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ReBEn, 34 327-332, 1981 EDUCAÇÃO UMA EXPERI�NCIA DE ENSINO EM ESCOLAS DE PRIMEIRO GRAU DE ALFENAS Dra. Maria de Lourdes Locato * Hédima Caetano de Carvalho * * Henilda Maria de Carvalho * * Re�;; -'-- I LATO, M.L. e Colaboradoras - Uma Experiência de Ensino em Escolas de Primeiro Grau de Alfenas. Rev. Bs. Enr.; DF, 34 : 327-332, 1981. RESUMO Este trabalho relata uma experiên- cia de estágio de Didática Aplicada à Enfermagem, realizada em Escola de 1.0 grau, com alunas do 5.° período do Cur- so de Enfermagem da Escola de Farmá- cia 'e Odontologia de Alfenas, Minas G�rais. Descreve a experiência como um m€io de ofereer estudante de enfer- magem uma oportunidade de desenvol- ver se trabalhos baseados em uma fi- losofia voltada para a comunidade. Focaliza aspectos da região, carac- terísticas da clientela, prgramação de- senvolvida, citando dificuldades encon- tl'adas diante da nitude do pro- blema. Salienta a importância de propor- cionar aos alunos de 1.0 grau meios pa- ra aquisição de conhecimentos, hábitos e atitudes ositivos em relação à saúde. Sugere a implantação de programas voltados para a saúde comunitária, aproveItando mão-de-obra especializa- da, que é o estudante de enfermag. SUMMARY The present paper reports a re- search on Didatics applied to Nursing during a training period of 5 th Nursing students of the School of Pharmacy a Dentisty of Alfenas (MG) in first-grade schools. Livre-Docente pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Prfessor-Adjunto de Didática Aplicada à Enfermagem, no Departamento de Enfermagem da Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas. Professor-Assistente de Enfermagem em Doenças Transmissíveis da mesma cola. *. . Professor-Assistente de Enfermagem da Comunidade da mesma Escola. 327

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ReBEn, 34 327-332, 1981

EDUCAÇÃO

U MA EXPERI �NCIA DE E NS I NO EM ESCOLAS D E PRIM E I RO GRAU DE ALFE NAS

Dra. Maria de Lourdes Locato * Hédima Caetano de Carvalho * * Henilda Maria de Carvalho * >I< *

Re�;;-'-- I

LOCATO, M.L. e Colaboradoras - Uma Experiência de Ensino em Escolas de Primeiro Grau de Alfenas. Rev. Bras. Enr.; DF, 34 : 327-332, 1981.

RESUMO

Este trabalho relata uma experiên­

cia de estágio de Didática Aplicada à Enfermagem, realizada em Escola de 1 .0

grau, com alunas do 5.° período do Cur­

so de Enfermagem da Escola de Farmá­

cia 'e Odontologia de Alfenas, Minas

G�rais.

Descreve a experiência como um

m€io de ofere(!er ao estudante de enfer­

magem uma oportunidade de desenvol­

ver seus trabalhos baseados em uma fi­

losofia voltada para a comunidade.

Focaliza aspectos da região, carac­

terísticas da clientela, pr'Ogramação de­

senvolvida, citando dificuldades encon-

tl'adas diante da ma,gnitude do pro­blema.

Salienta a importância de propor­cionar aos alunos de 1 .0 grau meios pa­ra aquisição de conhecimentos, hábitos e atitudes !,ositivos em relação à saúde.

Sugere a implantação de programas voltados para a saúde comunitária, aproveItando mão-de-obra especializa­da, que é o estudante de enfermagem.

SUMMARY

The present pape r reports a re­search on Didatics applied to Nursing during a training period of 5 th Nursing students of the School of Pharmacy and Dentisty of Alfenas (MG) in first-grade schools.

• Livre-Docente pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pr:>fessor-Adjunto de Didática Aplicada à Enfermagem, no Departamento de Enfermagem da Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas.

• • Professor-Assistente de Enfermagem em Doenças Transmissíveis da mesma Escola. * . . Professor-Assistente de Enfermagem da Comunidade da mesma Escola.

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LOCATO, M.L. e OJ laboradoras - Uma Experiência de Ensino em Escolas de Primeiro Grau de Alfenas. Rev. Bras. Enf.; DF, 34 : 327-332, 1981.

