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Download educação fiscal e cidadania - sefaz.ce.gov.br§ão-Fiscal... · fundação demócrito Rocha (fdR) Presidente João Dummar Neto diretor Geral Marcos Tardin edições demócrito Rocha

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    10 O Oramento Pblico:Origem, Princpios e Conceitos BsicosO oramento nacional deve ser equilibrado. As dvidas devem ser reduzidas, a arrogncia das autoridades deve ser moderada e controlada.Marco Tlio Ccero, fi lsofo e poltico romano

    introduoApresentaremos, neste captulo, uma sntese histrica da origem do oramento pblico e sua evoluo at chegar forma como o conhe-cemos hoje, os princpios oramentrios fundamentais, alguns mode-los de oramento e as duas principais metodologias de classifi cao das receitas e despesas pblicas.

    10.1 oramento Pblico: origem e princpios fundamentaisO oramento pblico um conjunto de atos legais que exprime a alocao dos recursos pblicos em termos fi nanceiros. Confi gura-se como um instrumento de planejamento que espelha as decises pol-ticas da sociedade, estabelecendo as aes prioritrias para o atendi-mento do interesse pblico.

    Para Aliomar Baleeiro, o oramento pblico o ato pelo qual o Poder Executivo prev e o Poder Legislativo autoriza, por certo pero-do de tempo, a execuo das despesas destinadas ao funcionamento dos servios pblicos e outros fi ns adotados pela poltica econmica ou geral do pas, assim como a arrecadao das receitas j criadas em lei (BALEEIRO, 2008).

    Ou seja, em sntese, o oramento pblico um plano, estabelecido em lei, que especifi ca as receitas estimadas e os gastos previstos em um dado perodo de tempo, estabelecendo objetivos e programas.

    Entretanto, antes de explorarmos os conceitos, princpios e mo-delos de oramento pblico, importante conhecer onde ele surgiu e como evoluiu at atingir suas caractersticas atuais. o que vere-mos nesta seo.

    as origens do oramento Pblico53O oramento pblico surgiu e se consolidou primeiramente na Ingla-terra, em trs momentos principais.

    O primeiro data de 15 de junho de 1215, quando os senhores feu-dais obrigaram o Rei Joo Sem-Terra a assinar a Carta Magna, que tra-

    53 Veja uma tima sntese sobre a origem histrica do oramento pblico no Portal da Cmara dos Deputados, no seguinte endereo na internet: http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/orcamentobrasil/cidadao/entenda/cursopo/origens.html.

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    zia como princpio basilar a mxima No tax without representation, segundo a qual nenhum tributo seria institudo sem o consentimen-to do Conselho Comum (o embrio do Parlamento Ingls). Assim, o Parlamento passava a autorizar as receitas, e o oramento era, to somente, uma lei dos tributos. Essa necessidade de autorizao do Parlamento para que um imposto fosse institudo foi consolidada na Petio de Direitos Petition of Rights, em 1628.

    O segundo momento corresponde Revoluo Gloriosa, de 1688, quando o Rei Carlos II, depois de novo conflito travado com o Parla-mento, foi obrigado a aceitar, em 1689, a Carta de Direitos Bill of Rights, que estabelecia, entre outras coisas, o poder de o parlamento autorizar a cobrana de tributos e as despesas do Governo.

    O terceiro momento histrico importante se deu em 1787, quan-do a Cmara dos Comuns aprovou a Lei do Fundo Consolidado Consolidated Fund Act, que estabelecia um conjunto de tributos para a manuteno da mquina estatal e dava autorizao legislativa para criao de novos tributos quando necessria a expanso da atuao do Estado. A Lei do Fundo Consolidado considerada a primeira lei que tratou do oramento pblico na forma como o conhecemos hoje.

    Na Frana, foi depois da Revoluo Francesa de 1789 que a Cons-tituio consagrou o princpio do consentimento popular do imposto, segundo o qual nenhum imposto pode ser cobrado sem o consen-timento da nao. Em 1815, a Assembleia Nacional decretou a Lei Financeira Anual e passou a participar do processo oramentrio, em-bora sem ainda controlar o detalhamento das dotaes. Foi somente a partir de 1831 que o Parlamento francs passou a ter completo con-trole sobre o oramento.

    De acordo com Burkhead (1971, apud GIACOMONI, 1996), o sis-tema oramentrio francs, em sua fase inicial, ajudou a consolidar al-gumas regras hoje aceitas como bsicas na concepo doutrinria do oramento pblico: anualidade do oramento; votao do oramento antes do incio do exerccio; o oramento deve conter todas as previ-ses financeiras para o exerccio (princpio da universalidade); e no vinculao de itens de receita a despesas especficas (princpio da no afetao das receitas).

    Nos Estados Unidos, a revoluo que culminou com sua Declara-o de Independncia, em 1776, teve incio em funo da alta cobran-a de tributos pela Inglaterra, sem o consentimento dos americanos. Mas foi somente a partir da Constituio Norte Americana, de 1787, que se estabeleceu a votao do oramento pelo Congresso, ao qual cabia aprovar as receitas e as despesas. Em 1802, a Cmara dos Repre-

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    sentantes criou a Comisso de Meio e Recursos, como rgo de pla-nejamento e de consolidao dos programas setoriais, possibilitando uma viso de conjunto das finanas do pas e tornando-a responsvel pelas matrias inerentes s receitas e despesas do Estado.

    o nascimento no BrasilO Brasil iniciou o processo de organizao de suas finanas a partir da chegada do rei D. Joo VI. A abertura dos portos trouxe a necessida-de de maior disciplinamento na cobrana dos tributos aduaneiros e, em 1808, foram criados o Errio Pblico e o regime de contabilidade (GIACOMONI, 1996).

    Mas foi somente a partir da Constituio do Imprio do Brasil de 1824 que surgiram as primeiras diretrizes sobre oramento pblico. Conforme previa seu Art. 172, O Ministro de Estado da Fazenda, ha-vendo recebido dos outros Ministros os oramentos relativos s des-pesas das suas Reparties, apresentar na Cmara dos Deputados, anualmente, logo que esta estiver reunida, um Balano geral da receita e despesa do Tesouro Nacional do ano antecedente, e igualmente o oramento geral de todas as despesas publicas do ano futuro, e da importncia de todas as contribuies, e rendas publicas.

    Apesar dessa previso constitucional, o Brasil somente veio a ter o seu primeiro oramento geral em 1830, quando foi votado e aprovado pela Cmara dos Deputados a pea oramentria para o exerccio fi-nanceiro de 1830-31.

    A partir da Constituio de 1891, o Congresso Nacional passou a ter competncia privativa tanto para orar a receita e fixar a despesa, quanto para realizar a tomada de contas de cada exerccio financeiro.

    A Constituio outorgada em 16 de julho de 1934 estabeleceu, pela primeira vez, que o oramento deveria contemplar, obrigatoriamente, todas as receitas e todas as dotaes necessrias ao custeio dos servios pblicos (princpios da unicidade e da especializao) e que a lei do or-amento no poderia trazer dispositivos estranhos previso da receita ou fixao da despesa (princpio da exclusividade oramentria).

    Os princpios trazidos pela Constituio de 1934, juntamente com outros que apresentaremos a seguir, formaram a base da Lei n 4.320, de 17 de maro de 1964, ainda em vigor, que instituiu normas gerais de direito financeiro para elaborao e controle dos oramentos e ba-lanos da Unio, dos Estados, dos Municpios e do Distrito Federal, padronizando o modelo oramentrio para os trs nveis de governo e facilitando os procedimentos contbeis, financeiros e oramentrios nos diversos nveis de gesto governamental, como veremos ao longo deste e do prximo captulo.

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    10.1.1 Princpios oramentrios54Os princpios oramentrios desempenharam um papel preponderan-te no processo de aperfeioamento gradativo de elaborao e execu-o dos oramentos, contribuindo para que fosse alcanado o estgio atual de modernizao e eficcia.

    Eles estabelecem um conjunto integrado de regras orientadoras que balizam a elaborao e a execuo dos oramentos, dando-lhes coerncia, consistncia, transparncia e estabilidade. No Brasil, esses princpios esto, em grande parte, incorporados Constituio e s Leis Oramentrias.

    Analisemos alguns deles.Princpio da UnidadeDe acordo com esse princpio, previsto no art. 2 da Lei n 4.320/1964, cada ente da federao (Unio, Estado, Distrito Federal ou Municpio) deve possuir apenas um oramento, estruturado de maneira uniforme.

    Como exemplo da obedincia a este princpio, o oramento p-blico do Estado do Cear para 2014, com a estimativa da receita e fixao da despesa do Estado para todo o exerccio financeiro, em um nico ato legal, foi aprovado pela Assembleia Legislativa no dia 19 de dezembro de 2013 e prev um montante de R$ 21,3 bilhes de receitas a serem aplicadas nas diversas reas de atuao estatal.

    Princpio da TotalidadeComo evoluo do conceito tradicional do princpio da unidade, o princpio da totalidade estabelece que os trs oramentos definidos no Art. 165, 5, da CF/88 (o oramento fiscal, o oramento de inves-timento das empresas e o oramento da seguridade social) devem ser consolidados em um s documento legal.

    Princpio da UniversalidadeO Princpio da universalidade determina que o oramento deve conter todas as receitas e todas as despesas do Estado.

    Tal princpio est previsto nos artigos 3 e 4, da Lei 4.320/64, que assim estabelece:

    Art. 3 A Lei de Oramentos compreender todas as receitas, inclusive as de operaes de crdito autori-zadas em lei.Art. 4 A Lei de Oramento compreender todas as despesas prprias dos rgos do Governo e da admi-nistrao centralizada, ou que, por intermdio deles se devam realizar, observado o disposto no artigo 2.

    54 Apresentaremos, aqui, to somente, uma sntese desses princpios. Para uma anlise mais deta-lhada, ver o trabalho de Alves Neto (2006).

    Veja uma sntese do

    oramento do Estado do Cear

    para 2014 no seguinte endereo da internet:

    http://transparencia.ce.gov.br/CONTENT/DOCUMENTOS/897_

    OrcamentoCidadao-Go-vernoInforma-CidadaoA-

    companha-2014.pdf.

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    Princpio do EquilbrioEsse princpio estabelece que o montante da despesa autorizada em cada exerccio financeiro no poder ser superior ao total de receitas estimadas para o mesmo perodo.

