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Ano XXI Número 53 31 Dezembro 2013 DELIBERAÇÕES ÍNDICE EDIÇÃO DIGITAL Normas para os Ministros Extraordinários da Comunhão na Diocese de Leiria-Fátima Ref.ª: BD2013A-002 A Eucaristia é “fonte e centro de toda a vida cristã” 1 , de tal forma que se pode afirmar que “a Igreja vive da Eu- caristia”. 2 Neste sentido, o serviço litúrgico dos ministros extraordinários da comunhão deve ser entendido como ex- pressão do cuidado pastoral para promover a devoção ao mistério eucarístico. As normas que aqui se apresentam, para serem seguidas na Diocese de Leiria-Fátima, têm por base e pressupõem as orientações de diversos documentos da Igreja Católica. 3 1.º | Natureza do ministério 1. Os ministros extraordinários da comunhão exercem o seu ministério enquanto: a) cristãos que, pelo seu batismo e confirmação, parti- cipam no sacerdócio comum dos fiéis que os capacita para participar no culto da Igreja; b) membros da comunidade eclesial mandatados pelo Bispo diocesano para exercer um serviço específico nas celebrações litúrgicas da Igreja. 2. Trata-se de um ministério de caráter “extraordiná- rio”, que só será exercido quando for necessário, por im- pedimento, ausência ou insuficiência dos ministros ordi- nários. 1 Concílio Vaticano II, Constituição dogmática Lumen Gentium, n. 11. 2 João Paulo II, Ecclesia De Eucharistia, n. 1. 3 Sagrada Congregação da Disciplina dos Sacramentos, Ins- trução Immensae Caritatis, de 29.01.1973; Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Instrução Redemptionis Sacramentum, de 25.03.2004; Ritual Romano – Sagrada Comunhão e culto do Mistério eucarístico fora da Missa, Segunda edição, CEP – Gráfica de Coimbra, 1995; Conselho Pontifício para os Leigos, Instrução acerca de algu- mas questões sobre a colaboração dos fiéis leigos no sagrado ministério dos sacerdotes, 15.089.1997, Conferência Episcopal Portuguesa, Ritual do Ministro Extraordinário da Comunhão, Terceira edição, SNL, 1998; CIC 230 §3 e 910 §2. DELIBERAÇÕES Normas para os Ministros Extraordinários da Comunhão 1 Instituição da Fundação Signis 3 Nomeação do Conselho Presbiteral 5 Cáritas Diocesana de Leiria 5 Comunidade Cenáculo na Diocese de Leiria-Fátima 6 Comunidade Papa João XXIII na Diocese de Leiria-Fátima 6 Ordem Basiliana de São Josafat na Diocese de Leiria-Fátima 7 Comunicado sobre os jornais da Diocese de Leiria-Fátima 7 Conselho Pastoral da Paróquia de Rio de Couros 7 Nomeações em junho de 2013 10 Movimento Eclesial Mambré na Diocese de Leiria-Fátima 11 Instituição da Fundação Francisco e Jacinta Marto 11 Nomeações em setembro de 2013 13 Nomeação dos Vigários da Vara 13 Nomeação do Conselho Pastoral Diocesano 13 Nomeação do Administrador Paroquial de Minde 14 DOCUMENTOS PASTORAIS Catequese • O Credo dos Apóstolos: a beleza da profissão de fé cristã 14 Mensagem quaresmal • Reavivar o dom da fé e crescer na caridade 17 Carta Pastoral 2013-2015 • A beleza e a alegria de viver em família 18 Mensagem natalícia • A Alegria do Natal em Família 26 TEXTOS DIVERSOS Conferência no encontro com os comerciantes de Leiria 27 Homilia da Missa Crismal 29 Convite à Festa da Fé 30 Adoração eucarística em sintonia com o Papa e a Igreja 31 Sessão de abertura da Festa da Fé 31 Homilia do Corpo e Sangue de Cristo 33 Discurso na reunião da Cúria Diocesana 34 Comunicado sobre a oração pela paz na Síria e no mundo 36 Homilia nos jubileus sacerdotais 37 Homilia no Encerramento do Ano da Fé e Ordenação Diaconal 38 Homilia da Missa de Natal 39 Homilia de fim-de-ano 40 VÁRIA Obituário 42 Clero e vida consagrada em 2013 42

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Ano XXINúmero 53

31 Dezembro

2013

Deliberaçõesíndice

edição digital

Normas para os Ministros Extraordinários da Comunhãona Diocese de Leiria-Fátima

Ref.ª: BD2013A-002A Eucaristia é “fonte e centro de toda a vida cristã”1,

de tal forma que se pode afirmar que “a Igreja vive da Eu-caristia”.2 Neste sentido, o serviço litúrgico dos ministros extraordinários da comunhão deve ser entendido como ex-pressão do cuidado pastoral para promover a devoção ao mistério eucarístico.

As normas que aqui se apresentam, para serem seguidas na Diocese de Leiria-Fátima, têm por base e pressupõem as orientações de diversos documentos da Igreja Católica.3

1.º | Natureza do ministério1. Os ministros extraordinários da comunhão exercem

o seu ministério enquanto:a) cristãos que, pelo seu batismo e confirmação, parti-

cipam no sacerdócio comum dos fiéis que os capacita para participar no culto da Igreja;

b) membros da comunidade eclesial mandatados pelo Bispo diocesano para exercer um serviço específico nas celebrações litúrgicas da Igreja.

2. Trata-se de um ministério de caráter “extraordiná-rio”, que só será exercido quando for necessário, por im-pedimento, ausência ou insuficiência dos ministros ordi-nários.

1 Concílio Vaticano II, Constituição dogmática Lumen Gentium, n. 11.

2 João Paulo II, Ecclesia De Eucharistia, n. 1.3 Sagrada Congregação da Disciplina dos Sacramentos, Ins-

trução Immensae Caritatis, de 29.01.1973; Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Instrução Redemptionis Sacramentum, de 25.03.2004; Ritual Romano – Sagrada Comunhão e culto do Mistério eucarístico fora da Missa, Segunda edição, CEP – Gráfica de Coimbra, 1995; Conselho Pontifício para os Leigos, Instrução acerca de algu-mas questões sobre a colaboração dos fiéis leigos no sagrado ministério dos sacerdotes, 15.089.1997, Conferência Episcopal Portuguesa, Ritual do Ministro Extraordinário da Comunhão, Terceira edição, SNL, 1998; CIC 230 §3 e 910 §2.

deliberações

Normas para os Ministros Extraordinários da Comunhão 1 Instituição da Fundação Signis 3 Nomeação do Conselho Presbiteral 5 Cáritas Diocesana de Leiria 5 Comunidade Cenáculo na Diocese de Leiria-Fátima 6 Comunidade Papa João XXIII na Diocese de Leiria-Fátima 6 Ordem Basiliana de São Josafat na Diocese de Leiria-Fátima 7 Comunicado sobre os jornais da Diocese de Leiria-Fátima 7 Conselho Pastoral da Paróquia de Rio de Couros 7 Nomeações em junho de 2013 10 Movimento Eclesial Mambré na Diocese de Leiria-Fátima 11 Instituição da Fundação Francisco e Jacinta Marto 11 Nomeações em setembro de 2013 13 Nomeação dos Vigários da Vara 13 Nomeação do Conselho Pastoral Diocesano 13 Nomeação do Administrador Paroquial de Minde 14

documentos Pastorais

Catequese • O Credo dos Apóstolos: a beleza da profissão de fé cristã 14 Mensagem quaresmal • Reavivar o dom da fé e crescer na caridade 17 Carta Pastoral 2013-2015 • A beleza e a alegria de viver em família 18 Mensagem natalícia • A Alegria do Natal em Família 26

textos diversos

Conferência no encontro com os comerciantes de Leiria 27 Homilia da Missa Crismal 29 Convite à Festa da Fé 30 Adoração eucarística em sintonia com o Papa e a Igreja 31 Sessão de abertura da Festa da Fé 31 Homilia do Corpo e Sangue de Cristo 33 Discurso na reunião da Cúria Diocesana 34 Comunicado sobre a oração pela paz na Síria e no mundo 36 Homilia nos jubileus sacerdotais 37 Homilia no Encerramento do Ano da Fé e Ordenação Diaconal 38 Homilia da Missa de Natal 39 Homilia de fim-de-ano 40

vária

Obituário 42 Clero e vida consagrada em 2013 42

2 | LEIRIA-FÁTIMA | Ano XXI | N.º 53 | 31 Dezembro 2013 |

2.º | Concessão da faculdade1. A faculdade de conferir a pessoas idóneas a missão

de ministro extraordinário da comunhão compete apenas ao Bispo da Diocese, que delega esta faculdade no Diretor do Departamento de Liturgia.

2. Só é concedida a nomeação de ministros extraordi-nários da comunhão nos casos de real necessidade pastoral:

a) quando faltarem os ministros ordinários deste sacra-mento (bispos, presbíteros ou diáconos);

b) quando os mesmos se acharem impedidos de dis-tribuírem a sagrada comunhão, por motivo de outras ocupações do ministério pastoral, por doença, ou por idade avançada;

c) quando o número dos fiéis que desejam receber a sagra-da comunhão seja tão grande que obrigaria a prolongar excessivamente o tempo da celebração da Missa, ou a própria distribuição da comunhão fora da Missa.

3. A missão do ministro extraordinário da comunhão não é permanente, mas resulta de um mandato pelos perío-dos de tempo previstos nestas normas.

4. Os ministros extraordinários da comunhão nomea-dos por outras dioceses só podem exercer legitimamente o ministério nesta Diocese em situações pontuais e sempre com autorização expressa do responsável da comunidade local. Para desempenharem de forma estável e regular este serviço necessitam de se submeter ao processo de apresen-tação e nomeação previsto nestas normativas.

3.º | Pedido de nomeação1. O pedido de nomeação de ministros extraordinários

da comunhão deve ser dirigido ao Bispo diocesano, e en-viado ao Departamento de Liturgia, indicando as razões pastorais que justificam o pedido e apresentando cada um dos candidatos individualmente.

2. Os candidatos são apresentados:a) pelo pároco ou responsável da unidade pastoral (ca-

pelão hospitalar, capelão militar, reitor de santuá-rio...), onde exercerão o ministério;

b) pelo(a) superior(a) da comunidade religiosa a qual pertençam e para serviço interno desta.

3. Se o candidato pertencer a um instituto religioso ou sociedade de vida apostólica e for apresentado por um pá-roco, ou equiparado, carece de autorização do respetivo superior.

4. O candidato que resida numa paróquia diferente da comunidade em que exercerá o ministério carece do pare-cer do pároco da paróquia de residência.

5. Na apresentação dos candidatos deve ser indicado: nome completo, data de nascimento, estado civil, profis-são, endereço, contactos telefónicos, habilitações escola-res, breve apresentação do perfil e atividade eclesial do candidato.

4.º | Perfil dos candidatos

1. O candidato a ministro extraordinário da comunhão deve satisfazer os seguintes requisitos:

a) reconhecida idoneidade cristã, fé esclarecida, ade-quada preparação doutrinal, comunhão eclesial e vida cristã íntegra;

b) ter recebido os três sacramentos da iniciação cristã;c) ter recebido o sacramento do matrimónio, se viver

em união conjugal;

d) fé na presença sacramental do Senhor, sólida piedade eucarística e comunhão frequente;

e) compromisso na vida pastoral da comunidade que vão servir;

f) maturidade humana, honestidade reconhecida e com-portamento equilibrado;

g) nível cultural adequado a comunidade que vão ser-vir;

h) boa aceitação pela comunidade a que se destinam;i) ter completado os 25 anos e não ultrapassar os 70

anos de idade.2. A pessoa que deixar de ter alguma das condições in-

dicadas nas alíneas a) a h) deve deixar de exercer o serviço de ministro extraordinário da comunhão.

5.º | Nomeação e renovação do mandato1. Será nomeado ministro extraordinário quem, cum-

prindo os requisitos indicados nos números 3.º e 4.º, ob-tiver despacho favorável do Diretor do Departamento de Liturgia, depois de frequentar as ações de formação por ele indicadas.

2. A primeira nomeação é assinada pelo Bispo diocesano, sob proposta do Diretor do Departamento de Liturgia, e é válida para o período de três anos.

3. Os mandatos podem ser renovados por mais três anos, a pedido dos responsáveis indicados no n.º 3.º, se fo-rem válidas as razões pastorais para pedir este ministério e se as condições pessoais indicadas no n.º 4.º se manti-verem. A renovação é concedida pelo Diretor do Departa-mento de Liturgia, por delegação do Bispo diocesano.

4. O mandato será renovado apenas a quem participa regularmente nas ações de formação indicadas pelo Depar-tamento de Liturgia.

5. Não será renovado o mandato a quem tiver comple-tado 70 anos de idade, a não ser que o responsável indicado no n.º 2 do artigo 3.º considere que o serviço da pessoa em causa seja imprescindível para a comunidade, justificando o motivo no pedido de renovação.

6.º | Exercício do ministério1. Os fiéis que receberam a nomeação para exercerem

o serviço de ministros extraordinários da comunhão só po-dem começar a exercer esse ministério após receberem o mandato segundo o rito previsto para o efeito.4

2. Os ministros extraordinários da comunhão exercem este ministério sob a responsabilidade do sacerdote respon-sável da comunidade que tiver pedido a sua nomeação, no âmbito da sua paróquia ou comunidade; a não ser em caso de urgência, não levem a comunhão a doentes de outra pa-róquia ou comunidade, sem consentimento do respetivo responsável.

3. Os ministros extraordinários da comunhão esforçar-se-ão por desempenhar bem, com dignidade e nobreza, o seu ministério, quer no serviço a comunidade celebrante, quer aos doentes ou ausentes.

4. Quando for necessário, exercem o seu ministério nas seguintes situações:

a) distribuição da sagrada comunhão na Missa;

4 Nomeação dos ministros extraordinários da comunhão, in: Conferência Episcopal Portuguesa, Ritual do Ministro Extraor-dinário da Comunhão, Apêndice.

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b) distribuição da sagrada comunhão aos doentes, em suas casas;

c) distribuição da sagrada comunhão fora da Missa, na igreja;

d) exposição do Santíssimo Sacramento para adoração, não lhes sendo permitido em ocasião alguma dar a bênção com o Santíssimo;

e) em caso excecional, animar a assembleia dominical na ausência de presbítero, tendo presente que o exer-cício regular deste ministério carece de expressa no-meação do Bispo diocesano e não se confunde com a nomeação para ministro extraordinário da comunhão.

5. Aos ministros extraordinários da comunhão, no exer-cício do seu ministério, não se exige nenhum traje especial, mas devem vestir com o decoro que convém a missão que desempenham.

6. E absolutamente proibido guardar em casa a santíssima Eucaristia.

7. Aos ministros extraordinários da comunhão nunca está permitido delegar noutra pessoa a distribuição da sa-grada comunhão.

7.º | Formação1. Os fiéis que desempenham o serviço de ministros

extraordinários da comunhão devem cuidar da sua vida es-piritual e empenhar-se na sua formação cristã, participando em exercícios espirituais e em atividades de reflexão teo-lógica.

2. Os ministros extraordinários da comunhão devem participar nas ações de formação permanente propostas para eles pelo Departamento de Liturgia.

8.º | PromulgaçãoEstas normas entram imediatamente em vigor e substi-

tuem as anteriores normativas diocesanas.

Leiria, 6 de janeiro de 2013,na Solenidade da Epifania do Senhor.† António Augusto dos Santos Marto,Bispo de Leiria-Fátima

Instituição da Fundação SignisRef.ª: BD2013A-001

António Augusto dos Santos Marto, Bispo da Diocese de Leiria-Fátima, faz saber quanto segue:

Sendo necessário um organismo com personalidade jurídica que, em nome da Diocese de Leiria-Fátima, im-plemente e coordene as publicações de caráter diocesano, nomeadamente o jornal diocesano, havemos por bem:

1) Instituir a “Fundação Signis”, como fundação autó-noma ou instituto canonicamente ereto, a qual é concedida personalidade jurídica, e são aprovados os respetivos Esta-tutos, publicados em anexo ao presente Decreto.

2) Esta Fundação é instituída pela Diocese de Leiria-Fátima, tem a sua sede no Seminário Diocesano de Leiria, reger-se-á pelos respetivos Estatutos, pela Concor-data entre a Santa Sé e a República Portuguesa e, subsidia-riamente, pelo direito canónico e civil.

3) Para o primeiro triénio administrativo, são desde já nomeados os seguintes fiéis:

Diretor: P. Doutor Vítor Manuel Leitão CoutinhoEcónomo: P. Cristiano João Rodrigues Saraiva1.º Conselheiro: José Manuel da Cunha2.º Conselheiro: Júlio Delgado Rebelo4) Este Decreto constitui título suficiente para efeitos

de participação a Autoridade Civil competente para o reco-nhecimento, por parte do Estado Português, da personali-dade jurídica civil da Fundação.

5) O presente diploma entra em vigor no dia 1 de feve-reiro de 2013.

Publique-se e comunique-se a Autoridade Civil com-petente.

Leiria, 8 de janeiro de 2013† António Augusto dos Santos Marto,Bispo de Leiria-Fátima

ESTATUTOS DA FUNDAÇÃO SIGNIS(Anexo ao Decreto n.º BD2013A-001, de 8 de janeiro de 2013)

Capítulo IDisposições Gerais

Artigo 1.º | NaturezaA Fundação Signis é uma pessoa jurídica pública da

Igreja Católica, sujeito, em Direito Canónico, de obriga-ções e de direitos consentâneos com a índole de fundação autónoma (cânone 113, §2), composta por uma dotação ou universalidade de bens, para desempenhar, em nome da Igreja Católica, o múnus indicado nestes Estatutos, em or-dem ao bem público eclesial (cânone 116, §1) e sob a alta direção do Bispo de Leiria-Fátima.

Artigo 2.º | Fundador e sedeA Fundação é instituída pela Diocese de Leiria-Fátima

e tem a sua sede no Seminário Diocesano de Leiria (Rua Joaquim Ribeiro Carvalho, n.º 60 – Leiria).

Artigo 3.º | Fins1. São fins imediatos da Fundação, dentro dos fins

gerais que se referem a obras de apostolado (cânone 114 §2), a publicação e distribuição dos órgãos de comunicação social da Diocese de Leiria-Fátima, bem como a publica-ção e distribuição de quaisquer obras necessárias ou conve-nientes para esta Diocese.

2. O Bispo de Leiria-Fátima pode atribuir a Fundação outros fins realmente úteis e consentâneos com a missão da Igreja (cânone 114).

3. A Fundação não tem fins lucrativos, mas apenas fins religiosos.

Capítulo IIDotação e património

Artigo 4.º | DotaçãoConstitui a dotação da Fundação uma universalidade

de bens composta por uma verba de € 50.000,00 (cinquen-ta mil euros), pelos bens e direitos dos jornais “A Voz do Domingo” e “O Mensageiro”, pelo imóvel sito na Avenida Marquês de Pombal, n.º 358, 1.º Esq. • 2410-152 Leiria (registado sob o artigo n.º 2675 fração C) e pelos bens de que venha a dispor no futuro, meios estes considerados

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suficientes para atingir os fins propostos (cânones 114, §3 e 115, §3).

Artigo 5.º | Regime patrimonial e financeiro1. Em tudo o que diz respeito a administração dos bens

temporais, sua alienação, vontades pias, fundações pias, orçamento, contas, livros e arquivos, aplicam-se a esta Fundação as disposições relativas as associações de fiéis, com as devidas adaptações a sua natureza de fundação au-tónoma.

2. Para obrigar a Fundação são necessárias e bastantes as duas assinaturas conjuntas do Diretor e do Ecónomo.

3. Nos atos de mero expediente, basta a assinatura do Diretor.

Capítulo IIIGoverno da Fundação

Artigo 6.º | Órgãos de governo1. São órgãos de governo da Fundação: a Direção,

constituída pelo Diretor e pelo Ecónomo, e o Conselho Económico, constituído por dois conselheiros.

2. Todos os cargos são providos por livre colação do Bispo de Leiria-Fátima, pelo período de três anos, prorro-gáveis (cânone 115, §3).

Artigo 7.º | Competências do DiretorCompete ao Diretor gerir a Fundação, incumbindo-lhe

designadamente:a) administrar os bens da Fundação, salvo o direito do

Ordinário de intervir, em caso de negligência do Di-retor (cânone 1279, §1);

b) submeter ao parecer do Conselho Económico e a aprovação do Bispo da Diocese o relatório de contas da gerência, bem como o orçamento e programa de ação para o ano seguinte;

c) assegurar a organização e funcionamento dos ser-viços, podendo mesmo fazer regulamentos internos atinentes;

d) organizar o quadro do pessoal e contratar e gerir os respetivos titulares;

e) zelar pelo cumprimento da lei, dos Estatutos e das deliberações dos órgãos da Fundação;

f) aplicar com segurança e rendimento os capitais da Fundação;

g) com licença prévia do Ordinário Diocesano, dada por escrito, propor e contestar ações judiciais necessárias para a defesa dos direitos da Fundação (cânone 1288);

h) aceitar heranças, legados e doações nos termos das Normas Gerais das Associações de Fiéis e destes Es-tatutos;

i) rubricar os livros de escrituração da Fundação e la-vrar os respetivos termos de abertura e encerramento;

j) assinar as ordens de pagamento e as guias de cobran-ça das receitas;

k) superintender no arquivo;l) fazer toda a escrituração própria do seu cargo;m) exercer todas as outras atribuições previstas na lei.

Artigo 8.º | Competências do EcónomoCompete ao Ecónomo colaborar com o Diretor na ges-

tão da Fundação, designadamente:

a) substituir e representar o Diretor, nas faltas e impe-dimentos deste;

b) ter a sua guarda os livros e registos de escrituração da Fundação e assegurar a escrituração dos mesmos nos termos da lei e dos Estatutos;

c) executar os pagamentos autorizados e assinar as guias de cobrança das receitas;

d) arrecadar as receitas da Fundação e fazer os devidos pagamentos;

e) preparar anualmente o relatório de contas da gerên-cia;

f) preparar, sob orientação do Diretor, o orçamento para o ano seguinte;

g) fazer toda a escrituração própria do seu cargo;h) exercer as tarefas de administração ordinária que lhe

forem atribuídas pelo Diretor.

Artigo 9.º | Conselho Económico1. O Diretor e o Ecónomo serão auxiliados na adminis-

tração por dois conselheiros ou assessores (cânone 1280), providos por livre colação do Bispo de Leiria-Fátima, pelo período de três anos prorrogáveis.

2. Ao Conselho Económico compete:a) uma função fiscalizadora sobre o património da Fun-

dação;b) velar pelo cumprimento da lei e dos Estatutos, no-

meadamente no que diz respeito a aquisição, admi-nistração e alienação dos bens temporais;

c) fiscalizar a escrituração e documentos da Fundação, sempre que o julgue conveniente;

d) dar parecer escrito sobre o relatório, contas e orça-mento;

e) dar parecer sobre todos os assuntos que o Diretor submeter a sua apreciação;

f) exercer todas as demais atribuições previstas na lei e auxiliar o Diretor no exercício do seu múnus (cânone1280).

Artigo 10.º | RemoçãoPor causa justa, o Diretor, o Ecónomo e os membros do

Conselho Económico podem ser removidos pelo Bispo de Leiria-Fátima, após audiência prévia.

Artigo 11.º | RemuneraçõesO Diretor, o Ecónomo e os Conselheiros podem ter re-

munerações pelo exercício das suas funções, com o con-sentimento do Bispo de Leiria-Fátima, a quem compete fixar essa remuneração.

Artigo 12.º | PessoalA Fundação terá um quadro de pessoal suficiente para a

prossecução dos seus fins, tendo os trabalhadores os direi-tos e as obrigações indicadas nas leis laborais civis (cânone 1286).

Artigo 13.º | Modo de atuar1. No que respeita aos procedimentos e atos e ao modo

de atuar, a Fundação tomará em consideração as regras próprias das associações de fiéis, interpretadas com equi-dade canónica, bem como o estabelecido nestes Estatutos e em regulamentos aprovados pelo Bispo de Leiria-Fátima.

2. Os atos de governo da Fundação obedecerão aos

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princípios da legalidade canónica, do respeito pelo bem público eclesial, da proteção dos direitos e interesses dos fiéis, da igualdade e proporcionalidade, da justiça e impar-cialidade, da boa fé, da desburocratizarão e da eficiência, atuando sempre em nome da Igreja Católica e no sentido da salvação dos fiéis.

Artigo 14.º | Legal representante1. A Fundação é representada, em juízo e fora dele, pelo

seu Diretor, que age em nome da Fundação e não em nome próprio (cânone 118).

2. São nulos todos os atos do Diretor que careçam de licença do Bispo de Leiria-Fátima, no caso de esta não ser obtida previamente (Artigo 11, §2 da Concordata entre a Santa Sé e a República Portuguesa de 2004 e os cânones 1296, 1297 e 1298 do Código de Direito Canónico).

Capítulo IV

Artigo 15.º | Extinção da Fundação1. A Fundação é perpétua, por natureza, mas extingue-

se se for suprimida pelo Bispo de Leiria-Fátima ou se dei-xar de atuar pelo espaço de cem anos (cânone 120, §1).

2. Extinta a Fundação, os seus bens e direitos patrimo-niais transferem-se para a Diocese de Leiria-Fátima, res-salvando-se sempre a vontade de oferentes e os direitos adquiridos (cânone 123).

Nomeação do Conselho PresbiteralRef.ª: BD2013A-003

António Augusto dos Santos Marto, Bispo da Diocese de Leiria-Fátima, faz saber quanto segue:

O Conselho Presbiteral, órgão de corresponsabilidade representativo de todo o presbitério diocesano, desempe-nha um papel importante no auxílio ao Bispo diocesano na promoção do bem pastoral do povo de Deus que lhe foi confiado (cf. can. 495, § 1).

Tendo terminado o mandato dos membros que cons-tituíam este órgão de corresponsabilidade, nos termos do can. 501 § 1, nomeio o novo Conselho Presbiteral, cons-tituído, de acordo com o Art.º 4.º dos Estatutos, pelos se-guintes presbíteros:

Membros natos:P. Dr. Jorge Manuel Faria Guarda (§1, 1)P. Dr. Fernando Clemente Varela (§1, 2)P. Dr. Manuel Armindo Pereira Janeiro (§1, 3)P. Doutor Carlos Manuel Pedrosa Cabecinhas (§1, 4)Cón. Doutor Américo Ferreira (§1, 5)P. Dr. Adelino Filipe Guarda (§1, 6)

Membros eleitos:P. José Marques dos Reis (Vigararia Batalha) (§2, 1)P. Dr. Orlandino Barbeiro Bom (Vigararia Colmeias) P. Mário de Almeida Verdasca (Vigararia Fátima) P. Dr. Marco Paulo da Silva Brites (Vigararia Leiria) P. Dr. Marcelo Cavalcante de Moraes (Vigararia Ma-

rinha Grande)

P. Filipe da Fonseca Lopes (Vigararia Milagres) P. Dr. David Nogueira Ferreira (Vigararia Monte Real)P. Dr. David Rodrigues Barreirinhas (Vigararia Ourém) P. Dr. Leonel Vieira Baptista (Vigararia Porto de Mós)P. Dr. Francisco José dos Santos Pereira (§2, 2)P. Dr. Manuel Henrique Gameiro de Jesus (§2, 3)P. Adelino Rodrigues Ferreira (§2, 4)P. Eugénio Butti (§2, 5)P. Pedro Lourenço Ferreira (§2, 5)

Leiria, 11 de janeiro de 2013† António Augusto dos Santos Marto,Bispo de Leiria-Fátima

Cáritas Diocesana de LeiriaRef.ª: BD2013A-004

António Augusto dos Santos Marto, Bispo da Diocese de Leiria-Fátima, faz saber quanto segue:

Sendo necessário constituir novos corpos sociais da Cáritas Diocesana de Leiria, para o triénio 2013-2015, no-meamos os seguintes elementos:

DireçãoPresidente: Dr. Júlio Coelho MartinsVice-Presidente: Dr.ª Margarida Maria Oliveira Fa-

ria Marques RamosSecretária: Mercês Amado Monteiro dos SantosTesoureiro: Dr. Gonçalo de Sousa MarquesVogais: Artur Silva Henriques, Joaquim Madaíl

Brilhante Pedrosa, Eng.º Joaquim da Silva Car-valho, Dr. Lúcio Manuel Santos Ribeiro Alves, Dr. Manuel Nogueira Gonçalves dos Santos, Maria Helena de Sousa Lopes Melo

Conselho FiscalPresidente: Dr. Nuno José Mirante AlvesVogais: Carlos Pereira Mendes, Henrique Dias da

SilvaAssistente: P. Joaquim de Almeida Baptista

Estes cargos devem ser exercidos de acordo com os Es-tatutos, respeitando as normas diocesanas e as orientações do Bispo diocesano.

Leiria, 24 de janeiro de 2013† António Augusto dos Santos Marto,Bispo de Leiria-Fátima

6 | LEIRIA-FÁTIMA | Ano XXI | N.º 53 | 31 Dezembro 2013 |

Reconhecimento e Ereção Canónica da Comunidade Cenáculona Diocese de Leiria-Fátima

Ref.ª: BD2013A-005D. António Augusto dos Santos Marto, Bispo da

Diocese de Leiria-Fátima, faz saber quanto segue:1. A Comunidade Cenáculo, com sede na cidade e

diocese de Saluzzo (Itália), na Via San Lorenzo 35, é uma associação privada internacional de fiéis, reconhecida pelo Conselho Pontifício para os Leigos, com decreto de 16 de julho de 2009, com personalidade jurídica canónica e estatutos aprovados; neles se definem como finalidades da associação “a santificação pessoal dos seus membros” e “o acolhimento, ajuda e promoção de quantos se encontram em situação de desorientados e com carências físicas ou morais e estejam a procura de um sentido para a vida, pro-pondo-lhes de modo explícito um caminho humano e cris-tão”.

