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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Janeiro/Fevereiro - 2014 PUBLICAÇÃO DA DIVISÃO DE JORNALISMO DA COORDENADORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL www.ufv.br Ano 42 Viçosa (MG), Janeiro/Fevereiro - 2014 Número 1.456 UFV comemora 10 anos de pesquisa na Antártica Pesquisadores do Núcleo Terrantar da UFV mantêm uma das maiores redes de monitoramento climático em solos gela- Núcleo de Educação de Adultos estende atividades a deficientes visuais Campus Viçosa participa do PAA Em 2014, a população de Viçosa conta- rá com mais uma alternativa em educação: a alfabetização para deficientes visuais. A turma será oferecida pelo NEAd, que já iniciou a capacitação de sua equipe. Página 5 Por meio do Programa de Aquisi- ção de Alimentos (PAA), agricultores familiares de Viçosa e região comer- cializam feijão vermelho, café e ba- nana prata para restaurantes da Uni- versidade. Página 10 dos no mundo. São mais de 20 pontos em regiões onde as temperaturas vão muito abaixo de zero. Página 7 Nova opção de curso A UFV começa a ofere- cer, este ano, o curso de Li- cenciatura em Educação do Campo. O processo de se- leção aconteceu em feve- reiro. São 120 vagas preen- chidas prioritariamente por quem tem vínculo com o campo. Página 3 Universidade repassa tecnologia de fortificação de arroz para empresas e insti- tuições. O objetivo é con- Combate à fome oculta tribuir para a redução de de- ficiências de vitaminas e mi- nerais na alimentação. Página 11

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1UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Janeiro/Fevereiro - 2014

PUBLICAÇÃO DA DIVISÃO DE JORNALISMO DA COORDENADORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL www.ufv.brAno 42 Viçosa (MG), Janeiro/Fevereiro - 2014 Número 1.456

UFV comemora 10 anosde pesquisa na Antártica

Pesquisadores do Núcleo Terrantar daUFV mantêm uma das maiores redes demonitoramento climático em solos gela-

Núcleo de Educação deAdultos estende atividades

a deficientes visuais

Campus Viçosaparticipa do PAA

Em 2014, a população de Viçosa conta-rá com mais uma alternativa em educação:a alfabetização para deficientes visuais. Aturma será oferecida pelo NEAd, que jáiniciou a capacitação de sua equipe.

Página 5

Por meio do Programa de Aquisi-ção de Alimentos (PAA), agricultoresfamiliares de Viçosa e região comer-cializam feijão vermelho, café e ba-nana prata para restaurantes da Uni-versidade.

Página 10

dos no mundo. São mais de 20 pontosem regiões onde as temperaturas vãomuito abaixo de zero. Página 7

Nova opçãode curso

A UFV começa a ofere-cer, este ano, o curso de Li-cenciatura em Educação doCampo. O processo de se-leção aconteceu em feve-

reiro. São 120 vagas preen-chidas prioritariamentepor quem tem vínculo como campo.

Página 3

Universidade repassatecnologia de fortificação dearroz para empresas e insti-tuições. O objetivo é con-

Combate àfome oculta

tribuir para a redução de de-ficiências de vitaminas e mi-nerais na alimentação.

Página 11

2 UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSAJaneiro/Fevereiro - 2014

PUBLICAÇÃO DAUNIVERSIDADE

FEDERAL DE VIÇOSA

Registro no Cartório de Títulos eDocumentos da Comarca de Viçosa sob

o nº 04, livro B, nº 1, fls. 3/3v

JORNAL DA UFV

REITORA

Nilda de Fátima Ferreira Soares

VICE-REITOR

Demetrius David da Silva

COORDENADORA DE

COMUNICAÇÃO SOCIAL

(CCS)

Kátia Fraga

DIVISÃO DE JORNALISMO/CCS

JORNALISTA RESPONSÁVEL

E EDITORA

Adriana Passos

(Reg. Prof. 3400-MTb-MG)

REDAÇÃO

Adriana Passos, Fernanda

Rossoni, Izabel Morais e Léa

Medeiros

FOTOGRAFIA

Daniel Sotto Maior

DESIGNER GRÁFICO

Márcio Jacob

IMPRESSÃO

Editora UFV

Divisão Gráfica Universitária

DIRETOR

Clóvis Andrade Neves

DIVISÃO DE GRÁFICA

UNIVERSITÁRIA

José Paulo de Freitas

Divisão de Jornalismo

Vila Giannetti, Casa 41 Campus Universitário

CEP 36570-000 - Viçosa - MGTelefax (31) 3899-2877

E-mail: [email protected]

Em janeiro, o congresso téc-nico da Federação UniversitáriaMineira de Esporte (FUME)aprovou a decisão de que, após28 anos, Viçosa voltará a se-diar os Jogos Universitáriosde Minas Gerais (JUMs). Ain-da sem data definida, o torneiodeve acontecer entre o final deabril e o começo de maio. Cer-ca de 1.200 estudantes de insti-tuições de ensino superior deMinas, públicas e privadas, de-verão participar.

Em janeiro, o atleta Welling-ton Dias Mendes, do projeto deextensão de Levantamento dePeso do Departamento de Educa-ção Física da UFV, foi convoca-do para integrar a seleção bra-sileira de Levantamento dePeso na disputa dos Jogos Sul-Americanos de 2014. O evento,que ocorre de quatro em quatroanos, será realizado na cidade deSantiago do Chile, entre os dias7 e 14 de março. É a décima edi-ção dos Jogos, que contam comdisputas de 43 modalidades es-portivas, dentre elas o Levanta-mento de Peso. Wellington dispu-tará na categoria até 69 quilos.

Em 6 de fevereiro, no cam-pus Viçosa, a cerimônia de pos-se da nova diretoria da Asso-ciação Atlética Acadêmica(Luve), que inclui representan-tes dos campi de Florestal e RioParanaíba. O presidente eleito,Vitor Lana Gonçalves, é estudan-te do 8° período de Educação Fí-

O uso, abuso e dependên-cia de substâncias psi-coativas têm crescido e

se tornado um fenômeno mun-dial. No Brasil, pesquisasapontam que a entrada na uni-versidade representa um perío-do de vulnerabilidade para oinício e manutenção do uso deálcool e outras drogas.

Na UFV, desde 1989, a Di-visão Psicossocial, vinculada àPró-reitoria de Assuntos Comu-nitários (PCD), desenvolveações de assistência e trata-mento ao uso abusivo e depen-dência alcoólica. A partir de2009, com a ampliação do seufoco e atualização de sua me-todologia, o Programa adotouuma nova denominação: Pro-grama UFV de Atenção ao UsoAbusivo de Álcool e OutrasDrogas / Bem Viver.

Neste cenário, desde 2012,a Divisão Psicossocial, por meiodo Programa Bem Viver, vempromovendo na UFV uma cam-panha de prevenção ao uso abu-sivo de álcool e outras drogas,denominada “Março de Boa!”.Esta Campanha faz parte daagenda de saúde da PCD, abran-ge os três campi e tem sido rea-lizada sempre no primeiro mêsletivo, por meio de uma série deações desenvolvidas com as co-munidades universitárias.

Em virtude da complexida-de que envolve a questão dasdrogas, é fundamental que asações se façam de forma am-pla e integrada. Assim, com oobjetivo de envolver as comu-nidades universitária e viçosen-se na discussão desta temáticae também na prevenção do usoabusivo de álcool e outras dro-gas, bem como na promoção dasaúde e bem-estar, a CampanhaMarço de Boa!, a partir desteano, contará com mais parcei-ros. Além do Agros e do Con-selho Municipal de Políticassobre Drogas (Comad), a Cam-panha terá também parceriacom as divisões de Esportes eLazer e de Assuntos Culturaisda UFV, os departamentos deEducação Física e Dança e seg-mentos estudantis, como a As-sociação Atlética Viçosense

(Luve) e o grupo de maracatuBloco. A Campanha conta ain-da com o patrocínio da Funda-ção Arthur Bernardes e da Co-operativa de Economia e Cré-dito Mútuo dos Servidores daUFV (Sicoob UFVCredi).

