elaboração e aplicação da matriz de riscos baseado na lei...

18
Elaboração e aplicação da matriz de riscos baseado na Lei das Estatais, para contratos de serviço de Engenharia Braga, C.E.M.F.; Ferreira, C.T.; Fonseca, F.C.R.; Macedo, H.C. RESUMO A busca por mais transparência na gestão pública, influenciada pelos recentes escândalos de corrupção no Brasil, culminou com a criação da Lei 13.303 de 30 de junho de 2016, conhecida como a Lei das Estatais. O objetivo principal da lei é aprimorar a governança corporativa das empresas estatais, através da ampliação ao acesso às informações, profissionalizando a gestão e reduzindo a influência do estado sobre as decisões econômicas e estratégicas das empresas públicas, das sociedades de economia mista e de suas subsidiárias, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Uma das novidades oriundas da lei é a obrigatoriedade da matriz de riscos no instrumento convocatório e na contratação. Ela consiste na lista de possíveis eventos impactantes no equilíbrio econômico-financeiro ocorridos após à assinatura do contrato e sua aplicação é um caso particular do processo de gerenciamento de risco, ou seja, não é uma modificação do processo, mas sim uma das saídas do processo. O objetivo do artigo é apresentar uma proposta de elaboração da matriz de risco pela contratante, demonstrando critérios para a alocação de responsabilidade entre as partes (contratante e contratada), além de propor métodos para calcular os custos na visão da contratante e contratada. Na visão da contratante é apresentado um método para estimar os custos dos riscos que serão transferidos para contratada e farão parte do valor referencial, bem como a definição da contingência para os riscos de responsabilidade do proprietário. Na visão da contratada é apresentado um método para orçar os custos dos riscos definidos na matriz de risco que está contida no instrumento convocatório como de responsabilidade da contratada. Por fim, o trabalho apresenta um caso hipotético de um processo licitatório mostrando uma aplicação prática dos métodos propostos e uma comparação e discussão dos resultados obtidos. PALAVRAS CHAVE: matriz de risco; orçamento; estimativa de custo; Lei das Estatais; contrato de engenharia ABSTRACT The search for more transparency in public management, influenced by the recent corruption scandals in Brazil, culminated in the creation of Law 13,303 of June 30, 2016, known as “Lei das Estatais”. The main objective of the law is to improve corporate governance of state-owned enterprises by broadening access to information, professionalizing management, and reducing state influence on corporate policies and strategies. It is applicable to the legal status of the public company, mixed-capital (public and private) company and its subsidiaries, within the Union, the States, the Federal District and the Municipalities. One of the new features of the law is the obligation of the risk matrix in the bidding process. The Law consists of the list of possible events impacting the economic-financial balance that occurred after the contract agreement and

Upload: vandieu

Post on 07-Feb-2019

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Elaboração e aplicação da matriz de riscos baseado na Lei das Estatais, para contratos de

serviço de Engenharia

Braga, C.E.M.F.; Ferreira, C.T.; Fonseca, F.C.R.; Macedo, H.C.

RESUMO

A busca por mais transparência na gestão pública, influenciada pelos recentes escândalos de corrupção no Brasil, culminou com a criação da Lei 13.303 de 30 de junho de 2016, conhecida como a Lei das Estatais. O objetivo principal da lei é aprimorar a governança corporativa das empresas estatais, através da ampliação ao acesso às informações, profissionalizando a gestão e reduzindo a influência do estado sobre as decisões econômicas e estratégicas das empresas públicas, das sociedades de economia mista e de suas subsidiárias, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Uma das novidades oriundas da lei é a obrigatoriedade da matriz de riscos no instrumento convocatório e na contratação. Ela consiste na lista de possíveis eventos impactantes no equilíbrio econômico-financeiro ocorridos após à assinatura do contrato e sua aplicação é um caso particular do processo de gerenciamento de risco, ou seja, não é uma modificação do processo, mas sim uma das saídas do processo. O objetivo do artigo é apresentar uma proposta de elaboração da matriz de risco pela contratante, demonstrando critérios para a alocação de responsabilidade entre as partes (contratante e contratada), além de propor métodos para calcular os custos na visão da contratante e contratada. Na visão da contratante é apresentado um método para estimar os custos dos riscos que serão transferidos para contratada e farão parte do valor referencial, bem como a definição da contingência para os riscos de responsabilidade do proprietário. Na visão da contratada é apresentado um método para orçar os custos dos riscos definidos na matriz de risco que está contida no instrumento convocatório como de responsabilidade da contratada. Por fim, o trabalho apresenta um caso hipotético de um processo licitatório mostrando uma aplicação prática dos métodos propostos e uma comparação e discussão dos resultados obtidos.

