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EDUCAÇÃO EM

TEMPOS DE

PANDEMIA

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Vicente de Paula da Silva Martins

EDUCAÇÃO EM

TEMPOS DE

PANDEMIA

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Copyright © Vicente de Paula da Silva Martins

Todos os direitos garantidos. Qualquer parte desta obra pode ser reproduzida, transmitida ou arquivada desde que levados em conta os direitos do autor.

Vicente de Paula da Silva Martins

Educação em tempos de pandemia. São Carlos: Pedro & João Editores, 2020. 203p.

ISBN: 978-65-87645-35-3

1. Estudos da Educação. 2. Tempos de pandemia. 3. Ensino remoto. 4. Autor. I. Título.

CDD – 370

Capa: www.argiladesign.com.brEditores: Pedro Amaro de Moura Brito & João Rodrigo de Moura Brito

Conselho Científico da Pedro & João Editores: Augusto Ponzio (Bari/Itália); João Wanderley Geraldi (Unicamp/ Brasil); Hélio Márcio Pajeú (UFPE/Brasil); Maria Isabel de Moura (UFSCar/Brasil); Maria da Piedade Resende da Costa (UFSCar/Brasil); Valdemir Miotello (UFSCar/Brasil); Ana Cláudia Bortolozzi (UNESP/ Bauru/Brasil); Mariangela Lima de Almeida (UFES/Brasil); José Kuiava (UNIOESTE/Brasil); Marisol Barenco de Melo (UFF/Brasil); Camila Caracelli Scherma (UFFS/Brasil);

Pedro & João Editores www.pedroejoaoeditores.com.br

13568-878 - São Carlos – SP 2020

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AGRADECIMENTOS

Ao amigo Carlos Roberto Jamil Cury, filósofo e

professor emérito da Universidade Federal de

Minas Gerais, o primeiro a me incentivar ao estudo

de legislação educacional e a me falar sobre o valor

da expressão “pleno desenvolvimento humano”

no âmbito da educação escolar.

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SUMÁRIO

À guisa de apresentação

Considerações e ressalvas à proposta de parecer do

conselho nacional de educação

Proposta de regime especial de atividades não

presenciais para a uva no cenário da Covid-19:

contexto, base legal e validação

Absenteísmo docente: sequela ou cicatriz do

coronavírus?

Por que identificar alternativas de implementação

de carga horária do projeto pedagógico

Considerações finais

Referências

Anexos

Medida Provisória nº 934, de 1º/04/2020

Parecer CNE/CP Nº: 11/2020, de 7/7/2020

Resolução CEE/CE N° 481, de 27/03/2020

Provimento UVA/CE nº 09, de 17/06/2020

Relatório de Pesquisa da UVA, de 15/07/2020

Resolução CEE/CE Nº 84/2020, de 15/07/2020

Parecer CEE Nº: 0205/2020, de 22/07/2020

Sobre o autor

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À GUISA DE APRESENTAÇÃO

Ao concluir a leitura de Discurso da Ética e a Ética do

Discurso (2018), de Valdemir Miotello, já em sua segunda

edição pela Pedro & João, senti-me altamente motivado para

reler Marxismo e Filosofia da Linguagem (2009), de Mikhail

Bakhtin, o que fiz de pronto. Devidamente grifado, o livro de

Miotello, na verdade, transcrição de sua conferência em 2009,

na Escola da Assembléia Legislativa do Estado de Minas

Gerais, traz entre suas pérolas reflexivas a de que “Só posso ser

eu no jogo com o outro” (p.30) e “O outro fez surgir o eu dentro

de mim” (p.44) que nos remetem ao pensamento bakhtiniano.

Não há como pensarmos em princípio dialógico sem

reconhecermos que é a alteridade que nos constitui como ser

humano e sujeitos históricos de nossos discursos.

Por essa razão, nesta apresentação o outro entrará em cena.

Por ordem, trouxe a reflexão, em tempos de pandemia, de

Américo Saraiva, com mestrado e doutorado em Linguística

pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e com estágio de

pós-doutoramento em Semiótica na Université de Limoges,

França, sob a supervisão de Jacques Fontanille, além de poeta,

semioticista, músico e docente do Curso de Letras da UFC. Em

seguida, uma reflexão que dialoga com o texto do professor

Américo, feita por Vládia Borges, Ph.D. em Educação com área

de concentração em Ensino de Inglês como Segunda Língua

pela Universidade de Rhode Island (EUA), amiga muito

querida e adorável professora, também da UFC. E, por último,

o texto de Francisco Vicente de Paula Júnior, o Vicente Jr, doutor

em Letras (Literatura e Cultura) pela UFPB (2011) e desenvolve

pesquisas em Literatura Fantástica, Feminismo na Literatura,

Assédio Moral, Bullying e Cultura Popular, professor fantástico,

espirituoso, amigo e colega de trabalho do Curso de Letras da

Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA, em Sobral, há

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mais de duas décadas. Os textos dos três docentes,

originalmente publicados como postagens nas redes sociais,

foram autorizados pelos mesmos para apresentarem este livro e

com isso compartilharmos juntos o que pensamos sobre a

educação escolar no contexto de pandemia da Covid-19.

"Há algum tempo, calava-me diante de argumentos a

favor de aulas semi-presenciais, um meio que ensino a

distância, ou quase. Diziam-me que, com o avanço da

tecnologia, muito do que se fazia em sala presencialmente

poderia ser substituído, com vantagem, por atividades on-line.

Era o futuro. Vi-me na iminência de dar razão aos que

denunciavam a obsolescência do estilo de aula tradicional. A

pandemia chegou e nos confinou. No entanto, deu-me a

entender que ter silenciado perante aqueles argumentos não

foi boa opção pois nada é comparável a uma aula com corpo e

alma presentes. Quando t(r)ocada com amor, aula é uma

espécie de ritual sagrado, de dádiva adventícia na sua

irrepetibilidade. Os vocacionados se preparam para ela desde

dentro e para sempre. Curtem a espera, o encontro, o ler-se

mutuamente a presença em muitos níveis. Gostam de partilhar

o mesmo espaço físico, de vê-lo preenchido com a vida

múltipla e variada em ação. Aula é um encontro sem igual que

prepara conservando a nossa humanidade. Sou hoje defensor

ferrenho desse encontro sagrado em que se celebram o saber

sentir e o sentir saber.” (Américo Saraiva)

“Minha pergunta é: onde está a dicotomia? Assim como o

“computador” não substituiu o professor, também o ensino

remoto não substituirá o ensino presencial. São aliados! Neste

momento o ensino presencial não parece viável para saúde

pública. O ensino remoto se apresenta, então, como alternativa

para que algum tipo de ensino e aprendizagem aconteça neste

momento.

Uma questão surge: e o que acontece com aqueles que, por

não terem acesso a computadores e/ou Internet de banda larga,

ficam excluídos do ensino remoto? Nesse caso, não seria o caso

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de escolas e universidades proverem as ferramentas para que

todos possam vivenciar a educação remota? Ainda, a educação

remota pode ter maior ou menor qualidade dependendo

também do nível de preparação dos professores para esse tipo

de ensino. Por que escolas, universidades e professores, ao

invés de ficarem discutindo se o calendário escolar seria ou não

adiado e/ou cancelado, não buscaram aprender sobre como

fazer a transposição de aulas presenciais para aulas virtuais?

A hora não é de discutirmos o que é o ideal para educação,

mas de buscarmos o possível para que algum tipo de educação

aconteça neste momento. Esta é uma posição lógica e objetiva,

embora bastante controversa." (Vladia Borges)

“Seu texto é um apanhado sintético das grandes

discussões que permeiam esse contexto específico de

pandemia. Conseguiu tocar nas competências do Estado, dos

gestores, dos professores até dos alunos, mas aqueles que estes.

É um texto importantíssimo que deve ser repassado a cântaros

nos grupos da vida. Mas continuo exigindo uma sensibilidade

maior na situação social do aluno e de alguns professores como

os substitutos. As atividades remotas via plataformas custam

caro em todos os sentidos. Se houver, como em alguns países,

um acordo entre o Estado, os gestores, e as operadoras para o

acesso ser gratuito ...então não terei mais críticas.” (Vicente Jr)

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CONSIDERAÇÕES E RESSALVAS À PROPOSTA DE

PARECER DO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

“Cursos superiores a distância quebram barreiras e

incentivam a inclusão. No rastro dos avanços tecnológicos,

esses programas atraem hoje mais estudantes que os

presenciais A educação superior no Brasil está no meio de

uma revolução — algo silenciosa, é verdade, porém

irreversível. O fator dessa transformação que vem mexendo

com estudantes, professores e o mercado de trabalho é o

ensino a distância - ultimamente popularizado pela sigla

EAD).” (Alessandra Kianek, Educação, Veja, em 29/02/2020)

Este capítulo refere-se à regulação e gestão educacional

durante a emergência de saúde pública. Recentemente, o

Conselho Nacional de Educação lançou o Edital de Chamamento

destinado a colher, até o dia 23/4/2020, subsídios e

contribuições, ou seja, documentos, com contribuições

fundamentadas e circunstanciadas, para a deliberação da

matéria pelo Colegiado. Os conselheiros contabilizaram, ao

menos, 400 contribuições provenientes de organizações

representativas de órgão públicos e privados da educação

básica e superior, bem como de instituições de ensino e

profissionais da área da educação, além de contribuições de

pais de alunos da educação básica. Em 28 de abril foi realizada

a redação do documento e o parecer foi entregue ao MEC em 5

de maio de 2020.

Como pesquisador na área de legislação educacional,

inicialmente, fiz uma leitura crítica do documento e no dia

22/04/2020 enviei minha contribuição voluntária e cidadã ao

CNE na condição de docente da Universidade Estadual Vale

do Acaraú (UVA), por meio eletrônico, em formato texto. A

Proposta de Parecer refere-se à “Reorganização dos

Calendários Escolares e Realização de Atividades Pedagógicas

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Não Presenciais durante o Período de Pandemia da COVID-

19”.

O mesmo documento remetido ao CNE, em tempo hábil,

também foi enviado ao Gabinete do então Ministro da

Educação Abraham Weintraub para sua apreciação. Em que

pese seu conturbado período à frente da Pasta, o certo é que,

se não considerou integralmente minhas ressalvas, ao menos,

não homologou imediatamente o documento final do CNE e

em seguida restituiu o parecer ao Conselho Nacional de

Educação (CNE) para reexame, em razão das considerações

posteriores constantes da Nota Técnica Nº 32/2020/

ASSESSORIA-GAB/GM/GM. Realmente, o documento inicial

dos conselheiros estava mal redigido, açodado e requeria uma

boa revisão técnica, o que tentei fazer respeitando a estrutura

original do texto.

Conforme descrevo, mais adiante, foram muitas as

ressalvas à versão do Parecer aprovada pelos conselheiros e

com evidentes falhas técnicas em decorrência de sua

aprovação por açodamento. No primeiro momento, foi

aprovado em 28 de abril de 2020, o Parecer CNE/CP nº 5/2020

cuja ementa é bastante prolixa: “Reorganização do Calendário

Escolar e da possibilidade de cômputo de atividades não

presenciais para fins de cumprimento da carga horária mínima

anual, em razão da Pandemia da COVID-19”. Foram muitas

críticas à versão aprovada do documento legal. Por essa razão,

tivemos novo Parecer CNE/CP nº 9/2020, aprovado em 8 de

junho de 2020 cuja ementa é “ Reexame do Parecer CNE/CP nº

5/2020, que tratou da reorganização do Calendário Escolar e da

possibilidade de cômputo de atividades não presenciais para

fins de cumprimento da carga horária mínima anual, em razão

da Pandemia da COVID-19”. Também continuou

apresentando problemas técnicos. Posteriormente, a versão

revista e ampliada do Parecer CNE/CP nº 11/2020 foi

definitivamente aprovada em 7 de julho de 2020 cuja ementa é

“Orientações Educacionais para a Realização de Aulas e

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Atividades Pedagógicas Presenciais e Não Presenciais no

contexto da Pandemia” (aguardando homologação do

ministro Milton Ribeiro).

Após analisar detidamente cada subseção da Proposta de

Parecer, com suas respectivas subseções, observei problemas

terminológicos, contradições teóricas e pedagógicas, superposição

de ideias e recomendações, problemas de técnica legislacional bem

característicos de Parecer aligeirado, com inúumeros limites

epistemológicos e acabei montando minha contribuição aos

conselheiros em forma de conjunto de ressalvas a serem

consideradas ou não pelo CNE, a partir da estruturação da

Proposta do Parecer, assim delineada: não há dicotomia entre

educação e saúde; a garantia de assistência à saúde; a noção de

adequação curricular; a competência de legislar sobre

educação;calendário escolar: realizar atividades não presenciais ou

repor aulas presenciais?; fim do período de emergência: quando

mesmo?; o cômputo de carga horária por meio de atividades

pedagógicas não presenciais; alimentação é o direito à educação;

ensino híbrido: atividades on-line e presenciais; mais whatsapp,

facebook, instagram etc nos anos finais do ensino fundamental e

ensino médio; as finalidades da educação superior; educação

especial é uma modalidade de educação escolar; as dificuldades de

acesso à educação indígena, do campo e quilombola; avaliações e

exames de larga escala: onde fica a autoidentidade das instituições

de ensino?; a questão da organização do calendário escolar:

superposição de recomendações em subseções distintas; e os bons

propósitos da proposta de parecer, a título de conclusão das

minhas anotações.

A proposta preliminar do parecer

Motivado por diversas consultas a respeito da reorganização

do calendário escolar e da possibilidade de cômputo de atividades

não presenciais para fins de cumprimento da carga horária mínima

anual, o Conselho Nacional de Educação publicou no dia 17 de

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abril de 2020, o Edital de Chamamento para Consulta Pública sobre

o Proposta de Parecer que trata da reorganização dos Calendários

Escolares e a realização de atividades pedagógicas não presenciais,

durante o período de Pandemia da COVID-19. O Edital de

Chamamento é assinado pelos conselheiros Luiz Roberto Liza Curi,

Presidente do CNE e Presidente da Comissão; Maria Helena

Guimarães de Castro, Relatora da Comissão e Eduardo

Deschamps, Relator da Comissão. São o escol do CNE.

Como diz o documento, é tradição do Conselho Nacional de

Educação a realização de consultas públicas sobre matérias de alta

relevância. Assim, o Edital de Chamamento foi exclusivamente

destinado a colher, até o dia 23/4/2020, subsídios e contribuições,

ou seja, documentos, com contribuições fundamentadas e

circunstanciadas, para a deliberação da matéria pelo Colegiado.

Outra motivação que pesou na decisão do CNE de fazer

consulta pública, no âmbito legislacional, decorreu da publicação

da Medida Provisória nº 934, em 1º de abril de 2020, pelo Governo

Federal, que estabelece normas excepcionais para o ano letivo da

educação básica e do ensino superior decorrentes das medidas para

enfrentamento da situação de emergência de saúde pública de que

trata a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020.

O documento submetido à consulta público na sua versão

preliminar foi apresentado pelos conselheiros inicialmente

estruturado em 2 seções com muitas subseções: 1 Histórico; 2

Análise; 2.1 Do calendário escolar e carga horária mínima a ser

cumprida; 2.2 Da competência para gestão do calendário escolar;

2.3 Da reorganização do calendário escolar; 2.4 Da reposição da

carga horária de forma presencial ao fim do período de emergência;

2.5 Do cômputo de carga horária realizada por meio de atividades

pedagógicas não presenciais (com ou sem mediação on-line) a fim

de minimizar a necessidade de reposição da mesma de forma

presencial; 2.6 Sobre a educação infantil; 2.7 Sobre o ensino

fundamental – anos iniciais; 2.8 Sobre o ensino fundamental anos

finais e ensino médio; 2.9 Sobre o ensino superior; 2.10 Sobre

Educação Especial; 2.11 Sobre Educação Indígena, do Campo e

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Quilombola; 2.12 Sobre avaliações e exames de larga escala; 2.13

Diretrizes para reorganização dos calendários escolares; 2.14

Considerações finais.

Desde já, antecipo ao leitor que há problemas tecnicamente

graves na estruturação da Proposta de Parecer que, mais adiante,

apontarei e imediatamente sugiro uma reestruturação dos

dispositivos. Como o edital de chamamento foi amplamente

divulgado para Consulta Pública e destinado “a colher subsídios e

contribuições para a deliberação da matéria pelo Colegiado”, fiz

uma leitura crítica do documento e no último dia 22/04/2020,

enviei, como disse anteriormente, minha contribuição na condição

de um cidadão interessado na temática educacional, por meio

eletrônico, em formato texto, para o Conselho Nacional de

Educação1.

Não há dicotomia entre educação e saúde

A seção 1 da Proposta de Parecer, relativa ao Histórico, à

primeira vista, situa bem a discussão sobre a oferta da educação

escolar no contexto da pandemia. Apesar de fazer referência a

documentos internacionais sobre a matéria e à legislação nacional,

em particular, claramente o texto parece alheia a um novo

paradigma educacional: não existirá mais, no mundo pós-

coronavírus, a velha dicotomia entre educação e saúde e que ambas

estão em uma relação dialética contribuindo para a integridade e

integralidade do ser humano2.

1 Depois de várias revisões, inclusive acatando sugestões públicas de refacção do

documento, o Conselho Nacional de Educação, através do Conselho Pleno (CP),

aprovou no dia 7/07/2020 o Parecer CNE/CP nº 11/2020, cuja ementa é

“Orientações Educacionais para a Realização de Aulas e Atividades Pedagógicas

Presenciais e Não Presenciais no contexto da Pandemia.” 2 A distinção que faço entre os termos integridade e integralidade é tênue, mas

semanticamente significativa no contexto em que estamos vivendo. Por

integridade, entendo “característica ou estado daquilo que se apresenta ileso,

intato, que não foi atingido ou agredido”, isto é, a “integridade física” dos

educadores e educandos bem como sua formação em valores. Por integralidade,

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A noção de integridade/integralidade do ser humano pode ser

traduzida, do ponto de visto legislativo, como a expressão “pleno

desenvolvimento da pessoa“ (Constituição Federal) ou “pleno

desenvolvimento do educando”, presentes, respectivamente, nos

dispositivos “ A educação, direito de todos e dever do Estado e da

família, será promovida e incentivada com a colaboração da

sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu

preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o

trabalho.”(Artigo 205 da CF) e “A educação, dever da família e do

Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de

solidariedade humana, tem por finalidade o pleno

desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da

cidadania e sua qualificação para o trabalho.” (Artigo 2º da LDB).

Não há, assim, “pleno desenvolvimento” da pessoa ou do

educando sem que sejam asseguradas a educação pública e a saúde

básica, posto que andam juntas, estão interligadas, isto é, o

conhecimento, levado a efeito pelo professor, nas instituições de

ensino, teleologicamente deve ter por fim último o equilíbrio do

estado físico, psicológico e emocional dos seus educandos. Não há

outro sentido para a noção de pleno desenvolvimento no texto

constitucional e na lei ordinária (LDB).

Da mesma forma que atualmente o Ministério da Saúde tem

órgãos de assistência direta do Gabinete do Ministro, como a

Secretaria de Atenção Primária à Saúde, a Secretaria de Atenção

Especializada à Saúde, a Secretaria de Ciência, Tecnologia,

Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, a Secretaria Especial de

Saúde Indígena, a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação

na Saúde e a Secretaria de Vigilância em Saúde, doravante, terá que

criar, data venia, uma nova secretaria do tipo “Secretaria Especial de

Atenção à Educação” para desenvolver políticas comuns (ou

concorrentes), interministeriais, envolvendo o Ministério da Saude

e o da Educação. Igualmente, o Ministério da Educação carecerá,

quero dar uma acepção de “totalidade, completude”, o pleno desenvolvimento do

educando como pessoa humana.

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para articulação com o Ministério de Saúde, de uma “Secretaria

Especial de Atenção à Saúde Coletiva”. Mas isso é apenas uma

sugestão para o Ministério da Educação.

Em virtude da emergência sanitária, minha primeira

contribuição à Proposta de Parecer do Conselho Nacional de

Educação foi a de fazer referência à documentação do Ministério

da Saúde que se faz necessária ao Parecer em tela por duas razões:

primeiramente, estamos diante de “enfrentamento da emergência

de saúde pública” e depois há condicionantes, também de ordem

sanitária, que são determinantes para o afrouxamento ou não do

distanciamento social ampliado, que envolvem as instituições de

ensino. A remissão, por exemplo, aos boletins epidemiológicos, é

“pedagógica” para as famílias e instituições de ensino e, em

particular, aos diversos órgãos estaduais e municipais (conselhos

estaduais de educação, por exemplo) quando regularem

sistematicamente o “regime especial”, conforme as necessidades ou

demandas educacionais dos sistemas de ensino. Nas referências,

indiquei três boletins do Ministério da Saúde que podem

comprovar o que disse anteriormente.

A garantia de assistência à saúde

Quanto à seção 2 da Proposta de Parecer, relativa à Análise,

âmago do parecer, considerei que, na sua parte introdutória, o

relator/parecerista deixou de destacar os riscos da reposição de

aulas presenciais em decorrência da pandemia COVID-19. O que

estão em jogo não são apenas o comprometimento do calendário

escolar, a defasagem de aprendizagem, a evasão escolar, o stress

familiar, a garantia de padrão de qualidade, o uso de tecnologias

de informação e comunicação, mas a saúde dos docentes,

educandos, gestores educacionais e seus familiares. A saúde dos

brasileiros deve ser a prioridade das prioridades no âmbito das

políticas públicas e sociais.

Assim, uma remissão ao inciso VIII do artigo 4º da Lei 9.394/96

se impõe ao Parecer porque, a meu ver, cabe ao Estado, em se

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tratando de educação escolar, a garantia de “atendimento ao

educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de

programas suplementares de material didático-escolar, transporte,

alimentação e assistência à saúde”. Grifaria no parecer o conceito

de “assistência à saúde” por conta da pandemia da COVID-19, seja

em razão de o Estado, através do Poder Público, ofertar atividades

escolares presenciais ou não presenciais, mediadas ou não com

recursos on-line.

A noção de adequação curricular

Adicionaria uma ênfase à noção de adequação curricular

presente na Subseção 2.1 da Proposta do Parecer do CNE, que trata

do calendário escolar e carga horária mínima a ser cumprida. Em

geral, associamos esta categoria “adequação curricular” à oferta de

educação especial ou à educação inclusiva ou ainda à Inclusão

Social. No contexto atual, a noção de adequação curricular talvez

melhor se aproxime à Inclusão Social e, considerando a realização

de atividades não presenciais, mediadas ou não por recursos on-

line, possa ser entendida como uma estratégia didático-

metodológica interessante e viável para que alunos que

eventualmente apresentem dificuldades em aprendizagem de

conteúdos curriculares (LEITE, 2011, p. 107).

A sugestão que daria para esta subseção é a de deixar clara a

noção de adequação curricular porque envolve dois aspectos: o

cumprimento dos dias letivos (flexibilizado pela Medida Provisória

nº 934/2020) e o cumprimento da carga horária mínima a ser

cumprida pelos sistemas de ensino, em caráter emergencial. É

necessário, pois, mostrar aos sistemas de ensino que a adequação

curricular e flexibilização são imprescindíveis para a inclusão

escolar.

O § 2º do artigo 23 da Lei 9.394/96, que encerra esta subção,

mereceria, a meu ver, ser deslocado para o terceiro parágrafo posto

que, em seguida, são apresentados sequencialmente outros

dispositivos da LDB.

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Aqui, apenas destacaria o teor do inciso I do Artigo 24,

mencionado na proposta de Parecer: “a carga horária mínima anual

será de oitocentas horas para o ensino fundamental e para o ensino

médio, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo

trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais,

quando houver.”, tanto aqui como na Medida Provisória nº

934/2020, a referência é a de “carga horária mínima anual” (ênfase

adicionada), o que permitirá que os sistemas de ensino, desde logo,

se organizem e distribuam a carga horária ao longo do ano escolar

e não apenas em uma parte do ano para atender o relaxamento ou

flexibilização do distanciamento social por força de decreto

governamental ou por instrução normativa de órgãos dos sistemas

de ensino. Evidentemente, os cuidados com a saúde dos

educandos, doravante, continuarão mesmo após o afrouxamento

do distanciamento social.

Mencionaria, por fim, o inciso II do artigo 28 que diz o

seguinte: “organização escolar própria, incluindo adequação do

calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições

climáticas, quando da oferta de educação básica para a população

rural”. A propósito, nesse contexto pandêmico, levanto a seguinte

questão: que orientações o Parecer poderia dar às escolas rurais

quanto “adequação às peculiaridades da vida rural e de cada

região” e aos “conteúdos curriculares e metodologias apropriadas

às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural”? O

Parecer não responde a essa questão.

A competência de legislar sobre educação

A subseção 2.2 da Proposta do Parecer trata da competência

para gestão do calendário escolar. Trata-se de uma questão central

do Parecer posto que o próprio histórico da Minuta reconhece que

“Em decorrência deste cenário, os Conselhos Estaduais de

Educação de diversos estados e vários Conselhos Municipais de

Educação emitiram resoluções e/ou pareceres orientativos para as

instituições de ensino pertencentes aos seus respectivos sistemas

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sobre a reorganização do calendário escolar e uso de atividades não

presenciais”. Vou aventar melhor a questão.

Sempre que estou diante de dispositivo da legislação

educacional que trata de competências ou incumbências dos entes

envolvidos na oferta da educação escolar, imediatamente me

trazem à memória as competências relacionadas à educação

previstas na Constituição Federal. Assim, entre as competências

exclusivas da União, previstas no artigo 22, está a enumerada no

inciso XXIV que se refere a “diretrizes e bases da educação

nacional”, o que resultou democraticamente na Lei 9394/96, a nossa

LDB.

Na esfera intergovernamental ou de um federalismo com

compartilhamento de competências no campo educacional, o inciso

V do artigo 23 trata de “proporcionar os meios de acesso à cultura,

à educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação” (Vale

lembrar que a redação foi dada pela Emenda Constitucional nº 85,

de 2015). Trata-se, pois, de uma das competências comuns da

União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Também no plano intergovernamental dos entes federativos,

o inciso IX que trata sobre educação, cultura, ensino e desporto” e

o inciso X que se refere “educação, cultura, ensino, desporto,

ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e

inovação (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de

2015) estão enumerados entre as competências concorrentes

atribuídas à União, aos Estados e ao Distrito Federal, a legislação

concorrente, previstas no artigo 24 da Constituição Federal.

Sinceramente, fiquei na dúvida se é, realmente, incumbência

das instituições de ensino a atribuída pela Proposta de Parecer de

“gestão do calendário e a forma de organização, realização ou

reposição de atividades acadêmicas e escolares”, juntamente com

os sistemas de ensino. Entendi que o parecer está se referindo à

incumbência legislacional, fundamentada nos artigos 16, 17 e 18,

exclusivamente atribuída aos “os órgãos federais de educação”

(inciso III do artigo 16 da LDB); “os órgãos de educação estaduais

e do Distrito Federal, respectivamente.”(Inciso IV do artigo 17 da

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LDB); e “os órgãos municipais de educação (Inciso III do artigo 18

da LDB), que nos remetem às competências exclusivas ou

privativas, concorrentes e comuns, descritas por mim

anteriormente. Portanto, trata-se uma incumbência legislacional

destinada aos órgãos dos sistemas de ensino (Conselho Estadual de

Educação, por exemplo) que, em seguida, delega por

descentralização administrativa, às ações às redes (Crede, por

exemplo) ou instituições de ensino (escolas).

Calendário escolar: realizar atividades não presenciais ou repor

aulas presenciais?

A subseção 2.3 da Proposta do Parecer trata da reorganização

do calendário escolar. A rigor, não traz grandes problemas.

Todavia, a subseção fala em “garantia da realização de atividades

escolares” e “cumprimento da carga horária”. Não faz sentido

porque a Proposta do Parecer fala em “reorganização” sob os

mesmos parâmetros do que já está organizado pelos sistemas de

ensino, ou seja, “ser assegurado que a reposição de aulas e a

realização de atividades escolares possam ser efetivadas de forma

que se preserve o padrão de qualidade previsto no inciso IX do

artigo 3º da LDB e inciso VII do artigo 206 da Constituição Federal.”

Isso não deve ser objeto ou orientação do Parecer; ao contrário, o

que está sendo tratado é sobre a reorganização do calendário

escolar, o que significa dizer que terá de ser organizado novamente,

introduzindo adaptações, melhoramentos e inovações,

reestruturando, portanto, o Calendário Escolar.

As duas condições ou possibilidades para a continuidade do

Calendário Escolar, apontadas pela Proposta do Parecer, só fazem

sentido se ficar claro, no Parecer, que ao propor a alternativa 1 “a

reposição da carga horária de forma presencial ao fim do período

de emergência”, esta será feita com os mesmos padrões da

organização já consolidados ou implantados pelas instituições de

ensino. A alternativa 2, isto é, “a realização de atividades

pedagógicas não presenciais (com ou sem mediação on-line)

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durante o período de emergência, garantindo ainda os demais dias

letivos que previstos no decurso dos mínimos anuais/semestrais.”,

só pode acontecer se realmente o calendário escolar for

reorganizado, restruturado, melhorado, adaptado e inovador,

onde a suspensão das aulas será contrabalançada com a realização

de atividades não presenciais, isto é, com o cumprimento de carga

horária previsto no Calendário Escolar. Se a reposição de aulas é

feita presencialmente e restitui os dias letivos interditados

(alternativa 1), na perspectiva de realização de atividades, estamos

nos referindo tão somente ao cumprimento da carga horária, sem

qualquer preocupação com os dias letivos, unicamente cumprindo

a carga horária a ser compulsoriamente estabelecida na legislação.

Fim do período de emergência: quando mesmo?

A Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020 dispôs sobre as

medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de

importância internacional decorrente do coronavírus responsável

pelo surto de 2019. Explico logo por que reproduzo esta ementa da

Lei. Desde o primeiro momento grifei a expressão “enfrentamento

da emergência de saúde pública” e nela passei o marcador de texto

em “emergência”. Recorri ao Houaiss (2020) e observei que a

acepção de “emergência” ocorre quando, no setor de uma

instituição hospitalar os pacientes são prontamente atendidos, ou

seja, quando estes “requerem tratamento imediato”. É o pronto-

socorro. Já “urgência” tem a acepção de “situação crítica ou muito

grave que tem prioridade sobre outras”, ou melhor, a situação não

pode ser adiada, e se não for resolvida rapidamente, o paciente

corre o risco de morrer. Ora, o coronavírus está mostrando que

qualquer paciente acometido da doença está potencialmente em

risco de vida.

Por isso, considerando a gravidade da situação de saúde por

que passamos no momento, no mundo e no Brasil, em particular,

não vejo sentido nenhum esta subseção está sendo contemplada no

Parecer por uma única razão: o texto permite que se avente,

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imediatamente após o fim da emergência sanitária, a possibilidade

de reposição de carga horária através de aulas ou “utilização de

períodos não previstos” ou ainda “ampliação de jornada escolar

diária”, em razão do “período de suspensão de atividades

presenciais na escola seja longo”. Ora, a persistir no texto esta

subseção, há risco das instituições de ensino, notadamente os

docentes, “cruzarem os braços” e esperarem a normalidade para

desenvolver suas atividades escolares. Do jeito que está, vai

confundir o consulente, seja público ou privado, seja sistema de

ensino, redes e instituições de ensino. Acho que precisa ser revista

ou modalizada essa questão.

O parecer em construção, vale lembrar, traz o seguinte texto

em sua ementa: ”Proposta de Parecer sobre Reorganização dos

Calendários Escolares e Realização de Atividades Pedagógicas Não

Presenciais durante o Período de Pandemia da COVID-19”; logo,

refere-se não mais que a realização de atividades pedagógicas não

presenciais, descartando a alusão a atividades presenciais, que não

é objeto de atenção aqui no Parecer em tela. Volto a insistir aqui: a

reposição de aulas (execução das atividades para cumprimento

escolar regular) está para “atividades pedagógicas presenciais”, em

condições de normalidade; assim com a realização (execução das

atividades para cumprimento da carga horária mínima) está para

“atividades pedagógicas não presenciais”, em condições de

anormalidade ou de excepcionalidade; o que é o caso.

O cômputo de carga horária por meio de atividades pedagógicas

não presenciais

A subseção 2.5 da Proposta do Parecer refere-se ao cômputo

de carga horária realizada por meio de atividades pedagógicas não

presenciais (com ou sem mediação on-line) a fim de minimizar a

necessidade de reposição da mesma de forma presencial. Trata-se

da principal subseção do Parecer.

Nesta importante subseção, com base na legislação do próprio

CNE, em seus inúmeros pareceres, procuraria deixar mais claro o

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conceito “efetivo trabalho escolar”. Merece também a atenção a

noção de “reposição de carga horária”. Mais ainda se faz necessário

o clarear aos consulentes do entendimento, por parte dos

conselheiros, do que entende por “realização de atividades a

distância” (regime?), inclusive, se é o mesmo sentido que

atribuímos para “educação a distância” (modalidade) e que

instância governamental indicará o “final da situação de

emergência” para que as instituições de ensino voltem à

normalidade, ou melhor, às condições de normalidade das aulas

presenciais.

Da mesma forma, acho que a noção de padrão de qualidade,

enquanto princípio de ensino, deve ser suficientemente explorado

no parecer. Outra questão que deve ser levada em conta, na

perspectiva de “atividades pedagógicas não presenciais”, é a noção

de horas, hora-atividade ou hora-trabalho que, no caso de serem as

atividades implementadas sem mediação on-line, ocorrerá

potencialmente fora da escola em que pese sob a supervisão dos

docentes.

Alimentação é o direito à educação

A subseção 2.6 trata da educação infantil. De início, acho que

o CNE deve ouvir e levar em conta o que chamam a atenção os

documentos de entidades como Rede Nacional Primeira e a União

Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime).

Mais do que um foco na questão de reorganização do

calendário escolar ou realização de atividades não presenciais, as

entidades que têm uma atenção à educação infantil, no Brasil,

trazem à pauta alguns dos temas que mais preocupam os dirigentes

municipais de educação de todo o país, considerando que ainda

não há uma previsão para a suspensão do isolamento, e apontam

preocupações, por exemplo, com relação à oferta da alimentação

escolar aos estudantes com aulas suspensas e as possíveis sanções

no processo de prestação de contas.

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Em três momentos, a Proposta de Parecer faz referência à

questão da alimentação escolar, a saber:; i) “Considerando também

que as crianças não estão tendo acesso à alimentação escolar na

própria escola, sugere-se que no guia de orientação aos pais sejam

incluídas informações quanto aos cuidados com a higiene e

alimentação das crianças, uma vez que elas não têm acesso à

merenda escolar.”; ii)“danos estruturais e sociais para estudantes e

famílias de baixa renda, como ausência de merenda, stress familiar

e aumento da violência doméstica”, ausência acarretada pela

“possibilidade de longa duração da suspensão das atividades

escolares presenciais por conta da pandemia da COVID-19”; e iii)

“dificuldades de fornecedores, a exemplo dos insumos de

alimentação em acréscimo às merendas, em eventuais

contraturnos”, dificuldade no “caso o período de suspensão de

atividades presenciais na escola seja longo, a reposição de carga

horária exclusivamente de forma presencial, ao fim do período de

emergência, pode acarretar diversas dificuldades e prejuízos

financeiros e trabalhistas.”

Pois bem. O quadro pandêmico vivenciado por todos nós,

realmente, é escatológico e o que está descrito pelo CNE parece

refletir essas angústias, mas em momento algum, a Proposta do

Parecer diz que, ao lado da educação, a moradia, entre outros, a

alimentação é um dos direitos sociais assegurados às pessoas pelo

artigo 6º da Constituição Federal, em idade escolar ou não. Mais

especificamente em matéria educacional, o inciso VII do artigo 208,

ao estabelecer o dever do Estado com a educação, deve dar garantia

de “atendimento ao educando, em todas as etapas da educação

básica, por meio de programas suplementares de material

didáticoescolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.

Ainda no capítulo da Educação na Constituição Federal, o § 4º

do artigo 212, ao estabelecer a aplicação, anualmente, da receita

resultante de impostos na manutenção e desenvolvimento do

ensino”, também firma o compromisso do Estado de assegurar o

seguinte:“ Os programas suplementares de alimentação e

assistência à saúde previstos no art. 208, VII, serão financiados com

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recursos provenientes de contribuições sociais e outros recursos

orçamentário”.

Por fim, enfatizo ainda que o artigo 227 estabelece que é

“dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao

adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida,

à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à

cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência

familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de

negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e

opressão.”. Portanto, à criança é assegurada, com “absoluta

prioridade”, o direito à alimentação.

Que sentido faz uma subseção específica da Proposta de

Parecer, que trata da educação infantil, falar em “condições de

atendimento da educação infantil, em razão da carga horária

mínima obrigatória prevista na LDB” e “ reposição de carga horária

na forma”, “as eventuais perdas para as crianças”, sugerindo “a

realização de atividades pedagógicas não presenciais enquanto

durar o período de emergência”, se as crianças não estiverem

alimentadas?

Ao contrário do que expõe a Proposta de Parecer, em alguns

sistemas de ensino, em muitos estados da federação, e, apesar do

distanciamento social, há um esforço dos governantes de assegurar

a garantia de acesso à merenda escolar em cumprimento ao que

estabelece a Constituição Federal. Um ponto de vista sobre uma

questão da alimentação como direito social da criança torna-se

imperioso quando a Proposta tratar deste nível de ensino.

Ensino híbrido: atividades on-line e presenciais

A subseção 2.7 trata sobre o ensino fundamental – anos

iniciais. Na introdução da subseção, fica clara a inclinação do

Parecer para mostrar as vantagens para um Ensino Híbrido (não

menciona a expressão), quando diz “existem dificuldades para

acompanhar atividades on-line uma vez que as crianças do primeiro

ciclo encontram-se em fase de alfabetização, sendo necessária

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supervisão de adulto para realização de atividades” e “podem

haver possibilidades de atividades pedagógicas não presenciais

com as crianças desta etapa da educação básica.”

As 16 sugestões de atividades que podem ser trabalhadas nos

anos iniciais do ensino fundamental, descritas na Proposta de

Parecer, como “aulas gravadas pela televisão organizadas pela

escola de acordo com o planejamento de aulas e conteúdos ou via

plataformas digitais de organização de conteúdos”, “distribuição

de vídeos educativos (de curta duração) por meio de plataformas

on-line, mas sem a necessidade de conexão simultânea seguidos de

atividades a serem realizadas com a supervisão dos pais”;

“realização de atividades on-line síncronas, regulares em relação

aos objetos de conhecimento, de acordo com a disponilidade

tecnológica”; e “oferta de atividades on-line assíncronas regulares

em relação aos conteúdos, de acordo com a disponilidade

tecnológica e familiaridade do usuário”, são exemplos de Ensino

Híbrido que envolvem práticas que integram o ambiente on-line e

presencial.

Outra sugestão nesta subseção refere-se ao correto emprego da

norma padrão para o parágrafo “Para tanto sugere-se aqui as

seguintes possibilidades para que as atividades sejam realizadas/

Para tanto sugerem-se aqui as seguintes possibilidades para que as

atividades sejam realizadas (p.7).

Mais whatsapp, facebook, instagram etc nos anos finais do ensino

fundamental e ensino médio

A subseção 2.8 da Proposta de Parecer refere-se ao ensino

fundamental anos finais e ensino médio. Um dos pontos altos

desta subseção é a assertiva que nos anos finais do ensino

fundamental e ensino médio “as dificuldades cognitivas para a

realização de atividades on-line são reduzidas ao longo do tempo

com maior autonomia dos estudantes, sendo que a supervisão de

adulto para realização de atividades pode ser feita por meio de

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orientações e acompanhamentos com o apoio de planejamentos,

metas, horários de estudo presencial ou on-line.” (p.8).

Assim, aqui, pode-se aplicar à noção de Sala de Aula Invertida,

também chamada de “flipped classroom”, entendida como

abordagem em que “o conteúdo e as instruções sobre um

determinado assunto curricular não são transmitidos pelo

professor em sala de aula” (VALENTE, 2014, p.97) . Enfim, há uma

clara ideia da Proposta do Parecer de conciliar a forma tradicional

e o recurso on-line de ensino, valorizando também a interação e o

aprendizado coletivo e colaborativo, como podemos exemplificar a

partir do elenco de “possibilidades de atividades pedagógicas”

como “realização de atividades on-line síncronas de acordo com a

disponilidade tecnológica”; “realização de testes on-line ou por

meio de material impresso a serem entregues ao final do período

de suspensão das aulas”; e “utilização de mídias sociais de longo

alcance (WhatsApp, Facebook, Instagram etc.) para estimular e

orientar os estudos, desde que observadas as idades mínimas para

o uso de cada uma dessas redes sociais.