It describes the research as a means of oUering students the opportunity of performing their work with their minde directed to the community as a wole.

It focuses on regional aspects, clien­tele characteristics and the program of work wich is put into practice, and reports the difficulties found in face of the magnitude of the problem.

It also points out the importance of propitiating first-grade students with the means of learning positive and attituds as regards health.

It finalIy suggests the establishi­mente of programs tendend toward com­munity health with the participation of specialized personnel, as is the one com­posed of Nursing students.

1 . INTRODUÇAO

o presente trabalho relata uma ex­periência de e1)tágio de Didática Aplica­da à Enfermagem, em · COlégio Munici­pal de 1.0 grau, realizada no Curso de Enfermagem da Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas com alunas do 5.° período.

Este colégio funciona em horário noturno, em prédio próprio, tendo clas­ses de 5.8 a 8.8 séries, sendo que o en­sino ministrado pelas estudantes de en­fermagem abrangeu as 7.8 e 8.8 séries.

A disciplina de Saúde já estava in­cluída no programa destas classes com o nome de Enfermagem; vinha sendo ministrada por uma enfermeira desde o 1.0 semestre de 1980, atendendo exigên­cias do Ministério da Educação e CUl­tura, através da Lei n.o 5.692/71.

Atualmente, cogita-se do cumprl­mento dessa Lei em todas as escolas de 1.0 grau de Alfenas, com planejamento da Delegacia de Ensino de Varginha.

Este trabalho visa à educação do estudante de 1.0 grau, para melhoria de suas condições de saúde, de sua fa­mília, de sua comunidade e ainda mo­tivar os alunos de enfermagem para

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aplicarem um programa numa situação real, COm uma filosofia voltada para a Saúde Comunitária.

SegundO CHAVES 1, é preciso cons­cientizar o indivíduo, como o principal responsável, o principal agente e o maior interessado pela sua própria saú­de ; assim sendo, cada indivíduo deve contribuir para melhorar sua qualidade de vida no seu meio, pois "saúde é um direito de todos, mas um dever de cada um".

MARCONDES e cols. 6 afirmam que saúde precisa ser focalizada em um con­texto integrado e compreensível que ajude o educando a ver as implicações biOlógicas, sociais, políticas e econômicas de seus atos e a responsabilidade que lhes cabe ; e que a Escola é capaz de cumprir esta finalidade e nenhum pro­fissional, senão o professor, pode con­seguir isto.

Sabendo-se que escola e professor exercem uma influência constante e ati­va sobre os conceitos de saúde, o pro­pósito deste trabalho gira em torno de uma programação baseada na realidade local - sob o tríplice aspecto : físico, mental e social - condicionando estilos e modos de vida que favoreçam em maior grau a saúde e o bem-estar das pessoas, envolvendo nesses conceitos toda a população escolar.

1 . 1 . Objetivos

a) Aplicar métodos e princípios di­dáticos de enfermagem, dando mais des­taque à saúde que à doença.

b) preparar o estudante de enfer­magem para desenvolver suas ativida­des profissionais dentro da nossa reali­dade.

c) Proporcionar aos alunos de 1 .0 grau meios de aquisição de conhecimen­tos, hábitos e atitudes positivos em re­lação à saúde.

d) Divulgar noções básicas de saú­de para a população, através dO escolar.

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LOCATO. M.L. e Colaborad oras - Uma Experiência de Ensino em Escolas de Primeiro Grau de Alfenas. Rev. Bras. Enf.; DF, 34 : 327-332, 1981.

1 . 2 . Características da região

1 . 2 . 1 . Caracteres fisi()-·demográ­ficos e econômicos

Alfenas localiza-se no sul do Estado de Minas Gerais, distando 400 km de Belo Horizonte. Tem um clima seco, com temperatura variável, de 28° no verão e 20<> no inverno, com média anual de 22°; sua altitude é de 900 metros.

Pelo censo de 1980, a população foi estimada em 40.587 habitantes, sendo 33.700 na zona urbana e 6.887 na zona rural.

O município ocupa uma área de 702 km2, sendo a densidade pemográfica de 58 hab!km2•

Dentre as atividades econômicas, destacam-se a agricultura, com o cultivo de café, batata, laranja, arroz, feijão, milho. Na indústria, possui fábricas de tecidos, mantas, torrefação e moagem de café e laticínios.

