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03/04/2013 1 Educação no período Imperial Profª Tathiane Milaré Contexto Revolução Francesa França: Napoleão Bonaparte; luta pelo domínio de outros países Revolução Industrial na Inglaterra Inglaterra: hegemonia mundial na área econômica, conquistando novos mercados FRANÇA PORTUGAL INGLATERRA

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03/04/2013

1

Educação no período Imperial

Profª Tathiane Milaré

Contexto

Revolução Francesa

França: Napoleão Bonaparte; luta pelo domínio de outros países

Revolução Industrial na Inglaterra

Inglaterra: hegemonia mundial na área econômica, conquistando novos mercados

FRANÇA PORTUGAL INGLATERRA

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Família Real no Brasil (1808)

• Abertura dos portos brasileiros

• Criação da Imprensa Régia e a instalação da Biblioteca Pública

• Criação das instituições de Ensino Superior: Academia Real da Marinha (1808), Academia Real Militar (1810), Academia Médico-cirúrgica da Bahia (1808) e Academia Médico-cirúrgica do Rio de Janeiro (1809)

• Educação elementar recebeu pouca atenção

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Após três séculos de domínio político e exploração econômica do Brasil por parte de Portugal, que manteve durante todo o período colonial uma

posição parasitária em relação à produção brasileira, com o novo contexto da economia

mundial, de expansão do capitalismo, que impunha uma nova postura dos países em relação à

produção e a comercialização, já não era possível suportar domínio de Portugal, que onerava os produtos brasileiros na disputa por mercados e

onerava a aquisição de mercadorias estrangeiras necessárias para o consumo interno no Brasil.

NASCIMENTO, M.I.M. O império e as primeiras tentativas de organização da educação nacional (1822-1889). Disponível em: < http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/periodo_imperial_intro.html>

Independência do Brasil (1822)

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Após Independência

• Instalação de Assembléia Constituinte e Legislativa organização da educação nacional (Comissão de Instrução Pública)

• Discussão sobre a educação

• Constituição aprovada em 1824: “A instrução primária é gratuita para todos os cidadãos.”

• Dever do súdito direito do cidadão e dever do Estado

O que deveria

acontecer? Aconteceu?

1826

• graus de instrução – Pedagogias (escolas primárias)

– Liceus (conhecimentos científicos introdutórios ao estudo aprofundado da literatura e das ciências)

– Ginásios (matérias do primeiro grau e acrescentavam todos os conhecimentos indispensáveis aos agricultores, aos artistas, aos operários e aos comerciantes)

– Academias (formação de oficiais e engenheiros civis e militares)

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Lei de 15 de outubro de 1827

• Os presidentes de província definiam os ordenados dos professores

• As escolas deviam ser de ensino mútuo (método lancasteriano).

• Os professores que não tivessem formação para ensinar deveriam providenciar a necessária preparação em curto prazo e às próprias custas

• Determinava os conteúdos das disciplinas.

“em todas as cidades, vilas e lugares populosos haverá escolas de primeiras letras que forem necessárias; os presidentes da província em

conselho, e com audiência das respectivas câmaras municipais, enquanto não tiverem exercício os

conselhos gerais, nomearão o número e a localidade das escolas, podendo extinguir as que

existam em lugares pouco populosos e remover os professores delas para as que se criarem onde mais aproveitáveis, dando-se conta à Assembleia Geral

para final resolução. ”

Lei de 15 de outubro de 1827

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Lei de 15 de outubro de 1827

“Aos meninos os professores ensinarão a ler, as quatro operações da Aritmética, prática de

quebrados, decimais e proporções, as noções mais gerais da Geometria prática, a gramática

da língua nacional e os princípios da moral cristã e da doutrina da religião católica e

apostólica romana, proporcionados à compreensão dos meninos, preferindo para as leituras a Constituição do Império e a História

do Brasil” Qual?

Como?

Lei de 15 de outubro de 1827

“Às meninas, as mestras, além do declarado no Art.6º, com exclusão das noções de

Geometria, e limitando a instrução da Aritmética só às suas quatro operações,

ensinarão também as prendas que servem à economia doméstica.”

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Apontamentos do ministro do Império Lino Coutinho

Administração e fiscalização ineficientes

Professores apontados como culpados por desleixo

Abandono do poder público quanto ao provimento dos recursos materiais, edifícios públicos, livros didáticos e outros itens

Baixo salário dos professores

Excessiva complexidade dos conhecimentos exigidos pela lei dificultavam o provimento de professores

Inadequação do método adotado em vista das condições do país

Contradições da época

Entusiasmo inicial sobre a educação do povo X condições reais do país

Discurso de preocupação com a educação X falta de condições para existência das escolas e de trabalho de professores

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Reforma Constitucional 1834

• “[...] a competência concorrente dos poderes gerais e provinciais no campo da instrução pública, o que vinha possibilitar a criação de sistemas paralelos de ensino em cada província: o geral e o local”

• Províncias: desde que estivesse em harmonia com as imposições gerais do Estado, caber-lhe-ia legislar sobre a divisão civil, judiciária e eclesiástica local; legislar sobre a instrução pública, repassando ao poder local o direito de criar estabelecimentos próprios, além de regulamentar e promover a educação primária e secundária.

• Descentralização da educação • Interpretação: partilha das atribuições

O governo imperial atribuía às províncias “[...]a responsabilidade direta pelo ensino primário e secundário, através das leis e decretos que vão

sendo criados e aprovados, sem que seja aplicado, pois não existiam escolas e poucos

eram os professores.” (NASCIMENTO,2004, p. 95).

