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Educação Física Adaptada: uma proposta de inclusão para alunos do Colégio Estadual Wolff Klabin com deficiência Física.

Gilson Luiz de Carvalho1

Orientador: Heleise Faria dos Reis de Oliveira2

RESUMO

O Presente artigo é resultado de um projeto desenvolvido junto a professores e alunos do Colégio Estadual Wolff Klabin, localizado no município de Telêmaco Borba – PR, o qual atende alunos com necessidades educacionais especiais. A implementação aconteceu com cinco professores de Educação Física do referido colégio e a turma da 7ª série “A”. Buscou-se com tal laboro discutir e refletir acerca de práticas pedagógicas inclusivas voltadas para o aluno com deficiência física, especificamente na disciplina de Educação Física. Isso se deve ao fato de que tais práticas não têm sido legitimadas pela maioria dos professores das diferentes áreas do conhecimento, devido à falta de fundamentação teórico-prática para trabalhar com esses alunos e até mesmo falta de motivação ou vontade de mudar esse paradigma. Primeiramente aplicou-se um questionário para os professores a fim de levantar dados a respeito do conhecimento que os mesmos tinham sobre a temática do trabalho. Os dados obtidos embasaram a fundamentação teórica, a oferta de oficinas práticas voltadas para os alunos e professores e a elaboração de uma unidade didática com atividades adaptadas. Acredita-se que o trabalho com o referido tema não se esgota com a aplicação do material produzido, pois a ação docente com alunos com deficiência física exige envolvimento e estudos constantes dos professores para que a educação inclusiva realmente se efetive.

Palavras- chave: Inclusão; educação física adaptada e prática pedagógica.

1 INTRODUÇÃO

Para que haja a inclusão é necessário atingir todos os envolvidos e não

somente os alunos com necessidades educacionais especiais, por isso cabe ao

professor buscar alternativas para produzir o seu saber, desenvolver através de

experiências educacionais e práticas inclusivas, também direcionando um novo olhar

e ouvindo cada um deles, indicando a melhor forma de tratamento e adaptação

11

Professor da Rede Estadual de Educação Básica do Estado do Paraná, licenciado em Educação Física pela Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG, cursos de pós-graduação em Educação Especial.2 Professora Ms. C. do Departamento de Educação Física da Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG.

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para didática necessária. Temos que diferenciar a integração da inclusão, na qual na

primeira, tudo depende do aluno e ele é que tem que se adaptar buscando

alternativas para se integrar, ao passo que na inclusão, o social deverá modificar-se

e preparar-se para receber o aluno com necessidades educacionais especiais.

As dificuldades que a escola encontra apresentam diante da inclusão escolar,

sobretudo quando as escolas de uma maneira geral não estão preparadas e seus

professores e funcionários não possuem formação especializada para incluir os

alunos com algum tipo de deficiência. Pois os alunos necessitam de metodologias

diferenciadas, recursos didáticos que não os acabem excluindo por causa das

diferenças. Daí a necessidade do professor ter uma postura diferenciada e formada

diante da educação inclusiva.

Os professores desabafam as suas angústias por não saberem trabalhar com

crianças e jovens que possuem algum tipo de deficiência, a escola também não

contempla, na formação continuada, dar conta desta questão e capacitar os

Professores e Funcionários de Apoio para de fato tornar a inclusão uma realidade.

A inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais tem sido

tema de amplos debates e estudos no interior das escolas, entretanto, não tem sido

legitimada pela maioria dos professores das diferentes disciplinas, dentre elas a de

Educação Física.

O Colégio Estadual Wolff Klabin oferta Ensino Fundamental, Médio, Normal e

Educação Profissional. Este colégio atende alunos com necessidades educacionais

especiais sendo; quatro alunos com Deficiência Física - DF, uma aluna cega, quatro

alunos surdos, um aluno com Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) e outros

com deficiência intelectual que têm ficado, na maioria das vezes, segregados das

atividades propostas pela disciplina de Educação Física, pois seus professores, a

exemplo dos demais, ainda não formataram seus conteúdos disciplinares para a

diversidade encontrada nas escolas.

Para darmos uma resposta adequada aos nossos alunos com Necessidades

Educacionais Especiais (NEE's) é necessário pesquisar e estudar muito, pois a

formação do professor de Educação Física é muito generalista, ficando o

embasamento teórico-prático insuficiente, para preparar o professor para realizar a

inclusão na escola.

Todavia, com muita dedicação, aliada a condições objetivas e, ainda, com a

valorização desses alunos podemos sim, responder e mostrar aos demais

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professores que os alunos com NEE's podem realizar atividades de maneira igual ou

superior, mesmo apesar de algumas limitações.

Este desafio consiste em saber lidar com o abundante potencial presente

entre as pessoas que apresentam diferentes e peculiares condições para a prática

das atividades físicas, interagindo com os mais diferentes contextos (GORGATTI;

COSTA, 2005).

Uma escola inclusiva visa à igualdade de condições para o acesso e a

permanência na escola, sem qualquer tipo de discriminação, levando as pessoas a

um processo com equidade e igualdade a todos, promovendo recursos necessários

para o desenvolvimento intelectual e social do indivíduo através de suporte físico,

pedagógico, metodológico e tecnológico independentemente da especificidade

apresentada e dos variados níveis de comprometimento.

Dentro da escola, os alunos com deficiência física podem participar de

atividades dentro do planejamento da Educação Física, com algumas adaptações e

cuidados. A realização de atividades com crianças, principalmente aquelas

envolvendo jogos, devem ter um caráter lúdico e favorecer situações em que a

criança aprenda a lidar com seus fracassos e êxitos. A variedade de atividades

também prevê o esporte, como um auxílio no aprimoramento da personalidade de

pessoas com deficiência, consequentemente podem participar da maioria das

atividades propostas contidas no planejamento da escola (plano da proposta

curricular e plano de trabalho docente).

As aulas de Educação Física que anos atrás tinham como objetivo apenas o

rendimento físico dos alunos, hoje busca oferecer uma melhor oportunidade de

vivenciar diversos conhecimentos no que se refere à cultura corporal dos

educandos, principalmente àqueles com NEE’s.

Por isso, é muito importante que o professor de Educação Física tenha os

conhecimentos básicos relativos ao seu aluno como: tipo de deficiência, quais as

causas, a idade em que apareceu a deficiência, se foi repentina ou gradativa, se é

transitória ou permanente, as funções e estruturas que estão prejudicadas. Implica,

também, que esse educador conheça os diferentes aspectos do desenvolvimento

humano: biológico (físicos, sensoriais, neurológicos), cognitivo; motor; interação

social e afetivo-emocional (CIDADE E FREITAS, 1997).

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Dessa forma, o presente trabalho buscou trazer uma série de reflexões sobre

a educação física adaptada contribuindo para os avanços das questões relacionadas

às atividades práticas que é o tema principal deste trabalho.

Este trabalho é produto de estudos, pesquisas, um pouco de experiência

profissional e preocupações de caráter social e educacional voltado para os

professores de Educação Física que trabalham na rede estadual de ensino e que

estão comprometidos com a inclusão dos alunos com deficiência física em suas

aulas. Espera-se, também, que o conhecimento e a consciência de todos sejam

ampliados sobre as infinitas possibilidades do ser humano e que possam romper

com toda a forma de preconceitos, tabus e mitos presentes em nosso dia a dia,

dentro e fora da escola.

Um dos problemas é a falta de conhecimento que os professores possuem

em trabalhar com esses alunos, falta de motivação ou vontade de mudar esse

paradigma. Pois dentro do processo de inclusão o professor não pretende apenas

colocar o aluno no espaço físico da escola, e sim que as propostas sejam adaptadas

atendendo não apenas aos alunos com necessidades educacionais especiais e sim

a todos àqueles que algum dia possam a vir a apresentar alguma dificuldade de

aprendizagem.

Mas o principal problema é como construir para a disciplina de Educação

Física, práticas inclusivas com atividades adaptadas para o aluno com deficiência

física, uma vez que há grande carência de referenciais teórico-metodológicos que

norteiem a ação docente dos professores dessa área?

Contudo, objetivo deste trabalho não se encerra na apresentação desses

recursos, mas serve como ponto de partida para otimizar a eficiência cooperativa

entre educando e professor no processo de ensino-aprendizagem, ao valorizar a

diversidade como agente de transformação de consciência social, viabilizando o

exercício da cidadania na construção de uma sociedade inclusiva.

Ademais, pretende-se contribuir com a construção de uma práxis pedagógica

comprometida com a inclusão do aluno com deficiência física. Outra

intenção deste trabalho é que ocorra uma aproximação entre todos os segmentos do

contexto escolar possibilitando um novo olhar sobre o universo da Educação Física

Adaptada.

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DEFICIÊNCIA FÍSICA.

De acordo com (BRASIL 2006) Deficiência Física é toda e qualquer

deficiência que leve a pessoa a ter algum tipo de limitação para se locomover.

Considera-se como deficiente físico os indivíduos que possuam limitações do

aparelho locomotor, paralisias, amputação, má formação congênita ou qualquer

deficiência que interfira em sua locomoção, coordenação motora e ou fala, advindo

de lesões neurológicas, neuromusculares e ou ortopédicas, além daqueles que

apresentam comprometimentos diversos, decorrentes das patologias acometidas.

Para Carmo (1991) uma pessoa é considerada com deficiência física quando

possui alterações musculares, ósseas, articulares e/ou neurológicas em grau tal que

limite sua capacidade de locomoção, articulação e postura, tendo como

consequência a diminuição do vigor, da vitalidade e da agilidade.

Desta forma, em consequência da causa e do grau de abrangência deste

comprometimento, pode ser afetado o desenvolvimento motor, limitando o andar, a

coordenação de braços, pernas e da fala. Os comprometimentos são resultantes de

problemas ortopédicos, neurológicos, musculares ou de má-formação congênita

(nasce com ela), ou adquirida (causas por acidentes, medicamentos e/ou infecções).

