edição em língua portuguesa do texto da peshitta · bíblia, que é, os sagrados livros do velho...

18

Upload: others

Post on 29-May-2020

10 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Edição em língua portuguesa do texto da Peshitta · Bíblia, que é, os Sagrados Livros do Velho e Novo Testamento traduzidos ao espanhol). Em português, também há um grande
Page 2: Edição em língua portuguesa do texto da Peshitta · Bíblia, que é, os Sagrados Livros do Velho e Novo Testamento traduzidos ao espanhol). Em português, também há um grande

Edição em língua portuguesa do texto da PeshittaCopyright © 2018 by BV Films Editora

“Bíblia Peshitta”, é uma marca registrada noInstituto Nacional da Propriedade Industrial de BV Films Editora.

1a Edição - Julho 2019

Copyrigth © 2006 by Instituto Cultural Álef y Tau, A.C. Mexico

Publicação e DistribuiçãoBV FILMS EDITORA Eireli

BV BOOKS EDITORARua Visconde de Itaboraí, 311 – Centro – Niterói/RJ – 24.030-094

WhatsApp (21) 98889-4349E-mail: [email protected]

www.bvbooks.com.brTwitter: twitter.com/BVFilms e twitter.com/BVBooks

Facebook: facebook.com/bvbooks e facebook.com/BVfilms

É permitida a reprodução de qualquer parte da Bíblia Peshitta nos âmbitos escrito, visual, eletrônico ou áudio desde que claramente indicada a fonte, cuja citação não exceda a um capítulo completo, ou a mais de quinhentos (500) versículos, ou vinte e cinco por cento (25%) ou mais do texto da obra em que são citados. Para todas as demais citações ou quaisquer tipos de reprodução, por quaisquer meios, é imprescindível obter a permissão escrita por parte da BV Films Editora Eireli, detentores legítimos e exclusivos dos Direitos Autorais da Obra. O não cumprimento dessa orientação fica sujeito às sanções e penas previstas na Lei.

Bíblia Peshitta Copyright © 2018 by BV Books,um Grupo da BV Films Editora Eireli.

ISBN - 978-85-8158-177-4 (Vinho)978-85-8158-182-8 (Marrom)978-85-8158-183-5 (Preto com Marrom)

Todos os direitos reservados

1. Bíblia Sagrada2. Antigo e Novo Testamento

Page 3: Edição em língua portuguesa do texto da Peshitta · Bíblia, que é, os Sagrados Livros do Velho e Novo Testamento traduzidos ao espanhol). Em português, também há um grande

ii

Os céus e a Terra passarão, mas minhas palavras não passarão.Mt 24:35

PREFÁCIOLeia primeiro isto, antes de ler a Bíblia Peshitta!

A BÍBLIA PESHITTA EM PORTUGUÊS, TRADUÇÃO DOS ANTIGOS MANUSCRITOS ARAMAICOS, é um esforço para levar ao povo cristão de fala portuguesa a tradução ao português de um dos textos das Escrituras mais antigos, conservados, respeitados e admi-rados pelos eruditos da investigação bíblica.

Este labor intenso de tradução se tem levado a cabo com o propósito de apresentar aos cristãos de fala portuguesa a riqueza, a sabedoria e o poder da Palavra de Deus num estilo ágil e contemporâneo, apegado à gramática moderna do idioma português. A simplicidade e clareza do texto Peshitta estão agora ao alcance de todo aquele que queira se aprofundar no conhecimento da verdade da Palavra de nosso Senhor e Deus, com o fim supremo de levar uma vida agradável e consagrada ao Senhor Jesus Cristo, pessoa central das Escrituras tanto do Antigo como do Novo Pacto.

Podemos afirmar que a Palavra de Deus que ficou registrada para a posteridade no texto Peshitta é profunda em sua simplicidade e simples em sua profundidade. O vocá-bulo Peshitta expressa em seu significado a própria qualidade principal desse texto: claro, simples, direto. Na mente dos recompiladores originais do texto Peshitta estava a ideia de apresentar ao povo de fala aramaica (ou siríaca, como se conhece na atualidade) a men-sagem da Palavra de Deus de uma maneira clara e direta, tal como o havia transmitido o Senhor Jesus Cristo a seus apóstolos e ao povo quando Ele se dirigia a eles em seu próprio idioma: o aramaico.

O Senhor Jesus Cristo tinha como língua materna o aramaico. Era seu meio de comuni-cação cotidiano; era a língua de uso diário em Israel naquela época e, portanto, o idioma de uso comum para o Senhor, seus discípulos e o povo. O idioma hebraico estava reservado para o culto entre a classe sacerdotal judia; o grego se utilizava para a política e o comércio internacional romano da época. Mas o aramaico foi o idioma no qual Jesus Cristo deu sua mensagem de salvação para os judeus e para os gentios. Muitos eruditos concordam que o evangelho escrito é produto de sua pregação oral em aramaico.

O Senhor Jesus Cristo falava hebraico? Sem dúvida. Conhecia o grego? Naturalmente, Ele era Deus encarnado e se relacionava com os sacerdotes no culto, o qual o levaria a usar o hebraico Ele conhecia políticos, militares e comerciantes romanos; talvez lhes falou em grego ou latim. Mas sua língua de uso cotidiano foi sem dúvidas o aramaico e foi neste idioma em que ele pregou originalmente seu evangelho.

INSCRIÇÃO EM ARAMAICO (SIRÍACO), 6 D. C., BIRECK, TURQUIA. IMAGEM 1.

Page 4: Edição em língua portuguesa do texto da Peshitta · Bíblia, que é, os Sagrados Livros do Velho e Novo Testamento traduzidos ao espanhol). Em português, também há um grande

iii

É importante enfatizar que quando Ele pregava, se dirigia principalmente a gente co-mum de seu povo. Os discípulos que escolheu eram todos judeus. As multidões para as quais falava eram pessoas que se dedicavam às atividades próprias de uma região sob domínio romano: donas de casa, pastores e pescadores. Os políticos e judeus abas-tados da época regularmente se identificavam com Roma, e o mais seguro é que eles utilizassem o grego e latim como seus idiomas de uso regular, mas também falavam o aramaico, já que o Senhor se dirigiu a alguns deles diante do povo, e todos entenderam o que falava. A classe sacerdotal judia dava leitura no templo as Escrituras em hebraico, porém havia intérpretes para o aramaico, que transmitiam a mensagem ao povo. Enfim, sua principal relação era com gente cujo idioma era o aramaico como língua de uso co-tidiano. Esta tradução, pois, apresenta ao povo cristão de fala portuguesa a mensagem do Senhor Jesus Cristo baseada em uma das obras originais da Escritura mais antiga e melhor preservada através dos tempos. Esta é a Bíblia Peshitta, que é a tradução dos antigos manuscritos aramaicos.

