efeito do novaluron - um inibidor da síntese de quitina...

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Ministério da Saúde Fundação Oswaldo Cruz Instituto Oswaldo Cruz Programa de Pós-Gradução em Biologia Parasitária Efeito do Novaluron - um inibidor da síntese de quitina – sobre Aedes aegypti em laboratório e simulado de campo Nathalia Giglio Fontoura Orientador: Dr José Bento Pereira Lima Rio de Janeiro, março de 2008

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Ministério da Saúde

Fundação Oswaldo Cruz

Instituto Oswaldo Cruz

Programa de Pós-Gradução em Biologia Parasitária

Efeito do Novaluron - um inibidor da síntese de

quitina – sobre Aedes aegypti em laboratório e

simulado de campo

Nathalia Giglio Fontoura

Orientador: Dr José Bento Pereira Lima

Rio de Janeiro, março de 2008

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Efeito do Novaluron - um inibidor da síntese de

quitina – sobre Aedes aegypti em laboratório e

simulado de campo

Nathalia Giglio Fontoura

Dissertação apresentada como requisito para titulação de Mestre em

Biologia Parasitária, com área de concentração em Entomologia Médica

Orientador: Dr José Bento Pereira Lima (IOC/LAFICAVE)

Rio de Janeiro, março de 2008

Ministério da Saúde

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ

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Giglio, Nathalia Fontoura

Efeito do Novaluron - um inibidor da síntese de quitina – sobre Aedes

aegypti em laboratório e simulado de campo

Dissertação de Mestrado em Biologia Parasitária, área de concentração em

Entomologia Médica

Instituto Oswaldo Cruz – FIOCRUZ

Rio de Janeiro, 2008

Número de páginas: xiv + 90

Palavras-chave: 1. Aedes aegypti; 2. IGR; 3. Inibidor da síntese de quitina; 4.

novaluron

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Efeito do Novaluron - um inibidor da síntese de quitina – sobre Aedes

aegypti em laboratório e simulado de campo

Banca Examinadora

Drª Claudia Torres Codeço – Presidente da banca examinadora

FIOCRUZ / PROCC

Dr Cícero Brasileiro Mello – Revisor do texto

Universidade Federal Fluminense

Dr Marcos Henrique Ferreira Sorgine

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Dr Ricardo Lourenço de Oliveira

FIOCRUZ / Instituto Oswaldo Cruz

Drª Ima Aparecida Braga

Ministério da Saúde / Secretaria de Vigilância em Saúde

Dissertação submetida ao Programa de

Pós-Graduação em Biologia Parasitária

do Instituto Oswaldo Cruz como parte

dos requisitos para obtenção do grau em

Mestre em Biologia Parasitária, área de

concentração: Entomologia Médica

Ministério da Saúde

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ

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Este trabalho foi realizado no Laboratório de Fisiologia e Controle de Artrópodes

Vetores, Instituto Oswaldo Cruz, sediado no Instituto de Biologia do Exército.

Foram utilizados recursos da Fundação Oswaldo Cruz, da Fundação de

Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj), do Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Secretaria de Vigilância

em Saúde (SVS-MS).

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D edico a m inha fam ília, em especial, a m inha avó, m inha irm ã, m inha m ãe. Pelo apoio e presença, sem vocês nada seria possível. V ocês foram fundam entais nesse cam inho. A os m eus am igos por sem pre acreditarem em

m im e estarem presentes em todos os m om entos.

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Agradecimentos

A todas as pessoas que cruzaram meu caminho nessa vida, mesmo que

por alguns segundos, pois de alguma forma me auxiliaram a seguir esse

caminho que agora trilho. Aos meus amigos e a minha família. São muitas

pessoas, se esqueci alguém, desculpa, mas a intenção é extensiva.

Aos meus amigos de sangue do Laboratório de Fisiologia e Controle de

Artrópodes Vetores, que muitas vezes foram minha família, cuidando de mim,

se importando comigo e me ouvindo.

A José Bento Pereira Lima que desde que entrei para o LAFICAVE tem

sido meu orientador, meu pai, meu amigo. Obrigada por me ouvir, por aturar

minhas chatices nos experimentos, por me incentivar, por estar presente nos

momentos difíceis, pelas palavras de carinhos e por muitas vezes me fazer

enxergar coisas que eu não conseguia ver. Por ser essa pessoa especial, com

um conhecimento imenso e ainda assim humilde e ainda por ser capaz de

tornar qualquer problema simples. Você é muito importante para mim e parte da

pessoa que sou hoje agradeço a você. Não tenho palavras para agradecer.

A Denise Valle, por ser uma mãezona, pelos conselhos, por ponderar nos

momentos oportunos, pelas suas excelentes idéias e observações. Pelo apoio,

por confiar em mim, por me ouvir mesmo nos momentos em que estava toda

enrolada. Por me emprestar sua formiga da sorte para que eu pudesse acabar

de escrever a tese, acho que funcionou. Você é uma pessoa maravilhosa e

muito importante para mim. Também devo muito do que sou a você. E donde

que eu vim heim?

Ao meu amigossim, Diogo Fernandes Bellinato, amigo para rir e para

chorar, para falar besteira e reclamar, para dançar e trabalhar. Obrigada pela

companhia na realização dos biensaios, por ouvir minhas viagens sobre

resistência, por me escutar e me apoiar nos momentos mais difíceis, por aturar

minhas chatices na sala de resistência, por estar presente em todos os

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momentos, bons ou maus, por ser um amigo leal, verdadeiro e tudo de bom.

Nossa amizade é eterna. Obrigada por você existir.

A amiga Priscila Fernandes Vianna Medeiros, uma amiga verdadeira,

também uma irmã que encontrei no LAFICAVE. Obrigada por confiar em mim

para desabafar, por se importar comigo, por ser uma pessoa maravilhosa, leal,

gentil, verdadeira. Por me apoiar e me dar forças para seguir em frente.

Obrigada por você existir na minha vida.

A Eliane (Lilica) e Tania pela companhia, pelos papos engraçados, pela

ajuda na criação dos mosquitos. Por me fazerem rir, por serem essas pessoas

lindas que vocês são.

Ao Ademir pela gentileza, por toda a ajuda com idéias, com sugestões,

colocando sua mente privilegiada a disposição para ajudar com seu jeito

especial de ser, pelas conversas e por ser um verdadeiro amigo desde o

primeiro dia que entrei para o LAFICAVE.

Ao meu amigo figurinha (Thiago Affonso Belinato) pela ajuda no trabalho

com CSIs, pela atenção, pelas conversas, por confiar em mim, pelas festinhas

por tudo. Obrigada.

A amiga Camila Dutra companheira de mestrado, amiga com que estudei,

passei os dias fazendo trabalho, discutindo experimentos, angustias e acertos.

Obrigada por me ouvir e pela força.

As amigas Patrícia e Isabela Reis pelas conversas por acompanhar e

torcer por mim, Obrigada meninas.

Ao amigo Gustavo Lazzaro Resende pelas conversas sobre quitina, pela

ajuda com a microscopia, por ser uma pessoa especial, inteligente, atenciosa.

Obrigada por tudo.

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A Luana Cristina Farnesi pelos papos sobre quitina, por me agüentar

falando sobre IGRs e também pelo apoio durante o mestrado. Obrigada.

A Diego de Lacerda pelo apoio nos simulados de campo e em tudo que

precisei durante todo mestrado. Obrigada pela força!

A Gilberto pela ajuda nos simulados e afins e pela atenção, por ser essa

pessoa super legal que você é.

A Edna, Bianca, Luciana 1, Luciana 2, Márcio, Mariana pela presença, pelo

apoio, por tudo.

A todo pessoal da limpeza e manutenção do IBEx pela companhia nos

simulados, por tomarem conta dos meus baldes de simulado, pela atenção, por

tudo. Vocês foram fundamentais.

A todo pessoal da limpeza, da administração e do ensino da FIOCRUZ

pela ajuda durante todo o mestrado, vocês são maravilhosos.

A Carla Gentile pelo estimulo e por despertar meu interesse pelos

mosquitos. Isso tudo começou com um trabalho simples, lembra? Obrigada pela

força sempre.

A minha turma de mestrado, todos sem exceção. Vocês são muito

especiais para mim. Sempre lembrarei dos lerês e das chupa-cabrices, dança

do siri e etc. Obrigada por tudo.

A minha banca de mestrado: Claudia Codeço, Cícero Mello, Marcos

Henrique Sorgine, por gentilmente terem aceitado o convite e pelas

observações extremamente pertinentes. Um agradecimento especial ao meu

revisor, pela atenção e por sua contribuição na correção da minha tese.

Obrigada a minha família, amo todos vocês.

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A minha irmã por ser uma pessoa fundamental na minha vida, por ter me

estendido a mão no momento em que mais precisei. Obrigada por você ser

essa pessoa maravilhosa e especial que você é, obrigada por me ouvir, por me

aturar. Simplesmente minha vida não é completa sem você. Ao meu sobrinho

mais perfeito que sempre me dá alegrias e estimulo a seguir em frente.

A minha avó que também é parte fundamental da minha vida, uma pessoa

marvilhosa, sempre ao meu lado. Sem você minha vida não teria sentido.

Obrigada pela ajuda e pelo apoio e por confiar em mim.

A minha mãe, obrigada pelo incentivo e por acreditar em mim. Você

também é uma pessoa fundamental na minha vida.

Ao meu avô, meu tio, minhas primas, meu pai, obrigada por tudo.

Aos meus amigos que sempre me apoiaram Andréia, Mariza, Antonio

Gilberto, Verônica, obrigada por tudo, de coração.

Ao Instituto Oswaldo Cruz por levar a sério a educação e a pesquisa e por

ser pioneiro no que faz e pelo apoio financeiro sem o qual esse trabalho não

seria possível.

Ao IBEx pela disponibilização das instalações, espaço fundamental para

que esse trabalho fosse realizado.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico

(CNPq) pelo fornecimento da minha bolsa de mestrado.

A Agricur pelo fornecimento do novaluron.

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Lista de Siglas e Abreviaturas

ACT – Aracajú com troca de água

AE – análogo de ecdisona

AnHJ – análogo de hormônio juvenil

AST – Aracajú sem troca de água

AtE – antagonista de ecdisona

AtHJ – antagonista de hormônio juvenil

Bs – Bacillus sphaericus

Bt – Bacillus thuringiensis

Bti – Bacillus thuringiensis sorovar israelensis

CDC – Centers for Disease Control

CE – Ceará

CL – Concentração Letal

CSI – Chitin synthesis inhibitors

DEN - dengue

FUNASA – Fundação Nacional de Saúde

h - horas

HJ – hormônio juvenil

HJCT – Henrique Jorge com troca de água

HJST – Henrique Jorge sem troca de água

IE – inibição da emergência

IGR – Insect Growth Regulators

LAFICAVE – Laboratório de Fisiologia e Controle de Artrópodes Vetores

MG – Minas Gerais

min – minutos

MT – Mato Grosso

OMS – Organização Mundial de Saúde

OP – organofosforado

RCT – Rockefeller com troca de água

Rock – Rockefeller

RR – razão de resistêcia

RST – Rockefeller sem troca de água

SE – Sergipe

SUCAM – Superentendencia de Campanhas de Saúde Pública

SVS – Secretaria de Vigilância em Saúde

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Índice

Resumo ............................................................................................................. 1

Abstract ............................................................................................................. 2

1. Introdução ..................................................................................................... 3

1.1. Agente Etiológico ................................................................................... 3

1.2. A Doença ................................................................................................. 4

1.3. Vetores ..................................................................................................... 5

1.3.1. Aedes aegypti (Linnaeus, 1762) ...................................................... 6

1.3.2. Aedes albopictus (Skuse, 1894) ...................................................... 8

1.5. Mudanças Climáticas Globais, Vírus Dengue e Vetores ................... 10

1.6. Controle ................................................................................................. 10

1.6.1. Resistência ..................................................................................... 17

1.7. Inseticidas Alternativos ........................................................................ 19

1.7.1. Bactérias entomopatogênicas ...................................................... 20

1.7.2. Os reguladores do desenvolvimento de insetos (IGR) ............... 21

1.7.2.1. Regulação hormonal em insetos ............................................ 22

1.7.2.2. Análogos e antagonistas de hormônio juvenil ..................... 23

1.7.2.3. Análogos ou antagonistas de ecdisona ................................ 24

1.7.2.4. Inibidores de síntese de quitina ............................................. 25

1.7.2.4.1 - Novaluron ......................................................................... 28

2.1. Objetivo Geral ....................................................................................... 30

3. Metodologia ................................................................................................ 31

3 1. Em Laboratório ..................................................................................... 31

3.1.1. Espécimes utilizados nos bioensaios .......................................... 31

3.1.2. Obtenção de larvas e espécimes adultos para os bioensaios ... 32

3.1.3. Inseticidas ....................................................................................... 33

3.1.3.1. Organofosforado – temephos ................................................. 33

3.1.3.2. Inibidor de síntese de quitina – novaluron ............................ 34

3.1.3.3. Piretróide – deltametrina ......................................................... 34

3.1.4. Bioensaios com larvas .................................................................. 34

3.1.4.1. Ensaios tipo dose-resposta .................................................... 34

3.1.4.2. Bioensaios com temephos ..................................................... 34

3.1.4.3. Bioensaios com novaluron ..................................................... 35

3.1.5. Biensaios com adultos ...................................................................... 36

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3.2. Simulado de Campo ............................................................................. 38

3.2.1. Local do estudo .............................................................................. 38

3.2.2. Espécimes utilizados ..................................................................... 39

3.2.3. Inibidor da síntese de quitina ........................................................ 39

3.2.4. Montagem e acompanhamento dos simulados ........................... 39

4. Resultados .................................................................................................. 44

4.1. Em Laboratório ..................................................................................... 44

4.1.1. Temephos ....................................................................................... 44

4.1.2. Deltametrina ................................................................................... 45

4.1.3. Novaluron ....................................................................................... 47

4.2. Simulado de Campo ............................................................................. 55

5 - Discussão .................................................................................................. 68

6. Conclusões ................................................................................................. 78

7. Referências Bibliográficas ........................................................................ 79

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Resumo

A dengue é um grande problema de saúde pública. Esta arbovirose é

transmitida por mosquitos do gênero Aedes, sendo o principal vetor o Aedes

aegypti. Ainda hoje o alvo principal das campanhas de controle dessa doença é

o vetor e, dentre as possibilidades, o controle químico é ainda a prática mais

comum. Atualmente para o controle de Aedes aegpti no Brasil são utilizados

principalmente os larvicidas temephos e Bti e o adulticida deltametrina.

Detectamos por meio de ensaios tipo dose-resposta, resistência a temephos

nas quatro populações avaliadas - Cuiabá, MT, Uberaba, MG, Aracajú, SE e

Henrique Jorge/Fortaleza, CE. Henrique Jorge foi notadamente a população

com maior alteração na resposta a temephos. Por outro lado, somente Cuiabá

se mostrou sensível a deltametrina, enquanto as outras populações

apresentaram resistência incipiente. Com o aumento da resistência aos

inseticidas químicos usados, novas alternativas de controle, se fazem

necessárias. Dentre estas se encontram os inibidores de síntese de quitina

(CSI). O novaluron é um inibidor da síntese de quitina e foi recentemente

recomendado pela OMS para uso em água potável, o que o qualifica como uma

alternativa viável ao controle de larvas do vetor de dengue. Em condições de

laboratório novaluron apresentou grande eficácia sobre larvas de Aedes aegypti

da cepa Rockefeller: total inibição da emergência de adultos viáveis desta cepa

foi obtida com a concentração 0,4µg/L. Novaluron também se mostrou eficaz

sobre as populações do campo testadas e nenhuma delas apresentou

resistência a este CSI, independente de seu status de resistência aos

inseticidas químicos avaliados. Em simulado de campo, foram avaliadas a cepa

Rockefeller e as populações Aracajú e Henrique Jorge. Com a concentração

20µg/L, o produto mostrou boa persistência em área externa e interna sobre

larvas de Aedes aegypti. Em área externa, no período de março a maio,

mortalidade acima de 70% foi obtida até a sexta semana, enquanto no período

de outubro a dezembro, até a quinta semana. Em área interna, a persistência

do produto foi maior, com mortalidade acima de 70% por oito semanas. O

produto se mostrou eficaz em simulado de campo sobre as populações

testadas, independente do grau de alteração na susceptibilidade a inseticidas

químicos.

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Abstract

Dengue is a major public health problem. This arbovirus is transmited by Aedes

mosquitoes, and Aedes aegypti is the main dengue vector. Today, the mosquito

vector is still the main target of dengue control campaigns, and chemical control

is the most common practice. Presently in Brasil, Aedes aegypti control makes

use of the larvicides temephos and Bti and of the adulticide deltamethrin. We

detected, through dose-response assays, temephos resistance in the four

populations evaluated: Cuiabá, MT, Uberaba, MG, Aracajú, SE and Henrique

Jorge/Fortaleza, CE. Henrique Jorge was by far the population exhibiting the

most altered temephos profile. In contrast, only mosquitoes from Cuiabá were

susceptible to deltamethrin, other populations exhibiting incipient resistance.

Resistance increase to the chemical insecticides currently used points to the

need of control alternatives. The chitin synthesis inhibitors (CSI) are among

them. Novaluron is a chitin synthesis inhibitor recently recommended by WHO

for use in potable water, an aspect that qualifies this product as a viable

alternative to the control of dengue larvae. In laboratory conditions novaluron

showed high efficacy against Aedes aegypti larvae from the Rockefeller strain:

complete emergency inhibition of viable adults was attained with 0.4 µg/L.

Novaluron was also effective against the field populations assayed – none

exhibited resistance to this CSI, irrespective of their chemical insecticides

resistance status. We evaluated Rockefeller strain and mosquito populations

from Aracajú and Henrique Jorge through field simulated assays. Novaluron was

persistent against Aedes aegypti larvae at 20µg/L, both in external and indoors

areas. In the external area, mortality levels higher than 70% were obtained up to

the sixth week during the period of March-May, and up to the fifth week during

October-December. The persistence of the product was higher in the indoor

area, with more than 70% mortality during eight weeks. Novaluron was effective

against the populations tested in simulated field conditions, independently of

their chemical insecticide susceptible levels.

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1. Introdução (Como definiria Keyla Belízia Feldman Marzochi:

Dengue – endemia de estimação)

A civilização convive com diversas doenças e muitas destas são

transmitidas por insetos vetores (doenças vetoriais). Dentre estas podemos

destacar a dengue, hoje considerada a arbovirose mais importante transmitida

por mosquitos (Nogueira et al 2001), de maior incidência no mundo e endêmica

em todos os continentes exceto na Europa (Forattini 2002; Claro et al 2004).

