ecoturismo - meio ambiente

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO THEODORO LASKOSKI ECOTURISMO MEIO AMBIENTE CURITIBA OUTUBRO 2006

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Page 1: Ecoturismo - Meio Ambiente

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

GUSTAVO THEODORO LASKOSKI

ECOTURISMO MEIO AMBIENTE

CURITIBA

OUTUBRO 2006

Page 2: Ecoturismo - Meio Ambiente

GUSTAVO THEODORO LASKOSKI

ECOTURISMO MEIO AMBIENTE

Trabalho referente à disciplina de Meio Ambiente do Curso Superior de Tecnologia em Eletrônica do 7º período da Universidade Tecnológica Federal do Paraná e realizado pelo aluno Gustavo Theodoro Laskoski. Orientado pelo profº Carlos Eduardo Fortes.

CURITIBA

OUTUBRO 2006

Page 3: Ecoturismo - Meio Ambiente

RESUMO

O ecoturismo é uma atividade extremamente lucrativa no regime econômico

contemporâneo, resultando em um elevado crescimento desse setor nos últimos. O

sistema capitalista não utiliza os princípios do desenvolvimento sustentável e tem

provocado a degradação de vários ambientes. Apesar das adversidades existentes entre

o regime capitalista e o desenvolvimento sustentável; existe uma relação de

interdependência entre esses dois conceitos, pois o ecoturismo utiliza o ambiente como

matéria-prima e depende do mesmo para a continuidade dessa atividade.

Nesse trabalho serão apresentados os conceitos sobre o ecoturismo e a relação

existente com o capitalismo, desenvolvimento sustentável e turismo sustentável. Será

descrito a relação entre existente entre turismo e ecoturismo. Também serão

apresentados diversos conceitos e definições de ecoturismo e seus princípios básicos.

Page 4: Ecoturismo - Meio Ambiente

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................

2 ECOTURISMO ..............................................................................................

2.1 Definições de ecoturismo .............................................................................

2.2 Princípios do Ecoturismo .............................................................................

2.3 Desenvolvimento Sustentável e o Ecoturismo .............................................

2.4 Tipos de Ecoturismo .....................................................................................

2.5 Políticas de Ecoturismo ................................................................................

2.6 Organizações turísticas e Ecoturismo ...........................................................

2.7 Vantagens do ecoturismo ..............................................................................

2.8 Ecoturismo no mundo ...................................................................................

2.9 Ecoturismo no Brasil ....................................................................................

3 CONCLUSÃO ................................................................................................

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................

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Page 5: Ecoturismo - Meio Ambiente

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1 INTRODUÇÃO

O inicio das atividades de turismo ecológico começou a ser caracterizado com a

criação do Parque Nacional de Yellowstone nos Estados Unidos da América em 1872. De

acordo com Lindberg e Hawkins (1999, p. 15), os visitantes que chegaram nos parques de

Yellowstone e Yosemite foram os primeiros ecoturistas. Entretanto, o aumento das

atividades de turismo ecológico tem provocado impactos negativos em diversos

ecossistemas devido a falta de controle dessas atividades.

O termo ecoturismo começou a ser discutido por volta de 1960, para explicar o

relacionamento entre os turistas, meio ambiente e as culturas existentes nessa interação.

Hetzer (1965) e Fennell (2002) identificaram quatro características fundamentais a serem

seguidas pelo ecoturismo: (1) impacto ambiental mínimo, (2) impacto mínimo às culturas

anfitriãs, (3) máximo benefício econômico para as comunidades anfitriãs e (4) satisfação

máxima para os turistas participantes. Em 1987 o relatório de Brundtland fez um balanço

do desenvolvimento mundial, para propor algumas estratégias ambientais que visam

desenvolver o desenvolvimento sustentável a longo prazo. Entre as principais citações do

relatório de Brundtland, foram propostas algumas estratégias de desenvolvimento

sustentável nas atividades de ecoturismo, sendo chamado também de turismo sustentável.

