ediÇÃo 87 | r$ 14,95 · 2020. 12. 18. · impressa na divisÃo grÁfica da editora abril s.a. av....
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Privacidade Fique esperto para não revelar informações que quer manter em segredo
Equipamentos Fones, câmeras e até players de Blu-ray acessam sua conta
E D I Ç Ã O 8 7 | R $ 1 4 , 9 5
JOGOS | PERSONALIZAÇÃO | FAN PAGES
Fotos Armazene, compartilhe, e não deixe de fazer backup
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Aplicativos Não faltam programas para incrementar o uso da rede social
TRUQUES E DICAS PARA USAR MAIS E MELHOR A REDE SOCIAL QUE JÁ
CONQUISTOU 600 MILHÕES DE INTERNAUTAS
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FACEBOOK
CONCORRENTES
71 O Facebook não está sozinho
72 Direto ao ponto76 Você vem sempre aqui?
EQUIPAMENTOS
78 Do fone para o Facebook
80 Clicou, publicou82 Entre um filme e outro...
TENDÊNCIAS
08 O futuro da web está no Facebook?
19 Um post pode mudar o mundo
21 O maior experimento de todos os tempos
26 Por trás do Facebook
DICAS E APLICATIVOS
28 Garanta sua privacidade32 Explore melhor seu status
35 Veja essa foto!38 Organize-se com as listas
40 Crie seu próprio quiz 41 Responda rápido44 Você sabia que... 48 Sai uma fan page!51 Conecte para jogar54 Falando sério56 Um aplicativo para chamar de seu
PROGRAMAS
58 Sem deixar o bate-papo62 Navegação especializada
63 Firefox com Facebook65 Um Chrome mais social66 Ganhe tempo nas postagens
68 Um Facebook melhor70 Vá atrás das mensagens
conteúdo
4 I DIC AS INFO
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6 © FOTO MARCELO KURA
A lista das lojas onde os produtos testados podem ser encontrados está em www.info.abril.com.br/arquivo/onde.shl.
Veja os critérios de avaliação da INFO em detalhes na web em www.info.abril.com.br/sobre/infolab.shl.
NOTAS
recado da redação
Se fosse um país, o Facebook seria o terceiro maior do mundo, atrás ape-nas da China e da Índia e à frente dos Estados Unidos. A rede social comandada por
Mark Zuckerberg não para de crescer. O efei-
to Facebook também está presente no Brasil.
Embora a rede social do Google ainda tenha
o maior número de adeptos — 43 milhões,
contra 9,5 milhões do concorrente —, há for-
tes indicações de que essa batalha o Google
já perdeu. Basta olharmos para os números
mundiais. Enquanto o Facebook ostenta avas-
saladores 596,3 milhões de usuários, o Orkut
soma apenas 85 milhões.
O resultado do sucesso é que há cada vez
mais pessoas interessadas em conhecer tru-
ques para incrementar o serviço. Dicas INFO
Facebook tem a missão de mostrar alguns
deles. Nas páginas seguintes, você conhecerá,
por exemplo, alguns segredos de privacida-
de, um ponto sempre criticado no Facebook
e alvo de constantes mudanças. Há também
dicas de personalização, atualização de sta-
tus, trabalho com fotos, criação de fan pages
e sugestões de uma série de programas que
tornam mais prático e prazeroso o uso da re-
de. Se você vai trocar o smartphone, a câme-
ra digital ou o player de
Blu-ray, confira também
os testes de equipamen-
tos que estão em sintonia
com essa nova onda.
MARIA ISABEL MOREIRAEDITORA DA DICAS INFO
UMA GRANDE NAÇÃO
DICAS INFOUma publicação mensal da Editora Abril
Para contatar a redação: [email protected]
Para assinar a Dicas INFO: (11) 3347-2121 — Grande
São Paulo 0800-701-2828 — Demais
localidades [email protected]
10,0 I M P E C Á V E L
9,0 a 9,9 Ó T I M O
8,0 a 8,9 M U I TO B O M
7,0 a 7,9 B O M
6,0 a 6,9 M É D I O
5,0 a 5,9 R E G U L A R
4,0 a 4,9 F R ACO
3,0 a 3,9 M U I TO F R ACO
2,0 a 2,9 R U I M
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IMPRESSA NA DIVISÃO GRÁFICA DA EDITORA ABRIL S.A. Av. Otaviano Alves de Lima, 4400, Freguesia do Ó, CEP 02909-900, São Paulo, SP
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Diretor Superintendente: Alexandre Caldini
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10 I DIC AS INFO
Disputas judiciais e pesados investimentos marcaram a trajetória do Facebook. Confira os principais momentos da rede social que foi criada em um dormitório da Universida-de Harvard, em 2004.
Sete anos de história
Mark Zuckerberg e três colegas de Harvard lançam TheFacebook.com, de seu dormitório
Fev 2004
A rede social é expandida para as universidades Stanford, Columbia e Yale
Mar 2004
Mudança da sede para Palo Alto (Califórnia). Criador do Napster, Sean Parker torna-se o primeiro presidente do Facebook
Jun 2004
Recebe o primeiro investimento (US$ 500 000), de Peter Thiel
Set 2004
Conquista 1 milhão de usuários. A rede ConnectU, de colegas de Zuckerberg, processa o Facebook por plágio
Dez 2004
Accel Partners investe US$ 12,7 milhões. Chega a 800 redes universitárias
Mai 2005
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Queremos moldar o futuro da internet.” A frase é de Mark Zuckerberg, o jovem bri-lhante e polêmico de 26 anos que colo-cou no ar, em fevereiro de 2004, a rede social que
mais cresce no mundo. Exagero de Zuckerberg?
Parece que não. Você pode até achar o Facebook
uma bobagem que só serve para postar recados
de aniversário, cutucar os amigos ou compartilhar
fotos das férias, mas saiba que a rede tornou-se um
fenômeno da internet ao centralizar uma série de
atividades. Tanto que, no ano passado, deixou o
líder Google para trás em audiência nos Estados
Unidos. O Facebook tem 596 milhões de usuários
ativos e já atrai uma multidão de 2,5 milhões de
desenvolvedores.
O crescimento do Facebook despertou ainda
mais a atenção quando, entre janeiro e novembro
de 2010, pela primeira vez sua audiência ultrapas-
sou a do Google nos Estados Unidos. Segundo a
consultoria Experian Hitwise, 8,93% dos acessos
apontaram para o Facebook, em comparação a
7,19% das visitas à página inicial do Google. Apesar
de popular, o Google leva o internauta para outros
sites, enquanto o Facebook mantém o internauta
preso à sua home. É o caso do estudante paulista
Marcos Paulo Hoff, de 25 anos, que passa cerca de
oito horas diárias no Facebook. “Tudo o que acho
legal compartilho com meus contatos”, diz Hoff.
Fã de games sociais, ele explora todos os títulos
e está sempre no topo do ranking. Seu preferido
é Backyard Monsters, um jogo que reúne mais de
3 milhões de usuários ativos por mês.
Pode soar como megalomania, mas a inten-
ção do Facebook é reconfigurar a web, transfor-
mando os hábitos de navegação de boa parte dos
internautas. No futuro sonhado por Zuckerberg,
os usuários da rede social vão conduzir suas dis-
cussões e tomar decisões de consumo baseadas
nas recomendações de seus amigos e contatos.
Talvez ainda não na proporção desejada pelo
Facebook, mas isso já começa a se tornar qua-
se uma realidade. Para Roberto Grosman, sócio
da agência interativa F.biz, uma das razões para
essa disseminação é o uso do botão Curtir, que
se espalhou por portais de notícia, blogs e sites
de e-commerce em todo o mundo. “O Facebook
está espalhando suas garras. Se faço uma compra
em uma loja virtual e clico no botão Curtir, estou
dando aval para aquela loja. E essas ações são
publicadas na minha timeline”, diz Grosman.
Entre as ferramentas e os sites que permitem
compartilhar links, o Facebook é o de maior suces-
so, com 44% de todo o conteúdo compartilhado na
web. Está à frente de nomes como Twitter, Digg e
Delicious. Uma das desvantagens das redes sociais
é não saber o que seus usuários fazem além de
seus muros. Zuckerberg mudou isso com o Face-
book Connect, que permite ao usuário fazer de seu
nome e senha uma espécie de RG digital para nave-
gar em outras páginas da web. Quando esse siste-
ma de autenticação chegou aos sites noticiosos, o
Facebook deu um passo e tanto para se tornar mais
relevante. “Somos uma plataforma que permite a
qualquer site se tornar social, oferecendo conexões
© FOTOS 1 CREATIVE COMMONS/FLICKR 2 MARCELO KURA 3 GUILLERMO GIANSANTI
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11DIC AS INFO I
Cai o “The” do nome, passando a Facebook
Ago 2005
Rede é expandida para alunos de ensino médio
Set 2005
Escolas de outros países entram na rede. News Corp. compra o então líder MySpace
Out 2005Lançada a plataforma de desenvolvimento
Ago 2006
Microsoft compra 1,6% de participação no Facebook por US$ 240 milhões
Out 2007
5,5 milhões de usuários inscritos
Dez 2005
Rede chega a 12 milhões de usuários
Dez 2006
Yahoo! faz oferta de US$ 1 bilhão.O serviço é aberto para a participação dos usuários
Set 2006
Estreia o Facebook Ads, ferramenta para publicidade
Nov 2007
Facebook Mobile é lançado. A empresa levanta US$ 27,5 milhões com investidores
Abr 2006
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Facearte: as artistas cariocas Letícia Tandeta (à esq.) e Úrsula Tautz criaram uma galeria de arte no Facebook
com seus contatos da rede”, diz Javier Olivan, di-
retor de expansão internacional do Facebook. “O
perfil no Facebook virou sua identidade na web. No
serviço de música Spotify, por exemplo, o legal é
ver o que seus contatos estão ouvindo.”
