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STJ - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL : EDcl no AgRg no REsp 1182799 TO 2010/0036880-0
EDcl no AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.182.799 - TO (2010⁄0036880-0)
RELATORA : MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA
EMBARGANTE : ANTÔNIO LUIZ COELHO E OUTROS
ADVOGADA :ANAPAULA RIBEIRO SOARES E OUTRO (S)
EMBARGADO : ESTADO DO TOCANTINS
PROCURADOR : LUÍS GONZAGA ASSUNÇÃO E OUTRO (S)
EMENTA
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AGRAVO RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE
OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE NO ACÓRDÃO EMBARGADO.
PRETENSÃO DE REEXAME DA MATÉRIA. IMPOSSIBILIDADE.
1. De acordo com o artigo 535 do Código de Processo Civil, os embargosdeclaratórios são
cabíveis nas hipóteses de haver omissão, contradição ouobscuridade na decisão prolatada.
Não pode tal meio de impugnação ser utilizado como forma de se insurgir quanto à matéria de
fundo, quando esta foi devidamente debatida no acórdão embargado.
2. Embargos de declaração rejeitados.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,acordam os
Ministros da SEXTA Turma do Superior Tribunal de Justiça: Prosseguindo no julgamento após
o voto-vista da Sra. Ministra Assusete Magalhães rejeitando os embargos, e o voto da Sra.
Ministra Alderita Ramos de Oliveira no mesmo sentido, a Turma, por maioria, rejeitou os
embargos de declaração, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora, vencido o Sr. Ministro
Sebastião Reis Júnior, que os acolhia com efeitos modificativos. Não participou do julgamento
o Sr. Ministro Og Fernandes. Votaram com a Sra. MInistra Relatora os Srs. Ministros Og
Fernandes, Assusete Magalhães e Alderita Ramos de Oliveira (Desembargadora convocada do
TJ⁄PE).
Brasília, 27 de agosto de 2013 (Data do Julgamento)
Ministra Maria Thereza de Assis Moura
Relatora
EDcl no AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.182.799 - TO (2010⁄0036880-0)
RELATORA : MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA
EMBARGANTE : ANTÔNIO LUIZ COELHO E OUTROS
ADVOGADA :ANAPAULA RIBEIRO SOARES E OUTRO (S)
EMBARGADO : ESTADO DO TOCANTINS
PROCURADOR : LUÍS GONZAGA ASSUNÇÃO E OUTRO (S)
INTERES. : SINDICATO DOS AGENTES DE FISCALIZAÇÃO EARRECADAÇÃO DO ESTADO DO TOCANTINS -SINDIFISCAL E OUTROS
ADVOGADO : CORIOLANO SANTOS MARINHO E OUTRO (S)
RELATÓRIO
MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA (Relatora):
Trata-se de embargos declaratórios, opostos por ANTÔNIO LUIZ COELHO E OUTROS, em
face de acórdão desta Sexta Turma que negou provimento ao agravo regimental. A título de
ilustração, confira-se a ementa do aresto:
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO E PROCESSO CIVIL.
ACÓRDÃO RECORRIDO. FUNDAMENTAÇÃO
EMINENTEMENTE CONSTITUCIONAL. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA
PROPORCIONALIDADE,MORALIDADE E RAZOABILIDADE. COMPETÊNCIA DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. VERBA HONORÁRIA. VALOR FIXADO COM AMPARO NO
ART. 20, § 4º,CPC. MODIFICAÇÃO. INVIABILIDADE. SÚMULA 7⁄STJ.
1. Verifica-se que o v. acórdão recorrido assentou seu entendimento em fundamentação
eminentemente constitucional, sobretudo em razão da reconhecida violação dos princípios
constitucionais da moralidade, proporcionalidade e razoabilidade.
2. Não cabe a esta Corte, em sede de recurso especial, o exame de matéria constitucional,
cuja competência é reservada ao Supremo Tribunal Federal, nos termos do artigo 102,
inciso III, da Carta Magna.
3. Estabelecida a verba honorária com base na eqüidade, em valor correspondente a R$
90.000,00 (noventa mil reais), respeitados os critérios das alíneas a, b e c do § 3º daquele
artigo, não cabe a este Tribunal reapreciar o valor ou percentual fixado a título de honorários
advocatícios, devendo-se aplicar a Súmula 7 desta colenda Corte.
4. Agravo regimental improvido.
Sustentam os embargantes, nas razões dos presentes aclaratórios, que, "ao apenas reiterar o
registro de que haveria no v. acórdão recorrido"fundamentaçãoeminentemente constitucional",
o v. acórdão ora embargado incorreu em lamentávelomissão, porque deixou de apreciar a
alegação de que. ao lado daqueles fundamentos de índole constitucional (que. de fato.
existem, e isso nunca foi negado), o e. TJTOTAMBÉM elencou fundamentos de natureza
infraconstitucional para sustentar a inegável ofensa à coisa julgada."
Aduzem, nessa linha, que o caso "é de julgamento de mérito do recurso especial nos limites
dos fundamentos infraconstitucionais existentes no v. acórdão recorrido, deixando que a
fundamentação constitucional seja examinada pelo c. STF no recurso extraordinário
concomitantemente interposto (e também admitido)."
Por outro lado, apontam omissão no que toca à alegação de que, de acordo com a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o exame dos limites da coisa julgada em casos
concretos é questão de direito federal infraconstitucional.
Em acréscimo, argumentam também que o aresto ora embargado não enfrentou a questão
relativa ao fato de que este Superior Tribunal de Justiça "não tem encontrado obstáculos para o
exame de mérito de recursos que discutem questõesabsolutamente semelhantes à versada no
caso concreto."
Por fim, no que toca aos honorários advocatícios relativos à execução, afirmam que houve
omissão na análise acerca de sua fixação em valor irrisório, correspondente a menos de
0,125% do valor da execução, e de precedentes desta Corte que admitem a majoração da
verba advocatícia.
É o relatório.
EDcl no AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.182.799 - TO (2010⁄0036880-0)
EMENTA
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AGRAVO RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE
OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE NO ACÓRDÃO EMBARGADO.
PRETENSÃO DE REEXAME DA MATÉRIA. IMPOSSIBILIDADE.
1. De acordo com o artigo 535 do Código de Processo Civil, os embargosdeclaratórios são
cabíveis nas hipóteses de haver omissão, contradição ouobscuridade na decisão prolatada.
Não pode tal meio de impugnação ser utilizado como forma de se insurgir quanto à matéria de
fundo, quando esta foi devidamente debatida no acórdão embargado.
2. Embargos de declaração rejeitados.
VOTO
MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA (Relatora):
Os embargos declaratórios não merecem êxito.
De acordo com o artigo 535 do Código de Processo Civil, os embargos declaratórios são cabíveis
nas hipóteses de haver omissão, contradição ou obscuridade na decisão prolatada. Não pode
tal meio de impugnação ser utilizado como forma de se insurgir quanto à matéria de fundo,
quando esta foi devidamente debatida no acórdãoembargado.
Da leitura do voto condutor do aresto recorrido, verifica-se que o Tribunal de Justiça do Estado
do Tocantins afastou a alegação de violação da coisa julgada, de modo a relativizá-la, e
manteve a redução dos honorários advocatícios com amparo emfundamentos de índole
exclusivamente constitucional, consubstanciados na necessária aplicação dos princípios da
moralidade administrativa, da proporcionalidade e da razoabilidade, bem como da supremacia
do interesse público.
A fim de corroborar essa assertiva, confiram-se trechos da fundamentação do acórdão:
Ora, conforme noticiado, o Magistrado não vislumbrou que o valor dos honorários alcançaria
tamanha quantia, nem mesmo o Estado, pois, no apelo, não abordou irresignação. Por esta
razão, na oportunidade da execução, o Juiz promoveu a sua redução.
Permitir tamanho exagero, mantendo os honorários em valor tão elevado, sob o manto da coisa
julgada, provoca descrédito no Judiciário, pois, certamente acarreta indignação na população
ao permitir a extração de tamanha quantia dos cofres públicos a poucos advogados, ainda que
seja reconhecido o ótimo trabalho realizado, em detrimento da massa necessitada para a qual
o dinheiro público é arrecadado.
Entendo que manter tal condenação implica em afronta aos princípios da moralidade
administrativa, da proporcionalidade, da razoabilidade, e materializa desvio de finalidade
do dinheiro público, com o qual não posso consentir.
Não é demais lembrar que o interesse público, no caso a população tocantinense, deve
prevalecer ao interesse particular, neste caso, dez advogados.
Nesse sentido, destaco trecho da decisão ora agravada:
(...)
Ainda que seja considerado brilhante o trabalho e desempenho dos advogados que
atuaram na causa, o valor de mais de seis milhões suplanta um valor justo e
proporcional aos serviços dispensados na causa.
Por fim, não é demais destacar que a condenação em questão possivelmente inviabilizará a
execução, e consequentemente, o direito protegidos pelos patronos, razão pela qual, divirjo do
ilustre Relator para reduzir o quantum fixado na ação de conhecimento. (grifos não originais -
fls. 856⁄857)
Desse modo, com base nos referidos princípios constitucionais, concluiu a Corte de origem que
o valor fixado a título de honorários advocatícios na ação de conhecimento, correspondente a
mais de R$ 6.000.000,00 (seis milhões de reais), não seria justo e proporcional, razão pela
qual houve por bem reduzi-los para R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais).
Não merece prosperar, assim, a alegação de que o Tribunal a quo também teria se embasado
no direito federal infraconstitucional para solucionar a questão e entender pela necessária
diminuição da verba advocatícia.
Na verdade, pretendem os embargantes, inconformados com o entendimento sufragado pelo
acórdão embargado, apenas rediscutir, com efeitos infringentes, questões decididas quando do
julgamento do recurso especial, o que é inviável em embargos declaratórios.
Da mesma forma, tampouco houve omissão relacionada aos honorários advocatícios relativos
à execução, pois, ao ser aplicado ao caso o disposto na Súmula 7 desta Corte, não foi acolhida
a tese segundo a qual a verba teria sido fixada em quantia irrisória, hipótese em que
excepcionalmente afasta-se aquele enunciado sumular.
Consoante se verifica do aresto embargado, esta Turma utilizou fundamentação suficiente para
solucionar a controvérsia, sem incorrer em qualquer omissão, contradição ou obscuridade. A
título de ilustração, confira-se trecho do acórdão que apreciou o ponto ora em exame:
No que tange aos honorários da ação executiva, a jurisprudência desta Corte de Justiça possui
entendimento no sentido de que nos feitos em que a Fazenda Pública figura como vencida,
bem como nas execuções, a fixação do valor dos honorários deve ser realizada segundo a
apreciação equitativa do juiz, cuja verba pode ser estipulada por meio dos percentuais do § 3º
do caput do artigo 20 do Diploma Processual Civil, bem como pode ser fixada em valor certo,
aquém ou além desses limites.
Destarte, estabelecida a verba honorária com base na eqüidade, em valor correspondente a R$
90.000,00 (noventa mil reais), respeitados os critérios das alíneas a, b e c do § 3º daquele
artigo, não cabe a este Tribunal reapreciar o valor ou percentual fixado a título de
honorários advocatícios, devendo-se aplicar a Súmula 7 desta colenda Corte, segundo a qual
"a pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial".
A propósito, confiram-se:
"AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. MAJORAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7⁄STJ. AGRAVO
DESPROVIDO.
(...)
2. Impende ressaltar que, mesmo nas hipóteses de incidência do art. 20, § 4º, do CPC, os
honorários serão fixados consoante apreciação eqüitativa do juiz, atendidas as normas das
alíneas a, b e c do § 3º do referido artigo.3. Agravo regimental desprovido." (AgRg no REsp
972.793⁄RS, Rel. Min. DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, DJe 12⁄11⁄2008)
"PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. HONORÁRIOS.