Em 2000, na Mohonk Mountain House em New Paltz nos Estados Unidos, participantes

de 20 países discutiram os princípios e componentes que viriam a fazer parte de um

programa de certificação para a atividade de ecoturismo. Em, Quebec no Canadá, após as

reuniões e discussões da cúpula de especialistas em ecoturismo, representados pelos mais

diversos grupos e com apoio da Comissão Canadense de Turismo é aprovado um

documento chamado de Carta de Quebec, documento que estabelece recomendações para

a implantação do Ecoturismo no contexto do desenvolvimento sustentável. (INSTITUTO

ECOBRASIL, 2004).

No ano de 2002 foi declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU) através

do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (UNEP) e com apoio da Organização

Mundial do (WTO) como Ano Internacional do Ecoturismo.

Page 6: Ecoturismo - Meio Ambiente

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2 ECOTURISMO

De acordo com a Organização Mundial de Turismo, a atividade turística

movimenta mais de US$ 3,5 trilhões anualmente, sendo considerado por vários órgãos de

pesquisa como um dos ramos de atividade que mais cresce no mundo, calculando-se que

mais de 180 milhões de pessoas vivem direta ou indiretamente dessa atividade. Por isso, o

turismo passou a segmentar-se em áreas diferentes de atuação, surgindo várias

modalidades como: turismo cultural, turismo religioso, turismo esportivo, turismo

infantil, turismo da terceira idade, turismo ecológico ou ecoturismo. Na figura 1 é

apresentado uma figura da tipologia de Mieczkowski. A primeira categoria é o turismo

em massa convencional. A segunda categoria é o turismo alternativo, sendo divido em

diversos tipos para atender um público de menor quantidade com um interesse específico.

FIGURA 1 – TIPOLOGIA DE MIECZKOWSKI

De acordo com a tipologia de Mieczkowski (figura 1), o ecoturismo é formado

pela sobreposição dos conceitos de turismo cultural e agroturismo. Entrentado o turismo

cultural e agroturismo também estão relacionados com outras formas de turismo. Portanto

o ecoturismo pode ser alternativo, pois essa atividade apresentada aspectos culturais,

educacionais, de aventura e de agroturismo.

Page 7: Ecoturismo - Meio Ambiente

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A Organização Mundial do Turismo (OMT) estima que 10% dos turistas em todo o

mundo tenham como demanda o turismo ecológico. A World Travel & Tourism Council

(WTTC) estima que o ecoturismo representa de 5 a 8% do turismo mundial, ou seja, o

ecoturismo movimenta aproximadamente de US$ 170 bilhões a US$ 272 bilhões.

2.1 Definições de ecoturismo

O conceito de ecoturismo e a sua origem têm apresentado diversas explicações,

que são frequentemente questionadas ou redefinidas. Laarman e Durst1, em sua antiga

referência ao ecoturismo, definiram em o ecoturismo como um turismo na natureza no

qual o “viajante” é atraído a um destino por causa de seu interesse em um ou mais

aspectos da história natural desse destino, combinando educação, recreação e aventura.

Em 1993, Laarman e Durst identificaram uma diferença conceitual entre o ecoturismo e

turismo na natureza e estabeleceram um escopo mais estreito e outro mais amplo para

essa definição. O conceito mais estreito descreve a atividade de pessoas que promovem

atividades turísticas orientadas à natureza. No conceito mais amplo, aplica-se o turismo

que utiliza recursos naturais, focalizando ambientes relativamente intocados como:

reservas selvagens, parques e habitantes protegidos.

Lindberg e Hawkins2 definiram ecoturismo com a seguinte citação: “é satisfazer o desejo

que temos de estar em contato com a natureza, é explorar o potencial turístico visando a

conservação e desenvolvimento, é evitar o impacto negativo sobre a ecologia, a cultura e

a estética”. Muitos autores afirmam que a relação existente entre o ser humano e natureza

resulta em impactos negativos ao meio ambiente. Portanto, o ecoturismo deve ser

caracterizado como uma atividade de turismo com a finalidade de conservar e

desenvolver o meio ambiente utilizado na atividade. Considerando essa variedade

conceitual, o importante é extrair componentes que se repetem em várias conceituações.

Enfatizando os conceitos de desenvolvimento sustentável e responsabilidade social.

