tempo perde parte da sua relevância quando se observa que

não há expressivos planos de expansão para estes negócios: apenas 10% pretendem

empregar mais de 25 funcionários nos próximos cinco anos.

Como dito anteriormente, falta além de ambição um certo dinamismo a estes

empreendedores: a inovação é rara entre aqueles que estão empreendendo na

universidade, sendo que apenas 4% desses universitários empreendedores consideram ter

um produto ou serviço novo no mercado nacional. “Inovar não está na cabeça de boa parte

dos atuais empreendedores nem dos futuros, haja vista que 75% dos potenciais

empreendedores não pretendem oferecer um produto ou serviço novo para o Brasil, e só

1,4% quer criar algo inovador no mundo.” (ENDEAVOR, 2016)

Ou seja, mesmo tendo um número não tão baixo de jovens com aspirações

empreendedoras em relação aos padrões mundiais, percebe-se novamente que a qualidade

deste empreendedorismo é baixa: faltam empreendedores de alto impacto.

3.4.5 Distância do mercado

Se o objetivo das instituições de ensino e daqueles que traçam as políticas públicas

do país é formar mais e melhores empreendedores, um passo fundamental a ser tomado é o

de é aproximar as universidades do mercado, dos empreendedores atuantes e da

comunidade em geral. Esta é uma maneira de permitir que as instituições desenvolvam

ações que estejam mais alinhadas com a demanda dos universitários e do mercado,

simultaneamente.

Hoje, essa não é a realidade observada nas universidades dado que os

fomentadores do empreendedorismo nas mesmas, em sua maioria, não fazem parte do

ecossistema empreendedor das cidades que habitam. Prova disso é que, entre os

professores que se consideram influências no empreendedorismo das suas universidades

ouvidos pela pesquisa, 46% nunca tiveram experiência como empreendedores, e apenas

54% dos que afirmam ter tido prestam consultoria. Essas duas informações, por si só, não

permitiriam concluir que o ensino empreendedor das universidades se distanciou do

mercado, dado que há outras formas dos docentes se manterem atualizados com as

expectativas do mercado.

No entanto, um outro dado comprova que de fato há um gap relevante existente: só

6,3% dos professores atualizam-se se por meio de conversas com agentes ligados ao

mercado, enquanto 48,5% dos alunos empreendedores conversam com executivos e

empreendedores (e acreditam que tais conversas são muito úteis).

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4 APRESENTAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO

O objeto de estudo central desta monografia é a Germinadora de Startups, um dos

projetos desenvolvidos atualmente pelo Laboratório de Empreendedorismo e Novos

Negócios da UFRJ (Labgn2). Para que seja possível caracterizar o projeto em si e

compreender os seus objetivos e desafios, torna-se necessário antes que se apresente o

grupo ao qual o projeto pertence, de forma que é impossível dissociar um do outro.

A compreensão a respeito das peculiaridades do objeto do estudo, sua história e

principais transformações ocorridas ao longo do tempo, bem como a respeito de seus

integrantes e da dinâmica de trabalho entre eles, contribuirá de forma significativa para a

elaboração do plano de gestão e do plano de marketing propostos. Assim, alguns dos

pontos levantados ao longo deste capítulo serão retomados nos capítulos subsequentes,

seja para elaborar mais detalhadamente as análises feitas ou para justificar as propostas

apresentadas.

4.1 O LABGN2

O Laboratório de Empreendedorismo e Novos Negócios da UFRJ (Labgn2) teve suas

operações iniciadas em 2004, apresentando-se inicialmente como um grupo de estudos

para uma das matérias lecionadas pela Prof.ª Alice Ferruccio, D.Sc..

O grupo surgiu a partir da motivação de estudantes dos programas de graduação da

Engenharia Mecânica e da Engenharia de Produção da UFRJ, que identificaram a

necessidade de uma formação complementar na área de empreendedorismo e gestão

estratégica empresarial. Estes alunos, sob a coordenação da professora orientadora,

fundaram um grupo de estudos com ênfase em empreendedorismo denominado “Grupo de

Novos Negócios”, carinhosamente apelidado de gn².

Fonte: página do Laboratório de Empreendedorismo e Novos Negócios da UFRJ no Facebook.

Disponível em: <www.facebook.com/labgn2>. Acesso em junho de 2018.

Além de propiciar aos seus integrantes conhecimentos para que pudessem

desenvolver projetos de negócio (isto é, permitir que os membros integrantes tivessem a

formação complementar de que sentiam falta), a missão do gn2 era também a de difundir o

Figura 2: Logotipo do Labgn2.

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empreendedorismo dentro do ambiente acadêmico através de seus projetos. Nesse sentido,

surgiram iniciativas como o Lunch Talks (palestras durante os almoços com

empreendedores de sucesso) e o Elevando Suas Ideias (grande evento anual com uma

compilação de cases de abertura de novos negócios). Além disso, o gn² apoia, também,

tecnicamente as entidades representativas dos estudantes, dos docentes e/ou técnico-

administrativos que visam o desenvolvimento de atividades empreendedoras.

Fonte: site do gn2. Disponível em <www.gn2.ufrj.br/>. Acesso em junho de 2018.

Em 2017, o grupo deu mais um novo salto na sua história, deixando de ser um grupo

de estudos e se tornando o primeiro Laboratório de Empreendedorismo da UFRJ e,

também, Projeto de Extensão dentro da faculdade, o que gerou grande visibilidade para os

projetos desenvolvidos tanto dentro quanto fora do ambiente universitário, trazendo novas

parcerias para o programa e para o, agora chamado, Laboratório de Empreendedorismo e

Novos Negócios da UFRJ - Labgn2.

Ao tornar-se um Laboratório, o grupo optou por manter o nome gn2 – assim como

toda a identidade visual e endereços eletrônicos já estabelecidos – por acreditar que a

marca já havia se consolidado desta maneira no ambiente de atuação.

Já passaram pelo Labgn2 desde a sua fundação mais de 100 membros. Em relação

a composição do grupo, é importante ressaltar que o gn2 é composto única e

exclusivamente por alunos da graduação ainda em processo de formação, sempre sob a

orientação da professora Maria Alice Ferruccio. Normalmente, os membros correspondem a

alunos cursando entre o 4º e 7º período da Engenharia, antes da primeira experiência de

estágio – o período de treinamento e de atuação no grupo costuma servir, na verdade, como

uma introdução destes estudantes ao mercado de trabalho, permitindo contato com

diferentes aspectos da atuação de um Engenheiro de Produção18.

Aos poucos, o grupo foi crescendo e desenvolvendo seus participantes como

empreendedores. Existem vários casos de sucesso que passaram pelo grupo ao longo

desses anos, como por exemplo RespondeAí, Touts e Camaleoni – todos com ex-membros

em suas lideranças.

18 Cabe ressaltar que, embora tenha nascido na Engenharia de Produção, o grupo possui integrantes de diferentes cursos de graduação.

Figura 3: Projetos desenvolvidos pelo Labgn2.

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O Labgn2 historicamente costuma se estruturar através das chamadas “gerações”:

grupos de 10 a 20 pessoas que fazem parte da equipe do projeto por períodos entre 6

meses e 1 ano. Ao entrarem no projeto, os membros da nova geração passam por um

período de treinamento e capacitação ministrado pelos membros da geração anterior e pela

orientadora. As atividades (palestras, seminários, oficinas, eventos, etc.) são desenvolvidas

dentro da Escola Politécnica ou do Parque Tecnológico da UFRJ.

A Germinadora de Startups – objeto central de estudo – é um dos projetos

atualmente desenvolvidos pelo Labgn2, juntamente com o Elevando Suas Ideias, Lunch

Talks, Liga gn2 e uma série de workshops e seminários. Todas as atividades têm em comum

a missão de procurar desenvolver o espírito empreendedor na comunidade acadêmica da

UFRJ e difundir o empreendedorismo no ambiente acadêmico.

4.2 A GERMINADORA DE STARTUPS

De maneira bem sucinta, o projeto da Germinadora de Startups consiste em um

programa de aceleração de startups de aproximadamente 10 semanas para alunos e ex-

alunos da UFRJ, com objetivo principal de fomentar e difundir o espírito empreendedor

dentro do ambiente universitário, realizado pelo Labgn2 com apoio da Incubadora de

Empresas do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia

(COPPE) da UFRJ, Parque Tecnológico e HUB UFRJ. O programa de aceleração consiste

na capacitação dos membros participantes através de workshops, palestras, mentorias e

feedbacks, elaborados e ministrados tanto pela equipe do laboratório como por parceiros

externos. Além disso, o programa oferece também material único e personalizado para os

participantes e disponibiliza para os mesmos a sua rede de contatos, oferecendo acesso

facilitado a serviços e aos parceiros selecionados. O laboratório procura atuar também como

um facilitador no relacionamento entre a universidade (e outros laboratórios) e empresa

incubada, na busca de pesquisas e desenvolvimento que possam contribuir decisivamente

para a melhoria dos produtos e processos e na construção de conhecimento aplicado a

realidade de cada empresa.

Desta maneira, a Germinadora pretende desempenhar um papel fundamental na

criação de parcerias e redes de relacionamento a fim de promover um ambiente propício

inovação e ao empreendedorismo na universidade.

4.2.1 Histórico

O projeto foi idealizado no final de 2016, tendo como base inicial um outro projeto do

gn2, denominado “Batalha de Startups”, que hoje integra a programação do Elevando, ao

invés de ser um evento independente. A Germinadora se encontra em sua 3ª edição, tendo

sido a primeira realizada no primeiro semestre de 2017 e a segunda no segundo semestre

do mesmo ano. A edição atual foi acompanhada pelo autor in loco, como exposto

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anteriormente. Houve importantes mudanças tanto no projeto como no grupo que o organiza

ao longo do tempo e, portanto, é necessário ressaltar que todas as informações e análises

expostas abaixo correspondem ao atual ciclo da Germinadora e atual estágio de

desenvolvimento do Labgn2.

4.2.2 Público Alvo

O projeto foi desenhado para atender principalmente alunos e ex-alunos da UFRJ19

com inspirações empreendedoras, que demandem capacitações relativas ao tema, cujos

projetos ainda estejam nos primeiros estágios de desenvolvimento. Há três tipos básicos de

participantes alvo, conforme exposto na figura abaixo.

Fonte: apresentação institucional da Germinadora de Startups (2018), fornecida pelo Laboratório20.

Em termos de público alvo a ser contemplado pelo projeto (além dos participantes), a

Germinadora visa atingir a comunidade externa à UFRJ na forma criação de novos negócios

e geração de empregos e, consequentemente, a melhoria da qualidade de vida do público

impactado.

4.2.3 Processo de seleção

Para o ciclo estudado, havia cinco vagas disponíveis para o programa de aceleração.

O processo de inscrição na Germinadora ocorreu entre os dias 10 a 30 de julho de 2018,

recebendo um total de 25 inscrições (as inscrições são realizadas por projetos, podendo

cada startup conter mais de um participante). A inscrição aconteceu a partir do

preenchimento de um formulário online elaborado no Google Forms e divulgado nas redes

19 O projeto não é, no entanto, exclusivo para alunos e ex-alunos da universidade, não havendo restrição quanto a isso na seleção. Neste ano, por exemplo, participam também estudantes de outras universidades e funcionários da UFRJ. 20 Em relação ao exposto na figura, é importante explicar que por startup early stage entende-se empreendimentos criados mas ainda em estágio inicial, que ainda não tenham adquirido aderência entre o produto e o mercado (isto é, ainda não possuam usuários que usam o produto/serviço com frequência, receitas expressivas, usuários satisfeitos...). MVP, por sua vez, corresponde ao Minimum Viable Product, ou produto mínimo viável – a versão mais simples de um produto que pode ser lançada com uma quantidade mínima de esforço, recursos e desenvolvimento, a fim de validar hipóteses pré-estabelecidas.

Figura 4: Público-alvo da Germinadora.

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sociais do Labgn2 (Instagram e Facebook), assim como no e-mail institucional da Escola

Politécnica da UFRJ.

