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EDUCAÇÃO EM
TEMPOS DE
PANDEMIA
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Vicente de Paula da Silva Martins
EDUCAÇÃO EM
TEMPOS DE
PANDEMIA
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Copyright © Vicente de Paula da Silva Martins
Todos os direitos garantidos. Qualquer parte desta obra pode ser reproduzida, transmitida ou arquivada desde que levados em conta os direitos do autor.
Vicente de Paula da Silva Martins
Educação em tempos de pandemia. São Carlos: Pedro & João Editores, 2020. 203p.
ISBN: 978-65-87645-35-3
1. Estudos da Educação. 2. Tempos de pandemia. 3. Ensino remoto. 4. Autor. I. Título.
CDD – 370
Capa: www.argiladesign.com.brEditores: Pedro Amaro de Moura Brito & João Rodrigo de Moura Brito
Conselho Científico da Pedro & João Editores: Augusto Ponzio (Bari/Itália); João Wanderley Geraldi (Unicamp/ Brasil); Hélio Márcio Pajeú (UFPE/Brasil); Maria Isabel de Moura (UFSCar/Brasil); Maria da Piedade Resende da Costa (UFSCar/Brasil); Valdemir Miotello (UFSCar/Brasil); Ana Cláudia Bortolozzi (UNESP/ Bauru/Brasil); Mariangela Lima de Almeida (UFES/Brasil); José Kuiava (UNIOESTE/Brasil); Marisol Barenco de Melo (UFF/Brasil); Camila Caracelli Scherma (UFFS/Brasil);
Pedro & João Editores www.pedroejoaoeditores.com.br
13568-878 - São Carlos – SP 2020
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AGRADECIMENTOS
Ao amigo Carlos Roberto Jamil Cury, filósofo e
professor emérito da Universidade Federal de
Minas Gerais, o primeiro a me incentivar ao estudo
de legislação educacional e a me falar sobre o valor
da expressão “pleno desenvolvimento humano”
no âmbito da educação escolar.
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SUMÁRIO
À guisa de apresentação
Considerações e ressalvas à proposta de parecer do
conselho nacional de educação
Proposta de regime especial de atividades não
presenciais para a uva no cenário da Covid-19:
contexto, base legal e validação
Absenteísmo docente: sequela ou cicatriz do
coronavírus?
Por que identificar alternativas de implementação
de carga horária do projeto pedagógico
Considerações finais
Referências
Anexos
Medida Provisória nº 934, de 1º/04/2020
Parecer CNE/CP Nº: 11/2020, de 7/7/2020
Resolução CEE/CE N° 481, de 27/03/2020
Provimento UVA/CE nº 09, de 17/06/2020
Relatório de Pesquisa da UVA, de 15/07/2020
Resolução CEE/CE Nº 84/2020, de 15/07/2020
Parecer CEE Nº: 0205/2020, de 22/07/2020
Sobre o autor
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À GUISA DE APRESENTAÇÃO
Ao concluir a leitura de Discurso da Ética e a Ética do
Discurso (2018), de Valdemir Miotello, já em sua segunda
edição pela Pedro & João, senti-me altamente motivado para
reler Marxismo e Filosofia da Linguagem (2009), de Mikhail
Bakhtin, o que fiz de pronto. Devidamente grifado, o livro de
Miotello, na verdade, transcrição de sua conferência em 2009,
na Escola da Assembléia Legislativa do Estado de Minas
Gerais, traz entre suas pérolas reflexivas a de que “Só posso ser
eu no jogo com o outro” (p.30) e “O outro fez surgir o eu dentro
de mim” (p.44) que nos remetem ao pensamento bakhtiniano.
Não há como pensarmos em princípio dialógico sem
reconhecermos que é a alteridade que nos constitui como ser
humano e sujeitos históricos de nossos discursos.
Por essa razão, nesta apresentação o outro entrará em cena.
Por ordem, trouxe a reflexão, em tempos de pandemia, de
Américo Saraiva, com mestrado e doutorado em Linguística
pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e com estágio de
pós-doutoramento em Semiótica na Université de Limoges,
França, sob a supervisão de Jacques Fontanille, além de poeta,
semioticista, músico e docente do Curso de Letras da UFC. Em
seguida, uma reflexão que dialoga com o texto do professor
Américo, feita por Vládia Borges, Ph.D. em Educação com área
de concentração em Ensino de Inglês como Segunda Língua
pela Universidade de Rhode Island (EUA), amiga muito
querida e adorável professora, também da UFC. E, por último,
o texto de Francisco Vicente de Paula Júnior, o Vicente Jr, doutor
em Letras (Literatura e Cultura) pela UFPB (2011) e desenvolve
pesquisas em Literatura Fantástica, Feminismo na Literatura,
Assédio Moral, Bullying e Cultura Popular, professor fantástico,
espirituoso, amigo e colega de trabalho do Curso de Letras da
Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA, em Sobral, há
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mais de duas décadas. Os textos dos três docentes,
originalmente publicados como postagens nas redes sociais,
foram autorizados pelos mesmos para apresentarem este livro e
com isso compartilharmos juntos o que pensamos sobre a
educação escolar no contexto de pandemia da Covid-19.
"Há algum tempo, calava-me diante de argumentos a
favor de aulas semi-presenciais, um meio que ensino a
distância, ou quase. Diziam-me que, com o avanço da
tecnologia, muito do que se fazia em sala presencialmente
poderia ser substituído, com vantagem, por atividades on-line.
Era o futuro. Vi-me na iminência de dar razão aos que
denunciavam a obsolescência do estilo de aula tradicional. A
pandemia chegou e nos confinou. No entanto, deu-me a
entender que ter silenciado perante aqueles argumentos não
foi boa opção pois nada é comparável a uma aula com corpo e
alma presentes. Quando t(r)ocada com amor, aula é uma
espécie de ritual sagrado, de dádiva adventícia na sua
irrepetibilidade. Os vocacionados se preparam para ela desde
dentro e para sempre. Curtem a espera, o encontro, o ler-se
mutuamente a presença em muitos níveis. Gostam de partilhar
o mesmo espaço físico, de vê-lo preenchido com a vida
múltipla e variada em ação. Aula é um encontro sem igual que
prepara conservando a nossa humanidade. Sou hoje defensor
ferrenho desse encontro sagrado em que se celebram o saber
sentir e o sentir saber.” (Américo Saraiva)
“Minha pergunta é: onde está a dicotomia? Assim como o
“computador” não substituiu o professor, também o ensino
remoto não substituirá o ensino presencial. São aliados! Neste
momento o ensino presencial não parece viável para saúde
pública. O ensino remoto se apresenta, então, como alternativa
para que algum tipo de ensino e aprendizagem aconteça neste
momento.
Uma questão surge: e o que acontece com aqueles que, por
não terem acesso a computadores e/ou Internet de banda larga,
ficam excluídos do ensino remoto? Nesse caso, não seria o caso
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de escolas e universidades proverem as ferramentas para que
todos possam vivenciar a educação remota? Ainda, a educação
remota pode ter maior ou menor qualidade dependendo
também do nível de preparação dos professores para esse tipo
de ensino. Por que escolas, universidades e professores, ao
invés de ficarem discutindo se o calendário escolar seria ou não
adiado e/ou cancelado, não buscaram aprender sobre como
fazer a transposição de aulas presenciais para aulas virtuais?
A hora não é de discutirmos o que é o ideal para educação,
mas de buscarmos o possível para que algum tipo de educação
aconteça neste momento. Esta é uma posição lógica e objetiva,
embora bastante controversa." (Vladia Borges)
“Seu texto é um apanhado sintético das grandes
discussões que permeiam esse contexto específico de
pandemia. Conseguiu tocar nas competências do Estado, dos
gestores, dos professores até dos alunos, mas aqueles que estes.
É um texto importantíssimo que deve ser repassado a cântaros
nos grupos da vida. Mas continuo exigindo uma sensibilidade
maior na situação social do aluno e de alguns professores como
os substitutos. As atividades remotas via plataformas custam
caro em todos os sentidos. Se houver, como em alguns países,
um acordo entre o Estado, os gestores, e as operadoras para o
acesso ser gratuito ...então não terei mais críticas.” (Vicente Jr)
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CONSIDERAÇÕES E RESSALVAS À PROPOSTA DE
PARECER DO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
“Cursos superiores a distância quebram barreiras e
incentivam a inclusão. No rastro dos avanços tecnológicos,
esses programas atraem hoje mais estudantes que os
presenciais A educação superior no Brasil está no meio de
uma revolução — algo silenciosa, é verdade, porém
irreversível. O fator dessa transformação que vem mexendo
com estudantes, professores e o mercado de trabalho é o
ensino a distância - ultimamente popularizado pela sigla
EAD).” (Alessandra Kianek, Educação, Veja, em 29/02/2020)
Este capítulo refere-se à regulação e gestão educacional
durante a emergência de saúde pública. Recentemente, o
Conselho Nacional de Educação lançou o Edital de Chamamento
destinado a colher, até o dia 23/4/2020, subsídios e
contribuições, ou seja, documentos, com contribuições
fundamentadas e circunstanciadas, para a deliberação da
matéria pelo Colegiado. Os conselheiros contabilizaram, ao
menos, 400 contribuições provenientes de organizações
representativas de órgão públicos e privados da educação
básica e superior, bem como de instituições de ensino e
profissionais da área da educação, além de contribuições de
pais de alunos da educação básica. Em 28 de abril foi realizada
a redação do documento e o parecer foi entregue ao MEC em 5
de maio de 2020.
Como pesquisador na área de legislação educacional,
inicialmente, fiz uma leitura crítica do documento e no dia
22/04/2020 enviei minha contribuição voluntária e cidadã ao
CNE na condição de docente da Universidade Estadual Vale
do Acaraú (UVA), por meio eletrônico, em formato texto. A
Proposta de Parecer refere-se à “Reorganização dos
Calendários Escolares e Realização de Atividades Pedagógicas
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Não Presenciais durante o Período de Pandemia da COVID-
19”.
O mesmo documento remetido ao CNE, em tempo hábil,
também foi enviado ao Gabinete do então Ministro da
Educação Abraham Weintraub para sua apreciação. Em que
pese seu conturbado período à frente da Pasta, o certo é que,
se não considerou integralmente minhas ressalvas, ao menos,
não homologou imediatamente o documento final do CNE e
em seguida restituiu o parecer ao Conselho Nacional de
Educação (CNE) para reexame, em razão das considerações
posteriores constantes da Nota Técnica Nº 32/2020/
ASSESSORIA-GAB/GM/GM. Realmente, o documento inicial
dos conselheiros estava mal redigido, açodado e requeria uma
boa revisão técnica, o que tentei fazer respeitando a estrutura
original do texto.
Conforme descrevo, mais adiante, foram muitas as
ressalvas à versão do Parecer aprovada pelos conselheiros e
com evidentes falhas técnicas em decorrência de sua
aprovação por açodamento. No primeiro momento, foi
aprovado em 28 de abril de 2020, o Parecer CNE/CP nº 5/2020
cuja ementa é bastante prolixa: “Reorganização do Calendário
Escolar e da possibilidade de cômputo de atividades não
presenciais para fins de cumprimento da carga horária mínima
anual, em razão da Pandemia da COVID-19”. Foram muitas
críticas à versão aprovada do documento legal. Por essa razão,
tivemos novo Parecer CNE/CP nº 9/2020, aprovado em 8 de
junho de 2020 cuja ementa é “ Reexame do Parecer CNE/CP nº
5/2020, que tratou da reorganização do Calendário Escolar e da
possibilidade de cômputo de atividades não presenciais para
fins de cumprimento da carga horária mínima anual, em razão
da Pandemia da COVID-19”. Também continuou
apresentando problemas técnicos. Posteriormente, a versão
revista e ampliada do Parecer CNE/CP nº 11/2020 foi
definitivamente aprovada em 7 de julho de 2020 cuja ementa é
“Orientações Educacionais para a Realização de Aulas e
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Atividades Pedagógicas Presenciais e Não Presenciais no
contexto da Pandemia” (aguardando homologação do
ministro Milton Ribeiro).
Após analisar detidamente cada subseção da Proposta de
Parecer, com suas respectivas subseções, observei problemas
terminológicos, contradições teóricas e pedagógicas, superposição
de ideias e recomendações, problemas de técnica legislacional bem
característicos de Parecer aligeirado, com inúumeros limites
epistemológicos e acabei montando minha contribuição aos
conselheiros em forma de conjunto de ressalvas a serem
consideradas ou não pelo CNE, a partir da estruturação da
Proposta do Parecer, assim delineada: não há dicotomia entre
educação e saúde; a garantia de assistência à saúde; a noção de
adequação curricular; a competência de legislar sobre
educação;calendário escolar: realizar atividades não presenciais ou
repor aulas presenciais?; fim do período de emergência: quando
mesmo?; o cômputo de carga horária por meio de atividades
pedagógicas não presenciais; alimentação é o direito à educação;
ensino híbrido: atividades on-line e presenciais; mais whatsapp,
facebook, instagram etc nos anos finais do ensino fundamental e
ensino médio; as finalidades da educação superior; educação
especial é uma modalidade de educação escolar; as dificuldades de
acesso à educação indígena, do campo e quilombola; avaliações e
exames de larga escala: onde fica a autoidentidade das instituições
de ensino?; a questão da organização do calendário escolar:
superposição de recomendações em subseções distintas; e os bons
propósitos da proposta de parecer, a título de conclusão das
minhas anotações.
A proposta preliminar do parecer
Motivado por diversas consultas a respeito da reorganização
do calendário escolar e da possibilidade de cômputo de atividades
não presenciais para fins de cumprimento da carga horária mínima
anual, o Conselho Nacional de Educação publicou no dia 17 de
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abril de 2020, o Edital de Chamamento para Consulta Pública sobre
o Proposta de Parecer que trata da reorganização dos Calendários
Escolares e a realização de atividades pedagógicas não presenciais,
durante o período de Pandemia da COVID-19. O Edital de
Chamamento é assinado pelos conselheiros Luiz Roberto Liza Curi,
Presidente do CNE e Presidente da Comissão; Maria Helena
Guimarães de Castro, Relatora da Comissão e Eduardo
Deschamps, Relator da Comissão. São o escol do CNE.
Como diz o documento, é tradição do Conselho Nacional de
Educação a realização de consultas públicas sobre matérias de alta
relevância. Assim, o Edital de Chamamento foi exclusivamente
destinado a colher, até o dia 23/4/2020, subsídios e contribuições,
ou seja, documentos, com contribuições fundamentadas e
circunstanciadas, para a deliberação da matéria pelo Colegiado.
Outra motivação que pesou na decisão do CNE de fazer
consulta pública, no âmbito legislacional, decorreu da publicação
da Medida Provisória nº 934, em 1º de abril de 2020, pelo Governo
Federal, que estabelece normas excepcionais para o ano letivo da
educação básica e do ensino superior decorrentes das medidas para
enfrentamento da situação de emergência de saúde pública de que
trata a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020.
O documento submetido à consulta público na sua versão
preliminar foi apresentado pelos conselheiros inicialmente
estruturado em 2 seções com muitas subseções: 1 Histórico; 2
Análise; 2.1 Do calendário escolar e carga horária mínima a ser
cumprida; 2.2 Da competência para gestão do calendário escolar;
2.3 Da reorganização do calendário escolar; 2.4 Da reposição da
carga horária de forma presencial ao fim do período de emergência;
2.5 Do cômputo de carga horária realizada por meio de atividades
pedagógicas não presenciais (com ou sem mediação on-line) a fim
de minimizar a necessidade de reposição da mesma de forma
presencial; 2.6 Sobre a educação infantil; 2.7 Sobre o ensino
fundamental – anos iniciais; 2.8 Sobre o ensino fundamental anos
finais e ensino médio; 2.9 Sobre o ensino superior; 2.10 Sobre
Educação Especial; 2.11 Sobre Educação Indígena, do Campo e
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Quilombola; 2.12 Sobre avaliações e exames de larga escala; 2.13
Diretrizes para reorganização dos calendários escolares; 2.14
Considerações finais.
Desde já, antecipo ao leitor que há problemas tecnicamente
graves na estruturação da Proposta de Parecer que, mais adiante,
apontarei e imediatamente sugiro uma reestruturação dos
dispositivos. Como o edital de chamamento foi amplamente
divulgado para Consulta Pública e destinado “a colher subsídios e
contribuições para a deliberação da matéria pelo Colegiado”, fiz
uma leitura crítica do documento e no último dia 22/04/2020,
enviei, como disse anteriormente, minha contribuição na condição
de um cidadão interessado na temática educacional, por meio
eletrônico, em formato texto, para o Conselho Nacional de
Educação1.
Não há dicotomia entre educação e saúde
A seção 1 da Proposta de Parecer, relativa ao Histórico, à
primeira vista, situa bem a discussão sobre a oferta da educação
escolar no contexto da pandemia. Apesar de fazer referência a
documentos internacionais sobre a matéria e à legislação nacional,
em particular, claramente o texto parece alheia a um novo
paradigma educacional: não existirá mais, no mundo pós-
coronavírus, a velha dicotomia entre educação e saúde e que ambas
estão em uma relação dialética contribuindo para a integridade e
integralidade do ser humano2.
1 Depois de várias revisões, inclusive acatando sugestões públicas de refacção do
documento, o Conselho Nacional de Educação, através do Conselho Pleno (CP),
aprovou no dia 7/07/2020 o Parecer CNE/CP nº 11/2020, cuja ementa é
“Orientações Educacionais para a Realização de Aulas e Atividades Pedagógicas
Presenciais e Não Presenciais no contexto da Pandemia.” 2 A distinção que faço entre os termos integridade e integralidade é tênue, mas
semanticamente significativa no contexto em que estamos vivendo. Por
integridade, entendo “característica ou estado daquilo que se apresenta ileso,
intato, que não foi atingido ou agredido”, isto é, a “integridade física” dos
educadores e educandos bem como sua formação em valores. Por integralidade,
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A noção de integridade/integralidade do ser humano pode ser
traduzida, do ponto de visto legislativo, como a expressão “pleno
desenvolvimento da pessoa“ (Constituição Federal) ou “pleno
desenvolvimento do educando”, presentes, respectivamente, nos
dispositivos “ A educação, direito de todos e dever do Estado e da
família, será promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho.”(Artigo 205 da CF) e “A educação, dever da família e do
Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de
solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho.” (Artigo 2º da LDB).
Não há, assim, “pleno desenvolvimento” da pessoa ou do
educando sem que sejam asseguradas a educação pública e a saúde
básica, posto que andam juntas, estão interligadas, isto é, o
conhecimento, levado a efeito pelo professor, nas instituições de
ensino, teleologicamente deve ter por fim último o equilíbrio do
estado físico, psicológico e emocional dos seus educandos. Não há
outro sentido para a noção de pleno desenvolvimento no texto
constitucional e na lei ordinária (LDB).
Da mesma forma que atualmente o Ministério da Saúde tem
órgãos de assistência direta do Gabinete do Ministro, como a
Secretaria de Atenção Primária à Saúde, a Secretaria de Atenção
Especializada à Saúde, a Secretaria de Ciência, Tecnologia,
Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, a Secretaria Especial de
Saúde Indígena, a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação
na Saúde e a Secretaria de Vigilância em Saúde, doravante, terá que
criar, data venia, uma nova secretaria do tipo “Secretaria Especial de
Atenção à Educação” para desenvolver políticas comuns (ou
concorrentes), interministeriais, envolvendo o Ministério da Saude
e o da Educação. Igualmente, o Ministério da Educação carecerá,
quero dar uma acepção de “totalidade, completude”, o pleno desenvolvimento do
educando como pessoa humana.
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para articulação com o Ministério de Saúde, de uma “Secretaria
Especial de Atenção à Saúde Coletiva”. Mas isso é apenas uma
sugestão para o Ministério da Educação.
Em virtude da emergência sanitária, minha primeira
contribuição à Proposta de Parecer do Conselho Nacional de
Educação foi a de fazer referência à documentação do Ministério
da Saúde que se faz necessária ao Parecer em tela por duas razões:
primeiramente, estamos diante de “enfrentamento da emergência
de saúde pública” e depois há condicionantes, também de ordem
sanitária, que são determinantes para o afrouxamento ou não do
distanciamento social ampliado, que envolvem as instituições de
ensino. A remissão, por exemplo, aos boletins epidemiológicos, é
“pedagógica” para as famílias e instituições de ensino e, em
particular, aos diversos órgãos estaduais e municipais (conselhos
estaduais de educação, por exemplo) quando regularem
sistematicamente o “regime especial”, conforme as necessidades ou
demandas educacionais dos sistemas de ensino. Nas referências,
indiquei três boletins do Ministério da Saúde que podem
comprovar o que disse anteriormente.
A garantia de assistência à saúde
Quanto à seção 2 da Proposta de Parecer, relativa à Análise,
âmago do parecer, considerei que, na sua parte introdutória, o
relator/parecerista deixou de destacar os riscos da reposição de
aulas presenciais em decorrência da pandemia COVID-19. O que
estão em jogo não são apenas o comprometimento do calendário
escolar, a defasagem de aprendizagem, a evasão escolar, o stress
familiar, a garantia de padrão de qualidade, o uso de tecnologias
de informação e comunicação, mas a saúde dos docentes,
educandos, gestores educacionais e seus familiares. A saúde dos
brasileiros deve ser a prioridade das prioridades no âmbito das
políticas públicas e sociais.
Assim, uma remissão ao inciso VIII do artigo 4º da Lei 9.394/96
se impõe ao Parecer porque, a meu ver, cabe ao Estado, em se
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tratando de educação escolar, a garantia de “atendimento ao
educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de
programas suplementares de material didático-escolar, transporte,
alimentação e assistência à saúde”. Grifaria no parecer o conceito
de “assistência à saúde” por conta da pandemia da COVID-19, seja
em razão de o Estado, através do Poder Público, ofertar atividades
escolares presenciais ou não presenciais, mediadas ou não com
recursos on-line.
A noção de adequação curricular
Adicionaria uma ênfase à noção de adequação curricular
presente na Subseção 2.1 da Proposta do Parecer do CNE, que trata
do calendário escolar e carga horária mínima a ser cumprida. Em
geral, associamos esta categoria “adequação curricular” à oferta de
educação especial ou à educação inclusiva ou ainda à Inclusão
Social. No contexto atual, a noção de adequação curricular talvez
melhor se aproxime à Inclusão Social e, considerando a realização
de atividades não presenciais, mediadas ou não por recursos on-
line, possa ser entendida como uma estratégia didático-
metodológica interessante e viável para que alunos que
eventualmente apresentem dificuldades em aprendizagem de
conteúdos curriculares (LEITE, 2011, p. 107).
A sugestão que daria para esta subseção é a de deixar clara a
noção de adequação curricular porque envolve dois aspectos: o
cumprimento dos dias letivos (flexibilizado pela Medida Provisória
nº 934/2020) e o cumprimento da carga horária mínima a ser
cumprida pelos sistemas de ensino, em caráter emergencial. É
necessário, pois, mostrar aos sistemas de ensino que a adequação
curricular e flexibilização são imprescindíveis para a inclusão
escolar.
O § 2º do artigo 23 da Lei 9.394/96, que encerra esta subção,
mereceria, a meu ver, ser deslocado para o terceiro parágrafo posto
que, em seguida, são apresentados sequencialmente outros
dispositivos da LDB.
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Aqui, apenas destacaria o teor do inciso I do Artigo 24,
mencionado na proposta de Parecer: “a carga horária mínima anual
será de oitocentas horas para o ensino fundamental e para o ensino
médio, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo
trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais,
quando houver.”, tanto aqui como na Medida Provisória nº
934/2020, a referência é a de “carga horária mínima anual” (ênfase
adicionada), o que permitirá que os sistemas de ensino, desde logo,
se organizem e distribuam a carga horária ao longo do ano escolar
e não apenas em uma parte do ano para atender o relaxamento ou
flexibilização do distanciamento social por força de decreto
governamental ou por instrução normativa de órgãos dos sistemas
de ensino. Evidentemente, os cuidados com a saúde dos
educandos, doravante, continuarão mesmo após o afrouxamento
do distanciamento social.
Mencionaria, por fim, o inciso II do artigo 28 que diz o
seguinte: “organização escolar própria, incluindo adequação do
calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições
climáticas, quando da oferta de educação básica para a população
rural”. A propósito, nesse contexto pandêmico, levanto a seguinte
questão: que orientações o Parecer poderia dar às escolas rurais
quanto “adequação às peculiaridades da vida rural e de cada
região” e aos “conteúdos curriculares e metodologias apropriadas
às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural”? O
Parecer não responde a essa questão.
A competência de legislar sobre educação
A subseção 2.2 da Proposta do Parecer trata da competência
para gestão do calendário escolar. Trata-se de uma questão central
do Parecer posto que o próprio histórico da Minuta reconhece que
“Em decorrência deste cenário, os Conselhos Estaduais de
Educação de diversos estados e vários Conselhos Municipais de
Educação emitiram resoluções e/ou pareceres orientativos para as
instituições de ensino pertencentes aos seus respectivos sistemas
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sobre a reorganização do calendário escolar e uso de atividades não
presenciais”. Vou aventar melhor a questão.
Sempre que estou diante de dispositivo da legislação
educacional que trata de competências ou incumbências dos entes
envolvidos na oferta da educação escolar, imediatamente me
trazem à memória as competências relacionadas à educação
previstas na Constituição Federal. Assim, entre as competências
exclusivas da União, previstas no artigo 22, está a enumerada no
inciso XXIV que se refere a “diretrizes e bases da educação
nacional”, o que resultou democraticamente na Lei 9394/96, a nossa
LDB.
Na esfera intergovernamental ou de um federalismo com
compartilhamento de competências no campo educacional, o inciso
V do artigo 23 trata de “proporcionar os meios de acesso à cultura,
à educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação” (Vale
lembrar que a redação foi dada pela Emenda Constitucional nº 85,
de 2015). Trata-se, pois, de uma das competências comuns da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Também no plano intergovernamental dos entes federativos,
o inciso IX que trata sobre educação, cultura, ensino e desporto” e
o inciso X que se refere “educação, cultura, ensino, desporto,
ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e
inovação (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de
2015) estão enumerados entre as competências concorrentes
atribuídas à União, aos Estados e ao Distrito Federal, a legislação
concorrente, previstas no artigo 24 da Constituição Federal.
Sinceramente, fiquei na dúvida se é, realmente, incumbência
das instituições de ensino a atribuída pela Proposta de Parecer de
“gestão do calendário e a forma de organização, realização ou
reposição de atividades acadêmicas e escolares”, juntamente com
os sistemas de ensino. Entendi que o parecer está se referindo à
incumbência legislacional, fundamentada nos artigos 16, 17 e 18,
exclusivamente atribuída aos “os órgãos federais de educação”
(inciso III do artigo 16 da LDB); “os órgãos de educação estaduais
e do Distrito Federal, respectivamente.”(Inciso IV do artigo 17 da
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LDB); e “os órgãos municipais de educação (Inciso III do artigo 18
da LDB), que nos remetem às competências exclusivas ou
privativas, concorrentes e comuns, descritas por mim
anteriormente. Portanto, trata-se uma incumbência legislacional
destinada aos órgãos dos sistemas de ensino (Conselho Estadual de
Educação, por exemplo) que, em seguida, delega por
descentralização administrativa, às ações às redes (Crede, por
exemplo) ou instituições de ensino (escolas).
Calendário escolar: realizar atividades não presenciais ou repor
aulas presenciais?
A subseção 2.3 da Proposta do Parecer trata da reorganização
do calendário escolar. A rigor, não traz grandes problemas.
Todavia, a subseção fala em “garantia da realização de atividades
escolares” e “cumprimento da carga horária”. Não faz sentido
porque a Proposta do Parecer fala em “reorganização” sob os
mesmos parâmetros do que já está organizado pelos sistemas de
ensino, ou seja, “ser assegurado que a reposição de aulas e a
realização de atividades escolares possam ser efetivadas de forma
que se preserve o padrão de qualidade previsto no inciso IX do
artigo 3º da LDB e inciso VII do artigo 206 da Constituição Federal.”
Isso não deve ser objeto ou orientação do Parecer; ao contrário, o
que está sendo tratado é sobre a reorganização do calendário
escolar, o que significa dizer que terá de ser organizado novamente,
introduzindo adaptações, melhoramentos e inovações,
reestruturando, portanto, o Calendário Escolar.
As duas condições ou possibilidades para a continuidade do
Calendário Escolar, apontadas pela Proposta do Parecer, só fazem
sentido se ficar claro, no Parecer, que ao propor a alternativa 1 “a
reposição da carga horária de forma presencial ao fim do período
de emergência”, esta será feita com os mesmos padrões da
organização já consolidados ou implantados pelas instituições de
ensino. A alternativa 2, isto é, “a realização de atividades
pedagógicas não presenciais (com ou sem mediação on-line)
22
durante o período de emergência, garantindo ainda os demais dias
letivos que previstos no decurso dos mínimos anuais/semestrais.”,
só pode acontecer se realmente o calendário escolar for
reorganizado, restruturado, melhorado, adaptado e inovador,
onde a suspensão das aulas será contrabalançada com a realização
de atividades não presenciais, isto é, com o cumprimento de carga
horária previsto no Calendário Escolar. Se a reposição de aulas é
feita presencialmente e restitui os dias letivos interditados
(alternativa 1), na perspectiva de realização de atividades, estamos
nos referindo tão somente ao cumprimento da carga horária, sem
qualquer preocupação com os dias letivos, unicamente cumprindo
a carga horária a ser compulsoriamente estabelecida na legislação.
Fim do período de emergência: quando mesmo?
A Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020 dispôs sobre as
medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de
importância internacional decorrente do coronavírus responsável
pelo surto de 2019. Explico logo por que reproduzo esta ementa da
Lei. Desde o primeiro momento grifei a expressão “enfrentamento
da emergência de saúde pública” e nela passei o marcador de texto
em “emergência”. Recorri ao Houaiss (2020) e observei que a
acepção de “emergência” ocorre quando, no setor de uma
instituição hospitalar os pacientes são prontamente atendidos, ou
seja, quando estes “requerem tratamento imediato”. É o pronto-
socorro. Já “urgência” tem a acepção de “situação crítica ou muito
grave que tem prioridade sobre outras”, ou melhor, a situação não
pode ser adiada, e se não for resolvida rapidamente, o paciente
corre o risco de morrer. Ora, o coronavírus está mostrando que
qualquer paciente acometido da doença está potencialmente em
risco de vida.
Por isso, considerando a gravidade da situação de saúde por
que passamos no momento, no mundo e no Brasil, em particular,
não vejo sentido nenhum esta subseção está sendo contemplada no
Parecer por uma única razão: o texto permite que se avente,
23
imediatamente após o fim da emergência sanitária, a possibilidade
de reposição de carga horária através de aulas ou “utilização de
períodos não previstos” ou ainda “ampliação de jornada escolar
diária”, em razão do “período de suspensão de atividades
presenciais na escola seja longo”. Ora, a persistir no texto esta
subseção, há risco das instituições de ensino, notadamente os
docentes, “cruzarem os braços” e esperarem a normalidade para
desenvolver suas atividades escolares. Do jeito que está, vai
confundir o consulente, seja público ou privado, seja sistema de
ensino, redes e instituições de ensino. Acho que precisa ser revista
ou modalizada essa questão.
O parecer em construção, vale lembrar, traz o seguinte texto
em sua ementa: ”Proposta de Parecer sobre Reorganização dos
Calendários Escolares e Realização de Atividades Pedagógicas Não
Presenciais durante o Período de Pandemia da COVID-19”; logo,
refere-se não mais que a realização de atividades pedagógicas não
presenciais, descartando a alusão a atividades presenciais, que não
é objeto de atenção aqui no Parecer em tela. Volto a insistir aqui: a
reposição de aulas (execução das atividades para cumprimento
escolar regular) está para “atividades pedagógicas presenciais”, em
condições de normalidade; assim com a realização (execução das
atividades para cumprimento da carga horária mínima) está para
“atividades pedagógicas não presenciais”, em condições de
anormalidade ou de excepcionalidade; o que é o caso.
O cômputo de carga horária por meio de atividades pedagógicas
não presenciais
A subseção 2.5 da Proposta do Parecer refere-se ao cômputo
de carga horária realizada por meio de atividades pedagógicas não
presenciais (com ou sem mediação on-line) a fim de minimizar a
necessidade de reposição da mesma de forma presencial. Trata-se
da principal subseção do Parecer.
Nesta importante subseção, com base na legislação do próprio
CNE, em seus inúmeros pareceres, procuraria deixar mais claro o
24
conceito “efetivo trabalho escolar”. Merece também a atenção a
noção de “reposição de carga horária”. Mais ainda se faz necessário
o clarear aos consulentes do entendimento, por parte dos
conselheiros, do que entende por “realização de atividades a
distância” (regime?), inclusive, se é o mesmo sentido que
atribuímos para “educação a distância” (modalidade) e que
instância governamental indicará o “final da situação de
emergência” para que as instituições de ensino voltem à
normalidade, ou melhor, às condições de normalidade das aulas
presenciais.
Da mesma forma, acho que a noção de padrão de qualidade,
enquanto princípio de ensino, deve ser suficientemente explorado
no parecer. Outra questão que deve ser levada em conta, na
perspectiva de “atividades pedagógicas não presenciais”, é a noção
de horas, hora-atividade ou hora-trabalho que, no caso de serem as
atividades implementadas sem mediação on-line, ocorrerá
potencialmente fora da escola em que pese sob a supervisão dos
docentes.
Alimentação é o direito à educação
A subseção 2.6 trata da educação infantil. De início, acho que
o CNE deve ouvir e levar em conta o que chamam a atenção os
documentos de entidades como Rede Nacional Primeira e a União
Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime).
Mais do que um foco na questão de reorganização do
calendário escolar ou realização de atividades não presenciais, as
entidades que têm uma atenção à educação infantil, no Brasil,
trazem à pauta alguns dos temas que mais preocupam os dirigentes
municipais de educação de todo o país, considerando que ainda
não há uma previsão para a suspensão do isolamento, e apontam
preocupações, por exemplo, com relação à oferta da alimentação
escolar aos estudantes com aulas suspensas e as possíveis sanções
no processo de prestação de contas.
25
Em três momentos, a Proposta de Parecer faz referência à
questão da alimentação escolar, a saber:; i) “Considerando também
que as crianças não estão tendo acesso à alimentação escolar na
própria escola, sugere-se que no guia de orientação aos pais sejam
incluídas informações quanto aos cuidados com a higiene e
alimentação das crianças, uma vez que elas não têm acesso à
merenda escolar.”; ii)“danos estruturais e sociais para estudantes e
famílias de baixa renda, como ausência de merenda, stress familiar
e aumento da violência doméstica”, ausência acarretada pela
“possibilidade de longa duração da suspensão das atividades
escolares presenciais por conta da pandemia da COVID-19”; e iii)
“dificuldades de fornecedores, a exemplo dos insumos de
alimentação em acréscimo às merendas, em eventuais
contraturnos”, dificuldade no “caso o período de suspensão de
atividades presenciais na escola seja longo, a reposição de carga
horária exclusivamente de forma presencial, ao fim do período de
emergência, pode acarretar diversas dificuldades e prejuízos
financeiros e trabalhistas.”
Pois bem. O quadro pandêmico vivenciado por todos nós,
realmente, é escatológico e o que está descrito pelo CNE parece
refletir essas angústias, mas em momento algum, a Proposta do
Parecer diz que, ao lado da educação, a moradia, entre outros, a
alimentação é um dos direitos sociais assegurados às pessoas pelo
artigo 6º da Constituição Federal, em idade escolar ou não. Mais
especificamente em matéria educacional, o inciso VII do artigo 208,
ao estabelecer o dever do Estado com a educação, deve dar garantia
de “atendimento ao educando, em todas as etapas da educação
básica, por meio de programas suplementares de material
didáticoescolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
Ainda no capítulo da Educação na Constituição Federal, o § 4º
do artigo 212, ao estabelecer a aplicação, anualmente, da receita
resultante de impostos na manutenção e desenvolvimento do
ensino”, também firma o compromisso do Estado de assegurar o
seguinte:“ Os programas suplementares de alimentação e
assistência à saúde previstos no art. 208, VII, serão financiados com
26
recursos provenientes de contribuições sociais e outros recursos
orçamentário”.
Por fim, enfatizo ainda que o artigo 227 estabelece que é
“dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida,
à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão.”. Portanto, à criança é assegurada, com “absoluta
prioridade”, o direito à alimentação.
Que sentido faz uma subseção específica da Proposta de
Parecer, que trata da educação infantil, falar em “condições de
atendimento da educação infantil, em razão da carga horária
mínima obrigatória prevista na LDB” e “ reposição de carga horária
na forma”, “as eventuais perdas para as crianças”, sugerindo “a
realização de atividades pedagógicas não presenciais enquanto
durar o período de emergência”, se as crianças não estiverem
alimentadas?
Ao contrário do que expõe a Proposta de Parecer, em alguns
sistemas de ensino, em muitos estados da federação, e, apesar do
distanciamento social, há um esforço dos governantes de assegurar
a garantia de acesso à merenda escolar em cumprimento ao que
estabelece a Constituição Federal. Um ponto de vista sobre uma
questão da alimentação como direito social da criança torna-se
imperioso quando a Proposta tratar deste nível de ensino.
Ensino híbrido: atividades on-line e presenciais
A subseção 2.7 trata sobre o ensino fundamental – anos
iniciais. Na introdução da subseção, fica clara a inclinação do
Parecer para mostrar as vantagens para um Ensino Híbrido (não
menciona a expressão), quando diz “existem dificuldades para
acompanhar atividades on-line uma vez que as crianças do primeiro
ciclo encontram-se em fase de alfabetização, sendo necessária
27
supervisão de adulto para realização de atividades” e “podem
haver possibilidades de atividades pedagógicas não presenciais
com as crianças desta etapa da educação básica.”
As 16 sugestões de atividades que podem ser trabalhadas nos
anos iniciais do ensino fundamental, descritas na Proposta de
Parecer, como “aulas gravadas pela televisão organizadas pela
escola de acordo com o planejamento de aulas e conteúdos ou via
plataformas digitais de organização de conteúdos”, “distribuição
de vídeos educativos (de curta duração) por meio de plataformas
on-line, mas sem a necessidade de conexão simultânea seguidos de
atividades a serem realizadas com a supervisão dos pais”;
“realização de atividades on-line síncronas, regulares em relação
aos objetos de conhecimento, de acordo com a disponilidade
tecnológica”; e “oferta de atividades on-line assíncronas regulares
em relação aos conteúdos, de acordo com a disponilidade
tecnológica e familiaridade do usuário”, são exemplos de Ensino
Híbrido que envolvem práticas que integram o ambiente on-line e
presencial.
Outra sugestão nesta subseção refere-se ao correto emprego da
norma padrão para o parágrafo “Para tanto sugere-se aqui as
seguintes possibilidades para que as atividades sejam realizadas/
Para tanto sugerem-se aqui as seguintes possibilidades para que as
atividades sejam realizadas (p.7).
Mais whatsapp, facebook, instagram etc nos anos finais do ensino
fundamental e ensino médio
A subseção 2.8 da Proposta de Parecer refere-se ao ensino
fundamental anos finais e ensino médio. Um dos pontos altos
desta subseção é a assertiva que nos anos finais do ensino
fundamental e ensino médio “as dificuldades cognitivas para a
realização de atividades on-line são reduzidas ao longo do tempo
com maior autonomia dos estudantes, sendo que a supervisão de
adulto para realização de atividades pode ser feita por meio de
28
orientações e acompanhamentos com o apoio de planejamentos,
metas, horários de estudo presencial ou on-line.” (p.8).
