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1 EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: AÇÕES EDUCATIVAS NA ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL LEOPOLDINA VERAS DA SILVEIRA EM CAPÃO DA CANOA/RS ALEXANDRE PENA MATOS Doutorando pela Pontifícia Universidade Católica PUCRS [email protected] A pesquisa e o trabalho arqueológico devem apresentar a contextualização da área abrangida pelo empreendimento, avaliando o seu patrimônio histórico, arqueológico, material e imaterial. No diagnóstico torna-se necessário que o pesquisador estabeleça um diálogo com o grupo escolar e a comunidade local. Apresentando informações relevantes sobre o lugar em seus vários momentos temporais. E é justamente nesse quadro que as ações educativas colaboram no diálogo do passado com o presente. O artigo 26 da LDB 1 propõe que “os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela”. Um dos fundamentos expostos nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica ─ Parecer CNE/CEB 7/2010 2 ─ é a possibilidade do espaço escolar se tornar um laboratório para o exercício pleno da cidadania, visando a construção das habilidades necessárias à vida cidadã. A transposição deste princípio para a dinâmica curricular exige da escola a articulação e a sequenciação de atividades que ultrapassem os limites conceituais das disciplinas. Segundo este documento Compreender e realizar a educação, entendida como um direito individual humano e coletivo, implica considerar o seu poder de habilitar para o exercício de outros direitos, isto e, para potencializar o ser humano como cidadão pleno, de tal modo que este se torne apto para viver e conviver em determinado ambiente, em sua dimensão planetária. 1 Lei Federal 9394, de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 2 Parecer Normativo emitido pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, em 7 de abril de 2010, e publicado no Diário Oficial da União em 9 de julho de 2010.

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EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: AÇÕES EDUCATIVAS NA ESCOLA DE ENSINO

FUNDAMENTAL LEOPOLDINA VERAS DA SILVEIRA

EM CAPÃO DA CANOA/RS

ALEXANDRE PENA MATOS

Doutorando pela Pontifícia Universidade Católica – PUCRS

[email protected]

A pesquisa e o trabalho arqueológico devem apresentar a contextualização da área

abrangida pelo empreendimento, avaliando o seu patrimônio histórico, arqueológico, material

e imaterial. No diagnóstico torna-se necessário que o pesquisador estabeleça um diálogo com

o grupo escolar e a comunidade local. Apresentando informações relevantes sobre o lugar em

seus vários momentos temporais. E é justamente nesse quadro que as ações educativas

colaboram no diálogo do passado com o presente.

O artigo 26 da LDB1 propõe que “os currículos do ensino fundamental e médio devem

ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e

estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais

e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela”.

Um dos fundamentos expostos nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação

Básica ─ Parecer CNE/CEB 7/20102 ─ é a possibilidade do espaço escolar se tornar um

laboratório para o exercício pleno da cidadania, visando a construção das habilidades

necessárias à vida cidadã. A transposição deste princípio para a dinâmica curricular exige da

escola a articulação e a sequenciação de atividades que ultrapassem os limites conceituais das

disciplinas. Segundo este documento

Compreender e realizar a educação, entendida como um direito individual humano e

coletivo, implica considerar o seu poder de habilitar para o exercício de outros

direitos, isto e, para potencializar o ser humano como cidadão pleno, de tal modo

que este se torne apto para viver e conviver em determinado ambiente, em sua

dimensão planetária.

1 Lei Federal 9394, de 20 de dezembro de 1996 – Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 2 Parecer Normativo emitido pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, em 7 de abril

de 2010, e publicado no Diário Oficial da União em 9 de julho de 2010.

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A educação é, pois, processo e pratica que se concretizam nas relações sociais que

transcendem o espaço e o tempo escolares, tendo em vista os diferentes sujeitos que

a demandam. Educação consiste, portanto, no processo de socialização da cultura da

vida, no qual se constroem, se mantêm e se transformam saberes, conhecimentos e

valores (Parecer CNE/CEB 7/2010).