Há para esta subseção uma sugestão quanto ao emprego da

norma padrão para este excerto: “Aqui as possibilidades de

atividades pedagógicas não presenciais ganham maior espaço.

Neste sentido, sugerem-se:” (p.8).

As finalidades da educação superior

A subseção 2.9 destinada ao ensino superior traz muitos

problemas. Apontaria aqui, brevemente, problemas terminológicos

e os de não reconhecer, à luz da LDB, as finalidades mais

categóricas da educação superior nas diversas instituições de

educação superior no país, sejam públicas ou privadas.

Comecemos pelo título da subseção: “Do ensino superior”.

Ora, a LDB, desde a sua promulgação, em 1996, adota apenas a

expressão “educação superior”. Há, ao menos, 31 ocorrências na lei

ordinária com este termo, mais adequado epistemologicamente

falando, a este nível escolar. Para o contexto a que se aplica a

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Proposta de Parecer podemos citar, entre os inúmeros exemplos, o

conveniente emprego da expressão “educação superior”, por

exemplo, nos seguintes dispositivos da LDB: i) O inciso IV-A do

artigo 9º, que trata das incumbências da União, ao estabelecer que

“estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e

os Municípios, diretrizes e procedimentos para identificação,

cadastramento e atendimento, na educação básica e na educação

superior, de alunos com altas habilidades ou superdotação”; ii) o

inciso VIII do artigo 9º que incumbe a União de “ assegurar

processo nacional de avaliação das instituições de educação

superior, com a cooperação dos sistemas que tiverem

responsabilidade sobre este nível de ensino”; iii) o inciso IX,

também do referido artigo, que incumbe a União de “ autorizar,

reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente,

os cursos das instituições de educação superior e os

estabelecimentos do seu sistema de ensino.”; e iv) ainda no artigo

9º, o 3º que diz o seguinte: “As atribuições constantes do inciso IX

poderão ser delegadas aos Estados e ao Distrito Federal, desde que

mantenham instituições de educação superior.”

Por outro lado, há apenas 12 ocorrências para a expressão

“ensino superior” na LDB. Se é exegerada a afirmação de que a

expressão “ensino superior” é espúria, considerando os avanços da

própria LDB, no continuum da legislação, ao menos, teremos que

dizer, em nome da uniformidade terminológica, trata-se de um

termo anacrônico, isto é, contraria ao que o estabeleceu a LDB nessa

matéria educacional.

Vale lembrar que todas ocorrências de “ensino superior”

foram mais recentemente incluídas no texto da LDB como em: i) o

§ 2º do artigo 44 que diz: “ No caso de empate no processo seletivo,

as instituições públicas de ensino superior darão prioridade de

matrícula ao candidato que comprove ter renda familiar inferior a

dez salários mínimos, ou ao de menor renda familiar, quando mais

de um candidato preencher o critério inicial.”, termo Incluído pela

Lei nº 13.184, de 2015; ii) O § 1º do artigo 44: “O resultado do

processo seletivo referido no inciso II do caput deste artigo será

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tornado público pela instituição de ensino superior, sendo

obrigatórios a divulgação da relação nominal dos classificados, a

respectiva ordem de classificação e o cronograma das chamadas

para matrícula, de acordo com os critérios para preenchimento das

vagas constantes do edital, assegurado o direito do candidato,

classificado ou não, a ter acesso a suas notas ou indicadores de

desempenho em provas, exames e demais atividades da seleção e a

sua posição na ordem de classificação de todos os candidatos.”,

inclusão feita a partir da redação dada pela Lei nº 13.826, de 2019.

Manifestamente o legislador falhou aqui quanto ao emprego da

expresão “ensino superior” que não tem nenhum amparo no

ordenamento educacional vigente.

Bom, para encerrar minhas ressalvas, nesta subseção, posso

destacar que a Portaria nº 319, de 23 de abril de 2020, ao tratar da

“Altera o Cronograma do Censo da Educação Superior 2019”,

emprega, em cinco ocorrências, a expressão “educação superior”.

Logo, o termo que deve ser consagrado na legislação educacional é

educação superior e não ensino superior. Tomar um pelo outro é

equivalente a dizer que ensino (hipônimo) é sinônimo de educação

(hiperônimo). Um termo mal empregado pode acarretar problemas

de interpretação. O Capítulo IV da LDB reafirma a terminologia o

alcance da expressão ou categoria “educação superior” ao

explicitar suas finalidades no artigo 43 e sua abrangência quanto à

oferta de cursos e programas no artigo 44, como os cursos

sequenciais por campo de saber, de graduação, de pós-graduação,

de extensão.

Também, neste nível de ensino, a abordagem sugerida me

parece ser realmente a híbrida. Senão, vejamos. Na introdução da

subseção 2.9, a Proposta do Parecer faz referência à “tradição de

utilização de mediação tecnológica tanto no ensino presencial

quanto no ensino a distância.” (p.9), quando da oferta de cursos de

educação superior. Os conselheiros acreditam convenientemente

que, na educação superior, é possível que os sistemas de ensino

possam “ampliar a oferta de cursos presenciais em cursos de EaD,

e de criar condições para realização de atividades pedagógicas não

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presenciais de forma mais abrangente a cursos que ainda não se

organizaram na modalidade a distância.” (p.9)

Nos cursos das IES já credenciadas para a utilização de

plataformas tecnológicas de EaD, lhes são admitidas, por força de

lei, a oferta de 40% de atividades a distância para cursos

presenciais”. No entanto, e oportunamente, o Parecer adverte ao

consulente que “Uma das questões associadas à Educação Superior

a distância faz referência aos limites da semipresencialidade

colocados quando da regulação pré COVID-19.”, o que é algo que

todas as IES devem levar em conta no contexto pandêmico em que

estamos vivenciando nesse momento.

As sugestões propostas nesta subseção para a educação

superior são as mesmas indicadas na subseção 2.8 da Proposta de

Parecer, referentes aos anos finais do ensino fundamental e ao

ensino médio. Empobreceu deveras a subseção. O modelo proposto

indica uma tendência à abordagem híbrida, mas a Proposta do

Parecer é de um nível de indigência muito grande quanto às

sugestões de atividades. Aliás, se considerarmos apenas as

atividades extraclasses ou extensionistas, ao menos, poderiam ser

indicadas aos alunos das diversas graduações, práticas acadêmicas

como participação em projetos interdisciplinares e programas de

pesquisa, bem características nas IESs.

Substancialmente, a Proposta do Parecer não pode deixar de

fora o que é bem caracterizante das atividades acadêmicas nas IES.

Quero dizer que a Proposta do Parecer precisa considerar que a

Educação Superior tem uma privilegiada e expressiva atenção no

conjunto de dispositivos da LDB. Poderia aqui lembrar que o

capítulo IV é destinado especificamente a este nível escolar. Se a

subseção é destinada à educação superior, ao menos, a Proposta de

Parecer precisa tomar em consideração que as atividades sugeridas

devem escoar das finalidades previstas no artigo 43,

nomeadamente :i) atividades que estimulem “a criação cultural e o

desenvolvimento do espírito científico e do pensamento

reflexivo”(Inciso I); ii) Atividades que incentivem “o trabalho de

pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da

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ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse

modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que

vive” (inciso III) ; iii) Atividades que promovam “a divulgação de

conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem

patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino,

de publicações ou de outras formas de comunicação” (Inciso IV);

iv) Atividades que estimulem “o conhecimento dos problemas do

mundo presente, em particular os nacionais e regionais, prestar

serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma

relação de reciprocidade(inciso IV); v) Atividades que promovam

“a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão

das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da

pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição (Inciso VII);

Há uma sugestão quanto ao emprego da norma padrão na

expressão “Neste sentido, sugerem-se:”. Também empregaria o

termo “Educação Superior”, previsto na LDB, para o título da

subseção.

Educação especial é uma modalidade de educação escolar

É flagrante a pouca atenção da Proposta de Parecer à Educação

Especial. A subseção 2.10 é destinada a esta modalidade. O conteúdo

está marcado por uma indigência de conteúdo legislacional.

A Proposta do Parecer não faz qualquer referência ao Capítulo

V da LDB, que trata exclusivamente da educação especial. Como a

Proposta não levou em conta o capítulo da LDB, acaba por incorrer

em afirmações problemáticas do tipo “As atividades pedagógicas

não presenciais aplicam-se aos alunos de todos os níveis, etapas e

modalidades educacionais, portanto, extensivo àqueles

submetidos a regimes especiais de ensino, entre os quais, os que

apresentam altas habilidades/superdotação, deficiência e

Transtorno do Espectro Autista, atendidos pela modalidade de

Educação Especial.” e “As atividades pedagógicas não presenciais

mediadas ou não por tecnologia de informação e comunicação,

adotarão medidas de acessibilidade igualmente garantidas,

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enquanto perdurar a impossibilidade de atividades escolares

presenciais na unidade educacional da educação básica e superior

onde estejam matriculados.” E mais ainda “Considerando que os

sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios têm liberdade de organização e poder regulatório

próprio, devem buscar e assegurar medidas locais que garantam a

oferta de serviços, recursos e estratégicas para que o atendimentos

dos estudantes da Educação Especial ocorra com padrão de

qualidade.”. Por favor.

A educação especial é uma modalidade de educação escolar. É

preciso então situá-la no conceito de educação especial na LDB

dado pela redação pela Lei nº 12.796, de 2013: “Entende-se por

educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de

educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de

ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do

desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.”

A inclusão do artigo 59-A, pela Lei nº 13.234, de 2015, também

precisa ser levada em conta no texto do novo Parecer, ao estabelecer

que o poder público deve “fomentar a execução de políticas

públicas destinadas ao desenvolvimento pleno das potencialidades

desse alunado”, de modo a favorecer “políticas de

desenvolvimento das potencialidades do alunado de que trata

o caput serão definidos em regulamento.” (parágrafo único)

No mais, o texto da subseção 2.10 traz temas importantes como

“Atendimento Educacional Especializado (AEE)”, “a atuação dos

professores do AEE como professores regentes em rede, articulados

com a equipe escolar, desempenhando suas funções na adequação de

materiais, provimento de orientações específicas às famílias e apoios

necessários”, a responsabilidade das instituições privadas com “o

atendimento educacional especializado”; e, particularmente, a

chamada de atenção aos sistemas de ensino ao afirmar o texto que

“Algumas situações requerem ações mais específicas por parte da

instituição escolar, como nos casos de acessibilidade sociolinguística

aos estudantes surdos usuários da Língua Brasileira de Sinais (Libras),

acessibilidade à comunicação e informação para os estudantes com

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deficiência visual e surdocegueira no uso de códigos e linguagens

específicas, entre outros recursos que atendam àqueles que

apresentem comprometimentos nas áreas de comunicação e

interação.”. É o ponto alto da ssubseção.

Todavia, incorre em um erro crasso, considerando o contexto

de pandemia, ao afirmar que “as orientações gerais direcionadas

aos diversos níveis de ensino, presentes neste documento, também

se aplicam às especificidades do atendimento dos estudantes da

Educação Especial, modalidade transversal a todos os níveis e

modalidades de educação, como previsto na LDB.” É exatamente o

contrário: na perspectiva da educação inclusiva, a educação

especial passa a integrar a proposta pedagógica da escola regular,

promovendo o atendimento aos estudantes com deficiência,

transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/

superdotação. Portanto, não se trata de mera aplicação das

orientações gerais dos níveis de ensino à educação especial, mas de

dar garantia o acesso de todos os alunos ao ensino regular (com

participação, aprendizagem e continuidade nos níveis mais

elevados de ensino de modo também a estimular a participação da

família e da comunidade e a promoção da articulação intersetorial

na implementação das políticas públicas educacionais.

As dificuldades de acesso à educação indígena, do campo e

quilombola

A subseção 2.11 refere-se à Educação Indígena, do Campo e

Quilombola. Os seis curtos parágrafos destinados à subseção por

si já revelam que importantes temas (ao menos,15 ocorrências)

dispostos na LDB não foram levadas em conta na proposta.

Há parágrafos que poderiam ser melhor clareados para o

consulente. Por exemplo, de que forma os sistemas de ensino

podem, efetivamente, regular medidas que garantam oferta de

recursos e estratégicas para atender diversidade e singularidades

das populações indígena, quilombola, do campo e dos povos

tradicionais no contexto de pandemia? Outra questão: de que

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forma, “as escolas poderão ofertar parte das atividades escolares

em horário de aulas normais e parte em forma de estudos dirigidos

e atividades nas comunidades? Como realmente se dará a

integração dessas atividades escolares ao projeto pedagógico da

instituição? A proposta de Parecer não responde a nada disso.

Considero uma avanço que a Proposta de Parecer faça

referência ao caráter facultativo (ou seja, democraticamente, deixar

de cumprir ou não a recomendação) das atividades pedagógicas

não presenciais quando diz “A realização de atividades

pedagógicas não presenciais pode ser facultado às escolas

indígenas, quilombola, do campo e às que atendem populações

tradicionais, que ofereçam condições suficientes para isso.” E que

“a realização de atividades pedagógicas não presenciais se efetive

por meio de regime de colaboração entre os entes federados,

conselhos estaduais e municipais de educação escolar indígena,

quilombola, do campo e populações tradicionais.”, um desafio

intergovernamental para a federação brasileira.

Chamou-me a atenção o parágrafo “A retomada das aulas

pode seguir outras referências de ensino-aprendizagem por meio

da pesquisa e da extensão, atividades culturais, a depender do

planejamento a ser feito pelos docentes, por cada série/ano/ciclo,

considerando-se a possibilidade de turnos de aula ampliados,

conforme deliberações a serem feitas em cada comunidade.” (p.10).

Explico melhor: para a educação indígena, por exemplo, é,

realmente, pertinente se falar em “retomada de aulas” ou é mais

coerente se referir à “realização de atividades pedagógicas não

presenciais durante o período de pandemia da COVID-19”? Não

devemos ter em mente, as dificuldades de acesso da referida

população à educação escolar formal?

Avaliações e exames de larga escala: onde fica a autoidentidade

das instituições de ensino?

A subseção 2.13 refere-se a avaliações e exames de larga

escala. De saída, o que observei de positivo na redação da Proposta

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do Parecer foi a questão da avaliação em larga escala não está posta

a serviço de ações pragmáticas vinculadas ao rankeamento de

instituições, escolas, redes municipais e estaduais, à liberação de

recursos, à valorização da “transparência” para a sociedade e à

necessidade de qualificação da educação.” O caso de Sobral é

emblemático em se tratando de bons resultados nas avaliações

nacionais, contando ainda com elevado IDEB, mas argumento aqui

que o sistema avaliativo de larga escala não seja para reforçar uma

política de resultados, de modo a unicamente instituir “parâmetros

de comparações entre as instituições do sistema educacional.” O

que se tem de questionar é o seguinte: a padronização de áreas,

indicadores e critérios presente nos instrumentos de coleta de

dados não retira a escola de um patamar de autoidentidade?

(WERLE, 2011, p.790)

Resumidamente, as recomendações da Proposta do Parecer

são bastante pertinentes considerando o contexto de isolamento

social a que estamos vivenciando: “Recomenda-se que o MEC e o

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio

Teixeira (Inep) acompanhem as ações de reorganização dos

calendários de cada sistema de ensino antes de realizar o

estabelecimento dos novos cronogramas das avaliações (SAEB) e

exame (ENEM) de larga escala de alcance nacional, a fim de

garantir uma avaliação equilibrada dos estudantes em função das

diferentes situações que serão enfrentadas em cada sistema de

ensino, assegurando as mesmas oportunidades a todos que

participam das avaliações e exames nacionais.”

Da mesma forma, bastante relevante é a recomendação feita

aos sistemas de ensino para que “desenvolvam instrumentos

avaliativos que podem subsidiar o trabalho das escolas e dos

professores tanto no período de realização de atividades

pedagógicas não presenciais como no retorno às aulas presenciais”,

como “criar questionário de autoavaliação das atividades ofertadas

aos estudantes no período de isolamento.”, “criar, durante o

período de atividades pedagógicas não presenciais, uma lista de

exercícios que contemplam os conteúdos principais abordados nas

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atividades remotas” e a que merece maior destaque é a de “realizar

avaliação oral individual ou em pares acerca de temas estudados

previamente.”

As recomendações ao MEC/INEP, para aguardar “o retorno às

aulas presenciais”, para a aplicação de avaliações e exames de larga

escola, são válidas e devem ser extensivas ao Exame Nacional de

Desempenho dos Estudantes (ENADE) para os discentes de

educação superior.

A questão da organização do calendário escolar: superposição de

recomendações em subseções distintas

A subseção 2.13 refere-se a diretrizes para reorganização dos

calendários escolares. Uma sugestão é que esta subseção seja

deslocada para subseção 2.3 relativa à organização do calendário

Escolar ou venha imediatamente depois desta, ou seja, como a

subseção 2.4. Na verdade, o ideal era que o Parecer gerasse, no

documento, uma seção autônoma, tipo Seção 3, uma vez que o

conteúdo da subseção é fundamental ao parecer por tratar de dois

importantes: a) reorganização dos calendários escolares; b)

Realização de atividades pedagógicas não presenciais durante o

período de pandemia da covid-19.

A rigor, as subseções 2.3 (Da reorganização do calendário

escolar) e 2.13 (Diretrizes para reorganização dos calendários

escolares) trazem informações superpostas ou repetidas, aliás,

várias, como, estas: a) “Assim sendo, por meio da sua nota,

considerando os dispositivos legais e normativos vigentes, o CNE

reiterou que a competência para tratar dos calendários escolares é

da instituição ou rede de ensino, no âmbito de sua autonomia,

respeitadas a legislação e normas nacionais e do sistema de ensino

ao qual se encontre vinculado, notadamente o inciso III do artigo

12 da LDB.” (p.3): b) “Nesse sentido, a Nota de Esclarecimento do

CNE indicou possibilidades da utilização da modalidade Educação

a Distância (EaD) previstas no Decreto nº 9.057/2017 e na Portaria

MEC nº 2.117/2019, os quais indicam também que a competência

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para autorizar a realização de atividades a distância é das

autoridades dos sistemas de ensino federal, estaduais, municipais

e distrital.“ (p. 5); e c) “Preliminarmente, o CNE reitera que a

normatização da reorganização do calendário escolar de todos os

níveis e etapas da educação nacional para fins de cumprimento da

carga horária mínima anual prevista na LDB em seus artigos 24 e

31, nas Diretrizes Curriculares Nacionais e nos currículos dos

cursos de ensino superior é de competência de cada sistema de

ensino.” (p. 12).

O ideal é que o parecer se tornasse mais elegante (ou enxuto)

quando tratar da competência de normatização (ou regulação,

termo mais apropriado ao contexto) para a reorganização do

calendário escolar. Aplicar-se-á aqui oportunamente a navalha de

Ockham3.

Os bons propósitos da proposta de parecer

A subseção 2.24 trata das considerações finais. O que me

impressionou foi a desproporcional economia de palavras no único

parágrafo: “As orientações para realização de atividades

pedagógicas não presenciais para reorganização dos calendários

escolares neste momento devem ser consideradas como sugestões;

nessa hora, a inovação e criatividade das redes, escolas, professores

e estudantes podem apresentar soluções mais adequadas. O que

deve ser levado em consideração é o atendimento dos objetivos de

aprendizagem e o desenvolvimento das competências e

habilidades a serem alcançados pelos estudantes em circunstâncias

excepcionais provocadas pela pandemia.”

Se a intenção era ser elegante, traduzir um estilo mais enxuto

para a redação, o alcance pode ser bastante relativizado: o generoso

3 Princípio bastante influente no positivismo contemporâneo, porém formulado

remotamente pelo ockhamismo, que recomenda cortes terminológicos e

especulativos na atividade filosófica, considerando desnecessária a existência

extralinguística de essências ou entidades universais, mais simplesmente

compreensíveis como meras convenções verbais (Houaiss, 2020).

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mérito a meu ver foi o de destacar em poucas palavras o seguinte:

i) As orientações contidas no Parecer são sugestões; ii) A realização

de atividades e reorganização dos calendários escolares requer dos

sistemas de ensino a inovação e criatividade das redes, escolas,

professores e estudantes; e iii) Os objetivos de aprendizagem e o

desenvolvimento das competências e habilidades são os principais

pontos a serem levados em conta nas ações dos sistemas de ensino.

Concordo plenamente com os bons propósitos da Proposta do

Parecer, mas suas seções e subseções devem atender

fundamentalmente à demanda atual, isto é, precisa ser estrutural e

legislacionalmente inovador e criativo, atento ao contexto de

pandemia do novo coronavírus que chegou ao Brasil de maneira

assustadora, de modo que o novo Parecer, embrião de uma

Resolução do Conselho Pleno do CNE, de orientar os professores a

repensarem o processo de ensino-aprendizagem e os gestores à

garantia do sucesso desse processo, com ou sem mediação on-line,

numa perspectiva de abordagem híbrida, a levar também os alunos

a se adaptarem com sucesso ao novo modelo de aprendizagem.

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PROPOSTA DE REGIME ESPECIAL DE ATIVIDADES

NÃO PRESENCIAIS PARA A UVA NO CENÁRIO DA

COVID-19: CONTEXTO, BASE LEGAL E VALIDAÇÃO

“Se o risco de contágio permanecer alto, pais não deixarão

seus filhos voltarem à escola, trabalhadores se ausentarão de

seus postos de trabalho e empresários enfrentarão a

insegurança jurídica e o dilema ético de sua decisão de

retomar a produção pondo em risco a vida de seus

colaboradores. Seria quase impossível voltar à vida normal,

especialmente se as mortes alcançarem as centenas

diariamente.” (Sergio Firpo, Opinião, Folha de São Paulo,

30/03/2020)

A proposta de regime especial de atividades não

presenciais ganhou espaço no debate acadêmico, em função do

atual cenário de suspensão das aulas presenciais, nas

instituições de ensino, causada pelo novo coronavírus

(COVID-19). O objetivo deste capítulo é discutir sobre a

decisão de se implementar ou não as atividades não

presenciais, frente à legislação posta e imposta pela situação de

emergência ou calamidade pública.

Realizei uma breve compilação de decretos, portarias,

resoluções, pareceres, notas de esclarecimento, entre outros de

documentos legais que favorece a discussão dos efeitos de

suspensão das aulas presenciais, em vigor, nos planos

nacional, estadual, local e universitário, e como, na condição

de protagonistas, podemos de forma democrática, autêntica e

criativa melhor construir uma resposta a essa condição com a

proposição do regime especial de atividades não presenciais,

definido essencialmente pela implementação (ou manutenção)

das atividades pedagógicas sem a presença de estudantes nas

dependências da IES. Além disso, à guisa de uma (in)

conclusão proponho um conjunto de recomendações no final

do texto, sem a pretensão de trazer um pensamento acabado

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ou expedito, e sim, tencionando unicamente esboçar, no

futuro, novo conjunto de encaminhamentos construído

coletivamente e sugestionáveis à Reitoria, à Pró-Reitoria de

Ensino de Graduação, às coordenações e aos docentes da UVA.

Apresento aos colegas dos cursos da UVA as possibilidades de

implementação de atividades não presenciais, destacando-se a

a viabilidade de sua validação quando do retorno à

normalidade. O que proponho para UVA, certamente, é viável

às demais estaduais (UECE, URCA), no Ceará, e às quarenta

universidades estaduais em todo o Brasil, que têm o perfil de

condições de oferta de cursos muito semelhante à realidade da

UVA, especialmente as localizadas no interior do Nordeste,

região que detém o maior número de IES, em nível estadual.

Recentemente, durante essa fase de confinamento

doméstico, li alguns periódicos na minha área de formação e

revistas de divulgação. Entre as revistas de divulgação,

chamou-me a atenção a Super Interessante que trouxe a

instigante matéria “Coronavírus também pode ser transmitido pela

fala”, assinada Bruno Garattoni. Em resumo, a matéria

descreve a experiência feita por cientistas do governo

americano que constaram que o simples ato de falar com outra

pessoa é suficiente para expelir milhares de microgotículas de

saliva contendo SARS-CoV-2. Por exemplo, ao se pronunciar

uma simples frase como “nós vamos superar essa pandemia”,

dita pelo professor, em sala de aula, em direção aos seus

alunos, é capaz expelir até 360 microgotículas de saliva, que se

projetam de forma quase imediata – em 16,6 milissegundos (ou

0,016s) elas já estão no ar, indo em direção ao interlocutor, ao

qual podem transmitir o novo coronavírus. As conclusões

deste estudo, assinado por três cientistas americanos, nos dão

uma ideia de que como será desafiador para todos os sujeitos

das instituições de ensino as relações interpessoais,

especialmente as do professor-aluno, nos próximos semestres

letivos. Afinal, em que momento estaremos seguros para a

ministração de nossas aulas presenciais?

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Divido este texto nas seguintes seções: Contexto do

regime especial; Base Legal do Regime Especial (a decisão do

Governo do Ceará, a decisão da Prefeitura Municipal de

Sobral; a decisão do CEE do Ceará; a decisão da Reitoria da

UVA); validação das atividades não presenciais (AN-P) e

recomendações para a comunidade acadêmica.

Guio o texto a partir da seguinte problematização que

tento responder ao longo das seções: em que medida somos

contra ou a favor da implementação do semestre letivo (2020.1)

de forma remota através do sistema acadêmico da UVA?

Contexto do Regime Especial

Nos últimos dias, a preocupante situação de saúde

enfrentada por nosso país, decorrente da Pandemia do

COVID-19 (Coronavírus), impôs ao Poder Público a adoção de

um conjunto de medidas preventivas, voltadas à proteção da

sociedade. Para mim, em particular, a resposta protetora dos

governos nacional, estadual e municipal à pandemia está

aparentemente no rumo certo e, talvez, no futuro, possamos

avaliar estas ações não apenas como salvíficas do ponto de

vista sanitário, educacional, ontológico ou epistemológico mas

em benefício do “o fortalecimento dos vínculos de família, dos

laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em

que se assenta a vida social.” (Inciso IV do artigo 32 da Lei

9.394). Essa situação é, pois, nossa principal base factual

motivadora para a elaboração deste texto.

A UVA, como umas três universidades estaduais do

Ceará, pode ser considerada um “braço cultural” do Governo

do Estado na mesorregião noroeste do Estado. Essa constação

por si só me leva a defender que devamos, na condição de

servidores estaduais, ser responsivos no sentido de

assumirmos um papel protagonista (e diria também solidário)

no contexto pandêmico, discutindo, propondo, reorganizando

e melhorando o que for possível, e, excepecionalmente,

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colaborando com os órgãos da Administração Superior da

UVA na construção de um regime especial de atividades não

presenciais que dê conta das demandas da IES, em andamento.

A ideia de regime especial é a mais simples possível:

oferecermos à comunidade universitária, sem conotação de

panaceia ou heureca, um insólito modo de conduzir a vida

acadêmica durante o período de isolamento social.

O propósito do presente texto, para a discussão entre os

pares, reveste-se, pois, de um espírito de liberalidade,

espontaneidade, mas, ao mesmo tempo, tenho a firma

disposição de devolver academicamente à minha IES um

pouco do meu olhar sobre essa situação que

surpreendentemente envolve a todos da comunidade

acadêmica, e, ao mesmo tempo, sei que tenho teologicamente

a firme esperança cristã de que o que vivenciamos nesse

momento será transitório, e, em outro momento,

continuaremos a existir social, ontológica e

epistemologicamente.

Por essa razão, como linguista, para melhor desvelar a

noção de regime especial, recorri ao hiperônimo “atividades”

para empregar e enfatizar adequadamente o sentido mais

genérico do termo em relação a “aulas”. Como sabemos,

historicamente a noção de aula está muito arraigada na

sociedade escolar como sinônimo de sala sob regência do

professor e dirigida a um ou mais alunos, em estabelecimento

físico ou predial de ensino. Assim, neste texto, o termo

atividades é hiperônimo de aulas, assim como pandemia é

hiperônimo de covid-19. Desse modo, a expressão “regime

especial de atividades não presenciais” não pode ser aqui

tomada como equivalente a ”regime especial de aulas não

presenciais”; a primeira expressão, isto é, “atividades não

presencias”, permite maior flexibilidade das IES de agir, de se

mover, de fazer, empreender atividades, evidemente incluindo

também “aulas presenciais”, mas também outras atividades

acadêmicas, de forma mais ampla, que venham a atender a

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função específica de formação inicial dos alunos nos diversos

campos de conhecimento. Numa perspectiva mais filosófica ou

epistemológica, a noção de “atividades” permite, pois, que as

IES possam agir de maneira livre, independente ou

incondicionada, isto é, sem as “amarras”, por exemplo, do

artigo 47 da Lei 9.394/96, no tocante ao rigoroso cumprimento

dos 200 dias letivos.

As atividades disciplinas de um curso de formação inicial,

se tomarmos, por exemplo, o Curso de Letras da UVA, em

Sobral, devem ser vistas como “componentes pedagógicos”

(hiperômimo) que podem, naturalmente, em condições

normalidade, ser teorizados e praticados por meio de

disciplinas convencionais, mas nessa situação excepcional,

podem ser trabalhados através de novas “modalidades” de

organização pedagógica e espaços institucionais que

favoreçam um bom perfil do professorado.

Recorrendo a Mello (2000, p.101), diria que a “situação de

formação profissional do professor é inversamente simétrica à

situação de seu exercício profissional”. O que a pesquisadora

nos diz é o seguinte: quando preparamos o aluno para ser

professor, ele vive o papel de aluno” e nós, na condição de seus

docentes, temos nossas incumbências de formadores; por isso,

o que é mais importante, nesse contexto emergencial, não deve

unicamente a preocupação intransigente ou servil de fazemos

valer a equação professor-aluno-conteúdo a qualquer custo ou

termos atitude inflexível de só esperar o momento oportuno de

“retomada normal das aulas presenciais” para ministrarmos as

aulas presenciais, sem vislumbrar a oportunidade de

montarmos criativamente um regime especial, com

funcionamento remoto, que dê relativamente conta, de forma

inovadora ou criativa, das competências instrumentais e

cognitivas importantes para a formação inicial dos professores

que irão atuar na educação básica, evidentemente preservados

os princípios pedagógicos estabelecidos nas normas

curriculares nacionais: a interdisciplinaridade, a

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transversalidade e a contextualização, e a integração de áreas

em projetos de ensino, que constituem hoje recomendações

nacionais. E, se não abrimos mão dessa condição efetivamente

presencial, porém anacrônica, isto é a relação in presentia

professor-aluno-conteúdo, mais cedo ou tarde teremos que

considerar a lição de Mello (2000) que nos convida a uma

reflexão: “Ensinar é uma atividade relacional”, seja presencial

ou não, o ensinar é realmente trabalhar com os outros, o que

requer em inesperadas situações o enfrentamento da diferença

e do conflito, inclinação que forçosamente nos leva a acolher e

respeitar diversidade e tirar proveito dela para melhorar nossa

prática, a aprender a conviver com a resistência, os conflitos e

os limites de sua influência que conscientemente fazem parte

da aprendizagem necessária para ser professor.

Creio que devo mais ser claro nesse ponto anterior: o

regime especial de aulas não presenciais pode ser definido como

modo exercer excepcionalmente as atividades acadêmicas, além

dos limites do estabelecido pelo calendário acadêmico, sem

padronização prévia de oferta das atividades e mediada por

tecnologias disponíveis ou por instrumentos básicos

disponibilizados pelo ambiente virtual, que não pode ser

confundido com EAD, ou seja, não se trata de colocarmos

precipitadamente a modalidade de educação a distância a todo

vapor tal como é prevista § 1º do artigo 80 da Lei 9.394/94; se

apostamos na EAD é um risco nesse momento, uma vez que

não temos know-how, sem deixar de levar em conta que o

regime especial a que proponho aqui tem caráter de

temporalidade, ou melhor, as atividades não presenciais do

regime especial trazem na sua temporalidade a possibilidade

ou não de prorrogação, de acordo com as orientações das

autoridades sanitárias. Talvez, aqui, mereça destacar o

seguinte: a proposta de reflexão que lanço aqui é a

implementação (veja que evito o termo continuidade) de ações,

em regime especial, realizadas sem a presença de alunos e

professores nas dependências da IES.

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A implementação das atividades não presenciais, em

caráter de excepcionalidade e temporalidade, pode ser

traduzida como a determinação, sob o amparo legal ou

legislacional, da manutenção das atividades pedagógicas e,

consequentemente, do semestre letivo, sendo alterado apenas

o regime de ministração do conteúdo, que excepcionalmente

se dará por meios alternativos àqueles convencionalmente

adotados.

Para encerrar esta seção, não discuto manifestamente a

“suspensão de aulas” como já determinou a Portaria Reitoria

nº 99/2020. Ao contrário, sigo as orientações governamentais e

da Administração Superior da UVA. O que coloco aqui, em

discussão, é o seguinte: as aulas foram suspensas, mas a

determinação reitoral não significa a interrupção total das

atividades pedagógicas ou acadêmicas. A medida reitoral, em

comum acordo com os governos federal e estadual, não

descarta que, em nome de um regime excepcional, cujas

atividades docentes e discentes, sejam realizadas de dentro de

suas casas (home office), possamos desenvolver as incumbências

dos docentes, previstas e enumeradas no artigo 13 da Lei

9.394/96. É o que entendo.

Evidentemente, estamos todos diante de difícil momento

enfrentado por todo o país, o que requer da comunidade

acadêmica, serenidade, temperança e ajustes dos mecanismos,

técnicas e formas necessárias ao desenvolvimento do regime

especial das atividades lativas, exigindo de todos os

envolvidos na educação senso prático, bom senso e diálogo,

ajustando caso a caso, respeitadas as particularidades de

docentes e alunos, enfim, a melhor forma de desenvolvimento

das excepcionais atividades docentes. Cabe ainda lembrar que

a motivação de todas as medidas ora adotadas não deve ser

outra senão a proteção à vida e a saúde dos alunos, professores

e, direta ou indiretamente, de toda a sociedade.

Por tudo isso, considero que o atual cenário de suspensão

das aulas presenciais deve ser visto à luz da legislação,

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respeitado o princípio de superveniência legisferante (uma lei

federal é hierarquicamente superior a uma resolução do

Conselho de Educação, por exemplo). Assim, neste texto

considero inicialmente o fundamento legal no Decreto

Legislativo nº 6/2020, na Portaria MEC nº 343/2020, em nível

nacional; no Decreto Nº33.519, de 19 de março de 2020, em

nível governamental, e Resolução CEE N° 481/2020, ambos, em

nível estadual; na Portaria Reitoria Nº 99/2020 e,

especialmente, no artigo 1º do Portaria Reitoria Nº 101/2020, o

que, em substância, nos leva a cogitar a necessária e urgente

expedição de normativo específico (Portaria) com estratégias

e diretrizes sobre o regime especial de aulas não presenciais

na UVA, definindo, como já disse anteriormente,

essencialmente, a implementação das atividades acadêmico-

pedagógicas sem a presença de estudantes nas dependências

da Universidade, como medida preventiva disseminação da

doença COVID-19, enquanto esta perdurar.

Base Legal do Regime Especial

Tenho observado nas discussões dos colegas o argumento

de que não haveria “segurança jurídica” para posteriormente

serem validadas as atividades acadêmicas, inclusive as aulas

presenciais que deixaram de ser ministradas pelos docentes

durante o período de suspensão de aulas presenciais. Trata-se

de um argumento ad hominem (apela compreensivamente para

os sentimentos e não para a razão). Fiz, ao contrário, a opção

por um argumento a fortiori (procuro tirar a conclusão mais

clara, embora partindo-se do que era menos evidente).

Lembro ao leitor que a flexibilidade é um dos principais

mecanismos da Lei 9.394/96, inclusive para para assegurar a

qualidade do ensino. Logo, por que não explorar esse princípio

legal agora nesse momento de isolamento social?

Tenho ouvido e lido muitas questões sobre o calendário

acadêmico, incluindo o letivo. De maneira óbvia, a questão da

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manutenção do calendário não pode ser um óbice. Por quê?

Porque é admitido o planejamento das atividades letivas em

períodos que independem do ano civil, recomendado, sempre

que possível, o atendimento das conveniências de ordem

climática, econômica ou outras que justifiquem a medida.

Vale lembrar ainda, sobre a questão do calendário

acadêmico (ou letivo), que o artigo 2º da Medida Provisória nº

934, de 1º de abril de 2020 assim estabelece: “As instituições de

educação superior ficam dispensadas, em caráter excepcional,

da obrigatoriedade de observância ao mínimo de dias de

efetivo trabalho acadêmico, nos termos do disposto no caput e

no § 3o do art. 47 da Lei nº 9.394, de 1996, para o ano letivo

afetado pelas medidas para enfrentamento da situação de

emergência de saúde pública de que trata a Lei nº 13.979, de

2020, observadas as normas a serem editadas pelos respectivos

sistemas de ensino.” Assim, o que determina o caput do artigo

47 da Lei 9.394/96, isto é, quando diz “Na educação superior, o

ano letivo regular, independente do ano civil, tem, no mínimo,

duzentos dias de trabalho acadêmico efetivo, excluído o

tempo reservado aos exames finais, quando houver.” (ênfase

adicionada), nada mais salienta senão o valor trabalho

acadêmico efetivo, em serviço.

O artigo 2º da Medida Provisória nº 934/2020, em caráter

excepcional, desobriga as instituições de educação superior da

obrigatoriedade de observância ao mínimo de dias de efetivo

trabalho acadêmico, isto é, os 200 dias letivos, “nos termos do

disposto no caput e no § 3o do art. 47 da Lei nº 9.394, de 1996,

para o ano letivo afetado pelas medidas para enfrentamento da

situação de emergência de saúde pública de que trata a Lei nº

13.979, de 2020, observadas as normas a serem editadas pelos

respectivos sistemas de ensino.” (BRASIL, 2020).

Meu entendimento é que nossa IES não deve observar a

severa ou ou rigorosa determinação do caput e no § 3o do art.

47 da Lei nº 9.394/96 de cumprir os dias letivos, isto é, os dias

em que, presencialmente, os estudantes vão à Universidade

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para formação inicial. E o que a IES deve cumprir nesse

momento nada tem a ver com os 200 dias, e sim, cumprir a a

carga horária em horas (e não dias letivos), o que dar uma

flexibilidade à IES para implementar ou desenvolver

atividades não presenciais, com cômputo de horas, a serem

validadas oportunamente quando do retorno à normalidade

acadêmica.

A Portaria MEC nº 343/2020 autorizou, em caráter

excepcional, “a substituição das disciplinas presenciais, em

andamento, por aulas que utilizem meios e tecnologias de

informação e comunicação, nos limites estabelecidos pela

legislação em vigor, por instituição de educação superior

integrante do sistema federal de ensino, de que trata o art. 2º

do Decreto nº 9.235, de 15 de dezembro de 2017.” (ênfase

adicionada).

Como podemos observar, na Portaria MEC nº 343/2020

um dos aspectos importantes nos chamam a atenção é a

excepcional autorização às IES de substituição das disciplinas

presenciais, em andamento, por aulas que utilizem “meios e

tecnologias de informação e comunicação, nos limites

estabelecidos pela legislação em vigor”.

A noção de substituição traz um benefício importante a

serviço da implementação de atividades não presenciais, isto

é, cria uma atmosfera inovadora de possibilidade para que as

IES de colocar as “disciplinas presenciais” em “aulas” que

utilizem “meios e tecnologias de informação e comunicação,

isto é, atividades remotas com estudantes e professores

desenvolvendo atividades educacionais em lugares ou tempos

diversos, que não se confundem com Educação a Distância

(EAD). Em todo caso, o § 4º da Portaria nº 343/2020 determina

que “ As instituições que optarem pela substituição de aulas

deverão comunicar ao Ministério da Educação tal providência

no período de até quinze dias.”

O § 1º do artigo 2º da Portaria nº 343/2020, por sua vez,

determina que “As atividades acadêmicas suspensas deverão

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ser integralmente repostas para fins de cumprimento dos dias

letivos e horas-aulas estabelecidos na legislação em vigor.”

Quando a Portaria fala em reposição pode nos parecer à

primeira vista que esta reposição de atividades acadêmicas

suspensas possa nos parecer a volta a uma condição ou estado

anterior, isto é, compulsoriamente voltar-se a situação inicial

do semestre em andamento, começar do zero, mas isso só faz

relativamente sentido se a IES não validar as atividades

remotas desenvolvidas durante o período de isolamento social.

A noção de substituir /substituição prevista na Portaria

MEC nº 343/2020 é simplesmente colocar uma “coisa” no lugar

de outra: substituamos, pois, aulas presenciais por atividades

não presenciais e, no final, validemos as mesmas à guisa de

aproveitamento de estudos. Ponto final.

