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  • FREDDY POETSCHER

    EFEITO DO NMERO DE PASSES E DO TRATAMENTO TRMICO

    PS-SOLDAGEM DE LIGA DE ALUMNIO AA 6063 SOLDADA POR

    ATRITO LINEAR COM MISTURA (FSW).

    So Paulo 2009

  • FREDDY POETSCHER

    EFEITO DO NMERO DE PASSES E DO TRATAMENTO TRMICO

    PS-SOLDAGEM DE LIGA DE ALUMNIO AA 6063 SOLDADA POR

    ATRITO LINEAR COM MISTURA (FSW).

    Tese apresentada Escola Politcnica da Universidade de So Paulo como requisito para obteno do ttulo Doutor em Engenharia

    rea de Concentrao: Engenharia Metalrgica e de Materiais

    Orientador: Srgio Duarte Brandi

    So Paulo 2009

  • FICHA CATALOGRFICA

    Poetscher, Freddy

    Efeito do nmero de passes e do tratamento trmico ps-soldagem de liga de alumnio AA 6063 soldada por atrito linear com mistura (FSW) / Freddy Poetscher; orientador Srgio Duarte Brandi. ed.rev. -- So Paulo, 2009.

    163 p. Tese (Doutorado) Escola Politcnica da Universidade de So

    Paulo. Departamento de Engenharia Metalrgica e de Materiais. 1.Soldagem por FSW 2.Soldagem no estado slido 3.Soldagem

    por atrito linear com mistura (SALM) 4.Alumnio I. Universidade de So Paulo. Escola Politcnica. Departamento de Engenharia Metalrgica e de Materiais II.t.

    Este exemplar foi revisado e alterado em relao verso original, sob responsabilidade nica do autor e com a anuncia de seu orientador. So Paulo, de Junho de 2009. Assinatura do autor __________________________________ Assinatura do orientador ______________________________

  • Que eu queira o que Deus quer que eu queira. So Tomaz de Aquino

  • minha amada esposa Sylvia, minha alma gmea companheira.

    Aos meus filhos Erich e Johann, minha eternidade.

  • iii

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo ao meu orientador Prof. Dr. Srgio Duarte Brandi pelo acolhimento,

    convivncia e uma orientao livre, precisa e sempre presente.

    Ao Departamento de Engenharia Metalrgica e de Materiais da Escola Politcnica

    pela estrutura de apoio tcnica e administrativa para a conduo deste trabalho.

    empresa CBA pelo fornecimento dos materiais e suporte nos ensaios, em especial

    aos Srs. Miguel Borodiak, Alex Sandro Felipe de Moraes e Ivan Menegueo pelo

    auxlio nas preparaes das amostras e ao Mestre Eng. Rodrigo Camargo Campana

    pelo suporte na CBA.

    Ao IST-Lisboa-Portugal pela soldagem dos corpos de prova, em especial a Prof. Dra.

    Luisa Quintino e ao Prof. Dr. Pedro Vilaa.

    Ao aluno de intercmbio Jean-Baptiste Chesnot da cole Nationale Suprieure de

    Chimie de Lille Frana pela ajuda na preparao e conduo dos ensaios iniciais

    de calorimetria.

    Ao Laboratrio de Fenmenos de Superfcie (LFS) pela ajuda na preparao de

    amostras e medidas de microdureza.

    Ao Prof. Alberto do Dema UFSCar pelas orientaes e ensaios de EBSD.

    Ao IPT pelo suporte nos ensaios e preparaes de amostras, em especial ao Sr.

    Jos Belotti.

    Ao Prof. Dr. Ricardo H.R. Castro da FEI pela ajuda nos ensaios de calorimetria.

    Aos Tcnicos Vincios, Aline, Luan, Lvio e Cludio que ajudaram na preparao de

    amostras.

    Aos colegas de Ps Drio, Eduardo, Maria, Flvio, Riccardo, Franco pela

    convivncia e ajuda nos momentos de dificuldades.

    Aos colegas da Testmat, Eng. Cristiano Lagatta e Eng. Joo Alves, que ajudaram na

    realizao dos ensaios e na minha ausncia na empresa.

    Aos colegas da Voith que direta ou indiretamente ajudaram na realizao deste

    trabalho.

  • iv

    RESUMO

    O processo de soldagem por atrito linear com mistura (FSW) uma tcnica recente

    para a soldagem no estado slido de materiais, em particular para o alumnio e suas

    ligas. O processo foi inventado na Inglaterra em 1991. Neste processo, as partes a

    serem soldadas so fixadas e uma ferramenta especial realiza a soldagem de forma

    contnua. A ferramenta possui uma velocidade de rotao e, durante a sua

    translao, o material misturado no estado slido e, conseqentemente, soldando

    as duas partes. A junta soldada por FSW de alumnio AA 6063-T6, com espessura

    de 3 mm foi caracterizada. A soldagem foi realizada com uma rotao da ferramenta

    de 710 rpm e com uma velocidade de translao de 5,3 mm/s. A ferramenta

    empregada do tipo three flats, com dimetro do ombro de 14 mm, dimetro do

    pino de 3 mm e com ngulo de 90o com relao horizontal. Os corpos de prova

    foram soldados em trs condies: um passe, dois passes e dois passes com

    inverso de rotao do pino. Aps a soldagem foram realizados os seguintes

    tratamentos trmicos: solubilizao, envelhecimento e recozimento. A junta soldada

    foi caracterizada por macrografias, micrografias, microdureza, ensaios de

    calorimetria diferencial e EBSD. Os resultados mostraram que existem ZTMAs

    diferentes conforme a condio dos de passes. O nmero de passes tem influncia

    nas componentes da textura alterando de Cubo para Lato e para Goss + Cobre. Os

    tratamentos trmicos de envelhecimento e recozimento produziram as maiores e

    menores durezas do cordo, respectivamente. Foi observada a sinergia entre os

    fatores nmero de passes e regio do cordo no tamanho de gro do cordo. O lado

    de retrocesso, aps o tratamento trmico, apresentou os gros mais finos.

    Palavras-chave: Soldagem por FSW. Soldagem no estado slido. Soldagem por

    atrito linear com mistura (SALM). Alumnio.

  • v

    ABSTRACT

    Friction stir welding (FSW) is a recent process for aluminium welding in solid state.

    This process was invented in England in 1991. The welding process is done with a

    special rotating tool that travels along the joint while the parts are fixed. The tool has

    a speed and a rotation and during its translation the material mixtures in solid state

    and the joint occurs. The objective of this paper is to show the metallurgical and

    mechanical characteristics of a 3 mm thick Aluminum AA 6063 T6 plate welded joint.

    The tool rotation speed was 710 rpm and the translation speed was 5.3 mm/s. The

    type of the tool used was three flats, with a shoulder diameter of 14mm and pin

    diameter of 3mm and perpendicular to the plate. The samples were welded in three

    conditions: one pass, two passes and two passes with pin rotation inversion in the

    second pass. The welded samples were also submitted to solution heat treatment,

    solution heat treatment followed by aging and annealing heat treatments. The welded

    joint was studied with these main experimental techniques: optical and scanning

    electron microscopy, microhardness, differential scanning calorimetry and electron

    backscatter diffraction for texture analysis. The results showed different TAZs

    according to the welding conditions. The number of passes has influence over the

    texture components changing from Cube to Brass and to Goss + Copper. The aging

    and solution heat treatments showed the highest and the lowest hardness,

    respectively. Synergy between the welding conditions and weld region was observed

    for the grain size results. The retreating side produced the finest grains after heat

    treating.

    Key-words: Friction stir welding (FSW). Solid state welding. Aluminium.

  • vi

    LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1 Soldagem por atrito rotacional (10). ............................................................. 3

    Figura 2 Processo de soldagem por atrito linear com mistura (10). ........................... 4

    Figura 3 Ensaio de Fadiga. Nmero de ciclos at a ruptura para

    alumnio srie 6000. a) Comparao MIG, SALM e Material

    de Base, b) Comparao SALM, Cordo de solda obtido por

    SALM polido e Material de Base (16, 17). .................................................. 8

    Figura 4 Comparativo de trs processos para a soldagem de juntas topo

    a topo de ligas de alumnio da srie AA 6000 (27). .................................. 9

    Figura 5 Esquema do processo SALM. Adaptado das referncias (28, 29). .............. 10

    Figura 6 Exemplos de ferramenta: (a) convencional, (b) tipo WhorlTM e

    (c) MX TrifluteTM, desenvolvidas pelo TWI (33). ..................................... 11

    Figura 7 SALM duplo. Realizado com duas ferramentas em ambos os

    lados de um perfil tpico (34). ................................................................. 11

    Figura 8 SALM na fabricao de tubos no ferrosos (34). ....................................... 12

    Figura 9 SALM Hbrido: (a) Vista lateral e (b) Vista superior (34)............................. 12

    Figura 10 Coordenadas do modelo de McClure (45). ............................................... 14

    Figura 11 Ciclos trmicos para a condio 2D em uma distncia de

    8,185 mm do centro do cordo para AA 6056-T4 com 3,9

    mm de espessura, representando de (a) at (c) o melhor

    ajuste entre os valores medidos experimentalmente e os

    previstos pelo modelo analtico. Potncia do processo 745W (47). ........................................................................................................ 16

    Figura 12 Resultados da interao do pino da ferramenta Triflat com

    velocidade translao de 1 mm/s e velocidade de rotao de

    120 rpm para liga de alumnio AA 7449 com 20 mm de

    espessura. (a) contornos dos valores da velocidade (m/s);

    (b) vetores velocidade (mostrando uma superfcie com taxa

    de deformao de 1 s-1); (c) taxa de deformao em s-1

    (observar que a escala logartmica); (d) contornos de

    temperatura (oC) (48). ............................................................................ 18

  • vii

    Figura 13 Contornos de presso (Pa) do pino da ferramenta Triflat com

    velocidade translao de 1 mm/s e velocidade de rotao de

    120 rpm para liga de alumnio AA 7449 com 20 mm de

    espessura (48). ...................................................................................... 19

    Figura 14 Ciclo trmico para uma liga AA6082 obtido na regio logo

    abaixo do ombro da ferramenta (42, 49). ................................................. 20

    Figura 15 Medidas de dureza experimentais e calculadas pelo modele

    em liga de alumnio AA6082-T6. Parmetros de soldagem:

    velocidade de 5 mm/s; velocidade de rotao do pino de

    1500 rpm e fora de 7 kN (42, 49). ........................................................... 21

