edição 65 do jornal de lisboa de junho

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JORNAL MENSAL DE DISTRIBUIÇÃO GRATUITA [email protected] ANTÓNIO CARLOS MONTEIRO ANTÓNIO PRÔA RUI PAULO FIGUEIREDO PÁGS.O8/09 A NOSSA BANCADA DE OPINIÃO PÁGS. 14/15 Nº65 - JUNHO13 - ANO VI Se as eleições para a Câmara de Lisboa se realizassem hoje, António Costa ficava à beira da maioria absoluta e a coligação PSD/CDS ficava com um resultado só acima dos 18% das intercalares de 2007. DESTAQUE | PÁG. 04/05 > SONDAGEM AUTÁRQUICAS 2013 - LISBOA > ELEIÇÕES | PÁG.08 Independentes com 11 candidatos a Freguesias A Plataforma de Cidadania já tem 11 candidatos a Freguesias de Lisboa. O objectivo é concorrer às 24 autarquias. Com descontentes do PSD e independentes. > AUTÁRQUICAS 2013 | PÁG.07 PS impugna candidaturas de “dinossauros” A concelhia do Partido Socialista prepara-se para impugnar todas as candidaturas de autarcas com três mandatos. PSD e PCP é que sofrem. > COMBATE AO DESPERDÍCIO | PÁG.13 FAO estuda projecto “inovador” de Campolide As Nações Unidas estão a analisar o modelo implementado na Freguesia de Campolide para combater o desperdício alimentar. Aquela organzação das Nações Unidas analisa a forma de recolha, acondiconamento e distribuição dos alimentos, dando especial atenção ao facto de não haver dinheiro no processo. AS NOVAS FREGUESIAS DE LISBOA Até Setembro deste ano o Jornal de Lisboa vai dar a conhecer a “alma” das novas autarquias, com informação histórica, evolução de resultados eleitorais e tendência política. Nesta edição, Marvila e Misericórdia. ESPECIAL NOVAS FREGUESIAS | PÁGS.02/03 COSTA SEARA ESMAGA 41,5 % 28,2 % > CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DOMINADO | PÁG.06 Família Gonçalves e PSD controlam Montepio O candidato do PSD às Avenidas Novas e os seus filhos são os elos comuns entre Montepio, Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica e núcleo central de Lisboa dos social-democratas. > LUÍS NEWTON RECEBIA COMO VOGAL E COMO “GESTOR TÉCNICO” | PÁG.07 Documentos “tramam” candidato laranja à Estrela Os documentos não mentem: Luís Newton era vogal da Junta da Lapa e foi “nomeado gestor técnico” pelo executvio da Freguesia da Lapa. E ganhava dos dois lados.

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Page 1: Edição 65 do Jornal de Lisboa de Junho

JORNAL MENSAL DE DISTRIBUIÇÃO [email protected]

ANTÓNIO CARLOS MONTEIROANTÓNIO PRÔARUI PAULO FIGUEIREDO PÁGS.O8/09

A NOSSABANCADA DE OPINIÃO

PÁGS. 14/15

Nº65 - JUNHO13 - ANO VI

Se as eleições para a Câmara de Lisboa se realizassem hoje, António Costa ficava

à beira da maioria absoluta e a coligação PSD/CDS ficava com um resultado só

acima dos 18% das intercalares de 2007. DESTAQUE | PÁG. 04/05

> SONDAGEM AUTÁRqUICAS 2013 - LISBOA > ELEIçõES | PÁG.08Independentes com 11candidatos a FreguesiasA Plataforma de Cidadania já tem 11 candidatos a Freguesias de

Lisboa. O objectivo é concorrer às 24

autarquias. Com descontentes do PSD e

independentes.

> AUTÁRqUICAS 2013 | PÁG.07PS impugna candidaturas de “dinossauros” A concelhia do Partido Socialista

prepara-se para impugnar todas as

candidaturas de autarcas com três

mandatos. PSD e PCP é que sofrem.

> COMBATE AO DESPERDíCIO | PÁG.13FAO estuda projecto“inovador” de CampolideAs Nações Unidas estão a analisar o

modelo implementado na Freguesia de

Campolide para combater o desperdício

alimentar. Aquela organzação das Nações

Unidas analisa a forma de recolha,

acondiconamento e distribuição dos

alimentos, dando especial atenção ao facto

de não haver dinheiro no processo.

AS NovAS FrEgUESiAS DE LiSboA Até Setembro deste ano o Jornal de Lisboa vai dar a conhecer a “alma”

das novas autarquias, com informação histórica, evolução de resultados

eleitorais e tendência política. Nesta edição, Marvila e Misericórdia. ESPECIAL NOVAS FREGUESIAS | PÁGS.02/03

COStASeArAeSmAgA

41,5%

28,2%

> CONSELHO DE ADMINISTRAçÃO DOMINADO | PÁG.06

Família gonçalves e PSDcontrolam montepio O candidato do PSD às Avenidas Novas e os seus filhos são os elos

comuns entre Montepio, Junta de Freguesia de São Domingos de

Benfica e núcleo central de Lisboa dos social-democratas.

> LUíS NEwTON RECEBIA COMO VOGAL E COMO “GESTOR TéCNICO” | PÁG.07

Documentos “tramam”candidato laranja à estrelaOs documentos não mentem: Luís Newton era vogal da Junta da

Lapa e foi “nomeado gestor técnico” pelo executvio da Freguesia

da Lapa. E ganhava dos dois lados.

Page 2: Edição 65 do Jornal de Lisboa de Junho

Projecção de voto para a Assembleia da repúblicaAnálise EvolutivaFonte: Barómetro Político MarktestFicha técnica:http://www.marktest.com/wap/a/p/m~201301/

s~5/id~e9.aspx

1976 1979 1982 1985 1989 1993 1997 2001 2005 2009

PS (+PCP e outros) 36,45 26,23 29,91 21,37 54,53 64,99 59,72 50,23 35,86 42,23PSD (AD) 13,82 37,88 33,36 40,26 35,59 23,44 34,85 34,30 31,09 33,23CDS (+PSD) 13,43 7,82 6,70 3,75PCP(FEPU; APU) 24,83 31,00 32,40 33,39 14,09 11,96BE 3,55 8,32 7,67

FregueSIA DOS OlIvAIS

NOvA FregueSIA Freguesias antigasEleições Autárquicas 2009 Resultados para Assembleias de Freguesia

Somatório dos resultadosde 2009 de PS e de PCP Diferença de votos em 2009

entre PSD+CDS e PS+PCPPopulação

(Censos 2011)Eleitores 2011

PS PSD + CDS % média PCP Nº de votos % média

Olivais Stª. Maria dos Olivais 10291 8098 32,23 2914 13205 54,19 Saldo Esquerda: 5017 51 036 44 635

População residente

0 - 14 anos 15 - 24 anos 25 - 64 anos 65 ou mais anos

total H m Hm H m Hm H m Hm H m Hm H m

51036 24033 27003 7349 3765 3584 4933 2548 2385 26570 12929 13641 12184 4791 7393

Nível de Instrução

Nenhum Básico

Secundário Pós-secundário Superior 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo

Hm H Hm H Hm H Hm H Hm H Hm H Hm H

8865 3752 10920 4875 5020 2709 7055 3602 6429 3201 849 486 11898 5408

total 21156C/ 1 pessoa C/ 2 pessoas C/ 3pessoas C/ 4 pessoas C/ 5 ou + pessoas

5885 7030 4085 2824 1332total 3435

Antes de 1919 de 1919 a 1945 de 1946 a 1970 de 1971 a 1990 de 1991 a 2011

145 197 1796 558 739

Famílias clássicas residentes segundo a dimensão

Alojamentos

Análise de resultado eleitoral 2009 * (1)

edifícios

TotalCom água canalizada

Sem água canalizada

Com sistema de drenagem de águas

residuais

Sem sistema de drenagem de

águas residuais

Com instalaçãode duce

Sem instalaçãode duche

Com estacionamento

Semestacionamento

Proprietário ou co-proprietário

Arrendamento ou subarrendamento

20882 20872 10 20875 7 20811 71 6387 14481 14983 4792

Fonte: Censos 2011

Pela mão do estado NovoA Freguesia dos Olivais foi concebida pelo Estado Novo, que definiu

planos de urbanização concretos.

Nos anos 40 do século XX, concretiza-se a grande e profunda alteração da zona da Freguesia dos Olivais, com a política de obras públicas do Estado Novo e com o Plano de Groer, que propunha a implantação do aeroporto internacional, definiu os grandes eixos viários e apontou a vocação residencial da zona. O Programa Bairros Novos, de Duarte Pacheco, destinado a construir casas económicas, começou em 1939, a erigir o Bairro da Encarnação, da autoria do Arq.to Paulino Montez.

Foi, assim, o princípio do fim da então Freguesia essencialmente rural, que se caracte-rizava pela existência de casas agrícolas e quinta de rendimento e de recreio. O actual perfil da Freguesia dos Olivais foi-lhe definido em 1959, quando é formado o Gabinete Técnico de Habitação da Câmara de Lisboa, que desenvolve a urbanização local, ins-

pirada nos princípios da Carta de Atenas, levando a que o território hoje se caracterize essencialmente pela urbanização planeada, com edifícios desenvolvidos em altura, no meio de grandes espaços verdes, e boa exposição solar. No séc. XV, é construída a Igre-ja Matriz dos Olivais, e é a partir desse espaço que se começa a construir o núcleo ur-bano conhecido hoje como Olivais Velho, depois de criada a paróquia de Santa Maria dos Olivais a 6 de Maio de 1397, por iniciativa do arcebispo de Lisboa, D. João Anes, e confirmada em 1400, por bula do papa Bonifácio IX. À época, a zona consistia em pe-quenos aglomerados habitacionais, dispersos por um extenso território, terras rurais, de árvores, cultivo e pastoreio, que pertenceram a ordens religiosas, e, a partir do séc. XVII, também a nobres e burgueses, que aqui tiveram quintas e palacetes. A constru-ção do caminho-de-ferro, em 1856, desencadeou a fixação de indústrias, que benefi-ciavam quer da proximidade da linha-férrea e do porto fluvial. Entre 1852 e 1886, San-ta Maria dos Olivais foi sede de um grande município, de carácter rural, abrangendo vinte e duas freguesias. Na década de 90 do século passado, a realização da Expo 98, promoveu uma extensa e profunda requalificação urbana da zona sul da Freguesia.

Área: 809 hectares

residentes: 51 036 (Censos 2011)

eleitores: 44 635 (Legislativas 2011)

SANtA mArIA

DOS OlIvAIS

José Rosa

do Egipto(Actual

presidente)

Candidata

do PSRute Lima

Candidato do

PSDFrancisco

Domingues

* N

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*Stª maria dos Olivais

PS (+PCP e outros)PSD (AD)CDS (+PSD)PCP(FEPU; APU)BE

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20

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50

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2009200520011997199319891985198219791976Valo

res

perc

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(%)

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Page 3: Edição 65 do Jornal de Lisboa de Junho

JUNHO13

Índice de expectativaAnálise EvolutivaFonte: Barómetro Político MarktestFicha técnica:http://www.marktest.com/wap/a/p/m~201301/

s~5/id~e9.aspx

FregueSIA DO PArque DAS NAçõeS

O “bairro” mais novo de lisboaA Freguesia do Parque das Nações assume-se como o

novíssimo “bairro” da capital.

AExpo’98, exposição mundial dedicada aos oceanos que se realizou em 1998, é a causa directa da criação da nova Freguesia do Parque das na-ções. Nova autarquia foi desanexada de parte nascente da freguesia de Santa Maria dos Olivais, integrando os “bairros” do Parque das Nações e os bairros municipais do Casal dos Machados e Quinta das Laranjeiras. Delimitando-se a nascente pela margem do Rio Tejo, a sul pela Avenida Marechal Gomes da Costa, a poente pela Avenida Infante D. Henrique

e a norte pelos limites do rio Trancão Esta freguesia, embora integrando os bairros municipais, tem uma identidade própria enraizada nos projectos da Exposição Mun-dial Expo’98 e da Expo Urbe. O Plano de Urbanização do Parque das Nações define--se pelo modelo de quadrícula, devolvendo a cidade ao rio e integrando a memória da Expo’98, através de antigos edifícios da Exposição, obras arquitectónicas de referência e identidade do espaço, elementos principais do plano de urbanização. Além disso, a existência de uma gestão unificada do espaço (Sociedade de Gestão Urbana do Parque das Nações), da Associação de Moradores e Comerciantes,, a presença de equipamen-tos públicos (hospital; escolas básicas; etc.) e a criação da paróquia de Nossa Senhora dos Navegantes criaram um forte sentimento de pertença e identidade dos seus habi-tantes. O território da nova freguesia já integrou o antigo Termo da cidade de Lisboa, depois o concelho dos Olivais, de 1852 a 1886, neste ano extinto; sendo parte integrada no concelho de Lisboa e outra no novo concelho de Loures. Outrora lugar de quintas agrícolas – designadamente de olivais, aos quais a zona oriental da capital ficou a de-ver o topónimo – e de ócio da nobreza lisboeta o espaço geográfico desta nova fregue-sia sofreu grandes transformações no séc. XIX com a introdução do caminho-de-ferro (1856) que possibilitou a sua progressiva industrialização e o desenvolvimento da área portuária, encaminhando a sua faixa ribeirinha para uma vocação industrial. Estas indústrias foram objecto de um processo de planeamento com a construção de novas infra-estruturas portuárias e novas indústrias (petroquímica e refinaria), nos anos 40 do século passado. Nos anos 70-80 o declínio industrial e portuário contribuiu para a degradação da paisagem envolvente e consequente abandono e marginalização da zona oriental ribeirinha do concelho. Deste modo, a criação desta freguesia está in-trinsecamente ligada à realização da Expo’98, que possibilitou a requalificação e rea-bilitação da zona oriental da cidade, até essa data esquecida e afastada dos lisboetas.