    O princpio do equilbrio foi incorporado Lei n 4.320/64 ,quando esta previu, em seu Art. 7, 1, que em casos de deficit, a Lei de Oramento indicar as fontes de recursos que o Poder Executivo fica autorizado a utilizar para atender a sua cobertura.

    Princpio da LegalidadeO princpio da legalidade, tambm conhecido como princpio da pr-via autorizao, determina que a arrecadao de receitas e a execuo de despesas pela administrao pblica deve, obrigatoriamente, ser precedida de expressa autorizao do Poder Legislativo.

    Tal princpio foi includo na Constituio Federal, em seu Art. 165:

    Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo esta-belecero:I. o plano plurianual;II. as diretrizes oramentrias;III. os oramentos anuais.

    Princpio da Anualidade ou PeriodicidadeO princpio da anualidade ou periodicidade determina que o oramen-to deve ser elaborado e autorizado para um determinado perodo de tempo, geralmente de um ano.

    Esse princpio foi includo no art. 2 da Lei n 4.320/64, juntamente com os princpios da Unidade e Universalidade. O Art. 34, da Lei 4.320/64, estabelece que, no Brasil, o exerccio financeiro coincide com o ano civil.

    Princpio da exclusividadeEste princpio estabelece que a lei oramentria anual dever conter apenas matria de natureza financeira, excluindo-se dela qualquer dis-positivo estranho estimativa da receita e fixao da despesa para o prximo exerccio.

    O Princpio da exclusividade foi incorporado na CF/88, Art. 165, 8, segundo a qual a lei oramentria anual no conter dispositivo estranho previso da receita e fixao da despesa, no se incluindo na proibio a autorizao para abertura de crditos suplementares e contratao de operaes de crdito, ainda que por antecipao de receita, nos termos da lei.

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    Princpio da no afetao de receitasO Princpio da no afetao de receitas, tambm conhecido como princpio da no vinculao, estabelece que nenhuma parcela da re-ceita oramentria poder ser reservada para atender a gastos espe-cficos. Ou seja, por este princpio toda a receita deve ser levada ao oramento pblico, para que, somente a partir da, seja especificada a sua aplicao nas diversas despesas pblicas.

    No entanto, tal princpio tem sido enfraquecido desde a dcada de 1990, como no caso da criao do Fundo Social de Emergncia, poste-riormente denominado Fundo de Estabilizao Fiscal (FEF), que vigo-rou entre 1994 e 1999. A partir do ano 2000, o FEF foi reformulado e passou a se chamar Desvinculao de Receitas da Unio (DRU), pror-rogada sucessivamente pelo Congresso Nacional e com vigncia pre-vista at 2015.

    Princpio da Especificao ou EspecializaoSegundo este princpio, as receitas e despesas oramentrias devem ser autorizadas pelo Poder Legislativo em parcelas discriminadas, e no pelo seu valor global. Esse princpio est previsto no art. 5 da Lei n 4.320/1964:

    Art. 5 A Lei de Oramento no consignar dotaes globais destinadas a atender indiferentemente a des-pesas de pessoal, material, servios de terceiros, trans-ferncias ou quaisquer outras, ressalvado o disposto no artigo 20 e seu pargrafo nico.

    Como observou Giacomoni (1996), essa mais uma das regras clssicas dispostas com a finalidade de apoiar o trabalho fiscalizador dos parlamentos sobre as finanas executivas. De acordo com esse princpio, as receitas e as despesas devem aparecer no oramento de maneira discriminada, de tal forma que se possa saber, pormenorizada-mente, a origem dos recursos e sua aplicao.

    10.2 Modelos ou espcies de oramento

    oramento tradicional (ou clssico)O conceito clssico, ou tradicional, de oramento pblico enfatiza os aspectos puramente financeiros do oramento e surgiu com o Decreto de Regulao francs, de 31 de maio de 1862, que assim o definiu: Oramento o ato por meio do qual so previstas e autorizadas as re-ceitas e despesas do Estado e das demais entidades que por lei esto submetidas a essas mesmas regras.

    A DRU uma regra

    constitucio-nal provi-

    sria que prev a des-vinculao de 20% das

    receitas da Unio das destinaes fixadas na

    Constituio. A partir dessa regra, 20% das receitas de contribui-

    es sociais passaram a no mais ser utilizadas

    nas reas de sade, assistncia social ou previdncia social, e

    foram direcionadas ao pagamento de juros da

    dvida pblica ou de outras despesas estra-nhas ao oramento da

    seguridade social.

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    Esse tipo de tcnica oramentria se caracterizava por se restrin-gir previso de receita e autorizao de despesas, sem se preocu-par com o efetivo atendimento das necessidades da sociedade ou da prpria administrao pblica, e muito menos levar em considerao os objetivos econmicos e sociais que motivaram a elaborao da pea oramentria.

    Esse modelo oramentrio apenas dotava um rgo com os recur-sos suficientes para o pagamento de pessoal e a compra de material para o exerccio financeiro subsequente, sem privilegiar um programa de trabalho e um conjunto de objetivos a atingir.

    oramento-ProgramaO conceito moderno, ou contemporneo, de oramento pblico, por sua vez, v a pea oramentria como instrumento de gesto, enfati-zando tanto os aspectos financeiros quanto os fsicos. Assim, o ora-mento representaria a prpria programao de trabalho do governo, conforme ressalta a famosa definio de Allan D. Manvel, publicada em 1944: O oramento um plano que expressa em termos de dinheiro, para um perodo de tempo definido, o programa de operaes do go-verno e os meios de financiamento desse programa.

    A concepo do oramento-programa est intrinsecamente ligada ideia de planejamento e gesto. Assim, o oramento deve, obriga-toriamente, considerar os objetivos que o Governo pretende alcanar. Com base nessa caracterstica, o oramento passa a ser um instrumen-to de operacionalizao das aes de governo, viabilizando seus proje-tos em consonncia com os planos e diretrizes formulados.

    A Lei n 4.320/64 trouxe a previso do oramento-programa no art. 2, quando afirma que a Lei de Oramento conter a discriminao da receita e despesa, de forma a evidenciar a poltica econmico-financei-ra e o programa de trabalho do Governo.

    Mas foi o Decreto-Lei n 200/67, em seu artigo 7, que consolidou esse modelo oramentrio, nos seguintes termos:

    Art. 7. A ao governamental obedecer ao planeja-mento que vise ao desenvolvimento econmico, so-cial do Pas e a segurana nacional, norteando-o se-gundo planos e programas, elaborados na forma do Titulo III, e compreender a elaborao e atualizao dos seguintes instrumentos bsicos:a) Plano geral de governo;b) Programas gerais, setoriais e regionais, de durao plurianual;

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    c) Oramento-programa anual;d) Programao financeira de desembolso.

    No oramento do Estado Cear para 2014, por exemplo, a conso-lidao por programas de trabalho est discriminada no Volume 1, fls. 89-216, da Lei Oramentria Anual, disponvel no seguinte endereo na internet: http://transparencia.ce.gov.br/CONTENT/DOCUMENTOS/892_orcamento-2014-volume-1.pdf.

    oramento focado em resultadosO oramento focado em resultados ou oramento de desempenho, como tambm conhecido enfatiza os resultados da ao do gover-no e no o que ele compra. Embora o oramento focado em resulta-dos j se preocupe com os objetivos da ao pblica, no considera-do um oramento-programa, porque lhe falta a caracterstica essencial deste: a vinculao a um planejamento central das aes do governo.

    A Figura 10.1 a seguir esquematiza as trs espcies de oramento aqui apresentadas.

    Insumos Processo Produtos

    Eficincia Efetividade

    Resultados

    Oramento-Programa

    Oramentofocado nosresultados

    Figura 10.1: Modelos de Oramento

    Oramentotradicional

    10.3 classificaes oramentrias Segundo o Manual de Procedimentos da Receita Pblica da Secretaria do Tesouro Nacional, Receitas Pblicas so todos os ingressos de ca-rter no devolutivo, auferidas pelo poder pblico, em qualquer esfera governamental, para alocao e cobertura das despesas pblicas. Des-sa forma, todo o ingresso oramentrio constitui uma receita pblica, pois tem como finalidade atender s despesas pblicas.

    Assim, compem a receita pblica: receitas tributrias, de contri-buies, patrimonial, agropecuria, industrial, de servios, as prove-nientes da realizao de recursos financeiros oriundos de constituio de dvidas ou da converso, em espcie, de bens e direitos e os recur-sos recebidos de outras pessoas de direito pblico ou privado.

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    A Despesa Pblica, conforme definida pelo Tesouro Nacional, a aplicao de recursos pecunirios em forma de gastos e em forma de mutao patrimonial, com o fim de realizar as finalidades do estado e, em sua acepo econmica, o gasto ou no de dinheiro para efetuar servios tendentes quelas finalidades.

    Para melhor compreenso da natureza das receitas e despesas da pea oramentria, importante que sejam estabelecidos critrios de classificao dessas espcies nas contas pblicas. Os principais tipos de classificao visam facilitar e padronizar as informaes constantes do oramento pblico, permitindo a visualizao do oramento por ca-tegoria econmica, por Poder, por rgo, por Funo de Governo, por Programa, Subprograma, Projeto e/ou Atividade.

    Apresentaremos, aqui, as classificaes por categoria econmica e funcional55.

    classificao por categoria econmicaA classificao por categoria econmica est prevista nos artigos 11 (para as receitas) e 12 (para as despesas), da Lei n 4.320/1964. Ela pos-sibilita que o oramento funcione como um instrumento importante para a anlise e a ao de poltica econmica, de maneira a ser utiliza-do no fomento ao desenvolvimento econmico do pas. Por esse crit-rio, o oramento se divide em dois grandes grupos: as Contas (receitas e despesas) Correntes e as Contas de Capital.

    So Receitas Correntes as receitas tributrias, de contribuies, patrimonial, agropecuria, industrial, de servios e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito pblico ou privado, quando destinadas a atender despesas classificveis em Despesas Correntes.

    As Receitas de Capital so aquelas provenientes da realizao de recursos financeiros oriundos de constituio de dvidas; da conver-so, em espcie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito pblico ou privado, destinados a atender despesas classificveis em Despesas de Capital e, ainda, o superavit do Ora-mento Corrente.