2. A fundadora e presidente da mencionada Comunida-de, Rita Petrozzi, também conhecida como Madre Elvira, depois de reuniões com o Bispo Diocesano e o Vigário Ge-ral, em que lhes deu a conhecer o carisma, os objetivos, as atividades e a difusão da associação, requereu, em 22 de dezembro de 2012, que a mesma seja reconhecida e au-torizada a abrir casa e a desenvolver as suas atividades na diocese de Leiria-Fátima, onde já adquiriu uma proprieda-de no lugar de Montelo, freguesia de Fátima, concelho de Ourém. Em 2 de janeiro de 2013, pediu autorização para a conservação do Santíssimo Sacramento no oratório da nova casa da Comunidade.

3. A Comunidade Cenáculo tem a sua sede na Rua Vis-conde, no lugar de Montelo, freguesia de Fátima, concelho de Ourém.

4. Assim, considerando tudo o que acima se mencio-nou, as informações recolhidas e que o testemunho de vida e o trabalho de recuperação de pessoas carenciadas do pon-to de vista físico, moral e espiritual da dita Comunidade é de interesse pastoral para esta Igreja Particular;

5. Em conformidade com o espírito e os termos dos câ-nones 299 § 3, 323 e 934:

a) reconhece neste diocese de Leiria-Fátima a Comuni-dade Cenáculo como associação privada internacio-nal de fiéis e a sua missão nos termos dos respetivos estatutos;

b) concede-lhe personalidade jurídica canónica;c) autoriza a celebração, conservação e veneração da

Santíssima Eucaristia no oratório da Comunidade. 6. A associação, na sua atuação nesta diocese de

Leiria-Fátima, empenhar-se-á em manter viva a comunhão e colaboração com esta Igreja Particular, na diversidade e complementaridade dos seus serviços, movimentos e instituições. Assim, além das normas canónicas e dos pró-prios Estatutos, observará as orientações pastorais do Bis-po diocesano e desenvolverá as ações apostólicas próprias com o seu conhecimento e aprovação.

7. Este decreto entra imediatamente em vigor.

Leiria, 30 de janeiro de 2013† António Augusto dos Santos Marto,Bispo de Leiria-Fátima

Reconhecimento e Ereção Canónica da Comunidade Papa João XXIIIna Diocese de Leiria-Fátima

Ref.ª: BD2013A-006D. António Augusto dos Santos Marto, Bispo da

Diocese de Leiria-Fátima, faz saber quanto segue:1. A Comunidade Papa João XXIII, fundada pelo Pa-

dre Oreste Benzi, com sede na cidade de Rimini (Itália), na Via Mameli, n. 1, é uma associação privada internacional de fiéis, reconhecida pelo Conselho Pontifício para os Lei-gos, com decreto de 25 de março de 2004, com personali-dade jurídica canónica e estatutos aprovados. Neles se defi-nem como finalidades da associação “ajudar os associados a realizar a sua vocação específica”, “viver e promover a partilha direta com os mais carenciados” e “trabalhar, de maneira não violenta em conformidade com a Doutrina So-cial da Igreja, para remover as causas que criam injustiças e marginalização” (art. 3).

2. O Responsável Geral da mencionada Comunidade, Giovanni Ramonda, após contactos e reuniões com o Bis-po Diocesano e o Vigário Geral, em que lhes deu a co-nhecer o carisma, os objetivos, as atividades e a difusão da associação, requereu, em 4 de fevereiro de 2013, que a mesma seja reconhecida e autorizada a abrir casa e a de-senvolver as suas atividades na diocese de Leiria-Fátima, onde já existe uma sua “casa-família” em Fátima, visitada e abençoada pelo bispo diocesano.

3. Assim, considerando tudo o que acima se mencio-nou, as informações recolhidas e que as finalidades e ativi-dades apostólicas e caritativas da associação são de interes-se pastoral para esta Igreja Particular;

4. Em conformidade com o espírito e os termos dos câ-nones 299 § 3 e 323 do Código de Direito Canónico:

a) reconhece nesta diocese de Leiria-Fátima a referida associação privada internacional de fiéis com o nome de Comunidade Papa João XXIII - Portugal e a sua missão nos termos dos respetivos estatutos;

b) concede-lhe personalidade jurídica canónica.5. A Comunidade Papa João XXIII - Portugal tem a sua

sede na Estrada da Moita, n. 144, 2495-651 Fátima, conce-lho de Ourém. O seu responsável legal é Matteo Vignato, que foi nomeado pelo Responsável Geral.

6. A associação, na sua atuação nesta diocese de Leiria-Fátima, empenhar-se-á em manter viva a comunhão e colaboração com esta Igreja Particular, na diversidade e complementaridade dos seus serviços, movimentos e instituições. Por isso, além das normas canónicas e dos próprios Estatutos, observará as orientações pastorais do Bispo diocesano e desenvolverá as ações apostólicas pró-prias com o seu conhecimento e aprovação.

7. Este decreto entra imediatamente em vigor.

Leiria, 27 de fevereiro de 2013† António Augusto dos Santos Marto,Bispo de Leiria-Fátima

| LEIRIA-FÁTIMA | Ano XXI | N.º 53 | 31 Dezembro 2013 | 7

Reconhecimento e Ereção Canónica da Ordem Basiliana de São Josafat na Diocese de Leiria-Fátima

Ref.ª: BD2013A-007D. António Augusto dos Santos Marto, Bispo da

Diocese de Leiria-Fátima, faz saber quanto segue:1. A Ordem Basiliana de São Josafat, aprovada pelo

Papa Urbano VIII em 1631, com sede geral em Roma (Itá-lia), na Via San Giosafat, 8 (Aventino), é uma congregação religiosa da tradição bizantina, de direito pontifício, com personalidade jurídica canónica e Estatuto aprovado pela Congregação para as Igrejas Orientais, com data de 18 de julho de 2009. No Estatuto, define-se como objetivo es-pecífico da Ordem “dedicar-se a vida contemplativa e aos Louvores Divinos, exercer atividades pastorais de vários tipos, defender e fortalecer a unidade entre os cristãos e dispor de pessoal preparado e consagrado ao serviço da Igreja de Cristo” (n. 2 § 2).

2. O Superior Geral (Protoarquimandrita) da men-cionada Ordem, Padre Genésio Viomar, após contactos e reuniões com o Bispo Diocesano e o Vigário Geral, re-quereu, em 12 de março de 2013, que a mesma seja reco-nhecida e dotada de personalidade canónica na diocese de Leiria-Fátima, onde, desde 2008, sacerdotes da dita Ordem exercem o ministério pastoral em favor dos emigrantes ucranianos, no Serviço de Apoio Pastoral a Mobilidade e noutras áreas.

3. Assim, considerando tudo o que acima se mencio-nou, o serviço pastoral desempenhado pelos padres basilia-nos e que os objetivos da Ordem são de interesse pastoral para esta Igreja Particular:

a) Em conformidade com o cân. 114 do Código de Di-reito Canónico reconhece nesta diocese a Ordem Basiliana de São Josafat, concedendo-lhe persona-lidade jurídica canónica, comunicando o facto, nos termos dos artigos 9.º. 2) e 10.º. da Concordata entre a Santa Sé e a República Portuguesa (18/5/2004), ao competente organismo do Estado para efeitos de con-cessão da personalidade civil;

b) Em conformidade com o espírito e os termos do câ-nones 609 e 611 do Código de Direito Canónico, dá o seu consentimento para a ereção canónica nesta diocese duma casa da Ordem Basiliana de São Jo-safat, com sede na Casa de Santa Ana, Santuário de Fátima, concelho de Ourém.

4. Na sua atuação na diocese de Leiria-Fátima, os sacer-dotes basilianos empenhar-se-ão, de acordo com o espírito e os termos dos cânones 678, 680 e 681, em manter viva a comunhão e colaboração com esta Igreja Particular, na diversidade e complementaridade dos seus serviços, movi-mentos e instituições. Por isso, além das normas canónicas, do próprio Estatuto e da Convenção estabelecida entre o Superior Geral e o Bispo diocesano, observarão as orien-tações pastorais deste e desenvolverão as ações pastorais com o seu conhecimento e aprovação.

5. Este decreto entra imediatamente em vigor.

Leiria, 25 de março de 2013† António Augusto dos Santos Marto,Bispo de Leiria-Fátima

Comunicado sobre os jornais da Diocese de Leiria-Fátima

Ref.ª: BD2013E-001A Diocese de Leiria-Fátima vai unir os seus dois jor-

nais num único órgão escrito de comunicação. Os títulos A Voz do Domingo e O Mensageiro serão remodelados no sentido de convergir para um novo projeto editorial, num único título. A informação escrita da Diocese passará a ser divulgada por meio de um só jornal, que congregará os es-forços dos atuais.

Esta decisão do Bispo de Leiria-Fátima, coincidente com a posição de diversos órgãos consultivos da Diocese, ouvidos para o efeito, foi tomada na sequência de um pro-cesso de reflexão que, desde há 25 anos, vem pondo em causa a coexistência de dois meios de imprensa escrita ao serviço da Diocese.

O elevado défice anual de ambos os jornais, na atual situação de dificuldades económicas que afetam as comu-nidades cristãs, não permite dispersar recursos financeiros e humanos numa tarefa que pode ser realizada de forma mais sustentável.

Perante a urgente necessidade de redefinição das priori-dades, foi decidido ainda abandonar a vertente de jornalis-mo regionalista, que não é tarefa específica das estruturas da Igreja, para centrar a informação da Diocese no campo religioso e eclesial, privilegiando perspetivas cristãs na abordagem aos acontecimentos sociais.

O objetivo desta opção é conseguir maior qualidade no serviço informativo relativo a vida das comunidades cristãs, garantindo a sua viabilidade económica. Com esta remodelação, que acompanha um esforço adicional por melhorar o serviço informativo na internet, pretende-se reunir num novo título o melhor da histórica experiência dos atuais jornais.

A passagem dos dois títulos atuais para o novo ocorrerá no final do próximo mês de maio. Oportunamente serão dadas informações adicionais sobre este projeto editorial.

Leiria, 12 de abril de 2013Vítor Coutinho,Diretor do Gabinete de Informação e Comunicaçãoda Diocese de Leiria-Fátima

Conselho Pastoralda Paróquia de Rio de Couros

Refª: BD2013A-009António Augusto dos Santos Marto, Bispo da Diocese

de Leiria-Fátima,O reverendo padre David Rodrigues Barreirinhas, na

qualidade de pároco, em seu requerimento de 13 de maio de 2013, solicitou-nos a instituição do Conselho Pastoral da Paróquia de Rio de Couros e a aprovação dos respetivos Estatutos, que nos foram apresentados.

Atendendo ao seu requerimento e verificando que os re-feridos Estatutos estão conformes as normas canónicas e a legislação diocesana, e exprimem as orientações pastorais que visam a renovação da vida cristã de toda a Diocese,

8 | LEIRIA-FÁTIMA | Ano XXI | N.º 53 | 31 Dezembro 2013 |

HAVEMOS POR BEM instituir o CONSELHO PAS-TORAL DA PARÓQUIA DE RIO DE COUROS, e apro-var, a título experimental, os seus Estatutos, pelos quais se há-de reger no futuro.

Para maior eficácia pastoral, após o prazo de três anos, os Estatutos agora aprovados deverão ser revistos e atuali-zados, tirando proveito da experiência vivida na paróquia e da evolução que nela se verificar.

O dito Conselho, após a sua constituição nos termos dos Estatutos, ser-nos-á apresentado para a nomeação dos respetivos membros.

Esperando que o novo Conselho Pastoral contribua efi-cazmente para a necessária renovação da vida de toda a comunidade paroquial, enviamos a todos os seus elemen-tos a nossa bênção pastoral.

Leiria, 12 de junho de 2013† António Augusto dos Santos Marto,Bispo de Leiria-Fátima

ESTATUTOS DO CONSELHO PASTORAL PAROQUIAL

DE RIO DE COUROS

PREÂMBULO1. O Conselho Pastoral Paroquial (CPP) é um espa-

ço significativo de participação na acção eclesial da pa-róquia, pois, o ‘aconselhamento na Igreja’ em vista do discernimento comum para o serviço do evangelho não é facultativo, mas necessário e fundamental, em ordem ao caminho a percorrer e as escolhas pastorais a realizar.

2. O CPP é um âmbito imprescindível da colaboração entre presbíteros, diáconos, religiosos e leigos; é um instru-mento tipicamente eclesial cuja natureza assenta no direito/dever de todos os baptizados a participação corresponsável e na eclesiologia de comunhão.

3. O CPP tem um duplo significado: por um lado, re-presenta a imagem da fraternidade e da comunhão de toda a comunidade paroquial, da qual é expressão em todas as suas componentes; por outro lado, é o instrumento da co-mum decisão pastoral, onde o ministério da presidência, próprio do pároco, e a corresponsabilidade de todos os fiéis, devem encontrar a sua síntese.

4. Fundamental para a realização de uma verdadei-ra comunhão paroquial capaz de fazer do CPP autêntico sujeito de acção eclesial é o papel do pároco: a ele como pastor próprio da paróquia, está confiado o ministério da presidência, não como modalidade exaustiva de toda a ac-ção pastoral, mas como missão de guia da comunidade na realização de uma comunhão de vocações, ministérios e carismas e na caracterização e actuação das linhas do pro-jecto pastoral.

5. Todos os fiéis, em virtude da sua incorporação na Igreja estão habilitados a participar realmente e a construir, dia-a-dia, a comunidade, por isso, o seu contributo é pre-cioso e imprescindível.

6. O CPP é sujeito unitário das deliberações que dizem respeito a vida da comunidade, ainda que se caracterizem por uma presença diversificada do pároco e dos outros fiéis. Fala-se do CPP como órgão consultivo, mas só em termos analógicos; com efeito, o carácter consultivo en-

tende-se, não segundo a linguagem comum, mas no justo sentido eclesial. Com efeito, o pároco, que preside, faz par-te do Conselho e a sua tarefa consiste fundamentalmente, na promoção de uma síntese harmónica entre as diversas posições, exercendo a sua função e responsabilidade.

7. Poderá acontecer uma eventual não aceitação, pelo pároco, de um parecer expresso por larga maioria dos conselheiros; tal, porém, só deverá dar-se em casos muito excepcionais e em questões de clara relevância pastoral, que envolvam a consciência do pároco; ainda assim, a ‘não aceitação’ será sempre explicada ao próprio Conselho.

8. No caso de fortes divergências será bom reservar uma decisão para um momento de maior convergência, convi-dando todos a uma reflexão mais amadurecida e serena. Em casos de urgência, será oportuno apelar a autoridade supe-rior, que ajudará a caracterizar e descobrir a melhor solução.

CAPÍTULO IINSTITUIÇÃO, NATUREZA E COMPETÊNCIA

Artigo 1.º - Criação, duração e regime1. De acordo com a recomendação do cânone 536 §1

do Código de Direito Canónico, é constituído, com a apro-vação episcopal e por tempo indeterminado, o Conselho Pastoral da Paróquia de Rio de Couros.

2. O CPP rege-se pelos presentes Estatutos, bem como pelas normas estabelecidas sobre o assunto no direito geral ou diocesano.

Artigo 2.º - Natureza e fins1. O CPP é um órgão representativo de toda a paró-

quia (cfr. cânone 536 § 2), em que os membros da co-munidade – clérigos religiosos e leigos - exercem a sua corresponsabilidade relativamente a acção pastoral da Igreja, no âmbito da paróquia.

2. Constitui, por isso, o seu órgão principal de participa-ção e de diálogo, com o fim específico de ajudar o Pároco:

a) a despertar todos os membros para a missão comum;b) a unir e a integrar na comunidade os vários centros

de culto e de vida cristã, assim como os diversos serviços, movimentos e grupos que compõem a paróquia;

c) a elaborar o plano pastoral da paróquia e a fomentar uma actuação coordenada de todos os sectores;

d) a informar o Bispo da Diocese sobre a real situação da comunidade;

e) a formar e escolher os elementos mais competentes para os serviços pastorais;

f) a ver as realidades pastorais da vida paroquial ou zonal;g) a rever periodicamente a acção pastoral, em renova-

ção permanente.

CAPÍTULO IICOMPOSIÇÃO E MANDATO

Artigo 3.º - ComposiçãoO CPP é presidido pelo Pároco e tem a seguinte com-

posição:a) os presbíteros ou diáconos ligados de maneira está-

vel e definida a vida da paróquia;b) representantes de cada um dos seguintes organis-

mos e serviços paroquiais: um Conselho para os Assuntos Económicos, um do Centro Social e Paroquial de Rio de

| LEIRIA-FÁTIMA | Ano XXI | N.º 53 | 31 Dezembro 2013 | 9

Couros, um da Equipa da Pastoral Vocacional, um da Equipa da Pastoral Sociocaritativa, um Equipa da Pastoral Juvenil; dois do Secretariado Paroquial da Liturgia, dois da Catequese Paroquial e um casal da Equipa da Pastoral Familiar;

c) um representante de cada centro de culto e de vida cristã da paróquia, a saber: Rio de Couros, Carvalhal, Casal do Ribeiro e Sandoeira;

d) outros membros da paróquia directamente designa-dos pelo Pároco, tendo em conta os critérios da compe-tência, em número não superior a um quarto do total dos membros referidos nas alíneas anteriores.

Artigo 4.º - Modo de designaçãoA designação dos membros do CPP referidos nas alí-

neas b - c do artigo anterior é feita por eleição das entida-des que vão representar.

Artigo 5.º - Requisitos básicos para a designação ou escolha1. São designáveis para o CPP as pessoas que, cumu-

lativamente:a) estejam em plena comunhão com a Igreja;b) dêem testemunho de vida cristã;c) residam na paróquia ou nela tenham algum trabalho

pastoral há, pelo menos, um ano;d) tenham completado 16 anos de idade.2. Na escolha dos membros do mesmo Conselho devem

ser tidos em consideração ainda os seguintes critérios:- a equilibrada participação de ambos os sexos e de di-

versos escalões etários;- representação dos vários sectores socioprofissionais.3. A mesma pessoa não poderá representar mais do que

um organismo, movimento, serviço, sector, zona ou lugar.Artigo 6.º - Renovação e duração do mandato

1. A nomeação do CPP é feita pelo Bispo da Diocese.2. O mandato dos membros do CPP, indicados no arti-

go 3.º, alínea a, tem a duração do respectivo exercício de funções na paróquia.

3. O mandato dos restantes membros tem a duração de três anos, que pode ser renovado.

Artigo 7.º - Extinção do mandato1. O mandato dos membros do CPP extingue-se:a) por renúncia, aceite pelo Pároco;b) por exoneração.2. São causas de exoneração:a) a incapacidade de facto;b) a perda de alguns dos requisitos indicados no artigo

5.º;c) sendo membro representante, o facto de ter deixado

de pertencer a entidade que representa ou de por ela lhe ser retirada a representação;

d) a falta a duas reuniões sucessivas sem motivo justi-ficado.

3. A deliberação de exoneração pertence ao Conselho e exige a maioria de dois terços dos votos dos seus membros, ouvida previamente a pessoa em causa.

Artigo 8.º - Preenchimento de vagas1. As vagas que ocorrem no CPP serão preenchidas em

conformidade com o artigo 4.º.2. As novas designações terão lugar no prazo de trinta

dias a contar da abertura da vaga.

3. O mandato dos novos membros a que o presente ar-tigo se refere durará pelo tempo que faltar para completar o triénio em curso.

Artigo 9.º - Renovação do ConselhoQuando se tiver de proceder a renovação do CPP a de-

signação dos novos membros será feita em tempo conve-niente antes de expirar o mandato dos anteriores, os quais, todavia, só cessarão as suas funções quando os novos membros tomarem posse, o que deve acontecer no prazo de um mês após o termo do seu mandato.

CAPÍTULO IIIORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO

Artigo 10.º - O Conselho em plenário1. O CPP é presidido, por direito próprio, pelo Pároco

(cfr. cânone 536 §1) ou, no seu impedimento, por um dele-gado, membro do Conselho.

2. O Conselho tem um secretário, eleito de entre os seus membros, a quem compete secretariar as reuniões.

3. O Conselho reúne-se, ordinariamente, pelo menos quatro vezes por ano, por convocação do seu presidente, e, extraordinariamente, sempre que este o julgue necessário ou a pedido de dois terços dos seus membros.

4. Cada reunião do Conselho terá uma ordem de traba-lhos enviada a todos os seus membros com a antecedência mínima de quinze dias.

5. Para a validade das reuniões do Conselho requer-se a presença de metade mais um dos seus membros.

6. As votações do Conselho serão de natureza consulti-va, excepto as que se referem a exoneração dos seus mem-bros ou os assuntos que digam respeito ao próprio funcio-namento do Conselho, nomeadamente a eleição do secre-tário e do vogal, ou vogais, do Secretariado Permanente.

7. De cada reunião será lavrada acta, que será submeti-da a aprovação do Conselho na reunião seguinte e, depois de aprovada, subscrita pelo secretário e pelo presidente.

8. Em matéria sobre a qual deva consultar o Conselho, o Pároco deve ter na devida conta o parecer do mesmo Conselho e, quando tiver de decidir de forma diferente, deve, na medida do possível, dar as razões da sua decisão.

Artigo 11.º - Secretariado permanente1. O CPP tem, como serviço de apoio, um Secretariado

Permanente de que fazem parte o presidente e o secretário e, pelo menos, um vogal eleito pelo Conselho.

2. Compete ao Secretariado Permanente:a) preparar a agenda das reuniões do Conselho;b) providenciar pelo cumprimento das decisões do Pá-

roco ou do Conselho na sequência das votações deste, a teor dos números 6 e 8 do artigo l0.º;

c) assegurar o expediente do Conselho;d) em caso de urgência e dificuldade de reunir o Con-

selho, pronunciar-se em matéria da competência deste, de-vendo, contudo, submeter as posições tomadas a sua ratifi-cação na primeira reunião que se seguir.

3. Dirige as reuniões do Secretariado Permanente o pre-sidente do Conselho, ou, no seu impedimento, o membro do Conselho que ele designar para o efeito.

4. O Secretariado Permanente reúne-se pelo menos uma vez por mês.

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5. As posições tomadas constarão da acta que, depois de aprovada, por minuta, no termo de cada reunião, será subscrita pelo secretário e pelo presidente.

Artigo 12.º - Grupos ocasionais de trabalhoPara estudo ou execução de tarefas determinadas, o

CPP pode constituir grupos ocasionais de trabalho.Estes grupos serão compostos por membros do CPP e,

se for útil, por outras pessoas, cabendo a presidência a um daqueles membros.

CAPÍTULO IVDISPOSIÇÕES FINAIS

Artigo 13.º - Resolução de conflitosQualquer conflito que surja no âmbito do CPP deve

ser resolvido em diálogo pelos membros do Conselho, se necessário, com a ajuda do Vigário da vara e, em último recurso, pelo Bispo da Diocese.

Artigo 14.º - Alterações dos EstatutosQualquer alteração aos presentes Estatutos terá de ser

aprovada pelo Bispo da Diocese. A alteração só lhe pode ser proposta mediante o voto conforme de, pelo menos, dois terços dos membros do Conselho.

Artigo 15.º - Dissolução do ConselhoO Conselho Pastoral Paroquial só pode ser dissolvido

pelo Bispo da Diocese.

Rio de Couros, 13 de Maio de 2013P. David Rodrigues BarreirinhasPároco de Rio de Couros

Nomeações em junho de 2013Ref.ª: BD2013E-002

O Bispo de Leiria-Fátima, Senhor D. António Marto, torna públicas as seguintes nomeações:

O P. Dr. José Augusto Pereira Rodrigues é nomeado Reitor do Seminário Diocesano de Leiria e Diretor do Centro Pastoral Diocesano. Mantém as funções de Diretor do Departamento de Pastoral Familiar, Diretor do Serviço de Pastoral da Saúde e Assistente Pastoral da Escola de Formação Social Rural de Leiria. Deixa as funções de Vi-gário Paroquial de Leiria e da Cruz da Areia.

O Doutor Marco Daniel Carrola Duarte é nomeado Diretor do Departamento de Património Cultural e passa a integrar o Conselho de Coordenação Pastoral. O Doutor Mar-co Daniel Duarte é Diretor do Museu do Santuário de Fátima e responsável pela Secção de Arte e Património do mesmo Santuário. E licenciado em História, doutorado em História da Arte e membro da Academia Portuguesa da História.

O Doutor Pedro Miguel Dusabamahoro Valinho Go-mes é nomeado Diretor do Centro de Formação e Cultura e passa a integrar o Conselho de Coordenação Pastoral. O Doutor Pedro Gomes é assessor na Postulação Francisco e Jacinta Marto e docente no Instituto Politécnico de Leiria. E licenciado em Teologia e Doutorado em Filosofia.

O P. Dr. Manuel Henrique Gameiro de Jesus é no-meado Ecónomo do Seminário Diocesano, Diretor do

Pré-Seminário, Diretor do Centro de Apoio ao Ensino Su-perior e Assistente Diocesano do Movimento Católico de Estudantes. Acumula com as funções de Diretor do Servi-ço Diocesano de Pastoral Juvenil e Assistente Diocesano do Movimento dos Convívios Fraternos. Deixa o serviço pastoral nas capelanias militares da Base Aérea de Monte Real e do Regimento de Artilharia de Leiria e o serviço de Capelão do Mosteiro de Santa Clara, em Monte Real.

O P. Isidro da Piedade Alberto é nomeado Pároco de Amor. Acumula com a paroquialidade de Regueira de Pon-tes e com as funções de Assistente Regional da Associação Católica de Enfermeiros e Profissionais de Saúde – Dire-ção Regional de Leiria.

O P. Dr. André Antunes Batista é nomeado Pároco de Azoia e de Barosa. Passa também a integrar a equipa do Centro de Apoio ao Ensino Superior e a do Pré-Seminário. Deixa as funções de Diretor do Pré-Seminário e de Ecónomo do Seminário Diocesano. Continua como Responsável das Celebrações Diocesanas e Mestre de Cerimónias da Diocese.

O P. Dr. Manuel Armindo Pereira Janeiro é nomeado Pároco de Nossa Senhora da Piedade, em Ourém. Deixa as funções de Reitor do Seminário Diocesano, Diretor do Centro de Formação e Cultura e Diretor do Departamento de Património Cultural.

O Dr. Carlos Manuel Magalhães de Carvalho foi nomeado, por mandato do Senhor Bispo de Leiria-Fátima, Diretor do jornal diocesano “Presente Leiria-Fátima”. O Dr. Magalhães de Carvalho é licenciado em Direito, exerce advocacia e colabora com diversos serviços e instituições diocesanos.

O P. António da Piedade Bento é dispensado, a seu pedido da paroquialidade de Nossa Senhora da Piedade, em Ourém, passando a situação de jubilado. E nomeado Capelão do Mosteiro de Santa Clara, em Monte Real, e colaborará pastoralmente na paróquia de Amor.

O P. Joaquim Domingues Gaspar, até 19.05.2013 Di-retor do jornal “A Voz do Domingo”, passa a situação de jubilado e continua a colaborar pastoralmente na paróquia de Monte Redondo.

O P. Manuel Pedrosa Melquíades é dispensado, a seu pedido, da paroquialidade de Amor, passando a situação de jubilado. Colaborará pastoralmente como Vigário Paro-quial na paróquia da Bajouca e de Carnide.

O P. Dr. Gonçalo Corrêa Mendes Teixeira Diniz é dis-pensado do serviço no Centro de Apoio ao Ensino Superior e deixa as funções de Assistente Diocesano do Movimento Católico de Estudantes, mantendo as outras tarefas para as quais está nomeado: Pároco de Leiria e da Cruz da Areia, Diretor do Departamento de Pastoral Juvenil e Escolar e do Serviço para o Ensino da Igreja nas Escolas, Docente no Centro de Formação e Cultura e Assistente Diocesano da Vida Ascendente – Movimento Cristão de Reformados.

O P. Jorge Domingues de Oliveira deixa a seu pedi-do, a paroquialidade de Azoia e de Barosa. Regressa para o serviço da Congregação dos Missionários Combonianos do Coração de Jesus.

As tomadas de posse serão no início do próximo ano pastoral.

Leiria, 13 de junho de 2013,Festa de Santo António de Lisboa.Vítor Coutinho, Chefe de Gabinete do Bispo Diocesano

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Decreto de Reconhecimento do Movimento Eclesial Mambré na Diocese de Leiria-Fátima

Ref.ª: BD2013A-010D. António Augusto dos Santos Marto, Bispo da

Diocese de Leiria-Fátima, faz saber quanto segue:1. O Movimento Eclesial Mambré, iniciado em 1983

por Maria Ángeles de los Rios Mora, é uma associação privada de fiéis, com estatutos aprovados e dotada de per-sonalidade jurídica canónica por decreto do Arcebispo de Madrid, com data de 27 de outubro de 1997 e confirmados por novo decreto de 14 de abril de 2009. Em Portugal, a mesma associação está reconhecida, aprovada e dotada de personalidade jurídica canónica por decreto do Patriarca de Lisboa, datado de 1 de março de 2006, e tem a sua sede na Rua Voz do Operário, lote 360, Bairro da Castelhana, 2695-569 São João da Talha.

2. Nos Estatutos definem-se como fins da associação “conseguir que os seus membros cheguem a ser mulheres e homens de Deus” e “pedras vivas da Igreja”; nesse senti-do, ela promove a “formação integral dos seus membros” através da escola de formação humano-espiritual “No-vahumanitas”, associação que é parte integrante do mes-mo Movimento e está-lhe subordinada (art. 3.º e 4.º).

3. A presidente do mencionado Movimento Eclesial Mambré, Maria Ángeles de los Rios Mora, após contactos e reuniões com o Bispo Diocesano e o Vigário Geral, em que lhes deu a conhecer os objetivos, as atividades e a difusão da associação, requereu, em 13 de junho de 2013, que a mesma seja reconhecida e autorizada a desenvolver as suas atividades na diocese de Leiria-Fátima, onde já existe um grupo de pessoas comprometidas e uma casa em Fátima.

