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EDUCAÇÃO, ETNOBOTÂNICA E PLANTAS MEDICINAIS: UM ESTUDO DE CASO NO CURSO TÉCNICO EM AGROECOLOGIA (INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA, CAMPUS CACOAL, RONDÔNIA, BRASIL) CUIABÁ/MT 2018 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO AMAZÔNAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E MATEMÁTICA REDE AMAZÔNICA DE EDUCAÇÃO

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EDUCAÇÃO, ETNOBOTÂNICA E PLANTAS MEDICINAIS:

UM ESTUDO DE CASO NO CURSO TÉCNICO EM AGROECOLOGIA

(INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA,

CAMPUS CACOAL, RONDÔNIA, BRASIL)

CUIABÁ/MT 2018

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO AMAZÔNAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E MATEMÁTICA

REDE AMAZÔNICA DE EDUCAÇÃO

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EDUCAÇÃO, ETNOBOTÂNICA E PLANTAS

MEDICINAIS: UM ESTUDO DE CASO NO CURSO TÉCNICO EM

AGROECOLOGIA (INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO,

CIÊNCIA E TECNOLOGIA, CAMPUS CACOAL, RONDÔNIA,

BRASIL)

Doutorando:

EDSLEI RODRIGUES DE ALMEIDA

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática da Rede Amazônica em Educação em Ciências e Matemática/REAMEC, como exigência para obtenção do título de Doutor em Educação em Ciências e Matemática.

Área de Concentração: Fundamentos e Metodologias para a Educação em Ciências e Matemática. Polo: Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT

Orientador:

PROF. DR. GERMANO GUARIM NETO Instituto de Biociências Departamento de Botânica e Ecologia Universidade Federal de Mato Grosso.

.

Cuiabá/MT 2018

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO AMAZÔNAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E MATEMÁTICA

REDE AMAZÔNICA DE EDUCAÇÃO

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Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.

Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a)

autor(a).

Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.

A447e Almeida, Edslei Rodrigues de.EDUCAÇÃO, ETNOBOTÂNICA E PLANTAS MEDICINAIS : UM

ESTUDO DE CASO NO CURSO TÉCNICO EM AGROECOLOGIA(INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA,CAMPUS CACOAL, RONDÔNIA, BRASIL) / Edslei Rodrigues de Almeida. --2018

152 f. : il. color. ; 30 cm.

Orientador: Prof. Dr. Germano Guarim Neto.Tese (doutorado) - Universidade Federal de Mato Grosso, Rede

Amazônica de Educação em Ciências e Matemática, Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática, Cuiabá, 2018.

Inclui bibliografia.

1. Ensino. 2. Etnobotânica. 3. Educação Profissional. 4. InstitutosFederais. I. Título.

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DEDICATÓRIA

Aos que me antecederam, aos contemporâneos e aos que virão!

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AGRADECIMENTOS

Aos professores, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia, do Campus Cacoal, por participarem da pesquisa, e contribuírem para o processo de reflexão que ora se apresenta na forma de tese;

Aos alunos, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia, do Campus Cacoal, do curso Técnico Integrado em Agroecologia, que participaram da pesquisa, saibam que vocês contribuíram para o meu aperfeiçoamento pessoal e profissional;

Ao professor doutor Germano Guarim Neto, por trilhar este caminho, que constitui o processo de orientação, sou grato pelos frutos do nosso trabalho e de outros que virão;

As professoras e professor, Ermelinda Maria De Lamonica Freire, Débora Eriléia Pedrotti Mansilla, Maria Saleti Ferraz Dias Ferreira, Edna Lopes Hardoim, Gladys Denise Wielevski e Waldir José Gaspar, que gentilmente aceitaram o convite para participar da banca de avaliação;

A professora Marta Maria Pontin Darsie, pelas palavras de incentivo e por sonhar e defender um programa importantíssimo como a REAMEC, mesmo sem todo o apoio que deveria ter, e assim, mudar o cenário educacional de uma região, de um País;

A professora Gladys Denise Wielevski, pelas palavras de carinho, e motivação nos momentos difíceis, e por se colocar à disposição para auxiliar-me;

Ao professor Áttico Chassot, exemplo de humanidade e despojamento das vaidades que vemos no meio acadêmico;

Aos colegas de doutorado, os reamequianos, Marcos Vinícius, Edward (Vavá), Marcelo, Márcio, Rogério, Antônio, Enio, Marcos Paulo, Hernani, Simone, Andréia, Sandra, Maranei, Ana Cláudia, Liliana, Celma, Thiélide, Elisângela, Gisele, pelos momentos de convivência nas disciplinas cursadas no polo UFMT;

Aos meus amigos Eduardo e Edmarcio, pela amizade e ajuda nos momentos difíceis desta jornada;

Aos colegas do Polo Pará, pela receptividade, quando da realização do Seminário I;

Aos colegas do Polo Manaus, pela acolhida, quando das disciplinas eletivas e Seminário II;

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática, da Rede de Educação em Ciências e Matemática/REAMEC, pelas aulas, e principalmente por compartilharem saberes conosco;

Aos colegas de trabalho do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia/Campus Cacoal, pelo apoio, pelos saberes compartilhados, pelas substituições, mas principalmente pela dedicação a educação no município de Cacoal e no Estado de Rondônia;

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia/PROPESP, que viabilizou os recursos para que cursássemos as disciplinas, os seminários, os eventos, os deslocamentos do orientando, orientador e membros da banca;

Aos meus tios, João e Rosa, por me receberem em seu lar, durante o processo de seleção da REAMEC;

Aos meus primos, Marcel e Daniela, por me levarem até a UFMT, durante a seleção da REAMEC;

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Ao meu pai, Pedro Rodrigues de Almeida (In memoriam), que do seu jeito e forma simples de ser, sempre me incentivou a continuar firme nos estudos;

A minha mãe, Olinda Rodrigues de Almeida, minha guerreira, que não mediu esforços para proporcionar o mínimo de dignidade aos seus filhos;

Aos meus irmãos, Adriana e Junio, pela fraternidade, carinho e constituírem parte da minha família;

Aos meus filhos, Esthevan e Nicollas, razão da minha existência, a partir de suas existências;

A minha esposa, Angella Ignara, pelo amor, carinho, dedicação, apoio, e principalmente, por suprir a ausência no meu lar, quando das exigências do doutorado;

Ao Grande Arquiteto do Universo, pela sabedoria, força, paciência, para continuar nos propósitos estabelecidos na minha curta existência nesta vida terrena.

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RESUMO

Este texto de tese de doutoramento analisa a utilização da etnobotânica como possibilidade de conexão entre a Educação Básica e Profissional, de um Curso Técnico Integrado em Agroecologia, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia/Campus Cacoal/IFRO. O texto apresenta um referencial histórico da educação profissional no Brasil, desde a sua implantação nos idos do século XX, além de apresentar um quadro teórico sobre o currículo integrado e sua articulação na educação profissional de nível médio, apresentando ainda, um estado do conhecimento sobre a temática abordada na pesquisa, na Região Norte do Brasil. O caminho metodológico percorrido nesta investigação, foi de cunho qualitativo, adotamos esta abordagem, pois entendemos que o “pesquisar” em educação se difere de outras áreas de interesse humano, uma vez que esta reconhece a subjetividade na busca pelo conhecimento, permitindo possíveis inferências sobre os saberes coletivo. Trazemos como embasamento investigativo, o Estudo de Caso, este é explorado em todas as suas vertentes e sua utilização na pesquisa educacional. As técnicas de coleta de dados, consistiu na análise de documentos sobre a educação profissional, projeto pedagógico de curso, resoluções que estabelecem as diretrizes desta modalidade na educação, as fontes de evidências foram as entrevistas realizadas com os professores e alunos que compõem o local de investigação, foram utilizados também alguns registros de campo, coletados durante as entrevistas. O texto apresenta também, uma articulação teórica sobre a transversalidade da etnobotânica e a educação ambiental, bem como as possibilidades de inserção desta, no ensino de ciências. Os dados revelaram que a comunidade docente e discente do IFRO/Campus Cacoal é detentora de uma gama de conhecimentos sobre plantas medicinais, e que estas podem e devem ser utilizadas como eixo de integração nas disciplinas do curso, porém, estes conhecimentos não são explorados no processo de ensino e aprendizagem. Por fim recomendamos que a etnobotânica seja inserida na matriz do curso, com base nos dados revelados na pesquisa, que evidenciaram a possibilidade desta na conexão entre a educação básica e profissional.

Palavras chave: Ensino; Etnobotânica; Educação Profissional; Institutos Federais.

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ABSTRACT

This doctorate thesis analyzes the use of ethnobotany as a connection between Basic and Professional Education, of an Integrated Technical Course in Agroecology, provide by Federal Institute of Education, Science and Technology of Rondônia/IFRO/Campus Cacoal (Instituto Federal de Rondônia/IFRO/). The text presents a historical reference of professional education in Brazil, since its implementation in the last century, besides presenting a theoretical framework on the integrated curriculum and its articulation in the professional education of high school level, also presenting, a state of the knowledge about the theme addressed in the research, in the North Region of Brazil. The methodological path covered in this research was qualitative, we adopted this idea, since we understand that "research" in education differs from other areas of human interest, since it recognizes subjectivity in the search for knowledge, allowing possible inferences about the collective knowing. We took out as an investigative basis, the Case Study, this is explored in all its aspects and its use in educational research. The data collection techniques consisted of the analysis of documents on professional education, pedagogical project of course, resolutions that establish the guidelines of this modality in education, the evidences source were the interviews carried out with the teachers and students that make up the place of research, some field records collected during the interviews were also used. The text also presents a theoretical articulation on the transversality of ethnobotany and environment education, as well as the possibilities of insertion of this in the teaching of sciences. The data revealed that IFRO/Campus Cacoal teaching and student community has a range of knowledge about medicinal plants, and that these should be used as a cross-over theme in the course subjects, but, this knowledge is not explored in the process of teaching and learning. Finally, we recommend that ethnobotany be inserted in the course curricular grade based on the data revealed in the research, which evidenced the possibility of this in the connection between basic and professional education.

Keywords: Teaching; Ethnobotany; Professional education; Federal Institutes.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Escola Esperidião Marques (A: Vista Frontal – B: Vista Lateral), localizada

na cidade de Cáceres/MT, criada em 1912, construída de 1913 a 1920......................24

Figura 2 – Da esquerda para a direita: Prof. Leonardo Mota, Prof. Edslei Rodrigues,

Diretor do Campus Juliano Cristhian, Prof.ª Ilma Fausto e Prof. Sérgio

Nunes.............................................................................................................. ...........25

Figura 3 – Escola de Aprendizes Artífices instalada por Nilo Peçanha......................29

Figura 4 – Esquema proposto para desvendar o saber local acumulado..................45

Figura 5 – Estrutura do estudo realizado, mostrando a interconexão entre a

concepção, estratégia de investigação e métodos de pesquisa..................................67

Figura 6 – Imagens do Campus Cacoal – A – Vista aérea antes da reforma e

ampliação/ B- Imagem aérea após a reforma e ampliação parcial..............................68

Figura 7 – Momentos de entrevistas com alguns alunos, nas dependências da sala

dos grupos de pesquisas............................................................................................71

Figura 8 – Interface do Transcribe/Plataforma online..................................................73

Figura 9 – Horto Medicinal do Campus Cacoal: etapas da implantação....................84

Figura 10 – Página 227 do Catálogo Nacional de Cursos – Técnico em

Agroecologia.............................................................................................................113

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Cronologia da Promulgação das Legislações que regulamentam (ram) a Educação Profissional no Brasil..................................................................................35 Quadro 2 – Exemplos de Disciplinas e Atividades que poderão ser Desenvolvidas, Tendo a Etnobotânica como Eixo Integrador...............................................................52 Quadro 3 – Número de Dissertações e Teses defendidas na Universidade Federal do Acre............................................................................................................................54 Quadro 4 – Número de Dissertações e Teses defendidas nas Universidades do Estado do Amapá....................................................................................................................55 Quadro 5 – Número de Dissertações e Teses defendidas nas Universidades do Estado do Amazonas..............................................................................................................56 Quadro 6 - Número de Dissertações e Teses defendidas nas Universidades do Estado do Pará.......................................................................................................................57 Quadro 7 - Número de Dissertações e Teses defendidas na Universidade Federal de Rondônia....................................................................................................................57 Quadro 8 - Número de Dissertações e Teses defendidas nas Universidades do Estado de Roraima.................................................................................................................58 Quadro 9 - Número de Dissertações e Teses defendidas na Universidade Federal do Tocantins....................................................................................................................58 Quadro 10 – Estado do conhecimento das Pesquisas em Etnoconhecimento na Região Norte...............................................................................................................60 Quadro 11 – Síntese dos Componentes do Processo de Investigação.......................70 Quadro 12 – Sinais Utilizados ao longo das Transcrições...........................................74 Quadro 13 – Etnoespécies citadas pelos entrevistados (nomes científicos e famílias botânicas)...................................................................................................................85 Quadro 14 – Análises comparativas sobre as perspectivas dos professores e alunos quanto as atividades envolvendo o etnoconhecimento sobre plantas medicinais...................................................................................................................92 Quadro 15 – Matriz Curricular do Curso Técnico Integrado em Agroecologia/IFRO/Campus Cacoal.........................................................................101 Quadro 16 – Descrições de algumas disciplinas, ementas e os objetivos a serem alcançados ...............................................................................................................103

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Quadro 17 – Sugestões de atividades integradoras para o Curso Técnico Integrado em Agroecologia.......................................................................................................106 Quadro 18 - Exemplo de Funções e Subfunções na área profissional de Construção Civil...........................................................................................................................111 Quadro 19 - Exemplo de Matriz de Referência, estabelecendo as competências, habilidades e bases tecnológicas no curso de Comunicação...................................112

Quadro 20 - Proposta de funções e subfunções na área de Produtor de Plantas Aromáticas e Medicinais...........................................................................................114

Quadro 21 - Exemplo de Matriz de Referência, estabelecendo as competências, habilidades e bases tecnológicas no curso Técnico em Agroecologia.............................................................................................................114

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Relação das Plantas citadas pelos Professores durante as entrevistas..................................................................................................................87 Tabela 2 - Relação das Plantas citadas pelos Alunos durante as entrevistas.............88

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABE - Associação Brasileira de Educação AMBIAL – Programa de Educação Ambiental e Alimentar

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CEB/CNE – Câmara de Educação Básica/Conselho Nacional de Educação

CEEJA – Centro Educacional de Jovens e Adultos

CEFET/AM – Centro Federal de Educação Tecnológica do Amazonas

CGE – Coordenação Geral de Ensino

CNE/CP – Conselho Nacional de Educação/Conselho Pleno

DOU – Diário Oficial da União

EAD – Educação a Distância

EJA – Educação de Jovens e Adultos

EPT – Educação Profissional e Tecnológica

GOT – Ginásios Orientadores para o Trabalho

HD – Hard Disk

IFRO – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia

IFs – Institutos Federais

INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação

PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais

PNPIC - Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares

PPC – Projeto Pedagógico de Curso

PPCs – Projeto Pedagógicos de Cursos

PREMEN – Programa de Expansão e Melhoria do Ensino

PROEN – Pró-Reitoria de Ensino

SEDUC/RO – Secretaria de Educação do Estado de Rondônia

SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SUS – Sistema Único de Saúde

UEA – Universidade Estadual do Amazonas

UEPA – Universidade Estadual do Pará

UERR – Universidade Estadual de Roraima

UFAC – Universidade Federal do Acre

UFAM – Universidade Federal do Amazonas

UFOPA – Universidade Federal do Oeste do Pará

UFPA – Universidade Federal do Pará

UFRA – Universidade Federal Rural do Pará

UFRR – Universidade Federal de Roraima

UFT – Universidade Federal do Tocantins

UNIFAP – Universidade Federal do Amapá

UNIR – Universidade Federal de Rondônia

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................ 10

LISTA DE QUADROS .............................................................................................. 11

LISTA DE TABELAS ............................................................................................... 13

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................... 14

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................ 17

1.1 Justificativa ............................................................................................... 18

1.2 Problematização........................................................................................ 22

1.3 Objetivos ................................................................................................... 23

1.3.1 Geral ............................................................................................................... 23

1.3.2 Específicos ...................................................................................................... 23

1.3.3 Tese ................................................................................................................ 23

1.4 A pesquisa e o pesquisador .................................................................. 23

1.5 A estrutura do texto ............................................................................... 26

CAPÍTULO 2 - CONTEXTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO

BRASIL ................................................................................................................... 28

2.1 A Reorganização da Rede Federal de Ensino: surgem os institutos federais

................................................................................................................................. 34

2.2 A Indissociabilidade entre a Educação Profissional e a Educação Básica ......................................................................................................................... 35

2.3 A Concepção de Currículo Integrado e a Formação Integral do Indivíduo .. 38

2.4 O Ensino de Ciências na Concepção de Currículo da Educação Profissional

de Nível Técnico ..................................................................................................... 40

CAPÍTULO 3 - A ETNOBOTÂNICA E SUAS POSSIBILIDADES ENQUANTO

METODOLOGIA DE ENSINO .................................................................................. 43

3.1 As Etnociências e sua Importância na Relação Ensino-Aprendizagem ....... 43

3.2 O papel da Etnobotânica na Relação de Ensino-Aprendizagem: caminhos a percorrer ..................................................................................... 48

3.3 As plantas Medicinais e seu Papel Fundamental e Condutor de Novas

Perspectivas Educacionais ................................................................................... 50

3.4 Estado do Conhecimento em Etnobotânica e suas Relações com o Ensino de Biologia na Educação Básica: a produção teórica na região norte do Brasil. ......................................................................................................... 53

3.4.1 Descrição dos Estados, Instituições, Programas de Pós-graduação, Número de Dissertações e Teses Pesquisadas .......................................................................... 54

CAPÍTULO 4 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................ 62

4.1 Concepções Filosóficas e Análise da Investigação Qualitativa em Educação ......................................................................................................... 63

4.2 Técnica de coleta de dados utilizados no estudo de caso ..................... 65

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4.3 Local da Pesquisa ..................................................................................... 68

4.4 Sujeitos da Nossa Investigação ...................................................................... 69

4.4.1 A voz dos sujeitos alunos ................................................................................ 70

4.4.2 A voz dos sujeitos professores ........................................................................ 72

4.5 Ouvindo e Interpretando as Vozes (Análise e tratamento dos Dados) ... 72

CAPÍTULO 5 – RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................... 77

5.1 Perfil dos Entrevistados ........................................................................... 78

5.2 O conhecimento Etnobotânico dos Professores e Alunos ........................... 79

5.3 Atividades Didáticos-Pedagógicas Mencionadas pelos Professores e Alunos ............................................................................................................. 80

5.4 Descrição Etnobotânica das Plantas Citadas ................................................ 83

5.5 Perspectivas e Dificuldades dos Alunos e Professores sobre a Realização

de Atividades Envolvendo os Etnoconhecimentos sobre Plantas Medicinais .. 91

5.5.1 Dificuldades dos docentes em relacionarem a sua área de conhecimento com os núcleos profissional e básico ............................................................................... 94

5.5.2 Dificuldades dos alunos em relacionarem os conhecimentos tradicionais com os exigidos nas disciplinas do curso ........................................................................ 96

CAPÍTULO 6 – POSSÍVEIS CAMINHOS ................................................................. 98

6.1 A transversalidade da Etnobotânica no Ensino de Biologia ......................... 98

6.2 A transversalidade da Etnobotânica no Curso de Agroecologia ................ 100

6.3 Referenciais Curriculares Nacionais da Educação Profissional de Nível Técnico e a inserção da etnobotânica no currículo .................................... 110

CONSIDERAÇÕES ............................................................................................... 116

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 119

APÊNDICES .......................................................................................................... 128

ANEXOS ................................................................................................................ 146

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17

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

“O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele”.

(Immanuel Kant, 1724-1804)

___________________________________________________________________ Este trabalho de doutoramento traz como campo de pesquisa a

etnobotânica como possibilidade de conexão entre a Educação Básica e Profissional,

de um Curso Técnico Integrado em Agroecologia.

Sabemos que o ensino de Ciências é marcado por intensas discussões,

reformulações, questionamentos, que sempre acabam resultando em novas

proposições, cuja finalidade principal é, torná-lo mais interessante, aproximá-lo do

cotidiano dos escolares, ou seja, fazer com que este seja acessível aos alunos, em

especial os que estão no ensino fundamental II e no Ensino Médio da Educação

Básica.

No entanto, para que isto aconteça, fazem-se necessárias algumas

medidas tanto por parte da Instituição quanto dos professores que nela atuam, seja

por meio da Formação Continuada, Projetos Pedagógicos de Cursos/PPCs,

Currículos, e outras questões que norteiam as mudanças no Ensino das Ciências.

Quando se trata do ensino tecnológico, seja no âmbito superior ou da educação

básica, os problemas se acentuam, mas de maneira geral, o objetivo gira em torno de

aproximar o currículo teórico do currículo real (currículo pensado e currículo

praticado).

Com a publicação da Lei 11.892, em 29/12/2008, cria no âmbito do

Ministério da Educação, um novo modelo de instituição de educação profissional e

tecnológica, os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, estes foram

estruturados a partir do potencial instalado nos CEFETs (Centros Federais de

Educação Tecnológica), Escolas Técnicas e Agrotécnicas Federais e Escolas

vinculadas às Universidades Federais, gerando e fortalecendo condições estruturais

necessárias ao desenvolvimento educacional e socioeconômico brasileiro (JURACY

et al. 2009).

Os Institutos Federais/IFs, passaram a atuar em todos os níveis e

modalidades da educação profissional, exigindo destes, um compromisso com o

desenvolvimento integral do cidadão trabalhador, devendo articular, em experiência

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institucional inovadora, todos os princípios fundamentais do Plano de

Desenvolvimento da Educação/PDE (JURACY et al., 2009). Desta forma, visando o

cumprimento da missão para que foram criados, existe uma preocupação ao se

elaborar os PPCs, principalmente, no que concerne as diretrizes que norteiam a

integração entre o ensino médio e os cursos técnicos de nível médio.

Nessa perspectiva, e inseridos num lócus onde é ofertada esta modalidade

de ensino, preocupado com as indagações que permeiam a elaboração das matrizes

curriculares que serão contempladas nos PPCs dos cursos integrados ao ensino

médio, ofertado pelos Institutos Federais, apresentamos o presente estudo, como

contribuição em mostrar a possibilidade de integração entre a educação profissional

e a educação básica, entendendo que é imprescindível inserir nos projetos

pedagógicos, a relação entre ciência, cultura e trabalho, conforme estabelecidos nas

políticas pedagógicas.

1.1 Justificativa

A Educação Profissional e Tecnológica, nos termos da Lei nº 9.394/96, a

Lei de Diretrizes e Bases da Educação/LDB, alterada pela Lei nº 11.741/2008, abrange

os cursos de (BRASIL, 2008):

I - formação inicial e continuada ou qualificação profissional;

II - Educação Profissional Técnica de Nível Médio;

III - Educação Profissional Tecnológica, de graduação e de pós-graduação.

A Educação Profissional Técnica de Nível Médio é desenvolvida nas formas

articulada e subsequente ao Ensino Médio, podendo a primeira ser integrada ou

concomitante a essa etapa da Educação Básica (BRASIL, 2008).

Com a promulgação do Decreto 5154/2004, foi instituída a modalidade de

Ensino Médio Integrado à Educação Profissional, uma das mudanças ocorridas com

o advento dos IFs, já que este decreto revogou o de número 2208/1997, que

estabelecia que a educação profissional tivesse um currículo próprio separado do

Ensino Médio.

O Ensino Médio integrado é uma alternativa de organização curricular

surgida a partir da promulgação do Decreto 5154/2004 que instituiu a modalidade de

Ensino Médio Integrado à Educação Profissional. Tal modalidade havia sido vetada

pelo Decreto 2208/1997, o qual estabelecia que a educação profissional tivesse um

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currículo próprio separado do Ensino Médio, formação meramente tecnicista, com

objetivo único de atender o mercado de trabalho.

No ano de 2012, o Ministério da Educação publicou no Diário Oficial da

União/DOU, em 21 de setembro, a Resolução 06, que define as Diretrizes Curriculares

Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio, de acordo com esta,

em seu capítulo II – Dos princípios norteadores, estabelece em seus itens, IV, VII e

VIII:

IV - articulação da Educação Básica com a Educação Profissional1 e

Tecnológica, na perspectiva da integração entre saberes específicos2 para a

produção do conhecimento e a intervenção social, assumindo a pesquisa como

princípio pedagógico;

VII - interdisciplinaridade3 assegurada no currículo4 e na prática

pedagógica, visando à superação da fragmentação de conhecimentos5 e de

segmentação da organização curricular;

VIII - contextualização, flexibilidade e interdisciplinaridade na utilização de

estratégias educacionais6 favoráveis à compreensão de significados7 e à

integração entre a teoria e a vivência da prática profissional, envolvendo as múltiplas

dimensões do eixo tecnológico do curso8 e das ciências e tecnologias a ele

vinculadas (BRASIL, 2012, p. 3).

Sendo assim, cabe a cada instituição criar os mecanismos junto com o seu

corpo técnico e docente, para que estes princípios sejam alcançados e a educação

profissional seja efetivada, e os objetivos destas alcançados.

Sair da educação mecanicista, conforme o decreto 2208/1997, passando

pelo Decreto 5154/2004 e atualmente Resolução 06/2012, para uma formação do

indivíduo para o mundo do trabalho, por meio de uma formação integrada, entre a

educação básica e a educação profissional, é o almejado e defendido por vários

autores ao longo das últimas décadas.

1 Grifo nosso 2 Grifo nosso 3 Grifo nosso; 4 Grifo nosso; 5 Grifo nosso; 6 Grifo nosso; 7 Grifo nosso; 8 Grifo nosso.

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Destarte, dentre as várias finalidades dos IFs, estabelecidas na Lei 11.892,

de 29/12/2008 (JURACY et al., 2009), uma se refere a atuação em favor do

desenvolvimento local e regional, dentro de uma perspectiva de construção da

cidadania. Mas, para que isso ocorra, faz-se necessário o diálogo entre os campi com

a realidade local e regional, buscando a compreensão de seus aspectos essenciais,

um destes e de suma importância, é a do pertencimento territorial.

Para Pacheco (2010, p. 10):

Diante dessas novas perspectivas para a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, torna-se absolutamente importante definirmos claramente o protagonismo daqueles que fazem educação em cada instituição de ensino e da sociedade como um todo. Os índices de sucesso escolar ou acadêmico, a valorização dos educadores da Rede, o conceito de educação que não se limita à ação escolar, mas envolve a comunidade, demonstram o vigor da mesma.

Imersos neste diálogo estão os professores, que talvez por uma

problemática de formação inicial9, a formação na área do ensino em ciência e

tecnologia, atuação recente na educação profissional, não aproveitam este espaço

singular, com possibilidades para compreensão das relações sociais, principalmente,

a formação cultural, oportunidade para se conhecer e conhecer o outro.

Nesse sentido, Corrêa (2012, p. 129) diz:

A compreensão da importância das relações sociais e materiais na escola para o processo de produção da existência humana de professores, de alunos, enfim, de todos aqueles que fazem parte de seu coletivo, representa uma das questões de grande relevância, especialmente quando se busca um melhor entendimento do processo educativo que se desenvolve na escola. Por essa razão, há necessidade de uma melhor compreensão desses processos sociais – que são por si mesmos educativos e culturais -, uma vez que neles reside a principal dimensão educativa da educação escolar.

Para atingirmos, as diretrizes curriculares que norteiam a educação

profissional e os objetivos preconizados na criação dos IFs, as relações sociais não

podem ser restringidas a visão tradicional da educação. Nas escolas tradicionais, o

professor exerce o papel de transmissor de informações, tornando-se o centro das

relações entre o conhecimento e o aluno. Sua função é transmitir verdades já prontas,

validadas pela sociedade e transmitidas às novas gerações (MORETTO, 2011).

9 Nos referimos a formação específica para atuação na Educação Profissional e Tecnológica, os

professores que passaram a atuar nos IFs, em sua maioria, são oriundos das escolas de ensino regular, e vão se constituindo professores da EPT, a partir da atuação e da formação continuada, ofertada nos Institutos Federais.

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Portanto, toda forma de investigação que visa contribuir com a busca deste

pensamento, ao nosso entendimento, é justificada, uma vez que esta auxiliará no

processo reflexivo da atuação docente, e no como fazer em sala de aula, pois estes

serão os protagonistas desta ação na escola.

Nesse sentido, apresentar a etnobotânica como possibilidade de

integração entre a educação profissional e a educação básica, com intuito de

promover a integração, é uma proposta de contribuição, como forma de romper com

a dualidade histórica que marca a educação profissional e a educação básica10.

Conforme Oliveira et al. (2009), a etnobotânica tem sido definida como “o

estudo das inter-relações diretas entre seres humanos e plantas”. Os autores afirmam

ainda que, “atualmente, esta disciplina abrange o estudo das inter-relações das

sociedades humanas com a natureza” (OLIVEIRA et al., 2009).

A etnobotânica permite ao docente estabelecer conexões com diversas

áreas do conhecimento, mediante o seu caráter interdisciplinar. Observação esta

encontrada em Pasa (2011), quando esta aponta que, a “etnobotânica desponta como

o campo interdisciplinar que compreende o estudo e a interpretação do conhecimento,

da significação cultural, do manejo e dos usos tradicionais dos elementos da flora”

(PASA, 2011).

A referida pesquisa justifica-se ainda, por seu caráter inédito, considerando

o estudo realizado por Almeida et al. (2017), sobre dissertações e teses defendidas

em Universidades Estaduais e Federais da Região Norte, realizado no ano de 2016,

constatando que os trabalhos encontrados e que envolvem a etnobotânica, estão

relacionados a descrição do etnoconhecimento e suas utilizações.

Os estudos relacionados a etnobotânica, no geral, tem como objetivo

principal, verificar o conhecimento de comunidades tradicionais sobre o uso de plantas

medicinais e como se dá esta relação. “A etnobotânica é um campo científico que

estuda as inter-relações estabelecidas entre o ser humano e as plantas através do

tempo e em diferentes ambientes”. (GUARIM NETO e MACIEL, 2008).

Destacamos ainda a pesquisa intitulada: O Estado da Arte das Pesquisas

em História da Educação Profissional e Tecnológica – a produção discente nos

programas de Pós-Graduação em Educação na Região Sul do Brasil, realizada por

10 No capítulo II deste relatório faremos uma discussão mais aprofundada sobre esta dualidade.

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Meira e Cremonese (2014), esta teve como objetivo, dar visibilidade à produção em

História da Educação Profissional e Tecnológica no sul do Brasil, nesta assim como

na anterior, não foram encontradas dissertações e teses com a abordagem que

envolvesse a etnobotânica na integração da educação básica e profissional.

Porém, encontramos diversos autores que investigam a etnobotânica e

suas potencialidades, quando aplicada diretamente no processo de ensino e

aprendizagem, dentre estes pesquisadores, destacamos: Guarim Neto e Carniello

(2007), Costa (2008), Silveira e Farias (2009), Carvalho e Bergamasco (2010), Guarim

Neto e Carvalho (2011); Lins et al. (2009), Siqueira et al. (2011), Pasa (2011), Tréz

(2011), Vinholi Júnior e Vargas (2015).

