ediÇÃo 87 | r$ 14,95 · 2020. 12. 18. · impressa na divisÃo grÁfica da editora abril s.a. av....

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Privacidade Fique esperto para não revelar informações que quer manter em segredo Equipamentos Fones, câmeras e até players de Blu-ray acessam sua conta EDIÇÃO 87 | R$ 14,95 JOGOS | PERSONALIZAÇÃO | FAN PAGES Fotos Armazene, compartilhe, e não deixe de fazer backup 9 771807 924004 00087> Aplicativos Não faltam programas para incrementar o uso da rede social TRUQUES E DICAS PARA USAR MAIS E MELHOR A REDE SOCIAL QUE JÁ CONQUISTOU 600 MILHÕES DE INTERNAUTAS

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  • Privacidade Fique esperto para não revelar informações que quer manter em segredo

    Equipamentos Fones, câmeras e até players de Blu-ray acessam sua conta

    E D I Ç Ã O 8 7 | R $ 1 4 , 9 5

    JOGOS | PERSONALIZAÇÃO | FAN PAGES

    Fotos Armazene, compartilhe, e não deixe de fazer backup

    9 7 7 1 8 0 7 9 2 4 0 0 4

    0 0 0 8 7>

    Aplicativos Não faltam programas para incrementar o uso da rede social

    TRUQUES E DICAS PARA USAR MAIS E MELHOR A REDE SOCIAL QUE JÁ

    CONQUISTOU 600 MILHÕES DE INTERNAUTAS

    capa_Dicas87_laranja.indd 3capa_Dicas87_laranja.indd 3 04.03.11 20:13:4704.03.11 20:13:47

  • FACEBOOK

    CONCORRENTES

    71 O Facebook não está sozinho

    72 Direto ao ponto76 Você vem sempre aqui?

    EQUIPAMENTOS

    78 Do fone para o Facebook

    80 Clicou, publicou82 Entre um filme e outro...

    TENDÊNCIAS

    08 O futuro da web está no Facebook?

    19 Um post pode mudar o mundo

    21 O maior experimento de todos os tempos

    26 Por trás do Facebook

    DICAS E APLICATIVOS

    28 Garanta sua privacidade32 Explore melhor seu status

    35 Veja essa foto!38 Organize-se com as listas

    40 Crie seu próprio quiz 41 Responda rápido44 Você sabia que... 48 Sai uma fan page!51 Conecte para jogar54 Falando sério56 Um aplicativo para chamar de seu

    PROGRAMAS

    58 Sem deixar o bate-papo62 Navegação especializada

    63 Firefox com Facebook65 Um Chrome mais social66 Ganhe tempo nas postagens

    68 Um Facebook melhor70 Vá atrás das mensagens

    conteúdo

    4 I DIC AS INFO

    Conteudo.indd 4 07.03.11 12:06:34

  • 6 © FOTO MARCELO KURA

    A lista das lojas onde os produtos testados podem ser encontrados está em www.info.abril.com.br/arquivo/onde.shl.

    Veja os critérios de avaliação da INFO em detalhes na web em www.info.abril.com.br/sobre/infolab.shl.

    NOTAS

    recado da redação

    Se fosse um país, o Facebook seria o terceiro maior do mundo, atrás ape-nas da China e da Índia e à frente dos Estados Unidos. A rede social comandada por

    Mark Zuckerberg não para de crescer. O efei-

    to Facebook também está presente no Brasil.

    Embora a rede social do Google ainda tenha

    o maior número de adeptos — 43 milhões,

    contra 9,5 milhões do concorrente —, há for-

    tes indicações de que essa batalha o Google

    já perdeu. Basta olharmos para os números

    mundiais. Enquanto o Facebook ostenta avas-

    saladores 596,3 milhões de usuários, o Orkut

    soma apenas 85 milhões.

    O resultado do sucesso é que há cada vez

    mais pessoas interessadas em conhecer tru-

    ques para incrementar o serviço. Dicas INFO

    Facebook tem a missão de mostrar alguns

    deles. Nas páginas seguintes, você conhecerá,

    por exemplo, alguns segredos de privacida-

    de, um ponto sempre criticado no Facebook

    e alvo de constantes mudanças. Há também

    dicas de personalização, atualização de sta-

    tus, trabalho com fotos, criação de fan pages

    e sugestões de uma série de programas que

    tornam mais prático e prazeroso o uso da re-

    de. Se você vai trocar o smartphone, a câme-

    ra digital ou o player de

    Blu-ray, confira também

    os testes de equipamen-

    tos que estão em sintonia

    com essa nova onda.

    MARIA ISABEL MOREIRAEDITORA DA DICAS INFO

    UMA GRANDE NAÇÃO

    DICAS INFOUma publicação mensal da Editora Abril

    Para contatar a redação: [email protected]

    Para assinar a Dicas INFO: (11) 3347-2121 — Grande

    São Paulo 0800-701-2828 — Demais

    localidades [email protected]

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    9,0 a 9,9 Ó T I M O

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    7,0 a 7,9 B O M

    6,0 a 6,9 M É D I O

    5,0 a 5,9 R E G U L A R

    4,0 a 4,9 F R ACO

    3,0 a 3,9 M U I TO F R ACO

    2,0 a 2,9 R U I M

    1,0 a 1,9 B O M B A

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  • IMPRESSA NA DIVISÃO GRÁFICA DA EDITORA ABRIL S.A. Av. Otaviano Alves de Lima, 4400, Freguesia do Ó, CEP 02909-900, São Paulo, SP

    Presidente do Conselho de Administração: Rober to Civi taPre si dente Executivo: Giancarlo CivitaVice-Pre si den tes: Arnaldo Tibyriçá, Douglas Duran, Marcio Ogliara, Sidnei Basilewww.abril.com.br

    Redação e Correspondência: Av. das Nações Unidas, 7221, 2º andar, Pinheiros, São Paulo, SP, CEP 05425-902, tel. (11) 3037-2000 Publicidade São Paulo e informações sobre representantes de publicidade no Brasil e no Exterior: www.publiabril.com.br

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    DICAS INFO FACEBOOK, edição 87, (ISSN 18079245) é uma publi cação da Editora Abril S.A. Distribuída em todo o país pela Dinap S.A.Distribuidora Nacional de Publicações, São Paulo

    Diretora de Redação: Katia MilitelloEditor Sênior: Carlos Machado

    Editores: Airton Lopes, Juliano Barreto Maria Isabel Moreira, Maurício Moraes e Renata LealEstagiário: Felipe Maia

    Designers: Maurício Medeiros e Wagner RodriguesColaboradores da edição: Vinicius Ferreira (editor de arte), Ulysses Borges de Lima (revisão)

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    Diretor Superintendente: Alexandre Caldini

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  • 9DIC AS INFO I© FOTOS CREATIVE COMMONS/FLICKR

    FACEBO

    OK ?

    ESTÁ NO DA WE

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    tendências I facebook

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  • 9DIC AS INFO I© FOTOS CREATIVE COMMONS/FLICKR

    FACEBO

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    ESTÁ NO DA WE

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    tendências I facebook

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  • 10 I DIC AS INFO

    Disputas judiciais e pesados investimentos marcaram a trajetória do Facebook. Confira os principais momentos da rede social que foi criada em um dormitório da Universida-de Harvard, em 2004.

    Sete anos de história

    Mark Zuckerberg e três colegas de Harvard lançam TheFacebook.com, de seu dormitório

    Fev 2004

    A rede social é expandida para as universidades Stanford, Columbia e Yale

    Mar 2004

    Mudança da sede para Palo Alto (Califórnia). Criador do Napster, Sean Parker torna-se o primeiro presidente do Facebook

    Jun 2004

    Recebe o primeiro investimento (US$ 500 000), de Peter Thiel

    Set 2004

    Conquista 1 milhão de usuários. A rede ConnectU, de colegas de Zuckerberg, processa o Facebook por plágio

    Dez 2004

    Accel Partners investe US$ 12,7 milhões. Chega a 800 redes universitárias

    Mai 2005

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    Queremos moldar o futuro da internet.” A frase é de Mark Zuckerberg, o jovem bri-lhante e polêmico de 26 anos que colo-cou no ar, em fevereiro de 2004, a rede social que

    mais cresce no mundo. Exagero de Zuckerberg?

    Parece que não. Você pode até achar o Facebook

    uma bobagem que só serve para postar recados

    de aniversário, cutucar os amigos ou compartilhar

    fotos das férias, mas saiba que a rede tornou-se um

    fenômeno da internet ao centralizar uma série de

    atividades. Tanto que, no ano passado, deixou o

    líder Google para trás em audiência nos Estados

    Unidos. O Facebook tem 596 milhões de usuários

    ativos e já atrai uma multidão de 2,5 milhões de

    desenvolvedores.

    O crescimento do Facebook despertou ainda

    mais a atenção quando, entre janeiro e novembro

    de 2010, pela primeira vez sua audiência ultrapas-

    sou a do Google nos Estados Unidos. Segundo a

    consultoria Experian Hitwise, 8,93% dos acessos

    apontaram para o Facebook, em comparação a

    7,19% das visitas à página inicial do Google. Apesar

    de popular, o Google leva o internauta para outros

    sites, enquanto o Facebook mantém o internauta

    preso à sua home. É o caso do estudante paulista

    Marcos Paulo Hoff, de 25 anos, que passa cerca de

    oito horas diárias no Facebook. “Tudo o que acho

    legal compartilho com meus contatos”, diz Hoff.

    Fã de games sociais, ele explora todos os títulos

    e está sempre no topo do ranking. Seu preferido

    é Backyard Monsters, um jogo que reúne mais de

    3 milhões de usuários ativos por mês.

    Pode soar como megalomania, mas a inten-

    ção do Facebook é reconfigurar a web, transfor-

    mando os hábitos de navegação de boa parte dos

    internautas. No futuro sonhado por Zuckerberg,

    os usuários da rede social vão conduzir suas dis-

    cussões e tomar decisões de consumo baseadas

    nas recomendações de seus amigos e contatos.

    Talvez ainda não na proporção desejada pelo

    Facebook, mas isso já começa a se tornar qua-

    se uma realidade. Para Roberto Grosman, sócio

    da agência interativa F.biz, uma das razões para

    essa disseminação é o uso do botão Curtir, que

    se espalhou por portais de notícia, blogs e sites

    de e-commerce em todo o mundo. “O Facebook

    está espalhando suas garras. Se faço uma compra

    em uma loja virtual e clico no botão Curtir, estou

    dando aval para aquela loja. E essas ações são

    publicadas na minha timeline”, diz Grosman.