Estima-se que 2,5 a 3 bilhões de pessoas vivam em áreas de transmissão de

dengue (lembrando que essas são áreas turísticas em muitos casos), 80

milhões se infectem e que cerca de 21 mil morram em conseqüência da dengue

anualmente (FUNASA 2002; San Martin 2007). A dengue causa mais mortes

em humanos que qualquer outra virose transmitida por mosquitos e é a

segunda doença mais importante transmitida por este grupo de vetores, sendo

superada somente pela malária (Paul et al 2006). A dengue é também

considerada a principal doença reemergente no mundo, e desde o final do

século passado nenhum país conseguiu eliminar novamente seu ciclo de

transmissão (Tauil 2006). Apresenta-se como um grave problema de saúde

pública e uma mazela crescente em muitos países.

1.1. Agente Etiológico

A dengue tem como agente etiológico um arbovírus (“arthropod born”

virus) do gênero Flavivirus, família Flaviviridae (Gluber 1998). Esse arbovírus

apresenta quatro sorotipos, DEN I, DEN II, DEN III e DEN IV, relacionados

filogeneticamente e epidemiologicamente semelhantes (Holmes et al 1998;

Nogueira et al 2001), porém distintos devido a diferenças antigênicas (Monath

1994; OMS 2001). Não existe imunidade cruzada efetiva, ou seja, a infecção

por um sorotipo fornece imunidade por toda a vida contra esse sorotipo, mas

somente parcial e temporária a outros sorotipos (Rigau-Perez et al 1998;

FUNASA 2001a). Os vírus dengue são relativamente pequenos e esféricos,

possuem envelope lipídico e seu ácido nucléico é um RNA fita simples positivo

(Gubler 1998).

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1.2. A Doença

A infecção ocorre dentro de um espectro de manifestações clínicas

diversificadas e com níveis variáveis de gravidade (Gubler e Clark 1995). A

infecção pode ser assintomática ou pode ainda evoluir benignamente, sendo

nesse segundo caso caracterizada como Dengue Clássica, contudo pode

originar quadros mais graves, como a Febre Hemorrágica da Dengue (FHD) e a

Síndrome de Choque por Dengue (SCD), que podem levar o paciente à morte

(Rigau-Pérez et al 1998).

A dengue clássica é caracterizada por febre e outros sintomas não

específicos, dor de cabeça, dor no corpo, náuseas, vômitos, dor retro-orbitária,

fadiga (Rigau–Perez et al 1998; Casali et al 2004). Os sintomas duram em

média de cinco a sete dias, porém a fadiga pode persistir por mais tempo

(Casali et al 2004). Apesar dos sintomas iniciais da dengue hemorrágica serem

semelhantes ao da dengue clássica, a primeira evolui para quadros de

manifestação hemorrágica (Casali et al 2004). A FHD é definida como febre

aguda, com maior ou menor sangramento de mucosa (podendo ocorrer também

no trato intestinal e em outros locais), trombocitopenia, hipoproteinemia e mais

algumas manifestações clínicas relevantes (Rigau-Pérez et al 1998).

A Síndrome de Choque por Dengue é definida como uma FHD com

sinais de falência circulatória, hipotensão, pele fria e úmida, agitação, dor

abdominal, vômito persistente, letargia e, em alguns casos, podendo levar a

choque. Nos casos de SCD, as enzimas do fígado podem ficar alteradas, mas a

icterícia é rara (Rigau-Pérez et al 1998; OMS/OPAS 2001). A evolução dos

casos de SCD é bem rápida, podendo após o aparecimento de sintomas como

dores abdominais, levar a óbito entre 12 e 24 horas, ou podendo levar a

recuperação também rápida após tratamento correto (Casali et al 2004).

Todos os sorotipos são capazes de causar as formas benignas e

graves da doença. Os fatores responsáveis pela ocorrência das formas graves

ainda não foram totalmente esclarecidos. Imunidade do hospedeiro, infecções

seqüenciais, virulência de determinadas cepas são sempre apontados como

condicionantes dos casos hemorrágicos e de choque (Teixeira et al 1999).

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Co-infecção com dois sorotipos em humanos (DEN I e II; DEN II e III)

já foi relatada em vários países, incluindo o Brasil. Entretanto, a infecção dupla

não era determinante de casos graves da doença (Araújo et al 2006).

O perfil epidemiológico da dengue varia de acordo com a localidade.

Em algumas regiões, as infecções em crianças até 15 anos são assintomáticas

ou apresentam sintomas brandos. A incidência da doença por faixa etária pode

se modificar com o tempo e com o perfil epidemiológico da população exposta

(Guha-Sapir e Schimmer 2005). O aumento da gravidade da doença parece ser

diretamente proporcional ao aumento da idade do paciente em algumas regiões

do planeta (Rigau-Perez et al 1998). De acordo com estudo sobre a

epidemiologia de dengue realizado por Ribeiro et al (2006) na cidade de São

Sebastião (SP), a incidência da dengue aumenta até 30-39 anos, decrescendo

a partir desta faixa etária. Em relação à distribuição da doença por sexo, o

mesmo estudo mostrou que mulheres possuem maior chance de adquirirem a

infecção.

1.3. Vetores

A dengue é transmitida pela picada de mosquitos infectados do

gênero Aedes (Stegomya) (Ramo Arthropoda, Classe Hexapoda, Ordem

Diptera, Família Culicidae) (FUNASA 2001a). O primeiro a documentar que

mosquitos poderiam transmitir dengue foi Graham (1903 apud Gubler 1997),

mas somente Bancroft em 1906 (apud Gubler 1997) comprovou,

experimentalmente, que Aedes aegypti era vetor da doença. Estudos

subseqüentes mostraram que outros mosquitos do mesmo gênero eram

capazes de transmitir o vírus, o que não foi verificado para Culex

quinquefasciatus (Gluber 1997).

O principal vetor dessa arbovirose é o mosquito Aedes aegypti,

também vetor de febre amarela urbana (Forattini 2002). Nas últimas décadas

Aedes albopictus tem adquirido grande importância na transmissão dessa

doença no continente asiático. Outras espécies também podem atuar como

vetoras dependendo da área geográfica, como Aedes polynesiensis e outros

membros do complexo Aedes scutellaris (Gubler 1998). Essas espécies têm

papel importante na transmissão do vírus dengue em áreas rurais na Ásia e

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África, apesar de também contribuírem de forma discreta para o ciclo urbano

(Gubler 1987).

1.3.1. Aedes aegypti (Linnaeus, 1762)

É um mosquito, de origem africana, onde podem ser distinguidas

duas subespécies, Aedes aegypti formosus (Walker), pouco antropofílica,

restrita ao continente africano (na África Ocidental) onde se encontra distribuída

em áreas silvestres e rurais (Tabachnick 1991; Bosio et al 1998; Forattini 2002;

Costa-Ribeiro 2006); e Aedes aegypti aegypti antropofílica, com hábitos

domésticos e presente em várias regiões do planeta (Costa-Ribeiro et al 2006).

Essa subespécie é geralmente referida somente como Aedes aegypti.

Provavelmente, Aedes aegypti foi trazido para as Américas durante o

descobrimento, com o tráfico de escravos (Rey 2001) sendo, portanto, uma

espécie exótica. Esse é o melhor exemplo de mosquito sinantrópico, sendo

também endofílico e antropofílico (Lourenço-de-Oliveira 2005). Possui uma

estreita associação com o homem, e por isso é considerado um mosquito

urbano (FUNASA 2001a).

É classificado como um mosquito tropical e subtropical, tendo sua

distribuição limitada pela temperatura (entre os paralelos 35º latitude norte e 35º

latitude sul). Também possui limitações de ocorrência relacionadas à altitude,

sendo encontrado até 1.000m, normalmente, apesar de já ter sido detectado em

altitudes acima deste limite (Donalísio e Glasser 2002; Braga e Valle 2007).

O ciclo de vida do Aedes aegypti consiste de quatro estágios: ovo,

larva, pupa e adulto. As larvas e as pupas são aquáticas, enquanto os adultos

são terrestres.

As fêmeas de Aedes aegypti depositam seus ovos na parede interna

dos recipientes, acima do nível da água, preferencialmente com baixos índices

de poluição (Lopes et al 2006). Geralmente são usados depósitos criados pelo

homem, como vasos de planta, pneus, garrafas e outros. Ocorrido o

desenvolvimento embrionário, quando imersos na água, os ovos eclodem. Os

ovos são muito resistentes à dessecação, podendo se manter viáveis na

ausência de água por até 450 dias; também são resistentes a baixas

temperaturas e outros fatores climáticos. A cada ciclo gonotrófico uma fêmea

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produz aproximadamente 120 ovos, mas deposita somente cerca de um ou dois

em cada criadouro (Forattini 2002; Tauil 2002).

Durante o desenvolvimento apresentam quatro estádios larvais, todos

saprófitos (mastigam detritos dentro d’água). O estágio larval possui duração

média de cinco dias, mas pode ocorrer em períodos maiores, devido a

condições ambientais desfavoráveis (Consoli e Lourenço-de-Oliveira 1994).

A pupa, que não se alimenta, tem duração aproximada de dois a três

dias; é nessa fase que ocorrem as modificações necessárias para o surgimento

do adulto (Consoli e Lourenço-de-Oliveira 1994).

O adulto possui manchas brancas alternadas com escuras (Rey

2001) o escudo é adornado com escamas branco-prateadas formando um

desenho em forma de lira, de fácil reconhecimento (Lozovei 2001) (Figura 1).

Um espécime adulto de Aedes aegypti vive na natureza por aproximadamente

30 a 35 dias, podendo ser mantido vivo durante meses em laboratório

(FUNASA 2001a; Ribeiro 2006).

Esses mosquitos têm hábitos diurnos, possuem dois picos de

atividade, no início da manhã, até 2-3 horas após a aurora, e à tarde, no

crepúsculo. Entretanto, se alimentam durante todo o dia dentro das casas,

sendo bastante oportunistas (Gubler 1998; Lourenço-de-Oliveira 2005). Tanto

machos quanto fêmeas são encontrados no domicílio. Ambos os sexos se

alimentam de seiva de plantas, sendo que somente a fêmea se alimenta de

sangue, pois este é necessário para o desenvolvimento dos ovos.

As fêmeas de Aedes aegypti são muito agressivas e ariscas e se

afastam do hospedeiro a qualquer menção de perigo (Consoli e Lourenço-de-

Oliveira 1994). Devido a esse comportamento normalmente apresentam

discordância gonotrófica, ou seja, podem necessitar de mais de uma

alimentação sangüínea para o desenvolvimento dos ovos. Essa característica

do mosquito permite que, uma vez infectado e depois do período de incubação

extrínseco (ver item 1.4), possa disseminar o vírus dengue para várias pessoas

em um período curto de tempo (Lourenço-de-Oliveira 2005).

Aedes aegypti, até o momento, é o único mosquito incriminado como

vetor de dengue no Brasil. No entanto, a importância desse culicídeo não se

restringe somente à transmissão de dengue, já que é vetor da febre amarela

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urbana e também tem papel vetorial no ciclo de transmissão de filarídeos, como

a Dirofilaria immitis (Serrão 1998; Serrão et al 2001; Forattini 2002).

1.3.2. Aedes albopictus (Skuse, 1894)

O Aedes albopictus é outro mosquito exótico que também pode ser

responsável pela transmissão da dengue. É originário da Ásia e provavelmente

foi introduzido no Brasil na década de 1980, tendo seu primeiro registro no país

em 1986 (Consoli e Lourenço-de-Oliveira 1994). Esse culicídeo se dispersou

rapidamente pelo território brasileiro, sendo hoje encontrado em 20 dos 27

estados (Gratz 2004; Braga e Valle 2007). É hoje simpátrico ao Aedes aegypti,

porém possui valência ecológica muito mais ampla (Medronho 1995). Esse

mosquito se dissemina com grande facilidade no peridomicílio, em áreas rurais,

semi-silvestres e silvestres (Lozovei 2001). Seu ciclo biológico também passa

por quatro fases (ovo-larva-pupa-adulto). O adulto possui escudo com faixa

longitudinal de escamas prateadas (Lozovei 2001) (Figura 2). As fêmeas são

mais ecléticas que Aedes aegypti quanto à alimentação, sendo tanto

endofágicas como exofágicas (Lozovei 2001). Apresentam maior grau de

exofilia, sendo menos domiciliares que Aedes aegypti (Forattini 1986). Podem

utilizar criadouros artificiais sem abandonar os naturais (Gomes et al 1999).

É vetor primário de dengue na Ásia, onde está associado à

transmissão no ambiente urbano, rural ou semi-silvestre. No Brasil, Aedes

albopictus ainda não foi incriminado como vetor de dengue, embora larvas

desse mosquito já tenham sido encontradas infectadas com o vírus (Consoli e

Lourenço-de-Oliveira 1994; Gratz 2004). Além disso, populações brasileiras

desse mosquito mostram competência vetorial para os vírus dengue em

laboratório (Forattini 2002; Grartz 2004). Existe uma grande preocupação no

país com relação ao Aedes albopictus, já que esta espécie pode representar

Figura 1. Fêmea de Aedes aegypti; notar escudo adornado com escamas branco-prateadas formando um desenho em forma de lira característico desta espécie.

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uma ponte entre os ciclos urbano e silvestre da febre amarela, devido a sua

biologia (Forattini 1986; Consoli e Lourenço-de-Oliveira 1994).

Além de seu papel na transmissão de dengue e seu potencial como

vetor de febre amarela, Aedes albopictus está envolvido na transmissão do

arbovírus da encefalite japonesa (Forattini 2002; Gratz 2004).

1.4. Ciclo de Transmissão

O mosquito se infecta ao ingerir sangue virêmico de um hospedeiro.

Após a ingestão, o período de incubação extrínseco é de 12 a 14 dias a 28ºC,

mas varia bastante em função da temperatura a que o mosquito é exposto

(Donalísio e Glasser 2002; Lourenço-de-Oliveira 2005). Esse tempo é

necessário para a replicação e disseminação do vírus no interior do mosquito,

antes de ser detectado na glândula salivar, quando poderá ser transmitido

(Monath 1994). Também é possível a ocorrência de transmissão mecânica,

quando o vírus ainda está no aparelho bucal (Lourenço-de-Oliveira 2005). Um

mosquito infectivo, ao picar uma pessoa susceptível, pode transmitir o vírus. O

período de incubação intrínseco é de três a 14 dias. Após esse período a

pessoa começa a apresentar os sinais e sintomas da doença (Gubler 1998).

Outro aspecto importante é a possibilidade de transmissão entre

mosquitos, como ocorre na transmissão vertical (quando as fêmeas infectadas

passam o vírus aos ovos) e na venérea (machos para fêmeas através do líquido

seminal) (Holmes et al 1998; Lourenço-de-Oliveira 2005). Isso sugere que os

mosquitos possuem importante papel na manutenção dos vírus no ambiente e

podem atuar como reservatórios fundamentais dessa virose, principalmente em

locais temporariamente sem hospedeiros vertebrados susceptíveis. Por outro

lado, existem poucos relatos de transmissão vertical dos vírus dengue em

Figura 2. Fêmea de Aedes albopictus; notar escudo com faixa longitudinal de escamas prateadas, característico desta espécie.

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humanos (mulheres grávidas aos bebês) mas, quando ocorrem, podem levar a

quadros de DH e SCD nos recém-nascidos (Chye et al 1997).

1.5. Mudanças Climáticas Globais, Vírus Dengue e Vetores

A dinâmica de transmissão da dengue envolve fatores climáticos,

ambientais, sociais, biológicos e mais tantas variáveis (Holmes et al 1998;

Teixeira et al 1998). O fator clima é extremamente importante e por essa razão

alterações na temperatura global têm potencial de causar modificações

importantes na transmissão dessa arbovirose e de outras doenças (Donalísio e

Glasser 2002).

Como é uma doença transmitida por vetores, a distribuição de

dengue se condiciona à capacidade de dispersão do vírus. Mosquitos em

particular são insetos altamente sensíveis a flutuações climáticas, já que vários

aspectos de sua fisiologia variam com a temperatura. Nestes casos, não só a

fisiologia do invertebrado é influenciada, mas também o desenvolvimento do

patógeno (Epstein et al 1998; Oliveira 2004).

Associações entre variações na temperatura e pluviosidade já foram

comprovadas como tendo papel na transmissão da dengue (Ribeiro et al 2006).

Um bom exemplo é o relatado por Oliveira (2004) sobre a transmissão de

dengue em Curitiba, onde até 2001 eram notificados apenas casos importados;

em abril de 2002 apareceram os primeiros casos autóctones. Nesse trabalho, a

autora estabelece relação entre ocorrência de dengue e registro de altas

temperaturas no período estudado.

Vários estudos estão sendo realizados e modelos propostos, de

modo a prever como será a distribuição da dengue no futuro se as previsões de

aumento da temperatura global se confirmarem (Chan et al 1999; Hales et al

2002).

1.6. Controle

Existem vários obstáculos ao controle da dengue, já que ainda não há

medicamentos específicos e uma vacina eficaz ainda não foi desenvolvida. Em

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função disto, a grande maioria das medidas para controle da dengue são

direcionadas ao Aedes aegypti (Tauil 2002).

O controle de vetores deve ser integrado; esse tipo de controle

consiste na combinação de métodos disponíveis, de maneira eficaz, econômica,

segura e racional, com objetivo de manter as populações do vetor em níveis

aceitáveis (OMS 2001). O controle integrado deve possuir enfoque ecológico,

levando em conta as condições ambientais locais e a dinâmica da população do

vetor (FUNASA 2001b; OMS 2001; Donalísio e Glasser 2002; Braga e Valle

2007).

O controle integrado envolve vigilância epidemiológica, controle físico

(manejo ambiental), controle biológico, controle químico, manejo da resistência

a inseticidas e ações educativas (Rose 2001; Braga e Valle 2007). O controle

integrado de Aedes aegypti tem como foco principal os criadouros (Donalísio e

Glasser 2002).

