edmundo villani-cÔrtes

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EDMUNDO VILLANI-CRTES VILLANIMSICA BRASILEIRA II Csar Monteiro Daiany Dezembro Fernanda Pavan Thais Duarte Thiago Freitas Thieres Brandini

BIOGRAFIAy

Edmundo Villani-Crtes nasceu em 8 de novembro de 1930 em Juiz de Fora, Minas Gerais. Seu primeiro contato com a msica foi quando tinha cerca de 8 anos,atravs do violo que seu irmo possua. Aos 17 anos, Villani comeou a dedicar-se ao piano. Nessa poca, rareava a msica gravada, e pianistas eram muito requisitados. Logo surgiram as primeiras oportunidades de tocar nas orquestras de baile locais. Nessa poca tambm aparecem suas primeiras tentativas de compor, como uma valsa em memria de um amigo levado pela tuberculose. Com 22 anos Villani foi para o Rio de Janeiro, onde foi aprovado para o stimo ano de piano e teoria do Conservatrio Brasileiro de Msica.

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Em 1955, estreou seu Concerto n 1 para piano e orquestra com a Filarmnica de Juiz de Fora, no Cine-Teatro Central de sua cidade, sob regncia do violinista vienense Max Geffer. De 1954 a 1959 residiu em Juiz de Fora, onde se bacharelou em Direito e foi diretor, durante dois anos, do Conservatrio Estadual de Msica de Juiz de Fora. Em 1960 muda-se para So Paulo, onde estuda piano com Jos Kliass (1960-63) e composio com Camargo Guarnieri (1963-65). Atuou nesse perodo como pianista nas orquestras de Osmar Millani e Luiz Arruda Paes. Trabalhou tambm como arranjador em trilhas e jingles.

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A partir de 1970 passou a integrar a orquestra da extinta TV Tupi (como pianista e arranjador), chegando a realizar mais de mil arranjos das mais variadas espcies e todos destinados msica popular. A ele trabalhou com o maestro Bernardo Federowski, diretor da Academia Paulista de Msica, onde Villani ingressa em 1973 como professor de harmonia funcional e, posteriormente, arranjo e improvisao. Neste perodo iniciou uma srie de apresentaes como regente de conjuntos de cmara e como pianista, apresentando composies de sua autoria. Em 1978, poca em que estudava composio com H. J. Koellreutter, foi vencedor do concurso "Noneto de Munique", patrocinado pelo Instituto Goethe do Brasil. A pea chamava-se Noneto (para dois violinos, viola, cello, contrabaixo, trompa, obo, clarinete e fagote) e embora a execuo da pea estivesse prevista como parte da premiao, a estria da obra s ocorreria em 2004, no Teatro Municipal de So Paulo.

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Villani encara com naturalidade o fato de ter estudado com Guarnieri e Koellreuter, cujas tendncias estticas so habitualmente vistas como opostas, tendo sido objeto de acerbada polmica nos anos 50. Comigo no tem isso de vou compor na escola tal. Eu no tenho fase. Alis, no consigo entender isso de fase, escola etc. Voc usa a idia musical de acordo com o gosto, inteno etc. Ficar aguilhoado a uma s coisa no faz sentido. Mas acho que a gente acaba tendo algum envolvimento ideolgico sim. Quando estudei com o Camargo Guarnieri, fiquei mais influenciado pelo estilo dele, nacionalista. Quando estudei com o Koellreutter, recebi influncias do atonalismo, do serialismo integral e do dodecafonismo. Eu tenho peas dessas duas pocas com caractersticas totalmente diferentes. E algumas destas obras permanecem inditas. afirma Villani-Crtes, cuja produo costuma se orientar no sentido de uma linguagem tonal, acessvel e em constante dilogo com a msica popular. Sobre isso, Inereu Franco Perpetuo escreve em Datas Referenciais: Mas Edmundo, que sempre preservou sua singularidade, diz que foi estudar com Koellreutter no apenas para aprender coisas novas, mas tambm para ver o que no deveria fazer. Havia naquela poca uma tenso entre duas correntes - de um lado, o experimentalismo do maestro alemo; do outro, o sentimento mais nacional exemplificado em Camargo Guarnieri. Enfim, uma questo que encontra paralelo em outras reas da criao e da teoria daquela poca e que remete a uma superada questo sobre fundo e forma ou a viciada oposio entre experimentalismo e participao.

