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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
EFEITO DEPRESSOR E TOXICIDADE DO EXTRATO ETANÓLICO
DA CASCA DE Aspidosperma subincanum (APOCYNACEAE) EM
CAMUNDONGOS
Luciana Silva de Carvalho
Orientador: Prof. Dr. Adilson Donizeti Damasceno
GOIÂNIA
2013
ii
TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO PARA DISPONIBILIZAR AS TESES E
DISSERTAÇÕES ELETRÔNICAS (TEDE) NA BIBLIOTECA DIGITAL DA UFG
Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a Universidade Federal de Goiás (UFG) a disponibilizar,
gratuitamente, por meio da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD/UFG), sem ressarcimento dos direitos autorais, de
acordo com a Lei nº 9610/98, o documento conforme permissões assinaladas abaixo, para fins de leitura, impressão e/ou download,
a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.
1. Identificação do material bibliográfico: [ x ] Dissertação [ ] Tese 2. Identificação da Tese ou Dissertação
Autor (a): Luciana Silva de Carvalho
E-mail: [email protected]
Seu e-mail pode ser disponibilizado na página? [ x ]Sim [ ] Não
Vínculo empregatício do autor sim
Agência de fomento: não Sigla:
País: Brasil UF:GO CNPJ:
Título: EFEITO DEPRESSOR E TOXICIDADE DO EXTRATO ETANÓLICO DA CASCA DE Aspidosperma subincanum
(APOCYNACEAE) EM CAMUNDONGOS
Palavras-chave: Aspidosperma subincanum, farmacológico, toxicidade
Título em outra língua: DEPRESSOR EFFECT AND TOXICITY OF THE ETHANOLIC EXTRACT BARK OF Aspidosperma
subincanum (APOCYNACEAE) IN MICE
Palavras-chave em outra língua: Aspidosperma subincanum, pharmacological, toxicity
Área de concentração: PCC
Data defesa: (dd/mm/aaaa) 30/08/2013
Programa de Pós-Graduação: MESTRADO EM CIÊNCIA ANIMAL
Orientador (a): Prof. Dr. Adilson Donizeti Damasceno
E-mail: [email protected]
Co-orientador (a):* Profa. Dra. Veridiana M. B. D. de Moura - EVZ/UFG
Profa. Dra. Rosângela de O. A. Carvalho
E-mail: [email protected]; [email protected]
*Necessita do CPF quando não constar no SisPG
3. Informações de acesso ao documento:
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Luciana Silva de Carvalho Data: 07/09/2013
Assinatura do (a) autor (a)
1 Neste caso o documento será embargado por até um ano a partir da data de defesa. A extensão deste prazo
suscita justificativa junto à coordenação do curso. Os dados do documento não serão disponibilizados durante
o período de embargo.
LUCIANA SILVA DE CARVALHO
EFEITO DEPRESSOR E TOXICIDADE DO EXTRATO ETANÓLICO
DA CASCA DE Aspidosperma subincanum (APOCYNACEAE) EM
CAMUNDONGOS
Dissertação apresentada para
obtenção do título de Mestre em
Ciência Animal junto à Escola de
Veterinária e Zootecnia da
Universidade Federal de Goiás
Área de concentração:
Patologia, clínica e cirurgia animal
Orientador:
Prof. Dr. Adilson Donizeti Damasceno
Comitê de orientação:
Profa. Dra. Veridiana M. B. D. de Moura - EVZ/UFG
Profa. Dra. Rosângela de O. A. Carvalho - EVZ /UFG
GOIÂNIA
2013
iv
v
AGRADECIMENTOS
Ao Criador, minha eterna gratidão pela oportunidade da vida, de poder
aprender e evoluir como ser humano.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Adilson Donizeti Damasceno, agradeço
por todo o apoio, disponibilidade, colaboração e comprometimento com o projeto.
A Profa. Dra. Rosângela de O. A. Carvalho e Yandra Cássia Lobato do
Prado pela colaboração na correção deste trabalho visando uma melhora integral
desta dissertação.
Ao Prof. Dr. Fabiano José Ferreira de S'antana da Faculdade de
Agronomia e Veterinária da UnB, pelo inestimado auxílio em colaborar com a
confecção, leitura e fotografias das lâminas histológicas.
Aos professores da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG, pela
disponibilidade e pelo profissionalismo vivido.
Um especial agradecimento ao Helton Freires Oliveira, pelo
profissionalismo e disponibilidade em me auxiliar na realização dos exames
laboratoriais.
A Profa. Dra. Renata Mazaro e Costa do Departamento de Ciências
Fisiológicas-Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás por
ter cedido o biotério e o laboratório para a realização do projeto.
Ao Adryano Augustto Valladão de Carvalho do Instituto de Ciências
Biológicas, Universidade Federal de Goiás pela instrução durante o projeto.
Ao Prof. Dr. Emmanuel Arnhold pela colaboração na análise estatística
deste experimento.
À minha companheira de vários momentos vividos durante o mestrado,
Thays Nascimento Costa, pelo apoio, colaboração e pela amizade cultivada
nestes anos.
Ao meu namorado Brunno Medeiros dos Santos pelo apoio, carinho e
colaboração na realização deste trabalho.
Ao meu irmão Flávio Silva de Carvalho por todo o apoio e auxílio
prestado desde o início deste estudo.
vi
À minha família, meus pais, meus irmãos, pelo apoio e pelo melhor que
me proporcionaram.
O meu respeito aos animais e plantas que contribuíram para a
realização deste trabalho científico.
Enfim, a todos que colaboraram direta ou indiretamente e que tiveram
importância na realização deste trabalho.
vii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1
2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 3
2.1 Plantas medicinais ............................................................................................ 3
2.2 Aspidosperma subincanum .............................................................................. 7
2.3 Alcalóides ....................................................................................................... 10
2.4 Reações adversas às plantas medicinais ....................................................... 11
2.5 Avaliação da toxicidade das plantas medicinais ............................................. 12
3 Objetivos ........................................................................................................... 17
3.1 Geral ............................................................................................................... 17
3.2 Específicos ..................................................................................................... 17
4 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................. 18
4.1 Local do experimento ..................................................................................... 18
4.2 Descrição dos animais ................................................................................... 18
4.3 Alojamento e manejo dos animais .................................................................. 18
4.4 Material botânico ............................................................................................ 19
4.4.1 Obtenção do extrato .................................................................................... 19
4.5 Ensaios toxicológicos ..................................................................................... 20
4.5.1 Determinação da toxicidade aguda dose única ........................................... 20
4.5.2 Determinação da toxicidade subcrônica em dose fixa ................................. 23
4.6 Ensaios farmacológicos .................................................................................. 24
4.6.1 Triagem farmacológica ................................................................................ 24
4.6.2 Avaliação da atividade no sistema nervoso central ..................................... 25
viii
4.7 Análise estatística ........................................................................................... 26
5 RESULTADOS .................................................................................................. 27
5.1 Determinação da toxicidade aguda dose única .............................................. 27
5.1.1 Screening Hipocrático ................................................................................. 27
5.1.2 Avaliação ponderal ...................................................................................... 28
5.1.3 Exames hematológicos e bioquímicos séricos ............................................ 29
5.1.4 Determinação da DL50 mediana ................................................................... 31
5.1.5 Avaliação anatomohistopatológica .............................................................. 31
5.2 Toxicidade subcrônica dose fixa..................................................................... 31
5.2.1 Screening Hipocrático ................................................................................. 31
5.2.2 Avaliação ponderal ...................................................................................... 33
5.2.3 Exames hematológicos e bioquímicos séricos ............................................ 34
5.2.4 Avaliação anatomohistopatológica .............................................................. 37
5.2.5 Avaliação dos índices dos órgãos ............................................................... 38
5.3. Triagem farmacológica .................................................................................. 38
5.3.1 Teste geral de atividade farmacológica em camundongos .......................... 38
5.3.2 Teste do campo aberto ................................................................................ 40
5.3.3 Potenciação do sono por barbitúrico ........................................................... 40
6 DISCUSSÃO ..................................................................................................... 42
7 CONCLUSÕES ................................................................................................. 49
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 50
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 52
ix
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Árvore da espécie Aspidosperma subincanum; (A) Vista geral; (B)
Aspecto da casca do caule. .................................................... 10
FIGURA 2 - Metodologia de ensaio de toxicidade aguda em dose única, a
partir da dose de 300 mg/kg em animais de laboratório; GHS=
Global Harmonized System; DL50= dose letal mediana. ......... 14
x
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - Evolução cronológica de sinais de intoxicação aguda pelo
extrato etanólico da casca do caule de Aspidosperma
subincanum na dose única de 300 mg/kg, via oral, em
camundongos fêmeas Swiss (C1, C2 e C3) e a repetição (C1',
C2' e C3'). Goiânia, 2012. ....................................................... 28
QUADRO 2 - Evolução cronológica de sinais de intoxicação subcrônica pelo
extrato etanólico da casca do caule de Aspidosperma
subincanum, via oral na dose de 75 mg/kg, em camundongos
Swiss fêmeas (CF) e camundongos Swiss machos (CM) (n=5)
durante 28 dias e com solução de cloreto de sódio 0,9% (GT).
Goiânia, 2012.......................................................................... 32
QUADRO 3 - Evolução cronológica de sinais de intoxicação subcrônica pelo
extrato etanólico da casca do caule de Aspidosperma
subincanum, via oral na dose de 150 mg/kg, em camundongos
Swiss fêmeas (CF) e camundongos Swiss machos (CM) (n=5)
durante 28 dias e com solução de cloreto de sódio 0,9% (GT).
Goiânia, 2012.......................................................................... 32
QUADRO 4 - Evolução cronológica de sinais de intoxicação subcrônica pelo
extrato etanólico da casca do caule de Aspidosperma
subincanum, via oral na dose de 300 mg/kg, em camundongos
Swiss fêmeas (CF) e camundongos Swiss machos (CM) (n=5)
durante 28 dias e com solução de cloreto de sódio 0,9% (GT).
Goiânia, 2012.......................................................................... 33
QUADRO 5 - Relação entre as doses, via de aplicação e tempo em que se
manifestaram contorção, motilidade, convulsão clônica,
tremores grosseiros, fasciculações e cianose da orelha/pata em
camundongos submetidos a administração de 125, 250 e 500
xi
mg/kg de extrato etanólico de Aspidosperma subincanum.
Goiânia, 2012.......................................................................... 39
xii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Média e desvios padrão dos pesos corporais (gramas) de
camundongos Swiss fêmeas (n=3) tratados via oral com 300
mg/kg e 2000 mg/kg de extrato etanólico da casca do caule de
Aspidosperma subincanum antes da exposição (M0d), sete
(M7d) e quatorze (M14d) dias após exposição. ......................... 29
TABELA 2 - Eritrograma e plaquetograma (média ± desvio padrão) de
camundongos Swiss fêmeas (n=3) tratadas com 300 e 2000
mg/kg de extrato etanólico da casca do caule de Aspidosperma
subincaum, administrado por via oral, dose única e com
solução de cloreto de sódio 0,9% (GT). Goiânia, 2012. .......... 29
TABELA 3 - Valores médios do leucograma (média ± desvio padrão) em
camundongos Swiss fêmeas (n=3) tratadas com extrato
etanólico da casca do caule de Aspidosperma subincanum na
dose de 300 mg/kg e 2000 mg/kg, via oral, dose única e com
solução de cloreto de sódio 0,9% (GT). Goiânia, 2012. .......... 30
TABELA 4 - Valores médios da dosagem sérica (média ± desvio padrão) de
AST, ALT, ureia e creatinina em camundongos Swiss fêmeas
(n=3) tratadas com extrato etanólico da casca do caule de
Aspidosperma subincanum na dose de 300 mg/kg e 2000
mg/kg, via oral, dose única e com solução de cloreto de sódio
0,9% (GT). Goiânia, 2012. ...................................................... 30
TABELA 5 - Média e desvios padrão dos pesos corporais (gramas) de
camundongos Swiss fêmeas (n=5) de GT75, GT150 e GT300,
tratados com extrato etanólico da casca do caule de
Aspidosperma subincanum antes da exposição (M0d), sete
(M7d), quatorze (M14d), vinte e um (M21d) e vinte e oito (M28d)
dias após exposição. .............................................................. 33
TABELA 6 - Média e desvios padrão dos pesos corporais (gramas) de
camundongos Swiss machos (n=5) de GT75, GT150 e GT300,
xiii
tratados com extrato etanólico da casca do caule de
Aspidosperma subincanum antes da exposição (M0d), sete
(M7d), quatorze (M14d), vinte e um (M21d) e vinte e oito (M28d)
dias após exposição. .............................................................. 34
TABELA 7 - Eritrograma e plaquetograma (média ± desvio padrão) de
camundongos Swiss fêmeas (n=5) de GT75, GT150 e GT300
tratados com extrato etanólico da casca do caule de
Aspidosperma subincaum, via oral, e com solução de cloreto
de sódio 0,9% (GT) 28 dias consecutivos. Goiânia, 2012. ..... 35
TABELA 8 - Eritrograma e plaquetograma (média ± desvio padrão) de
camundongos Swiss adultos machos (n=5) de GT75, GT150 e
GT300 tratados com extrato etanólico da casca do caule de
Aspidosperma subincaum, administrado por via oral, dose
única e com solução de cloreto de sódio 0,9% (grupo controle)
durante 28 dias consecutivos Goiânia, 2012. ......................... 35
TABELA 9 - Valores médios do leucograma (média ± desvio padrão) em
camundongos Swiss adultos fêmeas (n=5) de GT75, GT150 e
GT300 tratados com extrato etanólico da casca do caule de
Aspidosperma subincaum, administrado por via oral, dose
única e com solução de cloreto de sódio 0,9% (grupo controle)
durante 28 dias consecutivos Goiânia, 2012. ......................... 36
TABELA 10 - Valores médios do leucograma (média ± desvio padrão) em
camundongos Swiss adultos machos (n=5) de GT75, GT150 e
GT300 tratados com extrato etanólico da casca do caule de
Aspidosperma subincaum, administrado por via oral, dose
única e com solução de cloreto de sódio 0,9% (grupo controle)
durante 28 dias consecutivos Goiânia, 2012. ......................... 36
TABELA 11 - Valores médios da dosagem sérica (média ± desvio padrão) de
AST, ALT, ureia e creatinina em camundongos Swiss adultos
fêmeas (n=5) de GT75, GT150 e GT300 tratados com extrato
etanólico da casca do caule de Aspidosperma subincaum,
xiv
administrado por via oral, dose única e com solução de cloreto
de sódio 0,9% (grupo controle) durante 28 dias consecutivos
Goiânia, 2012.......................................................................... 37
TABELA 12 - Valores médios da dosagem sérica (média ± desvio padrão) de
AST, ALT, ureia e creatinina em camundongos Swiss adultos
machos (n=5) de GT75, GT150 e GT300 tratados com extrato
etanólico da casca do caule de Aspidosperma subincaum,
administrado por via oral, dose única e com solução de cloreto
de sódio 0,9% (grupo controle) durante 28 dias consecutivos.
