efeito da aplicação parcelada de potássio (effect of split application of potassium)

Características inerentes ao efeito da adubação potássica envolvendo o parcelamento

Universidade Tecnológica Federal do Paraná/UTFPREng. Agr. Elesandro Bornhofen

Pato Branco - PR

Julho, 2013

Introdução

• Potássio:– Juntamente com o nitrogênio e o fósforo, é um dos macronutrientes

requerido em maior quantidade;– Influência direta na produtividade e nos custo de produção;– 1 a 4% da composição das plantas;– Participação em vários processos metabólicos:

• Metabolismo de carboidratos;• Ativação enzimática;• Regulação osmótica e eficiência no uso da água;• Absorção de nitrogênio e síntese de proteína;• Translocação de assimilados;

Introdução

• Na planta:• Elevada mobilidade na planta:

– Rosolem et al. (2003) submeteram restos vegetais de seis espécies de plantas de cobertura a diferentes quantidades de chuva simulada e observaram que essas palhas podem fornecer ao solo uma quantidade considerável de K, de 7 a 24 kg ha-1, sob um volume de chuva acumulada de 70 mm, sem que houvesse decomposição da palha.

• A carência de potássio provoca um crescimento vegetal muito reduzido, clorose nas folhas, manchas necróticas, folhas recurvadas e enroladas sobre a face superior e encurtamento de entrenós. Inicialmente, os sintomas acentuam-se nas zonas mais velhas das plantas.

Introdução

• Disponibilidade no solo:– Presença de minerais primários e secundários;– Aplicação de fertilizantes;– CTC;– Ciclagem de nutrientes;

• Em determinados tipos de solo a aplicação do potássio unicamente na base pode resultar em suprimento inadequado no estádio de maior demanda;

• Lixiviação:– Textura do solo;– Quantidade do nutriente presente no sistema;– Volume de chuvas;

Introdução

• Solos arenosos:– Aplicação única na base + alto volume de chuvas ???

• Surgimento de problemas de deficiência de K;– Formulações voltadas ao fósforo;– Milho: uso de modernos híbridos com elevado potencial produtivo;– Silagem;

• Operacionalidade do sistema de semeadura:– Maior operacionalidade de semeadoras sem o conjunto de adubação;

Introdução

• O parcelamento da adubação potássica, embora pouco estudado no Brasil, tem sido adotado em vários sistemas de exploração agrícola de alta tecnologia visando superar problemas como salinidade e perda por lixiviação;

• Estudos contemplando o parcelamento da adubação potássica:– Alho (BÜLL et al., 2001);– Cana de Açúcar (OTTO et al., 2010);– Soja (GUARESCHI et al., 2008);– Algodoeiro (ROSOLEM e WITACKER, 2007);

Importância econômica

• Áreas destinadas à agricultura está sobre solos em avançado estágio de alteração intempérica;– Baixa fertilidade natural;– Dependência externa de fertilizantes (Canadá, Alemanha, Rússia);– 91% do potássio utilizado no Brasil é externo;

Fonte: FAO (2013).

Potássio no solo

• A principal fonte de potássio utilizado na agricultura brasileira é o cloreto de potássio (KCl), em detrimento da alta concentração de K2O (58 a 62%) ;

• No solo:– Potássio estrutural;– Potássio não trocável;– Potássio trocável;– Potássio em solução;

• As plantas absorvem este nutriente da solução do solo na forma iônica K+;

Em condições de solos altamente intemperizados o K+ trocável constitui a reserva mais importante de potássio para as plantas (RAIJ, 1991).

