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Efeito da desmineralização óssea nas propriedades mecânicas do tecido cortical ósseo Guido Rezende de Alencastro Graça Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Mecânico. Orientadora: Carolina Palma Naveira Cotta Orientadora: Cristiane Evelise Ribeiro da Silva Rio de Janeiro Março de 2018

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Efeito da desmineralização óssea nas

propriedades mecânicas do tecido cortical ósseo

Guido Rezende de Alencastro Graça

Projeto de Graduação apresentado

ao Curso de Engenharia Mecânica

da Escola Politécnica, Universidade

Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Engenheiro

Mecânico.

Orientadora: Carolina Palma Naveira Cotta Orientadora: Cristiane Evelise Ribeiro da Silva

Rio de Janeiro Março de 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Departamento de Engenharia Mecânica

DEM/POLI/UFRJ

Efeito da desmineralização óssea nas propriedades mecânicas do

tecido ósseo cortical

Guido Rezende de Alencastro Graça

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO

DE ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

ENGENHEIRO MECÂNICO.

Aprovado por:

________________________________________________

Prof. Dra. Carolina Palma Naveira Cotta

________________________________________________

Dra. Cristiane Evelise Ribeiro da Silva

________________________________________________

Prof. Dr. Daniel Onofre De Almeida Cruz

________________________________________________

Prof. Dr. Fernando Pereira Duda

________________________________________________

Prof. Dra. Juliana Braga Rodrigues Loureiro

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

MARÇO DE 2018

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Graça, Guido Rezende de Alencastro

Efeito da desmineralização óssea nas propriedades

mecânicas do tecido ósseo cortical / Guido Rezende de

Alencastro Graça. –Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola

Politécnica, 2018

X, 80 p.: Il; 29,7cm

Orientadora: Carolina Palma Naveira Cotta

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/

Curso de Engenharia Mecânica, 2018

Referências Bibliográficas: p 73 - 75

1. Ensaio de tração 2. Simulação numérica por

elementos finitos. 3. Desmineralização óssea I. Cotta,

Carolina Palma Naveira; Da Silva, Cristiane Evelise Ribeiro

II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola

Politécnica, Curso de Engenharia Mecânica. III. Efeito da

desmineralização óssea nas propriedades mecânicas do

tecido ósseo cortical

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Agradecimentos:

À minha família, em especial aos meus pais Lucio e Maura e meu irmão Nuno

pelo amor e carinho incondicional que me deram ao longo de toda a minha vida.

Às minhas orientadoras Carol e Cris, por todo o suporte, diálogo e aprendizado

ao longo de todo projeto.

Ao Instituto Nacional de Tecnologia, pela infraestrutura e ajuda, tanto para

realizar os ensaios de tração quanto para o escaneamento. Em especial agradeço aos

companheiros Maurício, Cláudio, Wellington, Jorge, Jorge Lopes e Robson.

Ao Gabriel e ao Diego por toda a ajuda com a usinagem dos corpos de prova.

Aos demais pesquisadores do projeto PIPEDO pela ajuda e colaboração com o

trabalho.

À minha namorada Natasha por todo amor e carinho e por todos os momentos

e apoio.

Aos meus amigos João, Guilherme e Luan pelos longos anos de amizade e

companheirismo.

À Equipe Icarus UFRJ de Fórmula SAE, pelo inestimável aprendizado e aos

amigos que ali fiz, sempre presentes nos momentos de descontração pelo fundão.

Aos amigos do ciclo básico, que me acompanharam do começo ao fim da

faculdade.

Ao movimento escoteiro e ao Grupo Escoteiro João Ribeiro dos Santos por ter

me ajudado a ser a pessoa que hoje sou.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

Efeito da desmineralização óssea nas propriedades mecânicas do tecido ósseo cortical

Guido Rezende de Alencastro Graça

Março/2018

Orientadora: Carolina Palma Naveira Cotta

Coorientadora: Cristiane Evelise Ribeiro da Silva

Curso: Engenharia Mecânica

Resumo:

O número de casos de osteoporose vem aumentando devido ao aumento da

idade média da população mundial. Esta doença, presente principalmente nos idosos,

reduz a densidade óssea e deteriora a qualidade óssea, fragilizando assim o osso e

aumentando o risco de fratura. Com o objetivo de estudar a desmineralização óssea

induzida quimicamente foi criado um grupo de pesquisa denominado Projeto

Interdisciplinar Para o Estudo da Desmineralização Óssea (PIPEDO) envolvendo as

seguintes universidades e institutos de pesquisa: Universidade Federal do Rio de

Janeiro (UFRJ), Instituto nacional de tecnologia (INT), Universidade Estadual do Rio

de Janeiro (UERJ), Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

(INMETRO), Universidade Estácio de Sá (UNESA) e Pontifica Universidade Católica

do Rio de Janeiro (PUC-RIO). É neste contexto que o presente projeto de fim de curso

se insere. No presente estudo, desmineralização foi induzida quimicamente com o uso

do ácido etilenodiamino tetracético (EDTA) por diferentes períodos de exposição (1h,

2h e 4h), e uma parte das amostras foi mantida sem desmineralizar para controle.

Para avaliar o grau de desmineralização óssea foram utilizadas diversas técnicas,

destacando-se neste TCC o uso do ensaio de tração para obter a tensão de ruptura.

Foram ensaiados 16 corpos de prova com taxa de deslocamento de 2,5mm/min. Um

destes corpos de prova foi escaneado e foram realizadas simulações numéricas

usando elementos finitos para determinar o efeito de sua geometria no comportamento

do campo de tensões. Foram utilizados quatro modelos de carregamento nas

simulações numéricas para representar a aplicação de carga e os apoios do ensaio.

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Ao final, a tensão de ruptura média dos controles foi de 110 ± 18 MPa, em contraste

com as médias dos tempos de 1h, 2h e 4h de desmineralização, que foram 76 ± 20

MPa, 101± 22 MPa e 106 ± 24 MPa respectivamente. Concluiu-se que quatro horas de

exposição se mostrou insuficiente para ter variação significativa na tensão de ruptura.

Por se tratar de material biológico, as propriedades não são uniformes entre os corpos

de prova, podendo mascarar a influência da desmineralização, mostrando-se assim

necessário uma analise estatística através de um numero maior de corpos de prova.

Pelas simulações numéricas foi observado que ocorre uma concentração de tensão na

região do corpo de prova com área transversal mais fina, decorrente da geometria

irregular. Este efeito também foi observado nos corpos de prova ensaiados.

Palavras-chave: Ensaio de tração, simulação numérica por elementos finitos,

desmineralização óssea.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

Effect of the bone demineralization in the mechanical proprieties of the cortical bone

tissue

Guido Rezende de Alencastro Graça

March/2018

Advisor: Carolina Palma Naveira Cotta

Coadvisor: Cristiane Evelise Ribeiro da Silva

Course: Mechanical Engineering

Abstract:

The incidence of osteoporosis has been increasing due to the raise in the

average age of the world population. This disease, present mainly in the elderly,

reduces bone density and deteriorates bone quality, thus weakening the bone and

increasing the risk of fracture. In order to study chemically induced bone

demineralization, a research group was created involving the following universities and

research institutes: Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ), National Institute of

Technology (INT), University of the State of Rio de Janeiro (UERJ), National Institute of

Metrology, Quality and Technology (INMETRO), University Estácio de Sá (UNESA)

and Pontifical Catholic University of Rio de Janeiro (PUC-RIO). The demineralization

was done through the use of ethylenediaminetetraacetic acid (EDTA) for different

periods of exposure (1h, 2h and 4h). A portion of the samples was maintained without

demineralization as a control. In order to evaluate the degree of bone demineralization,

several techniques were used, in particular the use of tensile test to obtain the ultimate

tensile stress. Sixteen specimens were tested with a displacement rate of 2.5 mm/min.

One of these specimens was scanned and numerical simulations were performed

using finite elements to determine the effect of the geometry on the behavior of the

stress field. Four loading models were used in the numerical simulations to represent

the load application and supports. At the end, the mean rupture tension of the controls

was 110 ± 18 MPa, in contrast to the means of the 1h, 2h and 4h demineralization

times, which were 76 ± 20 MPa, 101 ± 22 MPa and 106 ± 24 MPa respectively. It was

concluded that four hours of exposure was insufficient to have a significant variation in

the ultimate stress. Due to its biological material, the properties are not uniform

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between the specimens, probably masking the influence of demineralization, thus

showing a need for statistical analysis through a larger number of test specimens.

From the numerical simulations it was observed that a stress concentration occurs in

the region of the specimen with a thinner cross-sectional area due to irregular

geometry. This effect is also observed on the specimens tested.

Keywords: Tensile Test, Numerical simulation using FEM, Bone demineralization

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Índice

1 Introdução .............................................................................................................. 1

1.1 Motivação ....................................................................................................... 1

1.2 Objetivos ........................................................................................................ 2

1.2.1 Objetivo geral .............................................................................................. 2

1.2.2 Objetivos específicos .................................................................................. 2

1.3 Descrição e estrutura do projeto ..................................................................... 3

2 Revisão Bibliográfica ............................................................................................. 5

2.1 Literatura sobre ensaio em ossos ................................................................... 5

2.2 Fundamentos teóricos .................................................................................... 8

2.2.1 Morfologia óssea ..................................................................................... 8

2.2.2 Osteoporose .......................................................................................... 13

2.3 Ensaio de tração ........................................................................................... 15

2.4 Escaneamento ótico ..................................................................................... 18

2.5 Elementos finitos .......................................................................................... 21

2.5.1 Introdução ................................................................................................. 21

2.5.2 Elasticidade linear ..................................................................................... 22

2.6 Incerteza de medição ................................................................................... 25

2.6.1 Avaliação tipo A da Incerteza de medição ............................................. 26

2.6.2 Avaliação tipo B da Incerteza de medição ............................................. 28

2.6.3 Incerteza-padrão combinada ................................................................. 28

2.6.4 Graus de liberdade efetivo e Incerteza expandida ................................. 29

3 Métodos experimentais ........................................................................................ 31

3.1 Preparo das amostras .................................................................................. 31

3.2 Ensaio de tração ........................................................................................... 35

3.2.1 Projeto do ensaio ...................................................................................... 35

3.2.2 Usinagem dos corpos de prova ................................................................. 39

3.2.2.1 Projeto de usinagem .............................................................................. 39

3.2.2.2 Usinagem ........................................................................................... 41

3.2.3 Ensaio Experimental ................................................................................. 45

3.2.4 Cálculo de Incertezas no Ensaio de tração ............................................ 47

3.3 Captura de Geometria e Simulação Numérica .............................................. 51

3.3.1 Escaneamento do corpo de prova ............................................................. 51

3.3.2 Modelo numérico ....................................................................................... 53

4 Resultados ........................................................................................................... 58

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4.1 Simulação Numérica ..................................................................................... 58

4.1.1 Caso 1: Carga e engaste no corpo de prova.......................................... 58

4.1.2 Caso 2: Carga e engaste na superfície de encaixe de contato com a

garra 59

4.1.3 Caso 3: Carga e engaste nos apoios ..................................................... 60

4.1.4 Caso 4: Carga e engaste nas Garras .................................................... 63

4.1.5 Simulação com carga experimental ....................................................... 65

4.2 Ensaio de tração: Experimental .................................................................... 66

5 Conclusões .......................................................................................................... 70

6 Sugestões para trabalhos futuros ........................................................................ 72

7 Referências Bibliográficas ................................................................................... 73

Anexos ....................................................................................................................... 76

Anexo A: Fator de abrangência ............................................................................... 76

Anexo B: Confecção da solução de EDTA .............................................................. 77

Anexo C: Tabelas de cálculos de incerteza expandida ............................................ 81

Anexo D: Gráficos tensão-deformação dos corpos de prova em relação ao controle

................................................................................................................................ 82

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Lista de Figuras

Figura 2.1: Tipos de ossos conforme o tamanho: (a) osso longo, (b) osso plano, (c)

osso curto; Adaptado de DANGELO e FATTINI (2011) ................................................ 9

Figura 2.2: Representação esquemática das partes de um osso longo. Adaptado de

JUDAS et al. (2012) .................................................................................................... 11

Figura 2.3: Representação esquemática de um tecido lamelar. Fonte: SOUZA,

MEDRADO e GITIRANA (2010).................................................................................. 12

Figura 2.4: Diagnóstico de osteopenia e osteoporose. Adaptado de KANIS, (2002) .. 14

Figura 2.5: Principais geometrias de corpo de prova. a) Plano b) Cilíndrico c)

Rosqueado. Fonte: ASTM INT. (2009) ........................................................................ 16

Figura 2.6: Gráfico tensão x deformação de um ensaio de tração. Fonte: GARCIA,

SPIM e SANTOS (2000) ............................................................................................. 16

Figura 2.7: Esquema da aplicação de carga e geometria a ser media no ensaio de

tração. Fonte: GARCIA, SPIM e SANTOS (2000) ....................................................... 17

Figura 2.8: Configuração para obtenção de luz estruturada. Fonte: GENG (2011) ..... 19

Figura 2.9: Técnicas de imageamento 3D com luz estruturada. Fonte: GENG (2011) 20

Figura 2.10: Padrões de disparos para o código binário. Fonte: GENG (2011) ........... 21

Figura 2.11: Exemplo de escaneamento através de luz estruturada: código binário e

imagem resultante. (Fonte: http://mesh.brown.edu/byo3d/source.html) ...................... 21

Figura 2.12: Esquema de um corpo bidimensional, com contorno Γ e volume interno Ω.

Adaptado de FISH e BELYTSCHKO (2007) ............................................................... 23

Figura 2.13: Esquema de um corpo 2D sujeito a ação de um campo de deslocamento

𝑢. O retângulo sólido representa o corpo na configuração original e o tracejado

representa o corpo na configuração deformada. Fonte: FISH e BELYTSCHKO (2007)

................................................................................................................................... 24

Figura 3.1: Processo de limpeza do fêmur: a) Fêmur inicial b) Inserção em peróxido de

hidrogênio c) remoção da carne d) reinserção em peróxido de hidrogênio ................. 32

Figura 3.2: Amostras provenientes do fêmur X. a) comparativo com o fêmur inicial b)

quatro vistas das amostras resultantes ....................................................................... 33

Figura 3.3: Amostra imersa na solução de EDTA ....................................................... 34

Figura 3.4: Tipos de corpo de prova propostos na norma ASTM D638-02a ................ 35

Figura 3.5: Projeto inicial de corpo de prova ............................................................... 36

Figura 3.6: Proposta de fixação .................................................................................. 37

Figura 3.7: Simulação da garra: a) Malha e carregamento; b) Valores de tensão c)

Valores de deformação ............................................................................................... 38

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Figura 3.8: Garra com a contraporca a) Vista explodida b) Vista de conjunto ............. 38

Figura 3.9: Caixa em acrílico confeccionada para resfriamento e condicionamento do

corpo de prova. ........................................................................................................... 39

Figura 3.10: Detalhe dos furos para fixação ................................................................ 40

Figura 3.11: Interface do VisualCAM com o trajeto a ser usinado. .............................. 41

Figura 3.12: Interface do Mach3 ................................................................................. 41

Figura 3.13: Processo de furação ............................................................................... 42

Figura 3.14: Posicionamento para início do fresamento. ............................................. 43

Figura 3.15: Final do processo de fresamento ............................................................ 44

Figura 3.16: Resultado final da usinagem dos corpos de prova .................................. 45

Figura 3.17: Foto da montagem .................................................................................. 46

Figura 3.18: Corpo de prova 4_1– Exemplo de área transversal irregular................... 48

Figura 3.19: Procedimento de escaneamento do corpo de prova ............................... 51

Figura 3.20: Tratamento de superfícies a) antes e b) depois ...................................... 52

Figura 3.21: Modelos STL e CAD do corpo de prova 10_4. a) STL b) Modelo CAD -

Vistas trimétrica e c) lateral esquerda ......................................................................... 52

Figura 3.22: Processo de remoção do furo a) Antes b) Depois ................................... 54

Figura 3.23: Malha do corpo de prova. a) 6 mm b) 3 mm c) 1.5 mm d) 0.75mm ... 54

Figura 3.22: Modelos de aplicação de força (em roxo) e apoios (em verde). a~d)

Modelos 1~4 ............................................................................................................... 56

Figura 4.1: Resultado de tensão – a) Condição normal b) Invertido ........................... 59

Figura 4.5: Campo de tensão no caso 3: Tecido ósseo e condição normal. Tensão

máxima no raio de adoçamento frontal. ...................................................................... 61

Figura 4.7: Comparação da região de maior tensão utilizando um corte Iso de 80 MPa.

