efeito do tratamento com suco de uvaia (eugenia uvalha ......sugerem o uso do fruto da uvaia como...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO NÚCLEO DE PESQUISAS EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS LABORATÓRIO DE BIOQUÍMICA METABÓLICA Efeito do Tratamento com Suco de Uvaia (Eugenia uvalha Cambess) Sobre a Esteatose Hepática e os Mecanismos Envolvidos no Metabolismo de Lipídios e Estresse Oxidativo em um Modelo Experimental Juliana Márcia Macedo Lopes Ouro Preto Minas Gerais 2018

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Page 1: Efeito do Tratamento com Suco de Uvaia (Eugenia uvalha ......sugerem o uso do fruto da uvaia como uma potencial terapia para injúrias hepáticas através da regulação da biogênese

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

NÚCLEO DE PESQUISAS EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

LABORATÓRIO DE BIOQUÍMICA METABÓLICA

Efeito do Tratamento com Suco de Uvaia (Eugenia uvalha Cambess)

Sobre a Esteatose Hepática e os Mecanismos Envolvidos no

Metabolismo de Lipídios e Estresse Oxidativo em um Modelo

Experimental

Juliana Márcia Macedo Lopes

Ouro Preto – Minas Gerais

2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

NÚCLEO DE PESQUISAS EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

LABORATÓRIO DE BIOQUÍMICA METABÓLICA

Efeito do Tratamento com Suco de Uvaia (Eugenia uvalha Cambess)

Sobre a Esteatose Hepática e os Mecanismos Envolvidos no

Metabolismo de Lipídios e Estresse Oxidativo em um Modelo

Experimental

Juliana Márcia Macedo Lopes

Orientadora: Profª. Drª. Maria Lucia Pedrosa

Coorientador: Prof. Dr. Marcelo Eustáquio Silva

Ouro Preto – Minas Gerais

2018

Tese de doutorado apresentado ao Programa de Pós-

Graduação em Ciências Biológicas do Núcleo de

Pesquisas em Ciências Biológicas da Universidade

Federal de Ouro Preto, como parte integrante dos

requisitos para a obtenção do Título de Doutor em

Ciências Biológicas, área de concentração: Bioquímica

Metabólica e Fisiológica.

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Catalogação: www.sisbin.ufop.br

L881e Lopes, Juliana Márcia Macedo. Efeito do tratamento com suco de uvaia (Eugenia uvalha Cambess) sobre aesteatose hepática e os mecanismos envolvidos no metabolismo de lipídios eestresse oxidativo em modelo experimental [manuscrito] / Juliana MárciaMacedo Lopes. - 2018. 109f.: il.: color; grafs; tabs.

Orientadora: Profª. Drª. Maria Lúcia Pedrosa. Coorientador: Prof. Dr. Marcelo Eustáquio Silva.

Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Instituto deCiências Exatas e Biológicas. Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas.Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas. Área de Concentração: Bioquímica Metabólica e Fisiológica.

1. Eugênia (Planta). 2. Dieta de alto teor proteico. 3. Esteatose hepática. 4.Stresse oxidativo . I. Pedrosa, Maria Lúcia. II. Silva, Marcelo Eustáquio. III.Universidade Federal de Ouro Preto. IV. Titulo.

CDU: 612.354

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Dedico esta tese aos meus pais Joana e Antônio

Marcio que sempre me educaram e me

incentivaram na busca de meus objetivos.

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APOIO FINANCEIRO

Agradeço ao auxílio financeiro da CAPES, FAPEMIG, CNPq e UFOP.

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AGRADECIMENTO

Á Profª. Drª Maria Lúcia Pedrosa e Ao Prof. Dr. Marcelo Eustáquio Silva pela

orientação, disponibilidade, sabedoria, dedicação, empenho, conselhos, motivação,

ensinamentos e valores que levarei para a vida toda. As críticas construtivas, as discussões

e reflexões foram fundamentais ao longo de todo o percurso. Sou grata a vocês por terem

me dado à oportunidade de desenvolver este trabalho, e pelos exemplos de pessoas e

profissionais que foram para mim durantes esses anos. Muito obrigada.

Á todos os colegas dos Laboratórios de Bioquímica Metabólica e Nutrição Experimental

Narinha, Joyce, Renata, Larissa, Alice, Ana Maria, Mayara, Josilene e Mariana pela

amizade e companheirismo, pela ótima convivência e por sempre estarem dispostas a

ajudar. A realização deste trabalho não seria possível sem vocês!

Ao Professor Wanderson Geraldo de Lima pela colaboração.

Ao Jair Pastor Mota e Clodoaldo Pereira dos Santos, pela ajuda nos cuidados

despendidos com os animais.

Aos laboratórios do Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas da UFOP por

gentilmente cederem o uso dos equipamentos.

Aos professores do Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas pelos

ensinamentos.

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas pela oportunidade de poder

concluir a pós-graduação em um curso de ótima qualidade.

Muito obrigada!

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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

Primeiramente agradeço a Deus por ter me concedido o dom da vida e por abençoar

sempre todos os meus passos.

Aos Meus Pais, pelo apoio incondicional, amor e dedicação e por sempre me motivarem

me mostraram o quanto era importante estudar e serem meus exemplos de vida.

Á minha irmã Isabela, pelo carinho, amizade e apoio.

Aos Meus Avós por sempre acreditarem em mim e pelas orações.

Ao Erick pelo amor, dedicação e incentivo. Por me acompanhar nessa longa caminhada,

sempre cuidando de mim. Obrigada pela compreensão e paciência.

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RESUMO

O consumo excessivo de uma dieta hiperlipídica eleva os níveis dos lipídios

plasmáticos, podendo resultar em doença hepática gordurosa não alcoólica (NAFLD). Por

outro lado, sabe-se que a dieta desempenha um papel fundamental na NAFLD, tornando

as intervenções dietéticas para a prevenção um tópico importante para pesquisas

particularmente devido à grande diversidade de compostos bioativos presentes nos

alimentos. A uvaia é um fruto pertencente à família da Mirtaceae e vem sendo estudado

por apresentar elevada capacidade antioxidante in vitro e por possuir diversos compostos

bioativos relacionados a efeitos benéficos à saúde. Assim, o presente trabalho investigou

o efeito do tratamento com suco de uvaia sobre a esteatose hepática e mecanismos

envolvendo o metabolismo de lipídios e estresse oxidativo em um modeloexperimental

de NAFLD induzida por dieta hiperlipídica. Trinta e dois ratos Ficsher fêmeas foram

divididos inicialmente em 2 grupos experimentais, um grupo (C) recebeu dieta padrão

AIN-93M, e o outro grupo (H) recebeu uma dieta hiperlipídica (25% de óleo de soja e

2% de colesterol) por duas semanas, após este período, os grupos C e H foram

subdivididos em quatro grupos de oito animais de acordo com o tratamento recebido. Os

grupos C e CUv receberam dieta padrão, e os grupos H e HUv receberam dieta

hiperlipídica, os grupos CUv e HUv receberam tratamento com suco de uvaia (2 ml),

administrado diariamente via gavagem por mais seis semanas. A administração do suco

de uvaia reduziu significativamente o colesterol total e o colesterol não-HDL, reduziu o

conteúdo de lipídios hepáticos em 23%, diminuiu o volume das macrovesículas de

gordura e melhorou os níveis séricos das transaminases, apresentando, portanto, efeito

protetor sobre a esteatose hepática. Além disso a administração do suco de uvaia

aumentou a expressão do gene relacionado a β-oxidação de ácidos graxos mediada por

PPAR-α, e modulou seu gene alvo ACOX1, diminui a expressão do gene da ácido graxo

sintase. A uvaia ainda restaurou a biogênese peroxissomal quando observado a expressão

de PEX11α, PMP70, genes relacionados com a proliferação do peroxissomo, e a catalase,

principal enzima dessa organela. E ainda, promoveu uma melhora no balanço

oxidante/antioxidante hepático quando observado os níveis de proteína carbonilada,

glutationa reduzida, atividade de catalase e atividade paraoxonásica da enzima

paraoxonase sugerindo uma proteção contra a progressão da doença. Esses achados

sugerem o uso do fruto da uvaia como uma potencial terapia para injúrias hepáticas

através da regulação da biogênese peroxisomal e do estresse oxidativo, apoiando a ideia

de que os compostos bioativos são importantes na a prevenção da NAFLD.

Palavras chave: Eugenia uvalha Cambess, Dieta hiperlipídica, esteatose hepática,

estresse oxidativo.

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ABSTRACT

Excessive consumption of a high fat diet increases plasma lipid levels and may result in

non-alcoholic fatty liver disease (NAFLD). It is known that diet plays a key role in

NAFLD, making dietary interventions for prevention an important topic for research

particularly because of the great diversity of bioactive compounds present in foods. The

uvaia is a fruit belonging to the family of Mirtaceae and has been studied for having high

antioxidant capacity in vitro and for having several phytochemical compounds related to

beneficial effects to health. The present study investigated the protective effect of uvaia

juice in an animal model of NAFLD induced by high fat diet. Thirty-two female Ficsher

rats were initially divided into 2 experimental groups, one group (C) received AIN-93M

standard diet, and the other group (H) received a hyperlipid diet (25% soybean oil and

2% cholesterol) for two weeks, after this period, groups C and H were subdivided into

four groups of eight animals according to the treatment received. Groups C and CUv

received a standard diet, and groups H and HUv received a hyperlipidic diet, the CUv and

HUv groups received treatment with uvaia juice (2 ml) administered daily via gavage for

another six weeks. The administration of urea juice significantly reduced total cholesterol

and non-HDL cholesterol, showed a protective effect on hepatic steatosis when a

reduction of hepatic lipid content was observed in 23%, a decrease in the volume of fat

macrovesicles and an improvement in serum levels transaminases. In addition, grape juice

administration modulated the expression of the PPAR-α-mediated β-oxidation-related

gene, ACOX1, and decreased the expression of the FAS-related fatty acid synthesis gene.

The uvaia also restored the peroxisomal biogenesis when the expression of PEX11α,

PMP70 and catalase was observed in steatosis rats treated with uva juice. In addition, it

promoted an improvement in hepatic oxidant / antioxidant balance when observed levels

of carbonylated protein, reduced glutathione, catalase activity and paraoxonase activity

of the enzyme paraoxonase. These findings suggest the use of uvaia fruit as a potential

therapy for liver injury by regulating peroxisomal biogenesis and oxidative stress,

supporting the idea that dietary antioxidants are a promising pathway for NAFLD

prevention.

Key words: Eugenia uvalha Cambess, high fat diet, hepatic steatosis, oxidative stress.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Espectro de condições clínicas que compõe a doença hepática gordurosa não

alcoólica (NAFLD). .......................................................................................................... 5

Figura 2- Hipótese múltipla para o desenvolvimento da doença hepática gordurosa não

alcoólica (NAFLD) ........................................................................................................... 8

Figura 3- Ativação da lipogênese celular pela regulamentação proteína de ligação aos

elementos de resposta a esterol (SREBP). ...................................................................... 11

Figura 4- Metabolismo dos ácidos graxos e NAFLD, vias de oxidação e síntese nos

hepatócitos. ..................................................................................................................... 13

Figura 5- Biogênese dos peroxissomos em células de mamíferos ................................ 15

Figura 6- Enzimas envolvidas na geração e na inativação de espécies reativas de oxigénio

(ERO). ............................................................................................................................ 19

Figura 7- Fotos mostrando A: Árvore da uvaieira; B: O fruto da uvaia maduro e expondo

as sementes; C: Suco e geleia de uvaia. ......................................................................... 23

Figura 8- Representação esquemática do delineamento experimental. ......................... 30

Figura 9 - Perfil lipídico sérico de ratos que receberam dieta controle ou dieta

hiperlipídica, tratados suco de uvaia............................................................................... 45

Figura 10- Atividade sérica da alanina aminotransferase (ALT), aspartato

aminotransferase (AST) e fosfatase alcalina de ratos que receberam dieta padrão e dieta

hiperlipídica tratados suco de uvaia................................................................................ 47

Figura 11- Fotomicrografias representativas de secções do fígado de ratos que receberam

dieta padrão ou dieta hiperlipídica e foram tratados com suco de uvaia. ....................... 48

Figura 12- Expressão do mRNA de genes envolvidos no metabolismo do colesterol no

fígado em ratos que receberam dieta padrão e hiperlipídica tratados com suco de uvaia.

........................................................................................................................................ 51

Figura 13- Expressão do mRNA de genes envolvidos na biossíntese de ácidos graxos no

fígado em ratos que receberam dieta padrão e hiperlipídica tratados com suco de uvaia.

........................................................................................................................................ 52

Figura 14- Expressão do mRNA de genes envolvidos na oxidação de ácidos graxos no

fígado em ratos que receberam dieta padrão e hiperlipídica tratados com suco de uvaia.

........................................................................................................................................ 53

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Figura 15- Expressão do mRNA de genes envolvidos na biogênese peroxissomal no

fígado em ratos que receberam dieta padrão e hiperlipídica tratados com suco de uvaia.

........................................................................................................................................ 54

Figura 16- Níveis de TBARS e proteína carbonilada no fígado de ratos que receberam

dieta controle ou dieta hiperlipídica tratados com suco de uvaia. .................................. 55

Figura 17- Atividade arilesterásica e paraoxonásica da enzima PON no soro em ratos que

receberam dieta controle ou dieta hiperlipídica tratados com suco de uvaia. ................ 56

Figura 18- Atividade das enzimas antioxidantes, superóxido dismutase, catalase,

glutationa peroxidase e glutationa redutase em ratos alimentados com dieta controle e

dieta hiperlipídica tratados com suco de uvaia. .............................................................. 57

Figura 19- Conteúdo hepático de glutationa total, glutationa oxidada, glutationa reduzida

e a relação entre a glutationa total e glutationa oxidada no fígado de ratos que receberam

dieta controle ou dieta hiperlipídica tratados com suco de uvaia. .................................. 58

Figura 20- Resumo das evidências encontradas sobre o metabolismo de lipídios e estresse

oxidativo que possivelmente contribuíram para amenizar os danos hepáticos induzidos

por dieta hiperlipídica. .................................................................................................... 66

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Composição das dietas experimentais (g/Kg de dieta). ................................. 29

Tabela 2- Sequência dos oligonucleotídeos iniciadores utilizados para a análise de qRT-

PCR. ................................................................................................................................ 33

Tabela 3- Composição centesimal, conteúdo de polifenóis totais e capacidade

antioxidante do suco de uvaia. ........................................................................................ 43

Tabela 4- Composição corporal, ganho de massa, ingestão alimentar, eficiência alimentar

e excreção fecal de ratos que receberam dieta controle e hiperlipídica, tratados com suco

de uvaia. .......................................................................................................................... 44

Tabela 5- Massa relativa do fígado, lipídios totais, colesterol total e triacilgliceróis

hepático e fecal de ratos que receberam dieta controle ou dieta hiperlipídica tratados com

suco de uvaia. ................................................................................................................. 46

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABCG5 ATP-binding cassette subfamily G transportes 5

ABCG8 ATP-binding cassette subfamily G transportes 8

ACAT-2 enzima colesterol aciltransferase-2

ACC1 acetil-CoA carboxilase 1

ACOX 1 acil-CoA oxidase 1

AG ácidos graxos

AIN do inglês, American Institute of Nutrition

ALT alanina aminotransferase

AST aspartato aminotransferase

ATP trifosfato de adenosine

BHT butilhidroxitolueno

cDNA ácido desoxirribonucleico complementar

CEA coeficiente de eficiência alimentar

Cq do inglês, Quantification cycle

CYP7A1 enzima colesterol-7α-hidroxilase

CPT-1α carnitina palmitoil transferase 1 α

DNPH 2,4-dinitrofenilhidrazina

dNTPs desoxirribonucleotídeos fosfatados

DPPH• 2,2-difenil-1- picril-hidrazil

DTNB ácido 5,5´ditio-bis (2-nitrobenzóico)

DTT Ditiotreitol

EAG equivalentes de ácido gálico

ERO espécies reativas de oxigênio

FAS ácido graxo sintase

FDN fibra detergente neutro

GPx glutationa peroxidase

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GR glutationa redutase

GSH glutationa reduzida

GSSG glutationa oxidada

H2O2 peróxido de hidrogênio

HDL Lipoproteína de alta densidade

HMG CoA – R enzima 3-hidróxi-3-metil-glutaril CoA redutase

LDL lipoproteína de baixa densidade

LDL-R receptor da lipoproteína de baixa densidade

MDA malondialdeído

NADPH-oxidase nicotinamida adenina dinucleótido fosfato oxidase

NAFLD doença hepática gordurosa não alcoólica

NASH esteato-hepatite não alcoólica

NO óxido nítrico

OH• radical hidroxila

O2•- radicais superóxido

PCR reação em cadeia da polimerase

PMPs proteínas de membranas peroxissomais

PMP70 proteína de membrana peroxissomal de 70 kDa

PON1 Paraoxonase-1

PPAR receptor ativado por proliferadores peroxissomais

PPAR-α receptor alfa ativado por proliferadores peroxissomais

qRT-PCR reação em cadeia da polimerase quantitativa pós-transcrição reversa

RNA ácido ribonucleico

rRNA ácido ribonucleico ribosomal

RO alcoxila

SDS dodecil sulfato de sódio

SDS-PAGE do inglês, sodium dodecyl sulfate polyacrylamide gel electrophoresis

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SOD superóxido dismutase

SREBP-1c proteína 1c ligadora do elemento regulado por esteróis

SREBP-2 proteína ligadora aos elementos de resposta a esterol-2

TAG Triacilgliceróis

TAR Reatividade antioxidante total

TBA ácido tiobarbitúrico

TBARS substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico

TEA trietanolamina

TEAC capacidade antioxidante equivalente ao trolox

TMB 3,3’,5,5’ tetrametilbenzidina

TMP 1,3,3-tetrametoxipropano

TNB ácido 5-tio-2-nitrobenzóico

TNF fator de necrose tumoral

TRAP potencial antioxidante reativo total

VLDL lipoproteina de muito baixa densidade

XO xantina oxidase

γ-GCS gama-glutamilcisteína sintetase

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SUMÁRIO

RESUMO................... ..................................................................................................... iv

ABSTRACT................ ..................................................................................................... v

LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................... vi

LISTA DE TABELAS ................................................................................................... vii

LISTA DE ABREVIATURAS ...................................................................................... viii

1. INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA .......................................................................... 1

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 4

2.1 Doença hepática gordurosa não alcoólica (NAFLD) .............................................. 4

2.1.1 Definição e epidemiologia da NAFLD ............................................................ 4

2.1.2. Patogênese, diagnóstico e terapia da NAFLD ............................................ 6

2.2. NAFLD e dieta hiperlipídica ............................................................................. 8

2.3. Homeostase do colesterol e NAFLD ................................................................. 9

2.4. Metabolismo dos ácidos graxos e NAFLD ...................................................... 12

2.5. Proliferação e crescimento peroxissonal .......................................................... 13

2.6. Estresse Oxidativo e NAFLD .............................................................................. 14

2.7. Sistema de defesa antioxidante enzimático ......................................................... 16

2.8. Sistema de Defesa Antioxidante não-enzimático ............................................ 18

2.9. Caracterização do fruto da uvaia (Eugenia uvalha Cambess) ......................... 20

2.9.1. Composição química do fruto da uvaia .................................................... 21

2.9.1. Compostos bioativos presentes no fruto da uvaia ......................................... 21

3. OBJETIVOS............................................................................................................ 23

3.1. Objetivo Geral .................................................................................................. 23

3.2. Objetivos Específicos .......................................................................................... 23

4. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................... 24

4.1. Suco de Uvaia .................................................................................................. 24

4.2. Preparo do Suco de Uvaia ................................................................................ 24

4.3. Caracterização do Suco de Uvaia .................................................................... 24

4.3.1. Composição Centesimal ........................................................................... 24

4.3.2. Conteúdo de polifenóis totais ................................................................... 24

4.3.3. Capacidade Antioxidante in vitro do Suco de Uvaia ................................ 25

4.4. Animais ............................................................................................................ 26

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4.5. Dietas ............................................................................................................... 26

4.6. Delineamento Experimental ............................................................................ 27

4.7. Dosagens dos metabólicos e enzimas séricos .................................................. 28

4.8. Extração e dosagem de lipídios hepáticos ....................................................... 29

4.9. Extração e dosagem de lipídios fecais ............................................................. 29

4.10. Avaliação histológica do fígado ................................................................... 29

4.11. Ensaio de RT-PCR quantitativa em tempo real ........................................... 30

4.11.1. Cálculo da eficiência dos primers ............................................................. 30

4.11.2. Extração de RNA ...................................................................................... 30

4.11.3. Síntese do cDNA ...................................................................................... 30

4.11.4. Desenho dos oligonucleotídeos iniciadores (primers) .............................. 31

4.11.5. RT-PCR Quantitativa em Tempo Real ..................................................... 32

4.12. Avaliação do estresse oxidativo ................................................................... 33

4.12.1. Peroxidação lipídica no fígado por TBARS ............................................. 33

4.12.2. Proteínas carboniladas .............................................................................. 34

4.13. Defesas antioxidantes ................................................................................... 35

4.13.1. Atividade arilesterásica e paraoxonásica da enzima Paraoxonase ........... 35

4.13.2. Atividade da enzima Catalase................................................................... 35

4.13.3. Atividade da enzima Superóxido dismutase ............................................. 36

4.13.4. Conteúdo de Glutationa total .................................................................... 36

4.13.5. Conteúdo de Glutationa oxidada .............................................................. 37

4.13.6. Conteúdo Glutationa reduzida .................................................................. 37

4.13.7. Glutationa Peroxidase e Glutationa Redutase .......................................... 38

4.14. Determinação de proteínas totais ................................................................. 39

4.15. Estatística ..................................................................................................... 40

5. RESULTADOS... .................................................................................................... 41

5.1. Composição centesimal, polifenóis totais e capacidade antioxidante do suco de

uvaia... ......................................................................................................................... 41

5.2. Composição corporal, ingestão alimentar e excreção fecal. ............................ 41

5.3. Perfil lipídico sérico ......................................................................................... 42

5.4. Massa do fígado, perfil lipídico hepático e fecal. ............................................ 43

5.5. Efeito do suco de uvaia sobre os indicadores séricos de dano hepático .......... 44

5.6. Efeito do suco de uvaia na esteatose hepática ................................................. 45

5.7. Expressão do mRNA de genes envolvidos no metabolismo de lipídios .......... 46

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5.7.1. Efeito do suco de uvaia na expressão de genes do metabolismo de colesterol

no fígado .................................................................................................................. 47

5.7.2. Efeito do suco de uvaia no metabolismo de ácidos graxos no fígado ...... 49

5.7.3. Efeito do suco de uvaia na expressão de proteínas peroxissomais ........... 51

5.8. Efeito do suco de uvaia nos biomarcadores do Estresse Oxidativo e Defesas

Antioxidantes .............................................................................................................. 53

5.9. Defesas antioxidantes ...................................................................................... 54

6. DISCUSSÃO...... ..................................................................................................... 57

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 64

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 65

9. ANEXOS............ ..................................................................................................... 85

9.1ANEXO I - Certificado de Aprovação da Comissão de Ética no Uso de

Animais......... .............................................................................................................. 85

9.2 ANEXO II – Trabalho publicado no Food Research International ..................... 86

9.3. ANEXO III – Trabalho submetido no Food Research International .................. 87

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1

1. INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA

A prevalência de doenças crônicas de origem metabólica, têm aumentado nas últimas

décadas, tendo sido responsáveis, em 2015, por 51,6% do total de óbitos na população de 30

a 69 anos no Brasil e por cerca de 70% de todas as mortes em todo o mundo (MENDIS, 2014;

MALTA et al., 2017). Esses distúrbios têm uma etiologia complexa, envolvendo fatores

genéticos, ambientais e nutricionais.