Desta forma entendemos que, a etnobotânica apresenta uma característica

essencial e muito discutida no âmbito da educação formal, seja ela secundária ou

superior, que é a interdisciplinaridade. Destacamos ainda, as possibilidades que esta

apresenta de integração entre os saberes específicos e saberes tradicionais. Portanto,

mediante o que foi constatado, somos convictos da importância de realizar uma

pesquisa sobre a etnobotânica e a integração entre a educação profissional e a

educação básica.

1.2 Problematização

Diante do exposto anteriormente, procuraremos responder o seguinte

questionamento:

“Como as relações entre o etnoconhecimento e o conhecimento científico

são abordadas em disciplinas que envolvem a etnobotânica no Curso Técnico em

Agroecologia, do Instituto Federal de Rondônia/Campus Cacoal?”

As questões norteadoras que permearam a problemática do tema

estudado, foram: A comunidade docente e discente do IFRO é detentora de algum

etnoconhecimento sobre plantas medicinais?; A comunidade conhece o caráter

técnico científico destes saberes?; Estes conhecimentos uma vez sistematizado

poderão ser utilizados pelos professores, para elaboração de planos de aula, que

auxiliem na compreensão de conhecimentos científicos necessários em outras

áreas?; Os professores, independentes da área de conhecimento, apesar de estarem

inseridos num locus onde o etnoconhecimento tem caráter cultural, não observam

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ainda a importância do etnoconhecimento na sua atuação profissional?

1.3 Objetivos

1.3.1 Geral Investigar o etnoconhecimento, especialmente os etnobotânicos, de alunos

e professores da educação profissional integrada ao ensino médio do Instituto Federal

de Rondônia/Campus Cacoal, visando utilizar a etnobotânica como possibilidade e/ou

necessidade de conectividade entre as disciplinas dos núcleos básico e profissional.

1.3.2 Específicos

➢ Descrever o conhecimento etnobotânico de alunos das três séries (1º, 2º e 3º)

e de todos os professores que atuam no Curso Técnico em Agroecologia

Integrado;

➢ Verificar dentre os vegetais citados quais e quantos são usados com finalidades

medicinais, confrontando os dados obtidos com dados da literatura;

➢ Identificar as principais estratégias educacionais de sucesso e insucesso

presentes nas atividades didático-pedagógicas desenvolvidas pelos

professores;

➢ Apontar a necessidade de inserção do estudo sobre o etnoconhecimento no

projeto pedagógico do curso Técnico em Agroecologia Integrado.

1.3.3 Tese

A Etnobotânica pelas suas características de abordagens, ao considerar

todos os valores culturais, pode ser utilizada como eixo integrador entre o núcleo

básico e o núcleo profissional no currículo integrado desenvolvido no curso Técnico

em Agroecologia.

1.4 A pesquisa e o pesquisador Variadas são as razões que me motivaram a estudar esses sujeitos de

pesquisa, mas a principal, deve-se ao fato da relação que estabeleci ao longo desses

anos que faço parte do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de

Rondônia, doravante tratado neste estudo por sua sigla, IFRO. A minha vivência até a

presente data no IFRO, seja como professor e/ou, coordenador geral e/ou, diretor de

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ensino e/ou, pesquisador, e ultimamente apenas como professor/pesquisador, é

marcada por algumas incertezas, mas, principalmente à que tange o ensino e

aprendizagem na formação técnica.

A nossa trajetória docente, teve início nos idos do ano de 2001, na cidade

de Cáceres, no Estado do Mato Grosso, na Escola Esperidião Marques (Figura 1),

onde fui contratado como professor interino, para lecionar as disciplinas de ciências e

ensino religioso, no ensino fundamental, de 5ª a 8ª série, na educação de jovens e

adultos/EJA, experiência marcante que definiu o meu encontro com a docência e me

fez deixar uma profissão que já exercia há doze (12) anos.

Figura 1 – Escola Esperidião Marques (A: Vista Frontal – B: Vista Lateral), localizada na cidade de Cáceres/MT, criada em 1912, construída de 1913 a 1920.

Fonte: Arquivo Pessoal (2015).

No ano seguinte, me mudei para o estado de Rondônia, para a cidade de

Primavera de Rondônia, onde atuei como professor contratado, na educação básica,

por dois anos. Em 2004, passei no Concurso Público da Secretaria de Educação do

Estado de Rondônia/SEDUC/RO, na cidade de Cacoal, onde permaneceria até o ano

de 2010, sendo que, de 2006 a 2010, atuei na graduação de Biologia, em uma

Faculdade Privada deste município.

No ano de 2008, prestei um concurso para o Centro Federal de Educação

Tecnológica do Amazonas/CEFET/AM, unidade de Ji-Paraná/RO, este se tornou

Instituto Federal no ano de 2009, em 2010 fui nomeado e lotado no então Campus

Avançado Cacoal.

A B

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O Campus Cacoal, foi criado como Núcleo Avançado em 2009, em

fevereiro de 2010, passou a Campus Avançado, e finalmente ganhou status de

campus em 2012, no entanto, já realizava todas as ações de campus no ano de 2010.

A nossa estreita ligação com o campus, deve-se em muito pelo fato de ter

sido o primeiro servidor a tomar posse nesta unidade, uma vez que o Diretor pertencia

ao Campus Ji-Paraná, por sermos um campus avançado. Tomei posse em 26 de abril

de 2010, e entrei em efetivo exercício no dia 27 de abril de 2010, posteriormente

entraram em exercício mais três professores11 (Figura 2).

Figura 2 – Da esquerda para a direita: Prof. Leonardo Mota, Prof. Edslei Rodrigues, Diretor do Campus Juliano Cristhian, Prof.ª Ilma Fausto e Prof. Sérgio Nunes

Fonte: Acervo do autor (2010).

Em junho de 2010, assumi a Coordenação Geral de Ensino (CGE), função

criada para atender as necessidades de um Campus Avançado, nesta, atendia a três

Pró-Reitorias, a de Ensino, Pesquisa e Extensão. Foi de incumbência destes 04

(quatro) professores a elaboração do projeto pedagógico de curso (PPC), do primeiro

curso que foi implantado em agosto de 2010, o Técnico em Agropecuária

Subsequente, a pedido da Reitoria e sob ordem de serviço da Direção Geral.

11 Os professores que aparecem na foto, foram consultados previamente e autorizaram o uso

da imagem por correio eletrônico.

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Posteriormente, novembro de 2010, fomos incumbidos da elaboração do

PPC, do primeiro curso integrado, o Técnico em Agroecologia (Anexo 1), começando

então o nosso envolvimento com o caso do nosso estudo, como éramos em quatro

professores e o Diretor, sendo: um matemático, um biólogo, uma analista de sistema,

um letrólogo e um administrador, solicitamos auxílio de profissionais de outros campi,

obtendo ajuda de um Mestre em Desenvolvimento Rural, que nos auxiliou na

construção das ementas do núcleo profissional, prezando principalmente para que a

Agroecologia estivesse no projeto, não como uma nova forma de fazer agricultura,

mas sim como uma nova ordem para o desenvolvimento rural, por meio de

ferramentas que empoderassem o agricultor e que mostrassem as alternativas às

crises ambientais, sociais e tecnológicas, que a agricultura convencional promoveu.

Em fevereiro de 2011, tiveram início as aulas do Curso Técnico em

Agroecologia Integrado, no entanto, iniciamos com algumas dificuldades, tais como:

falta de professores do núcleo básico e profissional, espaço físico, internet,

referenciais bibliográficos, mobiliário, dificuldades que foram sendo sanadas ao longo

do ano, como já havíamos realizado concurso para provimento de vagas, a ausências

destes, foi resolvida com a nomeação e lotação destes no Campus Cacoal. Como já

era esperado, o olhar dos novos profissionais sobre o PPC, gerou críticas e pedidos

de mudanças no mesmo.

Desta forma foi solicitada a reformulação do PPC à Pró-reitora de

Ensino/PROEN, que aconteceu no final de 2013, iniciando o ano de 2014 com um

novo projeto pedagógico, no entanto as alterações ocorreram somente no Núcleo

Básico, permanecendo nas disciplinas do Núcleo Profissional, as bases

epistemológicas da Agroecologia, mantendo a formação mais integral, que considera

os aspectos sociais, culturais, políticos, ambientais e econômicos, primando

principalmente pela qualidade de vida da comunidade em geral.

1.5 A estrutura do texto

O texto final está estruturado, de forma que os leitores sejam inseridos no

ambiente da pesquisa, nas reflexões do autor, nas abordagens sobre o ensino de

Ciências, na reestruturação dos Institutos Federais, no percurso metodológico, nas

revelações da pesquisa, nas perspectivas e sugestões para novos estudos.

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No capítulo 1, constitui a nossa introdução, permeada com os elementos

de um texto científico, sendo eles: a justificativa, a problematização, as questões

norteadoras, os objetivos, a nossa tese, discorremos também, sobre o nosso

envolvimento com a pesquisa, proporcionando aos leitores a percepção do

envolvimento com o “Caso” do nosso estudo.

No capítulo 2, trazemos a Reorganização da Rede Federal de Educação

Profissional e Tecnológica/EPT, os principais referenciais e legislações da Educação

Profissional, bem como a fundamentação teórica sobre currículo integrado.

No capítulo 3, discorremos sobre a Etnobotânica como metodologia de

ensino, por meio de um panorama de sua aplicação como um eixo integrador no

ensino de ciências e outros componentes curriculares que são ofertados na educação

profissional de nível médio, apresentamos ainda, um estado do conhecimento12 sobre

os estudos relacionados à etnobotânica na região Norte do Brasil.

No capítulo 4, discorremos sobre os procedimentos metodológicos que

nortearam a nossa investigação. Trazemos o estudo de caso como método da

pesquisa, evidenciamos o papel dos indivíduos da nossa pesquisa, como foram

selecionados, a coleta de dados e análises, bem como os instrumentos e arcabouço

teórico, os quais nos ancoramos.

No capítulo 5, a voz dos indivíduos participantes aliados ao referencial

teórico se apresentam, conforme estabelecemos nas nossas questões norteadoras e

objetivos metodológicos.

No capítulo 6, apontamos possíveis caminhos quanto a transversalidade

da etnobotânica no ensino de biologia e no curso de agroecologia.

Nas Considerações, nos revelamos como pesquisador, tecemos nossas

conclusões com base nos nossos resultados, falamos o que vimos, o que sentimos,

bem como apresentamos as nossas prospecções futuras.

12 Optamos por estado do conhecimento e não estado da arte, devido a abrangência deste.

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CAPÍTULO 2 - CONTEXTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL

“Nosso objetivo central não é formar um profissional para o mercado, mas sim um cidadão para o mundo do trabalho, o qual poderia ser tanto técnico,

como um filósofo, um escritor ou tudo isto” (Eliezer Pacheco, 2010)

___________________________________________________________________

A educação profissional do Brasil tem suas origens, a partir do século XIX,

em 1809, com a promulgação de um decreto do Príncipe Regente, futuro D. João VI,

criando o Colégio das Fábricas (BRASIL, 1999).

De acordo com Cunha (2005), a transferência da sede do reino português

para o Rio de Janeiro, em 1808, deu ao Brasil status de nação soberana, extinguindo-

se as trocas econômicas que caracterizavam as relações Metrópole-Colônia. Com

isso, iniciou-se o processo de formação do Estado nacional gerando, em seu bojo, o

aparelho educacional escolar, que persistiu durante um século e meio, basicamente

com a mesma estrutura (CUNHA, 2005).

Em 1816, era proposta a criação de uma Escola de Belas Artes, com o

propósito de articular o ensino das ciências e do desenho para os ofícios mecânicos,

em 1861, foi organizado, por Decreto Real, o Instituto Comercial do Rio de Janeiro, os

diplomados tinham preferência no preenchimento de cargos públicos das Secretarias

de Estado (BRASIL, 1999).

A partir da década de 40 do século XIX, foram construídas dez Casas de

Educando e Artífices em capitais de província, sendo a primeira delas em Belém do

Pará, com o propósito de atender prioritariamente aos menores abandonados, sendo

o principal objetivo “a diminuição da criminalidade e da vagabundagem”.

A formação profissional no Brasil registra apenas decisões circunstanciais

e destinadas: “amparar os órfãos e os demais desvalidos da sorte”, assumindo um

caráter assistencialista que tem marcado toda sua história (BRASIL, 1999).

No século XIX, foram criadas várias sociedades civis destinadas a “amparar

crianças órfãs e abandonadas”, oferecendo-lhes instrução teórica e prática, e

iniciando-as no ensino industrial. As mais importantes delas foram os Liceus de Artes

e Ofícios, entre os quais, os do Rio de Janeiro {1858}, Salvador {1872}, Recife {1880},

São Paulo {1882}, Maceió {1884} e Ouro Preto {1886} (BRASIL, 1999).

No início do século XX, o ensino profissional continuou mantendo,

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basicamente, o mesmo traço assistencial do período anterior. O de um ensino voltado

para os menos favorecidos socialmente, para os “órfãos e desvalidos da sorte”.

A novidade fora o início de um esforço público da organização da formação

profissional, migrando da preocupação principal com o atendimento de menores

abandonados, para outra, considerada igualmente relevante: a de preparar operários

para o exercício profissional (BRASIL, 1999).

Em 1906, o ensino profissional passou a ser atribuição do Ministério da

Agricultura, Indústria e Comércio, consolidando então, uma política de incentivo ao

desenvolvimento do ensino industrial, comercial e agrícola.

Em 1909, o Presidente Nilo Peçanha (Anexo 2), instalou dezenove (19)

Escolas de Aprendizes Artífices, destinadas “aos pobres e humildes”, distribuídas em

várias unidades da Federação (Figura 3).

Figura 3: Escola de Aprendizes Artífices instalada por Nilo Peçanha

Fonte: Instituto Federal Fluminense

Eram escolas similares aos Liceus de Artes e Ofícios, voltadas basicamente

para o ensino industrial, mas custeadas pelo próprio Estado. No mesmo ano foi

reorganizado também, o ensino agrícola no País, objetivando formar “chefes de

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cultura, administradores e capatazes” (BRASIL, 1999).

Nessa mesma década, foram instaladas várias escolas oficinas destinadas

à formação profissional de ferroviários. Essas escolas desempenharam importante

papel na história da educação profissional brasileira. Foram os embriões da

organização do ensino profissional técnico na década seguinte.

Na década de 20, a Câmara dos Deputados promoveu uma série de

debates sobre a expansão do ensino profissional, propondo a sua extensão a todos,

pobres e ricos, e não apenas aos “desafortunados”. Houve também, a criação de uma

comissão especial, denominada Serviço de Remodelagem do Ensino Profissional

Técnico, cujo trabalho, foi concluído na década de 30, época da criação dos

Ministérios da Educação e Saúde Pública e do Trabalho, Indústria e Comércio

(BRASIL, 1999).

Nesta mesma década, um grupo de educadores brasileiros imbuídos de

ideias inovadoras em matéria de educação criava, em 1924, na cidade do Rio de

Janeiro, a Associação Brasileira de Educação (ABE), que acabou se tornando

importante polo irradiador do movimento renovador da educação brasileira,

principalmente por meio das Conferências Nacionais de Educação, realizadas a partir

de 1927(BRASIL, 1999).

Em 1931, foi criado o Conselho Nacional de Educação e, nesse mesmo

ano, foi efetivada uma reforma educacional, conhecida pelo nome do ministro

Francisco Campos e que prevaleceu até 1942, ano em que começou a ser aprovado

o conjunto das chamadas Leis Orgânicas do Ensino, mais conhecidas como Reforma

Capanema (BRASIL, 1999).

Dentre os destaques da reforma Francisco Campos, no que tange a

Educação Profissional, destacamos: os Decretos Federais nº 19.890/31 e 21.241/32,

que regulamentaram a organização do ensino secundário e o Decreto Federal nº

20.158/31, que organizou o ensino profissional comercial e regulamentou a profissão

de contador. A importância deste último deve-se ao fato de ser o primeiro instrumento

legal a estruturar cursos já incluindo a ideia de itinerários de profissionalização

(BRASIL, 1999).

Em 1932 foi lançado o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova,

buscando diagnosticar e sugerir rumos às políticas públicas em matéria de educação.

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Preconizava a organização de uma escola democrática, que proporcionasse as

mesmas oportunidades para todos e que, sobre a base de uma cultura geral comum,

de forma flexível, possibilitasse especializações “para as atividades de preferência

intelectual (humanidades e ciências) ou de preponderância manual e mecânica

(cursos de caráter técnico)”, fizeram parte da construção deste documento, nomes,

tais como: Antônio Sampaio Dória, Anísio Teixeira, Cecília Meireles, Manoel Lourenço

Filho, Paschoal Lemme, dentre outros (BRASIL, 1999).

Ainda em 1932, realizou-se a V Conferência Nacional de Educação, cujos

resultados refletiram na Assembleia Nacional Constituinte de 1933. A Constituição de

1934 inaugurou objetivamente uma nova política nacional de educação, ao

estabelecer como competências da União “traçar Diretrizes da Educação Nacional” e

“fixar o Plano Nacional de Educação” (BRASIL, 1999).

Com a Constituição outorgada de 1937, muito do que fora definido em

matéria de educação em 1934 foi abandonado. Entretanto, pela primeira vez, uma

Constituição tratou das “escolas vocacionais e pré-vocacionais”, como um “dever do

Estado” para com as “classes menos favorecidas” (BRASIL, 1999).

A obrigação do Estado deveria ser cumprida com “a colaboração das

indústrias e dos sindicatos econômicos”, as chamadas “classes produtoras”, deveriam

“criar, na esfera de sua especialidade, escolas de aprendizes, destinadas aos filhos

de seus operários ou de seus associados”, decorrente da demanda do processo de

industrialização desencadeado na década de 30, exigindo maiores e crescentes

contingentes de profissionais especializados, tanto para a indústria quanto para os

setores de comércio e serviços (BRASIL, 1999).

A partir de 1942, são baixadas, por decretos-lei, as conhecidas Leis

Orgânicas da Educação Nacional: Leis Orgânicas do Ensino Secundário (Decreto-Lei

nº 4.244/42) e do Ensino Industrial (Decreto-Lei nº4.073/42); Lei Orgânica do Ensino

Comercial (Decreto-Lei nº 6.141/43); Leis Orgânicas do Ensino Primário (Decreto-Lei

nº 8.529/46); Ensino Normal (Decreto-Lei nº 8.530/46); Ensino Agrícola (Decreto-Lei

nº 9.613/46) (BRASIL, 1999).

A determinação constitucional relativa ao ensino vocacional e pré-

vocacional como dever do Estado, a ser cumprido com a colaboração das empresas

e dos sindicatos econômicos, possibilitou a definição das referidas Leis Orgânicas do

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Ensino Profissional e propiciou, ainda, a criação de entidades especializadas: Serviço

Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em 1942; Serviço Nacional de

Aprendizagem Comercial (Senac), em 1946 e transformação das antigas escolas de

aprendizes artífices em escolas técnicas federais (BRASIL, 1999).

Ainda em 1942, o Governo Vargas, por um decreto-lei, estabeleceu o

conceito de menor aprendiz para os efeitos da legislação trabalhista. Por outro

decreto-lei, dispôs sobre a “Organização da Rede Federal de Estabelecimentos de

Ensino Industrial”. Com essas providências, o ensino profissional se consolidou no

Brasil, embora continuasse a ser preconceituosamente considerado como uma

educação de segunda categoria (BRASIL, 1999).

No conjunto das Leis Orgânicas da Educação Nacional, o objetivo do

ensino secundário e normal, era o de “formar as elites condutoras do país”. O objetivo

do ensino profissional era o de oferecer “formação adequada aos filhos dos operários,

aos desvalidos da sorte e aos menos afortunados, aqueles que necessitavam

ingressar precocemente na força de trabalho”. A herança dualista não só perdurava

como era explicitada (BRASIL, 1999).

Somente na década de 50 é que se passou a permitir a equivalência entre

os estudos acadêmicos e profissionalizantes. A Lei Federal nº 1.076/50 permitia que

concluintes de cursos profissionais pudessem continuar estudos acadêmicos nos

níveis superiores. A plena equivalência entre todos os cursos do mesmo nível, sem

necessidade de exames e provas de conhecimentos, só veio a ocorrer a partir de

1961, com a promulgação da Lei Federal nº 4.024/61 (BRASIL, 1999).

A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, classificada por

Anísio Teixeira como “meia vitória, mas vitória”. Essa primeira LDB equiparou o ensino

profissional, do ponto de vista da equivalência e da continuidade de estudos,

sepultando, pelo menos do ponto de vista formal, a velha dualidade entre ensino para

“elites condutoras do país” e ensino para “desvalidos da sorte” (BRASIL, 1999).

Na década de 60, estimulados pelo disposto no artigo 100 da Lei Federal

nº 4.024/61, uma série de experimentos educacionais, orientados para a

profissionalização de jovens, foi implantada no território nacional, tais como o GOT

{Ginásios Orientados para o Trabalho} e o Premen {Programa de Expansão e Melhoria

do Ensino} (BRASIL, 1999).

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A Lei Federal nº 5.692/71, que reformulou a Lei Federal nº 4.024/61 no

tocante ao então ensino de primeiro e de segundo graus, também representa um

capítulo marcante na história da educação profissional, ao generalizar a

profissionalização no ensino médio, então denominado segundo grau.

Posteriormente, a Lei Federal nº 7.044/82, atenuou efeitos drásticos na educação,

profissional causados pela Lei nº 5.692/71, esta tornou ainda, facultativa a

profissionalização no ensino de segundo grau (BRASIL, 1999).

Muito rapidamente as escolas de segundo grau reverteram suas grades

curriculares e passaram a oferecer apenas o ensino acadêmico, às vezes,

acompanhado de um arremedo de profissionalização. A Lei Federal nº 5.692/71,

conquanto modificada pela de nº 7.044/82, gerou falsas expectativas relacionadas

com a educação profissional, tais como: habilitações profissionais dentro de um

ensino de segundo grau sem identidade própria, mantido clandestinamente na

estrutura de um primeiro grau agigantado (BRASIL, 1999).

A Lei Federal nº 9.394/96, atual LDB - Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional - configura a identidade do ensino médio como uma etapa de

consolidação da educação básica, de aprimoramento do educando como pessoa

humana, de aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental

para continuar aprendendo e de preparação básica para o trabalho e a cidadania. A

Resolução CNE/CEB N 04/1999, instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a

Educação Profissional de Nível Técnico, atualizado pela Resolução Nº1, de 3 de

fevereiro de 2005, esta por sua vez, revogada pela Resolução Nº 6 de setembro de

2012 (BRASIL, 1999).

Durante a década de 90, várias outras escolas técnicas e agrotécnicas

federais tornam-se Cefets (Centros Federais de Educação Tecnológica), formando a

base do sistema nacional de educação tecnológica, instituído em 1994. Em 1998, o

governo federal proíbe a construção de novas escolas federais. Atos normativos

direcionaram essas instituições para a oferta predominantemente de cursos

superiores e, contraditoriamente, ensino médio regular, remetendo a oferta de cursos

técnicos à responsabilidade dos estados e da iniciativa privada (BRASIL, 1999).

O período compreendido entre o ano de 1994 até os idos de 2003, a

Educação Profissional e Tecnológica é marcada por um retrocesso, uma vez que, todo

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o avanço e discussões sobre a dicotomia entre a educação básica e profissional, bem

como o currículo integrado é posto de lado, nas novas leis que regulamentam a EPT.

No ano de 2004, inicia-se, a reorientação das políticas federais para a

educação profissional e tecnológica. Em 2005, debates sobre a forma de expansão e

organização dessas instituições. E, em 2008, a Lei 11898/2008 (29/12/2008), cria os

Institutos Federais, oriundos das estruturas instaladas nos Cefets, escolas técnicas e

agrotécnicas federais e escolas vinculadas às universidades federais.

2.1 A Reorganização da Rede Federal de Ensino: surgem os institutos federais

Com a proposta de aproximar a Tecnologia de cidadãos que ainda estão à

margem da sociedade contemporânea, surge os Institutos Federais de Educação,

Ciência e Tecnologia, sendo instituídos pela Lei 11.898, de 29 de dezembro de 2008,

sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (BRASIL, 2012).

Os Institutos Federais têm como finalidade oferecer educação superior,

básica e profissional, nessa perspectiva, Pacheco (2010, p.1), observa que:

O Governo Federal, através do MEC, acaba de criar uma instituição absolutamente inovadora em termos de proposta político-pedagógica; os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, os quais criam um novo conceito de educação profissional e tecnológica, sem similar em nenhum outro país. Serão 38 institutos, com 312 campi espalhados por todo o país, várias unidades avançadas, atuando no Ensino Médio Profissional (50% das vagas), licenciaturas (20% das vagas) e cursos superiores de tecnologia ou bacharelados tecnológicos (30% das vagas), podendo ainda disponibilizar especializações, mestrados e doutorados profissionais.

Ao longo dos 106 anos da educação profissional foram redigidos vários

decretos federais que regulamentaram a organização do ensino secundário

assegurando a promoção dessa modalidade de ensino, podemos destacar os da

reforma Francisco Campos, 19.890/31 e 21.241/32, bem como o Decreto Federal nº

20.158/31, que organizou o ensino profissional comercial e regulamentou a profissão

do contador.

Nessa nova reorganização da rede federal, entendemos que as propostas

de projetos pedagógicos de curso, e suas elaborações curriculares, fazem-se

necessário a análise dessas legislações, uma vez que suas regulamentações ainda

são norteadas por estes importantes documentos.

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2.2 A Indissociabilidade entre a Educação Profissional e a Educação Básica

Mediante o exposto anteriormente, percebemos que as legislações que

regulamentam a Educação Profissional no Brasil, foi alterando a medida que mudou-

se os governantes e o regime de governo, por consequência, mudaram também as

políticas educacionais. Considerando o ano de 190913 como marco teórico da

Educação Profissional, podemos estabelecer uma ordem cronológica nas

promulgações das legislações, conforme o quadro 1.

Quadro 1 – Cronologia da promulgação das legislações que regulamenta (m) (ram) A Educação Profissional no Brasil ANO DOCUMENTOS REGULAMENTAÇÕES

1909 Decreto Nº 7.566, de 23 de setembro de 1909

A criação das Escolas de Artífices

1931 Decreto Nº 19.890, de 18 de abril de 1931

Dispõe sobre a organização do Ensino Secundário

1931 Decreto Nº 20.158, de 30 de junho de 1931

Organiza o ensino comercial, regulamenta a profissão de contador

1932 Decreto Nº 21.241, de 04 de abril de 1932

Consolida as disposições sobre a organização do ensino secundário

1934 Constituição (Art. 5º, Inciso XIV) Traçar Diretrizes Nacionais da Educação e Fixar o Plano Nacional de Educação

1937 Constituição (Art. 129) Tratou das “escolas vocacionais e pré-vocacionais”, como um “dever do Estado” para com as “classes menos favorecidas”

1942 Decreto-Lei Nº 4.244, de 09 de abril de 1942

Lei Orgânica do Ensino Secundário

1942 Decreto-Lei Nº 4073, de 30 de janeiro de 1942

Lei Orgânica do Ensino Industrial

1943 Decreto-Lei Nº 6.141, de 28 de dezembro de 1943

Lei Orgânica do Ensino Comercial

1946 Decreto-Lei Nº 8.529, de 02 de janeiro de 1946

Lei Orgânica do Ensino Primário

1946 Decreto-Lei Nº 8.530, de 02 de janeiro de 1946

Lei Orgânica do Ensino Normal

1946 Decreto-Lei Nº 9.613, de 20 de agosto de 1946

Lei Orgânica do Ensino Agrícola

1950 Lei Federal Nº 1076, de 31 de março de 1950

Assegurava a continuidade dos concluintes de cursos profissionais continuarem os estudos acadêmicos nos níveis superiores

1961 Lei Federal Nº 4024, de 20 de dezembro de 1961

1ª LDB - Fixou as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (permitiu equivalência entre os cursos de mesmo nível, sem exames e provas).

1971 Lei Federal Nº 5.692 de 11 de agosto de 1971

Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º graus

13 Esta data é considerada como criação da Rede Federal no Brasil

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Continuação do Quadro 1 1982 Lei Federal Nº 7.044, de 18 de

outubro de 1982 Alterou dispositivos da Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971, referentes a profissionalização do ensino de 2º grau.

1996 Lei Federal Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996

Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.

1999 Parecer 16/CNE/CEB, de 05 de outubro de 1999

Trata das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico.

1999 Resolução 04/CNE/CEB, de 05 de outubro de 1999

Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico

2005 Resolução 1/CNE/CEB, de 03 de fevereiro de 2005

Atualiza as Diretrizes Curriculares Nacionais definidas pelo Conselho Nacional de Educação para o Ensino Médio e para a Educação Profissional Técnica de nível médio às disposições do Decreto nº 5.154/2004.

2008 Lei 11.892, de 29 de dezembro de 2008

Institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, e dá outras providências.

2011 Lei 12.513, de 26 de outubro de 2011

Institui o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

2012 Resolução 06/CNE/CEB, de 20 de setembro de 2012

Define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio.

2014 Resolução 01/CNE/CEB, de 05 de dezembro de 2014

Atualiza e define novos critérios para a composição do Catálogo Nacional de Cursos Técnicos, disciplinando e orientando os sistemas de ensino e as instituições públicas e privadas de Educação Profissional e Tecnológica quanto à oferta de cursos técnicos de nível médio em caráter experimental, com fundamento no Parecer CNE/CEB 08/2014

2016 Resolução 01/CNE/CEB, de 02 de fevereiro de 2016

Define Diretrizes Operacionais para o credenciamento institucional e a oferta de cursos e programas de Ensino Médio, de Educação Profissional Técnica de Nível Médio e de Educação de Jovens e Adultos, nas etapas do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, na Modalidade de Educação a Distância, em regime de colaboração entre os Sistemas de Ensino, com fundamento no Parecer CNE/CEB nº 13/2015

Fonte: Elaborado pelo autor.

Após 103 anos de Rede Federal, temos uma nova Resolução que define

as Diretrizes Curriculares Nacionais, para a Educação Profissional Técnica de Nível

Médio, a Resolução 06 de 20/09/2012, nesta encontramos no seu artigo segundo (2),

as modalidades de ensino que deverão ser ofertadas pelo Institutos Federais, dentre

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elas, a Educação Profissional Técnica de Nível Médio. No seu artigo terceiro (3),

estabelece que essa será articulada (ao Ensino Médio) e subsequente (pós Ensino

Médio), podendo ser integrada (mesma instituição, mesmo PPC) ou concomitante

(instituição diferente, no entanto PPC deve ser construído em conjunto).

Em seu artigo quinto, define que os cursos de Educação Profissional

Técnica de Nível Médio têm por finalidade proporcionar ao estudante conhecimentos,

saberes e competências profissionais necessários ao exercício profissional e da

cidadania, com base nos fundamentos científico-tecnológicos, sócio-históricos e

culturais.