Goiânia, 2012.......................................................................... 37
TABELA 13 - Peso relativo do encéfalo (média ± desvio padrão) de
camundongos machos e fêmeas de GT75, GT150 e GT300
tratados com extrato etanólico da casca do caule de
Aspidosperma subincaum, administrado por via oral, dose
única e com solução de cloreto de sódio 0,9% (grupo controle)
durante 28 dias consecutivos. Goiânia, 2012. ........................ 38
TABELA 14 - Análise comparativa dos valores (média ± desvio padrão) dos
parâmetros do teste de campo aberto obtidos no GCAC,
GCA125, GCA250 e GCA500. Goiânia, 2012. ............................. 40
xv
RESUMO
O objetivo desta pesquisa foi estimar a toxicidade aguda, subcrônica e os efeitos
farmacológicos da casca do caule de guatambu (Aspidosperma subincanum) a
fim de verificar a possível ação do extrato etanólico desta planta no sistema
nervoso central de roedores. Para a determinação da toxicidade aguda foram
utilizados camundongos albinos (Mus musculus), fêmeas, que receberam por via
oral a dose única de 300 mg/kg e 2000 mg/kg do extrato. Para o teste da
toxicidade subcrônica foram avaliados camundongos albinos (Mus musculus)
machos e fêmeas que receberam por via oral a dose de 75 mg/kg, 150 mg/kg e
300 mg/kg do extrato, diariamente, durante 28 dias. Para a realização dos testes
farmacológicos, utilizou-se a dose de 125 mg/kg, 250 mg/kg e 500 mg/kg por via
oral em camundongos machos. Os animais apresentaram alguns sinais de
neurotoxicidade, tais como, tremores, alterações de marcha e convulsões. Tais
sinais tiveram a intensidade proporcional à concentração do extrato, e foram letais
na dose de 2.000 mg/kg. Observou-se que em condições agudas ou subcrônicas,
dependendo da dose administrada, do tempo e freqüência de exposição e das
vias de administração, o extrato etanólico de Aspidosperma subincanum deve ser
considerado um agente tóxico.
Palavras-chave: Aspidosperma subincanum, farmacológico, toxicidade.
xvi
ABSTRACT
The objective of this research was to estimate the acute toxicity, subchronic and
the pharmacological effects of the ethanol extract of the stem bark of guatambu
(Aspidosperma subincanum) in rodents. To carry out the acute toxicity it was used
albino female mice (Mus musculus) that received a single oral dose of 300 mg/kg
and 2000 mg/kg of the extract. As for the subchronic toxicity test were evaluated
mice (Mus musculus) males and females that received the oral dose of 75 mg/kg,
150 mg/kg and 300 mg/kg of the extract daily for 28 days. To achieve the
pharmacological tests, it was used a dose of 125 mg/kg, 250 mg/kg and 500
mg/kg orally in male mice.The animals showed some signs of neurotoxicity such
as tremors, changes in the gait and convulsions. Such signals have the intensity
proportional to the concentration of the extract, and were lethal in the dose of 2000
mg/kg.It was observed that in acute or subchronic conditions, depending on the
dose, the timing and frequency of exposure and routes of administration, the
ethanol extract of Aspidosperma subincanum should be considered a toxic agent.
Keywords: Aspidosperma subincanum, pharmacological, toxicity.
1 INTRODUÇÃO
A utilização de plantas medicinais provavelmente é tão antiga quanto o
aparecimento da civilização humana, que procurava no reino vegetal, os
alimentos, o abrigo e os meios para o alívio de suas dores e cura para doenças
(OLIVEIRA & AKISUE, 2000).
Com o advento dos estudos científicos, verificou-se que as plantas são
uma fonte de diversos princípios com grande valor medicinal. Assim, diante desse
potencial arsenal terapêutico, as indústrias farmacêuticas vêm investindo em
pesquisa na busca de novos produtos bioativos em plantas (MOLL, 2006). Apesar
do aumento no uso de medicamentos sintéticos nos últimos anos, as plantas
medicinais vêm sendo empregadas ainda por muitas populações, até mesmo
como única fonte de tratamento de enfermidades (HALBERSTEIN, 2005).
O hábito do emprego terapêutico das plantas advém do baixo valor
monetário envolvido para a obtenção da forma in natura para uso e da impressão
ou crença de que são destituídas de efeitos tóxicos ou que não fazem mal, o que
não é verdade (CARLINI et al., 1988; FONSECA & PEREIRA, 2004). Por se
tratarem de um agente xenobiótico, ou seja, um composto estranho ao organismo
humano podem ser biotransformados em metabólitos tóxicos, de ação imediata,
mas também com efeitos em longo prazo, que de forma assintomática, pode levar
a quadros clínicos severos ou a reações indesejáveis, algumas vezes fatais,
dependendo da dose e frequência de uso (LAPA et al., 1999).
Não obstante às observações populares sobre o uso e a eficácia das
espécies medicinais contribuirem de forma relevante para a divulgação das
virtudes terapêuticas dos vegetais e auxiliar na seleção de espécies para estudos
botânicos, farmacológicos e fitoquímicos, verifica-se que as informações baseadas
no conhecimento tradicional não são suficientes para validar as plantas medicinais
como medicamentos eficazes e seguros, sendo necessária a avaliação da relação
risco/benefício do seu uso por meio de estudos farmacológicos e toxicológicos
(MACIEL et al., 2002; FARIAS, 2007).
2
O Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX)
apresentou o registro de 85.925 pessoas intoxicadas por plantas no Brasil no ano
de 2008, dessas, 441 morreram (SINITOX, 2008). Diante dessas informações,
reforça-se a necessidade da implementação de estudos toxicológicos com plantas,
garantindo a segurança de seu uso (SCHENKEL et al., 2003), pois tais números
permitem considerar que as intoxicações por plantas são casos de saúde pública.
Assim exposto, propõem-se neste estudo avaliar a segurança do
extrato etanólico da casca do caule de Aspidosperma subincanum, por meio de
estudo da toxicidade aguda, toxicidade subcrônica e testes farmacológicos,
visando a avaliação da ação do extrato no sistema nervoso central (SNC). Tal
proposta se alicerça em três vertentes: (1) estudo etnobotânico realizado em
Goiânia e cidades vizinhas em 1995 e 1998 por TRESVENZOL et al. (2006),
revelou a grande utilização do guatambu no tratamento do diabetes mellitus e da
hipercolesterolemia; (2) KOBAYASHI et al. (2002) identificaram, isolaram e
caracterizaram a estrutura química de seis alcaloides na espécie Aspidosperma
subincanum e; (3) FONSECA & PEREIRA (2004) descreveram que os alcaloides
podem provocar carcinogênese, toxidade hepática, neurológica e renal, sendo que
muitos ainda não foram objeto de investigação científica, principalmente, quanto à
toxicidade.
3
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Plantas medicinais
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define planta medicinal como
sendo "todo e qualquer vegetal que possui, em um ou mais órgãos, substâncias
que podem ser utilizadas com fins terapêuticos ou que sejam precursores de
fármacos semissintéticos" (WHO, 1998).
Os chineses, egípcios, hindus e gregos foram os primeiros a catalogar
as ervas medicinais, classificando-as de acordo com a sua forma, cor, sabor e
aroma, incluindo ainda ligações com os astros e, evidentemente, seus atributos
“mágicos” (LIMA, 2006). Há relatos, por exemplo, do uso de plantas com
finalidades terapêuticas por volta de 3.000 a.C. na obra Pen Ts’ao do chinês Shen
Nung (TYLER, 1996; KO, 1999). No ano 78 d.C., o botânico grego Pedanios
Dioscorides (40-90 d.C.) realizou a primeira compilação sistemática de plantas,
descrevendo 579 plantas medicinais e 4.700 usos e formas de atuação dessas
plantas em uma obra de cinco volumes, intitulada De Materia Medica. Esse tratado
foi de grande importância para a medicina europeia, até o século XVII, e
permaneceu como fonte de referência para as farmacopeias modernas
(ROBBERS et al., 1997), sendo que a partir do século XIX, começou-se a
investigar suas bases terapêuticas (ELVIN-LEWIS, 2001).
No Brasil, a utilização das plantas como fonte terapêutica teve início
com os primeiros habitantes a chegarem ao Brasil, por volta de 12 mil anos atrás.
No entanto, pouco se conhece sobre esse período, além das pinturas rupestres
(SILVA & CARVALHO, 2004).
A flora brasileira foi descoberta por cientistas estrangeiros,
especialmente os naturalistas, que realizavam grandes expedições científicas no
Brasil desde o descobrimento até ao final do século XIX (SILVA & CARVALHO,
2004). Padre José de Anchieta, de 1560 a 1580, detalhou em suas cartas aos
Superiores Geral da Companhia de Jesus, as plantas comestíveis e medicinais do
Brasil. As plantas medicinais especificamente mencionadas foram: capim rei,
4
ruibarbo do brejo, ipecacuanha-preta, cabriúva-vemelha, “erva boa”, hortelã-
pimenta, que eram utilizadas pelos indígenas contra indigestão, nevralgias,
reumatismos, doenças nervosas, além do uso como purgativos, bálsamos e
cicatrização de feridas (SILVA & CARVALHO, 2004).
Até a metade do século XIX, pelo menos 80% dos medicamentos eram
derivados de plantas, que continuavam despertando o interesse dos
pesquisadores, embora a indústria farmacêutica tenha voltado seus interesses
para os fármacos sintéticos após a Revolução Industrial (GILANI & RAHMAN,
2005). Muitos fármacos foram originalmente descobertos por meio do estudo de
usos tradicionais, sendo que alguns deles não puderam ser substituídos, apesar
do avanço na química sintética (GILANI & RAHMAN, 2005).
Após a década de 1960, observou-se um desinteresse da indústria
farmacêutica e dos institutos de pesquisa pela busca de novas substâncias de
origem vegetal, acreditando-se que já haviam isolado as principais substâncias
ativas das drogas vegetais conhecidas, bem como já haviam realizado todas as
possíveis modificações químicas de interesse das mesmas (SCHENKEL et al.,
2003). Com o advento da industrialização, da urbanização e avanço da tecnologia
voltada à elaboração de fármacos sintéticos, a utilização desses medicamentos
aumentou muito, principalmente na população de maior poder aquisitivo,
diminuindo a utilização de plantas medicinais (TOMAZZONI et al., 2006). As
pesquisas com ervas medicinais foram deixadas de lado pelo grande avanço das
formas sintéticas (FRANCESCHINI FILHO, 2004). Além disso, o crescimento do
poder econômico das indústrias farmacêuticas e a ausência de comprovações
científicas de eficácia das substâncias de origem vegetal aliada às dificuldades de
controle químico, físico-químico, farmacológico e toxicológico dos extratos
vegetais até então utilizados, impulsionaram a substituição desses por fármacos
sintéticos (RATES, 2001).
O interesse pelas plantas medicinais no Brasil se intensificou na década
de 1980, quando a alta dos custos de aquisição dos medicamentos e o difícil
acesso da população à assistência médica e farmacêutica fez com que uma
parcela voltasse a usar plantas medicinais para minorar seus problemas de saúde
5
(SIMÕES et al., 2003). Outra razão é o fato das plantas medicinais representarem
a única fonte de medicamentos, especialmente nos lugares mais isolados e
distantes (BERG, 1993). Ademais, a preferência na utilização das plantas
medicinais decorre da facilidade de obtenção e do baixo custo (SIMÕES et al.,
2003).
Assim, o comércio de plantas medicinais tornou-se um suporte para
muitas famílias pobres multiplicando-se tanto nas pequenas quanto nas grandes
cidades (BRANDÃO, 1994). Os avanços técnicos e o desenvolvimento de novos
métodos de isolamento de substâncias ativas, a partir de fontes naturais,
permitiram maior rapidez na identificação de substâncias em amostras complexas
como os extratos vegetais, ressurgindo o interesse pela pesquisa dessas
substâncias como protótipos para obtenção de fármacos com atividades
terapêuticas semelhantes à dos compostos originais (ROBBERS et al., 1997). Tal
fato é comprovado pela evidência de que cerca de 25% dos fármacos prescritos
no mundo são obtidos direta ou indiretamente de plantas. Além disso, muitos dos
fármacos desenvolvidos são obtidos a partir de produtos naturais, ou análogos
semi-sintéticos ou ainda compostos sintéticos baseados em produtos naturais
(KOEHN & CARTER, 2005).
O emprego das plantas extrapolou o seu uso popular e passou a ser
vista como matéria-prima para o isolamento de compostos ativos, como a morfina,
um alcalóide obtido do ópio extraído da Papaver somniferum (Papoula) no início
do século XIX, que marcou o início do processo de extração de princípios ativos
de plantas (BALUNAS & KINGHORN, 2005). A partir de então, outros alcaloides
foram isolados, como por exemplo, a quinina (isolada de espécies de Cinchona
sp., nativa dos Andes), em 1819; a atropina e a escopolamina da Atropa belladona
(plantas da família das Solanáceas empregadas pelos antigos gregos) em 1831 e;
a reserpina (isolada de Rauwolfia serpentina, de uso popular na Índia) (TYLER
1996; SCHULZ et al., 2001).
As plantas medicinais desempenham um papel muito importante na
medicina moderna, pois podem fornecer fármacos importantes, os quais
dificilmente seriam obtidos via síntese química. Além disso, as fontes naturais
6
fornecem compostos que podem ser levemente modificados, tornando-os mais
eficazes ou menos tóxicos (ROBBERS et al., 1997).
Segundo a OMS, 65 a 80% da população mundial, especialmente em
países em desenvolvimento, utilizam produtos à base de plantas medicinais no
tratamento de suas doenças (RAHMAN & SINGHAL, 2002), sendo que parte da
população no Brasil se volta às práticas naturais, inclusive na área de saúde,
valorizando e utilizando remédios naturais, considerados menos tóxicos e,
consequentemente, menos agressivos (BARBOSA et al., 2001). No entanto, a
aplicação terapêutica das plantas não dispensa as evidências científicas, os
requisitos de segurança, eficácia, qualidade e uso racional e sustentável
(ARAÚJO, 2008).
