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EIXO 1. O MUNDO DA VIDA DA FAVELA

Quem está na favela? O marco institucional

Família – mães e avós

Tráfico de drogas

Polícia

ONGs

Igrejas

Várias instituições: Um sistema complicado

•Família: dois tipos A que salva, ajuda e protege. A que condena, torna a vida mais difícil.

•O estado está ausente, somente representado pela polícia. A polícia está muitas vezes em conluio com o crime organizado.

•O narcotráfico está ainda presente como um organizador central da vida dos moradores: serão necessárias gerações e tempo para mudar essa experiência.

• Instituições como AfroReggae e CUFA oferecem apoio, atividades e protegem a rota da socialização.

•As igrejas também oferecem estruturas de apoio, mas nem sempre de acordo com o estilo de vida dos moradores.

A experiência do Eu A experiência das pessoas

Sofrimento/dor

Insegurança

Modelos de identificação

Lazer

Violência/crime

Tráfico de drogas

Religião/fé

Medo do crime/perda

Família

0 50 100 150 200

• A importância da família, apesar de sua instabilidade.

• A experiência intensa do narcotráfico e da guerra com a polícia (insegurança, medo, crime, sofrimento, dor).

• A presença da fé.

• A importância de modelos de identificação.

• O lazer: sociabilidade.

A experiência da comunidade

Coesão/união

Solid/amizade

Segreg/isolamento

Polícia

Segurança/medo

Travessias

Morro/asfalto

0 50 100 150 200

• Divisão entre a favela e a cidade: separação e isolamento por meio de fronteiras urbanas.

• Questões de segurança, medo e polícia.

• Ainda assim, forte capital social marcado por solidariedade, amizade, coesão e união.

Fator 1

Pertença Fator 2

RejMedo Fator 3 Coesão

Sou muito ligado a este lugar ,820 Gosto de viver neste lugar ,722

Se pudesse, deixaria de viver aqui -,670 Neste lugar me sinto em casa ,645

Quando saio daqui fico com vontade de voltar ,633 Tenho uma ligaçao forte com as pessoas que

vivem aqui ,548

Tenho medo de viver aqui ,884 É muito perigoso viver aqui ,883

As pessoas aqui são unidas e lutam pelo que querem

,839

As pessoas aqui se dão bem umas com as outras ,817 Eigen values 3,5 1,4 1,2 Cronbach a a=.77 a=.80 a=.62

• A ideia de comunidade é muito forte.

• As pessoas amam o lugar onde elas moram.

• Sentimentos fortes de pertença, coesão social e

espírito comunitário.

Relação da favela com a cidade

A Cidade vista pela Favela

0

40

80

120

160

200

Beleza Violência

• As pessoas amam o Rio,

mesmo que percebam a

cidade como violenta e

dividida.

EIXO 2. A RELAÇÃO DA FAVELA COM A POLÍCIA

A Polícia

• Eles estão passando por uma reforma interna.

• Mudança chave: eles questionam suas próprias atitudes bem como a dos moradores.

• Objetivo: construir o diálogo e interagir continuamente.

• Desafio: construir a cidadania e fazer da lei uma realidade no mundo da comunidade (direitos e obrigações).

• Desafio: fortalecer a mudança na relação com a comunidade, entender mais a cultura da favela, entender que o proceso é gradual e requer compromisso de todos com a mudança.

O Ponto de Vista da Favela

Positiva 55%

Negativa 21%

Ambivalente 13%

Nada Mudou

11%

Polícia UPP

Insegurança

Medo

Positiva

Não confiável

Corrupta

Produtora de estereótipos

Violenta

0 5 10 15 20 25 30 35

O Futuro: Medo e Esperança

• A pesquisa descobriu que ainda existem muitos estereótipos e percepções rígidas sobre o outro (identidades fixas). Esta carga negativa está presente em ambos os lados: polícia e favela.

•Medo: existe muito, baseado na experiência da violência e relações entre a polícia e o narcotráfico.

•Esperança trazida pelo diálogo entre favela e polícia e pela intervenção das UPPs.