Entre as diversas ideias de negócio inscritas, são selecionadas as que mais tenham

possibilidade de impactar o dia-a-dia da população/comunidade, as que estejam em estágio

de desenvolvimento compatível com o público-alvo exposto anteriormente e as ideias que

apresentarem maior viabilidade e diferenciais.

A partir das inscrições, sete startups foram selecionadas para participar da fase

seguinte do processo. Esta etapa consiste em uma entrevista presencial com membros do

laboratório, de forma que possam entender melhor o caso em questão. As entrevistas

buscam compreender o atual estágio de desenvolvimento dos projetos selecionados e

verificar as dificuldades encontradas pelos participantes e alinhar suas expectativas em

relação a Germinadora. Analisa-se, também, o perfil empreendedor, potencial de inovação,

viabilidade financeira da ideia. Neste ano, dois projetos não foram aprovados nesta etapa –

basicamente, encontravam-se em estágios relativamente adiantados de desenvolvimento,

de forma que a aceleração da Germinadora não seria de grande validade para os mesmos.

Assim foram definidos as cinco startups participantes.

De maneira sucinta, o processo de seleção para participação no programa de

aceleração da Germinadora se dá da seguinte maneira:

Fonte: elaboração própria a partir das informações disponibilizadas pelo projeto.

Figura 5: Timeline da Germinadora 2018.

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40

4.2.4 Programação

Após a escolha adequada dos melhores projetos na fase de seleção, as participantes

passam a integrar o ciclo de aceleração e tem início a programação elaborada previamente.

Na edição de 2018 a Germinadora contará com dois encontros semanais entre os

participantes e a equipe do projeto, sempre às segundas e quartas a tarde, no espaço

cedido pelo HUB no Parque Tecnológico da UFRJ. O primeiro encontro consiste em uma

palestra/capacitação ministrada por membros do gn² a respeito de um tema específico pré-

definido, tendo como objetivo principal introduzir aos participantes os conceitos teóricos

abordados. O membro alocado a aquela “aula teórica” fica responsável pela preparação do

material (e fabricação, quando necessário) e por toda a organização do encontro. No

encontro seguinte, ocorre uma mentoria a respeito do mesmo tema, ministrada por

convidados externos parceiros do laboratório (escolhidos a partir de um grupo de

empreendedores inovadores atuantes no mercado), que possam passar sua expertise sobre

o tema definido, assim como dar dicas que possam ajudar os empreendedores a colocar

suas ideias em prática.

Os temas são divididos em dois grandes grupos principais que combinam a

validação da ideia e do negócio separadamente, conforme exposto na Tabela 6. Os temas

escolhidos dependem dos objetivos traçados pela equipe do projeto durante o período de

estruturação do mesmo e, em parte, do estágio de desenvolvimento dos participantes

selecionados. No ano de 2018 os temas escolhidos foram inspirados no sistema do Founder

Institute.

Fonte: elaboração própria a partir das informações disponibilizadas pelo projeto.

Na edição em questão, os temas foram distribuídos na ordem exposta abaixo – a

Germinadora busca construir uma sequência cronológica lógica entre os temas, mesclando

a validação e desenvolvido da ideia com o a validação e desenvolvimento do negócio. Cada

Tabela 6: Temas dos encontros da Germinadora 2018.

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um dos pontos expostos corresponde a uma semana de capacitação, composta por dois

encontros cada, como já explicado anteriormente. As atividades tiveram início oficialmente

no dia 06 de agosto e estão previstas para serem encerradas no dia 10 de outubro. Todo o

material utilizado durante as capacitações é único e personalizado para aquela edição e, ao

fim do encontro, é disponibilizado as startups para que possam utilizar no seu caso

específico e estudar posteriormente.

Fonte: elaboração própria a partir das informações disponibilizadas pelo projeto.

A ideia é que, ao fim do ciclo de capacitação e aceleração, as startups incubadas

tenham passado por vários aspectos importantes relativos a criação e gestão de um

negócio, tenham amadurecido e validado a ideia inicial e, principalmente, possuam material

para apresentar a possíveis investidores, incubadoras e clientes. No evento de fechamento,

os participantes apresentam o pitch21 de seus negócios para convidados do laboratório

(investidores parceiros, mentores, empreendedores de sucesso, etc.), permitindo inclusive

parceiras futuras.

21 Apresentação sucinta, sumária, de poucos minutos, com objetivo de despertar o interesse da outra parte (investidores, mentores ou clientes) pelo negócio em questão, devendo conter apenas as informações essenciais e diferenciadas.

Figura 6: Ordem de apresentação dos temas da Germinadora 2018.

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5 PLANO DE GESTÃO

O Plano de Gestão é aquele que, dentro de um Plano de Negócios clássico, ajuda a

entender como funciona o empreendimento, quem participa do mesmo e como ele se insere

no mercado em que atua. Trata-se de uma importante ferramenta de análise que auxilia na

compreensão do contexto estratégico interno e do ambiente externo de mercado em que o

negócio se posiciona. Buscou-se utilizar tanto ferramentas mais tradicionais e consagradas

da literatura quanto adaptações mais recentes.

A elaboração do plano terá início com a definição do negócio em questão, a partir da

exposição e análise da Identidade Organizacional do projeto, da sua Estrutura

Organizacional e do seu Modelo de Negócios, através do quadro proposto por Osterwalder

(2011).

Após a descrição e caracterização projeto estudado, o próximo passo da elaboração

do Plano de Gestão corresponde a análise do ambiente externo à companhia. Esta análise

será realizada através do emprego da Análise CAMGPEST, proposta por Ferruccio (2015), e

da Análise de Cinco Forças de Porter (PORTER, 1980).

Em seguida, propõe-se uma análise simultânea do ambiente externo (a partir do que

foi exposto anteriormente) e do ambiente interno à companhia, através da Análise FOFA (ou

Análise SWOT), proposta por Humphrey (1960). A partir daí, apresentam-se os Fatores

Críticos de Sucesso Comparativo (FCS Comparativo), ferramenta elaborada por Rockart

(1979). Por fim, foi utilizada a ferramenta de Segmentação de Mercado, proposta por Kotler

(2011) e aprimorada por Ferruccio (2015), com o intuito de caracterizar o público ao qual a

Germinadora pretende atender.

5.1 DESCRIÇÃO DO NEGÓCIO

Dado que o negócio em questão já foi descrito em detalhes nos capítulos anteriores,

o trabalho partirá diretamente para o emprego das ferramentas de análise estratégica,

começando com os itens da Identidade Organizacional da Germinadora: Missão, Visão e

Valores.

5.1.1 Missão

A Germinadora já contava com uma Missão definida em seu Planejamento

Estratégico antes do início deste trabalho, sendo ela: “Acelerar o desenvolvimento e

validação de modelos de negócio de early-stage startups”. De maneira geral, esta

declaração de missão está bem alinhada com o propósito da companhia, sua “razão de ser”.

No entanto, há espaço para algumas pequenas melhorias.

Como visto anteriormente, um dos problemas observados nos novos negócios

desenvolvidos no país são a baixa taxa de ineditismo e inovação – faz sentido que a

Germinadora incorpore na sua missão algo relativo a este obstáculo. Além disso, por via de

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regra, recomenda-se evitar o uso de estrangeirismos (como early-stage) em declarações de

identidade organizacional 22 . Sendo assim, foi elaborada uma proposta de alteração na

missão da Germinadora, conforme abaixo.

“Acelerar o progresso e validação de modelos de negócio de startups em estágio

inicial de desenvolvimento, com alto potencial de impacto e inovação”.

5.1.2 Visão

Assim como no caso anterior, a Germinadora também já contava com uma Visão

definida, sendo ela: “Desenvolver um ecossistema de colaboração e empreendedorismo na

UFRJ”. No caso da Visão elaborada, é possível notar que a mesma não possui um período

definido de tempo em que o objetivo deve ser atingido e é, de certa maneira, pouco

mensurável. Sendo assim, a proposta de nova Visão da Germinadora é: “Desenvolver até

2021 um ecossistema de empreendedorismo na UFRJ, criando uma rede de colaboração

entre universitários, mentores, investidores e empreendedores de sucesso, influenciando a

criação de negócios inovadores de alto impacto”.

É importante destacar que tanto a Visão quanto a Visão propostas dialogam

diretamente com o diagnóstico do ensino empreendedor (e de seus desafios) exposto no

Capítulo 3.

5.1.3 Valores

Originalmente, a Germinadora não trabalhava em seu Planejamento Estratégico com

a definição de valores específicos – trabalhava apenas com a dupla: Missão e Visão. Essa

opção pode ser explicada pelo fato de o Laboratório ter definido seus valores em seu

Planejamento Estratégico. É razoável assumir que os ideais de atitude, comportamento e

resultados que devem estar presentes nos membros do grupo estendem-se para o projeto

da Germinadora, assim como para as relações da aceleradora com as startups e parceiros.

No entanto, ao longo do desenvolvimento deste trabalho – sobretudo no período de

acompanhamento in loco das atividades do projeto – ficou claro que alguns valores

merecem ser destacados especificamente para o trabalho da Germinadora, sendo eles:

inovação, transparência e humildade.

− Inovação: procurar sempre pelo inédito e pelo diferente23;

− Transparência: buscar sempre expor com franqueza as coisas como elas são,

com o objetivo de desenvolver o empreendedor e sua startup da melhor

maneira possível;

22 Por mais que o termo seja conhecido no ambiente de startups, declarações de identidade organizacional deveriam se comunicar de maneira clara com colaboradores, parceiros, clientes e, também, com o público em geral. Startup por outro lado, mesmo tendo origem estrangeira, será mantida na declaração de missão por não possuir substituta direta na língua portuguesa e por já ser de amplamente conhecida. 23 Tanto nas empresas aceleradas como na própria Germinadora.

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− Humildade: mesmo sendo responsáveis por passar o conhecimento técnico

aos empreendedores em aceleração, manter-se sempre humildes e dispostos

a aprender. Compreender que, na maioria das vezes, a pessoa que mais

compreende um problema (ou uma dor) é aquele que a experiencia.

É importante destacar que a proposta acima não tem caráter de crítica a nenhum dos

membros do Labgn2 ou aos participantes do programa: não faltou nenhum dos valores

acima expostos nas atividades observadas ao longo do estudo. O que se observou foi

justamente a importância que se mantenha o alto nível nas próximas edições. Por esse

motivo, merecem destaque os valores em questão.

5.1.4 Estrutura Organizacional

O Laboratório de Empreendedorismo e Novos Negócios da UFRJ, de maneira geral,

está organizado em uma combinação da estrutura por projetos com a estrutura funcional. Há

diferentes equipes dentro do Laboratório, divididas de acordo com as funções a serem

desempenhadas (marketing, gestão do conhecimento, gestão de pessoas, etc.). No entanto,

estes mesmos membros se dividem entre os projetos executados (além da Germinadora, há

o Elevando, Lunch Talks, etc.). O mais importante é ressaltar que, embora haja líderes de

projetos e líderes de setores dentro do Labgn2, não há entre os estudantes uma relação de

hierarquia: todos são membros igualmente importantes para o projeto. Todas as atividades

são lideradas pela professora orientadora – essa sim com caráter hierárquico acima dos

demais.

O Laboratório conta hoje com nove membros fixos (tendo perdido recentemente

alguns integrantes que saíram em intercâmbio), sendo que cinco destes estão diretamente

envolvidos na realização da Germinadora: uma liderança geral do projeto e quatro

responsáveis por capacitações – estes são responsáveis por preparar o material dos

encontros, gerenciar a relação com mentores, ministrar as capacitações e organizar todos

os aspectos relativos ao encontro sob sua supervisão. As atividades realizadas por cada um

serão abordadas novamente no Capítulo 6.

5.1.5 Quadro do Modelo de Negócios – Business Model Canvas

O Quadro de Modelo de Negócios (Business Model Canvas) se trata de uma

ferramenta de planejamento estratégico desenvolvida por Alexander Osterwalder e Yves

Pineur que permite expor e definir de maneira visual, flexível e sistêmica, o modelo de

negócios proposto – modelo este que, segundos os autores, corresponde a descrição da

“lógica de criação, entrega e captura de valor por parte de uma organização”

(OSTERWALDER e PIGNEUR, 2011). Quatro blocos compõem o Quadro: o que, quem,

como e quanto. Estes, por sua vez, são divididos em nove características-chave do modelo

de negócios. Cada um dos itens citados será explicado na sequência.

