edição 291 • ano xxii • julho de 2013 • viçosa-mg doenças ... · mosos fornecidos, na...

4
Edição 291 Ano XXII Julho de 2013 Viçosa-MG Qualidade do leite: Mão de obra feminina na ordenha Reunião Geral: cronograma de atividades - 2º semestre/13 Momento do Produtor: Cléber Luis de Oliveira Magalhães Fazenda Taquaraçu Dicas do Veterinário: Ceratoconjuntivite: Como identificar, tratar e controlar Alta produção de leite é compatível com boa reprodução? p. 4 p. 3 p. 2 p. 2 Importância da rotação de culturas rotação de culturas, o solo fica- rá coberto, aumentando a com- petição com plantas daninhas e dificultando a proliferação das mesmas. No entanto, alguns cuidados devem ser tomados. Por exemplo, alguns herbicidas utilizados na cultura do feijão, podem deixar resíduos no solo, comprometendo, dessa forma, o desenvolvimento inicial da cultura subsequente, no caso o milho. Por isso, é muito impor- tante respeitar o período de ca- rência dos defensivos agrícolas antes de realizar o plantio do milho. Com isso tem-se como resultado uma diminuição da infestação de plantas daninhas durante as fases de pré e pós emergências do milho. No que diz respeito ao controle de pragas, a ausência da planta anual cultivada leva a redução populacional ou erradicação do inseto numa determinada área e época do ano, principalmente quando se trata de pragas que se alimentam exclusivamente de uma única espécie de planta. Lembrando que pragas de mi- lho como vaquinha e sua larva conhecida como larva alfinete, além da lagarta rosca, a lagarta elasmo e formigas, atacam tanto o milho quanto o feijão, por isso devem serem controladas antes do plantio da primeira cultura, de forma que não causem danos econômicos. Já considerando o controle de doenças das plantas, a rotação de culturas promove a quebra do ciclo das doenças. Na propriedade do Sr. Alael- son José da Silva, é utilizado o sistema de rotação de culturas com milho e feijão, sendo uti- lizado o cultivar ouro verme- lho, devido à melhor cotação de mercado e ser uns dos mais consumidos na região. Nesta propriedade, o milho para si- lagem é plantado na época das águas em uma área de 4,2 hec- tares entre outubro e novembro e colhido cerca de 120 dias de- pois obtendo uma produtivi- dade de 50ton/ha de matéria verde. O feijão é plantado entre fevereiro e março na mesma área, e sua colheita realizada por volta de 90 a 100 dias após o plantio. O produtor obteve uma renda extra com a utiliza- ção do plantio do feijão em sis- tema de alternância de cultura, de acordo com tabela 01. Portanto, a rotação de cultu- ras proporciona uma produ- ção diversificada de alimen- tos com aumento de renda do produtor, além de melhorar as características físicas, quími- cas e biológicas do solo; au- xiliar no controle de plantas daninhas, doenças e pragas; repor matéria orgânica e pro- teger o solo da ação dos agen- tes climáticos, desta forma sendo um bom negócio para o produtor, devido ao uso mais intensivo do solo. A rotação de culturas é uma prática tradicional que con- siste em alternar culturas vegetais, numa mesma área agrícola, sendo que as cultu- ras destinadas a esta prática devem ter a finalidade de re- cuperar a fertilidade do solo. Lembrando que as espécies destinadas à rotação de cul- tura devem apresentar um sistema radicular bem desen- volvido e profundo para que as raízes possam buscar água e nutrientes nas camadas mais profundas do solo, resistindo melhor às estiagens e reciclan- do os nutrientes. As vantagens de usar o feijão para a rotação de cultura com milho são: aumento do teor de matéria orgânica do solo; proteção da camada superfi- cial do solo; manutenção da umidade do solo; reciclagem de nutrientes das camadas profundas para as superficiais; redução da população de ervas daninhas; melhoria