•A renovação da relação entre favela e polícia poderá se realizar através do diálogo e atividades conjuntas norteadas por um compromisso com o projeto de mudança.

Eixo 3. AFROREGGAE e CUFA

Quem são AfroReggae e CUFA?

•Organizações híbridas de identidade múltipla:

ONGs,

movimentos sociais,

empreendedores,

agitadores culturais,

trabalhadores sociais,

parceiros do estado, mídia e empresas.

• Seus líderes e ativistas são pessoas nascidas e criadas no território da favela.

Simetria entre trajetórias dos líderes e dos residentes da comunidade

Favela e Rua

Pobreza, perda, fracasso

Crise pessoal

Perigo/Morte

Encontro que salva e abre um

caminho

Conscientização/ Descoberta

Ação Coletiva

O que AfroReggae e CUFA significam

para você?

•Organização do cotidiano.

•Desenvolvimento de competências.

•Holding e handling: processos de apoio e acolhida psicossocial do indivíduo.

Empregabilidade

Vida social

Holding/handling (apoio e manejo)

Oficinas/competências

Estrutura diária

0 20 40 60 80 100

O que fazem?

•Atenção às trajetórias individuais e à pessoa como uma ferramenta de desenvolvimento comunitário.

•Tecnologias sociais da imaginação: arte, cultura e criatividade.

•Travessias e mediações: parcerias com movimentos sociais, mídia, Estado e setor privado.

A Metodologia de Trabalho

Holding/handling

Incentivos materiais

Diálogo/travessias

Sujeito/identidade

0 20 40 60 80 100

• Ênfase nas pessoas como indivíduos bem como no seu

potencial e trajetória de vida.

• Facilitam a comunicação dentro da favela, entre a favela e a

cidade, com o país e com o mundo.

• Dão apoio, conforto e carinho.

• Contar a história de vida e usá-la como exemplo é um

aspecto central da metodologia disseminado em todo o

trabalho do AfroReggae/CUFA.

Objetivos dos Projetos: AfroReggae

RegenComunit

Subjetividade

Travessia

Cidadania

Publicidade

Conscientização

Sustentabilidade

Des competências

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

• Objetivos combinam a atenção individual e social.

Objetivos dos Projetos: CUFA

RegenComunit

Sustentabilidade

Travessia

Conscientização

Cidadania

Subjetividade

Publicidade

Des competências

0% 10% 20% 30% 40% 50%

• Objetivos combinam a atenção individual e social.

População Alvo dos Projetos: AR

Polícia

Internacional

Ex-detentos

Escolas

Crianças/jovens

Sociedade

Comunidade

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

• Projetos para a comunidade e toda sociedade:

reforçam a travessia de fronteiras urbanas.

População Alvo dos Projetos: CUFA

Polícia

Ex-detentos

Mulheres

Comunidade

Crianças/jovens

Sociedade

0% 10% 20% 30% 40% 50%

• Projetos para a comunidade e toda sociedade:

reforçam a travessia de fronteiras urbanas.

Parceiros/Patrocinadores: AfroReggae

Mov soc

Academia

Orgs internacionais

Auto sustentável

Governo

Setor privado

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

• Diversidade de parceiros.

• Essas organizações inovam em relacionar-se sem

medo com o estado, a mídia e o mercado (Ramos,

2007).

Parceiros/Patrocinadores: CUFA

Orgs inter

Academia

Mov soc

Governo

Auto sustentável

Setor privado

0% 10% 20% 30% 40% 50%

• Diversidade de parceiros.

• Essas organizações inovam em relacionar-se sem

medo com o estado, a mídia e o mercado (Ramos,

2007).

