efeitos do uso autocontrolado de assistência física na ... · agradeço primeiramente a deus por...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA CURSO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Efeitos do uso autocontrolado de assistência física na aprendizagem de uma habilidade motora de equilíbrio em indivíduos com comprometimento motor pós acidente vascular encefálico Shadia Mussa Yussef PELOTAS 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA

CURSO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Efeitos do uso autocontrolado de assistênciafísica na aprendizagem de uma habilidade motora

de equilíbrio em indivíduos comcomprometimento motor pós acidente vascular

encefálico

Shadia Mussa Yussef

PELOTAS

2012

SHADIA MUSSA YUSSEF

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Efeitos do uso autocontrolado de assistênciafísica na aprendizagem de uma habilidade motora

de equilíbrio em indivíduos comcomprometimento motor pós acidente vascular

encefálico

Dissertação apresentada ao Programade Pós-Graduação em Educação Física daUniversidade Federal de Pelotas, comorequisito para obtenção do título de Mestre emEducação Física, na Área de Concentraçãoem Aprendizagem Motora.

Orientador: Prof. Dr. Volmar Geraldo da Silva Nunes

Co-Orientadora: Profa. Pós - Doutora Suzete Chiviacowsky Clark

PELOTAS

2012

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Banca examinadora:

Prof. Dr. Fernando Carlos Vinholes SiqueiraUniversidade Federal de Pelotas

Prof. Dr. José Francisco Gomes SchildUniversidade Federal de Pelotas

Prof. Dr. Rafael Bueno OrcyUniversidade Federal de Pelotas

Profa. Dra. Suzete Chiviacowsky (co-orientadora)Universidade Federal de Pelotas

Prof. Dr. Volmar Geraldo Nunes (orientador)Universidade Federal de Pelotas

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Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus por me guiar pela senda reta, meconcedendo mais esta conquista.

À Dra. Suzete Chiviacowsky, por me mostrar os caminhos de uma Áreatão surpreendente como a Aprendizagem Motora, pela paciência ecompreensão.

A Meus Pais e irmãs, por todo Amor e dedicação para que eu pudessetrilhar o caminho que escolhi.

Em especial à minha querida Mãe, pelos meses que abdicou de sua vidapara me apoiar na criação de meu filho, enquanto eu buscava o crescimentoprofissional.

À meu filho amado, pela inspiração divina, por me acompanhar nestaconquista desde o ventre.

A meu esposo, por todo apoio e compreensão pelos momentos deausência.

Aos amigos do LACOM, em especial à Luciana Toaldo, por toda ajuda econhecimento compartilhado.

Aos pacientes, que com desprendimento permitiram que essa pesquisafosse realizada visando aprimorar a reabilitação destas pessoas.

Aos funcionários do SAME Maria Helena, Fábio e Laurete, pelaprontidão na busca de prontuários.

Aos Amigos sinceros, pelas palavras de apoio e carinho.

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SUMÁRIO

1. Projeto de Pesquisa..................................................................................07

2. Relatório do Trabalho de Campo..............................................................65

3. Artigo Original………………………………………………………………....73

4. Normas para publicação.........................................……………..……...…..99

5. Comunicado à imprensa......………………………………………………..104

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1. Projeto de Pesquisa

(Dissertação de Mestrado de Shadia Mussa Yussef)

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RESUMO

YUSSEF, Shadia Mussa. Efeitos do uso da assistência física autocontroladana aprendizagem de uma habilidade motora de equilíbrio em indivíduos comcomprometimento motor pós Acidente Vascular Encefálico. 2011. 58f. Projetode Pesquisa (Mestrado) - Curso de Mestrado em Educação Física. UniversidadeFederal de Pelotas, Pelotas/RS.

Estudos recentes sobre aprendizagem motora têm indicado a efetividade

da prática que incorpora alguma forma de autocontrole na aprendizagem e na

performance de uma tarefa motora (JANELLE, 1997; CHIVIACOWSKY & WULF,

2002). No presente estudo objetiva-se investigar se os benefícios gerados pela

prática autocontrolada em sujeitos típicos também serão encontrados em sujeitos

com comprometimento motor após acidente vascular encefálico (AVE). Os sujeitos,

26 adultos de ambos os sexos, com lesão pós AVE há pelo menos 6 meses, serão

distribuídos em dois grupos. Um grupo com frequência de feedback autocontrolado

(self) e um grupo que receberá feedback de forma externamente controlada

(yoked), equiparados um a um aos sujeitos do grupo autocontrolado. A tarefa, com

demanda de equilíbrio, consistirá em andar de pedalo por certa distância no menor

espaço de tempo possível. Todas as tentativas iniciarão com o pé contralateral à

hemiparesia. Um cronômetro será utilizado para medir o tempo de movimento

(TM), ou seja, o tempo necessário para andar com o pedalo da linha de partida até

a linha de chegada. A pesquisa constará de uma fase de aquisição, onde os

participantes realizarão 20 tentativas de prática, e uma fase de retenção, 24 horas

após a fase de aquisição, em que realizarão quatro tentativas de prática. Aos

sujeitos do grupo self, será informado que poderão utilizar o suporte para apoio dos

membros superiores nas tentativas em que acharem necessário. Aos sujeitos do

grupo yoked, será informado que em algumas tentativas deverão utilizar o suporte

e em outras não. A fase de retenção será realizada sem auxílio do suporte em

ambos os grupos. Antes da realização do teste, os sujeitos serão informados que

deverão realizar a tarefa na maior velocidade possível.

Palavras-chave: Aprendizagem motora; Prática com autocontrole; Feedback.Acidente vascular encefálico; Acidente vascular cerebral; Assistência física;Reabilitação; Neuroplasticidade.

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ABSTRACT

YUSSEF, Shadia Mussa. Effects of self-controlled use of physical assistancein learning motor skill of balance in individuals with motor impairment afterStroke. 2011. 58f. Research Project (Master) – Master´s Degree in PhysicalEducation. Federal University of Pelotas, Pelotas/RS.

Recent studies on motor learning have shown the effectiveness of the

practice that incorporates some form of self-learning and performance of a motor

task (JANELLE, 1997; CHIVIACOWSKY & WULF, 2002). In the present study aims

to investigate whether the benefits generated by the typical practice self-control

subjects are also found in individuals with motor impairment after stroke.The

subjects, 26 adults of both sexes, with injury after stroke for at least 6 months, will

be divided into two groups. A group of often self-controlled feedback (self) and a

yoked group, which will receive feedback in a controlled externally, similar to a

group subject to a self-controlled. The task of balance with demand, is to ride a

pedal for some distance in the shortest possible time. All attempts to start with the

foot contralateral to hemiparesis. A timer will be used to measure the movement

time (MT), ie, the time needed to walk with the pedal to the starting line finish

line. The research will consist of an acquisition phase, where participants will

conduct 20 trials of practice, and a retention phase, 24 hours after the acquisition

phase, in which four attempts to hold practice.The subjects of the group self, will be

told they can use to support the upper limb support in attempts in which they find

necessary.Yoked to subjects in the group, will be informed that in some trials should

use the support and not others. The retention phase is performed without support in

both groups. Before testing, subjects should be informed that the task at top speed.

Keywords: Motor learning; Practice self-control; Feedback; Stroke; Physical

assistance; Rehabilitation; Neuroplasticity.

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LISTA DE ANEXOS

ANEXO I – Termo de consentimento livre e esclarecido.

ANEXO II – Escala de Ashworth Modificada.

ANEXO III – Mini Exame do Estado Mental.

ANEXO IV – Protocolo de Desempenho Físico de Fugl - Meyer.

ANEXO V – Intrinsic Motivation Inventory

ANEXO VI – Positive and Negative Affect Schedule - expanded

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AIT - Ataque Isquêmico Transitório

AVD - Atividade de vida diária

AVE - Acidente Vascular Encefálico

CR - Conhecimento de resultado

CP - Conhecimento de performance

IMI – Intrinsic Motivation Inventory

LACOM - Laboratório de comportamento motor

MAS - Modified Ashworth Scale

MEEM - Mini Exame do Estado Mental

PANAS - X - Positive and Negative Affect Schedule Expanded

SAME - Serviço de Arquivo Médico e Estatística

SNC - Sistema Nervoso Central

TM - Tempo de Movimento

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LISTA DE DEFINIÇÃO DE TERMOS

Conhecimento de performance – feedback extrínseco referente à informaçãosobre as características do movimento, as quais tem forte relação com odesempenho.

Conhecimento de resultados – forma de feedback extrínseco que informa sobre oresultado do movimento em termos do seu objetivo ambiental. Possui funçõesimportantes na aprendizagem de habilidades motoras, como a motivacional, a deorientar o aprendiz em direção à resposta apropriada, assim como a relacional, quepossibilita estabelecer relações entre os comandos motores e a resposta quelevam ao fortalecimento de esquemas para a produção de novos movimentos.

Feedback – é qualquer tipo de informação sensorial sobre o movimento, nãoexatamente com referência a erros. São informações que aparecem (ou estãodisponíveis) como resultado do movimento e que são repassadas ao executante. Oprocesso de aprendizagem motora pode ocorrer através de dois principais tipos defeedback: intrínseco ou inerente e extrínseco ou aumentado.

Frequência de feedback – é a quantidade de vezes que uma informação éfornecida ao aprendiz. Pode ser absoluta ou relativa.

Prática autocontrolada – situação de aprendizagem onde o aprendiz atua maisativamente no decorrer do processo.

Prática externamente controlada – situação de aprendizagem em que hápraticamente um controle total do processo pelo pesquisador, enquanto pouca ounenhuma ênfase é colocada no aprendiz.

Self - grupo de sujeitos que recebe assistência física de forma autocontrolada, ouseja, solicitam assistência quando percebem a necessidade.

Yoked - grupo de sujeitos equiparados um a um de acordo com os sujeitos dogrupo autocontrolado.

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SUMÁRIO

RESUMO

ABSTRACT

LISTA DE ANEXOS.....................................................................................................

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS....................................................................

LISTA DE DEFINIÇÃO DE TERMOS.......................................................................

1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................

2. OBJETIVOS.........................................................................................................

2.1 Objetivo Geral.................................................................................................

3. JUSTIFICATIVA..................................................................................................

4. HIPÓTESE..........................................................................................................

5. REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................

5.1 Aprendizagem Motora...................................................................................5.2 Prática Autocontrolada..................................................................................5.3 Acidente Vascular Encefálico........................................................................

6. METODOLOGIA...................................................................................................

6.1 Delineamento da pesquisa............................................................................6.2 Sujeitos.........................................................................................................6.3 Tarefa, equipamento e material...................................................................6.4 Procedimentos.............................................................................................6.5 Análise dos dados........................................................................................

7. REFERÊNCIAS..................................................................................................8. CRONOGRAMA................................................................................................9. ORÇAMENTO....................................................................................................

ANEXOS.............................................................................................................

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1. INTRODUÇÃO

O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é definido segundo a Organização

Mundial de Saúde, como um sinal clínico de rápido desenvolvimento de

perturbação focal da função cerebral, de suposta origem vascular e com mais de

24 horas de duração (STOKES, 2000). Apesar da taxa de sobrevida ser elevada,

cerca de 30% a 50% dos indivíduos permanecem incapacitados, dentre os quais

alguns necessitam de cuidados institucionais (WRITING GROUP MEMBERS AHA,

2008).

O AVE frequentemente acarreta sequelas sensório-motoras e cognitivas

importantes, que predispõem à instalação de quadros dolorosos, deformidades

osteomusculares, fraqueza muscular, alteração do equilíbrio, distúrbios da marcha,

ou mesmo a plegia (paralisia) de um hemicorpo (UNDERWOOD, CLARK,

BLANTON, AYCOCK & WOLF, 2006; PACHECO, MACHADO, LATTARI,

PORTELLA, VELASQUES, SILVA, BASTOS & RIBEIRO, 2007). Todos estes

fatores propiciam a redução da capacidade funcional do sujeito, que normalmente

passa a necessitar de auxílio para a realização das atividades de vida diária

(AVDs). Diante destas alterações, muitas vezes estes sujeitos desenvolvem

quadros depressivos, dificultando tanto a adaptação familiar quanto sua

reabilitação (PACHECO et al., 2007).

Com o processo de envelhecimento da população mundial, o número de

sujeitos acometidos pelo AVE aumenta substancialmente ao longo dos anos

(PACHECO et al., 2007). A incidência duplica a cada década de vida a partir dos

55 anos, sendo a hemiparesia (fraqueza muscular em um hemicorpo) um déficit

importante decorrente da lesão. Há várias abordagens de reabilitação para a

recuperação do controle motor e a reorganização neural é o princípio básico que

sustenta a maioria delas (RODGERS, 2004). Intervenções com eficaz reabilitação

que sejam iniciadas precocemente, ou seja, desde que o sujeito esteja

hemodinamicamente estável após o AVE, podem melhorar o processo de

recuperação e minimizar a incapacidade funcional. Melhoras nos resultados

funcionais contribuem também para a satisfação dos sujeitos, além de reduzir os

custos potenciais com o tratamento a longo prazo (DUNCAN, ZOROWITZ, BATES,

CHOI, GLASBERG, GRAHAM, KATZ, LAMBERTY & REKER, 2005).

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A aprendizagem motora pode ser considerada como um conjunto de

processos relacionados à prática, que levam a uma melhora dos mecanismos

internos responsáveis pelo comportamento motor, causando mudanças

relativamente permanentes na capacidade para desempenhar habilidades motoras

(CHIVIACOWSKY, 2005).

Uma variedade de fatores que afetam a aprendizagem de habilidades

motoras tem sido estudada nos últimos anos, já que a aprendizagem é considerada

um processo complexo, influenciado pela interação entre um conjunto de variáveis

relacionadas à tarefa a ser aprendida, ao ambiente da aprendizagem e às

características do aprendiz (CHIVIACOWSKY, 2005).

Especificamente com relação à tarefa, Wulf e Shea (2002) argumentaram

que, enquanto o aprendizado de tarefas simples pode ser melhorado, tornando a

prática mais difícil ou desafiadora para o aprendiz (por exemplo, utilizando a

redução da frequência de feedback ou mesmo o feedback autocontrolado), a

aprendizagem de competências relativamente complexas pode não ser

beneficiada, e pode até ser prejudicada pelo aumento das exigências impostas ao

aprendiz. Claramente, uma tarefa relativamente simples para um indivíduo típico

pode ser complexa para um sujeito pós AVE. Assim, arranjos de feedback que

resultam em efeitos positivos em sujeitos saudáveis não necessariamente podem

demonstrar as mesmas vantagens para os pacientes que sofreram AVE.

As habilidades que precisam ser aprendidas por pessoas com AVE incluem

principalmente o desempenho das tarefas diárias, como levantar-se, segurar um

objeto e ficar em pé. Apesar do movimento de se levantar, por exemplo, não

parecer tão difícil como a execução de uma habilidade esportiva, tais como as

utilizadas no tênis, pode ser percebido como complexa pela pessoa que sofreu um

acidente vascular encefálico (VLIET & WULF, 2006).

Entretanto, os resultados dos estudos aplicados a sujeitos típicos divergem

da prática aplicada no campo da reabilitação. Estes resultados preconizam que os

maiores benefícios obtidos no processo de aprendizagem motora ocorrem quando

são fornecidas, por exemplo, menores frequências de feedback, e quando este é

oferecido após a realização de um movimento (SCHMIDT & WRISBERG, 2001).

No entanto, o que se observa constantemente na prática clínica da reabilitação de

pacientes pós AVE, é que os fisioterapeutas fornecem feedback em frequências

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elevadas, além de aplicá-lo de maneira concorrente ou imediata à realização do

movimento aos aprendizes, durante as sessões de atendimento (WULF, 2007).

A prática frequentemente observada no campo da fisioterapia é o controle de

quase todos os aspectos da terapia pelo fisioterapeuta, fazendo com que o

paciente assuma uma postura passiva diante do tratamento. Este fato é

compreensível, visto que existem muitas diferenças entre as competências dos

terapeutas e dos sujeitos que recebem o tratamento (WULF, 2007).

No entanto, segundo Wulf (2007), vários estudos têm mostrado que a

eficácia da aprendizagem de habilidades motoras pode ser melhorada

consideravelmente, quando é fornecido ao aprendiz pelo menos algum controle

sobre as condições de prática. Ou seja, os protocolos de treinamento que

concedem ao aluno algum grau de autocontrole geralmente resultam em uma

aprendizagem mais eficaz que protocolos de treinamento que são em sua

totalidade externamente controlados.

De fato, a prática com autocontrole é um importante fator que tem

demonstrado influenciar a aprendizagem motora e se refere às situações de (re)

aprendizagem onde o sujeito que aprende pode atuar mais ativamente no decorrer

do processo. Nesta abordagem o próprio aprendiz é quem toma decisões

relacionadas às variáveis do processo a serem estudadas (CHIVIACOWSKY,

2005). No entanto, são escassos os estudos sobre os fatores que afetam a

aprendizagem motora em indivíduos com lesão no sistema nervoso central (SNC),

como por exemplo, sujeitos pós lesão por AVE.

Observa-se, assim, um importante foco de investigação relacionado aos

fatores que afetam a (re) aprendizagem de habilidades motoras em sujeitos com

comprometimento motor após acidente vascular encefálico (AVE).

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Examinar se os benefícios de aprendizagem da prática autocontrolada,

encontrados previamente em sujeitos típicos, também serão encontrados em

adultos com comprometimento motor por AVE.

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3. JUSTIFICATIVA

Diante do fenômeno de envelhecimento populacional, torna – se crescente

a incidência de indivíduos com comprometimento motor ocasionado por acidente

vascular encefálico (PEREIRA, ALVARENGA, JÚNIOR & BARBOSA, 2009).

O comprometimento motor mais frequente é o quadro de hemiparesia, que

favorece a incapacidade funcional destes indivíduos, visto que, na maioria das

vezes deixam de exercer sua função profissional, passando a necessitar de

cuidados tanto de caráter social quanto emocional. Tais cuidados podem ser

exigidos não somente a curto prazo, mas por longos períodos após o episódio de

AVE, sendo necessários custos com assistência em saúde e internações

hospitalares, repercutindo no sistema único de saúde, o qual é onerado e

sobrecarregado à medida que aumentam os números de acidentes

cerebrovasculares no Brasil (LEATHLEY, GREGSON, MOORE, SMITH, SHARMA

& WATKINS, 2004).

