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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS CAMPUS IV COLEGIADO DE GEOGRAFIA CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA ECOTURISMO NO DISTRITO DE ITAITU, JACOBINA BA: UMA ABORDAGEM INTERPRETATIVA DAS TRILHAS DAS CACHOEIRAS DO PIANCÓ, VÉU DE NOIVA, SERPENTE, ESPLENDOR, TALHADEIRA E DAS FLORES Adeilton Santos Janine Rocha JACOBINA - BAHIA 2011

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – CAMPUS IV

COLEGIADO DE GEOGRAFIA

CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA

ECOTURISMO NO DISTRITO DE ITAITU, JACOBINA – BA: UMA ABORDAGEM INTERPRETATIVA DAS TRILHAS DAS CACHOEIRAS DO PIANCÓ, VÉU DE NOIVA, SERPENTE,

ESPLENDOR, TALHADEIRA E DAS FLORES

Adeilton Santos Janine Rocha

JACOBINA - BAHIA

2011

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – CAMPUS IV

COLEGIADO DE GEOGRAFIA

CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA

ECOTURISMO NO DISTRITO DE ITAITU, JACOBINA – BA: UMA ABORDAGEM INTERPRETATIVA DAS TRILHAS DO

PIANCÓ, VÉU DE NOIVA, SERPENTE, ESPLENDOR, TALHADEIRA E DAS FLORES

Adeilton Santos Janine Rocha

Monografia aprovada em: ____/____/____ para obtenção do título de Licenciado em Geografia.

Banca Examinadora:

_______________________________________ Paulo César Dávila Fernandes, Me. (UNEB/DCH-4) Orientador.

_______________________________________ Matheus Silva Alves, Esp. (Avaliador)

_______________________________________ Joseane Gomes de Araújo, Esp. (Avaliadora)

JACOBINA - BAHIA 2011

Aos nossos familiares, companheiros, amigos,

colegas do curso, e professor orientador, que

tanto nos compreenderam, nos apoiaram e

auxiliaram em nossa jornada...

AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus, pelas nossas vidas e pela conclusão desse

trabalho;

À nossa família (mães Edna Rocha e Ana Rosa, pais Haroldo Rocha e Adinabel

Moreira (em memória), esposa Irani Farias, namorado Sidney dos Reis, irmão Sidnei

Rocha e Adinabel Filho, filho Ariel Araújo), que com amor estiveram presentes nos

momentos mais críticos, nos compreendendo, apoiando, estimulando, confortando;

Aos nossos amigos mais próximos, que sempre nos trouxeram alegria e nos

ajudaram a superar as adversidades, em especial, Nilcléia, Sandra, Deise e Leila.

Aos nossos companheiros de curso (2006.1), essa turma tão adversa, mas que

nas horas mais difíceis mostraram-se solidários conosco;

Ao nosso querido professor orientador Paulo Fernandes, que nos acolheu, teve

muita paciência conosco e sempre nos ajudou como pode, tornando possível a

conclusão desta monografia;

Aos nossos queridos amigos Wesclei “Amexa” e Daniel, que foram nossos guias

pelas trilhas da belíssima Itaitu, e nos incentivaram com sua positividade.

A todos os professores da UNEB, que contribuíram para nosso enriquecimento

intelectual.

RESUMO

O presente trabalho aborda o estudo das potencialidades geoturísticas do distrito de Itaitu, local de inúmeras belezas naturais e vários fatores que tornam o referido distrito uma promessa de local com grande potencialidade turística. Mostra também suas características físicas, dentre elas a Geologia, Geomorfologia, Clima, Vegetação e Hidrografia, passando pelo histórico do turismo no mundo, e apresentando a definição de Ecoturismo e potencialidade turística, sem deixar de citar os principais fatores condicionantes para o desenvolvimento do turismo, e o lado negativo desse mesmo desenvolvimento. Explana quais os principais fatores que fazem de Itaitu um importante potencial turístico para região, e fazendo uma análise do uso das trilhas interpretativas de suas principais cachoeiras, Piancó, Véu de Noiva, Serpente, Esplendor, Talhadeira e das Flores. Esta pesquisa caracteriza os atributos naturais de cada uma das trilhas de Itaitu, tornando um instrumento de desenvolvimento do Ecoturismo e da Educação Ambiental do município e da região.

Palavras-chave: Ecoturismo, Distrito de Itaitu e Trilhas Interpretativas.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 10

1.1. Objetivos ........................................................................................................... 13

1.2. Justificativa ...................................................................................................... 14

1.3. Metodologia Utilizada ...................................................................................... 14

2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DO DISTRITO DE ITAITU ............................... 17

2.1. Caracterização do Município de Jacobina ........................................................ 17

2.2. Característica Física do Distrito de Itaitu ........................................................... 18

2.2.1. Geologia ........................................................................................................ 18

2.2.2. Geomorfologia................................................................................................ 19

2.2.3. Clima ............................................................................................................. 20

2.2.4. Solos .............................................................................................................. 21

2.2.5. Vegetação ..................................................................................................... 21

2.2.6. Hidrografia ..................................................................................................... 23

3. REFERENCIAIS TEÓRICOS ............................................................................... 25

3.1 Espaço ............................................................................................................... 25

3.2 Paisagem ........................................................................................................... 26

3.3 Turismo .............................................................................................................. 28

3.4 Ecoturismo ......................................................................................................... 30

3.5 Potencial Turístico .............................................................................................. 32

4. AS TRILHAS INTERPRETATIVAS DAS CACHOEIRAS DE PIANCÓ, VÉU DE NOIVA, SERPENTE, ESPLENDOR DO SOL, TALHADEIRA E FLORES ............. 37

4.1. Cachoeira do Piancó ......................................................................................... 38

4.2. Cachoeira Véu de Noiva ................................................................................... 41

4.3. Cachoeiras do Esplendor do Sol, da Serpente, da Talhadeira ........................ 44

4.4.Trilha da Cachoeira das Flores ......................................................................... .47

5. DIAGNÓSTICO DAS ATIVIDADES TURÍSTICAS EM ITAITU ........................... 49

5.1. Cachoeira mais visitada / Grau de frequência da visitação ............................... 49

5.2. Meio de transporte utilizado .............................................................................. 50

5.3. Capacidade de Carga / Infraestrutura de turismo ............................................. 51

5.4. Acessibilidade ao distrito de Itaitu e às trilhas das cachoeiras ......................... .53

5.5. Áreas a serem melhoras para fortalecimento do desenvolvimento turístico de Itaitu ........................................................................................................................ .54

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 55

7. REFERÊNCIAS ................................................................................................... 57

ANEXO 1 ................................................................................................................. 60

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Distrito de Itaitu 11

Figura 2 Casario histórico e Igreja Matriz de Itaitu 13

Figura 3 Serra da Formação Rio do Ouro 18

Figura 4: Formação Rio do Ouro e Complexo Itapicuru 19

Figura 5 Morros com formas ovaladas do Complexo do Itapicuru 20

Figura 6: Solos podzólicos vermelho-amarelos e neossolos litólicos 21

Figura 7 Floresta estacional semi-decidual (primeiro plano) e de campo

rupestre (segundo plano) 22

Figura 8 Água com composição húmica-ferrosa 23

Figura 9 Esquema de uma definição teórica de Geossistema 27

Figura 10 Cachoeiras e trilhas de Itaitu/Jacobina - BA 37

Figura 11 Cachoeira do Piancó 38

Figura 12 Vista da trilha para a Cachoeira do Piancó. À direita,

elevação suave correspondente a rochas do Complexo

Itapicuru. Em segundo plano, rampas de colúvio, e, ao

fundo, as rochas do Grupo Jacobina. 38

Figura 13 Rampas de colúvio com feição de anfiteatro. 39

Figura 14: Cachoeira Véu de Noiva 41

Figura 15 Fraturas com processo de formação em marmitas geológicas. 42

Figura 16: Floresta Estacional Semi Decidual Montana – proximidades da

Cachoeira Véu de Noiva 43

Figura 17 Trilha das cachoeiras – Cacheira Esplendor do Sol 44

Figura 18 Cachoeira da Serpente 45

Figura 19 Cachoeira Esplendor do Sol 46

Figura 20 Cachoeira da Talhadeira 46

i

Figura 21 Cachoeira das Flores 47

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01: Cachoeiras mais visitadas 49

Gráfico 02: Frequência de visitação 50

Gráfico 03: Meio de transporte utilizado 51

Gráfico 04: Capacidade de carga – visitantes por cachoeira 52

Gráfico 05: Áreas a serem melhoradas para fortalecimento do

desenvolvimento turístico de itaitu 55

ii

1. INTRODUÇÃO

Nos dias atuais, perante as evidências dos recursos escassos e das

necessidades ilimitadas dos seres humanos, surge a necessidade das ciências

econômicas desenvolverem métodos que possibilitem ao homem encontrar formas

diversas de sustentabilidade. Desta forma, o turismo se torna o ingrediente que

transforma o processo econômico, e faz com que os recursos naturais e culturais

sejam preservados e protegidos, porque representam o futuro e a condição de vida

para futuras gerações.

A relação entre turismo e meio ambiente tende a ser mutuamente vantajosa à

medida que a preservação de áreas naturais, vida selvagem, cenários de

conservação de sítios, entre outros, são oferecidos à demanda, diante de incitações

dos fluxos turísticos.

Para tanto, o município de Jacobina possui um enorme potencial turístico,

sobretudo, o distrito de Itaitu, que possui uma grande variedade de recursos naturais

considerados como atrativos à implantação do turismo das mais diversas

modalidades, como por exemplo, o ecoturismo, turismo de aventura, o turismo

científico, entre outros.

Desta forma, o objeto de estudo do presente trabalho é a localidade de Itaitu,

antigamente conhecida como Riachão de Jacobina, a qual dista 20 km da sede do

município (Figura 1), e é um dos principais exemplos de local com excelente

potencial hídrico da região, possuindo inúmeros atributos de interesse turístico, entre

os quais se destacam a paisagem, o clima, a vegetação, a abundância de recursos

hídricos, e suas várias de quedas d´água.

Quanto ao aspecto histórico-cultural local, Itaitu ainda preserva muitas

características dos anos iniciais de sua fundação, como o chão de terra batida em

alguns trechos e as habitações de fachadas coloridas recentemente reformadas,

mas com traços coloniais mantidos e vencendo a força do tempo, e em ótimo estado

de conservação. Na praça central da vila encontra-se a Igreja Matriz de Itaitu, de

arquitetura simples e estilo eclético, a qual foi erguida em meados de 1810 (Figura

2).

Figura 1:

No povoado de Itaitu realizam-se, entre Maio e Junho, os festejos de

homenagem ao Divino Espírito Santo, hoje considerado o principal festejo religioso

local, muito embora o Padroeiro do distrito seja São Roque, que é homenageado no

dia 16 de Agosto, porém atualmente com menos intensidade. Além dessas

festividades, podem-se citar outras, como a festa de Reis e as quadrilhas de São

João.

O topônimo Itaitu é de origem Tupi-Guarani, significando “pedra grande”, ou

“serra grande”, o que está de acordo com a existência de inúmeras elevações

rochosas nas proximidades.

Segundo informações da Administração Pública Municipal de Jacobina, Itaitu,

com tantos atrativos naturais e culturais, tornou-se um dos integrantes do projeto

Parque das Cachoeiras. Este projeto foi criado no ano de 2004, através da parceria

entre as Prefeituras de Jacobina, Miguel Calmon e Saúde e o Governo do Estado,

para identificar, georreferenciar e mapear mais de 55 cachoeiras e 10 poços em uma

área de aproximadamente 250 km², na tentativa de desenvolver o turismo ecológico

da região de forma sustentável e segura.