    Figura 16 Efeito do tratamento trmico na microestrutura da junta

    soldada por SALM da liga AA6082-T6. Em (a) na condio

    como-soldada e em (b) tratada a 510oC por 15 min (42, 49). .................. 22

    Figura 17 a) Diagrama de Ashby. b) Diagrama de Ashby para a regio

    do cordo de solda (40, 43)...................................................................... 24

    Figura 18 Definio das regies de deformao na soldagem SALM, na

    parte de trs do pino (50). ...................................................................... 27

    Figura 19 Efeito da velocidade de avano e de rotao nas regies de

    deformao de material durante a soldagem por SALM de

    uma liga de alumnio (55). ...................................................................... 28

    Figura 20 Representao esquemtica do crescimento (a) normal (b)

    anormal de gros de tamanho mdio D ao longo do tempo t (58). ........................................................................................................ 32

    Figura 21 Zona termo-mecanicamente afetada pelo calor: A- Material

    no afetado; B- Termicamente afetado; C- Termo-

    mecanicamente afetado - plasticamente deformado, com

    reas recristalizadas; D- Dinamicamente recristalizado (19).................. 35

    Figura 22 Perfil de dureza para cordo de Al 6063 soldado por SALM (68). ........................................................................................................ 38

    Figura 23 TEM da solda SALM com precipitados em diferentes regies (54, 68). .................................................................................................... 38

    Figura 24 Curva do fluxo de energia obtida por calorimetria diferencial

    em amostras de cordo de solda AA 6005 em diferentes

    regies do cordo e material de base(71). ............................................. 39

  • viii

    Figura 25 (a) Padres de fluxo de material. Seo longitudinal da

    ferramenta, junta e cordo. (b) regies desenvolvidas

    durante o processo SALM (82). .............................................................. 41

    Figura 26 a) Componentes de textura de laminao de metais CFC no

    espao de Euler em 3D: a fibra entre a componente cobre

    e lato e a fibra entre a componente do tipo lato e Goss.

    b) As sees constantes 2. ................................................................. 44

    Figura 27 Mapas EBSD e figuras de plo na condio como

    soldado, a) b) e c) referem-se a trs regies no centro do

    cordo na regio do onion ring (83). ...................................................... 45

    Figura 28 a) Fotografia do cordo soldado com um passe. As setas

    indicam a direo e rotao da ferramenta. b) Detalhe do

    tipo da ferramenta utilizada. ................................................................. 48

    Figura 29 Diferentes condies de soldagem. a) 1 passe b) 2 passes na

    mesma direo c) dois passes com direo inversa de

    rotao do pino. ................................................................................... 48

    Figura 30 Regies de anlise do cordo de solda por SALM................................. 49

    Figura 31 Esquema das medidas das reas da zona

    termomecanicamente afetada na vista frontal do cordo de

    solda. A soma das reas indicadas corresponde a rea total

    do cordo. As reas 1 e 2 correspondem a ZTMA. .............................. 53

    Figura 32 Matriz de experimentos com dois fatores: Presso e Lote e

    dois nveis por fator. Os nmeros dentro da matriz indicam a

    seqncia de ensaios. .......................................................................... 57

    Figura 33 Arranjo fatorial de dois fatores com dois nveis (99). ................................ 58

    Figura 34 Grfico dos efeitos de interao. Os smbolos + e indicam o

    nvel do fator no mximo e no mnimo. (a) Fator A sem

    interao com Fator B (b) Fator A com interao com Fator

    B (99). .................................................................................................... 60

    Figura 35 Matriz de experimentos de dois fatores com a e b nveis e n

    replicaes, y = resposta (99). ............................................................... 60

  • ix

    Figura 36 Microestruturas frontais das sees dos cordes. (a) 1 passe

    Como Soldado (b) 2 passes sem inverso Como Soldado (c)

    2 passes com inverso Como Soldado. Ataque: Barker

    1,8%. .................................................................................................... 64

    Figura 37 Microestruturas da vista superior dos cordes. (a) 1 passe

    Como soldado (b) 2 passes sem inverso Como soldado (c)

    2 passes com inverso Como soldado. Ataque: Barker 1,8%. ............. 65

    Figura 38 Microestruturas da vista da raiz dos cordes. (a) 1 passe

    Como Soldado (b) 2 passes sem inverso Como Soldado (c)

    2 passes com inverso Como Soldado. Ataque: Barker

    1,8%. .................................................................................................... 66

    Figura 39 Microestrutura da zona termomecanicamente afetada do

    cordo da condio de um passe, lado do avano, vista

    frontal. .................................................................................................. 71

    Figura 39 Grfico dos efeito das condies de soldagem no tamanho de

    gro mdio na regio de gros alongados. .......................................... 72

    Figura 40 Efeito das interaes no tamanho de gro alongado. ............................ 73

    Figura 42 Microestrutura do centro do cordo mostrando os gros

    equiaxiais.. ........................................................................................... 75

    Figura 43 Efeito da condio de soldagem no tamanho de gro

    equiaxial. .............................................................................................. 75

    Figura 43 Microestrutura do metal de base na condio como-recebido..

    Ataque: Barker 1,8%. ........................................................................... 77

    Figura 44 Microestruturas frontais das sees dos cordes. (a) 1 passe

    Solubilizado (b) 2 passes sem inverso Solubilizado (c) 2

    passes com inverso Solubilizado. Ataque: Barker 1,8%. ................... 79

    Figura 45 Microestruturas frontais das sees dos cordes. (a) 1 passe

    Envelhecido (b) 2 passes sem inverso Envelhecido (c) 2

    passes com inverso Envelhecido. Ataque: Barker 1,8%. ................... 80

    Figura 46 Microestruturas frontais das sees dos cordes. (a) 1 passe

    Recozido, 2h (b) 2 passes sem inverso Recozido 2h (c) 2

    passes com inverso Recozido 2h. Ataque: Barker 1,8%. ................... 81

  • x

    Figura 47 Microestruturas frontais das sees dos cordes. (a) 1 passe

    Recozido, 8h (b) 2 passes sem inverso Recozido 8h (c) 2

    passes com inverso Recozido 8h. Ataque: Barker 1,8%. ................... 82

    Figura 48 - Microestruturas da vista superior dos cordes. (a) 1 passe

    Solubilizado (b) 2 passes sem inverso Solubilizado (c) 2

    passes com inverso Solubilizado. Ataque: Barker 1,8%. ................... 83

    Figura 49 Microestruturas da vista superior dos cordes. (a) 1 passe

    Envelhecido (b) 2 passes sem inverso Envelhecido (c) 2

    passes com inverso Envelhecido. Ataque: Barker 1,8%. ................... 84

    Figura 50 Microestruturas da vista superior dos cordes. (a) 1 passe

    Recozido 8h (b) 2 passes sem inverso Recozido 8h (c) 2

    passes com inverso Recozido 8h. Ataque: Barker 1,8%. ................... 85

    Figura 51 Microestruturas da vista da raiz dos cordes. (a) 1 passe

    Solubilizado (b) 2 passes sem inverso Solubilizado (c) 2

    passes com inverso Solubilizado. Ataque: Barker 1,8%. ................... 86

    Figura 52 Microestruturas da vista da raiz dos cordes. (a) 1 passe

    Envelhecido (b) 2 passes sem inverso Envelhecido (c) 2

    passes com inverso Envelhecido. Ataque: Barker 1,8%. ................... 87

    Figura 53 Microestruturas da vista da raiz dos cordes. (a) 1 passe

    Recozido 8h (b) 2 passes sem inverso Recozido 8h (c) 2

    passes com inverso Recozido 8h. Ataque: Barker 1,8%. ................... 88

    Figura 54 Grfico de frao recristalizada ao longo do tempo para o

    recozimento. Curvas para frao recristalizada total. Os

    smbolos indicam os valores medidos. ................................................. 89

    Figura 55 Recristalizao secundria avanando da superfcie para o

    centro do cordo. Soldagem com um nico passe, lado do

    avano. Ataque: Barker. ....................................................................... 90

    Figura 56 Efeito das condies de soldagem, tratamento trmico

    posterior e localizao na rea de recristalizao secundria

    do cordo. ............................................................................................ 91

    Figura 57 Anlise de ANOM indicando os efeitos significativos na

    alterao da rea recristalizada secundariamente durante o

    recozimento dos cordes de solda. ...................................................... 92

  • xi

    Figura 58 Efeitos do tratamento trmico de recozimento, condio do

    cordo e localizao no tamanho de gro equiaxial. ........................... 95

    Figura 60 Efeitos do tratamento trmico e localizao no tamanho de

    gro da ZTMA. ..................................................................................... 97

    Figura 61 Efeitos das interaes entre localizao no cordo e condio

    de soldagem. ........................................................................................ 98

    Figura 62 Mapa de orientao do gro. Material de base apresentando

    uma textura na direo . .......................................................... 100

    Figura 63 Mapa de ndice de qualidade de ensaio (IQ). Material de

    Base. .................................................................................................. 101

    Figura 64 Diferena de orientao entre gros do material de base. ................... 101

    Figura 65 Diferena de orientao entre gros do material de base. ................... 102

    Figura 66 FDO (EBSD) obtida para o material de base. ...................................... 103

    Figura 67 Tamanho de gro do metal de base. .................................................... 103

    Figura 68 Porcentagem acumulada da distribuio dos tamanhos de

    gro obtidos por EBSD do Material de Base. ..................................... 104

    Figura 69 Mapa de orientao de gro para a condio de um passe.

    Regio de avano da ferramenta. ...................................................... 105

    Figura 70 Diferena de orientao dos gros para a condio de um

    passe. Regio de avano da ferramenta. ........................................... 106

    Figura 71 FDO (EBSD) obtida para a condio de um passe. Regio de

    avano da ferramenta. ....................................................................... 107

    Figura 72 Tamanho de gro para a condio de um passe. Regio de

    avano da ferramenta. ....................................................................... 107

    Figura 73 Mapa de orientao de gro para a condio de um passe.

