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Boletim SBNpp

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SumárioPalavra do Presidente 03

Neuropsicopedagogia em Destaque 04

Neuropsicopedagogia pelo Brasil 08

Textos 11

Artigos Acadêmicos 18

Benefício Para Associado Em Cursos De Pós-Graduação 28

SBNPP – GESTÃO 2016 – 2018 29

Coordenação de ProjetosCarlos Alexandre S. Rodrigues

CRA/SC 6.00972

Coordenação AdministrativaBárbara M. H. Rosa

Diagramação e designer gráficoElton Pedroso

Revisão e Supervisão GráficaDenilson Luis Uzinski

Geração de Conteúdos e ImagensSBNPp e banco de imagens cedido

Correção EditorialClóvis Russo

ColaboraçãoAna Lúcia Hennemann

Angelita FülleBárbara M. H. Rosa

Bibiane Constantino de LimaCristiano PedrosoDouglas Morais

Fabiola Alves Moraes BatistaGiliana Rocha

Joselma GomesLinete Oliveira de Sousa

Luiz Antonio CorrêaRita M.T. Russo

Vanda Aparecida Biundini BertolaceViviane Arantes

Organização Editorial e Revisão FinalAngelita Fülle

Bárbara M. H. RosaPatrícia T. UzinskiRita M. T. Russo

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PAlAvRA do PRESIDENTE

No ano de 2016, a Neuropsicopedagogia e a SBNPp tiveram avanços significativos e contundentes na sociedade brasileira.Inúmeros eventos, tais como: seminários, encontros, palestras de norte a sul do nosso país, além de tratativas internacionais que a SBNPp participou de forma efetiva.Salientamos grande conquista através do Município de Cascavel, no Estado do Paraná, a aprovação do projeto de lei que definiu o dia 06 de Dezembro como o Dia do Neuropsicopedagogo. Para a comemoração deste dia, a SBNPp e parceiros prepararam atividades lúdicas com alunos de escolas municipais de diferentes municípios/estados, palestra na APAE de Cascavel e Sessão Solene na Câmara de Vereadores de Cascavel/PR.Através da parceria com o Grupo Educacional CENSUPEG, o benefício de desconto de 10%, foi proporcionado para os associados para os cursos de pós-graduação. Intensificaram-se as atividades do Projeto Neuropsicopedagogo na Escola, com apoio da SBNPp, e que é realizado pela Faculdade São Fidélis do Grupo

Educacional CENSUPEG.Tratativas com parceiros, no intuito da realização de eventos: palestras, congressos, cursos e seminários estão se concretizando para o ano vindouro.Muito trabalho, estudo e dedicação foram dispensados em prol da Neuropsicopedagogia por todos os membros e associados.Acreditamos que no ano de 2017 continuaremos nos fortalecendo com o apoio de todos os associados e seus membros, e convidamos todos que se interessam pela neuropsicopedagogia para somarmos esforços com o escopo de expandi-la cada vez mais, nacional e internacionalmente.Assim, renovamos o vínculo com todos e ratificamos a importância do apoio dos profissionais em formação e dos que estão atuando para a consolidação e a posteri, o reconhecimento da profissão.Por fim, externamos nossos sentimentos de um Feliz Natal e excelente Ano Novo.

Prof. Dr. Luiz Antonio CorrêaPresidente da SBNPp

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NEURoPSICoPEdAGoGIAEM DESTAQUE

COMEMORAÇÕES DO DIA DO NEUROPSICOPEDAGOGO

Importante conquista para a Neuropsicopedagogia!!!Aprovado, no dia 30 de agosto de 2016, o Dia do Neuropsicopedagogo em Cascavel, através de Projeto

de Lei na Câmara de Vereadores de Cascavel/PR, de iniciativa do Vereador Luiz Amélio Burgarelli.Com isso, no dia 06 de Dezembro é comemorado o Dia do Neuropsicopedagogo.

Sessão Solene na Câmara de Vereadores de Cascavel/PRSessão Solene na Câmara de Vereadores de Cascavel/PR, em homenagem aos Vereadores, Instituto Kco Viegas, e Neuropsicopedagogos que se destacaram e auxiliam na caminhada para busca do reconhecimento da Neuropsicopedagogia no Brasil.A SBNPp convida a comunidade e seus associados para participarem da Sessão de Honra ao Mérito em comemoração ao Dia do Neuropsicopedagogo de Cascavel/PR

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Atividade Lúdica: “Capacete do Cérebro”, realizada com alunos de várias escolas

Joinville/SC

Cascavel/SC Santa Cruz do Sul/RS

Palestra na APAE de Cascavel/PRNo dia 06 dezembro de 2016, o Presidente da SBNPp, Professor Doutor Luiz Antonio Corrêa, ministrou palestra na APAE

de Cascavel/PR para os colaboradores da APAE, associados da SBNPp e para a comunidade.

Professora Barbara Alves Ribeiro com os alunos do CEI Pão de Mel.

Professora Francine Veiga da Silva com os alunos da Es-cola Municipal Anna Maria Harger

Professora Daniela Luiza Garcia com os alunos da Escola Municipal Hilda Anna Krisch

Professores: Fabrício B . Cardoso e Solange P. de Souza com os alunos da Escola Ana Néri

Professor Ivan Ferreira de Araujo com os alunos da Esco-la Municipal Vereador Arinor Vogelsanger

Alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental Frederico Au-gusto Hannemann com a organização das Professoras Neuropsi-copedagogas: Isabel Dettmer, Márcia Gewehr e Geci Scmidt

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Onda Verde/SP

Maracaí/SP

Ponta Grossa/PR

Massaranduba/SC

Professora Marcela Ap. Gonçalves Silva com os alunos da Escola Municipal José Ribeiro dos Santos Filho

Fonoaudióloga Cláudia Mônica Rigoto, Professora Sílvia Helena de Oliveira Hoffmann e Silva com os alunos do 3º ano/tarde da Escola Municipal de Ensino Fundamental Maria Helena da Silva Silvério.

Professora Andreza Fornazari da Silveira com os alunos da Escola Municipal Professor Faris Antonio Michaeli

Professora Katiane Stassun com os alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Nicolau Jensen.

Fonoaudióloga Cláudia Mônica Rigoto, Professora Maria Lúcia de Moura com os alunos do 4º ano/tarde da Escola Municipal de Ensi-no Fundamental Maria Helena da Silva Silvério.

Professora Joceléia Ferreira de Albuquerque com os alunos da Escola Professora Ecléa dos Passos Horn

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NEUROPSICOPEDAGOGIA!MARCO INTERNACIONAL PARA A

Parabenizamos o Grupo Educacional CENSUPEG, Associado Fundador, pela sua premiação internacional, pela contribuição à Sociedade Brasileira e reconhecimento da Neuropsicopedagogia e do Projeto Neuropsicopedagogo na Escola em âmbito Nacional e Internacional, ao seu Diretor-Presidente Sandro Albino Albano por acreditar na Educação e na Neuropsicopedagogia, sendo a Instituição de Ensino Pioneira no Curso de Pós-Graduação em Neuropsicopedagogia no Brasil.Na oportunidade, mais de 20 representantes de países estavam presentes.

A SBNPp participou, da IX Jornada Internacional Aprendizaje, Educacion Y Neurociências - Programa de Farmacología Molecular y Clínica (ICBM) - Facultad de Medicina, Universidad de Chile, nos dias 27 e 28 de outubro de 2016, representada pelo seu Presidente, Professor Doutor Luiz Antonio Corrêa, oportunidade em que apresentou-se a Sociedade, a Neuropsicopedagogia, seus projetos no Brasil e foi entregue um exemplar do primeiro livro chancelado pela SBNPp, Livro: Neurospicopedagogia Clínica: Introdução, Conceitos, Teoria e Prática, da autora Professora Doutora Rita Margarida Toler Russo.

IX JORNADA INTERNACIONAL APRENDIZAJE, EDUCACION Y NEUROCIENCIAS

Associado/a envie sua contribuiçãoNeuropsicopedagógica para o e-mail

[email protected].

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O Prêmio Dica de Mestre, do Congresso Aprender 2016, foi conquistado pelo Projeto Neuropsicopedagogo na Escola, realizado pelo Grupo de Pesquisas da Faculdades São Fidélis do Grupo Educacional CENSUPEG.O Resumo intitulado “A Importância da Intervenção NEUROPSICOPEDAGÓGICA no Ambiente Escolar para Crianças com Dificuldades no Desenvolvimento

da Linguagem” do autor: Fabrício Bruno Cardoso e das co-autoras: Rita M. T. Russo, Angelita Fülle e Juliana P Neves foi selecionado, concorreu e foi premiado o melhor estudo do Prêmio Dica de Mestre Educador (profissionais da Educação) 2016.

PRÊMIO DICA DE MESTRE – APRENDER CRIANÇA 2016

NEUROPSICOPEDAGOGIA PELO BRASILEventos Nacionais

2º CONGRESSO SUL-BRASILEIRO DE DEBATE SOBRE A SÍNDORME DA ALIENAÇÃO PARENTAL

A SBNPp firmou parceria e participará do Congresso SAP que ocorrerá nos dias 04 e 05 de agosto de 2017.A Vice-Presidente da SBNPp, Professora Doutora Rita Margarida Toler Russo será palestrante no evento.Os associados possuem 30% de desconto e deverão utilizar o código ao lado.