Área: 280 hectares

residentes: 15.500(1)

eleitores: 15.000(1)

* N

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Cens

os 2

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*

Candidato

do PSDPaulo Coelho

Candidato

do PSHirondino Isaías

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> SONDAGEM PARA ELEIçõES PARA A CâMARA DE LISBOA

ANtóNIO COStA 41,5%FerNANDO SeArA 28,2%

oPSD e o CDS teriam uma das maiores derrotas eleitorais de sempre em Lisboa caso as eleições autárquicas se realizassem agora. É esse o resultado de uma sondagem da SGEST, Lda. feita para o Jornal de Lisboa, cujos trabalhos de campo foram realizados entre os passados dias 15 e 18 de Maio, com 600 entrevistas validadas (ver ficha técnica).Apesar das incertezas, nomeadamente de ordem jurídica, esta son-dagem foi realizada partindo do princípio que Fernando Seara será o

candidato da direita à Câmara de Lisboa.De acordo com as respostas dos inquiridos, o actual presidente da Câmara, An-tónio Costa, dá um verdadeiro “banho” ao candidato da coligação do PSD/CDS, Fernando Seara. Assim, se as eleições fossem hoje, 41,5% dos eleitores votavam em António Costa, enquanto apenas 28,2% dos lisboetas davam o seu voto a Fernan-do Seara. Com a distribuição dos votos dos 15,1% daqueles que responderam “Não sabe” e dos 1,5% que não responderam, o fosso entre António Costa e Fernando Seara torna-se ainda mais expressivo. Neste cenário, a coligação PSD/CDS ficaria com 33,8% dos votos e o PS de António Costa fica muito próximo dos 50% dos votos expressos, garantindo 49,7% das preferências dos alfacinhas. Ou seja, a coligação PSD/CDS liderada por Fernando Seara regista uma descida de votos de cerca de 5% relativamente a 2009 (coligação Lisboa com Sentido teve 38,7%). Por seu lado, António Costa e o PS sobem quase 6% relativamente a 2009, altura em que tiveram 44% dos votos contra os presentes resultados de 49,7%. É, porém, de realçar que, tendo em consideração o ambiente estatisticamente atípico que se vive em Lisboa, em consequência da crise económico-financeira, o resultado da presente sonda-gem pode ser favorável ao PSD/CDS, dado que a amostra, como é norma da arte, conta com uma estratificação com base nos resultados que cada partido/coligação obteve nas eleições autárquicas de 2009. Mais à esquerda, o cenário parece não ser muito animador. Neste contexto, a coligação CDU, liderada pelo comunista João Ferreira queda-se pelos 5,6% dos votos. Um resultado que, sendo distribuídos pro-porcionalmente os 15,1% daqueles que responderam “Não sabe” e os 1,5% que não responderam, sobe para os 6,7%. O que significa que – assim sendo – a CDU desce 1,4%, o que representa uma queda de 17,3% relativamente aos resultados eleitorais de 2009. Por seu lado, o Bloco de Esquerda (BE) parece não conseguir descolar, be-neficiando eventualmente da descida comunista. De facto, a candidatura de João Semedo pelo BE à Câmara de Lisboa recolhe apenas 3,9% das intenções de voto. Um resultado que, sendo distribuídos proporcionalmente os 15,1% daqueles que responderam “Não sabe” e os 1,5% que não responderam, faz o “score” do BE subir para 4,7%, o que representa uma melhoria de 0,1% relativamente a 2009, quando o BE perdeu o único vereador que tinha eleito nas anteriores autárquicas.

Costa esmagaMas, se os resultados eleitorais de António Costa podem considerar-se muito po-sitivos, a imagem que os lisboetas têm do actual presidente de Câmara é esmaga-dora. Assim, quando perguntados sobre qual dos candidatos consideravam mais

competente para exercer o cargo de presidente da Câmara de Lisboa, os inquiridos foram es-clarecedores: António Costa é considerado por 51,1% dos eleitores como o mais competente.Este resultado reforça a sua expressão quando apenas 12,1% dos lisboetas acha que Fernando Seara é o mais competente para dirigir os desti-nos da Câmara da capital.À esquerda, curiosamente, o candidato do BE, João Semedo, é considerado mais competente por 2,1% dos eleitores, enquanto o candidato comunista, João Ferreira, é visto como o mais competente para 1,6% dos lisboetas. Resultados que invertem a tendência de voto, em que a co-ligação comunista está quase dois pontos per-centuais à frente do BE.António Costa e Fernando Seara são considera-dos mais competentes pelos homens (respecti-vamente 51,3% e 12,7%) do que pelas mulheres (50,9% e 11,5%), tal com o João Semedo (3% ho-mens e 1,4% mulheres, enquanto João Ferreira é absolutamente simétrico, com 1,6% de ambos os sexos (ver tabelas). Esta mesma tendência se verifica na análise por grupos de idades e por níveis de instrução, com António Costa a des-tacar-se de todos os restantes candidatos, com Fernando Seara num modesto segundo lugar e João Semedo e João Ferreira a alternarem-se nos terceiro e quarto lugares (ver tabelas).Interessante é analisar como os eleitores do cada partido percepcionam a competência de cada um dos candidatos. Assim, 74,2% dos eleitores que em 2009 votaram PS acham que António Costa é o mais competente, enquanto 6,3% dizem que Fernando Seara é mais competente, 2,4% afirmam ser João Semedo e 1,5% acreditam ser João Ferreira. Dos que votaram PSD em 2009, 26% dizem que António Costa é o mais competente e 49,1% acreditam que Seara é o mais competente. Para 2,4% daqueles eleitores do PSD, João Ferreira é o mais competente, enquanto apenas o,4% dizem ser João Semedo do BE.Para os eleitores comunistas de 2009, a competência de Fernando Seara é um as-sunto que não se põe (0%), enquanto a maioria – 50,1% - diz que o mais competente é António Costa, enquanto apenas 12,6 dos eleitores comunistas acreditam que o mais competente é João Ferreira, pouco mais do que 11,8% que olham para o blo-quista João Semedo como o mais competente.Os eleitores do BE são mais caseiros. Daqueles, 46,7% dizem que João Semedo é o

Se as eleições para a Câmara de Lisboa se realizassem agora, António Costa ficava à beira da maioria absoluta. A coligação

de direita ficava com um resultado só acima dos 18% das intercalares de 2007.

> INVESTIMENTONovo pólo de empreendedorismo abre em lisboaNo decurso da Segunda Semana do Empreendedorismo de Lisboa, foi inaugurado um novo pólo de empreendedorismo na cidade: o “Central Station”, uma iniciativa da Associação Beta-i e do Cowork Lisboa, com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa. Este espaço situa-se no edifício da antiga estação dos CTT do Cais do Sodré, localizado na Praça D. Luis I, junto ao Mercado da Ribeira.

0 4

Page 5: Edição 65 do Jornal de Lisboa de Junho

JUNHO13

mais competente, enquanto 26,1% acreditam sê-lo António Costa. Fernando Seara recolhe 2,9% das preferências dos bloquistas, enquanto João Ferreira é para o BE uma inexistência (0%).Estas convicções têm influência na forma como o eleitorado de cada partido pro-cede no momento de votar. Assim, António Costa parece ter um eleitorado mais estabilizado. Os que votaram PS em 2009 dizem 74,2% que irão votar no actual edil, enquanto 7,4% diz votar em Seara, 3,5% em João Semedo e 2,7% em João Ferreira.Dos eleitores do PSD em 2009, 63,6% afirmam ir votar em Seara, 13,2% em António Costa, João Semedo e João Ferreira não são opções (0%), mas 16% ainda não sabem em quem vão votar.Os eleitores comunistas de 2009 repartem-se da seguinte forma: 54,3% para João ferreira, 31,5% para António Costa e 14,2% para João Semedo, com Seara a ficar fora das preferências comunistas (0%).

> FICHA TéCNICA A sondagem, realizada pela SGEST para o Jornal de Lisboa, impresso e online, foi efetuada de 15 a 18 de Maio de 2013. Teve como objectivos recolher as opiniões sobre as candidaturas às eleições autárquicas para a Câmara, em 2013. O universo é a população com 18 anos ou mais anos, residente no concelho de Lisboa, habitando em agregados familiares com telefone fixo. A amostra de 600 indivíduos, foi estratificada por sexo, idade, e nível de instrução. Foram efetuadas 1628 contactos: 260 não aceitaram responder, 768 não estavam incluídos nos estratos da amostra proporcional, e foram realizadas 600 entrevistas. A escolha do agregado foi aleatória com base na seleção aleatória dos pontos de amostragem nas freguesias e nas listas telefónicas, e o entrevistado, em cada agregado familiar, proporcional à distribuição da população por sexo (Homens 276, mulheres 324), idade (18 a 24 48, 25 a 49 238, 50 a 64 143, 65 e mais 171) e nível de instrução (1º ciclo ou menos 143, 2º e 3º ciclos 148, secundário 113 e superior 196. O erro máximo da amostra é de 4,0% para um grau de probabilidade de 95%.

PArTiDoS/CANDiDAToS Maio de 2013 Autárquicas 2009 Diferença

PSD+CDS - Fernando Seara 33,80% 38,70% -4,90%PS - António Costa 49,70% 44,00% 5,70%CDU - João Ferreira 6,70% 8,10% -1,40%BE - João Semedo 4,70% 4,60% 0,10%Outro partido 1,20% 2,10% -0,90%Branco/Nulo 3,90% 2,60% 1,30%

PArTiDoS/CANDiDAToS Sim Não

António Costa 99,00% 1%Fernando Seara 92,70% 7,90%João Semedo 72,00% 18%João Ferreira 26,00% 74%

PS PSD+CDS CDU BE

PSD+CDS - Fernando Seara 7,40% 63,60% 0% 2,90%PS - António Costa 74,20% 13,20% 31,50% 24,60%CDU - João Ferreira 2,70% 0% 54,30% 0%BE - João Semedo 3,50% 0% 14,20% 27,50%Outro partido 0% 2,60% 0% 0%Branco/Nulo 1,80% 2,80% 0% 0%Não sabe 8,80% 16% 0% 43,80%Não responde 1,70% 1,70% 0% 1,20%

PS PSD+CDS CDU BE

PSD+CDS - Fernando Seara 6,30% 49,10% 0% 2,90%PS - António Costa 74,20% 26,00% 50,10% 26,10%CDU - João Ferreira 1,50% 2,40% 12,60% 0%BE - João Semedo 2,40% 0,40% 11,80% 46,70%Nenhum 5,90% 5,20% 11% 0%Não sabe 9,70% 17,00% 14% 24%

PrevISãO De vOtO COm DIStrIBuIçãO De “NãO SABe” e “NãO reSPONDe”INteNçãO De vOtOS NAS AutÁrquICAS 2013

NOtOrIeDADe DOS CANDIDAtOS

“AtrIBuIçãO De vOtOS POr PArtIDO/CANDIDAtOPelOS eleItOreS De CADA PArtIDO NAS AurtÁrquICAS De 2009”

“eleItOreS De PArtIDO/CANDIDAtO NAS AutÁrquICAS De 2009que CONSIDerAm CADA CANDIDAtO mAIS COmPeteNte”

Os eleitores de 2009 do BE parecem ter muitas dúvidas. Assim, 2,9% admitem votar Seara, 24,6% preferem António Costa, 27,5% João Semedo, com João Ferreira a não ser contemplado com votos bloquistas. Mas, os bloquistas têm uma taxa de indeci-são (“Não sabe”) muito elevada, situando-se nos 43,8%.

