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Capítulo XIII - Educação e Formação Cooperativa: a práxis da cooperativa mista dos pequenos agricultores da Região Sul (COOPAR)
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Educação e Formação Cooperativa: a práxis da cooperativa mista dos
pequenos agricultores da Região Sul (COOPAR)
PEGLOW, Karin42
RESUMO
Estudo de caso que sistematiza e analisa as ações e metodologia dos processos de educação e formação cooperativa, desenvolvidas pela Cooperativa Mista dos Pequenos Agricultores da Região Sul (COOPAR), no âmbito de municípios do Território Zona Sul. A práxis da cooperativa nos processos educativos é apresentada a partir da caracterização de três períodos. O primeiro refere-se a etapa pré constituição da cooperativa, caracterizado por atividades de formação junto a grupos informais e associações, formação de lideranças abordando aspectos e princípios de cooperação, bem como ações de cooperação “experienciadas” por estas organizações no âmbito da comercialização direta de seus produtos. O segundo período, do momento da fundação, em 1992 até 2000, onde ocorre a estruturação da cooperativa, nas primeiras três gestões, com diferentes atividades de formação e educação cooperativa, voltada para associados e não associados, jovens, conselho administrativo e direção. O terceiro período, de 2000 até 2013, corresponde ao período de expansão da cooperativa, tanto do ponto de vista das suas atividades e estrutura, como do seu quadro de associados, que passa de 510 para 3008, com ações de educação cooperativa que vão se modificando à medida que o quadro de associados aumenta. O artigo analisa os processos educativos caracterizados pela ação e reflexão, constituindo a práxis da COOPAR, ao longo da sua trajetória de vinte e um anos, evidenciando a importância deste tema para sustentabilidade da cultura da cooperação. Palavras-chave: Educação e formação cooperativa. Processos educativos. Cultura da cooperação. Cooperativismo.
ABSTRACT
Case study that systematizes and analyzes the actions of the methodology and processes of education and training measures developed by the Cooperative of Small Farmers in the South (COOPAR) within the counties of the Territory South Zone Praxis cooperative educational processes is presented from the characterization of three periods. The first refers to the pre establishment of the cooperative, characterized by formation activities along with informal groups and associations, leadership training addressing aspects and principles of cooperation as well as cooperation actions "experienced" by these organizations within the direct marketing of its products. The second period, from the time of foundation in 1992 until 2000, which is the structure of the cooperative, the first three terms, with different training activities and cooperative education, focused on associated and non-associated youth board and direction. The third period, from 2000 to 2013 corresponds to the period of expansion of the cooperative, both from the point of 42 Enfermeira, Extensionista Rural Social da EMATER/RS-ASCAR, Especialista em Saúde Mental
Coletiva, e-mail: [email protected].
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view of its activities and structure, as its membership, going from 510 to 3008, with shares of cooperative education that will changing as the associated frame increases. The article analyzes the educational processes characterized by action and reflection, constituting the practice of COOPAR along the trajectory of twenty-one years old, highlighting the importance of this issue for sustainability culture of cooperation. Keywords: Education and training measures. Educational processes. Culture of cooperation. Cooperatives.
1 INTRODUÇÃO
A educação, informação e formação, representam o quinto princípio do
cooperativismo e constituem um dos mecanismos fundamentais para atingir o
desenvolvimento econômico e social das cooperativas. Desde o início da
constituição da primeira cooperativa, a “Sociedade dos Probos Pioneiros de
Rochdale”, a prática da educação cooperativa já existia e era tida como elemento
fundamental para a mesma. Tinha a ideia de que a educação deveria ser parte
integrante da cooperativa, e os associados deveriam crescer também no âmbito do
conhecimento. (SCHNEIDER, 2010).
A Aliança Cooperativista Internacional define que “o fomento da educação
cooperativa torna possível a observância e a aplicação dos demais princípios
cooperativistas”. Por isto, a verdadeira educação cooperativista deve conter tanto a
capacitação doutrinária quanto a prática da cooperação. A promoção da educação
cooperativa é norma fundamental para a organização e o funcionamento das
organizações cooperativas. (PASSOS, 2008).
Para a efetivação deste princípio, a legislação43 determina a constituição do
Fundo de Assistência Técnica Educacional e Social (FATES), que se destina à
prestação de assistência aos associados, seus familiares e, quando previsto nos
estatutos, aos empregados da cooperativa. É constituído de no mínimo 5% (cinco
por cento) das sobras líquidas apuradas no exercício, resultante do ato cooperativo.
A educação cooperativista deve propor-se a construir e vivenciar atitudes e
valores de cooperação e cidadania, por meio de práticas de educação cooperativa.
43 Lei 5.764/71. Lei Federal que Define a Política Nacional de Cooperativismo, institui o regime
jurídico das sociedades cooperativas, e dá outras providências. Em seu art. 28, inciso II trata do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social, destinado a prestação de assistência aos associados, seus familiares e, quando previsto nos estatutos, aos empregados da cooperativa, constituído de 5% (cinco por cento), pelo menos, das sobras líquidas apuradas no exercício.
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Segundo Schneider (2010), a educação cooperativa é voltada para aprofundar a
identidade cooperativa, seu projeto de sociedade e economia e constitui sua visão
sobre a dignidade da pessoa humana, seus valores, princípios e normas, seu estilo
de vida e de trabalho que pretende construir, contribuindo para a elaboração de uma
identidade comum entre os associados.
Conforme o mesmo autor, os processos educacionais são formas diferentes
de os seres humanos partirem do que são para aquilo que querem ser. Segundo ele,
na visão freireana há duas modalidades de educação: a “bancária”, que torna as
pessoas menos humanas, dominadas, onde alguém é depositário do saber e outro
recebe passivamente o saber, transmitido “de cima para baixo”. A outra modalidade,
a “libertadora”, que leva o educador a estimular os educandos a serem
protagonistas, sujeitos ativos e autônomos, solidários, fazendo com que as pessoas
deixem de ser o que são para serem conscientes mais livres e humanas.
(SCHNEIDER, 2010, p. 29). Para o autor, a educação é a compreensão ampliada de
formação, envolvendo a cultura, os valores, as ideias, crenças e representações
coletivas. Conceitua educação cooperativa como um conjunto de ensinamentos que
proporcionam não só um aporte cultural aos envolvidos, mas trabalham valores,
princípios e normas, neste caso do cooperativismo, caracterizado por uma educação
voltada ao desenvolvimento da pessoa humana, plenamente consciente do seu
papel e de sua responsabilidade na cooperativa e consequentemente na sociedade.