No entanto, o projeto, que parecia ser a solução para o desenvolvimento da

economia local por meio do turismo em algumas de suas modalidades (turismo de

aventura, ecoturismo, turismo religioso, cultural e rural), permanece ainda no papel,

uma vez que a infraestrutura básica para o crescimento do setor turístico nos três

Figura 2: Casario histórico e Igreja Matriz de Itaitu. Foto: Janine Rocha, 2010.

municípios está muito aquém de atender às necessidades turísticas de modo

eficiente.

As dificuldades para a implantação do turismo na região de Itaitu residem,

entre outros fatores, na falta de qualificação profissional e de hotéis e restaurantes,

sendo necessária reestruturação do comércio local, melhorias no serviço de

transporte, estímulo à participação e qualificação dos moradores locais, valorizando

assim a mão-de-obra local e gerando empregos para a população.

Este trabalho estuda quais os elementos presentes nas paisagens das trilhas

das principais cachoeiras de Itaitu, que poderiam aumentar a capacidade de

interpretação dos turistas, contribuindo para o desenvolvimento do ecoturismo na

região. Além disso, mapeia de forma detalhada as áreas geoturísticas demostrando

à comunidade jacobinense a importância das trilhas interpretativas para o

desenvolvimento do turismo local.

Este trabalho monográfico está organizado em 6 capítulos. Inicia-se com a

caracterização da área do distrito de Itaitu, abordando as características do

Município de Jacobina e as características físicas do distrito de Itaitu. A seguir, são

discutidas as categorias de análise da geografia necessárias à pesquisa, com

ênfase nas definições de categorias de análise geográficas como espaço e

paisagem, enfatizando-se ainda a abordagem geossistêmica de estudo da

paisagem. Neste capítulo são ainda trabalhados os conceitos de turismo, ecoturismo

e potencial turístico, os quais servem de base teórica; A descrição das trilhas das

Cachoeiras de Piancó, Véu de Noiva, Serpente, Esplendor do Sol, Talhadeira e

Flores é apresentada no capítulo 4. O capítulo seguinte é a análise e diagnóstico

sócio-econômico da área de estudo, apresentando as indagações acerca dos

questionários aplicados e os resultados obtidos. Ao final, serão discutidos os

resultados alcançados, e feitas algumas recomendações para o melhoramento do

turismo no município de Jacobina, especificamente no distrito de Itaitu.

1.1 Objetivos

O objetivo geral deste trabalho é o de apresentar um mapeamento das trilhas

das cachoeiras do Piancó, Véu de Noiva, Serpente, Esplendor do Sol e Talhadeira,

com o fim de contribuir para o desenvolvimento do turismo local e regional.

Para tanto, o trabalho contemplou alguns objetivos específicos, quais sejam:

Analisar a paisagem local em cada uma das trilhas, ressaltando e

interpretando a paisagem, especialmente no que diz respeito aos aspectos

geológicos, geomorfológicos, pedológicos, hidrográficos e biogeográficos

Propor diretrizes para o turismo ecológico em cada uma das trilhas, com base

nas potencialidades e restrições inerentes a cada uma delas.

1.2 Justificativa

Embora a prefeitura local tenha desenvolvido algumas iniciativas para

divulgação do turismo em Itaitu, com a impressão de alguns folhetos destinados à

distribuição em hotéis e restaurantes de Jacobina, o turismo no local carece de mais

elementos que possam atrair e informar os turistas. Além disso, o trabalho destina-

se à consulta por parte dos guias turísticos e operadores de turismo ecológico que

atuam na região, podendo contribuir para o crescimento cultural da atividade

turística.

1.3 Metodologia utilizada

As técnicas e procedimentos desenvolvidos neste trabalho foram a Pesquisa

Bibliográfica, Pesquisa Documental e Pesquisa de Campo.

As fontes utilizadas foram o Projeto RADAMBRASIL (BRASIL, 1982) e

especialmente os mapas temáticos de solos, vegetação, geomorfologia, e Sampaio

et al (1998), no que diz respeito à geologia.

No trabalho de campo, que teve a duração de dois dias, foram percorridas as

trilhas previamente escolhidas, com apoio de um guia especializado em turismo de

aventuras, observando-se as características naturais de cada uma das trilhas, dos

dados bibliográficos existentes e com o apoio de imagens de satélites e cartas

topográficas do município de Jacobina, com georreferenciamento e orientação em

campo através de aparelho GPS GARMIN e bússola. É importante ressaltar que

grande parte das descrições apresentadas nesta pesquisa resultam basicamente de

observações in loco, constituindo dessa forma, dados primários.

Durante a pesquisa de campo foram feitas observações diretas da paisagem

em cada uma das trilhas estudadas, caracterizando cada uma delas no que diz

respeito à geologia, geomorfologia, solos, vegetação, hidrografia e quanto ao

potencial turístico e às possíveis restrições ao uso de cada uma delas para as

finalidades de ecoturismo.

Foram aplicados questionários a doze pessoas que frequentam regularmente

Itaitu, e com a coordenadora de turismo, a senhora Karla Geane A. Leite, para que

se tivesse uma amostragem do olhar do visitante e do poder executivo municipal a

respeito de aspectos do turismo em Itaitu. Estes questionários (anexo 1) contêm

questões abertas e fechadas.

2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DO DISTRITO DE ITAITU

2.1 Caracterização do Município de Jacobina

O município de Jacobina está situado no Estado da Bahia, a 330 km da

Capital do Estado, na direção noroeste, com latitude 11º10'50" sul e longitude

40º31'06" oeste, no trecho da Chapada Diamantina conhecida como Piemonte da

Chapada Diamantina. A sede municipal encontra-se a uma altitude de 463 metros

acima do nível do mar, e limita-se ao Norte com Mirangaba, Saúde e Caem, ao Sul

com Várzea Nova, Várzea do Poço e Miguel Calmon, ao Leste com Serrolândia

Quixabeira e Capim Grosso, e a Oeste com Ourolândia.

Também conhecida como “Cidade do Ouro”, herança da exploração aurífera

que marcou a história da cidade, e como “Cidade Presépio”, devido ao seu relevo e

à beleza simples de seus casarios centenários, o município de Jacobina possui um

imenso patrimônio histórico e cultural entre os quais podemos citar a micareta e

festas religiosas como a festa do Divino Espírito Santo, a Caminhada da Luz, a

procissão de São Benedito e Santo Antônio, a “Marujada” 1, entre outros.

A sede municipal está cercada por cadeias de serras cujas rochas datam de,

no mínimo, 1,9 bilhões de anos, esculpidas ao longo do tempo pela ação pluvial e

eólica formando o cenário atual. A vegetação do município pode ser caracterizada

por um mosaico composto de caatinga, cerrado, floresta estacional e campo

rupestre, bem como transições entre estes tipos de vegetação. A parte leste do

município, onde se localiza a sede, faz parte da Bacia Hidrográfica do Rio Itapicuru,

que por sua vez é cortada por dois rios: o Itapicuru-Mirim, que é um dos afluentes

que alimentam a bacia do Itapicuru, e pelo Rio do Ouro, que possui sua nascente

dentro do limite da cidade, o que, aliás, são apenas dois dos exemplos da riqueza

hídrica do referido município.

1 Manifestação Folclórica Negra que inclui música e dança mantida há mais de duzentos

anos e que faz parte da cultura jacobinense. O grupo embeleza as festividades católicas da cidade, como a de São Benedito, protetor dos negros, e a de Santo Antônio, o padroeiro da cidade. Fonte: http://www.cidadedoouro.com.br/2010/05/marujada-de-jacobina-2010.html, data de acesso 13/03/11 às 16:56)

2.2 Característica Física do Distrito de Itaitu

2.2.1 Geologia

A caracterização geológica do distrito de Itaitú, Jacobina- BA, é compreendida

pela localização da mesma entre as formações geológicas denominadas de Grupo

Jacobina - Formação Rio do Ouro a oeste, e Complexo Itapicuru - Formação Cruz

das Almas a leste, segundo informações contidas no projeto RADAMBRASIL

(BRASIL, 1981). Sendo assim, podemos encontrar na área de estudo materiais

colovionares localizados no sopé das rampas de quartzitos do Grupo Jacobina e das

rochas metassedimentares pelíticas e semipelíticas do Complexo Itapicuru.

O Grupo Jacobina, representado pela Formação Rio do Ouro, tem idade

paleoproterozóica (1,97 bilhões

de anos) (SAMPAIO et al.,

1998), sendo constituído pela

estrutura metassedimentar da

Serra de Jacobina, que se

estende no sentido norte-sul,

caracterizada por espigões

paralelos e intercalados entre

as altitudes de 950 e 1250 m.

Nessa formação geológica

percebemos ortoquartzitos

quase puros de granulação

média, cores branca, cinza a esverdeada, recristalizados e endurecidos, além de

quartzitos fucsíticos com marcas onduladas e estratificações cruzadas (Figura 3).

O Complexo Itapicuru, caracterizado pela Formação Cruz das Almas, é

enquadrado como período Neoarqueano, sendo constituído por filitos, quartzo-

sericita xistos, andaluzita (sillimanita) xistos, biotita-muscovita xistos, metarrimitos,

formações ferríferas, metabasitos, serpenitos, metadacitos e rochas piroclásticas

associadas, níveis de quartzitos, metarenitos e de conglomerados.

Figura 3: Serra da Formação Rio do Ouro Foto: Janine Rocha, 2010.

2.2.2 Geomorfologia

Os relevos característicos da Formação Rio do Ouro são as cristas e barras

alinhadas, às vezes

com topos planos ou

abaulados, escarpas

abruptas e

declividades elevadas

variando em torno de

30 a 60 graus, com

vales em “V” (Figura

4). A dissecação é

fortemente marcada

por controle

estrutural,

aprofundamento forte

das incisões e densidade média da drenagem, e as áreas do sopé da serra, muitas

vezes, têm formas convexas.

Quanto aos aspectos geomorfológicos, o Complexo Itapicuru possui formas

tabulares verticalizadas, sendo cobertos muitas vezes por colúvios, na base das

vertentes, as quais formam depressões fechadas circulares ou ovaladas, cuja

origem é relacionada ao escoamento superficial. Os declives são baixos, em torno

de 0 a 15 graus e os vales são quase sempre largos e de fundo chato, em formato

de “U” (Figura 5).

Figura 4: Formação Rio do Ouro e Complexo Itapicuru Foto: Janine Rocha, 2010.

Vale em “V” Formação Rio do Ouro

Complexo Itapicuru

Os materiais coluvionares formam rampas de declividade baixa, localizadas

no sopé das rochas metassedimentares do Grupo Jacobina e do Complexo

Itapicuru. São materiais mal selecionados, formados por matacões, cascalhos,

areias e lamas, frequentemente com os fragmentos rudáceos angulosos ou

subangulosos, que têm extensão restrita.

2.2.3 Clima

Adotando como forma de avaliação a classificação de Köppen, Pinheiro

(2004), caracterizou o clima como do tipo AW – ou seja, quente, com duas estações

bem definidas (inverno e verão) dentre as quatro estações do ano. Localmente, o

clima do município, varia entre seco, sub-úmido e semiárido, sofrendo forte

influência da topografia, com precipitação média em torno de 863 mm concentrada

nos meses de janeiro a março.

Segundo as informações do projeto RADAMBRASIL (1981), o regime das

chuvas revela uma variabilidade peculiar. Caracteriza-se por ser uma área

transicional com relação aos Sistemas Tropical Atlântico e Continental. Também

recebe forte influência da topografia e da exposição das vertentes em nível local, o

que se reflete em maiores índices pluviométricos e maior irregularidade no regime,

nas áreas mais elevadas. Segundo Pinheiro (2004), os resultados de análises

Figura 5: Morros com formas ovaladas do Complexo do Itapicuru. Foto: Thiago Maia, 2010.

estatísticas confirmam esta hipótese, pois as áreas serranas apresentam

precipitação média acima de 850 mm, podendo alcançar até 1000mm, e os maiores

valores de desvio-padrão ficam em torno de 380 a 400 mm, enquanto que nas áreas

mais afastadas destas elevações demonstram totais pluviométricos médios em torno

de 600mm.