Assim, aqui, pode-se aplicar à noção de Sala de Aula Invertida,
também chamada de “flipped classroom”, entendida como
abordagem em que “o conteúdo e as instruções sobre um
determinado assunto curricular não são transmitidos pelo
professor em sala de aula” (VALENTE, 2014, p.97) . Enfim, há uma
clara ideia da Proposta do Parecer de conciliar a forma tradicional
e o recurso on-line de ensino, valorizando também a interação e o
aprendizado coletivo e colaborativo, como podemos exemplificar a
partir do elenco de “possibilidades de atividades pedagógicas”
como “realização de atividades on-line síncronas de acordo com a
disponilidade tecnológica”; “realização de testes on-line ou por
meio de material impresso a serem entregues ao final do período
de suspensão das aulas”; e “utilização de mídias sociais de longo
alcance (WhatsApp, Facebook, Instagram etc.) para estimular e
orientar os estudos, desde que observadas as idades mínimas para
o uso de cada uma dessas redes sociais.
Há para esta subseção uma sugestão quanto ao emprego da
norma padrão para este excerto: “Aqui as possibilidades de
atividades pedagógicas não presenciais ganham maior espaço.
Neste sentido, sugerem-se:” (p.8).
As finalidades da educação superior
A subseção 2.9 destinada ao ensino superior traz muitos
problemas. Apontaria aqui, brevemente, problemas terminológicos
e os de não reconhecer, à luz da LDB, as finalidades mais
categóricas da educação superior nas diversas instituições de
educação superior no país, sejam públicas ou privadas.
Comecemos pelo título da subseção: “Do ensino superior”.
Ora, a LDB, desde a sua promulgação, em 1996, adota apenas a
expressão “educação superior”. Há, ao menos, 31 ocorrências na lei
ordinária com este termo, mais adequado epistemologicamente
falando, a este nível escolar. Para o contexto a que se aplica a
29
Proposta de Parecer podemos citar, entre os inúmeros exemplos, o
conveniente emprego da expressão “educação superior”, por
exemplo, nos seguintes dispositivos da LDB: i) O inciso IV-A do
artigo 9º, que trata das incumbências da União, ao estabelecer que
“estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios, diretrizes e procedimentos para identificação,
cadastramento e atendimento, na educação básica e na educação
superior, de alunos com altas habilidades ou superdotação”; ii) o
inciso VIII do artigo 9º que incumbe a União de “ assegurar
processo nacional de avaliação das instituições de educação
superior, com a cooperação dos sistemas que tiverem
responsabilidade sobre este nível de ensino”; iii) o inciso IX,
também do referido artigo, que incumbe a União de “ autorizar,
reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente,
os cursos das instituições de educação superior e os
estabelecimentos do seu sistema de ensino.”; e iv) ainda no artigo
9º, o 3º que diz o seguinte: “As atribuições constantes do inciso IX
poderão ser delegadas aos Estados e ao Distrito Federal, desde que
mantenham instituições de educação superior.”
Por outro lado, há apenas 12 ocorrências para a expressão
“ensino superior” na LDB. Se é exegerada a afirmação de que a
expressão “ensino superior” é espúria, considerando os avanços da
própria LDB, no continuum da legislação, ao menos, teremos que
dizer, em nome da uniformidade terminológica, trata-se de um
termo anacrônico, isto é, contraria ao que o estabeleceu a LDB nessa
matéria educacional.
Vale lembrar que todas ocorrências de “ensino superior”
foram mais recentemente incluídas no texto da LDB como em: i) o
§ 2º do artigo 44 que diz: “ No caso de empate no processo seletivo,
as instituições públicas de ensino superior darão prioridade de
matrícula ao candidato que comprove ter renda familiar inferior a
dez salários mínimos, ou ao de menor renda familiar, quando mais
de um candidato preencher o critério inicial.”, termo Incluído pela
Lei nº 13.184, de 2015; ii) O § 1º do artigo 44: “O resultado do
processo seletivo referido no inciso II do caput deste artigo será
30
tornado público pela instituição de ensino superior, sendo
obrigatórios a divulgação da relação nominal dos classificados, a
respectiva ordem de classificação e o cronograma das chamadas
para matrícula, de acordo com os critérios para preenchimento das
vagas constantes do edital, assegurado o direito do candidato,
classificado ou não, a ter acesso a suas notas ou indicadores de
desempenho em provas, exames e demais atividades da seleção e a
sua posição na ordem de classificação de todos os candidatos.”,
inclusão feita a partir da redação dada pela Lei nº 13.826, de 2019.
Manifestamente o legislador falhou aqui quanto ao emprego da
expresão “ensino superior” que não tem nenhum amparo no
ordenamento educacional vigente.
Bom, para encerrar minhas ressalvas, nesta subseção, posso
destacar que a Portaria nº 319, de 23 de abril de 2020, ao tratar da
“Altera o Cronograma do Censo da Educação Superior 2019”,
emprega, em cinco ocorrências, a expressão “educação superior”.
Logo, o termo que deve ser consagrado na legislação educacional é
educação superior e não ensino superior. Tomar um pelo outro é
equivalente a dizer que ensino (hipônimo) é sinônimo de educação
(hiperônimo). Um termo mal empregado pode acarretar problemas
de interpretação. O Capítulo IV da LDB reafirma a terminologia o
alcance da expressão ou categoria “educação superior” ao
explicitar suas finalidades no artigo 43 e sua abrangência quanto à
oferta de cursos e programas no artigo 44, como os cursos
sequenciais por campo de saber, de graduação, de pós-graduação,
de extensão.
Também, neste nível de ensino, a abordagem sugerida me
parece ser realmente a híbrida. Senão, vejamos. Na introdução da
subseção 2.9, a Proposta do Parecer faz referência à “tradição de
utilização de mediação tecnológica tanto no ensino presencial
quanto no ensino a distância.” (p.9), quando da oferta de cursos de
educação superior. Os conselheiros acreditam convenientemente
que, na educação superior, é possível que os sistemas de ensino
possam “ampliar a oferta de cursos presenciais em cursos de EaD,
e de criar condições para realização de atividades pedagógicas não
31
presenciais de forma mais abrangente a cursos que ainda não se
organizaram na modalidade a distância.” (p.9)
Nos cursos das IES já credenciadas para a utilização de
plataformas tecnológicas de EaD, lhes são admitidas, por força de
lei, a oferta de 40% de atividades a distância para cursos
presenciais”. No entanto, e oportunamente, o Parecer adverte ao
consulente que “Uma das questões associadas à Educação Superior
a distância faz referência aos limites da semipresencialidade
colocados quando da regulação pré COVID-19.”, o que é algo que
todas as IES devem levar em conta no contexto pandêmico em que
estamos vivenciando nesse momento.
As sugestões propostas nesta subseção para a educação
superior são as mesmas indicadas na subseção 2.8 da Proposta de
Parecer, referentes aos anos finais do ensino fundamental e ao
ensino médio. Empobreceu deveras a subseção. O modelo proposto
indica uma tendência à abordagem híbrida, mas a Proposta do
Parecer é de um nível de indigência muito grande quanto às
sugestões de atividades. Aliás, se considerarmos apenas as
atividades extraclasses ou extensionistas, ao menos, poderiam ser
indicadas aos alunos das diversas graduações, práticas acadêmicas
como participação em projetos interdisciplinares e programas de
pesquisa, bem características nas IESs.
Substancialmente, a Proposta do Parecer não pode deixar de
fora o que é bem caracterizante das atividades acadêmicas nas IES.
Quero dizer que a Proposta do Parecer precisa considerar que a
Educação Superior tem uma privilegiada e expressiva atenção no
conjunto de dispositivos da LDB. Poderia aqui lembrar que o
capítulo IV é destinado especificamente a este nível escolar. Se a
subseção é destinada à educação superior, ao menos, a Proposta de
Parecer precisa tomar em consideração que as atividades sugeridas
devem escoar das finalidades previstas no artigo 43,
nomeadamente :i) atividades que estimulem “a criação cultural e o
desenvolvimento do espírito científico e do pensamento
reflexivo”(Inciso I); ii) Atividades que incentivem “o trabalho de
pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da
32
ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse
modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que
vive” (inciso III) ; iii) Atividades que promovam “a divulgação de
conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem
patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino,
de publicações ou de outras formas de comunicação” (Inciso IV);
iv) Atividades que estimulem “o conhecimento dos problemas do
mundo presente, em particular os nacionais e regionais, prestar
serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma
relação de reciprocidade(inciso IV); v) Atividades que promovam
“a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão
das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da
pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição (Inciso VII);
Há uma sugestão quanto ao emprego da norma padrão na
expressão “Neste sentido, sugerem-se:”. Também empregaria o
termo “Educação Superior”, previsto na LDB, para o título da
subseção.
Educação especial é uma modalidade de educação escolar
É flagrante a pouca atenção da Proposta de Parecer à Educação
Especial. A subseção 2.10 é destinada a esta modalidade. O conteúdo
está marcado por uma indigência de conteúdo legislacional.
A Proposta do Parecer não faz qualquer referência ao Capítulo
V da LDB, que trata exclusivamente da educação especial. Como a
Proposta não levou em conta o capítulo da LDB, acaba por incorrer
em afirmações problemáticas do tipo “As atividades pedagógicas
não presenciais aplicam-se aos alunos de todos os níveis, etapas e
modalidades educacionais, portanto, extensivo àqueles
submetidos a regimes especiais de ensino, entre os quais, os que
apresentam altas habilidades/superdotação, deficiência e
Transtorno do Espectro Autista, atendidos pela modalidade de
Educação Especial.” e “As atividades pedagógicas não presenciais
mediadas ou não por tecnologia de informação e comunicação,
adotarão medidas de acessibilidade igualmente garantidas,
33
enquanto perdurar a impossibilidade de atividades escolares
presenciais na unidade educacional da educação básica e superior
onde estejam matriculados.” E mais ainda “Considerando que os
sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios têm liberdade de organização e poder regulatório
próprio, devem buscar e assegurar medidas locais que garantam a
oferta de serviços, recursos e estratégicas para que o atendimentos
dos estudantes da Educação Especial ocorra com padrão de
qualidade.”. Por favor.
A educação especial é uma modalidade de educação escolar. É
preciso então situá-la no conceito de educação especial na LDB
dado pela redação pela Lei nº 12.796, de 2013: “Entende-se por
educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de
educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de
ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.”
A inclusão do artigo 59-A, pela Lei nº 13.234, de 2015, também
precisa ser levada em conta no texto do novo Parecer, ao estabelecer
que o poder público deve “fomentar a execução de políticas
públicas destinadas ao desenvolvimento pleno das potencialidades
desse alunado”, de modo a favorecer “políticas de
desenvolvimento das potencialidades do alunado de que trata
o caput serão definidos em regulamento.” (parágrafo único)
No mais, o texto da subseção 2.10 traz temas importantes como
“Atendimento Educacional Especializado (AEE)”, “a atuação dos
professores do AEE como professores regentes em rede, articulados
com a equipe escolar, desempenhando suas funções na adequação de
materiais, provimento de orientações específicas às famílias e apoios
necessários”, a responsabilidade das instituições privadas com “o
atendimento educacional especializado”; e, particularmente, a
chamada de atenção aos sistemas de ensino ao afirmar o texto que
“Algumas situações requerem ações mais específicas por parte da
instituição escolar, como nos casos de acessibilidade sociolinguística
aos estudantes surdos usuários da Língua Brasileira de Sinais (Libras),
acessibilidade à comunicação e informação para os estudantes com
34
deficiência visual e surdocegueira no uso de códigos e linguagens
específicas, entre outros recursos que atendam àqueles que
apresentem comprometimentos nas áreas de comunicação e
interação.”. É o ponto alto da ssubseção.
Todavia, incorre em um erro crasso, considerando o contexto
de pandemia, ao afirmar que “as orientações gerais direcionadas
aos diversos níveis de ensino, presentes neste documento, também
se aplicam às especificidades do atendimento dos estudantes da
Educação Especial, modalidade transversal a todos os níveis e
modalidades de educação, como previsto na LDB.” É exatamente o
contrário: na perspectiva da educação inclusiva, a educação
especial passa a integrar a proposta pedagógica da escola regular,
promovendo o atendimento aos estudantes com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/
superdotação. Portanto, não se trata de mera aplicação das
orientações gerais dos níveis de ensino à educação especial, mas de
dar garantia o acesso de todos os alunos ao ensino regular (com
participação, aprendizagem e continuidade nos níveis mais
elevados de ensino de modo também a estimular a participação da
família e da comunidade e a promoção da articulação intersetorial
na implementação das políticas públicas educacionais.
As dificuldades de acesso à educação indígena, do campo e
quilombola
A subseção 2.11 refere-se à Educação Indígena, do Campo e
Quilombola. Os seis curtos parágrafos destinados à subseção por
si já revelam que importantes temas (ao menos,15 ocorrências)
dispostos na LDB não foram levadas em conta na proposta.
Há parágrafos que poderiam ser melhor clareados para o
consulente. Por exemplo, de que forma os sistemas de ensino
podem, efetivamente, regular medidas que garantam oferta de
recursos e estratégicas para atender diversidade e singularidades
das populações indígena, quilombola, do campo e dos povos
tradicionais no contexto de pandemia? Outra questão: de que
35
forma, “as escolas poderão ofertar parte das atividades escolares
em horário de aulas normais e parte em forma de estudos dirigidos
e atividades nas comunidades? Como realmente se dará a
integração dessas atividades escolares ao projeto pedagógico da
instituição? A proposta de Parecer não responde a nada disso.
Considero uma avanço que a Proposta de Parecer faça
referência ao caráter facultativo (ou seja, democraticamente, deixar
de cumprir ou não a recomendação) das atividades pedagógicas
não presenciais quando diz “A realização de atividades
pedagógicas não presenciais pode ser facultado às escolas
indígenas, quilombola, do campo e às que atendem populações
tradicionais, que ofereçam condições suficientes para isso.” E que
“a realização de atividades pedagógicas não presenciais se efetive
por meio de regime de colaboração entre os entes federados,
conselhos estaduais e municipais de educação escolar indígena,
quilombola, do campo e populações tradicionais.”, um desafio
intergovernamental para a federação brasileira.
Chamou-me a atenção o parágrafo “A retomada das aulas
pode seguir outras referências de ensino-aprendizagem por meio
da pesquisa e da extensão, atividades culturais, a depender do
planejamento a ser feito pelos docentes, por cada série/ano/ciclo,
considerando-se a possibilidade de turnos de aula ampliados,
conforme deliberações a serem feitas em cada comunidade.” (p.10).
Explico melhor: para a educação indígena, por exemplo, é,
realmente, pertinente se falar em “retomada de aulas” ou é mais
coerente se referir à “realização de atividades pedagógicas não
presenciais durante o período de pandemia da COVID-19”? Não
devemos ter em mente, as dificuldades de acesso da referida
população à educação escolar formal?
Avaliações e exames de larga escala: onde fica a autoidentidade
das instituições de ensino?
A subseção 2.13 refere-se a avaliações e exames de larga
escala. De saída, o que observei de positivo na redação da Proposta
36
do Parecer foi a questão da avaliação em larga escala não está posta
a serviço de ações pragmáticas vinculadas ao rankeamento de
instituições, escolas, redes municipais e estaduais, à liberação de
recursos, à valorização da “transparência” para a sociedade e à
necessidade de qualificação da educação.” O caso de Sobral é
emblemático em se tratando de bons resultados nas avaliações
nacionais, contando ainda com elevado IDEB, mas argumento aqui
que o sistema avaliativo de larga escala não seja para reforçar uma
política de resultados, de modo a unicamente instituir “parâmetros
de comparações entre as instituições do sistema educacional.” O
que se tem de questionar é o seguinte: a padronização de áreas,
indicadores e critérios presente nos instrumentos de coleta de
dados não retira a escola de um patamar de autoidentidade?
(WERLE, 2011, p.790)
Resumidamente, as recomendações da Proposta do Parecer
são bastante pertinentes considerando o contexto de isolamento
social a que estamos vivenciando: “Recomenda-se que o MEC e o
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep) acompanhem as ações de reorganização dos
calendários de cada sistema de ensino antes de realizar o
estabelecimento dos novos cronogramas das avaliações (SAEB) e
exame (ENEM) de larga escala de alcance nacional, a fim de
garantir uma avaliação equilibrada dos estudantes em função das
diferentes situações que serão enfrentadas em cada sistema de
ensino, assegurando as mesmas oportunidades a todos que
participam das avaliações e exames nacionais.”
Da mesma forma, bastante relevante é a recomendação feita
aos sistemas de ensino para que “desenvolvam instrumentos
avaliativos que podem subsidiar o trabalho das escolas e dos
professores tanto no período de realização de atividades
pedagógicas não presenciais como no retorno às aulas presenciais”,
como “criar questionário de autoavaliação das atividades ofertadas
aos estudantes no período de isolamento.”, “criar, durante o
período de atividades pedagógicas não presenciais, uma lista de
exercícios que contemplam os conteúdos principais abordados nas
37
atividades remotas” e a que merece maior destaque é a de “realizar
avaliação oral individual ou em pares acerca de temas estudados
previamente.”
As recomendações ao MEC/INEP, para aguardar “o retorno às
aulas presenciais”, para a aplicação de avaliações e exames de larga
escola, são válidas e devem ser extensivas ao Exame Nacional de
Desempenho dos Estudantes (ENADE) para os discentes de
educação superior.
A questão da organização do calendário escolar: superposição de
recomendações em subseções distintas
A subseção 2.13 refere-se a diretrizes para reorganização dos
calendários escolares. Uma sugestão é que esta subseção seja
deslocada para subseção 2.3 relativa à organização do calendário
Escolar ou venha imediatamente depois desta, ou seja, como a
subseção 2.4. Na verdade, o ideal era que o Parecer gerasse, no
documento, uma seção autônoma, tipo Seção 3, uma vez que o
conteúdo da subseção é fundamental ao parecer por tratar de dois
importantes: a) reorganização dos calendários escolares; b)
Realização de atividades pedagógicas não presenciais durante o
período de pandemia da covid-19.
A rigor, as subseções 2.3 (Da reorganização do calendário
escolar) e 2.13 (Diretrizes para reorganização dos calendários
escolares) trazem informações superpostas ou repetidas, aliás,
várias, como, estas: a) “Assim sendo, por meio da sua nota,
considerando os dispositivos legais e normativos vigentes, o CNE
reiterou que a competência para tratar dos calendários escolares é
da instituição ou rede de ensino, no âmbito de sua autonomia,
respeitadas a legislação e normas nacionais e do sistema de ensino
ao qual se encontre vinculado, notadamente o inciso III do artigo
12 da LDB.” (p.3): b) “Nesse sentido, a Nota de Esclarecimento do
CNE indicou possibilidades da utilização da modalidade Educação
a Distância (EaD) previstas no Decreto nº 9.057/2017 e na Portaria
MEC nº 2.117/2019, os quais indicam também que a competência
38
para autorizar a realização de atividades a distância é das
autoridades dos sistemas de ensino federal, estaduais, municipais
e distrital.“ (p. 5); e c) “Preliminarmente, o CNE reitera que a
normatização da reorganização do calendário escolar de todos os
níveis e etapas da educação nacional para fins de cumprimento da
carga horária mínima anual prevista na LDB em seus artigos 24 e
31, nas Diretrizes Curriculares Nacionais e nos currículos dos
cursos de ensino superior é de competência de cada sistema de
ensino.” (p. 12).
O ideal é que o parecer se tornasse mais elegante (ou enxuto)
quando tratar da competência de normatização (ou regulação,
termo mais apropriado ao contexto) para a reorganização do
calendário escolar. Aplicar-se-á aqui oportunamente a navalha de
Ockham3.
Os bons propósitos da proposta de parecer
A subseção 2.24 trata das considerações finais. O que me
impressionou foi a desproporcional economia de palavras no único
parágrafo: “As orientações para realização de atividades
pedagógicas não presenciais para reorganização dos calendários
escolares neste momento devem ser consideradas como sugestões;
nessa hora, a inovação e criatividade das redes, escolas, professores
e estudantes podem apresentar soluções mais adequadas. O que
deve ser levado em consideração é o atendimento dos objetivos de
aprendizagem e o desenvolvimento das competências e
habilidades a serem alcançados pelos estudantes em circunstâncias
excepcionais provocadas pela pandemia.”
Se a intenção era ser elegante, traduzir um estilo mais enxuto
para a redação, o alcance pode ser bastante relativizado: o generoso
3 Princípio bastante influente no positivismo contemporâneo, porém formulado
remotamente pelo ockhamismo, que recomenda cortes terminológicos e
especulativos na atividade filosófica, considerando desnecessária a existência
extralinguística de essências ou entidades universais, mais simplesmente
compreensíveis como meras convenções verbais (Houaiss, 2020).
39
mérito a meu ver foi o de destacar em poucas palavras o seguinte:
i) As orientações contidas no Parecer são sugestões; ii) A realização
de atividades e reorganização dos calendários escolares requer dos
sistemas de ensino a inovação e criatividade das redes, escolas,
professores e estudantes; e iii) Os objetivos de aprendizagem e o
desenvolvimento das competências e habilidades são os principais
pontos a serem levados em conta nas ações dos sistemas de ensino.
Concordo plenamente com os bons propósitos da Proposta do
Parecer, mas suas seções e subseções devem atender
fundamentalmente à demanda atual, isto é, precisa ser estrutural e
legislacionalmente inovador e criativo, atento ao contexto de
pandemia do novo coronavírus que chegou ao Brasil de maneira
assustadora, de modo que o novo Parecer, embrião de uma
Resolução do Conselho Pleno do CNE, de orientar os professores a
repensarem o processo de ensino-aprendizagem e os gestores à
garantia do sucesso desse processo, com ou sem mediação on-line,
numa perspectiva de abordagem híbrida, a levar também os alunos
a se adaptarem com sucesso ao novo modelo de aprendizagem.
40
41
PROPOSTA DE REGIME ESPECIAL DE ATIVIDADES
NÃO PRESENCIAIS PARA A UVA NO CENÁRIO DA
COVID-19: CONTEXTO, BASE LEGAL E VALIDAÇÃO
“Se o risco de contágio permanecer alto, pais não deixarão
seus filhos voltarem à escola, trabalhadores se ausentarão de
seus postos de trabalho e empresários enfrentarão a
insegurança jurídica e o dilema ético de sua decisão de
retomar a produção pondo em risco a vida de seus
colaboradores. Seria quase impossível voltar à vida normal,
especialmente se as mortes alcançarem as centenas
diariamente.” (Sergio Firpo, Opinião, Folha de São Paulo,
30/03/2020)
A proposta de regime especial de atividades não
presenciais ganhou espaço no debate acadêmico, em função do
atual cenário de suspensão das aulas presenciais, nas
instituições de ensino, causada pelo novo coronavírus
(COVID-19). O objetivo deste capítulo é discutir sobre a
decisão de se implementar ou não as atividades não
presenciais, frente à legislação posta e imposta pela situação de
emergência ou calamidade pública.
Realizei uma breve compilação de decretos, portarias,
resoluções, pareceres, notas de esclarecimento, entre outros de
documentos legais que favorece a discussão dos efeitos de
suspensão das aulas presenciais, em vigor, nos planos
nacional, estadual, local e universitário, e como, na condição
de protagonistas, podemos de forma democrática, autêntica e
criativa melhor construir uma resposta a essa condição com a
proposição do regime especial de atividades não presenciais,
definido essencialmente pela implementação (ou manutenção)
das atividades pedagógicas sem a presença de estudantes nas
dependências da IES. Além disso, à guisa de uma (in)
conclusão proponho um conjunto de recomendações no final
do texto, sem a pretensão de trazer um pensamento acabado
42
ou expedito, e sim, tencionando unicamente esboçar, no
futuro, novo conjunto de encaminhamentos construído
coletivamente e sugestionáveis à Reitoria, à Pró-Reitoria de
Ensino de Graduação, às coordenações e aos docentes da UVA.
Apresento aos colegas dos cursos da UVA as possibilidades de
implementação de atividades não presenciais, destacando-se a
a viabilidade de sua validação quando do retorno à
normalidade. O que proponho para UVA, certamente, é viável
às demais estaduais (UECE, URCA), no Ceará, e às quarenta
universidades estaduais em todo o Brasil, que têm o perfil de
condições de oferta de cursos muito semelhante à realidade da
UVA, especialmente as localizadas no interior do Nordeste,
região que detém o maior número de IES, em nível estadual.
Recentemente, durante essa fase de confinamento
doméstico, li alguns periódicos na minha área de formação e
revistas de divulgação. Entre as revistas de divulgação,
chamou-me a atenção a Super Interessante que trouxe a
instigante matéria “Coronavírus também pode ser transmitido pela
fala”, assinada Bruno Garattoni. Em resumo, a matéria
descreve a experiência feita por cientistas do governo
americano que constaram que o simples ato de falar com outra
pessoa é suficiente para expelir milhares de microgotículas de
saliva contendo SARS-CoV-2. Por exemplo, ao se pronunciar
uma simples frase como “nós vamos superar essa pandemia”,
dita pelo professor, em sala de aula, em direção aos seus
alunos, é capaz expelir até 360 microgotículas de saliva, que se
projetam de forma quase imediata – em 16,6 milissegundos (ou
0,016s) elas já estão no ar, indo em direção ao interlocutor, ao
qual podem transmitir o novo coronavírus. As conclusões
deste estudo, assinado por três cientistas americanos, nos dão
uma ideia de que como será desafiador para todos os sujeitos
das instituições de ensino as relações interpessoais,
especialmente as do professor-aluno, nos próximos semestres
letivos. Afinal, em que momento estaremos seguros para a
ministração de nossas aulas presenciais?
43
Divido este texto nas seguintes seções: Contexto do
regime especial; Base Legal do Regime Especial (a decisão do
Governo do Ceará, a decisão da Prefeitura Municipal de
Sobral; a decisão do CEE do Ceará; a decisão da Reitoria da
UVA); validação das atividades não presenciais (AN-P) e
recomendações para a comunidade acadêmica.
Guio o texto a partir da seguinte problematização que
tento responder ao longo das seções: em que medida somos
contra ou a favor da implementação do semestre letivo (2020.1)
de forma remota através do sistema acadêmico da UVA?
Contexto do Regime Especial
Nos últimos dias, a preocupante situação de saúde
enfrentada por nosso país, decorrente da Pandemia do
COVID-19 (Coronavírus), impôs ao Poder Público a adoção de
um conjunto de medidas preventivas, voltadas à proteção da
sociedade. Para mim, em particular, a resposta protetora dos
governos nacional, estadual e municipal à pandemia está
aparentemente no rumo certo e, talvez, no futuro, possamos
avaliar estas ações não apenas como salvíficas do ponto de
vista sanitário, educacional, ontológico ou epistemológico mas
em benefício do “o fortalecimento dos vínculos de família, dos
laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em
que se assenta a vida social.” (Inciso IV do artigo 32 da Lei
9.394). Essa situação é, pois, nossa principal base factual
motivadora para a elaboração deste texto.
A UVA, como umas três universidades estaduais do
Ceará, pode ser considerada um “braço cultural” do Governo
do Estado na mesorregião noroeste do Estado. Essa constação
por si só me leva a defender que devamos, na condição de
servidores estaduais, ser responsivos no sentido de
assumirmos um papel protagonista (e diria também solidário)
no contexto pandêmico, discutindo, propondo, reorganizando
e melhorando o que for possível, e, excepecionalmente,
44
colaborando com os órgãos da Administração Superior da
UVA na construção de um regime especial de atividades não
presenciais que dê conta das demandas da IES, em andamento.
A ideia de regime especial é a mais simples possível:
oferecermos à comunidade universitária, sem conotação de
panaceia ou heureca, um insólito modo de conduzir a vida
acadêmica durante o período de isolamento social.
O propósito do presente texto, para a discussão entre os
pares, reveste-se, pois, de um espírito de liberalidade,
espontaneidade, mas, ao mesmo tempo, tenho a firma
disposição de devolver academicamente à minha IES um
pouco do meu olhar sobre essa situação que
surpreendentemente envolve a todos da comunidade
acadêmica, e, ao mesmo tempo, sei que tenho teologicamente
a firme esperança cristã de que o que vivenciamos nesse
momento será transitório, e, em outro momento,
continuaremos a existir social, ontológica e
epistemologicamente.
Por essa razão, como linguista, para melhor desvelar a
noção de regime especial, recorri ao hiperônimo “atividades”
para empregar e enfatizar adequadamente o sentido mais
genérico do termo em relação a “aulas”. Como sabemos,
historicamente a noção de aula está muito arraigada na
sociedade escolar como sinônimo de sala sob regência do
professor e dirigida a um ou mais alunos, em estabelecimento
físico ou predial de ensino. Assim, neste texto, o termo
atividades é hiperônimo de aulas, assim como pandemia é
hiperônimo de covid-19. Desse modo, a expressão “regime
especial de atividades não presenciais” não pode ser aqui
tomada como equivalente a ”regime especial de aulas não
presenciais”; a primeira expressão, isto é, “atividades não
presencias”, permite maior flexibilidade das IES de agir, de se
mover, de fazer, empreender atividades, evidemente incluindo
também “aulas presenciais”, mas também outras atividades
acadêmicas, de forma mais ampla, que venham a atender a
45
função específica de formação inicial dos alunos nos diversos
campos de conhecimento. Numa perspectiva mais filosófica ou
epistemológica, a noção de “atividades” permite, pois, que as
IES possam agir de maneira livre, independente ou
incondicionada, isto é, sem as “amarras”, por exemplo, do
artigo 47 da Lei 9.394/96, no tocante ao rigoroso cumprimento
dos 200 dias letivos.
As atividades disciplinas de um curso de formação inicial,
se tomarmos, por exemplo, o Curso de Letras da UVA, em
Sobral, devem ser vistas como “componentes pedagógicos”
(hiperômimo) que podem, naturalmente, em condições
normalidade, ser teorizados e praticados por meio de
disciplinas convencionais, mas nessa situação excepcional,
podem ser trabalhados através de novas “modalidades” de
organização pedagógica e espaços institucionais que
favoreçam um bom perfil do professorado.
Recorrendo a Mello (2000, p.101), diria que a “situação de
formação profissional do professor é inversamente simétrica à
situação de seu exercício profissional”. O que a pesquisadora
nos diz é o seguinte: quando preparamos o aluno para ser
professor, ele vive o papel de aluno” e nós, na condição de seus
docentes, temos nossas incumbências de formadores; por isso,
o que é mais importante, nesse contexto emergencial, não deve
unicamente a preocupação intransigente ou servil de fazemos
valer a equação professor-aluno-conteúdo a qualquer custo ou
termos atitude inflexível de só esperar o momento oportuno de
“retomada normal das aulas presenciais” para ministrarmos as
aulas presenciais, sem vislumbrar a oportunidade de
montarmos criativamente um regime especial, com
funcionamento remoto, que dê relativamente conta, de forma
inovadora ou criativa, das competências instrumentais e
cognitivas importantes para a formação inicial dos professores
que irão atuar na educação básica, evidentemente preservados
os princípios pedagógicos estabelecidos nas normas
curriculares nacionais: a interdisciplinaridade, a
46
transversalidade e a contextualização, e a integração de áreas
em projetos de ensino, que constituem hoje recomendações
nacionais. E, se não abrimos mão dessa condição efetivamente
presencial, porém anacrônica, isto é a relação in presentia
professor-aluno-conteúdo, mais cedo ou tarde teremos que
considerar a lição de Mello (2000) que nos convida a uma
reflexão: “Ensinar é uma atividade relacional”, seja presencial
ou não, o ensinar é realmente trabalhar com os outros, o que
requer em inesperadas situações o enfrentamento da diferença
e do conflito, inclinação que forçosamente nos leva a acolher e
respeitar diversidade e tirar proveito dela para melhorar nossa
prática, a aprender a conviver com a resistência, os conflitos e
os limites de sua influência que conscientemente fazem parte
da aprendizagem necessária para ser professor.
Creio que devo mais ser claro nesse ponto anterior: o
regime especial de aulas não presenciais pode ser definido como
modo exercer excepcionalmente as atividades acadêmicas, além
dos limites do estabelecido pelo calendário acadêmico, sem
padronização prévia de oferta das atividades e mediada por
tecnologias disponíveis ou por instrumentos básicos
disponibilizados pelo ambiente virtual, que não pode ser
confundido com EAD, ou seja, não se trata de colocarmos
precipitadamente a modalidade de educação a distância a todo
vapor tal como é prevista § 1º do artigo 80 da Lei 9.394/94; se
apostamos na EAD é um risco nesse momento, uma vez que
não temos know-how, sem deixar de levar em conta que o
regime especial a que proponho aqui tem caráter de
temporalidade, ou melhor, as atividades não presenciais do
regime especial trazem na sua temporalidade a possibilidade
ou não de prorrogação, de acordo com as orientações das
autoridades sanitárias. Talvez, aqui, mereça destacar o
seguinte: a proposta de reflexão que lanço aqui é a
implementação (veja que evito o termo continuidade) de ações,
em regime especial, realizadas sem a presença de alunos e
professores nas dependências da IES.
47
A implementação das atividades não presenciais, em
caráter de excepcionalidade e temporalidade, pode ser
traduzida como a determinação, sob o amparo legal ou
legislacional, da manutenção das atividades pedagógicas e,
consequentemente, do semestre letivo, sendo alterado apenas
o regime de ministração do conteúdo, que excepcionalmente
se dará por meios alternativos àqueles convencionalmente
adotados.
Para encerrar esta seção, não discuto manifestamente a
“suspensão de aulas” como já determinou a Portaria Reitoria
nº 99/2020. Ao contrário, sigo as orientações governamentais e
da Administração Superior da UVA. O que coloco aqui, em
discussão, é o seguinte: as aulas foram suspensas, mas a
determinação reitoral não significa a interrupção total das
atividades pedagógicas ou acadêmicas. A medida reitoral, em
comum acordo com os governos federal e estadual, não
descarta que, em nome de um regime excepcional, cujas
atividades docentes e discentes, sejam realizadas de dentro de
suas casas (home office), possamos desenvolver as incumbências
dos docentes, previstas e enumeradas no artigo 13 da Lei
9.394/96. É o que entendo.
Evidentemente, estamos todos diante de difícil momento
enfrentado por todo o país, o que requer da comunidade
acadêmica, serenidade, temperança e ajustes dos mecanismos,
técnicas e formas necessárias ao desenvolvimento do regime
especial das atividades lativas, exigindo de todos os
envolvidos na educação senso prático, bom senso e diálogo,
ajustando caso a caso, respeitadas as particularidades de
docentes e alunos, enfim, a melhor forma de desenvolvimento
das excepcionais atividades docentes. Cabe ainda lembrar que
a motivação de todas as medidas ora adotadas não deve ser
outra senão a proteção à vida e a saúde dos alunos, professores
e, direta ou indiretamente, de toda a sociedade.
Por tudo isso, considero que o atual cenário de suspensão
das aulas presenciais deve ser visto à luz da legislação,
48
respeitado o princípio de superveniência legisferante (uma lei
federal é hierarquicamente superior a uma resolução do
Conselho de Educação, por exemplo). Assim, neste texto
considero inicialmente o fundamento legal no Decreto
Legislativo nº 6/2020, na Portaria MEC nº 343/2020, em nível
nacional; no Decreto Nº33.519, de 19 de março de 2020, em
nível governamental, e Resolução CEE N° 481/2020, ambos, em
nível estadual; na Portaria Reitoria Nº 99/2020 e,
especialmente, no artigo 1º do Portaria Reitoria Nº 101/2020, o
que, em substância, nos leva a cogitar a necessária e urgente
expedição de normativo específico (Portaria) com estratégias
e diretrizes sobre o regime especial de aulas não presenciais
na UVA, definindo, como já disse anteriormente,
essencialmente, a implementação das atividades acadêmico-
pedagógicas sem a presença de estudantes nas dependências
da Universidade, como medida preventiva disseminação da
doença COVID-19, enquanto esta perdurar.
Base Legal do Regime Especial
Tenho observado nas discussões dos colegas o argumento
de que não haveria “segurança jurídica” para posteriormente
serem validadas as atividades acadêmicas, inclusive as aulas
presenciais que deixaram de ser ministradas pelos docentes
durante o período de suspensão de aulas presenciais. Trata-se
de um argumento ad hominem (apela compreensivamente para
os sentimentos e não para a razão). Fiz, ao contrário, a opção
por um argumento a fortiori (procuro tirar a conclusão mais
clara, embora partindo-se do que era menos evidente).
Lembro ao leitor que a flexibilidade é um dos principais
mecanismos da Lei 9.394/96, inclusive para para assegurar a
qualidade do ensino. Logo, por que não explorar esse princípio
legal agora nesse momento de isolamento social?
Tenho ouvido e lido muitas questões sobre o calendário
acadêmico, incluindo o letivo. De maneira óbvia, a questão da
49
manutenção do calendário não pode ser um óbice. Por quê?
Porque é admitido o planejamento das atividades letivas em
períodos que independem do ano civil, recomendado, sempre
que possível, o atendimento das conveniências de ordem
climática, econômica ou outras que justifiquem a medida.
Vale lembrar ainda, sobre a questão do calendário
acadêmico (ou letivo), que o artigo 2º da Medida Provisória nº
934, de 1º de abril de 2020 assim estabelece: “As instituições de
educação superior ficam dispensadas, em caráter excepcional,
da obrigatoriedade de observância ao mínimo de dias de
efetivo trabalho acadêmico, nos termos do disposto no caput e
no § 3o do art. 47 da Lei nº 9.394, de 1996, para o ano letivo
afetado pelas medidas para enfrentamento da situação de
emergência de saúde pública de que trata a Lei nº 13.979, de
2020, observadas as normas a serem editadas pelos respectivos
sistemas de ensino.” Assim, o que determina o caput do artigo
47 da Lei 9.394/96, isto é, quando diz “Na educação superior, o
ano letivo regular, independente do ano civil, tem, no mínimo,
duzentos dias de trabalho acadêmico efetivo, excluído o
tempo reservado aos exames finais, quando houver.” (ênfase
adicionada), nada mais salienta senão o valor trabalho
acadêmico efetivo, em serviço.
O artigo 2º da Medida Provisória nº 934/2020, em caráter
excepcional, desobriga as instituições de educação superior da
obrigatoriedade de observância ao mínimo de dias de efetivo
trabalho acadêmico, isto é, os 200 dias letivos, “nos termos do
disposto no caput e no § 3o do art. 47 da Lei nº 9.394, de 1996,
para o ano letivo afetado pelas medidas para enfrentamento da
situação de emergência de saúde pública de que trata a Lei nº
13.979, de 2020, observadas as normas a serem editadas pelos
respectivos sistemas de ensino.” (BRASIL, 2020).
Meu entendimento é que nossa IES não deve observar a
severa ou ou rigorosa determinação do caput e no § 3o do art.
47 da Lei nº 9.394/96 de cumprir os dias letivos, isto é, os dias
em que, presencialmente, os estudantes vão à Universidade
50
para formação inicial. E o que a IES deve cumprir nesse
momento nada tem a ver com os 200 dias, e sim, cumprir a a
carga horária em horas (e não dias letivos), o que dar uma
flexibilidade à IES para implementar ou desenvolver
atividades não presenciais, com cômputo de horas, a serem
validadas oportunamente quando do retorno à normalidade
acadêmica.
A Portaria MEC nº 343/2020 autorizou, em caráter
excepcional, “a substituição das disciplinas presenciais, em
andamento, por aulas que utilizem meios e tecnologias de
informação e comunicação, nos limites estabelecidos pela
legislação em vigor, por instituição de educação superior
integrante do sistema federal de ensino, de que trata o art. 2º
do Decreto nº 9.235, de 15 de dezembro de 2017.” (ênfase
adicionada).
Como podemos observar, na Portaria MEC nº 343/2020
um dos aspectos importantes nos chamam a atenção é a
excepcional autorização às IES de substituição das disciplinas
presenciais, em andamento, por aulas que utilizem “meios e
tecnologias de informação e comunicação, nos limites
estabelecidos pela legislação em vigor”.