Já a formação é caracterizada por Schneider (2010), como um processo que
engloba o desenvolvimento pessoal e o desempenho profissional das pessoas
envolvidas, compreendendo um “processo formativo” como um sistema organizado
no qual estão envolvidos tanto os sujeitos que se preparam para ser profissionais,
quanto aqueles que já estão engajados na atividade profissional, envolvendo
processos colaborativos constituídos por estratégias que facilitem a compreensão, o
planejamento, a ação e reflexão conjunta acerca do que se pretende fazer e de que
caminhos percorrer para alcançar os objetivos pretendidos, tendo como princípio a
possibilidade de aperfeiçoamento das capacidades do indivíduo.
A relevância do tema da educação e formação cooperativa está relacionada
ao desafio da manutenção da identidade cooperativa, tendo em vista as complexas
e rápidas mudanças sócio culturais e econômicas advindas do processo de
globalização. Além disso, o cooperativismo ainda é visto por muitos como algo
mascarado, relacionado a envolvimento político, sendo que os próprios associados
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não conseguem conceituar “o que é uma cooperativa”. (SCHNEIDER, 2010, p. 27).
Na região sul, Wojahn (1990) analisou diversas experiências de cooperativas que
influenciaram negativamente a visão dos agricultores pela forma como foram
constituídas e atuaram.
O presente estudo pretendeu sistematizar e analisar o processo de educação
e formação cooperativa, desenvolvido pela Cooperativa Mista dos Pequenos
Agricultores da Região Sul (COOPAR), desde o período que antecedeu e deu
origem à cooperativa, até o momento atual. Nesse sentido, pretendeu-se
sistematizar as ações e metodologia utilizadas pela cooperativa, na formação do seu
quadro de associados, nas diferentes etapas da sua trajetória, bem como identificar
a percepção de dirigentes verificando quais os processos de formação existiram,
como se modificaram e se persistiram ao longo dos 21 anos da cooperativa.
A partir da práxis da cooperativa, ou seja, a articulação da teoria e da prática
da COOPAR, procurou-se identificar e compreender a importância deste tema para
a sustentabilidade do modelo cooperativista, bem como sua replicabilidade por
outras cooperativas e instituições de apoio e assistência técnica e extensão rural.
Para identificação das ações de educação cooperativa desenvolvidas pela
COOPAR, foram realizadas entrevistas com os ex-presidentes, consultas ao livro de
Atas das Assembleias da COOPAR, jornais comemorativos, relatórios de atividades,
site Pomerano Alimentos e o vídeo institucional apresentado na Assembleia Geral
ordinária de 2013. Com base nessas atividades, estruturou-se a descrição das
mesmas em períodos, conforme apresentados na sequência.
2 A COOPERAÇÃO NO TERRITÓRIO ZONA SUL DO RS
O Território Zona Sul do Estado do RS é composto por 25 municípios:
Aceguá, Canguçu, Pinheiro Machado, Arroio do Padre, Cerrito, Pedras Altas, Herval,
Piratini, Hulha Negra, Morro Redondo, Pedro Osório, Amaral Ferrador, Arroio
Grande, Candiota, Capão do Leão, Cristal, Jaguarão, Pelotas, Rio Grande, Chuí,
Santana da Boa Vista, Santa Vitória do Palmar, São José do Norte, São Lourenço
do Sul, Turuçu. A população total do território44 é de 863.956 habitantes, dos quais
151.765 vivem na área rural, o que corresponde a 17,57% do total. Possui uma
diversidade de públicos composta por 32.160 agricultores familiares, 3.615 famílias
44 PORTAL da Cidadania (2013).
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assentadas, 8.529 pescadores artesanais, 36 comunidades quilombolas. Seu IDH
médio é 0,79, conforme o Sistema de Informações Territoriais do MDA.
Dos 25 municípios, 23 caracterizam-se como municípios rurais, com
características e um modo de vida caracterizado pela ruralidade, além de sua
economia que está ligada prioritariamente à agropecuária. (CAPA, 2009).
A Zona Sul do Rio Grande do Sul possui características próprias da
população formadora da sociedade Sul-Riograndense, que remonta a meados do
século XVIII e peculiaridades quanto ao clima, solo, distribuição fundiária. As
populações que mais migraram para esta região foram os portugueses,
alemães/pomeranos, italianos e poloneses. Estas etnias formaram núcleos
geradores de riquezas e criaram-se colônias que preservam e valorizam suas
culturas e relações trazidas com seus antepassados. Conforme Reichert (2008), os
sistemas de produção presentes no Território Sul podem ser agrupados nas
seguintes categorias: sistema pastoril convencional; sistema de lavoura empresarial
e sistema de lavoura e pecuária familiar. As propriedades acima de 100 ha
correspondem a 12% do total e ocupam 77,6% da área agrícola; já as pequenas
propriedades, com área até 100 ha, equivalem a 84% do total de estabelecimentos
rurais, ocupando 22,4% da área.
Destes 25 municípios, 21 encontram-se no âmbito de atuação da Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Sul - Associação Sulina de
Crédito e Assistência Rural (EMATER/RS-ASCAR) através do Escritório Regional de
Pelotas. A EMATER/RS-ASCAR é a principal instituição responsável pela
elaboração e execução de políticas públicas voltadas para o meio rural do RS. Sua
atuação envolve um amplo conjunto de programas e projetos voltados para o
desenvolvimento rural, de forma integrada e sustentável, envolvendo ações voltadas
para a geração de renda, melhoria da qualidade de vida, inclusão social e produtiva
e promoção da cidadania das famílias rurais. Possui 492 escritórios municipais, dez
escritórios regionais e o escritório central, atuando na perspectiva de contribuir para
a promoção do desenvolvimento rural sustentável. Em 2011 foram constituídas
Unidades de Cooperativismo, estas unidades são estruturas compostas por equipes
técnicas de caráter multidisciplinar, especializada no atendimento às cooperativas
distribuídas no território do RS. (EMATER/RS, 2012).
As ações de Assistência Técnica e Extensão Rural desenvolvidas vêm
incentivando a cooperação em diversos aspectos, efetivando-se um número
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significativo de grupos informais, associações e, mais recentemente, cooperativas.