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TRATATIVAS PARA CONGRESSO INTERNACIONAL DE NEUROPSICOPEDAGOGIA

I FÓRUM DE NEUROPSICOPEDAGOGIA DO OESTE DO PARÁ

I ENCONTRO REGIONAL DE NEUROPSICOPEDAGOGIA DO MATO GROSSO

O Presidente da SBNPp, Professor Doutor Luiz Antonio Corrêa, esteve em Barcelona/Espanha, no dia 12 de novembro de 2016, conversando com o neurocientista Jesús C. Guillén, da Universidade de Barcelona, para tratativas, com intuito de parceria para o Congresso Internacional de Neuropsicopedagogia, que ocorrerá em 2017.Na ocasião, realizaram trocas de informações sobre a introdução e aplicação das Neurociências na Educação do Brasil e da Europa, assim como a SBNPp, a Neuropsicopedagogia e seus projetos nacionais foram apresentados e compartilhados.

No dia 05 de agosto de 2016, no Município de Santarém/PA, aconteceu o I Fórum de Neuropsicopedagogia do Oeste do Pará, que contou com o apoio, presença e palestra do Presidente da SBNPp, Prof. Dr. Luiz Antonio Corrêa.Na oportunidade, o tema versou sobre: “Uma Visão Neuropsicopedagógica do Desenvolvimento Humano e os Contextos de Atuação do Neuropsicopedagogo”.

A SBNPp, nos dias 04 e 05 de novembro de 2016, Município de Cuiabá/MT, apoiou e foi parceira do evento Representada pelos seus Professores: Alício Schiestel - Membro do Conselho de Ética da SBNPp e Fabrício Bruno Cardoso - Membro do Conselho Técnico-Profissional da SBNPp, que na oportunidade palestraram sobre: Alício Schiestel - Membro do Conselho de Ética da SBNPp - Tema: “ A importância da neuropsicopedagogia no desenvolvimento humano”.Fabrício Bruno Cardoso - Membro do Conselho Técnico-Profissional da SBNPp – Temas: “A influência do desenvolvimento motor da criança no seu processo educacional” e “Neuropsicopedagogia como identificação e prevenção de problemas de aprendizagem”.Na mesa redonda com os palestrantes, o tema abordado foi: “Contexto de Atuação do Neuropsicopedagogo Institucional e o Neuropsicopedagogo Clínico”.

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Ponta Grossa/PR

Aracaju/SE

Araquari/SC - Barra do Sul/SC - São Francisco do Sul/SC

São Paulo/SP

Botucatu/SP

Campo Grande/MS

Tema: “Neuropsicofarmacolocia e CID” – 22 e 23/10/2016

Tema: “Uma Visão Neuropsicopedagógica do Desenvolvimento Humano” – 07/10/2016

Tema: “Neuropsicopedagogia e Educação Especial Inclusiva” – 9 e 10/08/2016

Tema: “Uma Visão Neuropsicopedagógica do Desenvolvimento Humano” – 1º/09/2016

Tema: “ Uma Visão Neuropsicopedagógica do Desenvolvimento Humano para os Profissionais da Educação” – 02/09/2016

Tema: “Funcionamento do Cérebro e as Bases da Plasticidade Cerebral na Gestação, na Infância e Adolescência” – 23/09/2016

PALESTRASA SBNPp contribuindo com a disseminação e transpondo conhecimento para inúmeras localidades e profissionais,

através das palestras ministradas pelo Professor Doutor Luiz Antonio Corrêa, Presidente da SBNPp.

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Textos

CONTRIBUIÇÕES DA NEUROPSICOPEDAGOGIA PARA O MODELO DA EDUCAÇÃO EM ASSISTÊNCIA/ SAÚDE

Resumoo sobre peso, considerado uma pandemia, é uma condição que tem atingido média de 40 a 50% da população mundial e está associada a um N expressivo de doenças, muitas destas, resultantes da perda da qualidade de vida e índices de mortalidade. Atualmente, via estudos epidemiológicos, sabemos que a causa da obesidade é multivariada, com relações inferenciais à falta de atividade física adequada, má alimentação, falta de ações educativas, mastigação inadequada, uso de medicações e outros aspectos. o presente estudo preliminar objetivou uma análise dos dados de prontuário de uma população institucional, constituída em sua maioria por pessoas com deficiência intelectual, referente aos índices de sobrepeso e possíveis associações com variáveis explicativas. Os dados do grupo foram analisados à luz de uma análise estatística inferencial e correlacionados com possíveis contribuições da neuropsicopedagogia para criação de programas de educação e conscientização, realizados sob medida ao público de adultos com deficiência intelectual. Palavras-chave: obesidade. Neuropsicopedagogia. Educação.

Bibiane Constantino de Lima

Nutricionista na Instituição Aldeia da Esperança /CIAM

Cristiano Pedroso

Gerente Técnico da Instituição Aldeia da Esperança /CIAM

Douglas Morais

Educador Físico na Instituição Aldeia da Esperança /CIAM

Fabiola Alves Moraes Batista

Fisioterapeuta na Instituição Aldeia da Esperança /CIAM

Giliana Rocha

Fonoaudióloga na Instituição Aldeia da Esperança /CIAM

Viviane Arantes

Enfermeira na Instituição Aldeia da Esperança/CIAM

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1 INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS (2003), alterações das estruturas corporais, ou do funcionamento destas estruturas, podem gerar níveis de dificuldades, ou incapacidades, na realização de atividades e participações cotidianas da vida em sociedade. desta forma, uma alteração estrutural convertida em uma dificuldade, em determinados contextos, também pode resultar em desvantagens sociais, impossibilitando a pessoa acometida pelo desenvolvimento atípico, de utilizar recursos e benefícios, alcançando a desejada equidade social. A instituição Aldeia da Esperança, uma instituição filantrópica, de moradia assistida e de atenção à pessoa adulta com deficiência intelectual, objetiva, com seus equipamentos físicos e de recursos humanos, um modelo no eixo do serviço social, otimizando os processos de inclusão e qualidade de vida do adulto com deficiência. Portanto, os profissionais focam na identificação da funcionalidade da pessoa, atuando de forma a minimizar, ou até eliminar, incapacidades e desvantagens. Desta forma, no eixo da assistência, a atuação em processos educativos torna-se um objeto de estudo e uma importante ferramenta de trabalho, tendo em vista, que os apoios oferecidos para a pessoa com deficiência devem ser aferidos de forma a não serem ofertados em menor intensidade do que a pessoa necessita, colocando-a em estado de privação, porém não realizado em dimensões mais elevadas do que o necessário, visando o desenvolvimento e manutenção da autonomia e independência. Pensando nos apoios para o gerenciamento da saúde, uma das habilidades adaptativas importantes na vida adulta, o controle do peso é considerado uma variável importante. Segundo dados de Pereira et al (2009), estima-se que 40% da população mundial apresente algum grau de excesso de peso, sendo a obesidade considerada uma pandemia. A falta de atividades físicas e de uma alimentação adequada, colaboraram para este índice alarmante, sendo que, as pessoas com deficiência também se enquadram neste espectro populacional. A equipe de técnicos da instituição

levantou algumas questões, pensando especificamente no universo da Aldeia, ao verificar que o sobrepeso era uma condição natural em alguns de seus atendidos. Estariam estes índices ligados à falta de aderência dos atendidos nas atividades físicas? A dificuldade de controle inibitório, por ser uma função executiva ligada aos processos cognitivos, poderia prejudicar o seguimento das dietas sugeridas? A utilização de psicofármacos contribui diretamente para o sobre peso? Para responder algumas das questões acima, estipulou-se um algoritmo de investigação, a saber: 1) Levantamento dos índices de massa corporal, para avaliação do IMC. 2) Durante o ano de 2016 foi realizado um controle sistemático da participação dos atendidos em atividades físicas, que apresentam ações para o fortalecimento muscular, atividades aeróbicas e desenvolvimento psicomotor. Todas as atividades desenvolvidas em solo e meio aquático. 3) Foi mensurada a utilização de psicofármacos. 4) Foi mensurado o nível de aceitação das dietas, desenvolvidas sob medida, pela nutricionista institucional. 5) Foi mensurada a qualidade de mastigação dos alimentos. os dados a posteriori foram analisados com a estatística de correlação momento-produto de Pearson, para estimar os parâmetros de relação entre as variáveis. Como metodologia, foi utilizada, nos pressupostos de Sampieri et al (2006), um modelo de estudo correlacional, que consiste em articular saberes distintos, buscando intersecções e possíveis correlações/contribuições, em seus objetivos. A ideia é pensar nos modelos de educação alimentar e atividades físicas, criando um projeto institucional que ajude os profissionais a otimizar a qualidade de vida dos atendidos, sendo, para este aspecto, agregado na equação o modelo da neuropsicopedagogia, como estratégia de educacional.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 NEUROCIÊNCIAS E COMPORTAMENTO A neurociência, segundo Kandel et al (2014), possui um histórico relativamente antigo. Constam descobrimentos de 10.000 anos atrás, de ossadas humanas com indícios de sobrevida, via observação de processo de cicatrização de procedimentos “neurocirúrgicos”, aparentemente dando indícios de ligação comportamento/ cérebro. No entanto é nos meados do século XIX, com estudos de casos como o do paciente “Tam” de Broca, o caso Phineas Gange, de sobrevivência a um importante acidente com lesões neurológicas, dos pacientes de Wernick, da neurocirurgia de Muniz, denominada lobotomia e, mais recentemente no século XX, o avanço tecnológico via desenvolvimento das técnicas de Raio X, TC, MRI, PET, SPECT, FMRI, que chegamos a uma associação de maior complexidade entre processos biológicos e comportamentais (KANDEL et al, 2014). É neste cenário que surge a neuropsicopedagogia (NPp) que, segundo a Sociedade Brasileira de NPp (SBNPp), tem em 2008 uma ação de um grupo de docentes de Santa Catarina objetivando a aplicação da neurociência à educação, com um curso que objetivava correlacionar conhecimentos das neurociências, psicologia e pedagogia. Segundo Russo (2015), o neuropsicopedagogo trabalha com a interface do cérebro e do comportamento, analisando funções específicas como, as funções executivas, a linguagem, memória, atenção, cognição, a psicomotricidade e as competências acadêmicas de lectoescrita e cálculo, que estão intimamente ligados com o processo de desenvolvimento, e mais especificamente, os processos de aprendizado, visando a otimização dos objetivos escolares e o auxílio ao alunado com necessidades educacionais especiais. Corroborando com os descritos acima, segundo o código de ética do neuropsicopedagogo, da Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia (SBNPp), artigo 67, o neuropsicopedagogo utiliza protocolos de avaliação e intervenção que contemplem as funções executivas, linguagem, desenvolvimento neuromotor e raciocínio lógico. Neste contexto, temos uma vertente de