A Decisão do Governo do Ceará

O Inciso III artigo 3º do Decreto nº 33.510/2020, no

contexto de decretação de situação de emergência em saúde,

inicialmente por 15 (quinze) dias, suspendeu as “atividades

educacionais presenciais em todas as escolas, universidades e

faculdades, das redes de ensino pública, obrigatoriamente a

partir de 19 de março, podendo essa suspensão iniciar-se a

partir de 17 de março.” (ênfase adicionada). O que nos chama

a atenção é o decreto só faz referência a “atividades

educacionais presenciais”, o que, ao certo, incluem as aulas

presenciais, mas descarta que a IES, na medida das

possibilidade de oferta, ofereça ao aluno atividades não

presenciais que possam ser validadas posteriormente.

O § 2º do Decreto Nº33.510/2020 faz referência aos “ajustes

que se façam necessários ao calendário escolar da rede pública

estadual de ensino, de que trata o inciso III, serão

posteriormente estabelecidos pela Secretaria da Educação,

podendo, inclusive, a suspensão ser considerada como recesso

ou férias.” O que se observe aqui é que o decreto permitiria à

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Reitoria de uma universidade estadual cearense (UECE,

URCA e UVA) o recesso das atividades de ensino, o que não

implicaria em seu prejuízo anulação. Mas, faz sentido o recesso

acadêmico em semestre que já iniciou suas atividades em 02 de

março de 2020? Claro que não.

Particularmente, é importante assinalar o conteúdo § 5º do

Decreto Nº33.510/2020 determinou “O disposto no inciso III,

do “caput”, não impede as instituições públicas de ensino de

promoverem, durante o período de suspensão, atividades de

natureza remota, desde que viável operacionalmente.” Aqui,

fica claro, que não há nenhum impedimento legal que

impossibilite os docentes e discentes da IES de exercer

excepcionalmente (não regularmente, isto é, presencialmente

suas funções acadêmicas).

O Governo do Estado do Ceará, através do § 6° do artigo

3º do Decreto nº 33.532/ 2020, no contexto de contenção do

avanço do novo coronavírus, estabelece que “O calendário

acadêmico, as atividades presenciais ou remotas e a carga

horária do ensino público superior estadual, inclusive quanto

às práticas obrigatórias do internato e da residência,

obedecerão ao disposto em normativo específico expedido

pelas respectivas universidades.” Em outras palavras, é papel

das IES a expedição de “normativo específico” (Portaria,

Resolução, Provimento etc) no tocante às atividades

presenciais ou remotas, seja qual for a área de conhecimento.

A Decisão da Prefeitura Municipal de Sobral

No artigo 7º do Decreto nº 2.371, de 16 de março de 2020,

ao estabelecer Estado de Emergência medidas para

enfrentamento do novo coronavírus (COVID-19), determina

que “Como medida de quarentena, ficam restritas e suspensas

as seguintes atividades, de 17 de março de 2020 até 31 de março

de 2020, podendo haver prorrogação ou interrupção do prazo

de suspensão, as atividades dos seguintes estabelecimentos:

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academias e congêneres, salas de cinema, museus,

equipamentos culturais, Planetário, teatro, circo, casas de

shows, boates, pubs, estádios, igrejas e equipamentos

religiosos, universidades, escolas públicas e privadas,

Biblioteca Municipal, Palácio de Ciências e Línguas

Estrangeiras, Restaurante Popular, Escola de Saúde Pública

Visconde de Sabóia, Centro de Especialidades Odontológicas

(municipal e regional) e Policlínica “.

No decreto sobralense, interessante evidenciar a

disposição prévia da Prefeitura, durante o prazo de suspensão

de prorrogar ou interromper as atividades em diversos

estabelecimentos, incluindo as universidades.

O § 1º do artigo 7º do Decreto nº 2.371/2020 refere-se a

suspensão das “atividades de transporte escolar e universitário

no mesmo prazo do caput deste artigo”, o que nos dá uma

ideia do que ao certo vem sendo replicado de medida de

distanciamento social nos municípios da área geoeducacional

da UVA.

Em resumo, não há nenhum impedimento legal para a

realização de atividades não presenciais pela IES.

A decisão do CEE do Ceará

Um das razões da expedição da Resolução CEE/CE N° 481

de 27 de março de 2020 é “o impacto da pandemia do COVID-

19 no fluxo do calendário escolar, tanto na educação básica

quanto no ensino superior, bem como a perspectiva de que

essas medidas da suspensão das atividades presenciais das

instituições de ensino se prolonguem em tal extensão que

inviabilize a reposição das aulas, dentro de condições

razoáveis de acordo com o planejamento do calendário letivo

de 2020” (p.1-2). O que estão suspensas, como podemos ler, são

as atividades presenciais. A Resolução do CEE não inviabiliza

a realização de atividades não presenciais.

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Para atender às demandas do atual cenário, o artigo 3º da

Resolução CEE/CE N° 481/2020 traz praticamente um

programa de ações para oa efetivação por parte das

Instituições de Ensino um regime especial com foco em

atividades não presenciais, a saber (faço questão de reproduzir

as ações ipsis verbis:

o Planejar e elaborar, com a colaboração do corpo

docente, as ações pedagógicas e administrativas a serem

desenvolvidas durante o período em que as aulas presenciais

estiverem suspensas, com o objetivo de viabilizar material de

estudo e aprendizagem de fácil acesso, divulgação e

compreensão por parte dos alunos e familiares.” (Inciso I da

Resolução CEE/CE N° 481 de 27 de março de 2020);

o Preparar material específico para cada etapa e

modalidade de ensino, com facilidades de execução e

compartilhamento, como: vídeo aulas, conteúdos organizados

em plataformas virtuais de ensino e aprendizagem, redes

sociais, correio eletrônico e outros meios digitais ou não que

viabilizem a realização das atividades por parte dos

estudantes, contendo, inclusive, indicação de sites e links para

pesquisa. (Inciso II da Resolução CEE/CE N° 481 de 27 de

março de 2020).

o Organizar, a critério de cada instituição ou rede escolar,

avaliações dos conteúdos ministrados durante o regime

especial de aulas não presenciais que poderão compor nota ou

conceito para o histórico escolar do aluno.” (Inciso VI da

Resolução CEE/CE N° 481 de 27 de março de 2020).

o Zelar pelo registro da frequência dos alunos por meio

de relatórios e acompanhamento da evolução da

aprendizagem, mediante a execução das atividades propostas,

que serão computadas como aula, para fins de cumprimento

do ano letivo de 2020.” (Inciso VII da Resolução CEE/CE N°

481 de 27 de março de 2020).

o Registrar as atividades realizadas em regime especial

de aulas não presenciais para fins de certificação dos alunos,

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assim como comprovação dos estudos efetivamente realizados

aos órgãos do sistema, caso demandado. (Inciso VII da

Resolução CEE/CE N° 481 de 27 de março de 2020).

Chamou-me a atenção o teor do artigo 5º da Resolução

CEE/CE N° 481/2020 que diz o seguinte textualmente: “Após a

vigência do regime especial de aulas não presenciais, as

instituições de ensino ou redes escolares deverão reorganizar

o calendário escolar, entendendo que situações diferenciadas

poderão ocorrer, cabendo às respectivas Secretarias de

Educação, no caso das redes públicas, ou à direção do

estabelecimento, no caso de instituição privada fazer as

seguintes adequações”.

O § 3º do Artigo 5 Resolução CEE/CE N° 481/2020 nos

esclarece, em muitos pontos, os procedimentos operacionais

para a efetivação do regime especial de atividades não

presenciais: “As instituições de ensino deverão registrar de

forma pormenorizada e arquivar as comprovações que

demonstram as atividades escolares realizadas fora da escola,

a fim de que possam ser autorizadas a compor carga horária

de atividade escolar obrigatória a depender da extensão da

suspensão das aulas presenciais durante o presente período de

emergência.”

O artigo 6° da Resolução CEE/CE N° 481/2020 dá margem

para a não adesão das IES ao regime especial: “As instituições

ou redes de ensino que, por razões diversas, optarem por não

executar as atribuições constantes no art. 3º desta Resolução,

deverão aprovar e dar ampla divulgação do novo calendário,

contendo proposta de reposição das aulas presenciais referente

ao período de regime especial, tão logo cesse esse período.

A decisão da Reitoria da UVA

A seção Ensino da Portaria Reitoria/UVA Nº 99/2020

estabelece a suspensão de “aulas presenciais de todos os

cursos, devendo ser incentivadas atividades remotas como

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forma de minimizar o distanciamento de alunos da

Universidade, utilizando quando possível, as ferramentas

disponíveis no Sistema Acadêmico da UVA.” (CEARÁ, 2020).

Para alguns interpretadores da referida Portaria, o ato de

“suspender aulas presenciais de todos os cursos” pode

significar a “interrupção temporária”, “interrupção definitiva

das aulas presenciais” ou mesmo seu adiamento, isto é, ato ou

efeito de retardar, transferir as aulas para outra ocasião ou para

outro período letivo ou semestre letivo. Não tem nada a ver.

A Reitoria/UVA Nº 99/2020 não parece sugerir

definitivamente o término do calendário letivo: ao contrário,

parece nos incentivar a promover “atividades remotas” para

“minimizar o distanciamento social”. Podemos, pois, reduzir

ao mínimo as atividades acadêmicas, mas somos incentivos a

desenvolver um efetivo trabalho letivo, o que é, ao certo, uma

dedução inequívoca.

O artigo 1º do Portaria Reitoria Nº 101/2020 prorroga, por

30 (trinta) dias, o prazo de suspensão de “todas as atividades

presenciais de ensino de graduação e pós-graduação, eventos e

encontros acadêmicos e atividades culturais e desportivas na UVA”,

estabelecido anteriormente no Art. 1º, da Portaria nº 95 -

REITORIA, de 16/03/2020, a contar da data de 1º de abril de

2020.

Algumas levantam como questionamento as limitações da

UVA para as atividades não presenciais. Podemos lembrar que

a ideia de um regime especial se aproxima muito com o que

está previsto na Resolução nº09/2016-CEPE, que aprova

normas para aplicação de Exercícios Domiciliares aos alunos

de Cursos de Graduação da UVA. A resolução da UVA

fundamenta-se no Decreto-lei nº 1.044, de 21 de outubro de

1969. Particularmente, data venia, compreendo que um

normativo específico pode fundamental e subsidiariamente

considerar o § 2º do artigo 58 da Lei 9.394/96, quando se refere

ao atendimento educacional”, evidente, nessa calamidade, está

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tratando de não se poder realizar atividade letiva em classes,

mas não descarta as atividades remotas.

Validação das Atividades Não Presenciais (An-P)

Para que possa melhor apresentar meus argumentos a

favor da validação das atividades não presenciais,

posteriormente ao período de isolamento social, é necesssário

que a UVA, através da colegiados dos cursos e, com o aval da

PROGRAD, garanta a validação ou legitimidade das

atividades não presenciais, tornando-as juridicamente

eficazes, ou capazes de produzir efeitos de direito aos docentes

e discentes - quando do retorno (ou não) à normalidade das

atividades presenciais para fins de cumprimento do seu

calendário acadêmico. Por isso, a seguir lanço mão do artigo 47

da Lei 9.394/96 para melhor defender o que tenho colocado até

aqui.

O caput artigo 47 da Lei 9.394/96 é muito esclarecedor

para a noção de “trabalho acadêmico efetivo”, quando diz: “

Na educação superior, o ano letivo regular, independente do

ano civil, tem, no mínimo, duzentos dias de trabalho

acadêmico efetivo, excluído o tempo reservado aos exames

finais, quando houver.” Posso inferir deste caput as seguintes

assertivas: i) o ano (ou semestre ou período) letivo regular é

independente do ano civil; por essa razão não há problema

nenhum em a Resolução Nº 21/2019 – CEPE (Aprova o

Calendário Acadêmico do Ano Letivo 2020 da UVA) ser

oportunamente aditada, ou seja, que o CEPE altere seu Período

Letivo 2020.1 (104 dias letivos), ainda que tenha sido iniciado

em 02/03/2020 com previsão de término em 15/07/2020; e ii) O

que precisa ser considerado no processo de validação das

atividades não presenciais é o chamado “trabalho acadêmico

efetivo” e não simplesmente o cumprimento dos dias letivos, o

que, ao certo, foi a principal razão de ser do artigo 2º da

Medida Provisória nº 934/2020 ao estabelecer que “as

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instituições de educação superior ficam dispensadas, em

caráter excepcional, da obrigatoriedade de observância ao

mínimo de dias de efetivo trabalho acadêmico, nos termos do

disposto no caput e no § 3o do art. 47 da Lei nº 9.394, de 1996,

para o ano letivo afetado pelas medidas para enfrentamento da

situação de emergência de saúde pública de que trata a Lei nº

13.979, de 2020, observadas as normas a serem editadas pelos

respectivos sistemas de ensino.”

Qual o melhor remédio para a IES garantir o “efetivo

trabalho efetivo” de seus docentes? Certamente, cumprir o que

determina a lei nº 13.168, de 2015, que deu nova redação ao

artigo 47 da Lei 9.394/96. Aludo particularmente ao § 1º que

determina que as instituições informem aos interessados -

incluindo, claro à Secitece - antes de cada período letivo, os

seguintes itens: os programas dos cursos e demais

componentes curriculares, sua duração, requisitos,

qualificação dos professores, recursos disponíveis e critérios

de avaliação, obrigando-se a cumprir as respectivas condições,

que deve ser atualizada semestralmente ou anualmente, de

acordo com a duração das disciplinas de cada curso oferecido.

Assim, caberia, com relativa urgência, disponibilizar os dados

de seus dados e cursos na página oficial da IES não apenas para

cumprimento legal bem como assegurar à comunidade o

acesso de dados acadêmicos referentes à

transparência pública, gestão democrática e autonomia

universitária.

Em nível estadual, a Resolução CNE/CES nº 3/2007 é

importante aporte legislacional para a validação das atividades

não presenciais. Primeiramente, em situação regular de oferta

dos cursos, as IES têm atribuição de “definição quantitativa em

minutos do que consiste a hora-aula é uma atribuição das

Instituições de Educação Superior, desde que feita sem

prejuízo ao cumprimento das respectivas cargas horárias totais

dos cursos.” (§ 2º do artigo 1º), portanto, não há impedimento

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de converter o tempo da hora-atividade em hora-aula ou

simplesmente horas.

O artigo 2º Resolução CNE/CES nº 3/2007 estabelece que

“cabe às Instituições de Educação Superior, respeitado o

mínimo dos duzentos dias letivos de trabalho acadêmico

efetivo, a definição da duração da atividade acadêmica ou do

trabalho discente efetivo”. Desse modo, as atividades

acadêmicas não presenciais podem sem dúvida compreender

preleções e aulas expositivas (inciso I) e atividades práticas

supervisionadas, tais como laboratórios, atividades em

biblioteca, iniciação científica, trabalhos individuais e em

grupo, práticas de ensino e outras atividades no caso das

licenciaturas (inciso II). Ao certo, o que é mais importante

salientar diz respeito à supervisão dos docentes às atividades

não presenciais. Por fim, o artigo 3º da Resolução CNE/CES nº

3/2007 estabelece que “carga horária mínima dos cursos

superiores é mensurada em horas (60 minutos), de atividades

acadêmicas e de trabalho discente efetivo.”

Em nível de IES, a Resolução nº 14/2019 – CEPE,

recentemente aprovada pela UVA, pode ser obviamente

evocada para a validação de atividades não-presenciais. O

artigo 1º da referida resolução compreende que

“aproveitamento de estudos” consiste na “validação de

estudos realizados e/ou atividades supervisionadas por

Instituições de Ensino Superior nacionais e internacionais

credenciadas e pela Universidade Estadual Vale do Acaraú,

desde que devidamente comprovados e consonantes com o

Projeto Pedagógico do Curso.” Ora, em situação excepcional,

todas as atividades não presenciais são “estudos realizados

e/ou atividades supervisionadas” pela própria IES; portanto,

não há nenhum óbice para sua validação.

Ademais, o §1º da referida Resolução da UVA estabelece

que “Os estudos poderão ser aproveitados para os

componentes curriculares obrigatórios e optativos da matriz

curricular do curso.” No artigo 2º, o aproveitamento dos

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estudos recobre entre vários seguintes itens “as atividades em

Programas de Iniciação à docência como PIBID e Residência

Pedagógica realizados na UVA durante a vigência do curso

(inciso IV), o que em muito poderá beneficiar os alunos

matriculados nas disciplinas de Estágio Supervisionado ou

Práticas de Ensino.

O §1º do artigo 2º da Resolução nº 14/2019 – CEPE

determina que “Os componentes curriculares passíveis de

aproveitamento devem estar previstos nos Projeto Pedagógico

do Curso”. Em se tratando de processo de descentralização

administrativo-pedagógica, o artigo 3º da Resolução nº 14/2019

– CEPE determina que, no âmbito da UVA, estabelece que as

Coordenadorias dos Cursos devem conduzir o processo de

solicitação e apreciação dos pedidos de aproveitamento de

estudos, isto é, são as coordenações de cursos que iram instruir

seus alunos e professores para “procedimentos e critérios de

aproveitamento de estudos objeto de requerimentos dos

graduandos.

A validação das atividades não presenciais é necessária

para computar, em horas, o efetivo trabalho acadêmico dos

docentes. Assim, considerando os instrumentos legais em

vigor que tratam da noção de hora-aula, particularmente o

Artigo 47 da Lei 9.394/96, é clara a afirmação que diz respeito

ao ano letivo regular para educação superior, como contendo,

no mínimo, 200 (duzentos) dias de trabalho acadêmico efetivo.

Mais uma vez ressalto que a questão do cumprimento dos dias

letivos não se constitui um problema posto que, sob a Lei

Nacional de Quarentena, considerando também o teor do

Parecer CNE/CES nº 575/2001 diz que “O conceito de trabalho

acadêmico efetivo, central para a questão aqui tratada,

compreende atividades acadêmicas para além da sala de aula,

como atividades em laboratório, biblioteca e outras.” Em

outras palavras, qualquer hora de atividade não presencial ou

simplesmente hora-atividade há ser caracterizada pelo período

de 60 (sessenta) minutos, este, em convenção consagrada pela

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civilização contemporânea, não cabendo ao legislador nem a

IES alterá-la sob pena de afetar as bases mesmas de

sociabilidade entre indivíduos, grupos, sociedades.”

Tenho observado que as hesitações dos gestores

educacionais, especialmente os da IES, para aproveitamento de

estudos ou a conversão de atividades não presenciais sempre

estão relacionadas à conversão de hora de atividades em horas-

aula na pespectiva do trabalho acadêmico efetivo. Se tomamos

como referência à LDB, observamos que traz uma rica

terminologia relacionada à carga horária das atividades

acadêmicas como forma de mensurar, de forma inequívoca, o

conteúdo educacional a ser ministrado. Nesse contexto, os

conceitos presentes da LDB de “horas”, “horas” “carga horária

mínima anual”, “horas anuais de carga horária”, “horas

mensais”, “horas diárias”, “horas de trabalho efetivo em sala

de aula,” horas semanais de aulas” ” e “hora-aula” e “duração”

revelam o esforço dos agentes educacionais de mensurar o

conteúdo educacional. Nesse caso, para a validação das

atividades não presenciais, por força da terminologia

legislacional, podemos tranquilamente falar em hora-

atividade.

À Guisa de (in) conclusões: algumas recomendações

A situação pandêmica por que passamos no momento nos

deixa aturdidos e, no meu caso, faço algumas recomendações

que vão pontualmente inspirar futuros textos para discussão.

Entre as quais, cito resumidamente as seguintes:

1. Há necessidade da elaboração de Plano de Ação

Pedagógica da UVA a ser implementado durante Regime

Especial de Atividades Não Presenciais sob a orientação e

acompanhamento dos docentes, coordenadores de curso e

diretores de cento.

2. Urge que a UVA, através da Reitoria/Prograd, emita

Nota de Esclarecimento que explique e oriente aos diretores

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de centro, coordenadores dos cursos e seus respectivos

colegiados de curso sobre a questão do cumprimento ou não

do calendário letivo referente 2020.1, com vistas a garantir a

tranquilidade de toda a comunidade acadêmico, considerando

que o Ceará foi duramente atingidos pela pandemia do corona-

virus ou covid-19. Formulo essa indagação, tomando por base

as constantes consultas discussões nas mídias sociais de

corrdenadores, professores e alunos preocupados com os

efeitos da suspensão de aulas decorrentes da Portaria 99 e o

consequente adiamento da continuidade do semestre letivo

2020.1

3. Considerando os instrumentos disponíveis do

ambiente virtual da UVA, creio que, entre as sugestões de

atividades que podem ser desenvolvidas de forma remota,

estão: i) Projetos interdisciplinares; ii) Listas de exercícios; iii)

Vídeo aulas: aulas gravadas; iv) Leitura de textos; v) Produção

textual; e vi) Apresentação da oferta de aulas não presenciais

(ao vivo e gravadas) e materiais de uso pedagógico através da

Mediação Tecnológica.

4. Produção de Guia de Orientação para os Docentes de

modo a ajudar, passo a passo, na preparação de material

específico para cada semestre de ensino, com facilidades de

execução e compartilhamento, como: vídeoaulas, conteúdos

organizados em plataformas virtuais de ensino e

aprendizagem, redes sociais e correio eletrônico.

5. Caberá ao Colegiado do Curso, a organização o

material específico, respeitando o momento de isolamento

social, de modo a manter a coerência entre o que é ensinado e

as atividades não presenciais viáveis de serem realizadas pelos

estudantes, cuidando para não sobrecarregá-los com

atividades excessivas.

6. Como determina o artigo 13 da Lei 9.394, caberá aos

docentes pelo registro da frequência dos estudantes, por meio

de relatórios e acompanhamento da evolução nas atividades

propostas realizadas.

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7. Nos locais de difícil acesso, onde houver

impossibilidade de acompanhamento aos estudantes, deve-se

garantir que não haja prejuízos aos mesmos, com a reposição

(ou recuperação) parcial ou aligeirada (ou total) dos

conteúdos/aulas quando do retorno às unidades escolares,

inclusive utilizando o mesmo material utilizado no regime

especial.

8. Cabe ao Coordenador do Curso avaliar todo o

planejamento dos seus docentes, bem como avaliar

antecipadamente o material didático adotado, em

conformidade com o Projeto Político Pedagógico do Curso e

deverá o Colegiado do Curso refletir, na medida do possível,

os conteúdos já programados para o período;

9. Aos coordenadores do Curso e ao Nucleo Docente

Estruturante (NDE) cabe a emissão de orientações

complementares ao corpo docente, especialmente no que se

refere às exigências para validação das atividades não

presenciais durante o regime especial.

10. Os colegiados dos cursos que, por razões

diversas, manifestarem impossibilidade de execução das

atribuições supracitadas, deverão apresentar justificativa, além

de calendário, com proposta de reposição das aulas referentes

ao período de regime especial de aulas não presenciais.

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ABSENTEÍSMO DOCENTE:

SEQUELA OU CICATRIZ DO CORONAVÍRUS?

“A afirmação “vidas fazem a economia e não o

contrário” é conversa para Disneylândia, retórica

barata de marqueteiro querendo seguidores; adultos

sabem que vida e economia estão intrinsecamente

relacionadas. Vida não é um conceito abstrato. E

economia não é só mercado financeiro. Estamos

chegando perto de onde essa “curva” (curva está na

moda) da relação entre a vida e a economia se

confundirão.” (Luiz Felipe Pondé, Coluna e Blogs,

Folha de São Paulo, 20/04/2020)

Dos gêneros discursivos, tenho especial predileção pelo texto

para discussão. Ocorre que nesses tempos de pandemia encontro

sempre motivos para demoradas digressões e divagações sobre

como será o mundo pós-pandemia. O que tenho observado é que o

dia realmente tem demoradas 24 horas, distribuídas em três longos

e cansativos expedientes, o que me faz agora entender o que está

por trás do leitmotiv do Breviário de decomposição, meu livro de

cabeceira, de cunho filosófico, escrito no bom francês pelo filósofo

romeno Emil Cioran: o desespero. É a conclusão a que chego no final

da manhã. À tarde, deambulo na Internet, e, em geral, vou ao

melhor portal de acesso de textos técnicos, o site do Ipea

(ipea.gov.br). Aqui, acesso livros, textos para discussão, notas

técnicas, boletins sobre mercado de trabalho, boletins de políticas

sociais, entre outros, para entender mais sobre temas da economia,

conjuntura, política, saúde e educação. No final da tarde, percebo

que a compreensão do impacto do coronavírus sobre a educação

brasileira requer o aprofundamento da minha parte do sobre a

desigualdade e a pobreza no Brasil. Se involuntariamente me

enfado com a leitura técnica, migro para o texto literário, sem o

risco de agastamento na noite longa que praticamente adentra a

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madrugada. Afinal, que fadiga me causará a releitura de Senhora

de Engenho, de Mário Sette, se estou diante de sua primeira edição,

a de 1923?

O que me proponho neste capítulo é migrar da condição de

leitor para autor. Assim, apresso-me em dar vazão à volição para

escrever, com a firma disposição de articular ideias, bem motivado

para discutir temas importantes da política educacional, linguagem

ou trivialidades, e acabo, quase por impulso ou apetite, por

produzir um cardápio bem variado e com assuntos que não

deixarão apagar tão cedo a chama da existência humana.

Penso que nós que estamos na Academia devemos postular ou

pautar uma vida pós-coronavírus que, à guisa dos gregos, possa

oferecer após nossos frequentes encontros, congressos presenciais

ou on-line, um banquete de ideias, opiniões e pugilatos em todas

as áreas do conhecimento, mas durante o qual todos bebam,

conversem, ouçam música e se entreguem a distrações. Mais

simpósios on-line, lives, doravante; menos congressos off-line,

presenciais, de agora em diante.

Talvez vocês não tenham uma vaga ideia da dificuldade que

tenho para descarregar, no papel, o medo do contágio e ansiedade

pelo isolamento decorrentes da quarentena. Afinal, o que pode me

chegar assustadoramente com o COVID-19? Afinal de contas, o que

vem com o COVID-19? No meu caso, já vivencio algumas sequelas

psicológicas, tipo angústia, depressão, insônias, problemas

cognitivos, enfim, inusitadas situações emocionais, difíceis de

gerir, paralelamente à fuga desesperadora do coronavírus.

Ganha sentido agora o termo anomia que aprendi logo que

cheguei à UVA em 1994. Os primeiros dias, em Sobral, desvastaram

minha religiosidade fundamentalista, padrões normativos de

conduta e de crença, e vivenciei, acreditem, intensamente, conflitos

íntimos, e, no plano da psicologia social, posso garantir-lhes que

houve verdadeiramente o aniquilamento de minha

individualidade e fiquei definitivamente desorientado até hoje.

Nada disso sabia, até que recebia uma boa aula sobre anomia, no

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Salão de Atos da UVA, do monsenhor João Batista Frota, Vigário

da Paróquia São José, no Sumaré (Sobral).

Objetivo com este capítulo, no contexto de pandemia e de

consequente distanciamento social, é o de trazer à discussão três

questões recorrentes no atual debate sobre a doença: a primeira, diz

respeito a possibilidade de afrouxamento da quarentena e a

convocação do Governo do Estado para o retorno gradativo às

atividades produtivas, incluindo as instituições de ensino; a

segunda, na chance de que prevaleça a decisão governamental

sobre a decisão dos docentes, estaremos física e mentalmente

saudáveis para o pleno retorno à normalidade acadêmica: e a

terceira, o raciocínio de “imunidade de rebanho” é contra-ataque

da ciência ou do discurso político?

Agere sequitur esse

Como é do conhecimento de todos, a Portaria nº 101 da

Reitoria da UVA, de 31 de março de 2020, atende ao Decreto

Estadual nº 33.532, de 30 de março de 2020, ao prorrogar o prazo

de suspensão das atividades presenciais da UVA, até 30 de abril de

2020. Pois bem. Expirado o prazo, defendo que a comunidade

acadêmica deva demandar pela continuidade da suspensão das

aulas como garantia da segurança dos servidores, docentes e alunos

e evitar a proliferação do Covid-19. A legenda "o agir segue o ser”

(agere sequitur esse), inspirada em Tomás de Aquino, inscrita no

Brasão da UVA, deve agora, nos tempos de pandemia, de algum

modo nos levar à reflexão de que a epistemologia (conhecimento)

deve se fundamentar na ontologia (reflexão), isto é, considerando

o risco de vida, não faz sentido nenhum a retomada das aulas se os

alunos, docentes e servidores não têm a garantia de sua saúde.

Precisamos alargar a consciência.

Para não irmos muito longe, vamos lembrar que, atualmente,

a UVA conta com 102 funcionários técnico-administrativos, 410

docentes e 9.869 estudantes; daí, cabe a Administração Superior da

UVA a devida cautela ao ser orientada para o “afrouxamento da

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quarentena”, ainda que a decretação parta dos governos federal,

estadual e municipal, que, nesse contexto de senilidade do

capitalismo industrial, parece ceder ou atender o setor produtivo

do país.

Vou abrir aqui parênteses. Não preciso ser matemático para

mostrar o valor dos números e das funções por trás da pandemia.

A título de ilustração, vamos supor que um docente x de um curso

y, por determinação da UVA, retome suas atividades acadêmicas.

Caso esse docente x esteja contaminado pelo coronavírus, ainda

que assintomático, poderá transmitir a doença para dois ou três

alunos. Supondo que o primeiro aluno infectado transmita o vírus

para dois novos colegas de turma; após três dias, serão três casos

de alunos; esses dois novos contaminados passarão para outros

quatro alunos, totalizando sete. Os quatro infectarão oito outros

alunos, e já somarão 15. Os oito alunos infectados contaminarão 16,

e assim por diante. A curva começará a acelerar, até chegar o

momento em que 4.096 pessoas contaminarão 8.192, com um total

de 16 mil casos confirmados em um período de apenas 40 dias, e os

números só seguirão crescendo cada vez mais rápido.

Quer dizer, se na primeira semana do mês de junho de 2020

(ou qualquer mês vindouro), a UVA retomasse às aulas correria

risco de contaminar todos seus docentes, alunos e servidores, sem

contar com os familiares dos envolvidos. Ninguém precisa

entender matemática ou infectologia para considerar os números

da pandemia e projetar cenário para a UVA, a cidade de Sobral, o

Ceará e o Brasil. Fecho os parênteses.

Evidentemente, o cálculo que fiz acima foi motivado por

algumas notícias sobre as mudanças que estão para serem

anunciadas até final de abril de 2020. No mesmo, segundo o médico

Nelson Teich, então ministro da Saúde, em vídeo divulgado pelo

governo federal no dia 20 de abril, o foco agora de sua Pasta pode

ser resumido na seguinte equação da estratégia de abordagem da

Covid-19: combinação do diagnóstico, tratamento e preparação

para a saída gradual e seletiva do distanciamento social.

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A pergunta que então que levanto nesse momento é a seguinte:

em que medida o “afrouxamento da quarentena” alcança o setor

educacional? Caso o Governo do Estado, através dos reitores da

UVA, URCA e UECE, afrouxe as medidas restritas contra o

coronavírus, sem a garantia de sistema de saúde pública suficiente

disponível para suportar o pico da pandemia, não poderia

configurar tal medida um ato ilegal de improbidade administrativa?

O alerta não é meu. Refiro-me à nota técnica da Procuradoria dos

Direitos do Cidadão, órgão do Ministério Público Federal (MPF).

Isso significa que gestores podem ser responsabilizados pela

infração. A eventual flexibilização da medida está condicionada,

portanto, à garantia de que o sistema de saúde pública esteja

estruturado para atender ao pico da demanda.

A saúde mental dos docentes pós-pandemia

Considerando as últimas notícias sobre o coronavírus

publicadas nos principais veículos de comunicação no Brasil (Folha

de São Paulo e Veja, por exemplo), relacionadas direta ou

indiretamente ao funcionamento das instituições de ensino, pinço

aqui duas das principais conclusões dos pesquisadores do mundo

(particularmente, os de Harvard), extraídas de matérias já

publicadas. Os pesquisadores apontam para as seguintes

conclusões, que resumidamente aponto a seguir: as medidas de

distanciamento social evitam colapso da rede hospitalar e ajudam

a controlar a epidemia do novo coronavírus. Mas, pensando em um

cenário de recomendação para retorno às atividades produtivas,

como ficará, em especial, a saúde mental dos docentes pós-

pandemia?

Para tentar responder as questões acima e, por ser leigo em

saúde pública, considerei importante acessar os dados do

Ministério da Saúde (https://saude.gov.br/), os disponibilizados na

primeira quinzena de abril de 2020. Dos 12 boletins

epidemiológicos do Ministério da Saúde relacionados ao

Coronavírus, observei que apenas três deles, isto é, os de números

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7, 11 e 12, explicitamente, fazem referências às instituições de

ensino (escolas, universidades, em especial).

Chamou-me a atenção o Boletim Epidemiológico nº 07, de

06/04/2020. Este número indigita que a transmissão generalizada

do COVID-19 pode se traduzir em um grande número de pessoas

que precisam de cuidados médicos ao mesmo tempo. Diante desse

quadro, o Boletim Epidemiológico nº 07 informa (na verdade,

adverte) que, quando ocorre a manutenção da transmissão do

vírus, o absentismo é uma das sequelas para os profissionais que

atuam em instituições que congregam muitas pessoas como

escolas, creches e universidades. Ora, de alguma forma, o Boletim

Epidemiológico está levantando uma questão importante no

campo educacional referente ao absenteísmo. No caso, podemos

postular que a pandemia decorrente do coronavírus, além de

sequelas psicológicas, pode levar os docentes ao absenteísmo por

doença, o chamado presenteísmo. Diversos estudos mostram que o

custo total de saúde, decorrentes da epidemias, implica além dos

cuidados com os doentes, as perdas de produtividade dos

trabalhadores, portanto, afetando diretamente a economia do país,

seja por dias de afastamento do trabalho (absenteísmo) e pela

redução da produtividade do trabalhador que comparece ao

trabalho, mas não desempenha plenamente suas tarefas por

problemas de saúde (presenteísmo)(BAPTISTA, 2018, p. 42-64).

Diante do atual quadro pandêmico, o Ministério da Saúde

recomendou, desde março, a suspensão de aulas em escolas e

universidades, com reavaliação mensal, a que chama

convenientemente de “medidas não-farmacológicas de contenção

de epidemias e/ou pandemias”. Na verdade, o Ministério da Saúde

inclui nas suas recomendações recentes, as da OCDE, que, na

prática, decorrem em parte da “política restriva em locais de nível

de risco diferente não trará benecio à população dos locais de

menor risco e, ainda por cima, trará o desgaste inevitável de

medidas restrivas antes do momento em que as mesmas sejam

feitas para conter a transmissibilidade.” (BRASIL, 2020, p.14).

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Até onde li e entendi, convém a decisão aos governos, e,

particularmente aos gestores educacionais, da continuidade ou da

descontinuidade da suspensão das aulas presenciais, como uma

das medidas não-farmacológicas, para conter a transmissibilidade

do coronavírus. A reavaliação mensal proposta pelo Ministério da

Saúde é importante ser observada quando apreciada pelos agentes

educacionais (aqui, no contexto, refiro-me a reitores, pró-reitores,

diretores de centro, coordenadores de curso etc), ao menos, até

dezembro de 2020 ou julho de 2021, quando teremos um cenário

mais definido do surto pandêmico. Em outras palavras, no caso da

UVA e das demais IES, o ideal é que mensalmente, enquanto durar

o distanciamento social ampliado, se consulte à comunidade

acadêmica sobre seu estado de saúde e descubra mais sobre seus

docentes, por meio de aplicação de questionário eletrônico, de

modo a desvelar comose sentem física e mentalmente saudável na

hipótese de retorno ao trabalho.

Distanciamento Social Seletivo (DSS)

Nos últimos dias, tenho lido ou escutado nos noticiários sobre

a pandemia, e como linguista, tento elucidar, de pronto, termos

frequentes como distanciamento social, ampliado e seletivo, quarentena,

isolamento social, entre outros. O Boletim Epidemiológico nº 7 traz

importante conceito de Distanciamento Social Seletivo (DSS)

aplicável ao setor educacional.

Por Distanciamento Social Seletivo (DSS), o Ministério da

Saúde entende a “Estratégia onde apenas alguns grupos ficam

isolados, sendo selecionados os grupos que apresentam mais riscos

de desenvolver a doença ou aqueles que podem apresentar um

quadro mais grave, como idosos e pessoas com doenças crônicas

(diabetes, cardiopaas etc) ou condições de risco como obesidade e

gestação de risco(Brasil, 2020, p.6-7). Esta estratégia requer assim

que a UVA, por exemplo, aplique ao menos um questionário aos

seus docentes para que possa fazer um levantamento dos que estão

em condições de risco, no caso de um afrouxamento da DSS.

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Desse modo, os docentes respondentes devem, ao menos, no

primeiro instante, informar à UVA o seguinte: qual sua situação em

relação aos grupos de risco para o Covid 19? Manifesto-me a favor

que docentes de grupos de grupos de risco como

imunossuprimidos, cardiopatas, doenças pulmonares,

enfermidades hematológicas, doença renal crônica,

imunodepressão, gestante, idade acima de 60 (sessenta) anos, entre

outros nessa condição, não retornem imediatamente às atividades

laborais.

Se a IES propõe o retorno gradual deve, ao mesmo tempo, em

sala especial no próprio ambiente de trabalho, garantir a segurança

sanitária ou hospitalar dos servidores, evitando uma explosão de

casos sem que o sistema de saúde local tenha do tempo de absorver.

O Boletim é claro: “Quando garantidos os condicionantes, a

retomada da atividade laboral e econômica é possível, criação

gradual de imunidade de rebanho4 de modo controlado e redução

de traumas sociais em decorrência do distanciamento social.”

(BRASIL, 2020, p. 7).

Com relação ao afrouxamento da quarentena, apego-me ao

que dizem os biólogos que estudam há anos as epidemias. Para

ilustrar, os biólogos Natalia Pasternak e Luiz Gustavo de Almeida

apontam problemas de raciocínio da “imunidade de rebanho” ao

afirmarem “que o coronavírus é um agente infeccioso novo e não

sabemos quantas pessoas ele é capaz de infectar caso nenhuma

medida seja adotada. Além disso, a imunidade de rebanho tem

ótimos resultados quando é feita de forma controlada,

utilizando vacinas”, o que não é o caso no Brasil.

Pela inferência que faço da leitura do Boletim Epidemilógico,

aplicada à possibilidade de gradual retorno às atividades

acadêmicas da UVA, parece-me que teríamos de aplicar ou

4 A imunidade de rebanho, no contexto da pandemia, ocorreria quanto maior o

número de infectados pelo SARS-CoV-2, mais pessoas se tornariam resistente ao

vírus devido à memória imunológica adquirida. Assim, chegaria um momento em

que o patógeno pararia de se disseminar a rodo por falta de hospedeiros

suscetíveis.

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considerar, ao menos, as duas estratégias de distanciamento social,

o ampliado (DSA) e o Seletivo (DSS). Por quê? Ora, à medida que

permanecemos com a suspensão das aulas, independentemente de

sermos ou não de grupos específicos, estamos rigorosamente

cumprindo as exigências da decretação de isolamento decorrente

da medida restritiva determinada pelos gestores locais que, ao

final, sabemos ocorre como “ medida que restringe ao máximo o

contato entre pessoas. Realmente, a manutenção prolongada dessa

estratégia tende a causar impactos significativos na economia, mas

traz, como principal vantagem o controle da doença e contribui

para evitar o colapso no sistema de saúde, que também causaria

prejuízo econômico.

Por outro lado, o que defendo aqui é que a UVA, através de

aplicação de questionário, saiba mais sobre a saúde de seus

funcionários (docentes e servidores) e discentes para vislumbrar,

quando do chamamento governamental ao ”afrouxamento do

isolamento social”, considerar que, ao menos, o chamado

Distanciamento Social Seletivo (DSS) deva ser respeitado, ou

melhor, tenha em conta que alguns grupos de docentes devem

continuar isolados, portanto, a partir de dados levantados, por via

de questionário, possa melhor decidir e naturalmente oferecer as

condições para a seleção de grupos de docentes que apresentam

mais riscos de desenvolver a doença ou aqueles que podem

apresentar um quadro mais grave, como idosos e pessoas com

doenças crônicas (diabetes, cardiopaas etc) ou condições de risco

como obesidade e gestação de risco e docentes com mais de 60.

Substancialmente, os docentes do grupo de risco poderiam

continuar suas atividades acadêmicas com mediação ou não on-

line com os alunos.