No Plano de Estudos das Escolas, o dispositivo da transversalidade, como eixo

articulador de ações e temáticas que atendam as demandas sociais, materializa a necessidade

de atualização e autorregularão da proposta curricular dos colégios. A prescrição de conteúdos

no Plano de Estudos, no limite das áreas de conhecimento, não comporta em si a

complexidade do mundo que precisa ser traduzida nas propostas curriculares. A educação

precisa dialogar com o mundo contemporâneo, realizando uma escuta atenta das suas

demandas e traduzindo estas percepções em ações pedagógicas que qualifiquem as

aprendizagens dos educandos.

O que se discute hoje na elaboração das matrizes curriculares é o quanto a escola

precisa desenvolver nos educandos as habilidades necessárias para a vida cidadã e, de forma

mais clara, uma vida de qualidade no mundo contemporâneo. O número de temáticas é

grande, e no processo de construção do discurso pedagógico, a escola define politicamente

seu espectro de ação. Nenhuma escolha é neutra, mas fruto do diálogo, da consciência e da

responsabilidade da escola na operacionalização de um currículo, que é um percurso

formativo. O que não pode acontecer é a escola, em nome de uma manutenção de conteúdos

tradicionais, muitas vezes completamente desconectados das vivências contemporâneas,

fechar os olhos para a experiência de vida dos sujeitos da educação. Nesse sentido, o percurso

formativo proposto por uma proposta curricular é a resposta que a escola dá às expectativas

que a comunidade nela espera.

A Arqueologia Pública, atenta às demandas da comunidade, insere-se na

transversalidade dos conteúdos propostos nas salas de aula, rompendo o uso exclusividade

disciplinar e ousando dialogar com temas das mais diferentes ciências.

As ações educativas no âmbito escolar, tem início no país a partir dos anos 1980 nos

trabalhos efetuados por Maria de Lourdes Parreiras Horta, vinculada ao Museu Imperial do

Rio de Janeiro.

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A Educação Patrimonial pode ser desenvolvida em salas de aulas, assim como, nos

passeios, centros de lazer, passeios turísticos e museus. A atividade busca envolver a rede

escolar, as famílias, as organizações locais, autoridades governamentais e empresas.

As ações de Educação Patrimoniais tornaram-se mais intensas a partir de 1997,

especialmente em lugares de áreas tombadas como patrimônio nacional pelo Instituto do

Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), com finalidade de envolver as

comunidades locais na conservação do patrimônio.

O trabalho educacional pontuado no Patrimônio Cultural consiste em trocas de saberes

entre o indivíduo e o coletivo. Envolve, conforme Horta (1999), um “trabalho sistemático e

permanente de exploração direta dos objetos e das expressões culturais, em uma condição em

que se possa questioná-los e explorá-los em todos os aspectos, para então traduzi-los em

conceitos e conhecimentos com apoio de livros e textos”. Assim, a autora segue, que trata-se

de um “processo ativo de conhecimento que favorece não só a apropriação e valorização dos

bens cultuais herdados, como seu usufruto e a geração de novos conhecimentos a respeitos

deles”. E por fim, a autora complementa, que “o princípio básico da educação patrimonial é

exatamente essa experiência direta com os bens e fenômenos culturais, de modo a

compreendê-los e valorizá-los em um processo contínuo de descoberta”.

Na ação pedagógica, conforme os autores Silva, Tulux e Le Bourlegat (2011, p. 21)

“são utilizados lugares e suportes de memórias, tais como: museus, monumentos históricos,

arquivos, bibliotecas, sítios históricos, vestígios arqueológicos”, entre outros, “a fim de

desenvolver a sensibilidade e a consciência sobre a importância da conservação desses bens

culturais”. Para tanto os autores esclarecem que a sensibilização,

consiste em um exercício de interação com os bens patrimoniais, ou mesmo com os

vestígios que possam por ele ser tocados e/ou percebidos. A observação e a

manipulação de vestígios da cultura material promovem o conhecimento, a

apropriação e a valorização da herança cultural. Vista assim, a educação patrimonial

acaba se tornando o ponto de convergência entre preservação, conservação e

valorização cultural. Por meio da ação educativa promovem-se modificações no

relacionamento com os bens culturais, especialmente quando se consegue lhes atribuir a devida importância no processo sociocultural e ambiental no qual se está

inserido.

