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ediçãocomemorativa

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Primeira capa da Sustentação, impressa

originalmente em 1999.

Uma homenagem a todos que colaboraram

para que esta publicação nascesse. Em especial

à Maria Vilauva Lopes.

Vilauva foi a grande responsável em dar o nome

da revista e em pensar, com o esmero que lhe

era característico, a primeira edição.

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Saúde,Planejamento

e Gestão

N. 42 // JUL.AGO.SET.OUT.NOV.DEZ.2017 VENDA PROIBIDA.

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05Editorial

23OpiniãoFrancimones Rolim.Instrumentos de planejamentoe orçamento na gestão municipal.

16 CapaPlanejar é preciso!

Instrumentos de planejamentodo SUS e orçamentários e as

atribuições dos secretáriosde saúde dos municipio.

27Governo Federallibera recursose reforça serviçosde saúde.

24Selo UNICEF.

Nova edição mobiliza gestoresmunicipais em beneficiode crianças e adolescentes.

29Rede colaborativareforça discussõesnas conferênciasmunicipais.

Sumário

08EntrevistaDr. Mauro Junqueira

06Galeria

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38Faces da Gestão.

Arnon Bezerra. Prefeito de Juazeiro do Norte.

Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

44Congresso Nacionaldo CONASEMS.

46Mesas regionaisde negociaçãodo SUS.

31Nova PNAB pretendemelhorar o acessoda população à portade entrada do SUS.

47COSEMS integrapesquisa sobre MaisMédicos no Ceará

48Experiênciasmunicipais

36 Opinião Direito à saúde versus Direitoao consumo de bens e serviçosde saúde. José Jackson CoelhoSampaio Carlos Garcia Filho.

45Qualifica APSUSexpande atuaçãonos municipios.

Municipios recebempesquisadoresdo 3º ciclo PMAQ.

78Outraspalavras

Notas

Notas

Notas

Notas

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ExpedienteDIRETORIA EXECUTIVA

Presidente: Josete Malheiro Tavares(Secretário de Saúde de Guaiúba)

Vice Presidente: Sayonara de Moura Cidade(Secretária de Saúde do Cedro)

Secretaria Geral: André Barreto Esmeraldo(Secretário de Saúde do Crato)

Diretor Financeiro: Ângelo Luís Leite Nóbrega (Secretário de Saúde de Itapiúna)

Secretário de Articulação: Rilson Sousa de Andrade (Secretário de Saúde de Quixelô)

CONSELHO FISCALLeticia Reichel dos Santos(Secretária de Saúde de Cariré)

Daniel Maciel de Melo Peixoto(Secretário de Saúde de Russas)

Luís Carlos do Nascimento(Secretário de Saúde de Cascavel)

SUPLENTE: Dinah Braga Saraiva(Secretária de Saúde de Crateús)

SUPLENTE: Silvana Soares de Sousa(Secretária de Saúde de Guaramiranga)

SUPLENTE: Ianny de Assis Dantas(Secretária de Saúde de Jaguaribara)

MEMBROS REPRESENTANTES DA CIBREPRESENTANTE DO MUNICÍPIO DE

FORTALEZA – MEMBRO NATOJoana Angélica Paiva Maciel(Secretária de Saúde de Fortaleza)

REPRESENTANTES DE MUNICÍPIOS DE GRANDE PORTE

TITULAR: Maria Nizete Tavares Alves(Secretária de Saúde de Juazeiro do Norte)

SUPLENTE: Gerardo Cristino Filho(Secretário de Saúde de Sobral)

REPRESENTANTES DE MUNICÍPIOS DE MÉDIO PORTE

Titular: Liduina Fátima Freitas dos Santos(Secretária de Saúde de Acaraú)

Suplente: Fernando Wilson Fernandes(Secretário de Saúde de Camocim)

Titular: Antônio Willams Vieira Vaz(Secretário de Saúde de Boa Viagem)

Suplente: Jequélia Maria Alcântara Silva(Secretária de Saúde de Icó)

REPRESENTANTES DE MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTETitular: Napoline Silva Melo(Secretária de Saúde de Frecheirinha)

Suplente: José Afrânio Pinho Pinheiro Júnior(Secretário de Saúde de Umirim)

Titular: Zuila Maciel de Melo Peixoto(Secretária de Saúde de Orós)

Suplente: Sharliane Monteiro da Rocha(Secretária de Saúde de Pindoretama)

REPRESENTANTES DO CONSELHO ESTADUAL DE SAÚDE – CESAUTitular: Reginaldo Alves das Chagas(Secretário de Saúde de Icapuí)

Suplente: Neuza Moreira de Carvalho(Secretária de Saúde de Altaneira)

PRODUÇÃODesign: Coordenação de criação: Paulo Jr. Pinheiro e Morena GarciaDesign gráfico: Roberto Junior e Felipe VecchioFotografia: Mário Cabral, Hercílio Araújo, Flickr do Conasems e Prefeitura Municipalde Juazeiro do NorteJornalista Responsável: Karlla Gadelha (MTB 1814/CE)Revisão: Amanda Macêdo, Fernando Cruz, Karlla Gadelha, Mário Cabral e Verônica RodriguesColaboração: Fernando Cruz (MTB 3701/CE) e Mário Cabral (MTB 3230/CE)Revista Sustentação nº42ISSN 16764218Nº42 – jul.ago.set.out.nov.dez.2017 – venda proibidaContato: [email protected]

COSEMS/CERua dos Tabajaras, 268 – Praia de IracemaFortaleza/CE CEP: 60060-510Fones/Fax: (85)3101.5444/3101.5436/3219.9099www.cosemsce.org.br

sustentação

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Editorial

A Revista Sustentação, veículo de comunicação do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (COSEMS/CE), chega ao exemplar Nº 42. Como já é tradição, reproduzirá a mesma linha editorial, marcada pelo compromisso de dar voz e divulgar as experiências elaboradas e postas em prática no cotidiano dos serviços municipais de saúde do Ceará, além, óbvio, de propiciar a publica-ção de trabalhos científicos, editoriais e entrevistas com figuras exponenciais com militância no SUS.

A publicação do nº 42 carrega forte valor simbólico, pois é a edição comemorativa dos 18 anos de vida da Revista Sustentação. Nesses 18 anos, salvo raras exceções, a revista teve publicação regular a cada quatro meses e, principalmente, conseguiu manter um Conselho Editorial formado por um grupo seleto de professores e técnicos de grande expertise na área de saúde pública, levando a revista a angariar destacado conceito e conquistar indexação às bases de dados. Alcançar a maturidade editorial só foi possível graças à força aglutinadora do COSEMS, entidade que reúne todos os gestores municipais da saúde do Ceará, além do apoio decisivo dos que fazem o movimento municipalista cearense, capita-neado principalmente pelos prefeitos municipais. Assim, nesse número, a Revista Sustentação brinda-

rá seus leitores com uma abordagem sobre Planeja-mento e Gestão da Saúde nos Municípios. Essa temática tem grande importância na construção de uma cultura baseada no planejamento, especial-mente para os novos gestores municipais, que, por dever de ofício, precisam fazer incursões nos conte-údos e utilizar na sua prática diária os instrumentos de gestão e planejamento da saúde já previstos na Constituição (Plano Plurianual – PPA, Lei de Diretri-zes Orçamentária – LDO e Lei Orçamentária Anual – LOA) e nas normas do SUS (Plano Municipal de Saúde e Relatório Anual de Gestão).

Tratará também da adesão dos municípios cearen-ses à nova edição do SELO UNICEF, da liberação pelo Ministério da Saúde de novos recursos para o Estado e para os Municípios, e das Conferências Municipais de Saúde.

Abordará ainda a nova Política Nacional da Atenção Básica (PNAB), a repercussão da agenda institucio-nal do COSEMS/CE, a publicação de experiências e trabalhos científicos apresentados nos principais Congressos da área de saúde pública, realizados no ano de 2017.

Vida longa à Revista Sustentação e que ela continue sendo fonte educacional e histórica do conheci-mento produzido na saúde pública no Ceará.

Mário Lúcio Ramalho MartildesSecretário de Saúde de Eusébio/CE e ex-presidente do COSEMS/CE

A l c a n ç a r a m a t u r i d a d ee d i t o r i a l s ó f o i p o s s í v e lg r a ç a s à f o r ç a a g l u t i n a d o r ad o C O S E M S , a l é md o a p o i o d e c i s i v o d o s q u ef a z e m o m o v i m e n t om u n i c i p a l i s t a c e a r e n s e .

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sustentação

Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

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sustentação

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galeria

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Quem amamosnunca morre,apenas parteantes de nós.

É com extremo pesar que recebi a notícia da morte da estimada amiga Maria Vilauva Lopes. Mulher que dedicou sua vida ao labor com exemplaridade, caracterizada pela retidão e pela firmeza de princí-pios como marca viva de sua personalidade.

Pensar na Vilauva é lembrar-se de uma épica guer-reira, exemplo de honestidade, competência, humanismo, autenticidade e credora de admiração e respeito. Como médica obstetra, exerceu sua profissão com brilho por décadas e, como gestora pública da saúde, deixou uma extensa lista de servi-ços prestados ao município de Aratuba, ao Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (CO-SEMS/CE) e ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Vale ressaltar que o nome dessa revista (SUSTEN-TAÇÃO) e o acróstico da edição número 1 saíram dos seus tirocínios. Aliás, em toda sua trajetória, ela dedicou o melhor de si e o máximo do seu tempo e dos seus conhecimentos em prol do movimento sanitário e da saúde das mulheres.

Vilauva, seu nome é sinônimo luta e pertinácia. E portar em luta, lutou até o último dia pela vida, com a força e o vigor do seu espírito, que nunca se entregou até mesmo diante das ameaças e sofrimentos que a doença lhe pregava. Pessoa como ela merecia viver mais! O que nos conforma é saber que o revolucio-nário não termina em si mesmo; ele começa em si e se prolonga no seu existir, nas marcas que fora capaz de edificar e, ela edificou marcas que a poeira

do tempo jamais apagará. Por isso, é justo evocar o dito: “Gente como a Dra. Vilauva, nunca morre, apenas parte antes de nós”.

Dar adeus a essa extraordinária figura humana foi dolorido para todos nós, amigos, imagino para a família! Por essa, peço a Deus que envie forças para ajudar a suportar a dor da perda. Resta a nós agra-decermos pelos anos que ela viveu entre nós e honrar sua história e o seu exemplo.

Acredito que o céu esteja em festa com sua chega-da, enquanto aqui na terra pranteamos pela sua partida. A morte representa um mistério e tal fenô-meno alija o ser de qualquer compreensão humana. Por quê? E por que mesmo a tal morte existe? É uma pergunta que até hoje não sabemos a resposta, são os segredos da vida. Só sabemos que ela é uma passagem e que ninguém escapa de atravessar. É como um sono sem sonhos, do qual nunca acorda-mos.

Descanse em paz, querida e admirável amiga. Nossas sentidas condolências.

Moacir de Sousa SoaresSecretário de Saúde de Caucaia e ex-presidente do COSEMS/CE

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sustentaçãogaleria

Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

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Uma longa história na defesa

e fortalecimento do Sistema Único

de Saúde (SUS). Esta frase resume bem

a relação de Mauro Junqueira com

o movimento municipalista e a área

da saúde. O atual presidente

do Conselho Nacional de Secretarias

Municipais de Saúde (Conasems)

passou por diversas funções que

agregaram rica experiência, como

assessor de secretários municipais, até

se tornar presidente do Conselho

de Secretarias Municipais de Saúde

(Cosems) de Minas Geis, onde

intensificou a luta em defesa

dos municípios. Em seu segundo

mandato à frente do Conselho Nacional,

que representa 5570 municípios,

Junqueira continua firme em seus

propósitos e com foco no

aprimoramento e melhoria das políticas

públicas estabelecidas para a saúde.

Na entrevista que segue, concedida à

equipe da Sustentação em visita ao

município de Fortaleza, no Ceará, o

presidente do Conasems discorre sobre

ações, dificuldades e as perspectivas

de futuro para a área da saúde. Confira!

com entidades fortes. O Conasems nunca será forte se os COSEMS que os compõe não forem também. É nosso papel fortalecer essa instância regional. Ter o apoiador significa para nós ouvir o município para que a Comissão Tripartite ao tomar uma decisão leve em consideração o que está acontecendo na ponta. É lógico que pensar e atender uma política que seja boa para 5570 municípios é meio impossí-vel, mas se os diretores que estão numa mesa tripar-tite para tomada de decisão tiver minimamente o conhecimento do que acontece, a visão e o retorno da ponta, as decisões e posicionamentos serão mais acertados. Esse é o papel fundamental do apoiador, levar informação para a ponta e recolher informação para a tomada de decisão no nível central.

entrevistaDR. MAURO JUNQUEIRA

sustentação

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sustentação

Uma longa história na defesa

e fortalecimento do Sistema Único

de Saúde (SUS). Esta frase resume bem

a relação de Mauro Junqueira com

o movimento municipalista e a área

da saúde. O atual presidente

do Conselho Nacional de Secretarias

Municipais de Saúde (Conasems)

passou por diversas funções que

agregaram rica experiência, como

assessor de secretários municipais, até

se tornar presidente do Conselho

de Secretarias Municipais de Saúde

(Cosems) de Minas Geis, onde

intensificou a luta em defesa

dos municípios. Em seu segundo

mandato à frente do Conselho Nacional,

que representa 5570 municípios,

Junqueira continua firme em seus

propósitos e com foco no

aprimoramento e melhoria das políticas

públicas estabelecidas para a saúde.

Na entrevista que segue, concedida à

equipe da Sustentação em visita ao

município de Fortaleza, no Ceará, o

presidente do Conasems discorre sobre

ações, dificuldades e as perspectivas

de futuro para a área da saúde. Confira!

No primeiro semestre de 2017 foi encerrado o seu primeiro mandato como presidente do Conasems. Durante os dois anos foi possível perceber o forta-lecimento da entidade e, por consequência, das representações locais e gestores municipais. Qual o balanço da sua primeira gestão?

O Conasems é uma entidade muito forte que repre-senta 5570 municípios. O processo de eleição foi muito tranquilo, porque veio coroar o trabalho que fizemos nos primeiros dois anos, com aproximação da gestão municipal, do fortalecimento dos Conselhos Estaduais de Saúde e dos COSEMS, e a possibilidade de todos se sentirem parte da entidade. Então, essa foi uma das bandeiras: aproximar os gestores dos presi-dentes dos COSEMS e de toda a diretoria, possibilitar que todos participem de forma igual, com informações das mesas de negociação, além de subsídios com informação rápida, bem detalhada para facilitar a vida do gestor, considerando que a rotatividade na gestão municipal é muito alta. Trabalhar a informação e fazer com que esta chegue a tempo e bem detalhada para os municípios foi um dos nortes que trilhamos e acho

com entidades fortes. O Conasems nunca será forte se os COSEMS que os compõe não forem também. É nosso papel fortalecer essa instância regional. Ter o apoiador significa para nós ouvir o município para que a Comissão Tripartite ao tomar uma decisão leve em consideração o que está acontecendo na ponta. É lógico que pensar e atender uma política que seja boa para 5570 municípios é meio impossí-vel, mas se os diretores que estão numa mesa tripar-tite para tomada de decisão tiver minimamente o conhecimento do que acontece, a visão e o retorno da ponta, as decisões e posicionamentos serão mais acertados. Esse é o papel fundamental do apoiador, levar informação para a ponta e recolher informação para a tomada de decisão no nível central.

O Conasems não édo presidente, éde 5570 municípiose todos devemse sentir presidentedesta entidadee só assim vamostê-la forte.

Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

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Uma longa história na defesa

e fortalecimento do Sistema Único

de Saúde (SUS). Esta frase resume bem

a relação de Mauro Junqueira com

o movimento municipalista e a área

da saúde. O atual presidente

do Conselho Nacional de Secretarias

Municipais de Saúde (Conasems)

passou por diversas funções que

agregaram rica experiência, como

assessor de secretários municipais, até

se tornar presidente do Conselho

de Secretarias Municipais de Saúde

(Cosems) de Minas Geis, onde

intensificou a luta em defesa

dos municípios. Em seu segundo

mandato à frente do Conselho Nacional,

que representa 5570 municípios,

Junqueira continua firme em seus

propósitos e com foco no

aprimoramento e melhoria das políticas

públicas estabelecidas para a saúde.

Na entrevista que segue, concedida à

equipe da Sustentação em visita ao

município de Fortaleza, no Ceará, o

presidente do Conasems discorre sobre

ações, dificuldades e as perspectivas

de futuro para a área da saúde. Confira!

que isso marcou muito a nossa gestão no primeiro mandato.

Em julho de 2017, o senhor foi reconduzido ao cargo de presidente, durante Assembleia de Secretários Municipais de Saúde, realizada no XXXIII Congresso do Conasems, em Brasília. Quais as perspectivas e ações que podem ser destacadas nesta sua segunda gestão a frente do Conasems, diante dos desafios impostos pelo cenário atual em nosso país?

Primeiro continuar o desafio do SUS. Muito se fala que o SUS não funciona e isso não é verdade. Muito se fala que o problema da saúde é gestão e isso também não é verdade. O problema do Siste-ma Único de Saúde é a falta de dinheiro. Nós temos R$2,90 por habitante/dia para ofertar tudo, desde a Atenção Básica até o transplante, a consulta, curativo, uma vacina e até o medica-mento de alto custo. Com esse valor não posso falar que o problema é gestão. Lógico que a rotati-vidade na gestão é preocupante. Só em 2017, entraram 4000 gestores novos. Por isso, o Cona-sems iniciou uma série de cursos à distância, de ferramentas à disposição da gestão municipal para que o secretário no ambiente virtual, no momento que ele escolher, possa fazer busca de

informação, sendo qualificado e qualificar a sua equipe. Então, o Conasems, neste segundo mandato, continuará fortalecendo as instâncias regionais, que são os COSEMS; manterá o projeto Apoiador e suas capacitações para que possa fazer mais e esteja liderando o processo regional, junto com os secretários municipais de saúde, levando a infor-mação detalhada; capacitará o gestor e as equipes técnicas sobre questões como orçamento, unifica-ção dos blocos, Vigilância em Saúde, entre outros. É nesse sentido que nós vamos trabalhar nos próxi-mos dois anos e, obviamente, chamando toda a diretoria a participar deste processo. O Conasems não é do presidente, é de 5570 municípios e todos devem se sentir presidente desta entidade. Só assim vamos tê-la forte, representativa da população brasileira e do SUS. Esse é o nosso grande papel.

No último mês de setembro, uma parceria, entre o Conasems, Conass, Ministério da Saúde e universidades federais, lançou o Código do SUS, que tem por objetivo consolidar as normas exis-tentes dentro do sistema público de saúde e melhorar a gestão das políticas públicas. Como essa ferramenta vai, de fato, colaborar com a gestão da saúde nos municípios e com o cida-dão?

com entidades fortes. O Conasems nunca será forte se os COSEMS que os compõe não forem também. É nosso papel fortalecer essa instância regional. Ter o apoiador significa para nós ouvir o município para que a Comissão Tripartite ao tomar uma decisão leve em consideração o que está acontecendo na ponta. É lógico que pensar e atender uma política que seja boa para 5570 municípios é meio impossí-vel, mas se os diretores que estão numa mesa tripar-tite para tomada de decisão tiver minimamente o conhecimento do que acontece, a visão e o retorno da ponta, as decisões e posicionamentos serão mais acertados. Esse é o papel fundamental do apoiador, levar informação para a ponta e recolher informação para a tomada de decisão no nível central.

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Uma longa história na defesa

e fortalecimento do Sistema Único

de Saúde (SUS). Esta frase resume bem

a relação de Mauro Junqueira com

o movimento municipalista e a área

da saúde. O atual presidente

do Conselho Nacional de Secretarias

Municipais de Saúde (Conasems)

passou por diversas funções que

agregaram rica experiência, como

assessor de secretários municipais, até

se tornar presidente do Conselho

de Secretarias Municipais de Saúde

(Cosems) de Minas Geis, onde

intensificou a luta em defesa

dos municípios. Em seu segundo

mandato à frente do Conselho Nacional,

que representa 5570 municípios,

Junqueira continua firme em seus

propósitos e com foco no

aprimoramento e melhoria das políticas

públicas estabelecidas para a saúde.

Na entrevista que segue, concedida à

equipe da Sustentação em visita ao

município de Fortaleza, no Ceará, o

presidente do Conasems discorre sobre

ações, dificuldades e as perspectivas

de futuro para a área da saúde. Confira!

Somando todos os Códigos Civil, Processual, de Postura, os Códigos Federais disponíveis no país, não chegamos ao número de artigos que temos na saúde. Fomos trabalhar toda a legislação, as porta-rias, resoluções do Gabinete do Ministro, passaram de 17 mil portarias. Então, você imagina o gestor municipal que quer procurar uma portaria, algum documento, se informar sobre alguma construção, habilitação ou serviço e ter esse quantitativo de documentos para vasculhar? Isso é inviável. O número de normatizações do SUS é maior que todas as outras em conjunto. Então, nós fizemos um traba-lho de parceria para lapidar tudo isso. Tinham muitas portarias que já deveriam ter sido revogadas por outros artigos novos, mas permaneciam; outras que já haviam perdido o sentido. Então, foi feito um processo de saneamento desses documentos e organização. A ideia é facilitar o acesso, o entendi-mento dos pesquisadores, dos gestores, de todos que queiram ter acesso às legislações. E, a partir de agora, todas as portarias obedecem ao regramento para facilitar o acesso.

A redução dos investimentos e repasse de recursos do Governo Federal para aplicação na saúde dos municípios é uma realidade que preo-cupa os secretários. De forma geral, como essa redução tem impactado na gestão e nos serviços ofertados à população?

Desde a Constituição, o Ministério da Saúde transfe-re responsabilidade e o dinheiro não acompanha. Em 1988, na Constituição, em Ações e Serviços Públicos de Saúde, o Governo Federal respondia por 72% e os municípios por 16%. No ano passado, os municípios já estavam respondendo, nesse quesito, acima de 31% e o Governo Federal está em 40%. Ou seja, a questão da redução de recursos não é de agora, é desde a Constituição. A forma de repassar recursos para Estados e municípios é perversa, porque é feita através de incentivos, sem reajustes

posteriores. Então, assim, o município acaba, ano a ano, tendo que colocar recurso na saúde, porque quem é que fecha um serviço? Para se ter uma ideia, em 2016, segundo levantamentos do Conasems e da própria Frente Nacional de Prefeitos, os municí-pios brasileiros aplicaram na saúde 8 pontos percentuais além do mínimo, ou seja, ficamos na casa dos 23%, já que o mínimo é 15%, e aplicaram 26 bilhões de reais, além do mínimo constitucional. Esse valor é 100% do IPTU arrecadado nos 5570 municípios. Então, é o ente municipal que vem colo-cando mais recurso na saúde. Por outro lado, o Con-gresso Nacional aprovou, no ano passado também, a Emenda Constitucional 95, que congela os recur-sos na saúde nos próximos 20 anos. O legislador não observou que a população nesse período vai aumentar, que as pessoas desempregadas deixam o plano de saúde e vem para o sistema público, que a população com mais de 60 anos vai crescer e com ela doenças crônicas, hipertensão, diabetes, que

com entidades fortes. O Conasems nunca será forte se os COSEMS que os compõe não forem também. É nosso papel fortalecer essa instância regional. Ter o apoiador significa para nós ouvir o município para que a Comissão Tripartite ao tomar uma decisão leve em consideração o que está acontecendo na ponta. É lógico que pensar e atender uma política que seja boa para 5570 municípios é meio impossí-vel, mas se os diretores que estão numa mesa tripar-tite para tomada de decisão tiver minimamente o conhecimento do que acontece, a visão e o retorno da ponta, as decisões e posicionamentos serão mais acertados. Esse é o papel fundamental do apoiador, levar informação para a ponta e recolher informação para a tomada de decisão no nível central.

Então, se os polít icosenxergaram queo COSEMS tem umaforça, mostra comoa coisa estáacontecendo. É umaentidadesuprapartidária,que trabalha polít icade saúde, mas é umaentidade que incomodae incomoda muito.Isso é muito positivo,sinal que algumacoisa nós estamosfazendo. 11

sustentação

Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

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Uma longa história na defesa

e fortalecimento do Sistema Único

de Saúde (SUS). Esta frase resume bem

a relação de Mauro Junqueira com

o movimento municipalista e a área

da saúde. O atual presidente

do Conselho Nacional de Secretarias

Municipais de Saúde (Conasems)

passou por diversas funções que

agregaram rica experiência, como

assessor de secretários municipais, até

se tornar presidente do Conselho

de Secretarias Municipais de Saúde

(Cosems) de Minas Geis, onde

intensificou a luta em defesa

dos municípios. Em seu segundo

mandato à frente do Conselho Nacional,

que representa 5570 municípios,

Junqueira continua firme em seus

propósitos e com foco no

aprimoramento e melhoria das políticas

públicas estabelecidas para a saúde.

Na entrevista que segue, concedida à

equipe da Sustentação em visita ao

município de Fortaleza, no Ceará, o

presidente do Conasems discorre sobre

ações, dificuldades e as perspectivas

de futuro para a área da saúde. Confira!

requerem maior cuidado, assistência e atenção da saúde. Obviamente vai ficar mais caro. Um municí-pio que fica com 17% de toda a receita bruta brasi-leira está investindo 31% nos seus gastos com saúde. O Governo Federal que fica com 60% da arrecadação de todo o país não faz a distribuição da forma correta.

Ainda em relação ao congelamento dos recur-sos federais para a saúde, como o Conasems tem trabalhado essa questão na busca por articula-ção e opções para driblar o desafio financeiro?

Primeiro é discutir o Pacto Federativo. É impossível ter uma situação onde o Governo fica com 60% dos recursos e os municípios só com 17%, e a responsa-bilidade de Ações e Serviços de Saúde é tripartite. Na Judicialização da Saúde, o município é o ente que está do outro lado da rua, sendo pressionado pela Defensoria, pelo Ministério Público e o Prefeito sendo obrigado a colocar mais recurso e, muitas vezes, assinar Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) sem necessidade, sem a contrapartida esta-dual e federal. Se é tripartite, a União e o Estado deveriam estar juntos, mas não é bem isso que acontece. Discutir o Pacto Federativo é importante na questão da melhor distribuição dos recursos e

das responsabilidades, o que cabe ao município, Estado e União. A outra questão que o Conasems tem feito, há dois anos ou mais, é realizar um traba-lho forte junto ao Congresso Nacional para tentar discutir as grandes pautas. É muito difícil, às vezes, ser entendido pelo legislador que tem seus interes-ses. Nós estamos trabalhando juntos com a Confe-deração Nacional de Municípios (CNM), com a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) e a Associação Brasileira de Municípios (ABM) no sentido de subsidiar nossos prefeitos, porque eles têm o empo-deramento político, foram eleitos. Nesta possibilida-de de estarmos juntos, tentamos minimizar os impactos do Congresso Nacional que, no nosso ponto de vista, tem um posicionamento muito distante do Sistema Único de Saúde. Infelizmente muitas ações que deveriam ser discutidas no Con-gresso, a exemplo dos recursos suficientes para cumprir o que está na Constituição como uma saúde equânime, igualitária, integral, estão muito longe da pauta dos nossos deputados e senadores. São algu-mas ações que o Conasems tem feito para tentar suscitar esses assuntos no Congresso Nacional para que possamos caminhar e passar por este momento tão difícil da história do nosso país.

Ao longo do tempo, o Conasems tem buscado ofertar aos secretários, por meio dos COSEMS, ferramentas de apoio à gestão, seja com publi-cações ou o Projeto Apoiadores, entre outras. Que avaliação o Conasems faz destas iniciati-vas e os resultados que já podem ser observados dentro das gestões municipais? Há perspectiva de fortalecimento e ampliação dessas ações?

O Projeto Apoiador parte de uma experiência exito-sa que tive no COSEMS de Minas Gerais, onde fui presidente por oito anos. Implementamos esse trabalho, deu muito certo e ousamos repetir isso em todo o país. Lógico que várias regiões, vários COSEMS do país, já tinham esse processo bem

com entidades fortes. O Conasems nunca será forte se os COSEMS que os compõe não forem também. É nosso papel fortalecer essa instância regional. Ter o apoiador significa para nós ouvir o município para que a Comissão Tripartite ao tomar uma decisão leve em consideração o que está acontecendo na ponta. É lógico que pensar e atender uma política que seja boa para 5570 municípios é meio impossí-vel, mas se os diretores que estão numa mesa tripar-tite para tomada de decisão tiver minimamente o conhecimento do que acontece, a visão e o retorno da ponta, as decisões e posicionamentos serão mais acertados. Esse é o papel fundamental do apoiador, levar informação para a ponta e recolher informação para a tomada de decisão no nível central.

Discutir o Pacto Federativo é importantena questão damelhor distribuiçãodos recursos e dasresponsabil idades,o que cabe a mimmunicípio, Estadoe União.

sustentação

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Uma longa história na defesa

e fortalecimento do Sistema Único

de Saúde (SUS). Esta frase resume bem

a relação de Mauro Junqueira com

o movimento municipalista e a área

da saúde. O atual presidente

do Conselho Nacional de Secretarias

Municipais de Saúde (Conasems)

passou por diversas funções que

agregaram rica experiência, como

assessor de secretários municipais, até

se tornar presidente do Conselho

de Secretarias Municipais de Saúde

(Cosems) de Minas Geis, onde

intensificou a luta em defesa

dos municípios. Em seu segundo

mandato à frente do Conselho Nacional,

que representa 5570 municípios,

Junqueira continua firme em seus

propósitos e com foco no

aprimoramento e melhoria das políticas

públicas estabelecidas para a saúde.

Na entrevista que segue, concedida à

equipe da Sustentação em visita ao

município de Fortaleza, no Ceará, o

presidente do Conasems discorre sobre

ações, dificuldades e as perspectivas

de futuro para a área da saúde. Confira!

maduro e isso nos ajudou. No entanto, o projeto tem um impacto muito importante nos estados onde não existia essa proposta de apoio às Regiões de Saúde. Vejo como fundamental, proporciona capilaridade na informação ter alguém na Região que já tenha passado e possua conhecimento da saúde mobili-zando os gestores para participarem da Comissão Intergestores Regional, da Comissão Intergestores Bipartite, levando informações e fazendo-os discu-tirem entre si. Nós, enquanto gestores, temos uma demanda muito forte e acabamos nos isolando, ficando em nosso mundo. A saúde não acontece dentro do município, nem o maior município do país tem capacidade de atender sozinho 100% da demanda da sua população. Então, é preciso pactu-ar, discutir com outros atores, e fortalecer a Região de Saúde. No momento difícil em que temos a Emenda 95 e a escassez de recursos na saúde, trabalhar a Região de Saúde é fundamental. Preci-samos evitar duplicidade de serviço, desperdício de recurso e capacitar gestores e técnicos para melhor aproveitar e trabalhar os recursos mínimos. Então, o apoiador vem nesse sentido de provocar, orientar,

discutir, de participar dos processos de capacitação. Como já é um projeto vitorioso, mesmo com o pouco tempo, o Conasems está garantindo para os próxi-mos três anos a sua continuidade, ampliando, em partes, de acordo com a necessidade de cada COSEMS, o número de apoiadores para que a gente possa estar mais próximo do gestor municipal e trabalhar. Aqui no Ceará estive com os apoiadores e fico muito feliz porque o resultado é fantástico. Neste primeiro momento, ainda muito incipiente, mas já traz relatos que, ao longo dos oito anos como presidente do COSEMS de Minas Gerais, demorei algum tempo para ouvir. Sentir nos gestores a ques-tão do pertencimento regional da figura do Apoia-dor, da sua importância, leva-me a elogiar o traba-lho que aqui vem sendo desenvolvido. Fica aqui o meu agradecimento pela equipe do Ceará, pela coordenação, pelo presidente, pelo trabalho que a diretoria fez e pelo projeto ter dado tão certo em tão pouco tempo. Tenho certeza que na próxima gestão ninguém mexe no apoiador, porque é figura que ninguém mais vai abrir mão pela importância que vai ter para a Região de Saúde.

com entidades fortes. O Conasems nunca será forte se os COSEMS que os compõe não forem também. É nosso papel fortalecer essa instância regional. Ter o apoiador significa para nós ouvir o município para que a Comissão Tripartite ao tomar uma decisão leve em consideração o que está acontecendo na ponta. É lógico que pensar e atender uma política que seja boa para 5570 municípios é meio impossí-vel, mas se os diretores que estão numa mesa tripar-tite para tomada de decisão tiver minimamente o conhecimento do que acontece, a visão e o retorno da ponta, as decisões e posicionamentos serão mais acertados. Esse é o papel fundamental do apoiador, levar informação para a ponta e recolher informação para a tomada de decisão no nível central.

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sustentação

Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

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Uma longa história na defesa

e fortalecimento do Sistema Único

de Saúde (SUS). Esta frase resume bem

a relação de Mauro Junqueira com

o movimento municipalista e a área

da saúde. O atual presidente

do Conselho Nacional de Secretarias

Municipais de Saúde (Conasems)

passou por diversas funções que

agregaram rica experiência, como

assessor de secretários municipais, até

se tornar presidente do Conselho

de Secretarias Municipais de Saúde

(Cosems) de Minas Geis, onde

intensificou a luta em defesa

dos municípios. Em seu segundo

mandato à frente do Conselho Nacional,

que representa 5570 municípios,

Junqueira continua firme em seus

propósitos e com foco no

aprimoramento e melhoria das políticas

públicas estabelecidas para a saúde.

Na entrevista que segue, concedida à

equipe da Sustentação em visita ao

município de Fortaleza, no Ceará, o

presidente do Conasems discorre sobre

ações, dificuldades e as perspectivas

de futuro para a área da saúde. Confira!

Como o Conselho Nacional avalia a atuação dos COSEMS nos municípios junto aos secretários de saúde, além de entidades representativas de classe, secretaria estadual, prefeitos, judiciário, Ministério Público e a população em geral? Qual a importância hoje para o SUS dos estados contarem com um COSEMS forte?

Tenho acompanhado os COSEMS, há pelo menos 20 anos, e é impressionante a força dessas entida-des. A gente não tinha dimensão disso, mas só para exemplificar, nas últimas eleições, que acontece-ram nos COSEMS de todo o país, vimos uma força política partidária querendo chegar perto ou muitas vezes querendo interferir no processo. Então, se os políticos enxergaram que o COSEMS tem uma força,

mostra como o trabalho está acontecendo. É uma entidade suprapartidária, que trabalha política de saúde, mas é uma entidade que incomoda e inco-moda muito. Isso é muito positivo. Tenho certeza que estamos fazendo um trabalho muito bom, efeti-vamente representando de uma forma muito demo-crática, aberta, sem distinção de partidos e de pessoas, mas agregando a todos numa discussão clara, objetiva e transparente. Os COSEMS que estão nesta linha, que são a maioria, só têm tido boas conquistas no cenário que estamos vivendo, que é o pior do Sistema de Saúde. Cenários político e finan-ceiro muito ruins, questão moral difícil, uma transi-ção demográfica muito rápida com a população envelhecendo de forma acelerada, diferente de outros países. Estaremos preparados para isso só

com entidades fortes. O Conasems nunca será forte se os COSEMS que os compõe não forem também. É nosso papel fortalecer essa instância regional. Ter o apoiador significa para nós ouvir o município para que a Comissão Tripartite ao tomar uma decisão leve em consideração o que está acontecendo na ponta. É lógico que pensar e atender uma política que seja boa para 5570 municípios é meio impossí-vel, mas se os diretores que estão numa mesa tripar-tite para tomada de decisão tiver minimamente o conhecimento do que acontece, a visão e o retorno da ponta, as decisões e posicionamentos serão mais acertados. Esse é o papel fundamental do apoiador, levar informação para a ponta e recolher informação para a tomada de decisão no nível central.

sustentação

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Uma longa história na defesa

e fortalecimento do Sistema Único

de Saúde (SUS). Esta frase resume bem

a relação de Mauro Junqueira com

o movimento municipalista e a área

da saúde. O atual presidente

do Conselho Nacional de Secretarias

Municipais de Saúde (Conasems)

passou por diversas funções que

agregaram rica experiência, como

assessor de secretários municipais, até

se tornar presidente do Conselho

de Secretarias Municipais de Saúde

(Cosems) de Minas Geis, onde

intensificou a luta em defesa

dos municípios. Em seu segundo

mandato à frente do Conselho Nacional,

que representa 5570 municípios,

Junqueira continua firme em seus

propósitos e com foco no

aprimoramento e melhoria das políticas

públicas estabelecidas para a saúde.

Na entrevista que segue, concedida à

equipe da Sustentação em visita ao

município de Fortaleza, no Ceará, o

presidente do Conasems discorre sobre

ações, dificuldades e as perspectivas

de futuro para a área da saúde. Confira!

com entidades fortes. O Conasems nunca será forte se os COSEMS que os compõe não forem também. É nosso papel fortalecer essa instância regional. Ter o apoiador significa para nós ouvir o município para que a Comissão Tripartite ao tomar uma decisão leve em consideração o que está acontecendo na ponta. É lógico que pensar e atender uma política que seja boa para 5570 municípios é meio impossí-vel, mas se os diretores que estão numa mesa tripar-tite para tomada de decisão tiver minimamente o conhecimento do que acontece, a visão e o retorno da ponta, as decisões e posicionamentos serão mais acertados. Esse é o papel fundamental do apoiador, levar informação para a ponta e recolher informação para a tomada de decisão no nível central.

Então, é precisopactuar, discutir comoutros atores, épreciso fortalecera Região de Saúde.No momento dif íci lem que temosa Emenda 95 e aescassez derecursos na saúde,trabalhar a Regiãode Saúdeé fundamental .  

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sustentação

Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

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planejaré preciso!

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INSTRUMENTOSDE PLANEJAMENTODO SUS E ORÇAMENTÁRIOSE AS ATRIBUIÇÕESDOS SECRETÁRIOSDE SAÚDE NOS MUNICÍPIOS

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sustentação

Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

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Assumir a gestão da saúde em um município,

independente do seu porte, representa um

enorme desafio e uma caminhada repleta de

novas e inesperadas situações, mesmo para

aqueles que já têm experiência anterior. É falta

de financiamento para ofertar serviços de qua-

lidade, epidemias que surgem, portarias e sis-

temas novos que alteram o fluxo cotidiano da

gestão, entre outros fatores. É uma preocupa-

ção diferente a cada momento, mas também é

realização por assegurar aos cidadãos o direito

à saúde, conforme estabelecido na Constitui-

ção Federal, por salvar vidas e possibilitar

novos recomeços.sustentação

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“Ser Gestor(a) do SUS exige um agir político de mediação e diálogo permanente, com participação do dirigente e sua equipe da secretaria municipal de saúde nas instâncias de decisão e de negociação, já existentes no arcabouço jurídico normativo do SUS”. É assim que Manual do Gestor Municipal do SUS – “Diálogo do Cotidiano”, publicação organizada pelo Conasems, COSEMS/RJ e o Laboratório de Pesqui-sas de Práticas de Integralidade em Saúde, do Insti-tuto de Medicina Social, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LAPIS/IMS/UERJ), traça alguma das características do secretário municipal de saúde. Assumir o posto de secretário de saúde significa possuir uma série de atribuições e respon-sabilidades que permearão toda a gestão.

