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9 771647 324095 Série II | nº 193 | VERÃO 2011 | www.apagina.pt | 4e Teresa Maia Mendes Continuo a fazer o que quero, ou o que é preciso que eu faça... | Almerindo J. Afonso A propósito de Becker e do pub Bernstein | Susan L. Robertson Finanças, propinas e receios no Ensino Superior | «Presença Pedagógica» do Brasil adalberto dias de carvalho A solidão é um estado de alma Literacia ou Educação para os Media PÁGINA ouviu especialistas josé rodrigues Poeta da condição humana

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Page 1: Eis o homem, eis o seu efémero rosto · O mundo juvenil que habita a Escol a tem sofrido ... canto de um mundo em que tudo va le e todos somos transformados em números, sem identidades

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Teresa Maia Mendes Continuo a fazer o que quero, ou o que é preciso que eu faça... |Almerindo J. Afonso A propósito de Becker e do pub Bernstein | Susan L. RobertsonFinanças, propinas e receios no Ensino Superior | «Presença Pedagógica» do Brasil

adalberto dias de carvalho

A solidãoé um estado de alma

Literacia ouEducação para os MediaPÁGINA ouviu especialistas

josé rodrigues Poeta dacondição humana

Eis o homem, eis o seu efémero rosto feito de milhares de rostos, todos eles esplendidamente respirando na terra, nenhum superior ao outro, separados por mil e uma diferenças, unidos por mil e uma coisas comuns, semelhantes e distintos, parecidos todos e contudo cada um deles único, solitário, desam-parado. É a tal rosto que cada poeta está religado. A sua rebeldia é em nome dessa fidelidade. Fidelidade ao homem e à sua lúcida esperança de sê-lo inteiramente; fidelidade à terra onde mergulha as raízes mais fundas; fidelidade à palavra que no homem é capaz da verdade última do sangue, que é também verdade da alma.

Eugénio de Andrade,

«Os Afluentes do Silêncio»

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DIRECTORA: Isabel Baptista | DIRECTORAADJUNTA: Ana Brito Jorge | EDITOR: AntónioBaldaia

CONSELHO EDITORIAL: Américo NunesPeres, Ariana Cosme, Fátima Antunes, FernandoSantos, Henrique Borges, Paulo Teixeira deSousa, José Rafael Tormenta, Rui Trindade

REDACÇÃO: Ricardo Jorge Costa, Teresa Couto(fotografia)

COLABORAM NESTA EDIÇÃO: AndreiaLobo, Gonçalo Mo reira da Silva, Joana Rodri-gues, João Pereira, José Rodrigues (desenho decapa), Maria João Leite

SECRETARIADO DA REDACÇÃO: Sílvia EnesCONTACTOS: Telefone (00 351) 22 600 27 90Fax (00 351) 22 607 05 31 | E-mail: [email protected]

EDIÇÃO IMPRESSA: Trimestral, publica-se no1.º dia de cada estação do ano | Preço de capa: 4 €| Tiragem desta edição: 19.000

PRODUÇÃO GRÁFICA: Multiponto, S.A.|EMBALAGEM: Notícias Direct | DISTRI BUI -ÇÃO: Logista Portugal – Distribuição de Publi -cações, S.A.

EDIÇÃO DIGITAL: http://www.apagina.pt

Cumprindo o Estatuto Editorial, a PÁGINA res-peita e publica as variantes do Português,Mirandês, Galego e Castelhano. São traduzidospara Português os textos escritos noutras línguas.