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Sendo assim, a inserção da Educação Patrimonial como transversalidade

(interdisciplinaridade) na escola e na comunidade representa uma iniciativa significativa no

desenvolvimento da identidade e da memória. A volatilidade dos dias atuais, em que os

sentidos são perdidos, os significados são mutáveis e as identidades híbridas, a educação

representa um dispositivo fundamental para a disseminação e solidificação dos valores

necessários a constituição de uma vida em sociedade. Freire (1996), chama atenção que a

“importância em se trabalhar a identidade cultural na educação, lembrando que uma das

tarefas mais importantes da prática educativa-crítica é propiciar as condições para os

aprendizes poderem se assumir como ser social e histórico”. Esses valores, no entanto,

dependem do desenvolvimento da autoestima, do conhecimento de si e do sentimento de

pertencimento a uma comunidade, onde as referências culturais fazem parte desta construção.

A função principal da Educação Patrimonial atrelada a Pesquisa da Arqueologia de

Contrato é de possibilitar ações que desenvolvam o reconhecimento da cultura que está ligada

ao Patrimônio Arqueológico da região. De certa forma, o que se propõe com a inclusão da

Educação Patrimonial em um projeto de Licenciamento Ambiental é a Memorial Temporal

(ocupação do espaço em outros tempos por outros indivíduos), ou seja, desenvolver as ações

necessárias para que o sujeito reconhecer, interprete e valorize os signos manifestados de

determinada cultura seja ela, material ou imaterial. Não se pode querer que uma comunidade

valorize seu patrimônio cultural se não forem construídas as habilidades necessárias para o

reconhecimento e compreensão desses elementos.

De acordo com as sínteses apresentadas no I Fórum Nacional do Patrimônio Cultural,

a Educação Patrimonial tem como objetivos:

Construir novas possibilidades de percepção e de atribuição de sentido ao bem

cultural.

Promover a autoestima da comunidade possibilitando a (re) significação e a relação

positiva com a cidade e com o patrimônio.

Valorizar formas compartilhadas de agir que permitam a construção de um sentimento

de pertença das pessoas com o lugar.

A Educação Patrimonial exige o implemento de ações pedagógicas como visitas

assistidas, expedições patrimoniais, contação de histórias, blogs, círculos de literatura e arte,

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dentre outras, articulando ações na educação formal, informal e não-formal. Na verdade,

nenhuma dessas ações é estranha às práticas pedagógicas já desenvolvidas. O que se propõe

com a transversalidade é o incremento de relações de sentido mais claras aos educandos.

Assim, conteúdos e práticas que antes eram desenvolvidos na programação, seja ela na escola

ou dentro da comunidade isoladamente ou sem referência no mundo vivido, ganham

significados e ecos nas vivências cotidianas dos sujeitos.

O campo de ações e conhecimentos da Educação Patrimonial refere-se a qualquer

evidência material ou imaterial, manifestações da cultura, seja um objeto ou conjunto de bens,

um monumento, um sítio histórico ou arqueológico, uma paisagem natural, um parque ou uma

área de proteção ambiental, um centro histórico urbano ou uma comunidade da área rural,

uma manifestação popular de caráter folclórico ou ritual, um processo de produção industrial

ou artesanal, tecnologias e saberes populares, e qualquer outra expressão resultante da relação

entre os indivíduos e seu meio ambiente. Ainda constituem o patrimônio vivo: artesanatos,

maneiras de pescar, caçar, plantar, cultivar e colher, de utilizar plantas como alimentos e

remédios, de construir moradias e fabricar objetos de uso, a culinária, as danças e músicas, os

modos de vestir e de falar, os rituais e festas religiosas e populares, as relações sociais e

familiares, as canções, as histórias e lendas contadas de geração a geração. Tudo isso, são

elementos que já aparecem, de uma forma ou outra, na programação curricular da escola, nas

áreas de Arte, História, Língua Portuguesa, Educação Religiosa, Matemática, Física e

Química e mesmo em Ciências e Geografia, quando se trata de valorização do patrimônio

natural. Não se trata do acréscimo de conteúdo, mas sim da ressignificação desses, de forma a

constituir um sentido mais amplo e uma relação de pertencimento.

