educacao em direitos humanos e o plano nacional de edh

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Apostila ducação em Direitos Humanos.

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    EAD - UFMS

    Educao em Direitos Humanos e o Plano Nacional de E.D.H.

    Mdulo VI

  • Campo Grande - Mato Grosso do Sul - BrasilFevereiro de 2016

    Mdulo VI

    Educao em Direitos Humanos e o Plano Nacional de E.D.H.

    ROSANGELA L KATOYNES DA SILVA FLIX

    Curso de Ps Graduao Lato Sensuem Educao em Direitos Humanos

  • 5SUMRIO

    APRESENTAO 7FUNDAMENTOS DA EDUCAO EM DIREITOS HUMANOS 9ESPECIFICIDADES DA EDUCAO EM DIREITOS HUMANOS 11

    3.1 Dimenses da Educao em Direitos Humanos 15PLANO NACIONAL DE EDH E AS CINCO REAS DE ATUAO 15

    3.2 Plano Nacional de EDH 183.2.1 Educao Bsica 183.2.2 Educao Superior 223.2.3 Educao no-formal 263.2.4 Educao dos Profissionais dos Sistemas de Justia e Segurana 293.2.5 Educao e Mdia 34

    REFERNCIAS 39

  • 7A educao compreendida como um direito em si mesmo e um meio indispensvel para o acesso a outros direitos. A educao ganha, portan-to, mais importncia quando direcionada ao pleno desenvolvimento huma-no e s suas potencialidades, valorizando o respeito aos grupos socialmen-te excludos. Essa concepo de educao busca efetivar a cidadania plena para a construo de conhecimentos, o desenvolvimento de valores, atitudes e comportamentos, alm da defesa socioambiental e da justia social (PNE-DH:2007).

    Com o objetivo de desenvolver a educao em e para os direitos humanos, o governo e a sociedade brasileira se organizaram em torno da cria-o e implementao do Plano Nacional de Educao em Direitos Humanos afirmando o compromisso do Estado brasileiro ...de promover uma educao

    de qualidade para todos, entendida como direito humano essencial. Assim, a universalizao do ensino fundamental, a ampliao da educao infantil, do ensino mdio, da educao superior e a melhoria da qualidade em todos esses nveis e nas diversas modalidades de ensino so tarefas prioritrias. (PNEDH: 2007).

    Nessa disciplina sero estudados os fundamentos e as especificida-des da EDH, a partir de vrios artigos e estudos desenvolvidos academica-mente, alm de experincias vividas pelos diversos autores citados.

    O contedo apresentado no item 03 que trata do PNEDH foi cons-trudo a partir do texto do prprio Plano, com indicaes, citaes e destaques na inteno de contribuir para uma compreenso mais direta dos temas abor-dados.

    APRESENTAO

  • 9A educao um direito humano reconhecido no art. 26 da Declara-o Universal dos Direitos Humanos de 1948, in verbis:

    Toda pessoa tem direito instruo. A instruo ser gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instruo elemen-tar ser obrigatria. A instruo tcnico-profissional ser acessvel a todos, bem como a instruo superior, esta baseada no mrito.

    1. A instruo ser orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instruo promover a compreenso, a tolerncia e a amizade entre todas as naes e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvar as atividades das Naes Unidas em prol da manuteno da paz.

    2. Os pais tm prioridade de direito na escolha do gnero de ins-truo que ser ministrada aos seus filhos.

    Referido direito vem fundamentado tambm em outros documentos internacionais, especialmente, o Pacto Internacional dos Direitos Econmi-cos, Sociais e Culturais (arts. 13 e 14), a Conveno Relativa Luta contra a Discriminao no Campo do Ensino, a Conveno sobre os Direitos da Criana (arts. 28 e 29) e o Protocolo Adicional Conveno Americana sobre Direitos Humanos em Matria de Direitos Humanos Econmicos, Sociais e Culturais (art. 13).

    No Brasil, a educao um direito social reconhecido no art. 6 da Constituio Federal e est regulada nos artigos 205 a 214. O art. 205 dispe que:

    Art. 205. A educao, direito de todos e dever do Estado e da fam-lia, ser promovida e incentivada com a colaborao da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho.

    Alm das normais infraconstitucionais como a Lei de Diretrizes e Base da Educao (Lei n 9394/96) que estabelece os princpios gerais da educao, bem como as finalidades, os recursos financeiros, a formao e

    diretrizes para a carreira dos profissionais da educao, a EDH encontra fun-damento no Programa Nacional de Direitos Humanos e nos Planos de Ao destes, j estudados em disciplina anterior.

    Fundamentos da Educao em Direitos Humanos

  • 11

    O conceito de direitos humanos fruto de uma construo histrica.

    O que se convencionou chamar direitos humanos compreende os

    direitos correspondentes dignidade dos seres humanos. So direitos que possumos no porque o Estado assim decidiu, atravs de suas leis, ou porque ns mesmos assim o fizemos, por intermdio dos nossos acordos. Direitos

    humanos, por mais pleonstico que isso possa parecer, so direitos que pos-sumos pelo simples fato de que somos humanos. (RABENHORST: 2008).

    A dignidade da pessoa humana um valor que diz respeito ao ser hu-mano, enquanto pessoa, reconhecidamente livre e cidad, possibilitando-lhe o exerccio dos direitos e garantias fundamentais. Esse valor guarda corres-pondncia com as geraes futuras e no deve ser comprometido por condu-tas inconsequentes.

    Por essa razo e compromisso, desenvolver uma educao para e em direitos humanos torna-se fundamental para garantir a essa e s futuras gera-es o respeito aos direitos e dignidade da pessoa humana.

    A professora Mara Teresa Rodas (DHnet:2015) afirma que Educar

    em Direitos Humanos formar atitudes de respeito aos Direitos Humanos. Mas imprescindvel entender que uma atitude de respeito nada tem haver com a negao de conflitos.

    A seguir, a professora Rodas explica:

    Pelo contrrio, elementos fundamentais de respeito aos Direitos Humanos so a claridade para perceber as tenses, a honestidade para reconhec-las e discuti-las.

    Formar atitudes de respeito aos Direitos Humanos significa for-mar nos alunos predisposies estveis para atuar pela sua vigncia nas relaes sociais.

    Uma atitude se forma como resultado das experincia vividas nvel do conhecimento (crenas), nvel dos sentimentos (posio em respeito a crena, grau de adeso) e ao nvel da conduta (ten-dncia a atuar de modo correspondente crena e a adeso que desperta). (idem)

    Especificidades da Educao em Direitos Humanos

  • 12

    CURSO DE PS GRADUAO LATO SENSU EM EDUCAO EM DIREITOS HUMANOS

    Embora a necessidade da EDH seja um consenso internacional, o tema dos direitos humanos tem sua especificidade, e, por isso, a mera inser-o de disciplinas curriculares, cursos, seminrios e outros com contedo de direitos humanos no se mostra eficaz.

    O professor Magendzo (DHnet:2016) ao refletir sobre a relao esco-la, currculo e direitos humanos afirma que:

    Os direitos humanos no integravam o currculo, no porque no passado fossem integralmente respeitados, mas porque pensva-mos, ingenuamente, que todo indivduo bem educado e bem escolarizado, implicitamente, havia internalizado o respeito a es-ses direitos. Hoje sabemos que no foi bem assim e por isto deve-mos incorporar esta disciplina ao currculo. Mas no queremos que os direitos humanos se convertam em opo de segunda classe, em uma atividade agregada com misericrdia ao currculo.

    No se trata de um contedo adicional, mas se est pondo em jogo uma totalidade educativa que compromete o contedo e o mtodo, o cdigo e a mensagem, a interao humana na escola e fora dela. Cuidado com o reducionismo simplista e ingnuo de pressupor que a temtica dos direitos humanos se pode resolver com a mera introduo de um contedo ou representao de um material didtico.