O portal Terra adotou o Facebook Connect em
2009. Assim, o internauta pode publicar um co-
mentário no site e em seu perfil ao mesmo tempo.
“O impacto ainda é baixo na audiência, de 1% a 2%,
mas a importância do Facebook é crescente”, diz
Sandra Pecis, vice-presidente de mídia do Terra.
O Facebook deve crescer ainda mais quando
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12 13DIC AS INFO I© FOTOS 1 DIVULGAÇÃO 2 MARCELO KURA 3 ALEXANDRE BATTIBUGLI I DIC AS INFO
levar o acesso pelos smartphones mais a sério.
Hoje, cerca 200 milhões de usuários ativos en-
tram no serviço por dispositivos móveis. São
pessoas duas vezes mais ativas na rede social
do que as que navegam por seus desktops. No
Brasil, clientes da TIM podem visualizar gratuita-
mente uma versão móvel do site, o Facebook Zero
(0.facebook.com). “Trata-se de uma estratégia
para o usuário perder o medo de acessar pelo
celular”, diz Flávio Ferreira, gerente de serviços
de valor agregado da TIM. Há um esforço para
que até os celulares mais simples se
conectem à rede social. O Facebook
SMS, oferecido por TIM e Claro, por
exemplo, permite enviar e receber
atualizações da rede. O cliente re-
cebe gratuitamente torpedos com
comentários que chegam à sua pá-
gina. Para publicar um texto usando
o celular, paga-se 31 centavos (TIM) e
29 centavos (Claro). A TIM irá ofere-
cer também aplicativo do Facebook
para celulares com Java. “Queremos
que todos tenham o acesso móvel ao
serviço, não só quem tem Android ou iPhone”, diz
Olivan, do Facebook.
UMA OUTRA BOLHA?Atualmente, 72% dos 2 bilhões de internautas do
mundo participam de alguma rede social, segundo
a empresa de pesquisas comScore. O Facebook é
a que mais cresce. A rede de Zuckerberg tem 596
milhões de usuários ativos, aqueles que retornam
em menos de 30 dias, mostra o site Social Bakers,
especializado em estatísticas do Facebook. Esses
internautas compartilham mensalmente 30 bilhões
de notícias, fotos, links e outros tipos de conteúdo.
Instalam por dia 20 milhões de aplicativos, criados
por uma gigantesca massa de 2,5 milhões de de-
senvolvedores em mais de 190 países.
Números superlativos e crescentes como estes
atraem cifras igualmente altas. Em janeiro, o Fa-
cebook recebeu investimento de 1,5
bilhão de dólares, a maior parte pro-
veniente do Goldman Sachs. Estima-
tiva do banco mostra que o Facebook
faturou 1,2 bilhão de dólares nos nove
primeiros meses de 2010, com lucro
de 30%. O resultado elevou o valor
da empresa a impressionantes 50
bilhões de dólares.
Mas, diante da perspectiva de uma
oferta pública das ações na bolsa (o
chamado IPO), surge o temor de mais
uma bolha, repetindo o drama do fim
dos anos 90. O professor Fernando Meirelles, da
Escola de Administração de Empresas da Fundação
Getulio Vargas (FGV-SP), compara o Facebook a um
poço ainda não perfurado. “Não sabemos se ele se-
rá o padrão de relacionamento na internet. Quem
investir no Facebook correrá um risco grande”, diz
Meirelles. “Mas também poderá ganhar muito di-
nheiro, caso o site se torne a porta de entrada na
internet de todo o mundo.”
Especulações financeiras à parte, as empresas
já perceberam a importância de estar no Facebook.
Para isso, criam num ritmo cada vez mais acele-
rado suas fan pages. No Brasil, a mais popular é
a da Nike Futebol, que já foi “curtida” por mais
de 236 000 pessoas. “As redes sociais permitem
uma comunicação mais profunda com o consu-
midor”, diz Tiago Pinto, diretor de marketing da
Nike. Ele cita como exemplo de sucesso do canal a
Eduardo Saverin, o brasileiro cofundador, ganha na Justiça direito a um porcentual estimado em 5% de participação
Jan 2009
400 milhões de usuários ativos
Fev 2010
O Movimento Quit Facebook Day ameaça “suicídio coletivo” no site, contra a falta de privacidade
Mai 2010
TriplePoint Capital investe US$ 100 milhões
Mai 2008
Estreia nos Estados Unidos o fi lme A Rede Social , de David Fincher, que expõe as desavenças de Zuckerberg com seus antigos colegas
Out 2010
O Goldman Sachs investe US$ 1,5 bilhão. Experian Hitwise revela que o Facebook passou o Google em número de visitas em 2010 (jan. a nov.). Os gêmeos Winklevoss retomam na Justiça a briga contra o Facebook
Jan 2011
O chinês Li Ka Ching compra, por US$ 60 milhões, 0,4% da empresa
Mar 2008
Criado o botão Curtir (Like). Facebook ultrapassa o líder MySpace
Fev 2009São 300 milhões os usuários ativos. O Facebook sai do vermelho
Set 2009Rede é traduzida para mais de 20 línguas. Estreia o Facebook Chat
Abr 2008Justiça condena o site a pagar US$ 65 milhões à ConnectU, dos gêmeos Cameron e Tyler Winklevoss
Jun 2008A ferramenta Facebook Connect é lançada
Set 2008
Elevation Partners investe US$ 90 milhões
Nov 2009
Já são 200 milhões os usuários ativos
Abr 2009
Compra a Divvyshot, ferramenta para tag de fotos
Abr 2010Investimento de US$ 120 milhões da Elevation Partners
Jun 2010Lançamento do Facebook Places, ferramenta de geolocalização
Ago 2010Revista Time elege Zuckerberg personalidade do ano
Dez 2010
Rede alcança 100 milhões de usuários ativos
Ago 2008
Alcança 500 milhões de usuários ativos
Jul 2010
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Nesses países os rivais do Facebook
estão na frente
TERRITÓRIOS A DOMINAR
Brasil
Coreia
Holanda
Japão
Rússia
Do Orkut para o Facebook: o estudante Guilherme de Carvalho compartilha notícias sobre seriados de TV com amigos
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12 13DIC AS INFO I© FOTOS 1 DIVULGAÇÃO 2 MARCELO KURA 3 ALEXANDRE BATTIBUGLI I DIC AS INFO
levar o acesso pelos smartphones mais a sério.
Hoje, cerca 200 milhões de usuários ativos en-
tram no serviço por dispositivos móveis. São
pessoas duas vezes mais ativas na rede social
do que as que navegam por seus desktops. No
Brasil, clientes da TIM podem visualizar gratuita-
mente uma versão móvel do site, o Facebook Zero
(0.facebook.com). “Trata-se de uma estratégia
para o usuário perder o medo de acessar pelo
celular”, diz Flávio Ferreira, gerente de serviços
de valor agregado da TIM. Há um esforço para
que até os celulares mais simples se
conectem à rede social. O Facebook
SMS, oferecido por TIM e Claro, por
exemplo, permite enviar e receber
atualizações da rede. O cliente re-
cebe gratuitamente torpedos com
comentários que chegam à sua pá-
gina. Para publicar um texto usando
o celular, paga-se 31 centavos (TIM) e
29 centavos (Claro). A TIM irá ofere-
cer também aplicativo do Facebook
para celulares com Java. “Queremos
que todos tenham o acesso móvel ao
serviço, não só quem tem Android ou iPhone”, diz
Olivan, do Facebook.
UMA OUTRA BOLHA?Atualmente, 72% dos 2 bilhões de internautas do
mundo participam de alguma rede social, segundo
a empresa de pesquisas comScore. O Facebook é
a que mais cresce. A rede de Zuckerberg tem 596
milhões de usuários ativos, aqueles que retornam
em menos de 30 dias, mostra o site Social Bakers,
especializado em estatísticas do Facebook. Esses
internautas compartilham mensalmente 30 bilhões
de notícias, fotos, links e outros tipos de conteúdo.
Instalam por dia 20 milhões de aplicativos, criados
por uma gigantesca massa de 2,5 milhões de de-
senvolvedores em mais de 190 países.
Números superlativos e crescentes como estes
atraem cifras igualmente altas. Em janeiro, o Fa-
cebook recebeu investimento de 1,5
bilhão de dólares, a maior parte pro-
veniente do Goldman Sachs. Estima-
tiva do banco mostra que o Facebook
faturou 1,2 bilhão de dólares nos nove
primeiros meses de 2010, com lucro
de 30%. O resultado elevou o valor
da empresa a impressionantes 50
bilhões de dólares.
Mas, diante da perspectiva de uma
oferta pública das ações na bolsa (o
chamado IPO), surge o temor de mais
uma bolha, repetindo o drama do fim
dos anos 90. O professor Fernando Meirelles, da
Escola de Administração de Empresas da Fundação
Getulio Vargas (FGV-SP), compara o Facebook a um
poço ainda não perfurado. “Não sabemos se ele se-
rá o padrão de relacionamento na internet. Quem
investir no Facebook correrá um risco grande”, diz
Meirelles. “Mas também poderá ganhar muito di-
nheiro, caso o site se torne a porta de entrada na
internet de todo o mundo.”
Especulações financeiras à parte, as empresas
já perceberam a importância de estar no Facebook.