A noção de substituição traz um benefício importante a
serviço da implementação de atividades não presenciais, isto
é, cria uma atmosfera inovadora de possibilidade para que as
IES de colocar as “disciplinas presenciais” em “aulas” que
utilizem “meios e tecnologias de informação e comunicação,
isto é, atividades remotas com estudantes e professores
desenvolvendo atividades educacionais em lugares ou tempos
diversos, que não se confundem com Educação a Distância
(EAD). Em todo caso, o § 4º da Portaria nº 343/2020 determina
que “ As instituições que optarem pela substituição de aulas
deverão comunicar ao Ministério da Educação tal providência
no período de até quinze dias.”
O § 1º do artigo 2º da Portaria nº 343/2020, por sua vez,
determina que “As atividades acadêmicas suspensas deverão
51
ser integralmente repostas para fins de cumprimento dos dias
letivos e horas-aulas estabelecidos na legislação em vigor.”
Quando a Portaria fala em reposição pode nos parecer à
primeira vista que esta reposição de atividades acadêmicas
suspensas possa nos parecer a volta a uma condição ou estado
anterior, isto é, compulsoriamente voltar-se a situação inicial
do semestre em andamento, começar do zero, mas isso só faz
relativamente sentido se a IES não validar as atividades
remotas desenvolvidas durante o período de isolamento social.
A noção de substituir /substituição prevista na Portaria
MEC nº 343/2020 é simplesmente colocar uma “coisa” no lugar
de outra: substituamos, pois, aulas presenciais por atividades
não presenciais e, no final, validemos as mesmas à guisa de
aproveitamento de estudos. Ponto final.
A Decisão do Governo do Ceará
O Inciso III artigo 3º do Decreto nº 33.510/2020, no
contexto de decretação de situação de emergência em saúde,
inicialmente por 15 (quinze) dias, suspendeu as “atividades
educacionais presenciais em todas as escolas, universidades e
faculdades, das redes de ensino pública, obrigatoriamente a
partir de 19 de março, podendo essa suspensão iniciar-se a
partir de 17 de março.” (ênfase adicionada). O que nos chama
a atenção é o decreto só faz referência a “atividades
educacionais presenciais”, o que, ao certo, incluem as aulas
presenciais, mas descarta que a IES, na medida das
possibilidade de oferta, ofereça ao aluno atividades não
presenciais que possam ser validadas posteriormente.
O § 2º do Decreto Nº33.510/2020 faz referência aos “ajustes
que se façam necessários ao calendário escolar da rede pública
estadual de ensino, de que trata o inciso III, serão
posteriormente estabelecidos pela Secretaria da Educação,
podendo, inclusive, a suspensão ser considerada como recesso
ou férias.” O que se observe aqui é que o decreto permitiria à
52
Reitoria de uma universidade estadual cearense (UECE,
URCA e UVA) o recesso das atividades de ensino, o que não
implicaria em seu prejuízo anulação. Mas, faz sentido o recesso
acadêmico em semestre que já iniciou suas atividades em 02 de
março de 2020? Claro que não.
Particularmente, é importante assinalar o conteúdo § 5º do
Decreto Nº33.510/2020 determinou “O disposto no inciso III,
do “caput”, não impede as instituições públicas de ensino de
promoverem, durante o período de suspensão, atividades de
natureza remota, desde que viável operacionalmente.” Aqui,
fica claro, que não há nenhum impedimento legal que
impossibilite os docentes e discentes da IES de exercer
excepcionalmente (não regularmente, isto é, presencialmente
suas funções acadêmicas).
O Governo do Estado do Ceará, através do § 6° do artigo
3º do Decreto nº 33.532/ 2020, no contexto de contenção do
avanço do novo coronavírus, estabelece que “O calendário
acadêmico, as atividades presenciais ou remotas e a carga
horária do ensino público superior estadual, inclusive quanto
às práticas obrigatórias do internato e da residência,
obedecerão ao disposto em normativo específico expedido
pelas respectivas universidades.” Em outras palavras, é papel
das IES a expedição de “normativo específico” (Portaria,
Resolução, Provimento etc) no tocante às atividades
presenciais ou remotas, seja qual for a área de conhecimento.
A Decisão da Prefeitura Municipal de Sobral
No artigo 7º do Decreto nº 2.371, de 16 de março de 2020,
ao estabelecer Estado de Emergência medidas para
enfrentamento do novo coronavírus (COVID-19), determina
que “Como medida de quarentena, ficam restritas e suspensas
as seguintes atividades, de 17 de março de 2020 até 31 de março
de 2020, podendo haver prorrogação ou interrupção do prazo
de suspensão, as atividades dos seguintes estabelecimentos:
53
academias e congêneres, salas de cinema, museus,
equipamentos culturais, Planetário, teatro, circo, casas de
shows, boates, pubs, estádios, igrejas e equipamentos
religiosos, universidades, escolas públicas e privadas,
Biblioteca Municipal, Palácio de Ciências e Línguas
Estrangeiras, Restaurante Popular, Escola de Saúde Pública
Visconde de Sabóia, Centro de Especialidades Odontológicas
(municipal e regional) e Policlínica “.
No decreto sobralense, interessante evidenciar a
disposição prévia da Prefeitura, durante o prazo de suspensão
de prorrogar ou interromper as atividades em diversos
estabelecimentos, incluindo as universidades.
O § 1º do artigo 7º do Decreto nº 2.371/2020 refere-se a
suspensão das “atividades de transporte escolar e universitário
no mesmo prazo do caput deste artigo”, o que nos dá uma
ideia do que ao certo vem sendo replicado de medida de
distanciamento social nos municípios da área geoeducacional
da UVA.
Em resumo, não há nenhum impedimento legal para a
realização de atividades não presenciais pela IES.
A decisão do CEE do Ceará
Um das razões da expedição da Resolução CEE/CE N° 481
de 27 de março de 2020 é “o impacto da pandemia do COVID-
19 no fluxo do calendário escolar, tanto na educação básica
quanto no ensino superior, bem como a perspectiva de que
essas medidas da suspensão das atividades presenciais das
instituições de ensino se prolonguem em tal extensão que
inviabilize a reposição das aulas, dentro de condições
razoáveis de acordo com o planejamento do calendário letivo
de 2020” (p.1-2). O que estão suspensas, como podemos ler, são
as atividades presenciais. A Resolução do CEE não inviabiliza
a realização de atividades não presenciais.
54
Para atender às demandas do atual cenário, o artigo 3º da
Resolução CEE/CE N° 481/2020 traz praticamente um
programa de ações para oa efetivação por parte das
Instituições de Ensino um regime especial com foco em
atividades não presenciais, a saber (faço questão de reproduzir
as ações ipsis verbis:
o Planejar e elaborar, com a colaboração do corpo
docente, as ações pedagógicas e administrativas a serem
desenvolvidas durante o período em que as aulas presenciais
estiverem suspensas, com o objetivo de viabilizar material de
estudo e aprendizagem de fácil acesso, divulgação e
compreensão por parte dos alunos e familiares.” (Inciso I da
Resolução CEE/CE N° 481 de 27 de março de 2020);
o Preparar material específico para cada etapa e
modalidade de ensino, com facilidades de execução e
compartilhamento, como: vídeo aulas, conteúdos organizados
em plataformas virtuais de ensino e aprendizagem, redes
sociais, correio eletrônico e outros meios digitais ou não que
viabilizem a realização das atividades por parte dos
estudantes, contendo, inclusive, indicação de sites e links para
pesquisa. (Inciso II da Resolução CEE/CE N° 481 de 27 de
março de 2020).
o Organizar, a critério de cada instituição ou rede escolar,
avaliações dos conteúdos ministrados durante o regime
especial de aulas não presenciais que poderão compor nota ou
conceito para o histórico escolar do aluno.” (Inciso VI da
Resolução CEE/CE N° 481 de 27 de março de 2020).
o Zelar pelo registro da frequência dos alunos por meio
de relatórios e acompanhamento da evolução da
aprendizagem, mediante a execução das atividades propostas,
que serão computadas como aula, para fins de cumprimento
do ano letivo de 2020.” (Inciso VII da Resolução CEE/CE N°
481 de 27 de março de 2020).
o Registrar as atividades realizadas em regime especial
de aulas não presenciais para fins de certificação dos alunos,
55
assim como comprovação dos estudos efetivamente realizados
aos órgãos do sistema, caso demandado. (Inciso VII da
Resolução CEE/CE N° 481 de 27 de março de 2020).
Chamou-me a atenção o teor do artigo 5º da Resolução
CEE/CE N° 481/2020 que diz o seguinte textualmente: “Após a
vigência do regime especial de aulas não presenciais, as
instituições de ensino ou redes escolares deverão reorganizar
o calendário escolar, entendendo que situações diferenciadas
poderão ocorrer, cabendo às respectivas Secretarias de
Educação, no caso das redes públicas, ou à direção do
estabelecimento, no caso de instituição privada fazer as
seguintes adequações”.
O § 3º do Artigo 5 Resolução CEE/CE N° 481/2020 nos
esclarece, em muitos pontos, os procedimentos operacionais
para a efetivação do regime especial de atividades não
presenciais: “As instituições de ensino deverão registrar de
forma pormenorizada e arquivar as comprovações que
demonstram as atividades escolares realizadas fora da escola,
a fim de que possam ser autorizadas a compor carga horária
de atividade escolar obrigatória a depender da extensão da
suspensão das aulas presenciais durante o presente período de
emergência.”
O artigo 6° da Resolução CEE/CE N° 481/2020 dá margem
para a não adesão das IES ao regime especial: “As instituições
ou redes de ensino que, por razões diversas, optarem por não
executar as atribuições constantes no art. 3º desta Resolução,
deverão aprovar e dar ampla divulgação do novo calendário,
contendo proposta de reposição das aulas presenciais referente
ao período de regime especial, tão logo cesse esse período.
A decisão da Reitoria da UVA
A seção Ensino da Portaria Reitoria/UVA Nº 99/2020
estabelece a suspensão de “aulas presenciais de todos os
cursos, devendo ser incentivadas atividades remotas como
56
forma de minimizar o distanciamento de alunos da
Universidade, utilizando quando possível, as ferramentas
disponíveis no Sistema Acadêmico da UVA.” (CEARÁ, 2020).
Para alguns interpretadores da referida Portaria, o ato de
“suspender aulas presenciais de todos os cursos” pode
significar a “interrupção temporária”, “interrupção definitiva
das aulas presenciais” ou mesmo seu adiamento, isto é, ato ou
efeito de retardar, transferir as aulas para outra ocasião ou para
outro período letivo ou semestre letivo. Não tem nada a ver.
A Reitoria/UVA Nº 99/2020 não parece sugerir
definitivamente o término do calendário letivo: ao contrário,
parece nos incentivar a promover “atividades remotas” para
“minimizar o distanciamento social”. Podemos, pois, reduzir
ao mínimo as atividades acadêmicas, mas somos incentivos a
desenvolver um efetivo trabalho letivo, o que é, ao certo, uma
dedução inequívoca.
O artigo 1º do Portaria Reitoria Nº 101/2020 prorroga, por
30 (trinta) dias, o prazo de suspensão de “todas as atividades
presenciais de ensino de graduação e pós-graduação, eventos e
encontros acadêmicos e atividades culturais e desportivas na UVA”,
estabelecido anteriormente no Art. 1º, da Portaria nº 95 -
REITORIA, de 16/03/2020, a contar da data de 1º de abril de
2020.
Algumas levantam como questionamento as limitações da
UVA para as atividades não presenciais. Podemos lembrar que
a ideia de um regime especial se aproxima muito com o que
está previsto na Resolução nº09/2016-CEPE, que aprova
normas para aplicação de Exercícios Domiciliares aos alunos
de Cursos de Graduação da UVA. A resolução da UVA
fundamenta-se no Decreto-lei nº 1.044, de 21 de outubro de
1969. Particularmente, data venia, compreendo que um
normativo específico pode fundamental e subsidiariamente
considerar o § 2º do artigo 58 da Lei 9.394/96, quando se refere
ao atendimento educacional”, evidente, nessa calamidade, está
57
tratando de não se poder realizar atividade letiva em classes,
mas não descarta as atividades remotas.
Validação das Atividades Não Presenciais (An-P)
Para que possa melhor apresentar meus argumentos a
favor da validação das atividades não presenciais,
posteriormente ao período de isolamento social, é necesssário
que a UVA, através da colegiados dos cursos e, com o aval da
PROGRAD, garanta a validação ou legitimidade das
atividades não presenciais, tornando-as juridicamente
eficazes, ou capazes de produzir efeitos de direito aos docentes
e discentes - quando do retorno (ou não) à normalidade das
atividades presenciais para fins de cumprimento do seu
calendário acadêmico. Por isso, a seguir lanço mão do artigo 47
da Lei 9.394/96 para melhor defender o que tenho colocado até
aqui.
O caput artigo 47 da Lei 9.394/96 é muito esclarecedor
para a noção de “trabalho acadêmico efetivo”, quando diz: “
Na educação superior, o ano letivo regular, independente do
ano civil, tem, no mínimo, duzentos dias de trabalho
acadêmico efetivo, excluído o tempo reservado aos exames
finais, quando houver.” Posso inferir deste caput as seguintes
assertivas: i) o ano (ou semestre ou período) letivo regular é
independente do ano civil; por essa razão não há problema
nenhum em a Resolução Nº 21/2019 – CEPE (Aprova o
Calendário Acadêmico do Ano Letivo 2020 da UVA) ser
oportunamente aditada, ou seja, que o CEPE altere seu Período
Letivo 2020.1 (104 dias letivos), ainda que tenha sido iniciado
em 02/03/2020 com previsão de término em 15/07/2020; e ii) O
que precisa ser considerado no processo de validação das
atividades não presenciais é o chamado “trabalho acadêmico
efetivo” e não simplesmente o cumprimento dos dias letivos, o
que, ao certo, foi a principal razão de ser do artigo 2º da
Medida Provisória nº 934/2020 ao estabelecer que “as
58
instituições de educação superior ficam dispensadas, em
caráter excepcional, da obrigatoriedade de observância ao
mínimo de dias de efetivo trabalho acadêmico, nos termos do
disposto no caput e no § 3o do art. 47 da Lei nº 9.394, de 1996,
para o ano letivo afetado pelas medidas para enfrentamento da
situação de emergência de saúde pública de que trata a Lei nº
13.979, de 2020, observadas as normas a serem editadas pelos
respectivos sistemas de ensino.”
Qual o melhor remédio para a IES garantir o “efetivo
trabalho efetivo” de seus docentes? Certamente, cumprir o que
determina a lei nº 13.168, de 2015, que deu nova redação ao
artigo 47 da Lei 9.394/96. Aludo particularmente ao § 1º que
determina que as instituições informem aos interessados -
incluindo, claro à Secitece - antes de cada período letivo, os
seguintes itens: os programas dos cursos e demais
componentes curriculares, sua duração, requisitos,
qualificação dos professores, recursos disponíveis e critérios
de avaliação, obrigando-se a cumprir as respectivas condições,
que deve ser atualizada semestralmente ou anualmente, de
acordo com a duração das disciplinas de cada curso oferecido.
Assim, caberia, com relativa urgência, disponibilizar os dados
de seus dados e cursos na página oficial da IES não apenas para
cumprimento legal bem como assegurar à comunidade o
acesso de dados acadêmicos referentes à
transparência pública, gestão democrática e autonomia
universitária.
Em nível estadual, a Resolução CNE/CES nº 3/2007 é
importante aporte legislacional para a validação das atividades
não presenciais. Primeiramente, em situação regular de oferta
dos cursos, as IES têm atribuição de “definição quantitativa em
minutos do que consiste a hora-aula é uma atribuição das
Instituições de Educação Superior, desde que feita sem
prejuízo ao cumprimento das respectivas cargas horárias totais
dos cursos.” (§ 2º do artigo 1º), portanto, não há impedimento
59
de converter o tempo da hora-atividade em hora-aula ou
simplesmente horas.
O artigo 2º Resolução CNE/CES nº 3/2007 estabelece que
“cabe às Instituições de Educação Superior, respeitado o
mínimo dos duzentos dias letivos de trabalho acadêmico
efetivo, a definição da duração da atividade acadêmica ou do
trabalho discente efetivo”. Desse modo, as atividades
acadêmicas não presenciais podem sem dúvida compreender
preleções e aulas expositivas (inciso I) e atividades práticas
supervisionadas, tais como laboratórios, atividades em
biblioteca, iniciação científica, trabalhos individuais e em
grupo, práticas de ensino e outras atividades no caso das
licenciaturas (inciso II). Ao certo, o que é mais importante
salientar diz respeito à supervisão dos docentes às atividades
não presenciais. Por fim, o artigo 3º da Resolução CNE/CES nº
3/2007 estabelece que “carga horária mínima dos cursos
superiores é mensurada em horas (60 minutos), de atividades
acadêmicas e de trabalho discente efetivo.”
Em nível de IES, a Resolução nº 14/2019 – CEPE,
recentemente aprovada pela UVA, pode ser obviamente
evocada para a validação de atividades não-presenciais. O
artigo 1º da referida resolução compreende que
“aproveitamento de estudos” consiste na “validação de
estudos realizados e/ou atividades supervisionadas por
Instituições de Ensino Superior nacionais e internacionais
credenciadas e pela Universidade Estadual Vale do Acaraú,
desde que devidamente comprovados e consonantes com o
Projeto Pedagógico do Curso.” Ora, em situação excepcional,
todas as atividades não presenciais são “estudos realizados
e/ou atividades supervisionadas” pela própria IES; portanto,
não há nenhum óbice para sua validação.
Ademais, o §1º da referida Resolução da UVA estabelece
que “Os estudos poderão ser aproveitados para os
componentes curriculares obrigatórios e optativos da matriz
curricular do curso.” No artigo 2º, o aproveitamento dos
60
estudos recobre entre vários seguintes itens “as atividades em
Programas de Iniciação à docência como PIBID e Residência
Pedagógica realizados na UVA durante a vigência do curso
(inciso IV), o que em muito poderá beneficiar os alunos
matriculados nas disciplinas de Estágio Supervisionado ou
Práticas de Ensino.
O §1º do artigo 2º da Resolução nº 14/2019 – CEPE
determina que “Os componentes curriculares passíveis de
aproveitamento devem estar previstos nos Projeto Pedagógico
do Curso”. Em se tratando de processo de descentralização
administrativo-pedagógica, o artigo 3º da Resolução nº 14/2019
– CEPE determina que, no âmbito da UVA, estabelece que as
Coordenadorias dos Cursos devem conduzir o processo de
solicitação e apreciação dos pedidos de aproveitamento de
estudos, isto é, são as coordenações de cursos que iram instruir
seus alunos e professores para “procedimentos e critérios de
aproveitamento de estudos objeto de requerimentos dos
graduandos.
A validação das atividades não presenciais é necessária
para computar, em horas, o efetivo trabalho acadêmico dos
docentes. Assim, considerando os instrumentos legais em
vigor que tratam da noção de hora-aula, particularmente o
Artigo 47 da Lei 9.394/96, é clara a afirmação que diz respeito
ao ano letivo regular para educação superior, como contendo,
no mínimo, 200 (duzentos) dias de trabalho acadêmico efetivo.
Mais uma vez ressalto que a questão do cumprimento dos dias
letivos não se constitui um problema posto que, sob a Lei
Nacional de Quarentena, considerando também o teor do
Parecer CNE/CES nº 575/2001 diz que “O conceito de trabalho
acadêmico efetivo, central para a questão aqui tratada,
compreende atividades acadêmicas para além da sala de aula,
como atividades em laboratório, biblioteca e outras.” Em
outras palavras, qualquer hora de atividade não presencial ou
simplesmente hora-atividade há ser caracterizada pelo período
de 60 (sessenta) minutos, este, em convenção consagrada pela
61
civilização contemporânea, não cabendo ao legislador nem a
IES alterá-la sob pena de afetar as bases mesmas de
sociabilidade entre indivíduos, grupos, sociedades.”
Tenho observado que as hesitações dos gestores
educacionais, especialmente os da IES, para aproveitamento de
estudos ou a conversão de atividades não presenciais sempre
estão relacionadas à conversão de hora de atividades em horas-
aula na pespectiva do trabalho acadêmico efetivo. Se tomamos
como referência à LDB, observamos que traz uma rica
terminologia relacionada à carga horária das atividades
acadêmicas como forma de mensurar, de forma inequívoca, o
conteúdo educacional a ser ministrado. Nesse contexto, os
conceitos presentes da LDB de “horas”, “horas” “carga horária
mínima anual”, “horas anuais de carga horária”, “horas
mensais”, “horas diárias”, “horas de trabalho efetivo em sala
de aula,” horas semanais de aulas” ” e “hora-aula” e “duração”
revelam o esforço dos agentes educacionais de mensurar o
conteúdo educacional. Nesse caso, para a validação das
atividades não presenciais, por força da terminologia
legislacional, podemos tranquilamente falar em hora-
atividade.
À Guisa de (in) conclusões: algumas recomendações
A situação pandêmica por que passamos no momento nos
deixa aturdidos e, no meu caso, faço algumas recomendações
que vão pontualmente inspirar futuros textos para discussão.
Entre as quais, cito resumidamente as seguintes:
1. Há necessidade da elaboração de Plano de Ação
Pedagógica da UVA a ser implementado durante Regime
Especial de Atividades Não Presenciais sob a orientação e
acompanhamento dos docentes, coordenadores de curso e
diretores de cento.
2. Urge que a UVA, através da Reitoria/Prograd, emita
Nota de Esclarecimento que explique e oriente aos diretores
62
de centro, coordenadores dos cursos e seus respectivos
colegiados de curso sobre a questão do cumprimento ou não
do calendário letivo referente 2020.1, com vistas a garantir a
tranquilidade de toda a comunidade acadêmico, considerando
que o Ceará foi duramente atingidos pela pandemia do corona-
virus ou covid-19. Formulo essa indagação, tomando por base
as constantes consultas discussões nas mídias sociais de
corrdenadores, professores e alunos preocupados com os
efeitos da suspensão de aulas decorrentes da Portaria 99 e o
consequente adiamento da continuidade do semestre letivo
2020.1
3. Considerando os instrumentos disponíveis do
ambiente virtual da UVA, creio que, entre as sugestões de
atividades que podem ser desenvolvidas de forma remota,
estão: i) Projetos interdisciplinares; ii) Listas de exercícios; iii)
Vídeo aulas: aulas gravadas; iv) Leitura de textos; v) Produção
textual; e vi) Apresentação da oferta de aulas não presenciais
(ao vivo e gravadas) e materiais de uso pedagógico através da
Mediação Tecnológica.
4. Produção de Guia de Orientação para os Docentes de
modo a ajudar, passo a passo, na preparação de material
específico para cada semestre de ensino, com facilidades de
execução e compartilhamento, como: vídeoaulas, conteúdos
organizados em plataformas virtuais de ensino e
aprendizagem, redes sociais e correio eletrônico.
5. Caberá ao Colegiado do Curso, a organização o
material específico, respeitando o momento de isolamento
social, de modo a manter a coerência entre o que é ensinado e
as atividades não presenciais viáveis de serem realizadas pelos
estudantes, cuidando para não sobrecarregá-los com
atividades excessivas.
6. Como determina o artigo 13 da Lei 9.394, caberá aos
docentes pelo registro da frequência dos estudantes, por meio
de relatórios e acompanhamento da evolução nas atividades
propostas realizadas.
63
7. Nos locais de difícil acesso, onde houver
impossibilidade de acompanhamento aos estudantes, deve-se
garantir que não haja prejuízos aos mesmos, com a reposição
(ou recuperação) parcial ou aligeirada (ou total) dos
conteúdos/aulas quando do retorno às unidades escolares,
inclusive utilizando o mesmo material utilizado no regime
especial.
8. Cabe ao Coordenador do Curso avaliar todo o
planejamento dos seus docentes, bem como avaliar
antecipadamente o material didático adotado, em
conformidade com o Projeto Político Pedagógico do Curso e
deverá o Colegiado do Curso refletir, na medida do possível,
os conteúdos já programados para o período;
9. Aos coordenadores do Curso e ao Nucleo Docente
Estruturante (NDE) cabe a emissão de orientações
complementares ao corpo docente, especialmente no que se
refere às exigências para validação das atividades não
presenciais durante o regime especial.
10. Os colegiados dos cursos que, por razões
diversas, manifestarem impossibilidade de execução das
atribuições supracitadas, deverão apresentar justificativa, além
de calendário, com proposta de reposição das aulas referentes
ao período de regime especial de aulas não presenciais.
64
65
ABSENTEÍSMO DOCENTE:
SEQUELA OU CICATRIZ DO CORONAVÍRUS?
“A afirmação “vidas fazem a economia e não o
contrário” é conversa para Disneylândia, retórica
barata de marqueteiro querendo seguidores; adultos
sabem que vida e economia estão intrinsecamente
relacionadas. Vida não é um conceito abstrato. E
economia não é só mercado financeiro. Estamos
chegando perto de onde essa “curva” (curva está na
moda) da relação entre a vida e a economia se
confundirão.” (Luiz Felipe Pondé, Coluna e Blogs,
Folha de São Paulo, 20/04/2020)
Dos gêneros discursivos, tenho especial predileção pelo texto
para discussão. Ocorre que nesses tempos de pandemia encontro
sempre motivos para demoradas digressões e divagações sobre
como será o mundo pós-pandemia. O que tenho observado é que o
dia realmente tem demoradas 24 horas, distribuídas em três longos
e cansativos expedientes, o que me faz agora entender o que está
por trás do leitmotiv do Breviário de decomposição, meu livro de
cabeceira, de cunho filosófico, escrito no bom francês pelo filósofo
romeno Emil Cioran: o desespero. É a conclusão a que chego no final
da manhã. À tarde, deambulo na Internet, e, em geral, vou ao
melhor portal de acesso de textos técnicos, o site do Ipea
(ipea.gov.br). Aqui, acesso livros, textos para discussão, notas
técnicas, boletins sobre mercado de trabalho, boletins de políticas
sociais, entre outros, para entender mais sobre temas da economia,
conjuntura, política, saúde e educação. No final da tarde, percebo
que a compreensão do impacto do coronavírus sobre a educação
brasileira requer o aprofundamento da minha parte do sobre a
desigualdade e a pobreza no Brasil. Se involuntariamente me
enfado com a leitura técnica, migro para o texto literário, sem o
risco de agastamento na noite longa que praticamente adentra a
66
madrugada. Afinal, que fadiga me causará a releitura de Senhora
de Engenho, de Mário Sette, se estou diante de sua primeira edição,
a de 1923?
O que me proponho neste capítulo é migrar da condição de
leitor para autor. Assim, apresso-me em dar vazão à volição para
escrever, com a firma disposição de articular ideias, bem motivado
para discutir temas importantes da política educacional, linguagem
ou trivialidades, e acabo, quase por impulso ou apetite, por
produzir um cardápio bem variado e com assuntos que não
deixarão apagar tão cedo a chama da existência humana.
Penso que nós que estamos na Academia devemos postular ou
pautar uma vida pós-coronavírus que, à guisa dos gregos, possa
oferecer após nossos frequentes encontros, congressos presenciais
ou on-line, um banquete de ideias, opiniões e pugilatos em todas
as áreas do conhecimento, mas durante o qual todos bebam,
conversem, ouçam música e se entreguem a distrações. Mais
simpósios on-line, lives, doravante; menos congressos off-line,
presenciais, de agora em diante.
Talvez vocês não tenham uma vaga ideia da dificuldade que
tenho para descarregar, no papel, o medo do contágio e ansiedade
pelo isolamento decorrentes da quarentena. Afinal, o que pode me
chegar assustadoramente com o COVID-19? Afinal de contas, o que
vem com o COVID-19? No meu caso, já vivencio algumas sequelas
psicológicas, tipo angústia, depressão, insônias, problemas
cognitivos, enfim, inusitadas situações emocionais, difíceis de
gerir, paralelamente à fuga desesperadora do coronavírus.
Ganha sentido agora o termo anomia que aprendi logo que
cheguei à UVA em 1994. Os primeiros dias, em Sobral, desvastaram
minha religiosidade fundamentalista, padrões normativos de
conduta e de crença, e vivenciei, acreditem, intensamente, conflitos
íntimos, e, no plano da psicologia social, posso garantir-lhes que
houve verdadeiramente o aniquilamento de minha
individualidade e fiquei definitivamente desorientado até hoje.
Nada disso sabia, até que recebia uma boa aula sobre anomia, no
67
Salão de Atos da UVA, do monsenhor João Batista Frota, Vigário
da Paróquia São José, no Sumaré (Sobral).
Objetivo com este capítulo, no contexto de pandemia e de
consequente distanciamento social, é o de trazer à discussão três
questões recorrentes no atual debate sobre a doença: a primeira, diz
respeito a possibilidade de afrouxamento da quarentena e a
convocação do Governo do Estado para o retorno gradativo às
atividades produtivas, incluindo as instituições de ensino; a
segunda, na chance de que prevaleça a decisão governamental
sobre a decisão dos docentes, estaremos física e mentalmente
saudáveis para o pleno retorno à normalidade acadêmica: e a
terceira, o raciocínio de “imunidade de rebanho” é contra-ataque
da ciência ou do discurso político?
Agere sequitur esse
Como é do conhecimento de todos, a Portaria nº 101 da
Reitoria da UVA, de 31 de março de 2020, atende ao Decreto
Estadual nº 33.532, de 30 de março de 2020, ao prorrogar o prazo
de suspensão das atividades presenciais da UVA, até 30 de abril de
2020. Pois bem. Expirado o prazo, defendo que a comunidade
acadêmica deva demandar pela continuidade da suspensão das
aulas como garantia da segurança dos servidores, docentes e alunos
e evitar a proliferação do Covid-19. A legenda "o agir segue o ser”
(agere sequitur esse), inspirada em Tomás de Aquino, inscrita no
Brasão da UVA, deve agora, nos tempos de pandemia, de algum
modo nos levar à reflexão de que a epistemologia (conhecimento)
deve se fundamentar na ontologia (reflexão), isto é, considerando
o risco de vida, não faz sentido nenhum a retomada das aulas se os
alunos, docentes e servidores não têm a garantia de sua saúde.
Precisamos alargar a consciência.
Para não irmos muito longe, vamos lembrar que, atualmente,
a UVA conta com 102 funcionários técnico-administrativos, 410
docentes e 9.869 estudantes; daí, cabe a Administração Superior da
UVA a devida cautela ao ser orientada para o “afrouxamento da
68
quarentena”, ainda que a decretação parta dos governos federal,
estadual e municipal, que, nesse contexto de senilidade do
capitalismo industrial, parece ceder ou atender o setor produtivo
do país.
Vou abrir aqui parênteses. Não preciso ser matemático para
mostrar o valor dos números e das funções por trás da pandemia.
A título de ilustração, vamos supor que um docente x de um curso
y, por determinação da UVA, retome suas atividades acadêmicas.
Caso esse docente x esteja contaminado pelo coronavírus, ainda
que assintomático, poderá transmitir a doença para dois ou três
alunos. Supondo que o primeiro aluno infectado transmita o vírus
para dois novos colegas de turma; após três dias, serão três casos
de alunos; esses dois novos contaminados passarão para outros
quatro alunos, totalizando sete. Os quatro infectarão oito outros
alunos, e já somarão 15. Os oito alunos infectados contaminarão 16,
e assim por diante. A curva começará a acelerar, até chegar o
momento em que 4.096 pessoas contaminarão 8.192, com um total
de 16 mil casos confirmados em um período de apenas 40 dias, e os
números só seguirão crescendo cada vez mais rápido.
Quer dizer, se na primeira semana do mês de junho de 2020
(ou qualquer mês vindouro), a UVA retomasse às aulas correria
risco de contaminar todos seus docentes, alunos e servidores, sem
contar com os familiares dos envolvidos. Ninguém precisa
entender matemática ou infectologia para considerar os números
da pandemia e projetar cenário para a UVA, a cidade de Sobral, o
Ceará e o Brasil. Fecho os parênteses.
Evidentemente, o cálculo que fiz acima foi motivado por
algumas notícias sobre as mudanças que estão para serem
anunciadas até final de abril de 2020. No mesmo, segundo o médico
Nelson Teich, então ministro da Saúde, em vídeo divulgado pelo
governo federal no dia 20 de abril, o foco agora de sua Pasta pode
ser resumido na seguinte equação da estratégia de abordagem da
Covid-19: combinação do diagnóstico, tratamento e preparação
para a saída gradual e seletiva do distanciamento social.
69
A pergunta que então que levanto nesse momento é a seguinte:
em que medida o “afrouxamento da quarentena” alcança o setor
educacional? Caso o Governo do Estado, através dos reitores da
UVA, URCA e UECE, afrouxe as medidas restritas contra o
coronavírus, sem a garantia de sistema de saúde pública suficiente
disponível para suportar o pico da pandemia, não poderia
configurar tal medida um ato ilegal de improbidade administrativa?
O alerta não é meu. Refiro-me à nota técnica da Procuradoria dos
Direitos do Cidadão, órgão do Ministério Público Federal (MPF).
Isso significa que gestores podem ser responsabilizados pela
infração. A eventual flexibilização da medida está condicionada,
portanto, à garantia de que o sistema de saúde pública esteja
estruturado para atender ao pico da demanda.
A saúde mental dos docentes pós-pandemia
Considerando as últimas notícias sobre o coronavírus
publicadas nos principais veículos de comunicação no Brasil (Folha
de São Paulo e Veja, por exemplo), relacionadas direta ou
indiretamente ao funcionamento das instituições de ensino, pinço
aqui duas das principais conclusões dos pesquisadores do mundo
(particularmente, os de Harvard), extraídas de matérias já
publicadas. Os pesquisadores apontam para as seguintes
conclusões, que resumidamente aponto a seguir: as medidas de
distanciamento social evitam colapso da rede hospitalar e ajudam
a controlar a epidemia do novo coronavírus. Mas, pensando em um
cenário de recomendação para retorno às atividades produtivas,
como ficará, em especial, a saúde mental dos docentes pós-
pandemia?
Para tentar responder as questões acima e, por ser leigo em
saúde pública, considerei importante acessar os dados do
Ministério da Saúde (https://saude.gov.br/), os disponibilizados na
primeira quinzena de abril de 2020. Dos 12 boletins
epidemiológicos do Ministério da Saúde relacionados ao
Coronavírus, observei que apenas três deles, isto é, os de números
70
7, 11 e 12, explicitamente, fazem referências às instituições de
ensino (escolas, universidades, em especial).
Chamou-me a atenção o Boletim Epidemiológico nº 07, de
06/04/2020. Este número indigita que a transmissão generalizada
do COVID-19 pode se traduzir em um grande número de pessoas
que precisam de cuidados médicos ao mesmo tempo. Diante desse
quadro, o Boletim Epidemiológico nº 07 informa (na verdade,
adverte) que, quando ocorre a manutenção da transmissão do
vírus, o absentismo é uma das sequelas para os profissionais que
atuam em instituições que congregam muitas pessoas como
escolas, creches e universidades. Ora, de alguma forma, o Boletim
Epidemiológico está levantando uma questão importante no
campo educacional referente ao absenteísmo. No caso, podemos
postular que a pandemia decorrente do coronavírus, além de
sequelas psicológicas, pode levar os docentes ao absenteísmo por
doença, o chamado presenteísmo. Diversos estudos mostram que o
custo total de saúde, decorrentes da epidemias, implica além dos
cuidados com os doentes, as perdas de produtividade dos
trabalhadores, portanto, afetando diretamente a economia do país,
seja por dias de afastamento do trabalho (absenteísmo) e pela
redução da produtividade do trabalhador que comparece ao
trabalho, mas não desempenha plenamente suas tarefas por
problemas de saúde (presenteísmo)(BAPTISTA, 2018, p. 42-64).
Diante do atual quadro pandêmico, o Ministério da Saúde
recomendou, desde março, a suspensão de aulas em escolas e
universidades, com reavaliação mensal, a que chama
convenientemente de “medidas não-farmacológicas de contenção
de epidemias e/ou pandemias”. Na verdade, o Ministério da Saúde
inclui nas suas recomendações recentes, as da OCDE, que, na
prática, decorrem em parte da “política restriva em locais de nível
de risco diferente não trará benecio à população dos locais de
menor risco e, ainda por cima, trará o desgaste inevitável de
medidas restrivas antes do momento em que as mesmas sejam
feitas para conter a transmissibilidade.” (BRASIL, 2020, p.14).
71
Até onde li e entendi, convém a decisão aos governos, e,
particularmente aos gestores educacionais, da continuidade ou da
descontinuidade da suspensão das aulas presenciais, como uma
das medidas não-farmacológicas, para conter a transmissibilidade
do coronavírus. A reavaliação mensal proposta pelo Ministério da
Saúde é importante ser observada quando apreciada pelos agentes
educacionais (aqui, no contexto, refiro-me a reitores, pró-reitores,
diretores de centro, coordenadores de curso etc), ao menos, até
dezembro de 2020 ou julho de 2021, quando teremos um cenário
mais definido do surto pandêmico. Em outras palavras, no caso da
UVA e das demais IES, o ideal é que mensalmente, enquanto durar
o distanciamento social ampliado, se consulte à comunidade
acadêmica sobre seu estado de saúde e descubra mais sobre seus
docentes, por meio de aplicação de questionário eletrônico, de
modo a desvelar comose sentem física e mentalmente saudável na
hipótese de retorno ao trabalho.
Distanciamento Social Seletivo (DSS)
Nos últimos dias, tenho lido ou escutado nos noticiários sobre
a pandemia, e como linguista, tento elucidar, de pronto, termos
frequentes como distanciamento social, ampliado e seletivo, quarentena,
isolamento social, entre outros. O Boletim Epidemiológico nº 7 traz
importante conceito de Distanciamento Social Seletivo (DSS)
aplicável ao setor educacional.
Por Distanciamento Social Seletivo (DSS), o Ministério da
Saúde entende a “Estratégia onde apenas alguns grupos ficam
isolados, sendo selecionados os grupos que apresentam mais riscos
de desenvolver a doença ou aqueles que podem apresentar um
quadro mais grave, como idosos e pessoas com doenças crônicas
(diabetes, cardiopaas etc) ou condições de risco como obesidade e
gestação de risco(Brasil, 2020, p.6-7). Esta estratégia requer assim
que a UVA, por exemplo, aplique ao menos um questionário aos
seus docentes para que possa fazer um levantamento dos que estão
em condições de risco, no caso de um afrouxamento da DSS.
72
Desse modo, os docentes respondentes devem, ao menos, no
primeiro instante, informar à UVA o seguinte: qual sua situação em
relação aos grupos de risco para o Covid 19? Manifesto-me a favor
que docentes de grupos de grupos de risco como
imunossuprimidos, cardiopatas, doenças pulmonares,
enfermidades hematológicas, doença renal crônica,
imunodepressão, gestante, idade acima de 60 (sessenta) anos, entre
outros nessa condição, não retornem imediatamente às atividades
laborais.
Se a IES propõe o retorno gradual deve, ao mesmo tempo, em
sala especial no próprio ambiente de trabalho, garantir a segurança
sanitária ou hospitalar dos servidores, evitando uma explosão de
casos sem que o sistema de saúde local tenha do tempo de absorver.
O Boletim é claro: “Quando garantidos os condicionantes, a
retomada da atividade laboral e econômica é possível, criação
gradual de imunidade de rebanho4 de modo controlado e redução
de traumas sociais em decorrência do distanciamento social.”
(BRASIL, 2020, p. 7).
Com relação ao afrouxamento da quarentena, apego-me ao
que dizem os biólogos que estudam há anos as epidemias. Para
ilustrar, os biólogos Natalia Pasternak e Luiz Gustavo de Almeida
apontam problemas de raciocínio da “imunidade de rebanho” ao
afirmarem “que o coronavírus é um agente infeccioso novo e não
sabemos quantas pessoas ele é capaz de infectar caso nenhuma
medida seja adotada. Além disso, a imunidade de rebanho tem
ótimos resultados quando é feita de forma controlada,
utilizando vacinas”, o que não é o caso no Brasil.