O controle físico é uma das estratégias mais simples e eficazes para

o combate a vetores e consiste na eliminação (ou pelo menos redução) de

criadouros, através de vários métodos como tratamento de resíduos sólidos,

melhor abastecimento e armazenamento de água, ou seja, medidas de

saneamento básico (FUNASA 2001b; Lozovei 2001; OMS 2001; Donalísio e

Glasser 2002). Também podem ser incluídas outras medidas menos utilizadas

como, por exemplo, a aplicação de produtos que formam uma camada

mononuclear sobre a superfície da água impedindo as formas imaturas de

respirarem o ar atmosférico (Lozovei 2001; OMS 2001; Donalísio e Glasser

2002).

O controle biológico se baseia na utilização de organismos

predadores, parasitas ou qualquer outro ser vivo que possa competir com o

vetor ou reduzir sua população nas formas imatura ou adulta (Teixeira et al

1999; Donalísio e Glasser 2002). Exemplos desse tipo de controle são o

emprego de peixes larvófagos (Gambusia afins), assim como copépodos

(Donalísio e Glasser 2002), fungos, nematódeos, pulgas d’água e larvas de

mosquitos predadores de formas imaturas, como é o caso do Toxorhynchites

(Lozovei 2001; Teixeira et al 2001). As vantagens desse método são nenhuma

contaminação química do ambiente e especificidade contra organismos-alvo

(OMS 2001).

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O controle químico consiste na utilização de substâncias químicas, às

quais se dá o nome de inseticidas. A prática de usar substâncias químicas

contra os insetos é antiga; em um papiro egípcio de 1500 aC já se encontram

fórmulas para repelir ou matar vespas, pulgas e piolhos (Machado 1987).

Substâncias inorgânicas, como arsênio e enxofre, foram grandes

ferramentas para o controle de insetos, das quais os povos gregos, romanos e

chineses fizeram grande uso para esse fim. Apesar de apresentarem

desvantagens como acumulação nos tecidos orgânicos, longa persistência no

ambiente, alta toxicidade, produtos inorgânicos foram utilizados maciçamente

para o controle de insetos até a Segunda Guerra Mundial (OMS 1997; SUCEN

2000), quando os inseticidas orgânicos sintéticos foram introduzidos no controle

(Ware e Whitacre 2004).

O primeiro inseticida de efeito prolongado, descoberto na década de

1940, foi o DDT (OMS 2001), que parecia a solução para o problema dos

insetos vetores (Lourenço-de-Oliveira 2005). Mas, em função de relatos de

resistência no início dos anos 1960 (OMS 2001), de sua permanência por muito

tempo no meio ambiente (possui meia-vida de 15 anos) e da constatação de

que seus resíduos se concentram no tecido adiposo de alguns animais, esse

inseticida teve sua utilização proibida em muitos países (Forattini 2002; Lima-e-

Silva et al 2002).

Os inseticidas químicos convencionais usados no controle de vetores

podem ser classificados em quatro classes de acordo com a natureza química:

organoclorados, organofosforados, carbamatos e piretróides, todos atuando de

alguma forma no sistema nervoso do inseto (Lara e Batista 2002).

Organoclorados – São substâncias que possuem em sua fórmula química os

elementos carbono, hidrogênio e cloro. São conhecidos por outras

denominações como hidrocarbonetos clorados, compostos orgânicos clorados

ou compostos orgânicos clorados sintéticos (Ware e Whitacre 2004). São

inseticidas de baixo custo e grande estabilidade e persistência (Nunes e Tajara

1998).

Alguns dos inseticidas dessa classe tiveram papel determinante na

erradicação e controle de muitos insetos pragas ou vetores (Palchick 1993;

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SUCEN 2000). Dentro dessa classe podem ser distinguidos quatro grupos:

difenil-alifáticos, hexaclorociclohexanos, ciclodienos e policloriterpenos.

Os difenil-alifáticos incluem o DDT (Figura 3), DDD, dicofol e outros.

O modo de ação desses produtos ainda não foi totalmente esclarecido, mas

sabe-se que atuam no canal de sódio, destruindo o delicado balanço de sódio e

potássio nos axônios dos neurônios, o que altera a transmissão normal dos

impulsos nervosos (Ware e Whitacre 2004).

Os hexaclorohexanos, representados pelo benzenohexacloro (BHC)

comercializado com o nome de lindano, atuam de forma semelhante ao DDT

(Ware e Whitacre 2004). São utilizados para o controle de insetos desde 1942,

mas possuem menor persistência que o DDT (OMS 1997).

Dieldrin é o representante mais conhecido do grupo dos ciclodienos e

teve papel importante no controle de diversos insetos (Figura 3). Após o DDT foi

o segundo inseticida mais utilizado para o controle dos vetores da malária,

(OMS 1997). No entanto, é mais tóxico que DDT e BHC a humanos e animais

(OMS 1997). Os ciclodienos agem inibindo o receptor de ácido gama-

aminobutírico (GABA), o que resulta no impedimento da entrada dos íons

cloreto nos neurônios. Os efeitos observados da exposição aos ciclodienos

parecem ser similares em todos os animais, como alteração na atividade

nervosa, tremores, convulsões e prostração (Ware e Whitacre 2004; Braga e

Valle 2007).

Os policloroterpenos agem de forma semelhante aos ciclodienos e

seus únicos representantes são o toxafeno e o estrobane. Toxafeno tem grande

papel na agricultura, sendo utilizado sozinho ou em combinação com DDT para

o controle de pragas agrícolas (Ware e Whitacre 2004).

Organofosforados - São genericamente qualquer inseticida que possua

fósforo. Nesse grupo são encontrados compostos com uma grande variedade

de combinações de carbono, hidrogênio, oxigênio, fósforo, enxofre e nitrogênio

(SUCEN 2000; Ware e Whitacre 2004). Suas qualidades como inseticida foram

primeiramente observadas na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial,

em estudos realizados com gases que atuam no sistema nervoso, como sarin

(OMS 1997; Ware e Whitacre 2004). Foram muito utilizados como substitutos

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dos organoclorados, principalmente onde havia sido detectada resistência a

esses últimos (OMS 1997).

São geralmente mais tóxicos a vertebrados que as outras classes de

inseticidas, mais instáveis e menos persistentes que os organoclorados. O

único OP aprovado para a utilização em água potável até hoje é o temephos.

Apesar do extenso uso dessa classe de inseticidas na agricultura e em saúde

pública, devido a vantagens como sua eficiência, ao fato de serem

biodegradáveis, e não se acumularem nos tecidos, esses produtos são grandes

causadores de intoxicações e mortes em humanos (SUCEN 2000; Ware e

Whitacre 2004; Braga e Valle 2007).

Atuam inibindo uma enzima extremamente importante do sistema

nervoso, a Acetilcolinesterase, o que resulta em acúmulo de acetilcolina nas

sinapses nervosas; com isto, a propagação do impulso nervoso se mantém,

levando à paralisia e conseqüente morte do inseto (Ware e Whitacre 2004;

Braga e Valle 2007). Representantes dessa classe são temephos, malathion,

fenitrothion e outros (OMS 1997) (Figura 3).

Carbamatos – São inseticidas derivados do ácido carbâmico e, assim como os

OPs, agem inibindo a Acetilcolinesterase. No entanto possuem curto poder

residual, ou seja, são muito instáveis, pois são influenciados por vários fatores

como luminosidade, volatilidade, temperatura e umidade (SUCEN 2000; Ware e

Whitacre 2004). O carbaril é o inseticida mais utilizado desse grupo, por ter

baixa toxicidade a mamíferos; além disto tem ação contra um amplo espectro

de insetos (SUCEN 2000; Ware e Whitacre 2004) (Figura 3). Outros exemplos

são o propoxur, fenoxicarb (OMS 1997; Ware e Whitacre 2004).

Piretróides - Os piretróides comercializados atualmente, mais estáveis, são

compostos sintéticos análogos aos componentes obtidos a partir do crisântemo

(SUCEN 2000). Apresentam elevada toxicidade e ação rápida contra uma

grande diversidade de insetos, baixa toxicidade para aves e mamíferos, mas

são tóxicos aos animais aquáticos (OMS 1997; Braga e Valle 2007). Os

piretróides são muito eficientes, ou seja, são necessárias menores quantidades

do ingrediente ativo, o que resulta em menor contaminação do meio. São

biodegradáveis e não se acumulam nos sistemas biológicos (OMS 1997;

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Casida e Quistad 1998). Alguns piretróides também possuem ação repelente.

Um ponto negativo desses produtos é o alto custo, quando comparado com

outras classes de inseticidas (SUCEN 2000).

Esses produtos possuem modo de ação similar ao do DDT.

Aparentemente atuam mantendo os canais iônicos abertos nas membranas

axonais. Afetam tanto o sistema nervoso central quanto o periférico,

provocando descargas elétricas repetitivas que levam à paralisia (Ware e

Whitacre 2004; Braga e Valle 2007). Exemplos de inseticidas dessa classe são

cipermetrina, deltametrina e permetrina (Figura 3).

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Figura 3. Estrutura química de inseticidas convencionais. OC = organoclorado, OP = organofosforado, CA = carbamatos, PI = piretróide.

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1.6.1. Resistência

O grande problema associado ao controle químico é a resistência. A

resistência é o desenvolvimento da habilidade, em uma linhagem de um

organismo, de tolerar doses de toxinas que seriam letais para a maioria das

populações normais (susceptíveis) da mesma espécie (Campos 2001).

Geralmente, os alelos que conferem resistência aparecem em freqüência muito

baixa na população. Porém, com o uso contínuo do inseticida, a cada geração

ocorre a seleção de indivíduos com alelos para a resistência, e assim aumenta

a freqüência de indivíduos resistentes na população. O inseticida não causa

resistência e sim seleciona os indivíduos que possuem alelos que conferem o

fenótipo de resistência.

O primeiro relato de resistência data de 1908 e consiste na

observação da resistência do piolho de São José (Quadraspidiotus perniciosus)

ao enxofre (IRAC-BR 2006), apesar de declarações anteriores sobre esse tema

serem verificadas na literatura, mas sem grande importância (Badii e Almanza

2007). A partir da década de 1940, com a introdução do uso de inseticidas

orgânicos sintéticos, os casos de resistência tiveram um grande acréscimo

(IRAC-BR 2006). A ocorrência de resistência leva ao aumento do número de

aplicações do inseticida, aumento da dosagem ou substituição por outras

substâncias mais tóxicas. Outro grande problema é a resistência cruzada,

quando um mesmo mecanismo confere resistência a dois ou mais compostos

químicos, geralmente relacionados (IRAC-BR 2006; Braga e Valle 2007).

De acordo com Miller (1998), a resistência pode ser classificada em

quatro tipos: comportamental, redução da penetração do inseticida, por

alteração do sítio alvo e resistência metabólica.

Resistência comportamental – Esse tipo de resistência resulta de ações em

resposta à pressão seletiva causada pelo inseticida, que reforçam o

comportamento do inseto de evitar contato com o inseticida (Lockwood et al

1984). É comumente encontrada em insetos expostos a inseticidas aplicados

em superfícies, como ocorre com o DDT (Lockwood et al 1984). Estudos em

campo realizados na África, Índia, Brasil e México sugerem fortemente que

mosquitos vetores da malária apresentam alterações comportamentais de modo

a evitar o contato com superfícies tratadas com DDT (Roberts e André 1994).

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Redução da taxa de penetração – Insetos que apresentam esse tipo de

resistência possuem menor taxa de penetração do inseticida pela cutícula,

devido a alterações na fisiologia e na química da exocutícula. Esta

característica é conveniente ao inseto, uma vez que menor quantidade do

composto entrará no organismo, o que torna mais provável a detoxificação por

ação das enzimas (IRAC-BR 2006; Badii e Almanza 2007). Este mecanismo

confere resistência secundária, em nível baixo (de duas a quatro vezes), mas

ganha importância quando combinado com outros mecanismos de resistência

(IRAC-BR 2006; Badii e Almanza 2007). Esse tipo de resistência já foi verificado

em diversos insetos e com diferentes inseticidas, como em Aedes aegypti e

organofosforados (Matsuda e Brown 1963), e em Helicoverpa armigera e

piretróides (Ahmad et al 2006).

Alteração do sítio alvo – os inseticidas químicos possuem alvos específicos

dentro do organismo do inseto. A ligação com esses sítios alvo é extremamente

importante e pequenas alterações nesses sítios podem acarretar impedimento

ou dificuldade de interação com o xenobiótico (Russel et al 2004; IRAC-BR

2006; Badii e Almanza 2007; Braga e Valle 2007). Por exemplo, mutações

pontuais em receptores GABA se relacionam diretamente com a resistência a

ciclodienos (Hemingway et al 2004). Mosquitos expostos a inseticidas que

atuam no canal de sódio como o DDT e piretróides, apresentam, após poucos

minutos de contato com a substância, convulsões, com conseqüente paralisia e

morte. Esse tipo de ação é denominado efeito knockdown (apud Martins 2005).

No entanto, alguns insetos apresentam fenótipo kdr (resistência ao knockdown):

uma vez expostos a esse tipo de inseticidas, não desenvolvem paralisia

seguida de morte (knockdown) ou apresentam paralisia seguida de recuperação

motora. Em muitos insetos em que foi investigado, o fenótipo kdr está

relacionado com mutação pontual no canal de sódio, levando à redução de sua

sensibilidade (Stump et al 2004; Braga e Valle 2007).

Resistência metabólica – a detoxificação é o mais estudado mecanismo que

confere resistência a inseticidas (David et al 2005) e envolve a modificação ou o

metabolismo do inseticida, por ação de enzimas presentes previamente no

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inseto, levando à degradação da molécula do xenobiótico em compostos menos

tóxicos ou a sua completa inativação (Fukuto e Mallipudi 1983; Brogdon e

McAllister 1998a; IRAC-BR 2006). O aumento da detoxificação do inseticida

dentro do inseto pode ocorrer devido à maior eficiência das enzimas ou ao

aumento na quantidade de moléculas das enzimas no inseto (Braga e Valle

2007).

Diversas enzimas podem estar envolvidas na resistência metabólica a

inseticidas, sendo as de maior relevância, as Monooxigenases, Esterases e

Glutationa-S-transferases (Oppenoorth 1984; Yu e Nguyen 1992; David et al

2005). As Monooxigenases dependentes de citocromo P450 são enzimas

extremamente importantes e estão potencialmente envolvidas com a resistência

a todas as classes de inseticidas químicos (Casida 1970; Hemingway e Ranson

2000). Alterações nos níveis de produção de Esterases de insetos parecem

estar relacionadas com a pressão de seleção ocasionada por organofosforados

e carbamatos (Hemingway 2000; Hemingway et al 2004). As Glutationa-S-

transferases são enzimas com grande papel na detoxificação metabólica em

todos os animais e também são relacionadas com a resistência a inseticidas.

Possuem importante papel na detoxificação de organofosforados e DDT (Badii

e Almanza 2007).

1.7. Inseticidas Alternativos

O controle químico continua sendo uma das principais estratégias de

combate de vetores, embora sempre acompanhado do problema da resistência.

A situação se torna crítica, pois enquanto os vetores adquirem resistência aos

inseticidas utilizados, poucos inseticidas novos são desenvolvidos e

comercializados para o controle (Paul et al 2006).

Inseticidas alternativos para o controle de insetos, em particular

vetores de importância médica, são urgentes. Inseticidas alternativos, como

toxinas de bactérias entomopatogênicas (Bt - Bacillus thuringiensis e Bs -

Bacillus sphaericus) e reguladores do crescimento de insetos (IGR – Insect

Growth Regulators) surgem como uma ferramenta para o controle de vetores.

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1.7.1. Bactérias entomopatogênicas

A descoberta de bactérias capazes de produzir proteínas altamente

tóxicas aos insetos abriu novas perspectivas de controle. As bactérias

entomopatogênicas mais importantes utilizadas para controle de vetores são o

Bacillus sphaericus e o Bacillus thuringiensis (Baumann et al 1991). A atividade

inseticida dessas bactérias se deve a proteinases tóxicas presentes nos cristais

(corpos paraesporais) (Glare e O'Callagham 2000). Os corpos paraesporais,

quando ingeridos por inseto susceptível, são dissolvidos no intestino médio do

inseto. Em seguida as protoxinas são liberadas e convertidas, pelas enzimas do

intestino médio, em toxinas. Essas se ligam aos receptores contidos nas células

do intestino e iniciam sua ação (Aronson et al 1986; Glare e O'Callagham 2000).

Em conseqüência são produzidos poros na membrana das células do epitélio

do intestino médio, quebrando o balanço eletrolítico e causando lise, o que leva

à paralisia e morte por inanição (o inseto não consegue se alimentar) e/ou por

septicemia (Aron et al 1986; Glare e O'Callagham 2000; Lima et al 2005).

Bacillus sphaericus produz cristais com duas proteínas e é

extremamente ativo sobre larvas de Culex sp e Anopheles sp, apesar de

apresentar pouca atividade sobre Aedes aegypti. Um ponto positivo é que Bs é

capaz de resistir em água poluída (Baumann et al 1991). No entanto,

resistência de mosquitos a Bs já foi amplamente descrita em laboratório

(Rodcharoen e Mulla 1994; Wirth et a. 2000; Zahiri et al 2002) e em campo

(Rao et al 1995; Yuan et al 2000; Mulla et al 2003b).

Bacillus thuringiensis apresenta grande variedade de cepas, com

ação diferenciada sobre várias ordens de insetos. O Bacillus thuringiensis

sorovar israelensis é uma variedade que apresenta quatro toxinas, sendo muito

ativo contra larvas de Aedes e Culex e também contra larvas de simulídeos, no

entanto, possui pouca persistência em água poluída (Bauman et al 1991). Essa

bactéria atualmente é uma das alternativas para o controle de larvas de Aedes

aegypti no Brasil.

Com relação ao Bt ainda não foi detectada resistência em insetos

vetores, mas já há relatos de populações de campo da mariposa Plutella

xylostella resistentes ao Bt em diversas localidades (Bauer 1995). No entanto, o

problema atual no uso de Bti para o controle é a sua baixa persistência em

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campo (no máximo quatro semanas) devido a sua grande sensibilidade a

fatores ambientais como calor e luz (Lima et al 2005).

1.7.2. Os reguladores do desenvolvimento de insetos (IGR)

Os IGR surgiram na década de 1970 como produtos que poderiam

substituir os inseticidas convencionais (Martins e Silva 2004). São considerados

a terceira geração de inseticidas (após os inorgânicos e os orgânicos sintéticos)

(Casida e Quistad 1998). O potencial de uso dessas substâncias para o

controle de insetos ocorreu devido à descoberta acidental do “fator papel”:

(Slama e Williams 1966) pesquisadores de Harward observaram que culturas

do percevejo Pyrrhocoris apterus apresentavam baixa oviposição e larvas

supranumerárias e verificaram que esses efeitos no desenvolvimento proviam

de uma substância presente no papel utilizado nos recipientes onde esses

insetos eram mantidos. A substância foi classificada como um análogo de

hormônio juvenil derivado da planta Abis balsamea, árvore utilizada nos EUA

para produção de papel (Tunaz e Uygun 2004).