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Fonte: adaptado de Osterwalder e Pigneur (2011), elaborado pelo autor

Figura 7: Business Model Canvas

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5.1.5.1 Proposta de Valor

A Germinadora entrega valor para os seus clientes através de uma combinação de

cinco tipos de Proposta de Valor (dois quantitativos e três qualitativos) sendo eles:

necessidade, performance, customização, acessibilidade e preço.

Primeiramente, em relação a necessidade, a Germinadora agrega valor aos seus

clientes ao oferecer o ensino e capacitação de empreendedorismo para cursos que

usualmente não possuem disciplinas a respeito. Além disso, oferece também um ciclo de

aprendizagem completo – isto é, vai além da simples “inspiração para empreender”. Neste

mesmo sentido, há também o contato direto com empreendedores atuantes, potenciais

investidores e mentores, o que endereça dois problemas simultaneamente: o distanciamento

entre o ensino e o mercado, e a dificuldade dos estudantes em ter contato com este tipo de

pessoa. Não obstante, o projeto também gera valor ao criar um ecossistema de

empreendedorismo e colaboração dentro da universidade. Todos estes pontos foram citados

no diagnóstico do cenário do ensino do empreendedorismo nas universidades brasileiras

como desafios a serem enfrentados – ou necessidades do público em questão. Este

conjunto de elementos corresponde ao mais importante tipo de proposta de valor observado.

Em relação a performance – um tipo quantitativo de proposta de valor caracterizado

pela melhoria de um serviço/produto existente – pode-se dizer que a Germinadora se

diferencia de outras entidades por oferecer um ciclo de aceleração relativamente mais curto

que o praticado pelo mercado, com um valor capturado pelo cliente similar.

O fato de a Germinadora oferecer às startups um material único e personalizado,

com uma programação adaptada aos casos selecionados, embora seja um componente da

proposta de valor, não chega a ser um grande diferencial competitivo em relação a outras

incubadoras e aceleradoras. No entanto, há uma particularidade interessante no caso dela:

por ser desenvolvida e gerenciada por alunos e para alunos, a Germinadora através da sua

customização (tipo de proposta de valor qualitativo) ataca o problema do gap entre as

expectativas dos alunos com o ensino do empreendedorismo e a realidade observada nas

universidades, apontado no Capítulo 3.

Outra proposta de valor qualitativa corresponde a acessibilidade aos serviços

prestados. Como as startups aceleradas encontram-se em estágios muito iniciais de

desenvolvimento e os empreendedores responsáveis carecem de capacitações básicas,

dificilmente estes casos conseguiram ser aceitos por incubadoras e aceleradoras

estabelecidas do mercado ou conseguiriam apresentar suas ideias para investidores anjo.

Com a Germinadora, empreendedores que não teriam acesso a este tipo de serviço passam

a ter.

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Seguindo a mesma linha de raciocínio da acessibilidade, a última proposta de valor

identificada é a de preço (quantitativa). A Germinadora propõe ao cliente capturar um valor

semelhante ao de outras aceleradoras por um custo inferior (neste caso, custo zero).

5.1.5.2 Segmentos de Clientes

Como exposto anteriormente, o projeto foi desenhado para atender principalmente a

alunos e ex-alunos da UFRJ com aspirações empreendedoras, que demandem

capacitações relativas ao tema, e cujos projetos ainda estejam nos primeiros estágios de

desenvolvimento. Os três principais tipos de participantes alvo são: empreendedores

buscando validar uma ideia de negócio, empreendedores com MVP elaborado querendo

validar e testá-lo, e empreendedores com startups early-stage, buscando validação.

5.1.5.3 Relacionamento com Cliente

O relacionamento com os clientes está baseado em três aspectos básicos:

assistência pessoal dedicada (através das mentorias e capacitações presenciais, e

acompanhamento contínuo através das redes sociais – sobretudo, via Whatsapp),

comunidade (através da criação do ecossistema descrito anteriormente) e cocriação (do

material e dos produtos finais).

5.1.5.4 Canais

Todas as atividades realizadas acontecem na Cidade Universitária, de maneira

presencial. Para a promoção das mesmas são utilizadas também as redes sociais do

laboratório e o site do mesmo. O ecossistema em desenvolvimento também contribui para a

captação de novos clientes.

5.1.5.5 Parcerias Chave

As principais parcerias da Germinadora são com o Parque Tecnológico, a

Incubadora e o HUB, e com os mentores parceiros convidados. Sem estas parcerias não

seria possível entregar o valor que se propõe aos clientes com a qualidade existente. É

importante citar também a Pró-reitoria de Extensão da UFRJ (PR5), que apoia as atividades

do Labgn2.

Outra parceria chave que merece destaque é a de gerações anteriores do

laboratório: sem elas, a geração vigente (de qualquer ciclo) provavelmente não teria

capacidade técnica para elaborar e ministrar as atividades que se propõe.

Essas são as parcerias chave que já existem no atual modelo da Germinadora. No

entanto, é possível identificar também três outros agentes que poderiam se tornar parceiros

estratégicos do projeto.

O primeiro agente corresponde às Empresas Júnior (tanto de Engenharia como de

outros cursos, da UFRJ e de outras universidades). Estas empresas poderiam colaborar

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para a divulgação das atividades em questão e para a captação de novas empresas

aceleradas. Em segundo lugar, vale mencionar os Centros Acadêmicos, que poderiam

realizar tarefas similares as das Empresas Junior, mas com uma capilaridade maior em

cursos onde o ensino do empreendedorismo e a familiaridade com o mesmo ainda não

possui nível elevado. Por fim, a Germinadora poderia incluir também como parceiras outras

aceleradoras e incubadoras existentes no Rio de Janeiro. Empresas que não pudessem ser

aceleradas por elas (seja por estarem estágio muito embrionário de desenvolvimento seja

por estarem deficientes de conhecimentos técnicos básicos) poderiam ser indicadas a

Germinadora como uma espécie de pré-aceleração.

A inclusão destes três agentes na lista de parceiros chave da Germinadora –

alinhada às parcerias já firmadas – contribuiria sensivelmente para a criação do ecossistema

de colaboração e empreendedorismo que se busca construir.

5.1.5.6 Atividades Chave

As atividades chave são capacitar as startups aceleradas e seus integrantes,

identificar e atrair bons mentores e, por fim, permitir o contato desses mentores com os

participantes do projeto.

5.1.5.7 Recursos Chave

Os recursos chave identificados correspondem as instalações físicas onde os

encontros são realizados (e nestes recursos físicos estão incluídos, além do espaço,

projetores, computadores, etc) e aos recursos intelectuais da Germinadora (quanto a isso, a

adequada gestão do conhecimento e do material entre ciclos de aceleração se mostra

especialmente relevante).

5.1.5.8 Fontes de Receita

A Germinadora não possui fontes de receita, dada a natureza do projeto. Todos os

serviços são oferecidos de maneira totalmente gratuita aos clientes. O Laboratório não

pretende faturar através deste projeto.

5.1.5.9 Estrutura de Custos

Os principais custos existentes para a realização das atividades descritas seriam o

aluguel do espaço e o pagamento dos mentores/palestrantes convidados, assim como

remuneração dos membros do laboratório. Justamente por não possuir fontes de receita e

por ser uma organização sem fins lucrativos, as parcerias chave se tornam ainda mais

importantes no caso da Germinadora, pois são estas parcerias que permitem que o projeto

arque com a estrutura de custos descrita (eliminando-os, principalmente) sem repassar

qualquer valor para os clientes.

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5.2 ANÁLISE CAMGPEST

O método de análise dos fatores CAMGPEST, proposto por Ferruccio (2015),

consiste em detalhar a influência de fatores sobre o ambiente externo em que um negócio

está inserido sob oito prismas distintos. Para atingir esse objetivo, é realizada a identificação

de situações que se adequam a cada um dos oito fatores e, em seguida, cada situação é

classificada como oportunidade ou ameaça, tomando como referência a empresa em

estudo. Por fim, é atribuído um entre três graus de intensidade para cada oportunidade ou

ameaça identificadas.

Todas as situações e as respectivas classificações com intensidade poderão ser

observadas no quadro apresentado a seguir (Tabela 7). Após a exposição do Quadro

CAMGPEST, cada um dos oito fatores será abortado em detalhe. As influências externas

analisadas aqui servirão de base para a construção da Matriz SWOT, apresentada na

sequência.

Fonte: adaptado de Ferruccio (2015), elaboração própria

CLASSIFICAÇÃO INTENSIDADE

Cultura empreendedora forte no Brasil, sobretudo em relação ao

empreendedorismo por oportunidade Oportunidade Forte

Empreendedorismo brasileiro apresenta problemas relativos a inovação,

impacto e ineditismo Oportunidade Moderado

Atividade com pouco impacto ambiental Oportunidade Fraco

Possibilidade de incorporar sustentabilidade ambiental em todas as

startups aceleradas Oportunidade Fraco

Mercado de aceleradoras apresentando crescimento desde 2005 Oportunidade Moderado

Número de aceleradoras no Brasil é alto em relação ao resto do mundo Ameaça Moderado

Ensino do empreendorismo nas faculdades é realizado de forma

descentralizada, com distanciamento entre professor e aluno, longe do

mercado e sem um ciclo completo de aprendizado

Oportunidade Forte

Ambiente favorável ao empreendedorismo no Rio de Janeiro Oportunidade Moderado

Poucas aceleradoras no Rio de Janeiro Oportunidade Forte

Proximidade de um importante centro de P&D e de diversos laboratórios Oportunidade Moderado

Localização de acesso não tão fácil e insegura Ameaça Moderado

P Restrições orçamentárias Ameaça Moderado

E Quadro de crise econômica seguida de incertezas político-econômicas

pode reduzir a criação de novos negócios Ameaça Moderado

S Aumento da criminalidade na Cidade Universitária Ameaça Fraco

T Democratização do ensino através da disponibilização de conteúdo de

qualidade online Oportunidade Fraco

FATOR

A

G

C

M

Tabela 7: Análise CAGMPEST

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5.2.1 Cultural

A análise do ambiente externo sob a ótica cultural se refere à avaliação de aspectos

que compõem os costumes e conhecimentos da população atingida, seja de forma direta ou

indireta, pela organização estudada. Quase todos os aspectos relativos a análise do

ambiente observado pela Germinadora já foram explorados em capítulos anteriores da

pesquisa. Desta forma, não cabe reapresentar todas descrições em questão.

O único aspecto que merece destaque refere-se a possível percepção do mercado (e

dos clientes) de uma qualificação inferior da Germinadora em relação a outras aceleradoras,

por ser composta exclusivamente de alunos. Essa ameaça acaba sendo reduzida pelo fato

de várias startups incubadas serem de universitários e pode ser mitigada com a escolha de

mentores capacitados.

5.2.2 Ambiental

As atividades realizadas pela Germinadora em si, no geral, não apresentam grandes

impactos ao meio ambiente ou são influenciadas pelo mesmo. Há, no entanto, uma

oportunidade interessante a ser destacada: a possibilidade de incorporar sustentabilidade

ambiental em todas as startups aceleradas, promovendo a conscientização dos

empreendedores em relação aos impactos de seus negócios na natureza.

Independentemente disso, o Laboratório deve sempre se manter consciente em

relação a geração de resíduos das suas atividades, evitando por exemplo o uso de papel de

forma desnecessária, e em relação a utilização de recursos, sobretudo água e energia (ar

condicionado, luzes, projetores, etc.).

5.2.3 Mercadológico

Fonte: Abreu e Campos (2016)

Figura 8: Quantidade de aceleradoras fundadas no Brasil por ano (2016)

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De acordo com um estudo conduzido pelo Centro de Estudos em Private Equity e

Venture Capital (GV-CEPE) em parceria com o Centro de Empreendedorismo e Novos

Negócios (GV-CENN), até janeiro de 2016 havia 41 aceleradoras em atividade no Brasil. O

número é significativo, já que estudiosos estimam que haja entre 230 e 250 aceleradoras no

mundo. Além disso, este número apresentou crescimento relevante desde 2005. Outras

oportunidades interessantes para a atuação da Germinadora estão representadas nos

desafios apresentados no Capítulo 3 para o empreendedorismo nas universidades.

