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Educação inclusiva e equidade educativa: Guia simplificado para a compreensão e aplicação do Decreto-lei 3/2008 de 7 de Janeiro Joana Figueiredo Universidade Portucalense Infante D. Henrique Braga, 2013

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Educação inclusiva e equidade

educativa:

Guia simplificado para a compreensão e aplicação do Decreto-lei 3/2008 de 7 de Janeiro

Joana Figueiredo Universidade Portucalense Infante D. Henrique

Braga, 2013

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Sumário

Introdução 1 1 . Construção da escola inclusiva 3

Princípios orientadores da educação especial 3 Enquadramento da educação especial 4

2 . Fases inerentes ao processo de referenciação e avaliação 6

2.1 - O que é a referenciação? 6 2.2 - Quem pode desencadear o processo de referenciação e como é formalizado o processo?

6

2.3 - Processo de avaliação recorrente da referenciação com referência à CIF-CJ 7

3 . Programa Educativo Individual (PEI) 9

3.1 - O que é o PEI? 9 3.2 - Que informação deve obrigatoriamente incluir o PEI? 10 3.3 - Quem são os agentes responsáveis pela elaboração do PEI? 10 3.4 - Quem é que é responsável pela coordenação do PEI? 10 3.5 - Acompanhamento do PEI? Qual a frequência da Avaliação? 11 3.6 - Quando é que o PEI tem de ser revisto? 11

4 . Programa Individual de Transição (PIT) 12

4.1 - O que é o PIT? 12 4.2 - Quando é que o PIT deve ser elaborado? 12 4.3 - Que informação deve obrigatoriamente incluir o PIT? 12 4.4 - Quem elabora o PIT? 13

5 . Avaliação 14 5.1 - Quais são as Medidas Educativas que integram a adequação do processo de ensino e de aprendizagem?

15

5.1.1 - O que inclui o Apoio pedagógico personalizado? 15 5.1.2 - O que são Adequações curriculares individuais? 15 5.1.3 - Quais são as Adequações no processo de matrícula? 16 5.1.4 - Adequações no processo de avaliação 17 5.1.5 - Currículo Específico Individual 17 5.1.6 - O que são Tecnologias de Apoio? 18

6. Estratégias de atuação em sala de aula 19

Bibliografia 26

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Não há, não duas folhas iguais em toda a criação

ou nervura a menos, ou células a mais, não há, de certeza duas folhas iguais.

António Gedeão

Introdução

Nas sociedades atuais, marcadas pela mudança, pela complexidade, pela

diversidade, bem como pela efemeridade dos saberes, a Educação deve ter como

principal preocupação compreender as configurações socioculturais que iluminam os

diferentes contextos e cenários educativos. Assim, os sistemas educativos devem

contribuir para antecipar e enfrentar as desigualdades sociais e as contradições

inerentes à complexidade de fenómenos sociais, económicos e culturais complexos, de

que a globalização é exemplo (Dale, 2001; Hake, 2006). Por isso, hoje, mais do que

nunca, importa afirmar uma educação que satisfaça, de modo sustentado, as

necessidades educativas e formativas das sociedades, exigindo-se dos sistemas

educativos que garantam a todos, sem exceção, equidade no acesso a uma educação

de qualidade, isto é, uma educação que a todos possibilite apropriar conhecimentos e

desenvolver competências capazes de responder adequadamente às demandas das

sociedades de que participamos.

A entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de Janeiro (alterado pela Lei

n.º 21/2008, de 12 de Maio), constituiu-se como um momento fundamental da

afirmação da Educação Especial no contexto do sistema educativo português e

permitiu que Portugal alinhasse as suas políticas educativas, com os princípios e

recomendações contidos nos diversos tratados e declarações de direito internacional a

que o Estado Português está vinculado em matéria de necessidades educativas

especiais e de não discriminação em razão de deficiência e saúde (Declaração de

Salamanca sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas

Especiais, 1994, da UNESCO; Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência,

2007, e Protocolo Opcional, 2009, das Nações Unidas).

Definindo a Educação Especial como o «conjunto dos apoios especializados a

prestar às crianças e alunos com necessidades educativas especiais de caráter

permanente», a nova legislação operou uma mudança de paradigma ao proceder à

separação entre, por um lado, o que corresponde a apoio especializado a prestar a

alunos com deficiência e, por outro, o conjunto dos apoios a prestar a alunos com

dificuldades de aprendizagem, de que se destacam os planos de recuperação e de

acompanhamento, os percursos curriculares alternativos e a diversificação da oferta

curricular, designadamente a de caráter profissionalizante ou de dupla certificação.

Enquanto «modalidade especial de educação escolar» (artigo 19.º e seguintes da Lei de

Bases do Sistema Educativo), a Educação Especial dirige-se às crianças e alunos que

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revelam dificuldades provenientes de alterações em estruturas e funções do corpo

com caráter permanente (problemáticas de alta intensidade e baixa frequência). Neste

contexto, cabe à escola proceder à aplicação rigorosa de critérios de elegibilidade

através de uma avaliação por referência à Classificação Internacional de

Funcionalidade, Deficiência e Saúde – Versão para Crianças e Jovens (CIF-CJ) da

Organização Mundial de Saúde. Tal avaliação depende, além do mais, de

procedimentos céleres e igualmente rigorosos de referenciação.