4. O Movimento Eclesial Mambré e a Associação No-vahumanitas têm sede na Rua Moinhos da Fazarga, n. 100, 2495-445 Fátima, concelho de Ourém. Na Diocese de Leiria-Fátima foi indicada como responsável, Maria José Santos Pereira da Silva, e assistente eclesiástico, o padre Mário de Almeida Verdasca.

5. Assim, considerando tudo o que antes se mencionou e que as finalidades e atividades da associação são de inte-resse pastoral para esta Igreja Particular;

em conformidade com o espírito e os termos dos câno-nes 299 § 3, 305 § 2, 312 § 2 (por analogia), 323 e 325 do Código de Direito Canónico:

reconhece nesta diocese de Leiria-Fátima o Movi-mento Eclesial Mambré como associação privada de fiéis e a sua missão nos termos dos respetivos Estatutos.

Na sua atuação na diocese de Leiria-Fátima, a as-sociação empenhar-se-á em manter viva a comunhão e colaboração com esta Igreja Particular, na diversidade e complementaridade dos seus serviços, movimentos e instituições. Por isso, além das normas canónicas e dos próprios Estatutos, observará as orientações pastorais do Bispo diocesano e desenvolverá as suas ações apostólicas e formativas com o seu conhecimento e aprovação.

Este decreto entra imediatamente em vigor.

Leiria, 28 de junho de 2013† António Augusto dos Santos Marto,Bispo de Leiria-Fátima

Instituição da FundaçãoFrancisco e Jacinta Marto

Ref.ª: BD2013A-025António Augusto dos Santos Marto, Bispo da Diocese

de Leiria-Fátima, faz saber quanto segue:Sendo necessário um organismo que, em nome da

Diocese de Leiria-Fátima, coopere com a Postulação de Francisco e Jacinta Marto, havemos por bem:

1. Instituir canonicamente a “Fundação Francisco e Jacinta Marto”, como fundação autónoma, a qual é con-cedida personalidade jurídica canónica, e aprovar os res-petivos Estatutos, os quais são publicados em anexo ao presente Decreto.

2. Esta Fundação é instituída pela Diocese de Leiria-Fátima, tem a sua sede em Fátima (Rua de São Pedro, 9) e reger-se-á pelos respetivos Estatutos e pelo di-reito canónico e civil.

3. A Fundação dá continuidade e substituirá a antiga associação “Amigos de Fátima” e o “Secretariado dos Pastorinhos”, que tem funcionado na dependência da Pos-tulação de Francisco e Jacinta Marto.

4. Para o governo da Fundação são nomeados:Diretora: Ir.ª Dr.ª Ângela de Fátima Coelho Rocha

Pereira da Silva1.º Conselheiro: P. Doutor Vítor Manuel Leitão Coutinho2.º Conselheiro: P. Doutor Carlos Manuel Pedrosa Cabe-

cinhas5. Este Decreto constitui título suficiente para efeitos

de participação a Autoridade Civil competente para o reco-nhecimento, por parte do Estado Português, da personali-dade jurídica civil da Fundação.

6. Este Decreto entra imediatamente em vigor.Publique-se e comunique-se a Autoridade Civil com-

petente.

Leiria, 13 de julho de 2013† António Augusto dos Santos Marto,Bispo de Leiria-Fátima

Estatutos da FundaçãoFrancisco e Jacinta Marto

(Anexo ao Decreto n.º BD2013A-025, de 13.07.2013)

Capítulo I – Disposições Gerais

Artigo 1.º | NaturezaA Fundação Francisco e Jacinta Marto é uma pes-

soa jurídica canónica pública da Igreja Católica, sujeito, em Direito Canónico, de obrigações e de direitos consen-tâneos com a índole de fundação autónoma (cânone 113, §2), composta por uma dotação ou universalidade de bens, para desempenhar, em nome da Igreja Católica, o múnus indicado nestes Estatutos, em ordem ao bem público eclesial (cânone 116, §1) e sob a alta direção do Bispo de Leiria-Fátima.

Artigo 2.º | Fundador e sedeA Fundação é instituída pela Diocese de Leiria-Fátima e

tem a sua sede na Rua de São Pedro, 9 – 2495-436 Fátima.

12 | LEIRIA-FÁTIMA | Ano XXI | N.º 53 | 31 Dezembro 2013 |

Artigo 3.º | Fins1. A Fundação não tem fins lucrativos, mas apenas fins

religiosos.2. São fins da Fundação:a) cooperar e apoiar a Postulação de Francisco e Jacinta

Marto em todas as atividades que lhe são próprias;b) contribuir para o conhecimento dos Pastorinhos de

Fátima, Francisco e Jacinta Marto;c) divulgar a espiritualidade dos Pastorinhos de Fátima;d) promover a devoção aos Pastorinhos de Fátima;e) difundir a Mensagem de Fátima;f) apoiar a Diocese de Leiria-Fátima nas ações que se

destinem a divulgar e a viver a Mensagem de Fátima.

Capítulo II – Dotação e património

Artigo 4.º | DotaçãoConstitui a dotação da Fundação uma universalidade de

bens composta por uma verba de € 50.000,00 (cinquenta mil euros), pelos direitos das edições das “Memórias da Irmã Lúcia” e outros livros até agora editados pelo Secre-tariado dos Pastorinhos e pelos bens de que venha a dispor no futuro, meios estes considerados suficientes para atingir os fins propostos (cânones 114, §3 e 115, §3).

Artigo 5.º | Regime patrimonial e financeiro1. Em tudo o que diz respeito a administração dos bens

temporais, sua alienação, vontades pias, fundações pias, or-çamento, contas, livros e arquivos, aplicam-se a esta Funda-ção as disposições relativas as associações de fiéis, com as devidas adaptações a sua natureza de fundação autónoma.

2. Para obrigar a Fundação é necessária e bastante a assinatura do Diretor.

Capítulo III – Governo da Fundação

Artigo 6.º | Governo da Fundação1. A Fundação é governada pelo Diretor, coadjuvado

por dois conselheiros.2. Todos os cargos são providos por livre colação do

Bispo de Leiria-Fátima, pelo período de cinco anos, pror-rogáveis.

3. A administração da Fundação rege-se pelo que está determinado no Direito Canónico e no respeito pela lei civil.

Artigo 7.º | Competências do DiretorCompete ao Diretor gerir a Fundação e realizar os seus

fins, incumbindo-lhe designadamente:a) programar e desenvolver ações que concretizem os

fins da Fundação;b) dirigir as atividades da Fundação, os seus órgãos de

comunicação e todas as entidades ou organismos que dela dependam;

c) administrar os bens da Fundação, salvo o direito do Ordinário de intervir, em caso de negligência do Di-retor (cânone 1279, §1);

d) organizar o quadro de pessoal e contratar e gerir os respetivos titulares;

e) organizar e cuidar do arquivo, bem como de todo o espólio que for confiado a Fundação;

f) representar a Fundação em todos os assuntos do foro canónico e civil;

g) fazer toda a escrituração própria do seu cargo;h) exercer todas as outras atribuições previstas na lei.

Artigo 8.º | Conselheiros1. O Diretor é auxiliado na administração por dois con-

selheiros ou assessores (cânone 1280), providos por livre colação do Bispo de Leiria-Fátima, pelo período de cinco anos prorrogáveis.

2. Aos Conselheiros compete:a) auxiliar o Diretor no exercício do seu múnus;b) exercer uma função fiscalizadora sobre o património

da Fundação;c) velar pelo cumprimento da lei e dos Estatutos, no-

meadamente no que diz respeito a aquisição, admi-nistração e alienação dos bens temporais;

d) dar parecer sobre os assuntos que o Diretor submeter a sua apreciação.

Artigo 9.º | RemoçãoPor causa justa, o Diretor e os Conselheiros podem ser re-

movidos pelo Bispo de Leiria-Fátima, após audiência prévia.

Artigo 10.º | RemuneraçõesO Diretor e os Conselheiros podem ser remunerados pelo

exercício das suas funções, com o consentimento do Bispo de Leiria-Fátima, a quem compete fixar essa remuneração.

Artigo 11.º | PessoalA Fundação terá um quadro de pessoal suficiente para a

prossecução dos seus fins, tendo os trabalhadores os direi-tos e as obrigações indicados nas leis civis.

Artigo 12.º | Modo de atuar1. No que respeita aos procedimentos e atos e ao modo

de atuar, a Fundação tomará em consideração as regras próprias das associações de fiéis, interpretadas com equi-dade canónica, bem como o estabelecido nestes Estatutos e nas orientações do Bispo de Leiria-Fátima.

2. Os atos de governo da Fundação obedecerão aos princípios da legalidade canónica, do respeito pelo bem público eclesial e da proteção dos direitos e interesses dos fiéis, atuando sempre em nome da Igreja Católica e no sen-tido da salvação dos fiéis.

Artigo 13.º | Representante legal1. A Fundação é representada, em juízo e fora dele, pelo

seu Diretor, que age em nome da Fundação e não em nome próprio (cânone 118).

2. São nulos todos os atos do Diretor que careçam de licença do Bispo de Leiria-Fátima, no caso de esta não ser obtida previamente.

Capítulo IV • Disposições Finais

Artigo 14.º | Extinção da Fundação1. A Fundação é perpétua, por natureza, mas extingue-

se se for suprimida pelo Bispo de Leiria-Fátima ou se dei-xar de atuar pelo espaço de cem anos (cânone 120, §1).

2. Extinta a Fundação, os seus bens e direitos patrimo-niais transferem-se para a Diocese de Leiria-Fátima, res-salvando-se sempre a vontade de oferentes e os direitos adquiridos (cânone 123).

| LEIRIA-FÁTIMA | Ano XXI | N.º 53 | 31 Dezembro 2013 | 13

Nomeações em setembro de 2013Ref.ª: BD2013E-003

O Bispo de Leiria-Fátima, Senhor D. António Marto, torna públicas as seguintes nomeações:

O Cónego Dr. Emanuel André Matos e Silva, da Diocese de Portalegre-Castelo Branco, e atualmente Ca-pelão do Santuário de Fátima, é nomeado Vice-Reitor do Santuário de Fátima. Acumula com a função de Secretário da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios.

O P. Marcos Roberto Pereira, da Comunidade Can-ção Nova, é nomeado Capelão dos estabelecimentos pri-sionais de Leiria. Desempenhará estas funções com a co-laboração do P. Carlos Alberto Victal, membro da mesma comunidade.

O P. Miguel de Azevedo de Santiago Sottomayor é nomeado Diretor Diocesano do Apostolado da Oração. Mantém as funções de Vigário Paroquial de Leiria e da Cruz da Areia.

Leiria, 13 de setembro de 2013Vítor Coutinho,Chefe de Gabinete do Bispo Diocesano

Nomeação dos Vigários da Vara Ref.ª: BD2013A-029

António Augusto dos Santos Marto, Bispo da Diocese de Leiria-Fátima, faz saber quanto segue:

Sendo necessário proceder a nomeação de novos Vigá-rios da Vara, de acordo com os cân. 553–555 do Código de Direito Canónico, e tendo consultado os presbíteros das respetivas vigararias, nomeamos os seguintes Vigários:

Vigararia da Batalha: P. Sérgio Jorge Lopes FernandesVigararia de Colmeias: P. Dr. Orlandino Barbeiro

BomVigararia de Fátima: P. Dr. Fernando Clemente Va-

relaVigararia de Leiria: P. Dr. Rui Acácio Amado RibeiroVigararia de Marinha Grande: P. Virgílio do Rocio

FranciscoVigararia de Milagres: P. Dr. José Henrique Domin-

gues PedrosaVigararia de Monte Real: P. Alcides Rocha dos Santos

NevesVigararia de Ourém: P. Joaquim de Almeida BaptistaVigararia de Porto de Mós: P. José Martins AlvesOs novos Vigários da Vara entram em funções no pró-

ximo dia 22 de outubro, dia da primeira reunião, e o seu mandato é válido por três anos.

Leiria, 7 de outubro de 2013† António Augusto dos Santos Marto,Bispo de Leiria-Fátima

Nomeação do Conselho Pastoral Diocesano

Ref.ª: BD2013A-030Tendo em conta que a comunhão eclesial, para poder

ser uma realidade viva, orgânica e articulada, deve dispor de instrumentos de participação; sabendo que o Bispo da Diocese exerce o ministério da síntese ou da comunhão e não a síntese dos ministérios, havemos por bem, de acor-do com os cân. 511 e 512 do C.I.C., constituir um novo Conselho Pastoral Diocesano, por ter cessado o mandato do anterior. De acordo com o Art.º 9.º dos Estatutos deste órgão, nomeio os seguintes elementos para o integrarem:

Em função do seu cargo:P. Dr. Jorge Manuel Faria Guarda (Vigário Geral)P. Dr. Fernando Clemente Varela (Vigário Judicial)P. Dr. José Augusto Pereira Rodrigues (Seminário

Diocesano)P. Doutor Carlos Manuel Pedrosa Cabecinhas (Rei-

tor do Santuário de Fátima)

Membros eleitos:P. Filipe da Fonseca LopesP. Dr. Orlandino Barbeiro BomP. Dr. Gonçalo Corrêa Mendes Teixeira DinizJoaquim Carrasqueiro de SousaManuel Alexandre GameiroSérgio Manuel Pereira BregieiraAmbrósio Jorge dos SantosFernando José Gomes Pereira BritesAlbertino Duarte RainhoHelena Maria Domingos do Mar VenturaDr. Sérgio Francisco Reis da Silva GonçalvesJosé Carlos de Sousa ValaOlívia Lopes MendesMoisés Oliveira LoboElsa Maria D. R. Machado e José António R. MachadoP. Sérgio Feliciano de Sousa HenriquesSérgio Manuel dos SantosAntónio Bernardo FerrãoP. Dr. Jovanete Paulo VieiraIr.ª Amália Maria Saraiva MonteiroMaria Helena Inácio JoãoJoaquim Carvalho DiasNélio José CostaRafael Silva

Membros designados pelo Bispo:Dr. Júlio Coelho MartinsDr.ª Maria de Fátima dos Santos Sismeiro

O Conselho Pastoral Diocesano funcionará de acordo com os cân. 513 e 514 do C.I.C e segundo os seus Estatutos em vigor. Entrará em funções na primeira sessão, para a qual serão convocados todos os membros.

Esta nomeação é válida pelo período de três anos.

Leiria, 18 de dezembro de 2013† António Augusto dos Santos Marto,Bispo de Leiria-Fátima

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Nomeação do Administrador Paroquial de Minde

Ref.ª: BD2013A-031António Augusto dos Santos Marto, Bispo da Diocese

de Leiria-Fátima, faz saber quanto segue:Faz saber que, tendo ficado vaga a paróquia de Minde,

na vigararia de Porto de Mós, por morte do respetivo pá-roco, Padre Albino da Luz Carreira, há necessidade de no-mear “um sacerdote que supra as vezes do pároco” (cân. 539) para exercer o múnus pastoral.

Assim, em conformidade com o direito canónico (cân. 539 e 540), determina quanto segue:

1. Nomeia o Padre Luís Manuel Rodrigues Ferreira, pároco Alvados, Mira de Aire, Serra de Santo António e S. Bento, como administrador paroquial da referida paró-quia. A teor do direito, “tem os mesmos deveres e goza dos mesmos direitos que o pároco” (cân. 540).

2. A nomeação tem efeitos a partir da presente data e prolonga-se até a tomada de posse do novo pároco da re-ferida paróquia.

Leiria, 31 de dezembro de 2013† António Augusto dos Santos Marto,Bispo de Leiria-Fátima

Documentos Pastorais

CatequeseO Credo dos Apóstolos:a beleza da profissão de fé cristã

Ref.ª: BD2013B-001

Apresentação e sugestões pedagógicasEsta proposta concretiza a promessa que fiz na Nota

pastoral, em que recomendei a realização de uma “cele-bração comunitária da profissão de fé (o credo) do Povo de Deus, ao modo da antiga “traditio symboli” dos catecúme-nos na Quaresma, com uma catequese própria elaborada pelo Bispo: ‘Creio, mas aumenta a minha fé’.” No mesmo documento afirmo: “Não basta recitar o credo; é preciso compreendê-lo em profundidade. Rezamos ou cantamos o credo porque é uma proclamação da fé em Deus-Amor, um ato de louvor, um reconhecimento de ação de graças” (O tesouro da fé dom para todos, n. 5.1).

Sem prejuízo do sentido pastoral e da criatividade dos sacerdotes e dos líderes e animadores de comunidades, grupos e movimentos, poderá usar-se esta catequese num dos modos seguintes:

NAS PARÓQUIAS:1) como uma catequese para os colaboradores paro-

quiais, terminando com a profissão de fé simples, recitando o credo;

2) como uma catequese também para os colaboradores paroquiais, feita durante a quaresma, para preparar a pro-fissão solene da fé na celebração da vigília pascal;

3) como uma catequese feita numa só vez ou repetida para vários grupos ou comunidades, na preparação para a festa do padroeiro da comunidade paroquial (ou no pa-droeiro de cada uma das comunidades da paróquia); noutro dia dessa preparação, realiza-se uma celebração solene da profissão de fé integrada na Eucaristia ou noutro tipo de celebração mais oportuna.

Esta catequese pode também ser usada em encontros de diferentes grupos paroquiais, embora seja de preferir a di-mensão paroquial mais ampla, para acentuar a experiência da comunhão eclesial sobre a base da mesma fé.

NAS COMUNIDADES RELIGIOSAS,GRUPOS E MOVIMENTOS APOSTÓLICOS1) como uma catequese num dos encontros habi-

tuais, terminando com uma profissão de fé simples ou com uma celebração na qual se faz solene profissão de fé;

2) durante um retiro, incluir a catequese e depois fa-zer uma solene profissão de fé durante uma celebração.

EM FAMÍLIAReservar um dia em que toda a família se reúna, leem e

partilham entre os membros o contéudo da catequese e ter-minam com uma profissão de fé simples, recitando o credo.

| LEIRIA-FÁTIMA | Ano XXI | N.º 53 | 31 Dezembro 2013 | 15

e desenvolver, a fim de que seja «casa comum» de todos os homens, onde todos possam habitar, viver, conviver e trabalhar como irmãos, na paz e na justiça.

“Ó Senhor, nosso Deus, como é admirável o vosso nome em toda a terra”(Sl 8, 2)

3. Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor

A segunda parte do Credo centra-se na maravilha das maravilhas de Deus em favor dos homens. Deus comuni-ca-se não só criando-nos e dando-nos uma terra e uma his-tória, mas comunicando-se a si mesmo no seu Filho, feito homem: “creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Se-nhor...”. Quem ama quer estar onde está a pessoa amada. O amor de Deus é tão forte que quer habitar plenamente no meio de nós, estar a nosso lado, comunicar coração a coração, fazendo-se um de nós: é o mistério da Encarnação do Filho eterno de Deus. Na realização deste designio, Maria de Nazaré colaborou com o poder do Espírito Santo oferecendo o seu coração e o seu seio: “nasceu da Virgem Maria”. Maria é assim mãe de Jesus e nossa mãe na fé.

Os evangelhos apresentam-nos Jesus em toda a riqueza da Sua humanidade. Homem de carne e sangue, de coração e de espírito, aprendeu a caminhar os passos dos homens, conheceu as nossas alegrias e as nossa lágrimas, a fome, a tentação, o sofrimento e a morte. Com o Seu testemunho, a Sua Palavra e as Suas ações, Jesus mostra-nos o rosto de Deus, próximo de nós e compassivo, e dá-nos a conhecer o Seu nome: “Filipe, quem me vê, vê o Pai”.

A Sua paixão e morte foi o maior ato e sinal do amor com que entregou a Sua vida «por nós homens e para nossa salvação”. E com a Sua ressurreição «destruiu o poder da morte e restaurou a vida››. Abriu no mundo o caminho do Amor redentor mais poderoso que o pecado, o caminho da vida mais forte que a morte.

Só após a ressurreição e as aparições de Jesus ressus-citado, é que os discípulos compreenderam e reconhece-ram plenamente o mistério da pessoa de Jesus: ‹‹Verda-deiramente, Tu és o Filho de Deus››; «Meu Senhor e meu Deus»! A ressurreição é a confirmação da verdade de Jesus.

Por isso, nós reconhecemo-Lo como Salvador e Senhor, «Deus de Deus, Luz da Luz››, verdadeiro Deus e verdadei-ro homem. Confessamos que Jesus Cristo não é apenas um homem santo, um profeta, um mestre e modelo, mas que é o Deus-Amor e o Amor de Deus em pessoa que renova e salva a nossa vida. Unidos a Ele, temos acesso a vida de Deus, ao coração do Pai, ao mistério do Seu amor, ao dom do Seu Espírito e da vida nova na amizade com Ele.

“Vivo a vida presente na fé no Filho de Deus que me amou e se entregou por mim”(Gal 2, 20).

4. Creio no Espirito Santo

Após a ressurreição, Jesus, embora subtraído a nossos olhos, não é um ausente longínquo e inacessível. Envia o Espírito Santo para continuar a Sua obra de salvação.

Pelo dom do Espírito Santo, Deus vem habitar em nós, derrama o Seu amor nos nossos corações (Rom 5, 5). Assim

1. O credo, uma bela profissão de fé?

S. Paulo, na primeira carta a Timóteo, diz-nos que “Je-sus Cristo, diante de Pilatos, deu testemunho numa bela profissão de fé”(1 Tim 6, 13). A Igreja expressou esta bela profissão de fé, mais tarde, no Credo ou Símbolo dos Após-tolos, que é uma síntese da fé cristã transmitida pelos após-tolos.

Uma das propostas para o Ano da Fé é uma celebração comunitária da profissão de fé do povo de Deus, particular-mente cuidada, a maneira da “entrega do símbolo ou cre-do” aos catecúmenos que se preparam para o batismo, com uma catequese apropriada.

Não basta recitar o credo; é preciso compreendê-lo na riqueza e beleza do seu conteúdo de fé. Ele não é um mero catálogo de verdades abstratas nem muito menos um códi-go ético. E antes a galeria das maravilhas da salvação de Deus em favor da humanidade. Somos convidados a rezá--lo ou cantá-lo porque é uma proclamação de Deus-Amor e um ato de fé, de louvor e de ação de graças pelas suas maravilhas. Quem poria em música ou cantaria um catálo-go de verdades abstratas?

A catequese que oferecemos é de tipo mistagógico. Tal como o Credo, não pretende demonstrar nada, dar razões ou responder a objeções. E apenas um convite: “Vinde des-cobrir o tesouro da nossa fé”. Trata-se tão só de ajudar a descobrir, meditar e saborerar a beleza e o fascínio da fé cristã e a alegria de crer.

“Na vossa presença, Senhor, nós vos rezamos e im-ploramos a vossa bondade: dai-nos a graça de meditar em nosso coração o que os lábios professam”( Oração de Vés-peras de terça-feira IV).

2. Creio em Deus, Pai todo poderoso, Criador do céu e da terra

A primeira maravilha de Deus aos homens a ser con-templada é o dom da criação. Por isso, começamos por confessar a fé em Deus Pai, fonte de toda a vida e de todo o amor, do qual procede tudo o que existe. Nas fontes da existência do mundo, da vida e do homem, está o mistério de amor d’Aquele que se revelou como Pai de Jesus Cris-to e Pai nosso. Só o Amor, que nos chama a existência, nos pode dar a certeza de que a vida, cada vida tem senti-do, tal como acontece a uma criança nascida do amor dos pais. Não andamos no mundo por acaso ou ao acaso, nem estamos sós. Cada um de nós é pensado, querido e amado por Deus!

A fé em Deus Pai Criador convida-nos, pois, a tomar consciência das nossas origens como criaturas, isto é, da nossa pertença confiante a Deus como Aquele «pelo qual existimos, nos movemos e somos», e da nossa dignidade ímpar como seres criados a imagem e semelhança de Deus.

Crer em Deus Criador convida-nos ainda a ver o mundo como um dom de Deus e, ao mesmo tempo, como uma missão nossa de sermos colaboradores de Deus. A criação é como uma semente cheia de energia maravilhosa con-fiada por Deus ao homem para a cultivar. Recebemo-la, pois, como um grande dom que nos é dado para estimar

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recebemos a união mais íntima com Ele, participamos da Sua vida, somos verdadeiramente filhos e filhas de Deus. Quando Deus nos dá o Seu Espírito, dá-se a Si mesmo.

O Espírito Santo é também a ‹‹alma›› da vida da Igreja. E Ele que a mantém unida intimamente a Cristo, a santifica e renova através da Palavra, dos sacramentos, da oração, da comunhão fraterna, dos dons e ministérios. Por isso, no Credo também reconhecemos a Igreja como realidade da fé: ela é obra de Deus, mistério da comunhão de Deus com os homens e dos homens entre si.

Por fim, o dom do Espírito é motivo da nossa confiança e da nossa esperança. É a certeza de que Deus está sempre connosco, quer na vida quer na morte. Assim, confiamos e esperamos que a obra da salvação em nós começada, Deus a levará a feliz termo na ressurreição para a vida eterna - o reino da vida, do amor e da alegria sem fim, sem reservas e sem fronteiras, na comunhão plena com Deus, numa nova forma de existência gloriosa para além da morte.

“Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor”!

5. Creio na Santíssima Trindade, Comunhão perfeita de vida e amor

Em Jesus Cristo, Deus abriu-nos o mistério da Sua in-timidade. Manifesta-se na História da Salvação tal como é, e é tal como se manifesta: Pai, Filho e Espírito Santo. E, contudo, não há três deuses, mas um só Deus em três pes-soas distintas, numa comunhão perfeita de vida, amor e co-municação. É, na verdade, um mistério que nos transcende. Muitas vezes fixamo-nos na dificuldade exterior de o com-preender racionalmente. Mas, as vezes, o coração entende melhor que a razão. De facto, este é o segredo da vida ínti-ma de Deus. No seu mistério mais íntimo, Deus não é uma solidão, mas uma família, uma comunhão. A Santíssima Trindade é a melhor e mais perfeita comunidade.

Enche-nos com a Sua presença e o Seu amor, para nós vivermos também, a Sua imagem e semelhança, na doa-ção mútua, na comunhão fraterna, no diálogo recíproco, na solidariedade, na confiança na bondade da vida e na espe-rança da vida plena, gloriosa e definitiva. «A Trindade de Deus é o mistério da Sua beleza. Negá-la é ter um Deus sem esplendor, sem alegria, um Deus sem beleza» (Karl Barth).

“Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...”

6. “Senhor, eu creio! Ajuda a minha pouca fé!”

Num mundo pluralista marcado pela cultura da indi-ferença religiosa ou da descrença, parece que assistimos a um certo “eclipse de Deus”. Os cristãos são chamados a viver a fé e a sua identidade em parmanente luta interna, em confronto com opções totalmente contrárias e por vezes em ambiente de adversidade. Precisam de reconquistar dia após dia a graça e a alegria de crer, cultivando e velando pela sua fé e orando cada dia como o pai do jovem epilético curado por Jesus: “Eu creio! Ajuda a minha pouca fé!”(Mc 9, 24).

“Ó Senhor, pelo mistério da tua morte e ressurreição, com o fogo do Espírito Santo, acende em mim a graça de uma fé grande como a dos nossos pais na fé, desde Abraão a Maria até aos santos e testemunhas humides de hoje.

Acende em nós a mesma fé para que possamos respon-der hoje a graça do teu mistério de amor. Ajuda-nos a cres-cer na fé vivida como experiência de um Amor recebido e comunicada como experiência de graça, beleza e alegria que transforma os nossos corações, a nossa vida e o nosso mundo”.

“Esta é a nossa fé, esta é a fé da Igreja que nós nos gloriamos de professar em Jesus Cristo, nosso Senhor”!

Leiria, 6 de fevereiro de 2013,memória dos mártires S. Paulo Miki e Companheiros† António Marto,Bispo de Leiria-Fátima

Credo dos ApóstolosCreio em Deus, Pai todo-poderoso,Criador do Céu e da Terra;e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor,que foi concebido pelo poder do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria;padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu a mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos Céus; está sentado a direita de Deus Pai todo-poderoso, de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos.Creio no Espírito Santo;na santa Igreja Católica; na comunhão dos Santos;na remissão dos pecados; na ressurreição da carne;na vida eterna. Ámen.

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Mensagem quaresmalReavivar o dom da fé e crescer na caridade

Refª: BD2013B-002A Quaresma é uma data anual muito importante e signi-

ficativa para os cristãos. E o tempo que mais nos interpela na vertente das opções relativas a renovação da nossa vida espiritual.

No contexto do Ano da Fé, não podemos deixar de pôr em relevo este tempo propício e precioso para reavivar a nossa fé em Jesus Cristo e para fazer uma revisão sobre a vivência da fé no nosso quotidiano.

O caminho da fé é um caminho de conversãoA Quarta-Feira de Cinzas é o pórtico de entrada na

Quaresma, a lembrar-nos, com o seu rito próprio, que não existe fé sem conversão. De facto, a imposição das cinzas é acompanhada pela primeira palavra de Jesus no início do seu ministério: “Convertei-vos e acreditai no Evangelho” (Mc 1, 14-15).

O caminho da fé é, ao mesmo tempo, um caminho de conversão, isto é, de orientação da vida que leva a Deus, ao reconhecimento do seu primado, a sua escuta, ao seu acolhimento, para fazer face a tentação do esquecimento de Deus.

Isto supõe, por sua vez, uma profunda purificação de nós mesmos, uma cura interior, uma renovação da mente e do coração, do pensamento e dos sentimentos. Perceber, com sincera humildade, a necessidade que temos, pessoal e comunitariamente, de converter-nos é o primeiro passo a darmos, como discípulos e como Igreja de Cristo, para revitalizar a fé pessoal e das nossas comunidades e para reavivar o entusiasmo do testemunho. O verdadeiro défice da Igreja não é tanto de organização, mas sobretudo de fé e de espiritualidade.

Fé e Caridade de mãos dadasO Santo Padre Bento XVI escreveu uma bela mensa-

gem para a Quaresma, intitulada “Crer na caridade susci-ta caridade”. Retomando um símbolo antigo, mas sempre atual, típico da espiritualidade bíblica, indica o percurso cristão da Quaresma do seguinte modo: “A existência cris-tã consiste num contínuo subir ao monte do encontro com Deus e depois voltar a descê-lo, trazendo o amor e a força que daí derivam, para servir os nossos irmãos e irmãs com o próprio amor de Deus”.