1 LAARMAN, DURST citado na obra de FENNELL, David A. Ecoturismo uma introdução. São Paulo. (2002) 2 LINDBERG, Kreg; HAWKINS, Donald. Ecoturismo: um guia para planejamento e gestão. São Paulo (1999).

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Neste sentido, o Grupo de Trabalho Interministerial em Ecoturismo, formado pelo

Ministério da Indústria, Comércio e Turismo, Ministério do Meio Ambiente e da

Amazônia Legal, EMBRATUR, IBAMA3, chegou a seguinte definição:

Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas. (DIRETRIZES PARA UMA POLÍTICA NACIONAL DE ECOTURISMO, MARÇO DE 1995).

Para a consecução dos objetivos básicos foram identificadas diversas ações, cada

uma com estratégia própria de execução, que integradas, resultaram num elenco de

realizações prioritárias, cuja responsabilidade de implantação alcança diversos setores

governamentais e o segmento do setor privado voltado ao ecoturismo, entre as diversas

ações, pode-se citar:

Regulamentação do Ecoturismo: dotar o segmento de ecoturismo de estrutura legal

própria, harmonizada com as esferas federal, estadual e municipal, e de critérios e

parâmetros adequados.

Fortalecimento e Interação Interinstitucional: promover a articulação e o intercâmbio de

informações e de experiências entre os órgãos governamentais e entidades do setor

privado.

Formação e Capacitação de Recursos Humanos: fomentar a formação e a capacitação de

pessoal para o desempenho de diversas funções pertinentes à atividade de ecoturismo.

Controle de Qualidade do Produto Ecoturístico: promover o desenvolvimento de

metodologias, modelos e sistemas para acompanhamento, avaliação e aperfeiçoamento

da atividade de ecoturismo, abrangendo o setor público e privado. 3 ZACCHI, Giancarlo P. TURISMO ECOLÓGICO E ECOTURISMO (pág. 11)

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Gerenciamento de Informações: realizar o levantamento de informações, a nível nacional

e internacional, visando a formação de um banco de dados e a obtenção de indicadores

para o desenvolvimento do ecoturismo.

Implantação e Adequação de Infra-Estrutura: promover o desenvolvimento de tecnologias

e a implantação de infra-estrutura nos destinos ecoturísticos prioritários.

Conscientização e Informação do Turista: divulgar aos turistas atividades inerentes ao

produto ecoturístico e orientar a conduta adequada nas áreas visitadas.

Participação Comunitária: buscar o engajamento das comunidades localizadas em

destinos ecoturísticos, potenciais e existentes estimulando-as a identificar no ecoturismo

uma alternativa econômica viável.

A Sociedade Internacional de Ecoturismo (TIES) definiu ecoturismo como:

“viagens responsáveis para áreas naturais que promovem a conservação ambiental e a

melhoria da qualidade de vida de comunidades locais”. A TIES tem a finalidade de

promover e participar de atividades ecoturísticas, obedecendo aos seguintes princípios:

-

-

-

-

-

Minimizar impactos negativos;

Apoiar internacionalmente os direitos humanos e trabalhistas;

Promover o respeito e a consciência ambiental e cultural;

Proporcionar experiências construtivas para visitantes e anfitriões;

Proporcionar benefícios econômicos para a conservação;

2.2 Princípios do Ecoturismo

Os princípios do Ecoturismo são descritos na figura 2.

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1. Usar os recursos de forma sustentável A conservação e o uso sustentável dos recursos – naturais, sociais e culturais – é crucial, e garante os negócios a longo prazo.

2. Reduzir o consumo exagerado e o desperdício A redução do consumo exagerado e do desperdício evita o custo da recuperação do meio ambiente, danificado ao longo do tempo, e contribui para a boa qualidade do turismo.

3. Manter a diversidade Manter e promover a diversidade natural, social e cultural é essencial para o turismo sustentável de longo prazo, e cria uma base resistente para a indústria do turismo.

4. Integrar o turismo ao planejamento O empreendimento turístico integrado num contexto de planejamento estratégico, nacional e local, e submetido aos Estudos de Impacto Ambientais aumenta a viabilidade em longo prazo do turismo.

5. Apoiar as economias locais O turismo que apóia uma ampla série de atividades econômicas locais e que leva em conta os custos/valores ambientais protege essas economias e evita danos ao meio ambiente.