Ao tratar-se da organização curricular, temos no artigo treze (13):

Art. 13 A estruturação dos cursos da Educação Profissional Técnica de Nível Médio, orientada pela concepção de eixo tecnológico, implica considerar: I - a matriz tecnológica, contemplando métodos, técnicas, ferramentas e outros elementos das tecnologias relativas aos cursos; II - o núcleo politécnico comum correspondente a cada eixo tecnológico em que se situa o curso, que compreende os fundamentos científicos, sociais, organizacionais, econômicos, políticos, culturais, ambientais, estéticos e éticos que alicerçam as tecnologias e a contextualização do mesmo no sistema de produção social; III - os conhecimentos e as habilidades nas áreas de linguagens e códigos, ciências humanas, matemática e ciências da natureza, vinculados à Educação Básica deverão permear o currículo dos cursos técnicos de nível médio, de acordo com as especificidades dos mesmos, como elementos essenciais para a formação e o desenvolvimento profissional do cidadão; IV - a pertinência, a coerência, a coesão e a consistência de conteúdos, articulados do ponto de vista do trabalho assumido como princípio educativo, contemplando as necessárias bases conceituais e metodológicas; V - a atualização permanente dos cursos e currículos, estruturados em ampla base de dados, pesquisas e outras fontes de informação pertinentes (BRASIL, 2012).

Moura (2012), afirma que antes de qualquer proposição acerca da

organização curricular, é imprescindível buscar compreender como o trabalho e

tecnologia, articulam-se à ciência e à cultura. É a partir dessa articulação que

buscaremos identificar possibilidades metodológicas que contribuam para promover a

pretendida integração. Reafirmamos que, a etnobotânica é um eixo importantíssimo

para promover essa integração, uma vez que trabalha com diferentes elementos

culturais, presentes nos conhecimentos prévios dos estudantes.

O que percebemos nas novas diretrizes da educação profissional é a

construção de um currículo, que contemple a formação integral, não havendo a

dicotomia entre formação profissional e formação geral, tirando assim o foco do

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tecnicismo que atendia a objetivos mercadológicos que não se preocupava em

agregar os valores presentes no trabalho, na ciência, na cultura e na tecnologia.

2.3 A Concepção de Currículo Integrado e a Formação Integral do Indivíduo

Conforme Ramos (2012), um currículo integrado, tem como proposta, a

formação geral, técnica e política, tendo o trabalho como princípio educativo. Desse

princípio, que se torna eixo epistemológico e ético-político de organização curricular,

decorrem os outros dois eixos do “currículo integrado”, a saber: a ciência e a cultura.

O trabalho é o princípio educativo no sentido ontológico, pelo qual ele é compreendido

como práxis humana e a forma pela qual o ser humano produz sua própria existência

na relação com a natureza e com os outros homens.

Nesse sentido, compreende-se que uma prática pedagógica significativa

decorre da necessidade de uma reflexão sobre o mundo do trabalho, da cultura desse

trabalho, das correlações de força existentes, dos saberes construídos a partir do

trabalho e das relações sociais que se estabelecem na produção.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (L.D.B.), no seu capítulo III – artigo

39 e 40 estabelece que:

A educação profissional, integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva. A educação profissional será desenvolvida em articulação com o ensino regular ou por diferentes estratégias de educação continuada, em instituições especializadas ou no ambiente de trabalho.

Podemos observar no primeiro parágrafo a preocupação em elaborar um

currículo que atenda a uma formação que transcenda a mera instrumentalização do

educando, ou seja, não podemos conceber dentro dessa constituição dos institutos

federais, concepções de ensino que atenda a interesses de mercado. A articulação

entre disciplinas que contemplem o desenvolvimento integral do indivíduo deve ser

considerada, quando da elaboração dos projetos pedagógicos de curso que nortearão

o ensino.

É importante lembrar, também, a dimensão integral da vida do educando,

entendê-lo como alguém que, além de estudante, tem outros papéis no sistema das

relações sociais. Desta pluralidade cultural advêm elementos diversos do contexto,

fundamentais ao processo de concepção do currículo, um currículo integrado à vida

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dos educandos, à dinâmica da interação e dos processos históricos, sociais,

econômicos e culturais relevantes que estes vivenciam. Elementos significativos do

passado, que precisam se integrar aos fatos cruciais do presente. Elementos do

conhecimento empírico e da cultura que trazem os educandos a partir de suas

experiências de vida, que precisam juntar-se aos conhecimentos científicos para

significá-los (MACHADO, 2006).

Libâneo (2004, p. 24), observa que, a preparação para o mundo do

trabalho, é um dos objetivos para uma educação básica de qualidade, sendo assim a

escola tem que se organizar para atender às demandas econômicas e de emprego,

inclusive para formas alternativas, visando à flexibilização que caracteriza o processo

produtivo contemporâneo e adaptação dos trabalhadores às complexas condições de

exercício profissional no mercado de trabalho.

O mesmo autor ressalta ainda, que trata-se de uma escola unitária,

centrada na formação geral (que articule o conhecer, o valorar e o agir) e na cultura

tecnológica (capacidades de fazer escolhas valorativas, tomar decisões, fazer

análises globalizantes, interpretar informações de toda natureza, pensar

estrategicamente, e de flexibilidade intelectual).

O “currículo integrado” organiza o conhecimento e desenvolve o processo

de ensino-aprendizagem de forma que os conceitos sejam apreendidos como sistema

de relações de uma totalidade concreta que se pretende explicar/compreender. No

trabalho pedagógico, o método de exposição deve restabelecer as relações dinâmicas

e dialéticas entre os conceitos, reconstituindo as relações que configuram a totalidade

concreta da qual se originaram, de modo que o objeto a ser conhecido revele-se

gradativamente em suas peculiaridades próprias (GADOTTI, 1995).

Pacheco (2010) afirma que, a necessidade é da construção de uma

proposta que ultrapasse o rígido limite traçado pelas disciplinas convencionais e que

se construa na perspectiva da integração (disciplinar e interdisciplinar); um currículo

que articule projetos transdisciplinares e ações disciplinares, considerando a rede de

saberes como horizonte. Além disso, é necessário fortalecer o senso crítico a respeito

do lugar e da história que se constrói e que projeto de sociedade se pretende.

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2.4 O Ensino de Ciências na Concepção de Currículo da Educação Profissional de Nível Técnico

A matriz curricular dos Projetos Pedagógicos de Curso/PPC, dos Institutos

Federais, está organizada em núcleos: o núcleo da base nacional comum, o núcleo

diversificado, o núcleo profissionalizante e o núcleo complementar.

O Núcleo da Base Nacional é composto por disciplinas do currículo comum

obrigatório do Ensino Médio, conforme a legislação determina, são necessárias à

formação do aluno na modalidade do curso, com vistas ao preparo para a continuidade

na vida acadêmica e à formação para a cidadania (PPC/IFRO, 2010).

Conforme as Diretrizes Nacionais do Ensino Médio, “A concepção da

preparação para o trabalho que fundamenta o Artigo 35 da LDB, aponta para a

superação da dualidade do Ensino Médio: essa preparação será básica, ou seja,

aquela que deve ser base para a formação de todos os tipos de trabalho”.

O Núcleo Diversificado é constituído pelas disciplinas que a equipe

pedagógica do Campus entende como estratégias para a complementaridade da

formação cidadã e da formação profissional (PPC/IFRO, 2010).

A formação para a cidadania crítica, isto é, formar um cidadão trabalhador

capaz de interferir criticamente na realidade para transformá-la e não apenas formar

para integrar o mercado de trabalho. A escola deve continuar investindo na ajuda aos

alunos a se tornarem críticos, a se engajarem na luta pela justiça social, a situarem-

se competente e criticamente no sistema produtivo (LIBÂNEO, 2004).

O Núcleo Profissional é composto por disciplinas específicas do currículo

dos Cursos Técnicos, conforme a legislação e o que a modalidade determina

(PPC/IFRO, 2010).

A formação profissional, por sua vez, é um meio pelo qual o conhecimento

científico adquire, para o trabalhador, o sentido de força produtiva, traduzindo- se em

técnicas e procedimentos, a partir da compreensão dos conceitos científicos e

tecnológicos básicos.

O Núcleo Complementar integra a prática profissional da formação

pretendida e mostra a amplitude do trabalho do Técnico na sociedade. Tem como

característica determinante a abordagem de atividades específicas (PPC/IFRO,

2010).

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No currículo integrado, conhecimentos de formação geral e específicos

para o exercício profissional também se integram. Um conceito específico não é

abordado de forma técnica e instrumental, mas visando compreendê-lo como

construção histórico-cultural no processo de desenvolvimento da ciência com

finalidades produtivas.

“A formação do cidadão por meio da ciência, principal meta da educação

pela ciência, requer como condição para o exercício da cidadania a construção de

uma cultura científica e técnica” (SANTOS, 2004).

É de suma importância que ao estudante do ensino médio, seja

oportunizado o contato com as diferentes profissões relacionadas às tecnologias,

principalmente as que envolvam questões da Biologia, Física, Química e Matemática.

Como exemplo, citamos o controle biológico, que desenvolvem técnicas para o

controle de alguns tipos de pragas em diversas formas de culturas, e que podem ser

investigados por meio da etnobotânica, no que concerne aos etnoconhecimentos.

De acordo com Santos (2004, p. 77):

Assenta no atual reconhecimento do valor cultural e ético da ciência e tem como aspecto central um ensino mais humanista. Exige um esforço para que a imagem escolar de ciência corresponda, cada vez menos, à imagem escolar canônica de uma disciplina neutral e objetiva transmitida de geração em geração, que ignora aspectos funcionais e pragmáticos do saber e que surge desligada de questões sociais, filosóficas, políticas, econômicas e éticas.

“Um esforço para que a ciência e a sua outra face a tecnologia penetrem,

cada vez mais intensamente, no nosso cotidiano social, constituindo parte integrante

dos debates culturais que preocupam a atualidade social” (SANTOS, 2004).

Podemos citar ainda, em ascensão no País, a Agroecologia ciência que

visa a união da Agronomia e a Ecologia, dentro de um sistema de agricultura familiar

sustentável, oportunizando aos produtores rurais o contato com a tecnologia e ao

mesmo tempo o desenvolvimento de técnicas que tem como foco mudar a visão de

grandes latifúndios que tem na sua base, as monoculturas.

A etnobotânica é um importante eixo integrador para desenvolver

conteúdos de diversas áreas do conhecimento, como exemplo, podemos citar as

áreas relacionadas ao meio ambiente. Ainda, os fundamentos científicos e

tecnológicos dos processos produtivos, oriundos das ciências da natureza, podem ser

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facilmente entendidos de forma significativa se contextualizadas na etnobotânica,

principalmente envolvendo a cadeia produtiva de plantas medicinais.

Desta forma, a integração da tecnologia na escola poderá ocorrer com o

estabelecimento de relações entre assuntos científicos e o etnoconhecimento. Os

países que encontram revisando os seus currículos de Ciências têm como objetivo

principal a introdução da tecnologia na escola. Seria esse o momento de repensarmos

o currículo de Ciências no ensino técnico, atentando para os referenciais que

estabelecem o que ensinar e o que aprender?

A integração entre os conteúdos do núcleo da base nacional com o núcleo

profissionalizante torna-se imprescindível para responder a pergunta acima.

Atualmente, percebemos que esta ação, está sob responsabilidade do professor, que

ao elaborar sua ementa e plano de ensino, verifica esses eixos e os relacionam com

os conteúdos dos dois núcleos, para que o aluno não tenha uma visão fragmentada

dos conteúdos abordados.

No entanto, sabemos que pensar um currículo integrado, requer isso e

muito mais, este é uma construção coletiva, partindo principalmente das

especificidades locais, ou seja, tem que ter um envolvimento da comunidade e escola.

Portanto, não cabe somente redigir um PPC por parte dos setores de ensino da

Instituição, faz-se necessário um comprometimento dos professores e alunos, com

base nas relações sociais, na realidade local, para que desta forma, ocorra uma

formação integral do sujeito que está sendo educado.

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CAPÍTULO 3 - A ETNOBOTÂNICA E SUAS POSSIBILIDADES ENQUANTO METODOLOGIA DE ENSINO

“O saber local sobre as plantas medicinais e o tratamento de diferentes males que perturbam o ser humano, propiciam caminhos férteis para a

práxis da Educação Ambiental, tendo estas plantas como eficientes instrumentos pedagógicos”.

(Germano Guarim Neto, 2006).

___________________________________________________________________ Oliveira et al. (2009), em um extenso trabalho sobre a etnobotânica,

levantamento este feito no período compreendido entre 1968 a 2007, mostram um

cenário sobre os avanços das pesquisas em etnobotânica no Brasil. Neste,

constatamos mais uma vez que, os trabalhos que abordam a etnobotânica no Brasil,

e que foram apresentados na forma de artigo, predominaram os temas que

investigaram as plantas medicinais, totalizando 64% das publicações (OLIVEIRA et

al., 2009).

Importante ressaltar que, a etnobotânica é um campo do conhecimento,

que nas últimas décadas têm atraído muitos olhares e discussões na academia,

notadamente, esta é praticada por vários cientistas que a valorizam e a reconhecem

como sendo uma importante contribuição para a valorização e reconhecimento dos

saberes de um povo.

Ao longo da trajetória de desenvolvimento da etnobotânica no Brasil, é

válido ressaltar as contribuições de diferentes autores, dentre eles: Albuquerque

(2005), Albuquerque et al. (2010), Amorozo (2002), Carniello (2007), Di Stasi (1996),

Diegues (2000), Guarim (2002), Guarim Neto (1984, 1987,1994, 1996a, 1996b, 2006),

Guarim Neto et al. (2000, 2003, 2007, 2008, 2011), Pasa (2011), Pott e Pott (1994),

dentre outros.

Uma característica importante da etnobotânica e já mencionada neste

trabalho, é o caráter interdisciplinar, que permite demonstrar como os fatores culturais

e ambientais se integram, bem como, as concepções desenvolvidas por variadas

comunidades humanas sobre as plantas e sobre o aproveitamento que se faz delas

(ALCORN, 1995; BEGOSSI, 2001; ALBUQUERQUE, 2005; OLIVEIRA et al., 2009).

3.1 As Etnociências e sua Importância na Relação Ensino-Aprendizagem

Sair do ensino voltado fundamentalmente para formar cientistas, para uma

proposta de ciência para todos, são diálogos encontrados em vários referenciais, tais

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como: Krasilchik (1987), Krasilchik (2004), Marandino e Selles; Ferreira (2009), Nardi

(2010), Trivelato e Silva (2011), Delizoicov e Angotti; Pernambuco (2011), Carvalho e

Gil-Perez (2011).

Nesse sentido, vamos encontrar inúmeros trabalhos, principalmente

estudos publicados na forma de artigos científicos, que trazem no seu bojo, novos

métodos que visam o ensino e aprendizagem das ciências, em especial da Biologia,

Física e Química.

Dentre os métodos observados, um refere-se ao ensino das etnociências,

uma vez que esta resgata os conhecimentos tradicionais, favorecendo ao educador a

integração com o conhecimento científico exigido nas diferentes áreas curriculares.

Compartilhamos do pensamento de Siqueira (2012, p. 3), onde este

defende, “que a escola é um espaço multicultural e que tem, nesta perspectiva, o

compromisso de aproveitar tais saberes ou culturas em seu currículo, em quaisquer

atividades didático-pedagógicas desenvolvidas em seu interior”.

Neste artigo Siqueira (2012, p. 3), apresenta um rol de atividades que

podem ser realizadas na educação básica a partir do ponto de vista multicultural, a

saber: enfocando os conceitos da etnobiologia, o autor pontua que primeiramente

deve-se apresentar a temática aos alunos, depois promover a discussão para saber o

que os alunos possuem de conhecimento sobre o assunto e, sugere ainda que estes

sejam levados à biblioteca, para que ampliem os conhecimentos. Se a temática

envolver plantas medicinais, sugere ainda que, leve os alunos a campo, “para que

estes observem o cultivo das mesmas, o armazenamento das mesmas, as fontes dos

saberes dos entrevistados entre outros” (SIQUEIRA, 2012, p. 4).

Ao refletirmos sobre a interdependência existente entre os seres vivos e

ambiente, Guarim Neto e Carniello (2007), desenvolveram um esquema e convida os

leitores a entender e desvendar o saber local acumulado através das gerações (Figura

4).

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Figura 4 – Esquema proposto para desvendar o saber local acumulado

Fonte: Guarim Neto; Carniello (2007). Reproduzido de Povos e Paisagens, 2007, p.110.

Um dos caminhos apontados pelos autores é a educação escolarizada,

portanto, estamos trilhando um dos caminhos, na tentativa de conhecer um pouco

sobre estes saberes, mas desta feita aproximando estes saberes, por meio dos

conhecimentos formais e informais, ou seja, adquiridos na educação escolarizada e

não escolarizada.

De acordo com Marandino et al., (2009, p. 133):

Apesar de não existir consenso na literatura e entre os profissionais que atuam nessas áreas, em geral a diferença entre formal, não formal e informal é estabelecida com relação ao espaço escolar. Assim, ações educativas escolares seriam formais e aquelas realizadas fora da escola não formais e informais. Nos países de língua inglesa, o termo “não formal” não é utilizado, sendo então consideradas informais aquelas ações feitas em outros locais que não a escola. Já nos países latinos e lusófonos, com larga tradição na educação popular, os termos “não formal” e “informal”, aplicados à esfera educativa, diferenciam-se, sendo, em geral, o primeiro associado a instituições como museus, centros culturais e ONGs, enquanto o informal a mídias.

Nesse sentido, quando nos referimos no parágrafo acima, sobre as ações

educativas formais e informais, estamos adotando a definição, dentro e fora da escola,

respectivamente. Salientamos ainda que, a etnobotânica pode ser inserida nas

atividades que envolvem ambos os espaços, e são justamente essas possibilidades

de conexões, que nos permitem discutirmos a ampliação do espaço de ensinar e

aprender.

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Para Costa (2008), há um desprestigio dos saberes etnológicos na

academia e na formação docente, sendo assim, o autor questiona: como esperar que

o professor insira esse conhecimento em sua prática cotidiana? Respondendo para si

mesmo, este cogita que: provavelmente, se houver um reconhecimento por parte dos

professores da academia, dos “saberes populares”, bem como da sua importância no

processo de ensino e aprendizagem, os quais serão acessados pelo contato com a

realidade social dos alunos.

No ano de 2003, o governo de Santa Catarina, por meio da Secretaria de

Educação, criou o AMBIAL – Programa de Educação Ambiental e Alimentar, que tinha

como objetivo principal, a inclusão social, por meio de atividades socioeducativas,

atendendo crianças de baixa renda. Dentre as atividades, a Iniciação à Pesquisa

Científica, esteve presente com temas direcionados à nutrição e à educação

ambiental, com ênfase na utilização de plantas medicinais e verduras saudáveis

(SILVEIRA e FARIAS, 2009).

Dentre os pontos de reflexão na conclusão do trabalho de Silveira e Farias

(2009, p.5), destacamos um, apontado por estes, a democracia no espaço escolar:

Outro aspecto a destacar é a democracia no espaço escolar. Com a experiência dos pesquisadores e cientistas do início do século XX, adaptando às novas formas de relações sociais, acredita-se que o espaço escolar seja aquele determinado para a aprendizagem de crianças, jovens e adultos acerca do tema. Com tal aprendizagem, há possibilidades de que as gerações futuras sejam mais críticas do que as atuais, quanto a diversos aspectos, entre eles o social, o político, o educacional e, por que não dizer, o ecológico em harmonia com o meio em que vivem.

Sendo assim, a transformação do espaço escolar em um cenário para a

discussão, para o diálogo, e não o monólogo, como é comum no ambiente escolar,

depende muito da temática abordada, e não temos dúvida que ao abordarmos um

determinado conteúdo, aproximando-o dos conhecimentos prévios dos alunos, este

ato, favorece o ensino e aprendizagem, e a etnobotânica permite que isso ocorra, por

meio das variadas conexões possíveis que proporciona em diferentes áreas.

Vinholi-Junior e Varga (2015), realizou um trabalho com moradores e

alunos de uma escola localizada em uma comunidade quilombola, para conhecer as

diferentes espécies pertencentes à farmacopeia local, visando apresentar os dados

para os moradores e para os alunos, no sentido de estimular o conhecimento sobre

as plantas, a importância da biodiversidade e as possíveis interconexões com

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aspectos de saúde.

Desta forma, tiveram como objetivo:

[...] analisar, em que medida, um estudo com as plantas medicinais pode contribuir para o ensino e a aprendizagem de ciências voltada para a saúde e; avaliar as relações que poderiam ser estabelecidas entre os conhecimentos tradicionais e os conhecimentos científicos que são trabalhados no processo de ensino e aprendizagem em ensino em saúde (VINHOLI JÚNIOR e VARGA, 2015, p.164).

Os pesquisadores concluíram que, a inclusão dos conhecimentos

etnobotânicos nas aulas de Biologia abrem possibilidades para o diálogo entre os

saberes empíricos dos estudantes e os conteúdos voltados para a educação em

saúde.

Oliveira et al. (2015), ao realizarem um trabalho com alunos do 6º e 7º ano

do ensino fundamental no município de Areia/PB, perceberam que os saberes

tradicionais são importantes fontes de informações integradoras para a formação

escolar, e que estas valorizam a discussão entre o conhecimento popular e o cientifico,

o que na visão dos autores possibilitam associar ao ensino de ciências (OLIVEIRA et

al., 2015).

Em estudo realizado com alunos agricultores, sobre a contribuição da

etnobiologia para o ensino de ciências, Baptista (2010), constatou que os estudantes

compartilham um corpo significante de conhecimentos e práticas influenciadas por

suas tradições culturais, no entanto, estes estão em processo de desaparecimento.

Observou ainda que, tais conhecimentos apresentam semelhanças e diferenças com

relação às ideias cientificas apresentadas nos livros didáticos, e que ao invés de

ocorrerem intervenções pedagógicas por parte dos professores (sujeitos da pesquisa

da autora), o que ocorre é a discriminação destes em sala de aula (BAPTISTA, 2010).

Percebemos que, o ensino de ciências, seja no ensino fundamental ou

médio, ainda ocorre de forma fragmentada, e muitas vezes desconexo com a

realidade dos alunos. Permanecendo a preocupação dos professores em “transmitir”

todo o conteúdo elencado para aquela série durante o ano letivo, sem considerar as

informações que os alunos possuem, não havendo preocupação com a formação

cidadã destes indivíduos.

Diante deste cenário, e com base na experiência por nós acumulada até o

momento, com base em outros estudos aqui evidenciados, entendemos ser relevante

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investigar a etnobotânica como possibilidade de integração entre a educação básica

e profissional.

3.2 O papel da Etnobotânica na Relação de Ensino-Aprendizagem: caminhos a percorrer

O nosso propósito, ao discutir a modalidade integrada e articulada ao

ensino médio, deve-se ao fato de que, nesta o aluno cumpre seu itinerário formativo,

cursando as disciplinas do núcleo básico e núcleo profissional de forma integrada, e

aqui as instituições esbarram em uma grande problemática, como fazer esta

integração? Como articular este currículo? Como instrumentalizar os docentes para

que estes compreendam e promovam esta articulação?

Vejamos como exemplo, um campus de perfil agrícola, que oferta cursos

como: Técnico em Agroecologia e Técnico em Agropecuária, ao analisarmos os seus

projetos pedagógicos, principalmente a matriz curricular, percebemos o quão rico e

quantas oportunidades estes proporcionam aos docentes, não só para a Biologia, mas

para a Física, a Química, a Matemática, e por fim as disciplinas específicas do núcleo

profissional, que são voltadas para as Ciências Agrárias, não descartando as

possibilidades de abordagem em outras áreas, tais como, Língua Portuguesa,

Literatura, Sociologia, História e Geografia.

Essas possibilidades se acentuam na comunidade estudantil destes campi,

se encontrarmos uma diversidade cultural, ou seja, se os alunos que frequentam as

aulas dos cursos supracitados, forem filhos de agricultores familiares, indígenas,

pomeranos, quilombolas, dentre outros. Todos os grupos citados, trazem consigo

conhecimentos tradicionais acumulados ao longo de gerações, e que podem ser

explorados no conhecimento escolar.

De acordo com o exposto acima, Costa (2008), aponta que os saberes

populares sobre a natureza, expressos na etnobiologia, estão na base das

significações culturais dos indivíduos, mas como via de regra não correspondem com

o conhecimento científico, eles não costumam ser acessados didaticamente.

Uma explicação para o exposto acima, podemos encontrar em Dias e

Janeira (2005), estas, em seu trabalho “Entre Ciências e Etnociências”, nos remetem

as dualidades do pensamento ocidental desde a Grécia Antiga, enfatizando a

dicotomia entre episteme e doxa. Nas palavras destas, essa oposição que a literatura

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expandiu, permitiu outras tantas, tais como: razão e pré-juízos ou mitos, ciência e fé

ou crença, verdadeiro e falso, erudito e popular, teórico e prático, abstrato e concreto.

Ainda, de acordo com as autoras, tendo como pano de fundo este universo

de dicotomias com relevo para a oposição entre episteme e doxa que se podem

encontrar as determinantes da denegação - oposição do senso comum por parte do

conhecimento científico (DIAS e JANEIRA, 2005).

Em relação ao senso comum, Geertz (1994)14, nos diz, se observarmos os

pontos de vista dos povos que extraem conclusões diferentes das nossas vivências,

que aprendem lições diferentes na dura escola da vida, nos daremos conta

rapidamente que o senso comum é um assunto mais problemático e profundo do que

parece, seja na perspectiva de um café parisiense ou em uma sala de reunião da

Oxford (GEERTZ, 1994).

De acordo com Verde et al. (2009), os conhecimentos tradicionais sobre a

natureza são parte da nossa cultura, e esses conhecimentos não estão em livros, e

sim na memória dos mais velhos, e nós temos a obrigação de recuperar, porque, cada

pessoa mais velha que desaparece, se perde também uma parte deste Patrimônio

Cultural.

Portanto, o espaço escolar pode ser um local de resgate destes saberes,

bem como a oportunidade de investigar se estes, estão sendo repassados para os

mais jovens. Desta forma, ao estudarmos os recursos vegetais, por meio da

etnobotânica, estamos contribuindo para a conservação e preservação do

etnoconhecimento, bem como despertando nas gerações mais jovens, a importância

destes para a humanidade. O registro do conhecimento popular, relacionado

particularmente à flora, envolvendo a cultura do povo, o saber local que é transmitido

de pais para filhos no decorrer da existência humana, pode ser facilmente percebido

através das representações do ser humano sobre a natureza e seus recursos

(GUARIM NETO et al., 2010).

A etnobotânica se apesenta numa importância, uma vez que esta permite

ao educador, inúmeros trabalhos de contato com a conservação dos recursos

naturais, a exemplo dos levantamentos etnobotânicos, que podem ser inseridos nas

14 Extraído do livro: Conocimiento local: ensayos sobre la interpretación de las culturas.

Tradução nossa.

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atividades de sala de aula, na valorização do etnoconhecimento, resgatando e

proporcionando o contato e conservação destas na sociedade.

3.3 As plantas Medicinais e seu Papel Fundamental e Condutor de Novas Perspectivas Educacionais

Desde a antiguidade as plantas são utilizadas e estudadas pela

humanidade, em se tratando das plantas com valor terapêutico, temos a Fitoterapia,

ramo em ascensão atualmente no nosso país. Em todo mundo se conhecem hoje,

inúmeros remédios vegetais de incalculável valor para a farmacopeia moderna.

A Fitoterapia nasceu com a humanidade, porém, podemos citar alguns

personagens universais que a utilizaram e lhe deram grande impulso, tais como

Hipócrates, o mais ilustre médico da antiguidade, que já aconselhava medicamentos

vegetais; Cho-Chinkei, o pai da medicina Chinesa; Avicena, o pai da Medicina Árabe,

Galeno, o pai da Farmácia, o romano Dioscorides, entre outros.

Há evidência de que o homem pré-histórico já se valia das plantas para

amenizar o sofrimento de males físicos que lhe acometiam. Desde aqueles remotos

tempos até nossos dias, as plantas têm fornecido inúmeras substâncias de uso

medicinal.

Para compreensão desta relação, temos a etnobotânica, que pode ser

entendida como o estudo das interações entre grupos humanos e vegetais, tendo por

objetivo compreender como se dá a percepção e classificação do nome e as formas

de uso e manejo das plantas por parte de comunidade locais, bem como de sua

valoração e importância ecológica (material) e simbólica (imaterial). Intrínseca à

botânica e a antropologia, e buscando respaldo teórico nas duas ciências, a

etnobotânica é uma ciência interdisciplinar que também engloba conhecimentos

farmacológicos, médicos, tecnológicas, ecológicos, linguísticos, florestais,

agronômicos e geográficos (AMOROZO, 1996).

Segundo Amorozo (1996), em 1896 é usado, pela primeira vez, o termo

etnobotânica por John Harshberger que, embora não o tenha definido, apontou

maneiras pelas quais este poderia contribuir à investigação científica, sendo

considerado “o estudo das plantas usadas pelos povos primitivos ou aborígenes”. Tal

conceituação buscava elucidar a posição cultural das tribos indígenas, como seus

costumes inerentes aos usos atribuídos as plantas.

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Numerosos trabalhos já constataram que as plantas medicinais podem

contribuir de forma eficaz com as populações humanas, a exemplo, Sena et al. (2006),

afirma que o conhecimento sobre as plantas medicinais pode contribuir na área da

saúde, suprindo necessidades básicas, já que elas são utilizadas popularmente na

condição de alimentos, auxiliares em terapias e algumas se mostram eficazes.

Afirmação esta que, atende ao estabelecido na Política Nacional de

Práticas Integrativas e Complementares no SUS – PNPIC/SUS/Ministério da Saúde,

onde se lê: “o interesse popular e institucional vem crescendo no sentido de fortalecer

a Fitoterapia no SUS”.

De acordo com o PNPIC/SUS, o Brasil possui grande potencial para o

desenvolvimento dessa terapêutica, como a maior diversidade vegetal do mundo,

ampla sociodiversidade, uso de plantas medicinais vinculado ao conhecimento

tradicional e tecnologia para validar este conhecimento (BRASIL, 2006).

Neste estudo, realizado com docentes dos cursos de Enfermagem e

Medicina, os autores verificaram que os docentes conseguem associar o tema plantas

medicinais ao saber científico, o que possibilita a evolução dos estudos sobre o

assunto e a valorização da influência cultural para melhor compreensão do processo

saúde/doença. Verificaram também, a importância das plantas medicinais, pois a

maioria dos docentes reconheceram o valor das plantas como medicamento e as

utilizam como recurso terapêutico e, algumas vezes, como terapia complementar de

medicamentos prescritos.

E na educação? As plantas medicinais podem contribuir no processo de

ensino e aprendizagem? Somos convictos que sim, e no decorrer dos capítulos desta

tese, veremos, as plantas medicinais já contribuem com inúmeras áreas do

conhecimento, também podem e devem ser utilizadas na sala de aula, seja como

ferramenta metodológica, recurso didático, eixo integrador, tema transversal, é

possível estabelecer relações, com variadas estratégias curriculares, dentro de

infinitas possibilidades.

Uma das dificuldades no ensino de Biologia relatada por professores

quando participam de pesquisas relacionadas ao ensino, refere-se ao ensino de

Botânica. Alguns dizem que este ocorre por falta de interesse dos alunos, uma

maneira de contornar esta alegação, é o envolvimento dos alunos diretamente nas

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atividades, isto pode ser feito por meio de atividades nos espaços não formais, tais

como, viveiros, hortos, parques, ou até mesmo implantar hortas medicinais no espaço

escolar, experiência estas já realizadas e comprovadas por docentes pesquisadores,

a sua eficiência no ensino de botânica.