A doença hepática gordurosa não alcoólica (NAFLD) é uma das causas mais comuns de

doenças do fígado na atualidade, pois sua alta prevalência está fortemente associada com a

obesidade, resistência à insulina, hipertensão e dislipidemia e representa a principal causa de

morbidade e mortalidade ligadas a doenças do fígado (ANGULO, 2002; CHOUDHURY;

SANYAL, 2004). Estima-se que atualmente a prevalência da NAFLD seja de 25 a 30% da

população em geral (YOUNOSSI et al., 2018). A NAFLD compreende a esteatose, a qual

pode progredir para formas mais graves de hepatopatia, tais como a esteato-hepatite não

alcoólica (NASH), fibrose, cirrose e carcinoma hepatocelular (ADAMS; ANGULO, 2005;

WHITE; KANWAL; EL–SERAG, 2012).

Diversas vias metabólicas estão envolvidas com o desenvolvimento e progressão da

NAFLD entre elas: distúrbios da homeostase do colesterol hepático e acúmulo de colesterol

livre no fígado, o aumento da liberação de ácidos graxos (AG) não esterificados do tecido

adiposo, aumento da síntese de novo de AG, redução na β-oxidação (POSTIC; GIRARD,

2008; COHEN.; HORTON; HOBBS, 2011; ABREU et al., 2014).

Uma das principais características da NAFLD é o acúmulo de triacilgliceróis (TAG)

hepáticos. Os receptores ativados por proliferadores peroxissomais (PPARs) desempenham

papel importante neste contexto, eles e possuem importante função regulatória de genes

envolvidos no metabolismo dos AG, sendo um alvo terapêutico para NAFLD. As principais

funções dos PPARs são, a degradação de AG e desintoxicação de xenobióticos por meio das

vias de β-oxidação. O receptor alfa ativado por proliferadores peroxissomais (PPAR-α) é o

principal receptor envolvido no metabolismo de lipídios (GONZALEZ; PETERS;

CATTLEY, 1998; KOEK; LIEDORP; BAST, 2011). Na sobrecarga lipídica hepática, um

estímulo de PPAR-α conduz à proliferação de peroxissomos no fígado, uma vez que o PPAR-

α regula a expressão da acil-CoA oxidase 1 (ACOX 1), enzima limitante da velocidade de β-

oxidação peroxissomal. (REDDY, 2001; RAKHSHANDEHROO et al., 2010).

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Em conjunto com PPAR-α, a proteína 1c ligadora do elemento regulado por esteróis

(SREBP-1c), fator de transcrição importante na homeostase de lipídios hepática, é o que

coordena a biossíntese de AG, através do aumento da transcrição de enzimas chave, incluindo

ácido graxo sintase (FAS) e acetil-CoA carboxilase 1 (ACC1). A expressão deste fator de

transcrição encontra-se constitutivamente elevada no desenvolvimento da NAFLD

(SHIMOMURA; BASHMAKOV; HORTON, 1999).

Os peroxissomos são organelas de membrana única encontrados em quase todas as

células eucariotas. São altamente versáteis e dinâmicas cujo tamanho, forma, número e teor

de proteína adapta-se ao tipo de célula, requisitos metabólicos, e estímulos extracelulares

(SCHRADER; FAHIMI, 2006; KOCH et al., 2010). Os peroxissomos de mamíferos têm

diversas funções metabólicas, incluindo a β-oxidação de AG de cadeia muito longa, síntese

de colesterol e ésteres de lipídios e decomposição do peróxido de hidrogênio (H2O2) pela

enzima catalase (WANDERS; WATERHAM, 2006). Estudos tem demonstrado a relação

entre a diminuição das proteínas relacionadas com a proliferação dos peroxissomos e o

acúmulo de lipídios no fígado. Dentre elas a PEX 11 α e PMP 70 são importantes proteínas

peroxissomais, a deficiência de ambas pode afetar o crescimento e proliferação dos

peroxissomos, o que acomete a oxidação de AG e contribui para o acúmulo de lipídios no

fígado (WENG et al., 2013; WENG et al., 2015). Além disso no peroxissomo encontram-se

quantidades consideráveis de enzimas que podem degradar ERO, a mais conhecida e uma das

mais importantes é a catalase, enzima antioxidante responsável pela decomposição do H2O2

convertendo-o em oxigênio molecular (ANTONENKOV et al., 2010; NORDGREN;

FRANSEN, 2014).

As espécies reativas de oxigênio (ERO) são formadas durante o metabolismo celular e

das atividades funcionais e têm um importante papel em vias de sinalização vitais (SEIFRIED

et al., 2007). Contudo, o excesso dessas pode provocar danos oxidativos em biomoléculas

(SCANDALIOS, 2005; BARREIROS; DAVID; DAVID, 2006). Na NAFLD, a oxidação do

excesso de AG tanto nas mitocôndrias quanto nos peroxissomos geram ERO, a partir do

processo de β-oxidação (DAY, 2002; CHALASANI et al., 2012). No fígado, o excesso de

ERO tem papel significativo na progressão da NAFLD tornando-o susceptível a eventos

subsequentes como inflamação e fibrose, morte celular dos hepatócitos, lesão e perda de

função hepática, características de estágios mais graves de dano hepático (DAY.; JAMES,

1998; BROWNING; HORTON, 2004; ALBANO, EMANUELE, 2015).

Os maus hábitos alimentares e o sedentarismo são considerados importantes fatores de

risco para o aparecimento da NAFLD. Uma alimentação saudável tem sido descrita como um

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importante fator na prevenção e controle da NAFLD e suas consequências. Estudos vêm

demonstrando que o consumo de frutas, hortaliças e grãos podem prevenir inúmeras doenças,

benefício este associado à ingestão de substâncias contidas nestes alimentos. A presença de

compostos fenólicos, tais como flavonoides, ácidos fenólicos, antocianinas, vitaminas C,

vitamina E e carotenoides contribuem para os efeitos benéficos desses alimentos na prevenção

de distúrbios metabólicos (DONGIOVANNI et al., 2016).

Neste contexto, muitas frutas brasileiras nativas da Mata Atlântica, como a uvaia, têm

grande potencial de mercado, despertando grande interesse nacional, principalmente por suas

características nutricionais, fitoterápicas e seu sabor exótico. A uvaia, pertencente à família

da Mirtaceae e vem sendo estudada por apresentar elevada capacidade antioxidante in vitro e

por possuir diversos compostos fitoquímicos relacionados a efeitos benéficos à saúde

(ANDERSEN; ANDERSEN, 1988; RUFINO et al., 2010; HAMINIUK et al., 2011). Dos

compostos presentes na uvaia destacam-se os polifenóis e os carotenoides (DA SILVA et al.,

2014). No entanto, ressalta-se que estudos in vivo utilizando a uvaia ainda são escassos.

Portanto, considerando que uma dieta hiperlipídica pode desencadear a NAFLD e que

a progressão da doença tem consequências graves, e tendo em vista a sua alta prevalência em

todo o mundo e a falta de tratamento efetivo justifica-se a busca por alimentos ricos em

compostos bioativos, como os polifenois, que possam apresentar benefícios sobre a NAFLD

e os danos oxidativos relacionados ao seu desenvolvimento. Assim, considerando a

composição fitoquímica do fruto da uvaia a hipótese deste trabalho é que o suco de uvaia seja

capaz de atenuar a esteatose hepática, as alterações do metabolismo de lipídios e o estresse

oxidativo decorrente da ingestão de dieta hiperlipídica

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Doença hepática gordurosa não alcoólica (NAFLD)

2.1.1 Definição e epidemiologia da NAFLD

A NAFLD é o termo usado para descrever um espectro de alterações histopatológicas

que é caracterizada por excessiva deposição de lipídios nos hepatócitos (esteatose hepática),

na ausência de consumo significativo de álcool, hepatite viral, ou de outras doenças do fígado

(LUDWIG et al., 1980; COHEN; HORTON; HOBBS, 2011; CHALASANI et al., 2012;

LOMONACO et al., 2013).

Histologicamente a NAFLD é dividida em esteatose hepática e NASH. A esteatose é

definida como um acúmulo de lipídios na forma de vacúolos macro e/ou microvesiculares em

mais de 5% dos hepatócitos. Devido à atividade inflamatória progressiva, a esteatose pode

evoluir para NASH, que envolve inflamação hepática, morte celular por apoptose, vários graus

de fibrose hepática e pode eventualmente resultar em cirrose e/ou insuficiência hepática

podendo evoluir até mesmo para um carcinoma hepatocelular (ALBANO et al., 2005;

COHEN.; HORTON; HOBBS, 2011; TANDRA et al., 2011) (Figura 1).

A esteatose hepática pode manifestar-se de duas formas, dependendo do tamanho dos

vacúolos de lipídios em esteatose macrovesicular e esteatose microvesicular. Na NAFLD é

geralmente vista esteatose macrovesicular na qual um único vacúolo grande de lipídio desloca

o núcleo para a periferia. Muitas vezes a esteatose macrovesicular pode estar presente com

gotículas grandes e pequenas que podem se unir. A esteatose macrovesicular isolada é

considerada como tendo um bom prognóstico a longo prazo, com rara progressão para fibrose

ou cirrose. A esteatose microvesicular é representada por hepatócitos contendo inúmeros e

pequenos vacúolos de gordura, não ocorrendo o deslocamento periférico do núcleo e reflete

alterações mais graves do metabolismo celular, está comumente relacionada a insuficiência

hepática grave e a defeitos severos na β-oxidação mitocondrial. (BURT; MUTTON; DAY,

1998; BRUNT; TINIAKOS, 2010; TANDRA et al., 2011).

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Figura 1- Espectro de condições clínicas que compõe a doença hepática gordurosa não

alcoólica (NAFLD).

Esquema da progressão da NAFLD (A). O acúmulo de triacilgliceróis nos hepatócitos causa

a esteatose. A esteatose associada à inflamação, morte celular e fibrose caracteriza a esteato

hepatite não alcoólica (NASH) que pode evoluir para cirrose e hepatocarcinoma celular.

Seções histológicas ilustrando o fígado normal, esteatose, NASH e cirrose (B). As fibras de

colágeno estão coradas em azul pelo tricrômico de Masson. CV, veia central; PT, tríade portal.

Fonte: Adaptado COHEN; HORTON; HOBBS (2011)

Atualmente, a NAFLD é reconhecida como a forma mais comum de doença do fígado

em todo o mundo e afeta 25 e 30% da população geral. A NAFLD é frequentemente associada

as características da síndrome metabólica e é considerada uma manifestação hepática da

síndrome metabólica. Entre os pacientes obesos, aproximadamente 60% apresentam esteatose,

20-25% têm NASH e 2-3% apresentam cirrose (DIXON; BHATHAL; O'BRIEN, 2001;

TANDRA et al., 2011). A NAFLD é altamente prevalente em todos os continentes, mas as

taxas mais altas são reportadas na América do Sul (31%) e no Oriente Médio (32%), seguido

pela Ásia (27%), EUA (24%) e Europa (23%) e é menos comum na África (14%). Estima-se

que 10% dos pacientes com esteatose hepática irá avançar para uma condição mais grave

(NASH) (YOUNOSSI et al., 2016; YOUNOSSI et al., 2018). Devido sua alta prevalência e o

fato de que fígados gordurosos são mais vulneráveis a progressão para NASH, a probabilidade

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de morbidade e mortalidade aumenta. De fato, dados recentes mostram que NASH deverá

tornar-se a principal causa de transplante de fígado em 2020. Finalmente, a NAFLD tem sido

também associada a um risco aumentado de diabetes mellitus tipo II e doença cardiovascular

(DCV) (CHARLTON et al., 2011; VERNON; BARANOVA; YOUNOSSI, 2011; ANSTEE;

TARGHER; DAY, 2013; BYRNE; TARGHER, 2015).

2.1.2. Patogênese, diagnóstico e terapia da NAFLD

Conceitos atuais sobre a patogênese da doença ainda estão evoluindo com novas

informações a partir de modelos experimentais e estudos em seres humanos e animais

(MARRA; LOTERSZTAJN, 2013). Inicialmente DAY; JAMES (1998) propuseram a ''teoria

dos dois hits'' para explicar a origem e progressão da NAFLD. No "primeiro hit", o acúmulo

de TAG hepáticos aumentam a suscetibilidade do fígado a lesões mediadas por "segundos

hits", como citocinas/adipocinas inflamatórias, disfunção mitocondrial e estresse oxidativo,

que por sua vez levam a NASH e/ou fibrose.

O primeiro “hit” é o resultado do estilo de vida sedentário, dieta hiperlipídica,

obesidade e resistência à insulina que culmina em um metabolismo desregulado de AG

levando ao acúmulo de lipídios hepáticos que pode ser causado por diversos mecanismos,

entre eles: o aumento da oferta e absorção de AG devido ao excesso da ingestão de lipídios

ou maior lipólise no tecido adiposo, aumento da síntese hepática de novo de AG e TAG,

diminuição da síntese ou secreção hepática de lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL)

e da exportação de TAG e a falha na eliminação de AG devido ao comprometimento da β-

oxidação mitocondrial e peroxissomal hepática (SANYAL et al., 2001; SARGIN et al., 2003;

TAKAMURA et al., 2012; PEVERILL; POWELL; SKOIEN, 2014). O desenvolvimento da

esteatose (primeiro “hit”) provoca lipotoxicidade primária causando produção elevada de

ERO no interior dos hepatócitos e consequente aumento da peroxidação lipídica que

sensibiliza o fígado, aumentando a susceptibilidade e vulnerabilidade ao segundo “hit”,

caracterizado pela inflamação hepática (XU et al., 2015). A ativação das vias inflamatórias

pode ser desencadeada por vários estímulos tais como: estresse oxidativo, citocinas pró-

inflamatórias, lipólise alterada, lipotoxicidade, colesterol intra-hepático anormal,

hiperinsulinemia, disfunção mitocondrial, desregulação da sinalização das adipocinas e morte

celular (apoptose e necrose) podendo conduzir a progressão da doença para NASH (WOBSER

et al., 2009; TAKAHASHI; SOEJIMA; FUKUSATO, 2012; CAZANAVE; SANYAL, 2016).

A teoria dos dois hits é considerada a teoria tradicional do desenvolvimento da patogênese

da NAFLD. Contudo, essa teoria já foi modificada diversas vezes, pois, devido à

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complexidade e heterogeneidade de fatores envolvidos que incluem resistência à insulina,

estresse oxidativo, inflamação, disfunção mitocondrial, dentre outros fatores, não é possível

definir isoladamente uma única alteração associada a progressão da doença. Assim têm

proposto o modelo dos múltiplos hits, o qual considera que a esteatose hepática se instala por

mecanismos patogênicos distintos agindo em conjunto em indivíduos geneticamente

predispostos e fornece uma explicação mais precisa da patogênese da NAFLD. Tais “hits”

incluem resistência à insulina, hormônios secretados pelo tecido adiposo (TNF-α e IL-6),

fatores nutricionais (dieta hiperlipídica), microbiota intestinal e fatores genéticos e

epigenéticos. (TAKAKI; KAWAI; YAMAMOTO, 2014; BUZZETTI; PINZANI;

TSOCHATZIS, 2016). O primeiro hit consiste na resistência à insulina combinada com

diversas disfunções metabólicas, gerando esteatose simples e expondo o fígado aos riscos dos

demais “hits”, tais como: ativação de vias do estresse oxidativo, ativação de citocinas pro

inflamatórias, estresse do retículo endoplasmático e ativação das vias de sinalização da

apoptose e fibrogênese, que culminarão em NASH e cirrose hepática (MCCULLOUGH,

2006; WATANABE, 2017) (Figura 2). Ambas as hipóteses têm em comum que a esteatose

simples é a base para o desenvolvimento da esteato-hepatite (WREE et al., 2013;

BETTERMANN; HOHENSEE; HAYBAECK, 2014).

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Figura 2- Hipótese múltipla para o desenvolvimento da doença hepática gordurosa não

alcoólica (NAFLD)

Fatores dietéticos e ambientais, juntamente com a obesidade, levam a níveis séricos elevados

de ácidos graxos (AG) e colesterol, desenvolvimento de resistência à insulina, proliferação e

disfunção de adipócitos e alterações na microbiota intestinal. A resistência à insulina atua no

tecido adiposo, induz lipólise e liberação de adipocinas e citocinas pró-inflamatórias No

fígado, a resistência à insulina amplifica a lipogênese “de novo” (DNL). O aumento do fluxo

de AG hepáticos e uma microbiota intestinal alterada leva a síntese e acúmulo de triglicerídeos

(TG) e níveis 'tóxicos' de AG, colesterol livre que causaram disfunção mitocondrial e

peroxissomal e aumento da produção de ERO e estresse do retículo endoplasmático (RE)

levando à inflamação hepática e consequentemente esteato-hepatite não alcoólica (NASH).

Fonte: Adaptado de BUZZETTI; PINZANI; TSOCHATZIS (2016)

Em todos os estágios, a NAFLD é habitualmente assintomática. Enzimas indicadoras

de danos hepáticos elevadas pode ser um indício que existe alguma doença associada.

Elevações nos níveis de alanina aminotransferase (ALT) e aspartato aminotransferase (AST)

ocorrem em até 90% dos casos e são alterações mais comumente encontradas (FARRELL;

LARTER, 2006). Os sintomas, quando existentes, são pouco específicos como dor no

quadrante abdominal superior direito. O melhor método para o diagnóstico para NAFLD é a

biópsia hepática, no entanto por se tratar de um procedimento invasivo não é sempre requerido

(CARVALHEIRA; SAAD, 2006; CAVE et al., 2007; TARGHER et al., 2016). Contudo, a

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esteatose também pode ser diagnosticada por meios não invasivos, por exemplo, através de

técnicas radiográficas, como ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância

magnética (YEN et al., 2017).

As opções terapêuticas para o tratamento da NAFLD são limitadas e se baseiam

principalmente em modificações no estilo de vida e dieta, recomendações gerais incluem uma

redução nos consumos de gordura total, AG saturados e AG trans, além disso, o consumo de

dietas ricas em frutas e legumes são utilizadas para a prevenção da NAFLD (DONGIOVANNI

et al., 2016). Essas dietas proporcionam quantidades significativas de componentes bioativos,

alguns com efeitos benéficos já conhecidos, como por exemplo, os compostos fenólicos, estes

visam reduzir os fatores de risco associados ao desenvolvimento e progressão da doença,

principalmente a resistência à insulina e o estresse oxidativo (MUSSO et al., 2003). Estatinas

(hipolipidemiantes), glitazonas (sensibilizadores de insulina), metiformina tem sido utilizado

como terapias, porém nenhuns destes medicamentos são específicos para NAFLD (MUSSO

et al., 2010; LOMONACO et al., 2013). Dessa forma é importante o desenvolvimento de

investigações com o intuito de esclarecer os mecanismos envolvidos na patogênese da doença

e estabelecer então estratégias farmacológicas e terapias nutricionais.

2.2. NAFLD e dieta hiperlipídica

Diversos fatores estão associados a NAFLD, entre eles deve-se considerar a

predisposição genética e fatores ambientais que também têm um papel importante. Um dos

fatores mais relevantes são os hábitos alimentares. Em estudo publicado por LESLIE et al.

(2014) observaram que pacientes com NAFLD eram mais propensos a relatar o consumo de

alimentos processados e com alto teor de gordura e se abstendo do consumo de frutas frescas.

(KIM et al., 2010; MCCARTHY; RINELLA, 2012; LESLIE et al., 2014).