Em vista deste contexto, faz – se necessário a melhora do processo de

reabilitação dos indivíduos que sofreram AVE. O processo de reabilitação depende

das precondições de estimulação, inibição e facilitação, sendo fundamentalmente

um processo de reaprender movimentos a fim de realizar atividades da vida diária

com sucesso (DAVIES, 1996).

A reabilitação física tem como um de seus objetivos favorecer o

aprendizado ou reaprendizado motor, através de métodos que visam ao estímulo

da aprendizagem motora por intermédio de treino de exercícios físicos específicos,

obtendo efeitos positivos na reorganização cerebral após a lesão neuronal

(SHEPHERD, 2001).

Isto aponta para o fato de que a reabilitação é baseada na suposição de

que a prática leva à formação ou aperfeiçoamento de competências após a

instalação da hemiparesia. Apesar desta hipótese subjacente, a pesquisa em

controle motor e aprendizagem motora só recentemente começou a ter impacto

sobre a prática de reabilitação. Antes disto, a reabilitação estava centrada na

facilitação de movimentos passivos isolados ou no ensinar aos pacientes a atuarem

de forma independente utilizando movimentos alternativos aos que eles usavam

antes de seu acidente vascular encefálico (KRAKAUER, 2006).

19

Quanto a aplicação da prática autocontrolada no campo da reabilitação de

pacientes pós AVE nenhum estudo é encontrado até o presente momento,

tornando oportuna a realização do estudo aqui proposto.

4. HIPÓTESE

A assistência autocontrolada trará maior benefício à aprendizagem de uma

tarefa motora de equilíbrio do que a prática externamente controlada, em sujeitos

que apresentam comprometimento motor por AVE.

5. REFERENCIAL TEÓRICO

5.1. Aprendizagem Motora

A aprendizagem motora pode ser compreendida como fenômeno composto

por uma série de mudanças, relativamente permanentes, em processos internos

que determinam a capacidade de um indivíduo para produzir uma ação motora

(SCHMIDT & WRISBERG, 2001).

O processo de aprendizagem pode ocorrer a qualquer momento da vida de

um indivíduo, seja este criança, adulto ou idoso, propiciando o aprendizado de algo

novo e modificando o comportamento de acordo com o que foi aprendido. A

aprendizagem requer a aquisição de conhecimentos e a capacidade de guardar e

integrar esta aquisição, para posteriormente ser recrutada quando necessário

(OLIVEIRA, SALINA & ANNUNCIATO, 2001).

Existem duas formas distintas de aprendizagem motora, uma implícita e

outra explícita (HASLBAND & LANGE, 2006).

A aprendizagem implícita é involuntária, inconsciente, caracterizada pela

melhoria comportamental, exige menos atenção e é fundamental para reaprender

tarefas mais cotidianas. Por exemplo, aprender a andar de bicicleta ocorre após

repetidos erros e quedas, mas o aprendiz não se lembra exatamente dos

componentes motores que levaram ao sucesso (CLEERMANS, DESTRBECQZ &

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BOYER, 1998; HALSBAND & LANGE, 2006). Já a aprendizagem explícita envolve

recordação consciente de experiências anteriores (HALSBAND & LANGE, 2006).

De acordo com Halsband (2006), o fenômeno da aprendizagem motora

consiste em três fases distintas, sendo que a habilidade motora evolui de um

controle explícito nos primeiros estágios de aprendizagem para um controle mais

implícito, ou automático quando a tarefa já está bem aprendida. Estes estágios da

aprendizagem são:

a) o inicial, caracterizado por desempenho lento, com necessidade de

orientação sensorial frequente e movimentos de forma irregular com tempo de

execução variável;

b) o intermediário com aprendizagem gradual do mapa sensório-motor e

aumento da velocidade de execução;

c) o estágio avançado, o qual apresenta um desempenho rápido,

automatizado e habilidoso com movimentos realizados de maneira uniforme com

total controle sensorial (HALSBAND, 2006 apud HALSBAND & LANGE, 2006).

Durante o processo de aprendizagem, há modificações nas estruturas e

funcionamento das células neurais e de suas conexões, ou seja, o aprendizado

promove modificações plásticas, como crescimento de novas terminações e botões

sinápticos, crescimento de espículas dendríticas, aumento das áreas sinápticas

funcionais, estreitamento da fenda sináptica, mudanças de conformação de

proteínas receptoras, além de incremento de neurotransmissores (OLIVEIRA et al.,

2001).

Após a lesão neural vários eventos ocorrem simultaneamente no SNC, no

local da lesão e distante dele. Em um primeiro momento, as células traumatizadas

liberam seus aminoácidos e seus neurotransmissores, os quais, em alta

concentração, tornam os neurônios mais excitados e mais vulneráveis à lesão

(OLIVEIRA et al., 2001).

A reabilitação baseia - se na suposição de que a prática leva à formação ou

aperfeiçoamento de competências após a hemiparesia, já que a prática de tarefas

motoras induz mudanças plásticas e dinâmicas no SNC (FISHER & SULLIVAN,

2001; KRAKAUER, 2006). A aplicação dos princípios da aprendizagem motora no

processo de reabilitação de indivíduos pós AVE pode possibilitar uma facilitação ao

mecanismo de reaprendizagem motora, após reorganização do sistema nervoso

21

central lesado, para que os pacientes realizem suas necessidades de vida diária

com maior sucesso.

Os passos operacionais necessários para atingir os movimentos têm sido

extensivamente estudados nos últimos 20 anos, mas o conhecimento sobre o

controle motor aplicado a caracterização e tratamento do déficit motor após a

hemiparesia só recentemente tem sido explorado (KRAKAUER, 2006).

Por exemplo, é sabido que a reaprendizagem motora após lesão encefálica

só é possível pela ocorrência do processo de neuroplasticidade no SNC. Desta

forma, os fatores relacionados à identificação da plasticidade experiência-

dependente pertinentes à reabilitação motora e à otimização da recuperação pós-

AVE incluem a intensidade da prática, a repetição, a prática variável, tarefas

específicas, e motivação. Contudo, os pacientes podem continuar a utilizar padrões

de movimento que são ineficientes e considerados compensatórios se a avaliação

da tarefa ou feedback relevante ao desempenho não são fornecidos

(MICHAELSEN, DANNENBAUM & LEVIN, 2006).

Achados do estudo de Vidoni & Boyd (2009) mostraram que quando a

propriocepção periférica é interrompida outros sistemas sensoriais podem

compensar a sensação alterada e fornecer o feedback necessário para a

aprendizagem motora. Este fato é o que ocorre após o episódio de AVE.

Quando o SNC é preservado, permite a comparação e a ponderação de

informações sensoriais recebidas para que a aprendizagem de tarefas motoras

seja mantida mesmo quando as fontes de feedback são conflitantes. Inversamente,

quando as estruturas centrais são danificadas, a avaliação do feedback sensorial, a

recepção, interpretação ou a expectativa podem ser diminuídas prejudicando a

aprendizagem motora (VIDONI & BOYD, 2009).

Dados encontrados na pesquisa de Vidoni & Boyd (2009), indicaram que os

indivíduos com acidente vascular encefálico que apresentavam a propriocepção

prejudicada sobre a posição do membro superior mostraram desvantagem durante

a aprendizagem de um padrão motor contínuo, quando comparados com aqueles

com a percepção de posição intacta.

Estudos sobre aprendizagem motora introduziram o conceito de modelo

interno, que significa que o SNC pode alterar os comandos motores para o membro

superior para prever os efeitos da força de campo e formar um novo mapeamento

entre o estado do membro e a força muscular. Experimentos mostram que os

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modelos internos aprendidos para um tipo de movimento podem ser generalizados

para outros movimentos (CONDITT, GANDOLFO & MUSSA-IVALDI, 1997).

A importância do conceito de modelo interno para a reabilitação é que o

modelo pode ser atualizado de acordo com as alterações no estado do membro.

Assim, a reabilitação deve enfatizar técnicas que promovam a formação de

modelos internos adequados e não apenas a repetição de movimentos

(KRAKAUER, 2006).

Existem poucos estudos sobre aprendizagem motora após AVE, e aqueles

que existem não se voltam para os déficits da formação da memória motora,

apesar da provável relevância destes processos para a reabilitação (KRAKAUER,

2006). Takahashi & Reinkensmeyer (2003) mostraram em seu estudo que a

adaptação do membro superior parético foi prejudicada durante um deslocamento

de campo de força lateral gerado por um membro robótico. Os pacientes

apresentaram menor capacidade de realizar os movimentos em linha reta no

campo de força e mostraram redução de efeitos posteriores. Os autores

concluíram, no entanto, que os pacientes não têm um déficit de aprendizagem em

si, mas a lentidão e fraqueza relacionadas ao desenvolvimento da força necessária

para implementar o controle antecipatório.

Assim, no momento atual ainda é incerto se existem déficits de

aprendizagem motora em pacientes com hemiparesia. Isto ocorre porque existem

muitos fatores que afetam a aprendizagem motora, e diferentes locais do SNC que

podem sofrer a lesão no AVE (KRAKAUER, 2006). A literatura indica que a

reaprendizagem motora é influenciada por vários fatores fundamentais como a

intensidade, a especificidade da tarefa, iniciação ativa, a motivação, o feedback,

entre outros (LOTZE, BRAUN, BIRBAUMER, ANDERS & COHEN, 2003;

KWAKKEL, 2006).Poucos estudos até o presente momento envolveram mais

especificamente os fatores que afetam a aprendizagem motora em pacientes com

hemiparesia pós AVE. Um destes estudos envolveu a interferência contextual,

mostrando que os pacientes que praticaram com a prática aleatória apresentaram

retenção superior da sequência de movimentos funcionais treinados. Temos que a

razão pela qual a programação aleatória auxilia na recuperação é que ela

considera cada movimento um problema a ser resolvido, ao invés de um tempo de

seqüência de força muscular para ser memorizado e, então, repetido. Assim, é o

movimento que tem que ser repetido e não a meta (HANLON, 1996).

23

Vliet & Wulf (2006), discutem em seu estudo que um importante

questionamento para os fisioterapeutas que trabalham com reabilitação pós AVE, é

se os achados das pesquisas realizadas com sujeitos típicos são aplicáveis a

indivíduos que sofreram AVE. Isto depende se estas pessoas aprendem da mesma

forma como aquelas com o sistema nervoso intacto, e se as tarefas estudadas na

pesquisa são semelhantes aquelas que os pacientes de AVE precisam aprender.

O presente estudo acompanha o princípio acima, visto que a tarefa

proposta à população que será estudada é composta por movimentos de membros

inferiores e estabilidade de tronco, os quais são primordiais para a execução dos

ciclos da marcha humana, ou seja, tarefa imprescindível para a independência

funcional, e que os sujeitos pós AVE precisam reaprender.

Ressalta-se que uma importante questão na reabilitação pós AVE é se a

recuperação é mais influenciada pelo uso forçado do hemicorpo, ou, pela

aprendizagem forçada. Ou seja, a utilização do membro acometido de qualquer

forma, ao executar uma atividade pode favorecer mais, ou, não a recuperação que,

a automatização dos padrões de movimento através da repetição de exercícios,

que respeitem o bom alinhamento biomecânico. Assim, o uso repetitivo do membro

parético durante movimentos simples pode não otimizar as condições para

recuperação (CAREY; DURFEE; BHATT; NAGPAL; WEINSTEIN; ANDERSON;

LEWIS, 2007).

Após o AVE, os sistemas de feedback intrínseco podem ser

comprometidos, tornando difícil ao indivíduo determinar o que precisa ser feito para

melhorar o desempenho. Desta forma, o feedback extrínseco pode ser ainda mais

importante para as pessoas que sofreram AVE (VLIET & WULF, 2006).

Estudos têm mostrado que pacientes com AVE unilateral são capazes de

aprender novas tarefas motoras, no entanto, a aprendizagem motora implícita

(aprendizagem de tarefas perceptuo-motoras pela prática física sem consciência),

pode ser prejudicada especialmente em pessoas com dano na região do lobo

temporal (HANLON, 1996; REBER & SQUIRE, 1998; BOYD & WINSTEIN, 2001).

Talvitie (2000), realizou um estudo exploratório com indivíduos vitimados

por AVE e investigou as características sócio – afetivas do feedback extrínseco na

fisioterapia. As sessões de atendimento foram filmadas, e então submetidas à

observação sistemática, verificando-se que os comportamentos adotados

baseavam-se em categorias predeterminadas de comunicação verbal e física. Tal

24

estudo encontrou que o feedback verbal foi utilizado extensivamente pelos

fisioterapeutas, e com maior frequência que o feedback visual. O feedback verbal

foi principalmente motivacional e de reforço, raramente fornecendo informações

específicas sobre a realização da tarefa. Às vezes era administrado

concomitantemente com a prática do movimento pelo paciente. No entanto, a

pesquisa em indivíduos saudáveis indica que isto é contraproducente para a

aprendizagem, ou seja, a prática com feedback concorrente é benéfica a

performance imediata, mas não para a aprendizagem de uma tarefa sensório-

motora como a aplicada no estudo de Winstein et al. (1996), onde os sujeitos

jovens e saudáveis deveriam apoiar 30% do seu peso corporal sobre o membro

inferior preferido, mantendo-se precisamente dentro do limite de uma escala

marcada no solo.

No estudo de Platz et al.(2001), foi investigado especificamente o efeito do

CR (conhecimento de resultados) após o AVE. Os sujeitos com lesão por AVE

foram randomizados em três grupos e submetidos a um programa de treinamento

de tarefa para membro superior, com duração de três semanas. O primeiro grupo

recebeu o treino com CR, o segundo recebeu treinamento sem CR, e o terceiro

grupo não participou do treino. Embora o treinamento em si tenha proporcionado

resultados significantes comparados aos que não o receberam, quando o

desempenho foi mensurado, ao final das três semanas não houve efeito extra

substancial para o CR. Isto poderia ter ocorrido porque as tarefas escolhidas

tinham informação inerente sobre o resultado do movimento, como por exemplo,

atingir alvos com um estilete e colocar objetos em cima de outros objetos, de modo

que o CR adicional não auxiliou na melhora do aprendizado. Além disso, quando o

resultado já nos dá a informação sobre uma tarefa, podemos rever a necessidade

do fisioterapeuta ainda fornecer conhecimento de resultados adicional. Isto deve ter

papel motivacional, no entanto, necessita ser investigado. Estudos também

precisam investigar se o CR será proveitoso em tarefas onde este não é inerente

com sujeitos vitimados pelo AVE.

Outro elemento utilizado no tratamento de pacientes pós AVE, segundo

ensaio clínico randomizado realizado por Langhammer & Stanghelle (2000), é o

feedback verbal. Neste estudo foram comparados dois métodos diferentes de

tratamento fisioterapêutico, sendo um o conceito Bobath, e o outro o programa de

reaprendizagem motora. Foram encontrados efeitos positivos em toda a

25

intervenção, a qual comparou os resultados obtidos em dois grupos de pacientes

em estágio agudo de AVE, através da aplicação de escalas de avaliação de

independência funcional para realizar as atividades de vida diária. No entanto, não

foi possível discernir a contribuição específica do feedback verbal nestes

tratamentos multifacetados.

Vários estudos mostraram que os pacientes pós AVE podem ser

beneficiados através da utilização de feedback visual em atividades com

transferência de peso e deslocamento. Em um ensaio clínico randomizado, Sackley

e Lincoln (1997) encontraram melhoras significativas em comparação ao grupo

controle na simetria postural e oscilação, função motora e atividades de vida diária

após um programa de treinamento de quatro semanas em que os pacientes

receberam feedback através da tela de um computador ao tentar equilibrar-se em

uma plataforma de equilíbrio.

Estas mudanças mantiveram-se presentes quatro semanas após a

intervenção, mas não após 12 semanas. Em um estudo similar, onde o feedback

visual foi fornecido sobre o centro de gravidade de pacientes apresentando fase

aguda do AVE, o desempenho do equilíbrio também melhorou, embora diferenças

significativas não tenham sido verificadas entre feedback verbal e tátil, formas mais

utilizadas na fisioterapia (WALKER, BROUWER & CULHAM, 2000).

O feedback auditivo também tem sido citado na literatura durante a

reabilitação de sujeitos que sofreram AVE. Em um ensaio clínico randomizado o

grupo experimental recebeu grande input sensorial através de feedback auditivo

representando a força de reação do solo durante a realização da tarefa de sentar e

levantar. Ao final de cinco semanas de treino diário desta tarefa, o grupo

experimental atingiu simetria significativamente maior na distribuição do peso

corporal que o grupo controle (ENGARDT et al., 1993 apud VLIET & WULF, 2006).

Além das variadas formas de feedback extrínseco aplicadas durante a fase

de reaprendizagem motora do paciente com lesão pós AVE encontramos poucos

relatos na literatura sobre o feedback cinemático. Um estudo quase-randomizado

analisou o efeito do feedback cinemático através da eletrogoniometria com a

finalidade de limitar a hiperextensão do joelho. O pico de hiperextensão do joelho

foi mais efetivo para o grupo experimental do que para grupo controle, após um

período de quatro semanas de treinamento (EZEKIEL et al., 2001 apud VLIET &

WULF, 2006). Um aspecto importante desse estudo foi que os resultados foram

26

baseados em um teste de retenção realizado 4 semanas após a interrupção do

treinamento, diferente de estudos com pessoas com AVE, que testaram a mudança

apenas no desempenho, como um resultado da intervenção do feedback.

Canning e Adams (1985), mostraram em um estudo de caso a melhora nos

parâmetros da marcha de indivíduos pós AVE quando regularmente mostrados em

um gráfico de desempenho. O paciente foi secretamente monitorado pela equipe,

que observou o tamanho de sua base de apoio e comprimento do passo, e esta

informação foi enviada para o paciente diariamente em um gráfico mostrando o

número de vezes que o comprimento do passo correto ou base de apoio foi

observada.

Outra forma de feedback aplicada na reabilitação do AVE é o treino de

realidade virtual aumentada, através da utilização de diferentes tipos de luvas que

utilizam sensores de infravermelho e de força, relacionados aos movimentos do

membro superior. Um sensor para monitoramento de velocidade, amplitude e

fracionamento do movimento, o outro, uma luva para feedback de força,

acompanhamento da força de flexão dos dedos e movimentos de extensão

(MERIANS, JACK & BOIAN, 2002).

