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Edição nº 4 – Brasília, junho de 2017 As ameaças à proteção ao meio ambiente se multiplicaram nesse primeiro semestre. Estivemos focados com muito trabalho e esforço para evitar retrocessos. Após várias vitórias conseguimos, até agora, manter a legislação atual. Precisamos de mais. É urgente fortalecer todo o sistema legislativo de proteção ao meio ambiente e patrimônio cultural. A pauta precisa ser de avanços inclusive no que abrange a própria organização interna. Nesse contexto, apresentamos à classe pacote com medidas de modernização para a nossa atuação. Nova orientação sobre arquivamentos está em vigor e sendo aplicada ao passo que a criação de ofícios nacionais e regionais se encontra no CSMPF para discussão e deliberação. É hora de o MPF liderar a pauta de fortalecimento da proteção ambiental e estamos preparados para cumprir esse papel constitucional. Nívio de Freitas Silva Filho

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Page 1: Edição nº 4 – Brasília, junho de 2017 · inclusive no que abrange a própria organização interna. Nesse contexto, apresentamos à classe pacote com medidas de modernização

Edição nº 4 – Brasília, junho de 2017

As ameaças à proteção ao meio ambiente se multiplicaram nesseprimeiro semestre.

Estivemos focados com muito trabalho e esforço para evitarretrocessos. Após várias vitórias conseguimos, até agora, manter alegislação atual. Precisamos de mais.

É urgente fortalecer todo o sistema legislativo de proteção ao meioambiente e patrimônio cultural. A pauta precisa ser de avançosinclusive no que abrange a própria organização interna.

Nesse contexto, apresentamos à classe pacote com medidas demodernização para a nossa atuação. Nova orientação sobrearquivamentos está em vigor e sendo aplicada ao passo que a criaçãode ofícios nacionais e regionais se encontra no CSMPF para discussãoe deliberação.

É hora de o MPF liderar a pauta de fortalecimento da proteçãoambiental e estamos preparados para cumprir esse papelconstitucional.

Nívio de Freitas Silva Filho

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4CCR aprova pacote de modernização para atuaçãoambiental

O colegiado da Câmara de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural do Ministério PúblicoFederal - 4ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal(4CCR/MPF) aprovou, em 3 de maio, medidas apresentadas e discutidas com acarreira para a modernização da atuação nas temáticas. As propostas são resultado doGrupo de Trabalho Utilidade, Eficiência e Projetos.

A primeira proposta é a Orientação 1/2017. A nova diretriz traz critérios a seremobservados nas promoções de arquivamento referentes a temas ou situaçõesconsiderados não prioritários em nível nacional, regional ou local.

Com a aprovação do texto, a 4CCR regulamenta circunstâncias que autorizam oarquivamento de determinadas investigações: nos casos em que a aplicação desanção administrativa ou cível é suficiente para a prevenção e repressão do ilícito emface da pequena extensão do impacto ambiental; nas situações em que o fatoinvestigado é muito antigo; quando já houver esgotamento das diligências exigíveis ouainda quando não existir linha de investigação idônea. Tais circunstâncias devem seravaliadas no caso concreto.

Além da regulamentação dos critérios de arquivamento, o pacote de modernizaçãotrouxe propostas relativas a outros três temas: implantação de Acordo de Resultados;criação de Coordenadorias Regionais de Proteção e da Procuradoria Nacional deProteção ao Patrimônio Cultural Brasileiro e a instituição de Núcleos de ApoioOperacional de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural em cada Procuradoria Regionalda República (Naops).

A proposta de criação das coordenadorias regionais, da Procuradoria Nacional e dosNaops foi remetida à aprovação do Conselho Superior do Ministério Público federal(CSMPF). A primeira está em consonância com as teses aprovadas no 1º CongressoTécnico de Procuradores da República da Associação Nacional dos Procuradores daRepública (ANPR). Já o texto do Acordo de Resultados será submetido à Corregedoriapara sugestões antes da publicação do edital.

Regularização fundiária: MPF promove mesa dedebates sobre a MP 759/2016

O Ministério Público Federal (MPF) realiza, no próximo dia 19, em Brasília, o eventoRegularização Fundiária: Mesa de debates sobre a Medida Provisória 759/2016, com oobjetivo de discutir a MP que modifica diretrizes legais sobre a regularização de terrasurbanas e rurais no país. Editada pelo governo em dezembro do ano passado, aproposta legislativa impacta direitos fundamentais como moradia, função social dapropriedade e meio ambiente.

O evento visa debater as alterações na legislação e suas consequências para a gestãodas áreas da União, na regularização fundiária rural, na regularização fundiária urbana,na alienação de terras, no Programa Terra Legal, além do impacto na atuação doMinistério Público.

A mesa de debates contará com representantes do MPF, Secretaria de Patrimônio daUnião (SPU), Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Pará,Imazon, Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico, Conselho Nacional de Direitos

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Humanos (CNDH), Instituto Sociambiental (ISA) e Movimento dos Trabalhadores SemTerra (MST).

Como participar - O evento é aberto ao público. As inscrições poderão ser realizadasaté o dia 17 de maio pelo e-mail [email protected]. A disponibilidade devagas está sujeita à lotação. Também haverá transmissão ao vivo pelowww.tvmpf.mpf.mp.br

Membros e servidores lotados nas unidades do Ministério Público Federal poderãoparticipar do debate por videoconferência. Já foram agendadas salas nos seguintesestados: Pará, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Tocantins,Santa Catarina e Bahia. Interessados de outras unidades podem solicitar oagendamento da respectiva sala de videoconferência à 1CCR ([email protected]).

O evento é uma parceria das Câmaras de Direitos Sociais e Fiscalização de AtosAdministrativos em Geral (1CCR), de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural (4CCR), dePopulações Indígenas e Comunidades Tradicionais (6CCR) e da Procuradoria Federaldos Direitos do Cidadão (PFDC).

Câmara de Meio Ambiente do MPF lançamobilização nacional #RetrocessoAmbientalNão

(Foto: Secom/PGR)

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A Câmara de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural do Ministério Público Federal(4CCR/MPF) lança a mobilização nacional #RetrocessoAmbientalNão. Até 5 de junho,Dia Internacional do Meio Ambiente, serão produzidas notas técnicas, matérias, vídeos,postagens em redes sociais, entrevistas e artigos de procuradores para debater osprincipais riscos e ameaças de retrocesso ambiental no Brasil em quatro eixostemáticos: licenciamento ambiental, agrotóxicos, unidades de conservação eregularização fundiária (MP 759).

No dia 05 de junho, oficina em Brasília reuniu membros do MPF, parlamentares,representantes do governo e de organizações não governamentais, juristas e públicointeressado para discutir as temáticas em quatro painéis. Para o coordenador da4CCR, subprocurador-geral da República Nivio de Freitas, "a união de esforços entremembros do país inteiro e sociedade civil é fundamental para evitar retrocessos emassuntos extremamente relevantes para toda a população."

Ações - A mobilização já começou. Só nesta semana, duas notas técnicas foramelaboradas e enviadas ao Congresso Nacional pela 4CCR. No dia 9 de maio, o MPF seposicionou contra a aprovação do substitutivo ao Projeto de Lei 3.729/2004, que instituia Lei Geral do Licenciamento e está em análise para votação na Comissão deFinanças e Tributação da Câmara dos Deputados. No documento, o MPF afirma que oPL pode trazer prejuízos irreversíveis à proteção e à gestão ambiental.

No dia 10 de maio, o procurador da República, Felipe Bogado, coordenador do Grupode Trabalho Grandes Empreendimentos, participou de audiência pública sobre o PL naComissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara. Orepresentante do MPF destacou que o substitutivo desvirtua a proposta que vinhasendo construída com a participação de diversos atores, como Ibama, Ministério doMeio Ambiente, organizações ambientais e confederações de setores produtivos, epontuou os principais problemas da proposta legislativa.

No mesmo dia, outra nota técnica foi enviada ao Congresso Nacional para alertar sobreos riscos do pacote legislativo que reduz, extingue ou reclassifica áreas de unidades deconservação no País. As normas questionadas são as Medidas Provisórias 756/16 e758/16, que alteram limites de florestas e parques nacionais, e os respectivos projetosde lei de conversão (PLC 4/17 e PLC 5/17). A nota alerta também contra esboço deprojeto de lei em discussão no Congresso que vai tratar das Unidades de Conservaçãodo Amazonas.

O uso da hashtag #RetrocessoAmbientalNão foi utilizado em todas as divulgações damobilização.

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#RetrocessoAmbientalNão: MPF reúneespecialistas para debates no Dia do Meio

Ambiente

(Foto: Secom/PGR)

A Câmara de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural do Ministério Público Federal(4CCR/MPF) realizou o Seminário #RetrocessoAmbientalNão para marcar o Dia doMeio Ambiente, comemorado no dia 05 de junho. O evento, aberto ao público, contoucom uma série de debates e ocorreu no Memorial do MPF, na Procuradoria-Geral daRepública, em Brasília.

Especialistas, organizações ambientais e membros do MPF atuantes na temáticadiscutiram temas nas seguintes mesas: Licenciamento Ambiental - os riscos doretrocesso; Perigos da MP 759; Redução das Unidades de Conservação; Flexibilizaçãodo Controle de Agrotóxicos; Projeto Conexão Água. O seminário contou com apresença de representante do Ministério do Meio Ambiente; do presidente do ICMBio,Ricardo Soavinski, além de pesquisadores, especialistas e representantes deorganizações não governamentais.

No dia 2 de junho, o Ministério Público Federal promoverá tuitaço para sensibilizar apopulação e tirar dúvidas sobre o tema. A mobilização ocorrerá por volta das 11h, coma hashtag #RetrocessoAmbientalNão no Ttwitter: @MPF_PGR!

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#RetrocessoAmbientalNão: MPF promovetuitaço sexta-feira (2/6)

O retrocesso ambiental avança no país. Duas Medidas Provisórias (MPs 756 e 758)que reduzem unidades de conservação já foram aprovadas e aguardam apenassanção presidencial. Além delas, outras propostas que ameaçam a proteção ao meioambiente tramitam no Congresso Nacional. Para alertar a população sobre o risco doretrocesso ambiental, o MPF promoveu no dia 2 de junho um tuitaço com a hashtag#RetrocessoAmbientalNão.

Membros do MPF, Ministérios Públicos estaduais, organizações não-governamentaiscomo Greenpeace e WWF foram convidados a participar do alerta à sociedade peloTwitter. Mas todos que possuem perfil nessa rede social podem aderir ao tuitaço.

Retrocesso ambiental – A Câmara de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural doMinistério Público Federal (4CCR/MPF) afirma, em nota técnica, que as medidasprovisórias são inconstitucionais, pois o direito ao meio ambiente ecologicamenteequilibrado é direito fundamental e já foi reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal(MS 22164/SP, Min. Celso de Mello, 30/10/1995).

Ao serem efetivadas, as duas medidas colocam em risco um total de 2,2 milhões dehectares protegidos apenas no Pará e no Amazonas, o que equivale a todo o territóriode Sergipe. Se forem convertidas em lei da forma como estão, áreas que hoje têmproteção integral serão extintas, reduzidas, ou transformadas e reconvertidas em áreasde proteção ambiental com menor grau de preservação.

Mobilização digital contra retrocesso ambientalvira assunto do momento no Twitter Brasil

A “hashtag” #RetrocessoAmbientalNão virou assunto do momento - “Trending Topics” -no Twitter Brasil, nesta sexta-feira (2). A mobilização digital, conhecida como tuitaço,promovida pelo Ministério Público Federal, em parceria com entidades ambientais, aAssociação Nacional de Procuradores da República (ANPR), Ministérios Públicosestaduais e membros do MPF, ganhou destaque e visibilidade, levando um assuntosério para discussão intensa nas redes sociais.

Durante mais de uma hora, o #RetrocessoAmbientalNão esteve entre os TrendingTopics, chegando ao quarto lugar na lista de assuntos do momento. O alerta sobre osriscos de um retrocesso ambiental no país ganhou uma apoiadora especial: a modelointernacional Gisele Bündchen, conhecida por defender causas ambientais e nomeadaembaixadora da boa vontade pelas Nações Unidas (ONU). Além da modelo,organizações não-governamentais como Greenpeace e WWF, parlamentares e ocantor Caetano Veloso participaram da mobilização, informando a população sobremedidas legislativas que põem em risco a legislação ambiental.

Foram mais de três mil tuítes com a hashtag e dez milhões de visualizações no Twitter.Para o secretário executivo da Câmara de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural doMPF (4CCR), Daniel Azeredo – que também participou ativamente da mobilização – otuitaço foi relevante para que a sociedade saiba da ameaça. "Nunca tivemos tantosataques ao meio ambiente desde a Constituição de 1988. A sociedade está mostrandoque não quer retrocessos", afirmou.

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Ameaças - Duas Medidas Provisórias (MPs 756 e 758) que alteram a configuração deáreas ambientais importantes – uma delas reduz uma área do tamanho de Sergipe naAmazônia - já foram aprovadas no Congresso Nacional e estão prontas para sançãopresidencial. Para o MPF, em nota técnica divulgada pela Câmara de Meio Ambiente ePatrimônio Cultural do Ministério Público Federal (4CCR/MPF), as medidas provisóriassão inconstitucionais, pois o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado édireito fundamental e já foi reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal.

Outra medida provisória avaliada como retrocesso é a MP 759, já aprovada noCongresso, que trata da regularização fundiária. Para o MPF, a MP favorece odesmatamento e estimula a ocupação irregular de terras. Além das medidasprovisórias, o Congresso discute projetos de lei que podem fragilizar o licenciamentoambiental e as regras para liberação de agrotóxicos.

Mobilização continua - Na segunda (5), o MPF realiza evento em comemoração ao DiaInternacional do Meio Ambiente, para discutir estratégias de combate ao retrocessoambiental. Os debates terão transmissão ao vivo pela TV MPF e cobertura em temporeal via Twitter (twitter.com/MPF_PGR).

#RetrocessoAmbientalNão: MPF debate leis queenfraquecem sistema de proteção ambiental

brasileiro

“O meio ambiente equilibrado é considerado um direito fundamental e não se podeadmitir retrocessos”. No Dia Mundial do Meio Ambiente, o subprocurador-geral daRepública Mario Gisi deu início ao seminário #RetrocessoAmbientalNão chamando aatenção para a gravidade do atual momento pelo qual passa o Brasil, com pretensõeslegislativas que ameaçam a proteção ao meio ambiente. Para discutir as ameaças aolicenciamento ambiental, às unidades de conservação e a flexibilização no rigor do usode agrotóxicos, o Ministério Público Federal (MPF) reuniu especialistas na tarde dessasegunda-feira (5), na Procuradoria-Geral da República, em Brasília. O evento foirealizado pela Câmara de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural do MPF(4CCR).

Na abertura da mesa "Licenciamento Ambiental: riscos de Retrocesso", o procuradorda República Tiago Modesto Rabelo apontou para os graves riscos trazidos pelosubstitutivo ao Projeto de Lei 3729/2004, que visa instituir a Lei Geral do LicenciamentoAmbiental. Apresentado em 27 de abril pelo deputado Mauro Pereira, na Comissão deFinanças e Tributação da Câmara dos Deputados, o substitutivo se sobrepôs aotrabalho que vinha sendo articulado pelo Ministério do Meio Ambiente com aparticipação do Ministério Público, de órgãos ambientais, da comunidade científica e deorganizações ambientais.

De acordo com Rabelo, o atual texto, pendente de votação, é, na verdade, um “projetode lei residual do licenciamento”. O procurador chamou a atenção para vários pontosproblemáticos da proposta, dentre os quais a flexibilização das condicionantes(obrigações assumidas pelos empreendedores para compensações socioambientais), aausência de participação de órgãos ambientais e a discricionariedade da atuação deórgãos licenciadores estaduais. A diminuição da responsabilidade dos financiadores deempreendimentos também foi destacada na fala de Rabelo. Com a aprovação daproposta, os agentes patrocinadores de obras passariam a não ter que responderobjetivamente e solidariamente por possíveis danos ao meio ambiente.

Segundo o secretário-executivo da Câmara de Meio Ambiente, procurador daRepública Daniel Azeredo, a flexibilização do processo de licenciamento traz apossibilidade de rejeição de produtos brasileiros no mercado externo pelo desrespeito aparâmetros socioambientais internacionais. Ele acrescentou que a promulgação docompromisso do Brasil com o Acordo de Paris, realizada nessa segunda (5), aumenta o

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rol das leis internacionais de proteção ao meio ambiente com força de lei em territórionacional.

MP 759 – O projeto de Lei de Conversão 12/2017, resultante da Medida Provisória759/2016, recebeu críticas da promotora de Justiça do Ministério Público do Estado doPará Eliane Cristina Moreira e da advogada do Instituto Socioambiental (ISA) Julianade Paula Batista. A proposta regulamenta a regularização fundiária e traz alterações aoprograma Terra Legal. Na avaliação da promotora, a medida privatiza terras públicas,entregando ao setor privado terras que deveriam estar destinadas à proteção ambientale que deveriam atender à função social. Ela classificou o projeto como “atestado defalência” da reforma agrária no Brasil, que vem sendo substituído, segundo ela, por umprojeto de regularização permissiva à grilagem de terras.

A advogada do ISA afirmou que a medida provisória faz parte de um processo dedesmonte do sistema de proteção ambiental no país, no qual também estão inseridasas propostas de flexibilização do licenciamento ambiental. Segundo ela, a execução demedidas de regularização fundiária nos moldes propostos pela MP trarão prejuízos acomunidades tradicionais, indígenas e quilombolas em áreas onde houver conflitos deinteresse com posseiros. O agravamento do desmatamento ainda foi um pontolevantado pela advogada, já que a MP, segundo ela, permite a regularização depropriedades sem o controle e fiscalização de áreas de conservação e de reserva legal.

Unidades de Conservação – A pesquisadora do Imazon Elis Araújo mostrou umpanorama do desmatamento na Amazônia Legal, que tem 22% do seu territóriocomposto por unidades de conservação. A pesquisadora mostrou o aumento nas taxasde desmatamento no período de 2012 a 2015, principalmente no Pará e em Rondônia.Para ela, o crescimento coincide com a revisão do Código Florestal. Elis ressaltou queesses estados estão situados em áreas mais vulneráveis, próximos à expansão dafronteira agropecuária e de infraestrutura, onde atualmente são construídas estradas ebarragens.

O procurador da República Leandro Mitidieri lembrou que a criação e manutenção dasunidades de conservação são essenciais para a preservação do equilíbrio ecológico.Para ele, a conservação das unidades deveria estar incluída na “conta” da cadeia deprodução dos empreendimentos. “O agronegócio divulga seu recorde de produtividade,mas não se divulgam as externalidades dos danos ambientais que permitiram essesalto”, criticou.

Agrotóxicos – A penúltima mesa do evento debateu o uso de agrotóxicos no Brasil.Segundo a procuradora da República no Rio Grande do Sul Ana Paula Carvalho deMedeiros, o Brasil é o país que mais consome agrotóxicos no mundo, apesar de existiruma lei avançada sobre o tema – Lei 7802/89. Ela destacou os prejuízos sociais eambientais da ausência de rigor na comercialização e registro dessas substâncias noBrasil. A procuradora falou ainda sobre o risco da aprovação do PL 6299/2002, deautoria do atual ministro da Agricultura, Blairo Magi. A proposta visa regular o uso de“defensivos fitossanitários”, terminologia que, segundo Medeiros, já mostra umaintenção de abrandar a nocividade evocada pela palavra “agrotóxico”.

Cléber Folgado, coordenador da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pelaVida, trouxe um dado alarmante. Segundo ele, a intoxicação por essas substânciasmata cinco vezes mais trabalhadores rurais que conflitos agrários registrados pelaComissão Pastoral da Terra. Ele alertou para a criação da CTNFito, instância previstano PL 6299/2002 que concentraria no Ministério da Agricultura as decisões acerca dapolítica de uso de agrotóxicos no Brasil. Atualmente, essa responsabilidade também écompartilhada pelo Ibama e pela Anvisa.

Água - Na última mesa do seminário, a procuradora regional da República SandraAkemi apresentou os resultados do Projeto Qualidade das Águas. Em dois anos detrabalhos, ela relatou, entre outras ações, o lançamento de duas edições do Boletinsdas Águas, a realização de quatro audiências públicas, reuniões técnicas e visitas aescolas. Foi apresentado o Conexão Águas, projeto que busca evoluir os trabalhosdesenvolvidos nessa primeira etapa. Akemi defendeu a aplicação de termos da Lei

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Anticorrupção nos casos de violação aos direitos ambientais – com a exigência desalvaguardas mais rigorosas.

#RetrocessoAmbientalNão: MPs que reduziamáreas protegidas na Amazônia são vetadas

O presidente Michel Temer vetou nesta segunda-feira, 19 de junho, as MedidasProvisórias 756 e 758, que reduziam a proteção de 600 mil hectares na Amazônia.Vetada integralmente, a MP 756 diminuía em quase 57% a área da Floresta Nacional(Flona) do Jamanxim, no Pará, recategorizando 480 mil hectares como unidades deconservação com menor grau de proteção. A medida também reduzia áreas daReserva Biológica Nascentes da Serra do Cachimbo, no Pará, e do Parque Nacional deSão Joaquim, em Santa Catarina. Já a MP 758 – que alterava os limites do ParqueNacional do Jamanxim e a Flona do Trairão, ambos no Pará – foi vetada parcialmente,com a retirada dos trechos que diminuíam a proteção ambiental das áreas.