    Conforme estabelece a Lei n 4.320/64, a classificao da receita obedecer que se apresenta no quadro 10.1.

    55 Estas e outras modalidades de classificao podem ser consultadas no Manual Tcnico de Ora-mento da SOF, disponvel no seguinte endereo da internet: http://www.orcamentofederal.gov.br/informacoes-orcamentarias/manual-tecnico/MTO_2012.pdf.

    O supervit do Ora-mento Cor-rente a di-ferena, positiva, entre as Receitas Correntes e as Despesas Correntes. Por exemplo, se o total de Receitas Correntes de um ente poltico em 2013 foi de R$ 12 mi-lhes e suas Despesas Correntes foram de R$ 10 milhes, o superavit do Oramento Corren-te foi de R$ 2 milhes naquele ano.

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    Quadro 10.1: Classificao das Receitas

    RECEITASCORRENTES

    Receita TributriaImpostosTaxasContribuies de Melhoria

    Receita Patrimonial

    Receitas ImobiliriasReceitas de Valores MobiliriosParticipaes e DividendosOutras Receitas Patrimoniais

    Receita IndustrialReceita de Servios IndustriaisOutras Receitas Industriais

    Transferncias Correntes

    Receitas DiversasMultasCobrana da Divida AtivaOutras Receitas Diversas

    RECEITASDE CAPITAL

    Operaes de CrditoAlienao de Bens Mveis e ImveisAmortizao de Emprstimos ConcedidosTransferncias de CapitalOutras Receitas de Capital

    Fonte: Lei n 4.320/64.

    As Despesas Correntes so as Despesas de Custeio e as Transfe-rncias Correntes; e as Despesas de Capital so os Investimentos, as Inverses Financeiras e as Transferncias de Capital.

    A Lei n 4.320/64 define o seguinte esquema para a classificao da despesa:

    Quadro 10.2: Classificao das Despesas

    DESPESASCORRENTES

    Despesasde Custeio

    Pessoa CivilPessoal MilitarMaterial de ConsumoServios de TerceirosEncargos Diversos

    TransfernciasCorrentes

    Subvenes SociaisSubvenes EconmicasInativosPensionistasSalrio-Famlia e Abono FamiliarJuros da Dvida PblicaContribuies de Previdncia SocialDiversas Transferncias Correntes

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    DESPESASDE CAPITAL

    Investimentos

    Obras PblicasServios em Regime de Programao EspecialEquipamentos e InstalaesMaterial PermanenteParticipao em Constituio ou Aumento de Capital de Empresas ou Entidades Industriais ou Agrcolas

    InversesFinanceiras

    Aquisio de ImveisParticipao em Constituio ou Aumento de Capital de Empresas ou Entidades Comerciais ou FinanceirasAquisio de Ttulos Representativos de Capi-tal de Empresa em FuncionamentoConstituio de Fundos RotativosConcesso de EmprstimosDiversas Inverses Financeiras

    Transfernciasde Capital

    Amortizao da Dvida PblicaAuxlios para Obras PblicasAuxlios para Equipamentos e InstalaesAuxlios para Inverses FinanceirasOutras Contribuies

    Fonte: Lei n 4.320/64.

    classificao funcional das despesasA base legal da classificao funcional das despesas a Portaria do Minis-trio de Oramento e Gesto n 42, de 14 de abril de 1999, que atualizou a classificao das funes e subfunes a que se refere o art. 2, inciso I, da Lei n 4.320/64. A finalidade principal dessa forma de classificao possibilitar a elaborao de estatsticas sobre os gastos pblicos nos principais segmentos em que atuam os rgos da Administrao Pblica.

    A classificao funcional prev duas categorias: a funo e a subfuno.A funo corresponde ao maior nvel de agregao das diversas

    reas de despesa que competem Administrao Pblica e defini-da por conveno. O oramento prev um total de 28 (vinte e oito) funes. Exemplos: Legislativa, Judiciria, Previdncia Social, Assis-tncia Social, Cultura, Sade, Educao, Agricultura, comunicaes, habitao e energia.

    A subfuno representa uma partio da funo, visando agregar determinado subconjunto de despesas. Essa classificao prev um total de 109 (cento e nove) subfunes. Exemplos: as subfunes En-sino Fundamental, Mdio e Superior (da funo Educao); e Planeja-mento e Oramento, Administrao Financeira e Controle Interno (da funo Administrao).

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    Como exemplo adicional completo, tomemos a Funo 28 - Encar-gos Especiais (Gerais), que engloba as despesas em relao s quais no se pode associar um bem ou servio a ser gerado no processo produ-tivo corrente, tais como: dvidas, ressarcimentos, indenizaes e outras afins, representando, portanto, uma agregao neutra. Suas Subfunes so: 841 - Refinanciamento da Dvida Interna; 842 - Refinanciamento da Dvida Externa; 843 - Servio da Dvida Interna; 844 Servio da Dvida Externa; 845 Transferncias; e 846 Outros Encargos Especiais.

    Questes PaRa Reflexo

    1. Conhecemos, neste captulo, o princpio oramentrio da no vin-culao das receitas. Analisando toda a discusso que foi feita na Unidade anterior, quando tratamos da funo social dos tributos, como voc v a vinculao de alguns tributos a despesas pr-de-terminadas luz desse princpio? Voc conhece outras medidas que, como a DRU, contribuem para a mitigao desse princpio?

    2. Voc j fez um oramento pessoal, especificando sua renda dispo-nvel e seus gastos? Mesmo que nunca tenha feito, voc deve ima-ginar a dificuldade de se definir, antecipadamente, onde vai gastar o seu dinheiro, no ? Agora, imagine a dificuldade de se fazer um oramento de uma cidade, de um estado ou de um pas; de conci-liar, num nico documento, interesses conflitantes de diversos gru-pos de presso. Levando isso em considerao, pense em formas de se estabelecer consensos em torno da destinao dos recursos pblicos. Como a sociedade pode intervir nesse processo?

    suGestes de leituRa, vdeos e sites

    1. Visite a pgina Oramento Fcil do Senado no seguinte ende-reo da internet: http://www12.senado. gov.br/orcamentofacil. L voc vai encontrar um conjunto de 12 vdeos que explica, de forma bastante didtica, diversos aspectos do oramento pblico.

    2. Visite, tambm, o Portal do Oramento do Senado Federal no se-guinte endereo: http://www12.senado.gov.br/orcamento. Aqui voc vai encontrar informaes sobre o processo oramentrio, poder acompanhar a elaborao e execuo das leis oramentrias, consul-tar emendas parlamentares, verificar as transferncias para estados, municpios e entidades privadas e poder, ainda, acessar um amplo banco de dados sobre as leis oramentrias (SIGA Brasil).

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    11 Sistema e Ciclo Oramentrio: Princpios, Organizao e ResultadosPor conter as provas de um jogo injusto que o oramento to complicado, tcnico, oculto, disfarado, arredio.Herbert de Souza, o Betinho, socilogo brasileiro

    introduoNeste captulo, trataremos do sistema oramentrio brasileiro, deta-lhando o ciclo oramentrio e seus instrumentos de planejamento, execuo e acompanhamento do oramento pblico; e apresentare-mos os conceitos de resultados nominal e primrio do governo e a importncia deles para a conduo da poltica econmica do pas.

    11.1 sistema oramentrio no Brasil56A Constituio Federal de 1988, em seu art. 165, estabeleceu um siste-ma para o processo oramentrio brasileiro baseado em trs leis ordi-nrias: a Lei do Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Oramentrias (LDO) e a Lei Oramentria Anual (LOA).

    o Plano Plurianual (PPa)O PPA o instrumento de planejamento de mdio prazo do Governo Federal, que estabelece, de forma regionalizada, as diretrizes, os obje-tivos e as metas da Administrao Pblica Federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de durao continuada (BRASIL, 2013).

    O projeto do Plano Plurianual elaborado pelo Poder Executivo e encaminhado ao Congresso Nacional at o dia 31 de agosto do pri-meiro ano do mandato do Presidente da Repblica, para ser discutido e votado at dezembro do mesmo ano. Depois de aprovado, o PPA vlido para os quatro anos seguintes, entrando no primeiro ano do mandato do prximo presidente.

    A principal finalidade do PPA estabelecer objetivos e metas que faam com que o Poder Executivo d continuidade aos seus projetos e programas.

    A importncia do PPA reforada no prprio texto constitucional, quando estabelece, ainda, que:

    nenhum investimento cuja execuo ultrapasse um exerccio financeiro poder ser iniciado sem prvia

    56 Recomendamos a leitura do Manual Tcnico de Oramento (BRASIL, 2012) e do trabalho de Men-des (2008) para maiores detalhes sobre o sistema oramentrio brasileiro.

  • 126

    incluso no plano plurianual, ou sem lei que autorize a incluso, sob pena de crime de responsabilidade. (CF/88: art. 167, 1);

    os oramentos previstos no 5, I e II, do art. 167, com-patibilizados com o plano plurianual, tero entre suas funes a de reduzir desigualdades inter-regionais, se-gundo critrio populacional. (CF/88: art. 165, 7);

    as emendas ao projeto de lei do oramento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso: I - sejam compatveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes oramentrias. (CF: art. 166, 3);

    as emendas ao projeto de lei de diretrizes oramen-trias no podero ser aprovadas quando incompat-veis com o plano plurianual. (CF: art. 166, 4).

    a lei de diretrizes oramentrias (ldo)A LDO o instrumento norteador da elaborao da LOA na medida em que dispe, para cada exerccio financeiro, sobre: as prioridades e metas da Administrao Pblica Federal; a estrutura e organizao dos oramentos; as diretrizes para elaborao e execuo dos ora-mentos da Unio e suas alteraes; a dvida pblica federal; as despe-sas da Unio com pessoal e encargos sociais; a poltica de aplicao dos recursos das agncias financeiras oficiais de fomento; as altera-es na legislao tributria da Unio; e a fiscalizao pelo Poder Le-gislativo sobre as obras e os servios com indcios de irregularidades graves (BRASIL, 2013).

    A LDO no pode conter dispositivos que contrariem o PPA. Em caso de conflito, prevalece o disposto no PPA, por ser este hierarquica-mente superior LDO, embora ambas sejam leis ordinrias.