das pro- priedades físicas, químicas e biológicas do solo; redução de pragas e doenças das plantas, além de aumentar a produtivi- dade do milho e obter um ga- nho extra com o feijão. Utilizando-se o sistema de Isabela Porto Veloso Estudante de Medicina Veterinária Stefânio José de Castro Estudante de Zootecnia Bruno de Castro Moura Estudante de Zootecnia Doenças reprodutivas no pós-parto Aloma Eiterer Leão Estudante de Medicina Veterinária Yuri César Tristão Estudante de Agronomia O desempenho reprodutivo das vacas leiteiras após o período é al- tamente relacionado com o estado de saúde do útero após o parto. As infecções uterinas que acontecem neste período podem ser decor- rentes de fatores de risco como re- tenção de placenta, distocia, parto gemelar, meio ambiente e genética. Contudo, o alto risco de doen- ças se deve, principalmente, à de- pressão da imunidade no período próximo ao parto, que se dá de forma mais grave na primeira se- mana após a parição, mas também é consequência de um inadequado manejo profilático e/ou nutricional nesse período. As enfermidades de trato repro- dutivo de maior incidência são classificadas como metrite clínica puerperal, endometrite clínica, subclínica e piometra, sendo asso- ciados à infecção bacteriana mista no útero. Dependendo do micro- organismo envolvido, a infecção uterina pode levar a um atraso na concepção e, em casos mais graves, pode levar a morte. O principal si- nal clínico de infecção uterina é o corrimento vaginal anormal, que possui diferentes características de acordo com a gravidade da mesma. Sobre a prevenção e saúde do trato reprodutivo no pós-parto, Áureo de Alcântara Ferreira co- nhece bem. Proprietário da Fa- zenda Tum-Tum, localizada em Guaraciaba-MG, o produtor de leite teve apenas quatro casos de metrite pós-parto em um ano. Para isso, conta com uma nutrição com produtos reconhecidamente de qualidade (balanceados em ener- gia e proteína e enriquecidos com importantes minerais, como o selê- nio) e boas práticas de manejo para vacas parturientes, principalmente no que se refere a conforto ani- mal e controle sanitário (utiliza as vacinas usuais, mas também imu- niza os animais contra IBR, BVD e Leptospirose), além de controle cuidadoso ao nascimento e assis- tência ao parto. Desta forma, vem preservando com sucesso a saúde de seus animais. Porém, na ocorrência de algum caso clínico, as vacas da Fazenda Tum-Tum recebem tratamentos eficazes: para as metrites e endo- metrites que se apresentam em até 30 dias pós-parto, é utilizado o antibiótico por via intramuscu- lar tetraciclina (1ml/10kg, 1 vez ao dia, com intervalos de 48 horas). Contudo, ressalta-se que também são obtidos bons resultados utili- zando-se o Ceſtiofur (1ml/50kg, 1 vez ao dia, durante 3 dias consecu- tivos); para as metrites após 30 dias pós-parto, quando é reconhecida a presença de corpo lúteo, procede- -se com a aplicação de prostaglan- dina (2ml), mas quando este não é palpado, é realizada infusão intrau- terina com 25ml de oxitetraciclina diluída em 25ml de solução fisioló- gica. É possível que se utiliza tam- bém Gentamicina (50ml/infusão) ou florfenicol (30ml/infusão). Não se registra nenhum caso de piometra na propriedade, mas o tratamento com duas doses de prostaglandina em intervalo de 12 a 14 dias é a terapêutica de escolha neste caso. Doenças uterinas são prevalentes em vacas de leite de alta produção e requer diag- nóstico e trata- mento em tempo hábil, uma vez que a eficiência reprodutiva do rebanho é um dos fatores mais importantes no desempenho econômico de uma propriedade leiteira. Área (ha) Quantidade Quantidade R$/ R$/ total de sacos de saco total de feijão sacos/ha 4,2 150 35,7 120,00 18.000,00 Vaca recém parida Área com feijão Sucessão com milho silagem Tabela 01