ação, cujo processo educacional também considera a constituição biológica/ neurológica dos atendidos para a criação de programas de apoio, atividades de habilitação e otimização funcional. 2.2 OBESIDADE:A obesidade é um distúrbio do estado nutricional traduzido por um aumento do tecido adiposo, reflexo do excesso de gordura, resultante do balanço positivo de energia na relação ingestão/gasto calórico, associado a defeitos de regulação do peso corporal (LEÃO; GOMES, 2010).A Obesidade pode ser reflexo da dificuldade que os homens ainda enfrentam de se alimentar para se sentirem melhor e mais saudáveis. Contudo, tratando-se de uma doença multifatorial, além dos fatores nutricionais, os aspectos genéticos, metabólicos, psicossocias, culturais, entre outros, atuam na origem e na manutenção da obesidade (CUPARI, 2005).Atualmente acomete pessoas do mundo inteiro, não distinguindo sexo, idade, classes sociais, por isso é classificada como uma Pandemia, que necessita de uma atenção especial e de tratamento individualizado, mas infelizmente estudos mostram que a não adesão ao tratamento ainda é muito grande (MACHADO; KIRSTEN, 2011).Estima- se que 40% da população brasileira possua algum grau de excesso de peso, e destes, 25% apresentam casos graves de obesidade (PEREIRA et al, 2009).A nutrição tem como objetivo evitar ou corrigir fatores de risco cardiovascular como dislipidemias, hipertensão arterial, hiperuricemia e hiperglicemia; enfatizar os hábitos alimentares saudáveis (LEÃO; GOMES, 2010). O intuito das intervenções tem mudado ao longo das últimas décadas, se antes se centrava na distribuição de alimentos e no aumento do conhecimento, hoje foca na mudança de comportamento individual (CERVATO et al, 2016).A Dietoterapia deve consistir em uma alimentação completa, com carboidratos complexos, ricos em fibras, proteínas, frutas, verduras, água, e com pouca gordura. Essas mudanças na alimentação,

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que muitas vezes as pessoas não estão adaptadas, podem ser uma causa para a não persistência ao tratamento nutricional (MCMILLAN-PRICE; BRAND MILLER, 2004; LOTEMBERG, 2006). 2.3 ATIVIDADE FÍSICA E OBESIDADE

A obesidade foi classificada pela Organização Mundial da Saúde como um dos maiores problemas de saúde pública do mundo sendo que, caso nada seja feito, em 2025 cerca de 2,3 bilhões de adultos estejarão com sobrepeso e mais de 700 milhões estarão obesos. No Brasil, a obesidade vem crescendo progressivamente, sendo que alguns levantamentos apontam que mais de 50% da população está na faixa de sobrepeso e obesidade (ABEO, 2016). A realização de atividade física regular promove benefícios que se manifestam sob todos os aspectos do corpo e apresenta resultados positivos no processo de emagrecimento, especialmente para indivíduos com sobrepeso e obesidade em situação de risco para doenças cardiovasculares ou com condições cardiovasculares atuais, contribuindo com a redução do percentual de gordura e o anabolismo muscular, uma vez que, o manejo adequado das variáveis que compõem a prescrição do treinamento, juntamente com a individualidade biológica do praticante, determina a eficácia do programa de exercícios (SWIFT et al, 2014; SANTOS, 2016; CIOLAC et al, 2004).A perda de peso a partir de programas de treinamento físico sem restrição calórica é muito heterogênea, podendo os indivíduos apresenta de nenhuma a pequena perda de peso (<2 Kg); nesses casos é improvável que ocorra perda de peso significativa a partir de um programa de atividade física, a menos que o volume global de treinamento físico esteja acima dos níveis mínimos recomendados. Contudo, independentemente da perda de peso obtida, benefícios cardiovasculares são facilmente alcançados (SWIFT et al, 2014).Programas de exercícios físicos são importantes para o emagrecimento e a saúde no tratamento da obesidade mórbida, sendo os exercícios aeróbicos os mais recomendados; no entanto, a adição de exercícios resistidos pode ser útil no aumento de força e prevenção da perda da

massa livre de gordura. Cuidados especiais no momento da determinação do volume-intensidade do exercício são importantes, pois obesos mórbidos não são muito suscetíveis à prática de exercícios físicos, sendo válida uma proposta de programas de exercícios individualizados (FONSECA-JUNIOR, 2016). A perda de peso através de restrição calórica por si só ou por exercícios físicos pode reverter a fragilidade de idosos obesos, porém, quando associadas, são mais eficazes do que quaisquer dessas intervenções individuais. A perda de peso através de restrição calórica associada a exercícios pode reduzir dores, melhorar a função física e manter a independência funcional em idosos obesos (VILLAREAL, 2016).

2.4 ASPECTOS FONOAUDIOLÓGICOS E A OBESIDADE

A mastigação é considerada como fase inicial do processo digestivo, que consiste na mais importante função do sistema estomatognático. Para uma mastigação eficiente faz necessário considerar fatores imprescindíveis como presença e saúde dos dentes, movimentos mandibulares coordenados pelo sistema neuromuscular (GOLÇALVES et al, 2012).Existem muitos fatores que contribuem para a obesidade, dentre eles a hipótese de ingestão do alimento de forma rápida e com mastigação deficiente, isto é, realizam menor número de golpes mastigatórios para cada bolo alimentar ingerido. A consequência disso seriam as alterações das estruturas e funções do sistema estomatognático e possível desequilíbrio nutricional, principalmente quando há preferência por alimentos de consistências macias a fim de facilitar a mastigação (BERLENE et al, 2012). Ainda segundo Berlene et al (2012), os indivíduos obesos, em função da adiposidade facial, possuem diminuição de tônus dos lábios e da língua, o que pode alterar o desempenho mastigatório, a formação do bolo alimentar e a deglutição. A mastigação e sua relação com o excesso de peso ainda é pouco investigada na área da fonoaudiologia.

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2.5 DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E A INSTITUIÇÃO ALDEIA DA ESPERANÇA

Segundo a Organização Mundial de Saúde (1993) e a American Psychiatric Association (2014), a deficiência intelectual é definida como um distúrbio do neurodesenvolvimento, com três principais características, apresentadas em estudos semiológicos, a saber: 1) Desempenho intelectual inferior à média. 2) Falha nas habilidades adaptativas. 3) Início dos sintomas antes dos 18 anos de idade.Atualmente, a mobilização dos vários segmentos da sociedade em função das demandas das pessoas com deficiência, vem contribuindo para o seu desenvolvimento humano global. Deste aspecto, resulta um avanço no processo de politização dos sujeitos sociais, de modo que o estado assumiu a responsabilidade cívica e a obrigação ética de desenvolver políticas públicas de proteção social destinadas a atender este público. Recentemente, em 2015, foi lançado o estatuto da pessoa com deficiência, cujo objetivo é garantir ações para a equidade social. No entanto, o papel da sociedade civil ainda caracteriza um marco importante de atenção à pessoa com deficiência. A Aldeia da Esperança é uma instituição filantrópica, fundada em 1993 e gerenciada por diretores voluntários, com um modelo inovador de moradia assistida individualizada, cujos objetivos axiais podem ser definidos como: o apoio para o desenvolvimento da autonomia e independência do adulto com deficiência, a oportunidade do desenvolvimento e respeito à subjetividade construída, em uma residência individualizada, além dos diversos segmentos de inclusão social pelo trabalho, cultural, pelo lazer e outros aspectos que constituem o universo da vida adulta (para conhecer mais acesse http://www.ciam.org.br/aldeia-da-esperanca).Neste contexto, citamos o artigo 30 do Código de Ética, Técnico-Profissional da Neuropsicopedagogia da SBNPp, que aduz sobre a atuação do profissional formado em neuropsicopedagogia institucional e suas colaborações no contexto da instituição Aldeia da Esperança. Segundo o Código de Ética, o profissional da neuropsicopedagogia, com base institucional, pode atuar em escolas, centros de educação e instituições filantrópicas, aplicando os conhecimentos de neurociências para otimização dos processos educacionais,

envolvidos com o desenvolvimento e a aprendizagem. O olhar desse profissional contempla áreas motoras, cognitivas e comportamentais, visando ações coletivas para maximizar os objetivos da instituição e triando necessidades de encaminhamentos para atenção individualizada/clínica.