    O projeto da LDO elaborado pelo Poder Executivo, sob a dire-o do Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto (MPOG) e a coordenao geral da Secretaria de Oramento Federal (SOF), e deve ser encaminhado ao Congresso Nacional at o dia 15 de abril de cada ano. O projeto da LDO deve ser apreciado pelo Congresso Nacional at 30 de junho de cada exerccio. Depois de aprovado, o projeto sancionado pelo Presidente da Repblica.

    A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) atribuiu LDO a responsa-bilidade de tratar de outras matrias, tais como: estabelecimento de metas fiscais; fixao de critrios para limitao de empenho e movi-mentao financeira; publicao da avaliao financeira e atuarial dos

  • 127

    regimes geral de previdncia social e prprio dos servidores civis e militares; avaliao financeira do Fundo de Amparo ao Trabalhador e projees de longo prazo dos benefcios da LOAS; margem de expan-so das despesas obrigatrias de natureza continuada; e avaliao dos riscos fiscais (BRASIL, 2013).

    Com base na LDO, a SOF elabora o Projeto de Lei Oramentria Anual (PLOA) para o ano seguinte, com a participao dos Ministrios e das unidades oramentrias dos Poderes Legislativo e Judicirio.

    a lei oramentria anual (loa)A LOA tem vigncia anual e a sua funo estimar a receita oramen-tria e fixar a despesa pblica para o respectivo exerccio financeiro. A LOA compreender (CF/88: art. 167, 1):

    I - o oramento fiscal referente aos Poderes da Unio, seus fundos, rgos e entidades da administrao di-reta e indireta, inclusive fundaes institudas e man-tidas pelo Poder Pblico;II - o oramento de investimento das empresas em que a Unio, direta ou indiretamente, detenha a maio-ria do capital social com direito a voto;III - o oramento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e rgos a ela vinculados, da ad-ministrao direta ou indireta, bem como os fundos e fundaes institudos e mantidos pelo Poder Pblico.

    A Lei Oramentria caracterizada como lei permissiva, pois es-tabelece tetos para comportamentos discricionrios da Administra-o Pblica, e funciona como ato-condio, j que as despesas s podero ser realizadas se forem por ela autorizadas, como previsto na CF/88, art. 167, Incisos I e II, ao vedar o incio de programas ou projetos no includos na lei oramentria anual e a realizao de des-pesas ou a assuno de obrigaes diretas que excedam os crditos oramentrios ou adicionais.

    O Poder Executivo deve encaminhar o projeto de LOA ao Congres-so Nacional at o dia 31 de agosto de cada ano. Acompanha o PLOA uma mensagem do Presidente da Repblica, que deve conter uma anlise da conjuntura econmica e um resumo da poltica econmica do Pas, um resumo das polticas setoriais do governo e uma avaliao das necessidades de financiamento do Governo Central relativas aos Oramentos Fiscal e da Seguridade Social.

    Como observou Mendes (2008), a inteno do constituinte foi esta-belecer um processo de planejamento, no qual o PPA daria os grandes

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    rumos das polticas pblicas, fixando os investimentos prioritrios e os principais programas de cada ministrio; a LDO desdobraria as metas do PPA ano aps ano, colocando-as dentro da moldura da realidade fiscal, estabelecendo as prioridades para o oramento do exerccio se-guinte a partir das disponibilidades financeiras do governo; e a LOA, por sua vez, seria a execuo prtica daquelas prioridades.

    11.2 ciclo oramentrioO ciclo oramentrio compreende o planejamento relativo previso e arrecadao das receitas e estimativa e execuo das despesas, e envolve os trs Poderes do Estado (Executivo, Legislativo e Judicirio), tendo sua conduo e formulao sob a responsabilidade do Executi-vo, sujeitas apreciao obrigatria pelo Legislativo.

    Ele se d por meio de uma sequncia de fases ou etapas que deve ser cumprida como parte do processo oramentrio, obedecendo a seguinte ordem: elaborao, apreciao legislativa, execuo e acom-panhamento, controle e avaliao, quando o ciclo se fecha e se reinicia.

    A Figura 11.1 a seguir sintetiza este ciclo.

    Elaborao do projetode Lei oramentria

    anual - LOA

    Discusso, votao eaprovao da lei

    oramentria

    Execuooramentriae financeira

    Controle e avaliao daexecuo oramentria

    e financeira

    Figura 11.1: Ciclo Oramentrio

    Primeira fase: elaborao do oramentoA primeira fase pela qual passa o oramento pblico a de elaborao do projeto de lei oramentria. Essa fase tem incio com a definio da proposta parcial de oramento de cada unidade gestora.

    Depois, cada setor oramentrio de cada rgo de cada um dos Poderes encaminha as propostas setoriais para o rgo central do sis-tema de oramento e gesto, para nova consolidao. Atualmente, o rgo central do sistema de oramento e gesto a Secretaria de Or-amento Federal (SOF), rgo ligado ao Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto (MPOG).

    Uma vez feita a consolidao (com os devidos ajustes e cortes or-amentrios), surge o projeto de lei oramentria (PLOA). Esse projeto

  • 129

    dever ser submetido ao presidente da Repblica, que far o seu enca-minhamento ao Congresso Nacional, por meio de mensagem.

    segunda fase: apreciao legislativaDepois de consolidado pelo Poder Executivo, o projeto de lei ora-mentria deve ser remetido ao Congresso Nacional. Naquela Casa, ele ser apreciado pela Comisso Mista Permanente de Oramento, com-posta de deputados e senadores, conforme prevista no artigo 166 da CF/88. Essa comisso tem a funo de examinar e emitir parecer sobre o projeto, bem como acompanhar e fiscalizar o oramento.

    Enquanto ainda projeto, a LOA pode ser emendada por deputa-dos e senadores. Caso a alterao importe em aumento de despesas, necessria a indicao dos recursos para suport-las, somente sendo admitidos os provenientes de anulao de despesa. Em outras pala-vras, os deputados e senadores podem alterar o projeto de lei criando novas despesas, desde que faam a anulao de outra.

    O projeto de lei oramentria, assim como as emendas propostas ao projeto aps parecer da comisso mista permanente, ser aprecia-do pelo plenrio das duas Casas do Congresso Nacional, nos termos da Constituio Federal:

    Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, s diretrizes oramentrias, ao oramento anual e aos crditos adicionais sero apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum.

    Com a aprovao pelo plenrio do Congresso Nacional, o projeto ser devolvido ao Presidente da Repblica, que poder sancion-lo ou propor vetos. Havendo a sano, o projeto dever ser encaminhado para publicao.

    terceira fase: execuo e acompanhamentoExecutar o oramento realizar as despesas nele previstas. A Lei n 4.320/64 definiu trs estgios para a execuo das despesas ora-mentrias:Empenho;Liquidao; ePagamento.

    O Empenho o primeiro estgio da despesa e seu conceito dado pelo art. 58 da Lei n 4.320/64: o empenho da despesa o ato emanado da autoridade competente que cria para o estado obrigao de pagamento pendente ou no de implemento de condio.

    Embora no previsto na Lei n 4.320/64, a Administrao Pblica criou a figura do Pr--Empenho. Trata-se de uma ao pragmtica para assegurar o crdi-to oramentrio recebi-do enquanto ocorre o processo licitatrio. Ou seja, o pr-empenho uma reserva oramen-tria para uma licitao que vai gerar um futuro empenho.

  • 130

    Esse primeiro estgio efetuado por meio de um documento de-nominado Nota de Empenho (NE), que se destina a registrar o com-prometimento do crdito oramentrio, obedecido o limite previsto no art. 59 da Lei n 4.320/64 o empenho da despesa no poder exce-der o limite dos crditos concedidos. A NE emitida no SIAFI - Siste-ma Integrado de Administrao Financeira.

    A literatura aponta a existncia de trs modalidades ou tipos de empenho, embora a Lei n 4.320/64 s especifique dois deles:

    Empenho Ordinrio (no especificado na Lei n 4.320/64): para despesa de valor fixo e prede-terminado e quando o seu pagamento ocorrer de uma s vez, como no caso, por exemplo, do pagamento de gastos com pessoal, um gasto ordinrio, que dispensa a NE;

    Empenho por estimativa (art. 60, 2, da Lei n 4.320/64): quando no for possvel determinar, previamente, o montante da despesa, como no caso das despesas de telefonia e energia eltri-ca, por exemplo;

    Empenho global (art. 60, 3, da Lei n 4.320/64): quando se tratar de despesas contratuais e ou-tras de valor determinado, sujeitas a parcela-mento. o caso, por exemplo, das despesas de aluguis de imveis ou de equipamentos.

    O segundo estgio da despesa a Liquidao que, segundo o arti-go 63, da Lei n 4.320/64, consiste na verificao do direito adquirido pelo credor tendo por base os ttulos e documento comprobatrios do respectivo crdito; ou seja, a fase em que o credor comprova que cumpriu todas as obrigaes objetos do empenho.

    Esse estgio tem por finalidade reconhecer ou apurar a origem e o objeto do que se deve pagar, a importncia exata a pagar e a quem se deve pagar, para extinguir a obrigao (1, do artigo 63, da Lei n 4.320/64). O procedimento de liquidao efetuado no SIAFI por meio do documento denominado Nota de Lanamento (NL).

    O terceiro e ltimo estgio da despesa o Pagamento, e con-siste na entrega de numerrio ao credor, extinguindo a obrigao. A ordem de pagamento o despacho exarado por autoridade competente, determinando que a despesa seja paga (Art. 64, da Lei n 4.320/64).

    Como determina

    a Lei n 4.320/64,

    para cada empenho ser extrado um do-

    cumento denominado nota de empenho

    que indicar o nome do credor, a representa-

    o e a importncia da despesa bem como a

    deduo desta do saldo da dotao prpria (Art. 61, da

    Lei n 4.320/64).

    O SIAFI o Sistema Integrado de Admi-

    nistrao Financeira e consiste no principal

    instrumento utilizado para registro, acompa-

    nhamento e controle da execuo ora-

    mentria, financeira e patrimonial do Governo Federal. Hoje, o Gover-

    no Federal administra uma Conta nica, de onde ocorrem todas

    as sadas de dinheiro, com o registro de sua

    aplicao e do servidor pblico que a efetuou. Trata-se de uma ferra-menta poderosa para executar, acompanhar

    e controlar, com eficincia e eficcia, a correta utilizao dos

    recursos da Unio.