Esta proposta de guia de trabalho tem pois, por objetivo facilitar a leitura,

compreensão e aplicação do Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de Janeiro e visa ajudar a

uniformização de procedimentos entre todos os elementos da comunidade do

Agrupamento. Aqui, encontram-se definidos os apoios especializados a prestar na

educação pré-escolar e nos ensinos básico e secundário, tendo em vista a criação de

condições para a adequação do processo educativo dos alunos com necessidades

educativas especiais.

O presente guia, estrutura-se em seis capítulos: o primeiro apresenta

informação sobre os princípios orientadores da educação especial no âmbito da

construção de uma escola inclusiva, o segundo é dedicado ao processo de

referenciação, no sentido de providenciar o despiste das crianças e jovens que dela

carecem, detetando os fatores de risco associados às limitações ou incapacidades; o

terceiro possui informação a construção e implementação dos programas educativos

individuais; o quarto apresenta as características e informações relativas à elaboração

dos planos individuais de transição. No quinto capítulo analisam-se os princípios que

norteiam o processo de avaliação dos alunos com necessidades educativas especiais e

no sexto capítulo apresentam-se algumas estratégias de atuação na sala de aula tendo

em conta os princípios da pedagogia diferenciada na sala de aula.

Até porque, se é verdade que não podemos agir sobre o passado, acreditamos

que o futuro pode ser diferente daquilo que era para ser.

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1 . A CONSTRUÇÃO DA ESCOLA INCLUSIVA

Princípios orientadores da educação especial

O acesso à educação é um direito constitucionalmente garantido e compete ao

governo criar os mecanismos necessários para que todos os alunos acedam sem

constrangimentos às ofertas educativas que a escola disponibiliza. É uma obrigação da

escola dos nossos dias, criar condições para que todas as crianças se sintam incluídas

na comunidade escolar e recebam as respostas educativas adequadas às suas

necessidades.

A escola percebeu, há já algum tempo, que não pode tratar de forma igual

quem é diferente. O diagnóstico e a avaliação prévia dos alunos são fundamentais para

a definição de programas e metodologias adequadas às necessidades, entretanto

detetadas. A rotina não pode constituir uma característica da escola moderna. Um dia

nunca é igual a outro e também não existem duas escolas iguais e muito menos dois

alunos iguais ou semelhantes. Cada criança é um indivíduo com as suas especificidades

e por isso deve ser tratado tendo em conta essa riqueza que é o ser humano.

Caso um aluno comece a revelar problemas de aprendizagem, numa primeira

instância, devemos aferir se a criança ou jovem tem alguma dificuldade visual e/ou

auditiva e até devemos estar atentos a algumas mudanças ambientais que possam ter

decorrido num contexto específico do aluno. De seguida, devemos adequar estratégias

de ensino/aprendizagem e se mesmo assim as dificuldades continuarem poderemos

optar pela elaboração um Plano de Recuperação ou de um Plano de

Acompanhamento.

Depois de termos seguido todos estes passos, poderá considerar-se a

necessidade de uma intervenção por parte da educação especial. A educação especial

PEDAGOGIA DIFERENCIADA

-Tutoria;

-Apoio nas disciplinas mais problemáticas;

- Fichas de avaliação com supervisão;

-Boletins informativos com os conteúdos;

-Alteração da planta da sala de aula;

- Recurso a materiais manipuláveis;

-Aprendizagem cooperativa;

- (...)

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enquanto modalidade de educação e ensino visa responder a necessidades educativas

especiais de carácter permanente, decorrentes de limitações ou incapacidades, que

se manifestam de modo sistemático, com carácter prolongado e que são inerentes

ao processo individual de aprendizagem, de participação na vivência escolar, familiar

e comunitária. Estas limitações ou incapacidades, embora decorrentes de fatores

limitadores endógenos, podem ser agravadas por fatores ambientais, resultantes de

perda ou anomalia, congénita ou adquirida, ao nível das funções ou das estruturas do

corpo, nos domínios auditivo, visual, cognitivo, comunicacional, incluindo a linguagem

e a fala, emocional, motor e da saúde física.

Importa pois, procurar encontrar respostas para as seguintes questões:

A criança/jovem evidencia problemas nas funções do corpo?

A criança/jovem apresenta problemas em algum órgão, membro ou outra

estrutura do corpo?

A criança/jovem apresenta problemas na execução das tarefas ou ações?

A criança/jovem tem dificuldades em envolver-se nas atividades da vida diária

esperadas para o seu nível etário?

Existem fatores ambientais que limitam/restringem ou facilitam a

funcionalidade da criança/jovem?

A caracterização das necessidades educativas especiais colhe elementos do

conceito de incapacidade preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), na

sua Classificação Internacional da Funcionalidade, Incapacidade e Saúde – Crianças e

Jovens (CIF-CJ), de 2007.

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Adotou-se, assim, um modelo de classificação da funcionalidade e da

incapacidade dinâmico, interativo e multidimensional, subjacente à referida

classificação da OMS, que corresponde a um paradigma em que as questões da

funcionalidade e da incapacidade dos indivíduos são vistas à luz de um modelo que

abrange diferentes dimensões, resultantes de uma contínua interação entre a pessoa e

o ambiente que a rodeia.

De forma a evitar situações que violem o direito à privacidade, é colocada

grande ênfase nas questões deontológicas associadas à classificação das incapacidades

e à sua transmissão a terceiros.