Para isso, criam num ritmo cada vez mais acele-
rado suas fan pages. No Brasil, a mais popular é
a da Nike Futebol, que já foi “curtida” por mais
de 236 000 pessoas. “As redes sociais permitem
uma comunicação mais profunda com o consu-
midor”, diz Tiago Pinto, diretor de marketing da
Nike. Ele cita como exemplo de sucesso do canal a
Eduardo Saverin, o brasileiro cofundador, ganha na Justiça direito a um porcentual estimado em 5% de participação
Jan 2009
400 milhões de usuários ativos
Fev 2010
O Movimento Quit Facebook Day ameaça “suicídio coletivo” no site, contra a falta de privacidade
Mai 2010
TriplePoint Capital investe US$ 100 milhões
Mai 2008
Estreia nos Estados Unidos o fi lme A Rede Social , de David Fincher, que expõe as desavenças de Zuckerberg com seus antigos colegas
Out 2010
O Goldman Sachs investe US$ 1,5 bilhão. Experian Hitwise revela que o Facebook passou o Google em número de visitas em 2010 (jan. a nov.). Os gêmeos Winklevoss retomam na Justiça a briga contra o Facebook
Jan 2011
O chinês Li Ka Ching compra, por US$ 60 milhões, 0,4% da empresa
Mar 2008
Criado o botão Curtir (Like). Facebook ultrapassa o líder MySpace
Fev 2009São 300 milhões os usuários ativos. O Facebook sai do vermelho
Set 2009Rede é traduzida para mais de 20 línguas. Estreia o Facebook Chat
Abr 2008Justiça condena o site a pagar US$ 65 milhões à ConnectU, dos gêmeos Cameron e Tyler Winklevoss
Jun 2008A ferramenta Facebook Connect é lançada
Set 2008
Elevation Partners investe US$ 90 milhões
Nov 2009
Já são 200 milhões os usuários ativos
Abr 2009
Compra a Divvyshot, ferramenta para tag de fotos
Abr 2010Investimento de US$ 120 milhões da Elevation Partners
Jun 2010Lançamento do Facebook Places, ferramenta de geolocalização
Ago 2010Revista Time elege Zuckerberg personalidade do ano
Dez 2010
Rede alcança 100 milhões de usuários ativos
Ago 2008
Alcança 500 milhões de usuários ativos
Jul 2010
© 1
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Nesses países os rivais do Facebook
estão na frente
TERRITÓRIOS A DOMINAR
Brasil
Coreia
Holanda
Japão
Rússia
Do Orkut para o Facebook: o estudante Guilherme de Carvalho compartilha notícias sobre seriados de TV com amigos
© 3
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-
15DIC AS INFO I14 I DIC AS INFO
Veja como anda a disputa por audiência entre Orkut e Facebook, no Brasil e no mundoConfl ito social
EM JUNHO DE 2006, ORKUT E FACEBOOK RECEBERAM QUASE
A MESMA QUANTIDADE DE VISITANTES NO MUNDO TODO:
13,6 milhões
14 milhões
Orkut
Facebook
QUAL É A DIMENSÃO DE CADA UM?Em milhões de usuários
Mundo Brasil
439,5
FONTES: GOOGLE, FACEBOOK, SOCIALBAKERS.COM E COMSCORE
FONTE: DOUBLECLICK AD PLANNER (DEZEMBRO DE 2010)
85
596,3
Orkut
Facebook
DIFERENÇAS NO PERFILOs usuários do Orkut são mais jovens que os do Facebook — por faixa etária
0 a 17
60 18 a 24
14 25 a 34
12 35 a 44
9 45 a 54
5
55 a 64
0
0 a 17
38 25 a 34
20
18 a 24
18
35 a 44
15
45 a 54
8
55 a 64
1
Orkut Facebook
A GANGORRA DA AUDIÊNCIA
Média de minutos gastos por visitantes no site em um mês
50%FONTES: COMSCORE E IBOPE MÍDIA FONTE: IBOPE NIELSEN ONLINE
dos usuários do Orkut afirmam ter usado menos a rede social em 2010
Fotos Scraps
Aniversários Comunidades
QUE ATIVIDADES SÃO MAIS
POPULARES?
Orkut
GamesComentários Mensagens
Fotos
Facebook
FONTES: GOOGLE E SOCIALBAKERS.COMFONTES: GOOGLE (MAIO DE 2010) E SOCIALBAKERS.COM (JANEIRO DE 2011)
DOIS RITMOS DE CRESCIMENTONúmero de visitantes únicos por mês no Brasil
— em milhões
Set/2009
Se mantiver o mesmo ritmo de
crescimento, o Facebook
vai se igualar ao
Orkut até o fim deste ano
Out/2009 Nov/2009 Fev/2010 Abr/2010 Mai/2010
Crescimento no período
Facebook
102%
26 27,1 27,2 26,9 26,5 26,9
5,3 6,6 7,18 9,6
10,7
>
Orkut
3,5%
Set/2008 Out/2010
496,1
275,8
14,2 29,3
Orkut Facebook
Orkut Facebook
ONDE SE CONCENTRA A AUDIÊNCIA
Brasil
Índia
Estados Unidos
Paquistão
Paraguai
Ork
ut
Estados Unidos
Indonésia
Reino Unido
Turquia
FilipinasFace
book
50,6%
24,5%
20,4%
5,7%
17,8%
4,6%
0,8%
4,1%
0,4%
3,5%
Deslizes no Facebook já provocaram demissões e expulsões de universidade
Vacilosna rede
Estudantes americanas de enfermagem postam foto com placenta e são expulsas da faculdade. Mas recorrem à Justiça
Carcereiro inglês é demitido após a descoberta que tinha 13 presidiários na sua lista de amigos do Facebook
Garçonete perde o emprego nos Estados Unidos após reclamar da gorjeta de um cliente na rede social
Policial americano é demitido por causa de uma foto de mulheres de biquíni em cima de sua viatura
transmissão ao vivo do lançamento da camisa do
centenário do Corinthians, em setembro, que foi
acompanhada por 18 000 internautas. O Facebook
fornece um arsenal valioso para as empresas, que
podem criar estratégias de marketing e campanhas
publicitárias cada vez mais direcionadas aos usuá-
rios que querem atingir.
Entre as celebridades, a rede social também apa-
rece como boa aposta. O apresentador de TV Luciano
Huck, por exemplo, usou o Facebook, no mês passado,
para procurar uma nova integrante para seu progra-
ma, o Caldeirão do Huck. Os interessados na vaga pu-
blicaram fotos na sua fan page. “Eu mesmo gerencio a
página e me divirto com isso”, diz Huck. “O Facebook
é um grande fórum de ideias para o meu programa.”
Desde dezembro, quando a página entrou no ar, mais
de 1 milhão de pessoas já clicaram em Curtir.
PARA COMPRAR E VENDERO Facebook também já começa a ser um caminho
interessante para quem deseja comprar e vender. As
artistas plásticas Letícia Tandeta e Úrsula Tautz, do
Rio de Janeiro, criaram há um ano o Facearte, uma
galeria virtual no Facebook, hoje com 3 200 fãs. Dia-
riamente, elas publicam a oferta de uma nova obra
de um dos 18 artistas que participam da comunidade.
Quando uma venda é fechada, as criadoras da página
recebem comissão de 25% do valor. “Conseguimos
atingir um público variado, de diversas regiões do
Brasil e do exterior, sem gastar nada”, diz Letícia.
“As fan pages são muito amigáveis e ajudam a tra-
balhar a imagem das marcas e de corporações”, diz
Alessandro Barbosa Lima, CEO da E.Life, empresa de
monitoramento e análise de mídia. “Ao contrário do
Orkut, o Facebook já foi projetado como um ambiente
cômodo para as empresas”, diz Lima. Roberto Gros-
man, da F.biz, concorda e destaca a segmentação do
público-alvo como a boa notícia. “É possível escolher
o público por cidade, idade, gênero ou interesse. Na
ferramenta do Orkut, só por sexo e por idade.” Para
Grosman, o Orkut é melhor nas campanhas que pre-
cisam atingir um público maior.
Curiosamente, o fenômeno Curtir deverá se ex-
pandir para o mundo offline. A empresa Plankton
Digital apresentou no evento Campus Party, em
janeiro, um sistema que permitiu aos participantes
encostar um cartão com RFID (identificação por
© FOTOS REPRODUÇÃO
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15DIC AS INFO I14 I DIC AS INFO
Veja como anda a disputa por audiência entre Orkut e Facebook, no Brasil e no mundoConfl ito social
EM JUNHO DE 2006, ORKUT E FACEBOOK RECEBERAM QUASE
A MESMA QUANTIDADE DE VISITANTES NO MUNDO TODO:
13,6 milhões
14 milhões
Orkut
Facebook
QUAL É A DIMENSÃO DE CADA UM?Em milhões de usuários
Mundo Brasil
439,5
FONTES: GOOGLE, FACEBOOK, SOCIALBAKERS.COM E COMSCORE
FONTE: DOUBLECLICK AD PLANNER (DEZEMBRO DE 2010)
85
596,3
Orkut
Facebook
DIFERENÇAS NO PERFILOs usuários do Orkut são mais jovens que os do Facebook — por faixa etária
0 a 17
60 18 a 24
14 25 a 34
12 35 a 44
9 45 a 54
5
55 a 64
0
0 a 17
38 25 a 34
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18 a 24
18
35 a 44
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45 a 54
8
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Orkut Facebook
A GANGORRA DA AUDIÊNCIA
Média de minutos gastos por visitantes no site em um mês
50%FONTES: COMSCORE E IBOPE MÍDIA FONTE: IBOPE NIELSEN ONLINE
dos usuários do Orkut afirmam ter usado menos a rede social em 2010
Fotos Scraps
Aniversários Comunidades
QUE ATIVIDADES SÃO MAIS
POPULARES?