As duas medidas provisórias foram questionadas pelo Ministério Público Federal, pormeio de nota técnica divulgada no dia 10 de maio deste ano e durante a mobilização#RetrocessoAmbientalNão. No texto da nota, elaborada pela 4ª Câmara deCoordenação e Revisão (Meio Ambiente e Patrimônio Cultural), o MPF alertou para ocrescimento de quase 60% do desmatamento no Brasil entre 2014 e 2016 (dados doInstituto Nacional de Pesquisas Espaciais/Inpe). As duas MPs, se sancionadas daforma como estavam, representariam estímulo ao desmatamento e às ocupaçõesilegais de terras na Amazônia, com grande prejuízo ao meio ambiente, alertava a notado Ministério Público.

“É um retrocesso a menos”, avalia o procurador da República Daniel Azeredo,secretário-executivo da 4CCR, ao comentar o veto às duas MPs. “O MPF continuaacompanhando a agenda legislativa, na tentativa de evitar outros retrocessos na áreaambiental, principalmente no que diz respeito ao licenciamento ambiental e àflexibilização dos agrotóxicos”, explica o coordenador da 4CCR, o subprocurador-geralda República Nivio de Freitas.

Retrocesso não – A mobilização que questionou as duas MPs teve início em maio.Durante quase um mês, notas técnicas, vídeos e postagens nas redes sociaisbuscaram debater os principais riscos e ameaças de retrocesso ambiental no Brasil emquatro eixos temáticos: licenciamento ambiental, agrotóxicos, unidades de conservaçãoe regularização fundiária (MP 759).

No dia 2 de junho, tuitaço sobre o tema colocou a hashtag #RetrocessoAmbientalNãoentre os assuntos mais comentados no Twitter no Brasil por mais de uma hora. Amobilização digital ganhou a adesão de outras unidades do Ministério Público,organizações não-governamentais, entidades parceiras e celebridades como asupermodelo Gisele Bündchen e o cantor Caetano Veloso. No dia 5 de junho, diamundial do meio ambiente, evento realizado na PGR reuniu membros do MPF eespecialistas para discutir estratégias de combate ao retrocesso ambiental.

Além das MPs que reduziam áreas protegidas na Amazônia, outras medidaslegislativas criticadas pelo Ministério Público Federal são o PL 3.729, que objetivainstituir a Lei Geral de Licenciamento Ambiental, e os projetos que pretendemflexibilizar a liberação dos agrotóxico.

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Prevenção de incêndios em bens culturais:divulgada a programação do encontro técnico

Já está disponível a programação do Encontro Técnico – Prevenção de Incêndios emBens Culturais Protegidos, promovido pela Câmara de Meio Ambiente e PatrimônioCultural (4CCR). O evento será realizado nos dias 29 e 30 de junho, no auditório doConselho Superior do MPF, na Procuradoria-Geral da República, em Brasília.

A abertura do encontro contará com a presença da presidente do Instituto doPatrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa, e do chefe doDepartamento de Segurança Contra Incêndio do Corpo de Bombeiros do DistritoFederal, Coronel Martins.

A primeira palestra será ministrada pelo engenheiro eletricista da Superintendência doIphan em Minas Gerais, Leonardo Barreto de Oliveira, que falará sobre o histórico,problemas e situação atual da temática. Ainda durante a manhã, a procuradora daRepública Zani Cajueiro expõe as ações institucionais na prevenção de incêndios. Aexperiência do Corpo de Bombeiros em Minas Gerais na atuação em conjuntosurbanos protegidos será o tema da palestra que encerra as atividades do primeirobloco da programação.

Durante o intervalo, os participantes poderão se inscrever para apresentar suasexperiências de atuação nos estados, exposição que será realizada no fim da tarde doprimeiro dia. Ainda no dia 29, no período da tarde, será apresentada a Proposta deNormativa de Prevenção e Combate a Incêndio e Pânico em Edificações Protegidaspelo professor da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais(UFMG) Paulo Gustavo von Krüger.

O segundo dia do evento traz palestra técnica sobre o comportamento da madeira emcondições de incêndio, a ser ministrada pelo coordenador do Centro de Pesquisa

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Avançada em Madeiras, Móveis e Materiais do Departamento e Engenharia deEstruturas da Escola de Arquitetura da UFMG. A consolidação das contribuições ànormativa e ao cronograma de ações do MPF para atuação na temática de incêndiosem bens culturais será a última atividade do evento antes da mesa de encerramento,prevista para ser realizada no final da manhã do dia 30.

Objetivos – O Encontro Técnico – Prevenção de Incêndios em Bens CulturaisProtegidos visa criar uma metodologia de prevenção de incêndios em imóveis dopatrimônio cultural brasileiro. Atualmente, não existe uma norma que discipline quaisprocedimentos devem ser utilizados na prevenção de incêndios em bens culturais.

Em reunião com membros da 4CCR, em abril deste ano, representantes Iphanapresentaram ao MPF o diagnóstico sobre a dificuldade no combate a focos deincêndio em edificações e acervos tombados. Entre os principais problemas estão apredominância de construções geminadas, com excesso de material inflamável, alémde incompatibilidade entre as normativas do Corpo de Bombeiros dos estados e asdiretrizes de preservação do patrimônio cultural.

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#RetrocessoAmbientalNão: PL do licenciamentoenfraquece atuação de órgãos ambientais e pode

trazer danos irreversíveis, diz MPF

O Ministério Público Federal (MPF) se posicionou contra a aprovação do substitutivo aoProjeto de Lei 3.729/2004, que institui a Lei Geral do Licenciamento e está em análisepara votação na Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara dos Deputados.A Câmara de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural (4CCR) do MPF elaborou notatécnica em que sugere uma análise mais profunda do PL, capitaneada pelo Ministériodo Meio Ambiente (MMA), além de amplo debate com a sociedade civil.

O documento, assinado pelo coordenador da 4CCR, subprocurador-geral da RepúblicaNivio de Freitas, realiza diagnóstico do PL por temas, que poderá trazer prejuízosirreversíveis à proteção e à gestão ambiental. Os erros técnicos e jurídicosapresentados na proposta “impõem o reconhecimento de que matérias de altaespecificidade devem ser tratadas por aqueles que detém um mínimo deconhecimento”, aponta o MPF no texto da nota técnica.

Entre um dos pontos mais controversos do PL, o MPF cita a concessão de licençasindependentemente da manifestação dos demais órgãos da administração pública que,em função de suas atribuições legais, possam ter interesses envolvidos, como oInstituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Fundação Nacional doÍndio (Funai), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio),entre outros, mesmo quando a manifestação for contrária, alertando sobre riscosdecorrentes do empreendimento. De acordo com a proposta em discussão, somente nomomento da renovação de licenças o parecer dos demais órgãos envolvidos seráanalisado, o que poderá ocorrer no prazo de cinco ou seis anos, sujeitando bensprotegidos a danos irreversíveis.

No caso de parecer do ICMBio não vinculante, o MPF afirma que a medida representao enfraquecimento da Política Nacional de Biodiversidade (PNB), colocando em riscotodos os esforços nacionais para a conservação da biodiversidade. “Em síntese, aproposta legislativa não confere nenhuma importância aos pareceres dos demais órgãosenvolvidos, que detém conhecimento sobre matérias específicas, e a manifestação dasautoridades envolvidas passa a ser peça decorativa do licenciamento ambiental”, alertao documento.

Disputa negativa – A excessiva autonomia concedida a entes da federação paraemissão de licença é outro tema que preocupa o Ministério Público. De acordo com o PL3.729/2004, os estados terão prerrogativa para definir critérios e parâmetros paraclassificar o empreendimento/atividade quanto ao rito do licenciamento, de acordo coma sua natureza, porte e potencial poluidor. O MPF avalia que, na prática, a altadiscricionariedade concedida aos entes federados poderá gerar competição para atrairempreendimentos, criando diferentes níveis de proteção ambiental e diminuindogradativamente a proteção ambiental no país de forma generalizada.

Como exemplo, a nota cita a Licença por Adesão e Compromisso (LAC), bem comooutras licenças específicas que, pelo artigo 4º do PL, poderão ser definidas por atonormativo da autoridade competente, em virtude da natureza, características epeculiaridades da atividade ou empreendimento. Além da excessiva flexibilização, oMPF ressalta a indefinição na simplificação dos critérios como um dos grandesproblemas. “É um verdadeiro 'cheque em branco'. Esse dispositivo também tem opotencial de aumentar judicializações de casos concretos país afora”, destaca odocumento.

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Dispensa de licenciamento - Outro ponto questionável identificado pelo MPF é adispensa de licenciamento para atividades de grande impacto ambiental como asatividades agrícolas e pecuárias temporárias, perenes e semiperenes em áreas de usoalternativo do solo. De acordo com o texto legislativo, apenas questões relacionadas aodesmatamento e à regularização nos termos do Código Florestal devem ser avaliadas.Entretanto, o MPF considera que outros resultados dessas atividades podem impactargravemente o meio ambiente, como o uso de agrotóxicos, ocasionando acontaminação de recursos hídricos. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer(Inca) e da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), o uso de agrotóxicos nopaís ultrapassa 1 milhao de toneladas por ano. Isso significa dizer que cada brasileiroconsome, em média, 5,2 kg de veneno agrícola todos os anos.

Além de atividades agropecuárias, o artigo 7º do PL 3.729/2004 também prevê adispensa de licenciamento para grandes obras de infraestrutura como a ampliação deobras rodoviárias, ferroviárias e melhorias em sistemas de transmissão e distribuiçãode energia já licenciados. É comum que pessoas impactadas por grandes obras sejamobrigadas a mudar de casa e até percam o sustento sem ter esses danoscompensados por quem lucra com o empreendimento. Para o MPF, a proposta deixaainda mais vulneráveis essas populações ao não prever parâmetros seguros paradefinir como serão mitigados os efeitos negativos que um empreendimento causa àpopulação local.

#RetrocessoAmbientalNão: MPF recomendamudanças no regimento da CTNBio para garantir

mais transparência

O Ministério Público Federal enviou, no dia 15 de maio, recomendação à ComissãoTécnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), instância colegiada vinculada aoMinistério da Ciência, Tecnologia e Inovação, para que sejam realizadas atualizaçõesno regimento interno do órgão. O pedido, assinado pelo coordenador da Câmara deMeio Ambiente do MPF, subprocurador-geral da República Nivio de Freitas, sugeremedidas para a melhoria da transparência e imparcialidade dos atos da comissão.

A CTNBio é formada por especialistas nas áreas de saúde, meio ambiente, defesa doconsumidor e biotecnologia, além de representantes de diversos ministérios. Acomissão é responsável por formular normas técnicas e pareceres sobre atividades eprojetos com organismos geneticamente modificados, além de regulamentar a PolíticaNacional de Biossegurança e prestar assessoria técnica ao governo federal sobre otema. O órgão é responsável, por exemplo, por autorizar a importação de transgênicospara pesquisa, definir o nível de biossegurança de espécies e emitir decisão técnicaacerca da comercialização dos organismos geneticamente modificados.

Transparência e impessoalidade – Entre os pedidos encaminhados ao presidente daCTNBio está a inclusão de normas mais específicas, com hipóteses expressas emcasos de impedimento e suspeição de integrantes da comissão de análise deprocessos. De acordo com a recomendação, a medida visa impedir a sobreposição deinteresses particular e público e, em caso de conflitos, o documento sugere a criaçãode requisitos objetivos e a inclusão de novas hipóteses para situações geradas durantee após o exercício do cargo.

O documento enviado pelo MPF alerta para a adequação do regimento da CTNBio àslegislações mais novas, as Leis 12.846/13 (anticorrupção) e 12.813/13 (que caracterizaconflito de interesses). A norma da casa conceitua o conflito de interesses como a“participação de membro da análise de processo na unidade operativa da instituiçãoproponente com a qual possua vínculo institucional, assim como a vinculação do

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membro à respectiva Comissão Interna de Biosegurança”. Já a legislação atualizada émais abrangente com relação ao tema, e define o conflito de interesses quando aatribuição no exercício do cargo proporcione informação privilegiada capaz de trazervantagem econômica para o agente público.

A fim de que seja realizada a distribuição imparcial dos processos submetidos à análiseda comissão, a recomendação pede que sejam incluídos no regimento, critérios deseleção equânimes, equilibrados e impessoais. O documento do MPF também salientaa necessidade de permitir livre acesso da sociedade às reuniões ocorridas no órgão,salvo nos casos em que são discutidas informações sigilosas, decretadas previamentecom decisão fundamentada. Apesar do regimento da CTNBio prestigiar o direito àinformação, não há na legislação que rege a comissão previsão expressa do livreacesso presencial dos cidadãos às reuniões da comissão.

O presidente da CTNBio tem 30 dias para informar se acatará a recomendação. Aomissão na adoção das medidas recomendadas pode implicar a adoção de medidasadministrativas e judiciais.

GT Mineração lança segunda versão do Roteirode Atuação para Segurança das Barragens

Já está disponível a segunda versão do Roteiro de Atuação para Segurança deBarragens de Mineração na página da intranet daCâmara de Meio Ambiente ePatrimônio Cultural (4ª Câmara de Coordenação e Revisão 4CCR/MPF). A revisão dasorientações aos membros, bem como a atualização dos modelos de peçasprocessuais, foi realizada para atender à nova regulamentação trazida pela PortariaDNPM 70.389/2017, que substituiu integralmente as Portarias DNPM 416/2012 e526/2013.

A lista das hipóteses de atuação foi simplificada com a retirada das hipóteses denúmero 8 e 9 do roteiro anterior, porque restaram superadas com a novaregulamentação. Agora são listadas sete situações que podem resultar em atuação doMPF por meio de recomendações, propositura de ação civil pública ou notificação aoempreendedor.

Também foi incluído um modelo de promoção de arquivamento do inquérito civil,quando não são verificadas hipóteses de atuação do MPF. São casos em que o DNPMestá executando a contento o seu poder-dever de polícia administrativa emobservância das prescrições da Lei nº 12.334/2010 e da Portaria DNPM nº70.389/2017.

A revisão do roteiro de atuação busca uma atuação mais eficaz e coordenada natemática da segurança de barragens de mineração. Acesse a página e confira a novaversão do roteiro. Todas as peças estão disponíveis na página para download.

Ação nacional – Patrocinada pela Câmara de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural doMPF, a Ação Coordenada Segurança de Barragens contou com a adesão de 100% dosmembros com atribuição para atuar na temática. Com isso, o MPF acompanhaatualmente as condições de segurança de 396 barragens de mineração em 16 estadosbrasileiros.

Os empreendimentos foco da investigação estão listados no Cadastro Nacional deBarragens de Mineração (CNBM). Para instruir a apuração, 52 procuradores daRepública instauraram inquérito civil e requisitaram informações ao DepartamentoNacional de Produção Mineral e ao empreendedor. Os ofícios encaminhadosrequisitavam informações sobre planos de segurança, ações de emergência,inspeções, vistorias realizadas pelo DNPM e declaração de estabilidade da barragem.

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A partir das informações recebidas, o procurador da República poderia expedirrecomendação, notificar o empreendedor e até ajuizar ação civil pública. O roteiroelaborado pelo GT Mineração, agora atualizado, prevê sete tipos de situações quepodem ocorrer e sugere estratégias de atuação.

O coordenador da 4CCR, subprocurador-geral da República Nivio de Freitas, destacaque a atualização do roteiro segue a proposta inicial da publicação, que é ser um guiaprático e dinâmico capaz de orientar e auxiliar a atuação dos membros nas pontas. “Aideia é que o roteiro continue sendo aperfeiçoado ao longo do tempo, com a inclusãode novas hipóteses e situações. Cada barragem tem especificidades próprias e acolaboração dos colegas é fundamental para garantir a utilidade do roteiro”, afirmaFreitas.

Sugestões podem ser enviadas para o e-mail [email protected].

4CCR aprova enunciado sobre fraudes emsistema de controle de produtos de origem

florestal

O colegiado da 4ª Câmara de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural (4CCR) editou oEnunciado n. 57, que trata de atribuição do Ministério Público Federal para apurarinserção de dados falsos no sistema de controle de produtos florestais via DOF(Documento de Origem Florestal), do Ibama.

A aprovação do enunciado foi realizada na sessão ordinária de coordenação e revisãode 21 de junho. Ainda no ano passado, a Câmara realizou consulta a todos membrosque atuam no ofício de meio ambiente, que opinaram pela competência federal para aapuração da fraude.

O enunciado destaca que o DOF é um documento público federal cujo sistema émantido, administrado e de responsabilidade do Ibama – autarquia responsável pelafiscalização da origem, fluxo e transporte de produtos florestais. Trata-se de umalicença obrigatória para o transporte e armazenamento de produtos florestais de origemnativa, inclusive o carvão vegetal nativo.

O documento contém as informações sobre a procedência desses produtos, nostermos do art. 36 da Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012 (Lei de Proteção daVegetação Nativa). A emissão do documento de transporte e demais operações sãorealizadas eletronicamente por meio do sistema DOF, disponível via internet peloIbama.

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#RetrocessoAmbientalNão: MPF participa deaudiência pública que debate Lei Geral de

Licenciamento Ambiental

(Foto: Lúcio Bernardo Junior/ Câmara dos Deputados)

O Ministério Público Federal (MPF) participou de audiência pública, na Câmara dosDeputados, para debater o Projeto de Lei (PL) 3729/04, que discute o estabelecimentoda Lei Geral do Licenciamento Ambiental. O debate foi realizado no dia 10 de maio.Durante o encontro, o MPF expôs sua preocupação com relação às alterações sofridaspelo projeto na Comissão de Tributação e Finanças. Para o órgão, o substitutivodesvirtua a proposta que vinha sendo construída com a participação do Ibama,Ministério do Meio Ambiente e organizações ambientais.

O procurador da República Felipe Bogado levou as contribuições do Grupo de TrabalhoGrandes Empreendimentos – composto por representantes das áreas ambiental, depopulações indígenas e comunidades tradicionais e de direitos do cidadão do MPF.Bogado comunicou o lançamento de nova nota técnica, pela Câmara de Meio Ambientee Patrimônio Cultural do Ministério Público Federal (4CCR/MPF), documento que trazcontribuições à proposta de lei de licenciamento.“É mais uma nota técnica produzidadentre tantas outras, justamente em razão da diversidade de textos apresentados”,ressaltou o procurador, que destacou ter recebido o texto substitutivo com surpresa.

Ele relata que um projeto de Lei Geral de Licenciamento vinha sendo discutido com aparticipação de diversos atores, organizações ambientais, Ministério Público Federal,confederações de setores produtivos, Ibama e Ministério do Meio Ambiente. “Asinstituições vinham contribuindo com críticas e sugestões de textos e, de repente, agente recebe esse novo texto da Comissão de Finanças e Tributação desfigurando oque vinha sendo trabalhado”, denunciou. Segundo Bogado, o tema vem sendodiscutido desde 2004, e o encontro de hoje na Câmara foi a primeira audiência públicasobre o assunto.

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Fragilidades – Para Bogado, o objetivo da criação de uma Lei Geral de LicenciamentoAmbiental é trazer segurança jurídica com proteção para o meio ambiente, mastambém para empreendedores. No entanto, segundo ele, a proposta em debate revela-se um verdadeiro projeto de lei geral de “deslicenciamento”. O procurador alertou queas flagrantes inconstitucionalidades do texto apresentado certamente levarão aoajuizamento de ações questionando as concessões de licenciamentos, ou ausênciasdeles, as chamadas isenções.

O texto legislativo, segundo ele, abre brechas para diversos parâmetros delicenciamento na medida em que retira critérios únicos que deveriam ser observadospelos estados. O perigo de uma disputa estadual por empreendimentos à semelhançada guerra fiscal foi destacado na audiência. “O estado que oferecer critérios delicenciamento menos rigorosos vai levar o empreendimento”, criticou o procurador.

O representante do MPF também questionou a ausência de participação, com poderdecisório, de instituições como a Funai, Iphan e ICMBio. O projeto proposto prevê aparticipação desses órgãos apenas de forma consultiva. Bogado expôs a preocupaçãode concessão de licenças que afetem populações indígenas, patrimônio histórico eunidades de conservação sem a devida participação das entidades especializadasnessas temáticas.

Críticas – A presidente do Ibama, Suely Vaz, também apontou fragilidades no PL3.729/04. Ela citou o pouco rigor na renovação das licenças, a diminuição daresponsabilidade do agente causador do dano ambiental, além do enfraquecimento doórgão gestor das Unidades de Conservação, o ICMBio.

O presidente da Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de MeioAmbiente (Abrampa), Luiz Fernando Barreto, reforçou o entendimento apresentadopelo MPF acerca da insegurança jurídica gerada com a aprovação da proposta. Eleexplicou que os membros do Ministério Público nos estados não podem apresentaração direta de inconstitucionalidade contra a lei federal, caso ela venha a ser aprovada.Assim, os licenciamentos futuramente concedidos à luz da nova proposta gerarãoarguição incidental de inconstitucionalidade caso a caso, o que revela um quadro aindamaior de judicialização e insegurança jurídica, alertou.