PALAVRAS CHAVE: matriz de risco; orçamento; estimativa de custo; Lei das Estatais; contrato de engenharia

ABSTRACT

The search for more transparency in public management, influenced by the recent corruption scandals in Brazil, culminated in the creation of Law 13,303 of June 30, 2016, known as “Lei das Estatais”. The main objective of the law is to improve corporate governance of state-owned enterprises by broadening access to information, professionalizing management, and reducing state influence on corporate policies and strategies. It is applicable to the legal status of the public company, mixed-capital (public and private) company and its subsidiaries, within the Union, the States, the Federal District and the Municipalities. One of the new features of the law is the obligation of the risk matrix in the bidding process. The Law consists of the list of possible events impacting the economic-financial balance that occurred after the contract agreement and

2 Elaboração e aplicação da matriz de riscos baseado na Lei da Estatais, para contratos de serviço de Engenharia

its application is a particular case of the risk management process, that is, it is not a modification of the process but rather one of the process outputs. The objective of the paper is to present a proposal for the owner to prepare the risk matrix, showing criteria for allocating responsibility between the parties (owner and contractor), as well as proposing methods to estimate costs in the owner's and contractor's view. It is presented to the owner a method to estimate the costs of risks that will be transferred to contractor and will be part of the agreement reference value, as well as the definition of the contingency for risks of liability of the owner. This work shows to the contractor a method to estimate the costs of risks defined in the risk matrix that is contained in the bid as his responsibility. Finally, the paper presents a hypothetical case of a bidding process showing a practical application of the proposed methods, comparison and discussion of the results obtained.

KEYWORDS: risk matrix; budget; cost estimate; EPC contract

3 Elaboração e aplicação da matriz de riscos baseado na Lei da Estatais, para contratos de serviço de Engenharia

1. INTRODUÇÃO

A Lei 13.303 de 30 de junho de 2016, conhecida como a Lei das Estatais, aborda o estatuto jurídico da empresa pública e apresenta disposições sobre licitações, contratos e fiscalização destes. Ela se aplica às empresas públicas, às sociedades de economia mista e às suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços. As empresas estatais terão o prazo de 24 meses da sua publicação para se adequarem as novas regras, ou seja, até meados de 2018.

Este trabalho se propõe a analisar como é influenciada alocação dos riscos em contratos de serviço de Engenharia e, consequentemente, a elaboração da estimativa de custo do contrato pela Contratante e do orçamento pela Contratada, sob o impacto das alterações propostas na Lei das Estatais.

A Lei 13.303 traz como solução para o conflito entre duas partes a definição de quem é o responsável por assumir e arcar com as consequências do risco que se materializou. A proposta da Lei consiste em estabelecer, para a execução do contrato, uma matriz de riscos em que cada risco identificado tenha definido o responsável por arcar com os custos oriundos do impacto da sua materialização.

Portanto os riscos devem ser listados e atribuídas as responsabilidades, entre contratada e contratante, sobre os impactos dos riscos. Contudo a Lei não estabelece métodos para a elaboração desta matriz nem sobre o critério para alocação de responsabilidades sobre os riscos. Neste trabalho ilustramos alternativas de metodologia para implementação de solução para atender as determinações desta Lei. Alguns pontos tratados estão listados abaixo:

1- Quem é o responsável por elaborar a matriz?

2- Como montar a matriz?

3- Como definir a responsabilidade pelo risco?

4- Como calcular o custo estimado do impacto do risco?

5- Como a Contratada pode orçar os riscos sobre sua responsabilidade?

2. PROCESSO DE GERENCIAMENTO DE RISCO

O processo de gerenciamento de riscos é apresentado de forma resumida conforme as normas NBR ISO 31000 (Gestão de riscos — Princípios e diretrizes) e NBR 16337 (Gerenciamento de riscos em projetos — Princípios e diretrizes gerais).

Figura 01 – Etapas do processo de Gerenciamento de Risco

Na etapa de estabelecimento do contexto tem como objetivo analisar e considerar os interesses das partes interessadas envolvidas no processo de gerenciamento de risco. Nesse intuito é necessário conhecer os detalhes do projeto, como por exemplo questões organizacionais, legais, sociais, políticas, de mercado e ambientais. Além disso nessa etapa são definidos os objetivos e responsabilidades pela gestão dos riscos. A metodologia para a identificação, análise e avaliação de riscos deve ser realizada bem como a escolha dos critérios de risco que serão utilizados.

A etapa seguinte, consiste na identificação de riscos que tem como produto uma lista abrangente, baseada em eventos potenciais de riscos e suas características, que, caso ocorram, podem ter um impacto positivo ou negativo nos objetivos do projeto. Um ponto de

4 Elaboração e aplicação da matriz de riscos baseado na Lei da Estatais, para contratos de serviço de Engenharia

atenção é que todos os riscos devem ser listados, mesmos aqueles que não estão sobre o controle da organização.

A terceira é denominada análise de riscos que contempla a qualificação e quantificação do impacto e da probabilidade de ocorrência dos riscos identificados no projeto. A análise de riscos pode ser realizada de forma qualitativa ou quantitativa mediante a disponibilidade de informações sobre os riscos.