NASCIMENTO, M.I.M. O império e as primeiras tentativas de organização da educação nacional (1822-1889). Disponível em: < http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/periodo_imperial_intro.html> NASCIMENTO, M.I.M. A Primeira Escola de professores dos Campos Gerais-PR, Tese (Doutorado), Universidade Estadual de Campinas-UNICAMP- Faculdade de Educação, 2004.

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• Criação de escolas normais

– 1836: Bahia

– 1845: Ceará

– 1846: São Paulo

Falta de professores

• Criação do Colégio Colégio Pedro II no RJ em 1837 (escola modelo)

• Só ele fornecia o diploma de bacharel, título necessário na época para cursar o nível superior.

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1854

• Ensino primário

– Elementar (instrução moral e religiosa, leitura e escrita, noções essenciais de gramática, princípios elementares de aritmética e o sistema de pesos e medidas)

– Superior (dez disciplinas)

Cursos preparatórios

• O ensino técnico profissional e o ensino normal não se facultava o ensino superior

• Se o indivíduo tivesse idade e fosse aprovado nos

exames parcelados não teria necessariamente que ter concluído o ensino secundário regular. Por outro lado, se concluía o ensino secundário regular nos liceus não dava direito a ingressar nos cursos superiores sem a prestação dos exames. Isso fragmentou o ensino secundário e, no final do Império, até o colégio de Pedro II oferecia cursos avulsos com frequência livre e exames parcelados.

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Cursos preparatórios

• O ensino técnico profissional e o ensino normal não se facultava o ensino superior

• Se o indivíduo tivesse idade e fosse aprovado nos

exames parcelados não teria necessariamente que ter concluído o ensino secundário regular. Por outro lado, se concluía o ensino secundário regular nos liceus não dava direito a ingressar nos cursos superiores sem a prestação dos exames. Isso fragmentou o ensino secundário e, no final do Império, até o colégio de Pedro II oferecia cursos avulsos com frequência livre e exames parcelados.

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1878 • O progresso da instrução não tem acompanhado o da indústria e

dos melhoramentos materiais da província. Há indiferença dos cidadãos e condescendências dos poderes políticos, o povo não considera a escola como seu patrimônio. Os poderes políticos não têm prestado a atenção a incapacidade e vocação dos candidatos ao magistério. Os exames públicos tornaram-se mera formalidade e só não obtinha aprovação quem não queria. Foi grande o número de cadeiras providas por indivíduos ignorantes e de moralidade duvidosa que consideram o professorado um meio cômodo de vida e não de sacerdócio. Felizmente algum melhoramento se tem conseguido nos últimos anos porque os exames deixaram de ser formalidades e decresceu o número de concorrentes: no último concurso não houve um só para a cadeira do sexo masculino. Continuo a esperar que os professores saídos da Escola Normal hão de regenerar a instrução: os primeiros alunos habilitados iniciaram de modo lisonjeiro a carreira [..]. (MOACYR, 1936:380-381).

http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/artigos_pdf/Jorge_Clark_artigo.pdf MOACYR, PRIMITIVO, A Instrução e o Império: subsidio para a História da Educação Brasileira. São Paulo: Cia. Editora Nacional. 1936.. vI e III.

Voltando ao texto...

• Do que trata?

• Você concorda com as colocações apresentadas no texto? Por quê?

• Quando este texto foi escrito?

Vamos ao texto original...

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[...] são realmente deploráveis as condições do ensino primário entre nós. O número de escolas existentes em todo o Império está muito longe de satisfazer as necessidades do ensino para a população de mais de 7 milhões de habitantes disperso por um vasto território e separados por grandes distâncias.

No Brasil, há uma escola para 1.356 habitantes, ao passo que

nos Estados Unidos há uma escola para 160. E nota-se que muitas das escolas se acham desprovidas de mestres. Quase todas funcionam em casas alugadas, mal situadas, sem condições higiênicas e pedagógicas.[...] respeita-se ainda o preconceito que não admite a coeducação dos sexos.

[...] muitos meninos, que ainda não atingiram a idade escolar (7

anos) vagam pelas ruas contraindo maus hábitos, importunando os transeuntes, atropelados pela polícia, que não sabe o que fazer deles. É muito diminuta a freqüência das escolas.

[...] grande número de professores não possui as necessárias habilitações, cabendo a culpa unicamente aos poderes públicos, que não lhes querem dar escolas normais nem quaisquer outros meios com que possam instruir-se. São demasiado mesquinhos os vencimentos do magistério primário; paga-se a um professor menos do que a empregados subalternos de muitas repartições.

[...] Nas escolas, muitas disciplinas indispensáveis deixam de ser

ensinadas, como é o caso da educação física, intelectual e moral dos alunos. A intolerância religiosa fecha as escolas aos acatólicos. Parece incrível que em todo o Império existe unicamente l4 bibliotecas públicas e só encontre-se o museu escolar que acaba de ser inaugurado nesta corte.

São raríssimas as escolas profissionais que apropriam o ensino aos

fins práticos. Os métodos adotados são muito morosos e deficientes. Leôncio de Carvalho, Impressionado com o progresso dos

Estados Unidos, desenvolveu um estudo denominado “Exposição Pedagógica” e publicado no Jornal “A Gazeta de

Campinas” (1884)

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Próxima aula...

• Educação no período republicano

• Leitura:

– Item 3.2

– “A Educação Básica na Primeira República”