Dentro do elenco de responsabilidades dos gestores municipais de saúde destaca-se a elaboração de instrumentos de planejamento do Sistema Único de Saúde – Plano Municipal de Saúde (PMS), Progra-mação Anual de Saúde (PAS) e Relatório Anual de Saúde (RAG) - e de seu orçamento – Plano Pluria-nual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA). Atender estas dire-trizes e cumprir seus prazos estabelecidos assegura uma gestão transparente, organizada e, principal-mente, utiliza de uma melhor forma os recursos disponíveis ou ainda evita-se o bloqueio ou a perda destes.

“Assim como as empresas, os governos precisam ter planos por uma razão muito simples: porque os recursos são sempre menores do que as necessida-des que deveriam ser atendidas! E quando não se planeja, o risco de desperdício e de ineficiência costuma ser bem maior”, exemplifica Francimones Rolim, Secretária Adjunta de Saúde do município de Juazeiro do Norte, que já compôs a equipe técnica do COSEMS/CE. Ela destaca ainda que no âmbito do SUS, resgatar ou construir a cultura de planeja-mento é ao mesmo tempo um avanço e um desafio. “Um avanço porque cada dia mais o planejamento é reconhecido no SUS como importante ferramenta de gestão, e um desafio porque planejamento envol-ve a consolidação de uma cultura que exige mobili-

zação, engajamento e decisão de gestores e profis-sionais”.

Os secretários municipais de saúde, sejam novos ou experientes no cargo, devem saber que os instru-mentos de planejamento do SUS subsidiam a formulação e gestão do orçamento, além da gestão da saúde em si dentro dos municípios. Assim, cronograma e prazos exigidos para cada um dos instrumentos estão intimamente ligados ao crono-grama dos instrumentos legais do orçamento muni-cipal.

Diante do imenso desafio dos gestores em construir instrumentos de planejamento e gestão e atender os prazos por estes impostos, o COSEMS/CE mantém, de forma permanente, um canal de contato com os secretários municipais de saúde, seja com o apoio da equipe técnica, nas Reuniões Ampliadas, assim como por meio do calendário de eventos realizados ao longo do ano. Além disso, o presidente da entida-de, Josete Tavares, elenca ainda “a mobilização permanente mantida em articulação com a Gestão Estadual; o Projeto Rede Colaborativa de Apoiado-res COSEMS/CONASEMS, que tem apoiado os municípios no tocante aos instrumentos de planeja-mento, gestão e Conferências Municipais de Saúde, entre outros assuntos; e a ampliação da sede do COSEMS/CE, que expandiu o espaço e possibilitou melhorias no atendimento aos secretários e técni-cos dos municípios”. Neste ano, a diretoria da enti-dade pretende estreitar ainda mais essa relação com os gestores e estar mais perto dos municípios, de forma em geral. “Para 2018 pretendemos forta-lecer os escritórios regionais do COSEMS já em funcionamento nas Regiões Sul (Cariri) e Norte (Sobral), além da instalação de dois outros escritó-rios nas Macrorregiões do Sertão Central (Quixadá) e Litoral Leste/Jaguaribe (Limoeiro do Norte)”, anuncia Tavares.

Com a ajuda do Manual do Gestor Municipal do SUS – “Diálogo do Cotidiano”, a Sustentação preparou uma síntese sobre os instrumentos de planejamento do SUS e orçamento e seus prazos. Fique por dentro!

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sustentação

Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

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PLANO MUNICIPAL DE SAÚDE (PMS)

O Plano Municipal de Saúde é um instrumento básico obrigatório e que norteia a definição da Programação Anual de Saúde, incluindo ações e serviços, assim como da gestão do SUS. É o docu-mento orientador para o gerenciamento da saúde e evidencia o caminho a ser seguido para se atingir a missão de ofertar saúde de qualidade para todos.

Para elaboração do PMS é necessária uma análise situacional do município, o que contribui com o gestor para a percepção dos problemas e principais desafios enfrentados na área da saúde, assim como as ações, medidas empreendidas e o processo de monitoramento e avaliação. Os objetivos, diretrizes, metas e indicadores definidos devem ter validade de 4 anos, a contar do segundo ano do atual gover-no. É importante ressaltar que o Plano deve ser construído com a participação de gestores, técnicos e controle social, sendo necessária a aprovação do documento pelo Conselho Municipal de Saúde (CMS), antes da sua execução.

EM RESUMO:

Conteúdo básico:- Análise situacional da saúde do município;- Objetivos, diretrizes, metas e indicadores;- Monitoramento e avaliação.

Validade:4 anos, do segundo ano do atual governo ao primei-ro ano do próximo governo.

Prazo:15 de Abril do primeiro ano de governo.

PROGRAMAÇÃO ANUAL DE SAÚDE (PAS)

A Programação Anual de Saúde (PAS) define as ações, os recursos financeiros e outros elementos que contribuem para o alcance dos objetivos e o cumprimento das metas propostas dentro do Plano Municipal de Saúde; além das metas anuais para cada ação definida; os indicadores utilizados no monitoramento e na avaliação de sua execução.

Assim como o Plano Municipal de Saúde, a PAS deve ser aprovada pelo CMS, antes do encaminha-mento da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do exercício correspondente, sendo sua execução no ano subsequente.

EM RESUMO:

Conteúdo básico:- Metas a serem alcançadas;- Ações a serem realizadas:- Recursos a serem mobilizados,

Validade:anual.

Prazo:15 de Abril de cada um dos 4 anos de governo.

INSTRUMENTOSDE PLANEJAMENTODO SUS

sustentação

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RELATÓRIO ANUAL DE SAÚDE (RAG)

O Relatório Anual de Gestão constitui-se na princi-pal ferramenta de acompanhamento da gestão de saúde que comprova a aplicação dos recursos e tem a finalidade de apresentar os resultados alcançados com a execução da Programação Anual de Saúde, orienta a elaboração da nova PAS, assim como possíveis redirecionamentos necessários no Plano de Saúde.

O RAG deve ser enviado sempre até 30 de março do ano seguinte à sua competência para análise e emissão de parecer do Conselho Municipal de Saúde. Sua produção deve ser no Sistema de Apoio ao Relatório de Gestão (SARGSUS), como forma de garantia da comprovação ao Tribunal de Contas da União do cumprimento das obrigações do gestor municipal.

EM RESUMO:

Conteúdo básico:- Diretrizes, objetivos e indicadores do PMS;- Metas previstas e executadas da PAS;- Resultados;- Análise da Execução Orçamentária;

Validade:anual.

Prazo:final de março de cada um dos quatro anos de governo.

PLANO PLURIANUAL (PPA)

Previsto no Artigo 165 da Constituição Federal, o PPA é um instrumento da administração e de plane-jamento que organiza e viabiliza a ação pública para quatro anos. É composto pela programação de dire-trizes, objetivos e metas, descrevendo os programas e ações que resultarão em bens e serviços para a população. Deve prever ainda o aumento de despe-sa decorrente de expansão ou criação de novas ações e serviços. O PPA deve ser compatível ao PMS e às leis orçamentárias. Deve ser encaminhado ao legislativo para avaliação e aprovação quatro meses antes de se encerrar o primeiro exercício financeiro.

EM RESUMO:

Conteúdo básico:- Objetivos, diretrizes e metas;- Programas e ações.

Validade:Quatro anos – do segundo ano da gestão que se inicia ao primeiro ano da gestão subsequente.

Prazo:Até 31 de agosto do primeiro ano de governo.

INSTRUMENTOSDE PLANEJAMENTOORÇAMENTÁRIO

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Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

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LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS (LDO)

A LDO compreende às metas e prioridades da administração pública, incluindo as despesas para o exercício financeiro subsequente, responsável por mediar a PPA e a LOA. Deve conter as metas e obje-tivos prioritários; orientações para a elaboração da LOA; quaisquer alterações nas leis tributárias e na política de pessoal e a fixação de limites orçamen-tários para os poderes.

A LDO, em decorrência da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), também deve conter aspectos do equi-líbrio entre receita e despesas; dos critérios e limites para empenho; das normas de avaliação e controle dos recursos de programas atrelados ao orçamento; das condições para transferências de recursos a instituições públicas ou privadas, da caracterização das metas fiscais e dos riscos fiscais. Seu prazo para encaminhamento à Câmara de Vereadores é 15 de abril.

EM RESUMO:

Conteúdo básico:- Diretrizes e metas prioritárias;- Alterações de leis tributárias e de pessoal;- Limites orçamentários;- Limites e critérios para empenho;-Normas para avaliação e controle;- Condições para transferências.

Validade:Um ano, sendo seu objeto o ano subsequente.

Prazo:Deve ser enviado ao Legislativo até 15 de abril.

LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL (LOA)

Descreve as ações a serem realizadas pelo governo, define as receitas e autoriza os gastos para a execu-ção, devendo ser compatível ao PPA e à LDO. O Orçamento deve ter como um de seus objetivos a redução de desigualdades sociais, devendo ser destinado à melhoria da distribuição de renda; à universalização dos serviços públicos; à manuten-ção da estabilidade social e econômica; e ao fomento do crescimento econômico. O projeto de LOA ser enviado à Câmara de Vereadores até quatro meses antes do final do exercício financeiro, ou seja, 31 de agosto. O monitoramento da execução orça-mentária é feito quadrimestralmente, nos meses de em maio, setembro e fevereiro.

EM RESUMO:

Conteúdo básico:- Ações a serem realizadas;- Receitas a serem mobilizadas;- Gastos autorizados.

Validade:Um ano, sendo seu objeto o ano subsequente à sua apresentação.

Prazo:Deve ser enviado ao Legislativo até 31 de agosto.

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No artigo 165 da Constituição Federal está previsto que os governos da União, dos Estados, Distrito Federal e Municípios devem elaborar Planos Pluria-nuais (PPA), Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e os orçamentos anuais (LOA). Todos estes instru-mentos de planejamento estão interligados e preci-sam que estejam bem articulados e concatenados, pois a não elaboração, má elaboração e não alimentação destes no sistema acarreta em bloqueio do repasse de recursos federais.

É comum os gestores e suas equipes elaborarem os Instrumentos de Gestão mecanicamente, de forma a atender burocraticamente uma exigência da gestão do SUS. E não foi essa a concepção pensada pelas lideranças que lutaram pela criação do SUS: o Planejamento em Saúde foi concebido para ser um instrumento político de enfrentamento das adversi-dades. E para ser político, o Planejamento precisa ser efetivo, construído com a participação e envolvi-mento das equipes de saúde, dos conselheiros de saúde, precisa retratar a real situação de saúde da população dos territórios, mostrar a capacidade instalada dos serviços e espelhar a situação da força de trabalho em saúde e dos processos afetos a ela - espaços de educação permanente, envolvimento na

definição e construção dos protocolos e linhas de cuidado, reuniões com os gestores e equipe gestora, entre outras ações.

Recomenda-se que a Secretaria da Saúde tenha uma equipe de planejamento que possa acompa-nhar se as ações propostas estão sendo cumpridas, se os prazos estabelecidos estão sendo seguidos, bem como se alguma ação precisa ser alterada, reformulada ou ainda excluída, para atender de forma equânime as reais necessidades da popula-ção e dos serviços de saúde.

INSTRUMENTOSDE PLANEJAMENTOE ORÇAMENTONA GESTÃO MUNICIPALopinião

Francimones RolimSecretária Adjunta de Saúdedo município de Juazeiro do Nortee ex-assessora técnica do COSEMS/CE

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Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

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O ano de 2017 foi marcado por desafios para os municípios. Início de novas gestões, escassez de recursos, novas políticas e redefinição de outras, alto número de casos de arboviroses e, nesta lista, também é possível incluir o início da nova edição do Selo Unicef Município Aprovado 2017-2020. Esta é uma iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) para estimular os municípios a implementar políticas públicas para redução das desigualdades e garantir os direitos das crianças e dos adolescentes previstos na Convenção sobre os Direitos da Criança e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Na edição 2012-2016, ao todo, 1.745 municípios conquistaram a certificação. De acordo com dados do Unicef, a adesão dos municípios para a nova edição do Selo superou as expectativas. Foram 1.279

inscritos no Semiárido e 622 na Amazônia, totali-zando 1.901 municípios em todo o país. Esses números representam um aumento de 9% em rela-ção à edição anterior, quando foi registrado 1.745 inscritos. No Ceará, 176 municípios efetuaram a adesão ao novo ciclo. Segundo José Gilberto Boari, Oficial de Monitoramento e Avaliação do Território Semiárido do Unicef, mesmo com os resultados expressivos é sabido que a adesão é apenas o primeiro passo para a jornada de quatro anos. “Com a realização das ações propostas no Selo, temos o potencial para garantir direitos a mais de 17 milhões de crianças e adolescentes que vivem no Semiárido e na Amazônia com as ações previstas nas áreas de saúde, educação e proteção social”, explica Boari.

Com a adesão, os municípios cearenses já iniciaram o reforço das ações. É o caso do município de

NOVA EDIÇÃO DO SELOUNICEF MOBILIZA GESTORES

MUNICIPAIS EM BENEFÍCIODE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Foram 1.279 inscritos no Semiárido e 622 na Amazônia,totalizando 1.901 Municípios em todo o país.

No Ceará, 176 municípios efetuaram a adesãoao ciclo 2017-2020.

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Palmácia, que na área da saúde tem priorizado, desde o início de 2017, as ações voltadas para a primeira infância. “Além dos programas de rotina como de vacinação e Rede Cegonha, implantamos grupos de gestantes e puérperas nas unidades de saúde, com encontros mensais, com o objetivo de capacitar e informar estas mulheres sobre gestação, amamentação, introdução alimentar, entre outros assuntos. Assim, essa mãe poderá proporcionar qualidade de vida às crianças, principalmente nos primeiros meses e anos de vida. Além disso, traba-lhamos, em parceria com a Secretaria de Assistên-cia Social, o programa federal Criança Feliz, com capacitação para agentes de saúde e demais profis-sionais das unidades de Atenção Primária para identificar as famílias em situação de vulnerabilida-de social e priorizá-las no atendimento, de acordo com sua necessidade”, elenca a secretária de saúde do município, Clara Hermínia.

Outra ação posta em prática pelo município de Palmácia foi a implementação, por meio de Lei Municipal, da Semana Municipal de Promoção do Aleitamento Materno, realizada em agosto, onde o município organiza uma série de atividades para

mães, puérperas, gestantes ou mulheres que estão tentando engravidar e suas famílias. “Junto a esta Lei, garantimos que toda servidora do município em que o bebê esteja em amamentação exclusiva, tenha uma hora reduzida da sua jornada de traba-lho, até o primeiro ano de vida do filho, para estimu-lar que continue a amamentação mesmo depois do seu retorno ao trabalho”, complementa a secretária de saúde.

Além da chancela de uma certificação internacio-nal, obter o Selo Unicef Município Aprovado repre-senta realizar uma gestão com maior participação popular, orientado por práticas e políticas de defesa da infância e adolescência, conferindo ao municí-pio uma posição de destaque e respeito no cenário nacional. É o que afirma o presidente do COSEMS/-CE, Josete Tavares, que destaca ainda “o apoio e mobilização da entidade no sentido de estimular a adesão dos municípios cearenses para a edição 2017-2020, sobretudo em virtude da representativa renovação de prefeitos, superior a 70%, e de secre-tários Municipais de Saúde, acima de 80%, no Ceará”.

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sustentação

Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

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O Selo Unicef garante a capacitação técnica de gestores municipais e estimula a mobilização social e participação de crianças e adolescentes nos processos decisórios. De acordo com a organização da certificação, acredita-se que todo município inscrito no Selo tem potencial para receber a chan-cela internacional. Para isso, é necessário trabalhar de modo intersetorial e democrático para atingir os resultados sistêmicos e melhorar os indicadores de impacto social propostos. É o que já tem feito o município de Banabuiú, que iniciou suas ações com a participação de diversos atores da gestão. “Mon-tamos uma equipe com profissionais da saúde e assistência que já participaram de capacitação e já estão avaliando alguns indicadores importantes. O município está extremamente esperançoso, por ser uma gestão nova que tem bastante fôlego e muita força de vontade. Já conseguimos mudar alguns indicadores, principalmente na saúde. Nas demais secretarias a caminhada continua árdua, mas com resultados significativos. Esperamos ser reconheci-

dos pelo Selo Unicef e, com certeza, impulsionar o município para ter destaque no cenário cearense”, destaca a secretária de saúde, Rianna Nobre.

A nova edição do Selo Unicef traz novidades, princi-palmente no que diz respeito à metodologia. Mudanças sugeridas pelos municípios para melho-rar ainda mais a avaliação das ações e indicadores foram incorporadas. Entre elas, o Unicef aponta melhor definição das expectativas para a obtenção da certificação; redução dos resultados sistêmicos para torná-los mais objetivos e adequados às ações que já estão em andamento desde a primeira edição; atualização das ferramentas virtuais para facilitar o acompanhamento da implementação da ações; entre outras.

Para mais informações acessewww.selounicef.org.br.

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A saúde pública brasileira, a cada ano, tem incorpo-rado ao seu cotidiano mais dificuldades e desafios, ocasionados principalmente pela crise econômica e política instalada no país que tem agravado o subfinanciamento e a demanda da área. Apenas para ilustrar as causas da problemática é possível citar o número de cidadãos que perderam emprego e migraram para o Sistema Único de Saúde (SUS) em busca de atendimento; e a redução e congela-mento dos recursos, onde os municípios não conse-guiram fechar as contas e, por muitas vezes, foram obrigados a paralisar ou fechar serviços. Recentemente, os gestores municipais receberam um alento para descomprimir, mesmo que de forma temporária, a situação enfrentada. O Governo Fede-ral liberou R$ 907,6 milhões a partir de Emendas Parlamentares e recursos para investimento na Atenção Básica (R$ 771,2 milhões) e Saúde Bucal (R$ 344,3 milhões). Alguns destes, no caso da Aten-ção Primária, segundo o Ministério da Saúde, haviam sido estabelecidos por Portarias de 2013, o que comprova que muitos dos serviços habilitados estavam sendo financiados unicamente pelos municípios. Segundo a secretária de saúde de Cariré, Letícia Reichel, a liberação dos recursos traz grande alívio

para os municípios contemplados. “Na ausência desse repasse e com os serviços funcionando, o financiamento se dava exclusivamente através de recursos próprios, onerando ainda mais o municí-pio, que já vem sofrendo com a crise instalada no país. Para aqueles, que por necessidade tiveram que paralisar seus serviços, a entrada deste financia-mento garante a abertura do acesso à saúde para a população. Vale ressaltar que é necessário o reajus-te desses incentivos, que há muito estão defasados, para que possamos garantir a melhoria do tão dese-jado acesso”, destaca a gestora. Para Blenda Leite, assessora técnica do Conselho Nacional das Secre-tarias Municipais de Saúde (Conasems), o início do repasse federal irá descomprimir os orçamentos municipais, mas é preciso que os gestores fiquem atentos. “A Emenda Constitucional 95 (teto dos gastos federais) compromete qualquer ajuste ou ampliação destes repasses. Para melhor utilização de qualquer recurso do SUS, o planejamento é a palavra chave”, orienta. Apesar do alívio, aparentemente momentâneo, com a liberação do grande volume de recursos, o senti-mento de incertezas e preocupação com os rumos do financiamento da saúde nos próximos anos é compartilhado por gestores, militantes da área e entidades representativas. “O lastro financeiro

GOVERNO FEDERAL LIBERARECURSOS E REFORÇA

SERVIÇOS DE SAÚDE

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Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

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conseguido pelo Governo Federal é anunciado como sendo resultante da economia gerada a partir de cortes de despesas e redesenho da execução orçamentária do Ministério da Saúde, mas também em razão da incorporação no orçamento de 2017 do total de 15% da Receita Corrente Líquida da União, de modo integral, e não mais escalonado até 2020, conforme a Emenda Constitucional 86/2016. Essa medida, incluída no texto para Emenda Constitucio-nal 95, que congela os gastos públicos até 2036, amenizou os efeitos dos cortes previstos no orça-mento da saúde em 2017, mas já a partir deste ano há muita intranquilidade”, detalha o presidente do COSEMS/CE, Josete Tavares.

O total de recursos investidos na Atenção Básica deve custear, anualmente, 12.138 agentes comuni-tários de saúde, 3.103 novas equipes de Saúde da Família, 2.299 novas equipes de Saúde Bucal, 882 Núcleos de Apoio à Saúde da Família, 113 novas equipes de Saúde Prisional e 34 consultórios na rua. Todos estes serviços já estavam aptos para creden-ciamento e habilitação no Ministério da Saúde, aguardando somente o repasse financeiro.

Já o recurso para a área da Saúde Bucal possibilita o custeio de 2.299 novas equipes de Saúde Bucal, o credenciamento de 34 Unidades Odontológicas Móveis (UOMs) e a aquisição de 10 mil cadeiras para consultórios odontológicos, com raio-x, que funcionam nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), conforme dados do Governo Federal. Também foi liberado R$ 1 bilhão para a compra de ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) e outros veículos para atender as necessidades da população.

Já o repasse financeiro das Emendas Parlamenta-res é destinado para custeio, ampliação e qualifica-ção de ações e serviços de saúde. De acordo com informações do Ministério da Saúde, veiculadas em seu sítio eletrônico (www.saude.gov.br), viabilizam procedimentos de Atenção Básica e de Média e Alta

Complexidade, como internações, cirurgias e exames, além de ampliar o atendimento ou finan-ciar a implantação de programas estratégicos. Blenda Leite, do Conasems, alerta para os cuidados com a execução deste repasse. “Os recursos prove-nientes de Emendas Parlamentares devem ser executados de acordo com o objeto que foi destina-do pelo parlamentar, sendo vedada qualquer aplicação fora do objeto aprovado. As emendas impositivas ainda possuem algumas restrições disciplinadas pela própria Constituição”, explica.

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Em 2017 foram realizadas no Ceará as Conferências Municipais de Saúde, que tinham como objetivo reunir a população local, conselheiros da saúde, governantes e gestores para debater as questões primordiais relacionadas à saúde e, posteriormente, elaborar o novo Plano Municipal de Saúde dos municípios, que definirá as prioridades para as ações do setor nos próximos quatro anos.

Em meio à desconfiança que cerca a saúde em todo o país, conscientizar a população sobre a importân-cia de sua participação, para que entenda os basti-dores que envolvem a saúde, foi um dos grandes desafios dos gestores. A secretária de Saúde do município de Paramoti (CE), Jerusa Maria Santos Lima, avaliou que “a participação foi considerável, com a presença de políticos, de profissionais e agentes de saúde”.

Este ano, houve um componente a mais para enri-quecer esses importantes debates. Os apoiadores da Rede Colaborativa estiveram presentes em todas as macrorregiões do Estado, discutindo temas variados, como Financiamento, Atenção Primária, Gestão, Construção do SUS, criação da Lei Orça-mentária Anual (LOA) e da Lei de Diretrizes Orça-mentárias (LDO), entre outros. Com um primeiro contato realizado nas Comissões Intergestores Regionais (CIR), a solicitação para a presença dos apoiadores da Rede Colaborativa acabou se tornan-do algo rotineiro. “Depois da apresentação do Proje-to nas CIR, demonstrei minha disponibilidade. A partir desse primeiro contato, os secretários munici-pais passaram a realizar convites para palestrar nas Conferências na região”, relata Joeferson Pinheiro, apoiador da macrorregião do Cariri.

REDE COLABORATIVAREFORÇA DISCUSSÕES

NAS CONFERÊNCIASMUNICIPAIS

Encontros mobilizaram todo o Estado paraa importância de se discutir a saúde local

e elaborar o novo Plano Municipal de Saúde

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Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

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Fazendo jus ao nome do projeto, durante os últimos oito meses, os apoiadores estiveram presentes em várias ações dos municípios de suas regiões e, por conta da presença marcante, muitos foram convi-dados para participar e ministrar palestras nas Con-ferências Municipais. “Foi uma experiência bastan-te exitosa. Estar no município (Pentecoste), conhe-cer sua realidade de perto, ouvir seus problemas e dificuldades técnicas, vai além dos dados e indica-dores estudados. Senti-me esperançosa a cada opinião dada por algum conselheiro de saúde, representante de comunidade ou representante político. Vi que realmente as pessoas queriam parti-cipar da construção do Plano Municipal de Saúde e que esse seria um plano verdadeiro, idealizado de acordo com as dificuldades, necessidades e avan-ços, não um plano feito somente para cumprir regras”, relata Mayara Nunes, apoiadora da macror-região de Fortaleza.

A participação forte dos apoiadores com os gestores municipais fortaleceu não só o debate dentro das Conferências, mas sim o elo de confiança entre os mesmos. “Lembro-me que em Paramoti, após a palestra, eu e a secretária de Saúde fomos pressio-nados pela população que nos questionou sobre vários temas. Ela (secretária) respondendo e eu ao lado, ajudando-a em algumas respostas. Aquele

momento para mim foi a personificação do que é o apoio e do que o projeto representa: dar suporte e protagonismo aos nossos secretários”, ressaltou Alberto Barreto, apoiador da macrorregião Sertão Central.

Esse diálogo só foi possível devido à parceria já estabelecida, pois, por serem da região, sabem das dificuldades encontradas no dia a dia, facilitando o entendimento entre população, apoiador e gestor. “Para mim, umas das melhores coisas que o Conse-lho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (COSEMS/CE) fez foi colocar esses apoiadores nas regionais. Eu, enquanto gestora de primeira viagem, sei que o município tinha muita dificuldade com relação a esse acesso (de informações). Foi assim, tirando essas dúvidas, que pudemos realizar com sucesso a nossa Conferência Municipal de Saúde”, explica Jerusa Lima, secretária de Saúde de Para-moti.

O resultado da Rede Colaborativa nas Conferências Municipais teve um saldo bastante positivo não só para os municípios, como também fortaleceu ainda mais o COSEMS/CE no interior do Estado. “Para os municípios foi o reconhecimento da competência e qualidade técnica e, consequentemente, o seu fortalecimento local. Para a entidade, confirma que o seu comando tem respondido, de forma satisfató-ria, às necessidades dos gestores e às exigências que serão sempre maiores para que o melhor seja ofertado, de modo oportuno e coerente”, exclamou Virgínia Justa, Coordenadora Técnica do Projeto Rede Colaborativa no Ceará.

A expectativa agora é que os Planos Municipais de Saúde (PMS) que foram construídos entre os presentes sejam seguidos à risca e que todos os trabalhadores envolvidos cumpram os papéis que lhes foram dados, priorizando as urgências de cada município, para que o fortalecimento do SUS seja contínuo.

O resultado da RedeColaborativa nasConferênciasMunicipais teveum saldo bastantepositivo não só paraos municípios,como tambémfortaleceu aindamais o COSEMS/CEno interior doEstado.

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Após inúmeros debates, o Ministério da Saúde divulgou, no segundo semestre de 2017, a aprovação da nova Política Nacional de Atenção Básica (PNAB). Porta de entrada para Sistema Único de Saúde (SUS), as mudanças na área da Atenção Básica perpassam pela administração dos recursos nos municípios e na atuação das equipes de agentes de saúde.

As discussões para as alterações no formato da política em vigor não são recentes. Segundo o presi-dente do Conselho Nacional das Secretarias Muni-cipais de Saúde, Mauro Junqueira, a entidade foi a responsável por iniciar os debates sobre a PNAB no Congresso Nacional realizado em 2015, em Fortale-za (CE), envolvendo mais de 1500 gestores e, em seguida, estender e agregar os COSEMS e Fóruns Regionais. “Em dois anos, o Conasems discutiu com seus pares a PNAB. Então, o protagonismo da apro-vação dessa política deve ser atribuído à entidade, porque, na verdade, quem faz Atenção Básica é o município, não é o Estado, nem a União. Nos últimos meses que antecederam a publicação, envolveram--se também o Conselho Nacional de Secretários de Saúde e o Ministério da Saúde, afinal de contas a

pactuação se dá no âmbito tripartite”, complemen-ta.

De acordo com o Ministério, em matéria publicada em seu portal (www.saude.gov.br), em setembro passado, “a nova PNAB visa ampliar a resolutivida-de na Atenção Básica, que, atualmente, soluciona cerca de 80% dos problemas de saúde da popula-ção, diminuindo a busca por atendimentos na rede de urgência e emergência”. O texto diz ainda que o gestor também poderá compor a equipe das Unida-des Básicas de Saúde (UBS), de acordo com a reali-dade e necessidade do município. Para o presidente do COSEMS/CE, Josete Tavares, este é um dos avanços da nova política. “Um dos principais problemas era o fato das equipes que realizam aten-dimentos nas Unidades Básicas serem iguais em todas as regiões, sem distinção de fatores sociais e financeiros. É praticamente impossível um municí-pio pequeno conseguir manter essa equipe dentro de um padrão que o Ministério preconiza", explica. O presidente do Conasems, Mauro Junqueira, com-partilha e complementa a ideia: “é preciso entender que em áreas de difícil acesso e de grandes aglo-merados, cidades conturbadas, favelas, a equipe

NOVA PNAB PRETENDEMELHORAR O ACESSO

DA POPULAÇÃO À PORTADE ENTRADA DO SUS

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Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

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tem que se adequar à realidade local. Muitas vezes a unidade abre quando é autorizado abrir, quando o tráfico autoriza. Temos que ter esse entendimento”.

As perspectivas dos gestores é que as alterações sofridas pela Atenção Básica impulsionem a melhoria do acesso e a organização da capacidade de gestão dos municípios em continuar investindo nesta área como porta de entrada para todos os serviços ofertados pelo SUS. Josete Tavares diz que a aposta no melhor acesso está ligada à possibilida-de de cadastrar o usuário em mais de uma Unidade Básica de Saúde, da responsabilização solidária no território entre Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Agente Comunitário de Endemias (ACE), no com-partilhamento da coordenação do ACS com toda a equipe, além da oportunidade da equipe de Aten-ção Básica receber financiamento, dentre outras.

Apesar dos possíveis avanços é preciso ficar alerta. Com as modificações, faz-se necessário estar atento aos novos processos. Estes precisam ter

clareza e objetividade para que os secretários e equipe técnica da saúde não enfrentem dificulda-des, principalmente, no que diz respeito ao bloqueio de recursos de incentivos. “Em tempos de turbulên-cias de ordem política e econômica, há um temor flagrante de que se tenha, a partir das novas normas, a supressão de recursos dos municípios. Esse receio é notório e precisamos estar vigilantes”, alerta Josete Tavares.

Os municípios cearenses não enfrentarão as dificul-dades e os desafios impostos pelos novos caminhos da Atenção Primária sozinhos. Desde o início das discussões do assunto, o COSEM/CE tem participa-do de encontros, debates e reuniões agregando seu posicionamento em defesa da gestão municipal e do fortalecimento dos serviços prestados à popula-ção. Além disso, a entidade tem investido em capa-citação para os secretários e técnicos dos municí-pios nos mais variados temas, incluindo a Atenção Básica, que compõe a agenda permanente de deba-tes da entidade.

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Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

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Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

Garantir financiamento tripartite compatível com os custos, considerando as diferenças regionais;

Ampliar a integração das UBS com outros pontos de atenção das redes, de modo a possibilitar a coordena-ção e continuidade do cuidado;

Construir uma política sustentável de gestão do trabalho para o grupo de profissionais da Atenção Básica (AB);

Intensificar a oferta de dispositivos de qualificação do trabalho na AB, coerente com as necessidades locais, de modo descentralizado, com estudantes e residentes, aproximando a Academia dos Serviços, potencializan-do, assim, a gestão municipal;

Extrair da agenda política Estadual e Nacional compro-missos públicos dos futuros governantes para a defesa e estruturação do Sistema Único de Saúde.

 Desafiosda Atenção Básicapara 2018

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O usuário pode ser vinculado a mais de uma Unidade Básica de Saúde (UBS), por meio da negociação entre gestão e equipes, mantendo a informação com a equipe de referência (para alimentação do e-SUS). Reconhece o papel do gerente de UBS, que deve ter nível superior, preferencialmente, na área da saúde. É recomendada sua inserção na equipe, mesmo sem pos-sibilidade de financiamento, ainda. No caso do gerente ser enfermeiro, a UBS deverá ter outro enfermeiro para as ações de cunho clínico. Essa medida permite uma linha condutora da gestão sobre o processo de trabalho nas UBS. O ACE pode ser membro da Estratégia de Saúde da Fa-mília e da Equipe de Atenção Básica, devendo compar-tilhar as ações de combate e prevenção às arboviroses.

A coordenação dos ACS passa a ser responsabilidade de toda a equipe de nível superior, apresentando a necessi-dade da integração de toda a equipe de Atenção Primá-ria.

Com o auxílio da assessora técnica do COSEMS/CE, Virgínia Justa, a Sustentação traçou os principais tópicos em relação às mudanças da PNAB. Confira!

PrincipaisMudanças

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Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

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A presença do ACS permanece obrigatória na composi-ção da equipe, tendo sido reformulada a exigência de quantidade máxima por equipe. Continua com o número máximo de 750 pessoas por ACS e 3.450 pessoas em média para cada ESF. Amplia as atribuições dos ACS, que devem ser realiza-das em caráter excepcional, após treinamento e autori-zação legal, sendo assistidas por profissional de nível superior. A Equipe de Atenção Básica passa a ser reconhecida no PMAQ, com previsão de financiamento, mesmo que inferior (ainda indefinido) à Equipe de Atenção Básica, que é estratégia prioritária. Reconhece a diversidade regionalizada de organização da Atenção Primária no país. Extingue as Equipes Transitórias, onde havia flexibilida-de de carga horária para médicos.

Extingue a recomendação para uso de 8 horas semanais para apoio, educação permanente e cursos.

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Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

Opinião

DIREITO À SAÚDEVERSUS DIREITOAO CONSUMODE BENS E SERVIÇOSDE SAÚDE:CONTRADIÇÃO QUEPRECISA SER SUPERADAPARA O BEM DO SUS

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José Jackson Coelho Sampaio:médico (UFC, 1975), Mestre em Medicina Social(UERJ, 1988), Doutor em Medicina Preventiva(FMRP/USP, 1992), Professor Titular em SaúdePública da UECE.Carlos Garcia Filho:médico (UECE, 2009), Mestre em Saúde Pública(UECE, 2012), Doutor em Saúde Coletiva(UECE, 2016), sanitarista da SecretáriaMunicipal de Saúde de Iguatu.

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Planejamento pode ser definido, de modo simples, como a atividade humana de pensar antes de agir, portanto é uma característica essencial não apenas de todo processo de trabalho, mas também de quase toda ação humana. Gestores, profissionais e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) enfren-tam a cada quatro anos o desafio de repensar suas práticas ao elaborar seu Plano Municipal de Saúde. Mas, no contexto da crise crônica do SUS, o planeja-mento transforma-se em ritual burocrático a ser cumprido a cada quadriênio. É imperativo aprovei-tar a janela de oportunidade dos Planos de Saúde para resgatar a potência estratégica do planeja-mento em saúde e refletir sobre os determinantes da crise crônica do SUS.

O SUS enfrenta a contradição de buscar a efetivação do direito à saúde por meio do direito ao consumo de bens e serviços de saúde. Porém, o direito à saúde está para além da perspectiva do consumo de mer-cadorias, devendo ser entendido como direito à produção de modos saudáveis de vida. Ao reduzir a saúde ao consumo, o movimento democrático e emancipatório que resultou na VIII Conferência Nacional de Saúde e na Constituição de 1988 é distorcido. As implicações dessa subversão ultra-passam o plano ideológico. Seu resultado concreto é a crise permanente enfrentada pelos serviços públicos de saúde. Os vilões recorrentes são o finan-ciamento insuficiente e a gestão ineficiente.

Uma aproximação crítica permite divisar a contra-dição entre produção e consumo como o funda-mento da crise na saúde. Enquanto a saúde for concebida apenas como consumo de bens e servi-ços não será possível estabelecer um orçamento ou uma técnica de gestão que satisfaçam o apetite voraz pela mercadoria que move o capitalismo nos planos privados de saúde, no comércio de exames laboratoriais, na compra e venda de procedimentos

clínicos e cirúrgicos, nas indústrias de equipamen-tos e farmacêutica.

Algumas pistas para a solução parcial dessa contra-dição são fornecidas pelas contribuições epistemo-lógicas da Saúde Coletiva, que qualificam de modo crítico a Epidemiologia e o Planejamento em Saúde. A desmistificação da identificação entre consumo e direito é o ponto chave para edificar um novo consenso sobre a saúde e o SUS capaz de harmoni-zar discursos dissonantes. As contradições estão presentes, até mesmo, no interior de cada instituição envolvida com a saúde. No Judiciário, por exemplo, a pressão dos Tribunais de Contas para a austerida-de no controle de gastos públicos convive com o poder do Ministério Público para impor o forneci-mento de todo e qualquer bem ou serviço de saúde solicitado pelo cidadão, sem consideração a qual-quer restrição orçamentária. Nos dois casos, a responsabilidade pelo descumprimento das deter-minações é do gestor, que se vê emaranhado nesse dilema insolúvel.

A contradição entre direito a saúde e direito ao consumo de bens e serviços de saúde tornou o SUS insustentável. A elaboração dos Planos de Saúde são momentos privilegiados para aprofundar o debate sobre o direito a saúde e possuem potência para a deliberação sobre novos consensos.

Retomando alguns conceitos do Planejamento, é urgente a adoção de medidas táticas e estratégicas associadas a uma abordagem dialética e crítica dos problemas de saúde. A manutenção da crise no SUS está conduzindo o Estado e a sociedade aos senti-mentos de impotência e conformismo, banalizando a própria crise. O desafio é apontar novos caminhos para atingir um objetivo antigo, a universalização da saúde como direito fundamental.

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Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

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faces da gestãoARNON BEZERRA | PREFEITODE JUAZEIRO DO NORTE

acesso de forma igualitária às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação, conforme estabelecido na Lei Orgânica da Saúde. Nesse contexto, estamos trabalhando no sentido de forta-lecer a Atenção Primária em Saúde, através da estruturação das Unidades Básicas de Saúde da Família, dando condições de trabalho aos nossos servidores, bem como os capacitando, no intuito de reduzir as filas nos hospitais. Paralelo a essas ações, realizaremos, já a partir de janeiro de 2018, a refor-ma do Hospital Infantil Maria Amélia, dotando-o de condições estruturais e de equipamentos, para garantir um atendimento de qualidade aos nossos usuários. Saber como construir um legado é um desafio para muitos gestores da área da saúde. Essa prática exige conhecimentos técnicos, administra-tivos e humanos, além de muita visão de futuro. Saber construir um legado na saúde é uma ferra-menta desafiadora, porém exequível. Para tanto, é exigido de nós gestores a responsabilidade pela implantação de atividades que assegurem a huma-nização do paciente, o desenvolvimento de ações necessárias, a aquisição de recursos tecnológicos eficientes e a implantação de serviços diferenciais. Assim, deixando nossa marca na história da saúde de Juazeiro do Norte.

Qual a avaliação da parceria existente entre prefeitos e COSEMS/CE, que tem por objetivo a busca incessante da melhoria dos serviços de saúde?