Estudos envolvendo a etnobotânica podem ser utilizados em outras

disciplinas da educação básica, podem ainda servir de eixo integrador para atividades

interdisciplinares, ao fazermos um levantamento etnobotânico envolvendo a

comunidade discente, docente, administrativos e terceirizados (presentes em algumas

escolas), podemos envolver variadas áreas do conhecimento, conforme demonstrado

no quadro 2, abaixo.

Quadro 2 – Exemplos de disciplinas e atividades que poderão ser desenvolvidas, tendo a etnobotânica como eixo integrador

DISCIPLINAS SUGESTÕES DE ATIVIDADES

SÉRIE/ANO

Biologia Sistemática/Taxonomia (Identificação das

plantas)

Substâncias Orgânicas (Lipídios/Óleos

essenciais)

2º ano

1º ano

Química Separações de Misturas (Extração de óleos

essenciais)

Cinética Química

1º ano

2º ano

Geografia Origens das plantas (Nativas/Exóticas) 2º ano

História Origens das famílias dos alunos (Imigração)

Colonização

1º ano

2º ano

Sociologia Aspectos Culturais (Etnocentrismo) 3º ano

Língua Portuguesa Aspectos da Língua (Seu uso, sua história, sua

dimensão enquanto instrumento identitário)

Língua Materna

1º ano

2º ano

3º ano

Matemática Construção de um horto medicinal (Cálculos

dos espaçamentos dos canteiros)

1º ano

2º ano

3º ano

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Continuação do Quadro 2 Agronomia (Produção

Vegetal/Manejo de

culturas)

Construção de um horto medicinal

(Espaçamento de acordo com as espécies

introduzidas, Manejo Fitossanitário, Manejo

Integrado de Plantas)

1º ano

2º ano

3º ano

Fonte: Elaborado pelo autor

Estudos que envolvem a etnobotânica, além de resgatar, valorizar, tende a

preservar os conhecimentos tradicionais, nesse sentido, a escola pode ser um espaço

de sensibilização para a utilização destes, como forma de conservação dos recursos

vegetais, desta forma, professores que estão inseridos nos Institutos Federais, podem

desenvolver atividades que promovam o desenvolvimento científico e tecnológico e

ainda a inovação, mediante as potencialidades que as plantas medicinais

proporcionam, como campo de pesquisa.

3.4 Estado do Conhecimento em Etnobotânica e suas Relações com o Ensino de Biologia na Educação Básica: a produção teórica na região norte do Brasil.

Com o intuito de questionar, o que se tem produzido sobre a temática da

nossa investigação, realizamos um estudo sobre o estado do conhecimento sobre o

que se tem produzido na região Norte.

O procedimento de pesquisa aqui apresentado é complementar ao que se

recomenda Nóvoa et al. (2011), pois este critica as pesquisas em educação, pelo fato

desta, não ter a preocupação com o que já foi produzido por outrem, a fala do autor

se expressa nestas palavras:

Na maioria das disciplinas seria impensável, e inaceitável, que alguém abordasse um assunto sem ter feito previamente o estado da arte. Em educação, parece que, por vezes, a nossa sede de originalidade nos leva a um exercício de desconhecimento dos colegas e pesquisadores que, antes de nós, trabalharam determinados temas. Se não conseguirmos ultrapassar esta incapacidade, reforçando a comunidade científica inter-pares, dificilmente conseguiremos que a pesquisa em educação se torne credível. (NÓVOA et al., 2011, p. 540).

Partindo deste contexto, indagamos: como se encontra o campo de

trabalho sobre a Etnobotânica e a Educação Básica e Profissional nos últimos anos

nas Universidades da Região Norte do Brasil? Quais os temas que são abordados

nestas pesquisas? Quais etnoconhecimentos são abordados nas pesquisas

realizadas?

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Este trabalho se caracteriza como um estado do conhecimento, uma vez

que este teve como objetivo compreender como se deu a produção do conhecimento

em teses de doutorado e dissertações de mestrado, na Região Norte do País sobre o

tema por nós pesquisado. Para alcançar o objetivo proposto, selecionamos as

instituições que possuem Programas de Mestrado e Doutorado em Educação, e/ou

Ensino, e/ou Psicologia da Educação, e/ou Desenvolvimento Regional, ou outras

áreas que poderiam contemplar a temática investigada.

O estudo foi realizado, mediante três etapas, na primeira, relacionamos os

Estados e as Universidades Estaduais e Federais, em seus diferentes programas de

Pós-graduações. Após fazermos esta relação, acessamos o sítio eletrônico das

instituições selecionadas, identificamos cada Programa de nosso interesse, e

visualizamos todas as dissertações e teses que estavam disponíveis, fazendo

download para o computador, daquelas que continham os seguintes descritores em

seus títulos: etnoconhecimento, etnobotânica, etnobiologia, plantas medicinais, ou

outros termos que nos remetia a sabedoria popular.

3.4.1 Descrição dos Estados, Instituições, Programas de Pós-graduação, Número de Dissertações e Teses Pesquisadas

No Acre, compilamos dissertações e teses da Universidade Federal do

Acre/UFAC, nos seguintes programas: Desenvolvimento Regional (Mestrado),

Ciência, Inovação e Tecnologia para a Amazônia (Mestrado), Ensino de Ciências e

Matemática (Mestrado), e Ensino de Física (Mestrado), (Quadro3).

Quadro 3 – Número de dissertações e teses defendidas na Universidade Federal do Acre

Universidade Programas Período

Analisado

Dissertações Teses Ano da

Publicação/

Defesa

Total

UFAC Desenvolvimen

to Regional

2007 a 2010

0

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Continuação do Quadro 3 UFAC Ciência e

Tecnologia

para a

Amazônia

*15

UFAC Ensino de

Ciências e

Matemática

*

UFAC Ensino de

Física

*

0

Fonte: Elaborado pelo autor

No Amapá, os programas de Pós-Graduação, foram da Universidade

Federal/UNIFAP, Biodiversidade Tropical (Mestrado e Doutorado), Rede de

Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (BIONORTE) e Mestrado em

Desenvolvimento Regional, (Quadro 4).

Quadro 4 – Número de dissertações e teses defendidas nas Universidades do Estado do Amapá

Universidade Programas Período

Analisado

Dissertações Teses Total

UNIFAP Biodiversidade Tropical 2006 a 2014

04 04

UNIFAP Biodiversidade e Biotecnologia

da Amazônia Legal (Bionorte)

*

UNIFAP Desenvolvimento Regional 2008 a 2015

01 01

05 05

Fonte: Elaborado pelo autor

No Amazonas, compilamos as produções da Universidade do Estado do

Amazonas/UEA: Ensino de Ciências na Amazônia (Mestrado) e Doutorado em

Biodiversidade e Biotecnologia e na Universidade Federal do Amazonas/UFAM:

Diversidade Biológica (Mestrado e Doutorado), Ensino de Ciências e Matemática

(Mestrado), Educação (Mestrado e Doutorado), Ciências do Ambiente e

15 O asterisco indica que não foi encontrada nenhuma dissertação ou tese no Programa analisado.

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Sustentabilidade na Amazônia (Mestrado e Doutorado), Sociedade e Cultura na

Amazônia (Mestrado e Doutorado), (Quadro 5).

Quadro 5 – Número de dissertações e teses defendidas nas Universidades do Estado do Amazonas Universidades Programas Período

Analisado

Dissertações Teses Total

UEA Ensino de Ciências na Amazônia

2006 a 2013 0 0

UEA Biodiversidade e Biotecnologia

*

UFAM Diversidade Biológica *

UFAM Ensino de Ciências e

Matemática

*

UFAM Educação 2010 a 2014 0 0 0

UFAM Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na

Amazônia

1998 a 2015 (Dissertações) 2014 a 2015

(Teses)

04

0 04

UFAM Sociedade e Cultura na Amazônia

2006 a 2014 0 0 0

04

Fonte: Elaborado pelo autor

No Pará, buscamos por dissertações no Programa de Pós-Graduação em

Ciências Biológicas da Universidade Federal Rural do Pará/UFRA, na

Universidade do Estado Pará/UEPA, os programas analisados foram: Educação

(Mestrado), Ensino em Saúde na Amazônia (Mestrado), na Universidade Federal do

Oeste do Pará/UFOPA, Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais da

Amazônia (Mestrado) e na Universidade Federal do Pará/UFPA, selecionamos os

seguintes programas: Educação e Cultura (Mestrado e Doutorado), Linguagem e

Saberes na Amazônia (Mestrado e Doutorado), Educação (Mestrado e Doutorado),

Currículo e Gestão de Escola Básica (Mestrado), Educação em Ciências e Matemática

(Mestrado e Doutorado), Docência em Educação em Ciências e Matemática

(Mestrado), (Quadro 6).

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Quadro 6 – Número de dissertações e teses defendidas nas Universidades do Estado do Pará

Universidades Programas Período

Analisado

Dissertações Teses Total

UFRA Ciências Biológicas 2002 a 2012

03 03

UEPA Educação 2007 a 2014

0 0

UEPA Ensino em Saúde na Amazônia *

UFOPA Recursos Naturais da Amazônia 2009 a 2012

02 02

UFPA Educação e Cultura

UFPA Currículo e Gestão de Escola

Básica

*

UFPA Educação em Ciências e Matemática

*

UFPA Docências em Educação em Ciências e Matemática

*

05

Fonte: Elaborado pelo autor

Em Rondônia, os programas investigados foram os vinculados a

Universidade Federal de Rondônia/UNIR, Desenvolvimento Regional e Meio

Ambiente (Mestrado e Doutorado), Educação (Mestrado), Educação Escolar

(Mestrado), Psicologia (Mestrado) e Geografia (Mestrado), (Quadro 7).

Quadro 7 – Número de dissertações e teses defendidas na Universidade Federal de Rondônia

Universidade Programas Período

Analisado

Dissertações Teses Total

UNIR Desenvolvimento Regional

e Meio Ambiente

2005 a 2015 (Dissertações)

0 *

UNIR Educação 2011 a 2015 0 0

UNIR Educação Escolar *

UNIR Psicologia 0

UNIR Geografia 2006 a 2014 0 0

0

Fonte: Elaborado pelo autor

Os dados obtidos em Roraima são oriundos dos programas de Pós-

graduação da Universidade Federal de Roraima/UFRR, Desenvolvimento Regional

da Amazônia (Mestrado), Recursos Naturais (Mestrado e Doutorado), Universidade

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Estadual de Roraima/UERR, Ensino de Ciências (Mestrado), Agroecologia

(Mestrado) e Educação (Mestrado), (Quadro 8).

Quadro 8 – Número de dissertações e teses defendidas nas Universidades do Estado de Roraima Universidades Programas Período

Analisado

Dissertações Teses Total

UFRR Desenvolvimento Regional

da Amazônia

*

UFRR Recursos Naturais 2004 a 2012 0 0

UERR Ensino de Ciências16 Não disponível 0 0

UERR Agroecologia Não disponível 0 0

UERR Educação *

0

Fonte: Elaborado pelo autor

Em Tocantins, Programa de Pós-graduação em Estudos de Cultura e

Território (Mestrado), Desenvolvimento Regional e Educação (Mestrado),

pertencentes a Universidade Federal do Tocantins, (Quadro 9).

Quadro 9 – Número de dissertações e teses defendidas na Universidade Federal do Tocantins

Universidade Programas Período

Analisado

Dissertações Teses Total

UFT Estudos de Cultura e

Território

0

UFT Desenvolvimento

Regional

2014 a 2015 0

UFT Educação 2011 a 2015 01 01

01

Fonte: Elaborado pelo autor

Na segunda etapa, identificamos os temas das produções, com base na

leitura dos resumos, identificamos as fontes, e as abordagens referente aos

etnoconhecimentos. Nos casos em que o resumo não fornecia as informações

suficientes, realizou-se a leitura das dissertações. Conforme pode ser constatado nos

quadros acima, no levantamento realizado, encontramos quinze (15) produções,

16 Neste programa, não encontramos Dissertações, e sim Produtos (Material produzido em

Mestrado Profissional).

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ressaltando que, os trabalhos encontrados não abordaram a Etnobotânica e o Ensino

de Biologia na Educação Básica e Profissional, mas sim, pesquisas realizadas com

os diversos etnoconhecimentos.

Na terceira etapa, examinamos os dados levantados, quanto ao programa,

área de conhecimento, autores e ano de publicação, objetivando com isso, compilar

informações e dar maior visibilidade a estas produções, com intuito de subsidiar o

nosso e outros estudos que porventura forem desenvolvidos na nossa região, em que

o objeto de estudo seja a etnobotânica.

Destacamos que, não optamos por um recorte temporal pelos seguintes

fatos: a) alguns programas ofertados nas instituições da Região Norte são recentes,

não ocorrendo nenhuma defesa até o momento; b) o número de dissertações e teses

mostrou ser pouco, dentro de uma perspectiva teórica e prática, referente a

abordagem por nós pesquisada, e na maioria dos programas mostrou-se inexistente;

c) desta forma optamos por analisar todas as produções disponíveis nos acervos dos

programas selecionados em suas respectivas instituições.

Esta posição adotada por nós, se justifica pela importância do estudo aqui

apresentado, uma vez que este tem como escopo mostrar o que está sendo

desenvolvido nas pesquisas que tiveram como referencial a etnobotânica, quer seja

no âmbito local, e/ou estadual e/ou regional.

Com base nos dados obtidos, organizamos o quadro a seguir, que

representa o Estado do Conhecimento das pesquisas em etnoconhecimento e/ou

etnobotânica na Região Norte do Brasil. Salientamos que, não encontramos nenhuma

tese que continham os descritores utilizados na busca efetuada nos acervos, no

entanto o levantamento revelou quinze (15) dissertações, que se aproximaram de

algum modo do estudo que nos propusemos a fazer, sendo eles:

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Quadro 10 – Estado do conhecimento das pesquisas em Etnoconhecimento na Região Norte

QUANT. INSTITUIÇÕES ANO DA DEFESA

MESTRADO/ DOUTORADO

TÍTULO AUTOR (ES)

1 UNIFAP 2009 Mestrado Participação da Mulher Wajãpi no Uso Tradicional de Plantas

Medicinais

Nely Dayse Santos da

Mata

2 UNIFAP 2011 Mestrado “Tudo é remédio”: estudo de práticas curativas em Maruanum – AP

Giuliana Cristina César

Henriques

3 UNIFAP 2012 Mestrado Caracterização da Pesca e Etnobiologia do Apaiari

Astronotus ocellatus (Agassiz, 1831), no Município de

Pracuúba Estado do Amapá, como Subsídio à

Piscicultura

Márcia Dayane Vilhena Daaddy

4 UNIFAP 2013 Mestrado Conhecimento Ecológico Local sobre as Andirobeiras e a

Extração Artesanal do Óleo de Andiroba em uma Área de

Proteção Ambiental, Floresta de Várzea Periurbana

Mariane Nardi-Santos

5 UNIFAP 2013 Mestrado A Identidade e o Conhecimento Etnobotânico dos Moradores da

Floresta Nacional do Amapá

Rafael de Aguiar Costa

6 UFAM 2001 Mestrado “Plantas Medicinais e Legislação Vigente: Estudo de Caso na Cidade de Manaus-

AM”

Mariana Oliveira dos

Santos

7 UFAM 2008 Mestrado Conhecimentos Tradicionais: Uso e Conservação de Plantas

Medicinais no Alto Solimões

Priscila Freire

Rodrigues

8 UFAM 2008 Mestrado O Saber Tradicional e o Saber Científico no Complexo Lago Grande de Manacapuru, AM

Sérgio Roberto Moraes Rebelo

9 UFAM 2011 Mestrado Etnoconhecimento de Pescadores no Sistema Lago

Grande de Manacapuru

Fabiana Calacina da

Cunha

10 UFRA 2009 Mestrado Etnobotânica Médica de Vila da Penha, Maracanã,

Pará, Brasil

Jussara Costa de Freitas

11 UFRA 2010 Mestrado Espécies Florestais de Uso Medicinal em Mercados da Área

de Influência do Distrito Florestal Sustentável da BR-

163, Pará

Pedro Glécio

Costa Lima

12 UFRA 2011 Mestrado Plantas Medicinais dos Quintais de Agricultores Familiares do Travessão 338 Sul, Pacajá,

Pará, Brasil: Uso, Conhecimento e

Valorização

Sterphane Araújo de

Matos

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Continuação do Quadro 10 13 UFOPA 2013 Mestrado Etnobotânica e Ecofisiologia de

Vegetações em Cenários Indígenas na Região do Tapajós

como Indicadores de Estudos de Interação Biosfera-Atmosfera

na Amazônia

Jacqueline Braga

14 UFOPA 2014 Mestrado Ecossistema de Várzea: Etnobotânica e Ecofisiologia

Suellen Castro

Cavalcante

15 UFT 2015 Mestrado Saberes Tradicionais Krahô e Educação Escolar Indígena:

Um Diálogo Possível na Escola Indígena 19 de Abril

Aurinete Silva

Macedo

Fonte: Repositórios, Portais, Sites das Instituições pesquisadas

É importante mencionar que, por meio dos títulos, a maioria das pesquisas

no quadro 10, referem-se às várias áreas do etnoconhecimento, e as que dizem

respeito especificamente a etnobotânica, tiveram como propósito a investigação dos

saberes populares sobre plantas medicinais em comunidades tradicionais (1, 2,

4, 5, 6, 7, 10, 11 e 12), reforçando o que já afirmamos sobre as pesquisas com

etnobotânica, estas na sua maioria visam conhecer os saberes tradicionais de

determinados grupos, outras vezes relacionar estes saberes com o conhecimento

científico. Nesta perspectiva, as pesquisas (13 e 14), tiveram como objetivo

aprofundar os conhecimentos etnobotânicos de determinados grupos étnicos, com a

finalidade de utilizá-los como bioindicadores para estudos em ecofisiologia.

As demais pesquisas abordam: os conhecimentos tradicionais sobre a

biodiversidade de peixes (3, 8 e 9), trabalhos importantíssimos, uma vez que os

estados da Região Norte pertencem a Bacia Amazônica, e uma das atividades

econômicas de maior tradição e altamente relevante é a pesca, influenciando a

economia local e outrora o processo de ocupação dessa região. Nesse sentido,

supõem-se que o conhecimento sobre a biodiversidade de peixes destas

comunidades ribeirinhas seja vasto, bem como a relação destes com os recursos

naturais disponíveis.

Destacamos neste estudo, a pesquisa de mestrado de Macedo (2015), que

se situa na área de nosso interesse, aproximar o conhecimento tradicional

(etnobotânica) dos saberes escolares, no caso da autora, esta trabalhou com saberes

indígenas, não delimitando uma área específica do etnoconhecimento, e sua vertente

foi pesquisar como ocorre a relação comunidade indígena e comunidade escolar.

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CAPÍTULO 4 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

[...]explicamos a natureza, compreendemos a vida mental”. (Wilhelm Christian Ludiwig Dilthey, 1833-1911).

_________________________________________________________________________________

O caminho metodológico percorrido nesta investigação foi de cunho

qualitativo, adotamos esta abordagem, pois entendemos que o “pesquisar” em

educação se difere de outras áreas de interesse humano, uma vez que esta reconhece

a subjetividade na busca pelo conhecimento, permitindo possíveis inferências sobre

os saberes do coletivo.

Não temos a pretensão de enveredarmos na seara da discussão,

qualitativo versus quantitativo, no entanto, como estamos em um processo de

doutoramento, cabe aqui fazermos uma breve explanação, com o intuito de explicitar

a nossa postura no campo da pesquisa.

Conforme a frase de Dilthey, na epígrafe de abertura deste capítulo, a

pesquisa qualitativa não está moldada na mensuração, como acontece nas ciências

naturais Flick (2013), e quando adotamos esta, não estamos interessados em

padronizar uma situação de pesquisa, muito menos, garantir a representatividade por

amostragem aleatória dos participantes (FLICK, 2013).

Na pesquisa qualitativa, os pesquisadores escolhem os participantes

propositalmente e integram pequenos números de casos segundo sua relevância,

Flick (2013), o foco da pesquisa qualitativa é compreender e aprofundar os

fenômenos, que são explorados a partir da perspectiva dos participantes em um

ambiente natural e em relação ao contexto (SAMPIERI et al., 2013).

A definição por parte do pesquisador, sobre o enfoque que ele adotará, está

relacionada com a ideia da sua pesquisa, desta forma, quando da elaboração do

nosso projeto de pesquisa, ao definirmos: tema, problema, objetivos, questões

norteadoras, já estamos definindo a nossa abordagem.

Nesse sentido, quando o nosso enfoque, busca compreender a perspectiva

dos participantes (indivíduos ou grupos pequenos de pessoas que serão pesquisados)

sobre os fenômenos que os rodeiam, aprofundarmos em suas experiências, pontos

de vista, opiniões e significados, isto é, a forma como os participantes percebem sua

realidade Sampieri et al. (2013), a nossa postura metodológica estará ancorada na

pesquisa qualitativa.

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Desta forma, de acordo com Creswell (2010), a pesquisa qualitativa é um

meio para explorar e para entendermos os significados que os indivíduos ou os grupos

atribuem a um problema social ou humano.

4.1 Concepções Filosóficas17 e Análise da Investigação Qualitativa em Educação

As concepções18 filosóficas desta pesquisa não estarão resumidas em um

capítulo próprio, no entanto o leitor perceberá estas, no decorrer da leitura dos

capítulos apresentados. Conforme Creswell (2010), “as concepções são moldadas

pela área da disciplina do aluno, pelas crenças dos orientadores e dos professores

em uma área do aluno e pelas experiências que tiveram em pesquisa”.

A afirmação mencionada no parágrafo anterior, condiz com o que

realmente acontece, quando entramos em um Programa de Pós-graduação Stricto

sensu, e nos deparamos com as disciplinas de Epistemologia, Pesquisa e

Fundamentos, Metodologia das Ciências, dentre outras, acabamos por nos

identificarmos com uma escola filosófica, apropriamos de algumas concepções, e

mediante a nossa visão de mundo, defendemos a natureza da nossa pesquisa, e estas

crenças faz com que, adotemos uma determinada abordagem, seja ela, qualitativa,

quantitativa ou de métodos mistos.

Sobre este assunto, Chizotti (2013, p. 20), afirma que, “a pesquisa

pressupõe teorias ou visões de mundo que, em diferentes domínios do conhecimento,

moldam a atividade investigativa e auxiliam a pesquisa”.

Ainda segundo este autor, essas teorias de trabalho têm sido definidas

como paradigma, tradição, modelo, programa ou postura do pesquisador.

Neste estudo, o uso do termo “concepção de pesquisa” aqui adotado, está

relacionado ao planejamento do estudo, ou seja, como planejamos a nossa coleta de

dados, como selecionamos o “material” empírico (nesta pesquisa, os casos, sujeitos

da pesquisa), para podermos responder à questão da pesquisa no tempo e com os

recursos disponíveis (FLICK, 2013, p.74).

Além da concepção de pesquisa, o pesquisador deverá selecionar o tipo

17 Alguns autores traz as concepções com outras denominações tais, como: Paradigmas, Epistemologias e Ontologias, Metodologias de pesquisas amplamente concebidas. Ver: Chizzotti, (2013, p. 19-31). 18 O termo concepção será adotado neste estudo, com base no exposto por Creswell (2010): “um conjunto de crenças básicas que guiam a ação”.

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de estudo, se este será qualitativo, quantitativo ou de métodos mistos19, mas deve

definir também as estratégias de investigação20.

As estratégias vêm aumentando ao longo dos anos, principalmente com o

acesso e auxílio das novas tecnologias computacionais, estas hoje favorecem as

análises de dados, permitindo aos pesquisadores articularem novos meios de

condução das pesquisas na área das ciências sociais, salientamos que estas

tecnologias outrora eram utilizadas apenas na pesquisa quantitativa, atualmente,

encontramos variados softwares desenvolvidos exclusivamente para as pesquisas

qualitativas.

Na pesquisa qualitativa, houve um aumento nos tipos de abordagens, mais

visíveis a partir de 1990 e no início do século XXI (Creswell, 2010, p.36). Dentre as

estratégias qualitativas utilizadas para condução dos estudos qualitativos, temos a:

Etnografia, Teoria Fundamentada, Estudo de Caso, Pesquisa Fenomenológica e

Pesquisa Narrativa (Creswell, 2010, p. 37).

Por meio da sua criatividade e inovação, o pesquisador que opta por uma

abordagem qualitativa, deverá tomar decisões reflexivas que norteará o seu caminho,

e não seguindo uma proposta rígida e inflexível de procedimentos metodológicos com

determinada obrigatoriedade.

O nosso estudo, configura-se como um estudo de caso, que segundo

Chizzotti (2013, p. 136) “visa explorar um caso singular, situado na vida real

contemporânea, bem delimitado e contextualizado em tempo e lugar para realizar uma

busca circunstanciada de informações sobre um caso específico”.

Para Ludke e André (2014, p.20), o caso pode ser similar a outros, mas é

ao mesmo tempo distinto, pois tem um interesse próprio, singular. As autoras

observam que, o interesse incide naquilo que ele tem de único, de particular, mesmo

que posteriormente venham a ficar evidente certas semelhanças com outros casos ou

situações. Estas afirmam que, quando queremos estudar algo singular, que tenha um

valor em si mesmo, devemos escolher o estudo de caso (LUDKE e ANDRÉ, 2014).

Conforme Yin (2001, p. 19), “o estudo de caso é apenas uma das muitas

maneiras de fazer pesquisa em ciências sociais” e que as estratégias de pesquisa,

19 Ver detalhes em Creswell, 2010; Creswell; Clark, 2013. 20 Podem ser chamadas de: abordagens da investigação ou de metodologias da pesquisa, dependendo do respaldo teórico, adotado pelo pesquisador.

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possuem vantagens e desvantagens próprias, dependendo de algumas condições,

dentre elas: a) o tipo de pesquisa; b) o controle que o pesquisador possui sobre os

eventos comportamentais efetivos; c) o foco em fenômenos históricos, em oposição a

fenômenos contemporâneos. Este afirma ainda que, os estudos de caso representam

a estratégia preferida quando se colocam questões do tipo “como” e “por que”, quando

o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos e quando o foco se encontra em

fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real.

Sendo assim, ao primar pelas relações entre os conhecimentos tradicionais

e o conhecimento científico, que envolvem a etnobotânica, no Curso Técnico em

Agroecologia Integrado, do Campus Cacoal/IFRO, o estudo de caso torna-se um

método qualitativo de fundamental importância, uma vez que o seu objetivo é

compreender o evento e, ao mesmo tempo, desenvolver teorias mais genéricas a

respeito dos aspectos característicos do fenômeno analisado.

4.2 Técnica de coleta de dados utilizados no estudo de caso

Neste estudo as nossas fontes de evidências foram as entrevistas, estas

são uma das fontes mais importantes de informação para os estudos de caso.

Nesse sentido, Ludke e André (2014, p. 39), afirmam que:

De início, é importante atentar para o caráter de interação que permeia a entrevista. Mais do que outros instrumentos de pesquisa, que em geral estabelecem uma relação hierárquica entre o pesquisador e o pesquisado, como na observação unidirecional, por exemplo, ou na aplicação de questionários ou de técnicas projetivas, na entrevista a relação que se cria é de interação, havendo uma atmosfera de influência recíproca entre quem pergunta e quem responde. Especialmente nas entrevistas não totalmente estruturadas, onde não há imposição de uma ordem rígida de questões, o entrevistado discorre sobre o tema proposto com base nas informações que ele detém e que no fundo são a verdadeira razão da entrevista. Na medida em que houver um clima de estímulo e de aceitação mútua, as informações fluirão de maneira natural e autêntica.

Considerando as usuais técnicas, os “dados” foram obtidos por meio de

entrevistas semiestruturadas, também chamada de semidirigida por Szymanski (2004,

p.18), de acordo com ela, esta forma de entrevista não tem um roteiro fechado, ele

pode ser visto como aberto no sentido de basear-se a fala do entrevistado, porém,

esta ressalta que, os objetivos da entrevista deve, estar claros, assim como a

informação que se pretende obter, a fim de se buscar uma compreensão do material

que está sendo colhido e direcioná-la melhor (SZYMANSKI, 2004, p.19).

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De acordo com, Ludke e André (2014, p. 39), “a grande vantagem da

entrevista sobre outras técnicas é que ela permite a captação imediata e corrente da

informação desejada, praticamente com qualquer tipo de informante e sobre os mais

variados tópicos”.

Somos sabedores que, a entrevista é uma das técnicas mais básicas para

obtenção de dados, no entanto, compartilhamos das premissas de Albuquerque et al.

(2010), onde estes nos alertam que, apesar da entrevista parecer um processo

simples, encontra-se envolvida por muitas sutilezas e detalhes que devem estar sob

o controle do pesquisador. Dizem ainda, uma entrevista malconduzida ou mal

planejada pode dotar os dados de vários vieses.

Para minimizarmos os equívocos cometidos, devido os pontos fracos de

uma entrevista, procuramos adotar a postura exigida de um pesquisador, quando este

decide utilizar a entrevista como fonte de dados, Creswell (2010, p. 211), diz que as

entrevistas qualitativas devem ser abertas, sem categorias preestabelecidas, para que

os participantes expressem da melhor maneira suas experiências sem serem

influenciados pela visão do pesquisador ou pelos resultados de outros estudos, este

afirma ainda que, as categorias de respostas surgem dos próprios entrevistados,

cabendo ao pesquisador tomar as decisões determinadas pelo estudo.

Em relação ao papel do pesquisador, Sampieri et al. (2013), comenta

algumas características importantes, para a realização de entrevistas na pesquisa

qualitativa, e utilizadas neste estudo, a saber:

1) O início e o final da entrevista não são predeterminados nem definidos

claramente. As entrevistas podem ser inclusive realizadas em várias

etapas. Ela é flexível.

2) As perguntas e a ordem em que são feitas se adaptam aos

participantes;

3) A entrevista qualitativa é em grande parte episódica;

4) O entrevistador compartilha com o entrevistado o ritmo e a direção da

entrevista;

5) O contexto social é considerado e é fundamental para a interpretação

de significados;

6) O entrevistador adapta a sua comunicação às normas e linguagem do

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entrevistado;

7) A entrevista qualitativa tem um caráter mais amistoso;

8) As perguntas são abertas e neutras, já que pretende-se obter pontos de

vista, experiências e opiniões detalhadas em sua própria linguagem.

Outra evidência utilizada neste estudo foi a análise documental

(documentação), esta é uma valiosa contribuição na composição dos dados

qualitativos, embora seja pouca utilizada na área de educação (Ludke e André, 2014,

p. 44), estas podem complementar as informações obtidas por outras técnicas, são

considerados documentos: as leis, regulamentos, normas, pareceres, cartas,

memorandos, diários pessoais, autobiografias, jornais, revistas, discursos, roteiros de

programas de rádio e televisão e arquivos escolares (LUDKE e ANDRÉ, 2014, p. 45).

Podemos resumir o nosso estudo, conforme esquema abaixo (Figura 5).

Figura 5: Estrutura do estudo realizado, mostrando a interconexão entre a concepção,

estratégia de investigação e métodos de pesquisa.

Fonte: Elaborado pelo autor, com base em Creswell (2010).

Outros autores Thiollent (1987), Bogdan e Biklen (1994), André (2005), Yin

(2001), Chizzotti (2013), Flick (2013), Amado (2014), Ludke e André (2014), que tratam

da pesquisa qualitativa e abordam a entrevista como fontes de dados, embasaram o

nosso arcabouço teórico, nos engajando neste estudo, para que os nossos

instrumentos pudessem apresentar o rigor e postura ética necessários, na condução

de um estudo qualitativo.