A próxima etapa é a avaliação de riscos que consiste em comparar o resultado da análise de cada risco com o critério de tolerância adotado, com a finalidade de estabelecer a necessidade e prioridade para o seu tratamento.

O tratamento dos riscos tem como propósito desenvolver opções e determinar ações para aumentar as oportunidades e reduzir ameaças para os objetivos do projeto. As opções de tratamento podem incluir as ações, como evitar, transferir, mitigar ou aceitar. E as oportunidades podem ser exploradas, compartilhas, melhoradas ou aceitas.

Ao longo do desenvolvimento do projeto, pode-se optar por contratar parte da execução do escopo. A interface entre projeto, contrato e o gerenciamento de risco se dá através de matriz de risco do contrato. Ela tem como origem os riscos identificados no projeto, segregados pelos riscos relacionados ao contrato e na matriz de risco é definido o tipo de tratamento para cada risco, alocando entre contratante (aceitar o risco) e contratada (transferir o risco).

3. DEFINIÇÃO DA MATRIZ DE RISCO

Umas das estratégias para tratamento de riscos é a transferência. Este processo consiste, literalmente, em pagar alguém para correr o risco por você. O ganho para ambas as partes está em alocar o risco para a parte que tem maior capacidade de gerenciá-lo.

Em projetos simples, os riscos são transferidos através de contrato ou seguros, para a prestadora de serviços que assumirá sua gestão como sendo parte do escopo. À medida que os projetos se tornam mais complexos, os riscos aumentam e o grau de dificuldade para alocar corretamente a responsabilidade sobre estes pode se tornar uma nova fonte de riscos.

A definição, segundo a Lei, artigo 42, inciso X, a matriz de risco consiste em:

“Cláusula contratual definidora de riscos e responsabilidades entre as partes e caracterizadora do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, em termos de ônus financeiro decorrente de eventos supervenientes à contratação, contendo, no mínimo, as seguintes informações:

a) Listagem de possíveis eventos supervenientes à assinatura do contrato, impactantes no equilíbrio econômico-financeiro da avença, e previsão de eventual necessidade de prolação de termo aditivo quando de sua ocorrência; b) estabelecimento preciso das frações do objeto em que haverá liberdade das contratadas para inovar em soluções metodológicas ou tecnológicas, em obrigações de resultado, em termos de modificação das soluções previamente delineadas no anteprojeto ou no projeto básico da licitação;

c) estabelecimento preciso das frações do objeto em que não haverá liberdade das contratadas para inovar em soluções metodológicas ou tecnológicas, em obrigações de meio, devendo haver obrigação de

5 Elaboração e aplicação da matriz de riscos baseado na Lei da Estatais, para contratos de serviço de Engenharia

identidade entre a execução e a solução pré-definida no anteprojeto ou no projeto básico da licitação. “

No entanto, nos itens b e c, observa-se que na composição da Matriz de Riscos, houve a incorporação de conceitos de Flexibilidade do projeto (design). Contudo estes são documentos distintos, conforme listado no mesmo artigo 42, quando estabelece que os instrumentos convocatórios devam conter: no item (c) “documento técnico, com definição precisa das frações do empreendimento em que haverá liberdade de as contratadas inovarem em soluções metodológicas ou tecnológicas...” e no item (d), a Matriz de Riscos.

Este documento técnico referente a flexibilidade da contratada sobre a seleção de tecnologia, não será abordado neste artigo.

Na lei, alguns riscos já são identificados e têm suas responsabilidades específicas definidas, como:

Artigo 42 § 3o - “Nas contratações integradas ou semi-integradas, os

riscos decorrentes de fatos supervenientes à contratação associados à

escolha da solução de projeto básico pela contratante deverão ser

alocados como de sua responsabilidade na matriz de riscos.”.

Artigo 76 – “O contratado é obrigado a reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total ou em parte, o objeto do contrato em que se verificarem vícios, defeitos ou incorreções resultantes da execução ou de materiais empregados, e responderá por danos causados diretamente a terceiros ou à empresa pública ou sociedade de economia mista, independentemente da comprovação de sua culpa ou dolo na execução do contrato.”.

Um ponto de atenção na Lei consiste na informação de que os riscos de responsabilidade da Contratada não serão objeto de aditivo, conforme destacado abaixo. Por isso o correto detalhamento da matriz de risco pode reduzir os conflitos ao longo da execução do contrato.

Artigo 81, inciso VI, § 8o “É vedada a celebração de aditivos decorrentes de eventos supervenientes alocados, na matriz de riscos, como de responsabilidade da contratada.”.

A Federação Internacional de Engenheiros Consultores (FIDIC) cita em sua publicação “Conditions of contract for construction for building and engineering Works designed by the employer”, uma série de riscos que usualmente são de responsabilidade da contratada, entre ele podemos citar:

Custo de remediação se for originado de projeto desenvolvido pela contratada, por mão de obra, planos e materiais em desacordo com o previsto em contrato; alterações em métodos construtivos que comprometam a performance dos serviços.