DECISÃO EM CONFORMIDADE COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE.
NATUREZA SINGELA DA CAUSA. QUESTÃO DEPENDENTE DO REEXAME DE MATÉRIA
FÁTICA DA LIDE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7 DO STJ.
1. Conforme posicionamento consagrado na jurisprudência do STJ, nas causas em que não
houver condenação, os honorários advocatícios devem ser fixados de forma eqüitativa pelo
juiz, nos termos do § 4º do art. 20, CPC, não estando o magistrado restrito aos limites
percentuais estabelecidos no § 3º do referido artigo. Precedentes.
2. Inviável a análise de questão relativa a matéria dependente do reexame do conteúdo fático
da lide, vedado nos termos da Súmula 7 do STJ.
3. Agravo regimental a que se nega provimento."(AgRg no REsp 1227160⁄RS, Rel. Ministra
MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, DJe 01⁄02⁄2012).
Ressalte-se, por fim, que o juiz não está obrigado a rebater, pormenorizadamente, todas as
questões trazidas pela parte. A negativa de prestação jurisprudencial se configura apenas
quando o Tribunal deixa de se manifestar sobre ponto que seria indubitavelmente necessário
ao deslinde do litígio.
Ante o exposto, rejeito os embargos declaratórios.
É como voto.
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEXTA TURMA
EDcl no AgRg no Número Registro: 2010⁄0036880-0
PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1182799 ⁄ TO
Números Origem: 2692002 52452005 800662814
EM MESA JULGADO: 06⁄09⁄2012
Relatora
Exma. Sra. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. ZÉLIA OLIVEIRA GOMES
Secretário
Bel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ANTÔNIO LUIZ COELHO E OUTROS
ADVOGADA :ANAPAULA RIBEIRO SOARES E OUTRO (S)
RECORRENTE : ESTADO DO TOCANTINS
RECORRIDO : OS MESMOS
PROCURADOR : LUÍS GONZAGA ASSUNÇÃO E OUTRO (S)
RECORRIDO : SINDICATO DOS AGENTES DE FISCALIZAÇÃO E ARRECADAÇÃO DO ESTADO DO TOCANTINS - SINDIFISCAL E OUTROS
ADVOGADO : CORIOLANO SANTOS MARINHO E OUTRO (S)
ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO -
Servidor Público Civil - Sistema Remuneratório e Benefícios - Adicional de Horas Extras
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
EMBARGANTE : ANTÔNIO LUIZ COELHO E OUTROS
ADVOGADA :ANAPAULA RIBEIRO SOARES E OUTRO (S)
EMBARGADO : ESTADO DO TOCANTINS
PROCURADOR : LUÍS GONZAGA ASSUNÇÃO E OUTRO (S)
INTERES. : SINDICATO DOS AGENTES DE FISCALIZAÇÃO E ARRECADAÇÃO DO ESTADO DO TOCANTINS - SINDIFISCAL E OUTROS
ADVOGADO : CORIOLANO SANTOS MARINHO E OUTRO (S)
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessãorealizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Após o voto da Sra. Ministra Relatora rejeitando os embargos de declaração, pediu vista o Sr.
Ministro Sebastião Reis Júnior. Aguardam as Sras. Ministras Assusete Magalhães e
Alderita Ramos de Oliveira (Desembargadora convocada do TJ⁄PE). Ausente, justificadamente,
o Sr. Ministro Og Fernandes."
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Sebastião Reis Júnior.
EDcl no AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.182.799 - TO (2010⁄0036880-0)
QUESTÃO DE ORDEM
O EXMO. SR. MINISTRO SEBASTIÃO REIS JÚNIOR: Trata-se de embargos declaratórios
opostos por Antônio Luiz Coelho e outros contra acórdão assim ementado (fl. 861):
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO E PROCESSO CIVIL.
ACÓRDÃO RECORRIDO. FUNDAMENTAÇÃO
EMINENTEMENTE CONSTITUCIONAL. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA
PROPORCIONALIDADE,MORALIDADE E RAZOABILIDADE. COMPETÊNCIA DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. VERBA HONORÁRIA. VALOR FIXADO COM AMPARO NO
ART. 20, § 4º,CPC. MODIFICAÇÃO. INVIABILIDADE. SÚMULA 7⁄STJ.
1. Verifica-se que o v. acórdão recorrido assentou seu entendimento em fundamentação
eminentemente constitucional, sobretudo em razão da reconhecida violação dos princípios
constitucionais da moralidade, proporcionalidade e razoabilidade.
2. Não cabe a esta Corte, em sede de recurso especial, o exame de matéria constitucional,
cuja competência é reservada ao Supremo Tribunal Federal, nos termos do artigo 102,
inciso III, da Carta Magna.
3. Estabelecida a verba honorária com base na eqüidade, em valor correspondente a R$
90.000,00 (noventa mil reais), respeitados os critérios das alíneas a, b e c do § 3º daquele
artigo, não cabe a este Tribunal reapreciar o valor ou percentual fixado a título de honorários
advocatícios, devendo-se aplicar a Súmula 7 desta colenda Corte.
4. Agravo regimental improvido.
A Ministra Relatora, Maria Thereza de Assis Moura, rejeitou os embargos, afirmando
inexistirem quaisquer dos vícios elencados nos embargos de declaração.
Pedi vista dos autos para melhor apreciar a controvérsia.
Tendo em conta a possibilidade de atribuição de efeitos infringentes aos aclaratórios, deve o
embargado ser intimado para manifestar-se, sob pena de ofensa ao princípio do contraditório,
uma vez que não consta dos autos informação a respeito da comunicação desse
ato processual.
Ante o exposto, entendo que o presente julgamento deve ser suspenso para que se
providencie a intimação do embargado para impugnar os embargos de declaração.
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEXTA TURMA
EDcl no AgRg no Número Registro: 2010⁄0036880-0
PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.182.799 ⁄ TO
Números Origem: 2692002 52452005 800662814
EM MESA JULGADO: 25⁄09⁄2012
Relatora
Exma. Sra. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. JOÃO FRANCISCO SOBRINHO
Secretário
Bel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ANTÔNIO LUIZ COELHO E OUTROS
ADVOGADA :ANAPAULA RIBEIRO SOARES E OUTRO (S)
RECORRENTE : ESTADO DO TOCANTINS
RECORRIDO : OS MESMOS
PROCURADOR : LUÍS GONZAGA ASSUNÇÃO E OUTRO (S)
RECORRIDO : SINDICATO DOS AGENTES DE FISCALIZAÇÃO E ARRECADAÇÃO DO ESTADO DO TOCANTINS - SINDIFISCAL E OUTROS
ADVOGADO : CORIOLANO SANTOS MARINHO E OUTRO (S)
ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO -
Servidor Público Civil - Sistema Remuneratório e Benefícios - Adicional de Horas Extras
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
EMBARGANTE : ANTÔNIO LUIZ COELHO E OUTROS
ADVOGADA :ANAPAULA RIBEIRO SOARES E OUTRO (S)
EMBARGADO : ESTADO DO TOCANTINS
PROCURADOR : LUÍS GONZAGA ASSUNÇÃO E OUTRO (S)
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Prosseguindo no julgamento, a Turma, por unanimidade, acolheu a questão de ordem
suscitada pelo Sr. Ministro Sebastião Reis Júnior e baixou os autos em diligência a fim de que
o embargado manifeste-se sobre os embargos de declaração, tendo em vista o pedido de
efeitos infringentes."
Não participou do julgamento o Sr. Ministro Og Fernandes.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Sebastião Reis Júnior.
EDcl no AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.182.799 - TO (2010⁄0036880-0)
VOTO-VISTA
O EXMO. SR. MINISTRO SEBASTIÃO REIS JÚNIOR: Cuidam os autos de recursos especiais
interpostos pelo Estado de Tocantins e por alguns servidores estaduais, contudo, tendo em
conta que os presentes embargos declaratórios foram opostos pelos últimos, aprecio somente
o apelo nobre por eles interposto.
Antônio Luiz Coelho e outros interpõem recurso especial, fundado na alínea a do permissivo
constitucional, contra acórdão do Tribunal de Justiça do Tocantins que manteve decisão do
juízo singular que, em ação de execução de título executivo judicial, reduziu de ofício a verba
honorária fixada na sentença transitada em julgado (10% do valor da condenação, cerca de R$
6.000.000,00, para R$ 25.000,00, algo equivalente a 0,05% do valor da condenação, e a Corte
alterou para R$ 180.000,00 – 0,3% do valor da condenação) e majorou, em embargos de
declaração, a fixada na ação executória (R$ 5.000,00 para R$ 90.000,00 – 0,15% do valor
da condenação), atingindo um valor total, considerando o processo de conhecimento e o de
execução, de R$ 270.000,00 (duzentos e setenta mil reais), cerca de 0,45% do valor da
condenação.
Veja-se a ementa (fl. 861):
AGRAVO DE INSTRUMENTO. SINDICATO. AÇÃO DE COBRANÇA. HORA-EXTRAS E
DIÁRIAS. PROCEDÊNCIA. EXECUÇÃO DE SENTENÇA. LEGITIMIDADE DOS
EXEQUENTES. HONORÁRIOS DA FASE DE CONHECIMENTO. REDUÇÃO DEOFÍCIO.
IMPOSSIBILIDADE. COISA JULGADA. HONORÁRIOS DA FASE EXECUTIVA. MAJORAÇÃO.
DESNECESSIDADE. APRECIAÇÃO EQUITATIVA.
Admite-se a postulação, por todos os servidores da categoria representada pelo Sindicato
autor, do cumprimento de sentença condenatória de caráter genérico, proferida em ação de
cobrança, a qual reconhece direitos individuais homogêneos (indenização por horas-extras e
diárias), a serem demonstrados em posterior liquidação.
Em razão da relativização da coisa julgada, e, em atendimento aos princípios da moralidade
administrativa, proporcionalidade e razoabilidade é permitida a redução, de oficio, de verba
honorária fixada contra a Fazenda Pública que se mostra exorbitante.
Verificado que o valor dos honorários advocatícios arbitrados pelo Juiz Singular na decisão
recorrida é irrisório (RS 25.000,00), e, levando-se em consideração a particularidade da causa,
dentre elas, o número de litigantes, entendo que aquele valor deve ser majorado para RS
180.000,00 (cento e oitenta mil reais).
É desnecessária a majoração dos honorários advocatícios que, na ação de execução, foram
fixados contra a Fazenda Pública de forma eqüitativa, a teor do que dispõe o § 4º do
artigo 20 do Código de Processo Civil.
Opostos embargos declaratórios, foram rejeitados (fls. 886⁄897).
Novos aclaratórios foram opostos, acolhidos para majorar os honorários fixados na ação de
execução, nos termos da seguinte ementa (fl. 919 – grifo nosso):
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE COBRANÇA E
AÇÃO DE EXECUÇÃO. HONORÁRIOS. PROPORÇÃO. VALOR DA EXECUÇÃO. NÚMERO
DE ADVOGADOS. MENSURAÇÃO EQUITATIVA.
Se o acórdão proferido deixou de abordar um dos temas questionados - montante da verba
honorária - são admissíveis os embargos declaratórios.
A verba honorária deve ser fixada na ação executiva de maneira equitativa, em atenção aos
elementos previstos no art. 20 do Código de Processo Civil. É justa a fixação dos honorários
advocatícios em noventa mil reais, equivalente à metade do valor fixado na ação
de conhecimento, dado que a execução ultrapassa a cifra de sessenta milhões, e estão
em grande número os advogados dos exequentes.
Apontam os recorrentes violação dos arts. 467, 468 e 471 do Código de Processo Civil,
sustentando que a sentença, mesmo sob a eficácia da coisa julgada material, que a torna
imutável, indiscutível e com força de lei, foi alterada e discutida porque os julgadores
entenderam exagerado o valor dos honorários advocatícios.