    Insistimos em que os direitos humanos constituem por si uma ide-ologia educativa que compromete a essncia mesma do currculo, tanto manifesta quanto oculta. Sua incorporao exige repensar o currculo. A temtica dos direitos humanos na escola significa, certamente, repensar a instituio educacional em seu conjunto, promover a mudana e gerar um processo de autocrtica e auto--anlise.

    O pior servio que se poderia fazer a este desafio seria ignorar e minimizar as contradies que no surgem apenas em perodos ditatoriais, mas tambm no Estado Democrtico, j que os direitos humanos questionam a ao global da escola e seu currculo expl-cito e implcito. Acrescentando, deveramos assinalar que a tem-tica dos direitos humanos no um contedo que se encontre fora e que se incorpora dentro, e que pode necessariamente ser identificado com, por exemplo, a Declarao Universal dos Di-reitos Humanos.

    muito mais, um processo de reconstruo do saber, do pensar, do sentir e atuar em subjetividades e significados prprios e idiossincrsicos que lhes outorgam seres de carne e osso. O importante que seja fruto de algo assumido como prprio, gerado nas entranhas do currculo e da escola. Seu conceito variar de acordo com as vivncias. Os direitos Humanos so um saber existencial que se reconstri e se recontextualiza permanentemen-te. Nenhum documento poder expressar em sua real magnitude os significados da subjetividade.

  • 13

    MDULO 6 - EDUCAO EM DIREITOS HUMANOS E O PLANO NACIONAL DE EDH

    No artigo citado anteriormente, a professora Rodas (DHnet:2016) tambm apresenta uma proposta para a insero dos direitos humanos nos contedos curriculares a fim de concretizar a EDH, nos seguintes termos:

    Sendo o objetivo final da educao em Direitos Humanos a cria-o de uma cultura de respeito dignidade da pessoa, no podem os Direitos Humanos ser patrimnio de uma disciplina ou de um professor.

    Desde esta perspectiva o que se necessita no incluir um conte-do especial sobre Direitos Humanos, mas efetuar uma mudana de enfoque.

    Quer dizer, os mesmos contedos atuais pode se lograr processos de ensino aprendizagem que promovam e fortaleam o exerccio pleno dos Direitos Humanos. O que se quer explicar as situaes em que os Direitos Humanos esto em tenso. Trata-se de que os alunos percebam a vinculao dos contedos com a realidade do pas, especialmente com aqueles aspectos da realidade em que os Direitos Humanos tem ou no vigncia.

    Os Direitos Humanos, pelo seu carter indivisvel e interdepen-dente, so um elemento que permite integrar em sua trplice di-menso:

    - integrao dos contedos se forem vistos na sua interrelao com outros

    - integrao do sujeito, se este pode reconstruir uma rede articu-lada de significados. O saber dos Direitos Humanos se reconstri no significado que os prprios alunos atribuem a sua prpria ex-perincia.

    - Integrao no contexto, se se vinculam os Direitos Humanos e os conhecimentos que se adquirem com o princpio de historicidade.

    Como se pode verificar, a educao em direitos humanos requer uma

    metodologia especfica, que tenha o ser humano como foco central. Nas pala-vras da professora Rosa Mara Mujica (IIDH: 2002):

    Debe ser una metodologa que tome en cuenta el valor de la per-sona, que tome em cuenta lo afectivo y lo ldico, que busque el enriquecimiento personal de cada uno y de cada una, que se base en la interaccin y en el convencimiento de que todos y todas tie-nen algo que ensear y, al mismo tiempo, algo que aprender; que promueva la Autoestima, con la seguridad de que es la piedra an-gular para todo proceso de realizacin personal; que estimule la valoracin de los dems y el respeto por el otro, piedra angular para el respeto a los derechos humanos; que permita el disfrute y la alegra, econociendo que son el eros y la pasin, las fuentes de la vida, del aprendizaje y de la felicidad, y que todos y todas tenemos derecho a ser felices, que rescate el valor pedaggico del juego y lo recupere no slo para los nios, sino tambin para los adultos.

  • 14

    CURSO DE PS GRADUAO LATO SENSU EM EDUCAO EM DIREITOS HUMANOS

    Com essas orientaes apresenta-se, a seguir, o Plano Nacional de EDH construdo no Brasil.

  • 15

    A sociedade como um todo, tem o direito de receber uma educao de qualidade, pois trata-se de direito humano essencial e dever dos governos democrticos garantir e promover a educao de pessoas com necessidades especiais, a profissionalizao de jovens e adultos, a erradicao do analfa-betismo e a valorizao dos(as) educadores(as) da educao, da qualidade da formao inicial e continuada, tendo como eixos estruturantes o conhecimen-to e a consolidao dos direitos humanos.

    3.1 DIMENSES DA EDUCAO EM DIREITOS HUMANOS

    A educao em direitos humanos, segundo o Comit Nacional de Educao em Direitos Humanos, compreendida como um processo sistemtico e multidimensional que orienta a formao do sujeito de direitos, articulando as seguintes dimenses segundo descrito no Plano Nacional de Educao em Direitos Humanos PNEDH, 2007:

    a) apreenso de conhecimentos historicamente construdos sobre direitos humanos e a sua relao com os contextos internacional, nacional e local;

    b) afirmao de valores, atitudes e prticas sociais que expressem a

    cultura dos direitos humanos em todos os espaos da sociedade;

    c) formao de uma conscincia cidad capaz de se fazer presente em nveis cognitivo, social, tico e poltico;

    d) desenvolvimento de processos metodolgicos participativos e de construo coletiva, utilizando linguagens e materiais didticos con-textualizados;

    e) fortalecimento de prticas individuais e sociais que gerem aes e instrumentos em favor da promoo, da proteo e da defesa dos direitos humanos, bem como da reparao das violaes.

    Apesar desses avanos no plano normativo, o contexto nacional tem

    Plano Nacional de EDH e as cinco reas de atuao

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    CURSO DE PS GRADUAO LATO SENSU EM EDUCAO EM DIREITOS HUMANOS

    se caracterizado por desigualdades e pela excluso econmica, social, tni-co-racial, cultural e ambiental, decorrente de um modelo de Estado em que muitas polticas pblicas deixam em segundo plano os direitos econmicos, sociais, culturais e ambientais.

    Ainda h muito para ser conquistado em termos de respeito digni-dade da pessoa humana, sem distino de raa, nacionalidade, etnia, gnero, classe social, regio, cultura, religio, orientao sexual, identidade de gne-ro, gerao e deficincia.

    Da mesma forma, h muito a ser feito para efetivar o direito qua-lidade de vida, sade, educao, moradia, ao lazer, ao meio ambiente saudvel, ao saneamento bsico, segurana pblica, ao trabalho e s diver-sidades cultural e religiosa, entre outras.

    Uma concepo contempornea de direitos humanos incorpora os conceitos de cidadania democrtica, cidadania ativa e cidadania planetria, por sua vez inspiradas em valores humanistas e embasadas nos princpios da liberdade, da igualdade, da eqidade e da diversidade, afirmando sua univer-salidade, indivisibilidade e interdependncia.

    A informao, disponibilizada como recurso tecnolgico de comu-nicao de massas, ainda insuficiente, o que traduz num grande nmero de

    analfabetos funcionais, apesar dos programas governamentais de incluso di-gital e informacional. O conhecimento como construo que visa a interven-o sobre a realidade, motiva a atividade de processamento, por intermdio da reflexo, da informao absorvida.

    O processo de construo da concepo de uma cidadania planet-ria e do exerccio da cidadania ativa requer, necessariamente, a formao de cidados(s) conscientes de seus direitos e deveres, protagonistas da mate-rialidade das normas e pactos que os(as) protegem, reconhecendo o princpio normativo da dignidade humana, englobando a solidariedade internacional e o compromisso com outros povos e naes. Alm disso, prope a formao de cada cidado() como sujeito de direitos, capaz de exercitar o controle democrtico das aes do Estado (PNEDH, 2007).

