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Porto Alegre, junho de 2012 - 1 a quinzena Ano XVII - Edição N o 611 - R$ 2,00 IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO N o 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS www.jornalsolidario.com.br Os telefOnes dO JOrnal Solidário: (51) 3093.3029 e (51) 3211.2314 e-mail: sOlidariO@pOrtOweb. cOm.br Participe também deste mutirão Solidário. Assine já o Jornal da Família Espírito Santo: guia do bom caminho Intuição, inspiração, voz da consciência. É preciso estar atento aos seus sinais: Ele age silenciosamente. E, inevitavelmente, sempre nos impele para o lado ilu- minado da vida, infundindo ânimo e secretas forças para o milagre do perdão, da paz, da generosidade e do amor solidário. Páginas 2 e centrais Quanto mais sábio o homem se julga, mais ele precisa de proteção divina para defender-se de si mesmo. (Provérbio Cherokee) Consciência ambiental Em 2050 serão mais dois bilhões de pessoas na Terra: seremos então nove bilhões. E todos desejarão viver e dirigir exatamente como nós. A menos que apren- damos como conseguir mais mobilidade, iluminação, aquecimento e refrigeração com menos energia e menos desperdício, haverá engarrafamentos e nuvens de polui- ção monstruosas e sufocantes. Sem inteligentes decisões agora, a espécie terá um futuro muito lúgubre e triste. A esperança atual é a Rio+20 – Conferência das Nações Unidas sobre Desenvol- vimento Sustentável – entre 13 a 22 de junho corrente. Ilustração: Reprodução de vitral/Gentileza Livraria Padre Reus

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Jornal Solidario

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Porto Alegre, junho de 2012 - 1a quinzena Ano XVII - Edição No 611 - R$ 2,00

IMPRESSO ESPECIALCONTRATO No 9912233178

ECT/DR/RSFUNDAÇÃO PRODEODE COMUNICAÇÃO

CORREIOS

www.jornalsolidario.com.br

Os telefOnes dO JOrnal Solidário:(51) 3093.3029 e (51) 3211.2314

e-mail:sOlidariO@pOrtOweb.

cOm.br

Participe também deste mutirão Solidário. Assine já o Jornal da Família

Espírito Santo:

guia do bom caminho

Intuição, inspiração, voz da consciência. É preciso estar atento aos seus sinais: Ele age silenciosamente. E, inevitavelmente, sempre nos impele para o lado ilu-minado da vida, infundindo ânimo e secretas forças para o milagre do perdão, da paz, da generosidade e do amor solidário.

Páginas 2 e centrais

Quanto mais sábio o homem se julga, mais ele precisa de proteção divina para defender-se de si mesmo.

(Provérbio Cherokee)

Consciência ambientalEm 2050 serão mais dois bilhões de pessoas na Terra:

seremos então nove bilhões. E todos desejarão viver e dirigir exatamente como nós. A menos que apren-damos como conseguir mais mobilidade, iluminação, aquecimento e refrigeração com menos energia e menos desperdício, haverá engarrafamentos e nuvens de polui-

ção monstruosas e sufocantes. Sem inteligentes decisões agora, a espécie terá um futuro muito lúgubre e triste. A esperança atual é a Rio+20 – Conferência das Nações Unidas sobre Desenvol-vimento Sustentável – entre 13 a 22 de junho corrente.

Ilustração: Reprodução de vitral/Gentileza Livraria Padre Reus

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Junho de 2012 - 1a quinzenaA RTIGOS 2

Fundação Pro Deo de Comunicação

Conselho DeliberativoPresidente: Agenor Casaril

Vice-presidente: Jorge La RosaSecretário: Marcos Antônio Miola

CNPJ: 74871807/0001-36

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Adriano Eli Vice-Diretor: Martha d’Azevedo

Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, Elisabeth Orofino e

Ir. Erinida GhellerSecretário: Elói Luiz ClaroTesoureiro: Décio Abruzzi

Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

RedaçãoJorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS

Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RSRevisão

Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários)

Administração Elisabete Lopes de Souza e Norma Regina Franco Lopes

Impressão Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282

Porto Alegre/RSFone: (51) 3093.3029 – E-mail:

[email protected]

Conceitos emitidos por nossos colabora-dores são de sua inteira responsabilidade,

não expressando necessariamente a opinião deste jornal.

Conselho Editorial Presidente: Carlos AdamattiMembros: Paulo Vellinho,

Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer, Beatriz Adamatti e Ângelo Orofino

Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS

Editora Adjunta Martha d’Azevedo

EditorialVoz do Pastor

Dom Dadeus GringsArcebispo Metropolitano de P. Alegre

Seria muito estranho e até in-compreensível se, com todos os sinais da divindade, que os

homens descobriram na natureza ou criaram com sua arte e cultura, ninguém tivesse tido uma percepção mais profunda da própria divindade. Sabemos que, além das percepções sensoriais e além da inteligência, que vê o Invisível, existem, no ser humano, percepções extrassensoriais e, acima de tudo, tendências irresistíveis para o absoluto. S. Agostinho percebe em si uma força que não o deixa sossega-do enquanto não repousar em Deus.

Mais estranho ainda seria se, ao longo da história humana, não só não se chegasse à percepção de Deus, mas o próprio Deus, ou seja, aquele horizonte da mente que marca nossa caminhada, nunca se tivesse aproximado um pouco mais do ser humano e não lhe tivesse falado numa linguagem compreensível, dentro de sua cultura.

Constatamos que o ser humano é o único ser material que tem ideia de Deus. É exatamente o que o distingue dos animais. O cachorro é, pela natureza canina, ateu. Isto equivale a dizer que é incapaz de ter uma ideia de Deus, não conseguindo elevar-se acima do sensível nem atingir o absoluto. O ser humano, ao invés, não só é capaz de Deus, como também recebeu dele, por infusão, sua ideia, superior a tudo o que consegue pensar e conceber.

A história nos mostra que esta ideia, que Deus infundiu no homem, não conse-guiu envolver todo seu pensamento. Até, pelos vistos, aos poucos, foi-se deterio-rando e, provavelmente, em muitos, até perdendo. Isto equivale a dizer que a hu-manidade se foi afastando de Deus. Ten-tou imaginá-lo e estabelecer sinais para o representar. Mas a Ele pessoalmente não chegava. Ficava longe. Saudava-o como seu horizonte longínquo.

Não seria plausível que nenhum ser

A revelAção divinAhumano conseguisse ter uma experiência pessoal mais profunda de Deus, visto que sua capacidade não foi destruída. Ve-mos, por isso, aflorar místicos em todos os povos e regiões da terra. Fundaram imponentes movimentos religiosos, que atraíram e empolgaram multidões de pes-soas. Viam nesses homens um reflexo de Deus. São como que lampejos da divin-dade a iluminar as mentes e os corações dos homens.

Deus, também pessoalmente, como que sai de seu silêncio para vir revelar-se não só a si mesmo como também um seu plano em relação à criação. Serve-se de uma linguagem humana, dentro de determinadas culturas, para fazer-se entender. Já não é apenas o homem que busca Deus e que estabelece símbolos para representá-lo para sua mente e para seus sentimentos, mas é o próprio Deus que vem em busca do homem, servindo-se de símbolos para expressar-se e, con-sequentemente, ser compreendido dentro das determinadas culturas humanas.

A tradição ocidental segue o filão da revelação divina que busca sua origem em Abraão. É apresentado como aque-le que destruiu os ídolos, que seu pai fabricava, em Ur da Caldeia. Recebeu o mandato divino de sair de sua terra e se dirigir para uma região que o próprio Deus lhe indicaria. Inicia a religião mo-noteísta abraâmica.

A revelação, que conhecemos como veterotestamentária, está centralizada no culto ao Deus único e invisível.

Mas, como o ser humano necessita de sinais para viver e se expressar, também os Israelitas representaram sua aliança com Deus por uma arca, que transpor-tavam e, por fim, puseram num templo único, em Jerusalém, como espaço re-servado para Deus, chamado santo dos santos, totalmente fechado, escuro e, após a perda da arca, vazio.

A paz esteja convosco (...). Recebei o Espírito Santo: a quem perdoardes os pecados, eles serão perdo-ados; a quem não perdoardes, eles serão retidos

(Jo 20, 21-23). É bastante comum ouvirmos as pessoas perguntarem: “Mas para que serve, mesmo, o Espírito Santo? Qual é a função dele no contexto da Santíssima Trindade? O Pai, a gente aprendeu: é o Deus da criação; o Filho, a gente sabe: se fez gente, entrou na história humana, anunciou um Evangelho diferente, uma Boa Nova de um mundo justo e solidário, morreu, ressuscitou e voltou para o Pai. Mas... e o Espírito Santo!? Qual é o papel dele?”

A resposta está embutida numa prece muito antiga, quando o povo cristão invoca a assistência do Espírito Santo em suas reuniões, em grupos de oração, em assem-bleias e concílios: Vinde, Espírito Santo, enchei os cora-ções de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado, e renovareis a face da terra. Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas, segundo o mesmo Espírito, e gozemos sempre da sua consolação. O Espírito Santo é o sopro divino que, no Pai e no Filho, nos impele para o bem, para a compreensão do escondido e não-sabido, para a luz, para o perdão e a paz. Nos impele para vivermos um amor concreto e solidário, mandamento-síntese da fé em Cristo Jesus.

É paradigmático um pensamento da doutora da Igreja, Sta. Teresa D´Ávila: “Se o diabo pudesse amar, deixaria de ser diabo”. O inferno outra coisa não é do que a inca-pacidade de amar. E de perdoar, é claro. Amor e perdão são como duas faces da mesma moeda: quem ama, perdoa; quem perdoa é porque ama. A paz é o fruto natural no coração e na vida de quem ama e perdoa, perdoa porque ama. Esta é a ação do Espírito: ser como um sopro que nos impele para o perdão e para o amor. Para que tenhamos paz e sejamos promotores da paz. Não pode haver paz no coração e na vida de quem não ama, e porque não ama, não perdoa. E vai arrastando sua vida sem sentido num inferno de ódio e amargura.

Este Espírito Santo, Espírito que Jesus prometeu enviar desde junto do Pai, nos inspira e impele sempre para o lado iluminado da vida, é força que nos leva a ver sempre o lado bom da vida e da gente, é presença amiga que realiza em nossa vida constantes milagres de perdão, de paz, de generosidade, de amor solidário. É este mesmo Espírito que iluminou o coração do jovem Mozer Rhian Oliveira que, na distante e misteriosa China, teve um gesto do mais puro amor solidário ao defender de um assalto uma mulher, expondo sua própria vida (páginas centrais desta edição).

Vem, Espírito Santo, vem, vem iluminar. Num mundo de tanta escuridão, de tanto pecado de exclusão, de tre-vas de corrupção, de ressentimentos e ódios guardados e “cultivados” ao longo de anos e anos em tantos corações, de tanta falta de amor e de solidariedade, o Espírito do Senhor Jesus ilumina os caminhos que levam ao bem, ao perdão, ao amor e à paz. Que fazem muita falta neste nosso tempo... ([email protected])

O papel dO espíritO santO

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Junho de 2012 - 1a quinzena FAMÍLIA &SOCIEDADE 3

A psicalanlista francesa Claude Almos tem vá-rios artigos e livros onde discorre sobre autoridade e autoritarismo, além de outros assuntos relativos a pais e filhos. Lendo-a, achei importante mais uma vez voltar ao tema da autoridade. Porque é tênue a linha que separa a autoridade do autoritarismo. E sempre é um desafio encontrar o equilíbrio.

Pais: amar e punirPai/mãe, o que é autoridade para você? Como

você assume a autoridade? Faça o teste e descubra se pode resumir em “Sou eu que decido”, ou “Caso por caso” ou “A liberdade antes de tudo”.

Seus filhos o(a) obedecem? Para fazer-se obe-decer, é preciso sentir-se legitimado, ter confiança em si e saber se impor. Nada simples. Ou é para você?

Tornar-se pai/mãe é endossar, de fato, um papel repressivo, embora seja sumamente importante aprovar e dizer aos filhos que os amamos.

O excesso de autoridade tiraniza a criança, e pouca autoridade a deixa desorientada. Como encontrar o justo equilíbrio?

O equilíbrio depende da natureza da proibi-ção. Quando você exige de seu filho (ou proíbe) aquilo que qualquer pai/mãe responsável exigiria ou proibiria, você jamais estará no excesso. E é importante dizer à criança: O que eu te peço não é resultado de minha fantasia, é o que todo pai/mãe deveria pedir.

O pai deve estar presente na colocação dos limites, ele deve dizer com clareza, de uma vez por todas, quais são as regras e explicar que se elas não forem cumpridas, quer seja com a mãe, quer na escola, é a ele que a criança prestará contas. Se a criança tenta manobrar a mãe ou a professora, o pai deve intervir logo para que o desenvolvimento da criança não fique prejudicado.

Qual é a punição ideal para segurar uma criança

que se descontrola?A questão não é encontrar uma punição mi-

lagrosa que permita detê-lo, mas é perguntar-se: A pessoa que decide a punição acredita na necessidade da mes-ma? Será por que as punições são anunciadas, mas não são cumpridas? Ou será por razões mais complicadas ainda que digam respeito à relação que une esta criança aos seus pais? Eventualmente, estas questões

Limites e punição: o ponto de equilíbrio

Deonira L. Viganó La RosaTerapeuta de Casal e de Família. Mestre em Psicologia

Costuma-se dizer que os limites dão segurança, estruturam as crianças, são necessários à construção de sua identida-de, verdadeiras bússolas para guiá-las no caminho do bem, espécie de balisas que as impedem de desviar-se. Con-tudo, por mais importantes que sejam, não é fácil encontrar seu ponto de equilíbrio e é difícil impô-los. Como fazer?

necessitam ser postas juntamente com um pro-fissional.

Como fazer para bem criar seus filhos sem ser severo?

Não se trata de ser severo, ou não severo. A educação consiste em explicar à criança as regras da vida e ajudá-la a respeitá-las. No início da vida, a criança recusa, e é normal, porque isto contraria seu impulso natural (quero bater, eu bato), o princípio do prazer (eu faço o que quero, quando eu quero e como quero) e o todo-poderoso: eu sou o rei do mundo. Após ter explicado as regras, os pais devem impô-las à criança e puni-la se, conhecendo-as, as transgride. Isto passa inevitavelmente por confli-tos. É um período transitório, mas desagradável aos pais que temem ser severos, violentos, etc, e à criança, que se vê obrigada a renunciar seu prazer imediato e seu poder, que julga absoluto. Entre-tanto, todos estes sofrimentos – inevitáveis, repito – são frutuosos porque pouco a pouco a criança compreende que lhe pedimos so-mente que respeite as mesmas regras que todos, e, especialmente, os “grandes” que elas admiram e respeitam, e que o respeito a estas regras traz benefícios: quando não batemos em ninguém no recreio, temos bons companheiros e amigos.

Sempre deve ficar claro: Se não obe-decer desde o momento que conhece a regra, será punido (ela será privada de alguma coisa que ela gosta muito). Lem-brando que assim funciona a sociedade: Você acha que o guarda vai lhe perguntar,

ou vai me perguntar, 50 vezes, se eu vou parar no sinal vermelho?

Não basta que a família seja amorosa e aberta ao diálogo

É preciso também que ela seja estruturada. Isto quer dizer que as regras sejam postas claramente e que os pais as respeitem e façam respeitar. Isto é, não somente anunciá-las e explicá-las, mas também impô-las. A função do pai é essencial para todas as crianças, mas é particularmente determinante para os meninos e notadamente para o adolescente e pré-adolescente. Por quê? Porque na adolescência forças novas surgem e o fazem sentir-se todo-poderoso como quando era bebê. E a isto se junta, aos meninos, a força viril em pleno desenvolvimento, força viril que seu pai ou um substituto masculino deve ensiná-lo a humanizar.

Sarah Brucker/sxc.hu

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Junho de 2012 - 1a quinzenaO PINIÃO 4

O jejum que eu apreciOAntônio Mesquita Galvão

Teólogo e biblista. Doutor em Teologia Moral

A espiritualidade nos desperta para várias reflexões. Isto é muito bom e revela a diversidade de caris-

mas que o Espírito de Deus suscita em nós, a partir de múltiplas interpretações que podemos dar aos mesmos fatos.

Em geral, vem à nossa mente a saga libertadora de Deus, que nos arrancou com mão forte da opressão do pecado, presente em todos os tempos, nas relações entre os ho-mens. Sempre houve – e a história é pródiga em no-lo revelar – opressores que sobre os mais diversos motivos sacrificaram o povo.

A mim, mais uma vez, se me suscita a questão do jejum. Aos católicos é pedida a prática do jejum, apenas dois dias por ano: na Quarta-feira de Cinzas, como um pri-meiro gesto de penitência quaresmal, e na Sexta-feira Santa, como memorial de res-peito ao generoso sangue de Cristo por nós derramado no Calvário. Muitos não fazem jejum; poderíamos jejuar mais. Ao invés do jejum, muitos de nós transformam o dia de reflexão em oportunidade para comer melhor, um prato mais sofisticado (e mais caro até).

No nordeste, onde morei por cinco anos, as famílias fazem a comida e não comem. Ficam à espera dos pobres (que fazem um jejum compulsório o ano todo), eles dizem que vêm buscar o “nosso jejum” e, pelo menos um dia no ano, comer como gente. Se for analisado com olhos pragmáticos, o jejum é coisa medieval, ultrapassada, uma legítima tortura, sem o mínimo fundamento. No entanto, ele traz consigo uma forte carga social e teológica, representando, primeiro, a sensação do homem sem Deus, e, depois, pelo que é capaz de nos levar a sentir, um dia que seja, a fome crônica de tantos irmãos nossos.

Jejum é uma atitude de respeito, interio-rização e, sobretudo, de fé. Os santos e os místicos tinham no jejum o ponto alto de sua espiritualidade, na medida em que a privação do alimento lhes revelava a tragédia de uma vida sem a medida do transcendente e da so-lidariedade. Fazer jejum é buscar inspiração para uma aproximação com Deus através de atos concretos com o outro.

Jejuar é deixar de comer, mas também é pensar nos projetos de Deus. Ele mesmo é que nos diz: “O jejum que Eu aprecio é acabar com a injustiça, libertar os oprimidos, repartir a comida com quem tem fome e mostrar-se solidário com quem sofre” (cf. Is 58, 1-12). Quando agimos com esse desprendimento e com essa visão de infinito, nossa luz brilha como a aurora. As feridas cicatrizam. Oramos e Deus responde: “Estou aqui!”.

Dom Demétrio ValentiniBispo de Jales (SP) e presidente da Cáritas Brasileira

Olhar os bispos do Brasil reunidos, é enxergar melhor o Brasil. So-bretudo, se nos damos conta da

realidade onde cada um vive, cumprindo a missão de sinalizar a presença da Igre-ja Católica. Olhando nossas fronteiras, em sua vasta extensão continental, mui-tas foram definidas pela ação da Igreja.

A fisionomia do mapa do Brasil tem tudo a ver com a Igreja Católica. Em boa parte, foi a Igreja Católica, por sua presença, que definiu o território nacional.

Quando, por exemplo, no litígio entre a Inglaterra e o Brasil, a propósito da Guiana, o critério adotado era ver em que língua as pessoas tinham sido batizadas. Como sempre muito experta, a Inglaterra promoveu uma campanha da batismos, para as pessoas se chamarem JOHN, e não João. Pois os JOHNS indicariam que o território seria inglês!

Muitos ainda hoje perguntam pelo prodígio deste vasto território ter sido unificado debaixo de uma mesma bandeira, quando os territórios de domínio espanhol ficaram tão reta-liados. Em nosso país, sem dúvida, o princípio unificador foi a língua portuguesa. Mas não só. Teve influência decisiva a universalidade da mesma fé católica.

Sobretudo os bispos da Amazônia ainda carregam hoje em dia o peso de sustentar este símbolo da nacionalidade brasileira. Algumas realidades escapam à compreensão da maioria dos brasileiros. Ainda ignoramos o que significa, na prática, aquele imenso território. A reunião anual dos bispos continua sendo uma boa oportunidade para trazer à consciência de todos a complexa realidade da Amazônia, que ainda não foi suficientemente assimilada pela consciência da cidadania do nosso país.

Algumas situações surpreendem. Conversando com os dois bispos do Estado do Acre, da Diocese de Rio Branco e da Diocese de Cruzeiro do Sul, já nas proximidades do Peru, surpreende saber que todo o acesso rodoviário ao Acre depen-de de uma balsa, para atravessar o rio Madeira. A travessia, além de cara, é geralmente muito demorada, precisando às vezes aguardar horas a fio para conseguir vaga. E o Brasil continua incentivando a construção da "transcontinental",

ConsCiênCiA de nAçãoque uniria o Peru ao Brasil atravessando todo o território do Acre. Do lado do Peru, a rodovia está asfaltada, pronta e bonita. No Brasil, além do terreno arenoso, dificultando a consolidação do leito da rodovia, o trajeto ainda por cima depende de uma balsa!

Outras surpresas a gente descobre, perguntando pelo tamanho do território de cada Diocese.

Sob este ponto de vista, a mais impressionante é a Prelazia do Xingu, onde há trinta anos está Dom Erwin, sustentando sua heróica batalha em defesa dos índios e dos seus territórios.

Pois bem, sua Prelazia cobre um território de 368 mil quilômetros quadrados, com uma população aproximada de 600 mil habitantes. A Suíça tem apenas 41 mil quilômetros quadros. Fazendo umas contas aproximadas, dá para dizer que o território da Prelazia do Xingu é dez vezes maior que toda a Suíça! Dá para imaginar como Dom Erwin consegue visitar as 900 pequenas comunidades aninhadas nas beiras dos rios...

Outro exemplo comovente é a Diocese de São Gabriel da Cachoeira, desenhada pelo Rio Negro, começando nos confins do Brasil com a Colômbia e a Venezuela. Seu território é de 293 mil quilômetros quadrados. Comparando, de novo, com a Suíça, temos poucas diferenças a fazer. Com a peculiaridade de que a população daquela Diocese, de cem mil habitantes, 95 por cento são indígenas, de 23 etnias diferentes!

E assim seria interessante conferir os dados concretos de cada diocese da Amazônia, para constatarmos como pouco ainda sabemos da complexa realidade que ela traz para o interior da nacionalidade brasileira.

Olhando os bispos reunidos, dá para ler outras reali-dades, muito interessantes e significativas. Uma delas, por exemplo: a Igreja do Brasil conta com mais de quatrocentos bispos, incluindo os aposentados. Pois bem, desses todos, mais de cem não nasceram no Brasil. Temos aí outro dado muito significativo, e que nos leva a compreender melhor as dimensões constitutivas de nossa nacionalidade. Somos um povo com vocação de abertura para o mundo. Temos a vocação de integrar os que aqui chegam, das mais diversas procedências. E os bispos "estrangeiros" nos dão, com cer-teza, um bonito exemplo de cidadania, vivendo sua identifi-cação com a nacionalidade brasileira. Eles abraçaram de tal modo a realidade brasileira, demonstrando mais amor pelo Brasil que muitos brasileiros.

Padre Renato dos SantosSalesiano de Dom Bosco

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípu-

los: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu Senhor. Eu chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai. Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça. O que, então, pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo concederá. Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros”.(João 15,12-17). A primeira grande prova do amor de Deus por nós, antes mesmo de ter entregado a vida na cruz redentora, foi ter feito Sua opção funda-mental pelo ser humano. Deus amou de tal forma o ser humano que chegou a dar-nos, de presente, seu único Filho. Portanto, não fomos nós a escolhê-

AmAi-vos Como eu vos AmeiLo por primeiro. Foi Ele quem nos escolheu por primeiro e nos designou, pelo dom da vida que recebemos, para produzirmos frutos excelentes. E o fruto mais excelente que podemos produzir, em benefício de nós mesmos e dos outros, é entregar a vida, sem reservas, pela defesa e promoção da vida de todo ser humano. E, Ele, não nos quer como servos, mas como amigos. Trata-se de uma das afirmações mais nobres de Jesus para conosco. A maior prova de Sua amizade e do seu amor para conosco foi a total entrega da própria vida. E Jesus nos quer levar a refletir sobre a profundidade do amor ágape, que é entregar a vida naquilo que esta entrega tem de mais sagrado. Quando Jesus afirma: "Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”, Ele está querendo nos dizer precisamente isto: amor não é teoria, amor é atitude. São as atitudes que provam se realmente amamos as pessoas com quem con-vivemos diariamente. Amor verdadeiro é entrega de vida, até às últimas consequências: Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos. ([email protected])

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Junho de 2012 - 1a quinzena EDUCAÇÃO &PSICOLOGIA 5

Quando estamos imersos na monotonia estamos numa zona de conforto que produz inércia e cegueira psicológica. Mas temos que sair deste estado para re-cuperar a curiosidade e aceitar que a vida é um jogo no qual se pode perder ou ganhar. É aí que, ao recuperar a curiosidade, tornamo-nos criativos, capazes de rir de nós mesmos, mesmo quando as circunstâncias são desfavoráveis, muito distante daquilo que sonhamos. Então, somos capazes de reinventar nosso dia a dia, sorrir e brincar.

Prazer e auto-realizaçãoAo recuperar a curiosidade tornamo-nos criativos

e abertos a novas experiências que possam surgir em nossos caminhos. Somos capazes de rir de nós mesmos em face de nossas ambições, quando as circunstâncias se apresentam bem distantes daquilo que imaginamos. Somos capazes de reinventar nossos direcionamentos para outras flechas de tempo, aceitando que o mundo que nos rodeia nem sempre é previsível, raramente correspondendo aos nossos mais íntimos desejos.

O prazer de realizar nossos projetos nos conduz, através das múltiplas experiências que ao ensejar novas aprendizagens ampliam nossos horizontes de compreensão da vida, da realidade e de nós mesmos. A preocupação passa a ser a realização do projeto, podendo encarar as possíveis vicissitudes, com certa leveza de espírito, encaminhando múltiplas soluções a serem examinadas, sabendo que podem ser descar-tadas, mas que, ao menos uma delas poderá levar ao ponto almejado. Assim, podemos aprender com nossos próprios erros, sabendo de antemão que muitas de nos-sas esperanças podem ruir, temos que abandoná-las para reencetar outras que também podem ser falhas, mas também promissoras.

Quebra de monotoniaUm casal, após dez anos de casa-

mento, estava em meio a dificuldades para engravidar e como não desejavam recorrer a programas de fertilização assistida, decidiram-se pela adoção de uma menina com mais de três anos de idade, conforme estava sendo anuncia-do insistentemente pela mídia. Depois dos trâmites burocráticos, encontraram uma menina de nove anos, chamada Elaine, que os encantou. Ela, no entan-to, só aceitaria ser adotada se pudesse

Precisamos de algo que nos preocupe

Juracy C. MarquesProfessora universitária, doutora em Psicologia

“É preciso algo que preocupe, para acabar a monotonia” Mario Quintana

A monotonia é estressante, por isso precisamos de alguma preocupação que possa preencher o vazio que nos angustia. Ao extinguir a monotonia, entramos em um processo de incitamento. É um sinal que aponta para a ação que induz a pensamentos de mudança, provocando diferentes perspectivas, sentimentos e emoções. Mudar, entretanto, não é

nem fácil, nem simples, requer dedicação e persistência. Uma abertura para contemplar outras paisagens do relaciona-mento humano às quais não estamos habituados. É quando nos abrimos para acolher novos sentimentos que surgem, outras percepções do mundo em suas inúmeras possibilidades. Desse modo, estamos automaticamente escapando da monotonia, passando a vislumbrar outros caminhos, começamos a ver o mundo e a nós mesmos com outros olhos, buscando aquilo que

pode nos dar prazer e auto-realização.

levar consigo seus dois irmãos, de seis e quatro anos. Depois de conviver um pouco com os três e pedir um tempo para pensar, decidiram aceitar a proposta de Elaine. Formaram uma família, desfrutando de mo-mentos inusitados, com seus naturais desafios. Mas, certamente, acabaram com a monotonia, sobrando-lhes razões para ‘louvar e agradecer’ a Deus por essa bênção recebida, ao abrir seus corações para ver a realidade com outros olhos, ampliando seu horizonte de compre-ensão do mundo, da vida e da realidade.

Estamos sempre envolvidos, absorvidos e impli-cados não só naquilo que pensamos e sentimos, mas principalmente naquilo que fazemos. Para acabar com a monotonia estressante é preciso ter algo que nos preocupe numa ação prazerosa, mas é preciso antes de tudo, ter fé e confiar na misericórdia divina:

“(...) quem espera no Senhor, sua misericór-dia o envolve. Justos, alegrai-vos. Regozijai-vos no Senhor. Exultai todos vós, retos de

coração (Salmo 31)”. Para maior ênfase, pode combiná-lo com o

Salmo 146: “Agradam ao Senhor somente os que o temem e confiam em sua misericórdia”.

Vilaine Capellari/PMPA

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Junho de 2012 - 1a quinzenaTEMA EM FOCO 6

Espírito Santo é a luz para o bom caminho

Há poucos dias um gaúcho de Ivoti foi notícia internacio-nal por causa de um gesto

de bom samaritano. Mozer Rhian Oliveira, 27 anos, impediu o assalto a uma chinesa da cidade de Dong-guan, do cantão de Guangdong, e acabou violentamente machucado pelos assaltantes. Sua atitude ga-nhou reconhecimento público da

polícia local num país em que reina uma cultura de indiferença e frieza com os seus semelhantes quando

não pertencem à sua rede que lá se denomina ‘guanxi’. Os chineses não

sentem dever de ajudar a quem está fora da rede.

Mozer é gerente técnico em uma empresa francesa. Ao receber o prêmio de reconhecimento pelo

seu gesto e estímulo para a mudan-ça da cultural local, Mozer, pergun-tado sobre o porquê de sua atitude, respondeu à polícia: “disse que eu era cristão e que aprendi sobre o

amor ao próximo”. Alguns dias depois, um outro gaú-cho, morador de Igrejinha - prati-camente da mesma região onde nasceu Mozer - sequestrou uma

mulher e a matou, escondendo seu corpo no porta-malas do carro. Mas antes de executá-la, Paulo Feier, 40 anos, permitiu que Selma Martins, 47 anos, telefonasse para um de

seus filhos para se despedir. “Coisa de espírito mau”, comentavam os vizinhos da vítima e de seu algoz, chocados com o hediondo crime.

A luta entre o bem e o mal“Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem”. Paulo. (Romanos, 12, 21). Que associação ou possível relação teriam um e outro os fatos acima referidos e retirados do cotidiano? Nenhuma! Apenas,

são inequívocas demonstrações de que o homem é regido por forças opostas. Tanto pode ceder aos apelos do mal ou se abrir para o bem. O mal feito – seja grande ou pequeno – egoísmo, ingratidão, calúnia ou até homicídio – cobrará caro tributo no fim da vida. Igualmente, o bem feito terá recompensa. Estamos no mundo para cumprir uma missão. Importa não apenas pra-ticar a caridade e sim ser também caridoso, auxiliar o próximo, não por mera convenção social, mas como arroubo espiritual que parte do coração. O mal não tem origem em Deus: nasce do orgulho, do egoísmo, da ambição, da cupidez, do desejo de ter e consumir inconsequentemente. E que produz as guerras, as dissensões, as injustiças, a opressão do fraco pelo forte, as enfermidades.

A ausência do bem já é um mal. O remédio para todos os males é Deus. Não praticar o mal já é um princípio do bem. E isto está à mão de todos, através do livre arbítrio de cada ser humano que, no seu cotidiano, é constantemente alertado em sua consciência sobre os riscos de tal ou qual opção. O afoito, o imprudente ou o teimoso cede ou insiste em seguir os perigosos caminhos de seus vícios, paixões, instintos. E dá-se mal. Só poderá queixar-se de si próprio!

Renovaram a face da terra...Emitte Spiritum tuum et creabuntur; Et renovabis faciem terrae. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado. E renovareis

a face da terra.A árvore que produz maus frutos não é boa e a árvore que produz bons frutos não é má; porquanto, cada árvore se conhece

pelo seu próprio fruto. O homem de bem tira boas coisas do bom tesouro do seu coração e o mau tira as más do mau tesouro do seu coração; porquanto, a boca fala do de que está cheio o coração. (Lucas VI). Conhecê-la-eis, pois, pelos seus frutos. (Mateus VII, vv. 15 a 20.)

Blindados ou abertos ao Espírito de Deus? A decisão é nossa. Podemos até – e por vezes devemos – indignar-nos contra as instituições que não cumprem o papel para o qual foram criadas: o estado, a Igreja, os partidos, as ONGs, etc. Mas apenas criticar, achar defeitos e ficar de braços cruzados é muito cômodo. É celebre a frase de John Kennedy – ex-presidente dos Estados Unidos – de que não bastava ‘perguntar o que estado tem a fazer pelo cidadão’, mas o que este, o cidadão, teria a fazer pelo estado.

O que a tradicional oração ao Divino Espírito Santo – que muitas vezes repetimos mecanicamente – quer nos dizer e sig-nificar? O que é esse fogo de amor que pode renovar a face da terra? Estamos abertos ao espírito que leva à boa ação e ou ficamos blindados e nos deixamos levar pelo mau espírito, o espírito do demônio, que está à espreita e em permanente luta contra o bem?

“Enviado pelo bom espírito”. É esse o espírito a que Jesus se refere a seus discípulos. E foi nessa chama, que impulsiona à prática do bem, que se deixaram – e se deixam – arder os inumeráveis e incógnitos santos de todos os dias. A mesma chama de inspiração do Espírito Santo que levou os santos mais recentes da reflexão à ação: Tereza de Calcutá, Irmã Dorothi, Dom Romero e tantos outros. Que, inspirados pelo bom espírito a que se refere Jesus, souberem esquecer de si, amar o outro a partir do outro. Souberam ultrapassar as estreitas estruturas reinantes e liberta-se da cultura que deixa a maioria refém do consumo para sustentar um sistema.

Page 7: Ed_611_Jornal Solidario_1a_quinz_jun_2012

Junho de 2012 - 1a quinzena AÇÃOSOLIDÁRIA 7

Os símbolos do Espírito SantoTerceira pessoa da Trindade Santa e diferentemente do Pai e do Filho – representados por rostos

‘humanos’ – o Espírito Santo é referenciado através de metáforas ou símbolos, tanto doutrinariamente quanto biblicamente. No evento Pentecostes, descrito em Atos dos Apóstolos, aparece como ‘línguas de fogo’, simbolizando a energia transformadora. Mas também pode estar simbolizado na água, sig-nificando a ação do Espírito Santo no batismo; óleo da unção batismal; nuvem e luz; pomba; vento ou sopro. Na cultura popular, também é representado por uma coroa.

Espírito Santo é a luz para o bom caminho

A luta entre o bem e o mal“Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem”. Paulo. (Romanos, 12, 21). Que associação ou possível relação teriam um e outro os fatos acima referidos e retirados do cotidiano? Nenhuma! Apenas,

são inequívocas demonstrações de que o homem é regido por forças opostas. Tanto pode ceder aos apelos do mal ou se abrir para o bem. O mal feito – seja grande ou pequeno – egoísmo, ingratidão, calúnia ou até homicídio – cobrará caro tributo no fim da vida. Igualmente, o bem feito terá recompensa. Estamos no mundo para cumprir uma missão. Importa não apenas pra-ticar a caridade e sim ser também caridoso, auxiliar o próximo, não por mera convenção social, mas como arroubo espiritual que parte do coração. O mal não tem origem em Deus: nasce do orgulho, do egoísmo, da ambição, da cupidez, do desejo de ter e consumir inconsequentemente. E que produz as guerras, as dissensões, as injustiças, a opressão do fraco pelo forte, as enfermidades.

A ausência do bem já é um mal. O remédio para todos os males é Deus. Não praticar o mal já é um princípio do bem. E isto está à mão de todos, através do livre arbítrio de cada ser humano que, no seu cotidiano, é constantemente alertado em sua consciência sobre os riscos de tal ou qual opção. O afoito, o imprudente ou o teimoso cede ou insiste em seguir os perigosos caminhos de seus vícios, paixões, instintos. E dá-se mal. Só poderá queixar-se de si próprio!

Renovaram a face da terra...Emitte Spiritum tuum et creabuntur; Et renovabis faciem terrae. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado. E renovareis

a face da terra.A árvore que produz maus frutos não é boa e a árvore que produz bons frutos não é má; porquanto, cada árvore se conhece

pelo seu próprio fruto. O homem de bem tira boas coisas do bom tesouro do seu coração e o mau tira as más do mau tesouro do seu coração; porquanto, a boca fala do de que está cheio o coração. (Lucas VI). Conhecê-la-eis, pois, pelos seus frutos. (Mateus VII, vv. 15 a 20.)

Blindados ou abertos ao Espírito de Deus? A decisão é nossa. Podemos até – e por vezes devemos – indignar-nos contra as instituições que não cumprem o papel para o qual foram criadas: o estado, a Igreja, os partidos, as ONGs, etc. Mas apenas criticar, achar defeitos e ficar de braços cruzados é muito cômodo. É celebre a frase de John Kennedy – ex-presidente dos Estados Unidos – de que não bastava ‘perguntar o que estado tem a fazer pelo cidadão’, mas o que este, o cidadão, teria a fazer pelo estado.

O que a tradicional oração ao Divino Espírito Santo – que muitas vezes repetimos mecanicamente – quer nos dizer e sig-nificar? O que é esse fogo de amor que pode renovar a face da terra? Estamos abertos ao espírito que leva à boa ação e ou ficamos blindados e nos deixamos levar pelo mau espírito, o espírito do demônio, que está à espreita e em permanente luta contra o bem?

“Enviado pelo bom espírito”. É esse o espírito a que Jesus se refere a seus discípulos. E foi nessa chama, que impulsiona à prática do bem, que se deixaram – e se deixam – arder os inumeráveis e incógnitos santos de todos os dias. A mesma chama de inspiração do Espírito Santo que levou os santos mais recentes da reflexão à ação: Tereza de Calcutá, Irmã Dorothi, Dom Romero e tantos outros. Que, inspirados pelo bom espírito a que se refere Jesus, souberem esquecer de si, amar o outro a partir do outro. Souberam ultrapassar as estreitas estruturas reinantes e liberta-se da cultura que deixa a maioria refém do consumo para sustentar um sistema.

Os dons do Espírito Aos afetos desregrados (demasiado apego a bens materiais e aparências pessoais), à falta de respeito humano, falta de

perseverança/inconstância, à obstinação, tibieza e presunção, o Espírito Santo propõe a cura da cegueira e a busca da verdade. E acena com seus dons, listados em Gálatas, 5, 22-23: “Mas o fruto do Espírito é a caridade, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão, a temperança; contra tais coisas não há lei.”. A Igreja Católica acrescenta ainda a generosidade, a modéstia e a castidade.

O Espírito Santo concede também os dons das habilidades específicas, denominados carismas (do grego charisma= presente). Ambrósio de Milão escreveu sobre os “Sete Dons do Espírito Santo”, e os denominou:: Espírito da Sabedoria, da Compre-

ensão, da Fé, Espírito de Cura, Espírito de Milagres, Espírito de Boas-Novas, Espírito de Discernimento de espíritos, Espírito de falar em línguas e Espírito de interpretar línguas.

ControvérsiasHá controvérsias sobre a natureza e a ocorrência destes dons, especialmente, os sobrenaturais - por vezes chamados de

“carismáticos”. Uma visão é que os dons sobrenaturais são uma forma especial de exceção concedida na era apostólica, justamente por

causa das condições únicas da Igreja naquela época, e esses dons são muito raramente concedidos atualmente. Esta é a visão da Igreja Católica e, teologicamente, é conhecida como cessacionismo e de muitos outros grupos que compõem a maioria dos cristãos. A visão alternativa, desposada principalmente pelas denominações pentecostais e pelo Movimento Carismático, é a de que a ausência de dons sobrenaturais se deu por se ter negligenciado o Espírito Santo e sua Igreja. Embora alguns grupos, como os montanistas, tenham pregado a prática dos dons sobrenaturais durante o cristianismo primitivo, esta prática é muito rara até o crescimento do pentecostalismo no final do século XIX.

Os que acreditam na relevância dos dons sobrenaturais por vezes falam de um “Batismo no Espírito Santo”, que os cristãos necessitariam experimentar para receber esses dons. Muitas igrejas defendem que o batismo no Espírito Santo é idêntico à conversão e que todos os cristãos foram, por definição, batizados no Espírito Santo.

Existem também diferentes compreensões nas diversas denominações cristãs, especialmente nas igrejas não trinitárias e mesmo até entre as igrejas trinitárias. As Igrejas Católicas Orientais e a Igreja Ortodoxa afirmam que o Espírito procede apenas do Pai (“através do Filho”). A Igreja Católica Romana mantém que o Espírito Santo procede tanto do Pai quanto do Filho, uma doutrina que ficou conhecida como Filioque e já foi tema de grande controvérsia.

Dois principais símbolos: o fogo... ...e a água

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Junho de 2012 - 1a quinzenaSABER VIVER 8

Visa e Mastercard

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TERAPIA DIRETA DO INCONSCIENTECura alcoolismo, liberta

antepassados, valoriza a dimensão espiritual

Prof. Gláucio Soares

Agora que pesquisadores “descobriram” o câncer da prós-tata e que a indústria farmacêu-tica “descobriu” que, cada ano, o número de novos pacientes ultrapassa 230 mil somente nos Estados Unidos, há mais interes-se e mais investimentos na área. Nada comparável ao investimen-to massivo feito para controlar o HIV/AIDS mas, mesmo assim, algo a celebrar.O tratamento de outros cânceres parecia ter um princípio, uma diretriz: após o diagnóstico, se houver uma deci-são de tratar o paciente, partia-se com tudo para cima do câncer. Sabemos que cada câncer inclui subtipos, causados por células diferentes e que muitos medica-mentos funcionam bem em umas células, mas não em outras. A simultaneidade de tratamentos, muitos dos quais com pesados efeitos colaterais, obedeciam à lógica de que um medicamento de um tipo atacava células deste e daquele tipo, mas não elimina-va as demais, que exigiam outro medicamento e assim por diante.

A última vez que verifiquei, havia 25 tipos de células de câncer da próstata; embora vá-rias delas sejam raridades, são muitos tipos, constituindo um alvo difícil de eliminar com um medicamento só.

Uma tendência mais recente é a de incluir vários alvos num medicamento só. Um dos mais recentes dessa tendência se chama galeterone. Ele lança um ataque em três frentes contra o câncer da próstata. Como se tornou habitual, ele se concen-tra nos pacientes que já não respondem ao tratamento (anti) hormonal. Os primeiros testes, com poucos pacientes, deram resultados promissores. Não é cura, mas poderá ajudar muitos pacientes.

Galeterone: nova esperança contra o câncer da próstata

Quais foram esses resultados obtidos por esses pesquisadores baseados em Harvard?

Primeiro, em mais da me-tade dos pacientes, houve uma redução no PSA de 30% ou mais. Esse resultado é modesto, mas me diz algumas coisas: muitos pacientes não respondem a esse medicamento, embora um nú-mero maior possa vir a respon-der com seu aperfeiçoamento; redução do PSA não é cura. Cura pode haver, se chegarmos a níveis não detectáveis do PSA. Para esses pacientes que respon-deram bem ao medicamento, a grande incógnita é: quanto tempo durarão os benefícios? O tempo conta porque, por se tratar de uma população velha, em duas décadas quase todos morrerão de outras causas.

Em onze pacientes (entre 49) houve uma redução substancial, de 50% ou mais do PSA. A lógi-ca da avaliação é a mesma: nem todos respondem assim (alguns não respondem) e a duração desses benefícios é uma incóg-nita porque sua determinação depende de um acompanhando de uma população maior por muitos anos.

Em alguns pacientes houve redução dos tumores, que repre-senta uma demonstração mais segura de que o medicamento surte efeito, ainda que não cure.

FuncionamentoGaleterone funciona simul-

taneamente em três direções:• Bloqueia receptores

de proteínas que respondem à testosterona;

• Reduz o número de receptores nos tumores e

• Foca em um enzima que está ligado com os cami-nhos dos hormônios ligados ao câncer.

Os resultados dessa pesqui-sa preliminar foram apresen-tados à American Association for Cancer Research. Outra pesquisa, Fase II, terá mais pacientes e avaliará a eficiência do medicamento, devendo ser começada ainda este ano.

É praxe conduzir um tercei-ro (e mais caro e demorado) tipo de pesquisa, chamado de FASE III, com um número maior de pacientes e um grupo controle.

Ainda falta bastante até que o medicamento seja aprovado e possa ser vendido, mas, se fun-cionar, é provável que muitos dos leitores venham a ser bene-ficiados por ele. (Fonte: http://www.saudedaprostata.org.br)

Estresse positivoajuda a superar desafios

O estresse é uma característica da vida atual e quase sempre é visto como uma coisa ruim. Mas, o que pouca gente sabe, é que o estresse também motiva e pode ajudar a superar situações difíceis e alcançar objetivos. Esse é o estresse positivo, bem diferente daquele que causa cansaço, desânimo e provoca doenças. A chefe do Serviço de Psicolo-gia do Hospital Federal de Bonsucesso, ligado ao Ministério da Saúde, Márcia Natal, explica como a pessoa pode ficar estressada de um modo positivo: "A pessoa tem uma descarga de adrenali-na que a prepara para uma ação. Essa descarga é preparatória e leva uma adaptação da pessoa para produzir um determinado resultado e ela consegue êxito nesse objetivo que tem, então, essa descarga de adrenalina é uma descarga positiva, ela causa um movimento de preparação, e, depois desse sucesso, desse êxito, já que a pessoa teve um impulso, um movimento para agir em uma determinada causa, ela tem uma sensação de plenitude."

Para a pessoa fugir do estresse ne-gativo, Márcia Natal recomenda a busca pelo equilíbrio em cada situação: "Nós devemos sempre buscar um equilíbrio entre os fatores relacionados ao espaço de convívio com o outro, tentando uma integração entre o plano físico, o plano psicológico, social e o cultural. Com essa combinação de diversos fatores da vida de um indivíduo, da vida da sociedade, vão produzir certamente sen-sações positivas e diminuir o estresse que a sociedade atualmente impõe ao indivíduo naturalmente."

É importante lembrar que fazer exercícios físicos, se alimentar e dormir bem e ter momentos de lazer ajudam a eliminar o estresse ruim. (Hortência Guedes/Web Rádio Saúde/Agência Saúde - Ascom/MS)

Hábitos como assistir à televisão na cama, não fazer exercícios físicos, tomar muito café e comer muito choco-late durante o dia podem contribuir para o aparecimento da insônia. A pessoa que tem insônia demora a pegar no sono e muitas vezes passa a noite em claro. Em outros casos, tem o sono leve que não traz a sensação de descanso como o reco-mendado. A insônia pode também ser causada por problemas emocionais e doenças como hipertensão, diabetes, obesidade e problemas na tireóide. A neurologista do Hospital Federal de Bonsucesso, do Ministério da Saúde, Luciana Pamplona, explica como a doença interfere no dia a dia da pessoa.

"A gravidade maior é que a pessoa perde muito a capa-cidade de concentração durante o dia porque ela trabalha, porque ela está sonolenta, ela estuda mal. O adolescente, a criança que está na escola, não aproveitam tudo que têm que aproveitar. Passam a ter irritabilidade, ficar de mau humor".

A médica dá algumas dicas de como a pessoa pode com-bater a insônia.

"O horário para dormir e para acordar pela manhã é im-portante. Tem que manter certa regularidade. O ambiente onde nós dormimos deve ser sempre arejado com uma temperatura agradável, escuro e silencioso na medida do possível, claro. A cama deve ser usada apenas para dormir e para relações sexuais e não usar a cama como escritório. Levar laptop, levar livros, levar uma série de coisas deve ser evitado. As alimentações perto da hora de dormir devem ser sempre le-ves, uma fruta, um iogurte, um lanche rápido. Os exercícios devem ser evitados até duas horas antes da hora de dormir. Computador e televisão com videogame devem ser evitados até uma hora antes de dormir".

A neurologista comenta ainda que a vida agitada e o uso dos computadores por muito tempo pode provocar ou agra-var a insônia. (Alexandre Penido/Web Rádio Saúde/Agência Saúde - Ascom/MS)

Recomendações para se dormir bem

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Junho de 2012 - 1a quinzena ESPAÇO LIVRE 9

Humor

Paróquia São Manoel - 01/06Urbano Zilles - 01/06

Carmen Cauduro Oliveira - 06/06Miriam do Espírito Santo Vieira Heerdt - 13/06

Eduardo Teixeira Farah - 15/06

O Livro da Família 2012 está à venda na Livraria Padre Reus e também na filial dentro do Santuário Sagrado Co-ração de Jesus, em São Leopoldo.Faça o seu pedido pelos fones: 51-3224.0250 e 51-3566.5086 ou através do e-mail: [email protected]

RESERVE O SEU EXEMPLAR

VÁRIAS

O artistaPe. Roque Schneider, SJ

Escritor

A indústria cinematográfica atual vem caprichan-do na produção de filmes espalhafatosos, re-tumbantes, gênero terror. Com algum herói im-

batível, super-homem, que derrota, sozinho, qualquer exército bem armado. Películas recheadas de efeitos especiais, jogando-nos para dentro de um futuro as-sustador, o imprevisível mundo fantástico do amanhã.

Dentro deste contexto moderno, uma enorme surpresa aconteceu, na última edição do Oscar, em Los Angeles, nos Estados Unidos, dia 26 de fevereiro último.

“O Artista”, um filme mudo, em preto e branco, com diretor e artistas franceses, foi o grande vencedor da noite, conquistando cinco estatuetas: melhor filme do ano, melhor diretor e ator masculino, melhor figurino e trilha sonora.

Película cinematográfica bem trabalhada, é uma autêntica Sessão Nostalgia de luxo, um pitoresco retorno ao passado.

Michel Hazanavicius aborda, com delicadeza, um tema eterno e difícil: a resistência histórica a mudanças e inovações, em nossa vida.

O protagonista do filme, Jean Dujardin, entra em crise, desequilibrando psicologicamente, quando surgiu o cinema falado.

A película premiada “O Artista” resgata esta fase cinema-tográfica de outrora, quando os personagens se comunicavam apenas pelo olhar, por gestos e expressões faciais.

Outro fator de sucesso do filme: seu lançamento foi precedido por uma estrepitosa e bem orquestrada campanha publicitária, meses antes da sua badalada vitória mundial.

A grande arte da vida é fazer da nossa existência uma pequena obra-prima, uma humilde e luminosa obra de arte.

Sagrada vocação existencial, que nos abre o sagrado portal da eternidade, onde Jesus Cristo nos espera, de braços abertos, sorrindo misericórdia, amor, alegria e felicidade.

- O senhor é daqui mes-mo?

- A maior parte, sim!- Como..."a maior par-

te"?!- Pois é, quando me mu-

dei para cá, pesava 65 qui-los; agora, estou nos 110!

xxx

- É verdade que o senhor quebrou um guarda-chuva nas costas deste senhor?

- É verdade, sim. Mas não se preocupe, seu dele-gado: era um guarda-chuva muito ordinário, de uns cinco reais, quando muito...

xxx

- Carlinhos, o que é que separa o riso das lágrimas?

O garoto pensa um ins-tante e responde, triunfante:

- O nariz!xxx

Ela: - Diga uma coisa a um homem: entra por um ouvido e sai pelo outro.

Ele: - Diga uma coisa a uma mulher: entra pelos dois ouvidos e sai pela boca...

xxx

- Joãozinho, qual é a melhor época para apanhar laranjas?

- Quando o dono da chá-cara sai levando o cachorro!

xxx

- Fui examinado por três especialistas e nenhum soube dizer o que eu tinha.

- Será possível? Mas não concordaram em ponto algum?

- Só no preço da con-sulta...

insensibilidade? banalizaçãO?Carmelita Marroni Abruzzi

Professora universitária e jornalista

Recentemente, presenciamos dois acidentes em nossa rua, quase no mesmo local, em menos de duas horas. Após longa espera,

passamos pelo primeiro: um dos carros muito des-truído; não sabemos se houve vitimas, não vimos ambulâncias, etc. Duas horas depois, ao voltarmos, outro acidente: carro batido, moto estraçalhada, uma pessoa morta no asfalto, outra chorando... Não se podia parar, nem prestar qualquer auxílio: não havia espaço para tal, EPTC controlava o trânsito.

Quantas cenas dessas presenciamos, hoje, nas cidades e nas estradas! Somos obrigados a continuar nosso caminho, não pode-mos parar para prestar qualquer ajuda. Mas, o que é pior, parece que a gente nem mais se sensibiliza, tal a banalidade e a repetição desses fatos! Será que isto é bom para nós, homens do século XXI?

Estaremos envolvidos numa impermeável carapaça? Se, no passado, tomávamos conhecimento apenas do que ocorria em nos-so universo próximo, hoje, acidentes e catástrofes de longínquos pontos chegam a todo instante: os meios de comunicação, cada vez mais velozes, os transportam até nós em tempo real. E, às vezes, tão distantes, parecem filmes de ficção! Temos dificuldade de nos colocarmos no lugar daquelas vítimas!

E quando os fatos ocorrem próximos a nós? Há casos, é claro, em que só atrapalhamos e é melhor seguir nosso caminho, mas em outros podemos auxiliar. Por exemplo: há algum tempo uma jovem estudante foi assaltada numa parada de ônibus em P. Alegre. Dois assaltantes levaram seus pertences e, sob a mira de um revólver, ordenaram que não esboçasse qualquer reação, ameaçando atirar de dentro do ônibus em que subiram. Quando ela pode chorar, teve uma surpresa: nenhuma das pessoas que assistiram à cena se aproximou para prestar ajuda!

O que está acontecendo conosco? Será que nos tornamos frios, insensíveis? Esquecemos o sentimento de solidariedade, o quanto precisamos do outro? Porém, não se pode afirmar que a insensibi-lidade tomou conta de todos. E nós somos testemunhas disto, pois em curto espaço de tempo, recebemos dois valiosos auxílios, numa esburacada e movimentada estrada da serra: um pneu estourou e nos jogou à margem da rodovia. Chovia, caminhões jogando água, telefone do seguro sempre ocupado. E o tempo passava, até que um senhor jovem parou e nos socorreu; não quis ouvir agradecimentos e disse que aquilo era rotina, pois percorria sempre aquela estrada. Mais adiante, paramos num borracheiro, tivemos que comprar um pneu e ficamos sem dinheiro: o borracheiro nos devolveu 10 reais para pagarmos o pedágio! Seguimos viagem: 10 quilômetros após, novo pneu estourado! Já era noite, chovia. Socorro da seguradora (de um grande banco), inútil! Chamamos o amigo borracheiro, que veio com seu carro, trocou o pneu e não nos cobrou, para nos deixar com os “famosos” 10 reais do pedágio! E ainda trocou o pneu de outro carro que acabara de estourar no mesmo buraco!

São ações, momentos como estes que nos fazem acreditar no ser humano e no amor que ainda existe em seus corações e é este sentimento que provoca tantas ações de solidariedade, sem as quais o mundo se tornaria um árido deserto! ([email protected])

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Junho de 2012 - 1a quinzenaIGREJA &CCOMUNIDADE 10

CatequeseSolidário Litúrgico

Cor: verde10 de junho - 10o Domingo do Tempo Comum

3 de junho - Festa da Santíssima TrindadeCor: branca O lugar da catequese

na evangelizaçãO*

Como foi exposto na edição anterior, a cate-quese é uma das etapas do processo evan-gelizador. Não representa tudo na evange-

lização, mas ocupa um lugar importante. Se procu-rarmos encontrar uma definição para catequese, podemos dizer que esta, mais que uma educação cristã, procura colocar o catequizando não só em contato, mas em comunhão e intimidade com Cristo.

Para isso, realiza uma formação orgânica e sistemática que pretende conduzir, com o auxílio do Espírito Santo, à plenitude da vida cristã. A catequese é a responsável pela iniciação na plenitude da vida cristã. Está estreitamente ligada com os sacramentos da Iniciação, especialmente com o Batismo.

A catequese e a evangelização integram-se e complementam-se reciprocamente

É a catequese que sucede à ação missionária da Igreja, uma vez que é graças a ela que o primeiro anúncio é pouco a pouco aprofundado, desenvolvido e explicado, e “orientado para a prática cristã, na Igreja e no mundo” . Para isso, pressupõe-se a fé inicial do catequizando que já fez a sua opção fundamental por Jesus Cristo. O que se verifica, no entanto, é que grande parte dos catequizan-dos que chegam hoje às nossas catequeses ainda não fizeram a sua adesão a Jesus Cristo, pelo que, nestes casos, a catequese tem que ajudar o despertar religioso dos catequizandos .

Assim como sucede na primeira etapa da evangelização, a catequese antecede e prepara a Ação Pastoral. Toda a atividade catequética tem em vista a inserção do catequizando na vida da Comunidade, fortalecendo-o para um testemunho cristão fiel e firme. No conjunto da evangelização, a catequese constitui uma fase de ensino e de ajuda ao amadurecimento da fé cristã, que passa inevitavelmente pela comunhão com os outros que fizeram a mesma adesão a Jesus Cristo. A comunidade é responsável pelo acolhimento do catequizando, pois se tal não se verificar a catequese é estéril. Isto torna a família dos crentes responsável por promover a formação dos seus membros e pelo acolhimento dos mesmos, de forma que eles possam viver mais plenamente aquilo que desco-briram e deram o seu assentimento, pela fé.

A catequese pretende não só preparar os novos membros para que a comunidade cristã tenha mais vida, mas também para que cresça e se revitalize. A catequese é uma ação basilar para a cons-trução, tanto da personalidade do discípulo, como da comunidade; sem ela, a ação pastoral não teria raízes e seria superficial e confusa . Podemos concluir que a Comunidade cristã não vive sem catequese, uma vez que é através dela que novos cristãos se formam.

*Departamento Arquidiocesano de Catequese - Portugal

1a leitura: Livro do Gênesis (Gn) 3,9-15Salmo: 129(130), 1-2.3-4ab.4c-6.7-8 (R/. 7)2a leitura: 2a Carta de S. Paulo aos Coríntios (2Cor) 4,3-18-5,1Evangelho: Marcos (Mc) 3,20-35 Comentário: Muitas vezes já o dissemos aqui, neste espaço, mas nunca é

demais repetir: apaixonado em anunciar um tempo novo e um novo caminho que leva a Deus, um caminho feito de liberdade, de perdão, de alegria, um caminho de amor a todos, indistintamente, Jesus chocava muita gente, presa às tradições, a normas e leis da sua religião. Misturando-se com gente que a lei classificava de impura e criticando, aberta e fortemente, as lideranças religiosas que “carregavam nos ombros do povo os pesados fardos de inúmeras normas e leis”, Jesus era alvo fácil para ser classificado de “louco” ou “possuído por um demônio”, como se lê em várias passagens das Escrituras. Este é o chamado “pecado contra o Espírito Santo”: não reconhecer que o poder de Jesus vem do Espírito do Pai e afirmar que as maravilhas e obras que realiza vêm do demônio. Este pecado – atribuir ao poder do demônio o que é realizado pelo poder de Deus – como o próprio Jesus afirma, não tem perdão.

A passagem do Evangelho deste domingo nos mostra Jesus, cercado de uma multidão, pregando a sua boa nova para todos. Alguns familiares, influenciados pela “voz oficial” das autoridades religiosas, também acreditavam que Jesus estivesse louco e querem levá-lo de volta para sua terra. Jesus era uma vergonha para estes familiares. Quando ouve que parentes próximos, familiares, querem desviá-lo da sua missão, Jesus deixa bem claro que nem mesmo os laços de família podem interferir na sua atividade. E aproveita a ocasião para dizer que, com ele, se inaugura um tempo novo, onde a fé deve transformar a mente e o coração da gente, um tempo novo onde todos, indistintamente, são “mãe, pai, irmão, irmã” (cf 3,34) de todos, uma imensa família humana de mulheres e homens vivendo na alegria de filhas e filhos do mesmo Pai que está nos céus. ([email protected])

1a leitura: Livro do Deuteronômio (Dt) 4,32-34.39-40Salmo: 32(33),4-5.6.9.18-19.20.22 (R/. 12b)2a leitura: Carta de S. Paulo aos Romanos (Rm) 8,14-17Evangelho: Mateus (Mt) 28,16-20Para uma melhor compreensão dos comentários litúrgicos leia, antes, os res-

pectivos textos bíblicos.Comentário: Festa da Santíssima Trindade. Mistério: um Deus, três Pessoas

distintas, mas iguais em sua natureza divina... E nossa pobre capacidade de com-preensão e de expressão esbarra em limites intransponíveis. Este mistério ficará mistério para nossa mente até o dia da revelação plena e definitiva na Casa do Pai. Por isso, não nos preocupemos e muito menos nos estressemos por causa de nossa incapacidade de “compreender Deus”. Se Deus fosse compreensível e explicável, deixaria de ser Deus. O que importa para o cristão é que, em Jesus e por Jesus, Deus se revela como uma comunidade, essencialmente unida no amor.

No Livro do Gênesis, lemos que Deus criou o homem à sua imagem; mulher e homem os criou (Gn 1,28). O que muitas vezes lemos tão distraidamente, tem uma importância fundamental: por sermos da raça e linhagem de Deus, imagem sua na história humana, somente nos realizaremos como pessoas na medida em que vivermos em comunidade. Criados à imagem e semelhança de Deus, comunidade de amor, somos seres comunitários por nossa própria natureza. O egoísmo, pai do individualismo social, econômico e religioso, tão fortemente presentes nas relações da humanidade deste tempo, contraria esta tensão essencial para o outro, e é talvez a principal fonte de angústia, de não-sentido, de infelicidade de tantos homens e mulheres de hoje.

O Evangelho deste domingo lembra que todo o cristão é chamado a ser presença de Deus, Trindade de Amor, na sua família, na sua comunidade de fé, no seu traba-lho, na realidade social, política e econômica na qual vive. Num tempo de egoísmo idolátrico compulsivo, ser discípulo missionário de Jesus é aceitar o desafio de viver na contramão da maioria e, pelo testemunho pessoal, familiar e comunitário, ser presença profética de um Deus que nos criou à sua imagem e semelhança e nos quer como filhos e filhas, vivendo em comunidades de perdão, de amor e de paz.

Notas Adultos Maiores - Cartilha da Pessoa Idosa - O arcebispo Dom Dadeus

Grings lançou no último dia 22 de maio, sua mais nova obra: “Adultos Maiores – A Cartilha da Pessoa Idosa”. O lançamento aconteceu durante o Encontro de Formação Social, na sede da Cáritas Arquidiocesana. No evento, Dom Dadeus proferiu uma palestra e, em seguida, realizou a sessão de autógrafos.

Estudo Populacional - Padres da Área Azenha estiveram reunidos para uma manhã de estudos, no dia 8 de maio, na Paróquia Nossa Senhora da Glória. No encontro, os dados sobre a população da capital gaúcha nortearam o momento de estudo. O sociólogo do IBGE, Ademir Koucher, explanou sobre a evolução populacional dos bairros da cidade entre os anos de 2000 e 2010, faixa etária majoritária e o número de habitantes. Também foram destacados os dados de religião desde a esfera nacional até a municipal. Conhecendo mais sobre a rea-lidade das comunidades, as paróquias utilizam estas informações no sentido de qualificar as ações de evangelização.

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Junho de 2012 - 1a quinzena ESPAÇO DAARQUIDIOCESE Coordenação: Pe. César Leandro Padilha

11Jornalista responsável: Magnus Régis - ([email protected])Solicita-se enviar sugestões de matérias e informações das paróquias. Contatos pelo fone (51)32286199 e [email protected] Acompanhe o noticiário da Pascom pelo twitter.com/arquidiocesepoa

Facebook: Arquidiocese de Porto AlegreArquidiocese inaugura Centro Profissional na

Vila RestingaOferecer formação profissional e humana,

preparando para a vida e para o mundo de trabalho. Nessa perspectiva, a Arquidiocese de Porto Alegre inaugurou, no dia 18 de maio, o Centro Profissional Padre Pedro Leonardi, na Paróquia Aparecida da Restinga, em Porto Alegre. O ato celebrou uma parceria entre a Arquidiocese, Ministério Público e família Gerdau Johannpeter. O Centro Profissional vai oferecer curso de marcenaria.