1 . 2 . 2 . Setor cultural Al1'enas conta com escolas de 1.0,

2.° e 3.0 graus, sendo que a comunidade rural tem um total de 26 escolas pri­márias, das quais 19 são municipais e 7 estaduais.

Na comunidade urbana, existem 8 escolas de 1.0 grau, sendo 7 estaduais e 1 municipal.

Escolas de 2.° grau são apenas 3 na área urbana, 2 estaduais e 1 particular. Existe também um cursinho pré-vesti­bular.

Os cursos superiores são em núme­ro de 12, assim distribuídos : Farmácia, Bioquímica, Odontologia, Enfermagem (federais) ; pedagogia, Letras, Química,

; Engenharia Agrícola, Florestal, Medici­na Veterinária (fundação municipal) .

O grande número de escolas acar­reta uma sobrecarga para a cidade de aproximadamente 4.500 estudantes, o

, que onera o custo de vida para a po­pulação local.

1 . 2. . 3 . Religião

Dentre as várias existentes, predo­mina a católica, onde a igreja exerce acentuada influência sobre a população, realizando os religiosos programas edu­cativos e comunitários entre os jovens.

1 . 2 . 4 . Aspectos sanitários

A cidade tem desenvolvido muito, sendo saúde a meta principal do Pre­feito. O saneamento básico da região vem sendo ampliado em larga escala. O serviço de água é feito pela Compa­nhia de Saneamento de Agua de Minas Gerais (COPASA) , cuja rede se estende para maior e melhor atendimento à po­pulação. A coleta de lixo é feita ' diaria­mente; e em toda a periferia da cidade as ruas estão $endo asfaltadas.

1 . 2 . 5 . Agravos à saúde

Tabagismo, alcoolismo e dependên­cia de drogas, as mais variadas, grassam principalmente entre os estudantes.

Observam-se também doenças vené­reas, mais acen'tuadamente entre os jovens.

Doenças alérgicas, com repercussão sobre o aparelhO respiratório, aparecem em tempo .de seca e no inverno.

Hanseníase e tuberculose incidem na população urbana e rural.

Esporadicamente surgem surtos de hepatite, sarampo, coqueluche e bronco­pneumonia.

Eventualmente aparecem casos de tétano 'e meningite. Desnutrição, erros alimentares e gastroenterltes são co­muns entre menores de 3 anos.

Verminoses são bastante freqüentes em crianças 'e adultos.

Entre os escolares, observam-se constantemente: pediculose, escabiose, cárie dentária e falta de dentes, sendo que os adultos também apresentam pro­blemas dentários.

Nota-se a presença de excepcionais na região, com incidência regular, tal­vez devido ao costume de casamento entre consangüíneos de 1.0 grau.

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LOCATO, M.L. e Colaborad oras - Uma Experiência de Ensino em Escolas de Primeir o Grau de Alfenas. Rev. Bras. Enl.; DF, 34 : 327-332, 1981.

1 . 2 . 6 . Setor de saúde

A cidade con'ta com um hospital ge-­ral com 147 letios, hospital psiquiátrico com 150 leitos. Unidade Sanitária do Estado, onde a população recebe assis­tência pré-natal, vacinação básica, con� trole e tratamento de hanseníase e tu­berculose ; assistência à criança, visita domiciliária; assistência odontológica e exames de laboratório.

Existem ainda, em beneficio da po­pulações carente, clínica odoIl'tológica, laboratório de bioquimica e farmácia da Eszola de Farmácia e Odontologia (EFOA) , em convênio com a CEME, to­dos em atendimento gratuito.

A Pref,eitura Municipal mantém um Pronto Socorro com laboratório, 6 leitos para internação e ainda mantém uma Unidade Móvel para assistência à zona rural . Atua na parte da manhã com uma equipe de saúde : bioquímico, mé­dico, enfermeira, agente de saúde e alu­nos de enfermagem.

Nesta a'tuação são realizados exa­mes simples de laboratório, consulta médica e tratamenots ; é feita distribui­ção gratuita de medicamentos, de acor­do com a receita ; também vacinação, educação para a saúde e' encaminha­mentos.