    Os Planos Nacionais e os Comits Estaduais de Educao em Direi-tos Humanos so dois importantes mecanismos apontados para o processo de implementao e monitoramento, de modo a efetivar a centralidade da educa-o em direitos humanos enquanto poltica pblica.

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    MDULO 6 - EDUCAO EM DIREITOS HUMANOS E O PLANO NACIONAL DE EDH

    Sendo a educao um meio privilegiado na promoo dos direitos humanos, cabe priorizar a formao de agentes pblicos e sociais para atuar no campo formal e no-formal, abrangendo os sistemas de educao, sade, comunicao e informao, justia e segurana, mdia, entre outros.

    A educao em direitos humanos, ao longo de todo o processo de redemocratizao e de fortalecimento do regime democrtico, tem buscado contribuir para dar sustentao s aes de promoo, proteo e defesa dos direitos humanos, e de reparao das violaes. A conscincia sobre os di-reitos individuais, coletivos e difusos tem sido possvel devido ao conjunto de aes de educao desenvolvidas, nessa perspectiva, pelos atores sociais e pelos (as) agentes institucionais que incorporaram a promoo dos direitos humanos como princpio e diretriz.

    A implementao do Plano Nacional de Educao em Direitos Hu-manos visa, sobretudo, difundir a cultura de direitos humanos no pas. Essa ao prev a disseminao de valores solidrios, cooperativos e de justia social, uma vez que o processo de democratizao requer o fortalecimento da sociedade civil, a fim de que seja capaz de identificar anseios e demandas,

    transformando-as em conquistas que s sero efetivadas, de fato, na medida em que forem incorporadas pelo Estado brasileiro como polticas pblicas universais.

    No campo da educao, na cartilha Educao para a cidadania e uma cultura de paz, nos diz que preciso estar atento para o papel e o desempe-nho nas funes da escola. No texto, destaca a proposta da pedagoga Vera Candau: a escola, que deveria exercer um papel de humanizao a partir

    da aquisio de conhecimentos e de valores para a conquista do exerccio pleno da cidadania, tem muitas vezes favorecido a manuteno do status quo e refletido as desigualdades da sociedade, continua ainda que necessria

    a construo de uma escola que forma crianas e jovens construtores ativos

    da sociedade, capazes de viver no dia-a-dia, nos distintos espaos sociais, includa a escola, uma cidadania consciente, crtica e militante. E ressalta que: isto exige uma prtica educativa participativa, dialgica e democrtica,

    que supere a cultura profundamente autoritria presente em todas as relaes humanas e, em especial, na escola. (apud TAVARES, 2001)

    Esse tipo de anlise possibilita o entendimento de que a escola deve exercer um papel de humanizao a partir da socializao e construo do

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    CURSO DE PS GRADUAO LATO SENSU EM EDUCAO EM DIREITOS HUMANOS

    conhecimento, aliado aos valores necessrios conquista do exerccio da ci-dadania. Especialmente ao se trabalhar a educao, o exerccio da cidadania e a vivncia da democracia na busca de uma interveno concreta na questo social e cultural.

    Educar para Cidadania , neste contexto, como coloca a pedagoga Aida Monteiro, entender que direitos humanos e cidadania significam pr-tica de vida em todas as instncias de convvio social dos indivduos. Nes-se entendimento, continua ela, a educao vista como um dos principais

    instrumentos de formao da cidadania, no sentido do pleno reconhecimento dos direitos e deveres do cidado, enquanto sujeito responsvel pelo projeto de sociedade no qual est inserido. Enquanto instrumento social bsico, a educao possibilita ao indivduo a transposio da marginalidade para a ma-terialidade da cidadania (apud TAVARES, 2001).

    3.2 PLANO NACIONAL DE EDH

    Em dezembro de 2006, no governo Luiz Incio Lula da Silva (1 mandato, ltimo ano), foi lanado o Plano Nacional de Educao em Direitos Humanos (PNEDH), numa parceria entre a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidncia da Repblica (SEDH/PR), o Ministrio da Educa-o (MEC) e o Ministrio da Justia (MJ). Como indica o prprio nome, ele voltado para a concretizao da vertente educao como direito-meio. Afinal

    de contas, para o atendimento da educao como direito-fim, a competncia

    para tal concerne ao Plano Nacional de Educao (PNE), que j existe (Lei 10172/01).

    O PNEDH (2007) trabalha a partir de um recorte de espaos priorit-rios de atuao, quais sejam: educao formal, (educao bsica e educao

    superior), educao no-formal, educao dos profissionais do sistema de

    justia e segurana e, por fim, educao e mdia, que transcrevemos, des-tacando os princpios e as aes programticas:

    3.2.1 Educao Bsica

    Para a educao bsica, os alicerces da concepo defendida encon-tram-se na multidimensionalidade do processo educativo, que no apenas

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    MDULO 6 - EDUCAO EM DIREITOS HUMANOS E O PLANO NACIONAL DE EDH

    cognitivo mas tambm afetivo e comportamental; e na indispensvel articula-o entre escola e comunidade.

    No apenas na escola que se produz e reproduz o conhecimento, mas nela que esse saber aparece sistematizado e codificado. Ela um espao

    social privilegiado onde se definem a ao institucional pedaggica e a prti-ca e vivncia dos direitos humanos.

    Nas sociedades contemporneas, a escola local de estruturao de concepes de mundo e de conscincia social, de circulao e de consolida-o de valores, de promoo da diversidade cultural, da formao para a ci-dadania, de constituio de sujeitos sociais e de desenvolvimento de prticas pedaggicas.

    So princpios norteadores da educao em direitos humanos na educao bsica destacados no PNEDH:

    a) a educao deve ter a funo de desenvolver uma cultura de direi-tos humanos em todos os espaos sociais;b) a escola, como espao privilegiado para a construo e consolida-o da cultura de direitos humanos, deve assegurar que os objetivos e as prticas a serem adotados sejam coerentes com os valores e princpios da educao em direitos humanos; c) a educao em direitos humanos, por seu carter coletivo, demo-crtico e participativo, deve ocorrer em espaos marcados pelo en-tendimento mtuo, respeito e responsabilidade; d) a educao em direitos humanos deve estruturar-se na diversidade cultural e ambiental, garantindo a cidadania, o acesso ao ensino, per-manncia e concluso, a eqidade (tnico-racial, religiosa, cultural, territorial, fsico-individual, geracional, de gnero, de orientao se-xual, de opo poltica, de nacionalidade, dentre outras) e a qualida-de da educao; e) a educao em direitos humanos deve ser um dos eixos fundamen-tais da educao bsica e permear o currculo, a formao inicial e continuada dos profissionais da educao, o projeto poltico peda-ggico da escola, os materiais didtico-pedaggicos, o modelo de gesto e a avaliao; f) a prtica escolar deve ser orientada para a educao em direitos humanos, assegurando o seu carter transversal e a relao dialgica entre os diversos atores sociais.