Estudos em animais investigaram a NAFLD resultante de uma dieta hiperlipídica.

Uma dieta acrescida de 0,5% a 1,0% de colesterol aumentou os níveis de VLDL e lipoproteína

de baixa densidade (LDL) no soro de ratos e modificou o metabolismo de TAG, aumentando

o teor desses no fígado e desenvolvendo a esteatose hepática (WANG, D.; WEI;

PAGLIASSOTTI, 2006; LEE et al., 2009; ARGUELLO et al., 2015; LIANG et al., 2015).

Também, ABREU et al. (2014) usaram uma dieta hiperlipídica consistindo em 25% de soja

óleo e 1% de colesterol administrada por oito semanas, sendo efetiva na indução de esteatose

hepática em ratos.

LIU; HUANG; HUANG (1995) sugeriram que a lipogênese aumentada, a diminuição

da oxidação de AG e diminuição da secreção de VLDL são causas para o acúmulo de TAG

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no fígado de ratos alimentados com excesso de lipídios. FUNGWE et al. (1994) em seu estudo

relataram um maior depósito de TAG no fígado devido à ingestão elevada de colesterol.

Embora a esteatose hepática seja caracterizada pelo aumento na concentração de TAG,

o aumento correspondente de colesterol pode também desempenhar um papel bioquímico no

acúmulo de lipídios no fígado. Estudos realizados em humanos apoiam a hipótese de que a

adição de colesterol na dieta desempenha um papel no desenvolvimento da NASH. Além

disso, o consumo de colesterol na dieta foi associado de forma independente ao

desenvolvimento de cirrose. Em camundongos e ratos, a presença em excesso de triacilglicerol

e colesterol na dieta foi necessário para o desenvolvimento de NASH e suas anormalidades

metabólicas associadas (IOANNOU et al., 2009; SAVARD et al., 2013; ABREU et al., 2014;

ARGUELLO et al., 2015).

O excesso de lipídios também pode levar a lesão hepática por meio da ativação de

vias de sinalização intracelular em células de Kupffer e hepatócitos, a ativação destas promove

inflamação e fibrose. O acúmulo de lipídios em mitocôndrias e peroxissomos do fígado pode

também induzir a disfunção dessas organelas, o que resulta no aumento da produção de ERO,

culminando na progressão da doença (ARGUELLO et al., 2015).

2.3. Homeostase do colesterol e NAFLD

O colesterol tem sido apontado como um fator de risco e gravidade da NAFLD

(MUSSO et al., 2003; ARGUELLO et al., 2015). SAVARD et al. (2013) demonstraram que

uma dieta hiperlipídica que continha 15% de gordura saturada e 1% de colesterol causou o

desenvolvimento de um grau de esteatose hepática pronunciado, inflamação substancial e

fibrose perisinusoidal (esteato-hepatite), associada com inflamação do tecido adiposo. Além

disso, os autores demonstraram que os efeitos hepáticos e metabólicos induzidos pela gordura

e colesterol da dieta em conjunto foram bem maiores do que os efeitos encontrados para cada

um dos componentes da dieta avaliados separadamente, demonstrando uma interação positiva

significativa. ICHIMURA et al. (2015) também mostraram uma indução de NASH

caracterizada por um maior acúmulo de TAG, inflamação, balonização dos hepatócitos,

fibrose e progressão à cirrose com a adição de colesterol à dieta hiperlipídica.

A homeostase de colesterol hepático está amplamente desregulada na NAFLD e

alterações das vias de síntese e excreção do colesterol no fígado em diferentes níveis podem

promover o acúmulo de colesterol livre e TAG no fígado. De fato, a síntese de colesterol

hepático mostrou-se aumentada em NAFLD. O excesso de colesterol hepático na NAFLD

pode resultar em alterações no transporte de colesterol intracelular e na homeostase do mesmo

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caracterizada pela ativação de vias de síntese e desesterificação do colesterol além da

diminuição da exportação do colesterol e síntese de ácidos biliares (SAVARD et al., 2013;

ARGUELLO et al., 2015).

Genes alvos que regulam o metabolismo de colesterol podem ser controlados por diversos

mecanismos. A síntese endógena do colesterol é controlada pela proteína de ligação aos

elementos de resposta a esterol -2 (SREBP-2). O fator de transcrição SREBP-2 é capaz de se

ligar a elementos de resposta a esterol localizados na região promotora de genes relacionados

à síntese do colesterol, como o da enzima 3-hidróxi-3-metil-glutaril CoA redutase (HMG CoA

– R) e do receptor da lipoproteína de baixa densidade (LDL-R), ativando a transcrição desses

genes e promovendo o aumento na concentração intracelular de colesterol (BROWN;

GOLDSTEIN, 1997; MISEREZ et al., 2002; EBERLE et al., 2004). Outro destino do

colesterol livre é a sua eliminação via formação de ácidos biliares catalisado pela enzima

colesterol-7α-hidroxilase (CYP7A1). A eliminação direta do colesterol na bile é controlada

pelos transportadores ATP-binding cassette subfamily G transportes 5 e 8 (ABCG5 e

ABCG8). Além destes destinos, o colesterol também pode ser reesterificado pela ação da

enzima colesterol aciltransferase-2 (ACAT-2) e armazenado (YU et al., 2002; TEMEL et al.,

2007; GUO, J. et al., 2011; YIU et al., 2011) (Figura 3).

Figura 3- Ativação da lipogênese celular pela regulamentação proteína de ligação aos

elementos de resposta a esterol (SREBP).

Níveis de esteróis celulares controlam a atividade do fator de transcrição SREBP. As SREBPs

(vermelho) são sintetizadas como precursores inativos no retículo endoplasmático (ER), que

residem num complexo com a proteína ativadora de clivagem (SCAP) (verde) e o gene 1

induzido por insulina (INSIG) (azul claro). Fonte: Adaptado (LE HELLARD et al., 2009).

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Diversos transportadores afetam diretamente ou indiretamente a absorção intestinal de

colesterol. Neste contexto, os transportadores ABCG5 e ABCG8 desempenham papéis

significativos na excreção de colesterol direto por via biliar (GRUNDY, 1983; WILSON;

RUDEL, 1994; YU et al., 2002). Outro destino do colesterol livre é a sua eliminação via

formação de ácidos biliares. A formação de ácidos biliares a partir do colesterol é catalisada

pela enzima CYP7A1.Essa enzima é determinante da velocidade de síntese dos ácidos biliares

e é o principal mecanismo de eliminação do colesterol (CHIANG, 2004; LI, T. et al., 2011).

Estudos têm demonstrado que o colesterol dietético induz o aumento da atividade de CYP7A1

e um aumento significativamente alto na expressão de RNAm dessa enzima (BOONE et al.,

2011; GUO et al., 2011; YIU et al., 2011).

Além destes destinos, o colesterol também pode ser esterificado pela ação da ACAT-

2. O excesso de colesterol é muitas vezes armazenado como éster de colesterol como uma

forma de manter o gradiente de concentração (CHANG et al., 2010). A ACAT-2, no fígado

desempenha um papel importante na síntese e a secreção de partículas de lipoproteínas de

muito baixa densidade (VLDL) e a absorção de colesterol (AZUMA et al., 2001) A atividade

da ACAT-2 depende da disponibilidade de colesterol hepático, sugerindo que a homeostase

da atividade de ACAT-2 é importante para a regulação da absorção de colesterol e secreção

de VLDL hepática. Estudos in vitro e in vivo indicam que a inibição da atividade de ACAT-2

pode reduzir o teor de éster de colesterol hepático e a secreção de VLDL, diminuindo a

absorção de colesterol (HYLEMON; PANDAK; VLAHCEVIC, 2001; SHELNESS;

SELLERS, 2001; TEMEL et al., 2007; FERRAMOSCA; ZARA, 2014).

2.4. Metabolismo dos ácidos graxos e NAFLD

O fígado é exposto a vários tipos de lipídios da dieta, o fluxo excessivo de AG livres no

fígado através da veia porta pode causar NAFLD (RASO et al., 2013). Os AG da dieta estão

envolvidos na lipogênese hepática e podem desempenhar um papel duplo na patogênese da

esteatose hepática, pois estão envolvidos tanto no seu desenvolvimento quanto na reversão do

acúmulo de lipídios hepáticos. A composição de AG da dieta é um componente importante no

desenvolvimento da NAFLD, uma vez que 15% dos TAG do fígado são provenientes da dieta

(FERRAMOSCA; ZARA, 2014) (Figura 4).

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Figura 4- Metabolismo dos ácidos graxos e NAFLD, vias de oxidação e síntese nos

hepatócitos.

A má alimentação, obesidade e resistência à insulina aumentam a captação hepática, assim

como a síntese de AG pelos hepatócitos, o que resulta no acúmulo de AG armazenados como

triglicerídeos e no desenvolvimento de esteatose (setas verdes). Na NAFLD, a ativação do

fator de transcrição PPAR-α induz a up regulation das enzimas ACOX-1 e CPT-1 nos

peroxissomos e nas mitocôndrias, respectivamente. Ambos catalisam a β-oxidação AG e

como resultado O2•- e H2O2 são formados (setas laranjas). As ERO produzidas nesses

processos são capazes de oxidar biomoléculas, sensibiliza os hepatócitos para a morte celular,

o que constitui um processo chave no desenvolvimento da NASH (setas vermelhas). NAFLD.

NAFLD, doença hepática gordurosa não alcoólica; NASH, esteato-hepatite não alcoólica;

AG, ácidos graxos; PPAR-α, receptor alfa ativado por proliferadores peroxissomais; ACOX-

1, acil-CoA oxidase 1; CPT-1, Carnitina palmitoil transferase 1; SREBP-1c, Proteína 1c

ligadora do elemento regulado por esteróis; FAS, ácido graxo sintase; ACC, acetil CoA

carboxilase; ERO, espécies reativas de oxigênio. Fonte: Adaptado de REINIERS et al. (2014).

PPAR-α é um fator de transcrição ativado por ligante, predominantemente expresso no

fígado e é um dos principais reguladores do metabolismo de lipídios, sua ativação leva ao

aumento na oxidação de AG no fígado (GROSS et al., 2017). Esse fator de transcrição se liga

a regiões específicas do DNA denominadas elemento de resposta a proliferadores de

peroxissomos, ativando a transcrição de genes alvo, dentre eles, carnitina palmitoil transferase

1 α (CPT-1α) e ACOX-1, e assim estimula a β-oxidação mitocondrial e peroxissomal, reduz

a biossíntese de lipídios e dessa forma previne o acúmulo excessivo de TAG e

consequentemente a NAFLD (MANDARD; MÜLLER; KERSTEN, 2004; GRYGIEL-

GÓRNIAK, 2014) (Figura 4).

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É importante enfatizar que o principal processo de oxidação e eliminação dos AG, a β-

oxidação, ocorre não somente na mitocôndria, mas também em peroxissomos. Os

peroxissomos são capazes de oxidar AG livres mais rapidamente que as mitocôndrias e

aumentam a capacidade da célula em metabolizar esses lipídios. Na esteatose hepática caso

ocorra uma estimulação do PPAR-α pode ocorrer um aumento da expressão de ACOX-1,

enzima limitante para β-oxidação peroxissomal, e amenizar os danos causados pelos lipídios

hepáticos (BENZIE, 1996; KOEK; LIEDORP; BAST, 2011; OSHIDA et al., 2015).

As proteínas de ligação a elementos reguladores de esteróis (SREBPs) são fatores de

transcrição que ativam a síntese de AG, TAG e colesterol. A superativação dos SREBPs no

fígado causa acumulação de TAG e consequentemente a esteatose hepática (MOON et al.,

2012). O SREBP-1c é responsável por coordenar a biossíntese de AG, através do aumento da

transcrição de enzimas chaves, sendo um importante fator de transcrição envolvido na

homeostase dos lipídios hepáticos. O aumento do consumo de lipídios, incluindo o colesterol

ativa SREBP-1c, que pode estar envolvido na síntese excessiva de colesterol hepático e tem

como alvo várias enzimas lipogênicas tais como ACC1 e FAS induzindo a lipogênese e

consequentemente o acúmulo de lipídios hepáticos (ZHOU et al., 2008). A expressão deste

fator de transcrição é constitutivamente elevada em indivíduos com resistência à insulina, e

está associada ao acúmulo de TAG e desenvolvimento da esteatose hepática (SHIMOMURA;

BASHMAKOV; HORTON, 1999) (Figura 4).

2.5. Proliferação e crescimento peroxissonal

Os peroxissomos são organelas onipresentes delimitadas por apenas uma membrana. Os

peroxissomos de mamíferos possuem diversas funções metabólicas importantes, entre elas a

β -oxidação de AG de cadeia muito longa, a síntese de colesterol e éteres de lipídios e o

metabolismo de H2O2 (LAZAROW; FUJIKI, 1985) o que implica a presença de muitas

proteínas na matriz peroxissomal. Uma das mais importantes proteínas da matriz peroxissomal

é a enzima catalase, enzima antioxidante responsável pela decomposição do H2O2. Os

peroxissomos podem se multiplicar pelo crescimento e divisão e a sua proliferação pode ser

dividida em pelo menos três etapas distintas em células de mamíferos, incluindo alongamento,

segregação e constrição da membrana e divisão (TITORENKO; RACHUBINSKI, 2001;

HOEPFNER et al., 2005; FAGARASANU; FAGARASANU; RACHUBINSKI, 2007;

HETTEMA; MOTLEY, 2009).

Os mecanismos de multiplicação do peroxissomo têm sido assunto de debate, e dois

modelos têm dominado o campo de estudo. No primeiro os peroxissomos formam-se de novo

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a partir do retículo endoplasmático através de um processo de maturação (TABAK et al.,

2006). HOEPFNER et al. (2005) propuseram que, durante a formação “de novo”, vesículas

pré peroxissômicas surgem da membrana do retículo, em seguida ocorre a formação de

estruturas que adquirem proteínas de membranas peroxissomais (PMPs) para formação dos

peroxissomos maduros. No segundo, os peroxissomos se multiplicam por crescimento e

divisão, estas vesículas podem ainda formar peroxissomas maduros após a fusão, e importação

de proteínas da matriz. (LAZAROW, 2003). (Figura 5)

Figura 5- Biogênese dos peroxissomos em células de mamíferos

Os peroxissomos são formados por duas vias distintas: a biogênese de novo; e crescimento e

divisão dos peroxissomas existentes. RE, Retículo endoplasmético; PMPs, Proteínas de

membrana peroxissomal; PEX 11, Peroxina 11. Fonte: Adaptado de MA; AGRAWAL;

SUBRAMANI (2011)

A proteína de membrana peroxissomal de 70 kDa (PMP70) é um dos principais

componentes das membranas dos peroxissomos. Em roedores, PMP70 é induzida pela

administração de agentes hipolipidêmicos em paralelo com a proliferação do peroxissomo e a

indução de enzimas peroxissomais da β-oxidação de AG (IMANAKA et al., 2000). A

superexpressão de PMP70, em células leva a um aumento de duas a três vezes a taxa de β-

oxidação de ácido palmítico, sugerindo que a PMP70 está envolvida no transporte de ácido

graxos de cadeia longa através da membrana peroxissomal. Além disso, estudo em

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camundongos knockout PMP70, também foi relacionado com o transporte de outros tipos de

AG (JIMENEZ-SANCHEZ et al., 2000).

As proteínas que controlam a montagem, divisão e a herança do peroxissoma são

denominadas peroxinas (codificadas pelos genes PEX). Pex11 são proteínas de membrana

necessárias para a biogênese dos peroxissomos e mostraram-se promotoras da divisão de

peroxissomos em leveduras e células de mamíferos (SUBRAMANI, 1998; MA; AGRAWAL;

SUBRAMANI, 2011). Nos mamíferos, três subtipos do gene Pex11 (α, β e γ) foram

identificados e mapeados em diferentes cromossomos. Pex11 α e Pex11 γ são específicas de

tecido e expressas mais proeminente no fígado e Pex11 β é expresso de forma ubíqua.

(SCHRADER et al., 1998; DELILLE et al., 2010; KOCH et al., 2010). LI, X.; GOULD (2002)

observaram em seu estudo que uma produção excessiva de Pex11α foi suficiente para induzir

a proliferação de peroxissomos em células cultivadas de rato e de humano. Além disso,

WENG et al. (2013) demostraram que Pex11α é importante para o crescimento e divisão dos

peroxissomos e que a deficiência de Pex11α afeta o alongamento e abundância de

peroxissomos, e consequentemente a oxidação de AG, contribuindo para o aumento de

lipídios hepáticos.

2.6. Estresse Oxidativo e NAFLD

Espécies reativas de oxigênio resultam de processos metabólicos normais e

importantes para manter funções biológicas relevantes. Porém o aumento da produção destas

juntamente com a desordem no sistema de defesa antioxidante resultam em um desequilíbrio

em favor da geração de radicais livres ou em detrimento da velocidade de remoção desses,

levando ao dano oxidativo celular também conhecido como estresse oxidativo (FERREIRA;

MATSUBARA, 1997; SEIFRIED et al., 2007). O estresse oxidativo é uma característica

importante no desenvolvimento e progressão da NAFLD (BROWNING; HORTON, 2004;

ROLO; TEODORO; PALMEIRA, 2012).

As ERO compreendem um grupo de oxidantes, que incluem os radicais livres e as

espécies moleculares capazes de gerar radicais livres, como os peróxidos (CERQUEIRA; DE

MEDEIROS; AUGUSTO, 2007; NARANG; YADAV; VAIDYA, 2011). Tais espécies

abrangem radicais livres derivados do oxigênio tais como, os íons superóxido (O2•-), íons

hidroxila (OH•) e óxido nítrico (NO•) e alcoxila (RO•) e derivados não radicais do oxigênio

como o H2O2 (FRIDOVICH, 1998; HALLIWELL; GUTTERIDGE, 2015).

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Vários sistemas de enzimas que podem produzir ERO foram identificados. Algumas

parecem ser de grande importância como, por exemplo, a nicotinamida adenina dinucleótido

fosfato oxidase (NADPH-oxidase), xantina oxidase (XO) e as enzimas da cadeia respiratória

mitocondrial (LI.; HORKE; FÖRSTERMANN, 2013). A NADPH-oxidase produz O2•-

através da transferência de elétrons a partir de NADPH para dentro da célula reduzindo o

oxigênio molecular. A principal fonte de XO é o fígado. A liberação de XO a partir desse

órgão é aumentada em situação de hiperlipidemia. A XO doa elétrons para o oxigénio

molecular, produzindo, assim, O2•- e H2O2 (TANG et al., 2014).

Estas moléculas reativas em baixas concentrações atuam em mecanismos de defesa

contra agentes infecciosos e modulam vias de sinalização redox celular (SIES, 2015). No

entanto, quando não neutralizadas, podem modificar e causar danos em diversos componentes,

como por exemplo, na estrutura e na função de ácidos nucleicos, lipídios e proteínas.

Compostos podem ser produzidos devido a estes danos e são, portanto, usados como medidas

indiretas do estresse oxidativo (HALLIWELL; WHITEMAN, 2004). Como por exemplo,

degradação oxidativa dos lipídios produz malondialdeído (MDA), danos em proteínas podem

gerar produtos da carbonilação e oxidação da cadeia lateral, como a formação e acumulação

de proteína carbonilada, ambos MDA e proteína carbonilada são marcadores de dano

oxidativo que são utilizados como parâmetros para medir o dano oxidativo (PIRINCCIOGLU

et al., 2010).

Dentre os fatores envolvidos nos múltiplos hits da patogênese da NAFLD, o estresse

oxidativo desempenha um papel central e se correlaciona com a severidade da doença

(SEIFRIED et al., 2007). A maior disponibilidade de AG nos hepatócitos na NAFLD, pode

causar alterações na morfologia da mitocôndria e do peroxissomo levando a um dano em

ambas as organelas que é comum em indivíduos com NAFLD, já que uma grande quantidade

de lipídios na dieta é um importante fator para aumentar os níveis de colesterol e TAG no

fígado e consequentemente levar a maior formação de ERO, devido ao maior vazamento de

elétrons da cadeia respiratória nas mitocôndrias e maior formação de peroxido de hidrogênio

nos peroxissomos (BALKAN et al., 2004; ROLO; TEODORO; PALMEIRA, 2012; LI, et al.,

2015).

As mitocôndrias são capazes de produzir ERO já que a principal fonte celular destas

espécies é a cadeia respiratória mitocondrial, essas são continuamente formadas como produto

do metabolismo aeróbico, onde ocorre a redução do oxigênio molecular a água, na qual a

entrada de 4 elétrons na molécula de oxigênio promove a formação de intermediários reativos

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entre eles o ânion superóxido, o peróxido de hidrogênio e o radical hidroxil (LI.; HORKE;

FÖRSTERMANN, 2013; INDO et al., 2015) (Figura 6).

Nos peroxissomos os principais processos metabólicos que contribuem para a geração

de H2O2 são a β-oxidação dos AG. Durante a β-oxidação peroxissomal ocorre produção H2O2

que é facilmente convertido em radical hidroxila. Porém, o peroxissomo desempenha um

papel fundamental na eliminação metabólica de ERO, aliviando os danos oxidativos, isso

ocorre porque os peroxissomos possuem alta concentração de catalase, que convertem H2O2

em H2O e O2. (KOEK; LIEDORP; BAST, 2011). Portanto, o peroxissomo pode desempenhar

um papel importante na remoção fisiológica de lipídios e das ERO indesejáveis a progressão

da NAFLD.