Orkut
GamesComentários Mensagens
Fotos
Facebook
FONTES: GOOGLE E SOCIALBAKERS.COMFONTES: GOOGLE (MAIO DE 2010) E SOCIALBAKERS.COM (JANEIRO DE 2011)
DOIS RITMOS DE CRESCIMENTONúmero de visitantes únicos por mês no Brasil
— em milhões
Set/2009
Se mantiver o mesmo ritmo de
crescimento, o Facebook
vai se igualar ao
Orkut até o fim deste ano
Out/2009 Nov/2009 Fev/2010 Abr/2010 Mai/2010
Crescimento no período
Facebook
102%
26 27,1 27,2 26,9 26,5 26,9
5,3 6,6 7,18 9,6
10,7
>
Orkut
3,5%
Set/2008 Out/2010
496,1
275,8
14,2 29,3
Orkut Facebook
Orkut Facebook
ONDE SE CONCENTRA A AUDIÊNCIA
Brasil
Índia
Estados Unidos
Paquistão
Paraguai
Ork
ut
Estados Unidos
Indonésia
Reino Unido
Turquia
FilipinasFace
book
50,6%
24,5%
20,4%
5,7%
17,8%
4,6%
0,8%
4,1%
0,4%
3,5%
Deslizes no Facebook já provocaram demissões e expulsões de universidade
Vacilosna rede
Estudantes americanas de enfermagem postam foto com placenta e são expulsas da faculdade. Mas recorrem à Justiça
Carcereiro inglês é demitido após a descoberta que tinha 13 presidiários na sua lista de amigos do Facebook
Garçonete perde o emprego nos Estados Unidos após reclamar da gorjeta de um cliente na rede social
Policial americano é demitido por causa de uma foto de mulheres de biquíni em cima de sua viatura
transmissão ao vivo do lançamento da camisa do
centenário do Corinthians, em setembro, que foi
acompanhada por 18 000 internautas. O Facebook
fornece um arsenal valioso para as empresas, que
podem criar estratégias de marketing e campanhas
publicitárias cada vez mais direcionadas aos usuá-
rios que querem atingir.
Entre as celebridades, a rede social também apa-
rece como boa aposta. O apresentador de TV Luciano
Huck, por exemplo, usou o Facebook, no mês passado,
para procurar uma nova integrante para seu progra-
ma, o Caldeirão do Huck. Os interessados na vaga pu-
blicaram fotos na sua fan page. “Eu mesmo gerencio a
página e me divirto com isso”, diz Huck. “O Facebook
é um grande fórum de ideias para o meu programa.”
Desde dezembro, quando a página entrou no ar, mais
de 1 milhão de pessoas já clicaram em Curtir.
PARA COMPRAR E VENDERO Facebook também já começa a ser um caminho
interessante para quem deseja comprar e vender. As
artistas plásticas Letícia Tandeta e Úrsula Tautz, do
Rio de Janeiro, criaram há um ano o Facearte, uma
galeria virtual no Facebook, hoje com 3 200 fãs. Dia-
riamente, elas publicam a oferta de uma nova obra
de um dos 18 artistas que participam da comunidade.
Quando uma venda é fechada, as criadoras da página
recebem comissão de 25% do valor. “Conseguimos
atingir um público variado, de diversas regiões do
Brasil e do exterior, sem gastar nada”, diz Letícia.
“As fan pages são muito amigáveis e ajudam a tra-
balhar a imagem das marcas e de corporações”, diz
Alessandro Barbosa Lima, CEO da E.Life, empresa de
monitoramento e análise de mídia. “Ao contrário do
Orkut, o Facebook já foi projetado como um ambiente
cômodo para as empresas”, diz Lima. Roberto Gros-
man, da F.biz, concorda e destaca a segmentação do
público-alvo como a boa notícia. “É possível escolher
o público por cidade, idade, gênero ou interesse. Na
ferramenta do Orkut, só por sexo e por idade.” Para
Grosman, o Orkut é melhor nas campanhas que pre-
cisam atingir um público maior.
Curiosamente, o fenômeno Curtir deverá se ex-
pandir para o mundo offline. A empresa Plankton
Digital apresentou no evento Campus Party, em
janeiro, um sistema que permitiu aos participantes
encostar um cartão com RFID (identificação por
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16 I DIC AS INFO 17DIC AS INFO I
radiofrequência) em um cubo e, assim, divulgar
em seu perfil no Facebook a palestra que estavam
assistindo no evento. “É possível imaginar aplica-
ções para museus e supermercados”, diz Luis Leão,
diretor de TI da Plankton. Outra empresa, a Social
Agency, patenteou o sistema Social4Real para uso
de QR Code ou RFID para curtir um objeto offline.
E O ORKUT RESISTEEm maio de 2008, o Facebook conseguiu derrubar
do topo do ranking seu principal rival, o MySpace,
que foi engolido e agora agoniza (em janeiro, o site
anunciou a demissão de 500 funcionários, metade de
sua força de trabalho). Mas Zuckerberg ainda precisa
conquistar países como Rússia, Japão e Brasil, onde
concorrentes predominam. No Brasil, a liderança é
do Orkut, com 43 milhões de usuários ativos, con-
tra 9,5 milhões do Facebook. Mas nada indica que
o Orkut, a rede social do Google, conseguirá manter
sua popularidade em alta. Sua audiência está pratica-
mente estacionada há mais de um ano (veja quadro
comparativo na pág. 14). Segundo o Ibope Nielsen
Online, houve um aumento de 3,5% no número de
visitantes únicos do Orkut entre setembro de 2009
e maio de 2010. No mesmo período, a quantidade de
brasileiros no Facebook avançou 102%. O volume de
usuários só começou a decolar quando a interface da
rede foi traduzida para o português, em 2008. “Esta-
mos empenhados em crescer no mercado brasileiro,
fazendo parcerias com operadoras, desenvolvedores
e portais. O público brasileiro é o que mais cresce no
Facebook em números absolutos. Fica atrás apenas
dos Estados Unidos”, diz Olivan.
O Orkut está em todas as camadas econômicas
da população brasileira. O Facebook tem seu públi-
co nas classes A e B. Mas isso é questão de tempo.
Segundo Renato Meirelles, sócio da empresa de
pesquisa Data Popular, o Facebook já começa a
conquistar a emergente classe C brasileira.
Uma das principais diferenças entre o público do
Orkut e do Facebook está na faixa etária. No Orkut,
60% dos usuários têm até 17 anos, enquanto no Face-
book esse grupo equivale a 38%. Mas a resistência dos
jovens começa a se abrandar. “Prefiro o Facebook ao
Orkut”, diz o estudante Guilherme Moraes de Carvalho,
de 16 anos. “O Orkut é mais para mensagens pessoais,
no Facebook eu compartilho notícias sobre seriados.”
Compras levam a rede ao mundo offline
BAZAR PARA FÃS
© 2
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Carimbo 13 dólareshttp://abr.io/carimboface
Caneca 25 reaishttp://abr.io/canecaface
Camiseta 31 dólareshttp://abr.io/camisetaface
Dos amigos que Guilherme convidou recentemente
para o Facebook, 30 aceitaram se inscrever.
Alguns apostam que o Orkut será ultrapassado
ainda em 2011, como Alessandro Lima, da E.Life. “Di-
versos fatores impulsionam esse crescimento, como
os filmes e os livros que retratam o Facebook e os re-
cursos de importação automática”, diz Lima. Javier
Olivan evita cravar datas ou fazer comentários sobre
a rede social do Google, mas alfineta: “Na Índia, um
mercado enorme, o Orkut já foi ultrapassado”.
Para Marcelo Marzola, CEO da Predicta, empre-
sa especializada na análise do comportamento do
consumidor nos meios digitais, o Orkut não será
derrotado facilmente. “O Google não abrirá mão
de algo tão valioso”, afirma.
Dono do Orkut, o Google admite que o site já não
cresce como nos primeiros anos, mas rebate as me-
dições desfavoráveis dos institutos de pesquisa. Félix
Ximenes, diretor de comunicação do Google Brasil,
afirma que a audiência do Orkut continua alta. Segun-
do ele, a rede aumentou seu tamanho em 12% entre
2009 e 2010. “Reduzimos o ritmo, mas acompanha-
mos o crescimento da internet no Brasil”, diz Xime-
nes. Para ele, os laços de amizade construídos na rede
social nos últimos sete anos levarão os internautas
a continuar a usá-la. “O Orkut é o garoto velho do
bairro. O rapaz novo sempre vai ganhar mais atenção.
Mas a gente continua penteando o cabelo dele.”
Circulam informações de que o Google está tra-
balhando em uma nova rede social, o Google Me.
Ximenes nega. “Isso é um boato. Sabemos que pre-
cisamos aumentar os componentes sociais dos nos-
sos produtos. Mas o Google Me é uma invenção”,
diz. Neste ano, o Google pretende mexer no Orkut,
com alterações na interface. Em 2010, foram feitas
50 mudanças no serviço. Hoje, 40 engenheiros do
Google cuidam exclusivamente do Orkut, a maior
parte localizada no escritório de Belo Horizonte.
O Facebook, por sua vez, não tem base no Brasil.
“Isso não significa que não estamos trabalhando
pelo público brasileiro. Temos engenheiros focados
em aperfeiçoar ferramentas para mercados especí-
ficos, o que inclui o Brasil”, diz Javier Olivan.