    Regio de retrocesso da ferramenta. ................................................. 108

    Figura 74 Diferena de orientao dos gros para a condio de um

    passe. Regio de retrocesso da ferramenta. ..................................... 109

    Figura 75 Comparao entre as diferenas de orientao dos gros do

    cordo de solda com um passe, no lado do avano e do

    retrocesso, comparado com o metal de base. ................................... 109

    Figura 76 FDO (EBSD) obtida para a condio de um passe. Regio de

    retrocesso da ferramenta. .................................................................. 111

  • xii

    Figura 77 Tamanho de gro para a condio de um passe. Regio de

    retrocesso da ferramenta. .................................................................. 111

    Figura 78 Comparao entre as porcentagens acumuladas da

    distribuio dos tamanhos de gro obtidos por EBSD do

    cordo com um nico passe nos lados de avano e

    retrocesso e do metal de base. .......................................................... 112

    Figura 79 Mapa de orientao de gro para a condio de dois passes.

    Regio de avano da ferramenta. ...................................................... 113

    Figura 80 Diferena de orientao dos gros para a condio de dois

    passes. Regio de avano da ferramenta. ......................................... 114

    Figura 81 FDO (EBSD) obtida para a condio de dois passes. Regio

    de avano da ferramenta. .................................................................. 114

    Figura 82 Tamanho de gro para a condio de dois passes. Regio de

    avano da ferramenta. ....................................................................... 115

    Figura 83 Mapa de orientao de gro para a condio de dois passes.

    Regio de retrocesso da ferramenta. ................................................. 116

    Figura 84 Diferena de orientao dos gros para a condio de dois

    passes. Regio de retrocesso da ferramenta. .................................... 117

    Figura 85 Comparao entre as diferenas de orientao dos gros do

    cordo de solda com dois passes sem reverso, no lado do

    avano e do retrocesso, comparado com o metal de base. ............... 118

    Figura 86 FDO (EBSD) obtida para a condio de dois passes. Regio

    de retrocesso da ferramenta. ............................................................. 119

    Figura 87 Tamanho de gro para a condio de dois passes. Regio de

    retrocesso da ferramenta. .................................................................. 119

    Figura 88 Comparao entre as porcentagens acumuladas da

    distribuio dos tamanhos de gro obtidos por EBSD do

    cordo com dois passes sem reverso nos lados de avano

    e retrocesso e do metal de base. ....................................................... 120

    Figura 89 Mapa de orientao de gro para a condio de dois passes

    com inverso. Regio de avano da ferramenta. ............................... 121

    Figura 90 Diferena de orientao dos gros para a condio de dois

    passes com inverso. Regio de avano da ferramenta.................... 122

  • xiii

    Figura 91 FDO (EBSD) obtida para a condio de dois passes com

    inverso. Regio de avano da ferramenta. ....................................... 122

    Figura 92 Tamanho de gro para a condio de dois passes com

    inverso. Regio de avano da ferramenta. ....................................... 123

    Figura 93 Mapa de orientao de gro para a condio de dois passes

    com inverso. Regio de retrocesso da ferramenta. .......................... 124

    Figura 94 Diferena de orientao dos gros para a condio de dois

    passes com inverso. Regio de retrocesso da ferramenta. ............. 124

    Figura 95 Comparao entre as diferenas de orientao dos gros do

    cordo de solda com dois passes com reverso, no lado do

    avano e do retrocesso, comparado com o metal de base. ............... 125

    Figura 96 FDO (EBSD) obtida para a condio de dois passes com

    inverso. Regio de retrocesso da ferramenta. ................................. 126

    Figura 97 Tamanho de Gro para a condio de dois passes com

    inverso. Regio de retrocesso da ferramenta. ................................. 127

    Figura 98 Comparao entre as porcentagens acumuladas da

    distribuio dos tamanhos de gro obtidos por EBSD do

    cordo com dois passes sem reverso nos lados de avano

    e retrocesso e do metal de base. ....................................................... 128

    Figura 99 Diferena de orientao dos gros para a condio de dois

    passes com tratamento trmico de recozimento por 8 horas.

    Regio de avano da ferramenta. ...................................................... 129

    Figura 100 Diferena de orientao dos gros para a condio de dois

    passes com tratamento trmico de recozimento por 8 horas.

    Regio de retrocesso da ferramenta. ................................................. 129

    Figura 101 - Tamanho de Gro para a condio de 2 passes sem inverso

    com tratamento trmico de recozimento por 8 horas. a)

    Regio de avano da ferramenta b) Regio de retrocesso da

    ferramenta. ......................................................................................... 130

    Figura 102 - Diferena de orientao dos gros para a condio de 2

    passes sem inverso com tratamento trmico de

    recozimento por 8 horas. a) Regio de avano da ferramenta

    b) Regio de retrocesso da ferramenta. ............................................. 130

  • xiv

    Figura 103 Comparao entre as diferenas de orientao dos gros do

    cordo de solda com dois passes sem reverso e com

    tratamento trmico de solubilizao, no lado do avano e do

    retrocesso, comparado com o metal de base. ................................... 131

    Figura 104 Curva de energia obtida por calorimetria diferencial em

    amostra do metal de base(AA 6063T6) aps tratamento de

    solubilizao. Velocidade de aquecimento 0,17 Ks-1. ........................ 134

    Figura 105 Perfis de Microdurezas de cordo de solda SALM de um

    passe nas condies tratadas CS, S, E e R. As impresses

    foram realizadas no corte frontal do cordo. Ataque Barker

    1,8%. .................................................................................................. 139

    Figura 106 Perfis de Microdurezas de cordo de solda SALM de dois

    passes, sem inverso de rotao no segundo passe, nas

    condies tratadas CS, S, E e R. As impresses foram

    realizadas no corte frontal do cordo. ................................................ 140

    Figura 107 Perfis de Microdurezas de cordo de solda SALM de dois

    passes, com inverso de rotao no segundo passe, nas

    condies tratadas CS, S, E e R. As impresses foram

    realizadas no corte frontal do cordo. ................................................ 141

    Figura 108 Perfis de Microdurezas de cordo de solda SALM de um

    passe nas condies tratadas CS, S, E e R. As impresses

    foram realizadas na regio superior do cordo. ................................. 142

    Figura 109 Perfis de Microdurezas de cordo de solda SALM de dois

    passes, sem inverso de rotao no segundo passe, nas

    condies tratadas CS, S, E e R. As impresses foram

    realizadas na regio superior do cordo. ........................................... 143

    Figura 110 Perfis de Microdurezas de cordo de solda SALM de dois

    passes, com inverso de rotao no segundo passe, nas

    condies tratadas CS, S, E e R. As impresses foram

    realizadas na regio superior do cordo. ........................................... 144

    Figura 111 Perfis de Microdurezas de cordo de solda SALM de um

    passe nas condies tratadas CS, S, E e R. As impresses

    foram realizadas na raiz do cordo. ................................................... 145

  • xv

    Figura 112 Perfis de Microdurezas de cordo de solda SALM de dois

    passes, sem inverso de rotao no segundo passe, nas

    condies tratadas CS, S, E e R. As impresses foram

    realizadas na raiz do cordo. ............................................................. 146

    Figura 113 Perfis de Microdurezas de cordo de solda SALM de 2

    passes, com inverso de rotao no segundo passe, nas

    condies tratadas CS, S, E e R. As impresses foram

    realizadas na raiz do cordo. ............................................................. 147

  • xvi

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Fumos emitidos pelo processo SALM e MIG/MAG (2) ............................ xxii

    Tabela 2 Comparativo entre o processo SALM e MIG/MAG na soldagem

    de perfil de alumnio de 50 mm de espessura (5). ................................... 7

    Tabela 3 Energias de Ativao (kJ/mol) para liga AlMgSi, adaptado de

    Afify et al. (70) e Temperaturas (oC) de precipitao e

    dissoluo de precipitados da liga AA 6005, adaptado das

    referncias (50, 71, 72). ............................................................................. 36

    Tabela 4 Composio qumica dos corpos de prova .............................................. 47

    Tabela 5 Tempos e Temperaturas de Tratamento Trmico ................................... 51

    Tabela 6 Tabela de Anlise de Varincia ANOVA. Adaptado de (99, 101) ................. 61

    Tabela 7 Caracterizao da geometria do cordo de solda na condio

    como-soldado. Vista Frontal. ................................................................ 67

    Tabela 8 Razo entre larguras de topo e de raiz tendo como referncia

    as dimenses do cordo com um passe para o cordo de

    solda na condio como-soldado e vista frontal. .................................. 68

    Tabela 9 Razo entre as reas da ZTMA no avano e no retrocesso

    tendo como referncia a rea total em cada condio de

    soldagem para o cordo de solda na condio como-soldado

    e vista frontal. ....................................................................................... 69

    Tabela 10 Medidas dos tamanhos de gro (m). Vista frontal. Condio

    como soldado. ...................................................................................... 71

    Tabela 11 ANOVA para os efeitos condio de soldagem, localizao e

    sua interao para os gros alongados. .............................................. 74

    Tabela 12 ANOVA para os efeitos condio de soldagem, localizao e

    sua interao para os gros equiaxiais. ............................................... 76

    Tabela 13 Medidas de fraes recristalizadas secundariamente dos

    cordes soldados. ................................................................................ 89

    Tabela 14 Medidas dos tamanhos de gro (m). Vista frontal. Condio

    Solubilizado. ......................................................................................... 93

    Tabela 15 Medidas dos tamanhos de gro (m). Vista frontal. Condio

    Solubilizado e Envelhecido. ................................................................. 93

  • xvii

    Tabela 16 Medidas dos tamanhos de gro (m). Vista frontal. Condio

    Recozido por 2 horas. .......................................................................... 93

    Tabela 17 Medidas dos tamanhos de gro (m). Vista frontal. Condio

    Recozido por 8 horas. .......................................................................... 93

    Tabela 18 Clculo de ANOVA para os fatores tratamento trmico,

    condio de soldagem do cordo e localizao. .................................. 96

    Tabela 19 Tabela de ANOVA para os fatores Tratamento Trmico,

    Condies de Soldagem e Localizao, para gros

    alongados na ZTMA. ............................................................................ 99

    Tabela 20 Dados de textura para as diferentes condies de soldagem

    sem tratamento trmico e com tratamento de recozimento

    por 8 horas. ........................................................................................ 132

    Tabela 21 Temperaturas de dissoluo para diferentes velocidades de

    aquecimento. Cordo com 1 passe na condio como

    soldado. .............................................................................................. 136

    Tabela 22 Energia de ativao calculada atravs da inclinao da reta

    obtida por interpolao linear. Uma estimativa do erro da

    interpolao tambm fornecida. Cordo com 1 passe na

    condio como soldado. ..................................................................... 136