O COSEMS/CE é uma entidade que representa potencialmente os interesses das Secretarias Muni-cipais de Saúde e congrega todos os Secretários Municipais de Saúde como membros efetivos. O COSEMS/CE tem se consolidado como um forte parceiro dos prefeitos no intercâmbio de informa-ções para viabilização do Sistema Único de Saúde, na luta pela autonomia dos municípios e pela consolidação do processo de descentralização das ações e serviços no âmbito do SUS.

Em relação à Atenção Primária, porta de entra-da para o atendimento da população, quais os principais desafios e avanços que a sua gestão trouxe para os usuários?

A Atenção Primária à Saúde (APS) é a estratégia de organização de atenção à saúde voltada para responder de forma regionalizada, contínua e siste-matizada à maior parte das necessidades de saúde de uma população, integrando ações preventivas e curativas, bem como a atenção a indivíduos e comunidades. Essa concepção tem sido adotada em Juazeiro do Norte de forma efetiva desde que assumimos a gestão municipal, através da intensifi-cação do processo de territorialização, pois o muni-cípio encontrava-se totalmente fora dos padrões previstos na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), com um elevado índice de áreas descober-tas de atendimento da Estratégia Saúde da Família. Além do mapeamento geográfico de todo o municí-pio, realizamos uma força tarefa no sentido de sina-lizar as Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF), colocando placas, totens, painel de indica-dores e identificação de todos os ambientes dos

em geral com transtornos mentais e pessoas com dependência química. Contamos com três Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) para atender casos graves, severos e persistentes, além dos atendimen-tos psiquiátricos ambulatoriais para acompanha-mento de pacientes com transtornos mentais leves. Enquanto gestão pública, temos como avanço o trabalho voltado à perspectiva do matriciamento e da coparticipação de responsabilidade entre as unidades, integrando os níveis de atenção básica e secundária em saúde, alinhando as ações entre as Estratégias de Saúde da Família, NASF e os serviços de CAPS e ambulatoriais para ofertar aos cidadãos um serviço humanizado, qualificado e de acordo com as necessidades de cada indivíduo. Temos a partir destas premissas o fortalecimento e amplia-ção da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), com atendimentos diretos não somente no cuidado à doença mental, mas também, e principalmente, desenvolvendo ações de promoção e prevenção em saúde mental para a população, entendendo que devemos pensar esta área para muito além das doenças e das deficiências mentais, mas como algo intrínseco à qualidade de vida diária do cidadão e seu bem-estar geral, a sua capacidade de amar, trabalhar e de conviver em sociedade.

As ações e procedimentos considerados de média e alta complexidade ambulatorial e hos-pitalar constituem-se para os gestores um importante elenco de responsabilidades, servi-ços e procedimentos relevantes para a garantia da resolutividade e integralidade da assistência ao cidadão. Sabendo das dificuldades encon-tradas em todo país, principalmente devido ao subfinanciamento, quais principais desafios que o município e a Região do Cariri enfrentam na oferta destes serviços à população?

Na Prática não é fácil delimitar as funções das esfe-ras de governo (federal, estadual e municipal) no planejamento, no financiamento e na execução das ações e dos procedimentos de média e alta com-plexidade, embora esta divisão seja estabelecida nas normas legais maiores que constituíram o SUS. É pertinente pontuar que uma parcela da demanda assistencial encaminhada à atenção de média/alta complexidade ocorre devido à baixa resolutividade

na Atenção Primária à Saúde, situação infelizmente ainda comum em vários municípios brasileiros, independentemente de seu porte populacional. Isto gera uma pressão da demanda e longas filas de espera por estes serviços no Sistema Único de Saúde (SUS). Um dos grandes desafios da nossa região é a oferta insuficiente de serviços de saúde de média/alta complexidade; assim como os valo-res estabelecidos na tabela SUS e o crescente aumento da demanda em virtude do envelheci-mento da população, o elevado número de casos de violência. A evolução da tecnologia muito tem contribuído no desenvolvimento da saúde, porém o SUS não consegue responder de forma eficiente essas demandas.

Uma das realidades da saúde no país hoje é a existência de filas para a realização de cirur-gias, consultas e exames especializados diver-sos. Quais medidas estão sendo adotadas pela gestão municipal de Juazeiro do Norte para reduzir o quantitativo de pacientes na espera por estes atendimentos?

Em relação às consultas e exames, a Secretaria de Saúde, através da Central de Regulação Municipal (CREMU), realizou avaliação de solicitações que já estavam em espera há mais de um ano para enca-minhar os pacientes para nova reavaliação, no intui-to de verificar se ainda há necessidade do referido exame ou consulta, bem como aumentamos a oferta de exames e consultas nas especialidades em que havia mais encaminhamentos. Uma medida pioneira tomada pela Central foi a comunicação via

SMS para o paciente quando agendado o exame ou a consulta, evitando assim que o mesmo procure várias vezes na unidade de saúde sua marcação sem êxito, bem como reduzir a taxa de faltosos.

O Estado do Ceará registrou neste ano uma “espécie de epidemia” das doenças causadas pelo mosquito Aedes Aegypti, as conhecidas arboviroses – dengue, chikungunya e zika. Que ações a gestão municipal têm colocado em prática para enfrentar o mosquito e envolver a população?

A gestão municipal, além do trabalho técnico desenvolvido pelo setor de Endemias na identifica-ção e eliminação dos criadores do Aedes Aegypti, vem procurando realizar uma vigilância ativa na detecção de casos e notificações compulsórias com vistas a quebrar a cadeia de transmissão. Durante todo o ano, nos bairros com maior índice de infesta-ção ou tendente à alta, foram realizados mutirões, reuniões, rodas de conversas e palestras nas esco-las, associações de bairros, igrejas e outras institui-ções, através dos setores de Mobilização Social, Endemias, Vigilância Epidemiológica e Atenção Primária, para o combate ao vetor e manejo das arboviroses. Desde junho, foi implantado o Comitê Intersetorial de Combate ao Aedes Aegypti que veio incrementar as ações de combate ao vetor, melhora das notificações e disseminação de informações relevantes para a população juazeirense.

Como todos os municípios do país, imaginamos que Juazeiro do Norte também esteja sofrendo com o corte de recursos federais para a saúde. De que forma a Prefeitura tem articulado novas fontes de recursos para saúde, dentro deste con-texto de restrição do crescimento dos investi-mentos federais? Como essa redução de repas-ses tem refletido na atenção prestada à saúde dos municípios?

No planejamento público a abordagem centra-se na análise da compatibilização do Plano Plurianual com a Lei de Diretrizes Orçamentárias, Lei Orça-mentária Anual e execução da despesa, eviden-ciando-se as metas, cumprimento e financiamento, de modo que se possa avaliar a aplicação de recur-

sos nos parâmetros de excelência de como gastar bem, com transparência e controle, para que se tenha economicidade, eficiência e eficácia, com vistas à qualidade de atendimento ao usuário do SUS. Através das Emendas parlamentares de custeio, o município de Juazeiro do Norte tem conseguido manter os serviços de saúde de forma equilibrada, não com a eficiência e qualidade espe-rada pelo usuário, pois infelizmente o sistema que devia ser perfeito para a sociedade brasileira, ainda não está preparado para tal demanda. Algumas medidas como redução de contratações, restrição de diárias, suspensão de gratificações e horas extras, também ajudaram a controlar os gastos, como estratégia de otimizar os recursos.

Quais os planos para o futuro da saúde no muni-cípio? Qual a perspectiva de legado que sua gestão deixará para a população?

Todas as vezes que falamos dos objetivos da saúde pensamos em tratar das pessoas doentes. Isso no público e no privado. Esquecemos que o maior obje-tivo da saúde é impedir que as pessoas adoeçam. Assim, formulamos no nosso governo, a execução de políticas econômicas e sociais que visem à redu-ção de riscos de doenças e de outros agravos e o estabelecimento de condições que assegurem

postos de saúde, além de manutenção hidráulica e elétrica. Concomitantemente, todas as unidades foram providas de condições de trabalho para que as mesmas tivessem os materiais necessários para desenvolver suas atividades laborais. Fizemos a adesão de 12 equipes de saúde da família ao Quali-ficaAPSUS, como estratégia de qualificação e apri-moramento dos processos de trabalho dos profis-sionais da Atenção Primária. Entretanto, os desafios persistem e indicam a necessidade de articulação de estratégias de acesso aos demais níveis de aten-ção à saúde, de forma a garantir o princípio da integralidade, assim como a necessidade perma-nente de ajuste das ações e serviços locais de saúde, visando a apreensão ampliada das necessidades de saúde da população e superação das iniquidades entre as diversas áreas do nosso município.

Fruto de um longo processo de luta social, a Reforma Psiquiátrica tem como principal ban-deira a mudança do modelo de tratamento: no lugar do isolamento, o convívio com a família e a comunidade. Atualmente a Rede de Saúde Mental existente vem modificando a estrutura da assistência aos usuários e substituindo progressivamente o modelo hospitalocêntrico e manicomial, na tentativa de construir um siste-ma orientado pelos princípios fundamentais do SUS – universalidade, equidade e integridade. Tendo por base este panorama, como o municí-pio de Juazeiro do Norte tem trabalhado sua Rede de Atenção Psicossocial? Quais avanços e melhorias a rede assistencial deve receber?

Atualmente a atenção em Saúde Mental de Juazei-ro do Norte contempla o atendimento a todos as fases do ciclo vital: crianças, adolescentes, adultos

sustentação

38

Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

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acesso de forma igualitária às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação, conforme estabelecido na Lei Orgânica da Saúde. Nesse contexto, estamos trabalhando no sentido de forta-lecer a Atenção Primária em Saúde, através da estruturação das Unidades Básicas de Saúde da Família, dando condições de trabalho aos nossos servidores, bem como os capacitando, no intuito de reduzir as filas nos hospitais. Paralelo a essas ações, realizaremos, já a partir de janeiro de 2018, a refor-ma do Hospital Infantil Maria Amélia, dotando-o de condições estruturais e de equipamentos, para garantir um atendimento de qualidade aos nossos usuários. Saber como construir um legado é um desafio para muitos gestores da área da saúde. Essa prática exige conhecimentos técnicos, administra-tivos e humanos, além de muita visão de futuro. Saber construir um legado na saúde é uma ferra-menta desafiadora, porém exequível. Para tanto, é exigido de nós gestores a responsabilidade pela implantação de atividades que assegurem a huma-nização do paciente, o desenvolvimento de ações necessárias, a aquisição de recursos tecnológicos eficientes e a implantação de serviços diferenciais. Assim, deixando nossa marca na história da saúde de Juazeiro do Norte.

Qual a avaliação da parceria existente entre prefeitos e COSEMS/CE, que tem por objetivo a busca incessante da melhoria dos serviços de saúde?

O COSEMS/CE é uma entidade que representa potencialmente os interesses das Secretarias Muni-cipais de Saúde e congrega todos os Secretários Municipais de Saúde como membros efetivos. O COSEMS/CE tem se consolidado como um forte parceiro dos prefeitos no intercâmbio de informa-ções para viabilização do Sistema Único de Saúde, na luta pela autonomia dos municípios e pela consolidação do processo de descentralização das ações e serviços no âmbito do SUS.

Em relação à Atenção Primária, porta de entra-da para o atendimento da população, quais os principais desafios e avanços que a sua gestão trouxe para os usuários?

A Atenção Primária à Saúde (APS) é a estratégia de organização de atenção à saúde voltada para responder de forma regionalizada, contínua e siste-matizada à maior parte das necessidades de saúde de uma população, integrando ações preventivas e curativas, bem como a atenção a indivíduos e comunidades. Essa concepção tem sido adotada em Juazeiro do Norte de forma efetiva desde que assumimos a gestão municipal, através da intensifi-cação do processo de territorialização, pois o muni-cípio encontrava-se totalmente fora dos padrões previstos na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), com um elevado índice de áreas descober-tas de atendimento da Estratégia Saúde da Família. Além do mapeamento geográfico de todo o municí-pio, realizamos uma força tarefa no sentido de sina-lizar as Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF), colocando placas, totens, painel de indica-dores e identificação de todos os ambientes dos

em geral com transtornos mentais e pessoas com dependência química. Contamos com três Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) para atender casos graves, severos e persistentes, além dos atendimen-tos psiquiátricos ambulatoriais para acompanha-mento de pacientes com transtornos mentais leves. Enquanto gestão pública, temos como avanço o trabalho voltado à perspectiva do matriciamento e da coparticipação de responsabilidade entre as unidades, integrando os níveis de atenção básica e secundária em saúde, alinhando as ações entre as Estratégias de Saúde da Família, NASF e os serviços de CAPS e ambulatoriais para ofertar aos cidadãos um serviço humanizado, qualificado e de acordo com as necessidades de cada indivíduo. Temos a partir destas premissas o fortalecimento e amplia-ção da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), com atendimentos diretos não somente no cuidado à doença mental, mas também, e principalmente, desenvolvendo ações de promoção e prevenção em saúde mental para a população, entendendo que devemos pensar esta área para muito além das doenças e das deficiências mentais, mas como algo intrínseco à qualidade de vida diária do cidadão e seu bem-estar geral, a sua capacidade de amar, trabalhar e de conviver em sociedade.

As ações e procedimentos considerados de média e alta complexidade ambulatorial e hos-pitalar constituem-se para os gestores um importante elenco de responsabilidades, servi-ços e procedimentos relevantes para a garantia da resolutividade e integralidade da assistência ao cidadão. Sabendo das dificuldades encon-tradas em todo país, principalmente devido ao subfinanciamento, quais principais desafios que o município e a Região do Cariri enfrentam na oferta destes serviços à população?

Na Prática não é fácil delimitar as funções das esfe-ras de governo (federal, estadual e municipal) no planejamento, no financiamento e na execução das ações e dos procedimentos de média e alta com-plexidade, embora esta divisão seja estabelecida nas normas legais maiores que constituíram o SUS. É pertinente pontuar que uma parcela da demanda assistencial encaminhada à atenção de média/alta complexidade ocorre devido à baixa resolutividade

na Atenção Primária à Saúde, situação infelizmente ainda comum em vários municípios brasileiros, independentemente de seu porte populacional. Isto gera uma pressão da demanda e longas filas de espera por estes serviços no Sistema Único de Saúde (SUS). Um dos grandes desafios da nossa região é a oferta insuficiente de serviços de saúde de média/alta complexidade; assim como os valo-res estabelecidos na tabela SUS e o crescente aumento da demanda em virtude do envelheci-mento da população, o elevado número de casos de violência. A evolução da tecnologia muito tem contribuído no desenvolvimento da saúde, porém o SUS não consegue responder de forma eficiente essas demandas.

Uma das realidades da saúde no país hoje é a existência de filas para a realização de cirur-gias, consultas e exames especializados diver-sos. Quais medidas estão sendo adotadas pela gestão municipal de Juazeiro do Norte para reduzir o quantitativo de pacientes na espera por estes atendimentos?

Em relação às consultas e exames, a Secretaria de Saúde, através da Central de Regulação Municipal (CREMU), realizou avaliação de solicitações que já estavam em espera há mais de um ano para enca-minhar os pacientes para nova reavaliação, no intui-to de verificar se ainda há necessidade do referido exame ou consulta, bem como aumentamos a oferta de exames e consultas nas especialidades em que havia mais encaminhamentos. Uma medida pioneira tomada pela Central foi a comunicação via

SMS para o paciente quando agendado o exame ou a consulta, evitando assim que o mesmo procure várias vezes na unidade de saúde sua marcação sem êxito, bem como reduzir a taxa de faltosos.

O Estado do Ceará registrou neste ano uma “espécie de epidemia” das doenças causadas pelo mosquito Aedes Aegypti, as conhecidas arboviroses – dengue, chikungunya e zika. Que ações a gestão municipal têm colocado em prática para enfrentar o mosquito e envolver a população?

A gestão municipal, além do trabalho técnico desenvolvido pelo setor de Endemias na identifica-ção e eliminação dos criadores do Aedes Aegypti, vem procurando realizar uma vigilância ativa na detecção de casos e notificações compulsórias com vistas a quebrar a cadeia de transmissão. Durante todo o ano, nos bairros com maior índice de infesta-ção ou tendente à alta, foram realizados mutirões, reuniões, rodas de conversas e palestras nas esco-las, associações de bairros, igrejas e outras institui-ções, através dos setores de Mobilização Social, Endemias, Vigilância Epidemiológica e Atenção Primária, para o combate ao vetor e manejo das arboviroses. Desde junho, foi implantado o Comitê Intersetorial de Combate ao Aedes Aegypti que veio incrementar as ações de combate ao vetor, melhora das notificações e disseminação de informações relevantes para a população juazeirense.

Como todos os municípios do país, imaginamos que Juazeiro do Norte também esteja sofrendo com o corte de recursos federais para a saúde. De que forma a Prefeitura tem articulado novas fontes de recursos para saúde, dentro deste con-texto de restrição do crescimento dos investi-mentos federais? Como essa redução de repas-ses tem refletido na atenção prestada à saúde dos municípios?

No planejamento público a abordagem centra-se na análise da compatibilização do Plano Plurianual com a Lei de Diretrizes Orçamentárias, Lei Orça-mentária Anual e execução da despesa, eviden-ciando-se as metas, cumprimento e financiamento, de modo que se possa avaliar a aplicação de recur-

sos nos parâmetros de excelência de como gastar bem, com transparência e controle, para que se tenha economicidade, eficiência e eficácia, com vistas à qualidade de atendimento ao usuário do SUS. Através das Emendas parlamentares de custeio, o município de Juazeiro do Norte tem conseguido manter os serviços de saúde de forma equilibrada, não com a eficiência e qualidade espe-rada pelo usuário, pois infelizmente o sistema que devia ser perfeito para a sociedade brasileira, ainda não está preparado para tal demanda. Algumas medidas como redução de contratações, restrição de diárias, suspensão de gratificações e horas extras, também ajudaram a controlar os gastos, como estratégia de otimizar os recursos.

Quais os planos para o futuro da saúde no muni-cípio? Qual a perspectiva de legado que sua gestão deixará para a população?

Todas as vezes que falamos dos objetivos da saúde pensamos em tratar das pessoas doentes. Isso no público e no privado. Esquecemos que o maior obje-tivo da saúde é impedir que as pessoas adoeçam. Assim, formulamos no nosso governo, a execução de políticas econômicas e sociais que visem à redu-ção de riscos de doenças e de outros agravos e o estabelecimento de condições que assegurem

postos de saúde, além de manutenção hidráulica e elétrica. Concomitantemente, todas as unidades foram providas de condições de trabalho para que as mesmas tivessem os materiais necessários para desenvolver suas atividades laborais. Fizemos a adesão de 12 equipes de saúde da família ao Quali-ficaAPSUS, como estratégia de qualificação e apri-moramento dos processos de trabalho dos profis-sionais da Atenção Primária. Entretanto, os desafios persistem e indicam a necessidade de articulação de estratégias de acesso aos demais níveis de aten-ção à saúde, de forma a garantir o princípio da integralidade, assim como a necessidade perma-nente de ajuste das ações e serviços locais de saúde, visando a apreensão ampliada das necessidades de saúde da população e superação das iniquidades entre as diversas áreas do nosso município.

Fruto de um longo processo de luta social, a Reforma Psiquiátrica tem como principal ban-deira a mudança do modelo de tratamento: no lugar do isolamento, o convívio com a família e a comunidade. Atualmente a Rede de Saúde Mental existente vem modificando a estrutura da assistência aos usuários e substituindo progressivamente o modelo hospitalocêntrico e manicomial, na tentativa de construir um siste-ma orientado pelos princípios fundamentais do SUS – universalidade, equidade e integridade. Tendo por base este panorama, como o municí-pio de Juazeiro do Norte tem trabalhado sua Rede de Atenção Psicossocial? Quais avanços e melhorias a rede assistencial deve receber?

Atualmente a atenção em Saúde Mental de Juazei-ro do Norte contempla o atendimento a todos as fases do ciclo vital: crianças, adolescentes, adultos

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sustentação

Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

Page 42: edição comemorativa - cosemsce.org.br · Leticia Reichel dos Santos (Secretária de Saúde de Cariré) ... Suplente: Neuza Moreira de Carvalho (Secretária de Saúde de Altaneira)

acesso de forma igualitária às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação, conforme estabelecido na Lei Orgânica da Saúde. Nesse contexto, estamos trabalhando no sentido de forta-lecer a Atenção Primária em Saúde, através da estruturação das Unidades Básicas de Saúde da Família, dando condições de trabalho aos nossos servidores, bem como os capacitando, no intuito de reduzir as filas nos hospitais. Paralelo a essas ações, realizaremos, já a partir de janeiro de 2018, a refor-ma do Hospital Infantil Maria Amélia, dotando-o de condições estruturais e de equipamentos, para garantir um atendimento de qualidade aos nossos usuários. Saber como construir um legado é um desafio para muitos gestores da área da saúde. Essa prática exige conhecimentos técnicos, administra-tivos e humanos, além de muita visão de futuro. Saber construir um legado na saúde é uma ferra-menta desafiadora, porém exequível. Para tanto, é exigido de nós gestores a responsabilidade pela implantação de atividades que assegurem a huma-nização do paciente, o desenvolvimento de ações necessárias, a aquisição de recursos tecnológicos eficientes e a implantação de serviços diferenciais. Assim, deixando nossa marca na história da saúde de Juazeiro do Norte.

Qual a avaliação da parceria existente entre prefeitos e COSEMS/CE, que tem por objetivo a busca incessante da melhoria dos serviços de saúde?

O COSEMS/CE é uma entidade que representa potencialmente os interesses das Secretarias Muni-cipais de Saúde e congrega todos os Secretários Municipais de Saúde como membros efetivos. O COSEMS/CE tem se consolidado como um forte parceiro dos prefeitos no intercâmbio de informa-ções para viabilização do Sistema Único de Saúde, na luta pela autonomia dos municípios e pela consolidação do processo de descentralização das ações e serviços no âmbito do SUS.

Em relação à Atenção Primária, porta de entra-da para o atendimento da população, quais os principais desafios e avanços que a sua gestão trouxe para os usuários?

A Atenção Primária à Saúde (APS) é a estratégia de organização de atenção à saúde voltada para responder de forma regionalizada, contínua e siste-matizada à maior parte das necessidades de saúde de uma população, integrando ações preventivas e curativas, bem como a atenção a indivíduos e comunidades. Essa concepção tem sido adotada em Juazeiro do Norte de forma efetiva desde que assumimos a gestão municipal, através da intensifi-cação do processo de territorialização, pois o muni-cípio encontrava-se totalmente fora dos padrões previstos na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), com um elevado índice de áreas descober-tas de atendimento da Estratégia Saúde da Família. Além do mapeamento geográfico de todo o municí-pio, realizamos uma força tarefa no sentido de sina-lizar as Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF), colocando placas, totens, painel de indica-dores e identificação de todos os ambientes dos

em geral com transtornos mentais e pessoas com dependência química. Contamos com três Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) para atender casos graves, severos e persistentes, além dos atendimen-tos psiquiátricos ambulatoriais para acompanha-mento de pacientes com transtornos mentais leves. Enquanto gestão pública, temos como avanço o trabalho voltado à perspectiva do matriciamento e da coparticipação de responsabilidade entre as unidades, integrando os níveis de atenção básica e secundária em saúde, alinhando as ações entre as Estratégias de Saúde da Família, NASF e os serviços de CAPS e ambulatoriais para ofertar aos cidadãos um serviço humanizado, qualificado e de acordo com as necessidades de cada indivíduo. Temos a partir destas premissas o fortalecimento e amplia-ção da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), com atendimentos diretos não somente no cuidado à doença mental, mas também, e principalmente, desenvolvendo ações de promoção e prevenção em saúde mental para a população, entendendo que devemos pensar esta área para muito além das doenças e das deficiências mentais, mas como algo intrínseco à qualidade de vida diária do cidadão e seu bem-estar geral, a sua capacidade de amar, trabalhar e de conviver em sociedade.

As ações e procedimentos considerados de média e alta complexidade ambulatorial e hos-pitalar constituem-se para os gestores um importante elenco de responsabilidades, servi-ços e procedimentos relevantes para a garantia da resolutividade e integralidade da assistência ao cidadão. Sabendo das dificuldades encon-tradas em todo país, principalmente devido ao subfinanciamento, quais principais desafios que o município e a Região do Cariri enfrentam na oferta destes serviços à população?

Na Prática não é fácil delimitar as funções das esfe-ras de governo (federal, estadual e municipal) no planejamento, no financiamento e na execução das ações e dos procedimentos de média e alta com-plexidade, embora esta divisão seja estabelecida nas normas legais maiores que constituíram o SUS. É pertinente pontuar que uma parcela da demanda assistencial encaminhada à atenção de média/alta complexidade ocorre devido à baixa resolutividade

na Atenção Primária à Saúde, situação infelizmente ainda comum em vários municípios brasileiros, independentemente de seu porte populacional. Isto gera uma pressão da demanda e longas filas de espera por estes serviços no Sistema Único de Saúde (SUS). Um dos grandes desafios da nossa região é a oferta insuficiente de serviços de saúde de média/alta complexidade; assim como os valo-res estabelecidos na tabela SUS e o crescente aumento da demanda em virtude do envelheci-mento da população, o elevado número de casos de violência. A evolução da tecnologia muito tem contribuído no desenvolvimento da saúde, porém o SUS não consegue responder de forma eficiente essas demandas.

Uma das realidades da saúde no país hoje é a existência de filas para a realização de cirur-gias, consultas e exames especializados diver-sos. Quais medidas estão sendo adotadas pela gestão municipal de Juazeiro do Norte para reduzir o quantitativo de pacientes na espera por estes atendimentos?

Em relação às consultas e exames, a Secretaria de Saúde, através da Central de Regulação Municipal (CREMU), realizou avaliação de solicitações que já estavam em espera há mais de um ano para enca-minhar os pacientes para nova reavaliação, no intui-to de verificar se ainda há necessidade do referido exame ou consulta, bem como aumentamos a oferta de exames e consultas nas especialidades em que havia mais encaminhamentos. Uma medida pioneira tomada pela Central foi a comunicação via

SMS para o paciente quando agendado o exame ou a consulta, evitando assim que o mesmo procure várias vezes na unidade de saúde sua marcação sem êxito, bem como reduzir a taxa de faltosos.

O Estado do Ceará registrou neste ano uma “espécie de epidemia” das doenças causadas pelo mosquito Aedes Aegypti, as conhecidas arboviroses – dengue, chikungunya e zika. Que ações a gestão municipal têm colocado em prática para enfrentar o mosquito e envolver a população?

A gestão municipal, além do trabalho técnico desenvolvido pelo setor de Endemias na identifica-ção e eliminação dos criadores do Aedes Aegypti, vem procurando realizar uma vigilância ativa na detecção de casos e notificações compulsórias com vistas a quebrar a cadeia de transmissão. Durante todo o ano, nos bairros com maior índice de infesta-ção ou tendente à alta, foram realizados mutirões, reuniões, rodas de conversas e palestras nas esco-las, associações de bairros, igrejas e outras institui-ções, através dos setores de Mobilização Social, Endemias, Vigilância Epidemiológica e Atenção Primária, para o combate ao vetor e manejo das arboviroses. Desde junho, foi implantado o Comitê Intersetorial de Combate ao Aedes Aegypti que veio incrementar as ações de combate ao vetor, melhora das notificações e disseminação de informações relevantes para a população juazeirense.

Como todos os municípios do país, imaginamos que Juazeiro do Norte também esteja sofrendo com o corte de recursos federais para a saúde. De que forma a Prefeitura tem articulado novas fontes de recursos para saúde, dentro deste con-texto de restrição do crescimento dos investi-mentos federais? Como essa redução de repas-ses tem refletido na atenção prestada à saúde dos municípios?

No planejamento público a abordagem centra-se na análise da compatibilização do Plano Plurianual com a Lei de Diretrizes Orçamentárias, Lei Orça-mentária Anual e execução da despesa, eviden-ciando-se as metas, cumprimento e financiamento, de modo que se possa avaliar a aplicação de recur-

sos nos parâmetros de excelência de como gastar bem, com transparência e controle, para que se tenha economicidade, eficiência e eficácia, com vistas à qualidade de atendimento ao usuário do SUS. Através das Emendas parlamentares de custeio, o município de Juazeiro do Norte tem conseguido manter os serviços de saúde de forma equilibrada, não com a eficiência e qualidade espe-rada pelo usuário, pois infelizmente o sistema que devia ser perfeito para a sociedade brasileira, ainda não está preparado para tal demanda. Algumas medidas como redução de contratações, restrição de diárias, suspensão de gratificações e horas extras, também ajudaram a controlar os gastos, como estratégia de otimizar os recursos.

Quais os planos para o futuro da saúde no muni-cípio? Qual a perspectiva de legado que sua gestão deixará para a população?

Todas as vezes que falamos dos objetivos da saúde pensamos em tratar das pessoas doentes. Isso no público e no privado. Esquecemos que o maior obje-tivo da saúde é impedir que as pessoas adoeçam. Assim, formulamos no nosso governo, a execução de políticas econômicas e sociais que visem à redu-ção de riscos de doenças e de outros agravos e o estabelecimento de condições que assegurem

postos de saúde, além de manutenção hidráulica e elétrica. Concomitantemente, todas as unidades foram providas de condições de trabalho para que as mesmas tivessem os materiais necessários para desenvolver suas atividades laborais. Fizemos a adesão de 12 equipes de saúde da família ao Quali-ficaAPSUS, como estratégia de qualificação e apri-moramento dos processos de trabalho dos profis-sionais da Atenção Primária. Entretanto, os desafios persistem e indicam a necessidade de articulação de estratégias de acesso aos demais níveis de aten-ção à saúde, de forma a garantir o princípio da integralidade, assim como a necessidade perma-nente de ajuste das ações e serviços locais de saúde, visando a apreensão ampliada das necessidades de saúde da população e superação das iniquidades entre as diversas áreas do nosso município.

Fruto de um longo processo de luta social, a Reforma Psiquiátrica tem como principal ban-deira a mudança do modelo de tratamento: no lugar do isolamento, o convívio com a família e a comunidade. Atualmente a Rede de Saúde Mental existente vem modificando a estrutura da assistência aos usuários e substituindo progressivamente o modelo hospitalocêntrico e manicomial, na tentativa de construir um siste-ma orientado pelos princípios fundamentais do SUS – universalidade, equidade e integridade. Tendo por base este panorama, como o municí-pio de Juazeiro do Norte tem trabalhado sua Rede de Atenção Psicossocial? Quais avanços e melhorias a rede assistencial deve receber?

Atualmente a atenção em Saúde Mental de Juazei-ro do Norte contempla o atendimento a todos as fases do ciclo vital: crianças, adolescentes, adultos

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Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

Page 43: edição comemorativa - cosemsce.org.br · Leticia Reichel dos Santos (Secretária de Saúde de Cariré) ... Suplente: Neuza Moreira de Carvalho (Secretária de Saúde de Altaneira)

acesso de forma igualitária às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação, conforme estabelecido na Lei Orgânica da Saúde. Nesse contexto, estamos trabalhando no sentido de forta-lecer a Atenção Primária em Saúde, através da estruturação das Unidades Básicas de Saúde da Família, dando condições de trabalho aos nossos servidores, bem como os capacitando, no intuito de reduzir as filas nos hospitais. Paralelo a essas ações, realizaremos, já a partir de janeiro de 2018, a refor-ma do Hospital Infantil Maria Amélia, dotando-o de condições estruturais e de equipamentos, para garantir um atendimento de qualidade aos nossos usuários. Saber como construir um legado é um desafio para muitos gestores da área da saúde. Essa prática exige conhecimentos técnicos, administra-tivos e humanos, além de muita visão de futuro. Saber construir um legado na saúde é uma ferra-menta desafiadora, porém exequível. Para tanto, é exigido de nós gestores a responsabilidade pela implantação de atividades que assegurem a huma-nização do paciente, o desenvolvimento de ações necessárias, a aquisição de recursos tecnológicos eficientes e a implantação de serviços diferenciais. Assim, deixando nossa marca na história da saúde de Juazeiro do Norte.

Qual a avaliação da parceria existente entre prefeitos e COSEMS/CE, que tem por objetivo a busca incessante da melhoria dos serviços de saúde?

O COSEMS/CE é uma entidade que representa potencialmente os interesses das Secretarias Muni-cipais de Saúde e congrega todos os Secretários Municipais de Saúde como membros efetivos. O COSEMS/CE tem se consolidado como um forte parceiro dos prefeitos no intercâmbio de informa-ções para viabilização do Sistema Único de Saúde, na luta pela autonomia dos municípios e pela consolidação do processo de descentralização das ações e serviços no âmbito do SUS.

Em relação à Atenção Primária, porta de entra-da para o atendimento da população, quais os principais desafios e avanços que a sua gestão trouxe para os usuários?

A Atenção Primária à Saúde (APS) é a estratégia de organização de atenção à saúde voltada para responder de forma regionalizada, contínua e siste-matizada à maior parte das necessidades de saúde de uma população, integrando ações preventivas e curativas, bem como a atenção a indivíduos e comunidades. Essa concepção tem sido adotada em Juazeiro do Norte de forma efetiva desde que assumimos a gestão municipal, através da intensifi-cação do processo de territorialização, pois o muni-cípio encontrava-se totalmente fora dos padrões previstos na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), com um elevado índice de áreas descober-tas de atendimento da Estratégia Saúde da Família. Além do mapeamento geográfico de todo o municí-pio, realizamos uma força tarefa no sentido de sina-lizar as Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF), colocando placas, totens, painel de indica-dores e identificação de todos os ambientes dos

em geral com transtornos mentais e pessoas com dependência química. Contamos com três Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) para atender casos graves, severos e persistentes, além dos atendimen-tos psiquiátricos ambulatoriais para acompanha-mento de pacientes com transtornos mentais leves. Enquanto gestão pública, temos como avanço o trabalho voltado à perspectiva do matriciamento e da coparticipação de responsabilidade entre as unidades, integrando os níveis de atenção básica e secundária em saúde, alinhando as ações entre as Estratégias de Saúde da Família, NASF e os serviços de CAPS e ambulatoriais para ofertar aos cidadãos um serviço humanizado, qualificado e de acordo com as necessidades de cada indivíduo. Temos a partir destas premissas o fortalecimento e amplia-ção da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), com atendimentos diretos não somente no cuidado à doença mental, mas também, e principalmente, desenvolvendo ações de promoção e prevenção em saúde mental para a população, entendendo que devemos pensar esta área para muito além das doenças e das deficiências mentais, mas como algo intrínseco à qualidade de vida diária do cidadão e seu bem-estar geral, a sua capacidade de amar, trabalhar e de conviver em sociedade.

As ações e procedimentos considerados de média e alta complexidade ambulatorial e hos-pitalar constituem-se para os gestores um importante elenco de responsabilidades, servi-ços e procedimentos relevantes para a garantia da resolutividade e integralidade da assistência ao cidadão. Sabendo das dificuldades encon-tradas em todo país, principalmente devido ao subfinanciamento, quais principais desafios que o município e a Região do Cariri enfrentam na oferta destes serviços à população?

Na Prática não é fácil delimitar as funções das esfe-ras de governo (federal, estadual e municipal) no planejamento, no financiamento e na execução das ações e dos procedimentos de média e alta com-plexidade, embora esta divisão seja estabelecida nas normas legais maiores que constituíram o SUS. É pertinente pontuar que uma parcela da demanda assistencial encaminhada à atenção de média/alta complexidade ocorre devido à baixa resolutividade

na Atenção Primária à Saúde, situação infelizmente ainda comum em vários municípios brasileiros, independentemente de seu porte populacional. Isto gera uma pressão da demanda e longas filas de espera por estes serviços no Sistema Único de Saúde (SUS). Um dos grandes desafios da nossa região é a oferta insuficiente de serviços de saúde de média/alta complexidade; assim como os valo-res estabelecidos na tabela SUS e o crescente aumento da demanda em virtude do envelheci-mento da população, o elevado número de casos de violência. A evolução da tecnologia muito tem contribuído no desenvolvimento da saúde, porém o SUS não consegue responder de forma eficiente essas demandas.

Uma das realidades da saúde no país hoje é a existência de filas para a realização de cirur-gias, consultas e exames especializados diver-sos. Quais medidas estão sendo adotadas pela gestão municipal de Juazeiro do Norte para reduzir o quantitativo de pacientes na espera por estes atendimentos?

Em relação às consultas e exames, a Secretaria de Saúde, através da Central de Regulação Municipal (CREMU), realizou avaliação de solicitações que já estavam em espera há mais de um ano para enca-minhar os pacientes para nova reavaliação, no intui-to de verificar se ainda há necessidade do referido exame ou consulta, bem como aumentamos a oferta de exames e consultas nas especialidades em que havia mais encaminhamentos. Uma medida pioneira tomada pela Central foi a comunicação via

A evoluçãoda tecnologia muitotem contribuídono desenvolvimentoda saúde, porémo SUS não consegue responder de formaeficiente essasdemandas.

SMS para o paciente quando agendado o exame ou a consulta, evitando assim que o mesmo procure várias vezes na unidade de saúde sua marcação sem êxito, bem como reduzir a taxa de faltosos.

O Estado do Ceará registrou neste ano uma “espécie de epidemia” das doenças causadas pelo mosquito Aedes Aegypti, as conhecidas arboviroses – dengue, chikungunya e zika. Que ações a gestão municipal têm colocado em prática para enfrentar o mosquito e envolver a população?

A gestão municipal, além do trabalho técnico desenvolvido pelo setor de Endemias na identifica-ção e eliminação dos criadores do Aedes Aegypti, vem procurando realizar uma vigilância ativa na detecção de casos e notificações compulsórias com vistas a quebrar a cadeia de transmissão. Durante todo o ano, nos bairros com maior índice de infesta-ção ou tendente à alta, foram realizados mutirões, reuniões, rodas de conversas e palestras nas esco-las, associações de bairros, igrejas e outras institui-ções, através dos setores de Mobilização Social, Endemias, Vigilância Epidemiológica e Atenção Primária, para o combate ao vetor e manejo das arboviroses. Desde junho, foi implantado o Comitê Intersetorial de Combate ao Aedes Aegypti que veio incrementar as ações de combate ao vetor, melhora das notificações e disseminação de informações relevantes para a população juazeirense.

Como todos os municípios do país, imaginamos que Juazeiro do Norte também esteja sofrendo com o corte de recursos federais para a saúde. De que forma a Prefeitura tem articulado novas fontes de recursos para saúde, dentro deste con-texto de restrição do crescimento dos investi-mentos federais? Como essa redução de repas-ses tem refletido na atenção prestada à saúde dos municípios?

No planejamento público a abordagem centra-se na análise da compatibilização do Plano Plurianual com a Lei de Diretrizes Orçamentárias, Lei Orça-mentária Anual e execução da despesa, eviden-ciando-se as metas, cumprimento e financiamento, de modo que se possa avaliar a aplicação de recur-

sos nos parâmetros de excelência de como gastar bem, com transparência e controle, para que se tenha economicidade, eficiência e eficácia, com vistas à qualidade de atendimento ao usuário do SUS. Através das Emendas parlamentares de custeio, o município de Juazeiro do Norte tem conseguido manter os serviços de saúde de forma equilibrada, não com a eficiência e qualidade espe-rada pelo usuário, pois infelizmente o sistema que devia ser perfeito para a sociedade brasileira, ainda não está preparado para tal demanda. Algumas medidas como redução de contratações, restrição de diárias, suspensão de gratificações e horas extras, também ajudaram a controlar os gastos, como estratégia de otimizar os recursos.