2.6 SOBREPESO NA INSTITUIÇÃO

No mês de outubro, a equipe de técnicos da Aldeia da Esperança realizou um estudo preliminar, ou seja, ainda não temos dados conclusivos, sobre o índice de obesidade dos residentes, sendo que 77% dos atendidos apresentaram indicativos de IMC (Índice de Massa Corporal) fora dos parâmetros esperados e recomendados pela Organização Mundial de Saúde. Em uma mensuração aproximada, realizada pela nutricionista institucional, sabemos que 56% dos residentes são resistentes às orientações de dietas e, como objeto de estudo, a equipe se questionou sobre a referência da relação do IMC com a prática de atividades físicas e com o uso de medicações (mais de 95% dos residentes fazem uso de psicofármacos que podem alterar o peso). Foram consideradas também, avaliações miofuncionais orofaciais da fonoaudióloga, para relacionar os índices de sobrepeso com a mastigação. Como caráter ilustrativo, o gráfico abaixo demonstra a relação atual entre práticas físicas e IMC.

os dados mostraram correlação, mensurada através do coeficiente momento-produto de Pearson, com R=0,40 (correlação fraca, sendo a referência R=1, para correlação forte), quando comparado práticas físicas na AldEIA, com o IMC. A correlação é menor ainda, R=0,23, quando pensado na

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correlação da funcionalidade da mastigação, com o IMC. Estes achados nos permitem inferir que, as causas para a obesidade são multivariadas, tendo em vista que este é um estudo preliminar e não conclusivo, também inferimos que a dificuldade de controle inibitório, lembrando que o índice de não respeito às dietas é de 56%, somados com a utilização de psicofármacos, constroem o quadro de variáveis explicativas para a questão do sobrepeso. Estes aspectos nos remetem à necessidade de um trabalho educativo com os atendidos.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em caráter conclusivo, sabemos que a obesidade é uma condição cuja a variável explicativa é multivariada, ou seja, sua causa é poligênica. desta forma, quando pensado em um programa de ataque ao problema da obesidade, a intervenção também precisa ser formada por diversos fatores, dentre eles, um programa de atividade física especifico, acompanhamentos da alimentação, tanto no nível mecânico quanto nos aspectos de orientação nutricional, acompanhamento da utilização de medicamentos que podem estar associados ao ganho de peso e, é claro, um programa educacional para conscientização da importância da aderência ao programa. Desta forma, pela neuropsicopedagogia ser um modelo referencial que considera aspectos do neurodesenvolvimento na otimização dos processos educacionais, elucubra-se uma importante via de contribuição tendo em vista que este profissional irá considerar, em seu planejamento, o impacto do sistema límbico e circuito de recompensa, ligados à sensação de prazer, os mecanismos de modulação do comportamento via função executiva/controle inibitório, além da adequação das informações e da didática do programa, pensando nos níveis de cognição da pessoa com deficiência intelectual. Sendo assim, vislumbra-se um campo importante de contribuição para este novo profissional da educação, na equipe multidisciplinar. Mesmo que o objetivo não seja educacional relacionado ao currículo formal escolar, podem ser sim associados ao desenvolvimento dos temas transversais que a

escola deve trabalhar, como saúde, consumo, ética e outros, além das possibilidades de contribuição em instituições com escopo assistencial. REFERÊNCIAS

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A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO EMOCIONAL POSITIVA PARA A NEUROPSICOPEDAGOGIA:

(RE) CONSTRUINDO O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

ARTIGOS ACADÊMICOS

Resumo A presente pesquisa tem por objetivo analisar a importância da afetividade no processo de ensino e aprendizagem assim como nas relações pedagógicas entre o professor e o aluno, considerando que a afetividade é determinante para o sucesso ou fracasso do estudante na escola e em sua vida futura. Este trabalho nos convida a refletir sobre o papel da afetividade dentro da sala de aula, onde o professor torna-se mediador dessa afetividade otimizando o convívio dos alunos com seus pares, permitindo um relacionamento estabelecido na amizade e no respeito. Para tal, abordaremos aspectos do programa de Educação Emocional Positiva, acreditando que a educação das emoções deve ser incluída entre os propósitos da ação educativa com o intuito de reconstruir o processo de ensino e aprendizagem, pois estudantes hábeis em lidar com seus sentimentos ganham em relação à sociabilidade e ao rendimento acadêmico. Este artigo se ampara pela pesquisa bibliográfica, a fundamentação teórica está baseada em teóricos como Rodrigues e Cunha. Estes discorrem sobre a necessidade da afetividade, e reconhecem que o cognitivo está intrinsecamente associado aos estímulos afetivos.

Palavras-chave: Aprendizagem. Afetividade. Educação Emocional.

Linete Oliveira de SousaPedagoga, especialista em Educação Especial e Inclusiva

1 INTRODUÇÃO

No processo de ensino e aprendizagem há fatores que são indispensáveis e que podem promover a aprendizagem, sendo que um destes é a afetividade. O afeto pode ser estudado a partir de diferentes perspectivas, filosófica, psicológica e pedagógica. Neste trabalho abordaremos a perspectiva pedagógica da afetividade, com foco na relação educativa entre docente e discente em sala de aula.Segundo o Dicionário de Língua Portuguesa Melhoramentos (2009), a afetividade é a qualidade de quem é afetivo, relativo ou pertencente a afeto, que mostra afeição, amizade, simpatia. A origem da palavra afeto vem do latim, significa affectur (afetar, tocar), este é o elemento primordial da afetividade, o afeto corresponde ao “sentimento de amizade”.Pesquisas na área da educação têm

demonstrado que a afetividade se constitui como facilitadora do processo de ensino e aprendizagem, considerando esta um dos elementos fundamentais da cognição; quando o aluno se sente acolhido, amado e aceito pelo professor, manifesta desejo pelo aprender. Este mesmo desejo motiva o educador a ensinar. Observamos desta forma, que um bom relacionamento entre professor e aluno é benéfico para ambas as partes.Contudo, apesar do conhecimento sobre as vantagens da afetividade no processo educativo, vemos um crescente número de alunos com dificuldades de aprendizagem de origem afetiva, que surge na relação com seus familiares, seus pares ou com a escola (CUNHA, 2012) e de professores sofrendo com altos índices de estresse laboral. Verificamos que isto vem ocorrendo porque

tanto alunos quanto educadores apresentam inabilidades no manejo das suas emoções. Então como facilitar aos estudantes conhecerem e administrarem suas emoções e sentimentos, transformando a raiva, a tristeza e o medo em afeto, alegria e amorosidade no ambiente escolar?Para tal, acreditamos em uma educação das emoções. Nosso objetivo no transcorrer desta pesquisa é abordar conceitos do programa de Educação Emocional Positiva (RODRIGUES, 2013). Esta proposta oferece instrumentos que trabalham com as questões emocionais de crianças e jovens, prevenindo dificuldades de aprendizagem e psicopatologias futuras decorrentes de questões emocionais como a ansiedade, a ira e tristeza profunda (depressão). Buscamos também subsidiar a prática dos neuropsicopedagogos que atuam em espaços coletivos

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(institucionais) e específicos (clínicos), desta forma, estruturando estratégias de intervenção que poderão ser capazes de reabilitar as funções neurofuncionais alteradas dos estudantes com dificuldades de aprendizagem.A escolha do tema se justifica pela escassez de trabalhos publicados no campo da Neuropsicopedagogia associado às emoções. Contudo, a temática apresentada neste artigo é geral e não pretende esgotar o assunto em si, mas abrir um vasto horizonte de possibilidades de estudos. A metodologia de pesquisa utilizada foi através do método qualitativo, mediante levantamento bibliográfico, cujos principais autores são Rodrigues (2013) e Cunha (2012) e através de leituras e análise do material pertinente ao tema, onde foi possível obter as informações necessárias para a elaboração de um trabalho coerente, assim, contribuindo para a área educacional e com o registro da Educação Emocional Positiva na reconstrução de um processo de ensino e aprendizagem verdadeiramente eficiente e significativo para os alunos.

2 NEUROPSICOPEDAGOGIA

Atualmente o Brasil pode contar com uma nova ciência que procura auxiliar os profissionais do contexto clínico e institucional para melhorar a aprendizagem dos indivíduos. A mesma denomina-se Neuropsicopedagogia, ou seja:

[...] uma ciência transdisciplinar, fundamentada nos conhecimentos das Neurociências aplicadas à educação, com interfaces da Pedagogia e Psicologia Cognitiva que tem como objeto formal de estudo a relação entre o funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem humana numa perspectiva de reintegração

pessoal, social e educacional. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEUROPSICOPEDAGOGIA, 2016)

Nesse sentido, quando se fala em Neurociências, Carvalho (2010) explica a mesma como base as capacidades mentais mais complexas, como a linguagem, as funções executivas e as emoções.Sendo assim, o neuropsicopedagogo deve possuir então amplo conhecimento das bases neurobiológicas do aprendizado, do comportamento humano e da afetividade, para ser capaz de reabilitar as funções neurofuncionais alteradas pelas dificuldades de aprendizagem; seu campo de atuação tanto poderá ser em atendimento clínico, individual, quanto em instituições escolares, atendendo educandos em grupos ou instrumentalizando educadores quanto às metodologias e estratégias educacionais. As emoções são uma constante no contexto escolar, presentes nas experiências de discentes e docentes e manifestando-se de maneira positiva ou negativa diante do processo de ensino e aprendizagem, por isso, torna-se relevante o conhecimento de tais emoções e como trabalhar com elas em nosso cotidiano educacional.

2.1 NEUROFISIOLOGIA DAS EMOÇÕES

Segundo Rodrigues (2013, p. 22), o lócus de todas as emoções é o cérebro, as áreas e estruturas responsáveis pelo nosso circuito de controle emocional são os lobos frontais, a amígdala cerebral e o hipocampo.Amígdala: no adulto tem o tamanho de uma noz, em torno de 1,5 cm³. Decisiva diante de certas emoções, como o medo. Hipocampo: suas principais funções são a memória e o reconhecimento do contexto. Lobos frontais: o centro executivo do cérebro, responsável pelo controle

das emoções.

Ainda de acordo com a autora, recentes pesquisas têm demonstrado que na depressão e no estresse pós-traumático o hipocampo diminui de tamanho significantemente; e que indivíduos educados em ambientes estimulantes apresentam maior capacidade de controle emocional daqueles educados em lares perturbadores e estressantes, estes podem apresentar uma diminuição do hipocampo de até 15% comparados a pessoas provenientes de ambientes estáveis. Segundo a autora, estes sujeitos são muito mais reativos, imprudentes, ansiosos e apresentam maiores dificuldades de aprendizagem.