À barlavento, setor leste da Serra de Jacobina, onde se localiza Itaitu, os

totais pluviométricos são ligeiramente mais significativos do que a noroeste,

refletindo-se nas classes de cobertura vegetal que são mais densas no sopé da

Serra e nas encostas leste. Este fato associado ao grau de fraturamento das rochas

dá origem a um grande número de nascentes e riachos ao longo da serra.

2.2.4 Solos

Os solos do distrito de Itaitu foram classificados como podzólicos vermelho-

amarelos eutróficos (CREPANI et al., 1996) com argila de atividade baixa, horizonte

A moderado com textura média e horizonte B argilosa mais escuro. Ocorrem ainda

neossolos litólicos desenvolvidos basicamente sobre rochas quartziticas (Figura 6).

2.2.5 Vegetação:

Figura 6: Solos podzólicos vermelho-amarelos e neossolos litólicos. Foto: Janine Rocha, 2010.

No distrito de Itaitu pode-se reconhecer a Floresta Estacional Semidecidual

Montana e Campos Rupestres. Segundo o estudo da vegetação realizado pelo

Governo do Estado da

Bahia no Parque Estadual

das Sete Passagens

(2000), Milguel Calmon –

BA, a floresta estacional

semidecidual possui como

característica principal a

existência de arbustos e

pequenas árvores com

altura máxima entre os 20

e os 30 m, sendo que

estas espécies na maioria

dos casos podem

apresentar-se caducifólios, e se apresenta como quatro distintas formas; densa,

aberta com palmeiras, aberta com cipó ou estacional (Figura 7). A floresta estacional

contém espécies endêmicas e típicas de áreas úmidas, como as bromélias, ipês,

juremas, sucupiras, aroeiras e caraíbas, além de outras espécies. Segundo Veloso

et. Al. (1991),

Este tipo de vegetação é caracterizada por duas estações climáticas bem demarcadas, uma chuvosa seguida de longo período biologicamente seco. Ocorre na forma de disjunções florestais, apresentando o estrato dominante macro ou mesofanerófito predominantemente caducifólio, com mais de 50% dos indivíduos despidos de folhagem no período desfavorável”. (Veloso et al., p 11, 1991).

É também válido ressaltar que, pelo grande número de riachos que percorrem

toda a extensão do distrito, principalmente no fundo dos vales e adjacente aos

cursos d‟água, a vegetação apresenta uma densidade maior, configurando, em

certos casos, matas ciliares, as quais foram em parte preservadas, em meio às

áreas antropizadas.

Já a classificação de campo rupestre, caracterizada por vegetação

subarbustiva herbácea, arbustiva e herbácea possui características peculiares das

condições físico-climáticas, com períodos de alta umidade atmosférica e relevo

característico de solo arenoso, pedregoso e de ilhas de afloramentos rochosos, de

Figura 7: Floresta estacional semidecidual (primeiro plano) e de campo rupestre (segundo plano) Foto: Janine Rocha, 2010.

quartzitos ou de cangas rochosas. Os campos rupestres possuem uma vegetação

heterogenea com uma diversificada e complexa biodiversidade com micro habitats

que abrigam uma flora briofítica (Figura 7).

2.2.6 Hidrografia:

A região de Itaitu possui as características de áreas de grotões, onde

geralmente durante as

primeiras horas matinais é

possível ver neblina no topo

das serras, sendo as chuvas

orográficas e o ambiente

bastante úmido, o que torna

o local altamente propício ao

surgimento de nascentes,

córregos, rios e cachoeiras

com água de cor escura,

ricamente composta por

matéria húmica e

possivelmente complexos húmicos-ferrosos provenientes da decomposição de

restos vegetais (Figura 8). Devido ao forte estado de fraturamento das rochas do

Grupo Jacobina, as quais foram deformadas em regime rúptil, ocorre um grande

número de nascentes, as quais consistem em ressurgências da água das chuvas de

caráter orográfico, resultantes do barramento dos ventos úmidos provenientes do

Oceano Atlântico.

As águas das drenagens da região de Itaitu são, invariavelmente, de cor

escura. Isso se dá aparentemente devido à abundância de taninos e ácidos

húmicos, como constatado em análises químicas realizadas em águas com a

mesma coloração (informação verbal) ².

² Informe passado em pesquisa levada a efeito por pesquisadores da UEFS no Projeto Sempre-Viva, Mucugê, Ana Barreto, 2002.

Figura 8: Água com composição húmica-ferrosa. Foto: Janine Rocha, 2010.

Esta configuração geomorfológica e climática provoca o surgimento de um

grande número de nascentes, especialmente nas vertentes superiores das serras

quartzíticas, formando riachos de curso cataclinal, muitos dos quais correndo em

direções transversais à dos espigões quartzíticos, segundo cursos E-W, NW-SE ou

SW-NE, os quais, ao despencar serra abaixo, formam um grande número de

cachoeiras, destacando-se, entre outras, as cachoeiras da Fazendinha, da Maria

Fernanda, da Coreia, da Rainha, do Caldeirão, do Piancó, das Andorinhas, das

Corredeiras, do Sumidouro, dos Amores, das Flores, Véu de Noiva, Cachoeirinha,

da Talhadeira, dos Frades, do Poço Encantado, da Serpente, do Esplendor, do

Muniz, Santuário, das Arapongas, do Cristal, do Sossego, da Pirâmide, da

Mantiqueira, dos Macacos, Mirante do Itapicuru. Além das cachoeiras, ocorre ainda

uma série de poços, podendo ser citados os poços do Lázaro, do Pau Caído, da

Geladeira e dos Deuses.

3. REFERENCIAIS TEÓRICOS

Primeiramente serão discutidas as concepções de Espaço e de Paisagem,

por entender que estes segmentos são de fundamental importância e pertinência

com o que propomos para realização deste trabalho. A seguir, será discutida a

metodologia de análise da paisagem de Bertrand (1973), a qual se apresenta como

a abordagem mais adequada para a descrição das trilhas estudadas.

Serão discutidos, também, como referenciais para a presente monografia, os

conceitos de turismo, com ênfase no ecoturismo, bem como o conceito de

potencialidade turística.

3.1 Espaço

O Espaço é considerado por pesquisadores da área geográfica como a mais

abrangente categoria de análise da Geografia, principalmente pelo fato de sua

heterogeneidade em sua classificação, e ainda pelas outras categorias estarem nela

inseridas.

Para Santos (1991), o espaço deve ser considerado como uma junção

indissociável de objetos naturais, geográficos e sociais, com a vida que os preenche,

ou seja, a sociedade em movimento. Ainda para Santos (2006),

Sendo o espaço geográfico um conjunto indissociável de sistemas de objetos e sistemas de ações, sua definição varia com as épocas, isto é, com a natureza dos objetos e a natureza das ações presentes em cada momento histórico. (Santos, 2006, p.332).

Santos (2006) define o espaço geográfico como “a matéria por excelência”, a

“segunda natureza”, ou a natureza humanizada ou artificial. É uma estrutura social

dotada de uma dinâmica própria constituída pela relação homem/natureza ou

homem/espaço estabelecida pelo trabalho e a produção de mercadorias (o espaço é

também mercadorias). É a “acumulação desigual de tempos”. O espaço deve ser

estudado na forma de sistema espaço-temporais tendo como categoria de análise a

formação sócio-espacial (derivada do conceito marxista de formação social ou de

formação socioeconômica), com ênfase para na escala do local e global.

Portanto, uma vez que o espaço é produzido por meio do conjunto de ações

humanas e naturais, é de extrema importância utilizar essa categoria de análise

como parâmetro para as investigações cientificas, principalmente, as que estudam a

interpretação de trilhas turísticas.

3.2 Paisagem

A definição de paisagem pode receber vários significados, mas, para nós

geógrafos, é um conjunto de estruturas sociais e naturais de um determinado local

no qual desenvolvem uma intensa interatividade entre as relações humanas e

naturais.

Para melhor definição desse conceito geográfico podemos identificar como

tudo aquilo que podemos perceber por meio de nossos sentidos (audição, visão,

olfato e tato), mas o que mais destaca é a visualização da paisagem.

“Tudo aquilo que nós vemos, o que nossa visão alcança, é a paisagem. Esta pode ser definida como o domínio do visível, aquilo que a vista abarca. Não é formada apenas de volumes, mas também de cores, movimentos, odores, sons etc.” (Santos, 1991, p.61).

Para tanto, erroneamente costuma-se considerar como paisagem somente os

elementos naturais, tais como serras, rios, lagos, cachoeiras, florestas etc.,

entretanto, paisagem também abrange as construções humanas como pontes, ruas,

estradas, além das relações humanas como feiras, festas religiosas etc.

Segundo Bertrand (1973), a paisagem é como uma entidade global, que

permite uma visão sistêmica numa combinação dinâmica e instável dos elementos

biofísicos e antrópicos. Desta maneira, as escalas tempo-espaciais são utilizadas

como base geral de referência para todos os fenômenos geográficos, e que todo

estudo de um aspecto da paisagem se baseia em um sistema de delimitação mais

ou menos esquemático, formado por unidades hierarquizadas, que se encaixam

umas nas outras.

Sotchava (1962) e Bertrand (1971) deram grande contribuição ao estudo das

paisagens tendo sido responsáveis pelo desenvolvimento de seu estudo na

geografia física, propondo a análise das paisagens segundo diferentes unidades e

criando o conceito de Geossistema, que se apóia na Teoria Geral dos Sistemas, a

qual provocou intensas transformações em diversas áreas do conhecimento,

inclusive na geografia.

A paisagem pode ser entendida como um sistema aberto, ou geossistema, o

qual pode ser caracterizado pela interação mútua entre os elementos físicos

(“potencial ecológico”, que inclui a geomorfologia, o clima e a hidrografia), bióticos (a

“exploração biológica”, que inclui a vegetação, o solo e a fauna) e a ação antrópica

(Figura 9). Segundo Monteiro (2000):

Geossistema é uma integração de vários elementos, não existindo limites conduzidos por uma curva de nível (relevo), por uma isoieta (clima) pelo limite (borda) de uma dada formação vegetal, etc. embora considerando que estas variações ou atributos possam indicar ou sugerir, com maior peso, uma configuração espacial dos elementos do Geossistema, desde que esse emane de uma integração, não é de esperar-se que isto seja regra. (MONTEIRO, 2000, p. 58).

A Figura 9 abaixo mostra esquematicamente a configuração de um

geossistema:

Figura 9 - ESQUEMA DE UMA DEFINIÇÃO TEÓRICA DE GEOSSISTEMA

3.1.3. Região

O estudo de um geossistema deve ser feito de maneira integrada, já que

todos os seus elementos mantêm relação e características semelhantes, e para

facilitar o seu estudo, um geossistema pode ser subdividido em unidades que

mantenham características fisiográficas diferentes. Seguindo uma ordem

hierárquica, pode-se dividir um geossistema específico em unidade de menor

escala, quais sejam, a Geofácies e Geótopo. A Geofácie (Bertrand, 1973) pode ser

GEOMORFOLOGIA CLIMA HIDROLOGIA VEGETAÇÃO SOLO FAUNA

POTENCIAL ECOLÓGICO EXPLORAÇÃO BIOLÓGICA

GEOSSISTEMA

AÇÃO ANTRÓPICA

definida como uma unidade geográfica que tenha características fisionômicas

parecidas, já o Geótopo é uma unidade que se situa no último nível de escala

espacial.