Quais os planos para o futuro da saúde no muni-cípio? Qual a perspectiva de legado que sua gestão deixará para a população?

Todas as vezes que falamos dos objetivos da saúde pensamos em tratar das pessoas doentes. Isso no público e no privado. Esquecemos que o maior obje-tivo da saúde é impedir que as pessoas adoeçam. Assim, formulamos no nosso governo, a execução de políticas econômicas e sociais que visem à redu-ção de riscos de doenças e de outros agravos e o estabelecimento de condições que assegurem

postos de saúde, além de manutenção hidráulica e elétrica. Concomitantemente, todas as unidades foram providas de condições de trabalho para que as mesmas tivessem os materiais necessários para desenvolver suas atividades laborais. Fizemos a adesão de 12 equipes de saúde da família ao Quali-ficaAPSUS, como estratégia de qualificação e apri-moramento dos processos de trabalho dos profis-sionais da Atenção Primária. Entretanto, os desafios persistem e indicam a necessidade de articulação de estratégias de acesso aos demais níveis de aten-ção à saúde, de forma a garantir o princípio da integralidade, assim como a necessidade perma-nente de ajuste das ações e serviços locais de saúde, visando a apreensão ampliada das necessidades de saúde da população e superação das iniquidades entre as diversas áreas do nosso município.

Fruto de um longo processo de luta social, a Reforma Psiquiátrica tem como principal ban-deira a mudança do modelo de tratamento: no lugar do isolamento, o convívio com a família e a comunidade. Atualmente a Rede de Saúde Mental existente vem modificando a estrutura da assistência aos usuários e substituindo progressivamente o modelo hospitalocêntrico e manicomial, na tentativa de construir um siste-ma orientado pelos princípios fundamentais do SUS – universalidade, equidade e integridade. Tendo por base este panorama, como o municí-pio de Juazeiro do Norte tem trabalhado sua Rede de Atenção Psicossocial? Quais avanços e melhorias a rede assistencial deve receber?

Atualmente a atenção em Saúde Mental de Juazei-ro do Norte contempla o atendimento a todos as fases do ciclo vital: crianças, adolescentes, adultos

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sustentação

Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

Page 44: edição comemorativa - cosemsce.org.br · Leticia Reichel dos Santos (Secretária de Saúde de Cariré) ... Suplente: Neuza Moreira de Carvalho (Secretária de Saúde de Altaneira)

acesso de forma igualitária às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação, conforme estabelecido na Lei Orgânica da Saúde. Nesse contexto, estamos trabalhando no sentido de forta-lecer a Atenção Primária em Saúde, através da estruturação das Unidades Básicas de Saúde da Família, dando condições de trabalho aos nossos servidores, bem como os capacitando, no intuito de reduzir as filas nos hospitais. Paralelo a essas ações, realizaremos, já a partir de janeiro de 2018, a refor-ma do Hospital Infantil Maria Amélia, dotando-o de condições estruturais e de equipamentos, para garantir um atendimento de qualidade aos nossos usuários. Saber como construir um legado é um desafio para muitos gestores da área da saúde. Essa prática exige conhecimentos técnicos, administra-tivos e humanos, além de muita visão de futuro. Saber construir um legado na saúde é uma ferra-menta desafiadora, porém exequível. Para tanto, é exigido de nós gestores a responsabilidade pela implantação de atividades que assegurem a huma-nização do paciente, o desenvolvimento de ações necessárias, a aquisição de recursos tecnológicos eficientes e a implantação de serviços diferenciais. Assim, deixando nossa marca na história da saúde de Juazeiro do Norte.

Qual a avaliação da parceria existente entre prefeitos e COSEMS/CE, que tem por objetivo a busca incessante da melhoria dos serviços de saúde?

O COSEMS/CE é uma entidade que representa potencialmente os interesses das Secretarias Muni-cipais de Saúde e congrega todos os Secretários Municipais de Saúde como membros efetivos. O COSEMS/CE tem se consolidado como um forte parceiro dos prefeitos no intercâmbio de informa-ções para viabilização do Sistema Único de Saúde, na luta pela autonomia dos municípios e pela consolidação do processo de descentralização das ações e serviços no âmbito do SUS.

Em relação à Atenção Primária, porta de entra-da para o atendimento da população, quais os principais desafios e avanços que a sua gestão trouxe para os usuários?

A Atenção Primária à Saúde (APS) é a estratégia de organização de atenção à saúde voltada para responder de forma regionalizada, contínua e siste-matizada à maior parte das necessidades de saúde de uma população, integrando ações preventivas e curativas, bem como a atenção a indivíduos e comunidades. Essa concepção tem sido adotada em Juazeiro do Norte de forma efetiva desde que assumimos a gestão municipal, através da intensifi-cação do processo de territorialização, pois o muni-cípio encontrava-se totalmente fora dos padrões previstos na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), com um elevado índice de áreas descober-tas de atendimento da Estratégia Saúde da Família. Além do mapeamento geográfico de todo o municí-pio, realizamos uma força tarefa no sentido de sina-lizar as Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF), colocando placas, totens, painel de indica-dores e identificação de todos os ambientes dos

em geral com transtornos mentais e pessoas com dependência química. Contamos com três Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) para atender casos graves, severos e persistentes, além dos atendimen-tos psiquiátricos ambulatoriais para acompanha-mento de pacientes com transtornos mentais leves. Enquanto gestão pública, temos como avanço o trabalho voltado à perspectiva do matriciamento e da coparticipação de responsabilidade entre as unidades, integrando os níveis de atenção básica e secundária em saúde, alinhando as ações entre as Estratégias de Saúde da Família, NASF e os serviços de CAPS e ambulatoriais para ofertar aos cidadãos um serviço humanizado, qualificado e de acordo com as necessidades de cada indivíduo. Temos a partir destas premissas o fortalecimento e amplia-ção da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), com atendimentos diretos não somente no cuidado à doença mental, mas também, e principalmente, desenvolvendo ações de promoção e prevenção em saúde mental para a população, entendendo que devemos pensar esta área para muito além das doenças e das deficiências mentais, mas como algo intrínseco à qualidade de vida diária do cidadão e seu bem-estar geral, a sua capacidade de amar, trabalhar e de conviver em sociedade.

As ações e procedimentos considerados de média e alta complexidade ambulatorial e hos-pitalar constituem-se para os gestores um importante elenco de responsabilidades, servi-ços e procedimentos relevantes para a garantia da resolutividade e integralidade da assistência ao cidadão. Sabendo das dificuldades encon-tradas em todo país, principalmente devido ao subfinanciamento, quais principais desafios que o município e a Região do Cariri enfrentam na oferta destes serviços à população?

Na Prática não é fácil delimitar as funções das esfe-ras de governo (federal, estadual e municipal) no planejamento, no financiamento e na execução das ações e dos procedimentos de média e alta com-plexidade, embora esta divisão seja estabelecida nas normas legais maiores que constituíram o SUS. É pertinente pontuar que uma parcela da demanda assistencial encaminhada à atenção de média/alta complexidade ocorre devido à baixa resolutividade

na Atenção Primária à Saúde, situação infelizmente ainda comum em vários municípios brasileiros, independentemente de seu porte populacional. Isto gera uma pressão da demanda e longas filas de espera por estes serviços no Sistema Único de Saúde (SUS). Um dos grandes desafios da nossa região é a oferta insuficiente de serviços de saúde de média/alta complexidade; assim como os valo-res estabelecidos na tabela SUS e o crescente aumento da demanda em virtude do envelheci-mento da população, o elevado número de casos de violência. A evolução da tecnologia muito tem contribuído no desenvolvimento da saúde, porém o SUS não consegue responder de forma eficiente essas demandas.

Uma das realidades da saúde no país hoje é a existência de filas para a realização de cirur-gias, consultas e exames especializados diver-sos. Quais medidas estão sendo adotadas pela gestão municipal de Juazeiro do Norte para reduzir o quantitativo de pacientes na espera por estes atendimentos?

Em relação às consultas e exames, a Secretaria de Saúde, através da Central de Regulação Municipal (CREMU), realizou avaliação de solicitações que já estavam em espera há mais de um ano para enca-minhar os pacientes para nova reavaliação, no intui-to de verificar se ainda há necessidade do referido exame ou consulta, bem como aumentamos a oferta de exames e consultas nas especialidades em que havia mais encaminhamentos. Uma medida pioneira tomada pela Central foi a comunicação via

SMS para o paciente quando agendado o exame ou a consulta, evitando assim que o mesmo procure várias vezes na unidade de saúde sua marcação sem êxito, bem como reduzir a taxa de faltosos.

O Estado do Ceará registrou neste ano uma “espécie de epidemia” das doenças causadas pelo mosquito Aedes Aegypti, as conhecidas arboviroses – dengue, chikungunya e zika. Que ações a gestão municipal têm colocado em prática para enfrentar o mosquito e envolver a população?

A gestão municipal, além do trabalho técnico desenvolvido pelo setor de Endemias na identifica-ção e eliminação dos criadores do Aedes Aegypti, vem procurando realizar uma vigilância ativa na detecção de casos e notificações compulsórias com vistas a quebrar a cadeia de transmissão. Durante todo o ano, nos bairros com maior índice de infesta-ção ou tendente à alta, foram realizados mutirões, reuniões, rodas de conversas e palestras nas esco-las, associações de bairros, igrejas e outras institui-ções, através dos setores de Mobilização Social, Endemias, Vigilância Epidemiológica e Atenção Primária, para o combate ao vetor e manejo das arboviroses. Desde junho, foi implantado o Comitê Intersetorial de Combate ao Aedes Aegypti que veio incrementar as ações de combate ao vetor, melhora das notificações e disseminação de informações relevantes para a população juazeirense.

Como todos os municípios do país, imaginamos que Juazeiro do Norte também esteja sofrendo com o corte de recursos federais para a saúde. De que forma a Prefeitura tem articulado novas fontes de recursos para saúde, dentro deste con-texto de restrição do crescimento dos investi-mentos federais? Como essa redução de repas-ses tem refletido na atenção prestada à saúde dos municípios?

No planejamento público a abordagem centra-se na análise da compatibilização do Plano Plurianual com a Lei de Diretrizes Orçamentárias, Lei Orça-mentária Anual e execução da despesa, eviden-ciando-se as metas, cumprimento e financiamento, de modo que se possa avaliar a aplicação de recur-

sos nos parâmetros de excelência de como gastar bem, com transparência e controle, para que se tenha economicidade, eficiência e eficácia, com vistas à qualidade de atendimento ao usuário do SUS. Através das Emendas parlamentares de custeio, o município de Juazeiro do Norte tem conseguido manter os serviços de saúde de forma equilibrada, não com a eficiência e qualidade espe-rada pelo usuário, pois infelizmente o sistema que devia ser perfeito para a sociedade brasileira, ainda não está preparado para tal demanda. Algumas medidas como redução de contratações, restrição de diárias, suspensão de gratificações e horas extras, também ajudaram a controlar os gastos, como estratégia de otimizar os recursos.

Quais os planos para o futuro da saúde no muni-cípio? Qual a perspectiva de legado que sua gestão deixará para a população?

Todas as vezes que falamos dos objetivos da saúde pensamos em tratar das pessoas doentes. Isso no público e no privado. Esquecemos que o maior obje-tivo da saúde é impedir que as pessoas adoeçam. Assim, formulamos no nosso governo, a execução de políticas econômicas e sociais que visem à redu-ção de riscos de doenças e de outros agravos e o estabelecimento de condições que assegurem

postos de saúde, além de manutenção hidráulica e elétrica. Concomitantemente, todas as unidades foram providas de condições de trabalho para que as mesmas tivessem os materiais necessários para desenvolver suas atividades laborais. Fizemos a adesão de 12 equipes de saúde da família ao Quali-ficaAPSUS, como estratégia de qualificação e apri-moramento dos processos de trabalho dos profis-sionais da Atenção Primária. Entretanto, os desafios persistem e indicam a necessidade de articulação de estratégias de acesso aos demais níveis de aten-ção à saúde, de forma a garantir o princípio da integralidade, assim como a necessidade perma-nente de ajuste das ações e serviços locais de saúde, visando a apreensão ampliada das necessidades de saúde da população e superação das iniquidades entre as diversas áreas do nosso município.

Fruto de um longo processo de luta social, a Reforma Psiquiátrica tem como principal ban-deira a mudança do modelo de tratamento: no lugar do isolamento, o convívio com a família e a comunidade. Atualmente a Rede de Saúde Mental existente vem modificando a estrutura da assistência aos usuários e substituindo progressivamente o modelo hospitalocêntrico e manicomial, na tentativa de construir um siste-ma orientado pelos princípios fundamentais do SUS – universalidade, equidade e integridade. Tendo por base este panorama, como o municí-pio de Juazeiro do Norte tem trabalhado sua Rede de Atenção Psicossocial? Quais avanços e melhorias a rede assistencial deve receber?

Atualmente a atenção em Saúde Mental de Juazei-ro do Norte contempla o atendimento a todos as fases do ciclo vital: crianças, adolescentes, adultos

sustentação

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Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

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acesso de forma igualitária às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação, conforme estabelecido na Lei Orgânica da Saúde. Nesse contexto, estamos trabalhando no sentido de forta-lecer a Atenção Primária em Saúde, através da estruturação das Unidades Básicas de Saúde da Família, dando condições de trabalho aos nossos servidores, bem como os capacitando, no intuito de reduzir as filas nos hospitais. Paralelo a essas ações, realizaremos, já a partir de janeiro de 2018, a refor-ma do Hospital Infantil Maria Amélia, dotando-o de condições estruturais e de equipamentos, para garantir um atendimento de qualidade aos nossos usuários. Saber como construir um legado é um desafio para muitos gestores da área da saúde. Essa prática exige conhecimentos técnicos, administra-tivos e humanos, além de muita visão de futuro. Saber construir um legado na saúde é uma ferra-menta desafiadora, porém exequível. Para tanto, é exigido de nós gestores a responsabilidade pela implantação de atividades que assegurem a huma-nização do paciente, o desenvolvimento de ações necessárias, a aquisição de recursos tecnológicos eficientes e a implantação de serviços diferenciais. Assim, deixando nossa marca na história da saúde de Juazeiro do Norte.

Qual a avaliação da parceria existente entre prefeitos e COSEMS/CE, que tem por objetivo a busca incessante da melhoria dos serviços de saúde?

O COSEMS/CE é uma entidade que representa potencialmente os interesses das Secretarias Muni-cipais de Saúde e congrega todos os Secretários Municipais de Saúde como membros efetivos. O COSEMS/CE tem se consolidado como um forte parceiro dos prefeitos no intercâmbio de informa-ções para viabilização do Sistema Único de Saúde, na luta pela autonomia dos municípios e pela consolidação do processo de descentralização das ações e serviços no âmbito do SUS.

Em relação à Atenção Primária, porta de entra-da para o atendimento da população, quais os principais desafios e avanços que a sua gestão trouxe para os usuários?

A Atenção Primária à Saúde (APS) é a estratégia de organização de atenção à saúde voltada para responder de forma regionalizada, contínua e siste-matizada à maior parte das necessidades de saúde de uma população, integrando ações preventivas e curativas, bem como a atenção a indivíduos e comunidades. Essa concepção tem sido adotada em Juazeiro do Norte de forma efetiva desde que assumimos a gestão municipal, através da intensifi-cação do processo de territorialização, pois o muni-cípio encontrava-se totalmente fora dos padrões previstos na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), com um elevado índice de áreas descober-tas de atendimento da Estratégia Saúde da Família. Além do mapeamento geográfico de todo o municí-pio, realizamos uma força tarefa no sentido de sina-lizar as Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF), colocando placas, totens, painel de indica-dores e identificação de todos os ambientes dos

em geral com transtornos mentais e pessoas com dependência química. Contamos com três Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) para atender casos graves, severos e persistentes, além dos atendimen-tos psiquiátricos ambulatoriais para acompanha-mento de pacientes com transtornos mentais leves. Enquanto gestão pública, temos como avanço o trabalho voltado à perspectiva do matriciamento e da coparticipação de responsabilidade entre as unidades, integrando os níveis de atenção básica e secundária em saúde, alinhando as ações entre as Estratégias de Saúde da Família, NASF e os serviços de CAPS e ambulatoriais para ofertar aos cidadãos um serviço humanizado, qualificado e de acordo com as necessidades de cada indivíduo. Temos a partir destas premissas o fortalecimento e amplia-ção da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), com atendimentos diretos não somente no cuidado à doença mental, mas também, e principalmente, desenvolvendo ações de promoção e prevenção em saúde mental para a população, entendendo que devemos pensar esta área para muito além das doenças e das deficiências mentais, mas como algo intrínseco à qualidade de vida diária do cidadão e seu bem-estar geral, a sua capacidade de amar, trabalhar e de conviver em sociedade.

As ações e procedimentos considerados de média e alta complexidade ambulatorial e hos-pitalar constituem-se para os gestores um importante elenco de responsabilidades, servi-ços e procedimentos relevantes para a garantia da resolutividade e integralidade da assistência ao cidadão. Sabendo das dificuldades encon-tradas em todo país, principalmente devido ao subfinanciamento, quais principais desafios que o município e a Região do Cariri enfrentam na oferta destes serviços à população?

Na Prática não é fácil delimitar as funções das esfe-ras de governo (federal, estadual e municipal) no planejamento, no financiamento e na execução das ações e dos procedimentos de média e alta com-plexidade, embora esta divisão seja estabelecida nas normas legais maiores que constituíram o SUS. É pertinente pontuar que uma parcela da demanda assistencial encaminhada à atenção de média/alta complexidade ocorre devido à baixa resolutividade

na Atenção Primária à Saúde, situação infelizmente ainda comum em vários municípios brasileiros, independentemente de seu porte populacional. Isto gera uma pressão da demanda e longas filas de espera por estes serviços no Sistema Único de Saúde (SUS). Um dos grandes desafios da nossa região é a oferta insuficiente de serviços de saúde de média/alta complexidade; assim como os valo-res estabelecidos na tabela SUS e o crescente aumento da demanda em virtude do envelheci-mento da população, o elevado número de casos de violência. A evolução da tecnologia muito tem contribuído no desenvolvimento da saúde, porém o SUS não consegue responder de forma eficiente essas demandas.

Uma das realidades da saúde no país hoje é a existência de filas para a realização de cirur-gias, consultas e exames especializados diver-sos. Quais medidas estão sendo adotadas pela gestão municipal de Juazeiro do Norte para reduzir o quantitativo de pacientes na espera por estes atendimentos?

Em relação às consultas e exames, a Secretaria de Saúde, através da Central de Regulação Municipal (CREMU), realizou avaliação de solicitações que já estavam em espera há mais de um ano para enca-minhar os pacientes para nova reavaliação, no intui-to de verificar se ainda há necessidade do referido exame ou consulta, bem como aumentamos a oferta de exames e consultas nas especialidades em que havia mais encaminhamentos. Uma medida pioneira tomada pela Central foi a comunicação via

SMS para o paciente quando agendado o exame ou a consulta, evitando assim que o mesmo procure várias vezes na unidade de saúde sua marcação sem êxito, bem como reduzir a taxa de faltosos.

O Estado do Ceará registrou neste ano uma “espécie de epidemia” das doenças causadas pelo mosquito Aedes Aegypti, as conhecidas arboviroses – dengue, chikungunya e zika. Que ações a gestão municipal têm colocado em prática para enfrentar o mosquito e envolver a população?

A gestão municipal, além do trabalho técnico desenvolvido pelo setor de Endemias na identifica-ção e eliminação dos criadores do Aedes Aegypti, vem procurando realizar uma vigilância ativa na detecção de casos e notificações compulsórias com vistas a quebrar a cadeia de transmissão. Durante todo o ano, nos bairros com maior índice de infesta-ção ou tendente à alta, foram realizados mutirões, reuniões, rodas de conversas e palestras nas esco-las, associações de bairros, igrejas e outras institui-ções, através dos setores de Mobilização Social, Endemias, Vigilância Epidemiológica e Atenção Primária, para o combate ao vetor e manejo das arboviroses. Desde junho, foi implantado o Comitê Intersetorial de Combate ao Aedes Aegypti que veio incrementar as ações de combate ao vetor, melhora das notificações e disseminação de informações relevantes para a população juazeirense.

Como todos os municípios do país, imaginamos que Juazeiro do Norte também esteja sofrendo com o corte de recursos federais para a saúde. De que forma a Prefeitura tem articulado novas fontes de recursos para saúde, dentro deste con-texto de restrição do crescimento dos investi-mentos federais? Como essa redução de repas-ses tem refletido na atenção prestada à saúde dos municípios?

No planejamento público a abordagem centra-se na análise da compatibilização do Plano Plurianual com a Lei de Diretrizes Orçamentárias, Lei Orça-mentária Anual e execução da despesa, eviden-ciando-se as metas, cumprimento e financiamento, de modo que se possa avaliar a aplicação de recur-

sos nos parâmetros de excelência de como gastar bem, com transparência e controle, para que se tenha economicidade, eficiência e eficácia, com vistas à qualidade de atendimento ao usuário do SUS. Através das Emendas parlamentares de custeio, o município de Juazeiro do Norte tem conseguido manter os serviços de saúde de forma equilibrada, não com a eficiência e qualidade espe-rada pelo usuário, pois infelizmente o sistema que devia ser perfeito para a sociedade brasileira, ainda não está preparado para tal demanda. Algumas medidas como redução de contratações, restrição de diárias, suspensão de gratificações e horas extras, também ajudaram a controlar os gastos, como estratégia de otimizar os recursos.

Quais os planos para o futuro da saúde no muni-cípio? Qual a perspectiva de legado que sua gestão deixará para a população?

Todas as vezes que falamos dos objetivos da saúde pensamos em tratar das pessoas doentes. Isso no público e no privado. Esquecemos que o maior obje-tivo da saúde é impedir que as pessoas adoeçam. Assim, formulamos no nosso governo, a execução de políticas econômicas e sociais que visem à redu-ção de riscos de doenças e de outros agravos e o estabelecimento de condições que assegurem

postos de saúde, além de manutenção hidráulica e elétrica. Concomitantemente, todas as unidades foram providas de condições de trabalho para que as mesmas tivessem os materiais necessários para desenvolver suas atividades laborais. Fizemos a adesão de 12 equipes de saúde da família ao Quali-ficaAPSUS, como estratégia de qualificação e apri-moramento dos processos de trabalho dos profis-sionais da Atenção Primária. Entretanto, os desafios persistem e indicam a necessidade de articulação de estratégias de acesso aos demais níveis de aten-ção à saúde, de forma a garantir o princípio da integralidade, assim como a necessidade perma-nente de ajuste das ações e serviços locais de saúde, visando a apreensão ampliada das necessidades de saúde da população e superação das iniquidades entre as diversas áreas do nosso município.

Fruto de um longo processo de luta social, a Reforma Psiquiátrica tem como principal ban-deira a mudança do modelo de tratamento: no lugar do isolamento, o convívio com a família e a comunidade. Atualmente a Rede de Saúde Mental existente vem modificando a estrutura da assistência aos usuários e substituindo progressivamente o modelo hospitalocêntrico e manicomial, na tentativa de construir um siste-ma orientado pelos princípios fundamentais do SUS – universalidade, equidade e integridade. Tendo por base este panorama, como o municí-pio de Juazeiro do Norte tem trabalhado sua Rede de Atenção Psicossocial? Quais avanços e melhorias a rede assistencial deve receber?

Atualmente a atenção em Saúde Mental de Juazei-ro do Norte contempla o atendimento a todos as fases do ciclo vital: crianças, adolescentes, adultos

Um dos grandesdesafios da nossaregião é a ofertainsuficientede serviços de saúdede média/altacomplexidade; assimcomo os valoresestabelecidos na tabelaSUS e o crescenteaumento da demandaem virtudedo envelhecimento da população, o elevadonúmero de casosde violência

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sustentação

Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

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Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

CongressoNacionaldo CONASEMS

Notas

sustentação

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Mais uma vez o Ceará fez bonito em eventos nacio-nais. Durante o XXXIII Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, realizado em julho de 2017, em Brasília, o COSEMS/CE levou aproxi-madamente 200 congressistas que participaram da ampla programação que contou com oficinas, seminários, cursos e mesas discutindo o tema prin-cipal do evento “Diálogos no Cotidiano da Gestão Municipal do SUS”.

Como destaque da participação cearense é possível apontar os três prêmios conquistados pelos municí-pios de Barbalha, Itarema e Tauá na “Mostra Brasil, Aqui tem SUS”. O Estado concorreu com nove trabalhos na Mostra. Além disso, durante o evento nacional, aconteceu o lançamento da edição Nº 41 da Revista Sustentação e foi montada mais uma edição da “Bodega do Ceará”, estande animado e decorado com inspiração na cultura cearense para melhor recepcionar os participantes do Ceará e de todo o país.

Os municípios do Ceará receberam, no segundo semestre de 2017, os pesquisadores do 3º Ciclo do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ). O PMAQ tem como objetivo incentivar os gestores e as equi-pes a melhorar a qualidade dos serviços de saúde oferecidos aos cidadãos do território. Para isso, propõe um conjunto de estratégias de qualificação, acompanhamento e avaliação do trabalho das equipes de saúde. O programa eleva o repasse de recursos do incentivo federal para os municípios participantes que atingirem melhora no padrão de qualidade no atendimento.

Ao todo, 183 municípios cearenses receberam as equipes de campo, que contou com 12 supervisores e 70 entrevistadores. No âmbito do estado do Ceará, a coordenação da pesquisa, finalizada em outubro passado, é da Fiocruz, em parceria com a Universi-dade Federal do Rio Grande do Norte e as institui-ções que compõem a Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família (Renasf). Com o término da fase das entrevistas para a avalição externa, a pesquisa prossegue com a certificação e recontra-tualização junto aos municípios.

De acordo com Carmem Cemires, responsável pelo PMAQ no Ceará, “o maior ganho para os municípios que aderem ao PMAQ é a indução da avaliação como componente a ser incorporado no cotidiano do trabalho das equipes da Atenção Primária à Saúde (APS) com vistas à garantia da qualidade”.

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Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

Qualifica APSUSexpande atuaçãonos municípios

Municípios recebempesquisadoresdo 3º ciclo do PMAQ

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sustentação

Os municípios do Ceará receberam, no segundo semestre de 2017, os pesquisadores do 3º Ciclo do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ). O PMAQ tem como objetivo incentivar os gestores e as equi-pes a melhorar a qualidade dos serviços de saúde oferecidos aos cidadãos do território. Para isso, propõe um conjunto de estratégias de qualificação, acompanhamento e avaliação do trabalho das equipes de saúde. O programa eleva o repasse de recursos do incentivo federal para os municípios participantes que atingirem melhora no padrão de qualidade no atendimento.

O Projeto QualificaAPSUS Ceará, lançado pela SESA-CE em 2016, se manteve no ano seguinte como a principal estratégia para reorganização do modelo de atenção à saúde no Ceará. Com foco na reestruturação da Atenção Primária, implantação e implementação das Redes de Atenção à Saúde, o Qualifica se expandiu no intuito de obter melhores resultados sanitários e econômicos no âmbito do SUS.

Nestes dois anos de atividades, foram capacitados 450 facilitadores, tendo pelo menos 300 destes já atuado à frente das oficinas regionais, juntamente com as Coordenadorias Regionais de Saúde. No ano de 2017, foram realizadas quatro Capacitações Complementares, que tiveram como temática a Saúde da Pessoa Idosa, Saúde Mental, Saúde Bucal e Assistência Farmacêutica na APS. Além destas, foram realizadas mais quatro oficinas de formação

de facilitadores regionais e uma para a qualificação de tutores, que já somam 660. Ao todo, 165 municí-pios de 20 regiões do Estado aderiram ao Projeto.

A coordenadora do QualificaAPSUS, Carmem Cemires, aponta que após capacitar cerca de 16 mil trabalhadores, entre as oficinais regionais e munici-pais, o Projeto buscará intensificar, em 2018, a capa-citação de estratificação de risco de hipertensão, diabetes, gestantes e crianças menores de dois anos, focando o planejamento nas necessidades dos municípios em relação ao projeto, bem como dará continuidade à qualificação dos tutores, com maior suporte para a certificação do Selo Bronze.

Ao todo, 183 municípios cearenses receberam as equipes de campo, que contou com 12 supervisores e 70 entrevistadores. No âmbito do estado do Ceará, a coordenação da pesquisa, finalizada em outubro passado, é da Fiocruz, em parceria com a Universi-dade Federal do Rio Grande do Norte e as institui-ções que compõem a Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família (Renasf). Com o término da fase das entrevistas para a avalição externa, a pesquisa prossegue com a certificação e recontra-tualização junto aos municípios.

De acordo com Carmem Cemires, responsável pelo PMAQ no Ceará, “o maior ganho para os municípios que aderem ao PMAQ é a indução da avaliação como componente a ser incorporado no cotidiano do trabalho das equipes da Atenção Primária à Saúde (APS) com vistas à garantia da qualidade”.

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Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

Os municípios do Ceará receberam, no segundo semestre de 2017, os pesquisadores do 3º Ciclo do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ). O PMAQ tem como objetivo incentivar os gestores e as equi-pes a melhorar a qualidade dos serviços de saúde oferecidos aos cidadãos do território. Para isso, propõe um conjunto de estratégias de qualificação, acompanhamento e avaliação do trabalho das equipes de saúde. O programa eleva o repasse de recursos do incentivo federal para os municípios participantes que atingirem melhora no padrão de qualidade no atendimento.

Mesas regionaisde negociaçãodo SUS

sustentação

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A Secretaria da Saúde do Ceará começou a desen-volver, no segundo semestre de 2017, as atividades do projeto Apoio à Implementação de Mesas Regio-nais de Negociação Permanente do SUS como Estratégia de Fortalecimento da Gestão do Trabalho no SUS. O projeto é fruto do trabalho do “GT Regio-nalização de Mesas de Negociação Permanente do SUS”, instituído pela MENPSUS-CE em 2013.

O Grupo de Trabalho funcionou pelo período de um ano e teve como principal produto a construção do documento “Diretrizes para implantação de Mesas Regionais de Negociação Permanente do SUS”, experiência que conquistou a quarta colocação no concurso “Prêmio Inova SUS 2015 – Gestão do Trabalho em Saúde”, iniciativa do Ministério da Saúde. O resultado exitoso deu origem ao projeto que a Coordenadoria de Gestão do Trabalho em Saúde (CGTES) começa a implementar nas regiões de Saúde de Crato, Icó, Aracati, Sobral e Itapipoca.

A assessora técnica da CGTES/SESA, Janaína Torres, ressalta a importância do envolvimento do COSEMS, com a representação dos apoiadores nas regiões. “Estivemos reunidos com a Rede Colabo-rativa de Apoiadores do COSEMS que atuam no âmbito das regiões de saúde. Este encontro teve

Ao todo, 183 municípios cearenses receberam as equipes de campo, que contou com 12 supervisores e 70 entrevistadores. No âmbito do estado do Ceará, a coordenação da pesquisa, finalizada em outubro passado, é da Fiocruz, em parceria com a Universi-dade Federal do Rio Grande do Norte e as institui-ções que compõem a Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família (Renasf). Com o término da fase das entrevistas para a avalição externa, a pesquisa prossegue com a certificação e recontra-tualização junto aos municípios.

De acordo com Carmem Cemires, responsável pelo PMAQ no Ceará, “o maior ganho para os municípios que aderem ao PMAQ é a indução da avaliação como componente a ser incorporado no cotidiano do trabalho das equipes da Atenção Primária à Saúde (APS) com vistas à garantia da qualidade”.

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Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

Os municípios do Ceará receberam, no segundo semestre de 2017, os pesquisadores do 3º Ciclo do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ). O PMAQ tem como objetivo incentivar os gestores e as equi-pes a melhorar a qualidade dos serviços de saúde oferecidos aos cidadãos do território. Para isso, propõe um conjunto de estratégias de qualificação, acompanhamento e avaliação do trabalho das equipes de saúde. O programa eleva o repasse de recursos do incentivo federal para os municípios participantes que atingirem melhora no padrão de qualidade no atendimento.

Ao todo, 183 municípios cearenses receberam as equipes de campo, que contou com 12 supervisores e 70 entrevistadores. No âmbito do estado do Ceará, a coordenação da pesquisa, finalizada em outubro passado, é da Fiocruz, em parceria com a Universi-dade Federal do Rio Grande do Norte e as institui-ções que compõem a Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família (Renasf). Com o término da fase das entrevistas para a avalição externa, a pesquisa prossegue com a certificação e recontra-tualização junto aos municípios.

De acordo com Carmem Cemires, responsável pelo PMAQ no Ceará, “o maior ganho para os municípios que aderem ao PMAQ é a indução da avaliação como componente a ser incorporado no cotidiano do trabalho das equipes da Atenção Primária à Saúde (APS) com vistas à garantia da qualidade”.

COSEMS integrapesquisa sobreMais Médicosno Ceará

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sustentação

“Programa Mais Médicos no Ceará: Cenários de Vivências e Experiências Exitosas” intitula a pesqui-sa coordenada pela Escola de Saúde Pública (ESP), iniciada em setembro de 2017, e que será desenvol-vida em oito municípios: Aracoiaba, Canindé, Cedro, Fortaleza, Horizonte, Iguatu, Morada Nova e Sobral. Segundo a coordenadora do estudo, Verônica Sales, para a escolha das cidades foram consideradas as que possuem um número expressivo de médicos do Programa e que apresentam experiências exitosas nas unidades onde os profissionais atuam, sendo creditado ainda a representatividade dos municí-pios nas macrorregiões de saúde.

como proposição o reconhecimento das movimen-tações que estão ocorrendo nos territórios no tocan-te à implantação das mesas regionais, bem como a prioridade de participação destes atores na agenda de implantação das mesas e constituição de agen-das de apoio junto às CRES. Importante destacar o apoio que o COSEMS tem demandado à esta políti-ca de expansão das mesas regionais de negociação permanente do SUS”, declarou.

“Na perspectiva de refletir sobre as contribuições do Programa Mais Médicos na estruturação de ações e serviços de saúde no Estado do Ceará, buscar evidências dos efeitos deste sobre o acolhimento, o vínculo, a continuidade da assistência, além da diminuição das iniquidades no acesso à saúde da população, justifica-se a realização desse estudo”, comenta a coordenadora Verônica Sales.

É importante ressaltar que a pesquisa, que terá formato de relato de experiência, já foi aprovada pelo Comitê de Ética, no fim de 2017, e tem como etapa seguinte o início das pesquisas de campo.

A pesquisa é uma iniciativa da Organização Pan-A-mericana de Saúde (OPAS), com o apoio do COSEMS, da ESP/CE, Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Estadual do Ceará (UECE) e de profissionais da Secretaria de Saúde do Ceará.

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Experiênciasmunicipais

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Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

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A cada nova edição da Sustentação, o COSEMS/CE ressalta o potencial e a rica produção científica desenvolvida nos municípios com a publicação de experiências exitosas. Desta vez, o destaque são os trabalhos que representaram o Ceará em importantes eventos como o Congresso Norte e Nordeste de Secretarias Municipais de Saúde, realizado em Porto Seguro, na Bahia, e a Mostra “Brasil, Aqui tem SUS” do Congresso do Conasems, que tem alcance nacional e aconteceu em Brasília.Entre os trabalhos apresentados no Congresso Norte e Nordeste, o intitulado “Novas Estratégias de Gestão Contra o Fenômeno da Judicialização da Saúde”, que tem como autora principal Nayara Luiza Pereira Rodrigues, do município de Barbalha, recebeu premiação.

Já na Mostra Nacional “Brasil, Aqui tem SUS”, o Ceará conseguiu um feito maior: três trabalhos premiados, entre os nove que foram apresentados no Congresso. As experiências foram premiadas nas seguintes categorias: Administração Pública e Judicialização da Saúde no Município, de Nayara Luiza Pereira Rodrigues, do município de Barbalha; Participação da Comunidade na Saúde, de Maria Alessandra Carvalho Albuquerque, do município de Itarema; e Izabel Cristhina Jucá Bastos Cavalcante Mota, do município de Tauá, que venceu na categoria Webdoc.

Vale ressaltar que o trabalho do município de Itarema também foi apresentado no Congresso Norte e Nordeste (por se tratar do mesmo conteúdo, publicaremos aqui apenas um resumo do trabalho).

Além destes, merecem registro e reconhecimento os trabalhos premiados na 15ª edição da Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças (Expoepi), promovida pelo Ministério da Saúde (MS). A técnica da Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Argina Gondim, foi premiada com o primeiro lugar na categoria “Vigilância, prevenção e controle das doenças transmissíveis relacionadas à pobreza”, com o trabalho “Vencendo os desafios de diagnosticar e curar pessoas com tuberculose em situação de rua”.O Estado do Ceará também foi premiado na categoria “Doenças imunopreveníveis” com o trabalho “Enfrentamento da epidemia de sarampo no Ceará”, 2013 a 2015, de autoria de Daniele Rocha Queiroz Lemos, da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará; e na categoria “Promoção da saúde e as doenças crônicas não transmissíveis, e os agravos de interesse da Saúde Pública”, com o trabalho “Grupos de tabagismo: a experiência exitosa das Unidades Básicas de Saúde e NASF”, de Ana Cláudia Soares Ximenes, do município de Carnaubal.

As informações dos resumos que seguem são de responsabilidade dos seus autores.

Apresentação

Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

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cações disponíveis na farmácia básica e compo-nente especializado assim como toda medicação contemplada na PPI); 6.Parceria entre a defensoria pública e secretaria de saúde: durante um dia na semana, ficou acordado que uma enfermeira, um farmacêutico e uma assistente social estariam presentes no referido órgão para atendimento das demandas referentes à saúde; 7.Utilização dos Protocolos do CONITEC para consulta e respaldo nas respostas dos ofícios; 8.Visita às clínicas de internações compulsórias e estabelecimento de parceria com o CAPS AD. 9.Assinatura do termo de responsabilidade (em comunicar a secretaria de saúde em casão de alta, mudança no tratamento ou óbito) por parte do responsável pelo paciente.

INDICADORES/VARIÁVEIS/COLETADE DADOSUtilizamos como indicadores: 1. Laudos das visitas domiciliares que constavam óbito, mudança de endereço, mudança de tratamento ou ausência de avaliação de especialista dos últimos 3 meses; 2. Internações compulsórias; 3. Demanda advinda da defensoria pública resolvida de forma administrati-va; 4. Óbitos constatados no cruzamento de dados da vigilância epidemiológica com a farmácia.

OBSERVAÇÕES/AVALIAÇÃO/MONITORA-MENTOA avaliação e monitoramento da experiência se deram através de observações semanais da assis-tente social da equipe juntamente com a enfermei-ra, eram monitorados os indicadores acima citados, assim como a qualidade dos relatórios obtidos atra-vés das visitas multidisciplinares. Os ajustes eram realizados de acordo com a necessidade de melho-rias de resultados.