As cooperativas constituem-se como uma importante ferramenta de organização
social para a melhoria econômica da população. As recentes demandas do
Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e a ampliação do Programa de
Aquisição de Alimentos (PAA), aliado às ações do Governo do Estado/RS voltadas
para as compras institucionais apontam grandes oportunidades para este público do
Território.
Porém, um grande entrave ainda existente, seja nas atuais como na
constituição de novas cooperativas, reside na compreensão e vivência cooperativa.
Na região, várias cooperativas existiram e deixaram marcas extremamente
negativas, pela sua forma de gestão e característica. Muitas faliram deixando
agricultores sem receber, bem como a experiência de cooperativas de maior porte
que acabam distanciando-se do seu associado, mantendo apenas o vínculo
comercial e não mais social e organizativo. Além disso, Wojahn (1990) aponta o
baixo nível cultural e a mentalidade individualista como fatores que contribuíram
para a visão negativa em relação ao cooperativismo.
As cooperativas existentes, datadas inicialmente da década de 30, como uma
cooperativa de bataticultores, produto de destaque na região e no município de São
Lourenço do Sul, Cooperativa Mista Lourenciana Ltda., Cooperativa de Arroz de São
Lourenço do Sul, Cooperativa Sul Riograndense de Grãos Ltda., Cooperativa Sul
Riograndense de Laticínios Ltda, tiveram históricos de problemas administrativos e
de gestão, não pagamento de produtos dos associados, bem como outros
problemas descritos por Wojahn (1990). Há inclusive um estudo referente a
influência da COOPAR e do trabalho desenvolvido junto às associações, como base
para as mudanças políticas e resultados eleitorais, alterando a referência ao
conservadorismo político. (WAGNER, 2004).
3 A COOPAR: ARTICULANDO TEORIA E PRÁTICA
No sentido de articular a teoria com a prática, insere-se a experiência da
COOPAR, localizada no interior do município de São Lourenço do Sul/RS, criada em
1992, para atender as necessidades dos agricultores familiares da região, por conta
das dificuldades e limites relacionados à comercialização dos seus produtos,
caracterizados pela diversidade na produção de alimentos. A estrutura de pequenos
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comércios e intermediários não conseguia mais responder as necessidades de
mercado para produtos como milho, feijão, batata inglesa, cebola, alho e hortaliças.
A falta de perspectivas de comércio firme para estes produtos estava se tornando
um forte fator de desestímulo para sua produção, fortalecendo a expansão da
cultura do tabaco, cada vez mais vista como a única alternativa para a pequena
propriedade. (COOPAR, 2013).
Atualmente a COOPAR conta com 3008 associados, possui uma estrutura de
112 funcionários e colaboradores, oportunizando a inserção de filhos de agricultores
para estas funções, pois em torno de 60% são jovens, filhos de associados. Os
associados da cooperativa são agricultores familiares, da região sul do RS, sendo a
maioria de imigrantes da antiga Pomerânia na Alemanha. A maior parte dos sócios é
do município de São Lourenço do Sul, entretanto, existem agricultores associados
dos municípios de Pelotas, Turuçu, Cristal e Canguçu. Com o foco de seu trabalho
no município de São Lourenço do Sul, possui duas unidades de apoio aos seus
associados. A matriz, com localização em Boa Vista e uma filial com localização em
Picada Esperança, 7º distrito do município de São Lourenço do Sul. Atualmente
conta com planta agroindustrial, na localidade de Boa Vista com modernos
equipamentos para processar 35 mil litros de leite por dia, onde são produzidos
diversos tipos de queijo, ricota, doce de leite, nata, bebida láctea, leite pasteurizado.
Recentemente alugou uma unidade às margens da BR 116, visando aumentar sua
capacidade de processamento.
Como Cooperativa mista de produção, atua nas atividades agrícolas de milho,
soja, batata, feijão, programa de agroecologia principalmente na produção de batata
e feijão preto. Nas duas unidades, além de escritório e loja, possui posto de
combustíveis, unidade de secagem e armazenagem de grãos. Na sede, possui uma
estrutura chamada “Quiosque da COOPAR”, construída com recursos do programa
RS Rural, com sala para reuniões, seminários e cursos, bem como alojamento. A
finalidade inicial deste espaço foi estruturada para ações de formação e capacitação.
A marca dos produtos da COOPAR é “Pomerano Alimentos”. A denominação
Pomerano é dada àqueles que moravam na Pomerânia e falavam a língua
Pomerana e é justamente na região de São Lourenço do Sul que os imigrantes
Pomeranos formam o maior grupo étnico dessa descendência. Esses são
caracterizados por uma forte ligação com a agricultura e grande experiência para
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com a terra, sendo que muitos de seus costumes ainda são preservados, como a
linguagem, os feriados religiosos e a comida. (COOPAR, 2013).
4 OS PROCESSOS DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO COOPERATIVA DA COOPAR
Os processos de educação e formação cooperativa da COOPAR tem origem
no período preliminar à constituição da cooperativa e se inserem num contexto
histórico cultural resistente à ideia do cooperativismo, apontados por Wojahn (1990)
como decorrentes de experiências de cooperativas da região que não tiveram êxito,
distanciaram-se dos associados e não cumpriram com os compromissos com os
agricultores, entrando em liquidação. Segundo ele, essas experiências influenciaram
negativamente a visão dos agricultores e da região, sobre o cooperativismo, bem
como as características da população pomerana predominante no município.
Conforme Costa (1984), a colônia de São Lourenço do Sul fundada em 1858,
é considerada a única experiência de colonização particular, sem auxílio do governo
da Província. Por conta disso, a situação de descaso das ações governamentais
perdurou por muito tempo, visualizando no administrador da colônia e seus
sucessores a “autoridade investida”, a exemplo do que viviam na Pomerânia, onde
os senhores das terras exerciam uma autoridade patrimonial. Além disso, outros
elementos como o idioma, pois durante quase meio século as aulas eram realizadas
em pomerano, devido ao descaso do governo, também contribuiu para o isolamento
e desconfiança característica entre estas populações, oriundas de sua submissão
feudal. O autor cita que “todos estes fatos e circunstâncias fizeram com que o colono
se enclausurasse em seu grupo étnico, fechando-se em sociedade própria e
exclusiva”. (COSTA, 1984, p. 70). Por outro lado, por conta desta situação, viveram
várias situações de exploração de políticos e comerciantes que conheciam o dialeto
e aproximaram-se deles para obter vantagens. Estes elementos, entre outros, são
apontados por Costa (1984) e Wojahn (1990) como influenciadores na cultura de
isolamento e individualismo, predominante no município e no conservadorismo da
região.