5.2.4 Geográfico

De acordo com o Índice de Cidades Empreendedoras 2017 (ICE 2017), o Rio de

Janeiro é a 6ª melhor cidade brasileira para se empreender. Este índice avaliou 32 cidades

brasileiras de 22 estados – com exceção da região Norte, onde foram analisadas apenas

Belém e Manaus, todos os estados das demais regiões foram representados ao menos por

suas capitais. Além da grande abrangência geográfica, juntas essas cidades representam

também mais de 40% das empresas de alto crescimento do país e cerca de 40% do PIB

nacional.

Fonte: ICE 2017, disponível em <https://d335luupugsy2.cloudfront.net/cms/files/6588/1512651268AF-

REAL-ICE-2017-web.pdf>. Acesso em agosto de 2018.

Figura 9: Índice de Cidades Empreendedoras 2017

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Em relação ao ambiente regulatório, o Rio teve o pior desempenho das 32 cidades

avaliadas. Além disso, a Cidade ficou em 3º lugar no quesito infraestrutura, em 4ª no quesito

mercado, em 5ª em acesso a capital e em 1º lugar em relação a inovação.

Mesmo sendo uma cidade boa para empreender, o Rio conta apenas com 6% das

aceleradoras do país (ABREU e CAMPOS, 2016), o que corresponde a uma boa

oportunidade de mercado para a Germinadora.

Além disso, a Germinadora atua diretamente de dentro da UFRJ, uma das mais

importantes universidades da América Latina. O ambiente do Parque Tecnológico e a

proximidade com laboratórios de Pesquisa & Desenvolvimento são fatores positivos. No

entanto, o deslocamento para e do Campus Universitário não é dos melhores, vale ressaltar.

Geograficamente não é um local de acesso facilitado e seguro.

5.2.5 Político/Legislativo

O único aspecto de cunho político que merece destaque no caso da Germinadora

relaciona-se com as seguidas reduções nos orçamentos das universidades públicas

brasileiras. A manutenção e agravamento desse quadro poderia inviabilizar as operações de

parceiros chave do projeto e, em consequência, impactar diretamente as atividades

oferecidas pelo mesmo. Embora o estado descrito possa vir a impossibilitar o projeto

estudado (o que é grave), a probabilidade de que se chegue nesse estado ainda é

relativamente baixa hoje. Por esse motivo, o grau de intensidade escolhido foi moderado.

5.2.6 Econômico

As atividades da Germinadora, em tese, não seriam diretamente impactadas pelo

quadro macroeconômico do país. A crise econômica mundial, no entanto, teve impactos no

ambiente empreendedor em vários países do mundo – como apresentado no Capítulo 3.

Embora o Brasil demonstre já se recuperar da crise em termos de criação de novos

negócios, as incertezas políticas e econômicas que pairam sobre a população podem

influenciar na criação de empresas e na inovação – reduzindo o ímpeto dos

empreendedores, o que reduziria a demanda pelos serviços prestados pelo projeto.

5.2.7 Social

A proposta oferecida pelo laboratório é voltada para qualquer tipo de pessoa que se

enquadre nos perfis descritos no capítulo anterior, buscando conhecimento e capacitação.

Espera-se que a experiência passada aos clientes seja positiva e que isto contribua de

alguma maneira para a sociedade e para a comunidade, sobretudo através da criação do

ecossistema empreendedor já citado. Merece menor destaque, mas é importante mencionar

que o aumento da criminalidade na Cidade Universitária que vem ocorrendo nos últimos

anos (com roubos, assaltos e sequestros) pode ameaçar a atração de mentores e

empreendedores e até mesmo a realização das atividades propostas.

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5.2.8 Tecnológico

O acesso a informação e conteúdo de qualidade de maneira gratuita devido a

democratização da internet pode diminuir a necessidade das capacitações oferecidas pelo

projeto – as pessoas podem se capacitar por conta própria –, o que poderia ser considerado

uma ameaça. No entanto, dois pontos levam a crer que este fator é mais uma oportunidade

do que uma ameaça: primeiro, por já oferecer seus serviços de maneira gratuita, a

Germinadora está menos suscetível a este impacto que outras aceleradoras do mercado;

além disso, o fato de o conteúdo estar disponível para todos só aumenta o valor de se ter

uma mentoria pessoal com empreendedores de sucesso, algo que a Germinadora se

propõe a fazer.

5.3 CINCO FORÇAS DE PORTER

Buscando compreender mais profundamente o cenário de negócios no qual a

Germinadora está inserida, será utilizado o modelo de análise proposto por Porter (1980),

que depois ficou conhecido como “Cinco Forças de Porter”. Através dessa ferramenta,

publicada originalmente no livro “Competitive Strategy”, é possível analisar o ambiente

competitivo de um determinado setor a partir do estudo do relacionamento entre os agentes

do mercado. Mais do que analisar os entes especificamente, o que este modelo propõe é

uma análise da força relativa que estes exercem sobre os demais. Para cada uma das

forças estudadas é necessário entender quem é o agente em questão, de que maneira esse

agente está exercendo essa força (como se dá atuação dele no ambiente competitivo) e

qual a intensidade da força exercida.

Fonte: adaptado de Porter (1980), elaborado pelo autor

Figura 10: Modelo de Cinco Forças de Porter

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5.3.1 Rivalidade entre concorrentes

Os concorrentes principais diretos da Germinadora são as outras aceleradoras

presentes na cidade do Rio de Janeiro. Além disso, o projeto compete também com

incubadoras, programas de capacitação (oficinas, palestras e workshops, presenciais ou a

distância) e com outros laboratórios de empreendedorismo existentes. Como visto

anteriormente, por mais que o ambiente observado na cidade seja favorável ao

empreendedorismo, o mercado carioca de aceleradoras não conta com um número

expressivo de competidores – um mercado com potencial e com poucos players poderia

indicar uma concentração de fatia de mercado, que poderia se traduzir em alta rivalidade

entre concorrentes.

Concorrentes poderiam competir através de uma “guerra de preços” aumentando o

aporte financeiro oferecido às startups aceleradas ou reduzindo o percentual de participação

exigido nas que prosperassem, de forma a atrair os projetos com maior potencial de impacto

e retorno futuro. Há indícios, no entanto, de que não é isso o que acontece. Observando-se

o diagnóstico da realidade do empreendedorismo no Brasil (em especial nas universidades),

é possível inferir que a demanda por serviços de aceleração (e capacitação) é superior à

oferta dos mesmos, o que tente a reduzir a rivalidade entre concorrentes. Além disso, não

há grandes barreiras de saída no mercado, o que também contribui para a redução da

rivalidade. Trata-se na verdade mais de um mercado de demanda latente do que de um

mercado concentrado.

É importante, no entanto, discutir o papel dos concorrentes no ambiente competitivo

estudado pois há algumas diferenças relevantes deste caso para o que normalmente se

observa em outros setores. Sem dúvida, há uma competição entre aceleradoras (e

incubadoras) pelos clientes disponíveis no mercado. Entretanto, sob a ótica da Missão da

Germinadora e da sua proposta de valor, perder startups universitárias que buscam

capacitação para outras aceleradoras não chega a ser preocupante. Mesmo que isso

aconteça, o objetivo principal do Laboratório de fomentar o empreendedorismo na

universidade, formar empreendedores e contribuir para a solução dos desafios observados

no Capítulo 3 estaria sendo atingido. É claro que a Germinadora deseja formar os melhores

empreendedores e ter em seu portfólio de clientes os projetos de maior impacto mas,

diferentemente da competição usual, este é um caso onde a solução do problema

observado (seja por quem for) é mais importante do obter fatia maior de mercado ou reduzir

a expressividade dos concorrentes.

Podemos concluir, a partir do que foi exposto, que a rivalidade entre concorrentes

existentes no caso da Germinadora pode ser considerada de intensidade fraca. Vale

ressaltar que, a Germinadora de Startups, em seu estágio atual, não possui influência

expressiva na dinâmica do mercado. Outros aspectos relativos a competição enfrentada

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pelo projeto estudado serão abordados durante a apresentação do FCS Comparativo, na

seção 5.6.

5.3.2 Ameaça de novos entrantes

Este mercado se caracteriza por não apresentar grandes barreiras de entrada de

novos concorrentes. Há, no geral, a necessidade de investimento para se constituir uma

aceleradora de qualidade, mas esse não é um fator decisivo neste mercado (vide o caso da

própria Germinadora, que opera unicamente através de parcerias). A única barreira que

merece destaque é a necessidade de se ter uma rede de contatos robusta com mentores e

investidores, algo que não é tão trivial de se construir. Mesmo assim, podemos considerar

que há forte ameaça de novos entrantes, o que poderia acirrar a competição no mercado24.

5.3.3 Ameaça de produtos substitutos

Os principais produtos substitutos que poderiam impactar na competitividade deste

mercado seriam os avanços tecnológicos abordados na Análise CAMGPEST.

Empreendedores poderiam trocar os serviços de aceleração por conteúdos e capacitações

gratuitas oferecidas na internet. Essa seria uma ameaça moderada para as aceleradoras em

geral, fazendo-se a ressalva de que não há grande ameaça para substituição de mentorias

com empreendedores de sucesso nem ameaça para substituição de serviços que permitam

contato direto com investidores. Nos casos de aceleradoras que contem com empresas

clientes que necessitam de aporte financeiro para iniciar os seus projetos, essa ameaça de

substituição pela internet torna-se fraca – tal como a mentoria, não seria possível substituir o

crédito necessário ao novo empreendimento.

Olhando especificamente para os empreendedores universitários, um produto que

poderia substituir os serviços similares ao da Germinadora seriam disciplinas de

empreendedorismo que suprissem as necessidades abordadas no Capítulo 3. No entanto,

mesmo assim, essa ameaça seria baixa devido ao fato de projetos como o estudado

atacarem o problema de maneira mais sistêmica, centralizando as ações empreendedoras

dos ambientes de atuação

5.3.4 Poder de barganha dos fornecedores

Se considerarmos apenas os insumos físicos, equipamentos e tecnologias

necessárias para a operação do Modelo de Negócio da Germinadora (como material de

papelaria, softwares, computadores, etc.), o poder de barganha dos fornecedores é muito

baixo. Há um grande número de fornecedores e o custo de mudança é baixo 25 . Ao

incluirmos nos fornecedores os responsáveis pelos espaços onde as atividades de

24 Quanto a isso, cabe novamente propor a reflexão do quão danoso seria para a Germinadora se houve várias outras aceleradoras de qualidade operando no Rio. 25 Excetuando-se talvez apenas os softwares, que podem apresentar maior custo de mudança. Mesmo assim, isso não altera a análise realizada

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aceleração são realizadas, o poder de barganha já se torna maior. Empresas estabelecidas

tendem a ter espaços próprios mas, se isso não for possível, haverá um poder de barganha

moderado dos donos do espaço em relação às empresas. No caso específico da

Germinadora esse poder é ainda maior, dado que a não disponibilização das instalações

dos parceiros poderia acarretar na inviabilização do projeto (devido aos custos de aluguel).

No entanto, não seria possível desprezar os fornecedores mais importantes para as

aceleradoras, que são seus mentores. Se considerarmos que os recursos intelectuais, as

experiências e os conhecimentos dos mentores influenciam diretamente na qualidade do

serviço prestado pelas aceleradoras (impactando tanto a captação de clientes como a

retenção dos mesmos), o poder de barganha é alto. É verdade que existe um número bom

de possíveis mentores e que o custo de mudança não é tão alto. No entanto, como a

proposta de valor depende muito destes entes, o poder de barganha dos mesmos no setor é

forte.

5.3.5 Poder de barganha dos clientes

De acordo com Porter (1980), o poder de barganha dos compradores depende, por

exemplo, da situação entre oferta e demanda do mercado, e das características

relacionadas à importância relativa desses clientes para o total do mercado. Quanto mais

dependente for o cliente do vendedor, menor será seu poder de barganha, e vice e versa.