A abordagem geossistêmica, nos fornece a fundamentação teórica e

metodológica no sentido de determinarmos os meios pelos quais se pode promover

a interação entre o homem e o meio ambiente através da interpretação da natureza

e da ação antrópica, de modo que o ser humano possa conviver de forma

harmoniosa e respeitosa com os recursos naturais, desenvolvendo formas

sustentáveis atreladas à prática do turismo para o município de Jacobina, e,

sobretudo, o distrito de Itaitu, tendo como suporte metodológico a paisagem.

A paisagem, dentro da noção desenvolvida, sobretudo pelos alemães (landschaft) não é entendida somente como o meio natural ou os aspectos físicos do planeta, mas também incorpora o homem através de suas ações ao seu conjunto de elementos. (MENDONÇA, 1992, p. 47)

Assim, o referencial de análise da paisagem de cada uma das trilhas é

baseado, implicitamente, na teoria geossistêmica, por considerarmos que é a melhor

forma de descrição da paisagem disponível. A abordagem geossistêmica abrange

uma investigação detalhada nos elementos presentes no espaço geográfico: os

elementos naturais (vegetação, morfologia, clima, etc) e os elementos humanos ou

culturais (que são os produzidos pela sociedade: construções civis, veículos,

estradas, trilhas, etc). Entretanto, não foi feita uma compartimentação sistemática da

paisagem, já que isso fugiria aos objetivos do presente trabalho. O que se pretendeu

foi utilizar uma abordagem geossitêmica das trilhas de Itaitu, todas elas inseridas no

geossistema das Serras Residuais de Jacobina (PINHEIRO, 2004).

A abordagem geossitêmica está compreendida no entendimento de paisagem

gerando interfaces com outros campos disciplinares (Geologia, Pedologia, Botânica,

Geomorfologia, Climatologia, Sociologia, Antropologia etc.), abordando a

necessidade de compatibilizar processos naturais e sociais entrelaçados a noções

de ética ambiental.

3.3 Turismo

Segundo Andrade (2001)

turismo é o complexo de atividades e serviços relacionados aos deslocamentos, transportes, alojamentos, alimentação, circulação de produtos típicos, atividades relacionadas aos movimentos culturais, visitas, lazer e entretenimento. (ANDRADE, 2001, P. 54).

Desta maneira, o termo turismo foi, inicialmente, conceituado de forma

superficial, apenas no que tange às características relacionadas à viagem de

recreação, por se tratar de um termo recente como objeto de estudo, embora antigo

como fator político, cultural e socioeconômico. Para o mesmo autor, é necessária

uma profunda análise acerca do fenômeno turismo, pois o mesmo não é técnica,

tampouco ciência autônoma, por se utilizar de princípios e fundamentos dos mais

diversos ramos científicos e da atividade humana.

No decorrer da história de uma região geográfica, a mesma registra

configurações espaciais do período de seu surgimento, dos momentos pelos quais

passou, suas transformações na linearidade temporal e de suas potencialidades

culturais e econômicas. Cada momento desses dá origem a uma configuração

espacial ímpar de cada região e está ligada ao desenvolvimento sócio-econômico

local. Assim, Urry (1999) define a escolha de lugares específicos para a prática do

turismo:

lugares são escolhidos para serem contemplados porque existe uma expectativa, sobretudo através dos devaneios e da fantasia, em relação a prazeres intensos, seja em escala diferente, seja envolvendo sentidos diferentes daqueles com que habitualmente nos deparamos. Tal expectativa é construída e mantida por uma variedade de práticas não-turísticas, tais como o cinema, a televisão, a literatura, as revistas, os discos e os vídeos, que constroem e reforçam o olhar. (URRY, 1999, p.18).

O surgimento do turismo tem uma ligação direta com a necessidade de

locomoção dos seres humanos, algo que pode ser observado desde os primórdios

da vida na Terra, onde o homem praticava o nomadismo à procura de alimentos e

abrigo numa infindável corrida pela sobrevivência. Como conseqüência, podemos

observar as mais diferentes formas de deslocamento pelos mais diversos motivos,

como culturais, religiosos e esportivos, onde principalmente os povos das antigas

civilizações viajavam para assistir espetáculos teatrais, para ir a templos e

santuários em peregrinações ou para participar de competições esportivas, e mais

tarde, a partir do século XVI, para completar os estudos e conquistar experiência

profissional e logo após para suprir necessidades econômicas.

Também podemos atribuir o fortalecimento do turismo aos avanços

tecnológicos, que favoreceram a construção de motores a vapor que equipavam

navios, locomotivas e máquinas, e novos recursos de engenharia e arquitetura que

possibilitaram a construção de ferrovias, portos, entre outros, proporcionando mais

comodidade aos turistas. Aos poucos as viagens passaram a adquirir caráter

turístico, pois os viajantes começaram a admirar as paisagens naturais e os

aspectos históricos dos lugares por onde passavam, a fazer excursões, e tornar a

atividade turística um empreendimento. Assim, é possível afirmar que viajar é algo

que de certa forma sempre esteve presente como uma característica que faz parte

do contexto histórico e cultural humano, que permite que as atividades turísticas

aconteçam, tornando-se uma opção de desenvolvimento para diversos países.

Visto assim, o fenômeno do turismo, por sua natureza complexa, reconhecida por todos os seus estudiosos, é um importante tema que deve ser tratado no âmbito de um quadro interativo de disciplinas de domínio conexo, em que o enfoque geográfico é de fundamental importância, uma vez que, por tradição, lida com a dualidade sociedade x natureza. Se esta característica basilar da Geografia foi sempre tida como um elemento complicador, visto como responsável pela sua dificuldade de afirmar-se como ciência no período moderno, cremos que no momento atual, à luz de novos paradigmas e com a emergência da questão ambiental, a situação está revertendo-se. Nunca o discurso geográfico foi tão valorizado, a ponto de ser apropriado por outras disciplinas. Este discurso tem sido, entretanto, superficial, permeado pela retórica, necessitando de aprofundamento para assumir qualidade de texto. (RODRIGUES, 1996, p. 22).

Entretanto, à medida que as atividades turísticas cresciam, traziam consigo a

necessidade de aumento de infra-estrutura dos locais que recebiam os visitantes, e

a partir disto, ocorreram desequilíbrios ambientais, além da desagregação social das

comunidades que recebiam os visitantes. Assim, surgiu o turismo alternativo, que

com base em Christaller (1963 apud Leony 1999), veio como fruto da diversificação

do turismo, por meio da diminuição do excursionismo de praia (que inicialmente era

quase que o único destino dos turistas) e uma valorização de novos destinos cujo

valor ambiental e cultural está mais preservado uma vez que esteja menos

consumido. Essa nova forma de pensar e agir canalizou as atividades turísticas para

outros locais como áreas serranas, cachoeiras, cidades históricas, entre outros,

movidas também pelas novas necessidades que os turistas tinham de lugares mais

remotos e que inspirassem mais tranquilidade.

3.4 Ecoturismo

Essa modalidade de turismo alternativo abriu espaço para a criação de

organizações não governamentais de proteção ambiental e para o Ecoturismo, ou

turismo ecológico, que segundo Barros (2000) apud LAGE & MILONE, p. 91,

[...] é um segmento da atividade turística que se utiliza de forma sustentável do patrimônio natural e cultural e uma região, além de sua conservação, na busca e formação de uma consciência ambientalista, através da interpretação do ambiente e da promoção do bem-estar das populações envolvidas. (Barros, apud LAGE & MILONE, 200, p. 91).

visando a adoção de novas formas de turismo com menor grau de impacto ao meio

ambiente.

Assim, o Ecoturismo oferece manutenção da identidade cultural dos lugares,

constitui uma via mais democrática de desenvolvimento e acarreta tendências

ambientais menos degradantes. Ressalte-se, ainda, que essa manutenção, tendo na

comunidade os atores do processo, favorece o estabelecimento de pequenas

operações com baixos efeitos impactantes de investimentos, principalmente no que

tange ao surgimento de oportunidade de emprego para população local, que se

torna uma opção de complementação e até de sustento para os nativos, e valoriza

mais ainda aquela área receptora, uma vez que, ao se contratar pessoas do próprio

local de visitação, automaticamente, contrata-se pessoas que conhecem com

profundidade o local em que vivem (LAGE & MILONE, 2000, p. 119).

O turismo não acontece aleatoriamente. Ele obedece disciplinadamente a fatores que o conduzem de forma quase matemática. É confiante nesses fatores que o homem, ao empreender uma viagem, tem a certeza de que encontrará o condicionamento que assegure a sua comodidade e bem-estar onde quer que esteja. (CARVALHO, 1997, p. 33).

De acordo com Carvalho (1997), são vários os fatores condutores e

condicionantes para o desenvolvimento do turismo em um determinado local,

podendo ser citados, como agentes do desenvolvimento do turismo:

I. O Estado e a Administração Pública, ao promover e viabilizar o

desenvolvimento pleno do turismo;

II. Uma política estável, que permita ao turista movimentar-se com a

liberdade e segurança que necessita;

III. A existência de capacidade hospedeira de todas as classificações

(albergues, pensões, hotéis, entre outros), que atenda a qualquer

demanda turística;

IV. A conservação de costumes, mantendo e valorizando as

características da tradição e do folclore local;

V. A existência de mão-de-obra qualificada em todos os setores turísticos

para o conforto e a comodidade do visitante;

VI. A compatibilização entre os períodos de férias e os fatores climáticos,

permitindo a sincronia entre os períodos em que um lugar pode ser

mais bem usufruído e o período de férias;

VII. A promoção de eventos, que se constitui em um grande atrativo de

pessoas;

VIII. O potencial turístico, que é um dos elementos mais importantes da

indústria do turismo, uma vez que em grande quantidade e de alto

valor, atrai visitantes em grandes proporções e atende aos mais

diversos objetivos.

3.5 Potencial Turístico

Por se tratar de um elemento que, além de crucial para o entendimento do

fenômeno turismo, possui plena importância para construção e compreensão de

nosso trabalho, tomamos como definição de potencial turístico:

[...] as muitas atrações turísticas de um local e guardam, na sua essência, infindáveis valores culturais em relação à história, à técnica, à natureza etc. A sua preservação é imprescindível para a devida exploração dos pólos turísticos. (CARVALHO, 1997, p. 97).

Diante disso, é possível afirmar, em outras palavras, que potencialidade

turística são os atrativos existentes em um determinado espaço, de grande riqueza

histórica, cultural ou natural, de fácil, médio, ou mesmo difícil grau de acessibilidade,

que deve ser estudada e preservada promovendo o uso sustentável da fauna, flora e

da comunidade local, e que quando bem conservada, pode ser utilizada, entre várias

outras maneiras, para fins turísticos e educacionais de diversas modalidades, como

trilhas, áreas para acampamentos, lazer, apreciação da paisagem, rapel, campo de

estudo em aulas de educação ambiental para população local e para pesquisas

geológicas, hidrográficas, ambientais, arqueológicas, históricas, entre outros

exemplos.

Itaitu possui inúmeras características que podem torná-la uma forte

potencialidade turística, onde, segundo Andrade (2001, p. 103) as principais são o

clima, a configuração geográfica e as paisagens, os elementos silvestres ou de

vegetação, a flora, a fauna e a água.

Os fatores climáticos são favoráveis ao turismo quando eles, se encontrando

de forma estável, permitem aos visitantes que realizem as atividades programadas

para o dia da visitação, e no caso de Itaitu, durante quase todo o ano a temperatura,

os ventos e a umidade são amenos, e as chuvas, normalmente ocorrem somente

nas épocas corretas, tornando a visitação agradável e convidativa ao mergulho nas

diversas cachoeiras lá existentes; sua magnífica paisagem tem formações de relevo

dos mais diversos tipos, mirantes naturais para apreciação da paisagem, rochedos,

rios e quedas d‟água, que são atraentes a todos os gostos; os elementos silvestres,

a vegetação deslumbrante e a fauna diversificada completam as características que

fazem de Itaitu um lugar propício a investimentos no ramo turístico que

proporcionarão o desenvolvimento local e o tornarão um lugar conhecido nacional e

internacionalmente.