Defendem que a Corte de origem decidiu novamente questão acobertada pela coisa julgada,
fora das exceções de modificação do estado de fato ou de direito, quando nas relações
jurídicas continuativas e nos demais casos previstos em lei.
Alegam, ainda, o que se segue (fl. 966):
[...]
De início, lê-se no v. Acórdão recorrido que o juiz errou ao fixar honorários com base no
artigo 20, § 3º, do CPC, quando deveria tê-lo feito de acordo com o § 4º daquele dispositivo
legal, e que ele (juiz) não imaginava que a condenação em honorários atingiria valor elevado.
Ainda que se admita tenha errado o d. Juízo de primeiro grau, isso era questão para ser
abordada pela parte interessada - o Estado do Tocantins, ora recorrido - por meio de recurso
próprio: apelação. No máximo, poder-se-ia admitir que o Estado manejasse ação
rescisória para corrigir o suposto erro.
Mas o Estado não fez uma coisa nem outra: na apelação que interpôs, não discutiu a questão
da fixação dos honorários advocatícios (v. fls. 569⁄585); tampouco cuidou de ajuizar ação
rescisória no biênio em que poderia fazê-lo.
[...]
Por isso, nada importa que tenha o juiz, na sentença exequenda, fixado os honorários com
base no § 3º e não no § 4º do artigo 20 do CPC, ou que ele tenha julgado sem imaginar as
conseqüências de sua decisão.
Se houve erro, como quer o e. TJTO, deveria ter sido ele corrigido a pedido da parte
interessada no tempo oportuno. Impossível é querer corrigir, de ofício, um erro acobertado pelo
que o Prof. Nery chamou de "coisa soberanamente julgada".
Asseveram que não merece prosperar a conclusão do acórdão de que a execução de
sentença, diante da alteração ocorrida com a Lei n. 11.232⁄2005, não mais põe termo ao
processo, tendo em conta que, mesmo após a nova redação legal, a sentença continuou a ser
o ato do juiz que, ao extinguir o processo com resolução do mérito, examina o mérito
da questão e, por isso, estará sujeita a ser acobertada pela coisa julgada material.
No tocante aos honorários do processo de execução, indicam ofensa ao art. 20, §§ 3ºe 4º,
do Código de Processo Civil, argumentando que, mesmo diante de uma execução de sentença
condenatória de R$ 66.000.000,00 (sessenta e seis milhões de reais), a verba honorária
foi fixada em R$ 5.000,00 (cinco mil reais) pelo juízo singular e majorada pelo Tribunal de
origem para R$ 90.000,00 (noventa mil reais), valor também irrisório.
Enfatizam o que se segue (fl. 978)
[...] consideradas as circunstâncias previstas nas alíneas a, b e c do § 3º do
artigo 20do CPC [...], é absolutamente desproporcional e desarrazoada a fixação do processo
de execução em apenas R$ 90.000,00 [...], meros 0,125% sobre o valor executado. Daí a
ofensa à Lei.
Em cenário semelhantes, quando a condenação em honorários não ultrapassa a mínima fração
da expressão econômica do processo (no caso, não chega sequer a mísero 1% sobre o valor
da execução), a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou-se no sentido de admitir
a majoração. [...]
Nos precedentes invocados, o Superior Tribunal de Justiça interveio para fixar definitivamente
os honorários entre 3% [...] e 5% [...] sobre o valor da causa, o que seria absolutamente
razoável no caso concreto.
[...]
A Relatora, Ministra Maria Thereza, negou seguimento ao especial, entendendo que a
controvérsia foi solvida pela Corte de origem sob o enfoque eminentemente constitucional, bem
como que a revisão da referida verba fixada na ação de execução encontra óbice na Súmula
7⁄STJ.
Tal conclusão foi mantida em sede de agravo regimental, em acórdão assim ementado:
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO E PROCESSO CIVIL.
ACÓRDÃO RECORRIDO. FUNDAMENTAÇÃO
EMINENTEMENTE CONSTITUCIONAL. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA
PROPORCIONALIDADE,MORALIDADE E RAZOABILIDADE. COMPETÊNCIA DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. VERBA HONORÁRIA. VALOR FIXADO COM AMPARO NO
ART. 20, § 4º,CPC. MODIFICAÇÃO. INVIABILIDADE. SÚMULA 7⁄STJ.
1. Verifica-se que o v. acórdão recorrido assentou seu entendimento em fundamentação
eminentemente constitucional, sobretudo em razão da reconhecida violação dos princípios
constitucionais da moralidade, proporcionalidade e razoabilidade.
2. Não cabe a esta Corte, em sede de recurso especial, o exame de matéria constitucional,
cuja competência é reservada ao Supremo Tribunal Federal, nos termos do artigo 102,
inciso III, da Carta Magna.
3. Estabelecida a verba honorária com base na eqüidade, em valor correspondente a R$
90.000,00 (noventa mil reais), respeitados os critérios das alíneas a, b e c do § 3º daquele
artigo, não cabe a este Tribunal reapreciar o valor ou percentual fixado a título de honorários
advocatícios, devendo-se aplicar a Súmula 7 desta colenda Corte.
4. Agravo regimental improvido.
Opostos embargos declaratórios, os embargantes apontaram omissão quanto à alegação de
que no acórdão recorrido havia fundamento de natureza infraconstitucional afastando a ofensa
à coisa julgada, em especial os arts. 20 e 471do Código de Processo Civil, e que fora manejado
recurso extraordinário quanto à controvérsia de natureza constitucional.
Asseveram que não foi apreciada a argumentação de que o Pretório Excelso pacificou o
entendimento de que o exame dos limites da coisa julgada em casos concretos é questão de
direito federal infraconstitucional, cujo julgamento compete a este c. STJ(fl. 1.144).
Indicam, ainda, omissão quanto à alegada existência de vasta jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça apreciando a violação dos arts. 467, 468 e 471 do Código de Processo
Civil (concernentes à coisa julgada) quando o Tribunal local, em embargos à execução, revisa
o valor dos honorários advocatícios fixados no processo de conhecimento por sentença
transitada em julgado (fl. 1.146), destacando o AgRg no REsp n. 942.594⁄PE (Ministra Maria
Thereza de Assis Moura, DJe 10⁄12⁄2007), decujo teor se colhe (fl. 1.146):
[...] é incabível, nos autos de embargos à execução, a modificação do quantum fixado no
processo de conhecimento a título de honorários advocatícios, sob pena de ofensa à coisa
julgada [...]
Por fim, quanto ao processo de execução, aduzem que não foi apreciada a alegação de que o
Superior Tribunal de Justiça admite a revisão da verba honorária quando fixados em patamares
irrisórios, como no presente caso.
O Estado do Tocantins, apesar de intimado (fl. 1.158), não apresentou resposta aos
aclaratórios, consoante certidão de fl. 1.161.
A Ministra Relatora rejeitou os embargos declaratórios, destacando que o acórdão recorrido
estava embasado em fundamentos de índole exclusivamente constitucional, consubstanciados
na necessária aplicação dos princípios da moralidade administrativa, da proporcionalidade e da
razoabilidade, bem como da supremacia do interesse público (fl. 3 do voto).
Destacou, ainda, o que se segue (fl. 4):
[...]
Desse modo, com base nos referidos princípios constitucionais, concluiu a Corte de origem que
o valor fixado a título de honorários advocatícios na ação de conhecimento, correspondente a
mais de R$ 6.000.000,00 [...], não seria justo e proporcional, razão pela qual ouve por bem
reduzí-los para R$ 180.000,00 [...]
Não merece prosperar, assim, a alegação de que o Tribunal a quo, também teria se embasado
no direito federal infraconstitucional para solucionar a questão e entender pela necessária
diminuição da verba advocatícia.
[...]
Pedi vista dos autos para uma análise mais acurada dos presentes embargos.
Inicialmente, destaco que me chamou a atenção o fato de que tanto o Juiz quanto o Tribunal de
Justiça afirmaram terem, em sede de ação de execução, agido de ofício, para reduzir a verba
honorária fixada na sentença transitada em julgado.
Afora isso, analisando a argumentação trazida nos presentes embargos declaratórios de que
havia fundamento infraconstitucional no acórdão atacado, destaco do acórdão os seguintes
trechos (fls. 855⁄857 – grifo nosso):
[...]
O Magistrado de primeiro grau, na oportunidade da execução da sentença, reduziu,de ofício, o
valor dos honorários ao perceber que o montante ultrapassa o valor de seis milhões, para
o quantum de R$ 25.000,00 [...]
Analisando cautelosamente a questão, entendo que, apesar da coisa julgada no tocante aos
honorários, a sua redução não é só cabível, com fulcro no Código de Processo Civil que
permite a relativização da coisa julgada, mas também imperiosa.
Inicialmente, necessário apontar que, nos termos do art. 20, § 4º, do Código de Processo Civil,
quando for vencida a Fazenda Pública, os honorários serão fixados consoante a
apreciação equitativa do Juiz, portanto, podem ser estabelecidosfora do limite previsto no
parágrafo terceiro do mesmo artigo.
[...]
Ora, conforme noticiado, o Magistrado não vislumbrou que o valor dos honorários alcançaria
tamanha quantia, nem mesmo o Estado, pois, no apelo, não abordou a irresignação. Por esta
razão, na oportunidade da execução, o Juiz promoveu a sua redução.
Permitir tamanho exagero, mantendo os honorários em valor tão elevado, sob o manto da
coisa julgada, provoca descrédito no Judiciário, pois, certamente acarreta indignação na
população ao permitir a extração de tamanha quantia dos cofres públicos a poucos advogados,
ainda que seja reconhecido o ótimo trabalho realizado, em detrimento da massa necessitada
para a qual o dinheiro público é arrecadado.
Entendo que manter tal condenação implica em afronta aos princípios da moralidade
administrativa, da proporcionalidade, da razoabilidade e materializa desvio de finalidade do
dinheiro público, com o qual não posso consentir.
[...]
A quaestio iuris posta no recurso especial, envolvendo a violação dos
arts. 467, 468 e471 do Código de Processo Civil, prequestionada no acórdão recorrido, refere-se à
impossibilidade de o magistrado rever a verba honorária fixada na sentença já transitada em
julgado. Destaco, ainda, que o Tribunal deixou claro tratar-se de ato de ofício do magistrado.
Assim, considerando esse quadro, pedindo venia à Relatora, entendo que o acórdão do
Tribunal de Justiça do Tocantins apresenta dupla fundamentação, uma infraconstitucional,
atacada mediante o presente recurso especial, e outra constitucional, contra a qual
foi interposto recurso extraordinário, que teve também o seu processamento autorizado.
Acolho, portanto, os presentes embargos para conhecer do recurso especial no tocante às
violações indicadas quanto à redução dos honorários advocatícios previstos na sentença
transitada em julgado.
A respeito da revisão dos honorários advocatícios fixados na sentença transitada em julgado,
em sede de execução ou embargos à execução, sobre a qual já paira o manto da coisa
julgada, o Superior Tribunal de Justiça tem entendimento consolidado no sentido
da impossibilidade de sua alteração.
Confiram-se:
ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL
PARCIALMENTE PROVIDO. INCORPORAÇÃO DO ÍNDICE DE 11,98% SOBRE
OS VENCIMENTOS DE SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS.ALTERAÇÃO DA FORMA DE
CÁLCULO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM SEDE DE EMBARGOS À
EXECUÇÃO. CARACTERIZADA OFENSA À COISA JULGADA. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO.
1. Transitada em julgado a sentença exeqüenda, com expressa indicação de qual critério
a ser adotado para apuração dos honorários advocatícios, é descabida a inclusão
posterior do critério definido na Súmula 111 do STJ, com o entendimento jurisprudencial
que lhe dá este Tribunal, sob pena de evidente ofensa à coisa julgada (REsp. 354.162⁄RN,
Rel. Min. GILSON DIPP, DJU 03.06.2002).