Fim aos dinossaurosQuase 50% dos eleitores manifestaram-se contra a eternização de presidentes de Junta de Freguesia e de Presidentes de Câmara.De facto, quando questionados se “concordam que os presidentes de Câmara e os presidentes de Juntas de Freguesia que já tenham cumprido três mandatos se-guidos, concorram a um novo mandato noutro concelho ou noutra Junta de Fre-guesia”, 48,9% dos inquiridos disseram “não”. Perante a mesma questão, 38,6% dos lisboetas concordam com a possibilidade de recandidaturas, enquanto 11,1% não sabe e 1,4% não respondeu. Analisando estes resultados por partido, 54,7% dos socialistas não concordam com a recandidatura dos chamados “dinossauros” autárquicos, enquanto 35,8% concorda. No PSD, os valores invertem-se: 57% con-cordam, 31,4% discorda. Os comunistas também estão maioritariamente contra a recandidatura de “dinossauros”, como demonstram 53,4% dos inquiridos, enquan-to 28,9% concorda. Por seu lado, 74,4% dos bloquistas são contra a eternização de autarcas, enquanto 25,6% são a favor.Quanto aos problemas para que a população de Lisboa exige resolução, proporcio-nando melhor qualidade de vida estão situações relacionadas com o lixo e limpeza de ruas (19,6%), mais zonas verdes (13,4%), estado dos passeios, iluminação (13%), estacionamento (12%), segurança, policiamento (9,9%), buracos nas ruas (6,8%) e apoio a idosos (5%).

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Page 6: Edição 65 do Jornal de Lisboa de Junho

> MILITANTES DO NúCLEO SOCIAL-DEMOCRATA PRESIDIDO PELO CANDIDATO LARANJA à FREGUESIA DAS AVENIDAS NOVAS

Família gonçalves e PSD dominam montepioO Montepio Comercial e Industrial – Associação de Socorros Mútuos tem os seus órgãos sociais dominados por militantes do

PSD. Esmagadoramente do núcleo chefiado por Daniel Gonçalves, candidato social-democrata à Freguesia das Avenidas Novas.

onúcleo duro da família Gonçalves, que logrou ga-rantir o controlo da antiga secção A (Benfica) do PSD de Lisboa e que, actualmente, domi-na o núcleo central dos sociais-democratas da capital – que representa cerca de um terço da cidade –, é o elo comum com entre todos os militantes do PSD de Lisboa que in-

tegram os órgãos sociais do Montepio Comercial e Indus-trial – Associação de Socorros Mútuos.No topo desta pirâmide está Daniel Gonçalves, candidato la-ranja à nova Freguesia das Avenidas Novas, que durante muitos anos exerceu cargos no Montepio Comercial e Industrial – Associa-ção de Socorros Mútuos.Rodrigo Gonçalves, ex-presidente da antiga secção A do PSD/Lisboa, e ainda presidente da Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica e vice-presidente do PSD/Lisboa, é outro dos elementos do núcleo duro da família Gonçalves que, de acordo com as nossas fontes, já terá integrado a administração daquela institui-ção mutualista.Asdrúbal Gonçalves, irmão gêmeo de Rodrigo, é o terceiro membro do “inner cir-cle” da família Gonçalves. Actualmente, o tenro Asdrúbal, que já está reformado do banco Montepio Geral, é o primeiro vogal do conselho de administração do Montepio – Associação de Socorros Mútuos, eleito para o triénio 2012-2014.A partir daqui, a esmagadora maioria dos membros dos órgãos sociais do Monte-pio Comercial e Industrial – Associação de Socorros Mútuos têm em comum o PSD e relações com a família Gonçalves, de acordo com informações e documentos a que o Jornal de Lisboa teve acesso. A Mesa da Assembleia Geral tem dois militan-tes do PSD em apenas três membros. E ambos são militantes do núcleo central do PSD/Lisboa, chefiado por Daniel Gonçalves.O Conselho Fiscal tem, nos membros efectivos, também dois laranjas em três membros, e mais um em dois suplentes. E, mais uma vez, são todos militantes do núcleo central do PSD/Lisboa, chefiado por Daniel Gonçalves.Por outro lado, dos dez elementos efectivos do Conselho Geral, seis são militantes laranjas do núcleo presidido por Daniel Gonçalves. Nestes nomes, contam-se dois colaboradores e amigos de longa data de Rodrigo Gonçalves, que colaboram com o vice-presidente do PSD/Lisboa na Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica. Um deles, Paulo Serrão, é advogado avençado daquela autarquia. O outro, Pedro Miguel Ribeiro Duarte dos Reis, colabora com Rodrigo Gonçalves naquela mesma Freguesia, é deputado municipal do PSD em Lisboa e, tal como Rodrigo Gonçalves, envolveu-se em recebimento de subsídios de transporte em automóvel próprio pa-gos pela Assembleia Municipal de Lisboa com base em moradas que n\ao eram as suas, como o Jornal de Lisboa já noticiou.Quanto ao Conselho de Administração, a preponderância de militantes laranjas é avassaladora. Em cinco membros (três efectivos e dois suplentes) a militância so-

cial-democrata é comum a quatro deles. Apenas uma vogal, ao que o Jornal de Lisboa apurou, não será militante do PSD. Todos os outros têm o car-

tão laranja. E todos do núcleo chefiado por Daniel Gonçalves.E para além da militância, há, pelo menos em relação a dois elementos

do Conselho de Administração, uma especial relação com Daniel Gonçalves e Rodrigo Gonçalves.

O vogal Asdrúbal José Elias Gonçalves da Silva é o irmão gêmeo de Rodrigo Gonçalves e filho de Daniel Gonçal-

ves, candidato laranja à Freguesia das Avenidas Novas e, durante muitos anos, colaborador daquela institui-ção mutualista.Por seu lado, o presidente do Conselho de Administra-

ção – também militante social-democrata – é um velho conhecido de Rodrigo Gonçalves e de Daniel Gonçalves.

Carlos Saul Duarte Gonçalves Oliveira foi prestador de serviços na Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica e,

actualmente, de acordo aliás com informação noticiada pela Jor-nal de Lisboa, é quem presta serviços àquela autarquia em representação da em-presa CSDO, Lda. Para além disso, Carlos Saul Oliveira já integrava o Conselho de Administração do Montepio pelo menos desde o ano de 2006.

€3.000.000,00 desaparecidosAté agora, a relação entre a família Gonçalves, o PSD, a Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica e o Montepio Comercial e Industrial – Associação de Socor-ros Mútuos era discreta. E do conhecimento apenas dos mais próximos de Rodrigo, Daniel e Asdrúbal Gonçalves.Porém, a relação foi assumida publicamente quando a Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica divulgou a celebração de um protocolo entre aquela autar-quia e a instituição mutualista, como o Jornal de Lisboa divulgou na edição de Maio passado.As polémicas em torno do Montepio Comercial e Industrial – Associação de Socor-ros Mútuos vieram à tona em 2010.De acordo com informações publicadas no Correio da Manhã (CM), no dia 5 de Abril de 2010, “despareceram três milhões” de euros das contas do Montepio.Segundo aquele diário, “o Ministério Público está a investigar um possível desfal-que de cerca de três milhões de euros nas contas da Associação Mutualista Mon-tepio Comercial e Industrial, que também funciona como Fundo de Pensões (…).”O CM escreveu ainda que “o anterior conselho de administração meteu uma pro-vidência cautelar de arresto dos bens pessoais – incluindo parte do capital de uma empresa de construção civil sediada em Sesimbra – a um dos seus membros, o vo-gal José Manuel Santos Bailhote, que entretanto faleceu.”O Jornal de Lisboa contactou com Daniel Gonçalves e Rodrigo Gonçalves que, até ao fecho da edição, não prestaram quaisquer esclarecimentos.

> FESTAS DE LISBOAArraial na mourariaA Associação Renovar a Mouraria organiza arraiais dos Santos Populares no Beco do Rosendo, ao Poço do Borratém, na zona da recém inaugurada MOURADIA, Casa Comunitária da Mouraria, sede da Associação. O objectivo é revitalizar cultural e socialmente um espaço público com baixo índice de utilização, apostando na música de qualidade e na diversidade gastronómica.

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Page 7: Edição 65 do Jornal de Lisboa de Junho

JUNHO13

> LUíS NEwTON RECEBIA COMO VOGAL E COMO “GESTOR TéCNICO”

Documentos “tramam”candidato do PSD à estrelaOs documentos não mentem: Luís Newton era vogal da Junta da

Lapa e foi “nomeado gestor técnico” de instalações desportivas

ao serviço da Freguesia da Lapa. E ganhava dos dois lados.

Nos mandatos autárquicos de 2001-2005 e 2005-2009, Luís Newton, actual candidato do PSD à nova Freguesia da Estrela e tesoureiro da comissão política concelhia do partido da capital, integrou os exe-cutivos da Junta de Freguesia da Lapa. A partir de 3 de Setembro de 2004, o vogal Luís Newton, que detinha o pelouro do desporto e da juventude, de acordo com fontes daquela autarquia, passa a exercer na mesma Freguesia da Lapa funções de “gestor técnico”,

competindo-lhe a gestão do complexo desportivo da Lapa que, no mês anterior, as instaçaões foram cedidas àquela autarquia pel IPD. Todos estes factos, para além da confirmação junto de diversas fontes ligadas à Junta da lapa, estão confirmados documentalmente, autenticados pela própria Junta de Freguesia da Lapa. De facto, basta ler a Acta nº 56/2004 (ver nesta página) para verificar que na reunião do exe-cutivo do dia 3 de Setembro de 2004, “Na sequência da reunião [do executivo] e já na presença do Presidente, o vogal Luís Newton por proposta do secretário e com a aprovação de todos os presentes, (entrelinhado manuscritamente: «à excepção do vogal Luís Newton que se absteve») foi nomeado Gestor Técnico, no complexo desportivo IDP, como representante da Junta, com um vencimento igual ao das funcionárias administrativas.” Portanto, este parágrafo da Acta nº56/2004 do exe-cutivo da Freguesia da Lapa confirma integralmente todas as informações divulga-das pelo Jornal de Lisboa: Luís Newton era vogal da Junta da Lapa e foi “nomeado” “gestor técnico” para prestar serviço na mesma autarquia. E auferia um ”vencimen-to” que, como refere aquele documento, era “igual ao das funcionárias adminis-trativas”. Mas, para além deste documento confirmar transparentemente todas as

informações publicadas pelo Jornal de Lisboa, há ainda outros aspectos que são de sublinhar. Assim, Luís Newton participou na votação da proposta que o indicou para ser “nomeado gestor técnico” porque, como refere o entrelinhamento manus-crito – ver imagem nesta página – a proposta foi aprovada por todos os presentes “à excepção do vogal Luís Newton que se absteve”. Ora, a abstenção é um comporta-mento diferente da não participação na votação. Facto que poderá levantar proble-mas de ordem jurídica, nomeadamente quanto à sua validade e produção de efei-tos. Por outro lado, Luís Newton assinou a acta que o nomeia “gestor técnico”, como se pode verificar na imagem agora publicada, apesar de ser observável riscos sobre a mesma assinatura. Facto que poderá revelar a tentativa de retirar validade àquela mesma assinatura. Estes dois factos (entrelinhamento manuscrito e riscos na assi-natura) levantam uma pergunta: Se, como Luís Newton se esforça por tentar fazer crer, tudo se passou dentro da legalidade, por que razão alguém tentou proteger-se com o referido entrelinhamento e com a tentativa de invalidação da assinatura? Quis ou quiseram defender-se de quê? A resposta a estas perguntas parece residir na resposta que a ANAFRE deu ao Jornal de Lisboa: um vogal de uma junta de Fre-guesia não pode ser contratado, seja sob que forma for, pela mesma autarquia. Po-rém, Luís Newton era vogal e simultaneamente foi “nomeado gestor técnico” “com um vencimento igual ao das funcionárias administrativas”. E estas duas realidades são atestadas pelos documentos que são agora publicados nesta página. E autenti-cados pela Junta de Freguesia da Lapa. Como vogal, Luís Newton recebeu, de acor-do com documentos disponibilizados pela Freguesia da Lapa, pagamentos a título de “remunerações”, conforme “Recibo de Vencimento” com a data de 18 de Outu-bro de 2004. Simultaneamente, Luís Newton recebeu pagamentos a título de “ho-norários coordenador desporto”, de acordo com “Ordem de Pagamento” com data de 20 de Outubro de 2004. E, como “gestor técnico”, Luís Newton recebia €800,00 por mês. Tudo conforme documentos oficiais da Junta de Freguesia da Lapa. O Jor-nal de Lisboa contactou com Luís Newton que, até ao fecho da edição, não prestou qualquer esclarecimento.

