eduardo souto moura

6
TRAÇO # Dezembro nº 12 34 Entrevista F

Upload: ana-rita-sevilha

Post on 28-Mar-2016

263 views

Category:

Documents


10 download

DESCRIPTION

Entrevista a Eduardo Souto Moura para a revista Traço

TRANSCRIPT

Page 1: Eduardo Souto Moura

TRAÇO # Dezembro nº 1234

Entrevista

F

34-39 entrevista:36-39 Projecto Nacional Amarante.qxd 03-12-2009 22:11 Página 34

Page 2: Eduardo Souto Moura

Eduardo Souto de Moura

pletamente diferente de tudo o que fiz até agora. Ou estar a fazeredifícios com portas e janelas como o Convento das Bernardas,coisas que nunca fiz até agora, era tudo feito de uma maneira dife-rente, mais abstracta. Isso faz com que passe por dificuldades,precisamente como a do Convento das Bernardas, que para abriruma janela tive de fazer 20 maquetes porque nunca sei se estábem ou não, porque não tenho experiência.

Isso é uma questão de perfeccionismo? Não, se fosse de perfeccionismo era a continuação da própria lin-guagem de forma a ir aperfeiçoando. Também não digo que sejauma ruptura, porque não nego nada do que fiz até hoje, mas o deachar que aquilo que fazia até hoje não responde a determinadascircunstâncias. Inclusivamente pelo próprio trabalho que tenho em

“Estou a arriscarsituações novas que

podia não as ter”Inconformado com a sua arquitectura e

sempre em busca de novas experiências,

Eduardo Souto de Moura não diz que não

a um novo desafio, mesmo que isso implique

colocá-lo em situações de fragilidade. A

Traço foi ao encontro do arquitecto por-

tuense e descobriu um homem simples, de

linguagem acessível, e que considera que

as censuras são vitais na sua profissão

az parte de um grupo selectivo de arquitectos de referência em Portugal,sendo muitas vezes apontado, nomeadamente pelas gerações mais jovens,como um exemplo. Como se sente nesse papel?Eduardo Souto de Moura: Não me preocupo, e nem sei se em relação aosjovens é assim. Mas sendo, associo isso ao facto de estar a passar algumasdificuldades que a nova geração também tem. Eu sou arquitecto há 30 anos,e até podia estar confortável com a minha arquitectura, mas não estou por-que a profissão mudou muito, eu próprio até pensei que podia dar-me umcerto cansaço e instalar-me num determinado tipo de linguagem, mas não.Achei que devia renovar algumas coisas, e assim encontro-me muitas vezesem situações de fragilidade, passando por experiências novas, o que leva umpouco as gerações mais novas a identificarem-se comigo, pelo facto de nãoestar a culminar numa série de situações que a experiência dá, e por estar aarriscar situações novas que podia não as ter. Dou-lhe um exemplo recente,o de fazer um edifício como a Casa das Histórias da Paula Rego, que é com-

�����

35TRAÇO # Dezembro nº 12

Entrevista

FTexto de Ana Rita Sevilha # Fotos de Hugo Gamboa

34-39 entrevista:36-39 Projecto Nacional Amarante.qxd 03-12-2009 22:11 Página 35

Page 3: Eduardo Souto Moura

TRAÇO # Dezembro nº 1236

Entrevista

que ao longo destes 30 anos foi quase sempre numa escala diferente, come-cei a fazer casas para a família, coisas pequenas, e neste momento tenhoprojectos de maior escala...

Como foi essa mudança de escala?Estava um bocado farto de fazer só casas, e apareceram um ou outro pro-jecto, mas a grande alteração foi com o Estádio do Braga, e com o Metrodo Porto. Esta escala levanta problemas urbanos, de planeamento urbanís-tico, que não tem nada a ver com a habitação que está dentro do lote...