Winstein, Merians e Sullivan (1999) pesquisando sobre a frequência de

feedback reduzida utilizaram uma tarefa na qual os participantes tiveram que

produzir um padrão de movimento de membro superior espacialmente e

temporalmente definidos (posicionamento da alavanca), para comparar os efeitos

de frequência de feedback (100% versos 67%) em adultos saudáveis, idosos e um

grupo de indivíduos com sequela pós AVE há dois anos. No teste de retenção, a

frequência reduzida de feedback durante a prática resultou em uma maior

consistência para sujeitos típicos e pacientes pós AVE, embora a precisão do

movimento não tenha diferido nas respectivas condições de feedback.

Em um outro estudo, utilizando uma tarefa de posicionamento linear do

membro superior, diferentes grupos de indivíduos com lesão cerebral e com idades

equiparadas aos grupos controles, praticaram com diferentes frequências de

feedback, como 33%, 67%, e 100%. Não houve diferença significativa entre os

diferentes grupos no teste de retenção, embora ambos os grupos com frequência

reduzida tenham demonstrado tendência de CR maior precisão que aqueles sob

condição de 100% (THOMAS & HARRO, 1996).

27

Finalmente, Saladin, Baghdady e Nichols (1994) citados por Vliet & Wulf,

2006, relatam que pacientes com AVE praticando uma tarefa de modulação de

força isométrica beneficiaram-se de uma frequência reduzida de feedback (50%)

em relação ao feedback de 100%, conforme demonstrado em um teste de retenção

após 24 h. Desta forma, observa-se que a redução da frequência de feedback pode

ser benéfica para pacientes com AVE.

Embora estudos envolvendo populações de pacientes e feedback

autocontrolado ainda sejam escassos, a consistência relativa dos benefícios da

prática autocontrolada sugere que os efeitos tem o potencial de serem

generalizados a uma gama relativamente ampla de populações. A incorporação do

treinamento com autocontrole na prática de fisioterapia tem o potencial de reduzir o

tempo e os custos das intervenções. Desta forma, o impacto de uma alteração

relativamente simples durante as sessões de atendimento pode ser substancial

(WULF, 2007).

No entanto, ainda são desconhecidos os efeitos do feedback

autocontrolado na reabilitação de pacientes que sofreram AVE.

5.2. Prática Autocontrolada

A aprendizagem com autocontrole refere - se a um tipo de situação de

aprendizagem onde o aprendiz pode atuar mais ativamente no decorrer do

processo. Difere de todas as abordagens anteriormente realizadas na área da

aprendizagem motora, já que naquelas há praticamente um controle total da

situação de aprendizagem pelo pesquisador, enquanto pouca ou nenhuma ênfase

é colocada no aprendiz e nas suas próprias estratégias de aprendizagem

(CHIVIACOWSKY, 2005).

Bandura (1993), expõe que processos autogerados podem controlar o

impacto da maioria das influências do ambiente sobre os diferentes domínios do

comportamento humano. Tais processos são capazes de afetar a crença das

pessoas sobre as suas capacidades de exercer controle sobre o seu próprio nível

de funcionamento e sobre os eventos que afetam as suas vidas. Quanto maior a

auto-eficácia percebida, maiores os desafios auto-propostos a serem alcançados e

maior será o engajamento para os alcançarem.

28

Segundo Hardy & Nelson (1988) e Zimmerman (1989) apud Chiviacowsky,

2005, a participação mais ativa do aprendiz no processo de aprendizagem pode

favorecer resultados significativamente melhores, através da melhora da retenção

de informações essenciais a tal processo. Pode-se compreender que o mecanismo

de aprendizagem de uma tarefa motora é um processo de busca de um novo

estado, uma forma de troca de estados ordenados preexistentes para um estado

diferente, com maior nível de organização ou complexidade, através da prática ou

da experiência.

Janelle, Barba, Frehlich, Tennant e Cauraugh (1997), objetivaram em seu

estudo examinar se os participantes que poderiam controlar a frequência de

feedback de sua performance (CP), obteriam um aprendizado diferente daqueles

que receberam feedback controlado rigidamente, enquanto aprendiam uma tarefa

complexa. Tal tarefa consistia em arremessar uma bola de tênis com a mão não

dominante em um alvo pintado no chão de uma pista medindo nove metros de

comprimento, formada por quinze círculos concêntricos com largura de cinco

centímetros. O centro do alvo recebeu escore zero, e cada círculo em torno do

centro equivalia ao aumento em uma unidade na pontuação totalizando no máximo

dezesseis pontos. Uma câmera de vídeo foi usada para filmar a ação dos

participantes. Estes foram dispostos randomicamente nos seguintes grupos, o que

recebeu frequências autocontroladas de feedback extrínseco do tipo CP, o grupo

com feedback sumário a cada cinco tentativas, grupo yoked e grupo com 100% de

frequência de CR. Após a fase de aquisição, de dois dias, e uma de retenção,

quatro dias após a aquisição, os resultados foram significativamente superiores

para os grupos que receberam um arranjo de CP autocontrolado em relação aos

demais grupos. Isto foi explicado porque em uma condição de aprendizagem

autocontrolada a capacidade do sujeito utilizar estratégias cognitivas ou

comportamentais pode melhorar a performance e a aprendizagem.

Os benefícios da aprendizagem autocontrolada também foram constatados

durante a utilização de dispositivos de assistência física, como os bastões de esqui,

apresentados no estudo de Wulf e Toole (1999), favorecendo a melhora da

aprendizagem da tarefa de esquiar através de um simulador, quando comparado

ao grupo yoked (equiparado), como foi evidenciado em um teste de retenção

atrasado sem o uso de dispositivos de assistência. A exposição dos bastões de

esqui, como determinado pelos participantes do grupo controle, foi idêntica nos

29

dois grupos sugerindo que os participantes permitiram escolher o momento da

tentativa em que era necessária a utilização de assistência física, sendo mais

efetivo na facilitação da aprendizagem que a prática com feedback controlado

externamente.

Outros autores estenderam esta linha de pesquisa comparando sujeitos

que formaram o grupo yoked e o autocontrolado, enquanto praticavam a tarefa de

simulação de esqui. Novamente, ambos os grupos apresentavam o mesmo

controle do uso ou não uso do bastão (dispositivo de assistência), como escolhido

pelos participantes do grupo autocontrolado. No entanto, estes sujeitos e seus

correspondentes do grupo yoked praticavam a tarefa em duplas. O uso dos

bastões de esqui com autocontrole resultou em uma aprendizagem mais efetiva,

apesar dos potenciais efeitos dos participantes poderem observar e competir uns

com os outros (WULF, CLAUSS, SHEA & WHITACRE, 2001).

Os benefícios da prática autocontrolada também foram confirmados por

Wulf, Raupach e Pfeiffer (2005), que encontraram vantagens para o aprendizado

de um grupo de participantes capazes de auto-selecionar a visualização de um

vídeo modelo durante a prática de um arremesso de basquete. Mais uma vez, foi

verificado que as condições autocontroladas podem levar a um processamento de

informação mais efetivo sobre a importância da tarefa, e desta forma ao melhor

aprendizado.

Chiviacowsky & Wulf (2002), realizaram um estudo com tarefa de timing

sequencial onde os sujeitos deveriam pressionar quatro teclas de um teclado

numérico em um determinado tempo de movimento. O grupo autocontrolado

demonstrou vantagens na aprendizagem sobre o grupo equiparado (yoked) durante

o teste de transferência. Nesta pesquisa, os participantes respondiam a um

questionário que perguntava ao grupo autocontrole quando e por que eles

requisitavam feedback, por exemplo, após eles realizarem uma “boa” tentativa e

uma “má” tentativa, em ordem, ou aleatoriamente, enquanto o grupo yoked foi

questionado se eles recebiam feedback após as tentativas “corretas”, e, se não,

quando eles prefeririam recebê-lo. Curiosamente, os dados dos questionários dos

participantes do grupo autocontrolado mostraram que estes requeriam feedback

após a realização das boas tentativas. Isto gera evidências de que quando os

participantes têm a oportunidade de requerer o feedback, estes o fazem baseados

em sua percepção de sucesso na execução dos movimentos. Os resultados

30

sugeriram que as condições de prática autocontrolada favorecem a melhor

aprendizagem dos sujeitos, e que ambos os grupos preferem receber informações

após as tentativas positivas.

Chiviacowsky & Wulf (2005), usando uma nova abordagem para estudar os

efeitos do feedback autocontrolado que implicava em dois grupos de prática

autocontrolada, sendo que um grupo decidia o fornecimento de feedback em

seguida da execução de uma tentativa, e outro grupo solicitava feedback antes de

realizar a tentativa de tarefa de timing sequencial, sendo esta a mesma utilizada no

estudo de Chiviacowsky e Wulf (2002). Os grupos receberam a condição de

solicitar feedback de forma mais restrita, três vezes a cada dez tentativas. Os

resultados mostraram que o feedback foi mais efetivo quando solicitado após a

realização da tentativa. Estes resultados sugerem que as condições de prática

autocontrolada concordam mais com as necessidades dos aprendizes, que podem

levar em consideração os resultados de sua performance e julgar se necessitam de

feedback.

Verifica-se também o estudo da prática autocontrolada envolvendo

crianças. Chiviacowsky, Wulf, Medeiros, Kaefer e Wally (2008), analisaram se as

crianças que escolhiam frequências relativamente mais baixas de feedback

mostravam maior eficácia na aprendizagem que aquelas que requeriam feedback

mais frequentemente. Participaram do estudo sessenta crianças na faixa etária de

dez anos de idade. A tarefa consistia em arremessar um implemento por cima do

ombro, com o membro superior não dominante, no alvo circular com 10 cm de raio

marcado no chão, e distante 3m da criança. Todos realizaram seis blocos de dez

tentativas, sendo orientados que poderiam receber conhecimento de resultados

(CR) ou feedback sobre a acurácia do movimento, apenas quando solicitado. Era

informado aos participantes se o arremesso realizado era longo, curto, ou se

estava deslocado à direita ou esquerda em relação ao centro do alvo. O teste de

retenção foi realizado após 24h, e nenhum CR foi fornecido nesta fase. Após as

fases de aquisição e retenção, foram criados dois grupos, um grupo foi formado por

crianças que haviam solicitado mais CR e outro grupo pelas crianças que haviam

solicitado menos CR. Os resultados indicaram aprendizagem superior das crianças

que solicitaram maior número de CR, comparadas às crianças que solicitaram

menos CR. Este achado deve- se ao fato de que uma maior frequência de CR

possa ter facilitado a aprendizagem das crianças que possuíam pouca experiência

31

motora devido a idade em que se encontravam. Além disso, como as crianças

apresentam uma capacidade de processamento de informações mais limitada que

os adultos, uma maior frequência de CR pode ter compensado este processo

resultando em uma aprendizagem mais efetiva. Como a tarefa do estudo foi

considerada de alta complexidade, acredita-se que uma maior quantidade de CR

tenha auxiliado no processo de aprendizagem.

Chiviacowsky, Medeiros, Schild e Afonso (2006) objetivando verificar os

possíveis efeitos da variável autocontrole na aprendizagem de habilidades motoras

em diferentes níveis de desenvolvimento motor compararam os efeitos da

frequência de conhecimento de resultados autocontrolada e externamente

controlada na aprendizagem de uma habilidade motora discreta em idosos. Neste

estudo, idosos na faixa etária de 60 a 76 anos foram distribuídos em dois grupos

em relação aos diferentes tipos de controle de frequência de CR utilizado, sendo

um externamente controlado e outro autocontrolado. A tarefa realizada consistia

em arremessar um implemento, por cima do ombro, em um alvo fixado no chão. Os

sujeitos utilizaram o membro superior não dominante e permaneceram

posicionados sentados de costas para o alvo. Os resultados obtidos foram

diferentes dos estudos prévios que investigaram o efeito do feedback

autocontrolado em adultos e crianças, visto que na variável erro absoluto, apenas

tendências e não diferenças significantes de melhores resultados para o grupo

autocontrolado, em relação ao grupo externamente controlado foram encontradas.

Desta forma, parece que em sujeitos idosos, ambas as formas de recebimento do

CR, ou seja, autocontrolada e externamente controlada, favoreceram a mesma

capacidade de desempenho da tarefa aprendida na fase de retenção.

Hartman (2007) seguindo os mesmos objetivos do estudo de Wulf e Toole

(1999), analisou a natureza da relação entre as condições autocontroladas e a

percepção dos sujeitos de como e quando utilizar um dispositivo de assistência

física durante a prática de uma tarefa de equilíbrio. Os participantes foram

distribuídos em um grupo autocontrolado, onde poderiam decidir quando queriam

receber auxílio do bastão para assistência física durante o desempenho da tarefa,

e um grupo yoked que não poderia escolher usar o bastão enquanto realizavam a

tarefa. A tarefa consistia em equilibrar – se, mantendo a plataforma do

estabilômetro na posição horizontal, podendo alcançar um desvio máximo de 15º

para os lados, durante o maior tempo possível em cada tentativa de 30 segundos.

32

Os participantes poderiam apresentar uma faixa de amplitude de erro de 3 graus de

desvio do centro do estabilômetro para os lados. A prática foi dividida em dois dias

de aquisição, onde nenhum feedback foi fornecido aos participantes. Estes

realizaram um total de 20 tentativas com períodos de 15 segundos de descanso

entre as tentativas. Antes do desempenho da tarefa, os sujeitos assistiram a uma

demonstração de prática com e sem o uso do bastão de equilíbrio, através de um

vídeo. Após cada fase de prática os participantes responderam a um questionário

adaptado do estudo de Chiviacowsky e Wulf (2002). O grupo autocontrolado foi

questionado sobre quando e por quê requeriam ou não o auxílio do bastão de

equilíbrio, e o grupo yoked foi questionado se recebeu o bastão após as tentativas

corretas, ou quando eles prefeririam receber o auxílio do dispositivo. O grupo

autocontrole apresentou benefícios imediatos à performance, os quais persistiram

na fase de retenção atrasada. Os resultados mostraram que o grupo

autocontrolado apresentou benefícios em sua performance tanto durante a prática

quanto no teste de retenção atrasada. Desta forma, este estudo traz resultados

concordantes com aqueles de estudos prévios, ou seja, que uma condição de

prática autocontrolada gera benefícios à aprendizagem de uma habilidade motora.

Seguindo este contexto do uso de dispositivos auxiliares para o

desempenho de tarefas motoras, encontra-se o exemplo da utilização de órtese

tipo bengala por sujeitos vitimados por AVE que precisam reaprender a marcha, um

quadro típico na área da reabilitação. Os autores que realizaram estudos com

sujeitos normais especulam que o uso autocontrolado destes dispositivos pode

levar a um processamento mais efetivo de informação sobre as restrições das

tarefas (HARTMAN, 2007).

No processo autocontrolado de aprendizagem por observação, nota-se que

os aprendizes podem obter mais informações, a partir da apresentação do modelo,

quando têm a oportunidade de solicitar a informação. Neste contexto, os

aprendizes podem atentar mais especificamente à execução dos movimentos,

identificando erros ou confirmando se os padrões estão corretos. Além disso, os

aprendizes que não possuem a oportunidade de solicitar demonstrações podem

apresentar a tendência de exercer menos atividades de processamento de

informações, devido a imprevisibilidade dos modelos apresentados (WULF, 2007).

Em suma, os resultados obtidos através dos estudos revisados

demonstram que os benefícios obtidos pelo feedback autocontrolado devem-se,

33

principalmente, a uma participação mais ativa dos sujeitos durante o processo de

aprendizagem motora, associado a um aumento no aspecto motivacional. Este, por

sua vez, parece conduzir à transformação profunda da informação e, finalmente, ao

aumento da aprendizagem (WULF, 2007). No entanto, segundo a autora, é

possível que os benefícios da prática autocontrolada em cenários de prática clínica

não sejam tão grandes quanto os obtidos em laboratório, visto que as condições de

autocontrole são comparadas com demonstrações fornecidas essencialmente de

forma aleatória, fato que difere da prática da fisioterapia, onde o terapeuta fornece

informações ao paciente quando acredita ser necessário, ou seja, antes deste

manifestar verbalmente alguma dificuldade na realização dos movimentos. Desta

forma, as aplicações do feedback autocontrolado para a área da fisioterapia ainda

devem ser estudadas com cautela, pois pesquisas com populações de pacientes

são ainda praticamente inexistentes.

5.3. Acidente Vascular Encefálico

O Acidente Vascular Encefálico é classificado como uma doença

cerebrovascular ocasionada pela interrupção do fluxo sanguíneo para o encéfalo,

seja pelo rompimento de um vaso sanguíneo ou pelo bloqueio por um coágulo. Tal

interrupção causa danos ao tecido encefálico que variam conforme a área e

extensão acometidas (WRITING GROUP MEMBERS AHA, 2008). O AVE é uma

das principais causas de incapacidade entre adultos em todo o mundo (KOLLEN,

KWAKELL & LINDEMAN, 2006).

Embora ocorra um declínio na taxa de mortalidade por AVE no Brasil, este

ainda representa o principal motivo de morte no país, que possui a mortalidade

mais alta no continente americano para ambos os sexos. Em 2008, foram

registrados 70.232 óbitos por doenças cerebrovasculares. Devido ao processo de

envelhecimento populacional, o crescimento na incidência de AVE é aguardado,

sendo que esta aparece mais elevada entre os sujeitos do sexo masculino

(MINELLI, FEN & MINELLI, 2007; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).

A prevalência mundial do acidente vascular encefálico na população é

estimada em 0,5% a 0,7% (RODGERS, 2004). Nos Estados Unidos, uma entre 18

34

mortes é causada por AVE, e em média, a cada 40 segundos alguém sofre um

novo episódio de AVE (WRITING GROUP MEMBERS AHA, 2010).

Embora as doenças cerebrovasculares possam ocorrer em qualquer idade,

em ambos os sexos, em todas as famílias, e em todas as raças, cada um destes

fatores não modificáveis afeta a incidência do AVE. O determinante mais forte do

AVE é a idade. A incidência aumenta exponencialmente com a idade, duplica a

cada década de vida a partir dos 55 anos, sendo a hemiparesia um déficit

importante decorrente da lesão. A maioria dos acidentes vasculares encefálicos

ocorre em pessoas com mais de 65 anos. É menos comum antes dos 40 anos,

mas em adultos jovens é uma preocupação crescente por causa do impacto da

deficiência precoce (ROWLAND, 2000).

