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Boletim do Embaixador Edição 61 . Outubro 2012 www.fazenda.org.br Foto: sxc. Na década de 90, uma região, há anos abandona- da aos olhos da sociedade, passa a ser habitada cada dia mais por usuários de drogas. Eles fogem das chacinas dos seus bairros para comercializar e usar drogas livremente. Depois de uma década, no início de 2012, o poder público decide realizar uma mega ope- ração, principalmente de repressão, a qual rece- beu inúmeras críticas negativas e positivas. Oriundos dessa realidade alguns jovens têm a oportunidade de recome- çar suas vidas na Fazenda da Esperança.

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Page 1: Edição 61 . Outubro 2012 Eeraa - · PDF fileBoletim do Embaixador Edição 61 . Outubro 2012 a Eeraa Foto: sxc. raoladia Na década de 90, uma região, há anos abandona-da aos olhos

Boletim do EmbaixadorEdição 61 . Outubro 2012

www.fazenda.org.br

aEsperanca

Foto

: sxc

.

Cracolandia

Na década de 90, uma região, há anos abandona-da aos olhos da sociedade, passa a ser habitada cada dia mais por usuários de drogas. Eles fogem das chacinas dos seus bairros para comercializar e usar drogas livremente. Depois de uma década, no início de 2012, o poder público decide realizar uma mega ope-

ração, principalmente de repressão, a qual rece-beu inúmeras críticas negativas e positivas.

Oriundos dessa realidade alguns jovens têm a oportunidade de recome-

çar suas vidas na Fazenda da Esperança.

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anos fiquei preso na antiga FEBEM, por causa de roubo, para não ficar devendo para os traficantes”, conta Felipe.

Ao sair da prisão, foi morar novamente com o pai, fi-cou um tempo limpo, mas depois voltou para as drogas. “Um dia meu pai foi me buscar e eu não quis, cheirei cocaína na sua frente. Ele foi embora, como estava com problema no coração teve na madrugada dessa noite um infarto fulminante. Nesse dia, prometi para ele, mesmo depois de morto que não usaria mais drogas, mas ocorreu o contrário afundei-me mais ainda. Fui morar na rua e não aceitava a ajuda de mais ninguém”.

Num espaço que a prefeitura nomeia de Tenda e onde oferece aos moradores de rua um banho, alimentação, alguns jogos e televisão, Felipe conheceu um membro do Grupo Esperança Viva (GEV) e lhe suplicou ajuda. Sua mãe foi avisada e esteve junto de todo o processo até sua internação no dia 11 de fevereiro deste ano.

Felipe desde criança nunca foi numa igreja e quando chegou à comunidade o mandaram ir à capela e entregar tudo para Deus, mas ele não sabia quem era Deus. “Mes-mo assim segui o que me orientaram fazer. Durante os três primeiros meses pude experimentar Deus na minha vida e sempre tive resposta para meus questionamentos e dúvidas, perguntava para Deus e recebia a resposta por meio de cartas da minha mãe, irmão e famílias que sempre quiseram me apoiar e eu não aceitei ajuda”. Sua

2 - Boletim do Embaixador - Edição 61 - outubro 2012

E na sua cidade você conhece alguma ‘minicra-colândia’? Ponto onde jovens se dispõem a olhar carros em troca de algumas moedas que utilizam

no consumo de droga. Você já se perguntou o que le-vam esses jovens chegar a essa situação? Já pensou em oferecer uma oportunidade para mudar de vida? Será possível para quem está nesse caminho recomeçar? A Fazenda da Esperança afirma que sim. E hoje você tem a oportunidade de conhecer a história de dois jovens dessa realidade que se encontram em recuperação nessa co-munidade terapêutica.

O jovem Felipe Rogério de Souza Vas-concelos, 19 anos, da capital São Paulo, tem quatro irmãos, dois mais velhos e dois mais novos, abandonou escola, fugiu de casa, morou na rua, enfrentou situações terríveis e viu muita gente morrer nos quatro meses vividos na cracolândia.

Seus pais eram separados, cresceu com seu pai e ma-drasta, no início da adolescência começou a frequentar a casa de sua mãe, porque discutia com seu pai, conse-quência de ter ciúme de seu irmão e fugia em busca do amor materno. Na favela onde ela morava, ele experi-mentou maconha junto com seu primo. “Com 14 anos deixei de morar com meu pai, morava na rua e na casa de minha mãe, passei a traficar e usar drogas. Aos 17

Foto: Wesley Ferreira O

liveira

Hoje, “cracolândia” é o termo que define os lugares onde o uso e venda de drogas é intenso em diversas regiões de São Paulo e também no Brasil

O projeto Tenda em São Paulo tem o intuito de levar a esses lugares o testemunho dos ex- recuperantes, para os jovens que ainda sofrem com as drogas, compreendam que também podem ter uma nova vida

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maior dificuldade foi a convivência, porque lá fora nunca amou ninguém. “Um dia discuti com um irmão de cami-nhada e ao vê-lo chorar senti meu coração partido. Logo fui recomeçar e pedir seu perdão”.