Upload: hoangkhanh

Post on 29-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Edição 291 • Ano XXII • Julho de 2013 • Viçosa-MG

Qualidade do leite:Mão de obra feminina na ordenha

Reunião Geral: cronograma de atividades - 2º semestre/13

Momento do Produtor: Cléber Luis de Oliveira

Magalhães Fazenda Taquaraçu

Dicas do Veterinário:Ceratoconjuntivite: Como

identificar, tratar e controlar

Alta produção de leite é compatível com boa reprodução?

p. 4p. 3p. 2 p. 2

Importância da rotação de culturasrotação de culturas, o solo fica-rá coberto, aumentando a com-petição com plantas daninhas e dificultando a proliferação das mesmas. No entanto, alguns cuidados devem ser tomados. Por exemplo, alguns herbicidas utilizados na cultura do feijão, podem deixar resíduos no solo, comprometendo, dessa forma, o desenvolvimento inicial da cultura subsequente, no caso o milho. Por isso, é muito impor-tante respeitar o período de ca-rência dos defensivos agrícolas antes de realizar o plantio do milho. Com isso tem-se como resultado uma diminuição da infestação de plantas daninhas durante as fases de pré e pós emergências do milho.

No que diz respeito ao controle de pragas, a ausência da planta anual cultivada leva a redução populacional ou erradicação do inseto numa determinada área e época do ano, principalmente quando se trata de pragas que se alimentam exclusivamente de uma única espécie de planta. Lembrando que pragas de mi-lho como vaquinha e sua larva conhecida como larva alfinete, além da lagarta rosca, a lagarta elasmo e formigas, atacam tanto o milho quanto o feijão, por isso devem serem controladas antes do plantio da primeira cultura, de forma que não causem danos econômicos. Já considerando o controle de doenças das plantas,

a rotação de culturas promove a quebra do ciclo das doenças.

Na propriedade do Sr. Alael-son José da Silva, é utilizado o sistema de rotação de culturas com milho e feijão, sendo uti-lizado o cultivar ouro verme-lho, devido à melhor cotação de mercado e ser uns dos mais consumidos na região. Nesta propriedade, o milho para si-lagem é plantado na época das águas em uma área de 4,2 hec-tares entre outubro e novembro e colhido cerca de 120 dias de-pois obtendo uma produtivi-dade de 50ton/ha de matéria verde. O feijão é plantado entre fevereiro e março na mesma área, e sua colheita realizada por volta de 90 a 100 dias após o plantio. O produtor obteve uma renda extra com a utiliza-ção do plantio do feijão em sis-tema de alternância de cultura, de acordo com tabela 01.

Portanto, a rotação de cultu-ras proporciona uma produ-ção diversificada de alimen-tos com aumento de renda do produtor, além de melhorar as características físicas, quími-cas e biológicas do solo; au-xiliar no controle de plantas daninhas, doenças e pragas; repor matéria orgânica e pro-teger o solo da ação dos agen-tes climáticos, desta forma sendo um bom negócio para o produtor, devido ao uso mais intensivo do solo.

A rotação de culturas é uma prática tradicional que con-siste em alternar culturas vegetais, numa mesma área agrícola, sendo que as cultu-ras destinadas a esta prática devem ter a finalidade de re-cuperar a fertilidade do solo. Lembrando que as espécies destinadas à rotação de cul-tura devem apresentar um sistema radicular bem desen-volvido e profundo para que as raízes possam buscar água e nutrientes nas camadas mais profundas do solo, resistindo melhor às estiagens e reciclan-do os nutrientes.

As vantagens de usar o feijão para a rotação de cultura com milho são: aumento do teor de matéria orgânica do solo; proteção da camada superfi-cial do solo; manutenção da umidade do solo; reciclagem de nutrientes das camadas profundas para as superficiais; redução da população de ervas daninhas; melhoria das pro-priedades físicas, químicas e biológicas do solo; redução de pragas e doenças das plantas, além de aumentar a produtivi-dade do milho e obter um ga-nho extra com o feijão.

Utilizando-se o sistema de

Isabela Porto VelosoEstudante de Medicina Veterinária

Stefânio José de CastroEstudante de Zootecnia

Bruno de Castro MouraEstudante de Zootecnia

Doenças reprodutivas no pós-parto

Aloma Eiterer LeãoEstudante de Medicina Veterinária

Yuri César Tristão Estudante de Agronomia

O desempenho reprodutivo das vacas leiteiras após o período é al-tamente relacionado com o estado de saúde do útero após o parto. As infecções uterinas que acontecem neste período podem ser decor-rentes de fatores de risco como re-tenção de placenta, distocia, parto gemelar, meio ambiente e genética.

Contudo, o alto risco de doen-ças se deve, principalmente, à de-pressão da imunidade no período próximo ao parto, que se dá de forma mais grave na primeira se-mana após a parição, mas também é consequência de um inadequado manejo profilático e/ou nutricional nesse período.

As enfermidades de trato repro-dutivo de maior incidência são classificadas como metrite clínica puerperal, endometrite clínica, subclínica e piometra, sendo asso-ciados à infecção bacteriana mista no útero. Dependendo do micro-organismo envolvido, a infecção uterina pode levar a um atraso na concepção e, em casos mais graves, pode levar a morte. O principal si-nal clínico de infecção uterina é o corrimento vaginal anormal, que possui diferentes características de acordo com a gravidade da mesma.