A cerimônia foi marcada pelas apresen-tações culturais e pelos agradecimento aos parceiros, que transformaram o projeto social em realidade para a comunidade. Estavam presentes o Pe. Claudemir Ceron (Santuário de Aparecida), o arcebispo metropolitano de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, o pre-feito de Porto Alegre, José Fortunati, José Francisco Seabra Mendes Júnior, represen-tante do Ministério Público e a sra. Beatriz Johannpeter, do Grupo Gerdau, dentre outras autoridades civis e a comunidade que presti-giou o evento em peso.

Em sua fala, Pe. Ceron recordou a história

da comunidade, com a construção do templo que aconteceu em um prazo de apenas oito meses e com a ajuda de todos, destacando aqueles que fazem doações para o novo projeto de restaurante comunitário. Também foram lembrados os apoiadores que dedicam seu trabalho como colaboradores efetivos, a comunidade de Irmãs. Pe. Ceron agradeceu também o apoio de Carlos Verri, o Dunga, ex-treinador e ex-jogador da seleção brasilei-ra, que dedica sua atenção e colaboração ao Centro Social Padre Pedro Leonardi.

Dom Dadeus Grings abençoou o novo prédio e destacou a presença da Igreja soli-dária que transforma a realidade das comu-nidades onde está inserida.

O novo espaço vai oferecer formação profissional com salas de aula montadas com as ferramentas e matéria-prima para o traba-lho, bem como uma área administrativa. O objetivo é atender os jovens da Restinga com oficinas e cursos profissionalizantes. O curso de marcenaria é o primeiro a ser oferecido pela instituição.

Simpósio de Teologia sobre o Concílio Vaticano II

A Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) promoverá, através dos Programas de Graduação e Pós-graduação em Teologia, o Simpósio de Teologia em comemoração aos 50 anos de abertura do Concílio Vaticano II. O evento será realizado entre os dias 11 a 15 de junho no auditório do prédio 50 da PUCRS. O evento terá início sempre pela manhã, das 8h30min às 12 horas. O valor do ingresso é de 40 reais, e pode ser adquirido na secretaria da Faculdade de Teologia. Inscrições na Secretaria da Faculdade de Teologia, f. (51) 3320-3572 / 3320-3518, e na Paulinas Livraria (Rua dos Andradas). As vagas são limitadas.

Confira a programação:11/6 (segunda-feira)8h - Solenidade de aberturaConferência: 50 anos de Concílio - Esperanças e desafios -

Dom Luiz Demétrio Valentini, bispo de Jales (SP); Moderação: Luiz Carlos Susin, PUCRS

12/6 (terça-feira)Conferência: A renovação litúrgica Dom Armando Bucciol,

bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA) e presidente da Comis-são Episcopal de Pastoral para a Liturgia, da CNBB. Moderação: Gustavo Haas, PUCRS

13/6 (quarta-feira)Conferência: A eclesiologia do Concílio - destaques e re-

novação. Dom Cláudio Cardeal Hummes, prefeito emérito da Congregação para o Clero. Moderação: Geraldo Luiz Borges Hackmann - PUCRS

14/6 (quinta-feira)Conferência: A missão pastoral da Igreja no mundo. Dom Le-

onardo Ulrich Steiner, bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB. Moderação: Leomar A. Brustolin, PUCRS

15/6 (sexta-feira)Conferência: Recepção e atualidade do Concílio no Brasil Os-

car Beozzo, coordenador geral do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular. Moderação: Érico Hammes, PUCRS

Encontro Kairós reúne jovensno Seminário de Viamão

Aconteceu nos dias 19 e 20 de maio, o tradicional encontro vocacional Kairós, pro-movido pelo serviço de Animação Vocacional da Arquidiocese de Porto Alegre. O evento ocorreu junto ao Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição, em Viamão.

Os 30 jovens presentes foram convidados a refletir sobre a temática da vocação. Em um clima amigável, propício para a oração, a confraternização e um profundo discerni-mento vocacional.

Foram acompanhados pelo promotor vocacional, Pe. Luís Antônio Coelho Larratéa, o Pe. Tom, e por quatro seminaristas maiores que fazem parte da equipe kairós. Os se-minaristas, além de prepararem o encontro, possuem a missão de acompanhar, animar e orientar cada jovem vocacionado.

Convém lembrar que nossa Igreja Particular está celebrando seu Ano Vocacional, é motivo pelo qual se reza e motiva as vocações.

Inaugurado, na Restinga, o Centro Profissional Padre Pedro Leonardi

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Porto Alegre, junho de 2012 - 1a quinzena

Leitor assinanteAo receber o doc, renove a assinatura: é presente para sua

família. No Banrisul, a renovação pode ser feita mesmo após o vencimento. E se não receber o jornal, reclame, trata-se de serviço terceirizado. Fones: (51) 3211.2314 e (51) 30.93.3029.

Se pudéssemos reduzir a população da Terra a uma pequena aldeia de exatamente 100 habitantes, mantendo as proporções existentes atualmente, seria algo assim.

Haveria: 57 asiáticos 21 europeus 52 seriam mulheres 48 homens 70 não seriam brancos 30 seriam brancos 70 não cristãos 30 cristãos 89 heterossexuais 11 homossexuais confessos Seis pessoas possuiriam 59 por cento da riqueza de toda a

aldeia e os seis (sim, seis de seis) seriam norte-americanos.

Das 100 pessoas, 80 viveriam em condições subhumanas 70 não saberiam ler 50 sofreriam de desnutrição Uma pessoa estaria a ponto de morrer Um bebê estaria prestes a nascer Só um (sim, só um) teria educação universitária Nesta aldeia haveria só uma pessoa que possuiria um com-

putador. Ao analisar nosso mundo desta perspectiva tão reduzida é

quando se faz mais premente a necessidade de aceitação, enten-dimento e educação

Agora pense... Se você levantou esta manhã com mais saúde que doenças,

então você tem mais sorte que os milhões de pessoas que não sobreviverão nesta semana.

Se você nunca experimentou os perigos da guerra, a solidão de estar preso, a agonia de ser torturado ou a aflição da fome, então está melhor do que 500 milhões de pessoas.

Se você pode ir à sua igreja sem medo de ser humilhado, preso, torturado ou morto... Então você é mais afortunado que três bilhões (3.000.000.000) de pessoas no mundo

Se você tem comida na geladeira, roupa no armário, um teto sobre sua cabeça e um lugar onde dormir, você é mais rico que 75 por cento da população mundial.

Se você guarda dinheiro no banco, na carteira e tem algumas moedas em um cofrinho... já está entre os oito por cento mais ricos deste mundo

Se seus pais ainda estão vivos e unidos... Você é uma pessoa MUITO rara.

(Fonte: internet)

medindo As riquezAs do ser humAno!

Armando Fuentes Aguirre (Catón)Jornalista mexicano

“Tenho a intenção de processar a revista "Fortune", porque fui vítima de uma omissão inexplicável. Ela publicou uma lista dos homens mais ricos do mundo, e, nesta lista, eu não apareço. Aparecem: o sultão de Brunei, os herdeiros de Sam Walton e Mori Taki-chiro. Incluem personalidades como a rainha Elizabeth da Inglaterra, Niarkos Stavros, e os mexicanos Carlos Slim e Emilio Azcarraga.

Mas eu não sou mencionado na revista. E eu sou um homem rico, imensamente rico. Como não? Vou mostrar a vocês:Eu tenho vida, que eu recebi não sei por quê, e saúde, que conservo não sei como.Eu tenho uma família, esposa adorável, que ao me entregar sua vida me deu o me-

lhor para a minha; filhos maravilhosos, dos quais só recebi felicidades; e netos, com os quais pratico uma nova e boa paternidade.

Eu tenho irmãos que são como meus amigos, e amigos que são como meus irmãos.Tenho pessoas que, sinceramente, me amam, apesar dos meus defeitos, e a quem

amo, apesar dos seus defeitos.Tenho quatro leitores a cada dia para agradecer-lhes porque eles leem o que eu mal

escrevo.Eu tenho uma casa, e nela muitos livros (minha esposa iria dizer que tenho muitos

livros e entre eles uma casa).Eu tenho um pouco do mundo na forma de um jardim, que todo ano me dá maçãs e

que iria reduzir ainda mais a presença de Adão e Eva no Paraíso.Eu tenho um cachorro que não vai dormir até que eu chegue, e que me recebe como

se eu fosse o dono dos céus e da terra.Eu tenho olhos que veem e ouvidos para ouvir, pés para andar e mãos que acariciam;

cérebro que pensa coisas que já ocorreram a outros, mas que para mim não haviam ocorrido nunca.

E eu tenho fé em Deus, que vale para mim amor infinito.Pode haver riquezas maiores do que a minha?Por que, então, a revista "Fortune" não me colocou na lista dos homens mais ricos

do planeta?"Há pessoas pobres, mas tão pobres, que a única coisa que possuem é... DINHEIRO.

(Fonte: internet)

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