edição nº 4
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Quarta Edição d'O AcadémicoTRANSCRIPT
Diretor: Filipe Resende | Diretores-adjuntos: Afonso Sousa, Diogo Lopes, João Tavares e Raquel Trindade Edição nº4 (Fevereiro de 2013)—Jornal Mensal
Edição Limitada
Nesta quarta edi-ção não percas o artigo feito pela nossa convidada Sónia Pereira, ex-jornalista da Blitz e atual assessora do CECC
Págs. 10 e 11
Correio FCH
As bolsas de estudo como tema do correio desta edição
Págs. 15
Parte para rasgar - Págs. 17 e 18
Comissão de finalistas, Católica scandals, segundo semestre e poema de amor para vampiros nesta edição
Culturismo
Nesta edição conhece a curta-metragem Le Bal-lon Rouge e os Contos Fantásti-cos de Edgar Allan Poe
Págs. 8 e 9
Guia para um final
feliz
Reportagem Destaque - Págs. 4 a 6
D. Ana Sousa no Question à Trois —Pág. 14
Não percas a revista do
Ano | FCH em Imagens
2 | Editorial
Jornal O Académico—Edição de fevereiro
A o fim de quatro meses
d’O Académico conti-
nuamos achar que o impacto desta
publicação tem tido um sucesso
extraordinário dentro da FCH.
Com apenas três edições, este jor-
nal já está envolvido em quatro
projetos diferentes: a Rede Alum-
ni, Erasmus AETC, Academia
Júnior e ainda uma conferência.
Neste segundo semestre o nosso
jornal vai continuar o trabalho feito
no primeiro semestre, com a habi-
tual edição mensal. Queremos e
vamos apostar noutras iniciativas,
como conferências, protocolos,
eventos e sessões que levem à inte-
ração com a comunidade académi-
ca.
Queremos também apostar
numa linha “além-fronteiras” da
FCH, ou seja apostarmos em hori-
zontes como a Rede Alumni dos
antigos alunos da nossa faculdade.
Sabemos que teremos que tra-
balhar mais, mas um jornal é isso
mesmo, tem que evoluir com os
tempos, e não ser um suporte banal
como aconteceu com outros anti-
gos jornais.
Nesta edição também apostámos
na “Revista do ano: FCH em ima-
gens de 2012”, sendo o início de
muitas futuras iniciativas deste
jornal. Convidámos a ex-jornalista
da revista Blitz e atual assessora
científica do CECC, Sónia Pereira
a escrever na Edição Limitada.
Queremos deixar claro que esta-
mos ao serviço de toda a comuni-
dade científica desta faculdade e
estaremos sempre ao lado daqueles
que precisarem de nós. Contactem-
nos, apresentem-nos ideias, que
estamos prontos ajudar naquilo que
for necessário, de acordo com os
nossos objetivos de sempre
“informar tendo em conta a quali-
dade jornalística e a abertura da
opinião aos alunos.”
Como já dissemos diversas vezes
“O jornal é de todos! Somos um
médium totalmente plural e largo
para os tantos alunos”, investiga-
dores, professores e funcionários
da FCH.
Mas que fique claro que não
somos um gabinete de comunica-
ção dos alunos ou a Associação de
Estudantes. Somos um jornal, e os
principais objetivos de um jornal
são informar através de uma pers-
petiva neutral e objetiva.
Recentemente o Semanário
Expresso festejou os seus 40 anos
e ao lermos o editorial, escrito por
Francisco Pinto Balsemão, este
dizia que os primeiros tempos des-
te semanário foram bastante difí-
ceis devido à ação da censura. Des-
ta forma sentimos que somos uns
privilegiados nesta faculdade:
temos um público-leitor que adere
livremente ao jornal, que lê, critica
e elogia de uma forma positiva e
construtiva; e também temos a
liberdade dada pela direção em
termos iniciativas, projetos e
ideias.
Como escrevemos na última edi-
ção gostávamos que O Académico
continuasse, mas a verdade é não
sabemos o dia de amanhã. Apenas
sabemos o presente e por isso mes-
mo devemos aproveitá-lo ao máxi-
mo, e tentar dar o nosso melhor.
Sabemos que erramos, mas as
falhas devem ser ultrapassadas e
corrigidas para que em todas edi-
ções sejamos cada vez melhores.
Mais uma vez apelamos a toda a
comunidade da FCH a contactar-
nos e a contar connosco em todas
as iniciativas nesta faculdade. Con-
tem com O Académico!
FCH News | 3
Jornal O Académico—Edição nº4
Breves
O regresso da Quase FM A rádio da FCH, a Quase FM vai voltar no
segundo semestre. A mesma esteve parada
durante todo o primeiro semestre devido às
inscrições insuficientes na disciplina de proje-
to de Rádio. Segundo a página do Facebook
oficial da Quase FM, a rádio está “quase de
volta.”
Novo torneio de futebol 7
no segundo semestre
O pelouro de desporto da AEFCH abriu as
inscrições para um novo torneio de Futebol de
7 elementos a realizar no próximo semestre.
Os interessados devem falar com o respon-
sável do Pelouro, Rodrigo Henriques.
Futuras conferências organizadas
pelo CECC
O CECC (Centro de
Estudos de Comuni-
cação e Cultura) está
a organizar duas
conferências para o mês de
fevereiro.
A primeira conferência terá
como tema “Ler Shakespea-
re” e será nos dias 28 de feve-
reiro e 7 de março. Como
explicou o CECC ao O Aca-
démico esta conferência
“pretende dar a conhecer a
obra dramática do autor,
melhorar as competências de
leitura e de análise de textos
dramáticos e a capacidade de
argumentação de cada partici-
pante.”
A segunda conferência será
sobre o "Working Progress"
que terá como objetivos
“estimular a cooperação e o
espírito crítico entre estudan-
tes e investigadores” e será
nos dias 14 e 21 de fevereiro.
A anotar na agenda: CLUBE DE LEITURA “LER SHAKESPEARE” 31 de janeiro, 7 de fevereiro,
28 de fevereiro e 7 de março 18.30 Horas, Sala Timor
WORKING PROGRESS 14 e 21 de Fevereiro, 18h00,
Sala Timor
Para mais informações
visita o site do CECC
através de http://
www.fch.lisboa.ucp.pt/
site/custom/template/
ucptpl_fac.asp?
SSPA-
A bênção dos alunos finalistas
A pós a grande
discussão acer-
ca do local da
Bênção das
Fitas de 2013 (a realizar
em maio) a AEFCH
resolveu marcar uma reu-
nião para todos os finalis-
tas da FCH no próximo
dia 14 de fevereiro, para
se decidir-se em definiti-
vo o local da cerimónia.
Os motivos da polémi-
ca discussão na rede
social Facebook surgiram
após um dos alunos da
comissão de finalistas
ter colocado um aviso
num dos grupos de alu-
nos desta mesma rede
social. O conflito foi ins-
tigado devido à comissão
de finalistas ter decidido
em definitivo o local da
Bênção (separado de
outras Faculdades e Lis-
boa.)