    Entre as ferramentas e os sites que permitem

    compartilhar links, o Facebook é o de maior suces-

    so, com 44% de todo o conteúdo compartilhado na

    web. Está à frente de nomes como Twitter, Digg e

    Delicious. Uma das desvantagens das redes sociais

    é não saber o que seus usuários fazem além de

    seus muros. Zuckerberg mudou isso com o Face-

    book Connect, que permite ao usuário fazer de seu

    nome e senha uma espécie de RG digital para nave-

    gar em outras páginas da web. Quando esse siste-

    ma de autenticação chegou aos sites noticiosos, o

    Facebook deu um passo e tanto para se tornar mais

    relevante. “Somos uma plataforma que permite a

    qualquer site se tornar social, oferecendo conexões

    © FOTOS 1 CREATIVE COMMONS/FLICKR 2 MARCELO KURA 3 GUILLERMO GIANSANTI

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  • 11DIC AS INFO I

    Cai o “The” do nome, passando a Facebook

    Ago 2005

    Rede é expandida para alunos de ensino médio

    Set 2005

    Escolas de outros países entram na rede. News Corp. compra o então líder MySpace

    Out 2005Lançada a plataforma de desenvolvimento

    Ago 2006

    Microsoft compra 1,6% de participação no Facebook por US$ 240 milhões

    Out 2007

    5,5 milhões de usuários inscritos

    Dez 2005

    Rede chega a 12 milhões de usuários

    Dez 2006

    Yahoo! faz oferta de US$ 1 bilhão.O serviço é aberto para a participação dos usuários

    Set 2006

    Estreia o Facebook Ads, ferramenta para publicidade

    Nov 2007

    Facebook Mobile é lançado. A empresa levanta US$ 27,5 milhões com investidores

    Abr 2006

    © 2 © 1

    Facearte: as artistas cariocas Letícia Tandeta (à esq.) e Úrsula Tautz criaram uma galeria de arte no Facebook

    com seus contatos da rede”, diz Javier Olivan, di-

    retor de expansão internacional do Facebook. “O

    perfil no Facebook virou sua identidade na web. No

    serviço de música Spotify, por exemplo, o legal é

    ver o que seus contatos estão ouvindo.”

    O portal Terra adotou o Facebook Connect em

    2009. Assim, o internauta pode publicar um co-

    mentário no site e em seu perfil ao mesmo tempo.

    “O impacto ainda é baixo na audiência, de 1% a 2%,

    mas a importância do Facebook é crescente”, diz

    Sandra Pecis, vice-presidente de mídia do Terra.

    O Facebook deve crescer ainda mais quando

    © 3

    facebook-Mat04.indd 11 07.03.11 12:32:50

  • 12 13DIC AS INFO I© FOTOS 1 DIVULGAÇÃO 2 MARCELO KURA 3 ALEXANDRE BATTIBUGLI I DIC AS INFO

    levar o acesso pelos smartphones mais a sério.

    Hoje, cerca 200 milhões de usuários ativos en-

    tram no serviço por dispositivos móveis. São

    pessoas duas vezes mais ativas na rede social

    do que as que navegam por seus desktops. No

    Brasil, clientes da TIM podem visualizar gratuita-

    mente uma versão móvel do site, o Facebook Zero

    (0.facebook.com). “Trata-se de uma estratégia

    para o usuário perder o medo de acessar pelo

    celular”, diz Flávio Ferreira, gerente de serviços

    de valor agregado da TIM. Há um esforço para

    que até os celulares mais simples se

    conectem à rede social. O Facebook

    SMS, oferecido por TIM e Claro, por

    exemplo, permite enviar e receber

    atualizações da rede. O cliente re-

    cebe gratuitamente torpedos com

    comentários que chegam à sua pá-

    gina. Para publicar um texto usando

    o celular, paga-se 31 centavos (TIM) e

    29 centavos (Claro). A TIM irá ofere-

    cer também aplicativo do Facebook

    para celulares com Java. “Queremos

    que todos tenham o acesso móvel ao

    serviço, não só quem tem Android ou iPhone”, diz

    Olivan, do Facebook.

    UMA OUTRA BOLHA?Atualmente, 72% dos 2 bilhões de internautas do

    mundo participam de alguma rede social, segundo

    a empresa de pesquisas comScore. O Facebook é

    a que mais cresce. A rede de Zuckerberg tem 596

    milhões de usuários ativos, aqueles que retornam

    em menos de 30 dias, mostra o site Social Bakers,

    especializado em estatísticas do Facebook. Esses

    internautas compartilham mensalmente 30 bilhões

    de notícias, fotos, links e outros tipos de conteúdo.

    Instalam por dia 20 milhões de aplicativos, criados

    por uma gigantesca massa de 2,5 milhões de de-

    senvolvedores em mais de 190 países.

    Números superlativos e crescentes como estes

    atraem cifras igualmente altas. Em janeiro, o Fa-

    cebook recebeu investimento de 1,5

    bilhão de dólares, a maior parte pro-

    veniente do Goldman Sachs. Estima-

    tiva do banco mostra que o Facebook

    faturou 1,2 bilhão de dólares nos nove

    primeiros meses de 2010, com lucro

    de 30%. O resultado elevou o valor

    da empresa a impressionantes 50

    bilhões de dólares.

    Mas, diante da perspectiva de uma

    oferta pública das ações na bolsa (o

    chamado IPO), surge o temor de mais

    uma bolha, repetindo o drama do fim

    dos anos 90. O professor Fernando Meirelles, da

    Escola de Administração de Empresas da Fundação

    Getulio Vargas (FGV-SP), compara o Facebook a um

    poço ainda não perfurado. “Não sabemos se ele se-

    rá o padrão de relacionamento na internet. Quem

    investir no Facebook correrá um risco grande”, diz

    Meirelles. “Mas também poderá ganhar muito di-

    nheiro, caso o site se torne a porta de entrada na

    internet de todo o mundo.”

    Especulações financeiras à parte, as empresas

    já perceberam a importância de estar no Facebook.

    Para isso, criam num ritmo cada vez mais acele-

    rado suas fan pages. No Brasil, a mais popular é

    a da Nike Futebol, que já foi “curtida” por mais

    de 236 000 pessoas. “As redes sociais permitem

    uma comunicação mais profunda com o consu-

    midor”, diz Tiago Pinto, diretor de marketing da

    Nike. Ele cita como exemplo de sucesso do canal a

    Eduardo Saverin, o brasileiro cofundador, ganha na Justiça direito a um porcentual estimado em 5% de participação

    Jan 2009

    400 milhões de usuários ativos

    Fev 2010

    O Movimento Quit Facebook Day ameaça “suicídio coletivo” no site, contra a falta de privacidade

    Mai 2010

    TriplePoint Capital investe US$ 100 milhões

    Mai 2008

    Estreia nos Estados Unidos o fi lme A Rede Social , de David Fincher, que expõe as desavenças de Zuckerberg com seus antigos colegas

    Out 2010

    O Goldman Sachs investe US$ 1,5 bilhão. Experian Hitwise revela que o Facebook passou o Google em número de visitas em 2010 (jan. a nov.). Os gêmeos Winklevoss retomam na Justiça a briga contra o Facebook

    Jan 2011

    O chinês Li Ka Ching compra, por US$ 60 milhões, 0,4% da empresa

    Mar 2008

    Criado o botão Curtir (Like). Facebook ultrapassa o líder MySpace

    Fev 2009São 300 milhões os usuários ativos. O Facebook sai do vermelho

    Set 2009Rede é traduzida para mais de 20 línguas. Estreia o Facebook Chat

    Abr 2008Justiça condena o site a pagar US$ 65 milhões à ConnectU, dos gêmeos Cameron e Tyler Winklevoss

    Jun 2008A ferramenta Facebook Connect é lançada

    Set 2008

    Elevation Partners investe US$ 90 milhões

    Nov 2009

    Já são 200 milhões os usuários ativos

    Abr 2009

    Compra a Divvyshot, ferramenta para tag de fotos

    Abr 2010Investimento de US$ 120 milhões da Elevation Partners

    Jun 2010Lançamento do Facebook Places, ferramenta de geolocalização

    Ago 2010Revista Time elege Zuckerberg personalidade do ano

    Dez 2010

    Rede alcança 100 milhões de usuários ativos

    Ago 2008

    Alcança 500 milhões de usuários ativos

    Jul 2010

    © 1

    © 1

    Nesses países os rivais do Facebook

    estão na frente

    TERRITÓRIOS A DOMINAR

    Brasil

    Coreia

    Holanda

    Japão

    Rússia

    Do Orkut para o Facebook: o estudante Guilherme de Carvalho compartilha notícias sobre seriados de TV com amigos

    © 3

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  • 12 13DIC AS INFO I© FOTOS 1 DIVULGAÇÃO 2 MARCELO KURA 3 ALEXANDRE BATTIBUGLI I DIC AS INFO

    levar o acesso pelos smartphones mais a sério.

    Hoje, cerca 200 milhões de usuários ativos en-

    tram no serviço por dispositivos móveis. São

    pessoas duas vezes mais ativas na rede social

    do que as que navegam por seus desktops. No

    Brasil, clientes da TIM podem visualizar gratuita-

    mente uma versão móvel do site, o Facebook Zero

    (0.facebook.com). “Trata-se de uma estratégia

    para o usuário perder o medo de acessar pelo

    celular”, diz Flávio Ferreira, gerente de serviços

    de valor agregado da TIM. Há um esforço para

    que até os celulares mais simples se

    conectem à rede social. O Facebook

    SMS, oferecido por TIM e Claro, por

    exemplo, permite enviar e receber

    atualizações da rede. O cliente re-

    cebe gratuitamente torpedos com

    comentários que chegam à sua pá-

    gina. Para publicar um texto usando

    o celular, paga-se 31 centavos (TIM) e

    29 centavos (Claro). A TIM irá ofere-

    cer também aplicativo do Facebook

    para celulares com Java. “Queremos

    que todos tenham o acesso móvel ao

    serviço, não só quem tem Android ou iPhone”, diz

    Olivan, do Facebook.