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4.3 Local da Pesquisa

A pesquisa foi realizada no Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia de Rondônia/IFRO/Campus Cacoal (Figura 6).

Das 09 unidades do IFRO, o Campus Cacoal, surgiu em 2009, por meio da

doação de um lote rural (assim como seus bens e benfeitorias) ao Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia. A doação foi efetivada pela Lei

Municipal n.º 2.449/PMC/09, de 21 de maio de 2009, e abrange toda a área de

ocupação da Escola Agrícola Municipal de Ensino Fundamental Auta Raupp,

composta por um lote de 50,8194 há (cinquenta hectares, oitenta e um ares e noventa

e quatro centiares) — uma subdivisão do lote original 2, Gleba 8, Setor de Gy-Paraná,

originário do Projeto Integrado de Colonização Gy Paraná (matrícula 5.434), de 12 de

novembro de 1991, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).

Figura 6 – Imagens do Campus Cacoal – A – Vista aérea antes da reforma e ampliação/ B- Imagem aérea após a reforma e ampliação parcial.

Fonte: A – Acervo do autor/ B – Acervo do Campus, (2017).

A partir de 2009, iniciou-se a fase de transição. A Escola Auta Raupp

(Figura 6) passou a funcionar em fase de progressiva extinção, com prazo de

finalização para o segundo semestre de 2014, conforme convênio assinado entre o

IFRO e a Prefeitura Municipal de Cacoal. Também em 2009, criou-se o Núcleo

Avançado de Cacoal, vinculado ao Campus Ji-Paraná. Em 28 de setembro, foi

realizada uma audiência pública para apresentação do IFRO e dos resultados de uma

pesquisa de atividades econômicas regionais, que embasaram parcialmente a

produção dos projetos pedagógicos de cursos a serem oferecidos no mesmo Campus.

A B

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A extensão do Campus Ji-Paraná para Cacoal foi fundamental para atender

à demanda de interesses e necessidades do município e ao mesmo tempo viabilizar

a expansão do Instituto Federal de Rondônia. Em 1.º de fevereiro de 2010, o Núcleo

foi transformado em Campus Avançado, e o primeiro curso ofertado foi o Técnico em

Agropecuária Subsequente21 ao Ensino Médio.

Em 2011 teve início o primeiro curso na modalidade integrado22 ao Ensino

Médio, o Técnico em Agroecologia, motivo pelo qual optamos por este, no nosso

estudo.

Até o final do ano de 2016, este Campus ofertava os seguintes cursos nas

modalidades, integrada, subsequente, tecnólogo e licenciatura. Sendo estes:

Agroecologia e Informática (integrada); Agropecuária (integrada e subsequente);

Gestão do Agronegócio (Tecnólogo); Matemática (Licenciatura). O campus oferece

também, cursos na modalidade EAD (Educação a Distância), Técnico em Finanças

(Subsequente); Técnico em Informática para a Internet (Subsequente) e uma Pós-

Graduação Lato Sensu em Educação de Jovens e Adultos (EJA).

No ano de 2017, o Campus Cacoal/IFRO, implantou o curso de Zootecnia

(Bacharelado) e uma Pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática (Lato

Sensu), desta forma aumentando o seu número de alunos, técnicos administrativos,

técnicos educacionais e docentes.

4.4 Sujeitos da Nossa Investigação

Os participantes desta pesquisa foram os alunos dos 1º, 2º e 3º anos e seus

respectivos professores, do curso Técnico em Agroecologia Integrado, no entanto as

nossas fontes de dados23 não se resumiram apenas as entrevistas, realizamos

também a análise documental e Anotações (Quadro 11).

21 Curso destinado à quem já tenha concluído o Ensino Médio. 22 Curso destinado à quem já tenha concluído o Ensino Fundamental, com matrícula única na mesma instituição, o estudante recebe a habilitação profissional Técnica de Nível Médio e conclui a Educação Básica. 23 Na pesquisa qualitativa, os dados são obtidos de pessoas, seres vivos, comunidades,

contextos ou situações de maneira profunda, nas próprias “formas de expressão” de cada um deles, e estes são transformados em informações, (SAMPIERI, 2014, p. 389).

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Quadro 11 – Síntese dos componentes do processo de investigação

Fonte: Elaborado pelo autor

4.4.1 A voz dos sujeitos alunos

Para seleção dos alunos a princípio estabelecemos o seguinte protocolo de

pesquisa, obedecendo os seguintes passos: seriam sorteados 10 (dez) alunos do

primeiro (1º) ano, 10 (dez) do segundo (2º) e 10(dez) do terceiro (3º) ano, para

participarem de uma entrevista semiestruturada (APÊNDICE A).

Quanto aos critérios de inclusão, estabelecemos: Estar devidamente

matriculado; Aceitar participar da pesquisa e ser sorteado. Os critérios de exclusão,

foram os seguintes: Não aceitar participar da pesquisa; Não ser sorteado.

Porém, por se tratar de um curso integral, ou seja, os alunos permanecem

o dia todo no campus, e no horário destes existem os espaços, que são destinados

ao momento cidadania, almoço, lanche, e atividades diversas, adotamos uma outra

postura metodológica. A junção destes momentos e o nosso planejamento, favoreceu

o encontro dos sujeitos em potencial da pesquisa nos diversos ambientes do campus,

desta forma, não interferimos no andamento das aulas de outros professores e nem

alteramos a rotina dos participantes em potencial da pesquisa.

Nas segundas-feiras, as aulas iniciam a partir das 10:00, no entanto os

alunos chegam as 07:30, devido ao meio de transporte, nas quartas-feiras eles não

tem aula no período vespertino, estes horários também foram utilizados para

percorrermos o pátio e outras dependências e na medida que encontrávamos os

alunos, os convidávamos para participarem das entrevistas (Figura 7).

24 Comentários sobre os fatos, nossas interpretações daquilo que estamos percebendo {sobre significados, emoções, reações, interações dos participantes}, (SAMPIERI, 2013, p. 389). 25 Mudanças induzidas pelo pesquisador, problemas no campo e situações inesperadas.

Fontes Técnica de coleta de dados

Instrumentos

Alunos Entrevista Roteiro aberto

Professores Entrevista Roteiro aberto

Anotações Registro de Campo Anotações interpretativas24 Anotações sobre a reação

dos participantes25

Projeto Político Pedagógico

Análise documental Ficha de Registro

Resoluções Análise documental Ficha de Registro

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Figura 7 – Momentos de entrevistas com alguns alunos, nas dependências da sala

dos grupos de pesquisas

Fonte: Acervo do autor, (2016).

Sendo assim, em vez de fazermos sorteio dos 10 (dez) alunos por sala,

selecionamos estes à medida que os encontrávamos nos diversos ambientes da

escola (laboratório de informática, biblioteca, pátio, refeitório), este procedimento vai

ao encontro do que Sampieri et al. (2013), chama de: amostras por oportunidade –

casos que de maneira fortuita aparecem diante do pesquisador, exatamente quando

ele precisa. Ou ainda, amostras por conveniência – simplesmente casos disponíveis

aos quais temos acesso.

É válido salientar que, antes de procedermos as entrevistas, cada aluno

nos deu anuência da sua participação, por meio da assinatura do Termo de

Assentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE C), bem como levaram para os seus

responsáveis o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE D no caso

dos alunos menores de idade, conforme estabelecido no projeto aprovado pelo Comitê

de Ética em Pesquisa/CEP (ANEXO 2).

As entrevistas foram todas gravadas, com a utilização de um gravador de

voz digital, o total de horas das gravações foi de 99:23 (noventa e nove minutos e

vinte e três segundos).

Observamos que, uma das nossas dificuldades foi quanto ao retorno deste

A

B

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documento {Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do responsável pelo menor},

o motivo deste deve-se ao fato de alguns alunos serem residentes no campus, estes

levavam o documento para casa e acabavam esquecendo de trazer no prazo

combinado, outros por lapso mesmo.

4.4.2 A voz dos sujeitos professores

No que concerne as entrevistas dos professores (APÊNDICE B), o nosso

intuito era entrevistar todos os docentes que ministravam aulas nas três séries do

curso Técnico em Agroecologia, no ano de 2016, desta forma, encaminhamos uma

carta convite (APÊNDICE E) para o correio eletrônico (e-mail) institucional de cada

um, desta forma realizamos as entrevistas com aqueles professores que se

prontificaram a participarem, ressaltamos que alguns não responderam o e-mail, e sim

nos procuraram pessoalmente. Um fato que julgamos relevante, foi que, professores

que não ministravam aula no curso selecionado, colocaram-se a disposição para

contribuir com o nosso estudo.

Assim como as entrevistas dos alunos, as realizadas com os docentes,

também foram gravadas, antes de cada entrevista, explicávamos todos os

procedimentos e após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(APÊNDICE F), cada um recebia uma cópia, o total de horas das gravações dos

docentes foi de 49:48 (Quarenta e nove minutos e quarenta e oito segundos).

No caso dos professores, os critérios de Inclusão estabelecidos, foram:

Ministrar aula no Curso Técnico em Agroecologia Integrado, no Campus Cacoal/IFRO;

Aceitar participar da pesquisa; Responder a carta convite. Os critérios de exclusão,

foram os seguintes: Não aceitar participar da pesquisa; Não responder a carta convite

encaminhada pelo pesquisador.

4.5 Ouvindo e Interpretando as Vozes (Análise e tratamento dos Dados)

A elaboração e preparação do material ocorreu principalmente, após a

realização e gravação das entrevistas, estas foram transcritas na íntegra, com o

auxílio de um software de transcrição, o Transcribe26 (Figura 8) porém, não foi possível

26 Funciona como uma extensão do navegador, é um aplicativo pago, a versão demo dura 07

dias. Adquirimos o software pelo valor de U$ 17,00 (Dezessete dólares/R$ 56,60, taxa de cambio na época), licença por um ano.

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com todas as entrevistas, a utilização do referido software, uma vez que este não

conseguia fazer a captação do áudio, devido à qualidade deste, sendo assim, a

transcrição foi realizada nos moldes tradicionais, ouvir – parar – transcrever.

Figura 8 – Interface do Transcribe/Plataforma online

Fonte: Print Screen da tela do notebook do autor

Quando o pesquisador opta por um software de transcrição automática,

este tem que estar ciente que esse tipo de programa faz o reconhecimento de voz, no

entanto, as pontuações devem ser colocadas manualmente, ou seja, o

pesquisador/transcritor, deve ouvir atentamente e acompanhar o texto, fazendo as

retificações e pontuando adequadamente a transcrição.

Observamos que, mesmo utilizando o software, este não exime o

pesquisador, de todo o rigor necessário nesta etapa da pesquisa. Outro fator adotado

por nós nesta pesquisa, foi fazer as transcrições logo após as gravações, e todas

foram transcritas por quem as realizou, neste caso, o próprio pesquisador, opção esta,

que teve como intuito, garantir a fidedignidade ao que foi dito pelos pesquisados.

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Sobre a transcrição, Bogdan e Biklen (1994, p. 172-173) destacam que,

“quando um estudo envolve entrevistas extensas ou quando a entrevista é a técnica

principal do estudo, recomendamos que use um gravador” e que “as transcrições são

os principais dados de muitos estudos de entrevista”.

Cada entrevista transcrita, recebeu um cabeçalho e um número de registro

para identificação, adotamos a abreviação E/A (Entrevista com Aluno) e E/P

(Entrevista com o Professor) seguido de um número sequencial, de acordo com a

ordem das entrevistas (APÊNDICE G).

As gravações das entrevistas foram armazenadas em um HD (Hard Disk)

externo, protegido por senha pelo entrevistador e ficará guardada por dois anos.

Somente o entrevistador e o professor-orientador deste possuem acesso ao registro

para análise dos dados. Os nomes e locais mencionados pelo entrevistado foram

anonimizados na transcrição, no grau que foi necessário (FLICK, 2013).

Para o processo de transcrição, nos embasamos teoricamente em

Marcuschi (2003), para este, não existe a “melhor” transcrição, todas são mais ou

menos boas. Devendo ao analista, assinalar o que lhe convém de acordo com os seus

objetivos, Marcuschi (2003) afirma ainda que, a transcrição deve ser limpa e legível,

sem sobrecarga de símbolos complicados.

Em sua obra, Análise da Conversação, Marcuschi (2003) utiliza uma gama

de sinais, adotados por nós, nas nossas transcrições (Quadro 12), para que os

analistas procedam as suas transcrições de forma que este reproduza as

conversações, considerando os detalhes não apenas verbais, mas entoacionais,

paralinguísticos e outros, de forma que, informações adicionais, se houverem, devem

constar na transcrição, mediante a sua relevância.

Quadro 12 – Sinais utilizados ao longo das transcrições

Falas simultâneas [ [

Sobreposição de Vozes [

Pausas curtas {menores ou igual} (0.5)

segundos

+

Pausas longas {maiores que 0.5

segundos)

Indicação do tempo

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Continuação do Quadro 12 Dúvidas e suposições sobre o que foi dito (Incompreensível)

(Suposição do que ouviu)

Ênfase ou acento forte LETRA MAIÚSCULA

Alongamento de vogal A: ; co:::mo; e:::u

Comentários do analista ((ri)); ((tossiu)); ((fala nervosamente));

Repetições e e ele ; aca cada um;

Truncamento bruscos /

Sinais de entonação “aspas duplas (subida rápida); ‘aspas simples

(subida leve);

Pausas preenchidas, hesitação ou sinais

de atenção

Eh, ah, oh, ih; mhm; ahm; uhm; ahã;

Fonte: Adaptado de Marcuschi, 2003.

Salientamos que, a Análise da Conversação no processo de transcrição,

nos auxiliou no entendimento de transformar o áudio em texto, e o uso dos sinais

estabelecidos por Marcuschi, tornam o texto, mais próximo do que foi expresso pelos

colaboradores da pesquisa.

Para codificação e apresentação dos resultados com base nos dados

obtidos, utilizou-se a análise textual discursiva, que consiste em um processo que se

inicia com uma unitarização em que os textos são separados em unidades de

significados. Os textos transcritos representam uma fonte de expressão, e a análise

textual discursiva busca esta expressão e o contexto contido nestes textos.

Conforme Moraes e Galiazzi (2006), estas unidades por si mesmas podem

gerar outros conjuntos de unidades oriundas da interlocução empírica, da interlocução

teórica e das interpretações feitas pelo pesquisador.

Para organização dos dados coletados e a análise utilizou-se o software

(ferramenta) Nvivo 10®27. As informações foram categorizadas, utilizando-se as

unidades de análise estruturadas. Esse software permite a codificação dos dados em

nós para que sejam analisados individualmente, por unidade de análise, ou via

matrizes de cruzamento.

27 Software pago, licença adquirida pelo autor.

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Ao procedermos o movimento de interpretação dos dados das entrevistas,

com os alunos e professores do IFRO/Campus Cacoal que pertencem ao Curso

Técnico em Agroecologia, buscou –se a apropriação das palavras destes, desta forma

para o processo de unitarização e categorização, exigido na Análise Textual, seguimos

etapas distintas, com o auxílio do software Nvivo, o que proporcionou uma melhor

compreensão do texto (Apêndices H - L).

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CAPÍTULO 5 – RESULTADOS E DISCUSSÕES

“Só tenho uma certeza: as minhas muitas incertezas”. (Ilya Prigogine, 1917-2003)

___________________________________________________________________

Neste capítulo, apresentamos os dados coletados em campo através de

entrevistas e registros de campo, relacionando-os à pesquisa bibliográfica e

documental, que foi desenvolvida tendo como foco os objetivos propostos na

pesquisa, sendo estes, a investigação dos conhecimentos tradicionais (etnobotânicos)

de alunos e professores da educação profissional integrada ao médio, do Instituto

Federal de Rondônia/Campus Cacoal, visando utilizar a etnobotânica como

possibilidade de conectividade entre as disciplinas do núcleo básico e profissional.

A nossa questão problema residiu em saber, como as relações entre os

conhecimentos tradicionais e o conhecimento científico são abordadas em disciplinas

que envolvem a etnobotânica no Curso Técnico em Agroecologia, do Instituto Federal

de Rondônia/Campus Cacoal?”

Dentro deste propósito, a nossa problemática foi norteada, pelas seguintes

questões: a comunidade docente e discente do IFRO é detentora de algum

etnoconhecimento sobre plantas medicinais?; A comunidade conhece o caráter

técnico cientifico destes saberes?; Estes conhecimentos uma vez sistematizados

poderão ser utilizados pelos professores, para elaboração de planos de aula, que

auxiliem na compreensão de conhecimentos científicos necessários em outras

áreas?; Os professores, independentes da área de conhecimento, apesar de estarem

inseridos num locus onde o etnoconhecimento tem caráter cultural, não observam

ainda a importância do etnoconhecimento na sua atuação profissional?

Os dados analisados são resultados das entrevistas realizadas com os

alunos e professores do curso Técnico em Agroecologia, no período compreendido

entre junho de 2016 a fevereiro de 2017. Observamos ainda que, estes se constituem

de outras fontes, tais como: análises dos PPCs, Diretrizes Curriculares da Educação

Profissional, Resoluções, Leis que regulamentam e norteiam os IFs e os cursos por

eles ofertados.

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5.1 Perfil dos Entrevistados

O Campus Cacoal, apresenta um ecletismo no que concerne a sua

comunidade estudantil e docente, é nítida a diversidade cultural, além de termos no

mesmo espaço estudantil, alunos de estratos sociais diferenciados.

Temos ainda, as diferenças quanto as atividades laborais dos pais, muitos

deles residem na zona rural e são filhos de agricultores familiares, e aqueles que não

o são, tem ligações com o meio rural por meio dos avós ou outro familiar.

Evidenciamos ainda, a diversidade cultural no meio estudantil, tais como os

indígenas e os pomeranos28, todos com tradições, ritos e costumes que são

transmitidos ao longo das gerações, e que podem ser explorados no ambiente de

ensino escolar.

Partindo das análises das entrevistas, apresentamos abaixo, o perfil dos

entrevistados, o conhecimento etnobotânico dos alunos e professores, pertencentes

ao Curso Técnico em Agroecologia, nosso intuito, no primeiro momento, foi saber se

a comunidade discente e docente, era possuidora de algum conhecimento sobre

plantas medicinais.

O total de alunos do Curso Técnico em Agroecologia durante o ano de 2016

(dois mil e dezesseis) era de 93 (noventa e três), deste nós entrevistamos 24 (vinte e

quatro) alunos.

Do total de alunos participantes da pesquisa, 21 (vinte e um) alunos

concluíram o ensino fundamental (E.F) na escola pública, 02 (dois) na escola

particular e 01 (um) aluno cursou o E.F em ambas escolas. Destes, 16 (dezesseis)

eram do sexo feminino e 08 do sexo masculino.

Quando questionados sobre a sua etnia, 12 (doze) alunos, se

autodeclararam como pardos, 08 (oito) brancos, 03 (três) negros e 01 (um) indígena.

Quanto ao local da residência, 21 (vinte e um) afirmaram que residem na zona urbana

e 03 (três) na zona rural.

28 Imigrantes oriundos da Pomerânia.

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No ano de 2016 (dois mil e dezesseis), tínhamos um total de 23 (vinte e

três professores) que ministravam aula no curso de Agroecologia, destes

entrevistamos 05 (cinco), perfazendo um total de 21,74%.

Quanto a formação acadêmica, 02 (dois) eram licenciados, 01 (um)

bacharel e 02 (dois) possuíam as duas formações. Quanto a titulação, 01 (um)

graduado com especialização Lato Sensu, 03 (três) mestres e 01 (um) doutor.

5.2 O conhecimento Etnobotânico dos Professores e Alunos

Com base nos dados revelados na pesquisa, constatamos uma relação

muito próxima dos alunos e docentes no que tange ao conhecimento e uso de plantas

medicinais, conforme pode ser observado nos excertos abaixo:

E/A nº. 19: o boldo, a gente pega a folha, minha mãe faz um chazinho, e toma geralmente para algum mal do estômago, se tiver com dor de barriga, essas coisas e sempre melhora, é o chazinho, tanto que a gente tem um pezinho de boldo lá em casa, a babosa, eu sou alérgico a mosquito, eu tenho alergia a mosquito e, minhas pernas ficam feridas, ficavam mais quando eu era pequeno e não tinha o costume de usar calça todos os dias, como aqui no campus, e a gente passava e curava e ela curava a pele, para passar e tal, tirar as manchas, e tipo de curativo de assadura

E/A nº .18: Ai, tem uma ervinha que a folhinha branquinha, pequenininha, esqueci o nome dela! - Folha de algodão! Folha de acerola, que a minha mãe usa para cura da gripe, é ... hummm... ah! e suco de determinadas verduras;

Observamos ainda que, a “transmissão vertical de conhecimento, aquela

que se dá de maneira oral, das gerações mais velhas para as gerações mais novas e

a transmissão horizontal dos mesmos, que se dá com outros indivíduos da sociedade”

(Xavier et al., 2011, p. 100), é muito presente na comunidade escolar, tanto na fala

dos alunos, quanto dos professores, como demonstrado nas afirmações abaixo:

E/A nº. 05: O ... Romã, quando faz, é uma mistura com mel, pra garganta, que a minha mãe usa, camomila também chá, erva doce também chá, cravo e canela também pra fazer chá!

E/A nº. 06: humm... boldo (risos), a minha vó me faz tomar, é um tempero amarelo, que eu esqueci o nome! [Açafrão?] Açafrão! E... é isso mesmo. E/A nº. 07: Assim, a gente usa, a minha mãe ela faz, é.. água com açafrão..

E/A nº .14: Agora que o Senhor falou, eu lembro que, eu tinha problemas para dormir, e{+}, a minha avó pediu para manipular um remédio natural, que nome dela era, tintura valeriana, e {+}, eu não sei com qual planta foi feito, só me lembro, era um remédio natural, passado por alguns processos com a planta, não sei...

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E/A nº .15: É (+), arruda, quando, quando eu tive, eu tive conjuntivite quando eu era pequena, a minha vó fez um, arruda, coloca num potinho com água e lava todos os dias de manhã o rosto com arruda;

E/P nº. 01: então, acredito que muita planta medicinal, ela tá aí e não tá sendo pesquisada né, é::: eu tinha conversado com::: nós entrevistamos um programa aqui a ONG que eu faço parte tinha na rádio samaúma o cacique T., e ele falou que a::: dentro da cultura dos pajés cinta-larga existe uma quantidade, todas as plantas que eles tem na floresta, todas, todas, tem algum uso medicinal! lógico” que isso é conhecimento tradicional deles, e eles não iam liberar né! mas ele me, ele me citou durante a entrevista algumas plantas, assim umas dez a quinze, para determinados fins, pra gripe, dor de cabeça, resfriado, né, e acho que é muito importante isso;

E/P nº. 02: então, são várias né, na minha família é muito comum utilizar plantas pra alguns problemas de saúde, tem o capim cidreira para efeito calmante, boldo que é pra problemas no estômago, a laranjeira, folha é usada no chá para gripe, essas coisas [a minha infância], e o fedegoso também, você usa com café pra virose;

E/P nº. 03: olha, existe a::: erva cidreira que conheço, o capim santo também que conheço e::::::::::::::: deixa eu ver uma outra, erva cidreira, capim santo + bom recordo essas duas, mas conheço umas 5 a 6 por meio da Bahia, né, porque a gente sempre mexe com plantas medicinais e a partir delas dizem” que são + frutos para o bem-estar social, então por isso que conheço!

Guarim Neto (2006), em estudo com a comunidade pantaneira, afirma que,

o saber local sobre o tratamento de diferentes males que perturbam/afetam o ser

humano é geralmente evidenciado em conversas com pessoas mais idosas (inserindo

aí os raizeiros, benzedeiras, donas de casa, dentre outros), que por motivo ou outro,

carregam consigo essas preciosas informações recebidas de seus ancestrais.

Neste estudo, estamos mostrando que o saber local (neste caso sobre

plantas medicinais e suas utilizações), também estão presentes na escola, seja na

comunidade docente e na discente, apresentando também, a possibilidade do

aproveitamento destes conhecimentos pelos docentes na sala de aula, enriquecendo

o processo de ensino e aprendizagem e contribuindo ainda, com a recuperação,

valorização e preservação destas informações.

5.3 Atividades Didáticos-Pedagógicas Mencionadas pelos Professores e Alunos

No depoimento dos professores, percebemos que alguns nunca realizaram

nenhuma atividade que envolvesse o uso de plantas medicinais, no âmbito do

Campus Cacoal/IFRO.

E/P nº. 01 - [...] eu tenho intenção principalmente com a turma de agropecuária e agroecologia, a gente fazer um trabalho nesse sentido [...]

E/P nº. 04 – não, eu não realizei nenhum trabalho nesse sentido!

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E/P nº. 05 – especificamente sobre plantas é, é, eu não, não tenho lembranças, não, acho que eu nunca trabalhei um conteúdo, alguma coisa que, que envolva, esse tipo de conhecimento [...]

No entanto, mesmo não sendo atividade que contemple a etnobotânica

diretamente, encontramos dois depoimentos de atividades que abordaram os

etnoconhecimentos, sendo um destes a questão religiosa e o outro os ditados

populares.

E/P nº. 02 – então, é::::eu já trabalhei com regionalismos, com ditados populares que o aluno traz a sua língua materna da sua cultura familiar e o resultado foi interessante, porque os alunos participam mais, eles participam ativamente e eles ficam curiosos quando ele encontra uma expressão, algo que foge da sua cultura então eles se interessam mais pelo conteúdo quando você faz essa relação de contextos;

E/P nº. 03 – sim, como por exemplo observar a questão da própria religiosidade, porque quando a gente fala em saberes tradicionais, a gente tem que su/ não só colocar a questão indígena, mas colocar a questão quilombola, colocar a questão de povos, como os povos pomeranos e a partir dela que tipo e a concepção religiosa ela é importante como centro, porque quando a gente fala em religião, todos colocam a sua como a melhor do que a outra, então a partir daí o aluno passou perceber que existe o que nós chamamos de epifania ou também outro elemento clássico, além da epifania são os saberes constituídos, como a igreja é o centro” da essência do homem, o homem sempre busca o centro como elemento de sustentação, porque? quando você diz olhe eu sou da religião x, então eu preciso de um centro, pra que esse mesmo centro me de, como se fosse uma escada para um:::::: para um além, esse mesmo além que pode ser constituído também como tra/ saberes tradicionais; tem um livro que eu to terminando de ler agora ((busca em cima da mesa pelo livro para me mostrar)) que é interessantíssimo, que é do Mircea Eliade, o Sagrado e o Profano, que ele diz justamente isso, até que ponto os saberes tradicionais da questão religiosa pode fazer com que individuo , mesmo tendo, estando no campo social, ele pode contribuir e não desmistificar a religião como algo que a sua religião é melhor do que a outra, então quando eu trabalhei com os alunos eu coloquei essa questão da religiosidade e porque que a questão biológica ela também podem influenciar, e que o próprio Eliade ele diz isso aqui, ((aponta o livro)) a biologia é importante para entender o processo de nascimento da religião, mas + que tipo de Deus! nós estamos a observar aqui? então, isso foi importante porque eles instituíram isso, e não existe mais, mesmo aquele que tem uma religião eles não fazem mais essa questão de dizer assim, olha a minha é melhor do que a do outro, não, existem saberes constituídos dentro de cada comunidade tradicional, então, foi positivo” porque houve um resultado!

Como a etnobotânica é uma área da etnobiologia, entendemos que estas

atividades vão ao encontro do que é estabelecido por Marques (1995), quando este

define Etnobiologia, como: “o estudo das interações entre a humanidade e o resto da

ecosfera através da compreensão dos sentimentos, comportamentos e crenças a

respeito da natureza, características de uma espécie biológica (Homo sapiens),

apresentando variações morfológicas e genéticas, cujas novas propriedades

emergentes geram - lhes múltiplas descontinuidades com o resto da própria natureza”.

O relato dos entrevistados abaixo, nos deixa claro que os professores

possuem experiências que contemplam os etnoconhecimentos, no entanto, apenas

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01 (um) professor, relatou atividade com plantas medicinais, mas esta foi realizada

em uma outra escola que o professor trabalhou, tivemos um relato de experiência

anterior envolvendo outros saberes.

E/P nº. 01 – [...] essa pergunta muito bacana, né, a gente começou a fazer um trabalho lá na escola família agrícola né, quando eu fui professor, que era a preparação de um herbário, né; lá tinha toda uma estrutura de um viveiro, a:: os cursos são voltados pra essa área de agroecologia né, de agricultura orgânica, agricultura familiar e infelizmente a gente não teve uma, uma continuidade do trabalho né; E/P nº. 05 – [..] é + na escola, no CEEJA em Rolim de Moura, quando eu trabalhava a gente fazia alguns trabalhos que envolvia saberes da comunidade, né, a gente, eu já desenvolvi alguns projetos que, na outra esc/ no CEEJA, aonde a gente convidava pessoas da comunidade pra vir ensinar a produzir ou, eh, algum produto reutilizando material reciclado, né, tipo, vassoura, é, coisas que a gente pegava e as pessoas da comunidade sabiam transformar aquilo! [que bacana], né, então, isso ai, nós, eu já fiz né, como trabalho, agora envolvendo plantas eu não tenho lembrança não, acho que + nunca fiz!

Ao analisarmos respostas dadas pelos alunos, também é possível

perceber, que atividades envolvendo a etnobotânica não foram vivenciadas por eles,

ou se foram, não tiveram significados.

E/A nº. 03 – Não, nunca teve nenhum trabalho relacionado a esse tipo de coisa! E/A nº. 06 – Não houveram nenhum aula... E/A nº. 06 – nenhum trabalho relacionado a isso!

E/A nº. 07 - uhmm. Que eu me lembre não fiz não! E/A nº. 07 - Não, não, a gente não fez! E/A nº. 15 – Não, que eu me recorde a gente não tenha feito ainda! E/A nº. 17 - não, a gente nunca, nunca realizou nenhum trabalho assim, desse tipo! E/A nº. 21 – não chegamos a realizar nenhum trabalho, enfim, na área medicinal, com plantas ou alguma coisa! E/A nº. 22 - não, nunca foi realizado nenhum trabalho desse tipo que o senhor acabou de falar!

No entanto, percebemos na fala dos alunos, a realização de algumas

atividades que os levaram a relacionar os conhecimentos prévios, no que tange aos

etnoconhecimentos.

E/A nº. 04 - Só um trabalho na matéria de Língua Portuguesa, que foi, a gente estudou um

pouco sobre a legalização da maconha, mas não entrou em si, no detalhe da planta, só

entrou nos benefícios e malefícios da planta!

E/A nº. 05 – Não, em sala não! Só quando a gente fez o minicurso, dai teve alguma coisa

a ver, mas na sala de aula não!

E/A nº. 08 - Eu fiz esse ano, daí tinha, eu percebi que tem bastantes espécies, é, que pode ser encontrada, pode ser usado para algum medicamento! E/A nº. 08 - Ó, a professora ela passou como básico para quem quisesse fazer, é, onde que era para nós pegar algumas plantas e catalogar elas, dai eu fui cataloguei e pesquisei, e achei muitas funções, que elas são, que elas podem ser utilizadas;

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E/A nº. 17 - a gente não fez nenhum trabalho, a professora deu uma passada por cima, assim só, só pra animais, e ai, a gente descobriu que que era fitoterapia, e (+) homeopatia!