O aramaico é um dos idiomas mais antigos, já que é contemporâneo do ugarítico e do acádio. Pertence ao ramo dos idiomas semíticos, isto é, dos descendentes de Sem, dos quais também descende o hebraico, o cananeu, o fenício e o árabe. Era falado pelas tribos arameias cerca de 1.200 a.C. e chegou a ser o idioma oficial do império assírio, babilônico e persa, pelo que se converteu na língua franca ou universal do mundo co-nhecido. É importante ressaltar que, durante o exílio babilônico, os judeus adotaram o aramaico como seu idioma de uso comum, e reservaram o hebraico somente para o culto; prosseguiram falando aramaico até a época do Senhor Jesus Cristo, e, ainda até o século VI d.C., o aramaico seguiu sendo amplamente utilizado no Oriente Médio. Cabe assinalar que, com a conquista de Alexandre o Grande nessa área, passou a ser chama-do de siríaco, já que em grego Aram é chamado Sur, de onde se derivou Síria, e dali o termo siríaco para se referir ao aramaico. O idioma aramaico antigo é falado ainda hoje em algumas regiões da Armênia, Azerbaijão, Irã, Iraque, Israel, Georgia, Líbano, Rússia, Síria e Turquia por comunidades cristãs que o utilizam principalmente em seus cultos.

Desde que Cassiodoro de Reina traduziu pela primeira vez as Escrituras do idioma hebraico, aramaico e grego ao espanhol da época de 1569, vemos que a Peshitta atrai a atenção dos que de alguma maneira temos contato com os textos originais bíblicos. Cassiodoro declara textualmente: Não nos haveria ajudado pouco no que se refere ao Novo Testamento se houvesse saído antes a versão Siríaca, da que com grande bem e riqueza da República Cristã tem saído à luz este mesmo ano, mas tem sido no momento que já a nossa estava impressa, de tal modo que não pudemos nos apoiar nela, que não há que duvidar senão que (não obstante que não seja sua a suprema autoridade sobre as edições gregas), ainda daria grande luz em muitos lugares difíceis, como temos visto que o fazem nos que a temos consultado (escrito originalmente no espanhol da época da Bíblia, que é, os Sagrados Livros do Velho e Novo Testamento traduzidos ao espanhol).

Em português, também há um grande despertar no interesse pelo texto Peshitta. Em versões contemporâneas traduzidas do hebraico, aramaico e grego, algumas porções da Escritura têm sido tomadas diretamente da Peshitta e as têm incorporado no texto, ou se têm feito anotações em referência à Peshitta como variantes da tradução de certa porção. A estela de Tel-dan, única referência histórica onde se menciona o rei Davi, descoberta em julho de 1993 em Israel, está escrita no aramaico do século IX a.C. Inclusive no âmbi-to secular, em 2004, Mel Gibson, produziu um filme chamado A Paixão de Cristo, o qual se fala principalmente em aramaico, dando a conhecer ao público em nível mundial que o aramaico era a língua de Jesus Cristo.

Assim também, a British Library pôs em exibição, entre abril e setembro de 2007, antigos documentos tanto do Diatessarón como do texto Peshitta que evidenciam a rele-vância histórica e contemporânea desde documentos do aramaico.

Page 5: Edição em língua portuguesa do texto da Peshitta · Bíblia, que é, os Sagrados Livros do Velho e Novo Testamento traduzidos ao espanhol). Em português, também há um grande

iv

Outro acontecimento contemporâneo importante é a divulgação, por diver-sos meios de comunica-ção internacionais durante o ano de 2007 e 2008, do descobrimento de aldeias do Oriente Médio, cujos habitantes ainda falam o aramaico como na época do Senhor Jesus Cristo e se guiam em seu ensinamento com a Peshitta. Em outubro de 2008, diante da onda de perseguição contra os cris-tãos hindus e a petição de que “foram expulsos do país todas as religiões es-trangeiras”, o primeiro-mi-nistro da Índia respondeu que o cristianismo é um dos cultos mais antigos do país, o qual chegou no ano 52 d.C. a território hindu e é

parte do patrimônio nacional da Índia. Com isto se confirma o que os cristãos de Kerala (Malabar) têm sustentado durante toda a sua história: que o evangelho lhes foi levado a seus antepassados nos primórdios do cristianismo. Em sua tradição, eles afirmam que originalmente lhes foram pregados em aramaico os ensinamentos de Jesus pelo apósto-lo Tomé e seus discípulos. Disto restam reminiscências nos caracteres siríacos do dialeto suriyiani ou siríaco malayalam e em antigas inscrições em cruzes de pedra. Em 2012 o Ministério de Educação de Israel aceitou o oferecimento oficial de cursos de aramaico às comunidades, apoiados por uma numerosa comunidade arameia na Suécia. Ante a con-vulsionada guerra civil na Síria em 2014 se temia a ocupação de Malula, uma aldeia cujos habitantes falam em sua maioria o aramaico e têm diversas antiguidades nesse idioma.

Tudo isso confirma a resistência do aramaico desde os primórdios da história humana até a época contemporânea e a vigência de suas contribuições ao estudo das Escrituras, sobressaindo como sua maior contribuição espiritual e cultural o texto Peshitta. É por isso que apresentamos esta versão bíblica da Peshitta, com a intenção de dar luz no estudo da Palavra de Deus, para que essa luz permita nos levar a uma vida consagrada e agradável a Deus, que é o fim supremo da Bíblia; assim, uma vez que levamos à prática a Palavra de Deus, daremos fruto para a vida eterna.

ESTELA DE TEL-DAN, ISRAEL, INSCRIÇÃO EM ARAMAI-CO, SÉCULO IX A.C. ÚNICA EVIDÊNCIA ARQUEOLÓGICA

DA EXISTÊNCIA DO REI DAVI. IMAGEM 2.© OREN ROZEN / WIKIMEDIA COMMONS

Page 6: Edição em língua portuguesa do texto da Peshitta · Bíblia, que é, os Sagrados Livros do Velho e Novo Testamento traduzidos ao espanhol). Em português, também há um grande

v

INTRODUÇÃO

Os autores desta obra concentraram-se exclusivamente na tradução do texto Peshitta, o Instituto Alef-Tau para o espanhol e a BV Books Editora para o português, procurando ser fiéis aos originais, do aramaico para o espanhol e do espanhol para o português, sob a supervisão, do Prof. Fernando Lucius, conhecedor dos costumes, das leis e do idioma aramaico. A polêmica sobre se os originais do Novo Testamento foram em aramaico ou em grego deixamos aos eruditos, acadêmicos e especialistas no tema. A nossa motiva-ção é somente dar a conhecer ao povo cristão de língua portuguesa a existência deste manuscrito e sua tradução ao português. É nossa intenção neste espaço apresentar um breve resumo do desenvolvimento do idioma aramaico, o surgimento do texto Peshitta e o interesse contemporâneo no tema.