RESULTADOS E IMPACTOApesar do curto período das ações, já foi possível observar vários resultados positivos: aproximação com a população, redução de fraudes em relação ao recebimento de insumos de pacientes que já foram

a óbito, maior assistência de saúde ao paciente atra-vés das visitas domiciliares, redução significativa do que seria judicializado, fortalecimento da rede de saúde municipal através da identificação de fragili-dades durante as visitas, redução do tempo de inter-nação compulsória.

CONCLUSÕESA equipe conseguiu alcançar bons resultados, uma vez que 90% das demandas que deveriam vir da justiça estão sendo recebidas e resolvidas de forma administrativa. Desta forma, é possível reduzir o desgaste do paciente ou solicitante, otimizar os recursos da saúde, estreitar o relacionamento dos profissionais com a população, atender e acolher os usuários de forma mais humanizada, consequente-mente desafogando a assessoria jurídica do muni-cípio.

Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

tempo, repercutindo na falta de recursos para planejamento e execução das demais atribuições e atividades que competem aos setores citados.

FINALIDADE DA EXPERIÊNCIADiminuir a judicialização da saúde e atender ao usuário do SUS da forma mais justa e rápida.

DINÂMICA E ESTRATÉGIASDOS PROCEDIMENTOS USADOSForam traçadas e executadas diversas ações estra-tégicas no ano de 2017 e que em um curto intervalo de tempo já foi possível observar resultados positi-vos. Para fazer valer o princípio da equidade e otimi-zar os recursos, a gestão iniciou realizando um diag-nóstico situacional e a formação de uma equipe multiprofissional para atuar junto às demandas judicias. Durante o primeiro trimestre do ano o município trabalhou tanto a prevenção quanto a reavaliação dos casos já judicializados, com as seguintes ações: 1. Estabeleceu um fluxo com o setor de epidemiologia para envio mensal da lista de óbitos do município para o farmacêutico cruzar os dados com a lista de processos de insumos farmacêuticos e já comunicar à assessoria jurídica, evitando que algum familiar venha a receber qual-quer insumo do processo; 2.Visita domiciliar de uma equipe multidisciplinar (nutricionista, médica, assistente social) aos pacientes com ordem judicial de insumos a longo prazo, com o objetivo de verifi-car se eles realmente moram no município, se eles estão sendo reavaliados por um especialista, e para realizar uma avaliação local no paciente; 3. Levan-tamento dos pacientes que recebiam leite ou fórmu-las nutricionais que se enquadravam em protocolos do estado e posteriormente o encaminhamento dos mesmos para a avaliação em Fortaleza; 4. Elabora-ção de protocolos para recebimentos de fraldas, oxigênio e leite, estabelecendo critérios para a aqui-sição desses bens; 5.Reunião com a defensoria pública para explicar o objetivo do trabalho execu-tado e entrega de um material para consulta a defensora (Definição do CONITEC, Lista das medi-

Município: BarbalhaTemática: Administração Pública e Judicialização da Saúde no Município

NOVAS ESTRATÉGIAS DE GESTÃO CONTRA O FENÔMENO DA JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE

Autores: Nayara Luiza Pereira Rodrigues, Pollyanna Callou De Morais Dantas, Sarah Rachel Correia Pinheiro, Raphael Sampaio Magnago, Pedro Alex Leite Cruz e Erik Montagna.

INTRODUÇÃOA judicialização da saúde apresenta-se como um fenômeno recente e crescente no Brasil, cujo objeti-vo consiste em conseguir bens e direitos nos tribu-nais, aqueles que são importantes para a garantia da saúde do cidadão e assegurados pela constituição. Esse fenômeno pode ser devido a diversos fatores: à facilidade de acesso à informação, ao conhecimen-to dos seus direitos por parte dos usuários, às falhas de gestão do poder executivo e à facilidade de acesso e de decisões quase sempre favoráveis ao usuário. As principais demandas judiciais são decorrentes de solicitações de medicamentos especiais, do acesso aos leitos de unidade de trata-mento intensivo (UTI), das cirurgias, dos tratamen-tos prolongados, dentre outros. O que para o usuário pode ser visto como um avanço no seu direito de cidadania, para os gestores torna-se um verdadeiro caos, pois os mandados judiciais acarretam em gastos não programados. Partindo do princípio que a saúde é direito de todos e dever do estado, e que isso está assegurado pela Constituição da Repúbli-ca Federativa do Brasil (CRFB) de 1988, em seu artigo 196 e que o acesso aos serviços de saúde deve ser universal, o poder judiciário está cada vez mais solicitado e atuante nas demandas relaciona-das à saúde, resultando em um aumento desorde-nado de demandas para o judiciário e uma situação delicada para as secretarias de saúde e seus respectivos gestores que se veem tendo que cumprir demandas de alto custo em curtos intervalos de

Congresso Norte e Nordestede Secretarias Municipais de Saúde

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cações disponíveis na farmácia básica e compo-nente especializado assim como toda medicação contemplada na PPI); 6.Parceria entre a defensoria pública e secretaria de saúde: durante um dia na semana, ficou acordado que uma enfermeira, um farmacêutico e uma assistente social estariam presentes no referido órgão para atendimento das demandas referentes à saúde; 7.Utilização dos Protocolos do CONITEC para consulta e respaldo nas respostas dos ofícios; 8.Visita às clínicas de internações compulsórias e estabelecimento de parceria com o CAPS AD. 9.Assinatura do termo de responsabilidade (em comunicar a secretaria de saúde em casão de alta, mudança no tratamento ou óbito) por parte do responsável pelo paciente.

INDICADORES/VARIÁVEIS/COLETADE DADOSUtilizamos como indicadores: 1. Laudos das visitas domiciliares que constavam óbito, mudança de endereço, mudança de tratamento ou ausência de avaliação de especialista dos últimos 3 meses; 2. Internações compulsórias; 3. Demanda advinda da defensoria pública resolvida de forma administrati-va; 4. Óbitos constatados no cruzamento de dados da vigilância epidemiológica com a farmácia.

OBSERVAÇÕES/AVALIAÇÃO/MONITORA-MENTOA avaliação e monitoramento da experiência se deram através de observações semanais da assis-tente social da equipe juntamente com a enfermei-ra, eram monitorados os indicadores acima citados, assim como a qualidade dos relatórios obtidos atra-vés das visitas multidisciplinares. Os ajustes eram realizados de acordo com a necessidade de melho-rias de resultados.

RESULTADOS E IMPACTOApesar do curto período das ações, já foi possível observar vários resultados positivos: aproximação com a população, redução de fraudes em relação ao recebimento de insumos de pacientes que já foram

a óbito, maior assistência de saúde ao paciente atra-vés das visitas domiciliares, redução significativa do que seria judicializado, fortalecimento da rede de saúde municipal através da identificação de fragili-dades durante as visitas, redução do tempo de inter-nação compulsória.

CONCLUSÕESA equipe conseguiu alcançar bons resultados, uma vez que 90% das demandas que deveriam vir da justiça estão sendo recebidas e resolvidas de forma administrativa. Desta forma, é possível reduzir o desgaste do paciente ou solicitante, otimizar os recursos da saúde, estreitar o relacionamento dos profissionais com a população, atender e acolher os usuários de forma mais humanizada, consequente-mente desafogando a assessoria jurídica do muni-cípio.

Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

tempo, repercutindo na falta de recursos para planejamento e execução das demais atribuições e atividades que competem aos setores citados.

FINALIDADE DA EXPERIÊNCIADiminuir a judicialização da saúde e atender ao usuário do SUS da forma mais justa e rápida.

DINÂMICA E ESTRATÉGIASDOS PROCEDIMENTOS USADOSForam traçadas e executadas diversas ações estra-tégicas no ano de 2017 e que em um curto intervalo de tempo já foi possível observar resultados positi-vos. Para fazer valer o princípio da equidade e otimi-zar os recursos, a gestão iniciou realizando um diag-nóstico situacional e a formação de uma equipe multiprofissional para atuar junto às demandas judicias. Durante o primeiro trimestre do ano o município trabalhou tanto a prevenção quanto a reavaliação dos casos já judicializados, com as seguintes ações: 1. Estabeleceu um fluxo com o setor de epidemiologia para envio mensal da lista de óbitos do município para o farmacêutico cruzar os dados com a lista de processos de insumos farmacêuticos e já comunicar à assessoria jurídica, evitando que algum familiar venha a receber qual-quer insumo do processo; 2.Visita domiciliar de uma equipe multidisciplinar (nutricionista, médica, assistente social) aos pacientes com ordem judicial de insumos a longo prazo, com o objetivo de verifi-car se eles realmente moram no município, se eles estão sendo reavaliados por um especialista, e para realizar uma avaliação local no paciente; 3. Levan-tamento dos pacientes que recebiam leite ou fórmu-las nutricionais que se enquadravam em protocolos do estado e posteriormente o encaminhamento dos mesmos para a avaliação em Fortaleza; 4. Elabora-ção de protocolos para recebimentos de fraldas, oxigênio e leite, estabelecendo critérios para a aqui-sição desses bens; 5.Reunião com a defensoria pública para explicar o objetivo do trabalho execu-tado e entrega de um material para consulta a defensora (Definição do CONITEC, Lista das medi-

Município: BarbalhaTemática: Administração Pública e Judicialização da Saúde no Município

NOVAS ESTRATÉGIAS DE GESTÃO CONTRA O FENÔMENO DA JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE

Autores: Nayara Luiza Pereira Rodrigues, Pollyanna Callou De Morais Dantas, Sarah Rachel Correia Pinheiro, Raphael Sampaio Magnago, Pedro Alex Leite Cruz e Erik Montagna.

INTRODUÇÃOA judicialização da saúde apresenta-se como um fenômeno recente e crescente no Brasil, cujo objeti-vo consiste em conseguir bens e direitos nos tribu-nais, aqueles que são importantes para a garantia da saúde do cidadão e assegurados pela constituição. Esse fenômeno pode ser devido a diversos fatores: à facilidade de acesso à informação, ao conhecimen-to dos seus direitos por parte dos usuários, às falhas de gestão do poder executivo e à facilidade de acesso e de decisões quase sempre favoráveis ao usuário. As principais demandas judiciais são decorrentes de solicitações de medicamentos especiais, do acesso aos leitos de unidade de trata-mento intensivo (UTI), das cirurgias, dos tratamen-tos prolongados, dentre outros. O que para o usuário pode ser visto como um avanço no seu direito de cidadania, para os gestores torna-se um verdadeiro caos, pois os mandados judiciais acarretam em gastos não programados. Partindo do princípio que a saúde é direito de todos e dever do estado, e que isso está assegurado pela Constituição da Repúbli-ca Federativa do Brasil (CRFB) de 1988, em seu artigo 196 e que o acesso aos serviços de saúde deve ser universal, o poder judiciário está cada vez mais solicitado e atuante nas demandas relaciona-das à saúde, resultando em um aumento desorde-nado de demandas para o judiciário e uma situação delicada para as secretarias de saúde e seus respectivos gestores que se veem tendo que cumprir demandas de alto custo em curtos intervalos de 51

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zando 267 ocorrências. Análise epidemiológica descritiva com dados secundários do SIM e SINAN, através das variáveis: sexo, idade e meio utilizado para provocar a lesão.

INDICADORES/VARIÁVEIS/COLETADE DADOSA coleta de dados foi realizada através de dados secundários do SIM, Declarações de Óbitos e SINAN, com foco nas variáveis: sexo, faixa etária e meio utilizado para provocar a lesão. Os indicado-res produzidos foram taxa de mortalidade por suicí-dio, prevalência do suicídio entre os sexos e faixa etária, e meio mais usado para provocar o suicídio.

OBSERVAÇÕES/AVALIAÇÃO/MONITORA-MENTOA análise do perfil epidemiológico das tentativas de suicídio foi realizada por meio de estatísticas descritivas utilizando-se gráficos, tabelas de frequências e medidas de tendência central, variabilidade e localização. Foram empregados para análise de associação entre variáveis categóricas sócio-demográficas e fatores associados às tentativas. Para o cálculo das taxas de mortalidade considerou-se como numerador o número de mortes e como denominador a população dos censos e das estimativas populacionais intercensitárias do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE. http://www.ibge. gov.br).

RESULTADOS E IMPACTOSegundo o SIM, ocorreram 66 óbitos por suicídio de 2012 a 2016, 13 óbitos por cada ano de estudo. 70% do sexo masculino e 30% do sexo feminino. A faixa etária de 21-30 anos foi a mais acometida entre os sexos, representando 26%. O meio mais utilizado para realizar o suicídio, foi o enforcamento nos homens, 92% e a ingestão de substâncias químicas nas mulheres, 8%. Em 2012 foi notificado no SINAN 201 eventos, em 2016 foram 14 e 2016 foram 95, sendo 71% no sexo feminino e 29% no masculino. A

faixa etária de 11-20 anos foi a mais acometida, representando 21%. A ingestão de substâncias químicas foi 73% e 27% usou perfurocortantes e o meio de enforcamento.

CONCLUSÕESAs mortes por suicídio representam um grande problema de saúde pública. Em todo o mundo e em números absolutos, os suicídios matam mais que os homicídios e as guerras juntos. No Brasil, os suicí-dios representam 0,8% do total de óbitos e 6,6% das mortes por causas externas, ficando na terceira posição no conjunto das mortes por causas externas. No entanto, no período de 2000 a 2009, o risco de morte por acidentes e por causas violentas apresen-tou um aumento discreto de 4,9% e 4,4%, respecti-vamente, e o risco de morte por suicídios teve um crescimento de 22,5% (n=44). Sobre as tentativas de suicídio os dados são inconsistentes, mas estima-se que sejam de 10 a 40 vezes maiores que as mortes por suicídio. Os resultados deste estudo mostraram que a taxa de mortalidade entre pacientes que tentam suicídio apresenta tendência crescente a esperada na população geral. Embora o suicídio seja a principal razão para isso, mortes por outras causas foram igualmente importantes. A elevada taxa de mortalidade por suicídio e o expressivo número de tentativas apontam para a necessidade de melhorar os cuidados à saúde desses indivíduos, tanto nos aspectos preventivos quanto no de trata-mento. A prevenção do suicídio não é tarefa fácil e requer ações que considerem aspectos médicos, sociais, psicológicos, familiares, culturais, religiosos e econômicos. O sexo masculino morre mais do que o feminino por usarem de meios letais, como enfor-camento. O sexo feminino realiza mais tentativas por meio da ingestão de produtos químicos, dentre os quais, medicamentos, venenos e produtos de uso doméstico. Sugere-se um sistema de informação que compatibilize todos esses dados e monitore de forma integral o suicídio e suas tentativas. Pelo menos 90% dos que cometem suicídio apresentam um transtorno psiquiátrico, predominantemente

Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

das mortes por causas externas. Quando compara-da as taxas de suicídio de diferentes países, a morta-lidade no Brasil é uma das mais baixas. Estudo de coorte retrospectiva com objetivo de analisar o perfil epidemiológico dos indivíduos que tentaram suicí-dio entre 2012 e 2016 na cidade de Juazeiro do Norte, Ceará, Brasil. Foram utilizados dados dos SIM, SINAN e das Declarações de Óbitos, através das variáveis: sexo, idade e meio utilizado para provocar a lesão. Dentre os 267 indivíduos que tentaram suicídio 66 evoluíram para óbitos (25%). Verifico-se significativo aumento do risco de morrer entre os homens e com idade maior que 15 anos. Os resulta-dos do estudo mostraram que a taxa de mortalidade entre pacientes que tentaram o suicídio foi superior à esperada na população geral, indicando a fragili-dade em que se encontra a população masculina para melhor enfrentamento dos seus conflitos exis-tencial e o despreparo dos serviços de saúde no acolhimento às vítimas de tentativa de suicídio.

FINALIDADE DA EXPERIÊNCIADescrever o perfil epidemiológico do Suicídio e Tentativas em Juazeiro do Norte de 2012 a 2016. Baseado nessas observações e na relevância do tema, este trabalho tem como objetivos: (1) analisar o perfil epidemiológico das tentativas de suicídio e verificar a taxa de mortalidade por suicídio e por outras causas entre os mesmos pacientes na cidade de Juazeiro do Norte, Ceará, no período de 2012 a 2016; e (2) estimar o risco de morrer entre os indiví-duos que tentaram suicídio em comparação com o esperado para a população geral.

DINÂMICA E ESTRATÉGIASDOS PROCEDIMENTOS USADOSEstudo de corte retrospectiva realizado na cidade de Juazeiro do Norte, composta por 07 Distritos Sanitários e compreendendo uma população apro-ximada de 268 mil habitantes, sendo 51% do sexo feminino. A pesquisa incluiu todos os casos de tentativa de suicídio de ambos os sexos e em todas as faixas etárias, no período de 2012 a 2016, totali-

Município: Juazeiro do NorteTemática: Vigilância Em Saúde No Município

PANORAMA DA MORBIMORTALIDADE DO SUICÍDIO E TENTATIVAS EM JUAZEIRO DO NORTE DE 2012-2016

Autores: Francimones Rolim de Albuquerque, David Antonius da Silva Marrom, Evanúsia de Lima, Maria de Fatima Vasques Monteiro, Maria Nizete Tavares Alves e Maria Zuleide Amorim Muniz.

INTRODUÇÃOO suicídio é um fenômeno humano complexo, universal e representa um grande problema de saúde pública em todo o mundo. A morte por suicí-dio ocupa a terceira posição entre as causas mais frequentes de óbito de pessoas de ambos os sexos com idades entre 15 e 34 anos (Botega NJ, 2009). O grupo de maior risco é o idoso do sexo masculino, mas os índices de suicídio têm aumentado entre pessoas jovens (Bertolote JM et all, 2010). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), houve um incremento de 60% entre as mortes por suicídio nas últimas cinco décadas. A taxa mundial de suicídio situa-se em torno de 16 por 100 mil habitantes, e estima-se que cerca de um milhão de pessoas se suicidaram no ano 2000, o que representaria uma morte a cada quarenta segundos. A projeção para o ano de 2020 é que mais de um milhão e meio de pessoas cometam suicídio e que o número de tenta-tivas seja até vinte vezes maiores que o número de mortes (VOLPE FM et all, 2006). O Brasil está entre os dez países com o maior número absoluto de mortes por essa causa, de 2003 a 2009, ocorreram 60.637 mortes por suicídio, o equivalente a 24 óbitos por dia, representando um coeficiente médio de 4,5 mortes para cem mil habitantes (Departamento de Informática do SUS. Sistema de Informações sobre Mortalidade. http://www2.DATASUS. gov.br/datasus/index.php, acessado em 14/ Abr/2017). Os suicídios represen-taram 0,8% do total de óbitos dos brasileiros e 6,6%

Congresso Norte e Nordestede Secretarias Municipais de Saúde

depressão, e mais de dois terços não estavam em tratamento quando morreram. A prevenção do suicídio é uma função crítica dos médicos e o reco-nhecimento da depressão é o primeiro passo para preveni-lo, especialmente quando existe co-morbi-dade com o abuso de substâncias (Minayo MCS, 2005). Lesões autoprovocadas representam um importante preditor de suicídio subsequente e a maioria destes casos de autoagressão é atendida em algum tipo de serviço de saúde, principalmente na emergência, antes de ocorrer uma tentativa fatal de suicídio. Esse primeiro contato é uma excelente oportunidade para que médicos e enfermeiros identifiquem o potencial nível de risco e possam intervir para reduzi-lo. Assim, quando alguém é atendido em serviços de saúde após a tentativa, a avaliação desse potencial deve ocorrer desde o primeiro contato e durante a permanência no hospital. Porém, nem sempre essa oportunidade é aproveitada pela equipe, seja pelas características do serviço de emergência ou por despreparo e dificuldade para lidar com pacientes suicidas. Após a alta, é necessário o encaminhamento efetivo para acompanhamento psiquiátrico, psicológico e de suporte familiar e social. Considerando as tentativas não fatais, é importante que o planejamento das práticas de saúde contemple o acesso universal aos serviços de saúde e assistência médica, psicológica e social integral e apropriada. Nesse sentido, é fundamental a capacitação dos profissionais de saúde da atenção básica, das unidades de emer-gência e dos serviços de saúde mental, os quais deveriam se articular de forma organizada e resolu-tiva dentro da rede de saúde.

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zando 267 ocorrências. Análise epidemiológica descritiva com dados secundários do SIM e SINAN, através das variáveis: sexo, idade e meio utilizado para provocar a lesão.

INDICADORES/VARIÁVEIS/COLETADE DADOSA coleta de dados foi realizada através de dados secundários do SIM, Declarações de Óbitos e SINAN, com foco nas variáveis: sexo, faixa etária e meio utilizado para provocar a lesão. Os indicado-res produzidos foram taxa de mortalidade por suicí-dio, prevalência do suicídio entre os sexos e faixa etária, e meio mais usado para provocar o suicídio.

OBSERVAÇÕES/AVALIAÇÃO/MONITORA-MENTOA análise do perfil epidemiológico das tentativas de suicídio foi realizada por meio de estatísticas descritivas utilizando-se gráficos, tabelas de frequências e medidas de tendência central, variabilidade e localização. Foram empregados para análise de associação entre variáveis categóricas sócio-demográficas e fatores associados às tentativas. Para o cálculo das taxas de mortalidade considerou-se como numerador o número de mortes e como denominador a população dos censos e das estimativas populacionais intercensitárias do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE. http://www.ibge. gov.br).

RESULTADOS E IMPACTOSegundo o SIM, ocorreram 66 óbitos por suicídio de 2012 a 2016, 13 óbitos por cada ano de estudo. 70% do sexo masculino e 30% do sexo feminino. A faixa etária de 21-30 anos foi a mais acometida entre os sexos, representando 26%. O meio mais utilizado para realizar o suicídio, foi o enforcamento nos homens, 92% e a ingestão de substâncias químicas nas mulheres, 8%. Em 2012 foi notificado no SINAN 201 eventos, em 2016 foram 14 e 2016 foram 95, sendo 71% no sexo feminino e 29% no masculino. A

faixa etária de 11-20 anos foi a mais acometida, representando 21%. A ingestão de substâncias químicas foi 73% e 27% usou perfurocortantes e o meio de enforcamento.

CONCLUSÕESAs mortes por suicídio representam um grande problema de saúde pública. Em todo o mundo e em números absolutos, os suicídios matam mais que os homicídios e as guerras juntos. No Brasil, os suicí-dios representam 0,8% do total de óbitos e 6,6% das mortes por causas externas, ficando na terceira posição no conjunto das mortes por causas externas. No entanto, no período de 2000 a 2009, o risco de morte por acidentes e por causas violentas apresen-tou um aumento discreto de 4,9% e 4,4%, respecti-vamente, e o risco de morte por suicídios teve um crescimento de 22,5% (n=44). Sobre as tentativas de suicídio os dados são inconsistentes, mas estima-se que sejam de 10 a 40 vezes maiores que as mortes por suicídio. Os resultados deste estudo mostraram que a taxa de mortalidade entre pacientes que tentam suicídio apresenta tendência crescente a esperada na população geral. Embora o suicídio seja a principal razão para isso, mortes por outras causas foram igualmente importantes. A elevada taxa de mortalidade por suicídio e o expressivo número de tentativas apontam para a necessidade de melhorar os cuidados à saúde desses indivíduos, tanto nos aspectos preventivos quanto no de trata-mento. A prevenção do suicídio não é tarefa fácil e requer ações que considerem aspectos médicos, sociais, psicológicos, familiares, culturais, religiosos e econômicos. O sexo masculino morre mais do que o feminino por usarem de meios letais, como enfor-camento. O sexo feminino realiza mais tentativas por meio da ingestão de produtos químicos, dentre os quais, medicamentos, venenos e produtos de uso doméstico. Sugere-se um sistema de informação que compatibilize todos esses dados e monitore de forma integral o suicídio e suas tentativas. Pelo menos 90% dos que cometem suicídio apresentam um transtorno psiquiátrico, predominantemente

Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

das mortes por causas externas. Quando compara-da as taxas de suicídio de diferentes países, a morta-lidade no Brasil é uma das mais baixas. Estudo de coorte retrospectiva com objetivo de analisar o perfil epidemiológico dos indivíduos que tentaram suicí-dio entre 2012 e 2016 na cidade de Juazeiro do Norte, Ceará, Brasil. Foram utilizados dados dos SIM, SINAN e das Declarações de Óbitos, através das variáveis: sexo, idade e meio utilizado para provocar a lesão. Dentre os 267 indivíduos que tentaram suicídio 66 evoluíram para óbitos (25%). Verifico-se significativo aumento do risco de morrer entre os homens e com idade maior que 15 anos. Os resulta-dos do estudo mostraram que a taxa de mortalidade entre pacientes que tentaram o suicídio foi superior à esperada na população geral, indicando a fragili-dade em que se encontra a população masculina para melhor enfrentamento dos seus conflitos exis-tencial e o despreparo dos serviços de saúde no acolhimento às vítimas de tentativa de suicídio.

FINALIDADE DA EXPERIÊNCIADescrever o perfil epidemiológico do Suicídio e Tentativas em Juazeiro do Norte de 2012 a 2016. Baseado nessas observações e na relevância do tema, este trabalho tem como objetivos: (1) analisar o perfil epidemiológico das tentativas de suicídio e verificar a taxa de mortalidade por suicídio e por outras causas entre os mesmos pacientes na cidade de Juazeiro do Norte, Ceará, no período de 2012 a 2016; e (2) estimar o risco de morrer entre os indiví-duos que tentaram suicídio em comparação com o esperado para a população geral.

DINÂMICA E ESTRATÉGIASDOS PROCEDIMENTOS USADOSEstudo de corte retrospectiva realizado na cidade de Juazeiro do Norte, composta por 07 Distritos Sanitários e compreendendo uma população apro-ximada de 268 mil habitantes, sendo 51% do sexo feminino. A pesquisa incluiu todos os casos de tentativa de suicídio de ambos os sexos e em todas as faixas etárias, no período de 2012 a 2016, totali-

Município: Juazeiro do NorteTemática: Vigilância Em Saúde No Município

PANORAMA DA MORBIMORTALIDADE DO SUICÍDIO E TENTATIVAS EM JUAZEIRO DO NORTE DE 2012-2016

Autores: Francimones Rolim de Albuquerque, David Antonius da Silva Marrom, Evanúsia de Lima, Maria de Fatima Vasques Monteiro, Maria Nizete Tavares Alves e Maria Zuleide Amorim Muniz.

INTRODUÇÃOO suicídio é um fenômeno humano complexo, universal e representa um grande problema de saúde pública em todo o mundo. A morte por suicí-dio ocupa a terceira posição entre as causas mais frequentes de óbito de pessoas de ambos os sexos com idades entre 15 e 34 anos (Botega NJ, 2009). O grupo de maior risco é o idoso do sexo masculino, mas os índices de suicídio têm aumentado entre pessoas jovens (Bertolote JM et all, 2010). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), houve um incremento de 60% entre as mortes por suicídio nas últimas cinco décadas. A taxa mundial de suicídio situa-se em torno de 16 por 100 mil habitantes, e estima-se que cerca de um milhão de pessoas se suicidaram no ano 2000, o que representaria uma morte a cada quarenta segundos. A projeção para o ano de 2020 é que mais de um milhão e meio de pessoas cometam suicídio e que o número de tenta-tivas seja até vinte vezes maiores que o número de mortes (VOLPE FM et all, 2006). O Brasil está entre os dez países com o maior número absoluto de mortes por essa causa, de 2003 a 2009, ocorreram 60.637 mortes por suicídio, o equivalente a 24 óbitos por dia, representando um coeficiente médio de 4,5 mortes para cem mil habitantes (Departamento de Informática do SUS. Sistema de Informações sobre Mortalidade. http://www2.DATASUS. gov.br/datasus/index.php, acessado em 14/ Abr/2017). Os suicídios represen-taram 0,8% do total de óbitos dos brasileiros e 6,6%

depressão, e mais de dois terços não estavam em tratamento quando morreram. A prevenção do suicídio é uma função crítica dos médicos e o reco-nhecimento da depressão é o primeiro passo para preveni-lo, especialmente quando existe co-morbi-dade com o abuso de substâncias (Minayo MCS, 2005). Lesões autoprovocadas representam um importante preditor de suicídio subsequente e a maioria destes casos de autoagressão é atendida em algum tipo de serviço de saúde, principalmente na emergência, antes de ocorrer uma tentativa fatal de suicídio. Esse primeiro contato é uma excelente oportunidade para que médicos e enfermeiros identifiquem o potencial nível de risco e possam intervir para reduzi-lo. Assim, quando alguém é atendido em serviços de saúde após a tentativa, a avaliação desse potencial deve ocorrer desde o primeiro contato e durante a permanência no hospital. Porém, nem sempre essa oportunidade é aproveitada pela equipe, seja pelas características do serviço de emergência ou por despreparo e dificuldade para lidar com pacientes suicidas. Após a alta, é necessário o encaminhamento efetivo para acompanhamento psiquiátrico, psicológico e de suporte familiar e social. Considerando as tentativas não fatais, é importante que o planejamento das práticas de saúde contemple o acesso universal aos serviços de saúde e assistência médica, psicológica e social integral e apropriada. Nesse sentido, é fundamental a capacitação dos profissionais de saúde da atenção básica, das unidades de emer-gência e dos serviços de saúde mental, os quais deveriam se articular de forma organizada e resolu-tiva dentro da rede de saúde.

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zando 267 ocorrências. Análise epidemiológica descritiva com dados secundários do SIM e SINAN, através das variáveis: sexo, idade e meio utilizado para provocar a lesão.

INDICADORES/VARIÁVEIS/COLETADE DADOSA coleta de dados foi realizada através de dados secundários do SIM, Declarações de Óbitos e SINAN, com foco nas variáveis: sexo, faixa etária e meio utilizado para provocar a lesão. Os indicado-res produzidos foram taxa de mortalidade por suicí-dio, prevalência do suicídio entre os sexos e faixa etária, e meio mais usado para provocar o suicídio.

OBSERVAÇÕES/AVALIAÇÃO/MONITORA-MENTOA análise do perfil epidemiológico das tentativas de suicídio foi realizada por meio de estatísticas descritivas utilizando-se gráficos, tabelas de frequências e medidas de tendência central, variabilidade e localização. Foram empregados para análise de associação entre variáveis categóricas sócio-demográficas e fatores associados às tentativas. Para o cálculo das taxas de mortalidade considerou-se como numerador o número de mortes e como denominador a população dos censos e das estimativas populacionais intercensitárias do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE. http://www.ibge. gov.br).

RESULTADOS E IMPACTOSegundo o SIM, ocorreram 66 óbitos por suicídio de 2012 a 2016, 13 óbitos por cada ano de estudo. 70% do sexo masculino e 30% do sexo feminino. A faixa etária de 21-30 anos foi a mais acometida entre os sexos, representando 26%. O meio mais utilizado para realizar o suicídio, foi o enforcamento nos homens, 92% e a ingestão de substâncias químicas nas mulheres, 8%. Em 2012 foi notificado no SINAN 201 eventos, em 2016 foram 14 e 2016 foram 95, sendo 71% no sexo feminino e 29% no masculino. A

faixa etária de 11-20 anos foi a mais acometida, representando 21%. A ingestão de substâncias químicas foi 73% e 27% usou perfurocortantes e o meio de enforcamento.

CONCLUSÕESAs mortes por suicídio representam um grande problema de saúde pública. Em todo o mundo e em números absolutos, os suicídios matam mais que os homicídios e as guerras juntos. No Brasil, os suicí-dios representam 0,8% do total de óbitos e 6,6% das mortes por causas externas, ficando na terceira posição no conjunto das mortes por causas externas. No entanto, no período de 2000 a 2009, o risco de morte por acidentes e por causas violentas apresen-tou um aumento discreto de 4,9% e 4,4%, respecti-vamente, e o risco de morte por suicídios teve um crescimento de 22,5% (n=44). Sobre as tentativas de suicídio os dados são inconsistentes, mas estima-se que sejam de 10 a 40 vezes maiores que as mortes por suicídio. Os resultados deste estudo mostraram que a taxa de mortalidade entre pacientes que tentam suicídio apresenta tendência crescente a esperada na população geral. Embora o suicídio seja a principal razão para isso, mortes por outras causas foram igualmente importantes. A elevada taxa de mortalidade por suicídio e o expressivo número de tentativas apontam para a necessidade de melhorar os cuidados à saúde desses indivíduos, tanto nos aspectos preventivos quanto no de trata-mento. A prevenção do suicídio não é tarefa fácil e requer ações que considerem aspectos médicos, sociais, psicológicos, familiares, culturais, religiosos e econômicos. O sexo masculino morre mais do que o feminino por usarem de meios letais, como enfor-camento. O sexo feminino realiza mais tentativas por meio da ingestão de produtos químicos, dentre os quais, medicamentos, venenos e produtos de uso doméstico. Sugere-se um sistema de informação que compatibilize todos esses dados e monitore de forma integral o suicídio e suas tentativas. Pelo menos 90% dos que cometem suicídio apresentam um transtorno psiquiátrico, predominantemente

Saúde (OPAS) organizaram pesquisa sobre o PMM, reunindo uma coletânea de 30 artigos, todos agru-pados e publicados numa edição histórica da Revis-ta de Ciência e Saúde Coletiva (nº 9, vol 21, de setembro/2016) com utilização de temática, abran-gência e metodologia diversificadas, focando temas como provimento emergencial, formação médica e infraestrutura de unidades básicas de saúde. Por se tratar de um programa recente, os artigos da coletâ-nea apontam que resultados efetivos só poderão ser melhor avaliados no médio e longo prazo.

FINALIDADE DA EXPERIÊNCIAAnalisar a Implantação do Programa Mais Médicos no Brasil num curto intervalo de tempo. Descrever as principais críticas ao PMM. Algumas se dão no campo da limitação e persistência da ausência de uma carreira para o SUS, o que eleva as dificuldades de fixação de profissionais nas regiões mais distan-tes do país. Outra limitação é que o PMM é focado no médico, quando deveria ser na equipe multipro-fissional. O apoio prestado pelas instituições super-visoras é insuficiente ao invés de ser médico-cen-trado, deveria inserir-se como apoio a gestão dos processos locais, trabalho da equipe em serviço e gestão do cuidado.

DINÂMICA E ESTRATÉGIAS DOS PROCEDIMENTOS USADOSAs pesquisas realizadas até aqui apontam alguns pontos digno de nota: os municípios contemplados foram na maioria aqueles com maior vulnerabilida-de social, houve importante redução da escassez de médicos nas equipes de saúde da família, amplia-ção do acesso da população as ações e serviços de ações primárias de saúde (APS), melhoria da quali-dade da atenção básica, satisfação dos usuários, crescimento no processo de educação permanente com tutoria e impactos positivos no dia a dia das equipes de saúde da família. Os principais desafios percebidos são a substituição parcial de médicos de equipes preexistentes, desigualdades regionais na distribuição desses profissionais, incipiência de vínculos estáveis para fixação de profissionais em

áreas remotas e desfavorecidas e ausência de carreira de médicos de APS no SUS. Somado a tudo isso está o conturbado momento político vivido no Brasil, com as ameaças de desvinculação de recei-tas e de limites para despesas públicas que somadas ao subfinanciamento crônico, atentam contra o direito a saúde e as perspectivas de avanços na construção do SUS. Os médicos integrantes do PMM devem ter um processo formativo em serviço, em nível de especialização, tendo que dedicar 8 horas diárias para tais atividades formativas, que são acompanhadas por tutorial de universidades públicas federais e outras instituições formadoras públicas, de acordo com a Política Nacional de Atenção Básica, revisada em 2011. A contradição percebida pelos gestores municipais do SUS é que após um ano, via de regra o profissional encerra o curso de especialização e permanece com uma espécie de folga semanal, em prejuízo das deman-das locais dos servidos básicos de saúde e gerando contraditos para com os demais membros das equi-pes, que cobram tratamento isonômico.

INDICADORES/VARIÁVEIS/COLETA DE DADOSPesquisa de opinião pública realizada, segundo o CONASS (2016), apontam que 94,1% dos usuários entrevistados avaliaram a consulta do médico do PMM como “muito boa” e “boa”, 98,1% declararam que o médico ouviu com atenção todas as suas queixas e 87% relatou que compreendeu as explica-ções e indicações que o médico forneceu sobre a doença e o tratamento. As pesquisas relatam certa estranheza positiva dos pacientes ouvidos quanto aos médicos cubanos realizarem vistas em suas casas, mesmo em condições adversas para muitos.

OBSERVAÇÕES/AVALIAÇÃO/MONITORA-MENTOOs principais desafios percebidos são a substituição parcial de médicos de equipes preexistentes, desi-gualdades regionais na distribuição desses profis-sionais, incipiência de vínculos estáveis para fixação de profissionais em áreas remotas e desfa-

Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

das mortes por causas externas. Quando compara-da as taxas de suicídio de diferentes países, a morta-lidade no Brasil é uma das mais baixas. Estudo de coorte retrospectiva com objetivo de analisar o perfil epidemiológico dos indivíduos que tentaram suicí-dio entre 2012 e 2016 na cidade de Juazeiro do Norte, Ceará, Brasil. Foram utilizados dados dos SIM, SINAN e das Declarações de Óbitos, através das variáveis: sexo, idade e meio utilizado para provocar a lesão. Dentre os 267 indivíduos que tentaram suicídio 66 evoluíram para óbitos (25%). Verifico-se significativo aumento do risco de morrer entre os homens e com idade maior que 15 anos. Os resulta-dos do estudo mostraram que a taxa de mortalidade entre pacientes que tentaram o suicídio foi superior à esperada na população geral, indicando a fragili-dade em que se encontra a população masculina para melhor enfrentamento dos seus conflitos exis-tencial e o despreparo dos serviços de saúde no acolhimento às vítimas de tentativa de suicídio.

FINALIDADE DA EXPERIÊNCIADescrever o perfil epidemiológico do Suicídio e Tentativas em Juazeiro do Norte de 2012 a 2016. Baseado nessas observações e na relevância do tema, este trabalho tem como objetivos: (1) analisar o perfil epidemiológico das tentativas de suicídio e verificar a taxa de mortalidade por suicídio e por outras causas entre os mesmos pacientes na cidade de Juazeiro do Norte, Ceará, no período de 2012 a 2016; e (2) estimar o risco de morrer entre os indiví-duos que tentaram suicídio em comparação com o esperado para a população geral.

DINÂMICA E ESTRATÉGIASDOS PROCEDIMENTOS USADOSEstudo de corte retrospectiva realizado na cidade de Juazeiro do Norte, composta por 07 Distritos Sanitários e compreendendo uma população apro-ximada de 268 mil habitantes, sendo 51% do sexo feminino. A pesquisa incluiu todos os casos de tentativa de suicídio de ambos os sexos e em todas as faixas etárias, no período de 2012 a 2016, totali-

Município: Juazeiro do NorteTemática: Vigilância Em Saúde No Município

PANORAMA DA MORBIMORTALIDADE DO SUICÍDIO E TENTATIVAS EM JUAZEIRO DO NORTE DE 2012-2016

Autores: Francimones Rolim de Albuquerque, David Antonius da Silva Marrom, Evanúsia de Lima, Maria de Fatima Vasques Monteiro, Maria Nizete Tavares Alves e Maria Zuleide Amorim Muniz.