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    CURSO DE PS GRADUAO LATO SENSU EM EDUCAO EM DIREITOS HUMANOS

    Aes programticas:

    1. Propor a insero da educao em direitos humanos nas diretrizes curriculares da educao bsica; 2. integrar os objetivos da educao em direitos humanos aos con-tedos, recursos, metodologias e formas de avaliao dos sistemas de ensino; 3. estimular junto aos profissionais da educao bsica, suas entida-des de classe e associaes, a reflexo terico-metodolgica acerca

    da educao em direitos humanos; 4. desenvolver uma pedagogia participativa que inclua conhecimen-tos, anlises crticas e habilidades para promover os direitos huma-nos; 5. incentivar a utilizao de mecanismos que assegurem o respeito aos direitos humanos e sua prtica nos sistemas de ensino; 6. construir parcerias com os diversos membros da comunidade es-colar na implementao da educao em direitos humanos; 7. tornar a educao em direitos humanos um elemento relevante para a vida dos(as) alunos(as) e dos(as) trabalhadores(as) da educa-o, envolvendo-os(as) em um dilogo sobre maneiras de aplicar os direitos humanos em sua prtica cotidiana; 8. promover a insero da educao em direitos humanos nos pro-cessos de formao inicial e continuada dos(as) trabalhadores(as) em educao, nas redes de ensino e nas unidades de internao e atendimento de adolescentes em cumprimento de medidas socioedu-cativas, incluindo, dentre outros(as), docentes, no-docentes, gesto-res (as) e leigos(as); 9. fomentar a incluso, no currculo escolar, das temticas relativas a gnero, identidade de gnero, raa e etnia, religio, orientao sexual, pessoas com deficincias, entre outros, bem como todas as

    formas de discriminao e violaes de direitos, assegurando a for-mao continuada dos(as) trabalhadores(as) da educao para lidar criticamente com esses temas; 10. apoiar a implementao de projetos culturais e educativos de enfrentamento a todas as formas de discriminao e violaes de direitos no ambiente escolar;11. favorecer a incluso da educao em direitos humanos nos proje-tos poltico- pedaggicos das escolas, adotando as prticas pedag-

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    MDULO 6 - EDUCAO EM DIREITOS HUMANOS E O PLANO NACIONAL DE EDH

    gicas democrticas presentes no cotidiano; 12. apoiar a implementao de experincias de interao da escola com a comunidade, que contribuam para a formao da cidadania em uma perspectiva crtica dos direitos humanos; 13. incentivar a elaborao de programas e projetos pedaggicos, em articulao com a rede de assistncia e proteo social, tendo em vista prevenir e enfrentar as diversas formas de violncia; 14. apoiar expresses culturais cidads presentes nas artes e nos es-portes, originadas nas diversas formaes tnicas de nossa socieda-de; 15. favorecer a valorizao das expresses culturais regionais e lo-cais pelos projetos poltico-pedaggicos das escolas; 16. dar apoio ao desenvolvimento de polticas pblicas destinadas a promover e garantir a educao em direitos humanos s comuni-dades quilombolas e aos povos indgenas, bem como s populaes das reas rurais e ribeirinhas, assegurando condies de ensino e aprendizagem adequadas e especficas aos educadores e educandos;

    17. incentivar a organizao estudantil por meio de grmios, asso-ciaes, observatrios, grupos de trabalhos entre outros, como forma de aprendizagem dos princpios dos direitos humanos, da tica, da convivncia e da participao democrtica na escola e na sociedade; 18. estimular o fortalecimento dos Conselhos Escolares como po-tenciais agentes promotores da educao em direitos humanos no mbito da escola;19. apoiar a elaborao de programas e projetos de educao em direitos humanos nas unidades de atendimento e internao de ado-lescentes que cumprem medidas socioeducativas, para estes e suas famlias; 20. promover e garantir a elaborao e a implementao de progra-mas educativos que assegurem, no sistema penitencirio, processos de formao na perspectiva crtica dos direitos humanos, com a in-cluso de atividades profissionalizantes, artsticas, esportivas e de

    lazer para a populao prisional; 21. dar apoio tcnico e financeiro s experincias de formao de

    estudantes como agentes promotores de direitos humanos em uma perspectiva crtica; 22. fomentar a criao de uma rea especfica de direitos humanos,

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    CURSO DE PS GRADUAO LATO SENSU EM EDUCAO EM DIREITOS HUMANOS

    com funcionamento integrado, nas bibliotecas pblicas; 23. propor a edio de textos de referncia e bibliografia comentada,

    revistas, gibis, filmes e outros materiais multimdia em educao em

    direitos humanos; 24. incentivar estudos e pesquisas sobre as violaes dos direitos humanos no sistema de ensino e outros temas relevantes para desen-volver uma cultura de paz e cidadania; 25. propor aes fundamentadas em princpios de convivncia, para que se construa uma escola livre de preconceitos, violncia, abu-so sexual, intimidao e punio corporal, incluindo procedimentos para a resoluo de conflitos e modos de lidar com a violncia e

    perseguies ou intimidaes, por meio de processos participativos e democrticos; 26. apoiar aes de educao em direitos humanos relacionadas ao esporte e lazer, com o objetivo de elevar os ndices de participao da populao, o compromisso com a qualidade e a universalizao do acesso s prticas do acervo popular e erudito da cultura corporal; 27. promover pesquisas, em mbito nacional, envolvendo as secre-tarias estaduais e municipais de educao, os conselhos estaduais, a UNDIME e o CONSED sobre experincias de educao em direitos humanos na educao bsica.

    As aes existentes ainda no alcanam, de forma significativa, o

    grupo de jovens em idade escolar bsica. Embora a meta 6 do Plano Nacional de Educao considere o desenvolvimento de atividades em direitos huma-nos para ampliao da educao em tempo integral, em acordo com o Art. 1 do Decreto n 7.083, de 27 de janeiro de 2010, que dispe sobre o Programa Mais Educao, necessrio desenvolver aes especficas para esse grupo,

    salvaguardando que as conquistas em direitos humanos no sero esquecidas ou perdidas pela sucesso das novas geraes.

    3.2.2 Educao Superior

    Na educao superior, a autonomia universitria deve estar voltada para a concretizao dos fins traados na LDB (Lei de Diretrizes e Bases da

    Educao) por meio da indissociabilidade entre ensino pesquisa e extenso e na democracia interna das instituies. Nesse caso, ainda, assim como no anterior, um alicerce adicional o carter pblico da atividade educativa, le-

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    MDULO 6 - EDUCAO EM DIREITOS HUMANOS E O PLANO NACIONAL DE EDH

    vando a uma valorizao das instituies pblicas de ensino.

    Na extenso universitria, a incluso dos direitos humanos no Plano Nacional de Extenso Universitria enfatiza o compromisso das universida-des pblicas com a promoo dos direitos humanos. A insero desse tema em programas e projetos de extenso pode envolver atividades de capacita-o, assessoria e realizao de eventos, entre outras, articuladas com as reas de ensino e pesquisa, contemplando temas diversos.

    A contribuio da educao superior na rea da educao em direitos humanos implica a considerao dos seguintes princpios, segundo o Plano:

    a) a universidade, como criadora e disseminadora de conhecimento, instituio social com vocao republicana, diferenciada e autno-ma, comprometida com a democracia e a cidadania; b) os preceitos da igualdade, da liberdade e da justia devem guiar as aes universitrias, de modo a garantir a democratizao da infor-mao, o acesso por parte de grupos sociais vulnerveis ou excludos e o compromisso cvico-tico com a implementao de polticas p-blicas voltadas para as necessidades bsicas desses segmentos; c) o princpio bsico norteador da educao em direitos humanos como prtica permanente, contnua e global, deve estar voltado para a transformao da sociedade, com vistas difuso de valores de-mocrticos e republicanos, ao fortalecimento da esfera pblica e construo de projetos coletivos; d) a educao em direitos humanos deve se constituir em princ-pio tico-poltico orientador da formulao e crtica da prtica das instituies de ensino superior; e) as atividades acadmicas devem se voltar para a formao de uma cultura baseada na universalidade, indivisibilidade e interdependn-cia dos direitos humanos, como tema transversal e transdisciplinar, de modo a inspirar a elaborao de programas especficos e meto-dologias adequadas nos cursos de graduao e ps-graduao, entre outros; f) a construo da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e exten-so deve ser feita articulando as diferentes reas do conhecimento, os setores de pesquisa e extenso, os programas de graduao, de psgraduao e outros; g) o compromisso com a construo de uma cultura de respeito aos

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    CURSO DE PS GRADUAO LATO SENSU EM EDUCAO EM DIREITOS HUMANOS

    direitos humanos na relao com os movimentos e entidades sociais, alm de grupos em situao de excluso ou discriminao; h) a participao das IES na formao de agentes sociais de educa-o em direitos humanos e na avaliao do processo de implemen-tao do PNEDH.