Registo na ERC n.º 116.075 | Depósito Legal n.º51.935/91 | ISSN 1647-3248

PROPRIEDADE: Profedições, Lda. | Con tri -buinte n.º 502 675 837 | Capital Social: 5.000euros | Registo na Conservatória Comercial doPorto: 49.561

SEDE: Rua D. Manuel II, 51/C – 2.º (sala 25)4050-345 PORTO (Portugal)

COMPOSIÇÃO DO CAPITAL DA ENTI-DADE PROPRIETÁRIA: Sindicato dos Pro fes -sores do Norte, 90% | Abel Macedo, 5% | JoãoBaldaia, 5%

CONSELHO DE GERÊNCIA: Carlos Midões |João Baldaia

SECRETARIADO DA ADMINISTRAÇÃO / PUB - LI CIDADE / ASSINATURAS: Telefone: 22 600 27 90| Fax: 22 607 05 31 | E-mail: [email protected] |Livros: [email protected]

a ágina

da educação

Associação Portuguesa de Imprensa, API

editorialAgentes de “condição humana”

Isabel Baptista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 4

ADALBERTO DIAS DE CARVALHO

“A solidão ainda não foi assu-mida como uma questão paraa educação. Que eu saiba nãoconsta dos programas, a nãoser na sua forma estética, naliteratura... Não consta dospadrões de desempenho dos

professores, que depois servem de suportepara a avaliação dos docentes. Os padrõesde desempenho nunca referem a criança,referem sempre o aluno. O aluno é um dosestatutos da criança, mas por trás do alunoestá sempre uma criança, está um serhumano. As preocupações com as compe-tências e a sua definição levam a que se des-preze estas dimensões. Embora existamescalas de solidão, como é que vamos mediro professor que se preocupa com a solidãodos seus alunos? Quanto é que isso contana classificação da avaliação dos docentes?”

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 6

lugares da educaçãoA propósito de Becker e do pub de Bernstein

A sociologia da educação é reiteradamente con-frontada com a questão da “utilidade”, mas estálonge de ter esgotado a sua contribuição, ou deter perdido relevância.

Almerindo Janela Afonso . . . . . . . . . . . . . pág. 16

formação e trabalho O trabalho escolar e a alunização da Educação

O mundo juvenil que habita a Escola tem sofridoprofundas transformações nas últimas décadas, amaior das quais corresponderá, porventura, à sua“alunização”.

Manuel Matos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 18

a escola que aprende Eficiência é usar próteses

Dependemos da ajuda e das capacidades alheiasmais do que qualquer outra espécie. Ser eficienteé ser capaz de conhecer e usar os recursos ànossa volta.

David Rodrigues . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 20

entrelinhas e rabiscos O currículo e a nossa “estranha” forma de vida

O ser humano que vai à Escola “arrisca-se” aviver moldado por ideais que, racional e teorica-mente, lhe são alheios, mas que emergem deste-midamente e sem cautela no momento maisinesperado.

José Rafael Tormenta . . . . . . . . . . . . . . . pág. 22

discurso directoSobre a inutilidade dos monólogos colectivos

Acentuar o miserabilismo das condições de tra-balho nas escolas para mostrar que os professo-res não podem fazer o que a administraçãodefende – deverá ser este o discurso público dosprofessores?

Ariana Cosme eRui Trindade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 24

do secundárioO que não funciona

Dois exemplos do que se pode aprender daexperiência internacional. Em Abril saiu um rela-tório da OCDE onde se tenta responder à per-gunta: será que o investimento em aulas pós-escolares é rentável?

Jaime Carvalho e Silva . . . . . . . . . . . . . . pág. 26

fora da escolaSobre crises e conversas

Talvez seja porque não se sabe onde nos vailevar uma conversa que os gestores atuais nãoqueiram conversar com os “praticantes” dasescolas. No entanto, mais que nunca, conversar épreciso!

Nilda Alves . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 28

sumário

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sumário

em focoA crise e o Ensino Superior

“Os dias da ajuda do Estado na educação supe-rior estão a acabar. O sistema de procura eoferta, compra e venda, vai traduzir-se em maisuniversidades privadas e a obtenção de lucros vaiser o futuro.”