Como riscos usuais de responsabilidade da contratante, são citados:

(a) guerras e hostilidades (quando não existe declaração de guerra);

(b) Rebeliões, terrorismo, sabotagem, revolução, insurreição, guerra civil;

(c) Desordens provocadas por pessoal que não seja da contratada;

(d) Munições, materiais explosivos, radiação ionizante ou contaminação por radioatividade, exceto as que são de uso previsto pela contratada;

(e) Danos provocados por ondas de pressão causadas por aviões ou outros tipos de aeronave deslocando a velocidades sônicas e supersônicas;

6 Elaboração e aplicação da matriz de riscos baseado na Lei da Estatais, para contratos de serviço de Engenharia

(f) Uso ou ocupação de área necessária para execução, não prevista no contrato por parte da contratante;

(g) projeto ou parte do trabalho executada por pessoal ou empresa de responsabilidade da contratante; e

(h) eventos naturais imprevisíveis ou que mesmo contratadas experientes não tenham como tomar ações preventivas.

Embora os itens (a), (b), (c), (d) e (h) sejam tratados como eventos de “Força Maior”, sabotagem, desordens, munições, materiais explosivos e radiação, se forem relacionados ao pessoal ou à operação da contratada, devem ser alocados corretamente.

A matriz de riscos deve listar os riscos considerados e informar a alocação do risco (contratada/contratante).

Segundo a publicação “Orientações para elaboração de planilhas orçamentárias de obras públicas” do Tribunal de Contas da União – TCU, o contrato vincula obrigações ao construtor, prescritos pelo contratante, com impacto no preço da obra. Cita como exemplo o prazo de execução da obra e a alocação de riscos do contrato. Este último, diz o documento, é essencial para o dimensionamento das propostas por parte dos licitantes.

A mesma publicação fornece como exemplo de risco de responsabilidade da contratada que, perdas por roubo/furto são decorrentes de falha gerencial do construtor na condução da obra, constituindo-se em um risco exclusivo deste.

Quando eventos omissos ocorrem, podem gerar disputas. O objetivo da inclusão da Matriz de Riscos no processo licitatório, preconizada pela lei das estatais é, restringir os casos omissos através de definições antecipadas pela Matriz de Riscos contratual e sua consequente alocação de responsabilidades. Portanto, o ganho para ambas as partes do contrato está na correta alocação destas responsabilidades, pois quem tiver maior capacidade de gestão sobre o risco, possa responder pelo seu gerenciamento e tratamento. Este ganho se materializará através da redução da oneração das partes decorrentes de riscos que ela não tem condição de mitigar. Ou seja, diferente da prática corrente a contratada não orçará riscos que não estão alocados sob sua responsabilidade, o mesmo se aplicando a Contratante.

4. ESTIMATIVA DE CUSTO COM RISCOS

A elaboração da Estimativa de Custos do contrato, pela contratante, é feita através das seguintes etapas:

● Estimativa base para execução do escopo ● Cálculo das incertezas associadas a execução do escopo ● Cálculo do impacto dos riscos associados a execução do escopo. Para isto, são necessários os seguintes documentos e informações:

● documentos de projeto correspondentes ao nível de maturidade em que ele se encontra.;

● documentação do processo de contratação, tais como anexos e adendos contratuais; ● cronograma de execução da obra e histograma de recursos; ● listas de bens e materiais; ● Avaliação de maturidade do projeto; ● análise qualitativa e quantitativa de riscos; ● matriz de riscos (detalhada).

A estimativa base de custos inicia com os dados de projeto (especificações de equipamentos e materiais e etc.) e informações de planejamento de recursos (quantidade de

7 Elaboração e aplicação da matriz de riscos baseado na Lei da Estatais, para contratos de serviço de Engenharia

homem-hora por função, planejamento de montagem de canteiro de obra, aluguel de equipamentos de montagem e etc.).

Os documentos de projeto correspondem a documentação técnica de engenharia como por

exemplo: memorial descritivo, lista de materiais, lista de equipamentos, lista de

instrumentos). O cronograma de execução da obra e o histograma de recursos

compreendem as informações de quantitativos de execução da obra. As listas de bens e

materiais são usadas para a precificação dos itens levantados no projeto.

A avaliação de maturidade do projeto irá definir o nível de incertezas a serem consideradas

para melhorar a qualidade da estimativa base.

Os documentos de contratação, refletem a estratégia de execução planejada e detalham as

responsabilidades do contratante e do contratado. A partir da análise de risco, são

selecionados os riscos que o plano de resposta é a transferência para a contratada e a

aceitação dos que ficaram sob responsabilidade da contratante.

Com estas informações conseguimos desenvolver a estimativa de custos do contrato.

O processo de estimativa de custo pode ser resumida no seguinte fluxograma:

Figura 02: processo resumido da estimativa de custos

A elaboração da estimativa de custos base, ou seja, determinística, não consideram incertezas e riscos.

