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29/10/2010 1 Produção do requeijão cremoso: EFEITO DA ADIÇÃO DE CONCENTRADO PROTÉICO DE EFEITO DA ADIÇÃO DE CONCENTRADO PROTÉICO DE SORO NAS PROPRIEDADES FUNCIONAIS DO SORO NAS PROPRIEDADES FUNCIONAIS DO REQUEIJÃO CREMOSO REQUEIJÃO CREMOSO DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA de ALIMENTOS, DTA – FACULDADE DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS, FEA – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, UNICAMP 1: graduanda FEA-UNICAMP. E-mail: [email protected]; 2: professora doutora DTA-UNICAMP. E-mail: [email protected] Agência Financiadora: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Palavras-chaves: Requeijão cremoso, concentrado protéico de soro, propriedades funcionais O requeijão cremoso é um queijo processado, tipicamente brasileiro, bastante popular no país. O produto é comercializado em copos para consumo doméstico, onde apresenta consistência fluida para ser espalhado em biscoitos e pães, ou em bisnagas, como um ingrediente culinário no preparo de pizzas, alimentos congelados e tortas. No primeiro caso, o produto deve apresentar propriedades funcionais específicas, como boa espalhabilidade e elasticidade. Quando o produto é utilizado como ingrediente culinário, a necessidade de suportar altas temperaturas demanda propriedades funcionais como baixa capacidade de fusão e maior dureza. Este trabalho teve por objetivo avaliar a influência da adição de diferentes concentrações de concentrado protéico de soro – CPS (0; 0,5; 1,0 e 1,5%) nas propriedades funcionais do requeijão cremoso. Em geral, o aumento do teor de CPS resultou em diminuição da dureza e gomosidade (Figura 2) e aumento da capacidade de derretimento (Figura 3). Com o tratamento térmico, as proteínas do soro se desnaturam, se desenrolam e se ligam à caseína, aumentando a capacidade de retenção de água o que leva a uma rede menos compacta e uma estrutura mais fluida, já que a água se torna um impedimento para uma maior interação entre micelas de caseína. Além disso, pode ter influenciado a forma como as proteínas do soro interagem entre si e com outros componentes do leite, afetando a estrutura do queijo. Para todos os requeijões estudados, não houve formação de óleo livre. Portanto, ocorreu emulsificação completa da gordura pelas proteínas do leite, que atuam como emulsificantes. Tabela 2: Efeito da adição de CPS na aceitação sensorial do requeijão cremoso. *Requeijões com umidade (59,62 ± 0,16)% **Médias com letras iguais, na mesma linha, não diferem significativamente entre si (p > 0,05). %CPS 0 0,5 1,0 1,5 Adesividade 3022,2 a 2914,6 a 2045,8 a 977,1 a Elasticidade 0,934 a 0,907 a 0,937 a 0,943 ª %CPS Atributos Aparência Cor Espalhabilidade Sabor Cremosidade Firmeza Impressão Global 0,0 7,37 a 7,55 a -0,37 c 6,45 b 7,31 a 7,05 a 6,92 ª 0,5 7,47 a 7,58 a -0,15 bc 6,53 ab 7,26 a 7,12 a 7,02 a 1,0 7,37 a 7,40 a 0,05 b 6,75 ab 7,17 a 7,05 a 7,03 a 1,5 6,69 b 7,30 a 0,67 a 7,00 a 6,84 a 6,24 b 6,79 a Todos os requeijões cremosos apresentaram boa aceitação sensorial, com médias de impressão global acima de 6,7. A adição de CPS não influenciou a cor, cremosidade e impressão global. Requeijões cremosos com 0,5 e 1,0% CPS foram os que apresentaram a espalhabilidade mais próxima do ideal. Apesar de, aparentemente, apresentar sabor mais agradável, o requeijão cremoso com maior porcentagem de CPS (1,5%), foi o menos aceito em relação aos parâmetros de aparência, cremosidade e firmeza e o que apresentou espalhabilidade mais distante do ideal. Requeijão cremoso com 1,5% de CPS apresentou menor dureza e maior capacidade de derretimento. Os requeijões com 0,5 e 1,0% de CPS foram os que apresentaram maior aceitação sensorial, com uma espalhabilidade mais próxima do ideal. Ao se levar em consideração o fator custo do CPS, a adição de 0,5% de CPS ao requeijão cremoso parece ser a mais indicada para a obtenção de um produto com as características funcionais e sensoriais mais aceitas pelo consumidor. A adição de CPS não resultou em diferenças na adesividade e elasticidade dos requeijões (p<0,05). a, b, c Médias com letras iguais, na mesma coluna, não diferem significativamente entre si (p>0,05). * Para a avaliação da aparência e aceitação global, foi utilizada escala hedônica estruturada de 9 pontos. Para espalhabilidade, a escala do ideal, com notas variando de +3 (=muito mais espalhável que o ideal) a -3 (= muito menos espalhável que o ideal). O valor 0 (zero) corresponde a espalhabilidade ideal. Tabela 1. Efeito da adição de CPS na Adesividade e Elasticidade dos requeijões cremosos *,** Figura 2. Efeito da adição de CPS na Dureza e Gomosidade dos requeijões cremosos Figura 3. Efeito da adição de CPS na capacidade de derretimento dos requeijões cremosos UNICAMP Stephan 0% 0,5% 1,0% 1,5% Sal Água Sorbato Butter oil Sal fundente Massa de Mussarela Fusão Adição de Ingredientes Requeijão Cremoso ANÁLISES: 12 experimentos v Perfil de Textura Instrumental Texturômetro Universal TAXT2i v Capacidade de Derretimento v Aceitação Sensorial 108 provadores não treinados vFormação de Óleo Livre Luana S. Loiola 1 Walkiria H. Viotto 2 . 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 0 0,5 1 1,5 % de CPS Perfil de Textura Dureza e Gomosidade Dureza Gomosidade 0 1 2 3 4 5 6 0 0,5 1 1,5 Fluxo de queijo (cm) % de CPS Fluxo de Queijo