O AVE é uma doença causada por distúrbios da irrigação encefálica. Esta

é realizada por quatro artérias que levam o sangue ao encéfalo (LUNDY-EKMAN,

2004). A irrigação encefálica é realizada por meio dos sistemas carotídeo e

vértebro-basilar, sendo que esses dois sistemas vasculares comunicam-se através

do Polígono de Willis na base do encéfalo. Essa irrigação chega ao encéfalo por

meio das duas artérias carótidas internas e das artérias vertebrais. As carótidas

internas são ramos da bifurcação da carótida comum (MACHADO, 2000).

O ramo da artéria carótida interna, após um trajeto ao longo do pescoço,

divide-se em dois ramos terminais, as artérias cerebrais média e anterior

(MACHADO, 2000). As artérias cerebrais posteriores são ramos de bifurcação da

artéria basilar que se dirigem para trás, contornam o pedúnculo cerebral e,

percorrem a face inferior do lobo temporal e lobo occipital. As artérias cerebral

média, anterior e posterior tem ramos corticais, que irrigam o córtex e a substância

branca externa, e ramos profundos (para a substância cinzenta e substância

branca adjacente). A artéria cerebral anterior irriga a superfície medial dos lobos

frontal e parietal e a porção anterior da cabeça do núcleo caudado. A artéria

cerebral média irriga a maior parte da porção lateral dos hemisférios. A artéria

cerebral posterior irriga o mesencéfalo e, depois, o lobo occipital e porções dos

lobos temporal, medial e inferior (CROSSMAN & NEARY, 1997; LUNDY-EKMAN,

2004).

Estas artérias irrigam regiões que são relativamente bem demarcadas e

distintas, pois quando uma delas for ocluída ocorrerá uma lesão encefálica

relativamente estereotipada (LENT, 2001). A incidência de AVE na circulação

35

anterior, ou seja, nas artérias cerebrais média e anterior, é duas vezes maior que

na circulação posterior ou em vasos pequenos (NG, STEIN, NING & SCHAFFER,

2007).

Os fatores de risco para o desfecho AVE podem ser classificados em

modificáveis e não modificáveis. Os componentes modificáveis incluem a

hipertensão, cardiopatia (especialmente fibrilação atrial), diabetes,

hipercolesterolemia, sedentarismo, tabagismo, etilismo, estenose carotídea

assintomática, e história prévia de ataque isquêmico transitório (AIT) (ROWLAND,

2000). Além deste, dentre os fatores não modificáveis estão incluídos a idade, a

raça, sendo a negra a mais predisponente para o desenvolvimento do AVE, o sexo

masculino, e a história familiar (ROWLAND, 2000).

Os sinais e sintomas do AVE dependem da localização e do tamanho da

lesão. A determinação do tipo de AVE ocorre de acordo com o mecanismo de lesão

sofrido pelo sistema nervoso central (SNC). Pode ser classificado em Isquêmico ou

Hemorrágico (LUNDY-EKMAN, 2004).

O AVE isquêmico ou Infarto cerebral ocorre quando um trombo ou êmbolo

(trombo em movimento) se aloja num vaso, obstruindo o fluxo sanguíneo.

Tipicamente, um êmbolo priva abruptamente uma área de sangue, resultando em

início quase imediato dos déficits. Algumas vezes, o êmbolo se fragmenta e é

desalojado, resultando na resolução rápida dos déficits. Mais comumente, o dano

cerebral residual é permanente, resultando em recuperação funcional prolongada e

incompleta. O início dos sintomas de isquemia trombótica pode ser abrupto ou

piorar com o passar de alguns dias. A recuperação de um trombo geralmente é

lenta, sendo comum uma deficiência residual significativa (LUNDY-EKMAN, 2004).

As obstruções do fluxo sanguíneo em pequenas artérias profundas

resultam em infartos lacunares. Estes são comuns nos núcleos da base, na

cápsula interna, no tálamo e no tronco encefálico. Sinais de infartos lacunares se

desenvolvem lentamente e costumam ser puramente motores ou puramente

sensitivos, sendo a boa recuperação a norma (LUNDY-EKMAN, 2004; UMPHRED,

2007).

O AVE do tipo hemorrágico ocorre por uma hemorragia que priva de

sangue os vasos distais, e o sangue extravascular exerce pressão sobre o encéfalo

ao redor. Em geral, os AVEs hemorrágicos se apresentam com os piores déficits

em horas após o início e depois ocorre a melhora à medida que o edema e o

36

sangue extravascular são removidos (LUNDY-EKMAN, 2004; UMPHRED, 2007). A

hemorragia subaracnóide é o sangramento para o interior do espaço subaracnóide

geralmente causa cefaleia súbita e lancinante com perda de consciência breve, por

alguns minutos. Diferentemente de outras hemorragias, os achados iniciais não são

focais. Os déficits por hemorragia subaracnóide são progressivos devido ao

sangramento contínuo ou hidrocefalia secundária (LUNDY-EKMAN, 2004).

Em geral, o AVE isquêmico é três a quatro vezes mais frequente que o

AVE hemorrágico, sendo responsável por 70 a 80% de todos os acidentes

vasculares encefálicos (ROWLAND, 2000). O quadro clínico dos sujeitos pós lesão

por AVE relaciona-se diretamente à região onde o suprimento sanguíneo foi

prejudicado. De acordo com resultados obtidos em um estudo coorte prospectivo,

quando é atingido mais de um território vascular ao mesmo tempo os déficits

funcionais são piores. Em seguida, de forma ascendente, os quadros de maior

incapacidade funcional pós AVE são provocados por lesão nas regiões da artéria

cerebral média, artéria cerebral anterior, artéria cerebral posterior, e artéria basilar

(responsável pela irrigação do cerebelo e ponte) (NG et al.,2007).

O quadro neurológico apresentado no AVE inclui os seguintes aspectos:

déficits motores (maior prevalência), e em geral com envolvimento de face

(paralisia facial), membro superior e membro inferior contralaterais à lesão

(hemiplegia ou hemiparesia); déficits cognitivos, caracterizados pela presença de

distúrbios de memória, atenção, orientação e depressão; déficits sensoriais, que

podem variar de perda da sensibilidade primária a perdas mais complexas de

percepção; déficits visuais, causando perda de visão monocular, hemianopsia

homônima ou cegueira cortical e déficits de linguagem, caracterizados pela

presença de afasias (VERONEZI, BACHIEGA, AUGUSTO & CARVALHO, 2004).

O déficit motor mais evidente pós AVE é a hemiplegia (ausência de

movimento voluntário) ou hemiparesia (diminuição no movimento voluntário)

(LAVADOS, HENNIS, FERNANDES, MEDINA,LEGETIC, HOPPE, SACKS, JADYE

& SALINAS, 2007). A hemiplegia é uma alteração motora inerente à fase aguda do

AVE, ou seja, com o decorrer do tempo após a lesão encefálica este quadro é

substituído pela hemiparesia. Esta leva à postura assimétrica, com menor suporte

de peso no membro inferior parético, interferindo na manutenção da postura,

prejudicando o desenvolvimento das atividades funcionais. A hemiparesia atinge o

controle motor voluntário do lado contralateral ao lesionado (LEATHLEY et al.,

37

2004). O ato motor destes pacientes pode ser dificultado por déficit de

sensibilidade, espasticidade, perda das reações de proteção, equilíbrio e

endireitamento, movimentos sinérgicos associados e perda de movimentos

seletivos. Essas condições não permitem o movimento coordenado com força

muscular adequada para realizar as atividades de vida diária como alimentação,

cuidados com higiene e marcha (CHEN, PATTENN, KOTHARI & KAJAC, 2004).

A espasticidade presente nos músculos flexores do membro superior e

extensores do membro inferior é uma das principais sequelas pós AVE, podendo

acarretar dores, contraturas, diminuição da amplitude de movimento , além de

desencadear dificuldades funcionais (CHEN et al., 2004).

A deambulação de sujeitos com hemiparesia espástica é conhecida como

marcha ceifante, sendo arrítmica, descoordenada, e gerando alto gasto energético

por apresentar redução do suporte de peso no membro inferior na fase de apoio,

além da presença de movimentos estereotipados de membro superior (LENNON,

2001).

Entretanto, as alterações motoras e sensoriais encontradas em sujeitos

vitimados por AVE, podem sofrer remodelamento, em virtude de processos da

neuroplasticidade pesquisados na área médica voltada ao campo da reabilitação,

motivo que legitima a interação entre esta e a aprendizagem motora. O AVE

relaciona-se à capacidade de recuperação do SNC após este sofrer um dano,

através do surgimento de mecanismos neuronais intrínsecos inerentes à

neuroplasticidade, os quais assumem um papel importante no processo de

aprendizagem ou reaprendizagem das competências motoras (MULDER &

HOCHSTENBACH, 2001).

A plasticidade neural refere-se à capacidade que o SNC possui em

modificar algumas das suas propriedades morfológicas e funcionais em resposta às

alterações do ambiente. Ocorre tanto no hemisfério intacto como no lesionado. Na

presença de lesões, o SNC utiliza-se desta capacidade na tentativa de recuperar

funções perdidas e/ou, principalmente, fortalecer funções similares relacionadas às

originais (JOHANSSON, 2000; OLIVEIRA, 2001).

Segundo Davies (1996), a atividade das células em nosso sistema nervoso

central pode ser excitadora ou inibidora. A função mais importante do sistema

nervoso central é sua capacidade de inibir a atividade incoordenada ou indesejada

38

e facilitar as funções utilitárias, e assim tornar possível o armazenamento de

informação; em outras palavras, nossa capacidade de aprender.

Seguindo estas bases da neuroplasticidade, a reabilitação após o AVE

desenvolve-se de forma idêntica ao processo envolvido na aprendizagem motora, a

qual requer intencionalidade, repetição e a existência de feedback, para melhorar o

desempenho na tarefa. Deste modo, a reaprendizagem de competências motoras

como a marcha, o agarrar, ou a capacidade de falar após a lesão encefálica é

resultado da interação entre mecanismos biológicos intrínsecos e programas de

aprendizagem (OLIVEIRA, 2009). Assim, a utilização de conhecimentos oriundos

da área da Aprendizagem Motora pode proporcionar a possibilidade de melhora no

desempenho, por exemplo, das estratégias de marcha utilizadas pelos pacientes

com AVE.

6. METODOLOGIA

6.1. Delineamento da Pesquisa

Esta pesquisa será caracterizada como estudo quantitativo com

delineamento do tipo experimental. O método experimental consiste em submeter

os objetos de estudo a certas variáveis que podem ser controladas e observadas

quanto aos seus efeitos produzidos (GIL, 1999).

6.2. Sujeitos

A população de estudo será composta por indivíduos com

comprometimento motor por AVE que tenham sido atendidos no maior Hospital

Universitário do município de Pelotas – RS, através de levantamento no Serviço de

Arquivo Médico e Estatística (SAME), que estejam de acordo com os critérios de

inclusão.

Primeiramente, será contactado um familiar dos sujeitos através de

telefonemas realizados pela autora da pesquisa. A amostra será constituída de 26

39

sujeitos adultos, com idades entre 40 e 75 anos, de ambos os sexos, com

comprometimento motor por AVE, apresentando hemiparesia.

Critérios de Inclusão - Os sujeitos deverão apresentar comprometimento motor por

AVE há pelo menos 6 meses. Todos os participantes deverão apresentar de 0 a 2

graus de espasticidade na Escala de Ashworth Modificada, nos músculos

extensores e flexores das articulações do cotovelo e joelho. Nesta escala, 0

equivale à classificação de tônus muscular normal, 1 a ligeiro aumento no tônus, 1+

a ligeiro aumento do tônus muscular, manifestado por tensão abrupta, e 2 equivale

a aumento mais acentuado no tônus muscular. Os sujeitos também apresentarão

escore igual ou maior que 23 pontos no Mini Exame do Estado Mental (MEEM), ou

seja, ponto de corte sensível para incluir apenas sujeitos com a função cognitiva

preservada.

Critérios de Exclusão – Os sujeitos não poderão apresentar deformidades

osteomioarticulares em membros inferiores, outras doenças neurológicas

associadas (Parkinson, Alzheimer, Demências), distúrbios de linguagem (afasia

sensitiva) e instabilidade clínica severa.

Todos os sujeitos participarão como voluntários, assim que consentirem,

através da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Tal

consentimento também poderá ser assinado por um familiar, ou acompanhante,

quando o sujeito apresentar o comprometimento motor no lado dominante do

corpo. Além disso, os participantes não possuirão experiência prévia com a tarefa,

e nem o conhecimento sobre o objetivo do experimento.

6.3.Tarefa, Equipamento e Material

A tarefa, similar à utilizada no experimento de Totsika e Wulf (2003), com

demanda de equilíbrio, consiste em andar de pedalo por sete metros de distância,

no menor espaço de tempo possível. A distância será demarcada por linhas de

partida e chegada. Cada tentativa iniciará com o pedalo atrás da linha de partida e

terminará quando as rodas da frente ultrapassarem a linha de chegada. O pedalo

move-se quando a plataforma superior é empurrada para frente e para trás (similar

aos pedais de uma bicicleta). Será utilizado um pedalo de tamanho grande, com

40

suporte (figura 1), específico para reabilitação, com suas plataformas de apoio

medindo 100 X 14 cm, com suas rodas medindo 21,5 cm. A utilização do pedalo

envolve a coordenação corporal global e, principalmente, manutenção do equilíbrio.

Todas as tentativas iniciarão com o pé contralateral a hemiparesia dos

participantes sobre a plataforma superior. Um cronômetro será utilizado para medir

o tempo de movimento (TM), ou seja, o tempo necessário para andar com o pedalo

da linha de partida até a linha de chegada.

Figura 1: Exemplo de um pedalo (fabricado por Holz-Hoerz, Münsingen, Germany).

6.4. ProcedimentosA pesquisa será submetida ao Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade

Federal de Pelotas (UFPEL). Após aprovação, serão selecionados os sujeitos de

acordo com os critérios de inclusão e exclusão pré-estabelecidos, e todos os

participantes receberão o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO I),

o qual deverá ser assinado pelos pacientes ou pelos responsáveis legais.

Será realizado um estudo piloto para confirmação da distância percorrida

com o pedalo e o número de tentativas na fase de aquisição, ou seja, para avaliar

41

se não há necessidade de reduzir tal distância e tentativas, visto que a amostra não

será composta por sujeitos típicos como os do estudo de Totsika e Wulf (2003).

Inicialmente, os indivíduos serão avaliados pela autora do estudo quanto

ao grau de espasticidade, seguindo a graduação da Escala de Ashworth

Modificada (MAS) (ANEXO II), uma escala de rápida e simples aplicação, que não

necessita de recursos materiais (BOHHANON & SMITH, 1987).

Sabe-se que a espasticidade é um importante problema clínico, e, quando

exacerbada gera dor, contraturas e até deformidades articulares. Porém, não há

nenhuma medida clínica universalmente aceita para quantificá-la, apesar da escala

de Ashworth modificada ser a medida mais comumente utilizada (PANDYAN,

JONHSON, PRICE, CURLESS, BARNES, RODGERS, 1999; ALIBIGLOU, RYMER,

HARVEY, MIRBAGHERI, 2008).

Para tal avaliação, os sujeitos permanecerão na posição de decúbito

dorsal, e a pesquisadora realizará movimentos passivos e repetitivos de flexo-

extensão das articulações de cotovelos, quadril e joelhos, iniciando-se o

procedimento pelo hemicorpo preservado, ou seja, sem alteração de tônus

muscular. A MAS apresenta as graduações 0 (nenhum aumento do tônus

muscular); 1 (ligeiro aumento do tônus muscular, manifestado por uma resistência

mínima no final da amplitude de movimento, quando o segmento afetado é movido

em flexão ou extensão); 1+ (ligeiro aumento no tônus muscular, seguido por

resistência mínima em menos da metade da amplitude de movimento); 2 (aumento

mais acentuado do tônus muscular, mas segmento afetado é facilmente movido); 3

(considerável aumento do tônus, mas movimento passivo difícil) e, 4 (segmento

afetado com rígida flexão ou extensão) (PANDYAN, JONHSON, PRICE,

CURLESS, BARNES, RODGERS, 1999).

Para avaliação da capacidade cognitiva será utilizado o instrumento MEEM

(ANEXO III), visando excluir sujeitos com quadro de demência. O diagnóstico de

demência baseia-se principalmente na presença de declínio da memória e de

outras funções corticais superiores como linguagem, praxia, capacidade de

reconhecer e identificar objetos, abstração, organização, capacidade de

planejamento e sequenciamento. O MEEM é seguramente a escala mais

amplamente utilizada no mundo com o objetivo de avaliar a função cognitiva

(TOMBAUGH & MCINTYRE, 1992).

42

O MEEM é composto por diversas questões agrupadas em 7 categorias,

cada uma delas planejada com o objetivo de avaliar funções cognitivas específicas:

orientação para tempo (5 pontos), orientação para local (5 pontos), registro de 3

palavras (3 pontos), atenção e cálculo (5 pontos), lembrança das 3 palavras (3

pontos), linguagem (8 pontos), e capacidade construtiva visual (1 ponto). O escore

do MEEM pode variar de 0 a 30 pontos. A escala é simples de usar e pode ser

facilmente administrada em 5 – 10 minutos, inclusive por profissionais não

médicos. Tombaugh e McIntyre (1992), observaram que a escala tem boa

consistência interna e confiabilidade teste – reteste. Os autores também

demonstraram que o ponto de corte 23/24 tem boa a excelente sensibilidade e

especificidade para o diagnóstico de demência.

Também será utilizada a escala de Fugl-Meyer (ANEXO IV), para avaliação

motora dos indivíduos. A avaliação de desempenho físico de Fugl-Meyer avalia

cinco dimensões do comprometimento, incluindo três aspectos do controle motor,

como a amplitude de movimento articular, dor, sensibilidade, comprometimento

motor da extremidade superior e inferior e equilíbrio. Os dados são pontuados em

uma escala ordinal de 3 (0= nenhuma performance; 1= performance parcial; 2 =

performance completa) aplicada para cada item (DUNCAN, GOLDSTEIN &

HORNER, 1994; GLADSTONE, DANELLS & BLACK, 2002).