    UMA OUTRA BOLHA?Atualmente, 72% dos 2 bilhões de internautas do

    mundo participam de alguma rede social, segundo

    a empresa de pesquisas comScore. O Facebook é

    a que mais cresce. A rede de Zuckerberg tem 596

    milhões de usuários ativos, aqueles que retornam

    em menos de 30 dias, mostra o site Social Bakers,

    especializado em estatísticas do Facebook. Esses

    internautas compartilham mensalmente 30 bilhões

    de notícias, fotos, links e outros tipos de conteúdo.

    Instalam por dia 20 milhões de aplicativos, criados

    por uma gigantesca massa de 2,5 milhões de de-

    senvolvedores em mais de 190 países.

    Números superlativos e crescentes como estes

    atraem cifras igualmente altas. Em janeiro, o Fa-

    cebook recebeu investimento de 1,5

    bilhão de dólares, a maior parte pro-

    veniente do Goldman Sachs. Estima-

    tiva do banco mostra que o Facebook

    faturou 1,2 bilhão de dólares nos nove

    primeiros meses de 2010, com lucro

    de 30%. O resultado elevou o valor

    da empresa a impressionantes 50

    bilhões de dólares.

    Mas, diante da perspectiva de uma

    oferta pública das ações na bolsa (o

    chamado IPO), surge o temor de mais

    uma bolha, repetindo o drama do fim

    dos anos 90. O professor Fernando Meirelles, da

    Escola de Administração de Empresas da Fundação

    Getulio Vargas (FGV-SP), compara o Facebook a um

    poço ainda não perfurado. “Não sabemos se ele se-

    rá o padrão de relacionamento na internet. Quem

    investir no Facebook correrá um risco grande”, diz

    Meirelles. “Mas também poderá ganhar muito di-

    nheiro, caso o site se torne a porta de entrada na

    internet de todo o mundo.”

    Especulações financeiras à parte, as empresas

    já perceberam a importância de estar no Facebook.

    Para isso, criam num ritmo cada vez mais acele-

    rado suas fan pages. No Brasil, a mais popular é

    a da Nike Futebol, que já foi “curtida” por mais

    de 236 000 pessoas. “As redes sociais permitem

    uma comunicação mais profunda com o consu-

    midor”, diz Tiago Pinto, diretor de marketing da

    Nike. Ele cita como exemplo de sucesso do canal a

    Eduardo Saverin, o brasileiro cofundador, ganha na Justiça direito a um porcentual estimado em 5% de participação

    Jan 2009

    400 milhões de usuários ativos

    Fev 2010

    O Movimento Quit Facebook Day ameaça “suicídio coletivo” no site, contra a falta de privacidade

    Mai 2010

    TriplePoint Capital investe US$ 100 milhões

    Mai 2008

    Estreia nos Estados Unidos o fi lme A Rede Social , de David Fincher, que expõe as desavenças de Zuckerberg com seus antigos colegas

    Out 2010

    O Goldman Sachs investe US$ 1,5 bilhão. Experian Hitwise revela que o Facebook passou o Google em número de visitas em 2010 (jan. a nov.). Os gêmeos Winklevoss retomam na Justiça a briga contra o Facebook

    Jan 2011

    O chinês Li Ka Ching compra, por US$ 60 milhões, 0,4% da empresa

    Mar 2008

    Criado o botão Curtir (Like). Facebook ultrapassa o líder MySpace

    Fev 2009São 300 milhões os usuários ativos. O Facebook sai do vermelho

    Set 2009Rede é traduzida para mais de 20 línguas. Estreia o Facebook Chat

    Abr 2008Justiça condena o site a pagar US$ 65 milhões à ConnectU, dos gêmeos Cameron e Tyler Winklevoss

    Jun 2008A ferramenta Facebook Connect é lançada

    Set 2008

    Elevation Partners investe US$ 90 milhões

    Nov 2009

    Já são 200 milhões os usuários ativos

    Abr 2009

    Compra a Divvyshot, ferramenta para tag de fotos

    Abr 2010Investimento de US$ 120 milhões da Elevation Partners

    Jun 2010Lançamento do Facebook Places, ferramenta de geolocalização

    Ago 2010Revista Time elege Zuckerberg personalidade do ano

    Dez 2010

    Rede alcança 100 milhões de usuários ativos

    Ago 2008

    Alcança 500 milhões de usuários ativos

    Jul 2010

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    Nesses países os rivais do Facebook

    estão na frente

    TERRITÓRIOS A DOMINAR

    Brasil

    Coreia

    Holanda

    Japão

    Rússia

    Do Orkut para o Facebook: o estudante Guilherme de Carvalho compartilha notícias sobre seriados de TV com amigos

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    facebook-Mat04.indd 12-13 07.03.11 12:33:41

  • 15DIC AS INFO I14 I DIC AS INFO

    Veja como anda a disputa por audiência entre Orkut e Facebook, no Brasil e no mundoConfl ito social

    EM JUNHO DE 2006, ORKUT E FACEBOOK RECEBERAM QUASE

    A MESMA QUANTIDADE DE VISITANTES NO MUNDO TODO:

    13,6 milhões

    14 milhões

    Orkut

    Facebook

    QUAL É A DIMENSÃO DE CADA UM?Em milhões de usuários

    Mundo Brasil

    439,5

    FONTES: GOOGLE, FACEBOOK, SOCIALBAKERS.COM E COMSCORE

    FONTE: DOUBLECLICK AD PLANNER (DEZEMBRO DE 2010)

    85

    596,3

    Orkut

    Facebook

    DIFERENÇAS NO PERFILOs usuários do Orkut são mais jovens que os do Facebook — por faixa etária

    0 a 17

    60 18 a 24

    14 25 a 34

    12 35 a 44

    9 45 a 54

    5

    55 a 64

    0

    0 a 17

    38 25 a 34

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    15

    45 a 54

    8

    55 a 64

    1

    Orkut Facebook

    A GANGORRA DA AUDIÊNCIA

    Média de minutos gastos por visitantes no site em um mês

    50%FONTES: COMSCORE E IBOPE MÍDIA FONTE: IBOPE NIELSEN ONLINE

    dos usuários do Orkut afirmam ter usado menos a rede social em 2010

    Fotos Scraps

    Aniversários Comunidades

    QUE ATIVIDADES SÃO MAIS

    POPULARES?

    Orkut

    GamesComentários Mensagens

    Fotos

    Facebook

    FONTES: GOOGLE E SOCIALBAKERS.COMFONTES: GOOGLE (MAIO DE 2010) E SOCIALBAKERS.COM (JANEIRO DE 2011)

    DOIS RITMOS DE CRESCIMENTONúmero de visitantes únicos por mês no Brasil

    — em milhões

    Set/2009

    Se mantiver o mesmo ritmo de

    crescimento, o Facebook

    vai se igualar ao

    Orkut até o fim deste ano

    Out/2009 Nov/2009 Fev/2010 Abr/2010 Mai/2010

    Crescimento no período

    Facebook

    102%

    26 27,1 27,2 26,9 26,5 26,9

    5,3 6,6 7,18 9,6

    10,7

    >

    Orkut

    3,5%

    Set/2008 Out/2010

    496,1

    275,8

    14,2 29,3

    Orkut Facebook

    Orkut Facebook

    ONDE SE CONCENTRA A AUDIÊNCIA

    Brasil

    Índia

    Estados Unidos

    Paquistão

    Paraguai

    Ork

    ut

    Estados Unidos

    Indonésia

    Reino Unido

    Turquia

    FilipinasFace

    book

    50,6%

    24,5%

    20,4%

    5,7%

    17,8%

    4,6%

    0,8%

    4,1%

    0,4%

    3,5%

    Deslizes no Facebook já provocaram demissões e expulsões de universidade

    Vacilosna rede

    Estudantes americanas de enfermagem postam foto com placenta e são expulsas da faculdade. Mas recorrem à Justiça

    Carcereiro inglês é demitido após a descoberta que tinha 13 presidiários na sua lista de amigos do Facebook

    Garçonete perde o emprego nos Estados Unidos após reclamar da gorjeta de um cliente na rede social

    Policial americano é demitido por causa de uma foto de mulheres de biquíni em cima de sua viatura

    transmissão ao vivo do lançamento da camisa do

    centenário do Corinthians, em setembro, que foi

    acompanhada por 18 000 internautas. O Facebook

    fornece um arsenal valioso para as empresas, que

    podem criar estratégias de marketing e campanhas

    publicitárias cada vez mais direcionadas aos usuá-

    rios que querem atingir.

    Entre as celebridades, a rede social também apa-

    rece como boa aposta. O apresentador de TV Luciano

    Huck, por exemplo, usou o Facebook, no mês passado,

    para procurar uma nova integrante para seu progra-

    ma, o Caldeirão do Huck. Os interessados na vaga pu-

    blicaram fotos na sua fan page. “Eu mesmo gerencio a

    página e me divirto com isso”, diz Huck. “O Facebook

    é um grande fórum de ideias para o meu programa.”

    Desde dezembro, quando a página entrou no ar, mais

    de 1 milhão de pessoas já clicaram em Curtir.

    PARA COMPRAR E VENDERO Facebook também já começa a ser um caminho

    interessante para quem deseja comprar e vender. As

    artistas plásticas Letícia Tandeta e Úrsula Tautz, do

    Rio de Janeiro, criaram há um ano o Facearte, uma

    galeria virtual no Facebook, hoje com 3 200 fãs. Dia-

    riamente, elas publicam a oferta de uma nova obra

    de um dos 18 artistas que participam da comunidade.

    Quando uma venda é fechada, as criadoras da página

    recebem comissão de 25% do valor. “Conseguimos

    atingir um público variado, de diversas regiões do

    Brasil e do exterior, sem gastar nada”, diz Letícia.

    “As fan pages são muito amigáveis e ajudam a tra-

    balhar a imagem das marcas e de corporações”, diz

    Alessandro Barbosa Lima, CEO da E.Life, empresa de

    monitoramento e análise de mídia. “Ao contrário do

    Orkut, o Facebook já foi projetado como um ambiente

    cômodo para as empresas”, diz Lima. Roberto Gros-

    man, da F.biz, concorda e destaca a segmentação do

    público-alvo como a boa notícia. “É possível escolher

    o público por cidade, idade, gênero ou interesse. Na

    ferramenta do Orkut, só por sexo e por idade.” Para

    Grosman, o Orkut é melhor nas campanhas que pre-

    cisam atingir um público maior.