    Tabela 23 Temperaturas de dissoluo para diferentes velocidades de

    aquecimento. Cordo com 2 passes sem inverso, na

    condio como soldado. ..................................................................... 137

    Tabela 24 Energia de ativao calculada atravs da inclinao da reta

    obtida por interpolao linear. Uma estimativa do erro da

    interpolao tambm fornecida. Cordo com 2 passes sem

    inverso, na condio como soldado. ................................................ 137

    Tabela 25 Temperaturas de dissoluo para diferentes velocidades de

    aquecimento. Cordo com 2 passes com inverso, na

    condio como soldado. ..................................................................... 138

    Tabela 26 Energia de ativao calculada atravs da inclinao da reta

    obtida por interpolao linear. Uma estimativa do erro da

    interpolao tambm fornecida. Cordo com 2 passes com

    inverso, na condio como soldado. ................................................ 138

  • xviii

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    6XXX Ligas de alumnio da srie 6000 tambm denominada Al-Mg-Si

    ANOM Analysis of Medians

    ANOVA Analysis of Variance

    EBSD Electron Backscattered Diffraction

    ECAE Equal Channel Angular Extrusion

    ECAP Equal Channel Angular Pressing

    EDE Energia de Falha de Empilhamento

    FDO Funo Distribuio De Orientao

    FSW Friction Stir Welding

    GP Guinier-Preston

    iSTIR Modelo Trmico E Analtico Para O Processo SALM

    LASER Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation

    MAG Metal Active Gas

    MIG Metal Inert Gas

    ODF Orientation Distribution Function

    RPM Rotaes Por Minuto

    SALM Soldagem por Atrito Linear com Mistura

    SPD Severe Plastic Deformation

    T4

    Tratamento trmico de liga de alumnio: Solubilizado e

    envelhecido naturalmente at uma condio estvel

    T6

    Tratamento trmico de liga de alumnio: Solubilizado e

    envelhecido artificialmente

    Triflat Modelo de ferramenta patenteado para o processo SALM

    TWI The Welding Institute

    ZAC Zona Afetada pelo Calor

    ZTMA Zona Termomecnicamente Afetada

  • xix

    LISTA DE SMBOLOS

    Smbolo Descrio Unidade

    A e B produtos de solubilidade

    A constante do material

    coeficiente de atrito

    b constante do material

    c constante do material

    C concentrao dos componentes dos precipitados (% em peso)

    D tamanho de gro (m)

    d tamanho de subgro (m)

    f frao volumtrica disponvel para dissoluo

    g tamanho de gro final (m)

    g0 tamanho de gro inicial (m)

    Hn Dureza da fase n (Hv)

    k1 constante cintica

    k constante do material

    m constante do material

    NL nmero de interceptos por crculo teste (m-1)

    P presso da ferramenta Pa

    q potncia transmitida para o cordo (W)

    Q energia de ativao (J mol-1)

    R constante do gs 8,314 (J mol-1 K-1)

    R' rotao da ferramenta (rpm)

    rB raio da fonte de calor (m)

    s velocidade de aquecimento (K s)

    T temperatura (K)

    t tempo (s)

    T temperatura (K)

    t0 instante inicial (s)

    T2

    temperaturas abaixo da solubilizao e acima da

    temperatura de tratamento com tempo comum para o

    incio da recristalizao e precipitao

    (K)

    Tc temperatura mnima (K)

    Tf temperatura de fuso (K)

    Ts temperatura de solubilizao (K)

  • xx

    v velocidade da fonte de calor (ms-1)

    Vn frao volumtrica da fase n

    Vv

    frao volumtrica de recristalizao secundria

    velocidade de translao da ferramenta (ms-1)

    x distncia no eixo x

    y distncia no eixo y

    Z parmetro Zener - Hollomon (s-1)

    Precipitado Mg2Si para ligas Al-Mg-Si

    ' Precipitado semi-coerente tipo bastonete para ligas Al-

    Mg-Si

    " Precipitado coerente tipo agulha para ligas Al-Mg-Si

    condutividade trmica (W/mK)

    densidade de discordncias (m-2)

    desvio padro

    taxa de deformao (s-1)

    tamanho de gro mdio (m)

  • xxi

    JUSTIFICATIVA

    Invenes podem ser classificadas genericamente em duas categorias: aquelas que

    procuram solues e aquelas que fornecem solues. A soldagem por atrito linear

    com mistura (SALM), conhecida tambm por seu nome em ingls friction stir welding

    (FSW), foi inventada numa poca que a comunidade envolvida com juno de

    materiais procurava uma soluo para soldar ligas de alumnio de alta resistncia,

    obtendo juntas com propriedades mecnicas superiores (1, 2).

    A soldagem pelo processo SALM permite a juno de materiais dissimilares e no

    dissimilares de ligas de alumnio, ao, nquel, cobre e titnio. Com o SALM as juntas

    obtidas so de melhor qualidade quando comparadas com as obtidas por processos

    de soldagem convencional por arco. As principais caractersticas positivas destas

    juntas so a alta resistncia, maior vida em fadiga, menor distoro, menor tenso

    residual, menor susceptibilidade corroso e menor quantidade de defeitos

    volumtricos (2, 3).

    Alm das vantagens na qualidade da junta, o SALM tem outras vantagens

    relacionadas com o meio ambiente (4). Arbegast (2) estimou que se 10% do mercado

    americano de juno fosse trocado pelo processo SALM, iria ocorrer uma reduo

    anual de energia da ordem de 1,35 x 1016 J e uma reduo anual de 227 x 106 Kg de

    emisso de gases relacionados com o efeito estufa. As emisses de fumos nocivos

    a sade tambm so reduzidos neste processo, a tabela 1 apresenta um

    comparativo das emisses para o SALM e a soldagem MIG/MAG (5).

  • xxii

    Tabela 1 Fumos emitidos pelo processo SALM e MIG/MAG (5)

    Processo Cr (mg/mm3) Cu (mg/mm3) Mn (mg/mm3) Cr6+ (mg/mm3)

    MIG / MAG 0,25 0,11 1,88 0,02

    SALM

  • xxiii

    SUMRIO

    AGRADECIMENTOS ................................................................................................. III

    RESUMO................................................................................................................... IV

    ABSTRACT ................................................................................................................ V

    LISTA DE ILUSTRAES ....................................................................................... VI

    LISTA DE TABELAS .............................................................................................. XVI

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ............................................................... XVIII

    LISTA DE SMBOLOS ............................................................................................ XIX

    JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... XXI

    SUMRIO ............................................................................................................. XXIII

    1 INTRODUO ..................................................................................................... 1

    2 REVISO BIBLIOGRFICA ................................................................................ 3

    2.1 PROCESSO DE SOLDAGEM POR ATRITO LINEAR COM MISTURA (SALM) DE LIGAS

    DE ALUMNIO .............................................................................................................. 3

    2.2 MODELOS DO PROCESSO SALM .................................................................... 13

    2.3 RECUPERAO E RECRISTALIZAO ............................................................... 29

    2.4 CRESCIMENTO DE GROS E RECRISTALIZAO SECUNDRIA ............................ 31

    2.5 PRECIPITAO DURANTE A RECRISTALIZAO .................................................. 34

    2.6 CARACTERSTICAS DA SOLDA POR SALM ........................................................ 34

    2.7 TEXTURA NO SALM ....................................................................................... 42

    3 OBJETIVOS ....................................................................................................... 46

    4 MATERIAIS E MTODOS ................................................................................. 47

    4.1 METAL DE BASE ............................................................................................. 47

    4.2 SOLDAGEM DOS CORPOS DE PROVA ................................................................ 47

    4.3 PREPARAO DAS AMOSTRAS PARA MICROSCPIO TICO ................................. 49

    4.4 PREPARAO DAS AMOSTRAS PARA CALORIMETRIA DIFERENCIAL ....................... 50

    4.5 PREPARAO DAS AMOSTRAS PARA EBSD E MEV .......................................... 50

    4.6 TRATAMENTO TRMICO NOS CORDES (1 PASSE E 2 PASSES) ........................... 51

  • xxiv

    4.7 CARACTERIZAO DOS CORDES SOLDADOS ................................................... 52

    4.8 EXPERIMENTAO ESTATSTICA ..................................................................... 55

    5 RESULTADOS E DISCUSSO ......................................................................... 63

    5.1 CARACTERIZAO METALOGRFICA ................................................................ 63

    5.2 DIFRAO DE ELTRONS RETROESPALHADOS (EBSD) ................................... 100

    5.3 DETERMINAO DAS ENERGIAS DE ATIVAO ................................................. 133

    5.4 ENSAIOS DE MICRODUREZAS ........................................................................ 139

    6 CONCLUSES ................................................................................................ 149

    7 SUGESTES DE TRABALHOS FUTUROS ................................................... 153

    8 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................ 154

  • 1

    1 INTRODUO

    O processo de soldagem por atrito, denominado soldagem por atrito linear com

    mistura (SALM), ou em ingls friction stir welding (FSW), foi concebido em 1991 pelo

    The Welding Institute (TWI) na Inglaterra. A aplicao deste processo na soldagem

    de alumnio na indstria aeronutica da Europa, Amrica do Norte e Amrica do Sul

    considerada como um diferencial tcnico competitivo.

    As vantagens resultam do fato que o SALM, como todos os outros processos de

    soldagem por atrito, realizado na fase slida, abaixo do ponto de fuso do material

    a ser unido. O processo, por ser automatizado, tambm permite ser controlado com

    preciso, tendo uma boa repetibilidade na qualidade da junta.

    As ligas de alumnio, endurecveis por precipitao, muito utilizadas na indstria

    aeronutica, sofrem uma perda das propriedades mecnicas na regio da solda

    devido ao ciclo trmico que a regio submetida, alm de possveis tratamentos

    trmicos posteriores. Nesta regio ocorrem simultaneamente diversas

    transformaes de fase, como a recristalizao, crescimento de gro e crescimento

    e solubilizao de precipitados.

    As propriedades mecnicas resultantes da junta so importantes na determinao

    da eficincia da junta, que uma caracterstica de projeto na construo mecnica.

    A eficincia da junta soldada reduzida com o amolecimento da regio central do

    cordo, que limita a utilizao de materiais endurecveis por precipitao e pode

    inviabilizar a utilizao do prprio processo SALM.

    Os tratamentos trmicos posteriores so utilizados para melhorar esta eficincia,

    porm apresentam um custo elevado de manufatura e controle.