    Aes programticas

    1. Propor a temtica da educao em direitos humanos para subsidiar as diretrizes curriculares das reas de conhecimento das IES; 2. divulgar o PNEDH junto sociedade brasileira, envolvendo a par-ticipao efetiva das IES; 3. fomentar e apoiar, por meio de editais pblicos, programas, proje-tos e aes das IES voltados para a educao em direitos humanos; 4. solicitar s agncias de fomento a criao de linhas de apoio pesquisa, ao ensino e extenso na rea de educao em direitos humanos; 5. promover pesquisas em nvel nacional e estadual com o envolvi-mento de universidades pblicas, comunitrias e privadas, levantan-do as aes de ensino, pesquisa e extenso em direitos humanos, de modo a estruturar um cadastro atualizado e interativo.6. incentivar a elaborao de metodologias pedaggicas de carter transdisciplinar e interdisciplinar para a educao em direitos huma-nos nas IES; 7. estabelecer polticas e parmetros para a formao continuada de professores em educao em direitos humanos, nos vrios nveis e modalidades de ensino; 8. contribuir para a difuso de uma cultura de direitos humanos, com ateno para a educao bsica e a educao no-formal nas suas diferentes modalidades, bem como formar agentes pblicos nessa perspectiva, envolvendo discentes e docentes da graduao e da ps--graduao; 9. apoiar a criao e o fortalecimento de fruns, ncleos, comisses e centros de pesquisa e extenso destinados promoo, defesa, pro-teo e ao estudo dos direitos humanos nas IES; 10. promover o intercmbio entre as IES no plano regional, nacional e internacional para a realizao de programas e projetos na rea da

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    MDULO 6 - EDUCAO EM DIREITOS HUMANOS E O PLANO NACIONAL DE EDH

    educao em direitos humanos; 11. fomentar a articulao entre as IES, as redes de educao bsica e seus rgos gestores (secretarias estaduais e municipais de educa-o e secretarias municipais de cultura e esporte), para a realizao de programas e projetos de educao em direitos humanos voltados para a formao de educadores e de agentes sociais das reas de es-porte, lazer e cultura; 12. propor a criao de um setor especfico de livros e peridicos em

    direitos humanos no acervo das bibliotecas das IES; 13. apoiar a criao de linhas editoriais em direitos humanos junto s IES, que possam contribuir para o processo de implementao do PNEDH; 14. estimular a insero da educao em direitos humanos nas confe-rncias, congressos, seminrios, fruns e demais eventos no campo da educao superior, especialmente nos debates sobre polticas de ao afirmativa;

    15. sugerir a criao de prmio em educao em direitos humanos no mbito do MEC, com apoio da SEDH, para estimular as IES a investir em programas e projetos sobre esse tema; 16. implementar programas e projetos de formao e capacitao sobre educao em direitos humanos para gestores(as), professo-res(as), servidores(as), corpo discente das IES e membros da comu-nidade local; 17. fomentar e apoiar programas e projetos artsticos e culturais na rea da educao em direitos humanos nas IES; 18. desenvolver polticas estratgicas de ao afirmativa nas IES que

    possibilitem a incluso, o acesso e a permanncia de pessoas com deficincia e aquelas alvo de discriminao por motivo de gnero, de

    orientao sexual e religiosa, entre outros e seguimentos geracionais e tnico-raciais; 19. estimular nas IES a realizao de projetos de educao em di-reitos humanos sobre a memria do autoritarismo no Brasil, fomen-tando a pesquisa, a produo de material didtico, a identificao e

    organizao de acervos histricos e centros de referncias; 20. inserir a temtica da histria recente do autoritarismo no Brasil em editais de incentivo a projetos de pesquisa e extenso universi-tria;

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    CURSO DE PS GRADUAO LATO SENSU EM EDUCAO EM DIREITOS HUMANOS

    21. propor a criao de um Fundo Nacional de Ensino, Pesquisa e Extenso para dar suporte aos projetos na rea temtica da educao em direitos humanos a serem implementados pelas IES.

    3.2.3 Educao no-formal

    No que se refere educao no-formal, o foco est na sua relevn-cia como ao promotora da emancipao e autonomia de cada um e de todos os integrantes da espcie.

    A educao no-formal em direitos humanos orienta-se pelos princ-pios da emancipao e da autonomia.

    Sua implementao configura um permanente processo de sensibili-zao e formao de conscincia crtica, direcionada para o encaminhamento de reivindicaes e a formulao de propostas para as polticas pblicas, po-dendo ser compreendida como:

    a) qualificao para o trabalho;

    b) adoo e exerccio de prticas voltadas para a comunidade; c) aprendizagem poltica de direitos por meio da participao em grupos sociais; d) educao realizada nos meios de comunicao social; e) aprendizagem de contedos da escolarizao formal em modali-dades diversificadas; e

    f) educao para a vida no sentido de garantir o respeito dignidade do ser humano.Os espaos das atividades de educao no-formal distribuem-se em

    inmeras dimenses, incluindo desde as aes das comunidades, dos movi-mentos e organizaes sociais, polticas e nogovernamentais at as do setor da educao e da cultura. Essas atividades se desenvolvem em duas vertentes principais: a construo do conhecimento em educao popular e o processo de participao em aes coletivas, tendo a cidadania democrtica como foco central.

    Nesse sentido, movimentos sociais, entidades civis e partidos polti-cos praticam educao no formal quando estimulam os grupos sociais a re-fletirem sobre as suas prprias condies de vida, os processos histricos em

    que esto inseridos e o papel que desempenham na sociedade contempornea.

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    MDULO 6 - EDUCAO EM DIREITOS HUMANOS E O PLANO NACIONAL DE EDH

    Muitas prticas educativas no-formais enfatizam a reflexo e o co-nhecimento das pessoas e grupos sobre os direitos civis, polticos, econmi-cos, sociais e culturais. Tambm estimulam os grupos e as comunidades a se organizarem e proporem interlocuo com as autoridades pblicas, principal-mente no que se refere ao encaminhamento das suas principais reivindicaes e formulao de propostas para as polticas pblicas.

    Cabe assinalar um conjunto de princpios que devem orientar as li-nhas de ao nessa rea temtica. A educao no-formal, nessa perspectiva, deve ser vista como:

    a) mobilizao e organizao de processos participativos em defesa dos direitos humanos de grupos em situao de risco e vulnerabili-dade social, denncia das violaes e construo de propostas para sua promoo, proteo e reparao;b) instrumento fundamental para a ao formativa das organizaes populares em direitos humanos; c) processo formativo de lideranas sociais para o exerccio ativo da cidadania;d) promoo do conhecimento sobre direitos humanos; e) instrumento de leitura crtica da realidade local e contextual, da vivncia pessoal e social, identificando e analisando aspectos e mo-dos de ao para a transformao da sociedade; f) dilogo entre o saber formal e informal acerca dos direitos huma-nos, integrando agentes institucionais e sociais; g) articulao de formas educativas diferenciadas, envolvendo o con-tato e a participao direta dos agentes sociais e de grupos populares.