    Curiosamente, o fenômeno Curtir deverá se ex-

    pandir para o mundo offline. A empresa Plankton

    Digital apresentou no evento Campus Party, em

    janeiro, um sistema que permitiu aos participantes

    encostar um cartão com RFID (identificação por

    © FOTOS REPRODUÇÃO

    facebook-Mat04.indd 14-15 07.03.11 12:34:22

  • 15DIC AS INFO I14 I DIC AS INFO

    Veja como anda a disputa por audiência entre Orkut e Facebook, no Brasil e no mundoConfl ito social

    EM JUNHO DE 2006, ORKUT E FACEBOOK RECEBERAM QUASE

    A MESMA QUANTIDADE DE VISITANTES NO MUNDO TODO:

    13,6 milhões

    14 milhões

    Orkut

    Facebook

    QUAL É A DIMENSÃO DE CADA UM?Em milhões de usuários

    Mundo Brasil

    439,5

    FONTES: GOOGLE, FACEBOOK, SOCIALBAKERS.COM E COMSCORE

    FONTE: DOUBLECLICK AD PLANNER (DEZEMBRO DE 2010)

    85

    596,3

    Orkut

    Facebook

    DIFERENÇAS NO PERFILOs usuários do Orkut são mais jovens que os do Facebook — por faixa etária

    0 a 17

    60 18 a 24

    14 25 a 34

    12 35 a 44

    9 45 a 54

    5

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    38 25 a 34

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    8

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    Orkut Facebook

    A GANGORRA DA AUDIÊNCIA

    Média de minutos gastos por visitantes no site em um mês

    50%FONTES: COMSCORE E IBOPE MÍDIA FONTE: IBOPE NIELSEN ONLINE

    dos usuários do Orkut afirmam ter usado menos a rede social em 2010

    Fotos Scraps

    Aniversários Comunidades

    QUE ATIVIDADES SÃO MAIS

    POPULARES?

    Orkut

    GamesComentários Mensagens

    Fotos

    Facebook

    FONTES: GOOGLE E SOCIALBAKERS.COMFONTES: GOOGLE (MAIO DE 2010) E SOCIALBAKERS.COM (JANEIRO DE 2011)

    DOIS RITMOS DE CRESCIMENTONúmero de visitantes únicos por mês no Brasil

    — em milhões

    Set/2009

    Se mantiver o mesmo ritmo de

    crescimento, o Facebook

    vai se igualar ao

    Orkut até o fim deste ano

    Out/2009 Nov/2009 Fev/2010 Abr/2010 Mai/2010

    Crescimento no período

    Facebook

    102%

    26 27,1 27,2 26,9 26,5 26,9

    5,3 6,6 7,18 9,6

    10,7

    >

    Orkut

    3,5%

    Set/2008 Out/2010

    496,1

    275,8

    14,2 29,3

    Orkut Facebook

    Orkut Facebook

    ONDE SE CONCENTRA A AUDIÊNCIA

    Brasil

    Índia

    Estados Unidos

    Paquistão

    Paraguai

    Ork

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    Estados Unidos

    Indonésia

    Reino Unido

    Turquia

    FilipinasFace

    book

    50,6%

    24,5%

    20,4%

    5,7%

    17,8%

    4,6%

    0,8%

    4,1%

    0,4%

    3,5%

    Deslizes no Facebook já provocaram demissões e expulsões de universidade

    Vacilosna rede

    Estudantes americanas de enfermagem postam foto com placenta e são expulsas da faculdade. Mas recorrem à Justiça

    Carcereiro inglês é demitido após a descoberta que tinha 13 presidiários na sua lista de amigos do Facebook

    Garçonete perde o emprego nos Estados Unidos após reclamar da gorjeta de um cliente na rede social

    Policial americano é demitido por causa de uma foto de mulheres de biquíni em cima de sua viatura

    transmissão ao vivo do lançamento da camisa do

    centenário do Corinthians, em setembro, que foi

    acompanhada por 18 000 internautas. O Facebook

    fornece um arsenal valioso para as empresas, que

    podem criar estratégias de marketing e campanhas

    publicitárias cada vez mais direcionadas aos usuá-

    rios que querem atingir.

    Entre as celebridades, a rede social também apa-

    rece como boa aposta. O apresentador de TV Luciano

    Huck, por exemplo, usou o Facebook, no mês passado,

    para procurar uma nova integrante para seu progra-

    ma, o Caldeirão do Huck. Os interessados na vaga pu-

    blicaram fotos na sua fan page. “Eu mesmo gerencio a

    página e me divirto com isso”, diz Huck. “O Facebook

    é um grande fórum de ideias para o meu programa.”

    Desde dezembro, quando a página entrou no ar, mais

    de 1 milhão de pessoas já clicaram em Curtir.

    PARA COMPRAR E VENDERO Facebook também já começa a ser um caminho

    interessante para quem deseja comprar e vender. As

    artistas plásticas Letícia Tandeta e Úrsula Tautz, do

    Rio de Janeiro, criaram há um ano o Facearte, uma

    galeria virtual no Facebook, hoje com 3 200 fãs. Dia-

    riamente, elas publicam a oferta de uma nova obra

    de um dos 18 artistas que participam da comunidade.

    Quando uma venda é fechada, as criadoras da página

    recebem comissão de 25% do valor. “Conseguimos

    atingir um público variado, de diversas regiões do

    Brasil e do exterior, sem gastar nada”, diz Letícia.

    “As fan pages são muito amigáveis e ajudam a tra-

    balhar a imagem das marcas e de corporações”, diz

    Alessandro Barbosa Lima, CEO da E.Life, empresa de

    monitoramento e análise de mídia. “Ao contrário do

    Orkut, o Facebook já foi projetado como um ambiente

    cômodo para as empresas”, diz Lima. Roberto Gros-

    man, da F.biz, concorda e destaca a segmentação do

    público-alvo como a boa notícia. “É possível escolher

    o público por cidade, idade, gênero ou interesse. Na

    ferramenta do Orkut, só por sexo e por idade.” Para

    Grosman, o Orkut é melhor nas campanhas que pre-

    cisam atingir um público maior.

    Curiosamente, o fenômeno Curtir deverá se ex-

    pandir para o mundo offline. A empresa Plankton

    Digital apresentou no evento Campus Party, em

    janeiro, um sistema que permitiu aos participantes

    encostar um cartão com RFID (identificação por

    © FOTOS REPRODUÇÃO

    facebook-Mat04.indd 14-15 07.03.11 12:34:22

  • 16 I DIC AS INFO 17DIC AS INFO I

    radiofrequência) em um cubo e, assim, divulgar

    em seu perfil no Facebook a palestra que estavam

    assistindo no evento. “É possível imaginar aplica-

    ções para museus e supermercados”, diz Luis Leão,

    diretor de TI da Plankton. Outra empresa, a Social

    Agency, patenteou o sistema Social4Real para uso

    de QR Code ou RFID para curtir um objeto offline.

    E O ORKUT RESISTEEm maio de 2008, o Facebook conseguiu derrubar

    do topo do ranking seu principal rival, o MySpace,

    que foi engolido e agora agoniza (em janeiro, o site

    anunciou a demissão de 500 funcionários, metade de

    sua força de trabalho). Mas Zuckerberg ainda precisa

    conquistar países como Rússia, Japão e Brasil, onde

    concorrentes predominam. No Brasil, a liderança é

    do Orkut, com 43 milhões de usuários ativos, con-

    tra 9,5 milhões do Facebook. Mas nada indica que

    o Orkut, a rede social do Google, conseguirá manter

    sua popularidade em alta. Sua audiência está pratica-

    mente estacionada há mais de um ano (veja quadro

    comparativo na pág. 14). Segundo o Ibope Nielsen

    Online, houve um aumento de 3,5% no número de

    visitantes únicos do Orkut entre setembro de 2009

    e maio de 2010. No mesmo período, a quantidade de

    brasileiros no Facebook avançou 102%. O volume de

    usuários só começou a decolar quando a interface da

    rede foi traduzida para o português, em 2008. “Esta-

    mos empenhados em crescer no mercado brasileiro,

    fazendo parcerias com operadoras, desenvolvedores

    e portais. O público brasileiro é o que mais cresce no

    Facebook em números absolutos. Fica atrás apenas

    dos Estados Unidos”, diz Olivan.

    O Orkut está em todas as camadas econômicas

    da população brasileira. O Facebook tem seu públi-

    co nas classes A e B. Mas isso é questão de tempo.

    Segundo Renato Meirelles, sócio da empresa de

    pesquisa Data Popular, o Facebook já começa a

    conquistar a emergente classe C brasileira.

    Uma das principais diferenças entre o público do

    Orkut e do Facebook está na faixa etária. No Orkut,

    60% dos usuários têm até 17 anos, enquanto no Face-

    book esse grupo equivale a 38%. Mas a resistência dos

    jovens começa a se abrandar. “Prefiro o Facebook ao

    Orkut”, diz o estudante Guilherme Moraes de Carvalho,

    de 16 anos. “O Orkut é mais para mensagens pessoais,

    no Facebook eu compartilho notícias sobre seriados.”

    Compras levam a rede ao mundo offline

    BAZAR PARA FÃS

    © 2

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    © 1

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    Carimbo 13 dólareshttp://abr.io/carimboface

    Caneca 25 reaishttp://abr.io/canecaface

    Camiseta 31 dólareshttp://abr.io/camisetaface

    Dos amigos que Guilherme convidou recentemente

    para o Facebook, 30 aceitaram se inscrever.

    Alguns apostam que o Orkut será ultrapassado

    ainda em 2011, como Alessandro Lima, da E.Life. “Di-

    versos fatores impulsionam esse crescimento, como

    os filmes e os livros que retratam o Facebook e os re-

    cursos de importação automática”, diz Lima. Javier

    Olivan evita cravar datas ou fazer comentários sobre

    a rede social do Google, mas alfineta: “Na Índia, um

    mercado enorme, o Orkut já foi ultrapassado”.

    Para Marcelo Marzola, CEO da Predicta, empre-

    sa especializada na análise do comportamento do

    consumidor nos meios digitais, o Orkut não será

    derrotado facilmente. “O Google não abrirá mão

    de algo tão valioso”, afirma.