A crença na naturalidade inócua das plantas medicinais não é
facilmente contradita, pois as evidências científicas de ocorrência de intoxicações
e efeitos colaterais relacionados com o uso das mesmas consistem em
informações que dificilmente chegam ao alcance dos usuários (SILVA et al., 2006;
ALEXANDRE et al., 2008). Assim, muitos consumidores acreditam que os
remédios feitos a partir de plantas medicinais, por serem naturais, são
efetivamente seguros (VEIGA JÚNIOR et al., 2005). Contudo, o que torna esta
situação ainda mais comprometedora é o fato de que muitas pessoas utilizam as
plantas medicinais sem orientação médica, fator que só aumenta os riscos ao
paciente, porque o médico pode errar seu diagnóstico em função das muitas
interações possíveis entre as plantas e os medicamentos prescritos na medicina
convencional (BIN et al., 2007). Acrescenta-se que a utilização inadequada de um
produto, mesmo de baixa toxicidade, pode induzir problemas graves desde que
existam outros fatores de risco como o uso concomitante de outros medicamentos
(COELHO, 1998; CORDEIRO et al., 2005).
Contudo, para que seja registrado, o medicamento à base de plantas
precisa ser estudado cientificamente, seguindo os mesmos critérios empregados
para o desenvolvimento dos medicamentos sintéticos, utilizando-se protocolos
científicos rígidos, segundo critérios aceitos internacionalmente para confirmar sua
segurança e eficácia clínica (CALIXTO, 2000).
7
2.2 Aspidosperma subincanum
O Brasil é um país privilegiado, pois detêm 23% do total de espécies de
planta existentes no planeta (RATES, 2001) e apresenta 50 a 56 mil espécies
vegetais descritas, o que confirma sua fama de detentora de uma grande
diversidade biológica (PIRES, 1999).
Em relação ao Cerrado, verifica-se que ocupa uma área
correspondente a dois milhões de quilômetros quadrados, isto é 23,92% do
território brasileiro, se estendendo pelo planalto central, congregando vários
estados que juntos concentram a maior parte da população brasileira (BRANCO,
2000; RODRIGUES & CARVALHO, 2001; GUARIM NETO & MORAIS, 2003).
Nesse bioma ocorre mais de 600 espécies medicinais (PIRES, 1999;
GUARIM NETO & MORAIS, 2003), o que comprova o seu grande potencial
medicinal, reconhecido historicamente por populações indígenas e sertanejas
(RIBEIRO et al., 1999) e determina um excelente cenário para o desenvolvimento
de pesquisas que visam a descoberta de novos princípios a partir de espécies
nativas (LEITE, 2008). Como exemplo, observa-se que o fruto da cagaita é
empregado como laxante; as folhas do caju possuem efeito antidiarréico; o vinho
extraído do tronco do jatobá funciona como antibronquítico; a lobeira é usada no
controle do diabetes mellitus, asma, gripes, resfriados e reumatismo; o chá ou a
pomada da mama-cadela são aplicados contra o vitiligo; e a polpa do pequi e a
pimenta-de-macaco indicados na prisão de ventre e cólica renal; a piteira utilizada
em enfermidades dos rins e fígado, tratamento de sarna e diurética; araticum
utilizado no tratamento de diarreia crônica e reumatismo; carqueja empregada no
tratamento do diabetes mellitus, obesidade, obstruções do fígado e verminose
(ALMEIDA et al., 1998; RODRIGUES & CARVALHO , 2001). Contudo, apesar do
conhecimento acumulado sobre a flora do Cerrado, ainda faltam estudos
dedicados à identificação de outras plantas com potencial terapêutico
(RODRIGUES & CARVALHO, 2001; GUARIM NETO & MORAIS, 2003).
8
Neste sentido, a Aspidosperma subincanum pode ser considerada uma
planta com grande potencial medicinal, com muitos aspectos farmacológicos e
tóxicos a serem melhores caracterizados. Conforme CORRÊA (1978) e DE LA
CRUZ (1997), a Aspidosperma subincanum é popularmente conhecida como
Guatambu, Pau-pereiro, Pau-pereira-do-mato, Peroba-vermelha, Pau-peroba e
Perobinha. É uma árvore de porte médio (Figura 1A), de aproximadamente 15 a
20 metros de altura e tronco de 40 a 50 cm de largura, nativa da região do cerrado
mato-grossense do Brasil, podendo ser encontrada em alguns estados do Brasil
como São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul. As
flores desta planta podem ser encontradas entre os meses de setembro e
novembro (CORRÊA, 1978; DE LA CRUZ, 1997).
Pertence à família Apocynaceae (Dicotyledonae), que possui cerca de
200 gêneros e 4000 espécies tropicais e subtropicais, sendo algumas poucas
registradas nas regiões temperadas. Inclui espécies arbustivas, herbáceas,
arbóreas, muitas das quais trepadeiras e suculentas. Os gêneros mais importantes
desta família são: Alstonia, Aspidosperma, Rauwolfia, Vinca, Tabernaemontana,
Mandevilla, Hancoria, Nerium, Catharanthus, Allamanda, Thevetia, Himatanthus,
Wrightia (CÔRREA, 1978; JOLY, 1998; GOMES & CAVALCANTI, 2001).
Apresentam grande importância tanto do ponto de vista econômico
como científico, pois além de serem fornecedoras de madeira nobre, com larga
aplicação na carpintaria (LORENZI, 1998), a maioria das espécies deste gênero
são objetos de extensas investigações na busca de novas substâncias com
atividades biológicas (DI STASI, 1996).
O gênero Aspidosperma é constituído por cerca de 260 espécies que
podem ser encontradas desde o México até a Argentina, e é caracterizado por ser
fonte de alcalóides indólicos, substâncias nitrogenadas com potentes ações
biológicas. Toda a planta é bastante amarga o que pode ser atribuído aos seus
alcalóides; esse amargor até certo ponto, facilita seu reconhecimento, mesmo
quando totalmente desfolhada ou sem flores ou frutos (JACOME et al., 2004). No
Brasil foram catalogadas cerca de 52 espécies desse gênero, praticamente
9
distribuídas em todos os ecossistemas (CORRÊA, 1978), tais como, caatinga,
cerrado e florestas (AMORIM et al., 2005).
Muitos destes alcalóides, típicos do gênero Aspidosperma, possuem
geralmente atividade biológica marcante, tendo sua importância farmacológica
relatada, devido sua atividade antitumoral, antiviral, antimicrobiana, analgésica,
antimalárica, e bloqueadores dos receptores α-2 adrenérgicos (OLIVEIRA, 1999).
São empregados largamente como hipotensor arterial, simpatolítico, diurético,
vasoconstrictor periférico, estimulante respiratório, anestésico, agente bloqueador
adrenérgico, espasmogênico intestinal, sedativo e relaxante do músculo
esquelético (GARRETT & GRISHAM, 1995).
As preparações na forma de infusos e decoctos da casca (Figura 1B)
do caule da Aspidosperma subincanum são largamente utilizadas pela população
para o tratamento de diabetes mellitus, hipercolesterolemia, distúrbios gástricos e
como emagrecedor (CORRÊA, 1978; GOMES & CAVALCANTI, 2001). Por meio
de estudos fitoquímicos, foram isolados das cascas o ácido oleico e os alcaloides
indólicos subincanidinos A-C, subincanidinos D-E e subincanidinos F
(KOBAYASHI et al., 2002; PORTO et al., 2004). O alcaloide guatambuína e o
ácido oleico foram isolados do Aspidosperma subincanum por CECHINEL FILHO
& YUNES (1998).
PORTO et al. (2004) realizaram uma investigação fitoquímica de
frações clorofórmicas resultantes dos extratos etanólicos do caule e raízes de
Aspidosperma subincanum, isolando três alcaloides indólicos pirocarbazóis.
Destes, um foi identificado como sendo a olivacina (1,5 dimetil-6H-piridol [4,3- b]
carbazol), uma substância com atividade antitumoral, de ocorrência comum no
gênero tendo sido previamente descrita nesta espécie. Outro alcalóide teve sua
estrutura determinada como sendo a guatambuína (Nb-metiltetraidroolivacina),
presente no gênero Aspidosperma. Para o terceiro alcalóide foi proposto por
PORTO et al. (2004), a estrutura do 2,11-dimetil-1OH-pirido[2,3-b-]carbazol.
10
FIGURA 1 - Árvore da espécie Aspidosperma subincanum; (A) Vista geral; (B)
Aspecto da casca do caule.
Fonte: (A) Goloni, 2005; (B) http://www.kew.org/science/tropamerica
/imagedatabase/large1/cat_single1-326.htm
2.3 Alcalóides
Os alcalóides são compostos nitrogenados que apresentam ação
farmacológica ou tóxica quando administrados em animais (HENRIQUES &
KERBER, 2001), sendo conhecidos pela acentuada ação sobre o sistema nervoso
central, sendo muitos deles utilizados como venenos ou alucinógenos (LUCA &
PIERRE, 2000).
Essas substâncias químicas, provavelmente produzidas pela planta
para proteção contra vírus, bactérias, fungos e animais predadores podem ser
tóxicas para o homem, provocando carcinogênese, toxidade hepática, neurológica
e renal, pois muitas ainda não foram objetos de investigação científica (FONSECA
& PEREIRA, 2004).
11
Os alcalóides possuem grande importância econômica devido às suas
atividades farmacológicas, podendo ser citadas a vincristina e a vimblastina, que
são antineoplásicos importantes; a ergotamina utilizada para enxaqueca; a
ajmalicina e a iombina, fármacos usados nos distúrbios do fluxo sanguíneo e a
reserpina como antidepressivo (SCHRIPSEMA et al., 2004). Além desses pode-se
citar emetina (amebicida e emético), atropina, hioscina e escopolamina
(anticolinérgicos), protoveratrina A (anti-hipertensivos), quinina (antimalárico),
captotecina (antitumoral), codeína e noscapina (antitussígenos), morfina
(hipnoanalgésico), quinidina (depressor cardíaco), cafeína (estimulante do SNC),
teobromina e teofilina (diuréticos), colchicina (tratamento da gota), tubocurarina
(miorrelaxante), efedrina (simpatomimético), castanospermina (antiviral),
galantamina (tratamento do mal de Alzheimer) entre muitos outros (HENRIQUES
et al., 2003; SCHRIPSEMA et al., 2004 ).
A quantidade de produtos descritos, sua diversidade estrutural e
variadas atividades farmacológicas fazem dos alcalóides, junto com os
antibióticos, um dos grupos mais importantes entre as substâncias naturais com
interesse terapêutico (CORDELL et al., 2001).
2.4 Reações adversas às plantas medicinais
Muitos consumidores acreditam que os remédios feitos a partir de
plantas medicinais, por serem naturais, são efetivamente seguros (VEIGA JÚNIOR
et al., 2005). No entanto, os efeitos dos princípios ativos existentes nas plantas
medicinais podem ser influenciados por diferentes fatores, e os experimentos
realizados devem ser cuidadosamente avaliados, considerando-se a dosagem e a
espécie vegetal usada experimentalmente (PEPATO et al., 1998).
Ocasionalmente uma mesma planta pode apresentar tanto ação
terapêutica quanto ação tóxica. A distinção entre as substâncias medicamentosas
e tóxicas existe somente em relação ao modo de preparo, à dose, à concentração,
ao estado de dispersão (forma e tamanho das partículas), à solubilidade nos
fluidos orgânicos e à afinidade ao tecido ou organismo (GOMES et al., 2001;
MORGAN, 2003; CAZARIN, et al. 2004). Além disso, fatores biológicos podem
12
estar relacionados ao desencadeamento do quadro tóxico, tais como, a idade,
peso corpóreo, fatores genéticos, estados nutricionais e patológicos (CAZARIN et
al., 2004).
Os diversos órgãos das plantas que são utilizados são: a raiz, o caule,
as cascas, o talo, as gemas, as folhas, os frutos, as flores e as sementes
(BRÜNING, 1993; MORGAN, 2003). Em relação à forma de preparo, existem
várias maneiras de se utilizar as plantas medicinais: chá, tintura, pó, vinho
medicinal (garrafada), xarope, lambedor, pomada, unguento, cataplasma,
compressa, gargarejo, banho, suco, salada, óleo medicado, inalação, extrato seco
e óleo essencial (BRUNING, 1993; MORGAN, 2003).
Detalhes tais como, identificação da planta, parte a ser usada,
preparação, padronização química e biológica do extrato, estabilidade do extrato,
dosagens terapêuticas, efeitos colaterais, interações medicamentosas e
alimentares e contra-indicações devem ser incorporados à farmacopeia nacional.
Além da identificação da planta, deve-se observar se a coleta foi adequada, se o
material é autêntico, não tóxico e de qualidade (WHO, 1998). A desobediência a
estas recomendações pode causar danos à saúde do consumidor (ESPÍNOLA &
BONFIM, 1998).
Os efeitos adversos associados a plantas medicinais são classificados
em intrínsecos e extrínsecos, sendo que as reações intrínsecas são aquelas
inerentes à constituição química, podendo ser do tipo A (toxicidade previsível,
overdose ou interação com outros fármacos) ou tipo B (reação idiossincrática)
(BENSOUSSAN & MYERS, 1996; PINN 2001).
2.5 Avaliação da toxicidade das plantas medicinais
Os testes toxicológicos são realizados para obter dados sobre as
condições em que os compostos químicos, seja um medicamento, um praguicida
ou um agente químico industrial, produzem efeitos tóxicos, qual a natureza desses
efeitos e quais os níveis seguros de exposição (LOOMIS & HAYES, 1996;
STOKES, 2002; MEYER, 2003). Estes estudos aplicados em animais de
13
laboratório, sob condições previamente estabelecidas, permitem determinar os
possíveis efeitos de substâncias em humanos ou animais expostos (BARROS &
DAVINO, 2003).
Para assegurar o uso seguro das plantas medicinais, deve-se submetê-
las a testes de eficácia e segurança por métodos recomendados pela legislação
(BRASIL, 2004). Alguns modelos de estudos toxicológicos in vivo incluem ensaios
de toxicidade aguda, toxicidade subcrônica, toxicidade crônica, abordando
aspectos como mutagenicidade, embriofetotoxicidade, alterações de fertilidade,
carcinogenicidade e indução de dependência (VILAS BOAS, 2006).
O teste de toxicidade aguda oral, segundo o Guia 423 das diretrizes da
Organization for Economic Cooperation and Development (OECD) (OECD, 2001),
é um efeito adverso que ocorre em um breve período da administração oral de
uma substância em dose única ou múltiplas doses fornecidas durante 24 horas,
sendo capaz de fornecer subsídios referentes aos riscos à saúde após uma
exposição de curta duração (BRITO, 1994; DIPASQUALE & HAYES, 2001). Este
protocolo experimental recomenda que se inicie o tratamento de três animais com
a dose de 300 mg/kg. Caso se observe um ou nenhum caso de morte, deve-se
repetir a dose e com a confirmação do resultado anterior, o composto deve ser
testado na dose de 2000 mg/kg para então, de acordo com o resultado obtido nos
testes ser classificado na sua respectiva categoria segundo a Globally Harmonized
Classification System (GHS). Porém, se ocorrer a morte de 2 ou 3 animais após a
administração da dose de 300 mg/kg deve-se diminuir a dose do composto
administrado para 50 mg/kg e se nessa dose também ocorrer morte de 2 ou 3
animais deve-se adotar a dose de 5 mg/kg para a realização do teste de
toxicidade aguda, como demonstrado na Figura 2.