O manuscrito bíblico original, conhecido como tex-to Peshitta, é uma obra da Bíblia escrita no aramaico do primeiro século, posterior à época de nosso Senhor Jesus Cristo. Alguns o chamam siríaco como se fosse uma língua diferente do aramaico, mas certamente é um dialeto aramaico, embora eles sejam essencialmente o mesmo. O termo aramaico se deriva de Aram, que eram algumas tribos que ocupavam o que atualmente são Sí-ria, Líbano e Iraque, e que na época da conquista de Ale-xandre o Grande os gregos chamaram de Sur, do qual derivou o nome Síria, de modo que se referia ao idioma dos arameus como siríaco; a única variante foi o tipo de letra utilizado na época em que se escreveu o texto Pe-shitta, porque o aramaico usava os mesmos caracteres que o hebraico para sua escritura, mas o aramaico já ha-via desenvolvido uma escritura com caracteres cursivos que foram os utilizados para escrever o texto Peshitta. É aqui onde se tem pretendido fazer a separação entre aramaico e siríaco. Assim pois, concluindo, o idioma é basicamente o mesmo, a única variante foram os carac-teres de escritura. É como escrever a mesma mensagem em português com maiúsculas e com minúsculas, com variantes do estilo de Portugal e Brasil; os familiarizados

com o idioma poderão lê-la indistintamente. Ao se referir ao texto Peshitta, alguns acadêmicos afirmam que é um targum do he-

braico, mas isso está fora de toda realidade. O texto Peshitta, de acordo ao que mostram as últimas in-vestigações de manuscritos bíblicos, é uma tradu-ção direta do hebraico, do mais alto valor espiritual e acadêmico. O aramaico é uma linguagem semítica com 3.000 anos de história. Tem sido o idioma de administração de impérios, e a linguagem de adora-ção divina. Foi a linguagem dos judeus no exílio do Talmude. O aramaico foi o idioma falado por Jesus Cristo, e ainda hoje é falado como idioma principal numa grande quantidade de pequenas comunidades.

O termo aramaico provém de Aram, que era filho de Sem, neto de Noé. O idioma aramaico surge como tal entre as tribos descendentes de Aram ao mesmo tempo de idiomas tão antigos como o ugarítico ou o acádico. Durante o século XII a.C. as tribos arameias começaram a se estabelecer em grande número no que hoje são a moderna Síria, Iraque e Turquia. Como a linguagem começou a ganhar relevância,

MANUSCRITO DO SÉCULO V DO ANTIGO TESTAMENTO,

PESHITTA. IMAGEM 3.

PAPIRO PESHITTA SÉCULO IX D. C. IMAGEM 4

Page 7: Edição em língua portuguesa do texto da Peshitta · Bíblia, que é, os Sagrados Livros do Velho e Novo Testamento traduzidos ao espanhol). Em português, também há um grande

vi

converteu-se em uma língua falada desde a costa do Mediterrâneo pelo ocidente, até o Tigre pelo oriente, chegando a ser assim o idioma universal dos impérios Assírio, Babilônico e Persa. No exílio, os judeus adotaram o aramaico como seu idioma comum, e ao regressar do cativeiro levaram consigo o aramaico a Israel e dali o levaram ao norte da África e até a Europa. Na era cristã, os missionários enviados ao oriente levaram o idioma aramaico até a Pérsia, a Índia e até mesmo a China. No século I d.C., o prestigiado historiador judeu Flávio Josefo, escreveu suas principais obras As Guerras dos Judeus e Antiguidades Judaicas em aramaico, sua língua materna, sendo esta uma prova histórica digna de crédito do aramaico como idioma de uso cotidiano no Israel da época do Senhor Jesus Cristo.

Atualmente, o aramaico permanece como língua literária e litúrgica em algumas co-munidades cristãs do Oriente Médio, Europa e Estados Unidos. As turbulências sociais, políticas e militares nos últimos séculos, levaram a que falantes do idioma aramaico emigrassem ao redor do mundo, de modo tal que agora se encontram comunidades arameias na Austrália, Estados Unidos, Rússia e Europa. Hoje, o aramaico tem evoluído e tem incorporado termos da era moderna entre estas comunidades, mas se preservam os documentos originais no aramaico clássico.

O alfabeto aramaico original estava baseado nos caracteres da escritura fenícia, mas com o passar do tempo, o aramaico desenvolveu seu próprio e distinto estilo conhecido como “aramaico quadrático”. O hebraico adotou posteriormente a grafia deste alfabeto para sua linguagem. Outro sistema de escritura aramaica da mais alta importância surgiu entre as comunidades cristãs da época imediatamente posterior ao Senhor; era a forma cursiva do aramaico que na atualidade se identificam como siríaco, mas na realidade tra-ta-se do aramaico com um estilo especial chamado estrangela, do qual houve posteriores desenvolvimentos como o serto (uma mescla de consoantes aramaicas com vocalização grega) e o nestoriano.

O texto Peshitta surge da necessidade de conservar acuradamente a mensagem original do Senhor entre as comunidades cristãs primitivas da Síria, e utilizaram para isso uma escritura com caracteres cursivos do aramaico chamada estrangela. Isto é de maior im-portância, e se têm preservado documentos antiquíssimos que confirmam sua existência. Resumindo, podemos dividir a história do aramaico em três grandes períodos: • O período do aramaico antigo, o qual vai desde 1.100 a.C. até 200 d.C.• O período do aramaico médio, que vai desde 200 d.C. até 1.200 d.C.• E o período do aramaico moderno, desde 1.200 d.C. até o presente.

O período do aramaico antigo inclui o que seria o aramaico original das tribos arameias, o qual já se encontra extinto. Cobre também o que é o aramaico imperial que se converteu no idioma oficial do governo, a religião, a cultura e o comércio dos impérios Assírio, Babi-lônico e Persa. Nesta época em que havendo sido exilado o povo judeu na Babilônia, adota o aramaico como idioma de uso comum, prática que permaneceria até 200 d.C. Com base nisto, podemos afirmar que nos tempos do Senhor Jesus Cristo, o aramaico era o idioma falado cotidianamente em Israel.

No período de transição entre o aramaico antigo e o médio, é quando surge o aramaico em escritura estrangela, portanto os primeiros escritos evangélicos. A data comumente aceita de sua origem é cerca do final do século II d.C., se consideramos como base pri-mitiva ao Diatessaron de Taciano e a Vetus Síria. Enquanto a expansão das Escrituras até o ocidente utilizava o idioma grego como meio, a pregação do Evangelho ao oriente se utilizou do aramaico, o qual era amplamente conhecido, havendo chegado até a Índia e China, do qual ainda hoje existem testemunhos. Quando se estabeleceu o cânon do texto Peshitta havia sérias divisões quanto a quais livros e quais textos seriam os inspirados, de modo tal que os documentos originais não incluíam os versículos de João 7:53 a 8:11, as epístolas de 2Pedro, 2 e 3João, Judas e Apocalipse, mas foram incorporados em documentos posteriores. Isto não dizia respeito somente à Peshitta, mas foi comum também para o estabelecimento do cânon hebraico e grego. Nos três cânones houve di-ficuldades para determinar quais livros ou passagens incluir, quer por dúvidas sobre sua inspiração, que por autenticidade em sua autoria. Uma característica dos textos aramaico do Diatessaron e da Vetus Síria é que incluem a passagem de Marcos 16:9-20.