De seguida, o Papa aponta dois grandes objetivos con-cretos: “A Quaresma, com as indicações que tradicional-mente dá para a vida cristã, convida-nos a alimentar a fé com uma escuta mais atenta e prolongada da Palavra de Deus e a participação nos sacramentos, e ao mesmo tempo a crescer na caridade, no amor a Deus e ao próximo”. A fé e a caridade são duas faces da mesma medalha, da nossa pertença a Cristo. Quem crê, aprende a dar-se ao outro; e a caridade suscita a fé e dá testemunho dela. “Só nos tornamos cristãos, se a fé se transforma em caridade, se é caridade” (Bento XVI).

Reavivar o dom da FéAssim, somos chamados a aproveitar este tempo da

Quaresma de modo especial, para redescobrirmos a beleza e o encanto da fé, para renovarmos o nosso caminho de fé pessoal e comunitário, através dos exercícios espirituais de mais intensa escuta da Palavra, de mais fervorosa oração e de mais frequente participação na Eucaristia e no sacra-mento da Reconciliação. Como nos anos anteriores, incen-tivamos os fiéis a fazerem o “Retiro espiritual do Povo de Deus” na forma de leitura orante da Palavra de Deus, com o título “Partilhar o tesouro da fé”.

Além disso, também está disponível uma catequese mistagógica sobre “O Credo dos Apóstolos: a beleza da profissão de fé cristã”, que eu próprio elaborei e que pode ser usada em várias ocasiões e de vários modos.

Convido, ainda, a todos a porem no seu programa da Quaresma a participação na peregrinação diocesana a Fá-tima, no dia 17 de março, sob o lema “Com Maria, cami-nhamos pela fé”.

Crescer na Caridade: a renúncia quaresmal e a partilhaA conversão quaresmal propõe-nos gestos concretos de

renúncia, tais como o jejum e a abstinência, que não se limitam apenas ao âmbito da alimentação e da bebida. A re-núncia está em função da partilha. É bom recordar sempre a regra de ouro de toda a prática penitencial: nós renuncia-mos a algo, para dar espaço a Graça de Deus em nós e ao amor aos irmãos.

Neste momento de dificuldade económica, torna-se ainda mais evidente que é necessário partilhar. Compreen-de-o bem quem tem um coração bom e generoso: mesmo se não se tem muito, pode-se continuar a ajudar quem tem ainda menos.

Nesta linha, a coleta da renúncia quaresmal na nossa diocese será destinada, em partes iguais, para a Cáritas Diocesana e para o Fundo Nacional de Solidariedade insti-tuído pela Conferência Episcopal Portuguesa.

A todos os diocesanos desejo um caminho luminoso em direção a Páscoa do “Ano da Fé”, acompanhados pela luz sempre presente da fé e da caridade de Maria, Mãe de Jesus e Mãe da Igreja.

Leiria, 11 de fevereiro de 2013† António Marto,Bispo de Leiria-Fátima

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Carta Pastoral 2013-2015A beleza e a alegria de viver em família

Refª:BD2013B-006Caros diocesanos, irmãos e irmãs no Senhor,Como irmão e bispo, dirijo a cada um de vós a minha

cordial saudação, como o apóstolo Paulo: “A graça do Se-nhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós” (2 Cor 13, 13).

Com este voto tão simples e profundo, quase uma ora-ção que é fonte de consolação e coragem, queremos re-tomar o nosso caminho espiritual e pastoral que nos vai ocupar no próximo biénio. Por isso vos dirijo esta carta pastoral sobre “a beleza e a alegria de viver em família”.

1. A Graça da Visita Pastoral: o encontro com uma Igreja viva

No mês de março do ano corrente concluí a Visita Pastoral as paróquias da Diocese, iniciada em janeiro de 2008. Foi, sem dúvida, a tarefa a que mais me dediquei desde que assumi a responsabilidade de servir a Igreja de Leiria-Fátima como seu bispo. Se foi grande o empenho que me exigiu, maior foi a alegria que me deu.

Considerei a Visita Pastoral como uma peregrinação do pastor que, tal como o peregrino, sai de sua casa por devoção, isto é, por amor e com o amor no coração, para visitar os “santuários vivos” que são as comunidades cris-tãs e viver aí uma profunda experiência de fé e de comu-nhão fraterna. Todos puderam sentir, de perto e ao vivo, o afeto do pastor para com os de dentro e os de fora, sem discriminação de pessoas.

A Visita Pastoral foi, efetivamente, um acontecimento de graça, algo tão desejado como o ar puro e fresco que se respira.

Foi consolador, e é um dos aspetos mais significati-vos desta visita, ter encontrado nas diversas comunidades muitos homens e mulheres de uma grande fé, de incansável dedicação à Igreja e à vida da comunidade, de generoso serviço aos necessitados. São essas pessoas que, com a sua entrega, dinamizam a vida das comunidades nos diversos âmbitos. A sua formação merece um cuidado especial. É esta realidade que nos permite dizer que a Igreja está viva na diocese de Leiria-Fátima. Com toda a sinceridade, con-fesso que me sentia pequeno perante a fé e a dedicação destas pessoas e, por vezes, me comovia até às lágrimas.

Saliento também quão gratificante foi encontrar-me com os irmãos sacerdotes no exercício do ministério na sua própria comunidade. Constatei como são dedicados a missão e próximos do seu povo e como dão um testemunho admirável de padres felizes que manifestam a alegria do seu sacerdócio.

Durante a Visita Pastoral, tive oportunidade de parti-cipar em encontros com casais, de entrar na casa de famí-lias com doentes e idosos acamados ou impossibilitados de sair, mas cuidados com grande amor pelos seus familiares. Estes encontros, a par do contacto com doentes e idosos na celebração comunitária do sacramento da Santa Unção, permitiram-me partilhar as suas esperanças e as suas do-res. Foram experiências comoventes que me fizeram sen-

tir mais de perto o dom extraordinário que é a família e o amor que alimenta a sua comunhão.

Pude ainda aperceber-me das situações difíceis em que algumas famílias se encontram e do seu sofrimento. Cons-tatei como a graça de Deus e o apoio da fé são a força divina que a todas sustém e que faz destas famílias teste-munhas credíveis da força do Evangelho.

Foram igualmente positivos os encontros com coletivi-dades, autarquias, empresários e profissionais, como sinal da presença da Igreja no mundo numa atitude de diálogo, de simpatia, de serviço e de solidariedade. Houve uma boa e gentil correspondência e pude conhecer o grande espírito empreendedor e solidário que distingue esta região.

Não posso deixar de referir alguns problemas e desafios que são transversais a todas as comunidades da diocese e a Igreja na Europa: a fé vivida por uma questão de tradição, o afastamento de adolescentes e jovens após o Crisma, a falta de vocações sacerdotais, o facto de bastantes comunidades estarem fechadas sobre si mesmas, o que limita a dimensão missionária.

Longe de serem fonte de desânimo, estes problemas são “sinais dos tempos” que devemos ler a luz da fé com uma nova solicitude pastoral, para que o Evangelho, com a graça do Espírito Santo, dê frutos nos corações dos homens e das mulheres da nossa diocese. Vamos, pois, em frente com confiança no Senhor!

2. Um novo percurso pastoral diocesanoO fim da Visita Pastoral coincidiu com a conclusão do

projeto pastoral saído do Sínodo Diocesano (2005-2012). O Ano da Fé (2012-2013) proclamado pelo Papa Bento XVI foi ocasião providencial para consolidar e avaliar o trajeto percorrido e projetar o futuro percurso pastoral.

A avaliação apresentada nos encontros vicariais e nos conselhos diocesanos foi, regra geral, positiva. O ano que mais entusiasmou e mais dinamismo suscitou pareceu-me ter sido o dedicado a caridade. Aquele em que se notou mais dificuldade em assumir as iniciativas talvez tenha sido o do testemunho cristão no mundo. E a grande difi-culdade da Igreja em sair de si mesma e ir as periferias, entrando em diálogo com o vasto mundo, abrindo portas e construindo pontes.

Em ordem a projetar o futuro, procedemos a uma am-pla consulta, tendo também presente o resultado da que foi feita em todas as dioceses sobre a renovação da Igreja em Portugal. Concluímos que, depois de nos termos debruça-do sobre os temas fundamentais da renovação da existência e da comunidade cristãs, era oportuno agora voltarmo-nos para temas concretos a pedir uma atenção mais urgente, tais como a família e a juventude. Não podíamos deixar de ter em conta acontecimentos particulares da nossa diocese, como são o centenário das Aparições de Nossa Senhora em 2017 e o centenário da restauração da Diocese em 2018.

Assim, delineámos o novo percurso pastoral para o es-paço temporal de 2013 a 2020, dedicando, em princípio, um biénio a cada tema: 2013–2015, a família e a pastoral familiar; 2015–2017, a devoção a Maria, ícone do Mis-tério da Graça e da fé, associando-nos à celebração do centenário das Aparições; 2018, Ano Jubilar do centená-rio da restauração da Diocese; 2018 -2020, a juventude e a pastoral juvenil.

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3. O biénio da pastoral familiarComeçamos por centrar a atenção na realidade da famí-

lia que nasce da união conjugal de amor entre o homem e a mulher no sacramento do Matrimónio.

Assim, o percurso pastoral deste biénio orienta-se em duas direções complementares e sucessivas. A primeira tem como título Amor conjugal, dom e vocação e real-ça a beleza e a riqueza da família que vive o Matrimónio cristão com amor sincero e profundo, fiel e coerente, como dom de Deus. A segunda tem como título Família, dom e missão e centra-se na missão das famílias como protago-nistas e responsáveis na Igreja e na sociedade.

Numa carta pastoral é impossível tratar, detalhadamen-te, todos os aspetos do tema. Faz-se apenas uma apresen-tação global. Confio a todos os diocesanos estas reflexões como contributo para o trabalho pastoral e peço ao Senhor que lhes dê coragem e entusiasmo para levarem para a frente as propostas, em ordem a anunciarem a boa nova sobre o Matrimónio e a família.

4. A família num novo contexto culturalO Matrimónio e a família contam-se entre os bens mais

valiosos da humanidade. São a célula fundamental da co-munidade humana. “O bem estar da pessoa e da sociedade humana e cristã está intimamente ligado a prosperidade da comunidade conjugal e familiar” (GS 47). Nesta linha, o Papa João Paulo II falava da família como “património da humanidade”.

Os bispos portugueses, em carta pastoral sobre “A força da família em tempos de crise”, acentuam: “Podemos ca-racterizá-la como a fonte básica do capital humano, social e espiritual de uma sociedade, a que assegura o seu futuro e o seu crescimento harmonioso. A saúde e coesão de uma sociedade dependem, por isso, da saúde e coesão da famí-lia” (CEP, A força da família, 1).

Ver passear, nas nossas cidades ou aldeias, pais e mães com os seus filhos pequenos é algo encantador que enche de ternura, comove e nos abre o sorriso. São um sinal de ale-gria e de felicidade, promissor de esperança para o mundo.

“A crise económica e social que o nosso país atravessa vem evidenciando, precisamente, a riqueza que representa a família” (CEP, A força da família, 3), como “o primeiro e mais seguro apoio de quem se vê a braços” com as difi-culdades. Num recente inquérito sobre os valores, a nível europeu, os jovens colocam, significativamente, a família em primeiro lugar.

Acontece, porém, que as profundas transformações so-ciais e culturais do nosso tempo têm repercussões no modo de entender e viver a vida matrimonial e familiar. “Por um lado, está-se mais consciente da liberdade pessoal, presta-se mais atenção à qualidade das relações interpessoais no Matrimónio, à promoção da dignidade da mulher, à pater-nidade responsável, à educação dos filhos... Mas, por ou-tro lado, há sinais de uma atrofia preocupante dos valores fundamentais” (FC 6).

Hoje vivemos numa sociedade e numa cultura marca-das por um tempo fragmentado, onde reina o curto prazo e onde os problemas têm de ser resolvidos rapidamente. A personagem de um filme de Jean-Luc Godard afirmava: “Hoje vive-se a vida em fragmentos”. Privilegia-se o mo-mento presente, a cultura do provisório, do efémero e do

descartável, que leva a dificuldade em assumir compromis-sos duradoiros e definitivos.

Assim, tem-se difundido uma determinada mentalida-de que desacredita o próprio casamento, religioso ou civil, como se fosse antiquado e, portanto, fora de moda. O casa-mento já nem sequer entra no projeto de vida de bastantes jovens; parece ter um concorrente nas “uniões de facto”.

Tem-se imposto também um modo de pensar que reduz o amor e a própria vida familiar ao mundo de afetos, senti-mentos, emoções espontâneas, acentuando-se a dificuldade de compreender a dimensão social do Matrimónio e da fa-mília. Isto reflete-se no receio de ser pai e mãe, agravado pelas dificuldades socioeconómicas, e na quebra da natali-dade e da renovação das gerações.

Também a banalização do divórcio e do aborto – uma chaga social – está na origem de muitos dramas familiares.

São questões graves que atingem o coração da identi-dade do Matrimónio e da família. Não admira que alguns, envolvidos por este ambiente, se interroguem: Vale a pena, tem sentido casar e constituir família? Porquê casar na Igre-ja? O que tem de específico o sacramento do Matrimónio?

Não podemos deixar de referir, ainda, as novas tecnologias e a cultura digitais que entraram na vida fami-liar, imprimindo um novo estilo na relação entre as pessoas e entre as gerações. Por vezes, pais e filhos vivem na mes-ma casa, mas em universos culturais diferentes e distantes.

A realidade que traçamos pode parecer, por vezes, dura e sombria. Mas nem por isso o ideal pensado e criado por Deus deve resultar diminuído ou silenciado: “Quando os profetas calam e a visão (o ideal) desaparece, o povo cai num grande torpor” (Is 29, 9ss). Este torpor, este véu sobre os olhos se-ria mais grave do que todas as fraquezas morais. Não há, de facto, maior fraqueza do que esquecer o ideal, o projeto que Deus tinha bem presente quando criou o homem e a mulher.

Eis-nos, pois, perante um dos maiores desafios para os cristãos e para a Igreja do nosso tempo: (re)descobrir e testemunhar a beleza, a grandeza, a riqueza e a dignidade do Matrimónio e da família como dom de Deus e missão ao serviço da felicidade da pessoa, da sociedade, da Igreja e do mundo.

5. O desígnio de Deus: a vocação ao amorVamos, pois, reler e meditar as páginas da Bíblia que

nos apresentam o mistério da criação e o projeto que o Criador acariciou como seu ideal e que propôs a liberdade humana. Precisamos de olhar para a realidade profunda-mente humana do Matrimónio com o olhar de Deus, para que Ele nos ajude a vê-lo mais em profundidade e a des-cobrir a sua beleza, a sua grandeza e a sua dignidade origi-nárias. Como bem lembra Virgílio Ferreira: “Posso olhar o mar e não reparar nele porque já o vi. Nunca reparaste que há certas coisas que já vimos muitas vezes e que, de vez em quando, é como se fosse a primeira?”.

“Não é bom que o homem esteja só” O capítulo 2 do livro do Génesis, em linguagem simbó-

lica, oferece-nos alguns traços da identidade do ser huma-no como criatura de Deus.

“Não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma aliada (ajuda) que lhe corresponda”, exclama o Criador. Não é suficiente ao homem ter a seu lado os animais, por

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mais simpática que seja a sua presença. Ele precisa de uma ajuda viva e pessoal, uma companhia que lhe corresponda, uma aliada na qual possa fixar os olhos, com quem possa estar em relação face a face, de reciprocidade.

Eis que, perante o dom da mulher que Deus lhe apre-senta, como tirada do seu lado, o homem entoa um canto de amor: “Finalmente, esta é osso dos meus ossos, carne da minha carne”. E um canto de alegria perante o “tu” hu-mano, perante a humanidade e a feminilidade da mulher. Agora, o homem descobre-se, na sua identidade, como ser de relação, de diálogo, de encontro, de comunhão, de amor.

“Não é bom que o homem esteja só...”: estas palavras pronunciadas por Deus no início da história humana estão escritas no próprio coração da vida de cada homem e de cada mulher e definem a sua vocação mais profunda: a vocação ao amor, à comunhão, à solidariedade, ao apoio recíproco. Obviamente, trata-se de uma dimensão ampla, que abraça numerosas formas de comunhão.

“Os dois serão uma só carne”De seguida, o texto mostra como a comunhão de pes-

soas e de amor se realiza, de uma maneira singular e espe-cífica, na íntima união conjugal: “Por isso, o homem dei-xará o seu pai e a sua mãe, unir-se-á a sua mulher e serão os dois uma só carne”. Aqui, trata-se de uma comunhão íntima e total, na dimensão corpórea e espiritual (em que já vem incluído o filho), e que dá origem a uma nova comu-nidade de vida e de amor, de doação e entrega recíprocas: o Matrimónio entre um homem e uma mulher, origem de uma nova família.

Não é necessário explicar como o autor sagrado quis recordar-nos que estas duas pessoas que constituem o casal são iguais na sua dignidade radical, mas diferentes na sua identidade individual. Homem e mulher são ambos pessoas humanas, embora na diversidade dos seus géneros. A dife-rença sexual mostra-nos que nem o masculino nem o femi-nino representam todo o humano. É na complementaridade dos sexos que Deus mostra a beleza da condição humana.

“À imagem de Deus, homem e mulher os criou... E viu que era muito bom e belo”Para aprofundar mais este tema, consideremos também

o texto do capítulo 1 do livro do Génesis, que nos oferece uma perspetiva complementar. Aí, faz-se a apresentação do homem e da mulher enquanto criados a imagem e semelhan-ça de Deus: “Deus criou o homem a sua imagem; a imagem de Deus Ele o criou; e criou-os homem e mulher” (1, 27).

O ser humano é criado a imagem de Deus nestas duas formas de existência masculina e feminina: não só a título individual de cada um, mas também enquanto comunhão de amor do homem e da mulher, sobre os quais desce a bênção da fecundidade: “Deus abençoou-os e disse-lhes: «sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e subme-tei-a»” (1, 28).

O casal humano aparece como coroamento da obra criadora. E no final fica gravada a marca de fabrico divino: “E Deus viu que tudo era muito bom e belo” (1, 31). É uma marca de excelência com o superlativo de qualidade!

A esta luz, podemos então dizer que o Matrimónio e a família aparecem aqui como imagem, isto é, participação e irradiação da bondade e da beleza do amor de Deus e do Deus-Amor no mundo.

A fecundidade é imagem viva e eficaz, sinal visível do ato criador divino. O casal é chamado a ser concriador com Deus: antes de mais, na transmissão da vida, mas também enquanto criadores de amor, de cultura, de progresso e de promoção humana. A fecundidade não é só biológica. Os casais biologicamente estéreis podem ser muito fecundos, humana e espiritualmente.

A vocação ao amorO Matrimónio contém, pois, uma vocação. Quando se

fala de vocação, quer dizer que não é um facto meramente humano, sociológico, casual. É importante compreender que a vocação é um chamamento que contém um dom, um projeto e uma missão para o homem. Dom, porque é Deus que põe no coração o desejo forte de amar e de ser amado; projeto – e não simples experiência casual –, em ordem a constituir a comunhão de amor e a unidade estável do casal e da família que deve ser construída dia após dia. Missão do casal é “serem os dois uma só carne”, “terem um só coração, uma só alma, tudo em comum”, é serem fecundos e formarem comunidade a imagem e semelhança de Deus.

Não são motivos de conveniência material, ou o desejo de organizar a vida, nem tão pouco a mera necessidade se-xual, que justificam o casamento. A pessoa casa-se porque ama, porque se sente profundamente atraída por outra pes-soa e nela encontra a mesma correspondência e sua com-plementaridade. O autenticamente apaixonado ama o outro para além de tudo, ama o ser da pessoa amada.

No chamamento ao Matrimónio, Deus chama através do encontro com a outra pessoa e a atração que a pessoa amada exerce é a mediação da atração que o próprio Deus suscita no homem e na mulher. Por outro lado, o chama-mento não se confunde com um instante. É um processo, com um desenvolvimento e um diálogo que implicam discernimento e opção livre por valores particulares.

Assim, a vocação para o amor designa-se na nossa so-ciedade como “namoro”, o caminho e o processo em que o amor vai amadurecendo, num progressivo conhecimen-to um do outro, em verdade e lealdade. Nem tudo o que parece namoro o é realmente. Há miragens, pensamentos egoístas e apressados que requerem um discernimento sé-rio, com o fim de chegar a verdade vocacional, capaz de servir de base a uma vida estável em comum.

Nos adolescentes e nos jovens, até em adultos, estabe-lece-se a confusão entre o desejo e o amor. Assim, o desejo do prazer sexual e da descoberta de novas sensações físi-cas, o desejo da expressão da sensualidade nascente é iden-tificado e confundido com o amor por muitos adolescentes e jovens. Muitas vezes, assumem o direito ao prazer, vivi-do de qualquer forma, sem quaisquer limites, sem respeito por si próprios e pelo outro, numa profunda deturpação, não só do amor, mas também da dignidade humana.

Esta visão sobre a vocação humana ao amor deverá estar presente nos ambientes e nos esforços educativos da família, da escola, da catequese, dos grupos de jovens, das comunidades cristãs e dos movimentos apostólicos. É pre-ciso oferecer às crianças, aos adolescentes, aos jovens e mesmo aos adultos, com a pedagogia do próprio amor, o conhecimento deste extraordinário dom divino e ajudá-los a descobri-lo e a acolhê-lo pessoalmente com alegria e confiança.

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6. O amor de Cristo: o sacramento do Matrimónio

O milagre do amor nas bodas de CanáO ícone evangélico das bodas de Caná (Jo 2, 1-1) con-

tém uma mensagem rica de simbolismo e ajuda-nos a des-cobrir alguns “pontos luminosos” que põem em relevo os traços do Matrimónio cristão e da família que dele deriva.

Jesus presente no casamentoAntes de mais, no centro da cena está Jesus. Ele, o

convidado das núpcias de Caná, é também o convidado de todo o casamento cristão, quer estar presente no seu início.

Vem ao encontro dos esposos. Este encontro pessoal entre Cristo e os esposos é, precisamente, a verdade es-condida e preciosa do sacramento: não é um simples rito, uma bela cerimónia, uma bênção qualquer, mas sim um encontro vivo de pessoas. O sacramento tem um nome e um rosto: o nome e o rosto de Jesus, Esposo da sua Igreja. Ele torna-se presente na festa do casamento, multiplica a alegria, revela um amor maior. Que amor? O seu, o dos esposos, ou ambos simultaneamente?

O milagre do amorJesus realizou o milagre da transformação da água em

vinho na festa das bodas. O sinal da aliança matrimonial fora usado já pelos profetas para exprimir a aliança de Deus com o povo. Jesus, com o milagre do vinho novo na festa dos esposos, quis revelar que Ele é o Esposo da Nova Aliança de Deus com a humanidade. Ao mesmo tempo, Jesus insere o Matrimónio dentro da Nova Aliança selada pelo seu amor na hora da cruz. O amor dos dois esposos, no dia das núpcias, entra no mistério do amor de Jesus.

O vinho novo, de qualidade e abundante, é expressão do amor novo que leva e eleva à perfeição o amor huma-no dos esposos. O milagre da água transformada em vinho acontece, ainda hoje, de modo surpreendente: pela graça do Espírito Santo, Espírito de amor comunicado pelo sa-cramento, os esposos cristãos podem amar de modo novo, com toda a humanidade e beleza do seu amor, assumidas e transfiguradas pelo amor de Cristo.

“Casar no Senhor” (1 Cor 7, 39): o sacramento do MatrimónioNesta perspetiva compreendemos que S. Paulo, quando

fala do casamento dos cristãos, o carateriza como “casar no Senhor”. Quando dois cristãos, homem e mulher, querem casar, fazem-no na comunhão com Cristo: querem viver a sua vida de casados a partir da sua comunhão com Cristo, da fé n’Ele e da pertença a Ele. Ficam unidos a Cristo e em Cristo, não só a título individual, mas a título de casados, como casal.

A Carta aos Efésios (5, 21-33) aprofunda este aspeto, ao propor o amor apaixonado de Cristo pela sua Igreja como fonte e modelo do amor conjugal: “Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela para a santificar... Por isso, o homem deixará o pai e a mãe, unir-se-á a sua mulher e serão os dois uma só carne. Grande é este mistério; digo-o em relação a Cristo e a Igreja”.

“É grande este mistério ou sacramento” significa que no amor de doação recíproca entre o homem e a mulher está presente e comunicado, de algum modo, o amor de

Cristo pelo seu povo, pela humanidade: nos atos humanos, por vezes pobres, outras vezes heroicos (escuta, ternura, doação, sexualidade, sacrifício...), está presente o amor de Deus. Através destas pessoas e destes atos, Deus manifesta e comunica o seu amor no meio de nós.

O elemento mais profundo no Matrimónio cristão é a consciência do casal ser sacramento ou sinal, imagem viva e instrumento da ternura e do amor de Cristo pela huma-nidade, precisamente, através do amor de um pelo outro, pelos filhos e do testemunho de amor aos outros e de ser-viço à sociedade. E Jesus Cristo que consagra e santifica o amor dos esposos para realizarem isto.

Sim, é verdadeiramente grande, nobre e belo este sa-cramento! Mostra que o Matrimónio não é simples obra humana; é obra de Deus que criou o homem e a mulher e os deu um ao outro no respeito da sua liberdade. Quando Cris-to elevou o Matrimónio a dignidade de sacramento, confe-riu-lhe todas as qualidades do seu próprio amor entregue por todos, amor que é dom e serviço, força e perdão, amor terno, fiel e duradoiro. Deu aos esposos cristãos a presença do seu Espírito Santo, que liberta o coração humano de todo o traço de egoísmo e de pecado, o purifica e fortifica.

“A graça própria do sacramento do Matrimónio desti-na-se a aperfeiçoar o amor dos cônjuges e a fortalecer a sua unidade indissolúvel. Por meio desta graça, eles auxiliam-se mutuamente para chegarem à santidade pela vida conju-gal e pela procriação e educação dos filhos” (CIC n. 1641).

Ah!, se os esposos cristãos se recordassem um pouco mais de tudo isto nos dias de fraqueza e de tentação!

A descoberta desta visão de fé sobre o Matrimónio por parte dos namorados e dos noivos é fundamental para que escolham livre e conscientemente a sua celebração sacra-mental. Para isso, devem contribuir as iniciativas das co-munidades cristãs, da pastoral familiar, dos movimentos de casais existentes na Diocese e de quantos o possam fazer também. Apelo aos casais e aos sacerdotes empenhados nos Centros de Preparação para o Matrimónio que cui-dem, se possível ainda melhor, do itinerário de preparação e dos testemunhos que oferecem aos noivos, para que estes se sintam atraídos pelo amor de Cristo e desejem celebrar na Igreja o dom que através dela Ele lhes concede. Em cada comunidade, cuide-se da dignidade da celebração de cada Matrimónio, envolvendo um oportuno serviço ou equipa paroquial, para que essa tarefa não fique relegada somente à responsabilidade dos sacerdotes e à iniciativa dos noivos ou dos seus amigos.

7. Matrimónio e família na Igreja e na sociedade“Do Matrimónio procede a família, na qual nascem os

novos cidadãos da sociedade humana” (LG 11). A família é o fruto e o testemunho precioso da beleza e da fecundidade do amor conjugal. “A comunhão conjugal constitui o fun-damento sobre o qual se continua a edificar a mais ampla comunhão da família: dos pais e dos filhos, dos irmãos e das irmãs entre si, dos parentes e de outros familiares” (FC 21). Ser família é mais do que ser casal.

O Concílio Vaticano II fala da família em termos de “santuário intocável” onde a pessoa amadurece nos afetos, no amor, na liberdade, na solidariedade, na espiritualidade. O Papa João Paulo II, na Exortação Apostólica sobre a fa-mília cristã, indicou a instituição familiar quatro tarefas

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que evocarei muito brevemente: a formação de uma comu-nidade de pessoas, o serviço a vida, a participação social e a participação eclesial. Na base de todas estas funções está o amor; é para este amor que a família educa e forma. Neste sentido, João Paulo II sintetiza: “A missão da família é guardar, revelar e transmitir o amor”. Eis porque a famí-lia é, na verdade, o berço da vida, do amor e da fé.

Família, comunidade de amor constituída por todosA família é a comunidade onde cada ser humano, em

primeiro lugar, descobre e realiza a sua natureza relacional; o lugar privilegiado onde aprende a receber e a dar amor. É sobretudo no ambiente familiar que o amor pode ser vi-vido de forma estável, gratuita e generosa. “Sem o amor, a família não pode viver, crescer e aperfeiçoar-se como co-munidade de pessoas. O amor entre os membros da mesma família – entre pais e filhos, entre irmãos e irmãs, entre pa-rentes e familiares – é animado por um dinamismo interior e incessante que conduz a família a uma comunhão sempre mais profunda e intensa, fundamento e alma da comunida-de conjugal e familiar” (FC 18).

Esta comunhão requer o contributo de todos os mem-bros, de cada um segundo o dom que lhe é peculiar e na sua função específica. Para isso, há que apostar sobretudo na qualidade da presença, da relação, do diálogo, da par-ticipação, da cooperação e do serviço recíprocos. A união familiar não se faz na fotografia!...

Serviço à vida e missão educativa dos paisA fecundidade do amor conjugal tem uma expressão

privilegiada na procriação generosa e responsável. Na transmissão da vida, os pais são colaboradores no amor criador de Deus. Os filhos são um dom de Deus para os pais e um dom dos pais para a sociedade.

Também na geração dos filhos, o Matrimónio reflete o modelo divino, o amor de Deus pelo ser humano. A trans-missão da vida humana não se reduz ao aspeto biológico. “A vida só é dada inteiramente quando com o nascimento são dados também o amor e o sentido que tornam possível dizer sim a esta vida” (Bento XVI).