Sendo assim, de acordo com o Decreto 5.296/2004:

“deficiência física é toda alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia tetraparesia, triplegia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidades estéticas e as que produzem dificuldades para o desempenho de funções”.

As causas mais comuns capaz de levar a deficiência física são: a hipertensão

arterial da mãe durante a gestação, parto prematuro ou prolongado, posição do

cordão umbilical ocasionando falta de oxigenação no cérebro do bebê, usar drogas,

automedicar-se, deficiências de vitaminas na alimentação, doenças

infectocontagiosas como sífilis, rubéola, meningite, exposição da gestante a

radiações e acidentes. (Vaz, 2006).

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Os tipos mais comuns de deficiência física são: Paralisia Cerebral,

Traumatismos Crânio-Encefálico, Mielomeningocele, Miopatias (distrofia muscular

progressiva, atrofia espinhal, mi astenia grave), acidente vascular cerebral,

amputação, artrite reumatoide, encefalopatias congênitas.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2007) "a incapacidade é

qualquer restrição ou impedimento para a realização de uma atividade, ocasionados

por uma deficiência (intelectual, auditiva, de linguagem, neuromotoras ou visuais)

dentro do âmbito considerado normal para o ser humano".

E de acordo ainda, com a OMS, 2007.

"Qualquer violação do principio fundamental e qualquer descriminação ou diferença negativa de tratamento das pessoas com deficiências que contrariem as normas uniformes das Nações Unidas sobre a igualdade de oportunidades para as pessoas com deficiências vulnera os direitos humanos dessas pessoas."

Paralisia Cerebral

É uma lesão no sistema nervoso central que ocorre antes, durante ou após o nascimento – a maioria dos autores considera até 03 anos de vida. Caracteriza-se por uma alteração da postura e dos movimentos, atraso no desenvolvimento normal da criança, que sustenta a cabeça na época esperada (três meses), não suga, não senta (seis meses), não anda até aproximadamente um ano e meio. Também pode ou não acarretar dificuldade visual, mental e de linguagem, assim como, crises convulsivas. Essa lesão cerebral pode resultar em comprometimentos neuromotores variados que geralmente, estão associados à gravidade da sequela e à idade da criança.

Para a paralisia cerebral, conforme o número de extremidades afetadas vem

sendo utilizada a seguinte denominação:

Plegia: ausência total de movimento

Paresia: ausência parcial de movimento

Monoplegia: Afetado um membro (perna ou braço).

Hemiplegia/Hemiparesia: um lado do corpo é acometido, podendo ser o lado

esquerdo ou o direito.

Diplegia/Diparesia: os membros superiores apresentam melhor função do que os

membros inferiores, ou seja, o comprometimento maior encontra-se nas pernas.

Tetraplegia/Tetraparesia ou hemiplegia dupla: os quatro membros estão igualmente

comprometidos. Na hemiplegia dupla os braços são mais afetados do que as

pernas, fala e deglutição.

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Para as diferentes manifestações neuro-motoras da doença, adotamos a

classificação de Philips (2003 pag.407- 412), que se baseia nas:

- Espásticas: a lesão se localiza no córtex cerebral, afeta o sistema piramidal,

implicando sobre todos os centros motores. Caracteriza-se pela perda do controle

dos movimentos voluntários e a rigidez de movimentos, torpes e não coordenados.

- Atetósicas: caracterizam-se por uma sucessão de movimentos involuntários,

lentos, contínuos e exuberantes, localizados, sobretudo, nos dedos das mãos e pés,

se bem que também, podem estender-se pelos músculos dos braços, das pernas,

do rosto e da língua. Os movimentos atetósicos, provocados por lesões no trato

extrapiramidal, são incontroláveis, involuntários, irregulares e lentos, que se

acentuam pelas emoções e por esforços físicos e desaparecem ou se atenuam

durante o sono.

A atetose supõe o comprometimento de um ou de dois lados do corpo, e com

maior frequência e intensidade, nas extremidades superiores que nas inferiores,

sobretudo nas partes distais. Denomina-se hemiatetose a atetose localizada na

metade do corpo; atetose dupla ou bilateral é a que se apresenta em ambos os

lados do corpo.

- Atáxicas: caracterizam-se por grandes dificuldades no equilíbrio, controle do tronco

e transtornos da coordenação geral e óculo-manual. Produzida por uma lesão no

cerebelo, recebe a denominação de ataxia a descoordenação que apresentam nos

movimentos voluntários, movimentos que se executam sem coordenação e mal

sincronizados, de forma desmesurada e desarmônica como consequência do

comprometimento dos sistemas sensitivo e cerebelos.

− Mistas: este tipo de patologia, cujo nome se deve ao fato de apresentar

combinadas características de diferentes transtornos mencionados

anteriormente, o comprometimento motriz é o mais frequente.

Traumatismos Crânio-Encefálico (TCE)

É uma lesão do sistema nervoso central que acorre após o terceiro ano de

vida. As causas mais frequentes são acidentes automobilísticos, quedas e

atropelamentos. É decorrente de um trauma no crânio e no encéfalo, resultantes na

maioria das vezes, por acidente de trânsito ou quedas (SOUSA et. al.,1998).

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Pode-se considerar também, como qualquer agressão ao cérebro, que

acarrete lesão anatômica ou comprometimento funcional do crânio, meninges ou

encéfalo. Conforme Smith e Wink ler (1994) podem ser originadas por uma força

física externa, resultando em um estado alterado de consciência e comprometimento

das habilidades cognitivas e funcionamento físico, denominada, ainda como

patologia não degenerativa e não congênita.

Consequentemente, os distúrbios podem ser permanentes ou temporários,

com comprometimento funcional parcial ou total (OLIVEIRA et. al., 2007). As

principais causas dessa deficiência, seguindo nessa ordem, são; acidentes

automobilísticos, quedas, assaltos e agressões, esportes e recreações e, projétil por

arma de fogo (JONES, 2006). A incidência é maior para os homens do que em

mulheres, proporção de 2:1, sendo a faixa etária mais comprometida estando entre

15 a 24 anos (OLIVEIRA et. al., 2007).

1. Lesão Primária: decorre de uma ação externa e agressora, ligada ao mecanismo

do trauma. Podem ocorrer dois fenômenos biomecânicos:

A. Impacto – é uma quantidade de energia aplicada sobre uma determinada área,

associada à intensidade e local do impacto.

B. Inércia – mudanças abruptas de movimento, causadas por aceleração ou

desaceleração por absorver energia cinética.

As causas da lesão primária podem ser pós-fraturas, contusões e

lacerações da substância cinzenta e, lesa axonal difusa, sendo esta última, segundo

Jones (2006), uma das lesões mais graves.

Para a lesão secundária estas são causadas no momento do trauma, ou

após certo período de tempo. As principais lesões secundárias são:

A. Hematomas intracranianos, que se classificam com extra durais (concentração de

sangue entre o crânio e a dura-máter por laceração de vaso sanguíneo, localizando-

se com maior frequência na região temporal); subdurais (concentração de sangue

entre a dura mater e o cérebro, ocorrendo mais frequentemente, em regiões

temporais e frontais) e; intraparenquimatosos (concentração sanguínea alojada

dentro do parênquima cerebral, sua localização é dada principalmente no lobo

temporal e frontal) - (JONES, 2006 e, OLIVEIRA et. al., 2007).

B. Hipertensão intracraniana é uma das complicações mais frequente do

traumatismo crânio encefálica (TCE), onde a pressão intracraniana elava-se acima

de 15mmhg. Essa pressão pode decorrer devido a um aumento da massa cerebral

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por edema cerebral ou exsudato inflamatório que é um fluido inflamatório extra

vascular que possui alta concentração de proteínas, fragmentos celulares, o que

implica em alteração significativa na permeabilidade normal dos pequenos vasos

sanguíneos na área danificada, aumento do volume e a pressão do liquido

cefalorraquidiano (LCR), por um aumento do volume de sangue intracraniano,

devido à hiperemia ou congestão da micro circulação e, por lesão cerebral

isquêmica (OLIVEIRA et. at., 2007).

O traumatismo craniano-encefálico pode ser dividido em três tipos, segundo

Oliveira et. al. (2007):

1. Traumatismo craniano fechado – ocorre quando não há ferimentos no crânio, ou

existe apenas uma fratura linear, causando destruição do parênquima cerebral.

2. Fraturas com afundamento do crânio – ocorre integridade do pericrânio, porém,

um fragmento do osso fraturado causa a compressão ou lesão do cérebro.

3. Fratura exposta do crânio – indica laceração dos tecidos Peri cranianos e

existência de comunicação direta entre o couro cabeludo e a parênquima cerebral.

Lesão Medular

A Lesão Medular caracteriza-se por uma paralisia de membros inferiores

(paraplegia), ou de membros superiores, tronco e membros inferiores (tetraplegia),

com alteração da sensibilidade e falta de controle do esfíncter. A lesão medular pode

ocorrer em diversas alturas e formas, também por diversas causas, conforme a

altura na medula e gravidade da lesão haverá mais ou menos comprometimentos

dos movimentos, sensibilidade, controles de esfíncteres, funcionamento dos órgãos,

circulação sanguínea e controle de temperatura, pois além da lesão na medula,

pode ocorrer também, lesão no sistema nervoso autônomo ou alterações no mesmo,

devido à lesão causada na medula.

A lesão ocorre devido à morte dos neurônios da medula e a quebra de

comunicação entre o cérebro e suas conexões com os neurônios da medula,

interrompendo assim, a comunicação entre o cérebro e todas as partes do corpo que

ficam abaixo da lesão.