A Universidade deve, a partir dos principais indícios de que

os governos pretendem regular medidas para afrouxamento do

isolamento, pensar de que forma pode promover o retorno gradual

às atividades laborais dos seus docentes com segurança, evitando

uma explosão de casos sem que o sistema de saúde local tenha

tempo de absorver. Caso os governos (federal, estadual e

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municipal) garantam os condicionantes para o “afrouxamento do

isolamento”, o que, sinceramente, acho improvável, a retomada da

atividade laboral e econômica é possível e já estaríamos também

diante de gradual de imunidade de rebanho de modo controlado e

com a consequente redução de traumas sociais em decorrência do

distanciamento social.

No momento, parece-me que bloqueio total (lockdown) está

praticamente descartado para a maioria dos setores produtivos,

mas deve ser também considerado pelas instituições de ensino. Em

todos os países europeus em que o fechamento temporário das

instituições de ensino foi evitado um efeito amplificador da doença,

havendo, assim, sucesso no controle do surto.

Os boletins epidemiológicos da Secretaria da Saúde do Ceará

(Sesa), em alguma medida, parecem sugerir, diante de altos índices

de contaminação por coronavírus, o bloqueio total (lockdown) como

medida extrema, o nível mais alto de segurança, mas que pode ser

necessário em situação de grave ameaça ao Sistema de Saúde.

Nessa hipótese, realmente muito pessimista ou alarmista, no caso

da UVA teríamos mesmo que definitivamente cancelar o semestre

letivo em razão do bloqueio total, uma vez que entradas do

perímetro da cidade de Sobral seriam bloqueadas por profissionais

de segurança e ninguém teria a permissão de entrar ou sair do

perímetro isolado.

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POR QUE IDENTIFICAR ALTERNATIVAS DE

IMPLEMENTAÇÃO DE CARGA HORÁRIA

DO PROJETO PEDAGÓGICO

A divulgação dos dados da pesquisa Datafolha

(http://datafolha.folha.uol.com.br/), no final de junho de 2020,

trouxe um dado revelador sobre o que pensam os brasileiros sobre

a retomada das aulas presenciais nas instituições de ensino: os

brasileiros não apoiam a reabertura das escolas. Este breve capítulo

é para tratarmos das pesquisas mais recentes sobre a questão da

retomada das aulas no contexto da pandemia.

Os dados apontam que, em meio à pandemia, 76% dos

brasileiros defendem que as escolas devem continuar fechadas, isto

é, a maioria da população brasileira é contra retomada das aulas

presenciais em todas as faixas de renda e em todas as regiões do

país.

Economia, saúde e educação também fazem parte das

preocupações dos brasileiros em tempos de pandemia da Covid-

19. O resultado da pesquisa mostrou, por exemplo, que, apesar de

a maioria da população (52%) concordar com a reabertura do

comércio em estados e municípios, durante a pandemia, uma

proporção bem menor (21%) defende a reabertura das escolas. Os

brasileiros temem que a reabertura das aulas presenciais no

contexto de pandemia afete a saúde dos educandos. É uma posição

de bom senso.

Insisto em dizer que o pouco apoio dos brasileiros para a

retomada das aulas presenciais pode ser atribuído ao temor das

famílias e dos educadores de que os alunos não sigam as regras de

distanciamento, devido à infraestrutura das escolas ou por causa

dos deslocamentos necessários para chegar às escolas,

especialmente os alunos que moram em distritos ou localidades

fora da sede municipal. A população está muito consciente dos

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riscos de retirar os alunos de casa e expor os pequenos ao Covid-

19.

Por outro lado, a reabertura das escolas envolve a circulação

de muitas pessoas. Para termos ideia de um país realmente

continental, posso brevemente ilustrar que no Brasil, somente a

educação básica, possui, atualmente 48 milhões de estudantes

matriculados e 2,5 milhões de professores, contigente que

representa 24% da população. São muitas crianças circulando nos

ônibus, metrôs, nas ruas e uma recalcitrante retomada das aulas

presenciais vai exigir, por parte do poder público, um protocolo

sanitário rigoroso e um grande trabalho de orientação também, em

se tratando de saúde pública, para professores e alunos.

A pesquisa DataFolha aponta, ainda, que o apoio à

permanência do fechamento das escolas é opção da maioria dos

brasileiros, em todas as variáveis sociodemográficas e atitudinais,

e alcança índices mais altos entre as mulheres (81%), entre os que

consideram que a situação da pandemia está piorando no país

(86%) e entre os que reprovam o governo Bolsonaro (89% - ante 60%

entre os que aprovam o governo). Portanto, a população brasileira,

realmente, não quer a reabertura das aulas presenciais em meio à

pandemia.

Apesar da pesquisa DataFolha focar a educação básica e ter

sido divulgada em junho de 2020, já no começo de maio de 2020,

em pleno período de quarentena, fiquei curioso em saber sobre as

condições dos meus alunos de Letras na UVA, em Sobral. Afinal,

pensei, estavam ou não em condições de retomar as atividades

acadêmicas ainda que em regime especial, isto é, por meio remoto.

Assim, apliquei, em maio de 2020, um pequeno questionário que

visava identificar alternativas de reposição de carga horária das

disciplinas (não dos dias letivos) a partir de junho de 2020. Minha

ideia foi a de, de posse dos dados coletados, montar alternativas de

atividades não presenciais, mediadas ou não em tempo real, e

reposição de carga horária da disciplina, ao longo do semestre

2020.1, por conta da pandemia do novo coronavírus. Para essa

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situação de pandemia, o que sempre defendi foi o ensino híbrido5

para viabilizar a participação de alunos e professores, em larga

escala.

Para a coleta de dados, fiz a adaptação de um questionário já

existente, bem montado, aplicado aos docentes e alunos da

Universidade Estadual de Santa Catarina (Udesc, disponível em

https://www.udesc.br), visando identificar opções de reposição das

aulas, através de atividades não presenciais mediadas ou não por

tecnologias digitais de informação e comunicação6. Doravante,

teremos que consultar nossos alunos sobre suas condições para a

continuidade dos estudos, sejam remotos ou presenciais.

Itens do questionário

Depois de coletar, preliminarmente, informações pessoais dos

alunos como endereço de e-mail, nome completo, CPF e curso, fiz

as seguintes perguntas, recorrendo a um formulário disponível

gratuitamente no Google Meet. Eis as perguntas do questionário:

1. Informe qual sua situação em relação aos grupos de risco

para o Covid 19. Grupos de risco: pacientes com doenças cardíacas,

hipertensão ou diabetes, idosos, gestantes, pessoas com doenças

respiratórias, enfermidades hematológicas, doença renal crônica,

imunodepressão, gestante, filhos com idade inferior a 5 (cinco)

anos ou idade acima de 60 (sessenta) anos.

5 Em inglês, blended learning, o ensino híbrido foi defendido por mim junto aos

membros do Conselho Nacional de Educação (CNE), durante a elaboração e

reexame do Parecer CNE/CP nº 9/2020, aprovado em 8 de junho de 2020, um

modelo educacional que promove uma mistura entre o ensino presencial e

propostas de ensino online – ou seja, integrando a educação à tecnologia. 6 Com objetivo de planejar o retorno às atividades letivas referentes, ao Semestre

2020.1, a Prograd da UVA solicitou-me questionário a ser aplicado à comunidade

universitária, o que foi, evidentemente, de pronto autorizado por mim. O

documento foi revisado pela Prof.ª Dr.ª Benedita Marta Gomes Costa, do Curso

de Administração da UVA. Em anexos, trazemos, no final deste livro, o Relatório

Geral da Pesquisa “A Comunidade Acadêmica da UVA no Contexto da Pandemia

do Novo Coronavírus (COVID-19)”.

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( ) Resido com pessoas dos grupos de risco.

( ) Trabalho majoritariamente com pessoas dos grupos de

risco.

( ) Pertenço a um grupo de risco.

( ) Outros…

2. Em relação aos meus deslocamentos para a UVA:

( ) Dependo de transporte público municipal ou

intermunicipal.

( ) Utilizo meio próprio, táxi ou por aplicativos.

( ) Outros…

3. Em relação ao meu acesso à Internet no local onde estou

residindo neste período de isolamento social ante a Covid19:

( ) Possuo conexão própria de internet com acesso

rápido/banda larga.

( ) Possuo conexão própria com a internet, mas meu o acesso é

limitado ou instável, preciso da universidade, trabalho ou rede

livre para acesso rápido.

( ) Não possuo conexão própria com a Internet, dependo da

universidade, do meu trabalho ou de redes de acesso livre para me

conectar.

( ) Outros

4. Em relação ao acesso a equipamentos para trabalhos

escolares no local onde estou residindo neste período de

isolamento social ante a Covid19:

( ) Possuo computador (desktop ou notebook) em casa para

meu uso exclusivo.

( ) Possuo computador (desktop ou notebook) em casa, mas ( )

seu uso é compartilhado com quem resido.

Possuo tablet.

( ) Possuo smartphone.

Outros

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5. Em relação aos livros e outros materiais bibliográficos

mínimos necessários para realizar as disciplinas em que estou

matriculado:

( ) Possuo os livros e outros materiais bibliográficos mínimos

necessários, impressos ou eletrônicos, no local onde estou

residindo neste período de isolamento social ante a Covid19.

( ) Não possuo todos os livros e outros materiais bibliográficos

mínimos necessários, dependo de acesso físico à biblioteca da

universidade para utilizá-los.

( ) Outros…

6. Quanto à minha disponibilidade de tempo para

acompanhar atividades no horário programado para as aulas, a

exemplo de videoconferências, lives ou transmissões simultâneas:

( ) Sim, tenho disponibilidade.

( ) Não tenho disponibilidade devido a pandemia, preciso que

o material seja gravado para acessar em outro horário.

( ) Outros…

7. Em relação à minha disponibilidade para atender os

compromissos de leituras, trabalhos e outras atividades de ensino

remoto (online):

( ) Tenho disponibilidade para realizar em qualquer horário,

devido ao isolamento social.

( ) Preciso que os prazos respeitem os horários usuais da

disciplina, pois tenho outros compromissos de trabalho ou pessoais

que estão mantidos mesmo com o isolamento social.

( ) Outros…

8. Em relação à minha familiaridade com recursos e

ferramentas de ensino remoto (online):

( ) Tenho muita facilidade com ferramentas de ensino remoto

(online), me sinto seguro em aprender sozinho.

( ) Tenho razoável facilidade com ferramentas de ensino

remoto (online), mas com uma orientação básica ou tutorial me

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sinto seguro em superar os obstáculos mesmo no uso de

ferramentas que sejam novas para mim.

( ) Tenho pouca ou nenhuma facilidade com ferramentas de

ensino remoto (online), preciso que as aulas sejam presenciais.

( ) Outros

9. Qual das atividades não presenciais abaixo, por meio

remoto, você tem maior familiaridade?

( ) Videoconferência com possibilidade de tirar dúvidas em

tempo real.

( ) Vídeos gravados.

( ) Chat com tira dúvidas em tempo real.

( ) Fóruns de discussão.

( ) E-mails.

( ) Partilhamento eletrônico de arquivos.

( ) Não tenho opinião.

( ) Outros

10. Em relação às minhas condições emocionais e

psicológicas para a continuidade ao meu curso com ensino remoto

(on-line):

( ) Sim, tenho condições de retomar o curso.

( ) Tenho condições parciais, mas me disponho a tentar.

( ) Não tenho condições emocionais ou psicológicas para a

continuidade.

( ) Outros…

Aplicação do questionário

Como tinha um caráter amostral ou experimental, apliquei o

questionário a apenas uma das minhas turmas do Curso de Letras,

no semestre 2020.1, obtendo as seguintes respostas da totalidade

dos alunos (ao todo, 50 participantes), o que revelou a viabilidade

do ensino híbrido:

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Questão 1 (Q1)

Informe qual sua situação em relação aos grupos de risco para

o Covid 19. Grupos de risco: Imunossuprimidos, cardiopatas,

doenças pulmonares, enfermidades hematológicas, doença renal

crônica, imunodepressão, gestante, filhos com idade inferior a 5

(cinco) anos ou idade acima de 60 (sessenta) anos.

Questão 2 (Q2)

Em relação aos meus deslocamentos para a universidade:

Questão 3 (Q3)

89%

11%

ACESSO À UNIVERSIDADE

a) Dependo do transportepúblico municipal ouintermunicipal

b) Utilizo meio próprio,táxi ou por aplicativos

64%12%

5%

10%5%

2% 2%

QUESTÃO 1a) Resido com pessoas dogrupo de risco

b) Pertenço a um grupode risco

c) Resido com meus pais

d) Não resido compessoas do grupo de risco

e) Não pertenço ao grupode risco

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Em relação ao meu acesso à Internet no local onde estou

residindo neste período de isolamento social ante a Covid19:

Questão 4 (Q4)

Em relação ao acesso a equipamentos para trabalhos escolares

no local onde estou residindo neste período de isolamento social

ante a Covid19:

33%

30%2%

33%

2%

POSSE DE EQUIPAMENTOS PARA TRABALHOS ESCOLARES

a) Possuo computadorem casa para meu usoexclusivo

b) Possuo computadorem casa, mas seu uso écompartilhado

c) Possuo tablet

77%

16%7%

ACESSO À CONEXÃO

a) Possuo conexão própriade internet com acessorápido/banda larga

b) Possuo conexão própria,mas meu acesso é limitado(...)

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Questão 5 (Q5)

Em relação aos livros e outros materiais bibliográficos

mínimos necessários para realizar as disciplinas em que estou

matriculado:

Questão 6 (Q6)

Quanto à minha disponibilidade de tempo para acompanhar

atividades no horário programado para as aulas, a exemplo de

videoconferências, lives ou transmissões simultâneas:

58%35%

5% 2%

DISPONIBILIDADE

a) Sim, tenhodisponibilidade

b) Não tenhodisponibilidade (...)

c) Disponibilidade apenasno turno noturno

d) Não tenhodisponibilidade no turnonoturno

58%

42%

POSSE DE MATERIAL PARA ESTUDOa) Possuo os livros e outrosmaterias bibliográficos (...)no local onde eu resido (...)

b) Não possuo os livros eoutros materiaisbibliográficos (...), dependodo aceso físico à bibliotecada Universidade (...)

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Questão 7 (Q7)

Em relação à minha disponibilidade para atender os

compromissos de leituras, trabalhos e outras atividades de ensino

remoto (online):

Questão 8 (Q8)

Em relação à minha familiaridade com recursos e ferramentas

de ensino remoto (online):

67%

19%

14%

FACILIDADE NO USO DAS FERRAMENTAS

a) Tenho razoávelfacilidade com asferramentas (...)

b) Tenho razoávelfacilidade (...), mas comuma orientação básica(...)c) Tenho pouca ounenhuma facilidade (...)

51%47%

2%

Disponibilidade para realizar as atividades

a) Tenho disponibilidadepara realizar em qualquerhorário (...)

b) Preciso que os prazosrespeitem os horáriosusuais da disciplina (...)

c) Não tenhodisponibilidade noperíodo noturno

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Questão 9 (Q9)

Qual das atividades não presenciais abaixo, por meio

remoto, você tem maior familiaridade?

21%

44%

3%

3%

7%

14%

4%

2%

2%

ATIVIDADES NÃO PRESENCIAIS

a) Videoconferência compossibilidade de tirardúvidas em tempo real

b) Vídeos gravados

c) Chat com tira dúvidasem tempo real

d) Fóruns de discussão

e) E-mails

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Questão 10 (Q10)

Em relação às minhas condições emocionais e psicológicas

para a continuidade ao meu curso com ensino remoto (online):

49%47%

4%

CONDIÇÕES EMOCIONAIS E PSICOLÓGICAS PARA

CONTINUIDADE DO CURSO

a) Sim, tenho condições deretomar o curso

b) Tenho condiçõesparciais, mas me disponhoa tentarc) Não tenho condiçõesemocionais (...)

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Depois de 100 dias de isolamento social, sem poder ministrar

presencialmente minhas aulas no Curso de Letras da UVA, em

Sobral, cheguei à conclusão de que a educação escolar já pode ser

assim perioridizada em tempos de pandemia: educação pré-

pandemia, educação durante a covid-10 e educação pós-pandemia

ou educação no novo normal, sem que se possa ainda mencionar as

datas de início ou fim de cada período. Certo é que, historicamente,

as instituições de ensino, sejam básicas ou superior, são o locus para

o aprendizagem de conteúdos formais em condições até então

normais de um mundo pré-pandemia. Durante e pós-pandemia, os

saberes on-line, em razão da necessidade de distanciamento

social, deverão ser considerados por educadores, pais de alunos,

gestores e governantes.

Evidentemente, a educação brasileira em tempos de pandemia

deve atentar, primeiramente, para o conteúdo da Portaria nº 188,

de 3 de fevereiro de 2020, ao declarar a Emergência em Saúde

Pública de importância Nacional (ESPIN), em decorrência da

Infecção Humana pelo novo Coronavírus (Covid-19), como o

marco inicial da pandemia no Brasil, assim como podemos afirmar

que, até esta data, a educação no Brasil foi pautada numa lógica

utilitarista, capitalista e desigual e que a solução dos seus

problemas não dependerá, unicamente, de uma legislação

educacional ad hoc, seja oriunda do MEC, Conselho Nacional de

Educação (CNE), Conselho Estadual de Educação (CEE) ou dos

sistemas de ensino, nos diversos estados da federação. Não temos

como seperar no novo normal a educação da saúde, esta, da política

e da cidadania.

Em tempos de pandemia da Covid-19, temos visto até aqui que

nenhuma legislação dá ou dará conta suficiente e satisfatoriamente

dos novos desafios educacionais de aprendizagem significativa ou

eficaz fora dos muros da escola com sua estruturação e

funcionamento ainda sob a égide dos regimes regulares de aulas

presenciais. As entidades tendem a responder as demandas sociais

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de forma aligeirada, sem devidamente seguir os rituais da técnica

legislativa ou terminologia adequada, fundamentos legais e

alcance à educação escolar em todos os níveis.

Desde março de 2020, observei, através de ampla divulgação

nos jornais de grande circulação, relatos de especialistas na área

educacional e colegas de trabalho, o lado perverso da pandemia: a

dura realidade do quanto somos social e estruturalmente desiguais,

ou seja, o retrato, em preto e branco, das limitações que a maioria

dos alunos enfrenta, especialmente os mais pobres e os que

estudam em escolas públicas, se considerarmos apenas o acesso aos

conteúdos online disponibilizados pelas próprias instituições

educacionais. Os dados da Unicef apontam que, no Brasil, são mais

de 4,8 milhões de crianças e adolescentes sem internet em casa. Em

abril de 2020, a Unesco, por sua vez, apontou que, ao menos, 1,5

bilhão de crianças e adolescentes estavam fora da escola em 188

países em função das regras de isolamento social impostas para

conter o avanço da disseminação do coronavírus. Enfim, a

sociedade capitalista, de consumo e extremamente desigual, com

precarização de trabalho, vem há séculos deixando milhões de

pessoas sem qualidade de vida, sem saneamento básico, e o Estado

Neoliberal, na sociedade informática, também não responde

minimamente à continuidade do ensino de qualidade além dos

muros da escola.

Não há outra saída para as escolas e universidades, senão a de

reorganizar suas propostas pedagógicas e considerar as atividades

não presenciais como carga horária do ano letivo, inclusive sem a

ideia de manter o mesmo ritmo e currículo propostos no período

de pré-pandemia, isto é, não há como prever ou prover a reposição

de aulas presenciais no novo normal.

A noção de padrão de qualidade terá também de ser

repensada por todos que fazem a educação brasileira. Antes, muito

associada ao desempenho dos alunos nas avaliações externas e nos

vínculos socioemocionais entre professores e alunos, agora a escola

deverá refazer a noção do que é qualidade de ensino, tendo como

referência não as aulas presenciais mas a equivalência daquelas às

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aulas on-line e novo olhar sobre o que temos definido como

competências e habilidades previstas nas propostas pedagógicas,

evitando a mesmice dos conteúdos educacionais e a critérios de

avaliação pedagógica viáveis somente na atual estrutura das

escolas presenciais e regulares. Há necessidade, pois, de um novo

foco ou novos focos como a cidadania, a empatia, a alteridade e

outras questões que estimulem os dilemas, as reflexões éticas e

morais. A aplicação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

à formação dos professores (licenciaturas) e à reorganização dos

projetos pedagógicos da educação básica se impõe a cada momento

no Brasil. O novo normal requer a aplicação das novas

competências e habilidades bem esboçadas na BNCC, tanto para o

Ensino Fundamental como para o Ensino Médio.

Trouxe, brevemente, uma discussão sobre temas referentes à

oferta da educação escolar, básica e superior, pública e privada, em

meio à pandemia. Procurei deixar marcas do meu estado d’alma

durante o isolamento social, minha experiência há mais de três

décadas, começando por tecer rápidos comentários críticos

(inclusive, com ressalvas aos dispositivos legais) à proposta de

inicial Parecer do Conselho Nacional de Educação, versão que

passou por várias alterações, inclusive com acolhimento de muitas

sugestões que fiz ao documento (por exemplo, a adoção de termos

mais técnicos como educação superior, ensino híbrido etc), até

chegar à versão definitiva por meio Parecer CNE/CP nº 11/2020,

aprovado em 7/7/2020.

Como docente da UVA, situada no semiárido do Ceará e com

condições de oferta educacional muito próximas de outras dezenas

estaduais no Brasil, especialmente o Nordeste, discuti uma

proposta de regime especial de atividades não presenciais para a

UVA no cenário da Covid-19: contexto, base legal e validação, a

partir da do conteúdo da Resolução CEE/CE N° 481 de 27 de março

de 2020. Com a publicação de provimentos, a UVA acolheu muitas

sugestões encaminhadas por mim à Prograd.

Na parte final do livro, levantei duas questões que assinalo

como importantes para o novo normal: o risco de absenteísmo

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docente, talvez uma sequela ou cicatriz do coronavírus que teremos

enfrentar doravante e a necessidade premente e frequente de os

educadores, em quaisquer níveis de ensino, identificarem

alternativas de implementação de carga horária do projeto

pedagógico a partir do perfil socioeconômico do seu alunado.

O que refleti sobre essas questões foi produzido durante longo

período de quarentena, fazendo circular vários textos para

discussão (aqui reproduzidos com ligeiras alterações) e, claro,

procurando contribuir para a elaboração, por parte de minha IES,

da publicação do Provimento UVA/CE nº 09, de 17 de junho de

2020. No balanço, a contribuição foi modesta, mas, ao menos, evitei

o caminho da letargia ou comodismo em meio à pandemia da

Covid-19.

Não poderia concluir este livro, sem deixar de reafirmar o

olhar de governantes, pais de alunos, professores, jornalistas e

políticos de diferentes agremiações partidárias sobre a educação

como a área social mais afetada pela pandemia do novo

coronavírus. Vimos, nos últimos meses que alunos de todo mundo

tiveram que deixar o modelo presencial e adotar ferramentas de

tecnologia de informação para manter a rotina de estudos. Não tem

sido uma tarefa fácil para alunos, professores, pais de alunos e

gestores o enfrentamento devastador da Covid-19. A situação de

ajustes na área educacional, desconfio, levará ao menos uma

década de enfrentamento da doença no meio escolar e seu maior

desafio talvez seja o da reorganização remota dos projetos

pedagógicos no chamado novo normal.

No Brasil, a remotada às aulas presenciais, nas escolas e

universidades, exigirá dos governos municipal, estadual e federal,

além de implementação de um sistema de monitoramento muito

robusto, baseado na testagem intensificada, além do uso de

máscara, da necessária promoção do distanciamento entre os

alunos e professores, a higienização eficaz das mãos de maneira

frequente e limpeza de superfície, especialmente banheiros e

carteiras escolares.

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Fico, numa expectativa febril, de que os governos efetivamente

liderem, com equidade, o enfrentamento à pandemia no setor

educacional, com boas orientações para manutenção de aulas

remotas, definição mais clara de protocolos de retorno às aulas e a

garantia de linhas de financiamento público para mitigar os efeitos

da pandemia, sobretudo o combate ao desemprego elevado e à

extrema pobreza da população brasileira.

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REFERÊNCIAS

BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec,

2009.

BAPTISTA, Marcos José Campello. 188 f. 2018. Absenteísmo e presenteísmo

por doença em trabalhadores da população geral da grande São Paulo.

Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Medicina da Universidade de São

Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências – Programa de

Psiquiatria. São Paulo, Universidade de São Paulo; 2018. Disponível em

https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-07112018-

110813/pt-br.php

BRASIL. Congresso Nacional. Decreto Legislativo nº 6, de 2020. Reconhece,

para os fins do art. 65 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000,

a ocorrência do estado de calamidade pública, nos termos da solicitação

do Presidente da República encaminhada por meio da Mensagem nº 93,

de 18 de março de 2020. Disponível em http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/portaria/DLG6-2020.htm

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CEB nº 31/2002,

aprovado em 03 de julho de 2002 - Responde consulta sobre aplicação de exercícios

domiciliares a alunos temporariamente impedidos de frequentar a escola.

Disponível em http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB031_2002.

pdf

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CEB nº 8/2004,

aprovado em 8 de março de 2004 - Consulta sobre duração de hora-aula.

Disponível em http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB08.pdf

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CES nº 261/2006,

aprovado em 9 de novembro de 2006 - Aprecia a Indicação CNE/CES nº 5/2005,

relativa a esclarecimentos sobre os conceitos de hora e hora-aula tendo em vista

questionamentos sobre a aplicabilidade do Parecer CNE/CES nº 575/2001.

Disponível em http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/pces261_06.pdf

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CES nº 575/2001,

aprovado em 4 de abril de 2001 - Consulta sobre carga horária de cursos

superiores. Disponível em http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/

pces575_01.pdf

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CES nº 3/2007,

de 2 de julho de 2007 - Dispõe sobre procedimentos a serem adotados quanto ao

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conceito de hora-aula, e dá outras providências. Disponível em

http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rces003_07.pdf

BRASIL. Ministério Da Educação. Conselho Nacional de Educação. Nota

de Esclarecimento. https://undime.org.br/uploads/documentos/

phpdBTE6G_5e751f60aa1ee.pdf

BRASIL. Ministério da Educação. Boletim Epidemiológico nº 07. Brasília,

Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde 06 de abril de

2020. Semana Epidemiológica 15 (05-10/04). Disponível em

https://www.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/06/2020-04-06-BE7-

Boletim-Especial-do-COE-Atualizacao-da-Avaliacao-de-Risco.pdf

BRASIL. Ministério da Educação. Boletim Epidemiológico nº 11. Brasília,

Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde 17 de abril de

2020. Semana Epidemiológica 16 (12-18/04). Disponível em

https://www.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/18/2020-04-17---BE11--

-Boletim-do-COE-21h.pdf

BRASIL. Ministério da Educação. Boletim Epidemiológico nº 12. Brasília,

Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde 19 de abril de

2020. Semana Epidemiológica 17 (19-22/04). Disponível em

https://www.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/18/2020-04-17---BE11--

-Boletim-do-COE-21h.pdf

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação.

Conselho Pleno (CP). Parecer CNE/CP nº 11/2020, aprovado em 7 de julho de

2020 - Orientações Educacionais para a Realização de Aulas e Atividades

Pedagógicas Presenciais e Não Presenciais no contexto da Pandemia. Disponível

em http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=85201&Itemid

=866

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Edital

de Chamamento: Consulta Pública sobre o Parecer que trata da Reorganização

dos Calendários Escolares e a realização de atividades pedagógicas não presenciais

durante o período de Pandemia da COVID-19. Disponivel em http://

portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de-educacao/audiencias-e-

consultas-publicas

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer

CNE/CEB nº 19/2009, aprovado em 2 de setembro de 2009 - Consulta sobre a

reorganização dos calendários escolares. Disponível em http://portal.mec.

gov.br/dmdocuments/pceb019_09.pdf

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer

CNE/CP nº 22/2019, aprovado em 7 de novembro de 2019 - Diretrizes

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Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação

Básica e Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da

Educação Básica (BNC-Formação). Disponível em http://portal.mec.gov.br/

index.php?option=com_content&view=article&id=21123&Itemid=866

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer

CNE/CP nº 2/2015, aprovado em 9 de junho de 2015 - Diretrizes Curriculares

Nacionais para a Formação Inicial e Continuada dos Profissionais do Magistério

da Educação Básica. Disponível em http://portal.mec.gov.br/index.php?

option=com_content&view=article&id=21123&Itemid=866

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação.

Proposta de parecer sobre reorganização dos calendários escolares e realização de

atividades pedagógicas não presenciais durante o período de pandemia da

COVID-19. Disponivel em http://portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de-

educacao/audiencias-e-consultas-publicas

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação.

Resolução CNE/CP nº 1, de 2 de julho de 2019 - Altera o Art. 22 da Resolução

CNE/CP nº 2, de 1º de julho de 2015, que define as Diretrizes Curriculares

Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura,

cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda

licenciatura) e para a formação continuada. Disponível em

http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=77781%E2%80%9D

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação.

Resolução CNE/CP nº 2, de 20 de dezembro de 2019 - Define as Diretrizes

Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação

Básica e institui a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores

da Educação Básica (BNC-Formação). Disponível em http://portal.mec.gov.

br/component/content/article?id=77781%E2%80%9D

BRASIL. Ministério da Educação. Portaria nº 343, de 17 de março de 2020.

Dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais

enquanto durar a situação de pandemia do Novo Coronavírus - COVID-19.

Disponível em http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-343-de-17-

de-marco-de-2020-248564376

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos

Jurídicos. Decreto-lei nº 1.044, de 21 de outubro de 1969. Dispõe sôbre

tratamento excepcional para os alunos portadores das afecções que indica.

Disponível em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-

lei/Del1044.htm

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BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos

Jurídicos. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e

bases da educação nacional. Disponível em http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/leis/l9394.htm

BRASIL. Presidência da República. Secretaria-Geral. Subchefia para

Assuntos Jurídicos. Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020. Disponível em

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/lei/l13979.htm

BRASIL. Presidência da República.Secretaria-Geral.Subchefia para

Assuntos Jurídicos. Medida Provisória nº 934, de 1º de abril de 2020. Estabelece

normas excepcionais sobre o ano letivo da educação básica e do ensino superior

decorrentes das medidas para enfrentamento da situação de emergência de saúde

pública de que trata a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020. Disponível em

Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/

2020/Mpv/mpv934.htm

CEARÁ. Conselho Estadual de Educação do Ceará. Resolução CEE N° 481

de 27 de março de 2020. Dispõe sobre regime especial de atividades escolares não

presenciais no Sistema de Ensino do Estado do Ceará, para fins de reorganização

e cumprimento do calendário letivo do ano de 2020, como medida de prevenção e

combate ao contágio do coronavírus (COVID-19). Disponível em

https://www.cee.ce.gov.br/wp-content/uploads/sites/49/2019/05/

Resolu%C3%A7%C3%A3o-CEE-481_2020_-COVID19-28_03.pdf

CEARÁ. Governo do Estado. Decreto nº 33.532, de 30 de março de 2020.

Dispõe sobre as medidas adotadas pelo estado do ceará para contenção do avanço

do novo coronavírus, e dá outras providências. Disponível em

https://www.cge.ce.gov.br/wp-content/uploads/sites/20/2020/03/Decreto-

n%C2%BA33.532-de-30.03.2020.pdf

CEARÁ. Governo do Estado. Decreto Nº33.510, de 16 de março de 2020.

Decreta situação de emergência em saúde e dispoe sobre medidas para

enfrentamento e contenção da infecção humana pelo novo coronavírus.

Disponível em https://www.cge.ce.gov.br/wp-content/uploads/sites/

20/2020/03/Decreto-n%C2%BA.-33.510-de-16-de-mar%C3%A7o-de-2020.-

Decreta-situa%C3%A7%C3%A3o-de-Emerg%C3%AAncia-em-

sa%C3%BAde-e-disp%C3%B5e-sobre-medidas-de-enfrentamento-e-

conten%C3%A7%C3%A3o-da-infecc%C3%A7%C3%A3o-humana-pelo-

novo-coronavirus.pdf

CEARÁ. Governo do Estado. Decreto Nº33.519, de 19 de março de 2020.

Intensifica as medidas para enfrentamento da infecção humana pelo novo

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coronavírus. Disponível em http://imagens.seplag.ce.gov.br/PDF/

20200319/do20200319p01.pdf

CEARÁ. Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Comitê Geral de

Enfrentamento à Pandemia do Coronavírus. A Comunidade Acadêmica da

UVA no Contexto da Pandemia do Novo Coronavírus (Covid-19): Relatório de

Pesquisa. Disponível em http://www.uvanet.br/documentos/provimento_

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CEARÁ. Universidade Estadual Vale do Acaraú. Portaria Reitoria nº

101/2020 - Reitoria Prorroga, em atendimento ao Decreto Estadual nº 33.532, de

30 de março de 2020, o prazo de suspensão das atividades presenciais da

Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Disponível em

http://www.uvanet.br/documentos/portaria_58e70e8287d621c704b76ebf9

dbf259f.pdf

CEARÁ. Universidade Estadual Vale do Acaraú. Portaria Reitoria Nº

99/2020 - Estabelece normas e procedimentos por meio de Plano de Contingência

Institucional, que visam adequar a rotina acadêmica e administrativa da UVA à

Situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Internacional,

inicialmente no período de 16 a 31 de março 2020. Disponível em

http://www.uvanet.br/documentos/portaria_e5a70550cfb9dc8f7ee4aba35

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CEPE. Dispõe sobre o aproveitamento de estudos nos cursos de graduação da

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www.uvanet.br/documentos/resolucao_95623506228b892673106b383f5cf

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CEPE. Aprova normas para aplicação de Exercícios Domiciliares aos alunos de

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nota apresenta as experiências internacionais para mitigar os efeitos da pandemia

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ZYLBERKAN, Mariana. Teich prepara ‘saída progressiva, estruturada e

planejada’ da quarentena. Veja, Política, 20/04/2020. Disponível em

https://veja.abril.com.br/politica/teich-prepara-saida-progressiva-

estruturada-e-planejada-da-quarenten

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ANEXOS

MEDIDA PROVISÓRIA Nº 934, DE 1º DE ABRIL DE 2020

Estabelece normas excepcionais sobre o ano letivo da

educação básica e do ensino superior decorrentes das

medidas para enfrentamento da situação de

emergência de saúde pública de que trata a Lei nº

13.979, de 6 de fevereiro de 2020 7.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que

lhe confere o art. 62 da Constituição, adota a seguinte Medida

Provisória, com força de lei:

Art. 1º O estabelecimento de ensino de educação básica fica

dispensado, em caráter excepcional, da obrigatoriedade de

observância ao mínimo de dias de efetivo trabalho escolar, nos

termos do disposto no inciso I do caput e no § 1º do art. 24 e no

inciso II do caput do art. 31 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de

1996, desde que cumprida a carga horária mínima anual

estabelecida nos referidos dispositivos, observadas as normas a

serem editadas pelos respectivos sistemas de ensino.

Parágrafo único. A dispensa de que trata o caput se aplicará

para o ano letivo afetado pelas medidas para enfrentamento da

situação de emergência de saúde pública de que trata a Lei nº

13.979, de 6 de fevereiro de 2020.

Art. 2º As instituições de educação superior ficam

dispensadas, em caráter excepcional, da obrigatoriedade de

7 Referência do documento: BRASIL. Presidência da República. Secretaria-Geral.

Subchefia para Assuntos Jurídicos. Medida Provisória nº 934, de 1º de Abril de

2020: Estabelece normas excepcionais sobre o ano letivo da educação básica e do

ensino superior decorrentes das medidas para enfrentamento da situação de

emergência de saúde pública de que trata a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020.

Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-

2022/2020/mpv/mpv934.htm

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observância ao mínimo de dias de efetivo trabalho acadêmico, nos

termos do disposto no caput e no § 3odo art. 47 da Lei nº 9.394, de

1996, para o ano letivo afetado pelas medidas para enfrentamento

da situação de emergência de saúde pública de que trata a Lei nº

13.979, de 2020, observadas as normas a serem editadas pelos

respectivos sistemas de ensino.

Parágrafo único. Na hipótese de que trata o caput, a instituição

de educação superior poderá abreviar a duração dos cursos de

Medicina, Farmácia, Enfermagem e Fisioterapia, desde que o

aluno, observadas as regras a serem editadas pelo respectivo

sistema de ensino, cumpra, no mínimo:

I - setenta e cinco por cento da carga horária do internato do

curso de medicina; ou

II - setenta e cinco por cento da carga horária do estágio

curricular obrigatório dos cursos de enfermagem, farmácia e

fisioterapia.

Art. 3º Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua

publicação.

Brasília, 1º de abril de 2020; 199º da Independência e 132º da

República.

JAIR MESSIAS BOLSONARO

Abraham Bragança de Vasconcellos Weintraub

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PARECER CNE/CP Nº: 11/2020

Orientações Educacionais para a Realização de Aulas

e Atividades Pedagógicas Presenciais e Não

Presenciais no contexto da Pandemia, aprovado em

7/7/2020 8.

I. RELATÓRIO

1. Introdução

Este Parecer foi organizado em colaboração com o Ministério

da Educação (MEC), e contou com a participação de entidades

nacionais como a União Nacional dos Dirigentes Municipais de

Educação (Undime), o Conselho Nacional de Secretários de

Educação (Consed), a União Nacional dos Conselhos Municipais

de Educação (UNCME), a FNCEM, o Fórum das Entidades

Educacionais (FNE), além da interlocução com especialistas e

entidades da sociedade civil.

O processo de oferta educacional, nesses tempos de contágio,

transcende decretos e normas que permitem flexibilizar o

afastamento social.

A educação de qualidade é um dos pilares da sociedade

contemporânea, por isso é assegurada em inúmeros diplomas

legais. O direito à educação de qualidade se associa à dignidade do

ser humano, um dos pilares da nossa ordem jurídica. O Conselho

Nacional de Educação (CNE) repercute os valores constituídos na

legislação e nas normas nacionais, daí que o conjunto de

8 Referência do documento: BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Conselho

Pleno. Parecer CNE/CP nº 9/2020, aprovado em 8 de junho de 2020 - Reexame do

Parecer CNE/CP nº 5/2020, que tratou da reorganização do Calendário Escolar e

da possibilidade de cômputo de atividades não presenciais para fins de

cumprimento da carga horária mínima anual, em razão da Pandemia da COVID-

1. Disponível em http://portal.mec.gov.br/component/content/

article?id=85201&Itemid=866

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recomendações aqui presentes objetivam acima de tudo a

preservação da vida, a diminuição das desigualdades e o

desenvolvimento de uma sociedade brasileira plural, mas

assentada sobre princípios e valores de promoção da cidadania.

Como assinala Flávia Piovesan:

[...]

A dignidade da pessoa humana, (...) está erigida como princípio

matriz da Constituição, imprimindo-lhe unidade de sentido,

condicionando a interpretação das suas normas e revelando-se, ao

lado dos Direitos e Garantias Fundamentais, como cânone

constitucional que incorpora as exigências de justiça e dos valores

éticos, conferindo suporte axiológico a todo o sistema jurídico

brasileiro.

(PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional

internacional. 4ed. São Paulo: Max Limonad, 2000, p. 54)

No caso da educação nacional, em todos os níveis e

modalidades, estados, municípios e federação vêm orientando as

redes públicas e as instituições particulares, no sentido de ampliar

balizas legais que permitam a flexibilização em torno da adoção da

oferta educacional não presencial, de forma a aprimorar medidas

de qualidade ao aprendizado, ao tempo em que se amplia, também,

alongevidade dessas medidas.

Está claro que, na oportunidade da possibilidade de retorno às

atividades escolares presenciais, essas deverão estar repletas de

cautelas e cuidados sanitários, mas também atentas aos aspectos

pedagógicos. Nos apresenta, também, a possibilidade da

continuidade das atividades não presenciais em conjunto com

possíveis atividades presenciais, de forma a ampliar ou

complementar a perspectiva de aprendizado e a corrigir ou mitigar

as dificuldades de acesso à aprendizagem não presencial.

Nesse sentido, esse parecer aborda questões referentes,

advindas das autonomias do processo legislativo dos entes

educacionais, ou seja, às perspectivas futuras de admissão da

possibilidade de atividades escolares presenciais, isso sem, de

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forma alguma, admitir sua plenitude ou mesmo estimulá-las em

relação às autonomias do sistema educacional. Atua, assim, o CNE

no âmbito de suas competências, organizando normas e

orientações nacionais, na perspectiva da adoção mediada pelas

legislações e normas institucionais e dos sistemas educacionais.