6. Envolver as comunidades locais O envolvimento total das comunidades locais no setor do turismo não só traz benefícios a elas e ao meio ambiente em geral, mas também melhora a qualidade da experiência do turismo.

7. Consultar os investidores e o público As consultas a investidores, comunidades locais, organizações e instituições são essenciais se todos quiserem trabalhar junto e conciliar interesses potencialmente conflitantes.

8. Treinar equipes O treinamento de equipes que integram o turismo sustentável, além do recrutamento de pessoal local em todos os níveis melhora a qualidade do produto do turismo.

9. Fazer o marketing O marketing que fornece informações completas e responsáveis aumenta o respeito dos turistas pelo meio ambiente natural, social e cultural das áreas de destino, e aumenta a satisfação dos clientes.

10. Realizar pesquisas A pesquisa continua e o monitoramento pela indústria do turismo, coletando e analisando dados, é essencial para a resolução de problemas, além de trazer benefícios às localidades de destino, à indústria do turismo e a seus consumidores.

Fonte: Tourismo Concern (1992)4

4 Retirado de RODRIGUES, Oyama. MODELO DE ECOTURISMO COMPETITIVO. (Pág 117).

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2.3 Desenvolvimento Sustentável e o Ecoturismo

Com o surgimento de estudos dos impactos negativos causados pelo crescimento

econômico desordenado para a sociedade e o meio ambiente, aumentam as preocupações

entre as nações sobre o destino do planeta. Assim, a primeira grande conferência realizada

em nível global pela Organização das Nações Unidas (ONU) ocorreu na cidade de

Estocolmo, na Suécia, no ano de 1972, abordando questões a respeito dos principais

problemas ambientais, entre eles: crescimento populacional e o crescimento versus

desenvolvimento; também foi criado o Programa das Nações Unidas para o Meio

Ambiente (PNUMA).

Em 1983, a Assembléia das Nações Unidas encomendou um relatório à comissão

Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, presidida pela Primeira Ministra da

Noruega, Sra. Brundtland. Sua equipe era composta de 22 autoridades internacionais -

ministros de estado, cientistas e diplomatas. Esse relatório foi publicado em abril de 1987

e vem difundindo o conceito de desenvolvimento sustentável, servindo como eixo central

de pesquisas realizadas por organismos multilaterais e mesmo por grandes empresas. O

relatório de Brundtland define desenvolvimento sustentável como: “atividade que

responde às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras

de responder às suas necessidades”.

O conceito desenvolvimento sustentável, no informe em questão, tem três vertentes

principais:

-

-

-

Crescimento econômico;

Eqüidade social;

Equilíbrio ecológico;

Na figura 3 é apresentando o diagrama do modelo de desenvolvimento sustentável,

sendo formado pela intersecção de três conjuntos principais, são eles: desenvolvimento

econômico, comunitário e ecológico. De acordo com a figura 3, para estimular o

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desenvolvimento econômico é necessário maximizar o lucro, reduzir custo e promover a

expansão de mercados. Para o desenvolvimento comunitário é necessário atender as

necessidades humanas básicas, auto suficiência do local e participação e responsabilidade

social. Para o desenvolvimento ecológico é necessário respeitar a capacidade de suporte

do lugar, conservar e reciclar recursos e reduzir desperdícios. Contudo, para gerar o

desenvolvimento sustentável é necessário manter certo equilíbrio entre o desenvolvimento

econômico, comunitário e ecológico. Um sistema com desenvolvimento econômico e

ecológico, forma o conservacionismo, pois não haverá o desenvolvimento da comunidade

e de tecnologias, que resultará em um sistema único.

No regime contemporâneo, o desenvolvimento econômico controla os outros

conjuntos, portanto as tecnologias e desenvolvimento comunitário e ecológico atendem

apenas um conjunto, resultanto em um sistema não sustentável.

FIGURA 3 – DIAGRAMA DO MODELO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

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Como o ecoturismo depende de uma atividade com desenvolvimento sustentável,

pode-se afirmar que existe a necessidade de encontrar a intersecção entre o

desenvolvimento econômico, ecológico e comunitário nessa atividade.