  • 131

    A ordem de pagamento efetuada por meio do documento Ordem Bancria (OB), no SIAFI, tendo como favorecido o credor do empenho.

    Quarta fase: controle e avaliaoNa quarta fase do ciclo oramentrio, ocorre o acompanhamento, o controle e a avaliao da execuo oramentria.

    H dois tipos de controle: o interno, quando realizado pelo prprio Poder que est executando o oramento; ou externo, quando reali-zado pelo Poder Legislativo, auxiliado tecnicamente pelo Tribunal de Contas. O controle da execuo oramentria compreender, segun-do a Lei n 4.320/64, a legalidade dos atos de que resultem a arrecada-o da receita ou a realizao da despesa, o nascimento ou a extino de direitos e obrigaes; a fidelidade funcional dos agentes da admi-nistrao, responsveis por bens e valores pblicos; o cumprimento do programa de trabalho expresso em termos monetrios e em termos de realizao de obras e prestao de servios.

    O Poder Executivo exercer esses trs tipos de controle, sem pre-juzo das atribuies do Tribunal de Contas ou rgo equivalente. O controle externo da execuo oramentria, pelo Poder Legislativo, ter por objetivo verificar a probidade da administrao, a guarda e o legal emprego do dinheiro pblico, alm do cumprimento da Lei Oramentria Anual.

    Em sntese, o ciclo oramentrio tem incio, em um dado exerccio financeiro, com a consolidao das propostas dos diversos rgos dos trs poderes em um projeto de lei (o PLOA), que posteriormente apreciado e aprovado pelo Congresso Nacional em sesso conjunta, sancionado e publicado pelo Presidente da Repblica, e executado no exerccio seguinte, quando ocorre a arrecadao da receita e a realiza-o da despesa. Durante a execuo, ocorre a fase de acompanhamen-to e, durante e depois da execuo, a fase de avaliao, realizada pelos controles internos (de cada Poder) e externo (do Congresso Nacional).

    o ciclo oramentrio estendidoComo vimos na seo anterior, o sistema de planejamento fiscal do Estado (Constituio Federal, art. 165) prev a existncia de trs instru-mentos principais: a Lei do plano plurianual (PPA); a Lei de diretrizes or-amentrias (LDO); e a Lei oramentria anual (LOA). Integrando esse sistema de planejamento ao ciclo oramentrio, temos o seguinte ciclo integrado de planejamento e oramento, tambm conhecido como Ci-clo Oramentrio Estendido, mostrado na figura 11.2.

  • 132

    Plano plurianual - PPA

    Planos e Programas

    Lei de diretrizesoramentrias - LDO

    Controle e avaliao daexecuo oramentria

    e financeira

    Elaborao da propostaoramentria anual - LOA

    Execuo oramentriae financeira

    Discusso, votao e aprovaoda lei oramentria anual

    Figura 11.2: Ciclo Integrado de Planejamento e Oramento

    11.3 Resultados do GovernoEntende-se por resultado do governo a diferena entre receitas e des-pesas. Se as receitas so superiores s despesas, tem-se um superavit; caso contrrio despesas maiores que as receitas , h um deficit.

    H dois conceitos importantes de resultados do governo: o nomi-nal e o primrio. O resultado nominal a diferena entre as receitas tri-butrias e os gastos, incluindo os juros da dvida pblica. Esse resulta-do representa a necessidade total de financiamento do setor pblico. Assim, se houver um deficit nominal, o governo ter que se financiar com a emisso de ttulos pblicos.

    Na conduo da poltica econmica, importante mensurar o defi-cit do governo, para que se analise o impacto da atuao estatal sobre a atividade econmica. Se o governo injeta mais dinheiro na economia (comprando bens e servios) do que retira (cobrando tributos), ele es-tar estimulando o crescimento econmico e/ou o aumento dos pre-os (provocando inflao).

    Matematicamente, o deficit nominal pode ser assim representado:

    DN = (G + J + I) T (1)Onde: DN o deficit nominal do governo;G o consumo do governo (gastos na compra de bens e servios);J so os juros pagos pelo governo;I o investimento do governo; eT a arrecadao tributria, lquida das transferncias aos outros entes

    pblicos.

  • 133

    A dvida do governo, ao final de um ano, equivale dvida existente no ano anterior mais o deficit nominal do ano atual. Matematicamente:

    Dt = Dt-1 + DNt = Dt-1 + (Gt + Jt + It) Tt (2)Onde:Dt a Dvida ao final do ano t;Dt-1 a Dvida ao final do ano t-1;DNt deficit nominal acumulado ao longo do ano t.

    Em uma economia em que o governo est fortemente endividado e gasta muito com juros, como o caso do Brasil, torna-se importante acompanhar o esforo do governo para reduzir o deficit e, com isso, reduzir a dvida (ou reduzir a sua taxa de crescimento).

    O outro conceito importante na conduo da poltica econmica o de resultado primrio, que se refere diferena entre a arrecadao do governo e os gastos, exceto os juros da dvida pblica. Tal medida representa a economia que o governo est fazendo para reduzir o en-dividamento (ou evitar que ele cresa demasiadamente).

    Matematicamente, podemos representar assim o deficit primrio do governo:

    DP = (G + I) T (3)Onde: DP o deficit primrio do governo.

    Para termos uma ideia do que isso representa em termos monet-rios, vejamos os dados do governo federal para 2013:

    Arrecadao de Tributos, lq. de transferncias (T) = R$ 991,113 bilhes.Despesas Totais do Governo (G + I) = R$ 914,115 bilhes.Juros Nominais (J) = R$ 185,845 bilhes.Assim, utilizando a equao (3), temos o seguinte resultado primrio:

    DN = (G + I) T = 914,115 991,113 = - 76,998

    Ou seja, em 2013, o governo federal brasileiro teve um superavit primrio de R$ 76,998 bilhes, equivalente a 1,6% do PIB57.

    No entanto, ao incluirmos os gastos com os juros, utilizando a equao (1), temos:

    DN = (G + J + I) T = (914,115 + 185,845) 991,113 = 108,847

    Assim, em 2013, o governo federal teve um deficit nominal de R$ 108,847 bilhes58. Isso significa que a dvida nominal do governo cres-ceu R$ 108,847 bilhes em 2013.

    57 O PIB do Brasil em 2013 foi de R$ 4,807 trilhes.58 Os dados anunciados pelo governo federal, de R$ 110,554 bilhes, incluem ajustes metodolgi-

    cos e discrepncia estatstica.

  • Questes PaRa Reflexo

    1. A frase do socilogo Herbert de Souza, o Betinho, no incio deste captulo, indica que a complexidade do nosso sistema oramen-trio contribuiria para esconder a injustia por trs da distribuio dos recursos pblicos. Voc concorda com o socilogo? O que voc acha que poderia ser feito para que essas injustias fossem reveladas? Avalie suas respostas com base no que vai ser discutido no prximo captulo desta unidade.

    2. Voc sabe onde so gastos os recursos pblicos do seu Estado? E da sua cidade? Procure informaes sobre os gastos pblicos nos oramentos de seu Estado e de sua cidade e compartilhe suas im-presses com colegas e professores.

    suGestes de leituRa, vdeos e sites

    1. A Secretaria de Oramento Federal (SOF) preparou um excelente manual sobre o oramento pblico federal o Oramento Federal ao Alcance de Todos. Para obt-lo, basta acessar o seguinte ende-reo na internet: http://www.portaldatransparencia.gov.br/controle-Social/documentos/orcamento_federal_alcance_todos.pdf.

    2. Visite os dados do planejamento e da execuo oramentria do Estado do Cear no seguinte endereo na internet: http://trans-parencia.ce.gov.br/static/planejamento-e-execucao-orcamentaria/pda-ldo-loa/loa.

  • 136

    12 Transparncia e Controle Social no BrasilintroduoNeste captulo, apresentaremos os conceitos de transparncia e con-trole social da administrao pblica, abordando os principais instru-mentos disposio da sociedade para o pleno exerccio do direito ao acompanhamento e fiscalizao das aes dos gestores pblicos na elaborao e execuo do oramento pblico.

    12.1 transparncia e controle socialA Declarao dos Direitos do Homem e do Cidado, de 1789, j pro-clamava, em seus artigos 14 e 15, o direito ao controle social da admi-nistrao pblica:

    Art. 14. Todos os cidados tm direito de verificar, por si ou pelos seus representantes, da necessidade da contribuio pblica, de consenti-la livremente, de observar o seu emprego e de lhe fixar a repartio, a coleta, a cobrana e a durao.Art. 15. A sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente pblico pela sua administrao.

    No Brasil, o controle social da administrao pblica garantido pela Constituio Federal de 1988, que trouxe instrumentos de fortale-cimento da participao popular no processo de elaborao e discus-so das diversas etapas do oramento pblico, e consagrou, no caput do art. 37, o princpio da publicidade dos atos da administrao pbli-ca, cujo corolrio a transparncia na gesto pblica.

    Assim, a transparncia pblica pressuposto para a gesto democr-tica e o controle social. elemento imprescindvel ao exerccio da accoun-tability vertical, instrumento da democracia participativa que permite ao cidado realizar o monitoramento e a avaliao dos governos eleitos e promover o controle social do gasto pblico, permitindo uma ao cida-d na preveno, denncia e enfrentamento de atos de corrupo.

    Como ressalta o Portal da Transparncia do Governo Federal, as ideias de participao e controle social esto intimamente relacio-nadas: por meio da participao na gesto pblica, os cidados podem intervir na tomada da deciso administrativa, orientando a Adminis-trao para que adote medidas que realmente atendam ao interesse pblico e, ao mesmo tempo, podem exercer controle sobre a ao do Estado, exigindo que o gestor pblico preste conta de sua atuao59.59 Fonte: http://www.portaldatransparencia.gov.br/controleSocial. (Acesso em 13/04/2014).

    Entende-se por contro-le social da Administra-

    o Pblica o acompa-nhamento, pela prpria

    sociedade, da gesto e fiscalizao do ora-

    mento pblico.

    O conceito de accoun-

    tability tem origem no

    sistema oramentrio anglo-saxo e se refere

    ao dever da Adminis-trao Pblica de pres-

    tar contas dos seus atos sociedade aliado ao

    direito da sociedade de controlar a ao

    do governo.