Diferente do observado com os inseticidas químicos convencionais,

os IGR atuam seletivamente no desenvolvimento, metamorfose e reprodução

dos insetos-alvo, ao invés de promoverem intoxicação direta (Hoffmann e

Lorenz 1998; Martins e Silva 2004). Os IGR não são necessariamente tóxicos

aos insetos-alvo; ao invés disto, causam anormalidades que os impedem de

sobreviver ou alcançar o estágio adulto (Tunaz e Uygun 2004). Apresentam

grande atividade sobre os estágios imaturos de mosquitos e outros insetos

interferindo com seu desenvolvimento e, com isto, reduzindo a emergência de

adultos viáveis (“inibição da emergência”, ou IE).

Grande parte dos IGR são eficazes contra os vetores, incluindo (na

grande maioria dos casos) aqueles que apresentam resistência aos inseticidas

convencionais, pois seu mecanismo de ação é distinto (Silva e Mendes 2002;

Thavara et al 2007).

Os IGR podem ser divididos em três tipos, dependendo do seu modo

de ação: os análogos e antagonistas de hormônio juvenil; análogos e

antagonistas de ecdisona inibidores de síntese de quitina (CSI - chitin synthesis

inhibitor) (Graf 1993; Hoffmann e Lorenz 1998; Kostyukpvsky e Trostanetsky

2006).

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Um ponto positivo dos IGR é sua baixa toxicidade aos mamíferos e

degradação rápida no ambiente (Kostykovisky e Trostanetsky 2006). Apesar de

serem mais específicos que os inseticidas químicos convencionais, uma

questão que envolve a utilização dos IGR é sua possível ação sobre artrópodes

não-alvo, causando algum dano aos ecossistemas. Contudo, vários autores

vêm demonstrando que os efeitos dos IGRs no meio ambiente são de pouco

impacto (Ali e Kok-Yokomi 1989; Arredondo-Jiménez e Valdez-Delgado 2006) .

Quando falamos da utilização desses compostos para o controle de Aedes

aegypti, a relevância de um possível dano a espécies não-alvo deve ser

entendida de forma diferenciada, já que o vetor possui hábitos domésticos,

tendo como principais criadouros objetos criados pelo homem (Martins e Silva

2004).

Os IGRs possuem efeitos na IE, mas também podem causar

alterações na reprodução, como verificado por Silva e Mendes (2002) em pupas

de Haematobia irritans. Arias e Mulla (1975) também puderam observar

alterações reprodutivas em Culex tarsalis expostos a IGRs. Contudo não é com

todo IGR que se verifica comprometimento de adultos, resultante da exposição

larval. Este foi o caso verificado por Braga et al (2005b) que não observou

alteração na capacidade de colocar ovos das fêmeas de Aedes aegypti

expostas a IGR durante os estágios imaturos.

1.7.2.1. Regulação hormonal em insetos

O papel de hormônios sobre os processos de muda e

desenvolvimento dos insetos foi verificado primeiramente por Wigglesworth, em

1934. Hoje, sabe-se que três hormônios estão envolvidos no crescimento,

desenvolvimento e muda dos insetos: hormônio protoracicotrópico (PTTH),

hormônio juvenil e ecdisona (Tunaz e Uygun 2004).

O hormônio juvenil (HJ), produzido na corpora allata (órgão situado

na base do cérebro), define o caráter da muda. Quando presente, mantém a

característica juvenil do inseto depois da muda, sua ausência leva a muda para

o estágio adulto (Valle 1993; Chapman 1998). No adulto, regula a vitelogênese

em muitos grupos, sendo produzido em diferentes órgãos, como corpo

gorduroso e ovários, dependendo do inseto (Valle 1993). O PTTH, produzido

nas células neuro-secretoras e armazenado na corpora cardiaca, induz a

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produção de ecdisona na glândula protorácica. O hormônio ecdisona, produzido

na glândula protorácica, induz a muda nos estágios imaturos. Em alguns

insetos, como os mosquitos, no estágio adulto está envolvido na capacitação

dos ovários na endocitose de vitelogenina da hemolinfa (Valle 1993; Tunaz e

Uygun 2004; Lourenço-de-Oliveira 2005).

A regulação hormonal tem grande potencial de controle e existem

hoje no mercado análogos e antagonistas de hormônios dos insetos disponíveis

para o controle.

1.7.2.2. Análogos e antagonistas de hormônio juvenil

Análogos, ou mímicos, de hormônio juvenil agem de forma

semelhante ao hormônio juvenil produzido pelo próprio inseto. No entanto, a

presença de análogos de hormônio juvenil, nos estágios imaturos de insetos,

em concentração superior a que normalmente seria encontrada pode levar a

várias conseqüências. As mais pronunciadas são anormalidades morfológicas,

como mudas que levam a estágios com tamanho maior que o esperado,

estádios supranumerários de larvas ou estágios intermediários entre larva e

pupa - ou pupa e adulto (Wright 1976). Além de sua utilização no controle de

insetos, os análogos de hormônio juvenil são usados na produção de seda:

quando aplicados sobre Bombyx mori, provocam extensão dos estádios larvais

(Miranda et al 2002). Exemplos de produtos com esse tipo de atividade são

methoprene, hydroprene, fenoxycarb, pyriproxifen (Graf 1993) (Figura 4).

Existem muitos trabalhos mostrando o efeito dos análogos de

hormônio juvenil no controle de diversos insetos, como o realizado por Arthur

(2003), que verificou o potencial de hydroprene sobre Tribolium castaneum e

Tribolium confusion ou Seng et al (2006), mostrando o efeito de pyriproxifen

sobre a IE de Aedes aegypti. Alterações reprodutivas também são causadas

por análogos de hormônio juvenil, como observado em Liriomyza trifolii com

methoprene por Robb e Parrella (1984); o mesmo foi demonstrado por Mulla et

al (1985), quando também verificaram esse tipo de alteração avaliando o efeito

de fenoxycarb sobre mosquitos. Ação de methoprene e pyriproxifen sobre ovos

de pulgas de gato Ctenocephalides felis foi observada por Palma et al (1993),

mostrando o efeito ovicida do mesmo.

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Braga et al (2005a) comprovaram que populações de Aedes aegypti

de várias localidades do Brasil resistentes a temephos eram susceptíveis ao

IGR methoprene, um análogo de hormônio juvenil. Entretanto, já foram

relatados alguns casos de resistência cruzada em insetos de importância para a

agricultura entre diferentes IGRs e entre IGRs e outros inseticidas, como os

organofosforados (Tunaz e Uygun 2004).

Apesar de William (1956) postular que seria muito improvável que

insetos desenvolvessem resistência a seus próprios hormônios (William 1956;

William 1959), existem alguns relatos de resistência a análogos de hormônio

juvenil, em Musca domestica (Cerf e Georghiou 1972), Bemisia tabaci (Ishaaya

e Horowitz 1995) e em Drosophila melanogaster (Wilson e Thruston 1998).

Antagonistas de hormônio juvenil parecem agir interferindo nas

corpora allata e prevenindo a secreção de hormônio juvenil. Aplicação do

antagonista de hormônio juvenil, 2-(2-ethoxyethoxy)ethyl furfuryl, sobre ninfas

de triatomíneos leva a diversos alterações morfológicas (Jurberg et al 1997).

Outros exemplos são: precoceno I e II, fluoromevalonate, mevinolin e fluvastatin

(Graf 1993; Hoffmann e Lorenz 1998) (Figura 4).

1.7.2.3. Análogos ou antagonistas de ecdisona

Agonistas de ecdisona agem induzindo muda prematura em larvas,

em qualquer momento do desenvolvimento. Podem agir também nos ovários de

fêmeas adultas, impedindo a oviposição. Tebufenozide e methoxofenozide (este

com ação principal sobre Lepidoptera) são exemplos dessas substâncias

(Figura 4). Trisyono e Chippendale (1997) verificaram eficácia dos compostos

RH-2485, RH-5992 e RH-5849 sobre Aedes aegypti e Anopheles gambiae.

Resistência a tebufenozide já foi observada em Cydia pomonela (Grafton-

Cardwell 2005) e Culex quinquefasciatus (Beckage et al 2004).

A utilização dos análogos de ecdisona para o controle de insetos

envolve o custo da produção já que geralmente essas substâncias possuem

composição muito complexa para a comercialização e também devido a

possibilidade de atividade cruzada com hormônios esteróides de mamíferos.

Azadiractina é uma substância que age inibindo a síntese do

hormônio protorácicotrópico, que estimula a produção de ecdisona, sendo

portanto um antagonista de PTTH o que, como conseqüência, leva à inibição da

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produção de ecdisona (Figura 4). No entanto, a azadiractina tem estrutura muito

complexa, o que tornaria inviável o preço de sua utilização no controle de

vetores (Graf 1993).

1.7.2.4. Inibidores de síntese de quitina

A quitina é o segundo polímero biológico mais abundante, depois da

celulose. É um homopolímero de N-acetilglicosamina, formando microfibrilas de

aproximadamente 3 nm de diâmetro. Esse polímero é produzido em grande

quantidade nos invertebrados insetos e crustáceos, e em menor quantidade em

moluscos, anelídeos e nematódeos (ovos). A quitina também é componente da

parede celular dos fungos, exceto Oomycetos (Cohen 2001).

A quitina é componente majoritário da cutícula que reveste

externamente o corpo dos insetos. Também está presente em alguns tecidos do

intestino, como no papo, intestino anterior e posterior, formando uma camada

cuticular que os reveste internamente (Tellam et al 2000). É também parte da

matriz peritrófica, que funciona como uma barreira entre o bolo alimentar e o

epitélio do intestino médio (Merzendorf e Zimoch 2003). Outras estruturas do

corpo dos insetos também possuem quitina, como as traquéias, que possuem

um tubo cuticular (íntima) revestindo seu interior (Tellam et al 2000).

A cutícula do exoesqueleto dos insetos possui três diferentes

camadas: epicutícula, exocutícula e endocutícula (Tellam et al 2000). A quitina

é componente fundamental do exoesqueleto, estando presente na endocutícula

e exocutícula, mas não na epicutícula. A quitina fornece ao exoesqueleto

suporte mecânico e estrutural, funcionando como uma barreira de proteção

contra as agressões ambientais. Devido à rigidez de seu exoesqueleto os

insetos, para crescer, necessitam realizar mudas periódicas (Bogwitz 2005).

Para produzir um novo exoesqueleto, são necessárias várias etapas que

envolvem degradação da cutícula antiga, síntese dos componentes da nova

cutícula e “montagem” da nova cutícula. No entanto, os processos de produção,

transporte e deposição da quitina que comporá o exoesqueleto envolvem

complexas transformações bioquímicas e biofísicas, intra e extracelulares, que

na sua maioria permanecem não entendidas (Cohen 2001; Menzerdorf 2005).

A ausência de quitina nos vertebrados faz com que os inibidores de

síntese de quitina (CSI) possam ser usados como uma potencial ferramenta

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específica para o controle de insetos e fungos. Os CSI podem ser diferenciados

em dois grandes grupos: os peptidil-nucleosídeos, que atuam sobre fungos, e

as benzoil-fenil-uréias (BPU), que possuem grande ação sobre insetos (Cohen

2001; Merzendorf e Zimoch 2003).

Diversas substâncias são capazes de inibir a síntese de quitina em

insetos; no entanto, a maior parte dos CSI usados no controle de insetos

pertencem ao grupo das benzoil-fenil-uréias (Merzendorf e Zimoch 2003;

Merzedorf 2005), sendo o diflubenzuron o primeiro composto desse grupo

comercializado como inseticida (Tunaz e Uygun 2004). O potencial das BPU foi

descoberto acidentalmente, quando cientistas sintetizavam um herbicida

combinando dichlobelnil e diuron (Graf 1993; Cohen 2001). Depois do sucesso

de diflubenzuron para o controle, uma gama de novos compostos BPU

apareceram para o controle de diversos insetos (Graf 1993) (Figura 4).

O modo de ação das benzoil-fenil-uréias ainda não está

completamente esclarecido. No entanto, existe evidência experimental de que

esses compostos interferem na atividade ou na biossíntese da quitina-Sintase,

que é a enzima-chave da via metabólica de síntese de quitina (Tellam et al

2000; Merzendorf e Zimoch 2003). Mas também existem sugestões de que

possam atuar inibindo proteases, agindo sobre a cascata que leva à produção

do monômero de N-acetilglicosamina ou ainda impedindo o transporte ou fusão,

inibindo a translocação das fibras de quitina sobre a membrana plasmática

(Merzendorf e Zimoch 2003; Tunaz e Uygun 2004; Bogwitz 2005).

Por interferir no metabolismo da quitina, que é crucial para o

desenvolvimento dos insetos, as benzoil-fenil-uréias provocam alterações na

formação da cutícula durante o desenvolvimento, podendo causar muda

abortiva. Alterações em outras estruturas que possuem quitina na sua

composição, como a matriz peritrófica, também podem ser observadas

(Merzendorf 2005). Além dos efeitos sobre as larvas, pode ocorrer inibição da

pupação e os adultos derivados de larvas sobreviventes de doses sub-letais

podem ter várias alterações na sua morfologia e fisiologia.

As BPUs possuem efeito pronunciado sobre larvas, que não

conseguem sobreviver à muda devido a malformações da nova cutícula (Graf

1993). A ação desses CSI já foi comprovada sobre vários insetos. Charmillot et

al (2001) usaram diflumuron, hexaflumuron e triflubenzuron sobre Cydia

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pomonella e concluíram que essas substâncias possuem grande potencial

larvicida e ovicida. Larvas de Drosophila melanogaster alimentadas com

lufenuron morrem durante a ecdise; os adultos sobreviventes a doses sub-letais

são incapazes de voar (Wilson e Cryan 1997).

Efeitos dos CSI sobre mosquitos também já foram observados. Batra

et al (2005) demonstraram que 0,2 ppm de triflumuron produz, em laboratório,

100% de inibição da emergência de adultos de Anopheles stephensis, Aedes

aegypti e Culex quinquefasciatus. A ação de diflubenzuron sobre mosquitos

também é comprovada, com redução da emergência de adultos, quando usado

na concentração 0,1 ppm, de 85 a 90% para Aedes aegypti e de 48% para

Culex quinquefasciatus (Martins e Silva al 2004). Esses mesmos autores

observaram que diflubenzuron atua em todos os estágios larvais de Aedes

aegypti. Por outro lado Braga et al (2005b) observaram que methoprene, um

análogo de hormônio juvenil, como esperado, revelou-se ativo apenas contra

larvas de quarto estádio, indicando que os CSI podem ser ainda mais eficazes

contra o vetor em questão que outros IGR.

Essas substâncias podem provocar danos morfofisiológicos. Um

extenso trabalho avaliando efeitos de dose sub-letal de CSI sobre Aedes

aegypti foi realizado no Laficave: Belinato (2007) descreve comprometimento

em diversos aspectos do desenvolvimento e da reprodução de espécimes

adultos de Aedes aegypti expostos durante os estágios imaturos a triflumuron.

Algumas das observações dos autores foram: diferenças na proporção entre

machos e fêmeas adultos, longevidade reduzida dos insetos tratados, redução

na atividade locomotora, menor ingestão de sangue, menor capacidade de

copular e, em conseqüência, menos ovos viáveis. Alterações na capacidade de

voar também foram verificadas por Wilson e Cryan (1997) em adultos de

Drosophila melanogaster expostos na fase larval ao lufenuron, outro inibidor de

síntese de quitina.

Um importante CSI não-BPU é a ciromazina (Figura 4). Este derivado

de triazina possui efeito na síntese de quitina, interferindo na muda e pupação.

Este composto apresenta grande atividade contra larvas de Diptera (Graf 1993;

Ware e Whitacre 2004).

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1.7.2.4.1 - Novaluron

O novaluron (Figura 4) é um novo CSI, já usado na agricultura,

exibindo grande eficácia contra larvas de Coleoptera, Homoptera e Lepidoptera,

pragas de colheita (Mulla et al 2003a). Novaluron é pouco tóxico aos mamíferos

e não tóxico para aves, vermes do solo e microflora (OMS 2003). Apesar de

novaluron ter sido, por vezes, considerado tóxico aos invertebrados aquáticos,

sua baixa persistência do produto em sistemas aquáticos indica que não há

exposição crônica significativa e que os riscos a longo prazo aos crustáceos

devem ser considerados aceitáveis (OMS 2003).

Esse CSI age por ingestão, como verificado para larvas Spodoptera

littoralis e Helicoverpa armigera, e por contato sobre Bemisia tabaci e

Trialeurodes vaporariorum (Ishaaya et al 1996; 1998).

Seus efeitos sobre larvas de Tribolium castaneum já foram

comprovados por Kostyukpvsky e Trostanetsky (2006). Sua utilidade contra

mosquitos foi avaliada sobre Culex quinquefasciatus por Su et al, em 2003,

quando se verificou intensa atividade contra esse mosquito. Esse inseticida

mostrou eficácia igual ou superior a outros IGRs usados para controle de

mosquitos nos EUA, como diflubenzuron e pyriproxifen (Mulla et al 2003a).

Neste mesmo trabalho foi confirmada a eficácia de novaluron sobre Aedes

aegypti, que é mais susceptível ao composto que Culex quinquefasciatus.

Arrendondo-Jiménez e Valdez-Delgado (2006) verificaram o impacto

de novaluron (ver item 1.7.2.4) sobre artrópodes não-alvo e concluíram que o

efeito desse produto varia de acordo com a espécie. Esses mesmos autores

não encontraram impacto para a maioria das famílias de insetos não-alvo

expostas ao produto.

Por sua baixa toxicidade, novaluron foi recentemente recomendado

pela OMS para aplicação em água potável, e com isso pode se tornar uma

grande ferramenta nos programas de controle de Aedes aegypti (OMS 2007).

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methoprene (AnHJ) precocene I (AtHJ)

tebufenozide (AE)

azadiractina (AtE)

diflubenzuron (CSI)

novaluron (CSI) ciromazina (CSI)

Figura 4. Estrutura química de reguladores do desenvolvimento de insetos. AnHJ = Análogo de hormônio juvenil; AtHJ = Antagonista de hormônio juvenil; AE = Análogos de ecdisona; AtE = Antagonista de Ecdisona; CSI = inibidor de síntese de quitina.