2. Agravo Regimental desprovido.
(AgRg no REsp n. 1.029.334⁄SP, Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Quinta Turma, DJe
6⁄9⁄2010 – grifo nosso)
PROCESSUAL CIVIL. LITISCONSÓRCIO ATIVO FACULTATIVO. CONDENAÇÃO EM
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS ARBITRADOS EM 10% (DEZ POR CENTO) SOBRE O
VALOR DA CAUSA, A CADA UM DOS LITISCONSORTES. TRÂNSITO EM
JULGADO. MODIFICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. COISA JULGADA.
1. Cuida-se, na origem, de execução de sentença na qual os agravantes foram condenados a
pagar, cada um, a título de honorários advocatícios sucumbenciais, 10% (dez por cento) sobre
o valor atualizado da causa. Iniciada a execução, os agravantes interpuseram agravo de
instrumento, alegando que o valor da condenação era excessivo, pois o montante de
honorários advocatícios alcançará 60% (sessenta por cento) do valor da causa.
2. O Tribunal de origem deu provimento ao recurso, modificando a sentença, embora transitada
em julgado, de forma que cada um dos recorridos arque com 1⁄6 (um sexto) do valor da
condenação, e não pela integralidade de 10% (dez por cento) para cada um.
3. Considerando que a sentença transitou em julgado, determinando explicitamente que
cada um deveria arcar com honorários sucumbenciais no percentual de 10% (dez por
cento) sobre o valor da causa, está acobertada pelo manto da coisa julgada, não pode
ser modificada por decisão em agravo de instrumento.
Agravo regimental improvido.
(AgRg no REsp n. 1.304.544⁄DF, Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 25⁄4⁄2012 –
grifo nosso)
ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR
PÚBLICO FEDERAL. EXECUÇÃO DE SENTENÇA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. BASE
DE CÁLCULO. OFENSA À COISA JULGADA. AGRAVO NÃO PROVIDO.
1. Os ora agravantes, na apelação que originou o título executivo, expressamente postularam a
fixação dos honorários advocatícios em 10% sobre o valor da dívida impugnada nos embargos
do devedor, ou seja, R$ 3.684,07 (fl. 153e). O Tribunal de origem deu provimento ao citado
apelo para fixar os honorários advocatícios em 10% sobre o valor impugnado nos embargos (fl.
165e).
2. Nesse contexto, a pretensão dos agravantes, de utilizar como base de cálculo da
verba honorária o valor total da execução (R$ 96.894, 80), viola frontalmente a coisa
julgada.
3. Agravo regimental não provido.
(AgRg no REsp n. 1.218.203⁄PR, Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe
23⁄2⁄2011 – grifo nosso)
PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO. HONORÁRIOS FIXADOS NA AÇÃO DE
CONHECIMENTO. REDISCUSSÃO EM SEDE DE EMBARGOS À EXECUÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. OFENSA À COISA JULGADA.
1. A divergência jurisprudencial ensejadora do conhecimento do recurso especial pela alínea c
deve ser devidamente demonstrada, conforme as exigências dos arts. 541,parágrafo único,
do CPC e 255 do RISTJ.
2. Implica ofensa ao princípio da imutabilidade da sentença (CPC, art. 610) e da coisa
julgada (CPC, arts. 467 e 468), a rediscussão, em sede de embargos à execução, dos
fundamentos da sentença que embasa a ação executiva.
3. Recurso especial a que se nega provimento.
(REsp n. 753.844⁄PR, Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJe 11⁄5⁄2009 – grifo
nosso)
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO DIRETA. LIQUIDAÇÃO.
MODIFICAÇÃO DO CRITÉRIO FIXADO A TÍTULO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
SÚMULA 131 DO STJ. VIOLAÇÃO À COISA JULGADA. OCORRÊNCIA. OFENSA AO
ART. 535 DO CPC. INEXISTÊNCIA. NEGATIVA DE VIGÊNCIA A DISPOSITIVO DA CF⁄88.
IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA.
1. A modificação, em liquidação de sentença, da base de cálculo dos honorários advocatícios
determinada no processo de conhecimento revela inequívoca violação ao instituto da coisa
julgada.
Precedente: REsp 460198⁄RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, DJ 02⁄05⁄2005.
2. Considerando que a liquidação visa apenas especificar o quantum debeatur à luz do an
debeatur acertado na sentença, forçoso concluir que a modificação da base de cálculo dos
honorários na fase de liquidação viola a coisa julgada.
3. Fixada a base de cálculo dos honorários advocatícios na forma da Súmula 617 do STF, a
sua modificação em sede de liquidação de sentença, para fazer incluir as parcelas relativas aos
juros moratórios e compensatórios (Súmula 131 do STJ) configura ofensa à coisa julgada.
4. Deveras, a Corte entendeu haver afronta à coisa julgada a modificação do revisão do
critério fixado a título de honorários na sentença trânsita. Precedentes: REsp 85.261⁄SP,
1ª T., Rel. Min. Milton Luiz Pereira, DJ 26⁄08⁄1996; REsp 354.162⁄RN, 5ª T., Rel. Min. Gilson
Dipp, DJ 03⁄06⁄2002. [...]
7. Recurso especial provido.
(REsp n. 987.695⁄MT, Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 30⁄3⁄2009 – grifo nosso)
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC.
INEXISTÊNCIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PROCESSO DE CONHECIMENTO.
FIXAÇÃO. PROCESSO DE EXECUÇÃO. REDISCUSSÃO. IMPOSSIBILIDADE. [...]
2. Não se pode discutir, em embargos à execução, acerca da forma como os honorários
advocatícios foram fixados no título judicial em execução, porquanto trata-se de matéria
ao abrigo da coisa julgada.
3. Recurso especial a que se nega provimento.
(REsp n. 875.678⁄PE, Ministro Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF da 1ª região),
Segunda Turma, DJe 19⁄5⁄2008 – grifo nosso)
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO E ERRO MATERIAL.
EXISTÊNCIA. EFEITO INFRINGENTE. CABIMENTO. EMBARGOS À EXECUÇÃO.
SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. COISA
JULGADA. DISCUSSÃO PREJUDICADA.
1. Evidenciada a existência de omissão e erro material, impõe-se a acolhimento dos embargos
declaratórios com efeitos infringentes, para correção do julgado.
2. Transitada em julgado a sentença, resta prejudicada a discussão acerca da
correspondente verba honorária fixada pelo juízo, sob pena de ofensa à coisa julgada.
3. Embargos de declaração acolhidos com efeitos infringentes para negar provimento ao
recurso especial.
(EDcl no REsp n. 603.307⁄RS, Ministro João Otávio de Noronha, Segunda Turma, DJ
22⁄11⁄2007 – grifo nosso)
PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO DE TÍTULO JUDICIAL. HONORÁRIOS DE ADVOGADO.
EMBARGOS COM BASE NO ARTIGO 741 DO CPC. OFENSA À COISA JULGADA.
1. Os embargos à execução fundada em título judicial tem seu cabimento limitado às hipóteses
expressamente previstas no art. 741 do CPC.
2. A redação do artigo 741 do CPC, não permite alargar a enumeração das matérias nele
previstas para o cabimento de embargos à execução por título judicial, seja pela literalidade
do dispositivo, seja porque a própria natureza do processo de execuçãoveda a ressurreição
dos temas já debatidos e decididos no processo de conhecimento, que sepultou as incertezas
e conferiu à demanda a definitividade da jurisdição, operando-se sobre o direito os efeitos
da coisa julgada.
3. A discussão sobre a pertinência ou não da fixação em honorários de advogado
condenados no âmbito de embargos à execução fiscal com trânsito em julgado, não tem
espaço no âmbito de embargos à execução por título judicial relativo a esses honorários,
porquanto acobertado pela coisa julgada.
4. Embargos de declaração acolhidos, para declarar o acórdão, mantendo-se a parte
dispositiva, que negou provimento ao agravo regimental.
(EDcl no AgRg no Ag n. 556.629⁄RS, Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJ 25⁄10⁄2004 – grifo
nosso)
Ademais, é assente nesta Corte Superior não ser possível a redução de ofício da verba
honorária já fixada, exigindo-se do recorrente a impugnação específica da controvérsia para
que o Juiz ou o Tribunal possa decidir a respeito, salvo na hipótese de provimento do recurso
modificando parcial ou totalmente a sucumbência como consectário da condenação.
Tal questão, inclusive, foi objeto de decisão recente da Corte Especial:
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. REDUÇÃO DE OFÍCIO PELO TRIBUNAL. NÃO
CABIMENTO. NECESSIDADE DE PEDIDO ESPECÍFICO. EMBARGOS REJEITADOS.
1. Divergência jurisprudencial configurada entre acórdãos da Quarta e Quinta Turmas no
tocante à possibilidade de redução do quantum fixado a título de honorários advocatícios pelo
Tribunal, na hipótese em que a sentença não remanesceu reformada e não houve
pedido expresso de modificação dessa verba nas razões de apelação.
2. A inversão da condenação ao pagamento da verba honorária quando há reforma da
sentença apresenta-se inerente à sucumbência.
3. No entanto, se não houve reforma do julgado, a redução da verba honorária de ofício
pelo Tribunal, com base no pedido de procedência integral, por si só, apresenta-se
incabível. Impõe-se a existência de pedido expresso da parte recorrente nesse
sentido. Entendimento contrário, conduz à prolação de sentença com ofensa aos
arts. 128, 460 e 515, caput, do CPC, de modo que se impõe a prevalência da tese adotada pelo
acórdão embargado.
4. "A apelação genérica, pela improcedência da ação, não devolve ao Tribunal o exame da
fixação dos honorários advocatícios, se esta deixou
de ser atacada no recurso" (Súmula 16⁄TRF - 4ª Região).
5. Embargos de divergência rejeitados.
(EREsp n. 1.082.374, Ministro Arnaldo Esteves Lima, Corte Especial, DJe 19⁄9⁄2012 – grifo
nosso)
No mesmo sentido, confiram-se:
AGRAVO REGIMENTAL. PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO
ESTADUAL. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
NÃO CONHECIMENTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PREQUESTIONAMENTO.
NECESSIDADE. [...]
2. A revisão dos honorários advocatícios, de ofício, por esta Corte somente é possível na
hipótese em que ao recurso especial seja dado provimento, pois tal medida é
consectário lógico da condenação.
Diferentemente, é a hipótese em que a parte sucumbente deixa de impugnar os
honorários, quando imperioso será reconhecer a ocorrência da preclusão.[...]
4. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no REsp n. 826.921⁄RN, Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, DJ 6⁄11⁄2006 – grifo nosso)
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. REDUÇÃO DE VERBA HONORÁRIA DE OFÍCIO
PELO TRIBUNAL. IMPOSSIBILIDADE. MANUTENÇÃO DA DECISÃO POR SEUS
PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.
(AgRg no REsp n. 1.082.374⁄RJ, Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, DJe 18⁄8⁄2010 –
grifo nosso)
PROCESSUAL CIVIL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. INOCORRÊNCIA.
PEDIDO GENÉRICO DE REFORMA DA SENTENÇA. REVISÃO DOS HONORÁRIOS
PELO TRIBUNAL. IMPOSSIBILIDADE.
1. Não viola o artigo 535 do CPC, nem importa em negativa de prestação jurisdicional o acórdão
que adota fundamentação suficiente para decidir de modo integral a controvérsia posta.
2. A apelação genérica, pleiteando a procedência do pedido, não devolve ao tribunal o
exame da matéria, não impugnada especificamente, relativa à verba honorária fixada na
sentença de improcedência, sob pena de ofensa ao art. 515 do CPC. Precedentes: EDcl no
REsp 464344⁄SP, Min. Franciulli Netto, 2ª T., DJ 21.02.2005; REsp 290535⁄SP, Min. Jorge
Scartezzini, 5ª T., DJ 02.08.2004 e REsp 97725⁄MG, Min. Garcia Vieira, 1ª T., DJ 03.08.1998.
