eiv estudo

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necessidades para um EIV, estudo de impacto de vizinhança criterios e necessidades para elaboração do estudo. a

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Art. 140. O Estatuto Prvio de Impacto de Vizinhana (EIV) dever contemplar os aspectos positivos e negativos do empreendimento sobre a qualidade de vida da populao residente ou usuria da rea em questo e seu entorno de forma a promover o controle desta qualidade, devendo incluir, no que couber, a anlise e proposio de soluo para as seguintes questes:

I - adensamento populacional;

II - uso e ocupao do solo;

III - valorizao imobiliria;

IV - reas de interesse histrico, cultural, paisagstico e ambiental;

V - equipamentos urbanos, incluindo consumo de gua e de energia eltrica, bem como gerao de resduos slidos, lquidos e efluentes de drenagem de guas pluviais;

VI - equipamentos comunitrios, como os de sade e educao;

VII - sistema de circulao e transportes, incluindo, entre outros, trfego gerado, acessibilidade, estacionamento, carga e descarga, embarque e desembarque;

VIII - poluio ambiental e poluio urbana, incluindo as formas de poluio sonora, atmosfrica e hdrica;

IX - vibrao e trepidao;

X empreendimentos geradores de periculosidade e insalubridade;

XI - gerao de resduos slidos;

XII - riscos ambientais;

XIII - impacto socioeconmico na populao residente ou atuante no entorno.

Art. 141. O Poder Executivo Municipal, para eliminar ou minimizar impactos negativos a serem gerados pelo empreendimento, dever solicitar como condio para aprovao do projeto, alteraes e complementaes no mesmo, bem como a execuo de melhorias na infra-estrutura urbana e de equipamentos comunitrios, tais como:

I - ampliao das redes de infra-estrutura urbana;

II - rea de terreno ou rea edificada para instalao de equipamentos comunitrios em percentual compatvel com o necessrio para o atendimento da demanda a ser gerada pelo empreendimento;

III - ampliao e adequao do sistema virio, faixas de desacelerao, ponto de nibus, faixa de pedestres, semaforizao;

IV - proteo acstica, uso de filtros e outros procedimentos que minimizem incmodos da atividade;

V - manuteno de imveis, fachadas ou outros elementos arquitetnicos ou naturais considerados de interesse paisagstico, histrico, artstico ou cultural, bem como recuperao ambiental da rea;

VI - cotas de emprego e cursos de capacitao profissional, entre outros;

VII - percentual de habitao de interesse social no empreendimento;

VIII - possibilidade de construo de equipamentos sociais em outras reas da cidade.

1. As exigncias previstas nos incisos anteriores devero ser proporcionais ao porte e ao impacto do empreendimento.

2. A aprovao do empreendimento ficar condicionada assinatura de Termo de Compromisso pelo interessado, em que este se compromete a arcar integralmente com as despesas decorrentes das obras e servios necessrios minimizao dos impactos decorrentes da implantao do empreendimento e demais exigncias apontadas pelo Poder Executivo Municipal, antes da finalizao do empreendimento.

3. O Certificado de Concluso da Obra ou o Alvar de Funcionamento s sero emitidos mediante comprovao da concluso da obra.

Art. 142. A elaborao do EIV no substitui o licenciamento ambiental requerido nos termos da legislao ambiental.

Art. 143. Dar-se- publicidade aos documentos integrantes do EIV, que ficaro disponveis para consulta, no rgo municipal competente, por qualquer interessado. 1. Sero fornecidas cpias do EIV, quando solicitadas pelos moradores da rea afetada ou suas associaes.

2. O rgo pblico responsvel pelo exame do EIV dever realizar audincia pblica, antes da deciso sobre o projeto, sempre que sugerida, na forma da lei, pelos moradores da rea afetada ou suas associaes.