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2. Objetivos

2.1. Objetivo Geral

Avaliar o efeito de novaluron sobre a inibição da emergência de populações de

Aedes aegypti com diferentes níveis de resistência a inseticidas químicos em

condições de laboratório e de simulados de campo.

2.2. Objetivos Específicos

Em Laboratório

a) Verificar o status de resistência a temephos de populações de campo de

Aedes aegypti em comparação com a cepa Rockefeller.

b) Verificar o status de resistência a piretróides de populações de campo de

Aedes aegypti em comparação com a cepa Rockefeller.

c) Avaliar o efeito de novaluron sobre a emergência de adultos (IE50 e IE90)

da cepa Rockefeller, padrão de susceptibilidade a inseticidas para A.

aegypti.

d) Avaliar o efeito de novaluron sobre a emergência de adultos (IE50 e IE90)

das populações de campo de Aedes aegypti com diferentes níveis de

resistência aos inseticidas químicos usados no controle do vetor.

e) Classificar as anormalidades morfológicas observadas nos espécimes

mortos nos ensaios realizados em laboratório utilizando novaluron.

Em Simulado de Campo

Avaliar a persistência de novaluron em condições simuladas de campo, em

áreas interna e externa, usando a cepa Rockefeller e duas populações

sabidamente resistentes a temephos, em duas estações do ano, com climas

diferentes.

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3. Metodologia

3 1. Em Laboratório

3.1.1. Espécimes utilizados nos bioensaios

Nos bioensaios foram avaliadas quatro populações de Aedes aegypti,

sendo elas, Henrique Jorge/Fortaleza, CE, Aracajú, SE, Cuiabá, MT e Uberaba,

MG (Figura 5). Ovos dessas populações foram coletados por meio de

ovitrampas (Braga et al 2000), seguindo o protocolo definido para coleta no

campo das populações do vetor que são submetidas ao monitoramento da

resistência a inseticidas (Lima et al 2003). As ovitrampas, preparadas segundo

metodologia descrita por Fay e Eliason (1966), foram distribuídas nas cidades

de origem por solicitação da Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da

Saúde (SVS-MS) ao Núcleo de Entomologia da Secretaria de Saúde de cada

Estado. A determinação do número de ovitrampas instaladas se baseou no

número de moradias em cada município amostrado (como medida indireta da

densidade populacional): municípios com até 60.000 moradias receberam 100

ovitrampas, de 60.000 a 120.000 residências, 150 ovitrampas, de 120.000 a

500.000, 200 ovitrampas e em localidades acima de 500.000 foram instaladas

300 ovitrampas (Lima e cols., 2003). As ovitrampas, distribuídas de modo a

cobrir o município da forma mais ampla possível, foram mantidas em campo por

cinco a sete dias.

Para a realização dos bioensaios foram utilizadas as gerações F1 até

F4. A cepa Rockefeller foi utilizada em todos os bioensaios como padrão de

susceptibilidade. Essa cepa foi originalmente estabelecida no Rockefeller

Institute (Nova York, NY) por DW Jenkins em 1959 e é padrão de

susceptibilidade a inseticidas para a espécie Aedes aegypti em todo o mundo

(Hartberg e Craig-Jr 1970).

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32

Figura 5. Localidades brasileiras de onde foram obtidas as populações de Aedes aegypti avaliadas.

3.1.2. Obtenção de larvas e espécimes adultos para os bioensaios

Na rotina do laboratório, após o recebimento das paletas das

populações, os ovos são postos a eclodir e a criação das larvas e pupas é

realizada. Essas últimas são separadas em copos plásticos com capacidade

para 50 mL e transferidas para gaiolas de papelão (16,5 cm de diâmetro por

17,5 cm de altura), identificadas com o nome da respectiva população, onde

são mantidas até a emergência dos adultos. Após a emergência, os adultos

permanecem nessas gaiolas e os copos com as exuvias são removidos. A

alimentação dos adultos é realizada com fornecimento “ad libitum” de

alimentação açucarada a 10%. Os adultos passam por triagem para separação

da espécie de interesse, Aedes aegypti, e de outras espécies que também

possam ter sido coletadas.

Cuiabá (MT)

Aracajú (SE)

Fortaleza (CE)

Uberaba (MG)

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Para obtenção de ovos das gerações seguintes, às gaiolas com

mosquitos já triados é fornecida alimentação sangüínea (realizada com cobaios,

de acordo com o protocolo aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais

da Fiocruz – CEUA). Após três dias, tempo necessário para digestão do sangue

e maturação dos ovos, são colocados copos de postura com água, recobertos

internamente por pequenas tiras de papel-filtro, onde as fêmeas grávidas fazem

a oviposição. As tiras de papel-filtro com ovos dessas populações são

identificadas conforme as gerações e armazenadas em ambiente com

temperatura controlada. No caso da cepa Rockefeller, ovos são obtidos a partir

da colônia mantida no laboratório há vários anos.

Para os bioensaios com larvas, pedaços de papel-filtro com ovos são

colocados em copos plásticos contendo água de criação (água retirada das

bacias com larvas), passada por uma peneira antes de utilizada, como estímulo

à eclosão. Após uma hora (dependendo da idade dos ovos é necessário um

tempo maior de eclosão), as larvas que eclodiram são transferidas, em grupos

de cerca de 1.000, para bacias plásticas retangulares (33 X 24 X 8 cm)

contendo um litro de água desclorada e 1 g de ração para gatos (Friskies®,

Purina, Camaquã/RS). No caso de ensaios com larvas, essas permanecem nas

bacias por três dias ou até alcançarem o terceiro estádio larval (L3).

No caso de bioensaios com adultos, as larvas permanecem nas

bacias até alcançarem o estágio de pupa, quando são transferidas para gaiolas,

como já descrito acima. Para os ensaios são utilizadas fêmeas de 1 a 3 dias

após a emergência, não alimentadas com sangue.

Toda criação de espécimes para os bioensaios foi realizada em

insetário com temperatura controlada (26±1ºC).

3.1.3. Inseticidas

3.1.3.1. Organofosforado – temephos

Para a realização dos bioensaios com temephos, uma solução

estoque a 3 g/L foi preparada em etanol PA, com o temephos grau técnico

(Fersol 90%). Essa solução estoque foi mantida a 4-10ºC, podendo ser utilizada

por até um mês para o preparo das soluções de uso. A solução de uso era

preparada 15 minutos antes da montagem do bioensaio, também em etanol PA.

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34

3.1.3.2. Inibidor de síntese de quitina – novaluron

Novaluron 100 CE (Rimon) foi utilizado nos bioensaios de avaliação

da inibição da emergência de adultos de Aedes aegypti. Alíquotas de 0,1 g/L

foram preparadas em acetona e mantidas em congelador a -80ºC até o uso.

Uma solução de 500 µg/L era preparada 15 minutos antes de cada bioensaio e

utilizada para obtenção das concentrações desejadas.

3.1.3.3. Piretróide – deltametrina

Deltametrina grau técnico (Bayer 99,1%) foi utilizada para os ensaios

com adultos. Alíquotas de 0,1g/L foram preparadas em acetona e armazenadas

em congelador a -80ºC. Essas alíquotas eram retiradas do congelador

momentos antes da impregnação das garrafas com inseticida.

3.1.4. Bioensaios com larvas

3.1.4.1. Ensaios tipo dose-resposta

Esses ensaios consistem na exposição de larvas a um espectro de

concentrações do produto, de modo a determinar as concentrações efetivas:

Concentração Letal (CL), para temephos e Inibição da Emergência (IE), para

novaluron. Primeiramente, os testes foram realizados com a cepa de referência,

uma vez que os valores de razão de resistência das populações são obtidos a

partir da razão entre os dados de CL ou IE das populações e os valores

correspondentes da cepa de referência (OMS 1981; Mazzari e Georghiou 1995;

OMS 2005).

3.1.4.2. Bioensaios com temephos

Os bioensaios tipo dose-resposta com temephos foram realizados de

acordo com as recomendações da OMS (1981) e seguindo o protocolo já

padronizado no laboratório (Lima et al 2003; Montella 2007). Grupos de 20

larvas de terceiro estádio foram separados e transferidos para copos plásticos

com capacidade para 50 mL, sendo esses copos preenchidos até 20 mL com

água desclorada. As larvas eram então mantidas em repouso por 30 minutos e

após esse período, larvas mortas eram substituídas.

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Foram utilizadas, em cada ensaio, 11 concentrações, sendo que para

cada uma destas eram preparados quatro copos. Quatro copos adicionais eram

utilizados como controle do ensaio. Esses copos, plásticos com capacidade

para 200 mL, eram identificados e preenchidos com 80 mL de água desclorada.

Em seguida era retirado, com auxílio de uma pipeta automática, 0,5 mL de cada

copo, inclusive dos copos-controle. Acrescentava-se o volume de produto

necessário para cada concentração e o volume de solvente, de modo a repor o

volume (0,5 mL) removido dos copos. Nos copos-controle era adicionado

apenas 0,5 mL do solvente.

Quinze minutos depois da montagem do ensaio e aplicação do

inseticida nos copos, as larvas eram transferidas aos copos junto com os 20 mL

de água, completando 100 mL, o volume final de solução em cada réplica

(Figura 6a).

Todos os ensaios foram realizados em ambiente com temperatura e

umidade controladas (26±1ºC e 60-70%). As larvas eram mantidas em contato

com o produto por 24 horas, quando era realizada a leitura, sendo computados

os números de larvas vivas e mortas. Os critérios utilizados para determinação

da mortalidade das larvas foram aqueles propostos pela OMS (1981). Após a

leitura as larvas eram desprezadas.

Todos os ensaios foram repetidos três a quatro vezes, em dias

diferentes. Os resultados obtidos foram avaliados por meio de análise Probit

(Raymond 1985).

3.1.4.3. Bioensaios com novaluron

Os ensaios com larvas utilizando o inibidor de síntese de quitina

foram realizados segundo protocolo já estabelecido no laboratório (Bellinato

2007).

Foram testadas oito concentrações (0,05 µg/L, 0,1 µg/L, 0,15 µg/L,

0,2 µg/L, 0,25 µg/L, 0,3 µg/L, 0,35 µg/L, 0,4 µg/L). Para cada concentração

eram utilizados oito copos plásticos transparentes com capacidade para 300 mL

netes eram adicionados 150 mL de água desclorada. Nos copos experimentais

era então adicionada a solução com inseticida. O controle consistia de quatro

copos montados da mesma maneira, porém sem a adição de novaluron. No

lugar deste, adicionava-se 120 µL (maior volume de solução do produto

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adicionado aos copos experimentais do solvente acetona), utilizado na diluição

deste IGR. Uma pequena quantidade de ração para gatos (Friskies®, Purina,

Camaquã/RS) era acrescentada a cada copo. Essa quantidade de comida,

suficiente para todo o período do ensaio, era aplicada somente uma vez, no dia

da montagem do experimento (Figura 6b).

Depois de 30 minutos do preparo dos copos, 10 larvas (L3)

previamente separadas eram transferidas para os mesmos com auxílio de uma

peneira de nylon (Falcon cat 2350). Após três dias da montagem do teste, os

copos eram ocluídos com tela de nylon, presa por um elástico, para evitar a fuga

de adultos que viessem a emergir.

As larvas e pupas permaneciam expostas ao produto durante todo o

experimento e a mortalidade por estágio era avaliada diariamente, sendo que o

sucesso na emergência (adultos vivos) era obtido pela contagem de exúvias

limpas (Mulla 1974; Mulla et al 2003a); mosquitos presos à exúvia eram

considerados mortos. Deformidades observadas nos estágios imaturos e nos

adultos emergidos também foram registradas, por meio de fotografia em

microscópio estereoscópico.

Os testes eram considerados encerrados quando não havia mais

larvas e/ou pupas vivas nas réplicas. Todos os ensaios foram realizados em

ambiente com temperatura e umidade relativa controladas, de 26±1ºC e 60-70%

respectivamente.

Os ensaios foram repetidos no mínimo duas vezes, em dias

diferentes, e avaliados via análise Probit (Raymond 1985).

3.1.5. Biensaios com adultos

O bioensaio com garrafas impregnadas é uma metodologia

desenvolvida no CDC (Center of Disease Control) (Brogdon e McAllister 1998a),

que consiste na utilização de garrafas de vidro com capacidade para 250 mL,

completamente impregnadas (inclusive a tampa) com o inseticida a ser testado.

No laboratório, os procedimentos necessários para a realização destes

bioensaios com os inseticidas piretróides foram padronizados anteriormente

(Da-Cunha et al 2005).

A concentração utilizada, 5 µg/garrafa, corresponde à dose

diagnóstica: neste ensaio específico corresponde à menor dose que mata 100%

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das fêmeas da cepa Rockefeller em 30 min (tempo letal para deltametrina); no

caso de piretróides a mortalidade é confirmada depois de 24 horas para

verificar os casos de recuperação (para discriminar do efeito knockdown,

descrito na Introdução). Para cada ensaio foram utilizadas quatro garrafas, das

quais três impregnadas com inseticida e uma controle, impregnada apenas com

o solvente (acetona) (Figura 6c).

Os mosquitos eram transferidos em grupos de aproximadamente 20

para cada garrafa. A mortalidade era verificada a cada 15 minutos, até

completar o tempo de duas horas de exposição. Após esse período, os

mosquitos eram transferidos para pequenas gaiolas de papelão (8,5 cm x 8,5

cm) onde era oferecida alimentação por meio de um algodão embebido em

solução açucarada a 10%. Os mosquitos eram mantidos por 24 horas nessas

gaiolas, em ambiente com temperatura e umidade relativa controladas, quando

era realizada a leitura final, sendo computadas as fêmeas mortas e vivas.

Depois da leitura os mosquitos eram desprezados. Todos os ensaios foram

repetidos três a quatro vezes, em dias diferentes. Os dados obtidos eram

organizados em planilhas e usados para a construção de gráficos.

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Figura 6. Bioensaios para avaliação da resistência a inseticidas. a. ensaios dose-resposta com temephos, para larvas; b. ensaios dose-resposta com novaluron, para adultos, c. ensaios realizados com espécimes adultos.

3.2. Simulado de Campo

A persistência de novaluron foi testada em condições de simulação

de campo, em dois momentos. O primeiro simulado, somente na área externa

devido a problemas técnicos, foi realizado no período de março a maio de 2007.

O segundo foi realizado na área interna e externa simultaneamente e teve início

em outubro de 2007.

3.2.1. Local do estudo

Foram utilizados dois ambientes, um localizado em área interna,

protegida da luz do sol e outro em área externa, parcialmente exposta. A área

interna consiste de uma sala, de 13,26 m2, localizada no térreo do prédio onde

se encontra o laboratório. A área externa é um local de 12 m2, cercada para

evitar entrada de pessoas e animais domésticos e com uma cobertura plástica

a b

c

b

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que protege os galões da chuva, mas permite a passagem parcial da luz solar

(Lima 2005) (Figura 7).

3.2.2. Espécimes utilizados

Em cada área foram avaliadas a cepa Rockefeller e duas populações

sabidamente resistentes a temephos (larvicida organofosforado usado no

controle de Aedes aegypti): Aracajú, SE e Henrique Jorge/Fortaleza, CE. Foram

utilizadas larvas de terceiro estádio e a criação foi efetuada de acordo com os

procedimentos já descritos no item 3.1.2.

3.2.3. Inibidor da síntese de quitina

Novaluron 100 CE foi utilizado nos simulados de campo, na

concentração de 20 µg/L, como recomendado pelo fabricante para controle de

mosquitos. Esta é a condição atualmente empregada nas avaliações de

persistência do produto, em simulado e diretamente em campo, realizadas no

âmbito do PNCD. Para obtenção dessa concentração, solução a 1 g/L,

preparada em água, foi aplicada diretamente às réplicas.

3.2.4. Montagem e acompanhamento dos simulados

Os procedimentos para os simulados de campo foram realizados de

acordo com protocolo já estabelecido (SVS 2006, Figura 8). Em cada área

a

Figura 7. Locais de estudo dos ensaios simulados de campo. a. área externa; b. área interna.

b

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foram utilizados 21 baldes plásticos, cada qual com capacidade para 60L.

Foram avaliadas duas condições, sem e com troca de água. Em cada área, 18

baldes receberam o produto, nove para cada condição. Três baldes receberam

larvas da cepa Rockefeller, três, larvas da população Aracajú e três, larvas de

Henrique Jorge. Os baldes foram distribuídos de forma randômica nos locais de

estudo (Montella et al 2007). Além disso, em cada área, três baldes que não

receberam o produto funcionaram como controle, com exposição de larvas da

cepa Rockefeller. Todos os baldes eram ocluídos com tela de nylon para evitar

a colonização de mosquitos de campo e também para evitar que eventuais

mosquitos do teste conseguissem escapar.

Cada balde recebeu 50 litros de água da rede de abastecimento local

e 1 mL de uma solução a 1g/L de novaluron, o que resultou em uma

concentração final de 20 µg/L. O produto só foi aplicado uma vez em cada

balde, já que o objetivo era verificar sua persistência (Figura 8). A cada

semana, ou quando fosse necessário, era adicionado 1g de comida em cada

galão.

Semanalmente, 50 larvas (L3 final – L4 inicial) eram adicionadas aos

baldes, sendo que o primeiro grupo de larvas só foi adicionado 24 horas depois

da aplicação do produto. O acompanhamento era feito a cada dois dias. A cada

nova adição de larvas, as pupas e larvas da semana anterior eram transferidas

para aparatos plásticos flutuantes, telados e mantidos dentro dos baldes

respectivos (Figuras 8, 9). As larvas ficavam livres nos baldes, expostas

continuamente ao produto (Figura 9a). A mortalidade dos estágios também era

verificada nesses aparatos (Figura 9b), sendo os eventuais adultos removidos

com capturador de Castro (Figura 9c). O critério para determinar o sucesso da

emergência dos adultos foi a detecção de exúvias de pupa (Mulla 1974; Mulla et

al 2003a). A avaliação de cada ensaio semanal era considerada terminada

quando não houvesse larvas e/ou pupas vivas ou quando houvessem emergido

todos os adultos.

Nos baldes com a condição “troca de água”, 10 litros de água eram

removidos três vezes por semana, sendo substituídos por água de

abastecimento local (Figura 8). A temperatura e o pH eram aferidos pelo menos

uma vez por semana. Uma ficha de acompanhamento era criada semanalmente

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para cada novo ensaio, para anotação dos dados de mortalidade por estágio e

de emergência dos adultos.