Além dos elementos supracitados, e ainda, baseando-se nas ideias de

Andrade (2001), outros fatores também estimulariam a eleição de Itaitu como, uma

destinação turística, como o desejo/necessidade de evasão, seja pela simples

vontade de deixar um pouco o cotidiano de lado, seja pela total necessidade de

trocar a vida agitada da cidade pela simplicidade da vida no campo, o espírito de

aventura, na busca de extravasar o estresse diário através da prática de esportes

radicais como o rapel e a tirolesa, ou até de passar algumas noites acampando na

mata sem as facilidades que uma pousada pode oferecer, por exemplo, e a

necessidade de tranquilidade, na fuga da violência das grandes cidades em busca

de paz, serenidade, descanso.

O turismo pode se subdividir em diversas modalidades, que por sua vez

podem viver em constante modificação, uma vez que os objetivos e as faixas etárias

das pessoas que viajam também se modificam com frequência. Em Itaitu, podem-se

observar as seguintes modalidades turísticas:

I. Turismo jovem (Andrade, 2001), que como o próprio nome já diz, é

exercido por jovens que buscam o descanso ou até práticas

esportivas radicais, e que normalmente se abrigam em ambientes

simples como pequenas pousadas, campings, e por vezes, preferem

acampar em meio à selva;

II. Turismo de Aventura (Andrade, 2001), que possui algumas

semelhanças com o turismo jovem, e é voltado principalmente para

praticantes de esportes radicais como a escalada (montanhismo), o

rapel e a tirolesa;

III. Turismo de Repouso (Andrade, 2001), que comumente ocorre nos

períodos de férias, feriados prolongados ou até mesmo nos fins de

semana como forma de relaxar a tensão das atividades diárias e

revitalizar para assim retomar as atividades;

IV. Ecoturismo (ou turismo ecológico), que será abordado mais a frente;

V. Turismo científico, realizado por pessoas que se interessem ou

careçam estudar uma determinada área ou objeto, tornando o lazer e

o repouso elementos secundários.

Algumas modalidades turísticas ainda não são praticadas no referido distrito

em estudo, mas observa-se a possibilidade de implantá-los num futuro breve, que

são o turismo rural, caracterizado pela fuga da rotina em busca de ambientes

campestres com acomodação em rede hospedeira rústica como hotéis-fazenda e

pousadas rurais inspiradas no meio ambiente campesino, e o turismo balneário

(Andrade, 2001), voltada para o relaxamento e o divertimento nas águas, podendo

até ser utilizada como recurso terápico de recuperação, manutenção e estabilização

da saúde.

O Ecoturismo é visto como a modalidade turística mais promissora para o

desenvolvimento do turismo em Itaitu, uma vez que o mesmo possui um conjunto de

recursos turísticos naturais que despertam o interesse e justificam deslocamento de

pessoas, como já mencionado anteriormente. Com base em Barros, apud Lage &

Milone, 2000, p.91, é um segmento turístico que se utiliza do patrimônio natural e

cultural de uma região de forma sustentável, além de promover sua conservação,

propondo uma consciência ambientalista, por meio da interpretação do ambiente e

sem desvincular-se da importância do bem-estar das populações envolvidas. Para

tanto, exige-se um alto grau de instrução, civilização, sensibilização e planejamento,

para que seja possível utilizar os recursos naturais sem alterá-los ou degradá-los,

mantendo-se em sintonia com os princípios de conservação ambiental.

De acordo com Pagani et al., (2001), alguns pontos devem ser levados em

consideração em se tratando de Ecoturismo:

I. Deve-se evitar a grande quantidade de turistas em uma determinada área e o

excesso de urbanização, para que seja possível proteger a área da

degradação exagerada e da perda da identidade;

II. Conservar uma estrutura íntegra entre turismo e ambiente a fim de se evitar a

destruição da biota;

III. Valorizar e preservar o patrimônio natural, histórico e cultural;

IV. Manter as comunidades locais participando ativamente;

V. Sensibilizar a população local e os turistas a respeito da importância de se

proteger as riquezas naturais.

Ainda segundo os mesmos autores, para se desenvolver o Ecoturismo é

primordial a existência de facilidades e infra-estruturas próprias como instrumento de

apoio para esse tipo de atividades. Uma dessas principais facilidades é o sistema de

trilhas de acesso, que aqui podem ser definidas como:

[...] um conjunto de caminhos e percursos construídos com diversas funções, desde a vigilância até o turismo. Dentre os objetivos de um sistema de trilhas, está a interpretação da natureza, ferramenta indispensável para o manejo de Unidades de Conservação, pois desperta nos visitantes a idéia da importância da área silvestre. (Andrade & Rocha, 1990 apud Pagani, org. 2001, p. 152.).

As trilhas são classificadas quanto à função (se é para travessia,

interpretação do ambiente, atividades educacionais e/ou recreativas), quanto à

forma (linear, atalho, circular, e oito) e quanto ao grau de dificuldade (caminhada

leve, semipesada e pesada). (Andrade & Rocha, 1990 apud Pagani, et. Al 2001,

p.151).

Contudo, é imprescindível atentar para o fato de que podem ocorrer impactos

ambientais diretamente relacionados com a vegetação, o solo e a fauna se, ao

implantar e utilizar as trilhas, não houver um monitoramento rígido com base na

capacidade de carga, com o intuito de se evitar danos irreversíveis ao ecossistema.

A capacidade de carga pode ser definida como o nível de utilização que uma área

pode suportar sem promover um grau intolerável de degradação das características

e qualidade dos recursos de uma área (PAGANI et al., Torezan, 2002). Ainda

segundo os mesmos autores, a capacidade de carga pode ser subdividida em:

a) capacidade de suporte ecológica: refere-se à quantidade de uso que um local pode suportar sem danos à flora, fauna e solos. A quantidade da capacidade de suporte envolve a determinação da „base‟ ecológica original e do nível de dano que seja inaceitável.

b) capacidade de suporte física: é a capacidade determinada por limites físicos. Pode incluir a largura, altitude e declividade da trilha que afetarão o tipo e a quantidade de uso que esta receberá.

c) capacidade de suporte perceptiva: é a capacidade de uma área absorver o uso sem que ela pareça muito utilizada por outros usuários. Está relacionada à geografia física da área e às expectativas do usuário.

Contudo, estabelecer estudo sobre a capacidade de carga de uma área

turística não é tarefa fácil, isto por que, é necessário relacioná-la a espacialidades

geográficas, aos anseios dos usuários e a uma gama de variáveis físicas que,

mesmo separadamente, torna-se difícil mensurar. Para tanto, as atividades turísticas

quando realizadas de maneira desordenada e o uso inadequado dos recursos

naturais podem provocar grandes desequilíbrios ambientais, mas se planejado

adequadamente o turismo protege espaços naturais dos quais sobrevive no

presente e futuro.

4. AS TRILHAS INTERPRETATIVAS DAS CACHOEIRAS DE PIANCÓ, VÉU DE

NOIVA, SERPENTE, ESPLENDOR DO SOL, TALHADEIRA E FLORES.

O Distrito de Itaitu é uma das localidades que possuem uma extensa

potencialidade de riquezas naturais para o desenvolvimento das atividades de

turismo, principalmente aquelas que estão direcionadas ao meio ambiente.

Dentre as diversas cachoeiras, poços, riachos, rios, trilhas e outros atrativos

turísticos, as Cachoeiras de Piancó, Véu de Noiva, Serpente, Esplendor do Sol,

Talhadeira e Flores e suas respectivas trilhas serão a base de nossas investigações

e interpretações e serão apresentados e analisadas conforme segue.

Figura 10:

Na Figura 10 estão representadas as trilhas das cachoeiras de Piancó, Véu

de Noiva, Serpente, Esplendor do Sol, Talhadeira e Flores. Serão descritos abaixo,

individualmente, os aspectos interessantes à interpretação da paisagem em cada

uma destas trilhas.

4.1 Cachoeira do Piancó:

A cachoeira do Piancó, a 680

m de altitude, localiza-se na

proximidade da estrada vicinal que

liga o Povoado da Coreia ao Distrito

de Itaitu (Figura 11).

O local denominado “Piancó”

está situado próximo ao contão

geológico entre o Complexo

Itapicuru - Formação Cruz das

Almas (a leste) e o Grupo Jacobina

- Formação Rio do Ouro (a oeste).

A partir do ponto inicial da

trilha, na Fazenda do “velho

Ricardo” (Coordenadas Geográficas

11° 18‟ 50.70” S e 40° 20‟ 14.60”

O), é possível divisar, a leste, os

relevos suaves, de morros

levemente arrredondados, que se

desenvolvem nas rochas

metassedimentares e

metavulcânicas do Complexo

Itapicuru. O contraste entre a

geomorfologia das rochas do

Complexo Itapicuru e Grupo

Jacobina pode ser claramente

Figura 11: Cachoeira do Piancó. Foto: Janine Rocha, 2010.

Figura 12: Vista da trilha para a Cachoeira do Piancó. À direita, elevação suave correspondente a rochas do Complexo itapicuru. Em segundo plano, rampas de colúvio, e, ao fundo, as rochas do Grupo Jacobina. Foto: Janine Rocha, 2010.

percebido nas Figuras 5 e 12. Estes relevos com menos altitude e com encostas de

baixa declividade contrastam fortemente com aqueles das rochas do Grupo

Jacobina, a oeste, que formam as altas elevações da cadeia serrana de Jacobina,

onde a altitude chega a atingir, localmente, 1000 metros ou mais (Figura 12).

O visitante com um olhar geográfico pode verificar estas diferenças de relevo

claramente, e neste ponto, a observação das formas do relevo é fundamental para a

interpretação da paisagem, sendo um dos critérios utilizados por geólogos e outros

cientistas para separar diferentes unidades geológicas e de paisagem. As diferenças

na conformação do relevo, portanto, dão-se devido à diferente resistência ao

intemperismo das rochas do Grupo Jacobina e do Complexo Itapicuru: as últimas,

por conterem maiores volumes de feldspatos e micas são menos resistentes ao

intemperismo, já que estes minerais são mais solúveis em ambiente aquoso.

A trilha que dá acesso à cachoeira, a partir da estrada vicinal, é quase plana,

pois se desenvolve por sobre depósitos coluviais caracterizados pela deposição de

materiais sedimentares provenientes da erosão das cadeias serranas formadas por

quartzitos da Formação Rio do Ouro, a Oeste. Estes materiais coluvionares são

depositados normalmente pela ação das enxurradas e pela gravidade, constituindo

leques que se depositam na base das elevações maiores. Antes de o visitante

chegar à cachoeira do Piancó, estes depósitos de material coluvionar, muitas vezes

denominados de rampas de colúvios, podem amalgamar-se com materiais

depositados basicamente a

partir de quedas de blocos e

de rochas provenientes da

desagregação das serras

pela ação da gravidade.

Estes, quando são passíveis

de identificação, são

denominados de “depósitos

de talus”, e se situam nas

rampas de colúvio, porém

em posição mais próxima às

vertentes com maior

declividade.

Figura 13: Rampas de colúvio com feição de anfiteatro. Foto: Janine Rocha, 2010.

Estes materiais coluvionares ou coluviais têm importante função econômica,

pois, sendo materiais sedimentares, formam relevos menos inclinados, e dão

origem a solos mais espessos, e mais capazes de reter umidade, o que favorece a

utilização para atividades agrícolas e de pastoreio de gado.

No percurso, desde a estrada vicinal até a cachoeira do Piancó, observa-se

que estas rampas de colúvio foram parcialmente erodidas pelas águas das chuvas,

talvez pela ação de enxurradas. Estas ações erosivas formam, nas áreas quase

planas dos colúvios, feições em forma de anfiteatro, onde a erosão retirou parte do

material existente (Figura 13).