Reportagem de João Pereira eGonçalo Moreira da Silva . . . . . . . . . . . pág. 30

Escolhas no Superior: da filarmónica àorquestra de jazz

A pressão a que a organização académica estásujeita, sob o ponto de vista da produtividade,não deixa de evidenciar do lado da oferta edu-cativa o abandono crescente do jazz em favor dafilarmónica.

Henrique Vaz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 32

Finanças, propinas e receios no EnsinoSuperior

Será que os sistemas europeus vão manter aspropinas reduzidas? Ou as universidades come-çarão a estabelecer propinas específicas para os"estrangeiros"? Este último cenário é o mais pro-vável.

Susan L. Robertson . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 34

reconfiguraçõesPor que precisamos de professores profis-sionais?

Manter a integridade do trabalho – em váriossentidos – é cada vez mais difícil para os profes-sores. O recurso ao outsourcing parece ser umaalternativa cada vez mais provável.

Roger Dale . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 36

[trans]formaçõesEnsino Superior, mediação sociocultural esociopedagógica

A oferta de formação superior em mediaçãoestá muito condicionada. Varia não só de áreapara área, mas também, e sobretudo, de institui-ção para instituição de formação.

Ana Vieira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 38

pedagogia socialRespuestas simples a preguntas complejas?

Quizás cambiando de perspectiva sea posibledescubrir que las polarizaciones, inconsistencias ycontradicciones apuntadas a la pedagogía socialno son otra cosa que el resultado de la inadecua-ción de las herramientas con las que la han inter-pretado.

Xavier Úcar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 40

EDUCADORES PELA PAZ:25 ANOS DEPOIS, A CHAMA ESTÁ VIVA

Vivemos um tempo de crise financeira, eco-nómica, política e social profunda. O desen-canto de um mundo em que tudo vale etodos somos transformados em números,sem identidades e sem vizinhanças, despre-zando os princípios éticos e indiferentes àsdesigualdades socioeconómicas e às exclu-sões étnico-culturais, faz parte do nossoquotidiano. Apesar de tudo, estes encontroscontinuam vivos. O próximo realizar-se-áem Portugal, em 2012.

Reportagem deAmérico Nunes Peres . . . . . . . . . . . . . . . pág. 42

cultura e pedagogiaConsumir bem para consumir sempre

O crescimento do número de endividados queacabam desabilitados ao consumo, não sendomais considerados bons consumidores, é efeitoda ausência de educação para o consumo naescola.

Andresa da Costa Mutz . . . . . . . . . . . . . pág. 45

olhares de foraA economia de sobrevivência e as empreen-dedoras

Com o incremento das privatizações, na décadade 90, o desemprego lançou no sector informalda economia moçambicana milhares de mulhe-res que tiveram de “desenrascar a vida”.

Maria Antónia Lopes . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 46

Narrativas iniciáticas no cinema da infânciaOs heróis das narrativas iniciáticas ganham o seuingresso no mundo ou o ingresso neles próprios?Qual o sentido de seu caminho? Simples passa-gem de um a outro momento ou constituiçãomais formal de um indivíduo?

José Miguel Lopes . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 48

afinal onde está a escola Tenho uma aluna que gostaria que vocêconhecesse

Esse encontro já me deu muito que contar e pen-sar. Eu pensava que escrever doía, mas D. Mariame lembrou que não saber escrever pode serainda mais doloroso.

Márcia F. Carneiro Lima . . . . . . . . . . . . . pág. 50

LITERACIA PARA OS MEDIA

EM FASE DE NEBULOSIDADE

A literacia está em voga. Associada aosmedia é, por vezes, substituída por Educação.Mas nem sempre os termos são vistos como

sinónimos. A “sociedade em rede” obriga anovas literacias: digital, mediática, fílmica...Formam um plural ilustrativo das relaçõesque os cidadãos estabelecem com o ‘ecossis-tema’ mediático. Um ambiente povoado pelainternet, as redes sociais, os videojogos, atelevisão, o cinema, a rádio, os jornais e revis-tas. Esta é a ‘nuvem’ da literacia ou educaçãopara os média. A PÁGINA reuniu opiniõesde quem a estuda.