As lesões geralmente são de origens Traumáticas ou Não-Traumáticas,

conforme o seu fato gerador, dois exemplos para melhor compreensão: caso uma

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pessoa sofra um acidente, tenha uma fratura de coluna e uma consequente lesão

medular, esta será de origem traumática; caso uma pessoa tenha um

desenvolvimento tumoral na medula ou em regiões próximas, com uma consequente

lesão medular, esta será de origem não traumática.

As lesões traumáticas podem decorrer de acidentes automobilísticos, quedas

de alturas, mergulhos em locais rasos, por ferimentos com armas brancas, por

ferimentos com armas de fogo (projétil), etc. Quando ocorre um trauma na coluna

vertebral, uma ou mais vértebras podem se deslocar, provocando uma compressão

sobre a medula, ou alguns fragmentos de ossos, podem invadir o canal medular.

A primeira lesão provocada num primeiro momento ocorre quando alguns

neurônios, oligodentritos e antracitos são mortos e alguns axônios são mortos e

alguns axônios são rompidos. Em um segundo momento, inicia-se a lesão

secundária, cuja tentativa de conter o processo de lesão provoca as células de

defesa que a partir de então começam a destruir outras células, por falta de

nutrientes e oxigênio, pois vários vasos são rompidos não chegando assim, o

oxigênio e os nutrientes necessários, para a sobrevivência deles.

As lesões de origem não traumáticas podem ser geradas por vários fatores,

como tumores que comprimem a medula ou regiões próximas, acidentes vasculares

e hérnias de disco, todos gerando o corte ou diminuição do fluxo sanguíneo, de

nutrientes e do oxigênio até as células da medula, com uma provavelmente morte

celular.

Em relação à lesão medular, esta agravasse conforme ocorrência estiver mais

próxima da cabeça, pois maior será a perda de movimentos e sensibilidade e quanto

mais baixa a lesão, mais movimentos e sensibilidade à pessoa terá. As lesões

podem ser completas, quando lesam totalmente determinada altura da medula, não

havendo nenhum movimento ou sensibilidade abaixo do nível da lesão, podem ser

incompletas, quando lesam parcialmente a medula, podendo haver movimentos, ou

sensibilidade abaixo do nível da lesão.

Mielomeningocele

Lesão do sistema nervoso central, ocorrida ainda no útero da mãe, que se

caracteriza por uma paraplegia flácida, alteração da sensibilidade, não controle de

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esfíncter e em muitos casos apresenta hidrocefalia, sendo necessário então o uso

de válvula de derivação.

Também, conhecida como Spina Bífida, é uma malformação congênita da

coluna vertebral da criança, dificultando a função primordial de proteção da medula

espinhal, que é o tronco de ligação entre o cérebro e os nervos periféricos do corpo

humano.

Quando a medula espinhal nasce exposta, como na Mielomeningocele,

muitos nervos podem estar traumatizados ou ficarem sem função, sendo que os

funcionamentos dos órgãos inervados pelos mesmos (bexiga, intestinos e músculos)

podem estar afetados.

Esta doença deixa uma parte da coluna vertebral exposta, sendo recoberta

por uma pele rosada e muito fina, necessitando a criança passar por uma cirurgia

logo após o seu nascimento devido à fragilidade da coluna vertebral, sendo que

alguns nervos podem ficar comprometidos, fazendo com que a criança portadora da

doença, não tenha o controle da bexiga e de outros órgãos. Se não for devidamente

tratada pode não desenvolver-se normalmente e adquirir dificuldades em andar. A

doença pode ser descoberta ainda durante a gravidez e na maioria dos casos, ela é

causada pela deficiência de ácido fólico.

No tratamento da Mielomeningocele o passo inicial é uma cirurgia para

preservação da função neurológica remanescente e prevenção de infecções como a

meningite, já que o defeito representa uma porta aberta à invasão de micro-

organismos.

Mesmo apesar da doença a maioria das crianças consegue se locomover

sem necessidades de auxílio, mas há casos em que precisam de muletas e ou

cadeira de rodas para determinadas atividades. O tratamento deve ser intensivo e

pleno, com acompanhamento correto para poderem mais tarde, usufruir de uma vida

mais ativa e produtiva.

Amputação

Segundo Carvalho (2003) é a retirada cirúrgica, total ou parcial de um

membro, afirmando ainda que as amputações possam ter indicações eletivas, como

nos casos das doenças e más-formações ou indicações de urgência, como em

traumas importantes e infecções graves.

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A amputação é a perda de um membro, ou parte dele, caracterizado pela

perda ou comprometimento do osso, do feche neurovascular, do tecido muscular,

das funções do membro, das sensações distais, refletindo sobre a imagem corporal

e desempenho funcional (SPENCER, 2000).

Podemos definir amputação como sendo a retirada, normalmente cirúrgica,

total ou parcial de um membro. Para os utentes menos esclarecidos, o termo

“amputação” está relacionado com o terror, derrota e mutilação, trazendo de forma

implícita, uma analogia com a incapacidade e a dependência.

No entanto a amputação, de uma forma geral, provocada quer por problemas

vasculares, traumatismo, diabetes, tumor, quer por deformidade congénita deve ser

encarada como:

1. Uma forma de tratamento, o qual desembaraça a maior parte das vezes os

utentes de uma extremidade dolorosa e frequentemente inútil (Downie, 1983);

2. O único meio de fornecer uma melhoria de qualidade de vida (QV) e não um fim

em si mesmo, sendo um processo através do qual se alcançam novos horizontes

(Cruz, 1994).

Alunos com graves deficiências:

• Têm atividades frequentes de “assistir” em vez de “fazer” – encoraje estes

alunos a serem ativos em vez de passivos.

• Podem ter menos oportunidades de jogar pelas limitações dos movimentos e

limitações para usar as mãos – assegure-se que são dadas a estes alunos,

oportunidades de jogarem, adaptando as atividades e usando tecnologia.

• Podem ser dependentes de adultos que os assistam nas situações de jogos,

nesses casos dê a oportunidade para esses alunos fim de que possam:

• Iniciar e escolher os jogos

• Jogar espontaneamente

• Interagir, tanto com outras crianças, quanto com adultos;

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• Demonstrar comportamentos negativos causados por tédio ou frustração para

chamar atenção dos adultos – incentive atividades interessantes e

desafiadoras.

2 BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL

No Brasil, as iniciativas nesta área, começaram a aparecer ainda no século

XIX, em 1854, D. Pedro II fundou o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, no Rio de

Janeiro, que passaria a ser denominado, em 1890, Instituto Benjamin Constant. Em

1857, D. Pedro II fundou o Imperial Instituto dos Surdos-Mudos, também no Rio de

Janeiro, que passou a ser denominado em 1957, Instituto Nacional de Educação de

Surdos (INES). A lei Escola para todos foi assinada em 1948, garantindo o direito

de todas as pessoas à Educação. Após seis anos, em 1954 surge o ensino especial

como opção à escola regular, é fundada a primeira associação de pais e amigos dos

excepcionais (APAE), (NOVA ESCOLA, edição especial, nº. 24 pág.10, 2009).

A LDB em 1961 tenta inovar promulgando a Lei que garante o direito da

criança com deficiência à educação, de preferência na escola regular. Mas, em 1971

há um retrocesso jurídico que determina “tratamento especial” para a criança com

deficiência, reforçando as escolas especiais. Dois anos depois é criado o centro

nacional da educação especial (CENESP), onde a ideia é integrar os que

acompanham o ritmo da escola regular, sendo que os demais continuam na

Educação Especial (NOVA ESCOLA, edição especial, nº. 24 pág.10, 2009).

Em 1988, a constituição estabelece a igualdade no acesso à escola, e o

estado deve dar atendimento especializado, de preferência, na rede regular.

Aprovada a Lei n° 7.843 que criminaliza o preconceito, só regulamentada dez anos

depois (1999). Em 1990, o estatuto da criança e do adolescente dá aos pais ou

responsáveis a obrigação de matricular os filhos na rede regular. Neste mesmo ano

a declaração mundial de educação para todos, reforça a Declaração Mundial dos

Direitos Humanos e estabelece que todos devam ter acesso à Educação (NOVA

ESCOLA, edição especial, nº. 24 pág.11, 2009). A

Declaração de Salamanca define políticas, princípios e práticas da Educação

Especial e influi nas políticas públicas da Educação (1994), e a Política Nacional da

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Educação Especial condiciona o acesso ao ensino regular àqueles que possuem

condições de acompanhar “os alunos ditos normais”. Em 1996, a nova lei atribui às

redes o dever de assegurar currículo, métodos, recursos e organização para atender

às necessidades dos alunos (Lisboa: IIE, 1994).

Em 1999 é criada a Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa

Portadora de Deficiência e define a Educação Especial como ensino complementar,

em 2001a Resolução CNE/CEB 2 divulga a criminalização da recusa em matricular

crianças com deficiência. Cresce os números delas no ensino regular e o Brasil

promulga a Convenção da Guatemala, que define a discriminação com base na

deficiência, o que impede o exercício dos direitos humanos. (NOVA ESCOLA,

edição especial, nº. 24 pág.11, 2009).

Em 2002 a Resolução CNE/CP 1 define que a universidade deve formar

professores para atender alunos com necessidades especiais e a Lei nº. 10.436/02

reconhece a língua brasileira de sinais como meio legal de comunicação e

expressão, também a Portaria 2.678 aprova normas para o uso, o ensino, a

produção e difusão do braile em todas as modalidades de Educação (NOVA

ESCOLA, edição especial, nº. 24 pág.12, 2009).

Em 2003, o MEC cria o Programa Educação Inclusiva: direito à Diversidade,

que forma professores para atuar na disseminação da Educação Inclusiva. Em 2004,

o Ministério Público Federal reafirma o direito à escolarização de alunos com e sem

deficiência no ensino regular. Já em 2006, a Convenção é aprovada pela

Organização das Nações Unidas (ONU), estabelecendo que as pessoas com

deficiência, tenham acesso ao ensino inclusivo (NOVA ESCOLA, edição especial, nº.