De acordo com Machado (2006), boas hipóteses de trabalho para o

enfrentamento do desafio da organização curricular integrada se referem às

oportunidades que se abrem tanto para os educadores vindos do Ensino Médio como

para aqueles que têm atuado, especificamente, no ensino técnico.

Ainda de acordo com Machado (2006), estas ocasiões são favoráveis para

superar, mediante as trocas entre si, fragilidades verificadas em cada um destes tipos

de ensino. Para os educadores do Ensino Médio, são oportunidades de superar

tendências excessivamente acadêmicas, livrescas, discursivas e reprodutivas das

práticas educativas que frequentemente se notam neste campo educacional. Para os

educadores do ensino técnico, são as chances de superar o viés, às vezes,

excessivamente técnico-operacional deste ensino, em favor de uma abordagem

“desretificadora”29 dos objetos técnicos pela apropriação das condições sociais e

históricas de produção e utilização dos mesmos (MACHADO, 2006).

5.4 Descrição Etnobotânica das Plantas Citadas

A identificação das plantas, foi realizada conforme a descrição destas pelos

entrevistados e devidamente anotadas no caderno de campo. Posteriormente

confrontado com as literaturas científicas e com base na nossa experiência nesta área

do conhecimento e do orientador, que era consultado, quando pairava a dúvida na

identificação, fizemos a classificação taxonômica, conforme demonstrado no quadro

13 e nas tabelas 1 e 2, respectivamente nas páginas, 86, 88, 89, 90 e 91.

Outro fator preponderante na identificação das plantas, foi que, no ano de

2014, implantamos no Campus Cacoal, por meio de um projeto de pesquisa e com

auxílio de alunos bolsistas, funcionários da empresa terceirizada e voluntários da

comunidade, um Horto Medicinal (Figura 09), este propiciou quando da dúvida na

descrição das plantas, a oportunidade para o entrevistado mostrar in loco o espécime

a que se referia.

29 Neologismo utilizado pela autora citada no parágrafo.

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Figura 09 – Horto Medicinal do Campus Cacoal: etapas da implantação

Fonte: Acervo do autor, (2014).

As plantas medicinais foram distribuídas em 44 (quarenta e quatro)

espécies, 03 (três) gêneros e 31 famílias (Quadro 13).

A B

C D

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85 Quadro 13 - Etnoespécies citadas pelos entrevistados (nomes científicos e famílias botânicas)

Etnoespécies citadas pelos entrevistados

Nomes Científicos

Famílias Botânicas

Abacaxi Ananas comosus L. Merril. BROMELIACEAE

Açafrão Curcuma longa L. ZINGIBERACEAE

Acerola Malpighia glabra L. MALPIGHIACEAE

Alecrim Rosmarinus officinalis L. LAMIACEAE

Alfavaca Ocimum sp. LAMIACEAE

Alfazema Aloysia gratissima VERBENACEAE

Algodão Gossypium hirsutum L. MALVACEAE

Alho Allium sativum L. LILIACEAE

Amora Morus nigra L. MORACEAE

Anis estrelados Illicium verum Hook. f. MAGNOLIACEAE

Aroeira Schinus terebinthifolius Raddi. ANACARDIACEAE

Arruda Ruta graveolens L. RUTACEAE

Assa peixe Vernonia polyanthes Less. ASTERACEAE

Babosa Aloe vera (L.) LILIACEAE

Boldo Plectranthus barbatus Andrews LAMIACEAE

Cacau Theobroma cacao L. STERCULIACEAE

Café Coffea arabica L. RUBIACEAE

Cajuru Arrabidaea chica (Humb. & Bonpl.) BIGNONIACEAE

Camomila Matricaria sp. ASTERACEAE

Canela Cinnamomum zeylanicum Blume. LAURACEAE

Carqueja Baccharis trimera (Less) DC ASTERACEAE

Citronela Cymbopogon nardus (L.) POACEAE

Couve Brassica oleracea L. CRASSULACEAE

Cravo Syzygium aromaticum (L.) MYRTACEAE

Erva cidreira Melissa officinalis L. LAMIACEAE

Erva doce Foeniculum vulgare Mill. APIACEAE

Fedegoso Cassia occidentalis L CAESALPINIACEAE

Goiaba Psidium guajava L MYRTACEAE

Hortelã Mentha sp. LAMIACEAE

Hortelã pimenta Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng.

LAMIACEAE

Ipê roxo Tabeuia impetiginosa (Mart.) BIGNONIACEAE

Jenipapo Genipa americana L. RUBIACEAE

Laranja Citrus sinensis L. Osbeck. RUTACEAE

Losna Artemisia absinthium L. ASTERACEAE

Macaé Leonurus sibiricus L. LAMIACEAE

Maconha Cannabis sativa L. CANNABACEAE

Melão de São Caetano Momordica charantia L. CUCURBITACEAE

Mentruz (Mastruz ou Erva de Santa Maria)

Chenopodium ambrosioides L. CHENOPODIACEAE

Óleo de copaíba Copaifera langsdorffii Desf. CAESALPINIACEAE

Pau pereira Platycyamus regnellii (Benth). FABACEAE

Pimenteira Capsicum annuum L. SOLANACEAE

Poejo Mentha pulegium L. LAMIACEAE

Quebra pedra Phyllanthus niruri L. EUPHORBIACEAE

Romã Punica granatum L. PUNICACEAE

Taioba Xanthosoma sagittifolium (L.) ARACEAE

Urtiga Urtica dioica L. URTICACEAE

Valeriana Valeriana officinalis L. CAPRIFOLIACEAE

Fonte: Elaborado pelo autor

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As famílias botânicas com maior número de espécies citadas foram

Lamiaceae (08 espécies), Asteraceae (04 espécies), Bignoniaceae, Caesalpiniaceae,

Liliaceae, Myrtaceae, Rubiaceae, Rutaceae, (02 citações cada), as demais famílias

tiveram um representante citado (Quadro 13).

Nas tabelas 1 e 2, constatamos a relação das plantas citadas pelos

professores e alunos, quando das entrevistas, bem como o número de citações das

plantas, a forma de uso, a parte utilizada e as atribuições de cura mencionadas pelos

entrevistados.

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87 TABELA 1 – Descrição das Plantas citadas pelos Professores durante as entrevistas

PLANTAS INDICAÇÃO ETNOTERAPÊUTICA

Nome Popular NÚMERO DE

CITAÇÕES

NOME CIENTÍFICO PARTE UTILIZADA FORMA DE USO INDICAÇÕES ATRIBUÍDAS PELOS

ENTREVISTADOS R C FO FL FR S

Boldo 03 Plectranthus barbatus

Andr.

X Chá Problemas no estômago; Problemas

gástricos; Problemas estomacais

Camomila 01 Matricaria sp. X X Chá Calmante

Capim

Santo/Capim

Limão/Capim

Cidreira

02 Cymbopogon citratus DC X Chá; Com leite Abrir os poros do pulmão; Gripe

Carqueja 01 Baccharis trimera (Less)

DC

X Chá Calmante

Erva Cidreira 04 Melissa officinalis L. X Chá Não atribuído

Erva de Santa

Maria

01 Chenopodium

ambrosioides L.

X Chá Virose

Fedegoso 01 Cassia occidentalis L. X Chá Gripe

Laranjeira 01 Citrus sinensis L. Osbeck. X Chá Gripe

Melão de São

Caetano

01 Momordica charantia L. X X Chá Chikungunya; Zika

Poejo 02 Mentha pulegium L. X Chá Não atribuído

Fonte: Elaborado pelo autor utilizando software Nvivo Legenda: R – Raiz; C – Caule; FO – Folha; Fl – Flor; FR - Fruto; S - Semente

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TABELA 2 – Descrição das Plantas citadas pelos Alunos durante as entrevistas

PLANTAS INDICAÇÃO ETNOTERAPÊUTICA

Nome Popular NÚMERO DE

CITAÇÕES

NOME CIENTÍFICO PARTE UTILIZADA FORMA DE USO INDICAÇÕES ATRIBUÍDAS PELOS ENTREVISTADOS

R C FO FL FR S

Abacaxi 1 Ananas comosus L. Merril. X Suco Gripe

Açafrão 2 Curcuma longa L. X Pó (do rizoma/caule) na

água

Infecção de garganta

Acerola 1 Malpighia glabra L. X Chá; Suco Gripe

Alecrim 2 Rosmarinus officinalis L. X Chá Não atribuído

Alfavaca 1 Ocimum sp. X Chá Não atribuído

Alfazema 1 Aloysia gratíssima X Chá Não atribuído

Algodão 4 Gossypium hirsutum L. X Chá Infecções

Alho 1 Allium sativum L. X Chá Gripe

Amora 1 Morus nigra L. X Chá Não atribuído

Anis estrelados 1 Illicium verum Hook. f. X X Chá Queimação no estômago

Aroeira 1 Schinus terebinthifolius Raddi. X Chá Não atribuído

Arruda 1 Ruta graveolens L. X Maceração Conjuntivite

Assa peixe 1 Vernonanthura phosphorica (Vell.) H.Rob.

X Chá Não atribuído

Babosa 7 Aloe vera (L.) X Pomada (creme) Queimadura; Feridas; Alergia de picada de mosquito; Queimadura

Boldo 22 Plectranthus barbatus Andrews X Chá Mal estar no Estômago; Ruim da barriga;

Estômago ruim; Dor de barriga; Dores intestinais

Cacau 1 Theobroma cacao L. X Chá Não atribuído

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89 Continuação da Tabela 2

Café 1 Coffea arabica L. X Cataplasma Febre

Cajuru 1 Arrabidaea chica (Humb. & Bonpl.) X Chá Gripe

Camomila 8 Matricaria sp. X Chá Calmante

Canela 1 Cinnamomum zeylanicum Blume.

X Chá Gripe

Carqueja 1 Baccharis trimera (Less) DC X Chá Não atribuído

Citronela 1 Cymbopogon nardus (L.) X Chá Não atribuído

Couve 1 Brassica oleracea L. X Suco Gastrite

Cravo 1 Syzygium aromaticum (L.) X Chá Não atribuído

Erva cidreira 7 Melissa officinalis L. X Chá Calmante; Boa noite de sono;

Dor; Gripe;

Erva doce 7 Foeniculum vulgare Mill. X X X X Chá Calmante; Tranquilizante

Goiaba 3 Psidium guajava L X Chá Dor de barriga (diarreia)

Hortelã 9 Mentha sp. X Chá Gripe; Gastrite; Garganta

Hortelã pimenta

1 Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng.

X Chá Gripe

Ipê roxo 1 Tabeuia impetiginosa (Mart.) X Chá Câncer

Jenipapo 1 Genipa americana L. X Tintura Uso indígena

Laranja 1 Citrus sinensis L. Osbeck. X Suco Gripe

Losna 1 Artemisia absinthium L. X Chá Estômago

Macaé 1 Leonurus sibiricus L.

X Chá Não atribuído

Maconha 2 Cannabis sativa L. X Cigarro Diversão

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90 Continuação da Tabela 2

Mentruz (Mastruz ou

Erva de Santa Maria)

3 Chenopodium ambrosioides L. X Chá; Infusão com leite

Vermes; Inchaço nos ossos; Quebradura; Inchaço nos músculos

Óleo de copaíba

1 Copaifera langsdorffii Desf. Óleo Câncer

Pau pereira 1 Platycyamus regnellii (Benth). X Chá Dor no estômago

Pimenteira 1 Capsicum annuum L. X Unguento Feridinhas; Tumores

Quebra pedra 1 Phyllanthus niruri L. X Chá Não atribuído

Romã 3 Punica granatum L. X Chá; Sementes com Mel

Garganta;

Taioba 1 Xanthosoma sagittifolium (L.) X Chá Não atribuído

Urtiga 1 Urtica dioica L. X Chá Não atribuído

Valeriana 1 Valeriana officinalis L. Tintura Insônia

Fonte: Elaborado pelo autor utilizando software Nvivo Legenda: R – Raiz; C – Caule; FO – Folha; Fl – Flor; FR - Fruto; S - Semente

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91 As espécies mais citadas foram boldo (Plectranthus barbatus/Lamiaceae) com

25 citações; Erva Cidreira (Melissa officinalis/Lamiaceae) com 11 citações; Hortelã (Mentha

sp./Lamiaceae) com 9 citações; Camomila (Matricaria sp./Asteraceae) com 09 citações;

Erva doce (Foeniculum vulgare/Apiaceae) com 07 citações; Babosa (Aloe vera/Liliaceae)

com 07 citações e Algodão (Gossypium hirsutum/Malvaceae) com 04 citações.

Quanto a parte vegetal mencionada pelos alunos e professores e que é utilizada

no preparo de remédios caseiros, preponderou o uso das folhas, outras partes

mencionadas, foram o caule e o fruto.

O modo de preparo das plantas mencionadas foi bem diversificado, sendo o

principal o chá, observamos que o chá foi citado a sua utilização com leite, além do chá,

tivemos a maceração, cataplasma, suco, tintura, unguento e pomada.

Quanto às indicações etnoterapêuticas das plantas medicinais mencionadas na

pesquisa, a categoria mais citada foram os males do estômago seguido da categoria

calmante/tranquilizante, sendo mencionadas ainda, gripe/virose, feridas/cicatrizante e

infecções de garganta.

No que concerne, ao uso de plantas, tanto os alunos quanto os professores,

demonstraram que, estas ainda são um importante recurso utilizado para o tratamento de

diversos males da saúde humana.

Ao analisarmos as tabelas 1 e 2, podemos perceber a riqueza de conhecimento,

em relação às plantas medicinais, presente na comunidade estudantil e docente, esta é

detentora de conhecimentos sobre plantas medicinais, além de fazerem uso no dia a dia

destas plantas, como ficou evidenciado nos trechos das entrevistas mencionados acima.

5.5 Perspectivas e Dificuldades dos Alunos e Professores sobre a Realização de Atividades Envolvendo os Etnoconhecimentos sobre Plantas Medicinais

Em nossos questionamentos, procuramos saber como os professores

avaliariam, ou se sentiriam realizando alguma atividade que envolvesse as plantas

medicinais, da mesma forma, perguntamos aos alunos, como estes se sentiriam ou

reagiriam, realizando alguma atividade que envolvesse o etnoconhecimento, sobre plantas

medicinais.

Percebemos ao analisar as transcrições, uma semelhança nas respostas dos

docentes e discentes, as perspectivas se complementam ou são iguais, como evidenciados

em trechos selecionados e apresentados no Quadro 14.

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92 Quadro 14 – Análises comparativas sobre as perspectivas dos professores e alunos quanto as atividades envolvendo o etnoconhecimento sobre plantas medicinais.

RESPOSTAS DOS PROFESSORES RESPOSTAS DOS ALUNOS

E/P nº. 01- eu tenho intenção principalmente com a turma de agropecuária e agroecologia, a gente fazer um trabalho nesse sentido, tanto que eu tinha combinado com professor F. e com a professora A. da gente pegar, até já comuniquei a CAE, da gente pegar e levar uma turma lá pra comunidade da 208, ela chama Cristo rei, o nome da comunidade, e aí tem todo uma, são três associações que trabalham com orgânico, com agroecologia e com plantas medicinais, né, é::: eu não sei te relacionar, quais são as plantas que eles lidam, mas deve ser uma coisa assim, muito::: marcante, muito forte, porque eles são::: agricultores familiares né, então, é o avô que passou pro pai, e agora tá com filho, então seria importante o Instituto como é + uma instituição de fomento à pesquisa, tirar os alunos de sala de aula, e essa é a proposta que nós estávamos discutindo, nós três e levarmos lá pro campo, no campo, pra que a gente pudesse, para que a gente possa perceber essa, essa, o que tem de perspectiva, o que tem de material, que pode ser coletado né, que pode ser pesquisado, então, a intenção é essa [...]

E/A nº. 12 – Eu particularmente, eu (+) acharia uma coisa diferente, porque é

bacana você misturar o que você já sabe com algo que você tá aprendendo e muitas vezes, muita gente não tem contato com as tradições antigas, com vô, ou até mesmo com bisavô, bisavó, então seria algo interessante, tanto pra nós quanto para o professor, que é uma maneira de trocar.

E/P nº. 02 – ao conhecimento prévio que ele tem, a relação que ele faz, passa a ter sentido’, significado pra ele, quando ele consegue fazer essa relação, você busca lá do conhecimento que ele já tem tradicional na sua família, e traz com conhecimento novo, então você possibilita que ele construa novos conhecimentos, mas a partir do que ele sabe do que ele faz, do que ele traz, e ai é interessante porque ele se sente também valorizado”, o que é importante porque ele sabe que ele também tem conhecimento, porque às vezes a escola só traz como + né, como conhecimento aquele que é oficial e::: impõem para o aluno, como se só aquilo tivesse valor na sua aula, na realidade não, o saber do aluno também;

E/A nº. 14 – A consideração do conhecimento de cada um dos alunos, e a que,

o que eles trazem da família, da ... do berço deles, e não dá, e não considerar as bases científicas que eles tem, mas como tá sendo pedido alguma coisa pro aluno, que eles considerassem esse conhecimento dele, sem julgar com essa base cientifica que eles tem na formação.

E/P nº. 03 – olha, quando a gente fala em contribuições tradicionais’, mais uma vez voltamos a”, se o aluno conhece + a cultura que ele faz parte, ele consegue desenvolver , isso é o elemento base pra todos nós, que somos profissionais na área de educação, se ele conhece, ele desenvolve, se ele não conhece ele precisa conhecer, aí já depende de quem? do profissional! quem está ali a frente, que é a mola propulsora do aprendizado dele, quer queira, quer não, há profissionais que diga que depende mais do aluno, não” depende sim do aluno, mas nós como professores, que devemos indicar! é a nossa indicação que faz com que aprendam, desenvolvam e dissemine também!

E/A nº. 01 – Achei... é... bem compreensível assim para o ensino, porque é uma

coisa que você num... Você não faz assim no seu cotidiano, só... é... através de uma pesquisa, quando uma pessoa intui você a fazer

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93 Continuação do Quadro 14

E/P nº. 04 – que tipo de ação [isso], que poderia [incompreensível] ser realizada? Acho que poderia ser, se fosse algo que eu pensasse a nível de um projeto de ensino realmente, algo que eu + idealizasse até junto com eles, é::::: aproveitando aquilo que eles têm de conhecimentos tradicionais e buscando realizar uma atividade assim, só não foi feita mesma, acho que por falta de interesse meu mesmo! Algo que eu não, que eu não pensei ainda + a respeito!

E/A nº. 04 – Avaliaria que seria de extrema importância para a nossa

instituição, porque a gente já tem o curso que trata disso, tem a matéria, mas não entre no foco todo aquelas plantas que a gente vê no nosso dia a dia, a questão do chá, a gente sabe que o chá de camomila faz bem porque acalma a pessoa, mas não sabe a composição dele e também o malefício, porque tudo que traz benefício, traz malefício, então seria de extrema importância, igual quando tem uns eventos na instituição, teve um curso ministrado por você que foi até que explicou, então isso foi de extrema importância, só que a gente só tem o certificado, mas é só aquele momento na sala de aula, só aqueles dias, então seria importante se tivesse uma matéria adaptada, senão um momento toda semana para tratar desses assuntos!

E/P nº. 05 – eram positivos, porque a, a, alguns alunos eles é, mencionavam que iam começar a fazer essa prática também, né, a ideia nossa era de, de fazer, reutilizar material prá tá, trabalhando ou, ou mostrando, pruma outras, é, é, é, + maneiras, por exemplo, de ter uma renda complementar, até, até numa renda complementar, então eles utilizavam essas ideias e falavam: ah! eu também vou começar a fazer isso, vou começar a, a mexer com isso, porque parece ser, ser fácil, e os materiais é de fácil acesso!

E/A nº. 01 – Seria bem útil, porque, tanto, não só pelo aprendizado que teria, mas também pela praticidade que teria para utilizar isso na minha casa!

Fonte: Elaborado pelo autor utilizando o software Nvivo

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Procuramos saber também, o porquê dos docentes não terem realizados

atividades que relacionassem os conhecimentos tradicionais com os conhecimentos

exigidos nas disciplinas que eles ministram no curso.

E/P nº. 01 – bacana a pergunta! Bom, primeiro porque a gente tem uma ementa e a ementa ela já vem pronta né, então a ementa te coloca no quadrado e você tem que ficar naquele quadrado e é muito + isso é muito ruim, do ponto de vista da educação né, é::::

E/P nº. 04 – é:: eu não consigo identificar obstáculos, eu acho que é mesmo, uma questão só

de, de::: em princípio, uma falta de interesse minha, algo que eu não, ainda não pensei em

desenvolver de/ por essa vertente, dessa forma!

E/P nº. 05 - é, acredito que ainda me falta, + me falta é mais confiança pra relacionar é, o, o, os

conteúdos , os conheceres, os saberes, na verdade é, tradicionais ou saberes de dentro da

matemática, eu tenho feito até algumas leituras, mas ainda me falta, me falta mais, mais

convicção, prá, prá tá tentando fazer esses ajustes ai; [bacana];

Esses três fragmentos das respostas dos docentes, ilustram três

posicionamentos diferentes, sobre o porquê de não terem trabalhados com

etnoconhecimentos: a ementa, falta de interesse com a temática, domínio sobre o

etnoconhecimento e suas relações com a disciplina que ministra aula.

O reconhecimento por parte dos professores quanto a não adoção de estratégias

de ensino que possam facilitar o processo de ensino e aprendizagem, é um passo

importante para a mudança, entendendo que, as alternativas didáticas de integração

precisam ser acompanhadas e avaliadas nos seus propósitos e formas de implementação.

5.5.1 Dificuldades dos docentes em relacionarem a sua área de conhecimento com os núcleos profissional e básico

Um assunto muito discutido na sala dos professores, e nos encontros

pedagógicos, nas reuniões de curso, refere-se a dificuldade que nós docentes temos em

relacionar os conteúdos da nossa área de conhecimento, entre o núcleo básico e o

profissional, quando realizado esta pergunta aos participantes da pesquisa, obtivemos

algumas respostas, dessa natureza:

E/P nº. 01 - acho que todos os professores têm, um pouco né, todos os professores têm um

pouco, mais a gente vai tentando acomodar né, então, além dessas dificuldades, existem outras

que vão aparecendo né, e::: o que a gente vai tendo que lidar, né, mas eu vejo assim, apesar da

gente encontrar essas dificuldades e elas existirem, a gente tem que de alguma forma,

adequando né, e acho que isso é o mais importante!

E/P nº. 02 – eu tenho sim! Primeiro por desconhecimento né, de algumas aéreas das disciplinas

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técnicas e também por não estar habituada a fazer essa conexão, né, essa integração entre a

minha disciplina Língua Portuguesa com demais áreas, houve algumas iniciativas, é::: em fazer

interpretação de texto, com conteúdos, com reportagem, textos informativos+ de áreas técnicas,

mas eu reconheço que é::: são poucas + essas iniciativas, Eu já::: tentei fazer até mesmo na

graduação também, que tenha voltado pro agronegócio né, trabalhar’ + porque você já utiliza

um texto + de interesse dele, do curso e traz pra:::, prá interpretação texto, prá análise de

textos, que eu faço! mas é algo que pode ser aprimorado;

E/P nº. 03 – vejo, e isso vai muito pelo lado profissional, alguns profissionais ((ri)) não do núcleo

comum, que nós literalmente damos conta do recado, mas, do núcleo profissionalizante em sua

grande maioria”, os professores se limitam a sala de aula, raramente”, nós vemos ((ri)) o

professor NO CAMPO trabalhando e dizendo e os próprios alunos se queixam, (incompreensível)

oh! Professor, o senhor fala mais aqui em sala de aula, do que no vemos no campo, então, é

uma dificuldade que, agora nós em quantos profissionais, nós devemos rever, a nossa parte, eu

acredito que nós estamos fazendo, agora o núcleo’ profissional tem essa defasagem, é uma

defasagem que se nós + não tomarmos o cuidado, evidentemente, que que vai acontecer, os

alunos vão sair daqui, sem esse fator de aprendizado, necessário +pra +literalmente assumir

essa mesma profissão, + então, é um::::: é algo que a gente precisa realmente rever, e algo que

o professor’ não gosta de ouvir!

E/P nº. 04 – não, acho que não, eu conseguiria relacionar com certa facilidade!

E/P nº. 05 – eu tenho!

E/P nº. 05 – Ah!, minha dificuldade é, é, por exemplo, eu, eu tenho pouca experiências,

experiência na, é, tipo, nos cursos técnicos profissionalizantes, eu comecei agora, e a minha

vivência, ela fez com que eu mudasse muito de curso, então até agora, eu não tive, dentro de

um único curso, é um tempo maior do que um (01) ano, [perfeito], então, isso me fez com que

assim, como eu to indo de um curso para o outro sempre, eu ainda não consegui fazer com que,

eu, eu absorvesse aquele curso, para um próximo ano, eu tá implantando, ou tá colocando

algumas práticas que dava pra ser melhorada, então, todo ano eu to mudando de curso, mudo

de curso, então, é + quando isso começa a::, a encaixar, ou seja, começa a clarear pra mim,

[entendi professor], eu, eu mudei para um outro curso, então, assim a minha dificuldade até

agora, acho que principalmente é em relação a isso [uhum];

Por meio dos entrevistados, fica claro que os docentes encontram dificuldades

para relacionar a sua disciplina com o núcleo profissional, ou, fazer a integração entre o

núcleo básico e o núcleo profissional.

Para Machado (2006), currículos integrados são oportunidades riquíssimas para

explorar as potencialidades multidimensionais da educação, para superar a visão utilitarista

do ensino, para desenvolver as capacidades de pensar, sentir e agir dos alunos, para

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96 realizar o objetivo da educação integral. Para tanto, é preciso que a prática pedagógica e

as alternativas de ação didática sejam sistematizadas, se efetivamente se quer que os

horizontes dos conhecimentos dos alunos sejam ampliados, que estes compreendam os

determinantes sociais, econômicos e políticos das situações de suas vidas e de trabalho e

que discutam as alternativas que se apresentam.

5.5.2 Dificuldades dos alunos em relacionarem os conhecimentos tradicionais com os exigidos nas disciplinas do curso

Assim como os professores, os alunos também responderam que encontram

dificuldades em relacionar os conhecimentos prévio com os que são exigidos em sala,

principalmente, com o núcleo básico e profissional.

E/A nº. 03 – Sim, porque como eu sou mais da zona urbana, então assim essa questão com o campo eu nunca fui muito ligada, então eu tenho um pouco de dificuldade pra relacionar os conteúdos! E/A nº. 04 – Por muitas vezes sim, mas quando o professor explica, igual a questão de ... do

mito, não sei explicar! Quando fala bem assim, ah! Não pode comer melancia e tomar banho,

essas questões assim, ser for comparado isso com o tema abordado em sala de aula, a gente

entende, agora se não for citado, porque muitas vezes se explica lá, sobre a planta e tal, e muitas

vezes a gente vê isso no dia a dia e não entende! Agora, então o professor tem que tá mostrando

isso pra gente!

E/A nº. 05 – Sim, porque na verdade, eu não tenho muito conhecimento sobre o campo assim,

especificamente, então, não é muita coisa que eu consigo relacionar!

E/A nº. 09 – Pausa, Nesse ano é! Nesse ano foi! Mas nos dois últimos anos não, porque, o que

eu aprendi, o que eu sei, tipo é o básico, então o básico foi passado nos dois primeiros anos, e

agora a gente tá muito mais aprofundado aqui no curso, nesse ano!

E/A nº. 20-Primeiramente eu, quando eu comecei, eu, eu tinha dificuldade, agora eu, é, eu to, agora eu to relacionando bem!

Porém, a maioria destes, disseram não ter dificuldade em fazer esta conexão,

afirmaram que relacionam bem os conhecimentos que já possuem com os conhecimentos

exigidos na sala de aula.

E/A Nº01 – Não! E/A Nº01 - Tem até bastante similaridade até, mesmo que seja em termos diferentes, no final acaba sendo a mesma coisa, só muda o nível de cientificidade de cada um! E/A Nº 08 – na maioria das vezes não! Porque sempre to presente assim, na zona rural e vejo bastante coisas entre, tanto na parte do animal, quanto do vegetal;

E/A Nº 15 – De jeito nenhum, acho muito interessante, você pode incluir sempre no seu dia a dia, na sua casa!

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E/A Nº 16 – Não muito, mais ou menos, assim, dá pra gente, quando eu entrei no curso aqui,

eu consegui ver melhor sabe, meu pai, eu vou com ele às vezes, eu consigo identificar

algumas coisas, o nome cientifico de algumas plantas eu sei, então, sabe, ajuda bastante!

E/A Nº 17 - Não, muito pelo contrário, me ajudam muito!

E/A Nº 21 – antes mesmo de eu aprender alguma coisa, eu relaciono ao meu dia a dia, se eu já

passei por aquilo em algum momento, e relaciono as atividades, que seja em qualquer matéria,

se eu já estudei, se eu já fiz tal coisa, legal, parece com isso, acho que elas se combinam !

Por meio das respostas dos alunos, ressaltamos a possibilidade que os

professores possuem a sua disposição, no que se refere a convergência entre o ensino de

ciência e as etnociências, no caso desta pesquisa, a etnobotânica. Por meio desta é

possível, diminuir a distância entre a etnociência e escola, valorizando principalmente, os

conhecimentos presentes na comunidade estudantil, desta forma, corroborando com o

pensamento de D’Ambrosio (2009), sobre a necessidade de trazer a diversidade cultural

para dentro do currículo escolar.

Desta forma, “trabalhos etnobiológicos realizados em comunidades escolares

podem ajudar o professor pesquisador a compreender e valorizar os intricados arranjos

sociais que determinam uma aprendizagem mais ou menos significativa de determinados

grupos” (ALVES e FARIAS, 2010).

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98 CAPÍTULO 6 – POSSÍVEIS CAMINHOS

[...] Voa, voa minha liberdade; Voa no estalo do meu grito Quero ver teu infinito ; Nesse azul sem direção.

(Jessé, 1952-1993). ______________________________________________________________________________________

No que concerne ao etnoconhecimento, encontramos uma gama de trabalhos

que apontam a inserção destes no currículo escolar, bem como abordam a importância de

resgate e valorização destes saberes, que na sua maioria não são reconhecidos, muito

menos validado pela academia. Encontramos ainda, discursos que nos convidam para um

processo dialético sobre o etnoconhecimento e o conhecimento científico.

Xavier e Flor (2015), por meio de um belíssimo e rico material de pesquisa, nos

contemplam com um levantamento realizado em importantes periódicos científicos

nacionais, sobre os saberes populares e como estes são tratados no Ensino de Ciências,

especificamente sobre plantas medicinais, as autoras encontraram um trabalho, reforçando

mais uma vez o ineditismo da nossa tese, que além de apresentar um estudo com plantas

medicinais presentes nos saberes escolares, é realizado em um curso de educação

profissional de nível técnico, mostrando a possibilidade de integração entre o núcleo básico

e o profissional.

6.1 A transversalidade da Etnobotânica no Ensino de Biologia

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), são documentos basilares aos

gestores escolares da educação básica, elaborados pelo Ministério da Educação/MEC, que

tiveram como objetivo, proporcionar um modelo de currículo para todas as escolas do

Brasil, bem como estabelecer um nível de conhecimento para os alunos desenvolverem

suas aptidões e atuarem como verdadeiros cidadãos.