A cidade conta com um total de 36 médicos, 18 enfermeiras, 60 dentistas, 26 farmacêuticos, 13 bioquímicos e 67 aten­dentes de enfermagem.

1 . 2 . 7 . Caracterização da clientela

A clientela é composta de um grupo de 130 alunos das 7.a e 8.& séries do Co­légio Municipal de Alfenas.

Faixa etária

Situa-.se 'entre 14 e 30 anos, assim distribuída : de 14 a 17 anos, 50 (46,5 % ) ; de 18 a 21 anos, 40 (39,1 % ) ; de 22 a 30 anos, 10 (9,7 % ) e de 26 anos e mais, 3 (2,4% ) .

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Sexo

Os do sexo masculino apresentam­se em maior número : 73 (71 % ) e os do feminino são 30 (29 % ) .

Estado civil

O número maior é de solteiros, com 99 (96,1 % ) , sendo que os casados são apenas 4 (3,8% ) .

Ocupação

Do total apresentado, 39 não traba­lham (37,8% ) ; 64 trabalham (62,1 % ) , nas mais variadas ocupações : pescador, tecelão, doméstica, 'tipógrafo, auxiliar de eszritório, polidor de peças de artesana­to, padeiro, balconista, motorista, faxi­neiro, atendente de enfermagem, me­cânico, mareineiro, açougueiro, comer­ciante, vendedor, lavrador, garçom, re­cepcionista, costureira, policial militar, telefonista, servente.

A maioria deles está basicamente deficiente em relação ao ano escolar. Esta heterogeneidade das classes, em re­lação à faixa etária e ao nível de co­nhecimento e maturidade, dificulta bas­tante o processo do ensino-aprendiza­gem.

Esses dados foram obtidos no início do estágio, através de apresentação pes­soal, com a finalidade de oferecer aos colegiais um treinamento de comunica­ção verbal.

2 . DESENVOLVIMENTO

2 . 1 . Planejamento do curso

O curso foi planejado com enfoque em aspectos de EducaçãO-Saúde, basea­do em experiências anteriores em outro. locais e levando-se em consideração as necessidades da área.

2 . 2 Programa

Foi elaborado conjun'tamente com alunas do 5.° períOdo de enfermagem, que após receberem. 36 horas de aulas

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LOCATO, M.L. e C olaboradoras - Uma Experiência de Ensino em Escolas de Primeiro Grau de Alfenas. Rev. Bras. Enf.; DF, 34 : 327-332, 1981.

teórico-práti�as, tiveram 36 horas de es­

tágio.

Durante esta atividade, as alunas

prepararam planos de aula, material

audio-visual e material para demons­

trações.

2 . 3 . Cronograma

Foi preparado com 2 aulas por se­

mana para cada classe, sendo que o co­

légio tem com esta matéria as seguin­

tes séries: 7.aA e 7.aB; 8.aA e 8.aB, to­

'talizando assim 8 aulas por semana

(Anexo 3) .

2 .4 . Resultados e comentários

Foram ministradas 8 aulas por se­

mana pelas estudan'tes de enfermagem,

acompanhadas pela professora de didá­

tica, que ficou responsável pelo progra­

ma o ano todo.

Houve troca semanal de estagiárias,

o que constitui fator de grande motiva­

ção entre os colegiais.

O número de alunos por classe os­

cilou em torno de 26, num total de 103. O curso teve a duração de 15 semanas,

de agosto a dezembro de 1980, com 30 estagiárias.

Aspectos da realização humana

através do trabalho, vivência familiar

e comunitária e satisfação das neces­

sidades básicas como fator de felicidade

foram largamente debatidos.

A educação alimentar foi bastante

discutida, tendo cada aluno elaborado

um cardápio de acordo com a sua rea­lidade, utilizando os recursos do meio.

Incentivou-se a formação da horta

doméstica e a criação de animais de pe­

queno porte, com vistas à melhoria da

alimentação.

Ressaltou-se p importância da eco­

nomia, incentivando-se a abertura de

cadernetas de poupança e controle na

aplicação do salário.

Economia doméstica mereceu des­

taque, sendo que os alunos tiveram que

elaborar um . quadro de orçamento fa-

miliar, que foi de difícil compreensão

da parte deles.