Nesta perspectiva, está sen-do construída uma agenda comuma série de atividades e ela-borados materiais publicitári-os e uma cartilha, para ser dis-tribuída às comunidades uni-versitárias.

Dentro do Programa BemViver, a Divisão Psicossocialpromoverá ainda o projeto De-safios da Liberdade, que temcomo objetivos acolher os ca-louros e dar a eles informaçõessobre a assistência estudantiloferecida pela UFV por meio daPró-reitoria de Assuntos Comu-nitários. Também serão aborda-dos temas relacionados às difi-culdades de escolhas frente àsnovas contingências da vidauniversitária, às diversidades deideias, costumes e crenças, bemcomo aos comportamentos derisco, como o uso abusivo deálcool e outras drogas, a práti-ca sexual sem proteção e o usodas redes sociais.

Outro projeto desenvolvidodentro do Programa é o Con-viver. Voltado para os novosmoradores dos alojamentos,sua proposta é promover o aco-lhimento e a integração, alémde minimizar os conflitos vi-venciados pelos novos morado-res. Para isto, são realizadosdois encontros, nos quais aschefias dos diversos órgãos daassistência estudantil da PCDinformam sobre suas ações einteragem com os novos mora-dores, esclarecendo possíveisdúvidas. O Projeto conta tam-bém com a participação de al-guns segmentos estudantis, quetêm a oportunidade de se apro-ximar dos novos moradores.

A Divisão Psicossocialconvida todos para conhecereme aderirem à Campanha. Afi-nal, a prevenção do uso abusi-vo de álcool e outras drogasdepende do envolvimento detodos os segmentos da socie-dade. Seja você também umparceiro. Acompanhe a progra-mação e se engaje nesta causa.

Carmen Lúcia GomideChefe da Divisão Psicossocial

Divisão PsicossocialVila Giannetti, casa 28/Campus Viçosa

Fone: 3899-1675 -E-mail: [email protected]

Blog:divisaopsicossocial.blogspot.com.br

Aconteceu...

No dia 7 março, a colação degrau dos formandos dos centrosde ciências Biológicas e da Saú-de e de Humanas, Letras e Artes,do campus Viçosa; no dia 14 demarço, a dos formandos dos cen-tros de ciências Agrárias e deExatas e Tecnológicas, tambémno campus Viçosa. No dia 21 de

sica da UFV e terá um ano demandato. Sua expectativa é “com-por um dos melhores anos dos 53de história da Associação”.

No dia 10 de fevereiro, a pos-se de 28 técnicos administrati-vos, que irão atuar em diferentessetores dos campi de Viçosa, Flo-restal e Rio Paranaíba. A possefoi a primeira de 2014. Entre osnovos funcionários estava Tatia-ne Cristina Serafim, uma das qua-tro empossadas na vaga de nutri-cionista. Segundo ela, trabalharna UFV é a realização de um so-nho, principalmente por ser ex-aluna. “Estou lisonjeada de fazerparte desta instituição sobre aqual tenho plena certeza da qua-lidade. Pretendo contribuir damelhor forma possível para man-ter esta qualidade”.

Vai acontecer...

março, será a vez da colação degrau dos formandos do campusRio Paranaíba e, no dia 22, a dosde Florestal.

No dia 17 de março, o iníciodo primeiro semestre letivo daUFV, cujo término está previstopara 19 de julho.

3UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Janeiro/Fevereiro - 2014

Em 2014, a UFV terásua primeira turma, nocampus Viçosa, do

curso Licenciatura em Educa-ção do Campo. O processo se-letivo aconteceu no dia 23 de fe-vereiro e o início das ativida-des está previsto para 7 de abril.

Diferentemente dos ou-tros cursos da Universida-de, a Licenciatura em Edu-cação do Campo não inte-grou o Sistema de SeleçãoUnificada (Sisu). Participa-ram do processo seletivoquem completou o EnsinoMédio regular ou recebeu o

Licenciatura em Educação do Campo:nova opção de curso da UFV

Da esq. para a dir, o chefe do Departamento de Economia Rural,Wilson da Cruz Vieira, a reitora e o representante da família,

Gilson Potsch Magalhães

certificado de conclusão combase no resultado do ExameNacional do Ensino Médio(Enem), do Exame Nacionalpara Certificação de Compe-tências de Jovens e Adultos(Encceja) ou de exames de cer-tificação de competência ou deavaliação de jovens e adultosrealizados pelos sistemas esta-duais de ensino.

São 120 vagas preenchidasprioritariamente por aqueles quetêm vínculo com o campo:professores, educadores popula-res ou monitores, integrantes demovimentos sociais, egressos de

escolas e trabalhadores do meiorural, índios e quilombolas. A li-cenciatura será oferecida no mo-delo de pedagogia da alternância,com parte de suas atividades re-alizada nos municípios mineirosde Acaiaca, Araponga e CatasAltas da Noruega.

O coordenador do curso, o pro-fessor do Departamento de Edu-cação Geraldo Márcio Alves dosSantos, considera a iniciativa im-portante em termos sociais e aca-dêmicos. Isso porque, além de ofe-recer estudo para quem deseja con-tinuar no campo, o curso ajudarána promoção de ações de desen-

volvimento local e de diálogos en-tre os saberes tidos como eruditose populares.

Para o pró-reitor de Ensi-no, Vicente de Paula Lelis, o ofe-recimento do curso será ummarco para a formação de pro-fessores pela UFV, em funçãoda necessidade de os futurosdocentes terem um perfil dife-renciado para atender a umpúblico com exigências edu-cacionais específicas. Outracontribuição importante, emsua opinião, refere-se à meto-dologia de ensino-aprendiza-gem proposta que, ao longo do

N o dia 24 de janeiro, aUniversidade home-nageou o centenário

do nascimento do seu primeiroreitor, responsável pela sua fe-deralização: o professor EdsonPotsch Magalhães (1914-2008). No campus Viçosa, areitora Nilda de Fátima Ferrei-ra Soares descerrou uma placacom dizeres de gratidão próxi-mo ao busto do professor, lo-calizado ao lado da reitoria.

Entre os convidados, o fi-lho de Edson Potsch, o ex-pro-fessor do Departamento deEconomia da UFV Gilson

Edson Potsch Magalhães recebehomenagem pelo centenário de nascimento

Potsch Magalhães, falou sobre apalavra e o sentimento saudade elembrou alguns momentos com opai. Ele agradeceu a “iniciativagentil da Universidade” e disseque o homenageado, que “amavaa vida”, adoraria estar presentepara comemorar seu centenário.

Ao lembrar alguns grandesfeitos de Edson Potsch, a reitoraafirmou que a instituição sempreserá grata e reconhecerá o traba-lho do professor, que entendeu aimportância da sua federalizaçãoem 1969. “Foi uma decisão ou-sada. A Universidade era signifi-cativamente agrária, mas ele per-cebeu que ela iria se desenvolverem diversas áreas do conhecimen-to. Hoje, formamos este grandepatrimônio: a UFV contempla to-das as áreas do saber”, disse.