    Assim, para a aplicao deste processo na fabricao de juntas de alta eficincia em

    ligas endurecveis por precipitao preciso, alm de obter um cordo livre de

  • 2

    defeitos volumtricos e de interface, determinar as condies de soldagem para

    minimizar as transformaes que prejudicam as propriedades mecnicas da junta

    soldada.

  • 3

    2 REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 Processo de Soldagem por Atrito Linear com Mistura (SALM) de Ligas de

    Alumnio

    A soldagem por atrito ocorre no estado slido e a fonte de energia de natureza

    mecnica. No processo desenvolvido nas dcadas de 1950 e 1960, o aquecimento

    para a ligao entre as partes obtido atravs da rotao de uma das partes,

    mantida sob presso contra a outra. Como no ocorre a fuso do metal, defeitos

    associados fuso e solidificao, como por exemplo, poros e respingos, no

    esto presentes. Esta soldagem por atrito rotacional, apesar de ser capaz de soldar

    diversos materiais e, materiais dissimilares, est limitada aos tipos de junta de topo,

    planas ou angulares, que devem ser perpendiculares e concntricas com o eixo de

    rotao (9). A figura 1 ilustra este processo de soldagem.

    Figura 1 Soldagem por atrito rotacional (10).

    No SALM uma ferramenta cilndrica rotatria introduzida na junta de topo, ou

    sobreposta, entre duas peas a uma determinada profundidade. A ferramenta

    ento movida ao longo desta junta. O processo caracterizado pelo calor gerado

    atravs do atrito interno do material e o atrito entre a superfcie da ferramenta em

    rotao e a superfcie do material da junta, pela mistura do material, deformao

  • 4

    plstica oriunda da ferramenta em rotao e do avano linear. A soldagem tambm

    realizada no estado slido com baixa distoro geomtrica e, com propriedades

    mecnicas superiores soldagem por arco (11, 12). A figura 2 ilustra

    esquematicamente este tipo de processo.

    Figura 2 Processo de soldagem por atrito linear com mistura (10).

    Atualmente, para a soldagem de ligas de alumnio, o processo por arco o mais

    utilizado, devido a sua flexibilidade e baixo custo alm da boa soldabilidade de

    muitas das ligas de alumnio. Nas indstrias aeronuticas e automobilsticas so

    freqentes tambm as soldagens de alumnio por TIG, MIG, plasma, feixe de

    eltrons, laser, e por difuso (12, 13, 14, 15). A escolha de processos menos

    convencionais est associada soldabilidade das ligas empregadas. Em particular,

    as ligas das sries 2000 e 7000 utilizadas em muitas das aplicaes nestas

    indstrias possuem uma soldabilidade muito ruim, caracterizada pela presena de

    trincas de solidificao.

    Devido ao problema de soldabilidade de algumas ligas de alumnio (sries 2000 e

    7000), procura-se desenvolver ligas com soldabilidade melhorada ou processos com

    fontes de calor de baixa potncia, eficientes e concentradas, melhorando assim, o

    formato do cordo, minimizando a zona afetada pelo calor e reduzindo tanto as

    distores como a presena de trinca de solidificao nestas ligas (12). O processo

  • 5

    SALM tem todas estas caractersticas, ou seja, uma fonte calor de eficincia trmica

    elevada em toda rea da deformao plstica, alm de soldar no estado slido.

    O alumnio tem algumas caractersticas fsicas e qumicas que devem ser

    consideradas em todos os processos de soldagem. Estas caractersticas tornam os

    processos de soldagem, por fuso de alumnio e suas ligas, complexos e com maior

    probabilidade de falhas, quando comparados a outros materiais ou ligas metlicas. O

    alumnio forma uma camada de xidos superficial, que tem um ponto de fuso

    prximo 2050C, muito acima do ponto de fuso da liga de alumnio. O processo

    de soldagem deve ser capaz de quebrar esta camada e remov-la continuamente,

    para evitar defeitos, como por exemplo, a falta de fuso. Esta camada de xidos

    atua como um isolante eltrico, dificultando, na soldagem com fonte de calor de

    energia eltrica, a abertura do arco e a fuso do alumnio. Nos processos com fuso

    esta camada de caracterstica porosa pode absorver substncias que contm

    hidrognio, introduzindo-o na poa de fuso. Este fato, somado grande

    solubilidade do hidrognio no estado lquido do alumnio, pode promover a

    porosidade do cordo de solda. Assim, so necessrias a preparao e limpeza da

    superfcie das juntas, para a soldagem por fuso. Devido alta condutividade

    trmica do alumnio, a soldagem muito sensvel a variaes na fonte de calor

    durante o processo, podendo levar a variaes no volume de material fundido e na

    penetrao do cordo de solda. O alumnio tem uma taxa de contrao de,

    aproximadamente, 6% durante a solidificao, necessitando de um balanceamento

    da seqncia de soldagem para reduzir a distoro da pea que est sendo soldada.

    As tenses residuais da pea associadas a o coeficiente de dilatao trmica linear

    tornam o alumnio suscetvel a trincas de solidificao(13, 15).

  • 6

    As caractersticas do SALM no o tornam suscetvel aos defeitos oriundos da

    camada de xidos, como nos processos com fuso. A baixa potncia obtida a uma

    taxa constante torna o processo homogneo, com baixas distores.

    O ciclo trmico da zona afetada pelo calor, para ligas de alumnio endurecveis por

    precipitao, causa a degradao de suas propriedades mecnicas devido a

    modificaes microestruturais (13, 15). Obtm-se na soldagem uma regio, adjacente

    ao cordo, solubilizada e com crescimento de gro e, aps esta, uma regio super-

    envelhecida, conforme a curva de resfriamento e a reao de formao dos

    precipitados. O calor utilizado para a soldagem responsvel pela degradao da

    microestrutura (15). A zona afetada pelo calor no SALM de dimenso prxima ao

    dimetro da ferramenta, sendo assim relevante para a anlise.

    As vantagens do processo SALM esto relacionadas com a baixa energia utilizada

    para soldagem e com a ausncia de fuso. A freqncia de defeitos inferior

    soldagem por arco, alm de apresentar a facilidade de preparao das juntas,

    ausncia da necessidade de gases de proteo e metais de adio (7). A inspeo

    da solda pode tambm ser diminuda. Todas estas vantagens reduzem,

    consideravelmente, o custo de soldagem (7). A tabela 2 apresenta um comparativo

    de custos entre o processo SALM e o processo MIG/MAG na soldagem de um perfil

    de uma liga de alumnio de 50 mm de espessura. Esta tabela no considera a

    complexidade de fixao das peas, como tambm, os custos de licenciamento e

    amortizao do equipamento.

  • 7

    Tabela 2 Comparativo entre o processo SALM e MIG/MAG na soldagem de perfil de alumnio

    de 50 mm de espessura (5).

    Categoria SALM MIG/MAG

    Tempo de Soldagem (s) 145 442 Tempo de Movimentao e Fixao (s) 485 191 Tempo de Movimentao Cabeotes (s) 145 313 Remoo de xidos (s) 0 374 Equipamentos de Segurana (s) 0 120 Tempo Total de Preparao (s) 775 1440 Velocidade de Soldagem (m/s) 33,3 12,5 Custos de Investimento (US$) 400 200 Comprimento da solda (m) 2000 2000 Custos fixos por hora Aluguel (US$) 13 13 Amortizao em 4 anos (US$) 52 26 Custos Variveis por hora Mo de Obra (US$) 30 30 Energia 1 3 Consumveis - 2 Gases - 2 Custo Total por hora (US$) 96 76 Cordo por hora (m) 11,40 5,47 Custo por comprimento soldado (US$) 8,38 13,81

    Este processo pode soldar ligas de alumnio da srie 2000 (Al-Cu) e 7000 (Al-Zn),

    que eram anteriormente consideradas no soldveis por fuso e que possuem uma

    grande aplicao em estruturas aeronuticas. A vida, em fadiga, desta solda

    comparvel juno de placas de alumnio com rebites, sendo superior ao processo

    MIG e prximas ao metal de base (12). A figura 3 ilustra os resultados de testes de

    fadiga para ligas de alumnio soldadas por SALM.

  • 8

    Figura 3 Ensaio de Fadiga. Nmero de ciclos at a ruptura para alumnio srie 6000. a)

    Comparao MIG, SALM e Material de Base, b) Comparao SALM, Cordo de solda obtido por

    SALM polido e Material de Base (16, 17).

    O SALM, quando comparado com outros processos, considerado robusto e

    aplicvel em produes seriadas (18). Outras vantagens so: ausncia de porosidade

    e respingos, soldagem em todas as posies, alta eficincia de energia (19).

    Devido s vantagens do SALM, este est sendo desenvolvido nas indstrias

    aeronutica, espacial e automobilstica, sendo considerado, em alguns casos, um

    a)

    b)

  • 9

    substituto para a soldagem por arco, plasma ou feixe de eltrons (7, 12, 14, 20).

    Aplicaes em aos e, em outros materiais tambm esto sendo desenvolvidas (21,

    22, 23, 24, 25). As principais desvantagens do processo so: a necessidade de fixao

    rgida, o furo remanescente aps a soldagem, velocidade moderadamente inferior a

    alguns processos por fuso e a necessidade de placas isolantes (19, 26). A velocidade

    de soldagem comparvel aos processos de soldagem por LASER, como ilustra a

    figura 4.

    Figura 4 Comparativo de trs processos para a soldagem de juntas topo a topo de ligas de

    alumnio da srie AA 6000 (27).

    O equipamento convencional consiste de uma estrutura rgida, com um cabeote

    para uma ferramenta rotativa que se desloca sobre a junta a ser soldada. As peas a

    serem soldadas so fixadas sob presso (7). A figura 5 ilustra o equipamento e sua

    operao.

  • 10

    Figura 5 Esquema do processo SALM. Adaptado das referncias (28, 29).

    A operao do equipamento automatizada, no necessitando de um soldador

    certificado e sim de um operador qualificado (30). As variveis de operao so:

    velocidade de avano da ferramenta (V), rotao da ferramenta (R), geometria da

    ferramenta e ombro (Pino, Rosca ou Pino com Anis), presso da ferramenta (P),

    temperatura inicial do metal de base. A figura 6 ilustra os trs tipos bsicos de

    ferramentas. As ferramentas so responsveis pela mistura do material e o ombro

    delas por parte da gerao de calor por atrito. As primeiras ferramentas utilizadas no

    processo foram as com rosca, como ilustrado na figura 6a. Com a necessidade de

    melhorar as propriedades das juntas soldadas e aumentar a penetrao surgiram

    ferramentas mais complexas ilustradas nas figuras 6b e 6c (31). Um desenvolvimento

    avanado do SALM a utilizao de uma ferramenta dupla com atuao em ambos

    os lados do material (32).