Reportagem de Andreia Loboe Joana Rodrigues . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 52

JOSÉ IGNÁCIO AGUADED-GOMEZ

“Poucos professores soube-ram submergir-se em profun-didade na nova geração.Poucos entraram nas redessociais, fizeram cursos activossobre internet. Pela primeiravez na história, encontramos

professores que não têm interiorizado oconhecimento que têm de transmitir.Perante isto, cria-se a desconfiança e esseabismo de considerar que tudo o que vemdos media é negativo e nefasto para aEducação. Os educadores têm de assumirque a sociedade está a mudar e que énecessário formarem-se para formarem asnovas gerações.”

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 58

coisas do tempoEducational Network – Working in Partnership

Experiência fantástica e possibilidade de iniciaruma rede de trabalho virtual onde os professo-res possam desenvolver ideias e acções.

Betina Astride . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 61

textos bissextosAgarrados ao computador… na escola

Ainda estavam no primeiro ponto da (habitual)longa ordem de trabalhos. Quase metade dos 25membros estava inclinada nos seus PC portáteis.Navegando, de certo, no ciberespaço.

Luís Souta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 62

Sam Gamgee: um herói do 25 de AbrilA propósito da recente passagem de mais umaniversário da revolução, a minha modestahomenagem àquele que, para mim, melhorencarna o simbolismo dessa data.

José Catarino Soares . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 64

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em portuguêsRepensar Portugal

Com este mesmo título, escreveu Victor de Sá,em 1977, um breve, mas objectivo ensaio sobreo estado da Nação após a Revolução de Abril ea saída das colónias.

Leonel Cosme . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 66

quotidianosO tempo da Filosofia e Albert Foreman

Conhecemos a excelente “síntese possível” queEdgar Morin fez sobre o ser humano; “Sapiens”,mas também “Demens”. Cabe-nos perguntar,como há tanto faz a Filosofia, para quê?

Carlos Mota . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 68

Para quê a Filosofia?Fundamentação teórica e prática do Homem, daVida, da Sociedade e da História – eis a grandefunção da Filosofia.

Manuel Sérgio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 70

TERESA MAIA MENDES

“Eu não abdico de dizer quesou professora. Nunca abdi-quei. Quando, em 74, aSegurança Social queria aca-bar com os professores e pôrtodos como técnicos, porqueganhavam mais 100 paus, nósfizemos uma bulha desgraçada

e dissemos que éramos professores, tínha-mos uma profissão e não abdicávamos dela.Portanto, eu sempre me senti professora, enão admito que alguém diga que, porque seaposentou, deixou de ser professora – levalogo uma cartinha das minhas, a dizer: àsenhora, ninguém lhe tirou o curso; é profes-sora. Mas, neste momento, sinto-me maissindicalista.”

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 72

saúde escolarO que traz a mala dos pais?

Uma das maiores dificuldades na saúde escolar éenvolver os encarregados de educação. Pre -cisamos de encontrar estratégias que permitamum trabalho continuado no tempo.

Débora Cláudio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 82

Alimentação saudável promovida comvideojogos

Os resultados do PASSE são animadores, quer aonível dos conhecimentos adquiridos, quer pelaalteração de algumas práticas alimentares.

Nuno Pereira de Sousa . . . . . . . . . . . . . . pág. 83

educação desportiva Da Educação Física e do Desporto Escolar aosJogos Olímpicos (2012-2024)

É necessário institucionalizar um verdadeiro pro-jecto de desenvolvimento do desporto, que con-tribua para o progresso do país através de umaeducação competitiva nobre e leal que se pro-jecte na sociedade.