A avaliação Fugl-Meyer é amplamente utilizada devido a sua confiabilidade

e validade (DUNCAN, PROPST & NELSON, 1983). Como apresenta validação na

língua portuguesa, também é muito utilizada no Brasil (MICHAELSEN, ROCHA,

KNABBEN, RODRIGUES & FERNANDES, 2011). Caracterizando a amostra

estudada através da Fugl-Meyer será possível relacionar os achados sobre a

aprendizagem dos sujeitos pós AVE e o nível de comprometimento provocado por

esta doença.

Antes do início da fase de aquisição os participantes serão informados que

terão que realizar várias tentativas de andar para frente no pedalo, de uma linha

para a outra. Eles serão informados que poderão realizar 1 tentativa de

familiarização com o mesmo. Os participantes serão designados para um dos dois

grupos de prática: autocontrolado (self) ou yoked (externamente controlado).

O grupo yoked é aquele em que os sujeitos são equiparados um a um aos

sujeitos do grupo self, e que não poderão escolher o momento em que desejam

receber a assistência física através do suporte para membros superiores, ou seja,

43

receberão esta ajuda nas respectivas tentativas em que os sujeitos do grupo self

solicitaram a assistência.

Os participantes realizarão 20 tentativas distribuídas em 5 blocos

compostos por 4 tentativas durante a fase de prática, de forma autocompassada,

iniciando as mesmas até 5 segundos após um aviso de alerta. A coleta dos dados

(TM) iniciará assim que as rodas da frente do Pedalo tocarem a linha de partida.

Haverá um intervalo de 30 segundos entre as tentativas consecutivas. Aos sujeitos

do grupo self, será informado de que poderão utilizar o suporte (apoio para os

membros superiores) nas tentativas em que acharem que necessitam do mesmo.

Os sujeitos receberão informação de CR ao final de cada tentativa, sendo esta

relacionada ao tempo utilizado para percorrer o percurso especificado.

Será realizado um teste de retenção de 24 horas após a fase de aquisição.

O teste constará de 04 tentativas, sem auxílio do suporte. Antes da realização do

teste, os sujeitos serão informados que deverão realizar a tarefa na maior

velocidade possível. Os dados serão coletados no Laboratório de comportamento

motor (LACOM) da Universidade Federal de Pelotas, com a presença dos

experimentadores e de um sujeito de cada vez, acompanhado por um familiar, ou

acompanhante.

Os sujeitos responderão os instrumentos pré estabelecidos no estudo,

antes do início da aquisição da tarefa.

O tempo previsto para a coleta dos dados é de aproximadamente 3 meses.

6.5. Análise dos dados

Na análise dos resultados, as curvas de desempenho serão traçadas em

função dos resultados de cada tentativa, tendo como medida da variável

dependente o tempo utilizado para percorrer a distância entre as linhas de partida e

chegada. Serão realizadas Análises de Variância (ANOVA) para verificar as

eventuais diferenças entre tentativas e grupos para todas as fases, separadamente

para cada fase. Os dados serão analisados através do programa estatístico SPSS

13.0 for windows.

44

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WRITING GROUP MEMBERS AHA - ROSAMOND, W.; FLEGAL, K.; FURIE, K.;

GO, A.; GREENLUND, K.; HAASE, N.; HAILPERN, S. M.; HO. M.; HOWARD, V.;

KISSELA, B.; KITTNER, S.; LLOYD-JONES, D.; MCDERMOTT, M.; MEIGS, J.;

MOY, C.; NICHOL, G.; O’ DONNELL, C.; ROGER, V.; SORLIE, P.;

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52

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Committee and Stroke Statistics Subcommittee. Circulation, v. 25, p. 117 - 146,

2008.

WRITING GROUP MEMBERS AHA - LLOYD-JONES, D.; ADAMS, R. J.; BROWN,

T.; CARNETHON, M.; DAI, S.; SIMONE, D. G.; FERGUSON, B.; FORD, E.; FURIE,

K.; GILLESPIE, C.; GO, A.; GREENLUND, K.; HAASE, N.; HAILPEN, S.; HO, M.;

HOWARD, V.; KISSELA, B.; KITTNER, S.; LACKLAND, D.; LISABETH, L.;

MARELLI, A.; McDERMOTT, M.; MEIGS, J.; MOZAFFARIAN, D.; MUSSOLINO, M.;

NICHOL, G.; ROGER, V. L.; ROSAMOND, W.; SACCO, R.; SORLIE, P.;

STAFFORD, R.; THOM, S.; WASSERTHIEL-SMOLLER, S.; WONG, D. N.; WYLIE-

ROSETT, J.Heart Disease and Stroke Statistics - 2010 Update: A Report From the

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53

8. CRONOGRAMA

a) Maio de 2010 a junho de 2011: elaboração do projeto para qualificação;

b) Agosto de 2011: qualificação do projeto;

c) Setembro de 2011: avaliação do Comitê de Ética;

d) Outubro, novembro, dezembro 2011: início da coleta de dados;

e) Janeiro 2012: finalização da coleta de dados;

f) Fevereiro de 2012: análise descritiva dos dados coletados;

g) Fevereiro de 2012: elaboração de discussão e finalização da dissertação de

mestrado;

h) Março de 2012: Defesa da dissertação de mestrado;

i) Abril de 2012: Submissão do trabalho em periódicos específicos da área, de nível

internacional.

9. ORÇAMENTO

Qtdd Valorunitário

Fonte Valortotal

Passagem de ônibus 60 2,35 própria 141,00

Impressão Termos de

Consentimento Livre e esclarecido

30 0,50 própria 15,00

Impressão Instrumentos avaliativos 30 0,50 própria 15,00

Telefone 90 0,55 própria 49,50

Pedalo 01 2.000,00 LACOM 2.000,00

TOTAL 2.220,50

54

ANEXOS

55

ANEXO I - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Pesquisador responsável: Suzete Chiviacowsky

Instituição: ESEF/UFPELEndereço: Rua Luís de Camões, 625 – CEP: 96055-630 - Pelotas/RSTelefone: 3273 2752________________________________________________________________________________

Concordo em participar do estudo “Efeitos do uso da assistência física autocontrolada naaprendizagem de uma habilidade motora de equilíbrio em indivíduos com comprometimento motorpós Acidente Vascular Encefálico”. Estou ciente de que todas as pessoas solicitadas a fazer partedo estudo participarão voluntariamente do mesmo.

PROCEDIMENTOS: Fui informado de que o objetivo geral será investigar os benefícios da práticaautocontrolada no processo de aprendizagem de uma tarefa que requer equilíbrio, encontradospreviamente em sujeitos típicos, também serão encontrados em adultos com comprometimentomotor por AVE (Acidente vascular encefálico/cerebral), cujos resultados serão mantidos em sigilo esomente serão usadas para fins de pesquisa.

RISCOS E POSSÍVEIS REAÇÕES: Fui informado de que não existem riscos no estudo.

BENEFÍCIOS: O benefício de participar na pesquisa relaciona-se ao fato de que os resultados serãoincorporados ao conhecimento científico e posteriormente a situações de reabilitação-aprendizagem.

PARTICIPAÇÃO VOLUNTÁRIA: Como já me foi dito, minha participação neste estudo serávoluntária e poderei interrompê-la a qualquer momento.

DESPESAS: Eu não terei que pagar por nenhum dos procedimentos.

CONFIDENCIALIDADE: Estou ciente que a minha identidade permanecerá confidencial durantetodas as etapas do estudo.

CONSENTIMENTO: Recebi claras explicações sobre o estudo, todas registradas neste formuláriode consentimento. Os investigadores do estudo responderam e responderão, em qualquer etapa doestudo, a todas as minhas perguntas, até a minha completa satisfação. Portanto, estou de acordoem participar do estudo. Este Formulário de Consentimento Pré-Informado será assinado por mim earquivado na instituição responsável pela pesquisa.

Nome doparticipante/acompanhante:__________________________________Identidade:_______________

ASSINATURA:________________________________ DATA: __ __ / __ __ / 2011.

DECLARAÇÃO DE RESPONSABILIDADE DO INVESTIGADOR: Expliquei a natureza, objetivos,riscos e benefícios deste estudo. Coloquei-me à disposição para perguntas e as respondi em suatotalidade. O participante compreendeu minha explicação e aceitou, sem imposições, assinar esteconsentimento. Tenho como compromisso utilizar os dados e o material coletado para a publicaçãode relatórios e artigos científicos referentes a essa pesquisa. Se o participante tiver algumaconsideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, pode entrar em contato com o Comitê de Éticaem Pesquisa (CEP) – (Rua Luís de Camões, 625; Telefone:(3273.2752).

ASSINATURA DO INVESTIGADOR RESPONSÁVEL _________________________________

56

ANEXO II - Escala de Ashworth Modificada

Grau Observações Clínicas0 Tônus muscular normal.

1 Ligeiro aumento do tônus muscular, manifestado por tensão momentânea

ou por mínima resistência no final da amplitude de movimento, quando a

região afetada é movida em flexão ou extensão.

1+ Ligeiro aumento do tônus muscular, manifestado por tensão abrupta,

seguida de resistência mínima em menos da metade da amplitude de

movimento restante.

2 Aumento mais acentuado no tônus muscular durante a maioria da

amplitude de movimento, mas as partes afetadas são facilmente movidas.

3 Aumento do tônus muscular considerável, movimento passivo difícil.

4 Partes afetadas rígidas, na flexão ou na extensão.

57

ANEXO III – Mini Exame do Estado Mental (MEEM)

58

ANEXO IV – Escala de Desempenho Físico de Fugl-Meyer

59

60

61

62

63

ANEXO V- Questionário Intrinsic Motivation Inventory (IMI)

Os seguintes itens relacionam-se à sua experiência com este experimento. Por favor, responda atodas as questões. Para cada item, indique o quão verdadeira a colocação é para você, utilizando aseguinte escala como guia:

1 2 3 4 5 6 7

nenhum pouco um pouco muito

verdadeira verdadeira verdadeira

___ Eu gostei muito de participar deste experimento

___ Eu acredito que eu tive alguma escolha ao participar deste experimento

___ Eu não me senti nem um pouco nervoso enquanto participava deste experimento.

___ Foi divertido participar deste experimento

___ Eu senti que participar deste experimento não foi realmente uma escolha minha.

___ Eu me senti muito tenso enquanto participava deste experimento

___ Eu achei este experimento muito chato.

___ Eu realmente não tive escolha em participar deste experimento.

___ Eu estava bem relaxado enquanto participava deste experimento.

___ Este experimento não chamou nem um pouco a minha atenção.

___ Eu me senti como se tivesse que participar deste experimento.

___ Eu estava ansioso enquanto participava do experimento

___ Eu descreveria este experimento como muito interessante

___ Eu participei deste experimento porque eu não tive escolha.

___ Eu me senti pressionado enquanto participava deste experimento

___ Eu penso que participar deste experimento foi bastante agradável

___ Eu participei deste experimento porque eu queria

___ Enquanto participava deste experimento, eu pensava o quanto estava gostando

___ Eu participei deste experimento porque tinha que participar.

64

ANEXO VI - Questionário Positive and Negative Affect Schedule Expanded(PANAS-X)

Este instrumento consiste de certo número de palavras que descrevem diferentes sensações eemoções. Leia cada item e marque a resposta apropriada no espaço ao lado da palavra. Indiquecomo você está se sentindo neste exato momento. Utilize a seguinte escala para marcar as suasrespostas:

1 2 3 4 5 6 7nenhum pouco um pouco muitoverdadeiro verdadeiro verdadeiro

______ alegre ______ triste ______ ativo ______ bravo consigo

______ desgostoso ______ calmo ______ culpado ______ entusiástico

______ atento ______ receoso ______ jubiloso ______ desanimado

______ retraído ______ cansado ______ nervoso ______ acanhado

______ lento ______ impressionado ______ solitário ______ angustiado

______ ousado ______ trêmulo ______ sonolento ______ culpável

______ surpreso ______ feliz ______ animado ______ determinado

______ forte ______ tímido ______ hostil ______ assustado

______ desdenhoso ______ sozinho ______ orgulhoso ______ surpreendido

______ descontraído ______ alerta ______ apreensivo ______ interessado

______ irritado ______ preocupado ______ vivo ______ desprezo

______ encantado ______ raiva ______ envergonhado ______ confiante

______ inspirado ______ ousado ______ à vontade ______ energético

______ destemido ______ melancólico ______ com medo ______ concentrado

______ revoltado ______ envergonhado ______ sonolento ______ insatisfeitoconsigo mesmo consigo mesmo

65

2. Relatório do Trabalho de Campo

(Dissertação de Mestrado de Shadia Mussa Yussef)

66

1. INTRODUÇÃO

Após a qualificação do projeto de pesquisa realizada em 04 de agosto de

2011, e acrescidas as correções sugeridas pela banca examinadora, o projeto foi

submetido à avaliação do Comitê de Ética e Pesquisa da Escola Superior de

Educação Física da Universidade Federal de Pelotas (CEP – ESEF).

Dada a aprovação do CEP foi iniciado o contato com os sujeitos com

hemiparesia ocasionada por Acidente Vascular Encefálico (AVE), e que estivessem

de acordo com os critérios pré-estabelecidos no estudo.

Ressalta-se que a pesquisa objetivava examinar se os benefícios do uso

da assistência física autocontrolada, encontrados previamente em sujeitos típicos,

também seriam encontrados em adultos com comprometimento motor por AVE.

Os resultados foram obtidos a partir da análise das curvas de desempenho

que foram traçadas em função dos resultados de cada tentativa, tendo como

medida da variável dependente o tempo utilizado para percorrer a distância entre

as linhas de partida e chegada de uma barra de apoio utilizada na pesquisa.

2. PROCEDIMENTOS PARA SELEÇÃO DA AMOSTRA

A amostra foi constituída de 18 sujeitos, todos atendidos no maior Hospital

Universitário de Pelotas - RS, com diagnóstico médico de AVE há pelo menos seis

meses, os quais receberam tratamento fisioterapêutico durante algum período do

processo de reabilitação, mas que não eram submetidos a tal tratamento há pelo

menos seis meses.

Para obtenção da amostra foi realizada análise de prontuários de sujeitos

que foram acometidos por AVE no período entre os anos de 2009 a 2011, no

Serviço de Arquivo Médico e Estatística (SAME) do Hospital Universitário, após

autorização concedida pela Direção do mesmo.

Através da análise minuciosa dos prontuários realizada pela pesquisadora

entre os meses de agosto a novembro de 2011, foi possível obter informações

clínicas que indicavam se o sujeito estaria de acordo com os critérios de inclusão

pré-estabelecidos na pesquisa, e seus dados cadastrais, como número de telefone.

67

Após este processo, era feito contato através de telefonemas com os

sujeitos, ou seus familiares, para convidá-los a participar voluntariamente da

pesquisa, após explicação sobre o objetivo da mesma. Foram feitas várias

tentativas, devido à dificuldade de encontrar amostra homogênea para a realização

da pesquisa.

Informava-se aos sujeitos que realizariam uma tarefa de equilíbrio, a qual

consistia em andar entre dois obstáculos medindo 57cm de largura, 15cm de

comprimento, e 9 cm de altura, colocados criteriosamente a uma distância de 40

cm da parede que continha a barra de apoio fixada em uma distância de 4 metros,

podendo ora utilizar a assistência do apoio, ora não. Também era informado que a

pesquisa compreendia 2 dias consecutivos, e que antes da realização dos testes

seriam aplicadas escalas avaliativas da cognição, grau de espasticidade, e função

motora de membros inferiores, além de questionários sobre motivação ao final das

tentativas.

Antes do início da aplicação destes procedimentos foi solicitada a

assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para participar da

pesquisa.

3. ESTUDO PILOTO

Antes de iniciar as coletas no LACOM – ESEF, foi realizado o estudo piloto

na segunda quinzena do mês de setembro de 2011, após aprovação do CEP-

ESEF, com um sujeito do sexo feminino, com 40 anos de idade, acometida há 3

anos por AVE tipo isquêmico, hemiparesia esquerda, grau de espasticidade igual a

1+, MEEM igual a 27 pontos e Fugl-Meyer para membros inferiores igual a 27

pontos (comprometimento motor leve).

Tal estudo foi realizado para verificar quantas tentativas poderiam ser

realizadas pelos sujeitos sem que causasse fadiga excessiva, interferindo na

aquisição da tarefa proposta, além de averiguar o tempo de duração para cada

coleta devido à aplicação das escalas avaliativas do MEEM, Escala de Ashworth

Modificada, e escala de desempenho físico de Fugl-Meyer, além da aplicação dos

68

questionários sobre motivação e afeto, Intrinsic Motivation Inventory (IMI) e Positive

and Negative Affect Schedule Expanded (PANAS – X).

Desta forma, definiu-se que a fase de aquisição seria composta por 30

tentativas, tendo uma pausa de 5 minutos após as primeiras 15 tentativas. Na fase

de retenção foi definida a realização de 5 tentativas. O tempo de movimento foi

cronometrado após um aviso de alerta, quando o sujeito iniciava o movimento de

flexão de quadril do membro inferior oposto à barra favorecendo a transferência de

peso para o membro inferior parético, o qual encontrava – se homolateral a barra

de apoio visando aproximar a tarefa das dificuldades diárias do sujeito

hemiparético. Havia um intervalo de 30 segundos entre as tentativas consecutivas.

Antes da realização do estudo piloto foi preciso modificar a tarefa motora

que seria desempenhada pelos sujeitos. O uso da assistência física

autocontrolada seria analisado através do desempenho de uma tarefa motora de

equilíbrio utilizando um pedalo com barras de apoio para membros superiores,

como equipamento. No entanto, por questões de financiamento, o qual não foi

aprovado a tempo de realizar a pesquisa, fez-se necessário instituir outra tarefa

motora que envolvesse equilíbrio.

A tarefa utilizada foi eleita por exigir a realização de movimentos funcionais,

que representam alguma dificuldade à realização de atividades de vida diária dos

sujeitos pós lesão por AVE. Desta forma, optou-se pela marcha entre obstáculos

com assistência física oferecida por uma barra de apoio para membro superior fixa

a uma parede.