Perde-se o detalhe?Perde-se, mas deve-se perder. Não se pode abandonar o detalhe, mas o deta-lhe para uma grande extensão, como no caso do Metro, é completamentediferente do detalhe doméstico. Primeiro há o detalhe público que obriga asolicitações completamente diferentes em que o uso e a segurança têm deser equacionados, um corrimão numa casa é para ser usado dez vezes pordia, um corrimão no metro é para ser usado duzentas mil vezes por dia.Segundo, pela própria escala das intervenções, se o detalhe é doméstico, aobra pode ficar preciosa e ridícula, isto é, um gigante tem detalhe mas nãopode ser igual ao de um bebé, porque é um objecto pequeno, carinhoso, épreciso encontrar um equilíbrio em cada detalhe. Os detalhes não existem porsi, servem para resolver situações. Como num texto, se não houver pontos evírgulas, se calhar não se percebe. Os detalhes são como essa pontuação,fazem com que as formas sejam mais claras e melhor entendidas. E têmvariantes conforme a escala, nas escalas maiores existe outro tipo de deta-lhe, mais desinibido, mas natural porque tem de ser mais extensivo, e naescala pequena pode ser mais específico, ou deve ser mais específico.

Que herança arquitectónica lhe deixou a colaboração com o arquitectoÁlvaro Siza Vieira?É um indivíduo marcante, tanto como arquitecto como quanto pessoa. Talvezno início quando trabalhei com ele e depois quando comecei a fazer asminhas próprias coisas, tinha uma maior distância porque o trabalho do Siza

é muito pessoal, e como eu o conhecia muito bem tinha uma espécie depudor em usar a personificação, porque a sua maneira de ver o mundoé a arquitectura. Como estava muito próximo, parecia-me um pouco umsaque, portanto fiz um esforço. Mas tenho a ideia de que fazemos partede gerações diferentes, temos vinte anos de diferença, logo maneirasdiferentes de ver o mundo. Por coincidência, ou o arquitecto Sizamudou, ou foi renovando sempre, porque neste momento sou capaz deme identificar mais, ou eu próprio também reconheci que já não preci-so tanto dessa distanciação e posso dizer abertamente que sou influen-

34-39 entrevista:36-39 Projecto Nacional Amarante.qxd 03-12-2009 22:11 Página 36

Page 4: Eduardo Souto Moura

�����

37TRAÇO # Dezembro nº 12

ciado por ele, não só sob o ponto de vista formal de trabalhar, mas pelaprópria pessoa. Concluindo, para mim o Siza é mais importante comoamigo do que como arquitecto. Chapéus há muitos, arquitectos há muitos,mas pessoas como o Siza, não.

Há quem considere inquestionável a influência de Mies van der Rohe nasua obra...Influenciou muito no princípio e continua a influenciar agora, mas não sobo ponto de vista figurativo, a imagem do Mies interessa-me menos, porqueé muito depurada, muito existencial e muito abstracta. À medida que o vouestudando, porque é um arquitecto que gosto imenso, vou-o conhecendomelhor e vou falando com ele, e percebo cada vez mais que era um homemcheio de contradições e que gosto daquilo que ele fazia e que não fazia.Muitas vezes ensaiava projectos, coisas completamente diferentes, era umhomem inquieto, um desassossego como o Fernando Pessoa, não comvários heterónimos mas tinha uma contradição entre o ser moderno e neo-plástico aberto, e no fundo era um homem clássico que adorava a arqui-tectura grega. Mas por exemplo, na Bauhaus nunca introduziu a cadeirade história porque não achava necessário, mas por outro lado, passavaférias na Grécia e gostava, então porque não adoptava isso na escola dele?Porque propunha as casas em vidro? Porque desenhava mobiliário, comoa cadeira de Barcelona, e a sua própria casa tinha as janelas semprefechadas e estava sempre às escuras? Esse aspecto contraditório eugosto imenso. Esse aspecto é de um novo Mies que eu vou conhecendomelhor e que me interessa como gestor das suas contradições. Isso nãoé tanto figurativo, no sentido da sua caligrafia, mas no sentido da atitudee de conhecer os problemas, um outro Mies que não é tão publicado e quenão é identificado logo à primeira, mais iconoclasta.