Antigo site da FCH ainda
ativo O Académico
descobriu um
antigo site da
FCH que ainda
encontra-se ativo.
Para os mais
curiosos, este está
disponível em
http://
fch.no.sapo.pt/.
Estão disponíveis
antigas discipli-
nas, propinas e
cursos da FCH.
Jornal O Académico—Edição de fevereiro
4 | Destaque
5
S o m o s a l u n o s
da Universidade Cató-
lica Portuguesa. Como
milhares de outros alu-
nos que acabaram o ensino
secundário e abraçaram o ensino
superior, candidatámo-nos,
fomos aceites e inscrevemo-nos
nesta que tem sido quase a nossa
segunda casa nestes últimos tem-
pos. Mas porque escolhemos esta
universidade e não outra? Porquê
o ensino privado e não o público,
que tantas vezes é apontado
como melhor no que toca a ensi-
no superior? Uns escolheram este
destino por necessidade, outros
por livre vontade, mas mesmo
assim, existem outras universida-
des, privadas, que disponibilizam
cursos semelhantes ao nosso,
porque não escolhemos essas?
Muitos de nós responderíamos a
esta pergunta invocando o argu-
mento do “nome” que a faculda-
de ostenta. Certamente que o
simples facto de se tratar de uma
instituição com bases cristãs-
católicas, abre muitas portas, em
muitos sítios, mas ainda mais que
isso, um nome vale por aquilo
que representa, por aquilo que
cria, molda e usa para se destacar
de todos os outros, e existe tanto
que nós, alunos, desconhecemos.
O Académico, este mês, partiu
em busca de alguns exemplos
que comprovam o estatuto e a
qualidade do nosso ensino, que
muitos de nós invocamos, mesmo
sem conhecer bem as suas ori-
gens e estruturas. Escolhemos
então três áreas, não muito
conhecidas ou, pelo menos, não
tanto visíveis a um olhar mais
distraído. Descobrimos com
"olhos de ver", a Rede Alumni
da FCH, o Consórcio AETC e
fomos perceber como funciona
a f i n a l o d e p a r t a m e n t o
de estágios. As ilustres professo-
ras Adriana Martins e Inês
Espada Vieira aceitaram o con-
vite e deram-nos uma aula sobre
o trabalho que têm vindo a
desenvolver nestas áreas.
Rede Alumni da FCH Muitos de nós já ouvimos
dizer que a universidade, torna-se
quase sinónimo de família, não
só pelas relações que estabelece-
mos com amigos ou namoradas,
mas por toda uma cultura de tra-
balho, relações e símbolos que
vão pingando do nome sobre o
qual estudamos e vivemos. Mas a
verdade é que há uma maneira de
salvaguardarmos essas relações,
quiçá até fazer florescer outras,
mais viradas para o mundo dos
negócios/emprego.
Temos então a Rede Alumni da
FCH, um grupo de antigos alu-
nos orientado pela professora
Inês Espada Vieira desde o seu
início, aquando do 20º aniversá-
rio da nossa faculdade, no ano de
2011. Mas, concretamente, o que
é que este núcleo pretende alcan-
çar? "A Rede Alumni tem como
missão ser um espaço de encon-
tro entre pessoas que, nalgum
momento do seu percurso de
formação (incluindo os alunos
Erasmus) tenham estudado na
FCH", aliás, o próprio nome da
rede revela um pouco daquilo
que se pretende pois, segundo a
professora, "Alumnus, Alumni.
Alumni é o nominativo plural.
Portanto, numa oração, Alum-
ni será o sujeito plural. O autor
da ação. É assim que entende-
mos o nosso futuro:
vo". Podemos ver desde já que se
trata de um projeto que "sabe
Guia para um final feliz
Afonso Sousa e Diogo Lopes
A Católica ainda não é nossa mãe, mas faz (quase) tudo por nós
Jornal O Académico—Edição nº4
4 | Destaque
5
plural e ativo". Podemos ver
desde já que se trata de um
projeto que "sabe bem aquilo
que quer". Mas para muitos
outros colegas que ainda estão
a tirar a licenciatura, que van-
tagens se pode retirar de uma
organização de ex-alunos?
Num primeiro momento, pode-
mos ser tentados a achar que,
pelo menos na ligação da rede
com os alunos atuais, não exis-
tem muitos benefícios, afinal
tratam-se de pessoas que nem
conhecemos (na sua maioria) e
que já montaram a sua vida e
seguem-na olhando principal-
mente para a frente, não para
quem vem atrás. Nesse caso
cometemos, então, um grande
equívoco. Como diz a profes-
sora, "as redes são, simbólica
e concretamente, estruturas
de apoio e de lançamento:
imaginem a teia da aranha,
mas também a rede de um
trampolim, que nos lança
mais longe", daí que "as van-
tagens são todas: desde man-
ter as relações criadas ao lon-
go do período de estudos na
FCH, até acionar novas par-
cerias ou estabelecer metas
comuns num novo período da
vida", deixando ainda no ar a
promessa de que em breve
serão anunciadas "outras van-
tagens mais concretas, como
facilidades de acesso a pro-
dutos e serviços, formação ou
encontros de carácter infor-
mal".
Já entendemos melhor o que
se procura e o que se pode
ganhar com este projeto, mas
dos seus membros ainda pouco
sabemos. "A Rede Alumni
agrupa pessoas de distintas
idades, proveniências, destinos
profissionais e pessoais, tendo
em comum a sua passagem
pela FCH, em qualquer dos
graus de ensino (...) a FCH tem
vinte anos e, portanto, a Rede
Alumni junta já várias gera-
ções, o que permite um diálogo
muito proveitoso ao nível, por
exemplo, da experiência profis-
sional de cada um". Como podemos ver, temos,
com este projeto, tudo o que é
preciso para criar um organismo
de valor incalculável para todos
nós, discentes da FCH de hoje e
de amanhã. As bases do que
pode vir a ser um enorme impul-
sionador para o futuro de cada
um de nós estão assentes, mas
ainda há muito por fazer. “O
principal problema é a divul-
gação e mobilização. São raros
os ex-alunos que não se entu-
siasmam com a ideia da Rede
Alumni, mas depois não é fácil,
com tantas solicitações que
todos temos hoje, conseguir
levar as pessoas à ação.”, afir-
ma a Professora Inês Espada
Vieira, acrescentando ainda
que “Temos uma página no
Facebook, que é o nosso rosto,
e gostávamos que mais pessoas
se juntassem a nós e que nos
sugerissem aos seus antigos
colegas". Aqui fica o apelo e,
esperamos, a resposta devida.
Consórcio AETC
"O Consórcio AETC pode
abrir as portas para a realiza-
ção de um estágio no estrangei-
ro. Muitas vezes, a prestação
do estagiário é tão boa que a
empresa de acolhimento resol-
ve aproveitar este elemento nos
seus quadros. Como para ser
“Alumnus, Alumni.
Alumni é o nominativo
plural. Portanto, numa
oração, Alumni será o
sujeito plural. O autor
da ação. É assim que
entendemos o nosso
futuro: plural e ativo”
Jornal O Académico—Edição de fevereiro
6 | Destaque
Estágios à la
carte O nome Clementina Santos é dos
mais populares das nossas caixas
de entrada do mail, mas a sua
cara, ninguém viu. Num recatado
gabinete na faculdade, Clementi-
na Santos existe mesmo em carne
e osso. Vestidos à civil, fomos tirar
as nossas dúvidas quanto aos
estágios que a faculdade nos
pode oferecer. Aqui ficam alguns
dados, tomem nota.
1. Qualquer aluno finalista pode
candidatar-se a um estágio proto-
colado pela faculdade.
2. As más notícias é que a maio-
ria dos estágios são pagos.
3. As boas notícias são boas, bas-
tante boas por acaso: os estágios
funcionam à vontade do freguês.
Em conjunto com o professor
José Gabriel Andrade, podemos
ter aconselhamento pessoal e,
dependendo daquilo que mais
queremos, a faculdade dá uso à
sua vasta rede de contactos e
tenta encontrar-nos o lugar ideal.
4. Se estiverem mesmo interessa-
dos, enviem um email com o
vosso curriculum à senhora Cle-
mentina Santos, mas só lá para
maio.
elegível a uma bolsa Erasmus,
a condição primeira é ser
estudante de uma das institui-
ções parceiras (no nosso caso,
da FCH), os alunos das licen-
ciaturas e dos cursos de pós-
graduação, mestrado e de
doutoramento poderão ter
esta oportunidade. Se o jovem
já tiver terminado o seu cur-
so, sugiro que venha conver-
sar com a equipa do AETC
para que possamos aconselhá-
lo(a) da melhor forma". É esta
a lição que a professora Adriana
Martins, responsável maior pelo
Consórcio AETC, melhor sabe
dar. No momento em que esti-
verem a ler isto, teremos toda
uma equipa comandada pela
professora em busca, Europa
fora, de uma oportunidade para
cada um de nós. De Espanha à
Suécia, passando pelo Reino
Unido ou Grécia, não há país
que não passe pelos horizontes
do consórcio. Porque emigrar
não deve ser encarado como
algo negativo, qual a vantagem
de estagiar lá fora? "Cada vez
mais, a experiência da mobili-
dade de estudos ou de estágio,
através da concessão de uma
bolsa Erasmus, é valorizada
pelos empregadores. Isto por-
que os empregadores acredi-
tam que um estudante que
esteve fora aprendeu a ser
autónomo, uma vez que teve
de resolver problemas e ultra-
passar obstáculos sozinho.
Ter uma experiência de inter-
nacionalização é quase como
um indicador de maturidade
(mesmo que saibamos que
existem exceções…)".
Se muitas vezes falamos entre
nós da possibilidade de avan-
çarmos para um estágio após o
final do curso, é quase sempre
inevitável a conversa não passar
pela questão da precariedade.
Ou seja, pela realidade que afe-
ta os estágios, onde muitas
vezes encontramos exemplos de
amigos e conhecidos que se
sentiram "explorados". A pro-
fessora Adriana pede confian-
ça: "acredito firmemente que
um bom estagiário tem meio
caminho andado para conse-
guir uma posição melhor. O
primeiro emprego é sempre
difícil e, na atual conjuntura
em que as portas parecem
estar a fechar-se cada vez
mais, o estágio pode ser uma
janelinha que se abre, pelo
que há que avançar, não per-
mitindo que esta situação se
transforme em algo perma-
nente".
Ainda em fase mais ou menos
embrionária, o Consórcio
AETC tem já feito chover
alguns mails que não devemos
deixar de ler. Houve até quem
tenha agarrado a oportunidade e
os resultados têm sido positi-
vos. Passar o Verão lá fora,
fazer uma espécie de Erasmus,
onde até podemos desfrutar do
apoio de algumas bolsas de
estudo, não parece má ideia.
Que melhor forma de abraçar o
tenebroso "mundo real"?
Jornal O Académico—Edição nº4
E ste ano, tal como muitos
alunos da FCH, termino
a minha licenciatura.
Atualmente, graças ao
processo de Bolonha, é possível
concluir uma licenciatura ao fim
de três anos. É bom relembrar
que este mesmo processo alterou
o tempo das licenciaturas de cin-
co para três anos. No entanto,
considero que seis semestres é
pouco tempo de formação para
futuros profissionais, indepen-
dentemente do curso.
Tenho a noção que muitos alu-
nos terminam a sua licenciatura e
saem para um cruel mercado de
trabalho. Quero dizer que por
vezes ainda não temos capacida-
de psíquica para seguirmos para
um pavoroso mercado profissio-
nal. Acho que necessitávamos de
mais tempo, porque afinal saímos
das universidades com cerca de
vinte anos, o que parece pouco
para uma esperança média de
vida que aumenta cada vez mais.
Atualmente parece que existe
uma urgência em terminar uma
licenciatura, mas se há tanta pres-
sa, a verdade é que muitos de nós
nunca esteviram no campo de
trabalho e o choque à chegada é
bastante elevado devido à falta de
prática.
Uma vantagem que existe no
próprio Processo de Bolonha, é
que as licenciaturas estão feitas
para se seguir mestrado, ou seja
pressupõe-se que um aluno que
termine o seu curso, continue a
estudar, ao frequentar um mestra-
do.
Acho que os problemas pode-
Filipe Resende riam ser resolvidos de uma forma
simples. Se os estágios fossem
obrigatórios ao longo da licencia-
tura os problemas que já apresen-
tei poderiam ser poupados. No
meu curso em Comunicação
Social a prática são trabalhos
escritos, apresentações ou vídeos.
Vão pensar que a Universidade
Católica gosta de apostar numa
visão teórica nas suas licenciatu-
ras, mas enganam-se. A licencia-
tura em Serviço Social ao contrá-
rio de Comunicação tem um está-
gio obrigatório em que cada alu-
no frequenta as disciplinas ao
mesmo tempo do estágio.
Se fizesse um inquérito aos
meus colegas de curso e lhes per-
guntasse quantos deles já estive-
ram numa redação de um meio
de comunicação, a maioria diria
que nunca esteve.
Creio que não existe uma for-
mação prática na atual licenciatu-
ra em Comunicação Social na
Amanhã somos licenciados e depois?
Atualmente parece que existe uma urgência
em terminar uma licenciatura, mas se há tanta
pressa, a verdade é que muitos de nós nunca
estiveram no campo de trabalho
FCH. Não me estou a referir em
fazer a parte prática na Faculda-
de, mas sim no mercado de traba-
lho. Embora a carga horária das
disciplinas por vezes não permita
a FCH proporcionar a todos um
estágio, acredito que os alunos
ficariam melhor preparados se ele
existisse.
Acho que a solução para com-
plementar a nossa formação uni-
versitária seria a existência de
mais um semestre na licenciatura.
Neste semestre final, os alunos
deveriam fazer um estágio obri-
gatório e no final deste mesmo
trabalho fariam uma tese acerca
dos conhecimentos aplicados
neste mesmo estágio de forma a
interligar os conhecimentos
aprendidos na faculdade e adap-
tados no mercado de trabalho.
Opinião | 7
8 | Culturismo
Jornal O Académico—Edição de fevereiro
Le Ballon Rouge (1956) de Albert Lamorisse
E ste mês vamos viajar até
aos deslumbrantes anos
50 e conhecer a história
de um balão que segue
um rapaz pelas ruas de Paris.
Pascal é um menino parisiense
solitário. Veste-se de cinzento. Ao
seu redor, tudo é cinzento. É no
caminho para a escola que desco-
bre preso num poste um vistoso e
brilhante balão vermelho. Pascal
sobe ao poste e solta o balão e
assim se inicia uma bela amizade.
Os dias cinzentos de Pascal são
animados por este companheiro
vermelho que o segue para todo o
lado e brinca com ele como se
tivesse vida própria. Como em
todas as histórias, temos também
um antagonista: um grupo de rapa-
zes malvados que apinhados de
ciúmes, pretendem roubar o balão
e seguem o lema “se não podes ser
meu, não serás de ninguém”. É
depois desta disputa que nos chega
um final digno de aquecer o cora-
ção mais frio. Este pequeno filme
mostra a jornada de Pascal através
das suas alegrias e tristezas, amiza-
des e conflitos, o seu mundo ima-
ginário que se torna nosso.
São 34 minutos de uma maravi-
lhosa curta-metragem que se desta-
cou através do Óscar que ganhou
para melhor guião original em
1956 (mesmo apesar de ter tão
poucos diálogos) e da “Palma de
Ouro” para curtas-metragens no
Festival de Cannes do mesmo ano
e que, deste então tocou corações
por todo o mundo fora. O realiza-
dor, Albert Lamorisse, filmou o
seu filho Pascal mostrando que não
é preciso atores experientes ou
muito tempo para criar uma histó-
ria tocante que transborda de amor
e de grande alegria.
Inês Correia
Grande parte da paisagem
que vemos no filme já não exis-
te. As padarias, a escadaria em
Y, o todo há muito perdido bair-
ro de Belleville, que foi substi-
tuído por uma paisagem urbana
entre jardins e prédios. Surgiu a
propósito, um interessante proje-
to que podemos ver através do
utilizador “pietschreuders” da
rede social flickr que criou um
álbum dedicado a esta mudança.
Duas fotos, lado a lado separa-
das por 56 anos. As ruas já não
possuem o mesmo encanto da
época, os Carochas já não
povoam as estradas nem o famo-
so café "Au Repos de la Mon-
tagne” continua a servir os ape-
titosos doces franceses, mas
teremos sempre “Le Ballon
Rouge”, capaz de nos levar
nesta viagem que quebra as
barreiras de tempo e nos enche
de ternura.
Estrelas d’O Académico
CINEMA
8 | Culturismo
Jornal O Académico—Edição nº4
(In)direto | 9
Sangue
Sangue que celebra união
Sangue que junta dois cortes distantes
Sangue que jorra entre duas mãos
Sangue que alimenta os moinhos da transcendência.
Pedra
Pedra gélida onde encosto a tua face
Pedra minha que te entrego na verdade
Pedra comum, recalcada
Pedra só, que acende o fogo frio da tua respiração.
Ar
Ar presente, longínquo e perfurante
Ar descendente que vacila no meu caminho
Ar construído e poluído por expirações
Ar fixo que me remete para poças interiores,
Onde me afogo.
Pequeno espaço de leitura onde são escri-
tos poemas que carecem de interpretações
individuais, porque os poemas precisam
disso, necessitam que cada leitor os sinta e
os aplique para que eles possam viver.
Aqui fica o primeiro:
Joana Portugal
Contos Fantásticos de
Edgar Allan Poe
Susana Gil Soares
E dgar Allan Poe, nas-
cido a 19 de Janeiro
de 1809 foi um
escr i to r nor te -
americano ligado ao Movi-
mento Romântico. É conheci-
do pelas suas histórias de mis-
tério e macabro, sendo que
esta seleção de contos faz juz
à sua fama. O livro tem onze
contos, cada um mais assusta-
dor que o outro.
“Para a história muito
estranha, e no entanto que vou
inserir não espero nem solici-
tude nem crença. Realmente,
seria louco se tal esperasse
num caso em que mesmo os
meus sentidos recusam o seu
próprio testemunho”.
Os seus contos são góticos
recorrendo frequentemente à
temática da morte e os efeitos
da decomposição do corpo
relacionados com enterros
prematuros. São enterros de
pessoas ainda vivas.
“Dizer-vos os meus pensa-
mentos, seria loucura. Senti-
me a desfalecer e cambaleei
de encontro à parede oposta.
O corpo, já grandemente dete-
riorado e maculado por san-
gue engrumado, mantinha-se
direito. Em cima da cabeça,
com as faces dilatadas e o
único olho flamejante, estava
debruçado o animal hediondo
cuja astúcia me induzira ao
assassínio e cuja voz revela-
dora me entregara ao carrasco.
Eu tinha emparedado o mon-
stro no túmulo!”
São contos que nos levam
a ler o livro num ápice, num
misto de curiosidade e cala-
frios, tal a descrição vivida
que Allan Poe coloca na sua
escrita. Numa das suas histó-
rias mais populares, Metzen-
gestein, o autor aproveita para
fazer a uma sátira ao burlesco,
tão em voga na época. O con-
to centra-se na história do
cavaleiro de Metzengestein e
numa antiga profecia de riva-
lidade entre famílias: “um
grande nome cairá de uma que-
da terrível, quando, como o
cavaleiro do cavalo, a mortali-
dade de Metzergesntein triun-
fa a imortalidade de Berlifi-
zing”.
O livro editado pela Edi-
tora Guimãres contém dos
mais populares contos de
Poe, como Metzengenstein,
A Queda da Casa de Usher,
O Gato Preto ou O Retrato
Oval e cada um deles deixa
o leitor sem respiração até
ao termo de cada capítulo.
Contos Fantásticos de Edgar Allan Poe,
Guimarães Editores, 13,63 Euros
Edgar Allan Poe
LITERATURA
10 | Edição Limitada
11
Jornal O Académico—Edição de fevereiro
S e a música pode ser,
na sua essência,
vagamente definida
como uma forma
artística que consiste na combi-
nação de sons e silêncios que
se propagam no tempo, sobre
ela ter-se-á também de admitir
tratar-se de uma cada vez mais
complexa realidade cultural, no
interior da qual se conjugam
elementos de origens diversas e
muito pouco lineares que a têm
vindo a transformar num fenó-
meno crescentemente plural e
ubíquo. A música é som e é
texto, mas é também visual e
performance; é eminentemente
material, mas é também eféme-
ra, transgredindo sem limites
fronteiras físicas, espaciais e
geográficas, movendo-se atra-
vés do tempo e integrando-se
nas memórias coletivas e pes-
soais; é capaz de mobilizar afe-
tivamente os seus ouvintes e,
ainda que apenas temporaria-
mente, gerar uma poderosa
ligação entre elementos de
audiências à escala global. A
música tem o poder de mobili-
zar e comover, confortar e
entusiasmar, acalmar e agitar,
criar, reforçar ou perturbar a
paisagem sonora; pode oferecer
experiências individuais ou
coletivas de prazer e identifica-
ção, mas pode também propor-
cionar momentos tão intensos
de celebração e euforia como
de protesto e resistência.
Por outro lado, há que reco-
nhecer que a música é também
uma commodity e, enquanto tal,
parte de uma indústria que gera
milhões em lucros anuais para
Convidada Especial d’O Académico
Sónia Pereira | CECC
Da crise e da música
um conjunto de grandes empresas.
Os processos de produção, distri-
buição e circulação de música tor-
naram-se significativamente sofis-
ticados ao longo das últimas déca-
das, envolvendo hoje um grande
número de instituições que de
algum modo intervêm nas ativida-
des de gravação e produção, gestão
e distribuição, marketing e promo-
ção, agendamento e performance.
O advento das novas tecnologias
tem vindo a representar, em tem-
pos recentes, uma ameaça persis-
tente ao equilíbrio precário de toda
esta indústria, na qual a necessida-
de de intermediários parece cada
vez mais reduzida, mas a indústria
tem de igual forma reagido procu-
rando novas formas de se adaptar a
um mercado em constante mudan-
ça.
Hoje, e provavelmente de um
modo muito mais intenso do que
em qualquer outro momento histó-
rico, a música tornou-se parte
intrínseca da vida quotidiana, assu-
mindo o papel de uma experiência
complexa que oferece ao seu públi-
co um poderoso veículo de criação
e circulação de significados, pro-
porcionando oportunidades singu-
lares de expressão de algumas das
mais cruciais emoções do espírito
humano, e, em simultâneo, possibi-
litando exercícios de identificação,
crítica e transgressão. A música
constitui atualmente uma presença
muitas vezes ambígua e difusa no
quotidiano individual e coletivo, tal
é a forma como se introduziu e
enraizou numa série de atividades,
espaços e processos nos quais a sua
função não é muitas vezes clara-
mente reconhecida. Dela se pode
afirmar que ocupa hoje um lugar
10 | Edição Limitada
11
Jornal O Académico—Edição nº4
“Tantos anos a estudar para acabar desempregado Ou num emprego da treta, mal pago
E receber uma gorjeta que chamam salário Eu não tirei o Curso Superior de Otário”
[Boss AC, Sexta-Feira (Emprego Bom Já)]
central não apenas na rádio, na
imprensa e nos canais televisivos
especializados, mas também no
cinema e na programação televisi-
va generalista, bem como na Inter-
net, onde milhões de sites, blogues
e redes sociais se dedicam à pro-
moção mais ou menos exclusiva de
determinados artistas. Mas a músi-
ca está de igual modo presente
numa enorme variedade de espaços
públicos, desde os centros comer-
ciais aos cabeleireiros, passando
pelos restaurantes, elevadores,
lojas e transportes públicos, tal
como está nos dispositivos móveis
que as novas gerações transportam
consigo diariamente, seja o compu-
tador, o telemóvel ou um qualquer
leitor de áudio. A música está em
toda a parte, a todo o momento, e
todos a ouvem, com maior ou
menor vontade ou predisposição,
dependendo do contexto.
Igualmente omnipresente nos
tempos que correm na vida quoti-
diana de todos nós está o discurso
da crise, que parece ter-se tornado
ao longo do último ano o paradig-
ma dominante em todas as áreas da
existência, estendendo-se da
dimensão económica à política,
passando inevitavelmente pelos
domínios social e cultural. Em
tempos de crise, de rutura, de desa-
fios e incertezas, parecem ambicio-
nar as forças governativas fazer-
nos crer que a cultura será sempre
o elo mais fraco e o menos prioritá-
rio de todos aqueles em que o
investimento, seja ele individual ou
coletivo, deva ser realizado em tais
momentos. Dizem-nos, no entanto,
quer a realidade histórica quer a
experiência do presente, que a rele-
vância da cultura está muito longe
de ser periférica ou secundária, e
dificilmente poderá ser relegada ao
esquecimento na análise da retórica
da mais recente crise que atravessa
Portugal e se cruza com os cami-
nhos da restante Europa e, em últi-
ma instância, de todo o globo.
A narrativa da crise está em
toda a parte, e está-o também na
música, onde é articulada de um
modo que tanto a sustenta quanto a
ela resiste, como sempre o tem fei-
to. Ao longo do último ano, muitos
foram os artistas nacionais a dar
voz às suas preocupações, a sair à
rua em manifestações apartidárias
convocadas sobretudo pelas redes
sociais e pelo fenómeno de boca
em boca, a participar em ações de
consciencialização e solidariedade,
a comprometer-se a si próprios e à
sua música em prol de um discurso
que participa também ele na cons-
trução de um determinado imagi-
nário cultural que suporta ao mes-
mo tempo que contesta, numa arti-
culação necessariamente difícil, a
realidade da crise.
A música não escapa à crise, é
certo, mas também a crise não
escapa à música. E se para alguém
for inteiramente desconhecida a
citação que dá início a este peque-
no comentário à relação entre
ambas, é porque provavelmente
viveu numa qualquer dimensão
paralela que não esta ao longo de
2012. Boss AC não tem uma solu-
ção mágica para a crise, como nós
também não a teremos; mas, no
entretanto, a ligação criada entre
todos aqueles que ouviram o seu
hino à sexta-feira talvez nos permi-
ta melhor compreender, negociar
ou resistir aos seus múltiplos signi-
ficados e implicações.
12 | Crónica
O que queres tu para o teu futuro?
Diogo Lopes
N ão há muitas outras
perguntas que me pas-
sem mais pela cabeça
do que esta: O que
fazer quando "se for grande”?
Escolher entre viver feliz ou ape-
nas viver é uma decisão tão difí-
cil que nos obrigam a tomar.
Escolher entre o que me pode
fazer transbordar a cabeça, o
coração e o que me matará a
fome. Mas infelizmente, muitas
vezes é com isso que somos con-
frontados.
Grande parte de nós, os que
fecham os livros, sebentas e
PowerPoints de vez neste semes-
tre, entramos para uma das fases
mais decisivas da nossa vida.
Escolher. Uns não estarão muito
preocupados com isto, outros
nem querem pensar no assunto,
mas de certeza que a grande
maioria está assustada. Decidir
assusta. O medo e a incerteza
que, a opção deixada para trás,
faz zumbir à volta da nossa cabe-
ça, muitas vezes, é quase insu-
portável. E se escolher A em vez
de B? Ou B em vez de A? Infini-
tos cenários e ideias vão sendo
tecidos na nossa cabeça e acredi-
tamos que 2+2 não poderá nunca
ter outro resultado que não 4.
Com o tempo o medo inicial é
substituído por uma coroa que
pomos na nossa própria cabeça.
Acreditamos, por uns momentos,
que somos os nossos próprios
mestres. Que tudo correrá de
acordo com um qualquer plano
que, ingenuamente, deixamos
florescer na zona mais verde e
viçosa do nosso coração depois
de a incerteza já estar esquecida
num canto. Mal sabemos nós
que, da nossa vida, pouco ou
quase nada nos pede autorização
para acontecer. Não digo que seja
um qualquer Messias ou Deus a
comandar os nossos caminhos,
mas a vida e toda a sua beleza,
quase mística, é, na minha opi-
nião, um ser vivo, racional, de
vontade própria e espírito livre,
que não hesita em dar uma guina-
da no volante do carro que con-
duzimos sobre a estrada invisível
que as nossas ideias constroem. E
quando isso acontece, tudo muda.
De um momento para o outro,
aquilo que, inicialmente, parecia
impossível de ser melhor, cai,
parte-se. E ficamos suspensos
numa respiração. Caídos no chão
de um deserto que de repente
parece ter crescido à nossa volta.
Como um marinheiro que cai ao
mar, perdemos o nosso chão, o
nosso barco. E tudo parece perdi-
do nesses instantes. Ficamos sem
mais nada sem ser nós próprios.
Nós e nós próprios. Quando tudo
corre mal, quando a ideia certa se
esfuma por entre os acasos do
destino, nada mais nos resta do
que aquilo que desde o primeiro
sopro é construído. Que cresce
todos os dias. Nasce quando nas-
cemos e morre quando morre-
mos. O nosso eu interior. A nossa
verdadeira cara. Sempre em
movimento, sempre a mudar. E
será a pessoa que construímos
que nos salvará quando o melhor
dos amigos nos faltar. Quando a
pior das desgraças nos cair em
cima. Apostem em vocês. Naqui-
lo que querem Ser e não somente
ser. No final do dia, quando a
cama for o quentinho da noite,
quando o escuro abraçar, terão a
realidade daquilo que realmente
são a falar com vocês. Façam
dessa conversa algo que vos
orgulhe, algo que vos dê gozo de
reconhecer. Todos somos capa-
zes de alcançar isso, de construir
essa identidade. Todos temos isso
dentro de nós. Temos tanto den-
tro de nós. Não desperdicem.
Podem continuar sem saber bem
o que fazer com mestrados,
empregos e estágios, mas saberão
que a pessoa que levam dentro de
vós, conseguirá alcançar tudo o
que mais distante possa estar.
Grande parte de nós, os que fecham os livros, sebentas
e PowerPoints de vez neste semestre, entramos para
uma das fases mais decisivas da nossa vida.
Jornal O Académico—Edição de fevereiro
(Des)focado| 13
12 | Crónica
Jornal O Académico—Edição nº4
(Des)focado| 13
"A principal forma de Beleza é a
Ordem e a Simetria"
Aristóteles
Fotografia Por:
Gonçalo Fonseca (500px.com/goncalofonseca)
Jornal O Académico—Edição de fevereiro
14 | Question à trois
Dona Ana: Acabem os vossos cigarros (Lá
Fora!), e venham ver a nossa amiga em exclusivo para
O Académico.
“Bom dia Dona Ana!”, “Olá Dona Ana!”, “São
dois cafés em chávena de plástico, por favor.” Dona
Ana, Dona Ana, Dona Ana, Dona Ana. Durante vários
anos este foi um dos nomes mais ouvidos no nosso
bar. A simples senhora que nos atendia sempre com
um sorriso na cara cresceu um pouco no coração de
todos. De traquinices em tom de brincadeira a conse-
lhos sérios e convictos saltava, todos os dias, sempre
com a boa disposição que a felicidade de trabalhar
com quem gostamos traz à superfície. Foi (e é!) amiga,
confidente, conselheira e parceira de tudo o que nos
girava à volta, fossem os problemas clássicos de amo-
res ou as notas menos boas nesta ou naquela cadeira.
Este ano foi-nos “roubada” por monstrinhos que
nos fogem do alcance, mas está e estará sempre muito
bem guardada dentro de cada um de nós como uma
das caras mais amigas e sorridentes que já passaram
pelos corredores desta Faculdade.
Quisemos conhecer melhor esta amável amiga,
que pelo seu valor próprio como Ser Humano, con-
quistou o seu lugar nesta aventura inesquecível que é a
vida académica. Temos a certeza que estas não serão
as últimas palavras que dela ouviremos, mas por ago-
ra, peçam uma baguete de panado e uma média no bar,
e leiam tudo o que ela nos disse. Temos a certeza que
no final todos farão um valente brinde em honra desta
nossa amiga. Toda a sorte do mundo para si Dona
Ana, seremos sempre os seus meninos.
Como foram os seus primeiros dias a
trabalhar no bar da Faculdade de Ciên-
cias Humanas? Quais foram as suas
primeiras impressões?
Emprego novo é sempre difícil, trabalhar
com gente crescida foi uma aprendizagem,
já que eu trabalhava com crianças dos 3
aos 10 anos. Mas a boa vontade de parte a
parte fez deste o meu melhor emprego.
O que é que lhe traz mais saudades dos
tempos que passou na FCH?
Tudo, como estou desempregada o meu
mundo está mais cinzento. Falta-me a
companhia, a alegria de estar rodeada de
gente que eu gosto.
Notou alguma diferença entre as gera-
ções de alunos que lhe “passaram pelo
balcão”?
A diferença é grande mas, para mim,
todos diferentes, todos iguais.
E histórias caricatas que se tenham pas-
sado durante esses tempos?
Histórias não me faltam. Tantas, confis-
sões de todo o tipo mesmo, mas para mim
era na época das praxes, tanta coisa se
passava, tive convites menos próprios,
mas levei tudo com um sorriso e boa dis-
posição.
O que acha que funcionava pior nos
tempos em que trabalhou na nossa can-
tina? A organização? O material?
A falta de pessoal, mas tudo se resolve.
Planos para o futuro Dona Ana? Algu-
ma coisa que ambicione que queira par-
tilhar connosco?
Planos arranjar trabalho. Ambiciono muito
pouco, só quero ser feliz e amor, muito
amor.
Comentário extra da D. Ana: Isto agora
é comentário, quem ama não esquece, e
vocês estão todos no meu coração.
Diogo Lopes
Dona Ana Sousa
Nota Editorial:
Nesta edição da rúbrica Question à Trois
quebrámos a nossa própria regra de apresen-
tar apenas três perguntas e as três respetivas
respostas porque achámos que o assunto tra-
tado assim o merecia.