Page 8: Edição em língua portuguesa do texto da Peshitta · Bíblia, que é, os Sagrados Livros do Velho e Novo Testamento traduzidos ao espanhol). Em português, também há um grande

vii

Também existiram em aramaico palmireno, nabateu, arsácida e o assim chamado an-tigo siríaco. Quanto a este último, no reino de Osroena localizado em Edessa e fundado no ano 132 a.C., o dialeto regional se converteu no idioma oficial. Taciano, um discípulo de Justino Mártir, conhecido por seu asceticismo extremo e certa simpatia pelo gnosti-cismo, chegou desde a Assíria e escreveu cerca do ano 170 d.C. sua obra o Diatessaron (uma harmonia dos quatro relatos do Evangelho), neste antigo siríaco, além de tê-lo feito em aramaico e grego.

Na época do Senhor Jesus Cristo se falavam sete variantes do aramaico ocidental. A variante mais relevante na Jerusalém e na Judeia era o aramaico judaico. Na região da Samaria se falava o aramaico samaritano. Na área de Em-guedi se usava o aramaico sul-oriental; em Alepo se falava o aramaico de Orontes; na margem oriental do Jordão se utilizava o aramaico jordano oriental; em Damasco, o aramaico damasceno; e na região onde regularmente andava o Senhor Jesus Cristo, falava-se o aramaico galileu. Havia poucas diferenças entre um e outro, de modo que realmente se distinguiam com acentos e variantes mínimas de pronúncia. O caso de Pedro Marcos 14:70 e Mateus 26:73 é evidência disto.

Durante o período do aramaico médio começam a mudar as linguagens e dialetos ara-maicos. Os derivados do aramaico imperial deixaram de ser idiomas vivos, e as linguagens oriental e ocidental começaram a recobrar vida. Graças ao aramaico do período médio se conhece o vocabulário e a gramática do aramaico do período antigo. No quarto século, João Crisóstomo escreveu sua Homília do Evangelho de João em estrangela. Neste período os missionários propagaram o Evangelho até a Pérsia, a Índia e a China. Também neste período se completou o Talmude babilônico. Do aramaico arsácido surge nesta época o mandaico, que era essencialmente o mesmo idioma, mas com diferente escritura.

Hoje em dia, mais de quatrocentas mil pessoas falam aramaico, ou melhor dizendo, neo-aramaico. Entre eles estão cristãos, judeus, árabes e mandeus. A imensa maioria deles esteve vivendo em áreas isoladas, conservando suas tradições. Durante os últimos duzentos anos, o infortúnio tem perseguido aos de fala aramaica. A instabilidade no Oriente Médio provocou uma diáspora deles ao redor do mundo. No princípio do século vinte, muitos cristãos de fala aramaica foram sujeitos à perseguição com a queda do Império Otomano. Em 1950 muitos judeus de fala aramaica se mudaram para o recente-mente criado Estado de Israel, e com o tempo absorveram o idioma hebraico, tendendo na atualidade a desaparecer a fala aramaica desta comunidade. Muitos outros membros de comunidades de fala aramaica emigraram principalmente para a Austrália, Estados Unidos e Europa, onde continuaram praticando e levando o uso do aramaico clássico, preservando suas tradições particulares, mas todos concordando em conservar a obra--prima neste idioma: o texto Peshitta.

O termo Peshitta significa claro, direto, comum, simples. Não há consenso quanto ao autor e base desse texto, mas a maioria dos eruditos concordam que foi uma compila-ção feita no século V d.C. por Rabula, bispo de Edessa, baseando-se para isso em diversos textos aramaicos traduzidos do hebraico para o A.T. que circulavam nessa época ao oriente da Palestina, e em textos aramaicos (embora já influenciados pela tradução dos Setenta LXX) que circulavam entre os cristãos desde o oriente do Tigre até Antioquia. Mas isto não é conclusivo nem se sustenta, pois a Peshitta tinha uma ampla difusão nessa época. É con-siderada mais uma tradição que um dado histórico. Não obstante, isto encontra forte opo-sição entre os partidários da primazia aramaica, pois eles afirmam que o texto Peshitta é a transmissão direta da mensagem do Senhor a seus discípulos e apóstolos em aramaico, e que estes elaboraram seus manuscritos em aramaico. Sua base para esta argumentação é simples: todos eles falavam aramaico e dirigiam seus escritos originalmente a comunida-des judias de fala aramaica ou a gentios que viviam em zonas de fala aramaica.

Não cabe dúvidas de que o centro das origens do texto Peshitta são as regiões de Edessa e Adiabene (uma zona de abundante população judia e cristã ao leste do rio tigre, atual Iraque). Ali se concentravam judeus e cristãos cuja língua era o aramaico, portanto eles tiveram a necessidade de um texto aramaico das Escrituras tanto do Antigo como do Novo Testamento. Os judeus se basearam, para o Antigo Testamento, diretamente no texto hebraico, e dali surgiram os targum. Os cristãos se basearam originalmente, para o Novo Testamento, nos diversos textos aramaicos que circulavam em Israel e no oriente da

Page 9: Edição em língua portuguesa do texto da Peshitta · Bíblia, que é, os Sagrados Livros do Velho e Novo Testamento traduzidos ao espanhol). Em português, também há um grande

viii

Palestina, dos quais o mais destacado e apreciado era uma obra chamada o Antigo Siríaco (chamada assim em virtude de que circulava principalmente em áreas de influência síria). Há consenso entre os eruditos que esta antiga obra pode haver sido a base original do texto Peshitta antes do século II, antes que a compilação de Rabula incorporasse textos influenciados pelo grego. Para o Antigo Testamento, os cristãos se basearam no texto hebraico diretamente, mas não resta dúvida de que depois incorporaram também textos influenciados por traduções do grego como a versão dos Setenta, LXX. O texto Peshitta não surgiu espontaneamente de uma só vez, antes foi tomando forma através do tempo acrescentando e eliminando livros da Bíblia. Originalmente incluía os deuterocanônicos, mas foram sendo eliminados gradualmente. Por outro lado, a versão original não incluía a passagem da mulher adúltera do capítulo 8 do relato do Evangelho de João (exatamente Jo 7:53-8:11), porções do livro de Atos, 2Pedro, 2 e 3João, Judas e Apocalipse, os quais se acrescentaram posteriormente, baseando-se também em textos aramaico bem antigos.

Não existe fundamento algum para afirmar que o Antigo Testamento do texto Peshitta se baseou nos targum aramaicos. Os targum eram interpretações do texto hebraico tra-duzidas para o aramaico, o qual diminuía sua qualidade como tradução, pois incorporava tradições judaicas e interpretações teológicas além da tradução literal. Mas a Peshitta não se baseou em targum aramaicos, mas diretamente no texto hebraico, e assim se preservou até o século II d.C. em que começaram a ser acrescentadas influências dos textos gregos.