Pela inferência que faço da leitura do Boletim Epidemilógico,
aplicada à possibilidade de gradual retorno às atividades
acadêmicas da UVA, parece-me que teríamos de aplicar ou
4 A imunidade de rebanho, no contexto da pandemia, ocorreria quanto maior o
número de infectados pelo SARS-CoV-2, mais pessoas se tornariam resistente ao
vírus devido à memória imunológica adquirida. Assim, chegaria um momento em
que o patógeno pararia de se disseminar a rodo por falta de hospedeiros
suscetíveis.
73
considerar, ao menos, as duas estratégias de distanciamento social,
o ampliado (DSA) e o Seletivo (DSS). Por quê? Ora, à medida que
permanecemos com a suspensão das aulas, independentemente de
sermos ou não de grupos específicos, estamos rigorosamente
cumprindo as exigências da decretação de isolamento decorrente
da medida restritiva determinada pelos gestores locais que, ao
final, sabemos ocorre como “ medida que restringe ao máximo o
contato entre pessoas. Realmente, a manutenção prolongada dessa
estratégia tende a causar impactos significativos na economia, mas
traz, como principal vantagem o controle da doença e contribui
para evitar o colapso no sistema de saúde, que também causaria
prejuízo econômico.
Por outro lado, o que defendo aqui é que a UVA, através de
aplicação de questionário, saiba mais sobre a saúde de seus
funcionários (docentes e servidores) e discentes para vislumbrar,
quando do chamamento governamental ao ”afrouxamento do
isolamento social”, considerar que, ao menos, o chamado
Distanciamento Social Seletivo (DSS) deva ser respeitado, ou
melhor, tenha em conta que alguns grupos de docentes devem
continuar isolados, portanto, a partir de dados levantados, por via
de questionário, possa melhor decidir e naturalmente oferecer as
condições para a seleção de grupos de docentes que apresentam
mais riscos de desenvolver a doença ou aqueles que podem
apresentar um quadro mais grave, como idosos e pessoas com
doenças crônicas (diabetes, cardiopaas etc) ou condições de risco
como obesidade e gestação de risco e docentes com mais de 60.
Substancialmente, os docentes do grupo de risco poderiam
continuar suas atividades acadêmicas com mediação ou não on-
line com os alunos.
A Universidade deve, a partir dos principais indícios de que
os governos pretendem regular medidas para afrouxamento do
isolamento, pensar de que forma pode promover o retorno gradual
às atividades laborais dos seus docentes com segurança, evitando
uma explosão de casos sem que o sistema de saúde local tenha
tempo de absorver. Caso os governos (federal, estadual e
74
municipal) garantam os condicionantes para o “afrouxamento do
isolamento”, o que, sinceramente, acho improvável, a retomada da
atividade laboral e econômica é possível e já estaríamos também
diante de gradual de imunidade de rebanho de modo controlado e
com a consequente redução de traumas sociais em decorrência do
distanciamento social.
No momento, parece-me que bloqueio total (lockdown) está
praticamente descartado para a maioria dos setores produtivos,
mas deve ser também considerado pelas instituições de ensino. Em
todos os países europeus em que o fechamento temporário das
instituições de ensino foi evitado um efeito amplificador da doença,
havendo, assim, sucesso no controle do surto.
Os boletins epidemiológicos da Secretaria da Saúde do Ceará
(Sesa), em alguma medida, parecem sugerir, diante de altos índices
de contaminação por coronavírus, o bloqueio total (lockdown) como
medida extrema, o nível mais alto de segurança, mas que pode ser
necessário em situação de grave ameaça ao Sistema de Saúde.
Nessa hipótese, realmente muito pessimista ou alarmista, no caso
da UVA teríamos mesmo que definitivamente cancelar o semestre
letivo em razão do bloqueio total, uma vez que entradas do
perímetro da cidade de Sobral seriam bloqueadas por profissionais
de segurança e ninguém teria a permissão de entrar ou sair do
perímetro isolado.
75
POR QUE IDENTIFICAR ALTERNATIVAS DE
IMPLEMENTAÇÃO DE CARGA HORÁRIA
DO PROJETO PEDAGÓGICO
A divulgação dos dados da pesquisa Datafolha
(http://datafolha.folha.uol.com.br/), no final de junho de 2020,
trouxe um dado revelador sobre o que pensam os brasileiros sobre
a retomada das aulas presenciais nas instituições de ensino: os
brasileiros não apoiam a reabertura das escolas. Este breve capítulo
é para tratarmos das pesquisas mais recentes sobre a questão da
retomada das aulas no contexto da pandemia.
Os dados apontam que, em meio à pandemia, 76% dos
brasileiros defendem que as escolas devem continuar fechadas, isto
é, a maioria da população brasileira é contra retomada das aulas
presenciais em todas as faixas de renda e em todas as regiões do
país.
Economia, saúde e educação também fazem parte das
preocupações dos brasileiros em tempos de pandemia da Covid-
19. O resultado da pesquisa mostrou, por exemplo, que, apesar de
a maioria da população (52%) concordar com a reabertura do
comércio em estados e municípios, durante a pandemia, uma
proporção bem menor (21%) defende a reabertura das escolas. Os
brasileiros temem que a reabertura das aulas presenciais no
contexto de pandemia afete a saúde dos educandos. É uma posição
de bom senso.
Insisto em dizer que o pouco apoio dos brasileiros para a
retomada das aulas presenciais pode ser atribuído ao temor das
famílias e dos educadores de que os alunos não sigam as regras de
distanciamento, devido à infraestrutura das escolas ou por causa
dos deslocamentos necessários para chegar às escolas,
especialmente os alunos que moram em distritos ou localidades
fora da sede municipal. A população está muito consciente dos
76
riscos de retirar os alunos de casa e expor os pequenos ao Covid-
19.
Por outro lado, a reabertura das escolas envolve a circulação
de muitas pessoas. Para termos ideia de um país realmente
continental, posso brevemente ilustrar que no Brasil, somente a
educação básica, possui, atualmente 48 milhões de estudantes
matriculados e 2,5 milhões de professores, contigente que
representa 24% da população. São muitas crianças circulando nos
ônibus, metrôs, nas ruas e uma recalcitrante retomada das aulas
presenciais vai exigir, por parte do poder público, um protocolo
sanitário rigoroso e um grande trabalho de orientação também, em
se tratando de saúde pública, para professores e alunos.
A pesquisa DataFolha aponta, ainda, que o apoio à
permanência do fechamento das escolas é opção da maioria dos
brasileiros, em todas as variáveis sociodemográficas e atitudinais,
e alcança índices mais altos entre as mulheres (81%), entre os que
consideram que a situação da pandemia está piorando no país
(86%) e entre os que reprovam o governo Bolsonaro (89% - ante 60%
entre os que aprovam o governo). Portanto, a população brasileira,
realmente, não quer a reabertura das aulas presenciais em meio à
pandemia.
Apesar da pesquisa DataFolha focar a educação básica e ter
sido divulgada em junho de 2020, já no começo de maio de 2020,
em pleno período de quarentena, fiquei curioso em saber sobre as
condições dos meus alunos de Letras na UVA, em Sobral. Afinal,
pensei, estavam ou não em condições de retomar as atividades
acadêmicas ainda que em regime especial, isto é, por meio remoto.
Assim, apliquei, em maio de 2020, um pequeno questionário que
visava identificar alternativas de reposição de carga horária das
disciplinas (não dos dias letivos) a partir de junho de 2020. Minha
ideia foi a de, de posse dos dados coletados, montar alternativas de
atividades não presenciais, mediadas ou não em tempo real, e
reposição de carga horária da disciplina, ao longo do semestre
2020.1, por conta da pandemia do novo coronavírus. Para essa
77
situação de pandemia, o que sempre defendi foi o ensino híbrido5
para viabilizar a participação de alunos e professores, em larga
escala.
Para a coleta de dados, fiz a adaptação de um questionário já
existente, bem montado, aplicado aos docentes e alunos da
Universidade Estadual de Santa Catarina (Udesc, disponível em
https://www.udesc.br), visando identificar opções de reposição das
aulas, através de atividades não presenciais mediadas ou não por
tecnologias digitais de informação e comunicação6. Doravante,
teremos que consultar nossos alunos sobre suas condições para a
continuidade dos estudos, sejam remotos ou presenciais.
Itens do questionário
Depois de coletar, preliminarmente, informações pessoais dos
alunos como endereço de e-mail, nome completo, CPF e curso, fiz
as seguintes perguntas, recorrendo a um formulário disponível
gratuitamente no Google Meet. Eis as perguntas do questionário:
1. Informe qual sua situação em relação aos grupos de risco
para o Covid 19. Grupos de risco: pacientes com doenças cardíacas,
hipertensão ou diabetes, idosos, gestantes, pessoas com doenças
respiratórias, enfermidades hematológicas, doença renal crônica,
imunodepressão, gestante, filhos com idade inferior a 5 (cinco)
anos ou idade acima de 60 (sessenta) anos.
5 Em inglês, blended learning, o ensino híbrido foi defendido por mim junto aos
membros do Conselho Nacional de Educação (CNE), durante a elaboração e
reexame do Parecer CNE/CP nº 9/2020, aprovado em 8 de junho de 2020, um
modelo educacional que promove uma mistura entre o ensino presencial e
propostas de ensino online – ou seja, integrando a educação à tecnologia. 6 Com objetivo de planejar o retorno às atividades letivas referentes, ao Semestre
2020.1, a Prograd da UVA solicitou-me questionário a ser aplicado à comunidade
universitária, o que foi, evidentemente, de pronto autorizado por mim. O
documento foi revisado pela Prof.ª Dr.ª Benedita Marta Gomes Costa, do Curso
de Administração da UVA. Em anexos, trazemos, no final deste livro, o Relatório
Geral da Pesquisa “A Comunidade Acadêmica da UVA no Contexto da Pandemia
do Novo Coronavírus (COVID-19)”.
78
( ) Resido com pessoas dos grupos de risco.
( ) Trabalho majoritariamente com pessoas dos grupos de
risco.
( ) Pertenço a um grupo de risco.
( ) Outros…
2. Em relação aos meus deslocamentos para a UVA:
( ) Dependo de transporte público municipal ou
intermunicipal.
( ) Utilizo meio próprio, táxi ou por aplicativos.
( ) Outros…
3. Em relação ao meu acesso à Internet no local onde estou
residindo neste período de isolamento social ante a Covid19:
( ) Possuo conexão própria de internet com acesso
rápido/banda larga.
( ) Possuo conexão própria com a internet, mas meu o acesso é
limitado ou instável, preciso da universidade, trabalho ou rede
livre para acesso rápido.
( ) Não possuo conexão própria com a Internet, dependo da
universidade, do meu trabalho ou de redes de acesso livre para me
conectar.
( ) Outros
4. Em relação ao acesso a equipamentos para trabalhos
escolares no local onde estou residindo neste período de
isolamento social ante a Covid19:
( ) Possuo computador (desktop ou notebook) em casa para
meu uso exclusivo.
( ) Possuo computador (desktop ou notebook) em casa, mas ( )
seu uso é compartilhado com quem resido.
Possuo tablet.
( ) Possuo smartphone.
Outros
79
5. Em relação aos livros e outros materiais bibliográficos
mínimos necessários para realizar as disciplinas em que estou
matriculado:
( ) Possuo os livros e outros materiais bibliográficos mínimos
necessários, impressos ou eletrônicos, no local onde estou
residindo neste período de isolamento social ante a Covid19.
( ) Não possuo todos os livros e outros materiais bibliográficos
mínimos necessários, dependo de acesso físico à biblioteca da
universidade para utilizá-los.
( ) Outros…
6. Quanto à minha disponibilidade de tempo para
acompanhar atividades no horário programado para as aulas, a
exemplo de videoconferências, lives ou transmissões simultâneas:
( ) Sim, tenho disponibilidade.
( ) Não tenho disponibilidade devido a pandemia, preciso que
o material seja gravado para acessar em outro horário.
( ) Outros…
7. Em relação à minha disponibilidade para atender os
compromissos de leituras, trabalhos e outras atividades de ensino
remoto (online):
( ) Tenho disponibilidade para realizar em qualquer horário,
devido ao isolamento social.
( ) Preciso que os prazos respeitem os horários usuais da
disciplina, pois tenho outros compromissos de trabalho ou pessoais
que estão mantidos mesmo com o isolamento social.
( ) Outros…
8. Em relação à minha familiaridade com recursos e
ferramentas de ensino remoto (online):
( ) Tenho muita facilidade com ferramentas de ensino remoto
(online), me sinto seguro em aprender sozinho.
( ) Tenho razoável facilidade com ferramentas de ensino
remoto (online), mas com uma orientação básica ou tutorial me
80
sinto seguro em superar os obstáculos mesmo no uso de
ferramentas que sejam novas para mim.
( ) Tenho pouca ou nenhuma facilidade com ferramentas de
ensino remoto (online), preciso que as aulas sejam presenciais.
( ) Outros
9. Qual das atividades não presenciais abaixo, por meio
remoto, você tem maior familiaridade?
( ) Videoconferência com possibilidade de tirar dúvidas em
tempo real.
( ) Vídeos gravados.
( ) Chat com tira dúvidas em tempo real.
( ) Fóruns de discussão.
( ) E-mails.
( ) Partilhamento eletrônico de arquivos.
( ) Não tenho opinião.
( ) Outros
10. Em relação às minhas condições emocionais e
psicológicas para a continuidade ao meu curso com ensino remoto
(on-line):
( ) Sim, tenho condições de retomar o curso.
( ) Tenho condições parciais, mas me disponho a tentar.
( ) Não tenho condições emocionais ou psicológicas para a
continuidade.
( ) Outros…
Aplicação do questionário
Como tinha um caráter amostral ou experimental, apliquei o
questionário a apenas uma das minhas turmas do Curso de Letras,
no semestre 2020.1, obtendo as seguintes respostas da totalidade
dos alunos (ao todo, 50 participantes), o que revelou a viabilidade
do ensino híbrido:
81
Questão 1 (Q1)
Informe qual sua situação em relação aos grupos de risco para
o Covid 19. Grupos de risco: Imunossuprimidos, cardiopatas,
doenças pulmonares, enfermidades hematológicas, doença renal
crônica, imunodepressão, gestante, filhos com idade inferior a 5
(cinco) anos ou idade acima de 60 (sessenta) anos.
Questão 2 (Q2)
Em relação aos meus deslocamentos para a universidade:
Questão 3 (Q3)
89%
11%
ACESSO À UNIVERSIDADE
a) Dependo do transportepúblico municipal ouintermunicipal
b) Utilizo meio próprio,táxi ou por aplicativos
64%12%
5%
10%5%
2% 2%
QUESTÃO 1a) Resido com pessoas dogrupo de risco
b) Pertenço a um grupode risco
c) Resido com meus pais
d) Não resido compessoas do grupo de risco
e) Não pertenço ao grupode risco
82
Em relação ao meu acesso à Internet no local onde estou
residindo neste período de isolamento social ante a Covid19:
Questão 4 (Q4)
Em relação ao acesso a equipamentos para trabalhos escolares
no local onde estou residindo neste período de isolamento social
ante a Covid19:
33%
30%2%
33%
2%
POSSE DE EQUIPAMENTOS PARA TRABALHOS ESCOLARES
a) Possuo computadorem casa para meu usoexclusivo
b) Possuo computadorem casa, mas seu uso écompartilhado
c) Possuo tablet
77%
16%7%
ACESSO À CONEXÃO
a) Possuo conexão própriade internet com acessorápido/banda larga
b) Possuo conexão própria,mas meu acesso é limitado(...)
83
Questão 5 (Q5)
Em relação aos livros e outros materiais bibliográficos
mínimos necessários para realizar as disciplinas em que estou
matriculado:
Questão 6 (Q6)
Quanto à minha disponibilidade de tempo para acompanhar
atividades no horário programado para as aulas, a exemplo de
videoconferências, lives ou transmissões simultâneas:
58%35%
5% 2%
DISPONIBILIDADE
a) Sim, tenhodisponibilidade
b) Não tenhodisponibilidade (...)
c) Disponibilidade apenasno turno noturno
d) Não tenhodisponibilidade no turnonoturno
58%
42%
POSSE DE MATERIAL PARA ESTUDOa) Possuo os livros e outrosmaterias bibliográficos (...)no local onde eu resido (...)
b) Não possuo os livros eoutros materiaisbibliográficos (...), dependodo aceso físico à bibliotecada Universidade (...)
84
Questão 7 (Q7)
Em relação à minha disponibilidade para atender os
compromissos de leituras, trabalhos e outras atividades de ensino
remoto (online):
Questão 8 (Q8)
Em relação à minha familiaridade com recursos e ferramentas
de ensino remoto (online):
67%
19%
14%
FACILIDADE NO USO DAS FERRAMENTAS
a) Tenho razoávelfacilidade com asferramentas (...)
b) Tenho razoávelfacilidade (...), mas comuma orientação básica(...)c) Tenho pouca ounenhuma facilidade (...)
51%47%
2%
Disponibilidade para realizar as atividades
a) Tenho disponibilidadepara realizar em qualquerhorário (...)
b) Preciso que os prazosrespeitem os horáriosusuais da disciplina (...)
c) Não tenhodisponibilidade noperíodo noturno
85
Questão 9 (Q9)
Qual das atividades não presenciais abaixo, por meio
remoto, você tem maior familiaridade?
21%
44%
3%
3%
7%
14%
4%
2%
2%
ATIVIDADES NÃO PRESENCIAIS
a) Videoconferência compossibilidade de tirardúvidas em tempo real
b) Vídeos gravados
c) Chat com tira dúvidasem tempo real
d) Fóruns de discussão
e) E-mails
86
Questão 10 (Q10)
Em relação às minhas condições emocionais e psicológicas
para a continuidade ao meu curso com ensino remoto (online):
49%47%
4%
CONDIÇÕES EMOCIONAIS E PSICOLÓGICAS PARA
CONTINUIDADE DO CURSO
a) Sim, tenho condições deretomar o curso
b) Tenho condiçõesparciais, mas me disponhoa tentarc) Não tenho condiçõesemocionais (...)
87
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Depois de 100 dias de isolamento social, sem poder ministrar
presencialmente minhas aulas no Curso de Letras da UVA, em
Sobral, cheguei à conclusão de que a educação escolar já pode ser
assim perioridizada em tempos de pandemia: educação pré-
pandemia, educação durante a covid-10 e educação pós-pandemia
ou educação no novo normal, sem que se possa ainda mencionar as
datas de início ou fim de cada período. Certo é que, historicamente,
as instituições de ensino, sejam básicas ou superior, são o locus para
o aprendizagem de conteúdos formais em condições até então
normais de um mundo pré-pandemia. Durante e pós-pandemia, os
saberes on-line, em razão da necessidade de distanciamento
social, deverão ser considerados por educadores, pais de alunos,
gestores e governantes.
Evidentemente, a educação brasileira em tempos de pandemia
deve atentar, primeiramente, para o conteúdo da Portaria nº 188,
de 3 de fevereiro de 2020, ao declarar a Emergência em Saúde
Pública de importância Nacional (ESPIN), em decorrência da
Infecção Humana pelo novo Coronavírus (Covid-19), como o
marco inicial da pandemia no Brasil, assim como podemos afirmar
que, até esta data, a educação no Brasil foi pautada numa lógica
utilitarista, capitalista e desigual e que a solução dos seus
problemas não dependerá, unicamente, de uma legislação
educacional ad hoc, seja oriunda do MEC, Conselho Nacional de
Educação (CNE), Conselho Estadual de Educação (CEE) ou dos
sistemas de ensino, nos diversos estados da federação. Não temos
como seperar no novo normal a educação da saúde, esta, da política
e da cidadania.
Em tempos de pandemia da Covid-19, temos visto até aqui que
nenhuma legislação dá ou dará conta suficiente e satisfatoriamente
dos novos desafios educacionais de aprendizagem significativa ou
eficaz fora dos muros da escola com sua estruturação e
funcionamento ainda sob a égide dos regimes regulares de aulas
presenciais. As entidades tendem a responder as demandas sociais
88
de forma aligeirada, sem devidamente seguir os rituais da técnica
legislativa ou terminologia adequada, fundamentos legais e
alcance à educação escolar em todos os níveis.
Desde março de 2020, observei, através de ampla divulgação
nos jornais de grande circulação, relatos de especialistas na área
educacional e colegas de trabalho, o lado perverso da pandemia: a
dura realidade do quanto somos social e estruturalmente desiguais,
ou seja, o retrato, em preto e branco, das limitações que a maioria
dos alunos enfrenta, especialmente os mais pobres e os que
estudam em escolas públicas, se considerarmos apenas o acesso aos
conteúdos online disponibilizados pelas próprias instituições
educacionais. Os dados da Unicef apontam que, no Brasil, são mais
de 4,8 milhões de crianças e adolescentes sem internet em casa. Em
abril de 2020, a Unesco, por sua vez, apontou que, ao menos, 1,5
bilhão de crianças e adolescentes estavam fora da escola em 188
países em função das regras de isolamento social impostas para
conter o avanço da disseminação do coronavírus. Enfim, a
sociedade capitalista, de consumo e extremamente desigual, com
precarização de trabalho, vem há séculos deixando milhões de
pessoas sem qualidade de vida, sem saneamento básico, e o Estado
Neoliberal, na sociedade informática, também não responde
minimamente à continuidade do ensino de qualidade além dos
muros da escola.
Não há outra saída para as escolas e universidades, senão a de
reorganizar suas propostas pedagógicas e considerar as atividades
não presenciais como carga horária do ano letivo, inclusive sem a
ideia de manter o mesmo ritmo e currículo propostos no período
de pré-pandemia, isto é, não há como prever ou prover a reposição
de aulas presenciais no novo normal.
A noção de padrão de qualidade terá também de ser
repensada por todos que fazem a educação brasileira. Antes, muito
associada ao desempenho dos alunos nas avaliações externas e nos
vínculos socioemocionais entre professores e alunos, agora a escola
deverá refazer a noção do que é qualidade de ensino, tendo como
referência não as aulas presenciais mas a equivalência daquelas às
89
aulas on-line e novo olhar sobre o que temos definido como
competências e habilidades previstas nas propostas pedagógicas,
evitando a mesmice dos conteúdos educacionais e a critérios de
avaliação pedagógica viáveis somente na atual estrutura das
escolas presenciais e regulares. Há necessidade, pois, de um novo
foco ou novos focos como a cidadania, a empatia, a alteridade e
outras questões que estimulem os dilemas, as reflexões éticas e
morais. A aplicação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
à formação dos professores (licenciaturas) e à reorganização dos
projetos pedagógicos da educação básica se impõe a cada momento
no Brasil. O novo normal requer a aplicação das novas
competências e habilidades bem esboçadas na BNCC, tanto para o
Ensino Fundamental como para o Ensino Médio.
Trouxe, brevemente, uma discussão sobre temas referentes à
oferta da educação escolar, básica e superior, pública e privada, em
meio à pandemia. Procurei deixar marcas do meu estado d’alma
durante o isolamento social, minha experiência há mais de três
décadas, começando por tecer rápidos comentários críticos
(inclusive, com ressalvas aos dispositivos legais) à proposta de
inicial Parecer do Conselho Nacional de Educação, versão que
passou por várias alterações, inclusive com acolhimento de muitas
sugestões que fiz ao documento (por exemplo, a adoção de termos
mais técnicos como educação superior, ensino híbrido etc), até
chegar à versão definitiva por meio Parecer CNE/CP nº 11/2020,
aprovado em 7/7/2020.
Como docente da UVA, situada no semiárido do Ceará e com
condições de oferta educacional muito próximas de outras dezenas
estaduais no Brasil, especialmente o Nordeste, discuti uma
proposta de regime especial de atividades não presenciais para a
UVA no cenário da Covid-19: contexto, base legal e validação, a
partir da do conteúdo da Resolução CEE/CE N° 481 de 27 de março
de 2020. Com a publicação de provimentos, a UVA acolheu muitas
sugestões encaminhadas por mim à Prograd.
Na parte final do livro, levantei duas questões que assinalo
como importantes para o novo normal: o risco de absenteísmo
90
docente, talvez uma sequela ou cicatriz do coronavírus que teremos
enfrentar doravante e a necessidade premente e frequente de os
educadores, em quaisquer níveis de ensino, identificarem
alternativas de implementação de carga horária do projeto
pedagógico a partir do perfil socioeconômico do seu alunado.
O que refleti sobre essas questões foi produzido durante longo
período de quarentena, fazendo circular vários textos para
discussão (aqui reproduzidos com ligeiras alterações) e, claro,
procurando contribuir para a elaboração, por parte de minha IES,
da publicação do Provimento UVA/CE nº 09, de 17 de junho de
2020. No balanço, a contribuição foi modesta, mas, ao menos, evitei
o caminho da letargia ou comodismo em meio à pandemia da
Covid-19.
Não poderia concluir este livro, sem deixar de reafirmar o
olhar de governantes, pais de alunos, professores, jornalistas e
políticos de diferentes agremiações partidárias sobre a educação
como a área social mais afetada pela pandemia do novo
coronavírus. Vimos, nos últimos meses que alunos de todo mundo
tiveram que deixar o modelo presencial e adotar ferramentas de
tecnologia de informação para manter a rotina de estudos. Não tem
sido uma tarefa fácil para alunos, professores, pais de alunos e
gestores o enfrentamento devastador da Covid-19. A situação de
ajustes na área educacional, desconfio, levará ao menos uma
década de enfrentamento da doença no meio escolar e seu maior
desafio talvez seja o da reorganização remota dos projetos
pedagógicos no chamado novo normal.
No Brasil, a remotada às aulas presenciais, nas escolas e
universidades, exigirá dos governos municipal, estadual e federal,
além de implementação de um sistema de monitoramento muito
robusto, baseado na testagem intensificada, além do uso de
máscara, da necessária promoção do distanciamento entre os
alunos e professores, a higienização eficaz das mãos de maneira
frequente e limpeza de superfície, especialmente banheiros e
carteiras escolares.
91
Fico, numa expectativa febril, de que os governos efetivamente
liderem, com equidade, o enfrentamento à pandemia no setor
educacional, com boas orientações para manutenção de aulas
remotas, definição mais clara de protocolos de retorno às aulas e a
garantia de linhas de financiamento público para mitigar os efeitos
da pandemia, sobretudo o combate ao desemprego elevado e à
extrema pobreza da população brasileira.
92
93
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec,
2009.
BAPTISTA, Marcos José Campello. 188 f. 2018. Absenteísmo e presenteísmo
por doença em trabalhadores da população geral da grande São Paulo.
Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências – Programa de
Psiquiatria. São Paulo, Universidade de São Paulo; 2018. Disponível em
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-07112018-
110813/pt-br.php
BRASIL. Congresso Nacional. Decreto Legislativo nº 6, de 2020. Reconhece,
para os fins do art. 65 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000,
a ocorrência do estado de calamidade pública, nos termos da solicitação
do Presidente da República encaminhada por meio da Mensagem nº 93,
de 18 de março de 2020. Disponível em http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/portaria/DLG6-2020.htm
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CEB nº 31/2002,
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aprovado em 8 de março de 2004 - Consulta sobre duração de hora-aula.
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BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CES nº 261/2006,
aprovado em 9 de novembro de 2006 - Aprecia a Indicação CNE/CES nº 5/2005,
relativa a esclarecimentos sobre os conceitos de hora e hora-aula tendo em vista
questionamentos sobre a aplicabilidade do Parecer CNE/CES nº 575/2001.
Disponível em http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/pces261_06.pdf
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CES nº 575/2001,
aprovado em 4 de abril de 2001 - Consulta sobre carga horária de cursos
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Básica e Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da
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Nacionais para a Formação Inicial e Continuada dos Profissionais do Magistério
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Proposta de parecer sobre reorganização dos calendários escolares e realização de
atividades pedagógicas não presenciais durante o período de pandemia da
COVID-19. Disponivel em http://portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de-
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BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação.
Resolução CNE/CP nº 1, de 2 de julho de 2019 - Altera o Art. 22 da Resolução
CNE/CP nº 2, de 1º de julho de 2015, que define as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura,
cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda
licenciatura) e para a formação continuada. Disponível em
http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=77781%E2%80%9D
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação.
Resolução CNE/CP nº 2, de 20 de dezembro de 2019 - Define as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação
Básica e institui a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores
da Educação Básica (BNC-Formação). Disponível em http://portal.mec.gov.
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enquanto durar a situação de pandemia do Novo Coronavírus - COVID-19.
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Jurídicos. Decreto-lei nº 1.044, de 21 de outubro de 1969. Dispõe sôbre
tratamento excepcional para os alunos portadores das afecções que indica.
Disponível em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
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BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos
Jurídicos. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e
bases da educação nacional. Disponível em http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l9394.htm
BRASIL. Presidência da República. Secretaria-Geral. Subchefia para
Assuntos Jurídicos. Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/lei/l13979.htm
BRASIL. Presidência da República.Secretaria-Geral.Subchefia para
Assuntos Jurídicos. Medida Provisória nº 934, de 1º de abril de 2020. Estabelece
normas excepcionais sobre o ano letivo da educação básica e do ensino superior
decorrentes das medidas para enfrentamento da situação de emergência de saúde
pública de que trata a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020. Disponível em
Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/
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de 27 de março de 2020. Dispõe sobre regime especial de atividades escolares não
presenciais no Sistema de Ensino do Estado do Ceará, para fins de reorganização
e cumprimento do calendário letivo do ano de 2020, como medida de prevenção e
combate ao contágio do coronavírus (COVID-19). Disponível em
https://www.cee.ce.gov.br/wp-content/uploads/sites/49/2019/05/
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CEARÁ. Governo do Estado. Decreto nº 33.532, de 30 de março de 2020.
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n%C2%BA33.532-de-30.03.2020.pdf
CEARÁ. Governo do Estado. Decreto Nº33.510, de 16 de março de 2020.
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enfrentamento e contenção da infecção humana pelo novo coronavírus.
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Decreta-situa%C3%A7%C3%A3o-de-Emerg%C3%AAncia-em-
sa%C3%BAde-e-disp%C3%B5e-sobre-medidas-de-enfrentamento-e-
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101/2020 - Reitoria Prorroga, em atendimento ao Decreto Estadual nº 33.532, de
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CEARÁ. Universidade Estadual Vale do Acaraú. Portaria Reitoria Nº
99/2020 - Estabelece normas e procedimentos por meio de Plano de Contingência
Institucional, que visam adequar a rotina acadêmica e administrativa da UVA à
Situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Internacional,
inicialmente no período de 16 a 31 de março 2020. Disponível em
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https://veja.abril.com.br/politica/teich-prepara-saida-progressiva-
estruturada-e-planejada-da-quarenten
100
101
ANEXOS
MEDIDA PROVISÓRIA Nº 934, DE 1º DE ABRIL DE 2020
Estabelece normas excepcionais sobre o ano letivo da
educação básica e do ensino superior decorrentes das
medidas para enfrentamento da situação de
emergência de saúde pública de que trata a Lei nº
13.979, de 6 de fevereiro de 2020 7.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que
lhe confere o art. 62 da Constituição, adota a seguinte Medida
Provisória, com força de lei:
Art. 1º O estabelecimento de ensino de educação básica fica
dispensado, em caráter excepcional, da obrigatoriedade de
observância ao mínimo de dias de efetivo trabalho escolar, nos
termos do disposto no inciso I do caput e no § 1º do art. 24 e no
inciso II do caput do art. 31 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de
1996, desde que cumprida a carga horária mínima anual
estabelecida nos referidos dispositivos, observadas as normas a
serem editadas pelos respectivos sistemas de ensino.
Parágrafo único. A dispensa de que trata o caput se aplicará
para o ano letivo afetado pelas medidas para enfrentamento da
situação de emergência de saúde pública de que trata a Lei nº
13.979, de 6 de fevereiro de 2020.
Art. 2º As instituições de educação superior ficam
dispensadas, em caráter excepcional, da obrigatoriedade de
7 Referência do documento: BRASIL. Presidência da República. Secretaria-Geral.
Subchefia para Assuntos Jurídicos. Medida Provisória nº 934, de 1º de Abril de
2020: Estabelece normas excepcionais sobre o ano letivo da educação básica e do
ensino superior decorrentes das medidas para enfrentamento da situação de
emergência de saúde pública de que trata a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020.
Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-
2022/2020/mpv/mpv934.htm
102
observância ao mínimo de dias de efetivo trabalho acadêmico, nos
termos do disposto no caput e no § 3odo art. 47 da Lei nº 9.394, de
1996, para o ano letivo afetado pelas medidas para enfrentamento
da situação de emergência de saúde pública de que trata a Lei nº
13.979, de 2020, observadas as normas a serem editadas pelos
respectivos sistemas de ensino.
Parágrafo único. Na hipótese de que trata o caput, a instituição
de educação superior poderá abreviar a duração dos cursos de
Medicina, Farmácia, Enfermagem e Fisioterapia, desde que o
aluno, observadas as regras a serem editadas pelo respectivo
sistema de ensino, cumpra, no mínimo:
I - setenta e cinco por cento da carga horária do internato do
curso de medicina; ou
II - setenta e cinco por cento da carga horária do estágio
curricular obrigatório dos cursos de enfermagem, farmácia e
fisioterapia.
Art. 3º Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua
publicação.
Brasília, 1º de abril de 2020; 199º da Independência e 132º da
República.
JAIR MESSIAS BOLSONARO
Abraham Bragança de Vasconcellos Weintraub
103
PARECER CNE/CP Nº: 11/2020
Orientações Educacionais para a Realização de Aulas
e Atividades Pedagógicas Presenciais e Não
Presenciais no contexto da Pandemia, aprovado em
7/7/2020 8.
I. RELATÓRIO
1. Introdução
Este Parecer foi organizado em colaboração com o Ministério
da Educação (MEC), e contou com a participação de entidades
nacionais como a União Nacional dos Dirigentes Municipais de
Educação (Undime), o Conselho Nacional de Secretários de
Educação (Consed), a União Nacional dos Conselhos Municipais
de Educação (UNCME), a FNCEM, o Fórum das Entidades
Educacionais (FNE), além da interlocução com especialistas e
entidades da sociedade civil.
O processo de oferta educacional, nesses tempos de contágio,
transcende decretos e normas que permitem flexibilizar o
afastamento social.
A educação de qualidade é um dos pilares da sociedade
contemporânea, por isso é assegurada em inúmeros diplomas
legais. O direito à educação de qualidade se associa à dignidade do
ser humano, um dos pilares da nossa ordem jurídica. O Conselho
Nacional de Educação (CNE) repercute os valores constituídos na
legislação e nas normas nacionais, daí que o conjunto de
8 Referência do documento: BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Conselho
Pleno. Parecer CNE/CP nº 9/2020, aprovado em 8 de junho de 2020 - Reexame do
Parecer CNE/CP nº 5/2020, que tratou da reorganização do Calendário Escolar e
da possibilidade de cômputo de atividades não presenciais para fins de
cumprimento da carga horária mínima anual, em razão da Pandemia da COVID-
1. Disponível em http://portal.mec.gov.br/component/content/
article?id=85201&Itemid=866
104
recomendações aqui presentes objetivam acima de tudo a
preservação da vida, a diminuição das desigualdades e o
desenvolvimento de uma sociedade brasileira plural, mas
assentada sobre princípios e valores de promoção da cidadania.
Como assinala Flávia Piovesan:
[...]
A dignidade da pessoa humana, (...) está erigida como princípio
matriz da Constituição, imprimindo-lhe unidade de sentido,
condicionando a interpretação das suas normas e revelando-se, ao
lado dos Direitos e Garantias Fundamentais, como cânone
constitucional que incorpora as exigências de justiça e dos valores
éticos, conferindo suporte axiológico a todo o sistema jurídico
brasileiro.
(PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional
internacional. 4ed. São Paulo: Max Limonad, 2000, p. 54)
No caso da educação nacional, em todos os níveis e
modalidades, estados, municípios e federação vêm orientando as
redes públicas e as instituições particulares, no sentido de ampliar
balizas legais que permitam a flexibilização em torno da adoção da
oferta educacional não presencial, de forma a aprimorar medidas
de qualidade ao aprendizado, ao tempo em que se amplia, também,
alongevidade dessas medidas.
Está claro que, na oportunidade da possibilidade de retorno às
atividades escolares presenciais, essas deverão estar repletas de
cautelas e cuidados sanitários, mas também atentas aos aspectos
pedagógicos. Nos apresenta, também, a possibilidade da
continuidade das atividades não presenciais em conjunto com
possíveis atividades presenciais, de forma a ampliar ou
complementar a perspectiva de aprendizado e a corrigir ou mitigar
as dificuldades de acesso à aprendizagem não presencial.
Nesse sentido, esse parecer aborda questões referentes,
advindas das autonomias do processo legislativo dos entes
educacionais, ou seja, às perspectivas futuras de admissão da
possibilidade de atividades escolares presenciais, isso sem, de
105
forma alguma, admitir sua plenitude ou mesmo estimulá-las em
relação às autonomias do sistema educacional. Atua, assim, o CNE
no âmbito de suas competências, organizando normas e
orientações nacionais, na perspectiva da adoção mediada pelas
legislações e normas institucionais e dos sistemas educacionais.
O retorno às atividades escolares, quando definido o
cronograma de reabertura das escolas no contexto da crise da
COVID-19, deverá enfrentar vários desafios. O objetivo deste
parecer é, respeitando a autonomia das escolas e dos sistemas de
ensino:
1. Apoiar a tomada de decisões para o retorno às aulas
presenciais;
2. Oferecer diretrizes que orientem o planejamento dos
calendários e dos protocolos específicos dos estabelecimentos de
ensino, definidos pelas autoridades locais e regionais;
3. Oferecer sugestões e recomendações de cunho
organizacional e pedagógico que podem ser desenvolvidos pelas
escolas e sistemas de ensino.
Nos termos definidos pelo Parecer CNE/CP nº 5, de 28 de abril
de 2020, recomenda-se que os sistemas e organizações educacionais
desenvolvam planos para a continuidade da implementação do
calendário escolar de 2020-2021, de forma a retomar gradualmente
as atividades presenciais, de acordo com as medidas estabelecidas
pelos protocolos e autoridades locais.
Com base em uma breve avaliação das experiências recentes
de reabertura das escolas em diferentes países, é possível
identificar tendências e necessidades a serem priorizadas nos
planos de continuidade e implementação do calendário escolar de
2020. O documento ressalta a importância da formulação de planos
capazes de oferecer respostas educativas coerentes e efetivas para
assegurar o direito de todos à educação, considerando os limites
impostos pela atual crise às condições de funcionamento das
escolas no Brasil.
As limitações na capacidade de implementar atividades não
presenciais ao longo do período de isolamento social poderão afetar
106
de modo desigual as oportunidades de aprendizagem dos alunos.
Sabe-se que o tempo investido no aprendizado, ou tempo de
aprendizado, é um dos preditores mais confiáveis do processo de
aprendizagem, como indicado no Parecer CNE/CP nº 5/2020 do
CNE. Sabe- se também que a qualidade da educação em vários
países comprovou que escolarização não é o mesmo que
aprendizagem. Nos Estados Unidos, pesquisas documentaram os
efeitos da “perda de aprendizagem nas férias de verão” indicando
que a interrupção prolongada dos estudos pode causar uma perda
dos conhecimentos e habilidades adquiridas. Uma análise das
pesquisas sobre o retrocesso cognitivo nas férias de verão nos
Estados Unidos da América (EUA) sugere que os estudantes
podem perder o equivalente a um mês de aprendizagem no ano
letivo, sendo maior para os estudantes de menor renda.
Além disso, é preciso considerar um conjunto de fatores que
podem afetar o processo de aprendizagem remoto no período de
isolamento da pandemia, tais como: as diferenças no aprendizado
entre os alunos que têm maiores possibilidades de apoio dos pais;
as desigualdades entre as diferentes redes e escolas de apoiar
remotamente a aprendizagem de seus alunos; as diferenças
observadas entre os alunos de uma mesma escola em sua
resiliência, motivação e habilidades para aprender de forma
autônoma on-line ou off-line; as diferenças entre os sistemas de
ensino em sua capacidade de implementar respostas educacionais
eficazes; e, as diferenças entre os alunos que têm acesso ou não à
internet e/ou aqueles que não têm oportunidades de acesso às
atividades síncronas ou assíncronas. Todos esses fatores podem
ampliar as desigualdades educacionais existentes. No caso
brasileiro, a pandemia surgiu em meio a uma crise de
aprendizagem, que poderá ampliar ainda mais as desigualdades
existentes. O retorno exigirá grande esforço de readaptação e de
aperfeiçoamento do processo de ensino e aprendizagem.