Os quatro casos possuem a mesma região de maior tensão embora a tensão seja

maior no caso a. a) Cerâmica – Normal b) Osso – Normal c) Cerâmica – Invertido

b) Osso – Invertido ..................................................................................................... 62

Figura 4.7: Resultado de tensão para o caso 4, tecido ósseo na condição normal. a)

vista geral b) Vista de detalhe do máximo de tensão ................................................ 64

Figura 4.7: Comparação do campo de tensão. Escala de tensão com valor máximo de

150 MPa para comparação. Os quatro casos possuem uma linha onde o valor é muito

elevado, situado na região de contato com a garra. a) Cerâmica – Normal b) Osso –

Normal c) Cerâmica – Invertido b) Osso – Invertido ................................................ 65

Figura 4.13: Comparativo das curvas tensão deformação do corpo de prova ............. 69

Figura B.1: Cloreto de cálcio à esquerda e EDTA à direita, para desumidificação ...... 77

Figura B.2: a) Balão volumétrico para diluição do ácido . b) Garrafa para o

armazenamento da solução de EDTA ........................................................................ 78

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Figura B.3: À esquerda, a solução de titulado no início da titulação. À direita, a solução

após o reagente ser totalmente consumido. ............................................................... 79

Figura B.4: Processo de titulação ............................................................................... 80

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Lista de tabelas:

Tabela 3.1: Configuração para cada rodada de desmineralização óssea e tempos de

imersão ....................................................................................................................... 34

Tabela 3.2: Dimensões dos parâmetros dos diferentes tipos de corpo de prova

propostos na norma ASTM D638-02a ......................................................................... 36

Tabela 3.3: Propriedade das malhas utilizadas ........................................................... 55

Tabela 3.4: Resumo dos quatro casos utilizados na simulação numérica ................... 57

Tabela 3.5: Propriedades dos materiais utilizados nas simulações numéricas ........... 57

Tabela 4.1: Análise de convergência de malha do caso 1 .......................................... 58

Tabela 4.2: Comparação de tensão máxima e deslocamento máximo nos quatro

modelos do caso 1 ...................................................................................................... 59

Tabela 4.3: Análise de convergência de malha do caso 2 .......................................... 60

Tabela 4.4: Análise de convergência de malha do caso 3 .......................................... 60

Tabela 4.5: Análise de convergência de malha do caso 4 .......................................... 63

Tabela 4.6: Resultado dos ensaios ............................................................................. 68

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Lista de abreviaturas

µCT Microtomografia computadorizada

CAE Computer Aided Engineering

CP Corpo de prova

DMO Densidade Mineral Óssea

DXA Absorciometria bifotónica de raio X

EBSD Difração de Elétrons Retroespalhados

EdT Ensaio de Tração

EDTA Ácido Etilenodiamino Tetracético

FEM Método dos Elementos Finitos

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

INT Instituto Nacional de Tecnologia

LabMEMS Laboratório de Nano e Microfluídica e Microssistemas

LABUS Laboratório de Ultrassom

LACPM Laboratório de Caracterização de Propriedades Mecânicas e

Microestruturais

PIPEDO Projeto Interdisciplinar Para o Estudo da Desmineralização Óssea

PUC-RIO Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

QUS Ultrassom quantitativo

UERJ Universidade Estadual do Rio de Janeiro

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

UNESA Universidade Estácio de Sá

WHO World Health Organization

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Lista de Símbolos

𝑎− Valor inferior do intervalo de medição de um instrumento com resolução

finita

𝑎+ Valor superior do intervalo de medição de um instrumento com

resolução finita

�⃗� Vetor força de corpo

𝑏 Valor médio das medições de espessura de um corpo de prova

𝑐𝑆0 Coeficiente de sensibilidade da área transversal do corpo de prova

𝑐𝑃 Coeficiente de sensibilidade da carga aplicada

𝑐𝑏 Coeficiente de sensibilidade da largura do corpo de prova

𝑐𝑖 Coeficiente de sensibilidade

𝑐𝑡 Coeficiente de sensibilidade da espessura do corpo de prova

𝑘𝑝 Fator de abrangência para um nível de confiança p.

𝐿0 Comprimento inicial do corpo de prova

𝑚𝐸𝐷𝑇𝐴 Massa de EDTA

𝑀𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 Molaridade da solução de EDTA

𝑀𝑀𝐸𝐷𝑇𝐴 Massa molecular de EDTA

�̂� Vetor normal unitário

𝑛𝑏 Número de medições da espessura de um corpo de prova

𝑛𝑡 Valor médio das medições de largura de um corpo de prova

𝑆0 Seção transversal original do corpo de prova

𝑠2 Variância experimental

𝑠2(�̅�) Variância da média aritmética de uma grandeza qualquer

𝑠2(𝑥𝑘) Variância experimental das medições de uma grandeza qualquer

𝑡 Vetor de força de superfície

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xvii

𝑡̅ Valor médio das medições de largura de um corpo de prova

𝑢𝐴 Incerteza-padrão do tipo A

𝑢𝐵 Incerteza-padrão do Tipo B

𝑢𝐵(𝑦) Incerteza-padrão do Tipo B de uma grandeza y

𝑢𝐵(𝑏) Incerteza-padrão do Tipo B da largura do corpo de prova

𝑢𝐵(𝑡) Incerteza-padrão do Tipo B da espessura do corpo de prova

𝑢𝑐 Incerteza-padrão combinada

𝑢𝑐(𝑃) Incerteza-padrão combinada da carga aplicada

𝑢𝑐(𝑆) Incerteza-padrão combinada da área transversal do corpo de prova

𝑢𝑐(𝑆0) Incerteza-padrão combinada da área transversal do corpo de prova

𝑢𝑐(𝜎𝑐) Incerteza-padrão combinada da tensão de engenharia

𝑢𝑐(𝑏) Incerteza-padrão combinada da largura do corpo de prova

𝑢𝑐(𝑡) Incerteza-padrão combinada da espessura do corpo de prova

𝑢𝑐2(𝑋𝑖) Incerteza-padrão combinada de uma grandeza qualquer

𝑉𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 Volume da solução de EDTA

�̅� Média aritmética das medições de uma grandeza qualquer

𝑋𝑖 Grandeza qualquer

𝑥𝑘 Medição independente de uma grandeza qualquer

𝜎𝑐 Tensão convencional de engenharia

𝜎𝑖𝑗 Componente ij do tensor de tensões

𝜐𝑋𝑖 Número de Graus de liberdade de uma grandeza qualquer

𝜐𝑒𝑓𝑓 Número de graus de liberdade efetivo

𝜐𝑒𝑓𝑓(𝑆0) Número de graus de liberdade efetivo da área transversal do corpo de

prova

𝜖𝑐 Deformação convencional, nominal ou de engenharia

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∆𝐿 Alongamento do corpo de prova

Γ Contorno de um corpo qualquer

Ω Volume interno de um corpo qualquer

𝐵 Distância entre câmera e projetor no processo de escaneamento ótico

𝐸 Módulo de Young

𝑃 Carga aplicada em um ensaio de tração

𝑅 Distância entre câmera e objeto no processo de escaneamento ótico

𝑇 Tensor de tensões

𝑈 Incerteza expandida

𝑌 Mensurando qualquer

𝑏 Espessura de um corpo de prova retangular

𝑓 Relação funcional entre um mensurando e suas grandezas de entrada

𝑛 Número de medições de uma grandeza

𝑠 Desvio padrão de uma medição

𝑡 Largura de um corpo de prova retangular

𝑢 Incerteza-padrão

𝛼 Ângulo entre câmera e objeto, medido no projetor

𝜃 Ângulo entre projetor e objeto, medido na câmera

𝜐 Número de graus de liberdade

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1 Introdução

1.1 Motivação

Os avanços que vêm ocorrendo na medicina nas últimas décadas têm levado a

um aumento na expectativa de vida ao redor do mundo. Isto se reflete em um maior

número de população idosa. Esta parcela da população está mais propensa a padecer

da doença conhecida como Osteoporose. Segundo a National Osteoporosis

Foundation, a osteoporose é uma doença caracterizada pela baixa massa óssea e

pelo deterioramento do tecido ósseo (NATIONAL OSTEOPOROSIS FOUNDATION,

2007). Segundo dados estatísticos da Fundação Internacional da Osteoporose, IOF

em inglês, estima-se que existam entorno de 75 milhões de pessoas com a doença

entre Estados Unidos, Japão e Europa. Em 2000, estima-se ter ocorrido entorno de

8,9 milhões de fraturas ósseas devido globalmente à osteoporose, resultando em uma

média de uma fratura a cada três segundos (INTERNATIONAL OSTEOPOROSIS

FOUNDATION, 2017). O número de incidentes na terceira idade é muito superior, pois

a perda de massa óssea aumenta drasticamente após a menopausa e a andropausa.

A osteoporose é muito mais frequente em mulheres do que em homens chegando a

atingir a 80% dos casos da doença. Estima-se que entre três a quatro a cada dez

mulheres acima dos 50 anos venham a ter alguma fratura óssea devido à

osteoporose. Já nos homens, a estatística é de um a cada oito para a mesma idade.

(INTERNATIONAL OSTEOPOROSIS FOUNDATION, 2017)

O critério global mais aceito como diagnóstico da doença é o da Organização

mundial da saúde, WHO (World Health Organization) em inglês, que utiliza somente a

densidade mineral óssea, DMO, como parâmetro. Este critério define a osteoporose

como um valor de DMO que distancia 2,5 vezes o desvio padrão de DMO do valor

médio para jovens mulheres caucasianas saudáveis. A técnica mais empregada para

medir a DMO é a Absorciometria bifotónica de Raios-X. Porém, este método é caro e

não é amplamente disponível para a população, motivando estudos de soluções

alternativas.

O tecido ósseo saudável reflete uma integração entre a densidade mineral óssea

e as propriedades físicas e biológicas, que determinam a qualidade óssea. A

qualidade óssea engloba outros aspectos além da DMO, como a arquitetura macro e

microscópica do osso, o metabolismo, a capacidade de acumulação de danos e a

composição da matriz óssea e mineral. Existe consenso entre alguns pesquisadores

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em relação à definição de qualidade óssea, que pode ser definida como a “totalidade

de aspectos e características que influenciem uma capacidade do osso para resistir a

fraturas”. Este termo tem sido utilizado amplamente para explicar um incontável

número de observações clínicas que não podem ser explicadas de pronto pelas

medidas da DMO. (SALES, 2010)

Com base nessa motivação foi criado um grupo de pesquisa multi-

interdisciplinar denominado PIPEDO – Projeto Interdisciplinar para o Estudo da

Desmineralização Óssea envolvendo as seguintes universidades e institutos de

pesquisa: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Instituto nacional de

tecnologia (INT), Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Instituto Nacional

de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO), Universidade Estácio de Sá

(UNESA) e Pontifica Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO) e será

detalhado no item 1.3. O presente trabalho, no contexto do projeto PIPEDO, consiste

em estudar alguns dos fatores que contribuem para a resistência à fratura do tecido

ósseo, que ficam comprometidos quando ocorre a desmineralização óssea, o que

também pode gerar fraturas osteoporóticas.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

O objetivo do presente trabalho é estudar a desmineralização óssea induzida

quimicamente no tecido ósseo cortical e analisar as variações nas propriedades de

tensão de ruptura e módulo de elasticidade com o tempo de desmineralização.

1.2.2 Objetivos específicos

Realizar ensaios mecânicos (tração) projetando e confeccionando tanto os

corpos de prova (CP) quanto os dispositivos do equipamento ao material a ser

estudado (osso cortical)

Estudar o efeito da geometria dos corpos de prova nos resultados obtidos nos

ensaios utilizando a ferramenta de simulação numérica (elementos finitos)

Correlacionar a variação das propriedades medias com o grau de

desmineralização dos corpos de prova.

Estimar a incerteza de medição dos resultados obtidos no teste de tração nas

diferentes etapas de desmineralização.

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1.3 Descrição e estrutura do projeto

Como citado anteriormente, este trabalho de fim de curso é parte de um projeto

que está inserido no grupo contemplado pelo edital FAPERJ N.º 19/2016 — Programa

“Pesquisa em Doenças do Envelhecimento no Estado do RJ — 2016” intitulado:

Projeto Interdisciplinar para Estudo da Desmineralização Óssea, com coordenação do

INMETRO e do INT. O PIPEDO tem como objetivo associar técnicas avançadas de

caracterização, tais como: Microtomografia computadorizada (µCT), que permite

estudar a histomorfometria do tecido ósseo; Ultrassom quantitativo (QUS), que avalia

a qualidade do tecido ósseo; Difração de Elétrons Retroespalhados (EBSD), que

avalia a orientação, desorientação e relações entre grãos/fase da fase mineral

(hidroxiapatita), com os métodos destrutivos já bem consolidados nesta área para

estudar o processo de desmineralização do tecido ósseo cortical e contribuir para

entender a qualidade mineral óssea e os fatores que afetam a resistência à fratura.

A rede é atualmente constituída pelo: Laboratório de Caracterização de

Propriedades Mecânicas e Microestruturais (INT); Laboratório de Tecnologia de Pós

(INT); Laboratório de Ultrassom (INMETRO); Laboratório de Processamento Digital de

Imagens (PUC-RIO); Laboratório de Nano e Microfluídica e Microssistemas

(LabMEMS - COPPE-UFRJ).

Neste contexto, a parte experimental deste trabalho de fim de curso consiste em

realizar ensaios de tração em ossos bovinos, projetando e confeccionando corpos de

provas e garra de fixação para este fim. Um dos desafios deste projeto foi realizar

ensaios de tração com corpos de prova a partir de um material biológico de geometria

irregular. Para isto, uma garra para fixação dos corpos de prova na máquina universal

de ensaios mecânicos foi projetada e analisada por elementos finitos. Um corpo de

prova foi usinado e posteriormente escaneado para o refino das análises por

elementos finitos realizadas no projeto da garra de fixação. Os resultados numéricos

da geometria obtidos pelo método de escaneamento foram comparados com as

dimensões reais do corpo de prova.

Este projeto de graduação está estruturado da seguinte maneira. O segundo

capítulo se destina à revisão bibliográfica, onde são reportados artigos encontrados na

literatura sobre ensaios mecânicos em ossos e sobre simulações numéricas dos

mesmos. Também são revisados fundamentos teóricos necessários para o projeto,

como morfologia óssea, ensaio de tração e análise metrológica dos resultados.

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No terceiro capítulo está explicado todo o método experimental. É detalhado o

processo de obtenção e desmineralização das amostras bovinas utilizadas no projeto

bem como o projeto do ensaio de tração, englobando o projeto do corpo de prova, a

usinagem dos mesmos e o ensaio experimental. Também é explicado o processo de

escaneamento do corpo de prova e os quatro modelos de simulação com três modelos

de material.

No quarto capítulo são apresentados os resultados das simulações e dos

ensaios mecânicos.

No quinto capítulo estão apresentadas as conclusões. O sexto e último se

destina a projetos futuros.

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2 Revisão Bibliográfica

Este capítulo se destina a explicar os artigos encontrados na literatura sobre

ensaios mecânicos em ossos corticais, incluindo em ossos desmineralizados. Também

são apresentados artigos com simulações numéricas em ossos corticais. Neste

capítulo são revisados conceitos utilizados no presente trabalho. São introduzidos

conceitos fundamentais sobre morfologia óssea e sua relação com a osteoporose. São

revisados fundamentos sobre ensaio de tração, escaneamento ótico, método dos

elementos finitos e análise estatística.

2.1 Literatura sobre ensaio em ossos

SIMKIN e ROBIN (1973) compararam módulo de elasticidade e tensão de

ruptura para ensaios de flexão de três pontos, ensaios de tração e de compressão. Os

corpos de prova foram feitos a partir da região da diáfise de cinco fêmures, onde cada

fêmur resultava em cinco corpos de prova: um de tração, dois de compressão e dois

de flexão. A taxa de deformação utilizada nos três ensaios era da ordem de 10-4 s-1. Os

módulos encontrados para a tração foram cerca de três vezes maiores que os de

compressão. Comparando-se o módulo de flexão obtido no ensaio com o calculado a

partir dos módulos dos outros dois ensaios foi-se constatado que os calculados eram

inferiores aos obtidos no ensaio.

REILLY, BURSTEIN e FRANKEL (1974) realizaram ensaios de tração e

compressão em amostras da região da diáfise de 19 fêmures humanos. Cada fêmur

resultava em dois corpos de prova, um para tração e um para compressão. Os corpos

de prova possuíam dimensões totais de 15x5x5 mm e a parte central foi usinada de

modo a ter uma seção transversal quadrada de 2 mm de lado. A taxa de deformação

utilizada nos ensaios foi de 0,05 s-1. As diferenças entre compressão e tração foram

avaliadas. Os resultados de módulo de elasticidade não apresentaram mudanças

significativas com fator de confiabilidade de 95%, resultando em uma média de 17,1

GPa. A tensão de ruptura apresentou mudança significativa com valores médios de

128,26 MPa para tração e 195,68 MPa de compressão.

BURSTEIN et al. (1975) estudaram tecido ósseo cortical drasticamente

desmineralizado através de ensaio de tração, com o objetivo de analisar a influência

da parte mineral óssea. Foi utilizado ácido clorídrico, variando as concentrações, indo

desde 0,005 M até 0,5 M por um tempo de exposição de 48 horas. Os corpos de prova

possuíam seção transversal quadrada de lado 2 mm e comprimento da seção reta de

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6 mm. A taxa de deformação utilizada no ensaio foi de 2,5% s-1. A tensão de ruptura

variou de 188 MPa para o controle e decaiu até 39,5 MPa para o caso mais severo de

0,5 M enquanto que o Módulo de elasticidade variou de 28,2 a 0,75 GPa para as

mesmas concentrações.

WRIGHT e HAYES (1976) realizaram ensaios de tração variando o a taxa de

deformação, Ao todo foram utilizadas sete taxas de deformação, variando

de 5.3 x 10−4 a 237 s-1, cada taxa com 10 corpos de prova. Foram utilizados 100

corpos de prova, provenientes de fêmures de bois adultos. O formato de corpo de

prova era cilíndrico cuja seção média media 3,18 mm de diâmetro. Os resultados

indicaram que tanto o módulo quanto a tensão de ruptura possuíam forte dependência

com a taxa de deformação. Essas duas propriedades possuem relação linear com o

logaritmo da taxa de deformação. Comparando os dois extremos da taxa de

deformação nota-se que o módulo varia de 17,7 até 40,4 GPa enquanto que a tensão

de ruptura varia de 99,2 a 271,4 MPa.