    Dono do Orkut, o Google admite que o site já não

    cresce como nos primeiros anos, mas rebate as me-

    dições desfavoráveis dos institutos de pesquisa. Félix

    Ximenes, diretor de comunicação do Google Brasil,

    afirma que a audiência do Orkut continua alta. Segun-

    do ele, a rede aumentou seu tamanho em 12% entre

    2009 e 2010. “Reduzimos o ritmo, mas acompanha-

    mos o crescimento da internet no Brasil”, diz Xime-

    nes. Para ele, os laços de amizade construídos na rede

    social nos últimos sete anos levarão os internautas

    a continuar a usá-la. “O Orkut é o garoto velho do

    bairro. O rapaz novo sempre vai ganhar mais atenção.

    Mas a gente continua penteando o cabelo dele.”

    Circulam informações de que o Google está tra-

    balhando em uma nova rede social, o Google Me.

    Ximenes nega. “Isso é um boato. Sabemos que pre-

    cisamos aumentar os componentes sociais dos nos-

    sos produtos. Mas o Google Me é uma invenção”,

    diz. Neste ano, o Google pretende mexer no Orkut,

    com alterações na interface. Em 2010, foram feitas

    50 mudanças no serviço. Hoje, 40 engenheiros do

    Google cuidam exclusivamente do Orkut, a maior

    parte localizada no escritório de Belo Horizonte.

    O Facebook, por sua vez, não tem base no Brasil.

    “Isso não significa que não estamos trabalhando

    pelo público brasileiro. Temos engenheiros focados

    em aperfeiçoar ferramentas para mercados especí-

    ficos, o que inclui o Brasil”, diz Javier Olivan.

    APLICATIVOS BRASUCASO desenvolvimento de aplicativos em língua portu-

    guesa ainda é pequeno. Júlio Cezar Gonçalves, de 41

    anos, foi um dos vencedores do Desafio Facebook

    de Aplicativos, em 2009. Ele criou o Democratia.

    org, que permite avaliar o trabalho dos deputados

    no Congresso Nacional. Ganhou 3 000 dólares do

    Facebook, mas ficou frustrado. “Houve pouca di-

    vulgação e o aplicativo só foi experimentado por

    200 pessoas”, afirma Gonçalves. Roberto Grosman,

    da agência F.biz, já desenvolveu aplicativos no Fa-

    cebook para marcas como a Lux, da Unilever. Mas

    observa que, antes disso, é necessário construir

    uma relação com os usuários por meio das fan pa-

    ges. “É preciso atrair esses fãs e dialogar com eles

    para entender qual é o aplicativo certo.”

    Na área de games sociais, os ganhos são impres-

    sionantes. Só nos Estados Unidos, os jogos devem

    movimentar 1 bilhão de dólares em 2011. A maioria

    dos títulos traduzidos para o português está no

    Orkut. A empresa de games sociais Vostu, focada

    no mercado brasileiro, ainda não tem planos de ir

    para o Facebook. “O Orkut tem mais vocação para

    o entretenimento”, diz Daniel Kafie, CEO da Vostu.

    O maior sucesso da Vostu é o jogo Mini Fazenda,

    com 5 milhões de usuários ativos.

    ©©©© 1© 1

    O FACEBOOK É UM GRANDE FÓRUM DE IDEIAS PARA O MEU

    PROGRAMA

    © FOTOS 1 ROGERIO PALLATTA 2 DIVULGAÇÃO

    facebook-Mat04.indd 16-17 07.03.11 12:34:38

  • 16 I DIC AS INFO 17DIC AS INFO I

    radiofrequência) em um cubo e, assim, divulgar

    em seu perfil no Facebook a palestra que estavam

    assistindo no evento. “É possível imaginar aplica-

    ções para museus e supermercados”, diz Luis Leão,

    diretor de TI da Plankton. Outra empresa, a Social

    Agency, patenteou o sistema Social4Real para uso

    de QR Code ou RFID para curtir um objeto offline.

    E O ORKUT RESISTEEm maio de 2008, o Facebook conseguiu derrubar

    do topo do ranking seu principal rival, o MySpace,

    que foi engolido e agora agoniza (em janeiro, o site

    anunciou a demissão de 500 funcionários, metade de

    sua força de trabalho). Mas Zuckerberg ainda precisa

    conquistar países como Rússia, Japão e Brasil, onde

    concorrentes predominam. No Brasil, a liderança é

    do Orkut, com 43 milhões de usuários ativos, con-

    tra 9,5 milhões do Facebook. Mas nada indica que

    o Orkut, a rede social do Google, conseguirá manter

    sua popularidade em alta. Sua audiência está pratica-

    mente estacionada há mais de um ano (veja quadro

    comparativo na pág. 14). Segundo o Ibope Nielsen

    Online, houve um aumento de 3,5% no número de

    visitantes únicos do Orkut entre setembro de 2009

    e maio de 2010. No mesmo período, a quantidade de

    brasileiros no Facebook avançou 102%. O volume de

    usuários só começou a decolar quando a interface da

    rede foi traduzida para o português, em 2008. “Esta-

    mos empenhados em crescer no mercado brasileiro,

    fazendo parcerias com operadoras, desenvolvedores

    e portais. O público brasileiro é o que mais cresce no

    Facebook em números absolutos. Fica atrás apenas

    dos Estados Unidos”, diz Olivan.

    O Orkut está em todas as camadas econômicas

    da população brasileira. O Facebook tem seu públi-

    co nas classes A e B. Mas isso é questão de tempo.

    Segundo Renato Meirelles, sócio da empresa de

    pesquisa Data Popular, o Facebook já começa a

    conquistar a emergente classe C brasileira.

    Uma das principais diferenças entre o público do

    Orkut e do Facebook está na faixa etária. No Orkut,

    60% dos usuários têm até 17 anos, enquanto no Face-

    book esse grupo equivale a 38%. Mas a resistência dos

    jovens começa a se abrandar. “Prefiro o Facebook ao

    Orkut”, diz o estudante Guilherme Moraes de Carvalho,

    de 16 anos. “O Orkut é mais para mensagens pessoais,

    no Facebook eu compartilho notícias sobre seriados.”

    Compras levam a rede ao mundo offline

    BAZAR PARA FÃS

    © 2

    © 2

    © 1

    © 2

    Carimbo 13 dólareshttp://abr.io/carimboface

    Caneca 25 reaishttp://abr.io/canecaface

    Camiseta 31 dólareshttp://abr.io/camisetaface

    Dos amigos que Guilherme convidou recentemente

    para o Facebook, 30 aceitaram se inscrever.

    Alguns apostam que o Orkut será ultrapassado

    ainda em 2011, como Alessandro Lima, da E.Life. “Di-

    versos fatores impulsionam esse crescimento, como

    os filmes e os livros que retratam o Facebook e os re-

    cursos de importação automática”, diz Lima. Javier

    Olivan evita cravar datas ou fazer comentários sobre

    a rede social do Google, mas alfineta: “Na Índia, um

    mercado enorme, o Orkut já foi ultrapassado”.

    Para Marcelo Marzola, CEO da Predicta, empre-

    sa especializada na análise do comportamento do

    consumidor nos meios digitais, o Orkut não será

    derrotado facilmente. “O Google não abrirá mão

    de algo tão valioso”, afirma.

    Dono do Orkut, o Google admite que o site já não

    cresce como nos primeiros anos, mas rebate as me-

    dições desfavoráveis dos institutos de pesquisa. Félix

    Ximenes, diretor de comunicação do Google Brasil,

    afirma que a audiência do Orkut continua alta. Segun-

    do ele, a rede aumentou seu tamanho em 12% entre

    2009 e 2010. “Reduzimos o ritmo, mas acompanha-

    mos o crescimento da internet no Brasil”, diz Xime-

    nes. Para ele, os laços de amizade construídos na rede

    social nos últimos sete anos levarão os internautas

    a continuar a usá-la. “O Orkut é o garoto velho do

    bairro. O rapaz novo sempre vai ganhar mais atenção.

    Mas a gente continua penteando o cabelo dele.”

    Circulam informações de que o Google está tra-

    balhando em uma nova rede social, o Google Me.

    Ximenes nega. “Isso é um boato. Sabemos que pre-

    cisamos aumentar os componentes sociais dos nos-

    sos produtos. Mas o Google Me é uma invenção”,

    diz. Neste ano, o Google pretende mexer no Orkut,

    com alterações na interface. Em 2010, foram feitas

    50 mudanças no serviço. Hoje, 40 engenheiros do

    Google cuidam exclusivamente do Orkut, a maior

    parte localizada no escritório de Belo Horizonte.

    O Facebook, por sua vez, não tem base no Brasil.

    “Isso não significa que não estamos trabalhando

    pelo público brasileiro. Temos engenheiros focados

    em aperfeiçoar ferramentas para mercados especí-

    ficos, o que inclui o Brasil”, diz Javier Olivan.

    APLICATIVOS BRASUCASO desenvolvimento de aplicativos em língua portu-

    guesa ainda é pequeno. Júlio Cezar Gonçalves, de 41

    anos, foi um dos vencedores do Desafio Facebook

    de Aplicativos, em 2009. Ele criou o Democratia.

    org, que permite avaliar o trabalho dos deputados

    no Congresso Nacional. Ganhou 3 000 dólares do

    Facebook, mas ficou frustrado. “Houve pouca di-

    vulgação e o aplicativo só foi experimentado por

    200 pessoas”, afirma Gonçalves. Roberto Grosman,

    da agência F.biz, já desenvolveu aplicativos no Fa-

    cebook para marcas como a Lux, da Unilever. Mas

    observa que, antes disso, é necessário construir

    uma relação com os usuários por meio das fan pa-

    ges. “É preciso atrair esses fãs e dialogar com eles

    para entender qual é o aplicativo certo.”

    Na área de games sociais, os ganhos são impres-

    sionantes. Só nos Estados Unidos, os jogos devem

    movimentar 1 bilhão de dólares em 2011. A maioria

    dos títulos traduzidos para o português está no

    Orkut. A empresa de games sociais Vostu, focada

    no mercado brasileiro, ainda não tem planos de ir

    para o Facebook. “O Orkut tem mais vocação para

    o entretenimento”, diz Daniel Kafie, CEO da Vostu.

    O maior sucesso da Vostu é o jogo Mini Fazenda,

    com 5 milhões de usuários ativos.

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    O FACEBOOK É UM GRANDE FÓRUM DE IDEIAS PARA O MEU

    PROGRAMA

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  • 18 I DIC AS INFO

    A publicadora de games Mentez já tradu-

    ziu para o português sete jogos para o Face-

    book e 18 para o Orkut. O game Colheita Feliz

    tem 8,3 milhões de usuários ativos no Orkut por

    semana, enquanto no Facebook são cerca de

    1 400. “A audiência dos jogos no Facebook ainda não

    é expressiva, mas há espaço para as duas redes no

    Brasil”, afirma Juan Franco, CEO da Mentez. Ele diz

    que a privacidade dos dados acessados pelos aplica-

    tivos é respeitada. “Somos proibidos de repassar os

    dados dos usuários a terceiros”, diz Franco.