Enquanto a audiência pública na Comissão de Meio Ambiente e DesenvolvimentoSustentável discutia o tema, o PL estava marcado para ser votado na Comissão deFinanças e Tributação. Mas a votação foi suspensa por falta de quórum.

MPF sugere ao DNPM melhorias na fiscalizaçãode barragens de mineração

A Câmara de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural do Ministério Público Federal(4CCR/MPF) elaborou nota técnica com sugestões para a melhoria das condições desegurança das barragens no Brasil. As propostas foram consolidadas pelo Grupo deTrabalho Mineração do MPF e entregues ao Departamento Nacional de ProduçãoMineral (DNPM) durante reunião em 26 de abril. As medidas referem-se a mudançasnas Portarias 416/2012 e 526/2013, que regulamentam a Lei 12.334/2010 (PolíticaNacional de Segurança da Barragens) e ao Manual de Segurança e Inspeção deBarragens do Ministério da Integração.

A nota é resultado da análise da minuta de alteração das normas, apresentada peloDNMP ao Ministério Público Federal. As alterações preveem um conjunto deinstrumentos e ações desempenhadas nas atividades de inspeção realizadas tanto poroperadores de barragens como por fiscais do DNPM. Na avaliação do procurador daRepública Eduardo Henrique Aguiar, coordenador do GT Mineração, as propostasabordam temas vitais para a segurança de barragens de rejeitos e os principais riscos

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associados a elas. “O assunto tem potencial significativo para atingir a coletividade”,ressalta o documento.

A nota técnica foi entregue em mãos pelo coordenador da Câmara, subprocurador-geralda República Nivio de Freitas, a representantes do Ministério de Minas e Energia e doDNPM. Também participaram da reunião o subprocurador-geral da República Mario Gisie a procuradora regional Fátima Borghi, membros do órgão colegiado do MPF.

Transparência e responsabilidade – Uma das medidas sugeridas pelo MPF é apossibilidade de acesso ao público, por meio da internet, ao Sistema Integrado deSegurança de Barragens do DNPM. De acordo com a proposta, o módulo para consultaon-line deve mostrar as barragens existentes em cada região e os principais dadosrelacionados a cada uma delas (classificação de risco DPA, a declaração deestabilidade, última versão do Plano de Segurança, Plano de Ação de Emergência,entre outros) atualizados mensalmente.

O MPF ressalta a necessidade de que as vistorias realizadas pelos fiscais sejam feitasmediante inspeção visual e com análise da instrumentação instalada nas estruturas.Para isso, segundo a nota técnica, é necessário que a sede do DNPM proporcione àssuperintendências da autarquia a contratação de técnicos ou empresas legalmentehabilitadas.

O GT aponta também a necessidade de inclusão de atribuição de responsabilidades aosprojetistas e responsáveis técnicos pela construção de barragens. A obrigação denotificar prontamente aos órgãos de fiscalização mineral e ambiental qualquerdeficiência, irregularidades ou anormalidades é uma das ressalvas contidas nodocumento enviado pelo MPF. “Essa é uma providência que pode antecipar àsautoridades públicas (…) informações que permitam a prevenção e o resguardo dasegurança, possibilitando a tomada de medidas em tempo hábil para evitar acidentes”,assinala a nota.

Portaria 416/2012 – Foram sugeridas oito alterações na Portaria 416/2012, quecompreende a criação do Cadastro Nacional de Barragens de Mineração e dispõe sobreo Plano de Segurança, Revisão Periódica de Segurança e Inspeções Regulares eEspeciais das Barragens de Mineração. Dentre as medidas, o documento sugere maisclareza com relação ao artigo que prevê “Inspeções de Segurança Especiais” quandodetectadas anomalias com pontuação 10 no quadro do estado de conservação referenteà categoria de risco. Recomenda-se ainda, com relação à classificação categoria derisco, a inserção de coluna em matriz para informações sobre o “Estado deConservação”.

O GT pede a explicitação de prazos relativos às obrigações do empreendedor quantoao cadastramento de barragens de mineração em construção, em operação oudesativadas e ao encaminhamento da Declaração de Condição de Estabilidade daBarragem. A fixação de prazo para atualização do mapa de inundação no caso dealteamento de barragens de mineração também é uma sugestão destacada para evitardemoras exageradas ou desnecessárias. Ainda com relação aos mapas de inundações,a nota sugere maior abrangência da ferramenta, de modo que o mapa e o estudo deinundação considerem uma análise conjunta da estrutura avaliada prevendo, dentreoutros efeitos, alagamentos oriundos de possíveis rompimentos em série.

A nota técnica pede também o acréscimo de parágrafo à Portaria 416/2012, com aprevisão de realização de Inspeções de Segurança Especiais sempre que houverabalos sísmicos, operações hidráulicas excepcionais do reservatório ou quaisquereventos que possam significar impactos nas condições de estabilidade das barragens.

Portaria 526/2013 – As propostas de alteração na Portaria 526/2013 dizem respeito àperiodicidade de revisões, qualificação do responsável técnico e conteúdo dos planosde ação de emergência e de contingência. A nota sugere que seja reescrito, de formaclara, um do incisos da portaria que trata do procedimento para elaboração de relatóriode fechamento de evento de emergência. Esse relatório é realizado peloempreendedor, com a ciência do responsável legal pela barragem, das prefeituras e

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das defesas civis nacional, dos estados e dos municípios afetados. Por fim, a notatécnica do MPF pede mais clareza com relação aos procedimentos de comunicação àsautoridades da defesa civil quando declaradas situações de risco por parte docoordenador do plano de emergência.

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MPF promove discussão sobre direito àinformação da qualidade da água para consumo

humano

A procuradora regional da República, Sandra Kishi, gerente do projeto Qualidade daÁgua do Ministério Público Federal (MPF), cobrou do Ministério da Saúdetransparência ativa para tornar públicas e acessíveis as informações sobre a qualidadeda água consumida pela população.

Em reunião pública para tratar da revisão da Portaria 2.914/2011, que estabelece osprocedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humanoe seu padrão de potabilidade, Sandra Kishi apontou a necessidade de maior controlesocial sobre o monitoramento de qualidade da água a partir de informações do Sistemade Informação de Vigilância da Qualidade da Água (Sisagua).

A reunião foi realizada no auditório da Procuradoria Regional da República da 3ªRegião (PRR3) no dia 3 de maio.

“O acesso aos dados (referentes à qualidade da água e saneamento) é difícil e asinformações são de baixa qualidade”, apontou o coordenador de Saneamento daSecretaria de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, Américo de OliveiraSampaio. A consequência, segundo ele, são políticas públicas pouco efetivas, poisessas são formuladas a partir dos dados disponíveis.

Em resposta às demandas dos participantes da reunião, técnicos do Ministério daSaúde comprometeram-se a melhorar o acesso aos dados do Sisagua, que tem comoobjetivo auxiliar o gerenciamento de riscos à saúde associados à qualidade da água.

Analista técnico de políticas sociais do Ministério da Saúde, Aristeu de Oliveira Júnioraguarda o lançamento em breve de um painel público do Sisagua, suspenso pelocancelamento do contrato com prestador de serviço de informática. O desafio, disse, étransformar o banco de dados com inúmeros indicadores em informaçõescompreensíveis a qualquer cidadão.

Cláudio Muniz Machado Cavalcanti, coordenador-geral de Gestão de Informação eGestão Estratégica do Ministério da Saúde, reconheceu um erro de avaliação emrelação ao dimensionamento da demanda por esses dados e se prontificou a alocar oSisagua no portal Dados Abertos do Ministério da Saúde (dados.gov.br) e na Sala deApoio à Gestão Estratégica (sage.saude.gov.br).

Sandra Kishi ressaltou a necessidade de facilitar o acesso aos dados de qualidade daágua traduzidos em relatórios, pois ainda requerem login e estão sujeitos a processosno Ministério da Saúde para avaliar quais dados podem ser acessados.

Dados divergentes - Do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente(Gaema), do Ministério Público do Estado de São Paulo, o técnico Michel Metranapontou divergências de dados que dificultam o monitoramento. No mesmo dia em quea Agência Nacional de Águas apontava o índice do reservatório da Cantareira em 65%,a Sabesp indicava nível de água em 94%, utilizando critérios judicialmentecontestados.

Plano de Segurança da Água – Em relação à água potável, o foco tem sido asestações de tratamento, porém essas por si só não asseguram a qualidade da água,afirmou o professor Pedro Caetano Sanches Mancuso, da Faculdade de Saúde Públicada Universidade de São Paulo. A identificação de riscos deve começar da origem, ouseja, nos mananciais, afirmou.

Mancuso defendeu a execução de um Plano de Segurança da Água (PSA), “que seriaum avanço muito grande a relação à potabilidade”, resultando em um gerenciamentoda qualidade da água focado na prevenção de risco.

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Para a promotora de justiça Alexandra Facciolli Martins o PSA não é facultativo, masobrigatório para a melhoria da gestão de risco. Diante da deterioração dos mananciais,ela defendeu a necessidade de verificação da eficiência dos tratamentos de água, deforma a garantir a saúde pública. Sustentou, ainda, a necessidade de maiorindependência dos órgãos que realizam a fiscalização da qualidade da água, bemcomo de melhor definição de suas responsabilidades. Ao cobrar o amplo acesso e atransparência das informações hídricas, ambientais e de saúde, ela concluiu que “aindahá muito a avançar em termos de governança da água”.

Adriana Rodrigues Cabral, da Secretaria de Vigilância em Saúde, reconheceu anecessidade de melhorar a gestão de risco e a necessidade de novos parâmetros depotabilidade da água. Existem dois grupos de trabalho, do qual a procuradora daRepública Sandra Kishi faz parte, elaborando a minuta de mudanças da Portaria2.914, com aporte de pesquisas científicas em relação à presença de substânciaspatogênicas que permanecem na água que chega às torneiras das residências, comoagrotóxicos, hormônios e metais.

Para a pesquisadora Elaine Frade Costa, chefe do Departamento de Endocrinologia doHospital das Clínicas, a origem dos riscos está na falta de proteção adequada dosmananciais.

“É preciso pensar na criação de barreiras múltiplas, ou seja, num conjunto de açõespara garantir a proteção dos mananciais”, reforçou o professor José Carlos Mierzwa, daPolitécnica da Universidade de São Paulo. “É a forma mais barata e segura de garantira qualidade da água”.

Em relação aos milhares de microorganismos registrados como fatores de risco, ElaineCosta e Mierzwa ressaltaram que os parâmetros de potabilidade não podem serconsiderados isoladamente. Em razão de “precisar contemplar grupo de contaminantese seus efeitos”, reforçou a pesquisadora, “ressalto que não se trata apenas umelemento, mas de compostos químicos, como os chamados 'perturbadores endócrinos',que interferem no funcionamento do sistema endócrino.”

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MPF/MA cobra cumprimento de decisão paragarantir segurança e restauração das fontes das

Pedras e do Ribeirão

A partir de ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal no Maranhão(MPF/MA), a Justiça Federal determinou, liminarmente, que a Prefeitura de São Luísadote providências diante do estado de abandono das fontes das Pedras e do Ribeirão.Os dois monumentos históricos, em área de tombamento federal, continuam sujeitos aatos de vandalismo, sujeira e depredação, além da ocupação irregular.

Na primeira decisão, ainda em 2014, foi estabelecido o prazo de 30 dias para que aprefeitura inciasse o controle do uso das Fontes, por meio da implementação devigilância, para evitar ocupação irregular, e fizesse a relocação das pessoas que já seencontram no local, resguardando a sua integridade física e psicológica.

Na época, o grande problema verificado foi o abandono da fonte. Sem vigilância, o localera depredado e virou área para habitação dos moradores de ruas, além da presençade usuários de drogas. Foram realizadas reuniões com a Prefeitura de São Luís, quenão cumpriu o acordado.

Determinação - Na decisão judicial, também foi determinado o serviço de limpeza dosespaços de forma continuada e, no prazo de seis meses, a realização de obrasurgentes de conservação e reparo das fontes, conforme projeto e cronograma a seremapresentados ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), sob penade multa diária, em caso de descumprimento, fixada em R$ 5 mil.

Após o descumprimento da decisão, em outubro do ano passado, quando a multa jáatingia o valor de R$ 3.175.000,00 a Prefeitura foi novamente intimada a comprovar,em três meses, a adoção das providências, que caso não sejam executadas,acarretarão em multa de caráter pessoal para o prefeito de São Luís, no valor de R$ 1mil.

Em manifestação sobre a decisão, o município alegou que a Fundação Municipal dePatrimônio Histórico (FUMPH) não dispõe de recursos financeiros e diz ter realizadointervenções em 2012, ano anterior à propositura da ação, o que confirma odescumprimento da decisão.

Dois meses após a intimação, foi constatado que de fato houve a apresentação deprojeto relativo a intervenção, mas a prefeitura aguardaria a abertura do sistemafinanceiro de 2017. Quanto à execução dos serviços, ainda não há vigilância e limpezanos locais.

Ainda não há notícias sobre o início das obras e a prefeitura continua sujeita à multaimposta.

MPF investiga abandono do prédio do InstitutoEstadual de Educação do Pará, em Belém

O Ministério Público Federal (MPF) iniciou um inquérito civil público para apurar asituação do edifício onde funcionou o Instituto Estadual de Educação do Pará (IEEP).De acordo com denúncia da Associação dos Amigos do Patrimônio de Belém, o prédio,que deixou de funcionar como escola em 1996, está abandonado, sem manutenção ecom o telhado comprometido. Com as fortes chuvas do inverno amazônico, de acordocom a associação, a estrutura está em risco.

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A edificação é uma obra do arquiteto italiano Felinto Santoro, em estilo eclético, e foiinaugurada em 1904 para sediar o jornal A Província do Pará. Em 1926 foi compradapelo governo do estado para abrigar a Escola Normal, que formou várias gerações deprofessoras em Belém. Ao longo do século XX, o prédio do IEEP tornou-se um símboloda educação paraense. Ele deixou de funcionar como escola em 1996, com a extinçãodos cursos de magistério do nível médio.

O prédio continua sendo administrado pela Secretaria de Estado de Educação do Pará(Seduc), mas está subutilizado e tomado por goteiras. Há vegetação aérea que podecomprometer também a estrutura, forro, piso e instalações elétricas. No local aindaexiste a antiga biblioteca do IEEP e os arquivos da antiga Escola Normal.

O procurador regional da República José Augusto Torres Potiguar enviou ofício aoInstituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) solicitando informaçõessobre o tombamento do prédio e requisitando agendamento de vistoria no local.

#RetrocessoAmbientalNão: Justiça determinapreservação dos “Beachrocks” em Maricá

(RJ)

Em ação civil pública do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério Público doEstado do Rio de Janeiro (MPRJ), a 3ª Vara Federal de Niterói (RJ) determinou que aUnião, o Estado do Rio de Janeiro e o Município de Maricá se abstenham de praticarqualquer ato ou omissão que suprima, destrua, mutile ou descaracterize, total ouparcialmente, direta ou indiretamente, o patrimônio cultural e arqueológico referenteaos Beachrocks de Jaconé, localizados entre os municípios de Maricá e Saquarema.

Além disso, a Justiça concluiu que a instalação do Terminal Portuário de GranéisLíquido e Estaleiro Ponta Negra (TPN), que se encontra em processo de licenciamentojunto ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea), pode levar a extinção dos Beachrocksda praia de Jaconé, causando impactos e danos ambientais irreversíveis no local, alémde gerar prejuízos culturais, históricos e arqueológicos na região. A decisão tambémpontua que os interesses privados a serem suprimidos estão longe de terem o mesmovalor do interesse público que se consolida na proteção do patrimônio públicodestinado ao uso indiscriminado por qualquer cidadão. "O caso da construção doTerminal Portuário na região, aprovado de forma irregular, constituí um verdadeiroestímulo à prática de novas irregularidades em detrimento dos bens materiais em umespaço que merece a tutela e a proteção do Poder Público", argumenta o juiz FederalLeopoldo Muylaert.

Tombamento - Na ação, além do pedido de preservação e conservação dosBeachrocks de Jaconé, o MPF requisitou o tombamento do local em virtude de seusvalores históricos, pré-históricos, paisagísticos, arqueológicos, ecológicos, naturais eculturais. O pedido foi acolhido pela liminar da Justiça.

O procurador da República Wanderley Sanan Dantas, autor da ação, solicitou que osréus deem destinação útil ao bem a ser tombado que seja compatível com suarelevância cultural e também que seja realizada de forma adequada a regulamentaçãodo uso e ocupação do solo urbano no entorno do local.

Segundo a decisão liminar, "se assegura o valor cultural, científico, histórico earqueológico dos Beachrocks de Jaconé, sendo passível de tombamento,caracterizando patrimônio de relevância internacional".

O que são os Beachrocks – Conhecidos como “rochas de praia”, “arenitos de praia”ou ainda “arrecifes” no Nordeste do Brasil, os Beachrocks são um tipo específico deformação rochosa que afloram a beira-mar com o refluxo das marés e que ficam mais

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nítidos durante o período de maré baixa. Essas raras formações são testemunhosrochosos remanescentes de praias do passado, registrando a variação das marés como passar dos séculos que guarda a memória pré-histórica da ocupação humana naregião.

Iphan desiste de ação e reforça posição do MPFcontra tombamento de Hotel Reis Magos, em

Natal

Análise técnica feita pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)reforçou parecer do Ministério Público Federal (MPF) de que o prédio do HotelInternacional Reis Magos, localizado na orla de Natal (RN), não possui valor histórico,artístico ou arquitetônico. A autarquia desistiu da ação judicial que movia contra aprefeitura e os proprietários do edifício, na qual tentava impedir sua demolição, earquivou o processo de tombamento do local.

Após instruir esse processo com dados e estudos, a Superintendência do Iphan no RioGrande do Norte o enviou em fevereiro deste ano ao Departamento de PatrimônioMaterial e Fiscalização (Depam), em Brasília, onde foi feita a análise técnica queopinou pelo não tombamento do imóvel. Para o Depam, um dos critérios necessários -e não existentes no processo - seria a demonstração das particularidades que fariamdo Hotel Reis Magos aquele, dentre os imóveis com arquitetura moderna existentes noestado, o que mereceria tombamento pelo patrimônio nacional.

“Nem tudo que tem valor cultural tem necessariamente que ser tombado”, destaca oparecer do Depam, que questiona: “Seria o Hotel Reis Magos apropriado pelasociedade como um patrimônio representativo de sua memória identidade, e não só porórgãos especializados preocupados em alçá-lo a ícone da arquitetura moderna noBrasil?”, acrescentando se não haveria “motivações mais consistentes para a aplicaçãodo tombamento que não a iminência de perda de um imóvel?”

A análise do Iphan destaca que seriam necessárias, ainda, a comprovação dearticulações prévias com os proprietários, prefeitura e governo do estado, quanto àsatribuições de cada um para a recuperação e preservação do imóvel, após otombamento, tendo em vista as precárias condições do edifício, que parou de funcionarem 1995 e hoje se encontra praticamente em ruínas.

MPF – Em seu parecer, de autoria do procurador da República Kleber Martins, oMinistério Público Federal se posicionou a favor da demolição, apontando que apermanência da atual estrutura tem sido utilizada como dormitório de desabrigados eusuários de drogas, acumulando lixo e contribuindo com a proliferação de ratos einsetos. “Não há nem nunca houve qualquer interesse coletivo em tornar perene umaestrutura que não tem, para Natal e para o Rio Grande do Norte, apelo histórico,turístico, paisagístico, arquitetônico ou de outra ordem”.

O procurador acrescentou que “preservar a inútil e sem serventia estrutura do HotelReis Magos não acrescentaria em nada – como nunca acrescentou – ao patrimôniocultural, histórico e arquitetônico de Natal, senão perenizaria um cartão postal decrépitoe representativo da decadência da atividade turística nas Praias dos Artistas, do Meio edo Forte, que tanto depõe contra a cidade”.

A demolição do prédio, entende o MPF, pode abrir espaço para algum empreendimentoque ajude na atração de turistas à orla da Praia do Meio, com a consequente geraçãode empregos e receitas para a cidade. Kleber Martins acrescenta que a medidaestimularia outros empresários a instalar estabelecimentos na região, hoje desprezadapela iniciativa privada.

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O grupo proprietário do imóvel (Hoteis Pernambuco SA) já havia anunciado suaderrubada para dar lugar a um novo empreendimento, o que tinha levado o Iphan abuscar a Justiça. De acordo com as últimas informações veiculadas na imprensa, osproprietários vêm discutindo junto à Prefeitura de Natal o modelo de empreendimento aser implementado no local do antigo hotel.

Liminar – A ação cível da qual o Iphan resolveu desistir tramita na Justiça Federal sobo número 0804514-79.2015.4.05.8400 e foi precedida pela Ação Cautelar 0800490-42.2014.4.05.8400, na qual o instituto obteve uma liminar proibindo o Município deNatal de conceder a licença de demolição do prédio. Em fevereiro de 2016, ao julgar osrecursos referentes à liminar, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5)estipulou um prazo de um ano para que o tombamento fosse concluído, após o qual aliminar perderia seus efeitos.