Gustavo Pires . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 84

dizeresO arboreto

Naquela escola havia uma consciência colectivade dedicação à natureza, uma educação cívicaentranhada, uma obra construída, uma imagemque passava de uns para os outros. E, no entanto,tudo ia ser ignorado.

Angelina Carvalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 86

um café comJOSÉ RODRIGUES:poeta da condição humana

Em Julho, o escultor vai ser homenageado pelaBienal de Cerveira e inaugurar uma exposição decenários. A PÁGINA foi tomar café com ele.

António Baldaia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 88

visionarium3D: passado, presente e futuro

Os mais entusiastas pela tecnologia perspectivamum grande futuro para a 3D. A indústria de con-teúdos pisca-lhe o olho. Estudos alertam para aexistência de riscos para a saúde.

DCC do Visionarium . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 92

comunicação e escolaFábulas fabulosas

A fábula permanece viva como manifestação ideo-lógica: a formiga deve trabalhar arduamente parater um inverno tranquilo, objetivo que a cigarranão alcançará por falta de “investimento correto”.

Raquel Goulart Barreto . . . . . . . . . . . . . . pág. 94

cinemaQuando os pesadelos se tornam realidade

Nem todos os filmes japoneses, animados ounão, mostram uma harmonia animista como osde Miyazaki. Na maioria, o mar é um inimigomortal, sacudido por forças subterrâneas.

Paulo Teixeira de Sousa . . . . . . . . . . . . . . pág. 96

aconteceuA República em casa

A capacidade de mobilização de diferentes insti-tuições e pessoas para um objectivo comum, achamada de atenção para a preservação de

memórias, o sentido intemporal das ideias e as“lições” que a História nos vai legando, sãorazões mais do que suficientes para se repetiremexperiências colectivas como esta.

Luís Alberto Alves . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 98

Correlingua, unha actividade escolar endefensa do idioma

A actividade iníciase no mes de outubro e todoculmina na primeira quincena de maio, onde asrúas énchense de mozas e mozos que reclamano seu dereito ao uso da súa lingua.

Marta Dacosta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 100

presença pedagógicaPedagogia diferenciada

Não existe um consenso sobre “pedagogia dife-renciada”. Pode ser entendida como um instru-mento, uma atitude, uma abordagem, uma filoso-fia, uma estratégia ou um modelo de gestão dasala de aula.

Daniela Elaine Jungles . . . . . . . . . . . . . . . pág. 102

divulgaçãoFIS: festa de resistência e partilha

A 12ª edição do Festival Intercéltico de Sendim(5 e 6 de Agosto) vai decorrer sob o signo de lín-guas minoritárias: mirandês, bretão, basco, gaélicoe asturiano

A.B. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 107

república dos leitores Eurodyssée: Mogadouro em Ciney

Evangelina Bonifácio . . . . . . . . . . . . . . . pág. 108

A avaliação em um fórum de discussão

Ricardo Marinho dos Santos . . . . . . . . . pág. 109

Mudamos, crescemos, amadurecemos

Joana Carneiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 110

Educação aberta

Jorge Oliveira Fernandes . . . . . . . . . . . . pág. 110

O papel educativo do cinema

Maria Lopes de Azevedo . . . . . . . . . . . . pág. 111

breves

"Dois Séculos: Instrumentos Científicos

na História da Universidade do Porto" . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 27

McFerrin em Guimarães . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 39

Pianista português premiadona África do Sul

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pág. 93

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sumário

O desenho que serve de capa a este número tem a assinatura do escultor JoséRodrigues, um criador amplamente reconhecido e uma figura de referência daCidade, valorizando aqui este termo em toda a sua amplitude sociopolítica. Naverdade, a forma como José Rodrigues vive e intervém na sua cidade inscreve-senum espaço mais amplo de cidadania, ao ponto de fazer sentido defini-lo como“artista ou poeta da condição humana”, conforme se sublinha na entrevista queagora publicamos.