Apesar de tais influências, o texto Peshitta se preservou através dos séculos, e apesar das oscilações religiosas de todos os tempos, ao se inclinar a balança a favor dos ma-nuscritos gregos do Novo Testamento, fez com que a Peshitta se conservasse em seu frescor e fidelidade original devido a que não foi dada a ela a importância que tinha, salvo nos princípios da era da Igreja e hoje nos últimos tempos, nos quais há um surgimento mundial pelo estudo e preservação do aramaico. Isto, sem dúvida, contribuiu a que mui-tas passagens que sofreram modificação em outros textos tenham se preservado mais fielmente no texto Peshitta.

Como declaramos no início desta Introdução, os tradutores desta obra se concentra-ram essencialmente a traduzir tanto para o português como para o espanhol o texto Pe-shitta; não pretendemos nos constituir em apologistas resolutos da primazia aramaica, pois para isso há especialistas no tema.

Os partidários da primazia grega argumentam que os manuscritos gregos existentes são os que se têm conservado com maior antiguidade e quantidade, e que Paulo dirigiu seus escritos a comunidades de fala gregas distribuídas pelo ocidente do Império Romano. Os partidários da primazia aramaica argumentam que Jesus Cristo, seus discípulos, apóstolos e primeiros convertidos eram de fala aramaica, assim como que a antiguidade de seus manuscritos rivaliza com a dos manuscritos gregos. Independentemente da controvérsia que isto gera, não diminui em nada o valor original do texto Peshitta, porque embora não fosse o idioma original do Antigo e Novo Testamento, sua preservação, conteúdo, clareza e fidelidade, lhe conferem um lugar privilegiado entre os textos bíblicos. Damos glória ao Pai Celestial, ao Senhor Jesus Cristo e ao Espírito Santo pelo privilégio de haver participado em levar esta obra ao povo cristão de fala portuguesa, e é nosso desejo que sirva de luz e inspiração e dê frutos para a vida eterna, e que motive para uma maior busca do rosto de Deus em tempos nos quais o avivamento espiritual é uma necessidade urgente.

Instituto Cultural Álef e Tau, A.C.Hermosillo, Sonora, México

BV Books EditoraNiterói, Rio de Janeiro, Brasil

Sugerimos ver a seção DADOS HISTÓRICOS E TRADICIONAIS RELACIONADOS AO TEXTO PESHITTA E OUTRAS OBRAS EM ARAMAICO, para maior informação cronológica.

Page 10: Edição em língua portuguesa do texto da Peshitta · Bíblia, que é, os Sagrados Livros do Velho e Novo Testamento traduzidos ao espanhol). Em português, também há um grande

ix

EXPLICAÇÕES DIVERSAS SOBRE ESTA OBRA

NUMERAÇÃO DOS VERSÍCULOS: Varia em alguns poucos casos, em virtude do texto Peshitta original ter diferenças com respeito aos textos fonte de tradução do he-braico e do grego. Os manuscritos originais não tinham divisão de versículos nem de capítulos, nem pontuação alguma.NOMES: Os nomes de algumas pessoas e lugares não coincidem com as versões do hebraico e grego. Nos que coincidem, optamos por deixá-los como são conhecidos regu-larmente; nos que não coincidem, procuramos dar a eles uma fonética o mais facilmente pronunciável em português. Aos nomes das pessoas mais conhecidas das Escrituras, fo-ram traduzidos como são conhecidos convencionalmente, mesmo quando são diferentes em aramaico. Para efeitos de ajuda um pouco nisto, temos incluído no final desta obra uma seção chamada Relação de nomes de pessoas e lugares sobressalientes.

Desta forma, esta obra seguiu a seguinte metodologia para a transliteração de nomes de pessoas e lugares: Quando o nome no texto aramaico Peshitta coincide com o texto hebraico, ou no caso das pessoas mais conhecidas das Escrituras, adotamos os nomes convencionais do público de fala portuguesa, tais como Abraão, Isaque, Jacó, Jesus, Tiago, etc. Em alguns casos, os nomes da Peshitta não apresentam similaridade com o texto hebraico, demons-trando que o texto hebraico usado pela Peshitta não era o mesmo, apresentando variantes de pronúncias ou mesmo nomes completamente diferentes daqueles do texto hebraico conven-cional. Alguns nomes aramaicos possuem um termo hebraico paralelo; por exemplo, o nome Yeshu (nos livros de Neemias e Esdras) é paralelo ao nome Yeshua do texto hebraico, nestes casos adotamos os nomes usados convencionalmente na língua portuguesa (no exemplo ci-tado, a transliteração convencional é Jesua – Ed 2:2). Porém, em alguns casos, o nome usado pela Peshitta não é o mesmo apresentado pelo texto hebraico, em tais casos o leitor encon-trará a variante do nome conforme apresentada pelo texto aramaico; nestes casos optamos por uma transliteração que seja o mais facilmente pronunciável em português, abandonando o uso de traços, sinais e acentos convencionais das regras de transliteração, para que o leitor possa ter mais facilidade para pronunciar o termo.FILHO: Invariavelmente com maiúscula quando se refere ao Senhor Jesus Cristo, em passagens messiânicas ou no Novo Testamento.NOME: Com maiúscula quando faz referência ao nome de Deus e não se menciona Yahweh, Jesus ou Jesus Cristo. Ex.: Êxodo 5:23 (com maiúscula) e 20:7 (com minúscu-la). Com minúscula quando são mencionados.YAHWEH: Este nome não aparece nos manuscritos originais do Texto Peshitta. O vocá-bulo Marya é usado na Peshitta nas porções onde aparece o nome Yahweh no texto hebrai-co, e em algumas porções do Novo Testamento aramaico. Eruditos no idioma aramaico que consultamos afirmam que Marya está formado por Mare ou Mara, que significa Senhor, e Yah, forma abreviada de Yahweh. Para sua localização no Novo Testamento desta obra consultamos a tradução aramaico-hebraica da Peshitta. CÉU: Quando faz referência à morada de Deus, possui maiúscula. Quando seu significa-do é atmosférico ou astronômico, possui minúscula.ELE: Este pronome possui maiúscula quando se refere à Divindade. Assim também outras expressões que incontroversamente se refiram à Divindade como Altíssimo, o Verbo, Senhor, etc. Não confundir o pronome Ele com o vocábulo El, que é a designação primitiva para se referir à Divindade entre os povos semitas.MÉTODOS DE TRADUÇÃO: Existem três métodos básicos de tradução a partir dos originais da Escritura aos diferentes idiomas do mundo. O método de equivalência formal ou literal, que consiste na tradução, “palavra por palavra”, do texto original, produzindo uma obra difícil de entender, orientada principalmente a eruditos e acadêmicos; é muito usada para obras interlineares. A tradução de equivalência dinâmica ou funcional, que

Page 11: Edição em língua portuguesa do texto da Peshitta · Bíblia, que é, os Sagrados Livros do Velho e Novo Testamento traduzidos ao espanhol). Em português, também há um grande

x

consiste numa tradução que tende à paráfrase, orientada a um público que não tem cultura de leitor nem é estudioso da Palavra; este método serve como base para obras infantis. E por último, o de equivalência ótima, que é o método que adotamos para levar a cabo esta obra.