2.4 Tipos de Ecoturismo

Na tabela 1, são apresentados os tipos de atividades ecoturísticas existentes

(PIRES, 1998)5.

Tipos de Ecoturismo Atividades Ecoturísticas

Ecoturismo Científico

Estudos e Pesquisas Científicas em botânica, arqueologia, paleontologia, geologia, zoologia, biologia, ecologia, etc.

Ecoturismo Educativo

Observação da vida selvagem (fauna e flora), interpretação da natureza, orientação geográfica, observação astronômica.

Ecoturismo Lúdico e Recreativo

Caminhadas, acampamentos, contemplação da paisagem, banhos e mergulhos, jogos e brincadeiras.

Ecoturismo de Aventura

Montanhismo, expedições, contatos com culturas remotas, etc.

Ecoturismo Esportivo

Escalada, canoagem, “rafting”, bóia cross, rapel, “surf”, vôo livre, balonismo, etc.

Ecoturismo Étnico

Contatos e integração cultural com populações que vivem em localidades remotas em estreita relação com a natureza.

Ecoturismo Naturista

Prática do “Nudismo” ao ar livre junto à natureza.

Algumas atividades descritas na tabela 1 estão diretamente relacionadas com

outras classificações. Por exemplo, a atividade de observação astronômica, além de ser

ecoturismo educativo, pode ser ecoturismo científico. Assim como Montanhismo pode ser

tanto de caráter de Aventura como Esportivo. Além disso, essas atividades podem ser

inseridas em outros tipos de turismo, tais como: cultural e aventura.

5 Retirado de RODRIGUES, Oyama. MODELO DE ECOTURISMO COMPETITIVO. (Pág 125).

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Fenell6 descreve essa relação de mutação existente entre algumas atividades de

turismo de acordo com a figura 3.

FIGURA 3 – RELAÇÃO EXISTENTE ENTRE ALGUMAS ATIVIDADES DE TURISMO

De acordo com a figura 3, algumas atividades de turismo são classificadas em um

grupo central denominado de ACE (aventura, cultura e ecoturismo), podendo ser inserido

num contexto isolado dependendo da aplicação.

2.5 Políticas de Ecoturismo

As políticas de turismo e de ecoturismo englobam um amplo espectro de

preocupações ligadas à implantação de programas de turismo em todo o mundo, incluindo

os relacionamentos sociais, ecológicos e econômicos, e a forma como o turismo afeta ou é

afetado pelos turistas, pela população local e pelo governo. Dye7 em 1992, afirmou que

política pública pode ser analisada por três importantes razões, são elas:

6 Idem ao 4. (Pág 126). 7 Idem ao 4. (Pág. 132).

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1) As políticas públicas podem ser estudadas para se compreender as causas e

conseqüências das decisões políticas e melhorar o conhecimento sobre a sociedade.

Nesse caso, a política pública pode ser encarada como uma variável dependente ou

independente. Se a política é encarada como uma variável dependente, a questão

crítica torna-se “que características socioeconômicas [ou forças ambientais] e do

sistema político atuam para moldar o conteúdo da política”.

2) As políticas públicas também podem ser analisadas por motivos profissionais a fim

de compreender causas e conseqüências. Assim, podemos buscar soluções para

problemas práticos referentes ao turismo e introduzir esse conhecimento no

processo político.

3) As políticas públicas podem ser analisadas por motivos políticos para assegurar

que as políticas certas sejam adotadas a fim de alcançar as metas adequadas. Essas

questões refletem o jogo de interesses e valores que influenciam e definem, o

planejamento turístico e os processos políticos.

O turismo tornou-se parte integrante da máquina de muitos governos. Entretanto,

existe um crescente ceticismo quanto à eficiência do governo e as conseqüências e

impactos de grande parte da política governamental com respeito ao turismo.

2.6 Organizações turísticas e Ecoturismo

Ao direcionar-se o estudo organizacional para a atividade turística, pode-se

identificar um grande número de organizações que interagem entre si e que possuem uma

grande responsabilidade para com o bem-estar da sociedade, formando segmentos

conhecidos por trade turístico. (MAIA8).