Jornal O Académico—Edição de fevereiro
H oje em dia fala-se de
dinheiros. O dinheiro de
que precisamos, que
gastámos, que devemos,
que nunca tivemos… As finanças
estão na ordem do dia e, tal como
vastos milhões de portugueses,
também os alunos da Universidade
Católica Portuguesa começam a
fazer «contas à vida». Desta forma,
considero de suma importância a
discussão do tema algo controverso
que os Prémios de Excelência da
Faculdade de Ciências Humanas
constituem.
Como já sabem estes traduzem-
se num montante em dinheiro,
equivalente à importância anual das
propinas, atribuído aos alunos ad-
mitidos com média igual ou supe-
rior a 17 valores e a três alunos do
1º e 2º anos com classificações
iguais ou superiores ao valor atrás
referido. Penso que toda a comuni-
dade estudantil julga ser hercúlea
esta tarefa que nos propõe a Di-
reção da FCH.
Naturalmente, os estudantes da
FCH defrontam uma panóplia de
obstáculos ao sucesso durante o seu
percurso. Desde a elevada carga de
trabalho durante o ano, à crónica
concentração das frequências na
segunda semana de janeiro e à ne-
cessidade de tempo para si
próprios, pelo menos aqueles que
prezam a sua sanidade mental.
A condição humana impossi-
bilita-nos, desde logo, de atingir a
excelência em todos os campos de
uma dada área científica, pelo que,
por muito esforço que se faça, difi-
cilmente se conseguirá obter classi-
ficações tão altas em todas as uni-
dades curriculares. Constitui, ainda,
uma agravante a tendência que, por
vezes, se apodera do corpo docente
de restringir a escala de classifica-
ções, fazendo com que a base seja
o 12 e o tecto o 16.
Não obstante, parece-me que o
mais pernicioso dos contratempos
será sempre a marcação sucessiva
de avaliações (no final de cada se-
mestre) dado que se torna contra-
producente. Este tipo de aprecia-
ções promove a aquisição superfi-
cial de um ror de conteúdos ao in-
vés de apostar na retenção efectiva
de informações que, em muito, nos
seriam úteis.
Existe, contudo, uma outra
opção para aliviar as nossas cartei-
ras, designadamente, contactar o
GAPA (Gabinete de Apoio ao
Aluno) e de seguida ser tarefeiros
para os serviços internos da UCP.
As únicas desvantagens que se nos
apresentam é que a FCH muito
raramente cobre o valor total da
propina, visto que são pagos 3,46€/
h, e estaremos sempre dependentes
da procura de trabalho. Esta situa-
ção poderá significar um esforço
colossal e, na verdade, acabar por
não resolver o problema.
Resta-nos pois gizar uma
solução que se poderá basear no
funcionamento da Faculdade de
Economia dentro de cujo seio os
estudantes obtêm bolsas por es-
calões. Por outras palavras, um
estudante com média de 15 obtêm
um desconto de 25% nas propinas,
se obtiver média de 16 tem 50%, e
se conseguir atingir os 17 é-lhe
paga a totalidade do valor. Ainda
que não se aplique a mesma
estrutura, proponho que se faça
uma aproximação a este modelo
visto ser extremamente benéfico
para os estudantes (em termos fi-
nanceiros e de incentivo ao estudo)
e positivo para a FCH que, de certo,
aumentará o número de interessa-
dos em frequentar as suas licencia-
turas, muito possivelmente esten-
dendo a sua preponderância a nível
internacional.
Naturalmente, os
estudantes da
FCH defrontam
uma panóplia de
obstáculos ao
sucesso durante
o seu percurso.
Beatriz Isaac
Correio FCH Este espaço também
pode ter a tua opinião.
Para isso basta enviares
o teu texto para o e-mail
o.academico.geral@gmai
l.com e poderás vê-lo
publicado na edição de
março.
Bolsas de Estudo na FCH
Correio FCH | 15
Jornal O Académico—Edição de fevereiro
16 | Parte para rasgar
A Marcha dos “Indignaditos”
João Tavares
Uma igualdade Desigual
Então não é que só depois de
tantos anos de praxes na nossa
faculdade e com elas, toda a divi-
são em categorias que lhe está
subjacente é que os envolvidos
neste ritual se lembraram de pro-
testar contra a desigualdade!?
Mas não se exaltem, praxantes,
ninguém defendeu a igualdade
entre caloiro e veterano (sei o
quão horripilante isso seria para
muitos), acalmai-vos, pois os
caloiros não deixarão de ser os
vossos brinquedos, isso seria o
fim do vosso mundo, mas não
está próximo, descansem...
A controvérsia gerou-se via
Facebook e prende-se com a
enorme injustiça que será, segun-
do algumas alminhas, deixar de
se fazer a bênção das fitas na
cidade universitária para se passar
a fazer numa cerimónia privada,
aqui na nossa UCP.
A ideia de fazer a bênção deste
ano em privado, surgiu pois, apa-
rentemente, nas anteriores, os
nossos veteranos foram gozados
pelas outras universidades e
alguns cobardolas não têm cora-
gem para lhes fazer frente.
Ora, cobardia é coisa a que a
instituição praxe nunca nos habi-
tuou (quer seja pela forma como
toda uma pandilha de trajados
humilha os que ainda mal se
ambientaram, quer pela absoluta
falta de criatividade por ela pro-
movida) e os defensores da mes-
ma insurgiram-se contra este
gigantesco escândalo. Sobretudo
aqueles que até já fizeram a bên-
ção, o que parecendo que não, faz
todo o sentido, não fosse o espíri-
to “académico” a imposição for-
çada da vontade dos que nele
entraram há mais tempo sobre a
dos que entraram depois.
Ao que parece, a vontade dos
“superiores” (alguns já nem estu-
dam na faculdade) não será cum-
prida tão facilmente, o que é uma
pena, pois esta geração poder-se-á
ver privada de toda a plenitude do
ritual da bênção das fitinhas, que
é tão emocionante, sobretudo para
quem ainda não iniciou a sua vida
sexual.
Glamour, Escárnio e Maldizer
Foi pretensamente com direito
a tudo isto, que a Católica de
Economia e Gestão... (Perdão!) a
Católica School of Business and
Economics acendeu mais um
rastilho de fofoquice, intriga e
peixeirada nesta universidade.
Contudo, a explosão, se ocorreu,
foi pouco ou nada violenta.
A página Católica Scandals,
tem neste momento mais de 110
likes, apesar de não ter sido nem
um sucesso, nem muito duradou-
ra. Tendo-se iniciado a 5 de
Janeiro, a última publicação data
do dia a seguir e em todos os
posts existentes, o único comen-
tário sem carga depreciativa é
feito pelo(s) próprio(s) triste(s)
que criou/criaram a página.