O método de equivalência ótima consiste principalmente numa tradução que se sus-tenta no texto original, mas ao mesmo tempo procura apresentar a mensagem de uma forma clara, em leitura ágil e em linguagem contemporânea no idioma de destino. Favo-rece a transmissão do sentido e propósito da mensagem até onde é possível, sem que se afete o que diz o texto original. Em casos de expressões idiomáticas ou textos de difícil compreensão, se interpretam para entendimento na linguagem contemporânea, mas informando ao leitor com notas de rodapé de outras acepções, formas de leitura ou literalidades. PASSAGENS PARALELAS: As passagens paralelas no Antigo Testamento se identifi-cam porque a referência do versículo diz “(v.) comp. (vs.)”. Ex: Gn 10:1-29 comp. 1Cr 1:4-23. Significa que Gênesis 10:1-29 é passagem paralela de 1Crônicas 1:4-23. Quando são pas-sagens paralelas no Novo Testamento, se identificam porque se põem abaixo dos subtítulos das passagens a comparar. Ex: em Mt 3:1: João Batista prega no deserto (Mc 1:1-8; Lc 3:1-9, 15-17; Jo 1:19-28). SUBTÍTULOS: Os subtítulos pretendem orientar quanto ao tema que está expondo o autor inspirado original numa passagem em particular. Não aparecem nos textos origi-nais da Peshitta, mas foram postos pelos autores da presente obra.NOTAS: As notas de rodapé pretendem ampliar a informação sobre os textos assina-lados, apresentar outras possíveis traduções ou informar de literalidades. São expostos com um sobrescrito numérico na palavra correspondente.REFERÊNCIAS: O corpo de referências cruzadas da presente obra está baseado na tradu-ção da mesma, pelo qual pode haver variantes quanto ao sentido e mensagem regularmente conhecidos. São expostos com um sobrescrito alfabético no texto a referenciar. O sistema de referências que utilizamos foi extensivo não exaustivo. Isto significa que as referências não pretendem levar uma linha doutrinal, senão simplesmente englobar numa mesma citação mensagens ou temas similares. Assim, você encontrará que não se segue a referência direta com uma palavra, antes se busca interconectar numa referência a um ou mais temas ou alusões juntas. Por exemplo, se você busca algo sobre o sangue de Jesus Cristo, o mesmo o levará a seu sangue derramado, que à lavagem, redenção ou limpeza por meio do sangue de Jesus Cristo, e não como tradicionalmente as temos conhecido que se usa uma referência para seu sangue derramado, outra para lavagem por seu sangue, outra para redenção por seu sangue e outra para limpeza por seu sangue. ORTOGRAFIA: Na presente obra se tem buscado dar a ela uma redação ágil, clara e de fácil leitura, embora o original do texto Peshitta é assim por mérito próprio. Se tem aplicado as regras gramaticais mais atualizadas do português.TEXTOS EM VERMELHO: No Antigo Testamento aparecem em letra vermelha as porções que se consideram fazer referência a Jesus Cristo. No Novo Testamento apare-cem em vermelho as palavras faladas pelo Pai, o Senhor Jesus Cristo e o Espírito Santo.PASSAGENS POÉTICAS: Para distinguir da prosa simples, os textos poéticos do An-tigo e Novo Testamento se apresentam em formato diferente como uma ajuda para o leitor.ASPAS: Usam-se principalmente para indicar expressões declaradas em um passado ou que se declararão no futuro.

Page 12: Edição em língua portuguesa do texto da Peshitta · Bíblia, que é, os Sagrados Livros do Velho e Novo Testamento traduzidos ao espanhol). Em português, também há um grande

Livro de

GÊNESIS

Aram., Sipra d’Berita se traduz como Livro da Criação. Heb: Bere-shit, que significa Em Princípio. O nome Gênesis, que traduzido significa origem, procede da versão grega do Antigo Testamento. Se considera que seu autor foi Moisés, e sua data de redação se situa cerca de 1440 a.C. É o primeiro livro da Torá ou Pentateuco. Ele relata a criação do universo (os céus e a terra), a maravilhosa obra de Deus em seis dias e o repouso no sétimo, a criação do ser humano, a queda de Adão e a corrupção da raça humana devido ao pecado, o dilúvio, o pacto de Deus com Noé, a torre de Babel, a razão da proliferação dos idiomas, a destruição de Sodoma e Gomorra, a vida e a obra dos patriarcas, com ênfase em Abraão, Isaque e Jacó, a promessa a Abraão da benção para as nações em sua Semente, as doze tribos de Israel, José no Egito, a experiência dos israelitas no Egito e o início do seu posterior Êxodo a Canaã.

Page 13: Edição em língua portuguesa do texto da Peshitta · Bíblia, que é, os Sagrados Livros do Velho e Novo Testamento traduzidos ao espanhol). Em português, também há um grande

Gênesis 1

Yahweh e sua criação

1 Em princípioa criou Deus1 os céus e a terrab.2

2 E a terra era o caos e o vazioc, e havia trevas sobre a superfície do abismo profundo; e o Espírito de Deusd incubava3 sobre a superfí-cie das águas.

3 Então disse Deus: Haja Luz. E houve Luz.

4 E Deus viu que a Luz era boa; então separou Deus a luz das trevas.

5 E chamou Deus à luz dia; e às trevas chamou noite. E houve a tarde e houve a manhã, e foi a manhã um dia.

6 Então disse Deus: Haverá uma expansão no meio das águas, para que separe as águas das águas.

7 E fez Deus a expansão, e sepa-rou as águas que estavam debaixo da expansão das águas que esta-vam acima da expansão; e assim aconteceu.

8 E chamou Deus à expansão céus. E houve a tarde e houve a ma-nhã, e foi a manhã o segundo dia.

9 E disse Deus: As águas que es-tão debaixo dos céus se reunirão em um lugar; e apareça a parte seca. E assim aconteceue.

10 E chamou Deus à parte seca terra; e a reunião das águas chamou mares. E viu Deus que era bom.

11 Depois disse Deus: Que a ter-ra produza vegetação: erva que produza semente segundo sua es-pécie; e árvores frutíferas que pro-duzam fruto sobre a terra segun-do sua espécie, cuja capacidade de reprodução nele esteja. E assim aconteceuf.

12 Então a terra produziu vege-tação: erva que produzia semente segundo sua espécie; e árvores frutíferas que produziam fruto se-gundo a sua capacidade nele, segundo sua espécie. E viu Deus que era bom.

13 E houve a tarde e houve a ma-nhã, e foi a manhã o terceiro dia.

14 Então disse Deus: Haja lumi-nares na expansão dos céus, para separar o dia da noite; e sirvam de sinais para as estaçõesg, para os dias e para os anos;

15 também sirvam como luminá-rias na expansão dos céus para ilu-minar a terra. E assim aconteceu.

16 Depois fez Deus dois lumi-nares grandes: o luminar maior para dominar durante o dia, e o luminar menor para dominar durante a noite. Também fez as estrelash.