Em janeiro deste ano, vencendo o prazo dado pelo TRF5, a juíza federal MonikyFonseca decidiu cassar a liminar, autorizando a demolição do imóvel. A medida foitomada diante da falta de informações sobre o tombamento e pela magistradaconsiderar indevido que os réus fossem obrigados a aguardar “ad infinitum” pelaconclusão do processo.

MPF pede restauração imediata do prédiohistórico no centro de São Paulo

O Ministério Público Federal em São Paulo (MPF/SP) ajuizou uma ação civil públicapara a imediata reforma do prédio que abrigou o antigo Hotel Queluz, no bairro da Luz,centro da capital paulista. O edifício centenário é tombado pelo Instituto do PatrimônioHistórico e Artístico Nacional (Iphan), mas está em condições precárias de conservaçãoe sob risco de incêndio. Os proprietários já haviam firmado um acordo com o MPF em2012 para realizar os reparos, mas descumpriram os prazos estabelecidos e nuncaderam início à obra.

O imóvel de 1903, situado na esquina das ruas Mauá e Cásper Líbero e projetado porRamos de Azevedo, é representativo da arquitetura paulistana entre o fim do Império ea Primeira República. Oito pessoas e uma empresa detêm a propriedade do prédio detrês pavimentos. Hoje, um hotel ainda funciona nos dois andares superiores. O térreo éocupado por estabelecimentos comerciais.

Dois laudos do Iphan, de 2008 e 2011, já apontavam o estado de degradação doedifício. Além da desfiguração de elementos originais do local, os técnicos identificaraminfiltrações, improvisos no sistema elétrico, falta de equipamentos para combate aincêndios e a deterioração da fachada. Apesar disso, os proprietários se negaram aincluir o prédio no Programa Monumenta, que visava patrocinar a reforma de imóveishistóricos com verbas do Ministério da Cultura.

Os donos do antigo Hotel Queluz alegaram preferir realizar a reforma com recursospróprios. Em 2012, eles chegaram a firmar um Termo de Ajustamento de Conduta(TAC) com o MPF para executar a obra. No documento, os proprietários assumiram ocompromisso de apresentar, até fevereiro do ano seguinte, um projeto de restauraçãodo edifício ao Iphan, ao Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico,Artístico e Turístico (Condephaat, vinculado ao governo do Estado) e ao ConselhoMunicipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental (Conpresp).

Porém, os signatários desrespeitaram o prazo estabelecido. Segundo eles, a reformasó seria viável após a conclusão do tombamento do imóvel no Conpresp. O órgãomunicipal, por sua vez, informou ao MPF que o processo estava pendente devido àfalta de diversos documentos ainda não apresentados pelos proprietários. Em março do

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ano passado, o pedido de tombamento acabou indeferido, fato que os donos do prédiousaram para reiterar a justificativa da demora na reforma.

Ministério Público - “Resta evidente que os proprietários se recusam a restaurar oimóvel tombado [pelo Iphan] e tentam postergar a investigação indefinidamente, motivopelo qual o MPF entende que o ajuizamento da presente ação civil pública é a únicaforma de compeli-los a cumprir com seu dever legal de conservação e restauração”,disse o procurador da República Matheus Baraldi Magnani. Após o descumprimento doTAC, os donos do Hotel Queluz foram multados em R$ 3,27 milhões. O valor, previstono acordo em caso de descumprimento, ainda não foi pago.

Na ação, Baraldi requer que a Justiça determine liminarmente a reforma do edifício,sobretudo nas redes elétrica e hidráulica e na fachada. A pedido do procurador, a 10ªVara Federal Cível de São Paulo já ordenou ao Iphan uma nova inspeção no prédiopara verificar se há outros problemas estruturais ainda não identificados e que devamser resolvidos durante a obra.

O número da ação é 5003240-27.2017.4.03.6100. A tramitação pode ser consultada emhttps://pje2g.trf3.jus.br/pje/ConsultaPublica/listView.seam.

MPF/SP entra com ação para que INSS restaureimóveis tombados na Vila Maria Zélia

O Ministério Público Federal em São Paulo ajuizou ação civil pública para que oInstituto Nacional do Seguro Social (INSS) realize obras de restauração em seisimóveis de sua propriedade, na Vila Maria Zélia, localizada na zona leste da capitalpaulista. As edificações estão em completo estado de abandono, com risco dedesabamento de partes das fachadas, paredes e coberturas, colocando em perigomoradores e visitantes que circulam pela área.

A ação pede que a autarquia previdenciária apresente um projeto completo derestauração em 120 dias e realize as obras necessárias no prazo de dois anos. Opedido também inclui a interdição de três imóveis em situação crítica e a retirada deitens que podem se desprender, como telhas e revestimentos, em até 90 dias.

A antiga vila operária, localizada no bairro do Belenzinho, conta com cerca de 280construções, além de uma igreja e uma praça, erguidas no início do século XX paramoradia dos operários que trabalhavam numa fábrica de tecidos. Por seu valorurbanístico, histórico e afetivo, o conjunto arquitetônico foi tombado em 1992 peloConselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental daCidade de São Paulo (Conpresp) e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico,Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat).

Omissão - Em 2015, após vistorias realizadas pelos dois órgãos de patrimônioconstatarem o péssimo estado de conservação dos imóveis, o MPF recomendou aoINSS a realização de obras emergenciais. A autarquia, contudo, sempre alegouescassez orçamentária para justificar a falta de providências. Em cumprimento àrecomendação, o instituto comprometeu-se apenas a contratar empresas para arealização de serviços de limpeza, poda das árvores e colocação de tapumes paraevitar invasões. As medidas, porém, não avançaram, apesar de constantes cobrançasdo MPF.

Em 2016, em vez de esclarecer sobre a execução dos trabalhos emergenciais, o INSScomunicou que os imóveis estavam sendo negociados com o Instituto de Previdênciado Município de São Paulo (IPREM). Em fevereiro de 2017, porém, o MPF foiinformado de que as tratativas para a venda estavam suspensas, aguardando atransição do governo municipal. “O INSS, descumprindo a recomendação a eleexpedida, procurou adiar a execução de obras urgentes por praticamente dois anos, na

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esperança de repassar sua obrigação de proprietário a outra entidade”, destacou aprocuradora Suzana Fairbanks Oliveira Schnitzlein, autora da ação.

Nova vistoria - Perícia realizada por engenheiro civil do MPF confirmou a deterioraçãodas construções pertencentes à autarquia, identificando pontos de infiltração, ferragensexpostas, trincas e rachaduras. Segundo o parecer técnico, no armazém utilizado comosede do Centro Cultural da Vila Maria Zélia, na Rua Mário da Costa, a qualquermomento partes do revestimento, tubulações e telhas posicionadas na fachadapoderão se soltar e atingir quem passa pelo entorno.

Na Escola dos Meninos, localizada na Rua Adilson Farias Claro, o perigo é ainda maior.O imóvel foi interditado pela Defesa Civil da Prefeitura de São Paulo devido àpossibilidade de queda de materiais em seu interior. Contudo, a porta de acesso aoprédio foi derrubada e, com isso, visitantes continuam entrando sem saber dos riscos. Asituação também é crítica na Escola das Meninas, na mesma rua. Sem telhado, aconstrução conta com infiltrações constantes e inúmeras vegetações crescendo entreas ruínas. Além disso, trechos das paredes podem desabar. As edificações abrigavamas escolas frequentadas pelos filhos dos antigos moradores da região.

Além do risco ao patrimônio histórico e cultural, o abandono dos imóveis na Vila MariaZélia também representa um problema de segurança pública, já que as edificações sãoutilizadas para abrigo de infratores e usuários de drogas. O lixo e entulho acumuladostambém transformaram as instalações em focos de proliferação do mosquito AedesAegypti, transmissor de diversas doenças.

Pedidos - Diante deste panorama, o MPF requer que o INSS seja condenado arealizar, no prazo de 90 dias, higienização urgente e pontual dos prédios sob suaresponsabilidade, bem como desenvolva uma programação de limpeza constante. Alémdisso, o instituto deverá implantar um sistema de vigilância 24 horas, para inibir adepredação do patrimônio, e fechar o acesso aos imóveis, permitindo que apenaspessoas autorizadas utilizem suas instalações.

Em sua análise, o perito do MPF foi claro em dizer que a deterioração dos prédios éresultado da falta de manutenção. E que a situação, apesar de grave, é reversível. “Éplenamente possível a recuperação das instalações vistoriadas pertencentes ao INSS,ou seja, as condições que estes imóveis se encontram ainda não requerem umademolição total dos edifícios, desde que estas intervenções sejam realizadas comrapidez e por profissionais capacitados”, alerta o documento.

Por isso, o MPF pede que, após a execução dos reparos emergenciais, o institutorealize obras de restauração, que deverão incluir, entre outros pontos, a recuperaçãodas estruturas e dos revestimentos, a correção de infiltrações e a reforma do sistemaelétrico. O projeto deverá ainda reconstituir os elementos arquitetônicos, preservandoas características históricas dos imóveis. A ação requer ainda que seja verificada alegalidade da ocupação do Armazém 1, utilizado pelo Centro Cultural e como moradiade duas famílias.

As demais edificações tombadas na Vila Maria Zélia que não pertencem ao INSS sãoobjeto de processo movido pelo Ministério Público do Estado de São Paulo em face doEstado e da Prefeitura do Município de São Paulo, visando à restauração e apreservação do patrimônio histórico e cultural.

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#RetrocessoAmbientalNão: MPF/AP quer obloqueio de créditos de reposição florestal de

empresas do Amapá

O Ministério Público Federal no Amapá (MPF/AP) recomendou ao Instituto Brasileiro doMeio Ambiente e de Recursos Naturais (Ibama) que bloqueie Créditos de ReposiçãoFlorestal (CRFs) de dez empresas e de duas pessoas físicas no estado. O objetivo éconter as transferências ilegais de créditos e evitar que manipulações de dados possamprejudicar o correto andamento das investigações que apuram as irregularidades.

Além do Ibama, o MPF/AP também recomendou ao Instituto do Meio Ambiente e deOrdenamento Territorial do Amapá (Imap) que não realize qualquer operação, seja deinserção, cancelamento ou transferência dos créditos que estão sob investigação.

A recomendação do MPF/AP, assinada pelo procurador da República Everton Aguiar,informa que inquérito policial em andamento apura inserções e transferências indevidasde créditos de reposição florestal. Segundo as investigações, as irregularidades seriamcometidas a partir da manipulação do sistema DOF – ferramenta eletrônica federal queintegra documentos de transporte florestal federal e estaduais. O lançamento indevidodos CRFs no sistema deixa as empresas madeireiras investigadas livres para explorara vegetação nativa, sem realizar a compensação obrigatória.

Pela legislação, pessoas físicas ou jurídicas que exploram vegetação nativa sãoobrigadas a efetuar a reposição florestal. Essa obrigação será cumprida por meio deCRFs. Os créditos são concedidos aos proprietários rurais que realizam plantioflorestal, após procedimento administrativo dos órgãos ambientais. O crédito concedidopode ser utilizado por seu detentor ou transferido, uma única vez, para empresa oupessoa física que também esteja sujeita ao cumprimento da reposição ambiental.

MPF investiga contratação de empresa privadapara monitorar desmatamento na Amazônia

O Ministério Público Federal (MPF) abriu um procedimento de investigação no Pará, afim de apurar o edital lançado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) para contratarempresa privada para realizar o monitoramento do desmatamento da Amazônia. Essatarefa é realizada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), do própriogoverno federal, há quase 30 anos. O edital nº 7/2017, publicado em 20 de abril, prevê arealização de um pregão eletrônico na quinta-feira (04/05).

Pelo edital, será contratada por R$ 78,5 milhões a empresa que apresentar o menorpreço para monitorar o desmatamento e prestar serviços de tecnologia da informaçãopara o MMA. Apesar de constarem em conjunto como exigências no edital, as atividadesnão guardam muita proximidade, já que a instalação de equipamentos de informática ébem menos especializada do que o monitoramento por satélite do bioma amazônico.

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A tarefa de monitorar o desmatamento da Amazônia é regulamentada por decretogovernamental e prevê a coordenação do Inpe, com a participação do Centro Regionalda Amazônia (CRA), que tem 60 pesquisadores em atividade e sede em Belém. Asinformações geradas pelo Inpe são cruciais para os acordos internacionais firmadospelo Brasil para controle das emissões de carbono, por exemplo. Pelo edital, não ficaclaro se a atuação da empresa a ser contratada substituirá completamente o trabalhodo Inpe.

O inquérito civil aberto pelo MPF foi iniciado com envio de ofícios ao Inpe e àSecretaria Executiva do Ministério do Meio Ambiente, responsável pelo edital. Ambostem prazo de dez dias para responder aos questionamentos. A investigação seráconduzida pelo procurador da República Bruno Valente. “É preocupante também aruptura institucional que essa contratação pode provocar, uma vez que o arcabouçolegal que embasa o monitoramento do desmatamento sempre previu a coordenação doInpe”, disse o procurador.

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MPF questiona prazo de dois anos para retiradade barracas da Praia do Futuro (CE)

O Ministério Público Federal (MPF), por meio da Procuradoria Regional da Repúblicada 5ª Região, no Recife, questionou o prazo de dois anos estabelecido pelo Pleno doTribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) para a retirada dos quiosques ebarracas instalados na Praia do Futuro, em Fortaleza (CE), sem a devida autorizaçãoda Superintendência do Patrimônio da União (SPU).

Mediante um instrumento denominado “embargos de declaração”, o MPF solicita aoTRF5 que esclareça por que motivo entendeu que os proprietários agiram de boa fé e,por isso, concedeu-lhes um prazo de dois anos para a retirada dos estabelecimentos ea demolição dos equipamentos (muros, brinquedos, piscinas etc) erguidos no local.Para o MPF, a área de praia, que pertence à União e consiste em “bem público de usocomum do povo”, deveria ser desocupada imediatamente.

O procurador regional da República Domingos Sávio Amorim, autor dos embargos,ressalta que a ação civil pública proposta pelo MPF no Ceará já tramita há mais de 12anos, tempo suficiente para que os réus se preparassem para uma decisãodesfavorável a eles. “Depois de mais de uma década de tramitação da demanda, foiimposto um prazo de dois anos para que a União possa recuperar a posse de um bemde uso comum do povo, tratamento que nunca se impõe ao particular vencedor de umacausa parecida”, declarou.

O MPF também questiona o tribunal sobre a suspensão dos efeitos da decisão doPleno durante o julgamento dos Recursos Especial e Extraordinário, a seremapresentados, respectivamente, ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao SupremoTribunal Federal (STF). O Código de Processo Civil estabelece que esses recursos nãotêm efeito suspensivo, o que permite que a decisão seja executada enquanto elestramitam. Para o Ministério Público, o próprio TRF5 relativizou o efeito suspensivo aoconceder prazo de dois anos para o cumprimento do que foi julgado.

Finalmente, o Ministério Público Federal pede esclarecimentos sobre a data inicial decontagem do prazo de tolerância para retirada das barracas, quiosques eequipamentos, que não foi informado no acórdão (decisão do Tribunal no processo).Para o MPF, caso o prazo seja mantido, o mais razoável é que seja contado a partir dapublicação do acórdão.

Proprietários de estabelecimentos instalados na Praia do Futuro também entraram comembargos de declaração ao TRF5, questionando alguns pontos da decisão do Pleno. OMPF apresentou contrarrazões refutando todas as alegações.

Andamento do processo - A ação civil pública pela remoção das barracas da Praia doFuturo foi ajuizada pelo MPF no Ceará e pela Advocacia-Geral da União em dezembrode 2005, e, posteriormente, encampada pelo município de Fortaleza. A ação foi julgadaparcialmente procedente em primeira instância pela Justiça Federal no Ceará, quedeterminou a retirada dos empreendimentos instalados sem autorização da União.

No julgamento de recurso contra essa sentença, a Quarta Turma do TRF5 decidiu, pordois votos a um, que todas as edificações poderiam permanecer na Praia do Futuro,exceto aquelas que tivessem sido construídas após a decisão judicial que vedou arealização de qualquer obra ou benfeitoria nova naquela área. O Pleno do Tribunal, aojulgar recurso do MPF contra a decisão da Turma, entendeu que somente osempreendimentos previamente autorizados pela SPU poderiam permanecer no local.As partes ainda poderão recorrer às instâncias superiores, em Brasília, após ojulgamento dos embargos de declaração pelo Pleno do TRF5.

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Barracas e quiosques - Os empreendimentos comerciais instalados na Praia doFuturo em Fortaleza (CE), convencionalmente chamados de “barracas” e “quiosques”,são, na verdade, megasestruturas de alvenaria. Muitas delas contam com piscinas,toboáguas, brinquedos infantis e até palco para shows. Os equipamentos estãoinstalados na areia da praia, em área pública, mas seu uso é restrito aos clientes dosestabelecimentos privados. Diversas barracas construíram muros, cercas e outrosobstáculos que impedem o livre acesso dos cidadãos à praia.

Além disso, as barracas foram construídas sem qualquer controle ambiental prévio,sem licenciamento ambiental nem apresentação de Estudo e Relatório de ImpactoAmbiental (EIA/RIMA). Os estabelecimentos na Praia do Futuro, que sequer dispõemde esgotamento sanitário, têm provocado sérios danos ambientais. Eles alteram apaisagem, impedem o transporte de sedimentos entre o sistema praia-duna,contribuem para a degradação do mangue existente no local e geram resíduos sólidospoluentes que podem, inclusive, causar danos à biologia marinha.

Ao posicionar-se pela retirada de todas as barracas, o MPF zela não apenas pelaproteção ambiental, mas também pelo cumprimento das leis. “As ocupações ilegaisgeram grande movimentação econômica, emprego e renda, assim como diversasoutras atividades ilegais. A repercussão econômica de uma ilegalidade não é motivopara tornar a prática legal. A legislação, expressão da vontade geral em um regimedemocrático, resolveu proteger as áreas de praias dando-lhes a caracterização de bemde uso comum do povo e não tornando-as instrumento de exploração econômica”,declarou Domingos Sávio.

N.º do processo: 2005.81.00.017654-5/04 (EINFAC 538085 CE)

MPF/AL promove reunião em busca de soluçãopara poluição de rio e lagoas

O Ministério Público Federal em Alagoas (MPF/AL) promoveu, em 16 de maio, reuniãopara tratar de questões relacionadas à operacionalização da rede de coleta e detratamento dos esgotos domésticos, bem como a sua destinação, de forma a reduzir osdanos ambientais provenientes do lançamento de esgotos in natura e a recuperaçãodos danos causados ao meio ambiente. O encontro contou com representantes daCompanhia de Saneamento de Alagoas (Casal), da Procuradoria-Geral do Estado deAlagoas (PGE), da Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra), da FundaçãoNacional de Saúde (Funasa) e dos municípios de Atalaia, Cajueiro, Capela e Pindoba.

Coordenada pela procuradora da República Niedja Kaspary, a reunião teve o objetivode dar cumprimento à decisão da 3ª Vara Federal de Alagoas, que deliberou emaudiência pela adoção de medidas para fornecer maiores elementos ao convencimentodo juiz. Foi determinado que os municípios de Atalaia, Cajueiro, Capela e Pindoba,juntamente com o MPF/AL, Casal, Funasa, União, Estado de Alagoas e Seinfra,identifiquem as providências necessárias ao atendimento dos pedidos formulados peloMPF, em ação civil pública ajuizada em outubro de 2016. e formulem plano para suaexecução.

Tendo em vista a elaboração de plano para a efetiva operação/funcionamento dosistema de esgotamento sanitário nos municípios de Atalaia, Cajueiro, Capela ePindoba, foi apresentada a minuta do Termo de Ajuste de Conduta (TAC) proposto peloMPF para avaliação dos presentes. O representante do Estado de Alagoas,inicialmente, frisou a ausência de representante da União e ressaltou que o entefederativo é quem dispõe de recursos para fazer frente aos elevados custos para aconclusão dos sistemas de esgotamento sanitário em discussão.

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A Seinfra ressaltou a incompatibilidade entre os valores pactuados e os liberados pelaUnião/Funasa e que o convênio celebrado não abrangia toda a área dos municípios. E,por fim, informou, entre outros pontos, a impossibilidade de elaboração de relatóriocom levantamento de custos para a conclusão das obras e efetiva operação dosistema. Já o Estado de Alagoas alegou, em resumo, que não conta com recursos pararealizar quaisquer obras relativas aos municípios réus, uma vez que a não conclusãodestas se deu por contingenciamento de recursos da União.

A representante da Funasa argumentou que não foram efetivamente repassados osvalores em face de ausência de documentação técnica que deveria ter sidoapresentada pelo Estado.

Em relação aos termos da proposta de TAC apresentada pelo MPF, os municípiosdeclararam, de modo geral, ser contraditório celebrar o acordo se na contestação àação civil pública suscitaram sua ilegitimidade passiva. Acrescentando que aresponsabilidade é da Casal, uma vez que é ela quem cobra do consumidor ofornecimento de água e a coleta de esgoto. Mas se comprometeu a analisar os termosdo TAC, salientando que o município gostaria de contribuir de alguma forma, desde queas obrigações seja exequíveis para o município.