Uma das descobertas das neurociências é que os lobos frontais, a amígdala e o hipocampo se modificam em reação à experiência [...] São as partes do cérebro atingidas de maneira impressionante pelo ambiente emocional onde somos criados e pelas experiências repetidas (RODRIGUES, 2013, p.22).

Para Rodrigues (2013), o desenvolvimento das emoções e da personalidade infantil acontece nos seus primeiros anos de vida. As pessoas que fazem parte do seu mundo e que estão presentes através do cuidar, do embalar, no tocar, estão criando interações com esta criança. Mahoney e Almeida (2005) dizem que “a emoção é determinante na evolução mental: a criança responde a estímulos musculares (sensibilidade proprioceptiva), viscerais (sensibilidade interoceptiva) e externos (sensibilidade exteroceptiva)” (MAHONEY; ALMEIDA, 2005, p.21). Se estas pessoas forem afetivas e cuidadosas, a criança se sentirá segura e protegida, ao passo que, se esta criança for negligenciada nesta etapa aprenderá

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que o mundo é perigoso, sentindo-se estressada e vindo a apresentar instabilidade emocional. Segundo Rodrigues (2013, p.106): “Bebês felizes desenvolvem circuitos neurais que os ajudarão a ter emoções positivas como a alegria durante toda a vida. A carência pode atingir níveis do neurotransmissor dopamina e, assim, pode afetar o desenvolvimento e a plasticidade do cérebro”. Mahoney e Almeida (2005) explicam que a afetividade surge desde o início da vida, com os espasmos do bebê. No ato muscular, de contração dos aparelhos musculares e viscerais há a sensação de bem ou mal-estar. Tanto no espasmo como na sua dissolução, a tensão muscular é causada pela energia retida e acumulada, o riso, o choro e o soluço aliviam esta tensão. “Das oscilações viscerais e musculares vão se diferenciando as emoções: medo, raiva, ciúme, tristeza. A cada uma, passa a corresponder um padrão postural, que libera ou concentra energia com maior ou menor intensidade, [...]” (MAHONEY; ALMEIDA, 2005, p.20).Precisamos entender nossas emoções para nomeá-las. As crianças apresentam dificuldade neste aspecto, pois ainda estão desenvolvendo a sua subjetividade, por isso necessitam da ajuda do neuropsicopedagogo ou do professor para compreendê-las. Segundo Rodrigues (2013, p 17-108), de maneira geral são seis as emoções básicas, das quais derivam todas as outras: raiva, medo, tristeza, alegria, amor e nojo.

A raiva na sua forma extrema é a fúria, as formas mais amenas são irritação, ironia, revolta, ressentimento, indignação, aborrecimento e hostilidade. - O medo na sua forma extrema se manifesta pelo terror, outras formas são a preocupação, a angústia e a apreensão. - A tristeza na sua forma extrema se torna depressão profunda, formas mais leves são a mágoa,

o tédio, a solidão, a amargura e o desânimo. - A alegria, na forma extrema é a euforia/mania, outras formas são o contentamento, a satisfação, o bom humor e a realização. - O amor manifesta-se por sentimentos de aceitação, amizade, confiança e dedicação. - O nojo ao extremo se torna repulsa, ojeriza, de maneira branda é o incômodo e o desconforto. (Grifo da autora)

Rodrigues (2013) ressalta a tristeza como uma das emoções mais perigosas, desagradáveis e perturbadoras. Muitos estudantes apresentam problemas de comportamento na escola por estarem tristes, sendo ou agressivos ou retraídos; o retraimento prejudica as relações sociais assim com o desempenho das funções mentais.Em muito dos casos essa tristeza é decorrente de momentos de perda, fracasso e separação. A solução para a tristeza é o acolhimento, a proximidade permite que a criança ou jovem triste demonstre sua tristeza através do choro. O neuropsicopedagogo ou o professor precisa estar preparado para este acolhimento e mostrar que sentir-se triste em alguns momentos é normal, que todas as pessoas se sentem tristes em alguma situação na vida e que o importante quando estamos tristes é estar perto de alguém.

Outra forma de se lidar com a tristeza é inserir a criança em atividades que ela possa exercitar suas forças pessoais, pois quando utilizamos nossas forças pessoais, sentimos gratificação, que é um sentimento muito mais intenso e duradouro que o prazer. [...] A gratificação é um “antídoto” para a tristeza. (RODRIGUES, 2013, p.126).

Ainda para Rodrigues (2013),

crianças que são educadas com elevados conceitos de autoestima são mais suscetíveis às depressões (tristeza profunda). Os elogios fáceis, desvinculados das capacidades e por pontuações superficiais, levam a uma supervalorização. O resultado disto é que o sujeito confere demasiada importância a si própria não suportando críticas, falhas ou decepções, a depressão neste contexto seria entendida como um transtorno do eu. Segundo Goleman (2001), dados internacionais demonstram uma epidemia de depressão, que se espalha com a assimilação de modos contemporâneos. Segundo o autor cada nova geração tem experimentado mais que a anterior desta depressão, que se apresenta não por uma mera tristeza, mas por uma paralisante apatia, desânimo, autopiedade, iniciando em idades cada vez menores, a depressão infantil surge como um dado do panorama atual. As causas que levam a este quadro proveem tanto das relações com a família quanto com os colegas. De acordo com o autor, exames da causa da depressão em jovens identificam déficits em duas áreas de competência emocional: dificuldades nos relacionamentos e na forma de interpretar infortúnios. Embora em parte a depressão seja de origem genética, outra parte deve-se a hábitos de pensamentos pessimistas, que levam os jovens a reagir às derrotas como notas baixas e problemas com os pais com irritação, abatimento, impaciência tornando-os deprimidos e levando alguns até ao suicídio.

2.2 EDUCAÇÃO EMOCIONAL POSITIVA

A Psicologia Positiva, de acordo com Rodrigues (2013), foi criada por Martim Seligman, professor da Universidade de Pensilvânia, e os seus colaboradores; a proposta da Psicologia Positiva parte de uma nova

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compreensão sobre a felicidade e o bem-estar abordando cinco princípios essenciais: a emoção positiva, o engajamento, os relacionamentos, o sentido e a realização.

Dentro dessa abordagem, é possível capacitar pais e educadores para uma Educação Positiva. O bem-estar pode ser aprendido, assim como todos os comportamentos são. As habilidades sociais podem ser construídas, juntamente com as forças pessoais de alunos e professores. E é nesse ponto que a escola torna-se palco principal para a aprendizagem de habilidades do bem-estar (RODRIGUES, 2013, p. 19).

A Educação Emocional Positiva, de acordo com Rodrigues (2013), é um programa para a orientação de pais e educadores em habilidades sociais e emocionais. Este programa é pioneiro na integração de conceitos e atividades dos principais teóricos da inteligência emocional. Seu objetivo é instrumentalizar a família e a escola para trabalharem com as questões emocionais de crianças e jovens, com o intuito de prevenir psicopatologias futuras decorrentes da inabilidade em se lidar com emoções como a ansiedade, a ira, a tristeza profunda (depressão) e enfermidades psicossomáticas.Segundo Cunha (2012) todos os dias a escola recebe alunos com baixa autoestima, rejeitados, frustrados e com tantas outras somatizações que os aprisionam, porém, de forma alguma podem definir o seu futuro. “Quando trabalhamos com as emoções na escola, o objetivo maior é a prevenção, gerar fatores de proteção psíquica a fim de impedir que o problema emocional se instale” (RODRIGUES, 2013, p.105). Contudo, é essencial que o neuropsicopedagogo e o docente entendam que nenhum quadro de

dificuldade comportamental, afetiva ou cognitiva, é determinante ou intransponível.

[...] como assevera Polity (2001), mesmo que exista a identificação neurológica de alguma lesão que represente dificuldades na aprendizagem, não se pode mais pensar que biologia é destino, pois as estruturas e os padrões das atividades cerebrais refletem também as experiências e os estímulos aos quais somos submetidos e não somente às características biológicas com que nascemos (CUNHA, 2012, p.100).

É importante ressaltar que a escola é um lócus de constante interação entre professor e aluno, ambos são afetados um pelo outro e pelo ambiente ao seu redor. Segundo Mahoney e Almeida (2005) quando há uma insatisfação das necessidades afetivas, cognitivas e motoras isto afeta tanto o professor quanto o aluno, interferindo diretamente no processo de ensino e aprendizagem. No educando pode causar dificuldades de aprendizagem e no educador insatisfação, descompromisso, apatia podendo resultar na síndrome de Burnot, estresse laboral que afeta com grande incidência profissionais da área da educação e da saúde.

Uma dificuldade de aprendizagem é, igualmente, um problema de ensino [...] Quando não são satisfeitas as necessidades afetivas, estas resultam em barreiras para o processo ensino-aprendizagem e, portanto, para o desenvolvimento, tanto do aluno como do professor. (MAHONEY; ALMEIDA, 2005, p.26)

Para Cunha (2012), diversas dificuldades de aprendizagens têm

sua origem na afetividade, é papel da escola, através do trabalho da Neuropsicopedagogia, avaliar os fatos que a precederam sem buscar culpados, lembrando que, independente da origem, estas dificuldades de aprendizagem podem ser desconstruídas por meio do afeto. “Em sala de aula, é possível aferir que as dificuldades de aprendizagem são um solo fértil para disseminar as possibilidades por meio do afeto” (CUNHA, 2012, p. 66). Segundo o autor, apesar de o afeto não ser considerado na pratica pedagógica, ele é, inevitavelmente lembrado nas dificuldades de aprendizagem, pois a maioria destas está relacionada à sua ausência. Antes do aluno se torna objeto de estudo pelo educador, precisa sentir-se alvo do seu afeto, antes de sentir-se elemento de uma classe, necessita ser acolhido por ela.