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Page 8: Edição 65 do Jornal de Lisboa de Junho

Prestar ContasCostuma-se dizer que em democracia, de 4 em 4 anos, os políticos

são chamados a prestar contas. O eleitor tem o direito de avaliar

o que foi feito, o que falhou e a votar nas opções políticas, bem

como nos candidatos a um próximo mandato.

Sabemos que os Orçamentos da CML, ao longo deste mandato,

são alterados quase à média de duas vezes por mês e a previsão

que se aprova para o ano acaba por sofrer tantos entorses que no

final ficou irreconhecível. É o que se chama navegar à vista.

Agora, se um presidente de câmara em funções anuncia que é candidato,

exige-se que seja transparente e que preste contas sobre o mandato que está a

exercer, para que possa legitimamente ser avaliado. Não posso por isso deixar de

considerar completamente inusitado que o Relatório e Contas da Câmara Municipal

de Lisboa, que deveriam ter sido aprovadas até ao dia 30 de Abril, continuem

ainda hoje sem serem conhecidos, ainda para mais num ano em que há eleições

autárquicas. Para quem já fez uma campanha eleitoral assente na palavra “Rigor”,

convenhamos que o Dr. António Costa deixa muito a desejar…

Exige-se por isso que as Contas de 2012 da CML, que continuamos ainda

hoje a desconhecer, sejam apresentadas. É uma condição de transparência da

Democracia. Quem se recandidata tem a obrigação de as prestar e quem se

quer apresentar como alternativa tem o direito de conhecer a situação em que o

Município se encontra.

Só assim se cumpre e se prestam contas.

António Carlos Monteiro Vereador do CDS-PP na CML

Lisboa é linda!O mês de Junho, em Lisboa, é o mês das festas da cidade. Neste

período, um sem número de actividades é anunciado.

No entanto, grande parte das actividades e da animação são

concentradas nas zonas mais populares e históricas da cidade.

As festas da cidade, embora da “cidade”, têm pouca expressão

nas zonas mais recentes. Os arraiais, os concertos e as sardinhas

concentram-se sobretudo nos bairros históricos de Lisboa e grande

parte da cidade acaba por passar indiferente a toda a animação, talvez

com excepção do desfile das marchas na Avenida da Liberdade. Toda esta animação de

Lisboa durante o mês de Junho é um factor de identidade da cidade com um imenso

potencial, também para o turismo. Pese embora a diversidade e riqueza da oferta cultural

e turística que Lisboa oferece em permanência, as festas da cidade podem representar

um enriquecimento da oferta turística. Também para todos aqueles que, não sendo de

Lisboa, todos os dias fazem a sua vida na cidade, as festas da cidade podem ser uma

experiência surpreendente. Toda a vibração que se sente quando se passa pelas festas é

um fenómeno singular. É uma experiencia que vale a pena vivenciar. Mesmo para muitos

lisboetas que vivem nas zonas mais recentes da cidade e que muitas vezes desconhecem

a animação das festas, a sua descoberta pode constituir um elemento para o reforço do

conhecimento e ligação à cidade que habitam. Durante o mês de Junho, o desafio para

turistas, para quem trabalha ou estuda em Lisboa e para os seus habitantes é descobrirem

ou redescobrirem as festas da cidade. Lisboa fica ainda mais bonita e mais singular com as

suas festas. Como se diz nas marchas: “Lisboa é linda!”.

António Prôa Presidente do Grupo Municipal do PSD

> PREVISÃO DE RESULTADOSA “tempestade perfeita” do PSD

> LISBOA – AUTÁRqUICAS 2013

Plataforma de Cidadania tem candidatos a 11 FreguesiasA Plataforma de Cidadania já tem 11 candidatos a Freguesias de Lisboa. O objectivo

é concorrer às 24 autarquias. Com descontentes do PSD e independentes.

omovimento Plataforma de Cidadania, apoiado pelo PPM e pelo Partido Pró-Vida (PPV) e por indepentes, quer concorrer às eleições autárquicas em todo o País, mas com especial enfoque no concelho de Lis-boa. De acordo com dirigentes da Platafor-ma de Cidadania, “já temos candidatos a

11 Freguesias de Lisboa, mas o objectivo é concorrer às 24 Freguesias da capital”. No manifesto da Plataforma de Cidadania, é referido que este movimento nasce da “necessidade de construção de uma alternativa política que coresponda aos anseios e exigências da generalida-de dos cidadãos portugueses,” e de “consolidação de um poder autárquico assente no valor da pessoa humana, na sua competência e credibilidade cívica”. Por outro lado, a Plataforma de Cidadania justifica ainda as suas can-didaturas “com a exigência dos maiores padrões éticos e de competência” dos candidatos que irá apresentar e apoiar. Com estes pressupostos, a Plataforma de Cida-dania afirmou ao Jornal de Lisboa que já tem 11 candi-datos a outras tantas Freguesias de Lisboa. Candidatos que, alguns, são descontentes do PSD e, outros, são in-

dependentes. Reservando a identidade da maioria dos candidatos e algumas das autarquias a que a Plataforma de Cidadania vai concorrer, o Jornal de Lisboa apurou que as Freguesias de Benfica, Belém, Arroios, Alvalade, Areeiro, Ajuda, Estrela Alcântara e Santa Maria Maior já têm candidato a presidente de Junta. Quanto a nomes, Gonçalo da Câmara Pereira anunciou a candidatura à nova Freguesia de Belém, Pedro Gama concorre a Benfi-ca e o ex-fundador social-democrata João Taveira, ainda presidente de Junta de São Jorge de Arroios, avança para a nova Freguesia de Arroios como candidato da Platafor-ma de Cidadania.

À medida que se aproximam as eleições autárquicas, o PSD/Lisboa parece estar a dirigir-se inilidivelmente para o coração de uma “tempestade perfeita” político-eleitoral. Neste sentido, se o PSD tiver um resultado em linha com a sondagem que é publicada nesta edição do Jornal de Lisboa, arrisca-se com grande probabilidade a sofrer uma pesadíssima derrota. De proporções castaróficas e históricas. De facto, com os 28,2% das intenções de voto que o PSD recolhe na sondagem SGEST, Lda. Para o Jornal de Lisboa, os social-democratas ficam atrás do resultado das autárquicas de 1993, em que o PSD só logrou vencer a Freguesia do Alto do Pina com a histórica Virgínia Estorninho. Nas eleições de 1993, o PSD teve 29,18%, o PS, em coligação com os comunistas, 56,23% e o CDS 9,29%. O cenário para os social-democratas ainda se adensa mais se se considerar que em 2013 vai em coligação com o CDS, acrescendo ainda as diversas candidaturas independentes que se perfilam para as Freguesias de Lisboa, com alguns candidatos que antes eram autarcas eleitos pelo PSD

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Page 9: Edição 65 do Jornal de Lisboa de Junho

> AUTÁRqUICAS 2013

PS impugna candidaturas de “dinossauros”> FREGUESIA DA GRAçASantos Populares de “arromba”

Aestrutura de Lisboa do Partido Socialista está decidida a impugnar todas as can-didaturas cujos candidatos já tenham cumprido três mandatos autárquicos, acabando com os “dinossauros” autár-quicos em Lisboa, apurou o Jornal de Lisboa. Esta decisão tem uma relevante

consequência política. Os partidos têm de apresentar as candidaturas até 55 dias antes da data das eleições. Logo, se o Tribunal Constitucional não apreciar, até ao fim de Julho, a possibilidade de haver candidaturas de pessoas que já tenham cumprido três mandatos con-secutivos que terminem este ano, os partidos terão de correr o risco de apresentar candidatos que, depois, podem vir a ser impedidos de concorer por decisão ju-dicial. Seja uma decisão posterior do Tribnal Constitu-cional, seja por decisões dos tribunais de primeira ins-tância dos respectivos círculos judiciais. Esta decisão socialista afecta directamente quer o PSD, quer o PCP. Na primeira linha aparece imediatamente o candida-to do PSD à Câmara de Lisboa, Fernando Seara, que já cumpriu três mandatos como presidente da Câmara de Sintra. Ainda na área laranja, o único candidato a Freguesias que já cumpriu três mandatos é Fernando Ribeiro Rosa, actualmente presidente da Junta de San-

A concelhia do PS vai impugnar as candidaturas de autarcas com três mandatos.

ta Maria de Belém e recandidato à nova Freguesia de Belém, que agrega Stª Maria de Belém e São Francisco Xavier. No lado comunistas, o impacto da impuganção socialista não é menos relevante. A considerada “jóia da coroa” comunista, a Fre-guesia de Carnide fica em risco com a impugna-ção socialista. Paulo Quaresmo é apontado como o “mais que certo” candidato dos comunistas àquela Freguesia. Ora, Quaresma já cumpriu três mandatos consecutivos como presidente daque-la autarquia. Consequemente, os socialistas vão impugnar a candidatura. Outro possível rombo no “porta-aviões” comunista é a impugnação da candidatura de Vítor Agostinho, presidente da Freguesia de São Vicente de Fora. O “homem da Voz do Operário”, como é conhecido na zona é o recandidato comunista agora à nova Freguesia de São Vicente, que agrega São Vicente de Fora, Graça e Santa Engrácia. Por último, a candidata à nova Freguesia de Santa Maria Maior, que resulta da fu-são de 12 Freguesias entre a zona do Castelo e do Chiado, também será “atacada” pela impugnação socialista. De facto, a comunista Lurdes Pinheiro é ainda presidente da Freguesia de Santo Estêvão, tendo já cumprido três mandatos consecutivos.

A Avenida Engenheiro Santos e Castro e o Eixo Central, inaugurados no dia 18 de

Maio, constituem, simultaneamente, um ponto de chegada e um ponto de

partida. São, em primeiro lugar, um ponto de chegada para os projectos

de requalificação do Alto do Lumiar e de realojamento dos habitantes

dos bairros precários que havia naquela zona, e que se iniciaram em

1986. Nessa medida, estas novas artérias são também um marco

na transformação positiva da cidade de Lisboa: de zona desordenada

urbanisticamente a eixo distribuidor de tráfego automóvel. Em segundo

lugar, nas palavras de António Costa, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa,

encerram “o ciclo dos grandes eixos viários na região de Lisboa” e “a conclusão de um

ciclo de grandes operações de urbanização na cidade”. Por esta via, é dada uma alternativa

à utilização da Avenida Padre Cruz e do Eixo Norte-Sul para chegar ao centro e é criada a

coluna vertebral de uma nova centralidade planeada de Lisboa. Por este motivo, a conclusão

da Avenida Engenheiro Santos e Castro, é também, um ponto de partida, pois desta artéria,

desafogada, que faz lembrar os boulevards, nascerá nova cidade de Lisboa, numa zona que

carecia de urbanização. Chegados aqui, quinze anos depois do começo do projecto, após

inúmeras vicissitudes que se deveram principalmente a questões de expropriações dos

terrenos envolvidos, o que é extraordinário e digno de realce é o facto dos lisboetas e de

todos aqueles que nos visitam, para trabalhar ou em lazer, disporem agora de mais uma

avenida grande, bonita e cheia de cor para chegar ao centro ou simplesmente para desfrutar

de uma nova centralidade que é a Alta de Lisboa. É mais um marco que fica nestes anos de

gestão municipal protagonizada por António Costa e sua equipa. Uma gestão que envolve os

lisboetas e as instituições da cidade. Cada vez mais Lisboa continua em alta. Cada vez mais

se faz cidade. Uma cidade cada vez melhor e onde dá gosto morar, estudar e trabalhar. Uma

cidade que dá gosto fruir. Uma cidade que tem de continuar a transformar-se.