APLICATIVOS BRASUCASO desenvolvimento de aplicativos em língua portu-
guesa ainda é pequeno. Júlio Cezar Gonçalves, de 41
anos, foi um dos vencedores do Desafio Facebook
de Aplicativos, em 2009. Ele criou o Democratia.
org, que permite avaliar o trabalho dos deputados
no Congresso Nacional. Ganhou 3 000 dólares do
Facebook, mas ficou frustrado. “Houve pouca di-
vulgação e o aplicativo só foi experimentado por
200 pessoas”, afirma Gonçalves. Roberto Grosman,
da agência F.biz, já desenvolveu aplicativos no Fa-
cebook para marcas como a Lux, da Unilever. Mas
observa que, antes disso, é necessário construir
uma relação com os usuários por meio das fan pa-
ges. “É preciso atrair esses fãs e dialogar com eles
para entender qual é o aplicativo certo.”
Na área de games sociais, os ganhos são impres-
sionantes. Só nos Estados Unidos, os jogos devem
movimentar 1 bilhão de dólares em 2011. A maioria
dos títulos traduzidos para o português está no
Orkut. A empresa de games sociais Vostu, focada
no mercado brasileiro, ainda não tem planos de ir
para o Facebook. “O Orkut tem mais vocação para
o entretenimento”, diz Daniel Kafie, CEO da Vostu.
O maior sucesso da Vostu é o jogo Mini Fazenda,
com 5 milhões de usuários ativos.
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O FACEBOOK É UM GRANDE FÓRUM DE IDEIAS PARA O MEU
PROGRAMA
© FOTOS 1 ROGERIO PALLATTA 2 DIVULGAÇÃO
facebook-Mat04.indd 16-17 07.03.11 12:34:38
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16 I DIC AS INFO 17DIC AS INFO I
radiofrequência) em um cubo e, assim, divulgar
em seu perfil no Facebook a palestra que estavam
assistindo no evento. “É possível imaginar aplica-
ções para museus e supermercados”, diz Luis Leão,
diretor de TI da Plankton. Outra empresa, a Social
Agency, patenteou o sistema Social4Real para uso
de QR Code ou RFID para curtir um objeto offline.
E O ORKUT RESISTEEm maio de 2008, o Facebook conseguiu derrubar
do topo do ranking seu principal rival, o MySpace,
que foi engolido e agora agoniza (em janeiro, o site
anunciou a demissão de 500 funcionários, metade de
sua força de trabalho). Mas Zuckerberg ainda precisa
conquistar países como Rússia, Japão e Brasil, onde
concorrentes predominam. No Brasil, a liderança é
do Orkut, com 43 milhões de usuários ativos, con-
tra 9,5 milhões do Facebook. Mas nada indica que
o Orkut, a rede social do Google, conseguirá manter
sua popularidade em alta. Sua audiência está pratica-
mente estacionada há mais de um ano (veja quadro
comparativo na pág. 14). Segundo o Ibope Nielsen
Online, houve um aumento de 3,5% no número de
visitantes únicos do Orkut entre setembro de 2009
e maio de 2010. No mesmo período, a quantidade de
brasileiros no Facebook avançou 102%. O volume de
usuários só começou a decolar quando a interface da
rede foi traduzida para o português, em 2008. “Esta-
mos empenhados em crescer no mercado brasileiro,
fazendo parcerias com operadoras, desenvolvedores
e portais. O público brasileiro é o que mais cresce no
Facebook em números absolutos. Fica atrás apenas
dos Estados Unidos”, diz Olivan.
O Orkut está em todas as camadas econômicas
da população brasileira. O Facebook tem seu públi-
co nas classes A e B. Mas isso é questão de tempo.
Segundo Renato Meirelles, sócio da empresa de
pesquisa Data Popular, o Facebook já começa a
conquistar a emergente classe C brasileira.
Uma das principais diferenças entre o público do
Orkut e do Facebook está na faixa etária. No Orkut,
60% dos usuários têm até 17 anos, enquanto no Face-
book esse grupo equivale a 38%. Mas a resistência dos
jovens começa a se abrandar. “Prefiro o Facebook ao
Orkut”, diz o estudante Guilherme Moraes de Carvalho,
de 16 anos. “O Orkut é mais para mensagens pessoais,
no Facebook eu compartilho notícias sobre seriados.”
Compras levam a rede ao mundo offline
BAZAR PARA FÃS
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Carimbo 13 dólareshttp://abr.io/carimboface
Caneca 25 reaishttp://abr.io/canecaface
Camiseta 31 dólareshttp://abr.io/camisetaface
Dos amigos que Guilherme convidou recentemente
para o Facebook, 30 aceitaram se inscrever.
Alguns apostam que o Orkut será ultrapassado
ainda em 2011, como Alessandro Lima, da E.Life. “Di-
versos fatores impulsionam esse crescimento, como
os filmes e os livros que retratam o Facebook e os re-
cursos de importação automática”, diz Lima. Javier
Olivan evita cravar datas ou fazer comentários sobre
a rede social do Google, mas alfineta: “Na Índia, um
mercado enorme, o Orkut já foi ultrapassado”.
Para Marcelo Marzola, CEO da Predicta, empre-
sa especializada na análise do comportamento do
consumidor nos meios digitais, o Orkut não será
derrotado facilmente. “O Google não abrirá mão
de algo tão valioso”, afirma.
Dono do Orkut, o Google admite que o site já não
cresce como nos primeiros anos, mas rebate as me-
dições desfavoráveis dos institutos de pesquisa. Félix
Ximenes, diretor de comunicação do Google Brasil,
afirma que a audiência do Orkut continua alta. Segun-
do ele, a rede aumentou seu tamanho em 12% entre
2009 e 2010. “Reduzimos o ritmo, mas acompanha-
mos o crescimento da internet no Brasil”, diz Xime-
nes. Para ele, os laços de amizade construídos na rede
social nos últimos sete anos levarão os internautas
a continuar a usá-la. “O Orkut é o garoto velho do
bairro. O rapaz novo sempre vai ganhar mais atenção.
Mas a gente continua penteando o cabelo dele.”
Circulam informações de que o Google está tra-
balhando em uma nova rede social, o Google Me.
Ximenes nega. “Isso é um boato. Sabemos que pre-
cisamos aumentar os componentes sociais dos nos-
sos produtos. Mas o Google Me é uma invenção”,
diz. Neste ano, o Google pretende mexer no Orkut,
com alterações na interface. Em 2010, foram feitas
50 mudanças no serviço. Hoje, 40 engenheiros do
Google cuidam exclusivamente do Orkut, a maior
parte localizada no escritório de Belo Horizonte.
O Facebook, por sua vez, não tem base no Brasil.
“Isso não significa que não estamos trabalhando
pelo público brasileiro. Temos engenheiros focados
em aperfeiçoar ferramentas para mercados especí-
ficos, o que inclui o Brasil”, diz Javier Olivan.
APLICATIVOS BRASUCASO desenvolvimento de aplicativos em língua portu-
guesa ainda é pequeno. Júlio Cezar Gonçalves, de 41
anos, foi um dos vencedores do Desafio Facebook
de Aplicativos, em 2009. Ele criou o Democratia.
org, que permite avaliar o trabalho dos deputados
no Congresso Nacional. Ganhou 3 000 dólares do
Facebook, mas ficou frustrado. “Houve pouca di-
vulgação e o aplicativo só foi experimentado por
200 pessoas”, afirma Gonçalves. Roberto Grosman,
da agência F.biz, já desenvolveu aplicativos no Fa-
cebook para marcas como a Lux, da Unilever. Mas
observa que, antes disso, é necessário construir
uma relação com os usuários por meio das fan pa-
ges. “É preciso atrair esses fãs e dialogar com eles
para entender qual é o aplicativo certo.”
Na área de games sociais, os ganhos são impres-
sionantes. Só nos Estados Unidos, os jogos devem
movimentar 1 bilhão de dólares em 2011. A maioria
dos títulos traduzidos para o português está no
Orkut. A empresa de games sociais Vostu, focada
no mercado brasileiro, ainda não tem planos de ir
para o Facebook. “O Orkut tem mais vocação para
o entretenimento”, diz Daniel Kafie, CEO da Vostu.
O maior sucesso da Vostu é o jogo Mini Fazenda,
com 5 milhões de usuários ativos.
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O FACEBOOK É UM GRANDE FÓRUM DE IDEIAS PARA O MEU
PROGRAMA
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18 I DIC AS INFO
A publicadora de games Mentez já tradu-
ziu para o português sete jogos para o Face-
book e 18 para o Orkut. O game Colheita Feliz
tem 8,3 milhões de usuários ativos no Orkut por
semana, enquanto no Facebook são cerca de
1 400. “A audiência dos jogos no Facebook ainda não
é expressiva, mas há espaço para as duas redes no
Brasil”, afirma Juan Franco, CEO da Mentez. Ele diz
que a privacidade dos dados acessados pelos aplica-
tivos é respeitada. “Somos proibidos de repassar os
dados dos usuários a terceiros”, diz Franco.
Mas vazamentos de informações dos inter-
nautas acontecem. O Facebook admitiu, em no-
vembro do ano passado, que a Rapleaf, empresa
especializada em informações pessoais, comer-
cializou dados de usuários da rede social, obti-
dos por meio de aplicativos. Os desenvolvedores
foram suspensos por seis meses. “Tivemos de
punir algumas empresas que desobedeceram o
contrato que assinaram conosco. Mas não pode-
mos, por causa desses casos, filtrar as aplicações
que serão oferecidas. Essas barreiras dificultam
a inovação”, afirma Olivan, do Facebook.