Na educação, estamos em um processo de constante construção, desconstrução e reconstrução, e isso se torna mais evidente nas dificuldades de aprendizagem. Não importa o tempo em que iremos semear a semente afetiva do aprendizado, ela será sempre semente. Dará frutos a seu tempo, se verdadeiramente afetarmos nossos alunos pelo amor e pelo prazer de educar (CUNHA, 2012, p.77).

Dentro da proposta da Educação Emocional é importante a aprendizagem de alguns comportamentos através de exercícios de interiorização, respiração, relaxamento, rodas de conversa, treinamento da assertividade, autocontrole, dentre outros. A respiração é um dos exercícios mais eficazes no controle das emoções. Segundo Rodrigues (2013), respirando profundamente liberamos GABA (um agente calmante natural do cérebro e essencial para o seu funcionamento); a respiração profunda e calma reduz

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a noradrenalina, tranquilizando a mente e aumentando a serotonina, responsável pela sensação de bem estar.

Quando estamos diante de uma situação estressante, nosso cérebro se prepara para três comportamentos básicos, chamados de respostas de estresse, que são: lutar, fugir ou congelar. Assim como faziam nossos antepassados e assim como fazem os animais. Temos estruturas para que possamos ter as mesmas reações diante de um perigo, como forma de nos proteger. Porém, com a vida estressante da atualidade, perdemos a capacidade de distinguir o que é um perigo real ou imaginário, fazendo com que tenhamos a todo o momento respostas de estresse (RODRIGUES, 2013, p.57).

A resposta a uma situação de estresse apresenta-se por uma respiração ofegante, desencadeando taquicardia, sudorese nas mãos, tontura, tensão, cegueira momentânea, dentre outros; uma respiração profunda e calma é uma resposta antagônica a esta situação. Na sala de aula ou em atendimentos em grupo, de acordo com Rodrigues (2013), seria benéfico se os professores e neuropsicopedagogos dedicassem 5 minutos do dia para exercícios de respiração, isso diminuiria a agressividade entre os estudantes, pois a grande maioria destes é reativa ao ambiente, seus cérebros interpretam qualquer movimento dos colegas como hostil, entrando em um constante estado de luta, fuga ou congelamento. Outro aspecto que, segundo Rodrigues (2013), devemos observar nas crianças e jovens são as forças pessoais; virtudes introjetadas em cada um de nós e distribuídas em 6 grupos: Saber e Conhecimento, Coragem, Amor e Humanidade,

Justiça, Moderação, Espiritualidade e Transcendência. De acordo com a autora a força pessoal desenvolve-se nos primeiros seis anos de vida, quando a criança vai experimentando emoções de prazer, amor e atenção, estas vão esculpindo e aperfeiçoando suas forças pessoais. “O próprio Seligman acredita que todos os bebês nascem “aptos” a todas as forças pessoais, [...] Por isso, diante de uma criança, devemos ter uma postura de pontuar todas as demonstrações das diferentes forças que ela apresentar” (RODRIGUES, 2013, p.76). Dentro deste contexto das forças pessoais é importante que o neuropsicopedagogo ou o educador crie emoções positivas nas suas crianças e jovens, através de atividades e posturas que geram sentimentos de satisfação, gentileza, amparo, acolhimento, etc. “Esses valores devem vir antes de qualquer ensino. Educar não consiste apenas em passar conhecimento acadêmico, porque a vida é demasiadamente afetiva para ser deixada fora da escola” (CUNHA, 2012, p.87).Gottman (1997, p. 109), nos aponta alguns elementos básicos para a educação emocional tais como:

- Perceber as emoções da criança ou jovem; - entender que nestas emoções há sempre uma oportunidade de aprendizado e de transmissão de experiência; - escutar com atenção e empatia, reconhecendo os sentimentos de quem nos fala; - auxiliar a criança ou jovem a encontrar palavras que nomeiem as emoções que esta vivenciando; - impor limites ao mesmo tempo em que os ajuda a resolver seus conflitos.

É importante ressaltar que: “Sentimentos são diferentes dos comportamentos. Para as crianças, isso não está claro. E para alguns adultos também” (RODRIGUES, 2013, p.110).

A autora nos dá algumas sugestões de como trabalhar as emoções positivas na sala de aula ou no atendimento neuropsicopedagógico:

2.2.1 Amigo Secreto das qualidades

A brincadeira discorre como no Amigo Secreto tradicional, só que na hora de entregar o presente a criança ou jovem, diante da turma, lê uma lista das descrições positivas de seu amigo secreto para o grupo adivinhar de quem se trata. Essa brincadeira gera emoções positivas, quando se percebe que o seu nome está associado a muitas qualidades.

2.2.2 Contação de Histórias

Segundo Sousa e Bernardino (2011) as histórias são excelentes instrumentos para o desenvolvimento da subjetividade infantil, o conto permite que a criança experimente sentimentos, vivencie-os em seu imaginário, sem que para isso precise passar pelas mesmas situações na realidade. A história oferece à criança uma forma de pensar sobre os seus sentimentos mais difíceis e dolorosos como um luto, o nascimento de um irmão e a adaptação escolar. “Ouvir história é recuperar a herança empírica do homem, seus medos, descobertas e desejos” (SOUSA; BERNARDINO, 2011, p. 242).De acordo com Rodrigues (2013), na contação de histórias junto com as crianças podemos identificar as forças pessoais dos personagens e assim as das próprias crianças; com os adolescentes esta técnica também e válida sendo que este público tem maior preferência por seriados, tirinhas de jornais, vida dos atletas e músicas de ídolos da mídia.

2.2.3 Doação de Brinquedos

Fazer o bem ao próximo desperta o bem em nós mesmos. Rodrigues (2013) relata a sua realidade em atendimento clínico onde verificou que adultos que

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têm problemas para se desprender de mágoas e são rancorosos, geralmente foram crianças que não aprenderam a doar os seus brinquedos; ao inverso, pessoas que não guardam mágoas, relatam que quando crianças foram incentivadas por seus pais a doarem seus brinquedos e roupas usadas.Na escola pode-se criar um projeto de doação de brinquedos e roupas para crianças ou instituições assistenciais. Após a doação o neuropsicopedagogo deve desenvolver uma roda de conversa e desenhos dirigidos onde as crianças poderão comentar sobre os seus sentimentos de bem-estar. O mais importante é fazer da escola um local de escuta, onde se gere a proximidade para se trabalhar as emoções.

2.2.4 Arte-educação

A Educação Emocional é um processo prazeroso e lúdico e deve-se adequar aos conceitos e à linguagem infantil. Através da arte-educação isto é concretizado, utilizando recursos como: desenhos (cópia, livre, dirigido, monocromático, colorido), pintura (guache, aquarela, acrilex), modelagem (argila, massa caseira, papel machê), construção com sucata, colagem, bordado e tecelagem, teatro e dramatização e música. É preciso que o educador abra espaço em sua aula para exercitar a linguagem artística, entendendo que esta ferramenta auxilia a criança a conhecer e a trabalhar de forma saudável as suas emoções e conflitos.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A educação é, e sempre foi entendida como meio de transformação e desenvolvimento do ser humano e da sociedade, sendo exercida com liberdade e favorecendo a solidariedade, amor e respeito entre pessoas. Contudo, o que temos observados nas últimas décadas são professores e educandos vivendo

em uma era marcada pela ausência de valores humanistas, aumento das psicopatologias, depressão e fracasso escolar.Observamos que a função da Educação Emocional Positiva dentro e fora da escola exige “educar” as emoções, para que educandos e educadores tornem-se capazes de lidar com as frustrações, angústias e medos da vida cotidiana, transformando estes sentimentos de maneira positiva. Os diversos olhares dos teóricos que serviram de referência nesta pesquisa nos mostram a contribuição da afetividade no desenvolvimento cognitivo e da aprendizagem, sendo esta responsável tanto pelo sucesso quanto pelo fracasso escolar. A base da aprendizagem é a afetividade desde a família, o cuidador, até a sala de aula.As emoções são uma constante na dinâmica escolar, a cada momento nossos discentes e docentes vivenciam experiências emocionais que se manifestam de maneira positiva ou negativa com relação à aprendizagem. Muitas dificuldades de aprendizagem têm sua origem em problemas socioafetivos não resolvidos ao longo dos anos escolares. Os educadores precisam pensar na afetividade dentro da sala de aula, reconstruir o processo de ensino e aprendizagem a partir dos arcabouços emocionais para que através de estratégias adequadas nossos estudantes sejam capazes de compreender e conviver com os seus sentimentos e os dos outros. É essencial desenvolver aptidões emocionais básicas para a vida, essa será uma das funções do professor auxiliado pelo neuropsicopedagogo. Juntos eles devem garantir que os educandos tenham a competência para lidar com a ira e resolver seus conflitos de maneira positiva, agir com empatia e administrar impulsos, tornando-os, a partir do afeto, seres humanos saudáveis física e mentalmente, tornando-os pessoas felizes.

REFERÊNCIAS

CARVALHO, Fernanda A. H. Neurociências e Educação: uma articulação necessária na formação docente. Revista Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v.8, n.3, p.537-550, nov.2010/fev.2011.

CUNHA, Eugênio. Afeto e Aprendizagem. 3. ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2012. MAHONEY, Abigail A; ALMEIDA, Laurinda R. Afetividade e processo ensino-aprendizagem: contribuições de Henri Wallon. Psicologia da Educação, São Paulo, n.20, p.11-30, 1º sem. 2005.

MELHORAMENTOS. Dicionário língua portuguesa. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2009.

RODRIGUES, Miriam. Educação Emocional Positiva: saber lidar com as emoções é uma importante lição. São Paulo: All Print Editora, 2013.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEUROPSICOPEDAGOGIA (SBNPp). Disponível em: < http://www.sbnpp.com.br/>. Acesso em 30/09/2016.