No caso apresentado por esse Projeto de Graduação, não parece razoável afirmar que há

grande poder de barganha dos clientes em relação às aceleradoras. Um cliente isolado tem

pouca influência na dinâmica do mercado.

5.4 MATRIZ SWOT

A análise de Forças (Strenghts), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades

(Opportunities) e Ameaças (Threats), mais conhecida como Matriz FOFA (ou Matriz SWOT),

é uma ferramenta estratégica amplamente utilizada para entender os elementos internos e

externos de uma empresa. Segundo FERNANDES (2012 apud FRIESNER, 2010), a origem

da ferramenta é incerta, e há duas principais linhas para sua autoria. A primeira diz que ela

foi elaborada nas décadas de 1960 e 1970 por Albert Humphfrey, professor da Universidade

de Stanford, enquanto ele elaborava estudos sobre estratégia usando como base a lista das

quinhentas maiores empresas americanas, segundo a Revista Fortune. A outra, aponta as

pesquisas realizadas no início da década de 1950 pelos professores George Smith Jr e C.

Roland Christiensen, da Universidade de Harvard como origem da ferramenta.

A Matriz, composta por quatro quadrantes, permite analisar simultaneamente os

ambientes externo e interno de uma companhia, destacando pontos positivos e negativos

em cada um deles. É uma a análise permite sintetizar a competência distintiva da empresa e

compreender os desafios da realidade do mercado.

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Fonte: adaptado de Fernandes (2012)

Segundo Kotler e Keller (2006), a Análise SWOT constitui parte fundamental do

planejamento estratégico de unidades de negócio, por ser moldada a partir da missão do

negócio e por dar sequência às demais etapas do processo: estabelecimento de metas,

formulação de estratégias, elaboração de programas, implementação e, por fim, feedback e

controle – esta última, atuando em todas as etapas anteriores, conforme mostra a figura a

seguir.

Fonte: adaptado de Kotler e Keller (2011)

Cabe ressaltar, em relação a este processo, que a presente pesquisa não se propõe

a realizar as demais etapas do Planejamento Estratégico da Germinadora. Sugere-se que

Figura 12: Processo de planejamento estratégico de unidades de negócios

Figura 11: Matriz SWOT

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as atividades a partir do “estabelecimento de metas” sejam realizadas de maneira conjunta

com as lideranças do Lan gn2 após o fim do ciclo de incubação atual.

Seguem descritas a seguir as análises a respeito de cada um dos quatro quadrantes

da Matriz SWOT, em ordem. Em casa subitem serão apresentados primeiro os fatores que

correspondem àquele quadrante no caso da Germinadora, em seguida uma breve definição

do conceito exposto e, por fim, cada fator levantado será elucidado.

5.4.1 Forças (Strenghts)

− Proximidade do mercado e dos estudantes ao mesmo tempo;

− Operação de baixo custo, permitindo um projeto gratuito para os participantes;

− Período de aceleração curto mas com ciclo completo;

− Aceitação de projetos nos estágios mais iniciais e propostos por empreendedores

com baixo grau conhecimento teórico e familiaridade com as ferramentas específicas

de criação e gestão de negócios;

− Não há participação mínima requerida nas empresas aceleradas;

− Estrutura enxuta e com alta capacidade adaptativa;

De acordo com o que apontam Kotler e Armstrong (2013), as forças são compostas

de capacidades, recursos e fatores situacionais positivos no ambiente interno do

empreendimento que possam ajudar a empresa a atender às demandas de seus clientes e

atingir seus objetivos com sucesso.

Kotler e Keller (2006) alertam que o negócio não deve se vangloriar de todas as suas

forças, mas sim avaliar se deve se limitar às oportunidades que estão ao seu alcance com

os recursos que possui ou se pode buscar mais ocasiões favoráveis e, se necessário,

desenvolver as forças existentes ou adquirir novas.

5.4.2 Fraquezas (Weakness)

− Rotatividade muito alta dos membros, de forma que dificilmente uma mesma

equipe participará de dois ciclos diferentes da Germinadora;

− Não existência de uma cultura de acompanhamento do desenvolvimento das

empresas aceleradas após o término do ciclo26;

− Não existência de uma cultura de feedback das aceleradas em relação ao

trabalho apresentado pelo projeto;

− Não haver aporte financeiro nos projetos acelerados;

− Alunos membros sem experiência real de mercado, tanto empreendendo

quanto trabalhando em outras companhias;

26 Tanto esta fraqueza quanto a seguinte são, em parte, consequências da rotatividade dos membros.

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Segundo Kotler e Armstrong (2013), as fraquezas incluem as limitações e os fatores

situacionais negativos no ambiente interno que possam interferir no desempenho da

empresa. Entretanto, Kotler e Keller (2006) afirmam que as fraquezas não são

necessariamente pontos a serem corrigidos. Isso leva a crer que, por vezes, seja preciso

que se façam trade-offs, de modo a lidar com tais fragilidades e seguir desenvolvendo suas

atividades.

5.4.3 Oportunidades (Opportunities)

− Cultura empreendedora forte no Brasil;

− Empreendedorismo brasileiro apresenta baixo grau de inovação;

− Atividade com pouco impacto ambiental;

− Possibilidade de incorporar a sustentabilidade ambiental nas atividades das

startups aceleradas;

− Mercado de aceleradoras em crescimento;

− Ensino descentralizado nas universidades, distante do mercado e das

expectativas do aluno, com ciclo incompleto;

− Rio de Janeiro como cidade boa para se empreender;

− Poucas aceleradoras no Rio de Janeiro;

− Proximidade de um importante centro de pesquisa;

− Democratização do ensino com conteúdo gratuito online de qualidade;

As oportunidades listadas são provenientes da Análise CAGMPEST, apresentada ao

leitor no item 5.2. Dos oito prismas de análise de ambiente externo, cinco contam com pelo

menos uma oportunidade, sendo que um total de dez oportunidades foi listado. Não foram

citadas oportunidades nos ambientes político, econômico e social. Das listadas, três foram

consideradas de intensidade fraca, quatro moderadas e três fortes.

Como estes fatores já foram explicitados anteriormente, não haverá nova descrição

da análise realizada.

5.4.4 Ameaças (Threats)

− Número alto de aceleradoras no Brasil;

− Localização não permite acesso tão fácil e não é segura;

− Restrições orçamentárias;

− Quadro de crise político-econômica;

− Aumento da criminalidade na Cidade Universitária;

Assim como no caso das oportunidades, as ameaças listadas foram extraídas da

análise CAMGPEST, item 5.2 da pesquisa. Similarmente ao visto acima, em cinco dos oito

prismas de análise houve questões ameaçadoras levantadas. Desta vez, foram cinco

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citações e não foram citados os ambientes cultural, ambiental e tecnológico. Ao todo, foram

listadas duas de intensidade fraca e três médias.

Da mesma maneira, como estes fatores já foram explicitados anteriormente, não

haverá nova descrição da análise realizada.

5.5 SEGMENTAÇÃO DE MERCADO

No item presente, constará a identificação dos perfis de clientes27 a serem buscados

pelo projeto. A Segmentação de Mercado proposta por Kotler e Keller (2011) e aprimorada

por Ferruccio (2015) é uma ferramenta que tem como objetivo identificar e decidir para quais

segmentos os esforços de criação e oferta dos produtos/serviços serão direcionados, a fim

de potencializar a atração e fidelização dos clientes. A segmentação é feita dividindo-se os

consumidores em grupos com características similares, partindo de um mercado potencial

até o mercado penetrado, gradativamente. Essa divisão pode levar em conta diversos

critérios, como as características geográficas, demográficas e socioeconômicas,

psicográficas (de ordem psicológica), padrões de comportamento, e padrões de consumo

(KOTLER e KELLER, 2011). Com a definição correta do público alvo, a empresa tem maior

capacidade para conquistas seus clientes, focando em qualidade e eficiência.

O Mercado Potencial trata-se da parte mais ampla e generalista, contendo todo o

universo dos demais mercados do setor em questão, do mais abrangente para o menos

abrangente: disponível, disponível qualificado, alvo e penetrado. Não será exposto neste

trabalho a definição teórica de cada um destes mercados. Para o projeto em questão, os

mercados são, especificamente:

− Mercado Potencial: Startups em busca de capacitação;

− Mercado Disponível28: Startups em busca de capacitação na cidade do Rio de

Janeiro e adjacências;

− Mercado Disponível Qualificado: Startups em busca de capacitação na cidade

do Rio de Janeiro e adjacências, em estágio inicial de desenvolvimento;

− Mercado Alvo: Startups em busca de capacitação na cidade do Rio de

Janeiro e adjacências, em estágio inicial de desenvolvimento e com alto

potencial de impacto e inovação;

− Mercado Penetrado (cliente padrão): Startups em busca de capacitação na

cidade do Rio de Janeiro e adjacências, em estágio inicial de

desenvolvimento e com alto potencial de impacto e inovação, visando validar

27 Por clientes, neste caso, entende-se as startups aceleradas pelo projeto durante o programa. 28 Por vezes, o Mercado Disponível é definido como o conjunto de pessoas que se interessam pelo serviço/produto e podem pagar por ele. Como o projeto não cobra pelos serviços prestados, optou-se por limitar este mercado através de sua localização geográfica.

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seu modelo de negócio e dispostos a construir uma rede de colaboração em

empreendedorismo.

Para facilitar o entendimento, as informações anteriores estão expostas graficamente

na Figura 13.

Fonte: Adaptado de Ferruccio (2015), elaborado pelo autor.

5.6 FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO COMPARATIVO (FCS)

Essa ferramenta tem como objetivo comparar a empresa com seus principais

concorrentes diretos, examinando as forças e fraquezas do negócio apresentadas na Matriz

SWOT e utilizando como critérios analíticos os fatores críticos de sucesso – que podem ser

definidos como o “número limitado de áreas nas quais os resultados, se satisfatórios, irão

garantir uma performance competitiva de sucesso para a organização.” (ROCKART, 1979).

Os concorrentes diretos da Germinadora serão definidos como outras aceleradoras

que atuam no Rio de Janeiro hoje. Normalmente, ao se fazer o uso do FCS Comparativo,

seleciona-se os principais concorrentes diretos da companhia e analisa-se caso a caso de

acordo com os critérios escolhidos. No entanto, neste trabalho, o emprego da ferramenta se

dará de forma relativamente diferente: além da Germinadora, serão analisados dois modelos

de aceleradora – um correspondente a média do que é praticado pelo mercado brasileiro e

outro correspondente às aceleradoras mais premium do mercado.

Figura 13: Segmentação de Mercado

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Essa escolha foi baseada em dois motivos básicos: primeiro, a quantidade de

informação pública disponível a respeito do modelo de negócios e das operações das outras

aceleradoras da cidade é baixa, não permitindo análises embasadas; em segundo lugar,

não é intuito exatamente da Germinadora competir diretamente com essas outras

aceleradoras, como já foi mencionado ao longo da Análise das Cinco Forças. Assim, optou-

se por comparar o modelo proposto pelo projeto estudado com dois outros modelos

existentes no mercado nacional. Para que seja possível compreender de maneira completa

a análise realizada, é necessário que se tenha clareza dos modelos que estão sendo

comparados.

Fonte: dados de Abreu e Campos (2016), elaborado pelo autor

Em relação aos estágios das startups que são aceitas nos processos de seleção, há

outra diferença interessante. Como se observa na Figura 14, as aceleradoras do mercado

buscam empresas que tenham um certo nível de maturidade do negócio ou de concepção

da ideia, diferentemente da Germinadora.

Dentro dos estágios mais aceitos pelas aceleradoras, Abreu e Campos (2016)

verificaram que há destaque para o estágio de comercialização da solução (20%), seguido

pelos estágios de venda piloto (18%), produto em teste interno (17%), protótipo funcional

(15%) e protótipo conceitual (14%). Estes dados evidenciam uma diferença observada entre

os processos de incubação e de aceleração no Brasil em relação a realidade de outros

países (CAMPOS, 2015): no Brasil as aceleradoras tendem a priorizar a seleção de projetos

que já possuam ao menos um protótipo funcional.