Os autores Silva, Tulux e Le Bourlegat (2011, p. 21), relatam que no Campo

Simbólico, na Identidade Territorial e no Desenvolvimento Local, o patrimônio passa a ser

usufruído pela comunidade quando é visto como “um bem coletivo, ao conhece-los e

reconhece-lo como algo herdado e que também deve ser deixado de herança para as novas

gerações”, esse legado se constitui em riqueza cultural, memória e identidade coletiva quando

serve de referência para se distinguir de outras culturas e territórios”. E os autores

complementam, que “o conjunto de representações culturais, que nasce da sensibilidade e da

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busca de significações de um grupo social ou coletividade no cotidiano vivido, constitui seu

campo simbólico”.

A representação geossimbólica do conjunto de signos e valores carregados de

afetividade e significações de uma coletividade atrelada a um território. Os

geossímbolos vão além da cultura, pois dizem respeito à concepção que essa

coletividade enraizada em seu território faz do mundo e de seus próprios destinos,

numa realidade muito mais sonhada do que vivida. A dimensão torna-se

geossimbólica e dá coesão a um grupo social, a uma coletividade, ou a um povo e

que conforma uma etnia, ou seja, agrupamentos de pessoas que se identifiquem

através de suas simbologias; costumes, falas, rituais, etc. Nesse espaço de comunhão

se revela a identidade de um grupo, assim definindo quem é de dentro ou de fora e surgindo a conservação cultural (BONNEMAISON apud SILVA, TULUX, LE

BOURLEGAT, 2011, p. 22).

Para Silva, Tulux e Le Bourlegat (2011, p. 22), o território “se constrói como sistema e

como símbolo, e a territorialidade revela a relação que uma coletividade tem com seu

território”, mas essa não é a única força que constitui coesão social, atrelado ao lugar estão os

costumes que o povo traz ao ocupar determinada região, e assim, na conjunção espaço e

memória, há o desenvolvimento da cultura. Portanto o desenvolvimento patrimonial local

consiste na união cultural com a região e vice-versa, perante o tempo.

A ação educativa se deu no grupo escolar Escola Municipal de Ensino Fundamental

Leopoldina Veras da Silveira, localizada na Rua Cesar da Silva Bitencourt, 927, Bairro Zona

Nova, Capão da Canoa/RS, com duas turmas de 5º e de 6º Ano. As duas turmas de 5º Ano

contaram com 53 alunos e com a participação das Professoras de História e Geografia Sra.

Edna e Valéria. Nos 6º Anos, contaram com 48 discentes e os regentes de turmas Professora

de História Sra. Ana Cristina e o Professor de Matemática Sr. Renato. Ambos os encontros

foram no turno da manhã. Como se tratada de duas turmas, iniciou-se atividade as 8:30 h às

10 h e posteriormente das 10:30 a 11:45 h, aproximadamente 1h:30min de atividade.

Contemplou-se as especificidades da pesquisa arqueológica, fornecendo uma visão

abrangente da arqueologia regional para envolve-los na preservação e no estudo do

patrimônio arqueológico, os recursos utilizados foram impressos, audiovisuais e dinâmicas

com colagem de cerâmica industrializada (potes de barro).

A proposta, iniciou-se com uma conversa sobre os antigos habitantes do lugar hoje

conhecido como município de Capão da Canoa/RS e a região do Litoral Norte/RS.