O solo formado nessa região está relacionado às áreas onduladas e áreas

suavemente onduladas com declividades que chegam ao máximo a 30º, sendo

classificados segundo Crepani et al, (1996) como Podzólicos Vermelho-amarelos

eutróficos com argila de atividade baixa, horizonte A moderado com textura média e

horizonte B argilosa mais escuro. Este tipo de solo, na classificação mais recente da

EMBRAPA (2003) é classificado como argissolo. É interessante que o turista

científico, neste ponto, possa ter acesso aos critérios de classificação de solos

empregado no Brasil. Entretanto, para isso, seria necessário que se abrisse uma

trincheira ou poço no local, onde fosse possível verificar a existência de variações

de cor e de composição que formam os diferentes perfis de solo.

A vegetação encontrada é bastante diversificada: Floresta Estacional Semi

Decidual Montana a leste (Figura 7, Capítulo 2), junto às áreas de práticas

agropecuárias, e Campos Rupestres a oeste, nas vertentes de alta declividade da

Serra de Jacobina. A mata ciliar do Rio Piancó nas proximidades da cachoeira

encontra-se preservada e possui uma grande diversificação de espécies nativas da

região, mas, existem vários pontos de plantio de pasto. O pesquisador, ao observar

a mata existente, poderá ter sua atenção chamada para a verificação da

estratificação da floresta, principalmente para o fato de que na mesma pode ser

encontrado um estrato formado por gramíneas e briófitas (musgos), o qual tem a

importante função de proteger o solo da erosão causada pelo fluxo das águas

pluviais.

Na cachoeira propriamente dita, pode-se verificar que a mesma é formada por

quartzitos acinzentados a esbranquiçados, descritos como pertencentes ao Grupo

Jacobina - Formação Rio do Ouro (SAMPAIO ET AL., 1998). Estes quartzitos foram

depositados em ambientes fluviais ou de leques aluviais, em uma bacia formada há

pelo menos 1,97 bilhões de anos (SAMPAIO ET AL, 1998). Observa-se que nestes

quartzitos existem fraturamentos com direção N70E, os quais têm alto mergulho

(cerca de 70 graus) para leste. Nestas fraturas corre a água da cachoeira do Piancó,

sendo que as nascentes do riacho que alimenta a mesma localizam-se a oeste, em

altitude maior.

Com base na classificação de trilhas e na definição de capacidade de carga

de Pagani et. Al, (1999), e na definição de Ecoturismo de Lage & Milone (2000), o

fácil acesso à Cachoeira de Piancó a caracteriza como sendo propícia ao

Ecoturismo, liberado a todas as faixas etárias, por se tratar de uma trilha linear de

caminhada leve (com exceção ao trecho rochoso logo abaixo da cachoeira, porém,

há uma trilha lateral que permite ao acesso sem necessariamente “escalar” a

elevação). No rio proveniente da queda d‟água, há partes rasas e fundas, cabendo

ao turista aproveitar no local em que mais se adeque ao seu caso. Há também a

possibilidade de se realizar o turismo de aventura, pois o paredão de rocha permite

práticas esportivas radicais como o rapel. A vista local e durante o percurso é de

grande beleza, fazendo valer a pena a visitação à cachoeira. Quanto à capacidade

de carga, está dentro de um limite tolerável entre dez e quinze pessoas

confortavelmente e mantendo o ambiente protegido.

4.2 Cachoeira Véu de Noiva:

Localizada próximo ao

povoado de Itaitu, a Cachoeira

do Véu de Noiva possui acesso

inicial por uma estrada vicinal

que liga o Distrito de Itaitu às

trilhas das cachoeiras, e depois

possuindo duas trilhas largas

para pedestres de fácil

locomoção, sendo a primeira

com acesso direto à cachoeira e

Figura 14: Cachoeira Véu de Noiva Foto: Janine Rocha, 2010.

a segunda com passagem pela área de camping. A Cachoeira Véu de Noiva é a

mais popular e visitada das cachoeiras da região jacobinense. (Figura 14)

Véu de Noiva é uma área que possui em sua estrutura geológica de

ortoquartzitos quase puros de granulação média de cores branca e cinza,

recristalizados, e endurecidos e quartzitos fucsíticos (esverdeados) com marcas

onduladas (SAMPAIO ET AL., 1998). Na região onde se localiza a cachoeira do Véu

de Noiva, o relevo é tipicamente configurado como cristas e barras alinhadas, às

vezes com topos planos ou abaulados, escarpas abruptas e declividades elevadas

variando em torno de 30 a 60 graus, intercaladas com vales em forma de “V”.

Na foliação da queda d‟água encontramos fraturas nas rochas. Estas

apresentam uma direção norte-sul, mergulhando para leste 60 graus com formação

de grupos de marmitas geológicas, ou seja, fraturas ou diaclases do substrato

rochosos nos quais se formam “buracos” circulares ou elípticos escavados na

rocha, nesse caso, no quartzito, e tem origem no redemoinhar de seixos e blocos

que ali passaram temporariamente aprisionados e movimentados pela força da

energia cinética das águas do rio. Estes sedimentos, ao sofrerem movimentos

circulares devido ao turbilhonamento, exercem uma intensa ação abrasiva, sendo

que eles próprios vão adquirindo uma forma arredondada. Observa-se em vários

trechos que as “marmitas” têm sua formação iniciada nos locais onde as fraturas ou

foliação da rocha são mais pronunciadas, ou seja, nos locais onde a rocha

apresenta descontinuidades físicas. A partir do momento em que se inicia a abrasão

em uma pequena fratura ou descontinuidade, o movimento turbilhonar crescente e

contínuo trata de ampliar as cavidades. (Figura 15)

Figura 15: Fraturas com processo de transformação em marmitas geológicas. Foto: Janine Rocha, 2010.

Assim como na cachoeira de Piancó, a vegetação encontrada nas

proximidades da Cachoeira

Véu de Noiva é bastante

diversificada e mais densa. A

sudeste e na própria cachoeira,

a vegetação predominante é a

Floresta Estacional Semi

Decidual Montana, contendo

palmeiras do tipo babaçu. A

noroeste verificamos Campos

Rupestres e não há nas

proximidades área de práticas

agropecuária. A mata é

preservada e possui uma

grande diversificação de espécies de vegetais e animais. (Figura 16)

A cachoeira Véu de Noiva oferece uma oportunidade ímpar de análise da

paisagem, e de educação ambiental, pois a Floresta Estacional, nas proximidades,

encontra-se extremamente bem preservada.

A floresta estacional é considerada, por força de Lei Federal, parte do Bioma

Mata Atlântica, pois sua formação deu-se pelos mesmos motivos que deram origem

às formações florestais litorâneas do Brasil. Basicamente as duas formas de

vegetação, tanto a floresta estacional quanto a mata atlântica litorânea úmida

devem sua exuberância e diversidade à umidade proveniente dos ventos úmidos do

atlântico, que chegam a atingir a região de Jacobina, especialmente na região de

Itaitu e em toda a vertente oriental da Serra.

Infelizmente a floresta estacional da região de Jacobina, que no século

passado estendia-se desde o sul da cidade de Rui Barbosa até a cidade de Campo

Formoso, constituindo as antigas “Matas do Orobó” está sendo destruída sem que

sequer sua biodiversidade tenha sido adequadamente estudada. Por este motivo,

acredita-se que a trilha do Véu de Noiva deva cumprir um importante papel na

educação ambiental de guias locais e visitantes, já que a floresta está muito

próxima da trilha.

Figura 16: Floresta Estacional Semi Decidual Montana – proximidades da Cachoeira Véu de Noiva. Foto: Janine Rocha.

Véu de Noiva, assim como a Cachoeira de Piancó, é altamente propícia ao

Ecoturismo, e é a mais procurada pelos adeptos dos esportes radicais, mais

especificamente o rapel. A trilha linear e quase sempre de subida pode ser

considerada de leve a semipesada (principalmente se o visitante preferir ir para

parte superior da cachoeira), tornando-se parcialmente inviável para crianças abaixo

de oito anos e para idosos acima de sessenta anos que não possuam um bom

condicionamento físico. A visão dos vales que permeiam o percurso é ainda mais

bonita se apreciadas de cima da cachoeira, e o banho em suas águas é

completamente renovador após uma longa caminhada. A capacidade de carga na

base da cachoeira pode chegar a quinze pessoas (confortavelmente), a fim de evitar

uma degradação maior.

4.3 Cachoeiras do Esplendor do Sol, da Serpente, da Talhadeira

As Cachoeiras da Serpente, do Esplendor do Sol e da Talhadeira possuem

acesso pela mesma malha de trilha a qual a população do distrito de Itaitu denomina

como “trilha das cachoeiras”.

Esse complexo de cachoeiras da “trilha das cachoeiras” é banhado pelo Rio

Itaitu, e está num mesmo vale

cujo talvegue tem alto mergulho,

em formato de “V”, possuindo a

mesma vegetação e formação

geomorfológica da Cachoeira

Véu de Noiva. O que vai

diferenciá-las além da

localização, são os aspectos de

fraturamentos e da foliação da

rochosa, declividade das

encostas, grau de dificuldade de

acesso, capacidade de carga e o

público alvo ao turismo.

Figura 17: Trilha das cachoeiras – Cachoeira Esplendor

do Sol Foto: Janine Rocha.

A vegetação das Cachoeiras do Esplendor do Sol, da Serpente e da

Talhadeira é a Floresta Estacional Semi Decidual Montana, com vegetação rupestre

instalada nos paredões de rocha quartzítica. Quanto à geologia da área estudada, a

mesma localiza-se também no Grupo Jacobina - Formação Rio do Ouro, cuja idade

é considerada neoproterozóica (cerca de 1,9 bilhões de anos) (SAMPAIO ET AL.,

1998).

Durante a passagem nas trilhas ou pelo leito do rio pelo vale, é possível

visualizar os relevos de cristas de serras e barras alinhadas, cobertos por

vegetação de campo rupestre (Figura17).

A Cachoeira da Serpente

(figura 18), a 736m de altitude, é

a primeira da trilha em estudo.

Também composta de rocha

quartzítica com fraturamentos

norte-sul e inclinação de 45

graus, sua foliação está na

direção leste-oeste com

declividade 50 graus. Essa

cachoeira possui uma vegetação

menos densa próximo ao leito do

rio, o que nos possibilita a

identificação das vegetações

Floresta Estacional Semi

Decidual Montana no fundo do vale e Campos Rupestres nas áreas mais elevadas

de alta declividade.

Figura 18: Cachoeira da Serpente Foto: Janine Rocha.

Figura 8: Cachoeira da Talhadeira

Foto: Janine Rocha.

A Cachoeira Esplendor do

Sol (Figura 19), a próxima da

trilha, está a 705m de altitude.

Nesta cachoeira, pode-se

verificar que a rocha quartzítica

possui fraturas de direção NNE-

SSW, paralelas à estruturação

geral da Serra de Jacobina. No

local, pode-se observar em

fraturas sub-horizontais,

ressurgência de água, formando

uma “pingadeira”, ou seja, uma

pequena nascente. Este local é

útil pra fins de educação

científica e ambiental, já que é possível entender o mecanismo de inflitração da

água da chuva, ou seja, a infiltração nas áreas de recarga do aqüífero, sua

acumulação em fraturas, formando um “aqüífero fissural” e sua ressurgência nas

fraturas, formando fontes.

A Cachoeira Talhadeira,

a ultima da trilha, está a 778m

de altitude e com difícil acesso

à parte de cima de sua queda,

pois as rochas quartzíticas, no

local, apresentam forte

densidade de fraturamento, o

que talvez indique ser parte da

área de recarga do aqüífero

que ressurge na “pingadeira”

descrita no parágrafo anterior,

a qual se localiza mais abaixo.