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4.1 PERÍODO PRÉ-CONSTITUIÇÃO DA COOPERATIVA
A constituição da cooperativa é oriunda de um processo de discussão junto às
associações e grupos informais, durante no mínimo três anos, além das ações de
cooperação “experienciadas”, que foram fundamentais para sua constituição.
Conforme Wojahn (apud COOPAR, 2013) a organização preliminar de associações
e grupos informais, reunindo em torno de 200 famílias, foi trabalhada para ser a
base social da cooperativa.
Esta dinâmica de reuniões abordando temas técnicos e de fortalecimento do associativismo e cooperativismo ocorriam mensalmente, utilizando materiais para reflexão nos grupos. (Entrevista 4)
Esta ação foi desencadeada através do trabalho de uma organização não
governamental, o Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor. (CAPA, 2013). Além das
ações de organização e formação junto às associações e grupos, foram
desencadeadas diversas experiências de comercialização direta no âmbito regional
e estadual.
A motivação principal foi a questão da comercialização; com base no exercício da comercialização direta em bairros em Pelotas e Porto Alegre foi através da experiência prática que provocou a convicção e conhecimento dos limites onde os agricultores e lideranças criaram a convicção de que a cooperativa era o caminho. (Entrevista 1)
O método utilizado no processo de constituição da cooperativa teve três elementos: a sensibilização e formação; a prática através de uma experiência concreta de comercialização; a constituição da cooperativa a partir dessa prática. (Entrevista 1)
A metodologia de trabalho tinha como propósito articular a teoria com a prática. (Entrevista 4)
A partir dos limites e dificuldades enfrentados nas experiências concretas, o
engenheiro agrônomo do CAPA, Ellemar Wojahn (COOPAR, 2013) busca o
aprofundamento do tema a partir de curso Pós Graduação na Universidade do Vale
dos Sinos, em 1990, elaborando trabalho intitulado “Uma Experiência Cooperativa
entre Pequenos Agricultores” visando a implementação de uma cooperativa na
região sul e que mais tarde se configurou na COOPAR.
O objetivo foi procurar entender, buscar referenciais que ajudassem a compreender os processos e a formação de cooperativas com excluídos,
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visando dar segurança na condução dos processos. A partir deste estudo, primeiro se fez a reflexão interna na equipe do CAPA e depois se levou ao processo de discussão e formação com lideranças. (Entrevista 4)
A formação de um grupo coeso, com lideranças dos grupos e associações, em diversas reuniões e seminários aprofundando a proposta de constituição da cooperativa e estatutos, que levou à tomada de decisão para partir para a prática. (Entrevista 4)
Porém, no ato de fundação da COOPAR, estiveram presentes apenas 41
pessoas, considerados sócios fundadores, entre estes ainda alguns técnicos da
equipe do CAPA. Conforme Wojahn (1990), a maioria preferiu ver para crer. Além do
forte apoio nas ações de formação e educação cooperativa desenvolvidas junto aos
agricultores do município pelo CAPA, durante os primeiros dez anos da Cooperativa
houve aporte de recursos financeiros, imóveis, e os dois primeiros mandatos de
Presidente da Cooperativa foram exercidos por técnicos integrantes da equipe do
CAPA. Somente a partir da terceira gestão os agricultores assumiram este papel.
Wojahn (1990) destaca também a importância da presença de lideranças das
associações, fluentes no idioma pomerano, desde o primeiro dia de funcionamento
da COOPAR, criando um ambiente de identidade cultural e confiança, que foram de
fundamental importância para a consolidação da proposta cooperativista.
4.2 PERÍODO DE ESTRUTURAÇÃO DA COOPERATIVA: GESTÃO 1992 A 2000
A caracterização deste período tem por base a fase inicial da estruturação da
Cooperativa, primeiros investimentos e programas, envolvendo três gestões: as
duas primeiras com Presidentes da equipe do CAPA e a terceira, iniciada em 1998,
sob a condução de um agricultor. Entre os elementos utilizados para esta
caracterização, levou-se em consideração o número de associados, o início da
expansão da cooperativa quanto ao número de associados, claramente apontado
nas entrevistas como interligado ao início das ações da COOPAR na área do leite. A
cooperativa começa com 41 associados em 1992 e ao final de 2000 está com 510
associados.
Além da fase inicial de estruturação, investimentos iniciais, programas e
serviços, a influência de planos econômicos do governo federal, a resistência na
visão dos agricultores e comerciantes no município, colocando cotidianamente em
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“xeque” a viabilidade e a finalidade da cooperativa, foram apontados como
elementos que dificultaram a adesão das famílias.
Possibilidade da cooperativa como outro instrumento para construir políticas públicas para os “pequenos agricultores”, pois, naquela época ainda não se utilizava o termo agricultura familiar. (Entrevista 1)
Inicialmente havia uma “mistura” em torno do papel da cooperativa com o papel do sindicato, já que o que havia (STR) não atuava fortemente. (Entrevista 1)
Quadro 16 - Atividades de Formação e Educação Cooperativa realizadas no período de 1992 a 2000
O Que/Como Público Obs Reuniões com as associações e grupos, com ações voltadas para as áreas técnica e social, base para estruturação dos primeiros programas da cooperativa (produção semente feijão, batata)
Agricultores associados ou não, integrantes das organizações existentes e que constituíam a base da cooperativa
Equipe técnica do CAPA, dirigentes da cooperativa e parceiros (Emater, Embrapa)
Seminários de jovens: durante uma semana, com atividades como análise de conjuntura, palestras e práticas para produção ecológica, cultura, lazer, cooperativismo e associativismo com visitas e vivências
Jovens, filhos ou não de associados
Promoção do CAPA, mas articulado com a cooperativa
Seminários de Planejamento (1997) Objetivo: Desenvolver um processo de análise, discussão e formação de lideranças sobre a história e o futuro da Coopar Temas: 1ª Etapa (8h): Quem são as lideranças da Coopar – o que pensam, o que desejam; Resgate da história da Coopar – articulação, fundação, situação inicial, marcos; Cooperativismo e conjuntura 2ª etapa (8h): Cenário atual da Coopar (associados, localidades, levantamento de produção, caracterização); relações institucionais (entidades, organizações com quem a Coopar se relaciona, importância); Estrutura (gerencial, administrativa, direção, serviços) 3ª Etapa: Expectativas dos associados, potenciais e limitações da Coopar, definição de prioridades, objetivos, metas e passos
Conselho de administração (titulares e suplentes), conselho fiscal, produtores do programa de produção de batata,
Assessoria do CAPA
Oficinas Gestão e Planejamento (1996-1997) Diretoria, Conselheiros e jovens filhos de associados
GTZ/SAA - Governo do Estado RS
Programa de Rádio – Alô Cooperativista (1998) 20 minutos, semanal
Município Programa que se mantém até hoje
Bonés Para associados e agricultores
Era uma referência de identidade com a cooperativa
Calendários Para associados, agricultores e parceiros
Com mensagens cooperativistas e destaques da cooperativa
Fonte: Dados coletados pela autora.
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As ações de formação e educação cooperativa, desenvolvidas através de
reuniões com os grupos e associações, com atividades de caráter técnico e
organizativo, deram continuidade às ações preliminares à formação da cooperativa
que envolvia associados e agricultores que já haviam participado das experiências
de comercialização direta, mas que não haviam aderido à cooperativa.
A continuidade do trabalho nos grupos e associações foi para fortalecer a cooperativa e ampliar a adesão, o número de associados. (Entrevista 4)
Através dos programas voltados para produção e comercialização de grãos, as
reuniões técnicas também viabilizaram acesso a novas tecnologias como a produção
de sementes de batata e feijão, serviços de secagem e armazenagem, bem como
outros insumos, sempre no intuito de levar aos associados os serviços, bem como a
importância do associado operar com a cooperativa, fortalecendo a compreensão sobre
o papel da cooperativa. Também vinculado aos programas, são realizadas excursões
com visitas a experiências cooperativas e busca de novas tecnologias.
Outra atividade destacada pelos entrevistados foram Seminários de formação
para jovens, filhos de associados e de integrantes de grupos de jovens. No início
dos anos 90, a grande maioria dos jovens ainda abandonava os estudos sem
concluir o ensino fundamental. Essa atividade contemplava atividades teóricas e
práticas, abordando “tecnologias alternativas” voltadas para melhor aproveitamento
dos recursos existentes na propriedade, atividades de cultura e lazer, sexualidade,
associativismo e cooperativismo. As atividades práticas incluíam visitação à
cooperativa e depoimentos de associados através de visitas às propriedades de
associados. Mais tarde, a partir da demanda dos jovens, foram desenvolvidas
atividades de educação em sistema de alternância, voltadas para a conclusão do
ensino fundamental e com enfoque para a cooperação e formação de agentes de
desenvolvimento rural.
Os Seminários de jovens, através do CAPA, formaram lideranças e eram “amarrados” à cooperativa, com formação cooperativista pois a cooperativa era distante para os jovens.
Muitos destes jovens estão hoje à frente de organizações, inseridos na cooperativa. (Entrevista 1)
No final da década de 90, a COOPAR começa a divulgar suas atividades em
outros espaços de circulação de grande número de agricultores. A participação na
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tradicional Festa do Colono, através de um estande com divulgação da cooperativa
e seus serviços, contribui para o momento de abertura e início do processo de
expansão da cooperativa, que ocorre a partir do ano 2000.
A participação da COOPAR na Festa do Colono marca a abertura para o município, a divulgação das ações mostrando na prática o que a cooperativa faz, como estratégia para desmistificar as resistências à cooperativa. (Entrevista 4)
Em 1997 teve início uma atividade voltada à construção de um planejamento
estratégico para a cooperativa, através de um processo participativo e de formação
do conselho de administração e lideranças. Conforme o projeto e relatório do
“Processo de Planejamento da COOPAR”, do mesmo ano, esse teve como objetivo
“desenvolver um processo de análise, discussão e formação de lideranças sobre a
história e o futuro da COOPAR”, sendo que foi realizado em três etapas, envolvendo
também um levantamento através de questionário, junto aos associados, sobre
produção e expectativas sobre o futuro e o papel da cooperativa. As questões
abordadas nos seminários partiram deste levantamento sobre o que as lideranças e
associados desejavam, resgate da história da cooperativa e cenário até aquele
momento, cooperação e princípios cooperativistas, programas e parcerias,
potenciais e limites, e a definição das prioridades e metas. (COOPAR, 1997).
A cooperativa enfrentava uma situação muito difícil e a decisão foi investir na formação dos conselheiros, para ao mesmo tempo conhecerem e compreenderem e preparar para poder enfrentar a gestão da cooperativa. O seminário de planejamento foi para definir os rumos da cooperativa, pois as perguntas que nós tínhamos era se valia a pena continuar, como enfrentar, superar a crise? (Entrevista 1)
Foi um marco, pois dali em diante foram constituídos processos internos de gestão, formalização de atos, pois até ali tudo ainda era muito informal. (Entrevista 1)
As oficinas de gestão e planejamento (Gestão Adaptada em Organizações
para a Autopromoção) desenvolvidas através do Programa de Viabilização de
Espaços Econômicos para Pequenos Produtores Rurais no Estado do Rio Grande
do Sul, realizado através de Acordo Básico de Cooperação Técnica entre o governo
da República Federal da Alemanha e o governo da República Federativa do Brasil
dando suporte à Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado do Rio
Grande do Sul (PRORENDA-GTZ/SAA-RS), onde seis dirigentes participaram, além
Capítulo XIII - Educação e Formação Cooperativa: a práxis da cooperativa mista dos pequenos agricultores da Região Sul (COOPAR)
278
de outras lideranças e filhos de associados, foram apontadas como um marco para a
qualificação da gestão da cooperativa.
A oficina do PRORENDA, sobre Gestão e Planejamento de cooperativas foi em Veranópolis. O que vimos lá confirmou críticas que tínhamos em relação à condução que o gerente comercial fazia na época, ficou bem claro para nós o que era e o que não era papel da cooperativa. (Entrevista 6)
Em 1997 foi realizada uma oficina de Gestão e Planejamento de organizações
em São Lourenço do Sul, com a participação de lideranças de associações da
região sul e do município. Além de integrantes do conselho de administração da
COOPAR, participaram jovens filhos de associados. A organização escolhida para
ser analisada (estudo de caso) na oficina foi a COOPAR.
Essa oficina foi base para me decidir e sentir segurança para assumir a direção da Cooperativa no ano seguinte, mas não foi fácil sair do cabo da enxada e usar tarjetas. (Entrevista 5)
Conforme Cordioli (1998), o projeto PRORENDA-Agricultura Familiar-RS foi
direcionado aos agricultores familiares de baixa renda no Rio Grande do Sul. Seu
objetivo foi iniciar processos de transformação para a melhoria das condições de
vida das famílias de agricultores de baixa renda, com base na mobilização do seu
potencial de autoajuda e no apoio complementar de instituições governamentais e
não governamentais. Tendo como pressuposto de que cabe aos agricultores
familiares mobilizarem o seu potencial de autoajuda, exercerem a sua cidadania,
passando de objeto das ações dos outros a sujeito, decidindo sobre seus próprios
caminhos de desenvolvimento, o projeto incentivou a formação e o fortalecimento de
organizações de autopromoção, como caminho para o desenvolvimento sustentável
das comunidades.
Nesse sentido, nas diferentes fases do projeto, conforme Barbosa (2001), a
equipe estadual do PRORENDA proporcionou programas de capacitação para
técnicos e agricultores envolvidos no projeto em técnicas de trabalho participativo
em grupo e de moderação e visualização móvel. As oficinas de “Gestão Adaptada
em Organizações de Autopromoção”, descritas por Cordioli (1998), tinham a duração
de duas semanas, com a finalidade de discutir os principais aspectos relacionados à
gestão em uma organização. Assim, essas oficinas foram concebidas para discutir
quais os papéis e as atribuições dos grupos de agricultores e de suas organizações,
visando ao desenvolvimento de seus potenciais de autoajuda. Também junto às
Capítulo XIII - Educação e Formação Cooperativa: a práxis da cooperativa mista dos pequenos agricultores da Região Sul (COOPAR)
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instituições de apoio, discutindo como desenvolver melhor o seu papel, de forma
complementar e eficiente.
O autor descreve ainda a programação da oficina, contemplando o
intercâmbio das experiências entre os participantes; as pesquisas de campo,
durante dois dias, onde foram visitadas várias organizações e as instituições de
apoio inter-relacionadas; os trabalhos de grupo e discussões em plenárias, onde os
temas eram elaborados e aprofundados. O método tinha como base as experiências
de cada participante, procurando-se desenvolver uma análise desses
conhecimentos apoiados pelo estudo de um caso real, estruturando-se um
referencial para as discussões. Desse modo, o procedimento metodológico era
orientado pelo interesse e pelas experiências dos participantes no contexto do
trabalho com as organizações.
4.3 PERÍODO DE EXPANSÃO DA COOPERATIVA: 2001 A 2013
Este período caracteriza-se pela expansão do número de associados, início
da atuação da COOPAR na área do leite e consolidação do projeto econômico da
cooperativa.
Quadro 17 - Atividades de Formação e Educação Cooperativa realizadas no período de 2001 à 2013
O Que/Como Público Observações Formação de Agentes de Desenvolvimento Rural - Terra Solidária (2001-2004)
Jovens filhos de associados Foram formadas 4 turmas, aproximadamente 50 jovens
COOPAR, CAPA e Fetraf-Sul*
Jornais comemorativos Associados e região Programa de Rádio - Alô Cooperativista
Município
Seminários de Planejamento com Conselho de administração: 2001-2002 História do município e influência pomerana Histórico da COOPAR Características culturais e sociais dos pomeranos Planejamento da Cooperativa
Conselho de Administração da Cooperativa
Assessores (psicóloga, historiador), apoio CAPA
Reuniões regionalizadas e visitas aos associados para tratar dos programas e serviços da cooperativa
Associados, nos municípios onde a COOPAR atua
Tema principal: comercialização do leite; continua sendo a estratégia onde há um novo grupo para aderir à Cooperativa nessa
Capítulo XIII - Educação e Formação Cooperativa: a práxis da cooperativa mista dos pequenos agricultores da Região Sul (COOPAR)
280
área Excursões para conhecer experiências de outras organizações na área da produção, beneficiamento e comercialização
Conselho e lideranças
No período de expansão, início da atividade com leite
Seminário de Planejamento estratégico da COOPAR (2005)
Conselho Administrativo e Fiscal
SESCOOP/RS* Única atividade onde a cooperativa utilizou recursos do Fundo FATES
Seminários de Jovens Jovens filhos de agricultores
COOPAR parceira de outras organizações do Território Zona Sul
Visitas Técnicas - visitação à COOPAR
Jovens de escolas estaduais e municipais
COOPAR recebe e apresenta ações e a Cooperativa para alunos de Escolas de Ensino Fundamental e Médio
Reuniões preparatórias para a Assembléia Geral Ordinária (2013)
Associados reunidos em 4 regiões
COOPAR
Reuniões regionalizadas(2013) Associados Apresentar ações, produtos e serviços da cooperativa, visando retomar a proximidade com os associados
Fonte: Dados coletados pela autora. Nota:* FETRAF-SUL - Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul e
SESCOOP/RS - Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo do Rio Grande do Sul.
Assim como no período anterior, um destaque nas ações de formação está
direcionado aos jovens, filhos de agricultores associados, através de um curso que
faz parte do projeto Terra Solidária, desenvolvido pela Fetraf-Sul/CUT na região sul,
que incorpora a formação com enfoque cooperativista à escolarização. É um curso
na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA), com qualificação
profissional em sistema de alternância, com enfoque para a educação no campo.
Formamos umas quatro turmas do Terra Solidária, para filhos de associados, tudo sempre vinculado à cooperativa e ao cooperativismo. Eu estava na coordenação e na presidência da COOPAR. (Entrevista 5)
Conforme Munarim (2001), o Terra Solidária caracterizou-se por um programa
de educação pedagogicamente orientado para a capacitação técnico-profissional, a
escolarização no sentido formal e para a formação política dos agricultores
familiares.
A realização de seminários de jovens se modifica, através de atividades de
menor tempo de duração e de caráter mais massivo, onde a cooperativa é parceira.