Um estudo recente da McKinsey para estimar o impacto
potencial do fechamento das escolas de educação básica,
identificou três cenários possíveis sobre a eficácia do aprendizado
107
remoto em relação ao ensino presencial tradicional. O estudo
salienta que o aprendizado dos alunos do ensino médio durante o
fechamento das escolas varia de acordo com três fatores: a
qualidade do acesso e da oferta do ensino remoto, o apoio
domiciliar e o grau de engajamento do estudante. Os dados
indicam que apenas 60% dos estudantes de baixa renda nos EUA
estão acessando o ensino remoto on-line. Os estudantes negros e os
hispânicos, segundo o estudo, podem apresentar retrocessos
cognitivos que variam de 9 (nove) meses a 1 (um) ano de estudo. O
estudo leva em conta todos os estados dos EUA, inclusive a
situação de 28 (vinte e oito) estados americanos que não obrigam o
ensino remoto durante o isolamento social. Estima-se também um
aumento de 30% a 40% nas taxas de abandono do ensino médio,
com base nos estudos dos efeitos do furacão Katrina sobre o
aumento da evasão escolar.
O artigo de Alexandre Schneider (Folha de São Paulo, 13 de
julho de 2020), cita três estudos importantes sobre o impacto da
epidemia da COVID-19 no desempenho dos 55 (cinquenta e cinco)
milhões de estudantes americanos. O primeiro deles, do
Annenberg Institute da Universidade de Brown, indica que os
estudantes norte-americanos devem voltar às escolas em setembro
com uma perda de aprendizagem da ordem de 30% em leitura e de
50% em matemática. O segundo, da Universidade de Harvard,
avaliou o efeito do uso de um soGware de matemática antes e
depois da pandemia com 800 (oitocentos) mil alunos. De janeiro a
abril, o desempenho dos estudantes de baixa renda caiu 50%,
enquanto os de estudantes que vivem em comunidades de renda
mais alta não tiveram alteração de desempenho. Já em junho, a
queda foi de 78% para os de baixa renda. O terceiro, da consultoria
McKinsey, estimou, em média, a perda de sete meses no
aprendizado para estudantes brancos, e de dez para negros e
latinos.
Segundo o editorial publicado pela The Lancet Child and
Adolescent Health, na edição de 1º de julho de 2020, mais de 1,4
bilhão de crianças em todo o mundo estavam fora da escola em
108
junho e 60% delas não dispunham de recursos para desenvolver
atividades pedagógicas remotamente. Artigo publicado na revista
Educational Assessment, Evaluation and Accountability, mostra
que 78% dos estudantes da Alemanha, Áustria e Suíça avaliam que
a falta de acesso ao computador ou notebook pessoal para estudar
foi o maior obstáculo que enfrentaram durante o fechamento das
escolas.
E no Brasil, quantos alunos da educação básica estão tendo
acesso às atividades não presenciais? Quantos têm acesso à Internet
e dispõem de computador ou celular para acompanhar atividades
online? Quantas escolas e redes de ensino têm condições efetivas
de oferecer atividades não presenciais aos estudantes? Quantas
famílias têm condições de apoiar as atividades escolares dos seus
filhos? Como as escolas poderão enfrentar os desafios das
aprendizagens no retorno às aulas? Quais medidas devem ser
tomadas para evitar o aumento da repetência e do abandono
escolar?
Diante dos desafios da pandemia, é preciso definir diretrizes e
medidas sensatas que possam apoiar respostas educacionais
eficazes para proteger os direitos de aprendizagem e mitiguem os
impactos da pandemia, de forma a garantir a continuidade do
processo de aprendizagem e a implementação do calendário
escolar de 2020-2021.
2. Breve Diagnóstico da Educação Básica no Contexto da
Pandemia
Segundo dados do Censo Escolar de 2019 do Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
(Inep), o Brasil tem 47,9 milhões de estudantes na Educação Básica
e 8,4 milhões no Ensino Superior, portanto, uma população de 56,3
milhões de estudantes fora das salas de aula desde março de 2020.
Deste universo, 51,8 milhões de estudantes estão distribuídos em
várias etapas de ensino:
109
• 9 milhões de estudantes de Educação Infantil e 114.851
escolas; 15 milhões de estudantes nos Anos Iniciais e 109.644
escolas; 11,9 milhões de estudantes nos Anos Finais e 61.765
escolas; 7,5 milhões de estudantes no Ensino Médio e 28.860
escolas;
• 8,4 milhões de estudantes no Ensino Superior e 2.537
instituições de ES.
• Cerca de 2,2 milhões de docentes atuam na Educação Básica
e 384.474 docentes no Ensino Superior.
Um estudo realizado pela FRM identificou os impactos da
volta às aulas para os diferentes níveis e etapas da educação básica.
O projeto descreve um quadro socioeconômico detalhado dos
efeitos associados do retorno às aulas dos estudantes da educação
básica. O estudo faz um levantamento das dimensões econômicas
e sanitárias da reabertura e seus impactos sobre os transportes
públicos, liberação da força de trabalho (professores e pessoal
administrativo das escolas), alimentação (restaurantes,
lanchonetes, comércio), enfim, um conjunto de fatores que podem
aumentar o processo de contaminação. O projeto propõe uma
reabertura em três etapas, de forma escalonada por níveis de
ensino.
Considerando a quantidade de estudantes matriculados na
educação básica, o estudo recomenda um protocolo com prioridade
de retorno às crianças de educação infantil e dos anos iniciais, que
representam 24 (vinte e quatro) milhões de alunos, 1,5 milhão de
professores e envolvem milhões de famílias com rendimento
domiciliar per capita de até meio salário mínimo. O retorno dos
estudantes mais novos, além de liberar maior número de mão de
obra para vários setores da economia formal e informal, tem menor
impacto sobre os serviços de transporte, pois as crianças menores
residem em geral mais próximos da escola. Outro ponto importante
é o menor número de alunos por sala de aula, o que facilita a
reorganização da sala de aula e o distanciamento. Em suma, o
estudo destaca um conjunto de fatores que contribui para a
reativação da economia e garantia da educação das crianças
110
menores que têm mais dificuldade para desenvolver atividades
não presenciais de modo autônomo.
Outro estudo, realizado pelo Interdisciplinaridade e
Evidências no Debate Educacional (Iede) em parceria com o
Instituto Rui Barbosa (IRB), mostra grande variedade e
diversificação das redes de ensino para sua organização interna e
disponibilização de conteúdos e atividades pedagógicas não
presenciais durante o período de pandemia. Revela que 82% das
redes municipais ofereceram aulas ou conteúdos pedagógicos aos
estudantes utilizando diferentes estratégias. Em relação às redes
estaduais pesquisadas, todas disseram ofertar algum tipo de
conteúdo pedagógico no período de isolamento. A amostra do
estudo é formada por 249 (duzentas e quarente e nove) redes de
ensino municipais de todas as regiões do país e abrange apenas 17
(dezessete) redes estaduais.
Em relação à educação infantil, a pesquisa mostra que 41% das
redes municipais disponibilizam semanalmente conteúdos aos
alunos; 31% quinzenalmente e 28% diariamente. Em geral, as redes
ofereceram orientações aos pais sobre atividades lúdicas,
interações e brincadeiras, alimentação saudável e suporte
psicológico.
Nos anos iniciais, 44% das redes oferecem conteúdos e
atividades pedagógicas semanalmente, 27% diariamente e 29%
quinzenalmente. Para os anos finais do ensino fundamental, a
mesma tendência se repete, com maior proporção de redes
oferecendo atividades diariamente. Em ambos os casos, as redes
indicam que 93% das intervenções pedagógicas implementadas
estão embasadas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e
87% delas no currículo de referência.
Segundo a pesquisa, não há um padrão em relação às
atividades oferecidas aos alunos do ensino fundamental. No caso
dos anos iniciais, predominam atividades de leitura, escrita,
interpretação de texto e operações básicas de matemática. Nos anos
finais, as redes priorizam atividades tendo como norte a BNCC e a
matriz de referência do Sistema de Avaliação da Educação Básica
111
(Saeb). Entre as 17 (dezessete) redes estaduais de ensino médio,
participantes da amostra, 33% asseguram conteúdos aos alunos
diariamente; 60% semanalmente e 7% quinzenalmente. Em todas
as redes de ensino médio pesquisadas há videoaulas ofertadas e
preparação dos estudantes para o Exame Nacional do Ensino
Médio (ENEM).
A maioria das secretarias afirma ter um bom controle dos
estudantes que têm acesso aos conteúdos ofertados. Contudo, o
monitoramento limita-se ao recebimento das atividades e não à
verificação do aproveitamento dos alunos. Uma das maiores
dificuldades diz respeito à formação dos professores para lidar com
ferramentas e tecnologias educacionais. De acordo com a pesquisa,
apenas 39% das redes estão oferecendo formações para as
atividades não presenciais. Essa situação reforça os resultados de
recente pesquisa do Instituto Península, segundo a qual 83% dos
professores se sentem despreparados para o ensino virtual e
gostariam de receber apoio neste sentido.
A maioria das redes (84%) declararam que estão se
preparando para a volta às aulas, mas salientam a importância de
orientações dos órgãos e conselhos de educação para se
organizarem melhor. O planejamento da volta às aulas ocorre em
três frentes principais: acolhimento; avaliações diagnósticas para
identificar os níveis de aprendizagem dos estudantes e, a partir
disso, estabelecer intervenções; a reorganização do espaço fisico e
a adoção das medidas de higiene necessárias para evitar a
contaminação da COVID-19. Destaca-se também atenção especial a
medidas de combate à evasão, busca ativa de alunos, estratégias de
recuperação da aprendizagem. A maior preocupação das redes
para a retomada está ligada às condições de saúde e de segurança
aos estudantes e profissionais da educação.
Uma pesquisa da Undime e vários parceiros aplicou
questionários em 3.978 (três mil novecentos e setenta e oito) redes
municipais com o objetivo de subsidiar protocolos de volta às aulas
nos municípios. Os respondentes representam 70% do total de
112
matrículas das redes municipais do país. Os resultados revelam o
seguinte quadro:
• 83% dos alunos das redes públicas vivem em famílias
vulneráveis com renda per capita de até 1 (um) salário-
mínimo;
• 79% dos alunos das redes públicas tem acesso à internet,
mas 46% acessam apenas por celular e 2/3 dos alunos não têm
computador;
• 60% das redes municipais que suspenderam as aulas
presenciais estão oferecendo atividades remotas;
• 43% das redes municipais utilizam materiais impressos
nas atividades remotas; 57% conteúdos digitais e vídeo aulas
gravadas;
• 958 (novecentos e cinquenta e oito) redes municipais têm
políticas de monitoramento das atividades remotas e
acompanhamento dos alunos; e
Mais da metade das redes indica que as maiores dificuldades
para a implementação das atividades não presenciais são:
indefinição das normativas dos respectivos sistemas; dificuldades
dos professores em lidar com as tecnologias e falta de
equipamentos. Com o objetivo de identificar se os alunos estão
recebendo as atividades de aprendizado remoto e quais as
dificuldades encontradas, pesquisa realizada pelo Datafolha
entrevistou 1.208 (um mil duzentos e oito) pais ou responsáveis de
estudantes das redes públicas municipais e estaduais numa
amostra nacional, no final de maio de 2020. Entre os principais
resultados, destacam-se:
• 74% dos estudantes participaram de alguma atividade não
presencial, chegando a 94% na região Sul e a 52% no Norte;
• 86% dos estudantes do ensino médio tiveram acesso a
atividades remotas; 74% dos alunos nos anos finais e 70% nos
anos iniciais do ensino fundamental;
• 81% dos estudantes da rede estadual receberam algum tipo
de material para as atividades em casa, contra 68% da rede
municipal;
113
• 54% dos estudantes dos anos iniciais tiveram acesso a
atividades via internet; nos anos finais 65%; e, 82% no ensino
médio;
• Segundo a percepção dos responsáveis, 82% dos estudantes
estão fazendo as atividades escolares enviadas pela escola;
• 47% dos estudantes do ensino fundamental e 69% do ensino
médio não receberam orientações das escolas;
• 58% apontam dificuldade na rotina das atividades em casa;
• 31% dos responsáveis temem que os estudantes desistam da
escola;
• 46% estudam em escolas classificadas nos grupos inferiores
de nível socioeconômico (INSE/Inep) e têm menos acesso a
atividades não presenciais;
• 70% dos responsáveis são mulheres chefes de família; e
• 73% dos responsáveis têm renda familiar de até 2 salários
mínimos.
Em suma, os estudos disponíveis sobre a situação recente
revelam que a maioria das redes públicas de ensino busca
implementar atividades não presenciais alinhadas com as
recomendações do Parecer CNE/CP nº 5/2020. Os maiores desafios
são: a grande desigualdade no acesso à internet pelos estudantes;
as dificuldades dos professores em desenvolver atividades
remotas; as desigualdades no índice socioeconômico das escolas
que também se revela na desigualdade da sua infraestrutura.
Também fica claro que, em geral, as escolas das redes públicas não
fazem o monitoramento do aprendizado das atividades não
presenciais.
Há ainda uma questão central: as redes públicas estaduais e
municipais terão condições de fazer as adaptações necessárias no
ambiente escolar para o retorno às aulas.
Um estudo do Instituto Unibanco estima que para evitar o
colapso financeiro das redes públicas de educação básica, serão
necessários recursos adicionais da ordem de R$ 30 bilhões de reais,
considerando as despesas previstas para 2020 num quadro de
queda da arrecadação e restrição orçamentária, além do aumento
114
das despesas para a adequação das escolas aos protocolos
sanitários, aquisição de equipamentos, reformas nos lavatórios,
materiais de higiene, ensino remoto, alimentação, compra de
infraestrutura tecnológica, patrocínio de pacotes de dados de
internet e adicional da folha salarial para garantir aulas de
recuperação e a possível abertura das escolas nos finais de semana.
Importante destacar que as redes de escolas particulares vêm
fazendo adaptações importantes nas suas unidades, apresentam
propostas detalhadas de planejamento da volta às aulas, revisão do
planejamento curricular e guias de orientação aos responsáveis,
alunos, professores e equipes administrativas.
Portanto, a possibilidade da continuidade das atividades
remotas com o retorno das aulas presenciais requer grande esforço
dos governos para assegurar condições de higiene e segurança nas
escolas públicas, o acesso à internet aos estudantes de baixa renda,
investimento na infraestrutura das escolas e na formação dos
professores para o uso de novas metodologias e de tecnologias.
Neste sentido, o auspicioso debate acerca da utilização dos recursos
do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações
(FUST), R$ 31 bilhões de reais para garantir internet de alta
velocidade a todas as escolas públicas e acesso gratuito à internet
pelos alunos mais vulneráveis representa uma grande esperança
para todos os estudantes e professores brasileiros.
3. Breve Diagnóstico da Educação Superior no Contexto da
Pandemia
A Educação Superior foi alcançada pela pandemia da COVID-
19 com os seguintes indicadores de desempenho de expansão,
apresentados pelo Censo da Educação Superior do Inep, em 2018:
[...]
8.740.338 matrículas, sendo: 75% em IES particulares e 19,3% em
licenciaturas e 2.056.511 em EAD e 58% no turno noturno (68% das
matriculas particulares)
115
8% da matricula na Região Norte, 8% na Centro oeste e 47% na
Sudeste.
3.445.935 ingressantes para 13.529.101 vagas oferecidas em 2018 (25%
das vagas ofertadas em
2018 foram ocupadas)
1.373.321 de novos ingressante em EAD (40% do total de
ingressantes em 2018)
1.264.288 concluintes
2018 Faculdades, 230 Centros Universitários e 199 Universidades
Direito, Administração, Ciências Contábeis e Pedagogia acumulam
mais de 2.600.000 matrículas
Desistência ou Evasão em 2016 foi indicada em 57% ( 60% nas
particulares, 47% nas Federais, 62% em EAD e 55% em Cursos de
Engenharia)
21% da população de 18 a 24 anos frequenta a educação superior e
apenas 13, 7% da população entre 55 e 64 anos possuí curso superior,
uma das menores taxas da América do Sul.
Nesse cenário, a educação superior passou, durante a COVID-
19, a ser ofertada como não presencial e a distância. Hoje, cerca de
90% das matrículas são predominantemente a distância. Uma série
de ações regulatórias sustentou essa medida, entre portarias do
MEC e uma medida provisória. As portarias do MEC foram
ampliadas em sua abrangência pelo Parecer CNE/CP nº 5/2020. O
parecer foi organizado em ampla mobilização com os sistemas de
ensino, e a partir de entendimentos, diálogo e cooperação técnica
com o Ministério da Educação.
Para fins desta Nota Técnica, nos baseamos fortemente no texto
do Parecer CNE/CP nº 5/2020 já homologado, por vezes quase que
literalmente.
Em um sentido geral, o parecer aprofunda orientações
nacionais e indica algumas normas referentes à condução do
processo educacional não presencial, de forma a ampliar as balizas
propostas às instituições, redes e sistemas de ensino, sempre de
forma limitada à duração da pandemia.
116
No que diz respeito à educação superior, aspectos referentes ao
disposto nas Portarias de nos 343 e 345, de março de 2020, foram
tratados e, de certa forma, estendidos às práticas responsáveis de
ofertas de cursos e as atividades e disciplinas a eles referentes,
especialmente no que se refere às aulas laboratoriais e atividades
práticas, como as complementares, de estágio, dentre outras.
Quanto às atividades práticas, estágios ou extensão, estão
vivamente relacionadas ao aprendizado e muitas vezes localizadas
nos períodos finais dos cursos. Se o conjunto do aprendizado do
curso não permite aulas ou atividades presenciais, seria de se
esperar que, aos estudantes em fase de estágio, ou de práticas
didáticas, fosse proporcionada, nesse período excepcional da
pandemia, uma forma adequada de cumpri-lo.
No caso dos cursos de licenciatura ou formação de professores,
as práticas didáticas vão ao encontro de um amplo processo de
oferta de aprendizado não presencial à educação básica,
principalmente aos anos finais do ensino fundamental e médio.
Produz, assim, sentido que estágios vinculados às práticas na
escola, em sala de aula, possam ser realizados de forma igualmente
virtual ou não presencial, seja a distância, seja por aulas gravadas
etc.
Da mesma forma, outros cursos podem, também,
especialmente nessa época ou período de afastamento social, ser
objetos de práticas ou estágios não presenciais, dependendo do
padrão de digitalização, ou de atividades e serviços já operados a
distância, com trabalho remoto, laboratórios virtuais, telegestão,
atendimento dos clientes a distância, sistemas de entrega eletrônica
de documentos, projetos, petições etc.
A substituição da realização das atividades práticas dos
estágios de forma presencial para não presencial, com o uso de
meios e tecnologias digitais de informação e comunicação, podem
estar associadas, inclusive, às atividades de extensão e pesquisa das
instituições e dos cursos superiores.
117
O relevante é que haja a adequada metodologia pedagógica
aplicada às atividades práticas, de forma a propiciar o aprendizado
de conteúdos concernentes e integradores de competências
esperadas nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) dos
cursos. A proximidade entre objetos de aprendizagem elegidos
pelas práticas com as teóricas devem corresponder à construção
das competências e facilitar a aplicação interdisciplinar do
currículo. As formas não presenciais de aprendizado por meio de
práticas e estágios podem ainda conter flexibilidades disponíveis
pelos sistemas de tecnologias digitais aplicados, de forma a ampliar
o processo de interação com diversos ambientes de trabalho e a
troca em diversos níveis, de experiências teórico-práticas
compartilhadas.
O processo de oferta não presencial, de atividades ou
disciplinas práticas e laboratoriais, mesmo que considerado apenas
o período da pandemia, poderá colaborar também para aprofundar
o aprendizado digital e a interação virtual com diversos ambientes
de trabalho que possuem como requisito práticas e experiências
digitais ou de aplicação virtual aos meios de trabalho. Além de
viabilizar a realização das atividades práticas dos estágios
obrigatórios, garantindo a possibilidade de terminalidade do
ensino superior no tempo de integralização do curso para
estudantes na fase final do curso, dando a possibilidade, ainda que
mediada com alguma reposição, de sua conclusão.
4. Previsão do Parecer e Condições de Obrigações e Abrangências
Referentes às Ofertas Não Presenciais de Disciplinas ou Atividades
Práticas e Laboratoriais, em Consonância com o Parecer CNE/CP
nº 5/2020.
[...]
O processo de ingresso na oferta para atividades práticas não
presenciais dependerá de projeto pedagógico curricular específico
para as disciplinas ou atividades, informando as metodologias,
infraestrutura e meios de interação com as áreas e campos de estágios
118
e os ambientes externos de interação onde se darão as práticas do
curso e a capacitação docente, do orientador ou preceptor do estágio
em adotar o aprendizado a distancia e tele orientado. Essa
documentação, bem como a informação da prática adotada, deverá
ser transmitida à Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação
Superior (SERES).
No âmbito da oferta da educação superior não presencial, deverão
ser adotadas e normatizadas, para essa modalidade, atividades
referentes às disciplinas práticas, inclusive de laboratório, estágios,
ao TCC, avaliação, extensão, atividades complementares, processo
seletivo de ingresso, capacitação docente, entre outras.
No exercício de autonomia e responsabilidade na condução de seus
projetos acadêmicos, respeitando-se os parâmetros e normas legais
estabelecidas, com destaque e em observância ao disposto na Portaria
MEC nº 2.117, de 6 de dezembro de 2019, as instituições de educação
superior podem considerar a utilização da modalidade EaD como
alternativa à organização pedagógica e curricular de seus processos
de reposição das 800 horas de carga horária a distância e adotar
medidas adequadas quanto ao retorno às atividades presenciais para
cursos e
instituições que não possuíam anteriormente a modalidade EaD.
Essas considerações conduzem as seguintes recomendações à
educação superior, contidas no Parecer CNE/CP nº 5/2020, que
dizem respeito às atividades remotas, não presenciais ou a
distância, referentes às disciplinas ou atividades práticas e
laboratoriais:
[...]
adotar a substituição de disciplinas presenciais por aulas não
presenciais;
adotar a substituição de atividades presenciais relacionadas à
avaliação, processo seletivo, TCC e aulas de laboratório, por
atividades não presenciais, considerando o modelo de mediação de
tecnologias digitais de informação e comunicação adequado à
infraestrutura e interação necessárias;
regulamentar as atividades complementares, de extensão e o TCC;
119
organizar o funcionamento de seus laboratórios e atividades
preponderantemente práticas em conformidade com a realidade
local;
adotar atividades não presenciais de práticas e estágios,
especialmente aos cursos de licenciatura e formação de professores,
extensíveis aos cursos de ciências sociais aplicadas e, onde couber, de
outras áreas, informando e enviando à SERES ou de órgão de
regulação do sistema de ensino ao qual a IES está vinculada, os
cursos, disciplinas, etapas, metodologias adotadas, recursos de
infraestrutura tecnológica disponíveis às interações práticas ou
laboratoriais a distancia;
adotar a oferta na modalidade a distancia ou não presencial, às
disciplinas teórico-cognitivas dos cursos da área de saúde,
independente do período em que são ofertadas;
supervisionar estágios e práticas profissionais na exata medida das
possibilidades de ferramentas disponíveis;
definir a realização das avaliações de forma remota;
adotar regime domiciliar para alunos que testarem positivo ou que
sejam do grupo de risco;
organizar processo de capacitação de docentes para o aprendizado a
distância ou não presencial;
implementar teletrabalho para professores e colaboradores;
proceder o atendimento ao público dentro das normas de segurança
editadas pelas autoridades públicas e com espeque em referências
internacionais;
divulgar a estrutura de seus processos seletivos de forma remota
totalmente digital;
reorganização dos ambientes virtuais de aprendizagem e outras
tecnologias disponíveis nas IES para atendimento do disposto nos
currículos de cada curso;
realização de atividades on-line síncronas de acordo com a
disponibilidade tecnológica; oferta de atividades on-line assíncronas
de acordo com a disponibilidade tecnológica;
realização de testes on-line ou por meio de material impresso
entregues ao final do período de suspensão das aulas; e
utilização de mídias sociais de longo alcance (WhatsApp, Facebook,
Instagram etc.) para estimular e orientar os estudos e projetos.
120
Para além do disposto no Parecer, consideramos, de forma
esquemática, os seguintes pontos, como relevantes às obrigações
das IES:
• Identificar espaços de trabalho, de oferta de estágio ou de
atividades práticas, que integrem, na organização de suas
atividades, práticas a distância, relacionadas, por exemplo, a
prestação de serviços, desenvolvimento de projetos técnicos,
atendimento aos clientes, entrega de projetos, petições,
pareceres ou demais produtos ofertados de formas remota;
• Considerar, para fins de abrangência, as grandes áreas da
Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES), como integradora dos cursos
identificados no parecer, assim indicadas:
- Área de Ciências Sociais Aplicadas;
- Área de Ciências Humanas;
- Área de Linguística, Letras e Artes;
- Área de Ciências Exatas e da Terra;
- Área de Engenharias;
- Área Multidisciplinar;
- Área de Ciências da Saúde;
- Área de Ciências Biológicas;
- Área de Ciências Agrárias.
• Em relação às áreas acima indicadas, considerar as
seguintes abrangências:
Área de Ciências da Saúde: com exceção dos Cursos de
Medicina, considerar, a partir de critérios técnicos definidos e
redigidos pela coordenação do curso, as etapas do estágio possíveis
de serem ofertadas a distância, especialmente relacionadas às
orientações e interações entre discentes, preceptores, orientadores
e tutores, possíveis de ser fornecidas remotamente com suporte de
ambientes virtuais, laboratórios virtuais e interações virtuais com
espaços de trabalho reais. As etapas definidas devem ser
consideradas em relação às horas e conteúdos de aprendizado
121
declarados pela coordenação do curso e devidamente avaliadas
como atividades não presenciais.
Pode-se admitir que estágios em clínicas com atendimento
remoto profissional, como psicoterápico, entre outras atividades,
poderão ensejar, com os critérios já indicados, estágios remotos às
etapas remotas praticadas.
Cursos de Medicina poderão, em observância ao disposto no
item 2.15 do Parecer CNE/CP nº 5/2020: “adotar a oferta na modalidade
a distância ou não presencial, às disciplinas teórico-cognitivas dos cursos
da área de Ciências da Saúde, independente do período em que são
ofertadas”.
Cursos de Medicina, em acordo com o disposto acima, do
Parecer CNE/CP nº 5/2020, poderão, em relação ao internato,
considerar como atividades teórico-cognitivas o máximo de 20% de
tempo dos 70% das horas totais destinadas ao internato, de acordo
com o artigo 24, § 6º, da Resolução CNE/CES nº 3, de 20 de junho
de 2014, que institui as DCNs de Medicina:
[...]
§ 6º Os 70% da carga horária restante do internato incluirão,
necessariamente, aspectos essenciais das áreas de Clínica Médica,
Cirurgia, Ginecologia, Obstetrícia, Pediatria, Saúde Coletiva e Saúde
Mental, em atividades eminentemente práticas e com carga horária
teórica que não seja superior a 20% do total por estágio, em cada uma
destas áreas.
As demais áreas deverão observar o disposto no Parecer
CNE/CP nº 5/2020, devendo, no entanto, acrescentar relatório
técnico do coordenador do curso com a justificativa da oferta de
estágios, atividades práticas e laboratoriais, considerando as
etapas, horas e procedimentos adotados.
As indicações ou novos normativos referidos ao período da
pandemia da COVID-19,especialmente por meio do Parecer
CNE/CP nº 5/2020, dispõem sobre normas e orientações,
estabelecendo, temporariamente, a amplitude da oferta de cursos e
122
atividades não presenciais, bem como as exigências de registro e
organização dessas atividades pelas Instituições de Educação
Superior (IES), cursos e atividades, junto aos órgãos do Ministério
da Educação (MEC), para que, nesse âmbito, possa colaborar com
as IES no sentido do ordenamento qualitativo da oferta de seus
cursos.
5. Algumas Lições da Recente Experiência Internacional
Experiências recentes de países que passaram pelo fechamento
de escolas em razão da COVID-19, indicam que o retorno às
atividades presenciais é bastante complexo e requer um
planejamento detalhado. Ainda não há estudos para medir o
impacto do fechamento provisório das escolas em mais de 190
(cento e noventa) países. No entanto, os efeitos adversos associados
à segurança, bem-estar e aprendizagem das crianças estão bem
documentados em diferentes estudos (Unesco, Banco Mundial). Há
indícios de que as interrupções das aulas presenciais podem ter
grave impacto na capacidade de aprendizado futuro das crianças,
além de efeitos emocionais e fisicos, que podem se prolongar por
um longo período. Estudos indicam que, quanto mais tempo os
estudantes socialmente vulneráveis estiverem fora da escola, maior
será o retrocesso nas aprendizagens e maior a probabilidade de
aumento do abandono escolar.
A reabertura das escolas, segundo a recente experiência
internacional, deve ser segura e consistente de acordo com as
orientações das autoridades sanitárias locais e das diretrizes
definidas pelos sistemas de ensino. Em geral, as experiências
internacionais recomendam as seguintes diretrizes:
• Coordenação de ações entre os entes federados, em especial
entre o governo central, Estados e Municípios; e, no contexto
local, entre o estado e seus municípios para assegurar maior
efetividade e segurança do processo;
• Análise criteriosa do contexto local e coordenação de ações
intersetoriais envolvendo as áreas de educação, saúde e
123
assistência social para a definição dos protocolos de retorno às
aulas;
• Medidas de proteção à comunidade escolar, sobretudo aos
alunos, funcionários, professores e suas famílias, a partir de
uma avaliação dos beneficios e riscos associados a questões
sociais e econômicas no processo de reabertura;
• Prioridade ao acolhimento dos estudantes e cuidados com
aspectos sócio-emocionais no retorno às atividades
presenciais, considerando também os traumas emocionais que
podem afetar alunos e educadores durante a crise da
pandemia. Atenção especial deve ser dada aos estudantes mais
vulneráveis;
• Mapeamento geral da situação local: antes da reabertura,
recomenda-se às autoridades educacionais locais a realização
de um levantamento dos efeitos da pandemia nas
comunidades escolares para identificar casos de estudantes
que sofreram perdas familiares; professores e profissionais da
educação afetados pela COVID-19;
• Monitoramento: mapeamento das condições de acesso dos
alunos às atividades não presenciais e levantamento dos
estudantes que não tiveram acesso às atividades e, quando
possível, recomenda-se uma avaliação formativa do processo
de aprendizagem durante o período de isolamento;
• Comunicação: o planejamento da reabertura deve ser
acompanhado por intensa comunicação com as famílias, os
alunos, os professores e profissionais de educação, explicando
com clareza os critérios adotados no retorno gradual das
escolas e os cuidados com as questões de segurança sanitária;
• Investimento nas escolas: as autoridades locais e gestores
escolares devem assegurar os investimentos necessários em
água, higiene, lavatórios, máscaras etc. É importante
considerar a possibilidade de nova onda da pandemia,
eventual necessidade de fechamento de escolas e a
manutenção das atividades não presenciais;
124
• Cuidados específicos com a merenda e transporte escolar:
considerando o risco potencial de ampliação das
possibilidades de contaminação existentes durante a entrega e
consumo dos alimentos a serem consumidos e do
distanciamento entre estudantes dentro dos ônibus, além da
movimentação das crianças e jovens dentro do município.
Reorganização da merenda escolar, atenção especial aos
talheres, pratos e alimentação;
• Orientações claras e planejamento organizacional
adaptativo: a volta às aulas deve ser gradual, por etapas ou
níveis. Em geral, as medidas são definidas por meio de
protocolos que envolvem questões como distanciamento fisico
dos estudantes, cuidado com aglomerações, escalonamento de
horários de entrada e saída, reorganização do horário de
merenda, protocolos de higiene, uso de máscaras, lavagem das
mãos com frequência; proteção aos funcionários mais velhos.
Intervalos e recreios alternados, atenção ao uso dos banheiros.
Recomenda-se janelas e portas abertas na sala de aula e nos
espaços coletivos de atividades;
• Etapas e níveis de ensino priorizados na abertura: Cabe aos
sistemas de ensino, redes e às escolas definir as prioridades das
etapas e níveis de ensino priorizados no processo gradual de
retorno, bem como planejar a reorganização das turmas. Em
geral, as experiências internacionais priorizam o retorno dos
alunos de educação infantil, dos anos iniciais e do final do
ensino médio no retorno às aulas. Convém ressaltar que em
muitos países não há oferta de creche em seus sistemas de
ensino. Não há consenso sobre as etapas a serem priorizadas;
• Retorno gradual em geral, prioriza-se o retorno dos alunos
menores (educação infantil e anos iniciais) devido à falta de
maturidade desses alunos para atividades não presenciais e da
necessidade de os pais voltarem ao trabalho. Prioridade
também aos alunos de final de ciclo (9º Ano e 3º Ano do ensino
médio) que precisam concluir a etapa, assim como aos alunos
mais vulneráveis, orientação específica aos alunos a partir do
125
5º ano, que poderão frequentar a escola em dias alternados, por
semana, complementados por atividades não presenciais;
• Número limitado de alunos por sala de aula. Redistribuição
dos alunos; reorganização dos horários e dias de atendimento
aos alunos e às famílias, de acordo com os protocolos locais;
• Organização dos espaços fisicos para professores e
funcionários das escolas;
• Formação e capacitação de professores e funcionários: é
essencial a preparação sócio emocional de todos os professores
e funcionários que poderão enfrentar situações excepcionais na
atenção aos alunos e respectivas famílias; preparação da
equipe para a administração logística da escola; formação de
professores alfabetizadores; formação de professores para as
atividades não presenciais; uso de métodos inovadores e
tecnologias de apoio ao professor;
• Avaliação: planejamento da avaliação formativa e
diagnóstica; revisão de critérios de promoção dos estudantes;
avaliações para efeito de decisões de final de ciclo; redefinição
de critérios de reprovação; atenção às avaliações externas com
foco nos conteúdos e objetivos de aprendizagem efetivamente
cumpridos pelas escolas;
• Flexibilização Curricular e Acadêmica: revisão do currículo
proposto e seleção dos objetivos ou marcos de aprendizagem
essenciais previstos para o calendário escolar de 2020-2021;
foco nas competências leitora e escritora, raciocínio lógico
matemático, comunicação e solução de problemas. Planejar
período integral ou carga horária maior para o ano escolar de
2020-2021; planejamento curricular para cumprir objetivos de
aprendizagem não oferecidos em 2020.
Segue abaixo quadro apresentado pela Secretaria de Educação
Básica do Ministério da Educação (SEB/MEC), com resumo dos
modelos de retorno às aulas presenciais identificados na
experiência internacional:
126
Planejamento de Aulas
Modelos de Retorno: Ensino e Conteúdos:
intermitente – presencial em
alguns dias;
alternado – grupos alternando
frequência presencial;
excepcional – somente
determinados grupos de alunos
retornam presencialmente
(alunos sem possibilidade de
acesso remoto);
integral – retorno de todos os
alunos;
virtual – casos em que não é
possível o retorno do aluno
presencialmente (risco de
contaminação, contágio, doença
pré-existente);
híbrido – utilização de mais de
uma estratégia de retorno.
Atenção na seleção de
conteúdos e de didáticas
adequadas ao contexto de
distanciamento social;
Formação e orientação para
professores; Orientação aos
pais;
Orientação para elaboração de
aulas e atividades:
- Presenciais;
- On-line.
6. Diretrizes e Orientações Pedagógicas do Parecer CNE/CP nº
5/2020.
Importante ressaltar que as principais diretrizes e orientações
do referido parecer sobre a Reorganização do Calendário Escolar já
indicavam medidas importantes para subsidiar o planejamento de
volta às aulas, muitas delas alinhadas às recomendações
observadas na recente experiência internacional. Além de destacar
a autonomia dos entes federados na reorganização dos calendários,
o parecer indica aspectos estratégicos a serem observados no
processo de reabertura das escolas, como se depreende dos itens
aqui reproduzidos.
127
De acordo com o Parecer CNE/CP nº 5/2020, o item 2.1 Dos
Direitos e Objetivos de Aprendizagem, destaca que:
[…]
A principal finalidade do processo educativo é o atendimento dos
direitos e objetivos de aprendizagem previstos para cada etapa
educacional que estão expressos por meio das competências
previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e
desdobradas nos currículos e propostas pedagógicas das instituições
ou redes de ensino de Educação Básica ou pelas Diretrizes
Curriculares Nacionais e currículos dos cursos das instituições de
educação superior e de educação profissional e tecnológica.
O ponto chave ao se discutir a reorganização das atividades
educacionais por conta da pandemia situa-se em como minimizar os
impactos das medidas de isolamento social na aprendizagem dos
estudantes considerando a longa duração da suspensão das
atividades educacionais de forma presencial nos ambientes escolares.
A legislação educacional e a própria BNCC admitem diferentes
formas de organização da trajetória escolar, sem que a segmentação
anual seja uma obrigatoriedade. Em caráter excepcional, é possível
reordenar a trajetória escolar reunindo em “continuum” o que
deveria ter sido cumprido no ano letivo de 2020 com o ano
subsequente. Ao longo do que restar do ano letivo presencial de 2020
e do ano letivo seguinte, pode-se reordenar a programação
curricular, aumentando, por exemplo, os dias letivos e a carga
horária do ano letivo de 2021, para cumprir, de modo continuo, os
objetivos de aprendizagem e desenvolvimento previstos no ano
letivo anterior. Seria uma espécie de “ciclo emergencial”, ao abrigo
do art. 23, “caput”, da Lei no. 9.394, de 1996.
Obviamente, isto não pode ser feito para os estudantes que se
encontram nos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio.
Para esses, serão necessárias medidas especificas relativas ao ano
letivo de 2020. As soluções possíveis dependerão das decisões de
reorganização dos calendários escolares dos sistemas de ensino e da
adequada preparação dos professores.
128
Mais adiante, o item 2.17 do referido parecer estabelece
diretrizes para a reorganização dos calendários escolares,
reproduzido a seguir:
[...]
Preliminarmente, deve-se levar em consideração que existem várias
implicações para uma norma nacional sobre reorganização do
calendário escolar:
1. O período de suspensão das aulas é definido por cada ente
federado por meio de decretos de cada Estado ou Município.
Portanto, pode-se ter situações muito diferentes de reposição em
cada parte do Brasil;
2. Qualquer limitação que se fizer no formato da reposição/ajuste
dos calendários deve considerar que será aplicada não apenas para
as escolas públicas, mas também para as escolas particulares que
possuem uma dinâmica completamente diferente;
3. Muitas redes públicas têm encontrado soluções para a situação,
ainda que reconhecendo que não são perfeitas. Cabe respeitar o que
está acontecendo;
4. Existe um esforço nacional de várias entidades para
criar condições de estudo e desenvolvimento de atividades
pedagógicas para as crianças ao longo deste período de forma não
presencial;
5. A nota de esclarecimento do CNE procura, no limite do possível,
indicar que cada sistema deve encontrar a melhor solução para seu
caso em particular ao mesmo tempo em que reforça o disposto na lei,
decretos e normas existentes e realça que padrões de qualidade
devem ser mantidos;
6. Existe, no âmbito de cada Estado, o acompanhamento do
Ministério Público para evitar abusos;
7. É importante que as escolas e sistemas de ensino planejem
cuidadosamente o retorno às aulas considerando o contexto bastante
adverso do período de isolamento social e mantenham um sistema
de comunicação permanente com as famílias; e
8. Considerando a probabilidade de que ocorra evasão escolar, que
seja realizado um esforço de busca ativa dos estudantes ao fim do
período de suspensão das aulas.