24 pág.13, 2009).

Em 2008, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da

Educação Inclusiva, define: todos devem estudar na escola comum. Pela primeira

vez, o número de crianças com deficiências matriculadas na escola regular,

ultrapassa o das que estão na escola especial. E o Brasil, ratifica a Convenção dos

Direitos das Pessoas com Deficiência, da ONU, fazendo da norma, parte da

legislação nacional (NOVA ESCOLA, edição especial, nº. 24 pág.13, 2009).

O NOVO PAPEL DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

Com a nova política nacional para a Educação Especial todas as crianças e

jovens com necessidades especiais devem estudar, preferencialmente, na escola

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regular. Desaparecem, portanto, as escolas e classes segregadas, o atendimento

especializado continua existindo apenas no turno oposto. É o que define o Decreto

6.571, de setembro de 2008. O referido documento define, ainda, o prazo para que

todos os municípios se ajustem às novas regras que vai até o fim de 2010. Apesar

disso, esse processo não acaba com as instituições especializadas no ensino dos

que têm deficiência. Em lugar de substituir, elas passam a auxiliar a escola regular,

firmando parcerias para oferecer atendimento especializado no contra turno

Estamos passando por um momento de construção, a inclusão na escola está sendo

aprendido no dia a dia, por meio das experiências de cada pessoa, envolvida no

processo ensino aprendizagem. Dessa forma, aliando a teoria a pratica, estamos

aprendendo com todo esse processo ao fazê-lo. (A revista do educador, ciranda da

Inclusão, Ano 1 – nº 8 Julho de 2010)

Segundo a política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da

Educação Inclusiva – regulamentada em 2008 pelo Ministério da Educação – o

Atendimento Educacional Especializado deve ser feito no turno oposto ao da sala de

aula regular da própria escola em que o aluno frequenta, ou em outra próxima, deve

oferecer recursos pedagógicos de acessibilidade que eliminem barreiras e permitam

a plena participação dos alunos com deficiência, de acordo com as suas

necessidades específicas em escolas inclusivas, por meio das salas de recursos

multifuncionais. Além de contar com jogos pedagógicos, essas salas precisam ser

munidas de mobiliários e equipamentos acessíveis. (A revista do educador, ciranda

da Inclusão, Ano 1 – nº 8 Julho de 2010)

Segundo a Resolução nº. 4/2009 do Conselho Nacional de Educação – que

determina como dever a ser cumprido o Decreto n 6.571/2009 – os alunos com

deficiência (intelectual, auditiva, visual, múltipla e/ou surdo cegueira), transtornos

globais de desenvolvimento, altas habilidades e/ ou superdotação devem ser

matriculados nas classes comuns do ensino regular e no Atendimento Educacional

Especializado ao mesmo tempo (NOVA ESCOLA, edição especial, nº. 24 pág.12,

2009).

A Constituição Federal de 1988, sobre a educação especial preconiza que:

em seu Art. 205:

“a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será

promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando

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ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício

da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.

O Art. 206 (da mesma Lei), afirma que, o ensino será ministrado com base

nos seguintes princípios:

I - Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

Art.208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:

II - Atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,

preferencialmente na rede regular de ensino.

III - Atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade.

Art.213. Os recursos públicos serão destinados às escolas, podendo ser dirigidos a

escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que:

I - Comprovem finalidade não lucrativa e apliquem seus excedentes financeiros em

educação.

Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração

social sob a Coordenadoria Nacional para a Integração da PE No Brasil, as

iniciativas nesta área, começaram a aparecer ainda no século XIX.

Em 1854, D. Pedro II fundou o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, no Rio

de Janeiro, que passaria a ser denominado, em 1890, Instituto Benjamin Constant.

Em

1857 D. Pedro II fundou o Imperial Instituto dos Surdos-Mudos, também no

Rio de Janeiro, que passou a ser denominado em 1957, Instituto Nacional de

Educação de Surdos (INES). Pessoa Portadora de Deficiência – CORDE (lei n°

7853/89). Em 1990, cria-se o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente Lei nº.

8069/90.

A Lei nº. 8112/90 dispõe sobre o Regime Jurídico dos Servidores Públicos

Civil da União, das autarquias e das fundações públicas federais. A Lei nº. 8742/9

dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências. A Lei nº.

10.098/94 estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da

acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e

dá outras providências (PORTAL do MEC, 2011).

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PRINCIPAIS LEIS QUE REGULAMENTAM A EDUCAÇÃO ESPECIAL

A Declaração de Salamanca, reconvocando as várias declarações das

Nações Unidas, culminaram no documento das Nações Unidas, cujas "Regras

Padrões sobre Equalização de Oportunidades para Pessoas com Deficiências",

(Brasil, 1997, p.10) demanda que os Estados assegurem a educação de pessoas

com deficiências e esta seja parte integrante do sistema educacional.

A questão mais importante na Declaração de Salamanca afirma que as

necessidades educacionais especiais incorporam os princípios de uma pedagogia

equilibrada que beneficia todas as crianças. Parte-se do princípio de que todas as

diferenças humanas são normais e de que a aprendizagem deve, portanto, “ajustar-

se às necessidades de cada criança, em vez de cada criança se adaptar aos

supostos princípios quanto ao ritmo e à natureza do processo educativo.” (Brasil,

1997a, p.18).

A referência à Educação Especial na Constituição Brasileira de 1988 consta

apenas do Capítulo III – da Educação, da Cultura e do Desporto. O Inciso III do Art.

208 estabelece que o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a

garantia de atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,

preferencialmente na rede regular de ensino. Portanto, já indicava o caminho para a

inclusão escolar, e esse percurso será reafirmado mais tarde pela Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional (LDB, Lei 9.394/96).

Sendo assim, a Lei nº. 13126/01 cria o Programa de Remoção de Barreiras

Arquitetônicas ao Portador de Deficiência. Já a Lei nº. 13450/02 dispõe que os

deficientes visuais acompanhados por cães guias, especialmente treinados para

este fim, têm direito ao acesso e permanência em qualquer local aberto ao público,

conforme especifica. (PORTAL do MEC 2011).

Desta forma, a Lei nº. 13456/02 sobre a criação do Conselho Estadual da

Pessoa Portadora de Deficiência, vinculada à Secretária de Estado da Justiça e

Cidadania – SEJU fica responsável pela execução da política estadual de integração

à pessoa portadora de deficiência. (PORTAL do MEC 2011).

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A EDUCAÇÃO ESPECIAL NOS CURSOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Duarte (2003) preconiza que somente a partir da última década, os cursos de

Educação Física colocaram em seus programas curriculares, conteúdos relativos às

pessoas com necessidades especiais e que o material didático que trata das formas

de trabalho com essa população, escrito em nossa língua, é escasso.

A educação física dentro da educação especial tem como objetivo principal

desenvolver atividades com todos, respeitando as diferenças e dificuldades que

possa ser apresentadas por cada um, rompendo aquela visão que era de apenas

trabalhar com alunos que apresentavam condições para as práticas de atividades

físicas, buscando estratégias, conhecimentos e formação profissional para

desenvolver seu papel dentro da educação que é de transformar o indivíduo e

envolver em sua prática pedagógica todos os alunos com necessidades

educacionais especiais.

Por isso, a Educação Física tem um papel importante no desenvolvimento

global dos alunos, principalmente daqueles com deficiência, tanto no

desenvolvimento motor quanto no desenvolvimento intelectual, social e afetivo.

Quando se trata da Educação Física Adaptada, pensa-se em uma área do

conhecimento que fale sobre os problemas biopsicossociais da população

considerada de baixo rendimento motor: pessoas com deficiência física, deficiências

sensoriais (visual e auditiva), deficiência mental e deficiências múltiplas. Entretanto,

deve procurar tratar o aluno sem desigualdades, elevando sua autoestima e a

autoconfiança por meio da possibilidade de execução das atividades adaptadas.

As atividades práticas proporcionadas pela Educação Física adaptada devem

oferecer atendimento especializado aos alunos com necessidades especiais,

respeitando as diferenças individuais, visando proporcionar o desenvolvimento

global dessas pessoas, tornando possível não só o reconhecimento de suas

potencialidades, como também, sua integração na sociedade (DUARTE; LIMA,

2003).

Desta forma, essas práticas devem ser valorizadas e enfatizadas como uma

das condições para o desenvolvimento motor, intelectual, social e afetivo das

pessoas, sendo consideradas de uma maneira geral, como adaptadas às

capacidades de cada um, respeitando as suas diferenças e limitações.

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Proporcionando melhora no desenvolvimento global e também, para a qualidade de

vida.

Para Cidade e Freitas (2002):

Propiciar desenvolvimento global envolve ajuda para que o indivíduo consiga atingir a adaptação e o equilíbrio que requer sua deficiência; identificar as necessidades e capacidades de cada educando quando as suas possibilidades de ação e adaptações para o movimento; facilitar sua independência e autonomia, bem como facilitar o processo de inclusão e aceitação em seu grupo social (p.37).

Quanto ao físico, podem-se ressaltar ganhos de agilidade no manejo da

cadeira de rodas, de equilíbrio dinâmico ou estático, de força muscular, de

coordenação, coordenação motora, dissociação de cinturas, de resistência física;

enfim, o favorecimento de sua readaptação ou adaptação física global (LIANZA,

1985; ROSADAS, 1989 E SOUZA, 1994).

A escolha de uma atividade esportiva ou recreativa pode depender em grande

parte, das oportunidades oferecidas aos alunos com deficiência física, tais como: da

sua condição socioeconômica, das suas limitações e potencialidades, de suas

preferências esportivas, facilidade nos meios de locomoção e transporte, de

materiais e locais adequados, do estímulo e respaldo familiar, de profissionais

preparados para atendê-los, dentre outros fatores.