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Questionando: o que os alunos conheciam dos Povos Indígenas? Assim como, suas formas de

vivência, maneiras de pescar, caçar, plantar, cultivar e colher, de que plantas utilizavam como

alimentos e remédios, modos de se abrigar das intempéries, fabricar objetos de uso, da

culinária, das danças e músicas, dos modos de vestir-se e de falar, os rituais e festas religiosas

e populares, das relações sociais e familiares, entre as histórias e lendas, e por fim, o seu

legado material e imaterial. Essa atividade de trocas de saberes, procurou-se pontuar o

patrimônio cultural através dos estilos, formas, funções, características, tipologias e épocas

diferentes que por vezes são eleitos por uma comunidade ou por agentes detentores de poder.

E como essas relações estabelecidas em outros presentes, agora considerado passado, podem e

ainda influenciam as relações dos indivíduos e as comunidades do atual presente.

Durante as atividades, implementamos um momento de reflexão com o uso do livro

Uma aventura arqueológica no Museu dos autores Cristine Mallmann Vicroski e Fabrício J.

Nazzari Vicroski, da editoria Veon Livraria e Editora, 2012 (ANEXO 02). A obra inicia com

a descoberta de uma peça no quintal da residência dos donos da cachorra Dara, o cão da casa

e das crianças, a avó incita que os netos levem o objeto até o museu da cidade para ser

analisado. Em outro momento a pesquisadora do Museu conta a história da peça e de seus

confeccionadores (trata-se de um recipiente indígena). A pesquisadora do almanaque, explica

como se deu a entrada dos primeiros seres humanos na região do Rio Grande do Sul e suas

diferentes culturas. Explana também, o trabalho dos arqueólogos e historiadores para

reconstituir o modo de vida desses grupos humanos. Nas últimas páginas há atividades como

passatempos: desenhe o rosto da Dara (cachorra da história), caça-palavras, jogo dos 7 erros,

vamos ajudar a Dara a encontrar os objetos, para colorir e na última página as respostas das

atividades.

A função principal da Educação Patrimonial na escola é possibilitar o conhecimento, o

acesso à informação e bens, à fruição dos bens culturais, para que a sociedade possa

reconhecer a importância de sua cultura e valorizar a educação. Esta educação possibilita a

uma comunidade escolher no presente, o que quer preservar do passado, ao buscar na cultura

imaterial e material, tal como, os monumentos edificados, os objetos, os signos, as tradições,

assim como, os lugares que desejam preservar, sem que haja a intervenção do Estado

elegendo o que e como preservar

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O conteúdo proposto, dessa dinâmica seguiu as orientações das Portarias do IPHAN:

O que é patrimônio?

A importância do patrimônio cultural brasileiro.

As especificidades do patrimônio arqueológico regional.

Objetivos da arqueologia, enquanto ciência.

A preservação do patrimônio, a partir das normas legais: legislação ambiental e

legislação específica.

A corresponsabilidade pela preservação do patrimônio nacional.

A resposta da atividade lúdica foi extremamente positiva, não importando a idade,

todos se virão em algum momento formulando questões sobre arqueologia, patrimônio,

memória e, principalmente, como se fazer representar nos locais de memória, ou seja, nos

museus, o que compor nos acervos.

Na atividade seguinte, os alunos vivenciaram uma prática simulada de arqueologia,

através da Arqueologia Experimental, os alunos tiveram oportunidade de efetuar a Colagem

de Fragmentos de Cerâmica, seguindo uma série de encaixes para recompor a imitação da

panela indígena. Os materiais e instrumentos utilizados para proposta foram adquiridos em

armazéns de construção e floricultura. Para tanto, passamos slides em projetor, além de

esclarecer sobre a modelagem de artefatos em argila, além dos processos de confecção da

panela e suas dinâmicas individuais e coletivas dentro de uma comunidade indígena,

conforme o livro Cerâmica Indígena Brasileira em Suma Etnológica Brasileira, de Tânia

Andrade Lima.