Tabela 8: Comparativo entre o modelo da Germinadora e dois outros presentes no Brasil

Germinadora de

Startups

Aceleradora Média

do Mercado

Aceleradoras

Premium

Trabalha em ciclos de

aceleração? Sim. Sim.

Não, trabalho

contínuo.

Período de aceleração

praticado 10 semanas. 6 meses. 2 anos.

Quantidade de startups

por ciclo 5 7 30

Valor do investimento na

startup (R$) 0

45 mil a

250 mil

250 mil a

3 milhões

Participação mínima

requerida em

contrapartida (%)

0% 8% 30%

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Fonte: adaptado de Abreu e Campos (2016)

As avaliações em relação ao desempenho dos três modelos concorrentes constam

na Tabela 9, a seguir. Para cada atributo avaliado (força ou fraqueza), foi atribuído um peso

de 1 a 10 e, para cada companhia, foi assinalada uma nota (N) de 1 a 5 para aquele critério.

Do resultado da multiplicação da nota pelo peso do respectivo fator do ambiente interno,

determinou-se o desempenho (D) para cada critério. Do somatório dos desempenhos,

obteve-se o total de pontuação de cada empresa e, por fim, o valor percentual em relação

ao melhor desempenho possível – nota máxima em todos os quesitos.

Fonte: adaptado de Rockart (1979), elaborado pelo autor

Figura 14: Estágios de desenvolvimento mais aceitos pelas aceleradoras no Brasil (2016)

Tabela 9: FCS Comparativo

Fator Peso N D N D N D

Germinadora de

Startups

Aceleradora Média

do Mercado

Aceleradoras

PremiumDiagnóstico do Ambiente Interno

Proximidade dos estudantes e do mercado 6 8 48 6 36 6 36

Operação de baixo custo, permitindo projeto barato para o participante 8 10 80 6 48 3 24

Período de aceleração curto mas com ciclo completo 6 8 48 6 36 0 0

Aceitação de projetos early-stage e empreendedores sem conhecimento 9 9 81 2 18 2 18

Participação requerida como contrapartida 3 10 30 7 21 2 6

Estrutura enxuta com alta capacidade adaptativa 5 7 35 6 30 3 15

FORÇAS

Rotatividade alta dos membros 8 2 16 6 48 7 56

Follow-up precário 6 2 12 5 30 6 36

Feedback pós ciclo precário 6 4 24 5 30 5 30

Aporte financeiro nos projetos 9 0 0 8 72 10 90

Alunos sem experiência de mercado 6 3 18 7 42 9 54

392 411 365

54% 57% 51%

FRAQUEZAS

TOTAL

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6 PLANO DE MARKETING

Tendo apresentado o objeto de estudo e elaborado o Plano de Gestão exposto no

capítulo anterior, a pesquisa partirá para outra grande etapa que consiste na elaboração de

um Plano de Marketing para a Germinadora de Startups.

Este capitulo apresentará, primeiramente, o conceito da marca estudada e, sem

seguida, detalhará cada componente do chamado Mix de Marketing. Para isso, será

utilizada a ferramenta dos 7 Ps de Marketing, uma adaptação proposta pela professora

Maria Alice Ferruccio (2017) do famoso conceito dos 4 Ps de Marketing, proposto

inicialmente por Jerome McCarthy (1960) e difundido posteriormente por Kotler (1998). As

análises apresentadas neste capítulo serão fundamentais para a elaboração de estratégias

e programas de ação, expostas no capítulo subsequente.

6.1 MARCA

O conceito por trás da marca do projeto estudado, desenvolvido na fase de criação

do projeto no final de 2016, influenciou diretamente o nome do projeto e os logotipos criados

– como há de ser. Tratando-se de uma aceleradora de startups, o simbolismo adotado

inicialmente era o de “semear o empreendedorismo”, permitir que novos empreendimentos

“germinassem” e se desenvolvessem. Daí surgiu o nome “Germinadora de Startups”, um

projeto que se propõe a nutrir a semente empreendedora para que ela germine e floresça.

Em relação ao nome escolhido, embora o conceito esteja alinhado com a proposta

de valor e com a missão do projeto, uma crítica deve ser feita: já existem outras

aceleradoras e projetos de aceleração de startups com esse mesmo nome.

O primeiro logotipo da Germinadora foi criado pelos próprios membros do

Laboratório, no início de 2017. Meses depois, o logotipo foi revisado pelos membros e um

novo modelo foi adotado. Os dois logotipos seguiram o mesmo conceito, que está alinhado

também com o nome do projeto, como exposto acima.

Fonte: apresentação institucional da Germinadora de Startups, fornecida pelo Labgn2.

O primeiro logo mostrava uma pequena planta com duas folhas, germinando. O logo

era monocromático, com fundo transparente – foi utilizado em diferentes cores (azul, verde e

cinza, basicamente) dependendo do material de divulgação em questão, sempre seguindo a

identidade visual do grupo. O logo contava, às vezes, com o nome do projeto exposto

abaixo – no entanto, não havia um padrão quanto a tipografia utilizada.

Figura 15: Primeiro logotipo da Germinadora.

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Fonte: apresentação institucional da Germinadora de Startups, fornecida pelo Labgn2.

O segundo logo seguiu a mesma linha do anterior, representando também uma

planta germinando. Esta, no entanto, um pouco mais estilizada, adotando um padrão

levemente mais minimalista, com três folhas ao invés das duas anteriores. Além disso, o

logo ganhou cores: azul, verde e branco, seguindo a identidade visual adotada pelo gn2 há

mais de 10 anos.

6.2 OS 7 P’S DO MARKETING

Entre a década de 1950 e 1970, diante do baixo nível de desenvolvimento dos

mercados, o marketing, através de conceitos como o marketing concept e os 4 Ps, foi capaz

de contribuir de forma determinante para o crescimento das empresas e dos mercados

como um todo (GEORGE e FREELING, 1994). A partir da década de 80, porém, os

mercados passaram a ficar mais complexos e novas formas de organização surgiram,

incluindo alianças estratégicas e redes (HELDT e SLONGO, 2017), necessitando, assim, de

novas contribuições da área de marketing.

Diante disso, nos anos 90, os 4 Ps, que outrora foram essenciais para o

desenvolvimento das organizações, perderam a sua força como componente estratégico e

passaram a ser considerados atividades táticas e básicas do departamento de marketing. O

marketing passou, então, a necessitar de formas para retomar seu papel estratégico no

desenvolvimento empresarial, mas acabou rateando nessa tarefa (HELDT e SLONGO,

2017). Ironicamente, ao mesmo tempo em que entrou em declínio, essa função nunca foi

tão necessária para as organizações (KUMAR, 2004). Diante disso, os esforços na área de

marketing, desde então, têm objetivado encontrar formas de retomar seu papel estratégico.

O conceito de Mix de Marketing foi introduzido por Jerome McCarthy em seu livro

Basic Marketing (1960) e posteriormente transformado na ferramenta 4 Ps de Marketing, por

Philip Kotler (1998). Essa ferramenta aborda os principais pontos que uma companhia deve

focar ao planejar o seu marketing, sendo eles: Produto, Preço, Praça e Promoção. Em 2015,

seguindo a necessidade de dar um caráter mais estratégico ao Mix de Marketing, como

exposto acima, a professora Maria Alice Ferruccio propôs uma adaptação à ferramenta,

Figura 16: Segundo logotipo da Germinadora.

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incluindo dois novos Ps: Pessoas e Processo. Posteriormente, houve ainda a inclusão do P

de Público Alvo, em 2017. Cada um desses pontos serão abordados a seguir.

6.2.1 Produto

O produto oferecido pela Germinadora consiste no seu programa de aceleração,

basicamente. O programa já foi abordado em detalhes em capítulos anteriores, de forma

que não há necessidade de explorar novamente todos os tópicos expostos.

Resumidamente, é oferecido aos alunos participantes: dois encontros semanais, sendo o

primeiro correspondente a uma capacitação teórica a respeito de um tema pré-estabelecido

e o segundo uma mentoria com um convidado externo sobre o mesmo tema; assessoria

constante durante o período de aceleração e após o término dele; materiais de estudo

exclusivos e personalizados; acesso a toda a rede de contatos do Laboratório;

disponibilização do espaço do HUB para as startups aceleradas, entre outros.

6.2.2 Preço

Por se tratar de um programa oferecido de forma totalmente gratuita às startups

aceleradas, não faz sentido analisar o preço para este objeto de estudo. O Laboratório,

inclusive, não possui qualquer intenção de passar a cobrar pelos serviços prestados29 no

futuro, dada a sua natureza e propósito.

É notório que as atividades oferecidas pela Germinadora possuem custos

operacionais, mas o Labgn2 trabalha continuamente para reduzi-los e, quando possível,

eliminá-los através das parcerias firmadas. Os membros do Laboratório, como dito, não são

remunerados para participar das atividades – embora recebam certificados de cumprimento

de horas de atividades complementares especiais, parte dos requisitos para a graduação.

Da mesma maneira, os mentores parceiros também não cobram para ministrar os

encontros que se dispõe. Por fim, o Parque Tecnológico, a Incubadora da UFRJ e o HUB,

também tem participação essencial nesse esforço de oferecer o programa de maneira

gratuita por disponibilizar os seus espaços para utilização sem cobrar o aluguel obrigatório.

Isso só é possível devido ao fato de o Parque e a Incubadora estarem alinhados com o

propósito do Labgn2, que é o de fomentar o empreendedorismo na UFRJ – a própria criação

do HUB é prova disso.

6.2.3 Praça

Como dito anteriormente, todas as atividades ministradas são realizadas em

dependências da Cidade Universitária da UFRJ. As atividades podem ocorrer no HUB (que

é o mais comum) ou em outros locais disponibilizados pelo Parque Tecnológico, pela

29 O Laboratório até pode cobrar no caso de oferecer consultorias estratégicas para empresas externas. No entanto, todos os eventos e projetos realizados são – e a ideia é que permaneçam sendo – totalmente gratuitos para os participantes.

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Incubadora, ou ainda em salas da Escola Politécnica – como a própria sala do Labgn2. Os

participantes (assim como mentores e membros) devem se deslocar fisicamente até a

Cidade Universitária para participar das atividades. Quando não há essa possibilidade, o

conteúdo é disponibilizado posteriormente – embora haja grande perda na qualidade da

capacitação quando isso acontece, obviamente.

6.2.4 Promoção

Este item tem como objetivo analisar as estratégias promocionais da Germinadora.

Por promoção entende-se toda e qualquer ação cujo como objetivo seja apresentar,

informar, convencer ou lembrar os clientes de adquirirem os produtos ou serviços em

questão. As ações promocionais podem ser divididas em dois tipos básicos: publicidade e

propaganda.

A propaganda das atividades realizadas pela Germinadora se dá principalmente

através das redes sociais do Labgn2 (Facebook e Instagram). No Instagram, além da

exposição de artes explicativas e informativas, há também a disponibilização de alguns

vídeos ao vivo das atividades realizadas. Além disso, há divulgação também do programa

de aceleração no website oficial do laboratório, através dos outros eventos realizados pelo

grupo e também através do e-mail institucional da Escola Politécnica – em especial no

período de inscrições. Os materiais promocionais utilizados na divulgação do ciclo da

Germinadora estudado podem ser encontrados no Anexo D.

Uma maneira de entender como o objeto de estudo está posicionado atualmente em

relação a este P do Marketing é realizar uma pesquisa por termos que indiquem a proposta

de valor do projeto e verificar se o mesmo aparece para o usuário – isto é, de certa forma,

simular a jornada de um cliente até encontrar a Germinadora espontaneamente. Neste caso,

a ferramenta de buscas utilizada foi o Google. Seguem abaixo alguns dos resultados

obtidos.

Aos se pesquisar pelos termos “aceleradora universidade”, “aceleradora rio de

janeiro”, “aceleradora universidade rio de janeiro”, “pré-incubadora universidade”,

“capacitação empreendedorismo universidade”, “capacitação empreendedorismo

universidade rio de janeiro” e “capacitação empreendedorismo UFRJ” não retornam

resultados relacionados a Germinadora nas cinco primeiras páginas da ferramenta. Das

pesquisas realizadas, a única que gerou resultados positivos foi “germinadora de startups”.