Edson Potsch MagalhãesNascido em Paula Cândido,

município vizinho de Viçosa, oprofessor Potsch morreu aos 94anos com o privilégio de ter vivi-do e atuado em diferentes e sig-nificativos momentos da história

da UFV. Primeiramente, comoaluno do curso técnico agrícola daantiga Escola Superior de Agri-cultura e Veterinária (Esav), ondetambém se formou como enge-nheiro agrônomo e integrou a pri-meira turma da Diretoria do Cen-tro de Estudantes. Ali tambéminiciou sua carreira de professor,que se estendeu pelas outras fa-ses da instituição, como Univer-sidade Rural do Estado de MinasGerais (Uremg) e como UFV, naqual se aposentou.

Na Uremg, foi o primeiro pro-fessor catedrático, obteve o títu-lo de doutor em Economia Rurale assumiu, dentre outras funções,as de reitor por dois mandatosconsecutivos, vice-reitor, primei-ro diretor da Escola de Pós-gra-duação e fundador e diretor doInstituto de Economia Rural. Nadécada de 40, obteve o título deMagister Scientiae, no Iowa StateCollege, hoje Iowa State Univer-sity (Estados Unidos).

Por seu dinamismo e perfil vi-sionário, o professor também ocu-pou diversas funções no estado e

recebeu várias homenagens, comoo título de Doutor Honoris Cau-sa, em 1973, pela Universidadede Purdue (Estados Unidos). Elefoi o primeiro latino-americano areceber essa honraria.

Mais informações sobre o pro-fessor podem ser conferidas na se-

ção Personagens e Pioneirosdo portal da UFV (www.ufv.br)e no programa Memória Viva,a História da UFV, exibido em2001 pela TV Viçosa e dispo-nível no YouTube no endereçoeletrônico http://youtube/kHCjrwEuAe0.

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tempo, irá influenciar asmetodologias de ensino deforma geral.

A Licenciatura em Educa-ção do Campo terá duraçãomínima de 4 anos, formando ehabilitando professores paraatuarem nas séries finais dosensinos fundamental e médioem escolas do campo e na ges-tão de processos educativos,bem como para construírem eimplementarem projetos políti-co-pedagógicos.

Mais informações:[email protected]

4 UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSAJaneiro/Fevereiro - 2014

EXTENSÃO

Por meio de projetos e programas de extensão, a UFV oferece às comunidades uni-

versitária e viçosense diversas ativi-dades. Os cursos de extensão em lín-guas estrangeiras são algumas delas.Atualmente, o Departamento de Le-tras (DLA), por exemplo, proporci-ona o ensino de inglês, espanhol, fran-cês, italiano e latim, nos níveis bási-co, intermediário e avançado.

Geralmente, os professores sãoestudantes do DLA, que habilitaseus alunos para o ensino de Por-tuguês-Inglês, Português-Espa-nhol ou Português-Francês. Aomesmo tempo em que os cursos –permanentes ou eventuais – ser-vem para pesquisas, experimenta-ções, estágios e treinamentos deprofessores, graduandos e pós-gra-duandos do Departamento, elespossibilitam à comunidade oaprendizado de línguas a um bai-xo custo. Essa vantagem, inclusi-ve, foi uma das razões para que agraduanda em Engenharia Elétri-ca Emília Galvão optasse poraprender a língua inglesa dentro docampus universitário. Ela recebeuseu certificado de conclusão doscinco níveis do Curso de Exten-são em Língua Inglesa (Celin) nodia 12 de fevereiro, após quatroanos de estudo.

InglêsDentre os cursos, o mais anti-

go é o Celin (www.celin.ufv.br),que iniciou suas atividades em1998, ganhando regimento e nomepróprio em 2005. Com materialdidático específico, ele permiteque seus professores experimen-tem métodos de ensino diferentes.

No Curso, há duas modalida-des: a extensiva, com carga horá-ria semanal de quatro horas e du-ração total de cinco anos, e a in-tensiva, com seis horas semanaise duração de dois anos e meio.

Além das aulas, o Celin pro-move ainda atividades faladas eminglês, como o evento Celin Talks,para complementar e enriquecer oaprendizado. Atualmente, são 493alunos e 23 professores, coorde-nados pelas docentes do DLA AnaMaria Barcelos e Hilda Coelho.

Francês e espanholO Curso de Extensão em Lín-

gua Francesa (Celif) também ofe-rece as modalidades extensiva,

Do inglês ao latim, cursos de línguasatendem à comunidade

com carga horária semanal de qua-tro horas e duração de três anos, eintensiva, com seis horas por se-mana e duração de dois anos. Comaulas teóricas e práticas, ele contacom sete professores que atendema 160 alunos. As atividades sãocoordenadas pela professora doDLA Christianne Rochebois(www.celif.ufv.br)

Já o Curso de Extensão emLíngua Espanhola (Celes), cria-do em 2011, tem aulas semanaisde 3h30 e duração de três anos.

Ele é coordenado pela professo-ra do DLA Mariana Ruas e tem103 alunos e sete professores(www.celes.std1.net).

Italiano e latimO mais novo curso é o de Ex-

tensão em Língua Italiana (Celit).Suas atividades começaram em2012 e incluem o trabalho comescrita, fala, leitura e audição emaulas que também valorizam o le-gado da cultura italiana para omundo. Com carga horária sema-

No dia 12 de fevereiro, oCelin realizou uma cerimôniade entrega de certificados para37 estudantes que concluíramos seus cinco níveis recente-mente. A iniciativa, pioneiraem 16 anos, foi dos própriosalunos. Além de receberemseus certificados, os estudan-tes homenagearam professoresque se destacaram durante oCurso, entre eles o graduadoem Letras André dos Santos.

O Curso de Extensão em Língua Espanhola utiliza, em suas aulassemanais, livros didáticos específicos

Atualmente, cerca de 500 alunos participam das aulas rotineiras e atividades complementares do Celin

nal de quatro horas, totalizando 46horas semestrais, o Celit tem doismódulos de nível básico e, em2014, também oferecerá aulas denível intermediário.

Suas turmas contam com cer-ca de 15 alunos e são coordenadaspelo professor do DLA EdsonMartins. Ele também coordena asatividades do Curso de Extensão

em Língua Latina (Celat), inicia-das em 2005, com o ensino do la-tim clássico. Seus dois módulos denível básico têm carga horária se-manal de quatro horas, totalizan-do, também, 46 horas semestrais. OCurso em Língua Latina é uma opor-tunidade para quem se interessa poráreas específicas, como Biologia,Ciência da Religião, Ciências So-ciais, Direito, Filosofia, Históriae pelo aprendizado da língua daRoma Antiga. As turmas do Celattêm cerca de oito alunos.

As secretarias de todos os cursosde extensão em línguas funcionam nacasa nº 12 da Vila Giannetti, nocampus Viçosa. As aulas aconte-cem nos pavilhões de aulas I e II(PVA e PVB) e no Departamentode Letras.

Celin: (31) [email protected]

Celif: (31) [email protected]

Celes: (31) [email protected]

Celit: (31) [email protected]

Celat: (31) [email protected]

Izabel Morais

Mais informações podem serobtidas pelos telefones e e-mails:

Para ele, sua experiência noCelin foi uma oportunidade depraticar a atividade de docên-cia antes de se inserir no mer-cado de trabalho. “Essa é agrande diferença do Curso. Elenos mostra o que dá certo ou nãoantes mesmo de termos o nossoprimeiro emprego”, disse. Andrécursou Letras na UFV entre2006 e 2011 e, depois de se gra-duar, continuou trabalhando noCelin por mais dois anos.

Entr ega de certificados

5UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Janeiro/Fevereiro - 2014

EXTENSÃO

Em 2014, a população joveme adulta de Viçosa passaráa contar com mais uma al-

ternativa em educação: alfabetiza-ção para deficientes visuais – par-ciais ou totais. A turma será ofe-recida pelo Núcleo de Educaçãode Adultos (NEAd) da UFV, quejá iniciou sua capacitação na área.A pedagoga Maria Dalva de Frei-tas e oito estagiárias do NEAd es-tiveram no Instituto BenjaminConstant (IBC), no Rio de Janei-

Viçosa ganha curso de alfabetizaçãopara jovens e adultos com deficiência visual

ro (RJ), para um curso sobre alfa-betização no sistema de leitura eescrita para cegos: o Braille. Essefoi o primeiro entre os muitos quea equipe pretende participar.