WRIGHT (1981) também estudou ossos drasticamente desmineralizados

através de ensaio de tração, muito similar a BURSTEIN et al., (1975). Também com

solução de ácido clorídrico com concentração de 0,2 M, onze corpos de prova de

prova foram desmineralizados até estagnar a concentração de cálcio na solução

enquanto que sete foram mantidos como controle. A geometria dos corpos de prova e

a taxa de deformação foram idênticas a BURSTEIN et al., (1975). Foi-se constatado

uma variação no limite de ruptura de 128 MPa para 34 MPa e no módulo de

elasticidade de 20,6 GPa para 0,37 GPa. Para o mesmo valor de concentração da

solução de ácido, BURSTEIN et al., (1975) obteve valores de tensão de ruptura e

limite de escoamento de 106 MPa e 11,2 GPa respectivamente.

SCHAFFLER e BURR (1988) estudaram a influência de poros no módulo de

elasticidade e tensão de ruptura do tecido cortical. Foram utilizados corpos de prova

da diáfise de bezerros de 2 a 3 anos de idade. O formato dos corpos de prova era

cilíndrico com região central com comprimento de 15 mm e diâmetro de 3 mm,

alinhado com o sentido longitudinal do osso. Foram realizados ensaios com taxas de

deformação de 0,01 s-1 e 0,03 s-1, cada um com 10 amostras. Foi observado que

embora o osso seja viscoelástico, a variação da taxa de deformação não expressou

mudança significativa, resultando em um módulo de elasticidade de 22,1 GPa e 21,4

GPa, respectivamente. Analisando a variação do módulo de elasticidade com a

porosidade notou-se que o módulo decai não linearmente com o aumento da

porosidade, com expoente de 0,55.

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JONAS et al. (1993) utilizaram fêmures de rato para estudar a

desmineralização. Sete fêmures foram mantidos como controle e outros sete foram

submetidos à desmineralização de 99% através de solução de EDTA 0,5 M.

Comparando-se os resultados de força máxima, deformação máxima e rigidez elástica

notou-se que não houve variação significativa.

BOWMAN et al. (1996) estudaram o efeito de uma desmineralização drástica.

A solução de ácido utiliza foi de EDTA com concentração de 0.5 M e o tempo de

exposição foi de 14 dias. Foram ensaiados seis corpos de prova de tração de úmero

bovino com geometria cilíndrica, com dimensões da seção reta de diâmetro 2 mm por

5 mm de comprimento. Ao final dos 14 dias os corpos de prova apresentaram

comportamento similar ao de uma borracha, com propriedades elásticas e sem a

habitual rigidez óssea. Os corpos de prova foram ensaiados com uma taxa de

deformação de 0,17% s-1 e os valores de deslocamento foram registrados através de

método ótico não invasivo. Os resultados do ensaio apresentaram um módulo de

elasticidade médio de 613 MPa, uma tensão de ruptura média de 61,5 MPa e uma

deformação máxima de 12,3%. Foi-se constatado que nas primeiras 24 horas de

desmineralização os seis corpos de prova perderam entre 35 e 50% de cálcio.

PENG et al. (2006) estudaram a influência da ortotropia através de simulações

numéricas em uma microtomografia de um fêmur humano. Os valores de módulo de

elasticidade e coeficiente de Poisson foram obtidos com base em correlações que

envolvem a densidade do material. Foram simuladas duas situações, uma que

assemelha a uma pessoa em pé apoiada nas duas pernas e outra apoiada somente

em uma perna. Ambos os casos possuíam apoios na parte distal do fêmur e a carga

era aplicada na parte proximal. A diferença relativa máxima de tensão equivalente e

deslocamento nodal entre os casos ortotrópico e isotrópico foram 0,61 e 1,28%

respectivamente, indicando que a o material possui uma fraca ortotropia.

FENG e JASIUK (2010) estudaram a influência da geometria do corpo de prova

para concentração de tensão e o resultado de tensão de ruptura durante o ensaio de

tração. Com base em simulações numéricas e em ensaios, foram analisados cerca de

13 casos distintos, variando entre quatro formatos de corpo de prova, destacando-se

entre eles uma geometria com base na norma ASTM D38 sobre ensaio em polímeros.

Nas simulações foram estudados quatro casos de material, variando isotropia e

isotropia transversal. Uma extremidade era engastada e a outra possuía um

deslocamento que gerasse uma deformação de 2,5% na parte central. Os ensaios

utilizaram 48 corpos de prova provenientes de quatro fêmures suínos seccionados na

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diáfise. Constatou-se que o fator de concentração era bastante elevado para os corpos

de prova retangulares, chegando a um valor de 1,84, mas o halter adoçado chegava a

1,03. A variação do material indicou que o fator de concentração era sempre maior

para os casos de isotropia transversal quando comparado com isotrópico. Esta

variação é mais sensível quanto mais anisotrópico for o material.

2.2 Fundamentos teóricos

2.2.1 Morfologia óssea

De acordo com DANGELO e FATTINI (2011), “o esqueleto é definido como o

conjunto de ossos e cartilagens que se interligam para formar o arcabouço do corpo

do animal e desempenhar várias funções. Os ossos são definidos como estruturas

resistentes, de número, coloração e forma variáveis, com origem, estrutura e função

semelhantes e que, em conjunto, constituem o esqueleto. Como funções importantes

para o esqueleto pode-se destacar: proteção (para órgãos como o coração, os

pulmões e a parte central do sistema nervoso); sustentação e conformação do corpo;

local de armazenamento de substâncias orgânicas e minerais (durante a gravidez a

calcificação fetal se faz, em grande parte, pela reabsorção destes elementos

armazenados no organismo materno); sistema de alavancas que, movimentadas

pelos músculos, permite os movimentos do corpo e, finalmente, local de produção

dos elementos do sangue. O sistema esquelético, juntamente com o muscular

constitui o sistema locomotor”.

Dentre as várias maneiras de classificar os ossos, a mais difundida é aquela

que leva em consideração a forma dos ossos, que divide em três grupos: osso longo,

cujo comprimento é consideravelmente maior que a largura e a espessura,

exemplificado pelos ossos fêmur, tíbia e rádio; osso plano, onde comprimento e

largura são equivalentes e predominantes em comparação a espessura,

exemplificado pela escápula e o osso do quadril; e ossos curtos, onde as três

dimensões são equivalentes, como os ossos do carpo e do tarso. (DANGELO e

FATTINI, 2011)

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Figura 2.1: Tipos de ossos conforme o tamanho: (a) osso longo, (b) osso plano, (c) osso curto; Adaptado de DANGELO e FATTINI (2011)

Um típico osso longo consiste de um eixo central cilíndrico chamado diáfise e

duas pontas arredondadas chamadas epífises. A região cônica que une a diáfise às

epífises é chamada metáfise. A superfície externa do osso é revestida por uma

camada de tecido conjuntivo fibroso chamado de periósteo. Entre a medula óssea da

diáfise e o tecido ósseo existe uma fina camada de células chamada de endósteo.

(COWIN e TELEGA, 2003)

a) b)

c)

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Segundo JUDAS et al. (2012), “o tecido ósseo pode ser classificado como

esponjoso ou trabecular e cortical ou compacto, com base na sua organização

estrutural. A superfície de corte do tecido ósseo compacto aparece sólida e bastante

homogênea, ao passo que a do tecido ósseo esponjoso tem a aparência de uma

esponja. O tecido ósseo cortical e o tecido ósseo esponjoso possuem os mesmos

elementos constitutivos quanto a células e matriz óssea tendo, no entanto, importantes

diferenças estruturais e funcionais”. Para COWIN e TELEGA (2003), tecido cortical

consiste em um tecido ósseo denso com canais microscópicos e constitui 80% da

massa óssea do esqueleto adulto. Este tecido compõe as paredes externas de todos

os ossos e é responsável pela sustentação e proteção do esqueleto. Os outros 20%

de massa óssea correspondem ao tecido trabecular, uma grande rede de placas e

hastes conhecidas como trabéculas, sendo encontrado nas partes internas dos ossos

e nas epífises de ossos longos. A distribuição do tecido ósseo cortical e esponjoso

varia muito entre os ossos havendo casos como o cúbito que possui 92% de tecido

cortical enquanto que uma típica vértebra possui 62%.

Outra classificação do tecido ósseo é seguindo a estruturação das fibras de

colágeno na matriz óssea. O chamado tecido ósseo primário ou imaturo é a primeira

organização do tecido, sendo estruturada no embrião ou quando há fratura óssea.

Neste tipo, as fibras colagenosas estão dispostas aleatoriamente, sem uma orientação

definida e com menos minerais, conferindo uma resistência mecânica inferior. O

segundo tipo é o chamado tecido ósseo secundário ou lamelar. Neste tipo, as fibras de

colágeno se organizam de forma concêntrica ao redor de canais por onde circulam

vasos sanguíneos. Este conjunto é chamado de Sistema de Havers ou Ósteon e

possui maior resistência em comparação ao tecido imaturo enquanto que canal de

vasos sanguíneos situado no seu interior se chama canal de Havers. Também há

canais transversais que ligam os Canais de Havers chamados Canais de Volkmann,

que atravessam o osso ligando a medula óssea com o periósteo. (SOUZA, MEDRADO

e GITIRANA, 2010)

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Figura 2.2: Representação esquemática das partes de um osso longo. Adaptado de

JUDAS et al. (2012)

Segundo SOUZA, MEDRADO e GITIRANA (2010), “A matriz extracelular do

tecido ósseo pode ser dividida em dois tipos de constituintes: uma matriz orgânica e

uma matriz inorgânica. A primeira é formada principalmente por colágeno I, (...). A

segunda representa cerca de 50% da matriz óssea, e é composta de íons,

principalmente de cálcio e fosfato, além de bicarbonato, magnésio, potássio, sódio e

citrato em pequenas quantidades. Assim que é produzida, a matriz óssea ainda não

está classificada e possui uma consistência delicada, sendo chamada osteóide. Íons

de cálcio e fosfatos provenientes da circulação sanguínea se ligam, formando cristais

de hidroxiapatita (Ca10(PO4)6(OH)2). Estes cristais de hidroxiapatita, por sua vez,

ligam-se às fibras de colágeno I do osteóide, promovendo o endurecimento

característico.”

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Figura 2.3: Representação esquemática de um tecido lamelar. Fonte: SOUZA,

MEDRADO e GITIRANA (2010)

Segundo DALMOLIN et al. (2013) “o osso não é completamente dúctil nem

frágil, mas uma combinação dessas características. A porção orgânica corresponde a

35% da matriz extracelular, sendo responsável pela resistência à fratura, compressão

e tração, conferindo maleabilidade tecidual sem que ele perca clinicamente sua

dureza. Já a resistência à deformação deve-se aos componentes inorgânicos que

constituem 65% da matriz. Tecidos ósseos corticais e esponjosos possuem

composição similar com diferentes configurações estruturais; no osso cortical, os

canais de Havers estão presentes e o tecido ósseo é depositado em camadas

cilíndricas em torno destes. No osso esponjoso (ou trabecular), não existem canais

havesianos, sendo o tecido depositado em camadas longitudinais. Essa diferença

microestrutural, combinada ao pequeno tamanho das trabéculas, resulta em menor

rigidez e resistência do osso esponjoso”.

Segundo DALMOLIN et al. (2013), “o osso cortical apresenta anisotropia, o que

significa que as propriedades mecânicas não são iguais em todas as direções e

dependem da direção de aplicação de carga. Tecidos ósseos são mais resistentes na

orientação longitudinal do que tangencial ou radial; isso se deve principalmente ao fato

dos ósteons serem orientados ao longo do eixo ósseo e justapostos entre si. Assim, se

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o tecido ósseo cortical receber carga na direção perpendicular aos ósteons, tenderá a

fraturar de maneira mais quebradiça”.

2.2.2 Osteoporose

A osteoporose é uma doença metabólica do tecido ósseo, caracterizada por

perda gradual de massa óssea, que enfraquece o tecido ósseo, por deterioração da

microarquitetura tecidual, comprometendo a resistência e a qualidade óssea,

tornando-os mais frágeis e suscetíveis às fraturas. As fraturas do quadril são as mais

graves e ocorrem em fases mais tardias da doença. (KANIS, 2002) (GUARNIERO e

OLIVEIRA, 2004)(COWIN e TELEGA, 2003).

A densidade mineral óssea (DMO) reflete a quantidade de mineral quantificada

numa região do esqueleto, expressa em gramas pela área ou volume medidos. A

definição de osteoporose está também relacionada à alteração dos valores da DMO

devido à perda de massa óssea bem como a qualidade óssea. Por ser mais difícil

quantificar a qualidade óssea, o diagnóstico se baseia somente na DMO.

Para diminuir erros e incertezas associadas com a calibração dos instrumentos

de medição utiliza-se como referência a distribuição normal da DMO de pessoas

sadias na faixa dos 30 anos. O valor de DMO medido no exame é normalizado

utilizando a média e o desvio padrão da distribuição normal, resultando em um T-

score. Quando a perda é de 1 a 2,5 desvios padrões (T-score entre -1 e -2,5) é

identificado o quadro de osteopenia. Já quando a perda é maior do que 2,5 desvios

padrões (T-score < -2.5) é diagnosticado como osteoporose. Na Figura 2.4 está

ilustrado a distribuição normalizada da densidade óssea e os quadros de osteopenia e

osteoporose com base no T-score. A osteoporose pode ser considerada grave

quando, além do critério acima referido, já existir uma fratura (GUARNIERO e

OLIVEIRA, 2004) (KANIS, 2002).

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14

A técnica mais utilizada para a medição de massa óssea é a Absorciometria

bifotónica de raio X (em inglês: Dual-energy X-ray absorptiometry, abreviado DXA). O

ensaio mede a quantidade mineral óssea em massa em uma projeção de raios-x e

divide pela área da projeção. A densidade mineral óssea resultante deste ensaio é

uma densidade superficial e não volumétrica. Por isso, o tamanho do osso influencia,

já que a relação área-volume é não linear. As regiões mais utilizadas para o ensaio

são a bacia, o pulso e a região do fêmur. (KANIS, 2002). Esta técnica possui precisão

acima de 90%,

Outras técnicas também podem ser utilizadas, como as que seguem (KANIS,

2002):

Ultrassom quantitativo (QUS): Através de medições de coeficientes de

atenuação de banda larga e da velocidade ultrassônica é possível medir

a DMO. Este método também é menos nocivo ao paciente, pois não

apresenta radiação ionizante e é mais barato que o DXA. Porém, é uma

técnica menos consolidada do que a DXA, sendo menos aceita para o

diagnóstico de osteoporose.

Tomografia computadorizada (CT): Se for calibrado é capaz de medir a

DMO e relacionar com o volume, resultando em um valor de densidade

volumétrica real, diferentemente do DXA. Para medir a DMO somente do

tecido trabecular este método é mais acurado. Porém, possui maior

Figura 2.4: Diagnóstico de osteopenia e osteoporose. Adaptado de KANIS, (2002)

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exposição à radiação, dificuldades com o controle da qualidade do

resultado e possui alto custo em comparação com o DXA.

Radiografia: Embora seja possível identificar a presença de osteoporose

só de olhar em diversas radiografias este método é qualitativo. Sua

função é observar a estrutura óssea para analisar sua qualidade.

2.3 Ensaio de tração

De acordo com GARCIA, SPIM e SANTOS (2000), “o ensaio de tração (EdT)

consiste na aplicação de carga de tração uniaxial monotônica em um corpo de prova

padronizados até a ruptura. Mede-se a variação no comprimento como função da

carga aplicada e após o tratamento adequado dos resultados obtém-se uma curva

tensão versus a deformação do corpo de prova como ilustrado na Figura 2.6. Trata-se

de ensaio amplamente utilizado na indústria de componentes mecânicos, devido à

vantagem de fornecer dados quantitativos das características mecânicas dos

materiais. Dentre as principais destacam-se: Limite de resistência à tração, limite de

escoamento, módulo de elasticidade, módulo de resiliência, coeficiente de

encruamento, coeficiente de resistência e parâmetros relativos à ductilidade.”

Geralmente, a norma utilizada para o desenvolvimento do teste e a escolha do

corpo de prova em materiais ferrosos é a ASTM E8/E8M-16a. Na Figura 2.5 são

mostradas as principais geometrias padronizadas nesta norma para uso no ensaio de

tração. Já na Figura 2.7 é mostrado um esquema da aplicação de carga, a área e o

comprimento a medir no teste, para um corpo de prova cilíndrico.

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Figura 2.5: Principais geometrias de corpo de prova. a) Plano b) Cilíndrico c)

Rosqueado. Fonte: ASTM INT. (2009)

Figura 2.6: Gráfico tensão x deformação de um ensaio de tração. Fonte:

GARCIA, SPIM e SANTOS (2000)

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Figura 2.7: Esquema da aplicação de carga e geometria a ser media no ensaio

de tração. Fonte: GARCIA, SPIM e SANTOS (2000)

Segundo GARCIA, SPIM e SANTOS (2000), a tensão convencional, nominal,

ou de engenharia, é dada por:

𝜎𝑐 =𝑃

𝑆0

(2.1)

Em que, 𝜎𝑐 é tensão convencional (MPa), 𝑃 é carga aplicada (N), 𝑆0 é a seção

transversal original (m2).

A deformação convencional, nominal ou de engenharia é dada por:

𝜖𝑐 =Δ𝐿

𝐿0

(2.2)

Em que, 𝜖𝑐 é a deformação convencional (adimensional), 𝐿0 é o comprimento

inicial de referência (Carga zero) [m] e ∆𝐿 é o alongamento [m].