A paternidade requer, por conseguinte, o cuidado amo-roso em acompanhar o crescimento físico e espiritual dos filhos, particularmente, a sua educação atenta e sábia para os valores humanos e cristãos. Com o acolhimento, o cui-dado, o amor e o serviço recíprocos, a família torna-se o lugar primário do acolhimento e serviço a vida em todas as idades e fases, da humanização da pessoa e da sociedade, “escola de humanismo mais completo e rico” (GS 52), de modo a formar pessoas livres e responsáveis.

E necessário promover uma cultura da vida, face a banalização do aborto. Para isso muito contribuem os movimentos e associações de apoio a vida e as mães grávi-das em dificuldade.

Família e transmissão da féA família cristã é chamada a tornar-se comunidade de

fé, de graça e de oração, escola das virtudes humanas e cristãs, lugar do primeiro anúncio da fé aos filhos: a “Igreja doméstica”, Igreja em ponto pequeno, a dimensão do lar.

Transmitir a fé aos filhos, com a ajuda de outras pes-soas e instituições, como a paróquia ou a escola, é uma responsabilidade que os pais não podem esquecer, descui-

dar ou delegar totalmente. “Os pais são para os filhos os primeiros responsáveis da educação e os primeiros ini-ciadores da fé. Têm o dever de amar e respeitar os filhos como pessoas e como filhos de Deus... Em particular, têm a missão de educá-los na fé cristã” (CIC 460).

A linguagem da fé aprende-se no lar doméstico, onde a fé cresce e se fortalece através do testemunho, da oração e da prática cristã. A experiência quotidiana diz-nos que educar na fé, hoje, não é empresa fácil. Toda a obra de edu-cação se tornou cada vez mais árdua e precária. Mas os pais e os educadores não podem esquecer que são devedores aos filhos dos verdadeiros valores que dão fundamento e sentido a vida. Não podem ceder a tentação da desistência. É necessária uma aliança educativa entre a família e a catequese da comunidade, sendo de incentivar a experiên-cia da catequese dos filhos na família.

Primeira escola de virtudes sociaisPor tudo o que já expusemos, compreendemos que “a

família é a primeira e vital célula da sociedade onde os cida-dãos encontram a primeira escola daquelas virtudes sociais que são a alma da vida e do desenvolvimento da mesma so-ciedade” (FC 42), a saber: respeito pela dignidade pessoal de cada um, acolhimento cordial, encontro e diálogo, dispo-nibilidade desinteressada, serviço generoso, fraternidade e solidariedade profunda (cf FC 43). Eis o primeiro e insubsti-tuível ambiente em que se constrói a justiça e a paz.

Assim, cada família é chamada a colocar, em cada dia, a sua própria pedra na construção de uma “civilização do amor”.

Em síntese, “a família é um grande tesouro para os es-posos durante toda a sua vida e um bem insubstituível para os filhos que devem ser fruto do amor dos pais; um funda-mento indispensável para a Igreja e para a sociedade e um bem necessário para os povos” (Bento XVI).

Ver pais e mães a passear com os filhos pequenos é algo de encantador, que enche de ternura, comove e abre o sor-riso, como já disse. Sem estes núcleos familiares, seio de amor que gera novas vidas, escola de humanidade e de fé, que seria o nosso mundo? Seria um mundo triste, frio, inu-mano. Devemos então valorizar a cultura dos laços fami-liares: são uma face do amor, entendido não só como sen-timento, mas como entrega pelo bem das pessoas amadas, mesmo com o próprio sacrifício. A sociedade, o Estado e a Igreja devem, por sua vez, dar todo o apoio necessário para o bem da família e da sua missão insubstituível.

Os avós na famíliaDesejo dirigir uma palavra aos avós, que têm uma pre-

sença e uma função tão importantes nas famílias, como lembra o Papa Bento XVI: “Os avós podem ser – e são muitas vezes – os garantes do afeto e da ternura que todo o ser humano tem necessidade de dar e receber. Eles ofe-recem aos pequenos a perspetiva do tempo, são memória e riqueza da família. Nunca, por qualquer razão, devem ser excluídos do âmbito familiar. São um tesouro que não podemos tirar as novas gerações, sobretudo quando dão testemunho de fé”. Tantas vezes, são eles os que fazem a primeira iniciação a fé aos seus netinhos.

As comunidades paroquiais, as novas comunidades e associações eclesiais, os movimentos apostólicos, as es-colas católicas e outras instituições ofereçam aos casais e às famílias oportunas propostas formativas e outras

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iniciativas que os ajudem na sua vida e missão próprias. Merecerão especial ajuda as famílias em crise, as que pas-sam por carências ou várias formas de pobreza e as que têm pessoas com deficiência, idosos ou outras situações difíceis. Por seu lado, os pais e as famílias associem-se e colaborem em iniciativas, quer para alcançarem uma boa educação para os seus filhos, quer para partilharem com outros o testemunho dos bens e valores cristãos que ani-mam e enriquecem as suas vidas.

8. Vida conjugal e familiar, caminho de santidadeDepois de termos contemplado a grandeza e a beleza

da vocação e da missão do Matrimónio e da família no de-sígnio de Deus, alguns poderão pensar: é belo demais para ser vivido por seres humanos tão frágeis. Ainda por cima, a sociedade em que vivemos não ajuda nada; bem pelo con-trário. É preciso remar contra a corrente.

Devemos, porém, recordar que uma sociedade perfeita nunca existiu. No tempo de Jesus, as coisas não eram mais fá-ceis. A ideia de Matrimónio vivido na entrega recíproca total e definitiva, sem reservas, era algo de inaudito. Até os apóstolos reagiram desconcertados: “Se é assim, é melhor não casar” (Mt 19, 10)! Afinal, as dificuldades e o temor já vêm de longe.

De facto, olhando para a nossa fragilidade, tomamos consciência de que trazemos um tesouro em vasos de bar-ro. Mas também vale para nós o que diz o salmista: “Se o Senhor não construir a casa, em vão se afadigam os que nela trabalham” (Sl 127, 1). Só a comunhão com o Senhor pode ajudar a construir e a guardar a casa do amor dos esposos e da família. A sua graça é mais forte do que a nossa fragilidade.

Caminho específico de santidadeO sacramento do Matrimónio não pode ser reduzido ao

momento do rito celebrativo. A celebração é o momento culminante de um itinerário anterior e inaugura um cami-nho posterior. E fonte perene de graça para a vida conjugal e familiar ao longo de toda a duração. Esta graça é a ener-gia interior que estimula e ajuda os esposos a amadurecer, dia após dia, a sua comunhão de amor (cf FC 19). Este amor está destinado a guiar, formar e animar as relações entre os pais e os filhos, entre os irmãos e irmãs em família.

Assim, verificamos que o Matrimónio é um caminho específico de santidade, enquanto toda a vida matrimonial e familiar procura ser vivida na comunhão com Cristo, na luz da sua palavra, no seu espírito de amor e no testemu-nho cristão. A santidade dá beleza e qualidade à vida quo-tidiana da família.

Naturalmente, os esposos cristãos vivem uma experiên-cia humana e cristã diferente da vida dos não casados, ou daqueles que simplesmente coabitam. Eles fazem da sua vida uma oferenda santa e agradável a Deus. A doação mú-tua, as expressões de amor e ternura, a intimidade sexual partilhada, o perdão dado e recebido, a abnegação de cada dia com as suas alegrias e sofrimentos, com a sua grandeza e a sua pequenez, o amor aos filhos e a sua educação, toda essa vida é uma verdadeira oblação agradável a Deus e é caminho de santidade.

Em síntese, este caminho de santidade apoia-se na espiritualidade de comunhão fundada no sacramento do Matrimónio que distingue a vida familiar.

Conversão permanenteA conversão permanente é um caminho em que se

procura construir, a todo o custo, essa comunhão de amor a que se é chamado como casal desde os primeiros anos do Matrimónio: com o entusiasmo e o gozo de se verem feitos um para o outro, mas também com a descoberta de dificuldades inesperadas ao verificar que, afinal, cada um tem limites e defeitos que o outro não imaginava. Assim, os esposos dão-se conta de que a comunhão não é uma coisa óbvia, mas requer um longo caminho de integração, de aceitação, de ascese, de aprendizagem, muita capacidade de perdão e muita paciência e perseverança.

Que duas pessoas vivam unidas muito tempo sem se cansarem uma da outra e reconhecendo sempre o dom de Deus, é um milagre, é um dom que Deus dá, uma graça. Caminhar em harmonia em família, não é algo espontâ-neo. A graça do Matrimónio é a que dá força para percor-rer como casal o caminho comum, realizando as ações de cada dia, não com o espírito de capricho de quem faz o que bem lhe apetece, ou que só exige ser respeitado, mas com a sabedoria de quem percebe que tudo se deve fazer como casal, em diálogo e na reciprocidade .

O caminho dos esposos e das famílias é, por vezes, fati-gante, difícil e até dececionante. Entre os muitos males que minam e diluem a alegria conjugal e familiar, o pior é o pe-cado do egoísmo e do individualismo. O outro – marido ou mulher, filho ou filha, irmão ou irmã – deixa de ser objeto de um amor que se dá e torna-se em objeto de egoísmo, um objeto que é usado ou dominado.

O egoísmo divide, opõe, separa e converte-se na causa da desagregação do casal e da família. Daí surge a difi-culdade para a compreensão recíproca dentro das paredes da própria casa, gera-se a confusão, a incompreensão e a indiferença, nascem os conflitos e a violência.

Esta experiência dos esposos e da família cristã teste-munha a necessidade de uma conversão permanente, de reconciliação e perdão, uma necessidade de maturação progressiva do amor em todos os seus valores. Quem ama deseja um amor maior, mais belo e gozoso!

A família em oração e a oração pela famíliaConscientes da grandeza do dom e da missão, por um

lado, e das resistências do egoísmo, por outro, os esposos sa-bem que é necessário alimentar a espiritualidade do amor e da comunhão entre eles e em família, para serem fiéis a sua vocação em cada dia. A oração presente na vida do casal e da família (por exemplo, no início e no fim do dia, antes das re-feições, ou noutros momentos e modos) e a fidelidade a Euca-ristia dominical são caminho para manter viva e fazer brilhar na sua vida a intensidade e a beleza do amor que os habita.

Também a própria Igreja se empenha em ajudar os esposos no seu caminho, invocando sobre eles a riqueza das bênçãos divinas: “Louvem-Te, Senhor, na alegria; bus-quem-Te no sofrimento; gozem da tua amizade na fadiga e do teu conforto na necessidade; rezem na assembleia santa, sejam testemunhas do teu Evangelho” (Ritual do Matrimó-nio). Um Matrimónio sem espiritualidade é como um cor-po sem alma, ou como uma planta sem água e sem sol. O bom vinho não provém duma vinha ao abandono e o amor também se cultiva e trabalha.

Nesta linha, proponho que se faça uma Grande Oração pelas Famílias, à semelhança do que se realizou no ano vocacional.

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Decálogo do amor conjugal e familiarPara ajudar os casais e as famílias a viverem e irradia-

rem a beleza das cores maravilhosas e, por vezes, difíceis do amor conjugal e familiar, bem como a fazerem um exa-me de consciência, ofereço um decálogo da autoria do bis-po italiano Bruno Forte:

1. Respeita a pessoa do outro como mistério2. Esforça-te por compreender as razões do outro3. Toma sempre a iniciativa de perdoar e de dar4. Sê transparente com o outro e agradece-lhe a sua

transparência para contigo5. Escuta sempre o outro, sem encontrares pretextos

para fechar-te ou fugir dele6. Respeita os filhos como pessoas livres7. Dá aos teus filhos razões de vida e de esperança jun-

tamente com a tua esposa ou o teu esposo8. Deixa-te pôr em questão pelas expectativas dos teus

filhos e sê capaz de discutir com eles9. Pede a Deus, em cada dia, um amor maior10. Esforça-te por ser para o outro e para os filhos dom

e testemunha de Deus.

O Senhor leve a bom termo a obra bela que em ti/em vós começou...

Para desenvolverem a espiritualidade conjugal e fami-liar, os casais e as famílias, além dos meios comuns que a Igreja lhes oferece, podem contar com a ajuda de movi-mentos ou associações eclesiais. São dons de Deus à sua Igreja para o crescimento espiritual e a santificação dos fiéis na sua vocação específica, tornando-os também mais capazes de testemunharem a fé, o amor e a esperança no mundo. Recomendo aos sacerdotes, em especial aos páro-cos e aos dirigentes apostólicos, que os deem a conhecer e fomentem a adesão livre àqueles em que encontrem ajuda para a caminhada espiritual e apostólica.

Para promover esta espiritualidade, é bom valorizar o Retiro Popular sobre este tema e a celebração dos dias litúrgicos de caráter familiar (Sagrada Família, Dia da mãe...), bem como a celebração dos jubileus dos 25 e 50 anos de Matrimónio a nível diocesano.

9. Ruturas na família: uma pastoral de diálogo e de misericórdia

A comunidade cristã deve fazer todos os esforços para ajudar os cônjuges em situações de fragilidade, de crise e de rutura. A Igreja é chamada a iluminar estas situações, dum ponto de vista pastoral, na fidelidade a dois princípios evangélicos: por um lado, salvaguardando a identidade do Matrimónio fiel, livre e indissolúvel que a Igreja não pode modificar; por outro, imitando a atitude da misericórdia de Jesus na atenção as situações concretas e diversificadas.

Esposos em estado de separação: a Igreja admite a sepa-ração física dos esposos, quando, por motivos graves, a sua coabitação se tornou praticamente impossível e prejudicial para eles e para os filhos, embora se deseje a reconcilia-ção. A condição de separação não impede de participar nos sacramentos e na vida da Igreja, se a pessoa vive sem nova união. Não devemos, porém, esquecer que são situações que deixam feridas profundas e que a comunidade cristã deve acolher e ajudar estas pessoas.

Os divorciados que não voltaram a casar: ficando claro que o divórcio é um mero procedimento civil para regular questões legais e que a Igreja não pode separar o que Deus uniu, a condição de um divorciado que não voltou a casar é equiparável a de separado e não impede a vida sacramental e a participação na vida da Igreja.

Os divorciados que voltaram a casar civilmente: é uma situação diferente. Fiel ao ensinamento do Senhor, a Igreja não pode reconhecer como Matrimónio a união dos divorciados recasados civilmente. Todavia, a Igreja desen-volve uma atenção solícita para com eles. Testemunha que Deus está próximo de todos, também de quem tem o co-ração ferido e, através de várias formas de participação e de envolvimento, convida todos a sentirem-se em casa na Igreja, para além de todo o preconceito ou pretensão. E cer-to que os divorciados recasados não estão numa comunhão plena com Cristo e a Igreja. Mas não estão excomungados nem excluídos duma vida de fé e de caridade dentro da comunidade cristã.

Assim, em particular, “os divorciados recasados, não obstante a sua situação, continuam a pertencer à Igreja, que os segue com especial solicitude na esperança de que cultivem, quanto possível, um estilo de vida cristão, atra-vés 1) da participação na Santa Missa ainda que sem re-ceber a Comunhão, 2) da escuta da palavra de Deus, 3) da adoração eucarística, 4) da oração, 5) da cooperação na vida comunitária, 6) do diálogo confidente com um sa-cerdote ou um mestre de vida espiritual, 7) da dedicação ao serviço da caridade, 8) das obras de penitência, 9) do empenho na educação dos filhos” (SC 29).

No VII Encontro Mundial das Famílias, em Milão, o Papa Bento XVI voltou a este tema nos seguintes termos: “Este problema dos divorciados recasados é um dos gran-des sofrimentos da Igreja de hoje. E não temos receitas simples... Em relação a estas pessoas, devemos dizer que a Igreja as ama, mas elas devem ver e sentir este amor. Parece-me uma grande tarefa de uma paróquia, de uma comunidade católica, fazer realmente o possível para que elas sintam que são amadas, aceites, que não estão fora, mesmo se não podem receber a absolvição e a Eucaristia”.

A vida cristã tem o seu vértice na participação plena na Eucaristia, mas não se reduz a ela, nem nela se esgota. A riqueza da vida cristã está ao alcance, de vários modos, mesmo de quem não pode receber a Sagrada Comunhão.

Os que optam pela união de facto ou os que casam só civilmente: a lógica da fé requer que aqueles que são cris-tãos, se querem casar e constituir família, “casem no Se-nhor”. Também o amor necessita da graça e da força que vem do sacramento celebrado em comunidade. De contrá-rio, significa pôr uma etapa importante e decisiva da sua vida fora da comunhão com Cristo e do seu projeto salvífi-co. Há aqui uma contradição com a vocação dos batizados a “casar no Senhor”.

Para os que não fazem esta escolha, a comunidade é chamada a procurar caminhos e modos de encontro, de aco-lhimento e diálogo, num clima de respeito e caridade, e a oferecer motivações positivas para que a sua situação possa evoluir em ordem a escolha do Matrimónio-sacramento.

No caso de pedirem o Batismo para os seus filhos, se-jam esses pais acolhidos cordialmente e informados sobre

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a sua situação, proponha-se um caminho de crescimento na fé e de descoberta da graça do Matrimónio, aprovei-te-se esta oportunidade de encontro e diálogo sem fazer chantagem. Mas não se recuse ao filho a graça que vem do Senhor e da Igreja, desde que os pais, algum familiar ou os padrinhos garantam que a criança será educada na fé cristã.

Matrimónios nulos: A “declaração de nulidade” de um Matrimónio significa que ele não foi válido e, portanto, nunca existiu. Há diversos motivos pelos quais um Ma-trimónio pode ser nulo. Esses motivos devem ser exami-nados pelo tribunal eclesiástico, na base de provas perti-nentes.

Assim, por exemplo, um Matrimónio é declarado nulo quando se prova que, no momento da celebração, um dos contraentes era incapaz de prestar o consentimento, ou de assumir as obrigações essenciais do Matrimónio; ou se um dos dois tinha excluído um elemento essencial do Ma-trimónio (a fidelidade ou a geração de filhos); ou então se um dos dois foi enganado pelo outro sobre uma qualidade que, pela sua natureza, pode perturbar gravemente a vida conjugal (por exemplo, omitindo que era drogado ou al-coólico); ou ainda se um foi obrigado a casar por medo grave externo. Uma vez declarada a nulidade, as pessoas ficam livres para contrair um Matrimónio válido.

Os sacerdotes e os casais prestem especial atenção aos casais e às famílias que passam por uma fase de crise e deem-lhes a ajuda oportuna, com a delicadeza que a situa-ção requer. As comunidades cristãs acompanhem com soli-citude, apoio e respeito as famílias monoparentais, concre-tamente os/as viúvos/as, para quem a perda do outro ser querido é “perder metade de si mesmo”. Atender e ajudar as pessoas nestes casos, nas suas necessidades materiais, afetivas e espirituais é um testemunho de caridade.

10. Pastoral familiar: opções e linhas de ação Os desafios da sociedade atual, marcada por uma gran-

de dispersão e confusão, requerem a garantia de que as fa-mílias não fiquem sós, desamparadas. Uma família isolada do resto dos familiares e amigos e da comunidade cristã pode encontrar obstáculos difíceis de superar. “Por isso, a comunidade eclesial tem a responsabilidade de oferecer apoio, estímulo e alimento espiritual que fortaleça a coesão familiar, sobretudo nas provações e nos momentos de crise. Neste sentido, é muito importante o papel das paróquias, como também das diversas associações eclesiais, chama-das a colaborar como estruturas de apoio e mão próxima da Igreja para o crescimento da família na fé” (Bento XVI).

“O cuidado pastoral da família significa, em concreto, o empenho de todos os membros da comunidade eclesial local em ajudar o casal a descobrir e a viver a sua nova vocação e missão. Para que a família se transforme numa verdadeira comunidade de amor, é necessário que todos os seus membros sejam ajudados e formados para as respon-sabilidades próprias diante dos novos problemas que se apresentam, para o serviço recíproco, para a comparticipa-ção ativa na vida da família” (FC 69).

É, portanto, tarefa da Pastoral Familiar acompanhar e apoiar as famílias em todas as fases da sua formação e do seu desenvolvimento, em todas as estações da vida, desde

a preparação para o Matrimónio. A Pastoral Familiar é uma dimensão essencial da evangelização e é transversal aos outros setores.

Graças a Deus, na nossa diocese são muitas as pes-soas, as associações e os movimentos que trabalham com generosidade na ajuda e promoção da família em vários âmbitos: o cuidado da espiritualidade matrimonial, a soli-dariedade entre as famílias, o apoio a educação dos filhos, a formação cristã dos noivos e a preparação para o Matrimó-nio, a atenção a tantos problemas e sofrimentos de famílias em dificuldade.

A nível diocesano, temos o Departamento da Pastoral Familiar como dinamizador e coordenador deste setor. Mas cada paróquia e vigararia deve promover esta pas-toral, escolhendo e convidando pessoas para constituírem um grupo organizado que trabalhe em coordenação com o departamento diocesano.

Para desempenharem de modo competente o serviço de pastoral familiar, é necessária uma formação adequada para todos os que nele aceitam comprometer-se: sacerdo-tes, casais e outros colaboradores.

Além disso, para um trabalho mais eficaz, promova-se uma coordenação entre as paróquias, os movimentos, as associações e outras comunidades que se dedicam a esta causa. Tudo isto deve ser acompanhado por um trabalho de mais vasta informação e divulgação.

Apresento, em anexo, as opções e as linhas pastorais para o próximo biénio, elaboradas com o contributo dos vários órgãos diocesanos de corresponsabilidade. São fa-cilmente compreensíveis, a luz desta carta pastoral. Para serem implementadas, é necessário o empenho de reflexão e de concretização, a nível paroquial, vicarial e diocesano (departamentos, movimentos...).

Perante todos os desafios e questões que o tema do Matrimónio e da família nos apresenta, não podemos res-ponder a todos eles ao mesmo tempo. Temos de definir prioridades. Por isso, falo de opções pastorais, que são os objetivos prioritários que escolhemos. As linhas pastorais correspondem as iniciativas, dinamismos e ações para tor-nar concretos e operacionais esses objetivos.

11. Maria, mãe da famíliaNas bodas de Caná estava presente Maria, mãe de Je-

sus. Convidando os serventes a fazerem o Ele lhes disses-se, Maria manifesta-se como a mãe solícita que conduz os discípulos a fé no Senhor e enche de alegria o coração dos esposos. Ela cuida dos esposos e inicia ali aquele precioso cuidado que Jesus lhe confiará junto a Cruz.

A presença de Maria em Caná simboliza a obra que ela realiza em cada Matrimónio, celebrado e vivido segundo o modelo da Aliança de amor de Cristo pelo seu povo, que, por sua vez, anima a vida da família.

No próximo ano pastoral, o Santuário de Fátima tem como lema um dos aspetos da mensagem de Nossa Senho-ra: “Envolvidos no amor de Deus pelo mundo”. A Nossa Senhora confiamos o êxito do biénio pastoral que agora começa, pedindo-lhe que ajude cada família a deixar en-volver a sua vida quotidiana na riqueza do amor de Deus. A peregrinação diocesana a Fátima, no 5.º domingo da Qua-resma, ajudar-nos-á nesse sentido.

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Senhor, nosso Deus e nosso Pai, origem e fonte de toda a vida,que criastes o homem e a mulher à vossa imagempara que, no amor recíproco, fossem família por Vós abençoada;Abençoai todas as famíliaspara que guardem, fielmente,o vosso eterno desígnio de amor.Nós Vos damos graças pela família que nos destes:no amor com que, em cada dia, nos acolhemos, nos ajudamos e perdoamosofereceis-nos uma imagem do amor com que criais toda a vidae com que cuidais de todo o ser humano.Ó Maria, nossa Mãe e Senhora das bodas de Caná,com o coração de filhos, nós vos confiamos todas as famílias,em particular, aquelas sem paz, sem afeto, sem pão, sem trabalho e alegria.Rogai por nós ao vosso filho Jesus. Com a doçura e a coragem de mãe, ajudai-nos a fazer o que Ele nos disser,para que nunca se extinga a graça e a festa do amor nas nossas famílias.Ámen!

8 de setembro de 2013, Festa da Natividade de Nossa Senhora† António Marto,Bispo de Leiria-Fátima

SiglasCEP – Conferência Episcopal PortuguesaCIC – Catecismo da Igreja CatólicaGS – Constituição Pastoral “Gaudium Et Spes” (Vaticano II)FC – Exortação Apostólica “Familiaris Consortio” (João Paulo II)LG – Constituição Dogmática “Lumen Gentium” (Vaticano II)SC – Exortação Apostólica “Sacramentum Caritatis” (Bento XVI)

AnexoFamília, comunidade de fé, de amor e de vida

Biénio 2013-2015 sobre a Família

Objetivo geralAnunciar a boa nova do Matrimónio e da família.

1.º Ano PastoralTema: Amor conjugal, dom e vocação

Objetivos específicos- Anunciar o sentido cristão da afetividade, do amor e

da família - Apresentar o Matrimónio como dom e vocação - Cuidar da preparação do sacramento do Matrimónio- Incentivar a espiritualidade conjugal e familiar

Atividades- Atividades para adolescentes e jovens sobre a vo-

cação ao amor e ao Matrimónio, a nível paroquial, vicarial e diocesano

- Encontros vicariais sobre a espiritualidade da vida conjugal e familiar

- Publicação de um desdobrável sobre a boa nova do Matrimónio e da família cristã

- Ações de divulgação dos movimentos de espiritua-lidade conjugal

- Formação permanente do clero sobre a família e pas-toral familiar

- Celebração dos dias litúrgicos de caráter familiar (Sagrada Família, Dia do Pai, Dia da Mãe, Dia dos Avós...)

- Constituição de novas equipas de Pastoral Familiar paroquiais e/ou vicariais

- Retiro Popular sobre o tema do ano

2.º Ano pastoralTema: Família, dom e missão

Objetivos específicos- Redescobrir a família como berço da vida- Promover a família como escola de humanização e

cidadania- Valorizar a família como lugar de vivência e trans-

missão da fé- Tornar mais visível a presença da família nas comu-

nidades cristãs

Atividades- Encontros vicariais sobre a missão da família- Formação para agentes de pastoral familiar - Apresentação de testemunhos de famílias na comuni-

dade cristã- Ações de formação para pais- Retiro popular sobre o tema do ano- Espaço de acolhimento para casais em dificuldade- Integração dos divorciados recasados na comunidade

cristã, nos modos previstos pela Igreja- Valorização da Semana da Vida - Realização da Festa da Família

Mensagem natalíciaA Alegria do Natal em Família

Ref.ª: BD2013B-007Com Jesus Cristo renasce a alegriaO Natal de Jesus não é uma lenda edificante ou apenas

uma piedosa tradição, nem simplesmente mais uma festa do calendário a convidar ao consumismo. O Natal autên-tico é uma história verdadeira e verificável, cujo conteúdo e alcance profundo e universal só se descobre a luz da fé.

O Natal põe no centro da nossa contemplação o rosto de um Deus de ternura que se fez homem para nos abraçar na sua amizade, para nos envolver na sua luz, para partilhar as nossa alegrias e tristezas, para reconfortar e tratar as di-versas chagas da vida, para cuidar dos feridos e aquecer os corações distanciados pela indiferença, para abater todos os muros que dividem, para oferecer a verdadeira paz. O sonho de Deus é fazer da humanidade uma única família.

Eis a beleza e a alegria do Natal em palavras do Papa Francisco: “ A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira dos que se encontram com Jesus. Quantos se

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deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo renasce, sem cessar, a alegria”.

Pensamos que a encarnação de Jesus é um facto apenas do passado que não nos toca pessoalmente? Ofereçamos-Lhe a nossa carne, o nosso coração, a nossa pessoa para comunicar a sua ternura ao mundo de hoje!

A ternura e a alegria do Natal em famíliaOutra caraterística do Natal é a dimensão familiar tão

ternamente apresentada pelo profeta Malaquias: “Ele (o Messias) há de trazer o coração dos pais a seus filhos e o coração dos filhos a seus pais”. Este aspeto é traduzido visualmente no belo ícone da Sagrada Família de Nazaré em que sobressai a figura de Maria com o menino ao colo. O Papa Francisco sublinha com vigor esta ternura: “Sem-pre que olhamos para Maria, voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do afeto”.

Neste ano pastoral dedicado a família devemos prestar especial atenção a este aspeto para renovar e reforçar a ale-gria e a beleza dos laços familiares a luz do Natal. Cito de novo o Papa Francisco: “Na base do sentimento de alegria profunda está a presença de Deus na família, está a seu amor acolhedor, misericordioso, respeitador de todos... Só Deus é capaz de criar a harmonia das diferenças. Se falta o amor de Deus, também a família perde a harmonia, preva-lecem os individualismos e extingue-se a alegria”. Deixa-mos Deus entrar na nossa família?

Vamos viver um Natal diferente em família?

A alegria solidária do Natal Não há Natal sem fraternidade e solidariedade a nível

comunitário e social. O Filho de Deus nasce para todos: n’Ele todos somos irmãos. Convida-nos a alegria solidária. À cultura do descartável e da exclusão, Ele opõe a cultura do encontro e da inclusão; face a globalização da indife-rença propõe a globalização da solidariedade. “Há mais alegria em dar do que em receber”(At 20, 35), disse Jesus.

A celebração do Natal de Cristo terá de se traduzir em atitudes, gestos e ações de partilha e de solidariedade com as pessoas e as famílias mais necessitadas sobretudo nes-tes tempos de crise. Já nos propusemos fazer algo neste sentido?

A Caritas portuguesa, como nos anos anteriores, lançou a operação “10 milhões de estrelas”. Com esta campanha propõe que até ao Natal se acenda em cada lar uma vela em nome da justiça, da solidariedade e da paz. Cada vela custa um euro. As verbas reverterão em 65% a favor das famílias e pessoas em situação de carência socioeconómica através da Caritas diocesana e, em 35%, para ajudar as víti-mas do conflito na Síria. Apelo a participação generosa de todos nesta iniciativa tão necessária e útil.

Faço votos de que a luz do Natal seja a estrela que reve-la o caminho do amor, do encontro, da partilha, da unidade e da paz nos corações, em cada família e na sociedade!

A todos os diocesanos desejo Santo e Fraterno Natal e Feliz Ano de 2014!

Leiria, 13 de dezembro de 2013† António Marto,Bispo de Leiria-Fátima

textos Diversos

Encontro com comerciantes de LeiriaA cidade, o comércioe o sentido da fé

1. Uma cidade de rosto humanoNos inícios do século XX, a Carta de Atenas de 1931

saída do IV Congresso internacional sobre Arquitetura e Urbanística, partia de quatro necessidades humanas uni-versais para traçar as linhas da cidade: habitar, trabalhar, circular, recrear o corpo e o espírito, para o cidadão ter acesso ao bem estar, as alegrias fundamentais e a beleza da cidade.

A Nova Carta de 1998 põe a tónica no desenvolvimen-to sustentável. Falta porém nestes documentos um aceno a comunicação e comunhão interpessoal que dão um rosto mais humano a cidade.

Um grande presidente da câmara da cidade de Floren-ça, em Itália, filósofo, teórico e poeta da cidade, Giorgio La Pira, escrevia em 1954 este lindo texto: “As cidades têm um rosto próprio, têm por assim dizer uma alma e um destino próprios. Não são meros armazéns de pedra; são misteriosas habitações dos homens e mais ainda, de certo modo, misteriosas habitações de Deus”.

De facto, a cidade tem uma arquitetura, uma urbanísti-ca, uma geografia, uma sociologia e uma psicologia: uma cidade tem as ruas, as praças, as casas, os edifícios públi-cos, os lugares de culto, de reunião e de divertimento. Cada cidade tem os seus centros de poder cívico, político, econó-mico; tem a possibilidade de uma subsistência económica, de sustentabilidade e de segurança estrutural. Mas o que é que mantém unidos tantos fios de uma tão rica e multifor-me complexidade?

O centro e a alma natural da cidade são as pessoas e a comunhão entre elas. A cidade é para o homem; não o homem para a cidade. À volta das pessoas constrói-se a cidade e os seus lugares simbólicos onde se enraíza e de-senvolve a sua vida: o templo para a sua união com Deus e a sua vida espiritual; a casa para a sua vida de família; a ofi-cina e a empresa para a sua vida de trabalho; a escola para a sua vida intelectual e cultural; o hospital para a sua vida física saudável; o mercado para o intercâmbio de bens; as praças que são essencialmente lugares de convivência, de encontro, de diálogo e intercâmbio, correspondendo a cada uma um destino funcional preciso, como por exemplo, pra-ça do comércio, da moeda, dos animais.

São os lugares simbólicos que exprimem a vida espi-ritual, a vida familiar, a vida económica, a vida cultural, a vida convivial, social e lúdica da cidade. É isto que dá alma a cidade. Portanto, convida-nos a olhar para a cidade, não apenas como lugar onde dispomos de serviços e de estru-turas que oferecem bem estar a nossa vida, mas também e sobretudo como lugar e espaço onde se realiza a vida dos homens nas suas várias dimensões.

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pessoas para além do seu ambiente, num horizonte muito mais vasto, revelando, não raramente, alguns dados da cul-tura e gostos do comerciante.

Finalmente, importa destacar a “arte” com que o bom comerciante trata o seu cliente, para o cativar e tornar sa-tisfeito: a simpatia, o calor humano, a cordialidade, a dis-ponibilidade para atender pacientemente. É bem sintoma disto a expressão proverbial “o cliente tem sempre razão”. Toda a gente sabe por experiência direta quanto este modo de agir é importante.

Como se vê, a dimensão económica não é a única rique-za que o comércio gera na cidade. Ele põe em movimento uma multiplicidade de relações interpessoais, de informa-ções, de ideias e outros bens humanos e sociais que enri-quecem, de vários modos, a sociedade. Esperamos é que todos estes elementos sejam sempre contributos positivos para a convivência e ajuda mútua entre pessoas, grupos e povos, na justiça e na paz.

Todas estas caraterísticas contribuem grandemente para construir, dia a dia, uma cidade mais humana. Isto mostra-nos também que, deste modo, os profissionais do comércio na sua atividade são colaboradores de Deus no projeto da criação em que Deus confiou a cada um a missão de tornar o mundo melhor, mais fraterno e justo, a começar no lugar onde vivamos e trabalhamos. O mundo, visto a luz da fé, é o lugar da vocação, da missão e santificação dos cristãos.

Pelo que fica dito merecem justa homenagem os co-merciantes!

Não podemos ignorar que a atividade comercial sofre hoje inúmeras condicionantes externas e internas - como a globalização, as novas tecnologias, a crise económico-financeira, a política habitacional, de transportes e de orde-namento comercial, a concorrência das grandes superfícies -, que levantam dificuldades e desafios e obrigam a buscar novas adaptações, meios e métodos tais como o comér-cio eletrónico, a diversidade de ofertas e novos produtos, o marketing etc. Embora não seja da minha competência tratar estes aspetos, quero todavia deixar uma palavra de esperança: formulo votos para uma conjugação de esfor-ços do governo da cidade, das instituições públicas e dos comerciantes e suas associações que criem condições para responder aos novos desafios e a crise com criatividade, inovação e solidariedade numa cooperação frutuosa.

3. A Igreja na cidade No contexto da humanização da cidade, coloca-se, de

modo particular, a missão da Igreja, da cada comunida-de cristã, de criar laços de comunhão e solidariedade para além das afinidades naturais, para constituir aquele tecido de referência que dá suporte de fundo ao sentido cívico e moral de uma cidade.

Daqui deriva também um compromisso, um empenho para todos, de criar canais de comunicação, por exem-plo, entre os lugares do trabalho e os do tempo livre, en-tre os lugares do sofrimento e os da solidariedade e do voluntariado, entre as prisões e a chamada “sociedade de bem”, entre as instituições culturais e a gente comum, entre os marginalizados, os sem abrigo e aqueles que são ricos de relações e de abrigo.

Construir a cidade não quer dizer só construir o quadro exterior, isto é, os serviços, as infraestruturas ao serviço do nosso viver quotidiano, que é muito importante, natural-

No dizer de João Paulo II, “uma cidade é muito mais que um território, uma área económica produtiva, uma realidade política. É sobretudo uma comunidade de pes-soas e, em particular, de famílias com os seus filhos e os seus problemas humanos. É uma experiência humana viva, historicamente enraizada e culturalmente distinta”. Por isso afirmamos que é necessário o amor pela cidade, a amizade dos cidadãos pela sua cidade, que está na base da cidadania responsável. Esta amizade não é algo simples-mente emotivo ou bairrista. É um sentir íntimo do coração que se manifesta e concretiza no pensar com inteligência, no agir com determinação e dedicação pelo bem comum da cidade.

2. O comércio e a humanização da cidadeAo longo dos séculos, a formação das cidades foi es-

timulada pelo comércio, o qual acabou por atrair massas populacionais que foram a procura de trabalho e de bem--estar. O comércio e a cidade são duas expressões indisso-ciáveis: foi graças ao comércio que a cidade cresceu e foi na cidade que o comércio se desenvolveu, sobretudo no centro urbano.

O resultado deste jogo de interdependências permite-nos perceber que sempre que o comércio se encontra pe-rante uma conjuntura difícil, o espaço urbano perde nor-malmente dinamismo e degrada-se. Por sua vez, quanto maior for o dinamismo da vida da cidade nos vários âm-bitos do turismo, das atividades culturais, lúdicas e outras, tanto mais potencia o dinamismo do comércio.

Neste contexto desejaria sublinhar a relevância do contributo para a humanização da cidade por parte do co-mércio de cunho tradicional predominante na zona da pa-róquia de Leiria e constituído em boa parte por pequenas empresas familiares. O comércio e os comerciantes têm, na verdade, um papel relevante no aspeto económico, social e cultural.

Na dimensão económica promovem a geração de em-prego, a distribuição de bens úteis aos cidadãos, a criação de riqueza.

Do ponto de vista humano e social o comércio de pro-ximidade com as suas lojas oferece um espaço de conversa e de convívio. Distingue-se pelo acolhimento pessoal, per-mite criar um ambiente de relação quase familiar em que o cliente sente que faz parte da empresa onde encontra, de algum modo, acolhimento, escuta, companhia, com-preensão, informações úteis ou até preciosas e para alguns, porventura, remédio para a solidão.

Por outro lado, do ponto de vista estético, as lojas pelo arranjo dos seus espaços e montras, com a inovação, criativi-dade, colorido, iluminação e outros elementos, dão beleza as ruas e a cidade, cativam as pessoas, suscitando nelas a curio-sidade e o encanto para verem e apreciarem. O comércio atrai as pessoas não apenas para comprarem mas também para admirarem. O arranjo de montras e espaços comerciais comporta uma certa arte, efémera, é certo, mas reveladora de talento dos comerciantes ou seus decoradores.

Os nomes dos estabelecimentos constituem, com fre-quência, pontes com o mundo. Este reflete-se neles de múl-tiplas formas: de cidades a nomes de cultura, de marcas internacionais a designações originais, da evocação de pro-gramas televisivos ou obras de cinema a toponímica local ou regional. E uma constelação de nomes que projetam as

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mente. A cidade faz corpo com as pessoas que a habitam e a pessoa humana vive de relações. Neste sentido, a cidade é chamada a ser lugar de boas relações fraternas, o que requer de todo o cidadão um coração universal, de abertura universal a todos.

Para esta tarefa quer contribuir também a Igreja de Je-sus Cristo. Na expressão concreta das comunidades cristãs que vivem no meio da cidade, a Igreja quer mostrar-se ami-ga da cidade, trazendo para dentro dela apenas o evangelho de Cristo.

A amizade pela cidade é uma expressão concreta do nosso amor a Deus, que nos confia a cidade, e do amor ao próximo, porque Deus nos confia uns aos outros. O amor é fonte de comunhão, energia de colaboração, força geradora e motriz duma cultura de solidariedade – realidades essen-ciais para uma convivência justa, construtiva e inclusiva.

A Igreja manifesta grande apreço pela vossa atividade cheia de riqueza humana e espiritual para o bem comum, oferece-vos o apoio ético e espiritual e também de grupos ou associações como a ACEGE.

Para todos vós e para a vossa atividade invoco as me-lhores bênçãos de Deus e que a luz da fé vos ajude a de-senvolver a vossa atividade com coerência e com a cons-ciência da sua importância social para quem nela trabalha e para quem a ela recorre.

Leiria, 3 de janeiro de 2013† António Marto,Bispo de Leiria-Fátima

Homilia da Missa Crismal de 2013A fé do padre: Pela fé caminhamos no ministério e no mundo

Ref.ª: BD2013B-003A vós, caros irmãos no sacerdócio, e a todos os fiéis

participantes na Missa Crismal, a alegria e a paz da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo na comunhão do Es-pírito Santo.

Esta celebração é caraterizada, de um modo particular, pelo encontro de todo o presbitério com o seu bispo, o que nos faz sentir unidos numa íntima comunhão no mesmo dom e na mesma missão do sacerdócio, nas alegrias e nas fadigas uns dos outros. E pois ocasião propícia para ende-reçarmos os parabéns aos sacerdotes que este ano celebram o jubileu da ordenação e para recordar na oração os que, desde o ano passado, partiram para a casa eterna do Pai.

Além disso, o bispo e os presbíteros renovam as pro-messas do dia da ordenação. Este gesto assume um parti-cular relevo neste Ano da Fé em que todos os cristãos são chamados a reavivar a alegria e o entusiasmo da fé cristã. Este convite interpela mais profundamente aqueles que, por missão, devem cuidar da fé dos irmãos.

O tempo em que vivemos, o encargo pastoral que rea-lizamos, a alegria e as provações do ser padre hoje põem-nos questões radicais: somos e tornamo-nos cada vez mais homens de fé? O que carateriza propriamente a fé do padre enquanto discípulo chamado a colaborar na missão dos apóstolos?

Com o olhar fixo em JesusA Missa Crismal, na sua própria beleza espiritual e li-

túrgica, torna-se para todos nós uma graça renovada e um impulso singular a ir as fontes da fé em Jesus Cristo, e a partilhá-la bem como a missão de servir o Evangelho. Fa-zemo-lo com a profissão de fé do Apocalipse: a fé assegu-ra-nos que entre nós, aqui, está presente “Aquele que nos ama e pelo seu sangue nos libertou do pecado”, “Aquele que fez de nós um reino de sacerdotes para Deus, seu Pai”. A nossa fé reconhece-o e proclama-o com alegria como “a Testemunha fiel, o Primogénito dos mortos, o Príncipe dos reis da terra”, como “o Alfa e o Omega”, como “Aquele que é, que era e que há de vir, o Senhor do Universo”.

Eis uma verdadeira profissão de fé comum a todos os cristãos. Nela também o presbítero encontra a força e a alegria de servir a fé do nosso povo. O apóstolo nunca deixa de ser discípulo. A singularidade da fé do padre está intimamente ligada ao seu seguimento de Cristo. Somos chamados a seguir o Senhor com um amor específico, com uma fé verdadeiramente enamorada que nos leva a uma oferta radical de nós mesmos, imitando Cristo despojado para o serviço do seu povo e da família humana. Esta fé está na base do nosso ministério e sempre presente, em cada dia, em tudo o que fazemos e somos.

Só pela fé o padre caminha no ministério e no mundoNo final da visita pastoral as paróquias, em olhar re-

trospetivo, contemplo com maravilha e gratidão a fé do povo cristão e do clero da diocese. Dou graças a Deus por este espetáculo esplêndido, edificante, encorajador e até comovente. Considerando o testemunho da vossa vida, ca-ríssimos irmãos padres, posso continuar o cântico da fé que o autor da Carta aos Hebreus iniciou.

Pela fé, vós interpretastes a vida como vocação e entre-gastes-vos a um ministério que não promete sucesso, rique-za, prestígio, mas vos expõe, juntamente a tantas alegrias e graças, também a sacrifícios, fadigas e incompreensões.

Pela fé, sois constantes na oração e no anúncio do Evan-gelho, mesmo quando há gente que pretende outras coisas e parece pouco interessada na oração e no Evangelho.

Pela fé, dedicais gratuitamente tempo e atenção, recur-sos materiais e orações a tantas pessoas, sem esperar nada em troca: cuidais dos doentes, acompanhais e educais os mais jovens, assistis os idosos e desamparados.

Pela fé, estais no presbitério e assumis as responsabi-lidades que vos são pedidas, dedicando-vos a pastoral in-tegrada ou de conjunto que vos leva a trabalhar em rede.

Pela fé, guardais a esperança em Cristo e a confidência com Ele, mesmo quando se insinua o desencorajamento por não verdes os frutos imediatos.

Pela fé, dais conforto e alegria, ofereceis a bênção de Deus e palavras de esperança, mesmo quando estais na provação e na desolação.

Pela fé, viveis a juventude com a luz e a coragem das opções definitivas; a idade maduracom uma disponibilida-de e responsabilidade que não conhecem arrependimento; viveis os anos da velhice como tempo de oração e de sa-bedoria.

Pela fé, viveis o celibato como dom alegre ao Senhor e a sua Igreja e reconheceis em tantos esposos cristãos um exemplo de amor concreto e fiel.

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Caros padres, olhai com o olhar de Deus para o vosso ministério e contemplai as maravilhas de graça que Ele rea-liza em vós e através de vós. Tende fé n’Ele! Olhai com fé para as pessoas, comunidades e serviços que vos estão con-fiados. Acreditai que o Senhor vos guia e sustenta. Prestai atenção aos sinais e dons do Espírito! Ele surpreende-vos, ilumina-vos e torna-vos criativos e audazes em iniciativas pastorais inovadoras!

E bela a vossa fé! E o fruto da atração do amor de Jesus, da gratuidade da sua dedicação, do fascínio da sua humani-dade de Filho de Deus, da sua vida verdadeira, boa, bela e feliz. Com a renovação das promessas afirmamos que que-remos ser fiéis a esta beleza.

Não há fé sem cruz, sem luta!A fé é sempre uma luta e também hoje face aos desafios

e as dificuldades, fadigas e tensões que o clero e o povo de Deus devem enfrentar para a testemunhar no mundo atual. Medos e fragilidades podem abalar a nossa fé e obscurecer o nosso testemunho. A época que estamos a viver submete a prova a nossa fé.

Também os bispos e os padres podem ser tentados na fé e tocados pela lamentação de Jesus: “Ó geração incrédu-la”(Mc 9, 19), “Homens de pouca fé”(Mt 6, 30; 8, 26; 16, 8). Quais as tentações mais insidiosas?

- A tentação do desencorajamento por um ministério marcado por tantas fadigas, solicitado por tantas preten-sões e que parece pouco fecundo;

- a tentação do descontentamento, da murmuração, da amargura pela impressão de não sermos bastante conheci-dos, apreciados e valorizados;

- a tentação de considerar insuperáveis as divergências dentro da comunidade ou do presbitério, insanáveis as di-visões e irrecuperáveis as pessoas e a comunhão;

- a tentação da rotina, da mediocridade, da mundanida-de e da banalização, que enfraquece a fé, quase insensivel-mente, no exercício quotidiano do ministério.

Tal como a fé de Pedro, também a nossa é pouca: uma mistura de fé e de incredulidade, de confiança e de dúvida (cf Mt 28, 17). Podemos experimentar o medo de nos afun-dar, mas o Senhor estende-nos sempre a sua mão e dá-nos coragem bastante em cada dia.

Creio, Senhor, ajuda a minha pouca fé!Todos juntos elevamos, com confiança e humildade, a

nossa súplica ao Senhor: “Creio, Senhor; ajuda a minha pouca fé” (Mc 9, 24).

Para crescer na fé não podemos sonhar uma situação ideal para exercer o ministério. Somos, antes, chamados a permanecer em Jesus, como o ramo unido a videira para dar muito fruto. Ninguém nos prometeu condições ideais, mas temos a responsabilidade de aproveitar os dons e os re-cursos que o Senhor põe nas nossas mãos e que nos ajudam a não correr em vão (cf Fil 2, 16).

Caros amigos, neste Ano da Fé somos convidados a reavivar a alegria e o entusiasmo da fé, nossa e do povo de Deus. E o teste concreto está na alegria e no entusiasmo que pomos no nosso ministério. Por favor, não vos deixeis vencer pelo tédio. Isso seria sinal de pouca fé. Só o entu-siasmo da fé impede que nos tornemos meros funcionários de Deus. Sem ele não é possível o espírito missionário e a Igreja fica doente.

A fé do padre está toda ela encerrada no amor de um olhar, o de Jesus, e na radicalidade de uma pergunta: “Amas-me mais do que estes?”. A fé cresce e alimenta-se no cuidado pelo rebanho do Senhor: “Apascenta as minhas ovelhas”.

Peçamos, pois, com humildade: “Senhor, ajuda a minha pouca fé, dá-me a graça da fé viva em Jesus Cristo Nosso Senhor, no seu Evangelho e na sua graça salvadora, por intercessão de Maria, nossa Mãe na fé e Rainha dos Após-tolos”.

Catedral de Leiria, 28 de março de 2013† António Marto,Bispo de Leiria-Fátima

Mensagem aos diocesanosConvite à Festa da Fé 2013

Caríssimos irmãos e irmãs da Igreja de Leiria-Fátima,Em maio de 2010, vivemos juntos uma experiência in-

tensa e maravilhosa de celebração festiva da nossa fé. Com o lema “Rosto(s) da Igreja Diocesana”, sentimos a alegria da unidade da Igreja Diocesana, expressa em algumas ini-ciativas que juntaram milhares de fiéis, tal como saboreá-mos a riqueza da sua diversidade, na partilha das várias comunidades, movimentos, estruturas e serviços.

Com esta grata memória voltei a propor uma nova edi-ção da Festa da Fé como coroamento do Ano da Fé. A rea-lização da Festa será nos próximos dias 31 de maio a 2 de junho.

Escolhemos como tema a expressão “Caminho(s) de vida, razões de esperança”. Queremos dar visibilidade a beleza e a alegria dos “caminhos de vida” com Cristo na comunidade cristã, na sociedade e no mundo. E queremos também manifestar as “razões de esperança”, tão necessá-rias nestes tempos que vivemos de dificuldades e desafios acrescidos.

Neste momento em que a data se aproxima, renovo o meu convite e apelo a participação de cada um de vós, meus irmãos e minhas irmãs diocesanos: as crianças, jo-vens e adultos; aos leigos, padres e religiosos; aos mais envolvidos na ação pastoral e aos menos próximos da vida eclesial. Só com a presença de todos, na vossa diversidade de carismas e personalidades, poderemos fazer uma verda-deira festa diocesana, de todos e para todos.

Aos que aceitarem este convite do vosso Bispo, bem como a todos os que estiverem de passagem ou em visita ocasional, estendo o meu abraço de acolhimento fraterno e o convite a que entrem em cada uma das tendas de expo-sição e em cada um dos espaços de oração, de cultura, de música e de convívio.

A todos, sede bem-vindos, em nome de Jesus Cristo, nosso caminho e nossa esperança!

Leiria, 7 de maio de 2013† António Marto,Bispo de Leiria-Fátima

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Mensagem aos diocesanosAdoração eucarística em sintonia com o Papa e a Igreja

Caros Diocesanos,O Papa Francisco convida todas as dioceses e comuni-

dades cristãs a realizarem uma hora de adoração eucarística em simultâneo, no próximo domingo, 2 de junho, solenida-de do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, das 16h00 as 17h00. E indica duas intenções especiais para essa oração em comunhão eclesial: “pela Igreja espalhada em todo o mundo” e “por todos aqueles que nas diversas partes do mundo vivem no sofrimento devido as novas formas de escravidão e são vítimas de guerras, do tráfico de pessoas, do narcotráfico e do trabalho escravo; pelas crianças e mu-lheres que são submetidas a qualquer tipo de violência”.

Como Igreja diocesana de Leiria-Fátima, aderimos com entusiasmo ao convite do Santo Padre, inserindo essa intenção na nossa Festa da Fé, especialmente, em duas ati-vidades: na celebração da Eucaristia do Corpo de Deus, em Leiria, no domingo dia 2, precisamente a hora indicada, e também na adoração eucarística a realizar no sábado, dia 1, das 10h00 as 24h00, na igreja do Espírito Santo.

Recomendo, por isso, aos movimentos e grupos res-ponsáveis pela adoração eucarística que incluam as inten-ções mencionadas nos tempos por eles orientados.

E a todos os fiéis peço a melhor adesão ao convite do Papa, como expressão de que temos “um só Senhor e uma só fé”, constituindo uma só família espiritual em todo o mundo, unida no “amor de Cristo” e na graça da “iniciação cristã”.

Leiria, 29 de maio de 2013† António Marto,Bispo de Leiria-Fátima

Sessão de abertura da Festa da Fé Festa da Fé 2013

“Oh, como é bom e agradável viver unidos como irmãos... É bênção de Deus e vida para sempre” (Sl 133, 1.3), canta o salmista. A sua alegria – eco do júbilo de um povo unido e reunido na mesma fé – é também, hoje e aqui, a nossa alegria.

É bom e belo estarmos aqui e sentirmo-nos irmanados num povo em festa para testemunhar a sua alegria de crer em Cristo e o seu entusiasmo em levar o Evangelho ao co-ração da cidade dos homens.

Neste momento, é-me dada a alegria e a honra de abrir oficialmente a Festa da Fé 2013 da nossa diocese de Leiria-Fátima. Quero desde já saudar a todos com fraterno afeto e agradecer a vossa presença. Saúdo com especial de-ferência e estima o Senhor Presidente da Câmara de Leiria bem como todas as autoridades autárquicas e demais ilus-tres convidados a quem agradeço a honra da sua distinta presença. Muito obrigado!

Porquê uma festa da fé?Em maio de 2010, vivemos juntos uma experiência

intensa e maravilhosa de celebração festiva da nossa fé, sob o lema “Rosto(s) da Igreja Diocesana”. Foram dias que nos encheram o espírito, em ação de graças pelos dons que Deus concede a esta diocese e pelas bênçãos que, através dela, espalha por todos os homens e mulheres que somos chamados a servir.

Recordo com especial emoção o clima de alegria con-tagiante e de comunhão e convívio fraterno e, de modo particular, a visita da imagem de Nossa Senhora de Fátima vinda da Capelinha das Aparições até a Catedral. E o seu percurso pelas ruas da cidade em grandiosa manifestação de amor e devoção das multidões em procissão.

Com esta memória no coração, voltei a propor uma nova edição da Festa da Fé para este ano pastoral de 2013. São várias as razões que nos estimularam a isso e conver-gem nesta festa:

- o coroamento simbólico do Ano da Fé, vivido com o elã de descobrir a alegria de crer e avivar o entusiasmo de comunicar a fé;

- a conclusão da visita pastoral as comunidades, com o dinamismo de entusiasmo e de comunhão que daí resultou;

- e, por fim, o termo do projeto pastoral saído do Sínodo diocesano e implementado ao longo de sete anos.

E porque não incluir também a eleição do Papa Francis-co com o novo ar de frescura e de inspiração para o dina-mismo da fé e da vida da Igreja neste nosso tempo?

São pois vários os motivos que alegram o nosso cora-ção.

Escolhemos como tema a expressão “Caminho(s) de vida, razões de esperança”. Queremos dar visibilidade a beleza e a alegria dos caminhos da vida com Jesus Cristo, centro da nossa fé. E, ao mesmo tempo, queremos também manifestar as “razões de esperança”, tão necessárias nestes tempos que vivemos de dificuldades e desafios acrescidos.

A dimensão espiritual para a edificação da cidadeFazemos a festa no meio da cidade dos homens. Não se

assemelha a um mero divertimento, como uma espécie de “praça da alegria”. Nem pretende ser um ato de exibicio-nismo triunfalista ou do género campanha eleitoral. Trata-se apenas de um testemunho de como a fé cristã constitui um contributo de primeira grandeza para a sociedade, par-ticularmente num momento de crise. Tal como aconteceu com Zaqueu em Jericó, também a nós, a boa notícia de que Jesus entrou na cidade nos dinamiza, fazendo-nos sair a rua e estabelecendo relações novas com e entre os cidadãos.

Na verdade, o olhar da fé descobre e cria cidade e ci-dadania, melhorando a vida da cidade com a oferta da vida boa do Evangelho. Não se é cidadão pelo simples facto de votar nas eleições, mas pela vocação em construir uma so-ciedade, uma nação fraterna, justa e solidária. Não se pode reduzir a pessoa só ao que produz e consome. Nem pode-mos transformar-nos em meros clientes e consumidores, como defende a mentalidade mercantil ou demagógica de muitos.

A fé cristã leva ao coração da cultura do nosso tempo, aquele sentido unitário, completo e transcendente da vida humana, que nem a ciência, nem a política, nem a econo-mia, nem os meios de comunicação podem proporcionar-lhe. Há que pôr em prática atitudes e comportamentos que

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criam cidadania. Neste sentido, fé e cidadania interagem. Agir como bons cidadãos, melhora a fé; agir como bons cristãos, melhora a cidadania (Rom 13, 1).

Há que insuflar uma dimensão espiritual a cidadania sã, ativa e responsável, se queremos que a sociedade – o País – encontre a sua alma.

Mais e melhor cidadania Em concreto, como é que a fé contribui para mais e

melhor cidadania?Permitam-me que responda, brevemente, a questão

com algumas palavras-chave, simples mas preciosas, do Papa Francisco, que estão a tocar o coração das gentes e do mundo.

A primeira é a palavra “cuidado”: “o cuidar de todos, de cada pessoa, com amor, especialmente das crianças, dos idosos, dos mais frágeis e que muitas vezes estão na peri-feria do nosso coração. É o cuidar um do outro na família... É o viver com sinceridade as amizades que são um cuidar recíproco na confidência, no respeito e no bem”. Este cui-dado é elemento base do nosso quotidiano.

Por sua vez, “o cuidar pede bondade, requer ser vivido com ternura...”, o que leva o Papa a exclamar: “Não deve-mos ter medo da bondade e da ternura”.

Assim se ilumina também a terceira palavra: serviço. “Servir é dar a vida pelos outros, como fez Jesus; é consi-derar o bem de todos (bem comum) mais importante que qualquer interesse particular”. A fé introduz na vida o sen-tido do dom, da gratuidade face a cultura mercantilista do cálculo individualista.

O serviço que todos somos convidados a realizar, na medida do dom dado a cada um por Deus, tende precisa-mente a “fazer resplandecer a estrela da esperança”. A doença mais grave do nosso tempo é a falta da esperança, da confiança na vida e na sua bondade.

Nesta época de crise, a esperança requer que se reco-nheça cidadania social a solidariedade, uma ética de soli-dariedade, face a especulação financeira e a ganância sem limites do lucro.

Por fim, o papa Francisco fala da necessidade de pro-mover a “cultura do encontro”, sem a qual nem as pes-soas, nem as famílias, nem os povos progridem, nem se constrói a paz. Todos são filhos de Deus, crentes ou não. Por isso, todos são chamados a ir ao encontro uns dos ou-tros, no respeito e no diálogo. De contrário, prevalecerá a cultura do desencontro, da divisão.

Há um breve texto da última Conferência dos bispos da América do Sul, em Aparecida, em que a cidade brilha como lugar de encontro. Cito:

“A fé ensina-nos que Deus vive na cidade, no meio das suas alegrias, desejos e esperanças e também nas suas do-res e sofrimentos.

As sombras que marcam o quotidiano das cidades, como a violência, a pobreza, o individualismo e a exclu-são, não podem impedir-nos de procurar e contemplar o Deus da vida mesmo nos ambientes urbanos.

As cidades são lugares de liberdade e de oportunida-de... Nelas, as pessoas têm a possibilidade de conhecer mais pessoas, de interagir e conviver com elas...

Nas cidades é possível experimentar vínculos de fraternidade, solidariedade e universalidade. Nelas, o ser humano é chamado a caminhar cada vez mais ao encontro

do outro, a conviver com o diferente, a aceitá-lo e a ser aceite por ele”. (Fim de citação)

Eis a razão por que o papa Francisco impele a Igreja a sair do seu recinto e a ir às periferias existenciais, huma-nas: “as do mistério do pecado, da dor, da injustiça, da ig-norância, da indiferença religiosa, as do pensamento débil e as de todas as formas de miséria. Quando a Igreja não sai de si mesma para evangelizar, torna-se autorreferencial e adoece”.