    Aes programticas

    1. Identificar e avaliar as iniciativas de educao no-formal em di-reitos humanos, de forma a promover sua divulgao e socializao; 2. investir na promoo de programas e iniciativas de formao e capacitao permanente da populao sobre a compreenso dos di-reitos humanos e suas formas de proteo e efetivao; 3. estimular o desenvolvimento de programas de formao e capaci-tao continuada da sociedade civil, para qualificar sua interveno

    de monitoramento e controle social junto aos rgos colegiados de promoo, defesa e garantia dos direitos humanos em todos os pode-

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    CURSO DE PS GRADUAO LATO SENSU EM EDUCAO EM DIREITOS HUMANOS

    res e esferas administrativas; 4. apoiar e promover a capacitao de agentes multiplicadores para atuarem em projetos de educao em direitos humanos nos proces-sos de alfabetizao, educao de jovens e adultos, educao popu-lar, orientao de acesso justia, atendimento educacional espe-cializado s pessoas com necessidades educacionais especiais, entre outros; 5. promover cursos de educao em direitos humanos para qualificar

    servidores (as), gestores (as) pblicos (as) e defensores (as) de direi-tos humanos; 6. estabelecer intercmbio e troca de experincias entre agentes go-vernamentais e da sociedade civil organizada vinculados a progra-mas e projetos de educao no-formal, para avaliao de resultados, anlise de metodologias e definio de parcerias na rea de educao

    em direitos humanos; 7. apoiar tcnica e financeiramente atividades nacionais e interna-cionais de intercmbio entre as organizaes da sociedade civil e do poder pblico, que envolvam a elaborao e execuo de projetos e pesquisas de educao em direitos humanos; 8. incluir a temtica da educao em direitos humanos nos progra-mas de qualificao profissional, alfabetizao de jovens e adultos,

    extenso rural, educao social comunitria e de cultura popular, en-tre outros; 9. incentivar a promoo de aes de educao em direitos humanos voltadas para comunidades urbanas e rurais, tais como quilombolas, indgenas e ciganos, acampados e assentados, migrantes, refugia-dos, estrangeiros em situao irregular e coletividades atingidas pela construo de barragens, entre outras; 10. incorporar a temtica da educao em direitos humanos nos pro-gramas de incluso digital e de educao a distncia; 11. fomentar o tratamento dos temas de educao em direitos huma-nos nas produes artsticas, publicitrias e culturais: artes plsticas e cnicas, msica, multimdia, vdeo, cinema, literatura, escultura e outros meios artsticos, alm dos meios de comunicao de massa, com temas locais, regionais e nacionais;12. apoiar tcnica e financeiramente programas e projetos da socie-dade civil voltados para a educao em direitos humanos;

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    MDULO 6 - EDUCAO EM DIREITOS HUMANOS E O PLANO NACIONAL DE EDH

    13. estimular projetos de educao em direitos humanos para agen-tes de esporte, lazer e cultura, incluindo projetos de capacitao distncia; 14. propor a incorporao da temtica da educao em direitos hu-manos nos programas e projetos de esporte, lazer e cultura como ins-trumentos de incluso social, especialmente os esportes vinculados identidade cultural brasileira e incorporados aos princpios e fins da

    educao nacional.

    3.2.4 Educao dos Profissionais dos Sistemas de Justia e Segurana

    No que diz respeito aos profissionais de Justia e Segurana, a ques-to central a construo de seu compromisso com os valores democrticos, e, na perspectiva colocada por esses valores, sua participao na construo efetiva de sistemas conspcuos de Justia e Segurana, submetidos a controle social.

    No que se refere funo especfica da segurana, a Constituio

    de 1988 afirma que a segurana pblica como dever do Estado, direito e

    responsabilidade de todos, exercida para a preservao da ordem pblica e da incolumidade das pessoas e do patrimnio (Art. 144). Define como prin-cpios para o exerccio do direito justia, o respeito da lei acima das vonta-des individuais, o respeito dignidade contra todas as formas de tratamento desumano e degradante, a liberdade de culto, a inviolabilidade da intimidade das pessoas, o asilo, o sigilo da correspondncia e comunicaes, a liberdade de reunio e associao e o acesso justia (Art. 5).

    A aplicao da lei critrio para a efetivao do direito justia e segurana. O processo de elaborao e aplicao da lei exige coerncia com os princpios da igualdade, da dignidade, do respeito diversidade, da solida-riedade e da afirmao da democracia.

    A capacitao de profissionais dos sistemas de justia e segurana

    , portanto, estratgica para a consolidao da democracia. Esses sistemas, orientados pela perspectiva da promoo e defesa dos direitos humanos, re-querem qualificaes diferenciadas, considerando as especificidades das cate-gorias profissionais envolvidas. Ademais, devem ter por base uma legislao

    processual moderna, gil e cidad.

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    CURSO DE PS GRADUAO LATO SENSU EM EDUCAO EM DIREITOS HUMANOS

    A educao em direitos humanos constitui um instrumento estrat-gico no interior das polticas de segurana e justia para respaldar a conso-nncia entre uma cultura de promoo e defesa dos direitos humanos e os princpios democrticos.

    A consolidao da democracia demanda conhecimentos, habilidades e prticas profissionais coerentes com os princpios democrticos. O ensino

    dos direitos humanos deve ser operacionalizado nas prticas desses(as) pro-fissionais, que se manifestam nas mensagens, atitudes e valores presentes na

    cultura das escolas e academias, nas instituies de segurana e justia e nas relaes sociais.

    A educao em direitos humanos deve considerar os seguintes prin-cpios:

    a) respeito e obedincia lei e aos valores morais que a antecedem e fundamentam, promovendo a dignidade inerente pessoa humana e respeitando os direitos humanos; b) liberdade de exerccio de expresso e opinio; c) leitura crtica dos contedos e da prtica social e institucional dos rgos do sistema de justia e segurana; d) reconhecimento de embates entre paradigmas, modelos de socie-dade, necessidades individuais e coletivas e diferenas polticas e ideolgicas; e) vivncia de cooperao e respeito s diferenas sociais e culturais, atendendo com dignidade a todos os segmentos sem privilgios; f) conhecimento acerca da proteo e dos mecanismos de defesa dos direitos humanos; g) relao de correspondncia dos eixos tico, tcnico e legal no cur-rculo, coerente com os princpios dos direitos humanos e do Estado Democrtico de Direito;h) uso legal, legtimo, proporcional e progressivo da fora, protegen-do e respeitando todos(as) os(as) cidados(s);i) respeito no trato com as pessoas, movimentos e entidades sociais, defendendo e promovendo o direito de todos(as); j) consolidao de valores baseados em uma tica solidria e em princpios dos direitos humanos, que contribuam para uma prtica emancipatria dos sujeitos que atuam nas reas de justia e segu-rana;

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    MDULO 6 - EDUCAO EM DIREITOS HUMANOS E O PLANO NACIONAL DE EDH

    k) explicitao das contradies e conflitos existentes nos discursos

    e prticas das categorias profissionais do sistema de segurana e jus-tia; l) estmulo configurao de habilidades e atitudes coerentes com os

    princpios dos direitos humanos; m) promoo da interdisciplinaridade e transdisciplinaridade nas aes de formao e capacitao dos profissionais da rea e de disci-plinas especficas de educao em direitos humanos;

    n) leitura crtica dos modelos de formao e ao policial que utili-zam prticas violadoras da dignidade da pessoa humana.

    Aes programticas

    1. Apoiar tcnica e financeiramente programas e projetos de capaci-tao da sociedade civil em educao em direitos humanos na rea da justia e segurana; 2. sensibilizar as autoridades, gestores(as) e responsveis pela segu-rana pblica para a importncia da formao em direitos humanos por parte dos operadores(as) e servidores(as) dos sistemas das reas de justia, segurana, defesa e promoo social; 3. criar e promover programas bsicos e contedos curriculares obrigatrios, disciplinas e atividades complementares em direitos humanos, nos programas para formao e educao continuada dos profissionais de cada sistema, considerando os princpios da trans-disciplinaridade e da interdisciplinaridade, que contemplem, entre outros itens, a acessibilidade comunicacional e o conhecimento da Lngua Brasileira de Sinais (LIBRAS); 4. fortalecer programas e projetos de cursos de especializao, atua-lizao e aperfeioamento em direitos humanos, dirigidos aos(s) profissionais da rea;

    5. estimular as instituies federais dos entes federativos para a uti-lizao das certificaes como requisito para ascenso profissional,

    a exemplo da Rede Nacional de Cursos de Especializao em Segu-rana Pblica RENAESP; 6. proporcionar condies adequadas para que as ouvidorias, corre-gedorias e outros rgos de controle social dos sistemas e dos entes federados, transformem-se em atores pr-ativos na preveno das violaes de direitos e na funo educativa em direitos humanos;