O retorno às atividades escolares, quando definido o

cronograma de reabertura das escolas no contexto da crise da

COVID-19, deverá enfrentar vários desafios. O objetivo deste

parecer é, respeitando a autonomia das escolas e dos sistemas de

ensino:

1. Apoiar a tomada de decisões para o retorno às aulas

presenciais;

2. Oferecer diretrizes que orientem o planejamento dos

calendários e dos protocolos específicos dos estabelecimentos de

ensino, definidos pelas autoridades locais e regionais;

3. Oferecer sugestões e recomendações de cunho

organizacional e pedagógico que podem ser desenvolvidos pelas

escolas e sistemas de ensino.

Nos termos definidos pelo Parecer CNE/CP nº 5, de 28 de abril

de 2020, recomenda-se que os sistemas e organizações educacionais

desenvolvam planos para a continuidade da implementação do

calendário escolar de 2020-2021, de forma a retomar gradualmente

as atividades presenciais, de acordo com as medidas estabelecidas

pelos protocolos e autoridades locais.

Com base em uma breve avaliação das experiências recentes

de reabertura das escolas em diferentes países, é possível

identificar tendências e necessidades a serem priorizadas nos

planos de continuidade e implementação do calendário escolar de

2020. O documento ressalta a importância da formulação de planos

capazes de oferecer respostas educativas coerentes e efetivas para

assegurar o direito de todos à educação, considerando os limites

impostos pela atual crise às condições de funcionamento das

escolas no Brasil.

As limitações na capacidade de implementar atividades não

presenciais ao longo do período de isolamento social poderão afetar

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de modo desigual as oportunidades de aprendizagem dos alunos.

Sabe-se que o tempo investido no aprendizado, ou tempo de

aprendizado, é um dos preditores mais confiáveis do processo de

aprendizagem, como indicado no Parecer CNE/CP nº 5/2020 do

CNE. Sabe- se também que a qualidade da educação em vários

países comprovou que escolarização não é o mesmo que

aprendizagem. Nos Estados Unidos, pesquisas documentaram os

efeitos da “perda de aprendizagem nas férias de verão” indicando

que a interrupção prolongada dos estudos pode causar uma perda

dos conhecimentos e habilidades adquiridas. Uma análise das

pesquisas sobre o retrocesso cognitivo nas férias de verão nos

Estados Unidos da América (EUA) sugere que os estudantes

podem perder o equivalente a um mês de aprendizagem no ano

letivo, sendo maior para os estudantes de menor renda.

Além disso, é preciso considerar um conjunto de fatores que

podem afetar o processo de aprendizagem remoto no período de

isolamento da pandemia, tais como: as diferenças no aprendizado

entre os alunos que têm maiores possibilidades de apoio dos pais;

as desigualdades entre as diferentes redes e escolas de apoiar

remotamente a aprendizagem de seus alunos; as diferenças

observadas entre os alunos de uma mesma escola em sua

resiliência, motivação e habilidades para aprender de forma

autônoma on-line ou off-line; as diferenças entre os sistemas de

ensino em sua capacidade de implementar respostas educacionais

eficazes; e, as diferenças entre os alunos que têm acesso ou não à

internet e/ou aqueles que não têm oportunidades de acesso às

atividades síncronas ou assíncronas. Todos esses fatores podem

ampliar as desigualdades educacionais existentes. No caso

brasileiro, a pandemia surgiu em meio a uma crise de

aprendizagem, que poderá ampliar ainda mais as desigualdades

existentes. O retorno exigirá grande esforço de readaptação e de

aperfeiçoamento do processo de ensino e aprendizagem.

Um estudo recente da McKinsey para estimar o impacto

potencial do fechamento das escolas de educação básica,

identificou três cenários possíveis sobre a eficácia do aprendizado

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remoto em relação ao ensino presencial tradicional. O estudo

salienta que o aprendizado dos alunos do ensino médio durante o

fechamento das escolas varia de acordo com três fatores: a

qualidade do acesso e da oferta do ensino remoto, o apoio

domiciliar e o grau de engajamento do estudante. Os dados

indicam que apenas 60% dos estudantes de baixa renda nos EUA

estão acessando o ensino remoto on-line. Os estudantes negros e os

hispânicos, segundo o estudo, podem apresentar retrocessos

cognitivos que variam de 9 (nove) meses a 1 (um) ano de estudo. O

estudo leva em conta todos os estados dos EUA, inclusive a

situação de 28 (vinte e oito) estados americanos que não obrigam o

ensino remoto durante o isolamento social. Estima-se também um

aumento de 30% a 40% nas taxas de abandono do ensino médio,

com base nos estudos dos efeitos do furacão Katrina sobre o

aumento da evasão escolar.

O artigo de Alexandre Schneider (Folha de São Paulo, 13 de

julho de 2020), cita três estudos importantes sobre o impacto da

epidemia da COVID-19 no desempenho dos 55 (cinquenta e cinco)

milhões de estudantes americanos. O primeiro deles, do

Annenberg Institute da Universidade de Brown, indica que os

estudantes norte-americanos devem voltar às escolas em setembro

com uma perda de aprendizagem da ordem de 30% em leitura e de

50% em matemática. O segundo, da Universidade de Harvard,

avaliou o efeito do uso de um soGware de matemática antes e

depois da pandemia com 800 (oitocentos) mil alunos. De janeiro a

abril, o desempenho dos estudantes de baixa renda caiu 50%,

enquanto os de estudantes que vivem em comunidades de renda

mais alta não tiveram alteração de desempenho. Já em junho, a

queda foi de 78% para os de baixa renda. O terceiro, da consultoria

McKinsey, estimou, em média, a perda de sete meses no

aprendizado para estudantes brancos, e de dez para negros e

latinos.

Segundo o editorial publicado pela The Lancet Child and

Adolescent Health, na edição de 1º de julho de 2020, mais de 1,4

bilhão de crianças em todo o mundo estavam fora da escola em

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junho e 60% delas não dispunham de recursos para desenvolver

atividades pedagógicas remotamente. Artigo publicado na revista

Educational Assessment, Evaluation and Accountability, mostra

que 78% dos estudantes da Alemanha, Áustria e Suíça avaliam que

a falta de acesso ao computador ou notebook pessoal para estudar

foi o maior obstáculo que enfrentaram durante o fechamento das

escolas.

E no Brasil, quantos alunos da educação básica estão tendo

acesso às atividades não presenciais? Quantos têm acesso à Internet

e dispõem de computador ou celular para acompanhar atividades

online? Quantas escolas e redes de ensino têm condições efetivas

de oferecer atividades não presenciais aos estudantes? Quantas

famílias têm condições de apoiar as atividades escolares dos seus

filhos? Como as escolas poderão enfrentar os desafios das

aprendizagens no retorno às aulas? Quais medidas devem ser

tomadas para evitar o aumento da repetência e do abandono

escolar?

Diante dos desafios da pandemia, é preciso definir diretrizes e

medidas sensatas que possam apoiar respostas educacionais

eficazes para proteger os direitos de aprendizagem e mitiguem os

impactos da pandemia, de forma a garantir a continuidade do

processo de aprendizagem e a implementação do calendário

escolar de 2020-2021.

2. Breve Diagnóstico da Educação Básica no Contexto da

Pandemia

Segundo dados do Censo Escolar de 2019 do Instituto

Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

(Inep), o Brasil tem 47,9 milhões de estudantes na Educação Básica

e 8,4 milhões no Ensino Superior, portanto, uma população de 56,3

milhões de estudantes fora das salas de aula desde março de 2020.

Deste universo, 51,8 milhões de estudantes estão distribuídos em

várias etapas de ensino:

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• 9 milhões de estudantes de Educação Infantil e 114.851

escolas; 15 milhões de estudantes nos Anos Iniciais e 109.644

escolas; 11,9 milhões de estudantes nos Anos Finais e 61.765

escolas; 7,5 milhões de estudantes no Ensino Médio e 28.860

escolas;

• 8,4 milhões de estudantes no Ensino Superior e 2.537

instituições de ES.

• Cerca de 2,2 milhões de docentes atuam na Educação Básica

e 384.474 docentes no Ensino Superior.

Um estudo realizado pela FRM identificou os impactos da

volta às aulas para os diferentes níveis e etapas da educação básica.

O projeto descreve um quadro socioeconômico detalhado dos

efeitos associados do retorno às aulas dos estudantes da educação

básica. O estudo faz um levantamento das dimensões econômicas

e sanitárias da reabertura e seus impactos sobre os transportes

públicos, liberação da força de trabalho (professores e pessoal

administrativo das escolas), alimentação (restaurantes,

lanchonetes, comércio), enfim, um conjunto de fatores que podem

aumentar o processo de contaminação. O projeto propõe uma

reabertura em três etapas, de forma escalonada por níveis de

ensino.

Considerando a quantidade de estudantes matriculados na

educação básica, o estudo recomenda um protocolo com prioridade

de retorno às crianças de educação infantil e dos anos iniciais, que

representam 24 (vinte e quatro) milhões de alunos, 1,5 milhão de

professores e envolvem milhões de famílias com rendimento

domiciliar per capita de até meio salário mínimo. O retorno dos

estudantes mais novos, além de liberar maior número de mão de

obra para vários setores da economia formal e informal, tem menor

impacto sobre os serviços de transporte, pois as crianças menores

residem em geral mais próximos da escola. Outro ponto importante

é o menor número de alunos por sala de aula, o que facilita a

reorganização da sala de aula e o distanciamento. Em suma, o

estudo destaca um conjunto de fatores que contribui para a

reativação da economia e garantia da educação das crianças

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menores que têm mais dificuldade para desenvolver atividades

não presenciais de modo autônomo.

Outro estudo, realizado pelo Interdisciplinaridade e

Evidências no Debate Educacional (Iede) em parceria com o

Instituto Rui Barbosa (IRB), mostra grande variedade e

diversificação das redes de ensino para sua organização interna e

disponibilização de conteúdos e atividades pedagógicas não

presenciais durante o período de pandemia. Revela que 82% das

redes municipais ofereceram aulas ou conteúdos pedagógicos aos

estudantes utilizando diferentes estratégias. Em relação às redes

estaduais pesquisadas, todas disseram ofertar algum tipo de

conteúdo pedagógico no período de isolamento. A amostra do

estudo é formada por 249 (duzentas e quarente e nove) redes de

ensino municipais de todas as regiões do país e abrange apenas 17

(dezessete) redes estaduais.

Em relação à educação infantil, a pesquisa mostra que 41% das

redes municipais disponibilizam semanalmente conteúdos aos

alunos; 31% quinzenalmente e 28% diariamente. Em geral, as redes

ofereceram orientações aos pais sobre atividades lúdicas,

interações e brincadeiras, alimentação saudável e suporte

psicológico.

Nos anos iniciais, 44% das redes oferecem conteúdos e

atividades pedagógicas semanalmente, 27% diariamente e 29%

quinzenalmente. Para os anos finais do ensino fundamental, a

mesma tendência se repete, com maior proporção de redes

oferecendo atividades diariamente. Em ambos os casos, as redes

indicam que 93% das intervenções pedagógicas implementadas

estão embasadas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e

87% delas no currículo de referência.

Segundo a pesquisa, não há um padrão em relação às

atividades oferecidas aos alunos do ensino fundamental. No caso

dos anos iniciais, predominam atividades de leitura, escrita,

interpretação de texto e operações básicas de matemática. Nos anos

finais, as redes priorizam atividades tendo como norte a BNCC e a

matriz de referência do Sistema de Avaliação da Educação Básica

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(Saeb). Entre as 17 (dezessete) redes estaduais de ensino médio,

participantes da amostra, 33% asseguram conteúdos aos alunos

diariamente; 60% semanalmente e 7% quinzenalmente. Em todas

as redes de ensino médio pesquisadas há videoaulas ofertadas e

preparação dos estudantes para o Exame Nacional do Ensino

Médio (ENEM).

A maioria das secretarias afirma ter um bom controle dos

estudantes que têm acesso aos conteúdos ofertados. Contudo, o

monitoramento limita-se ao recebimento das atividades e não à

verificação do aproveitamento dos alunos. Uma das maiores

dificuldades diz respeito à formação dos professores para lidar com

ferramentas e tecnologias educacionais. De acordo com a pesquisa,

apenas 39% das redes estão oferecendo formações para as

atividades não presenciais. Essa situação reforça os resultados de

recente pesquisa do Instituto Península, segundo a qual 83% dos

professores se sentem despreparados para o ensino virtual e

gostariam de receber apoio neste sentido.

A maioria das redes (84%) declararam que estão se

preparando para a volta às aulas, mas salientam a importância de

orientações dos órgãos e conselhos de educação para se

organizarem melhor. O planejamento da volta às aulas ocorre em

três frentes principais: acolhimento; avaliações diagnósticas para

identificar os níveis de aprendizagem dos estudantes e, a partir

disso, estabelecer intervenções; a reorganização do espaço fisico e

a adoção das medidas de higiene necessárias para evitar a

contaminação da COVID-19. Destaca-se também atenção especial a

medidas de combate à evasão, busca ativa de alunos, estratégias de

recuperação da aprendizagem. A maior preocupação das redes

para a retomada está ligada às condições de saúde e de segurança

aos estudantes e profissionais da educação.

Uma pesquisa da Undime e vários parceiros aplicou

questionários em 3.978 (três mil novecentos e setenta e oito) redes

municipais com o objetivo de subsidiar protocolos de volta às aulas

nos municípios. Os respondentes representam 70% do total de

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matrículas das redes municipais do país. Os resultados revelam o

seguinte quadro:

• 83% dos alunos das redes públicas vivem em famílias

vulneráveis com renda per capita de até 1 (um) salário-

mínimo;

• 79% dos alunos das redes públicas tem acesso à internet,

mas 46% acessam apenas por celular e 2/3 dos alunos não têm

computador;

• 60% das redes municipais que suspenderam as aulas

presenciais estão oferecendo atividades remotas;

• 43% das redes municipais utilizam materiais impressos

nas atividades remotas; 57% conteúdos digitais e vídeo aulas

gravadas;

• 958 (novecentos e cinquenta e oito) redes municipais têm

políticas de monitoramento das atividades remotas e

acompanhamento dos alunos; e

Mais da metade das redes indica que as maiores dificuldades

para a implementação das atividades não presenciais são:

indefinição das normativas dos respectivos sistemas; dificuldades

dos professores em lidar com as tecnologias e falta de

equipamentos. Com o objetivo de identificar se os alunos estão

recebendo as atividades de aprendizado remoto e quais as

dificuldades encontradas, pesquisa realizada pelo Datafolha

entrevistou 1.208 (um mil duzentos e oito) pais ou responsáveis de

estudantes das redes públicas municipais e estaduais numa

amostra nacional, no final de maio de 2020. Entre os principais

resultados, destacam-se:

• 74% dos estudantes participaram de alguma atividade não

presencial, chegando a 94% na região Sul e a 52% no Norte;

• 86% dos estudantes do ensino médio tiveram acesso a

atividades remotas; 74% dos alunos nos anos finais e 70% nos

anos iniciais do ensino fundamental;

• 81% dos estudantes da rede estadual receberam algum tipo

de material para as atividades em casa, contra 68% da rede

municipal;

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• 54% dos estudantes dos anos iniciais tiveram acesso a

atividades via internet; nos anos finais 65%; e, 82% no ensino

médio;

• Segundo a percepção dos responsáveis, 82% dos estudantes

estão fazendo as atividades escolares enviadas pela escola;

• 47% dos estudantes do ensino fundamental e 69% do ensino

médio não receberam orientações das escolas;

• 58% apontam dificuldade na rotina das atividades em casa;

• 31% dos responsáveis temem que os estudantes desistam da

escola;

• 46% estudam em escolas classificadas nos grupos inferiores

de nível socioeconômico (INSE/Inep) e têm menos acesso a

atividades não presenciais;

• 70% dos responsáveis são mulheres chefes de família; e

• 73% dos responsáveis têm renda familiar de até 2 salários

mínimos.

Em suma, os estudos disponíveis sobre a situação recente

revelam que a maioria das redes públicas de ensino busca

implementar atividades não presenciais alinhadas com as

recomendações do Parecer CNE/CP nº 5/2020. Os maiores desafios

são: a grande desigualdade no acesso à internet pelos estudantes;

as dificuldades dos professores em desenvolver atividades

remotas; as desigualdades no índice socioeconômico das escolas

que também se revela na desigualdade da sua infraestrutura.

Também fica claro que, em geral, as escolas das redes públicas não

fazem o monitoramento do aprendizado das atividades não

presenciais.

Há ainda uma questão central: as redes públicas estaduais e

municipais terão condições de fazer as adaptações necessárias no

ambiente escolar para o retorno às aulas.

Um estudo do Instituto Unibanco estima que para evitar o

colapso financeiro das redes públicas de educação básica, serão

necessários recursos adicionais da ordem de R$ 30 bilhões de reais,

considerando as despesas previstas para 2020 num quadro de

queda da arrecadação e restrição orçamentária, além do aumento

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das despesas para a adequação das escolas aos protocolos

sanitários, aquisição de equipamentos, reformas nos lavatórios,

materiais de higiene, ensino remoto, alimentação, compra de

infraestrutura tecnológica, patrocínio de pacotes de dados de

internet e adicional da folha salarial para garantir aulas de

recuperação e a possível abertura das escolas nos finais de semana.

Importante destacar que as redes de escolas particulares vêm

fazendo adaptações importantes nas suas unidades, apresentam

propostas detalhadas de planejamento da volta às aulas, revisão do

planejamento curricular e guias de orientação aos responsáveis,

alunos, professores e equipes administrativas.

Portanto, a possibilidade da continuidade das atividades

remotas com o retorno das aulas presenciais requer grande esforço

dos governos para assegurar condições de higiene e segurança nas

escolas públicas, o acesso à internet aos estudantes de baixa renda,

investimento na infraestrutura das escolas e na formação dos

professores para o uso de novas metodologias e de tecnologias.

Neste sentido, o auspicioso debate acerca da utilização dos recursos

do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações

(FUST), R$ 31 bilhões de reais para garantir internet de alta

velocidade a todas as escolas públicas e acesso gratuito à internet

pelos alunos mais vulneráveis representa uma grande esperança

para todos os estudantes e professores brasileiros.

3. Breve Diagnóstico da Educação Superior no Contexto da

Pandemia

A Educação Superior foi alcançada pela pandemia da COVID-

19 com os seguintes indicadores de desempenho de expansão,

apresentados pelo Censo da Educação Superior do Inep, em 2018:

[...]

8.740.338 matrículas, sendo: 75% em IES particulares e 19,3% em

licenciaturas e 2.056.511 em EAD e 58% no turno noturno (68% das

matriculas particulares)

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8% da matricula na Região Norte, 8% na Centro oeste e 47% na

Sudeste.

3.445.935 ingressantes para 13.529.101 vagas oferecidas em 2018 (25%

das vagas ofertadas em

2018 foram ocupadas)

1.373.321 de novos ingressante em EAD (40% do total de

ingressantes em 2018)

1.264.288 concluintes

2018 Faculdades, 230 Centros Universitários e 199 Universidades

Direito, Administração, Ciências Contábeis e Pedagogia acumulam

mais de 2.600.000 matrículas

Desistência ou Evasão em 2016 foi indicada em 57% ( 60% nas

particulares, 47% nas Federais, 62% em EAD e 55% em Cursos de

Engenharia)

21% da população de 18 a 24 anos frequenta a educação superior e

apenas 13, 7% da população entre 55 e 64 anos possuí curso superior,

uma das menores taxas da América do Sul.

Nesse cenário, a educação superior passou, durante a COVID-

19, a ser ofertada como não presencial e a distância. Hoje, cerca de

90% das matrículas são predominantemente a distância. Uma série

de ações regulatórias sustentou essa medida, entre portarias do

MEC e uma medida provisória. As portarias do MEC foram

ampliadas em sua abrangência pelo Parecer CNE/CP nº 5/2020. O

parecer foi organizado em ampla mobilização com os sistemas de

ensino, e a partir de entendimentos, diálogo e cooperação técnica

com o Ministério da Educação.

Para fins desta Nota Técnica, nos baseamos fortemente no texto

do Parecer CNE/CP nº 5/2020 já homologado, por vezes quase que

literalmente.

Em um sentido geral, o parecer aprofunda orientações

nacionais e indica algumas normas referentes à condução do

processo educacional não presencial, de forma a ampliar as balizas

propostas às instituições, redes e sistemas de ensino, sempre de

forma limitada à duração da pandemia.

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No que diz respeito à educação superior, aspectos referentes ao

disposto nas Portarias de nos 343 e 345, de março de 2020, foram

tratados e, de certa forma, estendidos às práticas responsáveis de

ofertas de cursos e as atividades e disciplinas a eles referentes,

especialmente no que se refere às aulas laboratoriais e atividades

práticas, como as complementares, de estágio, dentre outras.

Quanto às atividades práticas, estágios ou extensão, estão

vivamente relacionadas ao aprendizado e muitas vezes localizadas

nos períodos finais dos cursos. Se o conjunto do aprendizado do

curso não permite aulas ou atividades presenciais, seria de se

esperar que, aos estudantes em fase de estágio, ou de práticas

didáticas, fosse proporcionada, nesse período excepcional da

pandemia, uma forma adequada de cumpri-lo.

No caso dos cursos de licenciatura ou formação de professores,

as práticas didáticas vão ao encontro de um amplo processo de

oferta de aprendizado não presencial à educação básica,

principalmente aos anos finais do ensino fundamental e médio.

Produz, assim, sentido que estágios vinculados às práticas na

escola, em sala de aula, possam ser realizados de forma igualmente

virtual ou não presencial, seja a distância, seja por aulas gravadas

etc.

Da mesma forma, outros cursos podem, também,

especialmente nessa época ou período de afastamento social, ser

objetos de práticas ou estágios não presenciais, dependendo do

padrão de digitalização, ou de atividades e serviços já operados a

distância, com trabalho remoto, laboratórios virtuais, telegestão,

atendimento dos clientes a distância, sistemas de entrega eletrônica

de documentos, projetos, petições etc.

A substituição da realização das atividades práticas dos

estágios de forma presencial para não presencial, com o uso de

meios e tecnologias digitais de informação e comunicação, podem

estar associadas, inclusive, às atividades de extensão e pesquisa das

instituições e dos cursos superiores.

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O relevante é que haja a adequada metodologia pedagógica

aplicada às atividades práticas, de forma a propiciar o aprendizado

de conteúdos concernentes e integradores de competências

esperadas nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) dos

cursos. A proximidade entre objetos de aprendizagem elegidos

pelas práticas com as teóricas devem corresponder à construção

das competências e facilitar a aplicação interdisciplinar do

currículo. As formas não presenciais de aprendizado por meio de

práticas e estágios podem ainda conter flexibilidades disponíveis

pelos sistemas de tecnologias digitais aplicados, de forma a ampliar

o processo de interação com diversos ambientes de trabalho e a

troca em diversos níveis, de experiências teórico-práticas

compartilhadas.

O processo de oferta não presencial, de atividades ou

disciplinas práticas e laboratoriais, mesmo que considerado apenas

o período da pandemia, poderá colaborar também para aprofundar

o aprendizado digital e a interação virtual com diversos ambientes

de trabalho que possuem como requisito práticas e experiências

digitais ou de aplicação virtual aos meios de trabalho. Além de

viabilizar a realização das atividades práticas dos estágios

obrigatórios, garantindo a possibilidade de terminalidade do

ensino superior no tempo de integralização do curso para

estudantes na fase final do curso, dando a possibilidade, ainda que

mediada com alguma reposição, de sua conclusão.

4. Previsão do Parecer e Condições de Obrigações e Abrangências

Referentes às Ofertas Não Presenciais de Disciplinas ou Atividades

Práticas e Laboratoriais, em Consonância com o Parecer CNE/CP

nº 5/2020.

[...]

O processo de ingresso na oferta para atividades práticas não

presenciais dependerá de projeto pedagógico curricular específico

para as disciplinas ou atividades, informando as metodologias,

infraestrutura e meios de interação com as áreas e campos de estágios

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e os ambientes externos de interação onde se darão as práticas do

curso e a capacitação docente, do orientador ou preceptor do estágio

em adotar o aprendizado a distancia e tele orientado. Essa

documentação, bem como a informação da prática adotada, deverá

ser transmitida à Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação

Superior (SERES).

No âmbito da oferta da educação superior não presencial, deverão

ser adotadas e normatizadas, para essa modalidade, atividades

referentes às disciplinas práticas, inclusive de laboratório, estágios,

ao TCC, avaliação, extensão, atividades complementares, processo

seletivo de ingresso, capacitação docente, entre outras.

No exercício de autonomia e responsabilidade na condução de seus

projetos acadêmicos, respeitando-se os parâmetros e normas legais

estabelecidas, com destaque e em observância ao disposto na Portaria

MEC nº 2.117, de 6 de dezembro de 2019, as instituições de educação

superior podem considerar a utilização da modalidade EaD como

alternativa à organização pedagógica e curricular de seus processos

de reposição das 800 horas de carga horária a distância e adotar

medidas adequadas quanto ao retorno às atividades presenciais para

cursos e

instituições que não possuíam anteriormente a modalidade EaD.

Essas considerações conduzem as seguintes recomendações à

educação superior, contidas no Parecer CNE/CP nº 5/2020, que

dizem respeito às atividades remotas, não presenciais ou a

distância, referentes às disciplinas ou atividades práticas e

laboratoriais:

[...]

adotar a substituição de disciplinas presenciais por aulas não

presenciais;

adotar a substituição de atividades presenciais relacionadas à

avaliação, processo seletivo, TCC e aulas de laboratório, por

atividades não presenciais, considerando o modelo de mediação de

tecnologias digitais de informação e comunicação adequado à

infraestrutura e interação necessárias;

regulamentar as atividades complementares, de extensão e o TCC;

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organizar o funcionamento de seus laboratórios e atividades

preponderantemente práticas em conformidade com a realidade

local;

adotar atividades não presenciais de práticas e estágios,

especialmente aos cursos de licenciatura e formação de professores,

extensíveis aos cursos de ciências sociais aplicadas e, onde couber, de

outras áreas, informando e enviando à SERES ou de órgão de

regulação do sistema de ensino ao qual a IES está vinculada, os

cursos, disciplinas, etapas, metodologias adotadas, recursos de

infraestrutura tecnológica disponíveis às interações práticas ou

laboratoriais a distancia;

adotar a oferta na modalidade a distancia ou não presencial, às

disciplinas teórico-cognitivas dos cursos da área de saúde,

independente do período em que são ofertadas;

supervisionar estágios e práticas profissionais na exata medida das

possibilidades de ferramentas disponíveis;

definir a realização das avaliações de forma remota;

adotar regime domiciliar para alunos que testarem positivo ou que

sejam do grupo de risco;

organizar processo de capacitação de docentes para o aprendizado a

distância ou não presencial;

implementar teletrabalho para professores e colaboradores;

proceder o atendimento ao público dentro das normas de segurança

editadas pelas autoridades públicas e com espeque em referências

internacionais;

divulgar a estrutura de seus processos seletivos de forma remota

totalmente digital;

reorganização dos ambientes virtuais de aprendizagem e outras

tecnologias disponíveis nas IES para atendimento do disposto nos

currículos de cada curso;

realização de atividades on-line síncronas de acordo com a

disponibilidade tecnológica; oferta de atividades on-line assíncronas

de acordo com a disponibilidade tecnológica;

realização de testes on-line ou por meio de material impresso

entregues ao final do período de suspensão das aulas; e

utilização de mídias sociais de longo alcance (WhatsApp, Facebook,

Instagram etc.) para estimular e orientar os estudos e projetos.

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Para além do disposto no Parecer, consideramos, de forma

esquemática, os seguintes pontos, como relevantes às obrigações

das IES:

• Identificar espaços de trabalho, de oferta de estágio ou de

atividades práticas, que integrem, na organização de suas

atividades, práticas a distância, relacionadas, por exemplo, a

prestação de serviços, desenvolvimento de projetos técnicos,

atendimento aos clientes, entrega de projetos, petições,

pareceres ou demais produtos ofertados de formas remota;

• Considerar, para fins de abrangência, as grandes áreas da

Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de

Nível Superior (CAPES), como integradora dos cursos

identificados no parecer, assim indicadas:

- Área de Ciências Sociais Aplicadas;

- Área de Ciências Humanas;

- Área de Linguística, Letras e Artes;

- Área de Ciências Exatas e da Terra;

- Área de Engenharias;

- Área Multidisciplinar;

- Área de Ciências da Saúde;

- Área de Ciências Biológicas;

- Área de Ciências Agrárias.

• Em relação às áreas acima indicadas, considerar as

seguintes abrangências:

Área de Ciências da Saúde: com exceção dos Cursos de

Medicina, considerar, a partir de critérios técnicos definidos e

redigidos pela coordenação do curso, as etapas do estágio possíveis

de serem ofertadas a distância, especialmente relacionadas às

orientações e interações entre discentes, preceptores, orientadores

e tutores, possíveis de ser fornecidas remotamente com suporte de

ambientes virtuais, laboratórios virtuais e interações virtuais com

espaços de trabalho reais. As etapas definidas devem ser

consideradas em relação às horas e conteúdos de aprendizado

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declarados pela coordenação do curso e devidamente avaliadas

como atividades não presenciais.

Pode-se admitir que estágios em clínicas com atendimento

remoto profissional, como psicoterápico, entre outras atividades,

poderão ensejar, com os critérios já indicados, estágios remotos às

etapas remotas praticadas.

Cursos de Medicina poderão, em observância ao disposto no

item 2.15 do Parecer CNE/CP nº 5/2020: “adotar a oferta na modalidade

a distância ou não presencial, às disciplinas teórico-cognitivas dos cursos

da área de Ciências da Saúde, independente do período em que são

ofertadas”.

Cursos de Medicina, em acordo com o disposto acima, do

Parecer CNE/CP nº 5/2020, poderão, em relação ao internato,

considerar como atividades teórico-cognitivas o máximo de 20% de

tempo dos 70% das horas totais destinadas ao internato, de acordo

com o artigo 24, § 6º, da Resolução CNE/CES nº 3, de 20 de junho

de 2014, que institui as DCNs de Medicina:

[...]

§ 6º Os 70% da carga horária restante do internato incluirão,

necessariamente, aspectos essenciais das áreas de Clínica Médica,

Cirurgia, Ginecologia, Obstetrícia, Pediatria, Saúde Coletiva e Saúde

Mental, em atividades eminentemente práticas e com carga horária

teórica que não seja superior a 20% do total por estágio, em cada uma

destas áreas.

As demais áreas deverão observar o disposto no Parecer

CNE/CP nº 5/2020, devendo, no entanto, acrescentar relatório

técnico do coordenador do curso com a justificativa da oferta de

estágios, atividades práticas e laboratoriais, considerando as

etapas, horas e procedimentos adotados.

As indicações ou novos normativos referidos ao período da

pandemia da COVID-19,especialmente por meio do Parecer

CNE/CP nº 5/2020, dispõem sobre normas e orientações,

estabelecendo, temporariamente, a amplitude da oferta de cursos e

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atividades não presenciais, bem como as exigências de registro e

organização dessas atividades pelas Instituições de Educação

Superior (IES), cursos e atividades, junto aos órgãos do Ministério

da Educação (MEC), para que, nesse âmbito, possa colaborar com

as IES no sentido do ordenamento qualitativo da oferta de seus

cursos.

5. Algumas Lições da Recente Experiência Internacional

Experiências recentes de países que passaram pelo fechamento

de escolas em razão da COVID-19, indicam que o retorno às

atividades presenciais é bastante complexo e requer um

planejamento detalhado. Ainda não há estudos para medir o

impacto do fechamento provisório das escolas em mais de 190

(cento e noventa) países. No entanto, os efeitos adversos associados

à segurança, bem-estar e aprendizagem das crianças estão bem

documentados em diferentes estudos (Unesco, Banco Mundial). Há

indícios de que as interrupções das aulas presenciais podem ter

grave impacto na capacidade de aprendizado futuro das crianças,

além de efeitos emocionais e fisicos, que podem se prolongar por

um longo período. Estudos indicam que, quanto mais tempo os

estudantes socialmente vulneráveis estiverem fora da escola, maior

será o retrocesso nas aprendizagens e maior a probabilidade de

aumento do abandono escolar.

A reabertura das escolas, segundo a recente experiência

internacional, deve ser segura e consistente de acordo com as

orientações das autoridades sanitárias locais e das diretrizes

definidas pelos sistemas de ensino. Em geral, as experiências

internacionais recomendam as seguintes diretrizes:

• Coordenação de ações entre os entes federados, em especial

entre o governo central, Estados e Municípios; e, no contexto

local, entre o estado e seus municípios para assegurar maior

efetividade e segurança do processo;

• Análise criteriosa do contexto local e coordenação de ações

intersetoriais envolvendo as áreas de educação, saúde e

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assistência social para a definição dos protocolos de retorno às

aulas;

• Medidas de proteção à comunidade escolar, sobretudo aos

alunos, funcionários, professores e suas famílias, a partir de

uma avaliação dos beneficios e riscos associados a questões

sociais e econômicas no processo de reabertura;

• Prioridade ao acolhimento dos estudantes e cuidados com

aspectos sócio-emocionais no retorno às atividades

presenciais, considerando também os traumas emocionais que

podem afetar alunos e educadores durante a crise da

pandemia. Atenção especial deve ser dada aos estudantes mais

vulneráveis;

• Mapeamento geral da situação local: antes da reabertura,

recomenda-se às autoridades educacionais locais a realização

de um levantamento dos efeitos da pandemia nas

comunidades escolares para identificar casos de estudantes

que sofreram perdas familiares; professores e profissionais da

educação afetados pela COVID-19;

• Monitoramento: mapeamento das condições de acesso dos

alunos às atividades não presenciais e levantamento dos

estudantes que não tiveram acesso às atividades e, quando

possível, recomenda-se uma avaliação formativa do processo

de aprendizagem durante o período de isolamento;

• Comunicação: o planejamento da reabertura deve ser

acompanhado por intensa comunicação com as famílias, os

alunos, os professores e profissionais de educação, explicando

com clareza os critérios adotados no retorno gradual das

escolas e os cuidados com as questões de segurança sanitária;

• Investimento nas escolas: as autoridades locais e gestores

escolares devem assegurar os investimentos necessários em

água, higiene, lavatórios, máscaras etc. É importante

considerar a possibilidade de nova onda da pandemia,

eventual necessidade de fechamento de escolas e a

manutenção das atividades não presenciais;

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• Cuidados específicos com a merenda e transporte escolar:

considerando o risco potencial de ampliação das

possibilidades de contaminação existentes durante a entrega e

consumo dos alimentos a serem consumidos e do

distanciamento entre estudantes dentro dos ônibus, além da

movimentação das crianças e jovens dentro do município.

Reorganização da merenda escolar, atenção especial aos

talheres, pratos e alimentação;

• Orientações claras e planejamento organizacional

adaptativo: a volta às aulas deve ser gradual, por etapas ou

níveis. Em geral, as medidas são definidas por meio de

protocolos que envolvem questões como distanciamento fisico

dos estudantes, cuidado com aglomerações, escalonamento de

horários de entrada e saída, reorganização do horário de

merenda, protocolos de higiene, uso de máscaras, lavagem das

mãos com frequência; proteção aos funcionários mais velhos.

Intervalos e recreios alternados, atenção ao uso dos banheiros.

Recomenda-se janelas e portas abertas na sala de aula e nos

espaços coletivos de atividades;

• Etapas e níveis de ensino priorizados na abertura: Cabe aos

sistemas de ensino, redes e às escolas definir as prioridades das

etapas e níveis de ensino priorizados no processo gradual de

retorno, bem como planejar a reorganização das turmas. Em

geral, as experiências internacionais priorizam o retorno dos

alunos de educação infantil, dos anos iniciais e do final do

ensino médio no retorno às aulas. Convém ressaltar que em

muitos países não há oferta de creche em seus sistemas de

ensino. Não há consenso sobre as etapas a serem priorizadas;

• Retorno gradual em geral, prioriza-se o retorno dos alunos

menores (educação infantil e anos iniciais) devido à falta de

maturidade desses alunos para atividades não presenciais e da

necessidade de os pais voltarem ao trabalho. Prioridade

também aos alunos de final de ciclo (9º Ano e 3º Ano do ensino

médio) que precisam concluir a etapa, assim como aos alunos

mais vulneráveis, orientação específica aos alunos a partir do

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5º ano, que poderão frequentar a escola em dias alternados, por

semana, complementados por atividades não presenciais;

• Número limitado de alunos por sala de aula. Redistribuição

dos alunos; reorganização dos horários e dias de atendimento

aos alunos e às famílias, de acordo com os protocolos locais;

• Organização dos espaços fisicos para professores e

funcionários das escolas;

• Formação e capacitação de professores e funcionários: é

essencial a preparação sócio emocional de todos os professores

e funcionários que poderão enfrentar situações excepcionais na

atenção aos alunos e respectivas famílias; preparação da

equipe para a administração logística da escola; formação de

professores alfabetizadores; formação de professores para as

atividades não presenciais; uso de métodos inovadores e

tecnologias de apoio ao professor;

• Avaliação: planejamento da avaliação formativa e

diagnóstica; revisão de critérios de promoção dos estudantes;

avaliações para efeito de decisões de final de ciclo; redefinição

de critérios de reprovação; atenção às avaliações externas com

foco nos conteúdos e objetivos de aprendizagem efetivamente

cumpridos pelas escolas;

• Flexibilização Curricular e Acadêmica: revisão do currículo

proposto e seleção dos objetivos ou marcos de aprendizagem

essenciais previstos para o calendário escolar de 2020-2021;

foco nas competências leitora e escritora, raciocínio lógico

matemático, comunicação e solução de problemas. Planejar

período integral ou carga horária maior para o ano escolar de

2020-2021; planejamento curricular para cumprir objetivos de

aprendizagem não oferecidos em 2020.

Segue abaixo quadro apresentado pela Secretaria de Educação

Básica do Ministério da Educação (SEB/MEC), com resumo dos

modelos de retorno às aulas presenciais identificados na

experiência internacional:

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Planejamento de Aulas

Modelos de Retorno: Ensino e Conteúdos:

intermitente – presencial em

alguns dias;

alternado – grupos alternando

frequência presencial;

excepcional – somente

determinados grupos de alunos

retornam presencialmente

(alunos sem possibilidade de

acesso remoto);

integral – retorno de todos os

alunos;

virtual – casos em que não é

possível o retorno do aluno

presencialmente (risco de

contaminação, contágio, doença

pré-existente);

híbrido – utilização de mais de

uma estratégia de retorno.

Atenção na seleção de

conteúdos e de didáticas

adequadas ao contexto de

distanciamento social;

Formação e orientação para

professores; Orientação aos

pais;

Orientação para elaboração de

aulas e atividades:

- Presenciais;

- On-line.

6. Diretrizes e Orientações Pedagógicas do Parecer CNE/CP nº

5/2020.

Importante ressaltar que as principais diretrizes e orientações

do referido parecer sobre a Reorganização do Calendário Escolar já

indicavam medidas importantes para subsidiar o planejamento de

volta às aulas, muitas delas alinhadas às recomendações

observadas na recente experiência internacional. Além de destacar

a autonomia dos entes federados na reorganização dos calendários,

o parecer indica aspectos estratégicos a serem observados no

processo de reabertura das escolas, como se depreende dos itens

aqui reproduzidos.

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De acordo com o Parecer CNE/CP nº 5/2020, o item 2.1 Dos

Direitos e Objetivos de Aprendizagem, destaca que:

[…]

A principal finalidade do processo educativo é o atendimento dos

direitos e objetivos de aprendizagem previstos para cada etapa

educacional que estão expressos por meio das competências

previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e

desdobradas nos currículos e propostas pedagógicas das instituições

ou redes de ensino de Educação Básica ou pelas Diretrizes

Curriculares Nacionais e currículos dos cursos das instituições de

educação superior e de educação profissional e tecnológica.

O ponto chave ao se discutir a reorganização das atividades

educacionais por conta da pandemia situa-se em como minimizar os

impactos das medidas de isolamento social na aprendizagem dos

estudantes considerando a longa duração da suspensão das

atividades educacionais de forma presencial nos ambientes escolares.

A legislação educacional e a própria BNCC admitem diferentes

formas de organização da trajetória escolar, sem que a segmentação

anual seja uma obrigatoriedade. Em caráter excepcional, é possível

reordenar a trajetória escolar reunindo em “continuum” o que

deveria ter sido cumprido no ano letivo de 2020 com o ano

subsequente. Ao longo do que restar do ano letivo presencial de 2020

e do ano letivo seguinte, pode-se reordenar a programação

curricular, aumentando, por exemplo, os dias letivos e a carga

horária do ano letivo de 2021, para cumprir, de modo continuo, os

objetivos de aprendizagem e desenvolvimento previstos no ano

letivo anterior. Seria uma espécie de “ciclo emergencial”, ao abrigo

do art. 23, “caput”, da Lei no. 9.394, de 1996.