Um “Presente”A nossa Festa da fé pretende ser apenas uma pequena

montra e amostra da presença e da relevância da fé na vida das pessoas, da sociedade e da cultura, no espaço da nossa Igreja diocesana, na perspetiva da fé geradora de caminhos de vida e de razões de esperança. Queremos que seja uma verdadeira festa diocesana, de todos e para todos, uma fes-ta do encontro e do convívio.

Nesta linha, situa-se o aparecimento do novo jornal diocesano. O seu título é por si significativo: “Presente”!

- Quer tornar presente a luz da fé no quotidiano das pessoas e das famílias;

- Quer estar presente na vida da Igreja universal e diocesana das comunidades e grupos, para gerar interco-municação e comunhão;

- Quer ser presença do Evangelho e da Igreja no mundo de hoje.

O vosso acolhimento e interesse, a vossa fidelidade também, “será um presente e refletirá o orgulho de uma presença eclesial”, como diz o diretor, Dr. Carlos Maga-lhães, que fará a apresentação do jornal. Aproveito a oca-sião para o saudar e lhe agradecer, bem como a todos os colaboradores e aos que tutelaram o processo do nascimen-to do jornal.

À comissão organizadora e todos os que se disponibilizaram para colaborar na preparação da festa, agradeço todo o empenho que colocaram para partilharem o que têm de melhor e para garantirem a boa organização desta grande e bela iniciativa, com a qual desejamos encher o coração da cidade de alegria e de testemunho de fé.

Aos que responderam ao convite do bispo, bem como a todos os que estiverem de passagem ou em visita oca-sional, estendo o meu abraço de acolhimento fraterno e o convite a que entrem em cada uma das tendas de exposição e em cada um dos espaços de oração, de cultura, de música e de convívio.

No primeiro dia da festa e último do mês de maio, em que celebramos o mistério gozoso da Visitação de Maria a Isabel, pedimos a Nossa Senhora que nos visite também, aqui, com a sua bênção maternal e com a alegria expansiva da sua fé, que a tornou feliz.

A todos, bem vindos a festa! Obrigado!

Leiria, 31 de maio de 2013† António Marto,Bispo de Leiria-Fátima

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Homilia do Corpo e Sangue de CristoUm só Senhor, uma só fé, um só povo em comunhão

Refª: BD2013B-004Foi bela esta festa de três dias como coroamento do

Ano da Fé. Bela pela vossa participação viva, festiva e envolvente que trouxe milhares de crianças, adolescentes, jovens e adultos ao coração da cidade e a encheram de vida e alegria como talvez nunca tinha visto e experimentado. Quem fez a festa, fostes vós! Vós sois a festa em pessoa com o vosso coração ardente de fé como os discípulos de Emaús.

Bela ainda no próprio encerramento com a celebração da solenidade do Corpo de Deus que constitui um impor-tante encontro de fé e de louvor para toda a comunidade cristã. Com o coração cheio de alegria saúdo-vos a todos e de modo particular os adolescentes, os jovens e os escu-teiros que hoje fizeram a caminhada “na pegada da fé” a maneira dos discípulos de Emaús. A todos digo do coração: Parabéns!

Nesta tarde, “nós somos a multidão do evangelho a volta da mesa do Senhor. Também nós procuramos seguir Jesus, escutá-lo, entrar em comunhão com ele na Eucaris-tia”(Papa Francisco). Meditemos um pouco a mensagem deste dia.

Gesto público de confissão de féHoje celebramos uma festa singular que nasceu num

determinado contexto histórico, com a finalidade bem pre-cisa de reafirmar abertamente a fé do povo de Deus em Jesus Cristo vivo e realmente presente no santíssimo Sa-cramento da Eucaristia.

E um gesto público de confissão da nossa fé na Euca-ristia, o mistério que constitui o coração pulsante da Igreja, a saber, “o dom que Jesus Cristo faz de si mesmo, reve-lando-nos o infinito amor de Deus por cada homem”(SC n. 1). A festa foi instituída para adorar, louvar e agradecer publicamente o Senhor, que “no Sacramento eucarístico continua a amar-nos até ao extremo, até ao dom do seu corpo e sangue”(SC n. 1).

Queremos viver este momento em comunhão profun-da com o Santo Padre e toda a Igreja, reunida a esta hora, em adoração eucarística, em muitas partes do mundo para confessar “um só Senhor e uma só fé”, orar pela Igreja uni-versal e sobretudo por todos os que vivem no sofrimento.

Maravilha da nossa fé!O dom da Eucaristia foi entregue por Jesus aos Após-

tolos na intimidade da última ceia, mas era destinado a to-dos, ao mundo inteiro. Eis porque é proclamado e exposto abertamente para que cada um possa encontrar “Jesus que passa”, como acontecia outrora nas ruas da Galileia e da Judeia; para que cada um, recebendo-o, possa ser curado e renovado pela força do seu amor.

Esta é, pois, a herança viva e perpétua que Jesus nos deixou no Sacramento do seu Corpo e Sangue: “fazei isto em memória de mim”; e leva-nos a exclamar maravilha-dos, após as palavras da consagração na missa: “Mistério admirável da nossa Fé”, maravilha das maravilhas da fé: Cristo ressuscitado aqui misteriosa mas realmente presente

em pessoa, com todo o seu infinito amor entregue por todos para a redenção do mundo! Deus connosco, Deus em nós! A Eucaristia é o milagre mais extraordinário do amor que se faz humilde e escondido, “é a maior de todas as ma-ravilhas realizadas por Cristo, o documento admirável do seu imenso amor pelos homens”(S. Tomás) Deixemo-nos, pois, extasiar, maravilhar, vibrar o coração contemplando e adorando este mistério.

O evangelho de hoje da multiplicação dos pães es-pecifica ainda mais um aspeto: “Todos comeram e se sa-ciaram”. E desejo do Senhor que todo o ser humano se alimente da Eucaristia, porque a Eucaristia é para todos. Hoje, com a procissão e a adoração comunitária da Euca-ristia centramo-nos no facto de que Cristo se imolou por toda a humanidade. A sua passagem entre as casas e pelas ruas da cidade será para todos os habitantes uma oferta de alegria, de paz, de amor e de vida boa e imortal. Como vivo a eucaristia? Como sigo Jesus?

A ausência da participação regular na eucaristia empo-brece-nos privando-nos do alimento e dos recursos espiri-tuais e é o primeiro passo para o abandono da prática da fé.

Comunhão: Pão repartido para a vida do mundoNa passagem evangélica, sobressai um outro elemento

digno de nota: o milagre realizado por Jesus contém um convite explícito a cada um oferecer o próprio contributo. Os cinco pães e os dois peixes estão a indicar o nos-so contributo, porventura pobre mas necessário, que Ele transforma em dom de amor para todos. Ao saciar a mul-tidão, Jesus quis fazer dela um povo de comunhão e em comunhão, capaz de partir e repartir o pão para a vida do mundo.

“Cristo continua, ainda hoje, a exortar os seus discí-pulos a empenharem-se pessoalmente: “Dai-lhes vós de comer”(SC n. 84). A Eucaristia é pois um chamamento a comunhão fraterna, ao dom de si aos irmãos, a partilha, a solidariedade porque “a vocação de cada um de nós con-siste em ser, unido a Jesus, pão repartido para a vida do mundo”(ib.). Oh como é necessária a solidariedade para transformar a mentalidade económico financeira e polí-tica dominada pela ganância do lucro imediato e do po-der! Neste aspeto, a governação do mundo vai muito mal, como nos lembra o Papa Francisco: “Se os investimentos nos bancos caem um pouco, é uma tragédia... Como fazer? Mas se as pessoas não têm que comer, passam fome ou morrem a fome, é como se nada acontecesse”!

No final da celebração eucarística caminharemos uni-dos em procissão, levando o Senhor Jesus pelas ruas da cidade para que Ele caminhe connosco, para que Ele viva onde nós vivemos e entre no nosso quotidiano. Ele cami-nha a nosso lado, faz caminho connosco para recebermos dele a luz e a força da fé para o caminho da vida. Acolha-mo-lo com alegria elevando a invocação do hino litúrgico:

Bom Pastor, pão da verdade,Tende de nós piedade,Conservai-nos na unidade, Extingui nossa orfandadeE conduzi-nos ao Pai.

Leiria, 2 de junho de 2013† António Marto,Bispo de Leiria-Fátima

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Reunião da Cúria DiocesanaMinistério Episcopal e Cúria Diocesana ao serviço da Igreja “Comunhão e Missão”

Introdução“Comunhão e Missão” são os dois traços – intimamen-

te ligados – do rosto da Igreja tal como Jesus a sonhou e quis e tal como a vem realizando no tempo e no espaço, com a luz e a força do Espírito Santo. Um rosto que Jesus e o Espírito confiam a responsabilidade de todos os mem-bros da Igreja, chamados a escutar a voz do Espírito e a discernir os sinais dos tempos no seu caminho ao longo da história (cf. Apoc 2,7).

A Igreja existe no mundo para a missão: “Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho a toda a criatura” (Mc 16,15). E Paulo VI específica: “Evangelizar é a graça e a vocação própria da Igreja, a sua identidade mais profunda. Ela existe para evangelizar...” (E.N. 14). Evangeliza com tudo o que é, diz, faz, comunica e mostra.

Todavia, a condição, o conteúdo e o fruto da missão é a Comunhão de Deus com os homens e destes entre si. As-sim, o caminho missionário da Igreja exige, concretiza-se e frutifica como caminho de comunhão. A comunhão define, pois, o quadro global e unitário, o horizonte da missão e da ação pastoral, o seu estilo e o seu método.

Na reforma e renovação da Igreja promovida pelo Con-cílio Vaticano II, olhando simultaneamente as suas origens, a sua essência e a sua missão pastoral no mundo contem-porâneo, emergiu de novo e impôs-se a categoria da “co-munhão”. Foi um vigoroso impulso renovador de ordem teológica, espiritual, canónica e pastoral, de modo a poder-mos dizer que a comunhão é a “forma” (molde e modo) da existência, da vida e da missão da Igreja, tanto a nível da vivência como da instituição. E o seu ADN, o código genético.

O que significa, em concreto, esta comunhão?A comunhão é uma realidade omniabrangente que in-

clui diferentes aspetos, místico-sacramental, comunitário e institucional:

- tem a sua origem em Deus -Trindade de Amor, Comu-nhão perfeita de vida e amor;

- na Igreja, a sua amplidão começa e parte da unidade na fé, na esperança e no amor cristão, selados sacramental-mente pelo batismo que cria a situação básica da comu-nhão: todos filhos de Deus, todos irmãos;

- reforça-se pela participação na Eucaristia, essencial-mente orientada à “unitas Ecclesiae” (Corpo de Comu-nhão), e refaz-se pelo sacramento da reconciliação com Deus e com a Igreja;

- traduz-se, comunitariamente, em relações de comu-nhão fraterna, no intercâmbio de dons oferecidos e rece-bidos em reciprocidade aberta e confiante e na “coleta” de bens para os necessitados e as necessidades da Igreja, numa palavra, na vida da comunidade cristã;

- é visivelmente presidida, promovida e salvaguardada pelos que receberam o ministério apostólico.

O seu sentido não é, pois, de um afeto vago, um mero sentimento indefinido, mas de uma realidade simultanea-

mente espiritual e visível, relacional e orgânica que exige também uma fórmula jurídica e que, por sua vez, está anima-da pela caridade. Esta estrutura da comunhão eclesial deve ser tida em conta na organização da vida da Igreja. Deve manifestar-se nas diversas perspetivas da comunidade cristã, já que é a sua lei de fundo e profunda. É esta comunhão que faz com que a Igreja seja uma história de amor.

À luz do que acabamos de dizer, compreende-se facil-mente que a própria existência cristã, toda a vocação es-pecífica, os diferentes ministérios e carismas, as diversas ações através das quais a Igreja realiza a sua missão, a sua organização, os seus organismos pastorais, a gestão de re-cursos humanos e bens materiais levam o selo caracterís-tico da comunhão com o Senhor e entre os discípulos, em ordem a sua missão evangelizadora.

A comunhão eclesial é harmonia vital no funcionamen-to de todos os membros e sistemas do corpo. O contrário da comunhão que flui, seriam os apertos, as estenoses, as oclusões, as tromboses… no corpo humano.

A Carta Apostólica “Novo Millennio Ineunte” recorda, como tarefa pastoral para o futuro, a realização da comu-nhão: “Outro aspeto importante em que será necessário pôr decidido empenho programático, tanto no âmbito da Igreja universal como no das Igrejas particulares, é o da comunhão que incarna e manifesta a própria essência da Igreja” (n. 42). Neste sentido, a comunhão é dom e tarefa simultaneamente

O bispo é o primeiro responsável pela vitalidade da comunhão na Igreja e da sua missão. O seu ministério não se reduz, de modo algum, a um simples moderador já que a autoridade recebida do Senhor inclui um aspeto jurisdicional e, por isso, deve promover a espiritualidade de comunhão, suscitar sempre formas de participação e dar vida a estruturas de comunhão. A Igreja é, por natureza, um corpo orgânico e organizado, articulado com organismos de participação onde se realiza a comunhão nos projetos pastorais.

Neste âmbito, a Cúria diocesana é órgão de ajuda ao bispo e de colaboração para a realização do seu ministério pastoral, de magistério, de santificação, de governo e de administração. É o meio normal de que se serve o bispo para realizar o seu ministério de modo competente, eficaz e eficiente. Presta serviço ao bispo e à Igreja diocesana, às comunidades e aos fiéis.

Como se traduz esta caraterística da comunhão eclesial na organização, na gestão e no funcionamento da Cúria diocesana?

Princípios teológico-canónicos e pastoraisfundamentais para a organização da Cúria diocesanaProcuraremos enunciar alguns princípios teológico-ca-

nónicos e pastorais que devem estar presentes na organiza-ção e normativa da Cúria Diocesana e que estão explícitos ou implícitos nos documentos atinentes (CIC, can. 469-494; Diretório do ministério pastoral dos bispos; Pastor bonus (sobre a cúria romana); Ecclesiae imago (sobre o Vicariato de Roma)

1. A regulação da Cúria Diocesana de ser umaexpressão de união estreita de cooperação com o bispo e a sua missão diocesana.A justificação deste primeiro princípio é óbvia e evi-

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dente. A Cúria Diocesana, a teor do cân. 469, é um instru-mento orgânico e um meio apto que o Direito da Igreja põe ao serviço do bispo como ajuda no exercício da tríplice missão de “mestre da doutrina, sacerdote do culto sagrado e ministro para o governo” (cân. 375).

Para desenvolver adequadamente o cuidado pastoral da diocese (caridade pastoral) “sente a necessidade e, com gosto, se serve de pessoas escolhidas e qualificadas - clé-rigos, religiosos e leigos - que associa a sua responsabi-lidade e, a diversos títulos e grau, torna participantes da sua missão apostólica e lhes confia determinados ofícios, segundo as normas de uma prudente colaboração pastoral” (Ecclesiae imago, nº 198)

Obviamente, a Cúria não é o único colaborador do bis-po. E toda a diocese com as paróquias, associações, movi-mentos, institutos de vida consagrada.

Mas a Cúria, pela sua missão coordenadora (de que fa-laremos), tem um lugar de principal importância na ação evangelizadora, unitária e complementar do bispo e dos fiéis a ele confiados, de modo a formar “total unidade” com o bispo, uma autêntica equipa. Atuam por encargo e missão sua no governo pastoral “in nomine et persona episcopi”.

2. Serviço à evangelizaçãoSe há uma nota característica evidente nos princí-

pios orientadores e reguladores da organização da Cúria Diocesana é a necessidade do empenho em qualificá-la de pastoral (v.g cân. 469. 473. 369).

Durante bastante tempo, talvez desde o código de 1917 até ao Vaticano II, contrapôs-se, abertamente, o termo “pastoral” ao termo “administrativo” em geral e a adminis-tração da justiça em particular. E concluía-se que a Cúria Diocesana não era pastoral.

No código atual, o temo pastoral aplicado a Cúria Diocesana tem que interpretar-se em dois sentidos comple-mentares e mutuamente relacionados:

a) em sentido amplo, enquanto toda a ação de governo é pastoral e, por isso mesmo, toda a Cúria Diocesana, en-quanto órgão de governo, é toda ela pastoral;

b) em sentido estrito, enquanto dentro da Cúria se as-sinalam secções diferentes: governativa ou administrativa, judicial e pastoral (obras de apostolado e caritativas).

Para superar uma possível contradição ou reduplicação, parece preferível usar o termo evangelização que encerra tanto a pastoral no sentido estrito (obras apostólicas e as-sistenciais) como o aspeto administrativo e o judicial que também são ações pastorais.

O termo evangelização aplicado ao serviço que a Cúria Diocesana deve prestar em todas as secções ou departa-mentos é a realização prática da finalidade que o código atribui a todas as leis da Igreja “salus animarum”.

3. Sinal de corresponsabilidadeEste princípio tem um âmbito global como critério en-

formador no momento de estruturar tanto os secretariados, as comissões, os serviços, como no momento de escolher as pessoas que hão de ser os titulares dos cargos.

Todos os que trabalham na Cúria são chamados a uma autêntica colaboração corresponsável que faça sentir como comum a tarefa total de evangelização e governo da diocese.

Esta colaboração corresponsável, para ser genuina-mente eclesial, supõe que o bispo tenha confiança nos seus

colaboradores e que estes procurem cultivar uma identi-ficação com a orientação pastoral do bispo. Para isso re-quer-se uma intercomunicação regular, franca, leal e amiga entre o bispo e a sua Cúria e entre os membros da Cúria. Não se trata de uma mera relação entre dador de trabalho e empregados. E algo muito distinto de uma empresa ou órgão puramente administrativo onde a responsabilidade se dilui ou se concentra no último responsável que se converte em responsável único.

Este princípio, honestamente aceite e generosamente vivido, será o que, em última análise, fará com que o termo pastoral aplicado como um todo, não seja uma fórmula va-zia de conteúdo, nem sequer uma palavra nova que oculte conteúdos velhos. Este princípio enformado pela fé e pelo amor, dotará a Cúria de uma autêntica mística na linha de Santa Teresinha do Menino Jesus: “No coração da Igreja, minha mãe, eu serei o amor”.

4. Instrumento de coordenaçãoEste princípio como os seguintes têm um caráter mais

prático. E a aplicação a Cúria de uma técnica de organiza-ção conhecida nos estudos de ciências empresariais como a direção de pessoal, recursos humanos, controle de ges-tão, métodos de decisão, etc.

“A coordenação é um critério de bom governo que en-forma as relações dos ofícios eclesiásticos com a autorida-de de quem dependem e também entre si. A sua finalidade é promover a unidade da ação de governo de modo que os ofícios da Cúria tenham em conta os objetivos comuns nas suas respetivas tarefas e procurem a sua realização.

Isto é exigido não só por razões práticas de eficácia, mas também em virtude da comunhão eclesial que exige dos titulares dos cargos a referência comum aos centros externos de unidade: neste caso, a unidade com o bispo diocesano.

A coordenação também tem um sentido preventivo: permite evitar atividades desnecessárias, dispersas ou até contraditórias que poderão ser fruto da concorrência de di-versas pessoas ou serviços. Por isso, a coordenação exige uma autoridade que a promova mediante a informação, a distribuição de tarefas e o controle do seu andamento ou realização”. (Prof. Viana)

Isto permite a otimização de recursos e a poupança de energias, de encargos e também de despesas, e o trabalho em rede ou equipa..!

A coordenação corresponde, em primeiro lugar ao bis-po, e com ele ao moderador da Cúria. Requer uma adapta-ção. Não se pode querer estruturar do mesmo modo todas as Cúrias. Nem as necessidades pastorais são iguais em todas as dioceses, nem as respostas as necessidades podem ser idênticas por vários motivos (escassez de recursos...).

5. Exercício de descentralizaçãoSe o princípio anterior entra no campo das técnicas de

organização, este princípio situa-se no âmbito das ciências de administração. Esta descentralização pode ser, de algum modo, a aplicação prática do princípio da subsidiariedade tão presente na doutrina social da Igreja: Partilhar encargos e responsabilidade (funções) para uma missão ou governo, mais eficaz.

Em concreto, trata-se de uma autêntica e efetiva distri-buição de funções (não propriamente de uma lotização de

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poderes próprios do bispo) sobretudo na organização do go-verno tanto da Igreja Universal como da Igreja Diocesana.

Tem uma realização prática na criação de “unidade de gestão e serviços” e na atribuição de competências que o Direito geral ou particular atribui a cada um dos organismos e seus titulares. Cada secção, comissão ou serviço deve ter suficiente autonomia para atuar com responsabilidade.

Também tem aplicação na relação com a diocese. A Cúria está ao serviço de toda a diocese: fiéis, paróquias, vigararias, associações, comunidades, vida consagrada... para fomentar a coordenação, a unidade, a comunhão no respeito pela autonomia própria e pelo princípio da subsi-diariedade que não se substitui ao que é próprio das outras unidades ou/serviços, não os desresponsabiliza. Os servi-ços centrais apoiam os da periferia e urgem a sua respon-sabilização.

Um exemplo é a revalorização da figura do vigário e da vigararia, como instância pastoral intermédia, impulsio-nando a corresponsabilidade e a descentralização.

Este princípio deve estar intimamente conjugado com o da coordenação; não se pode dar um sem o outro, tal como solidariedade-subsidiariedade andam juntos.

6. O princípio da eficácia técnico-pastoral:recursos materiais e humanosEstamos na era da técnica e das novas tecnologias. Sa-

bemos que a evangelização é, antes de mais, obra de Deus e que os meios materiais e humanos, por mais perfeitos, são sempre desproporcionados para alcançar a finalidade da evangelização. Mas também sabemos que a ação de Deus é misteriosa e que não só se serve destes meios, mas penetra-os com a sua graça para que se tornem instrumentos de Deus.

Com isto, queremos aludir a uma realidade que a Igre-ja no séc. XXI não pode ignorar. E necessário procurar que a Cúria esteja suficientemente dotada de meios mate-riais e humanos. Todo o mundo da informática, as novas tecnologias, as novas técnicas e meios de comunicação não podem permanecer ignorados e ficar a margem de nenhum sistema organizativo que pretenda ser eficaz. E também são meio de evangelização. (ex. o site da diocese)

Quanto aos meios humanos é claro que se precisa, cada vez mais, de pessoal qualificado. E isso acontece quando o número de sacerdotes diminui e é mais difícil “recrutar” entre eles elementos com a necessária formação inclusive em matérias eclesiásticas. São desafios que se levantam hoje as Cúrias Diocesanas: apostar na colaboração de leigos e encontrar soluções novas (v.g. tribunal interdiocesano) e estruturar-se e funcionar segundo as possibilidades de cada diocese e no intercâmbio de dons com dioceses próximas.

7. Qualidades das pessoas que prestam serviço na Cúria- que se distingam pela sua qualidade humana e pela

sua vida cristã- pela competência profissional- alguma experiência pastoral, no caso de sacerdotes- capacidade de trabalho em equipa- procurar a formação permanente, melhorando a sua

preparação e competência- delicadeza de acolhimento e trato com quem solicita

o seu serviço- dedicação generosa e desinteressada- a disciplina e o método de trabalho

Tudo alimentado por uma espiritualidade de comu-nhão, de serviço, de sentido pastoral para tornar a Cúria Diocesana motor do dinamismo pastoral, evangelizador da Diocese, com alegria e entusiasmo.

A Cúria não é, pois, um lugar de privilégio mas de ser-viço, em que cada um é chamado a servir a comunidade diocesana no território. A Cúria não é fim em si mesma; é um meio. O fim supremo é sempre “o bem das almas” (salus animarum), o reino de Deus a fim de que “Deus seja tudo em todos”.

Leiria, 2 de setembro de 2013† António Marto,Bispo de Leiria-Fátima

ComunicadoOração pela paz na Síriae no mundo

Ref.ª: BD2013B-005No domingo passado, o Santo Padre convocou toda a

Igreja para “uma jornada de jejum e oração pela paz na Síria, no Médio Oriente e no mundo inteiro”, a realizar no próxi-mo dia 7 de setembro. Ele mesmo presidirá a uma vigília por esta intenção, na Praça de S. Pedro, das 19 as 23 horas.

O número das vítimas do conflito sírio, agravado pelo uso de armas químicas, é impressionante. A intervenção armada que se anuncia corre o risco de agravar a situação, provocando o caos em toda a região. A guerra não é solu-ção para os problemas.

A causa da paz é demasiado importante para ficarmos indiferentes ao apelo do Santo Padre. Somos chamados a mobilizar o maior número de pessoas a favor da paz, a uni-rem-se a esta oração.

Na nossa diocese celebraremos uma vigília de ora-ção no Santuário de Fátima, na capelinha das aparições, presidida pelo bispo diocesano, das 21 e 30h as 24 horas. Constará da normal recitação do terço com a procissão de velas, seguida da exposição e adoração do Santíssimo Sacramento com oração silenciosa, textos de meditação, cânticos e bênção final. A todos os diocesanos que tenham disponibilidade apelo a que estejam presentes nesta grande oração pela paz.

Convido também as paróquias, as comunidades religio-sas e todos os grupos eclesiais a responderem a este apelo do Papa, da melhor forma que lhes for possível: organizan-do uma vigília de oração para a mesma hora, abrindo du-rante a tarde ou a noite de sábado as igrejas e capelas para possibilitar a oração pessoal ou de grupos, inserindo esta intenção na oração dos fiéis nas celebrações das missas de sábado e domingo (“Pela paz na Síria, no Médio Oriente e no mundo inteiro, por intercessão da Virgem Maria, Rai-nha da paz, oremos ao Senhor”).

“Que se eleve forte em toda a terra o grito da paz” (Papa Francisco).

Leiria, 4 de setembro de 2013† António Marto,Bispo de Leiria-Fátima

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Homilia nos jubileus sacerdotaisChamados a curar as feridas e a aquecer os corações

Caros irmãos e irmãs no Senhor,Encontramo-nos aqui para celebrar o jubileu aniversá-

rio da ordenação de alguns sacerdotes do nosso presbitério, membros da fraternidade sacerdotal. É para mim um mo-mento de particular felicidade unir-me a eles e viver juntos a ação de louvor e reconhecimento ao Senhor. Saúdo todos os presentes e, com particular afeto, os jubilários a quem felicito com sinceros parabéns em nome pessoal e de toda a assembleia.

1. Fazer memória da graça do chamamentoO dia jubilar é, antes de mais, um convite a fazer me-

mória da nossa vocação, a voltar a fonte do nosso chama-mento, ao momento inicial do seu caminho. Não podemos ser desmemoriados dessa primeira graça. Seria perder o contacto com a fonte. Estamos, pois, cheios de gratidão e alegria porque evocamos a vocação sacerdotal não só como uma graça do passado mas também como uma reali-dade do presente.

Cada um de vós pensa, certamente, no “sim” pronun-ciado diante da comunidade e da Igreja num determinado dia, um “sim” cheio de entusiasmo e de alegria interior. Sentíamo-nos “abraçados” pelo amor do Senhor.

Mas cada um pensa também no momento precedente, naquele dia misterioso, naquela noite ou naquela data em que descobriu ou intuiu, maravilhado, o chamamento a se-guir Jesus no caminho do sacerdócio.

Contudo, o vosso sim, como o de Jesus e Maria, não foi dito só no dia que hoje recordamos. Vós repetiste-lo ao longo de todos estes anos; mesmo se podemos lamentar-nos porque as fadigas, o desgaste psicológico, as dificul-dades, as inevitáveis provações do caminho parecem ter esmorecido a alegria sensível do sim juvenil, levando-nos a pronunciá-lo, por vezes, com alguma amargura.

2. Chamados a reavivar o sim hojePois bem, o Senhor vê a beleza do primeiro sim e do

sim de hoje. Mais, o sim de hoje é talvez mais resplande-cente porque já temperado pelas provações, pelas lágrimas, por uma fidelidade que resistiu a tentações e sofrimentos.

O vosso estar aqui hoje significa que o Senhor vos con-duziu pela mão, vos alimentou quotidianamente com o maná no deserto, vos purificou para vos tornar mais conformes a Jesus, para vos revestir – como diz Paulo na primeira lei-tura – de sentimentos de misericórdia, de bondade, de hu-mildade, de mansidão, de paciência. Se o Senhor não nos tivesse segurado pela mão e não nos tivesse revestido destes sentimentos, teríamos desanimado alguma vez. Eis mais um motivo para estarmos cheios de alegria e de gratidão.

Tudo isto não é só graça do passado, mas de hoje. Por isso, neste dia desejamos consagrar-nos de novo a Deus como sua propriedade, com uma consciência maior rela-tivamente ao dia da ordenação. Cada um pode dizer com verdade, no seu íntimo: Senhor, eu sou teu e tu és meu! Tu, Jesus ressuscitado, vives em mim e és a minha verdadeira vida e eu quero permanecer em ti!

3. Chamados a curar as feridas e a aquecer os corações Reavivar o sim hoje significa querer responder e

corresponder, com abertura corajosa, aos novos desafios que o mundo e a história põem ao anúncio do evangelho e a missão da Igreja. Numa sociedade diversa que está a emer-gir sem contornos ainda definidos, somos convidados a ser mais proactivos, mais confiantes na nossa maneira de viver o evangelho, mais criativos e audazes para transmitir a fé.

Neste sentido vai a interpelação provocadora do Papa Francisco nas palavras e nos gestos tão cheios de um im-pulso profético. Ele desperta-nos e chama-nos a ser cada vez mais sacerdotes segundo a qualidade e a medida do coração de Cristo, privilegiando o anúncio da misericórdia e da esperança do Evangelho, como nos refere a passagem evangélica e a carta aos Colossenses.