Que outros a “contaminam”?Depois descobri o Luis Barragán, um arquitecto mexicano que tem aspec-tos que me interessam porque não se desligou da arquitectura universal,nem da história da arquitectura e das inovações modernas, sendo influen-ciado pelo Corbusier e pelo próprio Mies, mas depois consegue introduzirnas suas obras uma cultura e identidade local, do seu país, da culturamexicana, não só sob o ponto de vista pictórico, como as cores e o mobi-liário, mas também muito ao nível da escala e das proporções. Ele conse-guiu ligar essas duas coisas, tal como o Herzog que nas primeiras obras,hoje nem tanto, embora seja um arquitecto muito radical e muito moder-no, nunca deixa de ser suiço. O Siza, por exemplo tem uma capacidadeúnica de fazer as coisas, uma capacidade notável de ser holandês naHolanda, Português no Porto, Pombalino na Rua do Alecrim, é uma capa-cidade e inteligência de perceber as situações. O Siza, o Herzog, oBarragán e o Mies são arquitectos que eu gosto. Neste momento há umarquitecto que tem tido um percurso notável e que eu também cada vezgosto mais, que é o Chipperfield, as últimas obras que tenho visto deleacho sempre melhores que as anteriores.

Para muitos, concebeu o estádio mais arrojado do Euro 2004. O está-dio do Bari, do Renzo Piano, foi uma influência?Não, mas foi o estádio que mais visitei antes de fazer o do Braga, porquenão percebia nada de futebol. Fiz um percurso de viagens para ver estádios,nessa altura o futebol tinha mudado muito, de uma espécie de desportopassou a ser um negócio e o que manda no futebol são as transmissões

“Das coisas que mais gostei de fazer,

actualmente, foi a Casa das Histórias

da Paula Rego, acho que ficou bem,

não acho normal até agora ninguém

me ter criticado...”

Entrevista

34-39 entrevista:36-39 Projecto Nacional Amarante.qxd 03-12-2009 22:11 Página 37

Page 5: Eduardo Souto Moura

TRAÇO # Dezembro nº 1238

Entrevista

pela televisão que é o que dá dinheiro, e portanto, a pessoa quando pensano futebol, pensa no relvado, três árbitros, onze jogadores de cada lado,e isso é o pressuposto, são os actores de uma cena que se vai passar,mas o importante é o que vai sair dali, a filmagem, que depois vai paratodo o mundo. Depois há a segurança, que é outro ponto importantíssi-mo e que não é só a dos espectadores. Tem de ter circuitos complica-dissimos, porque os políticos ou dirigentes não podem estar em contactocom o público, não podem estar em contacto com os jornalistas, nãopodem estar em contacto com os jogadores, mas há uma altura em queeles têm de estar todos em contacto, quando a equipa ganha e tem dereceber a taça, e o jornalista tem de ir ao balneário e no mesmo momen-to ainda tem de estar o Rei de Espanha. Portanto, tudo isso tem normasde segurança e de funcionamento, logo fui visitando estádios, e o estádioque mais visitei foi efectivamente o do Bari, do Renzo Piano.

Que tipo de dificuldades existem quando se concebe um espaço parareceber o trabalho de Paula Rego? A personalidade peculiar da pinto-

ra foi uma influência?Influenciou no sentido da insegurança pela personagem que é, mas sópor isso. Se falhar a desenhar um galinheiro, não tem problema, sefalhar a desenhar um hospital é muito mais grave, e a Paula Rego comoé uma figura pública, e antes de mais foi ela própria que me escolheucomo arquitecto, o que levou a que eu ficasse com uma responsabilida-de enorme. São expectativas diferentes: uma coisa é entregar um con-curso outra coisa é ter alguém que diz, eu quero este arquitecto a dese-nhar para mim! Isso quer dizer que confia muito em mim e o grau de fra-casso ou de desilusão é grande. No final, tivemos duas ou três reuniões,entre o Porto e Londres, deu-me o exemplo de uma coisa que gostava,a Tate, e fiz o que fiz...