No fígado, um excesso de ERO pode induzir a progressão da NAFLD causando morte

celular dos hepatócitos por apoptose ou necrose e levando a lesão e perda de função hepática

(ARGUELLO et al., 2015). Sendo assim, em NAFLD, a sobrecarga de lipídios desempenha

um papel importante na geração de ERO, como resultado do extravasamento de elétrons

durante a β-oxidação mitocondrial e o aumento de ERO durante a β-oxidação peroxissomal.

2.7. Sistema de defesa antioxidante enzimático

A exposição do organismo aos efeitos dos radicais livres encontra resistência de um

importante sistema antioxidante com o intuito de minimizar os danos causados por

quantidades excessivas de ERO. Usualmente, esses sistemas são divididos em enzimático e

não enzimático (CHEESEMAN; SLATER, 1993). O sistema antioxidante chamado de

"primeira linha de defesa" foi identificado como o sistema antioxidante enzimático. Os mais

importantes antioxidantes enzimáticos são a superóxido dismutase (SOD), catalase e

glutationa peroxidase (GPx) (VALKO et al., 2006; BARBOSA et al., 2010; HALLIWELL;

GUTTERIDGE, 2015). Além destas enzimas, diversos estudos têm demonstrado a ligação da

enzima paraoxonase 1(PON 1) com o perfil lipídico e com a NAFLD e um efeito protetor

desta enzima através do potencial antioxidante. Esta enzima está associada com a lipoproteína

de alta densidade (HDL) e protege a LDL e a HDL contra a oxidação, também atua eliminando

os lipídios oxidados das células além disso, as isoformas 2 e 3 podem impedir a geração de

O2•- mitocondrial. (Figura 6) (MACKNESS; ARROL; DURRINGTON, 1991; DE SOUZA

et al., 2010; LI; HORKE; FÖRSTERMANN, 2013; PEREIRA et al., 2016)

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Figura 6- Enzimas envolvidas na geração e na inativação de espécies reativas de oxigénio

(ERO).

O ânion superóxido (O2•-) pode ser produzido por NADPH oxidase, xantina oxidase e o pelo

vazamento de oxigénio ativado das mitocôndrias (MITO) durante a respiração oxidativa. O

ânion superóxido pode ser convertido em peróxido de hidrogénio (H2O2) pela enzima

superóxido dismutase (SOD). H2O2 pode sofrer conversão espontânea para o radical hidroxil

(OH•) através da reação de Fenton. H2O2 pode ser detoxificada através de glutationa

peroxidase e catalase para H2O e O2. Paraoxonase (PON) pode impedir a geração de O2•-

mitocondrial. Fonte: Adaptado LI; HORKE; FÖRSTERMANN (2013)

A SOD é uma das principais enzimas de defesa antioxidante celular e constitui a

primeira linha de defesa contra os radicais superóxido (O2•-) transformando-os em H2O2 e

oxigênio molecular (2 O2•- + 2 H+ → O2 + H2O2). Três tipos de SOD podem ser encontrados

em tecidos de mamíferos: SOD-Cu/Zn (SOD1) presente no citosol, SOD-Mn (SOD2)

encontrada na matriz mitocondrial e SOD extracelular (SOD3) (ZELKO; MARIANI; FOLZ,

2002; PISOSCHI; POP, 2015)

A catalase é uma importante enzima antioxidante intracelular localizada

principalmente em peroxissomos e em menor quantidade no citosol, ela é expressa na maioria

das células, órgãos e tecidos e em concentrações mais elevadas, no fígado e nos eritrócitos

(HALLIWELL, 1999). Esta enzima é responsável por catalisar a reação de decomposição do

H2O2, produzido sob condições de estresse, formando água e oxigênio molecular, protegendo,

portanto, as células de danos oxidativos. Ao remover peróxidos de hidrogênio, a catalase age

indiretamente contra os radicais superóxido, que são convertidos em H2O2 pela SOD. Outros

antioxidantes enzimáticos, a enzima GPx, também é responsável pela neutralização do H2O2.

Sendo assim a enzima torna-se especialmente importante em casos onde a quantidade de

glutationa está limitada ou atividade da GPx é reduzida, desempenhando um papel

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significativo no desenvolvimento de resistência ao estresse oxidativo (ALBANO,

EMANUELE, 2015; FRIJHOFF et al., 2015; PISOSCHI; POP, 2015).

A Glutationa é sintetizada endogenamente no fígado e age contra o estresse oxidativo

cooperando com catalase e SOD (HALLIWELL, 1999; YANG et al., 2012). A GPx é uma

enzima que contém selênio, ela catalisa a redução de peróxidos de hidrogênio e

hidroperóxidos orgânicos em água e álcool, na mitocôndria. A GPx funciona como um

eficiente doador de elétrons nesse processo. A redução do H2O2, ocorre pela conversão da

glutationa reduzida (GSH) a glutationa oxidada (GSSH), que é catalisada pela GPx

(HALLIWELL, 1999; DROGE, 2002; HALLIWELL; GUTTERIDGE, 2015; PISOSCHI;

POP, 2015).

Uma dieta hiperlipídica está associada à redução da atividade da enzima PON, da

catalase, da GPx e da SOD (AFONSO et al., 2013; FENG et al., 2016). No entanto, quanto à

atividade de SOD, outros estudos têm observado a atividade aumentada desta enzima

antioxidante no fígado de ratos alimentados com uma dieta rica em colesterol, em comparação

com uma dieta normal. Os níveis elevados de SOD podem ser uma resposta ao alto conteúdo

de ânion superóxido produzido devido a dieta hiperlipídica, já que esta enzima catalisa a

dismutação deste radical livre (JUNG et al., 2003; BELGUITH-HADRICHE et al., 2010).

Sendo assim, um desequilíbrio causado por modificações nos mecanismos de defesa

antioxidante enzimático como, por exemplo, um aumento na produção de radicais livres como

ânion superóxido, radical hidroxila e peroxila, bem como espécies não radicais, como

peróxido de hidrogênio, peroxi-nitrito e oxigênio singlete contribui para o estabelecimento de

estresse oxidativo, que está envolvido em várias desordens metabólicas, como por exemplo a

NAFLD (SEIFRIED et al., 2007; ALBANO, EMANUELE, 2015; SIES, 2015).

2.8. Sistema de Defesa Antioxidante não-enzimático

Além das enzimas antioxidantes, diversos antioxidantes não-enzimáticos são

encontrados e estes representam a "segunda linha de defesa", constituída principalmente por

tióis reduzidos e antioxidantes de baixo peso molecular. Estes últimos incluem uma ampla

variedade de moléculas que são componentes encontrados nos alimentos, como os tocoferóis,

polifenóis e carotenoides ou compostos metabólicos como a glutationa, ácido úrico e

bilirrubina. (BARREIROS; DAVID; DAVID, 2006; PISOSCHI; POP, 2015). Estes

compostos conferem basicamente, a capacidade antioxidante para os meios biológicos

podendo chegar a locais específicos em células afetadas pelo ataque oxidativo (COHEN;

NYSKA, 2002). Sugere-se, portanto que uma dieta rica em antioxidantes pode trazer

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benefícios para a saúde. Assim, antioxidantes, como flavonoides, polifenóis, vitamina C e E

e carotenoides são sugeridos como protetores contra as ERO (HALLIWELL, 1999; VALKO

et al., 2007).

Os carotenoides são amplamente distribuídos nos alimentos e estão presentes na uvaia.

O β-caroteno é considerado excelente antioxidante, capaz de sequestrar radicais livres com

grande eficiência e age como protetor contra a oxidação de lipídios e DNA. Este constitui um

dos principais mecanismos da defesa exógena do organismo (BIANCHI; ANTUNES, 1999;

PISOSCHI; POP, 2015). A luteína, pigmento de cloração amarela, apresenta capacidade de

proteger as biomoléculas contra os radicais livres, devido a sua capacidade de inativação

destes radicais, na complexação de íons metálicos e na redução de hidroperóxidos (ALVES-

RODRIGUES; SHAO, 2004; MA, et al., 2012).

Os compostos fenólicos são os antioxidantes mais abundantes da dieta, são

encontrados em uma ampla variedade de frutas, legumes, cereais, leguminosas, e em bebidas

de origem vegetal, como o vinho, chá e café. Estes compostos são considerados de grande

importância na inibição da formação de radicais livres devido a sua propriedade redox,

bloqueando os processos de oxidação em certos sistemas, como por exemplo, a peroxidação

de lipídios, sendo, portanto, considerados um dos principais responsáveis pelo aumento do

potencial antioxidante in vivo (HARTMAN; SHANKEL, 1990; CERQUEIRA; DE

MEDEIROS; AUGUSTO, 2007; COUTINHO et al., 2008).

A ingestão de alimentos ricos em polifenóis está associada com diminuição de

dislipidemias, aterosclerose, processos inflamatórios associados com doenças

cardiovasculares, além de efeitos antihiperlipidêmico e hepatoprotetor na NAFLD (FEILLET-

COUDRAY et al., 2009; LUO et al., 2012; YOSHIMURA et al., 2013; GUERRA et al., 2015).

Portanto tem-se sugerido que os polifenóis são compostos eficientes para atenuar a esteatose

hepática, sendo importantes na saúde humana.

Diversos estudos in vitro e in vivo investigaram as propriedades de polifenóis relacionadas

a benefícios na NAFLD. A respeito dos mecanismos de ação destes compostos sobre esteatose

hepática os mais importantes são redução da lipogênese e o aumento da lipólise, diminuição

da síntese de triacilgliceróis, do estresse oxidativo, da inflamação, da resistência à insulina e

do acúmulo de lipídios no fígado (DONGIOVANNI et al., 2016). Tomando por base os

estudos relatados, acreditamos que a suplementação com polifenóis pode representar uma

abordagem útil para o manejo de pacientes com NAFLD.

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2.9.Caracterização do fruto da uvaia (Eugenia uvalha Cambess)

A uvaia (Eugenia uvalha Cambess) é um fruto exótico da família Mirtaceae cujo nome

vem do Tupi e significa “fruta ácida”, também conhecida como uvalha, uvaia-do-mato,

uvalheira. Este fruto é nativo do Brasil, amplamente cultivado em quase todo o território

nacional, no entanto é encontrado principalmente na região da Mata Atlântica destacando-se

os estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais

(ANDERSEN; ANDERSEN, 1988; LORENZI, 1998).

A árvore da uvaieira é muito utilizada em reflorestamento urbano, em pomares

domésticos e tem grande potencial para cultivo, principalmente por agricultores familiares,

possui de seis a treze metros de altura, dotada de copa arredondada, tronco geralmente ereto,

com 30 a 50 centímetros de diâmetro, a madeira é dura, pesada e resistente, possui flores

solitárias, de cor branca e floresce no mês de agosto a setembro, com início de maturação dos

frutos de setembro a novembro (LORENZI, 1998; ANDRADE; FERREIRA, 2000).

Este fruto, do tipo baga, é carnoso, arredondado, de coloração amarela, sabor ácido e

possui de uma a quatro sementes com tegumento de coloração castanha. Pode ser consumido

in natura e segundo KINUPP (2007) o fruto da uvaia é muito versátil podendo ser utilizado

na elaboração de vários produtos apresentando potencialidade de uso industrial sendo muito

apreciado na forma de sucos, geleias, doces, vinho e licor (Figura 7).

No entanto uma questão importante é a conservação desse fruto pós-colheita, devido

ao fato de que quando maduro, é frágil e muito sensível ao toque, sendo assim, altamente

perecível, o que dificulta a comercialização in natura (LACERDA; LORENZI, 2006). Porém,

segundo SCALON; OLIO; FORNASIERI (2004) as uvaias embaladas apropriadamente

conservam a aparência e qualidade para comercialização até quatro dias sob temperatura de

30 ± 2ºC e 12 dias em refrigeração a 13 ± 2ºC.

O cultivo comercial de uvaia no Brasil ainda é escasso, no entanto esta fruta está

inserida no programa de melhoramento genético de frutas nativas da Embrapa e possui grande

potencial para exploração econômica, pois mostra alta produtividade com baixo custo de

implantação e manutenção (KROLOW, 2009).

Estudos com este fruto demonstraram atividade inibidora do crescimento de algumas

espécies de bactérias e relataram a ação letal do óleo essencial de suas folhas em ácaros

(STIEVEN; MOREIRA; SILVA, 2009; MATTOS, 2013).

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2.9.1. Composição química do fruto da uvaia

COUTINHO, A. M.; PASCOLATTI (2014) determinaram a composição nutricional

do fruto da uvaia e encontraram 84,52% de umidade, 0,55 % de lipídios, 5,39 % de

carboidratos e 2,14 % de proteínas. Já DA SILVA et al. (2014) avaliaram a composição da

polpa de uvaia e encontraram 2,2 % de lipídios, e 5,5 % de proteínas e 44,4 % de carboidratos

dos quais 42,2% são de fibras.

Quanto aos micronutrientes, minerais como o cálcio, fósforo e ferro também foram

encontrados no fruto da uvaia, além de vitamina A, B1 e B2, esse fruto apresenta ainda teor

de ácido ascórbico variando de 33 a 39,52 mg/100g (LORENZI, 1998). Contudo os valores

observados para estes compostos divergem bastante de acordo com a fonte bibliográfica.

2.9.1. Compostos bioativos presentes no fruto da uvaia

A capacidade antioxidante dos alimentos está relacionada ao seu conteúdo de

compostos bioativos, dentre esses os frutos se destacam como ricos em antioxidantes naturais.

A busca de frutos exóticos, como a uvaia, que tem altos níveis de compostos bioativos foi

intensificada nos últimos anos, estudos epidemiológicos tem indicado uma associação entre o

aumento do consumo de vegetais e frutos ricos em antioxidantes com a redução do risco de

desenvolver doenças crônicas, como o câncer, diabetes tipo II, doença cardíaca coronária e

NAFLD (SEIFRIED et al., 2007; DONGIOVANNI et al., 2016).

O fruto da uvaia apresenta níveis significativos de compostos fenólicos, também

conhecidos como polifenóis, sendo que o ácido fenólico predominante no fruto é o ácido

gálico (PEREIRA et al., 2012; RAMIREZ et al., 2012; DA SILVA et al., 2014). Além disso,

A B C

Fonte: Arquivo pessoal; KROLOW (2009)

Figura 1- Fotos mostrando A: Árvore da uvaieira; B: O fruto da uvaia maduro e expondo

as sementes; C: Suco e geleia de uvaia.

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o fruto ainda contém flavonoides, dos quais o de maior evidência é a quercetina e teores

consideráveis de ácido ascórbico (RUFINO et al., 2010; PEREIRA et al., 2012). No entanto,

à quantidade de antocianinas da uvaia é baixo quando comparado ao de outros frutos nativos

(HAMINIUK et al., 2011; KARWOWSKI, 2013).

Utilizando técnica de HPLC (Cromatografia liquida de alta eficiência) DA SILVA et

al. (2014) separaram os carotenoides do fruto da uvaia, sendo o carotenoide β-criptoxantina o

principal encontrado, representando 40% do total. Além disso, esse fruto ainda se destaca por

conter luteína (33,8% do total de carotenoides) e o β-caroteno (21%).

Quanto à sua capacidade antioxidante (HAMINIUK et al., 2011) utilizando método de

branqueamento de β-caroteno, encontraram um percentual de inibição de 94,71% da

peroxidação lipídica. Além disso, outros estudos in vitro mostraram que a uvaia possui uma

alta atividade antioxidante utilizando os métodos de inibição dos radicais DPPH e ABTS, os

valores encontrados para uvaia foram maiores do que os encontrados para outros frutos da

mesma família. (HAMINIUK et al., 2011; PEREIRA et al., 2012).

RAMIREZ et al. (2012) demonstraram efeito anti-inflamatório do extrato de uvaia em

ratos machos com edema de pata induzido por carragenina. Além disso, eles investigaram o

efeito do tratamento com o extrato de uvaia sobre a capacidade antioxidante do plasma e

observaram que a dosagem de TRAP (Potencial antioxidante reativo total), que reflete as

defesas antioxidantes não enzimáticas no tecido, foi significativamente reduzida. Em

contraste, o TAR (Reatividade antioxidante total) que representa a qualidade dos antioxidantes

foi significativamente aumentada nos mesmos animais. Os autores avaliaram ainda a

peroxidação lipídica no plasma através do método de substâncias reativas ao ácido

tiobarbitúrico (TBARS) e não encontram alteração significativa quando administrado o

extrato de uvaia. Até o momento o estudo acima citado é o único trabalho in vivo encontrado

na literatura utilizando o fruto da uvaia.

Diante do exposto, e da crescente incidência da NAFLD e suas complicações, e

considerando a composição fitoquímica e propriedades antioxidantes do fruto da uvaia, é

importante investigar seu possível efeito benéfico sobre a NAFLD, agentes do metabolismo

de lipídios, mecanismos de defesas antioxidantes e danos oxidativos.

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3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral

Avaliar o efeito do tratamento com suco de uvaia sobre a esteatose hepática e mecanismos

envolvidos no metabolismo de lipídios e estresse oxidativo.

3.2. Objetivos Específicos

I. Determinar a composição centesimal, fitoquímica e atividade antioxidante do suco de uvaia;

Investigar os efeitos do suco de uvaia em ratos alimentados com dieta hiperlipídica e controle

sobre:

II. Massa corporal, ingestão alimentar e excreção fecal;

III. Perfil lipídico sérico, hepático e fecal;

IV. Alterações hepáticas através de marcadores bioquímicos séricos e padrão histológico;

V. Dano oxidativo e atividade de enzimas antioxidantes no fígado.

VI. A expressão de mRNA no fígado de genes relacionados ao metabolismo de lipídios.

VII. A expressão de mRNA no fígado de genes relacionados ao metabolismo peroxissomal

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Suco de Uvaia

Os frutos da uvaia foram colhidos durante seu período de maturação, entre os meses de

setembro e novembro de 2013, na região de Ouro Preto – MG. Os frutos inteiros foram

previamente higienizados utilizando solução de hipoclorito a 200 ppm por 10 minutos e

armazenados a - 20ºC até a sua utilização.

4.2.Preparo do Suco de Uvaia

O suco de uvaia foi filtrado através da compressão dos frutos em uma gaze limpa com

objetivo de filtrar a maior quantidade de fibras para facilitar a administração do suco nos

experimentos in vivo e em seguida foi armazenado a -20 ºC. Para as análises fitoquímicas e

determinação da capacidade antioxidante, uma amostra do suco foi centrifugada a 2.000 g a

4ºC por 15 min, para remoção de resíduos sólidos e lipídios. O sobrenadante foi utilizado

nessas análises.

4.3.Caracterização do Suco de Uvaia

4.3.1. Composição Centesimal

Foram analisados os teores de umidade, cinzas, lipídios totais, proteínas, fibras

detergente neutro (FDN) e carboidratos presentes no suco de uvaia. As análises foram

realizadas no Laboratório de Bromatologia da Escola de Nutrição da Universidade Federal de

Ouro Preto. A umidade foi determinada utilizando-se o método de secagem em estufa à 105ºC,

até peso constante. As cinzas totais foram determinadas após as amostras serem submetidas à

incineração em mufla (500-600ºC). Os lipídios totais foram extraídos com éter de petróleo,

com aquecimento, em extrator do tipo Soxhlet. A determinação de nitrogênio total foi baseada

no método tradicional de Kjeldahl, onde a concentração de proteína bruta foi calculada pelo

produto da quantidade de nitrogênio total (g) utilizando um fator de conversão pré-

estabelecido. Essas análises foram realizadas de acordo com Official methods of analysis of

Association of oficial Analytical Chemists International (HORWITZ; LATIMER, 2000). A

determinação de fibras em detergente neutro foi realizada de acordo com SOEST (1963). Os

carboidratos foram determinados pela diferença em relação aos demais componentes.

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4.3.2. Conteúdo de polifenóis totais

O conteúdo de polifenóis totais do suco de uvaia foi determinado pelo método de

Folin-Ciocalteu descrito por GEORGÉ et al. (2005). Neste método, o reagente de Folin-

Ciocalteu, que é uma mistura dos ácidos fosfotungstico (H3PW12O40) e fosfomolíbdico

(H3PMo12O40), se reduz ao oxidar os compostos fenólicos, produzindo óxidos tungstico (W8

O23) e molibdênio de cor azul que absorvem no comprimento de onda de 760 nm. Inicialmente,

0,1 mL do suco de uvaia foram diluídos em 9,9 ml de água destilada. Em tubos de ensaio, 2,5

ml do reagente de Folin diluído em água destilada 1:10 foi adicionado a 0,5 mL da amostra

diluída ou solução padrão de ácido gálico em diferentes concentrações para obtenção da curva

de calibração. Água destilada foi utilizada como branco. Após 2 minutos, à temperatura

ambiente, foram adicionados 2 mL de solução carbonato de sódio 7,5% e a mistura foi agitada.

Após incubação de 15 minutos a 50°C colocou-se a mistura em banho de gelo. As

absorbâncias relativas ao branco foram determinadas a 760nm. Todas as análises foram

realizadas em triplicata. Foi construído um gráfico utilizando os valores de absorbância versus

a concentração do ácido gálico. Após análise de regressão linear e obtenção da equação da

reta, os valores de absorbância da amostra foram utilizados para o cálculo da concentração de

polifenóis. O conteúdo de polifenóis totais foi expresso em miligramas de equivalentes de

ácido gálico (GAE) por 100g de suco de uvaia.