Os testes eram interrompidos quando a inibição da emergência dos

adultos experimentais, nos ensaios semanais, fosse inferior a 70%.

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Figura 8. Esquema da rotina dos ensaios simulados de campo. Ver texto para detalhes.

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Figura 9. a. Baldes utilizados para a realização dos ensaios simulados de campo, de avaliação da persistência de IGR; b e c. aparato flutuador adicionado aos baldes.

a

b c

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4. Resultados 4.1. Em Laboratório 4.1.1. Temephos

Todas as populações foram expostas a temephos. No entanto, como

essas apresentavam diferentes perfis de susceptibilidade, muitas vezes foi

necessário ajustar as concentrações de inseticida, para obter uma melhor curva

de mortalidade. A mortalidade é dose-dependente, o que se observa

tipicamente nos ensaios do tipo dose-resposta. Em nenhum teste houve

mortalidade no controle. Os resultados obtidos foram organizados e analisados

com Probit; os valores das doses efetivas, concentrações letais 50 e 90 (CL50 e

CL90), foram utilizados para o cálculo da razão de resistência (RR), por

comparação com a cepa Rockefeller (Quadro 1).

De acordo com o critério proposto por Mazzari e Georghiou (1995),

RR menor que 5 indica resistência baixa, entre 5 e 10 é considerada

intermediária, e alta quando está acima de 10. Com base nesse critério, todas

as populações testadas apresentaram resistência a temephos. Cuiabá é a

população notadamente mais sensível a esse OP. Aracajú e Uberaba

apresentam altos níveis de resistência a temephos. Contudo, os resultados

obtidos para a população Henrique Jorge devem ser destacados, já que esta

apresenta os maiores valores de RR (RR90 igual a 41,6 e a 3,25 quando

comparada, respectivamente, com Rockefeller e Aracajú, a segunda população

mais resistente), revelando-se uma população extremamente resistente.

Quadro 1. Concentração letal (CL), razão de resistência (RR), slope (Coeficiente angular) para larvas de Aedes aegypti expostas a temephos. Os valores de referência foram aqueles obtidos para a cepa Rockefeller. As concentrações estão indicadas em mg/L (três a quatro ensaios em dias diferentes).

4,6±0,1741,590,1501537,060,08041F3Henrique Jorge (CE)

3,49±0,212,810,046259,150,01985F1Aracajú (SE)

4,15±0,1611,050,039909,040,01961F4Uberaba (MG)

4,7 ± 0,26,280,022675,530,01199F4Cuiabá (MT)

5,8±0,161,000,003611,000,00217-----------Rock

slopeRR90CL90RR50CL50GeraçãoPopulação

4,6±0,1741,590,1501537,060,08041F3Henrique Jorge (CE)

3,49±0,212,810,046259,150,01985F1Aracajú (SE)

4,15±0,1611,050,039909,040,01961F4Uberaba (MG)

4,7 ± 0,26,280,022675,530,01199F4Cuiabá (MT)

5,8±0,161,000,003611,000,00217-----------Rock

slopeRR90CL90RR50CL50GeraçãoPopulação

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Mortalidades em log-probit para as populações e para a cepa

Rockefeller (Figura 10) expressam mais claramente a resistência e a

diferenciação quanto aos níveis de resistência das populações testadas.

Quanto mais distante (à direita) da curva de Rockefeller, maior o nível de

resistência. Henrique Jorge é a mais distante da curva de Rock e das outras

populações, o que evidencia claramente a intensidade da resistência dessa

população ao organofosforado avaliado.

Os valores de coeficiente angular (“slope”) obtidos pela análise da

curva de mortalidade indicam que as populações avaliadas apresentam maior

heterogeneidade que a cepa referência (o que era esperado).

-3 -2 -1 0 1

0

20

40

60

80

100

Cuiaba

Rock

UberabaAracajuHenrique Jorge

log [temephos] (mg/L)

Mor

talid

ade

(%)

Figura 10. Efeito de temephos sobre a mortalidade de populações de Aedes aegypti. Curvas de regressão linear.

4.1.2. Deltametrina

Adultos das mesmas populações acima foram submetidos a ensaios

com garrafas impregnadas. Diferente dos ensaios dose-resposta, estes são

realizados com apenas uma dose, diagnóstica, e fornecem dados qualitativos.

O Quadro 2 e a Figura 11 mostram os dados de mortalidade nos

tempos 30 min, 120 min e 24 h. Esses tempos correspondem, respectivamente,

ao tempo mínimo para que todas as fêmeas de Rock morram, característico de

cada inseticida (no caso de deltametrina, 30 minutos), o tempo total a que os

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mosquitos são expostos ao produto (120 minutos) e o momento em que é feita

a leitura final para verificar se houve recuperação dos adultos, na ausência de

inseticida (24 horas).

De acordo com o critério recomendado pela OMS, populações com

mortalidade acima de 98% são consideradas susceptíveis, entre 80-98%

apresentam resistência incipiente e valores de mortalidade menores que 80%

indicam resistência (Davidson e Zahar 1973).

Embora nenhuma população possa ser classificada como susceptível

em todos os tempos de avaliação, quando a mortalidade depois de 24 horas é

considerada, de acordo com o critério da OMS, Uberaba, Aracajú e Henrique

Jorge mostram resistência incipiente à deltametrina, enquanto Cuiabá se

mostra susceptível.

Comparação dos dados de queda e mortalidade após 120 min de

exposição e 24 horas mostram que na população Uberaba houve recuperação

significativa de mosquitos: a mortalidade observada após o tempo máximo de

exposição a deltametrina é maior do que a observada em 24h (o que pode ser

observado em populações expostas a piretróides). Cuiabá, Aracajú e Henrique

Jorge não apresentaram recuperação após 120 min de exposição ao produto,

ou seja, redução da mortalidade em 24 h, que sugere que essas provavelmente

não possuam resistência tipo kdr.

Quadro 2. Mortalidade de fêmeas de Aedes aegypti expostas à dose-diagnóstica de deltametrina (5ug/garrafa), nos tempos de 30’ e 120’ de exposição e 24 horas de recuperação na ausência de inseticida (três a quatro ensaios realizados em dias diferentes).

RecuperaçãoExposição

(% mortalidade ou queda)

92,698,477,7F3Henrique Jorge

88,183,469,8F2Aracajú

82,596,778,7F4Uberaba

98,497,986,0F4Cuiabá

100,0100,0100,0------------Rock

24 h 120 min30 minGeraçãoPopulação

RecuperaçãoExposição

(% mortalidade ou queda)

92,698,477,7F3Henrique Jorge

88,183,469,8F2Aracajú

82,596,778,7F4Uberaba

98,497,986,0F4Cuiabá

100,0100,0100,0------------Rock

24 h 120 min30 minGeraçãoPopulação

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Rock

Cuiabá

Uberab

a

Araca

Henriq

ue Jo

rge

0

20

40

60

80

100 30 min120 min24 h

%M

ort

alid

ade

ou

Qu

eda

Figura 11. Mortalidade de fêmeas adultas de Aedes aegypti após exposição à dose-diagnóstica de deltametrina por 30 e 120 minutos e depois de 24 horas de recuperação. Linhas coloridas horizontais indicam os limiares de mortalidade usados para classificação das populações (OMS): <80% (linha vermelha) = resistente; >98% (linha verde) = susceptível.

4.1.3. Novaluron

Ensaios prévios com a cepa Rockefeller determinaram a faixa de

doses a ser utilizada. A maior concentração testada foi aquela que não permitia

a emergência de adultos desta cepa. Após a determinação da curva de doses,

os ensaios foram então realizados com as populações de campo.

Nos resultados obtidos com ensaios tipo dose-resposta com

novaluron e larvas de Aedes aegypti observa-se que a mortalidade, além de ser

dose-dependente (ou seja, quanto maior a dose, maior a mortalidade), aumenta

com o tempo de exposição. Este último aspecto é relevante já que, diferente do

padrão de mortalidade observado com os inseticidas químicos convencionais, a

mortalidade por ação de IGRs geralmente ocorre ao longo dos dias, devendo o

ensaio ser acompanhado por um tempo maior.

Também é possível verificar que a precocidade da mortalidade varia

com a concentração. Em concentrações mais baixas, a mortalidade ocorre

preferencialmente em pupas e adultos, enquanto nas mais altas, essa

mortalidade ocorre em larvas e pupas. A mortalidade no controle se manteve

sempre basal, não ultrapassando 1,25% nos ensaios realizados. O Quadro 3

mostra as doses efetivas e as razões resistência.

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48

Quadro 3. Efeito de novaluron sobre a inibição da emergência de adultos de Aedes aegypti de populações brasileiras. IE, RR e slope indicam, respectivamente, as doses efetivas para inibição da emergência, as razões de resistência e o coeficiente angular (usando a cepa Rockefeller como referência). As IE estão apresentadas em µg/L (dois a cinco ensaios realizados em dias diferentes).

Todos os valores de RR obtidos foram muito baixos, não

ultrapassando 1,71. Aracajú, surpreendentemente apresentou RR90 igual a

0,83, discretamente mais susceptível (mas não significativo) que a cepa

referência (Quadro 3). Essa população apresenta RR alta para temephos e

alteração na susceptibilidade à deltametrina. Henrique Jorge, população que

possui o maior valor de RR para temephos dentre as testadas, foi a que

apresentou maior tendência a uma potencial resistência cruzada com produto

(Quadro 4).

Em resumo, as populações de campo exibiram padrão de resposta a

novaluron semelhante àquele de Rock, independente do status de resistência a

temephos (Quadro 4; Figura 12). A Figura 13 apresenta os resultados de IE nas

diferentes concentrações testadas, para a cepa Rockefeller e para as

populações.

Quadro 4. Comparação entre o status de resistência a temephos e a novaluron de populações de Aedes aegypti. Em todos os casos estão indicados os valores de razão de resistência (RR), usando a cepa Rockefeller como referência.

4,7±0,261,710,3691,460,197F3Henrique Jorge (CE)

9,8±1,310,830,1790,980,132F2Aracajú (SE)

6,29±0,551,210,2611,210,163F4Uberaba (MG)

8,55±1,841,200,2581,350,183F4Cuiabá (MT)

6,27±0,311,000,2161,000,135------------Rock

slopeRR90IE90RR50IE50GeraçãoPopulação

4,7±0,261,710,3691,460,197F3Henrique Jorge (CE)

9,8±1,310,830,1790,980,132F2Aracajú (SE)

6,29±0,551,210,2611,210,163F4Uberaba (MG)

8,55±1,841,200,2581,350,183F4Cuiabá (MT)

6,27±0,311,000,2161,000,135------------Rock

slopeRR90IE90RR50IE50GeraçãoPopulação

1,711,4641,5937,06F3Henrique Jorge

0,830,9812,819,15F2Aracajú

1,211,2111,059,04F4Uberaba

1,201,356,285,53F4Cuiabá

1,001,001,001,00---Rock

RR90RR50RR90RR50GeraçãoPopulação

NovaluronTemephos

1,711,4641,5937,06F3Henrique Jorge

0,830,9812,819,15F2Aracajú

1,211,2111,059,04F4Uberaba

1,201,356,285,53F4Cuiabá

1,001,001,001,00---Rock

RR90RR50RR90RR50GeraçãoPopulação

NovaluronTemephos

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49

-2 -1 0 1

0

20

40

60

80

100 Cuiabá

Rock

UberabaAracajúHenrique Jorge

log [novaluron] (ug/L)

EI

(%)

Figura 12. Efeito de novaluron sobre a inibição de emergência de populações de Aedes aegypti. Curvas de regressão linear ajustadas aos valores de IE à concentração de novaluron (em log). Rockefeller foi incluído como controle de susceptibilidade.

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50

00,0

50,1 0,1

50,2 0,2

50,3 0,3

50,4

0

20

40

60

80

100

Concentrações (ug/L)

00,0

50,1 0,1

50,2 0,2

50,3 0,3

50,4

0

20

40

60

80

100

Concentrações (ug/L)

CuiabáRock

00,

05 0,1

0,15 0,

20,

25 0,3

0,35 0,

4

0

20

40

60

80

100

Concentrações (ug/L)

%IE

%IE

%IE

Uberaba

00,

05 0,1

0,15 0,

20,

25 0,3

0,35 0,

4

0

20

40

60

80

100

Concentrações (ug/L)

Aracajú

%IE

00,

05 0,1

0,15 0,

20,

25 0,3

0,35 0,

4

0

20

40

60

80

100

Concentrações (ug/L)

Henrique Jorge

%IE Figura 13. Perfil de inibição da

emergência de adultos após exposição ao inibidor de síntese de quitina novaluron (barras com desvio padrão). As populações estão indicadas sobre cada painel.

%IE

00,0

50,1 0,1

50,2 0,2

50,3 0,3

50,4

0

20

40

60

80

100

Concentrações (ug/L)

00,0

50,1 0,1

50,2 0,2

50,3 0,3

50,4

0

20

40

60

80

100

Concentrações (ug/L)

CuiabáRock

00,

05 0,1

0,15 0,

20,

25 0,3

0,35 0,

4

0

20

40

60

80

100

Concentrações (ug/L)

%IE

%IE

%IE

Uberaba

00,

05 0,1

0,15 0,

20,

25 0,3

0,35 0,

4

0

20

40

60

80

100

Concentrações (ug/L)

Aracajú

%IE

00,

05 0,1

0,15 0,

20,

25 0,3

0,35 0,

4

0

20

40

60

80

100

Concentrações (ug/L)

Henrique Jorge

%IE Figura 13. Perfil de inibição da

emergência de adultos após exposição ao inibidor de síntese de quitina novaluron (barras com desvio padrão). As populações estão indicadas sobre cada painel.

%IE

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51

Não foi encontrada correlação entre mortalidade por novaluron para

a dose IE99 e razão de resistência a temephos (Spearman r2= -0,3, p > 0,05).

Também não foi encontrada correlação entre resistência a deltametrina (dados

de 24 horas) e inibição na emergência por novaluron (Spearman r2= -0,2, p >

0,05).

Os resultados de mortalidade por estágio com novaluron (Figura 14)

mostram que, para Aracajú (RR90 de 0,83 para novaluron, Quadro 3), doses

acima de 0,3 µg/L são suficientes para inibir 100% da emergência de adultos.

Para Rockefeller este índice só foi alcançado com 0,4 µg/L. Cuiabá e Uberaba

apresentam perfis semelhantes de mortalidade por estágio com este CSI,

assim como os valores de RR (Quadro 3). Para estas populações, não houve

diferença significativa entre os valores de IE. Henrique Jorge apresenta a maior

porcentagem de mortalidade em adultos (7,5%) na maior concentração testada.

Isso corrobora com a RR de novaluron obtida para essa população.

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52

00,

05 0,1

0,15 0,

20,

25 0,3

0,35 0,

4

0

20

40

60

80

100

Concentrações (ug/L)

%M

ort

alid

ade

00,

05 0,1

0,15 0,

20,

25 0,3

0,35 0,

4

0

20

40

60

80

100

Concentrações (ug/L)

Mo

rtal

idad

e

00,

05 0,1

0,15 0,

20,

25 0,3

0,35 0,

4

0

20

40

60

80

100

Concentrações (ug/L)

%M

ort

alid

ade

Figura 14. Efeito de novaluron sobre o perfil de mortalidade por estágio das populações de campo de Aedesaegypti (Cuiabá; Uberaba; Aracajú; Henrique Jorge e Rockefeller). As concentrações são apresentadas em µg/L.

00.

05 0.1

0.15 0.

20.

25 0.3

0.35 0.

4

0

20

40

60

80

100LarvasPupasAdultos

Concentrações (ug/L)

Mo

rtal

idad

e

00,

05 0,1

0,15 0,

20,

25 0,3

0,35 0,

4

0

20

40

60

80

100

Concentrações (ug/L)

Mo

rtal

idad

eRock Cuiabá

Uberaba Aracajú

Henrique Jorge

00,

05 0,1

0,15 0,

20,

25 0,3

0,35 0,

4

0

20

40

60

80

100

Concentrações (ug/L)

%M

ort

alid

ade

00,

05 0,1

0,15 0,

20,

25 0,3

0,35 0,

4

0

20

40

60

80

100

Concentrações (ug/L)

Mo

rtal

idad

e

00,

05 0,1

0,15 0,

20,

25 0,3

0,35 0,

4

0

20

40

60

80

100

Concentrações (ug/L)

%M

ort

alid

ade

Figura 14. Efeito de novaluron sobre o perfil de mortalidade por estágio das populações de campo de Aedesaegypti (Cuiabá; Uberaba; Aracajú; Henrique Jorge e Rockefeller). As concentrações são apresentadas em µg/L.

00.

05 0.1

0.15 0.

20.

25 0.3

0.35 0.

4

0

20

40

60

80

100LarvasPupasAdultos

Concentrações (ug/L)

Mo

rtal

idad

e

00,

05 0,1

0,15 0,

20,

25 0,3

0,35 0,

4

0

20

40

60

80

100

Concentrações (ug/L)

Mo

rtal

idad

eRock Cuiabá

Uberaba Aracajú

Henrique Jorge

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Os resultados mostram grande eficácia de novaluron contra larvas de

Aedes aegypti, mesmo quando as populações do vetor apresentam alto nível

de resistência a outros inseticidas.

Além do efeito dose-dependente sobre a mortalidade, também foram

observadas anormalidades nos espécimes mortos após exposição contínua a

novaluron. Essas anormalidades foram classificadas de acordo com Awad e

Mulla (1984a) e Braga et al (2005b) da seguinte forma: mortalidade em larva,

mortalidade como pré-pupa, pupa albina, pupa distendida, pupa com adulto

visível no interior, adulto com emergência parcial e adulto com os tarsos

deformados (Figura 15). No entanto, não foram quantificados os tipos de

mortalidade e sua porcentagem em cada concentração. Essas figuras foram

produzidas para atender à necessidade de representação dos efeitos

morfológicos de CSI, já que muitos dos artigos que se referem a essas

anormalidades não apresentam figuras ilustrativas.

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Figura 15. Anormalidades morfológicas observadas em larvas, pupas e adultos após exposição contínua desde o terceiro estádio larval a novaluron. Identificação das anomalias de acordo com Talaat e Mulla 1984 e Braga et al 2005b. Fotos de Giglio NF e Rezende GL.