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    7. apoiar, incentivar e aprimorar as condies bsicas de infraestru-tura e superestrutura para a educao em direitos humanos nas reas de justia, segurana pblica, defesa, promoo social e administra-o penitenciria como prioridades governamentais; 8. fomentar nos centros de formao, escolas e academias, a criao de centros de referncia para a produo, difuso e aplicao dos conhecimentos tcnicos e cientficos que contemplem a promoo e

    defesa dos direitos humanos; 9. construir bancos de dados com informaes sobre policiais milita-res e civis, membros do Ministrio Pblico, da Defensoria Pblica, magistrados, agentes e servidores(as) penitencirios(as), dentre ou-tros, que passaram por processo de formao em direitos humanos, nas instncias federal, estadual e municipal, garantindo o comparti-lhamento das informaes entre os rgos; 10. fomentar aes educativas que estimulem e incentivem o envol-vimento de profissionais dos sistemas com questes de diversidade

    e excluso social, tais como: luta antimanicomial, combate ao tra-balho escravo e ao trabalho infantil, defesa de direitos de grupos sociais discriminados, como mulheres, povos indgenas, gays, ls-bicas, transgneros, transexuais e bissexuais (GLTTB), negros(as), pessoas com deficincia, idosos(as), adolescentes em conflito com a

    lei, ciganos, refugiados, asilados, entre outros; 11. propor e acompanhar a criao de comisses ou ncleos de di-reitos humanos nos sistemas de justia e segurana, que abarquem, entre outras tarefas, a educao em direitos humanos; 12. promover a formao em direitos humanos para profissionais

    e tcnicos(as) envolvidos(as) nas questes relacionadas com refu-giados(as), migrantes nacionais, estrangeiros(as) e clandestinos(as), considerando a ateno s diferenas e o respeito aos direitos huma-nos, independentemente de origem ou nacionalidade; 13. incentivar o desenvolvimento de programas e projetos de edu-cao em direitos humanos nas penitencirias e demais rgos do sistema prisional, inclusive nas delegacias e manicmios judicirios; 14. apoiar e financiar cursos de especializao e ps-graduao stric-to sensu para as reas de justia, segurana pblica, administrao penitenciria, promoo e defesa social, com transversalidade em direitos humanos;

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    MDULO 6 - EDUCAO EM DIREITOS HUMANOS E O PLANO NACIONAL DE EDH

    15. sugerir a criao de um frum permanente de avaliao das aca-demias de polcia, escolas do Ministrio Pblico, da Defensoria P-blica e Magistratura e centros de formao de profissionais da exe-cuo penal 16. promover e incentivar a implementao do Plano de Aes Inte-gradas para Preveno e Controle da Tortura no Brasil18, por meio de programas e projetos de capacitao para profissionais do sistema

    de justia e segurana pblica, entidades da sociedade civil e mem-bros do comit nacional e estaduais de enfrentamento tortura;17. produzir e difundir material didtico e pedaggico sobre a pre-veno e combate tortura para os profissionais e gestores do siste-ma de justia e segurana pblica e rgos de controle social; 18. incentivar a estruturao e o fortalecimento de academias pe-nitencirias e programas de formao dos profissionais do sistema

    penitencirio, inserindo os direitos humanos como contedo curri-cular; 19. implementar programas e projetos de formao continuada na rea da educao em direitos humanos para os profissionais das

    delegacias especializadas com a participao da sociedade civil; 20. estimular a criao e/ou apoiar programas e projetos de educao em direitos humanos para os profissionais que atuam com refugiados

    e asilados; 21. capacitar os profissionais do sistema de segurana e justia em

    relao questo social das comunidades rurais e urbanas, especial-mente as populaes indgenas, os acampamentos e assentamentos rurais e as coletividades sem teto; 22. incentivar a proposta de programas, projetos e aes de capa-citao para guardas municipais, garantindo a insero dos direitos humanos como contedo terico e prtico; 23. sugerir programas, projetos e aes de capacitao em mediao de conflitos e educao em direitos humanos, envolvendo conselhos

    de segurana pblica, conselhos de direitos humanos, ouvidorias de polcia, comisses de gerenciamento de crises, dentre outros; 24. estimular a produo de material didtico em direitos humanos para as reas da justia e da segurana pblica; 25. promover pesquisas sobre as experincias de educao em direi-tos humanos nas reas de segurana e justia;

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    26. apoiar a valorizao dos profissionais de segurana e justia, ga-rantindo condies de trabalho adequadas e formao continuada, de modo a contribuir para a reduo de transtornos psquicos, prevenin-do violaes aos direitos humanos.

    3.2.5 Educao e Mdia

    Para, concluir, em educao e mdia, as grandes questes encon-tram-se no carter pblico que deve ter o direito informao e na necessria ateno que deve ser dada ao poder da mdia como vetor de formao de opinio.

    A contemporaneidade caracterizada pela sociedade do conheci-mento e da comunicao, tornando a mdia um instrumento indispensvel para o processo educativo. Por meio da mdia so difundidos contedos ticos e valores solidrios, que contribuem para processos pedaggicos libertadores, complementando a educao formal e no-formal.

    Especial nfase deve ser dada ao desenvolvimento de mdias co-munitrias, que possibilitam a democratizao da informao e do acesso s tecnologias para a sua produo, criando instrumentos para serem apropria-dos pelos setores populares e servir de base a aes educativas capazes de penetrar nas regies mais longnquas dos estados e do pas, fortalecendo a cidadania e os direitos humanos.

    Para fundamentar a ao dos meios de comunicao na perspectiva da educao em direitos humanos, devem ser considerados como princpios:

    a) a liberdade de exerccio de expresso e opinio; b) o compromisso com a divulgao de contedos que valorizem acidadania, reconheam as diferenas e promovam a diversidade cultural, base para a construo de uma cultura de paz; c) a responsabilidade social das empresas de mdia pode se expres-sar, entre outras formas, na promoo e divulgao da educao em direitos humanos; d) a apropriao e incorporao crescentes de temas de educao em direitos humanos pelas novas tecnologias utilizadas na rea da comunicao e informao;e) a importncia da adoo pelos meios de comunicao, de lingua-gens e posturas que reforcem os valores da no-violncia e do res-peito aos direitos humanos, em uma perspectiva emancipatria.

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    MDULO 6 - EDUCAO EM DIREITOS HUMANOS E O PLANO NACIONAL DE EDH

    Aes programticas

    1. Criar mecanismos de incentivo s agncias de publicidade para a produo de peas de propaganda adequadas a todos os meios de comunicao, que difundam valores e princpios relacionados aos direitos humanos e construo de uma cultura transformadora nes-sa rea; 2. sensibilizar proprietrios(as) de agncias de publicidade para a produo voluntria de peas de propaganda que visem realizao de campanhas de difuso dos valores e princpios relacionados aos direitos humanos; 3. propor s associaes de classe e dirigentes de meios de comuni-cao a veiculao gratuita das peas de propaganda dessas campa-nhas; 4. garantir mecanismos que assegurem a implementao de aes do PNEDH, tais como premiao das melhores campanhas e promoo de incentivos fiscais, para que rgos da mdia empresarial possam

    aderir s medidas propostas; 5. definir parcerias com entidades associativas de empresas da rea

    de mdia, profissionais de comunicao, entidades sindicais e po-pulares para a produo e divulgao de materiais relacionados aos direitos humanos; 6. propor e estimular, nos meios de comunicao, a realizao de programas de entrevistas e debates sobre direitos humanos, que en-volvam entidades comunitrias e populares, levando em considera-o as especificidades e as linguagens adequadas aos diferentes seg-mentos do pblico de cada regio do pas; 7. firmar convnios com grficas pblicas e privadas, alm de outras

    empresas, para produzir edies populares de cdigos, estatutos e da legislao em geral, relacionados a direitos, bem como informativos (manuais, guias, cartilhas etc.), orientando a populao sobre seus direitos e deveres, com ampla distribuio gratuita em todo o terri-trio nacional, contemplando tambm nos materiais as necessidades das pessoas com deficincia;