    Mas vazamentos de informações dos inter-

    nautas acontecem. O Facebook admitiu, em no-

    vembro do ano passado, que a Rapleaf, empresa

    especializada em informações pessoais, comer-

    cializou dados de usuários da rede social, obti-

    dos por meio de aplicativos. Os desenvolvedores

    foram suspensos por seis meses. “Tivemos de

    punir algumas empresas que desobedeceram o

    contrato que assinaram conosco. Mas não pode-

    mos, por causa desses casos, filtrar as aplicações

    que serão oferecidas. Essas barreiras dificultam

    a inovação”, afirma Olivan, do Facebook.

    Para Tim Berners-Lee, o criador da web, é pe-

    rigoso que empresas como Facebook centralizem

    tantas informações pessoais. “Se um governo re-

    solve baixar uma resolução antiterrorismo, co-

    mo argumento para acessar as informações dos

    internautas nessas redes, pode até descobrir as

    intenções de voto dessas pessoas”, diz Berners-

    Lee. Para ele, o ideal seria que as redes sociais

    fossem descentralizadas, como a Diaspora, ain-

    da em versão alfa, que tem como bandeira total

    privacidade online.

    Muitas ainda serão as discussões sobre privaci-

    dade e segurança, mas tudo indica que o Facebook

    caminha para se tornar, como quer seu criador, um

    dos meios de comunicação mais populares do mun-

    do e a porta de entrada para a maioria dos usuários

    de internet. Assim, Mark Zuckerberg entrará para a

    linhagem dos empreendedores pós-adolescentes

    que criaram empresas milionárias, como o define

    o livro The Facebook Effect, lançado em fevereiro

    no país. Escrito pelo jornalista David Kirkpatrick,

    a obra mostra como Zuckerberg usou seu talento

    empreendedor para montar um negócio e, princi-

    palmente, como resistiu a propostas sucessivas de

    até 1,5 bilhão de reais.

    O brasileiro Rodrigo Schmidt, de 32 anos, formado em ciência da computação pela Unicamp, trabalha há 2 anos no Facebook

    Emprego da hora

    INFO Como você conquistou a vaga no Facebook? RODRIGO SCHMIDT Estava terminando o doutorado, em 2007, na escola Politécni-ca Federal de Lausanne, na Suíça, quan-do soube por um amigo que havia uma vaga. Minha tese, sobre sistemas distribuí-dos, tinha a ver com o Facebook. Fiz duas en-trevistas por telefone e cinco pessoalmente, em Palo Alto, que enfatizaram a parte técnica. INFO O que você faz na empresa?SCHMIDT Sou líder técnico do time da ferra-menta de chat. Meu trabalho é organizar me-tas e dar uma direção para o produto. INFO Vocês enfrentam muitos períodos de lockdown, quando Mark Zuckerberg pede esforço extra para concluir uma tarefa?SCHMIDT Nos dois anos em que estou aqui, só aconteceu duas vezes. Hoje, os períodos de lockdown já não são tão intensos. Eles são um jeito de manter o foco em uma só tarefa.INFO Há muitos jovens como você trabalhando?SCHMIDT Sim, há vários prodígios. Aqui são valorizadas as pessoas com experiência e ca-pacidade, associadas ou não a um diploma. INFO O que mais gosta no Facebook?SCHMIDT Do ambiente. Não só por ser des-contraído, mas porque trabalho com gente de nível técnico excelente. Tenho muita liber-dade para discutir com os colegas, sem ter de organizar reuniões. INFO Mark Zuckerberg se envolve com os projetos?SCHMIDT Sim, ele sempre está aqui, temos contato direto. Ele participa das discussões, é muito acessível. INFO O que há para desestressar?SCHMIDT Temos salas de videogame, quadra de basquete, sala de música, jardim onde fa-zemos churrasco. Tudo para ajudar a inovar.

    © FOTO DIVULGAÇÃO

    facebook-Mat04.indd 18 07.03.11 12:33:13

  • 19DIC AS INFO I© FOTO EASYFOTOSTOCK/KEYSTOCK

    tendências I efeito libélula

    UM POST PODE MUDAR O MUNDO?Livro defende que Twitter, Facebook e YouTube podem ser usados para salvar vidas, preservar o planeta e transformar o mundo num lugar melhor POR FERNANDO BADÔ

    Aos 31 anos, o desenvolvedor de games pa-ra celular Sameer Bhatia sentiu tonturas, náuseas e muito desconforto durante uma viagem entre o Vale do Silício, na Califórnia, e Mum-

    bai, na Índia. Bhatia ainda não havia descoberto

    que sofria de um tipo raro de leucemia e sua única

    chance de sobreviver dependia de um doador com

    características raras. Morando nos Estados Unidos,

    a chance de encontrar alguém com o tipo de me-

    dula óssea compatível com o seu era de uma em

    20 000. Ele tinha poucas semanas, mas tudo deu

    certo. Milagre? Sorte? Não, o final feliz ocorreu gra-

    ças ao uso exaustivo de redes sociais na divulgação

    do problema de Bhatia e na procura de um novo

    doador. Usando o site www.helpsameer.org, amigos do

    desenvolvedor lançaram mão de uma campanha

    massiva com vídeos no YouTube e mensagens no

    Facebook. Começando com um pequeno grupo de

    colegas de trabalho e amigos próximos, a ação teve

    como resultado final o cadastro de 7 500 doadores

    na região de São Francisco e 250 vidas de pacientes

    com leucemia salvas.

    A história de Sameer Bhatia é apenas um dos

    exemplos de poder benéfico das redes sociais

    comentado no livro The Dragonfly Effect: Quick,

    Effectivwe, and Powerful Ways To Use Social Me-

    dia to Drive Social Change, ainda sem previsão de

    lançamento no Brasil. Escrita pelos pesquisadores

    da Stanford Graduate School of Business Jennifer

    Aaker e Andy Smith, a obra traz um nome que re-

    mete à agilidade e à liberdade do voo da libélula.

    Ao bater seus dois pares de asas membranosas,

    o inseto pode parar no ar ou voar para qualquer

    direção que quiser. “No livro, traçamos os perfis

    de várias organizações que usam um conceito ex-

    tremamente viral para fazer ideias importantes

    avançar. Um exemplo é a parceria entre a Nike e a

    National Aids Trust no Twitter”, contou Andy Smith

    à INFO. “No Dia Mundial contra a Aids, quem usava

    um código especial deixava seus tuítes com fundo

    vermelho, cor oficial da campanha.” Mas logo as

    redes sociais, famosas por abrigar um besteirol

    infinito e gastar o tempo útil das pessoas, podem

    mudar o mundo? “Não existem mídias que natu-

    ralmente sirvam apenas para distrair as pessoas.

    Assim como a TV ou o telefone, as ferramentas de

    mídia online podem ser usadas para uma grande

    variedade de propósitos”, diz o autor.

    efeitoLibélula-Mat06.indd 19 07.03.11 12:35:42

  • 20 I DIC AS INFO

    MANUAL DA SALVAÇÃOO “efeito libélula” descrito no livro não fica apenas nos exem-

    plos de casos de sucesso. Os autores enumeraram as táticas e

    as técnicas necessárias para fazer uma causa humanitária sair

    do plano das boas intenções para se tornar uma ação efetiva

    na web. As dicas vão do mais simples, como usar o Google

    Docs para coordenar as ações da equipe em um ambiente

    dinâmico, até a criação de pequenas metas que devem ser

    cumpridas ao longo do projeto. Um caso interessante é o

    da fundação Charity: Water, que financia projetos de trata-

    mento de água nos países em desenvolvimento. No lugar de

    simplesmente pedir dinheiro, eles usaram o Twitter e o Face-

    book para engajar usuários. “O programa da Charity: Water

    sugeria que as pessoas pedissem aos amigos que fizessem

    doações no mesmo valor dos presentes recebidos no dia do

    seu aniversário”, diz Andy Smith. O resultado foi melhor que

    o esperado, pois quem recebia o pedido de um amigo de rede

    social confiava na avaliação da fundação como uma institui-

    ção idônea e acabava participando da ação. Pedir atenção e

    tempo, e só depois dinheiro, é uma das lições mais valiosas

    para quem quer defender uma causa na internet.

    Foi seguindo essa receita que a Nike aproveitou a boa von-

    tade de seus mais de 30 000 funcionários espalhados pelo

    mundo para angariar voluntários para diversos projetos. A

    empresa criou um portal colaborativo em que é possível postar

    e pesquisar sobre ações de caridade que precisam de divul-

    gação, ajuda financeira ou de mão de obra. “Esse é o primeiro

    passo: ter foco em uma única, clara e mensurável meta que

    pode ser difícil de alcançar, mas não efetivamente impossí-

    vel”, diz Smith. Outra regra pregada pelo livro é a rapidez e a

    experimentação nas ações. Uma das dicas diz que na web é

    preciso resistir à tentação de criar um grande planejamento

    antes de começar a agir. Seguindo o exemplo de empresas

    como o Google, a ideia é aperfeiçoar a campanha ou projeto

    de acordo com o desempenho dele. Do mesmo jeito que uma

    ferramenta é beta no mundo das aplicações para web, na área

    do ativismo uma ideia pode amadurecer e ir melhorando com

    o tempo. Até porque, em casos como o de Sameer Bhatia, al-

    gumas semanas podem significar muito.

    ELE É DO CONTRA Nem todo mundo acha que as redes sociais têm vocação para o ativismo social. Malcolm Gladwell (www.gladwell.com), que é colaborador da revista The New Yorker, já escreveu artigos dizendo que Facebook e companhia não podem servir como uma ferramenta de organização por, entre outros motivos, não contar com uma hierarquia clara.

    TRÊS BONS EXEMPLOS

    We Nikehttps://we.nike.comRede para os funcionários da Nike darem apoio a projetos sociais. Há comunidades para doações coletivas e voluntariado.