Desta forma, entendemos estes documentos não são normas estabelecidas,

mas orientações que devem ser ajustadas de acordo com as especificidades de cada

região.

Os conteúdos dos PCNs abrigam os conhecimentos já atinentes ao ensino

fundamental, transmitidos por meio de componentes curriculares, tais como língua

portuguesa, ciências, história/geografia, matemática arte e educação física. Ao lado desses

componentes, introduziu-se aí uma novidade por meio dos temas transversais {saúde,

ecologia, orientação sexual, ética e convívio social, pluralidade étnica, trabalho e economia}

(CURY, 2002).

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99 Conforme Cury (2002), os temas transversais, sem se constituírem novas

disciplinas, viriam informar o conjunto das disciplinas existentes e enriquecê-las, de vez que

nelas se manifestam. São temas desafiadores trazidos pelo mundo contemporâneo e cujo

impacto a escola, sobretudo na formação inicial e continuada de professores e professoras,

não pode deixar de conhecer, reconhecer sua importância e deles se apropriarem.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais/PCNs, “a proposta de

transversalidade pode acarretar algumas discussões do ponto de vista conceitual, como,

por exemplo, a da sua relação com a concepção de interdisciplinaridade, bastante difundida

no campo da pedagogia”.

Essa discussão é considerada pertinente e para isso, os PCNs, trazem

definições para os dois conceitos e que serão consideradas por nós, neste trabalho:

a) A interdisciplinaridade questiona a segmentação entre os diferentes campos de

conhecimento produzida por uma abordagem que não leva em conta a inter-relação

e a influência entre eles questiona a visão compartimentada (disciplinar) da

realidade sobre a qual a escola, tal como é conhecida, historicamente se constituiu.

Refere-se, portanto, a uma relação entre disciplinas.

b) A transversalidade diz respeito à possibilidade de se estabelecer, na prática

educativa, uma relação entre aprender na realidade e da realidade de

conhecimentos teoricamente sistematizados (aprender sobre a realidade) e as

questões da vida real [aprender na realidade e da realidade].

Desta forma, quando falamos sobre a possibilidade de integração entre os

núcleos presentes na matriz curricular de um curso integrado de nível médio técnico,

estamos inseridos dentro de uma proposição de transversalidade, uma vez que esta

promove a compreensão abrangente dos diferentes objetos de conhecimento, bem como a

percepção da implicação do sujeito de conhecimento na sua produção, superando a

dicotomia entre ambos.

Considerando ainda que, a transversalidade abre espaço para a inclusão de

saberes extraescolares, possibilitando a referência a sistemas de significado construídos

na realidade dos alunos. Nesse sentido, e considerando que a etnobotânica, está presente

na vida dos escolares, conforme evidenciado nesta pesquisa, inserir atividades que

envolvam as plantas medicinais, favorecerá o aprender na realidade e a partir da realidade

dos estudantes.

No que concerne as Plantas Medicinais, podemos inseri-la como um eixo

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100 integrador no tema transversal, educação ambiental, poderíamos ainda inserir em outros,

um exemplo seria, pluralidade cultural e saúde.

Guarim Neto (2006), afirma que, as informações sobre plantas medicinais

presentes em determinadas comunidades, propiciam caminhos férteis para a práxis de

Educação Ambiental, tendo estas plantas como eficientes instrumentos pedagógicos,

enquanto elementos que podem subsidiar a relação educativo ambiental, oferecendo

oportunidade de inserção de diferentes aspectos, os quais emergem do tema geral, Plantas

Medicinais.

No que tange ainda, sobre a Educação Ambiental, a transversalidade desta é

assegurada por meio do Parecer CNE/CP nº11/2000, aprovado em 04 de julho de 2000,

que regulamenta a Lei 9.795, de 27 de abril de 1999, que dispõe sobre a educação

ambiental, o referido parecer teve o seu artigo 6º alterado pelo Parecer CNE/CP 14/2001,

onde consta a seguinte redação:

Art.6º Na inclusão da educação ambiental em todos os níveis e modalidades de educação e ensino, recomenda-se para a educação básica, os Parâmetros e Diretrizes Curriculares Nacionais. I – a educação ambiental constituirá conteúdo transversalizado nas diversas áreas de conhecimento e/ou disciplinas da educação básica; II – a adequação da educação ambiental aos programas de formação continuada de educadores; III – a introdução da educação ambiental em todos os níveis e modalidades de educação e ensino: a) na educação básica, que compreende a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio; b) na educação superior, abrangendo os seguintes cursos e programas: cursos sequenciais, graduação, pós-graduação, extensão; c) na educação de jovens e adultos; 30d) na educação profissional;

e) na educação especial; f) na educação escolar indígena.

Nesse sentido, ao realizarmos qualquer atividade com este cunho, estamos

atendendo o recomendado por uma legislação que rege a educação, inclusive a educação

profissional conforme destacado na citação.

6.2 A transversalidade da Etnobotânica no Curso de Agroecologia Ao analisarmos a Matriz Curricular do Curso Técnico em Agroecologia Integrado,

ofertado no IFRO/Campus Cacoal, vamos observar as diversas possibilidades de

desenvolvimento de atividades nas disciplinas que estão presentes na matriz supracitada

(Quadro 15).

30 Grifo nosso.

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101

Quadro 15 – Matriz Curricular do Curso Técnico em Agroecologia Integrado/IFRO/Campus Cacoal

Fonte: PPC/IFRO (2010).

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102 Pretendemos ilustrar exemplos de atividades que podem ser executadas em

algumas disciplinas (Quadro 16), selecionadas da Matriz Curricular, salientando que são

sugestões, em hipótese alguma temos a pretensão de oferecer algo engessado para os

professores, ao contrário, estas têm como objetivo, desencadear o processo reflexivo

teórico do que pode ser feito, quando trabalhamos com um currículo integrado.

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103

Quadro 16 – Descrições de algumas disciplinas, ementas e os objetivos a serem alcançados

Ano

Disciplina do Núcleo Básico

Tópicos da Ementa Objetivo geral da Disciplina

Disciplina do Núcleo

Profissional

Tópicos da Ementa

Objetivo geral da Disciplina

Introdução à Agroecologia

O conhecimento tradicional e Agroecologia

Fornecer subsídios para a elaboração do plano de conversão ecológico a partir da aplicação das teorias de sustentabilidade ambiental-sócio-econômica nos agroecossistemas.

1º.

Manejo Agroecológico de Plantas I

Espécies olerícolas de maior interesse alimentício, condimentar e Medicinal agroecológico.

Fundamentar estudos sobre os sistemas de produção de grãos e culturas regionais.

Manejo Agroecológico de Animais I

Plantas Medicinais e Homeopatia

Discutir principais aspectos dos estudos sobre aspectos da saúde e comportamento animal.

Biologia Biotecnologia Construir conhecimentos sobre a origem, evolução e dinâmica das espécies e comunidades.

2º.

Sociologia Cultura e sociedade: O papel da educação na transmissão da cultura.

Problematizar os fundamentos, princípios e questões relativas a cultura, ideologias institucionais, movimentos sociais, mídias, tecnologias e globalização.

Legislação e Certificação de Produtos Agroecológicos

Certificação e comercialização de produtos

Apresentação da legislação e normatizações jurídicas relacionadas aos produtos agroecológicos

Manejo Agroecológico de Organismos Espontâneos

Manejo integrado de pragas e plantas espontâneas.

Estudo conceitual de ecossistemas e agroecossistemas. Ação antrópica e consequências socioeconômicas e ambientais. Fatores econômicos e ambientais do controle de plantas espontânea e pragas.

Fonte: Elaborado pelo autor.

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104 A disciplina, Introdução à Agroecologia é ofertada no 1º ano do curso, dentre

os tópicos da ementa, um refere-se ao Conhecimento Tradicional e Agroecologia (Quadro

16), aqui se apresenta uma oportunidade de inserção das plantas medicinais como um tema

transversal, como já evidenciado nesta pesquisa, os alunos do campus apresentam em

seus conhecimentos prévios, saberes que trazem consigo sobre o uso de plantas

medicinais, pois estes as utilizam e muitos ainda cultivam em suas residências.

Portanto, o professor que ministra esta disciplina tem a sua disposição um meio

de alcançar os objetivos propostos neste tópico da ementa, trabalhando com algo que os

alunos já trazem consigo e se envolverão com mais facilidade no processo, pois farão parte

do mesmo. Kovalski e Tiyomi Obara (2013), observa quanto a importância de valorizar e

resgatar os saberes que os alunos trazem de suas vivências e experiência exteriores à

escola.

Atentando ainda para o fato de que, a escola e os professores não devem

ignorar a diversidade de culturas existentes na sociedade, no entanto, necessário é

encontrar estratégias e metodologias para incluir e dialogar com os diferentes

conhecimentos pertencentes aos estudantes, Kovalski e Tiyomi Obara (2013), observação

esta que vai ao encontro do que propomos nesta sugestão.

Outra disciplina relacionada no Quadro 16, é a Manejo Agroecológico de Plantas

I, e o tópico evidenciado é, Espécies olerícolas de maior interesse alimentício,

condimentar e Medicinal agroecológico, dentro dos objetivos desta disciplina, um refere

a conhecer as culturas regionais, as plantas medicinais apresentam um potencial

econômico a ser explorado, principalmente na região Norte, temos exemplos do cultivo de

plantas medicinais em outras regiões e em seus respectivos estados, tais como: Nordeste,

Sudeste e Sul.

Em concordância com Borsato et al. (2009), também afirmamos que o plantio de

ervas medicinais em hortos, torna-se uma maneira simples de cultivar plantas com fins

medicinais, não apenas utilização própria e fins comerciais, mas podendo se tornar uma

maneira de diminuir o extrativismo de espécies nativas, principalmente daquelas de maior

risco de extinção, produzindo sementes e mudas para propagá-las.

Ressaltamos que o horto medicinal, além de um banco de germoplasma, visando

a preservação do patrimônio genético, pode ser um excelente recurso pedagógico para os

professores de diferentes áreas, proporcionando um espaço de aprendizagem, além de

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105 permitir o desenvolvimento de projetos de pesquisas junto à comunidade discente.

O horto pode ser explorado ainda, na disciplina de Manejo Agroecológico de

Animais I, no tópico, Plantas Medicinais e Homeopatia, pois os professores podem cultivar

espécies e testar nos problemas de saúde que acometem os animais que são criados no

campus com fins didáticos, atingindo assim, um dos objetivos da disciplina que é, discutir

principais aspectos dos estudos sobre aspectos da saúde e comportamento animal.

Ainda no horto, na disciplina de Biologia e Manejo Agroecológico de

Organismos Espontâneos, nos respectivos tópicos Biotecnologia e Manejo Integrado de

Pragas e Plantas Espontâneas, os professores desta disciplina, podem cultivar as espécies

medicinais por meio da propagação in vitro, recurso este, utilizado com fins de evitar o

acometimento das plantas por pragas e doenças, aproximando os alunos da ciência e do

ensino de ciências.

Na disciplina Sociologia, no tópico Cultura e Sociedade: o papel da educação

na transmissão da cultura, o professor tem aqui, a oportunidade de compreender o saber

local, ou seja, despertar nos seus alunos, a vontade de saber como ocorreu e ocorre a

transmissão destes saberes dos ascendentes para os descendentes, aguçar no jovem a

curiosidade em buscar os porquês, de algumas práticas presentes no espaço por ele

ocupado.

As plantas medicinais podem ser cultivadas com fins comerciais, fornecendo

matéria prima para produção de medicamentos fitoterápicos, ou ainda utilizadas in natura

(frescas e secas), ressaltando que a ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária,

reconhece uma lista de plantas ou suas partes que possuam drogas vegetais,

estabelecendo ainda, as normas para fabricação, a importação e a comercialização das

plantas, ações como estas atenderiam o exposto na Política Nacional de Plantas Medicinais

e Fitoterápicos, do Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Ciência e Tecnologia e

Insumos Estratégicos, do Departamento de Assistência Farmacêutica (BRASIL, 2006).

Desta forma, quando atendem aos requisitos legais e técnicos, os hortos

medicinais comunitários poderão fornecer matéria prima de qualidade de modo a subsidiar

a implantação da fitoterapia nos programas de saúde (Borsato et al., 2009). Todos estes

aspectos poderão ser explorados na disciplina, Legislação e Certificação de Produtos

Agroecológicos (Quadro 17).

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106 Quadro 17 – Sugestões de atividades integradoras para o Curso Técnico Integrado em Agroecologia

Disciplinas Propostas de atividades31 Referenciais teóricos

Introdução à Agroecologia

Os alunos poderão apresentar os conceitos da Ecologia aplicados a disciplina Agroecologia, consolidando esta como Ciência; Na história da Agricultura, o professor poderá solicitar aos alunos que entrevistem os seus pais, avós, ou pessoas com mais idade, para constatarem como era os moldes de produção na época deles e como é nos dias de hoje; Com base nos dados acima poderão comparar o que se denomina hoje de Agricultura Convencional e Agricultura Sustentável; Como exemplo de cultivo, o professor poderá solicitar aos alunos que pesquisem como ocorre o cultivo de plantas medicinais e o porque de não utilizarem defensivos químicos nestas cultivares.

ALTIERI, M. Agroecologia: base científicas para a agricultura sustentável. 3 ed. São Paulo, Rio de Janeiro: Expressão Popular, AS-PTA, 2012. 400 p. GUARIM NETO, G. 1997. A importância da flora amazônica para uso medicinal. Horticultura Brasileira 15 (Supl.): 159-161. CORRÊA JUNIOR, C.; SCHEFFER, M. C.; MING, L. C. Cultivo Agroecológico de Plantas Medicinais Aromáticas e Condimentares. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Agrário, 2006. ODUM, E.P. Fundamentos de ecologia. 5 ed. São Paulo: Thomson Learning, 207. 616 p. PRIMAVESI, A. Agroecologia: ecosfera, tecnosfera e agricultura. São Paulo: Nobel. 1997. 199p. PEREIRA PINTO, J. E. B. et al. Cultivo de Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimentares. Editora UFLA, Lavras: 2001.

Manejo Agroecológico de Plantas I

Nesta disciplina, o professor poderá conduzir um projeto de pesquisa com os alunos, propondo um levantamento etnobotânico das espécies olerícolas de maior interesse alimentício, condimentar e medicinal; Este levantamento poderá ser realizado nos quintais dos bairros das cidades, nas propriedades da zona rural (linhas), ou nas feiras da cidade.

ALBUQUERQUE, U.P. Introdução à Etnobotânica. 2ª ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2005.

DI STASI, L. C. Plantas Medicinais na Amazônia. São Paulo: Editora UNESP, 1989. LORENZI, H. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa: Editora, Plantarum, 2002. SOUZA, J. L. Manual de horticultura orgânica. 3.ed. rev. Aprenda fácil, Viçosa-MG, 2014.

31 Os termos em negritos, são exemplos de conceitos que os professores poderão explorarem no ensino e aprendizagem

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107 Continuação do Quadro 17 Manejo Agroecológico de Animais I

O professor desta disciplina, poderá propor o Cultivo de Plantas Medicinais com interesse no uso da Fitoterapia e Homeopatia aplicadas na saúde animal.

BROOM, D. M.; FRASER, A. F. Comportamento e bem-estar de animais domésticos. 4 ed. SP: Manole, 2010. 437p. CORRÊA JUNIOR, C.; SCHEFFER, M. C.; MING, L. C. Cultivo Agroecológico de Plantas Medicinais Aromáticas e Condimentares. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Agrário, 2006. MATTOS, S. M.; et al. Plantas Medicinais e Aromáticas Cultivadas no Ceará: tecnologia de produção e óleos essenciais. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2006. PEREIRA PINTO, J. E. B. et al. Cultivo de Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimentares. Editora UFLA, Lavras: 2001.

Biologia Nesta disciplina, o professor em conjunto com as outras disciplinas do Núcleo Profissional, poderá implantar um Horto Medicinal; Nesse sentido, inúmeras atividades se apresentam, tais como:

✓ O cultivo agroecológico de espécies aromáticas, condimentares e medicinais;

✓ A propagação in vitro de algumas espécies; ✓ A identificação taxonômica das plantas.

CORRÊA JUNIOR, C.; SCHEFFER, M. C.; MING, L. C. Cultivo Agroecológico de Plantas Medicinais Aromáticas e Condimentares. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Agrário, 2006. LORENZI, H. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa: Editora Plantarum, 2002. MATTOS, S. M.; et al. Plantas Medicinais e Aromáticas Cultivadas no Ceará: tecnologia de produção e óleos essenciais. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2006. PEREIRA PINTO, J. E. B., SANTIAGO, E. J. A., LAMEIRA, O, A. Compêndio de Plantas Medicinais. Editora UFLA, Lavras: 2000. PEREIRA PINTO, J. E. B. et al. Cultivo de Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimentares. Editora UFLA, Lavras: 2001.

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108 Continuação do Quadro 17 Sociologia No tópico da Ementa: Cultura e Sociedade, o professor

poderá explorar o saber local, e a etnobotânica se apresenta como uma oportunidade ímpar, sugerindo aos alunos que pesquisem como ocorreu a transmissão do conhecimento sobre plantas medicinais, desta forma, este valorizará o etnoconhecimento presente nas comunidades sobre os recursos vegetais.

ALBUQUERQUE, U.P. Introdução à Etnobotânica. 2ª ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2005. GUARIM NETO, G. 1997. A importância da flora amazônica para uso medicinal. Horticultura Brasileira 15 (Supl.): 159-161. DI STASI, L. C. Plantas Medicinais na Amazônia. São Paulo: Editora UNESP, 1989. ALBUQUERQUE, U. P.; ALVES. A. G. C.; ARAÚJO, T. A. S. [Org.] Povos e Paisagens: etnobiologia, etnoecologia e biodiversidade no Brasil. Recife, NUPEEA/UFRPE, 2007.

Legislação e Certificação de Produtos Agroecológicos

Esta disciplina, diga-se de passagem tida, pelos alunos como uma “disciplina chata”, pois, eles têm que decorarem leis, algo que julgam não ser tão prazeroso! Desta forma, o professor poderá enriquecer a sua prática, integrando as suas atividades a de outros colegas, tais como: Biologia, Manejo Agroecologia de Plantas I e Manejo Agroecológico de Animais I, da seguinte forma:

✓ Um dos tópicos por ele a ser ensinado, é: certificação e comercialização de produtos orgânicos e/ou produtos de base ecológica, sendo assim, uma vez que as outras disciplinas implantaram o cultivo, este poderá propor as etapas de colheita, pós-colheita, secagem, armazenamento e comercialização, todas estas etapas são regidas por normas estabelecidas em legislação;

✓ Poderão ainda, cultivarem algumas espécies que constam na lista de Plantas reconhecidas pelo SUS, como fitoterápicos, desta forma, introduzirão as legislações estabelecidas pela ANVISA.

Brasil. 2006 a. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS - PNPIC-SUS / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. - Brasília: Ministério da Saúde, 92 p.

Brasil. 2006 b. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica. Política nacional de plantas medicinais e fitoterápicos/ Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Assistência Farmacêutica. – Brasília: Ministério da Saúde, 60 p.

PENTEADO, S. R. Certificação agrícola: selo ambiental e orgânico. São Paulo: Editora Via Orgânica. 2017. 216 p.

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109

STRINGHETA, P. C.; MUNIZ, J. N. Alimentos Orgânicos: Produção, Tecnologia e Certificação. Viçosa: Editora UFV. 2009. 452 p.

Manejo Agroecológico de Organismos Espontâneos

Nesta disciplina, o conceito de Manejo Integrado de Pragas e Doenças, poderá ser explorado da seguinte forma:

✓ Os alunos podem pesquisar como era o combate as pragas e doenças que acometiam as plantações, utilizadas pelos pais, avós, ou pessoas que vivem nas propriedades rurais, e como isso é feito nos dias de hoje;

✓ O professor desta disciplina deverá trabalhar um tópico da ementa que é a Biotecnologia, nesta ele pode atuar junto com o professor de Biologia e promover o cultivo in vitro de algumas espécies de

plantas medicinais.

ALTIERI, M. A.; SILVA, E. N.; NICHOLS, C. I. O papel da Biodiversidade no Manejo de Pragas. Ribeirão Preto: Holos, 2003. 226 p. AMORIM, L.; REZENDE, J. A. M.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L. E. A. Manual de Fitopatologia: Doenças das Plantas Cultivadas. 5 ed. Ouro Fino: Agronômica Ceres, 2016. 772 p. CORRÊA JUNIOR, C.; SCHEFFER, M. C.; MING, L. C. Cultivo Agroecológico de Plantas Medicinais Aromáticas e Condimentares. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Agrário, 2006. LORENZI, H. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa: Editora Plantarum, 2002. MATTOS, S. M.; et al. Plantas Medicinais e Aromáticas Cultivadas no Ceará: tecnologia de produção e óleos essenciais. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2006.

Fonte: Elaborado pelo autor

Continuação do Quadro 17

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110 Nos parágrafos das páginas 105 e 106 e no quadro 17, demonstramos como a

etnobotânica poderia ser abordada como eixo de integração em alguns componentes

curriculares, que são ofertados na matriz curricular do curso, logicamente, sem a pretensão

de esgotar as inúmeras possibilidades, ou até mesmo engessar um processo de construção

do conhecimento, que permite aos docentes e discentes explorar e aprofundar os

conhecimentos prévios, notoriamente presentes nos saberes revelados nesta pesquisa.

A seguir, apresentaremos a possibilidade e necessidade da inserção da

etnobotânica na matriz curricular dos projetos pedagógicos (planos de cursos) do curso

técnico em agroecologia, seja no IFRO ou em qualquer outro Instituto Federal que

compõem a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica do País, e faremos isso

embasados nas legislações e principalmente, nos referenciais curriculares nacionais da

educação profissional de nível técnico.

6.3 Referenciais Curriculares Nacionais da Educação Profissional de Nível Técnico e a inserção da etnobotânica no currículo Um dos documentos basilares da educação profissional, trata-se dos

Referenciais Curriculares Nacionais da Educação Profissional de Nível Técnico, ao elaborar

um programa curricular ou reformular um PPC, é de suma importância uma análise e um

estudo minucioso destes documentos, pois é nestes que encontraremos as competências

profissionais que orientarão os cursos que serão ofertados pelos IFs, bem como serão

norteadores das disciplinas do nível básico.

De acordo com o Ministério da Educação/SETEC/MEC, “os componentes da

oferta educacional, cursos a serem oferecidos, devem ser definidos a partir do estudo das

demandas locais e regionais. Cada curso deve ser alvo de um plano, cada plano de curso

deve ser coerente com o projeto pedagógico da instituição” (BRASIL, 2010).

No que tange as demandas locais e regionais, não podemos esquecer que

estamos localizados na Região Norte, ou seja, o estado de Rondônia, localiza-se na

Floresta Amazônica. Esta, ocupa cerca de 40% do País, além de florestas de diversos tipos,

a Hileia amazônica reúne várias formas de campos, inclusive cerrados. É fora de dúvida,

entretanto, que o componente, dominante na Amazônia é a floresta (FERRI, 1980).

As florestas da Hileia amazônicas dividem-se em três tipos essenciais: as matas

de terra firme, as matas dos igapós (que são permanentes inundadas) e as matas de várzea

{que são temporariamente inundadas} (FERRI, 1980).

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111 Calcula-se em 80 mil, as espécies vegetais, só na Amazônia. Nem 4% foi

estudado pelos pesquisadores. Portanto, investir em pesquisa em Plantas Medicinais

beneficiaria a população, com menores custos e pouparíamos os gastos com royalties

(Pereira Pinto et al., 2000).

Ao considerarmos as características culturais do nosso país, principalmente no

aspecto do rico conhecimento de plantas medicinais existentes nas diversas regiões,

verificamos que é este o momento da realização do maior número possível de estudos

etnofarmacológicos para que o conhecimento tradicional seja devidamente resgatado,

preservado e utilizado como subsídio de pesquisas com plantas medicinais (Di Stasi, 1989).

Nesse sentido, inserir a etnobotânica, ou seja, o estudo das plantas medicinais

nos PPCs dos cursos, além de ser uma estratégia de ensino, utilizando a pesquisa como

princípio educativo, contribuiremos com o proposto pelo autor do parágrafo anterior.

De acordo com Brasil (2010), os Referencias Curriculares oferecem informações

e indicações para a elaboração de planos de cursos nas diferentes áreas profissionais,

nestes encontramos ainda a identificação de funções e subfunções, as competências,

habilidades e bases tecnológicas, necessárias para o que vai ser ensinado e para o que

é preciso aprender, no mundo atual e no porvir.

As funções, são etapas significativas que abrangem ou compõem cada área

profissional, elas reúnem operações mentais e outras ações básicas mais específicas

denominadas, subfunções (Quadro 18). As subfunções, são geradoras de produtos ou

resultados parciais definidos dentro dos processos produtivos (BRASIL, 2010).

Quadro 18: Exemplo de Funções e Subfunções na área profissional de Construção Civil

Funções Subfunções

Planejamento e Projeto

SF1 – Elaboração de estudos de viabilidade técnica-econômica

SF2 – Elaboração de estudos e projetos técnicos

SF3 – Elaboração do planejamento de obras

Execução de Obras

SF4 – Instalação e gerenciamento do canteiro

SF5 – Execução de obras

SF6 – Controle do processo

Fonte: Brasil, 2010.

As competências, são saberes articulados través de esquemas mentais, e as

habilidades, permitem que essas competências sejam colocadas de maneira eficiente.

Para cada subfunção, temos as bases tecnológicas (Quadro 19), conjuntos de conceitos,

princípios e processos (métodos, técnicas, termos, normas e padrões, que serão os

resultados da aplicação do conhecimento cientifico em cada área produtiva (BRASIL, 2010).

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112 Quadro 19 – Exemplo de Matriz de Referência, estabelecendo as competências,

habilidades e bases tecnológicas no curso de Comunicação

ÁREA PROFISSIONAL: COMUNICAÇÃO

Competências Habilidades

Exemplo: Pesquisar, identificar ou selecionar elementos

significativos ou definidores da identidade do objeto da

criação e de seu contexto, a serem evidenciados ou

expressos no projeto de comunicação visual gráfica e/ou

infográfica.

Exemplo: Utilizar fluentemente

ferramentas de computação

gráfica.

Bases Tecnológicas

Exemplo: Fundamentos e

Princípios de Semiologia e

Semiotécnica. Elementos e

Fontes/Acervos de Iconografia.

A Resolução Nº1, de 05 de dezembro de 2014, atualizou e definiu novos critérios

para a composição do Catálogo Nacional de Cursos Técnicos, disciplinando e orientando

os sistemas de ensino e as instituições públicas e privadas de Educação Profissional e

Tecnológica quanto à oferta de cursos técnicos de nível médio em caráter experimental,

observando o disposto no art. 81 da Lei nº 9394/96 (LDB) e nos termos do art. 19 da

Resolução CNE/CEB nº 6/2012 (BRASIL, 2014).

Sendo assim, ao considerarmos os referenciais curriculares atualizados no ano

de 2014, referente ao Técnico em Agroecologia, e o que se estabelece quanto a construção

de uma matriz, que irá compor o PPC e/ou Plano de Curso, percebemos a possibilidade de

certificação intermediária em cursos de qualificação profissional no itinerário formativo, ou

seja, caso o aluno não conclua o curso, e queira solicitar a certificação das disciplinas

cursadas, a instituição poderá certificá-lo, nas seguintes áreas: Auxiliar em Agroecologia;

Produtor de Plantas Aromáticas e Medicinais; Tratorista Agrícola (Figura 10).

Uma das áreas contempladas, como pode ser constatado, é a de, Produtor

de Plantas Aromáticas e Medicinais, no entanto, se este itinerário formativo, não é

contemplado na Matriz do Curso, não existirá esta possibilidade para o cursista do Técnico

em Agroecologia, ofertado no IFRO ou em outro Instituto da Rede Federal que não

contempla a Etnobotânica na sua Matriz Curricular.

Fonte: Brasil, 2010.

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113 Figura 10 – Página 227 do Catálogo Nacional de Cursos – Técnico em Agroecologia

Fonte: BRASIL, 2016.

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114 Observamos que, apesar de constar no Catálogo Nacional de Cursos, a área

Produtor de Plantas Aromáticas e Medicinais, até a finalização da nossa tese, não constam

nos Referenciais Curriculares, as informações e indicações para elaboração de planos de

cursos, no que tange as funções, subfunções competências, habilidades e bases

tecnológicas. Desta forma, propomos os quadros 20 e 21, como forma de subsidio e

preenchimento desta lacuna, quando da elaboração de um PPC que abordará na sua matriz

o novo componente curricular estabelecido pelo catálogo nacional de cursos.

Quadro 20 – Proposta de funções e subfunções na área de Produtor de Plantas Aromáticas e Medicinais Funções Subfunções

Conhecimento

sobre a flora

medicinal local

SF1 – Elaboração de

estudos de levantamento

etnobotânico

SF2 – Coleta de

Material botânico e

envio para herbário

SF3 – Identificação

taxonômica das

etnoespécies

estudadas

Cultivo

agroecológico

de espécies

medicinais

SF4 – Preparo do solo;

semeadura e tratos culturais

SF5 – Conhecer os

princípios científicos e

tecnológicos que

envolvem a cadeia

produtiva de plantas

medicinais

SF6 – Elaboração de

estudos sobre o

potencial econômico

das espécies

identificadas

Fonte: Elaborado pelo autor

Quadro 21 - Exemplo de Matriz de Referência, estabelecendo as competências,

habilidades e bases tecnológicas no curso Técnico em Agroecologia

ÁREA PROFISSIONAL: PRODUTOR DE PLANTAS AROMÁTICAS E MEDICINAIS

Competências Habilidades

Exemplo: Identificar as plantas medicinais que apresentam

um potencial econômico a ser explorado, principalmente na

região Norte, reconhecendo a importância do conhecimento

tradicional, vinculado ao envolvimento tecnológico para

validação científica dessas plantas.

Exemplo: Conhecer os princípios

da etnobotânica, bem como a sua

importância nos fundamentos

científicos e tecnológicos que

envolvem a cadeia produtiva de

plantas medicinais.

Bases Tecnológicas

Fonte: Elaborado pelo autor

Exemplo: Fundamentos e

Princípios de Etnobotânica e

Cultivo de Plantas Medicinais e

Aromáticas.

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115 Destacamos que, nos currículos de referência da e-Tec Brasil (2017), na

sugestão de Matriz Curricular para o eixo tecnológico Recursos Naturais, encontramos a

etnobotânica, como ementa da disciplina Conservação da Biodiversidade, como segue:

Conservação da Biodiversidade (90h) Ecologia. Ecogeografia. Bioprospecção.

Etnobotânica32. Valoração da biodiversidade. Propriedade intelectual. Biopirataria.

Biotecnologia. Fragmentação de habitats. Políticas públicas para conservação da

biodiversidade. Legislação ambiental. Licenciamento ambiental. Gestão e manejo

de florestas nativas e plantadas. Manejo e conservação da fauna silvestre.

Certificação de produtos (ETEC, 2017).

Além da nossa proposta de trabalhar a etnobotânica como um eixo de integração

entre as disciplinas do núcleo da base nacional comum e o núcleo profissional, outras

possibilidades se apresentam com esta reformulação dos referenciais curriculares,

ocorridos no ano de 2016, para a inserção da etnobotânica na matriz curricular de um curso,

esta pode vir como uma disciplina, pode ser inserida como uma função ou uma subfunção,

e no caso da Matriz de Referência da e-Tec, esta vem como um tópico da disciplina

Conservação da Biodiversidade.