Os advogados da Casal sustentaram que a companhia estadual tão somente opera osistema de abastecimento de água.

Ressaltando a importância de chegar a uma solução definitiva para o problema,a procuradora da República finalizou a reunião levando a efeito os seguintesencaminhamentos: nova reunião agendada para o dia 6 de junho, às 13h30; o envio daata da reunião ao juízo da 3ª Vara Federal, informando sobre sua conclusão.

Ações judiciais – Em outubro de 2016, o MPF/AL ajuizou ação civil pública ambientalcontra os municípios de Atalaia, Cajueiro, Capela, Chã Preta, Messias, Paulo Jacinto,Pindoba, Quebrangulo e Santa Luzia do Norte, além da Funasa, do Estado de Alagoase da União, com o objetivo de exigir que os réus adotem medidas de proteção dasaúde pública e bem-estar da população.

Com a ação, o MPF busca que os réus sejam compelidos a colocar em operação efuncionamento as Estações de Tratamento de Esgotos (ETE), destinadas aoesgotamento sanitário dos municípios banhados pelo rio Mundaú e que compõem oComplexo Estuário Lagunar Mundaú/Manguaba (CELMM).

A ação tramita na 3a Vara Federal de Alagoas e, na audiência de justificação, todosconcordaram com as razões do MPF e firmaram compromisso de levantamento detodas as informações necessárias à elaboração de um Termo de Ajustamento deConduta (TAC) a ser firmado entre as partes, sob a chancela judicial, a fim de coibir apoluição do rio Mundaú e todo o Complexo Estuário Lagunar Mundaú/Manguaba,preservando a saúde pública e o bem-estar da população.

Em março de 2017, o MPF/AL ajuizou ação civil pública ambiental semelhante tambémcontra a União Federal, Funasa, o Estado de Alagoas, e os municípios de Murici,Santana do Mundaú, São José da Laje e União dos Palmares, com o mesmo objetivo.A ação tramita na 7ª Vara Federal de Alagoas (em União dos Palmares).

Processo 0806454-81.2016.4.05.8000Processo 0800073-17.2017.4.05.8002

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MPF/CE: instalado fórum sobre requalificação daPraia do Futuro

Instituições públicas e privadas do Ceará aderiram à proposta do Ministério PúblicoFederal (MPF) de criar o Fórum Permanente para a Requalificação da Praia do Futuro.Instalado durante reunião na sede do MPF em Fortaleza, na quinta-feira (4), o fóruminterinstitucional vai buscar soluções conjuntas de melhorias ambientais e urbanísticaspara aquela faixa do litoral da capital.

As propostas levarão em conta decisão do Tribunal Regional Federal da 5ª Região(TRF-5), que determina a retirada de barracas que não têm autorização para ocuparfaixa de praia e o redimensionamento daquelas que construíram fora das dimensõesliberadas pelo Patrimônio da União.

A primeira reunião do grupo está marcada para 18 de maio, quando serão definidasestratégias de trabalho e os nomes de um presidente e um secretário paracoordenação das atividades. A ideia é que no prazo de até dois anos sejam definidaspropostas de requalificação. Esse período foi o tempo definido na sentença do TRFpara a que a decisão fosse cumprida.

A criação do Fórum foi proposta em manifesto assinado pelos procuradores daRepública Alessander Sales e Alexandre Meireles, que também foram autores da açãomovida pelo MPF para a retirada das barracas que ocupavam faixa de praia.Alessander explica que a ação continuará tramitando, mas acredita que a buscacoletiva por soluções ambientais e urbanísticas para a Praia do Futuro trará resultadosmelhores e que não ficarão restritos apenas à questão da permanência das barracas.

Fátima Queiroz, presidente da Associação dos Empresários da Praia do Futuro,instituição que está entre as 25 integrantes iniciais do fórum, defende a permanênciadas barracas, mas apoia a requalificação e a construção de soluções em grupo.

A Prefeitura de Fortaleza, que também participará do fórum, apresentará aos demaisintegrantes os projetos Fortaleza 2040 e Orla, que definem, entre os pontos, usos epropostas de reurbanização da Praia do Futuro. Os projetos servirão de base para asprimeiras discussões do grupo.

Justiça aceita denúncia do MPF/MA contraempresa que danificou área protegida na Praia

de São Marcos, em São Luís

A Justiça Federal recebeu denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal noMaranhão (MPF/MA) contra a empresa Delman Rodrigues Incorporações e seudirigente por alterar, sem autorização da autoridade competente, área de preservaçãopermanente no loteamento Jardim Renascença, que fica na Praia de São Marcos, emSão Luís. Além disso, eles serão indiciados por elaborar ou apresentar estudoambiental enganoso no licenciamento ambiental, prática criminosa pela qual tambémfoi denunciado o engenheiro civil responsável pela confecção e apresentação doestudo.

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De acordo com o MPF/MA, a mando do dirigente da empresa, foi retirada vegetação derestinga e escavada, no ano de 2012, área de dunas no local onde se pretendiaconstruir um empreendimento imobiliário residencial identificado como Edifício Atlantis.A área é caracterizada como complexo de dunas, onde existe cobertura vegetalfixadora, sendo considerada, portanto, área de preservação permanente, conformelaudos técnicos. A empresa e seu dirigente afirmaram ter autorizações e licenças quepermitiam a atividade na área protegida, no entanto novo laudo pericial judicial indicaque esses documentos teriam sido obtidos a partir da apresentação de Plano deControle Ambiental contendo informações inverídicas, com omissões significativassobre a caracterização do espaço onde se pretendia edificar o imóvel.

“A ação foi realizada em contrariedade com as autorizações e licença até entãoobtidas, pois, ao tempo da conduta, inexistia autorização para o início das obras ousupressão das dunas. A Delman Incorporações obtivera naquele momento, no ano de2012, apenas uma licença prévia, a qual não autoriza o início das obras ou qualquerintervenção. A autorização para limpeza de área obtida pela empresa não permitiasupressão de dunas ou vegetação supressiva, conforme observação consignada noseu verso. A licença de instalação somente foi obtida em 2014”, explicou o procuradorda República Alexandre Silva Soares, autor da ação.

MPF em Uberlândia obtém liminar que suspendeimplementação de loteamento irregular às

margens do rio Paranaíba

O Ministério Público em Uberlândia (MPF/MG) obteve uma liminar que suspende aimplementação irregular do “Condomínio Paris Park”, instalado às margens do rioParanaíba, em Araporã/MG. Com a decisão, a empresa está impedida de cortar,suprimir ou queimar qualquer tipo de vegetação; iniciar ou continuar obra; edificar,explorar ou realizar qualquer outra atividade no interior da faixa de 100 metros de áreade preservação permanente (APP).

A empresa Beira Rio Park Empreendimento Imobiliário Spe Ltda., responsável peloempreendimento, também deve adotar medidas cabíveis para impedir que terceirosfaçam alterações na área de proteção permanente, especialmente nas quadras 10, 16,17 e 18.

Outro fator determinado pela Justiça é o impedimento de se comercializar lotes docondomínio no interior da faixa de 100 metros de área de preservação permanente,especialmente nas quadras 10, 16, 17 e 18, cessando, ainda, toda a propaganda ouanúncio que esteja sendo feito pela empresa, seja por meio físico ou digital. E a BeiraRio Park deve, ainda, informar a eventuais interessados na compra de um lote aexistência da ação movida pelo MPF e da decisão da Justiça Federal.

Empreendimento - O loteamento ocupa uma área total de 238.287m², compreendendo364 lotes, divididos em 18 quadras, às margens do rio Paranaíba. Os responsáveispelo empreendimento fizeram intervenções, desmatando toda uma faixa de APP de 70metros de largura, ao longo da margem esquerda do rio, deixando apenas uma faixa de30 metros da área protegida.

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Uma vistoria realizada no loteamento constatou que houve desmatamento de, aomenos, 47.252,73 m², em um perímetro de 1,47km de mata nativa dentro do biomaMata Atlântica. Segundo o laudo produzido pelo setor pericial do MPF e confirmadopelas Agências Nacionais de Águas (ANA) e de Energia Elétrica (Aneel), a área é “degrande relevância ambiental e importante para a preservação das característicashidrogeográficas do rio Paranaíba”.

Também foram identificadas várias intervenções na área de preservação, comoconstrução de banheiros e churrasqueiras em alvenaria, escadas, mesas, bancos ecaminhos com cerca em madeira, ruas e calçadas pavimentadas, quadra de futebol equadra de tênis.

Decisão – Na liminar, a Justiça reconheceu que o licenciamento foi feito de formairregular: “É de se verificar que (...) o licenciamento obtido pelo empreendimentodenominado Condomínio Paris Park ocorreu de forma irregular, uma vez que o trecho,às margens do rio Paranaíba, no qual se encontra situado, foi considerado curso deágua natural, razão pela qual deveria ter sido mantida a largura mínima de 100m, o quenão foi obedecido pela requerida Beira Rio Park Empreendimento Imobiliário SPELtda”, diz a sentença.

A Justiça Federal também determinou ao cartório de Registro de Imóveis da Comarcade Tupaciguara/MG a averbação, nas matrículas do empreendimento, da existência daação e da proibição de comercialização de lotes dentro da APP, especialmente nosacima citados. Ainda foi estabelecida uma multa diária no valor de R$ 5 mil em caso dedescumprimento da decisão.

ACPnº0003828-80.2017.4.01.3803)

#RetrocessoambientalNão: ocupação irregularameaça remanescente de manguezal em

Guaratiba, no Rio de Janeiro

O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (MPF/RJ) recorreu contra decisão daJustiça Federal que não recebeu denúncia contra duas mulheres que construíramirregularmente na zona de amortecimento da Reserva Biológica Estadual de Guaratiba.A área é um dos últimos remanescentes de manguezal no município do Rio de Janeiroem estado de preservação, uma planície flúvio-marinha de notável beleza cênica e altopotencial arqueológico.

O MPF vem investigando a intensificação de invasões, construções irregulares eparcelamento irregular de terras no interior e na zona de amortecimento da Reserva,em área pertencente à União. Tais invasões se intensificaram em 2013, após ocadastramento de um grupamento pequeno de ocupações antigas, para fins deregularização, na região de Araçatiba, em Guaratiba, na zona de amortecimento.

Após diversas reuniões com a Secretaria de Patrimônio da União (SPU), Secretarias deUrbanismo e Meio Ambiente do Município do Rio de Janeiro e a chefia da Reserva,gerida pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), foram empreendidas diversas açõesde fiscalização, com embargo de diversas construções irregulares em andamento enotificação dos responsáveis, muitos dos quais já foram autuados. Foram verificadosdanos ambientais como o aterro do manguezal, desmatamento, lançamento de esgotoin natura nos rios e lagoas, construção de decks avançando sobre o espelho d'água,dentre outros.

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Até o momento já foi proposta ação civil pública contra dois infratores e ação penal pelocrime do art. 40 da Lei nº 9605/98, contra duas outras infratoras, que confessaram terinvadido a área para ocupação. O recurso do MPF se refere a esta denúncia.

Conforme apurado, nenhuma das duas acusadas consta do cadastro efetuado em 2012pela SPU ou possuem qualquer autorização para as construções. As casas estão nolimite da Reserva Biológica de Guaratiba e o sistema de esgoto é ineficiente, comlançamento direto nos canais da reserva. A Justiça rejeitou a denúncia por entenderque, por se tratar de pessoas de baixo nível econômico, com intuito para fixar moradia,não haveria justa causa. No entanto, o MPF alega no recurso que a origem humilde dasacusadas não é causa excludente de ilicitude ou culpabilidade, com possibilidadeapenas de influir na dosimetria de uma eventual pena após a instrução processualcriminal.

Relatórios de vistoria da SPU anexados ao processo demonstram que a ocupaçãoirregular na área está ocorrendo de forma intensa e descontrolada, caracterizada porum processo de favelização. “Conforme averiguado com os moradores, há umaexpectativa geral de regularização da situação fundiária da área, reforçada pelocadastramento de unidades realizado pela SPU. Essa situação incentiva cada vez maiso parcelamento do solo e invasões.

"As equipes encontraram diversos estabelecimentos comerciais como bares, barbearia,restaurante, trailer de venda de sanduíches, entre outros”, afirma no recurso oprocurador da República Renato Machado. Moradores cadastrados pela SPU têmparcelado os lotes, permitindo que parentes construam dentro de sua área ou mesmovendendo parte dela a terceiros. Há ainda a preocupação de que o processo de invasãoimpeça a realocação de 17 famílias que permanecem no interior da reserva e seriamlevados para Araçatiba, moradores antigos da região que já possuem uma identidadecom o local.

MPF/RN quer retirada de barraca em praiapróximo à Pipa

O Ministério Público Federal no Rio Grande do Norte (MPF/RN) ingressou com umaação civil pública contra o comerciante Haroldo da Fonseca e Silva. Ele é dono dabarraca Ponta do Barravento, que ocupa ilegalmente uma área na Praia do Madeiro,próximo a Pipa, município de Tibau do Sul (RN). Além de a barraca ter sido erguida emárea da União e de uso comum, sem qualquer autorização, foram construídosirregularmente uma escadaria de acesso e um deck de madeira na base da falésia, queé área de preservação permanente.

A ação do MPF, de autoria do procurador da República Fernando Rocha, originou-se deuma autuação feita pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU), em 2015, na qual seconstatou o funcionamento da barraca, sem prévia autorização. O Idema confirmou quea barraca se encontra em área da União e a escada e o deck em área de preservação.“Vale salientar que a construção de tal estrutura ocasiona não só danos ao meioambiente, como também oferece riscos à população (...), uma vez que a falésia podeatuar de forma instável sem a cobertura vegetal”, alerta o MPF.

De acordo com o Código Florestal, é de preservação permanente a faixa de “cemmetros da borda do tabuleiro ou chapada a contar da linha de ruptura do relevo” e taldescrição inclui as falésias, como aquela na qual foram construídas a escada e o deckde madeira. Igualmente ilegal é a ocupação de terreno de marinha, que inclui a árealocalizada até 33 metros medidos horizontalmente, para a parte da terra, da posição dalinha de preamar. Os terrenos de marinha são patrimônio da União.

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A barraca, cuja propriedade foi assumida por Haroldo da Fonseca após a morte dosogro, não tem como ser regularizada. Diante disso, o MPF requer na ação, inclusiveatravés de liminar, que cessem todas as atividades no local e se recupere o meioambiente degradado, procedendo a demolição e retirada das edificações da área dafalésia e da praia. A ação, que tramita na Justiça Federal sob o número 0804399-87.2017.4.05.8400, pede ainda uma indenização pelo tempo em que o meio ambientefoi utilizado indevidamente, no valor de R$ 50 mil.

Proprietária impedida de construir em área depreservação permanente não tem direito à

indenização

Acolhendo o parecer do Ministério Público Federal (MPF), a Justiça Federal extinguiu aação proposta por Maria Alvina Vieira Hasse (Espólio) contra o Município deFlorianópolis e a União que pretendia o pagamento de indenização à autora em razãode restrições ao direito de construir em terreno localizado na Praia dos Ingleses, em

Florianópolis (SC).

De acordo com o MPF/SC, a indenização requerida não era legítima, porque asrestrições ao direito de construir no imóvel encontravam-se no Código FlorestalBrasileiro, caracterizando uma limitação administrativa ao direito de propriedade, o quenão seria indenizável.

Também não caberia indenização por parte do Município de Florianópolis à proprietáriaporque o ente estava apenas cumprindo a legislação federal ao negar a possibilidadede construção no imóvel que se encontrava em área de preservação permanente.

O laudo da perícia realizada no imóvel indicou que se trata de área da União, compresença de mata atlântica, promontório, costões e ecossistema de restinga, fazendodivisa, inclusive, com as construções ilegais no costão sul da Praia dos Ingleses, que játeve sentença da Justiça Federal determinando a demolição.

"Inviável, por força de legislação geral, e não por ato personalizado do Município, aocupação, construções ou alteração negativa do imóvel, a negativa administrativaaventada não pode gerar benefício, pois esse não teria causa ou origem legal",destacou o juiz federal Marcelo Krás Broges na sentença.

Ação nº 5017092-60.2015.4.04.7200

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Município de Laguna (SC) não pode emitir alvarásde construção na região do Farol de Santa Marta

Após ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal (MPF) em Tubarão(SC), a Justiça Federal determinou, de forma liminar, que o Município de Laguna nãoemita novos alvarás de construção no Morro do Cabo de Santa Marta Grande, regiãoconhecida como Farol de Santa Marta, no Município de Laguna (SC), até a conclusãodo processo de regularização fundiária do local.

A Fundação Lagunense do Meio Ambiente também deve se abster de emitir pareceresfavoráveis para novas licenças de construção, bem como para novas ligações deenergia elétrica e água na localidade.

De acordo com a liminar, a Casan (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento)e a Celesc (Centrais Elétricas de Santa Catarina) também estão impedidas de efetuarnovas instalações e ligações na região. O MPF/SC sustenta que o Morro do Cabo deSanta Marta Grande é área de preservação permanente e está inserido na Área deProteção Ambiental da Baleia Franca, abrigando terrenos de marinha e sítiosarqueológicos.

Para o órgão, a ocupação desordenada da localidade, muitas vezes incentivada outolerada pelo poder público, vem causando danos ao ambiente e espaços protegidospor lei, como poluição de praias e a destruição de dunas e da vegetação. "Taismedidas evitam que novas edificações ou ampliação das já existentes ontem com achancela do poder público, dificultando posteriores remoções ou demolições, até quese defina uma solução global para os problemas ambientais na região", afirma o juizfederal Timoteo Rafael Piangers.

Uma audiência de conciliação deve ser marcada pela Justiça Federal para buscar umacordo entre as partes da ação civil pública. Os réus podem recorrer da decisão.

Ação 5002837-15.2016.4.04.7216

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#RetrocessoAmbientalNão: Após pedido doMPF/SC, Justiça suspende implantação de

empreendimento em Governador Celso Ramos

Após requerimento do Ministério Público Federal em Santa Catarina (MPF/SC), aJustiça Federal determinou a suspensão da supressão de vegetação e intervenções noimóvel pretendido pela empresa Cicial Empreendimentos Imobiliários, no município deGovernador Celso Ramos (SC). A decisão liminar foi tomada após o MPF/SCapresentar novas provas que demonstram intervenções para abertura de acessosprivados no local, destruindo áreas de preservação permanente, inclusive comsupressão de espécies da mata atlântica em risco de extinção.

De acordo com a procuradora da República Analúcia Hartmann, laudos elaboradospela Assessoria Pericial do MPF, pelo Ibama e pela perícia técnica da Polícia Federalapontam sobreposição de áreas de preservação permanente no imóvel doempreendimento; inconformidade entre as linhas de curso d'água lá existentes;divergência quanto ao posicionamento de nascentes; além de sobreposição deextensões com declividades de terreno acima de 25º e acima da cota da altura mínimamédia dos morros principais da região, com áreas destinadas à ocupação.

“Assim sendo, o laudo apresentado pela Polícia Federal demonstra a existência degraves irregularidades no licenciamento realizado pela FATMA (Fundação do MeioAmbiente), o que impossibilita o prosseguimento do empreendimento, sob pena deocasionar danos irreparáveis ao meio ambiente”, fundamentou o juiz federal MarceloKrás Borges na decisão.

Além de realizar o corte da vegetação no imóvel do pretendido empreendimento, aempresa não permite a regeneração natural da área. “Havendo flagrante ilegalidade,não há lógica em se permitir a destruição do meio ambiente, sob pena de se estarautorizando a prática de crimes ambientais, que resultarão em futura ação penal”,finaliza o magistrado.

Os réus podem recorrer da decisão para o Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

ACP nº 500859098.2016.4.04.7200

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#RetrocessoAmbientalNão: MPF/AL cobrareavaliação de licenças de mais um

empreendimento em Milagres

O Ministério Público Federal em Alagoas (MPF/AL) expediu mais uma recomendaçãoao Instituto do Meio Ambiente (IMA) para que reavalie a concessão de licençaambiental ao empreendimento imobiliário “Reserva dos Milagres”, localizado em SãoMiguel dos Milagres/AL. O IMA também deve reavaliar o processo e a concessão delicenças de outros empreendimentos similares na região que abrange os municípios dePasso de Camaragibe e São Miguel dos Milagres.

A Recomendação 03/2017, de 4 de maio, também é destinada empresa à HomeConstruções e Incorporações Ltda e à Jotabê Construções e Engenharia, responsáveispelas obras do empreendimento, que não devem iniciar qualquer construção em“Reserva dos Milagres” até que o IMA/AL promova a reavaliação técnica necessária nalicença ambiental expedida, sob pena de serem adotadas as medidas judiciais cabíveis.

Inquérito Civil - Tramita no MPF/AL diversos inquéritos que apuram a regularidadeambiental de novos empreendimentos nos municípios de Passo de Camaragibe e SãoMiguel dos Milagres, no litoral norte do estado de Alagoas, entre eles o inquérito civil n.1.11.000.001472/2016-16, que tem por objeto apurar a regularidade ambiental daconstrução do empreendimento imobiliário de grande porte denominado “Reserva dosMilagres”.