Ao inserir o aluno com deficiência física em atividades esportivas, ou em

programas de exercícios, deve-se observar o princípio da adaptação, ou seja, deve-

se proporcionar a prática de atividades introdutórias à modalidade. O deficiente

lentamente vai realizando exercícios leves, simples e básicos que lhe

proporcionarão a base da prática esportiva. Outro ponto importante que deve ser

observado é em relação aos equipamentos e aparelhos a serem utilizados na

execução dos exercícios, ou na prática da modalidade esportiva.

Como exemplo de instrumento para a prática esportiva podemos abordar a

cadeira de rodas. Para alunos usuários de cadeira de rodas, deve-se haver

inicialmente, uma adaptação a esse novo instrumento ou equipamento, através de

atividades específicas a serem praticadas na cadeira. O treinamento deve englobar

exercícios para aprimorar a propulsão da cadeira nas diversas situações como: para

frente, para trás, em curvas, com obstáculos, em terrenos acidentados,

movimentação lenta, média, acelerada. O importante do treinamento, é que o aluno

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torne-se íntimo da funcionalidade e estrutura da cadeira e do seu controle sobre ela

antes de iniciar a prática da modalidade especificamente. Esse procedimento evitará

acidentes, quedas e possíveis lesões e fraturas.

O professor de educação física, antes de prescrever qualquer exercício,

esporte ou atividade física deve realizar uma avaliação física de seu aluno, visando

detectar possíveis problemas orgânicos, motores, antropométricos e fisiológicos

como falta de flexibilidade, incapacidade de sustentar atividade aeróbica,

capacidade respiratória, limites cardíacos, a falta de força e resistência para erguer o

corpo, transferi-lo de forma independente, ou para erguer o corpo para prevenir

úlceras de decúbito (escaras), força e resistência para impulsionar a cadeira de

rodas ou se locomover com auxílio de muletas, próteses e porcentual de gordura

(GORGATTI E COSTA, 2005).

3 CRITÉRIOS DE ADAPTAÇÃO AOS ESPORTES E EXERCÍCIOS

Os critérios e adaptações sugeridas a seguir, não formam uma espécie de

receituário e muito menos devem ser encarados como obrigatórios para todos os

jogos e práticas desportivas. Apenas, são soluções e caminhos que podem ser

trilhados, dependendo da atividade a ser desenvolvida e do tipo de deficiência.

Espaço

Aconselha-se delimitar os espaços destinados á prática esportiva, com o

propósito de compensar as dificuldades de deslocamento que normalmente se

apresentam. Procure por terrenos lisos e planos, sem ondulações, cascalhos ou

irregularidades. Se possível evitar terrenos arenosos e de terra que dificultam

consideravelmente a mobilidade e o cansaço físico.

. Material

Aconselha-se utilizar materiais macios para indivíduos com dificuldades de

percepção. Também, é indicada a utilização de materiais alternativos e adaptados,

como por exemplo, calhas para alunos com Paralisia Cerebral ou cadeira de rodas

para indivíduos com graves problemas de equilíbrio. Claro que todos os acessórios

deverão ser utilizados em situações em que exista a necessidade. Proteja os

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materiais para evitar que os mesmos se machuquem e ou, machuquem os

participantes. Antes de iniciar a prática esportiva com cadeiras de rodas, proteja a

mesma com espumas nas extremidades, evitando que o contato com outras

pessoas, possa lesar ou machucar.

Regras

Alterar os regulamentos das modalidades e da forma de jogo, incluindo novas

regras que atendam as necessidades do grupo participante. Alterar o sistema de

pontuação ou o objetivo do jogo, proporcionando êxito por parte dos participantes,

mantendo assim, o interesse e a motivação constante. Adaptar as regras do jogo, da

brincadeira ou da atividade, permitindo o máximo de igualdade entre os

participantes.

Habilidades

Antes do início de qualquer atividade os participantes deverão ser

consultados sobre as possíveis dificuldades motoras, ou técnicas que dificultem

movimentos e gestos desportivos. O deficiente deve ser estimulado a tentar e a

descobrir suas potencialidades e possibilidades, porém, as tarefas devem ser

adaptadas para que o mesmo consiga o êxito, motive-se cada vez mais, e

consequentemente, possa aprimorar seus movimentos e superar os obstáculos

constantemente. Utilizar atividades em duplas, trios ou grupos para que um possa

auxiliar o outro e assim, desenvolver ainda mais a prática de convívio social e

trabalho em equipe.

Aluno ajudante ou colaborador.

Utilizar sempre que possível um aluno ajudante ou colaborador que terá a

incumbência de auxiliar o professor e os demais colegas, a realizar as atividades e

exercícios. Este aluno colaborador deverá ser substituído sistematicamente pelos

próprios colegas da turma, possibilitando assim, a oportunidade de todos ajudarem o

professor e perceberem sua importância perante a turma.

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4 RESULTADO E DISCUSSÃO

Relatos da implementação

Este estudo ocorreu no Colégio Estadual Wolff Klabin que possui cerca de

1.500 alunos matriculados. Situa-se à Rua Presidente Kennedy, nº 635, centro,

localizado no município de Telêmaco Borba – PR. A implementação aconteceu com

cinco professores de Educação Física e a turma escolhida foi a 7ª série “A” com

aproximadamente 25 alunos sendo 2 alunas cadeirantes.

No início da implementação, foi apresentado aos professores de Educação

Física do referido colégio um questionário com questões abertas para uma avaliação

prévia a respeito do conhecimento que os professores tinham a cerca do tema de

nossos estudos. O questionário continha 22 questões, as quais estavam

relacionadas à inclusão, formação inicial, o contato com os alunos que possuem

alguma deficiência, adaptações das atividades, novas situações de aprendizagem,

formação especializada e continuada, condições para que se efetive de fato o

processo de inclusão, quais as principais dificuldades em trabalhar com alunos

NEE’s.

Algumas das questões trabalhadas com os professores:

1)Na sua formação inicial teve alguma(s) disciplina(s) que o preparasse para a

intervenção com alunos portadores de necessidades educacionais especiais?

2)O contato com alunos com Necessidades Educacionais Especiais (NEE’s) em

aulas do ensino regular, contribui para que os outros alunos assumam condutas

mais adequadas?

3)A eficácia pedagógica dos professores, nas turmas com alunos NEE’s fica

reduzida, visto que têm de atender alunos com diferentes níveis de capacidade?

4)As adaptações das atividades de Educação Física dos alunos com NEE’s no

ensino regular obrigam a alteração das atividades normais da aula?

5)A presença de um aluno com NEE’s numa turma de ensino regular proporciona

novas situações de aprendizagem para outros alunos?

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6)Sem uma formação especializada, dificilmente o professor do ensino regular

poderá dar uma resposta adequada aos alunos com NEE’s?

7)Quais são as dificuldades que sente mais frequentemente no exercício da sua

atividade docente, para a inclusão dos alunos com NEE's no ensino regular.

8)Após o seu curso de formação acadêmica frequentou ações de formação

continuada, relacionadas a intervenção de alunos com necessidades educacionais

especiais?

Apresenta-se a seguir uma análise de algumas respostas dos professores

com relação às questões citadas acima:

Prof. UM) – O professor afirma que se deve buscar inserir o aluno com DF no

contexto da aula, mas não seria correto haver certa facilitação na realização da

atividade, mostrando que ele também, é capaz de atingir o objetivo proposto, dentro

de suas limitações. A eficácia pedagógica dos professores, nas turmas com alunos

NEE’s fica reduzida, visto que têm de atender alunos com diferentes níveis de

capacidade, esse é o maior problema. Acontece muitas vezes, quando, por exemplo,

uma aula que o professor planejou para o aluno especial, não atendeu às

características individuais do aluno, fazendo o professor ter que improvisar o

material na hora da aula. Isso acarreta transtornos para o grupo todo. Por isso, a

importância do profissional conhecer muito bem as características físicas de seu

aluno especial, que muitas vezes não é identificada inicialmente.

Prof. Dois) - professor relata que a conduta dos outros alunos que não possuem

deficiência em relação aos com NEEs é de extrema importância, pois acabam

assumindo uma postura de respeito e solidariedade. Os alunos muitas vezes,

vivenciando essas dificuldades, poderão compreender que possuem um papel muito

importante no processo da inclusão. As adaptações das atividades de Educação

Física para os alunos com NEE’s no ensino regular, obrigam a alteração das

atividades normais das aulas, como; algumas estratégias com atividades

diferenciadas que sempre terão que ser repetidas periodicamente, pois assim, os

alunos podem ter um exemplo das dificuldades e preconceitos vividos por pessoas

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com necessidades especiais. Não somente as classes com alunos especiais, todos

os alunos deveriam entender o processo da inclusão. No caso de uma classe com

apenas um aluno com deficiência, acredito que devemos incluí-lo ao grupo e não o

grupo as dificuldades dele.

Prof. Três) - A presença de um aluno com NEE’s numa turma de ensino regular

proporciona novas situações de aprendizagem para outros alunos quando os

colocamos na situação do colega com deficiência, acredito que eles aprendam

bastante ou pelo menos param para refletir e se colocam no lugar do aluno com

NEE's. Desde de que o professor esteja preparado, de forma alguma, torna-se mais

difícil o fato do professor não ter noção alguma, em lidar com um aluno que possua

NEE’s. Esta questão Irá depender das limitações do aluno com deficiência que em

alguns casos poderá sim, enfrentar desafios impostos pelas aulas. Por exemplo; um

portador de monoplegia (falta de um membro superior), pode sim participar ou

vivenciar diferentes atividades, já o caso da deficiência visual, o professor deverá

utilizar-se de várias estratégias como jogos de orientação, jogos sensitivos etc... As

aulas de inclusão devem passar também, pela conscientização dos outros alunos

ditos “normais”.