No caso específico do IFRO/Campus Cacoal, no mês de novembro de 2017,

tomei ciência do andamento da reformulação do PPC do curso de Agroecologia, entrei em

contato com a presidente da comissão via e-mail, e encaminhei o catálogo de curso, a

matriz da e-Tec, bem como algumas informações preliminares obtidas na tese, ressaltando

a importância de inserir a etnobotânica na matriz do curso, nos colocando à disposição para

auxiliar nesta inserção.

Após esse contato, a comissão se reuniu com a Direção de Ensino, e chegaram

ao consenso de incluir uma nova disciplina no curso, desta feita, fui convidado a elaborar o

plano da disciplina, Plantas Aromáticas e Medicinais (Apêndice M), que será ofertada no

curso Técnico em Agroecologia Integrado, a partir do ano de 2018.

32 Destaque feito pelo autor.

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116 CONSIDERAÇÕES

“Se a ciência fez “progressos”, foi somente graças a cientistas não conformistas, que agiram contrariando os métodos estabelecidos”.

(Paul Karl Feyerabend, 1924-1994) ______________________________________________________________________________________

Ao chegar neste ponto do trabalho, sou tomado por uma sensação de incertezas,

mas ao mesmo tempo, não sou assombrado por dúvidas! As incertezas referem-se ao

anseio de querer fazer mais, no entanto, não me pairam dúvidas, no que concerne a

contribuição deste trabalho de tese, pois, sei que este subsidiará o trabalho docente, bem

como provocará inquietações e suscitará discussões que desencadearão outras pesquisas

na temática por nós abordada.

Entendemos que a contribuição de um pesquisador deve ter uma relevância

social, assim como, somos convictos de que se este pesquisador está inserido dentro de

um contexto, é sua obrigação contribuir com o meio onde se encontra. Com este

pensamento, descerramos a cortina, “arregaçamos” as mangas e nos colocamos na linha

de frente, de questionarmos e refletirmos sobre a integração dos núcleos que compõem a

matriz curricular da educação profissional de nível técnico.

No início nossa proposta não foi contemplada com bons olhos, talvez, porque

ainda paira nos programas de Pós-graduação Stricto sensu, a ideia de que a contribuição

da pesquisa deve acontecer na/para a academia. Justiça seja feita, o único que não nos

dissuadiu sobre a temática, foi o nosso orientador!

Discutirmos a educação profissional de nível médio técnico, é extremamente

importante, uma vez que, as instituições que ofertam esta modalidade de ensino, sejam

elas, municipais, estaduais e/ou federais, ainda se deparam com a grande problemática

que é a integração das disciplinas ofertadas nos dois núcleos.

Podemos perceber as tentativas de superação destas problemáticas,

observando o rol de documentos publicados desde a criação da Rede Federal de Ensino

até os dias de hoje, (Leis, Decretos, Pareceres, Instruções Normativas33), que tiveram como

objetivos nortearem e minimizarem a fragmentação de conteúdos, a dicotomia entre ensino

médio e ensino técnico e a articulação entre a educação básica e educação profissional.

Desta forma, propor que uma área do conhecimento, de suma importância como

é o caso da etnobotânica, seja utilizada para a integração destes dois núcleos presentes

33 Vide Quadro 1 (Capítulo 2)

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117 nas matrizes curriculares dos projetos pedagógicos de cursos, é pioneiro e revelou-se

plausível, conforme análise dos dados coletados neste estudo.

A etnobotânica como campo de conhecimento, possibilita a realização de

atividades independente do núcleo e da disciplina, superando assim, os velhos chavões,

presentes nas instituições de ensino, principalmente os IFs, “isso deve ser trabalhado lá no

campo”; “aqui na sala de aula não dá para fazer isso”, “deveríamos separar os horários, um

turno só para o núcleo básico, outro só para o profissional”.

Formas de pensar como estas, ainda estão bem arraigadas nos Institutos

Federais, ressaltando que, são entraves à prática de um currículo integrado, porque quando

se pensa, que conteúdo A ou B pertence à um núcleo e não a outro, estamos indo na

contramão da formação integral do indivíduo, algo preponderante na educação profissional

de nível médio técnico integrado, nos dias de hoje.

Sendo assim, propostas de atividades, sejam por meio de projetos de ensino,

pesquisa e/ou de extensão, que auxiliem na transformação destes pensamentos, nestes

olhares sobre a educação profissional, contribuirão com o almejado e já proposto nas

diretrizes que norteiam a educação profissional e tecnológica.

No que tange ao conhecimento etnobotânico, presente na comunidade estudantil

e docente participantes deste estudo, mostrou-se significativo, estes possuem uma gama

de informações sobre plantas medicinais, denotando ainda, que estes conhecimentos estão

intimamente ligados a transmissão cultural, ou seja, foram herdados dos seus familiares.

Além, do componente cultural observado, percebemos também que, as plantas medicinais

são recursos utilizados pelos alunos, professores e seus familiares, quando são acometidos

por alguns males de saúde.

Salientamos que, com base no que foi revelado na pesquisa, os saberes

pertinentes ao etnoconhecimento, podem e devem ser utilizados pelos professores para a

elaboração de planos de aulas, projetos de ensino, pesquisa e extensão, seja com fins

específicos de conhecimento sobre as plantas medicinais, ou para integração de diferentes

áreas do conhecimento, conforme evidenciamos e exemplificamos no decorrer da tese.

Outro aspecto importante que o estudo mostrou, é que o etnoconhecimento é

um fator cultural presente na comunidade discente e docente, e que merece ser explorado,

principalmente no curso Técnico em Agroecologia Integrado.

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118 Observamos que o nosso estudo explorou o Curso Técnico em Agroecologia

Integrado, mas os resultados deste, podem ser explorados em outros cursos, tais como:

Técnico em Agropecuária (Integrado e Subsequente), Zootecnia (Graduação), Tecnólogo

em Agronegócios (Superior Tecnológico), assim como, poderão ser aplicados em outros

campi do IFRO.

Sugerimos ainda que, outros estudos com esse viés, sejam realizados em outros

Institutos Federais que ofertam os mesmos cursos em outras cidades do País, desta forma

estaremos preenchendo lacunas que ficaram neste estudo.

Por fim, observamos que, o nosso estudo teve início no ano de 2015, quando

apresentamos o nosso projeto de pesquisa, que foi aceito pelo orientador e protocolado no

Comitê de Ética em Pesquisa, mas para nossa surpresa, ao buscarmos referenciais sobre

a educação profissional, que constituíram parte dos dados da pesquisa, nos deparamos

com a nova matriz do curso Técnico em Agroecologia, presente no Catálogo de Cursos da

Educação Profissional, publicado no ano de 2016, onde esta estabelece a certificação da

disciplina, Produtor de Plantas Medicinais e Aromáticas, bem como uma proposta de Matriz

Curricular da e-Tec, onde a etnobotânica é apresentada como ementa da disciplina

Conservação da Biodiversidade.

Conforme mencionado anteriormente, esta disciplina foi implantada no novo

PPC do curso Técnico em Agroecologia, que entrará em vigor no ano de 2018.

Sendo assim, estes referenciais curriculares, que são sugestões do Ministério da

Educação, por meio da Secretaria de Educação Tecnológica/MEC/SETEC, corroboram com

os dados revelados na nossa pesquisa, e com base nestas evidências, recomendamos que

na Matriz Curricular do Curso Técnico em Agroecologia, não só do IFRO, mas dos demais

Institutos que ofertam o curso supracitado, conste a Etnobotânica, seja como parte da

ementa, atividade integradora ou como tema transversal, pois, esta pelas suas

características de abordagens, ao considerar todos os valores culturais, pode ser utilizada

como eixo integrador entre o núcleo básico e o núcleo profissional no currículo integrado.

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128 APÊNDICES

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129

APÊNDICE A

ROTEIRO DA ENTREVISTA REALIZADA COM OS ALUNOS Data:___/____/_____ Hora___:____ Local:___________________________________________________________________________ Entrevistador:_____________________________________________________________________ Entrevistado:______________________________________________________________________ 1) Quanto a sua formação escolar:

I. Dados Pessoais e Formação estudantil:

Ensino Fundamental: ( ) Escola Pública ( ) Particular ( ) Ambos

Quanto ao local de Residência: ( ) Zona Rural ( ) Zona Urbana

Quanto a sua etnia, como você se declara:

Qual o ano que você está cursando: ( ) 1º ( ) 2º ( ) 3º

2) Você poderia fazer uma listagem de plantas que você conhece, as quais são atribuídas fins medicinais?

3) Você ou sua família, faz ou já fizeram uso de alguma planta para tratamento de algum problema de

saúde? Caso tenha feito, poderia descrever a planta (parte utilizada) e o problema para os quais vocês

utilizaram?

4) Você já fez algum trabalho em sala de aula que contemplasse os saberes tradicionais (aqueles que

vocês trazem de casa), caso tenha feito:

a) Poderia descrever quais foram as ações do professor neste trabalho envolvendo saberes

tradicionais?

b) O que você estima como as principais aprendizagens associadas com as atividades envolvendo

saberes tradicionais?

c) O que na sua avaliação, foi muito importante para que tais aprendizagens ocorressem? Por que?

5) Caso você nunca tenha feito nenhum trabalho dessa natureza, como você avaliaria, caso algum

professor o realizasse em sala de aula na Disciplina sob sua responsabilidade?

6) Você tem dificuldade de relacionar os conteúdos do seu dia a dia com os conhecimentos exigidos nas

disciplinas do curso?

Muito obrigado!

Edslei Rodrigues de Almeida

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO AMAZÔNAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E MATEMÁTICA

REDE AMAZÔNICA DE EDUCAÇÃO

Caro Aluno, você está sendo convidado (a) a participar, como voluntário (a), de uma pesquisa na área de Educação em Ciências e Matemática, os dados da mesma irão servir de base para elaboração de uma tese de doutorado. Solicitamos sua colaboração e desde já agradecemos as informações fornecidas, e nos comprometemos em manter sua identidade e a escola em que estuda no mais absoluto sigilo em publicações. Estamos a sua inteira disposição para qualquer informação em relação à pesquisa.

Grato – Edslei Rodrigues de Almeida – [email protected]

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130

Caro Professor, você está sendo convidado (a) a participar, como voluntário (a), de uma pesquisa na área de Educação em Ciências e Matemática, os dados da mesma irão servir de base para elaboração de uma tese de doutorado. Solicitamos sua colaboração e desde já agradecemos as informações fornecidas, e nos comprometemos em manter sua identidade e a escola em que estuda no mais absoluto sigilo em publicações. Estamos a sua inteira disposição para qualquer informação em relação à pesquisa.

Grato – Edslei Rodrigues de Almeida – [email protected]

APÊNDICE B

ROTEIRO DA ENTREVISTA REALIZADA COM OS PROFESSORES

1) Quanto a sua formação acadêmica:

I. Formação acadêmica

Curso de graduação: ( ) Licenciatura ( ) Bacharelado ( ) Ambos

Pós-graduação: indicar se já foi concluída (C), ou se está em andamento (A).

Especialização ( ) Área:------------------------------------------------------------------------

Mestrado ( ) Área: ------------------------------------------------------------------------------

Doutorado ( ) Área: -----------------------------------------------------------------------------

2) Você poderia fazer uma listagem de plantas que você conhece, as quais são atribuídas fins medicinais?

3) Você faz ou já fez uso de alguma planta para tratamento de algum problema de saúde? Caso tenha feito,

poderia descrever a planta e o problema para o qual utilizou?

4) Você consegue relacionar a utilização de algumas plantas ao conteúdo que você ministra ou a alguma habilidade exigida na sua disciplina?

5) Você já fez algum trabalho em sala de aula que contemplasse os saberes tradicionais dos alunos, caso

tenha feito, poderia citar algum como exemplo e se os resultados obtidos, na sua percepção foram

positivos?

a) sobre o que foi o trabalho? b) quais foram as suas ações didáticas: práticas de ensino, materiais utilizados e estratégias de

avaliação de aprendizagem? c) o que você apontaria como as principais aprendizagens obtidas pelos alunos e o que se

apresentou, na sua avaliação como evidência (ou seja, como confirmação) de tais aprendizagens?

6) Considerando os conhecimentos tradicionais que os alunos possuem e os conhecimentos curriculares

trabalhados na disciplina, aponte e discuta:

a) O que poderia favorecer ou contribuir para o estabelecimento de relações entre tais

conhecimentos? (Dê exemplos);

b) O que dificulta, ou seja, se apresenta como obstáculo para o estabelecimento de relações entre tais

conhecimentos? (Dê exemplos);

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131 7) O Curso Técnico em Agroecologia, em termos de organização curricular, é constituído por dois

núcleos: Básico e Profissional, envolvendo disciplinas e habilidades prioritárias. Por sua vez, a

disciplina por você ministrada igualmente sustenta conteúdos curriculares e habilidades. Assim,

responda:

a) O que favorece possíveis aproximações entre conteúdos e habilidades priorizados na disciplina

sob sua responsabilidade e as disciplinas e habilidades dos núcleos Básico e Profissional?

b) O que dificulta tais aproximações?

Muito obrigado!

Edslei Rodrigues de Almeida

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132

APÊNDICE C

TERMO DE ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado para participar da pesquisa: Educação, Etnobotânica e Plantas

Medicinais: um estudo de caso no Curso Técnico em Agroecologia (Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia. Campus Cacoal, Rondônia, Brasil. Seus pais permitiram que você participe.

Queremos saber como os conhecimentos tradicionais, que são estudados por uma área do

conhecimento chamada de etnociências, nesse caso a etnobotânica, pode contribuir e aperfeiçoar

o processo de ensino e aprendizagem no currículo estudado no curso Técnico em Agroecologia, os

dados servirão para compor a tese de doutorado do pesquisador/entrevistador.

Todos os alunos que irão participar desta pesquisa têm de (14) a (18) anos de idade.

Você não precisa participar da pesquisa se não quiser, é um direito seu e não terá nenhum

problema se desistir.

A pesquisa será feita nas dependências do Campus Cacoal, onde os alunos menores de

idade deverão responder a algumas perguntas que abordam: dados pessoais (grau de estudo,

idade); plantas conhecidas e utilizadas pela família, conteúdos que são trabalhados na sala de aula.

Para isso, será usado um roteiro com as perguntas para leitura antecipada, após a leitura, será

informado que a entrevista será gravada, após consentimento, faremos a entrevista. Para a

realização desta técnica de entrevista, faz-se necessário a disponibilidade de parte do seu tempo,

após a gravação, você terá direito a ouvi-la e caso encontre algo que queira retirar, este será

apagado. Da mesma forma após a transcrição da gravação, você e seu responsável receberá uma

cópia, caso julgue necessário poderá solicitar a retirada de parte ou todo o texto transcrito.

Mas há coisas boas que podem acontecer com a realização de trabalhos como este, tais

como: o desenvolvimento de materiais didáticos/pedagógicos que poderão subsidiar outros

professores e disciplinas que são ministradas no curso, a adoção de políticas públicas por parte do

estado, mas principalmente pela instituição na revisão dos seus projetos políticos pedagógicos.

Os dados da pesquisa serão tratados de forma coletiva, de forma que ninguém saberá o que

você falou, ao ler o trabalho. Os resultados da pesquisa vão ser publicados, mas sem identificar os

alunos que participaram.

Quando terminarmos a pesquisa, os dados serão apresentados na forma de uma tese de

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO AMAZÔNAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E MATEMÁTICA

REDE AMAZÔNICA DE EDUCAÇÃO

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133 doutorado que será defendida no programa da Rede Amazônia de Educação em Ciências e

Matemática/REAMEC, posteriormente publicada em revistas científicas.

Se você tiver alguma dúvida, sobre termos que você não entendeu, você pode me perguntar.

CONSENTIMENTO PÓS INFORMADO

Eu ___________________________________ aceito participar da pesquisa (Educação,

Etnobotânica e Plantas Medicinais: um estudo de caso no Curso Técnico em Agroecologia (Instituto

Federal de Educação, Ciência e Tecnologia. Campus Cacoal, Rondônia, Brasil.

Entendi as coisas ruins e as coisas boas que podem acontecer.

Entendi que posso dizer “sim” e participar, mas que, a qualquer momento, posso dizer “não”

e desistir e que ninguém vai ficar furioso.

Os pesquisadores tiraram minhas dúvidas e conversaram com os meus responsáveis.

Recebi uma cópia deste termo de assentimento e li e concordo em participar da pesquisa.

Cacoal, ____de _________de 2016.

_______________________________________

Assinatura do menor

_______________________________________

Assinatura do pesquisador

Nome do pesquisador principal: Edslei Rodrigues de Almeida

Endereço: Av. Porto Alegre, 1065 – Novo Cacoal – Cacoal – RO.

Telefone: (69) 9960-1370/ 3441 – 0819

e-mail: [email protected]

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134

APÊNDICE D

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

(No caso do responsável pelo menor)

O menor __________________________________________, sob sua responsabilidade, está

sendo convidado (a) como voluntário (a) a participar da pesquisa “Educação, Etnobotânica e Plantas

medicinais: um estudo de caso no Curso Técnico em Agroecologia (Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia, Campus Cacoal, Rondônia, Brasil) ”. Nesta pesquisa, pretendemos queremos

saber como os conhecimentos tradicionais, que são estudados por uma área do conhecimento

chamada de etnociências, nesse caso a etnobotânica, pode contribuir e aperfeiçoar o processo de

ensino e aprendizagem no currículo estudado no curso Técnico em Agroecologia.

O motivo que nos leva a pesquisar esse assunto é a obtenção de dados que servirão para compor

a tese de doutorado do pesquisador/entrevistador.

Para esta pesquisa adotaremos os seguintes procedimentos: esta será feita nas dependências do

Campus Cacoal, onde os alunos menores de idade deverão responder a algumas perguntas que

abordam: dados pessoais (grau de estudo, idade); plantas conhecidas e utilizadas pela família,

conteúdos que são trabalhados na sala de aula. Para isso, será usado um roteiro com as perguntas

para leitura antecipada, após a leitura, será informado que a entrevista será gravada, após

consentimento, faremos a entrevista.

Para participar desta pesquisa, o menor sob sua responsabilidade não terá nenhum custo, nem

receberá qualquer vantagem financeira. Apesar disso, caso sejam identificados e comprovados

danos provenientes desta pesquisa, ele tem assegurado o direito à indenização. Ele será

esclarecido (a) em qualquer aspecto que desejar e estará livre para participar ou recusar-se a

participar. O (A) Sr. (a), como responsável pelo menor, poderá retirar seu consentimento ou

interromper a participação dele a qualquer momento. A participação dele é voluntária e a recusa em

participar não acarretará qualquer penalidade ou modificação na forma em que é atendido (a) pelo

pesquisador que irá tratar a identidade do menor com padrões profissionais de sigilo. O menor não

será identificado em nenhuma publicação. Os riscos envolvidos na pesquisa consistem em

disponibilidade de tempo e algum constrangimento ou incomodo que uma pergunta possa

ocasionar, no entanto, após a gravação, eles terão direito de ouvi-la e caso encontre algo que

queiram retirar, este será apagado. Da mesma forma após a transcrição da gravação, você e ele,

receberão uma cópia, e caso julguem necessário poderão solicitar a retirada de parte ou todo o

texto transcrito.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO AMAZÔNAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E MATEMÁTICA

REDE AMAZÔNICA DE EDUCAÇÃO

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135 A pesquisa contribuirá para o desenvolvimento de materiais didáticos/pedagógicos que poderão

subsidiar outros professores e disciplinas que são ministradas no curso, a adoção de políticas

públicas por parte do estado, mas principalmente pela instituição na revisão dos seus projetos

políticos pedagógicos. Contribuirá ainda, na valorização e preservação dos conhecimentos

tradicionais, que estão se perdendo ao longo das gerações.

Os resultados estarão à sua disposição quando finalizada. O nome ou o material que indique a

participação do menor não será liberado sem a sua permissão. Os dados e instrumentos utilizados

na pesquisa ficarão arquivados com o pesquisador responsável, por um período de 2(dois) anos, e

após esse tempo serão destruídos. Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas

vias originais, sendo que uma será arquivada pelo pesquisador responsável, nas dependências do

IFRO/Campus Cacoal e a outra será fornecida ao Sr. (a).

Eu, _________________________________________, portador (a) do documento de Identidade

____________________, responsável pelo menor ____________________________________,

fui informado (a) dos objetivos do presente estudo de maneira clara e detalhada e esclareci minhas

dúvidas.

Sei que a qualquer momento poderei solicitar novas informações e modificar a decisão do menor

sob minha responsabilidade de participar, se assim o desejar. Recebi uma via original deste termo

de consentimento livre e esclarecido e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer as minhas

dúvidas.

Cacoal/RO, ____ de ______________ de 2016.

____________________________________ Assinatura do (a) Responsável

____________________________________ Assinatura do (a) Pesquisador (a)

Nome do pesquisador principal: Edslei Rodrigues de Almeida

Endereço: Av. Porto Alegre, 1065 – Novo Cacoal – Cacoal – RO.

Telefone: (69) 9960-1370/ 3441 – 0819

e-mail: [email protected]

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APÊNDICE E

CARTA CONVITE

Cacoal/RO, XX de XXXX de 2016

Prezado (a) professor (a),

Tenho o prazer de convidá-lo (a) a participar da pesquisa Educação, Etnobotânica e

Plantas medicinais: um estudo de caso no Curso Técnico em Agroecologia (Instituto Federal

de Educação, Ciência e Tecnologia, Campus Cacoal, Rondônia, Brasil), que se refere à minha

Tese de Doutorado realizada no Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e

Matemática da Rede Amazônia de Educação em Ciências e Matemática/REAMEC. Esse programa

é um convênio firmado entre o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de

Rondônia/IFRO e a Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática, da Universidade

Federal de Mato Grosso/UFMT, na linha de pesquisa Fundamento e Metodologias para a Educação

em Ciências e Matemática.

Essa pesquisa será conduzida por mim, sob a orientação do Prof. Dr. Germano Guarim Neto

(UFMT), e volta-se ao ensino da etnobotânica como possibilidade de conexão entre a Educação

Básica e Profissional no Curso Técnico em Agroecologia do Instituto Federal de Rondônia/Campus

Cacoal.

Antecipando as informações, pretende-se que, com a sua participação, os pesquisadores poderão

verificar os conhecimentos etnobotânicos de alunos e professores da educação profissional

integrada ao médio do Instituto Federal de Rondônia/Campus Cacoal, visando utilizar a

etnobotânica como possibilidade e/ou necessidade de conectividade entre as disciplinas do núcleo

básico e profissional e, para que essa pesquisa seja profícua, precisaremos realizar visitas ao

campus (previamente agendadas), entrevistas semiestruturadas, gravações e transcrições

(autorizadas).

Desde já, conto com sua participação!

Atenciosamente

Prof. Me. Edslei Rodrigues de Almeida

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO AMAZÔNAS

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APÊNDICE F

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

1) NOME DA PESQUISA: Educação, Etnobotânica e Plantas medicinais: um estudo de caso

no Curso Técnico em Agroecologia (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia,

Campus Cacoal, Rondônia, Brasil).

2) PARTICIPAÇÂO: Você está sendo convidado (a) a participar, como voluntário (a), de uma pesquisa cujos dados serão utilizados na elaboração da Tese de Doutorado em Educação em Ciências e Matemática, caso você concorde em participar, favor assinar ao final do documento. Sua participação não é obrigatória e, a qualquer momento, poderá desistir e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo à sua relação com os pesquisadores ou com a instituição. Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e endereço dos pesquisadores principais, podendo tirar dúvidas do projeto e de sua

participação.

3) OBJETIVOS: A pesquisa tem como objetivo obter dados para análise teórica e epistemológica direcionadas para o ensino das etnociências com o objetivo de contribuir e aperfeiçoar o processo ensino-aprendizagem deste conteúdo, bem como auxiliar na

compreensão do currículo integrado.

4) PROCEDIMENTOS DO ESTUDO: Se concordar em participar da pesquisa, você terá que responder a uma entrevista contendo dados pessoais e profissionais e questões relacionadas ao ensino das etnociências. As respostas serão gravadas em áudio e transcritas posteriormente, uma cópia da transcrição será entregue a você. As respostas serão analisadas interpretadas e os dados obtidos serão expostos na forma de tese de doutorado e apresentada ao programa de Pós-Graduação Em Educação em Ciências Matemática, da Rede Amazônica em Educação em Ciências e Matemática, da Universidade

Federal de Mato Grosso/UFMT.

5) RISCOS E DESCONFORTOS: Estudos dessa natureza não oferece risco imediato ao participante, haja vista que a única e exclusiva participação é responder a uma entrevista sobre as etnociências e sua abordagem no Curso Técnico em Agroecologia Integrado do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia/IFRO/Campus Cacoal. No entanto, ao responder determinado questionamento este pode lhe causar alguma sensação de incomodo, ou ainda lhe provocar alguma memória que lhe cause um estado emocional desconfortante. Caso isso ocorra, ao final da gravação esta será ouvida pelo entrevistador e entrevistado, ficando a critério deste último o pedido para apagar trechos da entrevista, caso não concorde com este. Da mesma forma, ressaltamos que após a transcrição uma cópia será entregue ao entrevistado, caso este julgue necessário, poderá suprimir trechos da mesma.

6) BENEFÍCIOS: Trabalhos como este contribuem para o ensino de Biologia, para a divulgação do conhecimento da área e servem de base para outros trabalhos que porventura sejam

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO AMAZÔNAS

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realizados. Esperamos ainda que, de alguma forma, os resultados dessa pesquisa possam orientar políticas públicas voltadas para o desenvolvimento da educação escolar no Estado de Rondônia, principalmente no âmbito da educação profissional, ofertado no Instituto Federal de Educação/IFRO.

7) CUSTO/REEMBOLSO PARA O PARTICIPANTE: Você não terá nenhum gasto com a sua participação no estudo e também não receberá pelo mesmo.

8) CONFIDENCIALIDADE DA PESQUISA: A sua identidade será mantida em sigilo. Os

resultados do estudo serão sempre apresentados como retrato de um grupo e não de uma

pessoa. Dessa forma, você não será identificado quanto o material de seu registro for

utilizado, seja para propósitos de publicação cientifica ou educativa. Para isto o pesquisador

irá omitir o seu nome dos questionários. As entrevistas gravadas serão transcritas pelo

pesquisador e identificadas pelo mesmo número de registro do questionário. A gravação da

entrevista será armazenada em um armário trancado e em mídia de armazenamento

protegida por senha pelo entrevistador e guardada por dois anos, adotando os

procedimentos supracitados. Somente o entrevistador e o professor orientador deste terão

acesso ao registro para análise dos dados.

Os dados obtidos serão divulgados dentro da instituição, mediante relevância do trabalho poderá ser apresentado em congressos na área de estudo, observando sempre a não

identificação do entrevistado.

9) Este estudo será submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Federal de Rondônia, que poderá ser contatado em caso de questões éticas, pelo telefone (69) 2182-9608 ou E-mail: [email protected]

O pesquisador responsável pelo estudo poderá fornecer qualquer esclarecimento sobre o

estudo, assim como tirar dúvidas, bastando contato no seguinte endereço e/ou telefone.

Nome do pesquisador principal: Edslei Rodrigues de Almeida

Endereço: Av. Porto Alegre, 1065 – Novo Cacoal – Cacoal – RO.

Telefone: (69) 9960-1370/ 3441 – 0819

e-mail: [email protected]

10) DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO: Li informações contidas neste documento antes de assinar este termo de consentimento. Declaro que toda a linguagem técnica utilizada na descrição deste estudo de pesquisa foi satisfatoriamente explicada e que recebi respostas para todas as minhas dúvidas. Confirmo também que recebi uma cópia deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Compreendo que sou livre para me retirar do estudo em qualquer momento, sem perda de benefícios ou qualquer outra penalidade.

Dou meu consentimento de livre e espontânea vontade para participar deste estudo.

_________________________________________________________________ Nome do participante (em letra de forma)

Assinatura do participante: _________________________________Data:________

Obrigado pela sua colaboração e por merecer sua confiança. Assinatura do pesquisador responsável _____________________Data: ________

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APÊNDICE G

MODELO DE CABEÇALHO UTILIZADO NA ENTREVISTA

CABEÇALHO

Entrevista com a Aluna (Iniciais do nome do entrevistado)

Realizada por Edslei Rodrigues de Almeida

Com uso de gravador de voz digital Sony NWD-B103-F

Duração:

Técnica: Entrevista Semiestruturada

Data:

Local:

Data da transcrição:

Transcrição conferida:

Transcrição Codificada:

REFERÊNCIA: E/A nº (para aluno) E/P nº (para professor).

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO AMAZÔNAS

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140 APÊNDICE H – Transcrições das entrevistas dos alunos no NVivo – Análise dos dados FONTE: NVivo

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141 APÊNDICE I – Transcrições das entrevistas dos professores no NVivo – Análise dos dados

FONTE: NVivo

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142 APÊNDICE J – Categorias (nós) de análises utilizadas na pesquisa

FONTE: NVivo

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143 APÊNDICE K – Nuvem de palavras (análise das palavras mais frequentes nas transcrições)

FONTE: NVivo

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144 APÊNDICE L – Categorias (nós) utilizados na pesquisa referente ao uso de plantas medicinais

FONTE: NVivo

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APÊNDICE M – Plano da Disciplina: Produtor de Plantas Aromáticas e Medicinais

PLANO DE DISCIPLINA

Curso: TÉCNICO EM AGROECOLOGIA

Disciplina: PLANTAS AROMÁTICAS E MEDICINAIS Código:

CH Teórica: 30h CH Prática*: 10h CH Total: 40h

Objetivo Geral:

Identificar as plantas medicinais que apresentam um potencial econômico a ser explorado, principalmente na região Norte, reconhecendo a importância do conhecimento tradicional, vinculado ao envolvimento tecnológico para validação científica dessas plantas.

Objetivos Específicos

a) Conhecer os princípios da etnobotânica, bem como a sua importância nos fundamentos científicos e tecnológicos que envolvem a cadeia produtiva de plantas medicinais; b) Interpretar a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e seus apontamentos quanto a necessidade do direcionamento para a produção e mercado de óleos essenciais e plantas aromáticas; c) Analisar a viabilidade técnica, econômica e ecológica na produção de plantas medicinais, numa perspectiva de desenvolvimento sustentável; d) Planejar e orientar as ações referentes ao preparo do solo, semeadura e tratos culturais para as diversas espécies medicinais de importância regional e nacional; e) Planejar, organizar e monitorar o cultivo agroecológico de espécies medicinais.

Ementa:

História do uso de plantas medicinais, condimentares, aromáticas. Importância econômica e social. Etnobotânica. Potencial regional. Noções de fitoquímica e preparados fitoterápicos. Principais espécies nativas e exóticas aclimatadas. Aspectos agronômicos: cultivo, colheita, pós-colheita, secagem, beneficiamento e armazenamento e comercialização.

Fonte: Elaborado pelo autor

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146 ANEXOS

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ANEXO 1

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ANEXO 2

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Cont. do Anexo 2

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ANEXO 3

Cont. do Anexo 3

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Cont. do Anexo 3

Cont. do Anexo 3

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Cont. do Anexo 3