Rui Paulo Figueiredo Presidente da Concelhia do PS de Lisboa

Alta de Lisboa: o fim de vários ciclos e o começo de mais cidade

1976 1985 1989 1993 1997 2001 2005 2009

Esquerda(PS+PCP e outros;2009 inclui BE)

55 51,28 51,55 56,23 53,42 47,11 54,93 56,1

Direita(PSD+CDS)

35,28 46,37 44,43 38,54 40,7 47,91 44,44 39,33

1976 1985 1989 1993 1997 2001 2005 2007* 2009

Esquerda(PS+PCP e outros;2009 inclui BE)

51,75 45,48 49,17 56,64 51,88 41,53 45,9 56,05 56,64

Direita(PSD+CDS)

34,18 44,78 42,18 34,1 39,26 49,68 48,34 36,22 38,69

Evolução da votação para as Assembleias de Freguesia no Concelho de Lisboa

Fonte: CNE.Obs.: 1979 e 1982dados indisponíveis

Varia

ção

(%)

30

40

50

60

20092005200119971993198919851976

Esquerda

Direita

Evolução da votação para a Câmara Municipal de Lisboa

Fonte: CNE.Obs.: 1979 e 1982dados indisponíveis

Varia

ção

(%)

30

40

50

60

200920072005200119971993198919851976

Esquerda

Direita

(*)

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a

oexecutivo da Freguesia da Graça está a or-ganizar uma verdadeira festa de Santos Po-pulares de “arromba”, com quase dois meses de actividades ininterruptas. O programa das Festas Populares da Graça, concebidas e

organizadas pela Junta de Freguesia da Graça, estão em pleno funcionamento desde o dia 9 de Maio e até ao dia 29 de Junho, no antigo Convento das Mónicas. Esta iniciativa do executvio liderado por Paulo Qua-drado, idealizou uma série de actividades culturais e lúdicas que integram exposições de pintura e escul-tura, concertos, projeções de filmes e teatro. Esta ini-ciativa é dirigida a toda a população da Freguesia da Graça e das autarquias vizinhas, designadamente São Vicente de Fora e Santa Engrácia, desenvolvendo ac-ções específicas para a população mais jovem e tam-bém para os séniores. Porque, como refere o executivo das Graça, o objectivo é aproveitar este evento natu-ralmente intergeracional para promover a inclusão e o combate ao isolamento. Entretanto, a Freguesia da Graça tem vindo a promover o programa ‘Sábado em Movimento’. O antigo internacional de basquetebol Sérgio Ramos tem estado no Pavilhão da Graça entre as 09h30 e as 12h30 ensinando os mais jovens a prati-car a modalidade. Por outro lado, o grupo de teatro da Junta de Freguesia da Graça, EnGraçarte levou à cena, na Caixa Económica Operária, a peça ‘Meu País, mi-nha linda cidade, meu querido bairro’.

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Page 10: Edição 65 do Jornal de Lisboa de Junho

JUNHO13

> UCCLADesafios da língua PortuguesaA União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) organizou uma conversa à volta dos desafios da língua portuguesa, como veículo das diferentes culturas e sensibilidades num mundo globalizado, com os escritores Pepetela (Angola), GermanoAlmeida (Cabo-Verde) e LuísPatraquim (Moçambique), no âmbito dos “Encontros UCCLA com as literaturas Lusófonas”.

> NOVO SERVIçO DA FREGUESIA DOS ANJOS

elaboração de projectosde criação de próprio emprego

> MADALENAArraial solidário

oexecutivo da Freguesia dos Anjos vai abrir as portas no “Espaço Activo”, equipamento social, com cerca de 600m2, destinado especialmente à po-pulação a autarquia que se encontra numa situação de inactividade profis-sional. Este espaço, em plena Avenida

Almirante Reis, que funcionará em parceira com o Instituto do Emprego e Formação profissional (IEFP) tem como objectivo central promover o rein-gresso dos desempregados na vida activa. Por isso, a Junta dos Anjos disponibiliza um serviço inédito

que permite aos utentes desempregados beneficia-rem de apoio integral para a elaboração técnica de todo o projecto para a criação do próprio emprego. De acordo com João Grave, este “é um serviço único em toda a cidade. Para além do IEFP, não há nenhu-ma instituição que preste este serviço à população desempregada. Por outro lado, este Espaço Activo pretende dar novas resposta na área do emprego, promover competência pessoais e sociais, poten-ciar a valorização pessoal e profissional das pesso-as, apoiar a procura do primeiro emprego e promo-ver e facilitar a reintegração na vida activa.

A Junta dos Anjos vai inaugurar o “Espaço Activo”. Um dos novos serviços é apoiar

os desempregados a elaborarem projectos de criação de próprio emprego.

FREGUESIA DA Sé JUNho Em FESTA Durante o mês de Junho, as festas dos Santos Populares dominam toda a Freguesia da Sé, com o executivo da Junta de Freguesia da Sé a promover a organização do Arraial da Sé, que contará com as tradicionais sardinhas assadas, para além das entremeadas, bifanas, pregos, frangos, caracóis e farturas, envoltas com música ao vivo e animados bailaricos, com cheiro a manjericos. A Junta de Freguesia vai também, à semelhança dos anos anteriores, apoiar na noite de 12 para 13 de Junho, todas as autoridades que estão ao serviço da população na tradicional noite de Santo António, nomeadamente, com a disponibilização de 600 sandes, sumos, águas e fruta às autoridades envolvidas nesta noite mágica dos Santos Populares. Para prestar este apoio, os serviços da Junta de Freguesia, encontram-se abertos toda a noite de Santo António. Por outro lado, para a população mais velha, irão iniciar-se os turnos da Praia da Parede, com a duração de 15 dias cada, sendo que o primeiro realizar-se-á de 17 a 28 de Junho.

DESAFIOSPARA LiSboALisboa em Festa

O mês de Junho é tradicionalmente um mês quente. Ainda agradável, porque sem o calor de Agosto e à

noite a brisa, arrefeçe os corpos. Os dias são longos e não apetece ir para casa. Estamos bem, a falar uns com os outros. Com os nossos

vizinhos, com os que nos visitam e com a nossa família até temos mais tempo para a gozar. A cidade

torna-se um ponto de abrigo de afectos. Com várias línguas, com várias culturas, com várias côres. Posso acordar pela manhã e tomar um café no Martinho da Arcada e até comer um pastel de bacalhau acabado de fazer. Subo, visito a Sé e o Castelo. Desço, e vou almoçar ao Zé dos Cornos, numa mesa comunitária corrida, o melhor Piano (carne grelhada, para quem não sabe) com arroz de feijão. Tomo um café no último piso da Polux e bebo uma Ginjinha no Rossio. Subo e visito uma das melhores vistas de Lisboa. O Mercado do Chão do Loureiro no último piso. Cá em baixo o Terreiro do Paço, o rio, a Lisboa do Marquês de Pombal. Visito as igrejas de Lisboa da, agora, nova Freguesia de Sta. Maria Maior. Descubro a obra do autarca modelo e exemplar da Freguesia de São Nicolau, António Manuel. Vou até ao Chiado. Passeio. Entro no elevador da Bica, desço até ao Cais do Sodré. O Cais do Sodré, outrora passeio de prostitutas, é hoje ponto de encontro de gerações. Vou ao Sol e Pesca, bebo um Alvarinho e acompanho com umas receitas de conservas do Henrique Vaz Pato. Anoitece. Vou jantar umas sardinhas na Madragoa. Se me der na cabeça ainda vou a um bailarico à Voz do Operário. E Lisboa acontece. São as festas de Lisboa. João Pessoa e Costa

Festas de oportunidadesAs festas da cidade são um momento de reencontro da cidade consigo própria. Na diversidade das manifestações lúdicas e culturais, espelham o mosaico plural que Lisboa

hoje é. As festas da cidade já não são apenas as marchas e os casamentos de Santo António.

São oportunidades para conhecer o de mais inovador a cidade tem, na arte e na cultura, naquilo que pode ser o apontar dos caminhos que a cidade tem para percorrer. Num sentido de futuro, de competitividade e de rejuvenescimento. É bom por isso ver como iniciativas como estas são marcas identitárias de um modo de gerir a cidade a pensar nas pessoas; de todas as idades e interesses, nas suas diversas realidades sociais e culturais. Em tempos como os que vivemos as frestas da cidade são um estímulo para fazer coisas novas, para nos redescobrirmos e para sentir como as respostas à crise existem para além das folhas de Excel. Nas festas da cidade podemos redescobrir que à nossa volta existe gente e que não estamos sós. Só por isso valem a pena ser vividas com os olhos postos no futuro. Leonel Fadigas

AFreguesia da Madalena vai organi-zar uma festa popular que dura todo o mês de Junho, com um arraial so-lidário Desde o dia 1 até ao último dia do mês, a Madalena vai contar

com um grande arraial no Campo das Cebo-las, em que haverá actividades para todos os fregueses, desde as crianças até aos mais ve-lhos. Durante o dia 16 de Junho, o executivo da Madalena organiza uma mega sardinhada para os residentes da autarquia, que se realiza também no Campo das Cebolas. As receitas deste arraial, de acordo com o pre-sidente Jorge Ferreira, serão integralmente destinadas a acorrer a despesas de carácter social que a Junta local se tem visto obrigada a realizar como consequência das crescentes carências da população.

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JUNHO13

> ORçAMENTO PARTICIPATIVO 2013lisboetas decidem 2,5 milhõesO orçamento participativo da Câmara de Lisboa tem, este ano, uma dotação de 2,5 milhões de euros para projectos que os lisboetas vierem a escolher. Nesta edição todos podem contribuir com ideias, deixando sugestões na Árvore da Participação, no Jardim do Princípe Real, até 16 de Junho.

> SÃO JOÃO DE DEUS

Open Night na Av. guerra Junqueiro

> INSCRIçõES ABERTASuniversidade Sénior dá mais formação

AJunta de Freguesia de São João de Deus já abriu as inscrições para o ano lectivo 2013-2014 na Universidade Sénior da autarquia.Esta iniciativa destina-se a promover um envelhecimento digno e saudável, propor-

cionando à população mais velha da Freguesia a aqui-sição de novas competência e, assim, combatendo o isolamento dos mais velhos. No próximo ano lectivo, a Universidade Sénior de São João de Deus alargou o seu leque de áreas a serem leccionadas. Assim, os utentes daquela Universidade ptêm disponíveis dis-

ciplinas como História Geral, Alemão, Língua e Cul-tura Espanholas, Francês, Inglês, Italiano, Psicologia, História Universal, História de Arte, História das Reli-giões, História e Cultura Russas, Informática. Por ou-tro lado, os utentes podem ainda assistir a palestras, além das aulas de Pintura a Óleo, Azulejaria – Acrílico – Aguarela, Tai – Chi, Yoga, Meditação, Antropologia Cultural, Oficina de Teatro, Literatura Portuguesa, Astrologia, Oficina de fotografia, Nutricionismo, Fi-sioterapia Preventiva, Cultura Clássica, Filosofia e So-ciologia.

SÃO NICOLAU viziNhoS FiCAm SErviDoS O executivo da Junta de São Nicolau tem apostado em política de apoio e solidariedade social, proporcionando à população acesso a serviços que lhes assegurem uma mmelhor qualidade de vida. Dando expressão à política solidária que tem implementado, a Junta de São Nicolau disponibiliza, a partir deste mês de Junho, os seus serviços de apoio médico à população das Freguesias vizinhas, suprindo assim uma carência daquelas populações. Assim, tal como acontece com os moradores de São Nicolau e aos trabalhadores da Baixa, os fregueses vizinhos passam a ter acesso a consultas semanais de medicina geral e familiar gratuitas, rastreios semanais de saúde também gratuitos e passam a dispõr de assistência médica domiciliária em condições especiais. Numa vertente mais lúdica, o executivo de São Nicolau vai ainda proporcionar às outras Freguesias as actividades de Verão, cujo calendário vai ser divulgado no início de Julho. Entretanto, a Junta daquela autarquia, em parceria com a associação Citador de Sonhos, presta apoio às pessoas mais necessitadas, disponibilizando, designadamente, vestuário, calçado, mobílias, eletrodomésticos, livros, brinquedos e outros bens. Esta parceria, por outro lado, reforça as actividades sociais da Junta de Freguesia com o desenvolvimento de novos projectos e novas oportunidades para a população – criação de vários ateliers, nomeadamente de costura, máquinas de tricotar e teares e formação em comunicação social e TV.

opróximo dia 6 de Junho vai ser de festa na Freguesia de São João de Deus, mais concre-tamente na Avenida Guerra Junqueiro. Por-que os 70 comerciantes daquela artéria de Lisboa, com o apoio da autarquia, vai organizar uma “Open Night”.

O objectivo desta iniciativa é assina-lar o “relançamento do melhor Cen-tro Comercial ao Ar Livre de Lisboa”, como referem os comerciantes, com uma mega-festa que irá prolongar-se por todo o dia e atá à meia noite. Esta “Open Night” conta com passagens de modelos, cocktails, fados, música ao vivo, exposições de fotografias an-tigas, uma Flash Mob, uma Oyster’s Party, descontos especiais, promo-ções diversas, incluindo em viagens, rastreios de saúde, petiscos, tapas, provas de vinhos e muita muita cor. E

com todas as lojas vão estar abertas até à meia noite com muitas e muitas surpresas preparadas. De acordo com os comerciantes da Guera Junqueiro, este evento foi inte-grado nas Festas de Lisboa, sendo objectivo que seja uma

noite inesquecível, para toda a família e que marque o início de um novo ci-clo para o comércio local e para a Fre-guesia.Esta iniciativa segue-se à “união de esforços” dos mais de 70 comerciantes da Avenida Guerra Junqueiro e da Pra-ça de Londres, com o objetivo de me-lhorar o espaço público do seu bair-ro, implementar novas esplanadas, melhor iluminação, mais segurança, mais policiamento, melhor limpeza, mais animação, cultura e solidarieda-de. Além de procurar que um dos bairros mais conhecidos de Lisboa, tenha me-lhor divulgação e mais procura.