14
FIGURA 2 - Metodologia de ensaio de toxicidade aguda em dose única, a partir da
dose de 300 mg/kg em animais de laboratório; GHS= Global
Harmonized System; DL50= dose letal mediana.
Fonte: OECD (2001)
A avaliação de toxicidade aguda também tem por objetivo caracterizar a
relação dose/resposta que conduz ao cálculo da DL50 (dose letal mediana), sendo
que além da letalidade, outros parâmetros devem ser investigados, tais como o
potencial tóxico em órgãos específicos, os indicativos sobre a toxicocinética e
mecanismos de ação e o estabelecimento das doses para estudos
complementares de toxicidade (VALADARES, 2006).
A toxicidade sub-crônica tem como objetivo observar se por um longo
período de tempo, o produto testado causa efeitos tóxicos (VALADARES, 2006).
Esse ensaio fornece informações acerca dos riscos potenciais sobre a saúde,
resultantes da exposição contínua, além de informações satisfatórias sobre os
níveis de exposição com segurança para o homem (DI STASI, 1996).
O peso corporal é um dos parâmetros mais empregados em avaliações
toxicológicas para indicar o aparecimento, muitas vezes precoce, de efeitos
tóxicos de uma determinada substância no organismo animal (DIXON, 1989;
15
ZECICK & CLEGG, 1989). Principalmente, na toxicidade subcrônica, os sinais de
toxicidade sistêmica são definidos a partir da redução do desenvolvimento
ponderal, além da redução nos consumos de água e ração, apatia, má condição
da pelagem, pelos arrepiados e alterações de comportamento (MELLO, 2001).
Os testes que avaliam a atividade do SNC têm por objetivo avaliar o
comportamento de animais após a administração de preparações à base de
plantas com possível ação neurotóxica (ALMEIDA et al., 1999). Nestes testes são
realizados o monitoramento de comportamento de modo a identificar alteração no
padrão normal que pode ser sugestiva de alteração na atividade do SNC
(ALMEIDA et al., 1999). Como exemplo desta categoria de teste de toxicidade,
destaca-se o modelo de campo aberto e o teste de sono induzido por barbitúrico.
O modelo de campo aberto é aplicado em uma arena circular e
historicamente está relacionado às pesquisas sobre emocionalidade e, por isso,
vem sendo utilizado para avaliar o potencial ansiolítico de drogas, por meio da
mensuração de variáveis comportamentais de camundongos, como, o número de
quadrados percorridos no tempo, imobilidade (freezing), número de vezes em que
utiliza as patas dianteiras para limpeza (auto-limpeza ou grooming),
comportamento de levantar-se nas patas posteriores (rearing) e o volume de fezes
(NAHAS, 1999; AZEVEDO, 2005).
O teste de sono induzido por barbitúrico é utilizado para verificação de
atividade depressora de extratos e /ou fármacos, e o mesmo se baseia no fato de
que, em geral, os fármacos depressores do SNC aumentam o tempo de sono
induzido por barbitúricos (BATISTA, 1993).
A triagem farmacológica (screening hipocrático) é um ensaio bastante
útil e comumente usado na triagem preliminar de plantas para detectar atividades
farmacológicas e toxicológicas por meio de uma metodologia que tem por objetivo
avaliar o comportamento de animais ante a administração de preparações à base
de plantas com possível atividade no SNC, de forma a permitir a seleção de
espécies que apresentaram resultado mais significativo (ALMEIDA et al, 1999;
LUCIO et al., 2000). Essas observações comportamentais fornecem uma
estimativa geral da toxicidade da substância sobre o estado consciente e
16
disposição geral, atividade e coordenação do sistema motor, reflexos e atividades
sobre o sistema nervoso central (MALONE & ROBICHAUD, 1983).
17
3 Objetivos
3.1 Geral
Avaliação da intoxicação experimental e dos efeitos farmacológicos do
extrato etanólico de Aspidosperma subincanum (guatambu) em camundongos
Swiss.
3.2 Específicos
Avaliação da neurotoxicidade aguda do extrato etanólico do guatambu em
camundongos
Avaliação da neurotoxicidade subcrônica do extrato etanólico do guatambu em
camundongos
Realização de ensaios farmacológicos para verificar a influência do extrato
etanólico do guatambu na atividade do sistema nervoso central de
camundongos pelos testes de triagem farmacológica (teste geral de atividades
farmacológicas em camundongos) e pelo teste do campo aberto; potenciação
do sono por barbitúrico.
18
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Local do experimento
O experimento foi realizado no Departamento de Ciências Fisiológicas
do Instituto de Ciências Biológicas II (ICB II) da Universidade Federal de Goiás
(UFG), Campus Samambaia, no período de janeiro de 2012 a julho de 2012.
Previamente à execução das atividades, o projeto foi submetido à aprovação da
Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA-UFG) (n°84/12) e desenvolvido
seguindo as normas de bem-estar e biossegurança na experimentação animal
propostas pela Sociedade Brasileira de Ciência em Animais de Laboratório
(SBCAL) e pelo CONCEA (Conselho Nacional de Controle de Experimentação
Animal).
4.2 Descrição dos animais
Foram utilizados camundongos (Mus muscullus), linhagem Swiss
(variedade albino), machos e fêmeas (nulíparas e não grávidas), saudáveis,
adultos e com peso corporal entre 20 e 40g, com aproximadamente três meses de
idade, doados pelo biotério de criação da Indústria Química de Goiás (IQUEGO).
Os animais passaram por um período de aclimatação de sete dias antes do início
do experimento para a certificação do estado de higidez, comportamento e hábitos
alimentares e fisiológicos normais.
4.3 Alojamento e manejo dos animais
Os animais foram mantidos em caixas de polipropileno com tampa em
aço inox, com ração comercial balanceada para roedores e água, fornecidas à
vontade, sendo que a iluminação da sala foi mantida em um ciclo claro/escuro de
12h, a fase clara iniciada às 7h. Durante todo o experimento, os animais
permaneceram em sala com temperatura controlada de 23 ± 2°C. Os
camundongos foram mantidos nessas condições por um período de adaptação de
19
no mínimo sete dias antes do inicio de cada ensaio. Os animais foram mantidos no
Biotério do ICB II.
4.4 Material botânico
4.4.1 Obtenção do extrato
Foram realizadas coletas de Aspidosperma subincanum em janeiro de
2010. A espécie vegetal encontrava-se em 707 m; S 15º00´05,3 e W 49º58´27,7
na região de Nova América, no estado de Goiás. A identificação do material
coletado foi feito com auxílio de microscópio estereoscópico, chaves para
identificação e literatura especializada.
Do material coletado foram retiradas amostras da casca do caule para a
preparação do extrato etanólico no Laboratório de Farmacognosia da Faculdade
de Farmácia da UFG, conforme descrito por ALVES (2007). As cascas do caule
foram selecionadas e limpas com auxílio de escovas de cerdas rígidas para
remoção de sujidades e contaminações. O material limpo foi submetido à
dessecação em estufa de ventilação forçada, a 40ºC por 72 horas, seguida de
trituração em moinho de faca com granulação padronizada para granulometria de
60 mesch (0,25mm). O pó resultante da moagem foi armazenado em sacos de
papel, acondicionado em sacos de polietileno e mantido sob temperatura de -
20°C.
Em seguida, o material pulverizado foi misturado a etanol a 95%, na
proporção de 1:4 (p/v), sob agitação mecânica por 5 horas, sendo posteriormente
filtrado em papel de filtro qualitativo. O procedimento foi repetido com o mesmo
material, por três vezes, para garantir a extração máxima das substâncias. Em
seguida, os filtrados foram misturados. A solução extrativa foi submetida à
evaporação em rotaevaporador a 40 ºC sob pressão reduzida até a remoção do
solvente, resultando o extrato etanólico bruto da casca de guatambu (FERRI,
1996), que foi então, armazenado entre 4 °C e 6 °C e protegido da luz em frasco
âmbar de boca larga. O extrato etanólico foi diluído em solução de cloreto de sódio
20
a 0,9% de acordo com as doses previstas para os diferentes testes, considerando
a capacidade gástrica dos camundongos de 1mL para cada 100 gramas.
4.5 Ensaios toxicológicos
4.5.1 Determinação da toxicidade aguda dose única
Os camundongos (n=6) foram alocados em dois grupos, nominados
grupo teste (GT) e grupo controle (GC), cada um contendo três fêmeas. Para
acompanhamento da evolução da intoxicação, os animais foram marcados, a
partir da base da cauda, com número de traços feitos com uma caneta marcadora
permanente correspondente aos números ordinais de um a três. Os animais de
GT receberam, por gavagem, uma dose única de extrato etanólico na quantidade
de 1 mL/100g de peso, correspondendo a uma dose de 300 mg/kg, como
preconizado pelo protocolo experimental Guideline 423 da OECD (OECD, 2001),
para o teste de toxicidade oral aguda (Figura 2). Os animais de GC receberam via
gavagem, em dose única, 1 mL/100g de peso de solução de cloreto de sódio
0,9%. Os animais foram privados da alimentação por duas horas antes do início
do experimento e por mais duas horas após a administração do extrato etanólico e
da solução de cloreto de sódio 0,9%. A água foi oferecida ad libitum até termino
dos experimentos. O período total de observação após administração da dose
única foi de 14 dias.
A toxicidade aguda em dose única no GC e no GT foi avaliada pelos
seguintes parâmetros:
a) Screening Hipocrático
A avaliação das alterações comportamentais nos animais baseou-se no
screening hipocrático, que considera os seguintes critérios comportamentais:
atividade geral; motilidade; frequência cardíaca; piloereção; exoftalmia; lamber
patas; hipnose; coçar focinho; morder cauda; convulsão clônica/tônica; tremores
21
finos/grosseiros; sialorréia; ereção da cauda (straub); tremor da cauda; sedação;
catatonia; analgesia; anestesia; perda do reflexo corneano; diâmetro pupilar;
lacrimação; ataxia; palidez, cianose e hiperemia na orelha; poliúria ou oligúria e
alteração na coloração da urina; além de outros efeitos como aumento da
defecação, presença de diarréia, contorção, reação de fuga, agressividade e
vocalização (frêmito vocal), aperto da cauda, força para agarrar, hipotermia e
morte.
As observações foram realizadas conforme as recomendações de
MALONE & ROBICHAUD (1983), após a administração dos compostos nos
seguintes momentos: cinco minutos, 10 minutos, 20 minutos, 30 minutos, 60
minutos, 2h, 4h, 6h, 12h e 24h e a partir de então, diariamente, até o 14º dia.
b) Avaliação ponderal
Os animais foram pesados em balança semi-analítica antes da
administração do extrato ou solução fisiológica (M0d), após sete dias (M7d) e ao
final de 14 dias (M14d) após exposição. De posse dos dados, foi calculado o peso
médio dos animais.
c) Exames hematológicos e bioquímicos séricos
Para a execução destes exames foram colhidos de cada animal, no 14º
dia, amostras de 1 mL de sangue, por punção cardíaca, usando-se seringa de 1
mL. O sangue foi então transferido para tubos a vácuo, descartáveis, contendo
ácido etilenodiaminotetracético (EDTA). As amostras foram homogeneizadas por
inversão, identificadas e armazenadas a 4°C até o processamento.
O hemograma, que consistiu na avaliação dos seguintes parâmetros:
número total de eritrócitos, hematócrito, índices hematimétricos (volume
corpuscular médio - VCM, hemoglobina corpuscular média - HCM e a
concentração de hemoglobina corpuscular média - CHCM); a contagem total de
leucócitos e a contagem de plaquetas foram executados em analisador
22
hematológico automatizado. Para a contagem diferencial de leucócitos foi
realizado um esfregaço sanguíneo e feita a leitura da lâmina em microscópio
óptico, em aumento de 100x.
Após a realização do hemograma as amostras foram centrifugadas por
cinco minutos a 3.000 rpm para obtenção do plasma. As amostras de plasma
foram separadas em microtubos de polipropileno de 1,5 ml e armazenadas a -
20°C até o momento de realização das provas bioquímicas: mensuração da
atividade sérica de alanina aminotransferase (ALT) e aspartato aminotransferase
(AST) e valores de ureia e creatinina. A determinação da atividade sérica de AST
e ALT foi realizada em ensaio cinético pelo método ultravioleta. A ureia foi dosada
por meio de método enzimático-colorimétrico, por reação com a urease. A
creatinina foi determinada em método cinético, por reação com picrato alcalino. As
dosagens plasmáticas foram realizadas em analisador bioquímico automatizado
empregando-se reagentes comerciais padronizados.
Todos os exames foram conduzidos no Laboratório Multiusuário do
Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da EVZ/UFG.
d) Determinação da DL50 Mediana
A DL50 Mediana foi avaliada de acordo protocolo experimental Guideline
423 da OECD (OECD, 2001), que determina o valor conforme a dose empregada
do provável agente tóxico e o número de animais mortos, como apresentado na
Figura 2.
e) Avaliação anatomohistopatológica
No décimo quarto dia, os animais sobreviventes foram anestesiados
com uma associação de xilazina 2% (1mL) e cetamina 10% (0,5mL) diluídas em
solução de cloreto de sódio 0,9% (8,5 mL), aplicada por via intraperitoneal, na
quantidade de 0,1mL/10g, conforme protocolo sugerido pelo Comitê de Ética em
Experimentação Animal (CETEA) da Universidade Federal de Minas Gerais
23
(UFMG). Após certificação da anestesia, os animais foram submetidos à eutanásia
por deslocamento cervical.
Imediatamente após a eutanásia, procedeu-se a remoção e a análise
macroscópica do encéfalo para fixação em formalina tamponada 10%. O tecido foi
mantido na mesma solução por 30 dias quando se realizou o processamento
laboratorial com vistas ao exame microscópico recomendado pelo protocolo
experimental Guideline 423 da OECD (OECD, 2001).
Para a realização do exame microscópio, foi feito corte sagital mediano
de 1 cm de espessura do encéfalo, em que era possível observar desde o bulbo
olfatório até a medula oblonga e início da medula espinhal. As amostras foram
processadas no Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade Federal de
Goiás, Campus Jataí, e consistiu de desidratação em séries crescentes de etanol
(70-100%), diafanização em xilol, seguido de inclusão em parafina histológica. Os
blocos de inclusão foram seccionados, em micrótomo convencional, em uma
espessura de 3,0 µm e os cortes obtidos foram submetidos ao processo de
coloração tradicional pela técnica da hematoxilina e eosina para serem
examinados em microscópio óptico quanto à presença de alterações
degenerativas, evidências de necrose e sinais de inflamação, e fotodocumentação
das eventuais alterações.