4.3.3. Capacidade Antioxidante in vitro do Suco de Uvaia

A capacidade antioxidante do suco de uvaia foi determinada de acordo com o método

previamente descrito por BRAND-WILLIAMS; CUVELIER; BERSET (1995). Este método

baseia-se na transferência de elétrons de um composto antioxidante para o radical DPPH• (2,2-

difenil-1- picril-hidrazil) em solução de metanol. A redução do DPPH por antioxidantes

presentes na amostra é seguida pela redução da absorbância a 515nm. Resumidamente, as

determinações foram realizadas adicionando-se em tubos de ensaio, 3,9 ml de solução de

DPPH 60 μM, dissolvidos em metanol 80% e 0,1mL do suco de uvaia em diferentes

concentrações ou o mesmo volume para as soluções padrões e água destilada (controle). A

mistura foi homogeneizada e mantida na ausência de luz por 30 minutos à temperatura

ambiente. A absorbância da solução foi determinada a 515nm. Metanol 80% foi utilizado

como branco. Trolox (6-hidroxi-2,5,7,8-tetrametilcromo-2-ácido carboxílico) em metanol

80% foi utilizado como antioxidante de referência. A atividade antioxidante foi determinada

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através da redução da absorbância do radical DPPH a 515nm e o percentual de inibição foi

calculado de acordo com a equação 1:

(1)

% 𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑖𝑏𝑖çã𝑜 𝑑𝑜 𝑟𝑎𝑑𝑖𝑐𝑎𝑙 𝐷𝑃𝑃𝐻 = (𝐴𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑒 515 − 𝐴𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 515)

𝐴𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑒 515 × 100

Onde;

Aamostra 515 é a absorbância da amostra obtida a 515nm;

Acontrole 515 é a absorbância da solução de DPPH sem a presença de antioxidantes obtida a

515nm (controle).

4.4.Animais

Foram utilizados 32 ratos, fêmeas, da linhagem Fischer com aproximadamente 50 dias

de idade e peso médio de 120g, provenientes do Laboratório de Nutrição Experimental

(LABNEX) da Escola de Nutrição da Universidade Federal de Ouro Preto. Os animais foram

mantidos em gaiolas individuais e estas foram dispostas em ambiente arejado, com controle

de temperatura, umidade e ventilação, os animais receberam água e dieta ad libitum, sendo as

dietas específicas para cada grupo experimental. Todos os procedimentos foram aprovados

pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da UFOP (Protocolo nº 2013/32)

(ANEXO I).

4.5.Dietas

Os animais foram alimentados com dieta AIN-93M (4% de óleo de soja) (REEVES;

NIELSEN; FAHEY JR, 1993) ou dieta hiperlipídica (25% de óleo de soja e 2% de colesterol

(MATOS et al., 2005). A composição das dietas experimentais está descrita na tabela 1. As

dietas foram produzidas no LABNEX, embaladas em sacos plásticos devidamente

identificados e armazenadas a 4°C durante todo o experimento. Além da dieta os animais

recebiam 2 mL/dia de água destilada ou suco de uvaia por via oral (gavagem) do 14º dia do

experimento até 70º dia. A dose de suco de uvaia administrada aos animais foi correspondente,

em termos calóricos, ao consumo de uma porção do fruto de uvaia (200 ml de suco

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concentrado) por um humano adulto que ingere em média 2000 kcal por dia e o consumo de

polifenóis totais foi de 2,70 ± 0,19 mg de equivalentes de ácido gálico por dia.

Tabela 1- Composição das dietas experimentais (g/Kg de dieta).

Nutrientes Dietas

Padrão (AIN93-M) Hiperlipídica

Colina 2,5 2,5

Mix Vitaminas1 10,0 10,0

Mix Minerais2 35,0 35,0

Celulose 50,0 50,0

Sacarose 100,0 100,0

Óleo de Soja 40,0 250,0

Caseína 140,0 140,0

Amido de milho 622,5 402,5

Colesterol 0,0 20,0

Valor calórico (Kcal /kg) 3810 4820 ¹ - Mistura de Minerais (expresso em g/kg da mistura): NaCl - 74/KI - 0,01/Citrato Tripotássico - 28/CaCO3 -

357/MnCO3 - 0,63/Citrato de Ferro - 6,06/ MgO - 24/ K2SO4 - 46,6/ KH2PO4 - 250 / ZnCO3 - 1,65/CuCO3 -

0,3/Na2SeO4 - 0,01/(NH4)6MoO24. 4 H2O - 0,00795. Os sais foram adquiridos da Reagen, Rio de Janeiro, Brasil.

² - Mistura de Vitaminas (expresso em g/kg da mistura): Niacina - 3/ Pantotenato de Cálcio - 1,6/Piridoxina

HCl - 0,7/Tiamina HCl - 0,6/Riboflavina - 0,6/Ácido Fólico - 0,2/Biotina - 0,02/Cianocobalamina - 2,5/Vitamina

E (500 IU/g) - 15/Vitamina A (500.000 IU/g) - 0,8/Vitamina D (400.000 IU/g) - 0,25/Vitamina K -

0,075/Sacarose q.s.p. 1Kg. As vitaminas foram adquiridas da Merck, Darmstadt, Alemanha.

4.6.Delineamento Experimental

Inicialmente, trinta e dois ratos adultos foram submetidos a um período de adaptação

às dietas por 14 dias. Para isso, eles foram divididos, aleatoriamente, em 2 grupos (n = 16), de

acordo com a massa corporal e com a dieta recebida: grupo Controle (C), que recebeu dieta

padrão AIN-93M (REEVES; NIELSEN; FAHEY JR, 1993) e grupo hiperlipídico (H), que

recebeu dieta hiperlipídica (25% de óleo de soja e 2% de colesterol) (MATOS et al., 2005).

Após duas semanas, os C e H foram subdivididos de acordo com o tratamento recebido,

obtendo-se 4 grupos experimentais (n = 8). Os grupos C e CUv (controle uvaia) receberam

dieta padrão e os grupos H e HUv (hiperlipídico uvaia) receberam dieta hiperlipídica. Além

da dieta, os grupos CUv e HUv receberam tratamento com suco de uvaia, administrado

diariamente por via oral (gavagem) do início da 3ª semana até o final da 10ª semana. A

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pesagem dos animais foi realizada semanalmente para avaliar a evolução da massa corporal

durante o experimento. Na 5ª semana de experimento, foi realizado o controle de ingestão

alimentar e a excreção fecal também foi determinada. Ao final de dez semanas experimentais,

os animais foram deixados 12 horas em jejum e, após anestesia com isoflurano, foram

eutanasiados (Figura 8).

Figura 8- Representação esquemática do delineamento experimental.

O sangue foi coletado por incisão da artéria braquial e recolhido em tubos de

polipropileno, centrifugado a 3.000 g por 15 minutos, para obtenção do soro. Alíquotas de

soro foram armazenadas a - 80ºC. Os fígados dos animais foram coletados, lavados em solução

salina, pesados, imersos em nitrogênio líquido e imediatamente armazenados a -80ºC para

posteriores análises. O menor lóbulo do fígado foi separado para análise histopatológica,

sendo conservado em formol a 10% tamponado.

A eficiência alimentar foi calculada pela razão entre o ganho de massa (g) e a ingestão

alimentar (g).

4.7. Dosagens dos metabólicos e enzimas séricos

Para avaliação do perfil lipídico sérico, os TAG, colesterol total e HDL, atividade

séricas de AST, ALT e fosfatase alcalina foram feitos por métodos colorimétricos (Kits

Labtest Diagnóstica S.A), sendo os procedimentos realizados de acordo com as instruções do

fabricante. A fração colesterol não-HDL foi obtida pela diferença entre colesterol total menos

colesterol HDL.

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4.8. Extração e dosagem de lipídios hepáticos

Os lipídios totais foram extraídos de uma alíquota de fígado de acordo com o método

proposto por FOLCH; LEES; SLOANE-STANLEY (1957). Para isso, 400 mg de fígado

foram homogeneizados com 4 mL de solução de clorofórmio/metanol (2:1, vol/vol). Em

seguida, adicionou-se mais 4 mL da solução de clorofórmio/metanol (2:1, vol/vol) e a solução

resultante foi vigorosamente agitada no vórtex por 3 minutos. Foram adicionados aos tubos

0,8 mL de metanol, que foi então centrifugado a 3.000 g, durante 10 minutos. O sobrenadante

foi transferido para outro tubo ao qual foi adicionado 1,6 mL de clorofórmio e 0,64 mL de

solução de NaCl a 0,73%. Após este procedimento, foi feita uma nova centrifugação a 3.000

g, durante 10 minutos. O sobrenadante foi descartado e o precipitado foi lavado três vezes

com 0,3 mL de solução de Folch (3% de clorofórmio, 48% metanol, 47% água e 2% de NaCl

a 0,2%). Os extratos lipídicos foram secos em estufa semiaberta à 40ºC e ressuspensos em

1mL de isopropanol. Os conteúdos de lipídios foram determinados pela diferença de peso

entre o tubo contendo os lipídios e o mesmo tubo vazio. Os conteúdos de TAG e colesterol

total foram determinados utilizando-se Kits Labtest Diagnóstica S.A. (Lagoa Santa, MG,

Brasil), de acordo com as instruções do fabricante.

4.9. Extração e dosagem de lipídios fecais

Os lipídios totais fecais foram extraídos conforme descrito por FOLCH; LEES;

SLOANE-STANLEY (1957). Inicialmente, 200 mg de fezes foram homogeneizadas com 1,9

mL de solução clorofórmio/metanol (2:1 vol/vol). À mistura foram adicionados 0,4 mL de

metanol e posteriormente foi realizada a centrifugação a 3.000 g, por 10 minutos. As etapas

seguintes deste procedimento foram realizadas tal como descrito anteriormente para extração

de lipídios hepáticos.

4.10. Avaliação histológica do fígado

Fragmentos do fígado foram fixados em formol 10% por 72h. Em seguida, os

fragmentos foram cortados transversalmente, processados em série decrescentes de álcoois e

incluídos em parafina. Secções parafinadas (4 μm) foram cortadas em micrótomo rotativo

(Leica, Alemanha) e montadas em lâminas de microscópio. As lâminas foram coradas com

hematoxilina e eosina (H&E), visualizadas em microscópio Leica DM5000B e fotografadas

na ampliação de 400x (Leica Application Suite, Versão 2.40R1, Alemanha). A histologia

hepática foi avaliada a partir de 15 imagens (campos) aleatórias obtidas do tecido do fígado

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de cada animal. Posteriormente foi feita uma medida quantitativa da área das microvesículas

de gordura utilizando o software Image J.

4.11. Ensaio de RT-PCR quantitativa em tempo real

4.11.1. Cálculo da eficiência dos primers

Para determinar as eficiências da amplificação dos genes alvo e do gene controle

endógeno, foram construídas curvas padrões para cada amplicon, a partir de diluições seriadas

do cDNA de uma mesma amostra. A análise da regressão linear dos valores de CTs em função

do logaritmo da respectiva diluição determinou o coeficiente angular da reta (𝑎, em 𝛾 = 𝑎𝑥 +

𝑏) que foi utilizado para o cálculo da eficiência de amplificação do produto pelos primers,

utilizando a equação 2.

(2)

𝐸𝑓 = (10−1/𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟 − 1) × 100

4.11.2. Extração de RNA

O RNA total do fígado de ratos foi isolado utilizando o sistema SV Total RNA

Isolation System (Promega Corporation, Madison, USA) de acordo com as instruções do

fabricante e quantificado por leitura em espectrofotômetro (Nano Vue, GE Healthcare) no

comprimento de onda de 260nm. A pureza do RNA total foi verificada pela razão A260/A230

que indica possíveis contaminações por sais e compostos orgânicos. As amostras com razões

entre 2,0 e 2,2 foram consideradas adequadas para quantificação da expressão gênica.

4.11.3. Síntese do cDNA

O ácido desoxirribonucléico complementar (cDNA) foi sintetizado a partir de 2 μg de

RNA total utilizando o kit Hight-Capacity cDNA Reverse Transcription da Applied

Biosystems, (Foster City, CA, EUA) de acordo com as instruções do fabricante. O meio de

reação continha 2 μL de tampão 10x (500 mM de KCl, 100 mM de Tris-HCl, 25 mM de

MgCl2, pH 8,3), 0,8 μL da mistura de desoxiribonucleotídeos trifosfato (dNTPs) 100 mM, 2

μL de primers randômicos e 1 μL da enzima transcriptase reversa MultiScribe (50 U/μL). A

reação foi realizada nas seguintes condições, 10 minutos a 25 °C, seguidos de 120 minutos a

37 °C e 5 minutos a 85 °C no termociclador Biocycler modelo MJ96+.

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4.11.4. Desenho dos oligonucleotídeos iniciadores (primers)

O oligonucleotídeo iniciador utilizado para amplificação do transcrito de interesse foi

desenhado de acordo com sequências de nucleotídeos utilizados por DE SOUZA, MELINA

OLIVEIRA et al. (2012) para SREBP-2, HMGCoA-R, CYP7A1, LDL-R, PPARα, ABCG5 e

ABCG8. Os demais oligonucleotídeos iniciadores utilizados para amplificação dos transcritos

de interesse, foram desenhados de acordo com sequências de mRNA de Rattus novergicus

disponível no banco de dados Gen Bank (National Center for Biotechnology Information)

utilizando o programa Primer-BLAST (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/tools/primer-blast/). O

gene de referência endógeno é utilizado para correção da expressão gênica do gene-alvo, este

gene foi selecionado a partir de um teste onde foram usados os genes rRNA 18S GAPDH e

β-actina, sendo que o gene que sofreu menor oscilação na expressão sob diferentes situações

testadas foi o rRNA 18S, sendo este selecionado como gene de referência. As sequências dos

oligonucleotídeos iniciadores estão apresentadas na tabela 2.

Tabela 2- Sequência dos oligonucleotídeos iniciadores utilizados para a análise de qRT-

PCR.

Genes Sequências

rRNA 18S F: 5′-GTAAGTGCGGGTCATAAG-3′

R: 5′-CCATCCAATCGGTAGTAGC-3′

ABCG5 F: 5′-AGGCTCAGTTACAGGCTCAGAG-3′

R: 5′-GTC CCACTTCTGCTGGCATGAT-3′

ABCG8 F: 5’-CGTCAGATTTCCAATGACTTCCG -3’

R: 5’-TCCGTCCTCCAGTTCATAGTACA-3’

HMGCoA-R F: 5’- AGATACTGGAGAGTGCCGAGAAA-3’

R: 5’-TTTGTAGGCTGGGATGTGCTT-3’

CYP7A1 F: 5’-GCTTTGGGCTTTAGACCCTCCC-3’

R: 5’-TTCGCTCCATGAAAAACTTCTG-3’

LDL-R F: 5’-CCAACCTGAAGAATGTGGTG-3’

R: 5’-CAGGTCCTCACTGATGATGG-3’

SREPB-2 F: 5’-TGGGCTTCTTGGCTAGCTACTT-3’

R: 5’-TTCGCTCCATGAAAAACTTCT G-3’

ACAT-2 F: 5’-GTCTCTGAGAAACCGGCTGT-3’

R: 5’-CCAACTGCCTCTTCTTGGCT-3’

PPARα F: 5’-TGTCGAATATGTGGGGACAA-3’

R: 5’-AAACGGATTGCATTGTGTGA-3’

CPT-1α F: 5’-ATATTGGGCACAGTCCCCTG-3’

R: 5’-TGTGAAGAAACAACCCCCAGA-3’

ACOX-1 F: 5’-TGGAACCTGTTGGCCTCAAT-3’

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R: 5’-ATCTGGAGTTCTTGGGACGG-3’

FAS F: 5’-CTTGGGTGCCGATTACAACC-3’

R: 5’-CAGACACCTTCCCATCACACA-3’

ACC1 F: 5’-AGGAAGATGGTGTCCGCTCTG-3’

R: 5’-GGGGAGATGTGCTGGGTCAT-3’

SREBP-1c F: 5’-CCGAGGTGTGCGAAATGGA - 3’

R: 5’-CCAGCATAGGGGGCATCAAA-3’

PMP70 F: 5’-TGGCATCATTGGTCGTAGCA - 3’

R: 5’-GATAAGAGGCATGGCAGCGA-3’

PEX11a F: 5’- ATCCGAGTCGCCAACCAAAG - 3’

R: 5’-GCCTCTTTGCCAGCCTTAGA - 3’

Catalase F: 5’- ATTGCCGTCCGATTCTCC - 3’

R: 5’- CCAGTTACCATCTTCAGTGTAG - 3’

rRNA 18S, Ácido ribonucleico ribossomal 18S; ABCG5, ATP-binding cassette subfamily G member 5; ABCG8,

ATP-binding cassette subfamily G member 8; ACAT-2, Colesterol aciltransferase-2; ACC1, Acetil Co-A

carboxilase 1; ACOX-1, Acil-CoA oxidase 1; CPT1-α, Carnitina palmitoil transferase 1 alfa; CYP7A1, Colesterol-

7α-hidroxilase; FAS, ácido graxo sintase; HMGCoA-R. a 3-hidróxi-3-metil-glutaril CoA redutase LDL-R,

receptor da lipoproteína de baixa densidade; PEX11a; Proteína de membrana peroxisomal 11a. PMP70; Proteína

de Membrana Peroxisomal 70 kDa. PPAR-α, Receptor alfa ativado por proliferadores peroxissomais; SREBP-1c;

Proteína 1c ligadora do elemento regulado por esteróis. SREPB-2; Proteína de ligação ao elemento de resposta a

esterol-2.

4.11.5. RT-PCR Quantitativa em Tempo Real

Para a análise da expressão dos genes em estudo foi utilizada a técnica da reação em

cadeia da polimerase quantitativa pós-transcrição reversa (qRT-PCR). As reações foram

realizadas em placas de 96 poços, com um volume final de reação de 12 μL, foram pipetados

2 μL de cDNA (50 ng), 0,5 μL de cada primer (forward e reverse, 10 μM), 6 μL de SYBR®

Green Master Mix (Applied Biosystems), o volume final foi ajustado com água DEPC

(dietilpirocarbonato) que é considerado um inibidor de RNAase e DNAse. As reações foram

realizadas nas seguintes condições, 50 °C por 2 min, 95 °C por 10 min e então 40 ciclos de 95

°C por 15 s (desnaturação) e 60 °C por 1 min (anelamento dos primers e extensão dos

produtos) no termociclador ABI 7300 (Applied Biosystems). O gerenciamento do

termociclador e a coleta dos dados gerados durante a amplificação foram realizados pelo

programa 7500 Software (Applied Biosystems). Todas as análises foram realizadas em

triplicata técnica. A especificidade dos produtos obtidos foi confirmada pela análise das curvas

de dissociação do produto amplificado ao final de cada reação.

Os dados obtidos foram analisados utilizando o método de quantificação relativa da

expressão gênica (Cq comparativo ou ΔΔCq), que permite quantificar diferenças no nível de

expressão de um gene específico entre as diferentes amostras. A expressão dos genes alvo foi

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determinada em função da expressão do gene de referência rRNA 18S e o grupo controle foi

utilizado como base para os resultados de expressão comparativa. De posse dos valores de Cq

(quantification cycle), que corresponde ao número de ciclos na fase exponencial do PCR em

que a fluorescência ultrapassa o valor basal, foi calculado o ΔCq de cada amostra, de acordo

com a equação 3, na qual o valor do Cq do gene controle endógeno (rRNA 18S) foi subtraído

do Cq do gene alvo.

(3)

∆𝐶𝑞 = 𝐶𝑞 𝑑𝑜 𝑔𝑒𝑛𝑒 𝑎𝑙𝑣𝑜 − 𝐶𝑞 do gene de referência

Em seguida foram calculados os valores de ΔΔCq, de acordo com a equação 4, na qual

o valor do ΔCq da amostra controle (grupo C) foi subtraído do ΔCq das amostras teste (demais

grupos experimentais).

(4)

∆∆𝐶𝑞 = ∆𝐶𝑞 𝑑𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑡𝑒𝑠𝑡𝑒 − ∆𝐶𝑞 𝑑𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙

Os valores do ΔΔCq obtidos foram utilizados em uma fórmula aritmética para o

cálculo final da diferença de expressão dos genes entre as amostras analisadas, dada por 2 –

ΔΔCT.

4.12. Avaliação do estresse oxidativo

4.12.1. Peroxidação lipídica no fígado por TBARS

A geração de radicais livres e a peroxidação lipídica são reações extremamente rápidas,

que, geralmente, são mensuradas pelos seus produtos, principalmente TBARS, entre os quais

o MDA é o principal. A mensuração dos metabólitos reativos foi realizada em placa de 96

poços pelo método descrito por BUEGE; AUST (1978) Inicialmente, 100mg de tecido foi

homogeneizado em 1 mL de tampão Tris-HCl 20 mM e o homogenato foi centrifugado a

10.000 g, por 10 minutos a 4ºC. Em seguida, 0,5 mL do sobrenadante foram misturados com

0,25 mL de ácido tricloroacético (TCA) (28% p/vol em HCl 0,25 M), 0,25 mL de ácido

tiobarbitúrico (TBA) (1% de ácido acético 0,25 M) e 12,5 mL de butilhidroxitolueno (BHT)

(125 mM em etanol), aquecido por 15 min a 95ºC e colocado em banho de gelo. Foram

transferidos 0,6 mL da mistura para um tubo de polipropileno e adicionados 0,6 mL de

butanol. Os tubos foram agitados e, após uma centrifugação de 10.000 g por 10 min a 4ºC, o

sobrenadante foi recolhido e plaqueado. A absorbância foi determinada a 535nm e a água

destilada foi utilizada como branco. A quantificação de MDA foi feita a partir de uma curva

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de calibração construída com concentrações conhecidas. O padrão utilizado foi o 1,1,3,3-

tetrametoxipropano (TMP) que, em condições ácidas do teste, sofrem hidrólise, resultando na

liberação de MDA. Os resultados foram expressos em nmol de MDA/mg de proteína.