Segundo a coordenadora doNúcleo, a professora do Departa-mento de Educação Rosa Porca-ro, a nova turma será aberta emagosto e, até lá, o NEAd estarábem preparado: “agora, nosso tra-balho é formar pessoas para atuarna área”. A ideia de abrir uma tur-

ma de alfabetização para jovens eadultos com deficiência visual sur-giu em 2012, quando uma profes-sora do IBC – pioneiro em educa-ção de pessoas com deficiênciavisual na América Latina – estevena Universidade para ministraruma palestra e uma oficina duran-te o XXIII Fórum Regional deEducação de Jovens e Adultos.

Somado a isso, de acordo coma professora Rosa, havia o fato deViçosa não ter trabalhos específi-cos na área. “O objetivo do Nú-cleo é ser um espaço de educaçãopara jovens e adultos e de forma-ção para graduandos na docência.Quanto mais conseguimos ampli-ar nosso campo de atuação, am-pliamos nosso espaço de aprendi-zagem”.

Proporcionar esse tipo de aten-dimento na cidade será uma reali-zação para a pedagoga Maria Dal-va, que considerou o curso de al-fabetização em Braille como omelhor entre todos que participou.A expectativa para colocar o co-nhecimento adquirido em práticae aprender mais sobre o assunto égrande: “recebemos materiaismuito bons, com partes teóricas epráticas, e, com o tempo, podere-

mos criar os nossos próprios. OInstituto também oferece cursos depreparação de materiais”.

A professora Rosa explicouque, como grande parte das ativi-dades do NEAd é desenvolvidapor estagiários, é importante que apedagoga participe de todo o proces-so de capacitação. “As estagiáriasnão estarão aqui sempre. A Dalvaserá o elemento de continuidade”,ressaltou.

Jéssica Lopes, estudante dooitavo período do curso de Pe-dagogia, que desenvolve ativi-dades no Núcleo desde 2010,também participou do curso noRio de Janeiro e disse que a ex-periência foi enriquecedora.“Nunca tive contato com umaprofessora e com alunos cegos”,destacou a estudante, que teminteresse em explorar a área

profissionalmente.Quando as novas turmas do

NEAd começarem suas atividades,ela e outras estagiárias provavel-mente terão se graduado e a profes-sora Rosa espera que elas atuemcomo agentes multiplicadores des-se conhecimento.

ParticipaçãoO Nead já está formando uma

lista de espera para as turmas dealfabetização para jovens e adul-tos com deficiência visual. Osinteressados com mais de 18anos podem se inscrever na se-cretaria do Núcleo, localizada nacasa nº 33 da Vila Giannetti, nocampus Viçosa. Mais informaçõespodem ser obtidas pelo telefone(31) 3899-1380.

Izabel Morais

A professora Rosa (à esq.) e a pedagoga Maria Dalva, que acompanharátodo o processo de capacitação do NEAd

A primeira capacitação da equipe do NEAd aconteceu em janeiro, noInstituto Benjamin Constant

As atividades do Núcleode Educação de Adultos foraminiciadas em 1987, como par-te de um projeto de alfabeti-zação de adultos da Associa-ção dos Servidores Adminis-trativos da UFV (Asav), queidentificou que 30% dos fun-cionários da instituição eramanalfabetos. Essas atividadesforam se expandindo com otempo e, em 1995, o projeto

Sobre o Neadse transformou no NEAd.

Atualmente, o Núcleoatende a cerca de 100 estudan-tes com mais de 18 anos dascomunidades universitária eviçosense por ano. Ele ofere-ce aulas de alfabetização, depreparação para exames ava-liativos dos ensinos funda-mental e médio e de inclusãodigital, com aulas de nível bá-sico em informática.

6 UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSAJaneiro/Fevereiro - 2014

PESQUISA

Quem tem olhos paraver, enxerga o queninguém vê. Foi

assim que o doutorando emFitotecnia da UFV Wagnerde Souza Tavares encon-trou, em Viçosa, um insetoque nunca havia sido des-crito em nenhum lugar domundo. Ele não estava pro-curando, mas quem traba-lha e estuda pragas na agri-cultura não vê um insetocomo os simples mortais.

Wagner conta que passavaperto do Horto Botânico da UFV,em Viçosa, quando se deparoucom frutos de chichá (Sterculiachicha) espalhados sobre o chão.Apesar da beleza dos frutosgrandes e vermelhos da árvore,o que chamou a atenção do pes-quisador foram os insetos quesaíram do fruto e que pareciamser de três espécies diferentes. Odoutorando coletou os insetos eos levou a um laboratório daUFV. Eram mesmo três espécies

Pesquisador encontranova espécie de inseto

em diferentes estágios de larvas,ninfas e adultos.

Todos os animais e plantasconhecidas são classificados deacordo com características co-muns em espécie, gênero, famí-lia, ordem, classe, filo e reino.Isso é chamado de taxonomia.Wagner já havia identificadoque os insetos eram do gêneroDysdercus, mas não encontrounenhuma referência à espécie.Com a ajuda do professor JoséCola Zanúncio, do Departamen-to de Biologia Animal da UFV,eles encontraram na Universityof Connecticut, nos EstadosUnidos (EUA), o especialistaem taxonomia de insetos CarlW. Schaefer.

Os insetos foram enviadosaos EUA e foi então que o pro-fessor Shaefer percebeu queeram de uma espécie que aindanão havia sido descrita. Depoisde consultas em todo o mundo,ficou definido que se tratava deuma nova espécie. Em consenso,o grupo de pesquisadores envol-vidos na descoberta decidiu no-mear a espécie de stehlik, dedi-

cando o achado ao pesquisadortcheco Jaroslav L. Stehlík, umdos pioneiros nos estudos de ta-xonomia em Pyrrhocoroidea, apartir de 1960. A descoberta jáfoi publicada na revista científi-ca Acta Musei Moraviae, Scien-tiae biologicae, em uma ediçãoespecial produzida em homena-gem a Stehlík. Alguns indivídu-os do inseto foram depositadosem museus públicos no Brasil,EUA e República Tcheca.

Segundo o professor Za-núncio, o inseto encontradoem Viçosa se alimenta de ex-sudados de frutos de chichá epertence à mesma ordem dospercevejos. Nesta ordem, es-tão insetos que são inimigosnaturais de pragas agrícolase florestais, como os perceve-jos predadores e o percevejohematófago, transmissor dadoença de Chagas. O profes-sor também considera que oD. stehliki pode ser a primei-ra espécie encontrada apenasem Viçosa. Pelo menos porenquanto.

Léa Medeiros

O Dysdercus stehliki pertence à ordem Hemiptera, família Pyrrhocoridae, subordem Heteroptera.Ele faz parte da mesma ordem de outros insetos inimigos naturais de pragas florestais

O estudante de Advanced Sen-sor Applications (Engenharia deSensores Avançados), do HanzeInstitute of Technology (HIT), daHolanda, Alexander Eick, está naUFV-Florestal. Ele é o primeiro docurso de Advanced da HIT a par-ticipar de estudos na UFV.

Desde outubro, ele integra oprojeto HydroNode: Uma redesensores aquáticos de baixo cus-to e consumo, coordenado no cam-pus pelo professor do curso de Ci-ência da Computação José Augus-to Nacif, em colaboração com asuniversidades federais de MinasGerais (UFMG) e de Juiz de Fora(UFJF).