No seu magistério e no seu testemunho, o Papa indica quatro pistas prioritárias para a ação pastoral da Igreja:

- edificar uma Igreja forte na fé para anunciar firme-mente a oferta da salvação (Jesus salva-te) a uma socie-dade atravessada pela dúvida, pelo vazio de sentido, pelo enfraquecimento dos laços sociais;

- uma Igreja cheia de alegria e de esperança: a lamen-tação não leva a lado nenhum, não ajuda a encontrar Deus. É um contratestemunho, uma demissão. Por isso temos de dizer não a resignação, ao pessimismo. Há que acreditar que cada tempo oferece novas chances para o Evangelho. Tam-bém os homens do nosso tempo, como os discípulos céticos e dececionados de Emaús, esperam que lhes levemos o calor que aquece os corações e os faça arder de esperança e ale-gria. Que a alegria da nossa vocação e do nosso ministério seja também sol a aquecer, a iluminar e a atrair os que hoje são chamados pelo mesmo Deus que nos confiou este dom.

- Igreja da humildade e da misericórdia: que, a seme-lhança de Jesus, bom samaritano, prefere a medicina da mi-sericórdia ao rigor da atitude severa de condenação e por isso cuida, antes de mais, dos feridos e cura as feridas. Não muda a doutrina, mas muda a atitude na aproximação e no acolhi-mento das pessoas concretas. O sacerdote pode fazer muito no acompanhamento, no aconselhamento espiritual, no confes-sionário... A misericórdia muda o coração humano e o mundo!

- Igreja que sai do seu recinto (que deixa de ser autor-referencial) para ir as periferias existenciais, a semelhança do Bom Pastor que deixou as noventa e nove ovelhas para ir a busca de uma que se perdeu. “Não podemos ficar en-cerrados na paróquia, nas nossas comunidades, na nossa instituição paroquial ou diocesana, quando há tanta gente esperando o Evangelho. Mas sair...enviados. Não se tra-ta simplesmente de abrir a porta para que venham, para acolher, mas de sair pela porta fora para procurar e encon-trar”(Papa Francisco).

Não temamos as exigências dos novos tempos, não tenhamos medo do futuro. Coragem! Nossa Senhora nos acompanhe no caminho do nosso ministério com a sua proteção materna e nos ajude a anunciar o evangelho da misericórdia e da esperança, a sermos capazes de curar as feridas e de aquecer os corações, como Ela o fez e continua a fazer tão bem aqui em Fátima. Ámen!

Basílica da Santíssima Trindade,26 de Setembro de 2013† António Marto,Bispo de Leiria-Fátima

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Homilia no Encerramento do Ano da Fé e Ordenação Diaconal do Fábio BernardinoAvançar todos juntos no caminho da fé

“Vamos com alegria para a casa do Senhor” – o refrão do salmo exprime bem a atitude com que hoje convergi-mos na nossa catedral para celebrar a solenidade de Cristo rei do universo, coroamento do ano litúrgico. Este ano, a solenidade é enriquecida pela conclusão do Ano da fé e pela graça de uma ordenação diaconal.

São motivos de particular alegria e júbilo para a nos-sa Igreja diocesana. A todos vós dirijo a minha saudação cordial, de modo particular, ao caro Fábio, candidato ao diaconado, aos seus pais e familiares, aos superiores dos seminários que frequentou, aos párocos e paróquias de ori-gem e de estágio pastoral.

O termo do ano litúrgico convida toda a Igreja a colo-car-se em atitude de adoração diante do seu único Senhor, a fazer um exame geral de consciência diante dele e, por conseguinte, a refletir sobre o ano da fé (como o vivemos) e sobre a ordenação diaconal a luz da singular realeza de Cristo tal como nos é apresentada nas leituras da Palavra. Neste sentido desejaria meditar convosco três aspetos.

Chamados a manter vivos a alegria de crer e o entusiasmo de testemunhar “Se queremos saber quem é Deus, devemos ajoelhar-

nos aos pés da cruz”, escreveu um célebre teólogo (J. Molt-mann). O Evangelho de hoje põe a nossa contemplação a cena da cruz para entrarmos no mistério da revelação de Deus e no coração da fé. Como nos faz bem contemplar esta cena!

S. Lucas propõe-nos um exemplo admirável de fé no Crucificado: o chamado bom ladrão ou ladrão convertido. Não sabia nada de teologia, mas entreviu e intuiu algo de novo e insuspeitável naquele crucificado que tocou profun-damente o seu coração. Certamente ouviu a primeira pala-vra de Cristo do alto da cruz, palavra de misericórdia e de perdão: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Foi o suficiente para sentir confiança e dirigir uma invoca-ção que é, simultaneamente, um ato, uma confissão e um testemunho de fé viva no amor salvador de Cristo: “ Jesus, recorda-te de mim quando vieres na tua realeza”. Comenta Santo Agostinho: “no seu coração acreditou e com a lín-gua fez a profissão de fé”, que por sua vez é confirmada e enriquecida pela resposta de Jesus: “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso”.

Neste momento, o bom ladrão é o nosso catequista, o nosso mistagogo. Através do seu testemunho “reconhe-cemos que um grande Amor nos foi oferecido, que uma Palavra estupenda nos foi dirigida”(LF 7). Com ele apren-demos que “acreditar significa confiar-se a um amor mise-ricordioso que sempre acolhe e perdoa, que sustenta e guia a existência”(LF 13). Sim, na hora da cruz “resplandece o amor divino em toda a sua sublimidade e amplitude... Nes-te amor, que não se subtraiu a morte para me dizer quan-to me ama, é possível crer; a sua totalidade vence toda e

qualquer suspeita e permite confiar-nos plenamente a Cris-to”(LF 16).

Eis a beleza da fé cristã vivida como experiência de um Amor recebido e comunicada como experiência de graça, misericórdia, beleza e alegria que transforma os corações, a vida e o mundo.

Caros amigos, termina hoje um ano pastoral completa-mente dedicado a reavivar a fé: a reencontrar a novidade, a beleza e o “gosto” da fé, do batismo e da vida nova que nos é dada em Cristo; a redescobrir a alegria de crer e a despertar o entusiasmo de testemunhar e comunicar a fé. Não é este o momento de fazer um balanço. Mas não po-demos deixar de recordar várias iniciativas: a descoberta e o aprofundamento do Concílio Vaticano II como bússola para viver a fé hoje, catequeses sobre a fé na base do Ca-tecismo da Igreja Católica, celebrações várias para as vá-rias idades, testemunhos de caridade, atividades culturais de diverso género, iniciativas que culminaram e tiveram expressão na Festa da fé que ficará inesquecível. Oxalá se possam prolongar no tempo os efeitos positivos do Ano da Fé, visto que a fé é um caminho que continua toda a vida.

O Ano da Fé termina, mas continua o desejo de manter viva toda a riqueza que recebemos ao longo dos seus dias e meses. Neste sentido, o Papa Francisco encerrou hoje o ano da fé entregando a Igreja a Exortação Apostólica sobre a evangelização com o significativo título “A alegria do Evangelho”, como quem nos diz: “crer significa também tornar os outros participantes da alegria do encontro com Cristo”. Sim, a fé não é um bem privado; “é um bem para todos, um bem comum”, “um serviço ao bem comum”(LF 51), a própria humanização do mundo.

Pergunto a vós e a mim: vivo a fé como uma expe-riência gozosa do encontro com Cristo e do amor mise-ricordioso de Deus? Confio-lhe a minha vida? Vivo a fé como uma graça, com alegria, com empenho? Ou antes como um fardo, uma fé rotineira e bafienta, sem sentido? Faço alguma coisa para manter aceso o entusiasmo da fé na minha comunidade? Irradio o testemunho duma fé que dá luz e calor no mundo em que vivo? Conseguimos ver nas periferias existenciais a necessidade de fé, de amor e de misericórdia?

A família como berço da fé e do amorA fé no Senhor ressuscitado ilumina toda a realidade

criada, a vida social e a história, como diz o hino a realeza universal de Cristo na carta aos colossenses. O primeiro âmbito a ser iluminado é a família como berço da fé e do amor.

“Quem crê, vê”: com uma luz nova que descobre toda a beleza, grandeza, riqueza, dignidade e valor do matrimónio e da família que os cristãos são chamados a viver e teste-munhar ao mundo. E este o tema do biénio pastoral agora começado ao qual queremos dedicar todo o entusiasmo.

A luz da fé levou o Papa João Paulo II a apresentar a família como “património da humanidade”, o património mais belo e valioso, acrescento eu; e o Papa Francisco re-força: “A família é feita de rostos, de pessoas que se amam, dialogam, se sacrificam pelos outros e defendem a vida, sobretudo a mais frágil. Poder-se-ia dizer, sem exagerar, que a família é o motor do mundo e da história”. E conti-nua com uma exortação: “Proponhamos pois a todos, com respeito e coragem, a beleza do matrimónio e da família

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iluminados pelo Evangelho! E por isso façamo-nos pró-ximos, com atenção e afeto, das famílias em dificuldades, das que estão desfeitas, que não têm casa ou trabalho, das que sofrem por vários motivos... De todos queremos estar próximos com o anúncio deste Evangelho da família, desta beleza da família”. O segredo de tudo isto é a presença de Jesus na família. Queridas famílias, vivei e guardai a alegria e a beleza da fé que tornará fecundo e belo o vosso amor familiar! Pergunto-vos: como vai a vossa fé em famí-lia? Jesus está verdadeiramente presente e reina no meio da vossa família? Cultivais os laços do amor familiar segundo o evangelho?

O diácono, servidor do dom da fé aos irmãosPor fim, a luz da fé ilumina também a ordenação dia-

conal. Consideramo-la antes de mais como uma carícia do amor de Deus, neste ano da fé, pela nossa Igreja diocesana que está a atravessar um momento árido de vocações ao sacerdócio. As vocações são dom de Deus mas precisam de um terreno propício para desabrocharem e florescerem: as famílias e comunidades de fé viva, alegre, orante e con-tagiante. A vocação do Fábio germinou no ambiente da fé simples dos seus pais e avós, foi amadurecendo no am-biente dos seminários e das comunidades que frequentou; mas, finalmente, é precisa a coragem e a força da fé para tomar esta opção de entrega total ao Senhor para o serviço do seu povo.

Caro Fábio, a ordenação de diácono imprime em ti o selo, a marca indelével do serviço a comunidade cristã em comunhão com o bispo e o presbitério em determinados âmbitos que a liturgia da ordenação põe em destaque. A coincidência da ordenação com o encerramento do Ano da Fé recorda-te, de modo particular, que o primeiro serviço a prestar é ao dom da fé que atua pela caridade: ser servidor do dom da fé aos irmãos através da Palavra, do testemunho de fé viva, do serviço humilde da caridade que levem ao encontro com o Senhor. Em síntese, “crê o que lês; ensina o que crês e vive o que ensinas”. Este serviço é belo, é um bem para todos! Interroguemo-nos: sentimos o problema da falta de vocações como nosso? Rezamos pelo dom das vocações nas nossas comunidades? Apoiamos e estimula-mos os que manifestam os gérmenes da vocação?

Com o apóstolo Paulo, na segunda leitura, também nós damos graças a Deus Pai: pelo dom da fé, do batismo e da vida nova em Cristo e pelo tempo de renovação no Ano da Fé; pelo dom da família como berço da vida, do amor e da fé; pela graça da ordenação diaconal e das vocações ao sacerdócio. Peçamos ao Senhor, cada um no seu coração, com confiança: “Jesus, recorda-te de mim pecador; recor-da-te da nossa Igreja diocesana e da sua renovação pastoral fazendo nossos os desafios do Papa Francisco ”.

A Virgem Santa Maria, Mãe da nossa fé, nos acompa-nhe e ampare ao longo da peregrinação da nossa vida para, cheios de fé e alegria, construirmos com Jesus o seu Reino de amor, de alegria e de paz.

Catedral de Leiria, 24 de novembro de 2013† António Marto,Bispo de Leiria-Fátima

Homilia da Missa de NatalO Natal, festa da ternura e da alegria

Ref. BD2013B-008

O Natal, festa da ternura e da alegria de Deus com os homensO Natal de Jesus não é uma lenda edificante ou apenas

uma piedosa tradição, nem simplesmente mais uma festa do calendário a convidar ao consumismo. O Natal autênti-co é uma história verdadeira, cujo conteúdo e alcance pro-fundo e universal só se descobre a luz da fé. E uma festa de fé e de esperança, festa da ternura e da alegria de Deus com os homens.

O Natal põe no centro da nossa contemplação o rosto de um Deus de ternura que se fez homem para nos abraçar no seu amor que salva, para nos envolver na sua luz que dissipa as trevas, para nos oferecer a verdadeira paz.

Aqui, nesta noite, ressoa para nós o mesmo anúncio do mensageiro celeste aos pastores. A primeira palavra é: “não tenhais medo”. Depois, diz o motivo: “Trago-vos uma notícia de grande alegria para todo o povo; nasceu-vos hoje um salvador que é Cristo Senhor”. O verdadei-ro sentido do Natal é a alegria de partilhar com os outros a boa notícia: “Deus amou de tal modo o mundo que lhe entregou o seu Filho...”. E algo muito grande. Ele nasceu para todos; não é só de alguns privilegiados. E para todo o mundo. Ninguém fica excluído do seu amor.

Eis a beleza e a alegria do Natal em palavras do Papa Francisco: “ A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do peca-do, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo renasce, sem cessar, a alegria”.

Pensamos que a encarnação de Jesus é um facto apenas do passado? Ou toca o meu coração pessoalmente? Jesus enche, realmente, de alegria a minha vida?

A família, casa da ternura e da alegriaOutra caraterística do Natal é a dimensão familiar tão

ternamente apresentada no belo ícone do presépio em que sobressaem as figuras de José e Maria com o menino deitado na manjedoura, rodeado de alguns pastores e animais. O Papa Francisco sublinha com vigor esta ter-nura: “Maria é aquela que sabe transformar um curral de animais na casa de Jesus, com uns pobres paninhos e uma montanha de ternura. Ela é a serva humilde do Pai que transborda de alegria no louvor... Sempre que olhamos para Maria, voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do afeto”. Mesmo no meio da pobreza, o calor da ternura faz maravilhas!

Neste ano pastoral dedicado a família devemos prestar especial atenção a este aspeto para renovar e reforçar os laços familiares a fim de que cada família seja verdadeira-mente casa da ternura e da alegria, do afeto e do cuidado respeitador e amoroso. De facto, como diz o Papa Fran-cisco, “a família é feita de rostos, de pessoas que amam, dialogam, se sacrificam uns pelos outros. E o lugar onde recebemos o nome, o lugar dos afetos, o espaço da intimi-dade.. Na base do sentimento da alegria familiar profunda

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está a presença de Deus na família, está a seu amor aco-lhedor, misericordioso, respeitador de todos... Só Deus é capaz de criar a harmonia das diferenças. Se falta o amor de Deus, também a família perde a harmonia, prevalecem os individualismos e extingue-se a alegria”.

Deixamos Deus entrar na nossa família? Como pratico a ternura e a alegria na minha casa? Lutamos por uma po-lítica de apoio a família? Vamos viver um Natal diferente em família?

Cuidemos uns dos outros com ternura Não há Natal sem fraternidade e solidariedade a ní-

vel comunitário e social. O Filho de Deus nasce para to-dos: n’Ele todos somos irmãos. Convida-nos a ternura e a alegria solidária. Onde domina a cultura do descartável e da exclusão, queremos pôr a cultura do encontro e da inclusão; face a globalização da indiferença propomos a globalização da solidariedade. “Há mais alegria em dar do que em receber”(At 20, 35), disse Jesus.

A celebração do Natal de Cristo terá de se traduzir em atitudes, gestos e ações de partilha e de solidariedade com as pessoas e as famílias mais necessitadas sobretudo nes-tes tempos de crise. Já nos propusemos fazer algo neste sentido?

Não deixemos que nos roubem a ternura e a alegria do Natal de Cristo. O mundo sem ternura é um mundo frio, inóspito, cruel. Sem ternura não há alegria nem esperança. Vendo tanta crise, tantos cortes, tantas pessoas que sofrem, o meu desejo de Natal e Ano Novo é: Por favor, cuidemos uns dos outros! Com a ternura que leva o afeto, a solidarie-dade e a justiça.

Faço, pois, votos de que a luz do Natal seja a estrela que revela o caminho do amor, da ternura, do encontro, da partilha, da paz e da alegria nos corações, em cada família e na sociedade!

A todos os vós e as vossa famílias desejo Santo e Fra-terno Natal e Feliz Ano de 2014!

Catedral de Leiria, 25 de dezembro de 2013† António Marto,Bispo de Leiria-Fátima

Homilia de fim-de-anoNo final de 2013,entre a surpresa e a esperança

Ref. BD2013B-009Saúdo a todos vós aqui presentes que quisestes partici-

par nesta liturgia da última hora do ano do Senhor de 2013. A última é como que a síntese de todas as outras horas do ano prestes a terminar. Para nós cristãos é um momento particular de oração e de ação de graças.

Como quer que tenha sido o andamento do ano, fácil ou difícil, damos graças a Deus. Na fé recebemos uma luz que nos faz ver e permite dizer que, apesar de tudo, há muito bem no mundo, na nossa vida e na Igreja: o bem que mantém de pé o mundo e está destinado a vencer com a ajuda de Deus.

Ás vezes é difícil captar esta realidade profunda, porque o mal faz mais barulho que o bem: violências, crimes, injustiças, mortes são dadas em espetáculo cada dia nos jornais e telejornais, enquanto os gestos de amor e serviço, a fadiga quotidiana vivida na fidelidade e na paciência permanecem ocultos na sombra ou no silên-cio. Somos mais propensos a ver a cizânia do que a boa semente.

Mas o cristão é um homem de esperança mesmo no meio da escuridão do mundo. Confia em que o Senhor nos acompanha com a sua bênção e os seus dons, ilumina as trevas e abre caminhos novos e surpreendentes; e que a força da fé é capaz de mover montanhas, como nos dizem as leituras da Palavra de Deus.

Memória grata dos dons de Deus à sua Igreja1. Uma verdadeira surpresa de Deus foi a renúncia de

Bento XVI ao ministério petrino, num ato de grande hu-mildade e inusitada coragem, e a eleição do papa Fran-cisco, vindo do “fim do mundo”, que trouxe um ar novo de frescura e esperança a Igreja e a humanidade. Estamos na presença de uma grande viragem, de ordem pastoral, na história da Igreja. Por isso, 2013 passará a história como um ano extraordinário para a vida da Igreja.

A decisão de Bento XVI testemunha uma grande con-fiança no Espírito Santo para o percurso da Igreja. Trata-se de uma opção que inaugura uma nova época. Não esteve ligada apenas ao estado de saúde do Santo Padre, mas tam-bém a situação da Igreja neste tempo com a aceleração e acumulação dos problemas e desafios a exigir uma nova guia com novo vigor físico e anímico.

Assim possibilitou a eleição do novo sucessor de Pedro que aconteceu de modo impressionante e inesperado: o Papa Francisco que imediatamente, com novo vigor, pôs a Igreja em movimento para sair do seu recinto e levar a ternura e a misericórdia de Deus as periferias humanas da dor, da soli-dão e da pobreza, a fim de curar as feridas e aquecer os co-rações acendendo neles a esperança e a alegria. As palavras e os gestos do Papa Francisco tocam as cordas mais pro-fundas da sensibilidade e da personalidade humana porque respondem as expectativas profundas da humanidade ferida, confusa, dividida, desejosa e necessitada de perdão, de uma relação sincera e próxima que leve conforto, misericórdia, encorajamento, cura, reconciliação, paz – a alegria do Evan-gelho.

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2. Ao longo de 2013, a Igreja viveu, como uma grande graça, o Ano da Fé iniciado por Bento XVI e concluído pelo Papa Francisco. Também para a nossa diocese foi um ano pastoral dedicado a reavivar a fé: a reencontrar a novi-dade, a beleza e o gosto da fé e de vida nova em Cristo; a redescobrir a alegria de crer e a despertar o entusiasmo de testemunhar e comunicar o tesouro da fé. Não é este o mo-mento de fazer um balanço. Mas não podemos deixar de re-cordar várias iniciativas: a descoberta e o aprofundamento do Concílio Vaticano II como bússola para viver a fé hoje, catequeses sobre a fé na base do Catecismo da Igreja Ca-tólica, celebrações várias para as várias idades, testemu-nhos de caridade, atividades culturais de diverso género, iniciativas que culminaram e tiveram expressão na Festa da fé que ficará inesquecível. Oxalá se possam prolongar no tempo os efeitos positivos do Ano da Fé, visto que a fé é um caminho que continua toda a vida.

O Ano da Fé terminou, mas continua o desejo de man-ter viva toda a riqueza que recebemos ao longo dos seus dias e meses. Neste sentido, o Papa Francisco encerrou o ano da fé entregando a Igreja a Exortação Apostólica sobre a evangelização com o significativo título “A alegria do Evangelho”, como quem nos diz: “crer significa também tornar os outros participantes da alegria do encontro com Cristo”. Sim, a fé não é um bem privado; “é um bem para todos, um bem comum”, “um serviço ao bem comum”(LF 51), a própria humanização do mundo.

O Santo Padre convida-nos para uma nova etapa evangelizadora, recordando-nos “a doce e reconfortante alegria de evangelizar”.

3. Dentro do Ano da Fé não podemos esquecer a pre-sença em Roma e na Praça de S. Pedro, nos dias 12 e 13 de outubro, da imagem original de Nossa Senhora de Fátima diante da qual o Santo Padre realizou a consagração do Mundo à Virgem Mãe, durante a Jornada Mariana do Ano da Fé. Este acontecimento em simultâneo com a peregri-nação aniversária internacional do mesmo mês, presidida pelo Cardeal Secretário de Estado representa o culminar da celebração do Ano da Fé no Santuário sob o lema “Não tenhais medo”. Esta expressão é o eco da mensagem de conforto, de esperança e encorajamento nas horas notur-nas do mal, do medo e da dor na história dos homens e do mundo, tal como Nossa Senhora a transmitira aos pastorinhos: “Não tenhais medo! A garça de Deus será o vosso conforto”; “Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus”.

Entrar com confiança e esperança no novo anoFinalmente, olhando ao novo ano quero dizer também

uma palavra de confiança e esperança no meio da crise. Confiança e solidariedade são as palavras em que desejaria traduzir a esperança do Natal hoje, no sexto ano dos pri-meiros indícios da crise económica mundial.

Confiança é talvez aquilo de que temos mais necessida-de. Vivemos um clima geral de abatimento que liquidou os sonhos da sociedade de abundância e a ingenuidade irres-ponsável de quem pôs toda a confiança no mercado como se bastasse favorecer o liberalismo económico mais amplo para ver florescer o bem estar de todos. O Papa Francisco põe-nos de sobreaviso na mensagem para o dia da paz: “Às guerras feitas de confrontos armados juntam-se guerras

menos visíveis, mas não menos cruéis, que se combatem em campo económico e financeiro, com meios igualmente destruidores de vidas, de famílias, de empresas... As mui-tas situações de desigualdade, de pobreza e de injustiça re-velam uma profunda carência de fraternidade e também a ausência de uma cultura de solidariedade”.

Mas sem confiança não vamos a lado nenhum. O Natal de Cristo com o dom da paz chama a todos, crentes e não crentes, a reencontrar as razões da esperança. “Por favor, não deixemos que nos roubem a esperança”, grita o Papa Francisco. Para isso é necessário redescobrir as razões da solidariedade: só sairemos da crise todos juntos e solidá-rios. Esta exigência de corresponsabilidade de todos expri-me-se a vários níveis:

no contexto da aldeia global, ela exprime-se na ne-cessidade de uma nova ordem económica mundial, um novo modelo económico, capazes de distribuir mais equi-tativamente recursos e consumos. À falta de organismos mundiais é urgente o crescimento da consciência coletiva inspirada e educada por personalidades carismáticas que recordam a todos o primado do bem comum. Figuras como Papa Francisco ou Nelson Mandela revelam-se decisivas para estimular o renascimento a partir dos corações;

a nível local é necessário um novo modelo de política com homens e mulheres testemunhas de esperança possí-vel, com alto sentido de responsabilidade, com espírito de serviço, de humildade, de diálogo, de solidariedade, para construir algo novo, diverso de uma luta de poderes e de jogos de interesses;

ao nível das instituições e agências que atuam na so-ciedade: a escola animada por uma verdadeira paixão edu-cativa; os bancos que não se fechem na defesa do maior lucro possível e concedam crédito a quem tem necessidade de ajuda para recomeçar; a sociedade civil e a Igreja como portadoras de esperança para todos através de gestos e ini-ciativas credíveis de solidariedade vivida, de partilha ativa, de diálogo sem muros.

Olhemos para o futuro sem medo nem raiva, mas com confiança recíproca, com solidariedade que nasce de cora-ções capazes de partilhar e ajudar sobretudo os mais po-bres. Todos solidários venceremos com a força do Senhor!

Na última hora do ano peçamos perdão ao Senhor pe-las nossas faltas e, com Maria, Rainha da paz, cantemos-lhe o Te Deum da nossa confiança e gratidão pelos dons recebidos: “Esperei em Ti, Senhor; não serei confundido eternamente”!

Santuário de Fátima, 31 de dezembro de 2013† António Marto,Bispo de Leiria-Fátima

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Leiria-Fátima – Órgão Oficial da Diocese • Ano XXI • Número 53 • 31 Dezembro 2013Edição: Gabinete de Informação e Comunicação da Diocese de Leiria-Fátima

Morada: Casa Episcopal • Rua Joaquim Ribeiro de Carvalho, 2 • 2410-116 LEIRIATel: 244 845 030 Email: [email protected] Portal: www.leiria-fatima.pt

vária

ObituárioFaleceu o padre Albino da Luz Carreira

Nesta manhã de 31 de dezembro de 2013, no hospital de Abrantes, onde se encontrava internado desde o dia de natal, por motivo de doença grave, faleceu o Padre Albino da Luz Carreira, de 75 anos, pároco de Minde, no concelho de Alcanena, diocese de Leiria-Fátima.

A celebração das exéquias teve lugar no pavilhão Ana Sonça, em Minde, no dia 1 de janeiro, as 14.30 horas. O cortejo fúnebre seguiu para o cemitério do Casal Vieira, São Mamede, onde se fez o sepultamento na campa dos pais.

O padre Albino da Luz Carreira nasceu em São Ma-mede, concelho da Batalha, a 6 de junho de 1938, filho de Joaquim da Conceição Carreira e de Maria da Luz.

Entrou para o Seminário Diocesano de Leiria em 1951 e terminou o curso de teologia no ano de 1964. Foi ordena-do sacerdote neste mesmo ano, no dia 15 de agosto, na Sé de Leiria, pelo bispo D. João Pereira Venâncio.

De outubro 1964 a março 1965 fez o Curso de Pastoral no Colégio Universitário Pio XII, em Lisboa. Posterior-mente, continuou a sua formação intelectual e científica fazendo diversos cursos: Psicologia (Instituto Superior de Psicologia Aplicada, Lisboa), Ciências Etnológicas e Antropológicas (Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas), Estudos Portugueses (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa).

Exerceu a docência das disciplinas de Psicologia, An-tropologia Cultural e Português no Seminário Diocesano de Leiria. Foi também professor de Educação Moral e Re-ligiosa Católica na Escola Preparatória D. Dinis de Leiria, de 1973 a 1980 e de 1982 a 1989. Durante três anos (1979-1982) colaborou no Colégio de S. Miguel, em Fátima, como auxiliar do Diretor.

No exercício do ministério sacerdotal, foi coadjutor do pároco do Souto da Carpalhosa (1965-1966), diretor espi-ritual do Seminário Menor de Leiria (1966-1973), auxiliar do pároco dos Poucos, diretor do Secretariado Diocesano da pastoral das vocações (1972-1988), capelão da Prisão--Escola e da Cadeia Regional de Leiria (1989-2004), assis-tente da Cáritas diocesana de Leiria (1995-2007) e pároco de Minde (2004-2013).

A sua ação estendeu-se ainda ao serviço de apoio so-cial, espiritual e pastoral aos ciganos (1968-2000), a as-sistência a vários movimentos e obras eclesiais, como o Movimento “Família dos Sacerdotes” (1974-2002) e o Re-novamento Carismático Católico. Foi diretor espiritual e dedicou muito do seu tempo ao atendimento na relação de ajuda a inúmeras pessoas e famílias, que o procuravam e

nele encontravam alívio e conselho para a resolução dos seus problemas e sofrimentos.

O Padre Albino era dotado de uma bondade e boa dis-posição contagiantes que o tornavam facilmente amável, confiável e procurado como conselheiro. A sua palavra as pessoas era ouvida e seguida espontaneamente. O seu esti-lo pastoral, onde quer que exercesse o seu ministério de sa-cerdote, tinha precisamente esta marca, que lhe granjeava a admiração e amizade de muitas pessoas. Tornou-se por isso um padre muito popular.

A Diocese de Leiria-Fátima agradece a Deus este seu servidor no ministério sacerdotal e confia-o a infinita mi-sericórdia divina para que o acolha no Reino eterno. Ao mesmo tempo, apresenta sentidas condolências a família, a paróquia de Minde e a quantos sofrem com a sua partida desta vida. A todos sirva de conforto a graça da fé e a ora-ção ao Senhor da vida.

P. Jorge Manuel Faria Guarda,Vigário Geral de Leiria-Fátima

Clero e vida consagrada em 2013A 31 de dezembro de 2013 estavam incardinados na

Diocese de Leiria-Fátima, para além do Bispo diocesano: um bispo emérito, 92 presbíteros (85 residiam na Diocese, 3 noutras dioceses do País e 4 no estrangeiro) e um diácono.

Na Diocese residia ainda: um bispo emérito de outra diocese, 7 presbíteros de outras dioceses e 7 religiosos que prestavam serviço pastoral com nomeação canónica do Bispo diocesano.

Nas 77 comunidades de vida religiosa presentes na Diocese, residiam 690 religiosas professas, 53 sacerdotes religiosos e 13 religiosos professos não sacerdotes.

Durante o ano de 2013, faleceu o padre Albino da Luz Carreira.