Sobre a prevenção e saúde do trato reprodutivo no pós-parto, Áureo de Alcântara Ferreira co-nhece bem. Proprietário da Fa-zenda Tum-Tum, localizada em Guaraciaba-MG, o produtor de leite teve apenas quatro casos de

metrite pós-parto em um ano. Para isso, conta com uma nutrição com produtos reconhecidamente de qualidade (balanceados em ener-gia e proteína e enriquecidos com importantes minerais, como o selê-nio) e boas práticas de manejo para vacas parturientes, principalmente no que se refere a conforto ani-mal e controle sanitário (utiliza as vacinas usuais, mas também imu-niza os animais contra IBR, BVD e Leptospirose), além de controle cuidadoso ao nascimento e assis-tência ao parto. Desta forma, vem preservando com sucesso a saúde de seus animais.

Porém, na ocorrência de algum caso clínico, as vacas da Fazenda Tum-Tum recebem tratamentos eficazes: para as metrites e endo-metrites que se apresentam em até 30 dias pós-parto, é utilizado o antibiótico por via intramuscu-lar tetraciclina (1ml/10kg, 1 vez ao dia, com intervalos de 48 horas). Contudo, ressalta-se que também são obtidos bons resultados utili-zando-se o Ceftiofur (1ml/50kg, 1 vez ao dia, durante 3 dias consecu-tivos); para as metrites após 30 dias pós-parto, quando é reconhecida a presença de corpo lúteo, procede--se com a aplicação de prostaglan-dina (2ml), mas quando este não é palpado, é realizada infusão intrau-terina com 25ml de oxitetraciclina diluída em 25ml de solução fisioló-gica. É possível que se utiliza tam-bém Gentamicina (50ml/infusão) ou florfenicol (30ml/infusão).

Não se registra nenhum caso de piometra na propriedade, mas o tratamento com duas doses de prostaglandina em intervalo de 12 a 14 dias é a terapêutica de escolha neste caso.

Doenças uterinas são prevalentes em vacas de leite de alta produção e requer diag-nóstico e trata-mento em tempo hábil, uma vez que a eficiência reprodutiva do rebanho é um dos fatores mais importantes no d e s e m p e n h o econômico de uma propriedade leiteira.

Área (ha) Quantidade Quantidade R$/ R$/ total de sacos de saco total de feijão sacos/ha

4,2 150 35,7 120,00 18.000,00

Vaca recém paridaÁrea com feijão Sucessão com milho silagem

Tabela 01

2

PDPL Programa de

Desenvolvimento da Pecuária Leiteira

PCEPL Programa de Capacitação

de Especialistas em Pecuária Leiteira

Publicação editada sob a responsabilidade do

Coordenador do PDPL:Adriano Provezano

Gomes

Jornalista Responsável:José Paulo Martins

(MG-02333-JP)

Redação:Christiano Nascif

Zootecnista

Marcus Vinícius C. MoreiraMédico Veterinário

André Navarro LobatoMédico Veterinário

Thiago Camacho RodriguesEngenheiro Agrônomo

Diagramação e coordenação gráfica:

João Jacob Neide de Assis

Endereço do PDPL:Ed. Arthur Bernardes

Subsolo/Campus da UFVCep: 36570-000

Viçosa - MG

Telefax: (31) 3899 5250E-mail: [email protected]: www.pdpl.ufv.br

Facebook: Pdpl Minas Gerais

Jornal da Produção de Leite

Dicas do Veterinário:

Ceratoconjuntivite: Como identificar, tratar e controlar

Alta produção de leite é compatível com boa reprodução?

A ceratoconjuntivite é uma do-ença ocular dos bovinos causada pela bactéria Gram-negativa Mo-raxella bovis. Ela é mais evidente principalmente nos meses de cli-ma quente, pois este é o período de maior prevalência de moscas. É uma doença de distribuição mundial e independe de sexo e raça, mas sua incidência é maior em animais jovens devido a queda da Imunidade Passiva e casos de estresse predispõem a tal enfermi-dade.