3. Recurso especial a que se dá provimento.
(REsp n. 870.444⁄CE, Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJ 29⁄3⁄2007 – grifo
nosso)
Nesse contexto, considerando a previsão no título executivo da verba honorária em 10% do
valor da condenação, é descabida a alteração do seu quantum, ainda mais de ofício, sob pena
de ofensa à coisa julgada, seja pelo magistrado, seja pelo Tribunal de origem.
Por conseguinte, acolho os presentes embargos de declaração com efeitos infringentes, para
restabelecer os honorários advocatícios fixados na sentença exequenda, destacando que são
suficientes para retribuir aos causídicos o labor exercido tanto na ação de
conhecimento quanto na ação de execução, como, aliás, pronunciou-se o eminente Relator do
acórdão atacado no primeiro momento.
Não obstante isso, acaso a colenda Turma entenda por manter o fundamento do voto da
Relatora, negando seguimento ao recurso especial ante a natureza exclusivamente
constitucional da controvérsia posta no acórdão recorrido, apresento, alternativamente, voto
acolhendo o recurso integrativo quanto aos honorários fixados na execução, divergindo
da conclusão de incidência da Súmula 7⁄STJ.
Com efeito, nesse aspecto, a omissão está em face da alegação de que não foi apreciada a
controvérsia à luz do entendimento de que o Superior Tribunal de Justiça admite rever a
fixação da verba honorária, em sede de recurso especial, quando fixados em valores
exorbitantes ou irrisórios.
De fato, essa é a jurisprudência da Corte. Vejam-se:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO
ESPECIAL. PENSÃO POR MORTE. CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DAS PARCELAS EM
ATRASO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. FIXAÇÃO. ART. 20, § 3º, C⁄C
O ART. 21, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. REDUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N.º
7⁄STJ. INCIDÊNCIA.
1. Ressalvadas as hipóteses de imposição de honorários em patamar exorbitante ou irrisório
em relação à complexidade ou valor da demanda, o Superior Tribunal de Justiça possui
entendimento assente no sentido de não ser cabível, em sede de recurso especial, reexaminar
o montante arbitrado à luz dos critérios de equidadeprevistos no § 3º do art. 20 do CPC, sob
pena de incidência no óbice da Súmula 7⁄STJ.
2. A verba honorária fixada à razão de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação
não se apresenta manifestamente excessiva, diante da expectativa de que a base de
cálculo esteja situada em torno de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), o que inviabiliza a
redução pleiteada.
3. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no REsp n. 1.169.531⁄SC, Ministro Og Fernandes, Sexta Turma, DJe 9⁄5⁄2012 – grifo
nosso)
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
VERBA INFERIOR A 1% DO VALOR DA CAUSA. IRRISORIEDADE. NECESSIDADE
DE MAJORAÇÃO. NECESSIDADE DE EXAME DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS.
PROCEDIMENTO VEDADO EM SEDE DERECURSO ESPECIAL. ENUNCIADO N. 5⁄STJ.
AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. Irrisórios os honorários advocatícios fixados objetivamente em patamar inferior a 1%
do valor da causa, devendo ser majorados.
Precedentes. [...]
3. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
(AgRg nos EDcl no Ag n. 1.181.142⁄SP, Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma,
DJe 31⁄8⁄2011 – grifo nosso)
PROCESSUAL CIVIL. FUNDEF. COMPLEMENTAÇÃO COMPULSÓRIA PELA UNIÃO.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM DESFAVOR DA FAZENDA PÚBLICA. ART. 20, § 3.º,
DO CPC. LIMITES. INAPLICABILIDADE NO CASO DE FIXAÇÃO DOSHONORÁRIOS COM
BASE NO § 4.º DO MESMO DISPOSITIVO. SÚMULA 07⁄STJ. AFASTAMENTO. VALOR
IRRISÓRIO.
1. A fixação dos honorários advocatícios, quando vencida a Fazenda Pública, não está adstrita
aos percentuais de 10% a 20% referidos no § 3º do art. 20, do CPC, orientação que, inclusive,
foi adotada por esta Corte em sede de recurso repetitivo, na sistemática do art. 543-C, do CPC.
(REsp 1.155.125⁄MG).
2. Esta Corte Superior entende ser possível a alteração dos honorários advocatícios quando se
tratar de fixação em patamar irrisório ou exorbitante. Todavia, a referida posição somente é
aplicável em hipóteses específicas, nas quais a Corte de origem não traz qualquer fundamento
apto a justificar a condenação, seja em valor ínfimo ou muito além da justa medida.
3. Na hipótese dos autos, não se faz necessário o revolvimento de matéria fático-probatória, o
que afasta o óbice do enunciado n. 7 da Súmula do STJ.4. Considerando que o valor atribuído
à causa é de R$ 651.689,73 e o valor da condenação a ser definido em liquidação de
sentença poderá alcançar o patamar de R$ 86.579.186,31, conforme valor apresentado
na perícia oficial, a fixação da verba honorária em R$ 2.000,00 não remunera
condignamente o trabalho do advogado.
5. Assim, diante da irrisoriedade da verba honorária fixada na origem, impõe-se a sua
majoração para R$ 10.000,00.
6. Recurso especial provido.
(REsp n. 1.133.777⁄BA, Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 10⁄9⁄2010 –
grifo nosso)
PROCESSUAL CIVIL – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – VALOR IRRISÓRIO
ESTABELECIDO NA ORIGEM – REVISÃO – PRINCÍPIOS DA EQUIDADE E DA
PROPORCIONALIDADE – FIXAÇÃO DE MONTANTE SOBRE VALOR DA CONDENAÇÃO –
POSSIBILIDADE – ART. 20, § 4º, DO CPC.
1. A controvérsia essencial dos autos restringe-se aos aspectos: a) insuscetível o reexame de
honorários estabelecidos na origem, por meio de recurso especial, pelo óbice do enunciado 7
da Súmula do STJ; e, b) a condenação fazendária, nos valores estabelecidos no decisum
agravado, configura suposta majoração exorbitante.
2. Ao contrário dos argumentos recursais, quanto à fixação de honorários advocatícios, o STJ,
via de regra, mantém o valor estabelecido na origem, por força do óbice da Súmula 7⁄STJ;
todavia, em situações excepcionais, quais sejam: condenação em patamares ínfimos ou
exorbitantes, a jurisprudência deste Tribunal autoriza a revisão do quantum fixado no acórdão a
quo.
3. A razoabilidade, aliada aos princípios da eqüidade e proporcionalidade, deve pautar o
arbitramento dos honorários. A verba honorária deve representar um quantum que
valore a dignidade do trabalho do advogado, e não locupletamento ilícito. No caso
vertente, o arbitramento de honorários em R$ 5.000,00 (cinco mil reais) corresponde a
menos de 0,5% (meio por cento) do valor aproximado da condenação, revela-se irrisória;
portanto, afasta-se do critério de eqüidade previsto no art. 20, § 4º, do CPC. Impõe-se,
pois, a fixação em 5% (cinco por cento) do valor da condenação.
Agravo regimental improvido.
(AgRg no REsp n. 1.040.765⁄SP, Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 19⁄12⁄2008
– grifo nosso)
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE
IRREGULARIDADES NO ACÓRDÃO. REDISCUSSÃO DA MATÉRIA. INCABIMENTO.
DESOBEDIÊNCIA AO ART. 535 DO CPC. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. FIXAÇÃOEM
VALOR IRRISÓRIO. PRECEDENTES. INAPLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 07⁄STJ.
1. Inocorrência de irregularidades no acórdão quando a matéria que serviu de base à oposição
do recurso foi devidamente apreciada no aresto atacado, com fundamentos claros e nítidos,
enfrentando as questões suscitadas ao longo da instrução, tudo em perfeita consonância com
os ditames da legislação e jurisprudência consolidada. O não-acatamento das teses deduzidas
no recurso não implica cerceamento de defesa. Ao julgador cumpre apreciar o tema de acordo
com o que reputar atinente à lide. Não está obrigado o magistrado a julgar a questão posta a
seu exame de acordo com opleiteado pelas partes, mas, sim, com o seu livre convencimento
(art. 131 do CPC), utilizando-se dos fatos, provas, jurisprudência, aspectos pertinentes ao tema
e da legislação que entender aplicável ao caso. As funções dos aclaratórios são, apenas,
afastar do acórdão qualquer omissão necessária à solução da lide, não permitir a
obscuridade acaso identificada e extinguir qualquer contradição entre premissaargumentada e
conclusão.
2. O valor fixado para os honorários advocatícios no Tribunal a quo ficou abaixo de 0,3%
do valor atribuído à causa, o que, de fato, demonstra ser o mesmo irrisório.
3. É inadmissível a fixação da verba honorária em valor ínfimo, por aviltar o trabalho
desenvolvido pelo advogado. São devidos honorários advocatícios no patamar de 10% (dez
por cento) sobre o valor da condenação devidamente atualizado.
4. A questão não envolve apreciação de matéria de fato, a ensejar o emprego da Súmula nº
07⁄STJ. Trata-se de pura e simples aplicação da jurisprudência pacificada e da legislação
federal aplicável à espécie (art. 20, §§ 3º e 4º, do CPC).
5. Enfrentamento de todos os pontos necessários ao julgamento da causa. Pretensão de
rejulgamento da causa, o que não é permitido na via estreita dos aclaratórios. Não
preenchimento dos requisitos necessários e essenciais à sua apreciação.
6. Embargos rejeitados.
(EDcl no AgRg no REsp n. 658.351⁄PR, Ministro José Delgado, Primeira Turma, DJ 2⁄5⁄2005 –
grifo nosso)
In casu, o valor executado é de R$ 66.000.000,00 (sessenta e seis milhões de reais) e o valor
dos honorários fixado pelo Tribunal de origem na execução foi de R$ 90.000,00 (noventa mil
reais), representando menos de 1% do valor da condenação (algo cerca de 0,15%).
Tal o contexto, a despeito da previsão, no diploma processual, da possibilidade de fixação da
verba honorária por equidade nas ações em desfavor da Fazenda Pública,entendo que a
sucumbência deve ter uma equivalência com o valor da condenação, sob pena de se
configurar irrisória.
A meu ver, mostram-se ínfimos os honorários estabelecidos em R$ 90.000,00 (noventa mil
reais), considerando-se, além do valor da condenação, o decurso do tempo que já se passou
com o processamento da ação; o número de advogados constituídos para acompanhar
a demanda; a complexidade da causa e da execução, bem como o número de substituídos,
consoante disposto no art. 20, § 3º, do Código de Processo Civil.
Acrescento, ainda, como venho defendendo há muito, que a questão referente aos honorários
advocatícios também constitui assunto de política judiciária. Não vejo como não onerar a parte
que quer litigar. O baixo valor dos honorários, na verdade, constitui um incentivo à litigância,
já que a parte – seja o Estado, com seus advogados de plantão, em geral servidores, seja o
particular, muitas vezes com contratos de "partido" ou com contratos em que os honorários
estão previamente fixados – não terámaior ônus com a perpetuação de ações sabidamente
improcedentes. A parte, privada ou pública, precisa ter consciência de que a opção
pela judicialização tem um custo, um custo que, além das custas do processo, também alcança
os honorários de sucumbência.
Ante o exposto, pedindo venia à Relatora, acolho os embargos de declaração com efeitos
modificativos, para majorar os honorários advocatícios fixados na ação de execução para 5%
do valor da condenação.