    A tcnica para o desenvolvimento de ferramentas, seus desenhos e materiais esto

    protegidos por patentes, ou so tratados como segredos industriais (16).

    Pino V

    P

    Placa Isolante

  • 11

    Figura 6 Exemplos de ferramentas e pinos: (a) ferramenta convencional, (b) pino tipo WhorlTM e (c) pino MX TrifluteTM, desenvolvidas pelo TWI (33).

    As figuras 7 a 9 so ilustraes de diferentes tipos de processos SALM, mostrando a

    sua versatilidade de uso na indstria. A figura 7 ilustra o processo duplo onde duas

    ferramentas soldam um perfil em ambos os lados, permitindo a soldagem de peas

    mais espessas e de geometrias mais complexas.

    Figura 7 SALM duplo. Realizado com duas ferramentas em ambos os lados de um perfil tpico (34).

    O processo SALM tambm pode ser aplicado na fabricao de tubos com costura,

    onde as propriedades mecnicas do cordo permitem a fabricao de tubos de ligas

    no ferrosas de qualidade superior como est ilustrado na figura 8.

  • 12

    Figura 8 SALM na fabricao de tubos no ferrosos (34).

    A soldagem de ligas com alto ponto de fuso, ou que necessitam de adio para

    melhorar as propriedades finais da junta podem ser realizadas com processos

    hbridos. Um processo conhecido o SALM assistido por LASER ou plasma, que

    aquece o material na frente da ferramenta. Este calor adicionado por um processo

    secundrio somado ao calor gerado pelo atrito do ombro da ferramenta eleva a

    temperatura do material permitindo a sua mistura (35, 36). A figura 9 ilustra este

    processo onde ocorre a adio de um terceiro metal na soldagem.

    Figura 9 SALM Hbrido: (a) Vista lateral e (b) Vista superior (34).

  • 13

    2.2 Modelos do Processo SALM

    O conhecimento sobre o processo SALM ainda no completo e os

    desenvolvimentos foram realizados, geralmente, atravs do empirismo (1, 37, 38).

    O modelamento fenomenolgico de um processo oferece reduo de tempo e de

    custos nos programas de desenvolvimento. Os esforos para o conhecimento terico

    do processo SALM, como modelos e simulaes, so muito limitados devido sua

    complexidade, que envolve: juno termomecnica, aumento de temperatura,

    grandes deformaes plsticas, superfcie de contato e coeficiente de atrito (39).

    A chave para o modelamento coincidir a complexidade das solues com o nvel

    de qualidade desejado das respostas do modelo. Assim, modelos empricos e semi-

    empricos, relativamente, simples podem ser utilizados, fornecendo uma ferramenta

    de desenvolvimento rpida e flexvel (38). Modelos complexos do processo, como

    modelos fenomenolgicos, tambm so teis para desenvolver esta aplicao em

    outros materiais e aperfeioar a tecnologia existente (37).

    Os modelos revistos (38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45) do nfase ao fenmeno trmico no

    processo de soldagem, pois este de grande importncia para as propriedades

    mecnicas e microestruturais resultantes na solda. Os modelos de transferncia de

    calor so, normalmente, fenomenolgicos e os que predizem a dureza ou a

    microestrutura so empricos, ou semi-empricos. Os modelos seguintes se

    destacam por sua aplicabilidade e abrangncia em SALM.

    McClure(45) prope um modelo trmico baseado na equao de Rosenthal, que

    descreve uma distribuio de temperatura mxima de um meio semi-infinito, na

    temperatura To, em funo da distncia. Neste modelo o aquecimento (q) gerado

  • 14

    somente pelo atrito da ferramenta na pea (), movendo-se a uma velocidade

    constante de rotao (v) e de translao (). Ainda segundo McClure (45), a maior

    temperatura atingida inferior a 0,8 Tf. Aumentando-se a presso de soldagem (P) e

    a velocidade (v), aumenta-se a temperatura mxima em uma dada distncia como

    indicado na equao (1).

    ( )

    ++

    += 20

    2

    002

    0

    2

    0

    02

    exp2

    zrwk

    v

    zr

    qTT

    (1)

    onde:

    coscos0 = rw

    )cos(2220 += rrr

    ddPdq 22=

    a definio das coordenadas est apresentada na figura 10.

    Figura 10 Coordenadas do modelo de McClure (45).

    ro

    r

    w

    v

  • 15

    Este modelo, apesar de prever a temperatura em posies ao redor da fonte de calor

    e a extenso da regio afetada pelo aquecimento, no prev a temperatura ao longo

    tempo. Isto importante para avaliar cintica de reaes de precipitao,

    recristalizao e crescimento de gro.

    Dentre os diversos modelos que existem na literatura, o iSTIR(46, 47) um modelo

    trmico e analtico para 2D e 3D para a soldagem similar ou dissimilar de materiais

    metlicos por SALM. O modelo permite a simulao assimtrica da temperatura

    abaixo do ombro da ferramenta, produzida pela ao das velocidades de translao

    e de rotao e linear, tanto nas condies a quente e a durante a soldagem. A figura

    11 mostra o processo iterativo do melhor ajuste entre um ciclo trmico experimental

    e calculado pelo modelo proposto.

  • 16

    (a)

    (b)

    (c)

    Figura 11 Ciclos trmicos para a condio 2D em uma distncia de 8,185 mm do centro do

    cordo para AA 6056-T4 com 3,9 mm de espessura, representando de (a) at (c) o melhor

    ajuste entre os valores medidos experimentalmente e os previstos pelo modelo analtico.

    Potncia do processo 745W (47).

  • 17

    Colegrove e Shercliff (48), empregaram um modelo bi-dimensional plano para

    comparar a energia de soldagem e as foras de arraste da ferramenta com

    diferentes geometrias de pinos, velocidades de rotao da ferramenta e

    comportamento do material deformao em temperatura elevada. Para

    compreender melhor qual o comportamento do material durante a soldagem por

    SALM foram feitas anlises da presso em torno da ferramenta; das tenses de

    deformao, das taxas de deformao e da temperatura do material durante a

    soldagem.

    Resultados da interao do pino da ferramenta Triflat com velocidade translao de

    1 mm/s e velocidade de rotao de 120 rpm para liga de alumnio AA 7449 com 20

    mm de espessura esto mostrados na figura 12. Os valores da velocidade e os

    vetores de velocidade esto apresentados nas figuras 12(a) e 12(b),

    respectivamente. Observa-se nestas figuras que a deformao maior na regio

    prxima do pino, e como o material deformado arrastado no lado de retrocesso da

    ferramenta.

    O tamanho da regio deformada na figura 12(b) foi determinado com base no

    desenho da superfcie onde a taxa de deformao foi de 1 s-1. Esta escolha foi

    arbitrria, porm mostra que a escolha deste valor permite comparar este traado

    com o campo dos vetores de velocidade ao lado da ferramenta e do material no

    deformado. A figura 12(c) mostra a variao da taxa de deformao, que maior na

    superfcie de contato entre o pino e o material e vai reduzindo na direo do metal

    base. Por ltimo, a figura 12(d) apresenta a distribuio de temperatura, que

    bastante uniforme ao redor do pino

  • 18

    Figura 12 Resultados da interao do pino da ferramenta Triflat com velocidade translao

    de 1 mm/s e velocidade de rotao de 120 rpm para liga de alumnio AA 7449 com 20 mm de

    espessura. (a) contornos dos valores da velocidade (m/s); (b) vetores velocidade (mostrando

    uma superfcie com taxa de deformao de 1 s-1); (c) taxa de deformao em s-1 (observar que

    a escala logartmica); (d) contornos de temperatura (oC) (48).

    A representao grfica do campo da presso em diferentes orientaes de uma

    ferramenta Triflat est mostrada na figura 13. As presses mais altas e mais baixas

    esto no lado do avano. Os valores mximos so obtidos quando o lado plano da

    ferramenta est alinhado com o lado do retrocesso, conforme apresentado na figura

    13(a). Isto porque a protruso da ferramenta est movendo contra o fluxo de

    material, o que origina uma elevada diferena de presso entre os dois locais da

    ferramenta. Quando essa parte da ferramenta est no lado do retrocesso, como

    indicado na figura 13(c), o fluxo de material na mesma direo da rotao da

    ferramenta e, portanto, a diferena de presso muito menor. Desta maneira, para

  • 19

    uma dada geometria de ferramenta, conforme sua posio instantnea pode ocorrer

    uma diferena de presso dependendo da orientao futura da ferramenta.

    Figura 13 Contornos de presso (Pa) do pino da ferramenta Triflat com velocidade translao

    de 1 mm/s e velocidade de rotao de 120 rpm para liga de alumnio AA 7449 com 20 mm de

    espessura (48).

    Frigaard et al. (42, 49), prope um modelo para a zona afetada pelo calor para o

    processo que se compe de: modelo de fluxo de calor predizendo o ciclo trmico em

    uma dada distncia, modelo da cintica da microestrutura da zona afetada pelo calor

    em funo da temperatura e de equaes baseadas na mecnica de discordncias,

    que fornecem informao quantitativa sobre a dureza da zona afetada pelo calor. A

    figura 14 mostra um ciclo trmico medido experimentalmente e calculado segundo o

    a b

    c d

  • 20

    modelo de Frigaard et al. (42, 49). Os parmetros utilizados foram velocidade de

    translao de 5 mm/s, velocidade de rotao da ferramenta de 1500 rpm e fora de

    7 kN.

    Figura 14 Ciclo trmico para uma liga AA6082 obtido na regio logo abaixo do ombro da

    ferramenta (42, 49).

    O modelo uma combinao de leis da termodinmica com a teoria da difuso,

    descrevendo solubilizao, re-precipitao e a cintica de envelhecimento natural

    das ligas, ocorrendo seqencialmente no tempo, que foi proposto por Myhr e Grong

    (50, 51). Ele prev a dureza e a resistncia de soldas envelhecidas naturalmente, com

    uma correo emprica para velocidades de soldagem altas, onde a zona afetada

    pelo calor se sobrepe com a regio deformada plasticamente. Conseqentemente,

    o modelo perde sua preciso no clculo da dureza resultante (49). Um exemplo de

    previso de dureza esta mostrado na figura 15.