Joana Fortes ToledoEstudante de Medicina Veterinária

Samyr de Alvarenga SossaiEstudante de Veterinária

Paloma LeijotoEstudante de Zootecnia

Leonardo AmaralEstudante de Agronomia

Essa afecção gera uma inflama-ção na membrana que recobre os olhos, incluindo a órbita e a superfície interna das pálpe-bras podendo se estender para as camadas abaixo da conjunti-va. A bactéria adere às células e produz toxinas que irão lesar a córnea. Sua transmissão ocorre principalmente através das mos-cas (que são o vetor da doença), pelo contato direto com animais infectados, através das mucosas e

Vaca de alta produção

Na pecuária leiteira, não há dú-vidas de que a produção por vaca aumentou, mas não se sabe quan-to desse aumento pode explicar o aparente declínio da fertilidade, e se, de fato, há uma relação direta, sendo que ao serem analisados, esses dois fatores isolados, muitas vezes dependem de outros, como: adequação da dieta e do manejo nutricional; conforto; mão de obra qualificada; etc.

Sendo assim, essa questão nos leva a pensar: será que as exigên-cias nutricionais do rebanho estão sendo plenamente atendidas? Pois com o aumento da produção, será necessário maior rigor na formula-ção da dieta, na formação de lotes, no acesso dos animais ao cocho, na quantidade e qualidade dos volu-mosos fornecidos, na suplemen-tação mineral, no controle de ECC (escore de condição corporal), etc.

Sabemos que os nutrientes inge-ridos pelos animais seguem uma ordem de distribuição, que é: Man-tença; Produção de Leite; Repro-dução; Gestação e Ganho de peso, dessa forma, caso os fatores acima

citados não acompanhem a alta produção dos animais, variando um pouco com o estágio de lacta-ção das vacas, a reprodução de fato será afetada. Em contrapartida, apesar das dificuldades envolvidas, é importante diferenciar a função fisiológica e o desempenho repro-dutivo de problemas de manejo como: confinamento; piso escorre-gadio; grande número de vacas por tratador; falta de observação que pode fazer com que animais férteis não tenham os principais sinais de estro observados, resultando na ausência de detecção de cio ou em baixa probabilidade de prenhez à inseminação.

Portanto, a avaliação do impacto de um fator, nesse caso, a alta pro-dução de leite dos rebanhos sobre

o desempenho reprodutivo, pode sofrer grande interferência de fato-res individuais ou de rebanho que afetam a reprodução, como: idade da vaca; estação do ano; doenças; nutrição; condição corporal; am-biente; manejo do rebanho; inten-sidade e acuidade de detecção de cio e uso de programas de manejo reprodutivo.

A questão central é se o aumento ou os “altos” níveis de produção de leite necessariamente ou definitiva-mente causam queda da fertilida-de, ou, se o aumento da capacidade produtiva aumenta as necessidades metabólicas e de manejo, que po-dem não ser satisfeitas em diversos os casos. O balanço energético ne-gativo (BEN), ocorre no pós-parto quando as vacas não consomem

alimento suficiente para sustentar o estímulo da produção de leite. Praticamente todas as vacas so-frem algum grau de BEN no início da lactação. A duração e a gravida-de do BEN pós-parto, sofre forte interferência da condição corpo-ral que a vaca se encontra quando atinge o pico de lactação, pois é neste momento que ocorre a pri-meira ovulação, ou seja, se o ECC estiver ruim neste momento com-prometerá a primeira ovulação.

Por outro lado, a única forma de se obter e manter altos níveis de produção de leite é satisfazer as necessidades nutricionais e com-portamentais das vacas. Fatores de estresse como doença, calor, aces-so limitado à ração, fornecimento insuficiente de nutrientes, falta de espaço de descanso e má ventila-ção, reduzem a produção de leite e a sua eliminação, fazendo com que os animais não atinjam seu poten-cial genético. Vacas manejadas da forma adequada e cujas necessida-des são satisfeitas da melhor forma possível, atingem a capacidade produtiva máxima, pois as necessi-dades determinadas pela produção são supridas.

Os efeitos da produção de leite não podem ser considerados os únicos responsáveis pela piora do estado de saúde, com prejuízo no desempenho reprodutivo. Ao con-trário, o bom estado de saúde e o manejo voltado para a sua obten-ção, são pré-requisitos tanto para a boa reprodução como boa produ-ção de leite.

secreções, e também por indiví-duos que tem a doença mais não apresentam sintomas.