A execução de artefatos em argila é um aspecto presente na maioria das

comunidades indígenas brasileiras, sendo uma atividade essencialmente feminina

com exceção para os grupos Yanomâmi, Waharibo e os Yekuana. Entre alguns

outros grupos a produção é realizada com a participação masculina em algumas etapas. Segundo Lima (1987, p. 174) nos povos Waurá os homens participam da

coleta e do transporte da argila, esse é um aspecto novo devido ao aumento da

produção. Entre os Júruna tanto o homem quanto mulher conhecem a tecnologia,

mas os homens só participam do processo de modelagem. Já entre os Tapirapé, os

homens produzem cachimbos enquanto que as mulheres fabricam panelas. De

maneira geral o processo de manufatura da cerâmica entre os povos indígenas

obedece, em linhas gerais, a uma mesma sequência operacional, com pequenas

variações de caráter local que são, na maior parte das vezes, de caráter simbólico. A

técnica utilizada pela maioria dos grupos indígenas é a do acordelado: superposição

de rolos de argila a partir de uma base, em forma de anéis ou espirais. Como

exceção, registra-se o grupo Tapirapé, que modelam diretamente suas peças em uma

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massa de barro - nos demais grupos essa técnica é destinada somente para peças

pequenas.

Lima (1987), expõe o processo operacional que versa sobre a obtenção da argila, que

se dá na “retirada das margens ou leitos de rios ou córregos. Para coleta normalmente

aproveita-se o período das secas, quando as águas dos rios encontram-se baixas, sendo muito

comum a participação dos homens nesta tarefa, em função do grande esforço necessário”.

Para tanto, informamos aos alunos que os objetos arqueológicos quando são

recuperados, segue determinadas etapas de intervenção: limpeza, marcação, consolidação,

colagem, preenchimento de lacunas e reintegração pictórica, conservação e restauro e por fim,

são submetidos a análises que traduzem a qual cultura a fabricou. Ressaltamos, conforme

Lima (1986), que a

cerâmica arqueológica é um vestígio tecnológico que conta com os diferentes aspectos culturais para sua fabricação, além de conhecimentos técnicos para fabricar

o vasilhame de argila. Sendo assim, em seu corpo há os diferentes tipos de

características, as variações de composição, de execução, de pastas utilizadas e

também figura a espacialidade e a temporalidade ligados a uma determinada cultura.

Assim como, que os objetos arqueológicos muitas vezes, quase em sua maioria, se

encontram com grandes desgastes e quebrados, com falta de peças e que também por vezes,

não é possível a reconstituição parcial ou total dos achados arqueológicos. Os vasilhames

cerâmicos arqueológicos apresentam-se na sua maioria muito fragmentados, faltando partes

essenciais para a reconstituição da forma dos objetos. Também que “em alguns casos, esses

vestígios identificam traços do processo de manufatura da cerâmica, como a queima,

amassamento da argila, técnicas de manufaturas e sinais de descarte após o abandono dos

objetos. Comprovado o encaixe, faz-se o mapeamento dos fragmentos com giz, fita crepe,

com a finalidade de auxiliar a montagem da peça” (LIMA, 1987).

E também enfatizamos que cada peça (panela ou fragmento) suscita problemas

próprios e exige da parte do técnico a definição de um programa de intervenção que lhe seja

adequado. Esta definição do programa tem por base um diagnóstico prévio, a partir do qual se

definem as etapas de intervenção, que variam consoante as patologias e as características que

apresentam.

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O kit disposto aos alunos foram: 8 a 9 fragmentos de cerâmica industrializada,

pintados do lado exterior, com desenhos e cores diversas, cada grupo de fragmentos pertencia

a 8 vasos diferentes que foram misturados e colocados em sacos plásticos distintos; cola tenaz

branca; palito de picolé; 5 folhas de papel toalha; um fichário de anotações, para preencher os

dados dos nomes dos componentes do grupo, qual tipologia do material que estavam

manipulando, cor do material, quantidade de fragmentos, opção de avaliação da dinâmica e

espaço para observações diversas.