  • 21

    Figura 15 Medidas de dureza experimentais e calculadas pelo modelo em liga de alumnio

    AA6082-T6. Parmetros de soldagem: velocidade de 5 mm/s; velocidade de rotao do pino de

    1500 rpm e fora de 7 kN (42, 49).

    O modelo de Frigaard (42, 49) trata como a principal causa para a perda de resistncia

    e de dureza dos cordes de solda, os efeitos trmicos da soldagem, porm, o

    modelo no inclui no efeito trmico, o fenmeno de recristalizao e de crescimento

    de gro.

    No trabalho foi feito o tratamento trmico do cordo de solda para avaliar a alterao

    da microestrutura. Os resultados esto mostrados na figura 16.

  • 22

    (a)

    (b)

    Figura 16 Efeito do tratamento trmico na microestrutura da junta soldada por SALM da liga

    AA6082-T6. Em (a) na condio como-soldada e em (b) tratada a 510oC por 15 min (42, 49).

    Para processos de soldagem com fenmenos de precipitao e crescimento de gro

    no material de base, os modelos tambm podem ser apresentados na forma de

    diagramas. Ashby, Easterling e Ion(40, 43), propem um modelo baseado em

    transferncia de calor, teoria da difuso e modelamento semi-emprico para prever a

    microestrutura da zona afetada pelo calor da soldagem por fuso. Os resultados do

    modelo so diagramas com eixos de tempo de resfriamento, de pico de temperatura

    atingido no processo e de distncia do centro do cordo de solda. Os diagramas

  • 23

    mostram a extenso do crescimento de gro, solubilizao e crescimento de

    precipitados, transformaes de fase e dureza resultante.

    possvel, atravs destes diagramas, verificar a dependncia da microestrutura com

    o calor fornecido no processo. A figura 17a ilustra um diagrama com eixos de tempo

    resfriamento, pico de temperatura e energia fornecida para o processo. Neste

    diagrama so estabelecidas as influncias destas variveis sobre tamanho de gro e

    solubilizao de precipitados. A figura 17b apresenta um diagrama com eixos de

    energia oferecida, tempo de resfriamento e distncia do centro do cordo. Neste

    diagrama so estabelecidas as relaes destas variveis sobre o tamanho de gro,

    solubilizao de precipitados e dimenso da zona afetada pelo calor.

    Grong(52) considera estes diagramas, como uma anlise alternativa s tcnicas de

    modelamento que necessitam de muitos clculos em computador e so, devido

    complexidade, limitadas a duas dimenses. Apesar de ser uma soluo simplificada

    do problema, o valor deste modelo est no fornecimento de uma compreenso maior

    dos mecanismos fsicos envolvidos, atravs da transparncia dos diagramas.

  • 24

    Figura 17 a) Diagrama de Ashby. b) Diagrama de Ashby para a regio do cordo de solda (40,

    43).

    a)

    b)

  • 25

    O modelo de Ashby, Easterling e Ion (40, 43), utiliza as equaes de Rosenthal

    para obter o perfil de temperaturas no tempo. O ciclo trmico da soldagem induz

    mudanas microestruturais no material da zona afetada pelo calor, que pode estar

    relacionada com a difuso durante o aquecimento gerado pelos ciclos trmicos. A

    equao (2) necessria para todos os pontos dos diagramas:

    =

    0 )(exp dt

    tRT

    QI (2)

    A equao (3) permite estimar fenmenos como o crescimento de gro e a

    precipitao, considerando-se as devidas constantes cinticas e as energias de

    ativao. Para o crescimento de gro g tem-se a seguinte equao:

    =

    01

    2

    0

    2

    )(exp dt

    tRT

    Qkgg (3)

    Ashby, Easterling e Ion (40, 43), utilizam tambm para seus diagramas uma

    correo na equao (4), quando ocorre a interao entre o crescimento de gro e o

    crescimento de precipitados.

    Dependendo da temperatura alcanada durante o ciclo de aquecimento, os

    precipitados na zona afetada pelo calor podem se dissolver. A temperatura de

    dissoluo Ts dos precipitados, utilizada nos diagramas, dada por:

    =

    +ba

    b

    N

    a

    M

    s

    f

    CCA

    BT

    log (4)

    A dureza da zona afetada pelo calor pode ser obtida atravs do clculo da frao

    volumtrica de todos os constituintes que se formam. Com estes dados, e

    conhecendo a dureza de cada constituinte, uma regra para a mistura pode ser

  • 26

    utilizada, conforme a equao (5), fornecendo um valor mdio de dureza com boa

    aproximao (43).

    H = H1 V1 + H2 V2 + HnVn. (5)

    Anlises indicam uma relao direta entre o ciclo trmico e o mnimo de resistncia

    na zona afetada pelo calor (42, 53, 54). Isto significa que todo potencial do SALM no

    pode ser utilizado na engenharia de projetos, devido perda de resistncia na zona

    afetada pelo calor, desconsiderando a possibilidade de endurecimento por

    precipitao.

    Com relao ao fluxo de material, Arbegast (55) props que o cordo era dividido em

    zonas de deformao. A zona de deformao de avano (zona I) e de retrocesso

    (zona II) em volta do pino da ferramenta esto mostradas na figura 18. O material

    deformado que atravessa a zona II move-se para baixo e em torno do pino e

    converge para o material deformado na zona I. O material da zona II pode mover

    para baixo o suficiente para entrar zona IV, abaixo do final do pino e subir

    novamente para ser misturado com o material da zona I. O material da zona III surge

    pela deformao causada pelo ombro da ferramenta, e se move em direo

    superfcie externa do pino. Este fluxo de material forado para baixo e preenche a

    zona I tambm. Caso ocorra alguma falha nesta movimentao de material, poder

    ocorrer uma srie de descontinuidades no cordo de solda.

  • 27

    Figura 18 Definio das regies de deformao na soldagem SALM, na parte de trs do pino

    para ferramenta axi-simtrica (50).

    Conforme a relao entre a velocidade de translao e a velocidade de rotao pode

    ocorrer a interpenetrao de uma regio em outra ou mesmo o excesso ou falta de

    material em uma das regies, que produziro descontinuidades no cordo de solda.

    A figura 19 mostra a relao entre a velocidade de translao e de rotao e o fluxo

    de material deformado entre as diferentes regies.

    AVANO RETROCESSO

    OMBRO

    REGIO DE EXTRUSO

    REGIO DE VORTCES

    AVANO

    REGIO FINAL

    DE FORJAMENTO

  • 28

    Figura 19 Efeito da velocidade de avano e de rotao nas regies de deformao de material

    durante a soldagem por SALM de uma liga de alumnio (55).

    Os modelos apresentados so baseados em uma distribuio de temperatura, o

    mais prximo possvel dos valores reais. A partir desta distribuio de temperaturas

    so acoplados ao modelo as taxas de deformao e o fluxo do material que est

    sendo soldado. A partir destes dados consegue-se, como no caso de ligas de

    alumnio endurecveis por precipitao, estimar as propriedades mecnicas do

    cordo de solda por SALM.

    Excesso de material na zona III

    O aumento na velocidade de avano

    aumenta a interpenetrao da zona

    III na zona I

    Vel

    ocid

    ade

    de r

    ota

    o (

    rpm

    )

    Velocidade de avano (mm/s) 1,6 2,2

  • 29

    2.3 Recuperao e Recristalizao

    Durante a soldagem por atrito linear com mistura podem ocorrer a recuperao e/ou

    a recristalizao no cordo de solda e na zona afetada pelo calor, caso o metal de

    base esteja deformado plasticamente.

    Na recuperao de um material, aps a deformao plstica, este adquire as suas

    propriedades mecnicas prximas do material sem deformao. A recuperao

    decorrente da aniquilao de defeitos cristalinos (discordncias) em temperaturas de

    0,2 a 0,3 Tf e da formao de subgros por poligonizao em temperaturas acima de

    0,4 Tf. A cintica da recuperao pode ser descrita pela reduo da densidade de

    discordncias ao longo do tempo t, como indicado na equao (6) (56):

    kt=0

    11

    (6)

    medida que a temperatura de deformao aumentada, a recuperao mais

    intensa, diminuindo o potencial termodinmico para a recristalizao. A recuperao

    pode ocorrer de forma esttica, atravs do aquecimento do material, ou

    dinamicamente sob tenso e aquecimento durante a deformao.

    O alumnio apresenta uma elevada energia de falha de empilhamento (EDE) (0,2

    J/m2 ou 200 erg/cm2), tendo assim as suas discordncias parciais prximas umas

    das outras e, conseqentemente, facilitando a sua mobilidade. Isto favorece o

    fenmeno de recristalizao.

    A recristalizao inicia-se com a nucleao de uma regio livre de defeitos atravs

    de mecanismos de rearranjo de discordncias. Esta regio delimitada por um

  • 30

    contorno de alto ngulo e com alta mobilidade sobre a matriz encruada ou,

    previamente recuperada.

    O potencial termodinmico para que a reao de recristalizao ocorra a energia

    armazenada na deformao, oriunda do processo de soldagem SALM. As

    heterogeneidades de deformao so locais preferenciais para a nucleao da

    recristalizao (56). As nucleaes da recristalizao em ligas de alumnio, que

    apresentam alta EDE, podem ocorrer atravs da migrao de contornos de gro

    induzida por deformao e pelo coalescimento de subgros.

    A migrao de contornos ocorre entre gros com diferentes taxas de deformao,

    onde o contorno cresce sobre os gros deformados. Esta nucleao foi observada

    em materiais com menos de 40% de deformao (56).

    O coalescimento de subgros consiste do coalescimento de dois subgros vizinhos

    resultando em reticulados cristalinos coincidentes atravs da rotao de um deles,

    eliminando o contorno de baixo ngulo. Este mecanismo de rearranjo foi observado

    no alumnio entre 0,4 Tf e 0,5 Tf.

    Aps a nucleao a recristalizao pode ocorrer pela migrao dos contornos de alto

    ngulo sobre a matriz encruada, porm em alguns materiais esta migrao

    suprimida (56).

    A migrao pode ser diminuda em sua velocidade atravs de foras retardadoras

    como (56, 57, 58, 59): disperso de precipitados e tomos de soluto. No caso de

    disperso de precipitados esta fora retardadora influenciada por dois parmetros:

    o dimetro mdio das partculas e espaamento entre as partculas. Quanto maior

    for o dimetro mdio das partculas e quanto menor for o espaamento entre elas,

    maior ser esta fora retardadora.