O projeto visa à ampliação dosconhecimentos referentes a algo-ritmos e métodos para o desenvol-vimento de dispositivos para redesde sensores aquáticas, em particu-lar de um protótipo de sensor comcomunicação. O objetivo é a cons-trução de um arcabouço teórico eexperimental para investigação deproblemas inerentes às redes desensores aquáticas e à aplicaçãodos resultados em problemas es-pecíficos, como monitoração e co-leta de dados.

Segundo Nacif, alguns senso-res utilizados por oceanógrafos nasuperfície (rafos) dispõem de co-municação via satélite, que é in-terrompida quando eles estão sub-mersos. Como não é possível sa-ber se os sensores estão funcionan-do, onde estão localizados e quaisos dados coletados, o projeto

Campus Florestalrecebe estudante do

Hanze Institute ofTechnology

HydroNode busca criar um protó-tipo de nó sensor com comunica-ção acústica, possibilitando o de-senvolvimento das redes de senso-res aquáticas.

O professor conta que, apesarde a pesquisa ser recente, há inú-meras aplicações para a rede desensores aquática. Algumas dasáreas beneficiadas são oceanogra-fia, biologia marinha, estudos doclima e do aquecimento global eexploração e monitoração de cam-pos de gás, óleo e petróleo.

O interesse de Alexander Eickpelo projeto surgiu em função daforte relação entre o trabalho e oseu curso de graduação e tambémpela ampla possibilidade de apli-car os conhecimentos no mercadoprofissional. Ele destaca o apren-dizado no Laboratório de Enge-nharia de Sistemas de Computa-ção (LESC), onde vem desenvol-vendo, testando e corrigindo errosno software embarcado do sensoraquático.

O estudante conta que tem ad-quirido experiência, especialmen-te, em tarefas como programaçãode microcontroladores e projeto deplacas de circuito impresso. Alémdisso, ressalta a oportunidade detrabalhar em uma equipe compos-ta também por pesquisadores deoutras instituições como uma gran-de chance de aprendizado, o que,acredita, será um diferencial emseu currículo.

Fernanda Pessoa Rossoni

Alexander Eick (à esq.) com os alunos de Ciência da Computação Lucas Bragançada Silva e Rodrigo Oliveira Figueiredo e o professor José Augusto Nacif

7UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Janeiro/Fevereiro - 2014

PESQUISA

Uma década de estudos e pesquisasno continente Antártico

H á 10 anos, a UFV fin-cava sua bandeira nasterras geladas do con-

tinente Antártico. Uma aventu-ra científica que já rendeu aoBrasil mais de 10 teses de dou-torado, outras tantas disserta-ções de mestrado e a publica-ção de muitos artigos científi-cos. Cada um dos mais de 30pesquisadores que participaramdo projeto na Antártica hojeatua em universidades e centrosde pesquisas em todo o Brasil.E é assim que a UFV vem con-tribuindo para a construção deum conhecimento que pode sermuito útil para um futuro quese avizinha a cada verão: enten-der como o aquecimento globalpode interferir no clima e nossolos planetários.

Ao completar 10 anos, ospesquisadores do Núcleo Ter-rantar da UFV mantêm uma das

te sul-americano é diretamenteinfluenciado pelo que acontecena Antárt ica”, explicao coordenador do Núcleo Ter-rantar e professor do Departa-mento de Solos da UFV, Car-los Ernesto Schaefer.

“Nesta fase de transição cli-mática, que parece indicar oaquecimento global, os solos in-dicam como as mudanças alte-ram o ambiente. Os solos queficam gelados na maior parte doano na Antártica ou nos Andessão ambientes frágeis, o quepermite avaliar fatores impor-tantes como a influência datemperatura na formação dossolos, nos processos físicos,químicos e biológicos e na di-nâmica dos ecossistemas terres-tres”, diz o pesquisador da UFVFelipe Simas.

Além de vários professoresdo Departamento de Solos da

maiores redes de monitoramen-to climático em solos geladosno mundo. São mais de 20 pon-tos em regiões onde as tempe-raturas vão muito abaixo dezero. Em cada um, os pesqui-sadores instalaram sensores ca-pazes de monitorar as altera-ções nas temperaturas do soloe do ar. A cada verão, eles vol-tam à Antártica para coletardados que geram novas pesqui-sas. A novidade agora é que oNúcleo sediado na UFV apro-vou dois projetos no ConselhoNacional de DesenvolvimentoCientíf ico e Tecnológico(CNPq) que injetam mais de R$2 milhões para a continuidadedas pesquisas. Parte deste di-nheiro será usada na compra deequipamentos capazes de gerardados em tempo real e que po-dem ser monitorados em qual-quer lugar do mundo.

A outra novidade é que acompetência adquirida pelaUFV nesta área permitiu ampli-ar as pesquisas também para asterras geladas da Cordilheirados Andes. Há cerca de trêsanos, os pesquisadores vêm ins-talando equipamentos, coletan-do dados e realizando pesquisasno Equador, Chile, Argentina ePeru. Tudo isso em parceria comuniversidades destes países e ca-pacitando outros pesquisadoresno estudo de solos gelados.

Mas o que as terras geladasdas ilhas na Antártica ou no altoda Cordilheira dos Andes têma ver com aquecimento global?Tudo a ver! A região é respon-sável por 90% do gelo do pla-neta e por 80% da água doce, erepresenta um indicador dasmudanças climáticas que estãoafetando o planeta. “Tudo o queacontece no clima do continen-

Na Antártica, os pesquisadores querementender as mudanças ambientais no solo ena água. Nos Andes, a importância é aindamaior. Milhões de pessoas moram nessasregiões abaixo das altitudes que nevam e

precisam da água do degelo para sobreviver.Nos últimos três anos, pesquisadores da UFVe de outras universidades latino-americanas

instalaram 12 sítios de monitoramentoambiental desde a Patagônia até os Andes

equatorianos

Os pesquisadores do Núcleo Terrantar da UFVprocuram áreas de degelo para estudar as

consequências do aquecimento no comportamento dosolo e da vegetação

UFV, também faz parte do Nú-cleo Terrantar a equipe coorde-nada pelo professor do Depar-tamento de Engenharia Agríco-la Flávio Justino. O projetoconsiste em coletar dados paracriar modelos matemáticos so-fisticados que avaliam as mu-danças climáticas e podem sercapazes de apontar tendênciaspara o futuro. A continuidadedessas pesquisas também serápossível graças ao financiamen-to do Edital do CNPq aprova-do no final de 2013.

Com o apoio financeiro,pelo menos nos próximos trêsanos, em algum lugar gelado aosul do planeta, deverá haver umpesquisador da UFV escalandograndes altitudes em busca dedados para as pesquisas que jáfazem parte do futuro.

Léa Medeiros

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INOVAÇÃO

Em janeiro, o Centro Tecno-lógico de Desenvolvimen-to Regional de Viçosa

(CenTev) realizou a primeira edi-ção do evento CenTev em Siner-gia para apresentar projetos – no-vos e concluídos - de negócios doprograma de pré-incubação da In-cubadora de Empresas de BaseTecnológica (IEBT) da UFV. Oobjetivo foi promover a interaçãoentre empreendedores, empresasvinculadas e externas, parceiros eintegrantes do CenTev.

Foram apresentados cinco pro-jetos: Bikestop (solução inovado-ra para estacionamento de bicicle-tas); Biofábrica (para reduzir ouso de produtos químicos na agri-cultura); Geotecnologia (inova-ções no planejamento do setor flo-restal e do agronegócio em progra-mação computacional e geopro-cessamento); Desenvolvimento e

Interação para o desenvolvimento tecnológico

avaliação do tapete de fibraspara plantio de mudas (produtode palha prensada para plantio demudas) e Técnicas Escolares deConstrução (equipamentos e kitsexperimentais que auxiliam oaprendizado em Física).