Para Tim Berners-Lee, o criador da web, é pe-
rigoso que empresas como Facebook centralizem
tantas informações pessoais. “Se um governo re-
solve baixar uma resolução antiterrorismo, co-
mo argumento para acessar as informações dos
internautas nessas redes, pode até descobrir as
intenções de voto dessas pessoas”, diz Berners-
Lee. Para ele, o ideal seria que as redes sociais
fossem descentralizadas, como a Diaspora, ain-
da em versão alfa, que tem como bandeira total
privacidade online.
Muitas ainda serão as discussões sobre privaci-
dade e segurança, mas tudo indica que o Facebook
caminha para se tornar, como quer seu criador, um
dos meios de comunicação mais populares do mun-
do e a porta de entrada para a maioria dos usuários
de internet. Assim, Mark Zuckerberg entrará para a
linhagem dos empreendedores pós-adolescentes
que criaram empresas milionárias, como o define
o livro The Facebook Effect, lançado em fevereiro
no país. Escrito pelo jornalista David Kirkpatrick,
a obra mostra como Zuckerberg usou seu talento
empreendedor para montar um negócio e, princi-
palmente, como resistiu a propostas sucessivas de
até 1,5 bilhão de reais.
O brasileiro Rodrigo Schmidt, de 32 anos, formado em ciência da computação pela Unicamp, trabalha há 2 anos no Facebook
Emprego da hora
INFO Como você conquistou a vaga no Facebook? RODRIGO SCHMIDT Estava terminando o doutorado, em 2007, na escola Politécni-ca Federal de Lausanne, na Suíça, quan-do soube por um amigo que havia uma vaga. Minha tese, sobre sistemas distribuí-dos, tinha a ver com o Facebook. Fiz duas en-trevistas por telefone e cinco pessoalmente, em Palo Alto, que enfatizaram a parte técnica. INFO O que você faz na empresa?SCHMIDT Sou líder técnico do time da ferra-menta de chat. Meu trabalho é organizar me-tas e dar uma direção para o produto. INFO Vocês enfrentam muitos períodos de lockdown, quando Mark Zuckerberg pede esforço extra para concluir uma tarefa?SCHMIDT Nos dois anos em que estou aqui, só aconteceu duas vezes. Hoje, os períodos de lockdown já não são tão intensos. Eles são um jeito de manter o foco em uma só tarefa.INFO Há muitos jovens como você trabalhando?SCHMIDT Sim, há vários prodígios. Aqui são valorizadas as pessoas com experiência e ca-pacidade, associadas ou não a um diploma. INFO O que mais gosta no Facebook?SCHMIDT Do ambiente. Não só por ser des-contraído, mas porque trabalho com gente de nível técnico excelente. Tenho muita liber-dade para discutir com os colegas, sem ter de organizar reuniões. INFO Mark Zuckerberg se envolve com os projetos?SCHMIDT Sim, ele sempre está aqui, temos contato direto. Ele participa das discussões, é muito acessível. INFO O que há para desestressar?SCHMIDT Temos salas de videogame, quadra de basquete, sala de música, jardim onde fa-zemos churrasco. Tudo para ajudar a inovar.
© FOTO DIVULGAÇÃO
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19DIC AS INFO I© FOTO EASYFOTOSTOCK/KEYSTOCK
tendências I efeito libélula
UM POST PODE MUDAR O MUNDO?Livro defende que Twitter, Facebook e YouTube podem ser usados para salvar vidas, preservar o planeta e transformar o mundo num lugar melhor POR FERNANDO BADÔ
Aos 31 anos, o desenvolvedor de games pa-ra celular Sameer Bhatia sentiu tonturas, náuseas e muito desconforto durante uma viagem entre o Vale do Silício, na Califórnia, e Mum-
bai, na Índia. Bhatia ainda não havia descoberto
que sofria de um tipo raro de leucemia e sua única
chance de sobreviver dependia de um doador com
características raras. Morando nos Estados Unidos,
a chance de encontrar alguém com o tipo de me-
dula óssea compatível com o seu era de uma em
20 000. Ele tinha poucas semanas, mas tudo deu
certo. Milagre? Sorte? Não, o final feliz ocorreu gra-
ças ao uso exaustivo de redes sociais na divulgação
do problema de Bhatia e na procura de um novo
doador. Usando o site www.helpsameer.org, amigos do
desenvolvedor lançaram mão de uma campanha
massiva com vídeos no YouTube e mensagens no
Facebook. Começando com um pequeno grupo de
colegas de trabalho e amigos próximos, a ação teve
como resultado final o cadastro de 7 500 doadores
na região de São Francisco e 250 vidas de pacientes
com leucemia salvas.
A história de Sameer Bhatia é apenas um dos
exemplos de poder benéfico das redes sociais
comentado no livro The Dragonfly Effect: Quick,
Effectivwe, and Powerful Ways To Use Social Me-
dia to Drive Social Change, ainda sem previsão de
lançamento no Brasil. Escrita pelos pesquisadores
da Stanford Graduate School of Business Jennifer
Aaker e Andy Smith, a obra traz um nome que re-
mete à agilidade e à liberdade do voo da libélula.
Ao bater seus dois pares de asas membranosas,
o inseto pode parar no ar ou voar para qualquer
direção que quiser. “No livro, traçamos os perfis
de várias organizações que usam um conceito ex-
tremamente viral para fazer ideias importantes
avançar. Um exemplo é a parceria entre a Nike e a
National Aids Trust no Twitter”, contou Andy Smith
à INFO. “No Dia Mundial contra a Aids, quem usava
um código especial deixava seus tuítes com fundo
vermelho, cor oficial da campanha.” Mas logo as
redes sociais, famosas por abrigar um besteirol
infinito e gastar o tempo útil das pessoas, podem
mudar o mundo? “Não existem mídias que natu-
ralmente sirvam apenas para distrair as pessoas.
Assim como a TV ou o telefone, as ferramentas de
mídia online podem ser usadas para uma grande
variedade de propósitos”, diz o autor.
efeitoLibélula-Mat06.indd 19 07.03.11 12:35:42
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20 I DIC AS INFO
MANUAL DA SALVAÇÃOO “efeito libélula” descrito no livro não fica apenas nos exem-
plos de casos de sucesso. Os autores enumeraram as táticas e
as técnicas necessárias para fazer uma causa humanitária sair
do plano das boas intenções para se tornar uma ação efetiva
na web. As dicas vão do mais simples, como usar o Google
Docs para coordenar as ações da equipe em um ambiente
dinâmico, até a criação de pequenas metas que devem ser
cumpridas ao longo do projeto. Um caso interessante é o
da fundação Charity: Water, que financia projetos de trata-
mento de água nos países em desenvolvimento. No lugar de
simplesmente pedir dinheiro, eles usaram o Twitter e o Face-
book para engajar usuários. “O programa da Charity: Water
sugeria que as pessoas pedissem aos amigos que fizessem
doações no mesmo valor dos presentes recebidos no dia do
seu aniversário”, diz Andy Smith. O resultado foi melhor que
o esperado, pois quem recebia o pedido de um amigo de rede
social confiava na avaliação da fundação como uma institui-
ção idônea e acabava participando da ação. Pedir atenção e
tempo, e só depois dinheiro, é uma das lições mais valiosas
para quem quer defender uma causa na internet.
Foi seguindo essa receita que a Nike aproveitou a boa von-
tade de seus mais de 30 000 funcionários espalhados pelo
mundo para angariar voluntários para diversos projetos. A
empresa criou um portal colaborativo em que é possível postar
e pesquisar sobre ações de caridade que precisam de divul-
gação, ajuda financeira ou de mão de obra. “Esse é o primeiro
passo: ter foco em uma única, clara e mensurável meta que
pode ser difícil de alcançar, mas não efetivamente impossí-
vel”, diz Smith. Outra regra pregada pelo livro é a rapidez e a
experimentação nas ações. Uma das dicas diz que na web é
preciso resistir à tentação de criar um grande planejamento
antes de começar a agir. Seguindo o exemplo de empresas
como o Google, a ideia é aperfeiçoar a campanha ou projeto
de acordo com o desempenho dele. Do mesmo jeito que uma
ferramenta é beta no mundo das aplicações para web, na área
do ativismo uma ideia pode amadurecer e ir melhorando com
o tempo. Até porque, em casos como o de Sameer Bhatia, al-
gumas semanas podem significar muito.
ELE É DO CONTRA Nem todo mundo acha que as redes sociais têm vocação para o ativismo social. Malcolm Gladwell (www.gladwell.com), que é colaborador da revista The New Yorker, já escreveu artigos dizendo que Facebook e companhia não podem servir como uma ferramenta de organização por, entre outros motivos, não contar com uma hierarquia clara.
TRÊS BONS EXEMPLOS
We Nikehttps://we.nike.comRede para os funcionários da Nike darem apoio a projetos sociais. Há comunidades para doações coletivas e voluntariado.
Pepsi Refresh Projectwww.refresheverything.comA empresa elege projetos benefi centes que recebem até 250 000 dólares de acordo com uma votação online.
eBay World of Goodhttp://worldofgood.ebay.comVersão ecologicamente correta do eBay com produtos que causam impacto positivo nas comunidades onde são fabricados.