INTRODUÇÃOO suicídio é um fenômeno humano complexo, universal e representa um grande problema de saúde pública em todo o mundo. A morte por suicí-dio ocupa a terceira posição entre as causas mais frequentes de óbito de pessoas de ambos os sexos com idades entre 15 e 34 anos (Botega NJ, 2009). O grupo de maior risco é o idoso do sexo masculino, mas os índices de suicídio têm aumentado entre pessoas jovens (Bertolote JM et all, 2010). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), houve um incremento de 60% entre as mortes por suicídio nas últimas cinco décadas. A taxa mundial de suicídio situa-se em torno de 16 por 100 mil habitantes, e estima-se que cerca de um milhão de pessoas se suicidaram no ano 2000, o que representaria uma morte a cada quarenta segundos. A projeção para o ano de 2020 é que mais de um milhão e meio de pessoas cometam suicídio e que o número de tenta-tivas seja até vinte vezes maiores que o número de mortes (VOLPE FM et all, 2006). O Brasil está entre os dez países com o maior número absoluto de mortes por essa causa, de 2003 a 2009, ocorreram 60.637 mortes por suicídio, o equivalente a 24 óbitos por dia, representando um coeficiente médio de 4,5 mortes para cem mil habitantes (Departamento de Informática do SUS. Sistema de Informações sobre Mortalidade. http://www2.DATASUS. gov.br/datasus/index.php, acessado em 14/ Abr/2017). Os suicídios represen-taram 0,8% do total de óbitos dos brasileiros e 6,6%

depressão, e mais de dois terços não estavam em tratamento quando morreram. A prevenção do suicídio é uma função crítica dos médicos e o reco-nhecimento da depressão é o primeiro passo para preveni-lo, especialmente quando existe co-morbi-dade com o abuso de substâncias (Minayo MCS, 2005). Lesões autoprovocadas representam um importante preditor de suicídio subsequente e a maioria destes casos de autoagressão é atendida em algum tipo de serviço de saúde, principalmente na emergência, antes de ocorrer uma tentativa fatal de suicídio. Esse primeiro contato é uma excelente oportunidade para que médicos e enfermeiros identifiquem o potencial nível de risco e possam intervir para reduzi-lo. Assim, quando alguém é atendido em serviços de saúde após a tentativa, a avaliação desse potencial deve ocorrer desde o primeiro contato e durante a permanência no hospital. Porém, nem sempre essa oportunidade é aproveitada pela equipe, seja pelas características do serviço de emergência ou por despreparo e dificuldade para lidar com pacientes suicidas. Após a alta, é necessário o encaminhamento efetivo para acompanhamento psiquiátrico, psicológico e de suporte familiar e social. Considerando as tentativas não fatais, é importante que o planejamento das práticas de saúde contemple o acesso universal aos serviços de saúde e assistência médica, psicológica e social integral e apropriada. Nesse sentido, é fundamental a capacitação dos profissionais de saúde da atenção básica, das unidades de emer-gência e dos serviços de saúde mental, os quais deveriam se articular de forma organizada e resolu-tiva dentro da rede de saúde.

Município: GuaiubaTemática: Atenção Básica

ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA MAIS MÉDICOS NO BRASIL

Autores: Geovana Maria Santana Malheiro, Carlos Garcia Filho e Josete Malheiro Tavares.

INTRODUÇÃOO Programa Mais Médicos (PMM) foi instituído pela Lei Federal nº 12.871/2013, atualmente está presen-te em 4.058 municípios e nos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas, contando com mais de 18 mil médicos. Surgiu com forte apelo político do conjun-to dos prefeitos de municípios brasileiros, em março de 2012, durante a 61ª Reunião Geral da Frente Nacional de Prefeitos, realizado em Brasília-DF, entre os dias 27 e 29 de março de 2012 que utilizou o brado “Presidenta, cadê o médico?”. Segundo Sheffer (2016), o PMM engloba três macro compo-nentes: 1) a provisão de médicos em locais desas-sistidos; 2) expansão da oferta de cursos e vagas de graduação de medicina e residência médica; e 3) novas diretrizes e parâmetros para a formação médica. Em face dos cenários políticos da época, houve necessidade de legitimação no curto prazo, tendo os atores de governo utilizado de superlativo valor positivo do programa. Além de medidas emer-genciais para provimento de médicos em locais historicamente desassistidos, favorecendo o acesso destas populações, o PMM prospecta mudanças de médio prazo na formação médica, na universaliza-ção da residência médica, com ênfase em medicina de família e comunidade e na ampliação de vagas com respectivas mudanças nas diretrizes curricula-res dos cursos de medicina. Esses elementos são apontados por Facchini et al. (2016) como impor-tantes para a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) e se constituem como a maior iniciati-va do Estado brasileiro direcionada para tal fim. Em face disso, a Associação Brasileira de Saúde Coleti-va (ABRASCO) e a Organização Pan Americana de

Congresso Norte e Nordestede Secretarias Municipais de Saúde

vorecidas e ausência de carreira de médicos de APS no SUS. Somado a tudo isso está o conturbado momento político vivido no Brasil, com as ameaças de desvinculação de receitas e de limites para despesas públicas que somadas ao subfinancia-mento crônico, atentam contra o direito a saúde e as perspectivas de avanços na construção do SUS.

RESULTADOS E IMPACTOAlguns estados foram chamados para apoiar o processo de adaptação dos médicos intercambistas de outras nacionalidades, tendo o Ceará atuado com protagonismo no início do PMM. Sobre o perfil dos médicos, os dados do Ministério da Saúde, divulgados pelo Jornal O Estado de São Paulo, edição de 31 de janeiro de 2017 assinalam haver 18.240 médicos atuando no PMM. Destes, 62,6% são cubanos, 29% são brasileiros formados no Brasil, enquanto 8,4% são brasileiros formados no exterior ou de outras nacionalidades. Segundo o jornal, o governo brasileiro trabalha com a perspec-tiva de substituição gradual de 4 mil médicos cuba-nos por brasileiros nos próximos três anos. Com essa medida, deverão ser reduzidas as atuais 11,4 mil para 7,4 mil vagas ocupadas por médicos intercam-bistas originários de Cuba. Os médicos integrantes do PMM devem ter um processo formativo em serviço, em nível de especialização, tendo que dedi-car 8 horas diárias para tais atividades formativas, que são acompanhadas por tutorial de universida-des públicas federais e outras instituições formado-ras públicas, de acordo com a Política Nacional de Atenção Básica, revisada em 2011.

CONCLUSÕESO PMM ampliou o acesso e a garantia do direito a saúde a milhões de brasileiros através do provimen-to como nunca antes se viu, com a distribuição de mais de 18 mil médicos em praticamente todo o território nacional, isso num curto intervalo de tempo. Embora sendo provisão emergencial de médicos, tendo tornado alguns municípios que conviviam com escassez, carência e privação de serviços de saúde dependentes do programa.

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zando 267 ocorrências. Análise epidemiológica descritiva com dados secundários do SIM e SINAN, através das variáveis: sexo, idade e meio utilizado para provocar a lesão.

INDICADORES/VARIÁVEIS/COLETADE DADOSA coleta de dados foi realizada através de dados secundários do SIM, Declarações de Óbitos e SINAN, com foco nas variáveis: sexo, faixa etária e meio utilizado para provocar a lesão. Os indicado-res produzidos foram taxa de mortalidade por suicí-dio, prevalência do suicídio entre os sexos e faixa etária, e meio mais usado para provocar o suicídio.

OBSERVAÇÕES/AVALIAÇÃO/MONITORA-MENTOA análise do perfil epidemiológico das tentativas de suicídio foi realizada por meio de estatísticas descritivas utilizando-se gráficos, tabelas de frequências e medidas de tendência central, variabilidade e localização. Foram empregados para análise de associação entre variáveis categóricas sócio-demográficas e fatores associados às tentativas. Para o cálculo das taxas de mortalidade considerou-se como numerador o número de mortes e como denominador a população dos censos e das estimativas populacionais intercensitárias do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE. http://www.ibge. gov.br).

RESULTADOS E IMPACTOSegundo o SIM, ocorreram 66 óbitos por suicídio de 2012 a 2016, 13 óbitos por cada ano de estudo. 70% do sexo masculino e 30% do sexo feminino. A faixa etária de 21-30 anos foi a mais acometida entre os sexos, representando 26%. O meio mais utilizado para realizar o suicídio, foi o enforcamento nos homens, 92% e a ingestão de substâncias químicas nas mulheres, 8%. Em 2012 foi notificado no SINAN 201 eventos, em 2016 foram 14 e 2016 foram 95, sendo 71% no sexo feminino e 29% no masculino. A

faixa etária de 11-20 anos foi a mais acometida, representando 21%. A ingestão de substâncias químicas foi 73% e 27% usou perfurocortantes e o meio de enforcamento.

CONCLUSÕESAs mortes por suicídio representam um grande problema de saúde pública. Em todo o mundo e em números absolutos, os suicídios matam mais que os homicídios e as guerras juntos. No Brasil, os suicí-dios representam 0,8% do total de óbitos e 6,6% das mortes por causas externas, ficando na terceira posição no conjunto das mortes por causas externas. No entanto, no período de 2000 a 2009, o risco de morte por acidentes e por causas violentas apresen-tou um aumento discreto de 4,9% e 4,4%, respecti-vamente, e o risco de morte por suicídios teve um crescimento de 22,5% (n=44). Sobre as tentativas de suicídio os dados são inconsistentes, mas estima-se que sejam de 10 a 40 vezes maiores que as mortes por suicídio. Os resultados deste estudo mostraram que a taxa de mortalidade entre pacientes que tentam suicídio apresenta tendência crescente a esperada na população geral. Embora o suicídio seja a principal razão para isso, mortes por outras causas foram igualmente importantes. A elevada taxa de mortalidade por suicídio e o expressivo número de tentativas apontam para a necessidade de melhorar os cuidados à saúde desses indivíduos, tanto nos aspectos preventivos quanto no de trata-mento. A prevenção do suicídio não é tarefa fácil e requer ações que considerem aspectos médicos, sociais, psicológicos, familiares, culturais, religiosos e econômicos. O sexo masculino morre mais do que o feminino por usarem de meios letais, como enfor-camento. O sexo feminino realiza mais tentativas por meio da ingestão de produtos químicos, dentre os quais, medicamentos, venenos e produtos de uso doméstico. Sugere-se um sistema de informação que compatibilize todos esses dados e monitore de forma integral o suicídio e suas tentativas. Pelo menos 90% dos que cometem suicídio apresentam um transtorno psiquiátrico, predominantemente

Saúde (OPAS) organizaram pesquisa sobre o PMM, reunindo uma coletânea de 30 artigos, todos agru-pados e publicados numa edição histórica da Revis-ta de Ciência e Saúde Coletiva (nº 9, vol 21, de setembro/2016) com utilização de temática, abran-gência e metodologia diversificadas, focando temas como provimento emergencial, formação médica e infraestrutura de unidades básicas de saúde. Por se tratar de um programa recente, os artigos da coletâ-nea apontam que resultados efetivos só poderão ser melhor avaliados no médio e longo prazo.

FINALIDADE DA EXPERIÊNCIAAnalisar a Implantação do Programa Mais Médicos no Brasil num curto intervalo de tempo. Descrever as principais críticas ao PMM. Algumas se dão no campo da limitação e persistência da ausência de uma carreira para o SUS, o que eleva as dificuldades de fixação de profissionais nas regiões mais distan-tes do país. Outra limitação é que o PMM é focado no médico, quando deveria ser na equipe multipro-fissional. O apoio prestado pelas instituições super-visoras é insuficiente ao invés de ser médico-cen-trado, deveria inserir-se como apoio a gestão dos processos locais, trabalho da equipe em serviço e gestão do cuidado.

DINÂMICA E ESTRATÉGIAS DOS PROCEDIMENTOS USADOSAs pesquisas realizadas até aqui apontam alguns pontos digno de nota: os municípios contemplados foram na maioria aqueles com maior vulnerabilida-de social, houve importante redução da escassez de médicos nas equipes de saúde da família, amplia-ção do acesso da população as ações e serviços de ações primárias de saúde (APS), melhoria da quali-dade da atenção básica, satisfação dos usuários, crescimento no processo de educação permanente com tutoria e impactos positivos no dia a dia das equipes de saúde da família. Os principais desafios percebidos são a substituição parcial de médicos de equipes preexistentes, desigualdades regionais na distribuição desses profissionais, incipiência de vínculos estáveis para fixação de profissionais em

áreas remotas e desfavorecidas e ausência de carreira de médicos de APS no SUS. Somado a tudo isso está o conturbado momento político vivido no Brasil, com as ameaças de desvinculação de recei-tas e de limites para despesas públicas que somadas ao subfinanciamento crônico, atentam contra o direito a saúde e as perspectivas de avanços na construção do SUS. Os médicos integrantes do PMM devem ter um processo formativo em serviço, em nível de especialização, tendo que dedicar 8 horas diárias para tais atividades formativas, que são acompanhadas por tutorial de universidades públicas federais e outras instituições formadoras públicas, de acordo com a Política Nacional de Atenção Básica, revisada em 2011. A contradição percebida pelos gestores municipais do SUS é que após um ano, via de regra o profissional encerra o curso de especialização e permanece com uma espécie de folga semanal, em prejuízo das deman-das locais dos servidos básicos de saúde e gerando contraditos para com os demais membros das equi-pes, que cobram tratamento isonômico.

INDICADORES/VARIÁVEIS/COLETA DE DADOSPesquisa de opinião pública realizada, segundo o CONASS (2016), apontam que 94,1% dos usuários entrevistados avaliaram a consulta do médico do PMM como “muito boa” e “boa”, 98,1% declararam que o médico ouviu com atenção todas as suas queixas e 87% relatou que compreendeu as explica-ções e indicações que o médico forneceu sobre a doença e o tratamento. As pesquisas relatam certa estranheza positiva dos pacientes ouvidos quanto aos médicos cubanos realizarem vistas em suas casas, mesmo em condições adversas para muitos.

OBSERVAÇÕES/AVALIAÇÃO/MONITORA-MENTOOs principais desafios percebidos são a substituição parcial de médicos de equipes preexistentes, desi-gualdades regionais na distribuição desses profis-sionais, incipiência de vínculos estáveis para fixação de profissionais em áreas remotas e desfa-

Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

das mortes por causas externas. Quando compara-da as taxas de suicídio de diferentes países, a morta-lidade no Brasil é uma das mais baixas. Estudo de coorte retrospectiva com objetivo de analisar o perfil epidemiológico dos indivíduos que tentaram suicí-dio entre 2012 e 2016 na cidade de Juazeiro do Norte, Ceará, Brasil. Foram utilizados dados dos SIM, SINAN e das Declarações de Óbitos, através das variáveis: sexo, idade e meio utilizado para provocar a lesão. Dentre os 267 indivíduos que tentaram suicídio 66 evoluíram para óbitos (25%). Verifico-se significativo aumento do risco de morrer entre os homens e com idade maior que 15 anos. Os resulta-dos do estudo mostraram que a taxa de mortalidade entre pacientes que tentaram o suicídio foi superior à esperada na população geral, indicando a fragili-dade em que se encontra a população masculina para melhor enfrentamento dos seus conflitos exis-tencial e o despreparo dos serviços de saúde no acolhimento às vítimas de tentativa de suicídio.

FINALIDADE DA EXPERIÊNCIADescrever o perfil epidemiológico do Suicídio e Tentativas em Juazeiro do Norte de 2012 a 2016. Baseado nessas observações e na relevância do tema, este trabalho tem como objetivos: (1) analisar o perfil epidemiológico das tentativas de suicídio e verificar a taxa de mortalidade por suicídio e por outras causas entre os mesmos pacientes na cidade de Juazeiro do Norte, Ceará, no período de 2012 a 2016; e (2) estimar o risco de morrer entre os indiví-duos que tentaram suicídio em comparação com o esperado para a população geral.

DINÂMICA E ESTRATÉGIASDOS PROCEDIMENTOS USADOSEstudo de corte retrospectiva realizado na cidade de Juazeiro do Norte, composta por 07 Distritos Sanitários e compreendendo uma população apro-ximada de 268 mil habitantes, sendo 51% do sexo feminino. A pesquisa incluiu todos os casos de tentativa de suicídio de ambos os sexos e em todas as faixas etárias, no período de 2012 a 2016, totali-

Município: Juazeiro do NorteTemática: Vigilância Em Saúde No Município

PANORAMA DA MORBIMORTALIDADE DO SUICÍDIO E TENTATIVAS EM JUAZEIRO DO NORTE DE 2012-2016

Autores: Francimones Rolim de Albuquerque, David Antonius da Silva Marrom, Evanúsia de Lima, Maria de Fatima Vasques Monteiro, Maria Nizete Tavares Alves e Maria Zuleide Amorim Muniz.

INTRODUÇÃOO suicídio é um fenômeno humano complexo, universal e representa um grande problema de saúde pública em todo o mundo. A morte por suicí-dio ocupa a terceira posição entre as causas mais frequentes de óbito de pessoas de ambos os sexos com idades entre 15 e 34 anos (Botega NJ, 2009). O grupo de maior risco é o idoso do sexo masculino, mas os índices de suicídio têm aumentado entre pessoas jovens (Bertolote JM et all, 2010). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), houve um incremento de 60% entre as mortes por suicídio nas últimas cinco décadas. A taxa mundial de suicídio situa-se em torno de 16 por 100 mil habitantes, e estima-se que cerca de um milhão de pessoas se suicidaram no ano 2000, o que representaria uma morte a cada quarenta segundos. A projeção para o ano de 2020 é que mais de um milhão e meio de pessoas cometam suicídio e que o número de tenta-tivas seja até vinte vezes maiores que o número de mortes (VOLPE FM et all, 2006). O Brasil está entre os dez países com o maior número absoluto de mortes por essa causa, de 2003 a 2009, ocorreram 60.637 mortes por suicídio, o equivalente a 24 óbitos por dia, representando um coeficiente médio de 4,5 mortes para cem mil habitantes (Departamento de Informática do SUS. Sistema de Informações sobre Mortalidade. http://www2.DATASUS. gov.br/datasus/index.php, acessado em 14/ Abr/2017). Os suicídios represen-taram 0,8% do total de óbitos dos brasileiros e 6,6%

depressão, e mais de dois terços não estavam em tratamento quando morreram. A prevenção do suicídio é uma função crítica dos médicos e o reco-nhecimento da depressão é o primeiro passo para preveni-lo, especialmente quando existe co-morbi-dade com o abuso de substâncias (Minayo MCS, 2005). Lesões autoprovocadas representam um importante preditor de suicídio subsequente e a maioria destes casos de autoagressão é atendida em algum tipo de serviço de saúde, principalmente na emergência, antes de ocorrer uma tentativa fatal de suicídio. Esse primeiro contato é uma excelente oportunidade para que médicos e enfermeiros identifiquem o potencial nível de risco e possam intervir para reduzi-lo. Assim, quando alguém é atendido em serviços de saúde após a tentativa, a avaliação desse potencial deve ocorrer desde o primeiro contato e durante a permanência no hospital. Porém, nem sempre essa oportunidade é aproveitada pela equipe, seja pelas características do serviço de emergência ou por despreparo e dificuldade para lidar com pacientes suicidas. Após a alta, é necessário o encaminhamento efetivo para acompanhamento psiquiátrico, psicológico e de suporte familiar e social. Considerando as tentativas não fatais, é importante que o planejamento das práticas de saúde contemple o acesso universal aos serviços de saúde e assistência médica, psicológica e social integral e apropriada. Nesse sentido, é fundamental a capacitação dos profissionais de saúde da atenção básica, das unidades de emer-gência e dos serviços de saúde mental, os quais deveriam se articular de forma organizada e resolu-tiva dentro da rede de saúde.

Município: GuaiubaTemática: Atenção Básica

ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA MAIS MÉDICOS NO BRASIL

Autores: Geovana Maria Santana Malheiro, Carlos Garcia Filho e Josete Malheiro Tavares.

INTRODUÇÃOO Programa Mais Médicos (PMM) foi instituído pela Lei Federal nº 12.871/2013, atualmente está presen-te em 4.058 municípios e nos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas, contando com mais de 18 mil médicos. Surgiu com forte apelo político do conjun-to dos prefeitos de municípios brasileiros, em março de 2012, durante a 61ª Reunião Geral da Frente Nacional de Prefeitos, realizado em Brasília-DF, entre os dias 27 e 29 de março de 2012 que utilizou o brado “Presidenta, cadê o médico?”. Segundo Sheffer (2016), o PMM engloba três macro compo-nentes: 1) a provisão de médicos em locais desas-sistidos; 2) expansão da oferta de cursos e vagas de graduação de medicina e residência médica; e 3) novas diretrizes e parâmetros para a formação médica. Em face dos cenários políticos da época, houve necessidade de legitimação no curto prazo, tendo os atores de governo utilizado de superlativo valor positivo do programa. Além de medidas emer-genciais para provimento de médicos em locais historicamente desassistidos, favorecendo o acesso destas populações, o PMM prospecta mudanças de médio prazo na formação médica, na universaliza-ção da residência médica, com ênfase em medicina de família e comunidade e na ampliação de vagas com respectivas mudanças nas diretrizes curricula-res dos cursos de medicina. Esses elementos são apontados por Facchini et al. (2016) como impor-tantes para a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) e se constituem como a maior iniciati-va do Estado brasileiro direcionada para tal fim. Em face disso, a Associação Brasileira de Saúde Coleti-va (ABRASCO) e a Organização Pan Americana de

vorecidas e ausência de carreira de médicos de APS no SUS. Somado a tudo isso está o conturbado momento político vivido no Brasil, com as ameaças de desvinculação de receitas e de limites para despesas públicas que somadas ao subfinancia-mento crônico, atentam contra o direito a saúde e as perspectivas de avanços na construção do SUS.

RESULTADOS E IMPACTOAlguns estados foram chamados para apoiar o processo de adaptação dos médicos intercambistas de outras nacionalidades, tendo o Ceará atuado com protagonismo no início do PMM. Sobre o perfil dos médicos, os dados do Ministério da Saúde, divulgados pelo Jornal O Estado de São Paulo, edição de 31 de janeiro de 2017 assinalam haver 18.240 médicos atuando no PMM. Destes, 62,6% são cubanos, 29% são brasileiros formados no Brasil, enquanto 8,4% são brasileiros formados no exterior ou de outras nacionalidades. Segundo o jornal, o governo brasileiro trabalha com a perspec-tiva de substituição gradual de 4 mil médicos cuba-nos por brasileiros nos próximos três anos. Com essa medida, deverão ser reduzidas as atuais 11,4 mil para 7,4 mil vagas ocupadas por médicos intercam-bistas originários de Cuba. Os médicos integrantes do PMM devem ter um processo formativo em serviço, em nível de especialização, tendo que dedi-car 8 horas diárias para tais atividades formativas, que são acompanhadas por tutorial de universida-des públicas federais e outras instituições formado-ras públicas, de acordo com a Política Nacional de Atenção Básica, revisada em 2011.

CONCLUSÕESO PMM ampliou o acesso e a garantia do direito a saúde a milhões de brasileiros através do provimen-to como nunca antes se viu, com a distribuição de mais de 18 mil médicos em praticamente todo o território nacional, isso num curto intervalo de tempo. Embora sendo provisão emergencial de médicos, tendo tornado alguns municípios que conviviam com escassez, carência e privação de serviços de saúde dependentes do programa.

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sustentação

Page 58: edição comemorativa - cosemsce.org.br · Leticia Reichel dos Santos (Secretária de Saúde de Cariré) ... Suplente: Neuza Moreira de Carvalho (Secretária de Saúde de Altaneira)

Saúde (OPAS) organizaram pesquisa sobre o PMM, reunindo uma coletânea de 30 artigos, todos agru-pados e publicados numa edição histórica da Revis-ta de Ciência e Saúde Coletiva (nº 9, vol 21, de setembro/2016) com utilização de temática, abran-gência e metodologia diversificadas, focando temas como provimento emergencial, formação médica e infraestrutura de unidades básicas de saúde. Por se tratar de um programa recente, os artigos da coletâ-nea apontam que resultados efetivos só poderão ser melhor avaliados no médio e longo prazo.

FINALIDADE DA EXPERIÊNCIAAnalisar a Implantação do Programa Mais Médicos no Brasil num curto intervalo de tempo. Descrever as principais críticas ao PMM. Algumas se dão no campo da limitação e persistência da ausência de uma carreira para o SUS, o que eleva as dificuldades de fixação de profissionais nas regiões mais distan-tes do país. Outra limitação é que o PMM é focado no médico, quando deveria ser na equipe multipro-fissional. O apoio prestado pelas instituições super-visoras é insuficiente ao invés de ser médico-cen-trado, deveria inserir-se como apoio a gestão dos processos locais, trabalho da equipe em serviço e gestão do cuidado.

DINÂMICA E ESTRATÉGIAS DOS PROCEDIMENTOS USADOSAs pesquisas realizadas até aqui apontam alguns pontos digno de nota: os municípios contemplados foram na maioria aqueles com maior vulnerabilida-de social, houve importante redução da escassez de médicos nas equipes de saúde da família, amplia-ção do acesso da população as ações e serviços de ações primárias de saúde (APS), melhoria da quali-dade da atenção básica, satisfação dos usuários, crescimento no processo de educação permanente com tutoria e impactos positivos no dia a dia das equipes de saúde da família. Os principais desafios percebidos são a substituição parcial de médicos de equipes preexistentes, desigualdades regionais na distribuição desses profissionais, incipiência de vínculos estáveis para fixação de profissionais em

áreas remotas e desfavorecidas e ausência de carreira de médicos de APS no SUS. Somado a tudo isso está o conturbado momento político vivido no Brasil, com as ameaças de desvinculação de recei-tas e de limites para despesas públicas que somadas ao subfinanciamento crônico, atentam contra o direito a saúde e as perspectivas de avanços na construção do SUS. Os médicos integrantes do PMM devem ter um processo formativo em serviço, em nível de especialização, tendo que dedicar 8 horas diárias para tais atividades formativas, que são acompanhadas por tutorial de universidades públicas federais e outras instituições formadoras públicas, de acordo com a Política Nacional de Atenção Básica, revisada em 2011. A contradição percebida pelos gestores municipais do SUS é que após um ano, via de regra o profissional encerra o curso de especialização e permanece com uma espécie de folga semanal, em prejuízo das deman-das locais dos servidos básicos de saúde e gerando contraditos para com os demais membros das equi-pes, que cobram tratamento isonômico.

INDICADORES/VARIÁVEIS/COLETA DE DADOSPesquisa de opinião pública realizada, segundo o CONASS (2016), apontam que 94,1% dos usuários entrevistados avaliaram a consulta do médico do PMM como “muito boa” e “boa”, 98,1% declararam que o médico ouviu com atenção todas as suas queixas e 87% relatou que compreendeu as explica-ções e indicações que o médico forneceu sobre a doença e o tratamento. As pesquisas relatam certa estranheza positiva dos pacientes ouvidos quanto aos médicos cubanos realizarem vistas em suas casas, mesmo em condições adversas para muitos.

OBSERVAÇÕES/AVALIAÇÃO/MONITORA-MENTOOs principais desafios percebidos são a substituição parcial de médicos de equipes preexistentes, desi-gualdades regionais na distribuição desses profis-sionais, incipiência de vínculos estáveis para fixação de profissionais em áreas remotas e desfa-

Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

Município: GuaiubaTemática: Atenção Básica

ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA MAIS MÉDICOS NO BRASIL

Autores: Geovana Maria Santana Malheiro, Carlos Garcia Filho e Josete Malheiro Tavares.

INTRODUÇÃOO Programa Mais Médicos (PMM) foi instituído pela Lei Federal nº 12.871/2013, atualmente está presen-te em 4.058 municípios e nos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas, contando com mais de 18 mil médicos. Surgiu com forte apelo político do conjun-to dos prefeitos de municípios brasileiros, em março de 2012, durante a 61ª Reunião Geral da Frente Nacional de Prefeitos, realizado em Brasília-DF, entre os dias 27 e 29 de março de 2012 que utilizou o brado “Presidenta, cadê o médico?”. Segundo Sheffer (2016), o PMM engloba três macro compo-nentes: 1) a provisão de médicos em locais desas-sistidos; 2) expansão da oferta de cursos e vagas de graduação de medicina e residência médica; e 3) novas diretrizes e parâmetros para a formação médica. Em face dos cenários políticos da época, houve necessidade de legitimação no curto prazo, tendo os atores de governo utilizado de superlativo valor positivo do programa. Além de medidas emer-genciais para provimento de médicos em locais historicamente desassistidos, favorecendo o acesso destas populações, o PMM prospecta mudanças de médio prazo na formação médica, na universaliza-ção da residência médica, com ênfase em medicina de família e comunidade e na ampliação de vagas com respectivas mudanças nas diretrizes curricula-res dos cursos de medicina. Esses elementos são apontados por Facchini et al. (2016) como impor-tantes para a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) e se constituem como a maior iniciati-va do Estado brasileiro direcionada para tal fim. Em face disso, a Associação Brasileira de Saúde Coleti-va (ABRASCO) e a Organização Pan Americana de

vorecidas e ausência de carreira de médicos de APS no SUS. Somado a tudo isso está o conturbado momento político vivido no Brasil, com as ameaças de desvinculação de receitas e de limites para despesas públicas que somadas ao subfinancia-mento crônico, atentam contra o direito a saúde e as perspectivas de avanços na construção do SUS.

RESULTADOS E IMPACTOAlguns estados foram chamados para apoiar o processo de adaptação dos médicos intercambistas de outras nacionalidades, tendo o Ceará atuado com protagonismo no início do PMM. Sobre o perfil dos médicos, os dados do Ministério da Saúde, divulgados pelo Jornal O Estado de São Paulo, edição de 31 de janeiro de 2017 assinalam haver 18.240 médicos atuando no PMM. Destes, 62,6% são cubanos, 29% são brasileiros formados no Brasil, enquanto 8,4% são brasileiros formados no exterior ou de outras nacionalidades. Segundo o jornal, o governo brasileiro trabalha com a perspec-tiva de substituição gradual de 4 mil médicos cuba-nos por brasileiros nos próximos três anos. Com essa medida, deverão ser reduzidas as atuais 11,4 mil para 7,4 mil vagas ocupadas por médicos intercam-bistas originários de Cuba. Os médicos integrantes do PMM devem ter um processo formativo em serviço, em nível de especialização, tendo que dedi-car 8 horas diárias para tais atividades formativas, que são acompanhadas por tutorial de universida-des públicas federais e outras instituições formado-ras públicas, de acordo com a Política Nacional de Atenção Básica, revisada em 2011.

CONCLUSÕESO PMM ampliou o acesso e a garantia do direito a saúde a milhões de brasileiros através do provimen-to como nunca antes se viu, com a distribuição de mais de 18 mil médicos em praticamente todo o território nacional, isso num curto intervalo de tempo. Embora sendo provisão emergencial de médicos, tendo tornado alguns municípios que conviviam com escassez, carência e privação de serviços de saúde dependentes do programa.

Município: Limoeiro do NorteTemática: Regulação do SUS no Município

REGULAÇÃO DO SUS NO MUNICIPIO DE LIMOEIRO DO NORTE, UMA CONQUISTA A BUSCA DA EFICÁCIA E EFICIÊNCIA, DEMAN-DA X OFERTA

Autores: Magda Ferreira Queiroga, Nacélio Alves do Nascimento, José Reginaldo Nogueira de Sousa, José Aristides Lima de Araújo, Francisco Ielano Vasconcelos Mesquita, Valnice Mendes Castro e Sandra Maria Lira.

INTRODUÇÃOA central de regulação de Limoeiro do Norte funcio-na de segunda a sexta feira, com atendimento aos pacientes, ainda centralizado na secretaria de saúde local com uma demanda reprimida de mais de 3.000 pacientes em demandas de consulta e exames, com uma organização iniciada desde janeiro de 2017, para descentralização dos serviços e descentralização para as unidades básicas. O município de Limoeiro consta com 17 equipes de saúde da família onde até o momento não foram descentralizados os agendamentos das consultas e exames para melhor direcionamento dos pacientes em casos de crônicos e agonizantes. Existindo desde janeiro 2017 um serviço de organização desses pacientes para agilidade dos pacientes com inicio de neoplasias e tratamentos.

FINALIDADE DA EXPERIÊNCIAA experiência tem como finalidade descentralizar os agendamentos da central de regulação e organi-zação dos atendimentos crônicos e agonizantes dando maior agilidade e tempo oportuno dos pacientes com neoplasias.

DINÂMICA E ESTRATÉGIASDOS PROCEDIMENTOS USADOSImplementar uma diretriz de capacitação para os profissionais da atenção básica com ênfase nas

Congresso Norte e Nordestede Secretarias Municipais de Saúde

sustentação

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causas crônicas e agonizantes. 1. Instrumentalizar os profissionais da atenção nos seguimentos dos protocolos para dar seguimento correto as solicita-ção pré-estabelecidas pelo ministério da saúde; 2. Discutir as diretrizes e os princípios que definem o modelo do SUS, as metas a serem alcançadas e os obstáculos reais que dificultam a sua efetivação; 3. Fortalecer a ação da central de regulação com digitadores e organização dos serviços; 4. Implantar o telessaúde/ telemedicina como parceiro da orga-nização dos serviços e encaminhamentos.

INDICADORES/VARIÁVEIS/COLETADE DADOSCapacitar profissionais das 17 equipes de saúde da família do município de Limoeiro do Norte, com protocolos e linhas de cuidados para com ênfase aos pacientes crônicos e agonizantes.

OBSERVAÇÕES/AVALIAÇÃO/MONITORA-MENTOA capacitação será direcionada a todos os profissio-nais da atenção básica, hospital e outros serviços ligados a central de regulação, conforme cada cate-goria com a participação do NUTEDS, regional de saúde, organização da PGASS e demais órgãos para organização das ações da central de regulação. Metodologia dialógica que promova o debate entre os profissionais para a construção e efetivação do conhecimento no coletivo do pleno.

RESULTADOS E IMPACTOAs realizações das oficinas deverão atender os objetivos e a solicitação dos pacientes e preparação dos profissionais, para melhorar seus conhecimen-tos na base legal e jurídica e compreensão, dos protocolos e linhas de cuidados para o atendimento no tempo opoturno dos pacientes que buscam a central de regulação do município.

CONCLUSÕESFortalecer a central de regulação e trabalhar a PGASS nos municípios de referências e contra refe-

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Saúde (OPAS) organizaram pesquisa sobre o PMM, reunindo uma coletânea de 30 artigos, todos agru-pados e publicados numa edição histórica da Revis-ta de Ciência e Saúde Coletiva (nº 9, vol 21, de setembro/2016) com utilização de temática, abran-gência e metodologia diversificadas, focando temas como provimento emergencial, formação médica e infraestrutura de unidades básicas de saúde. Por se tratar de um programa recente, os artigos da coletâ-nea apontam que resultados efetivos só poderão ser melhor avaliados no médio e longo prazo.

FINALIDADE DA EXPERIÊNCIAAnalisar a Implantação do Programa Mais Médicos no Brasil num curto intervalo de tempo. Descrever as principais críticas ao PMM. Algumas se dão no campo da limitação e persistência da ausência de uma carreira para o SUS, o que eleva as dificuldades de fixação de profissionais nas regiões mais distan-tes do país. Outra limitação é que o PMM é focado no médico, quando deveria ser na equipe multipro-fissional. O apoio prestado pelas instituições super-visoras é insuficiente ao invés de ser médico-cen-trado, deveria inserir-se como apoio a gestão dos processos locais, trabalho da equipe em serviço e gestão do cuidado.

DINÂMICA E ESTRATÉGIAS DOS PROCEDIMENTOS USADOSAs pesquisas realizadas até aqui apontam alguns pontos digno de nota: os municípios contemplados foram na maioria aqueles com maior vulnerabilida-de social, houve importante redução da escassez de médicos nas equipes de saúde da família, amplia-ção do acesso da população as ações e serviços de ações primárias de saúde (APS), melhoria da quali-dade da atenção básica, satisfação dos usuários, crescimento no processo de educação permanente com tutoria e impactos positivos no dia a dia das equipes de saúde da família. Os principais desafios percebidos são a substituição parcial de médicos de equipes preexistentes, desigualdades regionais na distribuição desses profissionais, incipiência de vínculos estáveis para fixação de profissionais em

áreas remotas e desfavorecidas e ausência de carreira de médicos de APS no SUS. Somado a tudo isso está o conturbado momento político vivido no Brasil, com as ameaças de desvinculação de recei-tas e de limites para despesas públicas que somadas ao subfinanciamento crônico, atentam contra o direito a saúde e as perspectivas de avanços na construção do SUS. Os médicos integrantes do PMM devem ter um processo formativo em serviço, em nível de especialização, tendo que dedicar 8 horas diárias para tais atividades formativas, que são acompanhadas por tutorial de universidades públicas federais e outras instituições formadoras públicas, de acordo com a Política Nacional de Atenção Básica, revisada em 2011. A contradição percebida pelos gestores municipais do SUS é que após um ano, via de regra o profissional encerra o curso de especialização e permanece com uma espécie de folga semanal, em prejuízo das deman-das locais dos servidos básicos de saúde e gerando contraditos para com os demais membros das equi-pes, que cobram tratamento isonômico.

INDICADORES/VARIÁVEIS/COLETA DE DADOSPesquisa de opinião pública realizada, segundo o CONASS (2016), apontam que 94,1% dos usuários entrevistados avaliaram a consulta do médico do PMM como “muito boa” e “boa”, 98,1% declararam que o médico ouviu com atenção todas as suas queixas e 87% relatou que compreendeu as explica-ções e indicações que o médico forneceu sobre a doença e o tratamento. As pesquisas relatam certa estranheza positiva dos pacientes ouvidos quanto aos médicos cubanos realizarem vistas em suas casas, mesmo em condições adversas para muitos.

OBSERVAÇÕES/AVALIAÇÃO/MONITORA-MENTOOs principais desafios percebidos são a substituição parcial de médicos de equipes preexistentes, desi-gualdades regionais na distribuição desses profis-sionais, incipiência de vínculos estáveis para fixação de profissionais em áreas remotas e desfa-

Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

Município: GuaiubaTemática: Atenção Básica

ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA MAIS MÉDICOS NO BRASIL

Autores: Geovana Maria Santana Malheiro, Carlos Garcia Filho e Josete Malheiro Tavares.