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A partir dos 50 anos de idade que Villani comea a se dedicar composio de maneira mais sistemtica. Para tanto, contriburam o fim da TV Tupi, que lhe retirou a atividade de arranjador, e o convite para lecionar contraponto e composio na Universidade Estadual Paulista (Unesp). A remunerao agora era menor, mas sobrava tempo para criar msica. Em 1985 iniciou seus trabalhos do mestrado de composio na Escola de Msica da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Concluiu em 1988, obtendo nota mxima, com a dissertao: O uso do sintetizador na composio musical de um Concertante para clarineta, sintetizador, piano acstico e percusso, sob orientao do maestro Henrique Morelenbaum. Em 1986 foi vencedor do concurso de composio patrocinado pela Editora Cultura Musical, tendo obtido primeiro lugar com a pea para violo Choro Pretensioso e segundo lugar com a pea para piano solo Ritmata n 1; nos anos de 1988, 89, 90 e 91 trabalhou na ilustrao musical do programa "J Soares onze e meia no SBT.

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Realizou trabalhos de organizao e seleo dos integrantes da Orquestra Jazz Sinfnica do Estado de So Paulo junto ao maestro Ciro Pereira, e atuou como regente na apresentao da pea Caet Jurur em agosto de 1990 no Memorial da Amrica Latina. Recebeu o prmio "Melhores de 1989", conferido pela A.P.C.A. (Associao Paulista de Crticos de Arte), por sua Apresentao do "Ciclo Ceclia Meireles", considerada a melhor composio erudita vocal do ano. Em 1992 foi escolhido pela Escola de Msica Arte Livre como compositor do ano, homenageado por meio de inmeros recitais com obras de sua autoria. No ano de 1993, por ocasio da comemorao do centenrio de nascimento do poeta Mrio de Andrade, foi vencedor do concurso promovido pela prefeitura de So Paulo, com a composio Rua Aurora, baseada em texto do poeta. Em 31 de maio de 1994 foi-lhe conferida pela Prefeitura do municpio de Juiz de Fora a "Comenda Henrique Halfeld. Em 1995, sua obra Postais Paulistanos foi premiada pela A.P.C.A. como a melhor pea Sinfnico-Coral. Em 1996 sua pea Chorando (para contrabaixo e piano) obteve 3 lugar no II Concurso Nacional de Composio para Contrabaixo, promovido pela Escola de Msica da Universidade Federal de Minas Gerais.

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Em1998 defendeu sua tese de Doutorado no Departamento de Msica do Instituto de Artes da Unesp, intitulada A utilidade da prtica da improvisao e a sua presena no trabalho composicional do Concertante Breve para quinteto e Banda Sinfnica de Edmundo Villani-Crtes. Ainda nesse ano foi premiado pela A.P.C.A. com o Concerto para vibrafone e orquestra, considerado a melhor pea experimental. Dos instrumentos de orquestra, s no escrevi concerto para harpa, fagote e tuba. Na msica vocal, alm das canes, dastaca-se uma srie de trs cantatas documentando textos-chave da Histria do Brasil no sculo XX (Al-5, Carta da renncia de Jnio Quadros e Carta-Testamento de Getlio Vargas, todas de 2000), e Poranduba, pera em um ato com libreto de Lcia Ges, que est em fase final de instrumentao.

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CARACTERSTICAS GERAIS DE SUA OBRAy

Atualmente seu acervo composicional possui, aproximadamente, 200 obras escritas para instrumentos solistas, canto, solo, coro, conjuntos de cmara, banda Sinfnica, constando nesse repertrio uma pera, uma Sinfonia e um Te Deum. Elas tm sido apresentadas e gravadas por uma grande variedade de intrpretes no Brasil e no exterior. Na msica de Villani-Crtes h um predomnio da textura homofnica em relao polifnica e isto ocorre em funo da importncia que o compositor d harmonia, em sua concepo musical. Sua msica tonal, mas a harmonia muito refinada e rica em sonoridades que no escondem as influncias recebidas dos impressionistas franceses e do jazz. Os simples acordes tridicos convencionais no ocorrem com freqncia, mas quando o compositor chega concluso que estes representam a melhor opo sonora para algum momento especifico da sua msica, no evita utiliz-los. Prefere, contudo, os acordes mais complexos, geralmente com a presena de dissonncias que, no contexto da sua msica, no soam de maneira to conflitante.