As incertezas correspondem às indefinições naturais dos itens que compõem a estimativa de custos:

● quantitativo de materiais (ex: comprimento de tubulação, volume de concreto), ● planejamento de recursos e cronograma (ex: tempo de cura do concreto, quantidade

de homem-hora necessário para montar 100 m de tubulação de processo), ● variações nos custos dos itens acima (ex: valor atribuído aos tubos e válvulas).

As incertezas existem em itens já considerados no cálculo da estimativa base do projeto, ou seja, ela é considerada como variações (para cima e para baixo) de itens já definidos na estimativa de custos como, por exemplo: salário do soldador, preço do tubo em aço carbono e etc.

Para um projeto em grau de definição de classe 2 ou 1 (segundo a AACEi) é esperado baixa variação de itens da estimativa de custos, de +- 7% a +- 10% para os itens. O grau de maturidade do projeto é refletido na análise de incertezas, quanto maior a maturidade, menores as incertezas.

Considerando o exemplo abaixo temos com valor global da estimativa, considerando como valores determinísticos os itens da coluna “Provável” o valor global seria de R$ 4.062.500,00.

ENTRADAS

Escopo

Cronograma

Planejamento de recursos

Histograma

Matriz de riscos

TÉCNICAS

Julgamento de especialistas

Base de dados de custos

Informações de mercado

Tratamento de tributos

Uso de ferramentas

SAÍDAS

Estimativa de custos

Estrutura analítica de custos

8 Elaboração e aplicação da matriz de riscos baseado na Lei da Estatais, para contratos de serviço de Engenharia

Tabela 01: tratamento de incertezas

Pode se simular o resultado do tratamento das incertezas através da simulação de Monte Carlo. Este processo gera um histograma com a frequência dos resultados desta simulação e uma curva de probabilidade acumulada com variação dos custos globais conforme os gráficos a seguir.

Figura 03: Gráfico resultante da simulação da tabela anterior, considerando apenas incertezas.

Na figura 03 é representada a frequência (%) em que cada valor foi resultado da simulação. O pico representa a MODA, valor que obteve a maior frequência, neste caso, 4.383.245,03. Este histograma permite verificar o intervalo de confiança da simulação e sua dispersão, neste caso temos 90% de probabilidade de o valor ficar entre 3.877.402 e 4.987.510.

9 Elaboração e aplicação da matriz de riscos baseado na Lei da Estatais, para contratos de serviço de Engenharia

Figura 04: Curva de probabilidade acumulada.

No gráfico de probabilidade acumulada, conseguimos avaliar a probabilidade de uma determinada estimativa acontecer frente ao modelo simulado. Neste caso temos 95% de probabilidade de o valor da estimativa ser maior que 3.877.402 e 10% de probabilidade dele ser maior que 4.987.510. O mesmo processo é utilizado para análise quantitativa dos riscos. Neste caso, são selecionados riscos com impacto em custo para serem representados no modelo de estimativa do projeto.

A matriz de riscos lista os eventos e o responsável pela mitigação. Mas para a análise de riscos, além dessas informações, é necessária uma estimativa da probabilidade de do impacto de cada risco, ou seja, cada risco recebe um tratamento específico para ser usado na análise. Para formação da proposta, a estimativa de custo do contratante que atua como um orçamento da proponente, deve considerar na análise de risco apenas os riscos que são de responsabilidade da contratada. Ou seja, apenas os riscos alocados, na matriz de riscos, como de responsabilidade da contratada devem ser considerados para a formação de proposta na estimativa de custos da contratante.

Então, nova análise de riscos deve ser realizada, agora considerando os eventos listados na matriz que devem ser transferidos para a contratada e as incertezas do projeto. O resultado deste processo será a visão probabilística da estimativa do custo do contrato que será licitado. Uma etapa que não será explorada neste artigo é o estabelecimento de contingências pela contratante que é desenvolvido através da análise quantitativa dos riscos, considerando a estimativa do contrato e os riscos que serão assumidos pelo contratante.

A tabela a seguir ilustra a entrada de dados de incertezas e da matriz de riscos para o cálculo da contingência.

10 Elaboração e aplicação da matriz de riscos baseado na Lei da Estatais, para contratos de serviço de Engenharia

Tabela 02: análise de riscos

Como resultado obtemos a curva de probabilidade da análise de risco. A figura a seguir mostra o comparativo entre os resultados do tratamento das incertezas (em vermelho) e da análise de riscos (em azul).

Figura 05: comparativo entre a análise de risco e tratamento de incerteza

Com o resultado da análise de riscos, representado em azul no gráfico, a empresa contratante, baseado na estratégia de contratação, irá estabelecer o percentil a ser considerado como valor estimado do contrato, considerando os riscos transferidos para a contratada.

5. CASE

O caso proposto é baseado em uma licitação hipotética de uma obra industrial. Será apresentado as duas visões: contratante e contratada. Devido à complexidade do processo, serão adotadas algumas simplificações discriminadas ao longo do texto.