Obviamente, isto não pode ser feito para os estudantes que se

encontram nos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio.

Para esses, serão necessárias medidas especificas relativas ao ano

letivo de 2020. As soluções possíveis dependerão das decisões de

reorganização dos calendários escolares dos sistemas de ensino e da

adequada preparação dos professores.

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Mais adiante, o item 2.17 do referido parecer estabelece

diretrizes para a reorganização dos calendários escolares,

reproduzido a seguir:

[...]

Preliminarmente, deve-se levar em consideração que existem várias

implicações para uma norma nacional sobre reorganização do

calendário escolar:

1. O período de suspensão das aulas é definido por cada ente

federado por meio de decretos de cada Estado ou Município.

Portanto, pode-se ter situações muito diferentes de reposição em

cada parte do Brasil;

2. Qualquer limitação que se fizer no formato da reposição/ajuste

dos calendários deve considerar que será aplicada não apenas para

as escolas públicas, mas também para as escolas particulares que

possuem uma dinâmica completamente diferente;

3. Muitas redes públicas têm encontrado soluções para a situação,

ainda que reconhecendo que não são perfeitas. Cabe respeitar o que

está acontecendo;

4. Existe um esforço nacional de várias entidades para

criar condições de estudo e desenvolvimento de atividades

pedagógicas para as crianças ao longo deste período de forma não

presencial;

5. A nota de esclarecimento do CNE procura, no limite do possível,

indicar que cada sistema deve encontrar a melhor solução para seu

caso em particular ao mesmo tempo em que reforça o disposto na lei,

decretos e normas existentes e realça que padrões de qualidade

devem ser mantidos;

6. Existe, no âmbito de cada Estado, o acompanhamento do

Ministério Público para evitar abusos;

7. É importante que as escolas e sistemas de ensino planejem

cuidadosamente o retorno às aulas considerando o contexto bastante

adverso do período de isolamento social e mantenham um sistema

de comunicação permanente com as famílias; e

8. Considerando a probabilidade de que ocorra evasão escolar, que

seja realizado um esforço de busca ativa dos estudantes ao fim do

período de suspensão das aulas.

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Assim, o CNE reitera que a normatização da reorganização do

calendário escolar de todos os níveis e etapas da educação nacional,

para fins de cumprimento da carga horária mínima anual prevista

na LDB em seus artigos 24 e 31, nas Diretrizes Curriculares

Nacionais e nos currículos dos cursos de ensino superior, é de

competência de cada sistema de ensino.

Para reorganização do calendário escolar, os sistemas de

ensino deverão observar, além do disposto neste parecer, os demais

dispositivos legais e normativos relacionados a este tema.

Além disso, o uso de meios digitais por parte das crianças deve

observar regulamentação própria da classificação indicativa

definida pela justiça brasileira e leis correlatas.

O cumprimento da carga horária mínima prevista poderá ser

feita por meio das seguintes alternativas, de forma individual ou

conjunta:

1. reposição da carga horária de forma presencial ao final do

período de emergência;

2. cômputo da carga horária de atividades pedagógicas não

presenciais realizadas enquanto persistirem restrições sanitárias

para presença de estudantes nos ambientes escolares coordenado

com o calendário escolar de aulas presenciais; e

3. cômputo da carga horária de atividades pedagógicas não

presenciais (mediadas ou não por tecnologias digitais de

informação e comunicação), realizadas de forma concomitante ao

período das aulas presenciais, quando do retorno às atividades.

A reposição de carga horária de forma presencial se dará pela

programação de atividades escolares no contraturno ou em datas

programadas no calendário original, como dias não letivos,

podendo se estender para o ano civil seguinte.

Por atividades pedagógicas não presenciais, entende-se o

conjunto de atividades realizadas com mediação tecnológica ou

não, a fim de garantir atendimento escolar essencial durante o

período de restrições para realização de atividades escolares com a

presença fisica de estudantes na unidade educacional da educação

básica ou do ensino superior.

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Além disso, o CNE orienta que cada sistema de ensino, ao

normatizar a reorganização dos calendários escolares para as

instituições ou redes de ensino a eles vinculados, deve considerar:

1. Que a reorganização do calendário escolar deve assegurar

formas de alcance das competências e objetivos de aprendizagem

relacionados à BNCC e/ou proposta curricular de cada sistema,

rede ou instituição de ensino da educação básica ou superior por

todos os estudantes;

2. Que a reorganização do calendário escolar deve levar em

consideração a possibilidade de retorno gradual das atividades

com presença fisica dos estudantes e profissionais da educação na

unidade de ensino, seguindo orientações das autoridades

sanitárias;

3. Que as instituições ou redes de ensino devem destinar, ao

final da suspensão das aulas, períodos no calendário escolar para:

a) realizar o acolhimento e reintegração social dos professores,

estudantes e suas famílias, como forma de superar os impactos

psicológicos do longo período de isolamento social. Sugere-se,

aqui, a realização de um amplo programa de formação dos

professores para prepará-los para este trabalho de integração. As

atividades de acolhimento devem, na medida do possível, envolver

a promoção de diálogos com trocas de experiências sobre o período

vivido (considerando as diferentes percepções das diferentes faixas

etárias) bem como a organização de apoio pedagógico, de

diferentes atividades fisicas e de ações de educação alimentar e

nutricional, entre outros;

b) realizar uma avaliação diagnóstica de cada criança por meio

da observação do desenvolvimento em relação aos objetivos de

aprendizagem e habilidades que se procurou desenvolver com as

atividades pedagógicas não presenciais e construir um programa

de recuperação, caso necessário, para que todas as crianças possam

desenvolver, de forma plena, o que é esperado de cada uma ao fim

de seu respectivo ano letivo. Os critérios e mecanismos de avaliação

diagnóstica deverão ser definidos pelos sistemas de ensino, redes

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de escolas públicas e particulares, considerando as especificidades

do currículo proposto pelas respectivas redes ou escolas;

c) organizar programas de revisão de atividades realizadas

antes do período de suspensão das aulas, bem como de eventuais

atividades pedagógicas realizadas de forma não presencial;

d) assegurar a segurança sanitária das escolas, reorganizar o

espaço fisico do ambiente escolar e oferecer orientações

permanentes aos alunos quanto aos cuidados a serem tomados nos

contatos fisicos com os colegas, de acordo com o disposto pelas

autoridades sanitárias;

e) garantir a sistematização e registro de todas as atividades

pedagógicas não presenciais, durante o tempo de confinamento,

para fins de comprovação e autorização de composição de carga

horária por meio das entidades competentes;

f) garantir critérios e mecanismos de avaliação ao final do ano

letivo de 2020, considerando os objetivos de aprendizagem

efetivamente cumpridos pelas escolas e redes de ensino, de modo

a evitar o aumento da reprovação e do abandono escolar.

Ao normatizar a reorganização dos calendários escolares para

as instituições ou redes de ensino, considerando a reposição de

carga horária presencialmente, deve-se considerar a previsão de

períodos de intervalos para recuperação fisica e mental de

professores e estudantes, prevendo períodos, ainda que breves, de

recesso escolar, férias e fins de semana livres.

Os sistemas de ensino deverão considerar a impossibilidade,

em algumas escolas, de realização de atividades presenciais de

reposição no contraturno para a reposição de carga horária

presencialmente, devendo, para isso, justificar as dificuldades

encontradas.

Ao deliberar sobre a possibilidade de realização de atividades

pedagógicas não presenciais, para fins de cumprimento de carga

horária mínima exigida por lei e reduzir a necessidade de

realização de reposição presencial, o sistema de ensino deve

observar:

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1. o cômputo desta carga horária apenas mediante publicação

pela instituição ou rede de ensino do planejamento das atividades

pedagógicas não presenciais, indicando:

• os objetivos de aprendizagem da BNCC relacionados ao

respectivo currículo e/ou proposta pedagógica que se pretende

atingir;

• as formas de interação (mediadas ou não por tecnologias

digitais de informação e comunicação) com o estudante para

atingir tais objetivos;

• a estimativa de carga horária equivalente para o

atingimento deste objetivo de aprendizagem considerando as

formas de interação previstas;

• a forma de registro de participação dos estudantes, inferida

a partir da realização das atividades entregues (por meio

digital durante o período de suspensão das aulas ou ao final,

com apresentação digital ou fisica), relacionadas aos

planejamentos de estudo encaminhados pela escola e às

habilidades e objetivos de aprendizagem curriculares; e

• as formas de avaliação não presenciais durante situação de

emergência ou presencial após o fim da suspensão das aulas.

2. previsão de formas de garantia de atendimento dos

objetivos de aprendizagem para estudantes e/ou instituição de

ensino que tenham dificuldades de realização de atividades

pedagógicas não presenciais;

3. realização, quando possível, de processo de formação

pedagógica dos professores para utilização das metodologias, com

mediação tecnológica ou não, a serem empregadas nas atividades

remotas; e

4. realização de processo de orientação aos pais e estudantes

sobre a utilização das metodologias, com mediação tecnológica ou

não, a serem empregadas nas atividades remotas.

Observa-se, portanto, que muitas das recomendações

propostas no Parecer CNE/CP º 5/2020 para o planejamento do

retorno às aulas seguem de perto as sugestões das diferentes

experiências internacionais mencionadas anteriormente.

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7. Recomendações e Orientações Pedagógicas para o Planejamento

da Volta às Aulas.

7.1 Recomendações Gerais para os Sistemas de Ensino:

Observação dos protocolos sanitários nacional e local. O

Ministério da Saúde publicou no Diário Oficial da União (DOU),

em 19 de junho, a Portaria nº 1.565, de 18 de junho de 2020, que

estabelece as diretrizes gerais e orientações gerais visando à

prevenção, ao controle e à mitigação da transmissão da COVID-19,

e à promoção da saúde fisica e mental da população brasileira, de

forma a contribuir com as ações para a retomada das atividades e

o convívio social seguro. A portaria estabelece que cabe às

autoridades locais e aos órgãos de saúde locais decidir, após

avaliação do quadro epidemiológico e capacidade de resposta da

rede de atenção à saúde, quanto à retomada das atividades, que

deve ocorrer de forma segura, gradativa, planejada, regionalizada,

monitorada e dinâmica de forma a preservar a saúde e a vida das

pessoas. Os setores das diferentes atividades devem elaborar e

divulgar protocolos específicos de acordo com os riscos avaliados

para o setor, respeitando as especificidades e características de cada

setor e as características locais. O MEC publicou um protocolo de

biossegurança para retorno das atividades nas Instituições Federais

de Ensino no dia 1º de julho de 2020, estabelecendo medidas de

proteção e prevenção à COVID-19, como instrumento de apoio no

retorno gradual das atividades, com manutenção de um ambiente

seguro e saudável para alunos, servidores e colaboradores.

Coordenação e cooperação de ações entre os níveis de

governo: os governos federal, estaduais e municipais devem apoiar

as escolas e redes de ensino assegurando os recursos necessários

para o enfrentamento dos efeitos da crise sanitária. A articulação

colaborativa entre os entes federados é essencial para a definição

das estratégias de ação de forma a garantir às redes públicas

condições de adaptação das escolas às determinações dos

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protocolos sanitários locais e fazer frente às necessidades

operacionais impostas pela pandemia.

Estabelecimento de Redes Colaborativas entre níveis

educacionais e entidades públicas e particulares: com o objetivo de

desenvolver estratégias curriculares comuns, compartilhamento de

infraestrutura, estratégias avaliativas, organização de processos

integrados de capacitação e docente e ordenamento de ações e

rotinas destinadas ao processo atual e à perspectiva de retorno às

atividades pedagógicas ou aulas presenciais. A organização de

redes de cooperação deverá proporcionar, também na pós

pandemia, um formato continuo de cooperação entre sistemas,

níveis de formação, formação continuada de professores e

cooperação curricular.

Coordenação territorial: Estados, municípios, sistemas de

ensino e escolas devem criar protocolos e regras a serem

observadas. Os protocolos do Consed e da Undime recomendam a

constituição de comitês estaduais articulados com seus respectivos

municípios. A Undime recomenda também a organização, em cada

município, de uma Comissão Municipal de gerenciamento da

Pandemia e Comissões Escolares. A coordenação territorial de

ações intersetoriais de educação, saúde e assistência social é

fundamental para assegurar a segurança sanitária e condições

adequadas de atendimento, objetivando o retorno gradual.

Estabelecimento do calendário de retorno: Autoridades locais

e estaduais têm competência e responsabilidade para definir

medidas de relaxamento da quarentena. Não há uma solução

única. É importante a coordenação de ações nos estados e nos

municípios, em base territorial, considerando os diferentes

impactos e tendências da pandemia. Cabe a cada estado ou

município definir o calendário de retorno, considerando o ritmo e

intensidade da pandemia em cada localidade. A cooperação entre

os entes federados deve identificar quais os riscos envolvidos na

volta às aulas e, quando possível, organizar um mapeamento dos

riscos locais e/ou regionais.

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Planejamento do calendário de retorno: Deve-se considerar

também a necessidade de se garantir a saúde do ecossistema

educacional do território que envolve não apenas as instituições

públicas, mas também instituições privadas de ensino. Como o

financiamento destas últimas se dá por meio das mensalidades

escolares regidas pelos contratos de prestação de serviços

educacionais anuais, um eventual planejamento do calendário de

retorno que tenha a previsão do prolongamento de atividades

educacionais do ano letivo de 2020 para o ano de 2021, poderá

ensejar em desorganização dos contratos e do fluxo financeiro

destas instituições acarretando em descontinuidade das atividades

de diversas instituições de ensino.

Da mesma forma, deve-se considerar a situação das

instituições de educação superior, de ensino técnico e da Educação

de Jovens e Adultos (EJA) que possuem seus calendários

acadêmicos, via de regra, organizados de forma semestral. Assim,

sugere-se uma avaliação da possibilidade de retorno diferenciado

para instituições privadas tanto de educação básica como de ensino

superior, bem como para instituições públicas e privadas de ensino

técnico e de EJA.

Comunicação: é essencial uma ampla divulgação dos

calendários, protocolos e esquemas de reabertura. Os sistemas de

ensino, redes de ensino e escolas devem preparar informes claros

de comunicação permanente com as famílias, estudantes e

professores: antes, durante e depois da reabertura. A comunicação

permanente com os estudantes, as famílias e profissionais de

educação é crucial para o planejamento do calendário escolar de

2020-2021, como também para esclarecer a população acerca dos

cuidados sanitários essenciais na prevenção à COVID-19.

Formação e capacitação de professores e funcionários: é

essencial a preparação sócio emocional de todos os professores e

funcionários que poderão enfrentar situações excepcionais na

atenção aos alunos e respectivas famílias, como também a

preparação da equipe para a administração logística da escola. A

formação de professores alfabetizadores; a formação de professores

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para as atividades não presenciais; a capacitação de professores

para o uso de métodos inovadores e tecnologias de apoio são

também ações indispensáveis do replanejamento curricular no

contexto pós pandemia.

Acolhimento: a organização do retorno deve dar atenção

especial a todos os alunos considerando as questões

socioemocionais que podem ter afetado muitos estudantes,

famílias e profissionais da escola durante o isolamento. É

importante fortalecer os vínculos socioafetivos entre estudantes,

professores e comunidade; preparar as equipes escolares para o pós

pandemia; e, estimular o engajamento das famílias para que

participem da trajetória do aprendizado dos estudantes. O diálogo

com os estudantes e suas respectivas famílias e a troca de

experiências entre os professores a respeito de boas práticas de

atividades não presenciais são essenciais na retomada.

Planejamento das atividades de recuperação dos alunos: as

escolas deverão encontrar maneiras de atender as necessidades de

todos os estudantes. Os planos das redes de ensino e escolas

deverão definir diferentes estratégias para atender as diferentes

necessidades dos alunos, mediante a aplicação de avaliações

diagnósticas que subsidiem o trabalho dos professores. As redes de

ensino e escolas poderão utilizar estratégias não presenciais para a

reposição a recuperação da aprendizagem em complementação às

atividades presenciais de acompanhamento dos alunos.

Importante lembrar que a aprendizagem não acontece somente

dentro do ambiente escolar. Aprender a gerenciar vários espaços e

a integrá-los de forma aberta, equilibrada e inovadora é essencial.

As atividades remotas e o acompanhamento das práticas, dos

projetos e das experiências, que ligam o estudante ao mundo que o

cerca, podem integrar a carga horária dos diferentes componentes

curriculares, flexibilizando o tempo de presença em sala de aula e

incrementando outros tempos de aprendizagem.

Flexibilização acadêmica: A flexibilização curricular deverá

considerar a possibilidade de planejar um continuum curricular de

2020-2021, quando não for possível cumprir os objetivos de

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aprendizagem previstos no calendário escolar de 2020, como

indicado no Parecer CNE/CP nº 5/2020. É importante que o

replanejamento curricular do calendário de 2020 considere as

competências da BNCC e selecione os objetivos de aprendizagem

mais essenciais relacionados às propostas curriculares das redes e

escolas e, no caso de opção para continuidade de 2020-2021, as

instituições deverão definir o planejamento de 2021 incluindo os

objetivos de aprendizagem não cumpridos no ano anterior.

Recomenda-se também a flexibilização dos materiais e recursos

pedagógicos; ênfase no ensino híbrido e o aprendizado com base

em competências de acordo com as indicações da BNCC.

Coordenação do Calendário de 2020-2021: É importante prever

a possibilidade de antecipar o início do ano letivo de 2021 para

assegurar o desenvolvimento dos objetivos de aprendizagem que

porventura não tenham sido cumpridos no ano de 2020, de forma

a garantir as aprendizagens futuras, o pleno desenvolvimento das

competências e habilidades da BNCC e a formação integral de

todos os estudantes. Isso significa a possibilidade de ampliação dos

dias letivos do calendário escolar de 2021, tal como prevê a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e a BNCC, por meio

da antecipação do início do ano letivo, ampliação da carga horária

diária como também pela continuidade das atividades remotas em

complementação às aulas presenciais. Os debates sobre a Medida

Provisória (MP) nº 934 no Congresso Nacional discutem também a

possibilidade de que a integralização da carga horária mínima do

ano letivo de 2020 possa ser feita em 2021, inclusive por meio da

adoção de um continuum de duas séries ou anos escolares.

Importante ressaltar a não obrigatoriedade de um continuo

curricular de 2020-2021. Trata-se de uma sugestão de reorganização

do calendário, a depender das condições de cumprimento do

calendário de 2020 de cada sistema, rede, escola pública ou

particular.

Flexibilização regulatória: Um dos pontos mais importantes

para a reorganização dos calendários escolares e replanejamento

curricular de 2020-2021 é a revisão dos critérios adotados nos

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processos de avaliação com o objetivo de evitar o aumento da

reprovação e do abandono escolar. O CNE reconhece que as

decisões acerca dos critérios de promoção são de exclusiva

competência dos sistemas de ensino, das redes e de instituições, no

âmbito da autonomia respectiva. No entanto, recomenda

fortemente adoção de medidas que minimizem a evasão e a

retenção escolar neste ano de 2020. Os estudantes não podem ser

mais penalizados ainda no pós pandemia.

Flexibilização da frequência escolar presencial: Recomenda-se

a possibilidade de opção das famílias pela continuidade das

atividades não presenciais nos domicílios em situações específicas,

como existência de comorbidade entre os membros da família ou

outras situações particulares, que deverão ser avaliadas pelos

sistemas de ensino e escolas.

7.2 Monitoramento, Avaliação e Estratégias de Recuperação

Monitoramento: Durante o período de isolamento e

fechamento das escolas, a direção da escola ou rede de ensino deve

verificar se as atividades não presenciais foram recebidas, se os

alunos estão ou não acompanhando as atividades propostas,

identificar as dificuldades encontradas. O ideal é fazer um

mapeamento das condições de acesso dos alunos às atividades não

presenciais a partir do segundo ano do ensino fundamental. Caso

os alunos não tenham condições de serem monitorados durante o

período de isolamento, sugere-se que as escolas façam um

levantamento da situação no retorno às aulas presenciais e definam

estratégias de recuperação da aprendizagem com base na avaliação

de cada caso.

Registro de Atividades Não Presenciais: Todas as escolas

devem organizar um registro detalhado das atividades

desenvolvidas durante o fechamento das escolas; apresentar uma

descrição das atividades relacionadas aos objetivos de

aprendizagem da BNCC de acordo com a proposta curricular da

escola, rede ou sistema de ensino, considerando a equivalência das

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atividades propostas em relação ao cumprimento dos objetivos

propostos no currículo, para cada ano e componente curricular. O

registro das atividades não presenciais durante o isolamento é

fundamental para a reorganização do calendário e computo da

equivalência de horas cumpridas em relação às 800 horas previstas

na legislação, quando for o caso, tal como prevê o Parecer CNE/CP

nº 5/2020.

Currículos e Marcos de Aprendizagem: O Consed está

preparando documentos de orientação pedagógica para o retorno

às aulas da rede pública, o qual será posteriormente discutido com

a Undime, para uma maior participação das equipes das secretarias

e parceiros. As propostas destacam os marcos de aprendizagem na

reformulação da proposta pedagógica. As entidades, redes e

escolas do setor privado também estão preparando documentos

detalhados de replanejamento curricular. Algumas secretarias

estaduais já definiram as diretrizes pedagógicas de retorno às

aulas, como por exemplo São Paulo; Rio Grande do Sul; Mato

Grosso do Sul; Minas Gerais, entre outras. A proposição de marcos

de aprendizagem e o replanejamento curricular das redes e escolas

devem seguir diretrizes de acordo com as suas respectivas

propostas curriculares articuladas às competências e objetivos de

aprendizagem estabelecidos na BNCC. A criatividade da gestão

pedagógica das escolas e das boas práticas docentes são essenciais

neste processo.

7.3 Avaliação Diagnóstica e Formativa

A avaliação diagnóstica e formativa dos alunos no retorno às

aulas presenciais busca avaliar o que o aluno aprendeu e quais as

lacunas de aprendizagem. Recomenda-se que as avaliações sejam

realizadas pelas escolas e utilizem questões abertas, além dos testes

de múltipla escolha, podendo ocorrer de vários modos:

• Avaliações normalmente aplicadas pelas escolas ao final do

bimestre ou trimestre, para identificar as lacunas do

aprendizado que orientem o plano de recuperação dos alunos

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que não atingiram os objetivos propostos por meio das

atividades não presenciais no período de isolamento.

• Utilização de portfólio, onde registram-se as evidências de

aprendizagem que poderão subsidiar a avaliação formativa,

tais como: projetos, pesquisas, atividades em grupo,

participação em bandas, corais, peças de teatro, danças,

fotografias, filmagem dentre outras possibilidades;

• Prioridade à avaliação da leitura, escrita, raciocínio lógico-

matemático, comunicação e solução de problemas;

• Definição de projetos de pesquisa para um grupo de alunos;

avaliação da leitura de livros indicados no período de

isolamento;

• Avaliação formativa para identificar quais competências e

habilidades foram desenvolvidas pelos alunos durante o

período de isolamento, como os alunos lidaram com as

atividades não presenciais, quais as dificuldades encontradas;

• Caberá ao professor, com base nas diretrizes e orientações

da escola ou rede de ensino, implementar a estratégia de

avaliação diagnóstica a ser adotada e alinhada aos objetivos de

aprendizagem da BNCC relacionadas ao currículo da escola;

• Recomenda-se que as avaliações diagnósticas externas

sejam implementadas somente após o período de acolhimento

e da avaliação formativa dos alunos feitas nas escolas no

contexto de reorganização das rotinas escolares. Ou seja,

avaliações diagnósticas externas devem ser realizadas quando

o ambiente escolar estiver adaptado à nova situação pós

isolamento. Recomenda-se evitar situações de tensão e stress

nos primeiros dias de retorno às aulas presenciais;

• Atenção especial à avaliação formativa e diagnóstica das

seguintes etapas: transição dos anos iniciais para os anos finais,

na medida em que o sexto ano representa uma transição

complexa na vida dos estudantes.

5º e 9º anos: recomenda-se especial atenção aos critérios de

promoção do 5º e 9º anos, por meio de avaliações, projetos, provas

ou exames que cubram rigorosamente somente os conteúdos e

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objetivos de aprendizagem que tenham sido efetivamente

cumpridos pelas escolas.

Avaliação da Alfabetização: As crianças dos anos iniciais em

processo de alfabetização devem receber uma atenção maior para

evitar déficits futuros de aprendizado e garantir o seu

desenvolvimento integral. Considerada uma das fases mais

delicadas e importantes da vida escolar, a alfabetização depende de

um trabalho continuo de estimulo, análise e conhecimento de quem

vai ensinar. É bastante provável que um número significativo de

crianças apresente algum tipo de prejuízo acadêmico neste ano de

pandemia. O planejamento do ano letivo para a alfabetização

presencial obrigou as escolas a se adaptarem emergencialmente

para reduzir os danos. Importante destacar as dificuldades da

oferta de atividades não presenciais para crianças de 6 (seis) anos

frequentando o primeiro ano de alfabetização formal. A BNCC

prevê que a alfabetização deve ser consolidada até o final do

segundo ano. O retorno às aulas deverá prever um processo de

adaptação e revisão do currículo de alfabetização, além de uma

avaliação diagnóstica cuidadosa para identificar até onde as

crianças conseguiram avançar e quais as dificuldades que deverão

ser repostas nas aulas presenciais. A avaliação diagnóstica

individual das crianças do 1º e 2º anos em fase de alfabetização em

leitura, escrita e matemática, devem ser consideradas prioritárias

no retorno às aulas presenciais para evitar prejuízos que poderão

afetar a vida escolar de toda uma geração.

7.4 Avaliação Somativa:

As avaliações somativas internas da escola deverão considerar

o currículo efetivamente cumprido no ano de 2020. Recomenda-se

evitar avaliações externas para efeito de avaliação do desempenho

das redes ou sistemas de ensino em 2020. É importante garantir

uma avaliação equilibrada dos estudantes em função das diferentes

situações enfrentadas em cada sistema de ensino, assegurando as

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mesmas oportunidades a todos que participam das avaliações em

âmbitos municipal, estadual e nacional.

As avaliações e exames de conclusão do ano letivo de 2020 das

escolas deverão levar em conta os conteúdos curriculares

efetivamente oferecidos aos estudantes, considerando o contexto

excepcional da pandemia, com o objetivo de evitar o aumento da

reprovação e do abandono escolar. É importante registrar que

vários países, entre eles a Itália e vários estados americanos

aprovaram leis que impedem a reprovação de alunos no ano de

2020. O maior desafio é evitar o abandono escolar e reconhecer o

esforço dos estudantes e equipes escolares para garantir o processo

de aprendizagem durante a pandemia, em condições bastante

adversas.

7.5 Exames de final de ano (promoção):

Atenção especial deve ser dada aos estudantes que estão

cursando os anos das etapas finais do ensino fundamental e médio.

Concluintes do ensino médio, cursando o 3º ano, deverão ter a

oportunidade de recuperação necessária para submeter-se a

exames que lhes garantam o certificado de conclusão da educação

básica, de modo a não serem prejudicados em relação aos seus

objetivos futuros de ingresso no mercado de trabalho ou de acesso

ao ensino superior.

De outra parte, o projeto de lei de conversão da MP nº 934

prevê a possibilidade de ofertar o 4º ano de ensino médio, de modo

a não prejudicar os alunos concluintes e oferecer nova

oportunidade de aprendizagem. Alunos cursando as etapas finais

do ensino fundamental necessitam de programa específico de

recuperação que garanta a conclusão dos anos iniciais e/ou dos

anos finais para prosseguir nas etapas posteriores. Em geral, alunos

do 5º e do 9º anos costumam mudar de escola ou de sistema de

ensino, migrando das escolas municipais para as redes estaduais

de ensino ou particulares.

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A possibilidade de um calendário de 2020-2021 para os alunos

em final de ciclo ou etapa de ensino deve ser cuidadosamente

avaliada nestes casos. Considerando o cenário educacional do país,

o CNE faz a recomendação de que cada instituição ou rede de

ensino avalie cuidadosamente os impactos da reprovação dos

estudantes ao final do ano letivo de 2020, considerando que muitas

das lacunas de aprendizagem que ocorrerão neste ano, em virtude

das restrições impostas pela pandemia da COVID-19 no processo

educacional, deverão ser recuperadas nos anos seguintes, em

particular em 2021.

Por fim, destacam-se as recomendações do item 2.16 do

Parecer CNE/CP nº 5/2020:

[...]

2.16 Sobre avaliações e exames no contexto da situação de

pandemia - Sugere-se que as avaliações nacionais e estaduais

considerem as ações de reorganização dos calendários de cada

sistema de ensino para o estabelecimento de seus

cronogramas. É importante garantir uma avaliação equilibrada

dos estudantes em função das diferentes situações que serão

enfrentadas em cada sistema de ensino, assegurando as

mesmas oportunidades a todos que participam das avaliações

em âmbitos municipal, estadual e nacional. Não obstante, faz-

se necessário ressaltar que os ajustes propostos neste parecer

não possuem o condão de impedir, inviabilizar ou prejudicar,

de qualquer forma ou por qualquer meio, a realização do

ENEM. É cediço que o ENEM é uma política pública perene e

consolidada, não suscetivel a retrocessos ou a incertezas.

Ademais, as ações empreendidas no âmbito do ENEM são

prerrogativas privativas do Inep, que sob a supervisão do

Ministério da Educação, reveste-se na instância competente

para executar todas as etapas conexas ao certame, conforme

disposto no art. 8º. do Decreto nº 9.432, de 29 de junho de

2018.Sugere-se também que os sistemas de ensino

desenvolvam instrumentos avaliativos que possam subsidiar o

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trabalho das escolas e dos professores, tanto no período de

realização de atividades pedagógicas não presenciais como no

retorno às aulas presenciais, a saber: • criar questionário de autoavaliação das atividades ofertadas aos

estudantes no período de isolamento;

• ofertar, por meio de salas virtuais, um espaço aos estudantes para

verificação da aprendizagem de forma discursiva;

• elaborar, após o retorno das aulas, uma atividade de sondagem

da compreensão dos conteúdos abordados de forma remota;

• criar, durante o período de atividades pedagógicas não

presenciais, uma lista de exercícios que contemplam os conteúdos

principais abordados nas atividades remotas;

• utilizar atividades pedagógicas construídas (trilhas, materiais

complementares etc.) como instrumentos de avaliação diagnóstica,

mediante devolução dos estudantes, por meios virtuais ou após

retorno das aulas;

• utilizar o acesso às videoaulas como critério avaliativo de

participação através dos indicadores gerados pelo relatório de uso;

• elaborar uma pesquisa cientifica sobre um determinado tema com

objetivos, hipóteses, metodologias, justificativa, discussão teórica e

conclusão;

• criar materiais vinculados aos conteúdos estudados: cartilhas,

roteiros, história em quadrinhos, mapas mentais, cartazes; e

• realizar avaliação oral individual ou em pares acerca de temas

estudados previamente.

8. Orientações para o Atendimento ao Público da Educação

Especial:

Compete à área da Educação Especial, especificamente, o

Atendimento Educacional Especializado (AEE), assim, o retorno à

escola do público da Educação Especial deve seguir as mesmas

orientações gerais, de acordo com o poder regulatório próprio dos

sistemas de ensino federal, dos estados, do Distrito Federal e dos

municípios que possuem a liberdade de organização do fazer

pedagógico.

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Enquanto durar a situação de pandemia, somente deverão

retornar às aulas presenciais ou ao atendimento educacional

especializado por indicação da equipe técnica da escola, ou quando

os riscos de contaminação estiverem em curva descendente. O CNE

recomenda que o atendimento educacional especializado aos

estudantes de Educação Especial, incluídos aqueles com

deficiência, transtornos do espectro autista e altas habilidades ou

superdotação, seja oferecido de acordo com as seguintes

orientações:

• O atendimento deve ser ofertado, pelos sistemas de ensino,

em atividades não presenciais ou presenciais, a partir de uma

avaliação do estudante pela equipe técnica da escola. O

estudante e suas famílias devem ser contatados para informar

as possibilidades de acesso aos meios e tecnologias de

informação e comunicação;

• Os professores do Atendimento Educacional Especializado

deverão elaborar com apoio da equipe escolar, um Plano de

Ensino Individual (PEI), para cada aluno, de acordo com suas

singularidades;

• As orientações e atividades não presenciais deverão ocorrer

através de ações articuladas entre o professor do AEE e o

acompanhante (mediador presencial) no domicílio, ou com o

próprio estudante quando possível, por meio de tecnologias de

comunicação;

• Deverão ser previstas ações de apoio aos familiares ou

mediadores, na realização de atividades remotas, avaliações e

acompanhamento;

• Aos professores especializados cabe a promoção de

acessibilidade nas atividades, disponibilizando a Língua

Brasileira de Sinais (LIBRAS) para os surdos, materiais

pedagógicos acessíveis e adequados à interação e comunicação

aos alunos com outros impedimentos;

• Aos alunos com altas habilidades e superdotação deve ser

garantido acesso ao atendimento educacional especializado,

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presencial ou não presencial, considerando seu programa de

enriquecimento curricular e atividades suplementares.

8.1. Os estudantes da Educação Especial devem ser privados de

interações presenciais, considerando questões como:

• Os alunos surdos sinalizantes não podem usar máscaras,

pois as expressões faciais são elementos linguísticos da

LIBRAS, e os estudantes com deficiência auditiva que se

beneficiam de oralidade precisam fazer leitura labial;

• Os estudantes que necessitam do profissional de apoio

escolar para alimentação, higiene e locomoção ficam em risco,

pela exigência de contato fisico direto;

• Os estudantes cegos precisam de contatos diretos para

locomoção, seja com pessoas ou objetos como bengalas,

corrimões, maçanetas etc.

• Os alunos com deficiência intelectual podem apresentar

dificuldades em atendimento de regras sobre as

recomendações de higiene e cuidados gerais para evitar

contágio;

• Os estudantes com autismo têm dificuldades nas rotinas e

de obediência de regras, tocam sempre olhos e boca, além de

exigirem acompanhamentos nas atividades de vida diária;

• Os estudantes com síndromes e/ou os que apresentam

disfunções da imunidade, cardiopatias congênitas, doenças

respiratórias e outras podem ser suscetiveis a maior risco de

contaminação, por isto o contato deverá ser revestido de todos

os cuidados possíveis, inclusive com a exigência de

equipamentos de proteção individual para ambos;

• Os estudantes com comprometimento na área intelectual

podem apresentar dificuldades de compreensão e

atendimento das normas e recomendações de afastamento

social e prevenção de contaminação, por isto, o contato deverá

ser revestido de todos os cuidados possíveis, inclusive com a

exigência de equipamentos de proteção individual para

ambos;

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• Aos estudantes com deficiência fisica por lesão medular ou

encefalopatia crônica como paralisia cerebral, hemiplegias,

paraplegias e tetraplegias e outras, e aos que estão suscetiveis

à contaminação pelo uso de sondas, bolsas coletoras, fraldas e

manuseios fisicos para a higiene, alimentação e locomoção,

recomenda-se não apenas o uso de equipamento de proteção

individual, mas extrema limpeza do ambiente fisico.

8.2 Quando determinado no ambiente de cada Sistema, o retorno

das atividades escolares presenciais ao atendimento educacional

especializado deverá observar:

As orientações de trabalho e atendimento escolar e do

Atendimento Educacional Especializado, referentes ao

planejamento de aulas, orientações pedagógicas, avaliação e

estratégias de recuperação propostas nesse parecer, considerando

os direitos dos estudantes da Educação Especial, no que se refere a

apoios e suporte diferenciados para que alcancem as expectativas e

metas traçadas nos processos de ensino e aprendizagem.

A obediência rígida dos protocolos de higiene, a não

permissão de aglomerações, a avaliação das pessoas de

atendimento quanto aos sintomas do vírus e manter

distanciamentos, promovendo atividades individuais agendadas.

Considerar que estudantes autistas podem ter dificuldades

ampliadas no retorno às aulas, dado que lhes é dificil reconhecer,

estabelecer e manter os vínculos afetivos anteriormente

construídos no contexto da escola. Ademais, devem ser protegidos

de hiperestimulação visual ou auditiva e de ambientes

desorganizados.

Vale ressaltar que estudante com deficiências e/ou transtorno

do espectro autista, por razões supracitadas de maior

vulnerabilidade, não devem retornar às aulas presenciais ou

Atendimento Educacional Especializado, enquanto perdurarem os

riscos de contaminação com o coronavírus.

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9. Considerações Finais

As orientações para realização de atividades presenciais e não

presenciais no processo de reorganização dos calendários escolares

e replanejamento curricular, no contexto atual de pandemia,devem

ser consideradas como sugestões aos sistemas de ensino, redes,

escolas, professores e gestores em complementação ao Parecer

CNE/CP nº 5/2020.

Recomenda-se que as soluções encontradas, no âmbito das

autonomias dos estados e municípios, considerem o

desenvolvimento das competências e habilidades da BNCC a

serem alcançados no replanejamento curricular de 2020-2021, com

atenção especial às ações de recuperação das aprendizagens e

processos avaliativos que resgatem a confiança dos estudantes no

sucesso dos seus percursos escolares futuros.

Cumpre reiterar a importância do regime de colaboração entre

os três níveis de governo e entre os estados e seus municípios na

definição dos critérios de retorno às atividades presenciais, no

momento atual bem como a observância das condições locais da

pandemia, que obrigatoriamente nortearão as decisões das

autoridades estaduais e municipais quanto à definição do

calendário de retorno.

Ao mesmo tempo, cabe reiterar o disposto na LDB, e em

diversas normas do CNE, sobre a necessidade de que as soluções

encontradas pelos sistemas e redes de ensino sejam também

realizadas em regime de colaboração. É desejável grande esforço de

todos os atores envolvidos com a educação local e nacional na

articulação de ações para mitigar os efeitos da pandemia no

processo de aprendizagem, evitando o aumento da reprovação e da

evasão que poderão ampliar as desigualdades educacionais

existentes.

Cumpre destacar, também, a importância da formação de

professores para o uso de novas tecnologias, assim como a

necessidade de viabilizar o acesso à internet gratuita para todas as

escolas da rede pública de ensino. Não há como negar a

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importância do acesso às tecnologias existentes como rádio, TV,

internet, plataformas e blogs educacionais, para assegurar maior

equidade na formação integral de todas as crianças e jovens para o

enfrentamento dos desafios do nosso século.

Cumpre reiterar que este parecer deverá ser desdobrado em

normas específicas, a serem editadas pelos órgãos normativos de

cada sistema de ensino no âmbito de sua autonomia.

II. VOTO DA COMISSÃO

Nos termos deste parecer, a Comissão submete ao Conselho

Pleno a aprovação de Orientações para a Realização de Aulas e

Atividades Pedagógicas Presenciais, quando definido o retorno

gradual às aulas, de acordo com as autoridades sanitárias locais,

em razão da pandemia da COVID-19.

Brasília (DF), 7 de julho de 2020.

Conselheiro Luiz Roberto Liza Curi (CES/CNE) – Presidente

Conselheira Maria Helena Guimarães de Castro (CEB/CNE) –

Relatora Conselheiro Eduardo Deschamps (CEB/CNE) –

Correlator, Conselheiro Alessio Costa Lima (membro),

Conselheiro Antonio Carbonari Netto (membro), onselheiro

Antonio de Araujo Freitas Júnior (membro) e Conselheiro

Joaquim José Soares Neto (membro)

III – DECISÃO DO CONSELHO PLENO

O Conselho Pleno aprova, por unanimidade, o voto da

Comissão.

Sala das Sessões, em 7 de julho de 2020.

Conselheiro Luiz Roberto Liza Curi – Presidente

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RESOLUÇÃO CEE/CE N° 481 DE 27 DE MARÇO DE 2020 9

Dispõe sobre regime especial de atividades escolares

não presenciais no Sistema de Ensino do Estado do

Ceará, para fins de reorganização e cumprimento do

calendário letivo do ano de 2020, como medida de

prevenção e combate ao contágio do coronavírus

(COVID-19).