FrEgUESiA SoLiDáriAPOR LUíS FiLiPE moNTEiro

>> Candidato do PS à Freguesia da Estrela, Presidente da Freguesia de Santos-o-velho

A Comissão Social de Freguesia de Santos-o-Velho (CSFSoV) constituiu-se em 2007 para definir o planeamento estratégico da intervenção sociocultural local, tendo como

finalidade a promoção da inclusão social, numa lógica de compromisso colectivo. A sua dinâmica, operacionalizada num ambiente relacional positivo, valoriza as relações institucionais e as relações interpessoais, cultivadas/alimentadas através de afetos, da diversidade, da criatividade, do sentimento de pertença e das múltiplas dimensões das parcerias locais. Actualmente, a CSFSOV conta com a participação ativa de 58 parceiros: Associações, SCML, IPSS, Museus, Universidades, Serviços Públicos, que num clima de liberdade e respeito pela identidade de cada entidade, prosseguem objectivos comuns, num processo construído colectivamente, onde o todo é mais que a soma das partes;Nas sessões plenárias discute-se, reflecte-se e decide-se, tendo sempre presente que a acção da CSFSoV requer uma vontade colectiva de mobilização de recursos internos e externos à parceria, para que na freguesia aconteça mais e melhor intervenção social, na perspectiva da promoção da inclusão;O resultado é um trabalho efectivo em prol da Freguesia e dos seus moradores, como se verifica pelas iniciativas como os “Desafios da Cidadania Participativa em Debate...”, o projecto “Do Museu ao Bairro da Madragoa” que valoriza e divulga diferentes patrimónios do Bairro da Madragoa e promove a identidade colectiva, o projecto “Desafios Inclusivos” que sensibiliza e mobiliza as forças vivas da Freguesia no combate à pobreza e à exclusão social e na melhoria da qualidade de vida da sua população sénior, ou o projecto Parentalidade que tem como finalidade promover competências parentais na comunidade.É esta Freguesia solidária que construímos em Santos-o-Velho que queremos levar a toda a Freguesia da Estrela.

Com o apoio da Junta de Freguesia, vai realiza-se uma “open night” na Av. Guerra

Junqueiro. Para “relançar o melhor centro comercial ao ar live de Lisboa”

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> MOBILIDADEAlta aproxima-se da BaixaA inauguração da Avenida Santos e Castro e o Eixo Central da Alta de Lisboa, aproximaram aquela zona da cidade da Baixa lisboeta. São duas vias fundamentais para a melhoria da mobilidade na cidade, abrindo um conjunto de melhores acessos do norte para o centro da cidade e para oeste, sem que a Segunda Circular seja, a inevitável.

> SANTOS-O-VELHO

executivo da Freguesia apostaem melhor qualidade de vidaA Junta de Santos-o-Velho continua a apostar em políticas de

promoção da qualidade de vida dos residentes.

Estimular a qualidade de vida dos fregueses e promover a auto-estima da população são objectivos que orientam a actividade da Junta de Freguesia de Santos-o-Velho, como reconhece o presidente Luís Montei-ro. Neste sentido, aquela autarquia organi-zou uma deslocação da população mais ve-

lha da Freguesia ao Pavilhão do Conhecimento, onde usufruiu da actividade “Hortas à Janela”, actividade especialmente concebida para a população sénior. Este grupo era constituído por elementos que parti-ciparam no projecto “Sou Especial”. Esta actividade proporcionou uma experiência única de aprendiza-gem sobre outros saberes, com o intuito de promover o convívio, o divertimento e a interajuda, para além

de demonstrar como pode ser simples melhorar a qualidade de vida, com pequenos porme-nores. No caso concreto, os fregueses de Santos-o-Velho passaram a saber como podem ter uma horta em casa, mesmo para quem não tem quin-tal. Basta aproveitar a varanda, local onde podem ser cultivadas suas ervas aromáticas, bem como os legu-mes que devem fazem parte da alimentação diária. Noutra vertente, a Junta de Santos-o-Velho organizou a actividade “Escola de Cabelos – CEPAB” que, em vá-rios dias, teve como objectivo ensinar alguns truques que podem ajudar muito a reforçar a auto-estima. Esta actividade foi especialmente direccionada para o grupo constituído no âmbito do projecto de auto-

-estima denominado “Sou Especial”. Noutra verten-te, a autarquia organizou uma visita às instalações da RTP, proporcionando aos utentes uma experiên-cia única de reviver o passado, visto que recordaram em conjunto os primeiros programas que ouviam na rádio, nomeadamente as radionovelas, bem como os primeiros programas televisivos. Entretanto, estão a decorrer as inscrições para a acção Praia-Campo para crianças dos 6 aos 12 anos, que se realizará entre 29 de Julho e 9 de Agosto, enquanto as inscrições para a Praia-Campo sénior encerram no próximo dia 7.

> SÃO JOÃO DE BRITOJunho ao ar livre

> SÃO JOSéDia da Criança celebrado no Jardim do torel

AFreguesia de São João de Brito tem um programa de actividades que proporciona aos seus residentes passar o mês de Junho ao ar livre.Depois de “Aprender a ver cinema” no dia 3, os mo-radores daquela Freguesia contam, no dia 8, com

uma sardinhada para celebrar os Santos Populares. Dia 11 abrem as inscrições para os “mini passeios de Verão”, que se realizam entre 22 e 26 de Julho e 29 de Julho e 2 de Agosto. No dia 18, há “Um impulso romântico no bosque”, no dia se-guinte dedicado ao tema “Junho em Lisboa”, em que Maria da Graça Correia e António Gomes de Almeida vão falar, através de palavras e música, sobre a primavera na capital. Dia 21, na Estufa Fria, está programado dar as “Boas vindas ao Verão” e, no dia seguinte, há um passeio mistério. No dia 24, Mozart marca a agenda da Freguesia, assim como a actuação dos “Britinhos e Briosos”. No dia seguinte, tem a vez o paladar, com “Sabores do Mundo, que se debruça sobre a gastronomia de Gôa. Por último, dia 28 de Junho, a Junta de São João de Brito organiza o piquenique-convívio na Mata de Alvalade.

CAMPO GRANDE DiA DA mÃE A Junta do Campo Grande quis celebrar o Dia da Mãe de uma forma mais sentida. Para isso, aquela autarquia levou as crianças do Jardim de Infância da Junta de Freguesia do Campo Grande a presentearem as suas progenitoras com um livro de receitas realizado por elas e personalizado com as suas mãos. O presente era acompanhado por um cartão, também feito pelas crianças, em que era dito o que mais gostavam nas suas Mães e o que mais gostavam de realizar com elas. Entretanto, o Grupo Desportivo e Cultural Fonsecas e Calçada organizou uma garraiada no seu pavilhão polidesportivo. De acordo com a Junta local, o evento foi muito participado, contando com inúmeros entusiastas desta modalidade da festa brava.

AJunta de Freguesia de São José vai ce-lebrar o Dia da Criança, no dia 1 de Junho, com uma mega-festa no Jardim do Torel, ex-libris da autarquia. Esta iniciativa conta com diversas activida-

des, nomeadamente, feira, ateliers, cinema ao ar livre, jogos tradicionais, teatro, restaurantes e música.A partir das 16h00, é a vez das crianças. Que po-dem participar em várias acções como Act Alive,

teatro infantil, ciência divertida, gincana, palha-ços, pinturas faciais, pintura de mural e xadrez gigante.Mais tarde, realiza-se o mercado biológico e a Feira Olhar Lisboa, seguindo-se-lhe a Sunset Party, que se prolonga até cerca das 21h45, altura em que começa o cinema ao ar livre, com o filme “Duas Mulheres” de João Mário Grilo, com Nico-lau Breyner, Débora Monteiro, Beatriz Batarda, Virgílio Castelo, entre outros.

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JUNHO13

> COMBATE AO DESPERDíCIO ALIMENTAR

Nações unidas estudam projecto“inovador” de CampolideAs Nações Unidas estão a analisar o modelo implementado na Freguesia de

Campolide para combater o desperdício alimentar.

> ALTO DO PINANova sede permite melhores serviços

o Erro DE SALgADoPOR LUíS FiLiPE moNTEiro

>> Candidato à JF de Santa maria maior,

Presidente da JF de São Nicolau

Em novembro de 2008, teve lugar no Teatro de São Luiz um debate sobre as políticas de intervenção na Baixa organizado por um grupo de cidadãos de Lisboa e onde tive a honra de participar como convidado; na

altura, alertava já para o erro de se subestimar a Baixa, nomeadamente negando os mitos da sua desertificação e da idade avançada dos seus habitantes; nesse debate, o arquitecto Manuel Salgado em nome da Câmara Municipal de Lisboa, sem conhecer a realidade que tinha já o novo quadro demográfico da Baixa, reafirmou esses mitos defendendo que a “Baixa não é um bairro”, “não tem condições para pessoas com carro, a meio da vida” e que é sobretudo “para habitantes de curta duração”. Este erro de Salgado foi não só um erro de leitura, mas, sobretudo, um erro de estratégia, ou seja, um erro de subestimar a Baixa, as suas capacidades de atracção, de não acreditar nas suas potencialidades e naquilo que ela tem de mais importante – as pessoas. Disso se apercebeu, na altura, a jornalista Fernanda Câncio, também ela uma nova moradora do centro histórico e consciente desta realidade, a fazer parte da faixa etária maioritariamente representativa dos moradores da Baixa que Manuel Salgado subestimou e que eu ali trouxe com os dados mais recentes da minha Freguesia: dos 1155 recenseados só 342 têm mais de 65 anos; 228 estão entre os 18 e os 35 anos, e 585 entre os 35 e os 65 anos. Por essa razão, escreveu uma crónica no DN em 14 de novembro de 2008, que intitulou “ - A Baixa por alto”, ou seja, a Baixa das leituras apressadas, pouco condizentes com a realidade que o arquitecto Manuel Salgado ali apresentou. Volvidos quase cinco anos deste debate e três da aprovação do Plano de Pormenor e Salvaguarda da Baixa Pombalina (dezembro, 2010), olhamos para a Baixa e constatamos infelizmente que a maior parte dos projectos de reabilitação realizados são projectos voltados para “os habitantes” de curta duração, para o turismo, para os investimentos de fundos imobiliários e pouco, para Baixa das pessoas. E é precisamente aqui que reside o erro de Salgado, o de colocar em segundo plano as pessoas – Baixa viva; ao fazê-lo está a subestimar a Baixa e a cometer aquilo que Fernanda Câncio alertava em 2008 - “um erro politico” e “um crime de mata-cidade”.

AOrganização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) estão a estudar o modelo “inovador” que a Junta de Campolide, em parceria com o Movi-mento Zero Desperdício, implementou na autarquia para combater o desperdí-cio de alimentos e, simultaneamente, a

redistribuição alimentar pelas famílias que atraves-sam situações de necessidade.De acordo com António Costa Pereria, presidente da Associação DariAcordar/ ZeroDesperdício, a FAO considera “inovador” o trabalho de angariação de entidades doadoras de várias áreas, o esforço desen-volvido para que a recolha, acondicionamento, trans-porte e entrega de refeições seja efectuado de forma legal, para além do “modelo local de funcionamento, em que não há dinheiro envolvido.”Por outro lado, refere António Costa Pereira, a FAO fi-cou “sobretudo agradada com o modo como funciona a recolha e distribuição de alimentos, feitas localmen-te (em Campolide) através de instituições que já têm os seus próprios meios, como veículos e voluntários.”O Movimento ZeroDesperdício foi criado em Março de 2012 e está a trabalhar desde essa data em Campolide

em parceria com a Junta de Freguesia e oBanco Ali-mentar da Paróquia de Santo António de Campolide, com o objectivo de recuperar refeições ou outros bens alimentares em perfeitas condições de restaurantes, empresas, refeitórios que tinham como destino o lixo e distribuí-las a quem precisa a custo zero.De acordo com André Couto, presidente da Junta de Campolide, “este projecto foi uma forma de, através da proximidade que caracteriza as autarquias, chegar a essas pessoas e apoiá-las nos momentos difíceis que estamos a vivcer, ao mesmo tempo que contribuímos para a sustentabilidade da nossa produção, país e am-biente.”Neste sentido, a autarquia tem programada para Ju-lho, em parceria com a Associação DariAcordar, uma acção que incidirá na questão do desperdício alimen-tar, procurando contribuir para a consciencialização da população e para a mudança de atitude como en-caramos a alimentação.Só em Portugal, são desperdiçadas cerca de um mi-lhão de toneladas dee alimentos por ano, o que equi-vale a cerca de 98kg/ano por cada português, o que em termos económicos estima-se que cada pessoa des-perdice €30 em cada €100 de compras.

oexecutivo do Alto do Pina tem apostado em políticas e ini-ciativas que promovam o reforço da qualidade dos serviços a prestar à po-

pulação. Neste contexto, a Junta local, aproveitando os desafios colocados pela nova divisão ad-ministrativa de Lisboa, decidiu proceder a obras de adaptação e requalificação da actual sede da Fre-guesia do Alto do Pina, de modo a melhor servir os seus fregueses.Assim, o projecto em execução prevê a transferência do posto clínico do primeiro andar para o piso térreo, sendo garantido o acesso a pessoas com dificuldades de mobilidade. Por seu lado, os serviços administrati-vos passarão a funcionar no 1º andar, libertando o r/c

para utilização dos utentes.A profunda obra de requalificação da

sede da Junta deverá estar conclu-ída nos finais de Junho, estando prevista a inauguração para essa altura.Entretanto, o serviço de informa-ção sobre a nova lei do arrenda-

mento urbano, criado pela Junta de Freguesia do Alto do Pina no passa-

do mês de Abril, tem tido uma crescen-te procura, permitindo quer a inquilinos,

quer a senhorios terem acesso a esclarecimen-tos sobre o diploma legal. Nos primeiros dias de funi-conamento, o sevirço foi procurado por cerca de 20 fregueses, incluindo senhorios e inquilinos. No mês de Maio houve um significativo aumento dos pedidos de informação.