SOUSA, Linete O; BERNARDINO, Andreza D. A contação de histórias como estratégia pedagógica na Educação Infantil e Ensino Fundamental. Revista Educere et Educare, Cascavel, v.6, n.12, p. 235-249, jul./dez. 11.&pid=S0102-37722013000200006 . 2013. Acessado em 10 de jul. 2016.

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PROPOSTA DE METODOLOGIA DE INCLUSÃO DE ALUNOS NO CENTRO DE ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO (CAEE)

Resumo Deficiências de comportamento e aprendizagem, tais como TDAH, Déficit de Atenção, dificuldade na fala e socialização, são uma das principais dificuldades presentes em alunos e crianças no século XXI, representando cerca de 0,9% da população brasileira entre 5 a 19 anos. Porém pesquisas realizadas no estado de São Paulo demonstram a falta de preocupação com o estudo e tratamento dessas doenças, sendo uma grave fonte de profissionais frustrados no mercado de trabalho. No presente artigo apresenta-se uma nova metodologia aplicada a crianças de 5 a 12 anos em Centro de Atendimento Educacional Especializado (CAEE), buscando superar a perspectiva de processos educacionais primando pela educação inclusiva dentro e fora da sala de aula. A metodologia foi aplicada em 40 alunos do municio de Espera Feliz/MG, apresentando resposta satisfatória em relação ao desenvolvimento social e educacional, validado por evolução em boletins escolares e relatórios de psicólogos e outros profissionais.

Palavras-chave: TDAH. Dificuldade na Fala. Dificuldade na Socialização.

Vanda Aparecida Biundini BertolaceEspecialista em Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva (CENSUPEG - FSF

- Faculdade São Fidélis), Supervisão Escolar (Universidade do Grande Rio) e Psicopedagogia (Universidade do Estado de Minas Gerais de Filosofia, Ciências

e Letras de Carangola) e Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Minas Gerais de Filosofia, Ciências e Letras de Carangola.

Angelita FülleMembro do Conselho Técnico-Profissional e Fiscal

Mestranda em Educação na Linha de Formação de Professores pela UNEATLANTICO/Espanha através da Fundação Universitária Iberoamericana

- FUNIBER/Espanha. Pós-Graduada em Práticas Multidisciplinares e Gestão Educacional e Gestão Estratégica em Educação a Distância, pós-graduanda em Neuropsicopedagogia e Educação Especial Inclusiva pelo CENSUPEG e

Graduada em Pedagogia.

1 INTRODUÇÃO

O CAEE (Centro de Atendimento Educacional Especializado) de Espera Feliz é uma instituição pública municipal, mantida pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura com o objetivo de proporcionar o Atendimento Multidisciplinar para alunos matriculados na rede Municipal de Ensino. A Equipe Pedagógica e Multidisciplinar do nosso Centro tem o grande desafio: estar sempre se atualizando e buscando atingir os objetivos educacionais, sem esquecer-se de estar atentos aos interesses dos

alunos. Quando conseguirmos cumprir este desafio, atendendo e recebendo a todos os alunos que necessitam, oferecendo a todos os mesmos direitos educacionais, contribuindo para a efetiva inclusão desses alunos nas escolas regulares, poderemos, sim, dizer que cumprimos nosso papel e nossa missão. Com as deficiências trabalhadas abaixo, detalho como foi organizado o atendimento.O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, conhecido como TDAH, é um transtorno comportamental que caracteriza pela dificuldade de concentração, inquietude e impulsividade, é

estimado que cerca de 0,9% da população brasileira de 5 a 19 anos apresentam TDAH enquanto 0,45% de 20 à 59 anos. Esses valores representam em torno 920.000 indivíduos com o transtorno no Brasil. (Official Journal of the Brazilian Psychiatric Association, 2012).Em 2005, no estado de São Paulo, foi realizada uma pesquisa a qual verificou que o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) era a única entre as 27 doenças encontradas que não havia política pública de tratamento, dessa forma é uma doença que cada vez mais gera custos para saúde e custos sociais

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para os envolvidos ( Maia; Stella; Mattos; Polanczyk; Polanczyk; Rohde, 2015).Uma pesquisa realizada em 1993 mostra que, 23% dos diagnosticados com TDAH não completaram seus estudos, enquanto somente 2% do grupo de controle, que não apresentavam diagnóstico, não terminaram. Isso tem um reflexo no mercado de trabalho, que receberá profissionais menos gabaritados. A dificuldade de averiguar se o baixo desempenho do aluno é proveniente do TDAH, transforma a necessidade da avaliação e tratamento precoce do aluno em algo necessário para recolocá-lo na sociedade (PASTURA; MATTOS; ARAÚJO, 2005).Consideremos também neste estudo, as crianças com dificuldade na socialização e na fala, apresentando baixo desempenho escolar, pois sentem vergonha, possuem baixo autoestima, colocando-se de lado na aprendizagem, por se acharem incapazes de aprender (Kauark; Silva, 2008).A primeira preocupação mundial com a educação envolvendo estudantes com dificuldades na aprendizagem foi a Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais, numa parceria entre a UNESCO e o governo da Espanha, que elaborou a Declaração de Salamanca em 1994, na cidade de Salamanca (Espanha). O objetivo do documento é a necessidade de políticas públicas, focado a atender todas as pessoas de modo igualitário, independentes de suas condições pessoais, sociais, econômicas e socioculturais (SANTOS; TELES, 2012).A proposta deste trabalho é apresentar uma metodologia de ensino que busca incluir crianças com déficit de atenção, TDAH, dificuldade na socialização e na fala no convívio escolar, dando as mesmas condições que um aluno sem estes diagnósticos, além da evolução cultural do seu entorno.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 CONHECENDO O TRABALHO DO CENTRO DE ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO (CAEE)

Para se dar início ao trabalho, recebemos o relatório do professor de um aluno juntamente com o seu supervisor pedagógico, no qual descrevem o que observam na criança e o porquê necessitam da ajuda multidisciplinar. Esse é o procedimento de análise dos envolvidos do projeto, sendo o ponto de partida dos nossos métodos. Após a análise do relatório, convoca-se os pais para serem entrevistados pela Equipe Multidisciplinar formada por: Professores, Psicólogo, fonoaudiólogo, psicopedagoga e Coordenação, a fim de se conhecer melhor os alunos, seu entorno, seu histórico e os demais aspectos que podem ser fontes dos problemas.A próxima etapa do trabalho é o desenvolvimento do PDI (Plano de desenvolvimento individual) do aluno. O PDI tem como objetivo conhecer as dificuldades do aluno, traçando metas para trabalhar as dificuldades apresentadas.O processo do desenvolvimento do PDI é dividido nas seguintes etapas: entrevista com psicólogo, atendimento com a fonoaudióloga, arte terapia, nivelamento linguístico e raciocínio lógico.A entrevista com psicólogo tem como objetivo identificar problemas de cunho comportamental, tais como: hiperatividade, déficit de atenção, agressividade, autoestima baixa, entre outros. O objetivo é analisar um perfil psicológico do aluno, sendo o primeiro diagnóstico e, portanto, o mais importante para o PDI. O papel do psicólogo é de vital importância para relações de desenvolvimento do aluno, levando em conta a orientação de pais e alunos, ao bem estar emocional, formação e orientações de professores, além da necessidade

de sua participação na elaboração do plano de ensino (Martinez, 2010).O próximo passo é o atendimento com a fonoaudióloga, para identificar possíveis dificuldades na fala, escrita, se pode apresentar dislexia, discalculia, dislalia, disortografia, levando a dificuldade na alfabetização. Para que a criança adquira as habilidades de leitura e escrita é necessário que a aquisição da língua oral aconteça normalmente, sendo a pesquisa com a fonoaudióloga fundamental no processo de pesquisa da equipe multidisciplinar. Após o processo com a fonoaudióloga, o aluno é enviado para as oficinas de arte terapia, que tem como objetivo detectar se o aluno conhece as cores primárias e se apresenta dificuldades na coordenação motora fina. Na oficina de arteterapia é possível trabalhar com várias atividades de expressão criadora, utilizando diversos materiais, atuando junto à criança com dificuldade na aprendizagem, no intuito de auxiliá-las em seu processo natural de desenvolvimento. Esse processo busca acabar com a dificuldade do aluno nos pontos de escrita e alfabetização (Di Giorgio; Ney, 2003).Com o objetivo de averiguar o nível de escolaridade do aluno na parte de linguagem, o aluno é enviado para uma avaliação do seu desempenho de acordo com a idade e ano de escolaridade. Essa avaliação é feita por um professor pelo motivo que este está apto a reconhecer o padrão do aluno em relação ao conteúdo de cada ano, impossibilitando um profissional de outra área realizar essa etapa. Após a avaliação, verifica se a criança está apta a cursar aquele ano que está inserida ou não. Se está apto, o aluno não será atendido, se não, ele será trabalhado com as habilidades específicas que necessitam para dar continuidade ao seu acompanhamento na escola.Em relação raciocínio lógico é efetuada a mesma avaliação do caso linguístico, com profissionais