Enquadramento da Educação Especial

O Decreto-Lei nº. 3/2008 de 7 de Janeiro, prevê:

um conjunto de medidas

educativas e de apoios

especializados;

a criação de condições para a

adequação do processo

educativo às necessidades

educativas especiais (NEE) dos

alunos com limitações

significativas ao nível da

atividade e participação

decorrentes de alterações

funcionais e estruturais de

carater permanente;

que as medidas educativas sejam

aplicadas cumulativamente, com

exceção das medidas previstas

nos artº 18º e 21º, não cumuláveis entre si;

que a aplicação de qualquer das medidas educativas implica a autorização

prévia do encarregado de educação.

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2 . REFERÊNCIAÇÃO

Fases inerentes ao processo de referenciação e avaliação de acordo com o Artigo 5º do Decreto-

lei 3/2008

2.1 - O que é a referenciação?

O Decreto-lei 3/2008 no seu artigo 5º, define que a educação especial deve

providenciar o despiste das crianças e jovens que dela carecem, o mais precocemente

possível, detetando os fatores de risco associados às limitações ou incapacidades.

A referenciação incide, igualmente, sobre crianças e jovens sobredotados, no

sentido de identificar as suas excecionais aptidões e capacidades de aprendizagem.

A sinalização consiste na comunicação/formalização de situações que possam

indiciar a existência de necessidades educativas especiais de carácter permanente,

indicar quais os problemas detetados e espelhar o conjunto de preocupações relativas

à criança ou jovem alvo de sinalização.

2.2 - Quem pode desencadear o processo de referenciação e como é formalizado

o processo?

A iniciativa de referenciação à Direção do Agrupamento de Escolas de casos que,

eventualmente, possam necessitar de encaminhamento para respostas educativas no âmbito

da Educação Especial, pode vir de:

Recebida a ficha de sinalização, compete à Direção do Agrupamento

desencadear os procedimentos que levarão à tomada de decisão no âmbito do

processo de avaliação que, para o efeito, solicita ao Serviço de Psicologia e Orientação

A referenciação para a educação

especial é feita mediante o

preenchimento de um documento

de referenciação (cf. modelo de

relatório em anexo – DOC 1) onde

se explicitam as razões que

levaram a fazer a referenciação e

se anexa a documentação

considerada relevante.

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(SPO), em articulação com o Núcleo de Educação Especial, a avaliação das crianças ou

jovens sinalizados e a elaboração do respetivo Relatório Técnico Pedagógico (RTP).

Há que ter presente que, embora qualquer destes serviços possa fazer

referenciação, a família deverá ser contactada para autorizar o início do processo de

avaliação.

2.3 - Processo de avaliação recorrente da referenciação com referência à CIF-CJ.

O processo de avaliação inicia-se com a análise de toda a informação disponível. Caso se verifique necessário procede-se à recolha de informações de caráter mais específico.

De seguida, procede-se à avaliação especializada por referência à CIF-CJ.

A Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF) surge para colmatar uma

lacuna de ausência de uma taxonomia internacional para avaliar as limitações

funcionais da criança, tendo em conta a prevalência da incapacidade nos países

desenvolvidos e de as crianças serem a maior percentagem de pessoas com limitação e

enfatiza a interação entre o indivíduo e os contextos, quando utiliza como termos

chapéu os conceitos de funcionalidade e incapacidade. Segundo a CIF a funcionalidade

refere-se as todas as funções corporais, atividades e participação (OMS, 2002).

Os principais componentes são projetados para diferenciar aspetos distintos do

funcionamento humano, e são definidos da seguinte forma:

1. Funções do corpo, que não são mais que

as funções fisiológicas do sistema do

corpo;

2. Estruturas do corpo, descrevendo as

partes anatómicas do corpo tais como

órgãos, membros e seus componentes;

3. Atividade e Participação, definindo

atividade como sendo a execução de uma

tarefa por parte do indivíduo e,

participação como o envolvimento do

indivíduo numa situação de vida;

4. Fatores ambientais, incluindo o físico,

social, atitudinal do meio em que vivem.

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Por referência à CIF-CJ procede-se ao preenchimento da Checklist e posteriormente à

elaboração do Relatório Técnico-Pedagógico (RTP) (cf. modelo de relatório em anexo

– DOC 2). Neste relatório fica identificado o Perfil de Funcionalidade do aluno, o qual

deverá contemplar aspetos da sua atividade e participação, das funções e estruturas

do corpo, bem como a descrição dos facilitadores e barreiras que a nível dos fatores

ambientais influenciam essa mesma funcionalidade.

Se o aluno não necessita de respostas educativas no âmbito da educação

especial, deverá proceder-se ao encaminhamento para outros apoios disponibilizados

pela escola que mais se adequem à situação.

Explicitadas, as razões que determinam medidas de educação especial, e a sua

tipologia, bem como as medidas a adotar, este relatório serve de base à elaboração do

Programa Educativo Individual (PEI) (cf. modelo de relatório em anexo - DOC 3).

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3 . PROGRAMA EDUCATIVO INDIVIDUAL (P.E.I.)

Programação e planeamento de acordo com o Artigo 8º do Decreto-lei 3/2008

3.1 - O que é o PEI?

O Programa Educativo Individual (PEI) constitui um documento que assume a

maior importância para os alunos com necessidades educativas especiais de carácter

permanente, bem como para todos os intervenientes no seu processo educativo.

Desenhado para responder à especificidade das necessidades de cada aluno, o

PEI é um instrumento fundamental no que se refere à operacionalização e eficácia da

adequação do processo de ensino e de aprendizagem. Este procedimento facilita a

progressão ao longo da escolaridade, permitindo aos alunos completar o ensino

secundário com maiores níveis de sucesso.