    Como veremos

    adiante, o Portal da

    Transparncia do Go-verno Federal uma iniciativa da Controla-doria-Geral da Unio

    (CGU) para assegurar a boa e correta aplicao

    dos recursos pblicos, (http://www.portalda-transparencia.gov.br/

    sobre/).

  • 137

    fundamental, portanto, que cada cidado assuma essa impor-tante tarefa republicana de participar dos atos de gesto pblica e de exercer o controle social do gasto pblico.

    12.2 instrumentos de controle socialO controle social depende de instrumentos que permitam a participa-o ativa da sociedade, de forma a garantir no somente o acesso s in-formaes detalhadas dos atos de gesto pblica, como tambm canais de comunicao de mo dupla, que possibilitem ao cidado levar ad-ministrao pblica sua colaborao, seus anseios e suas reclamaes.

    No Brasil, dispomos de diversos desses instrumentos, alguns deles inseridos no nosso ordenamento jurdico, e outros trazidos luz pela prpria sociedade organizada. Ento, vejamos alguns deles.

    12.2.1 instrumentos legaisOs trs principais instrumentos legais de controle social da administra-o pblica so a Lei Complementar (LC) n 101, de 04 de maio de 2000 conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) , a LC n 131, de 27 de maio de 2009 denominada Lei da Transparncia LT e, mais recentemente, a Lei de Acesso Informao - LAI (Lei n 12.527/2011).

    Foram consagrados na LRF, principalmente a partir da LT, importan-tes princpios de transparncia pblica, entre os quais:o incentivo participao popular e realizao de audincias pbli-

    cas, durante os processos de elaborao e discusso dos planos, leis de diretrizes oramentrias e oramentos;

    a liberao ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informaes pormenorizadas sobre a execuo ora-mentria e financeira, em meios eletrnicos de acesso pblico.

    A LT determina, ainda, que as informaes referentes a despesas pblicas alcancem todos os atos de execuo oramentria (univer-salidade), e no momento de sua realizao (atualidade). Em relao s receitas, devem ser informados todos os recebimentos, inclusive os referentes a recursos extraordinrios.

    O Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto (MPOG), num documento sntese intitulado Cartilha de Orientao sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal, assim definiu a Lei de Responsabi-lidade Fiscal (LRF):

    A Lei de Responsabilidade Fiscal um cdigo de con-duta para os administradores pblicos de todo o pas, que passa a valer para os trs Poderes (Executivo, Le-gislativo e Judicirio), nas trs esferas de governo (fe-deral, estadual e municipal).

    A Cartilha, elabora-da ainda durante a tramitao da LRF, pode ser consultada no seguinte endereo da internet: http://www.bn-des.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/bf_bancos/cart_mp1.pdf. (Acesso em 13/04/2014)

  • 138

    O objetivo da LRF, segundo o MPOG, era melhorar a administrao das contas pblicas no Brasil. Com ela, todos os governantes passa-riam a ter compromisso com oramento e com metas, que deveriam ser apresentadas e aprovadas pelo respectivo Poder Legislativo.

    A LRF fixa limites para despesas com pessoal, para dvida pblica e ainda determina que sejam criadas metas para controlar receitas e despesas. Alm disso, segundo a LRF, nenhum governante pode criar uma nova despesa continuada (por mais de dois anos), sem indicar sua fonte de receita ou sem reduzir outras despesas j existentes. Isso faz com que o governante consiga sempre pagar despesas, sem compro-meter o oramento ou oramentos futuros.

    Pela LRF, ainda, so definidos mecanismos adicionais de contro-le das finanas pblicas em anos de eleio. A LRF dispe, tambm, que o Senado Federal estabelecer limites para a dvida pblica, por proposta do Presidente da Repblica. Tais limites sero definidos tam-bm como percentuais das receitas da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios. Isso significa que os governantes devero respeitar a relao entre a dvida e sua capacidade de pagamento.

    A LRF determina, ainda, o estabelecimento de metas fiscais. Isso permite que o governante consiga planejar as receitas e as despesas, podendo corrigir os problemas que possam surgir no meio do caminho.

    O governante que no cumprir a LRF, que inclusive apresenta pra-zos, alternativas e caminhos para que suas regras possam ser cumpri-das, vai estar sujeito a penalidades. A expectativa do MPOG era de que a Lei de Responsabilidade Fiscal iria mudar a histria da adminis-trao pblica no Brasil. Sua crena era de que, por meio dela, todos os governantes passariam a obedecer a normas e limites para administrar as finanas, prestando contas sobre quanto e como gastam os recursos da sociedade. No entanto, a realidade tem mostrado que tais expecta-tivas ainda no se concretizaram.

    A Lei n 12.527, a Lei Brasileira de Acesso Informao (LAI) 60, foi publicada em 18 de novembro de 2011, e entrou em vigor no dia 16 de maio de 2012, com o objetivo de regulamentar o direito constitucional de acesso a informaes pblicas. A LAI consolida e define o marco regulatrio sobre o acesso informao pblica sob a guarda do Esta-do e estabelece procedimentos para que a Administrao Pblica res-ponda a pedidos de informao do cidado, criando os mecanismos necessrios para tornar efetivo o direito previsto na Constituio.

    60 Informaes sobre a LAI colhidas no site da CGU, no seguinte endereo da internet: http://www.cgu.gov.br/PrevencaodaCorrupcao/BrasilTransparente/OPrograma/PerguntasFrequentes.asp#9. (Consulta em 13/04/2014)

    Restries adicionais

    para contro-le das con-

    tas pblicas em anos de eleio, segundo

    a LRF:ficaimpedidaacon-tratao de operaes de crdito por anteci-

    pao de receita ora-mentria (ARO);

    proibidoaogover-nante contrair despesa

    que no possa ser paga no mesmo ano.

    A despesa s pode ser transferida para o ano

    seguinte se houver dis-ponibilidade de caixa; e

    proibidaqualquerao que provoque

    aumento da despesa de pessoal nos Poderes Legislativo e Executivo nos 180 dias anteriores

    ao final da legislatura ou mandato dos chefes

    do Poder Executivo.

  • 139

    Ao regulamentar o direito de acesso, a LAI institui no Servio Pbli-co o princpio de que o acesso a regra, e o sigilo a exceo. No h dvidas, pois, de que a LRF, a LT e a LAI trouxeram avanos para o controle e a gesto dos recursos pblicos, principalmente quanto transparncia e ao exerccio do controle social, mas ainda h muito que melhorar, o que coloca para a Educao Fiscal o grande desafio de ser um parceiro privilegiado da sociedade na busca por mais avanos nes-se importante instrumento de coeso social.

    12.2.2 outros instrumentos de controle socialO controle social pode ser feito por qualquer cidado, individualmente ou em grupos organizados. No Brasil, foram criados, ou esto em via de criao, diversos instrumentos de controle social, alm daqueles an-teriormente apresentados, tais como: Conselhos Gestores de Polticas Pblicas, Oramento Participativo, Lei de Responsabilidade Social, e algumas iniciativas da sociedade civil, como os Observatrios Sociais e ONG que tratam da transparncia pblica.

    conselhos Gestores de Polticas PblicasNas palavras da CGU61, os conselhos gestores de polticas pblicas so canais efetivos de participao, que permitem estabelecer uma socie-dade na qual a cidadania deixe de ser apenas um direito, mas uma realidade. So espaos pblicos de composio plural e paritria entre Estado e sociedade civil, de natureza deliberativa e consultiva, cuja fun-o formular e controlar a execuo das polticas pblicas setoriais.

    Os conselhos devem ser compostos por um nmero par de con-selheiros, sendo que, para cada conselheiro representante do Estado, haver um representante da sociedade civil, com algumas excees, tais como na sade e na segurana alimentar. Como exemplo, temos o Conselho de Alimentao Escolar, Conselho Municipal de Sade, Con-selho de Controle Social do Bolsa Famlia, Conselho do Fundef e o Conselho de Assistncia Social62.

    o oramento ParticipativoO Oramento Participativo um mecanismo governamental de de-mocracia participativa que permite aos cidados intervir diretamente sobre a gesto financeira, oramentria e contbil das entidades p-blicas (COSTA, 2010).

    Nele, a populao decide as prioridades de investimentos em obras e servios a serem realizados a cada ano com os recursos do or-

    61 Conforme CGU, no seguinte endereo da Internet (consulta realizada em 13/04/2014): http://www.portaldatransparencia.gov.br/controleSocial/ConselhosMunicipaiseControleSocial.asp.

    62 Veja uma sntese das Responsabilidades desses Conselhos no endereo da internet constante da Nota de Rodap anterior.

    Exceo: os conselhos de sade, por exem-plo, so compostos por 25% de representantes de entidades governa-mentais, 25% de repre-sentantes de entidades no governamentais e 50% de usurios dos servios de sade do SUS.

  • 140

    amento municipal. Alm disso, ele estimula o exerccio da cidadania, o compromisso da populao com o bem pblico e a coresponsabiliza-o entre governo e sociedade sobre a gesto da cidade.

    Para Mendes (2004, apud COSTA, 2010), o perodo compreendido entre 1989 e 1996 foi a fase mais importante para o desenvolvimen-to do OP no Brasil, no apenas como poltica de governo do Partido dos Trabalhadores, mas tambm de outros partidos, entre eles, PMDB, PSDB, PSB, PDT e PFL. nessa fase que se iniciaram as experincias mais conhecidas, como a de Porto Alegre (RS), Piracicaba (SP), Santo Andr (SP), Ipatinga (MG), Betim (MG), So Paulo (SP), Santos (SP) e Jabuticabal (SP). A partir de ento, o OP no Brasil passou a se propagar para outros municpios, chegando a atingir 194 cidades em 2004.

    No Nordeste, as primeiras experincias de OP surgiram nas cida-des de Icapu (CE), Teresina (PI) e Recife (PE), as duas primeiras j a partir de 1989, e a ltima a partir de 1993. No Cear, a experincia do Oramento Participativo como instrumento de democracia participa-tiva se espalhou por vrios municpios ao longo da dcada de 1990 e da primeira dcada deste sculo, como no caso de Sobral, a partir de 1997, e de Fortaleza, a partir de 2005, considerados os dois exemplos mais exitosos, apesar de alguns descompassos63.

    lei de Responsabilidade socialOutro importante instrumento de controle social a Lei de Respon-sabilidade Social, que depende, primeiramente, de aprovao da Proposta de Emenda Constituio (PEC) n 29, de 2003, apresen-tada pela Senadora Lcia Vnia, do PSDB, e ainda em tramitao no Congresso Nacional.