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Em sua msica encontramos com freqncia muitos elementos caractersticos da msica brasileira, comuns s obras de compositores nacionalistas assumidos tais como: danas brasileiras, figuras rtmicas, obras com nomes indgenas e at ttulos de obras que no deixam duvidas quanto ao seu contedo, como por exemplo, Cinco Miniaturas Brasileiras (sua obra mais conhecida, que maior nmero de transcries recebeu). Na verdade, a linguagem musical de Villani resultante das inmeras influncias sobre sua formao musical que abarca os mais diversos universos: de Chopin a Shostakovich, passando por Debussy e Ravel, Puccini, Gershwin e o jazz, alm da msica popular brasileira, sobretudo urbana. Sua msica s faz revelar esta vivencia anterior de forma integral. A msica brasileira, sendo parte substancial deste processo, manifesta-se de forma natural, espontnea e irreprimvel. Mas, ao expressar-se atravs dela no pretende seguir em direo a alguma corrente ou contrariar qualquer outra que seja.

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O crtico Luiz Roberto Trench em artigo publicado em 07/12/98 no jornal "O Dia", comenta: "Villani tem um modo bastante pessoal em seu tratamento da linguagem musical, com influncias do Jazz, da MPB e da msica erudita. Neste ltimo item, no s houve a influncia dos mestres brasileiros contemporneos - Radams Gnatalli, Guarnieri, Villa-Lobos - como dos grandes mestres russos do sculo XX - Dmitri Shostakovisch, Prokofieff - e do compositor ingls Gustav Holst, sem nos esquecer de Claude Debussy. Villani fundiu de maneira pessoal tais influncias em uma linguagem que utiliza o cromatismo como um instrumento de enriquecimento e expanso de suas idias. Edmundo Villani no se considera um compositor de fases; seu gosto musical permaneceu constante desde o incio de sua carreira. Utiliza recursos conforme julga necessrio, no se prendendo a processos matemticos. Aprecia todas as suas obras, inclusive as primeiras, que embora mais simples, apresentam tambm valor como expresso musical. Mesmo utilizando certas constncias rtmicas que o ligam bossa nova e outras msica nordestina, Villani no se denomina um nacionalista como algo prdeterminado. Entende os elementos nacionalistas que possam aparecer em suas msicas como mera conseqncia do fato de ter nascido e vivido a maior parte do tempo no Brasil. Afirma que todos os tipos de msica que j ouviu at hoje, de um modo ou de outro, o influenciaram e continuam a influenciar.(...)

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Em sua msica, pode ser observada com freqncia a preocupao com uma certa quadratura formal, isto , a subdiviso das frases musicais em fragmentos mais ou menos regulares, geralmente de 4 em 4 compassos, o que o compositor admite ser uma herana da sua longa prtica com a msica popular. Quanto trabalha com formas maiores, como os primeiros movimentos de sonatas e concertos, por exemplo, recorre ao perfil da Forma Sonata, respeitando a diviso original em trs sees: exposio, desenvolvimento e reexposio (as quais elabora com o cuidado de preservar uma certa proporcionalidade entre elas). Em seus desenvolvimentos, d prioridade coerncia da elaborao temtica, ao mesmo tempo em que se preocupa com a variedade da harmonia, inclusive com os caminhos adotados para as modulaes. Nas peas curtas e movimentos lentos de obras mais extensas, prefere o corte ternrio da forma ABA, enquanto que nos movimentos finais, utiliza com maior freqncia o modelo do perfil formal do Rond, observando sempre grande liberdade. Para Villani a composio ideal : dotada de poucas notas, fcil de executar, bonita, profunda.

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Edmundo Villani afirma no possuir um processo de composio. Escreve a partir de uma vontade interna de expressar alguma coisa. Para ele preciso ter primeiro essa mensagem interior para depois pensar em como transformar isso em msica. Em relao aos traos estilsticos e principais recursos utilizados em sua obra, o compositor fala o seguinte: "Na realidade nunca adotei uma postura esttica especfica. Posso compor agora uma pea em uma linguagem tradicional e pouco depois trabalhar em uma obra com posturas inteiramente opostas. Tudo vai depender do que desejar exprimir no momento. Tenho para mim que o mais importante na composio a existncia de uma mensagem. A maneira como vou pass-la vai depender dos recursos tcnicos utilizados, os quais podero ser desde o contraponto rigoroso do estilo Palestrinense at os efeitos obtidos num laboratrio de msica eletroacstica."