4.5.2 Determinação da toxicidade subcrônica em dose fixa
Para a avaliação da toxicidade subcrônica do extrato etanólico da casca
do caule de guatambu foi utilizada a metodologia descrita no Guia 407 das
diretrizes da OECD (OECD, 1999).
Neste teste, os camundongos (n=40) foram alocados em oito grupos,
nominados grupo teste 75 (GT75), grupo teste 150 (GT150), grupo teste 300 (GT300)
e grupo controle (GC), sendo cinco machos e cinco fêmeas nulíparas e não
grávidas, com aproximadamente 3 meses de idade e média de peso entre 25 e
40g em cada grupo. Os grupos GT75, GT150 e GT300 receberam extrato etanólico
da casca do caule de guatambu diluído em solução de cloreto de sódio 0,9%, via
24
gavagem. A quantidade foi de 1 mL/100g de peso, correspondente a 75 mg/kg,
150 mg/kg e 300 mg/kg, respectivamente, diariamente, durante 28 dias. Ajustes na
quantidade administrada foram realizados conforme o ganho de peso de modo a
garantir as doses fixadas para cada grupo. Os animais de GC receberam via
gavagem, 1 mL/100g de peso de solução de cloreto de sódio 0,9%, durante os 28
dias.
A toxicidade subcrônica foi analisada pelos mesmos parâmetros
empregados na avaliação da toxicidade aguda dose única, sem alteração na
metodologia. Contudo, acrescentou-se a análise do peso relativo do encéfalo
(peso do órgão (g)/peso do animal(g)), após a eutanásia, conforme proposto pelo
Guia 407 das diretrizes da OECD (OECD, 1999).
4.6 Ensaios farmacológicos
Os ensaios farmacológicos obedeceram à seguinte sequência: triagem
farmacológica (screening comportamental), teste do campo aberto e teste de
tempo de sono induzido por barbitúrico.
Nestes testes foi realizado o monitoramento de comportamentos, que
na maioria das vezes são exibidos normalmente pelos animais, de forma que
qualquer alteração no padrão normal de comportamento pode ser sugestiva de
atividade no SNC (ALMEIDA et al., 1999).
4.6.1 Triagem farmacológica
a) Teste geral de atividades farmacológicas em camundongos
Os camundongos foram alocados em três grupos, constituído por 4
animais cada, para admistração, via oral, via subcutânea e via intraperitoneal,
denominados GVO, GSC e GIP, respectivamente, de extrato etanólico de guatambu.
Dentro dos grupos, realizou-se a administração das doses de 125 mg/kg, 250
25
mg/kg, 500 mg/kg de extrato etanólico de guatambu, em dose única, em diferentes
animais. Para o grupo controle foi utilizado a solução de cloreto de sódio 0,9%.
Após a administração do extrato os animais foram observados quanto a
alterações no sistema nervoso autônomo (simpático e parassimpático) nos cinco
minutos (M5m), 10 minutos (M10m), 20 minutos (M20m), 30 minutos (M30m), 60
minutos (M60m), quatro horas (M4h), oito horas (M8h), 24 horas (M24h), 48 horas
(M48h), quatro dias (M4d) e sete dias (M7d). Os parâmetros observados que indicam
a estimulação do sitema nervoso autônomo são: aumento de motilidade, aumento
de frequência respiratória, piloereção, exoftalmia, movimentos estereotipados
(lamber patas, coçar focinho, morder cauda), convulsão, tremores finos, tremores
grosseiros, sialorréia, fasciculações, midríase, ereção de cauda, tremores de
cauda, diâmetro pupilar. Os parâmetros que indicam a depressão do sistema
nervoso autônomo são: diminuição de motilidade, diminuição de frequência
respiratória, sedação, catatonia, ptose palpebral, analgesia, anestesia, perda do
reflexo corneano, diminuição do diâmetro pupilar, ataxia, dispneia, passividade,
alienação ambiental, diminuição do tônus dorsal, perda da preensão da pata,
paralisia do trem posterior. Outros efeitos tais como palidez, cianose e hiperemia
de orelha; coloração da urina; diarreia, contorção, reação de fuga, agressividade e
chiados foram também avaliados.
No sétimo dia, todos os animais foram anestesiados conforme protocolo
sugerido pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal (CETEA) da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e, após certificação da anestesia,
submetidos à eutanásia por deslocamento cervical.
4.6.2 Avaliação da atividade no sistema nervoso central
a) Teste do campo aberto
Os camundongos foram alocados em quatro grupos, GCAC, GCA125,
GCA250, e GCA500 constituído por 10 animais cada, para administração via oral, de
extrato etanólico de guatambu nas seguintes doses de 125 mg/kg, 250 mg/kg e
26
500 mg/kg, respectivamente, preparado imediatamente antes do uso. Foi
administrado solução de cloreto de sódio 0,9% para o grupo controle.
Trinta minutos após a administração, os animais, individualmente, foram
colocados no centro da arena do campo aberto circular construído com paredes
de acrílico transparente de 5 mm e base de 30 cm de diâmetro feita de madeira
revestida por laminado de PVC autoadesivo e demarcada de modo a formar um
campo com oito áreas. Ao longo de um período de 5 minutos, os comportamentos
dos camundongos foram registrados por uma filmadora digital para posterior
análise. Os animais tiveram o desempenho avaliado nos seguintes parâmetros:
número de quadrados percorridos; tempo imobilizado (freezing); número de auto-
limpezas (grooming); e número de elevações do corpo sobre os membros pélvicos
(rearing). A defecação foi avaliada quanto ao número de pellets fecais evacuados
pelo animal durante a sessão experimental conforme proposto por AZEVEDO
(2005).
b) Potenciação do sono por barbitúrico
Após a realização do teste de campo aberto, os animais de GC, GT125,
GT250, e GT500 receberam pentobarbital sódico, na dose de 30 mg/kg por via
intraperitoneal. Foram avaliados o tempo de indução do sono (latência), que
corresponde ao período da aplicação do fármaco até a perda do reflexo postural e
o tempo de duração do sono, que compreende o intervalo de tempo entre a perda
do reflexo postural e a sua recuperação. O tempo de latência foi considerado
como parâmetro da atividade depressora central, expresso em minutos, conforme
proposto por (GONZALES-TRUJANO et al., 1998).
4.7 Análise estatística
A comparação entre os tratamentos foi feita pelo teste não paramétrico
de Kruskal-Wallis, seguido pelo teste de Student-Newman-Keuls para comparação
entre os grupos estatisticamente diferentes. As variáveis analisadas foram
expressas em média ± desvio padrão.
27
5 RESULTADOS
5.1 Determinação da toxicidade aguda dose única
5.1.1 Screening Hipocrático
Na avaliação aguda do extrato etanólico da casca do caule de
Aspidosperma subincanum em camundongos Swiss fêmeas na dose de 300
mg/kg, dose única, observadas durante 14 dias não houve morte de animais. Em
face de tal situação, realizou-se a repetição do procedimento na dose de
300mg/kg e como houve a confirmação do resultado obtido após a administração
da primeira dose de 300 mg/kg, empregou-se a dose de 2000 mg/kg conforme
orientação do protocolo experimental Guideline 423 da OECD (OECD, 2001)
apresentado na Figura 2. As variáveis, tremor fino, diminuição de motilidade e
movimentos estereotipados foram os parâmetros que se apresentaram nos
animais expostos à dose de 300 mg/kg (Quadro 1).
Os camundongos de GC mantiveram-se em condições normais ao
longo do período observacional.
O tremor fino, diminuição de motilidade, convulsão e morte foram os
parâmetros observados na intoxicação por 2000 mg/kg. Aos 10 minutos após
gavagem, um camundongo apresentou tremor fino e diminuição de motilidade aos
15 minutos, sendo que aos 20 minutos apresentou convulsão. Já um segundo
camundongo apresentou diminuição de motilidade, tremor fino e convulsão após
nove minutos da gavagem e morte aos 14 minutos. No terceiro camundongo foi
observado presença de diminuição de motilidade, tremor fino e convulsão aos oito
minutos e morte aos 22 minutos após a gavagem.
28
QUADRO 1 - Evolução cronológica de sinais de intoxicação aguda pelo extrato
etanólico da casca do caule de Aspidosperma subincanum na dose
única de 300 mg/kg, via oral, em camundongos fêmeas Swiss (C1,
C2 e C3) e a repetição (C1', C2' e C3'). Goiânia, 2012.
VARIÁVEL ANIMAL
TEMPO APÓS ADMINISTRAÇÃO (300 mg/kg)
MINUTOS HORAS
5 10 20 30 1 2 4 6 12 24
Tremor Fino
C1
+
C2
C3
C1'
C2'
C3'
+
Diminuição da Motilidade
C1
+
+ +
C2 + +
+ + +
C3
+
+ + + +
C1'
+ + +
C2'
+ + + +
C3'
+ + +
Movimentos Estereotipados
(coçar focinhos)
C1
C2
+
+
C3
C1'
+ +
+
C2'
+
C3'
+
5.1.2 Avaliação ponderal
Os resultados obtidos nas doses de 300 mg/kg demonstraram que o
extrato administrado pela via oral não interferiu no desenvolvimento ponderal dos
animais em M0d, M7d e M14d em GT. Quando GT foi comparado com GC, não
foram observadas diferenças significativas nos diferentes tempos considerados.
Por não ter ocorrido óbito em GT com o uso de 300 mg/kg, o teste foi repetido com
a dose de 2000 mg/kg, conforme preconizado pelo protocolo experimental
Guideline 423 da OECD (OECD, 2001). Do mesmo modo, não foram observadas
diferenças significativas nesse parâmetro em GT na dose de 2000 mg/kg dentro
do grupo e em comparação ao GC. Os resultados obtidos para as duas doses
estão apresentados na Tabela 1.
29
TABELA 1 - Média e desvios padrão dos pesos corporais (gramas) de
camundongos Swiss fêmeas (n=3) tratados via oral com 300
mg/kg e 2000 mg/kg de extrato etanólico da casca do caule de
Aspidosperma subincanum antes da exposição (M0d), sete (M7d) e
quatorze (M14d) dias após exposição.
Momento Grupos
p* Controle 300 mg/kg 2000 mg/kg
M0d 33,80 ± 5,71 33,07 ± 5,38 35,27 ± 4,92 0,676
M7d 33,94 ± 5,96 34,08 ± 5,15 38,30 ± 0,00 0,897
M14d 35,07 ± 6,77 35,01 ± 5,46 39,50 ± 0,00 0,796 *Teste Kruskall-Wallis
5.1.3 Exames hematológicos e bioquímicos séricos
O tratamento com extrato etanólico da casca do caule de guatambu, na
dose de 300 mg/kg e 2000 mg/kg, não induziu modificações nos parâmetros do
eritrograma e plaquetograma dos camundongos quando comparados aos animais
de GC. Os resultados obtidos para as duas doses encontram-se na Tabela 2.
TABELA 2 - Eritrograma e plaquetograma (média ± desvio padrão) de
camundongos Swiss fêmeas (n=3) tratadas com 300 e 2000
mg/kg de extrato etanólico da casca do caule de Aspidosperma
subincaum, administrado por via oral, dose única e com solução
de cloreto de sódio 0,9% (GT). Goiânia, 2012.
PARÂMETROS GRUPOS
p* Controle 300 mg/kg 2000 mg/kg
Hemácias (x106/µL) 6,86 ± 0,74 7,63 ± 0,74 6,52 ± 1,33 0,300
Hematócrito (%) 33,07 ± 2,14 33,8 ± 2,88 30,4 ± 4,68 0,559
Hemoglobina (g/dL) 11,25 ± 1,33 12,12 ± 2,25 10,8 ± 2,19 0,633
VCM (fL) 47,73 ± 2,84 44,42 ± 2,60 47,03 ± 2,67 0,189
HCM (g/dL) 16,35 ± 0,80 15,72 ± 1,46 16,53 ± 0,11 0,819
CHCM (pg) 34,48 ± 3,03 35,64 ± 4,52 35,30 ± 1,97 0,763
Plaquetas(/µL) 409,83 ± 75,50 410,6 ± 214,69 531,00 ± 13,11 0,217
* Teste Kruskall-wallis
30
A contagem total e diferencial de leucócitos no teste agudo não
apresentou variações significativas entre os diferentes grupos (Tabela 3).
A análise dos resultados das provas bioquímicas determinadas para
avaliar função renal e hepática dos animais na toxicidade aguda, nas doses de
300 mg/kg e 2000 mg/kg, demonstrou não haver diferença entre os grupos
tratados com o extrato etanólico de guatambu e, entre os mesmos e o grupo
controle (Tabela 4).
TABELA 3 - Valores médios do leucograma (média ± desvio padrão) em
camundongos Swiss fêmeas (n=3) tratadas com extrato etanólico
da casca do caule de Aspidosperma subincanum na dose de 300
mg/kg e 2000 mg/kg, via oral, dose única e com solução de cloreto
de sódio 0,9% (GT). Goiânia, 2012.
PARÂMETROS GRUPOS
p* Controle 300 2000
Leucócitos (/µL) 2050,00 ± 1532,00 2825,00 ± 830,20 3500,00 ± 2971,50 0,883
Bastonetes(/µL) 5,33 ± 13,06 19,00± 34,70 0 ± 0 0,720
Segmentados (/µL) 439,83 ± 356,18 467,00 ± 253, 46 415,30 ± 244,84 0,895
Eosinófilos (/µL) 10,83 ± 18,83 119,60 ± 83,30 170,30 ± 271,14 0,138
Linfócitos (/µL) 2027,50 ± 815,40 2685,60 ± 1472,20 2406,30 ± 1741,43 0,759
Monócitos (/µL) 466,50 ± 485,13 506,25 ± 36,75 508,00 ± 755,34 0,270
* Teste Kruskall-wallis
TABELA 4 - Valores médios da dosagem sérica (média ± desvio padrão) de AST,
ALT, ureia e creatinina em camundongos Swiss fêmeas (n=3)
tratadas com extrato etanólico da casca do caule de Aspidosperma
subincanum na dose de 300 mg/kg e 2000 mg/kg, via oral, dose
única e com solução de cloreto de sódio 0,9% (GT). Goiânia, 2012.