Prof. Quatro) - Deveriam ser contemplados em todas as disciplinas e conteúdos a

formação continuada e esta deveria dar mais ênfase aos alunos com NEE’s. Quando

os colocamos na situação do colega deficiente, acredito que eles aprendem

bastante, ou pelo menos, param para refletir e se colocam no lugar do aluno com

NEE's. Penso que a especialização acontece de acordo com as necessidades, se

temos dificuldades, devemos procurar respostas para solucioná-las.

Prof. Cinco) - Acontece uma falta de comprometimento dos profissionais da

educação, sejam eles; professores, agentes educacionais, pedagogos, e da

aceitação da turma, da comunidade escolar ( alunos). E um acompanhamento,

avaliação. E que somente com uma especialização se pode ter uma noção maior de

como trabalhar com um aluno com NEE’s, mas também, vai muito do tipo de NEE’s

que o aluna tenha, qual seja sua deficiência.

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Análise das discussões da Implementação

Os professores participantes da implementação afirmaram que são grandes

os ganhos motores de alunos com deficiência física incluídos no contexto escolar,

pois, quando bem estimuladas essas crianças conseguem índices de

desenvolvimento motor semelhante às crianças sem deficiência. Quanto aos ganhos

psicológicos, os professores visualizaram grandes resultados relacionados à

socialização, autoconfiança, entre outros. Concluindo assim que a vivência da

criança com deficiência física no contexto escolar proporciona algumas modificações

ou adaptações ambientais, mas que o resultado na sua maioria, é compensador e

positivo.

Apesar das incertezas e angústias relatadas, a maioria dos professores

acredita no processo de inclusão e apresentam sugestões de como poderiam ser

tomadas atitudes para avançar neste processo, como por exemplo: envolver os pais

e a comunidade; promover cursos e palestras aos educadores, trabalhar o tema com

os professores "antes" de receberem o aluno. As propostas são no sentido de

promover o suporte necessário aos educadores para trabalhar com as diferenças.

Alguns professores relataram: "eu passarei realmente a acreditar no processo

de inclusão quando tiver a segurança para entender o que estou fazendo, quando

tiver retorno do que fiz por parte da direção da escola"; "há muito que fazer, vivemos

hoje a inclusão da exclusão, não há um preparo da sociedade, para trabalhar com o

processo de inclusão.

Atividades realizadas na Implementação:

1 - Trabalho individual com os professores na sua hora atividade: Teoria relacionada

à deficiência física (causas, tipos, consequências e potencialidades).

2 - Trabalho individual com o Professor de Educação física na sua hora atividade –

Teoria e elaboração de atividades.

3 - Trabalho com a turma da 7ª Série que possuíam 2 alunos cadeirantes:

conscientização da educação física adaptada.

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4- Observação das aulas dos Professores relacionadas à educação física adaptada:

relatar pontos positivos e negativos das aulas

5- Apresentação do Filme (Gaby uma história verdadeira), fazendo apontamentos

dos itens mais importantes do filme.

6 - Trabalho com atividades adaptadas: Voleibol sentado, basquetebol adaptado e

rouba bandeira.

7 - Apresentação do Filme (Meu pé esquerdo), fazendo apontamos dos itens mais

importantes do filme.

8 - Atividades adaptadas – futsal para amputados e cadeirantes, voleibol de balões e

corrida com obstáculos.

9 - Trabalho com os professores: relatos das experiências das suas aulas com

Atividades adaptadas: pontos positivos e negativos.

10 - Filmagens das atividades adaptadas com alunos

Posteriormente foi apresentado aos professores, um referencial teórico

contemplando a concepção de Deficiência Física: causas; tipos; potencialidades e

necessidades dos sujeitos com tal deficiência, também, uma série de exemplos de

atividades adaptadas. Este momento foi realizado individualmente com os

professores, sempre na hora atividade e muitas vezes, com no máximo dois

professores. Depois de sugerirmos algumas atividades como exemplo, os mesmos

realizavam com seus alunos e, no encontro seguinte, relatavam os pontos positivos

e negativos das aulas práticas.

As atividades foram desenvolvidas em diversas turmas, com ênfase a turma

da 7ª série A, na qual eu pude perceber uma maior motivação por parte dos alunos,

haja vista que a mesma possuía 2 alunas com deficiência física (paralisia cerebral) .

Segundo relatos dos professores após as atividades desenvolvidas com a maioria

das turmas houve maior desenvolvimento dos alunos nas habilidades sensório-

motoras, o raciocínio e a capacidade de se relacionar por gestos e expressões

corporais.

Grupo de Trabalho em Rede (GTR)

O Grupo de Trabalho em Rede (GTR), foi muito importante para a

implementação do trabalho na escola, pois foi o espaço de debate sobre a prática

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adaptada, inclusão virtual e também digital, de vários professores da Rede. Durante

dois meses participaram 15 professores de vários municípios paranaenses. Deste

total, quatorze professores cumpriram as unidades que compunham o GTR. Estas

unidades eram compostas de atividades em que os professores davam sugestões,

faziam análises e debatiam sobre as questões envolvidas no programa e

executavam em suas escolas. Posteriormente traziam os pontos positivos e

negativos das tarefas. Tinham a sua disposição o fórum e o diário para discutir,

debater e as sugestões sobre as atividades que eram postadas durante o período do

GTR, conforme relatos abaixo:

1ª Atividade

Objetivo da atividade: Promover uma discussão sobre o Projeto de Intervenção

Pedagógica, para que haja interação entre os participantes e o tutor, o que

contribuirá para a ampliação das ideias relacionadas à temática proposta.

Descrição/encaminhamentos:

1) - As adaptações das atividades de Educação Física dos alunos com NEE’s no

ensino regular, obrigam a alteração das atividades normais da aula? Sem uma

formação especializada, dificilmente o professor do ensino regular poderá dar uma

resposta adequada aos alunos com NEE’s?

Professor (um):

- As atividades normais das aulas de Educação Física não serão alteradas uma vez

que no nosso planejamento deveria estar incluso adaptações referentes a alunos

com NEE's. Se no nosso planejamento já tivermos pensado nestas adaptações,

nada será alterado.

- Para darmos uma resposta adequada aos alunos com NEE's, precisamos

pesquisar e estudar muito, pois na nossa formação docente, muito pouco tivemos

sobre esses assuntos que nos dias de hoje, estão tão evidentes em nossas aulas e

na nossa sociedade, mas com força de vontade e com a valorização desses alunos

podemos sim, através de pesquisa e estudo, responder e mostrar aos demais alunos

que os alunos com NEE's, podem igual ou mais apenas com algumas limitações.

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Precisamos buscar subsídios para desenvolver com os alunos com NEE's, as

mesmas potencialidades que desenvolvemos com os demais alunos. Precisar

buscar mais e estudar mais. Este GTR veio para alavancar ainda mais as minhas

ideias sobre a inclusão e sobre esses alunos com NEE's.

Professor (dois):

Hoje não podemos pensar a docência sem antes reconhecermos a importância em

respeitarmos as diferentes formas de aprendizagem para todos os alunos, incluindo

aqueles que apresentam alguma deficiência. A Política Nacional de Educação

Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), traduz a

necessidade de investimento na formação docente que priorize essa premissa.

Assim, na inclusão de alunos com deficiência física é importante que utilizemos

recursos que dizem respeito aos apoios técnicos, tecnológicos, físicos e materiais

específicos, para permitir o acesso ao currículo dos alunos com necessidades

educacionais especiais. Se o conteúdo trabalhado em toda e qualquer sala de aula

não se faz acessível a todos os alunos, não estaremos dando condições para que

todos tenham acesso ao conhecimento e equidade de oportunidades. A negação

deste direito concorre para que pessoas com deficiência não consigam ultrapassar

“os limites de suas experiências”. Não podemos limitar as condições de

aprendizagem de nenhuma pessoa, mas sim reconhecer as suas inúmeras

potencialidades.

Professor (três):

Eu acredito que as atividades não sejam alteradas, visto que o professor deve

conhecer as necessidades da turma e contemplar no seu planejamento atividades

que atendam à todos os alunos, e para isto, na maioria das vezes terá que adaptar

as atividades aos alunos com necessidades educativas especiais, para que eles

consigam ter acesso ao conteúdo como os demais alunos. As adaptações feitas às

atividades também, podem vir a ser como um meio de socialização entre todos,

onde os alunos possam sempre auxiliar os que têm dificuldades e ainda, onde todos

os alunos possam vivenciar uma atividade adaptada, sentindo o que o colega que

apresenta necessidades educacionais especiais vive em cada aula de Educação

Física. É muito importante que o professor, mesmo que não tenha uma formação na

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área, busque sempre aperfeiçoamento, através de livros e outros meios, a conversa

com o aluno que apresenta dificuldades também, é um ótimo caminho para ajudá-lo

a adaptar as atividades, acreditar no potencial do aluno e ajudá-lo a descobrir, este é

grande estímulo e fonte de inspiração para melhoria do trabalho e para criatividade

do professor.

Professor (quatro):

Acredito que não, desde que haja um planejamento baseado no

conhecimento que o professor tem do seu aluno e a deficiência que ele apresenta. A

partir desse conhecimento, planejar suas ações e por meio dos conteúdos, incluir o

aluno no processo de aprendizagem. É importante que os alunos estejam envolvidos

cooperando entre si e que os objetivos possam ocorrer de forma a propiciar o

aprendizado a todos. Quanto ao conhecimento, sem dúvida a capacitação é

fundamental para que o professor possa atingir os objetivos pretendidos, pois, o que

observamos nas aulas de Educação Física atualmente, é o professor deixando o

aluno com NEE, excluído do processo de aprendizagem. De fato há uma inserção

do aluno com NEE, nas aulas onde ele até participa, porém as atividades não são

planejadas de modo a atendê-lo. Portanto, existe evidencia da permanência do

aluno nas aulas, mas, não há a inclusão desse aluno no processo de aprendizagem,

pois o aluno não tem nas aulas de Educação Física, os objetivos que contemplem o

seu aprendizado e o seu crescimento.