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEXTA TURMA
EDcl no AgRg no Número Registro: 2010⁄0036880-0
PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.182.799 ⁄ TO
Números Origem: 2692002 52452005 800662814
EM MESA JULGADO: 07⁄11⁄2012
Relatora
Exma. Sra. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. JOÃO FRANCISCO SOBRINHO
Secretário
Bel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ANTÔNIO LUIZ COELHO E OUTROS
ADVOGADA :ANAPAULA RIBEIRO SOARES E OUTRO (S)
RECORRENTE : ESTADO DO TOCANTINS
RECORRIDO : OS MESMOS
PROCURADOR : LUÍS GONZAGA ASSUNÇÃO E OUTRO (S)
RECORRIDO : SINDICATO DOS AGENTES DE FISCALIZAÇÃO E ARRECADAÇÃO DO ESTADO DO TOCANTINS - SINDIFISCAL E OUTROS
ADVOGADO : CORIOLANO SANTOS MARINHO E OUTRO (S)
ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO -
Servidor Público Civil - Sistema Remuneratório e Benefícios - Adicional de Horas Extras
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
EMBARGANTE : ANTÔNIO LUIZ COELHO E OUTROS
ADVOGADA :ANAPAULA RIBEIRO SOARES E OUTRO (S)
EMBARGADO : ESTADO DO TOCANTINS
PROCURADOR : LUÍS GONZAGA ASSUNÇÃO E OUTRO (S)
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessãorealizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Prosseguindo no julgamento após o voto-vista do Sr. Ministro Sebastião Reis Júnioracolhendo
os embargos de declaração com efeitos modificativos, pediu vista a Sra. Ministra Assusete
Magalhães. Aguarda a Sra. Ministra Alderita Ramos de Oliveira (Desembargadora convocada
do TJ⁄PE)."
Não participou do julgamento o Sr. Ministro Og Fernandes.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Sebastião Reis Júnior.
EDcl no AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.182.799 - TO (2010⁄0036880-0)
VOTO-VISTA
MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES: Cuida-se de Embargos de Declaração, opostos por
Antônio Luiz Coelho e outros, contra acórdão prolatado pela Sexta Turma do Superior Tribunal
de Justiça, que se encontra assim ementado:
"AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO E PROCESSO
CIVIL. ACÓRDÃO RECORRIDO. FUNDAMENTAÇÃO
EMINENTEMENTECONSTITUCIONAL. OFENSA AOS PRINCÍPIOS
DA PROPORCIONALIDADE, MORALIDADE E RAZOABILIDADE. COMPETÊNCIA DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. VERBA HONORÁRIA. VALOR FIXADO COM AMPARO
NO ART. 20, § 4º, CPC. MODIFICAÇÃO. INVIABILIDADE. SÚMULA 7⁄STJ.
1. Verifica-se que o v. acórdão recorrido assentou seu entendimento em fundamentação
eminentemente constitucional, sobretudo em razão da reconhecida violação dos
princípios constitucionais da moralidade,proporcionalidade e razoabilidade.
2. Não cabe a esta Corte, em sede de recurso especial, o exame de matéria
constitucional, cuja competência é reservada ao Supremo Tribunal Federal, nos termos
do artigo 102, inciso III, da Carta Magna.
3. Estabelecida a verba honorária com base na eqüidade, em valor correspondente a R$
90.000,00 (noventa mil reais), respeitados os critérios das alíneas a, b e c do § 3º daquele
artigo, não cabe a este Tribunal reapreciar o valor ou percentual fixado a título de
honorários advocatícios, devendo-se aplicar a Súmula 7 desta colenda Corte.
4. Agravo regimental improvido".
Sustentam os embargantes, em síntese, a ocorrência de omissão no julgado, sob o argumento
de que, "ao apenas reiterar o registro de que haveria no v. acórdão recorrido" fundamentação
eminentemente constitucional ", o v. acórdão incorreu em (...) omissão, porque deixou de
apreciar a alegação de que, ao lado daqueles fundamentos de índole constitucional (que, de
fato, existem, e isso nunca foi negado), o e. TJTO também elencou funamentos de
natureza infraconstitucional para sustentar a inegável ofensa à coisa julgada" (fl. 1.142e).
Defendem que o acórdão do Tribunal de origem, ao sustentar a "relativização da coisa julgada"
, no caso concreto, assim como "ao considerar que o Juiz teria liberdade para, em embargos à
execução, corrigir suposto equívoco na sentença transitada em julgado relativamente
ao quantum dos honorários advocatícios" (fl. 1.143e), apoia-se em fundamentos de
natureza infraconstitucional.
Argumentam que, in casu, deve ser julgado o "mérito do Recurso Especial nos limites dos
fundamentos infraconstitucionais existentes no v. acórdão recorrido, deixando que a
fundamentação constitucional seja examinada pelo c. STF no Recurso Extraordinário
concomitantemente interposto (e também admitido)" (fl. 1.144e).
Acrescentam que restou demonstrado, no Agravo Regimental interposto, que o Supremo
Tribunal Federal "pacificou o entendimento de que o exame dos limites da coisa julgada em
casos concretos é questão de direito federal infraconstitucional, cujo julgamento compete a
este c. STJ" (fl. 1.144e).
Asseveram a inexistência de óbice para o exame do Recurso Especial, uma vez que "são
vários os precedentes desta Corte Superior que reconhecem a ofensa aos
artigos467, 468 e 471 do CPC (que regulam a coisa julgada material) quando o Tribunal local,
em embargos à execução, revisa o valor dos honorários advocatícios fixados no processo de
conhecimento por sentença transitada em julgado" (fl. 1.146e).
Deduzem, ainda, que o acórdão embargado foi omisso, em relação à questão dos honorários
de advogado, fixados no processo de execução, arbitrados em R$ 90.000,00, pelo acórdão do
Tribunal de origem, ou seja, em 0,125% do valor do crédito executado, valor que consideram
irrisório.
Concluem que o acórdão recorrido foi omisso, no tocante à alegação de existência de dupla
fundamentação no aresto do Tribunal de origem, quanto a situar-se a discussão dos limites da
coisa julgada, nos casos concretos, no plano infraconstitucional, quanto à inexistência de óbice
ao conhecimento do Recurso Especial, bem como quanto à possibilidade de majoração
dos honorários de advogado, quando fixados em valor irrisório.
Pedem, por fim, a atribuição de efeito infringente aos presentes Embargos de Declaração, para
que o Recurso Especial seja conhecido e provido, corrigindo-se a grave ofensa à coisa julgada,
cometida pelo Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins, quanto aos honorários de advogado
do processo de conhecimento, e o valor dos honorários de advogado do processo de
execução, que foram fixados em R$ 90.000,00 (noventa mil reais), valor que seria irrisório.
Foi oferecida impugnação aos Embargos de Declaração, pelo Estado do Tocantins (fls.
1.166⁄1.172e).
Pedi vista dos autos, após o voto da ilustre Relatora, Ministra Maria Thereza de Assis Moura –
rejeitando os Embargos de Declaração – e do voto do eminente Ministro Sebastião Reis Júnior
– acolhendo os aclaratórios, com efeitos infringentes, para restabelecer os honorários
advocatícios fixados, no processo de conhecimento, pela sentença exequenda, "destacando
que são suficientes para retribuir aos causídicos o labor exercido tanto na ação de
conhecimento quanto na ação de execução", ou, caso a Turma entenda por manter
o fundamento da Relatora, negando seguimento ao Recurso Especial, em face da natureza
constitucional da controvérsia posta no acórdão recorrido, para majorar os honorários de
advogado – fixados, no processo de execução, em R$ 90.000,00 (noventa mil reais) –, para 5%
(cinco por cento) do valor da condenação.
Para melhor compreensão do tema em debate, destaca-se o voto condutor do acórdão
recorrido, do seguinte teor:
"Em que pese o respeitável voto prolatado pelo Desembargador MARCO VILLAS BOAS
neste Agravo de Instrumento, dele ouso divergir no que se refere aos honorários
advocatícios fixados na ação de conhecimento.
O ilustre Relator proferiu voto no sentido da manutenção dos honorários advocatícios
arbitrados na ação de conhecimento e mantidos na oportunidade da apelação (AC
5245⁄05).
O Magistrado de primeiro grau, na oportunidade da execução da sentença, reduziu, de
ofício, o valor dos honorários ao perceber que o montante ultrapassa o valor de seis
milhões, para o quantum de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais).
Analisando cautelosamente a questão, entendo que, apesar da coisa julgada no tocante
aos honorários, a sua redução não é só cabível, com fulcro noCódigo de Processo
Civil que permite a relativização da coisa julgada, mas também imperiosa.
Inicialmente, necessário apontar que, nos termos do artigo 20, § 4º, do Código de Processo Civil,
quando for vencida a Fazenda Pública, os honorários serão fixados consoante
apreciação eqüitativa do Juiz, portanto, podem ser estabelecidos fora dolimite previsto no
parágrafo terceiro do mesmo artigo.
O Magistrado singular, às fls. 47⁄55 destes autos, justificou a redução, com os seguintes
fundamentos fáticos:
"O Estado do Tocantins não se opôs tanto no recurso apelatório, quanto na fase de execução
do julgado, ao pagamento de honorários advocatícios, estes calculados emR$ 6.622.037,99
(seis milhões, seiscentos e vinte e dois mil, trinta e sete reais e noventa e nove centavos),
consoante cálculo produzido em "laudo pericial", juntado aos autos pelo Exeqüente.
Trata-se, em verdade, de valor elevadíssimo, muito além da expectativa deste juízo. Não
imaginava, na fase de conhecimento, que a verba honorária atingisse patamar tão
assombroso, superior a um prêmio de uma loteria.
(...)
O valor da verba honorária suscita a hipótese de enriquecimento sem causa, porque o
quantum agora apurado extrapola todos os limites da razoabilidade e resvala em outros
valores protegidos constitucionalmente, tais como, o da moralidade e o da operabilidade
do direito, princípios que semprepreconizam uma prestação jurisdicional justa
e eticamente responsável e possível."(destaquei, fl. 47).
Ora, conforme noticiado, o Magistrado não vislumbrou que o valor dos honorários alcançaria
tamanha quantia, nem mesmo o Estado, pois, no apelo, não abordou irresignação. Por esta
razão, na oportunidade da execução, o Juiz promoveu a sua redução.
Permitir tamanho exagero, mantendo os honorários em valor tão elevado, sob o manto da coisa
julgada, provoca descrédito no Judiciário, pois, certamente acarreta indignação na população
ao permitir a extração de tamanha quantia dos cofres públicos a poucos advogados, ainda que
seja reconhecido o ótimo trabalho realizado, em detrimento da massa necessitada para a qual
o dinheiro público é arrecadado.
Entendo que manter tal condenação implica em afronta aos princípios da moralidade
administrativa, da proporcionalidade, da razoabiliade, e materializa desvio de finalidade
do dinheiro público, com o qual não possoconsentir.
Não é demais lembrar que o interesse público, no caso a população tocantinense, deve
prevalecer ao interesse particular, neste caso, dez advogados.
Nesse sentido, destaco trecho da decisão agravada:
"Certamente que a manutenção da verba de sucumbência em 10% (dez por cento) sobre o
valor da condenação fulmina o interesse geral de sociedade, uma vez que o valor será
liquidado mediante dinheiro proveniente de receita pública, de receita cuja finalidade atenderia
programas de saúde, familiar, de erradicação de pobreza, dentre outros visando construir uma
sociedade justa, igualitária e solidária como também promover o bem estar social do
tocantinense"(fl. 49).
Ainda que seja considerado brilhante o trabalho e desempenho dos advogados que atuaram na
causa, o valor de mais de seis milhões suplanta um valor justo e proporcional aos
serviços dispensados na causa.
Por fim, não é demais destacar que a condenação em questão possivelmente
inviabilizará a execução, e consequentemente, o direito protegido pelos patronos,
razão pela qual, divirjo do ilustre Relator para reduzir o quantumfixado na ação de
conhecimento.