    Pepsi Refresh Projectwww.refresheverything.comA empresa elege projetos benefi centes que recebem até 250 000 dólares de acordo com uma votação online.

    eBay World of Goodhttp://worldofgood.ebay.comVersão ecologicamente correta do eBay com produtos que causam impacto positivo nas comunidades onde são fabricados.

    efeitoLibélula-Mat06.indd 20 07.03.11 12:35:50

  • 21DIC AS INFO I© FOTO J. M. HORRILLO/OTHER IMAGES *PUBLICADA ORIGINALMENTE NA INFO DE OUTUBRO DE 2010

    tendências I pesquisa social

    O MAIOR EXPERIMENTO DE TODOS OS TEMPOS...Os rastros digitais deixados por você e por todos que você conhece estão transformando nossa compreensão do comportamento humano POR MARK BUCHANAN, DA NEW SCIENTIST*

    pesquisaSocial-Mat07.indd 21 07.03.11 14:28:32

  • 22 I DIC AS INFO 23DIC AS INFO I

    A cada movimento que você faz, to-da vez que você atualiza o Twit-ter, alguém o está observando. Você pode até não parar para pensar sobre

    o assunto, mas se usa regularmente alguma rede

    social, um celular ou a internet, está deixando um

    rastro digital claro que descreve seu comporta-

    mento, padrões de viagens, as coisas

    de que você gosta e não gosta,

    divulga quem são seus amigos e

    revela o seu humor e suas opiniões.

    Em resumo, você diz ao mundo muito

    sobre si mesmo.

    Como qualquer pesquisador pode lhe dizer,

    dados de boa qualidade valem ouro. Sem eles, as

    teorias ficam no campo da especulação, e pior,

    dados ruins podem levar a becos sem saída. A

    física foi a primeira ciência a ser

    transformada pela infor-

    mação precisa, começan-

    do com os telescópios que

    revelaram o céu e culminan-

    do em experimentos gigantescos

    modernos, como o Grande Colisor de

    Hádrons do CERN, perto de Genebra, na Suíça. A

    biologia veio logo a seguir, com o sequenciamen-

    to do genoma gerando um volume tão grande de

    descobertas que a genética acabou se tornando

    parcialmente uma ciência da informação.

    Agora o estudo do comportamento humano está

    seguindo o mesmo caminho. Os cientistas sociais ti-

    veram por muito tempo de confiar em questionários

    rudimentares ou entrevistas para coletar dados a fim

    de testar suas teorias. Métodos maculados por vieses

    e amostragens limitadas. Durante décadas, o campo

    tem sido menosprezado por alguns como um primo

    pobre das ciências tradicionais. A era digital está mu-

    dando tudo isso. Praticamente do dia para a noite, o

    estudo do comportamento humano e das interações

    sociais tem mudado, de um cenário em que não se

    tinha praticamente nenhum dado consistente para

    outro em que nos afogamos neles. Como resultado,

    surge uma abordagem completamente diferente pa-

    ra as ciências sociais, e estudos baseados nela são

    cada vez mais frequentes. O impacto é notável.

    “A revolução dos dados chegou às ciências

    sociais”, diz Albert-László Barabási, da Univer-

    sidade Northeastern, em Boston. “Pela primeira vez,

    os cientistas têm a oportunidade de estudar o que os

    seres humanos fazem em tempo real e de

    forma objetiva. Isso vai mudar fun-

    damentalmente todos os campos da

    ciência que lidam com seres humanos.”

    Está se tornando possível abordar proble-

    mas fundamentais que as gerações anteriores acre-

    ditavam ser intocáveis. Tal como acontece com todas

    as outras ciências ricas em dados, Barabási e compa-

    nhia finalmente esperam descobrir leis matemáticas

    que descrevem o comportamento

    humano, e que poderiam ser

    usadas para prever o que as

    pessoas vão fazer.

    “Os sociólogos vêm perse-

    guindo essas leis sobre as interações

    humanas e as redes sociais há décadas”, diz Duncan

    Watts, da Yahoo Research, em Nova York. Mas as

    implicações de longo alcance de suas teorias eram

    efetivamente impossíveis de testar. A tecnologia de

    medição simplesmente não existia. Isso está mudan-

    do. Watts foi um dos primeiros a perceber o potencial

    dos rastros digitais que deixamos. Em 2006, com seu

    colega Matthew Salganik, agora na Universidade de

    Princeton, ele projetou uma experiência baseada na

    web para verificar o quanto a influência social determi-

    na a popularidade de uma canção. Quando uma nova

    canção sobe direto para o primeiro lugar, é difícil saber

    se o sucesso veio do apelo inicial da própria música

    ou do “comportamento de manada” de muitas pes-

    soas comprando o que elas acreditam já ser popular.

    A indústria fonográfica tem pouco sucesso em prever

    quais músicas se sairão bem ou não, e sugere que o

    acaso pode ter nisso um papel fundamental.

    Para analisar o que faz algumas músicas terem

    mais sucesso do que outras, Watts e Salganik cria-

    ram um projeto chamado Music Lab. Era um site no

    qual mais de 14 000 pessoas ouviam, à sua escolha,

    48 canções de bandas desconhecidas, avaliavam e

    baixavam a faixa, se quisessem. Essas opções fun-

    cionavam como medidas de qualidade (a nota dada)

    e a popularidade (o número de downloads). Mais

    importante, a dupla também era capaz de controlar

    se os ouvintes podiam ver quantas vezes outras pes-

    soas haviam baixado a música em questão, ou se ti-

    nham de confiar exclusivamente em seu próprio jul-

    gamento. Dessa forma, eles poderiam efetivamente

    comparar os resultados com o poder de influência

    social “ligado” ou “desligado”. Eles também agrupa-

    ram os participantes influenciados socialmente em

    oito “mundos” independentes para poder explorar o

    modo como os resultados mudariam se a fita da vida

    pudesse ser rebobinada e tocada novamente.

    Os resultados apoiaram fortemente a ideia de

    que a influência humana tem um efeito enorme

    em tornar algumas canções mais populares do que

    outras. Esse fator também torna muito mais difícil

    prever o que vai acontecer e quais músicas se sairão

    bem. Os mundos em que a influência social operava

    mostraram desigualdades muito maiores, com as

    músicas populares subindo ainda mais e as canções

    impopulares descendo a um nível ainda menor do

    que nos mundos sem influência social. Com a in-

    fluência social ligada, a popularidade das canções

    variava descontroladamente de um mundo para

    o outro. Assim, gostemos ou não, parece que

    muitos de nós seguimos o rebanho.

    Watts e Salganik concluíram que os peritos

    não conseguem prever o sucesso, não porque

    são incompetentes ou mal informados,

    mas porque as influências sociais mul-

    tiplicam o efeito do acaso. Fatores aci-

    dentais levam a canção ao topo da tabela

    tanto quanto a verdadeira qualidade. “Mas a quali-

    dade de fato conta”, Salganik ressalta. As músicas

    classificadas como melhores raramente se saíam

    mal, e as piores raramente se saíam bem, mas

    qualquer outro resultado era pos-

    sível. “Esse tipo de experimento

    está tornando rotineiros estudos

    experimentais que eram considera-

    dos impossíveis”, diz Salganik. “Com o

    grande aumento no poder computacional e o nú-

    mero praticamente ilimitado de participantes

    disponível na internet, podemos realizar experi-

    mentos em estilo de laboratório com milhares, até

    milhões, de participantes”, diz ele.

    De fato, Jukka-Pekka Onnela e Felix Reed-Tsochas,

    da Saïd Business School, na Universidade de Oxford,

    estão usando o Facebook e seus mais de 500 milhões

    de usuários como um laboratório vivo para estudar

    como as ideias e os comportamentos se propagam

    entre os grupos humanos. Watts e Salganik mostra-

    ram que, quando se trata de preferência musical, nos

    comportamos como ovelhas. Onnela e Reed-Tsochas

    perceberam que mudanças similares ocorrem no Fa-

    cebook. Usuários do Facebook podem optar por ins-

    talar os aplicativos — componentes de software que

    personalizam sua página na rede social. Se alguém

    adota um aplicativo, seus amigos são automaticamen-

    te notificados, e eles também podem ver os aplicativos

    que os amigos estão usando. Os usuários do Facebook

    também têm acesso a uma lista de aplicativos popula-

    res, semelhante a uma lista de best-sellers.

    Até aí, nada de novo — as livrarias fazem o mes-

    mo. Mas há uma grande diferença: os dados armaze-

    nados no Facebook tornam possível analisar o cres-

    cimento da popularidade de aplicativos em detalhes

    sem precedentes. Onnela e Reed-Tsochas

    analisaram a popularidade de milhares

    de aplicativos em 2007, e em seguida es-

    tudaram como outros usuários as adotavam

    ao longo do tempo. Eles tentavam descobrir se

    a sequência de adoção de cada aplicativo

    seguia um padrão aleatório — indicando que

    cada evento “adoção” era independente das

    outras adoções anteriores — ou se adoções ante-

    riores por amigos do participante influenciavam a

    probabilidade de sua adoção de um aplicativo.

    Os resultados mostraram que tan-

    to a independência de pensamento

    quanto o comportamento de copia-

    dor desempenham um papel, reforçan-

    do conclusões obtidas pelos métodos con-

    vencionais de pesquisa. O estudo também indicou

    que há dois processos muito diferentes em ação.

    Quando um novo aplicativo aparece, ele é adota-

    do pelos usuários independentemente

    da opinião dos amigos. Mas se

    a popularidade do aplicativo

    ultrapassa determinado limi-

    te, sua popularidade passa a

    pesquisaSocial-Mat07.indd 22-23pesquisaSocial-Mat07.indd 22-23 07.03.11 12:39:5507.03.11 12:39:55

  • 22 I DIC AS INFO 23DIC AS INFO I

    A cada movimento que você faz, to-da vez que você atualiza o Twit-ter, alguém o está observando. Você pode até não parar para pensar sobre

    o assunto, mas se usa regularmente alguma rede

    social, um celular ou a internet, está deixando um

    rastro digital claro que descreve seu comporta-

    mento, padrões de viagens, as coisas

    de que você gosta e não gosta,

    divulga quem são seus amigos e

    revela o seu humor e suas opiniões.

    Em resumo, você diz ao mundo muito

    sobre si mesmo.

    Como qualquer pesquisador pode lhe dizer,

    dados de boa qualidade valem ouro. Sem eles, as

    teorias ficam no campo da especulação, e pior,

    dados ruins podem levar a becos sem saída. A

    física foi a primeira ciência a ser

    transformada pela infor-

    mação precisa, começan-

    do com os telescópios que

    revelaram o céu e culminan-

    do em experimentos gigantescos

    modernos, como o Grande Colisor de

    Hádrons do CERN, perto de Genebra, na Suíça. A

    biologia veio logo a seguir, com o sequenciamen-

    to do genoma gerando um volume tão grande de

    descobertas que a genética acabou se tornando

    parcialmente uma ciência da informação.

    Agora o estudo do comportamento humano está

    seguindo o mesmo caminho. Os cientistas sociais ti-

    veram por muito tempo de confiar em questionários

    rudimentares ou entrevistas para coletar dados a fim

    de testar suas teorias. Métodos maculados por vieses

    e amostragens limitadas. Durante décadas, o campo

    tem sido menosprezado por alguns como um primo

    pobre das ciências tradicionais. A era digital está mu-

    dando tudo isso. Praticamente do dia para a noite, o

    estudo do comportamento humano e das interações

    sociais tem mudado, de um cenário em que não se

    tinha praticamente nenhum dado consistente para

    outro em que nos afogamos neles. Como resultado,

    surge uma abordagem completamente diferente pa-

    ra as ciências sociais, e estudos baseados nela são

    cada vez mais frequentes. O impacto é notável.

    “A revolução dos dados chegou às ciências

    sociais”, diz Albert-László Barabási, da Univer-

    sidade Northeastern, em Boston. “Pela primeira vez,

    os cientistas têm a oportunidade de estudar o que os

    seres humanos fazem em tempo real e de

    forma objetiva. Isso vai mudar fun-

    damentalmente todos os campos da

    ciência que lidam com seres humanos.”

    Está se tornando possível abordar proble-

    mas fundamentais que as gerações anteriores acre-

    ditavam ser intocáveis. Tal como acontece com todas

    as outras ciências ricas em dados, Barabási e compa-

    nhia finalmente esperam descobrir leis matemáticas

    que descrevem o comportamento

    humano, e que poderiam ser

    usadas para prever o que as

    pessoas vão fazer.

    “Os sociólogos vêm perse-

    guindo essas leis sobre as interações

    humanas e as redes sociais há décadas”, diz Duncan

    Watts, da Yahoo Research, em Nova York. Mas as

    implicações de longo alcance de suas teorias eram

    efetivamente impossíveis de testar. A tecnologia de

    medição simplesmente não existia. Isso está mudan-

    do. Watts foi um dos primeiros a perceber o potencial

    dos rastros digitais que deixamos. Em 2006, com seu

    colega Matthew Salganik, agora na Universidade de

    Princeton, ele projetou uma experiência baseada na

    web para verificar o quanto a influência social determi-

    na a popularidade de uma canção. Quando uma nova

    canção sobe direto para o primeiro lugar, é difícil saber

    se o sucesso veio do apelo inicial da própria música

    ou do “comportamento de manada” de muitas pes-

    soas comprando o que elas acreditam já ser popular.

    A indústria fonográfica tem pouco sucesso em prever

    quais músicas se sairão bem ou não, e sugere que o

    acaso pode ter nisso um papel fundamental.

    Para analisar o que faz algumas músicas terem

    mais sucesso do que outras, Watts e Salganik cria-

    ram um projeto chamado Music Lab. Era um site no

    qual mais de 14 000 pessoas ouviam, à sua escolha,

    48 canções de bandas desconhecidas, avaliavam e

    baixavam a faixa, se quisessem. Essas opções fun-

    cionavam como medidas de qualidade (a nota dada)

    e a popularidade (o número de downloads). Mais

    importante, a dupla também era capaz de controlar

    se os ouvintes podiam ver quantas vezes outras pes-

    soas haviam baixado a música em questão, ou se ti-

    nham de confiar exclusivamente em seu próprio jul-

    gamento. Dessa forma, eles poderiam efetivamente

    comparar os resultados com o poder de influência

    social “ligado” ou “desligado”. Eles também agrupa-

    ram os participantes influenciados socialmente em

    oito “mundos” independentes para poder explorar o

    modo como os resultados mudariam se a fita da vida

    pudesse ser rebobinada e tocada novamente.

    Os resultados apoiaram fortemente a ideia de

    que a influência humana tem um efeito enorme

    em tornar algumas canções mais populares do que

    outras. Esse fator também torna muito mais difícil

    prever o que vai acontecer e quais músicas se sairão

    bem. Os mundos em que a influência social operava

    mostraram desigualdades muito maiores, com as

    músicas populares subindo ainda mais e as canções

    impopulares descendo a um nível ainda menor do

    que nos mundos sem influência social. Com a in-

    fluência social ligada, a popularidade das canções

    variava descontroladamente de um mundo para

    o outro. Assim, gostemos ou não, parece que

    muitos de nós seguimos o rebanho.

    Watts e Salganik concluíram que os peritos

    não conseguem prever o sucesso, não porque

    são incompetentes ou mal informados,

    mas porque as influências sociais mul-

    tiplicam o efeito do acaso. Fatores aci-

    dentais levam a canção ao topo da tabela

    tanto quanto a verdadeira qualidade. “Mas a quali-

    dade de fato conta”, Salganik ressalta. As músicas

    classificadas como melhores raramente se saíam

    mal, e as piores raramente se saíam bem, mas

    qualquer outro resultado era pos-

    sível. “Esse tipo de experimento

    está tornando rotineiros estudos

    experimentais que eram considera-

    dos impossíveis”, diz Salganik. “Com o

    grande aumento no poder computacional e o nú-

    mero praticamente ilimitado de participantes

    disponível na internet, podemos realizar experi-

    mentos em estilo de laboratório com milhares, até

    milhões, de participantes”, diz ele.

    De fato, Jukka-Pekka Onnela e Felix Reed-Tsochas,

    da Saïd Business School, na Universidade de Oxford,

    estão usando o Facebook e seus mais de 500 milhões

    de usuários como um laboratório vivo para estudar

    como as ideias e os comportamentos se propagam

    entre os grupos humanos. Watts e Salganik mostra-

    ram que, quando se trata de preferência musical, nos

    comportamos como ovelhas. Onnela e Reed-Tsochas

    perceberam que mudanças similares ocorrem no Fa-

    cebook. Usuários do Facebook podem optar por ins-

    talar os aplicativos — componentes de software que

    personalizam sua página na rede social. Se alguém

    adota um aplicativo, seus amigos são automaticamen-

    te notificados, e eles também podem ver os aplicativos

    que os amigos estão usando. Os usuários do Facebook

    também têm acesso a uma lista de aplicativos popula-

    res, semelhante a uma lista de best-sellers.

    Até aí, nada de novo — as livrarias fazem o mes-

    mo. Mas há uma grande diferença: os dados armaze-

    nados no Facebook tornam possível analisar o cres-

    cimento da popularidade de aplicativos em detalhes

    sem precedentes. Onnela e Reed-Tsochas

    analisaram a popularidade de milhares

    de aplicativos em 2007, e em seguida es-

    tudaram como outros usuários as adotavam

    ao longo do tempo. Eles tentavam descobrir se

    a sequência de adoção de cada aplicativo

    seguia um padrão aleatório — indicando que

    cada evento “adoção” era independente das

    outras adoções anteriores — ou se adoções ante-

    riores por amigos do participante influenciavam a

    probabilidade de sua adoção de um aplicativo.

    Os resultados mostraram que tan-

    to a independência de pensamento

    quanto o comportamento de copia-

    dor desempenham um papel, reforçan-

    do conclusões obtidas pelos métodos con-

    vencionais de pesquisa. O estudo também indicou

    que há dois processos muito diferentes em ação.

    Quando um novo aplicativo aparece, ele é adota-

    do pelos usuários independentemente

    da opinião dos amigos. Mas se

    a popularidade do aplicativo

    ultrapassa determinado limi-

    te, sua popularidade passa a

    pesquisaSocial-Mat07.indd 22-23pesquisaSocial-Mat07.indd 22-23 07.03.11 12:39:5507.03.11 12:39:55

  • 24 I DIC AS INFO 25DIC AS INFO I

    levar muitas pessoas a adotá-lo, e seu crescimento

    pode se tornar explosivo. A conclusão é a mesma

    de Watts e Salganik com o Music Lab. “Encontra-

    mos regimes muito diferentes em que o compor-

    tamento individual ou coletivo domina. A mudança

    de um para o outro é um claro processo de ligar e

    desligar”, diz Reed-Tsochas. Eles não sabem ainda

    se pontos de ruptura desse tipo podem influenciar

    os processos do mundo real para além da web, tais

    como mudanças na opinião política ou a populari-

    dade dos livros. “É certamente possível”, diz Reed-

    Tsochas, “mas temos de obter dados igualmente

    bons nessas áreas para descobrir.”

    Alguns afirmam que os dados brutos para

    análise do comportamento do mundo real já estão

    nas pulsantes redes sociais, e ainda demonstram

    como eles podem ser usados para prever

    resultados sociais. Por exemplo, uma

    das técnicas mais populares para pre-

    ver qualquer coisa, desde o resultado das

    eleições presidenciais até o sucesso de novos filmes,

    é usar mercados artificiais. O Hollywood Stock Ex-

    change (www.hsx.com) permite que os fãs de cinema

    comprem e vendam ações virtuais de celebridades

    e filmes recém-lançados ou em vias

    de estrear. Esse mercado virtual,

    que opera com uma moeda cha-

    mada dólares de Hollywood, incor-

    pora as opiniões de milhões de pessoas

    numa avaliação coletiva de cada filme, refletindo

    a visão geral da sua popularidade, ou provável

    popularidade. “Essa é atualmente a referência da

    indústria para prever os prováveis resultados de

    um filme”, diz Bernardo Huberman, dos

    Hewlett-Packard Laboratories,

    em Palo Alto, Califórnia.

    Huberman e seu colega Sitarum Asur se pergunta-

    ram se seria possível fazer ainda melhor, explorando

    o volume de opiniões expressas em mídias sociais

    como o Facebook e o Twitter. “O que é discutido

    nesses ambientes muitas vezes define tendências”,

    afirma Huberman. Na tentativa de garimpar opiniões,

    eles estudaram as conversas no Twitter. Partiram da

    suposição de que os filmes dos quais se falava muito

    deviam acabar se tornando mais populares. Para me-

    dir o barulho em torno de cada filme, olharam para a

    taxa de tuítes gerados a seu respeito logo

    após o lançamento.

    Os resultados m