129
Assim, o CNE reitera que a normatização da reorganização do
calendário escolar de todos os níveis e etapas da educação nacional,
para fins de cumprimento da carga horária mínima anual prevista
na LDB em seus artigos 24 e 31, nas Diretrizes Curriculares
Nacionais e nos currículos dos cursos de ensino superior, é de
competência de cada sistema de ensino.
Para reorganização do calendário escolar, os sistemas de
ensino deverão observar, além do disposto neste parecer, os demais
dispositivos legais e normativos relacionados a este tema.
Além disso, o uso de meios digitais por parte das crianças deve
observar regulamentação própria da classificação indicativa
definida pela justiça brasileira e leis correlatas.
O cumprimento da carga horária mínima prevista poderá ser
feita por meio das seguintes alternativas, de forma individual ou
conjunta:
1. reposição da carga horária de forma presencial ao final do
período de emergência;
2. cômputo da carga horária de atividades pedagógicas não
presenciais realizadas enquanto persistirem restrições sanitárias
para presença de estudantes nos ambientes escolares coordenado
com o calendário escolar de aulas presenciais; e
3. cômputo da carga horária de atividades pedagógicas não
presenciais (mediadas ou não por tecnologias digitais de
informação e comunicação), realizadas de forma concomitante ao
período das aulas presenciais, quando do retorno às atividades.
A reposição de carga horária de forma presencial se dará pela
programação de atividades escolares no contraturno ou em datas
programadas no calendário original, como dias não letivos,
podendo se estender para o ano civil seguinte.
Por atividades pedagógicas não presenciais, entende-se o
conjunto de atividades realizadas com mediação tecnológica ou
não, a fim de garantir atendimento escolar essencial durante o
período de restrições para realização de atividades escolares com a
presença fisica de estudantes na unidade educacional da educação
básica ou do ensino superior.
130
Além disso, o CNE orienta que cada sistema de ensino, ao
normatizar a reorganização dos calendários escolares para as
instituições ou redes de ensino a eles vinculados, deve considerar:
1. Que a reorganização do calendário escolar deve assegurar
formas de alcance das competências e objetivos de aprendizagem
relacionados à BNCC e/ou proposta curricular de cada sistema,
rede ou instituição de ensino da educação básica ou superior por
todos os estudantes;
2. Que a reorganização do calendário escolar deve levar em
consideração a possibilidade de retorno gradual das atividades
com presença fisica dos estudantes e profissionais da educação na
unidade de ensino, seguindo orientações das autoridades
sanitárias;
3. Que as instituições ou redes de ensino devem destinar, ao
final da suspensão das aulas, períodos no calendário escolar para:
a) realizar o acolhimento e reintegração social dos professores,
estudantes e suas famílias, como forma de superar os impactos
psicológicos do longo período de isolamento social. Sugere-se,
aqui, a realização de um amplo programa de formação dos
professores para prepará-los para este trabalho de integração. As
atividades de acolhimento devem, na medida do possível, envolver
a promoção de diálogos com trocas de experiências sobre o período
vivido (considerando as diferentes percepções das diferentes faixas
etárias) bem como a organização de apoio pedagógico, de
diferentes atividades fisicas e de ações de educação alimentar e
nutricional, entre outros;
b) realizar uma avaliação diagnóstica de cada criança por meio
da observação do desenvolvimento em relação aos objetivos de
aprendizagem e habilidades que se procurou desenvolver com as
atividades pedagógicas não presenciais e construir um programa
de recuperação, caso necessário, para que todas as crianças possam
desenvolver, de forma plena, o que é esperado de cada uma ao fim
de seu respectivo ano letivo. Os critérios e mecanismos de avaliação
diagnóstica deverão ser definidos pelos sistemas de ensino, redes
131
de escolas públicas e particulares, considerando as especificidades
do currículo proposto pelas respectivas redes ou escolas;
c) organizar programas de revisão de atividades realizadas
antes do período de suspensão das aulas, bem como de eventuais
atividades pedagógicas realizadas de forma não presencial;
d) assegurar a segurança sanitária das escolas, reorganizar o
espaço fisico do ambiente escolar e oferecer orientações
permanentes aos alunos quanto aos cuidados a serem tomados nos
contatos fisicos com os colegas, de acordo com o disposto pelas
autoridades sanitárias;
e) garantir a sistematização e registro de todas as atividades
pedagógicas não presenciais, durante o tempo de confinamento,
para fins de comprovação e autorização de composição de carga
horária por meio das entidades competentes;
f) garantir critérios e mecanismos de avaliação ao final do ano
letivo de 2020, considerando os objetivos de aprendizagem
efetivamente cumpridos pelas escolas e redes de ensino, de modo
a evitar o aumento da reprovação e do abandono escolar.
Ao normatizar a reorganização dos calendários escolares para
as instituições ou redes de ensino, considerando a reposição de
carga horária presencialmente, deve-se considerar a previsão de
períodos de intervalos para recuperação fisica e mental de
professores e estudantes, prevendo períodos, ainda que breves, de
recesso escolar, férias e fins de semana livres.
Os sistemas de ensino deverão considerar a impossibilidade,
em algumas escolas, de realização de atividades presenciais de
reposição no contraturno para a reposição de carga horária
presencialmente, devendo, para isso, justificar as dificuldades
encontradas.
Ao deliberar sobre a possibilidade de realização de atividades
pedagógicas não presenciais, para fins de cumprimento de carga
horária mínima exigida por lei e reduzir a necessidade de
realização de reposição presencial, o sistema de ensino deve
observar:
132
1. o cômputo desta carga horária apenas mediante publicação
pela instituição ou rede de ensino do planejamento das atividades
pedagógicas não presenciais, indicando:
• os objetivos de aprendizagem da BNCC relacionados ao
respectivo currículo e/ou proposta pedagógica que se pretende
atingir;
• as formas de interação (mediadas ou não por tecnologias
digitais de informação e comunicação) com o estudante para
atingir tais objetivos;
• a estimativa de carga horária equivalente para o
atingimento deste objetivo de aprendizagem considerando as
formas de interação previstas;
• a forma de registro de participação dos estudantes, inferida
a partir da realização das atividades entregues (por meio
digital durante o período de suspensão das aulas ou ao final,
com apresentação digital ou fisica), relacionadas aos
planejamentos de estudo encaminhados pela escola e às
habilidades e objetivos de aprendizagem curriculares; e
• as formas de avaliação não presenciais durante situação de
emergência ou presencial após o fim da suspensão das aulas.
2. previsão de formas de garantia de atendimento dos
objetivos de aprendizagem para estudantes e/ou instituição de
ensino que tenham dificuldades de realização de atividades
pedagógicas não presenciais;
3. realização, quando possível, de processo de formação
pedagógica dos professores para utilização das metodologias, com
mediação tecnológica ou não, a serem empregadas nas atividades
remotas; e
4. realização de processo de orientação aos pais e estudantes
sobre a utilização das metodologias, com mediação tecnológica ou
não, a serem empregadas nas atividades remotas.
Observa-se, portanto, que muitas das recomendações
propostas no Parecer CNE/CP º 5/2020 para o planejamento do
retorno às aulas seguem de perto as sugestões das diferentes
experiências internacionais mencionadas anteriormente.
133
7. Recomendações e Orientações Pedagógicas para o Planejamento
da Volta às Aulas.
7.1 Recomendações Gerais para os Sistemas de Ensino:
Observação dos protocolos sanitários nacional e local. O
Ministério da Saúde publicou no Diário Oficial da União (DOU),
em 19 de junho, a Portaria nº 1.565, de 18 de junho de 2020, que
estabelece as diretrizes gerais e orientações gerais visando à
prevenção, ao controle e à mitigação da transmissão da COVID-19,
e à promoção da saúde fisica e mental da população brasileira, de
forma a contribuir com as ações para a retomada das atividades e
o convívio social seguro. A portaria estabelece que cabe às
autoridades locais e aos órgãos de saúde locais decidir, após
avaliação do quadro epidemiológico e capacidade de resposta da
rede de atenção à saúde, quanto à retomada das atividades, que
deve ocorrer de forma segura, gradativa, planejada, regionalizada,
monitorada e dinâmica de forma a preservar a saúde e a vida das
pessoas. Os setores das diferentes atividades devem elaborar e
divulgar protocolos específicos de acordo com os riscos avaliados
para o setor, respeitando as especificidades e características de cada
setor e as características locais. O MEC publicou um protocolo de
biossegurança para retorno das atividades nas Instituições Federais
de Ensino no dia 1º de julho de 2020, estabelecendo medidas de
proteção e prevenção à COVID-19, como instrumento de apoio no
retorno gradual das atividades, com manutenção de um ambiente
seguro e saudável para alunos, servidores e colaboradores.
Coordenação e cooperação de ações entre os níveis de
governo: os governos federal, estaduais e municipais devem apoiar
as escolas e redes de ensino assegurando os recursos necessários
para o enfrentamento dos efeitos da crise sanitária. A articulação
colaborativa entre os entes federados é essencial para a definição
das estratégias de ação de forma a garantir às redes públicas
condições de adaptação das escolas às determinações dos
134
protocolos sanitários locais e fazer frente às necessidades
operacionais impostas pela pandemia.
Estabelecimento de Redes Colaborativas entre níveis
educacionais e entidades públicas e particulares: com o objetivo de
desenvolver estratégias curriculares comuns, compartilhamento de
infraestrutura, estratégias avaliativas, organização de processos
integrados de capacitação e docente e ordenamento de ações e
rotinas destinadas ao processo atual e à perspectiva de retorno às
atividades pedagógicas ou aulas presenciais. A organização de
redes de cooperação deverá proporcionar, também na pós
pandemia, um formato continuo de cooperação entre sistemas,
níveis de formação, formação continuada de professores e
cooperação curricular.
Coordenação territorial: Estados, municípios, sistemas de
ensino e escolas devem criar protocolos e regras a serem
observadas. Os protocolos do Consed e da Undime recomendam a
constituição de comitês estaduais articulados com seus respectivos
municípios. A Undime recomenda também a organização, em cada
município, de uma Comissão Municipal de gerenciamento da
Pandemia e Comissões Escolares. A coordenação territorial de
ações intersetoriais de educação, saúde e assistência social é
fundamental para assegurar a segurança sanitária e condições
adequadas de atendimento, objetivando o retorno gradual.
Estabelecimento do calendário de retorno: Autoridades locais
e estaduais têm competência e responsabilidade para definir
medidas de relaxamento da quarentena. Não há uma solução
única. É importante a coordenação de ações nos estados e nos
municípios, em base territorial, considerando os diferentes
impactos e tendências da pandemia. Cabe a cada estado ou
município definir o calendário de retorno, considerando o ritmo e
intensidade da pandemia em cada localidade. A cooperação entre
os entes federados deve identificar quais os riscos envolvidos na
volta às aulas e, quando possível, organizar um mapeamento dos
riscos locais e/ou regionais.
135
Planejamento do calendário de retorno: Deve-se considerar
também a necessidade de se garantir a saúde do ecossistema
educacional do território que envolve não apenas as instituições
públicas, mas também instituições privadas de ensino. Como o
financiamento destas últimas se dá por meio das mensalidades
escolares regidas pelos contratos de prestação de serviços
educacionais anuais, um eventual planejamento do calendário de
retorno que tenha a previsão do prolongamento de atividades
educacionais do ano letivo de 2020 para o ano de 2021, poderá
ensejar em desorganização dos contratos e do fluxo financeiro
destas instituições acarretando em descontinuidade das atividades
de diversas instituições de ensino.
Da mesma forma, deve-se considerar a situação das
instituições de educação superior, de ensino técnico e da Educação
de Jovens e Adultos (EJA) que possuem seus calendários
acadêmicos, via de regra, organizados de forma semestral. Assim,
sugere-se uma avaliação da possibilidade de retorno diferenciado
para instituições privadas tanto de educação básica como de ensino
superior, bem como para instituições públicas e privadas de ensino
técnico e de EJA.
Comunicação: é essencial uma ampla divulgação dos
calendários, protocolos e esquemas de reabertura. Os sistemas de
ensino, redes de ensino e escolas devem preparar informes claros
de comunicação permanente com as famílias, estudantes e
professores: antes, durante e depois da reabertura. A comunicação
permanente com os estudantes, as famílias e profissionais de
educação é crucial para o planejamento do calendário escolar de
2020-2021, como também para esclarecer a população acerca dos
cuidados sanitários essenciais na prevenção à COVID-19.
Formação e capacitação de professores e funcionários: é
essencial a preparação sócio emocional de todos os professores e
funcionários que poderão enfrentar situações excepcionais na
atenção aos alunos e respectivas famílias, como também a
preparação da equipe para a administração logística da escola. A
formação de professores alfabetizadores; a formação de professores
136
para as atividades não presenciais; a capacitação de professores
para o uso de métodos inovadores e tecnologias de apoio são
também ações indispensáveis do replanejamento curricular no
contexto pós pandemia.
Acolhimento: a organização do retorno deve dar atenção
especial a todos os alunos considerando as questões
socioemocionais que podem ter afetado muitos estudantes,
famílias e profissionais da escola durante o isolamento. É
importante fortalecer os vínculos socioafetivos entre estudantes,
professores e comunidade; preparar as equipes escolares para o pós
pandemia; e, estimular o engajamento das famílias para que
participem da trajetória do aprendizado dos estudantes. O diálogo
com os estudantes e suas respectivas famílias e a troca de
experiências entre os professores a respeito de boas práticas de
atividades não presenciais são essenciais na retomada.
Planejamento das atividades de recuperação dos alunos: as
escolas deverão encontrar maneiras de atender as necessidades de
todos os estudantes. Os planos das redes de ensino e escolas
deverão definir diferentes estratégias para atender as diferentes
necessidades dos alunos, mediante a aplicação de avaliações
diagnósticas que subsidiem o trabalho dos professores. As redes de
ensino e escolas poderão utilizar estratégias não presenciais para a
reposição a recuperação da aprendizagem em complementação às
atividades presenciais de acompanhamento dos alunos.
Importante lembrar que a aprendizagem não acontece somente
dentro do ambiente escolar. Aprender a gerenciar vários espaços e
a integrá-los de forma aberta, equilibrada e inovadora é essencial.
As atividades remotas e o acompanhamento das práticas, dos
projetos e das experiências, que ligam o estudante ao mundo que o
cerca, podem integrar a carga horária dos diferentes componentes
curriculares, flexibilizando o tempo de presença em sala de aula e
incrementando outros tempos de aprendizagem.
Flexibilização acadêmica: A flexibilização curricular deverá
considerar a possibilidade de planejar um continuum curricular de
2020-2021, quando não for possível cumprir os objetivos de
137
aprendizagem previstos no calendário escolar de 2020, como
indicado no Parecer CNE/CP nº 5/2020. É importante que o
replanejamento curricular do calendário de 2020 considere as
competências da BNCC e selecione os objetivos de aprendizagem
mais essenciais relacionados às propostas curriculares das redes e
escolas e, no caso de opção para continuidade de 2020-2021, as
instituições deverão definir o planejamento de 2021 incluindo os
objetivos de aprendizagem não cumpridos no ano anterior.
Recomenda-se também a flexibilização dos materiais e recursos
pedagógicos; ênfase no ensino híbrido e o aprendizado com base
em competências de acordo com as indicações da BNCC.
Coordenação do Calendário de 2020-2021: É importante prever
a possibilidade de antecipar o início do ano letivo de 2021 para
assegurar o desenvolvimento dos objetivos de aprendizagem que
porventura não tenham sido cumpridos no ano de 2020, de forma
a garantir as aprendizagens futuras, o pleno desenvolvimento das
competências e habilidades da BNCC e a formação integral de
todos os estudantes. Isso significa a possibilidade de ampliação dos
dias letivos do calendário escolar de 2021, tal como prevê a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e a BNCC, por meio
da antecipação do início do ano letivo, ampliação da carga horária
diária como também pela continuidade das atividades remotas em
complementação às aulas presenciais. Os debates sobre a Medida
Provisória (MP) nº 934 no Congresso Nacional discutem também a
possibilidade de que a integralização da carga horária mínima do
ano letivo de 2020 possa ser feita em 2021, inclusive por meio da
adoção de um continuum de duas séries ou anos escolares.
Importante ressaltar a não obrigatoriedade de um continuo
curricular de 2020-2021. Trata-se de uma sugestão de reorganização
do calendário, a depender das condições de cumprimento do
calendário de 2020 de cada sistema, rede, escola pública ou
particular.
Flexibilização regulatória: Um dos pontos mais importantes
para a reorganização dos calendários escolares e replanejamento
curricular de 2020-2021 é a revisão dos critérios adotados nos
138
processos de avaliação com o objetivo de evitar o aumento da
reprovação e do abandono escolar. O CNE reconhece que as
decisões acerca dos critérios de promoção são de exclusiva
competência dos sistemas de ensino, das redes e de instituições, no
âmbito da autonomia respectiva. No entanto, recomenda
fortemente adoção de medidas que minimizem a evasão e a
retenção escolar neste ano de 2020. Os estudantes não podem ser
mais penalizados ainda no pós pandemia.
Flexibilização da frequência escolar presencial: Recomenda-se
a possibilidade de opção das famílias pela continuidade das
atividades não presenciais nos domicílios em situações específicas,
como existência de comorbidade entre os membros da família ou
outras situações particulares, que deverão ser avaliadas pelos
sistemas de ensino e escolas.
7.2 Monitoramento, Avaliação e Estratégias de Recuperação
Monitoramento: Durante o período de isolamento e
fechamento das escolas, a direção da escola ou rede de ensino deve
verificar se as atividades não presenciais foram recebidas, se os
alunos estão ou não acompanhando as atividades propostas,
identificar as dificuldades encontradas. O ideal é fazer um
mapeamento das condições de acesso dos alunos às atividades não
presenciais a partir do segundo ano do ensino fundamental. Caso
os alunos não tenham condições de serem monitorados durante o
período de isolamento, sugere-se que as escolas façam um
levantamento da situação no retorno às aulas presenciais e definam
estratégias de recuperação da aprendizagem com base na avaliação
de cada caso.
Registro de Atividades Não Presenciais: Todas as escolas
devem organizar um registro detalhado das atividades
desenvolvidas durante o fechamento das escolas; apresentar uma
descrição das atividades relacionadas aos objetivos de
aprendizagem da BNCC de acordo com a proposta curricular da
escola, rede ou sistema de ensino, considerando a equivalência das
139
atividades propostas em relação ao cumprimento dos objetivos
propostos no currículo, para cada ano e componente curricular. O
registro das atividades não presenciais durante o isolamento é
fundamental para a reorganização do calendário e computo da
equivalência de horas cumpridas em relação às 800 horas previstas
na legislação, quando for o caso, tal como prevê o Parecer CNE/CP
nº 5/2020.
Currículos e Marcos de Aprendizagem: O Consed está
preparando documentos de orientação pedagógica para o retorno
às aulas da rede pública, o qual será posteriormente discutido com
a Undime, para uma maior participação das equipes das secretarias
e parceiros. As propostas destacam os marcos de aprendizagem na
reformulação da proposta pedagógica. As entidades, redes e
escolas do setor privado também estão preparando documentos
detalhados de replanejamento curricular. Algumas secretarias
estaduais já definiram as diretrizes pedagógicas de retorno às
aulas, como por exemplo São Paulo; Rio Grande do Sul; Mato
Grosso do Sul; Minas Gerais, entre outras. A proposição de marcos
de aprendizagem e o replanejamento curricular das redes e escolas
devem seguir diretrizes de acordo com as suas respectivas
propostas curriculares articuladas às competências e objetivos de
aprendizagem estabelecidos na BNCC. A criatividade da gestão
pedagógica das escolas e das boas práticas docentes são essenciais
neste processo.
7.3 Avaliação Diagnóstica e Formativa
A avaliação diagnóstica e formativa dos alunos no retorno às
aulas presenciais busca avaliar o que o aluno aprendeu e quais as
lacunas de aprendizagem. Recomenda-se que as avaliações sejam
realizadas pelas escolas e utilizem questões abertas, além dos testes
de múltipla escolha, podendo ocorrer de vários modos:
• Avaliações normalmente aplicadas pelas escolas ao final do
bimestre ou trimestre, para identificar as lacunas do
aprendizado que orientem o plano de recuperação dos alunos
140
que não atingiram os objetivos propostos por meio das
atividades não presenciais no período de isolamento.
• Utilização de portfólio, onde registram-se as evidências de
aprendizagem que poderão subsidiar a avaliação formativa,
tais como: projetos, pesquisas, atividades em grupo,
participação em bandas, corais, peças de teatro, danças,
fotografias, filmagem dentre outras possibilidades;
• Prioridade à avaliação da leitura, escrita, raciocínio lógico-
matemático, comunicação e solução de problemas;
• Definição de projetos de pesquisa para um grupo de alunos;
avaliação da leitura de livros indicados no período de
isolamento;
• Avaliação formativa para identificar quais competências e
habilidades foram desenvolvidas pelos alunos durante o
período de isolamento, como os alunos lidaram com as
atividades não presenciais, quais as dificuldades encontradas;
• Caberá ao professor, com base nas diretrizes e orientações
da escola ou rede de ensino, implementar a estratégia de
avaliação diagnóstica a ser adotada e alinhada aos objetivos de
aprendizagem da BNCC relacionadas ao currículo da escola;
• Recomenda-se que as avaliações diagnósticas externas
sejam implementadas somente após o período de acolhimento
e da avaliação formativa dos alunos feitas nas escolas no
contexto de reorganização das rotinas escolares. Ou seja,
avaliações diagnósticas externas devem ser realizadas quando
o ambiente escolar estiver adaptado à nova situação pós
isolamento. Recomenda-se evitar situações de tensão e stress
nos primeiros dias de retorno às aulas presenciais;
• Atenção especial à avaliação formativa e diagnóstica das
seguintes etapas: transição dos anos iniciais para os anos finais,
na medida em que o sexto ano representa uma transição
complexa na vida dos estudantes.
5º e 9º anos: recomenda-se especial atenção aos critérios de
promoção do 5º e 9º anos, por meio de avaliações, projetos, provas
ou exames que cubram rigorosamente somente os conteúdos e
141
objetivos de aprendizagem que tenham sido efetivamente
cumpridos pelas escolas.
Avaliação da Alfabetização: As crianças dos anos iniciais em
processo de alfabetização devem receber uma atenção maior para
evitar déficits futuros de aprendizado e garantir o seu
desenvolvimento integral. Considerada uma das fases mais
delicadas e importantes da vida escolar, a alfabetização depende de
um trabalho continuo de estimulo, análise e conhecimento de quem
vai ensinar. É bastante provável que um número significativo de
crianças apresente algum tipo de prejuízo acadêmico neste ano de
pandemia. O planejamento do ano letivo para a alfabetização
presencial obrigou as escolas a se adaptarem emergencialmente
para reduzir os danos. Importante destacar as dificuldades da
oferta de atividades não presenciais para crianças de 6 (seis) anos
frequentando o primeiro ano de alfabetização formal. A BNCC
prevê que a alfabetização deve ser consolidada até o final do
segundo ano. O retorno às aulas deverá prever um processo de
adaptação e revisão do currículo de alfabetização, além de uma
avaliação diagnóstica cuidadosa para identificar até onde as
crianças conseguiram avançar e quais as dificuldades que deverão
ser repostas nas aulas presenciais. A avaliação diagnóstica
individual das crianças do 1º e 2º anos em fase de alfabetização em
leitura, escrita e matemática, devem ser consideradas prioritárias
no retorno às aulas presenciais para evitar prejuízos que poderão
afetar a vida escolar de toda uma geração.
7.4 Avaliação Somativa:
As avaliações somativas internas da escola deverão considerar
o currículo efetivamente cumprido no ano de 2020. Recomenda-se
evitar avaliações externas para efeito de avaliação do desempenho
das redes ou sistemas de ensino em 2020. É importante garantir
uma avaliação equilibrada dos estudantes em função das diferentes
situações enfrentadas em cada sistema de ensino, assegurando as
142
mesmas oportunidades a todos que participam das avaliações em
âmbitos municipal, estadual e nacional.
As avaliações e exames de conclusão do ano letivo de 2020 das
escolas deverão levar em conta os conteúdos curriculares
efetivamente oferecidos aos estudantes, considerando o contexto
excepcional da pandemia, com o objetivo de evitar o aumento da
reprovação e do abandono escolar. É importante registrar que
vários países, entre eles a Itália e vários estados americanos
aprovaram leis que impedem a reprovação de alunos no ano de
2020. O maior desafio é evitar o abandono escolar e reconhecer o
esforço dos estudantes e equipes escolares para garantir o processo
de aprendizagem durante a pandemia, em condições bastante
adversas.
7.5 Exames de final de ano (promoção):
Atenção especial deve ser dada aos estudantes que estão
cursando os anos das etapas finais do ensino fundamental e médio.
Concluintes do ensino médio, cursando o 3º ano, deverão ter a
oportunidade de recuperação necessária para submeter-se a
exames que lhes garantam o certificado de conclusão da educação
básica, de modo a não serem prejudicados em relação aos seus
objetivos futuros de ingresso no mercado de trabalho ou de acesso
ao ensino superior.
De outra parte, o projeto de lei de conversão da MP nº 934
prevê a possibilidade de ofertar o 4º ano de ensino médio, de modo
a não prejudicar os alunos concluintes e oferecer nova
oportunidade de aprendizagem. Alunos cursando as etapas finais
do ensino fundamental necessitam de programa específico de
recuperação que garanta a conclusão dos anos iniciais e/ou dos
anos finais para prosseguir nas etapas posteriores. Em geral, alunos
do 5º e do 9º anos costumam mudar de escola ou de sistema de
ensino, migrando das escolas municipais para as redes estaduais
de ensino ou particulares.
143
A possibilidade de um calendário de 2020-2021 para os alunos
em final de ciclo ou etapa de ensino deve ser cuidadosamente
avaliada nestes casos. Considerando o cenário educacional do país,
o CNE faz a recomendação de que cada instituição ou rede de
ensino avalie cuidadosamente os impactos da reprovação dos
estudantes ao final do ano letivo de 2020, considerando que muitas
das lacunas de aprendizagem que ocorrerão neste ano, em virtude
das restrições impostas pela pandemia da COVID-19 no processo
educacional, deverão ser recuperadas nos anos seguintes, em
particular em 2021.
Por fim, destacam-se as recomendações do item 2.16 do
Parecer CNE/CP nº 5/2020:
[...]
2.16 Sobre avaliações e exames no contexto da situação de
pandemia - Sugere-se que as avaliações nacionais e estaduais
considerem as ações de reorganização dos calendários de cada
sistema de ensino para o estabelecimento de seus
cronogramas. É importante garantir uma avaliação equilibrada
dos estudantes em função das diferentes situações que serão
enfrentadas em cada sistema de ensino, assegurando as
mesmas oportunidades a todos que participam das avaliações
em âmbitos municipal, estadual e nacional. Não obstante, faz-
se necessário ressaltar que os ajustes propostos neste parecer
não possuem o condão de impedir, inviabilizar ou prejudicar,
de qualquer forma ou por qualquer meio, a realização do
ENEM. É cediço que o ENEM é uma política pública perene e
consolidada, não suscetivel a retrocessos ou a incertezas.
Ademais, as ações empreendidas no âmbito do ENEM são
prerrogativas privativas do Inep, que sob a supervisão do
Ministério da Educação, reveste-se na instância competente
para executar todas as etapas conexas ao certame, conforme
disposto no art. 8º. do Decreto nº 9.432, de 29 de junho de
2018.Sugere-se também que os sistemas de ensino
desenvolvam instrumentos avaliativos que possam subsidiar o
144
trabalho das escolas e dos professores, tanto no período de
realização de atividades pedagógicas não presenciais como no
retorno às aulas presenciais, a saber: • criar questionário de autoavaliação das atividades ofertadas aos
estudantes no período de isolamento;
• ofertar, por meio de salas virtuais, um espaço aos estudantes para
verificação da aprendizagem de forma discursiva;
• elaborar, após o retorno das aulas, uma atividade de sondagem
da compreensão dos conteúdos abordados de forma remota;
• criar, durante o período de atividades pedagógicas não
presenciais, uma lista de exercícios que contemplam os conteúdos
principais abordados nas atividades remotas;
• utilizar atividades pedagógicas construídas (trilhas, materiais
complementares etc.) como instrumentos de avaliação diagnóstica,
mediante devolução dos estudantes, por meios virtuais ou após
retorno das aulas;
• utilizar o acesso às videoaulas como critério avaliativo de
participação através dos indicadores gerados pelo relatório de uso;
• elaborar uma pesquisa cientifica sobre um determinado tema com
objetivos, hipóteses, metodologias, justificativa, discussão teórica e
conclusão;
• criar materiais vinculados aos conteúdos estudados: cartilhas,
roteiros, história em quadrinhos, mapas mentais, cartazes; e
• realizar avaliação oral individual ou em pares acerca de temas
estudados previamente.
8. Orientações para o Atendimento ao Público da Educação
Especial:
Compete à área da Educação Especial, especificamente, o
Atendimento Educacional Especializado (AEE), assim, o retorno à
escola do público da Educação Especial deve seguir as mesmas
orientações gerais, de acordo com o poder regulatório próprio dos
sistemas de ensino federal, dos estados, do Distrito Federal e dos
municípios que possuem a liberdade de organização do fazer
pedagógico.
145
Enquanto durar a situação de pandemia, somente deverão
retornar às aulas presenciais ou ao atendimento educacional
especializado por indicação da equipe técnica da escola, ou quando
os riscos de contaminação estiverem em curva descendente. O CNE
recomenda que o atendimento educacional especializado aos
estudantes de Educação Especial, incluídos aqueles com
deficiência, transtornos do espectro autista e altas habilidades ou
superdotação, seja oferecido de acordo com as seguintes
orientações:
• O atendimento deve ser ofertado, pelos sistemas de ensino,
em atividades não presenciais ou presenciais, a partir de uma
avaliação do estudante pela equipe técnica da escola. O
estudante e suas famílias devem ser contatados para informar
as possibilidades de acesso aos meios e tecnologias de
informação e comunicação;
• Os professores do Atendimento Educacional Especializado
deverão elaborar com apoio da equipe escolar, um Plano de
Ensino Individual (PEI), para cada aluno, de acordo com suas
singularidades;
• As orientações e atividades não presenciais deverão ocorrer
através de ações articuladas entre o professor do AEE e o
acompanhante (mediador presencial) no domicílio, ou com o
próprio estudante quando possível, por meio de tecnologias de
comunicação;
• Deverão ser previstas ações de apoio aos familiares ou
mediadores, na realização de atividades remotas, avaliações e
acompanhamento;
• Aos professores especializados cabe a promoção de
acessibilidade nas atividades, disponibilizando a Língua
Brasileira de Sinais (LIBRAS) para os surdos, materiais
pedagógicos acessíveis e adequados à interação e comunicação
aos alunos com outros impedimentos;
• Aos alunos com altas habilidades e superdotação deve ser
garantido acesso ao atendimento educacional especializado,
146
presencial ou não presencial, considerando seu programa de
enriquecimento curricular e atividades suplementares.
8.1. Os estudantes da Educação Especial devem ser privados de
interações presenciais, considerando questões como:
• Os alunos surdos sinalizantes não podem usar máscaras,
pois as expressões faciais são elementos linguísticos da
LIBRAS, e os estudantes com deficiência auditiva que se
beneficiam de oralidade precisam fazer leitura labial;
• Os estudantes que necessitam do profissional de apoio
escolar para alimentação, higiene e locomoção ficam em risco,
pela exigência de contato fisico direto;
• Os estudantes cegos precisam de contatos diretos para
locomoção, seja com pessoas ou objetos como bengalas,
corrimões, maçanetas etc.
• Os alunos com deficiência intelectual podem apresentar
dificuldades em atendimento de regras sobre as
recomendações de higiene e cuidados gerais para evitar
contágio;
• Os estudantes com autismo têm dificuldades nas rotinas e
de obediência de regras, tocam sempre olhos e boca, além de
exigirem acompanhamentos nas atividades de vida diária;
• Os estudantes com síndromes e/ou os que apresentam
disfunções da imunidade, cardiopatias congênitas, doenças
respiratórias e outras podem ser suscetiveis a maior risco de
contaminação, por isto o contato deverá ser revestido de todos
os cuidados possíveis, inclusive com a exigência de
equipamentos de proteção individual para ambos;
• Os estudantes com comprometimento na área intelectual
podem apresentar dificuldades de compreensão e
atendimento das normas e recomendações de afastamento
social e prevenção de contaminação, por isto, o contato deverá
ser revestido de todos os cuidados possíveis, inclusive com a
exigência de equipamentos de proteção individual para
ambos;
147
• Aos estudantes com deficiência fisica por lesão medular ou
encefalopatia crônica como paralisia cerebral, hemiplegias,
paraplegias e tetraplegias e outras, e aos que estão suscetiveis
à contaminação pelo uso de sondas, bolsas coletoras, fraldas e
manuseios fisicos para a higiene, alimentação e locomoção,
recomenda-se não apenas o uso de equipamento de proteção
individual, mas extrema limpeza do ambiente fisico.
8.2 Quando determinado no ambiente de cada Sistema, o retorno
das atividades escolares presenciais ao atendimento educacional
especializado deverá observar:
As orientações de trabalho e atendimento escolar e do
Atendimento Educacional Especializado, referentes ao
planejamento de aulas, orientações pedagógicas, avaliação e
estratégias de recuperação propostas nesse parecer, considerando
os direitos dos estudantes da Educação Especial, no que se refere a
apoios e suporte diferenciados para que alcancem as expectativas e
metas traçadas nos processos de ensino e aprendizagem.
A obediência rígida dos protocolos de higiene, a não
permissão de aglomerações, a avaliação das pessoas de
atendimento quanto aos sintomas do vírus e manter
distanciamentos, promovendo atividades individuais agendadas.
Considerar que estudantes autistas podem ter dificuldades
ampliadas no retorno às aulas, dado que lhes é dificil reconhecer,
estabelecer e manter os vínculos afetivos anteriormente
construídos no contexto da escola. Ademais, devem ser protegidos
de hiperestimulação visual ou auditiva e de ambientes
desorganizados.
Vale ressaltar que estudante com deficiências e/ou transtorno
do espectro autista, por razões supracitadas de maior
vulnerabilidade, não devem retornar às aulas presenciais ou
Atendimento Educacional Especializado, enquanto perdurarem os
riscos de contaminação com o coronavírus.
148
9. Considerações Finais
As orientações para realização de atividades presenciais e não
presenciais no processo de reorganização dos calendários escolares
e replanejamento curricular, no contexto atual de pandemia,devem
ser consideradas como sugestões aos sistemas de ensino, redes,
escolas, professores e gestores em complementação ao Parecer
CNE/CP nº 5/2020.
Recomenda-se que as soluções encontradas, no âmbito das
autonomias dos estados e municípios, considerem o
desenvolvimento das competências e habilidades da BNCC a
serem alcançados no replanejamento curricular de 2020-2021, com
atenção especial às ações de recuperação das aprendizagens e
processos avaliativos que resgatem a confiança dos estudantes no
sucesso dos seus percursos escolares futuros.
Cumpre reiterar a importância do regime de colaboração entre
os três níveis de governo e entre os estados e seus municípios na
definição dos critérios de retorno às atividades presenciais, no
momento atual bem como a observância das condições locais da
pandemia, que obrigatoriamente nortearão as decisões das
autoridades estaduais e municipais quanto à definição do
calendário de retorno.
Ao mesmo tempo, cabe reiterar o disposto na LDB, e em
diversas normas do CNE, sobre a necessidade de que as soluções
encontradas pelos sistemas e redes de ensino sejam também
realizadas em regime de colaboração. É desejável grande esforço de
todos os atores envolvidos com a educação local e nacional na
articulação de ações para mitigar os efeitos da pandemia no
processo de aprendizagem, evitando o aumento da reprovação e da
evasão que poderão ampliar as desigualdades educacionais
existentes.
Cumpre destacar, também, a importância da formação de
professores para o uso de novas tecnologias, assim como a
necessidade de viabilizar o acesso à internet gratuita para todas as
escolas da rede pública de ensino. Não há como negar a
149
importância do acesso às tecnologias existentes como rádio, TV,
internet, plataformas e blogs educacionais, para assegurar maior
equidade na formação integral de todas as crianças e jovens para o
enfrentamento dos desafios do nosso século.
Cumpre reiterar que este parecer deverá ser desdobrado em
normas específicas, a serem editadas pelos órgãos normativos de
cada sistema de ensino no âmbito de sua autonomia.
II. VOTO DA COMISSÃO
Nos termos deste parecer, a Comissão submete ao Conselho
Pleno a aprovação de Orientações para a Realização de Aulas e
Atividades Pedagógicas Presenciais, quando definido o retorno
gradual às aulas, de acordo com as autoridades sanitárias locais,
em razão da pandemia da COVID-19.
Brasília (DF), 7 de julho de 2020.
Conselheiro Luiz Roberto Liza Curi (CES/CNE) – Presidente
Conselheira Maria Helena Guimarães de Castro (CEB/CNE) –
Relatora Conselheiro Eduardo Deschamps (CEB/CNE) –
Correlator, Conselheiro Alessio Costa Lima (membro),
Conselheiro Antonio Carbonari Netto (membro), onselheiro
Antonio de Araujo Freitas Júnior (membro) e Conselheiro
Joaquim José Soares Neto (membro)
III – DECISÃO DO CONSELHO PLENO
O Conselho Pleno aprova, por unanimidade, o voto da
Comissão.
Sala das Sessões, em 7 de julho de 2020.
Conselheiro Luiz Roberto Liza Curi – Presidente
150
151
RESOLUÇÃO CEE/CE N° 481 DE 27 DE MARÇO DE 2020 9
Dispõe sobre regime especial de atividades escolares
não presenciais no Sistema de Ensino do Estado do
Ceará, para fins de reorganização e cumprimento do
calendário letivo do ano de 2020, como medida de
prevenção e combate ao contágio do coronavírus
(COVID-19).
O Conselho Estadual de Educação (CEE), no uso de suas
atribuições legais, definidas pela Lei nº 11.014, de 09 de abril de
1985, Art. 7º, Inciso II, redefinidas pelo Art. 16 da Lei nº 13.875, de
07 de fevereiro de 2007, e com base no Decreto nº 29.159, de 16 de
janeiro de 2008, em cumprimento com as disposições contidas na
Constituição Federal, com fundamento na Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9394/96, de 20 de dezembro
de 1996, no Art. 230 da Constituição Estadual, no Decreto nº
33.510, de 16 de março de 2020, e tendo em vista, o plano de
contingência e adoção de medidas com o objetivo de reduzir os
riscos de contágio e de disseminação do coronavírus (COVID-19),
e considerando:
• a Portaria n° 188/GM/MS, de 04 de fevereiro de 2020, do
Ministério da Saúde, que declara Emergência em Saúde
Pública de Importância Nacional (ESPIN), em razão da
infecção humana pelo novo coronavírus (COVID-19);
• que no dia 11 de março do corrente ano, a Organização
Mundial de Saúde (OMS) declarou como pandemia a infecção
humana pelo novo coronavírus (COVID-19);
9 Referência do documento: CEARÁ. Conselho Estadual de Educaçãodo Ceará.
Resolução CEE/CE N° 481 de 27 de março de 2020: Dispõe sobre regime especial
de atividades escolares não presenciais no Sistema de Ensino do Estado do Ceará,
para fins de reorganização e cumprimento do calendário letivo do ano de 2020,
como medida de prevenção e combate ao contágio do coronavírus (COVID-19).