17 Então Deus os colocou na ex-pansão dos céus para iluminarem a terra,

18 para que dominem durante o dia e durante a noite, e para sepa-rarem a luz das trevas. E viu Deus que era bom.

19 E houve a tarde e houve a ma-nhã, e foi a manhã o quarto dia.

20 Em seguida disse Deus: As águas se encham de uma grande quantidade de seres vivos e haja aves que voem sobre a terra, no firmamento dos céus.

21 Também criou Deus os gran-des dragões4, e todo ser vivo que se move, dos quais se encham as águas segundo suas espécies, e toda a ave alada segundo sua es-pécie. E viu Deus que era bom.

11:1 Aram., Alaha. Significa Deus, Divindade, a Suprema Divindade. Heb., Elohim. 21:1 Em letras ara-maicas: Bereshit bera Alaha yat Shmaia’ veyat Area 31:2 Aram., merahpa, que pode ser traduzido como criava, cuidava, cobria, chocava, abrigava, pairava sobre, rondava, movia-se suavemente de um lado para o outro, formava ondas, criava ondas, agitava. Heb., movia-se, criava, sacudia. 41:21 Aram., tanine que significa dragões. Heb., tanim, que se refere a monstros terrestres ou marinhos, dragões, baleias.

1:1 aJo 1:1 bJó 38:4; Is 45:2; 45:18 1:2 cJr 4:23-28 dGn 41:38; Êx 31:3; Jó 33:4; Is. 11:2 1:9 eSl 24:2; 136:6; 2Pe 3:5 1:11 fMc 4:28 1:14 gSl 104:19 1:16 hSl 8:3; 136:7-9; Jó 38:7; Jr 31:35

Page 14: Edição em língua portuguesa do texto da Peshitta · Bíblia, que é, os Sagrados Livros do Velho e Novo Testamento traduzidos ao espanhol). Em português, também há um grande

Gênesis 1-2

22 Então Deus os abençoou, di-zendo: Frutificai e multiplicai, e enchei as águas que estão nos ma-res, e multipliquem-se as aves so-bre a terra.

23 E houve a tarde e houve a ma-nhã, e foi a manhã o quinto dia.

24 Depois disse Deus: Produza a terra o ser vivo segundo sua espé-cie; gado, répteis e bestas da ter-ra segundo sua espécie. E assim aconteceu.

25 Assim fez Deus as bestas da terra segundo sua espécie, o gado segundo sua espécie, e todos os répteis da terra segundo sua espé-cie. E viu Deus que era bom.

Deus cria o ser humano26 Então disse Deus1: Façamosa

o ser humano2 segundo a nossa imagem, como a nossa semelhan-çab, e tenham domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre o gado, sobre todas as bestas da terra, e sobre todo os répteis que rastejam sobre a terrac.

27 Criou, pois, Deus o gênero humano3 conforme a sua imagem, a imagem de Deus o criou; ho-mem e mulher os crioud.

28 E Deus os abençoou, dizen-do: Frutificai e multiplicai; enchei a terra, e sujeitai-a, e dominai os peixes do mar, as aves do céu, o gado, e sobre todo ser vivo que rasteja sobre a terra.

29 Então disse Deus: Eis que te-nho dado a vós toda a erva que produza semente a ser semeada

sobre a superfície de toda a terra. E toda a árvore frutífera, cuja se-mente seja semeada, servirá para mantimento.

30 E para toda besta do campo, a toda a ave do céu, e todo que ras-teja sobre a terra, em que há alma vivente, toda a erva verde servirá por mantimento. E assim aconte-ceu.

31 E viu Deus tudo que fez, e eis que era muito bom. E houve a tar-de e houve a manhã, e foi a manhã o sexto dia.

2 Assim foram concluídos os céus, a terra e todos os seus exércitos.e

2 E terminou Deus no dia sexto as suas obras que fizera, e repou-sou no dia sétimo de todas as suas obras que fizeraf.

3 E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou, que nele ele repousou de todas as suas obras que Deus ha-via criado para que existissem.

O jardim do Éden4 Estas são as origens dos céus e

da terra ao serem criados, no dia que Yahwehg4 Deus fez os céus e a terrah,

5 e todas as árvores do campo ainda não estavam na terra, e toda a erva do campo ainda não brota-ra, porque Yahweh Deus não fi-zera choveri sobre a superfície da terra, e tampouco havia homem5 para trabalhar a terra.

6 E uma fonte brotava da terra, e regava toda a superfície da terra.

1:26 aGn 3:22; 11:6, 7; Jo 10:30; 14:9-11; 1Pe 1:2 bGn 5:1; 1Co 11:7; Tg 3:9 cSl 8:6-8; Tg 3:7 1:27 dGn 5:2; Mt 19:4; Mc 10:6 2:1 eDt 4:19; 17:3 2:2 fÊx 20:11; 31:17; Hb 4:4, 10 2:4 gGn 4:26; 17:1; 26:24; Êx 6:3; Is 43:11, 15; 44:24 hJó 38:4 2:5 iGn 6:17; 7:4

11:26 Ou, a Divindade. 21:26 Aram., nasha. Geralmente traduzido como homem em seu sentido mais amplo. 31:27 Lit., Adam. Do hebraico Adam, nome do primeiro homem à imagem e seme-lhança de Deus, também traduzido como homem, ser humano, raça humana. 42:4 Aram., Marya, vocábulo usado na Peshitta exclusivamente em referência ao Senhor Yahweh. Mar significa Senhor, e Yah é a forma curta de Yahweh. O nome Yahweh se deriva da raiz hayah que significa ser ou existir. Portanto, dessa forma, o significado de Yahweh seria o Auto-existente ou Aquele que é por Si mesmo. 52:5 Aram. e Heb., Adam.

Page 15: Edição em língua portuguesa do texto da Peshitta · Bíblia, que é, os Sagrados Livros do Velho e Novo Testamento traduzidos ao espanhol). Em português, também há um grande