Estabelecido o escopo do contrato e elaborada sua estimativa de custo e prazo, a contratante inicia sua análise de riscos e incertezas. Após identificados e qualificados, os principais riscos da implementação deste escopo, a contratante irá selecionar quais riscos irão compor a matriz de risco, documento necessário para o processo licitatório. Conforme

11 Elaboração e aplicação da matriz de riscos baseado na Lei da Estatais, para contratos de serviço de Engenharia

detalhado nos capítulos 2 e 3, através da análise qualitativa todos os riscos que podem ocorrer foram identificados e qualificados quanto a sua probabilidade de ocorrência e impactos nos objetivos do projeto. O passo seguinte desse processo é o tratamento dos riscos. Em nosso estudo de caso, para cinco (5) deles analisou-se a possibilidade de transferir a responsabilidade pelos riscos, como parte da estratégia de resposta.

Tabela 03. Lista de riscos

1 Força Maior

2 Atraso na Licença de operação

3 Furto

4 Inovação Tecnológica aplicada no processo

5 Quebra ou atraso no fornecimento dos equipamentos

O critério adotado para definição de responsabilidade sobre os riscos foi considerar como responsável aquele que tem a maior capacidade de gerenciá-lo. Conforme detalhamento abaixo:

Força maior – neste risco estão considerados eventos como furação, terremotos, guerra, terrorismo, etc. A ocorrência de um evento dessa natureza traz incertezas que tornam difícil uma mensuração. Portanto, transferi-lo para a contratada significaria provocar uma variabilidade incomensurável nas propostas comerciais. Além disso o FIDIC aloca esse risco como de responsabilidade da contratante.

Atraso na licença de operação – foi considerado no contrato que a contratante é responsável por atuar junto aos órgãos reguladores e pela emissão da licença operacional da planta industrial. Consequentemente a contratada não terá possibilidade de atuar junto aos órgãos para viabilizar a emissão da licença operacional dentro do prazo definido no contrato, ficando como de responsabilidade da contratante.

Furto – foi definido que a obra ocorrerá em uma área aberta e a segurança do local contratualmente é de responsabilidade da contratada. Logo, o risco de ocorrência de furtos é de responsabilidade desta. Outro ponto que corrobora essa decisão é o guia “Orientações para elaboração de planilhas orçamentárias de obras públicas” do TCU que define que o furto deve ser alocado como de responsabilidade da contratada.

Inovação Tecnológica aplicada no processo – nesse caso hipotético a empresa contratante optou por utilizar um processo inovador em sua planta. Portanto, o principal ator que pode gerenciar riscos da correta escolha e implementação dessa inovação é a contratante e, com isso, ficar contratualmente responsável pelos impactos que esta opção possa trazer para o projeto.

Quebra ou atraso no fornecimento dos equipamentos – como premissa contratual, a compra e o transporte do equipamento é de responsabilidade da contratada. Desde que não haja alterações de projeto pela contratante que afetem o projeto desses equipamentos, esse risco pode ser melhor gerenciado pela contratada.

Por fim, a matriz de riscos que resume o processo de alocação de responsabilidade é apresentada na tabela 04.

12 Elaboração e aplicação da matriz de riscos baseado na Lei da Estatais, para contratos de serviço de Engenharia

Tabela 04. Matriz de Riscos

Risco Responsabilidade

1 Força Maior Contratante/Contratada

2 Atraso na Licença de operação Contratante

3 Furto Contratada

4 Inovação Tecnológica aplicada no processo Contratante

5 Quebra ou atraso no fornecimento dos equipamentos Contratada

Estabelecida a responsabilidades pelos riscos, passamos a fase de quantificar o impacto da transferência destes riscos para o valor do contrato. Para isto, precisamos da estimativa de custo pela contratante, conforme descrito no capítulo 04. O resultado é apresentado na tabela 05. Como premissa para simplificar o processo são discriminados os valores estimados em nível macro, ou seja, para cada disciplina, incluindo os custos diretos, indiretos e o BDI totalizando como valor determinístico $ 10.000.000,00 (dez milhões).

Tabela 05 - Estimativa de custo da Contratante sem considerar impacto dos riscos

Item EAP Disciplina %

Valor Determinístico $

(mil) 10000

1 Construção Civil 15% $ 1.500,00

2 Equipamentos 30% $ 3.000,00

3 Tubulação 25% $ 2.500,00

4 EIT (Elétrica, Instrumentação e

Telecom)

15% $ 1.500,00

5 Comissionamento 10% $ 1.000,00

6 Outros 5% $ 500,00

Total 100% $ 10.000,00

Como o processo de estimativa de custo não é determinístico e sim probabilístico, devido às incertezas da metodologia, dos quantitativos e do planejamento adotado, foi utilizada a metodologia PERT, considerando uma visão otimista com redução linear de -10%, e uma pessimista, com um acréscimo linear de 15%. Como valor mais provável, foi considerado o valor determinístico da estimativa de custo. O cálculo da estimativa utilizando o método PERT é $ (mil) 10.083,33 (dez milhões, oitenta e três mil, trezentos e trinta) conforme tabela 06.