O Conselho Estadual de Educação (CEE), no uso de suas

atribuições legais, definidas pela Lei nº 11.014, de 09 de abril de

1985, Art. 7º, Inciso II, redefinidas pelo Art. 16 da Lei nº 13.875, de

07 de fevereiro de 2007, e com base no Decreto nº 29.159, de 16 de

janeiro de 2008, em cumprimento com as disposições contidas na

Constituição Federal, com fundamento na Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9394/96, de 20 de dezembro

de 1996, no Art. 230 da Constituição Estadual, no Decreto nº

33.510, de 16 de março de 2020, e tendo em vista, o plano de

contingência e adoção de medidas com o objetivo de reduzir os

riscos de contágio e de disseminação do coronavírus (COVID-19),

e considerando:

• a Portaria n° 188/GM/MS, de 04 de fevereiro de 2020, do

Ministério da Saúde, que declara Emergência em Saúde

Pública de Importância Nacional (ESPIN), em razão da

infecção humana pelo novo coronavírus (COVID-19);

• que no dia 11 de março do corrente ano, a Organização

Mundial de Saúde (OMS) declarou como pandemia a infecção

humana pelo novo coronavírus (COVID-19);

9 Referência do documento: CEARÁ. Conselho Estadual de Educaçãodo Ceará.

Resolução CEE/CE N° 481 de 27 de março de 2020: Dispõe sobre regime especial

de atividades escolares não presenciais no Sistema de Ensino do Estado do Ceará,

para fins de reorganização e cumprimento do calendário letivo do ano de 2020,

como medida de prevenção e combate ao contágio do coronavírus (COVID-19).

Disponível em https://www.cee.ce.gov.br

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• os termos do Decreto Estadual N°33.510 de 16 de março de

2020, que dispõe a adoção no âmbito da Administração Pública

direta e indireta, de medidas temporárias e emergenciais para

enfrentamento e contenção da infecção humana pelo novo

coronavírus (COVID-19);

• que estudos recentes demonstram que uma das principais

medidas para conter a disseminação do novo coronavírus é o

isolamento e afastamento social precoce, conforme orientação

das autoridades sanitárias;

• o impacto da pandemia do COVID-19 no fluxo do

calendário escolar, tanto na educação básica quanto no ensino

superior, bem como a perspectiva de que essas medidas da

suspensão das atividades presenciais das instituições de

ensino se prolonguem em tal extensão que inviabilize a

reposição das aulas, dentro de condições razoáveis de acordo

com o planejamento do calendário letivo de 2020;

• que no exercício da autonomia e da responsabilidade na

condução dos respectivos projetos pedagógicos e dos sistemas

de ensino, compete às autoridades dos sistemas de ensino

estaduais, municipais e distritais, em conformidade com a

legislação vigente, autorizar os cursos e o funcionamento das

instituições de ensino;

• que o artigo 23 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (LDB) estabelece no § 2° que o calendário escolar

deverá adequar-se às peculiaridades locais, inclusive

climáticas e econômicas, a critério do respectivo sistema de

ensino, sem com isso reduzir o número de horas letivas

previsto em Lei;

• que no artigo 24, inciso I, combinado com o artigo 31, da

LDB está prescrito que a carga horária mínima anual da

educação básica, nos níveis fundamental e médio, e na

educação infantil, será de 800 (oitocentas) horas, distribuídas

por um mínimo de 200 (duzentos) dias de efetivo trabalho

escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando

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houver; e no artigo 47, que na educação superior, o ano letivo

regular, independente do ano civil, tem no mínimo, 200

(duzentos) dias de trabalho acadêmico efetivo, excluído o

tempo reservado aos exames finais, quando houver;

• que o artigo 31 da LDB, combinado com a Resolução CNE

nº05/2009, na Educação Infantil, primeira etapa da Educação

Básica, deverão ser respeitadas as especificidades,

possibilidades e necessidades das crianças;

• que o artigo 80 da LDB disciplina que compete às

autoridades dos sistemas de ensino estaduais, municipais e o

distrital, no âmbito da unidade federativa, autorizar os cursos

e o funcionamento de instituições de educação na modalidade

a distância na educação básica;

• que o Parecer CNE/CEB n°05/97 prescreve que não são

apenas os limites da sala de aula propriamente ditos que

caracterizam com exclusividade a atividade escolar de que

dispõe a LDB, podendo esta se caracterizar por toda e qualquer

programação incluída na proposta pedagógica da instituição,

com frequência exigível e efetiva orientação por professores

habilitados;

• que a Portaria do MEC nº 343/2020 dispõe sobre a

substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais

enquanto durar a situação de pandemia do novo coronavírus

–COVID-19;

• que os Pareceres do CEE N°s 620/2001; 063/2008; 574/2013 e

093/2015 que dispõem acerca de calendário escolar a ser

cumprido pelas instituições de ensino.

RESOLVE:

Art. 1° Dar orientações sobre o estabelecimento de regime

especial de atividades escolares não presenciais para fins de

cumprimento do calendário letivo do ano de 2020.

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Parágrafo único – Entenda-se, nesse contexto, por atividades

escolares não presenciais aquelas realizadas sem a presença de

alunos e professores nas dependências escolares, no âmbito das

instituições ou redes de ensino públicas e privadas da educação

básica e ensino superior, pertencentes ao Sistema de Ensino do

Estado do Ceará.

Art. 2° O regime especial de atividades escolares não

presenciais poderá ser estabelecido, a critério das instituições ou

redes de ensino públicas e privadas da educação básica e ensino

superior, pertencentes ao Sistema de Ensino do Estado do Ceará a

partir de 19 de março de 2020, por período definido de acordo com

as orientações das autoridades estaduais.

Art. 3° Para atender às demandas do atual cenário, que exige

medidas severas de prevenção à disseminação do coronavírus, os

gestores das redes públicas ou das unidades escolares privadas

poderão adotar as seguintes atribuições para execução do regime

especial de aulas não presenciais:

I – planejar e elaborar, com a colaboração do corpo

docente, as ações pedagógicas e administrativas a serem

desenvolvidas durante o período em que as aulas presenciais

estiverem suspensas, com o objetivo de viabilizar material de

estudo e aprendizagem de fácil acesso, divulgação e compreensão

por parte dos alunos e familiares;

II – divulgar o referido planejamento entre os membros da

comunidade escolar;

III – preparar material específico para cada etapa e

modalidade de ensino, com facilidades de execução e

compartilhamento, como: vídeo aulas, conteúdos organizados em

plataformas virtuais de ensino e aprendizagem, redes sociais,

correio eletrônico e outros meios digitais ou não que viabilizem a

realização das atividades por parte dos estudantes, contendo,

inclusive, ndicação de sites e links para pesquisa;

IV – incluir, nos materiais para cada etapa e modalidade

de ensino, instruções para que os estudantes e as famílias

trabalhem as medidas preventivas e higiênicas contra a

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disseminação do vírus, com reforço nas medidas de isolamento

social durante o período de suspensão das aulas presenciais;

V – na Educação Infantil, primeira etapa da Educação

Básica, deverão ser respeitadas as especificidades, possibilidades

e necessidades das crianças em seus processos de

desenvolvimento e que em eventual período de atividades de

reposição devem-se promover atividades/reuniões com os

profissionais e com as famílias/responsáveis, bem como, enfatizar

e desenvolver as vivências e experiências que garantam os direitos

de aprendizagem e desenvolvimento previstos no currículo

contido no Projeto Pedagógico da instituição de ensino;

VI - organizar, a critério de cada instituição ou rede escolar,

avaliações dos conteúdos ministrados durante o regime especial

de aulas não presenciais que poderão compor nota ou conceito

para o histórico escolar do aluno;

VII – zelar pelo registro da frequência dos alunos por meio

de relatórios e acompanhamento da evolução da aprendizagem,

mediante a execução das atividades propostas, que serão

computadas como aula, para fins de cumprimento do ano letivo

de 2020;

VIII – registrar as atividades realizadas em regime especial

de aulas não presenciais para fins de certificação dos alunos, assim

como comprovação dos estudos efetivamente realizados aos

órgãos do sistema, caso demandados.

§ 1° A avaliação do conteúdo estudado nas atividades

escolares não presenciais ficará a critério do planejamento

elaborado pelo docente, podendo ser objeto de avaliação

presencial posterior, bem como ser atribuída nota ou conceito à

atividade específica realizada no período não presencial.

§ 2° As atividades que eventualmente não puderem, sem

prejuízo pedagógico, ser realizadas por meio de atividades não

presenciais no período deste regime especial deverão ser

reprogramadas pela reposição ao cessar esse período.

§ 3° Para fins de cumprimento da carga horária mínima anual

prevista pela LDB, as instituições ou redes de ensino deverão

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registrar em seu planejamento de atividades qual a carga horária

de cada atividade a ser realizada pelos alunos na forma não

presencial.

§ 4° Para fins de cumprimento do número de dias letivos

mínimos previstos pela LDB, as instituições ou redes de ensino

considerarão, para cada grupo de horas de atividades não

presenciais, de acordo com o registro a ser feito, conforme consta

no parágrafo anterior e o regime de horas letivas diárias de cada

escola, um dia letivo realizado.

Art. 4° Todo o planejamento e o material didático adotado

devem estar em conformidade com o Projeto Pedagógico da rede

de ensino ou escola privada e deverão refletir, à medida do

possível, os conteúdos já programados para o período.

Art. 5° Após a vigência do regime especial de aulas não

presenciais, as instituições de ensino ou redes escolares deverão

reorganizar o calendário escolar, entendendo que situações

diferenciadas poderão ocorrer, cabendo às respectivas Secretarias

de Educação, no caso das redes públicas, ou à direção do

estabelecimento, no caso de instituição privada, fazer as seguintes

adequações:

§ 1° Todas as alterações ou adequações no Regimento Escolar,

na Proposta Pedagógica ou calendário escolar devem ser

registradas, tendo em vista que as escolas do Sistema de Ensino

são responsáveis por formular seus instrumentos de gestão,

indicando com clareza as aprendizagens a serem asseguradas aos

alunos, e elaborar o Regimento Escolar, especificando sua

proposta curricular, estratégias de implementação do currículo e

formas de avaliação dos alunos;

§ 2° A reorganização dos calendários escolares em todos os

níveis, etapas e modalidades de ensino, devem ser realizadas de

forma a preservar o padrão de qualidade previsto no inciso IX do

artigo 3° da LDB e inciso VII do art.206 da Constituição Federal;

§ 3º As instituições de ensino deverão registrar de forma

pormenorizada e arquivar as comprovações que demonstram as

atividades escolares realizadas fora da escola, a fim de que possam

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ser autorizadas a compor carga horária de atividade escolar

obrigatória a depender da extensão da suspensão das aulas

presenciais durante o presente período de emergência.

Art. 6° As instituições ou redes de ensino que, por razões

diversas, optarem por não executar as atribuições constantes no

art. 3º desta Resolução, deverão aprovar e dar ampla divulgação

do novo calendário, contendo proposta de reposição das aulas

presenciais referente ao período de regime especial, tão logo cesse

esse período.

Art. 7° O contido nesta Resolução aplica-se no que couber, às

Instituições de Ensino Superior (IES) vinculadas ao Sistema de

Ensino do Estado do Ceará.

Parágrafo único - Excetuam-se do regime especial de

atividades escolares previsto nesta Resolução, as atividades de

aprendizagem supervisionada em serviço para os cursos na área

de saúde, as práticas profissionais em estágios e atividades em

laboratórios.

Art. 8° Todos os atos decorrentes da aplicação desta

Resolução deverão ser devidamente registrados pelas instituições

ou redes de ensino e ficar à disposição do CEE, da SEDUC e das

Secretarias Municipais de Educação que exercerão controle sobre

as atividades realizadas para fins de registro letivo.

Art. 9° Os Conselhos Municipais de Educação do Estado do

Ceará poderão adotar esta Resolução ou emitir Resolução própria

de semelhante teor, em regime de colaboração, respeitada a

autonomia dos sistemas.

Art. 10 Todas as decisões e informações decorrentes desta

Resolução deverão ser transmitidas pelas instituições de ensino

aos pais, professores e comunidade escolar.

Art. 11 Esta Resolução entra em vigor na data de sua

aprovação pelo Conselho Estadual de Educação, devendo ser

encaminhada para publicação.

Sala das Sessões do Conselho Estadual de Educação, em

Fortaleza, 27 de março de 2020.

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Ada Pimentel Gomes Fernandes Vieira – Presidente do CEE

Lúcia Maria Beserra Veras – Vice-Presidente do CEE

José Marcelo Farias Lima – Presidente da CEB Custódio

Luís Silva De Almeida – Presidente da CESP

Guaraciara Barros Leal

Maria Luzia Alves Jesuíno

Ana Maria Nogueira Moreira

Francisco Olavo Silva Colares

José Batista De Lima

José Nelson Arruda Filho

Luciana Lobo Miranda

Maria De Fátima Azevedo Ferreira Lima

Maria Palmira Soares de Mesquita

Nohemy Rezende Ibanez

Orozimbo Leão de Carvalho Neto

Raimunda Aurila Maia Freire

Samuel Brasileiro Filho

Sebastião Teoberto Mourão Landim

Selene Maria Penaforte Silveira

Tália Fausta Fontenele Moraes Pinheiro

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PROVIMENTO UVA/CE Nº 09, DE 17 DE JUNHO DE 2020 10

Revoga o Provimento Nº 01, de 27 de abril de 2020, e

estabelece novas orientações, critérios e procedimentos

sobre o regime especial de atividades pedagógicas não

presenciais dos Cursos de Graduação da Universidade

Estadual Vale do Acaraú como medida de prevenção e

combate ao novo Coronavírus (COVID-19).

O Presidente do Comitê Geral de Enfrentamento à Pandemia

do Coronavírus no âmbito da Universidade Estadual Vale do

Acaraú (UVA), instituído

pela Portaria Nº 97/2020, no uso de suas atribuições legais e

com a participação da Pró- Reitoria de Ensino de Graduação

(PROGRAD) e,

CONSIDERANDO a Lei Nº 9.394/96, que estabelece as

Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB);

CONSIDERANDO o Parecer Nº 5, do Conselho Nacional de

Educação, de 28 de abril de 2020, que trata sobre a reorganização

do Calendário Escolar e da possibilidade de cômputo de atividades

não presenciais para fins de cumprimento da carga horária mínima

anual, em razão da Pandemia da COVID-19;

CONSIDERANDO o Decreto Estadual Nº 33.532, de 30 de março

de 2020, que em seu art. 4° diz que o art. 3° do Decreto N° 33.510,

fica acrescido dos §§ 6° e 7°, na forma abaixo: “Art. 3°... § 6° O

calendário acadêmico, as atividades presenciais ou remotas e a

carga horária do ensino público superior estadual, inclusive quanto

às práticas obrigatórias do internato e da residência, obedecerão ao

10 CEARÁ. Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Comitê Geral de

Enfrentamento à Pandemia do Coronavírus. Provimento UVA/CE nº 09, de 17

de junho de 2020. Revoga o Provimento Nº 01, de 27 de abril de 2020, e estabelece

novas orientações, critérios e procedimentos sobre o regime especial de atividades

pedagógicas não presenciais dos Cursos de Graduação da Universidade Estadual

Vale do Acaraú como medida de prevenção e combate ao novo Coronavírus

(COVID-19). Disponível em http://www.uvanet.br/documentos/provimento_

e71fea2ef5cc4d0b2b6c172aa61e6848.pdf

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160

disposto em normativo específico expedido pelas respectivas

universidades”;

CONSIDERANDO o Decreto Estadual Nº 33.536, de 05 de abril de

2020, que prorroga até o dia 20 de abril de 2020 as medidas de

enfrentamento ao novo Coronavírus no Estado do Ceará;

CONSIDERANDO o Decreto Estadual Nº 33.544, de 19 de abril de

2020, que prorroga até o dia 5 de maio de 2020 as medidas de

enfrentamento do novo Coronavírus no Estado do Ceará;

CONSIDERANDO a Resolução do Conselho Estadual de

Educação (CEE) N° 481, de 27 de março de 2020, que dispõe sobre

regime especial de atividades escolares não presenciais no Sistema

de Ensino do Estado do Ceará, para fins de reorganização e

cumprimento do calendário letivo do ano de 2020, como medida de

prevenção e combate ao Coronavírus (COVID-19);

CONSIDERANDO a Resolução Nº 14/2019 - CEPE, que dispõe

sobre o aproveitamento de estudos nos cursos de graduação da

UVA;

CONSIDERANDO a Portaria N° 99/2020 - UVA, que instituiu o

Plano de Contingência Institucional, visando adequar a rotina

acadêmica e administrativa da UVA à situação de emergência em

saúde pública de importância internacional;

CONSIDERANDO os Projetos Pedagógicos dos Cursos de

Graduação da Universidade Estadual Vale do Acaraú,

RESOLVE:

Art. 1º. Orientar e especificar procedimentos sobre o

estabelecimento de regime especial de atividades pedagógicas não

presenciais para fins de prevenção e combate ao novo Coronavírus

(COVID-19).

§ 1º. Entende-se por atividades pedagógicas não presenciais

aquelas de natureza pedagógica e acadêmica, realizadas por meio

do sistema acadêmico online da UVA e sem a presença de alunos e

professores nas dependências físicas da Universidade.

§ 2º. As atividades pedagógicas não presenciais definidas neste

Provimento poderão corresponder à continuidade das atividades

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161

dos componentes curriculares ofertados no semestre 2020.1,

seguindo resolução específica.

§ 3º. As atividades pedagógicas não presenciais serão planejadas e

desenvolvidas por meio do sistema acadêmico da UVA.

I - Outras ferramentas digitais podem ser usadas, de forma

complementar, desde que informados seus links de acesso no

planejamento e cronograma das atividades pedagógicas não

presenciais, bem como no sistema acadêmico.

§ 4º. O regime especial das atividades não presenciais passará a

vigorar a partir de 27/04/2020, ficando seu término condicionado às

decisões das autoridades competentes.

Art. 2º. As atividades pedagógicas não presenciais serão

desenvolvidas com o objetivo de promover ensino-aprendizagem

de conhecimentos acadêmicos científicos e culturais das diversas

áreas do conhecimento relacionadas aos projetos pedagógicos dos

cursos de graduação da UVA.

§ 1º. As atividades pedagógicas não presenciais serão destinadas

aos alunos regularmente matriculados nos cursos de graduação da

UVA.

§ 2º. A participação do corpo discente nas atividades pedagógicas

não presenciais estará condicionada à sua disponibilidade e efetivo

uso dos recursos de Tecnologia da Informação e Comunicação

(TIC).

Art. 3º. As atividades pedagógicas não presenciais deverão,

obrigatoriamente, conter os seguintes elementos:

§ 1º. Planejamento da atividade, especificando professor

responsável; tema de estudo; carga horária total; período de

realização; objetivos e procedimentos metodológicos.

§ 2º. As ferramentas digitais conforme o disposto no art. 1º, § 2º, I.

§ 3º. O cronograma e prazo para realização, acompanhamento e

devolutivas das atividades.

§ 4º. Os critérios de validação da atividade.

Art. 4º O cronograma das atividades pedagógicas não presenciais

deve ser disponibilizado no sistema acadêmico antes de seu início

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162

e amplamente divulgado para os participantes das atividades

pedagógicas não presenciais.

Parágrafo Único. O cronograma das atividades pedagógicas não

presenciais deverá ser mensal.

Art. 5º. O controle da frequência das atividades pedagógicas não

presenciais será realizado pelo professor, conforme as

especificidades dos recursos e ferramentas utilizadas nas

atividades e as condições de participação do aluno.

Art. 6º. O planejamento das atividades pedagógicas não presenciais

poderá ter, no mínimo, 20 horas, podendo ser ofertadas mais de

uma atividade simultaneamente.

Art. 7º. As atividades pedagógicas não presenciais serão

cadastradas, realizadas, acompanhadas e validadas no sistema

acadêmico online pelo professor responsável, observando as

orientações contidas nos tutoriais (www.uvanet.br/tutoriais)

elaborados pelo Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI).

Art. 8º. As atividades referentes ao Trabalho de Conclusão de

Curso, quando couber atividade pedagógica não presencial,

poderão ocorrer observando as orientações e procedimentos

contidos neste Provimento.

Art. 9º. Os grupos de estudos credenciados, conforme Instrução

Normativa da PROGRAD Nº 01/2012, continuarão suas atividades

observando as orientações e procedimentos contidos neste

Provimento.

Art. 10. As atividades pedagógicas não presenciais definidas neste

Provimento poderão ser auxiliadas pelos monitores cadastrados na

PROGRAD e formalizados no plano de trabalho da monitoria.

Art. 11. Os dispositivos deste Provimento aplicam-se, quando

couber, aos cursos de formação inicial e continuada de professores

que integram o PARFOR/UVA.

Art. 12. As atividades referentes às disciplinas cadastradas no

Núcleo de Educação a Distância da UVA (NEaD/UVA), antes da

paralisação do calendário letivo, poderão continuar suas atividades

letivas.

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Parágrafo Único. A continuidade das atividades letivas ocorrerá

nas seguintes condições:

I - A gravação e edição de videoaulas não ocorrerá no NEaD;

II - A professor produzirá suas próprias videoaulas;

III - O NEaD acompanhará as atividades pelo e-mail:

[email protected];

IV - O NEaD promoverá assistência para postar material, abrir e

fechar fóruns, cadastrar tarefas e atividades e tirar dúvidas sobre o

desenvolvimento das ações no Moodle;

V - Os encontros presenciais serão substituídos por atividades não

presenciais;

VI - As avaliações presenciais devem ser mantidas e realizadas em

momento oportuno.

Art. 13. As atividades pedagógicas não presenciais realizadas

durante o regime especial, objeto deste Provimento, poderão ser

aproveitadas conforme Resolução Nº 14/2019 CEPE/UVA.

Art. 14. Os critérios e procedimentos de realização das atividades

pedagógicas não presenciais previstos neste Provimento devem ser

observados em todos os cenários em que a universidade recorrer

ao ensino-aprendizagem remoto como medida de prevenção e

combate ao novo Coronavírus (COVID-19).

Art. 15. Os casos omissos serão resolvidos pelo Comitê Geral de

Enfrentamento à Pandemia do Coronavírus, ouvida a PROGRAD,

observada a legislação em vigor e os procedimentos internos desta

IES.

Art. 16. Este Provimento entra em vigor nesta data, devendo ser

encaminhado ao Conselho Universitário (CONSUNI), para

apreciação, deliberação e convalidação, ficando revogadas as

disposições em contrário, e em especial, o Provimento Nº 01/2020.

Registre-se. Publique-se. Cumpra-se.

Sobral-CE, 17 de junho de 2020.

Prof. Dr. Fabianno Cavalcante de Carvalho

Presidente do Comitê Geral de Enfrentamento à Pandemia do

Coronavírus

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164

Em pesquisa, realizada no período de 11 a 20 de junho de 2020,

a Pró-Reitoria de Ensino de Graduação (PROGRAD) ouviu alunos,

professores e funcionários da Universidade Estadual Vale do

Acaraú (UVA) sobre diversas questões vivenciadas pela

comunidade acadêmica no contexto de excepcionalidade,

provocado pela pandemia do novo coronavírus (COVID19). Uma

das questões levantadas na pesquisa foi quanto ao interesse e

disponibilidade de participar de atividades pedagógicas não

presenciais. Responderam à pesquisa, por meio de questionário on-

line, 3.830 estudantes (55,22% dos alunos regularmente

matriculados); 290 professores (78,17% dos 343 efetivos e 28

substitutos/ temporários) e 84 funcionários técnico-administrativos

(dos 166 terceirizados e 89 servidores públicos).

O questionário respondido por alunos e professores de todos

os 26 cursos de graduação da UVA, ofertados em Sobral, abrangeu

também perguntas como “estado emocional diante da pandemia;

enquadramento em grupos de risco para a COVID-19 ou

convivência com pessoas desses grupos; forma de transporte para

a Universidade; acesso à Internet e a equipamentos eletrônicos; e

familiaridade com recursos e ferramentas de ensino remoto”, entre

outras, específicas para cada grupo pesquisado, como o de

funcionários técnico-administrativos.

De acordo com a PROGRAD, a pesquisa subsidiará o

planejamento de retorno às atividades letivas na UVA, referentes

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165

ao Semestre 2020.1, observados os protocolos de segurança

sanitária e demais medidas estabelecidas pelo Governo do Estado

do Ceará e pela Prefeitura Municipal de Sobral. “O objetivo é

conhecer, no caso de alunos e professores, a situação no que se refere às

condições de realizar atividades pedagógicas de forma não presencial,

incluindo acesso à Internet e o uso de recursos e ferramentas de ensino

remoto, por exemplo”, afirma a Pró-Reitora de Ensino de Graduação,

Ana Sancha Malveira Batista.

Discentes

Os dados obtidos com os estudantes que responderam à

pesquisa apontam que 80,86% têm interesse em realizar atividades

pedagógicas não presenciais. Desses, 48,49% já participam de

atividades dessa natureza; 15,14% afirmaram ter interesse, mas

ainda não conseguiram realizar as atividades devido à falta de

acesso, ou acesso precário à Internet e 17,23% disseram ter

interesse, mas estão impossibilitados devido à pandemia. O

levantamento aponta, ainda, que 69,37% dos estudantes que

responderam à pesquisa, afirmaram possuir conexão própria de

Internet e 58,56% residem com pessoas de algum um grupo de risco

para a COVID-19. Quanto ao estado emocional, 32,40% de disseram

ansiosos e 22,79% se consideraram desanimados.

A PROGRAD quis saber também sobre a disponibilidade em

desenvolver atividades pedagógicas não presenciais, para fins de

cumprimento de carga horária letiva nos componentes curriculares

ofertados no semestre de 2020.1. Nesse item, 81,67% dos alunos

afirmaram que sim, com disponibilidade em horários flexíveis

(36.71%); somente nos horários destinados às aulas presenciais

(34,36%) ou que, apesar da disponibilidade, não têm acesso e/ou

recursos para atividades on-line, ou estes são precários (10,60%).

Ainda neste item, 6,40% afirmaram não ter disponibilidade porque

a natureza do componente curricular não permite a execução de

atividades pedagógicas não presenciais. Sobre o acesso a

equipamentos para realizar atividades on-line, 39,6% disseram

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possuir computador em casa para seu uso exclusivo e 26,8%

compartilham o computador em casa. O percentual dos que

afirmam possuir smartphone é de 49,2%.

Docentes

Entre os professores, 22,41% afirmaram pertencer a algum um

grupo de risco para a COVID-19 e 35,86% disseram que residem

com pessoas desses grupos de risco. Sobre a condição emocional,

se consideraram ansiosos (36,90%), tranquilos (20,69%) ou

confiantes (15,52%).

Ainda entre os docentes, 58,28% afirmam ter razoável

facilidade com ferramentas de ensino remoto (on-line) e 94,49%

disseram ter interesse em realizar atividades pedagógicas não

presenciais com seus alunos. 70% afirmaram que já realizam

atividades remotas. Com relação à plataforma para o

desenvolvimento das atividades, 44,83% disseram utilizar o

Sistema Acadêmico da UVA, Google Meet e redes sociais.

Dos professores ouvidos, 89,32% afirmaram que têm

disponibilidade em desenvolver atividades pedagógicas não

presenciais, para fins de cumprimento de carga horária letiva nos

componentes curriculares ofertados no semestre de 2020.1.

Funcionários e servidores técnico-administrativos

A pesquisa entre funcionários terceirizados e servidores

técnico-administrativos teve como objetivo avaliar a possibilidade

de realização de atividades laborais remotas, previstas no

Provimento nº08/2020 do Comitê de Pandemia da UVA. Pelo

levantamento, 17,86% afirmaram pertencer a algum grupo de risco

para a COVID-19 e 47,62% disseram que residem com pessoas

desses grupos de risco. Emocionalmente, 33,33% se consideraram

tranquilos e 30,95% se disseram ansiosos. Consideram-se

confiantes 20,24%. Quanto ao acesso à Internet em casa, 91,67%

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disseram possuir conexão própria de Internet e 59,52% afirmaram

que possuem computador em casa para uso exclusivo.

De acordo coma Professora Benedita Marta Gomes Costa, do

Curso de Administração da UVA, responsável pelo tratamento

estatístico da pesquisa, nos dados referentes aos discentes a

margem de erro é de 1,2%, de 0,76% nos dados referentes aos

docentes e de 5,7% e 14% para o percentuais de funcionários

terceirizados e de servidores públicos, respectivamente, com

intervalo de confiança de 95%. O questionário foi adaptado a partir

do modelo elaborado pelo Professor Vicente de Paula da Silva

Martins, do Curso de Letras da UVA.

Fonte: disponível em http://www.uvanet.br/

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169

A COMUNIDADE ACADÊMICA DA UVA NO CONTEXTO

DA PANDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS (COVID-19)11

Comitê Geral de Enfrentamento à Pandemia do

Coronavírus no âmbito da Universidade Estadual

Vale Do Acaraú (UVA) Pró-Reitoria de Ensino se

Graduação (PROGRAD)

RELATÓRIO DE PESQUISA (SIMPLIFICADO)

1. OBJETIVO: Docentes e Discentes - Buscou conhecer,

considerando o contexto de excepcionalidade, provocado pela

pandemia do novo coronavírus (COVID19), aspectos como o

estado emocional; enquadramento em grupos de risco para a

COVID-19 ou convivência com pessoas desses grupos; forma de

transporte para a Universidade; acesso à Internet e a equipamentos

eletrônicos; participação em atividades pedagógicas não

presenciais e disponibilidade para tais atividades; familiaridade

com recursos e ferramentas de ensino remoto, entre outros;

Funcionários Terceirizados e Servidores Técnico-Administrativos -

Além do enquadramento em grupos de risco para a COVID-19, ou

convivência com pessoas desses grupos, e estado emocional,

buscou verificar as condições para a realização de atividades

laborais remotas, previstas no Provimento nº08/2020 - Comitê de

Pandemia/UVA.

2. METODOLOGIA: Pesquisa de natureza quantitativa,

realizada por meio de questionário, organizado pela

PROGRAD/UVA, composto de perguntas de múltipla escolha, a

serem respondidas por meio do Google Drive, enviado aos grupos

11CEARÁ. Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Comitê Geral de

Enfrentamento à Pandemia do Coronavírus. A Comunidade Acadêmica da UVA

no Contexto da Pandemia do Novo Coronavírus (Covid-19): Relatório de

Pesquisa. Disponível em http://www.uvanet.br/documentos/provimento_

e71fea2ef5cc4d0b2b6c172aa61e6848.pdf

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pesquisados da seguinte forma: a) link de acesso por e-mail

(cadastrados na Assessoria de Comunicação e Marketing

Institucional - ACMI/UVA); b) link de acesso por aplicativo de

mensagens (WhatsApp) a grupos de alunos, professores e de

funcionários e servidores técnico- administrativos. c) link de acesso

por meio de redes sociais. A Pesquisa contou com apoio de

Coordenadores de Cursos e Diretores de Centros de Ensino (CCAB,

CCET, CENFLE, CCH, CCSA e CCS), os quais divulgaram, em

grupos de WhatsApp existentes dos respectivos cursos de

graduação, o link de acesso ao questionário. Teve apoio na

divulgação, também, da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis

(PRAE), da Pró-Reitoria de Administração (PROAD) e do Diretório

Central dos Estudantes (DCE/UVA). O processo de tabulação e

organização dos dados, bem como a validação dos mesmos, foi

realizado pela PROGRAD/UVA. Foram aplicados três

questionários distintos, adequados a cada segmento (docentes;

discentes; e funcionários terceirizados e servidores técnico-

administrativos). O questionário destinado aos discentes continha

16 (dezesseis) perguntas; aos docentes 19 (dezenove) e aos

funcionários e servidores técnico-administrativos 12 perguntas. Os

questionários continham perguntas similares e adaptadas a cada

segmento pesquisado, tendo em vista os objetivos acima descritos.

3. PERÍODO DE APLICAÇÃO DA PESQUISA: de 11 a 20 de

junho de 2020.

4. RESULTADOS

Resultados obtidos pelas respostas aos questionários

aplicados aos Discentes, Docentes e Servidores Técnico-

Administrativos, expressos em percentual de respondentes.

Responderam ao questionário 3.830 estudantes (55,22% dos

alunos regularmente matriculados); 290 professores (78,17% dos

343 efetivos e 28 substitutos/ temporários) e 84

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funcionários/servidores técnico-administrativos (dos 166

terceirizados e 89 servidores públicos).

PESQUISA COM DISCENTES

Margem de erro de 1,2%. Não foram considerados os alunos com

matrícula institucional, pois estes não estão cursando nenhuma

disciplina, apenas mantém o vínculo com a IES.

Tabela 1 - Índices percentuais dos discentes matriculados no

semestre 2020.1, quanto à participação em atividades pedagógicas

não presenciais. (UVA/Junho 2020)

Opções %

Apresenta conteúdos exclusivamente relacionados às

ementas das disciplinas nas quais estou matriculado(a).

25,69

Apresenta conteúdos voltados para um tema específico

(grupo de estudo e/ou grupo de pesquisa)

22,43

Não estou participando das atividades pedagógicas não

presenciais

15,70

Apresenta conteúdo/temas que envolvem outras áreas do

conhecimento

12,01

Não estou participando das atividades pedagógicas não

presenciais porque o curso ainda não me disponibilizou

8,78

Não estou participando das atividades pedagógicas não

presenciais devido à falta de acesso ou acesso precário a

internet

6,76

Não estou participando das atividades pedagógicas não

presenciais devido a pandemia

6,21

Outros 2,42

Na categoria outros, considerar: Ainda não foram disponibilizados

conteúdos devido a muitos discentes não possuírem acesso à

internet; Ainda não participei de nenhuma aula online, pois estou

trabalhando durante o dia, com disponibilidade após as 17h;

Apresenta conteúdos relacionado (sic) a disciplina, porém, com

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172

pouco aproveitamento; As atividades pedagógicas estão sendo

apresentadas apenas por alguns professores; Não tenho interesse

pelo fato de que já tenho todas as horas complementares e que tem

professores que não estão dando os conteúdos deles mesmos, mas

sim conteúdos de outros semestres ou matérias que não me

interessam... se fosse valendo como AULA, certamente eu

assistiria, pois desejo me formar e vejo que está ocorrendo

normalmente em outras universidades; Cursos e Palestras online

disponibilizados pela Universidade; Estava a participar,

entretanto, não vi avanço nenhum, logo parei de assistir a aulas por

vídeo conferência; Estou ajudando na renda da minha casa. Falta

tempo para estudar; Não estou participando devido ao meu

notebook não suportar; Não estou participando devido cuidar do

meu avô doente; Não estou participando pois não há no momento

atividades ligadas às disciplinas do curso; Os eventos que tiveram

eram durante meu horário de trabalho e eu estou trabalhando de

casa.

Tabela 2 - Índices percentuais dos discentes matriculados no

semestre 2020.1 quanto ao uso de ferramentas nas atividades

pedagógicas não presenciais. UVA. Junho. 2020

Opções %

Videoconferência com possibilidade de tirar dúvidas em

tempo real.

53,5

Vídeos gravados. 32,3

Chat com tira dúvidas em tempo real. 27,8

Fóruns de discussão 28,0

E-mails. 31,4

Partilhamento eletrônico de arquivos 29,7

Link de palestras ou vídeos aulas retiradas de

plataformas virtuais (YouTube,

Vimeo, entre outras).

33,8

Tenho usado somente redes sociais 4,1

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173

Não estou participando das atividades não presenciais 16,3

Não estou participando das atividades pedagógicas não

presenciais devido à falta de acesso ou acesso precário a

internet

6,4

Não estou participando das atividades pedagógicas não

presenciais devido à pandemia

6,4

Não estou participando das atividades pedagógicas não

presenciais porque o curso ainda não me disponibilizou

8,8

Nota: Os discentes optaram por mais de uma opção,

proporcionando somatório das porcentagens superior a 100%. Fonte: PROGRAD/UVA

Tabela 3 – Índices percentuais dos discentes matriculados no

semestre 2020.1 quanto à participação em atividades pedagógicas

não presenciais. UVA. Junho. 2020

Opções %

Participo parcialmente das atividades 31,12

Participo de todas as atividades 18,38

Não estou participando das atividades pedagógicas não

presenciais

14,80

Participo muito pouco das atividades 13,92

Não estou participando das atividades pedagógicas não

presenciais porque o curso ainda não me disponibilizou

9,74

Não estou participando das atividades pedagógicas não

presenciais devido à falta de acesso ou acesso precário a

internet

6,29

Não estou participando das atividades pedagógicas não

presenciais devido a pandemia

5,75

Fonte: PROGRAD/UVA

Tabela 4 - Índices percentuais dos alunos matriculados no semestre

2020.1 quanto ao acesso a livros e outros materiais bibliográficos

mínimos necessários para realizar as atividades pedagógicas não

presenciais. UVA. Junho. 2020

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174

Opções %

Não possuo todos os livros e outros materiais bibliográficos

mínimos necessários, dependo de acesso físico à biblioteca

da Universidade para utilizá-los.

36,55

Possuo os livros e outros materiais bibliográficos mínimos

necessários, impressos ou eletrônicos, no local onde estou

residindo neste período de isolamento social ante a COVID-

19.

30,29

Não estou participando das atividades pedagógicas não

presenciais

13,84

Não estou participando das atividades pedagógicas não

presenciais porque o curso ainda não me disponibilizou.

8,04

Não estou participando das atividades pedagógicas não

presenciais devido à falta de acesso ou acesso precário a

internet.

5,77

Não estou participando das atividades pedagógicas não

presenciais devido à pandemia

5,51

Fonte: PROGRAD/UVA

Tabela 5 - Índices percentuais dos discentes, quanto à

disponibilidade em desenvolver atividades pedagógicas não

presenciais, para fins de cumprimento de carga horária letiva nos

componentes curriculares ofertados no semestre 2020.1. UVA.

Junho. 2020

Opções %

Sim, tenho disponibilidade em horários flexíveis. 36,71

Sim, tenho disponibilidade somente nos horários

destinados as aulas

presenciais.

34,36

Sim, tenho disponibilidade, mas não tenho acesso e/ou

recursos para atividades online ou os mesmos são

precários.

10,60

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175

Não, porque a natureza do componente curricular não

permite a execução de atividades pedagógicas não

presenciais.

7,60

Não tenho disponibilidade devido à pandemia 6,40

Não tenho disponibilidade 4,33

Fonte: PROGRAD/UVA

PESQUISA COM DOCENTES

Tabela 1 - Indices percentuais dos docentes em relação ao acesso a

equipamentos para realizar atividades online levando em

consideração o local onde está residindo no período de isolamento

social ante a COVID-19. UVA. Junho. 2020

Opções %

Possuo computador em casa para meu uso exclusivo 78,28

Possuo computador em casa, mas seu uso é compartilhado

com quem resido.

14,83

Possuo equipamento para realizar atividades online, mas

tenho pouca ou nenhuma familiaridade com ele.

4,48

Possuo smartphone 1,38

Não possuo nenhum equipamento ou o que tenho não

funciona

satisfatoriamente.

1,03

Fonte: PROGRAD/UVA

Na categoria Outros foram citados: A grande maioria dos alunos

não têm acesso às tecnologias. Foram enviados contatos, mas o

retorno foi mínimo; Apresento conteúdos relacionados a ementa

das disciplinas e a grupos de estudos e/ou de pesquisa; Apresento

conteúdos relacionados as ementas do conjunto de disciplinas do

semestre que estou ensinando (atividades coletivas com outros

professores); Em conformidade às orientações da gestão superior

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176

da UVA, tenho desenvolvido atividades com temas

complementares e/correlatos aos previstos em minhas disciplinas,

além do desenvolvimento de vários eventos de forma

interdisciplinar que tragam elementos importantes à formação

integral dos alunos; Minicursos; Seminários e Ciclos de

Palestras/Webinários; Orientação e banca de TCC; Rodas de

conversas, orientações, reuniões... (sic). Fonte: PROGRAD/UVA

Tabela 2 - Índices percentuais dos docentes ao acesso dos livros e

outros materiais bibliográficos mínimos necessários para realizar

as atividades pedagógicas não presenciais. UVA. Junho. 2020

Opções %

Possuo os livros e outros materiais bibliográficos mínimos

necessários, impressos ou eletrônicos, no local onde estou

residindo neste período de isolamento social ante a COVID-

19.

80,69

Não possuo todos os livros e outros materiais bibliográficos

mínimos necessários, dependo de acesso físico à biblioteca

da universidade para utilizá-los.

7,59

Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais

porque não tenho acesso e recursos para atividades online

ou os mesmos são precários.

2,76

Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais

devido à pandemia.

3,79

Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais. 5,17

Fonte: PROGRAD/UVA

Tabela 3 - Índices percentuais dos docentes quanto ao uso de

plataforma para o desenvolvimento das atividades pedagógicas

não presenciais. (UVA/ Junho2020)

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177

Opções %

Tenho utilizado somente o Sistema Acadêmico da UVA 44,83

Tenho utilizado o Sistema Acadêmico da UVA e Google

Meet

28,62

Tenho utilizado o Sistema Acadêmico da UVA, Google

Meet e redes sociais.