E o que o levou a aceitar o convite? Várias coisas. Primeiro não tinha razões para lhe dizer que não.Segundo, fazer um museu é um tema aliciante, sabia que o conteúdo iaser bom, e terceiro porque era para nascer em Cascais onde eu sabiaque havia dinheiro, e existia um conjunto de condições favoráveis. Eu

tenho uma muito boa impressão da câmara de Cascais, já fiz um pro-jecto de umas casas e o processo correu muito bem.

Relativamente ao processo criativo, diz que o acto de desenhar tempara si como fim resolver um problema, e que a ideia da imaginaçãonão existe. Não há mais nada para inventar?Haver há, até porque existem sempre novos problemas por resolver. Osproblemas são sempre resolvidos, o que acontece é que há circunstân-cias diferentes e novos materiais, e os novos materiais obrigam a rein-ventar sistemas construtivos, e os sistemas construtivos propõem novaslinguagens. Mas isto é um processo, tudo isto tem regras, não é levan-tar-me de manhã e pensar: eu hoje estou virado para o neo-gótico!

Disse em tempos que era pretensioso dizer que um edifício é susten-tável... Não faz sentido porque o ser sustentável é um dos aspectos da arquitec-tura, não se pode definir o todo pela parte. Não há arquitectura susten-

tável, a arquitectura tem que ser sustentável, caso contrário não é arqui-tectura, é insustentável. E houve sempre tendências para definir a arqui-tectura por adjectivos: arquitectura sustentável, inteligente, domótica...

E que, “um edifício inteligente é a coisa mais estúpida do mundo”...Claro, é o mesmo que uma pessoa dizer: eu sou muito inteligente.Ficamos logo de pé atrás, e pensamos, este individuo é um idiota. Só umburro diz que é muito inteligente. Portanto os edifícios também nãopodem dizer. São slogans de marca, é como meter anúncios nos jornaispara vender apartamentos a dizer, tem video-porteiro, é um edifício inte-ligente. Na minha opinião o que é difícil na arquitectura é conseguir con-ciliar, porque a arquitectura é uma arte social onde convergem muitascoisas, o lado artístico da arquitectura é muito redutor, não é como ospintores ou os escultores que não têm censura, nós temos. Primeiroporque para fazer tem que se pagar, senão não há obra, se não houverninguém que construa o edifício não há o arquitecto que o vai fazer. Aarquitectura é muito enformada. A imaginação serve para conciliaressas matérias todas que a arquitectura tem de ter, e depois se um

Casa das Histórias de Paula Rego

34-39 entrevista:36-39 Projecto Nacional Amarante.qxd 03-12-2009 22:11 Página 38

Page 6: Eduardo Souto Moura

39TRAÇO # Dezembro nº 12

Entrevista

deles se valoriza, se o edifício se demarca, passa a ter esse carácter dearte, mas são os outros que lhe atribuem, não é o próprio.

As censuras são um factor importante para a arquitectura?Eu acho que sim porque é preciso filtrar e é preciso crítica. Eu tenho deresponder perante uma colectividade. Existem muitas pessoas quedepois vão levar com aquilo que eu vou fazer, logo não posso fazer o queme apetece. E portanto, quantos mais filtros e críticas houver, mais eutento me aproximar de uma forma correcta. A arquitectura tem de seradequada às situações, e quase que nas outras artes acontece o con-trário. Eu não posso criar uma instalação sanitária que não é adequada,por exemplo.

Mas há arquitecturas de excepção, que rompem com essas situa-ções...Há, os monumentos, os jazigos, porque aqui não há utente, o arquitec-to está liberto dessas coisas. E depois há situações de excepção em quea encomenda tem uma forte carga de imagem para um determinadoobjectivo, como a Expo. Mas isso é um pedido específico, não é a activi-dade normal.

Mantém a convicção de que “há a ideia em Portugal que o arquitectoé o inimigo”?Hoje já não. Em tempos houve essa ideia, eu próprio passei por isso.Aliás, quando disse que queria ir para arquitectura em casa foi um cho-que, nas sociedades conservadoras a profissão não era muito bem-vinda. Mas depois tem vindo sempre a ser diluído, e hoje até acho queos arquitectos estão um bocado na moda. São muitos. E depois se aobra corre bem ou mal vêem as setas, para cima, para baixo. Se asvacas morrerem não aparecem setas a apontar para os veterinários...