    A referida PEC d nova redao ao artigo 193 da CF/88, estabe-lecendo que a ordem social tenha como base o primado do trabalho e, como objetivo, o bem-estar e a justia sociais, a serem avaliados por meio de indicadores de responsabilidade social, nos termos da lei complementar, a Lei de Responsabilidade Social, que traria, entre suas inovaes, a garantia de recursos oramentrios e o no contingencia-mento de recursos destinados s aes sociais.

    O Plenrio do Senado aprovou a PEC n 29/2003 em 29/10/2009, com base no relatrio do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que assim assinalou: ao lado da investigao do adequado cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, preciso avanar muito na busca da eficcia da gesto do dinheiro pblico, estabelecendo metas para a superao das desigualdades econmicas e sociais e para a melhoria das condi-es de vida das pessoas, especialmente as de menor poder aquisitivo.

    63 Veja, nesse sentido, os trabalhos de ROCHA (2009) e de ARAO (2012).

  • 141

    A PEC foi remetida Cmara dos Deputados em 03/11/09, mas at o presente momento ainda no foi aprovada por aquela casa legislati-va, demonstrando uma completa falta de interesse dos deputados em avanar nessa questo. E no devemos nos esquecer de que depois de aprovada a PEC, ainda haver um longo calvrio para tramitao da lei complementar prevista na referida PEC.

    12.2.3 iniciativas da sociedade civil

    os observatrios sociais (os)Conforme definio apresentada no portal do Observatrio Social do Brasil64, os Observatrios Sociais (OS) so um espao para o exerccio da cidadania, que deve ser democrtico e apartidrio e reunir o maior nmero possvel de entidades representativas da sociedade civil com o objetivo de contribuir para a melhoria da gesto pblica. Cada Ob-servatrio Social integrado por cidados brasileiros que transforma-ram o seu direito de indignar-se em atitude: em favor da transparncia e da qualidade na aplicao dos recursos pblicos. So empresrios, profissionais, professores, estudantes, funcionrios pblicos e outros cidados que, voluntariamente, entregam-se causa da justia social.

    Os OS so organizados em rede, coordenada pelo Observatrio Social do Brasil, que assegura a disseminao da metodologia padro-nizada para atuao dos observadores, promovendo a capacitao e oferecendo o suporte tcnico aos OS, alm de estabelecer as parcerias estaduais e nacionais para o melhor desempenho das aes locais.

    Atuando como pessoa jurdica, em forma de associao, o Obser-vatrio Social prima pelo trabalho tcnico, fazendo uso de uma meto-dologia de monitoramento das compras pblicas em nvel municipal, desde a publicao do edital de licitao at o acompanhamento da entrega do produto ou servio, de modo a agir preventivamente no controle social dos gastos pblicos. Alm disso, o Observatrio Social atua em outras frentes65, como: a educao fiscal, a insero da micro e pequena empresa nos processos licitatrios e a construo de Indi-cadores de Gesto Pblica. A Rede OSB est presente em mais de 75 cidades, em 14 Estados brasileiros.

    onG contas abertasSegundo o stio eletrnico da instituio, o Contas Abertas66 uma entidade da sociedade civil, sem fins lucrativos, que rene pessoas fsi-

    64 As informaes constantes desta subseo foram obtidas no site da Rede Observatrio Social do Brasil (acesso em 13/04/2014): http://www.observatoriosocialdobrasil.org.br.

    65 Fonte: OSB (acesso em 13/04/2014): http://www.observatoriosocialdobrasil.org.br/FreeCompo-nent22726content193066.shtml.

    66 Veja como atua a ONG no site: www.contasabertas.org.br.

  • 142

    cas e jurdicas, lideranas sociais, empresrios, estudantes, jornalistas, bem como quaisquer interessados em conhecer e contribuir para o aprimoramento do dispndio pblico, notadamente quanto qualida-de, prioridade e legalidade.

    Sua misso oferecer permanentemente subsdio para o desenvol-vimento, aprimoramento, fiscalizao, acompanhamento e divulgao das execues oramentria, financeira e contbil da Unio, dos Esta-dos, do Distrito Federal e dos Municpios, de forma a assegurar o uso ti-co e transparente dos recursos pblicos, preservando-se e difundindo-se os princpios da publicidade, eficincia, moralidade, impessoalidade e legalidade, previstos no artigo 37 da Constituio Federal.

    as novas MdiasA prtica poltica est se adequando nova realidade da era da infor-mao em que as novas mdias virtuais exercem papel fundamental na formao das preferncias, valores e opinies dos indivduos.

    Os movimentos de junho de 2013, no Brasil, demonstraram a ca-pacidade que as novas mdias tm de servirem de ferramentas para a organizao dos coletivos, criando no somente espaos de debate e propagao de ideias, mas tambm a articulao de manifestaes de grandes contingentes de cidados insatisfeitos.

    Nesse cenrio, quanto maior a participao poltica dos cidados por meio dessas novas tecnologias da comunicao, notadamente por meio das Redes Sociais, maior o controle social da vida poltica dos representantes, o que amplificaria o alcance dos instrumentos de con-trole apresentados nesse captulo. nesse sentido que as novas mdias devem ser inseridas no contexto do controle social.

    12.3 transparncia e controle social no Governo federalNo mbito do Governo Federal, a Controladoria-Geral da Unio (CGU) desenvolveu, em parceria com outros rgos e instituies no governa-mentais, diversas atividades de promoo da transparncia e fomento do controle social. Entre os principais instrumentos disposio da socieda-de, podemos citar: o Portal da Transparncia, a Rede de Transparncia, o Programa Olho Vivo no Dinheiro Pblico e o Programa Brasil Transparente.

    Portal da transparncia do Governo federalO Portal da Transparncia do Governo Federal uma iniciativa da Con-troladoria-Geral da Unio (CGU), lanada em novembro de 2004, para assegurar a boa e correta aplicao dos recursos pblicos. O objetivo aumentar a transparncia da gesto pblica, permitindo que o cidado acompanhe como o dinheiro pblico est sendo utilizado e ajude a fiscalizar (http://www.portaldatransparencia.gov.br/sobre/).

  • 143

    No portal, voc tem acesso a informaes sobre:as Transferncias de Recursos da Unio para estados, municpios,

    pessoas fsicas ou jurdicas e feitas ao exterior; os Gastos Diretos do Governo Federal;a Execuo Oramentria e Financeira da Unio;as receitas previstas, lanadas e realizadas pelo Governo Federal,

    organizadas por rgo e por categoria das receitas, e atualizadas diariamente;

    os Convnios firmados nos ltimos anos, com descrio sucinta do objeto, datas e valores envolvidos, desde 1 de janeiro de 1996;

    cargo, funo e situao funcional dos servidores e agentes pblicos do Poder Executivo Federal;

    a relao dos rgos e entidades do Governo Federal que possuem pginas de Transparncia Pblica prprias;

    os projetos e aes no mbito do Poder Executivo Federal, que so divulgadas pelos rgos em suas respectivas pginas eletrnicas Rede de Transparncia;

    as Pginas de Transparncia de Estados e Municpios, com dados de cada ente federativo, sobre transferncias de recursos recebidas do governo federal e cadastro de convnios, extrados do Portal da Transparncia.

    Com o intuito de facilitar a navegao no Portal, a CGU criou o Manual Prtico do Portal da Transparncia do Governo Federal, cujo objetivo orientar, de um modo rpido e simples, o cidado e os agentes pblicos a encontrarem as informaes desejadas para co-nhecer a aplicao dos recursos pblicos federais e contribuir com o Governo em seu papel de fiscalizao.

    Rede de transparnciaA Rede de Transparncia um espao virtual que tem o objetivo de facilitar o acesso do cidado, em um nico local, s informaes a res-peito de projetos e aes no mbito do Poder Executivo Federal, que so divulgadas pelos rgos em suas respectivas pginas eletrnicas. Ao acessar cada um dos links, o cidado pode acompanhar o detalha-mento e os resultados das aes desenvolvidas nas diversas reas de atuao do Governo.

    Por meio do portal da Rede de Transparncia, voc tem acesso s Pginas de Transparncia Pblica de cada rgo, aos dados do Te-souro Nacional, s informaes do Desenvolvimento Agrrio, Cincia e Tecnologia, Cultura, Energia, Esporte, Educao, Sade e diversas outras reas de atuao do Governo Federal.

    Portal: Conforme informado no seguinte endereo: http://www.portaldatransparencia.gov.br/sobre/OQueEn-contra.asp.

    Esto disponveis dados de todos os recursos federais transferidos da Unio para estados, municpios e Distrito Fe-deral. Pode-se consultar, por exemplo, quanto foi repassado pelo Fundo de Manuteno e Desenvolvimento da Educao Bsica e de Valorizao dos Profis-sionais da Educao (Fundeb), do Ministrio da Educao, para qualquer municpio do Pas ou mesmo quem so os beneficirios do Bolsa Famlia, quanto receberam e em que meses (recursos federais transferidos diretamen-te ao cidado).

    O endereo da Rede de Transparncia na internet : http://www.portaldatransparencia.gov.br/rede/

  • 144

    Programa olho vivo no dinheiro Pblico Outra iniciativa importante no mbito da Unio o programa Olho Vivo no Dinheiro Pblico, cujo objetivo fazer com que os cidados, nos diversos municpios brasileiros, atuem para a melhor aplicao dos recursos pblicos.

    Nas palavras da CGU, a iniciativa busca estimular e prover o cida-do de instrumentos para realizar o controle do uso dos recursos p-blicos. Procura-se dar condies para a participao de conselheiros municipais, lideranas locais, agentes pblicos municipais, professo-res e alunos, entre outros. A participao do cidado na preveno e no combate corrupo busca envolver a sociedade numa mudana pela educao, pelo acesso informao e pela mobilizao social.

    O programa prev cinco aes, todas complementares entre si:1. Educao presencial, que pode ser oferecida em encontros/even-

    tos bsicos e complementares;2. Educao distncia;3. Elaborao e distribuio de material didtico;4. Incentivo formao de acervos tcnicos em conjunto com o Pro-

    grama de Fortalecimento da Gesto Pblica; e5. Parcerias e cooperao institucional.