Sinais clínicos: • Piscarrepetitivo;• Lacrimejamentodoolhoafeta-

do; • O animal fica com o olho es-

branquiçado (opaco);• Incômodocomaluz(oanimal

tende a procurar lugares prote-gidos da luz solar).

• Ulceração

Os sintomas iniciais são lacri-mejamento intenso e após 1 a 2 dias opacidade no centro da córnea, podendo evoluir para uma úlcera, que é representada por uma cicatriz branca crônica (foto). A fase de recuperação é longa e caracteriza-se por um esbranquiçamento de toda ex-tensão ocular o que faz pensar que o animal perdeu a visão, mas se for tratado corretamente isto não ocorrerá.

Tratamento:• É feito através de antibiótico

com base farmacológica que atinge o grupo de bactérias que causam a doença: spray de Oxitetraciclina + Hidro-cortisona ou pomada de Gen-tamicina;

• Recomenda-sequeo animalacometido pela doença fique em locais sombreados, para evitar o contato com o sol até o término do tratamento;

Controle:• Para o controle da doença é

indicada a vacinação preven-tiva dos animais anualmente, porém sem grande eficácia;

• Controledasmoscas;• Detecçãoprecoce juntamen-

te com o afastamento e isola-mento dos animais infectados com a doença.

A Ceratoconjuntivite é uma doença que responde bem quando tratada, mas se for ne-gligenciada pelo produtor pode levar a grandes prejuízos como a perda de peso (em média 15% de peso corporal), pois o ani-mal deixa de se alimentar, gas-tos com medicação, em casos de animais em lactação há queda em sua produção, dificuldade do manejo e principalmente perda da visão do animal afe-tando assim sua vida produtiva e comprometendo seu valor co-mercial.

Sintoma da doença

3

O produtor Cléber Luis de Oli-veira Magalhães, proprietário da Fazenda Taquaraçu, herança de seu pai, entrou na atividade leiteira em 1993. A fazenda está situada na região de Divinésia/MG e baseia-se na agricultura familiar e no sistema de produ-ção semi-intensivo. Desta forma, reside na propriedade com sua esposa Cleonice e seus três filhos Lucas, Maria Eduarda e Luiz Fe-lipe.

Iniciou a atividade com um rebanho composto por 10 vacas em lactação produzindo uma média de 60l/dia. Em agosto de 2009 procurou pelo suporte téc-nico-administrativo do PDPL/PCEPL com intuito de se profis-sionalizar. Atualmente a fazenda possui um rebanho composto por 14 vacas em lactação e pro-dução média de 240 L/dia.

A propriedade possui uma área de 28,6 ha, subdividida da seguinte forma: dois ha são des-tinadas à produção de milho para silagem, a qual será estendi-da para 3,5 ha nesta safra 4; 5 ha de pastagem formada por bra-

Momento do Produtor: Cléber Luis de Oliveira Magalhães - Fazenda TaquaraçuHenrique de Oliveira VolpeEstudante de Medicina Veterinária

Renato Barbieri ShinyashikiEstudante de Zootecnia

Caroline Teixeira BonifácioEstudante de Zootecnia

quiária, sendo 2 ha em silvipas-toril; 0,6 ha para cana-de-açúcar e 4,2 ha divididos em 12 piquetes de capim Tanzânia e Mombaça. A propriedade ainda conta com uma área de 7 ha para plantio de eucalipto adensado, 8 ha desti-nados à reserva legal e 0,3 ha re-ferente a benfeitorias da fazenda.

O rebanho atual da proprieda-de é composto por animais que variam de ½ sangue até 15/16 HZ. Com o intuito de intensifi-car ainda mais a produção leitei-ra, aumentando a produção de seus animais, o produtor utiliza acasalamento dirigido com tou-ros da raça Holandesa para inse-minar suas vacas.

O manejo alimentar do reba-nho divide-se em período das águas e de seca. No primeiro, as vacas têm sua dieta baseada em 60% em pastajo de capim tan-zânia e mombaça em sistema de piquete rotacionado e adubado. Como complemento da dieta, os animais recebem silagem de milho e concentrado de acordo com a sua produção. Já no pe-ríodo da seca, as vacas perma-necem nos piquetes em período integral. Além disso, é fornecida suplementação volumosa: para os animais de menor produção, é oferecida cana-de-açúcar corri-gida com uréia+sulfato de amô-nio misturada ao concentrado, enquanto os animais de maior produção são suplementados também com silagem de milho. Uma tecnologia que o produtor

tem como rotina é o plantio de milho para silagem, e tem con-seguido fazer duas safras ao ano. Esta produzida com eficiência pelo produtor que ensilou 58 ton/ha de matéria natural o que equivale a 21 ton/MS por hecta-re de silagem de milho na safra 12/13, com custo de R$ 49,60 ton/MN.