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55

4.2. Simulado de Campo

Os simulados foram realizados utilizando larvas L3 tardias da cepa

Rockefeller e das populações Aracajú e Henrique Jorge. No primeiro simulado,

realizado apenas em ambiente externo, foram utilizadas larvas da geração F3

de Aracajú e F2 de Henrique Jorge. No segundo ensaio, em ambientes externo

e interno, foram utilizadas larvas da geração F4 de Aracajú e F3 de Henrique

Jorge. A persistência do produto foi avaliada através do percentual de inibição

da emergência de adultos.

Em cada ensaio, foram avaliadas duas condições, com e sem

retirada (e subseqüente reposição) de água. Foram criadas siglas que

designassem as condições e as populações, desse modo: Aracajú com troca

de água (ACT), Aracajú sem troca (AST), Henrique Jorge com troca (HJCT),

Henrique Jorge sem troca (HJST), Rockefeller com troca (RCT) e Rockefeller

sem troca (RST).

Sabe-se que a mortalidade em ensaios simulados de campo com

CSIs ocorre ao longo dos dias, devido ao seu modo de ação. Nos simulados

aqui apresentados, realizados com a dose de 20µg/L, verificamos que a

mortalidade se tornava mais expressiva a partir do quinto dia de exposição das

larvas ao produto.

O efeito residual de novaluron (definido pelo tempo em que o produto

induz mortalidade acima de 70%) pôde ser verificado nos dois ambientes,

interno e externo. No primeiro ensaio, apenas em área externa (março-maio

2007), o produto se mostrou eficaz por seis semanas (aproximadamente 42

dias). Mortalidade de 100% dos espécimes expostos foi observada nas quatro

primeiras semanas para todas as populações (Figura 16). Em nenhum caso a

mortalidade no controle ultrapassou 10%.

Não foi encontrada diferença significativa entre os valores de IE de

cada população nas condições “com” e “sem” troca (Mann Whitney p>0,05)

(Figura 16a-c). Também não foi encontrada diferença significativa quando os

valores de IE das diferentes populações foram comparados (One-way

Anova/Newman Keuls multiple comparation tests p>0,05), com exceção do

controle não exposto ao CSI (p<0,05, Figura 16d).

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56

1 2 3 4 5 6 7 8

0102030405060708090

100110

ACTAST

Semanas após a aplicação do produto

Figura 16. Persistência de novaluron sobre populações de Aedes aegypti em condições de simulado de campo em ambiente externo (março-maio). Em todos os casos “ST” e “CT” indicam, respectivamente, sem e com troca de água (20% do volume total a cada três dias). a. Rockefeller, b. Aracajú, c. Henrique Jorge, d. Curva de mortalidade de todas as populações e condições testadas. Linha horizontal vermelha indica o ponto limite do efeito residual do produto (acima de 70% de IE).

a c

b d

1 2 3 4 5 6 7 8

0102030405060708090

100110

HJCTHJST

Semanas após a aplicação do produto

1 2 3 4 5 6 7 8

0102030405060708090

100110 Controle

RCTACTHJCTRSTASTHJST

Semanas após a aplicação do produto

1 2 3 4 5 6 7 8

0102030405060708090

100110

RCTRST

Semanas após a aplicação do produto

%IE

%IE

%IE %IE

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57

A Figura 17 compara os percentuais de inibição da emergência na 5ª

e na 7ª semanas, evidenciando mais claramente a perda do efeito residual na

7ª semana. Esta figura também confirma a ausência de relação entre as

diferentes condições (com troca e sem troca de água) e a mortalidade.

Figura 17. Persistência de novaluron. Efeito do CSI sobre a inibição da emergência de adultos de Aedes aegypti em dois momentos do ensaio em simulação de campo, em área externa, mostrado na Figura 12. CT e ST indicam com e sem troca de água, respectivamente. R= Rockefeller; A = Aracaju, H = Henrique Jorge. Linha horizontal vermelha indica o ponto limite do efeito residual do produto (acima de 70% de IE).

A temperatura muitas vezes pode ser um dos fatores ou até a causa

isolada de altos percentuais de mortalidade. Temperaturas muito extremas

(baixas ou altas) além de provocarem a morte das larvas, podem afetar o seu

desenvolvimento, o que é extremamente relevante para esse trabalho.

Neste ensaio a temperatura da água e do ambiente foi aferida em um

único momento do dia, com a freqüência de uma a três por semana. No

ambiente a temperatura variou bastante, sendo a mínima observada 18,8 ºC e

a máxima, 42,6ºC. A média da temperatura do ambiente, verificada durante o

período de experimentação, foi de 31,3ºC (Figura 18a e b). A temperatura da

água variou menos, como era esperado, já que seu calor específico é alto: a

temperatura oscilou entre 21ºC e 35ºC, e a temperatura média foi de 28,2ºC

(Figura 18a e b).

5 7

0

20

40

60

80

100RCT

ACT

HJCT

RST

AST

HJST

Semanas após a aplicação do produto

%IE

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58

1 2 3 4 5 6 7 8

15

20

25

30

35

40Tmin AmbienteTmax AmbienteTmin ÁguaTmax Água

Semanas após a aplicação do produto

Tem

per

atu

ra o

C

1 2 3 4 5 6 7 8

15

20

25

30

35

40T AmbienteT Água

Semanas após a aplicação do produto

Tem

per

atu

ra o

C

Figura 18. Temperatura durante o simulado 1, realizado apenas em área externa (março-maio). a. temperatura máxima e mínima da água e do ambiente. b. média das temperaturas do ambiente e da água.

a

b

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Nesse primeiro simulado o pH, aferido somente em um balde

controle e um balde experimental (Figura 19), não diferiu significativamente

entre as duas condições (Mann Whitney; p> 0,05).

Figura 19. Persistência de novaluron sobre populações de Aedes aegypti em condições de simulado de campo em ambiente externo (março-maio). Valores de pH aferidos, em um balde controle e um balde experimental, durante o primeiro simulado externo.

No segundo simulado externo (outubro-dezembro) o produto

apresentou efeito residual por apenas cinco semanas (35 dias). Inibição total

da emergência dos espécimes expostos (exceto no controle) foi verificada nas

duas primeiras semanas (Nesse simulado a mortalidade no controle foi mais

alta que no primeiro, embora não tenha ultrapassado 16%).

Não foi encontrada diferença significativa entre os valores de IE das

duas condições (com e sem troca de água) (Mann Whitney P>0,05) (Figura 20

a-c). Também não foi encontrada diferença significativa entre os valores de IE

das diferentes populações (One-way Anova/Newman Keuls multiple

comparation tests P>0,05). Os valores de IE do controle diferiram

significativamente dos experimentais (P<0,05) (Figura 20 d).

1 2 3 4 5 6 7

5.0

5.5

6.0

6.5

7.0

7.5

8.0

8.5

9.0ControleTratado

Semanas após a aplicação do produto

pH

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60

1 2 3 4 5 6 7

0102030405060708090

100110

ACTAST

Semanas após a aplicação do produto

1 2 3 4 5 6 7

0102030405060708090

100110

RCTRST

Semanas após a aplicação do produtoa

1 2 3 4 5 6 7

0102030405060708090

100110

HJCT

HJST

Semanas após a aplicação do produtoc

b 1 2 3 4 5 6 7

0102030405060708090

100110

ControleRCTACTHJCTRSTASTHJST

Semanas após a aplicação do produtod

Figura 20. Persistência de novaluron em condições de simulado de campo em área externa (outubro-dezembro). Comparação entre os valores de IE com e sem troca de água de Rock (a), Aracajú (b) e Henrique Jorge (c). d. IE por semana de todas as populações e condições testadas. Linha horizontal vermelha indica o ponto limiar do efeito residual do produto (acima de 70% de IE).

%IE

%IE

%IE

%IE

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Comparação do percentual de mortalidade na 5ª e na 7ª semanas

revela que o produto na sétima semana perdeu muito da sua eficácia,

apresentando taxas muito baixas de inibição de emergência (Figura 21). É

possível verificar que os valores de mortalidade na sétima semana para o

segundo simulado são bem menores que no primeiro, com exceção de

Henrique Jorge quando não houve troca de água (HJST). Isso indica que nesse

período o produto persistiu menos tempo quando comparado ao primeiro

simulado.

Figura 21. Persistência de novaluron em condições de simulado de campo em área externa (outubro-dezembro). Mortalidade verificada na 4ª e 6ª semanas para as populações com e sem reposição de água. Linha horizontal vermelha indica o ponto limite do efeito residual do produto (acima de 70% de IE).

Também foi aferida a temperatura da água e do ambiente no

segundo simulado externo. A freqüência de aferição foi em um momento de

dia, uma a duas vezes por semana para esse ensaio. A temperatura do

ambiente continuou apresentando grande variação (22,2 – 43,5ºC). A

temperatura média do ambiente no período foi de 31,8ºC (Figura 22 a, b). A

temperatura da água variou entre 20ºC e 38,9ºC, variação maior do que a

observada no primeiro simulado externo. A temperatura média da água nesse

período foi de 26,8ºC (Figura 22 a, b).

5 7

0

20

40

60

80

100

RCT

ACT

HJCT

RST

AST

HJST

Semanas após aplicação do produto

%IE

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62

1 2 3 4 5 6 7

15

20

25

30

35

40AmbienteÁgua

Semanas após a aplicação do produto

Tem

per

atu

ra o

C

1 2 3 4 5 6 7

15

20

25

30

35

40Tmin AmbienteTmáx AmbienteTmín ÁguaT máx Água

Semanas após a aplicação do produto

Tem

per

atu

ra o

C

Figura 22. Avaliação da persistência de novaluron em condições de simulado de campo em área externa (outubro-dezembro). Temperatura do ambiente e da água. a. temperatura máxima e mínima da água e do ambiente. b. média das temperaturas do ambiente e da água.

a

b

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63

Nesse segundo simulado externo, o pH foi aferido em três baldes, o

controle, um com troca e outro sem troca de água. Em nenhum caso foi

encontrada diferença significativa dos valores de pH entre os baldes (Mann-

Whitney; p<0,05) (Figura 23).

Figura 23. Avaliação da persistência de novaluron em condições de simulado de campo em área externa (outubro-dezembro). Valores de pH aferidos, em um balde controle, um balde tratado com reposição de água e um sem reposição, durante o segundo simulado externo.

O simulado interno foi realizado em um único período do ano. A

realização de simulado interno em períodos do ano diferentes pode ser

redundante, já que as condições variam pouco no ambiente interno. O efeito

residual de novaluron em simulado interno é superior ao observado nos

ensaios externos. Foi possível verificar mortalidade acima de 70% nos baldes

tratados por até 9 semanas após a aplicação do produto (exceto na condição

“Aracajú com troca”). Mortalidade de 100% nos tratados foi observada até a

terceira semana. Como esperado, a persistência do produto no simulado em

área interna foi superior àquela observada nos dois simulados externos.

Não foi encontrada diferença significativa entre os valores de IE

observados para as duas condições testadas, com e sem troca de água (Mann

Whitney; p>0,05) (Figura 24 a,b,c). Os valores de IE das populações também

não diferem significativamente (One-way Anova/Newman Keuls multiple

comparation tests p>0,05). Os valores de IE do controle diferiram

significativamente das demais (Figura 24 d).

1 2 3 4 5 6 7

5.0

5.5

6.0

6.5

7.0

7.5

8.0ControleCom trocaSem troca

Semanas após a aplicação do produto

pH

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64

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

0102030405060708090

100

ACTAST

Semanas após a aplicação do produto

%IE

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

0102030405060708090

100RCTRST

Semanas após a aplicação do produto

%IE

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

0102030405060708090

100ControleRCTACTHJCTRSTASTHJST

Semanas após a aplicação do produto

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

0102030405060708090

100

HJCTHJST

Semanas após a aplicação do produto

%IE

Figura 24. Persistência de novaluron em condições de simulado de campo em área interna. Comparação entre os valores de IE com e sem troca de água de Rock (a), Aracajú (b) e Henrique Jorge (c). d. IE por semana de todas as populações e condições testadas. Linha horizontal vermelha indica o limiar do efeito rediual do produto (acima de 70% de IE).

a c

b d %

IE

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Se forem observados os valores de IE nas 5ª, 7ª, 9ª e 11ª semanas, é

possível evidenciar mais claramente que o produto continuou eficaz até a 9ª

semana (exceção para Aracajú com troca). Também foram verificadas

oscilações da mortalidade de uma semana a outra. Na 11ª semana, é possível

observar que a mortalidade em todos os baldes tratados foi inferior a 70%

(Figura 25), parâmetro definido como ponto de corte (ver seção Metodologia).

Figura 25. Persistência de novaluron em condições de simulado de campo em área interna. Percentual de inibição de emergência verificada na 4ª, 6ª, 8ª e 10ª semanas, após a aplicação do produto, para as populações com e sem reposição de água. Linha horizontal vermelha indica o ponto limite do efeito residual do produto (acima de 70% de IE).

A média de temperatura do ambiente até a décima semana foi de

27,6ºC. A menor temperatura registrada no ambiente foi de 23,1ºC e a máxima,

31,4ºC (Figura 26 a, b). A temperatura da água variou na mesma faixa que a

temperatura do ambiente: a temperatura mínima registrada na água foi de

23,1ºC e a máxima de 30,4ºC (Figura 26 a). A média de temperatura da água

em todo o período de teste (26,3ºC) foi menor que a do ambiente (Figura 26b).

%IE

5 7 9 11

0

20

40

60

80

100RCT

ACT

HJCT

RST

AST

HJST

Semanas após a aplicação do produto

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Figura 26. Persistência de novaluron em condições de simulado de campo em área interna. Temperaturas do ambiente e da água. a. temperaturas máxima e mínima; b. temperaturas médias.

b

a

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

15

20

25

30

35

40T AmbienteT Água

Semanas após a aplicação do produto

Tem

per

atu

ra o

C

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

15

20

25

30

35

40T min AmbienteTmax AmbienteTmin ÁguaTmax Água

Semanas após a aplicação do produto

Tem

per

atu

ra o

C

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O pH variou de forma semelhante nos baldes tratados, com e sem

troca de água. Não foi encontrada diferença significativa entre os valores de pH

dos baldes controle e tratados (Mann-Whitney; p>0,05). Durante todo o teste o

pH variou entre 5,8 e 7,6 (Figura 27).

Figura 27. Persistência de novaluron em condições de simulado de campo em área interna. Valores de pH aferidos, em um balde controle, um balde tratado com reposição de água e um sem reposição, durante o simulado interno.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

5.0

5.5

6.0

6.5

7.0

7.5

8.0ControleCom trocaSem troca

Semanas após a aplicação do produto

pH

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5 - Discussão

O uso de inseticidas químicos para o controle de Aedes aegypti no

Brasil foi intensificado após a primeira grande epidemia em 1986. O

organofosforado temephos tem sido utilizado no país por mais de 30 anos para

o controle de larvas desse mosquito e relatos de resistência do vetor a esse OP

podem ser encontrados desde 1998 (Macoris et al 1999; Lima et al 2003; Braga

et al 2004). Por isso, verificar o status da resistência desse mosquito aos

inseticidas utilizados no controle é extremamente relevante.

Um dos testes recomendados para verificar o nível de alteração na

susceptibilidade é o teste tipo dose-resposta, de onde é possível obter as RR

em comparação com a cepa de referência. Os valores de RR podem ser

classificados de acordo com critério proposto por Mazzari e Georghiou (1995)

(ver seção Metodologia), utilizado com sucesso na agricultura, e base para

classificação da resistência também em saúde pública durante muitos anos

(Martins et al 2008).

Os valores de RR obtidos nesse trabalho indicaram que todas as

populações testadas são resistentes a temephos. Cuiabá é a população com os

menores valores de RR. Em trabalho de 2003, Campos e Andrade não

encontraram resistência a temephos em larvas de Aedes aegypti de população

dessa localidade. Os baixos valores de RR que encontramos para Cuiabá

podem indicar que a resistência a temephos nessa população é um evento

recente. Outro fato relevante é que apesar de Cuiabá ser um centro urbano,

com população acima de 500.000 habitantes, sempre apresentou baixa

transmissão de dengue (MS/SVS 2007) e, conseqüentemente, a população de

mosquitos dessa localidade foi menos pressionada com inseticida, o que pode

justificar a RR encontrada para essa população do vetor.

Maiores valores de RR foram obtidos para populações do Nordeste

(Aracajú e Henrique Jorge), o que também foi verificado por Macoris et al

(2007). Aracajú, SE é uma população que, desde a primeira avaliação, sempre

se apresentou resistente a esse OP, segundo os resultados obtidos por Lima et

al (2003) e Montella et al (2007). Henrique Jorge é um bairro de Fortaleza, CE,

e a população de mosquitos dessa localidade apresenta valores de CL muito

acima daqueles observados para Rock e, por isso, razões de resistência

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extremamente altas – embora a geração F3 tenha sido utilizada no teste (ou

seja, três gerações sem nenhuma pressão de seleção por inseticida).

Historicamente, o estado do Ceará é aquele que apresenta o maior número de

casos de dengue da Região Nordeste, sendo Fortaleza o município com maior

registro de notificações e incidência. Devido a isso, a aplicação de inseticidas

nessa localidade é intensa, o que leva a grande pressão de seleção das

populações locais de mosquitos com os inseticidas utilizados. Uberaba também

é uma população resistente a temephos. É possível observar que, assim como

no Nordeste, populações do Sudeste também constantemente apresentam

resistência a esse OP, como verificado por Lima et al (2003) e Braga et al

(2004). Resistência de Aedes aegypti a temephos já foi reportada por vários

autores em diversas partes do mundo (Rawlins 1998; Polson et al 2001).

Até 2000, os inseticidas utilizados no Brasil para o controle de adultos

de Aedes aegypti eram organofosforados, ou seja, os estágios imaturos e o

estágio adulto eram pressionados com a mesma classe de inseticidas (Braga et

al 2005b). Atualmente, são utilizados inseticidas piretróides para o controle dos

espécimes adultos de Aedes aegypti. Contudo, resistência a essa classe de

inseticida já foi também detectada (Da-Cunha et al 2005).

Garrafas impregnadas podem ser utilizadas para verificar a

resistência de populações de mosquitos a adulticidas (Brogdon e McAllister

1998a). Nesses ensaios é possível obter dados qualitativos. Ou seja, é possível

saber se a população está resistente ou não, mas não quanto está resistente.