INTRODUÇÃOO Programa Mais Médicos (PMM) foi instituído pela Lei Federal nº 12.871/2013, atualmente está presen-te em 4.058 municípios e nos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas, contando com mais de 18 mil médicos. Surgiu com forte apelo político do conjun-to dos prefeitos de municípios brasileiros, em março de 2012, durante a 61ª Reunião Geral da Frente Nacional de Prefeitos, realizado em Brasília-DF, entre os dias 27 e 29 de março de 2012 que utilizou o brado “Presidenta, cadê o médico?”. Segundo Sheffer (2016), o PMM engloba três macro compo-nentes: 1) a provisão de médicos em locais desas-sistidos; 2) expansão da oferta de cursos e vagas de graduação de medicina e residência médica; e 3) novas diretrizes e parâmetros para a formação médica. Em face dos cenários políticos da época, houve necessidade de legitimação no curto prazo, tendo os atores de governo utilizado de superlativo valor positivo do programa. Além de medidas emer-genciais para provimento de médicos em locais historicamente desassistidos, favorecendo o acesso destas populações, o PMM prospecta mudanças de médio prazo na formação médica, na universaliza-ção da residência médica, com ênfase em medicina de família e comunidade e na ampliação de vagas com respectivas mudanças nas diretrizes curricula-res dos cursos de medicina. Esses elementos são apontados por Facchini et al. (2016) como impor-tantes para a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) e se constituem como a maior iniciati-va do Estado brasileiro direcionada para tal fim. Em face disso, a Associação Brasileira de Saúde Coleti-va (ABRASCO) e a Organização Pan Americana de

vorecidas e ausência de carreira de médicos de APS no SUS. Somado a tudo isso está o conturbado momento político vivido no Brasil, com as ameaças de desvinculação de receitas e de limites para despesas públicas que somadas ao subfinancia-mento crônico, atentam contra o direito a saúde e as perspectivas de avanços na construção do SUS.

RESULTADOS E IMPACTOAlguns estados foram chamados para apoiar o processo de adaptação dos médicos intercambistas de outras nacionalidades, tendo o Ceará atuado com protagonismo no início do PMM. Sobre o perfil dos médicos, os dados do Ministério da Saúde, divulgados pelo Jornal O Estado de São Paulo, edição de 31 de janeiro de 2017 assinalam haver 18.240 médicos atuando no PMM. Destes, 62,6% são cubanos, 29% são brasileiros formados no Brasil, enquanto 8,4% são brasileiros formados no exterior ou de outras nacionalidades. Segundo o jornal, o governo brasileiro trabalha com a perspec-tiva de substituição gradual de 4 mil médicos cuba-nos por brasileiros nos próximos três anos. Com essa medida, deverão ser reduzidas as atuais 11,4 mil para 7,4 mil vagas ocupadas por médicos intercam-bistas originários de Cuba. Os médicos integrantes do PMM devem ter um processo formativo em serviço, em nível de especialização, tendo que dedi-car 8 horas diárias para tais atividades formativas, que são acompanhadas por tutorial de universida-des públicas federais e outras instituições formado-ras públicas, de acordo com a Política Nacional de Atenção Básica, revisada em 2011.

CONCLUSÕESO PMM ampliou o acesso e a garantia do direito a saúde a milhões de brasileiros através do provimen-to como nunca antes se viu, com a distribuição de mais de 18 mil médicos em praticamente todo o território nacional, isso num curto intervalo de tempo. Embora sendo provisão emergencial de médicos, tendo tornado alguns municípios que conviviam com escassez, carência e privação de serviços de saúde dependentes do programa.

Município: Limoeiro do NorteTemática: Regulação do SUS no Município

REGULAÇÃO DO SUS NO MUNICIPIO DE LIMOEIRO DO NORTE, UMA CONQUISTA A BUSCA DA EFICÁCIA E EFICIÊNCIA, DEMAN-DA X OFERTA

Autores: Magda Ferreira Queiroga, Nacélio Alves do Nascimento, José Reginaldo Nogueira de Sousa, José Aristides Lima de Araújo, Francisco Ielano Vasconcelos Mesquita, Valnice Mendes Castro e Sandra Maria Lira.

INTRODUÇÃOA central de regulação de Limoeiro do Norte funcio-na de segunda a sexta feira, com atendimento aos pacientes, ainda centralizado na secretaria de saúde local com uma demanda reprimida de mais de 3.000 pacientes em demandas de consulta e exames, com uma organização iniciada desde janeiro de 2017, para descentralização dos serviços e descentralização para as unidades básicas. O município de Limoeiro consta com 17 equipes de saúde da família onde até o momento não foram descentralizados os agendamentos das consultas e exames para melhor direcionamento dos pacientes em casos de crônicos e agonizantes. Existindo desde janeiro 2017 um serviço de organização desses pacientes para agilidade dos pacientes com inicio de neoplasias e tratamentos.

FINALIDADE DA EXPERIÊNCIAA experiência tem como finalidade descentralizar os agendamentos da central de regulação e organi-zação dos atendimentos crônicos e agonizantes dando maior agilidade e tempo oportuno dos pacientes com neoplasias.

DINÂMICA E ESTRATÉGIASDOS PROCEDIMENTOS USADOSImplementar uma diretriz de capacitação para os profissionais da atenção básica com ênfase nas

causas crônicas e agonizantes. 1. Instrumentalizar os profissionais da atenção nos seguimentos dos protocolos para dar seguimento correto as solicita-ção pré-estabelecidas pelo ministério da saúde; 2. Discutir as diretrizes e os princípios que definem o modelo do SUS, as metas a serem alcançadas e os obstáculos reais que dificultam a sua efetivação; 3. Fortalecer a ação da central de regulação com digitadores e organização dos serviços; 4. Implantar o telessaúde/ telemedicina como parceiro da orga-nização dos serviços e encaminhamentos.

INDICADORES/VARIÁVEIS/COLETADE DADOSCapacitar profissionais das 17 equipes de saúde da família do município de Limoeiro do Norte, com protocolos e linhas de cuidados para com ênfase aos pacientes crônicos e agonizantes.

OBSERVAÇÕES/AVALIAÇÃO/MONITORA-MENTOA capacitação será direcionada a todos os profissio-nais da atenção básica, hospital e outros serviços ligados a central de regulação, conforme cada cate-goria com a participação do NUTEDS, regional de saúde, organização da PGASS e demais órgãos para organização das ações da central de regulação. Metodologia dialógica que promova o debate entre os profissionais para a construção e efetivação do conhecimento no coletivo do pleno.

RESULTADOS E IMPACTOAs realizações das oficinas deverão atender os objetivos e a solicitação dos pacientes e preparação dos profissionais, para melhorar seus conhecimen-tos na base legal e jurídica e compreensão, dos protocolos e linhas de cuidados para o atendimento no tempo opoturno dos pacientes que buscam a central de regulação do município.

CONCLUSÕESFortalecer a central de regulação e trabalhar a PGASS nos municípios de referências e contra refe-

rências e organização das pactuações entre os entes, estadual e municipal, com conhecimento e monitoramentos dos recursos e ações realizadas nos serviços de saúde, mostrando as bases legais de suas obrigações e deveres de cada servidor e das instituições pactuadas.

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considerando os temas abordados nos Ciclos Temáticos, Reuniões Ampliadas e Câmaras Técni-cas da CIB, através da lista de frequência, média de permanência nos eventos e regularidade na alimentação dos sistemas de informação da gestão.

OBSERVAÇÕES/AVALIAÇÃO/MONITORA-MENTOAs avaliações serão imediatas e quantitativas, após os eventos “Ciclos Temáticos”, Reuniões Ampliadas e Câmaras Técnicas da CIB, considerando as infor-mações de inscritos e de participantes; a participa-ção dos gestores em eventos centralizados na capi-tal e descentralizados nas macrorregiões, bem como a participação de assessores e trabalhadores, instituições parceiras e a produção de material instrucional de apoio à gestão municipal. O monito-ramento será bimestral e/ou quadrimestral (confor-me os sistemas de informação) ou de acordo com a realização dos eventos e apresentados em CIR e CIB, com os respectivos produtos gerados.

RESULTADOS E IMPACTOCiclo Temático sobre o SIOPS – evento descentrali-zado nas macrorregiões Norte (período de 16 e 17 de março de 2017) Macrorregião Norte: Total de muni-cípios – 57, Total de Inscritos – 102, Total de partici-pantes – 68, % de participação – 66,6%. Ciclo temá-tico sobre Atenção Básica (Programa Mais Médico, Requalifica UBS, PMAQ, eSUS AB - PEC) – evento centralizado na macrorregião Fortaleza realizado no período de 23 a 24 de março de 2017. Total de municípios – 180, Total de Inscritos – 365, Total de participantes – 295, % de participação – 80,8%. Reunião Ampliada do COSEMS/CE, realizada no dia 17 de março de 2017. Total de municípios – 26, Total de Inscritos – 45, Total de participantes – 35, % de participação – 77,7%. Câmaras Técnicas da CIB/CE: De Gestão, Planejamento e Financiamento – realizada em 28 de março de 2017. Nº de membros titulares -28, Nº de participantes -17, % de participa-ção – 60,71 %. Produto gerado: Encaminhamento para realização de oficinas macrorregionais para

evidência (NEV ) no Conselho de Secretários Muni-cipais da Saúde do Ceará (COSEMS/CE) com o objetivo de promover o uso de evidências pelos tomadores de decisão; Melhorar as práticas de gestão no sistema de saúde; Aprimorar as escolhas baseada na relação de custo/beneficio e custo/efe-tividade; Aumentar a abrangência e aprofunda-mento das políticas públicas endereçadas a proble-mas de saúde relevantes; Reduzir obstáculos na utilização do conhecimento científico na formula-ção, implementação e avaliação das políticas de saúde; Aumentar e melhorar a disseminação social do conhecimento produzido pelas pesquisas cientí-ficas, em especial no campo da saúde pública; com-partilhar experiências exitosas entre municípios com características semelhantes (porte populacio-nal, pontos de atenção, limites financeiros).

DINÂMICA E ESTRATÉGIASDOS PROCEDIMENTOS USADOSDefinição de calendário para realização de reuniões com gestores (Secretário Municipal da Saúde) para melhor entendimento do contexto, considerando as necessidades e especificidades locais; Realização dos Ciclo Temáticos pelo COSEMS; Realizar Ofici-nas para motivação de gestores e assessores no exercício da função pública; Realizar a Oficina em Políticas Informadas por Evidências: Conhecimento e prática para fortalecer os serviços de saúde com o objetivo de agregar conhecimento e contribuir para a gestão em saúde ao compartilhar experiências com relação ao uso das evidências científicas na formulação e implementação de políticas de saúde; Workshop sobre o uso de Evidências no Cotidiano da Gestão Municipal do SUS; Curso com carga horária mínima de 40h sobre a o uso de evidências científicas na tomada de decisão em gestão de saúde pública.

INDICADORES/VARIÁVEIS/COLETADE DADOSOs indicadores a serem trabalhados serão, a curto prazo, quantitativos e, a médio prazo, qualitativos,

Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

pactuação da PGASS.

CONCLUSÕESEstratégias para estimular o uso de evidências cien-tíficas na tomada de decisão em saúde podem ser desenvolvidas de maneira sinérgica, considerando o contexto local e as implicações das estratégias para o sistema de saúde como um todo. Promover o uso da evidência científica em nível municipal, informando a gestão no processo de elaboração e implementação de políticas de saúde em face de problemas concretos e relevantes, pode potenciali-zar resultados e otimizar recursos, ao tempo em que favorece a comunicação entre pesquisa científica, gestão da saúde e sociedade.

Entidade: COSEMS/CETemática: Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde

O USO DE EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS NA TOMADA DE DECISÃO EM GESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA

Autores: Tereza Cristina Mota de Souza Alves, Josete Malheiro Tavares , Sayonara Moura de Oliveira Cidade , Ângelo Luís Leite Nóbrega ,Ana Virginia de Castro Justa.

INTRODUÇÃOComo define Pádua (1997) pesquisa é uma ativida-de que, voltada à responder questões que brotam de inquietação diante da realidade, conduz a elabora-ção de um conhecimento novo, que auxilia na sua compreensão. Corroborando com o autor, como gestores de saúde pública nos últimos dez anos, observamos a fragilidade das tomadas de decisões muitas vezes levadas pela urgência da ação; se por um lado as evidências científicas são consideradas em todo o mundo um elemento importante para o desenvolvimento de políticas efetivas, do outro o uso sistemático dos resultados de pesquisas cientí-ficas por tomadores de decisão ainda é incipiente. O diálogo restrito entre política e academia se origina possivelmente nas diferenças entre as atividades, interesses e posicionamentos de cientistas e toma-dores de decisão, que incluem, entre outros, atitudes diferentes em relação à informação, objetivos e desenvolvimento das carreiras (CHOI et al., 2005). Decisões no âmbito da gestão e das políticas em saúde sem o suporte de evidências em geral podem não produzir impactos sobre a saúde da população. Através do conhecimento da melhor evidência científica disponível, o gestor pode associar esse conhecimento a sua expertise, e tomar decisões mais assertivas.

FINALIDADE DA EXPERIÊNCIAA proposta de produto é a implantação do núcleo de

Congresso Norte e Nordestede Secretarias Municipais de Saúde

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considerando os temas abordados nos Ciclos Temáticos, Reuniões Ampliadas e Câmaras Técni-cas da CIB, através da lista de frequência, média de permanência nos eventos e regularidade na alimentação dos sistemas de informação da gestão.

OBSERVAÇÕES/AVALIAÇÃO/MONITORA-MENTOAs avaliações serão imediatas e quantitativas, após os eventos “Ciclos Temáticos”, Reuniões Ampliadas e Câmaras Técnicas da CIB, considerando as infor-mações de inscritos e de participantes; a participa-ção dos gestores em eventos centralizados na capi-tal e descentralizados nas macrorregiões, bem como a participação de assessores e trabalhadores, instituições parceiras e a produção de material instrucional de apoio à gestão municipal. O monito-ramento será bimestral e/ou quadrimestral (confor-me os sistemas de informação) ou de acordo com a realização dos eventos e apresentados em CIR e CIB, com os respectivos produtos gerados.

RESULTADOS E IMPACTOCiclo Temático sobre o SIOPS – evento descentrali-zado nas macrorregiões Norte (período de 16 e 17 de março de 2017) Macrorregião Norte: Total de muni-cípios – 57, Total de Inscritos – 102, Total de partici-pantes – 68, % de participação – 66,6%. Ciclo temá-tico sobre Atenção Básica (Programa Mais Médico, Requalifica UBS, PMAQ, eSUS AB - PEC) – evento centralizado na macrorregião Fortaleza realizado no período de 23 a 24 de março de 2017. Total de municípios – 180, Total de Inscritos – 365, Total de participantes – 295, % de participação – 80,8%. Reunião Ampliada do COSEMS/CE, realizada no dia 17 de março de 2017. Total de municípios – 26, Total de Inscritos – 45, Total de participantes – 35, % de participação – 77,7%. Câmaras Técnicas da CIB/CE: De Gestão, Planejamento e Financiamento – realizada em 28 de março de 2017. Nº de membros titulares -28, Nº de participantes -17, % de participa-ção – 60,71 %. Produto gerado: Encaminhamento para realização de oficinas macrorregionais para

evidência (NEV ) no Conselho de Secretários Muni-cipais da Saúde do Ceará (COSEMS/CE) com o objetivo de promover o uso de evidências pelos tomadores de decisão; Melhorar as práticas de gestão no sistema de saúde; Aprimorar as escolhas baseada na relação de custo/beneficio e custo/efe-tividade; Aumentar a abrangência e aprofunda-mento das políticas públicas endereçadas a proble-mas de saúde relevantes; Reduzir obstáculos na utilização do conhecimento científico na formula-ção, implementação e avaliação das políticas de saúde; Aumentar e melhorar a disseminação social do conhecimento produzido pelas pesquisas cientí-ficas, em especial no campo da saúde pública; com-partilhar experiências exitosas entre municípios com características semelhantes (porte populacio-nal, pontos de atenção, limites financeiros).

DINÂMICA E ESTRATÉGIASDOS PROCEDIMENTOS USADOSDefinição de calendário para realização de reuniões com gestores (Secretário Municipal da Saúde) para melhor entendimento do contexto, considerando as necessidades e especificidades locais; Realização dos Ciclo Temáticos pelo COSEMS; Realizar Ofici-nas para motivação de gestores e assessores no exercício da função pública; Realizar a Oficina em Políticas Informadas por Evidências: Conhecimento e prática para fortalecer os serviços de saúde com o objetivo de agregar conhecimento e contribuir para a gestão em saúde ao compartilhar experiências com relação ao uso das evidências científicas na formulação e implementação de políticas de saúde; Workshop sobre o uso de Evidências no Cotidiano da Gestão Municipal do SUS; Curso com carga horária mínima de 40h sobre a o uso de evidências científicas na tomada de decisão em gestão de saúde pública.

INDICADORES/VARIÁVEIS/COLETADE DADOSOs indicadores a serem trabalhados serão, a curto prazo, quantitativos e, a médio prazo, qualitativos,

Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

pactuação da PGASS.

CONCLUSÕESEstratégias para estimular o uso de evidências cien-tíficas na tomada de decisão em saúde podem ser desenvolvidas de maneira sinérgica, considerando o contexto local e as implicações das estratégias para o sistema de saúde como um todo. Promover o uso da evidência científica em nível municipal, informando a gestão no processo de elaboração e implementação de políticas de saúde em face de problemas concretos e relevantes, pode potenciali-zar resultados e otimizar recursos, ao tempo em que favorece a comunicação entre pesquisa científica, gestão da saúde e sociedade.

Entidade: COSEMS/CETemática: Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde

O USO DE EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS NA TOMADA DE DECISÃO EM GESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA

Autores: Tereza Cristina Mota de Souza Alves, Josete Malheiro Tavares , Sayonara Moura de Oliveira Cidade , Ângelo Luís Leite Nóbrega ,Ana Virginia de Castro Justa.

INTRODUÇÃOComo define Pádua (1997) pesquisa é uma ativida-de que, voltada à responder questões que brotam de inquietação diante da realidade, conduz a elabora-ção de um conhecimento novo, que auxilia na sua compreensão. Corroborando com o autor, como gestores de saúde pública nos últimos dez anos, observamos a fragilidade das tomadas de decisões muitas vezes levadas pela urgência da ação; se por um lado as evidências científicas são consideradas em todo o mundo um elemento importante para o desenvolvimento de políticas efetivas, do outro o uso sistemático dos resultados de pesquisas cientí-ficas por tomadores de decisão ainda é incipiente. O diálogo restrito entre política e academia se origina possivelmente nas diferenças entre as atividades, interesses e posicionamentos de cientistas e toma-dores de decisão, que incluem, entre outros, atitudes diferentes em relação à informação, objetivos e desenvolvimento das carreiras (CHOI et al., 2005). Decisões no âmbito da gestão e das políticas em saúde sem o suporte de evidências em geral podem não produzir impactos sobre a saúde da população. Através do conhecimento da melhor evidência científica disponível, o gestor pode associar esse conhecimento a sua expertise, e tomar decisões mais assertivas.

FINALIDADE DA EXPERIÊNCIAA proposta de produto é a implantação do núcleo de 59

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Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

Município: BarbalhaTemática: Promoção da Saúde

SAÚDE MATERNA: UMA ABORDAGEM INTE-GRAL ÀS MULHERES DE BARBALHA DURAN-TE O ALEITAMENTO MATERNO

Autores: Vanderlânia Laurentino Souza, Pollyanna Callou de Morais Dantas, Vanderlânia Laurentino Souza, Nayara Luiza Pereira Rodrigues, Raelly Ayres Coutinho e Cícero Cruz Macedo.

INTRODUÇÃONo Brasil, verifica-se que embora a maioria das mulheres inicie o aleitamento materno, mais da metade das crianças já não se encontra em ama-mentação exclusiva no primeiro mês de vida. Apesar da tendência ascendente da prática da amamentação no país, estamos longe de cumprir a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre a amamentação exclusiva até o sexto mês de vida e a continuidade do aleitamento materno até o segundo ano de vida ou mais. Asso-ciado a isso, é um momento em que a mulher está geralmente fragilizada emocionalmente pela queda hormonal pós-parto e pelas inseguranças geradas com o nascimento do filho e como conduzir a amamentação de forma bem sucedida.

FINALIDADE DA EXPERIÊNCIARealizar atendimento integral a mulher durante o processo de aleitamento exclusivo proporcionando o acolhimento satisfatório.

DINÂMICA E ESTRATÉGIASDOS PROCEDIMENTOS USADOSAcolhimento às mulheres desde o puerpério até o sexto mês de vida da criança; Orientações sobre os benefícios do aleitamento materno exclusivo no que tange aos cuidados com a pega, ao ordenha e armazenamento do leite materno seguro; Orienta-ções sobre a contracepção natural através do aleitamento materno exclusivo; Desmistificação

Mostra “Brasil, Aqui tem SUS”- Congresso do Conasems

quanto às crenças no que se refere à autoestima da mulher, à queda da libido, e a reinserção da mulher no mercado do trabalho.

INDICADORES/VARIÁVEIS/COLETADE DADOSEsse projeto é realizado há 22 anos por um pediatra, juntamente com os acadêmicos de medicina, onde duas vezes na semana são atendidas cerca de 30/40 mulheres com crianças menores de 06 meses, na oportunidade do encontro entre as mães que amamentam, existe a possibilidade das trocas de experiências fortalecendo-as a cerca de suas dúvidas e medos comuns ao período vividos.

OBSERVAÇÕES / AVALIAÇÃO / MONITORA-MENTOO monitoramento é realizado pela atenção básica através dos indicadores, que mantéma ponte entre o projeto e as unidades básicas de saúde.

RESULTADOS E IMPACTOAo longo desses 22 anos, conseguimos abranger um alto percentual de mulheres, estabelecendo o forta-lecimento da saúde da mulher de forma integral, reduzimos desnutrição infantil, fortalecemos o vínculo de mãe-filho, e profissional de saúde e melhoramos a credibilidade dos serviços no que se refere à saúde mulher durante os primeiros meses de vida do seu filho.

CONCLUSÕESO aleitamento materno sob livre demanda deve ser encorajado e garante a manutenção do vínculo mãe e filho que se inicia na gestação, cresce e se fortifica, devendo, portanto, ser incentivada a sua continui-dade para garantir bem-estar, segurança e saúde da criança. O suporte de acolhimento e de assistência integral à saúde da mulher durante esse período é fundamental para o sucesso do aleitamento mater-no e manutenção de vínculo entre as mulheres e as unidades de saúde do SUS.

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Municipal de Itarema-CE.

DINÂMICA E ESTRATÉGIASDOS PROCEDIMENTOS USADOSPara realização das 07(sete) pré-conferências de saúde realizadas na sede e nas comunidades (Lagoa do Mineiro, Córrego da Volta, Carvoeiro, Almofala, Área Indígena, Porto dos Barcos e Sede), a Comissão Organizadora da Conferência contou com a participação dos Agentes Comunitários de Saúde e profissionais das Equipes de Saúde da Família para mobilizar os diversos segmentos da comunidade, e esses atores sociais envolvidos utilizaram carro de som e convites por escrito como forma de convocação da população. A metodologia utilizada durante as pré-conferências foram discus-sões em grupo a cerca do tema central da Conferên-cia e dos 05 (cinco) eixos temáticos, definidos a partir da Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 500/2015 e do Regimento interno aprovada na reunião ordinária do Conselho de Saúde. Os eixos temáticos priorizados e que subsidiaram o processo de discussão e a elaboração de propostas foram: Direito a saúde; Garantia de acesso e atenção de qualidade; Participação e Controle Social; Valoriza-ção do trabalho e da Educação em Saúde; Financia-mento do SUS e Relação público-privado e Gestão do SUS e modelos de atenção a saúde. Participaram em torno de 278 pessoas nas pré-conferências realizadas e foram aprovadas propostas de âmbito municipal, estadual e federal que refletem as neces-sidades de saúde da população e que fornecem elementos para o acompanhamento e monitora-mento do Plano Plurianual (PPA) e para o Plano Municipal de Saúde (2015-2017).

INDICADORES/VARIÁVEIS/COLETA DE DADOSA coleta de dados foi realizada a partir da análise das atas e do controle de freqüência das pré-confe-rências municipais realizadas e do Relatório Final da Conferência Municipal de Saúde. Os Indicadores considerados foram à observância nas pré-confe-

Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

Município: ItaremaTemática: Participação da Comunidade na Saúde

A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO POPU-LAR ATRAVÉS DAS PRÉ-CONFERÊNCIAS REALIZADAS NAS COMUNIDADES PARA A EFETIVAÇÃO DA 6ª CONFERÊNCIA MUNICI-PAL DE SAÚDE DE ITAREMA.

Autores: Maria Alessandra Carvalho Albuquerque, Ana Paula Praciano Teixeira e Francisco Jackson Teixeira Albuquerque.

INTRODUÇÃOO Controle Social de Itarema, representado pelo Conselho Municipal de Saúde regulamentado a partir das Leis Federais Nº 8.080 e Nº 8.142/90 e pela Lei Municipal Nº 129/1997, em cumprimento a agenda política que mobiliza conselheiros e movi-mentos populares, acolheu o desafio para realizar a 6ª Conferência Municipal de Saúde com objetivo de efetivar espaços para exercícios da participação popular, para avaliar a situação de saúde dos itare-menses e para formular propostas de âmbito muni-cipal, estadual e federal em busca da melhoria da qualidade de vida da população e efetivação do Sistema Único de Saúde (SUS). As pré-conferências foram realizadas de forma descentralizada, nas comunidades e na sede garantiram a participação efetiva da população com representatividade dos diversos segmentos da sociedade possibilitando a elaboração de propostas que retrataram as reais necessidades da população, como também contri-buiu positivamente para a mudança na percepção destas pessoas acerca do SUS movidas pelo senti-mento de co-responsabilidade no processo de construção do Sistema de Saúde Municipal.

FINALIDADE DA EXPERIÊNCIAApresentar a importância da participação da comu-nidade como forma de efetivação do Controle Social no SUS na realização da 6ª Conferênca

Mostra “Brasil, Aqui tem SUS”- Congresso do Conasems

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rências e na Conferência Municipal de Saúde quanto à representatividade (Usuários, Profissionais de Saúde, Governo e Prestadores de Serviço) e a paridade (garantia de presença em todos os momentos de 50% de usuários em relação aos demais representantes).

OBSERVAÇÃO/AVALIAÇÃO/MONITORA-MENTOO processo de observação ocorreu durante as pré--conferências e na Conferência Municipal de Saúde, realizado pela Coordenadora de Planejamento e de técnicos da Secretaria Municipal de Saúde que registraram as impressões em relatórios. Foi elabo-rado um formulário de avaliação a ser aplicado com as pessoas que participaram das pré-conferências com o objetivo de verificar o índice quantitativo de participação da população, como também o grau de satisfação das pessoas em relação à metodologia utilizada nas pré-conferências.

RESULTADOS E IMPACTOA importância da participação da população em todo o processo pode ser constatada a partir do quantitativo de pessoas presentes nas pré-confe-rências e a relevância das propostas obtidas que totalizaram 169 propostas acerca do tema central e dos 05 eixos temáticos. Deste total de propostas encaminhadas das pré-conferências a 6ª Conferên-cia Municipal de Saúde, após discussão em grupo os Delegados votaram e aprovaram um total de 24 propostas, sendo 14 propostas para o nível munici-pal, 05 propostas para o nível Estadual e 05 propos-tas encaminhadas para o nível Federal. Foi envolvi-do em todo o processo de mobilização um total de 317 pessoas dos diversos segmentos da sociedade, e na Conferência Municipal de Saúde participaram 40 usuários, 48 profissionais de saúde, 13 prestado-res de serviço e 16 representantes do Governo Municipal, e deste total foram eleitos 08 Delegados para a Conferência Estadual. Os Delegados eleitos, de forma paritária, e as propostas aprovadas na 6ª Conferência Municipal de Saúde foram encami-

nhados para a Comissão Organizadora da 7ª Confe-rência Estadual de Saúde, conforme determina o Regimento que regulamenta a Conferência de Saúde.

CONCLUSÕESO processo de mobilização e a participação da comunidade nas pré-conferências municipais da saúde contribuíram positivamente para a efetivação do Controle Social no SUS. A valorização da opinião da comunidade expressa em propostas a serem consideradas no processo de planejamento da Saúde de Itarema contribuiu significativamente para a gestão participativa.

Observação: Além da “Mostra Brasil, Aqui tem SUS”, este trabalho também representou o Ceará no Con-gresso Norte de Nordeste de Secretarias Municipais de Saúde, realizado em Porto Seguro, na Bahia.

Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

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INDICADORES/VARIÁVEIS/COLETADE DADOSDurante a entrega dos dados produzidos, acontece abordagem qualitativa utilizando um checklist dialogado sobre a organização do serviço, também são dispostos dados coletados através do SISAB, nesse contexto é feito também um feedback dos resultados dos indicadores, utilizando legenda em cores: azul (positivo), verde (atenção) e laranja (alerta) para resultados.

OBSERVAÇÕES/AVALIAÇÃO/MONITORA-MENTOApós a implantação do monitoramento, identifica-mos adequação de processos de trabalho, a criação do cronograma mensal de atividades, implantação de repasse dos resultados junto aos agentes comu-nitários de saúde e sistematização da entrega das planilhas de monitoramento de diarréias e demais doenças de notificações.

RESULTADOS E IMPACTONos primeiros momentos encontramos equipes questionando a necessidade desse encontro mensal, tendo em vista que essa prática é inovadora, o município já tem equipes ffuncionando desde 1998 (DAB). Hoje já podemos avaliar que a rotina estabelecida na nova gestão municipal trouxe para os profissionais um momento de diálogo e escuta das demandas, tendo em vista que a metodologia busca identificar avanços e desafios, buscando de maneira conjunta soluções para os possíveis problemas identificados.

CONCLUSÕESA oportunidade do monitoramento dialogado, mesmo em alguns momentos usando os dados numéricos como parâmetro, abriu uma oportunida-de de resgate das boas práticas dentro dos territó-rios, instigamos o planejamento das atividades mensais, estimulamos as equipes a desenvolverem atividades extramuros na perspectiva da promoção da saúde.

Diante das dificuldades impostas pelo primeiro contato com a nova PNAB e suas mudanças, aliadas aos incertos e escassos recursos para a saúde, o presidente do COSEMS/CE indicou os principais desafios que deverão ser enfrentados pelos gestores municipais de saúde neste ano.

Município: BarbalhaTemática: Atenção Básica

TRABALHANDO O PROCESSO DE ESCUTA QUALITATIVA NA ATENÇÃO BÁSICA COM ÊNFASE NA ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO DE TRABALHO

Autores: Aline Maria Alencar da Franca, Pollyanna Callou de Morais Dantas, Vanderlânia Laurentino de Souza e Ginarla Alves Ramalho.

INTRODUÇÃOO município de Barbalha, localizado na região do cariri cearense, possui população estimada em 59.540 habitantes, e conta com 22 Equipes de Saúde da Família (ESFs), 19 Equipes de Saúde Bucal (ESBs) e 02 Núcleos de Apoio a Saúde da Família (NASFs). A implantação do monitoramento mensal das equipes da Estratégia Saúde da Família foi iniciada em fevereiro do ano vigente, buscando avaliar sistematicamente as equipes e consequen-temente promover uma readequação dos processos de trabalho, tendo em vista a necessidade de criar um canal sadio de diálogo com as equipes que esta-vam saindo de uma greve com duração de 21 meses, onde a escuta dos profissionais, por meio da coordenação, fosse o instrumento para a melhoria do serviço a ser ofertado para o usuário.

FINALIDADE DA EXPERIÊNCIAAcompanhar de forma sistemática os resultados obtidos pelas equipes, buscando identificar suas necessidades e potencialidades, usando como instrumento uma escuta qualitativa.

DINÂMICA E ESTRATÉGIASDOS PROCEDIMENTOS USADOSMensalmente a coordenação da atenção básica elabora um calendário com distribuição das equi-pes entre os 3 coordenadores de equipe saúde da família, onde cada equipe representada pelo médico, enfermeiro e dentista da unidade, tem agendado uma hora para entrega dos consolidados das ações desenvolvidas durante o mês.

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nas barracas que se adequarem às recomendações da VISA; 5. Pulverização com bomba costal do parque da cidade e busca ativa de focos do mosqui-to Aedes aegypti pela equipe das endemias; 6. Lim-peza da caixa d’água que abastece o parque da cidade pela equipe de vigilância ambiental; 7. Inspeção de hotéis, pousadas, motéis, restaurantes e lanchonetes; 8. Recolhimento diário do lixo em parceria com a secretaria de obras; 9. Coleta da amostra da água distribuída no parque da cidade em parceria com a vigilância ambiental; 10. Treina-mento de boas práticas para os ambulantes; 11. Divulgação, durante toda a festa, dos nomes dos estabelecimentos que se adequaram as recomen-dações da VISA, como uma forma de estimular as vendas; Inspeções noturnas nas quermesses e no parque da cidade.

INDICADORES/VARIÁVEIS/COLETADE DADOSEssa ação começou a ser planejada e executada desde o dia 02 de Maio de 2017 por toda equipe de Vigilância Sanitária e Ambiental do município de Barbalha-CE. Após o planejamento, os outros seto-res que participaram da ação direta ou indireta-mente foram procurados para a proposta ser apre-sentada e aderida. A coleta de dados se deu através de checklist produzido pela equipe vigilância do município baseado nas recomendações da ANVISA.

OBSERVAÇÕES/AVALIAÇÃO/MONITORA-MENTOObservou-se uma relativa resistência inicialmente entre os permissionários em aderir ao treinamento que a Vigilância Sanitária ministrou. Diante disso, a equipe optou, em passar em cada estabelecimento passando as informações contidas no treinamento de forma mais resumida e posteriormente realizada a entregue dos kits sanitários.

RESULTADOS E IMPACTOMediante a integração que existiu entre as equipes

Município: BarbalhaTemática: Vigilância em Saúde no Município

ATUAÇÃO INTERSETORIAL DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA NA FESTA DE SANTO ANTÔNIO DE BARBALHA-CE

Autores: Bruno César As de Quental, Nayara Luiza Pereira Rodrigues, Pollyanna Callou de Morais Dantas, Francisco Vilmar Ferreira, Kelma Pereira dos Santos e Sebastiana Pereira Brito.

INTRODUÇÃOA Festa de Santo Antônio de Barbalha, também conhecida como Festa do Pau da Bandeira, é uma festividade popular anual da cidade cearense de Barbalha. Suas origens remontam ao ano de 1928, quando o pároco José Correia de Lima, então vigário de Barbalha, promoveu o cortejo do mastro em cujo topo seria hasteada a bandeira de Santo Antônio. Por se tratar de um evento de massa, é recomendá-vel que a vigilância sanitária siga a RDC N 43, de 1 de SETEMBRO DE 2015 que tem como objetivo esta-belecer regras sobre a prestação de serviços de alimentação em eventos de massa, incluindo requi-sitos mínimos para avaliação prévia e funciona-mento de instalações e serviços relacionados ao comércio e manipulação de alimentos e definição de responsabilidades.

FINALIDADE DA EXPERIÊNCIAReduzir danos e riscos à saúde através da aplicação de um plano operativo intersetorial da vigilância sanitária em um evento de massa.

DINÂMICA E ESTRATÉGIASDOS PROCEDIMENTOS USADOS1. Treinamento da equipe da VISA sobre inspeções em eventos de massa e boas práticas; 2. Elaboração de checklist para inspeção dos ambulantes durante o evento; 3. Entrega de Kits sanitários para os ambu-lantes; 4. Confecção de adesivos para serem fixados

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da secretaria de saúde, foi possível atingir resulta-dos positivos através de planejamento prévio. A população observou uma maior organização e cuidado com a comunidade na edição desse ano da festa de santo Antônio, uma vez que nossas ações à medida que eram executadas, também eram divul-gadas em redes sociais e rádios locais. Os donos dos estabelecimentos se mostraram mais motivados a aderir às recomendações quando avisávamos da propaganda que seria realizada das barracas que receberiam o adesivo de monitoração.

CONCLUSÕESPercebeu-se que um plano operativo intersetorial de Vigilância Sanitária em eventos de massa, é fundamental para que as ações ocorram com sucesso e que através dele, é possível reduzir danos à saúde dos indivíduos garantindo a qualidade e segurança do paciente mesmo em situações em que haja uma movimentação extensa de pessoas e de turistas.

Município: SobralTemática: Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde

PROJETO ÉRGATHOS SAÚDE: INSPIRAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DE PRÁTICAS

Autores: Gerardo Cristino Filho, Maria Socorro de Araújo Dias, José Reginaldo Feijão Parente, Márcia Maria Santos da Silva, Maria José Galdino Saraiva e João Batista Rodrigues.

INTRODUÇÃOHá dois conceitos na tradição da Grécia clássica portadores de grande relevância. O primeiro é o termo Érgon, que pode ser traduzido pela palavra “trabalho”. O segundo, mais central na cultura hele-nística, é o conceito de Aghatos, que detém uma riqueza maior de sentidos podendo representar aquilo que é bom, ou também, o que é honrado ou, ainda, o que se faz por dever e não por mera obriga-ção (REALE e ANTISERI, 2003). Ousa-se promover uma articulação compondo esses dois termos Portanto, opera-se com a palavra ÉRGATHOS para expressar a concepção de um trabalho que é bom, honrado e que se faz por convicção. Sobral tem sido um município exemplar ao longo de duas décadas no que diz respeito aos investimentos e desenvolvi-mentos de práticas inovadoras, bem como, na capa-cidade de ofertar todo um conjunto de ações bási-cas e avançadas no campo da saúde. Verifica-se que os desafios em relação às políticas e práticas em saúde vêm se tornando mais complexos. Isto exige da gestão a capacidade de responder também de forma complexa, o que passa necessa-riamente por garantir o compromisso técnico, político e ético dos trabalhadores da saúde. O traba-lhador e sua equipe devem se sentir parte e motiva-dos em relação aos processos e aos resultados. Essa perspectiva implica uma compreensão do conjunto de fatores envolvidos na produção do cuidado em saúde. Ou seja, considerar os recursos financeiros e

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materiais, as tecnologias, os determinantes sociais, o tempo, as motivações tanto do usuário quanto do trabalhador. Neste sentido, o trabalho emerge não como uma prática meramente técnica, mas que traz uma dimensão social significativa. Merhy e Franco (2009) referem o trabalho como algo “vivo em ato”, que agrega duas dimensões: uma relacionada à construção de produtos e outra referente ao traba-lhador e à sua relação com seu ato produtivo, com os produtos, com os outros trabalhadores e com os possíveis usuários de seus produtos. Assim, o traba-lho se configura como um ato fértil de produtos e de pessoas. Considerando esta perspectiva, a Secreta-ria Municipal da Saúde de Sobral investe em uma proposta voltada a sensibilizar, mobilizar e motivar o conjunto dos seus trabalhadores para que respon-dam de forma assertiva e proativa aos desafios do dia a dia no âmbito do seu trabalho.

FINALIDADE DA EXPERIÊNCIAPromover mudanças atitudinais junto aos trabalha-dores do sistema de saúde de Sobral melhorando práticas de trabalho em relação aos usuários, aos demais trabalhadores e a si mesmo.