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21DIC AS INFO I© FOTO J. M. HORRILLO/OTHER IMAGES *PUBLICADA ORIGINALMENTE NA INFO DE OUTUBRO DE 2010
tendências I pesquisa social
O MAIOR EXPERIMENTO DE TODOS OS TEMPOS...Os rastros digitais deixados por você e por todos que você conhece estão transformando nossa compreensão do comportamento humano POR MARK BUCHANAN, DA NEW SCIENTIST*
pesquisaSocial-Mat07.indd 21 07.03.11 14:28:32
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22 I DIC AS INFO 23DIC AS INFO I
A cada movimento que você faz, to-da vez que você atualiza o Twit-ter, alguém o está observando. Você pode até não parar para pensar sobre
o assunto, mas se usa regularmente alguma rede
social, um celular ou a internet, está deixando um
rastro digital claro que descreve seu comporta-
mento, padrões de viagens, as coisas
de que você gosta e não gosta,
divulga quem são seus amigos e
revela o seu humor e suas opiniões.
Em resumo, você diz ao mundo muito
sobre si mesmo.
Como qualquer pesquisador pode lhe dizer,
dados de boa qualidade valem ouro. Sem eles, as
teorias ficam no campo da especulação, e pior,
dados ruins podem levar a becos sem saída. A
física foi a primeira ciência a ser
transformada pela infor-
mação precisa, começan-
do com os telescópios que
revelaram o céu e culminan-
do em experimentos gigantescos
modernos, como o Grande Colisor de
Hádrons do CERN, perto de Genebra, na Suíça. A
biologia veio logo a seguir, com o sequenciamen-
to do genoma gerando um volume tão grande de
descobertas que a genética acabou se tornando
parcialmente uma ciência da informação.
Agora o estudo do comportamento humano está
seguindo o mesmo caminho. Os cientistas sociais ti-
veram por muito tempo de confiar em questionários
rudimentares ou entrevistas para coletar dados a fim
de testar suas teorias. Métodos maculados por vieses
e amostragens limitadas. Durante décadas, o campo
tem sido menosprezado por alguns como um primo
pobre das ciências tradicionais. A era digital está mu-
dando tudo isso. Praticamente do dia para a noite, o
estudo do comportamento humano e das interações
sociais tem mudado, de um cenário em que não se
tinha praticamente nenhum dado consistente para
outro em que nos afogamos neles. Como resultado,
surge uma abordagem completamente diferente pa-
ra as ciências sociais, e estudos baseados nela são
cada vez mais frequentes. O impacto é notável.
“A revolução dos dados chegou às ciências
sociais”, diz Albert-László Barabási, da Univer-
sidade Northeastern, em Boston. “Pela primeira vez,
os cientistas têm a oportunidade de estudar o que os
seres humanos fazem em tempo real e de
forma objetiva. Isso vai mudar fun-
damentalmente todos os campos da
ciência que lidam com seres humanos.”
Está se tornando possível abordar proble-
mas fundamentais que as gerações anteriores acre-
ditavam ser intocáveis. Tal como acontece com todas
as outras ciências ricas em dados, Barabási e compa-
nhia finalmente esperam descobrir leis matemáticas
que descrevem o comportamento
humano, e que poderiam ser
usadas para prever o que as
pessoas vão fazer.
“Os sociólogos vêm perse-
guindo essas leis sobre as interações
humanas e as redes sociais há décadas”, diz Duncan
Watts, da Yahoo Research, em Nova York. Mas as
implicações de longo alcance de suas teorias eram
efetivamente impossíveis de testar. A tecnologia de
medição simplesmente não existia. Isso está mudan-
do. Watts foi um dos primeiros a perceber o potencial
dos rastros digitais que deixamos. Em 2006, com seu
colega Matthew Salganik, agora na Universidade de
Princeton, ele projetou uma experiência baseada na
web para verificar o quanto a influência social determi-
na a popularidade de uma canção. Quando uma nova
canção sobe direto para o primeiro lugar, é difícil saber
se o sucesso veio do apelo inicial da própria música
ou do “comportamento de manada” de muitas pes-
soas comprando o que elas acreditam já ser popular.
A indústria fonográfica tem pouco sucesso em prever
quais músicas se sairão bem ou não, e sugere que o
acaso pode ter nisso um papel fundamental.
Para analisar o que faz algumas músicas terem
mais sucesso do que outras, Watts e Salganik cria-
ram um projeto chamado Music Lab. Era um site no
qual mais de 14 000 pessoas ouviam, à sua escolha,
48 canções de bandas desconhecidas, avaliavam e
baixavam a faixa, se quisessem. Essas opções fun-
cionavam como medidas de qualidade (a nota dada)
e a popularidade (o número de downloads). Mais
importante, a dupla também era capaz de controlar
se os ouvintes podiam ver quantas vezes outras pes-
soas haviam baixado a música em questão, ou se ti-
nham de confiar exclusivamente em seu próprio jul-
gamento. Dessa forma, eles poderiam efetivamente
comparar os resultados com o poder de influência
social “ligado” ou “desligado”. Eles também agrupa-
ram os participantes influenciados socialmente em
oito “mundos” independentes para poder explorar o
modo como os resultados mudariam se a fita da vida
pudesse ser rebobinada e tocada novamente.
Os resultados apoiaram fortemente a ideia de
que a influência humana tem um efeito enorme
em tornar algumas canções mais populares do que
outras. Esse fator também torna muito mais difícil
prever o que vai acontecer e quais músicas se sairão
bem. Os mundos em que a influência social operava
mostraram desigualdades muito maiores, com as
músicas populares subindo ainda mais e as canções
impopulares descendo a um nível ainda menor do
que nos mundos sem influência social. Com a in-
fluência social ligada, a popularidade das canções
variava descontroladamente de um mundo para
o outro. Assim, gostemos ou não, parece que
muitos de nós seguimos o rebanho.
Watts e Salganik concluíram que os peritos
não conseguem prever o sucesso, não porque
são incompetentes ou mal informados,
mas porque as influências sociais mul-
tiplicam o efeito do acaso. Fatores aci-
dentais levam a canção ao topo da tabela
tanto quanto a verdadeira qualidade. “Mas a quali-
dade de fato conta”, Salganik ressalta. As músicas
classificadas como melhores raramente se saíam
mal, e as piores raramente se saíam bem, mas
qualquer outro resultado era pos-
sível. “Esse tipo de experimento
está tornando rotineiros estudos
experimentais que eram considera-
dos impossíveis”, diz Salganik. “Com o
grande aumento no poder computacional e o nú-
mero praticamente ilimitado de participantes
disponível na internet, podemos realizar experi-
mentos em estilo de laboratório com milhares, até
milhões, de participantes”, diz ele.
De fato, Jukka-Pekka Onnela e Felix Reed-Tsochas,
da Saïd Business School, na Universidade de Oxford,
estão usando o Facebook e seus mais de 500 milhões
de usuários como um laboratório vivo para estudar
como as ideias e os comportamentos se propagam
entre os grupos humanos. Watts e Salganik mostra-
ram que, quando se trata de preferência musical, nos
comportamos como ovelhas. Onnela e Reed-Tsochas
perceberam que mudanças similares ocorrem no Fa-
cebook. Usuários do Facebook podem optar por ins-
talar os aplicativos — componentes de software que
personalizam sua página na rede social. Se alguém
adota um aplicativo, seus amigos são automaticamen-
te notificados, e eles também podem ver os aplicativos
que os amigos estão usando. Os usuários do Facebook
também têm acesso a uma lista de aplicativos popula-
res, semelhante a uma lista de best-sellers.
Até aí, nada de novo — as livrarias fazem o mes-
mo. Mas há uma grande diferença: os dados armaze-
nados no Facebook tornam possível analisar o cres-
cimento da popularidade de aplicativos em detalhes
sem precedentes. Onnela e Reed-Tsochas
analisaram a popularidade de milhares
de aplicativos em 2007, e em seguida es-
tudaram como outros usuários as adotavam
ao longo do tempo. Eles tentavam descobrir se
a sequência de adoção de cada aplicativo
seguia um padrão aleatório — indicando que
cada evento “adoção” era independente das
outras adoções anteriores — ou se adoções ante-
riores por amigos do participante influenciavam a
probabilidade de sua adoção de um aplicativo.
Os resultados mostraram que tan-
to a independência de pensamento
quanto o comportamento de copia-
dor desempenham um papel, reforçan-
do conclusões obtidas pelos métodos con-
vencionais de pesquisa. O estudo também indicou
que há dois processos muito diferentes em ação.
Quando um novo aplicativo aparece, ele é adota-
do pelos usuários independentemente
da opinião dos amigos. Mas se
a popularidade do aplicativo
ultrapassa determinado limi-
te, sua popularidade passa a
pesquisaSocial-Mat07.indd 22-23pesquisaSocial-Mat07.indd 22-23 07.03.11 12:39:5507.03.11 12:39:55
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22 I DIC AS INFO 23DIC AS INFO I
A cada movimento que você faz, to-da vez que você atualiza o Twit-ter, alguém o está observando. Você pode até não parar para pensar sobre
o assunto, mas se usa regularmente alguma rede
social, um celular ou a internet, está deixando um
rastro digital claro que descreve seu comporta-
mento, padrões de viagens, as coisas
de que você gosta e não gosta,
divulga quem são seus amigos e
revela o seu humor e suas opiniões.
Em resumo, você diz ao mundo muito
sobre si mesmo.
Como qualquer pesquisador pode lhe dizer,
dados de boa qualidade valem ouro. Sem eles, as
teorias ficam no campo da especulação, e pior,
dados ruins podem levar a becos sem saída. A
física foi a primeira ciência a ser
transformada pela infor-
mação precisa, começan-
do com os telescópios que
revelaram o céu e culminan-
do em experimentos gigantescos
modernos, como o Grande Colisor de
Hádrons do CERN, perto de Genebra, na Suíça. A
biologia veio logo a seguir, com o sequenciamen-
to do genoma gerando um volume tão grande de
descobertas que a genética acabou se tornando
parcialmente uma ciência da informação.
