efeitos da inoculaÇÃo de bactÉrias...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E BIOLOGIA MOLECULAR EFEITOS DA INOCULAÇÃO DE BACTÉRIAS ENDOFÍTICAS EM CACAU: PROMOÇÃO DE CRESCIMENTO E AUMENTO DA RESISTÊNCIA À PODRIDÃO-PARDA ANDERSON BARBOSA SILVA ILHÉUS – BAHIA – BRASIL Agosto de 2010

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E BIOLOGIA MOLECULAR

EFEITOS DA INOCULAÇÃO DE BACTÉRIAS ENDOFÍTICAS EM

CACAU: PROMOÇÃO DE CRESCIMENTO E AUMENTO DA

RESISTÊNCIA À PODRIDÃO-PARDA

ANDERSON BARBOSA SILVA

ILHÉUS – BAHIA – BRASIL

Agosto de 2010

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ii

ANDERSON BARBOSA SILVA

EFEITOS DA INOCULAÇÃO DE BACTÉRIAS ENDOFÍTICAS EM CACAU:

PROMOÇÃO DE CRESCIMENTO E AUMENTO DA RESISTÊNCIA À PODRIDÃO-PARDA

APROVADA: 30 de agosto de 2010

Dr. Alan Willian Vilela Pomella (Sementes Farroupilha)

Prof. Dr. Eduardo Gross

(UESC)

Prof. Dr. Rachel Passos Rezende(UESC)

Prof. Dr. Leandro Lopes Loguercio

(UESC – Orientador)

ILHÉUS – BAHIA – BRASIL

Agosto de 2010

Dissertação apresentada à Universidade

Estadual de Santa Cruz, como parte das

exigências para obtenção do título de Mestre

em Genética e Biologia Molecular.

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DEDICATÓRIA Aos meus pais, Cantídio Cordeiro da Silva e Marina Barbosa dos Santos Silva, pelos ensinamentos e apoio.

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iv

AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter me fornecido coragem, luta e persistência nessa caminhada,

tornando possível a realização de um sonho.

Ao Professor Dr. Leandro Lopes Loguercio, meu amigo e orientador pelos

ensinamentos e confiança que foram fundamentais no cumprimento desta

jornada.

Ao Dra. Edna Dora Martins Luz, pelos grandes ensinamentos e acolhimento

oferecido.

Ao Dr. Ronan Correia Xavier pela amizade, carinho, colaboração,

companheirismo e mensagens de otimismo.

Ao Dra. Karina pela cooperação e sugestões durante o desenvolvimento da

pesquisa.

Ao Dr. Jorge Teodoro de Souza pelo apoio científico.

Aos funcionários e estagiários do Laboratório de Fitopatologia / Phytophthora

(CEPLAC) – Tita, Cenilda, Marquinhos e Dany – pela amizade e gentileza no

acolhimento e por serem fundamentais para a realização deste trabalho.

Aos funcionários e estagiários do Laboratório de Fitopatologia / Moniliophthora

(CEPLAC) pelo companheirismo e incentivo para continuarmos e vencermos

juntos mais uma fase de nossas vidas.

Ao Curso de Pós-graduação e a Universidade Estadual de Santa Cruz pela

oportunidade.

Ao Centro de Estudos do Cacau – Almirante Cacau pela concessão dos isolados

de bactérias endofítica utilizadas nos experimentos.

Ao Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC/CEPLAC), pelo suporte técnico de

material e equipamentos.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela

concessão da bolsa que permitiu a realização do trabalho.

À Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) pelo

financiamento desse projeto.

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ÍNDICE

LISTA DE FIGURAS.............................................................................................vii

LISTA DE TABELAS ............................................................................................ ix

EXTRATO .............................................................................................................. x

ABSTRACT.......................................................................................................... xii

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................. 3

2.1. MICRORGANISMOS ENDOFÍTICOS - HISTÓRICO E CONCEITO ................................ 3

2.2. RELAÇÃO ENTRE ENDOFÍTICOS E HOSPEDEIRO ................................................. 4

2.3. PENETRAÇÃO E COLONIZAÇÃO SISTÊMICA DOS ENDOFÍTICOS NAS PLANTAS ......... 6

2.4. PROMOÇÃO DE CRESCIMENTO ......................................................................... 7

2.5. USO DE ENDOFÍTICOS NO CONTROLE BIOLÓGICO ............................................... 8

2.6. ENDOFÍTICOS – PRODUÇÃO DE FÁRMACOS E BIORREMEDIAÇÃO........................ 10

2.7. PODRIDÃO-PARDA DOS FRUTOS DE CACAUEIRO............................................... 11

3. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 15

3.1. OBTENÇÃO E MANUTENÇÃO DOS ISOLADOS DE BACTÉRIAS ENDOFÍTICAS ........... 15

3.2. PREPARO DE MUDAS PARA OS TESTES DE INOCULAÇÃO – DESINFESTAÇÃO E

GERMINAÇÃO DAS SEMENTES ............................................................................... 16

3.3. INOCULAÇÃO ENDOFÍTICA .............................................................................. 16

3.4. AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DE PROMOÇÃO DE CRESCIMENTO DAS MUDAS ............ 17

3.5. ANÁLISES FOTOSSINTÉTICAS......................................................................... 18

3.6. PADRÃO ESPACIAL E TEMPORAL DE COLONIZAÇÃO DE Bacillus E Enterobacter EM

MUDAS AXÊNICAS ................................................................................................ 19

3.7. EFEITO DA INOCULAÇÃO COM BACTÉRIAS ENDOFÍTICA NA INDUÇÃO DE RESISTÊNCIA

À PODRIDÃO PARDA EM GENÓTIPOS CONTRASTANTES DE CACAU.............................. 21

3.7.1. Obtenção de genótipos contrastantes quanto à resistência à podridão parda. ............................................................................................................ 21

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vi

3.7.2. Inoculação dos genótipos TSH-1188 e ICS-1 com bactérias endofíticas...................................................................................................................... 22 3.7.3. Obtenção e manutenção do isolado de Phytophthora palmivora ........ 22 3.7.4. Inoculação dos genótipos TSH-1188 e ICS-1 com suspensão de P. palmivora - método de inoculação in planta .................................................. 23 3.7.5. Inoculação dos genótipos TSH-1188 e ICS-1 com suspensão de P. palmivora – método de inoculação em disco foliar........................................ 25 3.7.6. Avaliação do índice de infecção por P. palmivora nos genótipos TSH-1188 e ICS-1. ................................................................................................ 25

3.8. ANÁLISES ESTATÍSTICAS ............................................................................... 26

3.9. COMPARAÇÃO DOS ISOLADOS DE BACTÉRIAS ENDOFÍTICAS PRÉ E PÓS-INOCULAÇÃO ....................................................................................................... 28

3.9.1. Comparação morfológica das colônias de bactérias endofítica pré- e pós-inoculação .............................................................................................. 28 3.9.2. Comparação molecular dos isolados de bactérias endofíticas pré e pós-inoculação ..................................................................................................... 28

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 30

4.1. PROMOÇÃO DE CRESCIMENTO ....................................................................... 30

4.1.1. Análise exploratória de tendências temporais..................................... 30 4.1.2. Análise multivariada dos componentes principais e biplot. ................. 33 4.1.3. Análise inferencial ............................................................................... 39

4.2. ANÁLISES FOTOSSINTÉTICAS E DE CONDUTÂNCIA ESTOMÁTICA ......................... 43

4.3. COMPARAÇÃO DO PADRÃO ESPACIAL E TEMPORAL COLONIZAÇÃO DE Bacillus E

Enterobacter ..................................................................................................... 46

4.4. EFEITO DA INOCULAÇÃO COM BACTÉRIAS ENDOFÍTICAS NA INDUÇÃO DE

RESISTÊNCIA À PODRIDÃO PARDA EM GENÓTIPOS CONTRASTANTES DE CACAU. ......... 48

4.4.1. Método de aplicação de P. palmivora e análise in planta.................... 49 4.4.2 Método de aplicação e análise de P. palmivora em disco foliar ........... 53

4.5. ANÁLISES DAS CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS E FÍSICAS DO SOLO........................ 55

4.6. COMPARAÇÃO MORFOLÓGICA DAS COLÔNIAS DE BACTÉRIAS ENDOFÍTICA PRÉ- E PÓS-INOCULAÇÃO. ............................................................................................... 56

4.9. COMPARAÇÃO MOLECULAR DOS ISOLADOS DE BACTÉRIAS ENDOFÍTICAS PRÉ E PÓS-INOCULAÇÃO ....................................................................................................... 57

5. CONCLUSÕES................................................................................................ 59

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 60

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Experimento de promoção de crescimento. Mudas de cacau comum em recipientes de poliestireno, sobre bancada na casa de vegetação do Setor de Genética do CEPEC/CEPLAC...............................................................................17

Figura 2. Avaliações das trocas gasosas e das taxas de fotossíntese com sistema portátil de medição fotossintética LI-6400 (Li-Cor, Nebraska, USA)........19

Figura 3. Plantio das sementes em meio WPM...............................................20

Figura 4. Vista do processo de inoculação das mudas dos genótipos TSH-1188 e ICS-1, crescidas em condições estéreis, com suspensão bacteriana a 108..........................................................................................................................21

Figura 5. Inoculação dos genótipos TSH-1188 e ICS-1 com suspensão de bactérias endofíticas à 1 x 108 UFC/ml, pelo método de rega do solo...................22

Figura 6. Aplicação no solo de suspensão de P. palmivora a 5 x 105 zoósporos.ml-1, em mudas de TSH-1188 e ICS-1.................................................24

Figura 7. Distribuição aleatória das mudas sobre bancada na casa de vegetação do Setor de Fitopatologia (CEPEC/CEPLAC). As cores das etiquetas indicam tratamentos diferentes..............................................................................24

Figura 8. Procedimentos para inoculação do disco foliar de TSH-1188 e ICS-1. (a) corte, (b) inoculação e (c) acomodação dos discos foliares por sete dias sob ausência de luz......................................................................................................26

Figura 9. Escala de notas usada para avaliação do progresso da Podridão-parda em discos foliares de THS-1188 e ICS-1. ‘0’, sem sintomas; ‘1’, pequenos pontos marrons ou marrom-escuros; ‘2’, pequenos pontos marrons com poucas conexões entre si; ‘3’, pontos marrons coalescentes, que formam lesões de tamanho intermediário; ‘4’, lesões grandes coalescentes, com pontos marrom-claros ou escuros; e ‘5’, grandes lesões marrons expandidas uniformemente....26

Figura 10. Altura média das mudas dos tratamentos 629, 344 (isolados originais), 344-3.2, 344-1.1 (variantes resistentes à rifampicina) e controle (H2O estéril), nos métodos de inoculação via semente e no solo, em relação às duas avaliações realizadas. As médias correspondem a 35 indivíduos por tratatamento. As diferenças de dias 80 para 65 dias na 2ª avaliação refere-se ao fato de que as mudas foram avaliadas na mesma época, mas os endofíticos haviam sido

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viii

inoculados no solo 20 dias depois de terem sido inoculados nas sementes (ver item 3.4).................................................................................................................31

Figura 11. Média do número de folhas dos tratamentos 629, 344, 344-3.2, 344-1.1 e controle, nos métodos de inoculação via semente e no solo em relação às duas avaliações realizadas. As médias correspondem a 35 indivíduos por tratatamento...........................................................................................................32

Figura 12. Biplot da análise de CP das variáveis ‘altura de plântulas’ (ALT , ‘número de folhas’ (NF), ‘número de sobreviventes’ (NS), ‘matéria seca do caule’ (MSC), e ‘matéria seca da folha’ (MSF), aos 200 dias após a inoculação direta dos endofíticos nas sementes. Os pontos no gráfico correspondem aos valores das duas componentes principais para cada tratamento (indicado); são definidos como a soma dos resultados de multiplicação das médias transformadas de cada variável por tratamento (Tabela 3) pelos respectivos autovetores (não mostrados). Maiores correlações entre as variáveis é inferida a partir dos menores ângulos entre as respectivas retas (ver texto).....................................................................36

Figura 13. Biplot da análise de CP das mesmas 5 variáveis da Figura 12, aos 180 dias após a inoculação indireta dos endofíticos via aplicação no solo. (Ver também legenda da Figura 12.).............................................................................36

Figura 14. Avaliação de fotossíntese (A) e condutância estomática (gs) para os tratamentos endofíticos inoculados na semente e no solo. As médias e erros padrões correspondem a 9 repetições por tratamento. Letras iguais por tipo de inoculação não diferem significativamente (Tukey a 5%)......................................44

Figura 15. Índice de intensidade de infecção (I.I.I.) dos genótipos TSH-1188 e ICS-1, nos experimentos 1 e 2, após a inoculação com os isolados endofíticos 344, 341, 629. Inoculação com água destilada estéril foi utilizada como controle. Os dados correpondem a médias de avaliação de 15 mudas (repetições) por tratamento..............................................................................................................50

Figura 16. Aspectos de colônias 344 e 629 recuperadas em meio TSA . (a) colônias de bactérias 344 e (b) 629, em segmentos de folhas de cacau; plaqueamento das colônias recuperadas dos segmentos de folhas (c) 344 e (d) 629.........................................................................................................................57

Figura 16. Eletroforese em gel de agarose (1,2%) para comparação dos produtos das reações de RAPD de bactérias endofíticas – pré e pós inoculação. As amostras correspondem aos seguintes isolados: 344 (1- 2; 8 – 9; 15 – 16), 341 (3 – 4; 10 – 11; 17 – 18), 629 (5 – 6; 12 – 13; 19 – 20)..............................................58

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ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Médias não transformadas para as 5 variáveis sob estudo..............33

Tabela 2. Dados transformados, centrados na média e padronizados para variância unitária....................................................................................................34

Tabela 3. Altura média e número médio de folhas das mudas para os tratamentos 629, 344, 344-3.2, 344-1.1 e controle, com os métodos de inoculação via semente (80 dias pós-inoculação) e no solo (65 dias pós-inoculação)...........40

Tabela 4. Número de Unidades Formadoras de Colônia por grama de matéria fresca (UFC/g), dos isolados 344, 341 e 629, na raiz, caule e folha, de mudas dos genótipos THS-1188 e ICS-1 aos 7, 14 e 21 dias após a inoculação....................47

Tabela 5. Índice de intensidade de infecção (I.I.I.) dos genótipos TSH-1188 e ICS-1, previamente inoculados com endofíticos, aos 50 dias após os tratamentos de aplicação do patógeno......................................................................................51

Tabela 6. Índice de intensidade de infecção (I.I.I.) em discos foliares dos genótipos TSH-1188 e ICS-1, 6 dias após a inoculação com P. palmivora..........54

Tabela 7. Diferenças entre os métodos de inoculação de P. palmivora no disco foliar e in planta......................................................................................................55

Tabela 8. Análises das características químicas e físicas do solo utilizado nos experimentos de promoção de crescimento em cacau comum e indução de resistência à P. palmivora em TSH-1188 e ICS-1..................................................56

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x

EXTRATO

SILVA, Anderson Barbosa, M.Sc. Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus-BA, agosto de 2010. Efeitos da Inoculação de Bactérias Endofíticas em Cacau: promoção de crescimento e aumento da Resistência à Podridão-parda. Orientador: Leandro Lopes Loguercio. Co-orientadores: Edna Dora Martins Luz e Ronan Correia Xavier.

A podridão-parda do fruto de cacaueiro (Theobroma cacao) é considerada

mundialmente a doença mais importante da cultura. Várias espécies de

Phythophthora estão associadas à doença, sendo P. palmivora a de maior

ocorrência na Bahia. No contexto atual da produção cacaueira, há necessidade

de medidas alternativas de controle de pragas e doenças, que reduzam os riscos

à saúde humana e os impactos ambientais. O controle biológico atende a estes

requisitos e ainda pode reduzir os custos oriundos da utilização de agrotóxicos.

Dentre os agentes usados para obtenção de diversos efeitos benéficos às

plantas, os quais incluem biocontrole de patógenos, estão os microrganismos

endofíticos que compreendem, principalmente, fungos e bactérias que habitam o

interior das plantas sem causar danos aos seus hospedeiros. O trabalho teve

como objetivo verificar (i) os efeitos da inoculação individual de endofíticos em

plântulas de cacau ‘comum’ na promoção de crescimento das mudas e na

tolerância a estresse fisiológico geral induzido experimentalmente; e (ii) o efeito

da inoculação com bactérias endofíticas no controle da podridão parda, em

genótipos contrastantes de cacau quanto à resistência genética a esta moléstia.

Ao longo dos trabalhos, os isolados endofíticos utilizados foram 344, 344-3.2,

344-1.1, e 341, pertencentes à espécie Enterobacter cloacae, e 629, pertencente

a uma espécie de Bacillus sp. Os genótipos de cacau usados foram ‘SIAL-70’

(cacau comum) para os experimentos de promoção de crescimento, e ‘TSH-1188’

e ‘ICS-1’, considerados respectivamente como resistente e susceptível à

podridão-parda, para os experimentos de aumento de resistência à doença. As

mudas usadas foram obtidas de sementes desinfestadas em etanol 70% e NaClO

e posteriormente cultivadas em tubetes 280ml, com solo autoclavado. Para

verificação do padrão de colonização espacial e temporal dos endofíticos nas

plântulas, foram realizados testes de inoculação in vitro de mudas axênicas e

cultivo em condições estéreis. Para a avaliação de antagonismo à podridão parda,

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xi

foram realizados experimentos in planta e pelo método do disco foliar. As

plântulas foram submetidas a duas inoculações: a primeira com suspensão de

bactérias endofiticas à 108 UFC/ml, e a segunda, com suspensão de zoósporos

de P. palmivora à 5 x105 UFC/ml (in planta) e 3 x105 UFC/disco foliar. As

avaliações dos sintomas da doença in planta ocorreram aos 7, 14, 21, 30, 40 e 50

dias após a inoculação com P. palmivora, e em disco foliar, 7 dias após a

aplicação do patógeno. Utilizou-se análises estatísticas do tipo exploratórias

(tendências temporais e análise multivariada de componentes principais com

biplot) e inferenciais para os experimentos.

Nos testes de promoção de crescimento e tolerância a estresse induzido, as

mudas tratadas com o 344-3.2 e 629, apresentaram um aumento significativo na

altura da haste e no número de folhas, indicando que estas bactérias promovem

crescimento vegetal em mudas de cacau inoculadas nas sementes e no solo. O

isolado variante 344-3.2 demonstrou efeitos positivos também para a tolerância a

estresse, ao contrário do 629 que não apresentou este efeito. Avaliações das

taxas fotossintéticas (A) e condutância estomática (gs) durante os experimentos

sugerem que, sob as condições experimentais deste trabalho, os endofíticos 629

e 344-3.2 promoveram aumento significativo destes parâmetros fisiológicos em

plântulas de cacau, em relação ao controle, corroborando os efeitos de promoção

de crescimento detectados. Para avaliação do padrão temporal e espacial de

colonização, após serem inoculadas em meio WPM, os endofíticos 344, 341 e

629 levaram, aproximadamente, 7 dias para colonizarem as raízes de TSH-1188

e ICS-1, e 14 dias para serem detectadas nos caules e folhas dessas plântulas.

Nos testes de antagonismo em disco foliar, nenhum dos isolados endofíticos foi

capaz de reduzir os sintomas de P. palmivora nos genótipos TSH-1188 e ICS-1

pela metodologia utilizada. Já no teste in planta, os resultados indicaram um

aumento significativo da tolerância à podridão parda para as mudas de TSH-1188

e ICS-1 tratadas com o isolado 629. Pela análise morfológica das colônias,

constatou-se as identidades entre os isolados de bactérias inoculados nos

tratamentos e os recuperados pelo plaqueamento de raízes, caules e folhas em

meio sólido.

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xii

ABSTRACT

SILVA, Anderson Barbosa, M.Sc. Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus-BA, agosto de 2010. Effects of endophytic bacteria inoculation in cacao: growth promotion and increase in resistance to the black-pod disease. Advisor: Leandro Lopes Loguercio. Co-Advisors: Edna Dora Martins Luz and Ronan Correia Xavier.

The black-pod disease of cacao (Theobroma cacao L.) is considered the most

important disease of this culture worldwide. Some species of Phythophthora are

associated to the disease, with P. palmivora being the one with the largest

occurrence in Bahia. In the current context of cacao production, there is a

necessity of developing alternative measures of control of pests and diseases, that

reduce the risks and impacts to human health being and the environment. The

biological control fulfills these requirements, also contributing to reduction in the

costs of using agrochemicals. Among the used agents to achieve a diverse of

beneficial effects to the plants, which includes biocontrol of plant pathogens, there

are the endophytic microbes, which mainly comprise fungi and bacteria that inhabit

the interior of the plants without causing damages to their hosts. This work aimed

at verifying (i) the effects of the individual inoculation of endophytes in the growth

promotion of cacao ‘comum' seedlings, as well as in their tolerance to

experimentally induced physiological stress; and (ii) the effects of endophytic

bacteria inoculation in the control of black-pod, in contrating cacao genotypes,

regarding their genetic resistance to this disease. Throughout the work, the

endophytic isolates used were labelled 344, 344-3.2, 344-1.1 and 341, belonging

to Enterobacter cloacae species, and 629, of a Bacillus sp. The cacao genotypes

used were the ‘SIAL-70' (cacao ‘comum’) for the experiments with growth

promotion, and the ‘TSH-1188' and ‘ICS-1', considered as resistant and

susceptible genotypes, respectively, to the black-pod, for the experiments

assessing induced increase of disease resistance. The used seedlings were

obtained from seeds that were disinfested with 70% etanol and NaClO, and later

cultivated in tube-like pots of 280-ml capacity, filled with autoclaved soil. For

verification of the spatial and temporal patterns of endophytic colonization in the

seedlings, in vitro inoculation tests of axenic plants and cultivation were performed

under sterile conditions. To evaluate antagonism to the black-pod, in planta

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xiii

experiments and leaf-disc tests were carried out. Seedlings were subjected to two

inoculations: the first one with endophytic bacteria suspensions at 108 UFC/ml,

and second, with zoospores suspensions of P. palmivora at 5 x 105 and at 3 x 105

UFC/ml for the in planta and leaf-disc tests, respectively. Evaluations of the

disease symptoms in planta occurred at 7, 14, 21, 30, 40 and 50 days after the

inoculation with P. palmivora, and in the leaf discs, at 7 days after the application

of the pathogen. Exploratory (temporal trends and multivariate analysis of principal

components with biplot) and inferencial statistical analyses for the experiments

were used.

In the tests of growth promotion and tolerance to induced stress, the

seedlings treated with 344-3.2 and 629 isolates showed a significant increase in

stem height and number of leaves, indicating these bacteria promoted plant

growth in cacao seedlings inoculated both through germinating seeds and in the

soil. The 344-3.2 mutant isolate also demonstrated positive effects on stress

tolerance, in contrast to 629 that did not present this effect. Evaluations of the

photosynthetic rates (A) and stomatal conductance (gs) during the experiments

suggest that, under the experimental conditions of this work, the 629 and 344-3.2

endophytes promoted significant increase of these physiological parameters in

cacao seedlings, in relation to the control, corroborating the detected effects in

growth promotion. For the evaluation of the spatial and temporal patterns of

colonization, after being inoculated WPM medium, the 344, 341 and 629

endophytes took, approximately, 7 days to colonize the roots of TSH-1188 and

ICS-1, and 14 days to be detected in stems and leves of the seedlings. In the leaf-

disc tests of antagonism, none of the endophytes was able to reduce the P.

palmivora symptoms in the TSH-1188 and ICS-1 genotypes, for the methodology

used. On the other hand, in the in planta test, the results indicated a significant

increase of tolerance to black-pod for the TSH-1188 and ICS-1 seedlings treated

with the 629 isolate. From the analysis of colony morphologies, the isolate

identities between inoculated bacteria and the recovered ones were observed,

after plating roots, stem and leaves pieces in solid medium.

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1

1. INTRODUÇÃO

O cacaueiro (Theobroma cacao L.) pertence à família Malvaceae, tem

grande importância econômica expressa pelo grande consumo de amêndoas,

manteiga e mel de cacau usados como matéria prima para a fabricação de

licores, sucos, cosméticos e, principalmente, o chocolate. Além disso, o cacaueiro

tem papel relevante na conservação da biodiversidade do bioma Mata Atlântica,

devido ao seu sistema de cultivo sombreado, conhecido como ‘cabruca’, que

utiliza espécies arbóreas do dossel superior da mata para essa finalidade. Isto

permite às lavouras de cacau funcionarem, para diversas espécies endêmicas da

fauna e flora nativas, tanto como habitat substitutivo quanto como elemento de

conectividade entre fragmentos de mata remanescentes.

Esta espécie é nativa da floresta tropical úmida da América tendo como

provável centro de origem as bacias dos rios Amazonas e Orinoco, onde foi

primeiramente domesticado. A partir de então, se dispersou cruzando os Andes e

avançando para a América Central até o Sul do México. A sua dispersão também

se deu ao longo do Rio Amazonas, originando as populações encontradas no

Brasil. Atualmente, o cultivo se estende por nove Estados da federação, sendo a

Bahia o maior produtor.

No Brasil, especialmente no sul da Bahia, o cacau vem atravessando um

recente processo de recuperação, após um longo período de crise entre a

segunda metade da década de 80 e início do novo século. Os principais

motivadores dessa crise foram à redução dos preços internacionais, devida ao

aumento da produção mundial, e a disseminação da doença ‘vassoura-de-bruxa’

a partir de 1989, causada pelo fungo basidiomiceto Moniliophthora perniciosa.

O cultivo do cacau na Bahia vem sendo afetado por doenças que causam

sério declínio na produção, comprometendo a economia da região sul-sudeste do

estado. Atualmente, com o sucesso dos clones de cacau resistentes à vassoura-

de-bruxa, teve início à recuperação das áreas abandonadas com replantio de

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materiais genéticos resistentes. Porém, outra doença igualmente importante, a

‘podridão-parda’, causada por diversas espécies de oomicetos do gênero

Phytophthora, começou a adquirir relevância econômica. A podridão-parda dos

frutos do cacaueiro é a principal doença da cultura no mundo, causando grandes

prejuízos em todos os países produtores. No Brasil, a doença ocorre em todos os

Estados produtores de cacau e causa perdas variáveis, porém significativas. O

controle desta doença é feito principalmente pela utilização de produtos químicos,

cujos resíduos tendem a afetar negativamente o meio ambiente e o homem,

tornando-se necessário o estabelecimento de estratégias menos impactantes, tais

como o Manejo Integrado desta e outras doenças.

Uma importante alternativa para combater a doença que pode participar de

programas de manejo integrado e evita os impactos ambientais é o controle

biológico. Neste contexto, os microrganismos endofíticos vêm despertando a

atenção da comunidade científica, não só pela sua potencial atividade de

antagonismo a fitopatógenos, mas também por diversos outros benefícios que

podem trazer para a planta, tais como promoção de crescimento e aumento da

tolerância a fatores de estresse bióticos e abióticos. Um desses exemplos, é o

uso de bactérias endofíticas dos gêneros Enterobacter sp. e Bacillus sp.,

previamente isoladas de cacaueiros sadios e usadas em reinoculações na própria

cultura do cacau. Resultados preliminares do grupo de pesquisa indicaram que o

uso desses dois isolados de forma combinada mostraram potencial na promoção

de crescimento e no aumento da tolerância a estresses abióticos em mudas

seminais de cacau.

Assim sendo, o objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da inoculação

de sementes e mudas seminais de genótipos de cacau com os isolados

endofíticos previamente isolados e taxonomicamente caracterizados como

Enterobacter cloacae (isolados ‘344’ e ‘341’) e Bacillus sp. (isolado ‘629’),

incluindo-se dois variantes do isolado 344 resistentes ao antibiótico rifampicina,

também obtidos previamente. Os efeitos estudados referem-se à indução de

resistência à podridão parda em genótipos contrastantes de cacaueiro quanto à

resistência genética a este patógeno, bem como à promoção de crescimento de

mudas seminais de cacau, porém agora com os isolados endofíticos avaliados de

forma individual.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. MICRORGANISMOS ENDOFÍTICOS - HISTÓRICO E CONCEITO

Na Terra, existe uma enorme diversidade de microrganismos, que podem

ser encontrados nos mais variados ambientes como na água, no ar, no solo, etc.

Dentre os microrganismos podemos encontrar também uma grande variedade de

formas de vida que apresentam distintos hábitos e relações com outros seres

vivos. Embora os microrganismos estejam popularmente associados a doenças,

falta de higiene e matéria em decomposição, são inúmeras as espécies e cepas

utilizadas para a fabricação de alimentos, fármacos, enzimas, bebidas etc (MAKI,

2006). Dentre os microrganismos potencialmente benéficos podemos destacar os

endofíticos.

A primeira referência a organismos endofíticos diferenciando-os de

patógenos, foi feita por Bary, em 1866, que considerou endofíticos os fungos que

vivem no interior dos tecidos de plantas hospedeiras (SAIKKONEN et al. 1998;

AZEVEDO, 1999), sendo que, na época, não foram considerados benéficos nem

prejudiciais às plantas. Após os primeiros relatos, os endofíticos foram, durante

mais de um século, quase que ignorados, principalmente devido à escassez de

conhecimentos sobre as suas funções no interior dos tecidos vegetais e por não

apresentarem estruturas externas visíveis em seus hospedeiros. Os relatos

seguintes sobre tais microrganismos datam do fim do século XIX, os quais, por

exemplo, referem-se à detecção de células bacterianas no interior de tecidos de

tomate, cenoura e beterraba açucareira pelo pesquisador Fernbach, em 1888 (ver

SILVA et al, 2006).

Segundo Bashan & de-Bashan (2005), o interesse pelas pesquisas com

bactérias endofíticas com capacidade de promover crescimento de plantas foi

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efetivamente alavancado a partir de dois trabalhos publicados na década de 70.

Um deles, realizado no Brasil pela Dra. Dobereiner e colaboradores, demonstrou

a habilidade de promoção de crescimento de Azospirillum em leguminosas e o

outro nos EUA, no qual Kloepper & Schroth (1978) trabalharam com as espécies

Pseudomonas fluorescens e P. putida como agentes de biocontrole em

rabanetes.

De acordo com Hallmann et al. (1997), microrganismos endofíticos são

aqueles isolados de tecidos vegetais superficialmente desinfetados ou extraídos

do interior da planta e que não causam danos aparentes ao hospedeiro.

Recentemente, Azevedo e Araújo (2007) propuseram uma das definições mais

abrangentes, afirmando que os endofíticos são microrganismos, cultiváveis ou

não, que colonizam o interior da planta hospedeira e que não causam danos

aparentes e nem formam estruturas externas visíveis. Em relação ao conceito, é

válido ressaltar que as diferenças entre microrganismos endofíticos, epifíticos

(colonizam a superfície dos vegetais) e até mesmo os patógenos são, pode-se

dizer, de ordem puramente didática. Segundo Azevedo e Araújo (2007), muitos

dos microrganismos epifíticos, podem eventualmente penetrar no interior da

planta, enquanto que os endofíticos, para penetrarem no hospedeiro têm primeiro

que se localizar na superfície desta, sendo durante esse estágio semelhantes a

epifíticos, como observado com o fungo Beauveria bassiana em milho (WAGNER

& LEWIS, 2000). Por outro lado, em certas condições e fases dos ciclos vitais, um

patógeno pode viver em harmonia com o hospedeiro, bem como um endófito,

após um desequilíbrio ambiental e, ou fisiológico, pode causar danos a planta.

2.2. RELAÇÃO ENTRE ENDOFÍTICOS E HOSPEDEIRO

A relação entre microrganismos endofíticos e seus hospedeiros tem sido

defendida como uma relação essencialmente endossimbiótica, sendo esta,

considerada por alguns autores, uma característica necessária à classificação de

um microrganismo como sendo endofítico (LEITE, 2008). Siegel et al. (1987)

propuseram que os fungos endofíticos e seus hospedeiros mantêm relação

mutualística e Carroll (1988) descreveu dois tipos de associação envolvendo essa

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interação – mutualismo constitutivo e mutualismo induzido. A primeira é uma

associação que envolve transmissão de fungos endofíticos de uma geração de

planta para outra, através de sementes do hospedeiro e a segunda é uma

associação que envolve uma transmissão que não ocorre por sementes, mas por

disseminação independente através de propágulos dos fungos, principalmente por

esporos. Quanto a relação entre endofítico e hospedeiro é válido ressaltar que

nem sempre esta é harmoniosa. Segundo Lodewyckx et al. (2002), em

determinadas condições e dentro de hospedeiros genotipicamente diferentes, os

endofíticos podem tornar-se patogênicos, especialmente em condições de

desequilíbrio ou de alterações na fisiologia do hospedeiro (DI FIORE & DEL

GALLO, 1995).

Para Misaghi & Donndelinger (1990), as bactérias endofíticas

provavelmente estabeleceram uma relação íntima com seu hospedeiro por meio

de processos co-evolucionários. Estes autores destacam ainda, a capacidade

destes microrganismos de influenciar a fisiologia da planta de alguma forma ainda

não elucidada. Em um dos primeiros estudos de bactérias endofíticas, Colombo

(1978) relatou a ocorrência de bactérias endofíticas no talo de algas, entre sifões

e dentro dos filamentos cenocíticos. Este autor sugeriu a ocorrência de um

equilíbrio fisiológico entre a bactéria e seu hospedeiro. O fato dos endofíticos

encontrarem-se próximos aos cloroplastos e nas zonas mais jovens dos talos,

poderia indicar uma conexão com a atividade fotossintética da alga e sua provável

dependência de oxigênio.

Em termos das relações e atividades endofíticas no interior do hospedeiro,

é muito importante ressaltar a recentemente lançada teoria dos ‘holobiontes’, a

qual, do ponto de vista evolutivo, não considera que os genomas dos hospedeiros

possam ser separados dos genomas de sua microbiota interna e externa, mas

sim, que estes constituem um único conjunto – os ‘hologenomas’ – como sendo

as unidades genéticas básicas que sofrem e reagem às pressões evolutivas

(ZILBER-ROSENBERG & ROSENBERG, 2008). Nesse caso, desaparece a

necessidade de classificação de tipos de habitantes internos das plantas, bem

como sua relação com o hospedeiro. As conseqüências dessa teoria refletem-se

em aspectos ecológicos e evolutivos, tanto dos hospedeiros quanto de suas

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microbiotas (Leite, 2008), e podem implicar em diferentes abordagens de

pesquisa e interpretações científicas para os resultados.

2.3. PENETRAÇÃO E COLONIZAÇÃO SISTÊMICA DOS ENDOFÍTICOS NAS PLANTAS

Fungos e bactérias endofíticas colonizam preferencialmente as raízes e

caule da planta hospedeira; nesses casos a penetração, dá-se principalmente por

aberturas naturais ou artificiais, tais como: estômatos, região de emissão de

raízes secundárias, ferimentos causados por instrumentos agrícolas,

microferimentos nas raízes ocasionados pelo atrito destas com as partículas do

solo etc (AZEVEDO et al., 2002). Após a penetração, estas bactérias e fungos

podem se disseminar de maneira sistêmica para diversas partes da planta,

habitando de forma ativa o apoplasto, vasos condutores e, em alguns casos,

ocorrendo colonização intracelular (HALLMANN et al., 1997).

A maioria dos trabalhos reporta a rizosfera como a principal fonte de

microrganismos endofíticos (VERMA et al, 2001; McINROY & KLOEPPER, 1995b;

SHISHIDO et al., 1999). Isso pode ser confirmado pelo trabalho de De Boer &

Copeman (1974) que plantaram mudas axênicas de batata no campo e isolaram

espécies saprófitas das mesmas após algumas semanas. Segundo Hinton &

Bacon (1995), o caminho para a colonização dos tecidos por microrganismos

endofíticos parece mais logicamente começar com a migração da bactéria ou

fungo para locais onde sementes estejam germinando, ou as raízes estejam

crescendo. A partir daí há a penetração e colonização da radícula e coleóptilo,

com posterior disseminação sistêmica na planta. Shishido et al. (1999), aplicando

a técnica de anticorpos imunofluorescentes, detectaram a colonização de um

isolado de Bacillus e outro de Pseudomonas aplicados nas sementes de abeto

(Picea glauca). Segundo os autores, as bactérias se movimentaram nos espaços

intercelulares, sendo constatadas em ramos, folhas e flores. Acrescentam ainda

que são os ferimentos, principalmente aqueles ocasionados pelo crescimento das

radículas, a principal porta de entrada para que os microrganismos que estão na

rizosfera iniciem sua colonização endofítica.

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Os endofíticos ainda podem penetrar na planta por outros locais como a

filosfera e as sementes. Alguns trabalhos vêm demonstrando o uso da superfície

foliar para a penetração de microrganismos endofíticos como o realizado em

cacaueiro por Melnick et al., (2008). Outros autores têm relatado presença de

endofíticos em sementes, desinfestadas superficialmente, de diversas espécies

vegetais (MAJEWSKA-SAWKA & NAKASHIMA, 2004; JORDAAN et al., 2006;

RUDGERS; CLAY, 2007). As espécies normalmente relatadas em sementes já

foram descritas como endofíticas em outros estudos, como é o caso dos gêneros

Bacillus e Methylobacterium (HOLLAND, 1997; FREYERMUTH et al., 1996; RYU

et al., 2006; SENTHILKUMAR et al., 2007), sugerindo que isolados endofíticos

podem colonizar o sistema reprodutor da planta hospedeira e serem transmitidos

verticalmente via semente, o que seria uma forte evidência para a proposição dos

hologenomas como sendo as unidades evolutivas (ZILBER-ROSENBERG &

ROSENBERG, 2008).

2.4. PROMOÇÃO DE CRESCIMENTO

As bactérias promotoras de crescimento de plantas (BPCP) fazem parte das

comunidades de microrganismos que vivem em associação com as plantas,

podendo ser epifíticas ou endofíticas e não sendo consideradas fitopatogênicas.

Podem ser utilizadas para tratamento de sementes, explantes e mudas

micropropagadas, incorporadas ao substrato de plantio, tratamento de estacas,

tubérculos e raízes, pulverizações na parte aérea incluindo-se folhagem e frutos,

e em pós-colheita. Na China, as BPCP são conhecidas e comercializadas como

bactérias que aumentam a produtividade (‘YIB’, do inglês yield increasing

bacteria) (KLOEPPER, 1997) e, em 1987, já eram aplicadas em larga escala, em

48 diferentes culturas, atingindo 3,35 milhões de hectares (WENHUA & HETONG,

1997). Por exemplo, aumentos de produtividade tão significativos como 23,1 e

22,5 % têm sido obtidos pela aplicação dessas bactérias respectivamente em

batata doce e batata (ZHANG et al.,1996).

De acordo com Frommel et. al 1991, a promoção de crescimento em

plantas pode estar associada a características como aumento de número de

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raízes, matéria seca, área foliar e velocidade de germinação das sementes

(FROMMEL et al, 1991). As BPCP atuam de forma direta, promovendo

crescimento por meio da produção de fitohormônios, enzimas como a ACC-

deaminase, mineralização de nutrientes, solubilização de fosfatos, fixação do

nitrogênio e aumento da absorção pelas raízes, entre outros (CONN et al., 1997).

A fitoestimulação, uma das vias diretas de promoção do crescimento, foi uma das

habilidades reconhecidas em Azospirillum spp., capaz de secretar fitormônios

como auxinas, citocininas e giberelinas, além de possuir as habilidades de fixar

nitrogênio e produzir ácido-indol-acético (BASHAN & DEBASHAN, 2005;

STEENHOUDT & VANDERLEYDEN, 2000; BLOEMBERG & LUGTENBERG,

2001). Outros gêneros bacterianos endofíticos relatados como responsáveis pela

produção de reguladores do crescimento da planta, tais como etileno, auxinas e

citocininas, são Pseudomonas, Enterobacter, Staphylococcus e Azotobacter

(LODEWYCKX et al, 2002).

A ação destas bactérias na promoção de crescimento também pode ser

indireta quando a planta está sendo infectada por um patógeno e as BPCP atuam

como agentes de controle biológico através da produção de ácido cianídrico,

bacteriocinas e antibióticos, competição por espaço, por Fe+3 e outros nutrientes,

parasitismo e indução de resistência sistêmica (BASHAN & DEBASHAN,2005;

LODEWYCKX et al, 2002; BLOEMBERG & LUGTENBERG, 2001; SILVA et al,

2006). Bevivino et al. (1998), utilizaram a bactéria Burkholderia cepacia no cultivo

do milho, obtendo resultados de supressão de doenças e promoção de

crescimento. As principais BPCP são encontradas entre as Pseudomonas spp.

não fluorescentes e fluorescentes; espécies de Bacillus, Streptomyces,

Rhizobium, Bradyrhizobium, Acetobacter e Herbaspirilum, Agrobacterium

radiobacter, Enterobacter cloacae e Burkholderia cepacia, entre outras.

2.5. USO DE ENDOFÍTICOS NO CONTROLE BIOLÓGICO

O sistema tradicional de agricultura é baseado no cultivo de uma ou poucas

culturas sobre grandes extensões de terra, o que resulta em um desequilíbrio

ecológico nessas áreas, favorecendo a ocorrência de doenças e epidemias. O

combate dessas epidemias vem sendo feito, há vários anos, com base na

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aplicação de produtos químicos, cujos resíduos vêm afetando o meio ambiente e

o próprio homem. Com a expansão dos meios de comunicação e a globalização

cada vez maior do conhecimento, os consumidores estão cada vez mais

conscientes dessa realidade e exigentes quanto a segurança alimentar. Dessa

forma, medidas alternativas que possam evitar tais impactos à natureza e a saúde

humana vêm despertando o interesse crescente da população mundial e,

portanto, da comunidade científica. Além de atender a estes requisitos, o controle

biológico pode reduzir os onerosos custos advindos da utilização dos agrotóxicos.

De acordo com Maki (2006), o controle biológico é a regulação de

populações de organismos vivos como um resultado de interações antagônicas

como o parasitismo, predação e competição. Já para Baker & Cook (1974), este

consiste na redução da densidade de inóculo, de um ou mais patógenos,

realizado por um ou mais organismos, que não seja o homem. Historicamente, o

controle biológico data do século III a.C., quando os chineses observaram que as

formigas predadoras reduziam as populações de pragas dos citros. Entretanto, foi

somente em 1888, na Califórnia-EUA, que foi realizado o primeiro programa de

controle biológico clássico de sucesso, com a introdução da joaninha Rodolia

cardinalis, trazida da Austrália, para o controle da cochonilha Icerya purchasi

(NAVA, 2007). No Brasil o controle biológico começou a ser utilizado com o fungo

entomopatogênico Metarhizium anisopliae e com o Baculovírus, no controle das

cigarrinhas da cana e das pastagens e no controle da Anticarsia gematalis na

soja, respectivamente (ATHAYDE et al, 2001; ALVES, 1998). Na cultura do

cacau, fungos do gênero Trichoderma tem sido utilizado em restos de ramos

doentes para o controle do fungo Moniliophthora perniciosa, agente causal da

vassoura de bruxa (POMELLA et al, 2007; LOGUERCIO et al, 2009), bem como

para a própria podridão parda (HANADA et al, 2009). Esta estratégia, portanto,

mostra-se importante para a cultura do cacau visando a redução da utilização de

compostos químicos e maior eficiência técnica e econômica no controle das

doenças.

Vários estudos vêm demonstrando a eficiência de microrganismos

endofíticos no biocontrole (HALLMANN et al, 1997; MELNICK et al., 2008; MEJÍA

et al., 2008). O potencial dos endofíticos em ações relacionadas ao controle

biológico está associado a mecanismos como a ocupação do mesmo nicho

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ecológico que os fitopatógenos (HALLMANN et al, 1997), a competição por

espaço e nutrientes na planta hospedeira (SCHARDL & PHILLIPS, 1997), a

produção de antimicrobianos (STROBEL et al, 1999) e a indução de resistência

sistêmica no hospedeiro (VAN LOON et al, 1998; BARGABUS et al, 2002;

MISHRA et al, 2006; BAKKER et al, 2007), e o parasistismo ao patógeno e a

insetos-pragas (AZEVEDO et al, 2000).

Existem duas maneiras de usar os endofíticos como agentes de

biocontrole: como patógeno fraco que protege a planta de patógeno forte,

denominada ‘imunização biológica’, e como mutualístico/antagonista para

proteger suas plantas hospedeiras contra ataque de patógenos (HANADA, 2006).

Nas duas condições, o hospedeiro é protegido pela infecção prévia pelos

endofíticos, ao passo que estes utilizam fonte de energia dos seus hospedeiros

para sua sobrevivência. Além disso, alguns endofíticos podem expressar

diferentes associações – simbióticas, mutualísticas, parasíticas e comensalísticas

–, dependendo das condições ambientais e da espécie hospedeira (SCHULZ et

al., 1999).

2.6. ENDOFÍTICOS – PRODUÇÃO DE FÁRMACOS E BIORREMEDIAÇÃO

Os estudos sobre os efeitos benéficos dos endofíticos não são limitados

apenas à promoção de crescimento e ao controle biológico. Muitos desses

microrganismos também possuem a capacidade de produzir compostos de

grande importância para a indústria. Um exemplo relevante dessa potencialidade

é a produção do ‘taxol’, um complexo diterpenóide de comprovada ação

antitumoral. Estudos conduzidos por Stierle et al (1993), demonstraram que o

Taxomyces andreanea, um fungo endofítico isolado da planta Taxus brevifolia é

capaz de produzir tal substância. A mesma capacidade foi encontrada no fungo

Pestalotiopsis microspora, isolado de Taxus wallachiana (STROBEL et al, 1996).

O taxol já era uma substância utilizada industrialmente, entretanto, sua fonte de

extração conhecida era a casca das taxeaceas, sendo necessárias mais de 1000

árvores para a obtenção de 1kg de taxol (PEIXOTO NETO et al, 2004). Na

literatura encontramos vários outros exemplos de substância de propriedades

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terapêuticas, produzidas por endofíticos. Entre elas: leucinostatina A, composto

de atividade antitumoral e antifúngica, produzido por Acremonium sp (STROBEL

& HESS, 1999); lolitrems, peramina e paxilina, micotoxinas produzidas pelo

Acremonium lolii (ROWAN, 1993); isocumarinas, aplicadas no controle de

Choristoneura fumiferana, produzidas por Conoplea elegantula (FINDLAY et al,

1995); criptocandina e criptocina, antifúngicos produzidos por Cryptosporyopsis cf.

quercina (STROBEL et al, 1999).

Outra potencialidade que vem sendo alvo de pesquisas envolvendo os

endofíticos é a biorremediação, que consiste no uso de microrganismos como

agentes degradantes de resíduos tóxicos encontrados em ambientes poluídos

(NEWMAN & REYNOLDS, 2005). Atualmente tem sido estudada a associação de

microrganismos e plantas possuidores desta capacidade detoxificante com o

objetivo de descontaminar certos ambientes. Segundo Lodewyckx et al (2002), o

uso de técnicas biológicas pode reduzir significativamente os custos de

remediação de locais contaminados por xenobióticos orgânicos.

O envolvimento da bactéria endofítica Methylobacterium populum

(linhagem BJ001) na degradação de compostos energéticos derivados do tolueno

e da triazina foi descrito por Van Aken et al (2004). Em Newman & Reynolds

(2005), são apresentados trabalhos que sugerem que a presença de

determinadas toxinas no meio pode afetar as respostas enzimáticas das

populações endofíticas locais; entretanto, a habilidade de degradação de

compostos não está presente em todos os endofíticos, bem como nem todos os

endofíticos capazes de degradar compostos tóxicos têm a capacidade de fazê-lo

em todos os locais onde o contaminante está presente.

2.7. PODRIDÃO-PARDA DOS FRUTOS DE CACAUEIRO

A podridão-parda ou podridão-de-phytophthora, causada por Phytophthora

spp. é, em termos mundiais, a principal doença do cacaueiro, pois ocorre em

todos os países produtores de cacau (NETO et al., 2005), com perdas anuais

estimadas entre 30 e 90% da produção dos frutos (BOWERS et al., 2001). Sua

ocorrência é mais severa em locais que apresentam condições climáticas

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favoráveis, como no Oeste e na área Central da África, onde situam-se os países

que atualmente contribuem com 60 a 70% da produção de cacau do mundo.

Principalmente em Gana, Nigéria e Camarões, as perdas variam entre 50 a 80%

(NYASSÉ, 1997).

No Brasil, a podridão-parda ocorre em todos os Estados produtores de

cacau e as perdas por ela causadas variam de 20 a 30% da produção de frutos

(MEDEIROS, 1977), sendo considerada, antes do surgimento da vassoura-de-

bruxa, como a principal doença do cacau no país. Atualmente, com o sucesso

alcançado pelos clones de cacau resistentes à vassoura-de-bruxa e as condições

climáticas voltando a ser favoráveis (OLIVEIRA & LUZ, 2005), a podridão-parda

começa a reaparecer como um sério problema para cacauicultura brasileira

(HANADA, 2006).

A podridão-parda é causada por várias espécies do gênero Phythophthora,

que atualmente pertence ao reino Stramenopila, filo Oomycota, ordem

Peronosporales, família Pythiaceae (PATTERSON, 1989). Segundo Hanada

(2006), os organismos que fazem parte deste reino possuem semelhanças

morfofisiológicas com os fungos, no entanto, existem características específicas

que os distinguem, tais como presença de hifas cenocíticas, paredes celulares

celulolíticas formadas primariamente de polímeros de β-glucano, mitocôndrias

apresentando cristas tubulares, cisternas múltiplas e achatadas, sistema vacuolar

na forma tubular móvel, micélio diplóide com meiose ocorrendo durante o

processo da gametogênese, aminoácido lisina sintetizado via ciclo do ácido

diaminopimélico, ausência de habilidade para sintetizar esteróis, sintetizando o

fucosterol em seu lugar, hifas homotálicas ou heterotálicas, e diferentes tipos de

estruturas durante o seu ciclo de vida, que incluem desde zoósporos móveis até

oogônios.

De acordo com Luz & Silva (2001), a podridão-parda no Brasil, é causada

pelas espécies P. palmivora, P. capsici, P. citrophthora e P. heveae, sendo que a

última foi relatada associada à podridão de raízes. Phytophthora palmivora e P.

capsici estão presentes em quase todos os países produtores de cacau (LUZ &

SILVA, 2001). As perdas anuais ocasionadas por essas espécies, em termos

mundiais, estão estimadas entre 15 e 30% da produção (NYASSÉ et al., 1995).

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As espécies de Phytophthora que causam podridão-parda do cacaueiro

produzem esporângios em todas as partes infectadas da planta. Os esporângios

normalmente são produzidos em ambientes quase saturados de umidade (95 –

97%) (DUNIWAY, 1983) e, em altas temperaturas (30 a 34 ºC), podem germinar

diretamente. Por outro lado, a germinação indireta ocorre com a liberação de

zoósporos, esporos móveis que são as principais unidades infectivas do

patógeno. Para que isso ocorra, é necessário um filme de água em contato com o

esporângio e que a temperatura esteja entre 15 e 18 ºC (DUNIWAY, 1983). Após

um período natatório, o zoósporo se encista, formando uma membrana bem

diferenciada. Posteriormente, é formado um tubo germinativo que, por sua vez,

vai formar o micélio, o qual, após completar o período vegetativo dá origem a

novos esporângios.

Os maiores danos causados pelas espécies de Phytophthora ao cacaueiro

são as infecções em frutos que podem ocorrer em qualquer ponto da sua

superfície e em qualquer estágio de seu desenvolvimento (GREGORY, 1974;

EVANS & PRIOR, 1987). Também podem infectar qualquer outra parte da planta

como caule, raízes, almofadas florais, folhas, brotos e ramos. Infecção em

viveiros pode ocasionar necrose em folhas e ramos, murcha e morte das mudas

(HANADA, 2006).

Fatores climáticos como a temperatura, umidade relativa do ar e chuvas

influenciam a incidência e a severidade da podridão-parda do cacaueiro (ROCHA

& MACHADO, 1972; WARD & GRIFFIN, 1981). De acordo com Miranda & Cruz

(1953), as maiores perdas de frutos por esta doença na Bahia ocorrem durante

meses mais frios do ano, quando a temperatura mínima média fica abaixo de 20

°C e a umidade mantém-se acima de 85%. Observações semelhantes foram

feitas por Hardy (1958), na Costa Rica e por Dakwa (1974), em Gana.

O controle da podridão-parda do fruto é difícil porque Phytophthora pode

persistir no solo e sobreviver por vários anos. O controle químico é o método mais

usado para proteger os frutos contra infecções de Phytophthora. Os fungicidas

recomendados são a base de cobre: óxido cuproso, oxicloreto e hidróxido de

cobre (HANADA, 2006). Poucos estudos têm sido relatados sobre o controle

biológico de podridão-parda do cacaueiro. Por exemplo, Figueiredo & Campêlo

(1982) identificaram espécies dos gêneros Trichoderma, Aspergillus e Penicillium

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como sendo promissoras no controle biológico da podridão-parda do cacaueiro.

Bastos & Figueiredo (1983) comprovaram o efeito inibidor, in vivo e in vitro, de

Cladobotrium amazonensis sobre P. capsici, P. citrophthora e P. palmivora.

Contudo, estudos recentes isolando fungos endofíticos de caule e ramos de

cacaueiros sadios na Amazônia, observaram diversas espécies com potencial de

biocontrole sobre P. palmivora, sendo a mais promissora identificada como sendo

uma nova espécie de Trichoderma – o T. martiale (HANADA et al, 2009). Estudos

subsequentes envolvendo formulações e testes de campo revelaram o grande

potencial deste organismo como agente de bicontrole em escala agronômica

comercial (HANADA et al, 2009).

Até o momento, não se tem notícia de bactérias endofíticas em cacaueiro

exercendo ações de proteção da planta contra esta importante moléstia da

cultura, o que motivou o estudo em tela.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. OBTENÇÃO E MANUTENÇÃO DOS ISOLADOS DE BACTÉRIAS ENDOFÍTICAS

Os estoques de bactérias endofíticas utilizados neste trabalho e

denominados ‘344’, ‘341’ e ‘629’ foram isoladas de cacaueiros jovens e sadios,

localizados no Centro de Estudos do Cacau da empresa Almirante Cacau

Agrícola, Comércio e Exportação Ltda, no município de Barro Preto-BA. A partir

da análise e comparação de seqüências dos genes 16S rDNA, hsp-60 e rpoB, o

isolado 344 foi identificado como pertencendo à espécie Enterobacter cloacae e o

341 como Enterobacter sp. A seqüência do gene 16S rDNA para o isolado 629

identificou-o como pertencendo ao gênero Bacillus. Informações preliminares

indicam os isolados, 344 e 629, como bons colonizadores e o 341 como não

sendo um eficiente colonizador do cacaueiro (J.T. de Souza, informação pessoal)

Para a manutenção dos estoques, estes isolados foram transferidos para

microtubos de 1,7 ml contendo 600 µl de meio líquido TS (Triptocaseína de Soja,

composto por 15 g de triptona, 5 g de peptona, 5 g de NaCl por litro de meio),

sendo em seguida incubados por 48 h em câmara de crescimento (BOD) a 28 °C.

Após este período, acrescentou-se 400 µl de glicerol 80% em cada tubo, sendo

estes, posteriormente, armazenados em ultrafreezer a -80 ºC.

Para a utilização nos processos de inoculação, as bactérias eram sempre

transferidas, com o auxílio de uma alça de platina, dos estoques para placas de

Petri contendo meio tryptic soy agar (TSA) e novamente incubadas a 28ºC por

48hs; logo após, eram preparadas suspensões desses isolados, adicionando-se

água estéril às placas e homogeneizando-se com auxílio de alça de Drigalsky. Por

meio de diluição seriada e com o uso de câmara de Neubauer e microscópio

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óptico as concentrações das suspensões foram ajustadas para aproximadamente

108 ufc/mL.

3.2. PREPARO DE MUDAS PARA OS TESTES DE INOCULAÇÃO – DESINFESTAÇÃO E

GERMINAÇÃO DAS SEMENTES

Frutos obtidos de plantas de cacau da variedade ‘SIAL 70’ (cacau comum)

foram superficialmente desinfestados com álcool 70% e abertos com o uso de

estilete estéril para a remoção das sementes. O tegumento destas foi removido,

com o auxílio de bisturi e pinça esterilizados, sendo em seguida, desinfetadas em

etanol 70% por 1 minuto e NaCl a 2% de cloro ativo por 10 min, lavadas em água

estéril por três vezes e colocadas para germinar em placas de Petri contendo

meio Agar-Água a 1,5%. Para avaliar a eficiência do método de desinfestação das

sementes, foram plaqueadas em meio TSA, alíquotas da áqua usada na terceira

lavagem das sementes, as quais não apresentaram crescimento microbiano. Para

minimizar problemas de contaminações, todos estes procedimentos foram

realizados em câmara de fluxo laminar horizontal.

3.3. INOCULAÇÃO ENDOFÍTICA

Para testar o efeito das bactérias endofíticas na promoção de crescimento

no cacaueiro (item 3.4) foram utilizados os métodos de inoculação direta na

semente, e indireta, pela irrigação do solo com suspensão bacteriana.

A inoculação ‘direta’ foi realizada por meio da imersão de 175 sementes

germinadas em suspensão bacteriana a 1 x 108 UFC/mL (MELNICK et al., 2008),

por um período de ~60 min. Os tratamentos utilizados foram os isolados originais

de Bacillus sp. (629) e Enterobacter cloacae (344), bem como duas variantes

resistentes ao antibiótico Rifampicina, 344-3.2 e 344-1.1, desenvolvidos

previamente pelo grupo de pesquisa (LEITE, 2008)(item 3.1). Trinta e cinco

sementes foram destinadas para cada um destes tratamentos de isolados

endofíticos, e as demais usadas como controle no qual as sementes foram

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imersas em água estéril. Depois das inoculações, todas as sementes foram

transferidas para recipientes de poliestireno contendo 500g de substrato formado

de terriço e areia esterilizados, numa proporção de 1:1 (Figura 1).

A inoculação ‘indireta’ foi feita em outro grupo de mudas aos 20 dias após

seu plantio nos recipientes poliestireno, contendo 500g do substrato, por meio de

aplicação no solo de 30 ml de suspensão bacteriana de cada isolado, a 1 x 108

UFC/mL. Os tratamentos usados foram os mesmos do método direto, sendo

utilizadas 25 mudas para cada um destes tratamentos de endofítico, incluindo-se

o controle que foi irrigado apenas com água estéril.

As plantas usadas na avaliação de crescimento foram acondicionadas sobre

bancadas de 70 cm de altura na casa de vegetação do Setor de Genética do

CEPEC/CEPLAC. O delineamento adotado foi o inteiramente casualizado, com o

número de repetições (mudas individuais) indicados acima.

Figura 1: Experimento de promoção de crescimento. Mudas de cacau comum em recipientes de poliestireno, sobre bancada na casa de vegetação do Setor de Genética do CEPEC/CEPLAC.

3.4. AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DE PROMOÇÃO DE CRESCIMENTO DAS MUDAS

A promoção de crescimento de plântulas de cacau (variedade ‘SIAL 70’ –

cacau comum) foi avaliada pela observação e análise de cinco variáveis: ‘altura

da plântula’ (ALT) e do ‘número de folhas’ (NF) das mudas, bem como pela

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‘matéria-seca de folhas’ e ‘de caule’ (MSF e MSC, respectivamente) e ‘nº de

sobreviventes’ (NS) ao final do período de observação (180 – 200 dias,

dependendo do método de inoculação – ver a seguir). As duas primeiras variáveis

foram avaliadas aos 20, 80(65) e 200(180) dias após ambos os tipos de

inoculação (direta via sementes e indireta via solo). Chama-se a atenção de que

no caso dos tratamentos com endofíticos por inoculação no solo (item 3.3) as

mudas já tinham 20 dias de idade , enquanto que na inoculação via sementes não

havia ocorrido germinação. Deste modo, na 2ª e 3ª avaliações (realizadas

simultaneamente para todas as mudas), o tempo de exposição aos endofíticos foi

distinto – na 2ª avaliação aos 80 dias para inoculação via sementes, as mudas

inoculadas via solo tinham ~65 dias pós-inoculação; na 3ª e última avaliação, as

mudas inoculadas via sementes tinham 200 dias enquanto que as inoculadas via

solo tinham ~180 dias.

Objetivando analisar a recuperação dos isolados endofíticos inoculados, 2

mudas de cada tratamento foram removidas a cada avaliação para plaqueamento

in vitro nos meios semi-sólidos TSA e TSA+Rifampicina, sendo este último

somente para os variantes 344-1.1 e -3.2, resistentes a este antibiótico (LEITE,

2008). Para o plaqueamento, foram utilizados segmentos de 3 cm de raizes, caule

e folhas previamente desinfestados, conforme indicado acima (item 3.2). As

colônias endofíticas obtidas foram avaliadas quanto sua morfologia, e reisoladas

nos mesmos meios, sendo posteriormente estocadas em meio TS + glicerol 80%,

à -80ºC.

3.5. ANÁLISES FOTOSSINTÉTICAS

As mudas dos experimentos foram avaliadas quanto às trocas gasosas e

taxas fotossintéticas. As aferições ocorreram entre as 8:00 h e 11:00 h, sendo a

idade das mudas de 60 dias (indicando, portanto, 60 dias pós-inoculações na

semente e 40 dias pós-inoculações no solo). Padronizou-se para tais medidas

uma das folhas do segundo par, consideradas maduras. Foram tomadas as

medidas de quatro repetições (mudas) aleatórias por tratamento, utilizando

sistema portátil de medição fotossintética LI-6400 (Li-Cor, Nebraska, USA)(Figura

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2), equipado com fonte de luz artificial 6400-02B ‘RedBlue’, ajustada para uma

densidade de fluxo de fótons compatível com o sombreamento da casa de

vegetação. Este sistema realiza automaticamente uma avaliação em triplicata dos

parâmetros de fotossíntese (A), condutância estomática (gs), concentração

interna (Ci) e atmosférica de CO2 (Ca), em relação a outras variáveis como a taxa

de transpiração, o déficit de pressão de vapor entre folha e ar, temperatura do ar

e da folha, umidade relativa do ar, e intensidade de radiação interna

fotossinteticamente ativa.

Figura 2: Avaliações das trocas gasosas e das taxas de fotossíntese com sistema portátil de medição fotossintética LI-6400 (Li-Cor, Nebraska, USA).

3.6. PADRÃO ESPACIAL E TEMPORAL DE COLONIZAÇÃO DE Bacillus E

Enterobacter EM MUDAS AXÊNICAS

A fim de comparar dois genótipos de cacau contrastantes quanto à

resistência à podridão-parda, TSH-1188 e ICS-1, em relação ao padrão de

colonização das bactérias endofiticas, foi realizado um experimento de inoculação

e cultivo de mudas sob condições estéreis no laboratório de cultura de tecidos do

CEPEC/CEPLAC. Os frutos provenientes do PROSEC/CEPLAC foram lavados

com detegente, enxugados e posteriormente flambados em câmara de fluxo

laminar horizontal. Logo após, os frutos foram abertos com estilete estéril, para a

remoção das sementes que foram submetidas aos procedimentos de

desisfestação supracitados. Em seguida foram colocadas em recipientes de vidro,

contendo aproximadamente 40ml de meio WPM (Wood Plant Medium) formado

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por 20 g L-1 de NH4NO3, 27,8g L-1 de Ca(NO3)2·4H2O, acrescido de 1ml L-1 de

vitaminas e 30 g L-1 sacarose e 2,22 g L-1 de fitagel (Figura 3). O pH do meio de

cultura foi ajustado para 5,8 antes da autoclavagem (15 minutos a 120ºC e 1,5

atm de pressão). Os recipientes foram vedados, acomodados em sala de

crescimento e mantidas a 25 ± 2ºC com fotoperíodo de 16hs. Após 20 dias da

colocação das sementes nos meios, as plântulas germinadas foram inoculadas

com aplicação de 2 ml de suspensão bacteriana a 1 x 108 no meio WPM (Figura

4). As bactérias endofíticas utilizadas nos tratamentos foram: o 344, 341 e 629.

Para cada tratamento, foi utilizada uma bactéria e 6 mudas, totalizando 36 plantas

(18 por genótipo).

Aos 7, 14 e 21 dias após a inoculação, duas mudas de cada tratamento

foram separadas para as avaliações de colonização. As plantas foram,

desinfetadas superficialmente em álcool 70%, separadas com o auxílio de um

bisturi estéril em raíz, caule e folhas que eram pesados separadamente e em

câmara de fluxo laminar, foram maceradas em cadinho estéril. Para macerarmos

este material, acrescentamos ao cadinho, 4, 2 e 1ml de H2O estéril, para a raiz,

caule e folha, respectivamente. O extrato resultante passou por diluições

seriadas, sendo posteriormente plaqueado em meio TSA, nas diluições de 10-3 e

10-4. Após 48 h de incubação a 28°C, procedeu-se a contagem das UFC nas

placas e removeu-se alíquotas das colônias que foram armazenadas a -80°C em

eppendorfs contendo 600µl de meio TS e 400µl glicerol 80%, para posteriores

testes moleculares.

Figura 3: Plantio das sementes em meio WPM

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Figura 4: Vista do processo de inoculação das mudas dos genótipos TSH-1188 e ICS-1, crescidas em condições estéreis, com suspensão bacteriana a 108 UFC/ml.

3.7. EFEITO DA INOCULAÇÃO COM BACTÉRIAS ENDOFÍTICA NA INDUÇÃO DE

RESISTÊNCIA À PODRIDÃO PARDA EM GENÓTIPOS CONTRASTANTES DE CACAU.

3.7.1. Obtenção de genótipos contrastantes quanto à resistência à podridão parda.

As mudas dos genótipos THS-1188 (resistente) e ICS-1 (susceptível) foram

obtidas a partir de sementes de frutos adquiridos no PROSEC/CEPLAC. Os frutos

foram abertos e as sementes desifestadas em álcool 70% por 1 min e NaClO a

2% de cloro ativo por 10 min, sendo lavadas três vezes em H2O estéril e

colocadas para geminar em meio ágar-água. Após cinco dias, as sementes foram

plantadas em tubetes de 280 ml, contendo substrato formado por solo vegetal e

areia na proporção de 2:1. O substrato foi autoclavado por uma hora e este

procedimento foi repetido três vezes. As características químicas e físicas do solo

foram analisadas no laboratório de solos do CEPEC/CEPLAC. Durante este

experimento as plantas foram irrigadas diariamente nos períodos da manhã e

tarde. O delineamento usado foi inteiramente casualizado.

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3.7.2. Inoculação dos genótipos TSH-1188 e ICS-1 com bactérias endofíticas

A inoculação das mudas com 20 dias de idade foi realizada por meio de

irrigação do solo com 20 ml de suspensão bacteriana a 108 UFC/ml nas mudas

dos genótipos TSH-1188 e ICS-1 (Figura 5). Foi montado um tratamento com 15

mudas para cada uma das bactérias endofíticas testadas, que compreenderam

somente os isolados 629 (Bacillus), 344 e 341 (Enterobacter). Além destes

tratamentos, dois grupos controles foram montados, ambos sem inoculação

endofítica, nos quais foram aplicados 20 ml de água estéril, sendo que apenas um

destes recebeu posteriormente a inoculação somente com o fitopatógeno

Phytophthora palmivora (ver a seguir).

Figura 5: Inoculação dos genótipos TSH-1188 e ICS-1 com suspensão de bactérias endofíticas à 1 x 108 UFC/ml, pelo método de rega do solo.

3.7.3. Obtenção e manutenção do isolado de Phytophthora palmivora

O isolado ‘1053’ de Phytophthora palmivora, gentilmente cedido pela Dra.

Edna Dora Newman Luz (SEFIT-CEPEC/CEPLAC) foi obtido de frutos de

cacaueiro apresentando sintomas característicos de podridão-parda, tendo sido

coletados na Escola Média de Agropecuária Regional da CEPLAC (EMARC) –

Uruçuca-BA. A partir dos sinais de presença do patógeno nos tecidos, foi feito

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isolamento direto para placas de Petri contendo BDA acrescido de 25 g ml-1 de

cloranfenicol. Para a manutenção dos isolados de P. palmivora foram cortados,

com o auxílio de vazador de cortiça esterilizado, discos de micélio de 3 mm de

diâmetro a partir das placas crescidas com o oomiceto, os quais foram que

transferidos para frascos tipo de penicilina, contendo água destilada esterilizada.

Os frascos contendo os discos de micélio de Phytophthora sp. foram

armazenados em refrigerador a 5 ºC para os estudos posteriores. A identificação

foi principalmente baseada nos caracteres morfológicos e biométricos,

observados com auxílio de microscópio estereoscópico e óptico. Levou-se em

consideração os sintomas da doença nos frutos, as características culturais do

patógeno crescido em meio de BDA, formato e tamanho do esporângio e

comprimento do pedicelo. Os dados foram comparados com os descritos por

Cerqueira et al. (1999).

3.7.4. Inoculação dos genótipos TSH-1188 e ICS-1 com suspensão de P. palmivora - método de inoculação in planta

A aplicação do patógeno nas mudas foi realizada 20 dias após a inoculação

endofítica (item 3.3). A suspensão de P. palmivora foi preparada a partir do seu

cultivo em placas de Petri contendo meio de agar-cenoura (decocção de 200 g de

cenoura e 15 g de ágar para 1 L de água destilada), mantido a 25 ºC, por 7 dias

sob luz contínua (lâmpada fluorescente 20 watts a 30 cm de distância das placas).

Posteriormente, foram acrescentados 8 ml de água destilada esterilizada (a 4°C)

às placas que foram em seguida acondicionadas a 5 °C por 20 minutos e a 25 °C

por mais 25 minutos, para liberação dos zoósporos no meio. Após este período,

foram tiradas alíquotas de 20µl da suspensão de zoósporos acrescidas de 5µl de

solução paralizante, e procedida a contagem de zoósporos em câmara de

Neubauer. A concentração foi ajustada para 5 x 105 zoósporos.ml-1 para os testes

de antagonismo.

Para a inoculação do patógeno nos tratamentos com endofíticos, as mudas

foram transferidas para a sala de inoculação (mantida à aprox. 25 °C) onde

ficaram acomodadas em bacias contendo água, em nível equivalente ao do solo

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presente nos tubetes, por um período de 2 h, sendo que após a primeira hora foi

realizada a aplicação de 1 ml de inóculo de P. palmivora por planta, feita com o

auxílio de uma pipeta. A suspensão foi aplicada no solo, ao redor da base do

caule (Figura 6). Os tratamentos avaliados para cada genótipo de cacau foram:

344 + P. palmivora; 341 + P. palmivora; 629 + P. palmivora; controle positivo

(inoculado apenas com P. palmivora) e controle negativo (sem inoculação, com

aplicação de água destilada estéril). Cada tratamento foi formado por quinze

mudas, que foram distribuídas em delineamento inteiramente casualizado sobre

bancada na casa de vegetação do Setor de Fitopatologia do CEPEC/CEPLAC

(Figura 7). As três primeiras observações pós-aplicação do patógeno foram

realizadas semanalmente, e as três últimas de 10 em 10 dias (item 3.7.6 a

seguir). Foram realizados 2 experimentos nessas condições, sendo o primeiro de

agosto a novembro de 2009 e o segundo de março de junho de 2010.

Figura 6: Aplicação no solo de suspensão de P. palmivora a 5 x 105 zoósporos.ml-1, em mudas de TSH-1188 e ICS-1.

Figura 7: Distribuição aleatória das mudas sobre bancada na casa de vegetação do Setor de Fitopatologia (CEPEC/CEPLAC). As cores das etiquetas indicam tratamentos diferentes.

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3.7.5. Inoculação dos genótipos TSH-1188 e ICS-1 com suspensão de P. palmivora – método de inoculação em disco foliar

Avaliamos a resistência a P. palmivora em mudas de TSH-1188 e ICS-1,

previamente inoculadas com os mesmos isolados endofíticos descritos no item

4.4.1, pelo método de disco foliar (NYASSÉ et al., 1995). As folhas foram

coletadas pela manhã, lavadas com água destilada e submetidas a cortes

circulares de 1,5 cm de diâmetro, com auxílio de cortador semi-automático (Figura

8). Cada tratamento foi composto por 20 discos foliares, sendo realizadas três

repetições por genótipo. Esses discos foram acomodados em caixas forradas com

espuma esterilizada úmida, onde receberam inoculação na porção abaxial, com

0,2 mL de suspensão de P. palmivora (conforme descrito no item 3.7.4), sendo a

concentração ajustada para 3 x 105 zoósporos ml-1. As caixas com os discos

foram fechadas, para manter umidade relativa em torno de 100%, e

acondicionadas a 25ºC, por sete dias, sob ausência de luz.

3.7.6. Avaliação do índice de infecção por P. palmivora nos genótipos TSH-1188 e ICS-1.

Verificamos os efeitos dos isolados de P. palmivora sobre os diferentes

tratamentos, por meio de avaliações aos 7, 14, 21, 30, 40 e 50 dias após a

aplicação do patógeno para o método de inoculação in planta e com 7 dias pós-

inoculação, para os testes em disco foliar. A manifestação e o progresso da

doença foi avaliado por meio de 2 métodos patométricos descritos a seguir. O

método da escala de notas (EN), que variou de ‘0’ (sem sintomas) a ‘4’ (planta

morta) adaptada de Salustiano (2005) para avaliação in-planta e de 0 – 5 para

avaliação no disco foliar (NYASSÉ et al., 1995); e o método do índice de

intensidade de infecção (I.I.I.), que variou de 0 a 100, em que a fórmula e a

transformação adotadas para análise foram descritas por Silva (1969) e

generalizadas para escalas discretas ou quantitativas ordinais por Czermainski

(1999). Os cálculos nos métodos I.I.I. foi realizados a partir dos escores (notas)

atribuídos de acordo com a intensidade de sintomas. Foram realizados 2 ensaios

completos desse experimento.

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Figura 8: Procedimentos para inoculação do disco foliar de TSH-1188 e ICS-1. (a) corte, (b) inoculação e (c) acomodação dos discos foliares por sete dias sob ausência de luz

Figura 9: Escala de notas usada para avaliação do progresso da Podridão-parda em discos foliares de THS-1188 e ICS-1. ‘0’, sem sintomas; ‘1’, pequenos pontos marrons ou marrom-escuros; ‘2’, pequenos pontos marrons com poucas conexões entre si; ‘3’, pontos marrons coalescentes, que formam lesões de tamanho intermediário; ‘4’, lesões grandes coalescentes, com pontos marrom-claros ou escuros; e ‘5’, grandes lesões marrons expandidas uniformemente.

3.8. ANÁLISES ESTATÍSTICAS

Para os dados de promoção de crescimento, foram feitas análises

estatísticas de natureza exploratória (análise de tendência temporal de médias e

análise multivariada dos componentes principais, ‘CP’ – PEARSON, 1901;

HOTELLING, 1936) e inferencial (ANOVA e Tukey a 5% significância),

dependendo do tempo de avaliação das mudas. No caso das análises

exploratórias, incluiu-se as 5 variáveis estudadas: NF, ALT (cm), MSC, MSF (g), e

NS (ver item 3.4). Como as unidades de medidas dessas variáveis eram

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diferentes (dados de contagem, cm e g), foi necessário transformar os dados das

mesmas para realizar a análise de CP e, posteriormente, posicioná-las no espaço

bidimensional (‘biplot’). A análise de biplot (GABRIEL, 1971; JOHNSON &

WICHERN, 2007) foi realizada a partir das médias de tratamentos das últimas

avaliações (aos 200 dias para inoculação em sementes aos 180 dias para

inoculação no solo – ver item 3.4 acima). Entendeu-se que, pela constatação do

elevado número geral de mudas perdidas entre as avaliações aos 80 e 200 dias

(última avaliação), houve alteração relevante nas condições experimentais não

controladas. Isto certamente causou interferência nos efeitos dos endofíticos e,

pois, dificuldade de interpretação correta acerca das tendências de seus efeitos.

Desse modo, considerou-se apenas a última avaliação para análise de CP e

biplot, deixando-se os resultados de 20 e 80 dias de cultivo somente para a

análise temporal de tendência de variação nas médias dos tratamentos de

endofíticos.

Os dados para análise de CP foram centrados na média e padronizados

para variância unitária, e o método de fatoração usado foi o proposto por Galindo

(1986). Foi utilizado o ambiente computacional ‘R’ (R Development Core Team -

2010) e o pacote ‘bpca’ (Faria e Demétrio, 2010) para manipulação, análise e

visualizacão gráfica dos dados.

A análise estatística inferencial foi realizada com os dados de NF e AL

obtidos aos 80(65) dias após a inoculação endofítica, na semente e no solo (2ª

avaliação). Estes dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA), sendo

a comparação de médias realizada através do teste de Tukey a 5% de

significância, também utilizando o ambiente computacional ‘R’.

Para as análises estatísticas referentes ao índice de intensidade de

infecção por P. palmivora no disco foliar e in-planta, e taxas fotossintéticas, os

dados foram submetidos a análise de variância (ANOVA) utilizando o programa

BioEstat 5.0 (AYRES & AYRES JR, 2007) de acesso livre

(http://www.mamiraua.org.br/download), sendo a comparação de médias

realizada através do teste de Tukey. O nível de significância estatística

considerado para as análises foi de 5% (P < 0,05).

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28

3.9. COMPARAÇÃO DOS ISOLADOS DE BACTÉRIAS ENDOFÍTICAS PRÉ E PÓS-INOCULAÇÃO

3.9.1. Comparação morfológica das colônias de bactérias endofítica pré- e pós-inoculação

Com a finalidade de corroborar com os estudos de comparação entre os

isolados pré e pós-inoculação, foram realizados estudos morfológicos das

colônias utilizadas neste trabalho. Os isolados do estoque foram plaqueados em

meio TSA, incubados por 48h a 28°C e em seguida, analisados quanto seus

aspectos morfológicos. Características como forma, tamanho, coloração e textura

das colônias foram observadas, e anotadas para posterior comparação com os

isolados pós-inoculação, recuperados após o plaqueamento, em TSA, de

segmentos de raiz, caule e folhas das plântulas que haviam sido anteriormente

tratadas com esses endofíticos (item 3.3). As bactérias recuperadas foram

isoladas e novamente plaqueadas em TSA para facilitar a comparação da

morfologica com as placas oriundas dos isolados do estoque.

3.9.2. Comparação molecular dos isolados de bactérias endofíticas pré e pós-inoculação

Com a finalidade de compararmos as bactérias endofíticas, pré e pós-

inoculação, foram realizadas análises de PCR com primers gene-específicos e de

RAPD.

Para a extração do DNA total das bactérias visando obtenção de templates

para as reações de PCR, utilizou-se método rápido de lise de células. Colônias

individuais dos isolados cultivados em meio TSA foram colhidas com o auxílio de

alça de platina e adicionadas a microtubos de 1.7 ml contendo 100µl de Tampão

de Lise Celular (NaOH 0,05 M; SDS 0,25%). Estes microtubos foram mergulhados

em nitrogênio liquido por 5min, em seguida submetidos à fervura em banho-maria

por 15 min e centrifugados a 10.000 rpm, 2 min. Após este procedimento, os

sobrenadantes foram separados e diluídos na proporção 1:20 em água ‘Milli-Q’

estéril, sendo armazenados a -20 ºC até o momento do uso nas reações de

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29

amplificação.Para a análise de PCR gene-específico, foram desenhados primers

com base em seqüências de outros isolados pertencentes aos gêneros

Enterobacter e Bacillus, para serem utilizados nas reações de amplificação

(LEITE, 2008). Alinhamentos múltiplos com essas seqüências (J.T. de Souza,

informação pessoal) buscaram regiões que fossem únicas para as espécies

Enterobacter cloaceae (344) e Bacillus subtillis (629). Foram utilizadas seqüências

dos genes hsp60 (heat shock protein), presente no gênero Enterobacter, e spoA,

gene de esporulação em Bacillus spp. Estes genes foram seqüênciados para

isolados de origem semelhante aos endofíticos aqui testados (SILVA, 2007). Para

o isolado 344, desenharam-se três primers, sendo 2 forward e 1 reverse, e para o

629, somente 1 de cada (LEITE, 2008). As condições de amplificação foram as

mesmas utilizadas por Leite (2008).

Para a análise de PCR via utilização de primers RAPD, o DNA dos isolados

629, 341 e 344 foi extraído conforme descrito acima (item 5.3) e quantificado para

ser utilizado em reações de amplificação aleatória de polimorfismos de DNA

(RAPD). Foram utilizados os primers decâmeros ‘D7’ (5’- TTGGCACGGG-3’),

‘M12’ (5’-GGGACGTTGG-3’) e ‘M13’ (5’-GGTGGTCAAG-3’), conforme sugeridos

por Keel et al (1996). As reações foram procedidas de acordo com o seguinte

protocolo: 1x tampão de Taq polimerase (+ KCl), MgCl2 a 2 mM, cada dNTP a 0,2

mM, primer a 40 pmol, ~30 ng de DNA e água Milli-Q estéril para um volume final

de 25 µl. As amostras foram amplificadas em termociclador PTC- 100 (MJ

Research™), seguindo uma programação de desnaturação inicial a 94 ºC por 2

min, seguida por 40 ciclos compostos por 94 ºC por 15 s, anelamento a 35 ºC por

30 s e extensão a 72º C por 1 min e 30 s, com um passo de extensão final a 72 ºC

por 7 min. Após adição de 5 µl do corante Azul de Bromofenol (0,25%), as

amostras foram submetidas à eletroforese em gel de agarose (1,2%) por 90 min a

100 W, 300 mA e 100 V, sendo corado com brometo de etídio e visualizado em

luz UV.

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30

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. PROMOÇÃO DE CRESCIMENTO

4.1.1. Análise exploratória de tendências temporais

Todas as mudas de cada tratamento de inoculação endofítica (incluindo o

tratamento controle), e para cada método de inoculação (35 mudas p/ inoculação

via sementes e 25 para solo; total geral de 300 plântulas), foram avaliadas e

computadas quanto às variáveis ‘altura da planta’ (AL) e ‘nº de folhas’ (NF), em

duas primeiras avaliações pós-inoculação, sendo as médias de cada tratamento

em cada tempo plotadas graficamente (Figuras 10 e 11). Pelas tendências de

comportamento das mudas identificadas a partir da análise dos gráficos,

observou-se uma possível interação de efeitos entre os tratamentos de

endofíticos, o modo de inoculação e o tempo, visto que a inclinação das retas

variou entre eles. Para ambos os métodos de inoculação e ambas as variáveis,

observou-se a existência de dois grupos de tratamentos – os que se

assemelharam ao desempenho do controle ao longo do tempo e os que

demonstraram médias mais elevadas na 2ª avaliação, seja por maiores

inclinações das retas, seja por uma média mais elevada já na 1ª avaliação

(Figuras 10 e 11).

. Em relação à variável AL, para o método de inoculação na semente, temos

um grupo de melhor desempenho formado pelos tratamentos 629, 344 e 344-3.2.

Apesar de todos terem apresentado alturas similares na 1ª avaliação (20 dias),

estes três tratamentos mostraram maior inclinação de suas retas, afastando-se da

média do tratamento 344-1.1 que, por sua vez, mostrou-se levemente superior ao

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controle (Figura 10). Para o método de aplicação endofítica no solo (com mudas

de 20 dias de idade), houve diferenças de médias entre os tratamentos já na 1ª

avaliação, e que aumentaram na 2ª avaliação. Somente os tratamentos 344-3.2 e

629 mantiveram-se no grupo de melhor desempenho em relação à inoculação nas

sementes; os demais tratamentos foram muito semelhantes ao controle (Figura

10).

Figura 10: Altura média das mudas dos tratamentos 629, 344 (isolados originais), 344-3.2, 344-1.1 (variantes resistentes à rifampicina) e controle (H2O estéril), nos métodos de inoculação via semente e no solo, em relação às duas avaliações realizadas. As médias correspondem a 35 indivíduos por tratatamento. As diferenças de dias 80 para 65 dias na 2ª avaliação refere-se ao fato de que as mudas foram avaliadas na mesma época, mas os endofíticos haviam sido inoculados no solo 20 dias depois de terem sido inoculados nas sementes (ver item 3.4)

A análise da variável NF seguiu uma tendência nitidamente semelhante à

AL, na qual os indivíduos 344-3.2 e 629, novamente apresentaram maiores

valores médios na 1ª avaliação e maiores inclinações das retas, contando a 2ª

avaliação (Figura 11). Porém, nota-se uma diferença mais acentuada desses

tratamentos em comparação com o controle, com os tratamentos 344 e 344-1.1

também mostrando melhor desempenho que o controle, ao menos no método de

inoculação via semente.

629 344 344-3.2 344-1.1 Controle

v

344-3.2 629 344-1.1 Controle 344

v

Tempo (dias)

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Figura 11: Média do número de folhas dos tratamentos 629, 344, 344-3.2, 344-1.1 e controle, nos métodos de inoculação via semente e no solo em relação às duas avaliações realizadas. As médias correspondem a 35 indivíduos por tratatamento.

Dos 80 aos 200 dias de cultivo das plântulas inoculadas com endofíticos

(isto é, até o final do período experimental), ocorreu uma grande perda de mudas

no experimento. Em se tratando de mudas seminais, esta perda foi

aparentemente aleatória entre os tratamentos e métodos de inoculação,

provavelmente ocasionada por estresse fisiológico geral nas mudas, resultante de

uma relação desfavorável entre volume de solo (que não foi fertilizado durante o

experimento) e a biomassa radicular, que após os 80 dias já ocupava grande

parte do volume dos vasos (dados não mostrados). Portanto, os resultados de AL

e NF ao fim do experimento não foram incluídos na análise de tendências

apresentadas acima, visto que outros fatores não controlados passaram

certamente a interferir nos resultados da interação endofítico-planta. Além disso,

com a perda diferenciada de mudas entre os tratamentos, estes passaram a estar

desbalanceados entre si quanto ao nº de mudas (repetições) disponíveis para as

avaliações de matéria seca. Como será visto a seguir, estas duas variáveis, assim

como matéria seca e o nº de sobreviventes dessa perda de plântulas, foram

estudadas por um tipo de análise exploratória multivariada de maneira

independente da análise de tendência, visto que a existência de outros efeitos

não controlados causariam confundimento nas interpretações dos resultados

apresentados nas Figuras 10 e 11.

344-3.2 629 344 344-1.1 Controle

v

344-3.2 629 344 344-1.1 Controle

v

Tempo (dias)

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33

4.1.2. Análise multivariada dos componentes principais e biplot.

Considerando a possibilidade de haver um efeito diferencial dos tratamentos

com os endofíticos na sobrevivência das mudas após os 80 dias (2ª avaliação),

realizou-se uma análise multivariada do tipo estatística exporatória, incluindo-se

os valores para todas as cinco variáveis descritas (ver itens 3.4 e 3.8) obtidos na

3ª e última avaliação das mudas.

A possibilidade de uma análise multivariada de componentes principais (CP)

com representação gráfica tipo biplot (PEARSON, 1901; HOTELLING, 1936;

GABRIEL, 1971; JOHNSON & WICHERN, 2007), como a que foi aqui utilizada,

depende de alguns aspectos matemáticos e biológicos. Um destes aspectos

considera a necessidade de se trabalhar com dados transformados para uma

mesma escala relativa, visto que as escalas de medida como as de comprimento

(cm), peso (g) e contagem são muito díspares numericamente. As médias

originais de cada variável para os respectivos tratamentos, assim como as médias

transformadas para uma escala relativa única, de variância unitária (ver item 3.8),

são mostradas nas Tabelas 1 e 2.

Tabela 1: Médias não transformadas para as 5 variáveis sob estudo.

ALT: altura (cm); NF: número de folhas; NS: número de sobreviventes; MSC: matéria seca do caule; MSF: matéria seca da folha. Os dados da Tabela são médias de números diferentes de plântulas sobreviventes por tratamento, por método de inoculação.

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Tabela 2: Dados transformados, centrados na média e padronizados para variância unitária.

(ver rodapé da Tabela 1).

Outro aspecto importante para análise de CP é uma adequada correlação

(duas a duas) entre as variáveis, de modo que se possa reduzir o espaço

paramétrico de 5 variáveis para somente 2 (biplot), sem perda relevante de

informação. Para ambos os métodos de inoculação, observou-se correlações

positivas entre todas as variáveis; para o método de inoculação via semente, os

coeficientes de correlação variaram de 0,56 a 0,97, enquanto que para o método

via solo, eles variaram de 0,48 a 0,99, indicando boa adequação à análise de CP.

A análise de CP (PEARSON, 1901; HOTELLING, 1936) é um método

estatístico multivariado que permite transformar um conjunto de variáveis iniciais

correlacionadas entre si (no nosso caso, ALT, NF, MSC, MSF e NS), num outro

conjunto de variáveis não correlacionadas, que resultam em combinações

lineares ortogonais do conjunto inicial – os componentes principais CP1 e CP2.

Estes componentes são apresentados por ordem decrescente de importância, ou

seja, o primeiro (CP1) explica o máximo possível da variabilidade dos dados

originais, o segundo (CP2) o máximo possível da variabilidade ainda não

explicada pelo primeiro componente, e assim por diante. A forma de representar

graficamente a análise de CP (como é possível realizar no ambiente

computacional ‘R’, de acordo com Johnson & Wichern, 2007), denomina-se biplot

(Figuras 12 e 13).

Conforme pode ser observado, os dois componentes principais explicaram

95,35% da variação total apresentada pelos dados de inoculação nas sementes,

sendo que somente a CP1 explicou 83,39% dessa variação (Figura 12). Em

relação a esta componente, os tratamentos 344-3.2 e 344 apresentaram melhores

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resultados que os tratamentos 629 e controle, sendo que 344-1.1 ocupou uma

posição intermediária. O pequeno ângulo entre as retas representativas das 5

variáveis indica as altas correlações observadas entre elas (ver acima), sendo

que a CP1 indica uma associação positiva entre todas elas (todas situadas do

lado positivo da componente) como resposta ao estresse fisiológico induzido

experimentalmente (Figura 12). Por outro lado, a CP2 representou,

essencialmente, um contraste entre as variáveis ALT e NF em relação a NS e

MSC, sendo que os tratamentos com maiores valores do contraste estão na parte

superior do gráfico (positiva). O valor de módulo do autovetor para a variável MSF

foi muito baixo (dado não mostrado), indicando pouca relevância dessa variável

em relação a CP2.

Em relação à inoculação no solo, a redução do espaço paramétrico para 2

componentes principais permitiu explicar 98,95% da variação total observada nos

dados, sendo que somente a CP1 explicou 86,10% dessa variação (Figura 13).

Em relação a esta componente, o tratamento 344-3.2 apresentou melhor

resultado que os tratamentos 344-1.1, 344 e controle, sendo que o 629 ocupou

uma posição intermediária. Novamente, a CP1 indicou associação positiva entre

as variáveis (que demonstraram alta correlação entre si) como resposta ao

estresse induzido. Também neste caso, a CP2 representou um contraste entre a

variável NS em relação às variáveis NF, MSF e MSC, com os maiores valores do

contraste para os tratamentos 629 e 344, situados na porção superior do gráfico

(Figura 13). O valor de módulo do autovetor para a variável ALT foi muito baixo

(dado não mostrado), indicando pouca relevância dessa variável em relação a

CP2.

Observando comparativamente o padrão de comportamento das variáveis

entre as mudas inoculadas via semente e no solo verificou-se que, para o primeiro

caso, dois grupos com maior afinidade intra-variáveis foram formados – um com

as variáveis NF e ALT, e o outro com MSC, NS e MSF (Figura 12). Já para as

mudas inoculadas no solo, o conjunto mais relacionado de variáveis incluiu MSF,

NF, MSC e ALT, sendo a variável NS mais distanciada, com uma menor

correlação positiva (Figura 13).

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Figura 12: Biplot da análise de CP das variáveis ‘altura de plântulas’ (ALT , ‘número de folhas’ (NF), ‘número de sobreviventes’ (NS), ‘matéria seca do caule’ (MSC), e ‘matéria seca da folha’ (MSF), aos 200 dias após a inoculação direta dos endofíticos nas sementes. Os pontos no gráfico correspondem aos valores das duas componentes principais para cada tratamento (indicado); são definidos como a soma dos resultados de multiplicação das médias transformadas de cada variável por tratamento (Tabela 3) pelos respectivos autovetores (não mostrados). Maiores correlações entre as variáveis é inferida a partir dos menores ângulos entre as respectivas retas (ver texto).

Figura 13: Biplot da análise de CP das mesmas 5 variáveis da Figura 12, aos 180 dias após a inoculação indireta dos endofíticos via aplicação no solo. (Ver também legenda da Figura 12.)

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Considerando que mais de 95% da variação total dos dados experimentais

foram explicadas somente pelas duas componentes principais do biplot, ficaram

bastante claras as vantagens de aplicação dessa estatística exploratória para a

análise dos resultados obtidos neste experimento de promoção de crescimento.

Assim sendo, e tomando em conjunto os resultados para as análises exploratórias

apresentadas acima (Figuras 10 a 13; Tabelas 2 e 3), pode-se deduzir alguns

aspectos interessantes a respeito dos efeitos dos endofíticos na promoção de

crescimento das mudas da variedade de cacau comum estudada.

Sob as condições experimentais deste trabalho, as mudas que foram

tratadas nas sementes com os isolados 344-3.2 e 344 (Enterobacter cloacae,

variante resistente à rifampicina e isolado original, respectivamente) apresentaram

melhores resultados de promoção de crescimento aos 200 dias pós-inoculação,

refletida principalmente pelas variáveis NF, ALT, MSC e NS (Figura 12). Contudo,

pode-se também considerar que estes tratamentos permitiram às mudas, no

geral, serem mais tolerantes ao estresse fisiológico induzido experimentalmente

pelo longo período de cultivo em recipiente de volume de solo limitado. Em termos

práticos, esses tratamentos permitiram um percentual maior de mudas

sobreviventes em relação ao controle e aos demais tratamentos. A associação

positiva entre as variáveis biométricas e a de sobrevivência indicada pela CP1

sugere fortemente um melhor efeito destes isolados, ao menos quando a

inoculação é feita diretamente nas sementes, com suspensões bacterianas nas

concentrações usadas no experimento. Esta mesma tendência foi também

seguida no mesmo tratamento 344-3.2 para o método de inoculação no solo

(Figura 13), sugerindo que este mutante pode estar carregando vantagens

genéticas de promoção de crescimento e tolerância a estresse,

independentemente do tipo de inoculação. Já o isolado original 344 só mantém

essa característica se inoculado via semente (Figuras 12 e 13).

Uma informação interessante sugerida pelas Figuras 12 e 13 refere-

se ao comportamento do isolado 629 (Bacillus sp), que não seguiu a tendência de

promoção de crescimento indicada pelas variáveis biométricas ALT e NF nas

avaliações feitas aos 20 e aos 80 dias pós-inoculação (Figuras 10 e 11; análise

inferencial a seguir). Para inoculação via sementes, na última avaliação feita 200

dias pós-inoculação, as mudas provavelmente enfrentaram estresse nutricional,

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pelo fato de terem passado muito tempo num recipiente limitado, sem adubação;

sob estas condições, foi observado um menor número de plantas sobreviventes

(seis) exatamente no tratamento com este isolado, de magnitude semelhante às

perdas observadas para o controle (somente 7 sobreviventes). Uma possibilidade

interessante para explicar essa mudança de resposta do tratamento endofítico,

em dois momentos distintos do cultivo, seria a formação de esporos por estas

bactérias, induzidas pelo estresse induzido no experimento. De acordo com

Parente, 2007, a esporulação em Bacillus pode ser induzida por depleção de

nutrientes; as células cessam o crescimento exponencial típico e entram na fase

estácionária. Durante a transição para a fase estacionária, as células iniciam

diversos eventos em resposta a crescente adversidade ambiental. Entre estes,

inclui-se a ativação da motilidade flagelar, que permite, por quimiotaxia, buscar

novas fontes de nutrientes, assim como a formação de estruturas de resistência

tais como os esporos (PARENTE, 2007). Com base neste pensamento, a bactéria

629 poderia estar rompendo a relação mutualística com o cacau, buscando sua

sobrevivência por meio tanto da busca de nutrientes alternativos no interior da

planta, quanto da formação de esporos, até que pudesse encontrar outra planta

hospedeira para re-estabelecer a relação mutualística.

Outro dado importante de nosso estudo foi a resposta diferente que o

tratamento com 629 apresentou após inoculação no solo. Neste método, não foi

observada a redução acentuada do número de sobreviventes. Tal fato poderia

estar ligado ao programa de diferenciação celular em Bacillus, sendo que a

migração das células bacterianas através do solo até os pontos de infecção na

planta poderia ser, ou disparar, algum mecanismo fisiológico que assegurasse um

comportamento diferenciado das células que auxiliasse na sobrevivência de

mudas diante do estresse produzido no experimento. Contudo, este argumento é

meramente especulativo, visto que testes específicos não foram realizados para

testar tais hipóteses.

Sob o ponto de vista exclusivo das plântulas, pode-se considerar que as

mudas sofreram estresse de duas naturezas: com a limitação de espaço e

nutrientes no solo, e com a possível quebra da relação mutualística benéfica com

o endofítico, resultando na perda dos benefícios conferidos pela mesma e, pois,

na diminuição do número de sobreviventes. Neste sentido, vale ressaltar que os

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efeitos do isolado mutante 344-3.2 não podem ser classificados da mesma

maneira, haja vista que um número maior de mudas sobreviventes, assim como

maiores valores para os parâmetros biométricos (ALT, NF, MSC e MSF), foi

observado para este tratamento em ambas as formas de inoculação (Figuras 12 e

13). Isto sugere que, ao menos para este variante de E. cloacae, não deve ter

ocorrido a quebra na relação mutualística benéfica com a planta.

4.1.3. Análise inferencial

Considerando os resultados da análise estatística exploratória (tendências

temporais e componentes principais – biplot), bem como resultados previamente

obtidos com tratamentos de inoculação endofítica similares (LEITE, 2008), e ainda

o fato constatado de que nenhuma muda havia sido perdida até os 80(65) dias

pós-inoculação, optou-se por executar análise estatística inferencial (ANOVA e

teste de médias) para os tratamentos endofíticos na 2ª avaliação (Tabela 3).

Os resultados indicam que os tratamentos com os isolados 629 (Bacillus

sp), e 344-3.2 (um dos variantes de E. cloacae resistentes a rifampicina),

forneceram as maiores médias das variáveis ALT e NF, pelo os dois métodos de

inoculação usados, sendo essas diferenças em relação ao controle significativas

pelo teste de Tukey (P < 0,001) em todos os casos. Isto sugere que, nas

condições de cultivo estudadas e neste tempo de avaliação, estes 2 isolados, nas

concentrações utilizadas das suspensões bacterianas, sistematicamente

promoveram o crescimento das mudas de cacau comum, independentemente do

método de inoculação. Além disso, confirmando a hipótese discutida

anteriormente, estes resultados também indicam que somente o 344-3.2

apresentou efeitos benéficos, seja de promoção de crescimento em condições

normais de cultivo (Figuras 10 e 11; Tabela 3), seja de tolerância a estresses

(Figuras 12 e 13). O 629 parece ser benéfico apenas para promoção de

crescimento, enquanto as condições fisiológicas das plântulas assegurarem uma

relação de mutualismo com a bactéria.

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Tabela 3: Altura média e número médio de folhas das mudas para os tratamentos 629, 344, 344-3.2, 344-1.1 e controle, com os métodos de inoculação via semente (80 dias pós-inoculação) e no solo (65 dias pós-inoculação)

Tratamentos Altura (cm)

Número de folhas

Inoculação sementes

(F = 10,49) (F = 19,85)

629 26,45 a 8,39 a 344 26,41 a 7,62 a

344-3.2 26,01 a 8,44 a 344-1.1 23,47 b 7,57 a

Controle 21,88 b 5,07 b

C.V. 14,07 22,61

Inoculação solo

(F = 8,03) (F = 7,93)

344-3.2 23,00 a 8,26 a 629 21,86 ab 7,36 ab

344-1.1 18,08 bc 5,50 bc 344 17,69 c 5,94 bc

Controle 17,89 c 5,11 c

C.V. 18,19 27,79

Valores de F (ANOVA) são apresentados entre parênteses, ao lado do tipo de inoculação, sendo que P < 0,001 para todos. Médias na coluna, em cada tipo de inoculação, seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey a 5 % de probabilidade.

Mudas inoculadas nas sementes com o isolado original de E. cloacae, o

344, também se destacaram, promovendo aumento significativo dessas variáveis

em comparação com o controle; este efeito, porém, não foi observado para o

método de inoculação de solo, pois o tratamento não diferiu signifcativamente do

controle (Tabela 1). Por fim, o outro mutante resistente à rifampicina, 344-1.1, só

diferiu significativamente do controle em uma das variáveis (NF), no método de

inoculação por semente, confirmando resultados anteriormente obtidos em

condições semelhantes (LEITE, 2008). Estes resultados sugerem que, apesar de

testes moleculares (RAPD) terem indicado não haver diferença detectável dos

mutantes entre si e em relação ao tipo selvagem (LEITE, 2008), tais diferenças

podem ocorrer fenotipicamente em outras características (no caso, promoção de

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crescimento e tolerância a estresses). É interessante notar que, como somente

um dos mutantes (344-3.2) produziu resultados melhores em relação ao outro e

ao isolado original, isto sugere, também, a possibilidade de que a mutação

específica para resistência ao antibiótico neste variante tenha surtido algum efeito

pleiotrópico positivo nos demais caracteres sob estudo.

O comportamento dos isolados endofíticos apresentado sob as condições

experimentais do nosso trabalho sugere que E. cloacae e Bacillus sp promovem

crescimento vegetal neste genótipo de cacaueiro, mas não nas mesmas situações

de cultivo e, ou estado fisiológico das plântulas. Vale ressaltar também que os

coeficientes de variação (CV) encontrados mantiveram-se numa faixa compatível

para experimentos dessa natureza, apesar da maior variabilidade genética que se

espera encontrar em mudas oriundas de sementes. A utilização de um número

elevado de repetições (35 para inoculação nas sementes e 25 para o solo)

certamente contribuiu para manter o erro experimental dentro dos níveis

aceitáveis observados (Tabela 3). Além disso, é importante observar a boa

compatibilidade entre os resultados obtidos pelas análises exploratórias e a

inferencial realizada, conferindo consistência às tendências observadas na

amostra estudada.

A promoção de crescimento por endofíticos pode ser de forma indireta e

direta. A via indireta ocorre quando esses organismos apresentam ação

antagonista, protegendo a planta contra patógenos. Não identificamos nenhum

sintoma característico da ação de fitopatógenos nas mudas de nenhum

tratamento, inclusive o controle que recebeu apenas H2O no lugar da inoculação.

Tal fato é um indicio que a forma utilizada pelas bactérias endofiticas, avaliadas

neste trabalho, para promover crescimento em mudas de cacau comum, foi a

ação direta. Esta ocorre quando os endofiticos produzem por exemplo,

fitohormônios, enzimas como a ACC-deaminase, mineralização de nutrientes,

solubilização de fosfatos, fixação do nitrogênio e aumento da absorção pelas

raízes, entre outros (CONN et al., 1997; LAZAROVITS & NOWAK, 1997).

Segundo Lodewyckx et al (2002), Enterobacter spp. são responsáveis pela

produção de reguladores do crescimento da planta, tais como etileno, auxinas e

citocininas. Koga et al. (1991) verificaram que um isolado de E. cloacae obtido de

pepino acelerou o crescimento de várias culturas agrícolas, e os estudos de

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metabolismo sugeriram que esse microrganismo sintetizava ácido indol acético

(AIA), pela via do ácido indolpirúvico. O (AIA) é fitohormônio mais ativo em

plantas e sua secreção por bactérias, pode promover o crescimento da raiz

diretamente pela estimulação da elongação da célula vegetal ou divisão celular,

ou, indiretamente, pela influência sobre a atividade da ACC-desaminase (1-

aminociclopropano-1-carboxilato, um precursor do etileno) (PATTEN et al., 2002).

Na literatuta existem outras vias de promoção de crescimento usados por

Enterobacter, como a produção de sideróforos (GERDA, et al, 1981; GIONGO et

al., 2010); porém, é pouco provável que esta via seja o caso em nosso trabalho,

pois sideróforos são moléculas seqüestradoras de ferro de baixo peso molecular

(400 a 1000 Daltons) e elevada afinidade pelo substrato (Kd 10-20 a 10-50), que

são secretadas por microrganismos em resposta a baixa disponibilidade de Fe+3

no meio (TIAN et al., 2009), fato este que não foi observado pela análise química

do solo (ver item 4.5). Todavia, são necessários estudos mais detalhados que

também avaliem a concentração de ferro do interior da planta, ou mesmo estudos

in vitro submetendo este isolado a meios com baixa concentração de Fe+3

(FIEDLER et al., 2001).

Araújo (2008), relatou que bactérias do gênero Bacillus proporcionam

aumento do crescimento e nutrição vegetal de diferentes plantas. Ainda segundo

este autor, a inoculação de milho com um isolado de Bacillus subtilis, produtor de

antibióticos e hormônios promoveu o crescimento de plantas em casa de

vegetação. Um dos mecanismos que pode estar relacionado com a promoção de

crescimento por Bacillus em nosso trabalho é a solubilização de fosfato por estas

bactérias que foram inoculadas no solo, uma vez que análise química do nosso

solo revelou uma concetração de P de 8 mg/dm3, a qual é considerada o menor

valor dentro da faixa média de concentração, que varia de 8 a 12 mg/dm3,

necessária pela cultura do cacau (George Sodré, comunicação pessoal).

Rodrigues e Fraga (1999) citam que estirpes do gênero Bacillus estão entre as

bactérias com o maior potencial de solubilização de fósforo. Richardson (2000),

relatou que a maioria dos solos brasileiros são pobres em fósforo disponível às

plantas e que o fertilizante fosfato representa um alto custo para o agricultor;

desta forma, é importante a utilização de microrganismos (do solo) como

inoculante para mobilizar o fósforo em solos pobres. Além da solubilização outros

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mecanismos estão também relacionados com o metabolismo microbiano no solo,

como a produção de enzimas (nitrogenases, quitinases e glucanases)

(CATTELAN, et al., 1999).

4.2. ANÁLISES FOTOSSINTÉTICAS E DE CONDUTÂNCIA ESTOMÁTICA

Com o intuito de verificar se os tratamentos com endofíticos alteraram

parâmetros fisiológicos relevantes para promoção de crescimento, tais como as

taxas fotossintéticas (A) e a condutância estomática (gs), realizou-se essas

medições aos 60 dias de idade das mudas, correspondendo a 60 dias pós-

inoculações nas sementes germinadas e 40 dias pós-inoculações no solo. As

análises feitas demonstraram que as mudas dos tratamentos com 344-3.2, 344-

1.1 e 629, apresentaram aumentos significativos nas taxas de fotossíntese (A),

em relação ao controle, pelo método de inoculação na semente. Não foram

observadas diferenças significativas entre os tratamentos e o controle nas mudas

inoculadas no solo, com exceção, das tratadas com 344 (Figura 14). Em relação a

gs, os tratamentos 344, 344-3.2 e 629 inoculados nas sementes apresentaram

aumento significativo em relação ao controle, ao passo que para as inoculações

no solo não houve nenhuma diferença dos tratamentos em relação ao controle

(Figura 14).

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Figura 14: Avaliação de fotossíntese (A) e condutância estomática (gs) para os tratamentos endofíticos inoculados na semente e no solo. As médias e erros padrões correspondem a 9 repetições por tratamento. Letras iguais por tipo de inoculação não diferem significativamente (Tukey a 5%).

O principal propósito das avaliações fisiológicas em plantas inoculadas com

endofíticos é identificar alterações orgânicas que possam estar relacionadas com

a interação entre estes microrganismos e a planta hospedeira. Do ponto de vista

do conceito de endofítico, essas alterações fisiológicas não podem causar danos

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às plantas, como reduções de suas funções ou estresse de qualquer outra

natureza. Em nossas análises, não se observou reduções nesses parâmetros e,

em alguns casos, incrementos foram detectados. No geral, pode-se dizer que as

alterações fisiológicas positivas detectadas aos 60 dias são compatíveis com os

efeitos de promoção de crescimento observados para os mesmos tratamentos

aos 80 dias (Tabela 3). Isto reforça e confirma a perspectiva de efeitos benéficos

destes endofíticos em mudas de cacaueiro comum. Além disso, os resultados

sugerem que avaliações fisiológicas dessa natureza podem ser empregadas em

escala temporal, com medições em outros pontos de tempo durante o cultivo,

auxiliando na identificação dos momentos em que os estresses passam a ocorrer,

bem como de que forma os endofíticos interferem nessas situações.

Poucos são os estudos referentes a influência desses endofíticos no

processo de fotossíntese em planta e os resultados não são esclarecedores.

Benchimol et al (2000) realizaram pesquisa utilizando bactérias endofíticas para

controle de fusariose da pimenta-do-reino, na qual avaliaram a influência do

comportamento fotossintético de mudas inoculadas com esses endofíticos,

porém, não encontram diferenças significativas entre os tratamentos. A

fotossíntese fornece cerca de 90 - 95% da matéria seca ao vegetal, assim como a

energia metabólica requerida para o desenvolvimento da planta (MAGALHÃES et

al., 2003). Dessa forma, os resultados das avaliações fotossintéticas deste

trabalho condizem com os resultados encontrados de promoção de crescimento e

tolerância a estresse para os isolados 344-3.2 e 344 aplicados na semente (item

4.1.2), os quais apresentaram maiores índices de matéria seca (MSC e MSF) em

relação ao controle na avaliação feita 200 dias após a inoculação. A exceção foi o

tratamento 629 que, como mencionado anteriormente (item 4.1.2), não mais

exerceu, aparentemente, proteção aos fatores de estresse nessas condições

(Figuras 12 e 13). As mudanças nas taxas de fotossíntese aqui observadas

podem estar relacionadas, não apenas a uma eventual atividade de indução

específica e direta do microrganismo nesta característica, mas também a um

conjunto de ações de caráter interativo que essas bactérias promovem em favor

da planta, melhorando seu desempenho geral de metabolismo e fisiologia, o que

conseqüentemente pode ser visto pela melhoria de outras características como a

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promoção de crescimento (item 4.1.1), aumento da tolerância a fatores de

estresse, resistência induzida (ver adiante), entre outras.

4.3. COMPARAÇÃO DO PADRÃO ESPACIAL E TEMPORAL COLONIZAÇÃO DE Bacillus

E Enterobacter

Com o objetivo de quantificar comparativamente os padrões de colonização

de alguns dos isolados endofíticos sob estudo, realizou-se experimento de

inoculação e avaliação de colonização em plântulas axênicas, em condições

estéreis. Os isolados 344, 341 e 629 exibiram em geral um comportamento similar

quanto ao espaço e o tempo de colonização, nos genótipos TSH-1188 e ICS-1.

Em todos os tratamentos apenas as raízes foram colonizadas 7 dias após a

inoculação. A colonização dessas bactérias no caule e folhas só foi detectada 15

dias após a inoculação (Tabela 4), confirmando resultados anteriores de

inoculações e colonização com o variante 344-1.1 isoladamente ou em conjunto

com 629 (LEITE, 2008). É importante observar que a colonização sistêmica de

caules em TSH-1188, no mesmo período de tempo e nas mesmas condições

experimentais, tendeu a ser um pouco menor do que em ICS-1 (da ordem de 1

log) para os isolados de Enterobacter (344 e 341), mas não para o de Bacillus sp

(Tabela 4).

É plausível especular que essa diferença pode estar relacionada à interação

entre os tipos de microrganismos e as diferenças genéticas de resistência /

susceptibilidade dos genótipos, de modo que aquele mais resistente às moléstias

fúngicas de cacaueiro podem, eventualmente, também “resistir” mais à

colonização bacteriana endofítica no caule. Alternativamente, é possível que

Enterobacter spp em ICS-1 ocupe este nicho na planta de forma mais eficiente do

que Bacillus sp. Entretanto, como o número de mudas testadas nessas condições

foi muito pequeno (2 mudas por endofítico, por genótipo, por tempo de avaliação),

muita cautela deve ser exercitada nas conclusões a serem tiradas.

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Tabela 4: Número de Unidades Formadoras de Colônia por grama de matéria fresca (UFC/g), dos isolados 344, 341 e 629, na raiz, caule e folha, de mudas dos genótipos THS-1188 e ICS-1 aos 7, 14 e 21 dias após a inoculação.

Tempo UFC/g x 106

(dias) 344 341 629 raiz caule folha raiz caule folha raiz caule folha

TSH-1188 7 1,4 0 0 3,3 0 0 0,9 0 0

14 39,2 10,3 2,4 37,0 9,8 1,9 16,6 4,9 2,5 21 54,4 12,8 4,2 42,4 11,0 3,3 20,4 8,1 4,0

ICS-1 7 2,4 0 0 3,0 0 0 1,3 0 0

14 34,5 18,6 2,0 32,6 20,8 3,0 18,1 5,7 2,4 21 45,3 22,8 3,8 38,1 23,4 4,0 22,5 7,3 3,8

A capacidade de colonização de tecidos pelos endofíticos está relacionada

a diversos fatores, sendo o principal a interação entre os genótipos do vegetal e

do microrganismo (SCHLOTTER et al., 1994; DONG et al., 1995; WIEHE et al.,

1994). O primeiro passo no processo de colonização pelas bactérias endofíticas é

o encontro físico entre estas e a planta hospedeira, que pode ocorrer de forma

passiva (transporte pela solução do solo) ou ativa (via mecanismo de motilidade

do microrganismo ou crescimento das raízes) (SILVA et al., 2006). O movimento

do microrganismo ocorre por quimiotaxia, que é um reconhecimento químico do

gradiente de fonte de carbono exsudado pelas raízes, existente entre o solo e a

rizosfera (OLIVEIRA et al., 2003).

De acordo Hinton e Bacon (1995), o caminho mais lógico para a

colonização dos tecidos por microrganismos endófitas parece começar com a

migração da bactéria ou fungo para locais onde sementes estejam germinando,

ou as raízes estejam crescendo. A partir daí há a colonização da radícula e

coleóptilo e finalmente se disseminam sistemicamente na planta. Shishido et al.,

(1999) detectaram, aplicando a técnica de anticorpos imunofluorescentes, a

colonização de um isolado de Bacillus e outro de Pseudomonas aplicados nas

sementes de abeto (Picea glauca). Segundo os autores, as bactérias se

movimentaram apoplasticamente, nos espaços intercelulares, sendo constatadas

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48

em ramos, folhas e flores. Acrescentam ainda que são os ferimentos,

ocasionados pelo crescimento das radículas, a principal porta de entrada para os

microrganismos que estão na rizosfera iniciarem sua colonização endofítica.

Porém existem relatos em que a penetração pode ocorrer sem a necessidade de

ferimentos. Quadt-Hallmann et al. (1997), com estudos microscópicos de

ultraestrutura, procuraram investigar por meio de quais mecanismos Enterobacter

asburiae penetra nas plantas de algodão. Penetração passiva foi descartada, pois

células mortas com glutaraldeído aplicadas a sementes e folhas não foram

encontradas no interior dos tecidos, mas o mesmo não acontecia com células

vivas. Ainda não se relatou transmissão de endofíticos por insetos e são raros

trabalhos tratando da aplicação na parte aérea.

Existem numerosos trabalhos que abordam da dinâmica da população de

bactérias endofíticas dentro do hospedeiro. McInroy e Kloepper (1995b) aplicaram

bactérias nas sementes de milho e algodão e tentaram recuperá-las nas mais

diversas partes das plantas. Segundo os autores, as bactérias foram isoladas de

todas as partes das plantas testadas, numa média de 103 a 107 ufc/g de peso

fresco, porém a população nas raízes foi maior do que nos ramos. Estes

resultados estão plenamente de acordo com os encontrados neste trabalho, em

que foram encontradas mais bactérias quantitativamente em raízes do que em

caule e folhas (Tabela 4). A capacidade de colonizar raízes e parte aérea de

plantas pelas bactérias dos gêneros Enterobacter e Bacillus, já foi relatada por

outros autores, em culturas como a cana (STURZ et al., 1997) e o próprio cacau

(LEITE, 2008; MELNICK, 2008).

4.4. EFEITO DA INOCULAÇÃO COM BACTÉRIAS ENDOFÍTICAS NA INDUÇÃO DE

RESISTÊNCIA À PODRIDÃO PARDA EM GENÓTIPOS CONTRASTANTES DE CACAU.

Considerando os resultados anteriores de possível aumento de tolerância a

estresses conferido pelos tratamentos com inoculação prévia dos endofíticos sob

estudo (item 4.1), objetivou-se ampliar as investigações, verificando a

possibilidade de que os isolados endofíticos pudessem também exercer algum

efeito de aumento na resistência das plântulas a uma importante moléstia da

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cultura do cacaueiro – a podridão parda, causada por oomicetos do gênero

Phytophthora. Os experimentos foram realizados com as inoculações endofíticas

pelo sistema indireto (via solo) em mudas plantadas nos vasos, de modo

semelhante aos experimentos de promoção de crescimento. A aplicação do

patógeno, porém, foi realizada de duas formas: uma diretamente nas plântulas

nos vasos e a outra no sistema de discos foliares, em condições ex planta (itens

3.7.4 e 3.7.5), conforme discutido a seguir.

4.4.1. Método de aplicação de P. palmivora e análise in planta

A partir de observação visual dos sintomas da doença, a principal variável

avaliada foi o ‘índice de intensidade de infecção’ (I.I.I.), previamente descrito

(SILVA, 1969; CZERMAINSKI, 1999). Conforme mostrado no gráfico da Figura

15, dois experimentos foram realizados nas mesmas condições. Os resultados

claramente confirmam o esperado de que os níveis de doença para o genótipo

tido como suscetível (ICS-1) foram sempre da ordem de 3 a 4 vezes maior do que

os verificados para o genótipo resistente (TSH-1188). Porém, os índices de

intensidade de infecção obtidos no experimento 1 foram, no geral, de quase

metade daqueles observados no experimento 2, para todos os tratamentos.

Considerando que o primeiro experimento foi realizado num período do ano que

registrou temperaturas diárias especialmente elevadas, conjecturou-se que tal

fator pode ter interferido negativamente na virulência do patógeno (Edna D.M.N.

Luz, informação pessoal). Isto poderia contribuir para explicar não somente os

menores índices de doença verificados neste experimento, mas também a

ausência de diferenças de comportamento entre os tratamentos endofíticos

(Figura 15).

As temperaturas diárias durante o experimento 2 foram mais usuais e

amenas, sendo também maiores os níveis gerais de manifestação dos sintomas

da doença, o que reforçaria a hipótese levantada a respeito do efeito negativo das

altas temperaturas neste patossistema. Os resultados do experimento 2 para

ambos os genótipos sugerem que o isolado 629 foi mais eficiente que os demais

tratamentos endofíticos na redução da intensidade de infecção da podridão-parda,

sob as condições experimentais deste trabalho, sendo este efeito bastante mais

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pronunciado no genótipo suscetível ICS-1, onde os níveis de doença encontrados

foram quase metade dos demais (Figura15). Se esta magnitude de diferença for

também relevante para o genótipo resistente, observa-se a repetição deste efeito

de diminuição da doença para o TSH-1188.

Figura 15: Índice de intensidade de infecção (I.I.I.) dos genótipos TSH-1188 e ICS-1, nos experimentos 1 e 2, após a inoculação com os isolados endofíticos 344, 341, 629. Inoculação com água destilada estéril foi utilizada como controle. Os dados correpondem a médias de avaliação de 15 mudas (repetições) por tratamento.

A partir dos resultados dessa análise tipo exploratória, realizou-se ANOVA e

teste de médias para os tratamentos ao final do período de observação. Conforme

esperado, no experimento 1 não foram observadas diferenças significativas entre

os tratamentos e o controle pelo teste de Tukey à 5%, com exceção do isolado

344 que apresentou ‘I.I.I.’ significativamente maior que o 629 para o genótipo

TSH-1188. Porém, no experimento 2, as mudas tratadas com este último isolado

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tiveram índices de intensidade de infecção por P. palmivora significativamente

menores do que os demais tratamentos(Tabela 5).

Tabela 5: Índice de intensidade de infecção (I.I.I.) dos genótipos TSH-1188 e ICS-1, previamente inoculados com endofíticos, aos 50 dias após os tratamentos de aplicação do patógeno.

I.I.I.

Experim. 1 Experim. 2 Tratam.

TSH-1188 ICS-1 TSH-1188 ICS-1

344 8,52 a 17,28 a 13,26 ac 27,13 a

341 6,11 ab 19,24 a 10,75 a 25,72 a

629 5,01 b 14,92 a 6,19 b 16,38 b

Controle 7,17 ab 16,56 a 15,11 c 26,15 a Médias seguidas por letras iguais na coluna não diferem significativamente (Tukey 5%)

Tomados em conjunto, estes resultados sugerem que, sob as condições

experimentais deste trabalho, o endofítico 629 (Bacillus sp) reduziu a ação de P.

palmivora em mudas de cacau em ambos os genótipos, porém com efeito mais

pronuciado em ICS-1 e em condições não extremas de temperatura (experim. 2).

Bactérias do gênero Bacillus já foram relatadas por alguns autores, como sendo

endofíticos eficientes no controle de determinados patógenos do gênero

Phytophthora em culturas como soja (SNEH et al., 1977), eucalipto (MALAJCZUK

et al., 1977), citros (AMORIM & MELO, 2002), pimenta vermelha (LEE et al.,

2008), e no próprio cacau (MELNICK et al., 2008).

Contudo, é importante salientar que o período de observação extendeu-se

somente até um momento de início de crescimento exponencial para os sintomas

da doença, o que foi verificado em todos os tratamentos e genótipos (Figura 15).

Isto sugere que uma verificação mais aprofundada dos efeitos protetores

benéficos encontrados para o isolado de Bacillus sp precisa considerar um

período mais extenso de observação. Além disso, o desenho experimental precisa

incluir reposições nutricionais periódicas para as mudas, de modo a que a

indução de outras formas de estresse fisiológico (ver item 4.1) não sirvam como

fatores de confundimento para a análise dos efeitos de indução de resistência.

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Uma via que pode ter sido utilizada pela bactéria 629 para o efeito de

diminuição de intensidade da doença é a indução de resistência. Melnick et al.,

(2008) avaliaram a capacidade que duas estirpes de Bacillus sp (BT8 e BP24)

tinham para controlar a podridão parda causada por Phytophthora capsici em

plantas de cacau. A metodologia de inoculação adotada foi a aplicação de

suspensões de bactérias endofíticas por meio de puverizações em algumas folhas

das plantas. Um resultado muito interessante observado por estes autores foi que,

nessas plantas, folhas mais jovens que não haviam sido inoculadas com

endofítico exibiam resistência a P. capsici. Segundo estes autores, tal fato sugere

que Bacillus (BT8) induz resistência sistêmica no cacaueiro. Resultados

semelhantes foram encontrados por Benhamou et al. (1996), em um trabalho com

Bacillus pumilus (isolado SE34) num sistema in vitro em que raízes de ervilha

foram inoculadas com o endofítico e depois inoculadas com Fusarium oxysporum

f. sp. pisi. O estímulo dos mecanismos de defesa da planta pela sensibilização

com o endofítico ocorreu em nível de ultraestrutura. Nas raízes do controle, o

fungo cresceu abundantemente nos tecidos, inclusive no tecido vascular, ao

passo que nas raízes pré-bacterizadas o crescimento do patógeno ficou restrito à

epiderme e ao córtex externo. Nas raízes pré-bacterizadas foram observadas

reações do hospedeiro como o aumento da espessura das paredes celulares de

células epidérmicas e corticais, e aposições próximas aos sítios de infecção ricas

em calose e compostos fenólicos. Diversas enzimas estão relacionadas com a

resistência induzida, como peroxidase, polifenoloxidase, fenilalanina amônia-liase,

lipoxigenase e quitinase (YE et al., 1990; KOCH et al., 1992; SCHNEIDER &

ULLRICH, 1994; VAN LOON, 1997). Podile & Laxmi (1998), verificaram aumento

dos níveis da enzima peroxidase em plantas de ervilha tratadas com Bacillus

subtilis, e consequentemente, redução nos níveis de infecção com Fusarium

udum. Estudos posteriores no patossistema deste trabalho, envolvendo testes

enzimáticos e microscopia eletrônica, poderão confirmar o efeito de indução de

resistência do isolado 629 aqui caracterizado.

Uma outra possibilidade para explicar a redução do I.I.I. nas mudas dos

experimentos apresentados, já levantada anterioremente, é uma possível ação na

solubilização de fósforo pelo isolado 629. Akgül & Mirik, 2008, relataram que a

solubilização de fosfato por Bacillus megaterium foi útil no controle da ferrugem da

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pimenta causada por Phytophthora capsici. Estes autores enfatizam, ainda, a

importância dessa solubilização na promoção de crescimento. É possível que a

solubilização de fosfato, que como já discutido acima pode estar diretamente

ligada com a promoção de crescimento vegetal, possa, de forma indireta, ter

influenciado a redução da ação do patógeno, ao fornecer uma melhor nutrição a

planta, aumentando conseqüentemente seu vigor e tolerância a P. palmivora.

Existem outras estratégias usadas por Bacillus sp. no antagonismo a

fitopatógenos como a produção de sideróforo. Porém acreditamos que a

ocorrência desse mecanismo em nosso experimento foi pouco provável, uma vez

a produção de sideróforos pelas bactérias ocorre em resposta baixos níveis de

ferro o que não foi verificado no solo utilizado em neste experimento. Contudo,

como mencionado anteriormente (item 4.1.1), são necessários novos estudos

para avaliar as concentrações de ferro no interior da planta hospedeira, sob

nossas condições experimentais.

4.4.2 Método de aplicação e análise de P. palmivora em disco foliar

A existência de um método in vitro eficiente de avaliação de doenças é

sempre desejada em programas de pesquisa que visam selecionar genótipos

resistentes, ou comparar outros tipos de tratamentos com efeito de controle

mensuráveis, visto que a tendência é de que os custos operacionais sejam bem

menores nestes casos. Neste trabalho, buscou-se verificar a possibilidade de

empregar a técnica de avaliação da doença por discos foliares, normalmente

empregada na seleção de genótipos de cacaueiros resistentes à podridão parda e

em diversos outros patossistemas (Edna D.M.N. Luz, comunicação pessoal).

Utilizando-se o parâmetro I.I.I., não foram observadas diferenças significativas

pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade entre os tratamentos intra-genótipo

para TSH-1188 e ICS-1. Foi utilizado o método de aplicação direta da suspensão

de zoósporos de P. palmivora no disco foliar de mudas previamente inoculadas

com bactérias endofíticas (Tabela 6).

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Tabela 6: Índice de intensidade de infecção (I.I.I.) em discos foliares dos genótipos TSH-1188 e ICS-1, 6 dias após a inoculação com P. palmivora.

I.I.I. Tratam. TSH-1188 ICS-1

344 58,76 60,28

341 59,69 65,45

629 56,67 64,44

Contr 57,55 73,34

Este resultado pode ser atribuído às várias e importantes diferenças deste

método em relação ao de inoculação in planta (Tabela 7). Primeiramente, as

condições oferecidas para o desenvolvimento do patógeno pelo método do disco

foliar são muito mais favoráveis do que pelo método in planta, em virtude de que

qualquer efeito sistêmico é perdido com a remoção dos discos foliares. Outro fator

é a idade das folhas que foi de apenas de 100 dias, pois a manifestação dos

sintomas em folhas mais maduras (mais espessas), certamente, seria mais

branda. É valido ressaltar, que alguns autores como Melnick et al., (2008) têm

encontrado resultados significativos em relação a redução da intensidade de

infecção por patógenos, pelo método do disco foliar, utilizando metodologias

diferentes das aplicadas em nosso trabalho, principalmemte em relação a

inoculação com endofíticos. Enquanto utilizamos folhas de plantas que já haviam

recebido a aplicação do endofítico no solo, 80 dias antes desses testes nos

discos, estes autores realizaram a inoculação endofítica por meio de

pulverizações diretamente na folha, aplicando o patógeno num período de tempo

muito mais curto, que o usado em nosso trabalho. Por fim, pode-se argumentar

que, se o efeito dos endofíticos na proteção às plântulas se dá de forma

sistêmica, a retirada dos discos foliares do contexto fisiológico da planta pode

eliminar esse efeito, restando apenas a possibilidade de se investigar efeitos

localizados nas células dos tecidos foliares, ou alguma ação antagônica direta

entre o endofítico (previamente presente) e o patógeno aplicado.

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Tabela 7: Diferenças entre os métodos de inoculação de P. palmivora no disco foliar e in planta

Inoculação Métodos

Disco foliar in planta

Aplicação do patógeno

Diretamente sobre as folhas

Indireta (inoculação no solo)

Local e condição de condução experimental

Câmara úmida, sob escuro

Casa de vegetação, fotoperíodo aprox. 13

horas

Temperatura ambiente

Controlada mantida a 25°C

Varia durante o dia em média entre 25 e 33°C

Tempo necessário para manifestação máxima de

sintomas da doença

7 dias

2 a 3 meses

4.5. ANÁLISES DAS CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS E FÍSICAS DO SOLO

Considerando um contexto tri-trófico de interação ‘endofítico-planta-solo’,

realizou-se análise das caraterísticas físicas e composição química do solo

utilizado para os experimentos, visto que esses dados poderiam adicionar

informações relevantes para uma interpretação mais aprimorada dos resultados

experimentais. Conforme mostrado na Tabela 8, as análises revelaram um solo

de textura levemente arenosa, com teores de elementos nutrientes adequados ao

cultivo de cacau, tanto em relação aos macronutrientes (N, K, Mg, Ca, P) como

aos micronutrientes (Fe, Mn, Zn, Cu). Apenas o Zn encontra-se em concentrações

elevadas, mas que se considerou como não relevante para os estudos dos

endofíticos (George Sodré, comunic. pessoal).

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Tabela 8: Análises das características químicas e físicas do solo utilizado nos experimentos de promoção de crescimento em cacau comum e indução de resistência à P. palmivora em TSH-1188 e ICS-1.

Análise química

pH Al H+Al Ca Mg K Na N C P Fe Zn Cu Mn

H2O cmolc /dm3 g/dm3 mg/dm3

6,2 0,0 2,4 7,5 3,6 0,22 --- 2,21 24,48 8 87 45 8 220

Análise física

Areia grossa

Areia fina

Silte Argila total

Argila natural

Silte argila

Grau flocul.

Umid. equiv.

Dens. real

g/Kg % g/Kg g/cm3

432 222 232 114 34 2,03 70,2 225,1 2,68

Um dado interessante desta análise é que alumínio não foi detectado

(Tabela 8). Por outro lado, os níveis de nitrogênio e carbono podem ser

considerados altos, indicando alto teor de matéria orgânica. Sendo a fertilidade do

solo uma característica desejável ao cultivo do cacau (GRAMACHO et al, 1992),

tais condições de solo foram consideradas satisfatórias para nossos estudos,

visto que, não somente forneceram ambiente semelhante ao encontrado em

situações práticas, mas também criaram condições apropriadas para a presença

de microrganismos competidores, importantes para uma análise mais realística do

potencial de promoção de crescimento dos isolados sob estudo. Além disso,

esses dados corroboram a hipótese de que, em termos nutricionais, as mudas

provavelmente estiveram adequadamente servidas até depois da 2ª avaliação no

experimento de promoção de crescimento (item 4.1), bem como durante os

ensaios de aplicação de Phytophthora (item 4.4).

4.6. COMPARAÇÃO MORFOLÓGICA DAS COLÔNIAS DE BACTÉRIAS ENDOFÍTICA PRÉ- E PÓS-INOCULAÇÃO.

O reconhecimento das colônias crescidas em meio TSA, é um fator muito

importante para análise e comparação dos isolados pré e pós-inoculação,

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57

conforme demonstrado em trabalhos preliminares do grupo de pesquisa (LEITE,

2008). Dessa forma, as colônias foram caracterizadas em relação ao seu aspecto

morfológico. Conforme esperado para bactérias da espécie E. cloacae, o isolado

344 forma colônias pequenas, circulares, convexas, brilhantes, lisas, de coloração

levemente amarelada (Figura 16). Esta coloração se intensifica especialmente

quando o isolado é cultivado em meio TSA acrescido de Rifampicina. Já as

colônias do isolado 629 (Bacillus sp) são grandes, ligeiramente irregulares, de

bordo elevado, cremosas, coloração branca brilhante (Figura 16). Quando as

colônias desses isolados crescem ao redor do órgão da plântula de onde foram

recuperadas, a tendência é o isolado 344 formar um contorno mais definido e

restrito ao redor do tecido, enquanto que o 629 apresenta um contorno geral mais

expandido, de bordos mais irregulares (Figura 16).

Figura 16: Aspectos de colônias 344 e 629 recuperadas em meio TSA . (a) colônias de bactérias 344 e (b) 629, em segmentos de folhas de cacau; plaqueamento das colônias recuperadas dos segmentos de folhas (c) 344 e (d) 629.

4.9. COMPARAÇÃO MOLECULAR DOS ISOLADOS DE BACTÉRIAS ENDOFÍTICAS PRÉ E

PÓS-INOCULAÇÃO

Os primers gene-específicos utilizados em nossas reações de PCR foram

desenhados baseados em seqüências de outros isolados pertencentes aos

gêneros Enterobacter e Bacillus obtidas pelo grupo de pesquisa (SILVA, 2007;

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J.T. de Souza, não publicado). Foram utilizadas seqüências dos genes hsp-60

(heat shock protein de 60 kDa, presente no gênero Enterobacter) e spoA (gene de

esporulação em Bacillus spp). O gene hsp-60 tem sido utilizado principalmente

em estudos relacionados à identificação microbiana de diferentes espécies, dada

à sua existência ubíqua e às regiões de seqüência altamente conservadas (GOH

et al, 1996). O gene spoA foi descrito como um dos genes envolvidos no processo

de esporulação microbiana, uma característica presente em microrganismos do

gênero Bacillus (BAI et al, 1990). Porém, após numerosos testes sob diferentes

condições de concentração de reagentes, temperatura de anelamento, ciclagem e

amplificação, o padrão de bandeamento obtido não correspondeu ao esperado

(dados não mostrados), mostrando-se a princípio, impróprios à finalidade

proposta neste trabalho. Alguns testes finais vêm sendo realizados com novas

estoques desses primers, antes de decidir finalmente pelo seu descarte.

Num segundo conjunto de experimentos, vem sendo testado o uso de

primers RAPD (ex. Figura 17) que possam fornecer padrões de bandeamento

semelhantes para os isolados antes da inoculação e após a sua recuperação,

mantendo um padrão reprodutível em mais de uma série de análises. Tais

experimentos encontram-se em andamento e em breve serão concluídos.

Figura 17: Eletroforese em gel de agarose (1,2%) para comparação dos produtos das reações de RAPD de bactérias endofíticas – pré e pós inoculação. As amostras correspondem aos seguintes isolados: 344 (1- 2; 8 – 9; 15 – 16), 341 (3 – 4; 10 – 11; 17 – 18), 629 (5 – 6; 12 – 13; 19 – 20). Os resultados indicam a necessidade de ajustes nas condições de reação e, ou primers a serem empregados.

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5. CONCLUSÕES

- Os isolados endofíticos 344-3.2 e 629 apresentaram efeito de promoção de

crescimento vegetativo em mudas de cacau comum inoculadas nas sementes e

no solo, evidenciado pelo aumento significativo na altura da haste (ALT) e no

número de folhas (NF) das plântulas tratadas com estes endofíticos em relação

ao controle.

- As mudas de cacau comum inoculadas com isolado de Bacillus sp 629

aparentemente não exibiram tolerância ao estresse causado pelo longo período

de 200 dias a que estas plântulas permaneceram em recipiente com volume de

solo limitado e sem adubação, ao passo que o isolado 344-3.2 demonstrou os

maiores valores da primeira componente principal (CP1) na análise de biplot,

quanto à variável ‘número de sobreviventes’ (NS), para ambos métodos de

inoculação (sementes e solo).

- Plântulas tratadas com os endofíticos 629e 344-3.2 apresentaram, aos 60

dias de idade, aumento significativo das taxas fotossintéticas (A) e da condutância

estomática (gs) destes parâmetros fisiológicos .

- A maior concentração de isolados endofíticos in planta ocorreu nas raízes,

sendo que os 3 isolados testados, 344 e 341 de Enterobacter sp e 629 de Bacillus

sp, demonstraram capacidade de colonizar caules e folhas 14 dias após suas

aplicações em plântulas axênicas cultivadas em condições estéreis.

- Mudas de TSH-1188 e ICS-1 tratadas com o isolado 629 proporcionaram

diminuição significativa no índice de intensidade de infecção (I.I.I.) pelo patógeno

causador da podridão-parda, em relação ao controle e demais endofíticos

testados, quando a aplicação e avaliação da doença foi feita in planta.

- Nenhum dos isolados endofíticos mostrou efeito na redução dos sintomas

de P. palmivora nos genótipos TSH-1188 e ICS-1, pela metodologia de inoculação

do patógeno em discos foliares.

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