A marcha entre obstáculos reproduz as barreiras vivenciadas no cotidiano

dos sujeitos hemiparéticos, os quais sofrem quedas frequentes em decorrência da

alteração no equilíbrio provocada pelo AVE. Foi constatado em estudos prévios

que a incidência de quedas entre hemiparéticos crônicos encontra – se entre 20%

e 50% (HARRIS, ENG, MARIGOLD, TOKUNO & LOUIS, 2005; BELGEN,

BENINATO, SULLIVAN & NARIELWALLA, 2006; LEROUX, PINET & NADEAU,

2006; PEPPEN, HENDRIKS, MEETEREN, HELDERS & KWAKELL, 2007).

Além da modificação do equipamento utilizado, através do estudo piloto

verificou - se que a aplicação da escala completa de desempenho físico de Fugl-

Meyer não era necessária, visto que utilizando apenas o domínio para membros

inferiores seria possível obter a caracterização da amostra pesquisada.

69

No estudo de Gladstone, Danells & Black (2002), o domínio para membros

inferiores da escala de Fugl – Meyer apresentou boa correlação com a maioria dos

instrumentos aplicados para avaliação da marcha de hemiparéticos.

Crow & Wel (2008), mostraram que é possível utilizar apenas o domínio de

membros inferiores da escala de Fugl – Meyer, visto que se apresenta eficaz para

a classificação e agiliza a avaliação por reduzir o tempo dispendido neste processo.

Herber, Michaelsen & Ovando (2011), realizaram um estudo para analisar o

andar para trás em hemiparéticos também utilizando apenas o domínio para

membros inferiores da escala de Fugl – Meyer.

Outra alteração realizada foi utilizar o ponto de corte igual a 20, como

demonstrado no estudo de Brucki, Nitrini, Caramelli, Bertolucii & Okamoto (2003),

ao invés de 23/24 como proposto no projeto, para graduar o MEEM. Esta

modificação ocorreu para que fosse possível ampliar a amostragem, já que os

autores supracitados trazem o ponto de corte para a população brasileira, o qual

inclui indivíduos analfabetos.

Também foi acrescida a aplicação de dois questionários oriundos da área

da psicologia positiva, após as fases de aquisição e retenção. O Intrinsic Motivation

Inventory (IMI) e o Positive and Negative Schedule Expanded (PANAS – X). O

primeiro é um dispositivo de medida multidimensional destinado a avaliar as

experiências subjetivas dos participantes relacionadas a uma atividade objetiva

realizada em pesquisa laboratorial (RYAN, KOESTNER & DECI, 1991; DECI,

EGHRARI, PATRICK & LEONE, 1994). O PANAS - X é baseado em dois fatores

gerais, o afeto positivo (jovialidade, autoconfiança, atenção, surpresa, serenidade)

e o negativo (medo, tristeza, culpa, hostilidade, timidez, cansaço e surpresa)

(FERRAZ, TAVARES & ZILBERMAN, 2007).

4. COLETA DE DADOS

Para realização das coletas de dados eram agendados os dias e horários

com os sujeitos, ou seus familiares quando houvesse distúrbios de linguagem que

prejudicassem a comunicação (afasia motora). Todas as coletas foram realizadas

no LACOM – ESEF, com a presença da pesquisadora e sujeito.

70

Apenas 5 sujeitos foram às coletas acompanhados por um familiar, mesmo,

todos tendo sido orientados pela pesquisadora durante a contactação a

comparecerem acompanhados por familiar. Tais familiares foram orientados a não

realizar qualquer tipo de comunicação que pudesse interferir nos resultados das

coletas.

Estes sujeitos necessitaram da presença de um acompanhante por motivo

de insegurança por não conhecerem o local onde seria realizado a coleta, por não

conhecer a pesquisadora, e por não terem participado previamente de uma

pesquisa, além de alguns apresentarem dificuldade na linguagem. Este fato foi

relatado pelos próprios participantes ao final do primeiro dia de coleta, na fase de

aquisição.

Antes de iniciar a aplicação de instrumentos avaliativos aos sujeitos, era

fornecido o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para que os mesmos, ou

familiares assinassem, após o esclarecimento de todas as dúvidas dos

participantes em relação à pesquisa.

Iniciava-se a coleta investigando idade, tipo de AVE, hemicorpo afetado

(hemiparético), tempo decorrido do último episódio de AVE, e os fatores de risco

para ocorrência da doença apresentados pelo sujeito, como hipertensão,

tabagismo, hipercolesterolemia, e inatividade física.

O primeiro instrumento aplicado aos sujeitos era o MEEM, seguido pela

Escala de Ashworth Modificada para avaliar o grau de espasticidade nos músculos

extensores de membros inferiores e flexores de membros superiores. Para tal, era

solicitado ao sujeito que se posicionasse em decúbito dorsal sobre um colchonete

fixado em uma mesa, onde a pesquisadora aplicava movimentos passivos de flexo-

extensão de cotovelos e joelhos para obter a graduação da espasticidade de

acordo com o instrumento pré-estabelecido.

Em seguida, era aplicado o domínio de membros inferiores da escala de

desempenho físico de Fugl - Meyer através de testes de amplitude de movimento,

reflexos profundos, e repetições de movimentos de membros inferiores nas

posturas de decúbito dorsal, sentado e em pé.

Por fim, a tarefa de equilíbrio a ser executada era explicada ao sujeito

iniciando – se a coleta dos tempos de movimento durante a marcha entre

obstáculos através de um cronômetro com estrutura antimagnética da marca

OXER® modelo BSH-200. Após, eram fornecidos dois questionários sobre

71

motivação para que os sujeitos preenchessem tanto no final da aquisição quanto

na retenção.

5. PERDAS E RECUSAS

A pesquisadora teve acesso a 130 prontuários arquivados no SAME de um

Hospital Universitário de Pelotas.

Nestes prontuários eram verificados a idade do paciente, presença de

outras doenças neurológicas, tempo decorrido do último episódio de AVE,

presença de instabilidade clínica severa, e outros critérios pré-estabelecidos que

auxiliaram na seleção da amostra. É importante registrar que muitos sujeitos

deixaram de ser contactados por falhas existentes nos registros médicos, como

dados incompletos.

Foram obtidas 10 recusas dentre a população de estudo. As recusas eram

justificadas pela falta de interesse no tipo de pesquisa proposta, quadros

depressivos relatados pelos familiares que foram contactados, além do relato sobre

apresentar dificuldade para realização das atividades de vida diária. Quanto às

perdas, estas foram inexistentes.

6. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

A amostra da presente pesquisa foi caracterizada quanto à idade, gênero,

número de episódios de AVE, tempo decorrido do último episódio de AVE, tipo de

AVE, hemicorpo acometido, e fatores de risco predisponentes para a ocorrência da

doença. Tais dados são mostrados na tabela abaixo.

72

TABELA 1 - Características dos sujeitos da amostra: MEEM (mini exame do estado

mental); AM (escala de Ashworth modificada); FM-MMII (domínio de membros

inferiores da escala de Fugl-Meyer).

Sujeitos Idades Sexo Nºepisódios

– AVE

ÚltimoAVE-

meses

Tipode

AVE

MEEM AM FM -MMII

Hemiparesia

Fatoresde risco *

Self1 60 F 01 11 I 22 1 25 D 3, 52 40 F 01 36 H 27 1 27 E 43 74 M 02 60 I 29 1 30 E 14 59 M 01 48 I 30 2 23 D 1, 4, 55 40 F 01 36 H 24 1+ 23 D 1, 4, 56 65 M 03 36 I 28 1+ 25 D 1, 4, 57 42 M 01 12 I 29 1 30 E 18 60 M 01 12 I 29 1+ 28 D 19 63 M 01 8 I 24 2 21 E 1, 5

Yoked10 61 F 01 24 I 29 1 24 E 1, 3, 4, 511 72 F 02 26 I 24 1 21 D 1, 512 49 M 01 18 I 30 1 28 D 1, 413 54 M 05 24 I 25 2 25 D 1, 2, 514 63 F 03 84 H 26 1+ 27 D 1, 315 60 M 01 11 H 28 1+ 27 E 4, 516 45 M 01 7 I 29 1 23 E 1, 3, 517 61 M 02 11 I 28 1+ 26 D 3, 418 72 M 01 48 I 23 2 24 E 1

*Fatores de risco: 1 - HAS; 2 - DM; 3 - Hipercolesterolemia; 4 - tabagismo; 5- inatividade física

7. ORÇAMENTO

Como foi necessário alterar o equipamento utilizado para realização da

tarefa de equilíbrio pelos sujeitos, por falhas no financiamento, houve redução

nos custos com a pesquisa sendo todos de fonte própria.

73

3. Artigo Original(Dissertação de Mestrado de Shadia Mussa Yussef)

74

Efeitos do uso autocontrolado de assistência física na aprendizagem de

uma habilidade motora de equilíbrio em indivíduos com

comprometimento motor pós Acidente Vascular Encefálico

Shadia Mussa YUSSEF*

Suzete CHIVIACOWSKY*

*Escola Superiorde EducaçãoFísica,UniversidadeFederal dePelotas- RioGrande do Sul.

Resumo

O objetivo do estudo foi examinar a aprendizagem com assistência físicaautocontrolada em adultos acometidos por acidente vascular encefálico (AVE).Dezoito voluntários hemiparéticos, (40 a 74 anos) distribuídos em dois grupos.Um com frequência de utilização de assistência física autocontrolada e um comfrequência externamente controlada, e equiparada. Os indivíduos andaram entreobstáculos numa distância de 4 m no menor tempo possível, podendo utilizar oapoio de membro superior. A fase de aquisição teve 30 tentativas, e a deretenção, 5 tentativas, sem utilização do apoio. Ao final das fases aplicaram-sequestionários sobre motivação. Os resultados não demonstraram diferençasignificativa entre os grupos na aprendizagem da tarefa. Porém, os resultadosreferentes aos afetos positivos, mostraram diferença marginalmente significativafavorável ao grupo autocontrolado, evidenciando seu melhor estado emocionalna prática. Elucida-se a possibilidade de aprimoramento da reabilitação pós AVEcom a prática autocontrolada.

UNITERMOS: Aprendizagem motora, prática com autocontrole, feedback,acidente vascular cerebral, reabilitação.

75

IntroduçãoO Acidente Vascular Encefálico (AVE) é uma doença cerebrovascular

desencadeada por obstrução do fluxo sanguíneo para o encéfalo, através de rompimento de

um vaso sanguíneo ou bloqueio por um coágulo, provocando déficits funcionais ao

indivíduo (WRITING GROUP MEMBERS AHA, 2008; SOC BRA DE DOENÇAS

CEREBROVASCULARES, 2001). Representa um problema de saúde pública por ser uma

das doenças mais incapacitantes entre adultos no mundo (NEVES, FONTES, FUKUJIMA,

MATAS & PRADO, 2004; KOLLEN, KWAKKEL & LINDEMAN, 2006). Além da

incapacidade funcional e custos com hospitalizações, o AVE ocasiona altas taxas de

mortalidade em todo o mundo. No Brasil, apesar do declínio no número de óbitos por AVE,

este ainda representa o principal motivo para morte em ambos os sexos (LOTUFO &

BENSENOR, 2004; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). Em vista do processo de

envelhecimento populacional no Brasil, a incidência do AVE é crescente, duplica a cada

década a partir dos 55 anos, sendo mais elevada entre os sujeitos do sexo masculino

(MINELLI, 2007; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).

O quadro neurológico provocado pelo AVE manifesta-se de acordo com a área

encefálica atingida, e pode incluir déficits motores, cognitivos, sensoriais, perceptuais,

visuais e de linguagem (VERONEZI, BACHIEGA, AUGUSTO & CARVALHO, 2004). A

hemiparesia é o sinal mais evidente, favorecendo uma postura assimétrica, com menor

transferência de peso para o membro inferior parético, dificultando a realização das

atividades funcionais (LEATHLEY, GREGSON, MOORE, SMITH, SHARMA &

WATKINS, 2004). Estes sistemas alterados prejudicam o equilíbrio, o que dificulta a

marcha, principal função acometida, que se torna mais lenta e arrítmica, aumentando o risco

de quedas e o gasto energético dos sujeitos pós AVE, consequentemente resultando em

redução da capacidade funcional e da qualidade de vida (BELGEN et al., 2006; HARRIS,

76

ENG, MARIGOLD, TOKUNO & LOUIS, 2005; LENNON, 2001; PEPPEN, HENDRIKS,

MEETEREN, HELDERS & KWAKELL, 2007).

Entretanto, essas alterações motoras e sensoriais podem sofrer remodelamento, em

virtude do fenômeno da neuroplasticidade, o qual atua durante todo o curso da vida

(MULDER & HOCHSTENBACH, 2001). Tal fenômeno é a capacidade contínua de

modificação do SNC (sistema nervoso central) em resposta às alterações ambientais,

ocorrendo tanto no hemisfério cerebral intacto como no lesionado (JOHANSSON, 2000;

OLIVEIRA, 2001). Na presença de lesões, como por exemplo as causadas pelo AVE, o SNC

se utiliza da neuroplasticidade tentando recuperar funções perdidas, ou aprimorar funções

similares relacionadas às originais (JOHANSSON, 2000; OLIVEIRA, 2001; TEIXEIRA,

2008). A plasticidade é representada por tentativas de reorganização neural que podem levar

à recuperação da função específica ou provocar resultados indesejados que incluem os

movimentos sinérgicos patológicos e a espasticidade (BORELLA & SACHELLI, 2009).

Quanto mais exata for a reorganização das conexões sinápticas, melhor será a recuperação

funcional (TEIXEIRA, 2008). Consequentemente às adaptações do SNC ocorre o fenômeno

da aprendizagem motora, que em sujeitos atingidos por AVE manifesta-se através da

reaprendizagem de competências motoras específicas como a marcha e a fala, a partir da

interação entre processos biológicos intrínsecos e programas de aprendizagem (OLIVEIRA,

2009).

A aprendizagem motora é caracterizada por processos complexos que resultam da

interação entre um conjunto de variáveis que se relacionam à tarefa a ser aprendida, ao

ambiente de aprendizagem, e às características individuais do aprendiz (CHIVIACOWSKY,

2005). Para os sujeitos acometidos por AVE a aprendizagem motora relaciona-se

fundamentalmente ao processo de reaprender movimentos, através da prática, a fim de

realizar suas necessidades de vida diária com sucesso, ou seja, buscando a melhoria das

77

competências motoras após a hemiparesia (KRAKAUER, 2006; MICHAELSEN,

DANNENBAUM, LEVIN, 2006).

No entanto, a capacidade de aprendizagem dos sujeitos pós AVE difere da

aprendizagem de sujeitos típicos, sendo prejudicada por déficits cognitivos, sensitivos,

perceptuais, de memória, de linguagem, além dos motores instalados após a lesão cerebral.

Tais déficits normalmente resultam na redução da velocidade de processamento de

informações nestes sujeitos (ORRELL et al., 2006; VIDONI & BOYD, 2009). De forma

geral, os pacientes que sofreram AVE recebem muitas informações explícitas e complexas

sobre o modo de realizar as tarefas de reaprendizagem e, embora sejam incentivados a

avaliar os resultados de seu desempenho, costumam exercer pouco controle sobre o

ambiente de aprendizagem. No entanto, o controle total da sessão de prática pelos

fisioterapeutas pode não ser uma condição facilitadora da aprendizagem aos pacientes com

AVE, visto que algumas condições de prática podem não ser as mais adequadas às

necessidades específicas de cada aprendiz.

Uma forma interessante de prática que começou a ser investigada na década de 90

na área da aprendizagem motora é a aprendizagem com autocontrole. Esta se apresenta de

forma diferente de todas as abordagens anteriores envolvendo sessões de aprendizagem

motora, pois envolve condições de prática em que o aprendiz detém algum controle,

podendo ser mais ativo durante o processo de aprendizado (CHIVIACOWSKY, 2005).

Neste contexto, vários estudos sobre a prática autocontrolada mostram que a efetividade

durante a aprendizagem é maior quando os sujeitos apresentam autonomia sobre algum ou

alguns dos fatores que compõem a prática (WULF, 2007). Por exemplo, em um destes

estudos, os autores aplicaram tarefas que envolviam demanda de controle espacial, no caso

um arremesso ao alvo, comparando grupos que receberam frequência de CR autocontrolada

com grupos que praticaram com CR sumário, com 50% de CR, com frequência de CR igual

78

ao grupo autocontrolado, mas imposto pelo experimentador (grupo yoked ou equiparado) e

com grupo controle com 0% de CR. O grupo que recebeu CR autocontrolado mostrou

superioridade na aprendizagem da tarefa motora (JANELLE, KIM & SINGER, 1995).

Subsequentemente, outros estudos demonstraram os benefícios da abordagem

autocontrolada quando comparada a outros arranjos em diferentes populações típicas

(crianças, jovens, idosos), e com práticas variadas (ALCÂNTARA, ALVES, SANTOS,

MEDEIROS, GONÇALVES, FIALHO, UGRINOWITSCH & BENDA, 2007;

CHIVIACOWSKY & WULF, 2002; CHIVIACOWSKY, MEDEIROS, KAEFER & WULF,

2008; PATERSON & CARTER, 2010). No entanto, é importante ressaltar os estudos de

Wulf & Toole (1999) e Hartman (2007), que verificaram os benefícios da aprendizagem

autocontrolada, utilizando as tarefas motoras de esquiar e de equilíbrio no estabilômetro,

utilizando dispositivos de assistência física (bastão ou pole). Nestes estudos, foram testadas

condições autocontroladas de prática, relacionadas à percepção dos sujeitos de quando

utilizar um dispositivo de assistência física durante a prática de uma tarefa de equilíbrio,

comparando com condições yoked, externamente controladas. Este tipo de tarefa se

assemelha ao contexto do uso de órteses tipo muleta por sujeitos hemiparéticos por AVE,

que apresentam o equilíbrio e a marcha prejudicados (WULF, 2007).

Trazendo as implicações da aprendizagem autocontrolada para o campo da

reabilitação, um estudo de revisão relata que as condições de prática do fisioterapeuta

geralmente diferem das condições de prática com autocontrole estudados na aprendizagem

motora, frequentemente fornecendo a utilização de assistência física aos pacientes de forma

externamente controlada. Entretanto, os benefícios gerados pela prática autocontrolada,

como a motivação e o melhor processamento das informações devido a participação mais

ativa do aprendiz, ilustram a possibilidade e possíveis vantagens do uso deste arranjo de

79

prática nas condições de reabilitação, porém com cautela, visto que pesquisas com

populações especiais ainda são quase inexistentes (WULF, 2007).