4.12.2. Proteínas carboniladas

A concentração de proteínas carboniladas foi determinada de acordo com o método de

LEVINE et al. (1994). A oxidação de proteína por ERO leva à formação de derivados

carbonilados. Estes podem ser mensurados por métodos sensíveis, particularmente aqueles

que utilizam o 2,4-dinitrofenilhidrazina (DNPH). O DNPH reage com grupos carbonílicos

gerando a hidrazona correspondente, a qual pode ser analisada espectrofotometricamente. Na

dosagem, 400 mg do fígado foi homogeneizado com 2 mL de tampão fosfato 50 mM (pH 6,7)

e o homogenato foi centrifugado a 10.000 g, a 4ºC por 15 minutos. Em seguida, 0,5 mL do

sobrenadante foram transferidos para tubos de polipropileno identificados para as amostras e

um branco para cada amostra. A cada tubo, foi adicionado igual volume de ácido

tricloroácetico (TCA 10%) e após centrifugação a 5.000 g a 4ºC por 10 minutos, o

sobrenadante foi descartado. Depois, foram adicionados 0,5 mL de DNPH 10 mM aos tubos

com as amostras e 0,5 mL de HCl 2M aos brancos. Todos os tubos foram mantidos no escuro

à temperatura ambiente por um período de 30 minutos e a cada 15 minutos foram agitados

vigorosamente. No passo seguinte, foram adicionados 0,5 mL de TCA 10% em cada tubo.

Esses foram centrifugados a 10.000 g por 10 minutos a 4°C e os sobrenadantes foram

descartados. Os precipitados em ambos os tubos foram lavados com 1 ml da mistura

etanol/acetato de etila na proporção de 1:1, agitados vigorosamente em vórtex e novamente

centrifugados conforme descrito na etapa anterior, e o sobrenadante foi descartado. Este

último passo foi repetido por duas vezes. Ao final do processo de lavagem, foi adicionado em

ambos os tubos 1 ml de SDS 6%, misturados no vórtex e centrifugados a 10.000 g a 4ºC por

10 minutos. Por fim, as absorbâncias dos sobrenadantes foram determinadas a 370nm. Os

resultados foram expressos em nmol de DNPH incorporado/mg de proteína. O conteúdo de

DNPH incorporado foi calculado utilizando o coeficiente de extinção molar do DNPH (22000

M-1cm-1) segundo a lei de Lambert Beer.

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4.13. Defesas antioxidantes

4.13.1. Atividade arilesterásica e paraoxonásica da enzima Paraoxonase

A atividade arilesterásica da PON 1 foi realizada conforme método descrito por

BEŁTOWSKI; WÓJCICKA; JAMROZ (2002). Esse método utiliza o fenilacetato como

substrato, tendo como base a velocidade de hidrólise enzimática do fenilacetato com formação

de fenol, cuja taxa de formação é determinada espectrofotometricamente. Uma alíquota de 5

µL (diluído 1:3) do soro foi adicionada a 2,5 mL de Tris-HCl 9 mM; pH 8,0 contendo 0,9

mM de Cloreto de cálcio (CaCL2) e 1 mM de fenilacetato em um tubo. Após exatamente 3

minutos a absorbância foi lida a 270nm. Para a correção da hidrólise espontânea do

fenilacetato incluiu-se um branco constituído pelo tampão Tris/HCl/CaCl2 e fenilacetato sem

a amostra. O resultado foi calculado segundo a lei de Lambert Beer, assumindo o coeficiente

de extinção molar de fenilacetato (ɛ = 1310 L mol-1 cm-1). Os valores foram expressos em

unidades por mililitro de soro (U/mL), onde 1 U de paraoxonase é equivalente à hidrólise de

1mmol de fenilacetado por minuto.

A determinação da atividade paraoxonásica sérica da enzima PON 1 foi também

realizada a partir do método proposto por BEŁTOWSKI; WÓJCICKA; JAMROZ (2002).

Nessa dosagem, utilizou-se como substrato o paraoxon (O dietil-O- paranitrofenil fosfato). A

hidrólise enzimática do paraoxon libera p-nitrofenol, cuja taxa de formação foi determinada

por espectrofotometria. Inicialmente, preparou-se uma solução contendo 9 mL de tampão

Glicina/NaOH 50mM; pH 10,5 contendo CaCl2 0,9mM e 2µL de paraoxon. Posteriormente,

em tubo de polipropileno adicionaram-se 780µL dessa solução a 20µL de soro. As amostras

foram homogeneizadas e as absorbâncias das mesmas foram determinadas no

espectrofotômetro a 412nm, exatamente a cada minuto, por 3 minutos. Para o branco, utilizou-

se no lugar da amostra, 20µL de água destilada. O resultado foi calculado segundo a lei de

Lambert Beer, assumindo o coeficiente de extinção molar do paraoxon (ɛ = 18290 L mol-1

cm-1). Os valores foram expressos em unidades por mililitro de soro (U/mL), onde 1 U de

paraoxonase é equivalente à hidrólise de 1mmol de paraoxon por minuto.

4.13.2. Atividade da enzima Catalase

A atividade da enzima catalase foi determinada de acordo com AEBI (1984). O método

baseia-se na decomposição do H2O2 pela enzima observada durante 3 min por

espectrofotometria a 240 nm. Resumidamente, 100 mg do fígado foi homogeneizado em 1

mL de tampão fosfato 100 mM, pH 7,2 e, em seguida, o homogenato foi centrifugado a 10.000

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g a 4ºC por 10 minutos. Em um tubo de polipropileno foi colocado 50 μL de tampão fosfato

100 mM, (pH 7,2), 40 μL de água destilada e 10 μL do sobrenadante do homogenato. A reação

foi iniciada pela adição de 0,9 mL de H2O2 10 mM. As absorbâncias foram determinadas

exatamente a cada minuto, durante três minutos a 240nm. Água destilada foi utilizada como

branco. A atividade da catalase foi calculada segundo a lei de Lambert Beer, utilizando o

coeficiente de extinção molar do H2O2,39,4 M-1cm-1. Os resultados foram expressos em

unidade por miligrama de proteína (U/mg), onde uma unidade de catalase é equivalente a

decomposição de 1 μmol de H2O2 por minuto.

4.13.3. Atividade da enzima Superóxido dismutase

Atividade da SOD foi determinada no fígado de acordo com o método de

MARKLUND; MARKLUND (1974) adaptado, baseado na auto oxidação do pirogalol e a

inibição da redução do corante brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il) - 2,5-difeniltetrazólio)

(MTT). O superóxido é gerado por auto oxidação do pirogalol em meio básico e a SOD

compete por este radical inibindo a auto oxidação. A quantidade de enzima necessária para

promover 50% de inibição da auto oxidação do pirogalol é considerada como uma unidade de

atividade enzimática.

Para o procedimento, fragmentos de 100 mg do fígado foram homogeneizados com 1

mL de tampão fosfato 50mM, pH 7,0 e em seguida centrifugado a 10.000 g a 4ºC por 10

minutos. O sobrenadante foi retirado e usado como amostra biológica. As dosagens foram

feitas usando placa de Elisa, foi pipetado 30 μL de amostra, 99 μL de tampão fosfato, 6 μL de

MTT 1.25 mM e 15 μL de pirogalol 100 μM. Para o branco foi pipetado 144 μL de tampão

fosfato e 6 μL de MTT e para o padrão 129 μL de tampão, 6 μL de MTT e 15 μL de pirogalol.

Em seguida a placa foi incubada por 5 minutos em estufa a 37 ºC. Logo após, 150 μL de

DMSO (dimetilsulfóxido) foram adicionados às mesmas para parar a reação. As absorbâncias

foram lidas no leitor de Elisa em um comprimento de onda de 570 nm. Para cálculo da

atividade de SOD, subtrai-se o resultado obtido da amostra pelo valor encontrado do branco

e, a seguir, divide-se esse valor pelo encontrado da subtração do padrão pelo branco. Os

resultados foram expressos em U de SOD/mg de poteína.

4.13.4. Conteúdo de Glutationa total

O conteúdo de glutationa total foi determinado por meio de um ensaio que utiliza um

método cinético baseado na redução do DTNB (ácido 5,5´ditio-bis (2-nitrobenzóico)) a TNB

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(ácido 5-tio-2-nitrobenzóico) proposto por GRIFFITH (1980), que pode ser detectado

espectrofotometricamente a 412nm, conforme descrito nas seguintes reações:

1) 2 GSH + DTNB → GSSG + 2 TNB

Glutationa redutase 2) GSSG + NADPH + H+ 2 GSH + NADP

A combinação das duas reações:

Glutationa redutase DTNB + H+ + NADPH 2 TNB + NADP+ GSSH/GSH

Para o procedimento experimental, 100mg do fígado foram homogeneizados com 1mL

de ácido de sulfosalicílico 5% e em seguida centrifugado por 10 minutos a 4ºC. Em

microplaca, adicionou-se 10 μL do sobrenadante do homogenato e 150 μL de solução

contendo 95 mM de tampão fosfato pH 7,0, EDTA 0,95 mM, NADPH 48 μM, 0,031 mg/mL

de DTNB, 0,115 unidades/mL de glutationa redutase, e 0.24% de ácido de sulfosalicílico. As

amostras foram incubadas por 5 minutos à temperatura ambiente. Em seguida, 50 μL de

NADPH 0,16mg/mL foram adicionados às mesmas e o cronômetro disparado. As

absorbâncias das amostras foram lidas durante 5 minutos a cada minuto, no leitor de ELISA

à 412nm.

As absorbâncias de diluições seriadas de uma solução padrão de glutationa reduzida

foram determinadas conforme descrito anteriormente, para obtenção da curva de calibração.

Após análise de regressão linear, foi determinada a equação da reta. Esta equação foi utilizada

para determinar a concentração em nmoles de glutationa total em 10 μL de amostra, e este

valor convertido para 1 mL de amostra.

4.13.5. Conteúdo de Glutationa oxidada

Para determinar a concentração de glutationa oxidada, 100 mg do fígado foram

homogeneizados com 1mL de ácido de sulfosalicílico 5% e, em seguida, centrifugado por 10

minutos à 4ºC. Em tubos de polipropileno adicionou-se 100 μL do sobrenadante a 2 µL de

vinilpiridina e misturou-se em vórtex. O pH foi ajustado na faixa 6-7 com trietanolamina

(TEA). As amostras foram incubadas a temperatura ambiente durante 60 min e, em seguida,

procedeu-se o ensaio conforme a dosagem da glutationa total.

4.13.6. Conteúdo Glutationa reduzida

A concentração de glutationa reduzida foi obtida pela subtração entre a glutationa total

e a glutationa oxidada.

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40

4.13.7. Glutationa Peroxidase e Glutationa Redutase

A atividade da glutationa peroxidase foi determinada de acordo com o método

proposto por PAGLIA; VALENTINE (1967) com modificações. O método se baseia na

oxidação da glutationa reduzida (GSH), catalisada pela glutationa peroxidase, acoplada a

reciclagem da GSSG através da reação catalisada pela enzima glutationa redutase que utiliza

o NADPH como cofator. O decréscimo na absorbância medida a 340nm durante a oxidação

do NADPH é indicativo da atividade da glutationa peroxidase.

Uma alíquota de 100 mg de tecido hepático foi homogeneizada em 1 mL de tampão

Tris HCL 50mM, pH 7,0. Após centrifugação a 10.000 g por 15 minutos a 4º C o sobrenadante

foi removido e utilizado no ensaio. Em uma microplaca de 96 poços foram adicionados 100

μL de tampão de ensaio, 10 μL de amostra e 80 μL do mix composto por NADPH 0,25mM,

GSH 2,1 mM, 0,5 U/mL de glutationa redutase e azida sódica 1mM. A azida sódica foi

adicionada ao meio, para inibir a atividade da catalase que também utiliza peróxido de

hidrogênio como substrato. A reação foi iniciada pela adição de 10 μL de H2O2 0,2 mM,

utilizado como substrato da reação. A oxidação do NADPH foi monitorada a 340 nm. Foram

realizadas cinco leituras, com intervalo de vinte segundos entre elas. A atividade da GPx foi

calculada utilizando a fórmula descrita abaixo.

𝐴𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝐺𝑃𝑥 = ∆𝐴340/𝑚𝑖𝑛

3.73 µmol/min ×

𝑉𝑅

𝑉𝐴

Onde;

ΔA340 é o delta da absorbância por minuto,

3,73 é o coeficiente de extinção molar do NADPH. O valor real do coeficiente de extinção

molar do NADPH de μmol-1 cm-1 é de 6,22, no entanto este valor foi ajustado para o caminho

óptico da solução em microplaca de 0,6 cm.

VR é o volume de reação em mL,

VA é o volume de amostra em mL.

Uma unidade de enzima é definida como a quantidade de enzima que causa a oxidação

de 1μmol de NADPH por minuto a 25º C. A atividade específica foi expressa em unidades

por mg de proteína.

(5)

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A determinação da atividade enzimática da glutationa redutase foi realizada de acordo

com o método proposto por CARLBERG; MANNERVIK (1985). O ensaio é baseado na

redução da glutationa oxidada pelo NADPH na presença da glutationa redutase.

Amostras de 100mg de tecido hepático foram homogeneizadas em 1mL de tampão

fosfato de potássio 100mM, pH 7,5 contendo 1mM de EDTA. Após centrifugação a 10.000g

por 15 minutos a 4º C o sobrenadante foi removido e utilizado no ensaio. Em uma microplaca

de 96 poços foram adicionados 60 μL de tampão de ensaio, 100μL de GSSG 2mM e 10 μL de

amostra. A reação foi iniciada pela adição de uma solução 2mM de NADPH. A atividade da

glutationa redutase foi mensurada espectrofotometricamente através da redução da

absorbância, causada pela oxidação do NADPH a 340 nm. Foram realizadas dez leituras, com

intervalo de vinte segundos entre elas e a atividade foi calculada de acordo com a equação

abaixo:

𝐴𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝐺𝑅 = ∆𝐴340/𝑚𝑖𝑛

3.73 µmol/min ×

𝑉𝑅

𝑉𝐴

Onde;

ΔA340 é o delta da absorbância por minuto,

3,73 é o coeficiente de extinção molar do NADPH. O valor real do coeficiente de extinção

molar do NADPH em unidades de μmol-1 cm-1 é de 6,22, no entanto este valor foi ajustado

para o caminho óptico da solução no poço da microplaca de 0,6 cm.

VR é o volume de reação em mL,

VA é o volume de amostra em mL,

Uma unidade de enzima é definida como a quantidade de enzima que causa a oxidação de

1μmol de NADPH por minuto a 25º C e a atividade específica foi expressa em unidades por

mg de proteína.

4.14. Determinação de proteínas totais

As proteínas totais nas amostras de fígado utilizadas para determinação da peroxidação

lipídica por TBARS, níveis de proteínas carboniladas, atividade das enzimas catalase,

superóxido dismutase e glutationa peroxidase e redutase foram mensuradas pela técnica de

LOWRY et al. (1951).

(6)

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4.15. Análises Estatísticas

A normalidade dos dados foi verificada através do teste de Kolmogorov–Smirnov. Para

análise dos dados paramétricos foi utilizada a análise de variância univariada ANOVA one-

way seguida pelo teste de Tukey para comparação das médias e foram expressos como a média

± erro padrão da média (EPM). Para análise dos dados não-paramétricos foi utilizado o teste

de Kruskal-Wallis seguido do teste de Dunn para comparação das medianas e os resultados

foram expressos como a mediana ± intervalo interquartil. Diferenças foram consideradas

significantes para p<0,05. Todas as análises foram realizadas utilizado o software GraphPad

Prism versão 6.00 para Windows (San Diego, California, USA)

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43

5. RESULTADOS

5.1.Composição centesimal, polifenóis totais e capacidade antioxidante do suco

de uvaia.

Os dados da composição centesimal do suco de uvaia e os resultados obtidos para o

conteúdo de polifenóis e capacidade antioxidante equivalente ao trolox (TEAC) no suco de

uvaia são apresentados na tabela 3.

Tabela 3- Composição centesimal, conteúdo de polifenóis totais e capacidade antioxidante

do suco de uvaia.

Constituintes Composição em 100g

Umidade 96,00

Resíduo Mineral Fixo 0,22

Proteínas** 1,05

Fibras (FDN) 0,85

Lipídios 0,57

Carboidratos* 1,31

Compostos Concentração

Polifenóis totais (mg EAG/100g) 135,14 ± 9,74

Capacidade Antioxidante (µM TEAC/g) 4,42 ± 0,04

As análises foram realizadas em triplicata. Os dados são apresentados como a média destas análises.

* Carboidratos = 100 - (umidade + proteína + lipídios + cinzas + fibras).

** Fator de conversão do nitrogênio em proteína: 6,25.

FDN, fibra detergente neutro; EAG, equivalentes de ácido gálico; TEAC, capacidade antioxidante equivalente

ao trolox; (µM de equivalentes de Trolox/g)

5.2.Composição corporal, ingestão alimentar e excreção fecal.

Na tabela 4 estão representados os valores de massa corporal inicial, massa corporal

final, ganho de massa, ingestão alimentar, consumo calórico, eficiência alimentar e excreção

fecal. Com relação à massa corporal dos animais, os dados mostram que não foi observada

diferença significativa na massa corporal inicial, final e no ganho de massa entre os grupos

experimentais, sendo que o suco de uvaia não influenciou nesses parâmetros.

Já com relação ao consumo médio de dieta, os animais dos grupos H e HUv

apresentaram menor consumo em relação ao grupo C. Entretanto, com relação ao coeficiente

de eficiência alimentar (CEA) e o consumo calórico não houve diferença entre os grupos

experimentais. Com relação à excreção fecal a dieta hiperlipídica promoveu uma maior

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excreção quando comparada a controle. No entanto, a administração do suco de uvaia não

interferiu no consumo alimentar e na excreção fecal dos animais.

Tabela 4- Composição corporal, ganho de massa, ingestão alimentar, eficiência alimentar e

excreção fecal de ratos que receberam dieta controle e hiperlipídica, tratados com suco de

uvaia.

Os dados estão apresentados como a média ± erro padrão da média. C, grupo controle; CUv, grupo controle + suco de uvaia;

H, grupo hiperlipídico e HUv, grupo hiperlipídico + suco de uvaia; CEA, Coeficiente de eficiência alimentar (CEA = ganho

de massa (g) /ingestão (g)); PT, Polifenóis Totais. (n = 8). Diferenças significativas (p ˂ 0,05) estão representadas por letras

sobrescritas diferentes na mesma linha.

5.3.Perfil lipídico sérico

Foi avaliado se a administração do suco de uvaia poderia modificar o perfil lipídico

sérico nos animais alimentados com dieta hiperlipídica. Para isto, os níveis de colesterol total,

colesterol-HDL, colesterol não-HDL e TAG foram mensurados.

Conforme observado na figura 9, ratos do grupo H apresentaram alteração nos níveis

de colesterol total e colesterol não-HDL, com valores de ambos elevados em relação ao grupo

C. O tratamento com suco de uvaia reduziu significativamente os níveis séricos de colesterol

total e não- HDL quando comparados os grupos H e HUv.

Quanto aos níveis de colesterol HDL e TAG observou-se uma redução significativa

nos grupos H e HUv comparados ao controle. A administração do suco de uvaia influenciou

nos níveis de TAG e o grupo CUv apresentou uma redução significativa quando comparado

ao grupo controle.

Variáveis Grupos Experimentais

C CUv H HUv

Massa Inicial (g) 122,10 ± 3,57 123,77 ± 3,79 124,29 ± 3,51 119,77 ± 4,66

Massa Final (g) 194,40 ± 4,23 193,50 ± 2,21 196,90 ± 5,53 203,01 ± 5,65

Ganho de Massa (g) 72,30 ± 1,93 69,68 ± 3,06 72,64 ± 3,14 83,25 ± 4,58

Consumo Alimentar (g/dia) 10,73 ± 0,31a 10,31 ± 0,26a 8,37 ± 0,27b 8,49 ± 0,33b

Consumo Calórico (Kcal/dia) 40,89 ± 1,21 39,24 ± 0,96 40,31 ± 1.27 40,92 ± 1,58

CEA 0,02 ± 0,01 0,06 ± 0,01 0,04 ± 0,01 0,05 ± 0,01

Excreção Fecal (g/dia) 0,55 ± 0,03b 0,60 ± 0,02b 0,75 ±0,04a 0,76 ± 0,04a

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Figura 9 - Perfil lipídico sérico de ratos que receberam dieta controle ou dieta hiperlipídica,

tratados suco de uvaia.

Os dados estão apresentados como a média ± erro padrão da média. C, grupo controle; CUv, grupo controle + suco

de uvaia; H, grupo hiperlipídico e HUv, grupo hiperlipídico + suco de uvaia. (n = 8). Diferenças significativas (p

˂ 0,05) estão representadas por letras diferentes.

5.4. Massa do fígado, perfil lipídico hepático e fecal.

De posse dos resultados do perfil lipídico e sabendo que o aumento do colesterol total

e uma dieta hiperlipídica podem provocar alterações hepáticas, foram realizadas análises do

perfil lipídico do fígado. Os resultados da massa relativa do fígado e o conteúdo de lipídios

totais, colesterol total e TAG presentes nas amostras estão apresentados na tabela 5.

Ao final do experimento os grupos H e HUv apresentaram aumento na massa relativa

do fígado em comparação aos animais alimentados com a dieta controle. Os animais dos

grupos H e HUv também apresentaram aumento significativo nos conteúdos de lipídeos totais,

colesterol total e TAG no fígado quando comparados aos animais do grupo C (p˂0,001). O

tratamento com suco de uvaia foi capaz de reduzir 23,13% o conteúdo de lipídios totais

hepáticos quando comparados aos animais que receberam somente a dieta hiperlipídica. Não

houve diferença estatística significativa nos demais parâmetros analisados quando foi

administrado o suco de uvaia para os animais.