ATIVIDADE RESULTADO IMEDIATO RESULTADO DE LONGO

PRAZO

Oficinas

Empregabilidade

Orquestra Sinfônica

Bandas

Competências/capacitação

Estruturação do cotidiano

Reflexão, conscientização

Educação

Vida social

Desenvolvimento cognitivo e

psicossocial

Incentivos materiais (bolsa, lanche)

Atenção a

subjetividade

individual

Travessias/ Expansão

de redes

Imaginação

Praças

Viaduto

Centro Cultural Waly

Salomão

Regeneração de espaço público

Melhora do espaço da comunidade

Identidade social

Melhora da relação com lugar

Travessias/ Expansão

de redes

Imaginação

Bloco AfroReggae

Prêmio Orilaxé

Prêmio Hútuz

Conexões Urbanas

Reis de Rua

LIIBRA

Premio Anú de Ouro

Visibilidade para a cultura da favela

Comunicação com o asfalto diálogo

e mediação

Relaxamento de fronteiras urbanas

Travessias/ Expansão

de redes

Imaginação

MÉTODO DE TRABALHO AFROREGGAE E CUFA

São mediadores e servem como ponte entre as favelas e a cidade

• Desenvolvimento de

autoestima e competências.

• Desafio ao estigma e a

representações

dominantes.

• Regeneração de espaços

públicos utilizados para

sociabilidades positivas.

• Construção de conexões

urbanas.

Eixo 4. CARTOGRAFIAS PSICOSSOCIAIS

Vigário Geral

Tráfico

ordenador

central

Casa

tiroteio POLÍCIA

Entra e sai

Poste

Controle de

fronteira

FRONTEIRA

Linha do

trem

Chacina de VG

Parada de Lucas

(mudança facção)

Território delimitado

RIO

Remoto

Distante

Igreja

Fronteira fechada

Mínima porosidade

Cidade de Deus

Criado por

remoção/filme

Zona Oeste

Tráfico CV

muito forte

POLĺCIA

1) UPP

2) Invasora

3) Milicia

IGREJA

1) Organizador central

2) Conexão com Deus

3) Biblia

A BARRA

Shopping

TAMANHO

Mais medo

Mais divisões internas

Circulação mais restrita

Urbanizada

Contida

Dimensão rural

Mais desconfiança

Diversidade interna

RIO Zona Sul

Remoto

Fronteira semifechada

Baixa porosidade

Madureira

Encruzilhada

Centro da Zona

Norte

Mercadão

FAV

FAV

Uso de droga

Violência urbana

Assalto

FAV

FAV/Policia

Milicia FAV

Mangueira

Facções

diversas do

tráfico Convivialidade

Samba

RIO aqui

Rio Zona Norte

Rio Popular

Diferença não marcada

Fronteiras semiabertas

Lugar de passagem

Diversidade

Dicotomia Zona Sul/Zona

Norte

Cantagalo

E

S

C

A

D

A

E

L

E

V

A

D

O

R

ONGs Contato e separam com

Rio Maravilla

- Praia

- Vista

- Baile/escola de

samba

- Circo

trocas / travessias

ARPOADOR

Fronteira aberta– alta

porosidade

Copacabana Ipanema

RIO – Zona Sul Maravilla

Indicadores da porosidade das fronteiras nas comunidades estudadas

Indicadores Cantagalo Madureira Cidade de Deus Vigário Geral

Instituições UPP Narcotráfico (expulso) Igreja Serviços

comerciais Estado

Polícia Narcotráfico (difuso) Igreja Serviços comerciais Estado Cultura

UPP Narcotráfico

(residual) Igreja

Polícia Narcotráfico

(controle total) Igreja

Localização no Rio

Zona Sul Centro da Zona Norte

Remota Remota

Conexões urbanas

O elevador Criança

Esperança

O Mercado “Viaduto” (CUFA)

- Centro Cultural Waly Salomão

(AfroReggae)

Representações sociais

Novos projetos sociais

Mudança Social

Escolas de Samba Mistura de favela e

bairro

O filme: “Cidade de Deus”

A chacina: a morte de 21 pessoas pela polícia

Lazer Em toda a cidade

Entre a comunidade e a cidade

Em torno da comunidade

Dentro da comunidade

Porosidade das fronteiras

Aberta Alta

porosidade

Semiaberta Média/alta

porosidade

Semifechada Baixa

porosidade

Fechada Mínima

porosidade

Vigário

Geral

Cidade de

Deus

Madureira

Cantagalo

Distância da

cidade

(geográfica, social

e psicológica)

Porosidade da

fronteira

Controle da

fronteira

Fechada

Semifechada

Semiaberta

Aberta

Ala

rgam

ento

do E

u

Expansão d

e r

edes

O trabalho do

AfroReggae e da CUFA

é mais intenso e

necessário quanto mais

fechada for a fronteira.