Em vista dos resultados positivos demonstrados nos estudos prévios sobre

aprendizagem autocontrolada e a escassez de estudos sobre os fatores que afetam a

aprendizagem motora em indivíduos com lesão no sistema nervoso central, como os sujeitos

pós lesão por AVE, observa-se como um importante foco de investigação a tentativa de

generalizar os resultados de estudos da aprendizagem motora na reabilitação de sujeitos pós

AVE. Desta forma, o objetivo do presente estudo foi examinar se os benefícios de

aprendizagem da prática autocontrolada, encontrados previamente em sujeitos típicos,

também seriam encontrados em adultos hemiparéticos por AVE.

Método

Participantes

Participaram do estudo 18 sujeitos com quadro de hemiparesia ocasionada por AVE

(12 homens e 6 mulheres), com idades entre 40 e 74 anos, média de idade de 57,8 anos e ±

10,70, grupo autocontrolado (self) com média de 55,9 anos ± 12,26 e grupo externamente

controlado (yoked) com média de 59,7 anos ± 9,21. Todos os participantes apresentaram o

último episódio de AVE há pelo menos 6 meses, grau de espasticidade entre 0 e 2 pela

escala de Ashworth Modificada (BOHHANON & SMITH, 1987), não realizavam

reabilitação no momento da pesquisa, não apresentavam déficits cognitivos, visuais, outras

doenças neurológicas associadas, instabilidade clínica ou deformidades em membros

inferiores. Foram incluídos na amostra os participantes que apresentaram classificação leve

de comprometimento motor, conforme domínio para membros inferiores da escala de Fugl -

Meyer, variando entre 21 e 30 pontos. Todos os participantes apresentavam eficiência

80

motora mínima no membro superior acometido, que permitisse a realização do apoio na

barra. Os grupos foram equiparados por gênero e grau de espasticidade dos participantes,

cujas características individuais são mostradas na Tabela 1, para garantia da homogeneidade,

além das idades serem próximas quando não era possível encontrar sujeito com idade

idêntica. Os sujeitos não possuíam conhecimento sobre o objetivo do experimento e nem

experiência anterior com a tarefa. Os mesmos participaram voluntariamente e assinaram o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, tendo o estudo sido aprovado pelo Comitê de

Ética em Pesquisa da ESEF/UFPEL protocolo nº 005/2011.

TABELA 1 - Características dos sujeitos da amostra: MEEM (mini exame do estado mental); AM

(escala de Ashworth modificada); FM-MMII (domínio de membros inferiores da escala de Fugl-

Meyer).

Sujeitos Idades Sexo Nºepisódios

AVE

ÚltimoAVE-meses

Tipode

AVE

MEEM AM FM -MMII

Hemiparesia Fatoresde

risco *Self1 60 F 01 11 I 22 1 25 D 3, 52 40 F 01 36 H 27 1 27 E 43 74 M 02 60 I 29 1 30 E 14 59 M 01 48 I 30 2 23 D 1, 4, 55 40 F 01 36 H 24 1+ 23 D 1, 4, 56 65 M 03 36 I 28 1+ 25 D 1, 4, 57 42 M 01 12 I 29 1 30 E 18 60 M 01 12 I 29 1+ 28 D 19 63 M 01 8 I 24 2 21 E 1, 5

Yoked10 61 F 01 24 I 29 1 24 E 1, 3, 4,

511 72 F 02 26 I 24 1 21 D 1, 512 49 M 01 18 I 30 1 28 D 1, 413 54 M 05 24 I 25 2 25 D 1, 2, 514 63 F 03 84 H 26 1+ 27 D 1, 315 60 M 01 11 H 28 1+ 27 E 4, 516 45 M 01 7 I 29 1 23 E 1, 3, 517 61 M 02 11 I 28 1+ 26 D 3, 418 72 M 01 48 I 23 2 24 E 1

*Fatores de risco: 1 - HAS; 2 - DM; 3 - Hipercolesterolemia; 4 - tabagismo; 5- inatividade física

81

Equipamento e Tarefa

O equipamento utilizado (Figura 1), consistiu em uma barra de apoio cilíndrica de

madeira, posicionada a uma distância de 90 cm do chão, com 4 m de comprimento, fixada a

uma parede com a mesma dimensão. Dois obstáculos rígidos, medindo 57 cm de largura, 15

cm de comprimento e 9 cm de altura, simulavam obstáculos encontrados na vida diária dos

sujeitos, com uma distância entre os mesmos de 183 cm, permanecendo exatamente no

centro da primeira e da segunda metade da barra de apoio, e 40cm distantes da parede que

continha a barra. A tarefa de equilíbrio consistia em andar ultrapassando os obstáculos no

menor tempo possível, podendo utilizar ou não o apoio de membro superior, conforme

instrução da experimentadora. O tempo de movimento (TM), ou seja, o tempo necessário

para andar do início ao fim da barra de apoio foi mensurado através de um cronômetro com

estrutura antimagnética da marca OXER® modelo BSH-200.

Foram também utilizados dois questionários. O primeiro foi o Intrinsic Motivation

Inventory (IMI), um instrumento que permite avaliar a intensidade da motivação intrínseca

dos indivíduos em qualquer atividade (FONSECA & BRITO, 2001). Sua versão completa

contém 45 itens distribuídos em 7 subescalas, no entanto, versões mais curtas têm sido

utilizadas por mostrar boa confiabilidade (MCAULEY, DUNCAN & TAMMEN, 1989). No

presente estudo foi utilizado o IMI com 19 questões distribuídas em 3 domínios, os quais

foram relacionados ao interesse/esforço, escolha e tensão/nervosismo. O segundo

questionário aplicado foi o Positive and Negative Affect Schedule Expanded (PANAS-X),

constituído por 60 itens relacionados às sensações e emoções que o indivíduo refere no exato

momento do inquérito. Apesar de extenso podem ser usados apenas os itens mais relevantes

para a pesquisa proposta pelo investigador (WATSON & CLARK, 1994). Ambos os

questionários foram preenchidos de acordo com uma escala de Likert de 1 a 7, sendo 1

(nenhum pouco verdadeiro), 4 (um pouco verdadeiro) e 7 (muito verdadeiro).

82

Delineamento experimental e procedimentos

Os 18 sujeitos com hemiparesia por AVE foram alocados de forma aleatória para

um dos dois grupos de prática: self (autocontrolado), ou yoked (equiparado ou externamente

controlado). Todos realizaram uma tentativa de andar entre os obstáculos para familiarização

com a tarefa antes do início da fase de aquisição. Ao grupo autocontrolado foi explicado que

deveriam utilizar a assistência física oferecida pela barra de apoio quando eles escolhessem,

ou seja, apenas quando determinassem ser necessário. Ao grupo externamente controlado

(yoked) foi informado que em algumas tentativas eles seriam avisados que deveriam usar o

apoio da barra, e em outras não. Este grupo recebeu uma frequência de uso da assistência

física de modo equiparado ao grupo self, ou seja, nas mesmas tentativas que o sujeito

correspondente do grupo self utilizou o apoio. Os sujeitos receberam informação de

conhecimento de resultado (CR) ao final de cada tentativa, sendo esta relacionada ao tempo

utilizado para andar o percurso especificado.

FIGURA 1 - Ilustração do Equipamento e Tarefa do experimento

83

Os sujeitos foram posicionados de acordo com o lado do corpo que apresentavam a

hemiparesia (direita ou esquerda), para definir o sentido do percurso que seria cronometrado,

e orientados a aguardar o aviso da pesquisadora para iniciar a realização de cada tentativa.

Foi utilizada uma tarefa de equilíbrio dinâmico, com o intuito de trazer sua aplicabilidade ao

cotidiano dos sujeitos hemiparéticos por AVE. O equilíbrio em sujeitos hemiparéticos por

AVE torna – se deficitário pela diminuição da força muscular e informação sensorial no

hemicorpo afetado associado a movimentos compensatórios que levam a um quadro de

instabilidade postural fazendo com que a maioria desta população desloque seu centro de

gravidade para o hemicorpo preservado, assumindo uma postura assimétrica (LEROUX et

al., 2006; CHERN, YANG & WU, 2006). Por esta razão, foi solicitado aos participantes da

pesquisa que caminhassem no sentido que favorecesse a transferência de peso para o

hemicorpo parético, na tentativa de tornar a tarefa funcional, com maior validade ecológica.

Desta forma, os participantes eram posicionados de maneira que o hemicorpo acometido, ou

seja, a metade do corpo com menos força muscular, ficasse homolateral à barra de apoio

para membro superior, para simular a maior dificuldade dos sujeitos hemiparéticos, que é

transferir o peso do corpo para o membro inferior afetado, gerando assimetria postural.

Havia um intervalo de 30 segundos entre as tentativas consecutivas. Todos os participantes

realizaram 30 tentativas na fase de aquisição. Cada tentativa era mensurada assim que os

participantes iniciassem o movimento de flexão de quadril do membro inferior oposto à

barra. Na fase de retenção, que ocorreu 24 horas após a fase de aquisição, foram realizadas 5

tentativas da tarefa. Nesta fase experimental não foi fornecido nenhum feedback aos

participantes e os mesmos não puderam utilizar a assistência física, ou seja, o apoio da barra.

Imediatamente após o final de cada fase do estudo, os participantes de ambos os grupos

responderam aos questionários.

84

Análise dos dados

O programa estatístico utilizado foi o SPSS versão 13.0. A variável dependente foi

o tempo utilizado, em cada tentativa, para o sujeito percorrer a distância entre os pontos

iniciais e finais da barra de apoio. Os dados foram analisados em blocos de 5 tentativas. Na

fase de aquisição, a análise dos dados foi realizada através da análise de variância (ANOVA)

two-way, 2 (grupos: self versus yoked) X 6 (blocos de 5 tentativas), com medidas repetidas

no último fator. Os dados da fase de retenção foram analisados separadamente, através da

ANOVA one-way. O nível alpha de significância foi de 0,05 para todas as análises. Para

análise de comparação entre as tentativas com uso do apoio e sem o uso do apoio para

membro superior da fase de aquisição, foi utilizada uma ANOVA two-way, 2 (tipo de

tentativa: com apoio versus sem apoio) X 2 (grupo: self versus yoked). As respostas dos

questionários IMI e PANAS - X foram analisadas separadamente através de ANOVAs one-

way.

Resultados

Tempo de Movimento

Fase de aquisição

Na análise dos dados (Figura 1) foi observado que os dois grupos apresentaram

diminuição nos TM com o decorrer da prática, sendo que o grupo self apresentou tendência

de pior TM no início da mesma, mantendo tempos maiores que o grupo yoked durante toda

esta fase. Através da ANOVA pode-se observar que ambos os grupos modificaram o seu

comportamento de forma significativa, diminuindo o TM através dos blocos de tentativas, F

(5, 80) = 23,12, p < 0,05. Os resultados, entretanto, não demonstraram diferenças

significativas entre os grupos durante a fase de aquisição F (1, 16) = 1,05, p > 0,05; ou na

interação entre blocos e grupos F (5, 80) < 1.

85

Com relação à frequência autocontrolada de solicitação da assistência física

oferecida pela barra de apoio, foi observado um percentual de 33% para o grupo

autocontrolado. Não foi encontrada diferença significativa em relação ao TM entre as

tentativas com uso e sem uso da assistência física, em ambos os grupos, F (1, 16) < 1, ou

presença de interação entre estas variáveis, F (1, 16) = 1,10, p > 0,05.

Fase de Retenção

Nesta fase, realizada 24 horas após a fase de aquisição, não foi observada diferença

significativa entre os grupos, F (1, 16) < 1. É possível observar, entretanto, uma tendência

de interação entre o último bloco de tentativas da fase de aquisição e o bloco de retenção,

com o grupo self demonstrando uma melhora no seu TM, enquanto o grupo yoked

demonstra uma piora do mesmo. A ANOVA demonstrou diferença marginalmente

significante, F (1, 16) = 3,26, p = 0,09.

FIGURA 2- Escores dos tempos de movimento dos grupos self e yoked nas fases de

aquisição e retenção.

4

4,5

5

5,5

6

6,5

7

7,5

8

8,5

p1 p2 p3 p4 p5 p6 r

Tem

po d

e M

ovim

ento

Blocos de 5 tentativas

Self

Yoked

Prática Retenção

86

Questionários

Com relação ao IMI observa-se, através da ANOVA que os grupos não diferiram

em termos de motivação para aprender a tarefa, após a fase de aquisição, em nenhum dos

domínios analisados: interesse, F (1, 16) < 1; escolha, F (1, 16) = 2,32, p > 0,05; e

nervosismo, F (1, 16) = 1,50, p > 0,05. O mesmo foi evidenciado nos resultados deste

mesmo questionário, quando aplicado após a fase de retenção, demonstrando inexistência de

diferença entre os grupos, com valores de F (1, 16) < 1 para todos os domínios aplicados.

Na análise do questionário PANAS - X, após a fase de prática, os resultados

mostraram um maior grau de “interesse” na realização da tarefa para o grupo self em relação

ao grupo yoked, F (1, 17) = 5,22, p < 0,05, assim como uma diferença marginalmente

significante em relação ao aspecto “calma”, F (1, 17) = 3,37, p = 0,08 a favor do grupo self.

Quanto aos resultados do questionário, aplicados após retenção, foram observadas diferenças

marginais, também favorecendo o grupo self em relação aos seguintes itens: “alegre”, F (1,

17) = 4,11, p = 0,06; “ousado”, F (1, 17) = 3,69, p = 0,07; “forte”, F (1, 17) = 3,66, p = 0,07;

“confiante”, F (1, 17) = 3,57, p = 0,07 e “concentrado”, F (1, 17) = 3,55, p = 0,07.

TABELA 2- Médias e desvio padrão dos domínios “interesse”, “escolha” e “nervosismo” do

questionário Intrinsic Motivation Inventory (IMI) respondidos ao final de cada dia do

experimento.

Domínios Grupo self Grupo yoked

Dia 1 Dia 2 Dia 1 Dia 2Interesse 6,028 (0,75) 6,14 (1,27) 6,17 (0,57) 6,41 (0,40)

Escolha 5,42 (1,42) 5,54 (1,36) 6,11 (0,74) 5,88 (0,90)

Nervosismo 5,38 (1,82) 5,16 (2,064) 4,9 (2,62) 5,12 (2,08)

87

Discussão

Estudos têm demonstrado que o uso da assistência física autocontrolada pode

beneficiar a aprendizagem motora (Chiviacowsky, Wulf, Lewthwaite & Campos, 2011;

Hartman, 2007). No entanto, ainda não eram conhecidos os efeitos da prática com

autocontrole na aprendizagem de tarefas motoras em sujeitos hemiparéticos por AVE.

No presente estudo a variável analisada foi o uso autocontrolado de assistência

física oferecido por uma barra para apoio de membro superior. De forma geral pode-se

observar que os participantes de ambos os grupos modificaram o seu comportamento na

tarefa de equilíbrio, demonstrando melhores TMs nos últimos blocos de tentativas e na fase

de retenção, quando comparados aos TMs iniciais da fase de prática. Tal resultado indica

que mesmo em uma fase crônica, após uma lesão do sistema nervoso central, é possível que

o indivíduo aprenda uma tarefa motora nova. De acordo com estudo realizado por Boyd,

Quaney, Pohl & Winstein (2007), envolvendo sujeitos na fase crônica do AVE, com o

objetivo de elucidar as relações entre o grau de severidade da doença e as tarefas aplicadas

para avaliar a aprendizagem motora implícita, a memória e a aprendizagem implícita não são

completamente perdidas com o AVE, ou seja, há uma memória do movimento, a qual

depende da experiência anterior à lesão que cada indivíduo apresenta. Porém, é importante

ressaltar que quando o AVE apresentado é muito severo, a capacidade da aprendizagem e

memória implícita é reduzida (HLUSTÍK & MAYER, 2006; BOYD et al., 2007).

Os participantes deste estudo solicitaram uma frequência autocontrolada de

aproximadamente 33% de utilização de assistência física, valor semelhante às frequências

solicitadas por sujeitos típicos durante a prática com autocontrole desta mesma variável,

utilizando uma tarefa de equilíbrio no estabilômetro. Por exemplo, no estudo de Hartman

(2007), os sujeitos solicitaram a utilização de assistência física (uso de bastão ou “pole”) em

38% das tentativas. Frequência similar foi encontrada em experimento recente, com

88

população de parkinsonianos, também com uso autocontrolado de assistência física (41%)

(CHIVIACOWSKY, WULF, LEWTHWAITE & CAMPOS, 2011). Tal resultado deve ser

destacado, visto que o esperado seria que os sujeitos pós AVE solicitassem mais a

assistência física autocontrolada, justamente por apresentarem comprometimento dos

sistemas de feedback intrínseco (ROBERTSON, HOELLINGER, LINDBERG,

BENSMAIL, HANNETON & BRAMI, 2009).

A comparação entre os TMs nas tentativas com e sem o uso de assistência física

oferecida pelo apoio para membro superior indicou inexistência de diferença estatística, em

ambos os grupos. Tal resultado concorda com os resultados do estudo de Hartman (2007),

no qual a diferença entre as tentativas com ou sem o uso da “pole” não foi significativa. No

entanto, o estudo difere dos resultados de Chiviacowsky, Wulf, Lewthwaite a Campos

(2011), onde sujeitos com a doença de Parkinson foram beneficiados nas tentativas com o

uso da “pole”. Em relação a sujeitos com AVE, Buurke et al. (2005) demonstra, através de

pesquisa envolvendo sujeitos hemiparéticos que deambulavam utilizando dispositivo

auxiliar, que todos os participantes apresentavam velocidades relativamente mais baixas ao

caminhar com o auxílio de dispositivo. Já o estudo de Tyson & Rogerson (2009) encontrou

melhora na mobilidade funcional e nos parâmetros espaço – temporais da marcha em

pacientes pós AVE, ao caminhar com auxílio de dispositivos. Portanto, ainda existem

controvérsias no campo da reabilitação à respeito dos efeitos imediatos que a assistência

física pode trazer à marcha de hemiparéticos.