Contudo, entendo que o valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais) arbitrado na
decisão ora agravada é irrisório, insuficiente para valorizar o trabalho desempenhado
pelos advogados.
Utilizando os critérios da proporcionalidade e razoabilidade, entendo que o valor de R$
180.000,00 (cento e oitenta mil reais), considerando as particularidades dessa causa,
dentre elas o número de litigantes, é suficiente, adequado, e não insignificante para
remunerar o ofício dos profissionais.
Diante das singelas razões, DIVIRJO em parte do ilutre Relator, na matéria atinente aos
honorários fixados na ação de conhecimento, para reduzi-los para o valor de R$
180.000,00 (cento e oitenta mil reais).
É o meu voto"(fls. 855⁄ 858e).
O referido julgado encontra-se assim ementado:
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. SINDICATO. AÇÃO DE COBRANÇA. HORAS-EXTRAS E
DIÁRIAS. PROCEDÊNCIA. EXECUÇÃO DE SENTENÇA. LEGITIMIDADE
DOS EXEQÜENTES. HONORÁRIOS DA FASE DE CONHECIMENTO. REDUÇÃO DE
OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE. COISA JULGADA. HONORÁRIOS DA FASE EXECUTIVA.
MAJORAÇÃO. DESNECESSIDADE. APRECIAÇÃO EQÜITATIVA.
Admite-se a postulação, por todos os servidores da categoria representada pelo Sindicato
autor, do cumprimento de sentença condenatória de caráter genérico, proferida em ação de
cobrança, a qual reconhece direitos individuais homogêneos (indenização por horas-extras e
diárias), a serem demonstrados em posteriorliquidação.
Em razão da relativização da coisa julgada, e, em atendimento aos princípios da
moralidade administrativa, proporcionalidade e razoabilidade é permitida a redução,
de ofício, de verba honorária fixada contra a Fazenda Pública que se mostra exorbitante.
Verificado que o valor dos honorários advocatícios arbitrados pelo Juiz Singular na
decisão recorrida é irrisório (R$ 25.000,00), e, levando-se em consideração
a particularidade da causa, dentre elas, o número de litigantes,entendo que aquele valor
deve ser majorado para R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais).
É desnecessária a majoração dos honorários advocatícios que, na ação de execução, foram
fixados contra a Fazenda Pública de forma eqüitativa, a teor do que dispõe o § 4º do artigo 20
do Código de Processo Civil"(fls. 861⁄862e).
Por sua vez, o voto condutor do acórdão embargado, de relatoria da Ministra MARIA THEREZA
DE ASSIS MOURA, proferido no AgRg no REsp 1.182.799⁄TO, tem o seguinte teor:
"A insurgência não merece ser acolhida.
Consoante anteriormente explicitado na decisão agravada, a questão posta em debate
diz respeito à redução da verba honorária, cujo desate se operou com
fundamentação eminentemente constitucional, sobretudo em razão dareconhecida
violação dos princípios constitucionais da moralidade, proporcionalidade e
razoabilidade.
A título de ilustração, confira-se trecho do aresto:
"Permitir tamanho exagero, mantendo os honorários em valor tão elevado, sob o manto da
coisa julgada, provoca descrédito no Judiciário, pois, certamente acarreta indignação na
população ao permitir a extração de tamanha quantia dos cofres públicos a poucos advogados,
ainda que seja reconhecido o ótimo trabalho realizado, em detrimento da massa necessitada
para a qual o dinheiro público é arrecadado.
Entendo que manter tal condenação implica em afronta aos princípios da moralidade
administrativa, da proporcionalidade, da razoabilidade, e materializa desvio de finalidade
do dinheiro público, com o qual não possoconsentir.
Não é demais lembrar que o interesse público, no caso a população tocantinense, deve
prevalecer ao interesse particular, neste caso, dez
advogados"(fls. 856⁄857).
Ocorre, porém, que não cabe a esta Corte, em sede de recurso especial, o exame de
matéria constitucional, cuja competência é reservada ao Supremo Tribunal Federal,
nos termos do art. 102, inciso III, da Carta Magna.
Nessa linha de raciocínio, confiram-se precedentes deste Sodalício:
"PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO INATIVO.
GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DE ATIVIDADE TÉCNICO ADMINISTRATIVA E DE
SUPORTE - GDPGTAS. EXTENSÃO AOS INATIVOS.
FUNDAMENTAÇÃOCONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA DO STF.
1. O Tribunal de origem reconheceu o direito à compensação dos valores pagos a título de
GDPGTAS aos inativos com base em interpretação dada à matéria pelo Supremo Tribunal
Federal.
2. Refoge da competência desta Corte a apreciação de matéria de cunho eminentemente
constitucional, por meio de recurso especial, cabendo, tão-somente, ao STF o exame de
eventual ofensa.
3. Recurso especial não conhecido."(REsp 1240907⁄RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 26⁄04⁄2011, DJe 05⁄05⁄2011)
"PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DE
ATIVIDADE TÉCNICA-ADMINISTRATIVA – GDATA. INATIVOS. ACÓRDÃO
RECORRIDO. FUNDAMENTAÇÃO DE NATUREZA CONSTITUCIONAL.
1. A inversão do julgado demandaria, necessariamente, o exame de matéria constitucional, o
que é vedado a esta Corte, porquanto refoge à sua competência, constitucionalmente
estabelecida, de uniformização da interpretação da legislação federal infraconstitucional.
2. Agravo regimental desprovido."(AgRg no Ag 910.789⁄RN, Rel. Min. LAURITA VAZ, QUINTA
TURMA, DJ 12⁄11⁄2007)
"ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL. RECURSO ESPECIAL. GRATIFICAÇÃO DE
DESEMPENHO DE ATIVIDADE TÉCNICO-ADMINISTRATIVA - GDATA. SOLUÇÃO
DA CONTROVÉRSIA À LUZ DE PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. VIA IMPRÓPRIA.
PRECEDENTES.
1 - O Tribunal de origem assentou sua compreensão a respeito do tema com base em
fundamentos de caráter exclusivamente constitucional, quais sejam, o princípio da isonomia e
da proporcionalidade, o que inviabiliza a impugnação por recurso especial, o qual se destina à
validade e inteireza do direito federal infraconstitucional.
2 - A definição da natureza jurídica da gratificação, de modo a entender devida ou não sua
extensão aos inativos, à luz do que preceitua o art. 40, § 8º, da Carta Magna, compete
estritamente à e. Corte Suprema.
3 - Recurso especial a que se nega provimento."(REsp 947.911⁄RN, Rel. Min. JANE SILVA
(Desembargadora Convocada do TJ⁄MG), QUINTA TURMA, DJ 05⁄11⁄2007)
"ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO
ESPECIAL. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DE ATIVIDADE TÉCNICO-
ADMINISTRATIVA - GDATA. SOLUÇÃO DA CONTROVÉRSIA À LUZ DE PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS. VIA IMPRÓPRIA. PRECEDENTES.I- O Tribunal de origem assentou sua
compreensão a respeito do tema
com base em fundamentos de caráter exclusivamente constitucional, quais sejam, o princípio
da isonomia e da proporcionalidade, o que inviabiliza a impugnação por recurso especial, o
qual se destina à validade e inteireza do direito federalinfraconstitucional.III - Agravo regimental
desprovido."(AgRg no REsp 815.241⁄AL, Rel.
Min. FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, DJ 11⁄12⁄2006).
No que tange aos honorários da ação executiva, a jurisprudência desta Corte de Justiça
possui entendimento no sentido de que nos feitos em que a Fazenda Pública
figura como vencida, bem como nas execuções, a fixação do valor dos honorários deve
ser realizada segundo a apreciação equitativa do juiz, cuja verba pode ser estipulada por
meio dos percentuais do § 3º do caput do artigo 20 do Diploma Processual Civil, bem
como pode ser fixada em valor certo, aquém ou além desses limites.
Destarte, estabelecida a verba honorária com base na eqüidade, em valor correspondente
a R$ 90.000,00 (noventa mil reais), respeitados os critérios das alíneas a, b e c do § 3º
daquele artigo, não cabe a este Tribunal reapreciar o valor ou percentual fixado a título
de honorários advocatícios, devendo-se aplicar a Súmula 7 desta colenda Corte,
segundo a qual"a pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial".
A propósito, confiram-se:
"AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. MAJORAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7⁄STJ. AGRAVO
DESPROVIDO.
(...)
2. Impende ressaltar que, mesmo nas hipóteses de incidência do art. 20, § 4º, doCPC, os
honorários serão fixados consoante apreciação eqüitativa do juiz, atendidas as normas das
alíneas a, b e c do § 3º do referido artigo.3. Agravo regimental desprovido."(AgRg no REsp
972.793⁄RS, Rel. Min. DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, DJe 12⁄11⁄2008)
"PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. HONORÁRIOS.
DECISÃO EM CONFORMIDADE COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE.
NATUREZA SINGELA DA CAUSA. QUESTÃO DEPENDENTE DO REEXAME DE MATÉRIA
FÁTICA DA LIDE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7 DO STJ.
1. Conforme posicionamento consagrado na jurisprudência do STJ, nas causas em que
não houver condenação, os honorários advocatícios devem ser fixados de
forma eqüitativa pelo juiz, nos termos do § 4º do art. 20, CPC, nãoestando o magistrado
restrito aos limites percentuais estabelecidos no § 3º do referido artigo. Precedentes.
2. Inviável a análise de questão relativa a matéria dependente do reexame do conteúdo
fático da lide, vedado nos termos da Súmula 7 do STJ.
3. Agravo regimental a que se nega provimento."(AgRg no REsp 1227160⁄RS, Rel. Ministra
MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, DJe 01⁄02⁄2012).
Ante o exposto, nego provimento ao agravo regimental.
É como voto".
Cabível a oposição de Embargos de Declaração quando houver, na sentença ou no acórdão,
obscuridade, contradição ou omissão, de acordo com o art. 535, I e II, doCódigo de Processo
Civil.
No caso, não existem as omissões apontadas pelos embargantes, de vez que o voto condutor
do acórdão apreciou, fundamentadamente, de modo coerente e completo, todas as questões
necessárias à solução da controvérsia, dando-lhes, contudo, solução jurídica diversa da
pretendida pelo embargante.
Cumpre assinalar, ainda, que a relativização da coisa julgada, operada no acórdão do Tribunal
de origem, fundamentou-se nos princípios constitucionais da moralidade administrativa, da
proporcionalidade e da razoabilidade (fl. 857e), o que impede o exame da questão, sem a
apreciação dos referidos postulados de natureza constitucional, cuja análise insere-se
na competência do Supremo Tribunal Federal, a teor do disposto no
art. 102, III, a, da Constituição Federal. Aliás, esclarece o eminente Ministro SEBASTIÃO
REIS JÚNIOR que os ora embargantes interpuseram Recurso Extraordinário ao STF, cujo
processamento foi autorizado.
Assim, sendo imprescindível a apreciação do fundamento constitucional do acórdão
embargado para a apreciação de suposta violação à legislação infraconstitucional, o tema não
pode ser examinado, em sede de Recurso Especial – como assinalado pela ilustre Relatora do
feito –, sob pena de usurpação da competência do Supremo Tribunal Federal.
Nesse sentido:
"AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO NO RECURSO ESPECIAL. PRECEITO
CONSTITUCIONAL. EXAME. IMPOSSIBILIDADE. PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO.
PENSÃO POR MORTE. CÁLCULO. LEI N.º 9.032⁄95. INCIDÊNCIA, NO CASO DOS AUTOS.
1. O recurso especial não constitui via adequada ao exame de suposta violação a
preceito constitucional, ainda que para fins de prequestionamento, sob pena de ofensa
à competência do Excelso Pretório. Precedentes.
2. Tendo o óbito do instituidor da pensão ocorrido na vigência da Lei n.º 9.032⁄95, seu cálculo
deve levar em consideração o quanto disposto na referida norma.