8 MAIA, Andrei Giovani. SUSTENTABILIDADE E ECOTURISMO, Pág 67. (2005)

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O trade turístico são operadores, agentes, agências, promotores, orgãos da área

governamental e ONGs, que interagem com um sistema econômico maior, formado por

outros agentes econômicos, sendo diretamentes responsáveis pela atividade promovida.

2.7 Vantagens do Ecoturismo

Se a atividade ecoturística for praticada corretamente, têm-se os seguintes

benefícios:

- O ecoturismo estimula a compreensão dos impactos do turismo sobre o meio

natural, cultural e humano.

- O ecoturismo assegura uma distribuição justa dos benefícios e custos.

- O ecoturismo gera emprego local, tanto diretamente no setor de turismo, como em

diversos setores da administração de apoio e de recursos.

- O ecoturismo estimula as indústrias locais rentáveis – hotéis e outras instalações de

alojamento, restaurantes e outros serviços de alimentação, sistemas de transporte,

produção de artesanato e serviços de guia.

- O ecoturismo diversifica a economia local, particularmente nas áreas rurais, onde o

emprego agrícola pode ser esporádico ou insuficiente.

- O ecoturismo incorpora o planejamento, assegurando o desenvolvimento turístico

apropriado para a capacidade de sustentação do ecossistema.

- O ecoturismo estimula a melhoria do transporte, da comunicação e de outros

elementos da infra-estrutura comunitária local.

- O ecoturismo cria instalações recreativas que podem ser usadas pelas comunidades

locais, pelos visitantes domésticos e internacionais.

- O ecoturismo demonstra a importância dos recursos naturais e culturais para o

bem-estar econômico e social da comunidade, podendo ajudar a preserválos.

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2.8 Ecoturismo no mundo

A Organização Mundial do Turismo (OMT) estima que 10% dos turistas em todo o

mundo tenham como demanda destinos ecológicos. A World Travel & Tourism Council

(WTTC) prevê que o ecoturismo represente, atualmente, de 5 a 8% do turismo mundial.

Alguns dos principais destinos de ecoturismo, no mundo, são apresentados abaixo:

Quênia - desenvolveu um modelo de valoração sobre a atração turística dos animais do

Parque Nacional Amboseli;

Ruanda - o Parque Nacional dos Volcans, cuja atração principal são os gorilas;

Estados Unidos – nos parques nacionais, cerca de 30% dos visitantes são americanos,

que viajam com a finalidade de observar e fotografar a fauna;

Costa Rica - pequeno país da América Central, com território pouco maior que o do

Estado do Espírito Santo, recebe mais de 260 mil ecoturistas por ano2, faturando cerca de

US$ 600 milhões3, com essa modalidade de turismo; (GAZETA MERCANTIL, 1998).

Peru - maior concorrente do Brasil, na disputa pelo mercado de ecoturistas. Possui boa

infra-estrutura, confortáveis hotéis de selva, parques administrados por pessoal bem

treinado, ingressos com custos reduzidos, e tarifas aéreas também baratas, situação esta

radicalmente oposta à do Brasil. (GAZETA MERCANTIL, 1998).

2.9 Ecoturismo no Brasil

No Brasil, pressupõe-se que o ecoturismo alcance meio milhão de turistas, por ano.

No Amazonas, Estado que se destacam como pólo de ecoturismo, os turistas estrangeiros

ainda são predominantes. Entretanto, calcula-se que a participação do turista nacional, na

região, antes em torno de 10% do total, tenha triplicado, nos três últimos anos. No

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Pantanal, outro pólo de ecoturismo, estima-se que o número de visitantes brasileiros esteja

em torno de 50% do total de turistas.

No estado do Paraná, são vários os atrativos que fazem com que turistas do mundo

todo desejem conhecer as belezas naturais, são 199,554Km² de paisagens desde o litoral

paranaense até Foz do Iguaçu. Entre os principais pontos turísticos, pode-se citar:

Serra do Mar: considerada Reserva da Biosfera desde 1993, graças à preservação da fauna

e da flora local, apresenta paisagens tropicais. Caminhos como o do Itupava, Morros

como o Anhangava e Pico Marumbi.