No manejo da cria, os animais com até 30 dias recebem 6 litros de leite/dia, divididos em duas refeições. Tal categoria ainda recebe concentrado comercial à vontade. Após esta fase, pas-sam a consumir 3 litros somente pela manhã, sendo desaleitados quando completam aproxima-damente 80 dias quando já es-tão com o no mínimo o dobro do peso de quando nasceram, sendo que ganham aproximada-mente 0,800 Kg/dia.

Na fase de recria, os animais são divididos em lotes homogê-neos e alocados nos piquetes de

capim mombaça. Para comple-mentar a dieta, uma vez ao dia recebem concentrado e volumo-so de acordo com o período. No período seco recebem cana cor-rigida, e nas águas, silagem de milho e concentrado.

O sistema de ordenha é me-cânico do tipo balde ao pé, composto por dois conjuntos, adquirido em dezembro de 2010. As análises de CCS e CBT atendem à IN 62, com valores de 288 mil e 6 mil respectiva-mente. O último teste de CMT realizado em junho de 2013 indicou perda de 0,27%, o que reflete baixa ocorrência de mas-tite subclínica.

O produtor atingiu alguns in-dicadores econômicos de des-taque. Sua média anual foi de 198,92 litros de leite, o que de-monstra a eficiência de sua mão de obra familiar. O custo total do seu leite gira em torno de 81% do preço do litro do leite

vendido. A taxa de retorno de capital com terra da proprieda-de é de 10,2% ao ano.

Para este ano, foi traçado como meta diminuir a idade ao primeiro parto de novilhas, a fim de que estas entrem mais precocemente em fase produti-va: através de um manejo mais eficiente da recria, o produtor visa aumentar sua produção. Determinou-se também como objetivo a recuperação de áreas degradadas, por meio da cultu-ra de milho na safra seguida de formação de pastagens.

É fato que na atividade leiteira a evolução e o retorno financei-ro são gradativos. Contudo, a força de vontade por parte do produtor aliada à assistência técnica administrativa compe-tente e ao apoio incondicional da família acelera o alcance do sucesso na atividade leiteira.

EVOLUÇÃO TÉCNICA

Indicadores Unidade Antes do Em Atual Evolução Meta PDPL 2011 (%)

Área p/ pecuária Ha 28,6 28,6 28,6 - Produção de leite L/dia 120 210 240 100% 400Vacas em lactação Cab 12 15 14 17% 18Vacas em lactação / ha para pecuária Cab 0,42 0,52 0,49 17% 0,62Produção / vacas em lactação L 10 14 17 70% 22Produção / total de vacas L 9,2 13,1 13,3 44,6% 18,5Taxa de remuneração do capital sem terra % a.a. 0 11,05 14,55 - 16Taxa de remuneração do capital com terra % a.a. 0 3,48 10,23 - 12

A propriedade

Bezerras em aleitamento

Cléber e seus filhos, Lucas e Maria Eduarda

Recria

Qualidade do leite

4

Mão de obra feminina na

ordenha

Reunião Geral: cronograma de atividades - 2º semestre/13

Yuri César Tristão Estudante de Agronomia

Bruna Pereira LeonelEstudante de Zootecnia

Arthur Frederico MagalhãesEstudante de Medicina Veterinária

Bruno MachadoEstudante de Zootecnia

É cada vez mais comum à pre-sença da mulher no dia a dia de fazendas leiteiras e os pontos positivos associados à utiliza-ção da mão de obra feminina no campo são indiscutíveis. Dentre eles destacamos o nível de atenção e observação femi-nina, a percepção de detalhes, a dedicação com a limpeza e higiene, a capacidade de fazer e desenvolver diferentes ativi-dades ao mesmo tempo asso-ciando prática, objetividade e rapidez na tomada de decisões. Quando falamos de gestão e condução dos negócios outros fatores também podem ser re-lacionados à adoção da mão de obra feminina no campo: fixação de famílias nas zonas rurais, otimização das instala-ções físicas das propriedades, aumento da renda familiar e consequente melhoria da qua-lidade de vida.