E sendo um universo tão vasto, com tantos profissionais, vê de bomgrado as encomendas às ditas estrelas da arquitectura internacional,como a Casa da Música? Acho bem. Uma coisa não tem que ver com a outra, não se pode proi-bir os estrangeiros de vir para cá, existe uma coisa chamada livre circu-lação, o que também me permite a mim ir para o estrangeiro, que é umacoisa que eu gosto e me convêm. Aliás eu até integrei o júri da Casa daMúsica. Acho que tem que haver presença deles cá e de nós lá.

Faz arquitectura low cost? Eu tento não fazer, e ainda tenho essa hipótese, mas a tendência é paraque os preços sejam cada vez mais baratos. Uma coisa que eu noto é queno Sul, aqui em Lisboa, os projectos são mais baratos do que no Norte...

Fez algumas incursões na área do Design. Como têm sido essas expe-riências?Sim, fiz, mas é uma coisa mais por continuidade. Por exemplo, se quan-do desenho uma casa me pedirem para desenhar também uma mesa,faço-o porque se torna num problema para resolver, é mais por esseprisma, deriva da encomenda e não faço disso profissão. Ser designer émuito complicado, é muito duro. As coisas tem de ser testadas, têm dese fazer modelos e protótipos para afinar a forma, o uso, a cor, o preço,é um mundo muito competitivo, e não pode ser visto como um hobbie.Há muito a ideia de que os arquitectos fazem design aos domingos, masnão é assim. O design nasceu para ser uma alternativa bonita e funcio-nal aos móveis tradicionais, e funciona ao contrário, é mais caro que osmóveis tradicionais, e não se percebe porque são tão caros quandoforam feitos para serem industrializados.

O que é que considera de muito bom na sua obra? Acho que das coisas que fiz melhor ou que mais gostei de fazer, actual-mente foi a Casa das Histórias da Paula Rego, acho que ficou bem, nãoacho normal até agora ninguém me ter criticado...Há obras que achoque são melhores que outras, mais que não seja pelo número de vezes

que são publicadas ou pelos prémios que têm.

Talvez tenham criticado tudo o que tinham para criticar no Estádio doBraga...Talvez. Mas os portugueses sempre que podem criticam. Não deixavampara amanhã o que podem criticar hoje.

Existe algum programa que agora gostasse muito de fazer?Primeiro gostava de acabar os projectos que tenho emperrados. Mas gos-tava muito de levar avante a obra de recuperação do Príncipe Real. Primeiroporque é um sítio espantoso, vê-se o rio, o castelo, o jardim botânico,depois porque está tudo emperrado em burocracias e gostava de ultrapas-sar isso, e depois porque o cliente, a Eastbanc, é fantástico e temos de otratar bem, que não está a ser o caso. E depois porque nunca construi emLisboa, e gostava muito. Agora fiz um concurso para Abu Dhabi, um colé-gio com 80 mil metros quadrados no deserto, e gostei muito de o fazer-também. Fiz uma viagem à Síria e à Jordânia e depois tive de estudar o Islãopara perceber, para as formas terem algum sentido, por causa dos mate-riais e da tradição religiosa, gostei muito de fazer o concurso.

E no Porto, o que gostava de construir?Comecei agora a ler um livro que começa assim: “Deus criou o Porto emVila Nova de Gaia”, e eu percebo perfeitamente, porque das coisas maisbonitas que há em Portugal é o Porto visto de Gaia, por isso é que aspousadas e os hotéis estão todos lá. Um projecto que eu adorava fazer,depois de ter visitado as termas em Vals, Suiça, do Zumthor, era umSPA em Gaia virado para o Porto, acho que era uma coisa muito bonita.Era um projecto que gostava mas não tenho vendido esta ideia. �

Convento das Bernardas

34-39 entrevista:36-39 Projecto Nacional Amarante.qxd 03-12-2009 22:11 Página 39