A recomendação expedida tem como fundamento o parecer técnico realizado pelaCâmara de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural (4ª Câmara de Coordenação eRevisão) que constatou que o empreendimento oferece potenciais impactos diretos àÁrea de Proteção Ambiental Costa dos Corais (APACC), em especial quanto aosistema de tratamento e disposição final de efluentes domésticos.

Entre as justificativas para a recomendação expedida, o MPF/AL cita que “houvedeficiências ou omissões na análise de questões essenciais do Diagnóstico Ambientaldo Loteamento (DAL) por parte do órgão ambiental IMA/AL, uma vez que o referidoDAL não descreveu nem analisou os impactos do sistema de tratamento de efluentessanitários”, destaca trecho do documento.

Ainda baseado no parecer técnico, o MPF constatou que o processo de licenciamentofoi insuficientemente instruído e que o IMA não demonstrou razoável motivação paratomar decisão pela viabilidade ambiental do empreendimento, especialmente porque oRelatório de Avaliação Ambiental apresenta omissões significativas quanto à avaliaçãode impactos ambientais, o que aumenta a probabilidade da ocorrência de danosambientais.

Justificativa – O objetivo da recomendação é minimizar os impactos ambientais doempreendimento na região e evitar que licenças ambientais sejam concedidas sem aobservância das condicionantes impostas pela legislação, o que pode por em risco aqualidade das águas, impactando diretamente o ecossistema de corais adjacente à fozdo pequeno riacho próximo, por descarte de efluentes sanitários, tratados ou não.

Para a procuradora da República Raquel Teixeira, titular do ofício do meio ambiente doMPF/AL, o meio ambiente na região que abrange o Passo de Camaragibe e SãoMiguel dos Milagres precisa de total atenção e adoção de medidas efetivas para suapreservação. “Diante da constante e iminente ameaça que o ecossistema vemsofrendo, especialmente pela especulação imobiliária e a construção deempreendimentos de grande porte, sem estudos ambientais suficientes e com riscoiminente de lesão irreversível à APA – Costa dos Corais é indispensável que o IMA/ALmantenha-se ainda mais alerta”.

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MPF/AL recomenda que IMA reavalie licençasconcedidas a empreendimentos em Milagres e

região

O Ministério Público Federal em Alagoas (MPF/AL) recomenda que o Instituto do MeioAmbiente (IMA) reavalie a concessão de licença ambiental ao empreendimentoimobiliário “Vila dos Pescadores”, localizado na Praia do Marceneiro, município dePasso de Camaragibe (AL). O MPF pede ainda que o IMA verifique a relação de outrosempreendimentos similares na região que abrange Passo de Camaragibe e São Migueldos Milagres, reavaliando o processo e a própria concessão de licenças ambientais.

A recomendação 01/2017 também é destinada aos responsáveis pelo empreendimentoVila dos Pescadores e pela construtora Marroquim Engenharia, que devem se absterde iniciar qualquer construção no local em até que o IMA/AL promova a reavaliaçãotécnica necessária na licença ambiental expedida, sob pena de serem adotadas asmedidas judiciais cabíveis.

Inquérito civil - Tramita no MPF/AL o inquérito civil n. 1.11.000.001045/2016-38, quetem por objeto apurar a regularidade ambiental da construção do empreendimentoimobiliário de grande porte denominado “Vila dos Pescadores”, localizado na Praia doMarceneiro. A recomendação expedida tem como fundamento o parecer técnicorealizado pela 4a Câmara de Coordenação e Revisão, que constatou que oempreendimento oferece potenciais impactos diretos à Área de Proteção AmbientalCosta dos Corais (APACC), em especial quanto ao sistema de tratamento e disposiçãofinal de efluentes domésticos.

Entre as justificativas para a recomendação expedida, o MPF/AL cita que “houveimpropriedades no processo de licenciamento ambiental do Vila dos Pescadores, comconcessão de licença ambiental a empreendimento de grande porte, classificado pelopróprio IMA/AL como categoria 'O', o segundo nível mais elevado de potencialdegradador, com celeridade incomum (nove dias úteis entre o pedido e a concessão dalicença), sem motivação suficiente para demonstrar a viabilidade ambiental doempreendimento, com omissões significativas no Relatório de Avaliação Ambientalquanto à avaliação dos reais impactos ao meio ambiente, além da dispensa nãojustificada de elaboração de Estudo de Impactos Ambientais”.

Recomendação - A recomendação visa minimizar os impactos ambientais doempreendimento na região e evitar que licenças ambientais sejam concedidas sem aobservância das condicionantes impostas pela legislação, o que pode por em risco aqualidade bioquímica das águas, impactando diretamente o ecossistema de coraisadjacente à foz do pequeno riacho próximo, por descarte de efluentes sanitários,tratados ou não.

Para a procuradora da República Raquel Teixeira, titular do ofício do meio ambiente doMPF/AL, a adoção de medidas imediatas e efetivas de proteção do meio ambiente naregião que abrange o Passo de Camaragibe e São Miguel dos Milagres é de sumaimportância. “Diante da constante e iminente ameaça que o ecossistema vem sofrendo,especialmente pela especulação imobiliária e a construção de empreendimentos degrande porte, sem estudos ambientais suficientes e com risco iminente de lesãoirreversível à APA – Costa dos Corais é indispensável que o IMA/AL mantenha-se aindamais alerta”.

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MPF/AP quer a suspensão da exploração depetróleo na foz do rio Amazonas

O Ministério Público Federal no Amapá (MPF/AP) recomendou ao Instituto Brasileiro doMeio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) que suspenda a exploração depetróleo na foz do rio Amazonas, até que sejam avaliados os impactos da atividade nabarreira de corais existente na região. A recomendação, enviada em 3 de maio, querainda que seja reaberto e revisto o processo de licenciamento ambiental que autorizoua perfuração marítima no local.

Para o MPF/AP, a licença concedida à empresa Total E & P do Brasil, responsável pelotrabalho de extração de petróleo no local, não levou em consideração o importanteecossistema existente no recife de corais da foz do rio Amazonas. Assim, a exploraçãoem área próxima aos corais, sem o estudo de impacto ambiental adequado, podetrazer prejuízos irreparáveis a este bioma único e pouco conhecido.

O principal objetivo da atuação do MPF/AP neste caso é prevenir possíveis acidentes edanos ao meio ambiente, além de evitar um possível conflito internacional. Informaçõesda própria empresa exploradora confirmam que um eventual vazamento durante asatividades petrolíferas pode provocar danos ao ambiente marinho, físico e doecossistema, não apenas do Brasil, mas também de países vizinhos, em especial aregião do Caribe.

Barreira de Corais – Em 2016, foi descoberto um recife de corais de cerca de milquilômetros de extensão na foz do rio Amazonas. A descrição da barreira de coraisindica a existência de ecossistema singular, com características ainda não encontradasno planeta. Surpreende a presença de seres marinhos distantes da superfície e emambiente sem luz natural.

Devido à recente descoberta, ainda não existem pesquisas científicas suficientes sobreesse novo ecossistema, nem foi possível identificar todos os novos seres encontradosnesse recife de corais de águas salobras – mistura de águas doce e salgada. Assim, aatuação de forma preventiva, com o adequado estudo ambiental para a exploração depetróleo nos arredores do recife se torna ainda mais importante.

Foi concedido o prazo de dez dias úteis, após o recebimento, para que o Ibama informeo acatamento ou não da recomendação. Em caso de não atendimento, serão adotadasas medidas judiciais cabíveis.

MPF/BA realiza audiência pública sobreimpactos ambientais da Usina de Pedra do

Cavalo Debater os impactos socioambientais da operação da Usina Hidrelétrica de Pedra doCavalo, bem como as medidas necessárias para minimizar tais impactos. Esta é aintenção do Ministério Público Federal na Bahia (MPF/BA), que realizará, no dia 8 dejunho às 9h, audiência pública no Mercado Municipal Alexandre Alves Peixoto,conhecido como Mercado do Cajá, em Maragojipe (BA).

A usina, operada pelo Grupo Votorantim, está localizada na área de proteção ambientalda Reserva Extrativista Marinha Baía do Iguape, nos municípios baianos de Cachoeirae São Félix. Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade(ICMBio), responsável pela reserva, o empreendimento está em atividade, masencontra-se com a licença de operação vencida desde fevereiro de 2009. Oprocedimento de licenciamento depende de aval do Instituto do Meio Ambiente eRecursos Hídricos (Inema) – órgão estadual – que, por sua vez, em função daexistência da reserva na região, precisa de liberação do ICMBio, órgão federalvinculado ao Ministério do Meio Ambiente.

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O instituto manifesta-se contrário à renovação da licença, argumentando a falta deestudos específicos que analisem os impactos ambientais do empreendimento sobre areserva, da ausência de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e de seu respectivoRelatório de Impacto Ambiental (Rima), entre outras questões. A situação foi alvo deRecomendação do MPF ao Inema, em junho do ano passado pedindo que fossedeterminada a suspensão das atividades da usina, mas ela segue operando.

O Governo da Bahia alega que a Votorantim, na operação da usina, fornece serviçosindispensáveis para a conservação da barragem, garantindo sua integridade e que,portanto, não pode ter a atividade interrompida. A empresa, por sua vez, argumentaque a usina funciona seguindo critérios estabelecidos pelo Operador Nacional doSistema Elétrico (ONS), entidade responsável pela coordenação e controle daoperação das instalações de geração de energia no país.

Entenda o caso – De acordo com peritos do MPF, quando a Barragem de Pedra doCavalo foi construída pelo Governo da Bahia, na década de 70, o represamentodiminuiu o fluxo de água do rio Paraguaçu, permitindo a entrada de maior quantidadede água do mar em seu leito, a partir da foz, situada na baía de Todos os Santos. Coma mudança, houve a alteração da salinidade da água no rio, e por consequência, dasespécies animais tradicionalmente capturados pelos ribeirinhos, que dali tiram seusustento. As comunidades foram forçadas a absorver o prejuízo da mudança e a seadaptar a novas técnicas de pesca e mariscagem ao longo das décadas, adotandonovos apetrechos e passando a se manter a partir dos então surgidos manguezais.

Com a criação de novas políticas ambientais, no ano de 2000 foi criada a ReservaExtrativista Marinha Baía do Iguape, visando a exploração autossustentável na região,preservando tanto o ecossistema estuarino quanto o meio de vida dos pescadores emarisqueiros artesanais.

Segundo parecer do ICMBio, quando as turbinas da hidroelétrica entram em operação,liberam água doce da barragem no leito do rio Paraguaçu, em direção à Baía de Iguapee à foz. No documento, o instituto explica que a vazão de água aleatória do ponto devista ecológico – em horários diversos e com volumes de água variados – provocaalterações abruptas na Baía de Iguape, diminuindo a salinidade da água. Pela vazãode água da usina não acompanhar o regime das marés, os organismos aquáticos nãotêm tempo de se adaptarem ou locomoverem, o que resulta em sua diminuição emorte.

De acordo com os pareceres do ICMBio e dos peritos do MPF, a operação da usina – econsequente alterações ambientais – pode colocar em risco a subsistência decomunidades extrativistas ribeirinhas situadas nos municípios de São Félix, Cachoeirae Maragogipe, entre elas, diversas comunidades remanescentes de quilombolas.

Audiência – O evento, que tem à frente o procurador da República Pablo Barreto, éaberto ao público, e busca colher depoimentos de todos os envolvidos. Foramconvidados a participar da audiência: sociedade em geral, organizações nãogovernamentais da área afetada, Ministério Público do Estado da Bahia, prefeituras deMaragogipe, São Félix e Cachoeira, ICMBio, Inema, Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Grupo Votorantim, Companhiade Engenharia e Recursos Hídricos da Bahia (Cerb), Empresa Baiana de Águas eSaneamento S.A (Embasa), ONS, Universidade Federal da Bahia, UniversidadeFederal do Recôncavo da Bahia e Universidade Estadual de Feira de Santana.

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MPF/MA: STF mantém proibição de expansão deeucalipto no Baixo Parnaíba maranhense

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu manter liminar, concedida a partir da açãoproposta pelo Ministério Público Federal no Maranhão (MPF/MA), que proibiu a SuzanoPapel e Celulose S.A de realizar novos desmatamentos para cultivo de eucalipto naregião do Baixo Parnaíba, no Maranhão, por conta dos impactos ambientaisprovocados no local. A liminar havia sido expedida em 2016 pelo Tribunal RegionalFederal da 1ª Região (TRF 1) e ressalvou a manutenção dos plantios já existentes.

Além da interrupção do processo de desmatamento do cerrado maranhense, o InstitutoBrasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) deveriafiscalizar a execução das medidas impostas à Suzano e o Estado do Maranhão deveriasuspender a licença de operação caso a Suzano não cumprisse as determinações.Uma diária no valor de R$50 mil seria aplicada em caso de descumprimento dadecisão.

Em fevereiro de 2017, o Estado do Maranhão requereu a suspensão da liminar,alegando risco ao interesse público por grave lesão à ordem e à economia pública equestionando a veracidade e o rigor técnico do relatório de pesquisa elaborado porprofessores e acadêmicos da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) “ligadosunicamente às áreas de antropologia e ciências sociais”, apontando, ainda, ausênciade contemporaneidade por ser referente a 2011.

De acordo com a decisão, o atendimento ao pedido formulado pelo Estado doMaranhão “representaria dano inverso, configurando lesão ao meio ambiente, comodemonstra o requerimento do Maranhão para migrar do polo para o ativo da ação civilpública.” Assim, o pedido foi negado pelo STF e a liminar que proibiu a realização denovos desmatamentos na região do Baixo Parnaíba pela empresa Suzano continuamantida.

MPF defende que Incra adote medidas paracorreção de irregularidades em Projeto de

Assentamento em Centro Novo do Maranhão

O Ministério Público Federal (MPF), por meio da Procuradoria Regional da Repúblicada 1ª Região, manifestou-se na ação civil pública que trata da regularização de áreasdo Projeto de Assentamento Água Azul, em Centro Novo do Maranhão (MA). Emparecer, o MPF opina pela rejeição do recurso (agravo de instrumento) interposto peloInstituto Nacional de Colonização Agrária (Incra), que destaca, entre outros motivos, aimpossibilidade de acatar decisão jurídica devido à falta de recursos financeiros.

Proposta em março de 2016, a ação questiona a ocupação irregular dos projetos deassentamento Sabiá e Lago Azul, localizados no município de Centro Novo doMaranhão. No local, verificou-se que, sob a responsabilidade do acusado EdivaldoPereira Naves, houve a invasão da área para exploração de ouro, acarretando diversosdanos ao ambiente e conflitos com os assentados, em imóvel de titularidade federal.

Na ação, o MPF pede o reconhecimento da responsabilidade civil decorrente daocupação irregular desses projetos de assentamento e da inércia do Incra em adotarmedidas para garantir a regularidade ocupacional do projeto de assentamento.

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Antes da propositura da ação, o MPF e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dosRecursos Renováveis (Ibama) enviaram reiterados pedidos ao Incra para que semanifestasse sobre a irregularidade da ocupação e que procedesse com medidasnecessárias à restituição das terras destinadas a projetos de assentamento.

Em 2016, a 8ª Vara da Seção Judiciária do Maranhão determinou que o Incrarealizasse o levantamento das ocupações irregulares nas áreas do Projeto deAssentamento Água Azul, com identificação desses ocupantes e possíveiscercamentos indevidos na área do assentamento no prazo de seis meses, e a adoçãode medidas para a correção das irregularidades, como a propositura de açõesreintegratórias, no prazo de um ano. No entanto, o Incra recorreu argumentando aimpossibilidade de judicialização da política, a violação da separação dos poderes, anecessidade de observância da cláusula da reserva possível e do princípio dalegalidade da despesa pública.

Segundo o Incra, é competência do Ministério do Desenvolvimento Agrário a liberaçãodo orçamento anual para o cumprimento das funções autárquicas. Para o MPF, o Incralimitou-se a alegar genericamente a inexistência de recursos financeiros para arealização dos atos necessários à regularização total e completa de todos os projetosde assentamento, mas não demonstrou a impossibilidade de cumprimento do comandojudicial no caso concreto. "Sequer é discutido o valor que será despendido com aeventual determinação judicial. Nessa perspectiva, é impossível avaliar se hátransgressão da reserva do possível", destaca o parecer.

O MPF afirma que a demora na tomada de providências determinadas colabora para acontinuidade de degradação da área reservada, bem como intensifica os conflitoslocais entre o ocupante e os assentados, representando grave e fundado risco dedegradacao ao meio ambiente e comprometimento da saude e seguranca dosmoradores.

O processo tramita no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1).

Processo digital: 0038928-93.2016.4.01.0000/MA

Após pedido do MPF/SE, Justiça proíbe queimada palha da cana sem estudo de impacto

ambiental

Após ação do Ministério Público Federal em Sergipe (MPF/SE), a Justiça Federalpublicou decisão que proíbe a queima da palha da cana-de-açúcar sem estudos deimpacto ambiental no Estado de Sergipe. O procedimento é realizado tradicionalmenteantes da colheita da safra, para limpar as folhas e facilitar o corte do produto.

A ação foi ajuizada pelo MPF em janeiro, após denúncias de moradores dos municípiosde Capela e Nossa Senhora das Dores, que reclamavam da fuligem que cobria os doismunicípios no período de colheita da cana e causava doenças respiratórias.

Ao longo da investigação, o MPF constatou que a atuação da Administração Estadualdo Meio Ambiente (Adema) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos RecursosNaturais Renováveis (Ibama) acabava permitindo a realização de queimadasirregulares, pois a fiscalização era ineficiente e a regulamentação aplicada pela Ademanão estava de acordo com a legislação ambiental.

Decisão - Na decisão, a juíza Telma Maria Santos Machado determinou que a Ademae o Ibama não concedam novas autorizações para queimadas nem renovem as já

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existentes sem a realização de estudos de impacto ambiental amplo por cada empresasolicitante.

Também foi determinado que os órgãos ambientais realizem o cadastramento de todasas propriedades rurais que possuem plantio de cana-de-açúcar no Estado e aregularidade da atividade. A decisão ainda destaca que, de acordo com a legislaçãoambiental em vigor, a partir de julho de 2018, só poderão realizar queima da palha dacana as propriedades que comprovarem tecnicamente não poder mecanizar a colheitada safra. O procedimento de colheita mecânica, com tratores, permite o corte da canasem necessidade de uso do fogo na palha.

Pela liminar, o Ibama é obrigado ainda a verificar se a queima da palha da cana emestados vizinhos estão prejudicando os moradores de Sergipe e a se responsabilizarpela proteção da fauna silvestre durante o período das queimadas. Os réus podemrecorrer da decisão.

O processo tramita na Primeira Vara da Justiça Federal com o número 0800329-18.2017.4.05.8500.

MPF entra com ação para garantir queconstrução de viaduto sobre ferrovia não causeimpactos ambientais e viários em Bauru (SP)

O Ministério Público Federal (MPF) em Bauru, interior de São Paulo, ajuizou uma açãocivil pública para que não seja autorizada qualquer construção de viadutos naspassagens em nível de linha férrea no município sem que antes sejam feitos osdevidos estudos técnicos necessários. Uma obra que seria feita na avenidaComendador José da Silva Martha, importante via da cidade, motivou a ação, que foidirecionada à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), à União, aoDepartamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e à América LatinaLogística (ALL).

Os dois inquéritos civis que subsidiam a ação revelam o grave risco que o município deBauru correria caso a obra fosse concretizada. A cidade é uma das integrantes dotrecho Corumbá (MS) – Porto de Santos (SP), utilizada pela ALL para o transporte decarga (minério de ferro), e sua malha urbana é cortada diversas vezes pela ferrovia,que se encontra desgastada, oferecendo risco aos cidadãos em vários pontos.

O município já havia solicitado ao DNIT que executasse as obras previstas no planodiretor, nas passagens em nível existentes. No entanto, o viaduto nem sempre é amelhor alternativa, sendo necessário avaliar e comparar seus impactos no meioambiente e na cidade em relação a outras alternativas como alças viárias ou o contornoviário.

Impactos - Segundo os inquéritos, a mineradora que utiliza esta linha prevê umaumento de aproximadamente 2700% na quantidade de minério de ferro a sertransportado no trecho, o que justifica o interesse das rés, especialmente a ALL, emacelerar a construção do viaduto, pois aumentaria seus lucros.

No entanto, a obra que se pretende realizar na avenida Comendador José da SilvaMartha interferiria diretamente na mobilidade urbana, visto que afetaria uma dasregiões de trânsito urbano mais denso. Também haveria impacto nas populaçõescircunvizinhas, atingidas pelo barulho e trepidação dos trens e que sofreriam danoeconômico, já que a obra isolaria o comércio existente nas adjacências. Além disso,

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não há estudo adequado sobre o impacto no meio ambiente que assegure a viabilidadedo projeto.

Por outro lado, a Prefeitura também seria onerada financeiramente pelo custo da obra,tendo em vista que teria que contar com uma contrapartida financeira do município emvalor que não consta de dotação orçamentária, além da necessidade dedesapropriações, cujo ônus seria do Executivo municipal.