Na pecuária leiteira, onde pequenos detalhes são respon-sáveis por grandes resultados, a presença da mulher é ain-da mais importante. Cada vez mais são elas as responsáveis pelos bons resultados na sala de ordenha. A exemplo disso, al-guns indicadores de qualidade do leite, como CCS (Contagem

No dia 10 de julho foi realiza-da reunião geral entre a coorde-nação e estagiários do PDPL/PCEPL para a apresentação do cronograma de atividades para o segundo semestre de 2013. A reunião contou com as presen-ças do coordenador geral do PDPL/PCEPL professor Adria-

de Células Somáticas) e CBT (Células Bacterianas Totais). Esses apontam a quantidade de células de defesa do organismo do animal que é encontrada no leite (CCS), relacionada com a saúde da glândula mamária, e a contaminação do leite por bactérias (CBT), influenciada diretamente pela higiene em todo o processo de ordenha. Boas práticas de manejo du-rante a ordenha são adotadas para reduzir ao máximo esses índices. Essas medidas exigem paciência, dedicação e aten-ção; contenção dos animais e ordenha de forma tranquila e organizada, limpeza dos equi-pamentos utilizados, observa-ção do resultado do teste da ca-neca, respeito do tempo do pré dipping e ao tempo de ordenha de cada animal; além da manu-tenção de um ambiente sem-pre limpo. Logo, o capricho na rotina de ordenha é essencial para garantir um rebanho sau-dável e uma produção de leite de qualidade.

Acreditando em tudo isso o produtor Áureo de Alcântara Ferreira promove a empregabi-lidade feminina em sua fazenda e diz-se muito satisfeito com os resultados diretos e indiretos da atuação de sua funcionária e respectiva família. Lílian re-aliza seu trabalho com compe-tência, superando expectativas suas e de sua chefia, compro-vando que é possível conciliar família e trabalho no ambiente rural, e principalmente, geran-do confiança e admiração pe-los excelentes resultados de seu trabalho.

As 10 maiores produções do mês de junho de 2013

Ord Produtor Município Produção

1 Antônio Maria da Silva Araújo Cajuri 125512

2 José Afonso Frederico Coimbra 64829

3 Hermann Muller Visc. Rio Branco 52249

4 Marco Túlio Kfouri Araújo Oratórios 40778

5 Paulo Frederico Araponga 38167

6 Joaquim Campos Júnior Ubá 35184

7 Sérgio H. V. Maciel Coimbra 27580

8 Luciano Sampaio Teixeiras 25274

9 Ozanan Luiz Moreira Ubá 23366

10 Antonio Carlos Reis Piranga 17590

As 10 maiores produtividades do mês de junho de 2013 Ord Produtor Município Produtividade por Produtividade por vaca em lactação vaca total 1 Antônio Maria Silva Araújo Cajuri 24,1 20,7 2 Ozanan Moreira Ubá 24,0 19,7 3 Áureo de Alcântara Ferreira Guaraciaba 20,6 19,0 4 José Afonso Frederico Coimbra 22,4 18,7 5 Sérgio H. V. Maciel Coimbra 22,7 17,8 6 Antônio Saraiva da Silva Porto Firme 25,8 17,2 7 Davi C. F. de Carvalho Senador Firmino 21,7 16,4 8 Rogério Barbosa Teixeiras 15,6 14,3 9 João Bosco Diogo Porto Firme 16,9 14,0 10 Alaelson José Ubá 15,6 13,0

Momento da ordenha

Christiano Nacif presidindo a reunião

no Provezano Gomes e o corpo técnico do PDPL/PCEPL.

Durante a reunião, os técni-cos apresentaram as atividades que serão desenvolvidas ao longo do semestre nas proprie-dades assistidas. Dentre estas atividades podemos destacar o Torneio Leiteiro 2013, a uti-lização de novo programa para avaliação técnico-econômica das propriedades leiteiras par-ticipantes do programa, os pla-nejamentos de volumosos e as

recomendações de plantio de milho para a safra 2013/2014.

Além da abordagem técnica das atividades, os coordenado-res ressaltaram a importância do perfil profissional procu-rado pelo mercado de traba-lho, sendo que o estagiário do PDPL/PCEPL se destaca por ser um profissional com visão global da atividade leiteira, sabendo transitar de maneira correta entre o campo e a in-dústria.