Quando uma amostra de um material é solicitada por uma força e sofre uma

deformação e, após a retirada da força aplicada, recupera suas dimensões originais,

essa deformação é definida como deformação elástica. A deformação elástica de um

corpo de prova é descrita por uma relação linear entre tensão convencional e

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deformação convencional, em que a constante de proporcionalidade é dada pelo

Módulo de Elasticidade, também conhecido como Módulo de Young (E) conforme a

equação:

𝜎𝑐 = 𝐸 𝜖𝑐 (2.3)

O módulo de elasticidade pode ser diretamente obtido da curva tensão-

deformação e é determinado pelo quociente da tensão convencional na região linear

do diagrama tensão-deformação. Utilizando (2.1) e (2.2) tem-se:

𝐸 =𝜎𝑐

𝜖𝑐=

𝑃 𝐿0

𝑆0 Δ𝐿

(2.4)

A tensão máxima (limite de resistência à tração) é definida como a máxima

tensão que o material suporta sem apresentar nenhum traço de fratura interna ou

externa no corpo de prova. Após esse nível de tensão, o material iniciará o processo

de fratura.

O módulo de elasticidade é medido com base na região elástica da curva tensão

deformação. Ele é obtido com base na inclinação da parte linear da curva.

Experimentalmente, esta curva é um conjunto de pontos (𝑥𝑖 , 𝑦𝑖). Com base neste

conjunto de pontos determina-se a reta que melhor aproxima este conjunto de pontos

e calcula-se seu coeficiente angular

2.4 Escaneamento ótico

As formas de reconstrução 3D que não envolvem contato físico se dividem em

dois grupos, um baseado em volume e um baseado na superfície externa. Os

baseados em volumes são aqueles que são capazes de reconstruir o interior de um

objeto, como um tomógrafo, enquanto que os baseados em superfícies reconstroem

somente a superfície externa, exemplificado por um escâner óptico.

Geng (2011) define o processo de escaneamento 3D por luz estruturada

como “iluminação ativa da cena com um padrão de intensidade bidimensional

especificamente projetado variante no espaço”, em tradução livre. Na Figura 2.8 está

indicada uma projeção variante no espaço gerado por um projetor de luz estruturada

incidindo sobre um objeto. Conhecida a distância entre câmera e projetor, B, e os

ângulos 𝛼 e 𝜃, é possível calcular a distância câmera-ponto através do princípio da

triangulação, dada por:

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𝑅 = 𝐵 𝑠𝑒𝑛(𝜃)

𝑠𝑒𝑛 (𝛼 + 𝜃)

(2.5)

Se a superfície escaneada for plana então não haverá deformação do padrão

de luz. Contudo, conforme a superfície se afasta de uma superfície plana o padrão de

iluminação se deforma. Com base nesta deformação do padrão extrai-se a superfície

3D onde o padrão incide.

Existem inúmeras técnicas de escaneamento de superfície utilizando luz

estruturada. Na Figura 2.9 estão indicadas algumas técnicas utilizadas. Tais técnicas

estão classificadas em disparos múltiplos ou disparos simples. Habitualmente, se a

cena for estática, técnicas de disparos múltiplos resultam em resultados mais

acurados e confiáveis. Em contrapartida, se o objeto estiver em movimento, as

técnicas de disparo simples são preferíveis.

Figura 2.8: Configuração para obtenção de luz estruturada. Fonte: GENG (2011)

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Figura 2.9: Técnicas de imageamento 3D com luz estruturada. Fonte: GENG (2011)

Dentro dos disparos múltiplos tem-se quatro métodos distintos. O método do

código binário consiste na aplicação de N disparos com padrões distintos, onde cada

disparo está dividido em faixas de cor preto e branco, variando a quantidade de faixas

por disparo, conforme ilustrado na Figura 2.10. Para um dado ponto, se para o

primeiro disparo, que possui somente uma faixa preta e uma branca, for incidido a luz

branca, o primeiro dígito será 1 enquanto que se for o feixe preto, será 0. Esta lógica é

aplicada para cada um dos N feixes, resultando em um código binário de N dígitos

para cada ponto. O número de áreas codificadas resultante é equivalente a 2𝑁. Com

base no princípio da triangulação as coordenadas (x,y,z) ao longo de cada linha

horizontal são computadas. A Figura 2.11 ilustra um escaneamento por código binário

e a imagem resultante.

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Figura 2.10: Padrões de disparos para o código binário. Fonte: GENG (2011)

Figura 2.11: Exemplo de escaneamento através de luz estruturada: código binário e imagem resultante. (Fonte: http://mesh.brown.edu/byo3d/source.html)

2.5 Elementos finitos

2.5.1 Introdução

Muitos fenômenos físicos na engenharia e na ciência podem ser formulados

através de equações diferenciais, sejam elas ordinárias ou parciais. Devido à

peliculiaridade e complexidade de alguns casos particulares, uma solução analítica

exata para estas equações se torna inviável ou até mesmo impossível (LOGAN, 2007).

Por isto, o método dos Elementos Finitos, do inglês Finite Element Method (FEM)

propõe uma abordagem numérica capaz de resolver estas equações diferenciais de

forma aproximada. Na engenharia, este método é utilizado para resolver problemas

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como em múltiplas áreas, como: análises estáticas, dinâmicos, transferência de calor,

mecânica de fluidos, eletromagnetismo, etc., através de simulação computacional. A

ideia básica do FEM é dividir o corpo a ser analisado em uma quantidade finita de

elementos (discretização), conectados por nós, constituindo assim uma malha de

elementos finitos ou simplesmente malha, e então resolver o conjunto de equações na

malha (o número de divisões é diretamente proporcional à precisão do resultado

obtido com a realidade do modelo) Para problemas lineares, a solução é determinada

resolvendo um sistema de equações lineares onde o número de incógnitas depende

do número total de nós da malha. Para análises de tensão tridimensional as incógnitas

são os deslocamentos em três direções de cada nó. (FISH e BELYTSCHKO, 2007)

2.5.2 Elasticidade linear

Para uma análise linear do problema de análise de tensões são necessárias as

seguintes condições:

1. O corpo deve estar em equilíbrio

2. A deformação deve ser pequena

3. A análise deve satisfazer as leis de tensão-deformação

Seja um corpo definido por um contorno Γ e um volume interno Ω, submetido a

uma força de corpo b⃗ no volume interno e a esforços t no contorno, ilustrado para o

caso 2D na Figura 2.12. Da teoria geral da elasticidade linear, o corpo estará em

equilíbrio se e somente se: (FISH e BELYTSCHKO, 2007)

𝑑𝑖𝑣 (𝑇) + �⃗� = 0⃗ 𝑒𝑚 𝛺 (2.6)

𝑡 = 𝑇. �̂� 𝑒𝑚 𝛤 (2.7)

Onde n̂ é o vetor normal ao contorno e T é o tensor de tensões e é dado por:

T = [

σxx σxy σxz

σxy σyy σyz

σxz σyz σzz

] (2.8)

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Figura 2.12: Esquema de um corpo bidimensional, com contorno Γ e volume interno

Ω. Adaptado de FISH e BELYTSCHKO (2007)

Em coordenadas cartesianas, o sistema de equações se resume a:

Em Ω:

𝜕𝜎𝑥𝑥

𝜕𝑥+

𝜕𝜎𝑥𝑦

𝜕𝑦+

𝜕𝜎𝑥𝑧

𝜕𝑧+ 𝑏𝑥 = 0

𝜕𝜎𝑦𝑥

𝜕𝑥+

𝜕𝜎𝑦𝑦

𝜕𝑦+

𝜕𝜎𝑦𝑧

𝜕𝑧+ 𝑏𝑦 = 0

𝜕𝜎𝑧𝑥

𝜕𝑥+

𝜕𝜎𝑧𝑦

𝜕𝑦+

𝜕𝜎𝑧𝑧

𝜕𝑧+ 𝑏𝑧 = 0

(2.9)

Em Γ:

𝜎𝑥𝑥 𝑛𝑥 + 𝜎𝑥𝑦 𝑛𝑦 + 𝜎𝑥𝑧 𝑛𝑧 = 𝑡𝑥

𝜎𝑦𝑥 𝑛𝑦 + 𝜎𝑦𝑦 𝑛𝑦 + 𝜎𝑦𝑧 𝑛𝑧 = 𝑡𝑦

𝜎𝑧𝑥 𝑛𝑥 + 𝜎𝑧𝑦 𝑛𝑦 + 𝜎𝑧𝑧 𝑛𝑧 = 𝑡𝑧

(2.10)

O interior deste corpo, sujeito aos esforços, irá se deslocar, criando um campo

de deslocamento dado por �⃗� . Na Figura 2.13 está uma representação 2D de um

quadrado sujeito a um campo de deslocamento.

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Figura 2.13: Esquema de um corpo 2D sujeito a ação de um campo de deslocamento

�⃗� . O retângulo sólido representa o corpo na configuração original e o tracejado

representa o corpo na configuração deformada. Fonte: FISH e BELYTSCHKO (2007)

Em pequenas deformações, o tensor de deformação 𝔼 se relaciona com o

campo de deformação �⃗� através da equação (2.11):

𝔼 =

1

2 (𝑔𝑟𝑎𝑑 �⃗� + (𝑔𝑟𝑎𝑑 �⃗� )𝑇)

(2.11)

𝔼 = ∇𝑠�⃗� (2.12)

Onde o símbolo ∇𝑠 indica o operador gradiente simétrico definido como:

∇𝑠=1

2( 𝑔𝑟𝑎𝑑(∗) + (𝑔𝑟𝑎𝑑 (∗))

𝑇)

(2.13)

Logo:

𝔼 =

[

𝜕𝑢𝑥

𝜕𝑥

1

2(𝜕𝑢𝑦

𝜕𝑥+

𝜕𝑢𝑥

𝜕𝑦)

1

2(𝜕𝑢𝑥

𝜕𝑧+

𝜕𝑢𝑧

𝜕𝑥)

1

2(𝜕𝑢𝑦

𝜕𝑥+

𝜕𝑢𝑥

𝜕𝑦)

𝜕𝑢𝑦

𝜕𝑦

1

2(𝜕𝑢𝑦

𝜕𝑧+

𝜕𝑢𝑧

𝜕𝑦)

1

2(𝜕𝑢𝑥

𝜕𝑧+

𝜕𝑢𝑧

𝜕𝑥)

1

2(𝜕𝑢𝑦

𝜕𝑧+

𝜕𝑢𝑧

𝜕𝑦)

𝜕𝑢𝑧

𝜕𝑧 ]

(2.14)

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Nota-se que o tensor 𝔼 é simétrico. Utilizando a lei de Hooke generalizada é

possível relacionar o tensor de tensões T com o tensor de deformações 𝔼.

𝑇𝑖𝑗 = 𝐶𝑖𝑗𝑘𝑙𝔼𝑘𝑙

(2.15)

Onde C é um tensor de segunda ordem cujos elementos dependem apenas do

material. Para materiais isotrópicos tem-se:

𝑇11 =𝐸

(1 + 𝜈)(1 − 2𝜈) [(1 − 𝜈)𝔼11 + 𝜈𝔼22 + 𝜈𝔼33]

𝑇22 =𝐸

(1 + 𝜈)(1 − 2𝜈) [𝜈𝔼11 + (1 − 𝜈)𝔼22 + 𝜈𝔼33]

𝑇33 =𝐸

(1 + 𝜈)(1 − 2𝜈) [𝜈𝔼11 + 𝜈𝔼22 + (1 − 𝜈)𝔼33]

𝑇12 =𝐸

(1 + 𝜈)𝔼12

𝑇23 =𝐸

(1 + 𝜈)𝔼23

𝑇13 =𝐸

(1 + 𝜈)𝔼13

(2.16)

Onde E é o módulo de elasticidade do material e 𝜈 é o coeficiente de

Poisson.

2.6 Incerteza de medição

A incerteza de medição é um parâmetro que caracteriza a dispersão dos

valores atribuídos a um mensurando (INMETRO, 2012). A incerteza está relacionada a

um valor de medição, que é o resultado da medição, e não ao valor verdadeiro do

mensurando, o qual na prática não é conhecido. Este resultado é apenas a melhor

estimativa de tal valor verdadeiro e geralmente é obtido pela média aritmética de N

medições repetidas do mesmo mensurando. Destaca-se que a incerteza representa

uma faixa de dispersão e não um valor pontual, diferenciando do erro, visto que este é

um valor pontual e pode ser corrigido utilizando um fator de correção adequado (REDE

METROLOGICA RS, 2013).

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Ao se relatar a medição de uma grandeza física faz-se imprescindível indicar

uma indicação quantitativa da qualidade deste resultado, pois assim aqueles que

utilizarem este resultado possam avaliar sua confiabilidade. Sem essa indicação,

resultados de medição não podem ser comparados com a esperada confiabilidade,

seja entre eles mesmos ou com valores de referência fornecidos numa especificação

ou numa norma. Por este motivo, a determinação da qualidade de um resultado de

uma medição deve possuir um procedimento facilmente compreendido e de aceitação

geral para a sua caracterização, isto é, para expressar sua incerteza (INMETRO,

2008).

INMETRO (2012) sugere que “as componentes da incerteza de medição

sejam agrupadas em duas categorias, Tipo A e Tipo B, dependendo de como elas

foram avaliadas, isto é, por métodos estatísticos ou por outros métodos, e que sejam

combinadas para se obter uma variância de acordo com as regras da teoria

matemática da probabilidade, tratando as componentes do Tipo B também em termos

de variâncias. O desvio padrão resultante é uma expressão da incerteza de medição”.

Para a medição de um mensurando Y, muitas vezes, utiliza-se N outras

grandezas 𝑋𝑖. O mensurando Y se relaciona com tais grandezas 𝑋𝑖 através de uma

relação funcional f:

𝑌 = 𝑓(𝑋1, 𝑋2, … , 𝑋𝑁)

(2.17)

Cada uma das grandezas 𝑋𝑖 possui um número n de medições independentes.

A incerteza associada com a variação estatística das n medições está associada com

a incerteza do Tipo A enquanto que a incerteza do Tipo B está associada com as

demais incertezas.

2.6.1 Avaliação tipo A da Incerteza de medição

A avaliação do Tipo A é a avaliação de uma componente da incerteza de

medição por uma análise estatística dos valores medidos, obtidos sob condições

definidas de medição (INMETRO, 2012). Estas condições definidas são:

Condição de repetibilidade: Condição de medição num conjunto de

condições, as quais incluem o mesmo procedimento de medição, os

mesmos operadores, o mesmo sistema de medição, as mesmas

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condições de operação e o mesmo local, assim como medições

repetidas no mesmo objeto ou em objetos similares durante um curto

período de tempo. (INMETRO, 2012)

Condição de precisão intermediária: Condição de medição num

conjunto de condições, as quais compreendem o mesmo

procedimento de medição, o mesmo local e medições repetidas no

mesmo objeto ou em objetos similares, ao longo dum período extenso

de tempo, mas pode incluir outras condições submetidas a mudanças.

(INMETRO, 2012)

Condição de reprodutibilidade: Condição de medição num conjunto

de condições, as quais incluem diferentes locais, diferentes

operadores, diferentes sistemas de medição e medições repetidas no

mesmo objeto ou em objetos similares. (INMETRO, 2012)

A melhor estimativa disponível de uma grandeza 𝑋𝑖 que varia aleatoriamente é

a média aritmética �̅� das n medições 𝑥𝑘 independentes. Estas medições

independentes diferem devido a variações aleatórias nas grandezas de influência, ou

efeitos aleatórios. Estas variações são estimadas pela variância experimental das

observações 𝑠2(𝑥𝑘) e caracterizam a variabilidade dos valores 𝑥𝑘 observados ou,

mais especificamente, sua dispersão em torno de sua média �̅�. (INMETRO, 2008)

A melhor estimativa da variância da média 𝑠2(�̅�) é dada por:

𝑠2(�̅�) =𝑠2(𝑥𝑘)

𝑛

(2.18)

A variância experimental da média 𝑠2(�̅�) e o desvio-padrão experimental da

média 𝑠(�̅�), igual à raiz quadrada positiva de 𝑠2(�̅�), quantificam quão bem �̅� estima a

grandeza 𝑋𝑖, e qualquer um deles pode ser usado como uma medida da incerteza

de �̅�. Logo, para um valor de entrada 𝑋𝑖 com k medições possuirá uma incerteza-

padrão 𝑢(𝑋𝑖) = 𝑠(𝑋�̅�) dada por (2.18). Por conveniência, 𝑢𝐴(𝑋𝑖) é denominado

incerteza-padrão do tipo A.

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2.6.2 Avaliação tipo B da Incerteza de medição

Avaliação duma componente da incerteza de medição determinada por meios

diferentes daquele adotado para uma avaliação do Tipo A da incerteza de medição.

(INMETRO, 2012). Com base na fonte de informação da incerteza destacam-se alguns

exemplos: (INMETRO, 2012)

Avaliação baseada na informação:

Associada a valores publicados por autoridade competente,

Associada ao valor de um material de referência certificado,

Obtida a partir de um certificado de calibração,

Relativa à deriva,

Obtida a partir da classe de exatidão de um instrumento de medição

verificado, obtida a partir de limites deduzidos da experiência pessoal.

Para uma estimativa de uma grandeza de entrada 𝑋𝑖 que não tenha sido obtida

através de observações repetidas, a variância estimada associada 𝑢2(𝑥𝑖) ou a

incerteza-padrão é avaliada por julgamento científico baseando em todas as

informações disponíveis sobre a possível variabilidade de 𝑋𝑖. Por conveniência,

𝑢𝐵(𝑥𝑖) estimado dessa maneira é chamado de incerteza-padrão do Tipo B.