Co

les

tero

l T

ota

l (m

mo

l/L

)

C C U v H H U v

0

2

4

6

8

1 0

c c

a

b

Co

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46

Afim de esclarecer se os nossos resultados do perfil lipídico sérico poderiam ser

consequência de uma maior absorção e consequente excreção dos lipídios da dieta, o perfil

lipídico das fezes também foi testado. Em relação a esse parâmetro, os animais dos grupos H

e HUv apresentaram aumento significativo no conteúdo de lipídios totais, colesterol total e

TAG quando comparados aos animais que receberam a dieta controle (p˂0,001). No entanto

o tratamento com suco de uvaia não alterou nenhum dos parâmetros investigados.

Tabela 5- Massa relativa do fígado, lipídios totais, colesterol total e triacilgliceróis hepático

e fecal de ratos que receberam dieta controle ou dieta hiperlipídica tratados com suco de

uvaia.

Variáveis Grupos experimentais

C CUv H HUv

Massa relativa do

fígado (g/100 g) 3,05 ± 0,05b 2,99 ± 0,06b 3,82 ± 0,09a 4,06 ± 0,06a

Lipídios hepáticos

totais (mg/g) 42,50 ± 3,84c 46,25 ± 3,95c 194,10 ± 12,36a 149,20 ± 12,93b

Colesterol total

hepático (mg/g) 3,28 ± 0,20b 3,18 ± 0,09b 29,45 ± 2,20a 30,33 ± 1,88a

Triacilgliceróis

hepáticos (mg/g) 14,79 ± 2,10b 6,64 ± 1,19b 38,13 ± 2,44a 38,20 ± 2,88a

Lipídios fecais

totais (mg/g) 17,86 ± 1,84b 26,88 ± 3,12b 267,50 ± 8,56a 248,20 ± 5,57a

Colesterol total

fecal (mg/g) 3,27 ± 0,70b 4,39 ± 0,38b 171,50 ± 7,27a 177,40 ± 6,50a

Triacilgliceróis

fecais (mg/g) 13,07 ± 0,91b 13,70 ± 0,98b 168,60 ± 7,62a 170,80 ± 8,02a

Os dados estão apresentados como a média ± erro padrão da média. C, grupo controle; CUv, grupo controle + suco

de uvaia; H, grupo hiperlipídico e HUv, grupo hiperlipídico + suco de uvaia; (n = 8). Diferenças significativas (p

˂ 0,05) estão representadas por letras sobrescritas diferentes na mesma linha.

5.5. Efeito do suco de uvaia sobre os indicadores séricos de dano hepático

Alterações na atividade das enzimas alanina aminotransferase (ALT), aspartato

aminotransferase (AST) e fosfatase alcalina são importantes marcadores de doenças ou lesão

tecidual hepática. Sendo assim para avaliar o dano hepático esses marcadores foram

determinados. Os resultados são representados na figura 10.

Os animais do grupo H apresentaram aumento na atividade de ALT, AST e fosfatase

alcalina quando comparados ao grupo C, evidenciando uma possível alteração na função

hepática. A administração do suco de uvaia reduziu a atividade da AST e fosfatase alcalina

no grupo HUv quando comparado ao grupo H (p < 0,05). Apesar da atividade de ALT no

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47

grupo HUv não ter sido significativamente diferente do grupo H, foi estatisticamente

semelhante ao grupo C.

Figura 10- Atividade sérica da alanina aminotransferase (ALT), aspartato aminotransferase

(AST) e fosfatase alcalina de ratos que receberam dieta padrão e dieta hiperlipídica tratados

suco de uvaia.

Os dados de AST e fosfatase alcalina estão apresentados como a média ± erro padrão da média e os níveis de ALT

estão expressos como mediana e intervalo interquartil. C, grupo controle; CUv, grupo controle + suco de uvaia;

H, grupo hiperlipídico e HUv, grupo hiperlipídico + suco de uvaia. (n = 8). Diferenças significativas (p ˂ 0,05)

estão representadas por letras diferentes.

5.6.Efeito do suco de uvaia na esteatose hepática

Para confirmar as análises do perfil lipídico hepático, observações histológicas do

fígado foram realizadas. As análises das secções de fígado coradas com H&E demostraram

que os grupos C e CUv foram caracterizados por apresentarem quadros semelhantes a

normalidade (figura 11A e 11B). No entanto, foi observada intensa deposição de lipídios em

ambos os grupos alimentados com a dieta hiperlipídica, os quais desenvolveram esteatose

macro e microvesicular (figura 11C e 11D). Os animais do grupo H tiveram macrovesículas

com a maior área (figura 11E) (p <0,001) e o tratamento com o suco de uvaia foi capaz de

atenuar a esteatose hepática provada pela dieta rica em lipídios, evidenciada pela redução da

AL

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48

área das macrovesículas no grupo HUv em relação ao grupo H (figura 11D e 11E).

Corroborando com o resultado da extração de lipídios totais citada anteriormente.

5.7.Expressão do mRNA de genes envolvidos no metabolismo de lipídios

Como foi observado um efeito da dieta hiperlipídica e do tratamento com o suco de

uvaia no perfil lipídico sérico e no perfil histológico, avaliamos os níveis de expressão dos

genes correspondentes ao metabolismo do colesterol e AG.

Áre

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C C U v H H U v

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Secções do fígado de ratos que receberam dieta controle (A), dieta padrão e tratamento com suco de uvaia

(B), dieta hiperlipídica (C) e dieta hiperlipídica e tratamento com suco de uvaia (D) coradas com H&E em

aumento de 400 ×. A seta preta indica hepatócitos com esteatose macrovesicular, e a ponta de seta preta

indica hepatócitos com esteatose microvesicular. Barra de escala = 50 µm. (E) Área das macrovesículas do

fígado, representadas como média ± erro padrão da média (n=8), diferenças significativas (p ˂ 0,05) estão

representadas por letras sobrescritas diferentes.

Figura 2- Fotomicrografias representativas de secções do fígado de ratos que receberam

dieta padrão ou dieta hiperlipídica e foram tratados com suco de uvaia.

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49

5.7.1. Efeito do suco de uvaia na expressão de genes do metabolismo de

colesterol no fígado

A expressão de genes envolvidos no metabolismo do colesterol foi avaliada por ensaio

de RT-PCR. Os resultados mostraram diminuição na expressão de mRNA correspondente aos

genes que codifica para o fator de transcrição SREBP-2 e para enzima HMGCoA-R nos

animais do grupo H em relação ao grupo C. As expressões desses genes não foram

estatisticamente diferentes ao grupo H para o grupo HUv, por outro lado estes foram

estatisticamente semelhante ao grupo C. Com relação à enzima CYP7A1 foi observado um

aumento estatisticamente significativo da expressão gênica dessa enzima no grupo H, que não

foi modificada no grupo HUv (p<0,001) quando comparado ao grupo controle. A dieta

hiperlipídica não alterou a expressão dos demais genes avaliados (ABCG5, ABCG8, LDL-R,

e ACAT-2). No entanto, o tratamento com suco de uvaia modificou a expressão do

transportador ABCG5, foi observado um aumento da expressão deste gene no grupo CUv (p<

0,05) quando comparado ao grupo C e apesar da expressão desse gene não ter sido

estatisticamente diferentes nos grupos H e C, o grupo HUv foi estatisticamente semelhante ao

grupo CUv (Figura 12).

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50

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51

Figura 12- Expressão do mRNA de genes envolvidos no metabolismo do colesterol no fígado

em ratos que receberam dieta padrão e hiperlipídica tratados com suco de uvaia.

Os dados estão apresentados como a média ± erro padrão da média (n = 6). C, grupo controle; CUv, grupo

controle + suco de uvaia; H, grupo hiperlipídico e HUv, grupo hiperlipídico + suco de uvaia. Diferenças

significativas (p˂0,05) estão representadas por letras sobrescritas diferentes. A expressão dos genes alvo foi

determinada em função da expressão do gene de referência rRNA 18S e o grupo controle foi utilizado como base

para os resultados de expressão comparativa. rRNA 18S, Ácido ribonucleico ribossomal 18S; ABCG5, ATP-

binding cassette subfamily G member 5; ABCG8, ATP-binding cassette subfamily G member 8; ACAT-2,

Colesterol aciltransferase-2; CYP7A1, Colesterol-7α-hidroxilase; HMGCoA-R. a 3-hidróxi-3-metil-glutaril coa

redutase LDL-R, receptor da lipoproteína de baixa densidade; SREPB-2; proteína de ligação ao elemento de

resposta a esterol-2.

5.7.2. Efeito do suco de uvaia no metabolismo de ácidos graxos no

fígado

Como houve uma redução de lipídios hepáticos, além de redução da área das

macrovesículas de gorduras nos hepatócitos após o tratamento com o suco de uvaia, podendo

ser resultado de alterações nas vias de lipogênese e/ou oxidação de AG, avaliamos os níveis

de expressão de SREBP-1c um fator de transcrição determinante na biossíntese de AG e

também seus genes alvo, as enzimas ACC, enzima que catalaliza a primeira e limitante etapa

da síntese de AG, e FAS, complexo enzimático responsável pela construção da cadeia dos

AG. Conforme mostrado na figura 13 não foram observadas diferenças na expressão de

SREBP-1c entre os grupos experimentais. Além disso, observamos que a dieta hiperlipídica

não modificou os níveis de mRNA que codificam para ambas as enzimas ACC e FAS. Porém

no grupo HUv a expressão de FAS foi significativamente reduzida em relação ao grupo H.

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Figura 13- Expressão do mRNA de genes envolvidos na biossíntese de ácidos graxos no

fígado em ratos que receberam dieta padrão e hiperlipídica tratados com suco de uvaia.

Os dados estão apresentados como a média ± erro padrão da média (n = 6). C, grupo controle; CUv, grupo

controle + suco de uvaia; H, grupo hiperlipídico e HUv, grupo hiperlipídico + suco de uvaia. Diferenças

significativas (p˂0,05) estão representadas por letras sobrescritas diferentes. A expressão dos genes alvo foi

determinada em função da expressão do gene de referência rRNA 18S e o grupo controle foi utilizado como base

para os resultados de expressão comparativa. SREBP-1c, Proteína 1c ligadora do elemento regulado por esteróis;

FAS, ácido graxo sintase; ACC1, acetil Co-a carboxilase 1.

Já com relação à via de oxidação dos AG, sabemos que o PPARα funciona como um

sensor de lipídios no fígado, ele reconhece e responde para que ocorra a oxidação de AG

através da estimulação da transcrição de genes específicos como CPT-1α e ACOX-1 que são

genes alvos deste fator de transcrição. Resultados de expressão destes genes são mostrados na

figura 14.

Quanto à expressão do mRNA do fator de transcrição PPARα não foi observada

diferença estatisticamente significativa entre os grupos H e C. No entanto, quando foi

administrado o suco de uvaia um aumento de mais de duas vezes foi observado no grupo HUv

comparado ao grupo H. Quanto aos seus genes alvos CPT1-α e ACOX-1 foi demonstrado que

a dieta com alto teor de colesterol reduziu os níveis de expressão do mRNA que codificam

para estas enzimas no grupo H em relação ao grupo controle. Apesar do tratamento com o

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53

suco de uvaia não ter modificado estatisticamente a expressão de ACOX-1 quando

comparados os grupos HUv e H, o grupo hiperlipídico tratado com o suco de uvaia (HUv) não

foi diferente do grupo C, demonstrando um efeito parcial do tratamento na expressão de ambos

os genes.

Figura 14- Expressão do mRNA de genes envolvidos na oxidação de ácidos graxos no fígado

em ratos que receberam dieta padrão e hiperlipídica tratados com suco de uvaia.

Os dados estão apresentados como a média ± erro padrão da média (n = 6). C, grupo controle; CUv, grupo

controle + suco de uvaia; H, grupo hiperlipídico e HUv, grupo hiperlipídico + suco de uvaia. Diferenças

significativas (p˂0,05) estão representadas por letras sobrescritas diferentes. A expressão dos genes alvo foi

determinada em função da expressão do gene de referência rRNA 18S e o grupo controle foi utilizado como base

para os resultados de expressão comparativa. ACOX-1, Acil-CoA oxidase 1; CPT1-α, Carnitina palmitoil

transferase 1 alfa; PPAR-α, receptor alfa ativado por proliferadores peroxissomais.

5.7.3. Efeito do suco de uvaia na expressão de proteínas peroxissomais

O acúmulo de lipídios pode se dar também por alterações em organelas, além das

mitocôndrias, os peroxissomos têm papel importante no metabolismo de lipídios hepáticos.

Portanto analisamos a expressão gênica de duas proteínas peroxissomais: Pex 11α e PMP70.

A deficiência de Pex 11α prejudica a biogênese peroxissomal e a oxidação de AG o que

contribui para o acúmulo de gordura no fígado (WENG et al., 2013).

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54

A dieta rica em lipídios causou uma diminuição significativa na expressão de PMP70,

Pex11α e catalase, em comparação com a dieta de controle. Quando a uvaia foi administrada

no grupo HUv a expressão de PMP70 aumentou seis vezes em comparação ao grupo H (p

<0,001). Além disso, a expressão da enzima catalase foi cinco vezes maior no grupo HUv em

comparação ao grupo H. Apesar da expressão de PEX11α no grupo HUv não ter sido

significativamente diferente do grupo H, foi estatisticamente semelhante ao grupo C (Figura

15).

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Figura 15- Expressão do mRNA de genes envolvidos na biogênese peroxissomal no fígado

em ratos que receberam dieta padrão e hiperlipídica tratados com suco de uvaia.

Os dados estão apresentados como a média ± erro padrão da média (n = 6). C, grupo controle; CUv, grupo

controle + suco de uvaia; H, grupo hiperlipídico e HUv, grupo hiperlipídico + suco de uvaia. Diferenças

significativas (p˂0,05) estão representadas por letras sobrescritas diferentes. A expressão dos genes alvo foi

determinada em função da expressão do gene de referência rRNA 18S e o grupo controle foi utilizado como base

para os resultados de expressão comparativa. PEX11a; Proteína de membrana peroxisomal 11a. PMP70; Proteína

de Membrana Peroxisomal 70 kDa.

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55

5.8.Efeito do suco de uvaia nos biomarcadores do Estresse Oxidativo e Defesas

Antioxidantes

Como foi observada uma capacidade antioxidante in vitro do suco da uvaia,

mensuramos então se o mesmo poderia ter efeito sobre o balanço redox no fígado, já que o

estresse oxidativo pode ocorrer como consequência do consumo de uma dieta hiperlipídica e

ser um agravante da NAFLD. Possíveis alterações no balanço oxidante/antioxidante hepático

foram determinadas através de biomarcadores do estresse oxidativo, TBARS e proteína

carbonilada e avaliação das defesas antioxidantes no fígado.

Os níveis de TBARS e o conteúdo de proteínas carboniladas são amplamente usados

como marcadores de danos a lipídios de membranas celulares e oxidação de proteínas,

respectivamente. Conforme pode-se observar na figura 16 os animais do grupo H

apresentaram níveis significativamente maiores de proteína carbonilada em comparação aos

animais dos grupos controle, indicando um aumento de oxidação proteica no fígado destes

animais (p ˂ 0,05).

O suco de uvaia promoveu uma redução nos níveis de proteína carbonilada no grupo

HUv quando comprado aos grupos controles (C e CUv) e ao grupo H. Quanto à concentração

TBARS, não foi observado efeito da dieta hiperlipidica nesse parâmetro, portanto não houve

diferença estatisticamente significativa entre o grupo hiperlipídico (H) e o grupo controle.

Figura 16- Níveis de TBARS e proteína carbonilada no fígado de ratos que receberam dieta

controle ou dieta hiperlipídica tratados com suco de uvaia.

Os dados estão apresentados como a média ± erro padrão da média. C, grupo controle; CUv, grupo controle + suco

de uvaia; H, grupo hiperlipídico e HUv, grupo hiperlipídico + suco de uvaia. (n = 8). Diferenças significativas (p

˂ 0,05) estão representadas por letras diferentes.

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56

5.9.Defesas antioxidantes

Considerando que o estresse oxidativo está implicado na patogênese da NAFLD, e que

este pode ser amenizado por um sistema de defesa antioxidante endógeno composto por

diversas enzimas, foi então avaliado se o tratamento com o suco de uvaia melhora essas

defesas antioxidantes no fígado de ratos alimentados com uma dieta hiperlipídica. Para isso,

determinamos a atividade arilesterásica e paraoxonásica da enzima paraoxonase (PON) no

soro e as atividades da superóxido dismutase (SOD), catalase, glutationa peroxidase (GPx) e

glutationa redutase no fígado. Os resultados estão apresentados nas figuras 17 e 18.

Quando avaliada a atividade arilesterásica da enzima PON no soro, foi observada

diferença estatisticamente significativa entre os grupos que receberam a dieta hiperlipídica e

os grupos controles onde os grupos H e HUv apresentaram menor atividade da enzima (figura

17). Já em relação a atividade paraoxonásica da enzima, foi observada uma atividade

significativamente menor no grupo H em comparação ao grupo C (p <0,001). Quando

administrado o suco de uvaia (grupo HUv) foi observado uma maior atividade da enzima

comparado ao grupo H (p<0,05). Demostrando que o tratamento com o suco de uvaia

provavelmente contribuiu para melhorar a atividade da PON no soro de ratos alimentados com

a dieta hiperlipídica.

Figura 17- Atividade arilesterásica e paraoxonásica da enzima PON no soro em ratos que

receberam dieta controle ou dieta hiperlipídica tratados com suco de uvaia.

O dado de atividade paraoxonásica está apresentado como a média ± erro padrão da média e atividade

arilesterásica está expressa como a mediana e intervalo interquartil. C, grupo controle; CUv, grupo controle +

suco de uvaia; H, grupo hiperlipídico e HUv, grupo hiperlipídico + suco de uvaia. (n = 8). Diferenças

significativas (p ˂ 0,05) estão representadas por letras diferentes.

A atividade das enzimas que compõem o sistema de defesa antioxidante endógeno foi

determinada (SOD, catalase, GPx e GR). Conforme mostrado na figura 18. A atividade da

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57

enzima superóxido dismutase foi estatisticamente maior nos grupos que receberam a dieta

hiperlipídica (H e HUv). A administração do suco de uvaia não alterou este parâmetro.

Com relação à atividade da enzima catalase, pode-se observar redução significativa no

grupo H quando comparado ao grupo controle (C). O tratamento com o suco de uvaia

associado à dieta hiperlipídica restaurou a atividade desta enzima no fígado dos animais do

grupo HUv. No entanto o tratamento com o suco de uvaia e a dieta com adição de lipídios não

promoveram alterações significativas nas atividades de glutationa peroxidase e de glutationa

redutase.

Figura 18- Atividade das enzimas antioxidantes, superóxido dismutase, catalase, glutationa

peroxidase e glutationa redutase em ratos alimentados com dieta controle e dieta hiperlipídica

tratados com suco de uvaia.

Os dados estão apresentados como a média ± erro padrão da média. C, grupo controle; CUv, grupo controle + suco

de uvaia; H, grupo hiperlipídico e HUv, grupo hiperlipídico + suco de uvaia. (n = 8). Diferenças significativas (p

˂ 0,05) estão representadas por letras diferentes.

A Glutationa (γ-L-glutamil-L-cisteinil-glicina) existe no organismo em suas formas

reduzida (GSH) e oxidada (GSSG), e é considerada um dos agentes mais importantes do

sistema de defesa antioxidante. A enzima glutationa peroxidase (GPx) é dependente de

Ca

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glutationa reduzida (GSH) para agir como antioxidante, onde, através da GSH ocorre a

metabolização do H2O2 e produção de H2O e glutationa oxidada (GSSG), que pode voltar

novamente à forma reduzida (GSH), pela glutationa redutase (GR).

No presente estudo foi avaliado o efeito do tratamento com o suco de uvaia sobre as

concentrações hepáticas de glutationa total (GSH), glutationa oxidada (GSSG), glutationa

reduzida (GSH reduzida) e sobre a razão GSH/GSSG no fígado dos ratos que receberam dieta

controle ou dieta hiperlipídica. Os dados estão apresentados na figura 19.

Não foram observadas diferenças significativas entre os grupos experimentais quanto

as concentrações de GSH total e reduzida. No entanto, observou-se um aumento significativo

na concentração de GSSG no grupo H (p˂0,001) e uma redução na razão GSH reduzida/GSSG

no grupo H quando comparados ao grupo C (p˂0,05). Já com relação as concentrações de

GSSG e a razão GSH/GSSG o tratamento com a uvaia nãocando esses níveis iguais ao

controle, contudo, sem diferença estatística significativa quando comparado ao grupo H.

Figura 19- Conteúdo hepático de glutationa total, glutationa oxidada, glutationa reduzida e a

relação entre a glutationa total e glutationa oxidada no fígado de ratos que receberam dieta

controle ou dieta hiperlipídica tratados com suco de uvaia.

Os dados de GSH total e GSH reduzida estão apresentados como a média ± erro padrão da média e os níveis de

GSSG e a relação GSH/GSSG estão expressos como mediana e intervalo interquartil. C, grupo controle; CUv,

grupo controle + suco de uvaia; H, grupo hiperlipídico e HUv, grupo hiperlipídico + suco de uvaia. (n = 8).

Diferenças significativas (p ˂ 0,05) estão representadas por letras diferentes.

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6. DISCUSSÃO

Em nosso estudo, os ratos alimentados com uma dieta rica em gordura durante 10 semanas

foram utilizados para investigar os potenciais benefícios do suco de uvaia na NAFLD com

enfoque nas alterações do metabolismo de lipídios, danos oxidativos, bem como defesas

antioxidantes.

A capacidade antioxidante dos frutos está associada aos seus compostos bioativos, pois

possuem capacidade de eliminar radicais livres (SEIFRIED et al., 2007; MANDIC et al.,

2008). A atividade antioxidante do suco de uvaia foi determinada através da capacidade do

suco em inibir a oxidação do radical DPPH. Nosso resultado mostra que a uvaia apresentou

capacidade antioxidante de 4,42 ± 0,04 µM TEAC/g. Esse dado corrobora com resultados de

diversos trabalhos encontrados na literatura que mostram que a uvaia possui alta capacidade

antioxidante. Dentre estes HAMINIUK et al. (2011), demonstram que a uvaia obteve um

percentual de inibição de 71,08%, maior que diversos frutos nativos da mesma família, como

por exemplo, o araçá, a grumixama, o cambuci, a gabiroba e o feijoa. MIYAZAWA (2009),

também observou uma elevada capacidade antioxidante do fruto da uvaia, (656,29 μmol de

Trolox/100 mL de polpa).

Os polifenóis são importantes componentes fitoquímicos encontrados na uvaia. Por

conseguinte, o consumo de frutas ricas em compostos fenólicos que têm sido associados com

baixos níveis de ERO em seres humanos e animais experimentais (MARIUTTI et al., 2014).

A concentração de compostos fenólicos totais no suco testado, foi semelhante aos valores

relatados para outras frutas brasileiras, como açaí, caju, umbu, abacaxi e papaia. Em um estudo

recente, DA SILVA et al. (2014) identificaram e quantificaram os compostos fenólicos do

fruto da uvaia por cromatografia líquida de alto desempenho (HPLC-DAD-MSn) e

encontraram o ácido gálico e o galloyl HHDP-bis-hexosido como os principais compostos

fenólicos de uvaia. Outros estudos também demonstraram que a ingestão de alimentos ricos

em compostos fenólicos promoveu aumento da atividade de enzimas antioxidantes, sugerindo

seu papel na prevenção e tratamento de muitas doenças crônicas como obesidade, diabetes e

doenças cardiovasculares e progressão da NAFLD (GUERRA et al., 2015; DONGIOVANNI

et al., 2016; PEREIRA et al., 2016).

A presença de compostos bioativos, tais como os polifenóis, em alimentos, tem sido

relacionada a prevenção de diversas doenças crônicas, cuja prevalência vem aumentando

rapidamente. Os resultados obtidos neste estudo relacionados às variáveis peso e eficiência

alimentar, demonstraram que nem a dieta com alto teor de gordura, nem o suco de uvaia

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tiveram um efeito adverso no crescimento dos animais experimentais. No entanto, a dieta

hiperlipídica alterou a ingestão alimentar e a excreção, sendo que a ingestão diminuiu nos

grupos H e HUv e a excreção aumentou nestes grupos. Esse comportamento é comum em

ratos, onde a ingestão alimentar é ajustada ao requerimento energético, ou seja, proporcional

à densidade energética da dieta e dietas com alto teor de lipídios tornam-se altamente

energéticas (SHARP; VILLANO, 2012).

Em nosso trabalho, o modelo de esteatose induzida por dieta hiperlipídica em ratos,

apresentou um aumento na concentração de lipídios nos hepatócitos e um evidente dano

hepático, conforme indicado pelo aumento da gordura no fígado, aumento das macrovesículas

de gordura, hepatomegalia e aumento das enzimas hepáticas AST, ALT e fosfatase alcalina

no soro. A administração do suco de uvaia minimizou o acúmulo de lipídios no fígado e

reduziu a área das macrovesículas de gorduras. Além disso, reduziu a atividade sérica das

enzimas AST, ALT e fosfatase alcalina, indicando um efeito protetor ao dano no fígado.

Outros estudos também mostraram efeitos hepatoprotetores similares com a administração de

frutos ricos em polifenóis (PARAFATI et al., 2015; EKHLASI et al., 2016; GLISAN et al.,

2016; WU et al., 2017). O papel dos compostos fenólicos na proteção do fígado a partir de

dietas com alto teor de gordura tem sido relatado em outros trabalhos que propõem que

eventos seja mediado pela modulação de mecanismos moleculares que levam ao acúmulo de

gordura, como lipogênese e oxidação lipídica, além do estresse oxidativo, inflamação e fibrose

hepática. (GUERRA et al., 2015; DONGIOVANNI et al., 2016; PEREIRA et al., 2016).

Dados sugerem que distúrbios na homeostase de colesterol hepático são relevante para

a patogênese de NAFLD (ARGUELLO et al., 2015). De fato, em nosso modelo de dieta

hiperlipídica com adição de 2% de colesterol ocorreu um desequilíbrio na homeostase do

colesterol caracterizado por um aumento de colesterol total, do não HDL, uma diminuição do

colesterol HDL. Com relação aos níveis séricos de triacilgliceróis, nós observamos uma

redução nos grupos CUv, H e HUv quando comparados ao controle. No caso dos grupos

alimentados com a dieta hiperlipídica, os baixos níveis de triacilgliceróis

plasmáticos podem ser explicados pela quantidade de óleo de soja insaturado adicionado

nessas dietas. A administração do suco de uvaia minimizou os níveis de colesterol sérico total

e colesterol não-HDL além de uma redução dos triacilgliceróis no grupo controle

suplementados com uvaia, demostrando que a uvaia consiste em um importante agente

hipolipidêmico. DE SOUZA et al. (2012) e DE MIRANDA et al. (2017) relataram efeitos

semelhantes no colesterol sérico e frações e nos triacilgliceróis quando animais alimentados

com uma dieta rica em lipídios foram suplementados com os alimentos ricos em polifenóis.

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61

A homeostase do colesterol é mantida por um conjunto de mecanismos onde a

biossíntese, a captação e a excreção são perfeitamente regulados. As concentrações séricas e

intracelulares do colesterol são reguladas principalmente pelo fator de transcrição SREBP-2,

um fator de transcrição chave da biossíntese do colesterol. A redução intracelular de colesterol

tende a inibir a sua própria produção endógena através da regulação do SREBP-2, que, em

células privadas de colesterol, liga e ativa os promotores dos genes HMGCoA-R. De fato, os

ratos alimentados com a dieta hiperlipídica exibiram uma menor expressão de SREBP-2 e

HMGCoA-R, possivelmente a dieta hiperlipídica promoveu uma saturação nos níveis de

colesterol nos hepatócitos o que resultou em uma inibição da síntese endógena no fígado e

resultando na redução na expressão do SREBP-2 e consequentemente da HMGCoA-R.

Contudo, no grupo que recebeu o suco de uvaia (HUv) as expressões desses genes foram

semelhantes aos observados nos ratos alimentados com a dieta controle e hiperlipídica,

provavelmente por diminuir os níveis de colesterol circulante como foi observado. SILVA et

al. (2013) e DE MIRANDA et al. (2017) também relataram que a alimentação de ratos com

uma dieta rica em lipídios suplementada com fonte de compostos fenólicos restaurou a

expressão do HMGCoA-R e SREBP-2 para os níveis observados em ratos alimentados com

uma dieta controle.

Outra possível via relacionada com acúmulo de lipídios no fígado pelo qual uvaia pode

ter agido para atenuar NAFLD, é biossíntese e degradação de AG. SREBP-1C é um fator de

transcrição que regula a homeostase de AG por ligação e ativação dos promotores dos genes

das enzimas chave, incluindo ACC1 e FAS (SHIMOMURA; BASHMAKOV; HORTON,

1999; HORTON; GOLDSTEIN; BROWN, 2002). No nosso trabalho não foram observadas

diferenças estatísticas entre os grupos experimentais para e expressão do SREBP-1c e para a

enzima ACC. Contudo foi constatado que o suco de uvaia inibiu a expressão da enzima FAS

no grupo hiperlipídico. LI, X.-C. et al. (2002); TSURUTA et al. (2011) demostraram que

polifenóis de plantas têm exibido atividade inibidora de FAS in vitro, consistente com o efeito

observado devido aos polifenóis presentes no suco de uvaia. Além disso, em ratos alimentados

com dieta hiperlipídica enriquecida em polifenóis, (PARK et al., 2013) relataram a regulação

da expressão de mRNA de FAS, diminuindo a expressão desta enzima. Sugerindo que os

compostos bioativos presentes no fruto da uvaia possam ter efeitos benéficos na NAFLD, já

que uma das vias pelas quais os lipídios podem se acumular no fígado é o aumento da síntese

de AG.

PPARα é um regulador mestre de oxidação de AG, regulando CPT-1α e ACOX-1,

estimulando a β-oxidação e reduzindo a biossíntese lipídica e, portanto, evitando o excesso de

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TAG no fígado. O tratamento de suco uvaia aumentou a expressão de PPAR-α e seu alvo nos

peroxissomos, ACOX-1. SEO et al. (2008) relatou em seu estudo níveis hepáticos de PPAR-

α diminuídos em pacientes com NAFLD e os agonistas farmacológicos foram capazes de

melhorar o contexto. Além disso, BAES; VAN VELDHOVEN (2016) observou que

camundongos knockout com perda de atividade de ACOX-1 desenvolveram esteatose

hepática. Nossos resultados foram consistentes com estudos anteriores que relataram que

compostos isolados de fenólicos e extratos ricos em polifenóis aumentam os níveis de mRNA

de PPAR-α (CUI et al., 2014; LIAO et al., 2014; WANG et al., 2015).

Além das mitocôndrias, os peroxissomos têm papel importante no metabolismo de AG

hepáticos. Estudos recentes relataram que a escassez de peroxissomos funcionais é

intensificada pela dieta rica em gordura e está associada ao agravamento da esteatose hepática

(WENG et al., 2013; WENG et al., 2015; BAES; VAN VELDHOVEN, 2016). PEX11 é uma

peroxina com três isoformas (α, γ e β), está envolvida nas primeiras etapas da fissão do

peroxissomo e é altamente expressa no fígado. A deficiência da isoforma PEX11α leva à

redução do alongamento e da quantidade dos peoxissomos e consequentemente ao

comprometimento da β-oxidação peroxissomal (WENG et al., 2013; SCHRADER et al.,

2016). Em nosso estudo, a expressão de PEX11α diminuiu em ratos alimentados com dieta

hiperlipídica, no entanto, a adição de uvaia restaurou a expressão de PEX11α em níveis

semelhantes àqueles dos animais alimentados com a dieta de controle. Assim, a diminuição

da concentração de lipídios promovida por uvaia pode ter ocorrido, pelo menos em parte,

devido a um efeito positivo na expressão dessa peroxina.

Além da PEX11α, um outro componente essencial das membranas peroxissomais é o

PMP70, uma proteína que também está relacionada à abundância de peroxissomos e a ação

de enzimas peroxissomais responsáveis pela β-oxidação (WENG et al., 2015). Paralelamente

à β-oxidação, a catalase, principal enzima peroxissomal, que atua na neutralização do H2O2

está diretamente relacionada a possível progressão da NAFLD (VIDELA et al., 2004). Sabe-

se que mutações nos genes PMP70 e catalase acarretam defeitos na biogênese de

peroxissomos e toxicidade peroxissomal devido ao excesso de H2O2, caracterizando uma

desordem e, consequentemente, desencadeando o desenvolvimento de doenças graves tais

como a NAFLD e NASH (SHEIKH et al., 1998; IMANAKA et al., 1999). O tratamento com

o suco de uvaia aumentou a expressão de PMP70 em ratos com esteatose (Grupo HUv). Além

disso aumentou a expressão da enzima catalase e foi capaz de restaurar a atividade desta

enzima a níveis normais em animais alimentados com dieta hiperlipídica. Tomados em

conjunto, nossos resultados sustentam a ideia de que o aumento da biogênese peroxissomal

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representa um mecanismo importante pelo qual o tratamento com o suco de uvaia abrandou a

esteatose hepática.

Sabe-se que uma dieta rica em lipídios é um fator importante para o desequilíbrio redox

e que o estresse oxidativo é uma característica proeminente no desenvolvimento e progressão

da NAFLD (BROWNING; HORTON, 2004; ROLO; TEODORO; PALMEIRA, 2012). O

acúmulo de ERO nos hepatócitos pode provocar a progressão da doença devido a mecanismo

de peroxidação lipídica, carbonilação de proteínas e dano ao DNA (DIEHL, ANNA MAE,

2005).

A carbonilação de proteínas é irreversível e a proteína carbonilada é um indicador de

dano oxidativo grave (DALLE-DONNE et al., 2003; YANG et al., 2012). Após 10 semanas

de experimento o dano oxidativo à proteínas foi significativamente maior em ratos

alimentados com a dieta hiperlipídica em comparação com os alimentados com a dieta

controle. O tratamento com suco de uvaia diminuiu o acúmulo de proteína carbonilada no

fígado. Esse resultado é consistente com o trabalho DE SOUZA et al. (2010), onde

alimentaram ratos com uma dieta com alto teor de lipídios adicionada de açaí, uma fruta rica

em polifenol, e observaram uma diminuição nas concentrações de proteína carbonilada no

fígado em comparação com a dos ratos alimentados apenas com dieta hiperlipídica. O efeito

do suco de uvaia no conteúdo de proteína carbonilada no fígado pode ser devido à presença

de compostos fenólicos nesse fruto. Em estudo com jovens com NAFLD que ingeriram suco

de fruta rico em polifenóis por 4 semanas GUO et al. (2014) observaram redução da

carbonilação de proteínas.

A redução de enzimas do sistema de defesa antioxidante também é uma consequência

ao aumento crônico de ERO na hipelipidemia e contribui para o estresse oxidativo (VIDELA

et al., 2004; LIZANA; GALDAMES; RODRIGO, 2017). No nosso estudo investigamos o

status antioxidante dos animais ao avaliar a atividade sérica de PON utilizando os substratos

fenilacetato e o paraoxon, a atividade da SOD, catalase, GPx, GR e as concentrações da GSSG

e GSH no fígado dos animais.

A família paraoxonase tem sido objeto de grande interesse por prevenir o estresse

oxidativo e o processo inflamatório. Este mecanismo de prevenção se dá devido associação

entre a PON e o HDL, protegendo a LDL de modificações oxidativas (AVIRAM;

ROSENBLAT, 2004; DEAKIN; JAMES, 2004). Além disso, vários estudos têm associado a

diminuição da atividade de PON com aumento de danos hepáticos, entre eles a NAFLD

(SAMY; HASSANIAN, 2011; PEREIRA et al., 2016). Ao avaliar os nossos dados

encontramos que a dieta hiperlipídica causou alterações significativas na atividade da PON no

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soro dos animais, diminuindo ambas as atividades (paraoxonásica e arilesteárica) nos animais

que receberam a dieta rica em lipídios em comparação aos animais controles. A administração

do suco de uvaia promoveu um aumento significativo na atividade paraoxonásica de PON.

Corroborando com os nossos resultados diversos estudos demonstraram um papel

antioxidante de frutos ricos em polifenóis na modulação da atividade dessa enzima

(FUHRMAN; AVIRAM, 2002; DE SOUZA et al., 2010; PEREIRA et al., 2016).

GSH é sintetizado endogenamente no fígado e é a primeira linha de defesa contra o

estresse oxidativo (ANDERSON, 1998; HALLIWELL, 1999; LIMA; FERNANDES-

FERREIRA; PEREIRA-WILSON, 2006). Em geral, os níveis elevados de GSH e a

diminuição dos níveis de GSSG estão associados ao aumento da resistência ao estresse

oxidativo. Isso leva a uma diminuição da relação GSSG / GSH, que é um indicador potente

do estresse oxidativo no tecido (YANG et al., 2012). No nosso estudo, o suco de uvaia não

apenas diminuiu significativamente a oxidação da proteína, mas também aumentou

efetivamente os mecanismos de defesa antioxidante, modulando o metabolismo da glutationa

hepática e aumentando a atividade e a expressão gênica da enzima catalase. A formação e

acumulação de GSSG foi inibida pelo suco de uvaia, deslocando o GSH endógeno para o

estado oxidado no grupo hiperlipídico suplementado com uvaia em comparação com o grupo

controle (C). Além disso, a relação GSH / GSSG no fígado do grupo HUv foi semelhante à

do grupo controle (C), sugerindo que o tratamento com o suco de uvaia promoveu uma

melhora no estado redox sérico e hepático.

A enzima SOD desempenha um papel importante na proteção das células contra danos

oxidativos ao converter radicais superóxido em H2O2 (CHAUDIÈRE; FERRARI-ILIOU,

1999; PISOSCHI; POP, 2015). Em nosso estudo, a dieta hiperlipídica acarretou um aumento

significativo na atividade SOD, consistente com alguns estudos realizados anteriormente

(JUNG et al., 2003; BELGUITH-HADRICHE et al., 2010; BELLASSOUED et al., 2015). O

aumento da atividade de SOD no fígado dos animais hiperlipidêmicos pode ser uma adaptação

em resposta a níveis elevados de superóxido, resultando em maior defesa contra os radicais

livres. Não observamos aumento da atividade de SOD com tratamento com suco de uvaia,

sugerindo que a uvaia não teve efeito sobre a redução de ânions superóxido para H2O2.

CAT e GPx são enzimas importantes responsáveis pela conversão do H2O2 produzido

sob condições de estresse em água e oxigênio, protegendo as células do dano oxidativo

relacionado ao estresse (FANG; YANG; WU, 2002; HALLIWELL; GUTTERIDGE, 2015).

A enzima CAT é especialmente importante quando a quantidade ou atividade de GPx é

reduzida e desempenha um papel significativo na resistência ao estresse oxidativo. É uma

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hemoproteína localizada nos peroxissomos e catalisa a detoxificação do peróxido de

hidrogênio em oxigênio e água. A inibição desta enzima por ânions superóxido já foi

demonstrada e, portanto, o aumento de ERO na NAFLD pode estar relacionado a redução de

sua atividade. (LI.; HORKE; FÖRSTERMANN, 2013; PISOSCHI; POP, 2015). Nós

observamos que animais alimentados com uma dieta hiperlipídica tiveram uma redução

significativa na atividade e na expressão da enzima CAT, indicando que a dieta rica em

lipídios suprimiu a ação da enzima. SOUR et al. (2015) também observaram em seu estudo

que ratos alimentados com uma dieta rica em lipídios apresentaram baixa atividade de CAT

tanto no soro como no fígado. O tratamento com o suco de uvaia promoveu reversão das

alterações tanto na atividade quanto na expressão da catalase. Consistente com nosso trabalho,

VIDYASHANKAR; VARMA; PATKI (2013) demostraram que em células esteatóticas

(HepG2) incubadas com o composto fenólico quercetina, a atividade da CAT foi

significativamente aumentada. Este resultado sugere que os compostos antioxidantes no fruto

da uvaia foram capazes de melhorar o estado redox e consequentemente os mecanismos

moleculares envolvidos na patogênese da NAFLD.

Sendo assim, a administração da uvaia foi associada também a uma melhora no status

antioxidante, demonstrando que o suco de uvaia foi capaz de neutralizar o dano oxidativo

causado por radicais livres. A presença de compostos fenólicos com atividade antioxidante no

suco pode ter contribuído para proteger o fígado de uma lesão e proteger contra os radicais

livres evitando assim a progressão da NAFLD.

O presente estudo demonstrou os potenciais benefícios do suco de uvaia, uma fonte de

polifenóis, sobre a NAFLD em ratos alimentados com dieta hiperlipídica. A administração do

suco de uvaia evitou a progressão do dano hepático, melhorou os níveis de lipídios no soro,

modulou a expressão dos genes envolvidos na síntese e β-oxidação de AG (FAS, PPARα e

ACOX-1) e da biogênese peroxissomal (PMP70, PEX11α e catalase) e melhorou o estado

redox.

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7. CONCLUSÃO

Os resultados sugerem que a dieta hiperlipídica pode estar limitando a homeostase do

metabolismo dos AG e a atividade de peroxissomos, além de promover um desequilíbrio

redox. O tratamento com o suco de uvaia demonstrou possível efeito nestas vias metabólicas,

tomando por base os nossos resultados A administração do suco melhorou o dano hepático,

melhorou os níveis de lipídios séricos, modulou a expressão dos genes envolvidos na síntese

e β-oxidação de AG (FAS, PPARα e ACOX-1) e da biogênese peroxissomal (PMP70,

PEX11α e catalase) e melhorou o estado redox.

Em conclusão, nossos achados demonstraram que o suco de uvaia tem um efeito

protetor contra NAFLD e forneceu nova perspectiva na compreensão dos possíveis

mecanismos envolvidos. O presente estudo apoia a ideia de que um provável aumento da

biogênese peroxissomal, da oxidação de AG e de melhora no balanço oxidante/antioxidante

hepático provavelmente representam mecanismos importantes pelo qual o suco de uvaia

amenizou a NAFLD induzida por dieta hiperlipídica em ratos.

Considerando que não há tratamento efetivo para NAFLD e que o suco de uvaia

provou ser uma importante fonte antioxidante, além de ser fácil de obter. Estes dados indicam

que a uvaia pode representar uma estratégia dietética viável, associada à prevenção e/ou

tratamento de distúrbios do metabolismo de lipídios.

Figura 20- Resumo das evidências encontradas sobre o metabolismo de lipídios e estresse

oxidativo que possivelmente contribuíram para amenizar os danos hepáticos induzidos por

dieta hiperlipídica.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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9. ANEXOS

9.1 ANEXO I - Certificado de Aprovação da Comissão de Ética no Uso de

Animais

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9.2 ANEXO II – Trabalho publicado no Food Research International

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9.3. ANEXO III – Trabalho submetido no Food Research International