DINÂMICA E ESTRATÉGIASDOS PROCEDIMENTOS USADOSO Projeto se efetiva através de encontros semanais envolvendo aproximadamente 80 trabalhadores do sistema local de saúde por encontro. Foi organizada uma programação destes encontros contemplando todos os trabalhadores, de forma gradativa. Cada evento tem duração de 3 a 4 horas, no auditório da Escola de Formação em Saúde da Família Visconde Sabóia (EFSFVS), instituição vinculada à Secretaria Municipal da Saúde, responsável pelos processos de Educação Permanente no município. Os eventos Érgathos Saúde possuem a seguinte estrutura: 1. Acolhida: momento de recepcionar os participan-tes, onde o grupo de Arte e Educação Popular em Saúde da EFSFVS utiliza poesias, músicas, mamu-lengos para produzir reflexões acerca do “Como sou e como estou no meu trabalho? ou Como minha

postura profissional pode favorecer a produção de saúde?” 2. Abertura: contempla as boas vindas do Secretário da Saúde, com orientações sobre a importância de uma postura de engajamento, respeito e cuidado com a população. 3. Sensibiliza-ção: foco na problematização do papel de servidor público, sua postura relacional junto aos usuários, modos de agir em relação ao ambiente e aos cole-gas de trabalho, práticas recomendáveis no contex-to laboral. 4. Diálogos Reflexivos: produção de sínte-ses compreensivas a partir do que foi apresentado durante a sensibilização. 5. Alinhamento Técnico: momento onde o coordenador do serviço de atua-ção dos trabalhadores presentes apresenta de forma objetiva e clara as atribuições e competên-cias da categoria profissional. 6. Encerramento: etapa para definir encaminhamentos e de agrade-cimentos.

INDICADORES/VARIÁVEIS/COLETADE DADOSOs indicadores de monitoramento do Projeto Érga-thos são: 1) Número de eventos Érgathos realizados. 2) Número de trabalhadores envolvidos na agenda Érgathos. 3) Melhoria no clima organizacional nos diversos setores da Secretaria da Saúde. 4) Redução nos índices de absenteísmo e rotatividade dos trabalhadores do sistema local de saúde. 5) Aumento do nível de resolutividade das demandas dos usuários quando comparadas com anos ante-riores. 6) Maior satisfação dos usuários em relação ao sistema de saúde local.

OBSERVAÇÕES / AVALIAÇÃO / MONITORA-MENTOO projeto Érgathos prevê encontros regulares dos coordenadores e técnicos do projeto com os diver-sos setores envolvidos na proposta com vistas a proceder-se atualizações, alinhamentos, avaliações e correções.

RESULTADOS E IMPACTOAlguns resultados verificados são: Média de 2200

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trabalhadores do Sistema Municipal de Saúde participando do projeto; Produção de um importan-te canal de diálogo direto entre a gestão estratégica da Secretaria da Saúde e os trabalhadores; Senti-mento de valorização dos trabalhadores ao partici-parem do projeto; Melhora no alinhamento quanto às expectativas dos seus coordenadores acerca do desempenho dos trabalhadores; Contribuição no planejamento de ações de educação na saúde e de gestão do trabalho, agregando elementos orienta-dores.

CONCLUSÕESO projeto Érgathos encontra-se ainda em fase de desenvolvimento, mas percebe-se de imediato a relevância de se investir na motivação, no empode-ramento e no comprometimento dos trabalhadores com foco numa gestão eficiente, eficaz e efetiva, que busca inspirar seus colaboradores para aspectos simples e rotineiros como a ideia básica de “gentile-za levar à gentileza”, enquanto estratégia de trans-formação de práticas e de resultados.

Município: TauáTemática: Atenção Básica

A ORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE COMO ORDENADORA E COORDENA-DORA DO CUIDADO NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE (RAS): A EXPERIÊNCIA DO MUNICÍ-PIO DE TAUÁ

Autores: Izabel Cristhina Jucá Bastos Cavalcante Mota, Marclenne Fernandes de Oliveira Vasconce-los, Filomena Gonçalves Neta, Yure Hermerson Pereira Lima e Fernando Henrique Soares Moreira de Macêdo

INTRODUÇÃOA Atenção Primária à Saúde no município de Tauá, Estado do Ceará, vivencia um novo modelo de orga-nização dos processos de trabalho e da Rede de Atenção à Saúde (RAS). Essa experiência iniciou em 2014 com o projeto de Planificação da Atenção Primária à Saúde – PAPS, que buscou uma nova forma de organizar os serviços de saúde desse município. Desenvolveu-se a partir da realização de doze oficinas e da necessidade de experienciar o modelo em uma Unidade Laboratório, sendo eleita a Unidade Alto Brilhante para a implantação dos macro e microprocessos de trabalho. Durante o macroprocesso de territorialização, percebeu-se a necessidade da criação de uma nova equipe, Alto Brilhante II. Este momento foi de grande relevância pela definição de uma área adscrita, do número de pessoas, o conhecimento das barreiras geográficas, a perspectiva do desenho do mapa dinâmico, vislumbrando a estratificação de risco dos grupos prioritários nas três ESF, que hoje compõem a Unidade Alto Brilhante: Alto Brilhante I, II e Ana Alves. É com este propósito que, trabalha-se ardua-mente por uma Atenção Primária qualificada e resolutiva, desempenhando o seu papel primordial de assistência ao usuário do Sistema Único de Saúde.

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FINALIDADE DA EXPERIÊNCIAA PAPS foi um projeto que ofereceu ao município de Tauá todo suporte técnico para implantação dos processos de trabalho a 100% dos profissionais das unidades e tem se configurado como uma impor-tante ferramenta para o fortalecimento da APS como ordenadora e coordenadora do cuidado à saúde da população na Rede de Atenção à Saúde do município de Tauá-Ce.

DINÂMICA E ESTRATÉGIASDOS PROCEDIMENTOS USADOSA organização do serviço na Unidade Laboratório iniciou-se com o planejamento de reuniões sema-nais para programação das ações da equipe. Foi disponibilizado um turno semanal para que as reuniões, oficinas e treinamentos in loco fossem possíveis. Durante as reuniões acontece a definição da agenda mensal com equipe e Tutoria, que contri-bui essencialmente para a integração entre os profissionais Agentes Comunitários de Saúde - ACS, profissionais de nível médio, Agentes Comunitários de Endemias - ACE, NASF e Odontologia. A partir daí, houve a redistribuição dos funcionários por setor, com suas responsabilidades e competências, bem como, a implantação de Procedimentos Ope-racionais Padrão-POP que organiza e padroniza a rotinas de trabalho de cada setor no serviço de saúde. No intuito de otimizar o serviço de saúde e promover maior resolutividade e acessibilidade, os exames laboratoriais são marcados na unidade de saúde no dia da consulta, colhidos no laboratório e a entrega dos resultados dos exames acontece na própria unidade, na consulta de retorno. Ainda como parte da organização do serviço, acordou-se entre profissionais e gestão o atendimento na unidade de segunda a sexta-feira, nos horários de 7h às 11h e de 13h às 17 horas, visando maior vínculo entre comunidade e ESF, bem como, a garantia do serviço de saúde à demanda programada por hora marcada, 15 minutos por paciente e à demanda espontânea, com queixa aguda, com vaga garanti-da. Para o atendimento às condições crônicas, o

município adota o Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MACC), dentro dos grupos prioritários: crianças menores de 02 anos, gestantes, hiperten-sos e diabéticos. Isso foi possível após a realização de oficinas de capacitação complementares para os profissionais médicos, enfermeiros e dentistas, possibilitando operar esse modelo. A organização da população prioritária em estratos de riscos permitiu a definição dos tipos de atenção e a sua concentração relativa a cada grupo populacional, bem como permite a programação da agenda local e da atenção especializada, respeitando os princí-pios da integralidade e da equidade do SUS.

INDICADORES/VARIÁVEIS/COLETADE DADOSMensalmente, cada ESF reúne-se para realizar o monitoramento e avaliação das condições crônicas do público-alvo. Médico, enfermeiro, dentista e ACS realizam a discussão para o desenvolvimento de estratégias para a captação e busca ativa dos grupos prioritários: crianças menores de 02 anos, gestan-tes, hipertensos e diabéticos. As condições crônicas são acompanhadas de acordo com a parametriza-ção de consultas e a linha guia de cuidado, com fluxos de acompanhamento bem definidos na Atenção Primária à Saúde e na RAS do município.

OBSERVAÇÕES/AVALIAÇÃO/MONITORA-MENTOAs ações da equipe são baseadas nos Indicadores de saúde de cada ESF e a maioria das ações são planejadas e executadas em conjunto. Podem-se destacar algumas das ações desenvolvidas a partir do diagnóstico situacional dos indicadores de saúde: Ações preventivas para Sífilis Congênita: implantação de testes rápidos na unidade para detecção precoce de infecção, oferecido às gestan-tes, durante a primeira consulta de pré-natal; Notifi-cação e tratamento em tempo hábil da gestante e parceiro; Monitoramento de titulação VDRL mensal para gestante e trimestral para parceiro, adotando cartão de controle de tratamento e exames; Grupos

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são possíveis e imprescindíveis para organização da APS em nosso país. Atualmente, este modelo de organização da APS foi implantado nas demais unidades e os processos escontrados estão em fase de expansão. Contudo, já é possível observar gran-des avanços na Atenção Primária do município.

operacionais: gestantes com vinculação à materni-dade de referência e grupo de idosos; Busca ativa diária de faltosos para vacinas; Estratificação e acompanhamento das condições crônicas de acrdo com a parametrização, referenciando para Atenção Secundária os pacientes de alto risco e muito alto risco; Monitoramento e acompanhamento das condições crônicas com fluxos de atendimento bem definidos na APS.

RESULTADOS E IMPACTOOrganização dos processos de trabalho nas equipes de ESF; Todas as equipes estratificam, acompa-nham e monitoram as condições crônicas; As condições crônicas são acompanhadas de acordo com a parametrização e a linha guia do cuidado; Redução de eventos de agudização das condições crônicas devido ao melhor controle e acompanha-mento das condições crônicas; Redução dos núme-ros de casos de óbito por doença cardiovascular no município nos últimos dois anos; Organização fluxos de atendimento das demandas: programada (condições crônicas) e espontânea; Serviço de qualidade e maior resolutividade; A APS organizada de forma a ordenar e coordenar a RAS no município, define o cuidado; Programação da demanda para demais níveis de atenção; Otimização de atendi-mento e de recursos na RAS, obedecendo os princí-pios da integralidade e da equidade.

CONCLUSÕESA experiência de implantação do novo modelo de organização da APS com implementação dos macroprocessos e microprocessos no município de Tauá-Ce tem sido um projeto desafiador tanto para gestão como para os profissionais de saúde, mas vem apresentando grandes resultados e impacto positivo à população e nos mostra que é uma possi-bilidade viável de organização da APS, sendo esta a verdadeira porta de entrada para a RAS e, sobretudo ordenadora e coordenadora do cuidado à saúde da população. A Unidade Laboratório do município é a comprovação de que esses processos de trabalho 69

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autorizando a Secretaria da Saúde a “implantar a política de incentivo à pesquisa, o desenvolvimento tecnológico, a produção e a inovação de produtos fitoterápicos, a partir da biodiversidade regional”, incluindo plantas medicinais nativas e exóticas adaptadas, aumentando as opções terapêuticas aos usuários do SUS, e priorizando necessidades epide-miológicas da população, além de reconhecer como Horto Matriz, o Horto de Plantas Medicinais Francisco José de Abreu Matos da UFC e de instituir como Oficial, o Horto de Plantas Medicinais do Núcleo de Fitoterápicos - NUFITO (CEARÁ, 2010).

FINALIDADE DA EXPERIÊNCIAAnalisar a Implantação do Programa de Medica-mentos Fitoterápicos na Atenção Básica em Hori-zonte-Ce. Descrever a operacionalização do Programa de Medicamentos Fitoterápicos sua ampla utilização e aceitação pelos pacientes aten-didos na Estratégia Saúde da Família em Horizonte--Ce, município de médio porte, da Região Metropo-litana de Fortaleza-Ce.

DINÂMICA E ESTRATÉGIASDOS PROCEDIMENTOS USADOSO Programa de Fitoterapia no município de Hori-zonte-Ce conta com o Laboratório de Manipulação de Fitoterápicos, tendo como parceiros o Programa de Apoio às Reformas Sociais - PROARES, o CEFITO e a UFC. Seus principais dispositivos são: 1. O Horto de Plantas Medicinais, que possui estrutura básica de canteiros dispostos numa área de quatro hectares, onde crescem as espécies provenientes do Horto de Plantas Medicinais Francisco José de Abreu Matos; 2. Oficina Farmacêutica, onde são preparados 14 tipos de fitoterápicos com fórmulas desenvolvidas pela UFC, contando com seis funcio-nários, sendo uma farmacêutica, uma técnica de laboratório, três auxiliares agronômicos e um enge-nheiro agrônomo; 3. CAF, que se responsabiliza pela distribuição dos produtos. Os produtos fitoterápicos produzidos no município são: Antisséptico Bucal a base de óleo essencial de alecrim-pimenta (Lippia

Município: HorizonteTemática: Gestão da Assistência Farmacêutica No Município /Atenção Básica

MEDICAMENTOS FITOTERÁFICOS NA ATEN-ÇÃO BÁSICA: UMA ALTERNATIVA SOCIOAM-BIENTAL SUSTENTÁVEL NO MUNICÍPIO DE HORIZONTE – CE

Autor: Josete Malheiro Tavares, Carlos Garcia Filho e Geovana Maria Santana Malheiro

INTRODUÇÃOO município de Horizonte, na região metropolitana de Fortaleza, iniciou em 2004 um programa fitote-rápico. Até o ano de 2014 o município de Horizonte bancava com recursos próprios esse projeto, quando a gestão local elaborou proposta de arranjo produti-vo pleiteando recursos do Ministério da Saúde, da ordem de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), sendo o único município do Ceará a conseguir apro-vação, via Edital SCTIE nº 01/2014. Essa experiên-cia foi objeto de vários estudos e pesquisas, tendo sido pormenorizada pelos autores no capítulo 20 do livro e-book “Experiências de Gestores do Mestra-do Profissional”. Pela sua relevância estratégica, apresentamos enquanto relato de experiência na “14ª Amostra Aqui Tem SUS”, editada pelo Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará – COSEMS/CE, com o objetivo de verificar os resulta-dos operacionais alcançados. O desenvolvimento da experiência aqui descrita baseou-se em infor-mações científicas sobre plantas da região Nordes-te, sendo o Ceará, destaque nacional pelos avanços conseguidos na fitoterapia em saúde pública no país, na primeira década do século XXI, quando o Programa Estadual de Fitoterapia alcançou desen-volvimento pleno, com resultados satisfatórios. O Ceará foi o primeiro estado do Brasil a regulamentar o uso de plantas medicinais, fitoterápicos e serviços relacionados a fitoterapia no SUS, por meio da publicação do Decreto 30.016 de 8 de janeiro 2010,

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sidoides) e hortelã-japonesa (Mentha arvensis), com ação/indicação para placa bacteriana, mau hálito, gengivite e tártaro; Cápsulas de Açafrão (Cur-cuma longa) com ação/indicação para diminuir o teor de gordura (colesterol e triglicerídeos) no sangue; Cápsulas de Cidreira (Lippia alba quimioti-po) com ação/indicação como calmante, indicado no tratamento dos estados de ansiedade, nervosis-mo e depressão; Cápsulas de Colônia (Alpinia zerumbet) com ação/indicação para terapia anti--hipertensiva; Cápsulas de Mentrasto (Ageratum conyzoides) com ação/indicação como anti-infla-matório e analgésico para alívio das dores articula-res do reumatismo e das cólicas menstruais; Cápsu-las de Mororó (Bauhinia ungulata) com ação/indi-cação para baixar o teor de açúcar (hipoglicemian-te) no sangue; Creme Vaginal de Aroeira (Myracro-druom urundeuva) com ação/indicação para infla-mações ginecológicas. Age como anti-inflamatório e cicatrizante em vaginites e cervicovaginites; Elixir de Aroeira (Myracrodruom urundeuva) com ação/indicação cicatrizante e anti-inflamatória, considerado como de elevada utilidade nos casos de gastrite e úlcera; Pomada de Confrei (Symphy-tum officinale) com ação/indicação cicatrizante, anti-irritante, hidratante e removedor de tecido necrosado; Tintura de Alfavaca (Ocimum gratissi-mum) com ação/indicação para tratamento de inflamação da garganta, gengivite. É um germicida e aromatizante bucal, indicado para mau hálito e placa bacteriana; Tintura de Alecrim-Pimenta (Lip-pia sidoides) com ação/indicação antisséptica local contra feridas infectadas, em cortes, sarna, impi-gem, pano-branco, mal cheiro das axilas e dos pés; Tintura de Malva-Santa, santa (Plectranthus barba-tus) com ação/indicação no tratamento e controle da gastrite e úlcera, na dispepsia, azia, mal-estar gástrico, ressaca e como amargo estimulante da digestão e do apetite; Sabonete de Alecrim (Lippia sidoides) com ação/indicação no tratamento de infecções tópicas causadas por fungos e bactérias. Antisséptico contra ferimentos infectados, sarna, impigem, pano-branco e como desodorante íntimo;

e Xarope Expectorante composto de Malvariço (Plectranthus amboinicus), Chambá (Justicia pectoralis) e Hortelã-japonesa (Mentha arvensis) com ação/indicação expectorante e broncodilata-dora, indicado para asma, bronquite, gripes e resfriados.

Todas as plantas utilizadas na preparação de fitote-rápicos foram selecionadas com base em trabalhos científicos que comprovam as suas ações terapêuti-cas (MATOS, 2000).

INDICADORES/VARIÁVEIS/COLETADE DADOSEstudo descritivo qualitativo, a guia das recomen-dações de Minayo (2008) sobre o funcionamento do programa de fitoterapia do município de Hori-zonte, no estado do Ceará. Observação institucional direta e análise documental, organização do processo de trabalho e os resultados operacionais desse programa, interfaceado ao acesso e uso dos medicamentos fitoterápicos pelo pacientes da atenção básica, levando em conta um dos autores ter sido gestor do SUS nesse município no período de 2013 a 2016. O período estudado foi de julho de 2012 a dezembro de 2016 com a coleta de informa-ções na Secretaria de Saúde do Município de Hori-zonte, na Central de Abastecimento Farmacêutico - CAF, no Laboratório Fitoterápico, denominado Prof. Francisco José de Abreu Matos, e no Horto de Plan-tas Medicinais, os dois últimos localizados na Fazenda Lagoa do Ipu, distrito de Dourado, naquele município. O Território: Horizonte situa-se na Região Metropolitana de Fortaleza - RMF, distante 40 km da Capital cearense. Possui uma população de 62.405 habitantes, distribuídos em uma área geográfica de 160 km2 (IBGE, 2015). A preparação dos fitoterápicos funciona como descrita abaixo: a) As plantas medicinais, cientificamente validadas provenientes do Horto Matriz da UFC, são cultivadas e conduzidas no horto da oficina farmacêutica, dentro do padrão orgânico de produção, sob a administração de um profissional agrônomo; b) As 71

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plantas são coletadas de maneira adequada ao melhor aproveitamento dos princípios ativos, consi-derando época do ano, período do dia, aspectos agronômicos e botânicos, e enviados para a área de secagem e, depois remetidos para a oficina farma-cêutica, onde são preparados os fitoterápicos; c) Do laboratório, oficina farmacêutica, os fitoterápicos são enviados para a CAF, setor responsável pela distribuição de medicamentos e materiais para as UBS, que mediante prescrição dispensam os fitote-rápicos à população, como uma alternativa terapêu-tica de saúde pública no município. d) A programa-ção de produção mensal é realizada de acordo com a demanda de distribuição dos fitoterápicos do mês anterior para as UBS. Por intermédio de dados cole-tados na Secretaria de Saúde de Horizonte, contidos em seus Relatórios Anuais de Gestão dos anos de 2011, 2012, 2013, 2014, 2015. OBSERVAÇÕES/A

VALIAÇÃO/MONITORAMENTOOs principais desafios percebidos são a substituição parcial de médicos de equipes preexistentes, desi-gualdades regionais na distribuição desses profis-sionais, incipiência de vínculos estáveis para fixação de profissionais em áreas remotas e desfa-vorecidas e ausência de carreira de médicos de APS no SUS. Somado a tudo isso está o conturbado momento político vivido no Brasil, com as ameaças de desvinculação de receitas e de limites para despesas públicas que somadas ao subfinancia-mento crônico, atentam contra o direito a saúde e as perspectivas de avanços na construção do SUS.

RESULTADOS E IMPACTOA produção mensal de fitoterápicos é em média de 3.500 a 7.000 unidades e os medicamentos mais produzidos são xarope expectorante, sabonete de alecrim-pimenta e cápsula de cidreira, respectiva-mente nesta ordem. A respeito da fitoterapia nas UBS do município de Horizonte Oliveira (2010) assevera como resultados: 1) É grande a utilização de fitoterápicos pelos pacientes (90,4 %) e registra a frequência de prescrições por médicos (90,9%),

enfermeiros (100%) e dentistas (72,7%); 2) Os pacientes recebem explicações dos profissionais sobre a ação e a forma de uso dos fitoterápicos durante as consultas; 3) Há disponibilidade e fácil acesso aos medicamentos fitoterápicos nas Unida-des Básicas de Saúde da Família (94,2%); 4) Médi-cos, enfermeiros, dentistas e usuários apresentam elevado grau de aceitação e confiabilidade no programa de fitoterapia de Horizonte, além de conhecerem os fitoterápicos disponíveis no municí-pio; Observa-se comprometimento de médicos, enfermeiros e dentistas com o Programa de Fitote-rapia Municipal; 5) A fitoterapia nas UBS é uma prática terapêutica empregada com sucesso no município de Horizonte. Verificou-se que o Progra-ma Fitoterápico de Horizonte segue os preceitos estabelecidos pelo Decreto no 30.016, que regula-menta a Lei no 12.951, cujo Anexo I estabelece o Regulamento Técnico - RT da Fitoterapia no Servi-ço Público do Estado do Ceará e o Anexo II que apresenta as Boas Práticas de Cultivo e Coleta de Plantas Medicinais. O custo anual dessa política pública é da ordem de duzentos mil reais. Em 2015, o Município conseguiu êxito na aprovação de proposta para captação de recursos financeiros, junto ao Ministério da Saúde, através do Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, na monta de trezentos mil reais, sendo oitenta e seis mil reais destinados a aquisição de equipamentos e materiais permanentes e duzentos e quatorze mil reais para o custeio. Essa foi a primeira vez, em doze anos de execução dessa política, que o município conseguiu recursos financeiros externos. Com esses recursos foi possível renovar praticamente todos os equipamentos do laboratório de fitoterapia que estavam comprometidos pelo uso continuado de uma década, a Prefeitura de Horizonte proveu com recursos próprios a manutenção predial e de insta-lações, renovou a maioria dos equipamentos da Central de Abastecimento Farmacêutico – condi-cionadores de ar, estantes, estrados, equipamentos de informática, refrigeradores, dentre outros equi-pamentos, além de motivar o município a investir na

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padronização dos dispensários de medicamentos de todas as unidades básicas de saúde. Outro importante viés foi realizar educação permanente de modo continuado para mais de duzentos benefi-ciários, dentre profissionais de saúde e pacientes usuários do SUS.

CONCLUSÕESOs medicamentos fitoterápicos têm forte tendência no Brasil e no mundo. As plantas medicinais brasi-leiras são de grande importância para a expansão do atendimento à saúde no tratamento de diversas patologias.

A fitoterapia se revela uma alternativa socioam-biental sustentável em medicamentos com sucesso operacional, social e baixo custo econômico, podendo ser desenvolvido em qualquer município, podendo ser considerada uma experiência exitosa passível de fácil aplicação, uso de tecnologias leves, e excelentes resultados clínicos. Como contradi-ções importantes pontua-se o sistema de monitora-mento mantido pelo Ministério da Saúde que é de difícil manuseio, a baixa aproximação do suporte técnico para com o município e o financiamento apenas pontual, por edital, que não permite a um município participante num ano pleitear recursos para dar seguimento ao projeto nos anos seguintes.

Município: SobralTemática: Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde

FORMAÇÃO EM TECNOLOGIAS DIGITAIS ENQUANTO POTENCIAL DE EFETIVAÇÃO DO PRONTUÁRIO ELETRÔNICO

Autores: Maria Socorro de Araújo Dias, Fabrícia Rocha de Menezes Farias, Gerardo Cristino Filho, Josiane Alves Dorneles, Márcia Maria Santos da Silva e Francisco José Leal Vasconcelos

INTRODUÇÃOA inserção das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) na sociedade contemporâ-nea vem provocando significativas mudanças no mundo do trabalho. Tais recursos tecnológicos tornaram-se ferramentas habituais no meio profis-sional. Neste sentido, o Sistema Único de Saúde (SUS) vem incorporando as TDIC e adota a estraté-gia e-SUS AB, ferramenta que contribui para a orga-nização do funcionamento das unidades de saúde na Atenção Básica, a partir da reestruturação das informações da saúde em nível nacional. Para infor-matizar de forma qualificada o SUS, um dos disposi-tivos para é o prontuário eletrônico, que pode repre-sentar um instrumento para auxiliar no diagnóstico e no tratamento da saúde de uma pessoa, sem restringir a um único serviço ou profissional. Porém, a implantação do prontuário eletrônico não tem sido possível com a celeridade desejada, devido a fatores como a resistência e a dificuldade do traba-lhador em manejar computadores. Apesar da ascensão de um modelo de sociedade tecnológica (Moraes, 2007), muitos trabalhadores ainda não têm acesso às tecnologias. Com o intuito de contri-buir para a inclusão digital desses profissionais e uma melhor qualificação do seu processo de traba-lho, a Secretaria Municipal da Saúde, por meio da Escola de Formação em Saúde da Família Visconde de Sabóia (EFSFVS), vem desenvolvendo um processo formativo voltado para as práticas e

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necessidades dos profissionais dos Centros de Saúde da Família (CSF), com vistas à utilização adequada do computador e seus softwares no desempenho de suas atribuições, favorecendo maior qualidade na operacionalização do prontuá-rio eletrônico no município.

FINALIDADE DA EXPERIÊNCIACapacitar profissionais da Estratégia Saúde da Família quanto ao manuseio de ferramentas e recursos informáticos com vistas à implementação do prontuário eletrônico, dispositivo de informação do e-SUS Atenção Básica.

DINÂMICA E ESTRATÉGIASDOS PROCEDIMENTOS USADOSPara conhecer as necessidades de aprendizagem referentes ao uso das tecnologias na Estratégia Saúde da Família, a EFSFVS produziu um questio-nário, de cunho diagnóstico, para identificar os conhecimentos prévios em informática dos traba-lhadores dos CSF. Estes questionários foram entre-gues aos gerentes dos CSF em reunião e, posterior-mente, preenchidos e devolvidos, possibilitando consolidar informações que caracterizaram o perfil dos participantes. O questionário constava de perguntas objetivas, relacionadas ao gerenciamen-to de arquivos e pastas, bem como à utilização de: software antivírus; software processador de textos; software planilha eletrônica; correio eletrônico; pesquisa e download e upload de arquivos na web. Os critérios apresentados no questionário foram: “Não sei utilizar”, “Preciso melhorar” e “Utilizo sem dificuldades”. Na consolidação dos resultados aferidos no diagnóstico verificou-se a existência de diversos domínios de conhecimentos na área de informática. Os trabalhadores se reconheceram em níveis diferentes de conhecimentos e foram agru-pados por similaridade de nível. Para fins de organi-zação do curso, optou-se por priorizar como turma inicial o grupo que reconhece não ter qualquer domínio sobre o uso de recursos da informática. As demais turmas considerarão os conhecimentos

prévios dos participantes, com o intuito de reconhe-cer as competências adquiridas anteriormente à formação. O processo formativo tem duração de 40h/aula para cada turma e contempla conteúdos estruturados em 04 (quatro) módulos: 1) Introdução a Informática; 2) Utilizando o Libre Office Writer; 3) Utilizando o LibreOffice Calc e 4) Navegando na Web. A definição destes conteúdos tomou como referência o consolidado dos questionários. Tal estratégia possibilita efetivar a formação na pers-pectiva da educação.

INDICADORES / VARIÁVEIS / COLETADE DADOSOs questionários coletados totalizaram 783, dos quais 99 informaram não necessitar de formação na área das TDIC, pois utilizam sem dificuldades os recursos mencionados. Desta forma, inferimos que 12,65% dos trabalhadores se reconhecem com condições adequadas de operacionalização do prontuário eletrônico. Já os que responderam não saber utilizar essas tecnologias somam 141 profis-sionais, ou seja, 18% do universo em foco afirmam ainda não dominar os recursos necessários à utilização dos dispositivos do e-sus. Por fim, a maior representatividade apresentou-se no grupo que admite fazer uso de tecnologias mas que precisa melhorar. Estes somam 543 participantes, sendo 69,35% do total. Logo, compreende-se que a maio-ria dos trabalhadores do sistema local de saúde reconhece a necessidade de aprimoramento das habilidades no uso das TDIC, condição importante para a operacionalização do prontuário eletrônico nos CSF do município.

OBSERVAÇÕES/AVALIAÇÃO/MONITORA-MENTOA avaliação do processo ocorreu de forma proces-sual, no decorrer das atividades. Foram definidos critérios que nortearam a análise da evolução de cada participante. Verificou-se que todos os partici-pantes concluíram a formação, ou seja, não houve evasão, evidenciando o compromisso dos trabalha-

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dores com a formação oportunizada. A dimensão avaliativa também contemplou o olhar dos traba-lhadores sobre o processo formativo, visando possí-veis ajustes. Para tanto, aplicou-se um questionário avaliativo contemplando as atividades, o desempe-nho do docente e a adequação do conteúdo no uso das tecnologias. O instrumento também possibilitou a autoavaliação do participante.

RESULTADOS E IMPACTODos 25 questionários respondidos pelos profissio-nais, 92% avaliaram que o conteúdo da formação é relevante ao seu processo de trabalho. Quanto à carga horária do curso, 20% mostraram-se “Insatis-feitos” ou “Muito Insatisfeitos” e informaram ser a mesma insuficiente. Em relação ao grau de satisfa-ção com seu aprendizado no curso, 88% dos traba-lhadores responderam estar “Parcialmente Satis-feitos”, “Satisfeitos” ou “Muito Satisfeitos”. 12% dos participantes informaram não estar satisfeitos com o curso. A partir das observações escritas no instru-mento de avaliação, buscar-se-á identificar os aspectos que precisam ser melhorados na forma-ção. Esperam-se impactos positivos no uso das tecnologias no ambiente de trabalho, sobretudo na operacionalização do prontuário eletrônico, pois 84% dos profissionais identificaram seus conheci-mentos como “Bons” ou “Excelentes”, a partir dos módulos abordados na formação.

CONCLUSÕESTomando como referência o significativo percentu-al de trabalhadores que reconhecem uma evolução a partir da formação vivenciada, ratifica-se a rele-vância da experiência para a inclusão digital desses trabalhadores, bem como para o bom uso das tecnologias como ferramentas no desempenho de suas atribuições. Salienta-se que o contato prévio com as tecnologias (computador, tablet, internet, dentre outros) viabilizada pela formação, torna os profissionais mais habilitados e favorece práticas mais assertivas na utilização do prontuário eletrôni-co no município.

Município: BarbalhaTemática: Administração Pública e Judicialização da Saúde no Município

GESTÃO MUNICIPAL E DEFENSORIA PÚBLI-CA DE MÃOS DADAS POR UM SUS MELHOR E MAIS JUSTO

Autores: Nayara Luiza Pereira Rodrigues, Erik Mon-tagna, Pollyanna Callou de Morais Dantas, Sarah Rachel Correia Pinheiro, Raphael Sampaio Magna-go e Pedro Alex Leite Cruz.

INTRODUÇÃOA judicialização da saúde apresenta-se como um fenômeno recente e crescente no Brasil, cujo objeti-vo consiste em conseguir bens e direitos nos tribu-nais, aqueles que são importantes para a garantia da saúde do cidadão e assegurados pela constituição. Esse fenômeno pode ser devido a diversos fatores: à facilidade de acesso à informação, ao conhecimen-to dos seus direitos por parte dos usuários, às falhas de gestão do poder executivo e à facilidade de acesso e de decisões quase sempre favoráveis ao usuário. As principais demandas judiciais são decorrentes de solicitações de medicamentos especiais, do acesso aos leitos de unidade de trata-mento intensivo (UTI), das cirurgias, dos tratamen-tos prolongados, dentre outros. Partindo do princípio que a saúde é direito de todos e dever do estado, e que isso está assegurado pela Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB) de 1988, em seu artigo 196 e que o acesso aos serviços de saúde deve ser universal, o poder judiciário está cada vez mais solicitado e atuante nas demandas relaciona-das á saúde, resultando em um aumento desorde-nado de demandas para o judiciário e uma situação delicada para as secretarias de saúde e seus respectivos gestores que se vêem tendo que cumprir demandas de alto custo em curtos intervalos de tempo, repercutindo na falta de recursos para planejamento e execução das demais atribuições e atividades que competem aos setores citados.

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FINALIDADE DA EXPERIÊNCIAReduzir a judicialização da saúde através de atendi-

mentos aos usuários do SUS diretamente na defen-

soria pública.

DINÂMICA E ESTRATÉGIASDOS PROCEDIMENTOS USADOSDurante o primeiro semestre do ano de 2017, o

município de Barbalha firmou uma parceria com a

defensoria pública com o intuito de reduzir as

demandas judicias da saúde e fortalecer a rede

através das seguintes estratégias: 1. Reunião com a

defensoria pública para explicar o objetivo do traba-

lho executado e entrega de um material para

consulta a defensora (Definição do CONITEC, Lista

das medicações disponíveis na farmácia básica e

componente especializado assim como toda medi-

cação contemplada na PPI); 2. Parceria entre a

defensoria pública e secretaria de saúde: durante

um dia na semana, ficou acordado que uma enfer-

meira, um farmacêutico e uma assistente social

estariam presentes no referido órgão para atendi-

mento das demandas referentes à saúde. A equipe

da saúde tem um prazo de uma semana para resol-

ver a demanda do usuário; 3. Utilização dos Proto-

colos do CONITEC para consulta e respaldo nas

respostas dos ofícios; 4. Elaboração de um instru-

mento de coleta de dados onde são registrados os

atendimentos e os encaminhamentos realizados

pela equipe. 5. Visita às clínicas de internações

compulsórias e estabelecimento de parceria com o

CAPS AD.

INDICADORES/VARIÁVEIS/COLETADE DADOSO referido trabalho foi iniciado no primeiro semes-

tre de 2017 na cidade de Barbalha, foi utilizado

como instrumento de coleta de dados uma ficha

elaborada pela própria equipe da secretaria de

saúde, a qual contém dados do paciente e da

demanda, assim como espaços para registros dos

atendimentos e retornos. Durante esse tempo, a

equipe multidisciplinar atendeu um total 21 pacien-

tes (até 17/05/2017) o que não corresponde ao

número de atendimentos, tendo em vista que alguns

usuários retornaram algumas vezes.

OBSERVAÇÕES/AVALIAÇÃO/MONITORA-MENTODurante esse período, foram feitos alguns ajustes no

instrumento de coleta de dados, a fim de otimizar as

informações necessárias. À medida que recebía-

mos as demandas, já dávamos os referidos encami-

nhamentos e os feedbacks para os setores do muni-

cípio que precisavam ser fortalecidos.

RESULTADOS E IMPACTOForam 21 pacientes atendidos, 47.6% do sexo femi-

nino e 52.4% do sexo masculino. Quanto ao tipo de

demanda: 33.3% foram cirurgias, sendo que dessas

85.7% eram cirurgias da alta complexidade (res-

ponsabilidade do estado); 52,4% eram medicações;

9.5% exames; 4.7% fertilização in vitro; 9.5 % inter-

nações compulsórias (o somatório é maior que

100% pois alguns pacientes tinham mais de uma

demanda). 52.4% dos pacientes não chegaram a

solicitar ao município por via administrativa, procu-

raram diretamente a defensoria pública. Evitamos

que 57% das demandas fossem judicializadas,

23.8% dos pacientes já chegaram com ordens

judiciais antigas, necessitando apenas trocar medi-

cações; e apenas 19.04% das demandas foram

judicializadas. Dessas, 50% eram internações com-

pulsórias e 50% cirurgia de alta complexidade.

CONCLUSÕESObservamos que a parceria firmada entre a gestão

municipal e a defensoria pública foi extremamente

benéfica para ambas as partes, mas acima de tudo

para o usuário do SUS, uma vez que teve sua deman-

da atendida de forma rápida, justa e humanizada.

Através desse trabalho, foi possível visualizar e

corrigir algumas fragilidades dentro da rede muni-

cipal de saúde, haja vista que a RAPS detém 50% do

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que não foi possível ser evitado e os outros 50%

ficaram sob a responsabilidade do estado. O resul-

tado de forma geral é muito positivo, inovador e

revelador, e a equidade é o princípio mais preserva-

do, quando agimos dessa forma.

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Outras palavras

PARA LER:Poesia e Saúde: Trocas, trilhões e trocadilhosAna Caroline Aguiar Editora Premius (2017)

A obra é uma publicação com dez capítulos que abordam conceitos diferentes de saúde, em suas variadas dimensões integradas, do ponto de vista científico, e, a seguir, trazem ilustrações da ideia através de poemas reunidos. Poesia e Saúde fazem do livro lugar de encontro e trazem, cada uma, muitos de seus autores (como Perls, Freud, Rogers, Gastão Wagner, Merhy, Paulo Amarante, alguns neuropsicólogos, Rubem Alves, Manoel de Barros, Vinicius de Moraes, Saramago, Guimarães Rosa, Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade), campos (Saúde Coletiva, Saúde Mental, Psicologias, Neurociências), formas (sonetos, cordel, versos livres, rimas alternadas) e linguagens (científica e poética), evidenciando aos leitores ricas trocas, viáveis trilhos e inúmeros trocadilhos entre ambas. Temas variados de saúde, em suas múltiplas dimensões (corporal, psicológica, neurofisiológica, social), são discutidos cientificamente pela autora, psicóloga e pesquisadora, e exemplificados em poemas de sua autoria.

PARA VER: Filme Como nossos pais (2017)

Rosa é uma mulher que quer ser perfeita em todas suas obrigações: como profissional, mãe, filha, esposa e amante. Quanto mais tenta acertar, mais tem a sensação de estar errando. Filha de intelectuais dos anos 70 e mãe de duas meninas pré-adolescentes, ela se vê pressionada pelas duas gerações que exigem que ela seja engajada, moderna e onipresente, uma supermulher sem falhas nem vontades próprias.

PARA OUVIRDe primeira grandeza – As canções de Belchior Amelinha (2017)

Álbum da cantora cearense dedicado à obra de Belchior, seu conterrâneo e contemporâneo. A produção é de Thiago Marques Luiz, que já trabalhou com a cantora em “Janelas do Brasil” (2012). Amelinha é acompanhada pelos músicos Caio Lopes (bateria), Fabá Jimenez (guitarra e violão), Ricardo Prado (teclado, baixo e sanfona) e Estevan Sincovitz (guitarra, violões e baixo), diretor musical do álbum. Para o repertório foram escolhidos clássicos, como “Palo Seco” e “Paralelas”, e também músicas menos conhecidas, como “Passeio”, “Incêndio” e “Princesa do meu lugar”. Esta última, inclusive, nunca chegou a ser gravada pelo autor.

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XVIICONGRESSO

DO COSEMS/CE

Iguatu Maio 2018

Vem aí

Ponte Ferroviária Metálica sobre o Rio Jaguaribe

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