(INMETRO, 2008)

2.6.3 Incerteza-padrão combinada

As incertezas do Tipo A e do Tipo B devem ser combinadas para resultar em

um único valor de incerteza. Segundo INMETRO (2012) a incerteza-padrão

combinada, 𝑢𝑐(𝑦), é definida como “Incerteza-padrão obtida ao se utilizarem

incertezas-padrão individuais associadas às grandezas de entrada num modelo de

medição”. A incerteza-padrão combinada é dada por:

𝑢𝑐(𝑦) = √∑𝑐𝑖2𝑢2(𝑥𝑖)

𝑁

𝑖=1

(2.19)

𝑐𝑖 ≡ (

𝜕𝑓

𝜕𝑥𝑖)

(2.20)

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29

Onde 𝑐𝑖 é chamado de coeficiente de sensibilidade. Estes parâmetros

descrevem como a estimativa de saída 𝑦 varia com alterações nos valores

𝑥1, 𝑥2, … , 𝑥𝑛. No caso onde 𝑢𝑐(𝑦) for a combinação das incertezas do tipo A e do Tipo

B os valores dos coeficientes de sensibilidades respectivos equivalem a 1.

2.6.4 Graus de liberdade efetivo e Incerteza

expandida

A incerteza expandida pode ser definida como a quantidade que define um

intervalo em torno do resultado de uma medição com o qual se espera abranger uma

grande fração da distribuição dos valores que podem ser razoavelmente atribuídos ao

mensurando. Esta fração pode ser vista como a probabilidade de abrangência ou nível

da confiança do intervalo. (INMETRO, 2008).

A incerteza expandida 𝑈 é obtida multiplicando-se a incerteza-padrão

combinada por um fator numérico denominado de fator de abrangência 𝑘𝑝, para um

dado nível de confiança p. Comumente, utiliza-se um fator de abrangência que

proporciona um intervalo correspondente a um nível da confiança p de 95% ou 99%.

𝑈 = 𝑘𝑝 𝑢𝑐(𝑦)

(2.21)

Deve ser reconhecido que, multiplicando-se 𝑢𝑐(𝑦) por uma constante, não há

acréscimo de informação nova, mas a informação, previamente disponível, é

apresentada de forma diferente.

Sempre que praticável, o nível da confiança, associado com o intervalo

definido por U, deve ser estimado e declarado. Na prática, faz-se necessário um

extenso conhecimento da distribuição de probabilidade caracterizada pelos resultados

de medição e sua incerteza-padrão combinada 𝑢𝑐(𝑦) para o propósito de estabelecer

intervalos tendo níveis da confiança exatamente conhecidos.

Para uma variável aleatória normalmente distribuída mensurada através de n

medições independentes pode-se adotar o modelo probabilístico de distribuição de t-

Student com um número de graus de liberdade 𝜐. No cálculo de incertezas o grau de

liberdade na incerteza quantifica a credibilidade sobre cada componente de incerteza.

Assim, um alto grau de credibilidade implica em um alto grau de liberdade. (REDE

METROLOGICA RS, 2013).

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30

O número de graus de liberdade 𝜐 de uma distribuição de t- student é

calculado por:

𝜐 = 𝑛 − 1

(2.22)

Entretanto, uma aproximação mais simples é frequentemente adequada para

situações de medição em que a distribuição de probabilidade é aproximadamente

normal e o número efetivo de graus de liberdade é significativamente grande. Na

prática utiliza-se esta aproximação para valores de n superiores a 30. Quando isto

ocorre, pode-se supor que, tomando 𝑘𝑝 = 2, é produzido um intervalo tendo um nível

da confiança de aproximadamente 95%, e que, tomando 𝑘𝑝 = 3, é produzido um

intervalo tendo um nível da confiança de aproximadamente 99%.

Quando o número de medições não for suficientemente grande não é

possível aproximar o modelo de t-student por um modelo de distribuição normal. Neste

caso, o valor de 𝑘𝑝 será dependente, além da probabilidade de abrangência, do grau

de liberdade. Para grandezas diretamente mensuradas o grau de liberdade é dado por

(2.22). Já o grau de liberdade associado ao mensurando y, depende dos graus de

liberdade de cada uma das grandezas 𝑋𝑖 e de seus respectivos coefifientes de

sensibilidade. Este grau de liberdade do mensuando y, chamado grau de liberdade

efetivo, 𝜐𝑒𝑓𝑓, pode ser estimado por meio da fórmula de Welch-Satterthwaite: (REDE

METROLOGICA RS, 2013)

𝑢𝑐

4(𝑦)

𝜐𝑒𝑓𝑓= ∑

(𝑐𝑖 𝑢𝐴(𝑥𝑖))4

𝜐𝑖

𝑁

𝑖=1

(2.23)

Ou:

𝜐𝑒𝑓𝑓 =

𝑢𝑐4(𝑦)

∑(𝑐𝑖 𝑢𝐴(𝑥𝑖))

4

𝜐𝑖

𝑁𝑖=1

(2.24)

Sabendo o grau de liberdade e a probabilidade de abrangência é possível

determinar o fator de abrangência utilizando a Tabela que se encontra no Anexo A:

Fator de abrangência. Esta tabela é construída com base na função de probabilidade

de t-student para um dado grau de liberdade.

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31

3 Métodos experimentais

O presente capítulo se destina explicar o método experimental do projeto. São

apresentados os procedimentos utilizados para se obter as amostras utilizadas no

projeto, contemplando desde a aquisição do fêmur até o estágio de desmineralização.

É apresentado o projeto do ensaio de tração, englobando a geometria do corpo de

prova e o projeto da garra utilizada no ensaio. É detalhado o procedimento de

usinagem dos corpos de prova e o ensaio. Também é explicado a obtenção do objeto

sólido em Solidworks do corpo de prova 10_4, incluindo o escaneamento e o

tratamento da geometria obtida. Para a simulação numérica são usados quatro

modelos de aplicação de cargas e três modelos de material, com propriedades

encontradas na literatura

3.1 Preparo das amostras

O objetivo do estudo consiste em estudar as propriedades mecânicas do

tecido ósseo cortical. Por este motivo optou-se por utilizar amostras da média diáfise

visto que nesta região há uma camada de tecido cortical mais espessa quando

comparado com as epífises. Optou-se por não usinar as superfícies externas e

internas, devido aos poros da camada superficial, interferindo o menos possível na

amostra, e também, não perdendo a contribuição da parte desmineralizada. A diáfise

foi dividida no sentido longitudinal, por ser o sentido avaliado clinicamente, e em

quatro pedaços para se obter um número maior de amostras e, desta forma, melhorar

os resultados na avaliação estatística. Além disso, devido ao tamanho do transdutor

de ultrassom utilizado na configuração do Laboratório de Ultrassom do Inmetro, os

corpos tiveram um tamanho ideal, com o qual os resultados poderiam ser mais

confiáveis e reprodutíveis. Importante ressaltar que, primeiro as amostras eram

analisadas por ultrassom, depois por microtomografia de Raios-X e posteriormente

pelas técnicas destrutivas.

A etapa inicial de preparo das amostras foi realizada no INT. Foram utilizados

fêmures bovinos de diferentes idades provenientes de diferentes açougues. Os

fêmures chegavam com o tecido mole, conforme ilustrado na Figura 3.1a. O primeiro

passo foi remover as epífises para que restasse apenas a média diáfise. Em seguida,

fez-se necessária a remoção do tecido mole restante tanto na parte externa do tecido

ósseo quanto a medula na parte interna. Para esta remoção, a média diáfise foi imersa

em uma solução de água oxigenada conforme ilustrado na Figura 3.1b. Esta solução

reage com o tecido mole, de forma a decompô-lo, removendo a maioria deste tecido e

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32

facilitando a remoção do restante com o bisturi cirúrgico. A solução utilizada foi uma

solução de peróxido de hidrogênio com concentração volumétrica de 10%. O tempo de

exposição da solução foi de 24h. (Figura 3.1c). O processo manual de limpeza do

tecido ósseo não removeu completamente os tecidos moles. Por este motivo, a

amostra foi novamente imersa em água oxigenada por uma hora para que estes

tecidos fossem retirados, conforme ilustrado na Figura 3.1d.

Figura 3.1: Processo de limpeza do fêmur: a) Fêmur inicial b) Inserção em

peróxido de hidrogênio c) remoção da carne d) reinserção em peróxido de hidrogênio

a) b)

c) d)

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O corte das epífises foi realizado na serra fita de bancada, resultando em um

corte mais grosseiro. Por este motivo, a média diáfise foi novamente cortada no

sentido transversal, para resultar em superfícies paralelas com espaçamento de 90

mm entre elas. O corte foi realizado na serra policorte de bancada ATM Brilliant 230.

Por último, a diáfise foi novamente cortada na serra policorte, desta vez no sentido

longitudinal, resultando em quatro partes. Cada uma dessas quatro partes é uma

amostra para as demais etapas do projeto. As quatro amostras resultantes estão

ilustradas nas Figura 3.2a e Figura 3.2b

A amostra possui duas superfícies que não foram seccionadas. A superfície

voltada para periósteo será chamada de superfície externa por estar voltada para a

parte externa do tecido ósseo. Analogamente, a superfície voltada para o endósteo

será chamada de superfície interna por estar voltada para a parte interna do tecido

ósseo. Ambas as superfícies internas e externas possuem geometrias irregulares e

com imperfeições devido às características do material biológico. Na Figura 3.2b estão

ilustradas quatro amostras limpas provenientes de um único fêmur. Cada amostra

possui um código de identificação, Osso X_Y, o primeiro (X) indica de qual fêmur a

amostra provém, e o segundo (Y) indica a secção.

Figura 3.2: Amostras provenientes do fêmur X. a) comparativo com o fêmur inicial b)

quatro vistas das amostras resultantes

a)

b)

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O processo de desmineralização foi realizado na Universidade Estácio de Sá –

UNESA e o procedimento detalhado para a preparação da solução de EDTA

encontram-se no Anexo 2. Tal processo consistiu em colocar a amostra em uma

solução de um composto orgânico, o ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA) com

concentração de 0,1 molar, pH 11 (Figura 3.3), por um dado tempo de imersão

conforme a tabela 4.1.

Quando atingido o tempo de desmineralização as amostras foram retiradas da

solução ácida e lavadas com água destilada para interromper o processo de

desmineralização e, depois de secas, guardadas novamente no congelador até a

próxima etapa do projeto. O processo de desmineralização ocorreu com a sala na

temperatura de 23°C.

Figura 3.3: Amostra imersa na solução de EDTA

Tabela 3.1: Configuração para cada rodada de desmineralização óssea e tempos de imersão

Desmineralização (rodada)

Tempo de imersão (h)

Tempo total de imersão (h)

1 1 1

2 1 2

3 2 4

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3.2 Ensaio de tração

3.2.1 Projeto do ensaio

O projeto do corpo de prova mostrou-se desafiador, pois a literatura sobre

geometria de corpos de prova em ensaios de tração em tecido ósseo é bastante

escassa. Outra restrição ao projeto do corpo de prova é que o processo de

desmineralização ocorreu de forma superficial no material. Por este motivo não era

possível usinar as faces externas e internas das amostras para não perder a área

desmineralizada. A solução encontrada foi usinar apenas as laterais da amostra. Isto

implicou em ter uma área sob tração com formato irregular.

Devido à ausência de normas sobre ensaio de tração em tecido ósseo utilizou-

se a norma ASTM D638-02a, que se baseia em requerimentos para os ensaios de

tração em polímeros, como base para desenhar o perfil do corpo de prova, assim

como utilizado em FENG e JASIUK (2010) foi adotado o tipo IV (Figura 3.4 e Tabela

3.2), devido às dimensões do material biológico disponível.

Figura 3.4: Tipos de corpos de prova propostos na norma ASTM D638-02a

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Tabela 3.2: Dimensões dos parâmetros dos diferentes tipos de corpos de prova

propostos na norma ASTM D638-02a

Desta forma, foram adotados os valores de comprimento da parte reta de 33

mm, valor de referência de comprimento de 25 mm, com base no “Gauge Length” e

largura da parte estreita de 6 mm.

A maneira mais comum de fixar um corpo de prova em um ensaio de tração é

através de garras que são ajustadas nas superfícies planas do corpo de prova. Por

não ser possível usinar as faces externas e internas do corpo de prova, este ficou com

duas superfícies irregulares e curvas, impossibilitando a utilização deste método de

fixação. Outro dispositivo encontrado no Laboratório de Caracterização de

Propriedades Mecânicas e Microestruturais – LACPM consistia em fixar o corpo de

prova através de dois pinos de meia polegada, situados nas extremidades do corpo de

prova. Contudo, este arranjo mostrou-se ineficaz, visto que o furo agiu como um

grande concentrador de tensões e por este motivo o corpo de prova rompeu na

proximidade do furo durante o ensaio de tração. Na Figura 3.5 se encontra um corpo

de prova com este tipo de fixação. Não foi possível utilizar um furo menor, pois este

era o pino de menor diâmetro compatível com a máquina.

Figura 3.5: Projeto inicial de corpo de prova

A solução encontrada para a fixação foi o projeto e a fabricação de uma garra

específica para este ensaio. Esta garra possui o perfil idêntico às laterais do corpo de

prova e se encaixa de maneira bem rente ao corpo de prova, de maneira a distribuir

melhor os esforços. O material utilizado foi o aço AISI 4340 normalizado, visando uma

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alta rigidez do componente e com larguras muito maiores que o corpo de prova. A

Figura 3.6 ilustra a proposta da garra de fixação.

Figura 3.6: Proposta de fixação

Para este arranjo, os valores dos raios de adoçamento, RO e R da norma

ASTM D638-02a, indicados na Tabela 3.2, foram alterados para evitar concentração

de tensão. Utilizando o software Solidworks 2015, foi realizada uma simulação estática

de tensões do ensaio para verificar as características do campo de tensões em função

dos raios de adoçamento. O corpo de prova foi modelado como espessura circular e

perfil seguindo a norma. O contato entre as garras e o corpo de prova foi modelado

como condição de não penetração. A condição de contorno utilizada foi de geometria

fixa no furo da garra inferior enquanto que na face de cima foi submetida à força de 5

kN (Figura 3.7a). Como o objetivo da simulação é analisar a concentração de tensão

no corpo de prova, i.e. o campo de tensões no corpo de prova, este valor de força não

é relevante. A malha utilizada consiste em elementos tetraédricos de segunda ordem.

Variando o tamanho de elemento da malha obteve-se o resultado com tensão

convergido para um tamanho de elemento de 1.5 mm. Ao todo 95526 nós e 60934

elementos

Como ilustrado na Figura 3.7b a região de tensão máxima ocorre justamente

na região central do corpo de prova. A Figura 3.7c indica o campo de deformação.

Note que a deformação na garra é quase nula para este valor de força. No final, foram

escolhidos os valores de 15 mm para RO e 12 mm para R.

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Figura 3.7: Simulação da garra: a) Malha e carregamento; b) Valores de tensão c)

Valores de deformação

Pensando na facilidade de fabricação, esta garra foi dividida em três partes. Duas

garras laterais com o perfil do corpo de prova e uma parte central, com um encaixe

para fixar na máquina, uma rosca para fixar uma contraporca, e uma parte retangular

onde se fixam as duas garras laterais através de parafusos de diâmetro 6 mm. A

contraporca serve para remover qualquer folga que ocorra entre a garra e a máquina.

Na Figura 3.8a se encontra uma vista explodida da garra e na Figura 3.8b uma vista

de conjunto.

Figura 3.8: Garra com a contraporca a) Vista explodida b) Vista de conjunto

a) b)

a) b) c)

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3.2.2 Usinagem dos corpos de prova

3.2.2.1 Projeto de usinagem

O processo de usinagem foi realizado no laboratório de Laboratório de Nano e

Microfluídica e Microssistemas (LabMEMS) na Coppe - UFRJ com o uso da

microfresadora Minitech Mini-mill/GX da Minitech Machinery Corporation. Por ser um

material biológico, o tecido ósseo durante a usinagem, pode sofrer aquecimento,

devido ao atrito e assim, emitir um odor desagradável, bem como danificar o seu

tecido. Para impedir isso e também que o cavaco se espalhasse pelo laboratório, fez-

se necessário imergir a amostra em água. Para tal foi fabricado um recipiente de

acrílico com formato de caixa com quatro furos de diâmetro de 6 mm nas

extremidades para poder fixar na mesa da fresadora, e um furo na base para extrair a

água ao final da usinagem através de uma mangueira, como mostrado na Figura 3.9.

Figura 3.9: Caixa em acrílico confeccionada para resfriamento e

condicionamento do corpo de prova.

Para fixar a amostra na caixa de acrílico foi necessário adaptar o projeto

adicionando dois furos de diâmetro 4 mm nas extremidades da amostra e na base da

caixa. Desse modo, foi possível fixar a amostra sem que o furo resultante da fixação

interferisse no ensaio de tração. Para que os furos ficassem nas extremidades foi

utilizada uma distância entre furos de 86 mm, pois assim os furos tangenciam as

extremidades da amostra como na Figura 3.10.

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Figura 3.10: Detalhe dos furos para fixação

O código da usinagem foi realizado no software MecSoft VisualCAM®

enquanto o perfil do corpo de prova foi realizado no software Solidworks® e importado

para o VisualCAM. O método utilizado para o fresamento foi o “Engraving”. Este

método significa fresar um perfil no plano XY da fresadora, alterar a cota Z e repetir o

perfil um dado número de vezes. O primeiro passo ocorre na superfície superior da

peça e o último ocorre na base da caixa de acrílico. Pela disponibilidade de

ferramentas do laboratório optou-se por utilizar uma fresa cilíndrica de diâmetro 3 mm

e quatro arestas de corte.