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29/10/2010

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Produção do requeijão cremoso:

EFEITO DA ADIÇÃO DE CONCENTRADO PROTÉICO DE EFEITO DA ADIÇÃO DE CONCENTRADO PROTÉICO DE SORO NAS PROPRIEDADES FUNCIONAIS DO SORO NAS PROPRIEDADES FUNCIONAIS DO

REQUEIJÃO CREMOSOREQUEIJÃO CREMOSO

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA de ALIMENTOS, DTA – FACULDADE DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS, FEA –UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, UNICAMP

1: graduanda FEA-UNICAMP. E-mail: [email protected]; 2: professora doutora DTA-UNICAMP. E-mail: [email protected]ência Financiadora: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

Palavras-chaves: Requeijão cremoso, concentrado protéico de soro, propriedades funcionais

O requeijão cremoso é um queijo processado, tipicamente brasileiro,bastante popular no país. O produto é comercializado em copos para consumodoméstico, onde apresenta consistência fluida para ser espalhado em biscoitose pães, ou em bisnagas, como um ingrediente culinário no preparo de pizzas,alimentos congelados e tortas. No primeiro caso, o produto deve apresentarpropriedades funcionais específicas, como boa espalhabilidade e elasticidade.Quando o produto é utilizado como ingrediente culinário, a necessidade desuportar altas temperaturas demanda propriedades funcionais como baixacapacidade de fusão e maior dureza.

Este trabalho teve por objetivo avaliar a influência da adição de diferentesconcentrações de concentrado protéico de soro – CPS (0; 0,5; 1,0 e 1,5%) naspropriedades funcionais do requeijão cremoso.