São justamente as interpelações de “condição humana” geradas pelo tempo difícilque vivemos que constituem preocupação de fundo desta edição, dandoseguimento ao propósito assumido para 2011, referente ao reforço de reflexão edebate em torno do eixo educação, solidariedade e cidadania. Em rigor, por definição, todo o ser humano é “agente da condição humana”, já quea humanidade é um projecto em aberto, cujo desenvolvimento depende daparticipação responsável e solidária de cada um. Enquanto tarefa comum, aexigência de promoção da “condição humana” assume, no entanto, umaresponsabilidade acrescida em Educação. Cabe precisamente à Educação a tarefaexigente e desafiante de potenciar as condições de capacitação subjectiva e cívicade todas as pessoas. Desde logo, assumir que somos agentes da condição humanaimplica reflectir sobre a utopia do “humano” que interessa promover. E é aqui queas interpelações da nossa contemporaneidade ganham especial pertinência. Quetipo de humanidade emerge deste cenário de crise, de recessão de direitos sociaise de tendencial predominância de uma certa racionalidade económica? Em que éque as manifestações de rua protagonizadas pelas novas gerações interpelam asnossas opções pessoais e cívicas? Como pode a Educação ajudar a fazer a diferençanecessária?

edito

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Agentes de“condição humana”

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Outro dos nossos entrevistados, Adalberto Dias de Carvalho, um dos mais antigoscolaboradores da PÁGINA, fala-nos sobre solidão, um fenómeno crescente,multidimensional e transversal a toda a sociedade. Considerando que o serhumano é um ser “naturalmente” social, arriscamos advogar a necessidade de umapedagogia do laço social a ser desenvolvida dentro e fora da Escola. Acreditamosque a resposta às questões sobre o perfil do aluno e do cidadão passa tambémpela interrogação sobre as culturas de sociabilidade e convivência quecaracterizam as organizações escolares e as próprias comunidades docentes.

Destaque, ainda, para a entrevista com Teresa Maia Mendes, professora esindicalista no activo, que nos dá testemunho de um percurso de vidaperseverantemente dedicado à profissão. Como sabemos, a história da Educaçãoé também feita destas histórias singulares, desejavelmente narradas pelos seusautores e onde as lembranças pessoais se cruzam com a memória colectiva,fecundando-a e conferindo-lhe sentido.

Por fim, uma chamada de atenção e uma palavra de especial apreço em relação atodas as rubricas assinadas pelos colaboradores permanentes. As colaboraçõesregulares são estruturantes da nossa revista. São elas que nos permitem cumprir erenovar pontualmente o compromisso de edição junto dos nossos leitores.

Muito obrigada a todos, colaboradores, leitores e amigos da PÁGINA!

Com os melhores votos de Verão,

Isabel Baptista

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Teresa Maia Mendes Continuo a fazer o que quero, ou o que é preciso que eu faça... |Almerindo J. Afonso A propósito de Becker e do pub Bernstein | Susan L. RobertsonFinanças, propinas e receios no Ensino Superior | «Presença Pedagógica» do Brasil

adalberto dias de carvalho

A solidãoé um estado de alma

Literacia ouEducação para os MediaPÁGINA ouviu especialistas

josé rodrigues Poeta dacondição humana

Eis o homem, eis o seu efémero rosto feito de milhares de rostos, todos eles esplendidamente respirando na terra, nenhum superior ao outro, separados por mil e uma diferenças, unidos por mil e uma coisas comuns, semelhantes e distintos, parecidos todos e contudo cada um deles único, solitário, desam-parado. É a tal rosto que cada poeta está religado. A sua rebeldia é em nome dessa fidelidade. Fidelidade ao homem e à sua lúcida esperança de sê-lo inteiramente; fidelidade à terra onde mergulha as raízes mais fundas; fidelidade à palavra que no homem é capaz da verdade última do sangue, que é também verdade da alma.

Eugénio de Andrade,

«Os Afluentes do Silêncio»