Mais importante do que os efeitos imediatos sobre a performance, são os efeitos

sobre a aprendizagem. Diferentemente dos resultados de estudos prévios envolvendo

arranjos de prática autocontrolada, os achados do presente estudo não indicaram

superioridade deste arranjo de prática em relação ao arranjo externamente controlado em

sujeitos hemiparéticos por AVE na aprendizagem da tarefa de equilíbrio utilizada no

89

presente estudo. No entanto, é importante ressaltar que o grupo self demonstrou uma

tendência de melhora no último bloco da fase de aquisição para o primeiro da retenção,

enquanto o grupo yoked demonstrou tendência de piora, com esta interação entre os grupos

apresentando diferença significativa marginal (0,09), o que pode ser considerado um fator

favorável a este tipo de prática. Tal comportamento sugere que os participantes do grupo self

conseguiram manter a melhora do comportamento entre as diferentes fases da prática de

forma mais eficiente do que os participantes do grupo yoked.

A inexistência de diferença na aprendizagem entre os grupos com e sem

autocontrole pode ser consequência de fatores como: amostra reduzida; diversidade de

características motoras encontradas entre alguns participantes, visto que o AVE é uma

doença que causa quadros clínicos heterogêneos, de acordo com a área cerebral acometida

(NG, STEIN, NING & BLACK-SCHAFFER, 2007); e, principalmente, pela tendência de

diferença inicial entre os grupos na fase de prática (apesar da distribuição aleatória dos

sujeitos nos diferentes grupos), com o grupo yoked demonstrando uma forte tendência de

desempenho superior já no primeiro bloco de tentativas do que o grupo self. Tais fatores

podem ter dificultado a observação dos benefícios da prática autocontrolada na população

estudada.

Outro aspecto observado em nosso estudo foram os relacionados aos componentes

motivacionais e afetivos na aquisição de uma tarefa. É sabido que a motivação é um fator

determinante, que influencia o processo de reabilitação, visto que a participação mais ativa

dos sujeitos está relacionada à maior motivação, e os tratamentos que visam treinos mais

passivos proporcionam menores graus de motivação (MACLEAN, POUND, WOLFE &

RUDD, 2002). Além dos benefícios motores que as práticas com maior caráter motivacional

podem trazer aos sujeitos pós AVE, estas também podem auxiliar nos quadros depressivos

que a maioria destes pacientes apresenta. Limitações motoras nesta população nem sempre

90

advém do déficit neurológico em si, mas de complicações psiquiátricas, sendo a depressão a

mais prevalente. Este quadro favorece a incapacitação do sujeito após o AVE, dificultando

sua reabilitação e prolongando o tempo de recuperação (CHEMERINSKI, ROBINSON,

ARNDT & KOSIER, 2001; BILGE, COÇER, COÇER & BÖRÜ, 2008).

Os resultados da análise do IMI, porém, não mostraram diferenças quanto aos

domínios de interesse, escolha e nervosismo entre os dois dias do experimento para ambos

os grupos. Ou seja, não podemos dizer que o grupo self apresentou maior motivação

intrínseca que o yoked através do uso da assistência física autocontrolada, nestes sujeitos pós

AVE. Estes achados diferem dos resultados apontados pelo estudo de Colombo et al. (2007)

onde pela primeira vez aplicou - se o questionário IMI a sujeitos hemiparéticos por AVE.

Neste estudo, os sujeitos foram submetidos à prática de movimentos para membros

superiores facilitada por terapia robótica, recebendo feedback visual e auditivo. No

experimento de Colombo et al. (2007) foram avaliados os domínios “interesse”,

“competência percebida”, “esforço” e “tensão”. No quesito interesse os resultados do IMI

mostraram que os participantes apresentaram bastante interesse pela tarefa de membro

superior facilitada por um dispositivo robótico. Quanto à competência e esforço, os

resultados obtidos evidenciaram aumento da motivação ao desempenhar com maior

facilidade tal movimento de membro superior. Em relação ao domínio tensão, nervosismo, a

maioria dos sujeitos não vivenciou tal experiência, indicando um aspecto positivo da tarefa

proposta. De acordo com Tafarodi et al. (1999), os resultados do presente estudo podem ser

interpretados no sentido de que a possibilidade de escolher ou controlar algum aspecto do

ambiente, através da possibilidade de fazer escolhas, pode não aumentar uma grande

motivação intrínseca já existente, proporcionada, por exemplo, por situações já por si só

motivantes de prática, como por um determinado tipo de tarefa, por exemplo.

91

Já nos resultados da aplicação do questionário PANAS-X, foi encontrada uma

diferença significativa favorável ao grupo self no quesito “interesse” e diferença

marginalmente significante no quesito “calma”, após a fase de prática. Quanto aos itens

alegre, ousado, forte, confiante e concentrado do PANAS-X, também foram encontradas

diferenças marginais para o grupo self após a retenção. Todas estas questões fazem parte do

domínio sobre o afeto positivo de tal instrumento, reforçando os benefícios da prática

autocontrolada na questão afetiva dos participantes. Este resultado concorda com estudos

anteriores, que demonstraram que a aprendizagem com autocontrole estimula um maior

envolvimento do aprendiz com a tarefa, afetando as crenças dos indivíduos quanto às suas

capacidades e melhorando a percepção de auto-eficácia (BANDURA, 1993).

O conjunto dos resultados alcançados permite inferir, assim como demonstrado por

outros estudos (COLOMBO et al., 2007; FALLAHPOUR, THAM, JOGHATAEI &

JONSSON, 2011) , a importância da autonomia, para o processo de aprendizagem motora de

sujeitos hemiparéticos pós AVE. Porém, evidencia um campo onde é preciso haver mais

investigações que relacionem os fatores que afetam a aprendizagem motora e a reabilitação.

A aprendizagem autocontrolada, possui o potencial de contribuir para o aspecto

motivacional, o qual pode favorecer a re-aprendizagem ou “conquistas motoras” dos sujeitos

em fase crônica do AVE, trazendo maior engajamento durante o reaprendizado destes

indivíduos. Sugere-se a realização de estudos com outros tipos de tarefa, utilizando um

número maior de sujeitos, assim como um maior controle das condições e capacidades

iniciais dos participantes durante a distribuição nos diferentes grupos.

92

Abstract

Effects of self-controlled use of physical assistance in learning motor skill balance insubjects with motor impairment after stroke

The aim of this study was to examine if the learning benefits of self-controlled practice, found in typical subjects would also be found in adults suffering stroke.Eighteen hemiparetic subjects (40-74 years) were divided into two groups. A groupof frequency of use of physical support self-controlled and a frequency externally controlledand treated. They walked among obstacles for a distance of 4 m in the shortest timepossible and may use the support of the upper limb. The acquisition phase was 30trials, and retention trials 5 without using the support. At the end of the phases were appliedquestionnaires about motivation. The results showed no significant difference betweengroups in learning the task. However, the results related to positive affect showed amarginally significant difference favorable of self-controlled group, showing theirbest emotional state in practice. Elucidates the possibility of improving rehabilitationafter stroke to practice self-controlled.

UNITERMS: Motor learning, practice self-control, feedback, Stroke, rehabilitation.

93

Referências

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ENDEREÇO

Shadia Mussa YussefEscola Superior de Educação Física

Universidade Federal de PelotasRua Luís de Camões, 625

96055-630 – Pelotase-mail: [email protected]

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4.Normas para publicação (Revista Brasileira deEducação Física e Esporte)

(Dissertação de Mestrado de Shadia Mussa Yussef)

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NORMATIZAÇÃO

A Revista Brasileira de Educação Física e Esporte (RBEFE) é uma publicaçãotrimestral da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo, e tempor objetivo publicar pesquisas que contribuam para o avanço do conhecimento nasáreas de Educação Física, Esporte e afins.

POLÍTICAS

1. Serão consideradas para publicação investigações originais sob condição deserem contribuições exclusivas para esta RBEFE, ou seja, que não tenham sido,nem venham a ser publicadas em outros locais.

2. A submissão de artigos será feita somente por meio de upload no website. Antesda submissão os autores deverão passar por um checklist verificando se todos osprocedimentos listados foram realizados antes da submissão final.

3. Os artigos serão avaliados em duas fases. A primeira envolverá verificações deformato, aspectos gerais da escrita e coerência do trabalho com o escopo daRBEFE. Os editores poderão tanto recusar o artigo, quanto solicitar alteraçõesantes do aceite da submissão. Uma vez consolidada a submissão, na segundafase o artigo será avaliado por dois especialistas em sistema duplo cego. Nocaso de pareceres contraditórios, considerados os seus conteúdos, o artigopoderá ser avaliado por um terceiro especialista ou rejeitado.

4. No momento da submissão os autores poderão solicitar tanto dois possíveisrevisores quanto dois possíveis não revisores. Porém, a decisão final quanto àescolha dos revisores caberá aos editores da revista.

5. Os revisores receberão os artigos por via eletrônica juntamente com umformulário contendo os principais pontos a serem avaliados no processo derevisão. Eles também receberão e-mails diários na última semana do prazoestipulado para envio do parecer.

6. Um arquivo do EndNote estará disponível online para a formatação dasreferências.

7. Os seguintes tipos de artigos poderão ser submetidos à RBEFE:

- Artigos originais

- Ensaios (short reviews), escritos por autores convidados ou especialistas de notóriacapacidade acadêmica. Cada número da RBEFE contará com, no máximo, dois ensaios.A publicação dos mesmos será de acordo com a data de submissão.

1. Os autores deverão indicar uma das subáreas da Educação Física e Esporte aqual desejam submeter o artigo.

Sociocultural – artigos relacionados à história, filosofia, antropologia,sociologia, política, econômica, administração e demais subáreas da EducaçãoFísica e Esporte;

Biodinâmica - artigos relacionados à bioquímica, fisiologia, biomecânica,medicina, nutrição e demais subáreas da Educação Física e Esporte;

Comportamental e Pedagógica - artigos relacionados à psicologia,

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comportamento motor, pedagogia e demais subáreas da Educação Física eEsporte;

1. Os autores terão no máximo 30 dias para realizar as modificações sugeridaspelos revisores. Caso o retorno do artigo aconteça após esse prazo, o artigo seráconsiderado como uma nova submissão, e não como um artigo em processo derevisão. Essa medida visa acelerar o processo de revisão e publicação dosartigos recomendados.

2. Os artigos poderão ser enviados em três línguas: português, inglês e espanhol.3. Os autores são responsáveis pelo conteúdo e pela escrita dos artigos. Eventuais

erros são de responsabilidade exclusiva dos mesmos.4. Durante o processo de revisão os autores deverão incluir no cabeçalho o código

do artigo e o número da revisão (ex: 05_ago-57 revisão 1)

Os nomes e endereços informados nesta revista serão usados exclusivamente para osserviços prestados por esta publicação, não sendo disponibilizados para outrasfinalidades ou a terceiros.

Forma e preparação de manuscritos

O autor encarregado das correspondências deve ser claramente definido. Os manuscritosdevem ser preparados de acordo com o padrão de estilo indicado abaixo. Os editoresreservam-se ao direito de ajustar o estilo para manter o padrão de uniformidade.

Os originais deverão conter de 15 a 40 laudas. O texto deverá ser digitado em espaçoduplo, com 24 linhas de 65 caracteres cada. O formato do papel deverá ser A4. Aspáginas deverão ter as linhas numeradas, reiniciando a contagem a cada página.

A RBEFE requer que todos os procedimentos de pesquisa sejam avaliados por umComitê de Ética ou órgão similar. No caso de pesquisas com seres humanos, os mesmosou seus responsáveis devem assinar um termo de consentimento livre e esclarecido antesda participação. A RBEFE reserva-se o direito de requerer o formulário de aprovação doComitê de Ética em caso de dúvida quanto a qualquer procedimento. Estudos queenvolvem experimentos com animais devem conter uma declaração na seção "Método",que os experimentos foram realizados em conformidade com a regulamentação sobre oassunto adotada no país.

O sistema de medidas básico a ser utilizado na Revista deverá ser o "SystèmeInternational d'Unités. Como regra geral, só deverão ser utilizadas abreviaturas esímbolos padronizados. Se abreviações não padronizadas forem utilizadas, recomenda-sea definição das mesmas no momento da primeira aparição no texto.

As páginas deverão ser numeradas no canto superior direito, a começar da primeirapágina e deverão estar arrumadas na seguinte ordem: página-título/resumo (incluindo aspalavras-chave), página-title/abstract (incluindo "keywords"), página- título/resumen(incluindo "palabras clave"), páginas-texto, referências,títulos e legendas de tabelas e

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ilustrações originais.

As ilustrações deverão vir ao longo do texto, no lugar indicado pelos autores. Elasdeverão ser numeradas com algarismos arábicos na ordem que são inseridas no texto eapresentadas em folhas separadas. O mesmo procedimento deverá ser observado quantoàs tabelas que receberão numeração independente. As legendas deverão ser digitadas emespaço duplo junto com as ilustrações e tabelas. A posição de cada ilustração ou tabelano texto deverá ser indicada na margem esquerda do trabalho.

Referências: as condições exigidas para fazer referências às publicações mencionadas notrabalho serão estabelecidas segundo as orientações da Associação Brasileira de NormasTécnicas (ABNT), expressas na norma NB-66 (NBR 6023). Indicar todos os autores (nãoutilizar "et alli" ou et al.); colocar os títulos dos periódicos por extenso. Sugerimosobservarem os artigos publicados na revista como exemplos.

Instruções para a escrita das seções do trabalho

Resumo/Abstract/Resumen: Deve conter no máximo 150 palavras. Ele deve indicarbrevemente o objetivo, o método e os principais resultados e conclusões. As palavras-chave não deverão estar contidas no título e devem ser no máximo 5 separadas porvírgula. No caso de "resumo" ou "resumen", os mesmos dever vir acompanhados de"abstract"

Introdução: Deve conduzir aos objetivos do trabalho a partir de uma adequada baseteórica, mas evitando detalhada revisão de literatura.

Método: É desejável que os autores iniciem essa seção com uma explicação sobre o tipode pesquisa. Em seguida, os autores são encorajados a seguir uma estrutura de sub-tópicos similar à apresentada abaixo.

1. Amostra: A característica da amostra deve ser definida e as condições de controledas principais variáveis intervenientes descritas. Além disso, caso o estudoenvolva humanos características descritivas dos mesmos, que não sejam variáveisdependentes, devem ser apresentadas no texto (não incluir esses dados emtabelas). É obrigatória a explicitação de aprovação do protocolo de pesquisa pelocomitê de ética local e assinatura de um termo de consentimento livre eesclarecido pelos sujeitos.

2. Procedimentos: Todos os instrumentos e procedimentos utilizados para a coletade dados devem ser descritos em detalhe suficiente para a reprodução dosmesmos. Caso o estudo contenha protocolos de treinamento, ou de estimulação,uma clara distinção deve ser feita entre os procedimentos de testagem e os detreinamento.

3. Análise dos resultados: Os autores devem descrever claramente as variáveisdependentes analisadas e as técnicas utilizadas para tal. Fatores e níveis tambémdevem ser descritos quando apropriado. É importante a inclusão do nível designificância adotado e medidas de reprodutibilidade dos testes utilizados

Resultados: Os autores devem se limitar em apenas descrever os resultados encontrados.Tenha certeza que as figuras e/ou tabelas estejam citadas no texto e que não hajaduplicação de informação entre tabelas e figuras. É aconselhável que os autores

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apresentem também tamanho do efeito (effect size), quando couber, para auxiliar nadiscussão da relevância dos resultados encontrados.

Discussão: Essa seção deve ser iniciada com um parágrafo que descreva os objetivos doestudo e os principais achados. Após, os resultados devem ser discutidos a luz daliteratura existente na tentativa de explicar as suas hipóteses de pesquisa e comparar osachados com os de outros estudos. Não incluir sentenças óbvias como "mais pesquisassão necessárias...".

A contribuição é original e inédita, e não está sendo avaliada para publicação por outrarevista; caso contrário, deve-se justificar em "Comentários ao editor".

O arquivo da submissão está em formato Microsoft Word.

O texto está em espaço duplo; usa uma fonte de 12-pontos.

O texto segue os padrões de estilo e requisitos bibliográficos descritos em Diretrizes paraAutores, na página Sobre a Revista.

Indicar a área do artigo - Biodinâmica; Sociocultural; Comportamental e Pedagógica.

A identificação dos Artigo - Título, ordem dos Autores, Instituições, endereço e e-mail,deverá ser apresentado diretamente no sítio de submissão e, portanto, separadamente dotexto do artigo;

O arquivo do artigo não poderá ter nenhuma possibilidade de identificação da autoria,pois o computador também identifica o arquivo (verificar em: Preparar/Propriedades doWord).

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5. Comunicado à Imprensa(Dissertação de Mestrado de Shadia Mussa Yussef)

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O uso da assistência física autocontrolada para treino de uma tarefa deequilíbrio em indivíduos que sofreram Acidente Vascular Encefálico

(AVE/AVC)

A fisioterapeuta Shadia Mussa Yussef realizou um estudo em Pelotas, na

Escola Superior de Educação Física (ESEF), com 18 participantes que tiveram um

Acidente Vascular Cerebral há mais de 6 meses. O objetivo deste trabalho foi

verificar os benefícios da prática autocontrolada no aprendizado de uma tarefa de

equilíbrio. A pesquisa foi orientada pelos Professores Doutores Suzete

Chiviacowsky e Volmar Nunes, sendo realizada nos meses de setembro a

dezembro de 2011, como parte do trabalho de mestrado do Programa de Pós-

Graduação em Educação Física da Escola Superior de Educação Física, da

Universidade Federal de Pelotas.

A prática com autocontrole, variável abordada nesta pesquisa, permite que

o aprendiz tome decisões durante o desempenho de tarefas e apresente um papel

mais ativo durante o processo de aprendizagem, determinando quando é

necessário receber ajuda do experimentador. O motivo da realização deste estudo,

é que pesquisas anteriores mostram os benefícios deste tipo de prática na

aprendizagem motora em indivíduos sem lesão neurológica.

Os resultados não mostraram superioridade à aprendizagem de sujeitos

com AVC que receberam assistência física autocontrolada em relação ao grupo

que recebeu assistência física externamente controlada, porém pôde-se observar

um significativo aumento da motivação intrínseca destes participantes para a

prática. Tal fato indica que a prática com autocontrole deveria ser mais estudada

em populações com AVC, por possuir o potencial de influenciar a prática da

reabilitação realizada por fisioterapeutas, tornando estes indivíduos, no mínimo,

mais motivados a praticar e, assim, retomar suas atividades da vida diária,

prejudicadas pelo AVC.