Tabela 06 – Resultado da metodologia PERT para incluir as incertezas no valor da estimativa de custo.

13 Elaboração e aplicação da matriz de riscos baseado na Lei da Estatais, para contratos de serviço de Engenharia

Item

EAP

Disciplina % Mais Provável

(determinístico)

Otimista

(-10%)

Pessimista

(+15%)

PERT

(Ot + 4*MP + P)/6

1 Construção Civil 15% $ 1.500,00 $ 1.350,00 $ 1.725,00 $ 1.512,50

2 Equipamentos 30% $ 3.000,00 $ 2.700,00 $ 3.450,00 $ 3.025,00

3 Tubulação 25% $ 2.500,00 $ 2.250,00 $ 2.875,00 $ 2.520,83

4 EIT 15% $ 1.500,00 $ 1.350,00 $ 1.725,00 $ 1.512,50

5 Comissionamento 10% $ 1.000,00 $ 900,00 $ 1.150,00 $ 1.008,33

6 Outros 5% $ 500,00 $ 450,00 $ 575,00 $ 504,17

Total 100% $ 10.000,00 $ 9.000,00 $11.500,00 $ 10.083,33

Os resultados probabilísticos deste modelo são apresentados nos gráficos a seguir.

Figuras 06 e 07 – Resultado do modelo probabilístico para a estimativa de custo (curva de distribuição de frequência e de probabilidade)

14 Elaboração e aplicação da matriz de riscos baseado na Lei da Estatais, para contratos de serviço de Engenharia

Portanto após 5.000 interações, obtivemos como resultado da simulação que existe 20,7% de probabilidade do custo ficar menor ou igual a $ 10.000. Para a estimativa PERT, a probabilidade aumenta para 32,2%. Da curva de probabilidade acumulada, podemos estabelecer um valor determinístico, com uma dada probabilidade de ocorrência. Por exemplo, selecionando o P(50%), teremos $ 10.192,35. Ou seja, em 50% das 5.000 interações, o valor do modelo ficou menor, ou igual a este valor.

Com a estimativa de custo considerando as incertezas, passamos a estimar os custos de cada risco, conforme descrito no capítulo 04. Apesar da recomendação do cálculo através de uma estimativa detalhada para mensurar o impacto de cada risco, por simplificação foi considerado uma estimativa por percentual fixo baseado na experiência do estimador. Para cada risco foi avaliado em quais disciplina sua ocorrência traz impactos. Esta análise é apresentada na tabela 07.

Tabela 07 -Resultado da análise do impacto de cada risco nas disciplinas.

Registro dos Riscos

1 2 3 4 5

EAP Unidade de Processo

Força Maior

Atraso na Licença

de operação

Furto

Inovação Tecnológica aplicada no processo

Quebra ou atraso no

fornecimento dos equipamentos

1 Construção Civil X X

2 Equipamentos X X X

3 Tubulação X X X

4 EIT X X

5 Comissionamento X X X

6 Outros X X

Para cada risco, então é quantificada sua probabilidade de ocorrência e impacto em custo. Essa definição deve levar em conta o histórico e a experiência do time de projeto. O resultado é apresentado na tabela 08. Cabe destacar que para o risco denominado Força

15 Elaboração e aplicação da matriz de riscos baseado na Lei da Estatais, para contratos de serviço de Engenharia

Maior, em virtude da imprecisão em estimar os possíveis impactos da ocorrência desse risco ele não foi considerado na simulação.

Tabela 08 – Resultado da quantificação da probabilidade de ocorrência e impacto de cada risco.

Dados para simulação dos Riscos

Risco Probabilidade Impacto

1 Força Maior NA NA

2 Atraso na Licença de operação 25% 30%

3 Furto 60% 3%

4 Inovação Tecnológica aplicada no processo 50% 40%

5

Quebra ou atraso no fornecimento dos equipamentos 30% 25%

Utilizamos um software de simulação para apresentar o resultado do projeto, considerando os riscos mais incertezas e comparando-o com resultado considerando apenas as incertezas. Observa-se com a inclusão dos riscos um aumento significativo na distribuição dos resultados.

Figura 08 – Comparação entre o modelo considerando somente as incertezas (distribuição vermelha) e modelo com riscos mais incertezas (distribuição azul)

No caso, o valor probabilístico adotado somente para incertezas (PERT), é $ (mil) 10.083 e apresenta apenas 9,6% de probabilidade no modelo com a inclusão dos riscos (distribuição azul). Neste modelo o P50 representa o valor de $ (mil) 10.786,00, ou seja, um acréscimo de $ (mil) 703,00.