> FREGUESIA DA LAPAtai Chi Chuan na estrelaOs residentes da Lapa podem praticar aulas de Tai Chi Chuan, orientadas pelo mestre José Martins, todos os domingos, das 11H00 às 12H00, no Jardim da Estrela, junto ao espaço de restauração. Entretanto, o executivo da Lapa tem desenvolvido acção de prevenção de violência entre jovens. Assim, tendo em consideração que em Portugal, 1 em 4 jovens é vítima de violência no namoro, a Junta da Lapa concebeu uma acção de sensibilização sobre o tema, para os jovens da Freguesia.

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Page 14: Edição 65 do Jornal de Lisboa de Junho

Lisboa merece mais e melhor dedicação!POR JoÃo goNçALvES PErEirA >> Deputado do CDS/PP

Portas de saída POR PEDro rAmoS ALmEiDA >> Advogado - membro do Secretariado do PS/FAUL

h á quase um quarto de século que a Câmara Municipal de Lisboa tem servido

de trampolim político para os seus dirigentes, cuja agenda política não se

compadece com a atenção e dedicação que uma cidade com a dimensão e as

características de Lisboa precisa e merece.

Com efeito, desde que o saudoso Eng.º Nuno Abecasis terminou o seu

mandato - reconhecido pela dedicação e amor a Lisboa - todos os Presidentes

da Câmara que lhe sucederam privilegiaram os seus objectivos pessoais e

políticos, deixando a cidade entregue a si própria, com as consequências que hoje são visíveis

a todos nós.

O comércio tradicional é um claro exemplo do abandono a que Lisboa tem sido votada. Por

um lado, o comércio de rua foi confrontado pelo fenómeno incontornável da transferência de

muitos estabelecimentos para os centros comerciais em busca de maior afluência de visitantes

atraídos pela concentração de oferta e pelo conforto proporcionado: superfícies cobertas, com

estacionamento e diversos pólos de atracção e animação.

Por outro lado, e ao ritmo dos ciclos eleitorais que promovam os dirigentes autárquicos aos

vôos a que ambicionam e com base na “obra feita”, a autarquia lisboeta tem promovido obras

e alterações ao funcionamento da cidade cuja explicação racional tarda em ser encontrada.

Ao arrepio da maioria dos cidadãos, mas sobretudo dos comerciantes que dão vida a muitas

zonas da cidade, e enfrentando tudo e todos sob a bandeira da razão absoluta, as poucas

obras levadas a cabo pelo actual executivo municipal de Lisboa não beneficiam a maioria da

população da cidade e têm um discutível sentido de oportunidade.

Que explicação lógica encontramos para as alterações na rotunda do Marquês de Pombal e na

Av. da Liberdade, que desequilibraram a harmonia instalada há muitos anos e infernizaram o

trânsito nas zonas adjacentes, em claro prejuízo de moradores e comerciantes? A quem serviu

aquele investimento de milhões de euros?

Qual o sentido de oportunidade para o investimento de cinco milhões de euros na famosa

ciclovia até Monsanto…

Ou ainda da famosa Quinta do Zé Pinto, outro capricho do vereador Sá Fernandes, e na qual

se plantaram girassóis, os quais foram depois arrancados para dar lugar a culturas de trigo e

outros cereais, posteriormente ainda a hortas municipais, e agora foi alvo de (mais um…) um

investimento de dezenas de milhares de euros para construção de um jardim, um auditório ao

ar livre, etc.? Tantos outros exemplos haveria para acrescentar…

Entretanto, os prédios dos bairros sociais propriedade da Câmara Municipal estão em

adiantado estado de abandono, com fracturas evidentes e pedaços de reboco a cair

regularmente para a rua…

Ao mesmo tempo as tradicionais zonas comerciais, já fragilizadas pelo êxodo de visitantes

para os centros comerciais, sofrem com as investidas autárquicas que, permanentemente,

criam mais constrangimentos ao seu acesso e à sua actividade. Um mau exemplo da Autarquia

é a guerra às esplandas…..

O encerramento parcial da Av. Duque d’Ávila, após tantos anos de obras, matou o comércio

local; a Av. de Roma, a Baixa e tantas outras zonas da cidade precisam de visitantes, e não de

mais restrições ao atravessamento de veículos; os comerciantes das lojas de luxo da Av. da

Liberdade não conseguem fazer entender à autarquia que os Clientes daquelas lojas “não se

deslocam de metro, ou a pé…” como pretende impôr o Presidente da Câmara…

Recentemente, os comerciantes da Praça de Londres e da Av. Guerra Junqueiro juntaram-

se com o objetivo de promoverem iniciativas que tragam mais visitantes àquela conhecida

zona comercial. Actividades na rua, distrações para crianças, lojas abertas até mais tarde,

animação nas lojas, são iniciativas que um conjunto de comerciantes lisboetas desenvolve

para dinamizar o seu bairro.

É uma iniciativa louvável, que poderia ser seguida por grupos de comerciantes de outras

zonas comerciais da cidade, procurando dinamizar o comércio local e transformar as ruas

comerciais de Lisboa em “centros comerciais ao ar livre”, visando recolocar as suas ruas nos

roteiros dos lisboetas.

Pena é que a autarquia lisboeta esteja à margem de tudo isto, ocupada a consumir milhões de

euros de todos os lisboetas com as suas obras de fachada, em vez de ser protagonista e apoiante

decisivo da iniciativa e do empenho dos cidadãos na revitalização da sua cidade!

Lisboa merece uma equipa que se ocupe do que realmente interessa à cidade.

Lisboa merece dedicação!

JUNHO13

o insuportável impasse político que o país vive com um Governo destroçado,

descredibilizado, desorientado, um Presidente politicamente anémico,

agrava-se a cada nova novela que conhecemos vivida entre os ministros da

coligação, sejam elas sobre a TSU dos pensionistas ou sobre os despedimentos

de funcionários públicos. Portas é letalmente atropelado pela contradição das

decisões do Governo com as próprias palavras em cada declaração oficial aos

militantes ou aos portugueses. Gaspar continua a falhar mais que as previsões

de qualquer astrólogo de 5ª categoria. A autoridade de Passos Coelho com tudo isto já está

morta. O país está parado, sem objetivos, sem esperança, e assiste perplexo ao rumo inexorável

de desastre em que a tecnocracia e o fanatismo ideológico deste Governo nos lançaram à

boleia dos “magos” da chamada Troika. Para onde vamos? Ninguém sabe. A desconfiança em

relação ao futuro alastra e apenas esbarra na felicidade e regozijo minoritário de um qualquer

especulador financeiro que por trás da opacidade dos negócios de Estado e de esquemas

imorais de planeamentos fiscal continua impunemente a gerir a sua fortuna e a tratar como

quer o destino de um povo e de uma nação como mais de 9 séculos de história.

E de que nos vale esta estabilidade falida que só favorece os grandes interesses financeiros e

vai corroendo de morte a nossa democracia? E o que valerá essa estabilidade depois de umas

eleições locais em breve que, tudo indica, prometem varrer merecidamente os partidos da

coligação das autarquias e reduzir o Governo e os ministros a figurantes sem legitimidade

substantiva de ação, ainda por cima no início de discussão de um dos mais difíceis Orçamentos

de Estado?

Um bom democrata deve aceitar o cumprimento dos mandatos e defender a estabilidade é

certo, mas como um meio e nunca como um fim em si mesmo, sobretudo quando se torna auto-

destrutiva. No período histórico exigente em que vivemos, Portugal não se pode dar ao luxo de

baixar os braços, de não dar o melhor de si, de abdicar de uma liderança forte, congregadora

e corajosa só porque uma coligação de partidos se decide amarrar ao poder, mesmo com uma

maioria social que vai da Esquerda à Direita contra si, ou só porque um Presidente insiste mais

em ter fé em santos religiosos do que crença na capacidade dos portugueses de assumirem as

suas escolhas.

Nesta casa de palha em chamas e em fragmentação irreversível, em que uma certa Direita

insiste em querer ver-nos a viver, mais pobres e mais divididos, há que encontrar rapidamente

as portas de saída para outra construída com a solidez de tijolo, que sirva a todas as gerações

de portugueses, alicerçada em responsabilidade e sentido de futuro.

Com os dados que temos hoje, Cavaco tem de decidir. Ou assiste passivamente à destruição do

país e à espiral de descrédito e fragilização do Governo, talvez esperando com isso desfrutar

de mais influência nas decisões governamentais, remetendo-nos por força das consequências

para um segundo resgate ou até para fora do Euro, e desta feita para eleições antecipadas nessa

altura ou, pelo contrário, decide agir agora, aceitando a realidade e a necessidade urgente de

reforço da legitimidade democrática do Governo para a mobilização do país e a defesa dos

interesses de Portugal na Europa, aproveitando as eleições autárquicas, com poupança de

tempo e recursos, para um sufrágio simultâneo de escolha de um novo parlamento e assim de

um novo Governo e de um novo Primeiro-Ministro, a tempo de fazer do próximo Orçamento

de Estado a porta de saída desta crise política, económica e social, com um novo rumo para

Portugal.

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Page 15: Edição 65 do Jornal de Lisboa de Junho

O Porto de Lisboa e propostas da CDUPOR moDESTo NAvArro >> Deputado municipal do PCP na Assembleia municipal de Lisboa

F icámos recentemente a saber que o governo PSD/CDS-PP quer entregar a privados

parte importante do Porto de Lisboa.

Coloca assim em risco pequenas e médias empresas cuja actividade está

associada ao Terminal Portuário de Santa Apolónia, Poço do Bispo, Beato e,

até, de Alcântara, bem como o futuro dos postos de trabalho existentes nesses

terminais. Ficámos também a saber que o mesmo governo PSD/CDS-PP que

diz que não tem recursos para intervir em sectores críticos da rede ferroviária,

de que a necessária e urgente modernização da linha de Cascais é exemplo gritante, já tem

dinheiro para mandar construir uma linha férrea para o tal terminal privado de contentores

na Trafaria, que ocupará uma área de cerca de 300 hectares do plano de água e terra, ao serviço

dos interesses exclusivos do grupo económico que ficar com a concessão deste terminal.

Acabou-se com a pesca e o cais respectivo em Pedrouços para beneficiar a vela e os iates de

recreio. O estuário do Tejo não tem um porto de pesca. Poderá ir agora o Terminal Portuário

para a Trafaria, atingindo zonas ambientalmente sensíveis, a actividade piscatória que envolve

centenas de famílias e o desenvolvimento turístico que é fundamental para aquela extensa

área de praias do concelho de Almada. Tudo isto já foi rejeitado pelas autarquias e pelas forças

políticas daquele concelho, desde logo pelo PCP, mas tem a complacência da maioria PS na

Câmara de Lisboa. Sempre afirmámos e continuamos a afirmar que o desenvolvimento do

Porto de Lisboa deverá assentar numa política soberana para os portos portugueses e para

o mar, implicando uma visão que respeite o ambiente e a qualidade de vida das populações

e que tenha em conta muitas outras valências – indústria naval, marinha mercante, pescas,

conservação e exploração dos recursos fluviais e do mar.

Pelas mãos do governo do PSD/CDS-PP e da maioria PS na Câmara, a população de Lisboa

empobreceu e empobrece. A cidade degradou-se e envelheceu. Quem desmantela e

desqualifica os serviços públicos, quem faz da liquidação de serviços municipais, das

externalizações e privatizações programa e prática política; quem empurra os jovens para fora

de Lisboa; quem tenta extinguir a EPUL em vez de criar condições para a reabilitação urbana

e a habitação a custos acessíveis; quem assim continua a servir Lisboa na bandeja dos grandes

negócios, deixando degradar-se áreas como a limpeza e higiene urbana e a rede viária, não

serve à cidade nem a quem nela trabalha e habita.