    Desde 2004, a Cartilha Olho Vivo no Dinheiro Pblico instrui e orienta cidados a respeito do acompanhamento da gesto pblica pela sociedade. Alm das Publicaes de materiais didticos, o pro-grama se utiliza de vrios recursos para incentivar o controle social e promover a cidadania. So eles: Vdeos, Concurso de Desenho e Re-dao, Material de Divulgao, Questionrios, Textos Tcnicos e Chat, todos disponveis no site do programa no seguinte endereo da in-ternet: http://www.cgu.gov.br/PrevencaodaCorrupcao/ControleSocial/OlhoVivo/Recursos/index.asp.

    Programa Brasil transparenteA CGU criou o programa Brasil Transparente para auxiliar Estados e Municpios na implementao das medidas de governo transparente previstas na Lei de Acesso Informao (LAI). O objetivo juntar esfor-os no incremento da transparncia pblica e na adoo de medidas de governo aberto.

    De cumprimento obrigatrio para todos os entes governamentais, essa Lei produz grandes impactos na gesto pblica e exige, para sua efetiva implementao, a adoo de uma srie de medidas que po-dem ser auxiliadas pelo programa Brasil Transparente.

    Voc vai en-contrar aqui

    dados de-talhados e

    diariamente atualizados sobre os atos praticados pelas unidades gestoras

    do Poder Executivo Federal no decorrer

    da execuo das suas despesas. O cidado poder saber quanto

    e com o que est sen-do comprometido o

    recurso do oramento. possvel, inclusive,

    conhecer a fase em que a despesa se encontra:

    empenho, liquidao e pagamento.

    Os Gastos Diretos do

    Governo Federal se

    referem contratao de obras, servios e

    compras governamen-tais, que podem ser

    vistas por rgo, por ao governamental ou por favorecidos (empre-sas privadas ou pessoas

    fsicas). Tambm de-talha as dirias pagas e os gastos feitos em

    cartes de pagamento do Governo Federal.

  • 145

    Como visto, h um conjunto de instrumentos que permitem ao ci-dado acompanhar e fiscalizar praticamente todas as aes do gover-no federal.

    E no mbito dos Estados e Municpios, o que existe?

    12.4 transparncia e controle social nos estados e Municpios

    A LT (Lei Complementar n 131/2009) estabeleceu os seguintes prazos para que estados e Municpios colocassem disposio da sociedade as informaes pormenorizadas das Receitas e Despesas de sua res-ponsabilidade:I. 1 (um) ano para os Estados, o Distrito Federal e os Municpios com

    mais de 100.000 (cem mil) habitantes; II. 2 (dois) anos para os Municpios que tenham entre 50.000 (cinquen-

    ta mil) e 100.000 (cem mil) habitantes; III. 4 (quatro) anos para os Municpios que tenham at 50.000 (cin-

    quenta mil) habitantes.

    O Portal de Transparncia do Estado do Cear foi criado pela Lei n 13.875, de 07 de fevereiro de 2007, e operacionalizado nos termos do Decreto n 30.939, de 10 de julho de 2012, com o objetivo de possibili-tar que o cidado se torne um fiscal das aes pblicas, aumentando a transparncia da gesto e o combate corrupo no Estado do Cear.

    Conforme ressalta o site do Portal, nele podem ser encontradas informaes pormenorizadas a respeito das receitas e despesas do Go-verno do Estado do Cear, em atendimento a Lei Complementar Fede-ral n. 131/2009, e ainda o Portal permite o acompanhamento dos con-tratos e convnios firmados pelo Governo do Estado do Cear. Atravs de um sistema de monitoramento desenvolvido pela Controladoria e Ouvidoria Geral do Estado (CGE) possvel identificar os contratos e convnios celebrados no mbito da Administrao Pblica Estadual.

    O Portal de Transparncia do Municpio de Fortaleza foi criado em 2010. Segundo a Prefeitura de Fortaleza, no seu Portal da Transparn-cia os cidados podem encontrar informaes relativas execuo or-amentria e gesto fiscal da Prefeitura. Na seo de despesas, pos-svel conhecer mais de perto quanto aplicado em investimento com pessoal, despesas de custeio, investimentos na cidade, entre outros. A pesquisa no Portal da Transparncia tambm permite a visualizao dos valores pagos pela prefeitura a cada fornecedor do Municpio.

    Alm disso, importantes instrumentos de acompanhamento da gesto tambm esto disponveis no Portal, como o Relatrio de Ges-to Fiscal (RGF) e o Relatrio Resumido de Execuo Fiscal (RREO),

    Por meio do Manual Prtico do Portal da Transparncia do Governo Federal, o internauta recebe instrues sobre cada modalidade de consulta existente no Portal da Transparncia do Governo Federal. O Manual pode ser acessado no seguinte endereo da internet: http://www.portalda-transparencia.gov.br/manual/ (acessado em 13/04/2014).

    As Pginas de Trans-parncia Pblica do conti-nuidade s aes de governo voltadas para o incremento da trans-parncia e do controle social, com objetivo de divulgar as despesas realizadas pelos rgos e entidades da Admi-nistrao Pblica Fede-ral, informando sobre execuo oramen-tria, licitaes, con-trataes, convnios, dirias e passagens.

  • 146

    exigidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e apresentados a cada quadrimestre, em sesso pblica na Cmara Municipal. Alm de-les, informaes acerca do Plano Plurianual (PPA), da Lei de Diretrizes Oramentrias (LDO), Lei Oramentria Anual (LOA) e o Balano Geral do Municpio tambm esto disponveis para qualquer cidado inte-ressado em conhecer mais sobre o oramento pblico.

    Para informaes sobre outros municpios do Estado do Cear, acesse o Portal de Transparncia do Tribunal de Contas dos Municpios do Cear no seguinte endereo da internet: http://www.tcm.ce.gov.br/transparencia/.

    Os municpios cearenses com mais de 100 mil habitantes, obrigados a manter um Portal de Transparncia desde 27/05/2010, so: Fortaleza, Cau-caia, Crato, Itapipoca, Juazeiro do Norte, Maracana, Maranguape e Sobral.

    Os Municpios cearenses entre 50 e 100 mil habitantes, obrigados a man-ter Portal de Transparncia a partir de 27/05/2011, so: Acara, Acopia-ra, Aquiraz, Aracati, Barbalha, Boa Viagem, Camocim, Canind, Cascavel, Crates, Granja, Horizonte, Ic, Iguatu, Limoeiro do Norte, Morada Nova, Pacajus, Pacatuba, Quixad, Quixeramobim, Russas, Tau, Tiangu, Trairi e Viosa do Cear.

    Questes PaRa Reflexo

    1. Voc conhecia algum dos instrumentos de controle social apre-sentados neste captulo? Pesquise junto a colegas e professores o grau de conhecimento deles a respeito desses instrumentos. O que voc constatou? Como explicaria suas constataes?

    suGestes de leituRa, vdeos e sites

    1. Informaes relevantes e atualizadas a respeito da execuo ora-mentria dos municpios cearenses podem ser consultas no SIM (Sistema de Informaes Municipais), disponvel na pgina web do Tribunal de Contas dos Municpios do Estado do Cear (TCM-CE), no endereo: www.tcm.ce.gov.br.

    2. Para saber como uma Prefeitura Municipal pode implantar ou aprimorar seu Sistema de Controle Interno, na implementao de medidas de promoo da tica, de incremento da transparncia pblica e de estmulo participao e ao controle social, consul-te o Manual de Integridade Pblica e Fortalecimento da Gesto:

    O endereo do site do Programa

    Olho Vivo no Dinheiro Pblico

    : http://www.cgu.gov.br/PrevencaodaCor-

    rupcao/ControleSocial/OlhoVivo/index.asp.

    Acessem e descubram como vocs podem

    participar.

    O endereo do site do Programa Brasil Trans-parente : http://www.

    cgu.gov.br/Prevenca-odaCorrupcao/Brasil-

    Transparente/OProgra-ma/index.asp. Acessem

    e divulguem!

    O endereo do site do Portal de Transpa-

    rncia do CE : http://transparencia.

    ce.gov.br/static/pagi-na-inicial/home.

    Acessem e divulguem!

    O endereo do Portal de Transparncia de

    Fortaleza : http://portaldatransparencia.

    sefin.fortaleza.ce.gov.br. Acessem e divulguem!

  • Orientaes para o Gestor Municipal no seguinte endereo da internet (acesso em 13/04/2014).

    3. http://www.portaldatransparencia.gov.br/controleSocial/docu-mentos/ManualIntegridade.pdf.

    4. Acesse as informaes oramentrias e financeiras do Estado do Cear no seguinte endereo da internet: http://transparencia.ce.gov.br/static/planejamento-e-execucao-orcamentaria/compa-rativo-receitas-despesas. (Acesso em 13/04/2014)

  • 148

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  • soBRe o autoR

    Marcelo Lettieri Siqueira graduado em Engenharia Mecnica Aero-nutica pelo Instituto Tecnolgico de Aeronutica (ITA), com Mestrado e Doutorado em Economia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). professor colaborador e pesquisador da Universidade Fede-ral do Cear (UFC), professor convidado do FGV/Management da Fundao Getlio Vargas (FGV) e da Escola de Administrao Fazen-dria (Esaf). Foi pesquisador do CNPq na rea de Economia e atua nas seguintes reas da cincia econmica: poltica e administrao tribu-trias, evaso fi scal, crescimento econmico, pobreza e desigualdade de renda, educao fi scal e desenvolvimento de modelos econom-tricos de anlise econmica. Sua produo acadmica inclui captulos de livros e trabalhos publicados em diversas revistas especializadas, tais como Pesquisa e Planejamento Econmico (PPE/IPEA), Estudos Econmicos (USP), Revista de Economia Contempornea (REC/UFRJ), Revista de Economia Aplicada (REA/USP), Revista de Finanas Pbli-cas (Monografi as/STN) e Revista de Administracin Tributaria (CIAT). Foi premiado nos concursos de monografi as do Tesouro Nacional, do Centro Interamericano de Administraes Tributrias (CIAT), do IPEA/CAIXA, Prmio do V Encontro de Economia do Cear em Debate e Prmio de Criatividade e Inovao da RFB. auditor-fi scal da Receita Federal do Brasil desde 15 de julho de 1999.