Um exemplo é a realização de seminários, em 2009 e 2011, como o Seminário de
Jovens da Agricultura Familiar da Região Sul do RS, integrando as ações
desenvolvidas no Território da Cidadania Zona Sul, onde mais de duzentos jovens
Capítulo XIII - Educação e Formação Cooperativa: a práxis da cooperativa mista dos pequenos agricultores da Região Sul (COOPAR)
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participaram e formataram um documento, a “Carta aberta dos jovens participantes
do seminário de jovens da agricultura familiar da região sul do RS à sociedade e às
autoridades”.. (CAPA, 2011).
Nos primeiros anos deste período, ainda foram estruturadas ações voltadas
para a formação dos conselheiros da cooperativa, através de seminários de
planejamento, resgatando a história do município e da cooperativa, visando
nivelamento devido a inserção de novos conselheiros.
A primeira atividade que lembro ter participado, quando entrei no conselho, foi um seminário em Pelotas, na sede do CAPA, em 2001 ou 2002. Foram dois dias, onde foi tratado da história dos pomeranos, até com uma psicóloga, e da história e da importância da COOPAR. Foi importante para situar os conselheiros e preparar para a gestão da cooperativa. (Entrevista 2)
O último evento desse tipo foi realizado em 2005, onde foi construído o
planejamento estratégico, com elaboração da missão, visão e análise da realidade
da produção e comercialização do leite, perfil dos produtores e perspectivas de
mercado para laticínios. A missão definida foi “Melhorar a qualidade de vida dos
associados e fortalecer a agricultura familiar na sua área de atuação, através da
criação de alternativas produtivas viáveis para os agricultores, da agregação de
valor aos produtos, da organização do processo de comercialização da produção
dos associados e do fortalecimento da gestão democrática da cooperativa” e a visão
“Consolidar a posição conquistada e propiciar a evolução permanente da produção
leiteira, avançar na produção de grãos e de batata inglesa e fortalecer a democracia
interna, com vista a manter a aproximando entre a direção e os associados”.
(PRETTO, 2006, p. 61). Daquele ano até o momento, mesmo com renovação do
conselho de administração e conselho fiscal, não houve mais nenhuma ação
específica de formação para este quadro, somente as reuniões ordinárias do
conselho, que ocorrem mensalmente.
O investimento na formação de lideranças, de um grupo coeso para replicar a proposta foi a estratégia usada no início e na sequência da cooperativa. O “ideal da formação dos pioneiros” de que os que estão à frente tem que estar bem preparados, consolidou um grupo de agricultores que se sentiram seguros para formar e tocar a cooperativa. O pragmatismo do “está dando certo” levou a adesão de novos associados e os valores foram sendo passados também meio que por “osmose” de um grupo de lideranças para outro. (Entrevista 4)
Capítulo XIII - Educação e Formação Cooperativa: a práxis da cooperativa mista dos pequenos agricultores da Região Sul (COOPAR)
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Mas sempre permaneceu um grupo de lideranças no conselho e direção, muito conscientes, trazendo outros (renovando), mas com a identidade do grupo inicial. Este “elemento fundante”, da identidade, do espírito comunitário, oriundo também da experiência comunitária religiosa, que traz valores, no jeito de tomar as decisões, que tem sido o sustentáculo da cooperativa. .Mas acho que isso já não é mais suficiente para este novo público, mais jovem, com um nível de escolaridade que mudou muito, não sustenta mais. Hoje precisa mais do que o grupo de lideranças. (Entrevista 4)
As reuniões e visitas foram estratégias usadas para adesão dos agricultores à
comercialização do leite, quando a cooperativa iniciou a atividade de recolhimento e
entrega coletiva do leite para outra cooperativa regional que faz o processamento.
Esse foi mais um dos enfrentamentos vivenciados no município, pois a passividade
e a cultura da dependência dos agricultores em relação às tradicionais indústrias e
os “transportadores do leite”, que simbolizava também uma relação de poder gerou
muitos conflitos. Esse fato também exigia dos dirigentes e equipe técnica da
cooperativa uma grande proximidade com os associados para solucionar conflitos e
dar segurança ao associado.
A entrada da COOPAR na atividade do leite mudou o rumo da cooperativa. A COOPAR entrou para mostrar que o agricultor é independente, que poderia se organizar e vender seu produto para quem quiser. Com essa firmeza que se conseguiu passar para os agricultores se fez uma ruptura com uma linha, uma visão; a questão econômica da cooperativa se consolida e principalmente o ganho do povo de sentir sua independência, se valorizar, melhorar sua autoestima. (Entrevista 5)
A partir daí a cooperativa se consolida como uma referência, a relação de confiança na questão da “empresa”, honesta e séria. (Entrevista 5)
O programa de rádio “Alô cooperativista” é a única atividade que teve início
em 1998 e não sofreu interrupção até o momento. Já esteve no ar em diferentes
emissoras, porém mantendo sempre seu caráter semanal, com duração de vinte
minutos. Seu objetivo é divulgar os programas, serviços e produtos da cooperativa,
apresentando novidades, tendências de mercado e análise de conjuntura. Possui
sempre uma dica técnica, de acordo com a época do ano. O responsável pelo
programa é o gerente geral da cooperativa.
É difícil não ter alguém para pensar e estruturar melhor o programa. Às vezes é meio dia e nos damos conta que em seguida tem o programa. (Entrevista 6)
Capítulo XIII - Educação e Formação Cooperativa: a práxis da cooperativa mista dos pequenos agricultores da Região Sul (COOPAR)
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Uma atividade pouco reconhecida como de formação, são visitas técnicas à
COOPAR. Entrevistados (Entrevista 1 e 4), mencionaram esta como uma atividade
com potencial, tendo em vista os resultados concretos da experiência cooperativa da
COOPAR. Ainda são poucas atividades nesse sentido, onde pode ser destacada a
parceria com escolas municipais ou estaduais da zona rural do município de São
Lourenço do Sul e região. Um exemplo disso foram as atividades realizadas através
do Projeto Jovem Protagonista (EMATER, 2009), desenvolvido pela Secretaria
Municipal de Educação, Cultura e Desporto (SMECD) e EMATER/RS-ASCAR, com
jovens dos anos finais do ensino fundamental. Esse projeto tem por objetivo
identificar e desenvolver ações, visando a inclusão social, o exercício da cidadania,
o protagonismo juvenil e a construção de perspectivas de futuro com qualidade de
vida, contribuindo para a sucessão na agricultura familiar.