Em Lisboa, tal como no país, a solução para os problemas da cidade não poderá vir de quem os

criou e agravou.

O PCP propõe que é necessário recuperar e desenvolver a vocação produtiva da cidade; definir

políticas habitacionais que atraiam e fixem a população, estancando a saída de jovens e

atraindo novos residentes; responder aos problemas dos bairros municipais e desenvolver a

reabilitação urbana; lutar pela revogação da actual lei dos despejos; pôr em prática políticas

sociais que promovam a inclusão e o combate às desigualdades; apostar na qualidade e

diversificação dos serviços públicos, atendendo às necessidades da população de Lisboa,

sejam os prestados pela Câmara, sejam os prestados pelo Estado Central, nas áreas da saúde,

do ensino, da cultura e do desporto, entre outras; defender intransigentemente a propriedade

e a gestão pública dos serviços de abastecimento de água e do saneamento; combater e

reverter a degradação dos transportes públicos; desenvolver políticas ambientais sustentáveis;

transformar Lisboa numa cidade de dimensão cultural qualificada, humanizada e solidária

– são algumas das linhas fundamentais que o PCP defende e irá promover, perante mais

este desastre de alienação de património no porto de Lisboa. E perante a actividade negativa

da Câmara Municipal de maioria PS, que não respondeu nem responde a Lisboa no que é

essencial para o presente e para o futuro da cidade.

É tempo de mudar de política, em Lisboa e no país. Os que corromperam e afundaram a nossa

economia e a nossa independência não podem continuar em poderes que não honraram e que

continuam a usar para destruir a nossa vida e sacrificar os trabalhadores e as populações.

Dignidade e valor socialPOR LUíS migUEL LArChEr >> Professor Universitário

h á muito tempo que penso que o verdadeiro drama de Portugal é o de não

conhecer a sua história e de não ter qualquer ideia para o Portugal do futuro.

A política, o governo, o parlamento, a comunicação social, discutem o

mediático, esgotam-se a discutir e a encontrar soluções para os problemas

de hoje que não têm solução porque ninguém os previu nem o País construiu

estruturas que pudessem servir de instrumento de solução. Chama-se a isto

ter uma ideia de Portugal.

O erro transforma-se em estupidez quando todas as análises apontam que os problemas

de hoje começaram ontem e que o amanhã se está a preparar da mesma forma. Quando se

reduziu, e se reduz, o debate e a reflexão em Portugal ao mediato e às minudências das tricas

político-partidárias e aos lobbyes das modas, esgotando o espaço público com notícias e

problemas que entretêm e desviam as atenções do essencial, em vez de se envolver a sociedade

portuguesa no debate sobre a sua identidade e futuro, com linhas programáticas a médio e

longo prazo e com o objectivo de construir a sociedade ideal, com outros valores, outros ideais,

outra consciência da dignidade humana e das exigências da qualidade de vida.

Tenho, para mim, que a valoração moral da intenção dos políticos e governantes, expressa nas

suas ações e decisões, tem de ser colocada num plano diferente da avaliação da qualidade do

seu trabalho e da sua qualificação e preparação para as funções que desempenham. O que me

permite pensar, espero que não ingenuamente, que muitas das estratégias seguidas, opções

feitas, decisões tomadas e projeção de cenários, nos diversos níveis de governação, e levaram o

País ao estado atual das coisas, foi mais fruto de incompetência e falta de visão e concepção de

sociedade a construir do que de maldade.

Agora, esta minha certeza colide com a consciência que tenho que as reformas irreversíveis

que se estão a implementar, vão criar um tipo de sociedade que, confesso, tenho dificuldade

em me rever e aceitar. Fundamenta-se num tipo de visão da pessoa pouco consentânea com

a sua dignidade e valor social. O que me leva para o campo da pedagogia da sociedade nova.

A nomeação de D. Manuel Clemente para patriarca de Lisboa é uma boa notícia, nesta

perspetiva. A sua inteligência e cultura são sobejamente reconhecidas, a que eu acrescento

como caraterísticas determinantes para ter impacto na atual realidade do País: conhece o ser

humano e centra a sua intervenção nele, trabalha para/com pessoas, num tempo concreto e

tem uma visão para o futuro de Portugal e da humanidade. E como sabe ouvir e trabalhar em

equipa, tem uma forma democrática de governar e de envolver as pessoas nos projectos. Isto é

o fruto de se interessar pelas pessoas e de não as usar.

Se vai ser revolucionário? Esqueçam, só se o for na medida e à imagem de Cristo. Se vai

potenciar fracturas? Medo de denunciar os erros nunca o terá, porque em causa estão as

pessoas, mas com a bondade de quando apontar erros ou emissões apresentar também

pistas para as soluções. Agora, o seu sorriso é tanto de acolhimento e de humanidade como

de convicção e certeza do que quer. Porquê? Porque vai ser presença de Cristo em Lisboa,

sem agendas, protagonismos pessoais, uma imensa vontade de servir as pessoas e dar-lhes a

dignidade que Deus quis quando as criou, e, consciência de que tem não um poder mas uma

missão.

Dou-lhe as boas vindas, de regresso a Lisboa. E pelas suas características e forma de estar,

espero, francamente, que os decisores coloquem nele os olhos e vejam um exemplo de como se

deve respeitar e servir as pessoas, factores exponenciais para a tal sociedade justa, democrática

e humanista a construir. As grandes obras começam nos pequenos pormenores, como a forma

como se vê o outro. E a partir desta visão e definição da centralidade da pessoa, do seu valor,

dignidade e expectativas, podem e devem-se construir as dinâmicas, as grandes opções de

natureza económica e financeira, as grandes linhas do Portugal de amanhã.

JUNHO13

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Page 16: Edição 65 do Jornal de Lisboa de Junho

ficha técnica Director francisco Morais BarrosEditor colunas de Opinião - comunicação Unipessoal, Lda.

Rua Francisco Metrass, nº 8, 3º Dtº, 1350-142 Lisboa PortugalJornalista Estagiário antónio Serrano costa

Tel 21-8884039 | NIPC 508360900 | Nº de Registo na ERC 125327 | Depósito Legal: 270155/08 | Tiragem mínima: 15.000 exemplares | Periodicidade: MensalAs opiniões expressas nos artigos de Opinião são exclusiva responsabilidade dos seus autores

Repórter Fotográfico Miguel Reis airesPaginação Paulo Vasco SilvaPropriedade francisco Morais Barrosimpressão Grafedisport

> SÃO JOÃO DE DEUSCat Dog Bus ensina donos e trata animais

AFreguesia de São João de Deus vai ter à disposição dos seus residentes o “Cat Dog Bus”, um autocarro que tem como objectivo ensinar os dono de animais de estimação a tratar dos seus mais fi-

éis “amigos”. De acordo com o executivo de São João de Deus, o “Cat Dog Bus” é um projecto de carácter cívico e de sensibilização na área dos animais de companhia. O equipamento é um autocarro de dois andares, devidamente adap-tado, com uma equipa de veterinários e ani-madores socio culturais, numa Campanha de Rastreio de Aconselhamento Veterinário, para donos e animais, e para as crianças. Assim, en-

tre Junho e Agosto de 2013, o “Cat Dog Bus” vais estar em diferentes bairros de Lisboa, para pro-mover o bem-estar dos animais domésticos no agregado familiar, uma necessidade “na ordem do dia”, tanto por questões comportamentais como por questões económicas. A Freguesia de São João de Deus conta com a presença deste projecto no mês de Julho. Esta iniciativa conta ainda com convidados especiais, workshops, demonstrações de treino, provas de agility, en-tre passatempos e outras actividades lúdico--pedagógicas, ensinando aos mais pequenos as necessidades e condições básicas para se ter um animal de companhia.

> SÃO JOÃO DE BRITOCombate ao isolamento

o executivo da Junta de São João de Brito tem implemen-tado políticas de promoção do envelhecimento digno e saudável, com o objectivo de também promover a in-serção dos séniores, combatendo o isolamento. Nesse

sentido, aquela autarquia promoveu diversas acções de carác-ter lúdico-cultural, designadamente uma visita aos Paços de Concelho da Câmara de Lisboa e uma deslocação ao museu Nacional Arte Antiga, onde, mais de meia centena de séniores, puderam beneficiar de uma cuidada explicação sobre a obra de Cranach, além de já terem participado no auditório da Jun-ta em sessões culturais sobre a História do Dinheiro e O Pla-neta Terra. Para além de um passeio de eléctrico do Martim Moniz, aos Prazeres, a Freguesia de São João de Brito realizou diversos rastreios de saúde, como cuidados de saúde, e organi-zou uma sessão cultural sobre a obra de Tchaikovsky “O Lago dos Cisnes”. Por outro lado, realizou-se uma viagem até Tomar no dia Mundial dos Museus, com visitas ao Convento de Cris-to, à Sinagoga e ao Museu de Fósforos.

> CULTURA4º aniversário do muDe

oMUDE - Museu do Design e da Moda celebrou o seu 4º aniversário com a apresentação o balanço dos pri-meiros quatro anos de atividade, bem como as opções estratégicas para dos próximos anos, dando particu-

lar realce às linhas conceptuais do projecto de arquitectura. O MUDE é uma casa para o design, mas também um espaço para a experimentação e a criatividade, a apresentação de pro-postas de novos criadores e o diálogo com as artes visuais e a arquitectura, o cinema e a dança, a música e a ciência. É um projecto vivo, actuante e dinâmico, que tem vindo a contribuir para a requalificação do centro histórico de Lisboa.

> CANDIDATOS à ASSEMBLEIA MUNICIPAL“maislisboa” tem “líder”

omovimento independente “MaisLisboa” já escolheu o cabeça-de-lista para a Assembleia Municipal de Lisboa a apresentar nas eleições autárquicas deste ano. Rui Martins, escolhido em eleições primárias internas, é li-

cenciado em História, vice-presidente do MIL-Movimento In-ternacional Lusófono e membro da Coordenação Nacional do MaisDemocracia. É responsável de tecnologias de informação numa empresa de publicidade online. O MaisLisboa quer mais democracia participativa e directa na gestão de Lisboa.

> ENCARNAçÃOPrevenção de perdas cognitivas

A aposta em proporcionar um envelhecimento ac-tivo e digno, a Junta de Freguesia da Encarnação criou um serviço de neuropsicologia. Ao abrigo de um protocolo assinado com a faculdade de Psico-

logia da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecno-logias, o executivo da Encarnação achou uma mais valia iniciar um serviço de neuropsicologia, de modo não só a identificar eventuais perdas de funções cognitivas, como também prevenir essas mesmas perdas próprias na idade. Inicialmente foi realizado um rastreio cognitivo a alguns moradores de idade sénior do Bairro Alto e após verificar os resultados obtidos, foi desenvolvido um programa de esti-mulação cognitiva (PEC), adaptado à população alvo. Este programa de estimulação foi realizado através de sessões colectivas e individuais, tendo como objectivo estimular diversas funções cognitivas tais como a Atenção, Concen-tração, Percepção, Memória, Linguagem, Raciocínio, Cria-tividade e Funções Executivas. Após a aplicação do PEC realizou-se uma reavaliação das funções cognitivas de for-ma a verificar a melhoria de cada participante nas diversas áreas estimuladas. Esta iniciativa permite conhecer o pa-norama da evolução das capacidades cognitivas da popu-lação mais velha, permitindo actuar preventivamente para melhorar a qualidade de vida daquela população.

ANIMAçÃO CULTURALLiSboA A CorES

Lisboa vai acolher “O Festival de Cores” no próximo mês de Setembro, que se caracteriza pela coexistência de muita cor e música, para animar a vida da capital. Desigando “Happy Holi- O Festival das Cores”, é um festival de música e dança mais alegre e colorido do planeta, combinando música, dança, cor que desafia os lisboetas a celebrar o que de melhor a vida tem. Este evento é Inspirado no ‘Holi Festival das Cores’ realizado na Índia com o intuito de celebrar a transição do inverno para a primavera e o hinduísmo – vitória do bem sobre o mal -, o ‘Happy Holi’ propõe uma tarde de celebração, alegria e música com ritmos de reggae, world music, hip-hop e eletrónica, abrilhantados, de hora a hora, pelas tonalidades vibrantes e carregadas de boas energias do lançamento do Gulal (pó colorido). O lançamento do pó colorido acontecerá de hora a hora.

Ensinar crianças e donos a tratar dos seus animais de estimação.

MEDICINA DO TRABALHO E ASSISTÊNCIA MÉDICA DOMICILIÁRIA

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