A MensAgeM de

JOÃO

Aram: Carazota d’Yorranan, que se traduz a Mensagem ou a Pregação de João. A autoria deste relato do Evangelho se atribui ao apóstolo João, tanto pelas evidências internas como externas. Foi escrito na Ásia Menor (talvez em Éfeso), no final do século I, cerca do ano 85 d.C. O nome João se deriva do hebraico e aramaico Yorranan, que significa Yah favoreceu ou Yah é compassivo. Gr: Ioannes. Era filho de Zebedeu, e primo do Senhor Jesus. Ele e seu irmão Tiago deixaram seu ofício de pescadores para seguir a Jesus Cristo, e ambos foram designados apóstolos. O Senhor os admoesta severamente por sua impetuosidade e proeminência, e até lhes põe a alcunha de “filhos do trovão”, mas uma vez que a graça fez seu efeito neles, tornaram-se sensíveis e profundos espiritualmente, e João até mesmo se recostava no peito de Jesus devido ao especial afeto que Ele lhe havia conferido. A João se lhe atribuem cinco livros do Novo Testamento; o quarto Evangelho, três epístolas e o Apocalipse. Esteve exilado na ilha de Patmos por causa da Palavra de Deus e por testificar de Jesus Cristo. O Evangelho de João contém passagens sem paralelo com os outros evangelhos, e as passagens similares são apresentadas de forma bem diferente a respeito da linguagem e forma de falar com que prega o Senhor Jesus, assim como os lugares de seu ministério. O objetivo do relato de João se concentra em declarar o testemunho que Jesus deu de si mesmo como o Filho de Deus encarnado e como Salvador do mundo. Isto se explica em virtude das teorias filosóficas em voga no Império Romano quanto as coisas espirituais, e em particular, a respeito da pessoa e Divindade do Senhor Jesus Cristo. Exalta a Divindade do Pai, de Jesus e do Espírito Santo. Narra o testemunho de João Batista acerca do Cordeiro de Deus, e o testemunho de Jesus a respeito de si mesmo, revelando-se não somente como o Filho do Homem, mas também como o Filho de Deus. Tudo nEle revela a Deus e enfatiza a mensagem de vida eterna e abundante aos que o reconhecem como tal. Ele nos fala amplamente da revelação da Divindade do Senhor, do Verbo ou Palavra de Deus, da necessidade

Page 16: Edição em língua portuguesa do texto da Peshitta · Bíblia, que é, os Sagrados Livros do Velho e Novo Testamento traduzidos ao espanhol). Em português, também há um grande

do novo nascimento ou regeneração, do sacrifício do Cordeiro, a eternidade e pré-existência de Jesus, sua onipresença e onipotência, sua perfeita sabedoria, e sua santidade única e absoluta. Ele se diferencia dos outros três relatos do Evangelho em que aqueles nos revelam as obras do Senhor, o que Ele fez, e este nos revela a pessoa de Jesus Cristo, quem é Ele. Jesus apresenta o Pai quem o enviou, e o Espírito Santo, que Ele enviaria como Consolador. Mostra milagres de diversos tipos, assim como parábolas ilustrativas de sua Pessoa. Ele nos fala de sua morte como o Cordeiro de Deus, sacrificado precisamente durante a celebração da Páscoa, e de sua ressurreição e ascensão ao Pai. Este Evangelho é sempre o mais recomendado para quem inicia a vida cristã, devido a sua simplicidade e impacto nos corações dos recém-convertidos.

Page 17: Edição em língua portuguesa do texto da Peshitta · Bíblia, que é, os Sagrados Livros do Velho e Novo Testamento traduzidos ao espanhol). Em português, também há um grande

O Verbo feito carne

1 Em princípioa era o Verbo1, e o Verbo estava junto de Deus2, e

o Verbob era Deus. 2 Este existia no princípio com

Deus. 3 Por meio dEle foram feitas to-

das as coisas; e nada do que havia sido feito se fez sem Elec.

4 A vida estava nEle, e a vida era a luzd dos homens.

5 A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a perceberam.

O testemunho de João Batista6 Houve um varão cujo nome

era Joãoe, que foi enviado por Deus.

7 Este veio para testemunho, para testificar acerca da luz, para que todos cressem mediante ele.f

8 Mas ele não era a luz, mas da-ria testemunho acerca da luz.

9 Porque Ele é a luz verdadeira que veio ao mundo, a qual ilumi-na a todos os homens.g

10 Ele esteve no mundo, e o mundo foi feito por meio dEle, mas o mundo não o conheceu.

11 Veio aos seus, mas os seus não o receberam,

12 mas aos que o receberam, aos que creem em seu Nomeh, Ele lhes deu o direito de chegar a serem fi-lhos de Deusi,

13 os que não são nascidos de sangue, nem por desejo da car-ne, nem pela vontade do homem, mas de Deus.j

14 E o Verbo se fez carnek, e ha-bitou entre nós, e contemplamos a

sua glória; glória como do Unigêni-to do Pail, cheio de graça e verdade.

15 João deu testemunho acerca dEle, e exclamando, disse: Este é Aquele de quem eu dizia: “Vem depois de mim, e existe antes de mim, porque é primeiro que eum”!

16 De sua plenituden recebemos todos nós, e graça após graça.

17 Porque a lei foi dada por meio de Moisés, mas a verdade e a graça vieram a ser por meio de Jesus Cristoo.

18 Ninguém jamais viu a Deus; o Unigênitop Deusq3, o que está no seio de seu Pai, Ele o tem decla-rado.

João Batista prega no deserto(Mt 3:1-12; Mc 1:1-8; Lc 3:1-18)

19 Este é o testemunho de João quando os judeus de Jerusalém lhe enviaram sacerdotes e levitas para lhe perguntar: Quem és tu?

20 E ele aceitou e não negou, mas confessou: Eu não sou o Cristor.

21 E novamente lhe pergunta-ram: Então quem? És Eliass? E ele declarou: Não sou. És o Profeta? E ele respondeu: Não.

22 Então lhe disseram: Quem és, pois, para que respondamos aos que nos enviaram? O que tu dizes sobre ti mesmo?

23 Ele disse: EU SOU A VOZ QUE PROCLAMA NO DESERTO: “APLAINAI O CAMINHO AO SENHOR”t, como disse o profeta Isaías.

1:1 aGn 1:1; Cl 1:17; 1Jo 1:1 bIs 9:6; Jo 1:18; 10:30; 17:11, 22; Rm 9:5; Fp 2:6; Tt 2:13; Hb 1:8; 1Jo 5:20; Jd 4 1:3 cJo 1:10; 1Co 8:6; Cl 1:16; Hb 1:2 1:4 dMt 5:14 1:6 eMt 3:1-3 1:7 fAt 19:4 1:9 g1Jo 1:5 1:12 h1Jo 3:23 iLc 20:36; Jo 11:52; Gl 3:26 1:13 j1Jo 5:1 1:14 kGl 4:4; 1Tm 3:16 lJo 14:9 1:15 mJo 1:30 1:16 nCl 1:19 1:17 oRm 5:21 1:18 pJo 3:16, 18; 1Jo 4:9 qIs 9:6; Jo 1:1; 10:30; 17:11, 22; Rm 9:5; Fp 2:6; Tt 2:13; Hb 1:8; 1Jo 5:20; Jd 4 1:20 rLc 3:15; Jo 3:28 1:21 sMt 11:14; Dt 18:15,18; At 3:22 1:23 tIs 40:3; Mt 3:3

11:1 Aram., Miltha, que se traduz como Verbo, Palavra, Expressão. Consulte também este termo no Manual da Peshitta, editora BVbooks. 21:1 Aram., Alaha, vocábulo utilizado em aramaico para se referir a Deus. Também pode ser traduzido como a Divindade, a Divindade Suprema. Ver nota em Mt 3:9. 31:18 Aram., Khidaya Alaha. Clara afirmação da Divindade de Jesus Cristo. Alguns manus-critos dizem unigênito Filho.

João 1

Page 18: Edição em língua portuguesa do texto da Peshitta · Bíblia, que é, os Sagrados Livros do Velho e Novo Testamento traduzidos ao espanhol). Em português, também há um grande