A proposta original era que em cada passo a fresa fizesse todo o perfil do

corpo de prova. Porém, isto não foi possível devido aos parafusos de fixação da

amostra, que impediram o fresamento das bordas retas do corpo de prova. A solução

encontrada foi fazer o engraving completamente de um dos lados do corpo de prova e

posteriormente fazer o outro lado. Como mostrado na Figura 3.11, a programação foi

feita considerando a base do acrílico como cota Z=0 e a extremidade superior da

amostra possuindo cota Z positiva. Os tons azulados representam operações de

usinagem enquanto que os vermelhos representam movimento de posicionamento da

fresa.

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Figura 3.11: Interface do VisualCAM com o trajeto a ser usinado.

A microfresadora possui um sensor das forças de usinagem. Para evitar

esforços excessivos de usinagem este sensor possui um sistema de luzes que indica

ao usuário se as forças de usinagem podem ou não danificar a fresadora. Com base

nesse sistema escolheu-se a profundidade de corte e a velocidade de avanço, sendo

esta elevada para minimizar o tempo de usinagem, mas suficiente para não danificar a

fresadora. Utilizou-se uma rotação de 16000 RPM, avanço de 512 mm/min e uma

profundidade de corte de 0.5 mm. Ao final da programação de cada amostra,

exportou-se do VisualCAM um arquivo de texto com todo o G-Code do processo.

A fresadora é operada pelo programa Mach3 da própria Minitech Machinery

Corporation. Neste programa é possível controlar a posição da fresa e o sistema de

coordenadas adotado, bem como os parâmetros de corte. Ele também é capaz de ler

o G Code a partir do arquivo de texto gerado pelo VisualCAM.

Figura 3.12: Interface do Mach3

3.2.2.2 Usinagem

Para fazer os furos foi utilizada a microfresadora com uma broca de diâmetro 4

mm. Marcou-se o centro do osso com fita crepe e fixou-se a amostra na fresadora

através de uma morsa fixa na mesa. A broca foi alinhada com o centro do osso,

demarcando desta forma a coordenada X = 0 da mesa, em seguida o osso foi

deslocado 43 mm para a esquerda. Uma vez a broca posicionada, furou-se o material

com 6.000 RPM e avanço de 80 mm/mim, como visto na Figura 3.13. Foi utilizada

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água como líquido refrigerante. Depois de feito o furo deslocou-se a mesa 86 mm para

a direita e repetiu-se o processo de usinagem. Foi realizada a furação de todas as

amostras antes de seguir para o fresamento, visando uma otimização do tempo de

usinagem, devido a não troca de ferramenta.

Figura 3.13: Processo de furação

O passo seguinte é o Engraving do perfil do corpo de tração. Para tal, a

amostra foi fixada na caixa de acrílico com a parte curva voltada para cima e a caixa

foi preenchida com água e fixada na mesa da fresadora. Inseriu-se a fresa de 3 mm na

fresadora atentando-se para que o cabeçote da fresa não encostasse nas

extremidades da caixa de acrílico quando a fresa chegasse na cota Z=0, posição mais

baixa do cabeçote durante a usinagem. Tal arranjo está ilustrado na Figura 3.14.

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Figura 3.14: Posicionamento para início do fresamento.

Devido à variação na geometria das amostras, a cota Z da altura máxima do

corpo de prova era diferente para cada amostra, sendo necessário modificar o número

de passos do Engraving e a cota Z inicial. Utilizou-se a fresadora para medir este valor

e alterava-se tais parâmetros no VisualCAM. Para iniciar o processo de usinagem

posicionava-se manualmente a fresa perto da amostra e abria-se o G-Code no Mach3.

Ao final do fresamento retiravam-se os parafusos de fixação da amostra e inseria-se a

próxima amostra. Extraia-se a água da caixa através do furo na base e uma

mangueira e se colocava água nova na caixa, como visto na Figura 3.15.

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Figura 3.15: Final do processo de fresamento

O tempo de usinagem varia dependendo dessa altura. Em média, o processo

de fresamento levava 25 minutos por corpo de prova, podendo variar alguns minutos

enquanto que a furação levava cerca de cinco minutos. Na Figura 3.16 é mostrado o

resultado antes e ao final da usinagem do corpo de prova.

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Figura 3.16: Resultado final da usinagem dos corpos de prova

3.2.3 Ensaio Experimental

O ensaio de tração foi feito no LACPM do INT. Como o grau de

viscoelasticidade e o módulo de elasticidade dependem da umidade do osso, os

corpos de provas foram imersos em água destilada por trinta minutos antes de irem

para o ensaio, para que ficassem na condição hidratada. Durante o ensaio, foi

colocado um algodão umedecido na parte reta do corpo de prova para manter

hidratado por mais tempo.

A máquina utilizada no ensaio foi a universal INSTRON 3382 com capacidade

de 100kN. A garra inferior é fixada diretamente na máquina enquanto que a junta

universal é fixada na parte móvel da máquina. O arranjo global do ensaio está

ilustrado na Figura 3.17:

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Figura 3.17: Foto da montagem

O dispositivo é controlado através do software Bluehill® da Instron. Nele, são

configurados os parâmetros utilizados no ensaio, i.e. a taxa de deslocamento da garra

e as dimensões do corpo de prova. A taxa de deslocamento utilizada foi de 2.5

mm/min para assim ter uma taxa de deformação de 0,17% s-1, também usada em

BOWMAN et al., (1996). As dimensões de espessura foram configuradas para cada

corpo de prova. Através desse software, é informado o valor de força aplicado e o

deslocamento da garra superior ao longo do ensaio e, com os dados da geometria do

corpo de prova, também é levantada a curva tensão x deformação do ensaio.

Durante um ensaio de tração, para se obter o módulo de elasticidade deve-se

utilizar um clipe gage na região reta do corpo de prova. Infelizmente, não foi possível

utilizar este dispositivo, pois os extensômetros de clipe disponíveis possuíam abertura

maior ao espaço útil dos corpos de prova. Desta forma, o foco dos ensaios foi na

obtenção da tensão de ruptura e no levantamento das curvas tensão x deformação

para fins comparativos.

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47

3.2.4 Cálculo de Incertezas no Ensaio de tração

3.2.4.1 Dimensões geométricas

O cálculo de tensões utilizou-se da hipótese de aproximar a área transversal

por um retângulo. Desta maneira, a área sob tensão 𝑆0 é dada pelo produto da

espessura 𝑏 pela largura 𝑡 da sessão média do corpo de prova.

𝑆0 = 𝑏𝑡 (3.1)

Tanto a largura quanto a espessura são medidos com um instrumento de

medição através de um dado número de medições. Para um numero de medições 𝑛𝑏

e um valor médio �̅�, a espessura possui uma incerteza do tipo A 𝑢𝐴(𝑏) dada por

(2.18):

𝑢𝐴(𝑏) =�̅�

√𝑛𝑏

(3.2)

Analogamente a largura possui uma incerteza do Tipo A dada por:

𝑢𝐴(𝑡) =𝑡̅

√𝑛𝑡

(3.3)

Como as laterais foram usinadas as medidas destas possuíam um valor mais

uniforme. Em contrapartida, devido às superfícies exteriores e interiores não serem

usinadas, a espessura possuiu maior variação. Por este motivo a largura foi medida

cinco vezes e a espessura nove vezes ao longo do corpo de prova e com estes

valores obteve-se uma área média. Já para o cálculo de tensão de ruptura a área

utilizada foi na seção de quebra do corpo de prova. Por isso, a espessura e a largura

foram medidas novamente somente nesta seção, cada uma medida três vezes. Em

alguns corpos de prova, como o 4_1 (Figura 3.18) a área transversal se diferencia

bastante de uma seção retangular, acarretando em um valor de incerteza maior na

espessura. Nestes casos foi-se utilizado um valor médio de espessura.

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Figura 3.18: Corpo de prova 4_1– Exemplo de área transversal irregular

A incerteza do Tipo B está atrelada à resolução finita do equipamento. O valor

esperado sempre se encontrará entre dois outros valores consequentes da resolução.

A probabilidade do valor estar entre esses limites superiores e inferiores é 1 e estar

fora deste intervalo é 0. Também, como não há conhecimento específico sobre os

valores possíveis dentro deste intervalo, pode-se supor que é igualmente provável que

o valor esperado esteja em qualquer lugar dentro dele. Isto faz com que a resolução

possua uma distribuição retangular de probabilidade. Para este tipo de distribuição de

probabilidade, o desvio padrão s é dado por:

𝑠 =𝑎+ − 𝑎−

√12 (3.4)

Onde 𝑎+ e 𝑎− são os valores superiores e inferiores do intervalo

respectivamente. Para um instrumento de resolução R, a incerteza do Tipo B, de uma

grandeza y, associada com a resolução é dada por:

𝑢𝐵(𝑦) =𝑅

√12 (3.5)

O instrumento de medição utilizado foi o paquímetro. Desta maneira, a

resolução utilizada foi de um centésimo de milímetro, i.e. 𝑅 = 0,01𝑚𝑚 e:

𝑢𝐵(𝑡) = 𝑢𝐵(𝑏) =0,01

√12= 2,8868 x 10−3𝑚𝑚

(3.6)

Com (3.1) e (2.20) os coeficientes de sensibilidade valem 𝑐𝑏 = 𝑡 e 𝑐𝑡 = 𝑏.

Utilizando (2.19) é possível calcular as incertezas combinadas 𝑢𝑐(𝑏) e 𝑢𝑐(𝑡)

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combinando as incertezas do Tipo A e do Tipo B. Logo, através de (2.24) (2.21) a

incerteza combinada da área sob tração e o número de graus efetivos são dados por:

𝑢𝑐(𝑆0) = √𝑡2𝑢𝑐2(𝑏) + 𝑏2𝑢𝑐

2(𝑡) (3.7)

𝜐𝑒𝑓𝑓(𝑆0) =

𝑢𝑐4(𝑆0)

(𝑐𝑏 𝑢𝐴(𝑥𝑏))4

𝜐𝑏+

(𝑐𝑡 𝑢𝐴(𝑥𝑡))4

𝜐𝑡

(3.8)

Ou

𝜐𝑒𝑓𝑓(𝑆0) =

𝑢𝑐4(𝑆0)

(𝑡 𝑢𝐴(𝑥𝑏))4

𝑛𝑏 − 1 +(𝑏 𝑢𝐴(𝑥𝑡))

4

𝑛𝑡 − 1

(3.9)

3.2.4.2 Tensão de ruptura

A tensão de engenharia no corpo de prova é função da área e da carga

aplicada. Utilizando (2.1), (2.19), (2.20):

𝑢𝑐(𝜎𝑐) = √𝑐𝑃2 𝑢𝑐

2(𝑃) + 𝑐𝑆0

2 𝑢𝑐2(𝑆0)

(3.10)

𝑐𝑃 =

1

𝑆 (3.11)

𝑐𝑆0

=𝑃

𝑆2 (3.12)

O valor de incerteza da carga aplicada 𝑢𝑐(𝑃) depende do equipamento

utilizado no ensaio. Este valor de incerteza é obtido através de curvas de calibração.

Para a máquina utilizada tem-se que para ensaios de tração com carga inferior a 10

kN o valor de incerteza na força equivale a 0,17% da carga. Desta maneira 𝑢𝐹 =

0,0017 𝐹.

3.2.4.3 Valores médios

Cada corpo de prova possui um valor de tensão de ruptura e de módulo de

elasticidade independente. Ao calcular as incertezas dos valores médios para cada

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tempo de desmineralização faz-se necessário levar em conta as incertezas individuais

de cada corpo de prova para calcular a incerteza do tipo B da média, 𝑢𝐵(𝑋). A

incerteza do tipo A é dos valores médios dada por (2.18). Os valores de incerteza

individuais entram como incerteza do tipo B da média e seu valor é dado por: (COSTA-

FÉLIX, 2014)

𝑢𝐵(𝑋) = √∑( 𝜐𝑋𝑖

𝑢𝑐2(𝑋𝑖))

∑(𝜐𝑖)

(3.13)

Com (2.19), (2.21) e (2.24) é possível calcular a incerteza combinada. Sendo

assim, foi realizada a combinação dessas incertezas e então foi realizado o cálculo

dos graus de liberdade efetivos para obtenção do fator de abrangência k que foi

determinado com base no número de graus de liberdade efetivo e uma probabilidade

de abrangência de 0,95. Com a incerteza combinada e o fator de abrangência

calculou-se a incerteza expandida U.

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51

3.3 Captura de Geometria e Simulação Numérica

3.3.1 Escaneamento do corpo de prova

Para a captura da geometria do corpo de prova foi usado o escâner óptico de

luz estruturada Spectrum da marca Range Vision, o qual pertence à Divisão de

Desenho Industrial do INT. A calibração deste dispositivo foi realizada posicionando o

corpo de prova sobre uma base giratória com 120 pontos dispostos aleatoriamente, de

modo a fornecer as coordenadas de localização exata do objeto. Foram tomadas de

oito a dez fotos do corpo de prova e, após, este foi rotacionado no sentido horário, até

que toda a superfície tivesse sido varrida. Na Figura 3.19 é mostrado este

procedimento.

Após o escaneamento foi necessário realizar o tratamento das imagens. O

software utilizado para unir as imagens e remover os ruídos foi o ScanMerge 3D da

Range Vision. Finalmente os arquivos foram exportados em arquivos de superfície

(formato stl) e transformados a sólidos maciços utilizando a ferramenta ScanTo3D do

software Solidworks, a qual é capaz de identificar e reparar imperfeições do

escaneamento além de simplificar a malha gerada no ScanMerge.

Figura 3.19: Procedimento de escaneamento do corpo de prova

Nas Figura 3.20a) e b) é possível perceber a diferença no canto superior

esquerdo e no furo, antes aberto e posteriormente fechado. Na Figura 3.21 estão

representados os modelos STL (a) e o objeto sólido (b e c).

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52

Figura 3.20: Tratamento de superfícies a) antes e b) depois

Figura 3.21: Modelos STL e CAD do corpo de prova 10_4. a) STL b) Modelo CAD - Vistas trimétrica e c) lateral esquerda

a)

b)

a) b) c)

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53

3.3.2 Modelo numérico

Com o modelo CAD foram realizadas simulações numéricas com o objetivo de

obter o comportamento do campo de tensões e estudar quais as regiões que mais

concentram tensão. Para tal, foi utilizado o solver do software Solidworks.

O objetivo é fazer as simulações o mais próximo do ensaio de tração. Para tal,

faz-se as seguintes hipóteses:

Apenas as força trativa no sentido longitudinal do corpo de prova foi

considerada, desprezando a influencia do peso próprio.

Uma extremidade do corpo de prova é fixa enquanto que a outra é

tracionada

As deformações são pequenas

O material é homogêneo e isotrópico, para simplificar a análise

As equações principais que são resolvidas pelo software estão no item 2.5. O

usuário informa a geometria, o material e, ao colocar as forças e os apoios, está

colocando as condições de contorno.

Foram utilizadas quatro abordagens diferentes, variando as condições de

aplicação de carga e apoios. Todos os casos possuíam uma extremidade engastada

enquanto que a outra era tracionada verticalmente com uma força total de 5 kN.

Para estudar a convergência da malha, foram utilizadas malhas de quatro

tamanhos de elemento diferente, indo de 6 mm até 0.75 mm, com uma razão de 0.5.

Todos os elementos são tetraédricos de segunda ordem. As quantidades de

elementos e de nós da malha apenas do corpo de prova estão indicados na

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Tabela 3.4. As malhas estão representadas nas Figura 3.23a a 3.23d.

Por ser uma geometria bastante irregular, o processo de geração de malha

falhava para alguns tamanhos de elemento, restringindo a faixa de análise de

convergência de malha. A região dos furos, por ser estreita e com superfícies

irregulares gerava erro na geração de malhas de tamanhos superiores a 3 mm. Outras

superfícies do corpo impediam a geração de malha inferior a 2 mm. Por ser na

extremidade do corpo, foi assumido que este furo não influencia a simulação

consideravelmente e por isso ele foi removido. As imagens de antes e depois estão

ilustradas nas Figura 3.22a e Figura 3.22b. Para poder contornar o problema de

malhas inferiores a 2 mm foi-se utilizado um controle de tamanho de elemento nas

regiões importantes de estudo, isto é, nas partes curvas do corpo de prova.

Figura 3.22: Processo de remoção do furo a) Antes b) Depois

Figura 3.23: Malha do corpo de prova. a) 6 mm b) 3 mm c) 1.5 mm d) 0.75mm

a) b)

a) b) c) d)

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Tabela 3.3: Propriedade das malhas utilizadas

Tamanho de elemento [mm] 6 3 1.5 0.75

Número de nós 5803 17825 28752 89261

Número de elementos 3438 11423 18873 61182

O primeiro modelo constou da aplicação tanto da força quanto do apoio

“geometria fixa” direto no corpo de prova, situados nas suas extremidades. Este apoio

indica deslocamento nulo nos três sentidos. Este caso representa o comportamento do

corpo de prova quando tracionado, independente da fixação na máquina. Desta forma,

o resultado é mais sensível à geometria do corpo de prova. Porém, por ser mais

simplificado, ele se distancia mais do ensaio de tração. Este arranjo está ilustrado na

Figura 3.24a.