Para estabelecer o valor previsto do contrato, precisamos considerar os riscos que serão transferidos para a contratada como parte de seu escopo. Para simular este resultado,

16 Elaboração e aplicação da matriz de riscos baseado na Lei da Estatais, para contratos de serviço de Engenharia

rodaremos novamente o modelo, excluindo os Riscos 2 e 4, que no case, serão aceitos pela contratante. O resultado é a apresentado na figura 09 e na tabela 09.

Figura 09 – Histograma vermelho – modelo considerando somente incertezas. Histograma azul – modelo considerando incertezas mais riscos de 2 a 5. Histograma verde – modelo considerando incertezas mais riscos de 3 a 5 ou valor previsto do

contrato.

No gráfico apresentamos em vermelho a distribuição considerando apenas as incertezas e com o valor determinístico escolhido (PERT), com 32,2% de probabilidade. Este mesmo valor, considerando riscos, cai para uma probabilidade de sucesso de 9,6%, conforme a distribuição azul. Nossa estimativa para o valor do contrato, considerando os riscos transferidos é definida pelo P(50%) da distribuição verde, que é de $ (mil) 10.403.

Em forma tabular, os resultados obtidos são:

Tabela 09 – Comparação entre os modelos somente com incertezas (PERT), incertezas mais riscos e incertezas mais riscos transferidos para a contratada (valor estimado do contrato). Valores em $ (mil)

PERT

(incertezas) Riscos +

incertezas Valor Estimado do

contrato

P10 $9.896,03 $10.089,21 $9.972,32

P50 $10.192,35 $10.786,08 $10.402,83

P75 $10.354,68 $11.314,43 $10.788,58

P90 $10.499,21 $11.792,90 $11.150,83

Média $10.194,44 $10.869,82 $10.487,65

Moda $10.157,83 $10.165,90 $10.233,58

A escolha de um percentual ou média, por exemplo, é uma decisão gerencial. Em nosso caso, estabelecemos o P50 para definir o valor de referência para a licitação, considerando os riscos transferidos conforme a Matriz de Riscos, conforme apresentado na figura 10.

17 Elaboração e aplicação da matriz de riscos baseado na Lei da Estatais, para contratos de serviço de Engenharia

Figura 10 – Resultado do valor de referência para a licitação elaborado pela contratante

O processo de orçamento da contratada é similar ao processo de estimativa da contratante, exceto que a definição de responsabilidade sobre os riscos é definida na matriz de riscos do contrato. Outros fatores de variação em relação ao exposto: a acurácia e a precisão do orçamento da contratante, a percepção dos riscos (probabilidade e impacto considerados) e estratégia ao adotada ao definir o percentil para o valor final do orçamento.

6. CONCLUSÃO

A inclusão da matriz de risco nos processos licitatórios permite para os contratos de engenharia minimizar as indefinições sobre a responsabilidade dos impactos gerados pela ocorrência de fatores supervenientes que geralmente acarretavam disputas entre as partes. O artigo apresenta uma proposta de metodologia para a definição da matriz de riscos e elaboração da estimativa de custo e orçamento pela contratante e pela contratada, respectivamente.

Apesar da matriz de risco mitigar as indefinições que existem atualmente, ficou evidenciado pelo case que existem variáveis que influenciam o valor do contrato, desde a correta alocação de responsabilidade sobre os riscos, suas definições de probabilidade e impacto, até a decisão gerencial sobre qual valor probabilístico deve ser adotado.

O processo é iniciado pela contratante ao identificar e qualificar os riscos. Para elaborar a sua estimativa do valor do contrato ela estabelece a alocação das responsabilidades sobre os riscos que serão referência para a contratada. Em função do seu apetite ao risco, fatores de mercado, estratégia de negócio, entre outros, a gerência do projeto estabelecerá o valor probabilístico adotado.

A partir do instrumento convocatório, que contém a matriz de riscos, a contratada deve orçar a execução do escopo e os riscos sob sua responsabilidade. Assim como a contratante a definição do valor probabilístico da proposta é uma decisão gerencial considerando os mesmos fatores mencionados no parágrafo anterior.

Cabe ressaltar que o objetivo do presente trabalho não foi esgotar o assunto, mas proporcionar um caminho para que as partes possam atender as novas exigências legais.

18 Elaboração e aplicação da matriz de riscos baseado na Lei da Estatais, para contratos de serviço de Engenharia

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT, 2009, Norma 31000 – Gestão de Riscos – Princípios e diretrizes.

ABNT, 2015, Norma 16337 – Gerenciamento de Riscos em Projetos – Princípios e diretrizes

gerais

Association for the Advancement of Cost Engineering (AACEI), 2008, Prática Recomendada

40R-08 – Contingency Estimating – General Principals.

Federação Internacional de Engenheiros Consultores (FIDIC), 2010, Conditions of contract

for construction for building and engineering Works designed by the employer.

Lei N° 13.303, 2016.

Project Management Institute (PMI), 2012, A guide to the Project Management Body of

Knowledge (PMBOK)

TCU, 2014, Orientações para Elaboração de Planilhas Orçamentárias de Obras Públicas

TCU.