Em geral, o aumento do teor de CPS resultou em diminuição da dureza egomosidade (Figura 2) e aumento da capacidade de derretimento (Figura 3). Como tratamento térmico, as proteínas do soro se desnaturam, se desenrolam e seligam à caseína, aumentando a capacidade de retenção de água o que leva a umarede menos compacta e uma estrutura mais fluida, já que a água se torna umimpedimento para uma maior interação entre micelas de caseína. Além disso, podeter influenciado a forma como as proteínas do soro interagem entre si e comoutros componentes do leite, afetando a estrutura do queijo. Para todos osrequeijões estudados, não houve formação de óleo livre. Portanto, ocorreuemulsificação completa da gordura pelas proteínas do leite, que atuam comoemulsificantes.

Tabela 2: Efeito da adição de CPS na aceitação sensorial do requeijão cremoso.

*Requeijões com umidade (59,62 ± 0,16)%**Médias com letras iguais, na mesma linha, não diferem significativamente entre si (p > 0,05).

%CPS

0 0,5 1,0 1,5

Adesividade 3022,2a 2914,6a 2045,8a 977,1a

Elasticidade 0,934a 0,907a 0,937a 0,943ª

%CPS

Atributos

Aparência Cor Espalhabilidade Sabor Cremosidade Firmeza Impressão Global

0,0 7,37a 7,55a -0,37c 6,45b 7,31a 7,05a 6,92ª

0,5 7,47a 7,58a -0,15bc 6,53ab 7,26a 7,12a 7,02a

1,0 7,37a 7,40a 0,05b 6,75ab 7,17a 7,05a 7,03a

1,5 6,69b 7,30a 0,67a 7,00a 6,84a 6,24b 6,79a

Todos os requeijões cremosos apresentaram boa aceitação sensorial, commédias de impressão global acima de 6,7. A adição de CPS não influenciou a cor,cremosidade e impressão global. Requeijões cremosos com 0,5 e 1,0% CPS foramos que apresentaram a espalhabilidade mais próxima do ideal. Apesar de,aparentemente, apresentar sabor mais agradável, o requeijão cremoso com maiorporcentagem de CPS (1,5%), foi o menos aceito em relação aos parâmetros deaparência, cremosidade e firmeza e o que apresentou espalhabilidade maisdistante do ideal.

Requeijão cremoso com 1,5% de CPS apresentou menor dureza e maiorcapacidade de derretimento. Os requeijões com 0,5 e 1,0% de CPS foram os queapresentaram maior aceitação sensorial, com uma espalhabilidade mais próximado ideal. Ao se levar em consideração o fator custo do CPS, a adição de 0,5% deCPS ao requeijão cremoso parece ser a mais indicada para a obtenção de umproduto com as características funcionais e sensoriais mais aceitas peloconsumidor.

A adição de CPS não resultou em diferenças na adesividade eelasticidade dos requeijões (p<0,05).

a, b, c Médias com letras iguais, na mesma coluna, não diferem significativamente entre si (p>0,05).

* Para a avaliação da aparência e aceitação global, foi utilizada escala hedônica estruturada de 9 pontos. Para espalhabilidade, a escala do ideal, com notas variando de +3 (=muito mais espalhável que o ideal) a -3 (= muito menos espalhável que o ideal). O valor 0 (zero) corresponde a espalhabilidade ideal.

Tabela 1. Efeito da adição de CPS na Adesividade e Elasticidade dos requeijões cremosos*,**

Figura 2. Efeito da adição de CPS na Dureza e Gomosidade dos requeijões cremosos

Figura 3. Efeito da adição de CPS na capacidadede derretimento dos requeijões cremosos

UNICAMP

Stephan

0%

0,5%

1,0%

1,5%

Sal Água

Sorbato Butter oil

Sal fundente

Massa de Mussarela

Fusão

Adição de Ingredientes

Requeijão Cremoso

ANÁLISES:12 experimentos

v Perfil de Textura InstrumentalTexturômetro Universal TAXT2i

v Capacidade de Derretimento

v Aceitação Sensorial108 provadores não treinados

vFormação de Óleo Livre

Luana S. Loiola1 Walkiria H. Viotto2.

0100200300400500600700800900

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Perfil de TexturaDureza e Gomosidade

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