O segundo modelo também teve a aplicação da carga e do engaste direto no

corpo de prova. A diferença para o primeiro modelo foi a região de aplicação da carga

no corpo de prova. As cargas e apoios foram aplicados na região onde a garra está

em contato com o corpo de prova, ou seja, nas laterais curvas do corpo de prova, com

2.5 kN pra cada apoio. Embora seja mais perto do caso real do que o caso anterior, a

condição de fixação não é a mais adequada. Isto se deve ao fato da garra segurar o

corpo de prova somente nas regiões que estão fixas, pois há uma força de contato

compressiva nestes locais. Este arranjo está ilustrado na Figura 3.24b.

O terceiro modelo visou melhorar a aplicação da força tal qual a condição de

fixação em relação ao segundo modelo. Para isso, foram modelados quatro apoios

com o perfil idêntico ao corte do corpo de prova. O material dos apoios foi o mesmo da

garra, aço ANSI 4340 Normalizado. Nos apoios inferiores, a condição utilizada foi a

geometria fixa em todas as faces de apoio exceto naquela em contato com o corpo de

prova. Já nos apoios superiores, as três superfícies laterais de cada apoio tiveram

condição de deslizamento, visto que a garra não permite movimentos laterais do corpo

de prova, permitindo que os apoios se movimentassem apenas para cima. Em

contraste com a condição de geometria fixa do caso anterior, foi utilizado o contato de

não penetração entre os apoios e o corpo de prova. A força foi aplicada na face inferior

dos apoios superiores. Este arranjo está ilustrado na Figura 3.24c.

Já o quarto modelo foi mais completo, pois envolve a modelagem completa

de ambas as garras fixando o corpo de prova. Como o foco da análise é o corpo de

prova e não a garra, a garra foi modelada de maneira interiça para simplificar as

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análises. Assim como o terceiro modelo, o material utilizado foi o aço 4340 ANSI

normalizado e o contato utilizado entre as garras e o corpo de prova foi sem

penetração. Na garra fixa foi aplicada a condição de geometria fixa na sua lateral

cilíndrica. Na garra tracionada foi aplicada a condição de rolagem na lateral cilíndrica

de maneira a garantir o seu movimento axial. A força foi aplicada na superfície

superior da garra. Este arranjo está ilustrado na Figura 3.24d:

Figura 3.24: Modelos de aplicação de força (em roxo) e apoios (em verde). a~d)

Modelos 1~4

a) b)

c) d)

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Tabela 3.4: Resumo dos quatro casos utilizados na simulação numérica

Caso Geometria envolvida Aplicação da força Aplicação dos apoios

1 Apenas o CP Toda a carga na parte superior do CP

Geometria fixa na parte inferior do CP

2 Apenas o CP Metade da carga em cada uma duas partes curvas superiores do CP

Geometria fixa na parte curva do CP

3 CP e quatro apoios Metade da carga em cada um dos dois apoios superiores

Geometria fixa nos dois apoios inferiores. Condição de rolagem nas laterais dos apoios superiores

4 CP e duas garras Na extremidade da garra superior

Geometria fixa na extremidade da garra inferior. Condição de rolagem na parte cilíndrica da garra superior

Cada modelo possui duas versões de orientação da força, mudando apenas

qual o lado tracionado e qual o lado fixo, de modo a simular as duas opções de

posicionamento do corpo de prova na máquina do ensaio. O caso onde a força foi

aplicada na extremidade superior foi denominado condição normal enquanto que o

caso com a força na extremidade inferior foi denominada condição invertida.

Para introduzir as propriedades do material no software, foram aplicadas

inicialmente as propriedades da porcelana cerâmica, material já padronizado no

Solidworks. Mas, no intuito de obter um resultado mais realista também foram

utilizadas as propriedades referentes ao tecido cortical humano utilizados por FENG e

JASIUK, (2010) considerando um comportamento linear elástico isotrópico. Os valores

de módulo de elasticidade (E) e de cisalhamento (G), bem como, o coeficiente de

Poisson (𝜐) estão indicados na Tabela 3.5.

Tabela 3.5: Propriedades dos materiais utilizados nas simulações numéricas

Modelo Módulo de elasticidade, E

GPa Módulo de Cisalhamento

G, GPa Coeficiente

de Poisson υ

Cerâmica 220,6

90,4 0,22

Tecido ósseo cortical 17,4

5,0 0,20

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4 Resultados

4.1 Simulação Numérica

4.1.1 Caso 1: Carga e engaste no corpo de prova

Na Tabela 4.1 está a análise de convergência levando apenas em

consideração a variação da tensão máxima. O comportamento de tensão de ambos os

casos com tecido ósseo quanto com cerâmica apresentaram resultados idênticos. Isto

é esperado pois neste caso, onde há apenas um corpo e as condições de contorno

envolvem apenas forças e geometrias fixas a tensão independe do material. No geral

houve pouca variação entre as tensões máximas conforme o refino da malha, com

variações inferiores a 10%. Desta maneira assume-se que a malha convergiu para os

valores com malha de tamanho de elemento 0.75 mm.

Tabela 4.1: Análise de convergência de malha do caso 1

Caso 1 Normal Invertido

Malha do CP Tamanho de elemento [mm] 6 3 1.5 0.75 6 3 1.5 0.75

Cerâmica Tensão máxima [MPa] 114 116 127 133 139 140 140 152

Variação [%] - 2% 9% 5% - 1% 0% 9%

Osso Tensão máxima [MPa] 114 116 127 133 139 140 141 152

Variação [%] - 2% 9% 5% - 1% 1% 8%

O caso normal resultou em uma tensão máxima de 133 MPa situado na

região do raio de adoçamento superior, ilustrado na Figura 4.1a. É possível observar

que embora o pico de tensão tenha se concentrado na curva de adoçamento a tensão

na parte central do corpo se comporta de maneira uniforme, com valor superior aos

extremos do corpo de prova. A região onde se encontra o pico de tensão também é

onde se encontra a menor seção transversal, então tem lógica ter o pico de tensão

situado nesta parte do corpo de prova. O caso invertido apresentou um valor máximo

ligeiramente superior, de 152 MPa na mesma região (Figura 4.1b). Este resultado

indica que, independente do lado tracionado esta região está sujeita a maior

concentração de tensão. Os valores de deslocamento dos casos de tecido ósseo

foram uma ordem de grandeza superior aos deslocamentos dos casos de cerâmica.

Isto é esperado pois o módulo de elasticidade do tecido cortical é uma ordem de

grandeza abaixo da cerâmica.

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Tabela 4.2: Comparação de tensão máxima e deslocamento máximo nos quatro modelos do caso 1

Material Orientação Tensão máxima [MPa] Deslocamento máximo [mm]

Cerâmica Normal 133 0.051

Invertido 152 0.091

Osso Normal 133 0.637

Invertido 152 1.138

Figura 4.1: Resultado de tensão – a) Condição normal b) Invertido

4.1.2 Caso 2: Carga e engaste na superfície de

encaixe de contato com a garra

Na Tabela 4.3 estão os valores da convergência de malha. O valor de tensão

máxima explode em uma região nas proximidades da região onde a carga é aplicada.

Conforme a malha era refinada, o valor de tensão máxima não convergia para um

valor, possuindo variações superiores a 40%. Desta forma assumiu-se que o modelo

não convergiu para uma solução e sendo assim não se pode considerar para

comparações

b) a)

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Tabela 4.3: Análise de convergência de malha do caso 2

Caso 2 Normal Invertido

Malha do CP Tamanho de elemento [mm] 6 3 1.5 0.75 6 3 1.5 0.75

Cerâmica Tensão máxima [MPa] 413 336 260 324 797 723 385 553

Variação [%] - 19% 23% 25% - 9% 47% 44%

Osso Tensão máxima [MPa] 408 333 257 318 793 719 379 549

Variação [%] - 18% 23% 24% - 9% 47% 45%

4.1.3 Caso 3: Carga e engaste nos apoios

Na Tabela 3.1 se encontra a análise de convergência do caso 3. A tensão

máxima variou bastante nas três malhas mais grossas. Porém, como entre a malha de

tamanho de elemento 1.5 mm e 0.75 mm a tensão máxima variou menos que 10%

assumiu-se que a malha convergiu no caso de 0.75 mm. Diferentemente do caso 1,

houve diferença entre os casos de cerâmica e de tecido ósseo, pois desta vez há

outros corpos envolvidos na simulação e, dependendo do material, há maior ou menor

tensão na região de contato entre esses componentes.

Tabela 4.4: Análise de convergência de malha do caso 3

Caso 3 Normal Invertido

Malha do CP Tamanho de elemento [mm] 6 3 1.5 0.75 6 3 1.5 0.75

Cerâmica Tensão máxima [MPa] 135 159 188 189 131 136 144 156

Variação [%] - 18% 18% 1% - 4% 6% 8%

Osso Tensão máxima [MPa] 115 139 126 135 113 121 126 133

Variação [%] - 21% 9% 7% - 7% 4% 6%

No caso com tecido ósseo, ambos os casos normal e invertido tiveram os

resultados de tensão idênticos o que é esperado, visto que a orientação do corpo de

prova não deva influenciar no ensaio de tração. Já no caso com cerâmica a tensão

máxima no caso normal foi superior ao invertido. Como a tensão máxima ocorre em

um ponto isolado sitiado na região de contato com o apoio, esta diferença deve se dar

pelo fato que o MEF costuma ter problemas em aproximar a solução numérica da

tensão para nós do contorno. Embora os valores de tensão variem, o material não

influenciou para o campo de tensão, possuindo valores superiores para o caso com

cerâmica. Também se observa que a tensão na região central do corpo de prova

possui comportamento uniforme (Figura 4.2). Comparando os quatro casos através de

um corte ISO de 80 MPa (Figura 4.3 a~d) nota-se que a região de maior tensão foi no

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entorno dos raios de adoçamento superiores, mesma região do caso 1. Ou seja,

independente do material e da orientação a tensão se concentra na mesma região.

Figura 4.2: Campo de tensão no caso 3: Tecido ósseo e condição normal. Tensão

máxima no raio de adoçamento frontal.

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Figura 4.3: Comparação da região de maior tensão utilizando um corte Iso de 80

MPa. Os quatro casos possuem a mesma região de maior tensão embora a tensão

seja maior no caso a. a) Cerâmica – Normal b) Osso – Normal c) Cerâmica –

Invertido b) Osso – Invertido

a)

c) d)

b)

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4.1.4 Caso 4: Carga e engaste nas Garras

Na Tabela 4.5 estão apresentados os resultados de convergência do caso 4.

De maneira similar ao caso 2, o valor de tensão máxima é muito elevado, situado em

um nó. Porém, como entre as malhas de 1.5 mm e 0.75 mm a variação foi inferior a

10% foi aceito que o resultado convergiu para a malha de 0.75 mm.

Tabela 4.5: Análise de convergência de malha do caso 4

Caso 4 Normal Invertido

Malha do CP Tamanho de elemento [mm] 6 3 1.5 0.75 6 3 1.5 0.75

Cerâmica Tensão máxima [MPa] 1050 630 815 790 1040 631 813 790

Variação [%] - 40% 29% 3% - 39% 29% 3%

Osso Tensão máxima [MPa] 288 307 318 345 333 304 315 341

Variação [%] - 7% 4% 8% - 9% 4% 8%

A região de maior tensão ocorreu na extremidade da parte de contato com a

garra, resultando em uma faixa de alta tensão ao redor do contato (Figura 4.4a). O

pico de tensão ocorreu em um ponto na extremidade dessa faixa, com valor bem

superior ao resto desta faixa, podendo ser considerado um ponto isolado (Figura 4.4b).

Novamente, isto se deve ao fato que o MEF tem problemas para aproximar a tensão

no contorno, ainda mais no caso onde o contorno é uma região de contato de dois

corpos diferentes. Para analisar melhor no resto do corpo foi reajustada a escala de

tensão para 150 MPa de valor máximo e os quatro casos foram comparados.

Comparando as figuras do caso normal (Figura 4.5a e Figura 4.5b) com as figuras do

caso invertido (Figura 4.5c e Figura 4.5d) pode-se observar que os resultados dos

casos normal e invertido foram idênticos, refletindo o esperado do ensaio de tração.

Comparando o material, é possível observar que o caso com cerâmica concentrou

mais tensão na parte dianteira do corpo de prova, não só no entorno da garra superior

como também na parte inferior dianteira, enquanto que o tecido ósseo possui uma

distribuição mais uniforme de tensão ao longo da seção média do corpo de prova.

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Figura 4.4: Resultado de tensão para o caso 4, tecido ósseo na condição normal. a)

vista geral b) Vista de detalhe do máximo de tensão

a)

b)

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Figura 4.5: Comparação do campo de tensão. Escala de tensão com valor máximo de

150 MPa para comparação. Os quatro casos possuem uma linha onde o valor é muito

elevado, situado na região de contato com a garra. a) Cerâmica – Normal b) Osso

– Normal c) Cerâmica – Invertido b) Osso – Invertido

4.1.5 Simulação com carga experimental

As simulações foram realizadas antes do ensaio de tração do corpo de prova

10_4. Por este motivo, a carga utilizada era de 5 kN apenas como referência para

a) b)

c) d)

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estudar o campo de tensão e não os valores absolutos de tensão. Após o ensaio, as

simulações com tecido ósseo e condição normal foram refeitas com a carga de ruptura

do ensaio. No ensaio de tração do corpo de prova 10_4, foi medida experimentalmente

a carga de 7421 kN, resultando em uma tensão de ruptura experimental de 100,3

MPa.

Para a simulação numérica foi utilizado o modelo do caso 3 (com apoios),

condição de carregamento normal e material tecido ósseo cortical para comparações.

O valor de tensão máxima da simulação foi de 205 MPa. Como o modelo possui

apenas uma força dividida igualmente em dois apoios, mudar o valor desta força

apenas mudou os valores de tensão enquanto que o campo de tensão permaneceu ao

mesmo da Figura 4.2. O valor do pico de tensão é aproximadamente 1.5 vezes maior

que o caso com 5 kN de força, o que faz sentido visto que a força utilizada é

aproximadamente 1,5 vezes maior que a utilizada na simulação anterior.

O valor encontrado na simulação é cerca de duas vezes o valor experimental.

É possível que esta diferença ocorra pois as análises numéricas possuem como

premissa a homogeneidade do material. Poros internos como os canais de Havers não

são levados em conta para as simulações. É possível que as tensões se concentrem

em algum poro interno e neles é iniciada a fratura. Por este motivo os resultados da

simulação e do experimental são diferentes.

4.2 Ensaio de tração: Experimental

Ao todo foram ensaiados 16 corpos de prova. A fratura ocorreu na região de

menor espessura do corpo de prova. Foi calculada a área na quebra e todos os

cálculos de tensão foram realizados. Os cálculos das incertezas estão detalhados na

Tabela C.1 encontrada no Anexo C: Tabelas de cálculos de incerteza expandida. Cada

amostra possui um código de identificação, Osso X_Y, onde o primeiro (X) indica de

qual fêmur a amostra provém, e o segundo (Y) indica a secção. Em parêntesis, está o

tempo de desmineralização da amostra.

A amostra 04_1 apresentou valores de força máxima e tensão de ruptura muito

inferior quando comparada aos demais corpos de prova. Por possuir um valor de

tensão de ruptura inferior ao valor médio global com diferença superior a dois desvios

padrão, este valor foi desconsiderado para análises comparativas.

Na Tabela 4.6 encontram-se os resultados de tensão de ruptura de todos os

corpos de prova. Os valores de tensão de ruptura variaram de 83,3 MPa a 139,8 MPa

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antes de desmineralizar e de 53,6 MPa a 130,8 MPa após desmineralizados. A faixa

de tensão foi bastante ampla, pois além de não serem corpos de provas uniformes, o

material biológico possui muita não homogeneidade.

Juntamente com os valores individuais dos corpos de prova também foi feito o

cálculo da média de tensão de ruptura para um mesmo tempo de desmineralização

(Tabela 4.6). O maior valor médio de tensão de ruptura foi antes de desmineralizar. Os

valores médios de tensão de ruptura sem desmineralizar e nos casos de duas e quatro

horas de desmineralização foram muito próximos. Estatisticamente, ao levar-se em

conta o desvio padrão, não houve variação significativa. Já o caso de uma hora

apresentou uma média significativamente menor, mas quando levado em conta os

elevados desvios padrões, não se pode afirmar com certeza que de fato houve uma

variação significativa.

Também foi feita a comparação dos corpos de prova desmineralizados com o

seu corpo de prova controle, i.e. um corpo de prova proveniente do mesmo fêmur que

não foi desmineralizado (Tabela 4.6). Considerando que variações inferiores a 5%

como “Não houve variação”, em quatro dos oito corpos de prova houve uma queda

significativa do valor enquanto que em outros dois houve um aumento. A queda na

tensão de ruptura que variou de 16 a 36%, independente do tempo de

desmineralização. Apesar de ser esperada uma queda da tensão de ruptura os valores

estão acima do esperado, pois além da desmineralização ser feita com um ácido fraco,

os tempos de desmineralização foram baixos.