2ª Atividade

2) - Socializar e discutir no Fórum de Discussão suas observações referentes à Produção Didático-Pedagógica:

Professor (um):

Lendo a Produção Didática Pedagógica do professor Gilson, afirmo a grande

contribuição da mesma, no aspecto teórico que fundamenta conhecimentos

específicos e pertinentes à prática de atividade física voltada aos alunos com

necessidades educacionais especiais. O conhecimento de leis, decretos, resoluções,

faz com que tenhamos mais respaldo frente ao processo de inclusão, quando somos

questionados por pessoas da comunidade escolar. As deficiências foram

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apresentadas enfocando suas peculiaridades que são importantíssimas para um

bom planejamento. A falta de conhecimento gera dúvidas, medo, insegurança e

consequentemente leva a exclusão. Sugiro que o professor adote as mais recentes

nomenclaturas. No referencial teórico senti falta de um discurso contundente sobre a

trajetória da Educação Física em relação aos avanços conquistados. É abordado

nesta produção sugestões de atividades que podem vir de encontro, com algumas

necessidades do professor, no entanto é importante sinalizar que o aluno é único e

para isso, temos que ter um olhar focado na sua potencialidade, levando o mesmo a

contextualizações do conteúdo ministrado.

Professor (dois):

Lendo a Produção Didático-Pedagógico de Educação física Adaptada

percebemos o quanto nos falta conhecimento sobre todas as deficiências

apresentadas neste contexto. Precisamos estudar e pesquisar sempre; para

podermos ter domínio sobre estes conteúdos que deveriam ser entendidos por todos

os professores não somente pelos que trabalham com a Educação Especial, pois a

nossa era é a da Inclusão, então porque não voltarmos a esse tema? A sua proposta

vem para ajudar-nos a entender e a compreender que apesar dos alunos com

necessidades educacionais especial terem mais dificuldades, eles não precisam ser

excluídos das nossas aulas como alguns podem pensar. Cabe a nós professores e a

família, buscar subsídios para fazer com que a interação e a inclusão aconteçam

dentro das nossas aulas e também, dentro da sociedade que tanto exclui esses

alunos especiais.

Professor (três):

O seu material mostra que devemos preocupar com os diferentes ritmos de

desempenho dos nossos alunos e a importância de conhecermos as singularidades

de cada um, em especial os alunos com deficiência física. Na perspectiva da

educação inclusiva, os alunos com deficiências físicas requerem de recursos

pedagógicos especializados para o acesso aos saberes escolar e na prática de

educação física, necessitam equipamentos adequados às necessidades

educacionais desses alunos. Esses recursos referem-se aos apoios técnicos,

tecnológicos, físicos e materiais específicos, utilizados para permitir o acesso ao

currículo dos alunos com necessidades educacionais especiais. Também, incluem-

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se os mobiliários anatômicos e adaptados, ambientes com acessibilidade, entre

outros. Acredito que a maioria das escolas não está adaptada com tais recursos e

sempre o professor é colocado no papel de elemento curricular criativo e persistente

em alcançar os objetivos educacionais globais. Eis o desafio...

Professor (quatro):

É importante conhecer todas as características das deficiências, todos os

profissionais da instituição deveriam receber instruções a este respeito, através de

cursos e literatura disponível na escola, que abordassem todos os tipos de

deficiências, síndromes, transtornos de comportamento, etc., para ter mais

segurança na hora de aplicar as atividades bem como para realizar as adaptações

necessárias. E assim quando o professor recebesse um aluno com deficiência

sentiria-se mais preparado.

No caso da deficiência física observa-se o quanto esta é complexa, podendo

comprometer diferentemente cada indivíduo, necessitando de adaptações

específicas para cada um, onde o professor além do conhecimento teórico tem que

dispor de muita criatividade e certa quantidade de materiais adaptados,

principalmente nas aulas de Educação Física, para possibilitar que o aluno com

necessidades especiais participe como os demais alunos.

3ª Atividade

Será muito importante socializar com você os avanços e desafios enfrentados

durante esta fase de Implementação Pedagógica. Por isso, neste Fórum, estarei

relatando e discutindo com vocês as experiências e os resultados observados no

desenvolvimento do meu Projeto na escola.

3) - Sua tarefa é a de refletir e opinar sobre os resultados que apresento, trazendo

contribuições para o debate. Esse é um momento muito importante para o

desenvolvimento do meu trabalho no PDE. Conto com sua participação!

Professor (um):

Lendo o que a sua implementação nos diz percebo que estamos a muitos

passos de conseguir alcançar o processo da inclusão. Percebemos que ainda há

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professores que dizem que não estão preparados, que não tem subsídios para

atender os alunos com NEE's. No meu ponto de vista o que falta é solidariedade,

comprometimento e acima de tudo nos falta compreensão. Compreensão para

entender que esses alunos podem realizar todas as atividades do meu

planejamento, havendo Claro, adaptações. Mas para alguns professores é muito

mais cômodo dizer que não estamos preparados e que não temos formação para

atender esses alunos. Mas será que o problema não está conosco? Será que se eu

me esforçar, pesquisar e me aprofundar neste assunto eu não conseguiria?

Podemos e devemos incluir esses alunos com NEE's em todas as atividades

escolares, independente de ser nas aulas de educação física ou não. Não podemos

esquecer que há sim uma dificuldade grande quando se fala em inclusão, mas não

podemos deixar que isso atrapalhe a vida escolar desses alunos. Não estou dizendo

que não precisamos de formação, de palestras de conhecimento diante dessa

situação, mas precisamos ter acima de tudo comprometimento quando se fala em

inclusão e buscar integrar nossos alunos o máximo possível, uma vez que somos

todos irmãos e somos todos iguais perante Deus.

Professor (dois):

Com base na síntese apresentada, constato que as dificuldades

convergem na falta de informação sobre as questões ligadas à Educação Inclusiva

nos meios educacionais resultantes, também, da falta de investimentos na formação

de professores. Como resultados, os professores participantes revelam a angústia

em querer avançar e o comprometimento de querer mudanças. Assim, os momentos

de formação continuada acabam elucidando outras problemáticas, até fora do foco

do estudo proposto, o que eu considero mais que natural, principalmente quando

remete a Nóvoa (1995) que diz que os avanços e as mudanças ocorrem quando há

partilha reflexivas e as transformações são inerentes a esse processo.

Professor (três):

Mais uma vez quero parabeniza-lo pela inciativa deste trabalho. Lendo e

relendo a síntese acentuo meus créditos sobre a inclusão. Quão maravilhoso seria

se todos os professores tivessem em suas mãos um aluno com dificuldades

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motoras. Com eles aprendemos como trabalhar na diversidade, entendemos que

cada aluno é único e necessita de respeito a sua individualidade. Concordo com a

conclusão seu trabalho em relação a formação inicial, continuada e digo também

que capacitação em serviço é de suma importância. Fico também lisonjeada em ver

nesta conclusão a sensibilidade dos professores em perceber o índice de

desenvolvimento motor dos alunos com deficiência que com certeza o auxiliará nas

demais áreas acadêmicas. Experiências como esta é que nos move a continuar a

luta. Dificuldades sempre haverá Barreiras arquitetônicas, atitudinais entre outras

estarão presentes no nosso cotidiano, mas não devemos esquecer que devemos

fazer o melhor pelos nossos alunos. Não podemos passar pela vida deles sem

deixar marcas (positivas). Estamos juntos para construir uma história, a concretizar o

que lá trás algumas pessoas iniciaram e num futuro próximo outros colherão os

frutos que estamos plantando.

Professor (quatro):

Quando o professor Gilson se refere à síntese da implementação

realizada em sua escola “é fundamental viabilizar a promoção de mudanças na

prática pedagógica e, principalmente, na organização da estrutura escolar. Concluiu-

se que a inserção do aluno com deficiência física no ensino regular ocorre com a

modificação da formação, tanto em nível inicial como continuado, de maneira a

favorecer ao profissional o conhecimento e a compreensão das distintas formas de

aprendizagem de seus alunos a fim de estruturar sua própria prática pedagógica

para atender, com qualidade, a diversidade do alunado”.

Para Fonseca (1995) acredita que é preciso preparar todos os professores,

com urgência, para se obter sucesso na inclusão, através de um processo de

inserção progressiva; assim eles poderão aceitar e relacionar-se com seus

diferentes alunos e, consequentemente, com suas diferenças e necessidades

individuais. Porém, os professores só poderão adotar este comportamento se forem

convenientemente equipados com recursos pedagógicos, se a sua formação for

melhorada, se lhes forem dados meios de avaliar seus alunos e elaborar objetivos

específicos, se estiverem instrumentados para analisar a eficiência dos programas

pedagógicos, preparados para a superação dos medos e superstições e contarem

com uma orientação eficiente nesta mudança de postura para buscar novas

aquisições e competências. Acessibilidade, em inclusão escolar pode ser

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compreendida como fisicamente, a escola precisa ser adaptada para receber todos

os alunos; individualmente, professores e funcionários precisam abrir suas mentes

para compreender as possibilidades vantajosas e desafiadoras da inclusão;

coletivamente, pais, crianças com deficiência e sociedade devem perceber que

diferenças individuais são inerentes à condição humana e que cabe à escola, a

família e a sociedade, prepará-los para conviver com estas diferenças. O ideal seria

a troca de experiências e o intercâmbio de informações entre professores da

educação especial e professores da educação regular, a fim de que as

necessidades específicas de alunos com deficiências possam ser atendidas

satisfatoriamente. A inclusão proporciona uma visão mais eficaz da escola, ensino e

educação. Com isto torna-se indispensável a valorização da formação de

professores, assim como melhores condições de trabalho e salários dignos, em face

do papel político e social que representam esses profissionais.