Dimenses polticas e metodolgicas do Estudo de Impacto de Vizinhana Conforme a legislao federal em vigor, vincula-se a exigncia de realizao do EIV do Plano Diretor, que no Brasil obrigatrio para municpios com mais de 20 mil habitantes. Entretanto, o Estatuto da Cidade, nos incisos II, IV e V do artigo 41, impe sua obrigatoriedade para os municpios com menos de vinte mil habitantes caso sejam integrantes de regies metropolitanas e aglomeraes urbanas, de reas de interesse turstico, ou inseridos na rea de influncia de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental em escala regional ou nacional. Ademais, indica as variveis mnimas a serem obrigatoriamente contempladas na elaborao do EIV, quais sejam: adensamento populacional, equipamentos urbanos e comunitrios, uso e ocupao do solo, valorizao imobiliria, gerao de trfego e demanda por transporte pblico, ventilao e iluminao, paisagem urbana e patrimnio natural e cultural. Entretanto, Lollo e Rhm (2005) advertem que esses parmetros so insuficientes para a maioria dos Estudos de Impacto de Vizinhana, embora tenham sido disseminados nacionalmente como roteiros para todas as modalidades de empreendimentos. Quando consideradas as diferenas em termos de porte e natureza destes, bem como a prpria diversidade das cidades e as territorialidades em seu interior, outras variveis tendem a emergir, exigindo a ampliao dos referenciais para o estudo tcnico correlato. Considerando-se os parmetros mnimos sobre os devero incidir a anlise tanto dos impactos positivos quanto dos negativos, constitui-se em palavras de ordem a sua compatibilizao, mitigao e compensao, pois nenhum empreendimento poder imputar nus livremente, seja ao poder pblico, com eventuais necessidades de investimentos impostos pela nova interveno, seja populao do entorno, por danos presumveis ou efetivos. Sendo assim, os desdobramentos socioterritoriais da atividade que se quer implantar devem ser enquadrados no que o legislador define como medidas, at para que o empreendedor assuma previamente as responsabilidades inerentes, mediante assinatura de Termo de Ajuste de Conduta prvio concesso de licena de operao do empreendimento. Basicamente, as medidas devem ser: a) compatibilizadoras, as quais devem indicar como o empreendimento se compatibiliza com a vizinhana, notadamente nos aspectos referentes aos servios pblicos e bens comunitrios, aos fluxos, infra-estrutura, paisagem urbana, em suma, dinmica socioterritorial do lugar pretendido; b) mitigatrias, que devero apontar como os impactos que admitem controle sero tratados com vistas preveno de incmodos de qualquer natureza, alm de quais os procedimentos logsticos e arquitetnicos sero adotados para minimizar aqueles ainda inevitveis, tecnicamente falando; c) compensatrias, as quais supem contrapartida material correspondente a impactos que no se pode evitar, a serem revertidas em obras de interessepblico, como adequao de vias, construo e ou reforma de escolas, unidades de sade, creches, entre outros. No obstante, caberia ao poder pblico limitar o recurso ao mecanismo da compensao apenas aos impactos efetivamente inevitveis, sem perder de vista a relao custo-benefcio urbe, pois como j advertira Prieur (apud MASCARENHAS, 2008, p. 131) possvel, por meio dela, instaurar uma mercantilizao de bens cujo dimensionamento do valor no comporta critrios estritamente monetrios, mas acaba por se impor por meio da coero econmica exercida por empreendedores poderosos. Isso indica que o estudo tcnico tanto supe o levantamento criterioso da dinmica socioambiental na rea de abrangncia do projeto a ser implantado quanto exige o dimensionamento prvio dos impactos posteriores a sua implantao, sem falar durante a fase de planejamento e de instalao, caso venha a provocar alteraes que possam causar perturbaes no entorno. Sendo assim, o EIV divide-se em trs partes: caracterizao do empreendimento, caracterizao da vizinhana e avaliao do impacto do empreendimento na vizinhana, em correspondncia com as variveis mnimas anteriormente arroladas, na ausncia de outras eventualmente existentes. Isso implica anlise da relao existente entre o porte da obra, o local onde ser implantada e a natureza da atividade, pois s assim sua rea de influncia ser devidamente identificada. Lollo e Rhm (2005, p. 172) propem uma matriz para avaliao dos impactos que envolve quatro aspectos, a saber: natureza, ordem, magnitude e durao do impacto. Outra variao de matriz pode ser verificada em Santos (2004), que os discrimina segundo parmetros mais