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Quanto atuao poltica e repercusso de sua postura ideolgica nas suas obras,Villani assim declarou: "A nica postura que sempre tive desde que escrevi alguma msica foi a de utilizla como um meio de expresso capaz de completar aquilo que muitas vezes por meio da palavra no conseguia transmitir. Acredito que quando um compositor consegue realizar uma obra musical de bom nvel, ele est automaticamente dando um exemplo de trabalho, dedicao e emoo esttica, que servir como um exemplo de dignidade para o ser humano. Assim sendo, ele estar mostrando sociedade uma postura a ser seguida e ao mesmo tempo deixando um legado para o acervo cultural da humanidade. Se esse exemplo fosse seguido pelos nossos polticos, creio que o nosso pas estaria em uma situao invejvel social e culturalmente. Como a msica uma linguagem universal, a sua mensagem possui um poder de comunicao que ultrapassa as fronteiras, os preconceitos e as distines de raa e religio. O compositor possui, pois, em suas mos, um instrumento de alto valor comunicativo capaz de influenciar, transformar e dirigir a sociedade. Infelizmente, a maioria das pessoas que possuem em suas mos os meios de divulgao e comunicao, tais como o rdio, a televiso e as produes fonogrficas, utilizam o forte poder comunicativo da msica apresentando um repertrio que geralmente no possui, na sua estrutura, as qualidades supra citadas que definem uma obra de bom nvel."

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PRINCIPAIS COMPOSIESy y y y y y y

49 e anos 50 1949: Preldios n 1 ao 9 - para piano. 1950: Estudo em nonas. 1951: Estudo Fantstico. 1953-1955: Concerto n 1 para piano e orquestra. 1956: Concerto n 2 para piano e orquestra. 1957: Srie Brasileira opus 8, em quatro movimentos: Preldio, Dana, Movimento em 3/4, Chro em forma de rond. Fantasia Espanhola, Abertura, Sonata para violino e piano (3 movimentos). 1958: Preldio n 9, Tuas mos - para canto e piano, Voc letra e msica de Edmundo Villani-Crtes, Seu Olhar - letra e msica de Edmundo Villani-Crtes.

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Anos 60 1961: Poema - para canto e piano (versos de Afonso Romano de Sant'ana, Sute infantil - Em quatro movimentos: A pracinha das crianas, O concurso de papagaios, dia de So Bartolomeu, Conversa com o vento. 1963: Ponteios, do n 1 ao n 4, Baio, Valsa Coral - "Ogund Mocib " (coro misto a quatro vozes), Trptico para flauta e piano - em 3 movimentos: Preldio; Fugato; Posldio. 1964-1966: Papagaio azul - letra e msica de Edmundo VillaniCrtes, S o amor ficou - letra e msica de Edmundo Villani-Crtes,Cano para a menina triste - letra e msica de EdmundoVillani-Crtes, Uma estrela brilhou, Saudade. 1967: Desalento - letra de Laerte Freire. 1969: Sonata para violoncelo e piano. Em 3 movimentos:Allegro Cadncia- Coda; Lento; Vivo. Preldio e Postldio - para Orquestra de Metais; Sonata para viola e piano.

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Anos 70 1974: A fonte eterna; Borulides - para flauta-doce, trs violes, piano, percusso e voz feminina. 1976: Caratingu - para grupo de cmara; Gar - para grupo de cmara; Polidros - para grupo de percusso; Chorinho alegre - para flauta e piano a 4 mos; Happy blues - para grupo de cmara. 1977: Timbres n 1 e 2 - para piano solo; Timbres n 3 e 4; Noneto- para quarteto de sopros (sem flauta) e quinteto de cordas. 1978: Concerto para piano e orquestra. Em 3 movimentos; 1 - AndanteAllegretto-Cadncia-Coda, 2 - Moderato, 3 - Allegreto (Chro breve), Trptico - para violo solo: Preldio, Interldio e Posldio; Cinco miniaturas Brasileiras para flauta-doce e piano: Preldio, Toada, Chro, Cantiga de ninar e Baio; Existem mais 3 verses desta pea: Para trio - violino, violoncelo e piano, Para Orquestra de cmara e Para quarteto de violoncelos. O blues (opus 2004) - para quinteto de saxofones e trio: piano, contrabaixo e bateria; Sute Coral Papagaio Azul - Bossa-nova. 1979 - canes com letra e msica de sua autoria: Confisso; Desencontro; Valsinha de roda; Verso meu ;O lao; Diga; Ol; Na sua ausncia; Rio de ternura; Volta; Encontro; Renascena; Tema com variaes para piano solo; A catedral da S - Preldio em estilo Bachiano; Praeludios Onnibus - para contrabaixo e piano; Belib; Beirceas - para piano a quatro mos; Chro a duas vozes.

AS CINCO MINIATURAS BRASILEIRAS

BIBLIOGRAFIAy

Livro: Msica contempornea brasileira: Edmundo Villani-Crtes. Centro cultural So Paulo. Discoteca Oneyda Alvarenga, 2006, vol.3

Sites http://www.villanicortes.tom.mus.br/index.php?menu=anos_90&page=a nos_90 y http://www.revista.uea.edu.br/abore/entrevistas/Entre vista%20Edmundo%20Villani-Cortes.pdfy y y