Procurou-se mostrar a importância

do saneamento básico, como meio de

proteger a saúde.

Salientou-se o valor da imunização,

apresentando-se também um esquema

de vacinação básica, que despertou

muito interesse, motivando alunos e fa­

miliares a procurarem a Unidade Sani­

tária.

Os escolares foram alertados para a

incidência das doenças mais comuns no

seu meio, sua prevenção e tratamento.

Despertaram grande interesse os te­

mas "Educação para o Amor" e o "Pro­

blema dos Tóxicos", apresentados em

filme fixo, motivando amplos debates,

gerais e particulares.

As aulas foram apresentadas de

maneira simples, objetiva, com esque­

mas, quadros e questionários para estu­

do em grupos.

Aulas práticas com demonstrações

nos próprios alunos, tais como socorros

de urgência e cuidados simples de en­

fermagem no lar e na escola, foram

bastante motivadoras.

Verificou-se que devido a dificulda­

des de compreensão, os colegiais foram

mais atraídos pelas apresentações com

slides, fitas gravadas e transparências

coloridas.

Salientou-se que saúde é um estado

global de bem-estar alcançado à custa

do esforço individual na manutenção da higiene, alimentação 'sadia, prática de esportes, lazer, enfim, na aquisição de

bons hábi'tos de vida.

Procurou-se alertar a população 'es­

:!olar para os problemas sanitários de

sua comunidade, destacando-se o prin­

cípio de que saúde é um direito de to­

dos, mas um dever de cada um.

2 . 5 . Dificuldades encontradas

Devido à grande heterogeneidade

das classes, pela falta de preparo ante-

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LOCATO, M.L. e Colaboradoras - Uma Experiência de Ensino em Escolas de Primeiro Grau de Alfenas. Rev. Bras. Enf.; DF, 34 : 327-332, 1981.

rior e também pela grande discrepân­

cia na faixa etária, o ensino tornou-se bastante difícil, precisando de multa motivação.

Suspensões :e expulsões dos alunos

considerados indisciplinados, também

geraram tensões ambientais que preju­

dicaram o proce6so de ensino-aprendi­

zagem.

As ausências e a evasao escolar,

com um índice de 46% no segundo se­

mestre, ainda contribuíram para o des­nivelamento dos grupos.

Devido à planta física do colégio,

que não dispõe de uma área para reu­

niões e nem conta COm Associação de País e Mestres, estas atividades de saú­

de não puderam atingir um maior nú­

mero de pessoas da comunidade onde a escola está inserida.

Também não existe área para bi­blioteca ; a sala de merenda é muito

pequena e os alunos tomam a sopa nO

corredor; o pátio não oferece condições

de segurança e nem conforto para os estudantes.

3. AV ALIAÇAO

Neste curso, foI introduzida a auto­aTaliação com ndta de conceito, em reu­

. nlões de grupo; prova escrita com con-

sulta e argüição oral com respostas aos

questionários já estudados.

Houve 65% de aprovações, que foI

a média em todas as matérias das 7.a e 8. a séries.

As estudantes de enfermagem fo­

ram avaliadas neste estágio pelo desem­

penho e interesse na montagem da pro­gramação, preparo de material pedagó­

gico, planos de aula, freqüência e meto­

dologia na apresentação das aulas, bem

como na capacidade de motivação dos participantes.

4 . CONCLUSõES

Deste exposto, concluímos que: - Apesar de ser uma das atividades

mais complexas, a saúde nas escolas

deve ser ensinada, porque não visa so­mente a dar informações, mas originar mudanças de comportamento.

- Além de melhorar as condições

sanitárias dos estudantes, ainda traz

vantagens econômicas, aumentando o

rendimento escolar e contribuindo para

o desenvolvimento do País.

- Esta experiência poderá ser uti­lizada pelas Escolas de Enfel'Illiagem em programas de saúde comunitária, com aproveitamento de mão-de-obra espe­

cializada .

B I B L I O G R A F I A

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Rev. Bras. Enf. DF. 31: 55-59, 1978.

4. LACORTE, M. L. e colaboradoras -Inovações no ensino de enfermagem da Escola Ana Néri : desenvolvimen­to de la unidade curricular " a crian­ça, a escola e eu". Rev. Bras. Enf., DF., 33: 33-55, 1980.

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