11,03

Tenho utilizado somente as redes sociais 2,07

Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais

porque não tenho acesso e recursos para atividades

online ou os mesmos são precários

2,07

Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais

devido à pandemia

4,83

Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais 6,55

Fonte: PROGRAD/UVA

Tabela 4 - Índices percentuais quanto ao uso de ferramentas

utilizadas pelos docentes no desenvolvimento das atividades

pedagógicas não presenciais. (UVA/ Junho2020)

Opções %

Videoconferência com possibilidade de tirar dúvidas em

tempo real

66,9

Vídeos gravados 29,7

Chat com tira dúvidas em tempo real 36,9

Fóruns de discussão 41,0

E-mails 64,8

Compartilhamento eletrônico de arquivos 63,1

Link de palestras ou vídeos aulas retiradas de

plataformas virtuais (YouTube, Vimeo, entre outras)

47,9

Tenho utilizado somente as redes sociais 3,8

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178

Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais

porque não tenho acesso e recursos para atividades

online ou os mesmos são precários

3,1

Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais

devido à pandemia

5,9

Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais 7,2

Nota: Os docentes assinalaram mais de uma opção,

proporcionando somatório das porcentagens superior a 100%. Fonte: PROGRAD/UVA

Tabela 5 - Índices percentuais quanto ao tipo do público

participantes das atividades pedagógicas não presenciais

desenvolvidas pelos docentes. (UVA/ Junho2020)

Opções %

Alunos matriculados nas disciplinas que leciono no

semestre 2020.1

76,2

Alunos de outras disciplinas do meu curso 42,1

Alunos de outros cursos 16,6

Professores da UVA 22,1

Público externo a UVA 21,4

Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais

porque não tenho acesso e recursos para atividades

online ou os mesmos são precários

2,8

Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais

devido à pandemia

6,2

Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais 8,6

Fonte: PROGRAD/UVA

Tabela 6 - Índices percentuais quanto à participação dos alunos em

atividades pedagógicas não presenciais desenvolvidas pelos

docentes. UVA. Junho. 2020

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179

Opções %

Estou realizando com até 30% de participação dos alunos 33,4

Estou realizando com 31% a 50% de participação dos

alunos

15,9

Estou realizando com 51% a 70% de participação dos

alunos

16,2

Estou realizando com 70% a 100% de participação dos

alunos

15,6

Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais

porque não tenho acesso e recursos para atividades

online ou os mesmos são precários

2,1

Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais

devido à pandemia

7,9

Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais 8,9

Fonte: PROGRAD/UVA

Tabela 7 - Índices percentuais quanto a disponibilidade dos

docentes de desenvolver atividades pedagógicas não presenciais,

para fins de cumprimento de carga horária letiva nos componentes

curriculares ofertados no semestre 2020.1. (UVA/ Junho2020)

Opções %

Sim, tenho disponibilidade em horários flexíveis. 47,59

Sim, tenho disponibilidade somente nos horários

destinados as aulas

presenciais.

37,59

Sim, tenho disponibilidade, mas não tenho acesso e/ou

recursos para

atividades online ou os mesmos são precários.

4,14

Não, porque a natureza do componente curricular não

permite a execução de atividades pedagógicas não

presenciais.

4,47

Não tenho disponibilidade devido à situação de

pandemia.

2,76

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180

Não tenho disponibilidade 3,45

Fonte: PROGRAD/UVA

SERVIDORES TÉCNICO-ADMINISTRATIVOS

Margem de erro de 5,7% para o percentual de funcionários

terceirizados e de 14% para o percentual de servidores, com

intervalo de confiança de 95%.

Fonte: PROGRAD/UVA

Fonte: PROGRAD/UVA

Gráfico 1 - Vínculo empregatício dos funcionários que participaram da pesquisa

Terceirizado

Efetivo

Gráfico 2 - Situação dos funcionários da UVA em

relação aos grupos de risco para a COVID-19. Jun.2020

Resido com pessoas dos

grupos de risco

Não resido e não pertenço

a um grupo de risco

Pertenço a um grupo de risco

Pertenço e resido e com

pessoas dos

grupos de risco

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181

Fonte: PROGRAD/UVA

Fonte: PROGRAD/UVA

Gráfico 3 - Índice percentual dos funcionários que tiveram amigo ou familiar que testou positivo para

COVID-19). UVA. Jun.2020

Gráfico 4 - Indice percentual do estado emocional dos funcionários da UVA

Tranquilo

Ansioso

Confiante

Estressado

Pânico

Desanimado

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182

Na categoria Outros considerar: Ainda não estou segura;

Minha esposa é do grupo de risco e tenho um filho recém-nascido,

logo prefiro evitar ir presencialmente, embora não descarte a

possibilidade de ir; Preciso vê (sic) prescrição médica; Resido em

Santana do Acaraú e nesse momento não há topiks (sic),

impossibilitando meu deslocamento. E nesse momento de

pandemia é inviável carona; Sim desde que tenha ônibus para

Sobral, pois estou em Fortaleza.

Reafirmamos o compromisso da UVA na condução de ações

necessárias à retomada da normalidade das rotinas acadêmicas e

administrativas, superando dificuldades e construindo soluções

com este objetivo. Certos de que as informações, ora apresentadas,

contribuirão subsidiando o planejamento de retorno às atividades

letivas, referentes ao Semestre 2020.1, observados os protocolos de

segurança sanitária e demais medidas estabelecidas pelo Governo

do Estado do Ceará e pela Prefeitura Municipal de Sobral, a

PROGRAD se coloca à disposição para os esclarecimentos que

sejam necessários.

Sobral-CE, 15 de julho de 2020.

Gráfico 5 - Índice percentual da disponibilidade dos funcionários da UVA para realizar

Sim

Não

Outros

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183

RESOLUÇÃO CEE/CE Nº 84/2020, DE 15/07/ 202012

Altera o artigo 2º e o Parágrafo único do artigo 7º da

Resolução CEE nº 481, de 20 de março de 2020, que

dispõe sobre o regime especial de atividades escolares

não presenciais (remotas) no Sistema de Ensino do

Estado do Ceará, para fins de reorganização e

cumprimento do calendário letivo do ano de 2020,

como medida de prevenção e combate ao contágio do

coronavírus (COVID-19), e dá outras providências.

O Conselho Estadual de Educação (CEE), no uso de suas

atribuições legais, definidas pela Lei nº 11.014, de 09 de abril de

1985, Art. 7º, Inciso II, redefinidas pelo Art. 16 da Lei nº 13.875, de

07 de fevereiro de 2007, e com base no Decreto nº 29.159, de 16 de

janeiro de 2008, em cumprimento com as disposições contidas na

Constituição Federal, com fundamento na Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9394/96, de 20 de dezembro

de 1996, na Portaria MEC n.º 544, de 16 de junho de 2020, no Art.

230 da Constituição Estadual, no Decreto nº 33.671, de 11 de julho

de 2020, no Decreto n.º 33.637, de 27 de junho de 2020 e tendo em

vista, o plano de contingência e adoção de medidas com o

12 Referência do documento: CEARÁ. Conselho Estadual de

Educaçãodo Ceará. Resolução CEE/CE Nº 84/2020, de 15/07/ 2020.

Altera o artigo 2º e o Parágrafo único do artigo 7º da Resolução CEE

nº 481, de 20 de março de 2020, que dispõe sobre o regime especial de

atividades escolares não presenciais (remotas) no Sistema de Ensino

do Estado do Ceará, para fins de reorganização e cumprimento do

calendário letivo do ano de 2020, como medida de prevenção e

combate ao contágio do coronavírus (COVID-19), e dá outras

providências. Disponível em https://www.cee.ce.gov.br/2020/07/23/cee-disciplina-regime-especial-de-atividades-escolares-nao-presenciais/

Page 185: EDUCAÇÃO EM PANDEMIA · 2020. 8. 11. · distância, ou quase. Diziam-me que, com o avanço da tecnologia, muito do que se fazia em sala presencialmente poderia ser substituído,

184

objetivo de reduzir os riscos de contágio e de disseminação do

COVID-19, resolve:

Art. 1º Altera o artigo 2º da Resolução CEE n.º 481, de

27 de março de 2020, que passa a ter a seguinte redação:

Art. 2° O regime especial de atividades escolares não

presenciais (remotas) poderá ser estabelecido, a critério das

instituições ou redes de ensino públicas e privadas da educação

básica e de educação superior, pertencentes ao Sistema de

Ensino do Estado do Ceará, de 19 de março a 31 de dezembro

de 2020.

Art. 2º Altera o parágrafo único do artigo 7º da

Resolução CEE

nº 481/2020, que passa a ter a seguinte redação:

Art. 7º (...)

Parágrafo único. Quando se tratar de estágios obrigatórios, de

atividades em laboratórios e, também, de atividades de

aprendizagem

supervisionadas em serviço para os cursos profissionais

técnicos de nível médio e em cursos de graduação, a

instituição de ensino poderá encaminhar ao CEE proposta

alternativa para realização dessas atividades de forma remota,

para análise e deliberação.

Art. 3º Esta Resolução entrará em vigor na data de sua

aprovação pelo Conselho Estadual de Educação, devendo ser

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185

encaminhada para publicação, revogadas as disposições em

contrário.

Sala das Sessões do Conselho Estadual de Educação, em

Fortaleza, 15 de julho de 2020.

ADA PIMENTEL GOMES FERNANDES VIEIRA

PRESIDENTE DO CEE

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186

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187

PARECER CEE Nº: 0205/2020, DE 22.07.202013

Orienta as instituições de ensino que ofertam

Educação Básica, Educação Profissional

Técnica de Nível Médio e Educação Superior,

que compõem o Sistema de Ensino do Estado

do Ceará, a darem continuidade às atividades

letivas por meio remoto até 31 de dezembro de

2020, mesmo após autorização para a

retomada das atividades presenciais nesse

período pelas autoridades competentes, e dá

outras providências.

I – RELATÓRIO

Vive-se um momento singular e muito preocupante em

decorrência da pandemia provocada pelo novo coronavírus

(Covid-19) que deflagrou crise sanitária sem precedentes no

mundo, no Brasil e, particularmente, no Ceará, razão pela qual o

Conselho Estadual de Educação (CEE) decidiu, proativamente,

constituir Comissão Relatora Bicameral formada por

conselheiros da Câmara de Educação Superior e Profissional e

Câmara de Educação Básica, para orientar as instituições de

ensino na busca de estratégias, que evitem maiores prejuízos

para alunos, professores, familiares e demais trabalhadores da

13 Referência do documento: CEARÁ. Conselho Estadual de Educação do Ceará.

Parecer CEE Nº: 0205/2020, DE 22.07.2020. Orienta as instituições de ensino que

ofertam Educação Básica, Educação Profissional Técnica de Nível Médio e

Educação Superior, que compõem o Sistema de Ensino do Estado do Ceará, a

darem continuidade às atividades letivas por meio remoto até 31 de dezembro de

2020, mesmo após autorização para a retomada das atividades presenciais nesse

período pelas autoridades competentes, e dá outras providências. Disponível em https://www.cee.ce.gov.br/2020/07/24/cee-orienta-instituicoes-de-ensino-cearenses-

sobre-continuidade-das-atividades-letivas-em-2020/

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188

educação e favoreçam a continuidade do processo de ensino e de

aprendizagem. A orientação se firmará em três princípios

basilares: equidade, flexibilização e inclusão, e identificará

meios legais e pedagógicos para impedir a suspensão do

calendário letivo, a reprovação, o abandono e até a evasão

escolar.

O CEE enuncia o presente PARECER com o objetivo de

orientar as instituições de ensino vinculadas ao Sistema Estadual

de Ensino (rede pública e rede privada), quanto à utilização de

atividades remotas, enquanto durarem as determinações de

isolamento social, e, mesmo após esse período, para atender aos

anseios de estudantes, professores e da sociedade em geral que

se sentem inseguros para retornarem às atividades letivas

presenciais. O CEE reconhece que o momento atual é de grande

sofrimento para todos e, particularmente, para os estudantes e

seus familiares, professores e demais profissionais da educação,

mas que é possível, com coragem, liberdade, responsabilidade e

cuidado, continuar criando, produzindo, ensinando e

aprendendo, com a clareza que as instituições de ensino, sejam

de Educação Básica, Educação Profissional Técnica de Nível

Médio ou de Educação Superior, firmam-se e se reinventam nas

relações interpessoais e cooperativas, e compreende que nada

substitui o professor e a energia que o liga ao estudante.

O CEE tem convicção de que o ambiente escolar é

indispensável, porque esse é o espaço legítimo da ação

pedagógica, em que as relações e o convívio se estabelecem; é na

interação que professor e aluno constroem suas identidades, mas

compreende que as atividades remotas, podem remediar esse

momento de excepcionalidade e cumprir, inclusive, o

importante e inadiável papel de manter o vínculo dos

estudantes com as instituições escolares, até que as atividades

presenciais possam ser retomadas plenamente e com segurança

sanitária.

Para dar continuidade ao ano letivo, o CEE orienta a adoção

do ensino remoto como uma alternativa viável, mas enfatiza que

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189

a escolha por esse modelo cabe às redes de ensino públicas e

privada e, na medida do possível, às comunidades escolares,

sejam elas de Educação Básica, de Educação Profissional Técnica

de Nível Médio ou de Educação Superior.

A pandemia tem revelado fragilidades dos sistemas de

ensino e das instituições escolares e, também, evidenciado a

necessidade de mudanças urgentes na sua organização, na

formação dos professores e técnicos da educação e no fazer

pedagógico cotidiano. Reconhece, por outro lado,que a

pandemia está descortinando a capacidade criativa e a

resiliência dos professores, assim como a participação e a

autonomia dos estudantes para encontrarem alternativas de

superação das dificuldades pedagógicas e tecnológicas e

minimizar maiores prejuízos. Nesse sentido, o apoio dado pelos

familiares dos estudantes tem sido imprescindível, sem o que

seria inviável a manutenção das atividades remotas como

alternativa para evitar a perda de aprendizagens e o

cancelamento do ano letivo.

Entende o CEE que o professor é ser atuante e participante

e não mero observador, mas que, mesmo na excepcionalidade

do ensino remoto, será possível desenvolver estratégias de

cooperação, de participação, de colaboração e de diálogo.

O retorno às aulas cumprirá três etapas: na primeira, as

instituições de ensino podem permanecer com atividades

remotas até 31.12.2020; na segunda, o retorno ocorrerá de forma

gradual, adotando inclusive o ensino híbrido para evitar

aglomerações; e, finalmente, na terceira, as redes poderão voltar

às suas atividades presenciais, com segurança sanitária. Este

Parecer se restringiu à primeira etapa.

Destaque-se que a manutenção do funcionamento dessas

instituições e suas atividades letivas, mesmo que de forma

remota, poderá assegurar a garantia dos empregos aos

trabalhadores, em especial os da rede privada de ensino e os que

mantêm vínculo precário com as esferas públicas empregadoras.

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190

O CEE, considerando o momento excepcional que estamos

a vivenciar, orienta as instituições de ensino de Educação Básica,

de Educação Profissional Técnica de Nível Médio e de Educação

Superior a manterem suas atividades na modalidade remota,

por precaução e para preservação da vida, mesmo que fiquem

autorizadas as atividades presenciais pelas autoridades

competentes, devendo ser adotado, como referência legal, além

dos documentos nacionais, a Resolução CEE nº 481/2020, de 27

de março de 2020 que “dispõe sobre o regime especial de

atividades escolares não presenciais no Sistema de Ensino do

Estado do Ceará, para fins de reorganização e cumprimento do

calendário letivo do ano de 2020, como medida de prevenção e

combate ao contágio do coronavírus (Covid-19)” e a Resolução

CEE nº 484/2020, de 15 de julho de 2020, que dispõe sobre a

alteração do “artigo 2º e o Parágrafo único do artigo 7º da

Resolução CEE nº 481, de 20 de março de 2020, que dispõe sobre

o regime especial de atividades escolares não presenciais

(remotas) no Sistema de Ensino do Estado do Ceará, para fins de

reorganização e cumprimento do calendário letivo do ano de

2020, como medida de prevenção e combate ao contágio do

coronavírus (COVID-19), e dá outras providências”.

1 Educação Básica

Diante de um ano letivo atípico e dos enormes desafios que

se apresentam para a Educação Básica, em decorrência do

isolamento social e cuidados com a segurança sanitária,

impõem-se adaptações e mudanças em praticamente todas as

esferas da sociedade, inclusive na escola. No desenvolvimento

de atividades remotas, os desafios incluem o fortalecimento do

vínculo com os alunos, maior aproximação entre escola e

família, empatia com o trabalho dos professores e participação

efetiva dos pais.

A suspensão das aulas presenciais foi uma medida

importante para colaborar com o isolamento social, pois a escola

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é um espaço onde o contato é inevitável. Tal medida tem

encontrado grande apoio junto à comunidade, pais e instituições

de ensino, porque a situação da pandemia remete a cada um a

necessária atitude de se reinventar.

Autoridades da saúde confirmam a eficácia do isolamento

social, o que determinou a suspensão das mais diferentes

atividades sociais, produtivas, incluindo, por excelência, as

atividades escolares, pautando as decisões governamentais em

todas as esferas públicas.

A realidade tem evidenciado que não há certeza do retorno

das escolas às atividades presenciais. Diante desta incerteza, e

para evitar maiores prejuízos à aprendizagem dos alunos da

Educação Básica, este Conselho orienta que as escolas do sistema

de ensino podem dar continuidade às atividades de ensino

remoto, até dezembro de 2020, por precaução e para preservação

da vida.

Ao optar por dar continuidade ao ensino remoto, até a data

acima estabelecida, a instituição de ensino fica obrigada a

realizar os registros legais de frequência pela devolutiva das

atividades, avaliar habilidades e competências adquiridas,

conforme estabelece o art. 5º, § 3º da Resolução CEE nº 481/2020,

alterada pela Resolução CEE nº 484, de 15 de julho de 2020.

No que se refere à adoção de medidas para continuidade da

oferta da Educação Básica, durante o período da pandemia,

excetuando as alíneas ‘i’ e ‘m’, próprias da Educação Profissional

Técnica do Ensino Médio, o Parecer CNE/CP n° 05/2020

recomenda a adoção das seguintes medidas:

a) reorganização dos ambientes virtuais de aprendizagem,

e outras tecnologias disponíveis nas instituições ou redes de

ensino, para atendimento do disposto nos currículos de cada

curso;

b) realização de atividades on-line síncronas de acordo

com a disponibili- dade tecnológica;

c) oferta de atividades on-line assíncronas de acordo com a

disponibilidade tecnológica;

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d) realização de testes on-line ou por meio de material

impresso, entregues ao final do período de suspensão das

aulas;

e) utilização, quando possível, de horários de TV aberta

com programas educativos para adolescentes e jovens;

f) distribuição de vídeos educativos, de curta duração, por

meio de plata- formas digitais, mas sem a necessidade de

conexão simultânea, seguidos de ativi- dades a serem realizadas

com a supervisão dos pais, quando couber;

g) realização de estudos dirigidos, pesquisas, projetos,

entrevistas, experi- ências, simulações e outros;

h) utilização de mídias sociais de longo alcance (WhatsApp,

Face book, Instagram,etc.) para estimular e orientar os estudos,

desde que observadas as ida- des mínimas para o uso de cada

uma dessas redes sociais; e

i) substituição de atividades presenciais relacionadas à

avaliação, pro- cesso seletivo, Trabalho de Conclusão de Curso

(TCC) e aulas de laboratório, por atividades não presenciais,

considerando o modelo de mediação de tecnologias di- gitais de

informação e comunicação adequado à infraestrutura e interação

necessá- rias;

j) as instituições que não optarem pelo regime de atividades

escolares não presenciais deverão apresentar plano de reposição

das aulas divulgado previamente para alunos e responsáveis;

k) a carga horária correspondente às atividades

curriculares substituídas por estratégias de ensino remoto

poderá ser considerada em cumprimento da carga horária total,

estabelecida no plano de curso que foi aprovado pelo respectivo

órgão competente;

l) as instituições de ensino devem garantir o pleno

cumprimento da carga horária total do curso;

m) os estudantes de cada curso deverão ser comunicados do

plano de ati- vidades definido para o período, com antecedência

de no mínimo 48 horas da exe- cução do mesmo.

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Todas as atividades de avaliação da Educação Básica

(ensino fundamental, ensino médio, educação profissional

técnica de nível médio e outras modalidades), precedidas de

atividades de acompanhamento pedagógico, deverão ser

devidamente registradas na secretaria escolar.

1.1 Educação Profissional Técnica de Nível Médio

A Educação Profissional tem, entre suas finalidades, a

função social de for- mar os jovens e adultos para o exercício

profissional. Nesse sentido, como destaca recente publicação do

Banco Mundial14, tem potencial para contribuir nas três fases

que o mundo está a vivenciar neste momento de crise, assim

resumidas:

• Na fase da crise pandêmica em que se adota o isolamento

social,serão necessárias diversas formações das equipes de

saúde para o enfrenta- mento da pandemia, bem como a

continuidade das atividades educacio- nais de formação

profissional dos jovens e adultos por meio de estraté- gias

alternativas de ensino remoto ou educação a distância;

• Na fase intermediária da pandemia, quando as escolas,

os negócios e serviços públicos reabrem gradualmente;

• Na fase pós-pandemia, em que as estratégias de

recuperação econô- mica exigirão mudanças estruturais que

impactarão tanto o mercado de trabalho como os sistemas

educacionais. Este Parecer traz recomendações para a fase da

crise pandêmica.

Os cursos técnicos, na forma integrada, concomitante e

subsequente, que optarem pela adoção do regime especial de

atividades remotas, mediadas pelas tecnologias digitais de

informação e comunicação, poderão oferecer aos alunos a

14 HOFTIJZER, Margo, LEVIN, Victoria, SANTOS, Indhira&

WEBER, Michael, TVET (Technical and Vocational Education and Training) in

the times of COVID-19: Challenges and Opportunities in: World Bank.org, may,

2020

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possibilidade de migração da sua formação para cursos técnicos

na modalidade a distância, ofertados por instituições

devidamente credenciadas e com cursos reconhecidos.

No ensino remoto, há que se ressaltar que a oferta de estágios

e de atividades laboratoriais não presenciais na formação

profissional técnica de nível médio, realizadas em laboratórios e

oficinas, e mesmo nos locais de trabalho, assim como a

realização de estágios, constituem importantes componentes

curriculares da aprendizagem e da aquisição de habilidades e de

competências. E são obrigatórios na área de saúde, assim como

em outros cursos que os incluem nos seus planos.

Para dar sequência à conclusão das formações e,

particularmente dos concluintes, o CEE disciplina no Parágrafo

único do artigo 7º, da Resolução CEE nº 484/2020, que “quando se

tratar de estágios obrigatórios, de atividades em laboratórios e, também,

de atividades de aprendizagem supervisionadas em serviço para os

cursos profissionais técnicos de nível médio e em cursos de graduação,

a instituição de ensino poderá encaminhar ao CEE proposta alternativa

para realização dessas atividades de forma remota, para análise e

deliberação”.

Nesse sentido, a Portaria MEC n° 376/2020 também

flexibiliza que, durante o período excepcional de pandemia, as

atividades práticas e os estágios curriculares obrigatórios, sejam

ofertadas como atividades de teletrabalho, tanto para os

estágios, quanto para outras atividades práticas, sempre que

possível, desde que justificadas no Plano de Curso e autorizadas

pelo CEE, bem como permite que as atividades de avaliações de

desempenho de aprendizagem possam ser cumpridas também

de forma não presencial.

No atual contexto, para as atividades práticas e os estágios

curriculares obrigatórios este Conselho indica como

alternativas: as simulações, a realidade virtual, os laboratórios

virtuais e as atividades laborais online que podem suprir essas

atividades nestes momentos de crise ou mesmo nos cursos a

distância.

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Citada Portaria atribui responsabilidade às instituições de

ensino quanto à definição das atividades curriculares

presenciais que forem substituídas por outras, não presenciais,

cabendo-lhes assegurar as necessárias orientações e o

indispensável apoio para o seu desenvolvimento. Essas

obrigações estendem-se aos processos avaliativos durante o

período de atividades de ensino remoto, o que exige a

disponibilização, por parte das instituições, de ferramentas e

materiais aos estudantes, que possibilitem o acompanhamento.

Considerando-se as condições necessárias para conclusão

da etapa final do ensino médio, o CEE poderá autorizar, em

caráter excepcional, a emissão do certificado de conclusão, para

aquelas instituições públicas ou privadas que receberem

autorização do Colegiado para este fim.

2 Educação Superior

As universidades estaduais: Universidade Estadual do

Ceará (Uece), a Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) e

a Universidade Regional do Cariri (Urca), além das Escolas de

Governo, são instituições integrantes do Sistema de Ensino do

Estado do Ceará e, nesse sentido regem-se pelas normas

baixadas pelo CEE, cabendo a cada instituição de ensino

superior, no uso de sua autonomia e referenciada nas decisões e

normas emanadas dos conselhos superiores internos, ouvidas as

instâncias representativas da instituição, decidir sobre como

será conduzido o calendário letivo durante o momento de

excepcionalidade em decorrência da crise sanitária. A Resolução

CEE nº 481/2020, alterada pela Resolução CEE nº 484, de 15 de

julho de 2020, estabelece que as instituições educacionais

vinculadas ao Sistema de Ensino do estado do Ceará poderão

manter o semestre letivo em funcionamento (sem suspensão das

atividades), desde que adotem o ensino remoto, e que as

atividades assim realizadas sejam integralizadas normalmente,

para fins de cumprimento da carga-horária letiva:

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Art. 2° O regime especial de atividades escolares não presen- ciais

(remotas) poderá ser estabelecido, a critério das institui- ções ou redes de

ensino públicas e privadas da educação bá- sica e de educação superior,

pertencentes ao Sistema de En- sino do Estado do Ceará, de 19 de março

a 31 de dezembro de 2020. (Nova redação: Resolução CEE nº 484/2020).

Para dar sequência às atividades letivas, o CEE autoriza, em

caráter excepcional, a realização de atividades remotas, em

substituição às atividades presenciais, até o dia 31 de dezembro

de 2020, cabendo aos colegiados dos cursos a responsabilidade

pela definição dos componentes curriculares que serão

substituídos, bem como os respectivos procedimentos

avaliativos. O art. 1º e parágrafos da Portaria MEC nº. 544/2020

que mantém consonância com a Resolução CEE nº 481/2020,

ressalva que:

§ 3º No que se refere às práticas profissionais de estágios ou às práticas

que exijam laboratórios especializados, a aplicação da substituição de que

trata o caput deve obedecer às Diretri- zes Nacionais Curriculares

aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação - CNE, ficando vedada a

substituição daqueles cursos que não estejam disciplinados pelo CNE.

§4º A aplicação da substituição de prá- ticas profissionais ou de práticas

que exijam laboratórios espe- cializados, de que trata o § 3º, deve constar

de planos de tra- balhos específicos, aprovados, no âmbito institucional,

pelos colegiados de cursos e apensados ao projeto pedagógico do curso.

§5º Especificamente para o curso de Medicina, fica autorizada a

substituição de que trata o caput apenas às disciplinas teórico-cognitivas

do primeiro ao quarto ano do curso e ao internato, conforme disciplinado

pelo CNE.

Evidencia-se que estágios e atividades laboratoriais são

componentes curriculares importantes para a formação nos

cursos de graduação. Nesse sentido, a Resolução CEE nº

481/2020, artigo 7º, parágrafo único, vedava a possibilidade de

realização de estágios e atividades laboratoriais a distância, o

que foi alterado pela Resolução CEE nº 484/2020, passando a

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admitir que atividades de aprendizagem supervisionadas, em

serviço, para práticas profissionais em estágios e de atividades

em laboratórios possam ser autorizadas, desde que a instituição

encaminhe solicitação ao CEE para análise e deliberação, com

proposta alternativa para realização dessas atividades.

Para validação da carga horária ministrada de forma

remota, assim como das atividades acadêmicas, segundo

estabelece a Resolução CEE nº 481/2020, alterada pela Resolução

CEE nº 484/2020, as instituições deverão realizar os registros das

atividades.

Embora o CEE entenda que a adoção de atividades remotas

seja uma forma de manter o semestre letivo em funcionamento e

sem suspensão das atividades, as Instituições de Ensino

Superior (IES), no exercício de sua autonomia, discernirão quais

atividades realizadas podem ser validadas e integralizadas aos

currículos dos cursos. Nesse caso, é importante que sejam

elaborados critérios para “mensurar” as atividades realizadas

para validação e reposição, se for o caso. A citada Resolução em

seu artigo 5º, § 3º, determina que:

§ 3º As instituições de ensino deverão registrar de forma por- menorizada

e arquivar as comprovações que demonstram as atividades escolares

realizadas fora da escola, a fim de que possam ser autorizadas a compor

carga horária de atividade escolar obrigatória a depender da extensão da

suspensão das aulas presenciais durante o presente período de

emergência.

No que se refere à continuidade do calendário escolar

presencial pós pandemia e isolamento social, o entendimento

que vem se consolidando é o de que as instituições de ensino

devem envidar esforços para criar alternativas remotas às

atividades presenciais, até que seja possível retomar a

regularidade das atividades letivas. Ressalta-se que não há

previsão clara para o fim da crise sanitária no Brasil e no mundo,

por isso, o CEE não recomenda que se aguarde a normalidade,

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já que a data está em aberto. Sendo assim, orienta as IES que não

suspendam o calendário letivo, mas que realizem atividades de

forma remota, utilizando múltiplos formatos, atentando para o

princípio da flexibilidade, a fim de acolher as especificidades

das distintas áreas do conhecimento.

Destaca-se que para manter aulas e demais atividades

acadêmicas não presenciais é indispensável que o calendário

escolar esteja em vigor, pois somente assim as atividades serão

consideradas letivas e regulares. Manter o calendário

funcionando significa não cancelar nem suspender as atividades

acadêmicas. A depender da situação específica de cada

instituição, haverá necessidade de redefinir as datas de início e

fim do semestre letivo. A Resolução CEE nº 481/2020, alterada

pela Resolução nº 484/2020, regulamentou esse tempo

excepcional.

A opção da instituição em retornar as atividades letivas

somente quando do retorno ao modelo presencial, deixando,

portanto, de adotar o ensino remoto, está tratada no artigo 6º da

Resolução CEE nº 481/2020, alterada pela Resolução nº 484/2020:

Art. 6° As instituições ou redes de ensino, que, por razões di- versas,

optarem por não executar as atribuições constantes no Art. 3º desta

Resolução, deverão aprovar e dar ampla divulga- ção do novo calendário,

contendo proposta de reposição das aulas presenciais referente ao período

de regime especial, tão logo cesse esse período.

Considere-se, no entanto, que mesmo optando por dar

continuidade ao semestre letivo com atividades presenciais,

nada assegura a frequência dos estudantes diante de uma

impossibilidade, pois não há como a IES assegurar a presença

em meio a uma crise sanitária.

Caso alguns estudantes que, por qualquer motivo, não

puderem participar de atividades presenciais ou remotas

poderão optar por cancelar a matrícula, sem qualquer prejuízo,

voltando a se rematricular em oportunidade futura.

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Uma vez tomada a decisão institucional de retomada das

atividades de forma remota, os estudantes estarão convocados

para assumi-las e adotá-las. No entanto, é necessário considerar

a hipótese em que os estudantes fiquem impossibilitados de

participar, tanto por motivos técnicos e/ou operacionais, quanto

por motivos de saúde, neste caso, a universidade deverá

viabilizar a exclusão de matrículas nos componentes curriculares

referidos, sem prejuízo aos estudantes que assim o desejarem; e

nova matrícula poderá ser feita oportunamente, quando a

universidade voltar a ofertar o componente curricular

cancelado.

II – FUNDAMENTAÇÃO LEGAL

As indicações constantes deste Parecer respaldam-se nos

seguintes diplomas legais:

- Constituição Federal/1988, art. 208; - Constituição

Estadual, art. 230;

- Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de

20 de dezembro de 1996;

- Resolução CEE nº 481/2020, de 27 de março de 2020, que

“dispõe sobre regime especial de atividades escolares não

presenciais no Sistema de Ensino do Estado do Ceará, para fins

de reorganização e cumprimento do calendário letivo do ano de

2020, como medida de prevenção e combate ao contágio do

coronavírus (COVID-19)”;

- Resolução CEE 484/2020,que “altera o artigo 2º e o

Parágrafo único do artigo 7º da Resolução CEE n.º 481, de 20 de

março de 2020, que dispõe sobre o regime especial de atividades

escolares não presenciais (remotas) no Sistema de Ensino do

Estado do Ceará, para fins de reorganização e cumprimento do

calendário letivo do ano de 2020, como medida de prevenção e

combate ao contágio do coronavírus (COVID -19), e dá outras

providências.

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200

- Medida Provisória nº 934/2020, DOU de 1º de abril de

2020, que estabelece normas excepcionais sobre o ano letivo da

educação básica e do ensino superior decorrentes das medidas

para enfrentamento da situação de emergência de saúde pública

de que trata a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de2020.

- Portaria MEC n° 376, de 03 de abril de 2020, DOU de

06/04/2020, que dispõe sobre aulas nos cursos de educação

profissional técnica de nível médio, enquanto durar a situação

de pandemia do novo coronavírus – Covid-19.

- Parecer CNE/CP n° 5/2020, de 28 de abril de 2020, DOU

de 01/06/2020, que dispõe sobre a reorganização do Calendário

Escolar e da possibilidade de cômputo de atividades não

presenciais para fins de cumprimento da carga horária mínima

anual, em razão da Pandemia da Covid-19.

- Portaria MEC nº 544, de 16 de junho de 2020, DOU de

17/06/2020, que dispõe sobre a substituição das aulas

presenciais por aulas em meios digitais, enquanto durar a

situação de pandemia do novo coronavírus - Covid-19, e revoga

as Portarias MEC nº 343, de 17 de março de 2020, nº 345, de 19

de março de 2020, e nº 473, de 12 de maio de 2020.

- Decreto nº 33.637, DOE de 27 de junho de 2020, que

prorroga o isolamento social no estado do Ceará, renova a

política de regionalização das medidas de isolamento e dá outras

providências.

- Decreto nº 33.671/2020, DOE de 11 de julho de 2020, que

prorroga o isolamento social no estado do Ceará, renova a

política de regionalização das medidas de isolamento social, e

dá outras providências.

III – VOTO DA COMISSÃO RELATORA

Diante da situação de excepcionalidade instalada pelo novo

coronavírus (Covid19) e das incertezas provocadas pela

pandemia quanto ao retorno às atividades escolares presenciais

com a devida segurança sanitária, e visando a não prejudicar a

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continuidade das atividades letivas e sua terminalidade, a

Comissão Relatora Bicameral, fundada em três princípios

basilares: equidade, flexibilização e inclusão, delibera,

excepcionalmente, pela continuidade das atividades remotas nas

instituições de Educação Básica (educação infantil, fundamental

e médio e respectivas modalidades), inclusive nos cursos de

Educação Profissional Técnica de Nível Médio e nas Instituições

de Educação Superior, vinculados ao Sistema de Ensino do

estado do Ceará, que assim definirem, até 31 de dezembro de

2020, mesmo sendo autorizada a retomada de atividades

presenciais nesse período pelas autoridades competentes.

A Comissão reitera que, com coragem, liberdade,

responsabilidade e cuidado será possível enfrentar este

momento e continuar criando, produzindo, ensinando e

aprendendo; que nada substitui o professor na condução das

atividades de ensino e de aprendizagem, pois é na interação

entre professor e aluno que as relações se firmam e se

reinventam.

IV – CONCLUSÃO DO PLENÁRIO DO CEE

Parecer aprovado pelo Plenário do Conselho Estadual de

Educação do Ceará, por unanimidade dos presentes.

Sala das sessões plenárias do Conselho Estadual de

Educação, em Fortaleza aos 22 de julho de 2020.

ADA PIMENTEL GOMES FERNANDES VIEIRA

Presidente do CEE

CUSTÓDIO LUÍS SILVA DE ALMEIDA

Presidente da Comissão GUARACIARA BARROS LEAL

Relatora LÚCIA MARIA BESERRA VERAS

Membro

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LUCIANA LOBO MIRANDA

Membro MARIA DE FÁTIMA AZEVEDO FERREIRA LIMA

Membro MARIA LUZIA ALVES JESUÍNO

Membro NOHEMY REZENDE IBANEZ

Membro OROZIMBO LEÃO DE CARVALHO NETO

Membro RAIMUNDA AURILA MAIA FREIRE

Membro SAMUEL BRASILEIRO FILHO

Membro SEBASTIÃO TEOBERTO MOURÃO LANDIN

Membro SELENE MARIA PENAFORTE SILVEIRA

Membro

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203

SOBRE O AUTOR

Natural de Iguatu (CE).

Nasceu em 1961. Filho de

Pedrina Maria da Silva

Martins, lavadeira, mãe

generosa e visionária, que

muito se empenhou na sua

formação básica e se engajou

diligentemente no seu

ingresso e a permanência no

Colégio Militar de Fortaleza (CMF), no período de 1976 a 1982. Não

conheceu o pai. Ao deixar o CMF, graduou-se em Letras pela

Universidade Estadual do Ceará (1987), fez mestrado em Educação

pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (FACED, 1996) da

Universidade Federal do Ceará, com a dissertação “Constituição e

educação: análise evolutiva da educação na organização

constitucional do Brasil”, sob a orientação do Dr. André Haguette

(UFC) e doutorado em Linguística (2013) com a tese “Estratégias

de Compreensão de Expressões Idiomáticas por Não Nativos do

Português Brasileiro”, sob a orientação da Dra. Rosemeire Selma

Monteiro-Plantin (UFC) pelo Programa de Pós-Graduação em

Linguística (PPGL) da Universidade Federal do Ceará. Em 1989,

participou do processo de elaboração do Capítulo da Educação da

Constituição do Estado do Ceará, com a proposição e aprovação de

20 artigos educacionais que hoje figuram na Carta Estadual. Em

1990, também colaborou na elaboração da Lei Orgânica de

Fortaleza com a aprovação de, ao menos, 30 artigos na área

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educacional que hoje fazem parte da Carta Municipal. Desde 1994,

em virtude de concurso público, mudou-se com a família para

Sobral (a 220 km de Fortaleza/CE), onde atua como docente de

Linguística do Curso de Letras da Universidade Estadual Vale do

Acaraú (UVA). Além de dedicar-se entusiasticamente a pesquisas

linguísticas (Psicolinguística, Fraseologia, Filologia, Descrição do

Português e Literatura Regional), tem se interessado em estudos

educacionais (Legislação Educacional, BNCC, Acordo Ortográfico,

EJA, Educação Básica, Educação Inclusiva etc) e atuado ativamente

nas áreas de Formação de Professores, em nível de pós-graduação,

e como docente nos cursos de Especialização em Língua

Portuguesa e Psicopedagogia, respectivamente. Durante 10 anos,

atuou na área de ensino de Língua Portuguesa e de língua

espanhola na educação básica, em Fortaleza. Lotado no Curso de

Letras do Centro de Filosofia, Educação e Letras (CENFLE) da

UVA, tem, ao longo dos anos, ministrado disciplinas como Fonética

e Fonologia do Português, Aquisição da Linguagem e Estilística do

Português, áreas em que escreveu muitos artigos científicos e

livros. Na pós-graduação stricto sensu, tem participado, como

examinador externo, dos Programas de Pós-Graduação em

Universidade Federal do Ceará (UFC) e de Pós-Graduação em

Linguística Aplicada da Universidade Estadual do Ceará (UECE).

Coordenou, na UVA, de 2015 a 2017, o subprojeto de Letras (Língua

Portuguesa) do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à

Docência (PIBID) e coordenou de 2018-2020 o Programa de

Residência Pedagógica da CAPES/MEC. Possui Estágio Pós-

Doutoral em Linguística no Programa de Pós-Graduação em

Língua e Cultura do Instituto de Letras da Universidade Federal da

Bahia, sob a supervisão da Prof.ª Dra. Livia Marcia Tiba Radis

Baptista (UFBA) com a pesquisa “Frasemário Cultural:

Identificação, Classificação e Constituição de Corpus de

Culturemas nos Romances do Nordeste Brasileiro” (2016-2017).

No momento, cursa seu segundo estágio de pós-doutorado pela

UFC (2019-2020), na área de Linguística, com pesquisa sobre “Os

Culturemas no Discurso Lítero-Musical das Letras de Canção

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205

Brasileira”, sob a supervisão da Profª Dra Roseimeire Selma

Monteiro-Plantan (UFC). Mais recentemente publicou livros nas

áreas de educação, linguística e ensino de língua portuguesa , todos

pela editora Pedro & João Editores (consultar títulos em

http://www.pedroejoaoeditores.com.br/). Contatos para eventos e

palestras em todo o Brasil, presenciais ou virtuais, favor enviar

convite ou proposta para [email protected]

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