detalhados, incluindo ocorrncia, fonte, valor, extenso, freqncia, magnitude, durao, reversibilidade e temporalidade do impacto. Essas so algumas das possibilidades de se encaminhar o estudo tcnico, desde que tenha sido equacionada a problemtica relativa abrangncia do projeto alvo do EIV, ou seja, do que vem a ser precisamente a vizinhana potencialmente afetada, j que a natureza diversa dos empreendimentos, bem como suas diferentes dimenses implicam desdobramentos igualmente diversos, sendo tarefa dos profissionais que o elaboram ou aprovam-no identificar. Como lembram Racine, Raffestin e Ruffy (1983, p. 127), necessrio analisar uma ao dentro do conjunto da qual emana, pois a utilizao de diferentes sistemas tericos e escalares multiplica a possibilidade de interpretaes territoriais falaciosas. Desdenhar esse aspecto tanto pode levar a um estudo tcnico inconsistente e, por isso, dificuldade de aprovao pelos rgos competentes, quanto a distores dos impactos socioambientais do projeto apresentado, em atendimento s convenincias dos empreendedores. Admitese como legtimo que o foco desloque-se da localizao do empreendimento para a localizao do impacto, o que efetivamente redefine os parmetros para sua elaborao em atendimento ao princpio da Lei. Obviamente esse parmetro ainda est por ser consolidado na legislao dos municpios, porque o texto legal no o contemplou, embora j haja jurisprudncia sobre a matria, em vista do previsto no Cdigo Civil de 2002, que em seu artigo 1.277 preconiza o atrelamento da dimenso da vizinhana interferncia prejudicial. (MASCARENHAS, 2008, p. 143-144) Por essa razo, algumas definies se impem, sendo oportuno demarcar de que escala se trata, pois a dinmica das cidades, com suas generalidades, particularidades e singularidades, no admite um enquadramento mtrico, como o que vem prevalecendo como parmetro para elaborao desse instrumento de poltica urbana, no qual tem sido comum a definio de um raio no superior a um quilmetro do local de implantao, independentemente das densidades a serem institudas. Autores como Racine, Raffestin e Ruffy (1983) advertem que estudos geogrficos podem tornar-se inconsistentes quando a noo de escala se constri a partir dos fundamentos terico-metodolgicos prprios Cartografia, recurso insuficiente quando se objetiva compreender arranjos territoriais como expresso de dinmicas afetas s relaes de poder. Por isso, propem um esforo de elaborao de um conceito geogrfico de escala, no em substituio ao da cartografia, mas complementar, em vista da existncia de variveis que no obedecem ao princpio da ordem mtrica. Sendo assim, representaes do real como o so os EIVs no possuem qualquer sentido quando descoladas das disputas territoriais prprias do urbano, sendo sua elaborao uma tarefa que s inadvertida ou por convenincia se limita aos desafios tcnicos, o que no quer dizer que estes no exijam o devido equacionamento. Por isso, a pertinncia da escala geogrfica de anlise, pois essa, antes de priorizar elementos quantitativos, privilegia variveis qualitativas que comparecem como determinantes no recorte proposto e que, nem sempre, podem ser apreendidas por meio do raciocnio lgico-formal, como seria o caso de tomar a cidade como ordenao homognea ou mero receptculo de intervenes encerradas em si mesmas. Como se sabe, invocar esse princpio uma maneira de buscar uma coeso capaz de promover a dissuaso dos conflitos internos, ocultando o carter marcadamente territorial de investidas que so tomadas como oportunas sempre que descoladas da devida distino entre o interesse privado e o bem comum. Enfim, a escolha da escala , antes de tudo, um procedimento terico-metodolgico, pois recorte e atributos que nele se busca observar so indissociveis. Da o sentido de invocar o esquecimento coerente a que se referem Racine, Raffestin e Ruffy (1983) para trabalhar com o EIV, entendendo-o como um procedimento que permite privilegiar o que efetivamente caracteriza a vizinhana e o respectivo impacto, ou seja, a abrangncia das mudanas direta ou indiretamente relacionadas interveno pretendida. No fosse assim, a mera enumerao de elementos da paisagem urbana, como as edificaes e as obras de infraestrutura no raio de interferncia do empreendimento, mais poderia servir para ocultar as mudanas presumidas do que propriamente identific-las para, assim, prevenilas. Cabe lembrar que em face do sistema federativo adotado no Brasil, a elaborao das Leis que regem o uso e a ocupao do solo so prerrogativas dos prprios municpios. Por se tratar do aspecto mais sensvel do