O evento foi mais um exemplodas iniciativas propostas pelo Cen-tro Tecnológico que têm como ob-jetivo maior a interação, palavraque permeia a sua linha de atua-ção. Foi com esse compromisso,inclusive, que o CenTev foi cria-do, em 2001. Vinculado à UFV, oseu papel é promover a interaçãoda Universidade com o setor pro-dutivo e, com isso, contribuir parao desenvolvimento de Viçosa e re-gião. De que maneira? Segundo adiretora executiva do CenTev, pro-fessora Adriana Ferreira Faria,pelo incentivo, por exemplo, aoempreendedorismo de base tecno-

lógica e à cultura empreendedora– inclusive individual - que possi-bilitem a transferência de tecno-logia da UFV para a sociedade e acriação e atração de novas empre-sas. Com isso, estimula-se o de-senvolvimento e a competividadede empresas que vão gerar empre-go e renda de qualidade.

Dentre os principais objetivosdo CenTev estão coordenar açõesque possibilitem a participação daUFV no desenvolvimento tecno-lógico; identificar produtos e pro-cessos que propiciem inovações;promover a prospecção perma-nente das potencialidades tecno-lógicas da UFV e contribuir paraque as tecnologias sejam passa-das às empresas existentes ou aserem criadas em Viçosa. Cabeainda ao CenTev estabelecer aconvivência entre a Universida-de e o setor produtivo, para pos-

sibilitar o uso de equipamentos ea participação de pesquisadores,grupos de trabalho ou departa-mentos no esforço de criação deempresas de alta tecnologia.

Todos esses objetivos envol-vem a oferta de infraestrutura, ser-viços e consultorias a projetos ino-vadores de pré-incubação e a em-presas da Incubadora de Empre-sas de Base Tecnológica (IEBT) eresidentes no Parque Tecnológicode Viçosa (tecnoPARQ). Envol-vem também a preparação e reali-zação de eventos, cursos de capa-citação e rodadas de negócios.Tudo isso, por sua vez, é alinha-vado pela construção permanentede uma rede de relações e parceri-as, bem como pela participação doCenTev em projetos que assegu-rem parte dos recursos necessári-os para a sua manutenção e reali-zação de seus objetivos.

UnidadesLocalizado em uma área de

214 hectares, 174 dos quais depreservação permanente, o CentroTecnológico de DesenvolvimentoRegional de Viçosa abriga quatrounidades, três das quais funcionamnesse espaço: a IEBT, o tecno-PARQ e o Núcleo de Desenvolvi-mento Social e Educacional (Nu-dese), que, segundo Adriana Fa-ria, tem como objetivo oferecerações esportivas e educacionais àcomunidade de Viçosa, promoven-do o desenvolvimento humano.Outra unidade é a Central de Em-presas Juniores (Cemp), que fun-ciona no campus Viçosa da UFV ereúne 33 empresas vinculadas adiferentes cursos de graduação.São mais de 800 estudantes que,sob a orientação de professores,colocam em prática o conhecimen-to obtido em sala de aula por meio

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do oferecimento de serviços,como consultorias a empresáriosda região.

A mais antiga unidade – aIEBT – precede a própria criaçãodo CenTev. Desde 1996, sua mis-são é viabilizar a criação e o de-senvolvimento de novos negóciosde base tecnológica e difundir acultura empreendedora e as tecno-logias inovadoras trabalhadas naUFV. Por meio da IEBT, os empre-endedores são capacitados e incen-tivados para a utilização das tec-nologias de gestão para que possamaumentar a competitividade de seusnegócios e adotar novos processosde tomada de decisão.

Ao longo de sua história, a In-cubadora já graduou 30 empresasde base tecnológica e apoiou de-zenas de projetos de inovação etransferência de tecnologia. Atu-almente, possui oito empresas in-cubadas e 11 projetos pré-incuba-dos.

Os serviços são orientados deacordo com a fase de instalação econsolidação do negócio: Pré-In-cubação (quando a ideia, o produ-to ou serviço precisa de suportepara ser transformado em negócio)ou Incubação. Atualmente, Viço-sa conta com um expressivo nú-mero de empresas de base tecno-lógica, em sua maioria spin-offs

(novas empresas) de origem aca-dêmica, desenvolvidas no âmbitoda IEBT/CenTev/UFV.

A maior das unidades do Cen-Tev é o tecnoPARQ, o primeiroparque tecnológico de Minas Ge-rais em operação. Seu objetivo épromover o desenvolvimento regi-onal por meio da atração de novosnegócios de base tecnológica e dafixação e consolidação das empre-sas graduadas da incubadora. Atu-almente, são seis empresas funci-onando no Parque e duas em pro-cesso seletivo.

O prédio principal do CenTev/UFV tem uma área de aproxima-damente 4,5 mil metros quadrados,com salas de reunião e de treina-mento, laboratórios e auditório.Neste espaço, funciona tambémum escritório da Comissão Perma-nente de Propriedade Intelectual(CPPI) da UFV, que é o Núcleode Inovação Tecnológico da Uni-versidade (NIT). A CPPI está in-serida no conjunto de ações desen-volvidas pela UFV para aprimo-rar e consolidar a gestão da pro-priedade intelectual, bem comoproteger os conhecimentos gera-dos, produtos e/ou processos, quevenham contribuir para o desen-volvimento da sociedade, da comu-nidade científica e do setor indus-trial do país. Além disso, está ins-talado no prédio do CenTev umescritório para a operação do Se-braetec - programa de apoio doSebrae, executado em parceriacom a UFV, por meio do CentroTecnológico e da Pró-reitoria deExtensão e Cultura -, que ofereceserviços tecnológicos às empresas.

Com 13 anos de história, oCentro Tecnológico é um dosprincipais caminhos para que aUniversidade trabalhe o conceitode inovação na prática e, segun-do a professora Adriana Faria,contribua para o desenvolvimen-to das pessoas e das empresas deViçosa e região.

Adriana Passos

A cônsul da AustráliaSheila Lunter participou,no campus Viçosa, de umareunião de trabalho em tor-no do projeto TropicalAlliance. Trata-se de umainiciativa que envolve osgovernos australiano e bra-sileiro, bem como univer-sidades e empresas dosdois países, para o fortale-cimento das ciências tropi-cais. A proposta é buscarsolução para os problemascomuns às regiões tropi-cais: da saúde humana aomeio ambiente.

Por ser uma universidadeque reúne cursos de excelêncianas ciências agrárias e ambien-tais, a UFV se tornou uma par-

Projeto Tropical Allianceaproxima UFV de

instituições australianas

Para atender à sua missão,o CenTev promove, por meio doseu Escritório de Ligação – In-novation Link, operado em par-ceria com a CPPI, a interaçãoentre a Universidade e as em-presas. O Escritório realiza aatuação permanente do portfó-lio tecnológico da UFV, desen-volve estudos de viabilidade,prospecta as demandas tecnoló-gicas das empresas e viabiliza

Mais informações: www.centev.ufv.br

ceira natural das instituiçõesaustralianas, conforme contou acoordenadora técnica da Dire-toria de Relações Internacio-nais (DRI) – órgão responsávelpela logística do evento -, pro-fessora Simone Guimarães. Se-gundo ela, a parceria com aUFV também envolve projetosnas áreas de engenharia sani-tária e de saúde.

Para Sheila Lunter, o fato deo Brasil e a Austrália teremgrande parte dos seus territóri-os localizada na Zona Tropicalsignifica problemas e desafiosidênticos, que necessitam decolaboração para que sejam su-perados. Ela considera que auniversidade, por meio da pes-quisa, tem o papel fundamentalde buscar soluções tecnológi-cas que podem ser comerciali-zadas e adaptadas para as re-

giões tropicais.Segundo a professora Simo-

ne Guimarães, após a reuniãoficou decidida a criação de umapágina na internet para dispo-nibilizar as informações rela-t ivas ao Tropical Al l iance.Além disso, juntamente com oCentro Tecnológico de Desen-volvimento Regional de Viço-sa (CenTev), haverá a prospec-ção de potencialidades na UFVe também em outras universi-dades brasileiras, para que se-jam formadas redes de pesqui-sa nas áreas abordadas. Elaconta que a UFV já mantém co-laborações com instituiçõesaustralianas, mas que a inten-ção é “fortalecer essas intera-ções e aumentar o número deuniversidades e institutos depesquisa com os quais se temintercâmbio”.

os encontros de inovação entrepesquisadores e empresas.

O Innovation Link resultaem encontros de inovação que,além da interação, são uma pos-sibilidade de apresentar o espa-ço e as ações do CenTev, bemcomo o ambiente do ParqueTecnológico. Desses encontros,conforme a diretora do Centro,podem sair vários produtos eprojetos de pesquisa. Diversos pesquisadores participaram da reunião de trabalho com a cônsul

Para Adriana Faria, o CenTev é um dosprincipais caminhos para que a UFV

trabalhe o conceito de inovação

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Innovation Link

10 UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSAJaneiro/Fevereiro - 2014

Crescentemente, a UFV vematendendo ao preceito deque um dos papéis da uni-

versidade é contribuir para o de-senvolvimento regional. A adesão,em dezembro, ao Programa deAquisição de Alimentos (PAA) éum exemplo disso e significa naprática a possibilidade de agricul-tores familiares de Viçosa e regiãocomercializarem seus produtospara a instituição.

A partir deste semestre, um sá-bado por mês, os usuários do Res-taurante Universitário (R.U.) docampus Viçosa terão em seus ban-dejões feijão vermelho, café e ba-nana prata fornecidos por agricul-tores da região. Esses produtos vi-rão acrescidos de um ingredienteimperceptível e imensurável: a ale-gria de quem trabalha há anos nocampo para ter essa oportunidade.

A chamada pública para aqui-sição dos produtos aconteceu emdezembro e a entrega das amos-tras no final de janeiro. Antes de acompra ser oficializada, todas pas-sarão por um controle de qualida-de que envolverá testes e avalia-ção de especialistas. O feijão, porexemplo, além da exigência de serpuro, sem misturas, será avaliadoquanto ao tempo de cocção e ren-dimento.

A iniciativa da UFV – uma dasprimeiras universidades federais aaderir ao PAA - representa a aber-tura de mais um mercado para osagricultores. Embora ainda sejampoucos os produtos selecionados,assim como a quantidade adquiri-da (400 quilos de feijão, 100 decafé e 2.112 de banana), trata-sedo começo de uma história que

Oportunidade para o agricultor familiarde Viçosa e região

poderá literalmente render bonsfrutos no futuro. O agricultor Eu-des Rezende da Silva, seleciona-do para apresentar a amostra defeijão vermelho, reconhece que éum mercado que “começa devagar,mas que tem grandes chances”.Ele, que divide com mais três pes-soas da família o trabalho em umapropriedade com cerca de 20 hec-tares, contou que “se sente valori-

tro hectares, diz que o seu sonhosempre foi “vender café para o re-feitório”. Por isso, participar des-sa seleção “é uma honra muitogrande”.

Durante o lançamento da cha-mada pública, em dezembro, a rei-tora Nilda de Fátima Ferreira So-ares comentou que é um sonho re-alizado trazer o produto dos agri-cultores familiares da região para

ordenada pela professora SilviaEloiza Priore, assessora especialda Pró-reitoria de Assuntos Comu-nitários da área de Saúde. Apro-vada pelos conselhos universitári-os dos três campi, essa política temcomo uma de suas diretrizes o fo-mento à aquisição de gêneros ali-mentícios provenientes da agricul-tura familiar, de assentamentos dereforma agrária e de cooperativasagrícolas.

Para a implantação do Progra-ma na Universidade, foi criadauma comissão, da qual fizeramparte funcionários da UFV e osrepresentantes da Emater de Viço-sa, Margareth do Carmo CruzGuimarães e Marcelo Libânio, queconsideram a iniciativa um estímu-lo aos agricultores familiares daregião. “Só de eles terem a opor-tunidade de comercializar dentroda universidade, outros caminhosserão abertos e outras propostas demercado virão, certamente”, acre-dita Margareth. Ela explicou queo papel da Emater será o de orien-tar os agricultores e suas organi-zações sobre como atender a essemercado, que ainda está em fasede experiência.

Segundo a pró-reitora de As-suntos Comunitários, Sylvia doCarmo Castro Franceschini, oprograma será gradativamenteimplantado nos quatro restauran-tes universitários dos três cam-pi, que, em 2013, serviram maisde dois milhões de refeições. Elaressaltou que, com o PAA, “par-te dos recursos atualmente inves-tidos em alimentação na UFV será

zado” ao fornecer um produto paraa UFV. “É o trabalho da gente sen-do reconhecido”, disse.

Emocionada, a agricultora Sô-nia Maria Malta Rodrigues, sele-cionada para fornecer a amostra decafé, considera a adesão da UFVao PAA “uma chance para todosos pequenos agricultores”. E des-tacou: “com esse novo mercado,vejo escola para meus filhos e umaajuda para eles crescerem na vidae entrarem na universidade”. Sô-nia, que trabalha com seis de seussete filhos na propriedade de qua-

destinada ao agricultor familiar,gerando renda, ampliando sua ca-pacidade de produção e melhoran-do sua qualidade de vida”. Somen-te no ano passado, a Universidadecomprou 7.800 quilos de bananaprata, 4.400 quilos de pó de café e44 mil quilos de feijão, totalizan-do um investimento de R$ 276 milapenas nesses três itens.

Vale destacar que a escolha dofeijão vermelho, da banana pratae do café foi uma indicação daEmater, por considerar que a pro-dução na região é capaz de aten-der à demanda.

ProgramaO PAA é instrumento de polí-

tica pública instituído pelo gover-no federal. Desde 2012, por meiode uma resolução da SecretariaNacional de Segurança Alimentare Nutricional, passou a permitir acompra institucional, por chama-da pública, com dispensa de pro-cesso licitatório.

A compra institucional ampliaas oportunidades de mercado parao agricultor familiar, permitindoque órgãos da administração dire-ta ou indireta da União compremalimentos para atender às deman-das, por exemplo, de restaurantesuniversitários, presídios e hospi-tais.

O PAA é desenvolvido comrecursos dos ministérios do De-senvolvimento Social e Comba-te à Fome e do Desenvolvimen-to Agrário.

Adriana Passos

os estudantes, que correspondema 99% do público dos restauran-tes universitários. Para ela, os pou-cos produtos selecionados se de-vem ao fato de ser o início de umprojeto e também para que os agri-cultores possam se organizar paraatender à demanda da Universida-de. Assim como os agricultores, areitora também acredita que aquantidade e a variedade dos pro-dutos serão aumentadas com otempo.

Para a chefe da Divisão deAlimentos da UFV, Fátima La-deira Mendes Duarte, a expec-tativa com a adesão ao PAA édeixar na região um pouco dorecurso que se investe no abas-tecimento do R.U., feito, em suamaioria, com produtos do Ceasade Belo Horizonte. Ela tambémavalia como positiva a contribui-ção da Universidade na constru-ção de uma visão mais social dosestudantes.

Política de Segurança Alimen-tar e Nutricional

A adesão ao PAA faz parte dapolítica de segurança alimentar enutricional para a UFV, resultantedo trabalho de uma comissão, co-

Feijão vermelho e café estão entre os produtos fornecidospelos agricultores familiares

Acompanhada do filho, Sônia entregou amostras de café. Seu sonhosempre foi “vender café para o refeitório

Eudes considera a iniciativa da UFV um reconhecimento ao trabalho dosagricultores. Ele entregou uma amostra de seu feijão à chefe da Divisão de Alimentos

COMUNIDADE

11UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Janeiro/Fevereiro - 2014

TECNOLOGIA

U m convênio mantidodesde 2011 com oPrograma de Tecno-

logias Adequadas para aSaúde (PATH) - organiza-ção internacional sem finslucrativos, sediada em Sea-tle, WA, nos Estados Unidos– tem permitido à UFV par-ticipar da luta internacionalde combate à fome oculta.Relacionada à desnutriçãode micronutrientes, a fomeoculta atinge cerca de doisbilhões de pessoas no mun-do. O seu combate se dá, en-tre outras ações, por meio dafortificação de alimentosque, no caso da UFV, tem seconcentrado no arroz.

O produto fortificado, cujatecnologia a Universidade é a de-tentora no Brasil, é resultado deuma mistura que inclui farinha dearroz, as vitaminas B1 (tiamina) eB

9 (ácido fólico), os minerais fer-

ro e zinco e água. A massa gera-da com essa mistura passa poruma máquina que dá ao produtoo formato semelhante a um grãode arroz, conhecido como UltraRice®.

Uma pequena quantidade deleadicionada ao arroz convencionalforma o “arroz fortificado”, quecontribui para o combate de defi-ciências na alimentação. Sabe-se,por exemplo, que a carência deácido fólico em gestantes causadefeitos congênitos graves emmais de 200 mil bebês por ano eque a anemia ferropriva (causa-da por deficiência de ferro) afetamais de 40% das crianças pré-es-colares, prejudicando seu desen-volvimento físico e cognitivo.

Os efeitos do arroz fortifica-do na saúde das pessoas são ob-servados, em média, a partir dedois a três meses do início do con-sumo. E mais: depois de cozidoseu aroma e sabor são semelhan-tes aos do arroz convencional.

Na práticaO professor José Benício Paes

Chaves, do Departamento de Tec-

Pesquisadores participamda luta contra fome oculta

nologia de Alimentos (DTA) daUFV, é o coordenador do convê-nio mantido com o PATH, o qualenvolve um grupo de trabalho for-mado por 15 professores/pesqui-sadores, além de estudantes degraduação e pós-graduação e detécnicos administrativos. Eles es-tão vinculados ao DTA e aos de-partamentos de Nutrição e Saú-de, Solos e Microbiologia.

O grupo mantém uma parce-ria com a Associação Brasileirada Indústria do Arroz (Abiarroz),que atua como intermediária en-tre a UFV e as empresas interes-sadas em produzir o arroz fortifi-cado. À Universidade cabe repas-sar a tecnologia e monitorar aqualidade do produto. Por en-quanto, o arroz fortificado temsido trabalhado para atender aomercado institucional. Ou seja,para que governos estaduais eprefeituras o utilizem, por exem-plo, na merenda escolar. As pre-feituras de Sobral, no Ceará, e deVespasiano, em Minas, são algu-mas das que vêm realizando tes-tes com o arroz fortificado no car-dápio de suas escolas e obtido re-sultados importantes na saúde dosalunos.

Vale lembrar, contudo, que apartir da parceria UFV-Abiarroz,o arroz fortificado já está se fa-zendo mais presente no mercadoconvencional. Como o objetivodo PATH e da UFV com os ali-mentos fortificados não é obterlucro, mas sim contribuir para aredução da fome oculta, o arrozchega ao mercado ao preço mui-

to próximo do produto conven-cional.

O PATH - que atua em parce-ria com a organização suíça Ali-ança Mundial para a Melhoria daNutrição Humana (GAIN) em pa-íses como Colômbia, Índia e Áfri-ca - escolheu a UFV para repre-sentá-lo no Brasil com o “Ultra-Rice®”, depois que alguns deseus representantes visitaram asinstalações do campus Viçosa.Além disso, conforme ressalta oprofessor Benício, o histórico dedesempenho da instituição ajudoubastante na decisão. A UFV foi asegunda universidade brasileira aoferecer um programa de pós-gra-duação em alimentos: o mestradoiniciou-se em 1975 e o doutoradoem 1994.

PesquisadoresUma das pesquisadoras que

participam do convênio com oPATH é a nutricionista e douto-randa em Ciência de Tecnologiade Alimentos Christiane MileibVasconcelos, que tem as fibras– especialmente as da raiz ya-con - como foco de pesquisa,atuando como prevenção e com-bate de doenças. E é esse cará-ter preventivo que a orientandado professor Benício consideraimportante no arroz fortificado:“é um produto voltado não so-mente para desnutridos e defici-entes. Com o consumo na meren-da escolar, haverá uma reduçãodos índices de desnutrição. E apartir daí será só prevenção, oque é muito mais fácil e vanta-

joso para sociedade”, garante.Outro pesquisador envolvido

é o engenheiro de alimentos An-tônio Manoel Maradini Filho,também doutorando de Ciência deTecnologia de Alimentos, queatua como gerente técnico doprojeto. Dentre outras funções,ele realiza auditorias nas empre-sas interessadas em produzir oarroz fortificado, esclarece dúvi-das e ajuda em todo o processode adaptação industrial necessá-rio. Todas essas etapas são obri-gatórias para a certificação doproduto. Antônio Maradini se diz“feliz e entusiasmado” de fazerparte do projeto. Primeiro, peloaspecto nutricional, justifica, edepois por ser utilizado em be-nefício da população.

Para o professor Benício, a for-tificação de alimentos representauma oportunidade de integraçãoentre diferentes áreas de pesquisae ensino, dentro do próprio cam-pus, mas que pode ser estendidapara os outros campi e tambémpara outras instituições. “Nesteprojeto, há a oportunidade de setrabalhar, por exemplo, desde aprodução primária, com alimentosde qualidade diferenciada, ao pro-cessamento da matéria-prima e àeducação alimentar e nutricional”.

Embora considere que sejatambém papel importante dauniversidade transferir tecnologia

para o setor produtivo, o projeto dealimentos fortificados e combate àfome oculta significa mais do queisso, em sua opinião. A ele são so-mados os trabalhos das diversasáreas de conhecimento envolvidas,que ajudam a ampliar o conheci-mento e a capacidade de ação e,com isso, “traz a compensação desentir que o papel de professor uni-versitário está sendo realizado”.

Uma espécie de evolução doprojeto, segundo o professor Be-nício, será a criação, em breve,do Instituto de Estudos e Pesqui-sas em Fortificação de Alimentose Combate à Fome Oculta (IPAF).Trata-se de uma estrutura de pes-quisa e inovação e de transferên-cia de conhecimentos em fortifi-cação de alimentos e de educaçãoalimentar e nutricional que iráfuncionar no campus Viçosa.

Vale ressaltar que o professorBenício Chaves representou aUFV no lançamento do Dia Na-cional de Combate à FomeOculta, realizado em São Paulo,em novembro de 2013. O lança-mento aconteceu na sede daMaurício de Sousa Produções,do desenhista Mauricio de Sou-sa, responsável, dentre outrospersonagens, pela Turma da Mô-nica, que se tornou embaixadorada causa.

Adriana Passos

O professor José Benício Paes Chaves é o coordenador do convêniomantido com o PATH

José Benício (esq.) divide o trabalho com outros pesquisadores,dentre eles os doutorandos Antônio Manoel Maradini Filho

e Christiane Mileib Vasconcelos

12UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Janeiro/Fevereiro - 2014

U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E V I Ç O S A

36570-000 - VIÇOSA - MINAS GERAIS - BRASIL