Um PEI é … … um documento formal que garante o direito à equidade educativa dos alunos com necessidades educativas de carácter permanente;

… um instrumento de trabalho que descreve o perfil de funcionalidade por referência à CIF-CJ do aluno e estabelece as respostas educativas específicas requeridas por cada aluno em particular;

… um documento que responsabiliza a escola e os encarregados de educação pela implementação de medidas educativas que promovam a aprendizagem e a participação dos alunos com necessidades educativas especiais de carácter permanente;

… um instrumento dinâmico que deve ser regularmente revisto e reformulado, uma vez que se fundamenta numa avaliação compreensiva e integrada do funcionamento do aluno, passível de sofrer alterações.

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3.2 - Que informação deve obrigatoriamente incluir o PEI?

Identificação do aluno.

Resumo da história escolar e outros antecedentes relevantes.

Indicadores de funcionalidade e fatores ambientais que funcionam como

facilitadores ou como barreiras à participação e à aprendizagem.

Definição das medidas educativas a implementar.

Discriminação dos conteúdos, dos objetivos gerais e específicos a atingir e das

estratégias e recursos humanos e materiais a utilizar.

Nível de participação do aluno nas atividades educativas da escola.

Distribuição horária das diferentes atividades previstas.

Identificação dos profissionais responsáveis.

Definição do processo de avaliação da implementação do PEI.

Data e assinatura dos participantes na sua elaboração e dos responsáveis pelas

respostas educativas a aplicar.

3.3 - Quem são os agentes responsáveis pela elaboração do PEI?

O PEI é elaborado por quem melhor conhece o aluno e por quem trabalha

diretamente com ele.

Sempre que se considere necessário, poderá ser solicitada a participação de

outros elementos do departamento de educação especial, dos serviços técnico-

pedagógicos de apoio aos alunos ou de outros serviços.

3.4 - Quem é que é responsável pela coordenação do PEI?

O coordenador do programa educativo individual é o educador de infância, o

professor titular de turma ou o diretor de turma a quem esteja atribuído o grupo ou a

turma que o aluno integra.

No final do ano letivo, o Conselho

de Turma, o docente de EE e

outros técnicos deverão elaborar

o relatório circunstanciado, onde

descrevem o nível de eficácia das

medidas de apoio desenvolvidas

com o aluno (definidas no PEI),

assim como elabora propostas das

medidas educativas a aplicar no

ano letivo seguinte.

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3.5 - Acompanhamento do PEI? Qual a frequência da Avaliação?

A avaliação dos resultados obtidos pelo aluno com a aplicação das medidas

estabelecidas no programa educativo individual tem, obrigatoriamente, de ser

realizada em cada um dos momentos de avaliação sumativa interna da escola (cf.

modelo de relatório em anexo – DOC 4) e consubstanciada num relatório no final do

ano letivo (cf. modelo de relatório em anexo – DOC 5).

3.6 - Quando é que o PEI tem de ser revisto?

Obrigatoriamente, tem de ser revisto no final de cada nível de educação e

ensino e no final de cada ciclo do ensino básico.

Outros prazos e implicações

A elaboração do plano educativo

individual deve ocorrer no prazo

máximo de 60 dias após a

referenciação dos alunos com NEE

de carácter permanente.

O programa educativo individual

constitui um documento de

referência.

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4. PLANO INDIVIDUAL DE TRANSIÇÃO (P.I.T)

Programação e planeamento de acordo com o Artigo 14º do Decreto-Lei 3/2008

4.1 - O que é o PIT?

O Plano Individual de Transição é um documento que complementa o PEI e

destina-se a promover a transição para a vida pós-escolar e, sempre que possível, para

o exercício de uma atividade profissional com adequada inserção social, familiar ou

numa instituição de carater ocupacional.

O PIT deve corresponder às expectativas dos pais e aos desejos, interesses,

aspirações e competências do jovem adolescente.

4.2 - Quando é que o PIT deve ser elaborado?

O Plano Individual de Transição (PIT) é parte integrante do PEI. Após o

levantamento das necessidades e das oportunidades de formação, deve estabelecer-se

protocolos com os serviços ou instituições, onde o jovem vai realizar formação.

4.3 - Que informação deve obrigatoriamente incluir o PIT?

Identificação do aluno;

Identificação da área;

Identificação do local e/ou instituição onde o plano será desenvolvido;

Discriminação das competências/objetivos a desenvolver;

Distribuição horária das atividades previstas;

Sempre que os alunos apresentem

NEE de caráter permanente que

os impeçam de adquirir as

aprendizagens e as competências

definidas no currículo comum,

deve a escolas, 3 anos antes da

idade limite da escolaridade

obrigatória, complementar o PEI

com um Plano Individual de

Transição (PIT) (cf. modelo de

plano em anexo – DOC 6).

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4.4 - Quem elabora o PIT?

É elaborado pela equipa responsável pelo PEI em conjunto com o jovem, a

família e outros profissionais, nomeadamente das áreas da segurança social e serviços

de emprego e formação profissional.

Deve ser datado e assinado por todos os profissionais que participam na sua

elaboração, bem como pelos pais e, sempre que possível, pelo próprio aluno.

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5 . Avaliação Decreto-lei n.º 3/ 2008 - Artigo 20.º, ponto 1 e 2

Despacho normativo n.º 24-A/2012, de 6 de dezembro

A avaliação constitui uma parte integrante do processo de aprendizagem de

todos os alunos, devendo ser efetuada de forma contínua e formalizada no final de

cada período escolar.