Potássio no solo

• Adubação na linha de semeadura:– Altas [ ] de KCl pode conduzir a efeito salino reduzindo o estande de

plantas;– Efeito mais danoso em condições de baixa umidade no solo;

• Salton et al. (2002):– Experimento utilizando doses de K2O na forma de cloreto de potássio na

semeadura em uma cultivar de soja onde verificaram redução de 30% no estande de plantas já na menor dose (30 kg ha-1);

Salton et al. (2002)

Potássio na planta

• Funções:– Ativação de várias enzimas (sintetases, oxiredutases, desidrogenases,

transferases, quinases e aldolases);– Transporte e metabolismo de carboidratos;– Controle osmótico das células o que remete ao controle estomático;

• É o cátion mais abundante nos tecidos vegetais;

• Relação nitrogênio com Potássio:– Para que o metabolismo do nitrogênio na planta possa acontecer

adequadamente são necessárias quantidades suficientes de potássio no citoplasma (XU et al., 2002);

– Há correlação significativa entre a atividade da enzima nitrato redutase e a fertilização potássica (Venkajesan e Ganapathy , 2004);

Potássio na planta

• Atividade da enzima nitrato redutase em milho cultivado sob diferentes níveis de adubação nitrogenada e potássica;

Figura 3- Atividade da enzima nitrato redutase em função das doses de nitrogênio quando foi fornecido 40 kg h a-1 de potássio (a) e quando foi fornecido 160 kg ha -1 de potássio (b). UTFPR, Pato Branco, 2013. Fonte: adaptado de Silva et al. (2011).

“Suprimento adequado ao longo de todo o desenvolvimento da cultura”

Potássio na planta

Fonte: International Potash Institute

Parcelamento da adubação potássica

• Em condições de solo com alto requerimento de K recomenda-se cautela na adubação, principalmente na semeadura, devido ao efeito salino;– Não se recomenda a aplicação de doses maiores que 80 kg ha-1 de K2O na

linha de semeadura;– Em solos característicos do cerrado a dose máxima a se aplicar não deve

exceder 60 kg ha-1 de K2O (VILELA et al., 2004);

• Condições de solo:– Solos com baixa CTC e sujeitos a chuvas intensas podem sofrer com baixo

suprimento de potássio (Lixiviação);• Importante a prática de parcelamento;

– Em solos argilosos e com elevada CTC, leva-se em conta principalmente questões econômicas para a prática do parcelamento;• Mão de obra, operacionalidade, etc;


• A aplicação de potássio a lanço em condição de plantio direto reduz a variabilidade horizontal do elemento no solo;– Variabilidade horizontal conduz a erros nas analises de solo;

• Na cultura da soja, normalmente aplica-se parte do fertilizante na linha de semeadura e parte em cobertura (GUARESCHI et al., 2011);

• A aplicação em cobertura de potássio na cultura da soja, de maneira geral, é realizada por volta dos 35 dias após a semeadura


• Adubação antecipada:– Guareschi et al. (2008) e Guareschi et al. (2011) não verificaram resposta em

produtividade da soja em condição de adubação potássica na semeadura em relação a adubação antecipada (15 dias antes da semeadura), sendo assim, o autor comenta que deve-se optar pelo manejo que proporcione menor custo operacional;

– A adubação antecipada reduz o tempo nos momentos de paradas para reabastecimento da semeadora-adubadora, redução do número de conjuntos trator-semeadura e afetando os custos operacionais;

• Adubação em cobertura:– Em Latossolo Húmico distrófico (69% de argila) em Santa Catarina, Scherer

(1998) estudaram durante 12 anos a resposta da soja a adubação potássica e verificaram que não houve diferença em rendimento de grãos de soja entre o adubo potássico aplicado no sulco e a lanço no momento da semeadura e que a dose de 60 kg ha-1 de K2O foi suficiente para atender à demanda da cultura da soja e manter o teor de K no solo próximo ao nível crítico.


• ...– Em um Latossolo Vermelho de textura argilosa, Bernardi et al. (2009)

estudaram o efeito de doses e formas de aplicação de potássio na cultura da soja e constataram que não houve diferença significativa entre as fontes de variação testadas sobre o rendimento da cultura da soja e salienta como possível causa o valor inicial de K+ no solo que estava acima de 80 mg dm-3, considerado alto;

– Petter et al. (2012) em trabalho desenvolvido numa condição de Latossolo Amarelo Distrófico de textura franco argilo arenosa encontrado no Piauí, não verificaram efeito significativo da época de aplicação do potássio em cobertura e também atribuiu essa inexistência de efeito significativo as reservas de K trocável do solo que, por sua vez, estavam acima de 70 mg dm-3.


• ...– Finnan e Burke (2013) estudaram a resposta de Cannabis sativa a doses de

potássio em solos com diferentes teores de potássio (acima de 67 mg dm-3) e concluíram ausência de efeito significativo tanto das doses quanto do tipo de solo no rendimento;

– Em condições de solo argiloso e arenoso no Mato Grosso, Zancanaro et al. (2005) estudaram respostas da cultura do Algodoeiro a aplicação de potássio durante três safras, onde constataram que em ambos os solos o parcelamento em cobertura (duas ou três vezes) não afeta significativamente a produtividade.Verificaram que em solo argiloso com bons teores de potássio não houve resposta à adubação em cobertura em comparação com a aplicação única na semeadura;Solo arenoso e com baixo teor de potássio (27 mg dm3) houve resposta a adubação na semeadura mais cobertura até a dose de 210 Kg ha-1 de K2O;


• ...– Em girassol, Uchôa et al. (2011) estudaram doses de potássio em

cobertura 30 dias após a semeadura em um Latossolo Amarelo distrocoeso (Roraima) com teor inicial de K= 39,1 mg dm-3 e baixo teor de matéria orgânica, onde verificaram resposta quadrática da produtividade de aquênios com máxima eficiência técnica de 83,8 kg ha-1 de K2O, atribuindo a redução de produtividade em doses elevadas ao efeito antagônico em outros nutrientes, a exemplo do Ca2+ e Mg2+

que tem a absorção reduzida.


• Benefícios a cerca do parcelamento da adubação potássica decorem do fato de que o estádio de maior demanda do nutriente ocorre próximo ao florescimento (HARIDASAN, 2000);

• Portanto, o adequado suprimento nessa fase de desenvolvimento da cultura proporciona condições favoráveis ao desenvolvimento das estruturas reprodutivas e que serão componentes do rendimento.

Experimento

• Desenvolvimento inicial da cultura da soja em função de doses de potássio aplicadas na semeadura– Verificar o efeito salino do KCl no desenvolvimento inicial da cultura da

soja;– Cultivar: BMX Turbo RR;– Doses de K2O (na forma de KCl);

– (0; 50; 100; 150 e 200 kg ha-1 de K2O);

– Implantado no dia 29 de Abril de 2013, avaliado após 30 dias; – Delineamento experimental foi inteiramente casualizado (DIC) com

quatro repetições;– Formulação 00-18-18 foi utilizada como fonte de K2O (18% de K2O);

– Fertilizante depositado a 6 cm e sementes a 2,5 com de profundidade;

Experimento

Experimento

Figura 4 – Análises de regressão para as variáveis estatura de plantas (a), massa verde da parte aérea (b), massa verde radicular (c) e estande de plantas (d), avaliadas na cultura da soja, em relação a doses de potássio (kg ha-1) aplicadas na linha de semeadura. *,** - Significativo ao nível de probabilidade de erro de 5 e 1%, respectivamente, ns – não significativo. UTFPR, campus Pato Branco, 2013.

Após 30 dias

Conclusões

• Respostas em rendimento de grãos das culturas quando submetidas ao parcelamento dependem de vários fatores, sendo tipo de solo e o teor inicial de potássio disponível, determinantes;

• Em solos de textura arenosa e com baixo teor de potássio trocável a adubação em cobertura pode resultar em ganhos representativos. Porém, culturas submetidas a solos de textura argilosa e com teores suficientes de potássio na constituição dificilmente irão responder em rendimento significativo;

• Em condições de resposta a aplicação de potássio em cobertura, uma única aplicação é suficiente para se obterem os máximos resultados;

Conclusões

• Deve-se fazer um estudo econômico em nível de propriedade quanto à aplicação em cobertura de potássio, pois a operacionalidade do sistema de plantio deve ser levada em consideração;

• A maior demanda de potássio pelas plantas ocorre próximo ao florescimento e benefícios a cerca da aplicação do elemento em cobertura decorrem do melhor suprimento nesse estádio de desenvolvimento;

• Elevadas doses de potássio na forma de cloreto de potássio (KCl) aplicadas na linha de semeadura reduzem a massa verde do sistema radicular;

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