Estrada da Graciosa: concluída em 1873, a Estrada da Graciosa liga Curitiba a Antonina e

Morretes, por entre a Serra do Mar.

Estrada de Ferro Curitiba – Paranaguá: liga Curitiba a Paranaguá desde 1880, num trecho

de 110 quilômetros sobre trilhos centenários. Construída na época do Império, corta a

Serra do Mar, passando por precipícios de 1010 metros de altura.

Além disso, existem diversos pontos turísticos em Ponta Grossa, Foz do Iguaçu,

Curitiba e no Litoral com atividades de ecoturismo e outros tipos de atividades, tais

como: turismo cultural, aventura, etc.

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3 CONCLUSÃO

Nesse trabalho foram apresentados aspectos básicos sobre ecoturismo. Foi

apresentado um breve histórico sobre a evolução dessa atividade, enfatizando os

principais acontecimentos, entre eles: o relatório de Brundtland, o Acordo de Mohonk e a

Carta de Quebec. Também foram apresentados os principais conceitos e definições, sendo

encontrado uma definição mais abrangente das Diretrizes para uma política nacional de

Ecoturismo, definido por um grupo interministerial formado por diversas organizações

vinculadas a essa atividade. Entre as principais definições e acordos estabelecidos, foram

encontrados alguns princípios em comum, como: desenvolvimento econômico local,

realização de pesquisas, utilização de recursos de modo sustentável, treinamento de

pessoas, regulamentação e controle da atividade. Além disso, foi analisada a relação

existente para gerar o desenvolvimento sustentável, verificou-se a complexidade na

geração desse modelo, pois envolve três vertentes principais (economia, comunidade e

ecologia), o desenvolvimento sustentável envolve a intersecção desses conceitos, sendo

necessário controlarem os imperativos de cada vertente. No sistema contemporâneo, tal

relação é inexistente, pois o foco de desenvolvimento esta voltado para a economia,

formando um sistema não sustentável. A intersecção desses conceitos pode ser utilizada

para formar o conceito de turismo sustentável. Entretanto, essa atividade não pode ser

focada em função do desenvolvimento econômico, pois o ecoturismo depende de um

modelo sustentável para manter a continuidade dessa atividade. Com base nesse contexto,

ecoturismo tornou-se parte integrante da máquina de muitos governos. Entretanto, existe

um crescente ceticismo quanto à eficiência do governo, e relação com as organizações

que controlam essa atividade. O turismo ecológico pode ser benéfico para o

desenvolvimento do país e em âmbito local, contudo devem ser respeitados os princípios

do turismo sustentável, para que essa atividade resulte em desenvolvimento.

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4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[01] CAMPOS, Angelo Nunes. O ecoturismo como alternativa de desenvolvimento sustentável – Caderno Virtual de Turismo (2005). Disponível em: http://www.ivt-rj.net/caderno/anteriores/15/campos/campos.pdf. Acesso em: 02 de outubro de 2006.

[02] ZACCHI, Giancarlo P. – Turismo Ecológico e Ecoturismo: diferenças e princípios éticos. Disponível em: http://www.ftc.br/revistafsa/upload/14-09-2004_18-03-08_ecoturismo11.pdf. Acesso em: 02 de outubro de 2006.

[03] SILVA, Andréia. Ecoturismo e Educação Ambiental: Limitações, contradições e avanços. FEF - UNICAMP Disponível em: http://www.unicamp.br/fef/publicacoes/conexoes/v1n2/4_ecoturismo.pdf . Acesso em: 02 de outubro de 2006.

[04] ENDRES, Ana V. – Sustentabilidade e Ecoturismo: conflitos e soluções a caminho do desenvolvimento. Revista Turismo em Análise Disponível em: http://www.universia.com.br/images/docs/sustentabilidadeecoturimo.pdf. Acesso em: 02 de outubro de 2006.

[05] MAIA, Andrei G. – Sustentabilidade e Ecoturismo. Universidade do Vale de Itajaí. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp001345.pdf. Acesso em: 04 de outubro de 2006.

[06] RODRIGUES, Oyama D. – Um modelo de ecoturismo competitivo como contribuiçao para o desenvolvimento local - o caso de Paraúna/GO.