3. Agravo regimental a que se nega provimento" (STJ, AgRg no AREsp 35.511⁄DF, Rel.
Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA DJe de 09⁄10⁄2012).
Ademais, conforme se verifica do acórdão do Tribunal de origem, na hipótese dos presentes
autos o Magistrado de 1º Grau reconheceu o equívoco, na fixação dos honorários de
advogado, no processo de conhecimento, quando afirma que "trata-se, em verdade, de valor
elevadíssimo, muito além da expectativa do juízo. Não imaginava, na fase de conhecimento,
que a verba honorária atingisse patamar tão assombroso, superior a um prêmio de loteria"
(fl. 856e).
Nesse contexto, o entendimento do acórdão do Tribunal de origem encontra ressonância na
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que a verba honorária arbitrada,
na sentença exequenda, pode sofrer adequação, a fim de viabilizar a execução do feito, em
face de equívoco na fixação dos honorários de advogado, na hipótese de impossibilidade de
se vislumbrar o montante da condenação, no processo da conhecimento.
A propósito, confira-se:
"PROCESSUAL CIVIL. AGRAVOS REGIMENTAIS EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA. AUSÊNCIA DE OFENSA
À COISA JULGADA. VERBA HONORÁRIA SOBRE BASE INCERTA E
ALEATÓRIA. VALORES ASTRONÔMICOS. MODIFICAÇÃO. ART. 20, § 4º DOCPC.
APLICAÇÃO. REDUÇÃO DA VERBA HONORÁRIA. FUNDAMENTOSINSUFICIENTES PARA
REFORMAR A DECISÃO AGRAVADA.
1. Não há que se falar em ofensa à coisa julgada quando o julgador, diante da imprecisão
do comando sentencial, confere nova interpretação da sentença exequenda, de forma a
viabilizar a condenação imposta.
2. Não evidenciado na condenação conteúdo econômico imediato, incide a norma prevista no
art. 20, § 4º, do CPC.
3. A ausência de argumentos capazes de alterar o teor do julgamento
conduz à manutenção da decisão agravada pelos seus próprios
fundamentos.
4. Agravos regimentais a que se nega provimento" (STJ, AgRg no AREsp 94186⁄PR, Rel.
Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, DJe de 14⁄08⁄2012).
Por outro lado, a questão atinente aos honorários de advogado, fixados no processo de
execução, foi decidida em consonância com a jurisprudência do Superior de Justiça, uma vez
que a reapreciação das razões de fato, que fundamentaram a fixação dos honorários de
advogado, na instância de origem, encontra óbice na Súmula 07 do Superior Tribunal de
Justiça.
Nesse sentido, confira-se o seguinte precedente:
"PROCESSUAL CIVIL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. REDUÇÃO. EQUIDADE. ART. 20, §§
3º e 4º, DO CPC. MATÉRIA FÁTICA. SÚMULA 7⁄STJ. RECURSO ESPECIAL. ALÍNEA C. NÃO
DEMONSTRAÇÃO DA DIVERGÊNCIA.
1. O STJ pacificou o entendimento de que o quantum da verba honorária, em razão da
sucumbência processual, está sujeito a critérios de valoração previstos na lei
processual, e sua arbitragem é ato próprio dos juízos das instâncias ordinárias, às quais
competem a cognição e a consideração das situações de natureza fática.
2. A Primeira Seção do STJ, por ocasião do julgamento do REsp 1.155.125⁄MG, de
relatoria do Ministro Castro Meira, na sistemática do art. 543-C do CPC, reafirmou
orientação no sentido de que, vencida a Fazenda Pública, o arbitramento dos honorários
não está adstrito aos limites percentuais de 10% e 20%, podendo ser adotado como base
de cálculo o valor dado à causa ou à condenação, nos termos do art. 20, § 4º, do CPC, ou
mesmo um valor fixo segundo o critério de equidade.
3. O STJ atua na revisão da verba honorária somente quando esta tratar de valor irrisório
ou exorbitante, o que não se configura. Assim, o reexame das razões de fato
que conduziram a Corte de origem a tais conclusões significausurpação da competência
das instâncias ordinárias.
4. Verifica-se que o Tribunal a quo consigna que" o juiz ao fixar o valor dos honorários deverá
apreciar de forma eqüitativa o grau de zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço,
a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para
o seu serviço, o que verifico que não foi devidamente ponderado pelo juízo singular
na sentença combatida"(fl. 354).
5. Assim, a pretendida redução da verba honorária importa nova avaliação dos
parâmetros dos §§ 3º e 4º do art. 20 do CPC. Tarefa, contudo, incabível na via eleita, nos
termos da Súmula 7⁄STJ.
6. A divergência jurisprudencial deve ser comprovada, cabendo a quem recorre demonstrar as
circunstâncias que identificam ou assemelham os casos confrontados, com indicação da
similitude fático-jurídica entre eles. Indispensável a transcrição de trechos do relatório e do voto
dos acórdãos recorrido e paradigma, realizando-se o cotejo analítico entre ambos, com o intuito
de bem caracterizar a interpretação legal divergente. O desrespeito a esses requisitos legais e
regimentais (art. 541, parágrafo único, do CPC e art. 255 do RI⁄STJ) impede o conhecimento do
Recurso Especial, com base na alínea c do inciso III do art. 105 da Constituição Federal. 7.
Agravo Regimental não provido"(STJ, AgRg no AREsp 266449⁄ MS, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 08⁄03⁄2013).
Como visto, o acórdão embargado pronunciou-se sobre todos os pontos essenciais ao deslinde
da controvérsia, de forma que inexistem as omissões alegadas, a serem sanadas em
Embargos de Declaração, inferindo-se, assim, que os aclaratórios manifestam, em verdade, o
inconformismo do embargante com as conclusões dodecisum.
Com efeito, os Embargos de Declaração não constituem veículo próprio para o exame das
razões atinentes ao inconformismo da parte, tampouco meio de revisão, rediscussão e reforma
de matéria já decidida:
"PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. LEGITIMIDADE SINDICAL. FATO
SUPERVENIENTE. ANÁLISE EM SEDE EXTRAORDINÁRIA. INVIABILIDADE. ÓBICES NA
SÚMULA 7⁄STJ E NA FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA DE QUALQUER UM
DOS VÍCIOS ELENCADOS NO ART. 535 DO CPC. IMPOSSIBILIDADE DE EFEITOS
INFRINGENTES. INCONFORMISMO COM A TESE ADOTADA.
1. Os embargos declaratórios somente são cabíveis para modificar o julgado que se apresentar
omisso, contraditório ou obscuro, bem como para sanar possível erro material existente
na decisão, o que não ocorre na espécie.
2. Conforme consignado desde o decisum monocrático e reiterado nos acórdãos que se
sucederam, a questão vinculada à legitimidade, ou ilegitimidade, do ANDES para a
representação da categoria profissional esbarra no óbice da Súmula 7 do STJ.
3."A função teleológica da decisão judicial é a de compor, precipuamente, litígios. Não é peça
acadêmica ou doutrinária, tampouco destina-se a responder a argumentos, à guisa
de quesitos, como se laudo pericial fora. Contenta-se o sistema com a solução da
controvérsia observada a res in iudicium deducta. Ausência de violação aos artigos 458 e 535
do estatuto processual civil."(REsp 209048⁄RJ, Rel. Min. Franciulli Netto, Segunda Turma,
julgado em 04⁄11⁄2003, DJ 19⁄12⁄2003, p. 380.)
4. Fato superveniente é inviável de análise na instância extraordinária quando faz-se
necessário reexaminar elementos fáticos. Óbice da Súmula 7⁄STJ.
5. Ademais, o Superior Tribunal de Justiça entende que, em razão da ausência de
prequestionamento, a alegação de existência de fato superveniente é obstada na via especial.
Precedentes.
6. Omissão no julgado e entendimento contrário ao interesse da parte são conceitos que
não se confundem.
7. Aplicação da multa de 1% (um por cento) sobre o valor da causa, em favor do embargado,
nos termos do parágrafo único do art. 538 do CPC.
Embargos de declaração rejeitados"(STJ, EDcl nos EDcl no AgRg no REsp 1129183⁄DF, Rel.
Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe de 28⁄08⁄2012).
"DIREITO CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO
ESPECIAL. OMISSÃO, OBSCURIDADE E CONTRADIÇÃO.
INEXISTÊNCIA. INTERPRETAÇÃO DE CLÁUSULA CONTRATUAL. REEXAME DE MATÉRIA
FÁTICO-PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULAS 5 E 7⁄STJ. QUESTÃO APRECIADA
APENAS NO VOTO VENCIDO. SÚMULA 320⁄STJ. EMBARGOS REJEITADOS.
1. Os embargos de declaração consubstanciam instrumento processual apto a suprir
omissão do julgado ou dele excluir qualquer obscuridade, contradição ou erro material.
A concessão de efeitos infringentes aos embargos dedeclaração somente pode ocorrer
em hipóteses excepcionais, em casos de erro evidente. Não se prestam, contudo, para
revisar a lide.
2. Hipótese em que a irresignação da embargante resume-se ao mero inconformismo
com o resultado do julgado, desfavorável à sua pretensão, não existindo
nenhum fundamento que justifique a interposição dos presentesembargos.
3. Embargos de declaração rejeitados" (STJ, EDcl no REsp 850.022⁄PR, Rel. Ministro
ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, DJU de 29⁄10⁄2007).
Pelo exposto, à míngua de omissão, rejeito os Embargos de Declaração, acompanhando,
assim, o voto da eminente Relatora, pedindo vênia à divergência.
É o voto.
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEXTA TURMA
EDcl no AgRg no Número Registro: 2010⁄0036880-0
PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.182.799 ⁄ TO
Números Origem: 0800662814 2692002 52452005 800662814
EM MESA JULGADO: 27⁄08⁄2013
Relatora
Exma. Sra. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. EITEL SANTIAGO DE BRITO PEREIRA
Secretário
Bel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ANTÔNIO LUIZ COELHO E OUTROS
ADVOGADA :ANAPAULA RIBEIRO SOARES E
OUTRO (S)
RECORRENTE : ESTADO DO TOCANTINS
RECORRIDO : OS MESMOS
PROCURADOR : LUÍS GONZAGA ASSUNÇÃO E OUTRO (S)
RECORRIDO : SINDICATO DOS AGENTES DE FISCALIZAÇÃO E ARRECADAÇÃO DO ESTADO DO TOCANTINS - SINDIFISCAL E OUTROS
ADVOGADO : CORIOLANO SANTOS MARINHO E OUTRO (S)
ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO -
Servidor Público Civil - Sistema Remuneratório e Benefícios - Adicional de Horas Extras
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
EMBARGANTE : ANTÔNIO LUIZ COELHO E OUTROS
ADVOGADA :ANAPAULA RIBEIRO SOARES E OUTRO (S)
EMBARGADO : ESTADO DO TOCANTINS
PROCURADOR : LUÍS GONZAGA ASSUNÇÃO E OUTRO (S)
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessãorealizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
Prosseguindo no julgamento após o voto-vista da Sra. Ministra Assusete Magalhãesrejeitando
os embargos de declaração, e o voto da Sra. Ministra Alderita Ramos de Oliveira no mesmo
sentido, a Turma, por maioria, rejeitou os embargos de declaração, nos termos do voto da Sra.
Ministra Relatora, vencido o Sr. Ministro Sebastião Reis Júnior, que os acolhia com
efeitos modificativos. Não participou do julgamento o Sr. Ministro Og Fernandes.
Votaram com a Sra. MInistra Relatora os Srs. Ministros Og Fernandes, AssuseteMagalhães e
Alderita Ramos de Oliveira (Desembargadora convocada do TJ⁄PE). Documento: 1176491 Inteiro Teor do Acórdão - DJe: 01/10/2013