(Figura 20).

A trilha para as cachoeiras da Serpente, Esplendor do Sol e Talhadeira, são

propícias ao turismo de aventura e o Ecoturismo, pois são lineares de grau de

Figura 19: Cachoeira Esplendor do Sol Foto: Janine Rocha.

Figura 20: Cachoeira da Talhadeira Foto: Janine Rocha.

dificuldade classificada de a semipesada a pesada, não sendo indicada para

crianças menores que doze anos e idosos a partir dos cinquenta, a não ser que

possuam um bom preparo físico, principalmente no trecho a partir da Cachoeira da

Serpente, onde é necessário fazer escalada. A partir da Cachoeira da Talhadeira,

não é recomendado a escalada a nenhum visitante, a não ser que esteja

acompanhado de profissionais especializados em escalada e rapel, ou que seja

praticante de tais esportes.

Seguindo-se tais recomendações, a vista do Mirante acima da Cachoeira da

Talhadeira é exuberante, valendo a pena qualquer esforço físico utilizado para

realizar a subida. A capacidade de carga não pode passar de seis pessoas em

nenhuma dessas três cachoeiras, para evitar a degradação das mesmas, pois o

espaço livre para o visitante é pequeno.

4.4 Trilha da Cachoeira das Flores

Já para a Cachoeira das

Flores não há trilha aberta e seu

acesso é feito através do leito do

Rio das Flores (Figura 21). Este

rio, nas proximidades da

Cachoeira Véu de Noiva se junta

ao Rio Itaitu. A trilha para

Cachoeira das Flores é linear,

inicialmente semipesada, não

tanto pelo esforço físico, mas sim

pelo atual estado da trilha, que se

encontra quase que totalmente

fechada pela vegetação. Mais a

frente, (localização geográfica: -

11º19'59,7 -40º30'15,7) próximo à queda d‟água, a trilha é considerada pesada,

uma vez que é necessário fazer escaladas e se arriscar em passagens estreitas

pelas pedras, sendo dificultosa para crianças até doze anos e idosos acima de

Figura 21: Cachoeira das Flores Foto: Janine Rocha.

sessenta sem preparo físico. A capacidade de carga também não pode ultrapassar

seis pessoas, pelo mesmo motivo citado acima na Cachoeira da Talhadeira.

A Cachoeira das Flores está a 694m de altitude, e suas fraturas rochosas

estão na direção norte/sul com inclinação de 60 graus. Sua foliação está na direção

leste/oeste com 48 graus de declividade a Sudeste.

Como pode ser visto na Figura 21, ao contrário das demais trilhas descritas

acima, a trilha da Cachoeira das Flores tem direção N-S, sendo portanto paralela

aos vales N-S da Serra. Neste momento, é útil refletir sobre a hidrografia da Serra

de Jacobina, onde ocorrem padrões de drenagem retangulares, basicamente com

rios de direção N-S (caso do riacho onde se localiza a Cachoeira das Flores) e

riachos de direção E-W, onde se situam as demais cachoeiras.

Este padrão de drenagem retangular reflete a história da incisão dos vales

fluviais na região. Os vales de direção N-S localizam-se preferencialmente em

foliações regionais e em zonas de cisalhamento, as quais se formaram em regime

deformacional dúctil a dúctil-rúptil, durante os movimentos compressionais ocorridos

na região, os quais se deram no neoproterozóico (embora não seja possível datar

estes movimentos, sabe-se que ocorreram em idade pouco mais jovem do que 1,9

bilhões de anos). Já os vales E-W formaram-se em estruturas formadas em regime

rúptil (fraturas), pois não são reconhecidas foliações com esta direção. É possível

que parte destas fraturas tenha sido intrudida por magmas básicos que, ao se

resfriarem, originam rochas máficas, escuras, que se localizam em leitos fluviais e

que podem ser identificadas em vários locais ao longo da Serra de Jacobina.

A trilha da cachoeira das Flores, por ser paralela ao curso fluvial, atravessa

uma área mais úmida, de vegetação ciliar, que apresenta certa diversidade em

relação à floresta estacional, por conter presença de samambaias e plantas

arbustivas de folhas largas em maior quantidade, além da presença de briófitas que

em muitos locais atapetam o solo. Além disso, as árvores têm maior porte tal qual o

da floresta estacional, o que é um elemento diferenciador da paisagem local.

5. DIAGNÓSTICO DAS ATIVIDADES TURÍSTICAS EM ITAITU

Neste capítulo, será apresentada uma análise dos resultados obtidos por

meio de questionários com formulários de estrutura aberta e fechada, realizados

com os visitantes das cachoeiras investigadas neste trabalho, com relação às

cachoeiras mais visitadas, o grau de frequência da visitação, os meios de transporte

utilizados, infraestrutura de turismo, capacidade de carga e sugestões para o

fortalecimento das atividades turísticas na área, bem como a participação do Poder

Público Municipal, por meio da Secretaria de Turismo (mais especificamente a

Coordenação de Turismo), fazendo uma análise sobre a participação do mesmo no

desenvolvimento do turismo em Itaitu. Os questionários foram realizados com 12

pessoas de várias faixas etárias e graus de escolaridade (entre 16 e 50 anos, e

níveis de escolaridade entre primeiro grau incompleto a nível superior incompleto), e

que já visitam a região de Itaitu há pelo menos dois anos, e também com a

coordenadora de turismo Karla Geane A. Leite.

5.1 Cachoeira mais visitada / Grau de frequência da visitação

23%

23%12%

12%

12%

12%6%

Cachoeira Véu de Noiva

Cachoeria do Piancó

Cachoeira da Serpente

Cachoeira Esplendor do Sol

Cachoeira da Talhadeira

Cachoeira das Flores

Outras

GRÁFICO 01: CACHOEIRAS MAIS VISITADAS

Segundo as informações obtidas nas entrevistas, as cachoeiras mais

visitadas são Piancó e Véu de Noiva, seguidas por Serpente, Esplendor do Sol,

Talhadeira e Flores, nesta ordem, e em menor quantidade, as demais cachoeiras da

região. Quanto ao grau de visitação, a maioria dos entrevistados disseram

freqüentar todos os finais de semana (especialmente os que já moram próximos à

região), e os demais, disseram visitar as cachoeiras pelo menos uma vez no mês ou

em finais de semanas alternados.

24%

24%

50%

2%

1 vez no mês

Finais de semana alternados

Todo final de semana

Outro

5.2 Meio de transporte utilizado

GRÁFICO 02: FREQUÊNCIA DE VISITAÇÃO

32%

64%

4%

Ônibus

Veículo próprio

outros

Com base nos questionários realizados, a grande maioria respondeu ir de

veículo próprio, enquanto a menor parte dos entrevistados respondeu utilizar a

ônibus de linha, e inclusive reclamando da ausência de opções de transportes

públicos que os transportem até Itaitu.

5.3 Capacidade de Carga / Infraestrutura de turismo

Aplicação avaliativa da capacidade de carga para as cachoeiras estudadas

ocorre através da análise do nível de uso que uma área pode suportar sem causar

danos ao meio ambiente (PAGANI et al., Torezan, 2002). A capacidade de carga

adequada nas cachoeiras e nas trilhas propicia um maior respeito com o meio

ambiente e, consequentemente, gera sensação de conforto e bem-estar aos

visitantes.

GRÁFICO 03: MEIO DE TRANSPORTE UTILIZADO

15

156

6

6

6

Cachoeria do Piancó

Cachoeria Véu de Noiva

Cachoeira do Piancó

Cachoeira da Serpente

Cachoeira do Esplendor do Sol

Cachoeira das Flores

Para aplicação da avaliação da capacidade de carga observamos e avaliamos

o conforto do turista nas áreas de visitação (ao questionar a partir de quantas

pessoas os turistas se sentiam desconfortáveis), e o que mais os incomodavam

quando o lugar visitado estava “cheio”.

As entrevistas apontam que o bem-estar do turista nas Cachoeiras do Piancó

e Véu de Noiva é de no máximo 15 pessoas, nas Cachoeiras do Esplendor do Sol,

Serpente, Talhadeira e das Flores esse número passa a ser de 6 pessoas,

desconsiderando-se as respostas voltadas para outras cachoeiras, uma vez que não

constituem nosso objeto de pesquisa. Esses números se confirmam quanto às

instalações durante a visitação das paisagens sem o comprometimento de

degradação ambiental através das características geoambientais estudadas

individualmente das cachoeiras e trilhas no capitulo 4.

Um maior número de visitantes, ao mesmo tempo, traria como conseqüência

um aumento do pisoteamento da vegetação adjacente às trilhas, nas quais o espaço

para locomoção é exíguo. O pisoteamento da vegetação poderia trazer como

conseqüência a morte da vegetação, aumentando o potencial erosivo do solo, além

da perda da biodiversidade. Estes efeitos seriam mais danosos na trilha da

GRÁFICO 04: CAPACIDADE DE CARGA –

VISITANTES POR CACHOEIRA.

Cachoeira das Flores, onde a vegetação é mais abundante e onde a trilha

necessariamente passa pela área vegetada.

Nas demais cachoeiras, embora os efeitos danosos à vegetação pudessem

ser considerados menos fortes, pela existência de paredões rochosos na maior parte

das trilhas, existe a possibilidade de ocorrência de acidentes, pois o espaço para

movimentação é diminuto.

Observamos também nas respostas dos entrevistados que eles sentem a

necessidade de profissionais bem preparados (guias) e equipamentos adequados

para a acessibilidade às localidades de difíceis acessos, bem como demonstraram

preocupação com a segurança, por receio de serem assaltados por pessoas de má

fé que se aproveitem dos turistas que costumam levar equipamentos como câmeras

de vídeo e fotográficas para os locais de visitação.

5.4 Acessibilidade ao distrito de Itaitu e às trilhas das cachoeiras

O acesso à vila de Itaitu, ponto de partida para os diversos atrativos naturais

existentes é feito por meio de transporte particular (veículos de superfície – carro,

moto, caminhonete), sendo este o principal meio de acesso à localidade por parte

dos turistas.

O acesso por meio de ônibus é feito pela empresa Hila Transportes, de

Jacobina. Os horários de ida a Itaitu de segunda a sábado, são às 06h30min e

07h30min, retornando uma hora e meia após o horário de partida, e às 15h00min,

retornando apenas no dia seguinte pela manhã. Aos domingos, os ônibus saem às

08h00min e retornam a Jacobina às 17h00min.

Esse meio de transporte é bastante utilizado pelos visitantes, mas é

desagradável para as pessoas que desejam visitar Itaitu, pois, sendo o principal

meio de locomoção dos moradores locais, faz paradas em quase todos os povoados

do distrito (Lagoa do Timbó, Timbó, Coreia, Campestre, Piancó, Itaitu e Muniz),

tornando a viagem cansativa.

Percebemos durante as atividades de pesquisa de campo que as trilhas

possuíam poucas ou quase nenhuma sinalização ou informações pertinentes ao

turista sobre as potencialidades turísticas a serem visitadas, tanto na vila de Itaitu

como nas trilhas que dão acesso às cachoeiras. Quanto à coleta de lixo, somente na

cachoeira Véu de Noiva identificamos recipientes de coleta (não seletivo), e apenas

no começo da trilha para cachoeira.

5.5 Áreas a serem melhoras para fortalecimento do desenvolvimento turístico de Itaitu

A área de saúde no distrito de Itaitu é bastante precária, havendo apenas uma

ambulância para todo o distrito e o atendimento médico acontece esporadicamente,

segundo relatos de moradores.

É também perceptível que a rede hospedeira ainda é muito precária, já que as

pequenas pousadas lá existentes funcionam dentro das próprias residências dos

moradores ou em pequenas casas a serem alugadas, e em áreas de campings

improvisados por eles mesmos ou pelos próprios visitantes.

Percebemos que não há monitoramento das atividades turísticas, as quais, ao

serem feitas de forma desordenada, podem destruir as características originais que

atraem os turistas, aumentando desta forma a degradação, ou fazendo-os desistir de

visitar este distrito.

Com relação à gestão pública do turismo, verificamos na entrevista com a

coordenadora de turismo Karla Geane A. Leite, formada em Administração e

fazendo pós-graduação em Gestão Pública e Gestão de Pessoas, que o Município

de Jacobina não possui uma secretaria específica ao turismo e sim, uma

Coordenação de Turismo subordinada à Secretaria de Planejamento.

Segundo a Sra. Karla, a Coordenação de Turismo tem atuado no

desenvolvimento turístico, com o apoio da Prefeitura Municipal, apenas no que tange

os aspectos de sinalização das trilhas, disponibilização de pessoal para realizar a

limpeza das mesmas e eventos culturais com a ajuda e participação dos moradores

locais. Para Karla, ainda falta o apoio do Governo Estadual e do Governo Federal

para que o desenvolvimento do turismo no distrito de Itaitu seja pleno e rentável.

Analisando profundamente a realidade local, notamos que mesmo com as

contribuições da Coordenação de Turismo, ainda falta muito a ser feito para que o

turismo se estruture de fato. Assim, mesmo havendo uma forte tendência a

implantação do turismo em Jacobina, principalmente o turismo ecológico, não há

uma sistematização das ações políticas para desenvolvê-lo, e não existe uma

proximidade entre os agentes socioeconômicos, o poder público, a iniciativa privada,

a sociedade civil organizada.

12%7%

35%

46%

Rede hospedeira

Monitoramento das ativisdades turisticas

Saúde

Gestão pública

GRÁFICO 05: ÁREAS A SEREM MELHORADAS PARA

FORTALECIMENTO DO DESENVOLVIMENTO

TURÍSTICO DE ITAITU

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O município de Jacobina é reconhecido pelo governo Estadual como uma das

localidades com grande potencial de desenvolvimento às atividades turísticas,

sobretudo, as que estão relacionadas com os recursos naturais.

O Distrito de Itaitu é dentre as demais localidades do Munícipio de Jacobina, a

região que possui um maior número de atrativos turísticos naturais (riachos, poços,

rios, cachoeiras, mirantes, florestas bastante preservadas) os quais seriam de

grande interesse para o turismo.

Desta forma, ao trabalharmos com as trilhas interpretativas investigamos,

analisamos e propomos neste trabalho uma forma de interação homem-natureza

para a participação da comunidade jacobinense no desenvolvimento das atividades

turísticas, num esforço para a construção de uma economia sustentável de

desenvolvimento local, diferenciando-se da herança da degradação ambiental

oriunda da extração aurífera que marca a história deste município.

Este trabalho demostra também a importância para a orientação e

organização de futura gestão à prática turística valorando seu uso a luz da

conservação ambiental, uma vez que os gestores públicos, a iniciativa privada e a

sociedade civil organizada terão a oportunidade de aumentar seus conhecimentos

teóricos e práticos sobre o município, e formas de usar essa sabedoria a favor do

desenvolvimento econômico local.

As trilhas interpretativas poderiam ser mais bem utilizadas pelas escolas do

município de Jacobina, para que os alunos tivessem a possibilidade de entender a

paisagem através da observação das diversas interações entre o clima, a geologia,

os solos, a vegetação, a geomorfologia e a hidrografia, bem como a importância da

preservação ambiental.

Devido às especificidades do ambiente local, torna-se também necessário

que o turismo seja realizado somente com a orientação de guias, especialmente nas

trilhas das Cachoeiras da Talhadeira, Serpente, Esplendor do Sol e das Flores,

sendo sugerido que estas trilhas sejam percorridas dois guias para um grupo de 7

pessoas, visto que exige-se mais atenção com a segurança visitante.

Desta forma, o distrito de Itaitu pode ser suporte para construção de novas

etapas, a saber: indicação e planejamento de mapeamento detalhado de áreas

geoturísticas; elaboração de técnicas de interpretação para contato direto com os

usuários dos espaços de visitação geoturística e mesmo o desenvolvimento da

atividade turística no município de Jacobina. Assim, este projeto poderá contribuir

cientificamente, socialmente e geograficamente com a população jacobinense.

Sugere-se, colocar placas de sinalização tanto nas estradas vicinais, quanto

para conduzir os visitantes pelas trilhas de acesso às cachoeiras.

Também deve ser instaladas lixeiras, por toda a trilha, além de sempre se

solicitar aos visitantes que recolham os seus próprios lixos em suas sacolas

individuais.

Por fim, sugerem-se abaixo algumas medidas que poderiam vir a contribuir

para a melhoria do turismo em Itaitu. São elas:

Elaboração de um projeto de monitoramento de visitação e das

características biofísicas das trilhas, com o objetivo de diminuir os

impactos negativos causados pelas atividades de visitação e promover

sustentabilidade ambiental da área visitada;

Implantação de itens de suporte (posto de informações, posto

telefônico, lista telefônicas, posto de atendimentos de primeiros

socorros etc.) ao visitante no distrito de Itaitu;

Implantação de uma Brigada de Incêndio;

Capacitação e contratação de pessoal qualificado, preferencialmente

membros da comunidade local, para trabalhar no distrito de Itaitu como

técnicos ambientais e guias;

Estabelecimento de parcerias com Universidades e disponibilização de

alojamento para que os alunos e pesquisadores possam ficar períodos

maiores para debruçarem-se em pesquisa científica.

Instalação de placas informativas indicando lixeiras, área de camping

etc.;

Instalação de placas informativas proibindo o uso de cigarro.

Portanto, concluímos que iniciativas como esta colaboram para a formação de

profissionais comprometidos com a sustentabilidade socioambiental da comunidade

jacobinense.

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SÁ, Verusa Pinho de. Do Coração de Jacobina: relatos e retratos de Itaitu.184 p.

Trabalho de conclusão de curso (Graduação) – curso de Comunicação Social com

habilitação em Jornalismo. Universidade do Estado da Bahia, Campus III, Juazeiro,

2009.

SAMPAIO, Antônio Rabêlo (Org.). Jacobina, folha SC.24-Y-C: estado da Bahia.

Brasília: CPRM, 1998. 77 p. il. + 2 mapas. Escala 1:250.000. Programa

Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil – PLGB.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo: razão e emoção. 4. ed.,

2. reimpr. São Paulo: EDUSP, 2006, 384p.

_____________. Metamorfoses do espaço habitado: fundamentos teóricos e

metodológicos da geografia. 2. ed São Paulo: Hucitec, 1991. 124 p.

SOTCHAVA, V. B. Introducción a la teoria de los geosistemas. Novo Sibirsk:

Nauka, 1962. 318 p.

SWARBROOKE, Jonh. Turismo Sustentável: conceitos e impactos ambientais.

Tradução Margarete Dias Pulido. Vol 1. São Paulo: Aleph, 2000.

URRY, John. O Olhar do Turista: lazer e viagens nas sociedades contemporâneas.

Tradução Carlos Eugênio Marcondes de Moura. 2 ed. São Paulo: Studio Nobel:

SESC, 1999.

VELOSO, H. P.; RANGE;. F. A. L. R.; Lima, J.C. A. Classificação da vegetação

brasileira, adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: IBGE, Departamento

de Recursos Naturais e Estudos Ambientais. 1991, 123

ANEXO 1

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – CAMPUS IV

COLEGIADO DE GEOGRAFIA

Professor Orientador: Paulo César Dávila Fernandes

Discentes pesquisadores: Adeílton dos Santos e Janine Rocha

Pesquisa: Ecoturismo no distrito de Itaitu, Jacobina – BA: uma abordagem

interpretativa das trilhas das Cachoeiras do Piancó, Véu de Noiva, Serpente,

Esplendor, Talhadeira e das Flores.

Questionário n° 01 Visitantes

1. Identificação: Nome: Sexo: ( ) Masc ( ) Fem Cidade: Endereço: Faixa Etária: ( ) menos de 18 ( ) 18 a 25 anos ( ) 25 a 35 anos ( ) 35 a 45 anos ( ) Acima de 45 anos Profissão: Escolaridade: ( ) Analfabeto ( ) Alfabetizado ( ) 1° grau incompleto ( ) 1° grau completo ( ) 2° grau incompleto ( ) 2° grau completo ( ) Superior incompleto ( ) Superior completo 1. Há quanto tempo você visita as cachoeiras de Itaitú?

2. Qual delas você mais visita?

3. Com quantas pessoas você costuma ir? ( ) Com 1 ou duas pessoas ( ) Com 3 ou 4 pessoas ( ) Acima de 4 pessoas 4. Com que freqüência você visita as cachoeiras? ( ) 1 vez no mês ( ) Finais de semana alternados ( ) Todo final de semana ( ) Outro ___________________________ 5. Que meio de transporte costuma utilizar para chegar até lá? ( ) Ônibus de linha ( ) Veículo próprio ( ) Outros ___________________________ 6. Você costuma utilizar o serviço dos guias turísticos locais? ( ) Sim ( ) Não ( ) Outro ____________________________ 7. Em sua opinião, e com base na cachoeira em que você mais freqüenta, a partir

de quantas pessoas você considera o local incômodo ou desconfortável por conta do excesso de pessoas?

8. Com base em sua resposta anterior, o que mais te incomoda ao chegar à uma

cachoeira e ela possui um número excessivo de pessoas?

9. Qual sugestão você daria para melhorar a visitação às cachoeiras, a fim de tornar possível o desenvolvimento do turismo no distrito de Itaitu?

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – CAMPUS IV

COLEGIADO DE GEOGRAFIA

Professor Orientador: Paulo César Dávila Fernandes

Discentes pesquisadores: Adeílton dos Santos e Janine Rocha

Pesquisa: Ecoturismo no distrito de Itaitu, Jacobina – BA: uma abordagem

interpretativa das trilhas das Cachoeiras do Piancó, Véu de Noiva, Serpente,

Esplendor, Talhadeira e das Flores.

Questionário n° 02 Coordenação de Turismo

1. Identificação:

Nome:

2. Sexo: ( ) Masc. ( ) Fem.

3. Escolaridade: ( ) Analfabeto ( ) Alfabetizado ( ) 1° grau incompleto ( ) 1° grau completo ( ) 2° grau incompleto ( ) 2° grau completo ( ) Superior incompleto ( ) Superior completo

4. Caso tenha nível superior? Qual curso?

5. Como a secretaria de turismo tem atuado em relação às questões turísticas do município de Jacobina, mais precisamente no distrito de Itaitu?

6. Existe algum projeto de desenvolvimento do turismo em Itaitu por meio da parceria entre Secretaria Municipal e Estadual de Turismo?

( )sim

Qual:

( )não

7. A secretaria de meio turismo promove alguma atividade de sensibilização

ambiental com os moradores do distrito?

8. ( ) Sim ( ) Não Justificativa/Comentários:

9. E quanto ao treinamento dos guias turísticos: existe algum curso de capacitação aos guias turísticos? Eles são de Jacobina ou do próprio distrito de Itaitu? Se houver um treinamento, de que forma são preparados?

10. Em sua gestão, quais benefícios a secretaria conseguiu fazer em relação às questões turísticas de Itaitu?

11. O que é necessário para se estabelecerem políticas mais eficazes sobre as questões turísticas?

12. A secretaria tem apoio e a aceitação dos moradores locais?

13. O senhor tem conhecimento de quando se iniciou o processo de visitação às cachoeiras de Itaitu?

( )Sim

( ) Não

Justificativa:

14. Qual a posição da Prefeitura de Jacobina com relação ao turismo no município de Jacobina, mais precisamente ao distrito de Itaitu?