As reuniões preparatórias para a assembleia geral ordinária, realizadas este
ano, tem destaque entre os entrevistados, bem como a retomada para a
reaproximação mais direta com a base social da cooperativa, através de reuniões
regionalizadas.
Estamos falando da situação atual da cooperativa, produtos e serviços, mas também ouvindo os associados. Se não falarmos ali, ouvindo eles, vão no boteco falar. (Entrevista 3)
Com a reforma do estatuto (2012), este ano foram realizadas quatro reuniões preparatórias para a assembleia geral ordinária. São núcleos, por região de maior concentração de associados. Estamos fazendo reuniões, apresentando a cooperativa, seu papel e sua história, ouvindo o associado. (Entrevista 1)
Abaixo se pode observar a evolução do quadro de associados da cooperativa
e sua relação com a participação nas assembleias gerais ordinárias.
Capítulo XIII - Educação e Formação Cooperativa: a práxis da cooperativa mista dos pequenos agricultores da Região Sul (COOPAR)
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Gráfico 15 - Evolução do quadro de associados da cooperativa e sua relação com a participação nas assembleias gerais ordinárias
Fonte: COOPAR (2013).
Como pode ser observado, nos últimos anos houve até um declínio na
participação dos associados nas assembleias gerais ordinárias.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A experiência da COOPAR parte de uma ação educativa dialógica, que tem
como referência o que Freire (1987) cita como a práxis, construída através de um
diálogo composto pela ação e reflexão.
Quando tentamos um adentramento no diálogo, como fenômeno humano, se nos revela algo que já poderemos dizer ser ele mesmo: a palavra. Mas ao encontrarmos a palavra, na análise do diálogo, como algo mais que um meio para que ele se faça, se nos impõe buscar, também, seus elementos constitutivos. Esta busca nos leva a surpreender nela, duas dimensões; ação e reflexão, de tal forma solidárias, em uma interação tão radical que, sacrificada, ainda que em parte, uma delas, se ressente, imediatamente, a outra. Não há palavra verdadeira que não seja práxis. Daí, que dizer a palavra verdadeira seja transformar o mundo. [...] Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão. (FREIRE, 1987, p. 44).
A referência desse processo, seja no momento inicial como durante a
trajetória da cooperativa, revela a base da concepção das ações de formação,
através de uma práxis de cooperação. Além disso, a experiência inicial pré-
Capítulo XIII - Educação e Formação Cooperativa: a práxis da cooperativa mista dos pequenos agricultores da Região Sul (COOPAR)
285
cooperativa, foi um passo importante rumo à “cultura da cooperação” que Wojahn e
Martinez (2008) apontam que “é preciso mexer com as pessoas, seus valores e
atitudes”, apostando em cada pessoa e nas suas potencialidades.
Em termos metodológicos, a cooperação pressupõe o exercício permanente da participação. Oportunizar o exercício da participação e possibilitar que cada pessoa descubra seus valores e suas potencialidades e se encoraje colocá-los em prática. (WOJAHN; MARTINEZ, 2008, p. 10).
Outro elemento presente na construção da práxis cooperativa é a confiança.
Paulo Freire, ao referir-se à dialogicidade como essência da educação como prática
da liberdade, diz que a confiança se instaura com o diálogo, fazendo os sujeitos
dialógicos cada vez mais companheiros na pronúncia do mundo. Destaca ainda que
este elemento inexiste num processo educativo “bancário”.
A confiança implica no testemunho que um sujeito dá aos outros de suas reais e concretas intenções. Não pode existir, se a palavra, descaracterizada, não coincide com os atos. Dizer uma coisa e fazer outra não levando a palavra a sério, não pode ser estímulo à confiança. (FREIRE, 1987, p. 46).
A práxis da COOPAR fez uma ruptura com a dinâmica de relações comerciais
e de poder existentes na zona rural de São Lourenço do Sul. Provocou
primeiramente uma mudança de pensamento com relação à própria dinâmica de
trabalho, com a vivência em torno do tema da comercialização e da formação em
cooperativismo, onde constituiu uma “formação política” de base. (WAGNER, 2004).
A autora destaca ainda que “além de uma rede de assistência provocada pela
Cooperativa em si, os agricultores puderam participar diretamente de decisões
políticas com relação a seus interesses e também mudaram seu modo de ver os
políticos, que na sua maioria, em tempos passados, eram apenas participantes das
atividades rurais através de festas religiosas, por exemplo, e que agora eram parte
da sua realidade e com eles, participantes de um novo processo democrático”.
Porém, como destaca Wojahn (apud COOPAR, 2013), “nada teria sido suficiente
se os agricultores não abraçassem a proposta cooperativista como uma ferramenta
poderosa para a melhoria de vida no meio rural”. Aí alia-se outro elemento da práxis
educativa da COOPAR, que constitui-se no desafio de despertar e viabilizar a
cooperação no plano econômico. A formação inicial, com a participação dos agricultores
na estruturação, na relação com os associados e na direção, bem como a questão do
Capítulo XIII - Educação e Formação Cooperativa: a práxis da cooperativa mista dos pequenos agricultores da Região Sul (COOPAR)
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idioma levantado nas entrevistas, constituiu um forte elemento de identidade com a
cooperativa.
A construção de uma nova dinâmica, baseada na cooperação e na gestão
dos agricultores sobre a comercialização, rompeu com a lógica de poder existente.
Conforme os entrevistados, isto ocorreu desde o início da cooperativa até as
experiências mais recentes. Este fato é apontado pelos entrevistados como aspecto
fundamental da práxis e do processo de educação cooperativa desenvolvido pela
COOPAR, através das ações anteriormente descritas.
A partir das ações e do modo como a COOPAR desenvolve a formação e
educação cooperativa, bem como os diversos elementos presentes na história da
cooperativa e da característica da sua base social, reforça-se a importância das
ações de formação e educação cooperativa, como um dos pré-requisitos
fundamentais para que as cooperativas cumpram sua função social e econômica,
essencial para “romper” com a preponderância da visão do “eu” para o “nós”.
Segundo Passos (2008), é o ponto de partida para o desenvolvimento e
fortalecimento do cooperativismo, através da preparação das lideranças e do
cooperado pela conscientização da sua dupla natureza enquanto sócio e,
consequentemente, dono da cooperativa.
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