Outro jovem que busca uma nova vida é Rafael Silva, 21 anos, do Rio de Ja-neiro, que antes de chegar a cracolân-dia viveu seu auge no tráfico de drogas no Morro do Alemão carioca. Ele tem 11 irmãos, desses somente uma irmã é por parte de pai e mãe. Um mês antes de sua mãe lhe dar a luz, vieram da Paraíba

e deixaram seu pai lá o qual veio a falecer uma semana antes de nascer no Rio.

Aos 13 anos foi morar na favela, com 15 anos, já ti-nha casa, esposa e filha, mantendo toda essa estrutura trabalhando para o tráfico. E aos 19 anos com a invasão policial foi para São Paulo morar com seu irmão. Com ele mora um sobrinho dos dois e esse sempre queria fazer tudo o que Rafael fazia, mas ele não o deixou usar crack

Boletim do Embaixador - Edição 61 - outubro 2012 - 3

A voz do EmbaixadorAssisto todas as quartas feiras a missa de vocês. Identifico-me muito com esta causa. Te-nho um celular com TV e não perco por nada. Parabéns pelo trabalho de evangelização e recuperação destes jovens, tão sedentos da Palavra de Deus. Miriam - São Paulo / SP

Gostaria de falar o quanto me toca o trabalho da Fazenda da Esperança. Tenho con-tribuído mensalmente, com enorme prazer em poder fazer parte, mesmo que distante e de forma singela, de uma obra tão rica em Amor. Tocou-me especialmente o pedido pela fábrica de velas, uma vez que amo trabalhar e entendo que o trabalho só traz ben-efícios às pessoas. Poder trabalhar é uma oportunidade maravilhosa, que não deveria ser negada a ninguém, já que faz parte da natureza humana. Muito obrigada pela oportuni-dade de participar de alguma forma. Patrícia Papa - Ribeirão Preto / SP

Esses jovens cresceram em lugares diferentes, tiveram dificuldades diferentes e em tantas outras coisas não se parecem nada um com o outro, contudo chegaram ao fundo do poço num mesmo lugar, a cracolândia. Também lá por iniciativa de homens novos brotou em seus corações uma esperança que

agarraram e tem preenchido o vazio de suas vidas.

e o sobrinho contou para seu irmão que o pegou usan-do drogas dentro de casa. “Meu irmão partiu para cima de mim. Revidei, o roubei, quebrei seu carro e fugi para capital na intenção de morar com minha irmã, mas não sabia onde ela morava. Então, na cidade paulistana, des-cobri a cracolândia e lá fiquei oito meses. Depois comecei a rodar entre a Praça da Sé e o Brás por um ano e quatros meses, roubando para me manter”.

Um dia na cracolândia passava a cruz da jornada mun-dial da juventude, chorando Rafael correu atrás daque-la procissão. Nesse momento conheceu uma pessoa do GEV, que o encaminhou para a casa de acolhimento no Brás, ficou lá e fez seus exames. Depois de participar de oito reuniões do GEV, veio para a Fazenda da Esperan-ça. “Na comunidade o mais difícil foi a convivência e o trabalho que nunca realizei com continuidade. Eu não falava com um companheiro de quarto e um dia ele não fez a harmonia, limpeza da casa. Vi que ele estava com dificuldade, então cheguei e falei que o ajudava. Assim o amava concretamente e senti-me muito feliz”.

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OBRA SOCIAL NOSSA SENHORA DA GLÓRIA - FAZENDA DA ESPERANÇADepartamento Retorno à Vida - Caixa Postal 529 - CEP 12511-970 Guaratinguetá-SP Tel.: (12) 3128 8900 E-mail: [email protected]

Mais um local agradável para falar com DeusNo dia 22 de julho, na Fa-

zenda da Esperança de Passo Fundo / RS, foi inaugurada a capela Nossa Senhora da Apa-recida, construída com 95% de uma doação recebida de uma voluntaria local.

Os responsáveis por essa comunidade batalharam jun-to de outros benfeitores o restante da construção, os bancos, altar e outros itens da capela. As obras de construção foram realizadas desde dezembro do ano passado.

Por meio de uma amiga dessa Fazenda, a doa-dora tomou conhecimento da necessidade da am-pliação da capela dessa comunidade. “Até o dia da inauguração, ela não conhecia a Fazenda da Espe-rança pessoalmente e ao participar desse momento de festa conosco ficou muito contente com o resul-tado. Com isso, cada dia se aproxima mais de nossa vida como Embaixadora da Esperança”, conta

Estiveram presentes os bispos dom Ercílio, dom Lirio e dom Urbano. Foi uma linda celebração com a

capela cheia de voluntários, benfeitores, ex-recuperan-dos e muitas pessoas da co-munidade passofundense.

Na oportunidade foi co-memorado também o nono aniversário dessa Fazenda. Em tudo se vê a graça e a providência de Deus, pois nada faltou para que o dia fosse cheio de alegria num

clima de família.

Aproveitando a estadia para o curso de teologia, estavam presentes a fundadora Lucilene Rosendo dos Santos e a responsável pelas comu-nidades da re-gião sudeste, Angelucia dos Santos Mou-ra, que fizeram unidade com as meninas abri-lhantando ainda mais o evento.

A-notável

“Faça esse boletim circular! Dê a um amigo ou vizinho, ele pode atingir mais irmãos

em prol da nossa missão.”

www.fazenda.org.br

Capela antiga