PARÂMETROS GRUPOS
p* Controle 300 mg/kg 2000 mg/kg
AST (UI/L) 314, 18 ± 300,22 325,91 ± 221,75 763,90 ± 352,39 0,141
ALT (UI/L) 93,96 ± 140,70 54,72 ± 29,90 136, 85 ± 72,46 0,278
Ureia (mg/dL) 69,43 ± 9,29 68,08 ± 20,30 56,80 ± 7,59 0,188
Creatinina (mg/dL) 0,46 ± 0,10 0,57 ± 0,19 0,53 ± 0,23 0,576
* Teste Kruskall-wallis
31
5.1.4 Determinação da DL50 mediana
O extrato etanólico da casca do caule de guatambu foi considerado
tóxico de acordo com o método de classes preconizado pela OECD 423 (OECD,
2001), pois foi classificado na categoria 4 do GSH (Global System Harmonized) e
apresentou a DL50 igual a 1000 mg/kg (Figura 2).
5.1.5 Avaliação anatomohistopatológica
Não foram observadas alterações relacionadas ao tratamento com
extrato etanólico da casca do caule de guatambu para a toxicidade aguda, tanto
ao exame macroscópico quanto histopatológico dos encéfalos, sendo que os
tecidos apresentaram-se morfologicamente normais e semelhantes entre o grupo
controle e os animais tratados com o extrato etanólico de guatambu nas doses de
300mg/kg e 2000 mg/kg.
5.2 Toxicidade subcrônica dose fixa
5.2.1 Screening Hipocrático
Os sinais associados à intoxicação subcrônica, dose fixa, do extrato
etanólico da casca do caule de Aspidosperma subincanum em camundongos
Swiss, fêmeas e machos, em GT75, GT150 e GT300, via oral, ao longo de 28 dias de
observação estão apresentados, respectivamente, nos Quadros 2, 3 e 4. Os
animais de GC apresentaram-se em condições normais ao longo do período
observacional.
32
QUADRO 2 - Evolução cronológica de sinais de intoxicação subcrônica pelo
extrato etanólico da casca do caule de Aspidosperma subincanum,
via oral na dose de 75 mg/kg, em camundongos Swiss fêmeas
(CF) e camundongos Swiss machos (CM) (n=5) durante 28 dias e
com solução de cloreto de sódio 0,9% (GT). Goiânia, 2012.
GT75 PERÍODO DE OBSERVAÇÃO (DIAS)
1 4 5 6 7 9 10 11 12 13 15 17 18 19 20 21 23 24 25 26 27 28
CF1
CF2 6 6 6 6
CF3
CF4
CF5
CM1 6
CM2 6 6 6 6 6
CM3 6 6
CM4 6 6 6 6
CM5 6 6 6 6 6 6
Legenda: Diminuição de motilidade – 6 CF – camundongo fêmea; CM – camundongo macho
QUADRO 3 - Evolução cronológica de sinais de intoxicação subcrônica pelo
extrato etanólico da casca do caule de Aspidosperma subincanum,
via oral na dose de 150 mg/kg, em camundongos Swiss fêmeas
(CF) e camundongos Swiss machos (CM) (n=5) durante 28 dias e
com solução de cloreto de sódio 0,9% (GT). Goiânia, 2012.
GT150 PERÍODO DE OBSERVAÇÃO (DIAS)
1 4 5 6 7 9 10 11 12 13 15 17 18 19 20 21 23 24 25 26 27 28
CF1 4 7
CF2 6 6 6 6 6 10 4,6
CF3 6
CF4 6 6 6 6 6
CF5 9
CM1 6 10 10
CM2
CM3 5,9
CM4 6 6 6 6 1,2,3,
5,6,8 5,9
CM5 6 6 6 10 7 6
Legenda: Andar rígido – 1; Cauda levantada – 2; Chiado – 3; Coçar focinho – 4; Convulsão – 5; Diminuição de motilidade – 6; Espasmos – 7; Mioclonia – 8; Morte – 9; Imobilidade – 10. CF – camundongo fêmea; CM – camundongo macho
33
QUADRO 4 - Evolução cronológica de sinais de intoxicação subcrônica pelo
extrato etanólico da casca do caule de Aspidosperma subincanum,
via oral na dose de 300 mg/kg, em camundongos Swiss fêmeas
(CF) e camundongos Swiss machos (CM) (n=5) durante 28 dias e
com solução de cloreto de sódio 0,9% (GT). Goiânia, 2012.
GT300 PERÍODO DE OBSERVAÇÃO (DIAS) – DOSE 300 mg/kg
1 4 5 6 7 9 10 11 12 13 15 17 18 19 20 21 23 24 25 26 27 28
CF1 6 4 6 9
CF2
CF3 9
CF4 6 5,9
CF5 6 6 6 5,9
CM1 6
CM2 6 6 6 6 6 6 10 6
CM3 6 6 6 6 10
CM4 6 6 6 10
CM5 3,10 6
Legenda: Andar rígido – 1; Cauda levantada – 2; Chiado – 3; Coçar focinho – 4; Convulsão – 5; Diminuição de motilidade – 6; Espasmos – 7; Mioclonia – 8; Morte – 9; Imobilidade – 10. CF – camundongo fêmea; CM – camundongo macho
5.2.2 Avaliação ponderal
Os resultados referentes ao peso dos camundongos no GT75, GT150 e
GT300, para fêmeas e machos, estão apresentados na Tabela 5 e Tabela 6,
respectivamente. Como é possível verificar, embora tenha se observado uma
tendência de aumento de peso corpóreo nos animais dos grupos testes, esse
parâmetro não teve diferença significativa quando comparados aos grupos
controle.
TABELA 5 - Média e desvios padrão dos pesos corporais (gramas) de
camundongos Swiss fêmeas (n=5) de GT75, GT150 e GT300,
tratados com extrato etanólico da casca do caule de
Aspidosperma subincanum antes da exposição (M0d), sete (M7d),
quatorze (M14d), vinte e um (M21d) e vinte e oito (M28d) dias após
exposição.
MOMENTO GRUPOS
p* GC GT75 GT150 GT300
M0d 29,72 ± 2,57 28,43 ± 2,30 28,32 ± 2,54 27,94 ± 1,16 0,773
M7d 30,40 ± 2,56 30,66 ± 2,26 29,55 ± 2,22 29,58 ± 0,66 0,802
M14d 31,46 ± 2,51 31,82 ± 1,69 29,45 ± 2,75 30,20 ± 0,00 0,243
M21d 33,40 ± 2,22 32,54 ± 2,04 30,50 ± 2,40 32,80 ± 0,00 0,153
M28d 34,40 ± 1,88 35,10 ± 2,59 33,14 ± 3,15 35,05 ± 0,00 0,649
* Teste Kruskall-wallis
34
TABELA 6 - Média e desvios padrão dos pesos corporais (gramas) de
camundongos Swiss machos (n=5) de GT75, GT150 e GT300, tratados com extrato
etanólico da casca do caule de Aspidosperma subincanum antes da exposição
(M0d), sete (M7d), quatorze (M14d), vinte e um (M21d) e vinte e oito (M28d) dias após
exposição.
MOMENTO GRUPOS
p* GC GT75 GT150 GT300
M0d 37,30 ± 3,60 31,00 ± 3,04 34,20 ± 2,95 34,30 ± 3,60 0,100
M7d 38,50 ± 5,26 32,60 ± 3,77 37,00 ± 4,60 37,30 ± 2,95 0,265
M14d 40,60 ± 5,26 33,40 ± 4,81 37,30 ± 4,66 38,70 ± 3,15 0,169
M21d 40,00 ± 4,55 35,10 ± 5,63 39,50 ± 4,27 40,50 ± 2,23 0,327
M28d 42,20 ± 4,02 34,20 ± 5,95 41,20 ± 3,76 42,30 ± 5,08 0,115
* Teste Kruskall-wallis
5.2.3 Exames hematológicos e bioquímicos séricos
Os parâmetros do eritrograma e plaquetograma dos camundongos
Swiss, fêmeas e machos, em GT75, GT150 e GT300 associados à intoxicação
subcrônica do extrato etanólico da casca do caule de Aspidosperma subincanum,
ao longo de 28 dias de tratamento estão apresentados, respectivamente, nas
Tabelas 7 e 8. Os animais de GC apresentaram-se em condições normais ao
longo do período observacional.
O tratamento com extrato etanólico da casca do caule de guatambu, de
forma geral, não induziu modificações nos parâmetros hematológicos analisados
dos camundongos machos quando comparados aos animais controle. Já para os
valores advindos do teste de toxicidade subcrônica em camundongos fêmeas
houve diferença no hematócrito entre o grupo que recebeu a maior dose do
extrato e o grupo controle e também entre o grupo que recebeu a menor dose (75
mg/kg) e o que recebeu a maior dose (300 mg/kg) do extrato. O HCM também
apresentou diferença para as fêmeas da toxicidade subcrônica que receberam a
maior dose do extrato e o grupo controle, e também entre o grupo que recebeu a
maior dose com o grupo que recebeu a dose intermediária de 150 mg/kg.
35
TABELA 7 - Eritrograma e plaquetograma (média ± desvio padrão) de
camundongos Swiss fêmeas (n=5) de GT75, GT150 e GT300 tratados com extrato
etanólico da casca do caule de Aspidosperma subincaum, via oral, e com solução
de cloreto de sódio 0,9% (GT) 28 dias consecutivos. Goiânia, 2012.
PARÂMETROS GRUPOS
p* GC GT75 GT150 GT300
Hemácias (x106/µL) 6,94 ± 0,25 6,26 ± 0,92 6,67 ± 0,79 7,77 ± 0,34 0,067
Hematócrito (%) 30,88 ± 0,69 a 27,14 ± 2,99
a 29,80 ± 3,37
ab 34,90 ± 5,37
b 0,024
Hemoglobina (g/dL) 11,76 ± 0,30 10,18 ± 1,34 11,32 ± 1,36 12,27 ± 0,74 0,094
VCM (fL) 44,36 ± 1,55 43,72 ± 1,80 44,32 ± 0,82 44,90 ± 5,74 0,850
HCM (g/dL) 17,20 ± 0,90 b 16,22 ± 0,41
ab 16,77 ± 0,20
b 15,73 ± 0,60
a 0,022
CHCM (pg) 36,22 ± 4,75 37,30 ± 1,38 37,80 ± 0,59 35,63 ± 5,40 0,788
Plaquetas(/µL) 459,40 ± 91,08 189,00 ± 191,97 300,50 ± 260,62 585,30 ± 277,44 0,185
* Teste Kruskall-wallis - Letras diferentes na mesma linha significam diferença estatística pelo teste Student-
Newman-Keuls (p< 0,05).
TABELA 8 - Eritrograma e plaquetograma (média ± desvio padrão) de
camundongos Swiss adultos machos (n=5) de GT75, GT150 e GT300
tratados com extrato etanólico da casca do caule de
Aspidosperma subincaum, administrado por via oral, dose única e
com solução de cloreto de sódio 0,9% (grupo controle) durante 28
dias consecutivos Goiânia, 2012.
PARÂMETROS GRUPOS
p* GC GT75 GT150 GT300
Hemácias (x106/µL) 6,20 ± 0,80 6,50 ± 0,56 6,70 ± 0,63 7,48 ± 0,45 0,065
Hematócrito (%) 25,25 ± 4,14 27,5 ± 2,86 29,72 ± 0,84 30,86 ± 1,21 0,064
Hemoglobina (g/dL) 10,20 ± 1,17 10,22 ± 1,44 10,65 ± 1,38 12,02 ± 0,66 0,086
VCM (fL) 43,42 ± 0,98 42,46 ± 2,15 44,75 ± 4,74 41,38 ± 1,33 0,311
HCM (g/dL) 16,42 ± 0,39 15,66 ± 0,95 15,82 ± 0,96 16,02 ± 0,5 0,468
CHCM (pg) 36, 97 ± 0,75 36,96 ± 2,72 35,85 ± 5,11 38,88 ± 0,82 0,134
Plaquetas(/µL) 42 425,00 ± 356,47 377,80 ± 133,43 379,00 ± 152, 47 403,80 ± 253,81 0,996
* Teste Kruskall-wallis
A contagem total e diferencial de leucócitos no teste subcrônico não
apresentou variações significativas entre os diferentes grupos (Tabelas 9 e 10)
36
TABELA 9 - Valores médios do leucograma (média ± desvio padrão) em
camundongos Swiss adultos fêmeas (n=5) de GT75, GT150 e GT300
tratados com extrato etanólico da casca do caule de
Aspidosperma subincaum, administrado por via oral, dose única e
com solução de cloreto de sódio 0,9% (grupo controle) durante 28
dias consecutivos Goiânia, 2012.
PARÂMETROS GRUPOS
p* GC GT75 GT150 GT300
Leucócitos (/µL) 2940,00 ± 1285,70 3280,00 ± 1149,8 7375,00 ± 6040,10 7483, 30 ± 2576,01 0,106
Bastonetes (/µL) 0 ± 0 26,50 ± 30,7 64,00 ± 78,40 100,30 ± 101,01 0,291
Segmentados (/µL) 377,60 ± 193,24 354,50 ± 286,6 784,50 ± 528,8 1321,3 ± 926,5 0,117
Eosinófilos (/µL) 118,00 ± 150,19 66,50 ± 100,28 98,00 ± 151,84 98, 66 ± 170,9 0,968
Linfócitos (/µL) 2162 ± 969,60 2544 ± 800,01 5358,25 ± 4185,2 5319,67 ± 3265,35 0,154
Monócito s(/µL) 282,40 ± 140,37 333,5 ± 215,06 670,25 ± 450,82 643,30 ± 604,24 0,350
* Teste Kruskall-wallis
TABELA 10 - Valores médios do leucograma (média ± desvio padrão) em
camundongos Swiss adultos machos (n=5) de GT75, GT150 e GT300
tratados com extrato etanólico da casca do caule de Aspidosperma
subincaum, administrado por via oral, dose única e com solução de
cloreto de sódio 0,9% (grupo controle) durante 28 dias
consecutivos Goiânia, 2012.
PARÂMETROS GRUPOS
p* GC GT75 GT150 GT300
Leucócitos (/µL) 3575,00 ± 512,35 4120,00 ± 1386,36 4825,00 ± 994, 57 3980,00 ± 1349,80 0,529
Bastonetes (/µL) 30,40 ± 67, 98 37,20 ± 83,18 112,00 ± 224,00 12,4 0 ± 27,72 0,991
Segmentados (/µL) 599,50 ± 199,37 766,00 ± 404,32 591,00± 229,95 663,20 ± 316,24 0,842
Eosinófilos (/µL) 73,60 ± 93,52 82,40 ± 113,90 127,00 ± 110,96 24,80 ± 55,45 0,534
Linfócitos (/µL) 2434,00 ± 471,67 2496,40 ± 976,24 3501,50 ± 604,56 2398,80 ± 823,20 0,196
Monócito s(/µL) 411,50 ± 73,65 738,00 ± 738,63 465,50 ± 132,32 893,20 ± 966,09 0,928
* Teste Kruskall-wallis
Não houve diferença significativa das avaliações das funções renal e
hepática de GT75, GT150 e GT300 em machos. Entretanto, nas fêmeas, observou-se
diferença significativa de AST entre os camundongos do grupo controle e os que
receberam a menor dose e também dose intermediária. Além deste parâmetro,
37
também apresentaram diferença significativa de ALT entre os camundongos do
grupo controle e os que receberam a dose intermediária (Tabela 11 e 12).