    8. propor a criao de bancos de dados sobre direitos humanos, com interface no stio da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, com as seguintes caractersticas: a) disponibilizao de textos didticos e legislao pertinente ao tema; b) relao de profissionais e defen-

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    CURSO DE PS GRADUAO LATO SENSU EM EDUCAO EM DIREITOS HUMANOS

    sores(as) de direitos humanos; c) informaes sobre polticas pbli-cas em desenvolvimento nos mbitos municipal, estadual e federal, dentre outros temas; 9. realizar campanhas para orientar cidados(s) e entidades a de-nunciar eventuais abusos e violaes dos direitos humanos come-tidos pela mdia, para que os(as) autores(as) sejam responsabiliza-dos(as) na forma da lei; 10. incentivar a regulamentao das disposies constitucionais re-lativas misso educativa dos veculos de comunicao que operam mediante concesso pblica;11. propor s comisses legislativas de direitos humanos a institui-o de prmios de mrito a pessoas e entidades ligadas comunica-o social, que tenham se destacado na rea dos direitos humanos; 12. apoiar a criao de programas de formao de profissionais da

    educao e reas afins, tendo como objetivo desenvolver a capaci-dade de leitura crtica da mdia na perspectiva dos direitos humanos. 13. propor concursos no mbito nacional e regional de ensino, nos nveis fundamental, mdio e superior, sobre meios de comunicao e direitos humanos; 14. estabelecer parcerias entre a Secretaria Especial dos Direitos Hu-manos e organizaes comunitrias e empresariais, tais como rdios, canais de televiso, bem como organizaes da sociedade civil, para a produo e difuso de programas, campanhas e projetos de comu-nicao na rea de direitos humanos, levando em considerao o pargrafo 2. do artigo 53 do Decreto 5.296/2004;15. fomentar a criao e a acessibilidade de Observatrios Sociais destinados a acompanhar a cobertura da mdia em direitos humanos; 16. incentivar pesquisas regulares que possam identificar formas,

    circunstncias e caractersticas de violaes dos direitos humanos pela mdia; 17. apoiar iniciativas que facilitem a regularizao dos meios de co-municao de carter comunitrio, como estratgia de democratiza-o da informao; 18. acompanhar a implementao da Portaria n. 310, de 28 de ju-nho de 2006, do Ministrio das Comunicaes, sobre emprego de legenda oculta, janela com intrprete de LIBRAS, dublagem e udio, descrio de cenas e imagens na programao regular da televiso,

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    MDULO 6 - EDUCAO EM DIREITOS HUMANOS E O PLANO NACIONAL DE EDH

    de modo a garantir o acesso das pessoas com deficincia auditiva e

    visual informao e comunicao; 19. incentivar professores(as), estudantes de comunicao social e especialistas em mdia a desenvolver pesquisas na rea de direitos humanos; 20. propor ao Conselho Nacional de Educao a incluso da dis-ciplina Direitos Humanos e Mdia nas diretrizes curriculares dos

    cursos de Comunicao Social; 21. sensibilizar diretores(as) de rgos da mdia para a incluso dos princpios fundamentais de direitos humanos em seus manuais de redao e orientaes editoriais;22. inserir a temtica da histria recente do autoritarismo no Brasil em editais de incentivo produo de filmes, vdeos, udios e simi-lares, voltada para a educao em direitos humanos; 23. incentivar e apoiar a produo de filmes e material audiovisual

    sobre a temtica dos direitos humanos.

    com base nesses pontos de apoio especficos que o PNEDH, em

    cada um dos espaos prioritrios de atuao, apresenta os respectivos conjun-tos de propostas de aes programticas.

    Na resenha de Maria Suzana De Stefano Menin sobre a obra dos autores Ulisses F. de Arajo e Jlio Groppa Aquino, registra-se as diferentes concepes que se pode ter da educao em valores, desde a transmisso dire-ta influncia de modelos, e que os autores adotam a premissa terica de que

    os valores so construdos na interao entre um sujeito imbudo de razo e

    emoes e um mundo constitudo de pessoas, objetos e relaes multiformes, dspares e conflitantes e, dessa forma, educar em valores significa dar as

    possibilidades da construo dos mesmos por meio das mais diversas trocas dos alunos com outros elementos da comunidade escolar e externa escola e com as mais variadas produes culturais (MENIN, 2003).

    A autora continua dizendo que preciso possibilitar aos alunos ca-pacidades que os habilitem a interagir com outros; dentre elas, os autores, inspirados em Puig (1998), consideram como mais essenciais: a capacidade dialgica, a conscincia dos prprios sentimentos e emoes e a autonomia para a tomada de decises em situaes conflitantes do ponto de vista tico/

    moral.

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    CURSO DE PS GRADUAO LATO SENSU EM EDUCAO EM DIREITOS HUMANOS

    Prope a autora da resenha, uma proposta construtivista de educao moral que no escapa questo: construir quais valores? Que se relaciona a outras: h valores melhores que outros? H critrios para a escolha dos melhores valores? Num mundo reconhecidamente em crise de valores, onde continuam a existir formas autoritrias de imposio de valores dissimuladas dentro de uma lgica capitalista que naturaliza a excluso de idias e pes-soas, que incentiva ao consumismo desenfreado, e que, por fim, acaba refor-ando o egocentrismo e a anomia individual, conforme descrevem nas p. 10 e 11, Ulisses F. de Arajo e Jlio Groppa Aquino, a soluo para uma educao em valores, no est em voltar-se para valores tradicionais antes adotados, mas em buscar um referencial atual, comum, reconhecidamente aprovado pelas mais variadas culturas, embora pouco alcanado: a Declarao Univer-sal dos Direitos Humanos consagrada em 1948. Arajo e Aquino assumem, portanto, essa declarao como um caminho frutfero a ser adotado por todos aqueles que querem promover uma educao para a tica, a cidadania e a paz.

    O objetivo deste Mdulo VI foi conhecer de forma detalhada os fun-damentos, as especificidades e o Plano Nacional de EDH com as cinco reas

    de atuao: I - Educao Bsica; II- Educao Superior; III- Educao no--formal; IV- Educao dos Profissionais dos Sistemas de Justia e Segurana

    e V- Educao e Mdia, destacando os princpios e as aes programticas.

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    AGUILERA URQUIZA, A. H. (Org.). Direitos humanos e cidadania: desenvol-vimento pela educao em direitos humanos. Campo Grande: Ed. UFMS, 2013.ARAJO, Ulisses F.; AQUINO, Jlio Groppa. Os Direitos Humanos na Sala de Aula: A tica Como Tema Transversal. So Paulo: Moderna, 2001.BENTO, Maria Aparecida Silva. Cidadania em Preto e Branco: discutindo as re-laes sociais. So Paulo: tica, 2002.BRASIL.Decreto N 7.083, de 27 de janeiro de 2010. Dispe sobre o Progra-ma Mais Educao. Braslia: Presidncia da Repblica. Disponvel em: Acesso em: 02fev2016.BRASIL. Plano Nacional de Educao em Direitos Humanos PNEDH, Bras-lia: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Ministrio da Educao, Minist-rio da Justia, UNESCO 2007. CANDAU, Vera Maria, et al. Oficinas Pedaggicas de Direitos Humanos. Pe-trpolis: Vozes, 1995. CANDAU, Vera; SACAVINO, Susana (orgs.). Educar em Direitos Humanos. Rio de Janeiro: D& P Editora, 2000.MAGENDZO, Abraham. O currculo escolar e os direitos humanos. Disponvel em: