edição e montagem - aula 3

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http://introtoediting.com/mm_entertainment_image1.jpg Edição e Montagem 1 Universidade de Brasília Faculdade de Comunicação Departamento de Audiovisuais e Publicidade Bloco 1 de Audiovisual Professor: Mauricio Fonteles Professor Orientador: David Pennington mauriciofonteles.com Aula 3

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Discussão do primeiro capítulo do Livro A Narrativa Cinematográfica.

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Edição e Montagem 1 Universidade de BrasíliaFaculdade de ComunicaçãoDepartamento de Audiovisuais e PublicidadeBloco 1 de Audiovisual

Professor: Mauricio FontelesProfessor Orientador: David Pennington

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Aula 3

Page 2: Edição e Montagem - Aula 3

A Narrativa CinematográficaGAUDREAULT, André; JOST, François. A narrativa cinematográfica. Brasília , DF: UnB, 2009.

Capítulo 1 - Cinema e Narrativa

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Page 3: Edição e Montagem - Aula 3

Narrativa

• Como reconhecemos uma narrativa?

• Dicionário - "relação oral ou escrita de um acontecimento real ou imaginário"

• narrativa - nar.ra.ti.vasf (fem de narrativo) 1 V narração. 2 O modo de narrar. 3 Conto, história.

• Sequência de imagens e sons?

• METZ (1968, p. 25-35)"de algum modo um objeto real que o utilizador ingênuo reconhece seguramente e não confunde nunca com aquilo que não é ela".

• Ingenuidade do espectadormauriciofonteles.com

Page 4: Edição e Montagem - Aula 3

O que é uma narrativa?

5 Critérios de METZ

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Page 5: Edição e Montagem - Aula 3

1. Uma narrativa tem um começo e um fim

• Na qualidade de objeto material, toda narrativa é "fechada"

• Possibilidade de sequências a partir das novelas e séries

• Outros filmes nos trazem de volta ao início

• Outros são um recorte parcial  de uma série de ações num conjunto bem maior

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Começo Fim

Page 6: Edição e Montagem - Aula 3

• Que o final seja suspensivo ou cíclico, isso  não muda nada a natureza da narrativa como objeto: todo livro tem uma última página, todo filme tem um último plano.

• É o imaginário que os permite continuar...

• Para METZ, a narrativa se opõe ao mundo real - pois este não tem começo nem fim

• Já a narrativa forma um todo. (começo, meio e fim)

• A narrativa fílmica segue uma organização da duração e obedece uma ordem - supõe um momento inicial e um desfecho

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Page 7: Edição e Montagem - Aula 3

• Jogo de duas temporalidades: aquela da coisa narrada X a temporalidade da narração propriamente dita.

• METZ "sequência mais ou menos cronológica dos acontecimentos" X "sequência dos significantes que o usuário leva algum tempo a percorrer: tempo de leitura ou tempo de visão"

• Exemplo de METZ (deserto)• Plano isolado - significado-espaço > significante-espaço• Planos parciais - significado-espaço > significante-tempo• Planos sucessívos - significado-tempo > significante-tempo

2. A Narrativa é uma Sequência com Duas Temporalidades

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Page 8: Edição e Montagem - Aula 3

a) A narrativa pode conter o narrativo e o descritivo

• ex.: Martin era esbelto, de pernas alongadas, cabelos castanhos e olhos claros. Sua boca era grande e seu nariz protuberante, Usava óculos

• ex.: As pernas alongadas de Martin carregavam toda a sua esbeltez pela Rua Mantiqueira. O vento soprava sobre seus cabelos castanhos e sua grande boca assobiava uma canção de Lenon. Ao longo do caminho, o Sol se abria e seu nariz protuberante carregava belos óculos que protegiam seus olhos claros.

b) Temporalização do significante

• A imagem cinematográfica descritiva, não impõe um percurso visual e ordem obrigatória

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Page 9: Edição e Montagem - Aula 3

• A narração é um discurso, isto é, uma sequencia de enunciados que remete necessariamente a um sujeito da enunciação (JAKOBSON, 1963)

• Instância Narrativa -> Grande Imagista

• Baseado no circuito da comunicação - toda mensagem codificada por um emissor é decodificada de forma idêntica pelo seu receptor

3. Toda Narrativa é um Discurso

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Page 10: Edição e Montagem - Aula 3

4. A Consciência narrativa “desrealiza” a coisa contada

• A partir do momento em que lidamos com uma narrativa, sabemos que ela não é uma realidade

• o "aqui e agora" - a narrativa não está com o espectador

• É também gerar uma topografia imaginária, ligando simultaneamente locais heterogêneos

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Page 11: Edição e Montagem - Aula 3

5. Uma Narrativa é um conjunto de acontecimentos• Uma vez mais, METZ considera a narrativa em seu conjunto como um

discurso fechado, no qual o acontecimento é a "unidade fundamental"

• A Imagem cinematográfica corresponde a um enunciado em vez de uma palavra

• Não necessariamente essa é uma conexão com o conceito de plano. Mas o Plano parece-se mais com um enunciado do que com uma palavra

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“Elefante Blanco”(2012)

Page 12: Edição e Montagem - Aula 3

Concluindo!

• Juntando os 5 pontos: Para METZ - a narrativa é "um discurso fechado que desrealiza uma sequência temporal de acontecimentos"

Discurso

Temporal

Desrealiza

Acontecimentos

Fechado

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Page 13: Edição e Montagem - Aula 3

Estrutura da Narrativa para METZ

• Sua problemática é guiada pela questão do fundamento epistemológico

• A narrativa existe e suscita uma "impressão de narratividade"

• O Filme pertence à categoria das narrativas

• Sua definição é hierarquizada

• Oposição à realidade - texto fechado e discurso

• Não há distância entre a existência do objeto e a percepção do mesmo - a tarefa para METZ é "compreender como compreendemos"

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Page 14: Edição e Montagem - Aula 3

O que é uma narrativa Cinematográfica?

• O Plano seria o equivalente a um Enunciado - para análise

• A problemática é que uma imagem pode conter vários enunciados

• Normalmente, a leitura desses enunciados se dá pela relação com os planos próximos

• ex.: cena da menina e o pai (João) morto.ela o empurra para brincar e ele cai mortoMadame Bovary de Flaubert

Filme: Um corpo que cai

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Page 15: Edição e Montagem - Aula 3

• Todo plano contém, virtualmente, uma pluralidade de enunciados.

• As dificuldades dessas descrições linguísticas do visual devem-se ao fato de que "a imagem mostra, mas não diz" (JOST, 1978)

• Para METZ, é prioritário compreender como a imagem móvel significa

• Até que ponto se pode admitir que o cinema seja uma linguagem?

• Nenhum plano é equivalente a uma simples palavra

• Em toda imagem existe pelo menos um enunciado

• ex: casa - eis uma casa ou eis nossa casa

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Page 16: Edição e Montagem - Aula 3

Plano da Rua

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Page 17: Edição e Montagem - Aula 3

Quem vê?

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Page 18: Edição e Montagem - Aula 3

Sequência

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Assistir Trecho do Filme

PAREI AQUI!!!

Page 19: Edição e Montagem - Aula 3

• Para estudar a significação narrativa de um plano isolado, seria necessário que o filme tivesse um único plano.

• ex: Rolos produzidos antes de 1903ht

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A Saída da Fábrica

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Page 20: Edição e Montagem - Aula 3

• Até 1900 os filmes continham apenas um plano, uma unidade temporal, em até 2 min.

• Eram "unipontuais" - mas isso não era um problema

• Eram Registros

• Regra das três unidades: um lugar, de tempo e ação - do teatro clássico

• ex: Filme - O Regador Regado (L`arroseur arrosé, Lumière, 1895)Um só plano e uma tripla unidade de lugar, tempo e ação

• Cinema de vanguarda - retorno à estrutura de origem - um só e longo plano fixo

O Nascimento da Narrativa CinematográficaFilmes Lumiere

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Page 21: Edição e Montagem - Aula 3

Narração e Mostração

• Uma comparação entra a narrativa escrita ou oral e a mostração teatral

• Análise do curta - Regador Regado

• Seria esse uma narração, uma mostração ou algo mais?

• Quando relacionado à mostração teatral devemos considerar algumas diferenças:

• a) no teatro, a atuação e a recepção por meio do público se dá no mesmo espaço de tempo.No cinema, essa temporalidade é destruída.Quebra na temporalidade ação - recepção

• b) a câmera direciona o olhar do espectador simplesmente pela posição que ela ocupa ou pelos movimentosO papel norteador da câmera

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Filme Regador

Page 22: Edição e Montagem - Aula 3

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• A câmera também emite "sinais" (signos)

• Uma instância superior - acima dos atores

• Relação com o narrador escritutal

• O "grande imagista" de Laffay

• "Narrador invisível", "enunciador","narrador implícito", "meganarrador"

• A narrativa cinematográfica opõe-se à narrativa teatral por sua intangibilidade

• O teatro é, a cada vez, um espetáculo diferente.

• A mostração fílmica leva também uma "dimensão sonora"

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Page 23: Edição e Montagem - Aula 3

• Em razão da pluralidade de enunciados veiculados virtualmente por cada imagem, a mostração muda é com efeito, relativamente limitada em relação a certos tipos de fenômeno.

• Relação com os interlúdios do cinema silencioso - CARTELAS

• Presença do "comentador" - ao vivo

• ex: Filme: Seven Chances - Sete Amores (1925)Buster Keaton

• Contrariamente à lingua, que é dedicada a uma sucessão que lhe impõe a linearidade da frase, o cinema pode mostrar várias ações simultâneamente. Essa virtualidade vai se acentuar ainda mais com o cinema sonoro

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Page 24: Edição e Montagem - Aula 3

• O som pode complementar ou se opor as imagens para causar um efeito desejado

• Na maioria das vezes, tudo é feito para que o diálogo, ou geralmente a voz, reduza as ambiguidades dos enunciados visuais de modo que não percebemos esse dualismo de direito do filme sonoro

• O som pode definir a temporalidade de uma sequência

• Em alguns filmes, a contraposição das duas narrativas se torna crucial para a compreensão

• Eisenstein falava da possibilidade de escrever um filme como uma partitura graças a uma montagem polifônica

Cinema Sonoro: uma dupla narrativa

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Page 25: Edição e Montagem - Aula 3

• As 5 matérias de expressão (imagens, ruídos, diálogos, menções escritas e música) tocam como as partes de uma orquestra, ora em uníssono, ora em contraponto ou em um sistema de fuga, etc.

• Será que os ruídos, não mais as palavras podem ser portadores de uma narrativa?

• Nos primórdios do cinema, havia atmosferas sonoras para escritório, a delegacia, a rua, a praia, etc. Nesse caso, o som participa na elaboração de uma narrativa unitária, e a narrativa dupla de que falamos está, por assim dizer, neutralizada.

• Quando o ambiente "estranho" aparece, não no mesmo local mas em circunstâncias semelhantes, a situação narrativa é completamente diferente.

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Filme Adeus Dahla!

Page 26: Edição e Montagem - Aula 3

• Onde começa a narrativa? Onde começa a ficção?

• Atitude documentarizante X Atitude fictivizante

• Documentário/Ficção - comum no universo cinematográfico

• Todo Filme participa, ao mesmo tempo, dos dois regimes

• É a leitura do espectador que permite a um regime tomar precedência sobre o outro

• Imagem - Índice (Pierce): Retenção de um momento espaço-temporal

O que é uma narrativa de ficção?

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Page 27: Edição e Montagem - Aula 3

Documentário X Ficção

• "ter estado lá” X "estando lá"

• “Documentário” - Inorganização do material profílmico

• Ex: Chegada do Trem e O Almoço do Bebê (Lumiére)

• Ficção - Organização do material profílmico

• Ex: O Regador Regado e A Batalha de Bolas de Neve

• "Farsa" que por seu caráter organizado, toma um tipo de autonomía

• Permite à sua reatualização, interposta pelo projetor

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Page 28: Edição e Montagem - Aula 3

Realidade afílmica e diegese

• Documentário - se define como apresentando seres ou coisas existindo positivamente na realidade afilmica

• Ficção - Tem o poder de criar mundos

• A realidade afílmica é a realidade que existe no mundo habitual

• O mundo da ficção é um mundo em parte mental, que tem suas próprias leis

• ex: Filme - Inception - A Origem

• O que nos parece verossímil em uma situação pode parecer absurdo em outra

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Page 29: Edição e Montagem - Aula 3

• Muitos filmes trazem consigo postulados , propiciando-nos a aceitação da coerência do conjunto da narrativa

• SOURIAU propôs o termo DIEGESE - tudo aquilo que  confere inteligibilidade à história contada, ao mundo proposto ou suposto pela ficção

• Quando vemos os primeiros rolos de Lumiere, podemos observar que seus filmes "em tempo real" não obedecem o critério mínimo da narrativa.

• Existe discurso, na medida em que o grande imagista fez uma intervenção na realidade pela posição da câmera, pelo enquadramento, etc; mas não existiu a narrativa propriamente dita.

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Page 30: Edição e Montagem - Aula 3

• Nesse sentido, podemos considerar os filmes de Lumiere como o grau zero da documentalidade

• A narrativa aqui exige que os acontecimentos sejam colocados em ordem

• A narrativa pode caminhar em direção à constituição de um universo diegético.

• Um exemplo é o "assunto"do jornal televisivo, muitas vezes estruturado a partir do comentário

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