E nada disto é de estranhar
numa “comunidade” (é assim
que está designada) cujo objecti-
vo é as pessoas enviarem os seus
podres para os outros comenta-
rem. Não sei quem é que é sufi-
cientemente burro para enviar
histórias supostamente degra-
dantes sobre si próprio (ainda
que anonimamente) para um
sítio público, nem sei se entre os
que as enviaram havia alguma
abécula que estivesse mesmo a
contar algo real e não a gozar (é
provável que sim, feliz ou infe-
lizmente).
O que é certo é que a quem
fundou tamanha parvalheira, lhe
saiu o tiro pela culatra e as críti-
cas da parte de alunos da FCH
foram muitas, numa clara
demonstração de bom senso que
é mais uma batalha ganha contra
aqueles que sendo de fora da
faculdade, nos maldizem, achan-
do que os inferiores somos nós...
para depois nos presentearem
com demonstrações de “classe”
como a Católica Scandals.
O novo secretário de Estado do Empreendedorismo, tem quase o
mesmo nome que a tartaruga Franklin.
Jornal O Académico—Edição nº4
16 | Parte para rasgar
17
Empreendedorismo, Competi-
tividade e Inovação
O novo secretário de Estado
poderá ser empreendedor e com-
petitivo, mas o motivo que o
trouxe à ribalta vem inovar mui-
to pouco o panorama político
português. Franquelim Alves é
mais um antigo administrador do
grupo SLN/BPN que vem parar
ao governo, numa daquelas
“coincidências” que já não
espantam ninguém.
O Sr. Dr. Franquelim, para
além de ter quase o mesmo
nome que o personagem princi-
pal de uns desenhos animados
que davam no Canal Panda há
uns anos atrás, parece ter sido
administrador do grupo SLN
entre 2007 e 2008. E o problema
não está só em isso ser mau para
o curriculum, mas também no
que o agora secretário de Estado
disse durante a primeira comis-
são de inquérito ao BPN: que
notificar o Banco de Portugal
acerca das falcatruas que lá se
tinham passado “seria muito
irresponsável”. Sim, pois ser
gestor de um banco e omitir
informações sobre lavagem de
dinheiros, transparece, acima de
tudo, responsabilidade.
E como disse (e repetiu) Fer-
nando Ulrich, o país lá “aguenta,
aguenta” ao receber a notícia de
que mais um dos seus “gestores”
vem dessa casa impoluta que foi
a Sociedade Lusa de Negócios.
E preparam-se as baterias
para um segundo
semestre bastante pro-
missor, tal como um
2ºround entre David e Golias,
cheio de novas cadeiras, uma
subida considerável dos termó-
metros e uma boa rodada de
fofoquices que estão a ser pré-
cozinhadas nestas curtas férias
que gozámos, tirando aqueles
que gostam mesmo da faculdade
e continuaram em exames. A
estrada que vai dar ao Verão
ainda se avizinha prolongada, e
as tais baterias não estarão assim
tão carregadas, pois quando mui-
tos de vocês pensavam “Ufa já
me livrei do primeiro, este
segundo vai ser canja de gali-
nha”, toda uma panóplia de pro-
fessores está a preparar um ver-
dadeiro caldo universitário caóti-
co, com um cheirinho amargo a
“desculpa, mas não vais ter
férias de Verão”.
Prosseguem também as
comemorações do Carnaval, coi-
sa passageira, já que temos só
um dia para o aproveitar, e pro-
vavelmente vou ter de vir de
Torres Vedras mascarado para
as aulas, comemorar o dia da
Universidade Católica, não apa-
recendo porém na missa, porque
vou vestido de diabo e podia ser
acusado de blasfémia. Antes de
chegarmos aos três mesinhos de
descanso, há ainda espaço para
enfardar em ovos da páscoa, dar
uns cravos, no 25 de Abril, à
Reitoria da Faculdade para ver
se baixam as propinas e conti-
nuar numa demanda aventureira
pelas variadas festas que vão
surgindo, tentando alimentar o
Nota da Palma de Cima
José Paiva meu ego social, no desejo de
algum dia ser considerado
“cool”.
A primeira volta acabou,
segue-se uma segunda que irá
distinguir os fortes dos fracos, os
responsáveis, dos meninos que
andam só a fazer bom uso do
dinheiro dos papás, os que que-
rem muito isto ou os que querem
muito dizer “ando na faculdade e
tu não“. É um verdadeiro “Fear
Factor“ através da tal estrada
que para uns faz parte do percur-
so, para outros é simplesmente
mais uma, figurando um verda-
deiro fardo na pesada agenda
social dos próprios.
O mundo é cheio de cor
Também as aguarelas o são
Pinta este meu amor
E bebe o meu sangue seu cão
Se não me amas esquece
Prefiro comer belos diospiros
E se o teu sol não me aquece
Então vou amar vampiros
Porque eles são eternos
E tu não tens moedas
Eles podem comprar-me cadernos
Sem usar um paraquedas
Quero viver muitos dias
Para ser como vocês
Mas isso exige comer enguias
E eu não recebi este mês
Dário Alexandre
Um poema de
amor para
vampiros
Jornal O Académico - Edição de fevereiro
FCH Ilustrada Pesos & Contrapesos
Jornal O Académico Publicação dos Alunos da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa
Diretor: Filipe Resende
Diretores-Adjuntos: Afonso Sousa, Diogo Lopes, João Tavares e Raquel Trindade
Redação: Beatriz Isaac, Dário Alexandre, Gonçalo Fonseca, Inês Correia, Joana Portugal, José Paiva, Sara dos Santos e Susana Gil Soares
Contatos: [email protected]
Visita a nossa página no Facebook: https://www.facebook.com/JornaloAcademico
Bom segundo semestre
O Jornal O Académico deseja um excelente semestre de Verão a toda a comunidade da Facul-
dade de Ciências Humanas!
(In)direto
O Académico criou um espaço de poesia,
vê o primeiro poema!
Página 9
Convidado Especial na Próxima Edição
Para a próxima edição O Académico vai contar com a opinião do reconhecido jornalista do semanário Expres-
so, Martim Silva. Não percas na edição de março, o testemunho deste antigo aluno da FCH e atual editor de
política do Expresso!
Novo semestre (+6) Para muitos alunos as
férias bem que podiam
prolongar-se, para outros
não! Mas a verdade é que a
FCH já voltou ao trabalho!
Com ele traz novas disci-
plinas, novos colegas de
Erasmus, novos professo-
res!
Novos alunos de Erasmus (+8) Mais um começo de semestre,
mais um grupo de alunos de
Erasmus, vindos de diversos
países. É bom conhecer novas
culturas e novas pessoas.
Comissão de Finalistas (-5) A polémica Comissão de
Finalistas da FCH foi o cen-
tro das atenções, após decidir
sem a opinião dos alunos
finalistas fazer uma bênção
das fitas separada das Uni-
versidades de Lisboa.
O Portal do Moodle
Após tantos anos com o conhecido “Sítio da Disciplina”, a FCH
aplicou a todas a disciplinas o Moodle, um “Course Management
System que permite a transmissão e organização dos materiais de
apoio às aulas.”