Relativamente à avaliação de alunos com NEE, esta é efetuada de acordo com

as medidas educativas aplicadas ao aluno, definidas no seu PEI.

Os alunos que beneficiam de Adequações Curriculares Individuais, e

adequações no processo de avaliação, poderão usufruir de alteração no tipo de provas,

nos instrumentos de avaliação e certificação, bem como das condições de avaliação,

no que respeita, entre outros aspetos, às formas e meios de comunicação e à

periodicidade, duração e local da mesma.

A avaliação trimestral é formalizada quantitativamente e de forma semelhante

aos restantes alunos, podendo ser acompanhada, sempre que se considere relevante,

de uma apreciação descritiva sobre a evolução do aluno

Os alunos com necessidades educativas especiais de caráter permanente,

abrangidos pelo disposto no n.º 1 do artigo 20.º do Decreto –Lei n.º 3/2008, de 7 de

janeiro, prestam as provas finais de ciclo previstas para os restantes examinandos,

podendo, no entanto, usufruir de condições especiais de avaliação ao abrigo da

legislação em vigor.

Os alunos com Currículos Específicos Individuais não estão sujeitos ao regime

de transição de ano escolar nem ao processo de avaliação característico do regime

educativo comum.

Conforme consta no despacho normativo n.º 24-A/2012, de 6 de dezembro a

informação resultante da avaliação sumativa dos alunos do ensino básico abrangidos

pelo artigo 21.º do Decreto -Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro, expressa-se numa menção

qualitativa de Muito bom, Bom, Suficiente e Insuficiente, acompanhada de uma

apreciação descritiva sobre a evolução do aluno.

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5.1 - Quais são as Medidas Educativas que integram a adequação do

processo de ensino e de aprendizagem?

(Decreto-lei 3/2008 - Artigo 16º)

As medidas educativas que integram a adequação do processo de ensino e de

aprendizagem são:

Apoio pedagógico personalizado

Adequações curriculares individuais

Adequações no processo de matrícula

Adequações no processo de avaliação

Currículo específico individual Tecnologias de apoio

5.1.1 - O que inclui o Apoio pedagógico personalizado?

(Decreto-lei 3/2008 - Artigo 17º)

O apoio pedagógico personalizado inclui:

5.1.2 - O que são Adequações curriculares individuais?

(Decreto-lei 3/2008 - Artigo 18º)

A medida adequações curriculares individuais traduz-se em adequações de

âmbito curricular, que não põem em causa o currículo comum ou as orientações

curriculares respeitantes ao pré-escolar.

A medida apoio pedagógico

personalizado requer sempre a

intervenção direta do docente de

educação especial?

(Decreto-lei 3/2008 - Artigo 17º)

A medida apoio pedagógico

personalizado apenas requer a

intervenção direta do docente de

educação especial quando, no PEI do

aluno, se preveja a necessidade de

realizar atividades que se destinem ao

reforço e desenvolvimento de

competências específicas, não passíveis

de serem efetuadas pelo docente

responsável de grupo, turma ou

disciplina.

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5.1.3 - Quais são as Adequações no processo de matrícula?

(Decreto-lei 3/2008 - Artigo 19º)

Os alunos com perturbações do espectro do autismo, multideficiência, ou

surdocegueira congénita, podem matricular-se e frequentar escolas com unidades de

ensino especializado independentemente da sua área de residência.

Aos alunos com necessidades educativas especiais de carácter permanente

pode ser concedido o adiamento da matrícula no 1.º ano de escolaridade apenas por

um ano, não sendo possível a sua renovação.

No caso dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico, e no ensino secundário, a

matrícula dos alunos com necessidades educativas de carácter permanente pode ser

feita por disciplinas, desde que não seja alterada a sequencialidade do regime

educativo comum.

Poderão ser introduzidas

disciplinas ou áreas curriculares

específicas, designadamente

Língua Gestual Portuguesa (L1) e

Língua Portuguesa/Português

segunda língua, para alunos

surdos (LP2), leitura e escrita em

Braille, orientação e mobilidade,

treino de visão e atividade motora

adaptada, entre outras,

permitindo o acesso ao currículo

comum, bem como uma maior

autonomia.

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5.1.4 - Adequações no processo de avaliação

(Decreto-lei 3/2008 - Artigo 20º)

O processo de avaliação dos alunos com necessidades educativas especiais de

carácter permanente, à exceção dos que têm um currículo específico individual, segue

as normas de avaliação definidas para os diferentes níveis e anos de escolaridade,

podendo, no entanto, proceder-se a adequações que, entre outras, consistem em

alterações:

do tipo de provas;

dos instrumentos de avaliação e certificação;

das condições de avaliação (i.e. formas e meios de comunicação, periodicidade,

duração e local da mesma).

A avaliação é um elemento integrante e regulador das aprendizagens, ...

... os alunos com Currículo Específico Individual não estão sujeitos ao processo de

avaliação e de transição de ano escolar característico do regime educativo comum.

Estes alunos ficam sujeitos aos critérios específicos de avaliação definidos no seu PEI.

5.1.5 - Currículo Específico Individual

(Decreto-lei 3/2008 - Artigo 21º)

O Currículo Específico Individual prevê alterações significativas no currículo

comum que se podem traduzir:

É o nível de funcionalidade do aluno que vai determinar o tipo de modificações

a realizar no currículo. Estas devem corresponder às necessidades mais específicas do

aluno.