As mesmas populações com as quais foram realizados os testes com

temephos, quando submetidas aos ensaios com garrafas impregnadas com

deltametrina (Brogdon e McAllister 1998b; Da-Cunha et al 2005) mostraram

diferentes perfis de susceptibilidade. Segundo o critério da OMS (ver

Metodologia), somente Cuiabá se mostra susceptível, enquanto todas as outras

apresentam alteração. Uberaba e Aracajú apresentam resistência incipiente.

Henrique Jorge, apesar de ser a população mais resistente a

temephos, apresenta resistência intermediária a deltametrina. Paixão (2007),

avaliando a geração F1 dessa mesma população em ensaios com garrafas

impregnadas com deltametrina obteve 47% de mortalidade dos mosquitos em

24h. Nossos ensaios foram realizados com a geração F3, o que pode justificar a

diferença encontrada nos níveis de resistência.

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Efeito knockdown, aqui considerado como a recuperação de

mosquitos caídos em 24h, pôde ser observado na população de Uberaba. Esse

efeito também foi verificado por outros autores, como Da-Cunha et al (2005) e

Paixão (2007). Resistência a piretróides em Aedes aegypti é descrita em

diversas partes do mundo (Huong et al 2004; Da-Cunha et al 2005; Rodríguez

et al 2005). A resistência a piretróides pode ser um efeito genuinamente

decorrente da aplicação maciça de inseticida, o que leva à intensa pressão de

seleção, ou, alternativamente, pode ser conseqüência de resistência cruzada

com inseticidas de outras classes, como DDT (Brogdon e McAllister 1998b;

Chadwick et al 2006), ou mesmo temephos (Rodriguez et al 2002). No entanto,

não foi possível observar, com nossos resultados, resistência cruzada entre

temephos e deltametrina em nenhuma população.

Os ensaios com garrafas não são a única metodologia disponível

para verificar resistência a adulticidas. Outra metodologia, recomendada pela

OMS, utiliza papéis impregnados com inseticida para a mesma avaliação. A

padronização do procedimento de impregnação de papéis com deltametrina foi

realizada em nosso Laboratório e testes preliminares mostram que ensaios com

papel são tão ou mais consistentes que os testes com garrafas. Além do

potencial de utilização dos papéis impregnados para a rotina de monitoramento

devido a esse aspecto, os requisitos metodológicos necessários para a

utilização do papel são bem mais simples, o que os faz adequados à realidade

brasileira (WHO 1998).

Devido à ocorrência de resistência aos inseticidas convencionais, a

procura por alternativas para o controle de insetos vetores se faz necessária.

Uma dessas alternativas é a utilização de IGRs. Um IGR promissor para o

controle de Aedes aegpyti é o novaluron, que atua como inibidor da síntese de

quitina, agindo por ingestão e contato. Muitos trabalhos têm descrito a eficácia

desse produto contra insetos praga ou vetores, como Musca domestica (Cetin

et al 2006), Leptinotarsa decemlineata (Malinowski e Pawinska 1992), Tribolium

castaneum (Krostywkosky 2006) e flebotomíneos (Mascari et al 2007).

Novaluron foi recomendado recentemente pela OMS para uso em

água potável, e com isso se torna um potencial produto a ser utilizado para o

controle de Aedes aegypti (OMS 2007). A potencial existência de resistência

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cruzada com os inseticidas já utilizados no controle, no entanto, é motivo de

preocupação.

Em laboratório, novaluron se apresentou eficaz sobre larvas L3 de

Aedes aegypti. A sensibilidade ao produto é menor nos estádios larvais mais

avançados, como verificado por Mulla et al (2003) e Arredondo-Jiménez e

Valdez-Delgado (2006). O mesmo não é verificado para Culex

quinquefasciatus, cujas larvas de 4º estádio se apresentam mais sensíveis ao

produto que larvas de 1º, 2º e 3º estádios (Su et al 2002; Arredondo-Jiménez e

Valdez-Delgado 2006).

Verificamos que com novaluron a mortalidade é dose-dependente e

que, quanto maior a dose mais precoce a mortalidade, confirmando o que havia

sido verificado por Mulla et al (2003) com o mesmo inseticida, também para

Aedes aegypti. Esse padrão de mortalidade foi também observado por Martins

et al (2008) com outro CSI, triflumuron, com esse mesmo culicídeo. Aedes

aegypti se mostra mais sensível a esse CSI que Culex quinquefasciatus (Su et

al 2002), Aedes albopictus, Anopheles albimanus e Anopheles

pseudopunctipennis (Arredondo-Jimenez e Valdez-Delgado 2006).

Nossos resultados revelam que novaluron é eficaz sobre a inibição da

emergência de Aedes aegypti - obtivemos IE99 de 0,3ug/L. Mulla et al (2003)

também observaram eficácia do produto, obtendo valores de IE90 para o 2º e o

4° estádios de, respectivamente, 0,144 ug/L e 0,160 ug/L. No entanto,

Arredondo-Jiménez e Valdez-Delgado (2006) obtiveram valores de IE bem

distintos: IE99 de 69,51 ug/L para o 1° estádio e de 70,86 ug/L para o 3º. Essa

variação nas doses encontradas em diversos trabalhos realizados com o

mesmo produto e mesma espécie decorre da existência de diferenças

metodológicas de criação das larvas, da preparação do ensaio e do tipo de

formulação do produto; a mesma variação, que também pode ser observada

para outros CSI, como o triflumuron (Belinato 2007), e outros IGR, como o

methoprene, já foi discutida anteriormente por nossa equipe (Braga et al

2005b).

Em comparação com outros inseticidas, novaluron apresenta maior

atividade contra Aedes aegypti do que outros CSI, como triflumuron (IE99 = 1,8

ug/L, Martins et al 2008), diflubenzuron (IE99 = 3,5 ug/L, Fournet et al 1993) e

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também outras classes de IGR como methoprene (IE90 11,13 ug/L, Braga et al

2005b).

Além dos efeitos na IE, os IGRs podem causar também

anormalidades morfológicas nos espécimes mortos, em todos os estágios.

Awad e Mulla (1984a) puderam verificar esse tipo de efeito causado por

ciromazina sobre Culex quinquefasciatus; Braga et al (2005b) observaram

anomalias equivalentes causadas por methoprene em Aedes aegypti.

Aberrações morfológicas provocadas por IGRs também foram observadas em

Musca domestica (Awad e Mulla 1984b). Nos ensaios aqui apresentados,

embora algum tipo de alteração morfológica em larvas tenha sido observado, o

estágio de pupa foi o que apresentou maior variedade de anormalidades.

Nossos resultados condizem com o observado comumente na literatura em

larvas de mosquitos expostos a IGRs.

Apesar do modo de ação diferenciado dos IGRs, já foram descritos

alguns casos de resistência de insetos a esses produtos em populações de

campo, como observado por Cornel et al (2002), que descreveram resistência

do mosquito Ochlerotatus nigromaculis a methoprene. Resistência a IGRs em

mosca doméstica tem sido descrita com alguma freqüência, como observado

por Kristensen e Jepersen (2003), que encontraram linhagens resistentes a

diflubenzuron e a ciromazina na Dinamarca. Pinto e do Prado (2001) também

encontraram resistência a ciromazina em populações de Musca domestica do

Brasil. Resistência potencial a IGRs já foi verificada em laboratório para

Leptinotarsa decemlineata (Cutler et al 2005) e Culex quinquefasciatus (Amin e

White 1984).

Todas as populações que testamos se mostraram susceptíveis a

novaluron, independente de seu status de resistência a temephos e a

deltametrina. Aracajú se apresentou mais sensível ao produto que a cepa

referência. Populações de insetos de campo resistentes a inseticidas químicos

podem ser mais susceptíveis a IGRs que populações de laboratório, como já

verificado por Ishaaya et al (2003) para Spodoptera litoralis resistentes a

chlorfluazuron e por Braga et al (2005a), que encontraram uma população de

Aedes aegypti resistente a temephos mais sensível a methoprene que a cepa

Rockefeller.

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Nesse trabalho não foi possível verificar nenhuma correlação entre

resistência a temephos e a deltametrina e alteração na susceptibilidade a

novaluron, diferente do que havia sido observado por Belinato (2007) para o

CSI triflumuron, quando os autores puderam relacionar maior taxa de

mortalidade tardia (no estágio de pupa) às maiores razões de resistência a

temephos. Contudo, em nosso trabalho apenas a população de Henrique Jorge,

a mais resistente a temephos, apresentou maior percentual de mortalidade em

adultos com novaluron, quando comparada com as demais populações, o que

sugere maior tolerância dessa população ao produto. Ainda comparando

nossos resultados com os obtidos por Bellinato et al 2007 podemos supor que

diferentes BPUs, mesmo molecularmente muito parecidas, possam agir de

maneiras diferentes em uma mesma espécie de inseto.

Resistência cruzada entre CSI e inseticidas químicos já foi observada

em linhagens de Musca domestica com organofoforados, carbamatos e

organoclorados e diflubenzuron (Cerf e Georghiou 1974; Oppenoorth e Van Der

Pás 1977). Resistência a novaluron parece estar relacionada com mecanismos

de detoxificação por Esterases, que é também um importante mecanismo de

resistência a diflubenzuron em Tribolium castaneum (Ishaaya e Klein 1990).

Esses autores também sugerem que os mecanismos de detoxificação das

benzoil-fenil-uréias possam ser diferentes em insetos distintos. Em nosso

trabalho, também verificamos diferenças dos resultados encontrados por

Belinato 2007 que trabalhou com Aedes aegypti e outro CSI, triflumuron, no

Laficave. Isto sugere que, mesmo dentro dessa classe de produtos, diferentes

CSIs podem estar submetidos a mecanismos de detoxificação diferentes.

A ausência de resistência cruzada, em populações brasileiras de

Aedes aegypti, entre novaluron, temephos e deltametrina, reforça o potencial

uso desse CSI para o controle do vetor. No entanto, sua utilização em um

programa de controle deveria considerar a persistência em campo (OMS 2005),

o que é extremamente importante para o controle de Aedes no Brasil, onde a

aplicação do produto ocorre quatro a seis vezes por ano (Braga e Valle 2007),

segundo rotina definida pelo Ministério da Saúde (Penna 2003).

Nossos resultados mostram que novaluron é eficaz contra larvas de

Aedes aegypti em condições de simulado de campo. Foi observado que, em

área externa, o efeito residual do produto é menor do que em área interna, o

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que também foi verificado por Montella et al (2007) para temephos. Mulla et al

(2003) já haviam verificado a eficácia de novaluron sobre larvas de Aedes

aegypti em simulados de campo, em área externa, onde detectaram efeito

residual de 82 dias para essa mesma concentração do produto - no entanto,

sem reposição de água.

Em área externa, pudemos verificar efeito residual de seis semanas

no primeiro simulado (março-maio) e de cinco semanas no segundo (outubro-

dezembro). Diferenças entre simulados realizados em diferentes períodos do

ano foram também descritas por Lima et al (2005), em ensaios desse tipo com

o biolarvicida Bti. Essa diferença na persistência do produto pode estar

relacionada diretamente com a temperatura e com a incidência de luz solar,

fatores que variam com as estações do ano. No simulado interno, o efeito

residual do produto foi de oito semanas; isso é plausível, já que em área interna

as variáveis ambientais, como temperatura e luminosidade, costumam ter

menor variação.

Nos ensaios simulados avaliamos duas condições, com ou sem troca

de água. Embora esperássemos encontrar maior persistência do produto nos

baldes onde não era feita troca de água, não foi possível encontrar diferença

significativa na IE observada entre as duas condições. Este resultado diferiu do

observado por Thavara et al (2007) com o CSI diflubenzuron, que encontraram

maior persistência nas réplicas sem troca. Uma provável explicação para a

ausência de diferença é o maior acumulo de matéria orgânica nos baldes sem

troca. Como observado por Batra et al (2005) para triflumuron, em águas com

grande quantidade de matéria orgânica, IGRs podem ter seu potencial um

pouco reduzido.

Foi possível também observar que, ao longo das semanas, a

mortalidade variou, subindo ou decaindo em um mesmo balde tratado. Esse

tipo de variação foi também observado por outros autores avaliando diversas

classes de produtos sobre Aedes aegypti, como Mulla et al (2003) com

novaluron, Thavara et al (2007) com diflubenzuron, Montella et al (2007) com

temephos, Lima et al (2005) com Bti, em simulados de campos e Batra et al

(2005) com triflumuron diretamente em campo. Essas variações foram também

detectadas para outras espécies, como observado por Arredondo-Jiménez e

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Valdez-Delgado (2006) com novaluron sobre larvas de Anopheles albimanus e

Culex coronator.

Apesar das populações de Aracajú e Henrique Jorge apresentarem

altos níveis de resistência a temephos, não foi possível verificar qualquer

alteração de susceptibilidade a novaluron em simulado de campo, o que reforça

os resultados obtidos em laboratório. A cepa referência, Rockefeller, se mostrou

inclusive, em algumas semanas, menos susceptível ao CSI do que as

populações testadas. Esse fato pode ser resultado de diferenças na condição

fisiológica das larvas, em função de sua manutenção em laboratório:

notadamente, larvas da cepa Rockefeller se desenvolvem mais rapidamente

que larvas de populações do campo, por já estarem adaptadas ao laboratório.

O status de resistência das populações a inseticidas químicos parece

não afetar a sensibilidade a novaluron em simulados de campo, o que torna

esse produto uma grande ferramenta para o controle de Aedes aegypti.

Novaluron apresenta maior eficácia que Bti, já que este não apresenta efeito

residual superior a quatro semanas para Aedes aegypti (Lima et al 2005).

A variação de temperatura foi maior nos simulados externos e,

nestes, maior no ambiente do que na água. Isto é esperado, já que o calor

específico (a quantidade de calor necessária para alterar em 1ºC a temperatura)

da água é bem superior ao do ambiente. Ou seja, a temperatura na água varia

mais lentamente do que a do ambiente. Menor faixa de variação da temperatura

na água que no ambiente foi efetivamente verificada no primeiro simulado em

área externa. No segundo simulado contudo, nas 5ª e 6ª semanas, a

temperatura da água variou mais que a do ambiente, o que pode ser explicado

pela característica física da água: na 5ª semana a temperatura do ambiente

estava baixa, tendo se elevado rapidamente na 6ª semana; essas mudanças

devem ter se propagado para a água, que registrou temperatura mínima bem

baixa (resultante da temperatura ambiental baixa da semana anterior) e uma

temperatura máxima bem alta (decorrente do grande aumento da temperatura

do ambiente na 6ª semana). As temperaturas verificadas no simulado interno

variaram bem menos, tanto da água quanto do ambiente. Nos dois casos, as

médias de temperatura foram menores na área interna do que nos simulados

externos. Altas temperaturas somadas à incidência de luz explicam a menor

persistência do produto em simulado externo. Mulla e Darwazeh (1975)

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descrevem rápida degradação de methoprene devido a esses fatores,

confirmando o que havia sido verificado por Schaefer e Dupras (1973) para este

IGR.

Outros IGRs já foram testados em condição de simulação de campo e

diretamente em campo sobre Aedes aegpyti, mas geralmente são utilizadas

doses muito superiores àquelas avaliadas aqui. Nayar et al (2002) observaram

que pyriproxifen é muito mais eficaz sobre larvas de Aedes aegypti do que

methoprene, quando avaliaram duas concentrações (0,02 ppm e 0,05 ppm)

desses produtos. Vythilingam et al (2005) obtiveram efeito residual de pyriproxifen

sobre Aedes aegypti por cerca de quatro meses em campo; esses mesmos

autores relatam efeito residual do produto por cerca de 10 semanas para larvas

de Aedes albopictus.

Nós realizamos a verificação do pH nos simulados de campo e

acreditamos ser essa medida muito relevante, pois aumento ou queda muito

bruscos de pH podem levar à morte das larvas, assim como afetar o produto.

Não encontramos diferenças entre os valores de pH do controle e dos tratados,

o que exclui o pH como o causador da mortalidade nos galões experimentais,

devendo essa mortalidade ser atribuída exclusivamente ao produto.

Outro aspecto da utilização de IGRs é seu impacto sobre artrópodes

não-alvo. Arrendondo-Jiménez e Valdez-Delgado (2006) verificaram o impacto

de novaluron sobre artrópodes não-alvo e concluíram que o efeito desse

produto varia de acordo com o grupo exposto. Esses mesmos autores não

encontraram impacto para a maioria das famílias de insetos não-alvo expostos

ao novaluron, assim como observado por Ali e Kok-Yokomi (1989) com o IGR

UC-84572.

Alguns IGRS afetam crustáceos não-alvo e espécies de insetos

filogeneticamente relacionadas, ou que compartilham o mesmo habitat. Porém,

os danos causados são rapidamente revertidos (Mulla 1995).

A recomendação da OMS para uso de novaluron em água potável

torna este produto uma grande promessa para o controle de Aedes aegypti. Os

resultados obtidos nesse trabalho mostram que novaluron é eficaz contra Aedes

aegypti, tanto em condições de laboratório como em simulado de campo. Além

disso, novaluron se mostrou eficiente contra populações resistentes a

inseticidas químicos. Também apresentou grande persistência em simulado de

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campo, quando exposto às condições climáticas do nosso país. Esses

resultados reforçam o potencial desse CSI para o controle de Aedes aegypti no

Brasil.

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6. Conclusões

• Populações brasileiras de Aedes aegypti apresentam resistência a

temephos e perfil variável de susceptibilidade a deltametrina.

• Novaluron inibe a emergência de Aedes aegypti adultos em

concentrações da ordem µg/L (IE99 de Rockefeller 0,3 µg/L). Este efeito

é dose-dependente, assim como a precocidade da mortalidade.

• Este CSI é eficaz sobre a cepa Rockefeller e populações de campo,

mesmo sobre aquelas que apresentam resistência a inseticidas

químicos, não ocorrendo, nesse caso, resistência cruzada.

• Novaluron causa anormalidades morfológicas em todos os estágios do

desenvolvimento de Aedes aegypti.

• Em simulados de campo, novaluron também é eficaz, tanto em área

interna quanto em área externa.

• A persistência desse produto varia de acordo com a área; nas condições

testadas, apresentou efeito residual (mortalidade maior que 70%) de 8-9

semanas em área interna e 5-6 semanas em área externa.

• Novaluron é eficaz sobre populações brasileiras de Aedes aegypti em

simulado de campo, independente de seu status de resistência aos

inseticidas químicos testados (organofosforado e piretróide).

• Novaluron se apresenta como uma alternativa promissora para o controle

de larvas de Aedes aegypti e possui um grande potencial para o uso no

controle desse vetor no Brasil.

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