Disponível em https://www.cee.ce.gov.br
152
• os termos do Decreto Estadual N°33.510 de 16 de março de
2020, que dispõe a adoção no âmbito da Administração Pública
direta e indireta, de medidas temporárias e emergenciais para
enfrentamento e contenção da infecção humana pelo novo
coronavírus (COVID-19);
• que estudos recentes demonstram que uma das principais
medidas para conter a disseminação do novo coronavírus é o
isolamento e afastamento social precoce, conforme orientação
das autoridades sanitárias;
• o impacto da pandemia do COVID-19 no fluxo do
calendário escolar, tanto na educação básica quanto no ensino
superior, bem como a perspectiva de que essas medidas da
suspensão das atividades presenciais das instituições de
ensino se prolonguem em tal extensão que inviabilize a
reposição das aulas, dentro de condições razoáveis de acordo
com o planejamento do calendário letivo de 2020;
• que no exercício da autonomia e da responsabilidade na
condução dos respectivos projetos pedagógicos e dos sistemas
de ensino, compete às autoridades dos sistemas de ensino
estaduais, municipais e distritais, em conformidade com a
legislação vigente, autorizar os cursos e o funcionamento das
instituições de ensino;
• que o artigo 23 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB) estabelece no § 2° que o calendário escolar
deverá adequar-se às peculiaridades locais, inclusive
climáticas e econômicas, a critério do respectivo sistema de
ensino, sem com isso reduzir o número de horas letivas
previsto em Lei;
• que no artigo 24, inciso I, combinado com o artigo 31, da
LDB está prescrito que a carga horária mínima anual da
educação básica, nos níveis fundamental e médio, e na
educação infantil, será de 800 (oitocentas) horas, distribuídas
por um mínimo de 200 (duzentos) dias de efetivo trabalho
escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando
153
houver; e no artigo 47, que na educação superior, o ano letivo
regular, independente do ano civil, tem no mínimo, 200
(duzentos) dias de trabalho acadêmico efetivo, excluído o
tempo reservado aos exames finais, quando houver;
• que o artigo 31 da LDB, combinado com a Resolução CNE
nº05/2009, na Educação Infantil, primeira etapa da Educação
Básica, deverão ser respeitadas as especificidades,
possibilidades e necessidades das crianças;
• que o artigo 80 da LDB disciplina que compete às
autoridades dos sistemas de ensino estaduais, municipais e o
distrital, no âmbito da unidade federativa, autorizar os cursos
e o funcionamento de instituições de educação na modalidade
a distância na educação básica;
• que o Parecer CNE/CEB n°05/97 prescreve que não são
apenas os limites da sala de aula propriamente ditos que
caracterizam com exclusividade a atividade escolar de que
dispõe a LDB, podendo esta se caracterizar por toda e qualquer
programação incluída na proposta pedagógica da instituição,
com frequência exigível e efetiva orientação por professores
habilitados;
• que a Portaria do MEC nº 343/2020 dispõe sobre a
substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais
enquanto durar a situação de pandemia do novo coronavírus
–COVID-19;
• que os Pareceres do CEE N°s 620/2001; 063/2008; 574/2013 e
093/2015 que dispõem acerca de calendário escolar a ser
cumprido pelas instituições de ensino.
RESOLVE:
Art. 1° Dar orientações sobre o estabelecimento de regime
especial de atividades escolares não presenciais para fins de
cumprimento do calendário letivo do ano de 2020.
154
Parágrafo único – Entenda-se, nesse contexto, por atividades
escolares não presenciais aquelas realizadas sem a presença de
alunos e professores nas dependências escolares, no âmbito das
instituições ou redes de ensino públicas e privadas da educação
básica e ensino superior, pertencentes ao Sistema de Ensino do
Estado do Ceará.
Art. 2° O regime especial de atividades escolares não
presenciais poderá ser estabelecido, a critério das instituições ou
redes de ensino públicas e privadas da educação básica e ensino
superior, pertencentes ao Sistema de Ensino do Estado do Ceará a
partir de 19 de março de 2020, por período definido de acordo com
as orientações das autoridades estaduais.
Art. 3° Para atender às demandas do atual cenário, que exige
medidas severas de prevenção à disseminação do coronavírus, os
gestores das redes públicas ou das unidades escolares privadas
poderão adotar as seguintes atribuições para execução do regime
especial de aulas não presenciais:
I – planejar e elaborar, com a colaboração do corpo
docente, as ações pedagógicas e administrativas a serem
desenvolvidas durante o período em que as aulas presenciais
estiverem suspensas, com o objetivo de viabilizar material de
estudo e aprendizagem de fácil acesso, divulgação e compreensão
por parte dos alunos e familiares;
II – divulgar o referido planejamento entre os membros da
comunidade escolar;
III – preparar material específico para cada etapa e
modalidade de ensino, com facilidades de execução e
compartilhamento, como: vídeo aulas, conteúdos organizados em
plataformas virtuais de ensino e aprendizagem, redes sociais,
correio eletrônico e outros meios digitais ou não que viabilizem a
realização das atividades por parte dos estudantes, contendo,
inclusive, ndicação de sites e links para pesquisa;
IV – incluir, nos materiais para cada etapa e modalidade
de ensino, instruções para que os estudantes e as famílias
trabalhem as medidas preventivas e higiênicas contra a
155
disseminação do vírus, com reforço nas medidas de isolamento
social durante o período de suspensão das aulas presenciais;
V – na Educação Infantil, primeira etapa da Educação
Básica, deverão ser respeitadas as especificidades, possibilidades
e necessidades das crianças em seus processos de
desenvolvimento e que em eventual período de atividades de
reposição devem-se promover atividades/reuniões com os
profissionais e com as famílias/responsáveis, bem como, enfatizar
e desenvolver as vivências e experiências que garantam os direitos
de aprendizagem e desenvolvimento previstos no currículo
contido no Projeto Pedagógico da instituição de ensino;
VI - organizar, a critério de cada instituição ou rede escolar,
avaliações dos conteúdos ministrados durante o regime especial
de aulas não presenciais que poderão compor nota ou conceito
para o histórico escolar do aluno;
VII – zelar pelo registro da frequência dos alunos por meio
de relatórios e acompanhamento da evolução da aprendizagem,
mediante a execução das atividades propostas, que serão
computadas como aula, para fins de cumprimento do ano letivo
de 2020;
VIII – registrar as atividades realizadas em regime especial
de aulas não presenciais para fins de certificação dos alunos, assim
como comprovação dos estudos efetivamente realizados aos
órgãos do sistema, caso demandados.
§ 1° A avaliação do conteúdo estudado nas atividades
escolares não presenciais ficará a critério do planejamento
elaborado pelo docente, podendo ser objeto de avaliação
presencial posterior, bem como ser atribuída nota ou conceito à
atividade específica realizada no período não presencial.
§ 2° As atividades que eventualmente não puderem, sem
prejuízo pedagógico, ser realizadas por meio de atividades não
presenciais no período deste regime especial deverão ser
reprogramadas pela reposição ao cessar esse período.
§ 3° Para fins de cumprimento da carga horária mínima anual
prevista pela LDB, as instituições ou redes de ensino deverão
156
registrar em seu planejamento de atividades qual a carga horária
de cada atividade a ser realizada pelos alunos na forma não
presencial.
§ 4° Para fins de cumprimento do número de dias letivos
mínimos previstos pela LDB, as instituições ou redes de ensino
considerarão, para cada grupo de horas de atividades não
presenciais, de acordo com o registro a ser feito, conforme consta
no parágrafo anterior e o regime de horas letivas diárias de cada
escola, um dia letivo realizado.
Art. 4° Todo o planejamento e o material didático adotado
devem estar em conformidade com o Projeto Pedagógico da rede
de ensino ou escola privada e deverão refletir, à medida do
possível, os conteúdos já programados para o período.
Art. 5° Após a vigência do regime especial de aulas não
presenciais, as instituições de ensino ou redes escolares deverão
reorganizar o calendário escolar, entendendo que situações
diferenciadas poderão ocorrer, cabendo às respectivas Secretarias
de Educação, no caso das redes públicas, ou à direção do
estabelecimento, no caso de instituição privada, fazer as seguintes
adequações:
§ 1° Todas as alterações ou adequações no Regimento Escolar,
na Proposta Pedagógica ou calendário escolar devem ser
registradas, tendo em vista que as escolas do Sistema de Ensino
são responsáveis por formular seus instrumentos de gestão,
indicando com clareza as aprendizagens a serem asseguradas aos
alunos, e elaborar o Regimento Escolar, especificando sua
proposta curricular, estratégias de implementação do currículo e
formas de avaliação dos alunos;
§ 2° A reorganização dos calendários escolares em todos os
níveis, etapas e modalidades de ensino, devem ser realizadas de
forma a preservar o padrão de qualidade previsto no inciso IX do
artigo 3° da LDB e inciso VII do art.206 da Constituição Federal;
§ 3º As instituições de ensino deverão registrar de forma
pormenorizada e arquivar as comprovações que demonstram as
atividades escolares realizadas fora da escola, a fim de que possam
157
ser autorizadas a compor carga horária de atividade escolar
obrigatória a depender da extensão da suspensão das aulas
presenciais durante o presente período de emergência.
Art. 6° As instituições ou redes de ensino que, por razões
diversas, optarem por não executar as atribuições constantes no
art. 3º desta Resolução, deverão aprovar e dar ampla divulgação
do novo calendário, contendo proposta de reposição das aulas
presenciais referente ao período de regime especial, tão logo cesse
esse período.
Art. 7° O contido nesta Resolução aplica-se no que couber, às
Instituições de Ensino Superior (IES) vinculadas ao Sistema de
Ensino do Estado do Ceará.
Parágrafo único - Excetuam-se do regime especial de
atividades escolares previsto nesta Resolução, as atividades de
aprendizagem supervisionada em serviço para os cursos na área
de saúde, as práticas profissionais em estágios e atividades em
laboratórios.
Art. 8° Todos os atos decorrentes da aplicação desta
Resolução deverão ser devidamente registrados pelas instituições
ou redes de ensino e ficar à disposição do CEE, da SEDUC e das
Secretarias Municipais de Educação que exercerão controle sobre
as atividades realizadas para fins de registro letivo.
Art. 9° Os Conselhos Municipais de Educação do Estado do
Ceará poderão adotar esta Resolução ou emitir Resolução própria
de semelhante teor, em regime de colaboração, respeitada a
autonomia dos sistemas.
Art. 10 Todas as decisões e informações decorrentes desta
Resolução deverão ser transmitidas pelas instituições de ensino
aos pais, professores e comunidade escolar.
Art. 11 Esta Resolução entra em vigor na data de sua
aprovação pelo Conselho Estadual de Educação, devendo ser
encaminhada para publicação.
Sala das Sessões do Conselho Estadual de Educação, em
Fortaleza, 27 de março de 2020.
158
Ada Pimentel Gomes Fernandes Vieira – Presidente do CEE
Lúcia Maria Beserra Veras – Vice-Presidente do CEE
José Marcelo Farias Lima – Presidente da CEB Custódio
Luís Silva De Almeida – Presidente da CESP
Guaraciara Barros Leal
Maria Luzia Alves Jesuíno
Ana Maria Nogueira Moreira
Francisco Olavo Silva Colares
José Batista De Lima
José Nelson Arruda Filho
Luciana Lobo Miranda
Maria De Fátima Azevedo Ferreira Lima
Maria Palmira Soares de Mesquita
Nohemy Rezende Ibanez
Orozimbo Leão de Carvalho Neto
Raimunda Aurila Maia Freire
Samuel Brasileiro Filho
Sebastião Teoberto Mourão Landim
Selene Maria Penaforte Silveira
Tália Fausta Fontenele Moraes Pinheiro
159
PROVIMENTO UVA/CE Nº 09, DE 17 DE JUNHO DE 2020 10
Revoga o Provimento Nº 01, de 27 de abril de 2020, e
estabelece novas orientações, critérios e procedimentos
sobre o regime especial de atividades pedagógicas não
presenciais dos Cursos de Graduação da Universidade
Estadual Vale do Acaraú como medida de prevenção e
combate ao novo Coronavírus (COVID-19).
O Presidente do Comitê Geral de Enfrentamento à Pandemia
do Coronavírus no âmbito da Universidade Estadual Vale do
Acaraú (UVA), instituído
pela Portaria Nº 97/2020, no uso de suas atribuições legais e
com a participação da Pró- Reitoria de Ensino de Graduação
(PROGRAD) e,
CONSIDERANDO a Lei Nº 9.394/96, que estabelece as
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB);
CONSIDERANDO o Parecer Nº 5, do Conselho Nacional de
Educação, de 28 de abril de 2020, que trata sobre a reorganização
do Calendário Escolar e da possibilidade de cômputo de atividades
não presenciais para fins de cumprimento da carga horária mínima
anual, em razão da Pandemia da COVID-19;
CONSIDERANDO o Decreto Estadual Nº 33.532, de 30 de março
de 2020, que em seu art. 4° diz que o art. 3° do Decreto N° 33.510,
fica acrescido dos §§ 6° e 7°, na forma abaixo: “Art. 3°... § 6° O
calendário acadêmico, as atividades presenciais ou remotas e a
carga horária do ensino público superior estadual, inclusive quanto
às práticas obrigatórias do internato e da residência, obedecerão ao
10 CEARÁ. Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Comitê Geral de
Enfrentamento à Pandemia do Coronavírus. Provimento UVA/CE nº 09, de 17
de junho de 2020. Revoga o Provimento Nº 01, de 27 de abril de 2020, e estabelece
novas orientações, critérios e procedimentos sobre o regime especial de atividades
pedagógicas não presenciais dos Cursos de Graduação da Universidade Estadual
Vale do Acaraú como medida de prevenção e combate ao novo Coronavírus
(COVID-19). Disponível em http://www.uvanet.br/documentos/provimento_
e71fea2ef5cc4d0b2b6c172aa61e6848.pdf
160
disposto em normativo específico expedido pelas respectivas
universidades”;
CONSIDERANDO o Decreto Estadual Nº 33.536, de 05 de abril de
2020, que prorroga até o dia 20 de abril de 2020 as medidas de
enfrentamento ao novo Coronavírus no Estado do Ceará;
CONSIDERANDO o Decreto Estadual Nº 33.544, de 19 de abril de
2020, que prorroga até o dia 5 de maio de 2020 as medidas de
enfrentamento do novo Coronavírus no Estado do Ceará;
CONSIDERANDO a Resolução do Conselho Estadual de
Educação (CEE) N° 481, de 27 de março de 2020, que dispõe sobre
regime especial de atividades escolares não presenciais no Sistema
de Ensino do Estado do Ceará, para fins de reorganização e
cumprimento do calendário letivo do ano de 2020, como medida de
prevenção e combate ao Coronavírus (COVID-19);
CONSIDERANDO a Resolução Nº 14/2019 - CEPE, que dispõe
sobre o aproveitamento de estudos nos cursos de graduação da
UVA;
CONSIDERANDO a Portaria N° 99/2020 - UVA, que instituiu o
Plano de Contingência Institucional, visando adequar a rotina
acadêmica e administrativa da UVA à situação de emergência em
saúde pública de importância internacional;
CONSIDERANDO os Projetos Pedagógicos dos Cursos de
Graduação da Universidade Estadual Vale do Acaraú,
RESOLVE:
Art. 1º. Orientar e especificar procedimentos sobre o
estabelecimento de regime especial de atividades pedagógicas não
presenciais para fins de prevenção e combate ao novo Coronavírus
(COVID-19).
§ 1º. Entende-se por atividades pedagógicas não presenciais
aquelas de natureza pedagógica e acadêmica, realizadas por meio
do sistema acadêmico online da UVA e sem a presença de alunos e
professores nas dependências físicas da Universidade.
§ 2º. As atividades pedagógicas não presenciais definidas neste
Provimento poderão corresponder à continuidade das atividades
161
dos componentes curriculares ofertados no semestre 2020.1,
seguindo resolução específica.
§ 3º. As atividades pedagógicas não presenciais serão planejadas e
desenvolvidas por meio do sistema acadêmico da UVA.
I - Outras ferramentas digitais podem ser usadas, de forma
complementar, desde que informados seus links de acesso no
planejamento e cronograma das atividades pedagógicas não
presenciais, bem como no sistema acadêmico.
§ 4º. O regime especial das atividades não presenciais passará a
vigorar a partir de 27/04/2020, ficando seu término condicionado às
decisões das autoridades competentes.
Art. 2º. As atividades pedagógicas não presenciais serão
desenvolvidas com o objetivo de promover ensino-aprendizagem
de conhecimentos acadêmicos científicos e culturais das diversas
áreas do conhecimento relacionadas aos projetos pedagógicos dos
cursos de graduação da UVA.
§ 1º. As atividades pedagógicas não presenciais serão destinadas
aos alunos regularmente matriculados nos cursos de graduação da
UVA.
§ 2º. A participação do corpo discente nas atividades pedagógicas
não presenciais estará condicionada à sua disponibilidade e efetivo
uso dos recursos de Tecnologia da Informação e Comunicação
(TIC).
Art. 3º. As atividades pedagógicas não presenciais deverão,
obrigatoriamente, conter os seguintes elementos:
§ 1º. Planejamento da atividade, especificando professor
responsável; tema de estudo; carga horária total; período de
realização; objetivos e procedimentos metodológicos.
§ 2º. As ferramentas digitais conforme o disposto no art. 1º, § 2º, I.
§ 3º. O cronograma e prazo para realização, acompanhamento e
devolutivas das atividades.
§ 4º. Os critérios de validação da atividade.
Art. 4º O cronograma das atividades pedagógicas não presenciais
deve ser disponibilizado no sistema acadêmico antes de seu início
162
e amplamente divulgado para os participantes das atividades
pedagógicas não presenciais.
Parágrafo Único. O cronograma das atividades pedagógicas não
presenciais deverá ser mensal.
Art. 5º. O controle da frequência das atividades pedagógicas não
presenciais será realizado pelo professor, conforme as
especificidades dos recursos e ferramentas utilizadas nas
atividades e as condições de participação do aluno.
Art. 6º. O planejamento das atividades pedagógicas não presenciais
poderá ter, no mínimo, 20 horas, podendo ser ofertadas mais de
uma atividade simultaneamente.
Art. 7º. As atividades pedagógicas não presenciais serão
cadastradas, realizadas, acompanhadas e validadas no sistema
acadêmico online pelo professor responsável, observando as
orientações contidas nos tutoriais (www.uvanet.br/tutoriais)
elaborados pelo Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI).
Art. 8º. As atividades referentes ao Trabalho de Conclusão de
Curso, quando couber atividade pedagógica não presencial,
poderão ocorrer observando as orientações e procedimentos
contidos neste Provimento.
Art. 9º. Os grupos de estudos credenciados, conforme Instrução
Normativa da PROGRAD Nº 01/2012, continuarão suas atividades
observando as orientações e procedimentos contidos neste
Provimento.
Art. 10. As atividades pedagógicas não presenciais definidas neste
Provimento poderão ser auxiliadas pelos monitores cadastrados na
PROGRAD e formalizados no plano de trabalho da monitoria.
Art. 11. Os dispositivos deste Provimento aplicam-se, quando
couber, aos cursos de formação inicial e continuada de professores
que integram o PARFOR/UVA.
Art. 12. As atividades referentes às disciplinas cadastradas no
Núcleo de Educação a Distância da UVA (NEaD/UVA), antes da
paralisação do calendário letivo, poderão continuar suas atividades
letivas.
163
Parágrafo Único. A continuidade das atividades letivas ocorrerá
nas seguintes condições:
I - A gravação e edição de videoaulas não ocorrerá no NEaD;
II - A professor produzirá suas próprias videoaulas;
III - O NEaD acompanhará as atividades pelo e-mail:
IV - O NEaD promoverá assistência para postar material, abrir e
fechar fóruns, cadastrar tarefas e atividades e tirar dúvidas sobre o
desenvolvimento das ações no Moodle;
V - Os encontros presenciais serão substituídos por atividades não
presenciais;
VI - As avaliações presenciais devem ser mantidas e realizadas em
momento oportuno.
Art. 13. As atividades pedagógicas não presenciais realizadas
durante o regime especial, objeto deste Provimento, poderão ser
aproveitadas conforme Resolução Nº 14/2019 CEPE/UVA.
Art. 14. Os critérios e procedimentos de realização das atividades
pedagógicas não presenciais previstos neste Provimento devem ser
observados em todos os cenários em que a universidade recorrer
ao ensino-aprendizagem remoto como medida de prevenção e
combate ao novo Coronavírus (COVID-19).
Art. 15. Os casos omissos serão resolvidos pelo Comitê Geral de
Enfrentamento à Pandemia do Coronavírus, ouvida a PROGRAD,
observada a legislação em vigor e os procedimentos internos desta
IES.
Art. 16. Este Provimento entra em vigor nesta data, devendo ser
encaminhado ao Conselho Universitário (CONSUNI), para
apreciação, deliberação e convalidação, ficando revogadas as
disposições em contrário, e em especial, o Provimento Nº 01/2020.
Registre-se. Publique-se. Cumpra-se.
Sobral-CE, 17 de junho de 2020.
Prof. Dr. Fabianno Cavalcante de Carvalho
Presidente do Comitê Geral de Enfrentamento à Pandemia do
Coronavírus
164
Em pesquisa, realizada no período de 11 a 20 de junho de 2020,
a Pró-Reitoria de Ensino de Graduação (PROGRAD) ouviu alunos,
professores e funcionários da Universidade Estadual Vale do
Acaraú (UVA) sobre diversas questões vivenciadas pela
comunidade acadêmica no contexto de excepcionalidade,
provocado pela pandemia do novo coronavírus (COVID19). Uma
das questões levantadas na pesquisa foi quanto ao interesse e
disponibilidade de participar de atividades pedagógicas não
presenciais. Responderam à pesquisa, por meio de questionário on-
line, 3.830 estudantes (55,22% dos alunos regularmente
matriculados); 290 professores (78,17% dos 343 efetivos e 28
substitutos/ temporários) e 84 funcionários técnico-administrativos
(dos 166 terceirizados e 89 servidores públicos).
O questionário respondido por alunos e professores de todos
os 26 cursos de graduação da UVA, ofertados em Sobral, abrangeu
também perguntas como “estado emocional diante da pandemia;
enquadramento em grupos de risco para a COVID-19 ou
convivência com pessoas desses grupos; forma de transporte para
a Universidade; acesso à Internet e a equipamentos eletrônicos; e
familiaridade com recursos e ferramentas de ensino remoto”, entre
outras, específicas para cada grupo pesquisado, como o de
funcionários técnico-administrativos.
De acordo com a PROGRAD, a pesquisa subsidiará o
planejamento de retorno às atividades letivas na UVA, referentes
165
ao Semestre 2020.1, observados os protocolos de segurança
sanitária e demais medidas estabelecidas pelo Governo do Estado
do Ceará e pela Prefeitura Municipal de Sobral. “O objetivo é
conhecer, no caso de alunos e professores, a situação no que se refere às
condições de realizar atividades pedagógicas de forma não presencial,
incluindo acesso à Internet e o uso de recursos e ferramentas de ensino
remoto, por exemplo”, afirma a Pró-Reitora de Ensino de Graduação,
Ana Sancha Malveira Batista.
Discentes
Os dados obtidos com os estudantes que responderam à
pesquisa apontam que 80,86% têm interesse em realizar atividades
pedagógicas não presenciais. Desses, 48,49% já participam de
atividades dessa natureza; 15,14% afirmaram ter interesse, mas
ainda não conseguiram realizar as atividades devido à falta de
acesso, ou acesso precário à Internet e 17,23% disseram ter
interesse, mas estão impossibilitados devido à pandemia. O
levantamento aponta, ainda, que 69,37% dos estudantes que
responderam à pesquisa, afirmaram possuir conexão própria de
Internet e 58,56% residem com pessoas de algum um grupo de risco
para a COVID-19. Quanto ao estado emocional, 32,40% de disseram
ansiosos e 22,79% se consideraram desanimados.
A PROGRAD quis saber também sobre a disponibilidade em
desenvolver atividades pedagógicas não presenciais, para fins de
cumprimento de carga horária letiva nos componentes curriculares
ofertados no semestre de 2020.1. Nesse item, 81,67% dos alunos
afirmaram que sim, com disponibilidade em horários flexíveis
(36.71%); somente nos horários destinados às aulas presenciais
(34,36%) ou que, apesar da disponibilidade, não têm acesso e/ou
recursos para atividades on-line, ou estes são precários (10,60%).
Ainda neste item, 6,40% afirmaram não ter disponibilidade porque
a natureza do componente curricular não permite a execução de
atividades pedagógicas não presenciais. Sobre o acesso a
equipamentos para realizar atividades on-line, 39,6% disseram
166
possuir computador em casa para seu uso exclusivo e 26,8%
compartilham o computador em casa. O percentual dos que
afirmam possuir smartphone é de 49,2%.
Docentes
Entre os professores, 22,41% afirmaram pertencer a algum um
grupo de risco para a COVID-19 e 35,86% disseram que residem
com pessoas desses grupos de risco. Sobre a condição emocional,
se consideraram ansiosos (36,90%), tranquilos (20,69%) ou
confiantes (15,52%).
Ainda entre os docentes, 58,28% afirmam ter razoável
facilidade com ferramentas de ensino remoto (on-line) e 94,49%
disseram ter interesse em realizar atividades pedagógicas não
presenciais com seus alunos. 70% afirmaram que já realizam
atividades remotas. Com relação à plataforma para o
desenvolvimento das atividades, 44,83% disseram utilizar o
Sistema Acadêmico da UVA, Google Meet e redes sociais.
Dos professores ouvidos, 89,32% afirmaram que têm
disponibilidade em desenvolver atividades pedagógicas não
presenciais, para fins de cumprimento de carga horária letiva nos
componentes curriculares ofertados no semestre de 2020.1.
Funcionários e servidores técnico-administrativos
A pesquisa entre funcionários terceirizados e servidores
técnico-administrativos teve como objetivo avaliar a possibilidade
de realização de atividades laborais remotas, previstas no
Provimento nº08/2020 do Comitê de Pandemia da UVA. Pelo
levantamento, 17,86% afirmaram pertencer a algum grupo de risco
para a COVID-19 e 47,62% disseram que residem com pessoas
desses grupos de risco. Emocionalmente, 33,33% se consideraram
tranquilos e 30,95% se disseram ansiosos. Consideram-se
confiantes 20,24%. Quanto ao acesso à Internet em casa, 91,67%
167
disseram possuir conexão própria de Internet e 59,52% afirmaram
que possuem computador em casa para uso exclusivo.
De acordo coma Professora Benedita Marta Gomes Costa, do
Curso de Administração da UVA, responsável pelo tratamento
estatístico da pesquisa, nos dados referentes aos discentes a
margem de erro é de 1,2%, de 0,76% nos dados referentes aos
docentes e de 5,7% e 14% para o percentuais de funcionários
terceirizados e de servidores públicos, respectivamente, com
intervalo de confiança de 95%. O questionário foi adaptado a partir
do modelo elaborado pelo Professor Vicente de Paula da Silva
Martins, do Curso de Letras da UVA.
Fonte: disponível em http://www.uvanet.br/
168
169
A COMUNIDADE ACADÊMICA DA UVA NO CONTEXTO
DA PANDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS (COVID-19)11
Comitê Geral de Enfrentamento à Pandemia do
Coronavírus no âmbito da Universidade Estadual
Vale Do Acaraú (UVA) Pró-Reitoria de Ensino se
Graduação (PROGRAD)
RELATÓRIO DE PESQUISA (SIMPLIFICADO)
1. OBJETIVO: Docentes e Discentes - Buscou conhecer,
considerando o contexto de excepcionalidade, provocado pela
pandemia do novo coronavírus (COVID19), aspectos como o
estado emocional; enquadramento em grupos de risco para a
COVID-19 ou convivência com pessoas desses grupos; forma de
transporte para a Universidade; acesso à Internet e a equipamentos
eletrônicos; participação em atividades pedagógicas não
presenciais e disponibilidade para tais atividades; familiaridade
com recursos e ferramentas de ensino remoto, entre outros;
Funcionários Terceirizados e Servidores Técnico-Administrativos -
Além do enquadramento em grupos de risco para a COVID-19, ou
convivência com pessoas desses grupos, e estado emocional,
buscou verificar as condições para a realização de atividades
laborais remotas, previstas no Provimento nº08/2020 - Comitê de
Pandemia/UVA.
2. METODOLOGIA: Pesquisa de natureza quantitativa,
realizada por meio de questionário, organizado pela
PROGRAD/UVA, composto de perguntas de múltipla escolha, a
serem respondidas por meio do Google Drive, enviado aos grupos
11CEARÁ. Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Comitê Geral de
Enfrentamento à Pandemia do Coronavírus. A Comunidade Acadêmica da UVA
no Contexto da Pandemia do Novo Coronavírus (Covid-19): Relatório de
Pesquisa. Disponível em http://www.uvanet.br/documentos/provimento_
e71fea2ef5cc4d0b2b6c172aa61e6848.pdf
170
pesquisados da seguinte forma: a) link de acesso por e-mail
(cadastrados na Assessoria de Comunicação e Marketing
Institucional - ACMI/UVA); b) link de acesso por aplicativo de
mensagens (WhatsApp) a grupos de alunos, professores e de
funcionários e servidores técnico- administrativos. c) link de acesso
por meio de redes sociais. A Pesquisa contou com apoio de
Coordenadores de Cursos e Diretores de Centros de Ensino (CCAB,
CCET, CENFLE, CCH, CCSA e CCS), os quais divulgaram, em
grupos de WhatsApp existentes dos respectivos cursos de
graduação, o link de acesso ao questionário. Teve apoio na
divulgação, também, da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis
(PRAE), da Pró-Reitoria de Administração (PROAD) e do Diretório
Central dos Estudantes (DCE/UVA). O processo de tabulação e
organização dos dados, bem como a validação dos mesmos, foi
realizado pela PROGRAD/UVA. Foram aplicados três
questionários distintos, adequados a cada segmento (docentes;
discentes; e funcionários terceirizados e servidores técnico-
administrativos). O questionário destinado aos discentes continha
16 (dezesseis) perguntas; aos docentes 19 (dezenove) e aos
funcionários e servidores técnico-administrativos 12 perguntas. Os
questionários continham perguntas similares e adaptadas a cada
segmento pesquisado, tendo em vista os objetivos acima descritos.
3. PERÍODO DE APLICAÇÃO DA PESQUISA: de 11 a 20 de
junho de 2020.
4. RESULTADOS
Resultados obtidos pelas respostas aos questionários
aplicados aos Discentes, Docentes e Servidores Técnico-
Administrativos, expressos em percentual de respondentes.
Responderam ao questionário 3.830 estudantes (55,22% dos
alunos regularmente matriculados); 290 professores (78,17% dos
343 efetivos e 28 substitutos/ temporários) e 84
171
funcionários/servidores técnico-administrativos (dos 166
terceirizados e 89 servidores públicos).
PESQUISA COM DISCENTES
Margem de erro de 1,2%. Não foram considerados os alunos com
matrícula institucional, pois estes não estão cursando nenhuma
disciplina, apenas mantém o vínculo com a IES.
Tabela 1 - Índices percentuais dos discentes matriculados no
semestre 2020.1, quanto à participação em atividades pedagógicas
não presenciais. (UVA/Junho 2020)
Opções %
Apresenta conteúdos exclusivamente relacionados às
ementas das disciplinas nas quais estou matriculado(a).
25,69
Apresenta conteúdos voltados para um tema específico
(grupo de estudo e/ou grupo de pesquisa)
22,43
Não estou participando das atividades pedagógicas não
presenciais
15,70
Apresenta conteúdo/temas que envolvem outras áreas do
conhecimento
12,01
Não estou participando das atividades pedagógicas não
presenciais porque o curso ainda não me disponibilizou
8,78
Não estou participando das atividades pedagógicas não
presenciais devido à falta de acesso ou acesso precário a
internet
6,76
Não estou participando das atividades pedagógicas não
presenciais devido a pandemia
6,21
Outros 2,42
Na categoria outros, considerar: Ainda não foram disponibilizados
conteúdos devido a muitos discentes não possuírem acesso à
internet; Ainda não participei de nenhuma aula online, pois estou
trabalhando durante o dia, com disponibilidade após as 17h;
Apresenta conteúdos relacionado (sic) a disciplina, porém, com
172
pouco aproveitamento; As atividades pedagógicas estão sendo
apresentadas apenas por alguns professores; Não tenho interesse
pelo fato de que já tenho todas as horas complementares e que tem
professores que não estão dando os conteúdos deles mesmos, mas
sim conteúdos de outros semestres ou matérias que não me
interessam... se fosse valendo como AULA, certamente eu
assistiria, pois desejo me formar e vejo que está ocorrendo
normalmente em outras universidades; Cursos e Palestras online
disponibilizados pela Universidade; Estava a participar,
entretanto, não vi avanço nenhum, logo parei de assistir a aulas por
vídeo conferência; Estou ajudando na renda da minha casa. Falta
tempo para estudar; Não estou participando devido ao meu
notebook não suportar; Não estou participando devido cuidar do
meu avô doente; Não estou participando pois não há no momento
atividades ligadas às disciplinas do curso; Os eventos que tiveram
eram durante meu horário de trabalho e eu estou trabalhando de
casa.
Tabela 2 - Índices percentuais dos discentes matriculados no
semestre 2020.1 quanto ao uso de ferramentas nas atividades
pedagógicas não presenciais. UVA. Junho. 2020
Opções %
Videoconferência com possibilidade de tirar dúvidas em
tempo real.
53,5
Vídeos gravados. 32,3
Chat com tira dúvidas em tempo real. 27,8
Fóruns de discussão 28,0
E-mails. 31,4
Partilhamento eletrônico de arquivos 29,7
Link de palestras ou vídeos aulas retiradas de
plataformas virtuais (YouTube,
Vimeo, entre outras).
33,8
Tenho usado somente redes sociais 4,1
173
Não estou participando das atividades não presenciais 16,3
Não estou participando das atividades pedagógicas não
presenciais devido à falta de acesso ou acesso precário a
internet
6,4
Não estou participando das atividades pedagógicas não
presenciais devido à pandemia
6,4
Não estou participando das atividades pedagógicas não
presenciais porque o curso ainda não me disponibilizou
8,8
Nota: Os discentes optaram por mais de uma opção,
proporcionando somatório das porcentagens superior a 100%. Fonte: PROGRAD/UVA
Tabela 3 – Índices percentuais dos discentes matriculados no
semestre 2020.1 quanto à participação em atividades pedagógicas
não presenciais. UVA. Junho. 2020
Opções %
Participo parcialmente das atividades 31,12
Participo de todas as atividades 18,38
Não estou participando das atividades pedagógicas não
presenciais
14,80
Participo muito pouco das atividades 13,92
Não estou participando das atividades pedagógicas não
presenciais porque o curso ainda não me disponibilizou
9,74
Não estou participando das atividades pedagógicas não
presenciais devido à falta de acesso ou acesso precário a
internet
6,29
Não estou participando das atividades pedagógicas não
presenciais devido a pandemia
5,75
Fonte: PROGRAD/UVA
Tabela 4 - Índices percentuais dos alunos matriculados no semestre
2020.1 quanto ao acesso a livros e outros materiais bibliográficos
mínimos necessários para realizar as atividades pedagógicas não
presenciais. UVA. Junho. 2020
174
Opções %
Não possuo todos os livros e outros materiais bibliográficos
mínimos necessários, dependo de acesso físico à biblioteca
da Universidade para utilizá-los.
36,55
Possuo os livros e outros materiais bibliográficos mínimos
necessários, impressos ou eletrônicos, no local onde estou
residindo neste período de isolamento social ante a COVID-
19.
30,29
Não estou participando das atividades pedagógicas não
presenciais
13,84
Não estou participando das atividades pedagógicas não
presenciais porque o curso ainda não me disponibilizou.
8,04
Não estou participando das atividades pedagógicas não
presenciais devido à falta de acesso ou acesso precário a
internet.
5,77
Não estou participando das atividades pedagógicas não
presenciais devido à pandemia
5,51
Fonte: PROGRAD/UVA
Tabela 5 - Índices percentuais dos discentes, quanto à
disponibilidade em desenvolver atividades pedagógicas não
presenciais, para fins de cumprimento de carga horária letiva nos
componentes curriculares ofertados no semestre 2020.1. UVA.
Junho. 2020
Opções %
Sim, tenho disponibilidade em horários flexíveis. 36,71
Sim, tenho disponibilidade somente nos horários
destinados as aulas
presenciais.
34,36
Sim, tenho disponibilidade, mas não tenho acesso e/ou
recursos para atividades online ou os mesmos são
precários.
10,60
175
Não, porque a natureza do componente curricular não
permite a execução de atividades pedagógicas não
presenciais.
7,60
Não tenho disponibilidade devido à pandemia 6,40
Não tenho disponibilidade 4,33
Fonte: PROGRAD/UVA
PESQUISA COM DOCENTES
Tabela 1 - Indices percentuais dos docentes em relação ao acesso a
equipamentos para realizar atividades online levando em
consideração o local onde está residindo no período de isolamento
social ante a COVID-19. UVA. Junho. 2020
Opções %
Possuo computador em casa para meu uso exclusivo 78,28
Possuo computador em casa, mas seu uso é compartilhado
com quem resido.
14,83
Possuo equipamento para realizar atividades online, mas
tenho pouca ou nenhuma familiaridade com ele.
4,48
Possuo smartphone 1,38
Não possuo nenhum equipamento ou o que tenho não
funciona
satisfatoriamente.
1,03
Fonte: PROGRAD/UVA
Na categoria Outros foram citados: A grande maioria dos alunos
não têm acesso às tecnologias. Foram enviados contatos, mas o
retorno foi mínimo; Apresento conteúdos relacionados a ementa
das disciplinas e a grupos de estudos e/ou de pesquisa; Apresento
conteúdos relacionados as ementas do conjunto de disciplinas do
semestre que estou ensinando (atividades coletivas com outros
professores); Em conformidade às orientações da gestão superior
176
da UVA, tenho desenvolvido atividades com temas
complementares e/correlatos aos previstos em minhas disciplinas,
além do desenvolvimento de vários eventos de forma
interdisciplinar que tragam elementos importantes à formação
integral dos alunos; Minicursos; Seminários e Ciclos de
Palestras/Webinários; Orientação e banca de TCC; Rodas de
conversas, orientações, reuniões... (sic). Fonte: PROGRAD/UVA
Tabela 2 - Índices percentuais dos docentes ao acesso dos livros e
outros materiais bibliográficos mínimos necessários para realizar
as atividades pedagógicas não presenciais. UVA. Junho. 2020
Opções %
Possuo os livros e outros materiais bibliográficos mínimos
necessários, impressos ou eletrônicos, no local onde estou
residindo neste período de isolamento social ante a COVID-
19.
80,69
Não possuo todos os livros e outros materiais bibliográficos
mínimos necessários, dependo de acesso físico à biblioteca
da universidade para utilizá-los.
7,59
Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais
porque não tenho acesso e recursos para atividades online
ou os mesmos são precários.
2,76
Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais
devido à pandemia.
3,79
Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais. 5,17
Fonte: PROGRAD/UVA
Tabela 3 - Índices percentuais dos docentes quanto ao uso de
plataforma para o desenvolvimento das atividades pedagógicas
não presenciais. (UVA/ Junho2020)
177
Opções %
Tenho utilizado somente o Sistema Acadêmico da UVA 44,83
Tenho utilizado o Sistema Acadêmico da UVA e Google
Meet
28,62
Tenho utilizado o Sistema Acadêmico da UVA, Google
Meet e redes sociais.