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Pretende-se que estes currículos:

tenham um cariz funcional, ou seja, as atividades propostas têm que ser úteis

para a vida presente e futura (pós- escolar) do aluno;

a seleção das competências a desenvolver deve ter como critério a sua

aplicabilidade nos diferentes contextos de vida do aluno;

a aprendizagem das competências definidas deve ser, sempre que possível,

realizada nos contextos reais por forma a dar-lhes significado;

as atividades devem estar relacionadas, na medida do possível, com a idade

cronológica e com os interesses do aluno.

5.1.6 - O que são Tecnologias de Apoio?

(Decreto-lei 3/2008 - Artigo 22º)

No âmbito da educação especial referimo-nos a tecnologias de apoio como um

conjunto de dispositivos e equipamentos que têm por objetivo compensar uma

limitação funcional e facilitar um modo de vida independente, sendo por isso

elementos facilitadores do desempenho de atividades e da participação dos alunos

com necessidades educativas especiais em diferentes domínios (aprendizagem, vida

social e profissional).

As tecnologias de apoio podem ser utilizadas em diferentes áreas, tais como:

cuidados pessoais e de higiene;

mobilidade;

adaptações para mobiliário e espaço físico;

comunicação, informação e sinalização;

recreação.

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6 . Estratégias de atuação na sala de aula

PEDAGOGIA DIFERENCIADA NA SALA DE AULA

É impossível ignorar a diversidade dos alunos na escola atual. As diferenças são

imensas - capacidades, estilos de aprendizagem, interesses, vivências, condições de

vida, cultura, etc. – as respostas dadas pela escola e pelos professores não podem

portanto ser a mesmas.

O desenvolvimento de escolas inclusivas e, portanto capazes de sustentar

percursos educativos com sucesso para todos os alunos implica uma ação educativa

diferenciadora dos diferentes contextos de intervenção e dos seus aspetos operativos.

Niza (2000) refere que a diferenciação pedagógica é um direito a que o aluno deverá

ter acesso, invocando assim os direitos da criança.

Resendes e Soares (2002) acrescentam que os alunos aprendem melhor

quando o professor toma em consideração as características próprias de cada um,

visto que cada indivíduo possui pontos fortes, interesses, necessidades e estilos de

aprendizagem diferentes. Assim sendo, todos aprendem melhor quando o professor

respeita a sua individualidade e ensina atendendo à diferença.

Estas autoras indicam ainda, algumas das principais diferenças individuais que

devem ser tidas em conta no processo de ação educativa, nomeadamente: diferenças

cognitivas (inteligências múltiplas estilos de aprendizagem), linguísticas e

socioculturais. Atendendo às mesmas, o professor pode e deve diferenciar as suas

práticas.

No fundo, a diferenciação pedagógica é a identificação e a resposta a uma

variedade de capacidades/dificuldades de uma turma.

A atenção às diferenças individuais numa escola inclusiva, exige currículos

abertos e flexíveis, capazes de responder às necessidades comuns ao conjunto da

população escolar. É necessário que haja diferenciação, adaptação e individualização

curricular tendo em conta as necessidades e características de cada aluno, em especial

dos alunos com NEE.

Todos os alunos deverão ter os mesmos direitos e oportunidades, incluindo o

direito à diferença e a uma educação adaptada às suas características.

Os alunos aprendem melhor quando o professor tem em conta as suas

características individuais (interesses, pontos fortes e fracos, necessidades e estilos de

aprendizagem). Precisam para isso de processos de aprendizagem diferenciados, que

atendam às suas necessidades próprias.

Diferenciar a ação pedagógica consiste em adequar métodos, técnicas e

materiais, às necessidades e especificidades de cada um, em proporcionar um ensino

individualizado (sempre que possível), em aceitar as diferenças, em reconhecer o que a

criança é capaz de fazer e em respeitar o seu ritmo (de trabalho e de aprendizagem).

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Em todo este processo é fundamental o desenvolvimento de um trabalho de

cooperação entre os diferentes intervenientes no processo educativo.

De seguida, apresentam-se algumas sugestões de atitudes, adaptações e

atividades adequadas a alunos com necessidades educativas especiais.

PERTURBAÇÃO DE HIPERACTIVIDADE COM DÉFICE DE ATENÇÃO

Sentar o X. longe de potenciais estímulos perturbadores e próximo do Professor,

de modo a facilitar o controlo do aluno e proporcionar-lhe mais facilmente feed-

back e reforço positivo;

Estabelecer regras bem claras e exigir o seu cumprimento. Se necessário,

recorrer a um contrato comportamental;

Construir listas de verificação para que o X, se organize;

Evitar mandar o aluno para a rua.

1 - Para obter a atenção do aluno:

Fazer perguntas interessantes, especulativas, usar imagens, contar pequenas

histórias, de forma a gerar a discussão e o interesse na aula;

Fazer teatralizações para despertar a atenção e aguçar a curiosidade;

Usar a cor para chamar a atenção;

Variar o tom de voz;

Desenvolver sinais especiais com o aluno para focalizar a sua atenção (p. ex.

apontar para os ouvidos ou olhos, piscar o olho, etc.);

Demonstrar entusiasmo sobre a aula que vai começar;

Estabelecer frequente contacto ocular direto.

2 - Para focar a atenção do aluno:

Empregar estratégias multi-sensoriais quando falar para o X.;

Explicar a finalidade e relevância da aula para prender a atenção do aluno;

Fazer demonstrações e atividades manuais na aula sempre que possível;

Utilizar guias de estudo incompletos que serão preenchidos pelo aluno no

decorrer da aula;

Projetar a voz, tendo a certeza de que está a ser ouvido.