Agora o estudo do comportamento humano está
seguindo o mesmo caminho. Os cientistas sociais ti-
veram por muito tempo de confiar em questionários
rudimentares ou entrevistas para coletar dados a fim
de testar suas teorias. Métodos maculados por vieses
e amostragens limitadas. Durante décadas, o campo
tem sido menosprezado por alguns como um primo
pobre das ciências tradicionais. A era digital está mu-
dando tudo isso. Praticamente do dia para a noite, o
estudo do comportamento humano e das interações
sociais tem mudado, de um cenário em que não se
tinha praticamente nenhum dado consistente para
outro em que nos afogamos neles. Como resultado,
surge uma abordagem completamente diferente pa-
ra as ciências sociais, e estudos baseados nela são
cada vez mais frequentes. O impacto é notável.
“A revolução dos dados chegou às ciências
sociais”, diz Albert-László Barabási, da Univer-
sidade Northeastern, em Boston. “Pela primeira vez,
os cientistas têm a oportunidade de estudar o que os
seres humanos fazem em tempo real e de
forma objetiva. Isso vai mudar fun-
damentalmente todos os campos da
ciência que lidam com seres humanos.”
Está se tornando possível abordar proble-
mas fundamentais que as gerações anteriores acre-
ditavam ser intocáveis. Tal como acontece com todas
as outras ciências ricas em dados, Barabási e compa-
nhia finalmente esperam descobrir leis matemáticas
que descrevem o comportamento
humano, e que poderiam ser
usadas para prever o que as
pessoas vão fazer.
“Os sociólogos vêm perse-
guindo essas leis sobre as interações
humanas e as redes sociais há décadas”, diz Duncan
Watts, da Yahoo Research, em Nova York. Mas as
implicações de longo alcance de suas teorias eram
efetivamente impossíveis de testar. A tecnologia de
medição simplesmente não existia. Isso está mudan-
do. Watts foi um dos primeiros a perceber o potencial
dos rastros digitais que deixamos. Em 2006, com seu
colega Matthew Salganik, agora na Universidade de
Princeton, ele projetou uma experiência baseada na
web para verificar o quanto a influência social determi-
na a popularidade de uma canção. Quando uma nova
canção sobe direto para o primeiro lugar, é difícil saber
se o sucesso veio do apelo inicial da própria música
ou do “comportamento de manada” de muitas pes-
soas comprando o que elas acreditam já ser popular.
A indústria fonográfica tem pouco sucesso em prever
quais músicas se sairão bem ou não, e sugere que o
acaso pode ter nisso um papel fundamental.
Para analisar o que faz algumas músicas terem
mais sucesso do que outras, Watts e Salganik cria-
ram um projeto chamado Music Lab. Era um site no
qual mais de 14 000 pessoas ouviam, à sua escolha,
48 canções de bandas desconhecidas, avaliavam e
baixavam a faixa, se quisessem. Essas opções fun-
cionavam como medidas de qualidade (a nota dada)
e a popularidade (o número de downloads). Mais
importante, a dupla também era capaz de controlar
se os ouvintes podiam ver quantas vezes outras pes-
soas haviam baixado a música em questão, ou se ti-
nham de confiar exclusivamente em seu próprio jul-
gamento. Dessa forma, eles poderiam efetivamente
comparar os resultados com o poder de influência
social “ligado” ou “desligado”. Eles também agrupa-
ram os participantes influenciados socialmente em
oito “mundos” independentes para poder explorar o
modo como os resultados mudariam se a fita da vida
pudesse ser rebobinada e tocada novamente.
Os resultados apoiaram fortemente a ideia de
que a influência humana tem um efeito enorme
em tornar algumas canções mais populares do que
outras. Esse fator também torna muito mais difícil
prever o que vai acontecer e quais músicas se sairão
bem. Os mundos em que a influência social operava
mostraram desigualdades muito maiores, com as
músicas populares subindo ainda mais e as canções
impopulares descendo a um nível ainda menor do
que nos mundos sem influência social. Com a in-
fluência social ligada, a popularidade das canções
variava descontroladamente de um mundo para
o outro. Assim, gostemos ou não, parece que
muitos de nós seguimos o rebanho.
Watts e Salganik concluíram que os peritos
não conseguem prever o sucesso, não porque
são incompetentes ou mal informados,
mas porque as influências sociais mul-
tiplicam o efeito do acaso. Fatores aci-
dentais levam a canção ao topo da tabela
tanto quanto a verdadeira qualidade. “Mas a quali-
dade de fato conta”, Salganik ressalta. As músicas
classificadas como melhores raramente se saíam
mal, e as piores raramente se saíam bem, mas
qualquer outro resultado era pos-
sível. “Esse tipo de experimento
está tornando rotineiros estudos
experimentais que eram considera-
dos impossíveis”, diz Salganik. “Com o
grande aumento no poder computacional e o nú-
mero praticamente ilimitado de participantes
disponível na internet, podemos realizar experi-
mentos em estilo de laboratório com milhares, até
milhões, de participantes”, diz ele.
De fato, Jukka-Pekka Onnela e Felix Reed-Tsochas,
da Saïd Business School, na Universidade de Oxford,
estão usando o Facebook e seus mais de 500 milhões
de usuários como um laboratório vivo para estudar
como as ideias e os comportamentos se propagam
entre os grupos humanos. Watts e Salganik mostra-
ram que, quando se trata de preferência musical, nos
comportamos como ovelhas. Onnela e Reed-Tsochas
perceberam que mudanças similares ocorrem no Fa-
cebook. Usuários do Facebook podem optar por ins-
talar os aplicativos — componentes de software que
personalizam sua página na rede social. Se alguém
adota um aplicativo, seus amigos são automaticamen-
te notificados, e eles também podem ver os aplicativos
que os amigos estão usando. Os usuários do Facebook
também têm acesso a uma lista de aplicativos popula-
res, semelhante a uma lista de best-sellers.
Até aí, nada de novo — as livrarias fazem o mes-
mo. Mas há uma grande diferença: os dados armaze-
nados no Facebook tornam possível analisar o cres-
cimento da popularidade de aplicativos em detalhes
sem precedentes. Onnela e Reed-Tsochas
analisaram a popularidade de milhares
de aplicativos em 2007, e em seguida es-
tudaram como outros usuários as adotavam
ao longo do tempo. Eles tentavam descobrir se
a sequência de adoção de cada aplicativo
seguia um padrão aleatório — indicando que
cada evento “adoção” era independente das
outras adoções anteriores — ou se adoções ante-
riores por amigos do participante influenciavam a
probabilidade de sua adoção de um aplicativo.
Os resultados mostraram que tan-
to a independência de pensamento
quanto o comportamento de copia-
dor desempenham um papel, reforçan-
do conclusões obtidas pelos métodos con-
vencionais de pesquisa. O estudo também indicou
que há dois processos muito diferentes em ação.
Quando um novo aplicativo aparece, ele é adota-
do pelos usuários independentemente
da opinião dos amigos. Mas se
a popularidade do aplicativo
ultrapassa determinado limi-
te, sua popularidade passa a
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24 I DIC AS INFO 25DIC AS INFO I
levar muitas pessoas a adotá-lo, e seu crescimento
pode se tornar explosivo. A conclusão é a mesma
de Watts e Salganik com o Music Lab. “Encontra-
mos regimes muito diferentes em que o compor-
tamento individual ou coletivo domina. A mudança
de um para o outro é um claro processo de ligar e
desligar”, diz Reed-Tsochas. Eles não sabem ainda
se pontos de ruptura desse tipo podem influenciar
os processos do mundo real para além da web, tais
como mudanças na opinião política ou a populari-
dade dos livros. “É certamente possível”, diz Reed-
Tsochas, “mas temos de obter dados igualmente
bons nessas áreas para descobrir.”
Alguns afirmam que os dados brutos para
análise do comportamento do mundo real já estão
nas pulsantes redes sociais, e ainda demonstram
como eles podem ser usados para prever
resultados sociais. Por exemplo, uma
das técnicas mais populares para pre-
ver qualquer coisa, desde o resultado das
eleições presidenciais até o sucesso de novos filmes,
é usar mercados artificiais. O Hollywood Stock Ex-
change (www.hsx.com) permite que os fãs de cinema
comprem e vendam ações virtuais de celebridades
e filmes recém-lançados ou em vias
de estrear. Esse mercado virtual,
que opera com uma moeda cha-
mada dólares de Hollywood, incor-
pora as opiniões de milhões de pessoas
numa avaliação coletiva de cada filme, refletindo
a visão geral da sua popularidade, ou provável
popularidade. “Essa é atualmente a referência da
indústria para prever os prováveis resultados de
um filme”, diz Bernardo Huberman, dos
Hewlett-Packard Laboratories,
em Palo Alto, Califórnia.
Huberman e seu colega Sitarum Asur se pergunta-
ram se seria possível fazer ainda melhor, explorando
o volume de opiniões expressas em mídias sociais
como o Facebook e o Twitter. “O que é discutido
nesses ambientes muitas vezes define tendências”,
afirma Huberman. Na tentativa de garimpar opiniões,
eles estudaram as conversas no Twitter. Partiram da
suposição de que os filmes dos quais se falava muito
deviam acabar se tornando mais populares. Para me-
dir o barulho em torno de cada filme, olharam para a
taxa de tuítes gerados a seu respeito logo
após o lançamento.
Os resultados m