  • 31

    tomos de soluto como Si, Mn, Mg, Cr e Zr diminuem a EDE e conseqentemente

    inibem a recristalizao. Nas ligas da srie AA 6XXX, os elementos Si e Mg so

    constituintes do material e formam o precipitado Mg2Si e os elementos Mn, Cr e Zr

    tambm inibem a recristalizao, pois precipitam em contorno de gro na forma de

    precipitados e aglomerados (60).

    Na extruso de ligas de alumnio da srie AA 6XXX no ocorre a recristalizao

    durante a deformao a quente, denominada tambm de recristalizao dinmica,

    ocorrendo apenas recuperao dinmica (60).

    2.4 Crescimento de Gros e Recristalizao Secundria

    O crescimento de gro ocorre pela movimentao dos contornos de alto ngulo

    sobre os gros termodinamicamente menos estveis. O potencial termodinmico

    para esta reao a diminuio dos contornos de alto ngulo.

    Quando todos os gros crescem e apresentam no crescimento um tamanho prximo

    ao mdio, denomina-se este de crescimento normal de gro. Quando o crescimento

    preferencial em alguns gros este se denomina de crescimento anormal, ou

    recristalizao secundria. Assim, ir ocorrer uma diferena no perfil da distribuio

    de tamanhos de gro ao longo de sua ocorrncia. A figura 20 ilustra as situaes de

    crescimento de gro normal e anormal.

  • 32

    Figura 20 Representao esquemtica do crescimento (a) normal (b) anormal de gros de

    tamanho mdio D ao longo do tempo t (58).

    O crescimento anormal de gros tem sido acompanhado experimentalmente de

    diferentes formas, como por exemplo, medida de frao volumtrica de gros

    grossos, tamanho mdio dos gros com crescimento anormal e distribuio

    bidimensional de tamanhos de gro. Com os resultados obtidos de frao

    volumtrica de gros com crescimento anormal possvel a descrio do fenmeno

    pela equao (7) de Johnson-Mehl-Avrami-Kolmogorov (61):

    (7)

    O tamanho mdio dos gros que cresceram anormalmente pode ser acompanhado e

    descrito pela equao (8) (62):

    (8)

    onde t0: tempo de incubao.

    A recristalizao secundria favorecida por impurezas em soluo slida, presena

    de partculas, presena de textura pronunciada e espessura do material (56).

  • 33

    Para metais deformados severamente, como no processo ECAP, o crescimento

    anormal do gro tambm est relacionado com a presena de fortes texturas, onde

    h uma instabilidade elevada dos contornos de subgro, principalmente os

    contornos com orientaes inferiores a 5. A instabilidade tambm pode ocorrer se

    um gro particular tem uma diferena de orientao na regio onde ele est

    presente acima do valor mdio das orientaes da regio (63).

    Yu et al. (64), identificaram que para a liga de alumnio AA 1050 deformada

    severamente pelo processo de extruso Equal Channel Angular Extrusion (ECAE),

    recozida na faixa de temperatura de 275 a 300C, ocorre o crescimento anormal de

    gro. Isto porque nesta faixa de temperatura a energia de ativao para a

    recristalizao tem uma mudana descontnua no seu valor. Abaixo de 275C, a

    energia de ativao para a recristalizao encontrada foi mais baixa, da ordem de 49

    kJ/mol, devido alta mobilidade atmica dos contornos de gro fora do equilbrio.

    Para temperaturas acima de 300 C a energia de ativao de 84 kJ/mol, prximo a

    energia de ativao em contorno do gro do alumnio. Um estudo similar foi

    realizado por Lewandowska et al. (65), que alm da temperatura onde esta

    transformao ocorre ele conclui tambm que tempos elevados podem levar a

    recristalizao secundria de matrias deformados severamente, devido a alta

    mobilidade atmica dos contornos gro de no equilbrio (66).

    No SALM a recristalizao secundria comum para as ligas de alumnio tratveis

    termicamente e est relacionada com a deformao heterognea do processo e a

    presena de partculas. A recristalizao secundria pode ser minimizada na

    soldagem SALM atravs da escolha ideal de parmetros de soldagem, geometria da

    ferramenta, aporte de calor e fluxo de material (67).

  • 34

    2.5 Precipitao durante a recristalizao

    Uma liga supersaturada e deformada pode recristalizar-se em temperaturas

    similares da precipitao de partculas de segunda fase. A temperatura de

    tratamento ir determinar a seqncia e ocorrncia dos fenmenos: para

    temperaturas acima da temperatura de solubilizao (Ts) da liga ir ocorrer somente

    a recristalizao da liga, sem precipitao; para temperaturas abaixo da

    solubilizao e acima da temperatura de tratamento com tempo comum para o incio

    da recristalizao e precipitao (T2) ir ocorrer a recristalizao seguida da

    precipitao; para temperaturas abaixo de (T2) ir ocorrer somente a precipitao

    das partculas de segunda fase, influenciando a distribuio das discordncias e o

    rearranjo dos subgros na recuperao (56).

    Outro modo de precipitao durante a recristalizao a precipitao descontnua

    que ocorre junto frente de reao da recristalizao (56). Para temperaturas

    prximas a de solubilizao neste modo de precipitao a recristalizao no sofre

    influncia. Para temperaturas inferiores a de solubilizao ocorre a precipitao

    descontnua junto a recristalizao, e a sua cintica acelerada devido ao aumento

    do potencial termodinmico para a migrao de contornos. Em temperaturas mais

    baixas a precipitao contnua e descontnua intensa o suficiente para impedir a

    migrao dos contornos de alto ngulo, que denominado tambm de

    recristalizao contnua (56).

    2.6 Caractersticas da Solda por SALM

    A seo do cordo resultante no SALM pode ser caracterizada pelo formato

    denominado de "onion rings", normalmente, em ligas de Al de alta resistncia e

  • 35

    Dimetro da Ferramenta

    baixa capacidade de extruso, e pelo formato de taa. O formato da seo tambm

    est relacionado com os parmetros de processo (68). A zona termo-mecanicamente

    afetada pelo calor est ilustrada na figura 21.

    Os gros do material aps a soldagem, conforme mostra a figura 21, so distribudos

    em: regio D da solda, que constituda de uma estrutura fina de 2 a 20m, com

    baixa densidade de discordncias, recristalizada dinamicamente, devido ao calor

    gerado no atrito e alta deformao plstica do fluxo de material; regies C e B, que

    so caracterizadas pela recuperao dos gros, e tambm como uma regio afetada

    termicamente. A classificao dos gros nem sempre consistente com o perfil de

    dureza, pois esta caracterstica mecnica depende das propriedades dos

    precipitados (54, 68).

    Figura 21 Zona termo-mecanicamente afetada pelo calor: A- Material no afetado; B- Termicamente afetado; C- Termo-mecanicamente afetado - plasticamente deformado, com reas recristalizadas; D- Dinamicamente recristalizado (19).

    O SALM, em ligas endurecveis por precipitao, produz uma regio de dureza

    inferior a do metal de base, caracterizada pela solubilizao e/ou coalescimento dos

    precipitados, conforme o ciclo trmico da regio do cordo. A regio com

    precipitados dissolvidos tem um mnimo de dureza na condio soldada. O perfil de

    dureza da solda destas ligas apresenta uma queda no centro do cordo (54, 68, 69).

    Conforme a curva de resfriamento e a reao de formao de precipitados obtm-se

    regies solubilizadas e super-envelhecidas.

  • 36

    A tabela 3 apresenta diferentes temperaturas de precipitao de uma liga AlMgSi,

    com 1% de Mg, variando a quantidade de Si, como tambm as respectivas energias

    de ativao obtidas pelo mtodo de Kissinger.

    Tabela 3 Energias de Ativao (kJ/mol) para liga AlMgSi, adaptado de Afify et al. (70) e

    Temperaturas (oC) de precipitao e dissoluo de precipitados da liga AA 6005, adaptado das

    referncias (50, 71, 72).

    GP

    Baixa CSi

    Energia de Ativao (kJ/mol) 31,26,8 127,45,2 182,33,4 277,95,9

    CMg/CSi < 1,7

    Energia de Ativao (kJ/mol) 63,46,9 104, 5,5 110,0 5,0 135,4 5,8

    Precipitao (C) 160 260 290 a 310 460 a 470

    Solubilizao (C) 200 a 220 265 380 a 420 500 a 510

    Segundo Pino et al. (73), a energia de ativao da precipitao da fase para a liga

    AA 6063 com 0,36% de Si de 85,4 kJ/mol. Myhr e Grong (50), estimaram para a liga

    AA 6082 uma energia de 190 kJ/mol para a solubilizao dos precipitados .

    Estas energias e temperaturas variam tambm com a deformao do material. Para

    deformaes severas as temperaturas de precipitao diminuem e as energias de

    ativao tambm, devido ao aumento da difuso do Si no material (74, 75).

    Nas ligas endurecveis por precipitao AA 6063 a seqncia de precipitao (54):

    soluo slida super-saturada precipitados na forma de agulha precipitados

    -Mg2Si

    A precipitao da fase pode ser suprimida para altas deformaes (75).

  • 37

    A reduo na quantidade dos precipitados finos diminui a dureza do material. O

    super-envelhecimento das ligas 6063 forma e coalesce os precipitados e reduz a

    densidade de precipitados , ocasionando a queda de dureza na liga. A figura 22

    mostra o resultado do efeito trmico no crescimento e solubilizao dos precipitados

    atravs de um perfil de dureza transversal ao cordo da solda por SALM, no topo, no

    centro e na raiz do cordo.

    Na figura 22, na regio SOF, no so encontrados precipitados, na regio MIN h a

    presena de somente precipitados super-envelhecidos , na regio LOW h a

    presena de precipitados e , e no metal de base BM h a presena de uma

    grande quantidade de precipitados e poucos . A quantidade de precipitados

    diminui do metal de base para o centro do cordo.

    A temperatura de solubilizao dos precipitados inferior dos precipitados ,

    que por sua vez inferior do -Mg2Si que prxima de 517,8oC.

    Conforme o ciclo trmico resultante da soldagem obtm-se em temperaturas

    mximas inferiores a de solubilizao dos precipitados , o crescimento de para

    na regio LOW, diminuindo a densidade de e, conseqentemente, reduzindo a

    dureza. Em t