Pedidos - Segundo o procurador da República André Libonati, responsável pela ação,além da total displicência da ALL, que se preocupa apenas com a possibilidade dolucro, deixando de lado a responsabilidade com as consequências de suas atividadespara a população, há também uma situação de inércia e atuação deficiente por partedos demais réus. União, DNIT e ANTT são responsáveis pela fiscalização da obra quese pretende realizar e da atividade que ali se desenvolve. Mesmo com as necessáriasmelhorias nas passagens de nível para a cidade que foram solicitadas em outrosocasiões pela Prefeitura, até hoje nada foi feito, e a questão está sendo centralizada naconstrução de um viaduto que atende à necessidade de um grupo econômico em vezde sanar o problema já informado pelo Poder Público municipal.

Por estas razões, o MPF pede, em caráter liminar, que o DNIT não autorize nemexecute qualquer obra concernente à construção de viadutos nas passagens em nívelde linha férrea na cidade de Bauru, sem antes dispor de todos os estudos técnicosnecessários (EIA/RIMA, Estudo de Impacto Viário e Estudo de Impacto de Vizinhança),e exija que a ALL cumpra com o necessário para mitigar os riscos da prestação doserviço que lhe é incumbido. A ação também solicita que a ALL, ou outraconcessionária que lhe suceda, não transporte minério de ferro pelas linhas férreas deBauru sem que haja a exigência dos estudos técnicos citados em todas as passagensde nível para as quais se pretenda realizar obras visando aumentar o fluxo da cargaferroviária. E que em caso de concretização das obras dos viadutos das AvenidasComendador José da Silva Martha e Comendados Daniel Pacífico, a ALL executeobras e instale equipamentos necessários para tornar mais segura a prestação doserviço público decorrente da atividade por ela exercida.

A ANTT deverá fiscalizar o cumprimento das cláusulas contratuais de prestação deserviços ferroviários e de manutenção, bem como fiscalizar se o DNIT está cumprindoadequadamente as atribuições que lhe foram cometidas, especialmente nas passagensem nível que se pretende construir viadutos e relativas à segurança na prestação doserviço. E a União deverá fiscalizar adequadamente os contratos de concessão deserviços de transporte ferroviário celebrados com as concessionárias rés, notadamenteno que concerne à segurança do empreendimento e à viabilidade viária e, uma vezconstatada prática de inadimplemento, adotar as medidas cabíveis para sanar asirregularidades apuradas.

Para consultar a tramitação, acesse http://www.jfsp.jus.br/foruns-federais/

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MPF defende ressarcimento aos cofres públicosde R$ 295,8 mil por extração ilegal de granito

O Ministério Público Federal (MPF) defendeu por meio de parecer o pagamento aoscofres públicos de R$ 295,8 mil referente ao granito extraído ilegalmente pela empresaMineração Santa Inês. Após ser condenada em ação civil pública, a empresa recorreusolicitando que fosse abatido do valor da indenização a quantidade de granito referentea 107 blocos supostamente apreendidos pelo Departamento Nacional de ProduçãoMineral (DNMP).

De acordo com o parecer, o termo de apreensão feito pelo órgão não apresenta os 107blocos, havendo apenas a menção de que estes blocos já tinham sido explorados enão tinham mais valor comercial. Além disso, a procuradora regional da RepúblicaEliana Torelly destaca que não houve a autorização do DNPM para a lavra mineral eque as jazidas minerais são bens da União, conforme determina a ConstituiçãoFederal.

A procuradora informa ainda, no parecer, que o MPF extraiu cópia integral dos autospara buscar a reparação e compensação dos danos ambientais em decorrência daextração mineral irregular, bem como a responsabilização criminal dos responsáveis.

Para Eliana Torelly, houve dano ao patrimônio público, consistente em apropriação eexploração de jazida mineral de propriedade da União. Como se trata de bempertencente à União, a empresa deve responder pelos danos causados ao meioambiente e pelos prejuízos causados ao ente público.

Extração ilegal - O valor a ser pago corresponde a 493 m³ de granito extraídoilegalmente, com base no valor de R$ 600,00 o metro cúbico, acrescido de correçãomonetária, juros de mora e pagamento de honorários advocatícios. Técnicos doDepartamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) flagraram extração ilegal dogranito executada pela empresa em inspeção prévia à emissão de Guia de Utilizaçãopara exploração de granito em 2007, tendo em vista que na época o processo deconcessão para a empresa ainda não havia sido concluído.

Ação civil pública foi ajuizada na Subseção Judiciária de Teófilo Otoni (MG) pela Uniãoe o juiz responsável já havia negado provimento aos embargos de declaraçãointerpostos pela empresa, com o objetivo de que fosse sanada uma suposta omissãoem relação ao desconto da quantidade de granito apreendida e a possibilidade depagamento com granito que foram conhecidos.

Número do processo: 0004765-07.2010.4.01.3813/MG

MPF/AM consegue condenação de responsáveispor garimpo ilegal em Maués

A pedido do Ministério Público Federal no Amazonas (MPF/AM), a Justiça condenou osresponsáveis pela exploração ilegal de minério de ouro no garimpo Rosa de Maio,localizado ao sul do município de Maués (distante 268 quilômetros de Manaus), aopagamento de indenização no valor mínimo de R$ 21,3 milhões pelos danos causadosao meio ambiente.

Conforme a sentença, o principal responsável, Francisco de Assis Moreira da Silva,conhecido como “Zezão do Abacaxi”, e as empresas Cooperativa de Extração Mineraldo Vale do Tapajós (Coopemvat), CRC do Brasil Mineração e Maués Mineraçãodeverão ainda recuperar integralmente a área degradada e realizar medidascompensatórias.

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A condenação impede os processados de realizar qualquer atividade de pesquisamineral ou de extração de ouro na área do garimpo Rosa de Maio, sob pena de multadiária no valor de R$ 5 mil para o caso de descumprimento, e prevê ainda a obrigaçãode apresentar plano, no prazo de 60 dias, para recuperação integral da áreadegradada. Caso seja impossível recuperar a área, deverão ser adotadas medidasambientais que compensem o dano causado pela exploração de minérios no local, coma devida assinatura de profissional habilitado, além de aprovação e acompanhamentodo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Pela sentença, todo o valor do minério extraído ilegalmente deverá ser devolvido àUnião pelos condenados, em valor preciso a ser apurado pelo Departamento Nacionalde Produção Mineral (DNPM) no momento da execução da sentença, após esgotadastodas as fases do processo.

De acordo com laudo técnico da Polícia Federal do Amazonas que embasou a ação doMPF, a atividade de exploração de minério de ouro deixou graves prejuízos ao meioambiente, como a poluição por mercúrio metálico, substância utilizada paraidentificação do ouro altamente perigosa para a saúde e para o meio ambiente, poiscausa a destruição da camada fértil do solo.

Na ação apresentada à Justiça, o MPF sustenta que o desmatamento e as queimadasda mata nas margens dos igarapés modificaram os cursos de água, ocasionandoerosão e assoreamento em seu leito, danos que podem se tornar irreversíveis. “Osdanos causados pelo garimpo não se limitam à delimitação da área de sua ocorrência(1.065 hectares), tendo em vista o escoamento de materiais tóxicos ao longo de viasfluviais”, sustenta trecho da sentença judicial, no mesmo sentido defendido pelo MPF.

A ação segue em tramitação na 7ª Vara Federal. A indenização definida pela sentençadeverá ser revertida ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDD), na faseprocessual adequada. Ainda cabe recurso da sentença.

Exploração ilegal – As investigações do caso comprovaram que tanto Francisco deAssis Moreira Filho como as empresas condenadas se beneficiaram das pesquisasminerais e da exploração do ouro no garimpo Rosa de Maio, por mais de dez anos, oque contribuiu para a degradação ambiental no local. Francisco, conhecido como“Zezão do Abacaxi”, confirmou em depoimento à polícia ser o dono do garimpo Rosa deMaio.

À Justiça, as empresas alegaram não ter realizado extração mineral na região, masapenas pesquisas minerárias, no que foram rebatidas pela Justiça, com base eminformações técnicas de geólogo na condição de testemunha e também nascircunstâncias avaliadas no caso. “As alegações das rés CRC e Maués não têmnenhuma razoabilidade, ao indicarem que atuaram na área com fim único e exclusivode pesquisa, sem qualquer extração ou exploração, por mais de dez anos, o que nãose pode admitir”, sustenta trecho da sentença.

Garimpo histórico – O garimpo Rosa de Maio foi identificado pelo setor técnico-científico da Polícia Federal em 2009, como um dos dois garimpos que ainda estavamem operação na região. Ao todo, foram apontadas cinco frentes de lavra de minérios naárea do garimpo. Danos ambientais visíveis, como desmatamento de vegetação emárea de preservação à margem dos rios e ao redor de nascentes e assoreamento deigarapés, entre outros, foram apontados no relatório da PF.

Durante a visita ao local do garimpo, foi constatado que o garimpo Rosa de Maiopertencia a Francisco Assis, conhecido como “Zezão”, morador da cidade de Itaituba,no Pará, e que o garimpo teve início por volta de 1975. No auge das atividades,segundo relatos colhidos no local, a área chegou a reunir 200 garimpeiros e novemaquinários. Na época das diligências, a produção informada foi de 1,5 quilo de ouropor mês, sendo que 70% ficava para o dono do garimpo e 30% para os garimpeiros.

Na conclusão do relatório técnico, os peritos confirmaram a existência de extraçãomineral de ouro recente no garimpo Rosa de Maio e constataram que a área degradadapela atividade nos últimos 50 anos era de aproximadamente 1.065 hectares.

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Em reportagem publicada pelo jornal Folha de São Paulo, datada de 24 novembro de1991, Francisco Assis Moreira da Silva, o “Zezão do Abacaxi”, foi apontado como ogarimpeiro mais rico do Brasil, com uma fortuna avaliada à época em US$ 20 milhões,a qual ele administrava pessoalmente e sem a mediação de bancos. A reportagemafirmava também que a produção do Rosa de Maio – que ele teria comprado doprimeiro proprietário por 20 quilos de ouro – chegou naquela época, a 110 quilos deouro por mês. Processo 13609-68.2012.4.01.3200

MPF/AM inclui “donos” do garimpo do Juma, ex-

secretários de Estado e ex-diretor geral do DNPMcomo alvos de ação na Justiça

O Ministério Público Federal no Amazonas (MPF/AM) apresentou na quarta-feira(03/05) à Justiça um aditamento – acréscimo – à ação civil pública já ajuizada paraexigir a recuperação de todos os danos causados ao meio ambiente pelas atividadesde exploração de minério de ouro no garimpo do Juma, situado entre os municípios deNovo Aripuanã e Apuí. A área devastada coincide em sua maior parte com umaUnidade de Conservação Federal, a Floresta Nacional Aripuanã.

Após realizar inspeção ao local do garimpo, em abril, e colher novas informações sobreo caso, o órgão incluiu como processados na ação a ex-secretária de Meio Ambientedo Estado, Nádia Ferreira; o ex-diretor-geral do Departamento Nacional de ProduçãoMineral (DNPM), Miguel Antônio Cedraz Nery; o ex-superintendente da Companhia dePesquisa de Recursos Minerais (CPRM) e ex-secretário de Estado de Mineração,Geodiversidade e Recursos Hídricos, Daniel Navas, outras duas empresas demineração (Minorte Extração de Minério Ltda. e BBX do Brasil Ltda, sendo estasegunda uma subsidiária da empresa australiana BBX Minerals) e três pessoas ligadasdiretamente à gestão do garimpo.

Diante da decisão liminar favorável concedida pela Justiça Federal, o MPF coordenouinúmeras tratativas para que os órgãos ambientais e de mineração fizessemfiscalizações in loco, o que ocorreu entre os dias 5 e 6 de abril. Diversos depoimentoscolhidos no local e outras investigações realizadas na área confirmaram o que já haviasido apontado pelo MPF/AM na ação inicial e auxiliaram ainda na identificação decoautores dos diversos crimes ambientais cometidos durante a exploração mineral naregião.

Segundo o MPF/AM, as apurações complementares demonstraram, entre outros fatos,que os então secretários de Meio Ambiente, Nádia Ferreira, e de Mineração eGeodiversidade, Daniel Nava, exerciam a influência política necessária para viabilizarlicenciamento ambiental repleto de falhas e fragilidades e obtenção de direitosminerários do garimpo do Juma. "Contrariando a Constituição Federal, foi dispensadoqualquer estudo ou relatório prévio no procedimento de licenciamento ambiental doGarimpo do Juma. Mesmo assim, o órgão licenciador, o Instituto de Proteção Ambientaldo Amazonas (Ipaam), vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, declarou de formafictícia a viabilidade ambiental do empreendimento e expediu licença de instalação",ressaltou o procurador da República Leonardo Galiano, autor do documento.

Os depoimentos reforçaram ainda a origem irregular do garimpo, iniciado a partir deepisódios de grilagem de terras públicas da União, com participação direta de outrosdois processados incluídos agora na ação pelo MPF: José Ferreira da Silva Filho,conhecido como "Zé Capeta", e Mário Antônio da Silva, conhecido como "Velho Mário".Ambos se autointitulam 'donos' do garimpo e contavam ainda com Paulo CézarLourenço Bruno, marido da presidente da Cooperativa Extrativista Mineral Familiar doGarimpo do Rio Juma (Cooperjuma), forjada pelo grupo para atuar de forma fictícia nogarimpo. Ele também foi incluído como alvo da ação pelo MPF e é considerado o 'braçoarmado' do grupo, sendo relatados na petição diversos episódios de ameaças,violência e morte em decorrência do garimpo.

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Intervenção da Presidência da República - Relatório do DNPM demonstrou que JoséFerreira, o Zé Capeta, protocolizou o pedido de exploração da área no dia 8 de janeirode 2007, e que, entre os dias 10 e 11 do mesmo mês e ano, o então governador doAmazonas, Eduardo Braga, agendou reunião com a então ministra da Casa Civil dapresidência, Dilma Rousseff, para tratar de pedido de intervenção da Presidência daRepública no garimpo do Juma. Braga foi líder do governo Dilma no Senado entremarço de 2012 a dezembro de 2014, quando foi anunciado oficialmente Ministro deMinas e Energia para o segundo mandato da ex-presidente.

O aditamento apresentado pelo MPF atribuiu ainda ao ex-diretor geral do DNPM,Miguel Antônio Cedraz Nery, a responsabilidade por se valer das prerrogativas do seucargo para beneficiar diretamente outros processados na ação. De acordo com ainvestigação, ele bloqueou os demais requerimentos de direitos minerários em umaárea de quase 400 mil hectares, que incluía e resguardava a área solicitada dias antespor José Ferreira, alegando a “necessidade de estudo do potencial geológico” naregião.

O documento sustenta ainda que, em nível estadual, coube a Daniel Navas seguir coma estratégia, na condição de superintendente do CPRM à época e, posteriormente,secretário de Mineração e Geodiversidade. A atuação política mais forte para buscar aregularização por vias irregulares ocorreu na época em que Navas esteve à frente dapasta. Todo esse processo, de acordo com o MPF, foi necessário para o posteriorrepasse do direito de exploração da área à empresa Mineração BBX do Brasil Ltda, emtratativa classificada pelo MPF como "clandestina" e "de cartas marcadas".

A empresa Minorte Extração de Minério também foi processada pelo MPF por tercomprado da cooperativa de fachada, por contrato escrito com cláusulas de sigilo(confidencialidade) e repasses no valor de R$ 12 milhões e ainda 25% do lucro, osdireitos minerários do garimpo do Juma e, com isso, ter se tornado responsável pelopassivo ambiental deixado no local. Para esclarecer melhor à Justiça a teia deinteresses envolvidos no caso, o MPF incluiu na ação um fluxograma detalhadoindicando todos os personagens do caso e as relações entre eles.

Diante de diversos indícios da prática de crimes previstos na legislação brasileira, oMPF/AM requisitou a instauração de inquérito policial para concluir a apuração de todosos fatos na esfera criminal, para investigar possível prática dos crimes de tortura,lavagem ou ocultação de bens, sonegação fiscal, usurpação de bens da União,extração mineral ilegal, redução à condição análoga à de escravo e envenenamento deágua potável.

Além das pessoas físicas e empresas acrescentadas recentemente pelo MPF,respondem à ação o Estado do Amazonas, a Cooperjuma, a empresa EmblocoIndústria e Comércio de Exploração e Beneficiamento de Minerais Ltda. - que comprou,em 2015, o direito de exploração da área da cooperativa e herdou a responsabilidadepelo passivo ambiental, e seus respectivos responsáveis, o Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Departamento Nacional deProdução Mineral (DNPM) e o Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas(Ipaam).

Devastação – A exploração de ouro no local esteve no auge entre 2007 e 2012,quando milhares de trabalhadores foram à região em busca da promessa deenriquecimento rápido no chamado "Eldorado do Juma". Distante da presença doEstado, já que a área de garimpo fica a centenas de quilômetros da sede urbana domunicípio de Novo Aripuanã, a paisagem no local foi transformada em poucos anos:assoreamento do rio Juma por rejeitos de barragens rompidas – que afetam também abacia do rio Madeira, grandes clareiras abertas na mata, lençóis freáticos e rioscontaminados. As condições precárias de sobrevivência no local levaram à mortedezenas de pessoas que se arriscaram, com a cooptação e estímulo dos órgãos doEstado, a trabalhar no local. Estimativas do Ipaam dão conta de que foram retiradas emtorno de dez toneladas de ouro da área, sendo o segundo maior garimpo do Brasil acéu aberto. A ação civil pública tramita na 7ª Vara Federal do Amazonas, sob o número2733-78.2017.4.01.3200.

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MPF/PE consegue decisão para agilizar registrosde pescadores artesanais

O Ministério Público Federal em Pernambuco (MPF/PE) obteve, na Justiça Federal,decisão liminar que obriga a União a dar início imediato à análise de todos osrequerimentos de inscrição pendentes no Registro Geral da Pesca Artesanal, bemcomo os que tiverem sido apresentados a partir do ajuizamento da ação do MPF, emabril.

A decisão também obriga a União a emitir as carteiras ou documentos equivalentes quecomprovem a condição dos pescadores inscritos no Registro Geral da AtividadePesqueira (RGP). A Justiça ainda determinou que o Estado de Pernambuco aceite,como documento hábil à inscrição no Programa Chapéu de Palha da Pesca Artesanalde 2017, o protocolo de requerimento de inscrição no RGP ou documento equivalente,conforme foi feito até 2015. Determinou também que seja prorrogado ou reaberto oprazo de inscrição no referido programa, por no mínimo 10 dias.

A ação do MPF ainda foi ajuizada contra o estado de Pernambuco, responsável pelaconcessão do benefício do Programa Chapéu de Palha da Pesca Artesanal, a fim deresguardar os direitos sociais dos pescadores prejudicados pela omissão do órgãofederal. A responsável pelo caso é a procuradora da República Mona Lisa Ismail.

Omissão – A atuação do Ministério Público Federal é decorrente de representação feitapor movimento de pescadores que alegou omissão administrativa na análise dosrequerimentos de inscrição no RGP desde o ano de 2012, acarretando a suspensão denovos registros. São cerca de 5.000 pedidos pendentes somente no estado dePernambuco, de acordo com os pescadores representantes. O documento é fornecidoaos pescadores artesanais e comprova o exercício regular da atividade profissional.Além disso, é pré-requisito para o acesso a benefícios assistenciais e previdenciários,como o seguro-defeso e o seguro-desemprego. Em âmbito estadual, permite aindausufruir do benefício do Programa Chapéu de Palha da Pesca.

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CEA deve identificar e recolher transformadorespoluentes, recomenda MPF/AP

O Ministério Público Federal (MPF/AP) recomendou à Companhia de Eletricidade doAmapá (CEA) que identifique a existência de transformadores que contenhampoluentes orgânicos persistentes. A atuação baseia-se em nota informativa doMinistério do Meio Ambiente na qual apontou a companhia como relacionada àcontaminação decorrente da armazenagem de agrotóxico.

O óleo ascarel, utilizado como isolante dos transformadores, é um compostoorganoclorado tóxico à saúde humana e ao meio ambiente. O produto é proibido desdea década de 80. A CEA comunicou ao MPF/AP ter realizado leilão de transformadoresentre 2011 e 2016, contudo não informou a destinação e tampouco se continham opoluente. No pátio da empresa há diversos equipamentos em contato com o solo quepodem conter o agrotóxico.

O MPF/AP quer saber, ainda, se mais de 40 transformadores tombados comopatrimônio da CEA estão em funcionamento ou estocados e em que local e estado deconservação se encontram. As datas de fabricação dos itens listados pelo MPF/APsugerem a utilização de compostos organoclorados. A instituição orienta que seconstatada a presença do poluente, os produtos sejam recolhidos em depósito paraposterior desfazimento.

A CEA tem prazo de dez dias úteis para se manifestar sobre o acatamento ou não darecomendação. O MPF/AP ressalta que se não adotar providências, a empresa seráacionada judicialmente para corrigir as ilegalidades constatadas.