TABELA 11 - Valores médios da dosagem sérica (média ± desvio padrão) de AST,
ALT, ureia e creatinina em camundongos Swiss adultos fêmeas
(n=5) de GT75, GT150 e GT300 tratados com extrato etanólico da
casca do caule de Aspidosperma subincaum, administrado por via
oral, dose única e com solução de cloreto de sódio 0,9% (grupo
controle) durante 28 dias consecutivos Goiânia, 2012.
PARÂMETROS GRUPOS
p* GC GT75 GT150 GT300
AST (UI/L) 94,1 ± 85,05 a 527,1 ± 139,7
b 598,4 ± 208,5
b 417,6 ± 63,6
ab 0,013
ALT (UI/L) 18,6 ± 20,7 a 54,7 ± 0,03
a 93,07 ± 36,75
b 63,8 ± 15,82
ab 0,011
Ureia (mg/dL) 29,3 ± 29,02 51,37 ± 8,6 51,7 ± 13,8 41,5 ± 4,5 0,180
Creatinina (mg/dL) 0,26 ± 0,3 0,45 ± 0,25 0,8 ± 0,49 0,6 ± 0,35 0,093
* Teste Kruskall-wallis - Letras diferentes na mesma linha significam diferença estatística pelo teste Student-
Newman-Keuls (p< 0,05).
TABELA 12 - Valores médios da dosagem sérica (média ± desvio padrão) de AST,
ALT, ureia e creatinina em camundongos Swiss adultos machos (n=5)
de GT75, GT150 e GT300 tratados com extrato etanólico da casca do
caule de Aspidosperma subincaum, administrado por via oral, dose
única e com solução de cloreto de sódio 0,9% (grupo controle)
durante 28 dias consecutivos. Goiânia, 2012.
PARÂMETROS GRUPOS
p* GC GT75 GT150 GT300
AST (UI/L) 495,00 ± 181,26 ab
588,15 ± 246,16 a 259,80 ± 15,30
b 299,40 ± 69, 69
b 0,047
ALT (UI/L) 54,72 ± 0,03 115,00 ± 91,64 54,72 ± 0,03 60,20 ± 12,24 0,054
Ureia (mg/dL) 117,30 ± 96,76 61,40 ± 15,25 63,00 ± 15,70 78,40 ± 12,70 0,171
Creatinina (mg/dL) 0,44 ± 0,22 0,52 ± 0,23 0,53 ± 0,30 0,48 ± 0,10 0,862
* Teste Kruskall-wallis
5.2.4 Avaliação anatomohistopatológica
À exemplo da intoxicação aguda, na análise macroscópica, do encéfalo
não foi observado qualquer alteração macro e microscópica relacionadas ao
tratamento com extrato etanólico da casca do caule de guatambu.
38
5.2.5 Avaliação dos índices dos órgãos
As médias relacionadas com o peso relativo dos encéfalos de
camundongos machos e fêmeas de GT75, GT150 e GT300 tratados com extrato
etanólico da casca do caule de Aspidosperma subincanum, administrado por via
oral, dose única estão apresentadas nas tabela 13. Não foram encontradas
diferenças estatisticamente significativas no peso relativo do encéfalo nos animais
de ambos os sexos tratados com o extrato etanólico de guatambu do GT75, GT150,
GT300 e GC.
TABELA 13 - Peso relativo do encéfalo (média ± desvio padrão) de camundongos
machos e fêmeas de GT75, GT150 e GT300 tratados com extrato
etanólico da casca do caule de Aspidosperma subincaum,
administrado por via oral, dose única e com solução de cloreto de
sódio 0,9% (grupo controle) durante 28 dias consecutivos. Goiânia,
2012.
PARÂMETROS GRUPOS
p* GC GT75 GT150 GT300
MACHOS 0,43 ± 0,03 0,44 ± 0,03 0,43 ± 0,00 0,44 ± 0,03 0,986
FÊMEAS 0,46 ± 0,03 0,48 ± 0,01 0,44 ± 0,02 0,45 ± 0,00 0,098
*Teste Kruskall-wallis
5.3 Triagem farmacológica
5.3.1 Teste geral de atividade farmacológica em camundongos
Observou-se que a dose de 500 mg/kg por via intraperitoneal causou a
morte de um animal após doze minutos. Esse mesmo animal apresentou
convulsão clônica, tremores grosseiros, fasciculações, diminuição da motilidade e
cianose nas patas nos primeiros cinco minutos de observação (Quadro 5). A
mesma dosagem aplicada por via subcutânea provocou diminuição de motilidade
aos 30 minutos após a administração do extrato, a qual manteve-se diminuída até
39
oito horas do início do experimento. No teste realizado via oral com a dose de 500
mg/kg, os animais submetidos ao tratamento apresentaram diminuição da
resposta ao toque e diminuição de motilidade.
QUADRO 5 - Relação entre as doses, via de aplicação e tempo em que se
manifestaram contorção, motilidade, convulsão clônica, tremores
grosseiros, fasciculações e cianose da orelha/pata em
camundongos submetidos a administração de 125, 250 e 500
mg/kg de extrato etanólico de Aspidosperma subincanum.
Goiânia, 2012.
Dose/Via de acesso Parâmetros
Tempo após a administração
Minutos Horas Dias
5 10 20 30 60 4 8 24 2 4 7
125 mg/kg IP contorção X X X
250 mg/kg IP < motilidade X
250 mg/kg SC < motilidade X
500 mg/kg IP
convulsão clônica X
tremores grosseiros X
fasciculações X
< motilidade X
cianose orelha/pata X
500 mg/kg SC < motilidade X X X X
500 mg/kg VO < motilidade X
Legenda: IP – intraperitoneal; SC – subcutâneo; VO – via oral
Na dose intermediária, 250 mg/kg via intraperitoneal, observou-se
diminuição da motilidade após quatro horas da administração do extrato. A mesma
dose por via subcutânea causou diminuição da motilidade após 60 minutos,
enquanto pela via oral não se verificou alteração comportamental. Na menor dose
administrada, 125 mg/kg via intraperitoneal, constatou-se contorção aos cinco
40
minutos, meia hora e uma hora. Esta concentração administrada via subcutânea e
oral não causou alteração de comportamento.
5.3.2 Teste do campo aberto
No concernente ao número de quadrados invadidos no centro,
observou-se diferença significativa entre o GC e o GT500 e entre o GT125 em
relação ao GT500. Quanto ao número de quadrados invadidos na periferia,
verificou-se também diferença entre o GC e o GT500 e entre o GT125 e o GT500. O
número de levantadas dos camundongos também apresentou diferença entre o
GC e o GT250 e o GT500 e também entre o GT125 e o GT500. O tempo de imobilidade
houve diferença entre o GC e o GT500. Não houve alterações no número de bolos
fecais nem no número de auto-limpeza. Os valores obtidos para os parâmetros
analisados nos diferentes grupos e comparação entre os grupos estão
apresentados na Tabela 14.
TABELA 14 - Análise comparativa dos valores (média ± desvio padrão) dos
parâmetros do teste de campo aberto obtidos no GCAC, GCA125,
GCA250 e GCA500. Goiânia, 2012.
PARÂMETRO GCAC GCA125 GCA250 GCA500 p*
N° de quadrados centro 9,6 ± 6,14 a 7,6 ± 3,60
a 5,5 ± 3,31
ab 3,5 ± 3,57
b 0,026
N° de quadrados periferia 18,1 ± 9,46 a 26,6 ± 18,97
a 17,1 ± 12,37
ab 8,8 ± 9,35
b 0,030
N° de quadrados invadidos 27,7 ± 11,90 a 34,2 ± 21,75
a 22,6 ± 14,17
ab 12,3 ± 11,82
b 0,014
N° de levantadas 56,6 ± 10,04 a 51,6 ± 12,60
ab 44,4 ± 7,77
bc 25,6 ± 21,88
c 0,002
N° de auto-limpeza 1,2 ± 1,32 0,7 ± 0,82 1,1± 1,29 1,0 ± 1,63 0,787
Tempo parado (segundos) 2,3 ± 3,60 a 1,5 ± 2,37
a 10,0 ± 15,29
ab 63,6 ± 80,22
b 0,039
N° de bolos fecais 1,5 ± 0,97 2,4 ± 2,4 1,0 ± 0,94 1,2 ± 1,23 0,236
* Teste Kruskall-wallis - Letras diferentes na mesma linha siginificam diferança estatística pelo teste Student-
Newman-Keuls (p< 0,05).
5.3.3 Potenciação do sono por barbitúrico
O extrato etanólico da casca do caule de Aspidosperma subincanum
demonstrou não possuir efeitos (p=0,461) no tempo de indução do sono em
41
camundongos de acordo com o teste de potenciação do sono induzido por
barbitúrico. Os camundongos de GC tiveram um tempo de indução do sono de
160,4±16,8s. Os animais de GT125, GT250, GT500 apresentaram tempos de indução
do sono de 158,1±18s, 156±12,06s e 143±27,34s, respectivamente.
Em relação ao tempo de recuperação do reflexo postural (duração do
sono), observou-se diferença significativa entre GC e GT500 e entre GT125 e GT500,
como pode ser observada na Tabela 15.
TABELA 15 - Tempo de recuperação do reflexo postural (duração do sono), em
minutos, (média ± desvio padrão) no teste de potenciação do sono
induzido por barbitúrico, em camundongos de GC, GT125, GT250,
GT500. Goiânia, 2012.
PARÂMETRO GRUPOS
P* GC GT125 GT250 GT500
Média ± DPM 77,40 ± 42,40 a 64,70 ± 21,14
a 91,10 ± 23,40
ab 109,40 ± 32,73
b 0,030
* Teste Kruskall-wallis - Letras diferentes na mesma linha significam diferença estatística pelo teste Student-
Newman-Keuls (p< 0,05).
42
6 DISCUSSÃO
O teste de toxicidade aguda e subcrônica pelo extrato etanólico da
casca de guatambu foi conduzido empregando-se a via de administração oral, por
ser a forma na qual as pessoas normalmente fazem uso dos preparados de
plantas para fins medicinais, conforme YUNES & CALIXTO (2001).
Segundo o guia 423 da OECD (OECD, 2001), a toxicidade aguda é a
bioatividade capaz de causar efeitos adversos sobre os organismos-teste após a
administração oral de uma simples dose em curta duração. No teste de toxicidade
aguda utilizando-se a dose inicial indicada para uma análise preliminar de 300
mg/kg, observou-se a diminuição de motilidade em camundongos fêmeas,
diferentemente ao observado em camundongos machos por SANTOS (2005),
após a administração do extrato hidroalcóolico da entrecasca do caule de
guatambu, por mesma via e dose, e nenhum sinal de toxicidade ou alterações de
comportamento em camundongos foi verificado. Contudo, ressalta-se a diferença
no gênero dos animais testados em ambos os estudos e, por isso, a possibilidade
de uma maior toxicidade nos camundongos fêmea. Ademais, esta observação
pode ser decorrente da variação no solvente utilizado para a extração, pois
poderia ter ocorrido a extração de diferentes compostos, ou ainda, reforça os
dados que apontam para a existência de diferentes concentrações do princípio
nas diversas partes da planta. Outro fator que pode ter influenciado nesta
diferença, de acordo com BEUTLER et al. (2008), são as variedades da planta que
podem apresentar maior toxicidade quando comparadas a outras e essa diferença
provavelmente decorre do fato de que as plantas muitas vezes são classificadas
apenas quanto à espécie e não quanto à variedade.
ALVES (2007) investigando a toxicidade da casca do caule
Aspidosperma subincanum na intoxicação aguda em grupos de ratos tratados com
doses únicas do extrato etanólico nas concentrações de 500 mg/kg, 1000 mg/kg,
2000 mg/kg, 3000 mg/kg e 5000 mg/kg, não observou ao longo de 24 horas
qualquer sinal de toxicidade ou morte, e sugeriu que a casca do caule desta planta
43
é atóxica em exposição aguda e em altas doses na espécie, o que pode sugerir
uma maior sensibilidade dos camundongos em relação aos ratos.
SANTOS (2005) observou que os efeitos tóxicos ocorreram em
camundongos Swiss quando se empregou as doses de 500 mg/kg a 3000 mg/kg
do extrato hidroalcóolico da entrecasca do caule de guatambu e se caracterizaram
por sinais típicos de estimulação do sistema nervoso como piloereção, tremores e
convulsões, sendo a severidade dose-dependente, culminando com 100% de
morte com o uso de 2500 mg/kg, à semelhança do observado neste estudo, ao se
verificar o resultado do screening hipocrático, que apresentou morte (66%) durante
o período de observação nos camundongos tratados na dose de 2000 mg/kg.
Os efeitos tóxicos presentes na toxicidade aguda e subcrônica neste
estudo podem estar relacionados com a presença de alcaloides no extrato
etanólico de guatambu, pois estudos fitoquímicos preliminares de extrato
metanólico da entrecasca do caule de A. subincanum revelaram a presença e
isolamento de alcaloides indólicos quaternários (KOBAYASHI et al., 2002).
A DL50 mediana encontrada neste trabalho foi de 1000 mg/kg, pela via
oral, resultado semelhante ao determinado por SANTOS (2005) que administrou o
extrato hidroalcoolico da entrecasca do caule de guatambu em camundongos, via
oral, obtendo DL50 de 1129 ± 154 mg/kg.
No ensaio de toxicidade subcrônica em camundongos machos e
fêmeas na dose de 75 mg/kg, 150 mg/kg e 300 mg/kg, via oral, do extrato bruto
etanólico de guatambu, não houve alteração de forma significativa no ganho de
massa corporal. Contudo, observou-se uma tendência de ganho de peso em todos
os grupos, inclusive no grupo controle, ao longo do experimento, como também
verificado por ALVES (2007) com as doses de 125 mg/kg, 250 mg/kg e 500 mg/kg,
via oral, em ratos Wistar machos.
No ensaio de toxicidade subcrônica em camundongos machos e
fêmeas na dose de 75 mg/kg, 150 mg/kg e 300 mg/kg, por via oral, do extrato
bruto etanólico de guatambu foram observados alterações comportamentais, ao
passo que o ensaio realizado por ALVES (2007) com as doses de 125 mg/kg, 250
mg/kg e 500 mg/kg, via oral, em ratos Wistar machos ao longo de 30 dias não
44
produziu efeitos tóxicos, pois não foi observado qualquer sinal clínico de
toxicidade durante o tratamento. No ensaio de toxicidade subcrônica realizado por
SANTOS (2005) observou-se também ausência de alterações comportamentais
em ratos tratados por via oral durante 30 dias com as doses de 5 mg/kg e 100
mg/kg.