4ª Atividade

4) - Relatar alguma atividade que já fez na sua escola que achou muito

interessante e teve uma grande repercussão:

Professor (um): Atividades Adaptadas ao deficiente visual

Desde o começo do ano estou atendendo um aluno incluso com

deficiência visual. Ele participa em todas as minhas aulas, inclusive na aula de

voleibol. Ele tem glaucoma e apresenta somente 5% de visão. Todos os alunos da

turma o ajudam no que ele precisar e incluem-no de forma que ele não se sente

excluído de forma alguma. Claro que algumas atividades precisam ser adaptadas

para que ele consiga se expressar e se manifestar de forma que todos participem. É

muito gratificante realizar essas aulas com ele, porque ele acima de tudo se mostra

participativo, demonstrando interesse em realizar toda e qualquer atividade

proposta. As atividades variam. Faço um jogo pré-desportivo do Gol Boal, usando

vendas; handebol de duplas; tiro ao alvo vendados, entre outras atividades,

buscando mostrar para todos os demais alunos, as dificuldades encontradas pelo

deficiente visual para a realização das atividades.

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Professor (dois): atividade adaptadas ao deficiente físico

Minha atividade desenvolvida foi realizada na Escola Especial com uma

turma que é composta por 12 alunos, tendo 2 alunos deficientes físicos precisam de

apoio para andar, mais 6 alunos intelectuais leve e 4 alunos com Síndrome de

Down. Estou trabalhando o Voleibol Adaptado. Solicitar ao aluno que se posicionem

cada aluno um em uma área de jogo sentado no chão, separados pela rede. Cada

participante de posse de um balão deverá fazer o toque. Todos os alunos deverão

passar o balão para o campo adversário, devolvendo toque e manchete, que

passarem para o seu campo. O professor efetuará a contagem de toque e

manchete. No momento da interrupção o grupo que tiver menos balões em seu

campo marca ponto.

Foi trabalhado o Voleibol Adaptado, no primeiro momento foi trabalhado o toque e

manchete sentados, devido ao deficiente físico com bexiga para aperfeiçoar o toque

entre os alunos. No segundo momento, foi realizado o jogo, onde o aluno tem que

dar três toques para passar a bola grande (bola de circo) para a quadra adversária,

se cair na quadra marca ponto.

Seu objetivo é não deixar a bola cair no chão. É um jogo de voleibol,

respeitando-se as regras do jogo, os dois times juntos devem atingir os quinze

pontos. Por fim, os alunos realizaram um alongamento com o professor e alunos no

final da aula.

Professor (três): Tênis de mesa sinalizado - relato de experiência

A experiência que relato foi com aluno deficiente neuromotor resultante de

uma paralisia cerebral que inibia os movimentos dos braços e possuía a mobilidade

das pernas, embora com lentidão. Nos jogos internos, também quis participar e eu

sugeri tênis de mesa e a aceitação foi imediata. Achei que não ia conseguir, pois

somente o braço esquerdo tinha mobilidade, bem reduzida, mas ele conseguiu

controlar a força para jogar tênis de mesa, com resultado surpreendente, que já não

tinha mais adversário para ele. Para isto foram feitos vários procedimentos, como

movimentos repetitivos para a percepção da sua força e do controle. Expliquei uma

vez e os colegas ajudaram neste exercício. O primeiro dia foi difícil, mas depois de

duas semanas, a aula foi comovente. Ninguém acreditou no que via. Estava o aluno

com um dos braços imóvel jogando tênis de mesa, entendendo as regras, marcando

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pontos. Sei que naquele dia, os alunos ditos "normais" aplaudiram e chamaram

outros professores. Muitos choraram... Conclui naquele dia, que basta você dar as

mesmas oportunidades e não pensar somente em formar time para vencer, mas

pensando na formação integral do aluno, que os resultados são fantásticos. Inclusive

foi uma das turmas de alunos "normal” mais unida que tive na minha profissão,

porque eles aprenderam com o colega, com deficiência a respeitar as diferenças.

Professor (quatro): aula de Dança

Essa é uma experiência que tive há alguns anos atrás, mas muito

gratificante. Eu comandava um grupo de dança no Colégio Manoel Ribas onde

trabalho até hoje e ministrava aulas de dança para todas as turmas. Em uma delas

havia uma menina com Síndrome de Dowm. Ela gostava muito das aulas e chegava

até a fugir das aulas de outras disciplinas quando ouvia música no pátio e sabia que

eu estava dando aula. Nunca fez nenhuma apresentação por não ter ensaiado com

o grupo, porém houve uma mudança de comportamento bem significativa. Além dos

benefícios físicos que ela adquiriu, como coordenação motora, noção de espaço,

etc., passou a ter mais concentração e participar mais das outras aulas. Só ficou um

ano no Colégio, mas acredito que teve muitos ganhos com isso.

3.5 Análises das discussões do GTR

Esse tema gera muito questionamento e este foi o objetivo principal das

nossas trocas de experiências. As alterações no projeto poderão acontecer no

encaminhamento metodológico, parte de conteúdos poderá ser a mesma, talvez

uma mudança na avaliação, caso haja alguma necessidade.

Buscar através das experiências de outros professores foi uma das principais

formas de adquirir um conhecimento sobre o tema, e, através desse conhecimento

adquirido, fazer com que ocorra uma aproximação entre todos os segmentos do

contexto escolar, possibilitando um novo olhar sobre o universo da Educação Física

Adaptada.

Percebeu-se que há insegurança por parte dos professores em trabalhar com

alunos que tenham algum tipo de deficiência, um dos motivos é a falta de

informação a respeito desse tema.

A formação continuada não consegue dar subsídios para que os professores

tenham um maior conhecimento a respeito do assunto, cabendo aos professores

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buscar outras formas de se especializar para trabalhar de forma mais segura,

buscando uma educação voltada para todos.

Desta forma, para pensar na inserção do aluno com deficiência física nas

aulas de Educação física no ensino regular, é fundamental viabilizar a promoção de

mudanças na prática pedagógica e, principalmente, na organização da estrutura

escolar.

Todas as discussões foram relevantes para o processo de trabalho, pois

contribuiu para a ampliação das ideias relacionadas às temáticas propostas, ficando

claro que, sem uma formação especializada, dificilmente o professor poderá dar uma

resposta adequada aos alunos com NEE’s, sendo necessários mais estudos,

pesquisas, formação continuada, troca de experiência, recursos pedagógicos entre

outros já relatados.

Apesar das incertezas e angústias relatadas, a maioria dos professores

acredita no processo de inclusão e apresenta sugestões de como poderiam ser

tomadas atitudes para avançar neste processo, como por exemplo: envolver os pais

e a comunidade; promover cursos e palestras aos educadores; trabalhar o tema com

os professores "antes" de receberem o aluno. Em resumo, as propostas são no

sentido de promover o suporte necessário aos educadores para lidarem com as

diferenças. Daí a importância dos professores conhecerem as deficiências para

construir uma Educação Física com práticas inclusivas, e atividades adaptadas para

o aluno com deficiências.

As limitações físicas fazem com que eles sejam mais lentos e algumas vezes,

isso torna a prática das aulas mais difíceis, mas é possível que essas práticas

aconteçam, mesmo com tantos problemas e limitações, não podemos ficar presos

em especificidades e deixar de lado o nosso compromisso com a inclusão, pois o

nosso compromisso é com a construção de um mundo melhor.

Dentro da discussão da produção didática pedagógica, foram relatados os

pontos positivos e negativos da produção e alguns termos não foram mais usados

no referencial teórico devido às sugestões, por aparte de alguns professores.

Todavia, penso que se essa discussão tivesse acontecido antes da

elaboração do trabalho, teria muito a acrescentar nele, porque as contribuições

foram de grande valia para todos nós participantes do GTR. Espero ser exemplo

para outros poderem elaborar o mesmo tema, pois precisaremos de mais trabalhos

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como esse para discutir. Isso demonstra que a efetivação da inclusão escolar está

acontecendo, ainda que a passos lentos.

5 Considerações Finais

A inclusão no âmbito escolar vem se efetivando gradativamente, tendo como

pressuposto a igualdade de oportunidades, convívio com as diversidades,

valorização da pluralidade cultural e aproximação das diferenças.

Nesse sentido, espera-se que este trabalho possa fomentar reflexões sobre o

trabalho com alunos inclusos, possibilitando aos professores novos conhecimentos a

respeito da deficiência física, para que possam repensar sua prática pedagógica.

Concordamos sim que há uma grande carência no referencial teórico

metodológico que norteiam a ação docente dessa área, para que haja uma inclusão

desses alunos com NEE’s, mas que não impede o processo de inclusão acontecer.

A aplicação desta proposta pedagógica ainda é pequena, mas teve a

finalidade de apoiar a escola, e contribuir com o profissional de Educação Física, no

sentido de encontrar soluções para minimizar limitações funcionais, motoras e

sensoriais do aluno com deficiência física, principalmente no que se refere a

recursos pedagógicos adaptados a situações educacionais, servindo ainda, como

ponto de partida para otimizar a eficiência cooperativa entre educando e professor,

no processo de ensino-aprendizagem, viabilizando o exercício da cidadania e

contribuindo na construção de uma sociedade inclusiva.

Constatou que através das oficinas práticas, referencial teórico abordado,

material didático houve uma maior compreensão das potencialidades, das limitações

e das diferenças dos alunos por parte dos professores, equipe pedagógica e

funcionários. E também oportunizou os alunos a uma prática diferenciada,

necessária e significativa que se faz presente no seu dia a dia.

Após o conhecimento a respeito dessa deficiência, houve um crescimento e

uma motivação para trabalhar com estes alunos, fazendo com que os professionais

repensassem suas práticas pedagógicas. Por meio dessas reflexões, a escola

consegue responder à diversidade de estilos e ritmos de aprendizagens existentes

no contexto escolar.

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