Para esta pesquisa, o 3º resultado relaciona-se com a Germinadora, sendo que o resultado

não aponta diretamente para o projeto – corresponde na verdade a uma notícia publicada

em 09/05/2017 no website do Parque Tecnológico (“Germinadora de Startups, projeto

apoiado pelo Parque, realiza evento para impulsionar ideias de alunos da UFRJ”).

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Fonte: extraído da ferramenta de buscas online do Google. Acesso em agosto de 2018

Fonte: extraído do website do Parque Tecnológico da UFRJ. Disponível em

<http://www.parque.ufrj.br/germinadora-de-startups-projeto-apoiado-pelo-parque-realiza-evento-para-

impulsionar-ideias-de-alunos-da-ufrj/ >. Acesso em agosto de 2018

Figura 18: Pesquisa por "germinadora de startups" na ferramenta de buscas Google

Figura 17: Notícia a respeito da Germinadora no site do Parque Tecnológico

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Ou seja, um cliente só conseguiria encontrar informações a respeito da Germinadora

se pesquisasse exatamente o nome do projeto (o que implica em necessidade de

conhecimento prévio) e, mesmo assim, seria redirecionado para uma notícia de um parceiro

e não para os canais oficiais de comunicação. É importante ressaltar, no entanto, que ao se

buscar pelo Labgn2 (e termos relativos ao mesmo como “novos negócios UFRJ”, por

exemplo) é possível encontrar os canais oficiais diretamente nos primeiros resultados. E, a

partir dos canais do laboratório, é fácil encontrar os projetos. Não é um cenário ideal, mas

não é tão grave.

Um outro ponto que pode ser melhor explorado pelo projeto (além dessa dificuldade

de pessoas que não o conhecem encontrarem informações sobre o mesmo) é o uso das

parcerias para divulgação de material publicitário. Esse tipo de divulgação já acontece hoje,

por exemplo, nos canais de comunicação do Departamento de Engenharia Industrial da

UFRJ (site, Instagram e Facebook). No entanto, poderia ser realizado também por outros

parceiros existentes (mentores e demais parceiros chave citados no Business Model

Canvas) e outros parceiros potenciais, como as Empresas Junior e Centros Acadêmicos.

6.2.5 Pessoas

Neste subitem do Mix de Marketing, usualmente, é realizada uma caracterização das

pessoas envolvidas no negócio da empresa e, sem seguida, apresenta-se os cargos,

códigos e atribuições dos profissionais envolvidos, conforme a Classificação Brasileira de

Ocupações (CBO) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Por se tratar de uma

“companhia” fora dos padrões estabelecidos, nem todas as atribuições relativas a operação

do projeto encontram-se classificadas de maneira exata da CBO. Assim, para o caso

estudado, algumas aproximações foram necessárias.

De toda forma, tais aproximações não prejudicam a análise a ser realizada, dado que

as atribuições de cada um dos envolvidos no programa de aceleração já foram esmiuçadas

em outros capítulos da pesquisa.

A Germinadora deverá contar sempre em seus ciclos com, no mínimo, seis membros

do Labgn2, sendo um deles responsável por liderar o projeto – sem contar, obviamente, a

professora orientadora. Não há necessidade de empregar membros em funções jurídicas,

financeiras ou administrativas no geral. Além de ministrar as capacitações e acompanhar as

mentorias, é necessário que alguns membros se responsabilizem pelas funções relativas ao

marketing da Germinadora (preparando material, realizando a divulgação, acompanhando

os resultados, etc.). É possível que essa função seja desempenhada por membros que

estejam também alocados em capacitações ou, até mesmo, pelo líder, de maneira

simultânea. Em relação aos convidados externos, a CBO não prevê uma ocupação relativa

a palestrantes ou mentores explicitamente. Em tese, são necessários nove mentores para

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que a Germinadora opere suas atividades, um para cada semana de capacitação. No

entanto, é possível que um mentor dê mais de uma capacitação, embora não seja o ideal.

A Tabela 10 apresenta as funções de cada cargo de acordo com a CBO do MTE, ou

ao menos as ocupações mais próximas encontradas.

Fonte: adaptado do MTE (2018), elaborado pelo autor. Disponível em

<http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/home.jsf>. Acesso em setembro de 2018.

6.2.6 Processos

O desenho, documentação e mapeamento dos processos são fundamentais para o

bom funcionamento de qualquer organização, possibilitando que se tenha clareza das

atribuições que serão realizadas no ambiente empresarial – o que, por sua vez, permite a

geração e acompanhamento de indicadores. A Cadeia de Valor, conceito desenvolvido po

Porter (1989), “desagrega uma empresa nas suas atividades de relevância estratégica para

que se possa compreender o comportamento dos custos e as fontes existentes e potenciais

de diferenciação”.

CARGO NO GN2 CARGO CBO CÓDIGO CBO QTDE DESCRIÇÃO

MentoresConsultor

Administrativo2521-05 9

Planejam, organizam, controlam e assessoram as organizações nas

áreas de recursos humanos, patrimônio, materiais, informações,

financeira, tecnológica, entre outras; implementam programas e

projetos; elaboram planejamento organizacional; promovem estudos

de racionalização e controlam o desempenho organizacional.

Prestam consultoria administrativa a organizações e pessoas.

Lider (gn2) Administrador 2521-05 1

Planejam, organizam, controlam e assessoram as organizações nas

áreas de recursos humanos, patrimônio, materiais, informações,

financeira, tecnológica, entre outras; implementam programas e

projetos; elaboram planejamento organizacional; promovem estudos

de racionalização e controlam o desempenho organizacional.

Prestam consultoria administrativa a organizações e pessoas.

Capacitações (gn2)Orientador

educacional2394-10 5

Implementam, avaliam, coordenam e planejam o desenvolvimento de

projetos pedagógicos/instrucionais nas modalidades de ensino

presencial e/ou a distância, aplicando metodologias e técnicas para

facilitar o processo de ensino e aprendizagem. Atuam em cursos

acadêmicos e/ou corporativos em todos os níveis de ensino para

atender as necessidades dos alunos, acompanhando e avaliando os

processos educacionais. Viabilizam o trabalho coletivo, criando e

organizando mecanismos de participação em programas e projetos

educacionais, facilitando o processo comunicativo entre a

comunidade escolar e as associações a ela vinculadas.

Marketing (gn2)Gerente de

marketing1423-15 1

Elaboram planos estratégicos das áreas de comercialização,

marketing e comunicação para empresas agroindustriais,

industriais, de comercialização e serviços em geral; implementam

atividades e coordenam sua execução; assessoram a diretoria e

setores da empresa. Na área de atuação, gerenciam recursos

humanos, administram recursos materiais e financeiros e promovem

condições de segurança, saúde, preservação ambiental e

qualidade. Atuam no processo de decisão politica, participam da

formulação de políticas públicas, elaboram e estabelecem

estratégias de relações governamentais, analisam os riscos

regulatórios ou normativos e defendem os interesses dos

representados.

Tabela 10: Ocupações e funções de acordo com a CBO do MTE

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A Cadeia de Valor pode ser subdividida em três grupos de processos específicos,

sendo eles: processos estratégicos, processos centrais (o chamado core da companhia) e

processos de suporte (ou de apoio). A aplicação desta ferramenta no caso da Germinadora

pode ser observada abaixo.

O primeiro grupo de tarefas se refere aos processos que são executados pelo líder

do projeto (em conjunto com a professora orientadora), no sentido de determinar os

objetivos estratégicos da organização e coordenar o trabalho dos demais membros. O

segundo grupo diz respeito ao contato direto com o cliente e a maneira pela qual a proposta

de valor da companhia se desenvolve – são os processos da razão de existir do negócio,

cujo resultado pode ser notado externamente. Por fim, a terceira categoria inclui atividades

internas de suporte ao core, sendo imprescindíveis ao pleno funcionamento da empresa

mesmo que não percebidas de maneira direta pelos clientes.

Fonte: adaptado de Porter (1989), elaborado pelo autor

6.2.7 Público Alvo

Como exposto anteriormente, o público alvo da Germinadora corresponde a startups

em estágio inicial 30 de desenvolvimento, com alto potencial de impacto e inovação,

compostas por membros residentes da cidade do Rio de Janeiro e adjacências, que

demandem capacitação em assuntos relacionados a empreendedorismo, visando validar o

seu modelo de negócio (ou sua ideia) e dispostos a construir uma rede de colaboração e

fomento de atividades empreendedoras.

30 Em “estágio inicial” estão englobados os três tipos de clientes apresentados na Figura 4

Figura 19: Cadeia de Valor e processo básicos da Germinadora

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As propostas apresentadas nesse capítulo levaram em consideração as análises

elaboradas ao longo do trabalho e os objetivos da Germinadora, representados

principalmente na Missão e Visão expostas no Capítulo 5. Essas propostas devem ser

compreendidas como sugestões que visam viabilizar o crescimento contínuo do grupo,

baseadas principalmente na análise do ambiente empreendedor do Brasil (e de suas

universidades) e no diagnóstico traçado a partir das observações das atividades da

Germinadora. O capítulo apresentará as análises críticas do caso apresentado, assim como

propostas de melhoria e a conclusão do projeto de maneira geral.

Conforme exposto na figura a seguir, as propostas dizem respeito a quatro ações

gerais, sendo elas: melhoria dos processos internos, fortalecimento das parceiras,

fortalecimento da marca e compreensão da concorrência.

Fonte: elaboração própria.

Primeiramente, para criar o ecossistema de colaboração e empreendedorismo que o

Labgn2 se propõe é necessário que o grupo evolua alguns de seus processos internos,

principalmente em relação a gestão do conhecimento e transição entre gerações distintas do

grupo. É necessário criar no grupo uma cultura de acompanhamento recorrente dos projetos

acelerados após o fim do ciclo de aceleração (follow-up). Procurar entender – passados um

e/ou dois anos – em que estágio se encontram estes projetos, que dificuldades foram

encontradas por eles ao longo do tempo e que aprendizados surgiram. Trazer estes

empreendedores de volta à comunidade da Germinadora regularmente não só pode apontar

Ação geral

Ferramenta que

indica o desafio em

questão

Propostas específicas

Melhoria dos processos internos6.2.6

5.4.2

- cultura de follow-up

- cultura de feedbacks

- gestão do conhecimento

- trazer empreendedores de volta ao ecossistema

Fortalecimento das parcerias5.1.5.5

5.3.1

- buscar novas parcerias com Centros Acadêmicos,

Empresas Junior e com outras aceleradoras e incubadoras

Fortalecimento da marca 6.2.4- fortalecimento da marca em ambientes que concentrem

jovens empreendedores de backgroups distintos

Compreensão da concorrência

5.1.1

5.1.2

5.3

5.4

- compreensão do ambiente competitivo

- adaptação da concorrência em forma de parcerias

- cristalização da missão do projeto

Tabela 11: Síntese das propostas de melhorias para a Germinadora

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melhorias a serem implementadas na aceleração, mas também é crucial para a criação de

um ambiente de colaboração entre empreendedores. Além disso, é interessante também

buscar implementar uma cultura mais forte de feedbacks das empresas aceleradas em

relação ao programa – esses feedbacks, somados às percepções da geração envolvida no

ciclo em questão, devem ser o pontapé inicial para o planejamento do ano (ou ciclo)

subsequente.

Em segundo lugar, em relação ao fortalecimento das parcerias, deve-se observar

sobretudo o que foi exposto no Business Model Canvas em relação as parcerias-chave. A

Germinadora tem potencial grande de fortalecer as parcerias existentes buscando outros

entes que atuam no ambiente empreendedor e que podem funcionar como funil de captação

de novos projetos.

Inclusive, dessa forma, será possível também fortalecer a marca do Laboratório em

outros ambientes (principalmente fora do Centro de Tecnologia da UFRJ). Se o projeto se

propõe a prover educação empreendedora para jovens de diferentes backgrounds¸ faz

sentido que se fortaleça a marca em ambientes frequentados por esses jovens. Ainda dentro

do fortalecimento da marca, cabe sugerir melhorias no site do Laboratório e nas formas de

se encontrar o projeto – hoje, observa-se algumas dificuldades em se apresentar a iniciativa

para pessoas que nunca ouviram falar dela, como visto no Mix de Marketing.