A explicação para esta diferença apresentada nos trabalhos pode estar
relacionada a influências biogeográficas sofridas pelas plantas utilizadas, pois a
não existência de toxicidade obtida ao avaliar extratos de origem vegetal pode
ocorrer devido a fatores inerentes à planta (localidade, fração avaliada, solvente
utilizado), bem como os períodos e tipos de avaliação realizados nos estudos de
toxicidade. Ainda que orientada pelas características genéticas da planta, a
síntese química das substâncias é controlada por fatores do ecossistema,
iluminação, calor, constituição do solo, umidade, dentre outros (LAPA, 1999).
Segundo HURST (1942), a toxicidade da planta pode variar devido a fatores
ambientais como área geográfica, clima e condições de crescimento, sendo que
em algumas plantas pode ser totalmente ausente (OELRICHS et al., 1985).
Na toxicidade subcrônica, os sinais de toxicidade sistêmica podem ser
caracterizados por alterações de comportamento, dentre outros, conforme MELLO
(2001). Sendo assim, já que os grupos tratados por via oral com o extrato
etanólico da casca do caule de guatambu (75 mg/kg, 150 mg/kg e 300 mg/kg), por
28 dias consecutivos, apresentaram alteração significativa nos parâmetros
comportamentais, de forma geral, o tratamento resultou em efeitos tóxicos em
camundongos Swiss adultos machos e fêmeas.
No estudo de toxicidade subcrônica realizado por ALVES (2007),
grupos de ratos tratados durante 30 dias consecutivos com o extrato etanólico de
guatambu nas doses de 125 mg/kg, 250 mg/kg, 500 mg/kg, foram observadas
alterações bioquímicas sutis, resultado também observado neste trabalho.
No teste geral de atividade farmacológica em camundongos observou-
se a presença de convulsão, tremores, diminuição da motilidade e morte, com
intensidade variando de acordo com a dose e a via empregada para o tratamento
com o extrato de guatambu. Resultados semelhantes foram obtidos por SANTOS
45
(2005) que ao realizar a administração intraperitoneal do extrato hidroalcoolico da
casca de guatambu em camundongos Swiss, observou a presença de piloereção
e tremores, começando com dose de 300 mg/kg. Com doses de 350 a 475 mg/kg,
foram observados piloereção, tremores, convulsões e cianose, havendo 100% de
mortalidade com o emprego da dose de 475 mg/kg .
Pelo teste geral de atividade farmacológica objetivou-se avaliar
preliminarmente a segurança da via de administração selecionada e das doses a
serem utilizadas nos demais ensaios in vivo, concluindo-se que a dose de 500
mg/kg do extrato etanólico de guatambu foi a que mais ocasionou alterações no
comportamento dos camundongos e, por sua vez, a via oral foi a que apresentou
uma maior margem de segurança, apresentando-se menos tóxica do que a sua
administração por via intraperitoneal. Isto se explica pelo fato de que a resposta
dos animais frente à administração por gavagem, não é a mesma daquela
observada quando utilizada a via intraperitoneal, devido às diferenças existentes
entre os perfis de absorção gástrica e intestinal como pH, superfície de absorção,
motilidade intestinal, irrigação sanguínea. Além disso, por via oral pode ocorrer
uma lenta absorção ou metabolização hepática, enquanto que por via
intraperitoneal ocorre uma absorção rápida e desta forma os efeitos tóxicos
mostram-se mais intensos e mais precoces (LOOMIS & HAYES, 1996;
KLAASSEN & WATKINS, 2001).
A observação dos animais submetidos ao screening comportamental
após tratamento via oral com extrato etanólico da casca do guatambu (125 mg/kg,
250 mg/kg ou 500 mg/kg), produziu decréscimo da motilidade com intensidades e
duração dose dependentes, indicando que o extrato testado apresenta perfil de
composto com ação no SNC e de que a casca da planta pode possuir atividade
sedativa seletiva na depressão do SNC (KANJANAPOTHI et al., 2004; OLIVEIRA
et al., 2008).
É sabido que dentre as células que constituem o tecido neural, os
neurônios são bastante sensíveis a alterações bioquímicas decorrentes de
intoxicações, com uma posterior alteração do aspecto morfológico (AVERSI-
FERREIRA et al., 2006), porém os resultados observados em diferentes regiões
46
do encéfalo não demonstraram alteração estrutural durante a exposição aguda e
subcrônica de camundongos machos e fêmeas ao extrato de guatambu via oral,
não havendo evidência de injúria neuronal como picnose e apoptose, o que indica
que no período de 28 dias, o extrato não promoveu alterações no tecido neural
ocasionado por distúrbios metabólicos e vasculares.
GOMES (2011) realizou o teste de toxicidade aguda com o extrato
hidroetanólico de outra planta do gênero Aspidosperma, a A. excelsum, em
camundongos, por via oral, sendo que, os resultados observados no exame
anátomo e histopatológico do tecido cerebral também não mostrou qualquer sinal
de toxicidade evidente com a dose de 5000 mg/kg.
Um aspecto relevante acerca de efeitos tóxicos do extrato de plantas
contendo alcaloides sobre o sistema neural é a barreira hematoencefálica, pois
pode haver uma possível proteção desta barreira, conforme descrito por
FAGUNDES et al (2005). Outra hipótese é a de que as concentrações alcançadas
não foram suficientes para efetivar danos morfológicos visíveis, o que não
descarta a possibilidade de danos funcionais conforme proposto por
NASCIMENTO (2008) em seu trabalho com Annona coriacea (araticum), pois a
presença de alcaloides indólicos no caule da Aspidosperma subincanum podem
ser os responsáveis por sinais de envolvimento encefálico, incluindo convulsões,
como observado neste estudo.
A avaliação hematológica representa uma importante área de estudo
sobre o estado de saúde dos animais e são descritas na literatura por ter alta
correlação em predizer toxicidade humana, ou seja, alterações no sistema
hematológico em animais por determinadas substâncias também são encontradas
em humanos na maioria das vezes (OLSON et al., 2000). Assim, sinais de
toxicidade podem se expressar por alterações hematológicas e bioquímicas
sanguíneas de acordo com GONZÁLEZ & SILVA (2003). O hemograma e a
análise bioquímica do sangue podem auxiliar o diagnóstico e o prognóstico de
diversas enfermidades (SWENSON, 1989; JAIN, 1993). Por meio dos parâmetros
hematológicos avaliados, pôde-se observar que o tratamento com este extrato não
afetou a hematopoiese no teste de toxicidade aguda e toxicidade subcrônica para
47
os camundongos, exceto nos camundongos fêmeas do teste subcrônico. Neste
último, o extrato etanólico da casca do caule de Aspidosperma subincanum
reduziu significativamente o hematócrito em GT75 e do HCM em GT300, contudo,
não foi encontrada nenhuma explicação para tais achados.
As concentrações de AST e ALT indicaram uma diferença significativa
entre as fêmeas do grupo controle e o grupo que recebeu 150 mg/kg do extrato no
teste de toxicidade subcrônica e a concentração de AST também apresentou
diferença entre o grupo controle e o de 75 mg/kg, sendo que o extrato etanólico de
guatambu nas doses citadas causou lesão hepática, uma vez que efeitos tóxicos
no fígado podem ser identificados pelas elevadas concentrações de
transaminases (SHANKER et al., 2002) e as concentrações normais dessas
enzimas descartam a presença de uma lesão hepática aguda (RODRIGUES et al.,
1998). Segundo MOTTA (2003), a AST e a ALT são enzimas presentes em altas
concentrações no músculo, fígado e cérebro, e a elevação da sua atividade no
sangue pode indicar necrose nesses tecidos. Contudo, a ausência de lesão
microscópica no encéfalo permite inferir que o aumento das enzimas não são
decorrentes de injúrias no tecido neural.
No teste do campo aberto observou-se que o extrato de guatambu
alterou a movimentação espontânea dos camundongos, havendo uma diminuição
do número total de invasão das áreas, que foi diminuindo à medida que a dose do
extrato aumentava. Tal fato pode ter ocorrido por uma ação do extrato na
atividade locomotora dos animais, pois o número total de invasões avalia a
atividade exploratória do animal, que pode ser afetada por fármacos com ação no
SNC conforme SIELGEL (1946) e ARCHER (1973).
Ainda de acordo com SIEGEL (1946) e ARCHER (1973), o número total
de levantadas, número de auto-limpeza e o tempo parado avaliam o grau de
sedação ou medo (ansiedade) nos animais, sendo que estes parâmetros podem
ser alterados por fármacos com atividade ansiolítica/ansiogênica. Assim sendo,
sugere-se que o extrato etanólico de guatambu nas doses administradas aos
camundongos por via oral tenha uma atividade depressora no SNC, sugerindo
uma ação ansiolítica, pois foi observado o aumento do tempo parado, diminuição
48
da exploração do ambiente e do número total de levantadas dos camundongos
neste teste. Desse modo, outros métodos de avaliação devem ser empregados,
como por exemplo, o labirinto em cruz elevado ou caixa claro/escuro.
PRUT & BELZUNG (2003) relataram essa diminuição da locomoção e
da frequência com que os camundongos permaneceram sobre as patas traseiras
como evidência de sedação. Os autores alegaram que o aumento do tempo
dispendido na parte central do campo aberto é indicação de ansiólise, parâmetro
este observado durante a administração do extrato etanólico de guatambu neste
estudo.
Nas maiores doses do extrato também foi observada a ausência de
movimento (tempo de parada), induzido muito provavelmente, pela ação
depressora do extrato, de acordo com HALL (1934). Quanto ao número de bolos
fecais, não houve diferença significativa entre os grupos, sendo este um
parâmetro que reflete o índice de emoção (HALL, 1934).
No modelo de indução de sono por barbitúrico, substâncias que
deprimem o SNC, em geral, aumentam a duração do sono produzido pelo
pentobarbital, podendo haver também uma redução na latência para o efeito do
barbitúrico utilizado (avaliado pela redução no tempo de indução), ou seja, desde
a aplicação do barbitúrico até a perda do reflexo postural pelo animal. Baseado
nos resultados obtidos, o extrato de guatambu tem ação depressora no SNC, pois
houve um aumento na duração do sono conforme LANCEL (1999).
A análise dos dados referentes a essa planta submetida aos testes
farmacológicos para avaliação de atividade no SNC, a partir do extrato etanólico,
permite inferir que a casca do caule de Aspidosperma subincanum possa conter
substâncias de efeitos psicoléptico (depressor) ou neuroléptico (tranquilizante)
conforme NAHAS (1999).
49
7 CONCLUSÕES
O extrato etanólico obtido da casca do caule de Aspidosperma subincanum foi
considerado tóxico quando administrado por via oral na dose de 300 mg/kg e de
2000 mg/kg na avaliação da toxicidade aguda em camundongos Swiss, assim
como na dose de 75 mg/kg, 250 mg/kg e 500 mg/kg na avaliação da toxicidade
subcrônica.
O extrato etanólico obtido da casca do caule de Aspidosperma subincanum
promove alterações comportamentais indicativas de uma possível ação
depressora no Sistema Nervoso Central (SNC) em camundongos, quando
administrado pela via oral, subcutânea e intraperitoneal na dose de 125 mg/kg,
250 mg/kg e 500 mg/kg.
O extrato etanólico obtido da casca do caule de Aspidosperma subincanum
promoveu um aumento da duração do sono produzido pelo pentobarbital,
sugerindo uma possível ação depressora deste extrato no Sistema Nervoso
Central (SNC).
50
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabe-se que as plantas medicinais representam uma mistura complexa
de componentes químicos com atividades biológicas, que podem causar efeitos
adversos, tóxicos e interagir com outros medicamentos quando empregados
simultaneamente.
Na presente avaliação toxicológica e farmacológica foi utilizado o
extrato etanólico da casca do caule de guatambu (Aspidosperma subincanum) e
os resultados aqui apresentados contribuem para avaliação da segurança desta
parte da planta. Porém, os efeitos do uso popular de Aspidosperma subincanum
como planta medicinal em outras preparações permanecem obscuros. Embora
este extrato supostamente contenha muitos compostos presentes no caule “in
natura”, não podemos afirmar que os resultados aqui apresentados se repetiriam
em outros estudos, como por exemplo, em um modelo de consumo das folhas, na
administração de infusões ou outros modos de preparo.
Assim, levando-se em consideração o estágio de desenvolvimento que
já foi atingido pelos protocolos da OECD, ainda há dificuldades em se estabelecer
os testes mais adequados para os fitoterápicos, principalmente diante da
dificuldade de padronização dessas preparações.
O envolvimento de várias áreas do conhecimento como, nutrição,
agronomia, etnobotânica, química, farmácia, medicina, biologia e tantos outros é
muito importante, pois faz com que as informações se completem, ampliando o
conhecimento das plantas medicinais, seus efeitos tóxicos e colaterais, as
interações medicamentosas, além das medidas adequadas para o controle de
qualidade.
Os resultados obtidos neste estudo demonstraram o extrato etanólico
da casca de guatambu como um agente potencialmente tóxico, devendo ser
considerado como tal, dependendo da dose administrada ou absorvida, tempo e
frequência de exposição e vias de administração. Cabe ressaltar ainda, que de
acordo com os protocolos recomendados pela ANVISA para avaliação da
toxicidade de medicamentos fitoterápicos devem ser conduzidos mais estudos
51
toxicológicos pré-clínicos com este extrato de Aspidosperma subincanum, como
estudos de toxicidade crônica e de genotoxicidade. Além disso, obviamente,
deverão ser efetuados estudos clínicos para concluir a avaliação da segurança do
uso de Aspidosperma subincanum.
Com a constatação da possível ação depressora no SNC deste extrato
vegetal, esta pesquisa deve servir como base para o desenvolvimento de estudos
mais detalhados a respeito da ação da planta avaliada. O relato da existência de
alcaloides indólicos em Aspidosperma spp. em alguns trabalhos científicos,
justifica a realização de pesquisas para comprovar a eficácia desses metabólitos
secundários na cura e no tratamento de doenças.
Assim, devido à vasta aplicação popular de Aspidosperma spp. e ao
grande número de alcaloides até então identificados, observa-se que as
investigações das atividades biológicas que lhe são atribuídas, tais como potencial
agente antimalárico, antimicrobiano, anticancerígeno, antiinflamatório, no
tratamento do diabetes, como afrodisíaco, vasodilatador, e outras indicações,
merecem ter uma maior importância e estudo, objetivando a garantia de uma
alternativa terapêutica de qualidade, eficaz e segura para uso humano e
veterinário.
52
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