Região de Osório debate impactos dosagrotóxicos em audiência pública

O Município de Osório abriu o calendário 2017 de audiências públicas do FórumGaúcho de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos (FGCIA), na tarde de sexta-feira(12/5). Além de oportunizar a discussão sobre os efeitos na saúde, no meio ambiente enos consumidores da região, o encontro, que reuniu 145 interessados no auditório docampus Osório do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grandedo Sul (IFRS), também abriu espaço para a apresentação de pesquisa do Ceclimar(UFRGS) sobre a contaminação por agrotóxicos da água na Bacia Hidrográfica do RioTramandaí. Iniciativa do Ministério Público Federal no Rio Grande do Sul (MPF/RS), doMinistério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul (MPT-RS) e do Ministério Públicodo Estado (MP/RS), o Fórum tem por objetivo informar, coletar dados, debater e proporencaminhamentos acerca do tema.

Para os coordenadores do FGCIA, um dos pontos positivos desta audiência foi adiversidade dos depoimentos do público. O Fórum se coloca ao lado da sociedade,contra o uso indevido de agrotóxicos e pede ajuda da população, que as pessoasreúnam informações e façam denúncias. A próxima audiência já tem o municípioagendado: Tupanciretã.

A mesa foi composta pelos procuradores da República Suzete Bragagnolo(coordenadora do FGCIA) e Rodrigo Valdez (lotados em Porto Alegre), pelo promotor deJustiça Leonardo Chim Lopes (da Promotoria de Justiça Especializada de Osório), pelopresidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan),engenheiro agrônomo Leonardo Melgarejo, pelo associado da ONG Ação Nascente

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Maquiné (Anama - www.onganama.org.br), Projeto Taramandahy - fase II, ecólogoDilton de Castro, e o coordenador do Colegiado de Desenvolvimento Territorial (CodeterLitoral RS - www.facebook.com/codeterlitoralrs/), administrador da Cooperativa deAgricultores Familiares (Coomafit), Charles Lima. Entre o público, também estava a ex-coordenadora do Fórum, procuradora da República Ana Paula Carvalho de Medeiros.

O engenheiro agrônomo Leonardo Melgarejo palestrou sobre a relação entre odesenvolvimento humano e o uso de tecnologias criadas para atender aos interessesde alguns grupos ou setores da Economia. Destacou que "a alimentação atual carregariscos para a saúde e que esses riscos decorrem da uniformização de processosprodutivos dependentes de venenos". Salientou também que os laços de solidariedadedevem ser estendidos às outras gerações. "Crianças que não nasceram estãoameaçadas pelo uso de agrotóxicos. É possível produzir alimentos limpos, proteger oambiente e gerar empregos sem uso de venenos. Para isso, a sociedade deve estaratenta e receber informações sobre o risco de andar próximo de locais onde estãosendo aplicados agrotóxicos. Também devem denunciar ao Fórum situações de usocriminoso de agrotóxicos, como por exemplo a pulverização em áreas urbanas, sobreestradas, sobre riachos. O próprio Papa disse que nossa sociedade passa por umacrise ética e moral, cuja superação exige a retomada dos compromissos desolidariedade. Precisamos entender que a vida de todos deve ser respeitada eprotegida por todos. Os venenos não ajudam a construir uma sociedade solidária, masalguém está ganhando com isso. Precisamos fiscalizar as empresas que lucram com osproblemas dos outros", afirmou.

O ecólogo Dilton de Castro abordou o trabalho da Anama sobre a contaminação daágua na Bacia Hidrográfica do Rio Tramandaí por agrotóxicos, pesquisa do Ceclimar(Ufrgs). O especialista atua na área de ecologia aplicada, projetos de recuperação deáreas degradadas, desenvolvimento sustentável (ecoturismo, agroflorestas),conservação da biodiversidade e gestão dos recursos hídricos.

Foi dada a palavra a representantes de órgãos públicos, associações civis,estabelecimentos de saúde, Conselhos, Universidades e movimentos sociaisorganizados. O agricultor agroecológico Charles Lima afirmou que "a agroecologia éimportante neste processo na redução dos uso de agrotóxicos, a relação e oquestionamento do consumidor na hora da compra da sua alimentação". A técnicaambiental da Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Sema), FernandaSchmitt, falou sobre a Reserva Biológica Estadual Mata Paludosa (em Itati) e oPrograma de Incentivo à Agricultura de Base Ecológica (Piabe), que vem sendoconstruído de maneira participativa por atores locais e técnicos de diversos órgãos, etem como objetivo o fomento de práticas sustentáveis de agricultura no entorno daReserva.

A conselheira do Conselho Estadual de Saúde (CES/RS), Ana Vals, alertou sobre "anecessidade de se notificar as intoxicações por agrotóxicos, já que o Rio Grande do Sulé o que menos notifica na região Sul". Em 2001, o RS notificou apenas 44 casos,enquanto que o Paraná, 486. Em 2011, o RS notificou 202, e o PR, 1.276. "Esses dadossão importantes para se poder combater o problema", informou. O agrônomo do CentroEcológico, Laercio Ramos Meirelles, denunciou os riscos das parcerias público-privadas(PPPs) na geração de formação científica e os vendedores de agrotóxicoscomissionados que atuam na comercialização direta de propriedade em propriedade.

Nesta interiorização, o debate abrangeu 25 municípios: Arroio do Sal, Balneário Pinhal,Capão da Canoa, Capivari do Sul, Caraá, Cidreira, Dom Pedro de Alcântara, Imbé, Itati,Mampituba, Maquiné, Morrinhos do Sul, Mostardas, Osório, Palmares do Sul, Riozinho,Rolante, Santo Antônio da Patrulha, Tavares, Terra de Areia, Torres, Tramandaí, TrêsCachoeiras, Três Forquilhas e Xangri-lá.

Fórum – Formado por 55 instituições, o FGCIA é coordenado pela procuradora daRepública Suzete Bragagnolo, do Ministério Público Federal no Rio Grande do Sul(MPF/RS), tendo como adjuntos o procurador do Trabalho Noedi Rodrigues da Silva, doMinistério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul(MPT-RS), o promotor de JustiçaDaniel Martini, do Ministério Público do Estado (MP/RS), e o presidente da Associação

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Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), engenheiro agrônomo LeonardoMelgarejo.

Essa foi a sexta audiência pública do FGCIA e a primeira do ano de 2017. A primeiraaudiência foi realizada em 9 de abril de 2015, em Ijuí, na região Noroeste do Rio Grandedo Sul. As demais ocorreram em Pelotas (16 de setembro de 2015), Caxias do Sul (4 denovembro de 2015), Porto Alegre (8 de junho de 2016) e em Encantado (21 de setembrode 2016).

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MPF/AM recomenda que DNPM atue para nãopermitir mineração em áreas de conservação

O Ministério Público Federal no Amazonas (MPF/AM) recomendou ao DepartamentoNacional de Produção Mineral (DNPM) que não autorize qualquer atividade deexploração minerária em áreas de unidade de conservação de proteção integral ou emáreas de unidade conservação de uso sustentável que não possuam plano de manejo oucujos planos de manejo não admitam a atividade de mineração.

De acordo com a recomendação, os pedidos que envolverem pesquisa, registro delicença, permissão de lavra garimpeira e registro de extração nessas áreas devem serindeferidos e arquivados pelo DNPM, no prazo de dez dias. As atividades mineradoraseventualmente já autorizadas que incidem sobre áreas de unidades de conservação deproteção integral ou de uso sustentável sem plano de manejo ou com plano de manejoque não permita a exploração mineral devem ser anuladas pelo órgão, no prazo de 90dias.

Inquérito civil - A recomendação foi expedida no âmbito de um inquérito civil instauradopelo MPF para investigar possíveis impactos socioambientais de atividades demineração sobre unidades de conservação federais situadas na região sul do estado. Oórgão constatou a existência de 330 pedidos de pesquisa e lavra de minériosprotocolados no DNPM, que incidiriam sobre cinco áreas protegidas criadas em maio de2016, as mesmas que são alvo de proposta anunciada por deputados federais esenadores do Amazonas para permitir a redução de seus limites ou extinção da proteçãogarantida.

Informações do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)indicam que as unidades de conservação federal Área de Proteção Ambiental dosCampos de Manicoré, Floresta Nacional Aripuanã, Floresta Nacional do Urupadi,Reserva Biológica do Manicoré e Parque Nacional do Acari, criadas em 2016, ainda nãopossuem plano de manejo aprovado. Nessas áreas, a coleta e o uso de recursosnaturais somente será possível após a aprovação do plano de manejo e nos limites aserem definidos pelo documento.

O MPF destaca que, ainda que a exploração minerária seja eventualmente admissível,em tese, para unidades de conservação de uso sustentável após prévia autorização noplano de manejo, trata-se de uma atividade intrinsecamente ligada ao esgotamento dosrecursos minerais e degradação do meio ambiente, comprometendo a conservação deespécies, habitats e ecossistemas nas áreas exploradas.

Ameaça de redução das áreas protegidas – Na recomendação, o MPF chama aatenção para o projeto anunciado por parlamentares amazonenses para reduzir oslimites das áreas de conservação, divulgado em veículos de imprensa locais. Cita, ainda,a existência de eventual pressão política exercida pelo ex-governador José Melo, cujomandato foi cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pela prática de compra devotos e outros ilícitos eleitorais, e que foi corroborada pela bancada federal doAmazonas. Essa pressão pelo ex-governador seria feita sobre o Ministério do MeioAmbiente para a alteração dos limites das unidades criadas em 2016 no sul do estado,totalizando 1.076.322 hectares de área a ser suprimida da proteção integral ou do usosustentável por comunidades tradicionais, para atender, supostamente, a interessesligados ao ramo da mineração e outros, como aproveitamentos hidrelétricos.

As áreas de conservação criadas em 2016 totalizam quase 2,7 milhões de hectares deárea protegida na região do chamado "arco do desmatamento", área da florestaamazônica que sofre forte pressão das atividades de extração de madeira e pecuáriailegais e do agronegócio.

Na recomendação, o MPF sustenta que a criação dessas reservas resultou de estudostécnicos que classificaram essas áreas como de importância biológica “muito alta” ou“extremamente alta”, e passou por diversas fases de reuniões e consultas públicas, não

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havendo, à primeira vista, ilegalidades ou irregularidades que justifiquem eventualanulação ou revisão dos procedimentos que indicaram a abrangência a ser protegida.

Caso concreto – A recomendação cita o caso da empresa Mineração Bbx do Brasil,controlada pela mineradora estrangeira BBX Holdings Limited, como exemplo dosproblemas que podem ser causados caso as medidas recomendadas não sejamatendidas. A empresa é uma das processadas na ação civil pública que trata sobre ogarimpo Eldorado do Juma, na qual o MPF exige a recuperação do passivo ambientale das barragens de rejeitos de mineração, rompidas ou com ameaça iminente derompimento, deixadas nas vastas áreas degradadas do garimpo, situado nasproximidades do município de Apuí (zona rural de Novo Aripuanã), e com sobreposição àUnidade de Conservação Federal Floresta Nacional Aripuanã, então em processo dereconhecimento estatal.

Manifestação técnica – Na quarta-feira (10), a Câmara de Meio Ambiente e PatrimônioCultural do Ministério Público Federal (4CCR/MPF) divulgou nota técnica contra aaprovação, pelo Congresso Nacional, de pacote que reduz, extingue ou reclassificaáreas de unidades de conservação no país. As normas questionadas são as MedidasProvisórias 756/16 e 758/16, que alteram limites de florestas e parques nacionais, e osrespectivos projetos de lei de conversão (PLC 4/17 e PLC 5/17). A nota alerta tambémcontra esboço de projeto de lei em discussão no Congresso que vai tratar das Unidadesde Conservação do Amazonas. Para o MPF, as medidas são inconstitucionais.

Segundo a nota técnica, as duas MPs colocam em risco um total de 2,2 milhões dehectares protegidos apenas no Pará e no Amazonas, o que equivale a todo o território deSergipe. Se as MPs forem convertidas em lei da forma como estão, áreas que hoje têmproteção integral serão extintas, reduzidas, ou transformadas e reconvertidas em áreasde proteção ambiental com menor grau de preservação.

#RetrocessoAmbientalNão: MPF e MP/ROmovem ação para retirada imediata dos

invasores da Flona do Bom Futuro

Pelo menos duas frentes de invasão estão em curso na Floresta Nacional (Flona) doBom Futuro, unidade de conservação federal localizada nos municípios de Porto Velho eAriquemes (RO). Por causa disso, o Ministério Público Federal (MPF) e o MinistérioPúblico Estadual (MP/RO) ingressaram com uma ação civil pública na Justiça Federalpara obrigar a União a retirar os invasores, reprimir os crimes ambientais com apresença da Força Nacional e disponibilizar recursos para aumentar o número de fiscaisdo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio).

Atualmente, as ações de fiscalização da unidade de conservação possuem apenas doisfiscais do ICMBio e seis policiais do Batalhão de Policiamento Ambiental. A FlorestaNacional do Bom Futuro tem sofrido com o corte de árvores, os incêndios criminosos e oloteamento ilegal de sua área.

A ação será julgada pela Justiça Federal em Porto Velho. No julgamento do processo, aJustiça Federal pode ainda determinar o pagamento de multa diária em caso dedescumprimento da futura decisão. O valor sugerido pelo Ministério Público foi de R$ 10mil por dia, a cada um dos réus.

Os autores da ação são os procuradores da República Gisele Bleggi e Daniel Lôbo epromotora de Justiça Aidee Moser Torquato.

Invasores - As frentes de invasão estão nas áreas oeste e sul da Flona do Bom Futuro.As invasões foram intensificas em janeiro deste ano, com a difusão de vários boatos naregião. Alguns líderes das invasões já foram identificados. Há relatos de que a invasão

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avança para a terra indígena Karitiana, colocando em risco o modo de vida do povotradicional e a biodiversidade da região, considerada extremamente frágil.

A Flona do Bom Futuro existe há mais de 29 anos e tem grande histórico de invasões.Desde 2000, as invasões foram intensificadas pela ação de grileiros de terra, causandodesmatamento, furto de madeira, colocação de pastagens, entre outros crimesambientais dentro da unidade de conservação.

Em 2009, durante a Operação Terra Nova, houve a instalação de bases de operação ebarreiras nos principais acessos à Flona para evitar furto de madeira, entrada deinstrumentos da exploração florestal, rebanhos de bovinos e novos invasores. Emdecorrência disto, invasores promoveram mobilizações. Uma delas bloqueou o acessoao canteiro principal de construção da usina hidrelétrica de Jirau. Foi neste contexto quea Flona Bom Futuro foi reduzida a seus atuais 97 mil hectares, em um acordo propostopelo governo estadual e aceito pelo governo federal. Na parte desmembrada foramcriadas duas unidades de conservação estaduais – Área de Proteção Ambiental RioPardo e Floresta Estadual de Rendimento Sustentável Rio Pardo.

Mesmo com a redução de sua área, a Flona do Bom Futuro continuou com invasores eseus grandes pastos para bois. Em 2012, a Justiça determinou a desocupação total daFlona, que foi entregue o ICMBio.

Mas já no ano seguinte, novos acessos à Flona foram identificados pela fiscalização eocorreram confrontos entre as forças policiais e os invasores. Em uma dessas situações,um policial da Força Nacional de Segurança foi assassinado e outro foi ferido apósserem encurralados. Após isso, houve uma ação conjunta das instituições de segurançapública que temporariamente impediu novas invasões na Flona do Bom Futuro.

Atualmente a maior concentração de invasores é na parte oeste da Flona, localizada a70 quilômetros do centro urbano do município de Alto Paraíso, e tem cerca de 250pessoas. Segundo MPF e MP/RO, as invasões são uma “onda sistemática, orquestradae criminosa, fomentada por agentes políticos, fazendeiros, empresários, servidorespúblicos e ligas camponesas”.

A ação civil pública pode ser consultada pelo número 1000462-95.2017.4.01.4100.

#RetrocessoAmbientalNão: MPF denunciafabricante de farinha de peixe que contamina o

ar e solo de Cananéia (SP)

O Ministério Público Federal (MPF) em Registro (SP) denunciou o empresário AlexandreOnaga, de 45 anos, pela prática dos crimes ambientais de poluição e de manutenção deestabelecimento poluidor sem licença dos órgãos competentes. Onaga é dono da ItacanComércio de Pescados, fábrica de farinha de peixe sediada na cidade de Cananéia, naregião do Vale do Ribeira, e que funcionou, pelo menos entre 2010 e 2014, ora sem adevida licença ambiental, ora em desacordo com a licença obtida provisoriamente paraoperar em local inserido na Área de Proteção Ambiental Federal de Cananéia-Iguape-Peruíbe – APA-CIP.

A fábrica emitia fortes odores de peixe podre na região, contaminou o solo local comsubprodutos da manufatura da farinha e também a ração animal que era ali produzida (afarinha é usada como adubo ou nutriente animal), com potencial dano à saúde humana.Se condenado pelos dois crimes previstos na Lei de Crimes Ambientais, Onaga estásujeito a uma pena que pode variar de um ano e um mês a cinco anos e seis meses deprisão, além de multa.

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Instalação da fábrica - A fábrica de farinha de Onaga estabeleceu-se em Cananéia em2006, e na época os órgãos ambientais consideraram promissora sua instalação naregião, pois ela poderia reaproveitar os dejetos da atividade pesqueira local. Contudo,pouco tempo depois, a fábrica passou a ser alvo de inúmeras reclamações, em virtudedo mau cheiro causado por seu funcionamento, o que levou o Ibama a tirar seu apoio aoempreendimento meses depois.

A fábrica, no entanto, seguiu operando, e acabou sendo objeto de novas denúncias em2007, 2008 e 2009, até que em 2010 foi alvo de uma fiscalização de analistas ambientaisdo ICMBio e foi autuada. Segundo os analistas, antes mesmo de chegarem ao local, jáse sentia o mau cheiro das carcaças de peixes apodrecendo, e no local se constatou quelíquidos resultantes de sua operação (eflúvios) escorriam pelo chão, sem qualquervedação, e eram drenados por caixas em valas a céu aberto.

Inspeção da PF - Após esta fiscalização do ICMBio, esperava-se que a fábrica deixassede violar as normas ambientais vigentes. No entanto, em uma nova fiscalização,realizada em março de 2014 desta vez pela Polícia Federal (veja imagens na animaçãono Facebook da PR-SP), novamente o que se encontrou, logo na entrada da fábrica, foiuma grande quantidade de carcaças de peixes no chão não pavimentado, junto comamontoados de lixo, sem que houvesse uma separação clara entre o que era matéria-prima para a farinha e o que era material de descarte.

Grande parte das carcaças estava em estado de putrefação, acondicionada em caixasplásticas abertas, atraindo enorme quantidade de moscas. Além do cheiro de peixepodre, o ambiente insalubre do local favorecia a reprodução de bactérias prejudiciais àsaúde humana, em especial a Salmonella. Dentro da fábrica, os peritos da PF atestaram,ainda, que o galpão era mal iluminado; que o digestor operava em péssimo estado dehigienização; e que o material que saía do triturador da fábrica era colhido em caixas nãovedadas, sendo drenado superficialmente por uma tubulação insalubre.

O material oleoso, resultante da trituração, era armazenado em recipientes abertos,alocados a céu aberto na área externa do galpão, sem qualquer proteção eimpermeabilização que impedisse danos ambientais sobre o solo, em caso devazamento. “O que os peritos da Polícia Federal acabaram verificando, nesta nova visitain loco em 2014, foi um quadro igual ou até mesmo mais alarmante do que os órgãosambientais haviam visto até então”, conclui a denúncia do MPF.

Segundo as normas ambientais em vigor, as carcaças e vísceras de peixe utilizadascomo matéria-prima da farinha que se produzia na Itacan deveriam estar guardadas emuma câmara fria instalada nas dependências do empreendimento para evitar a emissãode odores, e a empresa, ao não observar essas prescrições, violava tanto acondicionante estabelecida na licença que obteve para sua instalação, quanto ainstrução normativa do Ministério da Agricultura que aprova o Regulamento Técnico deInspeção Higiênico Sanitária e Tecnológica do Processamento de Resíduos de Animais.

Ouvido na Polícia Federal, Alexandre Onaga reconheceu as fotos feitas pela PF em2014, e assumiu ser o proprietário e administrador da empresa desde 2005. Oempresário ainda admitiu que a Itacan funcionou sem licença da Cetesb entre 2005 e2014, e confirmou também que mesmo após a autuação do ICM-Bio, em 2010, seguiuoperando a fábrica de farinha de peixe, mesmo sabendo que não poderia fazê-lo semlicença ambiental.

“Ao final das investigações, o que se apurou foi que o sócio-controlador da Itacan violouconscientemente uma série de normas, ao fazer sua fábrica operar em condiçõesgritantes de insalubridade, e colocou em risco, com isso, não apenas o ambiente, mastambém a saúde de seus funcionários que trabalhavam no local e a qualidade da farinhaque ali era produzida. A grave situação então constatada nas diversas visitas realizadaspelos órgãos de controle exigia uma resposta firme do Estado, e é isso que estamosiniciando com a denúncia oferecida na data de hoje”, afirmou o procurador da RepúblicaYuri Corrêa da Luz, do Ministério Público Federal.

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