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da área de raciocínio lógico, como professores de matemática e ciências. Com o mesmo objetivo citado na área da linguagem, sendo necessário resgatar as habilidades que o aluno não adquiriu.Com os dados dessas etapas em mão, a equipe que desenvolveu as etapas avaliatórias se reúne para traçar os objetivos do aluno que necessita alcançar, construindo o PDI.Caso o aluno, nas etapas anteriores, seja diagnosticado com déficit de atenção e hiperatividade, o trabalho será dividido em duas partes: no período escolar e no contra turno escolar. No período escolar é desenvolvido a partir da observação da rotina diária do aluno na escola, junto com o professor da sala de aula, com o objetivo de traçar estratégias para a sua socialização, orientando a escola para organizar a rotina cotidiana desse aluno, por exemplo com a confecção de cartazes com as tarefas a serem realizadas durante o período de aula. Ao mesmo tempo, sugerem-se ações que estimulem os alunos a manifestar seus interesses e habilidades, propondo atividades que sigam essa linha de pensamento, por exemplo: alunos que mostrarem interesse em computação, irão ser feitas atividades com o uso de computador, sempre focado na aprendizagem e em sua permanência na sala de aula. No contra turno escolar o aluno é atendido com a equipe multidisciplinar, focando o compartilhamento social, interação e participação nas atividades em grupos. Além disso, são realizadas atividades lúdicas, tais como jogo de memória, quebra-cabeça e pintura, com o objetivo de trabalhar a concentração.Caso o aluno seja identificado com problemas na fala também ocorrerão duas etapas simultâneas: no período escolar e no contra turno. No período escolar, com orientação do fonoaudiólogo, o professor da sala de aula trabalha com exercícios focados no problema apresentado, tais

como: leitura e escrita, trava-língua e paródias musicais, buscando o desenvolvimento do aluno em relação a erros de fala e leitura. No contra turno escolar, o aluno é orientado por um fonoaudiólogo buscando um enfoque mais específico dos problemas, com exercícios de terapia vocal e atividades lúdicas, com jogos tais como soletrando e jogos de imagem.Caso o aluno seja identificado com dificuldade de socialização, o processo também ocorrerá em dois turnos: no período escolar e no contra turno. No período escolar, com a orientação de um psicólogo, o professor procura desenvolver trabalhos em grupo, de sua escolha ou de escolha do aluno, procurando desenvolver o processo de escolha do aluno e situações de trabalho com pessoas diferentes. Também são realizadas tarefas para desenvolver a autoestima, tais como: destacar os pontos fortes, promover oportunidades para a criança se expressar. Que tem como objetivo a melhora de qualidade de vida do aluno, além de sua convivência no ambiente escolar. No contra turno, o psicólogo procura fazer atividades lúdicas tais como: exercícios e jogos de afirmações positivas, dando oportunidade a criança de se expressar, levando-a a reflexão dos atos que estão ao seu redor, com o objetivo de trabalhar os medos, anseios. Além disso, é feito terapia de autoestima, focando o desenvolvimento social.O professor da sala de aula será o executor das atividades, já que, orientado, saberá como conciliar as propostas para o aluno com as atividades de todos os alunos. Durante todo o período, a professora de linguagem e raciocínio lógico acompanhará a professora da sala regular dando o apoio necessário, tanto para propor outras atividades como para produzir recursos que colaborem para o desenvolvimento do aluno. Paralelamente ao processo com o aluno, a família do mesmo é orientada

pela equipe multidisciplinar com sugestões de ações para ajudar a sanar as dificuldades que foram apresentadas, tais como: separar um tempo diário para atividades lúdicas, assistir programas na televisão e passearem juntos, com o objetivo de melhorar a convivência familiar e social.

2.2 A ATUAÇÃO DO CAEE E SEUS RESULTADOS

O presente modelo de atendimento foi aplicado no município de Espera Feliz, Minas Gerais, durante o período de fevereiro até novembro de 2015, com o objetivo de identificar e desenvolver crianças com déficit de atenção, déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), dificuldade de socialização e dificuldade na fala no Centro Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental Crescendo e Aprendendo. Foram realizadas diariamente as intervenções no período escolar, enquanto no período contra turno, as atividades foram realizadas semanalmente.Foram escolhidos 40 alunos desde ensino infantil até o quinto ano do ensino fundamental, através de relatórios de observação dos professores responsáveis por cada aluno. Destes alunos, 18 eram do sexo feminino e 22 do sexo masculino. Na Figura 1 pode-se observar a proporção entre os gêneros.

Figura 1 - Divisão de Alunos por Gênero

Na Tabela 1 tem-se a relação entre o número de alunos e seus respectivos anos letivos e idades. Pode-se observar que existem alunos com

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Para avaliação dos alunos foi utilizado, além de relatório dos professores envolvidos, o boletim escolar de cada aluno. No boletim escolar o aluno pode ser avaliado com 3 possíveis notas: A, B e C, que respectivamente equivalem a alcançou os objetivos, alcançou em partes e não alcançou os objetivos. Dos 30 alunos que estavam com C, 22 alcançaram em partes os objetivos, evoluindo para o conceito B, 08 alcançaram os objetivos, evoluindo para o conceito A. Dos 10 alunos que estavam com conceito B, todos evoluíram para o conceito A, alcançando seus objetivos. Na Figura 4 pode-se observar a evolução dos alunos, comparando o panorama anterior, em fevereiro com novembro de 2015.

Figura 4- Evolução do Boletim Escolar

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo do projeto, que foi a inclusão dos alunos com as deficiências trabalhadas, e consequentemente, potencializá-los na construção da aprendizagem de conteúdos, algo apresentado através dos relatórios desenvolvidos pela equipe multidisciplinar e o avanço demonstrado no boletim escolar.Porém o espaço amostrado para pesquisa, que foi de 40 alunos, é um espaço pequeno comparado com o número de alunos dessa faixa etária no Brasil, o que torna os resultados restritos por uma ótica local, no município de Espera Feliz, onde nessa escola apresentam 350 alunos nessa faixa etária. Um possível trabalho futuro é a aplicação desse método na região da zona da mata mineira, variando aspectos culturais, sociais, econômicos que podem ter mascarado

idade diferente no mesmo ano letivo, que foi um dos objetivos da presente metodologia.

Tabela 1 - Relação de Escolaridade

No grupo de alunos foram identificadas crianças que possuem diferentes estruturas familiares, cujo resultado da metodologia poderia ter impactos diferentes. Na Figura 2 tem-se a divisão de alunos por estrutura familiar, levando em consideração pais separados, pai e mãe não separados ou se a criança vive com avós, tios ou madrinha/padrinho.

Figura 2 - Divisão de Alunos por Estrutura Familiar

Em relação a deficiências identificadas pelos profissionais foram encontradas: déficit de atenção, déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), dificuldade na fala e dificuldade de socialização. Na Figura 3, tem-se a divisão de alunos nessas 4 deficiências.

Figura 3 - Divisão de Alunos por Deficiência

os resultados locais. A partir dessa ampliação, é possível traçarmos uma nova ótica para análise, focando também um espaço nacional.

REFERÊNCIAS

ABDA. Associação Brasileira do Déficit de Atenção. (s.d.). ABDA - Associação Brasileira do Déficit de Atenção. Acesso em 23 de dezembro de 2015, disponível em www.tdah.org.br

BEZERRA E., M. S. P. S.; TADEUCCI, M. S. R. (2010). EDUCAÇÃO: A IMPORTÂNCIA DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO ESCOLAR. São José dos Campos: X Encontro Latino Americano de Pós-Graduação, p. 1 - 6), 2010

BRAGA, A. M.; Lima, M. R. Inclusão Escolar De Alunos Com Deficiência Intelectual Em Escolas Regulares. Sobral: Faculdade Estadual Vale do Acaraú, 2010.. DI GIORGIO, S. M.; Ney, A. F. A Arteterapia e a Escrita. Rio de Janeiro: Universidade Candido Mendes, 2003.

KAUARK, F. S.; Silva, V. A. Dificuldades de Aprendizagem nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental e Ações Psico & Pedagógicas. São Paulo: Revista Psicopedagogia, v.25, n.78, p.264-270, 2008.

MAIA, C. R. et al. (2015). The Brazilian policy of withholding treatment for ADHD is probably increasing costs. Revista Brasileira de Psiquiatria, n.37(1), p.67–70, jan-mar. 2015.

MARTINEZ, A. M. O que pode fazer o psicólogo na escola? Brasília: Em Aberto, v.23, n.83, p.39 – 56, 2010.

OFFICIAL JOURNAL OF THE BRAZILIAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. O TDAH é subtratado no Brasil. São Paulo: Elsevier - Revista

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Brasileira de Psiquiatria, v.34, n.4, p.513-516, 2012.

PASTURA, G. M.; MATTOS, P.; ARAÚJO, A. P. Q. C. Desempenho escolar e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade. Revista da Psiquiatria Clinica , n.32, v.6, p.324-329, 2005.

SANTOS, A. R.. dos; Teles, M. M. Declaração De Salamanda E Educação Inclusiva. 3 Simpósio Educação e Comunicação (pp. 77 - 87). Edição Internacional, 2012.

A SBNPp, firma em 07 de novembro de 2016, convênio com o Grupo Educacional CENSUPEG, no intuito de beneficiar seus associados para ingresso em cursos de Pós-Graduação.

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SBNPpGESTÃO 2016 – 2018

Conselho Técnico-ProfissionalRita Margarida Toler Russo

Conselho Técnico-ProfissionalHenrique Bueno Ruiz

Conselho Técnico-ProfissionalCristiano Pedroso

Conselho Técnico-ProfissionalFabrício Bruno Cardoso

Conselho Técnico-ProfissionalAna Lúcia Hennemann

Conselho Técnico-ProfissionalVera Lúcia de Siqueira Mietto

Conselho Técnico-ProfissionalAngelita Fülle

Presidente Luiz Antonio Corrêa

Vice-Presidente Rita Margarida Toler Russo

Secretaria ExecutivaAline Carolina Rausis

Tesoureira Rikeli Ferreira Thives Hackbarth

Secretaria Institucional Clarice Luiz Sant’anna

Conselho FiscalMarlene Gonzatto

Conselho Fiscal Rosa Elena Seabra

Conselho Fiscal Angelita Fülle

Conselho Fiscal Mayra Minohara Campos de Sousa

Conselho de ÉticaAlício Schiestel

Conselho de Ética Vanessa Leite Machado

Conselho de Ética Joselma Gomes

Conselho de Ética Bárbara Madalena Heck da Rosa