A metodologia utilizada para essa atividade, os alunos de cada turma foram divididos

em grupos. E cada grupo recebeu um kit com material pertinente a tarefa. Logo depois, os

grupos deveriam tentar remontar a panela simulada, caso não conseguissem com os

fragmentos dados no início, eles deveriam trocar com os outros grupos, até encontrarem as

peças que se encaixavam, observando-se as seguintes características: formato, espessura,

coloração da superfície das peças, assim como as fraturas iriam indicar quais fragmentos

colariam com seu par, e posteriormente, deveriam passar cola em ambos os lados dos

fragmentos e pressionar as partes até atingir o ponto de fusão, entre 30 a 45 segundos e assim

por diante, até a montagem integral do item.. Assim aos poucos, foram montando o quebra-

cabeças da panela simulada.

O oficineiro questionava durante a dinâmica, quais características os fizeram encontrar

os fragmentos corretos (que se moldavam) para montar a panela simulada. Se existia

especificidades em cada panela? Se poderiam haver trocas entre os grupos indígenas? Quais

eram as relações entre a pintura e a confecção da panela com o indivíduo que confeccionava?

Existiriam os signos (símbolos) do indivíduo e do grupo na peça?

As dicas importantes para que a dinâmica se torne prazerosa e que garanta um

procedimento seguro:

Consultar previamente os regentes de aula sobre a matéria dada anteriormente e o que eles gostariam que fossem abordados durante a oficina,

exemplo: memória, relações de poder, escrita, entre outros;

Verificar a quantidade de fragmentos separando-os por igualdade numérica

para atender aos grupos;

Organizar a equipe de cada grupo, distribuindo as tarefas, ao menos

indagando quem fará o que ou se haverá revezamento para as diligencias;

Efetuar cobertura sobre as mesas com guardanapos;

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Informar aos alunos que devem ajustar a montagem das peças, verificando se

encaixam, antes de passar cola. E que devem passar cola em ambos os lados dos

fragmentos que se encaixam. Que devem segurar firme pressionando as peças uma

contra a outra, contando entre 30 a 60 segundos. Posteriormente devem deixar as

peças coladas repousando-as durante alguns minutos, e que passem para colagem de

outros fragmentos;

Preencher a Ficha de Avaliação, procurando analisar a forma, cor, aspectos

dimensionais, espessura, profundidade, símbolos desenhados e se houve falta de

peças;

No final da atividade a limpeza da sala de aula deverá ser efetuada pelos

alunos;

Anotar as informações, especialmente as não previstas em fichas de avaliação.

A proposta apresentada constituiu sobre um planejamento prévio, cujo objetivo geral

foi “envolver a população local para que possam identificar-se como comunidade,

promovendo seu reconhecimento, resgate, apreensão e valorização”. A Educação Patrimonial

ao ser priorizada no ambiente escolar do ensino fundamental, nos 4º, 5º e 6º anos, entre idades

de 10 a 14 anos, têm como intenção ser um método de motivação patrimonial na prática

escolar. Quando são propostas ações pedagógicas que envolvam as disciplinas de história,

geografia, biologia, ciências, artes, entre outras, de forma que tenham como dinâmica a

interdisciplinaridade, promove um processo ativo de conhecimento crítico, de modo a facilitar

a apropriação e valorização da herança cultural no contexto histórico e arqueológico das

comunidades escolares.

O exercício da ação educativa teve como um dos princípios básicos a experiência

direta com uma simulação de prática laboratorial (montagem e análise) dos bens e os

fenômenos culturais dos sítios arqueológicos. Como desdobramento dessa ação, verificou-se o

reforço dos conhecimentos científicos, assim como, ao incentivar novas criatividades a partir

da manipulação dos artefatos reais, que foram disponibilizados aos alunos, como também os

simulados. Buscou-se, ainda como um dos procedimentos, desenvolver a teoria e a prática do

conhecimento arqueológico. Por fim, o contato com uma atividade lúdica, deixa como

conclusão para as turmas envolvidas que a ciência é constantemente construída, e que não

necessita de laboratórios ou máquinas poderosas, apenas necessita de curiosidade, e essa

começa pelas questões que devem ser feitas ao mundo. Começa com o porquê?

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