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Tabela 4.6: Resultado dos ensaios

Condição do corpo de prova

Tempo de desmineralização

[h]

Corpo de

Prova

Tensão de ruptura e incerteza expandida

[MPa]

Tensão de ruptura media e desvio padrão [MPa]

Queda da tensão de ruptura em relação ao

controle [%]

Osso in

tacto

0

CP_8_4 102.9 ± 2.2

110 ± 18 Não se aplica

CP_13_3 123.2 ± 2.4

CP_11_3 101.8 ± 3.1

CP_07_2 139.8 ± 3.7

CP_10_4 100.3 ± 3.1

CP_12_3 116.7 ± 4.3

CP_14_3 83.3 ± 1.6

Osso d

esm

inera

liza

do

1

CP_14_1 53.6 ± 1.0

76 ± 20

-36

CP_14_2 84.7 ± 2.1 2

CP_14_4 90.2 ± 1.8 8

2 CP_11_1 85.9 ± 2.6

101 ± 22 -16

CP_7_1 116.4 ± 3.7 -17

4

CP_8_1 82.9 ± 1.7

106 ± 24

-19

CP_12_4 130.8 ± 2.7 12

CP_10_2 103.3 ± 2.4 3

Os resultados do ensaio de tração para os controles possuíram valores de

tensão de ruptura próximos aos encontrados por REILLY, BURSTEIN, e FRANKEL,

(1974) e WRIGHT e HAYES (1976). Vale ressaltar que a taxa de deformação utilizada

neste trabalho foi inferior que as usadas nesses dois artigos.

Na Figura 4.6 estão as curvas tensão deformação dos ensaios, agrupando

corpo de prova controle e corpo de prova desmineralizado. O comportamento geral é

bastante semelhante. Os corpos de prova 12_4_4h e 10_2_4h apresentaram

deformação notavelmente superior aos seus controles. Isso pode ter se dado que na

ausência de mineral o osso se torna mais elástico, comportamento garantido pelo

colágeno, como observado por BOWMAN et al. (1996), JONAS et al. (1993), WRIGHT

(1981) e BURSTEIN et al. (1975). Em contraste, o corpo de prova 11_1_2h apresentou

uma deformação bem inferior. Infelizmente, por ser observado em apenas dois corpos

de prova, não é possível afirmar com segurança se esta maior deformação se deve à

desmineralização.

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69

Figura 4.6: Comparativo das curvas tensão deformação do corpo de prova

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70

5 Conclusões

A variação do limite de ruptura, para tempos até 4h mostrou-se baixa. Ou seja,

para tempos de desmineralização muito curtos a variação das propriedades

mecânicas é baixa. Desta forma, estágios iniciais de desmineralização não

apresentam variação quanto ao risco de fratura. Posteriormente, quando

relacionarmos estes resultados com os outros ensaios, será possível estabelecer uma

correlação, quando mais tempos de desmineralização forem estudados.

No geral, houve muita dispersão dos resultados. A comparação das médias

não foi conclusiva, pois os valores de duas e quatro horas foram muito próximos

enquanto que o resultado de uma hora foi estranhamente inferior em relação aos

demais. Nota-se que para resultados mais acurados, faz-se necessário um número

relativamente maior de corpo de prova para cada hora de desmineralização. Três

corpos de prova para cada estado de desmineralização mostrou-se insuficiente, pois

os resultados possuem alta variabilidade. Um número superior de corpos de prova

provavelmente iria diminuir o desvio padrão da distribuição e tornaria os resultados

representativos.

Na parte das simulações, o modelo que melhor representa o resultado do ensaio

é o modelo com apoios. Ele representa melhor a aplicação da força trativa quando

comparado com o segundo modelo e não possui erros de tensão concentrada como o

quarto modelo. Comparando as propriedades dos materiais utilizados na simulação

(cerâmico e os valores utilizados baseados no estudo apresentado por FENG e

JASIUK, (2010)), os baseados no estudo de FENG e JASIUK, (2010), por possuir

valores de propriedades mecânicas mais próximas ao tecido cortical, foram os que

mais se mostraram adequados e mais similares aos valores de tensão ensaiados.

A região de concentração de tensão aproxima-se do observado nos ensaios, que

decorre da geometria do corpo de prova. A maioria do corpo de prova possuía uma

irregularidade cônica, que deixava uma das duas extremidades mais fina que o meio.

Por este motivo, alguns corpos quebravam nesta região.

O primeiro modelo representa o caso mais puro de tração do corpo de prova.

Este modelo indicou uma concentração de tensão na parte de espessura mais fina do

corpo de prova, na parte dianteira. Todos os demais casos também apresentam uma

concentração de tensão nesta região, em maior ou menor escala, ilustrados pelos

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71

cortes ISO, apresentando valores de tensão superiores à região central do corpo de

prova.

Os demais casos estudam a influencia da forma de engaste na máquina para

os resultados do ensaio. Como ambos os casos três e quatro apresentam a

concentração nesta região pode-se afirmar que esta concentração decorre da

geometria e não da forma de fixação. O quarto modelo apresenta uma segunda

concentração de tensão, de maior intensidade, nas extremidades da garra. Esta

concentração de tensão não é encontrada no terceiro modelo, que utiliza apenas os

apoios. É possível que esta concentração de tensão decorra devido às forças de

contato, que são muito sensíveis a variações de geometria ou ainda de alguma

imperfeição da geometria escaneada não descartando que haja uma concentração de

tensão, mas que não seja tão intensa quanto na simulação.

Analisando a variação do lado tracionado a variação da orientação resultou em

diferenças desprezíveis, tanto para o campo quanto para os valores de tensão. Por

isso, pode-se afirmar que o lado tracionado na simulação não influencia

significativamente, o que era esperado.

No primeiro caso, o material utilizado não interferiu nos resultados de tensão.

Isto faz sentido, pois quando a análise envolve apenas um corpo submetido a um

conjunto de forças e apoios a tensão independe do material. O deslocamento sim

depende do material, visto que quanto menor for o módulo de elasticidade maior é a

deformação para uma mesma tensão. Nos outros dois casos, por envolver mais de um

corpo, o material influencia o resultado de tensões devido às regiões de contato entre

os corpos. Porém, os campos de tensão não foram alterados significativamente,

mudando apenas os valores de tensão para cada caso.

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72

6 Sugestões para trabalhos futuros

Nas simulações numéricas, sugere-se realizar estudos com geometrias obtidas

de microtomografia computadorizada. Desta forma, por ser uma forma de

reconstrução volumétrica a geometria do interior do corpo de prova também será

registrada. Sendo assim, será possível estudar a influência de poros internos,

principalmente dos canais haversianos, de forma a estudar a influência destes poros

na concentração de tensões e fraturas precoces.

Para resultados mais acurados recomenda-se um número maior de corpo de

prova a cada etapa de desmineralização. Podendo obter melhor análise estatística dos

dados. Se possível também, extrair mais corpo de prova de um mesmo fêmur, pois

desta maneira os resultados comparativos com corpo de prova controle seriam mais

acurados.

Outro problema encontrado foi a alta variedade dos bois utilizados para o

estudo. Para futuros estudos, amostras de fêmures provenientes de mesma raça e

idade poderão acarretar em dados mais homogêneos.

Obter uma geometria mais regular para que os resultados de módulo possam

ser validados, através do uso de um clipe gage.

Estabelecer uma correlação dos resultados de resistência à fratura (tensão na

ruptura) com os resultados obtidos por ultrassom, e microCT.

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73

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Anexos

Anexo A: Fator de abrangência

Tabela A.1: Fator de abrangência (Adaptado de Inmetro & Tecnologia, (2008)

Graus de liberdade v

Fração p em porcentagem

68,27 90 95 95,45 99 99,73

1 1,84 6,31 12,71 13,97 63,66 235,78

2 1,32 2,92 4,3 4,53 9,92 19,21

3 1,2 2,35 3,18 3,31 5,84 9,22

4 1,14 2,13 2,78 2,87 4,6 6,62

5 1,11 2,02 2,57 2,65 4,03 5,51

6 1,09 1,94 2,45 2,52 3,71 4,9

7 1,08 1,89 2,36 2,43 3,5 4,53

8 1,07 1,86 2,31 2,37 3,36 4,28

9 1,06 1,83 2,26 2,32 3,25 4,09

10 1,05 1,81 2,23 2,28 3,17 3,96

11 1,05 1,8 2,2 2,25 3,11 3,85

12 1,04 1,78 2,18 2,23 3,05 3,76

13 1,04 1,77 2,16 2,21 3,01 3,69

14 1,04 1,76 2,14 2,2 2,98 3,64

15 1,03 1,75 2,13 2,18 2,95 3,59

16 1,03 1,75 2,12 2,17 2,92 3,54

17 1,03 1,74 2,11 2,16 2,9 3,51

18 1,03 1,73 2,1 2,15 2,88 3,48

19 1,03 1,73 2,09 2,14 2,86 3,45

20 1,03 1,72 2,09 2,13 2,85 3,42

25 1,02 1,71 2,06 2,11 2,79 3,33

30 1,02 1,7 2,04 2,09 2,75 3,27

35 1,01 1,69 2,03 2,07 2,72 3,23

40 1,01 1,68 2,02 2,06 2,7 3,2

45 1,01 1,68 2,01 2,06 2,69 3,18

50 1,01 1,68 2,01 2,05 2,68 3,16

100 1,005 1,66 1,984 2,025 2,626 3,077

∞ 1 1,645 1,96 2 2,576 3

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77

Anexo B: Confecção da solução de EDTA

Para a confecção da solução de EDTA foi utilizado pó puro do ácido e água

deionizada como solvente. Como o EDTA é um material higroscópico fez-se

necessário levar o pó a um forno na temperatura de 120°C por três horas para

remover a umidade presente e, portanto, diminuir o grau de impureza da solução. A

Figura B.1 mostra o forno com os pós de EDTA e de cloreto de cálcio.

Figura B.1: Cloreto de cálcio à esquerda e EDTA à direita, para desumidificação

A relação entre a massa de soluto, 𝑚𝐸𝑇𝐷𝐴 e o volume de solução, 𝑉𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 é

dada pela eq. (B.1).

𝑚𝐸𝐷𝑇𝐴 = 𝑀𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 𝑀𝑀𝐸𝐷𝑇𝐴 𝑉𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 (B.1)

Onde 𝑀𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 é a molaridade da solução e 𝑀𝑀𝐸𝐷𝑇𝐴 é a massa molar do EDTA.

A 𝑀𝑀𝐸𝐷𝑇𝐴 = 372,24 𝑔/𝑚𝑜𝑙 (informada pelo fabricante) e foi utilizado 𝑀𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 =

0.1 𝑚𝑜𝑙/𝑙. Por praticidade, eram produzidos dois litros de solução por vez, logo

𝑉𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 = 2 𝑙. Assim, para cada frasco da solução:

𝑚𝐸𝑇𝐷𝐴 = 74,668𝑔

A massa de EDTA foi medida em uma balança de precisão e em seguida

passou-se para um balão volumétrico de dois litros de capacidade. Completou-se a

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78

solução com água deionizada até atingir a marcação de dois litros, agitou-se para

dissolver uniformemente a solução, ilustrado na Figura B.2a. Uma vez pronta,

armazenou-se a solução em garrafa de plástico, visto que o EDTA reage com o vidro,

ilustrado na Figura B.2b.

Figura B.2: a) Balão volumétrico para diluição do ácido. b) Garrafa para o armazenamento da solução de EDTA

Para conferir a concentração da mistura foi-se realizada uma titulação analítica.

O reagente utilizado foi o cloreto de cálcio (𝐶𝑎𝐶𝑙2) também com concentração de 0,1

molar. A confecção do reagente ocorreu da mesma maneira que a confecção da

solução de EDTA.

Para a titulação foi-se confeccionada uma solução chamada de titulado. Esta

solução de titulado foi feita com 10 ml de cloreto de cálcio, 10 ml de amoniacal para

catalisar a reação do EDTA com o cloreto de cálcio e 50 ml de água deionizada para

dar volume à solução. Para ser possível identificar o ponto onde o cloreto de cálcio foi

completamente consumido foi-se adicionado preto de eriocromo-T com o indicador

ácido-base, um pó de coloração negra que, dá ao titulado a coloração rosa. Quando o

cloreto de cálcio está totalmente consumido o EDTA começa a reagir com o preto de

eriocromo-T. Esta reação rapidamente muda a coloração da solução, passando a ter

então a coloração azulada, conforme a Figura B.3.

a) b)

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79

Para validar a mistura de EDTA era preciso que a quantidade de ácido utilizada

fosse entre 9,5 ml e 10,5 ml. Caso fosse usado um valor diferente deste intervalo a

mistura de EDTA era descartada e outra era feita.

Figura B.3: À esquerda, a solução de titulado no início da titulação. À direita, a

solução após o reagente ser totalmente consumido.

No processo de titulação o ácido de EDTA era colocado em uma bureta

posicionada logo acima da solução de titulado conforme indicado na Figura B.4. A

bureta permite fazer que a solução de ácido gotejasse suavemente sobre o titulado e

possuía boa precisão do volume utilizado no processo.

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80

Figura B.4: Processo de titulação

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Anexo C: Tabelas de cálculos de incerteza expandida

Tabela C.1: Cálculos de incerteza expandida para a Tensão de Ruptura

Osso Espessura [mm] Largura [mm] Força máxima [N] Tensão de Ruptura [MPa]

Media Desvio Padrão

Incerteza Tipo A

Incerteza Tipo B

Incerteza Combinada

Media Desvio Padrão

Incerteza Tipo A

Incerteza Tipo B

Incerteza Combinada

Força Incerteza

Tensão Incerteza

combinada V eff k

Incerteza expandida

Osso 8_4 9,62 0,08 0,048 0,029 0,056

5,81 0,010 0,006 0,029 0,029

5750 4,89

102,91 0,80 4,02 2,78 2,221

Osso 13_3 9,95 0,08 0,044 0,029 0,052

6,63 0,020 0,012 0,029 0,031

8128 6,91

123,21 0,87 4,07 2,78 2,427

Osso 11_3 11,26 0,15 0,086 0,029 0,091

5,88 0,006 0,003 0,029 0,029

6737 5,73

101,81 0,97 3,37 3,18 3,080

Osso 07_2 9,88 0,10 0,055 0,029 0,062

5,92 0,023 0,013 0,029 0,032

8177 6,95

139,77 1,16 3,99 3,18 3,694

Osso 10_4 11,27 0,01 0,007 0,029 0,030

6,57 0,056 0,032 0,029 0,043

7421 6,31

100,25 0,72 2,70 4,30 3,077

Osso 12_3 10,49 0,04 0,023 0,029 0,037

6,02 0,064 0,037 0,029 0,047

7363 6,26

116,66 1,01 2,84 4,30 4,324

Osso 14_3 8,89 0,01 0,003 0,029 0,029

5,89 0,010 0,006 0,029 0,029

4361 3,71

83,25 0,50 3,59 3,18 1,598

Osso 14_1 - 1h 8,90 0,05 0,031 0,029 0,042

5,84 0,010 0,006 0,029 0,029

2788 2,37

53,64 0,37 4,10 2,78 1,036

Osso 14_2 - 1h 10,31 0,10 0,057 0,029 0,064

5,86 0,006 0,003 0,029 0,029

5121 4,35

84,71 0,68 3,91 3,18 2,149

Osso 14_4 - 1h 9,75 0,02 0,009 0,029 0,030

5,86 0,025 0,015 0,029 0,032

5152 4,38

90,15 0,58 3,26 3,18 1,830

Osso 04_1 - 2h 13,69 0,20 0,11 0,029 0,119

5,883 0,032 0,019 0,029 0,034

2864 2,43

35,55 0,37 3,54 3,18 1,188

Osso 11_1 - 2h 10,88 0,10 0,059 0,029 0,066

5,96 0,056 0,032 0,029 0,043

5572 4,74

85,90 0,81 3,94 3,18 2,593

Osso 7_1 - 2h 10,44 0,14 0,081 0,029 0,086

5,93 0,023 0,013 0,029 0,032

7206 6,13

116,37 1,15 3,49 3,18 3,651

Osso 8_1 - 4h 10,00 0,08 0,047 0,029 0,055

6,16 0,020 0,012 0,029 0,031

5108 4,34

82,92 0,63 4,07 2,78 1,736

Osso 12_4 - 4h 9,39 0,06 0,037 0,029 0,047

5,87 0,023 0,013 0,029 0,032

7217 6,13

130,81 0,97 4,08 2,78 2,696

Osso 10_2 - 4h 12,46 0,08 0,045 0,029 0,053

6,10 0,035 0,020 0,029 0,035

7852 6,67

103,28 0,75 3,79 3,18 2,381

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Anexo D: Gráficos tensão-deformação dos corpos de

prova em relação ao controle

Gráfico D:1: Tensão-deformação do fêmur 7

Gráfico D:2: Tensão-deformação do fêmur 8

0

20

40

60

80

100

120

140

160

0 2 4 6 8 10

Ten

são

[M

Pa]

Deformação [%]

07_1 - 2h

Controle Desmineralizado

0

20

40

60

80

100

120

0 1 2 3 4 5 6

Ten

são

[MP

a]

Deformação [%]

08_1 - 4h

Controle Desmineralizado

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83

Gráfico D:3: Tensão-deformação do fêmur 10

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

0,00 2,00 4,00 6,00 8,00

Ten

são

[MP

a]

Deformação [%]

10_2 - 4h

Controle Desmineralizado

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84

Gráfico D:4: Tensão-deformação do fêmur 11

Gráfico D:5: Tensão-deformação do fêmur 12

0

20

40

60

80

100

120

0 1 2 3 4 5 6

Ten

são

[M

Pa]

Deformação [%]

11_1 - 2h

Controle Desmineralizado

0

20

40

60

80

100

120

140

0 2 4 6 8

Ten

são

[M

Pa]

Deformação [%]

12_4 - 4h

Controle Desmineralização

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85

Gráfico D:6: Tensão-deformação do fêmur 14

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

100,00

0 1 2 3 4 5 6

Ten

são

[M

Pa]

Deformação [%]

Osso 14 - 1h

Controle 14_1 14_2 14_4

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Anexo D: Desenhos técnicos

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