11,03
Tenho utilizado somente as redes sociais 2,07
Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais
porque não tenho acesso e recursos para atividades
online ou os mesmos são precários
2,07
Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais
devido à pandemia
4,83
Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais 6,55
Fonte: PROGRAD/UVA
Tabela 4 - Índices percentuais quanto ao uso de ferramentas
utilizadas pelos docentes no desenvolvimento das atividades
pedagógicas não presenciais. (UVA/ Junho2020)
Opções %
Videoconferência com possibilidade de tirar dúvidas em
tempo real
66,9
Vídeos gravados 29,7
Chat com tira dúvidas em tempo real 36,9
Fóruns de discussão 41,0
E-mails 64,8
Compartilhamento eletrônico de arquivos 63,1
Link de palestras ou vídeos aulas retiradas de
plataformas virtuais (YouTube, Vimeo, entre outras)
47,9
Tenho utilizado somente as redes sociais 3,8
178
Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais
porque não tenho acesso e recursos para atividades
online ou os mesmos são precários
3,1
Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais
devido à pandemia
5,9
Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais 7,2
Nota: Os docentes assinalaram mais de uma opção,
proporcionando somatório das porcentagens superior a 100%. Fonte: PROGRAD/UVA
Tabela 5 - Índices percentuais quanto ao tipo do público
participantes das atividades pedagógicas não presenciais
desenvolvidas pelos docentes. (UVA/ Junho2020)
Opções %
Alunos matriculados nas disciplinas que leciono no
semestre 2020.1
76,2
Alunos de outras disciplinas do meu curso 42,1
Alunos de outros cursos 16,6
Professores da UVA 22,1
Público externo a UVA 21,4
Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais
porque não tenho acesso e recursos para atividades
online ou os mesmos são precários
2,8
Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais
devido à pandemia
6,2
Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais 8,6
Fonte: PROGRAD/UVA
Tabela 6 - Índices percentuais quanto à participação dos alunos em
atividades pedagógicas não presenciais desenvolvidas pelos
docentes. UVA. Junho. 2020
179
Opções %
Estou realizando com até 30% de participação dos alunos 33,4
Estou realizando com 31% a 50% de participação dos
alunos
15,9
Estou realizando com 51% a 70% de participação dos
alunos
16,2
Estou realizando com 70% a 100% de participação dos
alunos
15,6
Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais
porque não tenho acesso e recursos para atividades
online ou os mesmos são precários
2,1
Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais
devido à pandemia
7,9
Não desenvolvo atividades pedagógicas não presenciais 8,9
Fonte: PROGRAD/UVA
Tabela 7 - Índices percentuais quanto a disponibilidade dos
docentes de desenvolver atividades pedagógicas não presenciais,
para fins de cumprimento de carga horária letiva nos componentes
curriculares ofertados no semestre 2020.1. (UVA/ Junho2020)
Opções %
Sim, tenho disponibilidade em horários flexíveis. 47,59
Sim, tenho disponibilidade somente nos horários
destinados as aulas
presenciais.
37,59
Sim, tenho disponibilidade, mas não tenho acesso e/ou
recursos para
atividades online ou os mesmos são precários.
4,14
Não, porque a natureza do componente curricular não
permite a execução de atividades pedagógicas não
presenciais.
4,47
Não tenho disponibilidade devido à situação de
pandemia.
2,76
180
Não tenho disponibilidade 3,45
Fonte: PROGRAD/UVA
SERVIDORES TÉCNICO-ADMINISTRATIVOS
Margem de erro de 5,7% para o percentual de funcionários
terceirizados e de 14% para o percentual de servidores, com
intervalo de confiança de 95%.
Fonte: PROGRAD/UVA
Fonte: PROGRAD/UVA
Gráfico 1 - Vínculo empregatício dos funcionários que participaram da pesquisa
Terceirizado
Efetivo
Gráfico 2 - Situação dos funcionários da UVA em
relação aos grupos de risco para a COVID-19. Jun.2020
Resido com pessoas dos
grupos de risco
Não resido e não pertenço
a um grupo de risco
Pertenço a um grupo de risco
Pertenço e resido e com
pessoas dos
grupos de risco
181
Fonte: PROGRAD/UVA
Fonte: PROGRAD/UVA
Gráfico 3 - Índice percentual dos funcionários que tiveram amigo ou familiar que testou positivo para
COVID-19). UVA. Jun.2020
Gráfico 4 - Indice percentual do estado emocional dos funcionários da UVA
Tranquilo
Ansioso
Confiante
Estressado
Pânico
Desanimado
182
Na categoria Outros considerar: Ainda não estou segura;
Minha esposa é do grupo de risco e tenho um filho recém-nascido,
logo prefiro evitar ir presencialmente, embora não descarte a
possibilidade de ir; Preciso vê (sic) prescrição médica; Resido em
Santana do Acaraú e nesse momento não há topiks (sic),
impossibilitando meu deslocamento. E nesse momento de
pandemia é inviável carona; Sim desde que tenha ônibus para
Sobral, pois estou em Fortaleza.
Reafirmamos o compromisso da UVA na condução de ações
necessárias à retomada da normalidade das rotinas acadêmicas e
administrativas, superando dificuldades e construindo soluções
com este objetivo. Certos de que as informações, ora apresentadas,
contribuirão subsidiando o planejamento de retorno às atividades
letivas, referentes ao Semestre 2020.1, observados os protocolos de
segurança sanitária e demais medidas estabelecidas pelo Governo
do Estado do Ceará e pela Prefeitura Municipal de Sobral, a
PROGRAD se coloca à disposição para os esclarecimentos que
sejam necessários.
Sobral-CE, 15 de julho de 2020.
Gráfico 5 - Índice percentual da disponibilidade dos funcionários da UVA para realizar
Sim
Não
Outros
183
RESOLUÇÃO CEE/CE Nº 84/2020, DE 15/07/ 202012
Altera o artigo 2º e o Parágrafo único do artigo 7º da
Resolução CEE nº 481, de 20 de março de 2020, que
dispõe sobre o regime especial de atividades escolares
não presenciais (remotas) no Sistema de Ensino do
Estado do Ceará, para fins de reorganização e
cumprimento do calendário letivo do ano de 2020,
como medida de prevenção e combate ao contágio do
coronavírus (COVID-19), e dá outras providências.
O Conselho Estadual de Educação (CEE), no uso de suas
atribuições legais, definidas pela Lei nº 11.014, de 09 de abril de
1985, Art. 7º, Inciso II, redefinidas pelo Art. 16 da Lei nº 13.875, de
07 de fevereiro de 2007, e com base no Decreto nº 29.159, de 16 de
janeiro de 2008, em cumprimento com as disposições contidas na
Constituição Federal, com fundamento na Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9394/96, de 20 de dezembro
de 1996, na Portaria MEC n.º 544, de 16 de junho de 2020, no Art.
230 da Constituição Estadual, no Decreto nº 33.671, de 11 de julho
de 2020, no Decreto n.º 33.637, de 27 de junho de 2020 e tendo em
vista, o plano de contingência e adoção de medidas com o
12 Referência do documento: CEARÁ. Conselho Estadual de
Educaçãodo Ceará. Resolução CEE/CE Nº 84/2020, de 15/07/ 2020.
Altera o artigo 2º e o Parágrafo único do artigo 7º da Resolução CEE
nº 481, de 20 de março de 2020, que dispõe sobre o regime especial de
atividades escolares não presenciais (remotas) no Sistema de Ensino
do Estado do Ceará, para fins de reorganização e cumprimento do
calendário letivo do ano de 2020, como medida de prevenção e
combate ao contágio do coronavírus (COVID-19), e dá outras
providências. Disponível em https://www.cee.ce.gov.br/2020/07/23/cee-disciplina-regime-especial-de-atividades-escolares-nao-presenciais/
184
objetivo de reduzir os riscos de contágio e de disseminação do
COVID-19, resolve:
Art. 1º Altera o artigo 2º da Resolução CEE n.º 481, de
27 de março de 2020, que passa a ter a seguinte redação:
Art. 2° O regime especial de atividades escolares não
presenciais (remotas) poderá ser estabelecido, a critério das
instituições ou redes de ensino públicas e privadas da educação
básica e de educação superior, pertencentes ao Sistema de
Ensino do Estado do Ceará, de 19 de março a 31 de dezembro
de 2020.
Art. 2º Altera o parágrafo único do artigo 7º da
Resolução CEE
nº 481/2020, que passa a ter a seguinte redação:
Art. 7º (...)
Parágrafo único. Quando se tratar de estágios obrigatórios, de
atividades em laboratórios e, também, de atividades de
aprendizagem
supervisionadas em serviço para os cursos profissionais
técnicos de nível médio e em cursos de graduação, a
instituição de ensino poderá encaminhar ao CEE proposta
alternativa para realização dessas atividades de forma remota,
para análise e deliberação.
Art. 3º Esta Resolução entrará em vigor na data de sua
aprovação pelo Conselho Estadual de Educação, devendo ser
185
encaminhada para publicação, revogadas as disposições em
contrário.
Sala das Sessões do Conselho Estadual de Educação, em
Fortaleza, 15 de julho de 2020.
ADA PIMENTEL GOMES FERNANDES VIEIRA
PRESIDENTE DO CEE
186
187
PARECER CEE Nº: 0205/2020, DE 22.07.202013
Orienta as instituições de ensino que ofertam
Educação Básica, Educação Profissional
Técnica de Nível Médio e Educação Superior,
que compõem o Sistema de Ensino do Estado
do Ceará, a darem continuidade às atividades
letivas por meio remoto até 31 de dezembro de
2020, mesmo após autorização para a
retomada das atividades presenciais nesse
período pelas autoridades competentes, e dá
outras providências.
I – RELATÓRIO
Vive-se um momento singular e muito preocupante em
decorrência da pandemia provocada pelo novo coronavírus
(Covid-19) que deflagrou crise sanitária sem precedentes no
mundo, no Brasil e, particularmente, no Ceará, razão pela qual o
Conselho Estadual de Educação (CEE) decidiu, proativamente,
constituir Comissão Relatora Bicameral formada por
conselheiros da Câmara de Educação Superior e Profissional e
Câmara de Educação Básica, para orientar as instituições de
ensino na busca de estratégias, que evitem maiores prejuízos
para alunos, professores, familiares e demais trabalhadores da
13 Referência do documento: CEARÁ. Conselho Estadual de Educação do Ceará.
Parecer CEE Nº: 0205/2020, DE 22.07.2020. Orienta as instituições de ensino que
ofertam Educação Básica, Educação Profissional Técnica de Nível Médio e
Educação Superior, que compõem o Sistema de Ensino do Estado do Ceará, a
darem continuidade às atividades letivas por meio remoto até 31 de dezembro de
2020, mesmo após autorização para a retomada das atividades presenciais nesse
período pelas autoridades competentes, e dá outras providências. Disponível em https://www.cee.ce.gov.br/2020/07/24/cee-orienta-instituicoes-de-ensino-cearenses-
sobre-continuidade-das-atividades-letivas-em-2020/
188
educação e favoreçam a continuidade do processo de ensino e de
aprendizagem. A orientação se firmará em três princípios
basilares: equidade, flexibilização e inclusão, e identificará
meios legais e pedagógicos para impedir a suspensão do
calendário letivo, a reprovação, o abandono e até a evasão
escolar.
O CEE enuncia o presente PARECER com o objetivo de
orientar as instituições de ensino vinculadas ao Sistema Estadual
de Ensino (rede pública e rede privada), quanto à utilização de
atividades remotas, enquanto durarem as determinações de
isolamento social, e, mesmo após esse período, para atender aos
anseios de estudantes, professores e da sociedade em geral que
se sentem inseguros para retornarem às atividades letivas
presenciais. O CEE reconhece que o momento atual é de grande
sofrimento para todos e, particularmente, para os estudantes e
seus familiares, professores e demais profissionais da educação,
mas que é possível, com coragem, liberdade, responsabilidade e
cuidado, continuar criando, produzindo, ensinando e
aprendendo, com a clareza que as instituições de ensino, sejam
de Educação Básica, Educação Profissional Técnica de Nível
Médio ou de Educação Superior, firmam-se e se reinventam nas
relações interpessoais e cooperativas, e compreende que nada
substitui o professor e a energia que o liga ao estudante.
O CEE tem convicção de que o ambiente escolar é
indispensável, porque esse é o espaço legítimo da ação
pedagógica, em que as relações e o convívio se estabelecem; é na
interação que professor e aluno constroem suas identidades, mas
compreende que as atividades remotas, podem remediar esse
momento de excepcionalidade e cumprir, inclusive, o
importante e inadiável papel de manter o vínculo dos
estudantes com as instituições escolares, até que as atividades
presenciais possam ser retomadas plenamente e com segurança
sanitária.
Para dar continuidade ao ano letivo, o CEE orienta a adoção
do ensino remoto como uma alternativa viável, mas enfatiza que
189
a escolha por esse modelo cabe às redes de ensino públicas e
privada e, na medida do possível, às comunidades escolares,
sejam elas de Educação Básica, de Educação Profissional Técnica
de Nível Médio ou de Educação Superior.
A pandemia tem revelado fragilidades dos sistemas de
ensino e das instituições escolares e, também, evidenciado a
necessidade de mudanças urgentes na sua organização, na
formação dos professores e técnicos da educação e no fazer
pedagógico cotidiano. Reconhece, por outro lado,que a
pandemia está descortinando a capacidade criativa e a
resiliência dos professores, assim como a participação e a
autonomia dos estudantes para encontrarem alternativas de
superação das dificuldades pedagógicas e tecnológicas e
minimizar maiores prejuízos. Nesse sentido, o apoio dado pelos
familiares dos estudantes tem sido imprescindível, sem o que
seria inviável a manutenção das atividades remotas como
alternativa para evitar a perda de aprendizagens e o
cancelamento do ano letivo.
Entende o CEE que o professor é ser atuante e participante
e não mero observador, mas que, mesmo na excepcionalidade
do ensino remoto, será possível desenvolver estratégias de
cooperação, de participação, de colaboração e de diálogo.
O retorno às aulas cumprirá três etapas: na primeira, as
instituições de ensino podem permanecer com atividades
remotas até 31.12.2020; na segunda, o retorno ocorrerá de forma
gradual, adotando inclusive o ensino híbrido para evitar
aglomerações; e, finalmente, na terceira, as redes poderão voltar
às suas atividades presenciais, com segurança sanitária. Este
Parecer se restringiu à primeira etapa.
Destaque-se que a manutenção do funcionamento dessas
instituições e suas atividades letivas, mesmo que de forma
remota, poderá assegurar a garantia dos empregos aos
trabalhadores, em especial os da rede privada de ensino e os que
mantêm vínculo precário com as esferas públicas empregadoras.
190
O CEE, considerando o momento excepcional que estamos
a vivenciar, orienta as instituições de ensino de Educação Básica,
de Educação Profissional Técnica de Nível Médio e de Educação
Superior a manterem suas atividades na modalidade remota,
por precaução e para preservação da vida, mesmo que fiquem
autorizadas as atividades presenciais pelas autoridades
competentes, devendo ser adotado, como referência legal, além
dos documentos nacionais, a Resolução CEE nº 481/2020, de 27
de março de 2020 que “dispõe sobre o regime especial de
atividades escolares não presenciais no Sistema de Ensino do
Estado do Ceará, para fins de reorganização e cumprimento do
calendário letivo do ano de 2020, como medida de prevenção e
combate ao contágio do coronavírus (Covid-19)” e a Resolução
CEE nº 484/2020, de 15 de julho de 2020, que dispõe sobre a
alteração do “artigo 2º e o Parágrafo único do artigo 7º da
Resolução CEE nº 481, de 20 de março de 2020, que dispõe sobre
o regime especial de atividades escolares não presenciais
(remotas) no Sistema de Ensino do Estado do Ceará, para fins de
reorganização e cumprimento do calendário letivo do ano de
2020, como medida de prevenção e combate ao contágio do
coronavírus (COVID-19), e dá outras providências”.
1 Educação Básica
Diante de um ano letivo atípico e dos enormes desafios que
se apresentam para a Educação Básica, em decorrência do
isolamento social e cuidados com a segurança sanitária,
impõem-se adaptações e mudanças em praticamente todas as
esferas da sociedade, inclusive na escola. No desenvolvimento
de atividades remotas, os desafios incluem o fortalecimento do
vínculo com os alunos, maior aproximação entre escola e
família, empatia com o trabalho dos professores e participação
efetiva dos pais.
A suspensão das aulas presenciais foi uma medida
importante para colaborar com o isolamento social, pois a escola
191
é um espaço onde o contato é inevitável. Tal medida tem
encontrado grande apoio junto à comunidade, pais e instituições
de ensino, porque a situação da pandemia remete a cada um a
necessária atitude de se reinventar.
Autoridades da saúde confirmam a eficácia do isolamento
social, o que determinou a suspensão das mais diferentes
atividades sociais, produtivas, incluindo, por excelência, as
atividades escolares, pautando as decisões governamentais em
todas as esferas públicas.
A realidade tem evidenciado que não há certeza do retorno
das escolas às atividades presenciais. Diante desta incerteza, e
para evitar maiores prejuízos à aprendizagem dos alunos da
Educação Básica, este Conselho orienta que as escolas do sistema
de ensino podem dar continuidade às atividades de ensino
remoto, até dezembro de 2020, por precaução e para preservação
da vida.
Ao optar por dar continuidade ao ensino remoto, até a data
acima estabelecida, a instituição de ensino fica obrigada a
realizar os registros legais de frequência pela devolutiva das
atividades, avaliar habilidades e competências adquiridas,
conforme estabelece o art. 5º, § 3º da Resolução CEE nº 481/2020,
alterada pela Resolução CEE nº 484, de 15 de julho de 2020.
No que se refere à adoção de medidas para continuidade da
oferta da Educação Básica, durante o período da pandemia,
excetuando as alíneas ‘i’ e ‘m’, próprias da Educação Profissional
Técnica do Ensino Médio, o Parecer CNE/CP n° 05/2020
recomenda a adoção das seguintes medidas:
a) reorganização dos ambientes virtuais de aprendizagem,
e outras tecnologias disponíveis nas instituições ou redes de
ensino, para atendimento do disposto nos currículos de cada
curso;
b) realização de atividades on-line síncronas de acordo
com a disponibili- dade tecnológica;
c) oferta de atividades on-line assíncronas de acordo com a
disponibilidade tecnológica;
192
d) realização de testes on-line ou por meio de material
impresso, entregues ao final do período de suspensão das
aulas;
e) utilização, quando possível, de horários de TV aberta
com programas educativos para adolescentes e jovens;
f) distribuição de vídeos educativos, de curta duração, por
meio de plata- formas digitais, mas sem a necessidade de
conexão simultânea, seguidos de ativi- dades a serem realizadas
com a supervisão dos pais, quando couber;
g) realização de estudos dirigidos, pesquisas, projetos,
entrevistas, experi- ências, simulações e outros;
h) utilização de mídias sociais de longo alcance (WhatsApp,
Face book, Instagram,etc.) para estimular e orientar os estudos,
desde que observadas as ida- des mínimas para o uso de cada
uma dessas redes sociais; e
i) substituição de atividades presenciais relacionadas à
avaliação, pro- cesso seletivo, Trabalho de Conclusão de Curso
(TCC) e aulas de laboratório, por atividades não presenciais,
considerando o modelo de mediação de tecnologias di- gitais de
informação e comunicação adequado à infraestrutura e interação
necessá- rias;
j) as instituições que não optarem pelo regime de atividades
escolares não presenciais deverão apresentar plano de reposição
das aulas divulgado previamente para alunos e responsáveis;
k) a carga horária correspondente às atividades
curriculares substituídas por estratégias de ensino remoto
poderá ser considerada em cumprimento da carga horária total,
estabelecida no plano de curso que foi aprovado pelo respectivo
órgão competente;
l) as instituições de ensino devem garantir o pleno
cumprimento da carga horária total do curso;
m) os estudantes de cada curso deverão ser comunicados do
plano de ati- vidades definido para o período, com antecedência
de no mínimo 48 horas da exe- cução do mesmo.
193
Todas as atividades de avaliação da Educação Básica
(ensino fundamental, ensino médio, educação profissional
técnica de nível médio e outras modalidades), precedidas de
atividades de acompanhamento pedagógico, deverão ser
devidamente registradas na secretaria escolar.
1.1 Educação Profissional Técnica de Nível Médio
A Educação Profissional tem, entre suas finalidades, a
função social de for- mar os jovens e adultos para o exercício
profissional. Nesse sentido, como destaca recente publicação do
Banco Mundial14, tem potencial para contribuir nas três fases
que o mundo está a vivenciar neste momento de crise, assim
resumidas:
• Na fase da crise pandêmica em que se adota o isolamento
social,serão necessárias diversas formações das equipes de
saúde para o enfrenta- mento da pandemia, bem como a
continuidade das atividades educacio- nais de formação
profissional dos jovens e adultos por meio de estraté- gias
alternativas de ensino remoto ou educação a distância;
• Na fase intermediária da pandemia, quando as escolas,
os negócios e serviços públicos reabrem gradualmente;
• Na fase pós-pandemia, em que as estratégias de
recuperação econô- mica exigirão mudanças estruturais que
impactarão tanto o mercado de trabalho como os sistemas
educacionais. Este Parecer traz recomendações para a fase da
crise pandêmica.
Os cursos técnicos, na forma integrada, concomitante e
subsequente, que optarem pela adoção do regime especial de
atividades remotas, mediadas pelas tecnologias digitais de
informação e comunicação, poderão oferecer aos alunos a
14 HOFTIJZER, Margo, LEVIN, Victoria, SANTOS, Indhira&
WEBER, Michael, TVET (Technical and Vocational Education and Training) in
the times of COVID-19: Challenges and Opportunities in: World Bank.org, may,
2020
194
possibilidade de migração da sua formação para cursos técnicos
na modalidade a distância, ofertados por instituições
devidamente credenciadas e com cursos reconhecidos.
No ensino remoto, há que se ressaltar que a oferta de estágios
e de atividades laboratoriais não presenciais na formação
profissional técnica de nível médio, realizadas em laboratórios e
oficinas, e mesmo nos locais de trabalho, assim como a
realização de estágios, constituem importantes componentes
curriculares da aprendizagem e da aquisição de habilidades e de
competências. E são obrigatórios na área de saúde, assim como
em outros cursos que os incluem nos seus planos.
Para dar sequência à conclusão das formações e,
particularmente dos concluintes, o CEE disciplina no Parágrafo
único do artigo 7º, da Resolução CEE nº 484/2020, que “quando se
tratar de estágios obrigatórios, de atividades em laboratórios e, também,
de atividades de aprendizagem supervisionadas em serviço para os
cursos profissionais técnicos de nível médio e em cursos de graduação,
a instituição de ensino poderá encaminhar ao CEE proposta alternativa
para realização dessas atividades de forma remota, para análise e
deliberação”.
Nesse sentido, a Portaria MEC n° 376/2020 também
flexibiliza que, durante o período excepcional de pandemia, as
atividades práticas e os estágios curriculares obrigatórios, sejam
ofertadas como atividades de teletrabalho, tanto para os
estágios, quanto para outras atividades práticas, sempre que
possível, desde que justificadas no Plano de Curso e autorizadas
pelo CEE, bem como permite que as atividades de avaliações de
desempenho de aprendizagem possam ser cumpridas também
de forma não presencial.
No atual contexto, para as atividades práticas e os estágios
curriculares obrigatórios este Conselho indica como
alternativas: as simulações, a realidade virtual, os laboratórios
virtuais e as atividades laborais online que podem suprir essas
atividades nestes momentos de crise ou mesmo nos cursos a
distância.
195
Citada Portaria atribui responsabilidade às instituições de
ensino quanto à definição das atividades curriculares
presenciais que forem substituídas por outras, não presenciais,
cabendo-lhes assegurar as necessárias orientações e o
indispensável apoio para o seu desenvolvimento. Essas
obrigações estendem-se aos processos avaliativos durante o
período de atividades de ensino remoto, o que exige a
disponibilização, por parte das instituições, de ferramentas e
materiais aos estudantes, que possibilitem o acompanhamento.
Considerando-se as condições necessárias para conclusão
da etapa final do ensino médio, o CEE poderá autorizar, em
caráter excepcional, a emissão do certificado de conclusão, para
aquelas instituições públicas ou privadas que receberem
autorização do Colegiado para este fim.
2 Educação Superior
As universidades estaduais: Universidade Estadual do
Ceará (Uece), a Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) e
a Universidade Regional do Cariri (Urca), além das Escolas de
Governo, são instituições integrantes do Sistema de Ensino do
Estado do Ceará e, nesse sentido regem-se pelas normas
baixadas pelo CEE, cabendo a cada instituição de ensino
superior, no uso de sua autonomia e referenciada nas decisões e
normas emanadas dos conselhos superiores internos, ouvidas as
instâncias representativas da instituição, decidir sobre como
será conduzido o calendário letivo durante o momento de
excepcionalidade em decorrência da crise sanitária. A Resolução
CEE nº 481/2020, alterada pela Resolução CEE nº 484, de 15 de
julho de 2020, estabelece que as instituições educacionais
vinculadas ao Sistema de Ensino do estado do Ceará poderão
manter o semestre letivo em funcionamento (sem suspensão das
atividades), desde que adotem o ensino remoto, e que as
atividades assim realizadas sejam integralizadas normalmente,
para fins de cumprimento da carga-horária letiva:
196
Art. 2° O regime especial de atividades escolares não presen- ciais
(remotas) poderá ser estabelecido, a critério das institui- ções ou redes de
ensino públicas e privadas da educação bá- sica e de educação superior,
pertencentes ao Sistema de En- sino do Estado do Ceará, de 19 de março
a 31 de dezembro de 2020. (Nova redação: Resolução CEE nº 484/2020).
Para dar sequência às atividades letivas, o CEE autoriza, em
caráter excepcional, a realização de atividades remotas, em
substituição às atividades presenciais, até o dia 31 de dezembro
de 2020, cabendo aos colegiados dos cursos a responsabilidade
pela definição dos componentes curriculares que serão
substituídos, bem como os respectivos procedimentos
avaliativos. O art. 1º e parágrafos da Portaria MEC nº. 544/2020
que mantém consonância com a Resolução CEE nº 481/2020,
ressalva que:
§ 3º No que se refere às práticas profissionais de estágios ou às práticas
que exijam laboratórios especializados, a aplicação da substituição de que
trata o caput deve obedecer às Diretri- zes Nacionais Curriculares
aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação - CNE, ficando vedada a
substituição daqueles cursos que não estejam disciplinados pelo CNE.
§4º A aplicação da substituição de prá- ticas profissionais ou de práticas
que exijam laboratórios espe- cializados, de que trata o § 3º, deve constar
de planos de tra- balhos específicos, aprovados, no âmbito institucional,
pelos colegiados de cursos e apensados ao projeto pedagógico do curso.
§5º Especificamente para o curso de Medicina, fica autorizada a
substituição de que trata o caput apenas às disciplinas teórico-cognitivas
do primeiro ao quarto ano do curso e ao internato, conforme disciplinado
pelo CNE.
Evidencia-se que estágios e atividades laboratoriais são
componentes curriculares importantes para a formação nos
cursos de graduação. Nesse sentido, a Resolução CEE nº
481/2020, artigo 7º, parágrafo único, vedava a possibilidade de
realização de estágios e atividades laboratoriais a distância, o
que foi alterado pela Resolução CEE nº 484/2020, passando a
197
admitir que atividades de aprendizagem supervisionadas, em
serviço, para práticas profissionais em estágios e de atividades
em laboratórios possam ser autorizadas, desde que a instituição
encaminhe solicitação ao CEE para análise e deliberação, com
proposta alternativa para realização dessas atividades.
Para validação da carga horária ministrada de forma
remota, assim como das atividades acadêmicas, segundo
estabelece a Resolução CEE nº 481/2020, alterada pela Resolução
CEE nº 484/2020, as instituições deverão realizar os registros das
atividades.
Embora o CEE entenda que a adoção de atividades remotas
seja uma forma de manter o semestre letivo em funcionamento e
sem suspensão das atividades, as Instituições de Ensino
Superior (IES), no exercício de sua autonomia, discernirão quais
atividades realizadas podem ser validadas e integralizadas aos
currículos dos cursos. Nesse caso, é importante que sejam
elaborados critérios para “mensurar” as atividades realizadas
para validação e reposição, se for o caso. A citada Resolução em
seu artigo 5º, § 3º, determina que:
§ 3º As instituições de ensino deverão registrar de forma por- menorizada
e arquivar as comprovações que demonstram as atividades escolares
realizadas fora da escola, a fim de que possam ser autorizadas a compor
carga horária de atividade escolar obrigatória a depender da extensão da
suspensão das aulas presenciais durante o presente período de
emergência.
No que se refere à continuidade do calendário escolar
presencial pós pandemia e isolamento social, o entendimento
que vem se consolidando é o de que as instituições de ensino
devem envidar esforços para criar alternativas remotas às
atividades presenciais, até que seja possível retomar a
regularidade das atividades letivas. Ressalta-se que não há
previsão clara para o fim da crise sanitária no Brasil e no mundo,
por isso, o CEE não recomenda que se aguarde a normalidade,
198
já que a data está em aberto. Sendo assim, orienta as IES que não
suspendam o calendário letivo, mas que realizem atividades de
forma remota, utilizando múltiplos formatos, atentando para o
princípio da flexibilidade, a fim de acolher as especificidades
das distintas áreas do conhecimento.
Destaca-se que para manter aulas e demais atividades
acadêmicas não presenciais é indispensável que o calendário
escolar esteja em vigor, pois somente assim as atividades serão
consideradas letivas e regulares. Manter o calendário
funcionando significa não cancelar nem suspender as atividades
acadêmicas. A depender da situação específica de cada
instituição, haverá necessidade de redefinir as datas de início e
fim do semestre letivo. A Resolução CEE nº 481/2020, alterada
pela Resolução nº 484/2020, regulamentou esse tempo
excepcional.
A opção da instituição em retornar as atividades letivas
somente quando do retorno ao modelo presencial, deixando,
portanto, de adotar o ensino remoto, está tratada no artigo 6º da
Resolução CEE nº 481/2020, alterada pela Resolução nº 484/2020:
Art. 6° As instituições ou redes de ensino, que, por razões di- versas,
optarem por não executar as atribuições constantes no Art. 3º desta
Resolução, deverão aprovar e dar ampla divulga- ção do novo calendário,
contendo proposta de reposição das aulas presenciais referente ao período
de regime especial, tão logo cesse esse período.
Considere-se, no entanto, que mesmo optando por dar
continuidade ao semestre letivo com atividades presenciais,
nada assegura a frequência dos estudantes diante de uma
impossibilidade, pois não há como a IES assegurar a presença
em meio a uma crise sanitária.
Caso alguns estudantes que, por qualquer motivo, não
puderem participar de atividades presenciais ou remotas
poderão optar por cancelar a matrícula, sem qualquer prejuízo,
voltando a se rematricular em oportunidade futura.
199
Uma vez tomada a decisão institucional de retomada das
atividades de forma remota, os estudantes estarão convocados
para assumi-las e adotá-las. No entanto, é necessário considerar
a hipótese em que os estudantes fiquem impossibilitados de
participar, tanto por motivos técnicos e/ou operacionais, quanto
por motivos de saúde, neste caso, a universidade deverá
viabilizar a exclusão de matrículas nos componentes curriculares
referidos, sem prejuízo aos estudantes que assim o desejarem; e
nova matrícula poderá ser feita oportunamente, quando a
universidade voltar a ofertar o componente curricular
cancelado.
II – FUNDAMENTAÇÃO LEGAL
As indicações constantes deste Parecer respaldam-se nos
seguintes diplomas legais:
- Constituição Federal/1988, art. 208; - Constituição
Estadual, art. 230;
- Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de
20 de dezembro de 1996;
- Resolução CEE nº 481/2020, de 27 de março de 2020, que
“dispõe sobre regime especial de atividades escolares não
presenciais no Sistema de Ensino do Estado do Ceará, para fins
de reorganização e cumprimento do calendário letivo do ano de
2020, como medida de prevenção e combate ao contágio do
coronavírus (COVID-19)”;
- Resolução CEE 484/2020,que “altera o artigo 2º e o
Parágrafo único do artigo 7º da Resolução CEE n.º 481, de 20 de
março de 2020, que dispõe sobre o regime especial de atividades
escolares não presenciais (remotas) no Sistema de Ensino do
Estado do Ceará, para fins de reorganização e cumprimento do
calendário letivo do ano de 2020, como medida de prevenção e
combate ao contágio do coronavírus (COVID -19), e dá outras
providências.
200
- Medida Provisória nº 934/2020, DOU de 1º de abril de
2020, que estabelece normas excepcionais sobre o ano letivo da
educação básica e do ensino superior decorrentes das medidas
para enfrentamento da situação de emergência de saúde pública
de que trata a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de2020.
- Portaria MEC n° 376, de 03 de abril de 2020, DOU de
06/04/2020, que dispõe sobre aulas nos cursos de educação
profissional técnica de nível médio, enquanto durar a situação
de pandemia do novo coronavírus – Covid-19.
- Parecer CNE/CP n° 5/2020, de 28 de abril de 2020, DOU
de 01/06/2020, que dispõe sobre a reorganização do Calendário
Escolar e da possibilidade de cômputo de atividades não
presenciais para fins de cumprimento da carga horária mínima
anual, em razão da Pandemia da Covid-19.
- Portaria MEC nº 544, de 16 de junho de 2020, DOU de
17/06/2020, que dispõe sobre a substituição das aulas
presenciais por aulas em meios digitais, enquanto durar a
situação de pandemia do novo coronavírus - Covid-19, e revoga
as Portarias MEC nº 343, de 17 de março de 2020, nº 345, de 19
de março de 2020, e nº 473, de 12 de maio de 2020.
- Decreto nº 33.637, DOE de 27 de junho de 2020, que
prorroga o isolamento social no estado do Ceará, renova a
política de regionalização das medidas de isolamento e dá outras
providências.
- Decreto nº 33.671/2020, DOE de 11 de julho de 2020, que
prorroga o isolamento social no estado do Ceará, renova a
política de regionalização das medidas de isolamento social, e
dá outras providências.
III – VOTO DA COMISSÃO RELATORA
Diante da situação de excepcionalidade instalada pelo novo
coronavírus (Covid19) e das incertezas provocadas pela
pandemia quanto ao retorno às atividades escolares presenciais
com a devida segurança sanitária, e visando a não prejudicar a
201
continuidade das atividades letivas e sua terminalidade, a
Comissão Relatora Bicameral, fundada em três princípios
basilares: equidade, flexibilização e inclusão, delibera,
excepcionalmente, pela continuidade das atividades remotas nas
instituições de Educação Básica (educação infantil, fundamental
e médio e respectivas modalidades), inclusive nos cursos de
Educação Profissional Técnica de Nível Médio e nas Instituições
de Educação Superior, vinculados ao Sistema de Ensino do
estado do Ceará, que assim definirem, até 31 de dezembro de
2020, mesmo sendo autorizada a retomada de atividades
presenciais nesse período pelas autoridades competentes.
A Comissão reitera que, com coragem, liberdade,
responsabilidade e cuidado será possível enfrentar este
momento e continuar criando, produzindo, ensinando e
aprendendo; que nada substitui o professor na condução das
atividades de ensino e de aprendizagem, pois é na interação
entre professor e aluno que as relações se firmam e se
reinventam.
IV – CONCLUSÃO DO PLENÁRIO DO CEE
Parecer aprovado pelo Plenário do Conselho Estadual de
Educação do Ceará, por unanimidade dos presentes.
Sala das sessões plenárias do Conselho Estadual de
Educação, em Fortaleza aos 22 de julho de 2020.
ADA PIMENTEL GOMES FERNANDES VIEIRA
Presidente do CEE
CUSTÓDIO LUÍS SILVA DE ALMEIDA
Presidente da Comissão GUARACIARA BARROS LEAL
Relatora LÚCIA MARIA BESERRA VERAS
Membro
202
LUCIANA LOBO MIRANDA
Membro MARIA DE FÁTIMA AZEVEDO FERREIRA LIMA
Membro MARIA LUZIA ALVES JESUÍNO
Membro NOHEMY REZENDE IBANEZ
Membro OROZIMBO LEÃO DE CARVALHO NETO
Membro RAIMUNDA AURILA MAIA FREIRE
Membro SAMUEL BRASILEIRO FILHO
Membro SEBASTIÃO TEOBERTO MOURÃO LANDIN
Membro SELENE MARIA PENAFORTE SILVEIRA
Membro
203
SOBRE O AUTOR
Natural de Iguatu (CE).
Nasceu em 1961. Filho de
Pedrina Maria da Silva
Martins, lavadeira, mãe
generosa e visionária, que
muito se empenhou na sua
formação básica e se engajou
diligentemente no seu
ingresso e a permanência no
Colégio Militar de Fortaleza (CMF), no período de 1976 a 1982. Não
conheceu o pai. Ao deixar o CMF, graduou-se em Letras pela
Universidade Estadual do Ceará (1987), fez mestrado em Educação
pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (FACED, 1996) da
Universidade Federal do Ceará, com a dissertação “Constituição e
educação: análise evolutiva da educação na organização
constitucional do Brasil”, sob a orientação do Dr. André Haguette
(UFC) e doutorado em Linguística (2013) com a tese “Estratégias
de Compreensão de Expressões Idiomáticas por Não Nativos do
Português Brasileiro”, sob a orientação da Dra. Rosemeire Selma
Monteiro-Plantin (UFC) pelo Programa de Pós-Graduação em
Linguística (PPGL) da Universidade Federal do Ceará. Em 1989,
participou do processo de elaboração do Capítulo da Educação da
Constituição do Estado do Ceará, com a proposição e aprovação de
20 artigos educacionais que hoje figuram na Carta Estadual. Em
1990, também colaborou na elaboração da Lei Orgânica de
Fortaleza com a aprovação de, ao menos, 30 artigos na área
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educacional que hoje fazem parte da Carta Municipal. Desde 1994,
em virtude de concurso público, mudou-se com a família para
Sobral (a 220 km de Fortaleza/CE), onde atua como docente de
Linguística do Curso de Letras da Universidade Estadual Vale do
Acaraú (UVA). Além de dedicar-se entusiasticamente a pesquisas
linguísticas (Psicolinguística, Fraseologia, Filologia, Descrição do
Português e Literatura Regional), tem se interessado em estudos
educacionais (Legislação Educacional, BNCC, Acordo Ortográfico,
EJA, Educação Básica, Educação Inclusiva etc) e atuado ativamente
nas áreas de Formação de Professores, em nível de pós-graduação,
e como docente nos cursos de Especialização em Língua
Portuguesa e Psicopedagogia, respectivamente. Durante 10 anos,
atuou na área de ensino de Língua Portuguesa e de língua
espanhola na educação básica, em Fortaleza. Lotado no Curso de
Letras do Centro de Filosofia, Educação e Letras (CENFLE) da
UVA, tem, ao longo dos anos, ministrado disciplinas como Fonética
e Fonologia do Português, Aquisição da Linguagem e Estilística do
Português, áreas em que escreveu muitos artigos científicos e
livros. Na pós-graduação stricto sensu, tem participado, como
examinador externo, dos Programas de Pós-Graduação em
Universidade Federal do Ceará (UFC) e de Pós-Graduação em
Linguística Aplicada da Universidade Estadual do Ceará (UECE).
Coordenou, na UVA, de 2015 a 2017, o subprojeto de Letras (Língua
Portuguesa) do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à
Docência (PIBID) e coordenou de 2018-2020 o Programa de
Residência Pedagógica da CAPES/MEC. Possui Estágio Pós-
Doutoral em Linguística no Programa de Pós-Graduação em
Língua e Cultura do Instituto de Letras da Universidade Federal da
Bahia, sob a supervisão da Prof.ª Dra. Livia Marcia Tiba Radis
Baptista (UFBA) com a pesquisa “Frasemário Cultural:
Identificação, Classificação e Constituição de Corpus de
Culturemas nos Romances do Nordeste Brasileiro” (2016-2017).
No momento, cursa seu segundo estágio de pós-doutorado pela
UFC (2019-2020), na área de Linguística, com pesquisa sobre “Os
Culturemas no Discurso Lítero-Musical das Letras de Canção
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Brasileira”, sob a supervisão da Profª Dra Roseimeire Selma
Monteiro-Plantan (UFC). Mais recentemente publicou livros nas
áreas de educação, linguística e ensino de língua portuguesa , todos
pela editora Pedro & João Editores (consultar títulos em
http://www.pedroejoaoeditores.com.br/). Contatos para eventos e
palestras em todo o Brasil, presenciais ou virtuais, favor enviar
convite ou proposta para [email protected]