3 - Adaptações para manter a atenção do aluno:

Deslocar-se pela sala para manter a visibilidade;

Certificar que o X. compreende a tarefa antes de a iniciar, pedindo-lhe por

exemplo que repita as instruções;

Organizar a matéria a ensinar em temas, permitindo o estabelecimento de

ligações;

Permitir que o aluno fale e não se limite a ouvir;

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Atribuir tarefas ao aluno onde se possa mexer-se, desde que seja apropriado (p.

ex. ir buscar giz, etc.);

Formar pequenos grupos, para maximizar o envolvimento e a atenção do aluno;

4- Adaptações para a dificuldade em esperar:

Proporcionar ao aluno a possibilidade de realizar atividades motoras ou verbais

de substituição,

Se essa dificuldade se transformar em impaciência, não concluir que esse

comportamento é intencional; sugerindo comportamentos alternativos (ex. pedir

ao aluno que distribua uma ficha de trabalho pelos colegas).

Sempre que possível, não impedir o aluno de sonhar acordado.

5 - Adaptações no ritmo de trabalho:

Ajustar o ritmo da aula à capacidade de compreensão do X.;

Alternar atividades paradas com atividades mais ativas;

Se necessário conceder mais tempo para completar as tarefas, e reduzir a

quantidade e extensão do trabalho e testes;

Estabelecer limites precisos para terminar as tarefas;

Reforçar a qualidade da tarefa em detrimento da quantidade;

Ajudá-lo no estabelecimento de objetivos a curto prazo;

Ensinar estratégias de auto-controlo verbal do tipo "STOP", "OUVE","PENSA ".

6 - Adaptações nos métodos de ensino:

Antes de começar a aula, fazer uma apresentação geral desta;

Relacionar a nova informação com a experiência adquirida;

Começar com exemplos concretos antes de partir para o abstrato;

Dividir tarefas complexas em tarefas mais pequenas;

Pedir ao aluno para verbalizar os conteúdos aprendidos;

Complementar as instruções orais com instruções escritas.

7- Adaptações nas estratégias:

Evitar o uso de linguagem abstrata;

Destacar a informação mais importante;

Familiarizar o aluno com o novo vocabulário;

Evitar que seja necessário copiar muita informação, quer do quadro quer dos

livros;

Usar fichas de aplicação bem organizadas, evitando que o aluno se confunda;

Dar pistas ou dicas ao aluno para que ele inicie o trabalho;

Evitar pressionar demasiado o aluno.

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8 - Adaptações para manter o aluno em atividade:

Diminuir a duração da tarefa, ex: dividir a tarefa a tarefa em etapas ou reduzir o

número de problemas a resolver;

Certificar-se de que o aluno compreende a tarefa que tem de fazer;

Para trabalho individual do aluno, dar-lhe um tipo de tarefa que consiga

completar e permitir que o aluno tenha alguma liberdade para o selecionar,

Orientar a tarefa para caminhos aceitáveis,

Incentivar os colegas para motivarem o X. a manter-se na tarefa;

Verificar com alguma frequência o trabalho do aluno; fazer comentários e

reforços positivos, mas não sem os falsear;

Premiar o aluno se atingir um objetivo previamente definido.

9 - Adaptações na avaliação:

Usar instrumentos de avaliação alternativos (apresentação oral, resposta de

escolha múltipla, etc.);

Estabelecer, de comum acordo, expectativas realistas quanto aos resultados a

alcançar.

10 - Adaptações no tratamento de comportamentos inadequados:

Sempre que possível, antecipar e prevenir os problemas;

Estabelecer regras precisas e consequências claras;

Estabelecer alternativas para comportamentos inadequados;

Elogiar os comportamentos adequados;

Falar em privado com o aluno acerca dos seus comportamentos inapropriados;

Evitar criticar o aluno;

Remover objetos que possam iniciar um comportamento não desejado.

PERTURBAÇÕES EMOCIONAIS

Reforço positivo.

O professor deve definir limites claros e explícitos.

Definir de forma clara as consequências de comportamentos inadequados.

Consistência na colocação em prática dos respetivos processos de limitação dos

comportamentos.

O professor deve trabalhar no sentido de estabelecer uma boa relação com um

aluno perturbado emocionalmente.

Reforçar os sentimentos de valor pessoal do aluno. Contacto visual, sorrir,

elogiar um trabalho, etc..

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Estar alerta para uma possível crise emocional, pois o aluno pode estar a perder

o controlo. Neste caso o professor deve permitir que o aluno se dirija a um

espaço previamente estabelecido a fim de recuperar o controlo.

O professor por vezes pode evitar problemas, desviando a atenção do aluno para

outro tema.

ERROS DE LEITURA E ESCRITA COM CARACTERISTICAS DISLEXICAS

Os alunos com dislexia podem apresentar uma ou mais características:

Incapacidade de aprender e recordar palavras visionadas.

Escrita em espelho – escrever palavras do fim para o início, Ex: “ajuda” poderia

surgir como “adjuda” ; ou inversão entre letras, ex: “p” e “q”¸

Dificuldade em soletrar.

Falta de organização a nível de materiais.

Dificuldade em selecionar as palavras adequadas para comunicar, a nível oral ou

escrito,.

Não exibem prazer na leitura.

Dificuldade em escrever quando um texto lhes é ditado.

Memória visual pobre, quando estão em causa símbolos linguísticos.