Rio de Janeiro, Cidade Maravilhosa

O Lazer nas favelas C

IDA

DE

DE

DE

US

VIG

AR

IO G

ER

AL

MA

DU

RE

IRA

C

AN

TA

GA

LO

Eixo 5. TRAJETÓRIAS PESSOAIS E COMUNITÁRIAS

Rotas das Sociabilidades Subterrâneas no

Rio de Janeiro

Contexto • Estrutura institucional:

família, Estado, igreja, tráfico de drogas, AfroReggae, CUFA

• Cartografias psicossociais

Mediadores psicossociais

• Desejo de reconhecimento e afiliação

• Perda, dor, raiva, sofrimento • Trabalho, desejo de consumo

Resultado comportamental

Au

sên

cia P

rese

nça

Andaimes psicossociais • Modelos de identificação • Família estável e amorosa • Igrejas • AfroReggae e CUFA

Evitar o tráfico de drogas

Aliar-se ao tráfico de drogas

Recomendações

Fatores sociais e individuais interagem na determinação de escolhas

e de decisões na rota da socialização:

• Pesquisar a psicologia da pobreza e as necessidades individuais, as

motivações e as aspirações que intervêm nas escolhas em contextos de

privação.

• Não se deve responsabilizar o sujeito pobre por sua pobreza.

• Trabalhar simultaneamente os níveis macro e micro, prestando atenção

a indivíduos e a comunidades.

Andaimes psicossociais são fontes de resiliência em contextos de

privação e podem ser fornecidos por múltiplas instituições:

• Assistir e investir em famílias, mesmo que estas sejam frágeis.

• Enfatizar a educação de meninas e criar programas de apoio para

mulheres.

• Construir modelos masculinos de identificação, fortalecendo a posição

do pai e de outros cuidadores homens na rota da socialização.

• Aumentar o alcance e a qualidade dos serviços nos territórios da favela,

em particular a educação.

As organizações da favela e os movimentos sociais oferecem lições e

direções que devem ser consideradas:

• Utilizar como modelo ações e projetos criados na base, assim como envolver o

Estado para aumentar sua escala, introduzindo mais serviços e oportunidades

para os moradores da favela.

• Trabalhar com as organizações da favela no desenho e na implementação de

políticas sociais, sem esperar que essas organizações compensem a ausência

do Estado e de seus serviços.

• Envolver o setor privado no contexto da economia da favela, e apoiar a ética de

desenvolver negócios em territórios de exclusão social.

As sociabilidades subterrâneas são flexíveis e podem ser transformadas

pela ética do cuidado e por políticas sociais:

• Oferecer plataformas para que os jovens escapem de territórios fechados e

construam novas identidades.

• Desenvolver narrativas que veiculem futuros positivos, sonhos e aspirações.

• Investir em pesquisas que documentem as percepções e o pensamento de

jovens excluídos, seus modelos, sonhos e aspirações.

• Reconhecer que não existe identidade pura e homogênea.

Recomendações

OBRIGADO!

A conversa continua:

Twitter: @FavelasatLSE

Facebook: https://www.facebook.com/favelasatlse

Blog: http://blogs.lse.ac.uk/favelasatlse/

Créditos das fotografias

• O Marco Institucional da favela – CC créditos: Daniel Julie, Fernando Freitas, Rodrigo Bethlem, Sammis Reachers.

• Vigário Geral – CC créditos: Marcelo Freixo.

• Madureira – CC créditos: TV Brasil – EBC, Rafael Soares Pinto.

• Cidade de Deus – CC créditos: Lord Mariser.

• Expansão de Redes e Alargamento do Eu – CC créditos: Neil Harvey, Casa Fora do Eixo Minas, Marina Silva, Adriano Arruguetti, Tamara Sancy, Moreno1024, Sammis Reachers, Rodrigo Bethlem.

• Outras fotografias: Projeto Sociabilidades Subterrâneas.