Por fim, é importante mencionar a necessidade de que o Laboratório e seus

membros compreendam de maneira mais abrangente o mercado de aceleração e os

modelos de negócios das demais aceleradoras. Não exatamente para adaptar o modelo da

Germinadora ao que é praticado no mercado e sim com o intuito de entender o ambiente

competitivo em que estão inseridos. Como mencionado anteriormente, a enorme maioria

dos concorrentes diretos do projeto poderia, na verdade, atuar como parceiros em busca de

um objetivo comum. É importante que o grupo mantenha em mente a sua Missão e Visão, e

que se tenha percepção de que é mais valioso construir um ambiente de colaboração

empreendedora e buscar soluções para os desafios da ensino do empreendedorismo

(sobretudo relacionado a inovação) do que em concorrer com os demais.

A ideia é que a implantação dos planos aqui propostos possa auxiliar o projeto a

atacar os desafios do ensino empreendedor de maneira mais estruturada e auxiliar na

capacitação tanto dos membros participantes quanto das startups aceleradas. Os dois

planos – que correspondem ao objetivo central da pesquisa – foram apresentados em

caráter amplo, cabendo agora à coordenação do Laboratório o prosseguimento dos estudos

realizados e implementação das medidas sugeridas.

Foi possível explorar de forma relativamente profunda o cenário empreendedor do

Brasil, compreendendo como se dá o estudo de empreendedorismo nas universidades do

país e como as expectativas dos estudantes com relação ao mesmo estão distantes da

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realidade encontrada por eles. Foi possível também entender as maneiras pelas quais a

Germinadora gera valor para a UFRJ e para a sociedade e indicar elementos que incentive,

o desenvolvimento futuro do projeto.

A comunidade acadêmica poderia se beneficiar do que foi apresentado neste

relatório para fomentar a criação de outras iniciativas similares a da Germinadora em outros

locais com restrições similares às da UFRJ – inclusive apresentando possíveis adaptações e

melhorias –, fortalecendo o ecossistema empreendedor nos centros acadêmicos brasileiros.

Trabalhos futuros poderiam também utilizar essa pesquisa para dar prosseguimento ao

estudo de caso da aceleradora, levantando pontos estratégicos não abordados aqui.

Além disso, é possível utilizar no futuro a análise a respeito do cenário

empreendedor apresentado como base de comparação, de forma a avaliar as mudanças

ocorridas no ambiente, a evolução dos desafios apresentados e os resultados obtidos pelas

políticas adotadas.

Recomenda-se a implantação das propostas aqui listadas nos debates relativos ao

Planejamento Estratégico do Labgn2 e no planejamento das próximas edições da

Germinadora. A pesquisa apresenta questões importantes e análises consolidadas, mas há

a necessidade de que se elabore um Planejamento Estratégico completo para o projeto,

explorando itens não abordados aqui.

Em relação as limitações encontradas para o desenvolvimento da pesquisa, merece

destaque especial o fato de que o Projeto de Graduação será finalizado antes do término do

principal ciclo de aceleração estudado (3º ciclo da Germinadora). Esse fato acaba

cerceando em alguns aspectos a análise realizada, dado que não houve a observação das

operações desde seu início ao fim.

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STAM, E.; VAN STEL, A. Types of entrepreneurship and economic growth. Entrepreneurship,

innovation, and economic development, Helsinki, Novembro 2009. 78-95. Disponível em:

<https://www.researchgate.net/publication/239614663_Types_of_Entrepreneurship_and_Economic

_Growth>. Acesso em: 20 Agosto 2018.

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AN EXOS

ANEXO A – VARIÁVEIS QUE COMPÕE O GEM

As variáveis analisadas pelo GEM para a composição do seu ranking podem ser

divididas em seis categorias básicas, sendo elas: percepções pessoais, atividade,

motivação, equidade de gênero, impacto e valores sociais. Segue abaixo descrita a

definição de cada uma das variáveis estudadas, retiradas do site do GEM.

1. Percepções pessoais

Perceived Opportunities Rate – Taxa de Oportunidades Percebidas: percentual da

população entre 18 e 64 anos (sem considerar indivíduos envolvidos em qualquer estágio de

atividade empreendedora) que enxergam boas oportunidades de iniciar uma empresa na

área em que vivem.

Perceived Capabilities Rate – Taxa de Capacidades Percebidas: percentual da

população entre 18 e 64 anos (sem considerar indivíduos envolvidos em qualquer estágio de

atividade empreendedora) que acreditam ter as habilidades e o conhecimento necessários

para iniciar um negócio.

Fear of Failure Rate – Taxa de Receio de Fracassar : percentual da população entre

18 e 64 anos (sem considerar indivíduos envolvidos em qualquer estágio de atividade

empreendedora) que indicam que o medo do fracasso os impediria de criar um negócio.

Entrepreneurial Intentions Rate – percentual da população entre 18 e 64 anos (sem

considerar indivíduos envolvidos em qualquer estágio de atividade empreendedora) que são

empresários latentes e que pretendem iniciar um negócio no prazo de três anos.

2. Atividade

Total early-stage Entrepreneurial Activity (TEA) – Taxa de Empreendedorismo Inicial:

percentual da população entre 18 e 64 anos que está envolvido na estruturação e/ou é

proprietário de um novo negócio que ainda não pagou salários, pró-labores ou qualquer

outra forma de remuneração aos proprietários por menos de 42 meses (empreendedores

nascentes e novos).

Established Business Ownership Rate (EBOR) – Taxa de Propriedade de Negócios

Estabelecidos: percentual da população entre 18 e 64 anos proprietária e administra

negócios que já pagaram salários, pró-labores ou outras formas de remuneração por mais

de 42 meses.

Entrepreneurial Employee Activity Rate (EEAR) – Taxa de Atividade Empreendedora

do Empregado: taxa de envolvimento de empregados em atividades empreendedoras, tais

como desenvolver ou lançar novos produtos e serviços ou criar novas unidades de

negócios, novos estabelecimentos ou subsidiárias.

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3. Motivação

Motivation Index – Taxa de Motivação – Razão Oportunidade/Necessidade (RON):

razão entre empreendedores motivados por oportunidade em relação a empreendedores

motivados por necessidade, de acordo com as definições apresentadas no Capítulo 3.

4. Equidade de gênero

Female/Male TEA Ratio – Relação TEA Feminino/Masculino: percentual de mulheres

entre 18 e 64 anos que são ou empresárias nascentes ou proprietárias-gerente de um 'novo

negócio', dividido pelo percentual equivalente para seus pares do sexo masculino.

Female/Male Opportunity-Driven TEA Ratio – Relação Feminino/Masculino em

Relação ao Empreendedorismo por Oportunidade: porcentagem das mulheres envolvidas no

TEA que (i) alegam ser motivadas pela oportunidade em oposição a não encontrar outra

opção para o trabalho; e (ii) quem indica que o principal motivador para estar envolvido

nesta oportunidade é ser independente ou aumentar sua renda, ao invés de apenas manter

sua renda, dividida pelo percentual equivalente para seus pares do sexo masculino.

5. Impacto

High Job-Creation Expectation Rate (HJECR) – Taxa de Expectativa de Alta Criação

de Empregos: percentual das pessoas envolvidas em TEA que esperam criar 6 ou mais

empregos nos próximos 5 anos.

Innovation Rate (IR) – Taxa de Inovação: percentual das pessoas envolvidas em

TEA que indicam que seus produtos ou serviços são novos pelo menos para alguns cientes

e que poucos (ou nenhum) concorrente oferece produto similar.

6. Valores sociais

Business Services Sector Rate – Taxa Setorial de Serviços Empresariais:

percentagem de pessoas envolvidas na TEA no sector de 'Serviços às Empresas', composto

por Informação e Comunicação, Intermediação Financeira e Imobiliário, Serviços

Profissionais ou Serviços Administrativos, conforme definido pelo Código de Tipo de

Negócio ISIC 4.0.

High Status to Successful Entrepreneurs Rate – Taxa de Alto Status para

Empreendedores de Sucesso: percentual da população de 18 a 64 anos que concorda com

a afirmação de que, em seu país, empreendedores de sucesso recebem status elevado na

sociedade.

Entrepreneurship as a Good Career Choice Rate – Taxa de Empreendedorismo

Como Boa Escolha de Carreira: porcentagem de 18 a 64 pessoas que concordam com a

afirmação de que, em seu país, a maioria das pessoas considera começar um negócio como

uma escolha de carreira desejável.

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ANEXO B – CLASSIFICAÇÃO GEM DAS ECONOMIAS POR NÍVEL DE

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

A classificação GEM das economias por nível de desenvolvimento econômico é

baseada nas fases estabelecidas pelo World Economic Forum (WEF) em seu Global

Competitiveness Report. De acordo com a classificação do WEF há três tipos de economia,

sendo eles:

− Factor-driven economies – Economias baseadas em fatores: são as nações

em fase mais inicial de desenvolvimento. São países dominados por

empresas de agricultura e extração de subsistência, com forte dependência

de mão-de-obra não qualificada e recursos naturais;

− Efficiency-driven economies – Economias impulsionadas por eficiência:

países tornando-se cada vez mais competitivos, com processos de produção

mais eficientes e maior qualidade do produto;

− Innovation-driven economies – Economias impulsionadas por inovação:

correspondem aos países mais desenvolvidos em termos econômicos. Nesta

fase, as empresas são mais intensivas em conhecimento e o setor de

serviços se expande.

O GEM, em sua classificação, agrupa economias em transição de um grupo para o

outro sempre no grupo de menor desenvolvimento, isso é, economias em transição de

“impulsionadas por fatores” para “impulsionados por eficiência” são classificadas no primeiro

grupo, enquanto economias em transição de “impulsionados por eficiência” para

“impulsionados por inovação” são classificados como eficiência.

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ANEXO C – VARIÁVEIS QUE COMPÕE O GEI

O GEI é composto por dois tipos de variável: variáveis institucionais/ambiente e de

variáveis no nível dos indivíduos. Nos quadros a seguir estão expostas estas variáveis.

Fonte: Relatório especial “O Empreendedorismo e o Mercado de Trabalho” (2017), elaborado pelo

SEBRAE. Disponível em < http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/estudos_pesquisas/relatorio-

especial-o-empreendedorismo-e-o-mercado-de-

trabalhodetalhe52,5cdfda0e84ebe510VgnVCM1000004c00210aRCRD>. Acesso em agosto de 2018.

Tabela 12: Descrição das variáveis individuais utilizadas pelo GEI

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Tabela 13: Descrição das variáveis institucionais utilizadas no GEI

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Fonte: Relatório especial “O Empreendedorismo e o Mercado de Trabalho” (2017), elaborado pelo

SEBRAE. Disponível em < http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/estudos_pesquisas/relatorio-

especial-o-empreendedorismo-e-o-mercado-de-

trabalhodetalhe52,5cdfda0e84ebe510VgnVCM1000004c00210aRCRD>. Acesso em agosto de 2018.

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ANEXO D – MATERIAL PROMOCIONAL DO 3º CICLO DA GERMINADORA

Seguem expostas nas duas páginas seguintes algumas das artes promocionais

utilizadas pela Germinadora antes do 3º ciclo de aceleração, como forma de divulgar as o

período de inscrições. Essas imagens foram postadas na página do Labgn2 do Instagram.

Houve também, durante as atividades do ciclo, divulgação de fotografias dos encontros e

transmissão de vídeos ao vivo.

Fonte: página do Instagram do Labgn2. Disponível em <www.instagram.com/labgn2>. Acesso em

setembro de 2018.

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Fonte: página do Instagram do Labgn2. Disponível em <www.instagram.com/labgn2>. Acesso em

Setembro de 2018.

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ANEXO E – IMAGENS DAS SESSÕES DA GERMINADORA

Seguem expostas a seguir algumas imagens das sessões de mentoria e capacitação

da Germinadora. As duas primeiras imagens correspondem respectivamente às mentorias

de Desenvolvimento de Produto e as seguintes correspondem a sessões de ciclos passados

do projeto.

Fonte: arquivo do Labgn2.

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Fonte: arquivo do Labgn2.