Movimentos erráticos dos olhos enquanto lêem (por vezes saltam as linhas na

leitura) não devem ser utilizados exercícios com sopas de letras.

Confusão entre as vogais ou substituição de uma consoante, ex: “amigo” e

“anigo”.

Falta de destreza manual.

Ritmo de leitura lento.

Leitura parcial de palavras.

Confusões na ordem das letras (ex.: sacra em vez de sacar).

Inversões de letras ou palavras (ex: pro em vez de por).

Estratégias dentro da sala de aula

Colocar o aluno nas carteiras da frente de forma a dispensar-lhe a atenção

necessária.

Não se deve dizer ao aluno que se deve esforçar mais, quando tem dificuldade

na leitura ou em matemática, pois esta situação não se deve a preguiça do aluno.

Não se deve obrigar um aluno disléxico a ler em público.

Realizar atividades verbais ao invés de escritas.

Como tem dificuldade em produzir texto escrito, o seu trabalho não deve ser

comparado ao dos seus colegas.

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Qualquer trabalho escrito deve ser elogiado, independentemente do progresso

do aluno.

Ensinar a dividir as palavras em sílabas.

Repetir informações.

Ler testes anteriormente com o aluno.

Encorajar.

Encontrar pontos positivos e construtivos.

Marcar menos TPC.

Avaliar de forma oral.

Corrigir aspetos gramaticais e de conteúdo e não aspetos secundários.

Ajudar a pronunciar as palavras.

Diversificação de métodos de ensino / aprendizagem.

Utilização de reforços positivos e recompensas por comportamentos adequados

e sucessos alcançados.

Encorajamento para o aluno não desistir ou adiar a concretização das suas

tarefas escolares, sempre com respeito pelos seus tempos de concentração,

menores do que a média dos jovens da sua idade.

Valorização das respostas corretas assinalando o que está bem.

Utilização de formas lógicas para a resolução de situações problemáticas.

Flexibilização no tipo de tarefas propostas.

Auxílio no desenvolvimento de competências de estudo e de trabalho, sobretudo

nas áreas em que o aluno sente mais dificuldade.

De modo a estimular a autoconfiança do aluno, é importante que não seja

solicitado a responder ao que não sabe, devendo ser apreciado/elogiado no seu

esforço em dizer coisas novas e bem sucedidas.

Prevenção de situações de exposição em atividades de leitura perante o grupo.

Utilização de diferentes estratégias de avaliação:

Ter em conta o tempo necessário ao aluno para a realização das provas.

Tipo de estrutura da prova, bem como da linguagem e tipo de questões utilizas.

É importante privilegiar a oralidade, dado que o aluno revela dificuldades

específicas a nível da escrita.

Leitura prévia do teste e descodificação de vocabulário complexo.

Desvalorização dos erros ortográficos e de sintaxe apresentados.

Promoção de tarefas de modo a melhorar o seu desempenho a nível da escrita

espontânea.

Preparação oral do aluno, num primeiro momento, partindo de palavras

concretas e familiares, para posteriormente desenvolver um trabalho de escrita

espontânea.

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Estimulação da aquisição de vocabulário, programando trabalhos de leitura

individual. (avisando o aluno de uma possível leitura na aula posterior e

fornecendo o texto a ler.)

Recurso a novas tecnologias da informação e comunicação.

Verificação e correção dos cadernos diários.

Fazer inventários cacográficos: listas de palavras erradas acompanhadas da

palavra correta.

Fazer exercícios de perceção, discriminação e memória auditiva: exercícios de

discriminação de ruídos e onomatopeias; exercícios de reconhecimento e

memorização de ritmos, tons e melodias; exercícios de perceção de tons…

Fazer exercícios de perceção, discriminação e memória visual: exercícios de

reconhecimento de formas gráficas, de identificação de erros e diferenças entre

pares ou séries de figuras; exercícios de memória visual…

Perceção linguística-auditiva: exercícios de consciencialização de fonema isolado,

exercícios de consciencialização de sílaba, exercícios de soletração, exercícios de

formação de famílias de palavras; de análise de frase…

Enriquecimento do vocabulário.

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Bibliografia e referências legislativas

Breia, G.; Micaelo, M. (2008). Acompanhamento e Monitorização do Processo de Aplicação do Referencial Proposto pela CIF. Direção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular (2008). Educação Especial, Manual de Apoio à Prática. Lisboa: Ministério da Educação.

Direção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular (2008). Avaliação e intervenção na área das NEE. Lisboa: Ministério da Educação.

Direção Regional da Educação (2008). Roteiro para a Educação Especial e Apoio Educativo. Açores: Secretaria Regional da Educação e Ciência da Região Autónoma dos Açores.

Inspeção Geral da Educação (2011). Educação Especial: Respostas Educativas -Relatório 2010-2011. Lisboa: Ministério da Educação. OMS (2001). Classificação Internacional da funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Genebra: OMS. Trad. util.: (2007). Classificação Internacional de Funcionalidade e Incapacidade e Saúde – Versão para Crianças e Jovens. Porto: Centro de Psicologia do Desenvolvimento e Educação da Criança, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto. Roldão, M. C. (1999). Gestão Curricular: Fundamentos e Práticas. Lisboa: Ministério da Educação.

Simeonsson, R.J. (1994). “Towards an epidemiology of developmental, educational, and social problems of childhood”. In R.J. Simeonsson (ed), Risk, resilience & prevention. Promoting the well-being of all children. Baltimore: P.H. Brookes.